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VADE

MECUM
2022
Senador
WELLINGTON FAGUNDES

VADE
MECUM 2022

Brasília – DF
Mesa Diretora do Senado Federal
Biênio 2021–2022

Senador Rodrigo Pacheco


PRESIDENTE

Senador Veneziano Vital do Rêgo


PRIMEIRO-VICE-PRESIDENTE

Senador Romário
SEGUNDO-VICE-PRESIDENTE

Senador Irajá
PRIMEIRO-SECRETÁRIO

Senador Elmano Férrer


SEGUNDO-SECRETÁRIO

Senador Rogério Carvalho


TERCEIRO-SECRETÁRIO

Senador Weverton Rocha


QUARTO-SECRETÁRIO

SUPLENTES DE SECRETÁRIO
1º suplente: Senador Jorginho Mello
2º suplente: Senador Luiz do Carmo
3º suplente: Senadora Eliziane Gama
4º suplente: Senador Zequinha Marinho

Ilana Trombka
DIRETORA-GERAL

Gustavo A. Sabóia Vieira


SECRETÁRIO-GERAL DA MESA
Prefácio

Prezado(a) Leitor(a),

Esta publicação é uma resposta a uma antiga e frequente demanda dos mais diversos
segmentos da cidadania.

Do meu estado, Mato Grosso, e de muitas outras partes do Brasil, chegam solicitações de
professores, estudantes, candidatos a concursos públicos e aos exames da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB), operadores do Direito em geral, cidadãs e cidadãos desejosos
de conhecer melhor seus deveres e defender seus direitos, todos querendo acessar os
principais diplomas legais que balizam a nossa ordem jurídica.

Nas páginas a seguir, você encontrará, reunidos na íntegra, os textos da Constituição Federal;
dos Códigos Civil, Penal, de Processo Civil, de Processo Penal e de Defesa do Consumidor;
dos Estatutos da Criança e do Adolescente (ECA), do Idoso, da Pessoa com Deficiência e
da Igualdade Racial; e da Lei Maria da Penha.

Afinal, o primeiro e indispensável requisito para a concretização do princípio da igualdade


de todos perante a Lei consiste, precisamente, no conhecimento da Lei! Com a presente
iniciativa editorial, espero estar contribuindo para isso.

Forte abraço do

Senador Wellington Fagundes (PL-MT)


Biografia – Senador Wellington Fagundes (PL-MT)

Wellington Antônio Fagundes nasceu em 1º de junho de 1957, no município de Rondonópolis


– Mato Grosso. É médico veterinário, formado pela Universidade Federal de Mato Grosso
do Sul (UFMS), e pós-graduado em Ciência Política pela Universidade de Brasília (UnB). É
casado com Mariene de Abreu Fagundes, com quem tem dois filhos: João Antônio Fagun-
des e Diógenes de Abreu Fagundes.

Possui mais de 30 anos de trabalho parlamentar ininterruptos, dos quais 24 foram na Câ-
mara dos Deputados, Casa em que foi eleito, por duas vezes, o mais votado do estado.

O senador é autor de projetos muito importantes que passaram a vigorar em todas as áreas
da sociedade, como o que deu origem ao Estatuto do Idoso; o que criou a Universidade Fe-
deral de Rondonópolis, permitindo também o aumento dos profissionais de medicina nos
hospitais universitários; e o que garantiu o pagamento de R$ 6,5 bilhões do FEX (Fundo de
Amparo às Exportações) a Mato Grosso.

Foi presidente da Comissão Especial do Pantanal e autor do estatuto desse bioma. Tam-
bém foi coautor do projeto de lei que garante direitos aos monoculares; autor do projeto
que assegura continuidade da Lei Aldir Blanc (auxílio para o setor da Cultura durante a
pandemia), e do projeto que autoriza fábricas veterinárias a produzirem milhões de vaci-
nas contra a covid-19, aprovado em tempo recorde (este último na condição de relator da
Comissão Temática sobre a Covid-19).

No último ano, com recursos viabilizados pelo senador, 14 municípios de Mato Grosso rece-
beram equipamentos para fortalecer as ações dos conselhos de Promoção da Igualdade
Racial. Os kits incluem veículos, computadores e equipamentos de som.

Hoje, o parlamentar luta pela aprovação e sanção de outros projetos prioritários:

1. Ressarcimento ao SUS pelo tratamento de vítimas de acidentes causados por condu-


tores sob influência de álcool ou drogas;

2. Autorização para utilização de recursos do Fundo Nacional para a Criança e o Adoles-


cente para auxiliar o acolhimento familiar ou institucional na pandemia;

3. Autorização para a transformação do Campus da UFMT em Sinop na Universidade Fe-


deral da Região Norte de MT;

4. Reserva de, ao menos, 30% das cadeiras de Deputado Federal, Estadual, Distrital e
de Vereador para mulheres;
5. Regulamentação de dispositivos constitucionais relativos à reforma agrária;

6. Prorrogação das dívidas do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF); e

7. Diretrizes de segurança e resgate para animais em áreas de risco e na gestão pós-


-calamidades.

Durante a pandemia, o parlamentar liderou a força tarefa que assegurou os recursos para
conclusão do novo Pronto Socorro de Cuiabá, bem com a retomada das obras do Hospital
Universitário Júlio Müller, paralisadas há mais de 6 anos, com recursos na conta do Governo.

Apoiou a renegociação de dívidas e a garantia de funcionamento das Santa Casas de Cuia-


bá e Rondonópolis; atuou para assegurar logística para distribuição de alimentos, com-
bustíveis e medicamentos na pandemia, e também em defesa e proteção dos indígenas
de MT contra a covid-19.

Lutou, no Ministério da Ciência Tecnologia e Inovações (e no Ministério da Economia), por


mais recursos de financiamento ao desenvolvimento de vacinas 100% nacionais. E arti-
culou a aprovação do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pe-
queno Porte (Pronampe), que salvou empregos na pandemia e se transformou em política
permanente de Estado.

Atualmente, é líder do Bloco Parlamentar Vanguarda – formado pelo DEM-PSC-PL; já re-


latou o Orçamento nas áreas da Educação (2022), Mulher e Direitos Humanos (2021), De-
fesa e Justiça (2020), entre outras. Foi presidente da Comissão Senado do Futuro; vice-
-presidente da Comissão de Infraestrutura e preside a Frente Parlamentar de Logística e
Infraestrutura (Frenlogi). Municipalista, é também vice-presidente da Frente Parlamentar
de Defesa dos Municípios.

Wellington já foi considerado, por diversos rankings políticos, um parlamentar de excelên-


cia. Recebeu o troféu Bom Parlamentar (site Ranking dos Políticos); e, por três vezes, foi
considerado um dos “Cabeças do Congresso” (DIAP).
Sumário

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL................................11

CÓDIGO CIVIL........................................................................................... 119

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.....................................................................263

CÓDIGO PENAL........................................................................................ 391

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL................................................................. 445

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR........................................................ 521

ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE........................................... 543

ESTATUTO DO IDOSO...............................................................................589

ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL...........................................................605

ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA.................................................. 617

LEI MARIA DA PENHA..............................................................................639


Constituição da República
Federativa do Brasil
ATUALIZADA ATÉ A EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 116/2022

Atualização e revisão técnica: Coordenação de Edições Técnicas


A norma aqui apresentada não substitui as publicações do Diário Oficial da União.
Sumário

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

17 Preâmbulo
17 TÍTULO I – DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
17 TÍTULO II – DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
17 CAPÍTULO I – DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
20 CAPÍTULO II – DOS DIREITOS SOCIAIS
21 CAPÍTULO III – DA NACIONALIDADE
22 CAPÍTULO IV – DOS DIREITOS POLÍTICOS
23 CAPÍTULO V – DOS PARTIDOS POLÍTICOS
23 TÍTULO III – DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
23 CAPÍTULO I – DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
24 CAPÍTULO II – DA UNIÃO
26 CAPÍTULO III – DOS ESTADOS FEDERADOS
27 CAPÍTULO IV – DOS MUNICÍPIOS
29 CAPÍTULO V – DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
29 Seção I – Do Distrito Federal
29 Seção II – Dos Territórios
29 CAPÍTULO VI – DA INTERVENÇÃO
30 CAPÍTULO VII – DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
30 Seção I – Disposições Gerais
32 Seção II – Dos Servidores Públicos
35 Seção III – Dos Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios
35 Seção IV – Das Regiões
35 TÍTULO IV – DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
35 CAPÍTULO I – DO PODER LEGISLATIVO
35 Seção I – Do Congresso Nacional
35 Seção II – Das Atribuições do Congresso Nacional
36 Seção III – Da Câmara dos Deputados
37 Seção IV – Do Senado Federal
37 Seção V – Dos Deputados e dos Senadores
38 Seção VI – Das Reuniões
39 Seção VII – Das Comissões
39 Seção VIII – Do Processo Legislativo
39 Subseção I – Disposição Geral
39 Subseção II – Da Emenda à Constituição
39 Subseção III – Das Leis
41 Seção IX – Da Fiscalização Contábil, Financeira e Orçamentária
43 CAPÍTULO II – DO PODER EXECUTIVO
43 Seção I – Do Presidente e do Vice-Presidente da República
43 Seção II – Das Atribuições do Presidente da República
44 Seção III – Da Responsabilidade do Presidente da República
45 Seção IV – Dos Ministros de Estado
45 Seção V – Do Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional
45 Subseção I – Do Conselho da República
45 Subseção II – Do Conselho de Defesa Nacional
45 CAPÍTULO III – DO PODER JUDICIÁRIO
45 Seção I – Disposições Gerais
49 Seção II – Do Supremo Tribunal Federal
52 Seção III – Do Superior Tribunal de Justiça
53 Seção IV – Dos Tribunais Regionais Federais e dos Juízes Federais
54 Seção V – Do Tribunal Superior do Trabalho, dos Tribunais Regionais do Trabalho e dos
Juízes do Trabalho
55 Seção VI – Dos Tribunais e Juízes Eleitorais
55 Seção VII – Dos Tribunais e Juízes Militares
56 Seção VIII – Dos Tribunais e Juízes dos Estados
56 CAPÍTULO IV – DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
56 Seção I – Do Ministério Público
58 Seção II – Da Advocacia Pública
59 Seção III – Da Advocacia
59 Seção IV – Da Defensoria Pública
59 TÍTULO V – DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS
59 CAPÍTULO I – DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE SÍTIO
59 Seção I – Do Estado de Defesa
59 Seção II – Do Estado de Sítio
60 Seção III – Disposições Gerais
60 CAPÍTULO II – DAS FORÇAS ARMADAS
61 CAPÍTULO III – DA SEGURANÇA PÚBLICA
61 TÍTULO VI – DA TRIBUTAÇÃO E DO ORÇAMENTO
61 CAPÍTULO I – DO SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL
61 Seção I – Dos Princípios Gerais
63 Seção II – Das Limitações do Poder de Tributar
64 Seção III – Dos Impostos da União
64 Seção IV – Dos Impostos dos Estados e do Distrito Federal
66 Seção V – Dos Impostos dos Municípios
66 Seção VI – Da Repartição das Receitas Tributárias
67 CAPÍTULO II – DAS FINANÇAS PÚBLICAS
67 Seção I – Normas Gerais
68 Seção II – Dos Orçamentos
74 TÍTULO VII – DA ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA
74 CAPÍTULO I – DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA
75 CAPÍTULO II – DA POLÍTICA URBANA
76 CAPÍTULO III – DA POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA E DA REFORMA AGRÁRIA
77 CAPÍTULO IV – DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
77 TÍTULO VIII – DA ORDEM SOCIAL
77 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÃO GERAL
77 CAPÍTULO II – DA SEGURIDADE SOCIAL
77 Seção I – Disposições Gerais
78 Seção II – Da Saúde
79 Seção III – Da Previdência Social
81 Seção IV – Da Assistência Social
81 CAPÍTULO III – DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO
81 Seção I – Da Educação
84 Seção II – Da Cultura
85 Seção III – Do Desporto
85 CAPÍTULO IV – DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
86 CAPÍTULO V – DA COMUNICAÇÃO SOCIAL
87 CAPÍTULO VI – DO MEIO AMBIENTE
87 CAPÍTULO VII – DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE, DO JOVEM E DO IDOSO
88 CAPÍTULO VIII – DOS ÍNDIOS
89 TÍTULO IX – DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS GERAIS
93 Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
Constituição da República
Federativa do Brasil
Preâmbulo fundamentais da República Fe- TÍTULO II – DOS
Nós, representantes do povo derativa do Brasil: DIREITOS E GARANTIAS
brasileiro, reunidos em Assem- I – construir uma sociedade FUNDAMENTAIS
bleia Nacional Constituinte para livre, justa e solidária;
instituir um Estado democrático, II – garantir o desenvolvimen- CAPÍTULO I – DOS DIREI-
destinado a assegurar o exercí- to nacional; TOS E DEVERES INDIVI-
cio dos direitos sociais e indivi- III – erradicar a pobreza e a DUAIS E COLETIVOS
duais, a liberdade, a segurança, o marginalização e reduzir as de-
bem-estar, o desenvolvimento, a sigualdades sociais e regionais; Art. 5o Todos são iguais perante
igualdade e a justiça como valo- IV – promover o bem de to- a lei, sem distinção de qualquer
res supremos de uma sociedade dos, sem preconceitos de origem, natureza, garantindo-se aos bra-
fraterna, pluralista e sem pre- raça, sexo, cor, idade e quaisquer sileiros e aos estrangeiros resi-
conceitos, fundada na harmonia outras formas de discriminação. dentes no País a inviolabilidade
social e comprometida, na ordem do direito à vida, à liberdade, à
interna e internacional, com a so- Art. 4o A República Federativa igualdade, à segurança e à pro-
lução pacífica das controvérsias, do Brasil rege-se nas suas rela- priedade, nos termos seguintes:
promulgamos, sob a proteção de ções internacionais pelos seguin- I – homens e mulheres são
Deus, a seguinte Constituição da tes princípios: iguais em direitos e obrigações,
República Federativa do Brasil. I – independência nacional; nos termos desta Constituição;
II – prevalência dos direitos II – ninguém será obrigado a
humanos; fazer ou deixar de fazer alguma
TÍTULO I – DOS PRINCÍPIOS III – autodeterminação dos coisa senão em virtude de lei;
FUNDAMENTAIS povos; III – ninguém será submetido
IV – não intervenção; a tortura nem a tratamento de-
Art. 1o A República Federativa do V – igualdade entre os Es- sumano ou degradante;
Brasil, formada pela união indis- tados; IV – é livre a manifestação
solúvel dos Estados e Municípios VI – defesa da paz; do pensamento, sendo vedado o
e do Distrito Federal, constitui-se VII – solução pacífica dos anonimato;
em Estado Democrático de Direito conflitos; V – é assegurado o direito de
e tem como fundamentos: VIII – repúdio ao terrorismo resposta, proporcional ao agravo,
I – a soberania; e ao racismo; além da indenização por dano ma-
II – a cidadania; IX – cooperação entre os po- terial, moral ou à imagem;
III – a dignidade da pessoa vos para o progresso da huma- VI – é inviolável a liberdade de
humana; nidade; consciência e de crença, sendo
IV – os valores sociais do tra- X – concessão de asilo po- assegurado o livre exercício dos
balho e da livre iniciativa; lítico. cultos religiosos e garantida, na
V – o pluralismo político. Parágrafo único. A República forma da lei, a proteção aos locais
Parágrafo único. Todo o po- Federativa do Brasil buscará a de culto e a suas liturgias;
der emana do povo, que o exerce integração econômica, política, VII – é assegurada, nos ter-
por meio de representantes elei- social e cultural dos povos da mos da lei, a prestação de as-
tos ou diretamente, nos termos América Latina, visando à for- sistência religiosa nas entidades
desta Constituição. mação de uma comunidade lati- civis e militares de internação
no-americana de nações. coletiva;
Art. 2o São Poderes da União, VIII – ninguém será privado
independentes e harmônicos en- de direitos por motivo de crença
tre si, o Legislativo, o Executivo religiosa ou de convicção filosófi-
e o Judiciário. ca ou política, salvo se as invocar
para eximir-se de obrigação legal
Art. 3o Constituem objetivos a todos imposta e recusar-se a

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Constituição da República Federativa do Brasil
cumprir prestação alternativa, ferência estatal em seu funcio- ciativas;
fixada em lei; namento; XXIX – a lei assegurará aos
IX – é livre a expressão da XIX – as associações só po- autores de inventos industriais
atividade intelectual, artística, derão ser compulsoriamente dis- privilégio temporário para sua
científica e de comunicação, in- solvidas ou ter suas atividades utilização, bem como proteção
dependentemente de censura suspensas por decisão judicial, às criações industriais, à pro-
ou licença; exigindo-se, no primeiro caso, o priedade das marcas, aos nomes
X – são invioláveis a intimi- trânsito em julgado; de empresas e a outros signos
dade, a vida privada, a honra e a XX – ninguém poderá ser distintivos, tendo em vista o inte-
imagem das pessoas, assegurado compelido a associar-se ou a resse social e o desenvolvimento
o direito a indenização pelo dano permanecer associado; tecnológico e econômico do País;
material ou moral decorrente de XXI – as entidades associati- XXX – é garantido o direito
sua violação; vas, quando expressamente au- de herança;
XI – a casa é asilo inviolável torizadas, têm legitimidade para XXXI – a sucessão de bens de
do indivíduo, ninguém nela poden- representar seus filiados judicial estrangeiros situados no País será
do penetrar sem consentimento ou extrajudicialmente; regulada pela lei brasileira em be-
do morador, salvo em caso de XXII – é garantido o direito de nefício do cônjuge ou dos filhos
flagrante delito ou desastre, ou propriedade; brasileiros, sempre que não lhes
para prestar socorro, ou, durante XXIII – a propriedade atenderá seja mais favorável a lei pessoal
o dia, por determinação judicial; a sua função social; do de cujus;
XII – é inviolável o sigilo da XXIV – a lei estabelecerá o XXXII – o Estado promove-
correspondência e das comuni- procedimento para desapropria- rá, na forma da lei, a defesa do
cações telegráficas, de dados e ção por necessidade ou utilidade consumidor;
das comunicações telefônicas, pública, ou por interesse social, XXXIII – todos têm direito a
salvo, no último caso, por ordem mediante justa e prévia indeni- receber dos órgãos públicos in-
judicial, nas hipóteses e na forma zação em dinheiro, ressalvados formações de seu interesse par-
que a lei estabelecer para fins de os casos previstos nesta Cons- ticular, ou de interesse coletivo
investigação criminal ou instru- tituição; ou geral, que serão prestadas no
ção processual penal; XXV – no caso de iminente prazo da lei, sob pena de respon-
XIII – é livre o exercício de perigo público, a autoridade com- sabilidade, ressalvadas aquelas
qualquer trabalho, ofício ou pro- petente poderá usar de proprie- cujo sigilo seja imprescindível
fissão, atendidas as qualifica- dade particular, assegurada ao à segurança da sociedade e do
ções profissionais que a lei es- proprietário indenização ulterior, Estado;
tabelecer; se houver dano; XXXIV – são a todos assegu-
XIV – é assegurado a todos o XXVI – a pequena propriedade rados, independentemente do
acesso à informação e resguar- rural, assim definida em lei, desde pagamento de taxas:
dado o sigilo da fonte, quando ne- que trabalhada pela família, não a) o direito de petição aos
cessário ao exercício profissional; será objeto de penhora para paga- Poderes Públicos em defesa de
XV – é livre a locomoção no mento de débitos decorrentes de direitos ou contra ilegalidade ou
território nacional em tempo de sua atividade produtiva, dispondo abuso de poder;
paz, podendo qualquer pessoa, a lei sobre os meios de financiar b) a obtenção de certidões
nos termos da lei, nele entrar, o seu desenvolvimento; em repartições públicas, para de-
permanecer ou dele sair com XXVII – aos autores pertence fesa de direitos e esclarecimento
seus bens; o direito exclusivo de utilização, de situações de interesse pessoal;
XVI – todos podem reunir-se publicação ou reprodução de suas XXXV – a lei não excluirá da
pacificamente, sem armas, em obras, transmissível aos herdeiros apreciação do Poder Judiciário
locais abertos ao público, inde- pelo tempo que a lei fixar; lesão ou ameaça a direito;
pendentemente de autorização, XXVIII – são assegurados, nos XXXVI – a lei não prejudicará
desde que não frustrem outra termos da lei: o direito adquirido, o ato jurídico
reunião anteriormente convocada a) a proteção às participa- perfeito e a coisa julgada;
para o mesmo local, sendo apenas ções individuais em obras cole- XXXVII – não haverá juízo ou
exigido prévio aviso à autoridade tivas e à reprodução da imagem tribunal de exceção;
competente; e voz humanas, inclusive nas ati- XXXVIII – é reconhecida a ins-
XVII – é plena a liberdade de vidades desportivas; tituição do júri, com a organização
associação para fins lícitos, ve- b) o direito de fiscalização que lhe der a lei, assegurados:
dada a de caráter paramilitar; do aproveitamento econômico a) a plenitude de defesa;
XVIII – a criação de associa- das obras que criarem ou de que b) o sigilo das votações;
ções e, na forma da lei, a de co- participarem aos criadores, aos c) a soberania dos veredic-
operativas independem de au- intérpretes e às respectivas re- tos;
torização, sendo vedada a inter- presentações sindicais e asso- d) a competência para o jul-

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Constituição da República Federativa do Brasil
gamento dos crimes dolosos con- XLIX – é assegurado aos pre- família do preso ou à pessoa por
tra a vida; sos o respeito à integridade física ele indicada;
XXXIX – não há crime sem lei e moral; LXIII – o preso será informado
anterior que o defina, nem pena L – às presidiárias serão as- de seus direitos, entre os quais
sem prévia cominação legal; seguradas condições para que o de permanecer calado, sendo-
XL – a lei penal não retroagirá, possam permanecer com seus -lhe assegurada a assistência da
salvo para beneficiar o réu; filhos durante o período de ama- família e de advogado;
XLI – a lei punirá qualquer mentação; LXIV – o preso tem direito à
discriminação atentatória dos di- LI – nenhum brasileiro será identificação dos responsáveis
reitos e liberdades fundamentais; extraditado, salvo o naturalizado, por sua prisão ou por seu inter-
XLII – a prática do racismo em caso de crime comum, prati- rogatório policial;
constitui crime inafiançável e cado antes da naturalização, ou LXV – a prisão ilegal será ime-
imprescritível, sujeito à pena de de comprovado envolvimento em diatamente relaxada pela autori-
reclusão, nos termos da lei; tráfico ilícito de entorpecentes dade judiciária;
XLIII – a lei considerará cri- e drogas afins, na forma da lei; LXVI – ninguém será levado à
mes inafiançáveis e insuscetíveis LII – não será concedida ex- prisão ou nela mantido, quando a
de graça ou anistia a prática da tradição de estrangeiro por crime lei admitir a liberdade provisória,
tortura, o tráfico ilícito de entor- político ou de opinião; com ou sem fiança;
pecentes e drogas afins, o terro- LIII – ninguém será processa- LXVII – não haverá prisão civil
rismo e os definidos como crimes do nem sentenciado senão pela por dívida, salvo a do responsável
hediondos, por eles responden- autoridade competente; pelo inadimplemento voluntário
do os mandantes, os executores LIV – ninguém será privado da e inescusável de obrigação ali-
e os que, podendo evitá-los, se liberdade ou de seus bens sem o mentícia e a do depositário infiel;
omitirem; devido processo legal; LXVIII – conceder-se-á
XLIV – constitui crime inafian- LV – aos litigantes, em pro- habeas corpus sempre que al-
çável e imprescritível a ação de cesso judicial ou administrativo, guém sofrer ou se achar ameaça-
grupos armados, civis ou milita- e aos acusados em geral são as- do de sofrer violência ou coação
res, contra a ordem constitucional segurados o contraditório e ampla em sua liberdade de locomoção,
e o Estado Democrático; defesa, com os meios e recursos por ilegalidade ou abuso de poder;
XLV – nenhuma pena passará a ela inerentes; LXIX – conceder-se-á man-
da pessoa do condenado, poden- LVI – são inadmissíveis, no dado de segurança para proteger
do a obrigação de reparar o dano processo, as provas obtidas por direito líquido e certo, não ampa-
e a decretação do perdimento de meios ilícitos; rado por habeas corpus ou habeas
bens ser, nos termos da lei, es- LVII – ninguém será consi- data, quando o responsável pela
tendidas aos sucessores e contra derado culpado até o trânsito ilegalidade ou abuso de poder
eles executadas, até o limite do em julgado de sentença penal for autoridade pública ou agente
valor do patrimônio transferido; condenatória; de pessoa jurídica no exercício
XLVI – a lei regulará a indi- LVIII – o civilmente identifica- de atribuições do Poder Público;
vidualização da pena e adotará, do não será submetido a identi- LXX – o mandado de segu-
entre outras, as seguintes: ficação criminal, salvo nas hipó- rança coletivo pode ser impe-
a) privação ou restrição da teses previstas em lei; trado por:
liberdade; LIX – será admitida ação pri- a) partido político com repre-
b) perda de bens; vada nos crimes de ação públi- sentação no Congresso Nacional;
c) multa; ca, se esta não for intentada no b) organização sindical, en-
d) prestação social alter- prazo legal; tidade de classe ou associação
nativa; LX – a lei só poderá restringir legalmente constituída e em fun-
e) suspensão ou interdição a publicidade dos atos processu- cionamento há pelo menos um
de direitos; ais quando a defesa da intimidade ano, em defesa dos interesses
XLVII – não haverá penas: ou o interesse social o exigirem; de seus membros ou associados;
a) de morte, salvo em caso LXI – ninguém será preso se- LXXI – conceder-se-á manda-
de guerra declarada, nos termos não em flagrante delito ou por or- do de injunção sempre que a falta
do art. 84, XIX; dem escrita e fundamentada de de norma regulamentadora tor-
b) de caráter perpétuo; autoridade judiciária competente, ne inviável o exercício dos direi-
c) de trabalhos forçados; salvo nos casos de transgressão tos e liberdades constitucionais
d) de banimento; militar ou crime propriamente e das prerrogativas inerentes à
e) cruéis; militar, definidos em lei; nacionalidade, à soberania e à
XLVIII – a pena será cumprida LXII – a prisão de qualquer cidadania;
em estabelecimentos distintos, pessoa e o local onde se encon- LXXII – conceder-se-á habeas
de acordo com a natureza do de- tre serão comunicados imedia- data:
lito, a idade e o sexo do apenado; tamente ao juiz competente e à a) para assegurar o conheci-

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Constituição da República Federativa do Brasil
mento de informações relativas à ções internacionais sobre direitos V – piso salarial proporcional
pessoa do impetrante, constantes humanos que forem aprovados, à extensão e à complexidade do
de registros ou bancos de dados em cada Casa do Congresso Na- trabalho;
de entidades governamentais ou cional, em dois turnos, por três VI – irredutibilidade do salário,
de caráter público; quintos dos votos dos respectivos salvo o disposto em convenção ou
b) para a retificação de da- membros, serão equivalentes às acordo coletivo;
dos, quando não se prefira fazê-lo emendas constitucionais. VII – garantia de salário, nun-
por processo sigiloso, judicial ou § 4o O Brasil se submete à ca inferior ao mínimo, para os que
administrativo; jurisdição de Tribunal Penal In- percebem remuneração variável;
LXXIII – qualquer cidadão é ternacional a cuja criação tenha VIII – décimo terceiro salário
parte legítima para propor ação manifestado adesão. com base na remuneração inte-
popular que vise a anular ato le- gral ou no valor da aposentadoria;
sivo ao patrimônio público ou de IX – remuneração do traba-
entidade de que o Estado partici- CAPÍTULO II – DOS lho noturno superior à do diurno;
pe, à moralidade administrativa, DIREITOS SOCIAIS X – proteção do salário na
ao meio ambiente e ao patrimô- forma da lei, constituindo crime
nio histórico e cultural, ficando o Art. 6o São direitos sociais a sua retenção dolosa;
autor, salvo comprovada má-fé, educação, a saúde, a alimen- XI – participação nos lucros,
isento de custas judiciais e do tação, o trabalho, a moradia, o ou resultados, desvinculada da
ônus da sucumbência; transporte, o lazer, a segurança, remuneração, e, excepcionalmen-
LXXIV – o Estado prestará a previdência social, a proteção te, participação na gestão da em-
assistência jurídica integral e à maternidade e à infância, a as- presa, conforme definido em lei;
gratuita aos que comprovarem sistência aos desamparados, na XII – salário-família pago em
insuficiência de recursos; forma desta Constituição. razão do dependente do traba-
LXXV – o Estado indenizará o Parágrafo único. Todo bra- lhador de baixa renda nos ter-
condenado por erro judiciário, as- sileiro em situação de vulnera- mos da lei;
sim como o que ficar preso além bilidade social terá direito a uma XIII – duração do trabalho
do tempo fixado na sentença; renda básica familiar, garantida normal não superior a oito ho-
LXXVI – são gratuitos para pelo poder público em programa ras diárias e quarenta e quatro
os reconhecidamente pobres, permanente de transferência de semanais, facultada a compen-
na forma da lei: renda, cujas normas e requisitos sação de horários e a redução
a) o registro civil de nasci- de acesso serão determinados em da jornada, mediante acordo ou
mento; lei, observada a legislação fiscal convenção coletiva de trabalho;
b) a certidão de óbito; e orçamentária. XIV – jornada de seis horas
LXXVII – são gratuitas as para o trabalho realizado em tur-
ações de habeas corpus e habeas Art. 7o São direitos dos traba- nos ininterruptos de revezamen-
data, e, na forma da lei, os atos lhadores urbanos e rurais, além to, salvo negociação coletiva;
necessários ao exercício da ci- de outros que visem à melhoria XV – repouso semanal remu-
dadania; de sua condição social: nerado, preferencialmente aos
LXXVIII – a todos, no âmbi- I – relação de emprego prote- domingos;
to judicial e administrativo, são gida contra despedida arbitrária XVI – remuneração do ser-
assegurados a razoável duração ou sem justa causa, nos termos viço extraordinário superior, no
do processo e os meios que ga- de lei complementar, que preverá mínimo, em cinquenta por cento
rantam a celeridade de sua tra- indenização compensatória, den- à do normal;
mitação; tre outros direitos; XVII – gozo de férias anuais
LXXIX – é assegurado, nos II – seguro-desemprego, em remuneradas com, pelo menos,
termos da lei, o direito à proteção caso de desemprego involuntário; um terço a mais do que o salário
dos dados pessoais, inclusive nos III – fundo de garantia do tem- normal;
meios digitais. po de serviço; XVIII – licença à gestante,
§ 1o As normas definidoras IV – salário mínimo, fixado em sem prejuízo do emprego e do
dos direitos e garantias funda- lei, nacionalmente unificado, ca- salário, com a duração de cento
mentais têm aplicação imediata. paz de atender a suas necessida- e vinte dias;
§ 2o Os direitos e garantias des vitais básicas e às de sua fa- XIX – licença-paternidade,
expressos nesta Constituição não mília com moradia, alimentação, nos termos fixados em lei;
excluem outros decorrentes do educação, saúde, lazer, vestuário, XX – proteção do mercado
regime e dos princípios por ela higiene, transporte e previdência de trabalho da mulher, median-
adotados, ou dos tratados inter- social, com reajustes periódicos te incentivos específicos, nos
nacionais em que a República que lhe preservem o poder aquisi- termos da lei;
Federativa do Brasil seja parte. tivo, sendo vedada sua vinculação XXI – aviso prévio proporcio-
§ 3o Os tratados e conven- para qualquer fim; nal ao tempo de serviço, sendo

20
Constituição da República Federativa do Brasil
no mínimo de trinta dias, nos ter- previstos nos incisos IV, VI, VII, plente, até um ano após o final do
mos da lei; VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, mandato, salvo se cometer falta
XXII – redução dos riscos ine- XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e grave nos termos da lei.
rentes ao trabalho, por meio de XXXIII e, atendidas as condições Parágrafo único. As dispo-
normas de saúde, higiene e se- estabelecidas em lei e observada sições deste artigo aplicam-se
gurança; a simplificação do cumprimento à organização de sindicatos ru-
XXIII – adicional de remune- das obrigações tributárias, prin- rais e de colônias de pescadores,
ração para as atividades peno- cipais e acessórias, decorrentes atendidas as condições que a lei
sas, insalubres ou perigosas, na da relação de trabalho e suas estabelecer.
forma da lei; peculiaridades, os previstos nos
XXIV – aposentadoria; incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XX- Art. 9o É assegurado o direito
XXV – assistência gratuita VIII, bem como a sua integração de greve, competindo aos tra-
aos filhos e dependentes desde o à previdência social. balhadores decidir sobre a opor-
nascimento até 5 (cinco) anos de tunidade de exercê-lo e sobre os
idade em creches e pré-escolas; Art. 8o É livre a associação pro- interesses que devam por meio
XXVI – reconhecimento das fissional ou sindical, observado o dele defender.
convenções e acordos coletivos seguinte: § 1o A lei definirá os serviços
de trabalho; I – a lei não poderá exigir au- ou atividades essenciais e disporá
XXVII – proteção em face da torização do Estado para a fun- sobre o atendimento das necessi-
automação, na forma da lei; dação de sindicato, ressalvado dades inadiáveis da comunidade.
XXVIII – seguro contra aci- o registro no órgão competente, § 2o Os abusos cometidos
dentes de trabalho, a cargo do vedadas ao Poder Público a in- sujeitam os responsáveis às pe-
empregador, sem excluir a inde- terferência e a intervenção na nas da lei.
nização a que este está obrigado, organização sindical;
quando incorrer em dolo ou culpa; II – é vedada a criação de mais Art. 10. É assegurada a partici-
XXIX – ação, quanto aos cré- de uma organização sindical, em pação dos trabalhadores e em-
ditos resultantes das relações de qualquer grau, representativa de pregadores nos colegiados dos
trabalho, com prazo prescricional categoria profissional ou econô- órgãos públicos em que seus inte-
de cinco anos para os trabalhado- mica, na mesma base territorial, resses profissionais ou previden-
res urbanos e rurais, até o limite que será definida pelos trabalha- ciários sejam objeto de discussão
de dois anos após a extinção do dores ou empregadores interes- e deliberação.
contrato de trabalho; sados, não podendo ser inferior
a) (Revogada); à área de um Município; Art. 11. Nas empresas de mais
b) (Revogada); III – ao sindicato cabe a defe- de duzentos empregados, é as-
XXX – proibição de diferença sa dos direitos e interesses cole- segurada a eleição de um repre-
de salários, de exercício de fun- tivos ou individuais da categoria, sentante destes com a finalida-
ções e de critério de admissão inclusive em questões judiciais ou de exclusiva de promover-lhes
por motivo de sexo, idade, cor administrativas; o entendimento direto com os
ou estado civil; IV – a assembleia geral fixará empregadores.
XXXI – proibição de qualquer a contribuição que, em se tra-
discriminação no tocante a salário tando de categoria profissional,
e critérios de admissão do traba- será descontada em folha, para CAPÍTULO III – DA
lhador portador de deficiência; custeio do sistema confedera- NACIONALIDADE
XXXII – proibição de distinção tivo da representação sindical
entre trabalho manual, técnico e respectiva, independentemente Art. 12. São brasileiros:
intelectual ou entre os profissio- da contribuição prevista em lei; I – natos:
nais respectivos; V – ninguém será obrigado a a) os nascidos na República
XXXIII – proibição de trabalho filiar-se ou a manter-se filiado a Federativa do Brasil, ainda que
noturno, perigoso ou insalubre a sindicato; de pais estrangeiros, desde que
menores de dezoito e de qualquer VI – é obrigatória a participa- estes não estejam a serviço de
trabalho a menores de dezesseis ção dos sindicatos nas negocia- seu país;
anos, salvo na condição de apren- ções coletivas de trabalho; b) os nascidos no estran-
diz, a partir de quatorze anos; VII – o aposentado filiado tem geiro, de pai brasileiro ou mãe
XXXIV – igualdade de direitos direito a votar e ser votado nas brasileira, desde que qualquer
entre o trabalhador com vínculo organizações sindicais; deles esteja a serviço da Repú-
empregatício permanente e o VIII – é vedada a dispensa do blica Federativa do Brasil;
trabalhador avulso. empregado sindicalizado a partir c) os nascidos no estrangeiro
Parágrafo único. São asse- do registro da candidatura a car- de pai brasileiro ou de mãe bra-
gurados à categoria dos traba- go de direção ou representação sileira, desde que sejam regis-
lhadores domésticos os direitos sindical e, se eleito, ainda que su- trados em repartição brasileira

21
Constituição da República Federativa do Brasil
competente ou venham a residir ao brasileiro residente em Estado dual ou Distrital, Prefeito, Vice-
na República Federativa do Bra- estrangeiro, como condição para -Prefeito e juiz de paz;
sil e optem, em qualquer tempo, permanência em seu território ou d) dezoito anos para Vere-
depois de atingida a maioridade, para o exercício de direitos civis. ador.
pela nacionalidade brasileira; § 4o São inelegíveis os inalis-
II – naturalizados: Art. 13. A língua portuguesa é o táveis e os analfabetos.
a) os que, na forma da lei, idioma oficial da República Fede- § 5o O Presidente da Repúbli-
adquiram a nacionalidade bra- rativa do Brasil. ca, os Governadores de Estado e
sileira, exigidas aos originários § 1o São símbolos da Repú- do Distrito Federal, os Prefeitos
de países de língua portuguesa blica Federativa do Brasil a ban- e quem os houver sucedido ou
apenas residência por um ano deira, o hino, as armas e o selo substituído no curso dos man-
ininterrupto e idoneidade moral; nacionais. datos poderão ser reeleitos para
b) os estrangeiros de qual- § 2o Os Estados, o Distrito um único período subsequente.
quer nacionalidade residentes na Federal e os Municípios poderão § 6o Para concorrerem a
República Federativa do Brasil há ter símbolos próprios. outros cargos, o Presidente da
mais de quinze anos ininterruptos República, os Governadores de
e sem condenação penal, desde Estado e do Distrito Federal e os
que requeiram a nacionalidade CAPÍTULO IV – DOS Prefeitos devem renunciar aos
brasileira. DIREITOS POLÍTICOS respectivos mandatos até seis
§ 1o Aos portugueses com meses antes do pleito.
residência permanente no País, Art. 14. A soberania popular será § 7o São inelegíveis, no ter-
se houver reciprocidade em favor exercida pelo sufrágio universal ritório de jurisdição do titular, o
de brasileiros, serão atribuídos os e pelo voto direto e secreto, com cônjuge e os parentes consan-
direitos inerentes ao brasileiro, valor igual para todos, e, nos ter- guíneos ou afins, até o segundo
salvo os casos previstos nesta mos da lei, mediante: grau ou por adoção, do Presidente
Constituição. I – plebiscito; da República, de Governador de
§ 2o A lei não poderá estabe- II – referendo; Estado ou Território, do Distrito
lecer distinção entre brasileiros III – iniciativa popular. Federal, de Prefeito ou de quem
natos e naturalizados, salvo nos § 1o O alistamento eleitoral os haja substituído dentro dos
casos previstos nesta Consti- e o voto são: seis meses anteriores ao pleito,
tuição. I – obrigatórios para os maio- salvo se já titular de mandato
§ 3o São privativos de brasi- res de dezoito anos; eletivo e candidato à reeleição.
leiro nato os cargos: II – facultativos para: § 8o O militar alistável é ele-
I – de Presidente e Vice-Pre- a) os analfabetos; gível, atendidas as seguintes con-
sidente da República; b) os maiores de setenta dições:
II – de Presidente da Câmara anos; I – se contar menos de dez
dos Deputados; c) os maiores de dezesseis e anos de serviço, deverá afastar-
III – de Presidente do Senado menores de dezoito anos. -se da atividade;
Federal; § 2o Não podem alistar-se II – se contar mais de dez anos
IV – de Ministro do Supremo como eleitores os estrangeiros de serviço, será agregado pela
Tribunal Federal; e, durante o período do serviço autoridade superior e, se eleito,
V – da carreira diplomática; militar obrigatório, os conscritos. passará automaticamente, no ato
VI – de oficial das Forças Ar- § 3o São condições de elegi- da diplomação, para a inatividade.
madas; bilidade, na forma da lei: § 9o Lei complementar esta-
VII – de Ministro de Estado I – a nacionalidade brasileira; belecerá outros casos de inelegi-
da Defesa. II – o pleno exercício dos di- bilidade e os prazos de sua cessa-
§ 4o Será declarada a per- reitos políticos; ção, a fim de proteger a probidade
da da nacionalidade do brasi- III – o alistamento eleitoral; administrativa, a moralidade para
leiro que: IV – o domicílio eleitoral na o exercício do mandato, conside-
I – tiver cancelada sua natu- circunscrição; rada a vida pregressa do candida-
ralização, por sentença judicial, V – a filiação partidária; to, e a normalidade e legitimidade
em virtude de atividade nociva VI – a idade mínima de: das eleições contra a influência
ao interesse nacional; a) trinta e cinco anos para do poder econômico ou o abuso
II – adquirir outra nacionali- Presidente e Vice-Presidente da do exercício de função, cargo ou
dade, salvo nos casos: República e Senador; emprego na administração direta
a) de reconhecimento de b) trinta anos para Governa- ou indireta.
nacionalidade originária pela lei dor e Vice-Governador de Estado § 10. O mandato eletivo po-
estrangeira; e do Distrito Federal; derá ser impugnado ante a Jus-
b) de imposição de natura- c) vinte e um anos para De- tiça Eleitoral no prazo de quinze
lização, pela norma estrangeira, putado Federal, Deputado Esta- dias contados da diplomação,

22
Constituição da República Federativa do Brasil
instruída a ação com provas de direitos fundamentais da pessoa a outro partido que os tenha atin-
abuso do poder econômico, cor- humana e observados os seguin- gido, não sendo essa filiação con-
rupção ou fraude. tes preceitos: siderada para fins de distribuição
§ 11. A ação de impugnação I – caráter nacional; dos recursos do fundo partidário
de mandato tramitará em segredo II – proibição de recebimento e de acesso gratuito ao tempo de
de justiça, respondendo o autor, de recursos financeiros de enti- rádio e de televisão.
na forma da lei, se temerária ou dade ou governo estrangeiros ou § 6o Os Deputados Federais,
de manifesta má-fé. de subordinação a estes; os Deputados Estaduais, os De-
§ 12. Serão realizadas con- III – prestação de contas à putados Distritais e os Vereado-
comitantemente às eleições mu- Justiça Eleitoral; res que se desligarem do partido
nicipais as consultas populares IV – funcionamento parla- pelo qual tenham sido eleitos
sobre questões locais aprovadas mentar de acordo com a lei. perderão o mandato, salvo nos
pelas Câmaras Municipais e en- § 1o É assegurada aos par- casos de anuência do partido
caminhadas à Justiça Eleitoral tidos políticos autonomia para ou de outras hipóteses de justa
até 90 (noventa) dias antes da definir sua estrutura interna e causa estabelecidas em lei, não
data das eleições, observados os estabelecer regras sobre esco- computada, em qualquer caso, a
limites operacionais relativos ao lha, formação e duração de seus migração de partido para fins de
número de quesitos. órgãos permanentes e provisó- distribuição de recursos do fundo
§ 13. As manifestações favo- rios e sobre sua organização e partidário ou de outros fundos
ráveis e contrárias às questões funcionamento e para adotar os públicos e de acesso gratuito ao
submetidas às consultas popula- critérios de escolha e o regime rádio e à televisão.
res nos termos do § 12 ocorrerão de suas coligações nas eleições
durante as campanhas eleitorais, majoritárias, vedada a sua ce-
sem a utilização de propaganda lebração nas eleições propor- TÍTULO III – DA
gratuita no rádio e na televisão. cionais, sem obrigatoriedade de ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
vinculação entre as candidaturas
Art. 15. É vedada a cassação em âmbito nacional, estadual, dis- CAPÍTULO I – DA ORGANI-
de direitos políticos, cuja per- trital ou municipal, devendo seus ZAÇÃO POLÍTICO-ADMINIS-
da ou suspensão só se dará nos estatutos estabelecer normas de TRATIVA
casos de: disciplina e fidelidade partidária.
I – cancelamento da natura- § 2o Os partidos políticos, Art. 18. A organização político-
lização por sentença transitada após adquirirem personalidade -administrativa da República Fe-
em julgado; jurídica, na forma da lei civil, re- derativa do Brasil compreende
II – incapacidade civil abso- gistrarão seus estatutos no Tri- a União, os Estados, o Distrito
luta; bunal Superior Eleitoral. Federal e os Municípios, todos
III – condenação criminal § 3o Somente terão direito autônomos, nos termos desta
transitada em julgado, enquan- a recursos do fundo partidário e Constituição.
to durarem seus efeitos; acesso gratuito ao rádio e à tele- § 1o Brasília é a Capital Fe-
IV – recusa de cumprir obri- visão, na forma da lei, os partidos deral.
gação a todos imposta ou pres- políticos que alternativamente: § 2o Os Territórios Federais
tação alternativa, nos termos do I – obtiverem, nas eleições integram a União, e sua criação,
art. 5o, VIII; para a Câmara dos Deputados, no transformação em Estado ou rein-
V – improbidade administra- mínimo, 3% (três por cento) dos tegração ao Estado de origem
tiva, nos termos do art. 37, § 4o. votos válidos, distribuídos em pelo serão reguladas em lei comple-
menos um terço das unidades da mentar.
Art. 16. A lei que alterar o pro- Federação, com um mínimo de § 3o Os Estados podem in-
cesso eleitoral entrará em vigor 2% (dois por cento) dos votos corporar-se entre si, subdividir-
na data de sua publicação, não se válidos em cada uma delas; ou -se ou desmembrar-se para se
aplicando à eleição que ocorra até II – tiverem elegido pelo me- anexarem a outros, ou forma-
um ano da data de sua vigência. nos quinze Deputados Federais rem novos Estados ou Territórios
distribuídos em pelo menos um Federais, mediante aprovação
terço das unidades da Federação. da população diretamente inte-
CAPÍTULO V – DOS § 4o É vedada a utilização ressada, através de plebiscito, e
PARTIDOS POLÍTICOS pelos partidos políticos de orga- do Congresso Nacional, por lei
nização paramilitar. complementar.
Art. 17. É livre a criação, fusão, § 5o Ao eleito por partido que § 4o A criação, a incorpora-
incorporação e extinção de par- não preencher os requisitos pre- ção, a fusão e o desmembramen-
tidos políticos, resguardados a vistos no § 3o deste artigo é asse- to de Municípios, far-se-ão por lei
soberania nacional, o regime de- gurado o mandato e facultada a estadual, dentro do período de-
mocrático, o pluripartidarismo, os filiação, sem perda do mandato, terminado por lei complementar

23
Constituição da República Federativa do Brasil
federal, e dependerão de consulta VII – os terrenos de marinha IX – elaborar e executar pla-
prévia, mediante plebiscito, às e seus acrescidos; nos nacionais e regionais de or-
populações dos Municípios en- VIII – os potenciais de energia denação do território e de desen-
volvidos, após divulgação dos hidráulica; volvimento econômico e social;
Estudos de Viabilidade Munici- IX – os recursos minerais, X – manter o serviço postal e
pal, apresentados e publicados inclusive os do subsolo; o correio aéreo nacional;
na forma da lei. X – as cavidades naturais sub- XI – explorar, diretamente ou
terrâneas e os sítios arqueológi- mediante autorização, concessão
Art. 19. É vedado à União, aos cos e pré-históricos; ou permissão, os serviços de tele-
Estados, ao Distrito Federal e aos XI – as terras tradicionalmen- comunicações, nos termos da lei,
Municípios: te ocupadas pelos índios. que disporá sobre a organização
I – estabelecer cultos religio- § 1o É assegurada, nos ter- dos serviços, a criação de um ór-
sos ou igrejas, subvencioná-los, mos da lei, à União, aos Estados, gão regulador e outros aspectos
embaraçar-lhes o funcionamento ao Distrito Federal e aos Municí- institucionais;
ou manter com eles ou seus re- pios a participação no resultado XII – explorar, diretamente ou
presentantes relações de depen- da exploração de petróleo ou gás mediante autorização, concessão
dência ou aliança, ressalvada, na natural, de recursos hídricos para ou permissão:
forma da lei, a colaboração de fins de geração de energia elétri- a) os serviços de radiodifu-
interesse público; ca e de outros recursos minerais são sonora e de sons e imagens;
II – recusar fé aos documen- no respectivo território, platafor- b) os serviços e instalações
tos públicos; ma continental, mar territorial de energia elétrica e o aprovei-
III – criar distinções entre bra- ou zona econômica exclusiva, tamento energético dos cursos
sileiros ou preferências entre si. ou compensação financeira por de água, em articulação com os
essa exploração. Estados onde se situam os po-
§ 2o A faixa de até cento e tenciais hidroenergéticos;
CAPÍTULO II – DA UNIÃO cinquenta quilômetros de largura, c) a navegação aérea, aero-
ao longo das fronteiras terrestres, espacial e a infraestrutura aero-
Art. 20. São bens da União: designada como faixa de frontei- portuária;
I – os que atualmente lhe per- ra, é considerada fundamental d) os serviços de transpor-
tencem e os que lhe vierem a ser para defesa do território nacional, te ferroviário e aquaviário entre
atribuídos; e sua ocupação e utilização serão portos brasileiros e fronteiras
II – as terras devolutas indis- reguladas em lei. nacionais, ou que transponham
pensáveis à defesa das fronteiras, os limites de Estado ou Território;
das fortificações e construções Art. 21. Compete à União: e) os serviços de transporte
militares, das vias federais de I – manter relações com Es- rodoviário interestadual e inter-
comunicação e à preservação tados estrangeiros e participar nacional de passageiros;
ambiental, definidas em lei; de organizações internacionais; f) os portos marítimos, flu-
III – os lagos, rios e quaisquer II – declarar a guerra e cele- viais e lacustres;
correntes de água em terrenos brar a paz; XIII – organizar e manter o
de seu domínio, ou que banhem III – assegurar a defesa na- Poder Judiciário, o Ministério Pú-
mais de um Estado, sirvam de cional; blico do Distrito Federal e dos
limites com outros países, ou se IV – permitir, nos casos pre- Territórios e a Defensoria Pública
estendam a território estrangeiro vistos em lei complementar, que dos Territórios;
ou dele provenham, bem como os forças estrangeiras transitem XIV – organizar e manter a po-
terrenos marginais e as praias pelo território nacional ou nele lícia civil, a polícia penal, a polícia
fluviais; permaneçam temporariamente; militar e o corpo de bombeiros
IV – as ilhas fluviais e lacus- V – decretar o estado de sítio, militar do Distrito Federal, bem
tres nas zonas limítrofes com ou- o estado de defesa e a interven- como prestar assistência finan-
tros países; as praias marítimas; ção federal; ceira ao Distrito Federal para a
as ilhas oceânicas e as costeiras, VI – autorizar e fiscalizar a execução de serviços públicos,
excluídas, destas, as que con- produção e o comércio de ma- por meio de fundo próprio;
tenham a sede de Municípios, terial bélico; XV – organizar e manter os
exceto aquelas áreas afetadas VII – emitir moeda; serviços oficiais de estatística,
ao serviço público e a unidade VIII – administrar as reser- geografia, geologia e cartografia
ambiental federal, e as referidas vas cambiais do País e fiscali- de âmbito nacional;
no art. 26, II; zar as operações de natureza XVI – exercer a classificação,
V – os recursos naturais da financeira, especialmente as de para efeito indicativo, de diver-
plataforma continental e da zona crédito, câmbio e capitalização, sões públicas e de programas
econômica exclusiva; bem como as de seguros e de de rádio e televisão;
VI – o mar territorial; previdência privada; XVII – conceder anistia;

24
Constituição da República Federativa do Brasil
XVIII – planejar e promover do trabalho; XXV – registros públicos;
a defesa permanente contra as II – desapropriação; XXVI – atividades nucleares
calamidades públicas, especial- III – requisições civis e milita- de qualquer natureza;
mente as secas e as inundações; res, em caso de iminente perigo XXVII – normas gerais de lici-
XIX – instituir sistema nacio- e em tempo de guerra; tação e contratação, em todas as
nal de gerenciamento de recur- IV – águas, energia, informá- modalidades, para as administra-
sos hídricos e definir critérios de tica, telecomunicações e radio- ções públicas diretas, autárquicas
outorga de direitos de seu uso; difusão; e fundacionais da União, Estados,
XX – instituir diretrizes para o V – serviço postal; Distrito Federal e Municípios, obe-
desenvolvimento urbano, inclusi- VI – sistema monetário e de decido o disposto no art. 37, XXI,
ve habitação, saneamento básico medidas, títulos e garantias dos e para as empresas públicas e
e transportes urbanos; metais; sociedades de economia mista,
XXI – estabelecer princípios e VII – política de crédito, câm- nos termos do art. 173, § 1o, III;
diretrizes para o sistema nacional bio, seguros e transferência de XXVIII – defesa territorial, de-
de viação; valores; fesa aeroespacial, defesa marí-
XXII – executar os serviços de VIII – comércio exterior e in- tima, defesa civil e mobilização
polícia marítima, aeroportuária e terestadual; nacional;
de fronteiras; IX – diretrizes da política na- XXIX – propaganda comercial;
XXIII – explorar os serviços e cional de transportes; XXX – proteção e tratamento
instalações nucleares de qualquer X – regime dos portos, nave- de dados pessoais.
natureza e exercer monopólio gação lacustre, fluvial, marítima, Parágrafo único. Lei com-
estatal sobre a pesquisa, a lavra, aérea e aeroespacial; plementar poderá autorizar os
o enriquecimento e reproces- XI – trânsito e transporte; Estados a legislar sobre questões
samento, a industrialização e o XII – jazidas, minas, outros específicas das matérias relacio-
comércio de minérios nucleares recursos minerais e metalurgia; nadas neste artigo.
e seus derivados, atendidos os XIII – nacionalidade, cidadania
seguintes princípios e condições: e naturalização; Art. 23. É competência comum
a) toda atividade nuclear em XIV – populações indígenas; da União, dos Estados, do Distrito
território nacional somente será XV – emigração e imigração, Federal e dos Municípios:
admitida para fins pacíficos e me- entrada, extradição e expulsão I – zelar pela guarda da Cons-
diante aprovação do Congresso de estrangeiros; tituição, das leis e das instituições
Nacional; XVI – organização do sistema democráticas e conservar o pa-
b) sob regime de permissão, nacional de emprego e condições trimônio público;
são autorizadas a comercializa- para o exercício de profissões; II – cuidar da saúde e assis-
ção e a utilização de radioisótopos XVII – organização judiciária, tência pública, da proteção e ga-
para a pesquisa e usos médicos, do Ministério Público do Distrito rantia das pessoas portadoras de
agrícolas e industriais; Federal e dos Territórios e da De- deficiência;
c) sob regime de permissão, fensoria Pública dos Territórios, III – proteger os documentos,
são autorizadas a produção, co- bem como organização adminis- as obras e outros bens de valor
mercialização e utilização de ra- trativa destes; histórico, artístico e cultural, os
dioisótopos de meia-vida igual ou XVIII – sistema estatístico, monumentos, as paisagens na-
inferior a duas horas; sistema cartográfico e de geo- turais notáveis e os sítios arque-
d) a responsabilidade civil logia nacionais; ológicos;
por danos nucleares independe XIX – sistemas de poupança, IV – impedir a evasão, a des-
da existência de culpa; captação e garantia da poupança truição e a descaracterização de
XXIV – organizar, manter e popular; obras de arte e de outros bens
executar a inspeção do trabalho; XX – sistemas de consórcios de valor histórico, artístico ou
XXV – estabelecer as áreas e sorteios; cultural;
e as condições para o exercício XXI – normas gerais de orga- V – proporcionar os meios de
da atividade de garimpagem, em nização, efetivos, material bélico, acesso à cultura, à educação, à
forma associativa; garantias, convocação, mobiliza- ciência, à tecnologia, à pesquisa
XXVI – organizar e fiscalizar ção, inatividades e pensões das e à inovação;
a proteção e o tratamento de da- polícias militares e dos corpos de VI – proteger o meio ambiente
dos pessoais, nos termos da lei. bombeiros militares; e combater a poluição em qual-
XXII – competência da polícia quer de suas formas;
Art. 22. Compete privativamen- federal e das polícias rodoviária VII – preservar as florestas,
te à União legislar sobre: e ferroviária federais; a fauna e a flora;
I – direito civil, comercial, pe- XXIII – seguridade social; VIII – fomentar a produção
nal, processual, eleitoral, agrário, XXIV – diretrizes e bases da agropecuária e organizar o abas-
marítimo, aeronáutico, espacial e educação nacional; tecimento alimentar;

25
Constituição da República Federativa do Brasil
IX – promover programas de XIII – assistência jurídica e subterrâneas, fluentes, emergen-
construção de moradias e a me- defensoria pública; tes e em depósito, ressalvadas,
lhoria das condições habitacio- XIV – proteção e integração neste caso, na forma da lei, as
nais e de saneamento básico; social das pessoas portadoras de decorrentes de obras da União;
X – combater as causas da deficiência; II – as áreas, nas ilhas oceâ-
pobreza e os fatores de margi- XV – proteção à infância e à nicas e costeiras, que estiverem
nalização, promovendo a inte- juventude; no seu domínio, excluídas aquelas
gração social dos setores des- XVI – organização, garantias, sob domínio da União, Municípios
favorecidos; direitos e deveres das polícias ou terceiros;
XI – registrar, acompanhar e civis. III – as ilhas fluviais e lacus-
fiscalizar as concessões de direi- § 1o No âmbito da legislação tres não pertencentes à União;
tos de pesquisa e exploração de concorrente, a competência da IV – as terras devolutas não
recursos hídricos e minerais em União limitar-se-á a estabelecer compreendidas entre as da União.
seus territórios; normas gerais.
XII – estabelecer e implantar § 2o A competência da União Art. 27. O número de Deputados
política de educação para a se- para legislar sobre normas gerais à Assembleia Legislativa corres-
gurança do trânsito. não exclui a competência suple- ponderá ao triplo da represen-
Parágrafo único. Leis com- mentar dos Estados. tação do Estado na Câmara dos
plementares fixarão normas para § 3o Inexistindo lei federal Deputados e, atingido o número
a cooperação entre a União e sobre normas gerais, os Estados de trinta e seis, será acrescido
os Estados, o Distrito Federal e exercerão a competência legis- de tantos quantos forem os De-
os Municípios, tendo em vista o lativa plena, para atender a suas putados Federais acima de doze.
equilíbrio do desenvolvimento e peculiaridades. § 1o Será de quatro anos o
do bem-estar em âmbito nacional. § 4o A superveniência de lei mandato dos Deputados Estadu-
federal sobre normas gerais sus- ais, aplicando-se-lhes as regras
Art. 24. Compete à União, aos pende a eficácia da lei estadual, desta Constituição sobre sistema
Estados e ao Distrito Federal le- no que lhe for contrário. eleitoral, inviolabilidade, imunida-
gislar concorrentemente sobre: des, remuneração, perda de man-
I – direito tributário, finan- dato, licença, impedimentos e
ceiro, penitenciário, econômico CAPÍTULO III – DOS incorporação às Forças Armadas.
e urbanístico; ESTADOS FEDERADOS § 2o O subsídio dos Deputa-
II – orçamento; dos Estaduais será fixado por lei
III – juntas comerciais; Art. 25. Os Estados organi- de iniciativa da Assembleia Le-
IV – custas dos serviços fo- zam-se e regem-se pelas Cons- gislativa, na razão de, no máximo,
renses; tituições e leis que adotarem, setenta e cinco por cento daquele
V – produção e consumo; observados os princípios desta estabelecido, em espécie, para os
VI – florestas, caça, pesca, Constituição. Deputados Federais, observado o
fauna, conservação da nature- § 1o São reservadas aos Esta- que dispõem os arts. 39, § 4o, 57,
za, defesa do solo e dos recur- dos as competências que não lhes § 7o, 150, II, 153, III, e 153, § 2o, I.
sos naturais, proteção do meio sejam vedadas por esta Consti- § 3o Compete às Assembleias
ambiente e controle da poluição; tuição. Legislativas dispor sobre seu re-
VII – proteção ao patrimônio § 2o Cabe aos Estados ex- gimento interno, polícia e serviços
histórico, cultural, artístico, tu- plorar diretamente, ou mediante administrativos de sua secretaria,
rístico e paisagístico; concessão, os serviços locais de e prover os respectivos cargos.
VIII – responsabilidade por gás canalizado, na forma da lei, § 4o A lei disporá sobre a ini-
dano ao meio ambiente, ao con- vedada a edição de medida provi- ciativa popular no processo legis-
sumidor, a bens e direitos de valor sória para a sua regulamentação. lativo estadual.
artístico, estético, histórico, tu- § 3o Os Estados poderão, me-
rístico e paisagístico; diante lei complementar, instituir Art. 28. A eleição do Governador
IX – educação, cultura, en- regiões metropolitanas, aglome- e do Vice-Governador de Estado,
sino, desporto, ciência, tecnolo- rações urbanas e microrregiões, para mandato de 4 (quatro) anos,
gia, pesquisa, desenvolvimento constituídas por agrupamentos realizar-se-á no primeiro domingo
e inovação; de municípios limítrofes, para de outubro, em primeiro turno, e
X – criação, funcionamento integrar a organização, o plane- no último domingo de outubro,
e processo do juizado de peque- jamento e a execução de funções em segundo turno, se houver,
nas causas; públicas de interesse comum. do ano anterior ao do término do
XI – procedimentos em ma- mandato de seus antecessores, e
téria processual; Art. 26. Incluem-se entre os a posse ocorrerá em 6 de janeiro
XII – previdência social, pro- bens dos Estados: do ano subsequente, observado,
teção e defesa da saúde; I – as águas superficiais ou quanto ao mais, o disposto no

26
Constituição da República Federativa do Brasil
art. 77 desta Constituição.1 mil) habitantes; dores, nos Municípios de mais de
§ 1o Perderá o mandato o Go- b) 11 (onze) Vereadores, nos 1.200.000 (um milhão e duzentos
vernador que assumir outro cargo Municípios de mais de 15.000 mil) habitantes e de até 1.350.000
ou função na administração públi- (quinze mil) habitantes e de até (um milhão e trezentos e cinquen-
ca direta ou indireta, ressalvada 30.000 (trinta mil) habitantes; ta mil) habitantes;
a posse em virtude de concurso c) 13 (treze) Vereadores, nos o) 37 (trinta e sete) Vereado-
público e observado o disposto Municípios com mais de 30.000 res, nos Municípios de 1.350.000
no art. 38, I, IV e V. (trinta mil) habitantes e de até (um milhão e trezentos e cin-
§ 2o Os subsídios do Gover- 50.000 (cinquenta mil) habitantes; quenta mil) habitantes e de até
nador, do Vice-Governador e dos d) 15 (quinze) Vereadores, nos 1.500.000 (um milhão e quinhen-
Secretários de Estado serão fi- Municípios de mais de 50.000 (cin- tos mil) habitantes;
xados por lei de iniciativa da As- quenta mil) habitantes e de até p) 39 (trinta e nove) Verea-
sembleia Legislativa, observado 80.000 (oitenta mil) habitantes; dores, nos Municípios de mais
o que dispõem os arts. 37, XI, 39, e) 17 (dezessete) Vereado- de 1.500.000 (um milhão e qui-
§ 4o, 150, II, 153, III, e 153, § 2o, I. res, nos Municípios de mais de nhentos mil) habitantes e de até
80.000 (oitenta mil) habitantes e 1.800.000 (um milhão e oitocentos
de até 120.000 (cento e vinte mil) mil) habitantes;
CAPÍTULO IV – DOS habitantes; q) 41 (quarenta e um) Verea-
MUNICÍPIOS f) 19 (dezenove) Vereadores, dores, nos Municípios de mais de
nos Municípios de mais de 120.000 1.800.000 (um milhão e oitocentos
Art. 29. O Município reger-se-á (cento e vinte mil) habitantes e de mil) habitantes e de até 2.400.000
por lei orgânica, votada em dois até 160.000 (cento e sessenta mil) (dois milhões e quatrocentos mil)
turnos, com o interstício mínimo habitantes; habitantes;
de dez dias, e aprovada por dois g) 21 (vinte e um) Vereadores, r) 43 (quarenta e três) Verea-
terços dos membros da Câma- nos Municípios de mais de 160.000 dores, nos Municípios de mais de
ra Municipal, que a promulgará, (cento e sessenta mil) habitantes 2.400.000 (dois milhões e qua-
atendidos os princípios estabe- e de até 300.000 (trezentos mil) trocentos mil) habitantes e de
lecidos nesta Constituição, na habitantes; até 3.000.000 (três milhões) de
Constituição do respectivo Estado h) 23 (vinte e três) Vereado- habitantes;
e os seguintes preceitos: res, nos Municípios de mais de s) 45 (quarenta e cinco) Ve-
I – eleição do Prefeito, do Vi- 300.000 (trezentos mil) habitantes readores, nos Municípios de mais
ce-Prefeito e dos Vereadores, e de até 450.000 (quatrocentos e de 3.000.000 (três milhões) de
para mandato de quatro anos, cinquenta mil) habitantes; habitantes e de até 4.000.000
mediante pleito direto e simul- i) 25 (vinte e cinco) Vereado- (quatro milhões) de habitantes;
tâneo realizado em todo o País; res, nos Municípios de mais de t) 47 (quarenta e sete) Vere-
II – eleição do Prefeito e do Vi- 450.000 (quatrocentos e cinquen- adores, nos Municípios de mais
ce-Prefeito realizada no primeiro ta mil) habitantes e de até 600.000 de 4.000.000 (quatro milhões)
domingo de outubro do ano ante- (seiscentos mil) habitantes; de habitantes e de até 5.000.000
rior ao término do mandato dos j) 27 (vinte e sete) Vereado- (cinco milhões) de habitantes;
que devam suceder, aplicadas as res, nos Municípios de mais de u) 49 (quarenta e nove) Vere-
regras do art. 77 no caso de Mu- 600.000 (seiscentos mil) habitan- adores, nos Municípios de mais de
nicípios com mais de duzentos tes e de até 750.000 (setecentos e 5.000.000 (cinco milhões) de ha-
mil eleitores; cinquenta mil) habitantes; bitantes e de até 6.000.000 (seis
III – posse do Prefeito e do Vi- k) 29 (vinte e nove) Vereado- milhões) de habitantes;
ce-Prefeito no dia 1o de janeiro do res, nos Municípios de mais de v) 51 (cinquenta e um) Verea-
ano subsequente ao da eleição; 750.000 (setecentos e cinquenta dores, nos Municípios de mais de
IV – para a composição das mil) habitantes e de até 900.000 6.000.000 (seis milhões) de habi-
Câmaras Municipais, será obser- (novecentos mil) habitantes; tantes e de até 7.000.000 (sete
vado o limite máximo de: l) 31 (trinta e um) Vereado- milhões) de habitantes;
a) 9 (nove) Vereadores, nos res, nos Municípios de mais de w) 53 (cinquenta e três) Ve-
Municípios de até 15.000 (quinze 900.000 (novecentos mil) habitan- readores, nos Municípios de mais
tes e de até 1.050.000 (um milhão de 7.000.000 (sete milhões) de ha-
e cinquenta mil) habitantes; bitantes e de até 8.000.000 (oito
1
Nota do Editor (NE): a EC no 111/2021 alterou m) 33 (trinta e três) Verea- milhões) de habitantes;
a data de posse de 1o de janeiro para 6 de
janeiro; contudo, a mudança será aplicada dores, nos Municípios de mais x) 55 (cinquenta e cinco) Ve-
somente a partir das eleições de 2026. Os de 1.050.000 (um milhão e cin- readores, nos Municípios de mais
Governadores de Estado e do Distrito Fede- quenta mil) habitantes e de até de 8.000.000 (oito milhões) de
ral eleitos em 2022 tomarão posse em 1o de 1.200.000 (um milhão e duzentos habitantes;
janeiro de 2023, e seus mandatos durarão
até a posse de seus sucessores, em 6 de mil) habitantes; V – subsídios do Prefeito, do
janeiro de 2027. n) 35 (trinta e cinco) Verea- Vice-Prefeito e dos Secretários

27
Constituição da República Federativa do Brasil
Municipais fixados por lei de ini- lidades, no exercício da vereança, tantes;
ciativa da Câmara Municipal, ob- similares, no que couber, ao dis- IV – 4,5% (quatro inteiros e
servado o que dispõem os arts. 37, posto nesta Constituição para os cinco décimos por cento) para
XI, 39, § 4o, 150, II, 153, III, e 153, membros do Congresso Nacional Municípios com população entre
§ 2o, I; e, na Constituição do respectivo 500.001 (quinhentos mil e um) e
VI – o subsídio dos Vereado- Estado, para os membros da As- 3.000.000 (três milhões) de ha-
res será fixado pelas respectivas sembleia Legislativa; bitantes;
Câmaras Municipais em cada le- X – julgamento do Prefeito V – 4% (quatro por cento)
gislatura para a subsequente, ob- perante o Tribunal de Justiça; para Municípios com população
servado o que dispõe esta Cons- XI – organização das funções entre 3.000.001 (três milhões e
tituição, observados os critérios legislativas e fiscalizadoras da um) e 8.000.000 (oito milhões)
estabelecidos na respectiva Lei Câmara Municipal; de habitantes;
Orgânica e os seguintes limites XII – cooperação das asso- VI – 3,5% (três inteiros e cinco
máximos: ciações representativas no pla- décimos por cento) para Municí-
a) em Municípios de até dez nejamento municipal; pios com população acima de
mil habitantes, o subsídio máximo XIII – iniciativa popular de 8.000.0001 (oito milhões e um)
dos Vereadores corresponderá a projetos de lei de interesse es- habitantes.
vinte por cento do subsídio dos pecífico do Município, da cidade § 1o A Câmara Municipal não
Deputados Estaduais; ou de bairros, através de mani- gastará mais de setenta por cento
b) em Municípios de dez mil e festação de, pelo menos, cinco de sua receita com folha de pa-
um a cinquenta mil habitantes, o por cento do eleitorado; gamento, incluído o gasto com
subsídio máximo dos Vereadores XIV – perda do mandato do o subsídio de seus Vereadores.
corresponderá a trinta por cen- Prefeito, nos termos do art. 28, § 2o Constitui crime de res-
to do subsídio dos Deputados parágrafo único2. ponsabilidade do Prefeito Mu-
Estaduais; nicipal:
c) em Municípios de cinquen- Art. 29-A. O total da despesa do I – efetuar repasse que supere
ta mil e um a cem mil habitantes, Poder Legislativo Municipal, inclu- os limites definidos neste artigo;
o subsídio máximo dos Vereado- ídos os subsídios dos Vereadores II – não enviar o repasse até o
res corresponderá a quarenta por e excluídos os gastos com inati- dia vinte de cada mês; ou
cento do subsídio dos Deputados vos, não poderá ultrapassar os III – enviá-lo a menor em re-
Estaduais; seguintes percentuais, relativos lação à proporção fixada na Lei
d) em Municípios de cem mil ao somatório da receita tributá- Orçamentária.
e um a trezentos mil habitantes, o ria e das transferências previstas § 3o Constitui crime de res-
subsídio máximo dos Vereadores no § 5o do art. 153 e nos arts. 158 ponsabilidade do Presidente da
corresponderá a cinquenta por e 159, efetivamente realizado no Câmara Municipal o desrespeito
cento do subsídio dos Deputados exercício anterior:3 ao § 1o deste artigo.
Estaduais; I – 7% (sete por cento) para
e) em Municípios de trezen- Municípios com população de Art. 30. Compete aos Municí-
tos mil e um a quinhentos mil até 100.000 (cem mil) habitantes; pios:
habitantes, o subsídio máximo II – 6% (seis por cento) para I – legislar sobre assuntos de
dos Vereadores corresponderá Municípios com população entre interesse local;
a sessenta por cento do subsídio 100.000 (cem mil) e 300.000 (tre- II – suplementar a legisla-
dos Deputados Estaduais; zentos mil) habitantes; ção federal e a estadual no que
f) em Municípios de mais de III – 5% (cinco por cento) para couber;
quinhentos mil habitantes, o sub- Municípios com população entre III – instituir e arrecadar os
sídio máximo dos Vereadores cor- 300.001 (trezentos mil e um) e tributos de sua competência, bem
responderá a setenta e cinco por 500.000 (quinhentos mil) habi- como aplicar suas rendas, sem
cento do subsídio dos Deputados prejuízo da obrigatoriedade de
Estaduais; 2
NE: leia-se “§ 1o”, por força do disposto na
prestar contas e publicar balan-
VII – o total da despesa com a EC no 19/1998. cetes nos prazos fixados em lei;
remuneração dos Vereadores não 3
NE: a EC no 109/2021 alterou a redação do IV – criar, organizar e suprimir
poderá ultrapassar o montante caput do art. 29‑A para “O total da despesa distritos, observada a legislação
de cinco por cento da receita do do Poder Legislativo Municipal, incluídos os estadual;
Município; subsídios dos Vereadores e os demais gas- V – organizar e prestar, dire-
tos com pessoal inativo e pensionistas, não
VIII – inviolabilidade dos Ve- poderá ultrapassar os seguintes percentuais, tamente ou sob regime de con-
readores por suas opiniões, pa- relativos ao somatório da receita tributária e cessão ou permissão, os serviços
lavras e votos no exercício do das transferências previstas no § 5o do art. 153 públicos de interesse local, inclu-
mandato e na circunscrição do e nos arts. 158 e 159 desta Constituição, efe- ído o de transporte coletivo, que
tivamente realizado no exercício anterior:”. A
Município; alteração entra em vigor a partir do início da tem caráter essencial;
IX – proibições e incompatibi- primeira legislatura municipal após 16/3/2021. VI – manter, com a coope-

28
Constituição da República Federativa do Brasil
ração técnica e financeira da da em dois turnos com interstício deral, exceto para:
União e do Estado, programas mínimo de dez dias, e aprovada I – manter a integridade na-
de educação infantil e de ensino por dois terços da Câmara Legis- cional;
fundamental; lativa, que a promulgará, atendi- II – repelir invasão estrangeira
VII – prestar, com a coopera- dos os princípios estabelecidos ou de uma unidade da Federação
ção técnica e financeira da União nesta Constituição. em outra;
e do Estado, serviços de aten- § 1o Ao Distrito Federal são III – pôr termo a grave com-
dimento à saúde da população; atribuídas as competências legis- prometimento da ordem pública;
VIII – promover, no que cou- lativas reservadas aos Estados e IV – garantir o livre exercício
ber, adequado ordenamento ter- Municípios. de qualquer dos Poderes nas uni-
ritorial, mediante planejamento e § 2o A eleição do Governador dades da Federação;
controle do uso, do parcelamento e do Vice-Governador, observadas V – reorganizar as finanças
e da ocupação do solo urbano; as regras do art. 77, e dos Depu- da unidade da Federação que:
IX – promover a proteção do tados Distritais coincidirá com a a) suspender o pagamento
patrimônio histórico-cultural lo- dos Governadores e Deputados da dívida fundada por mais de
cal, observada a legislação e a Estaduais, para mandato de igual dois anos consecutivos, salvo
ação fiscalizadora federal e es- duração. motivo de força maior;
tadual. § 3o Aos Deputados Distritais b) deixar de entregar aos
e à Câmara Legislativa aplica-se Municípios receitas tributárias
Art. 31. A fiscalização do Mu- o disposto no art. 27. fixadas nesta Constituição, dentro
nicípio será exercida pelo Poder § 4o Lei federal disporá so- dos prazos estabelecidos em lei;
Legislativo Municipal, mediante bre a utilização, pelo Governo do VI – prover a execução de lei
controle externo, e pelos sistemas Distrito Federal, da polícia civil, federal, ordem ou decisão judicial;
de controle interno do Poder Exe- da polícia penal, da polícia militar VII – assegurar a observância
cutivo Municipal, na forma da lei. e do corpo de bombeiros militar. dos seguintes princípios consti-
§ 1o O controle externo da tucionais:
Câmara Municipal será exercido a) forma republicana, sis-
com o auxílio dos Tribunais de
Seção II – Dos Territórios tema representativo e regime
Contas dos Estados ou do Mu- democrático;
nicípio ou dos Conselhos ou Tri- Art. 33. A lei disporá sobre a b) direitos da pessoa hu-
bunais de Contas dos Municípios, organização administrativa e ju- mana;
onde houver. diciária dos Territórios. c) autonomia municipal;
§ 2o O parecer prévio, emiti- § 1o Os Territórios poderão d) prestação de contas da
do pelo órgão competente sobre ser divididos em Municípios, aos administração pública, direta e
as contas que o Prefeito deve quais se aplicará, no que cou- indireta;
anualmente prestar, só deixará ber, o disposto no Capítulo IV e) aplicação do mínimo exi-
de prevalecer por decisão de dois deste Título. gido da receita resultante de im-
terços dos membros da Câmara § 2o As contas do Governo do postos estaduais, compreendida
Municipal. Território serão submetidas ao a proveniente de transferências,
§ 3o As contas dos Municí- Congresso Nacional, com pare- na manutenção e desenvolvimen-
pios ficarão, durante sessenta cer prévio do Tribunal de Contas to do ensino e nas ações e servi-
dias, anualmente, à disposição de da União. ços públicos de saúde.
qualquer contribuinte, para exa- § 3o Nos Territórios Federais
me e apreciação, o qual poderá com mais de cem mil habitantes, Art. 35. O Estado não intervirá
questionar-lhes a legitimidade, além do Governador nomeado na em seus Municípios, nem a União
nos termos da lei. forma desta Constituição, haverá nos Municípios localizados em
§ 4o É vedada a criação de órgãos judiciários de primeira e Território Federal, exceto quando:
Tribunais, Conselhos ou órgãos segunda instância, membros do I – deixar de ser paga, sem
de Contas Municipais. Ministério Público e defensores motivo de força maior, por dois
públicos federais; a lei disporá anos consecutivos, a dívida fun-
sobre as eleições para a Câma- dada;
CAPÍTULO V – DO ra Territorial e sua competência II – não forem prestadas con-
DISTRITO FEDERAL E DOS deliberativa. tas devidas, na forma da lei;
TERRITÓRIOS III – não tiver sido aplicado o
mínimo exigido da receita muni-
Seção I – Do Distrito Federal CAPÍTULO VI – DA cipal na manutenção e desenvol-
INTERVENÇÃO vimento do ensino e nas ações e
Art. 32. O Distrito Federal, ve- serviços públicos de saúde;
dada sua divisão em Municípios, Art. 34. A União não intervirá IV – o Tribunal de Justiça der
reger-se-á por lei orgânica, vota- nos Estados nem no Distrito Fe- provimento a representação para

29
Constituição da República Federativa do Brasil
assegurar a observância de prin- CAPÍTULO VII – DA para as pessoas portadoras de
cípios indicados na Constituição ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA deficiência e definirá os critérios
Estadual, ou para prover a execu- de sua admissão;
ção de lei, de ordem ou de deci- Seção I – Disposições Gerais IX – a lei estabelecerá os ca-
são judicial. sos de contratação por tempo
Art. 37. A administração pública determinado para atender a ne-
Art. 36. A decretação da inter- direta e indireta de qualquer dos cessidade temporária de excep-
venção dependerá: Poderes da União, dos Estados, cional interesse público;
I – no caso do art. 34, IV, de do Distrito Federal e dos Municí- X – a remuneração dos ser-
solicitação do Poder Legislativo pios obedecerá aos princípios de vidores públicos e o subsídio de
ou do Poder Executivo coacto legalidade, impessoalidade, mo- que trata o § 4o do art. 39 somente
ou impedido, ou de requisição ralidade, publicidade e eficiência poderão ser fixados ou alterados
do Supremo Tribunal Federal, se e, também, ao seguinte: por lei específica, observada a
a coação for exercida contra o I – os cargos, empregos e iniciativa privativa em cada caso,
Poder Judiciário; funções públicas são acessíveis assegurada revisão geral anual,
II – no caso de desobediência aos brasileiros que preencham os sempre na mesma data e sem
a ordem ou decisão judiciária, de requisitos estabelecidos em lei, distinção de índices;
requisição do Supremo Tribunal assim como aos estrangeiros, na XI – a remuneração e o sub-
Federal, do Superior Tribunal de forma da lei; sídio dos ocupantes de cargos,
Justiça ou do Tribunal Superior II – a investidura em cargo funções e empregos públicos da
Eleitoral; ou emprego público depende de administração direta, autárquica
III – de provimento, pelo Su- aprovação prévia em concurso e fundacional, dos membros de
premo Tribunal Federal, de repre- público de provas ou de provas e qualquer dos Poderes da União,
sentação do Procurador-Geral da títulos, de acordo com a nature- dos Estados, do Distrito Federal
República, na hipótese do art. 34, za e a complexidade do cargo ou e dos Municípios, dos detentores
VII, e no caso de recusa à execu- emprego, na forma prevista em de mandato eletivo e dos demais
ção de lei federal; lei, ressalvadas as nomeações agentes políticos e os proventos,
IV – (Revogado). para cargo em comissão decla- pensões ou outra espécie remu-
§ 1o O decreto de interven- rado em lei de livre nomeação e neratória, percebidos cumulativa-
ção, que especificará a amplitude, exoneração; mente ou não, incluídas as vanta-
o prazo e as condições de execu- III – o prazo de validade do gens pessoais ou de qualquer ou-
ção e que, se couber, nomeará concurso público será de até dois tra natureza, não poderão exceder
o interventor, será submetido à anos, prorrogável uma vez, por o subsídio mensal, em espécie,
apreciação do Congresso Nacio- igual período; dos Ministros do Supremo Tribu-
nal ou da Assembleia Legislativa IV – durante o prazo impror- nal Federal, aplicando-se como
do Estado, no prazo de vinte e rogável previsto no edital de con- limite, nos Municípios, o subsídio
quatro horas. vocação, aquele aprovado em do Prefeito, e nos Estados e no
§ 2o Se não estiver funcio- concurso público de provas ou Distrito Federal, o subsídio men-
nando o Congresso Nacional ou de provas e títulos será convo- sal do Governador no âmbito do
a Assembleia Legislativa, far-se-á cado com prioridade sobre novos Poder Executivo, o subsídio dos
convocação extraordinária, no concursados para assumir cargo Deputados Estaduais e Distritais
mesmo prazo de vinte e quatro ou emprego, na carreira; no âmbito do Poder Legislativo e
horas. V – as funções de confiança, o subsídio dos Desembargadores
§ 3o Nos casos do art. 34, VI exercidas exclusivamente por do Tribunal de Justiça, limitado a
e VII, ou do art. 35, IV, dispensa- servidores ocupantes de cargo noventa inteiros e vinte e cinco
da a apreciação pelo Congresso efetivo, e os cargos em comis- centésimos por cento do subsídio
Nacional ou pela Assembleia Le- são, a serem preenchidos por mensal, em espécie, dos Ministros
gislativa, o decreto limitar-se- servidores de carreira nos casos, do Supremo Tribunal Federal, no
-á a suspender a execução do condições e percentuais mínimos âmbito do Poder Judiciário, apli-
ato impugnado, se essa medida previstos em lei, destinam-se cável este limite aos membros do
bastar ao restabelecimento da apenas às atribuições de direção, Ministério Público, aos Procura-
normalidade. chefia e assessoramento; dores e aos Defensores Públicos;
§ 4o Cessados os motivos VI – é garantido ao servidor XII – os vencimentos dos car-
da intervenção, as autoridades público civil o direito à livre as- gos do Poder Legislativo e do
afastadas de seus cargos a estes sociação sindical; Poder Judiciário não poderão ser
voltarão, salvo impedimento legal. VII – o direito de greve será superiores aos pagos pelo Poder
exercido nos termos e nos limi- Executivo;
tes definidos em lei específica; XIII – é vedada a vinculação ou
VIII – a lei reservará percentu- equiparação de quaisquer espé-
al dos cargos e empregos públicos cies remuneratórias para o efeito

30
Constituição da República Federativa do Brasil
de remuneração de pessoal do obras, serviços, compras e aliena- pública.
serviço público; ções serão contratados mediante § 4o Os atos de improbida-
XIV – os acréscimos pecu- processo de licitação pública que de administrativa importarão a
niários percebidos por servidor assegure igualdade de condições suspensão dos direitos políti-
público não serão computados a todos os concorrentes, com cos, a perda da função pública,
nem acumulados para fins de cláusulas que estabeleçam obri- a indisponibilidade dos bens e o
concessão de acréscimos ulte- gações de pagamento, mantidas ressarcimento ao erário, na forma
riores; as condições efetivas da pro- e gradação previstas em lei, sem
XV – o subsídio e os venci- posta, nos termos da lei, o qual prejuízo da ação penal cabível.
mentos dos ocupantes de cargos somente permitirá as exigências § 5o A lei estabelecerá os
e empregos públicos são irredu- de qualificação técnica e econô- prazos de prescrição para ilíci-
tíveis, ressalvado o disposto nos mica indispensáveis à garantia tos praticados por qualquer agen-
incisos XI e XIV deste artigo e do cumprimento das obrigações; te, servidor ou não, que causem
nos arts. 39, § 4o, 150, II, 153, III, XXII – as administrações tri- prejuízos ao erário, ressalvadas
e 153, § 2o, I; butárias da União, dos Estados, as respectivas ações de ressar-
XVI – é vedada a acumulação do Distrito Federal e dos Muni- cimento.
remunerada de cargos públicos, cípios, atividades essenciais ao § 6o As pessoas jurídicas de
exceto, quando houver compati- funcionamento do Estado, exer- direito público e as de direito
bilidade de horários, observado cidas por servidores de carreiras privado prestadoras de servi-
em qualquer caso o disposto no específicas, terão recursos prio- ços públicos responderão pelos
inciso XI: ritários para a realização de suas danos que seus agentes, nessa
a) a de dois cargos de pro- atividades e atuarão de forma qualidade, causarem a terceiros,
fessor; integrada, inclusive com o com- assegurado o direito de regresso
b) a de um cargo de professor partilhamento de cadastros e de contra o responsável nos casos
com outro, técnico ou científico; informações fiscais, na forma da de dolo ou culpa.
c) a de dois cargos ou em- lei ou convênio. § 7o A lei disporá sobre os
pregos privativos de profissio- § 1o A publicidade dos atos, requisitos e as restrições ao ocu-
nais de saúde, com profissões programas, obras, serviços e pante de cargo ou emprego da
regulamentadas; campanhas dos órgãos públicos administração direta e indireta
XVII – a proibição de acu- deverá ter caráter educativo, in- que possibilite o acesso a infor-
mular estende-se a empregos e formativo ou de orientação social, mações privilegiadas.
funções e abrange autarquias, dela não podendo constar nomes, § 8o A autonomia gerencial,
fundações, empresas públicas, símbolos ou imagens que carac- orçamentária e financeira dos
sociedades de economia mista, terizem promoção pessoal de au- órgãos e entidades da adminis-
suas subsidiárias, e sociedades toridades ou servidores públicos. tração direta e indireta poderá
controladas, direta ou indireta- § 2o A não observância do ser ampliada mediante contrato,
mente, pelo poder público; disposto nos incisos II e III impli- a ser firmado entre seus admi-
XVIII – a administração fazen- cará a nulidade do ato e a punição nistradores e o poder público,
dária e seus servidores fiscais da autoridade responsável, nos que tenha por objeto a fixação
terão, dentro de suas áreas de termos da lei. de metas de desempenho para
competência e jurisdição, prece- § 3o A lei disciplinará as for- o órgão ou entidade, cabendo à
dência sobre os demais setores mas de participação do usuário na lei dispor sobre:
administrativos, na forma da lei; administração pública direta e in- I – o prazo de duração do
XIX – somente por lei especí- direta, regulando especialmente: contrato;
fica poderá ser criada autarquia I – as reclamações relativas à II – os controles e critérios
e autorizada a instituição de em- prestação dos serviços públicos de avaliação de desempenho,
presa pública, de sociedade de em geral, asseguradas a manu- direitos, obrigações e responsa-
economia mista e de fundação, tenção de serviços de atendi- bilidade dos dirigentes;
cabendo à lei complementar, nes- mento ao usuário e a avaliação III – a remuneração do pes-
te último caso, definir as áreas de periódica, externa e interna, da soal.
sua atuação; qualidade dos serviços; § 9o O disposto no inciso XI
XX – depende de autorização II – o acesso dos usuários a aplica-se às empresas públicas
legislativa, em cada caso, a cria- registros administrativos e a in- e às sociedades de economia
ção de subsidiárias das entidades formações sobre atos de governo, mista, e suas subsidiárias, que
mencionadas no inciso anterior, observado o disposto no art. 5o, receberem recursos da União,
assim como a participação de X e XXXIII; dos Estados, do Distrito Federal
qualquer delas em empresa pri- III – a disciplina da represen- ou dos Municípios para pagamen-
vada; tação contra o exercício negligen- to de despesas de pessoal ou de
XXI – ressalvados os casos te ou abusivo de cargo, empre- custeio em geral.
especificados na legislação, as go ou função na administração § 10. É vedada a percepção

31
Constituição da República Federativa do Brasil
simultânea de proventos de apo- que não seja prevista em lei que Poderes.4
sentadoria decorrentes do art. 40 extinga regime próprio de previ- § 1o A fixação dos padrões de
ou dos arts. 42 e 142 com a re- dência social. vencimento e dos demais compo-
muneração de cargo, emprego § 16. Os órgãos e entidades nentes do sistema remuneratório
ou função pública, ressalvados da administração pública, indi- observará:
os cargos acumuláveis na forma vidual ou conjuntamente, devem I – a natureza, o grau de res-
desta Constituição, os cargos realizar avaliação das políticas ponsabilidade e a complexidade
eletivos e os cargos em comissão públicas, inclusive com divulga- dos cargos componentes de cada
declarados em lei de livre nome- ção do objeto a ser avaliado e carreira;
ação e exoneração. dos resultados alcançados, na II – os requisitos para a in-
§ 11. Não serão computadas, forma da lei. vestidura;
para efeito dos limites remune- III – as peculiaridades dos
ratórios de que trata o inciso XI Art. 38. Ao servidor público da cargos.
do caput deste artigo, as parcelas administração direta, autárquica § 2o A União, os Estados e o
de caráter indenizatório previs- e fundacional, no exercício de Distrito Federal manterão escolas
tas em lei. mandato eletivo, aplicam-se as de governo para a formação e o
§ 12. Para os fins do disposto seguintes disposições: aperfeiçoamento dos servido-
no inciso XI do caput deste arti- I – tratando-se de mandato res públicos, constituindo-se a
go, fica facultado aos Estados e eletivo federal, estadual ou distri- participação nos cursos um dos
ao Distrito Federal fixar, em seu tal, ficará afastado de seu cargo, requisitos para a promoção na
âmbito, mediante emenda às res- emprego ou função; carreira, facultada, para isso, a
pectivas Constituições e Lei Orgâ- II – investido no mandato de celebração de convênios ou con-
nica, como limite único, o subsídio Prefeito, será afastado do cargo, tratos entre os entes federados.
mensal dos Desembargadores do emprego ou função, sendo-lhe § 3o Aplica-se aos servido-
respectivo Tribunal de Justiça, li- facultado optar pela sua remu- res ocupantes de cargo público
mitado a noventa inteiros e vinte neração; o disposto no art. 7o, IV, VII, VIII,
e cinco centésimos por cento do III – investido no mandato IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX,
subsídio mensal dos Ministros do de Vereador, havendo compati- XX, XXII e XXX, podendo a lei esta-
Supremo Tribunal Federal, não bilidade de horários, perceberá belecer requisitos diferenciados
se aplicando o disposto neste as vantagens de seu cargo, em- de admissão quando a natureza
parágrafo aos subsídios dos De- prego ou função, sem prejuízo da do cargo o exigir.
putados Estaduais e Distritais e remuneração do cargo eletivo, § 4o O membro de Poder, o
dos Vereadores. e, não havendo compatibilidade, detentor de mandato eletivo, os
§ 13. O servidor público titu- será aplicada a norma do inciso Ministros de Estado e os Secretá-
lar de cargo efetivo poderá ser re- anterior; rios Estaduais e Municipais serão
adaptado para exercício de cargo IV – em qualquer caso que exi- remunerados exclusivamente por
cujas atribuições e responsabili- ja o afastamento para o exercício subsídio fixado em parcela única,
dades sejam compatíveis com a de mandato eletivo, seu tempo de vedado o acréscimo de qualquer
limitação que tenha sofrido em serviço será contado para todos gratificação, adicional, abono,
sua capacidade física ou men- os efeitos legais, exceto para pro- prêmio, verba de representação
tal, enquanto permanecer nesta moção por merecimento; ou outra espécie remuneratória,
condição, desde que possua a V – na hipótese de ser segura- obedecido, em qualquer caso, o
habilitação e o nível de escola- do de regime próprio de previdên- disposto no art. 37, X e XI.
ridade exigidos para o cargo de cia social, permanecerá filiado a § 5o Lei da União, dos Es-
destino, mantida a remuneração esse regime, no ente federativo tados, do Distrito Federal e dos
do cargo de origem. de origem. Municípios poderá estabelecer
§ 14. A aposentadoria conce- a relação entre a maior e a me-
dida com a utilização de tempo nor remuneração dos servidores
de contribuição decorrente de
Seção II – Dos Servidores públicos, obedecido, em qualquer
cargo, emprego ou função públi- Públicos caso, o disposto no art. 37, XI.
ca, inclusive do Regime Geral de § 6o Os Poderes Executivo,
Previdência Social, acarretará o Art. 39. A União, os Estados, o Legislativo e Judiciário publicarão
rompimento do vínculo que gerou Distrito Federal e os Municípios
o referido tempo de contribuição. instituirão conselho de política 4
NE: o caput deste artigo teve a sua aplica-
§ 15. É vedada a complemen- de administração e remuneração ção suspensa em caráter liminar, por força
tação de aposentadorias de ser- de pessoal, integrado por servido- da ADI no 2.135. Redação anterior: “A União,
vidores públicos e de pensões res designados pelos respectivos os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
por morte a seus dependentes instituirão, no âmbito de sua competência, re-
gime jurídico único e planos de carreira para
que não seja decorrente do dis- os servidores da administração pública direta,
posto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou das autarquias e das fundações públicas”.

32
Constituição da República Federativa do Brasil
anualmente os valores do subsídio 62 (sessenta e dois) anos de idade, gicos prejudiciais à saúde, ou as-
e da remuneração dos cargos e se mulher, e aos 65 (sessenta e sociação desses agentes, vedada
empregos públicos. cinco) anos de idade, se homem, a caracterização por categoria
§ 7o Lei da União, dos Es- e, no âmbito dos Estados, do Dis- profissional ou ocupação.
tados, do Distrito Federal e dos trito Federal e dos Municípios, § 5o Os ocupantes do cargo
Municípios disciplinará a aplica- na idade mínima estabelecida de professor terão idade mínima
ção de recursos orçamentários mediante emenda às respectivas reduzida em 5 (cinco) anos em
provenientes da economia com Constituições e Leis Orgânicas, relação às idades decorrentes da
despesas correntes em cada ór- observados o tempo de contri- aplicação do disposto no inciso
gão, autarquia e fundação, para buição e os demais requisitos es- III do § 1o, desde que compro-
aplicação no desenvolvimento de tabelecidos em lei complementar vem tempo de efetivo exercício
programas de qualidade e pro- do respectivo ente federativo. das funções de magistério na
dutividade, treinamento e de- § 2o Os proventos de aposen- educação infantil e no ensino
senvolvimento, modernização, tadoria não poderão ser inferiores fundamental e médio fixado em
reaparelhamento e racionalização ao valor mínimo a que se refere o lei complementar do respectivo
do serviço público, inclusive sob § 2o do art. 201 ou superiores ao ente federativo.
a forma de adicional ou prêmio limite máximo estabelecido para § 6o Ressalvadas as aposen-
de produtividade. o Regime Geral de Previdência tadorias decorrentes dos car-
§ 8o A remuneração dos ser- Social, observado o disposto nos gos acumuláveis na forma desta
vidores públicos organizados em §§ 14 a 16. Constituição, é vedada a percep-
carreira poderá ser fixada nos § 3o As regras para cálculo de ção de mais de uma aposenta-
termos do § 4o. proventos de aposentadoria serão doria à conta de regime próprio
§ 9o É vedada a incorporação disciplinadas em lei do respectivo de previdência social, aplican-
de vantagens de caráter temporá- ente federativo. do-se outras vedações, regras
rio ou vinculadas ao exercício de § 4o É vedada a adoção de e condições para a acumulação
função de confiança ou de cargo requisitos ou critérios diferencia- de benefícios previdenciários es-
em comissão à remuneração do dos para concessão de benefícios tabelecidas no Regime Geral de
cargo efetivo. em regime próprio de previdência Previdência Social.
social, ressalvado o disposto nos § 7o Observado o disposto no
Art. 40. O regime próprio de §§ 4o-A, 4o-B, 4o-C e 5o. § 2 do art. 201, quando se tratar
o

previdência social dos servidores § 4o-A. Poderão ser estabe- da única fonte de renda formal
titulares de cargos efetivos terá lecidos por lei complementar do auferida pelo dependente, o be-
caráter contributivo e solidário, respectivo ente federativo idade nefício de pensão por morte será
mediante contribuição do res- e tempo de contribuição dife- concedido nos termos de lei do
pectivo ente federativo, de ser- renciados para aposentadoria respectivo ente federativo, a qual
vidores ativos, de aposentados e de servidores com deficiência, tratará de forma diferenciada a
de pensionistas, observados cri- previamente submetidos a ava- hipótese de morte dos servidores
térios que preservem o equilíbrio liação biopsicossocial realizada de que trata o § 4o-B decorrente
financeiro e atuarial. por equipe multiprofissional e de agressão sofrida no exercício
§ 1o O servidor abrangido por interdisciplinar. ou em razão da função.
regime próprio de previdência § 4o-B. Poderão ser estabe- § 8o É assegurado o rea-
social será aposentado: lecidos por lei complementar do justamento dos benefícios para
I – por incapacidade perma- respectivo ente federativo idade preservar-lhes, em caráter per-
nente para o trabalho, no cargo e tempo de contribuição diferen- manente, o valor real, conforme
em que estiver investido, quan- ciados para aposentadoria de critérios estabelecidos em lei.
do insuscetível de readaptação, ocupantes do cargo de agente § 9o O tempo de contribuição
hipótese em que será obriga- penitenciário, de agente socioe- federal, estadual, distrital ou mu-
tória a realização de avaliações ducativo ou de policial dos órgãos nicipal será contado para fins de
periódicas para verificação da de que tratam o inciso IV do caput aposentadoria, observado o dis-
continuidade das condições que do art. 51, o inciso XIII do caput do posto nos §§ 9o e 9o-A do art. 201,
ensejaram a concessão da apo- art. 52 e os incisos I a IV do caput e o tempo de serviço correspon-
sentadoria, na forma de lei do do art. 144. dente será contado para fins de
respectivo ente federativo; § 4o-C. Poderão ser estabe- disponibilidade.
II – compulsoriamente, com lecidos por lei complementar do § 10. A lei não poderá esta-
proventos proporcionais ao tem- respectivo ente federativo idade belecer qualquer forma de con-
po de contribuição, aos 70 (se- e tempo de contribuição diferen- tagem de tempo de contribuição
tenta) anos de idade, ou aos 75 ciados para aposentadoria de fictício.
(setenta e cinco) anos de idade, servidores cujas atividades sejam § 11. Aplica-se o limite fixado
na forma de lei complementar; exercidas com efetiva exposição a no art. 37, XI, à soma total dos pro-
III – no âmbito da União, aos agentes químicos, físicos e bioló- ventos de inatividade, inclusive

33
Constituição da República Federativa do Brasil
quando decorrentes da acumu- muneração considerados para o IV – definição de equilíbrio
lação de cargos ou empregos cálculo do benefício previsto no financeiro e atuarial;
públicos, bem como de outras § 3o serão devidamente atualiza- V – condições para instituição
atividades sujeitas a contribuição dos, na forma da lei. do fundo com finalidade previ-
para o regime geral de previdên- § 18. Incidirá contribuição denciária de que trata o art. 249 e
cia social, e ao montante resul- sobre os proventos de aposenta- para vinculação a ele dos recursos
tante da adição de proventos de dorias e pensões concedidas pelo provenientes de contribuições
inatividade com remuneração regime de que trata este artigo e dos bens, direitos e ativos de
de cargo acumulável na forma que superem o limite máximo qualquer natureza;
desta Constituição, cargo em co- estabelecido para os benefícios VI – mecanismos de equa-
missão declarado em lei de livre do regime geral de previdência cionamento do deficit atuarial;
nomeação e exoneração, e de social de que trata o art. 201, com VII – estruturação do órgão
cargo eletivo. percentual igual ao estabelecido ou entidade gestora do regime,
§ 12. Além do disposto neste para os servidores titulares de observados os princípios relacio-
artigo, serão observados, em re- cargos efetivos. nados com governança, controle
gime próprio de previdência so- § 19. Observados critérios a interno e transparência;
cial, no que couber, os requisitos serem estabelecidos em lei do VIII – condições e hipóteses
e critérios fixados para o Regime respectivo ente federativo, o ser- para responsabilização daqueles
Geral de Previdência Social. vidor titular de cargo efetivo que que desempenhem atribuições
§ 13. Aplica-se ao agente pú- tenha completado as exigências relacionadas, direta ou indireta-
blico ocupante, exclusivamente, para a aposentadoria voluntária mente, com a gestão do regime;
de cargo em comissão declarado e que opte por permanecer em IX – condições para adesão a
em lei de livre nomeação e exone- atividade poderá fazer jus a um consórcio público;
ração, de outro cargo temporário, abono de permanência equiva- X – parâmetros para apuração
inclusive mandato eletivo, ou de lente, no máximo, ao valor da sua da base de cálculo e definição de
emprego público, o Regime Geral contribuição previdenciária, até alíquota de contribuições ordiná-
de Previdência Social. completar a idade para aposen- rias e extraordinárias.
§ 14. A União, os Estados, o tadoria compulsória.
Distrito Federal e os Municípios § 20. É vedada a existência Art. 41. São estáveis após três
instituirão, por lei de iniciativa do de mais de um regime próprio anos de efetivo exercício os ser-
respectivo Poder Executivo, regi- de previdência social e de mais vidores nomeados para cargo de
me de previdência complementar de um órgão ou entidade gesto- provimento efetivo em virtude de
para servidores públicos ocupan- ra desse regime em cada ente concurso público.
tes de cargo efetivo, observado federativo, abrangidos todos os § 1o O servidor público está-
o limite máximo dos benefícios poderes, órgãos e entidades au- vel só perderá o cargo:
do Regime Geral de Previdência tárquicas e fundacionais, que I – em virtude de sentença
Social para o valor das aposenta- serão responsáveis pelo seu fi- judicial transitada em julgado;
dorias e das pensões em regime nanciamento, observados os cri- II – mediante processo admi-
próprio de previdência social, térios, os parâmetros e a natureza nistrativo em que lhe seja asse-
ressalvado o disposto no § 16. jurídica definidos na lei comple- gurada ampla defesa;
§ 15. O regime de previdência mentar de que trata o § 22. III – mediante procedimento
complementar de que trata o § 14 § 21. (Revogado) de avaliação periódica de de-
oferecerá plano de benefícios so- § 22. Vedada a instituição de sempenho, na forma de lei com-
mente na modalidade contribui- novos regimes próprios de pre- plementar, assegurada ampla
ção definida, observará o disposto vidência social, lei complemen- defesa.
no art. 202 e será efetivado por tar federal estabelecerá, para os § 2o Invalidada por sentença
intermédio de entidade fechada que já existam, normas gerais de judicial a demissão do servidor
de previdência complementar ou organização, de funcionamento estável, será ele reintegrado, e
de entidade aberta de previdência e de responsabilidade em sua o eventual ocupante da vaga, se
complementar. gestão, dispondo, entre outros estável, reconduzido ao cargo de
§ 16. Somente mediante sua aspectos, sobre: origem, sem direito a indeniza-
prévia e expressa opção, o dis- I – requisitos para sua ex- ção, aproveitado em outro car-
posto nos §§ 14 e 15 poderá ser tinção e consequente migração go ou posto em disponibilidade
aplicado ao servidor que tiver para o Regime Geral de Previdên- com remuneração proporcional
ingressado no serviço público cia Social; ao tempo de serviço.
até a data da publicação do ato II – modelo de arrecadação, § 3o Extinto o cargo ou de-
de instituição do corresponden- de aplicação e de utilização dos clarada a sua desnecessidade,
te regime de previdência com- recursos; o servidor estável ficará em dis-
plementar. III – fiscalização pela União e ponibilidade, com remuneração
§ 17. Todos os valores de re- controle externo e social; proporcional ao tempo de serviço,

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Constituição da República Federativa do Brasil
até seu adequado aproveitamento de desenvolvimento econômico tação por Estado e pelo Distrito
em outro cargo. e social, aprovados juntamente Federal, será estabelecido por lei
§ 4o Como condição para com estes. complementar, proporcionalmen-
a aquisição da estabilidade, é § 2o Os incentivos regionais te à população, procedendo-se
obrigatória a avaliação especial compreenderão, além de outros, aos ajustes necessários, no ano
de desempenho por comissão na forma da lei: anterior às eleições, para que
instituída para essa finalidade. I – igualdade de tarifas, fretes, nenhuma daquelas unidades da
seguros e outros itens de custos Federação tenha menos de oito
e preços de responsabilidade do ou mais de setenta Deputados.
Seção III – Dos Militares dos Poder Público; § 2o Cada Território elegerá
Estados, do Distrito Federal II – juros favorecidos para fi- quatro Deputados.
e dos Territórios nanciamento de atividades prio-
ritárias; Art. 46. O Senado Federal com-
Art. 42. Os membros das Polí- III – isenções, reduções ou põe-se de representantes dos Es-
cias Militares e Corpos de Bom- diferimento temporário de tribu- tados e do Distrito Federal, eleitos
beiros Militares, instituições or- tos federais devidos por pessoas segundo o princípio majoritário.
ganizadas com base na hierarquia físicas ou jurídicas; § 1o Cada Estado e o Distrito
e disciplina, são militares dos IV – prioridade para o apro- Federal elegerão três Senadores,
Estados, do Distrito Federal e veitamento econômico e social com mandato de oito anos.
dos Territórios. dos rios e das massas de água § 2o A representação de cada
§ 1o Aplicam-se aos militares represadas ou represáveis nas Estado e do Distrito Federal será
dos Estados, do Distrito Federal e regiões de baixa renda, sujeitas renovada de quatro em quatro
dos Territórios, além do que vier a a secas periódicas. anos, alternadamente, por um e
ser fixado em lei, as disposições § 3o Nas áreas a que se re- dois terços.
do art. 14, § 8o; do art. 40, § 9o; e fere o § 2o, IV, a União incentivará § 3o Cada Senador será eleito
do art. 142, §§ 2o e 3o, cabendo a a recuperação de terras áridas com dois suplentes.
lei estadual específica dispor so- e cooperará com os pequenos e
bre as matérias do art. 142, § 3o, médios proprietários rurais para o Art. 47. Salvo disposição cons-
inciso X, sendo as patentes dos estabelecimento, em suas glebas, titucional em contrário, as de-
oficiais conferidas pelos respec- de fontes de água e de pequena liberações de cada Casa e de
tivos governadores. irrigação. suas Comissões serão tomadas
§ 2o Aos pensionistas dos por maioria dos votos, presen-
militares dos Estados, do Distrito te a maioria absoluta de seus
Federal e dos Territórios aplica-se TÍTULO IV – DA membros.
o que for fixado em lei específica ORGANIZAÇÃO DOS
do respectivo ente estatal. PODERES Seção II – Das Atribuições do
§ 3o Aplica-se aos militares
dos Estados, do Distrito Federal CAPÍTULO I – DO PODER Congresso Nacional
e dos Territórios o disposto no LEGISLATIVO
art. 37, inciso XVI, com prevalên- Art. 48. Cabe ao Congresso Na-
cia da atividade militar. Seção I – Do Congresso cional, com a sanção do Presiden-
Nacional te da República, não exigida esta
para o especificado nos arts. 49,
Seção IV – Das Regiões Art. 44. O Poder Legislativo é 51 e 52, dispor sobre todas as ma-
exercido pelo Congresso Nacio- térias de competência da União,
Art. 43. Para efeitos adminis- nal, que se compõe da Câma- especialmente sobre:
trativos, a União poderá articular ra dos Deputados e do Senado I – sistema tributário, arreca-
sua ação em um mesmo complexo Federal. dação e distribuição de rendas;
geoeconômico e social, visando Parágrafo único. Cada legis- II – plano plurianual, diretri-
a seu desenvolvimento e à redu- latura terá a duração de quatro zes orçamentárias, orçamento
ção das desigualdades regionais. anos. anual, operações de crédito, dí-
§ 1o Lei complementar dis- vida pública e emissões de curso
porá sobre: Art. 45. A Câmara dos Deputa- forçado;
I – as condições para inte- dos compõe-se de representan- III – fixação e modificação
gração de regiões em desenvol- tes do povo, eleitos, pelo sistema do efetivo das Forças Armadas;
vimento; proporcional, em cada Estado, IV – planos e programas na-
II – a composição dos organis- em cada Território e no Distrito cionais, regionais e setoriais de
mos regionais que executarão, na Federal. desenvolvimento;
forma da lei, os planos regionais, § 1o O número total de De- V – limites do território na-
integrantes dos planos nacionais putados, bem como a represen- cional, espaço aéreo e marítimo

35
Constituição da República Federativa do Brasil
e bens do domínio da União; V – sustar os atos normativos convocar Ministro de Estado ou
VI – incorporação, subdivisão do Poder Executivo que exorbitem quaisquer titulares de órgãos di-
ou desmembramento de áreas do poder regulamentar ou dos retamente subordinados à Presi-
de Territórios ou Estados, ouvi- limites de delegação legislativa; dência da República para presta-
das as respectivas Assembleias VI – mudar temporariamente rem, pessoalmente, informações
Legislativas; sua sede; sobre assunto previamente deter-
VII – transferência temporá- VII – fixar idêntico subsídio minado, importando em crime de
ria da sede do Governo Federal; para os Deputados Federais e responsabilidade a ausência sem
VIII – concessão de anistia; os Senadores, observado o que justificação adequada.
IX – organização administra- dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4o, § 1o Os Ministros de Estado
tiva, judiciária, do Ministério Pú- 150, II, 153, III, e 153, § 2o, I; poderão comparecer ao Senado
blico e da Defensoria Pública da VIII – fixar os subsídios do Federal, à Câmara dos Deputados,
União e dos Territórios e organi- Presidente e do Vice-Presidente ou a qualquer de suas Comissões,
zação judiciária e do Ministério da República e dos Ministros de por sua iniciativa e mediante en-
Público do Distrito Federal; Estado, observado o que dispõem tendimentos com a Mesa respec-
X – criação, transformação os arts. 37, XI, 39, § 4o, 150, II, 153, tiva, para expor assunto de rele-
e extinção de cargos, empregos III, e 153, § 2o, I; vância de seu Ministério.
e funções públicas, observado o IX – julgar anualmente as con- § 2o As Mesas da Câmara dos
que estabelece o art. 84, VI, “b”; tas prestadas pelo Presidente da Deputados e do Senado Fede-
XI – criação e extinção de República e apreciar os relatórios ral poderão encaminhar pedidos
Ministérios e órgãos da adminis- sobre a execução dos planos de escritos de informação a Minis-
tração pública; governo; tros de Estado ou a qualquer das
XII – telecomunicações e ra- X – fiscalizar e controlar, di- pessoas referidas no caput deste
diodifusão; retamente, ou por qualquer de artigo, importando em crime de
XIII – matéria financeira, cam- suas Casas, os atos do Poder responsabilidade a recusa, ou
bial e monetária, instituições fi- Executivo, incluídos os da admi- o não atendimento no prazo de
nanceiras e suas operações; nistração indireta; trinta dias, bem como a prestação
XIV – moeda, seus limites de XI – zelar pela preservação de de informações falsas.
emissão, e montante da dívida sua competência legislativa em
mobiliária federal; face da atribuição normativa dos
XV – fixação do subsídio dos outros Poderes;
Seção III – Da Câmara dos
Ministros do Supremo Tribunal XII – apreciar os atos de con- Deputados
Federal, observado o que dispõem cessão e renovação de concessão
os arts. 39, § 4o; 150, II; 153, III; e de emissoras de rádio e televisão; Art. 51. Compete privativamente
153, § 2o, I. XIII – escolher dois terços dos à Câmara dos Deputados:
membros do Tribunal de Contas I – autorizar, por dois terços
Art. 49. É da competência ex- da União; de seus membros, a instauração
clusiva do Congresso Nacional: XIV – aprovar iniciativas do de processo contra o Presidente
I – resolver definitivamente Poder Executivo referentes a ati- e o Vice-Presidente da República
sobre tratados, acordos ou atos vidades nucleares; e os Ministros de Estado;
internacionais que acarretem en- XV – autorizar referendo e II – proceder à tomada de
cargos ou compromissos gravo- convocar plebiscito; contas do Presidente da Repú-
sos ao patrimônio nacional; XVI – autorizar, em terras in- blica, quando não apresentadas
II – autorizar o Presidente dígenas, a exploração e o apro- ao Congresso Nacional dentro de
da República a declarar guerra, veitamento de recursos hídricos sessenta dias após a abertura da
a celebrar a paz, a permitir que e a pesquisa e lavra de riquezas sessão legislativa;
forças estrangeiras transitem minerais; III – elaborar seu regimento
pelo território nacional ou nele XVII – aprovar, previamente, a interno;
permaneçam temporariamente, alienação ou concessão de terras IV – dispor sobre sua orga-
ressalvados os casos previstos públicas com área superior a dois nização, funcionamento, polícia,
em lei complementar; mil e quinhentos hectares; criação, transformação ou ex-
III – autorizar o Presidente e XVIII – decretar o estado de tinção dos cargos, empregos e
o Vice-Presidente da República a calamidade pública de âmbito funções de seus serviços, e a ini-
se ausentarem do País, quando a nacional previsto nos arts. 167‑B, ciativa de lei para fixação da res-
ausência exceder a quinze dias; 167‑C, 167‑D, 167‑E, 167‑F e 167‑G pectiva remuneração, observados
IV – aprovar o estado de de- desta Constituição. os parâmetros estabelecidos na
fesa e a intervenção federal, lei de diretrizes orçamentárias;
autorizar o estado de sítio, ou Art. 50. A Câmara dos Deputa- V – eleger membros do Con-
suspender qualquer uma dessas dos e o Senado Federal, ou qual- selho da República, nos termos
medidas; quer de suas Comissões, poderão do art. 89, VII.

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Constituição da República Federativa do Brasil
Seção IV – Do Senado VIII – dispor sobre limites e § 1o Os Deputados e Sena-
Federal condições para a concessão de dores, desde a expedição do di-
garantia da União em operações ploma, serão submetidos a julga-
Art. 52. Compete privativamen- de crédito externo e interno; mento perante o Supremo Tribu-
te ao Senado Federal: IX – estabelecer limites glo- nal Federal.
I – processar e julgar o Pre- bais e condições para o mon- § 2o Desde a expedição do
sidente e o Vice-Presidente da tante da dívida mobiliária dos diploma, os membros do Con-
República nos crimes de respon- Estados, do Distrito Federal e gresso Nacional não poderão ser
sabilidade, bem como os Ministros dos Municípios; presos, salvo em flagrante de
de Estado e os Comandantes da X – suspender a execução, no crime inafiançável. Nesse caso,
Marinha, do Exército e da Aero- todo ou em parte, de lei declara- os autos serão remetidos dentro
náutica nos crimes da mesma da inconstitucional por decisão de vinte e quatro horas à Casa
natureza conexos com aqueles; definitiva do Supremo Tribunal respectiva, para que, pelo voto
II – processar e julgar os Mi- Federal; da maioria de seus membros,
nistros do Supremo Tribunal Fe- XI – aprovar, por maioria ab- resolva sobre a prisão.
deral, os membros do Conselho soluta e por voto secreto, a exo- § 3o Recebida a denúncia
Nacional de Justiça e do Conselho neração, de ofício, do Procura- contra Senador ou Deputado, por
Nacional do Ministério Público, o dor-Geral da República antes do crime ocorrido após a diploma-
Procurador-Geral da República e término de seu mandato; ção, o Supremo Tribunal Federal
o Advogado-Geral da União nos XII – elaborar seu regimento dará ciência à Casa respectiva,
crimes de responsabilidade; interno; que, por iniciativa de partido polí-
III – aprovar previamente, por XIII – dispor sobre sua orga- tico nela representado e pelo voto
voto secreto, após arguição pú- nização, funcionamento, polícia, da maioria de seus membros, po-
blica, a escolha de: criação, transformação ou ex- derá, até a decisão final, sustar o
a) magistrados, nos casos tinção dos cargos, empregos e andamento da ação.
estabelecidos nesta Constituição; funções de seus serviços, e a ini- § 4o O pedido de sustação
b) Ministros do Tribunal de ciativa de lei para a fixação da res- será apreciado pela Casa res-
Contas da União indicados pelo pectiva remuneração, observados pectiva no prazo improrrogável
Presidente da República; os parâmetros estabelecidos na de quarenta e cinco dias do seu
c) Governador de Território; lei de diretrizes orçamentárias; recebimento pela Mesa Diretora.
d) presidente e diretores do XIV – eleger membros do Con- § 5o A sustação do processo
banco central; selho da República, nos termos suspende a prescrição, enquanto
e) Procurador-Geral da Re- do art. 89, VII; durar o mandato.
pública; XV – avaliar periodicamente a § 6o Os Deputados e Senado-
f) titulares de outros cargos funcionalidade do Sistema Tribu- res não serão obrigados a teste-
que a lei determinar; tário Nacional, em sua estrutura munhar sobre informações rece-
IV – aprovar previamente, por e seus componentes, e o desem- bidas ou prestadas em razão do
voto secreto, após arguição em penho das administrações tribu- exercício do mandato, nem sobre
sessão secreta, a escolha dos tárias da União, dos Estados e do as pessoas que lhes confiaram ou
chefes de missão diplomática de Distrito Federal e dos Municípios. deles receberam informações.
caráter permanente; Parágrafo único. Nos casos § 7o A incorporação às For-
V – autorizar operações ex- previstos nos incisos I e II, funcio- ças Armadas de Deputados e
ternas de natureza financeira, de nará como Presidente o do Supre- Senadores, embora militares e
interesse da União, dos Estados, mo Tribunal Federal, limitando-se ainda que em tempo de guerra,
do Distrito Federal, dos Territórios a condenação, que somente será dependerá de prévia licença da
e dos Municípios; proferida por dois terços dos vo- Casa respectiva.
VI – fixar, por proposta do tos do Senado Federal, à perda do § 8o As imunidades de Depu-
Presidente da República, limites cargo, com inabilitação, por oito tados ou Senadores subsistirão
globais para o montante da dí- anos, para o exercício de função durante o estado de sítio, só po-
vida consolidada da União, dos pública, sem prejuízo das demais dendo ser suspensas mediante o
Estados, do Distrito Federal e sanções judiciais cabíveis. voto de dois terços dos membros
dos Municípios; da Casa respectiva, nos casos de
VII – dispor sobre limites glo- atos praticados fora do recinto do
bais e condições para as opera-
Seção V – Dos Deputados e Congresso Nacional, que sejam
ções de crédito externo e interno dos Senadores incompatíveis com a execução
da União, dos Estados, do Distrito da medida.
Federal e dos Municípios, de suas Art. 53. Os Deputados e Sena-
autarquias e demais entidades dores são invioláveis, civil e pe- Art. 54. Os Deputados e Sena-
controladas pelo Poder Público nalmente, por quaisquer de suas dores não poderão:
federal; opiniões, palavras e votos. I – desde a expedição do di-

37
Constituição da República Federativa do Brasil
ploma: de vantagens indevidas. Seção VI – Das Reuniões
a) firmar ou manter contra- § 2o Nos casos dos incisos I,
to com pessoa jurídica de direi- II e VI, a perda do mandato será Art. 57. O Congresso Nacional
to público, autarquia, empresa decidida pela Câmara dos Depu- reunir-se-á, anualmente, na Ca-
pública, sociedade de economia tados ou pelo Senado Federal, por pital Federal, de 2 de fevereiro a
mista ou empresa concessionária maioria absoluta, mediante pro- 17 de julho e de 1o de agosto a 22
de serviço público, salvo quando vocação da respectiva Mesa ou de de dezembro.
o contrato obedecer a cláusulas partido político representado no § 1o As reuniões marcadas
uniformes; Congresso Nacional, assegurada para essas datas serão transfe-
b) aceitar ou exercer cargo, ampla defesa. ridas para o primeiro dia útil sub-
função ou emprego remunerado, § 3o Nos casos previstos nos sequente, quando recaírem em
inclusive os de que sejam demis- incisos III a V, a perda será de- sábados, domingos ou feriados.
síveis ad nutum, nas entidades clarada pela Mesa da Casa res- § 2o A sessão legislativa não
constantes da alínea anterior; pectiva, de ofício ou mediante será interrompida sem a aprova-
II – desde a posse: provocação de qualquer de seus ção do projeto de lei de diretrizes
a) ser proprietários, contro- membros, ou de partido político orçamentárias.
ladores ou diretores de empresa representado no Congresso Na- § 3o Além de outros casos
que goze de favor decorrente de cional, assegurada ampla defesa. previstos nesta Constituição, a
contrato com pessoa jurídica de § 4o A renúncia de parlamen- Câmara dos Deputados e o Se-
direito público, ou nela exercer tar submetido a processo que nado Federal reunir-se-ão em
função remunerada; vise ou possa levar à perda do sessão conjunta para:
b) ocupar cargo ou função mandato, nos termos deste arti- I – inaugurar a sessão legis-
de que sejam demissíveis ad nu- go, terá seus efeitos suspensos lativa;
tum, nas entidades referidas no até as deliberações finais de que II – elaborar o regimento co-
inciso I, “a”; tratam os §§ 2o e 3o. mum e regular a criação de servi-
c) patrocinar causa em que ços comuns às duas Casas;
seja interessada qualquer das Art. 56. Não perderá o mandato III – receber o compromisso
entidades a que se refere o in- o Deputado ou Senador: do Presidente e do Vice-Presi-
ciso I, “a”; I – investido no cargo de Mi- dente da República;
d) ser titulares de mais de um nistro de Estado, Governador de IV – conhecer do veto e sobre
cargo ou mandato público eletivo. Território, Secretário de Esta- ele deliberar.
do, do Distrito Federal, de Ter- § 4o Cada uma das Casas
Art. 55. Perderá o mandato o ritório, de Prefeitura de Capital reunir-se-á em sessões prepa-
Deputado ou Senador: ou chefe de missão diplomática ratórias, a partir de 1o de fevereiro,
I – que infringir qualquer das temporária; no primeiro ano da legislatura,
proibições estabelecidas no arti- II – licenciado pela respectiva para a posse de seus membros
go anterior; Casa por motivo de doença, ou e eleição das respectivas Mesas,
II – cujo procedimento for para tratar, sem remuneração, para mandato de 2 (dois) anos, ve-
declarado incompatível com o de interesse particular, desde dada a recondução para o mesmo
decoro parlamentar; que, neste caso, o afastamento cargo na eleição imediatamente
III – que deixar de compare- não ultrapasse cento e vinte dias subsequente.
cer, em cada sessão legislativa, por sessão legislativa. § 5o A Mesa do Congresso
à terça parte das sessões ordi- § 1o O suplente será convoca- Nacional será presidida pelo Pre-
nárias da Casa a que pertencer, do nos casos de vaga, de investi- sidente do Senado Federal, e os
salvo licença ou missão por esta dura em funções previstas neste demais cargos serão exercidos,
autorizada; artigo ou de licença superior a alternadamente, pelos ocupan-
IV – que perder ou tiver sus- cento e vinte dias. tes de cargos equivalentes na
pensos os direitos políticos; § 2o Ocorrendo vaga e não Câmara dos Deputados e no Se-
V – quando o decretar a Jus- havendo suplente, far-se-á elei- nado Federal.
tiça Eleitoral, nos casos previstos ção para preenchê-la se faltarem § 6o A convocação extraor-
nesta Constituição; mais de quinze meses para o tér- dinária do Congresso Nacional
VI – que sofrer condenação mino do mandato. far-se-á:
criminal em sentença transitada § 3o Na hipótese do inciso I – pelo Presidente do Senado
em julgado. I, o Deputado ou Senador pode- Federal, em caso de decretação
§ 1o É incompatível com o rá optar pela remuneração do de estado de defesa ou de in-
decoro parlamentar, além dos mandato. tervenção federal, de pedido de
casos definidos no regimento in- autorização para a decretação de
terno, o abuso das prerrogativas estado de sítio e para o compro-
asseguradas a membro do Con- misso e a posse do Presidente e
gresso Nacional ou a percepção do Vice-Presidente da República;

38
Constituição da República Federativa do Brasil
II – pelo Presidente da Repú- xas de qualquer pessoa contra Subseção II – Da Emenda à
blica, pelos Presidentes da Câma- atos ou omissões das autoridades Constituição
ra dos Deputados e do Senado ou entidades públicas;
Federal ou a requerimento da V – solicitar depoimento de Art. 60. A Constituição pode-
maioria dos membros de ambas qualquer autoridade ou cidadão; rá ser emendada mediante pro-
as Casas, em caso de urgência VI – apreciar programas de posta:
ou interesse público relevante, obras, planos nacionais, regionais I – de um terço, no mínimo,
em todas as hipóteses deste in- e setoriais de desenvolvimento e dos membros da Câmara dos De-
ciso com a aprovação da maioria sobre eles emitir parecer. putados ou do Senado Federal;
absoluta de cada uma das Casas § 3o As comissões parlamen- II – do Presidente da Repú-
do Congresso Nacional. tares de inquérito, que terão po- blica;
§ 7o Na sessão legislativa deres de investigação próprios III – de mais da metade das
extraordinária, o Congresso Na- das autoridades judiciais, além de Assembleias Legislativas das uni-
cional somente deliberará sobre outros previstos nos regimentos dades da Federação, manifestan-
a matéria para a qual foi convoca- das respectivas Casas, serão cria- do-se, cada uma delas, pela maio-
do, ressalvada a hipótese do § 8o das pela Câmara dos Deputados e ria relativa de seus membros.
deste artigo, vedado o pagamento pelo Senado Federal, em conjunto § 1o A Constituição não po-
de parcela indenizatória, em razão ou separadamente, mediante re- derá ser emendada na vigência
da convocação. querimento de um terço de seus de intervenção federal, de estado
§ 8o Havendo medidas pro- membros, para a apuração de fato de defesa ou de estado de sítio.
visórias em vigor na data de determinado e por prazo certo, § 2o A proposta será discuti-
convocação extraordinária do sendo suas conclusões, se for o da e votada em cada Casa do Con-
Congresso Nacional, serão elas caso, encaminhadas ao Ministé- gresso Nacional, em dois turnos,
automaticamente incluídas na rio Público, para que promova a considerando-se aprovada se ob-
pauta da convocação. responsabilidade civil ou criminal tiver, em ambos, três quintos dos
dos infratores. votos dos respectivos membros.
§ 4o Durante o recesso, have- § 3o A emenda à Constituição
Seção VII – Das Comissões rá uma Comissão representativa será promulgada pelas Mesas da
do Congresso Nacional, eleita Câmara dos Deputados e do Se-
Art. 58. O Congresso Nacional por suas Casas na última sessão nado Federal, com o respectivo
e suas Casas terão comissões ordinária do período legislativo, número de ordem.
permanentes e temporárias, com atribuições definidas no regi- § 4o Não será objeto de de-
constituídas na forma e com as mento comum, cuja composição liberação a proposta de emenda
atribuições previstas no respec- reproduzirá, quanto possível, a tendente a abolir:
tivo regimento ou no ato de que proporcionalidade da represen- I – a forma federativa de Es-
resultar sua criação. tação partidária. tado;
§ 1o Na constituição das Me- II – o voto direto, secreto, uni-
sas e de cada Comissão, é asse- versal e periódico;
gurada, tanto quanto possível, a
Seção VIII – Do Processo III – a separação dos Poderes;
representação proporcional dos Legislativo IV – os direitos e garantias
partidos ou dos blocos parlamen- Subseção I – Disposição individuais.
tares que participam da respec- Geral § 5o A matéria constante de
tiva Casa. proposta de emenda rejeitada ou
§ 2o Às comissões, em razão Art. 59. O processo legislativo havida por prejudicada não pode
da matéria de sua competência, compreende a elaboração de: ser objeto de nova proposta na
cabe: I – emendas à Constituição; mesma sessão legislativa.
I – discutir e votar projeto de II – leis complementares;
lei que dispensar, na forma do re- III – leis ordinárias;
gimento, a competência do Ple- IV – leis delegadas;
Subseção III – Das Leis
nário, salvo se houver recurso de V – medidas provisórias;
um décimo dos membros da Casa; VI – decretos legislativos; Art. 61. A iniciativa das leis com-
II – realizar audiências pú- VII – resoluções. plementares e ordinárias cabe a
blicas com entidades da socie- Parágrafo único. Lei com- qualquer membro ou Comissão
dade civil; plementar disporá sobre a ela- da Câmara dos Deputados, do
III – convocar Ministros de boração, redação, alteração e Senado Federal ou do Congresso
Estado para prestar informações consolidação das leis. Nacional, ao Presidente da Repú-
sobre assuntos inerentes a suas blica, ao Supremo Tribunal Fede-
atribuições; ral, aos Tribunais Superiores, ao
IV – receber petições, recla- Procurador-Geral da República e
mações, representações ou quei- aos cidadãos, na forma e nos ca-

39
Constituição da República Federativa do Brasil
sos previstos nesta Constituição. c) organização do Poder Ju- tramitando.
§ 1o São de iniciativa priva- diciário e do Ministério Público, § 7o Prorrogar-se-á uma úni-
tiva do Presidente da República a carreira e a garantia de seus ca vez por igual período a vigên-
as leis que: membros; cia de medida provisória que, no
I – fixem ou modifiquem os d) planos plurianuais, diretri- prazo de sessenta dias, contado
efetivos das Forças Armadas; zes orçamentárias, orçamento e de sua publicação, não tiver a
II – disponham sobre: créditos adicionais e suplemen- sua votação encerrada nas duas
a) criação de cargos, funções tares, ressalvado o previsto no Casas do Congresso Nacional.
ou empregos públicos na admi- art. 167, § 3o; § 8o As medidas provisórias
nistração direta e autárquica ou II – que vise a detenção ou terão sua votação iniciada na
aumento de sua remuneração; sequestro de bens, de poupança Câmara dos Deputados.
b) organização administrati- popular ou qualquer outro ativo § 9o Caberá à comissão mista
va e judiciária, matéria tributária financeiro; de Deputados e Senadores exa-
e orçamentária, serviços públicos III – reservada a lei comple- minar as medidas provisórias e
e pessoal da administração dos mentar; sobre elas emitir parecer, antes
Territórios; IV – já disciplinada em projeto de serem apreciadas, em sessão
c) servidores públicos da de lei aprovado pelo Congresso separada, pelo plenário de cada
União e Territórios, seu regime Nacional e pendente de sanção ou uma das Casas do Congresso Na-
jurídico, provimento de cargos, veto do Presidente da República. cional.
estabilidade e aposentadoria; § 2o Medida provisória que § 10. É vedada a reedição,
d) organização do Ministério implique instituição ou majoração na mesma sessão legislativa, de
Público e da Defensoria Pública da de impostos, exceto os previstos medida provisória que tenha sido
União, bem como normas gerais nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, rejeitada ou que tenha perdido
para a organização do Ministério só produzirá efeitos no exercício sua eficácia por decurso de prazo.
Público e da Defensoria Pública financeiro seguinte se houver sido § 11. Não editado o decreto
dos Estados, do Distrito Federal convertida em lei até o último dia legislativo a que se refere o § 3o
e dos Territórios; daquele em que foi editada. até sessenta dias após a rejeição
e) criação e extinção de Mi- § 3o As medidas provisórias, ou perda de eficácia de medida
nistérios e órgãos da administra- ressalvado o disposto nos §§ 11 provisória, as relações jurídicas
ção pública, observado o disposto e 12 perderão eficácia, desde a constituídas e decorrentes de
no art. 84, VI; edição, se não forem converti- atos praticados durante sua vi-
f) militares das Forças Ar- das em lei no prazo de sessenta gência conservar-se-ão por ela
madas, seu regime jurídico, pro- dias, prorrogável, nos termos do regidas.
vimento de cargos, promoções, § 7o, uma vez por igual período, § 12. Aprovado projeto de lei
estabilidade, remuneração, refor- devendo o Congresso Nacional de conversão alterando o texto
ma e transferência para a reserva. disciplinar, por decreto legisla- original da medida provisória,
§ 2o A iniciativa popular pode tivo, as relações jurídicas delas esta manter-se-á integralmente
ser exercida pela apresentação à decorrentes. em vigor até que seja sancionado
Câmara dos Deputados de projeto § 4o O prazo a que se refere ou vetado o projeto.
de lei subscrito por, no mínimo, o § 3o contar-se-á da publicação
um por cento do eleitorado na- da medida provisória, suspen- Art. 63. Não será admitido au-
cional, distribuído pelo menos dendo-se durante os períodos de mento da despesa prevista:
por cinco Estados, com não me- recesso do Congresso Nacional. I – nos projetos de iniciativa
nos de três décimos por cento § 5o A deliberação de cada exclusiva do Presidente da Re-
dos eleitores de cada um deles. uma das Casas do Congresso Na- pública, ressalvado o disposto
cional sobre o mérito das medi- no art. 166, §§ 3o e 4o;
Art. 62. Em caso de relevância das provisórias dependerá de II – nos projetos sobre orga-
e urgência, o Presidente da Re- juízo prévio sobre o atendimento nização dos serviços administra-
pública poderá adotar medidas de seus pressupostos constitu- tivos da Câmara dos Deputados,
provisórias, com força de lei, de- cionais. do Senado Federal, dos Tribunais
vendo submetê-las de imediato § 6o Se a medida provisória Federais e do Ministério Público.
ao Congresso Nacional. não for apreciada em até quaren-
§ 1o É vedada a edição de me- ta e cinco dias contados de sua Art. 64. A discussão e votação
didas provisórias sobre matéria: publicação, entrará em regime de dos projetos de lei de iniciativa
I – relativa a: urgência, subsequentemente, em do Presidente da República, do
a) nacionalidade, cidadania, cada uma das Casas do Congres- Supremo Tribunal Federal e dos
direitos políticos, partidos políti- so Nacional, ficando sobrestadas, Tribunais Superiores terão início
cos e direito eleitoral; até que se ultime a votação, todas na Câmara dos Deputados.
b) direito penal, processual as demais deliberações legis- § 1o O Presidente da Repú-
penal e processual civil; lativas da Casa em que estiver blica poderá solicitar urgência

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Constituição da República Federativa do Brasil
para apreciação de projetos de trinta dias a contar de seu rece- nar a apreciação do projeto pelo
sua iniciativa. bimento, só podendo ser rejeitado Congresso Nacional, este a fará
§ 2o Se, no caso do § 1o, a Câ- pelo voto da maioria absoluta dos em votação única, vedada qual-
mara dos Deputados e o Senado Deputados e Senadores. quer emenda.
Federal não se manifestarem so- § 5o Se o veto não for man-
bre a proposição, cada qual su- tido, será o projeto enviado, para Art. 69. As leis complementa-
cessivamente, em até quarenta e promulgação, ao Presidente da res serão aprovadas por maioria
cinco dias, sobrestar-se-ão todas República. absoluta.
as demais deliberações legisla- § 6o Esgotado sem delibera-
tivas da respectiva Casa, com ção o prazo estabelecido no § 4o,
exceção das que tenham prazo o veto será colocado na ordem do
Seção IX – Da Fiscalização
constitucional determinado, até dia da sessão imediata, sobresta- Contábil, Financeira e
que se ultime a votação. das as demais proposições, até Orçamentária
§ 3o A apreciação das emen- sua votação final.
das do Senado Federal pela Câ- § 7o Se a lei não for promul- Art. 70. A fiscalização contábil,
mara dos Deputados far-se-á gada dentro de quarenta e oito financeira, orçamentária, ope-
no prazo de dez dias, observado horas pelo Presidente da Repú- racional e patrimonial da União
quanto ao mais o disposto no blica, nos casos dos §§ 3o e 5o, o e das entidades da administra-
parágrafo anterior. Presidente do Senado a promul- ção direta e indireta, quanto à
§ 4o Os prazos do § 2o não gará, e, se este não o fizer em legalidade, legitimidade, econo-
correm nos períodos de recesso igual prazo, caberá ao Vice-Pre- micidade, aplicação das subven-
do Congresso Nacional, nem se sidente do Senado fazê-lo. ções e renúncia de receitas, será
aplicam aos projetos de código. exercida pelo Congresso Nacio-
Art. 67. A matéria constante de nal, mediante controle externo, e
Art. 65. O projeto de lei apro- projeto de lei rejeitado somente pelo sistema de controle interno
vado por uma Casa será revisto poderá constituir objeto de novo de cada Poder.
pela outra, em um só turno de projeto, na mesma sessão le- Parágrafo único. Prestará
discussão e votação, e enviado à gislativa, mediante proposta da contas qualquer pessoa física
sanção ou promulgação, se a Casa maioria absoluta dos membros ou jurídica, pública ou privada,
revisora o aprovar, ou arquivado, de qualquer das Casas do Con- que utilize, arrecade, guarde, ge-
se o rejeitar. gresso Nacional. rencie ou administre dinheiros,
Parágrafo único. Sendo o bens e valores públicos ou pelos
projeto emendado, voltará à Casa Art. 68. As leis delegadas serão quais a União responda, ou que,
iniciadora. elaboradas pelo Presidente da em nome desta, assuma obri-
República, que deverá solicitar a gações de natureza pecuniária.
Art. 66. A Casa na qual tenha delegação ao Congresso Nacional.
sido concluída a votação enviará § 1o Não serão objeto de de- Art. 71. O controle externo, a
o projeto de lei ao Presidente da legação os atos de competência cargo do Congresso Nacional,
República, que, aquiescendo, o exclusiva do Congresso Nacio- será exercido com o auxílio do
sancionará. nal, os de competência privativa Tribunal de Contas da União, ao
§ 1o Se o Presidente da Re- da Câmara dos Deputados ou do qual compete:
pública considerar o projeto, no Senado Federal, a matéria reser- I – apreciar as contas presta-
todo ou em parte, inconstitucional vada à lei complementar, nem a das anualmente pelo Presidente
ou contrário ao interesse público, legislação sobre: da República, mediante parecer
vetá-lo-á total ou parcialmente, I – organização do Poder Ju- prévio que deverá ser elaborado
no prazo de quinze dias úteis, diciário e do Ministério Público, em sessenta dias a contar de seu
contados da data do recebimento, a carreira e a garantia de seus recebimento;
e comunicará, dentro de quarenta membros; II – julgar as contas dos admi-
e oito horas, ao Presidente do Se- II – nacionalidade, cidadania, nistradores e demais responsá-
nado Federal os motivos do veto. direitos individuais, políticos e veis por dinheiros, bens e valores
§ 2o O veto parcial somente eleitorais; públicos da administração direta
abrangerá texto integral de ar- III – planos plurianuais, di- e indireta, incluídas as fundações
tigo, de parágrafo, de inciso ou retrizes orçamentárias e orça- e sociedades instituídas e man-
de alínea. mentos. tidas pelo Poder Público federal,
§ 3o Decorrido o prazo de § 2o A delegação ao Presi- e as contas daqueles que derem
quinze dias, o silêncio do Pre- dente da República terá a forma causa a perda, extravio ou outra
sidente da República importará de resolução do Congresso Nacio- irregularidade de que resulte pre-
sanção. nal, que especificará seu conteú- juízo ao erário público;
§ 4o O veto será apreciado do e os termos de seu exercício. III – apreciar, para fins de re-
em sessão conjunta, dentro de § 3o Se a resolução determi- gistro, a legalidade dos atos de

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Constituição da República Federativa do Brasil
admissão de pessoal, a qualquer do Federal; I – mais de trinta e cinco e
título, na administração direta e XI – representar ao Poder menos de sessenta e cinco anos
indireta, incluídas as fundações competente sobre irregularida- de idade;
instituídas e mantidas pelo Poder des ou abusos apurados. II – idoneidade moral e repu-
Público, excetuadas as nomea- § 1o No caso de contrato, o tação ilibada;
ções para cargo de provimento ato de sustação será adotado III – notórios conhecimentos
em comissão, bem como a das diretamente pelo Congresso Na- jurídicos, contábeis, econômicos
concessões de aposentadorias, cional, que solicitará, de imediato, e financeiros ou de administra-
reformas e pensões, ressalvadas ao Poder Executivo as medidas ção pública;
as melhorias posteriores que não cabíveis. IV – mais de dez anos de exer-
alterem o fundamento legal do ato § 2o Se o Congresso Nacional cício de função ou de efetiva ati-
concessório; ou o Poder Executivo, no prazo vidade profissional que exija os
IV – realizar, por iniciativa pró- de noventa dias, não efetivar as conhecimentos mencionados no
pria, da Câmara dos Deputados, medidas previstas no parágrafo inciso anterior.
do Senado Federal, de Comissão anterior, o Tribunal decidirá a § 2o Os Ministros do Tribunal
técnica ou de inquérito, inspeções respeito. de Contas da União serão esco-
e auditorias de natureza contábil, § 3o As decisões do Tribu- lhidos:
financeira, orçamentária, opera- nal de que resulte imputação de I – um terço pelo Presidente
cional e patrimonial, nas unidades débito ou multa terão eficácia de da República, com aprovação do
administrativas dos Poderes Le- título executivo. Senado Federal, sendo dois alter-
gislativo, Executivo e Judiciário, § 4o O Tribunal encaminhará nadamente dentre auditores e
e demais entidades referidas no ao Congresso Nacional, trimestral membros do Ministério Público
inciso II; e anualmente, relatório de suas junto ao Tribunal, indicados em
V – fiscalizar as contas na- atividades. lista tríplice pelo Tribunal, segun-
cionais das empresas suprana- do os critérios de antiguidade e
cionais de cujo capital social a Art. 72. A Comissão mista per- merecimento;
União participe, de forma direta manente a que se refere o art. 166, II – dois terços pelo Congres-
ou indireta, nos termos do tratado § 1o, diante de indícios de despe- so Nacional.
constitutivo; sas não autorizadas, ainda que § 3o Os Ministros do Tribu-
VI – fiscalizar a aplicação de sob a forma de investimentos nal de Contas da União terão as
quaisquer recursos repassados não programados ou de subsídios mesmas garantias, prerrogati-
pela União mediante convênio, não aprovados, poderá solicitar à vas, impedimentos, vencimen-
acordo, ajuste ou outros instru- autoridade governamental res- tos e vantagens dos Ministros
mentos congêneres, a Estado, ao ponsável que, no prazo de cinco do Superior Tribunal de Justiça,
Distrito Federal ou a Município; dias, preste os esclarecimentos aplicando-se-lhes, quanto à apo-
VII – prestar as informações necessários. sentadoria e pensão, as normas
solicitadas pelo Congresso Nacio- § 1o Não prestados os es- constantes do art. 40.
nal, por qualquer de suas Casas, clarecimentos, ou considerados § 4o O auditor, quando em
ou por qualquer das respectivas estes insuficientes, a Comissão substituição a Ministro, terá as
Comissões, sobre a fiscalização solicitará ao Tribunal pronuncia- mesmas garantias e impedimen-
contábil, financeira, orçamen- mento conclusivo sobre a maté- tos do titular e, quando no exer-
tária, operacional e patrimonial ria, no prazo de trinta dias. cício das demais atribuições da
e sobre resultados de auditorias § 2o Entendendo o Tribunal judicatura, as de juiz de Tribunal
e inspeções realizadas; irregular a despesa, a Comissão, Regional Federal.
VIII – aplicar aos responsá- se julgar que o gasto possa causar
veis, em caso de ilegalidade de dano irreparável ou grave lesão Art. 74. Os Poderes Legislativo,
despesa ou irregularidade de con- à economia pública, proporá ao Executivo e Judiciário manterão,
tas, as sanções previstas em lei, Congresso Nacional sua sustação. de forma integrada, sistema de
que estabelecerá, entre outras controle interno com a finalida-
cominações, multa proporcional Art. 73. O Tribunal de Contas da de de:
ao dano causado ao erário; União, integrado por nove Minis- I – avaliar o cumprimento das
IX – assinar prazo para que o tros, tem sede no Distrito Federal, metas previstas no plano pluria-
órgão ou entidade adote as pro- quadro próprio de pessoal e juris- nual, a execução dos programas
vidências necessárias ao exato dição em todo o território nacio- de governo e dos orçamentos
cumprimento da lei, se verificada nal, exercendo, no que couber, as da União;
ilegalidade; atribuições previstas no art. 96. II – comprovar a legalidade
X – sustar, se não atendido, § 1o Os Ministros do Tribunal e avaliar os resultados, quanto à
a execução do ato impugnado, de Contas da União serão nome- eficácia e eficiência, da gestão
comunicando a decisão à Câ- ados dentre brasileiros que satis- orçamentária, financeira e patri-
mara dos Deputados e ao Sena- façam os seguintes requisitos: monial nos órgãos e entidades da

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Constituição da República Federativa do Brasil
administração federal, bem como § 1o A eleição do Presidente mento do Presidente e do Vi-
da aplicação de recursos públicos da República importará a do Vi- ce-Presidente, ou vacância dos
por entidades de direito privado; ce-Presidente com ele registrado. respectivos cargos, serão suces-
III – exercer o controle das § 2o Será considerado eleito sivamente chamados ao exercí-
operações de crédito, avais e ga- Presidente o candidato que, re- cio da Presidência o Presidente
rantias, bem como dos direitos e gistrado por partido político, ob- da Câmara dos Deputados, o do
haveres da União; tiver a maioria absoluta de votos, Senado Federal e o do Supremo
IV – apoiar o controle exter- não computados os em branco e Tribunal Federal.
no no exercício de sua missão os nulos.
institucional. § 3o Se nenhum candida- Art. 81. Vagando os cargos de
§ 1o Os responsáveis pelo to alcançar maioria absoluta na Presidente e Vice-Presidente da
controle interno, ao tomarem co- primeira votação, far-se-á nova República, far-se-á eleição no-
nhecimento de qualquer irregula- eleição em até vinte dias após a venta dias depois de aberta a
ridade ou ilegalidade, dela darão proclamação do resultado, con- última vaga.
ciência ao Tribunal de Contas da correndo os dois candidatos mais § 1o Ocorrendo a vacância
União, sob pena de responsabi- votados e considerando-se eleito nos últimos dois anos do período
lidade solidária. aquele que obtiver a maioria dos presidencial, a eleição para am-
§ 2o Qualquer cidadão, parti- votos válidos. bos os cargos será feita trinta dias
do político, associação ou sindica- § 4o Se, antes de realizado depois da última vaga, pelo Con-
to é parte legítima para, na forma o segundo turno, ocorrer morte, gresso Nacional, na forma da lei.
da lei, denunciar irregularidades desistência ou impedimento le- § 2o Em qualquer dos casos,
ou ilegalidades perante o Tribunal gal de candidato, convocar-se-á, os eleitos deverão completar o
de Contas da União. dentre os remanescentes, o de período de seus antecessores.
maior votação.
Art. 75. As normas estabeleci- § 5o Se, na hipótese dos pa- Art. 82. O mandato do Presi-
das nesta seção aplicam-se, no rágrafos anteriores, remanescer, dente da República é de 4 (qua-
que couber, à organização, com- em segundo lugar, mais de um tro) anos e terá início em 5 de
posição e fiscalização dos Tribu- candidato com a mesma vota- janeiro do ano seguinte ao de
nais de Contas dos Estados e do ção, qualificar-se-á o mais idoso. sua eleição.5
Distrito Federal, bem como dos
Tribunais e Conselhos de Contas Art. 78. O Presidente e o Vice- Art. 83. O Presidente e o Vice-
dos Municípios. -Presidente da República tomarão -Presidente da República não po-
Parágrafo único. As Consti- posse em sessão do Congres- derão, sem licença do Congresso
tuições estaduais disporão sobre so Nacional, prestando o com- Nacional, ausentar-se do País por
os Tribunais de Contas respec- promisso de manter, defender e período superior a quinze dias,
tivos, que serão integrados por cumprir a Constituição, observar sob pena de perda do cargo.
sete Conselheiros. as leis, promover o bem geral do
povo brasileiro, sustentar a união,
a integridade e a independência
Seção II – Das Atribuições do
CAPÍTULO II – DO PODER do Brasil. Presidente da República
EXECUTIVO Parágrafo único. Se, decorri-
dos dez dias da data fixada para Art. 84. Compete privativamen-
Seção I – Do Presidente e do
a posse, o Presidente ou o Vice- te ao Presidente da República:
Vice-Presidente da Repú- -Presidente, salvo motivo de força I – nomear e exonerar os Mi-
blica maior, não tiver assumido o cargo, nistros de Estado;
este será declarado vago. II – exercer, com o auxílio dos
Art. 76. O Poder Executivo é Ministros de Estado, a direção su-
exercido pelo Presidente da Re- Art. 79. Substituirá o Presiden- perior da administração federal;
pública, auxiliado pelos Ministros te, no caso de impedimento, e III – iniciar o processo legis-
de Estado. suceder-lhe-á, no de vaga, o Vi- lativo, na forma e nos casos pre-
ce-Presidente. vistos nesta Constituição;
Art. 77. A eleição do Presidente Parágrafo único. O Vice-Pre- IV – sancionar, promulgar e
e do Vice-Presidente da República sidente da República, além de fazer publicar as leis, bem como
realizar-se-á, simultaneamente, outras atribuições que lhe forem
no primeiro domingo de outubro, conferidas por lei complementar, 5
NE: a EC no 111/2021 alterou a data de posse
em primeiro turno, e no último auxiliará o Presidente, sempre de 1o de janeiro para 5 de janeiro; contudo, a
domingo de outubro, em segundo que por ele convocado para mis- mudança será aplicada somente a partir das
turno, se houver, do ano anterior sões especiais. eleições de 2026. O Presidente da República
eleito em 2022 tomará posse em 1o de janeiro
ao do término do mandato presi- de 2023, e seu mandato durará até a posse
dencial vigente. Art. 80. Em caso de impedi- de seu sucessor, em 5 de janeiro de 2027.

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Constituição da República Federativa do Brasil
expedir decretos e regulamentos Conselho da República, nos ter- Seção III – Da
para sua fiel execução; mos do art. 89, VII; Responsabilidade do
V – vetar projetos de lei, total XVIII – convocar e presidir o Presidente da República
ou parcialmente; Conselho da República e o Con-
VI – dispor, mediante decre- selho de Defesa Nacional; Art. 85. São crimes de respon-
to, sobre: XIX – declarar guerra, no caso sabilidade os atos do Presidente
a) organização e funciona- de agressão estrangeira, auto- da República que atentem contra
mento da administração federal, rizado pelo Congresso Nacional a Constituição Federal e, espe-
quando não implicar aumento de ou referendado por ele, quando cialmente, contra:
despesa nem criação ou extinção ocorrida no intervalo das sessões I – a existência da União;
de órgãos públicos; legislativas, e, nas mesmas con- II – o livre exercício do Poder
b) extinção de funções ou dições, decretar, total ou parcial- Legislativo, do Poder Judiciário,
cargos públicos, quando vagos; mente, a mobilização nacional; do Ministério Público e dos Pode-
VII – manter relações com XX – celebrar a paz, autoriza- res constitucionais das unidades
Estados estrangeiros e acredi- do ou com o referendo do Con- da Federação;
tar seus representantes diplo- gresso Nacional; III – o exercício dos direitos
máticos; XXI – conferir condecorações políticos, individuais e sociais;
VIII – celebrar tratados, con- e distinções honoríficas; IV – a segurança interna do
venções e atos internacionais, XXII – permitir, nos casos pre- País;
sujeitos a referendo do Congresso vistos em lei complementar, que V – a probidade na adminis-
Nacional; forças estrangeiras transitem tração;
IX – decretar o estado de de- pelo território nacional ou nele VI – a lei orçamentária;
fesa e o estado de sítio; permaneçam temporariamente; VII – o cumprimento das leis
X – decretar e executar a in- XXIII – enviar ao Congresso e das decisões judiciais.
tervenção federal; Nacional o plano plurianual, o Parágrafo único. Esses cri-
XI – remeter mensagem e projeto de lei de diretrizes or- mes serão definidos em lei espe-
plano de governo ao Congresso çamentárias e as propostas de cial, que estabelecerá as normas
Nacional por ocasião da abertu- orçamento previstos nesta Cons- de processo e julgamento.
ra da sessão legislativa, expondo tituição;
a situação do País e solicitando XXIV – prestar, anualmente, Art. 86. Admitida a acusação
as providências que julgar ne- ao Congresso Nacional, dentro contra o Presidente da Repúbli-
cessárias; de sessenta dias após a abertura ca, por dois terços da Câmara dos
XII – conceder indulto e co- da sessão legislativa, as contas Deputados, será ele submetido a
mutar penas, com audiência, se referentes ao exercício anterior; julgamento perante o Supremo
necessário, dos órgãos instituí- XXV – prover e extinguir os Tribunal Federal, nas infrações
dos em lei; cargos públicos federais, na for- penais comuns, ou perante o Se-
XIII – exercer o comando su- ma da lei; nado Federal, nos crimes de res-
premo das Forças Armadas, no- XXVI – editar medidas provi- ponsabilidade.
mear os Comandantes da Mari- sórias com força de lei, nos ter- § 1o O Presidente ficará sus-
nha, do Exército e da Aeronáutica, mos do art. 62; penso de suas funções:
promover seus oficiais-generais XXVII – exercer outras atri- I – nas infrações penais co-
e nomeá-los para os cargos que buições previstas nesta Cons- muns, se recebida a denúncia
lhes são privativos; tituição; ou queixa-crime pelo Supremo
XIV – nomear, após aprovação XXVIII – propor ao Congresso Tribunal Federal;
pelo Senado Federal, os Minis- Nacional a decretação do estado II – nos crimes de responsa-
tros do Supremo Tribunal Federal de calamidade pública de âmbito bilidade, após a instauração do
e dos Tribunais Superiores, os nacional previsto nos arts. 167‑B, processo pelo Senado Federal.
Governadores de Territórios, o 167‑C, 167‑D, 167‑E, 167‑F e 167‑G § 2o Se, decorrido o prazo de
Procurador-Geral da República, desta Constituição. cento e oitenta dias, o julgamento
o presidente e os diretores do Parágrafo único. O Presiden- não estiver concluído, cessará o
banco central e outros servido- te da República poderá delegar afastamento do Presidente, sem
res, quando determinado em lei; as atribuições mencionadas nos prejuízo do regular prosseguimen-
XV – nomear, observado o incisos VI, XII e XXV, primeira par- to do processo.
disposto no art. 73, os Ministros te, aos Ministros de Estado, ao § 3o Enquanto não sobre-
do Tribunal de Contas da União; Procurador-Geral da República vier sentença condenatória, nas
XVI – nomear os magistra- ou ao Advogado-Geral da União, infrações comuns, o Presidente
dos, nos casos previstos nesta que observarão os limites traça- da República não estará sujeito
Constituição, e o Advogado-Geral dos nas respectivas delegações. a prisão.
da União; § 4o O Presidente da Repúbli-
XVII – nomear membros do ca, na vigência de seu mandato,

44
Constituição da República Federativa do Brasil
não pode ser responsabilizado V – os líderes da maioria e da declaração de guerra e de cele-
por atos estranhos ao exercício minoria no Senado Federal; bração da paz, nos termos desta
de suas funções. VI – o Ministro da Justiça; Constituição;
VII – seis cidadãos brasileiros II – opinar sobre a decretação
natos, com mais de trinta e cinco do estado de defesa, do estado
Seção IV – Dos Ministros de anos de idade, sendo dois nomea- de sítio e da intervenção federal;
Estado dos pelo Presidente da República, III – propor os critérios e con-
dois eleitos pelo Senado Federal e dições de utilização de áreas in-
Art. 87. Os Ministros de Estado dois eleitos pela Câmara dos De- dispensáveis à segurança do ter-
serão escolhidos dentre brasilei- putados, todos com mandato de ritório nacional e opinar sobre
ros maiores de vinte e um anos e três anos, vedada a recondução. seu efetivo uso, especialmente
no exercício dos direitos políticos. na faixa de fronteira e nas rela-
Parágrafo único. Compete ao Art. 90. Compete ao Conselho cionadas com a preservação e a
Ministro de Estado, além de outras da República pronunciar-se so- exploração dos recursos naturais
atribuições estabelecidas nesta bre: de qualquer tipo;
Constituição e na lei: I – intervenção federal, estado IV – estudar, propor e acom-
I – exercer a orientação, coor- de defesa e estado de sítio; panhar o desenvolvimento de ini-
denação e supervisão dos órgãos II – as questões relevantes ciativas necessárias a garantir a
e entidades da administração fe- para a estabilidade das institui- independência nacional e a defe-
deral na área de sua competência ções democráticas. sa do Estado democrático.
e referendar os atos e decretos § 1o O Presidente da Repúbli- § 2o A lei regulará a orga-
assinados pelo Presidente da Re- ca poderá convocar Ministro de nização e o funcionamento do
pública; Estado para participar da reunião Conselho de Defesa Nacional.
II – expedir instruções para do Conselho, quando constar da
a execução das leis, decretos e pauta questão relacionada com
regulamentos; o respectivo Ministério. CAPÍTULO III – DO PODER
III – apresentar ao Presidente § 2o A lei regulará a orga- JUDICIÁRIO
da República relatório anual de nização e o funcionamento do
Seção I – Disposições Gerais
sua gestão no Ministério; Conselho da República.
IV – praticar os atos pertinen-
tes às atribuições que lhe forem Art. 92. São órgãos do Poder
outorgadas ou delegadas pelo
Subseção II – Do Conselho de Judiciário:
Presidente da República. Defesa Nacional I – o Supremo Tribunal Fe-
deral;
Art. 88. A lei disporá sobre a Art. 91. O Conselho de Defesa I-A – o Conselho Nacional de
criação e extinção de Ministé- Nacional é órgão de consulta do Justiça;
rios e órgãos da administração Presidente da República nos as- II – o Superior Tribunal de
pública. suntos relacionados com a so- Justiça;
berania nacional e a defesa do II-A – o Tribunal Superior do
Estado democrático, e dele par- Trabalho;
Seção V – Do Conselho da ticipam como membros natos: III – os Tribunais Regionais
República e do Conselho de I – o Vice-Presidente da Re- Federais e Juízes Federais;
Defesa Nacional pública; IV – os Tribunais e Juízes do
Subseção I – Do Conselho da II – o Presidente da Câmara Trabalho;
dos Deputados; V – os Tribunais e Juízes Elei-
República
III – o Presidente do Senado torais;
Federal; VI – os Tribunais e Juízes Mi-
Art. 89. O Conselho da República IV – o Ministro da Justiça; litares;
é órgão superior de consulta do V – o Ministro de Estado da VII – os Tribunais e Juízes dos
Presidente da República, e dele Defesa; Estados e do Distrito Federal e
participam: VI – o Ministro das Relações Territórios.
I – o Vice-Presidente da Re- Exteriores; § 1o O Supremo Tribunal Fe-
pública; VII – o Ministro do Planeja- deral, o Conselho Nacional de
II – o Presidente da Câmara mento; Justiça e os Tribunais Superio-
dos Deputados; VIII – os Comandantes da res têm sede na Capital Federal.
III – o Presidente do Senado Marinha, do Exército e da Ae- § 2o O Supremo Tribunal Fe-
Federal; ronáutica. deral e os Tribunais Superiores
IV – os líderes da maioria e § 1o Compete ao Conselho de têm jurisdição em todo o terri-
da minoria na Câmara dos De- Defesa Nacional: tório nacional.
putados; I – opinar nas hipóteses de

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Constituição da República Federativa do Brasil
Art. 93. Lei complementar, de ciais de preparação, aperfeiçoa- vas dos tribunais serão motiva-
iniciativa do Supremo Tribunal mento e promoção de magistra- das e em sessão pública, sendo
Federal, disporá sobre o Estatuto dos, constituindo etapa obrigató- as disciplinares tomadas pelo
da Magistratura, observados os ria do processo de vitaliciamento voto da maioria absoluta de seus
seguintes princípios: a participação em curso oficial ou membros;
I – ingresso na carreira, cujo reconhecido por escola nacional XI – nos tribunais com número
cargo inicial será o de juiz subs- de formação e aperfeiçoamento superior a vinte e cinco julgado-
tituto, mediante concurso pú- de magistrados; res, poderá ser constituído órgão
blico de provas e títulos, com a V – o subsídio dos Ministros especial, com o mínimo de onze e
participação da Ordem dos Ad- dos Tribunais Superiores corres- o máximo de vinte e cinco mem-
vogados do Brasil em todas as ponderá a noventa e cinco por bros, para o exercício das atribui-
fases, exigindo-se do bacharel cento do subsídio mensal fixado ções administrativas e jurisdicio-
em direito, no mínimo, três anos para os Ministros do Supremo nais delegadas da competência
de atividade jurídica e obedecen- Tribunal Federal e os subsídios do tribunal pleno, provendo-se
do-se, nas nomeações, à ordem dos demais magistrados serão metade das vagas por antiguidade
de classificação; fixados em lei e escalonados, em e a outra metade por eleição pelo
II – promoção de entrância nível federal e estadual, confor- tribunal pleno;
para entrância, alternadamente, me as respectivas categorias da XII – a atividade jurisdicional
por antiguidade e merecimento, estrutura judiciária nacional, não será ininterrupta, sendo vedado
atendidas as seguintes normas: podendo a diferença entre uma e férias coletivas nos juízos e tribu-
a) é obrigatória a promoção outra ser superior a dez por cento nais de segundo grau, funcionan-
do juiz que figure por três vezes ou inferior a cinco por cento, nem do, nos dias em que não houver
consecutivas ou cinco alternadas exceder a noventa e cinco por expediente forense normal, juízes
em lista de merecimento; cento do subsídio mensal dos Mi- em plantão permanente;
b) a promoção por mereci- nistros dos Tribunais Superiores, XIII – o número de juízes na
mento pressupõe dois anos de obedecido, em qualquer caso, o unidade jurisdicional será propor-
exercício na respectiva entrân- disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4o; cional à efetiva demanda judicial
cia e integrar o juiz a primeira VI – a aposentadoria dos ma- e à respectiva população;
quinta parte da lista de antigui- gistrados e a pensão de seus de- XIV – os servidores receberão
dade desta, salvo se não houver pendentes observarão o disposto delegação para a prática de atos
com tais requisitos quem aceite no art. 40; de administração e atos de mero
o lugar vago; VII – o juiz titular residirá na expediente sem caráter decisório;
c) aferição do merecimento respectiva comarca, salvo auto- XV – a distribuição de pro-
conforme o desempenho e pelos rização do tribunal; cessos será imediata, em todos
critérios objetivos de produtivi- VIII – o ato de remoção ou de os graus de jurisdição.
dade e presteza no exercício da disponibilidade do magistrado,
jurisdição e pela frequência e por interesse público, fundar-se-á Art. 94. Um quinto dos lugares
aproveitamento em cursos ofi- em decisão por voto da maioria dos Tribunais Regionais Fede-
ciais ou reconhecidos de aper- absoluta do respectivo tribunal ou rais, dos Tribunais dos Estados,
feiçoamento; do Conselho Nacional de Justiça, e do Distrito Federal e Territórios
d) na apuração de antigui- assegurada ampla defesa; será composto de membros, do
dade, o tribunal somente poderá VIII-A – a remoção a pedido Ministério Público, com mais de
recusar o juiz mais antigo pelo ou a permuta de magistrados dez anos de carreira, e de advo-
voto fundamentado de dois ter- de comarca de igual entrância gados de notório saber jurídico e
ços de seus membros, conforme atenderá, no que couber, ao dis- de reputação ilibada, com mais
procedimento próprio, e assegu- posto nas alíneas “a”, “b”, “c” e “e” de dez anos de efetiva atividade
rada ampla defesa, repetindo-se a do inciso II; profissional, indicados em lista
votação até fixar-se a indicação; IX – todos os julgamentos dos sêxtupla pelos órgãos de repre-
e) não será promovido o juiz órgãos do Poder Judiciário se- sentação das respectivas classes.
que, injustificadamente, retiver rão públicos, e fundamentadas Parágrafo único. Recebidas
autos em seu poder além do prazo todas as decisões, sob pena de as indicações, o tribunal formará
legal, não podendo devolvê-los ao nulidade, podendo a lei limitar lista tríplice, enviando-a ao Poder
cartório sem o devido despacho a presença, em determinados Executivo, que, nos vinte dias
ou decisão; atos, às próprias partes e a seus subsequentes, escolherá um de
III – o acesso aos tribunais de advogados, ou somente a estes, seus integrantes para nomeação.
segundo grau far-se-á por anti- em casos nos quais a preservação
guidade e merecimento, alterna- do direito à intimidade do inte- Art. 95. Os juízes gozam das
damente, apurados na última ou ressado no sigilo não prejudique seguintes garantias:
única entrância; o interesse público à informação; I – vitaliciedade, que, no pri-
IV – previsão de cursos ofi- X – as decisões administrati- meiro grau, só será adquirida após

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Constituição da República Federativa do Brasil
dois anos de exercício, dependen- títulos, obedecido o disposto no nas hipóteses previstas em lei,
do a perda do cargo, nesse perí- art. 169, parágrafo único6, os car- a transação e o julgamento de
odo, de deliberação do tribunal gos necessários à administração recursos por turmas de juízes de
a que o juiz estiver vinculado, e, da Justiça, exceto os de confian- primeiro grau;
nos demais casos, de sentença ça assim definidos em lei; II – justiça de paz, remunera-
judicial transitada em julgado; f) conceder licença, férias da, composta de cidadãos eleitos
II – inamovibilidade, salvo por e outros afastamentos a seus pelo voto direto, universal e se-
motivo de interesse público, na membros e aos juízes e servido- creto, com mandato de quatro
forma do art. 93, VIII; res que lhes forem imediatamente anos e competência para, na for-
III – irredutibilidade de sub- vinculados; ma da lei, celebrar casamentos,
sídio, ressalvado o disposto nos II – ao Supremo Tribunal Fe- verificar, de ofício ou em face
arts. 37, X e XI, 39, § 4o, 150, II, 153, deral, aos Tribunais Superiores e de impugnação apresentada, o
III, e 153, § 2o, I. aos Tribunais de Justiça propor processo de habilitação e exer-
Parágrafo único. Aos juízes ao Poder Legislativo respectivo, cer atribuições conciliatórias,
é vedado: observado o disposto no art. 169: sem caráter jurisdicional, além
I – exercer, ainda que em dis- a) a alteração do número de de outras previstas na legislação.
ponibilidade, outro cargo ou fun- membros dos tribunais inferiores; § 1o Lei federal disporá sobre
ção, salvo uma de magistério; b) a criação e a extinção de a criação de juizados especiais no
II – receber, a qualquer título cargos e a remuneração dos seus âmbito da Justiça Federal.
ou pretexto, custas ou participa- serviços auxiliares e dos juízos § 2o As custas e emolumen-
ção em processo; que lhes forem vinculados, bem tos serão destinados exclusiva-
III – dedicar-se à atividade como a fixação do subsídio de mente ao custeio dos serviços
político-partidária; seus membros e dos juízes, in- afetos às atividades específicas
IV – receber, a qualquer títu- clusive dos tribunais inferiores, da Justiça.
lo ou pretexto, auxílios ou con- onde houver;
tribuições de pessoas físicas, c) a criação ou extinção dos Art. 99. Ao Poder Judiciário é
entidades públicas ou privadas, tribunais inferiores; assegurada autonomia adminis-
ressalvadas as exceções previs- d) a alteração da organização trativa e financeira.
tas em lei; e da divisão judiciárias; § 1o Os tribunais elaborarão
V – exercer a advocacia no ju- III – aos Tribunais de Justiça suas propostas orçamentárias
ízo ou tribunal do qual se afastou, julgar os juízes estaduais e do dentro dos limites estipulados
antes de decorridos três anos do Distrito Federal e Territórios, bem conjuntamente com os demais
afastamento do cargo por apo- como os membros do Ministério Poderes na lei de diretrizes or-
sentadoria ou exoneração. Público, nos crimes comuns e de çamentárias.
responsabilidade, ressalvada a § 2o O encaminhamento da
Art. 96. Compete privativa- competência da Justiça Eleitoral. proposta, ouvidos os outros tri-
mente: bunais interessados, compete:
I – aos tribunais: Art. 97. Somente pelo voto da I – no âmbito da União, aos
a) eleger seus órgãos dire- maioria absoluta de seus mem- Presidentes do Supremo Tribu-
tivos e elaborar seus regimentos bros ou dos membros do respec- nal Federal e dos Tribunais Su-
internos, com observância das tivo órgão especial poderão os periores, com a aprovação dos
normas de processo e das ga- tribunais declarar a inconstitucio- respectivos tribunais;
rantias processuais das partes, nalidade de lei ou ato normativo II – no âmbito dos Estados e
dispondo sobre a competência do Poder Público. no do Distrito Federal e Territó-
e o funcionamento dos respec- rios, aos Presidentes dos Tribu-
tivos órgãos jurisdicionais e ad- Art. 98. A União, no Distrito Fe- nais de Justiça, com a aprovação
ministrativos; deral e nos Territórios, e os Esta- dos respectivos tribunais.
b) organizar suas secretarias dos criarão: § 3o Se os órgãos referidos
e serviços auxiliares e os dos juí- I – juizados especiais, provi- no § 2o não encaminharem as
zos que lhes forem vinculados, ve- dos por juízes togados, ou toga- respectivas propostas orçamen-
lando pelo exercício da atividade dos e leigos, competentes para tárias dentro do prazo estabele-
correicional respectiva; a conciliação, o julgamento e a cido na lei de diretrizes orçamen-
c) prover, na forma prevista execução de causas cíveis de tárias, o Poder Executivo consi-
nesta Constituição, os cargos menor complexidade e infrações derará, para fins de consolidação
de juiz de carreira da respectiva penais de menor potencial ofen- da proposta orçamentária anual,
jurisdição; sivo, mediante os procedimentos os valores aprovados na lei orça-
d) propor a criação de novas oral e sumariíssimo, permitidos, mentária vigente, ajustados de
varas judiciárias; acordo com os limites estipula-
e) prover, por concurso pú- 6
NE: leia-se “§ 1o”, por força do disposto na dos na forma do § 1o deste artigo.
blico de provas, ou de provas e EC no 19/1998. § 4o Se as propostas orça-

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Constituição da República Federativa do Brasil
mentárias de que trata este artigo precatório. § 9o Sem que haja interrup-
forem encaminhadas em desa- § 3o O disposto no caput des- ção no pagamento do precatório
cordo com os limites estipulados te artigo relativamente à expedi- e mediante comunicação da Fa-
na forma do § 1o, o Poder Executivo ção de precatórios não se aplica zenda Pública ao Tribunal, o valor
procederá aos ajustes necessá- aos pagamentos de obrigações correspondente aos eventuais
rios para fins de consolidação definidas em leis como de pe- débitos inscritos em dívida ativa
da proposta orçamentária anual. queno valor que as Fazendas re- contra o credor do requisitório
§ 5o Durante a execução or- feridas devam fazer em virtude e seus substituídos deverá ser
çamentária do exercício, não po- de sentença judicial transitada depositado à conta do juízo res-
derá haver a realização de des- em julgado. ponsável pela ação de cobrança,
pesas ou a assunção de obriga- § 4o Para os fins do disposto que decidirá pelo seu destino
ções que extrapolem os limites no § 3o, poderão ser fixados, por definitivo.
estabelecidos na lei de diretrizes leis próprias, valores distintos § 10. Antes da expedição dos
orçamentárias, exceto se previa- às entidades de direito público, precatórios, o Tribunal solicitará
mente autorizadas, mediante a segundo as diferentes capacida- à Fazenda Pública devedora, para
abertura de créditos suplemen- des econômicas, sendo o mínimo resposta em até 30 (trinta) dias,
tares ou especiais. igual ao valor do maior benefício sob pena de perda do direito de
do regime geral de previdência abatimento, informação sobre os
Art. 100. Os pagamentos de- social. débitos que preencham as condi-
vidos pelas Fazendas Públicas § 5o É obrigatória a inclusão ções estabelecidas no § 9o, para
Federal, Estaduais, Distrital e Mu- no orçamento das entidades de os fins nele previstos.7
nicipais, em virtude de sentença direito público de verba necessá- § 11. É facultada ao credor,
judiciária, far-se-ão exclusiva- ria ao pagamento de seus débitos conforme estabelecido em lei
mente na ordem cronológica de oriundos de sentenças transita- do ente federativo devedor, com
apresentação dos precatórios e das em julgado constantes de autoaplicabilidade para a União, a
à conta dos créditos respectivos, precatórios judiciários apresen- oferta de créditos líquidos e cer-
proibida a designação de casos tados até 2 de abril, fazendo-se o tos que originalmente lhe são pró-
ou de pessoas nas dotações or- pagamento até o final do exercício prios ou adquiridos de terceiros
çamentárias e nos créditos adi- seguinte, quando terão seus valo- reconhecidos pelo ente federativo
cionais abertos para este fim. res atualizados monetariamente. ou por decisão judicial transitada
§ 1o Os débitos de natureza § 6o As dotações orçamentá- em julgado para:
alimentícia compreendem aque- rias e os créditos abertos serão I – quitação de débitos par-
les decorrentes de salários, ven- consignados diretamente ao Po- celados ou débitos inscritos em
cimentos, proventos, pensões e der Judiciário, cabendo ao Pre- dívida ativa do ente federativo
suas complementações, benefí- sidente do Tribunal que proferir devedor, inclusive em transação
cios previdenciários e indeniza- a decisão exequenda determinar resolutiva de litígio, e, subsidia-
ções por morte ou por invalidez, o pagamento integral e autorizar, riamente, débitos com a adminis-
fundadas em responsabilidade a requerimento do credor e ex- tração autárquica e fundacional
civil, em virtude de sentença ju- clusivamente para os casos de do mesmo ente;
dicial transitada em julgado, e se- preterimento de seu direito de II – compra de imóveis públi-
rão pagos com preferência sobre precedência ou de não alocação cos de propriedade do mesmo
todos os demais débitos, exceto orçamentária do valor necessá- ente disponibilizados para venda;
sobre aqueles referidos no § 2o rio à satisfação do seu débito, o III – pagamento de outorga de
deste artigo. sequestro da quantia respectiva. delegações de serviços públicos
§ 2o Os débitos de natureza § 7o O Presidente do Tribunal e demais espécies de concessão
alimentícia cujos titulares, origi- competente que, por ato comissi- negocial promovidas pelo mes-
nários ou por sucessão hereditá- vo ou omissivo, retardar ou tentar mo ente;
ria, tenham 60 (sessenta) anos de frustrar a liquidação regular de IV – aquisição, inclusive mi-
idade, ou sejam portadores de precatórios incorrerá em crime noritária, de participação socie-
doença grave, ou pessoas com de responsabilidade e responde- tária, disponibilizada para venda,
deficiência, assim definidos na rá, também, perante o Conselho do respectivo ente federativo; ou
forma da lei, serão pagos com Nacional de Justiça. V – compra de direitos, dispo-
preferência sobre todos os de- § 8o É vedada a expedição de nibilizados para cessão, do res-
mais débitos, até o valor equiva- precatórios complementares ou pectivo ente federativo, inclusive,
lente ao triplo fixado em lei para suplementares de valor pago, bem no caso da União, da antecipação
os fins do disposto no § 3o deste como o fracionamento, repartição de valores a serem recebidos a
artigo, admitido o fracionamento ou quebra do valor da execução título do excedente em óleo em
para essa finalidade, sendo que para fins de enquadramento de contratos de partilha de petróleo.
o restante será pago na ordem parcela do total ao que dispõe o
cronológica de apresentação do § 3o deste artigo. 7
NE: ver ADIs nos 4.425 e 4.357.

48
Constituição da República Federativa do Brasil
§ 12. A partir da promulgação das receitas tributárias, patrimo- acordos diretos, perante Juízos
desta Emenda Constitucional8, niais, industriais, agropecuárias, Auxiliares de Conciliação de Pre-
a atualização de valores de re- de contribuições e de serviços, de catórios, com redução máxima de
quisitórios, após sua expedição, transferências correntes e outras 40% (quarenta por cento) do valor
até o efetivo pagamento, inde- receitas correntes, incluindo as do crédito atualizado, desde que
pendentemente de sua natureza, oriundas do § 1o do art. 20 da em relação ao crédito não penda
será feita pelo índice oficial de Constituição Federal, verificado recurso ou defesa judicial e que
remuneração básica da cader- no período compreendido pelo se- sejam observados os requisitos
neta de poupança, e, para fins gundo mês imediatamente ante- definidos na regulamentação edi-
de compensação da mora, in- rior ao de referência e os 11 (onze) tada pelo ente federado.
cidirão juros simples no mesmo meses precedentes, excluídas as § 21. Ficam a União e os
percentual de juros incidentes duplicidades, e deduzidas: demais entes federativos, nos
sobre a caderneta de poupança, I – na União, as parcelas en- montantes que lhes são próprios,
ficando excluída a incidência de tregues aos Estados, ao Distrito desde que aceito por ambas as
juros compensatórios.9 Federal e aos Municípios por de- partes, autorizados a utilizar valo-
§ 13. O credor poderá ceder, terminação constitucional; res objeto de sentenças transita-
total ou parcialmente, seus cré- II – nos Estados, as parcelas das em julgado devidos a pessoa
ditos em precatórios a terceiros, entregues aos Municípios por de- jurídica de direito público para
independentemente da concor- terminação constitucional; amortizar dívidas, vencidas ou
dância do devedor, não se apli- III – na União, nos Estados, no vincendas:
cando ao cessionário o disposto Distrito Federal e nos Municípios, I – nos contratos de refinan-
nos §§ 2o e 3o. a contribuição dos servidores ciamento cujos créditos sejam
§ 14. A cessão de precató- para custeio de seu sistema de detidos pelo ente federativo que
rios, observado o disposto no § 9o previdência e assistência social figure como devedor na sentença
deste artigo, somente produzirá e as receitas provenientes da de que trata o caput deste artigo;
efeitos após comunicação, por compensação financeira referida II – nos contratos em que hou-
meio de petição protocolizada, no § 9o do art. 201 da Constitui- ve prestação de garantia a outro
ao Tribunal de origem e ao ente ção Federal. ente federativo;
federativo devedor. § 19. Caso o montante total III – nos parcelamentos de
§ 15. Sem prejuízo do dispos- de débitos decorrentes de conde- tributos ou de contribuições so-
to neste artigo, lei complementar nações judiciais em precatórios ciais; e
a esta Constituição Federal pode- e obrigações de pequeno valor, IV – nas obrigações decor-
rá estabelecer regime especial em período de 12 (doze) meses, rentes do descumprimento de
para pagamento de crédito de ultrapasse a média do compro- prestação de contas ou de desvio
precatórios de Estados, Distrito metimento percentual da receita de recursos.
Federal e Municípios, dispondo corrente líquida nos 5 (cinco) anos § 22. A amortização de que
sobre vinculações à receita cor- imediatamente anteriores, a par- trata o § 21 deste artigo:
rente líquida e forma e prazo de cela que exceder esse percentual I – nas obrigações vencidas,
liquidação. poderá ser financiada, excetuada será imputada primeiramente às
§ 16. A seu critério exclusivo dos limites de endividamento de parcelas mais antigas;
e na forma de lei, a União pode- que tratam os incisos VI e VII do II – nas obrigações vincendas,
rá assumir débitos, oriundos de art. 52 da Constituição Federal e reduzirá uniformemente o valor
precatórios, de Estados, Distrito de quaisquer outros limites de de cada parcela devida, mantida
Federal e Municípios, refinancian- endividamento previstos, não se a duração original do respectivo
do-os diretamente. aplicando a esse financiamento a contrato ou parcelamento.
§ 17. A União, os Estados, o vedação de vinculação de receita
Distrito Federal e os Municípios prevista no inciso IV do art. 167 da
aferirão mensalmente, em base Constituição Federal.
Seção II – Do Supremo
anual, o comprometimento de § 20. Caso haja precatório Tribunal Federal
suas respectivas receitas cor- com valor superior a 15% (quin-
rentes líquidas com o pagamento ze por cento) do montante dos Art. 101. O Supremo Tribunal Fe-
de precatórios e obrigações de precatórios apresentados nos deral compõe-se de onze Minis-
pequeno valor. termos do § 5o deste artigo, 15% tros, escolhidos dentre cidadãos
§ 18. Entende-se como recei- (quinze por cento) do valor des- com mais de trinta e cinco e me-
ta corrente líquida, para os fins te precatório serão pagos até o nos de sessenta e cinco anos de
de que trata o § 17, o somatório final do exercício seguinte e o idade, de notável saber jurídico e
restante em parcelas iguais nos reputação ilibada.
8
NE: leia-se “da Emenda Constitucional cinco exercícios subsequentes, Parágrafo único. Os Ministros
no 62, de 2009”. acrescidas de juros de mora e do Supremo Tribunal Federal se-
9
NE: ver ADIs nos 4.425 e 4.357. correção monetária, ou mediante rão nomeados pelo Presidente da

49
Constituição da República Federativa do Brasil
República, depois de aprovada a à jurisdição do Supremo Tribunal ta Constituição;
escolha pela maioria absoluta do Federal, ou se trate de crime su- b) declarar a inconstitucio-
Senado Federal. jeito à mesma jurisdição em uma nalidade de tratado ou lei federal;
única instância; c) julgar válida lei ou ato de
Art. 102. Compete ao Supremo j) a revisão criminal e a ação governo local contestado em face
Tribunal Federal, precipuamen- rescisória de seus julgados; desta Constituição;
te, a guarda da Constituição, ca- l) a reclamação para a pre- d) julgar válida lei local con-
bendo-lhe: servação de sua competência e testada em face de lei federal.
I – processar e julgar, origi- garantia da autoridade de suas § 1o A arguição de descum-
nariamente: decisões; primento de preceito fundamen-
a) a ação direta de inconsti- m) a execução de sentença tal, decorrente desta Constitui-
tucionalidade de lei ou ato norma- nas causas de sua competência ção, será apreciada pelo Supremo
tivo federal ou estadual e a ação originária, facultada a delegação Tribunal Federal, na forma da lei.
declaratória de constitucionalida- de atribuições para a prática de § 2o As decisões definitivas
de de lei ou ato normativo federal; atos processuais; de mérito, proferidas pelo Supre-
b) nas infrações penais co- n) a ação em que todos os mo Tribunal Federal, nas ações
muns, o Presidente da República, membros da magistratura sejam diretas de inconstitucionalida-
o Vice-Presidente, os membros direta ou indiretamente interes- de e nas ações declaratórias de
do Congresso Nacional, seus pró- sados, e aquela em que mais da constitucionalidade produzirão
prios Ministros e o Procurador- metade dos membros do tribunal eficácia contra todos e efeito
-Geral da República; de origem estejam impedidos ou vinculante, relativamente aos de-
c) nas infrações penais co- sejam direta ou indiretamente mais órgãos do Poder Judiciário
muns e nos crimes de responsa- interessados; e à administração pública direta
bilidade, os Ministros de Estado e o) os conflitos de competên- e indireta, nas esferas federal,
os Comandantes da Marinha, do cia entre o Superior Tribunal de estadual e municipal.
Exército e da Aeronáutica, ressal- Justiça e quaisquer tribunais, en- § 3o No recurso extraordiná-
vado o disposto no art. 52, I, os tre Tribunais Superiores, ou entre rio o recorrente deverá demons-
membros dos Tribunais Superio- estes e qualquer outro tribunal; trar a repercussão geral das ques-
res, os do Tribunal de Contas da p) o pedido de medida caute- tões constitucionais discutidas no
União e os chefes de missão di- lar das ações diretas de incons- caso, nos termos da lei, a fim de
plomática de caráter permanente; titucionalidade; que o Tribunal examine a admis-
d) o habeas corpus, sendo q) o mandado de injunção, são do recurso, somente podendo
paciente qualquer das pessoas quando a elaboração da norma recusá-lo pela manifestação de
referidas nas alíneas anteriores; regulamentadora for atribuição dois terços de seus membros.
o mandado de segurança e o ha- do Presidente da República, do
beas data contra atos do Presi- Congresso Nacional, da Câmara Art. 103. Podem propor a ação
dente da República, das Mesas dos Deputados, do Senado Fe- direta de inconstitucionalidade e
da Câmara dos Deputados e do deral, das Mesas de uma dessas a ação declaratória de constitu-
Senado Federal, do Tribunal de Casas Legislativas, do Tribunal cionalidade:
Contas da União, do Procurador- de Contas da União, de um dos I – o Presidente da República;
-Geral da República e do próprio Tribunais Superiores, ou do pró- II – a Mesa do Senado Federal;
Supremo Tribunal Federal; prio Supremo Tribunal Federal; III – a Mesa da Câmara dos
e) o litígio entre Estado es- r) as ações contra o Conse- Deputados;
trangeiro ou organismo inter- lho Nacional de Justiça e contra IV – a Mesa de Assembleia
nacional e a União, o Estado, o o Conselho Nacional do Ministé- Legislativa ou da Câmara Legis-
Distrito Federal ou o Território; rio Público; lativa do Distrito Federal;
f) as causas e os conflitos II – julgar, em recurso ordi- V – o Governador de Estado
entre a União e os Estados, a nário: ou do Distrito Federal;
União e o Distrito Federal, ou a) o habeas corpus, o manda- VI – o Procurador-Geral da
entre uns e outros, inclusive as do de segurança, o habeas data e República;
respectivas entidades da admi- o mandado de injunção decididos VII – o Conselho Federal da
nistração indireta; em única instância pelos Tribu- Ordem dos Advogados do Brasil;
g) a extradição solicitada por nais Superiores, se denegatória VIII – partido político com re-
Estado estrangeiro; a decisão; presentação no Congresso Na-
h) (Revogada); b) o crime político; cional;
i) o habeas corpus, quando III – julgar, mediante recurso IX – confederação sindical
o coator for Tribunal Superior ou extraordinário, as causas decidi- ou entidade de classe de âmbito
quando o coator ou o paciente for das em única ou última instância, nacional.
autoridade ou funcionário cujos quando a decisão recorrida: § 1o O Procurador-Geral da
atos estejam sujeitos diretamente a) contrariar dispositivo des- República deverá ser previamente

50
Constituição da República Federativa do Brasil
ouvido nas ações de inconstitu- Federal que, julgando-a proce- § 2o Os demais membros do
cionalidade e em todos os proces- dente, anulará o ato administra- Conselho serão nomeados pelo
sos de competência do Supremo tivo ou cassará a decisão judicial Presidente da República, depois
Tribunal Federal. reclamada, e determinará que de aprovada a escolha pela maio-
§ 2o Declarada a inconstitu- outra seja proferida com ou sem ria absoluta do Senado Federal.
cionalidade por omissão de me- a aplicação da súmula, conforme § 3o Não efetuadas, no pra-
dida para tornar efetiva norma o caso. zo legal, as indicações previstas
constitucional, será dada ciên- neste artigo, caberá a escolha ao
cia ao Poder competente para a Art. 103-B. O Conselho Nacio- Supremo Tribunal Federal.
adoção das providências neces- nal de Justiça compõe-se de 15 § 4o Compete ao Conselho o
sárias e, em se tratando de órgão (quinze) membros com mandato controle da atuação administrati-
administrativo, para fazê-lo em de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma) va e financeira do Poder Judiciá-
trinta dias. recondução, sendo: rio e do cumprimento dos deveres
§ 3o Quando o Supremo Tri- I – o Presidente do Supremo funcionais dos juízes, cabendo-
bunal Federal apreciar a inconsti- Tribunal Federal; -lhe, além de outras atribuições
tucionalidade, em tese, de norma II – um Ministro do Superior que lhe forem conferidas pelo
legal ou ato normativo, citará, Tribunal de Justiça, indicado pelo Estatuto da Magistratura:
previamente, o Advogado-Geral respectivo tribunal; I – zelar pela autonomia do
da União, que defenderá o ato III – um Ministro do Tribunal Poder Judiciário e pelo cumpri-
ou texto impugnado. Superior do Trabalho, indicado mento do Estatuto da Magistra-
§ 4o (Revogado) pelo respectivo tribunal; tura, podendo expedir atos re-
IV – um desembargador de gulamentares, no âmbito de sua
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Tribunal de Justiça, indicado pelo competência, ou recomendar
Federal poderá, de ofício ou por Supremo Tribunal Federal; providências;
provocação, mediante decisão de V – um juiz estadual, indicado II – zelar pela observância
dois terços dos seus membros, pelo Supremo Tribunal Federal; do art. 37 e apreciar, de ofício
após reiteradas decisões sobre VI – um juiz de Tribunal Regio- ou mediante provocação, a le-
matéria constitucional, aprovar nal Federal, indicado pelo Supe- galidade dos atos administrati-
súmula que, a partir de sua pu- rior Tribunal de Justiça; vos praticados por membros ou
blicação na imprensa oficial, terá VII – um juiz federal, indicado órgãos do Poder Judiciário, po-
efeito vinculante em relação aos pelo Superior Tribunal de Justiça; dendo desconstituí-los, revê-los
demais órgãos do Poder Judici- VIII – um juiz de Tribunal Re- ou fixar prazo para que se adotem
ário e à administração pública gional do Trabalho, indicado pelo as providências necessárias ao
direta e indireta, nas esferas fe- Tribunal Superior do Trabalho; exato cumprimento da lei, sem
deral, estadual e municipal, bem IX – um juiz do trabalho, in- prejuízo da competência do Tri-
como proceder à sua revisão ou dicado pelo Tribunal Superior do bunal de Contas da União;
cancelamento, na forma estabe- Trabalho; III – receber e conhecer das
lecida em lei. X – um membro do Ministério reclamações contra membros
§ 1o A súmula terá por objeti- Público da União, indicado pelo ou órgãos do Poder Judiciário,
vo a validade, a interpretação e a Procurador-Geral da República; inclusive contra seus serviços
eficácia de normas determinadas, XI – um membro do Ministério auxiliares, serventias e órgãos
acerca das quais haja controvér- Público estadual, escolhido pelo prestadores de serviços nota-
sia atual entre órgãos judiciários Procurador-Geral da República riais e de registro que atuem por
ou entre esses e a administra- dentre os nomes indicados pelo delegação do poder público ou
ção pública que acarrete grave órgão competente de cada insti- oficializados, sem prejuízo da
insegurança jurídica e relevante tuição estadual; competência disciplinar e cor-
multiplicação de processos sobre XII – dois advogados, indi- reicional dos tribunais, podendo
questão idêntica. cados pelo Conselho Federal da avocar processos disciplinares
§ 2o Sem prejuízo do que vier Ordem dos Advogados do Brasil; em curso, determinar a remo-
a ser estabelecido em lei, a apro- XIII – dois cidadãos, de no- ção ou a disponibilidade e aplicar
vação, revisão ou cancelamento tável saber jurídico e reputação outras sanções administrativas,
de súmula poderá ser provocada ilibada, indicados um pela Câmara assegurada ampla defesa;
por aqueles que podem propor dos Deputados e outro pelo Se- IV – representar ao Ministério
a ação direta de inconstitucio- nado Federal. Público, no caso de crime contra
nalidade. § 1o O Conselho será presi- a administração pública ou de
§ 3o Do ato administrativo dido pelo Presidente do Supre- abuso de autoridade;
ou decisão judicial que contra- mo Tribunal Federal e, nas suas V – rever, de ofício ou me-
riar a súmula aplicável ou que ausências e impedimentos, pelo diante provocação, os processos
indevidamente a aplicar, caberá Vice-Presidente do Supremo Tri- disciplinares de juízes e membros
reclamação ao Supremo Tribunal bunal Federal. de tribunais julgados há menos

51
Constituição da República Federativa do Brasil
de um ano; mo, trinta e três Ministros. tência entre quaisquer tribunais,
VI – elaborar semestralmente Parágrafo único. Os Ministros ressalvado o disposto no art. 102,
relatório estatístico sobre pro- do Superior Tribunal de Justiça I, “o”, bem como entre tribunal e
cessos e sentenças prolatadas, serão nomeados pelo Presidente juízes a ele não vinculados e en-
por unidade da Federação, nos da República, dentre brasileiros tre juízes vinculados a tribunais
diferentes órgãos do Poder Ju- com mais de trinta e cinco e me- diversos;
diciário; nos de sessenta e cinco anos, de e) as revisões criminais e
VII – elaborar relatório anual, notável saber jurídico e reputa- as ações rescisórias de seus jul-
propondo as providências que ção ilibada, depois de aprovada gados;
julgar necessárias, sobre a si- a escolha pela maioria absoluta f) a reclamação para a pre-
tuação do Poder Judiciário no do Senado Federal, sendo: servação de sua competência e
País e as atividades do Conselho, I – um terço dentre juízes dos garantia da autoridade de suas
o qual deve integrar mensagem Tribunais Regionais Federais e um decisões;
do Presidente do Supremo Tri- terço dentre desembargadores g) os conflitos de atribuições
bunal Federal a ser remetida ao dos Tribunais de Justiça, indi- entre autoridades administra-
Congresso Nacional, por ocasião cados em lista tríplice elaborada tivas e judiciárias da União, ou
da abertura da sessão legislativa. pelo próprio Tribunal; entre autoridades judiciárias de
§ 5o O Ministro do Superior II – um terço, em partes um Estado e administrativas de
Tribunal de Justiça exercerá a iguais, dentre advogados e mem- outro ou do Distrito Federal, ou
função de Ministro-Corregedor e bros do Ministério Público Fede- entre as deste e da União;
ficará excluído da distribuição de ral, Estadual, do Distrito Federal h) o mandado de injunção,
processos no Tribunal, competin- e Territórios, alternadamente, quando a elaboração da norma
do-lhe, além das atribuições que indicados na forma do art. 94. regulamentadora for atribuição
lhe forem conferidas pelo Estatu- de órgão, entidade ou autoridade
to da Magistratura, as seguintes: Art. 105. Compete ao Superior federal, da administração direta
I – receber as reclamações e Tribunal de Justiça: ou indireta, excetuados os ca-
denúncias, de qualquer interes- I – processar e julgar, origi- sos de competência do Supremo
sado, relativas aos magistrados nariamente: Tribunal Federal e dos órgãos da
e aos serviços judiciários; a) nos crimes comuns, os Justiça Militar, da Justiça Eleito-
II – exercer funções execu- Governadores dos Estados e do ral, da Justiça do Trabalho e da
tivas do Conselho, de inspeção Distrito Federal, e, nestes e nos de Justiça Federal;
e de correição geral; responsabilidade, os desembar- i) a homologação de senten-
III – requisitar e designar ma- gadores dos Tribunais de Justiça ças estrangeiras e a concessão
gistrados, delegando-lhes atri- dos Estados e do Distrito Federal, de exequatur às cartas rogatórias;
buições, e requisitar servidores os membros dos Tribunais de II – julgar, em recurso ordi-
de juízos ou tribunais, inclusive Contas dos Estados e do Distrito nário:
nos Estados, Distrito Federal e Federal, os dos Tribunais Regio- a) os habeas corpus deci-
Territórios. nais Federais, dos Tribunais Re- didos em única ou última ins-
§ 6o Junto ao Conselho ofi- gionais Eleitorais e do Trabalho, tância pelos Tribunais Regionais
ciarão o Procurador-Geral da Re- os membros dos Conselhos ou Federais ou pelos tribunais dos
pública e o Presidente do Conse- Tribunais de Contas dos Muni- Estados, do Distrito Federal e
lho Federal da Ordem dos Advo- cípios e os do Ministério Público Territórios, quando a decisão for
gados do Brasil. da União que oficiem perante denegatória;
§ 7o A União, inclusive no tribunais; b) os mandados de segu-
Distrito Federal e nos Territó- b) os mandados de seguran- rança decididos em única ins-
rios, criará ouvidorias de justiça, ça e os habeas data contra ato de tância pelos Tribunais Regionais
competentes para receber recla- Ministro de Estado, dos Coman- Federais ou pelos tribunais dos
mações e denúncias de qualquer dantes da Marinha, do Exército Estados, do Distrito Federal e
interessado contra membros ou e da Aeronáutica ou do próprio Territórios, quando denegatória
órgãos do Poder Judiciário, ou Tribunal; a decisão;
contra seus serviços auxiliares, c) os habeas corpus, quando c) as causas em que forem
representando diretamente ao o coator ou paciente for qualquer partes Estado estrangeiro ou or-
Conselho Nacional de Justiça. das pessoas mencionadas na alí- ganismo internacional, de um
nea “a”, ou quando o coator for lado, e, do outro, Município ou
tribunal sujeito à sua jurisdição, pessoa residente ou domicilia-
Seção III – Do Superior Ministro de Estado ou Coman- da no País;
Tribunal de Justiça dante da Marinha, do Exército III – julgar, em recurso es-
ou da Aeronáutica, ressalvada a pecial, as causas decididas, em
Art. 104. O Superior Tribunal de competência da Justiça Eleitoral; única ou última instância, pe-
Justiça compõe-se de, no míni- d) os conflitos de compe- los Tribunais Regionais Federais

52
Constituição da República Federativa do Brasil
ou pelos tribunais dos Estados, § 1o A lei disciplinará a remo- Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
do Distrito Federal e Territórios, ção ou a permuta de juízes dos II – as causas entre Estado
quando a decisão recorrida: Tribunais Regionais Federais e estrangeiro ou organismo inter-
a) contrariar tratado ou lei determinará sua jurisdição e sede. nacional e Município ou pessoa
federal, ou negar-lhes vigência; § 2o Os Tribunais Regionais domiciliada ou residente no País;
b) julgar válido ato de gover- Federais instalarão a justiça iti- III – as causas fundadas em
no local contestado em face de nerante, com a realização de au- tratado ou contrato da União com
lei federal; diências e demais funções da Estado estrangeiro ou organismo
c) der a lei federal interpre- atividade jurisdicional, nos limites internacional;
tação divergente da que lhe haja territoriais da respectiva jurisdi- IV – os crimes políticos e as
atribuído outro tribunal. ção, servindo-se de equipamen- infrações penais praticadas em
Parágrafo único. Funciona- tos públicos e comunitários. detrimento de bens, serviços ou
rão junto ao Superior Tribunal § 3o Os Tribunais Regionais interesse da União ou de suas en-
de Justiça: Federais poderão funcionar des- tidades autárquicas ou empresas
I – a Escola Nacional de For- centralizadamente, constituindo públicas, excluídas as contraven-
mação e Aperfeiçoamento de Câmaras regionais, a fim de as- ções e ressalvada a competência
Magistrados, cabendo-lhe, dentre segurar o pleno acesso do juris- da Justiça Militar e da Justiça
outras funções, regulamentar os dicionado à justiça em todas as Eleitoral;
cursos oficiais para o ingresso e fases do processo. V – os crimes previstos em
promoção na carreira; tratado ou convenção internacio-
II – o Conselho da Justiça Art. 108. Compete aos Tribunais nal, quando, iniciada a execução
Federal, cabendo-lhe exercer, Regionais Federais: no País, o resultado tenha ou de-
na forma da lei, a supervisão I – processar e julgar, origi- vesse ter ocorrido no estrangeiro,
administrativa e orçamentária nariamente: ou reciprocamente;
da Justiça Federal de primeiro a) os juízes federais da área V-A – as causas relativas a
e segundo graus, como órgão de sua jurisdição, incluídos os da direitos humanos a que se refere
central do sistema e com pode- Justiça Militar e da Justiça do o § 5o deste artigo;
res correicionais, cujas decisões Trabalho, nos crimes comuns e de VI – os crimes contra a or-
terão caráter vinculante. responsabilidade, e os membros ganização do trabalho e, nos ca-
do Ministério Público da União, sos determinados por lei, contra
ressalvada a competência da Jus- o sistema financeiro e a ordem
Seção IV – Dos Tribunais tiça Eleitoral; econômico-financeira;
Regionais Federais e dos b) as revisões criminais e VII – os habeas corpus, em
Juízes Federais as ações rescisórias de julga- matéria criminal de sua compe-
dos seus ou dos juízes federais tência ou quando o constrangi-
Art. 106. São órgãos da Justiça da região; mento provier de autoridade cujos
Federal: c) os mandados de seguran- atos não estejam diretamente
I – os Tribunais Regionais Fe- ça e os habeas data contra ato do sujeitos a outra jurisdição;
derais; próprio Tribunal ou de juiz federal; VIII – os mandados de segu-
II – os Juízes Federais. d) os habeas corpus, quan- rança e os habeas data contra
do a autoridade coatora for juiz ato de autoridade federal, exce-
Art. 107. Os Tribunais Regionais federal; tuados os casos de competência
Federais compõem-se de, no e) os conflitos de competên- dos tribunais federais;
mínimo, sete juízes, recrutados, cia entre juízes federais vincula- IX – os crimes cometidos a
quando possível, na respectiva re- dos ao Tribunal; bordo de navios ou aeronaves,
gião e nomeados pelo Presidente II – julgar, em grau de recurso, ressalvada a competência da Jus-
da República dentre brasileiros as causas decididas pelos juízes tiça Militar;
com mais de trinta e menos de federais e pelos juízes estaduais X – os crimes de ingresso
sessenta e cinco anos, sendo: no exercício da competência fe- ou permanência irregular de es-
I – um quinto dentre advo- deral da área de sua jurisdição. trangeiro, a execução de carta
gados com mais de dez anos de rogatória, após o exequatur, e de
efetiva atividade profissional e Art. 109. Aos juízes federais sentença estrangeira, após a ho-
membros do Ministério Público compete processar e julgar: mologação, as causas referentes
Federal com mais de dez anos I – as causas em que a União, à nacionalidade, inclusive a res-
de carreira; entidade autárquica ou empresa pectiva opção, e à naturalização;
II – os demais, mediante pro- pública federal forem interessa- XI – a disputa sobre direitos
moção de juízes federais com das na condição de autoras, rés, indígenas.
mais de cinco anos de exercício, assistentes ou oponentes, exceto § 1o As causas em que a
por antiguidade e merecimento, as de falência, as de acidentes de União for autora serão aforadas
alternadamente. trabalho e as sujeitas à Justiça na seção judiciária onde tiver

53
Constituição da República Federativa do Brasil
domicílio a outra parte. II – os Tribunais Regionais por sua jurisdição, atribuí-la aos
§ 2o As causas intentadas do Trabalho; juízes de direito, com recurso para
contra a União poderão ser afora- III – Juízes do Trabalho. o respectivo Tribunal Regional do
das na seção judiciária em que for § 1o (Revogado) Trabalho.
domiciliado o autor, naquela onde § 2o (Revogado)
houver ocorrido o ato ou fato que § 3o (Revogado) Art. 113. A lei disporá sobre a
deu origem à demanda ou onde constituição, investidura, juris-
esteja situada a coisa, ou, ainda, Art. 111-A. O Tribunal Superior do dição, competência, garantias e
no Distrito Federal. Trabalho compor-se-á de vinte e condições de exercício dos ór-
§ 3o Lei poderá autorizar que sete Ministros, escolhidos dentre gãos da Justiça do Trabalho.
as causas de competência da brasileiros com mais de trinta e
Justiça Federal em que forem cinco anos e menos de sessenta e Art. 114. Compete à Justiça do
parte instituição de previdência cinco anos, de notável saber jurí- Trabalho processar e julgar:
social e segurado possam ser dico e reputação ilibada, nomea- I – as ações oriundas da re-
processadas e julgadas na jus- dos pelo Presidente da República lação de trabalho, abrangidos os
tiça estadual quando a comarca após aprovação pela maioria ab- entes de direito público externo e
do domicílio do segurado não for soluta do Senado Federal, sendo: da administração pública direta e
sede de vara federal. I – um quinto dentre advo- indireta da União, dos Estados, do
§ 4o Na hipótese do parágra- gados com mais de dez anos de Distrito Federal e dos Municípios;
fo anterior, o recurso cabível será efetiva atividade profissional e II – as ações que envolvam
sempre para o Tribunal Regional membros do Ministério Público do exercício do direito de greve;
Federal na área de jurisdição do Trabalho com mais de dez anos III – as ações sobre represen-
juiz de primeiro grau. de efetivo exercício, observado o tação sindical, entre sindicatos,
§ 5o Nas hipóteses de grave disposto no art. 94; entre sindicatos e trabalhado-
violação de direitos humanos, o II – os demais dentre juízes res, e entre sindicatos e empre-
Procurador-Geral da República, dos Tribunais Regionais do Tra- gadores;
com a finalidade de assegurar balho, oriundos da magistratura IV – os mandados de segu-
o cumprimento de obrigações da carreira, indicados pelo próprio rança, habeas corpus e habeas
decorrentes de tratados interna- Tribunal Superior. data, quando o ato questionado
cionais de direitos humanos dos § 1o A lei disporá sobre a envolver matéria sujeita à sua
quais o Brasil seja parte, poderá competência do Tribunal Supe- jurisdição;
suscitar, perante o Superior Tri- rior do Trabalho. V – os conflitos de competên-
bunal de Justiça, em qualquer § 2o Funcionarão junto ao cia entre órgãos com jurisdição
fase do inquérito ou processo, in- Tribunal Superior do Trabalho: trabalhista, ressalvado o disposto
cidente de deslocamento de com- I – a Escola Nacional de For- no art. 102, I, “o”;
petência para a Justiça Federal. mação e Aperfeiçoamento de VI – as ações de indenização
Magistrados do Trabalho, caben- por dano moral ou patrimonial,
Art. 110. Cada Estado, bem como do-lhe, dentre outras funções, decorrentes da relação de tra-
o Distrito Federal, constituirá uma regulamentar os cursos oficiais balho;
seção judiciária que terá por sede para o ingresso e promoção na VII – as ações relativas às
a respectiva Capital, e varas lo- carreira; penalidades administrativas im-
calizadas segundo o estabeleci- II – o Conselho Superior da postas aos empregadores pelos
do em lei. Justiça do Trabalho, cabendo- órgãos de fiscalização das rela-
Parágrafo único. Nos Terri- -lhe exercer, na forma da lei, a ções de trabalho;
tórios Federais, a jurisdição e as supervisão administrativa, or- VIII – a execução, de ofício,
atribuições cometidas aos juí- çamentária, financeira e patri- das contribuições sociais previs-
zes federais caberão aos juízes monial da Justiça do Trabalho de tas no art. 195, I, “a”, e II, e seus
da justiça local, na forma da lei. primeiro e segundo graus, como acréscimos legais, decorrentes
órgão central do sistema, cujas das sentenças que proferir;
decisões terão efeito vinculante. IX – outras controvérsias de-
Seção V – Do Tribunal § 3o Compete ao Tribunal correntes da relação de trabalho,
Superior do Trabalho, dos Superior do Trabalho processar na forma da lei.
Tribunais Regionais do e julgar, originariamente, a re- § 1o Frustrada a negociação
Trabalho e dos Juízes do clamação para a preservação coletiva, as partes poderão ele-
Trabalho de sua competência e garantia ger árbitros.
da autoridade de suas decisões. § 2o Recusando-se qualquer
Art. 111. São órgãos da Justiça das partes à negociação coletiva
do Trabalho: Art. 112. A lei criará varas da ou à arbitragem, é facultado às
I – o Tribunal Superior do Tra- Justiça do Trabalho, podendo, mesmas, de comum acordo, ajui-
balho; nas comarcas não abrangidas zar dissídio coletivo de natureza

54
Constituição da República Federativa do Brasil
econômica, podendo a Justiça do Seção VI – Dos Tribunais e moral, indicados pelo Tribunal
Trabalho decidir o conflito, res- Juízes Eleitorais de Justiça.
peitadas as disposições mínimas § 2o O Tribunal Regional Elei-
legais de proteção ao trabalho, Art. 118. São órgãos da Justiça toral elegerá seu Presidente e o
bem como as convencionadas Eleitoral: Vice-Presidente dentre os de-
anteriormente. I – o Tribunal Superior Elei- sembargadores.
§ 3o Em caso de greve em toral;
atividade essencial, com possi- II – os Tribunais Regionais Art. 121. Lei complementar dis-
bilidade de lesão do interesse Eleitorais; porá sobre a organização e com-
público, o Ministério Público do III – os Juízes Eleitorais; petência dos tribunais, dos juízes
Trabalho poderá ajuizar dissídio IV – as Juntas Eleitorais. de direito e das juntas eleitorais.
coletivo, competindo à Justiça do § 1o Os membros dos tribu-
Trabalho decidir o conflito. Art. 119. O Tribunal Superior Elei- nais, os juízes de direito e os in-
toral compor-se-á, no mínimo, de tegrantes das juntas eleitorais,
Art. 115. Os Tribunais Regionais sete membros, escolhidos: no exercício de suas funções, e
do Trabalho compõem-se de, no I – mediante eleição, pelo voto no que lhes for aplicável, goza-
mínimo, sete juízes, recrutados, secreto: rão de plenas garantias e serão
quando possível, na respectiva re- a) três juízes dentre os Minis- inamovíveis.
gião, e nomeados pelo Presidente tros do Supremo Tribunal Federal; § 2o Os juízes dos tribunais
da República dentre brasileiros b) dois juízes dentre os Mi- eleitorais, salvo motivo justifi-
com mais de trinta e menos de nistros do Superior Tribunal de cado, servirão por dois anos, no
sessenta e cinco anos, sendo: Justiça; mínimo, e nunca por mais de dois
I – um quinto dentre advo- II – por nomeação do Presi- biênios consecutivos, sendo os
gados com mais de dez anos de dente da República, dois juízes substitutos escolhidos na mesma
efetiva atividade profissional e dentre seis advogados de notá- ocasião e pelo mesmo proces-
membros do Ministério Público do vel saber jurídico e idoneidade so, em número igual para cada
Trabalho com mais de dez anos moral, indicados pelo Supremo categoria.
de efetivo exercício, observado o Tribunal Federal. § 3o São irrecorríveis as deci-
disposto no art. 94; Parágrafo único. O Tribunal sões do Tribunal Superior Eleito-
II – os demais, mediante pro- Superior Eleitoral elegerá seu ral, salvo as que contrariarem esta
moção de juízes do trabalho por Presidente e o Vice-Presidente Constituição e as denegatórias
antiguidade e merecimento, al- dentre os Ministros do Supremo de habeas corpus ou mandado
ternadamente. Tribunal Federal, e o Corregedor de segurança.
§ 1o Os Tribunais Regionais Eleitoral dentre os Ministros do § 4o Das decisões dos Tribu-
do Trabalho instalarão a justiça Superior Tribunal de Justiça. nais Regionais Eleitorais somente
itinerante, com a realização de caberá recurso quando:
audiências e demais funções de Art. 120. Haverá um Tribunal I – forem proferidas contra
atividade jurisdicional, nos limites Regional Eleitoral na Capital de disposição expressa desta Cons-
territoriais da respectiva jurisdi- cada Estado e no Distrito Federal. tituição ou de lei;
ção, servindo-se de equipamen- § 1o Os Tribunais Regionais II – ocorrer divergência na
tos públicos e comunitários. Eleitorais compor-se-ão: interpretação de lei entre dois ou
§ 2o Os Tribunais Regionais I – mediante eleição, pelo voto mais tribunais eleitorais;
do Trabalho poderão funcionar secreto: III – versarem sobre inele-
descentralizadamente, consti- a) de dois juízes dentre os gibilidade ou expedição de di-
tuindo Câmaras regionais, a fim desembargadores do Tribunal plomas nas eleições federais ou
de assegurar o pleno acesso do de Justiça; estaduais;
jurisdicionado à justiça em todas b) de dois juízes, dentre ju- IV – anularem diplomas ou
as fases do processo. ízes de direito, escolhidos pelo decretarem a perda de mandatos
Tribunal de Justiça; eletivos federais ou estaduais;
Art. 116. Nas Varas do Trabalho, II – de um juiz do Tribunal V – denegarem habeas cor-
a jurisdição será exercida por um Regional Federal com sede na pus, mandado de segurança,
juiz singular. Capital do Estado ou no Distrito habeas data ou mandado de in-
Parágrafo único. (Revogado) Federal, ou, não havendo, de juiz junção.
federal, escolhido, em qualquer
Art. 117. (Revogado) caso, pelo Tribunal Regional Fe-
deral respectivo;
Seção VII – Dos Tribunais e
III – por nomeação, pelo Presi- Juízes Militares
dente da República, de dois juízes
dentre seis advogados de notá- Art. 122. São órgãos da Justi-
vel saber jurídico e idoneidade ça Militar:

55
Constituição da República Federativa do Brasil
I – o Superior Tribunal Militar; criar, mediante proposta do Tri- CAPÍTULO IV – DAS
II – os Tribunais e Juízes Mi- bunal de Justiça, a Justiça Militar FUNÇÕES ESSENCIAIS À
litares instituídos por lei. estadual, constituída, em primei-
ro grau, pelos juízes de direito e
JUSTIÇA
Art. 123. O Superior Tribunal pelos Conselhos de Justiça e, em Seção I – Do Ministério
Militar compor-se-á de quinze segundo grau, pelo próprio Tribu- Público
Ministros vitalícios, nomeados nal de Justiça, ou por Tribunal de
pelo Presidente da República, de- Justiça Militar nos Estados em Art. 127. O Ministério Público é
pois de aprovada a indicação pelo que o efetivo militar seja superior instituição permanente, essencial
Senado Federal, sendo três den- a vinte mil integrantes. à função jurisdicional do Estado,
tre oficiais-generais da Marinha, § 4o Compete à Justiça Mili- incumbindo-lhe a defesa da or-
quatro dentre oficiais-generais tar estadual processar e julgar os dem jurídica, do regime demo-
do Exército, três dentre oficiais- militares dos Estados, nos crimes crático e dos interesses sociais
-generais da Aeronáutica, todos militares definidos em lei e as e individuais indisponíveis.
da ativa e do posto mais elevado ações judiciais contra atos dis- § 1o São princípios institu-
da carreira, e cinco dentre civis. ciplinares militares, ressalvada a cionais do Ministério Público a
Parágrafo único. Os Minis- competência do júri quando a ví- unidade, a indivisibilidade e a in-
tros civis serão escolhidos pelo tima for civil, cabendo ao tribunal dependência funcional.
Presidente da República dentre competente decidir sobre a perda § 2o Ao Ministério Público é
brasileiros maiores de trinta e do posto e da patente dos oficiais assegurada autonomia funcional
cinco anos, sendo: e da graduação das praças. e administrativa, podendo, ob-
I – três dentre advogados de § 5o Compete aos juízes de servado o disposto no art. 169,
notório saber jurídico e conduta direito do juízo militar processar propor ao Poder Legislativo a
ilibada, com mais de dez anos e julgar, singularmente, os crimes criação e extinção de seus cargos
de efetiva atividade profissional; militares cometidos contra civis e serviços auxiliares, provendo-os
II – dois, por escolha pari- e as ações judiciais contra atos por concurso público de provas
tária, dentre juízes auditores e disciplinares militares, caben- ou de provas e títulos, a política
membros do Ministério Público do ao Conselho de Justiça, sob remuneratória e os planos de
da Justiça Militar. a presidência de juiz de direito, carreira; a lei disporá sobre sua
processar e julgar os demais cri- organização e funcionamento.
Art. 124. À Justiça Militar com- mes militares. § 3o O Ministério Público ela-
pete processar e julgar os crimes § 6o O Tribunal de Justiça borará sua proposta orçamentária
militares definidos em lei. poderá funcionar descentraliza- dentro dos limites estabelecidos
Parágrafo único. A lei dis- damente, constituindo Câmaras na lei de diretrizes orçamentárias.
porá sobre a organização, o fun- regionais, a fim de assegurar o § 4o Se o Ministério Públi-
cionamento e a competência da pleno acesso do jurisdicionado co não encaminhar a respectiva
Justiça Militar. à justiça em todas as fases do proposta orçamentária dentro
processo. do prazo estabelecido na lei de
§ 7o O Tribunal de Justiça diretrizes orçamentárias, o Po-
Seção VIII – Dos Tribunais e instalará a justiça itinerante, com der Executivo considerará, para
Juízes dos Estados a realização de audiências e de- fins de consolidação da proposta
mais funções da atividade juris- orçamentária anual, os valores
Art. 125. Os Estados organiza- dicional, nos limites territoriais aprovados na lei orçamentária
rão sua Justiça, observados os da respectiva jurisdição, servin- vigente, ajustados de acordo com
princípios estabelecidos nesta do-se de equipamentos públicos os limites estipulados na forma
Constituição. e comunitários. do § 3o.
§ 1o A competência dos tribu- § 5o Se a proposta orçamen-
nais será definida na Constituição Art. 126. Para dirimir conflitos tária de que trata este artigo for
do Estado, sendo a lei de organi- fundiários, o Tribunal de Justiça encaminhada em desacordo com
zação judiciária de iniciativa do proporá a criação de varas es- os limites estipulados na forma do
Tribunal de Justiça. pecializadas, com competência § 3o, o Poder Executivo procederá
§ 2o Cabe aos Estados a ins- exclusiva para questões agrárias. aos ajustes necessários para fins
tituição de representação de in- Parágrafo único. Sempre que de consolidação da proposta or-
constitucionalidade de leis ou necessário à eficiente prestação çamentária anual.
atos normativos estaduais ou jurisdicional, o juiz far-se-á pre- § 6o Durante a execução or-
municipais em face da Consti- sente no local do litígio. çamentária do exercício, não po-
tuição Estadual, vedada a atri- derá haver a realização de des-
buição da legitimação para agir pesas ou a assunção de obriga-
a um único órgão. ções que extrapolem os limites
§ 3o A lei estadual poderá estabelecidos na lei de diretrizes

56
Constituição da República Federativa do Brasil
orçamentárias, exceto se previa- I – as seguintes garantias: União e dos Estados, nos casos
mente autorizadas, mediante a a) vitaliciedade, após dois previstos nesta Constituição;
abertura de créditos suplemen- anos de exercício, não podendo V – defender judicialmente os
tares ou especiais. perder o cargo senão por senten- direitos e interesses das popula-
ça judicial transitada em julgado; ções indígenas;
Art. 128. O Ministério Público b) inamovibilidade, salvo por VI – expedir notificações nos
abrange: motivo de interesse público, me- procedimentos administrativos
I – o Ministério Público da diante decisão do órgão colegiado de sua competência, requisitando
União, que compreende: competente do Ministério Público, informações e documentos para
a) o Ministério Público Fe- pelo voto da maioria absoluta de instruí-los, na forma da lei com-
deral; seus membros, assegurada am- plementar respectiva;
b) o Ministério Público do pla defesa; VII – exercer o controle exter-
Trabalho; c) irredutibilidade de subsí- no da atividade policial, na forma
c) o Ministério Público Militar; dio, fixado na forma do art. 39, da lei complementar mencionada
d) o Ministério Público do Dis- § 4o, e ressalvado o disposto nos no artigo anterior;
trito Federal e Territórios; arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III, VIII – requisitar diligências
II – os Ministérios Públicos 153, § 2o, I; investigatórias e a instauração
dos Estados. II – as seguintes vedações: de inquérito policial, indicados
§ 1o O Ministério Público da a) receber, a qualquer título os fundamentos jurídicos de suas
União tem por chefe o Procura- e sob qualquer pretexto, hono- manifestações processuais;
dor-Geral da República, nomeado rários, percentagens ou custas IX – exercer outras funções
pelo Presidente da República den- processuais; que lhe forem conferidas, desde
tre integrantes da carreira, maio- b) exercer a advocacia; que compatíveis com sua finali-
res de trinta e cinco anos, após c) participar de sociedade dade, sendo-lhe vedada a repre-
a aprovação de seu nome pela comercial, na forma da lei; sentação judicial e a consultoria
maioria absoluta dos membros d) exercer, ainda que em jurídica de entidades públicas.
do Senado Federal, para man- disponibilidade, qualquer outra § 1o A legitimação do Minis-
dato de dois anos, permitida a função pública, salvo uma de ma- tério Público para as ações civis
recondução. gistério; previstas neste artigo não impede
§ 2o A destituição do Pro- e) exercer atividade políti- a de terceiros, nas mesmas hipó-
curador-Geral da República, por co-partidária; teses, segundo o disposto nesta
iniciativa do Presidente da Re- f) receber, a qualquer títu- Constituição e na lei.
pública, deverá ser precedida de lo ou pretexto, auxílios ou con- § 2o As funções do Ministério
autorização da maioria absoluta tribuições de pessoas físicas, Público só podem ser exercidas
do Senado Federal. entidades públicas ou privadas, por integrantes da carreira, que
§ 3o Os Ministérios Públicos ressalvadas as exceções previs- deverão residir na comarca da
dos Estados e o do Distrito Fe- tas em lei. respectiva lotação, salvo auto-
deral e Territórios formarão lista § 6o Aplica-se aos membros rização do chefe da instituição.
tríplice dentre integrantes da car- do Ministério Público o disposto § 3o O ingresso na carreira
reira, na forma da lei respectiva, no art. 95, parágrafo único, V. do Ministério Público far-se-á
para escolha de seu Procurador- mediante concurso público de
-Geral, que será nomeado pelo Art. 129. São funções institucio- provas e títulos, assegurada a
Chefe do Poder Executivo, para nais do Ministério Público: participação da Ordem dos Ad-
mandato de dois anos, permitida I – promover, privativamen- vogados do Brasil em sua reali-
uma recondução. te, a ação penal pública, na for- zação, exigindo-se do bacharel
§ 4o Os Procuradores-Gerais ma da lei; em direito, no mínimo, três anos
nos Estados e no Distrito Federal II – zelar pelo efetivo respei- de atividade jurídica e observan-
e Territórios poderão ser destitu- to dos Poderes Públicos e dos do-se, nas nomeações, a ordem
ídos por deliberação da maioria serviços de relevância pública de classificação.
absoluta do Poder Legislativo, aos direitos assegurados nesta § 4o Aplica-se ao Ministério
na forma da lei complementar Constituição, promovendo as me- Público, no que couber, o disposto
respectiva. didas necessárias a sua garantia; no art. 93.
§ 5o Leis complementares da III – promover o inquérito civil § 5o A distribuição de pro-
União e dos Estados, cuja inicia- e a ação civil pública, para a pro- cessos no Ministério Público será
tiva é facultada aos respectivos teção do patrimônio público e so- imediata.
Procuradores-Gerais, estabelece- cial, do meio ambiente e de outros
rão a organização, as atribuições interesses difusos e coletivos; Art. 130. Aos membros do Minis-
e o estatuto de cada Ministério IV – promover a ação de in- tério Público junto aos Tribunais
Público, observadas, relativamen- constitucionalidade ou represen- de Contas aplicam-se as dispo-
te a seus membros: tação para fins de intervenção da sições desta seção pertinentes

57
Constituição da República Federativa do Brasil
a direitos, vedações e forma de exato cumprimento da lei, sem Público, inclusive contra seus ser-
investidura. prejuízo da competência dos Tri- viços auxiliares, representando
bunais de Contas; diretamente ao Conselho Nacio-
Art. 130-A. O Conselho Nacional III – receber e conhecer das nal do Ministério Público.
do Ministério Público compõe-se reclamações contra membros
de quatorze membros nomeados ou órgãos do Ministério Público
pelo Presidente da República, da União ou dos Estados, inclu-
Seção II – Da Advocacia
depois de aprovada a escolha sive contra seus serviços auxi- Pública
pela maioria absoluta do Sena- liares, sem prejuízo da compe-
do Federal, para um mandato de tência disciplinar e correicional Art. 131. A Advocacia-Geral da
dois anos, admitida uma recon- da instituição, podendo avocar União é a instituição que, direta-
dução, sendo: processos disciplinares em cur- mente ou através de órgão vincu-
I – o Procurador-Geral da Re- so, determinar a remoção ou a lado, representa a União, judicial
pública, que o preside; disponibilidade e aplicar outras e extrajudicialmente, cabendo-
II – quatro membros do Mi- sanções administrativas, asse- -lhe, nos termos da lei comple-
nistério Público da União, asse- gurada ampla defesa; mentar que dispuser sobre sua
gurada a representação de cada IV – rever, de ofício ou me- organização e funcionamento,
uma de suas carreiras; diante provocação, os proces- as atividades de consultoria e
III – três membros do Minis- sos disciplinares de membros assessoramento jurídico do Po-
tério Público dos Estados; do Ministério Público da União ou der Executivo.
IV – dois juízes, indicados um dos Estados julgados há menos § 1o A Advocacia-Geral da
pelo Supremo Tribunal Federal de um ano; União tem por chefe o Advoga-
e outro pelo Superior Tribunal V – elaborar relatório anual, do-Geral da União, de livre nome-
de Justiça; propondo as providências que ação pelo Presidente da República
V – dois advogados, indicados julgar necessárias sobre a situ- dentre cidadãos maiores de trinta
pelo Conselho Federal da Ordem ação do Ministério Público no e cinco anos, de notável saber ju-
dos Advogados do Brasil; País e as atividades do Conselho, rídico e reputação ilibada.
VI – dois cidadãos de notável o qual deve integrar a mensagem § 2o O ingresso nas classes
saber jurídico e reputação ilibada, prevista no art. 84, XI. iniciais das carreiras da institui-
indicados um pela Câmara dos § 3o O Conselho escolherá, ção de que trata este artigo far-
Deputados e outro pelo Senado em votação secreta, um Corre- -se-á mediante concurso público
Federal. gedor nacional, dentre os mem- de provas e títulos.
§ 1o Os membros do Conselho bros do Ministério Público que o § 3o Na execução da dívida
oriundos do Ministério Público integram, vedada a recondução, ativa de natureza tributária, a
serão indicados pelos respecti- competindo-lhe, além das atri- representação da União cabe à
vos Ministérios Públicos, na for- buições que lhe forem conferidas Procuradoria-Geral da Fazenda
ma da lei. pela lei, as seguintes: Nacional, observado o disposto
§ 2o Compete ao Conselho I – receber reclamações e de- em lei.
Nacional do Ministério Público núncias, de qualquer interessado,
o controle da atuação adminis- relativas aos membros do Minis- Art. 132. Os Procuradores dos
trativa e financeira do Ministé- tério Público e dos seus serviços Estados e do Distrito Federal, or-
rio Público e do cumprimento auxiliares; ganizados em carreira, na qual o
dos deveres funcionais de seus II – exercer funções execu- ingresso dependerá de concurso
membros, cabendo-lhe: tivas do Conselho, de inspeção público de provas e títulos, com a
I – zelar pela autonomia fun- e correição geral; participação da Ordem dos Advo-
cional e administrativa do Minis- III – requisitar e designar gados do Brasil em todas as suas
tério Público, podendo expedir membros do Ministério Público, fases, exercerão a representação
atos regulamentares, no âmbito delegando-lhes atribuições, e re- judicial e a consultoria jurídica das
de sua competência, ou reco- quisitar servidores de órgãos do respectivas unidades federadas.
mendar providências; Ministério Público. Parágrafo único. Aos pro-
II – zelar pela observância § 4o O Presidente do Conse- curadores referidos neste artigo
do art. 37 e apreciar, de ofício lho Federal da Ordem dos Advo- é assegurada estabilidade após
ou mediante provocação, a le- gados do Brasil oficiará junto ao três anos de efetivo exercício,
galidade dos atos administrati- Conselho. mediante avaliação de desempe-
vos praticados por membros ou § 5o Leis da União e dos Es- nho perante os órgãos próprios,
órgãos do Ministério Público da tados criarão ouvidorias do Minis- após relatório circunstanciado
União e dos Estados, podendo tério Público, competentes para das corregedorias.
desconstituí-los, revê-los ou fi- receber reclamações e denúncias
xar prazo para que se adotem de qualquer interessado contra
as providências necessárias ao membros ou órgãos do Ministério

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Constituição da República Federativa do Brasil
Seção III – Da Advocacia nas Seções II e III deste Capítulo juiz competente, que a relaxa-
serão remunerados na forma do rá, se não for legal, facultado ao
Art. 133. O advogado é indispen- art. 39, § 4o. preso requerer exame de corpo
sável à administração da justiça, de delito à autoridade policial;
sendo inviolável por seus atos e II – a comunicação será
manifestações no exercício da TÍTULO V – DA acompanhada de declaração,
profissão, nos limites da lei. DEFESA DO ESTADO pela autoridade, do estado físico
E DAS INSTITUIÇÕES e mental do detido no momento
DEMOCRÁTICAS de sua autuação;
Seção IV – Da Defensoria III – a prisão ou detenção de
Pública CAPÍTULO I – DO ESTADO qualquer pessoa não poderá ser
DE DEFESA E DO ESTADO superior a dez dias, salvo quando
Art. 134. A Defensoria Pública é DE SÍTIO autorizada pelo Poder Judiciário;
instituição permanente, essencial IV – é vedada a incomunica-
à função jurisdicional do Estado, Seção I – Do Estado de bilidade do preso.
incumbindo-lhe, como expressão Defesa § 4o Decretado o estado de
e instrumento do regime demo- defesa ou sua prorrogação, o Pre-
crático, fundamentalmente, a Art. 136. O Presidente da Repú- sidente da República, dentro de
orientação jurídica, a promoção blica pode, ouvidos o Conselho vinte e quatro horas, submeterá
dos direitos humanos e a defesa, da República e o Conselho de o ato com a respectiva justifica-
em todos os graus, judicial e ex- Defesa Nacional, decretar esta- ção ao Congresso Nacional, que
trajudicial, dos direitos individu- do de defesa para preservar ou decidirá por maioria absoluta.
ais e coletivos, de forma integral prontamente restabelecer, em § 5o Se o Congresso Nacional
e gratuita, aos necessitados, na locais restritos e determinados, estiver em recesso, será convo-
forma do inciso LXXIV do art. 5o a ordem pública ou a paz social cado, extraordinariamente, no
desta Constituição Federal. ameaçadas por grave e iminente prazo de cinco dias.
§ 1o Lei complementar or- instabilidade institucional ou atin- § 6o O Congresso Nacional
ganizará a Defensoria Pública da gidas por calamidades de grandes apreciará o decreto dentro de
União e do Distrito Federal e dos proporções na natureza. dez dias contados de seu recebi-
Territórios e prescreverá normas § 1o O decreto que instituir o mento, devendo continuar funcio-
gerais para sua organização nos estado de defesa determinará o nando enquanto vigorar o estado
Estados, em cargos de carreira, tempo de sua duração, especifi- de defesa.
providos, na classe inicial, me- cará as áreas a serem abrangidas § 7o Rejeitado o decreto,
diante concurso público de pro- e indicará, nos termos e limites cessa imediatamente o estado
vas e títulos, assegurada a seus da lei, as medidas coercitivas a de defesa.
integrantes a garantia da inamo- vigorarem, dentre as seguintes:
vibilidade e vedado o exercício da I – restrições aos direitos de:
advocacia fora das atribuições a) reunião, ainda que exer-
Seção II – Do Estado de Sítio
institucionais. cida no seio das associações;
§ 2o Às Defensorias Públicas b) sigilo de correspondência; Art. 137. O Presidente da Repú-
Estaduais são asseguradas auto- c) sigilo de comunicação te- blica pode, ouvidos o Conselho da
nomia funcional e administrativa legráfica e telefônica; República e o Conselho de Defesa
e a iniciativa de sua proposta II – ocupação e uso temporá- Nacional, solicitar ao Congresso
orçamentária dentro dos limites rio de bens e serviços públicos, na Nacional autorização para decre-
estabelecidos na lei de diretrizes hipótese de calamidade pública, tar o estado de sítio nos casos de:
orçamentárias e subordinação ao respondendo a União pelos danos I – comoção grave de reper-
disposto no art. 99, § 2o. e custos decorrentes. cussão nacional ou ocorrência de
§ 3o Aplica-se o disposto no § 2o O tempo de duração do fatos que comprovem a ineficá-
§ 2o às Defensorias Públicas da estado de defesa não será su- cia de medida tomada durante o
União e do Distrito Federal. perior a trinta dias, podendo ser estado de defesa;
§ 4o São princípios institu- prorrogado uma vez, por igual II – declaração de estado de
cionais da Defensoria Pública a período, se persistirem as ra- guerra ou resposta a agressão
unidade, a indivisibilidade e a in- zões que justificaram a sua de- armada estrangeira.
dependência funcional, aplican- cretação. Parágrafo único. O Presiden-
do-se também, no que couber, o § 3o Na vigência do estado te da República, ao solicitar auto-
disposto no art. 93 e no inciso II do de defesa: rização para decretar o estado de
art. 96 desta Constituição Federal. I – a prisão por crime contra sítio ou sua prorrogação, relatará
o Estado, determinada pelo exe- os motivos determinantes do pe-
Art. 135. Os servidores integran- cutor da medida, será por este dido, devendo o Congresso Nacio-
tes das carreiras disciplinadas comunicada imediatamente ao nal decidir por maioria absoluta.

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Constituição da República Federativa do Brasil
Art. 138. O decreto do estado Seção III – Disposições rogativas, direitos e deveres a
de sítio indicará sua duração, as Gerais elas inerentes, são conferidas
normas necessárias a sua execu- pelo Presidente da República e
ção e as garantias constitucionais Art. 140. A Mesa do Congresso asseguradas em plenitude aos
que ficarão suspensas, e, depois Nacional, ouvidos os líderes parti- oficiais da ativa, da reserva ou
de publicado, o Presidente da Re- dários, designará Comissão com- reformados, sendo-lhes privati-
pública designará o executor das posta de cinco de seus membros vos os títulos e postos militares
medidas específicas e as áreas para acompanhar e fiscalizar a e, juntamente com os demais
abrangidas. execução das medidas referentes membros, o uso dos uniformes
§ 1o O estado de sítio, no caso ao estado de defesa e ao estado das Forças Armadas;
do art. 137, I, não poderá ser de- de sítio. II – o militar em atividade que
cretado por mais de trinta dias, tomar posse em cargo ou em-
nem prorrogado, de cada vez, por Art. 141. Cessado o estado de prego público civil permanente,
prazo superior; no do inciso II, defesa ou o estado de sítio, ces- ressalvada a hipótese prevista no
poderá ser decretado por todo o sarão também seus efeitos, sem art. 37, inciso XVI, alínea “c”, será
tempo que perdurar a guerra ou prejuízo da responsabilidade pe- transferido para a reserva, nos
a agressão armada estrangeira. los ilícitos cometidos por seus termos da lei;
§ 2o Solicitada autorização executores ou agentes. III – o militar da ativa que, de
para decretar o estado de sítio Parágrafo único. Logo que acordo com a lei, tomar posse em
durante o recesso parlamentar, cesse o estado de defesa ou o cargo, emprego ou função pública
o Presidente do Senado Federal, estado de sítio, as medidas apli- civil temporária, não eletiva, ain-
de imediato, convocará extraor- cadas em sua vigência serão re- da que da administração indireta,
dinariamente o Congresso Na- latadas pelo Presidente da Repú- ressalvada a hipótese prevista no
cional para se reunir dentro de blica, em mensagem ao Congres- art. 37, inciso XVI, alínea “c”, fica-
cinco dias, a fim de apreciar o ato. so Nacional, com especificação rá agregado ao respectivo qua-
§ 3o O Congresso Nacional e justificação das providências dro e somente poderá, enquanto
permanecerá em funcionamen- adotadas, com relação nominal permanecer nessa situação, ser
to até o término das medidas dos atingidos e indicação das promovido por antiguidade, con-
coercitivas. restrições aplicadas. tando-se-lhe o tempo de serviço
apenas para aquela promoção
Art. 139. Na vigência do estado e transferência para a reserva,
de sítio decretado com funda- CAPÍTULO II – DAS FORÇAS sendo depois de dois anos de
mento no art. 137, I, só poderão ARMADAS afastamento, contínuos ou não,
ser tomadas contra as pessoas transferido para a reserva, nos
as seguintes medidas: Art. 142. As Forças Armadas, termos da lei;
I – obrigação de permanência constituídas pela Marinha, pelo IV – ao militar são proibidas a
em localidade determinada; Exército e pela Aeronáutica, são sindicalização e a greve;
II – detenção em edifício não instituições nacionais permanen- V – o militar, enquanto em
destinado a acusados ou conde- tes e regulares, organizadas com serviço ativo, não pode estar fi-
nados por crimes comuns; base na hierarquia e na disciplina, liado a partidos políticos;
III – restrições relativas à in- sob a autoridade suprema do Pre- VI – o oficial só perderá o
violabilidade da correspondên- sidente da República, e destinam- posto e a patente se for julga-
cia, ao sigilo das comunicações, -se à defesa da Pátria, à garantia do indigno do oficialato ou com
à prestação de informações e à dos poderes constitucionais e, ele incompatível, por decisão de
liberdade de imprensa, radiodifu- por iniciativa de qualquer destes, tribunal militar de caráter per-
são e televisão, na forma da lei; da lei e da ordem. manente, em tempo de paz, ou
IV – suspensão da liberdade § 1o Lei complementar es- de tribunal especial, em tempo
de reunião; tabelecerá as normas gerais a de guerra;
V – busca e apreensão em serem adotadas na organização, VII – o oficial condenado na
domicílio; no preparo e no emprego das justiça comum ou militar a pena
VI – intervenção nas empre- Forças Armadas. privativa de liberdade superior a
sas de serviços públicos; § 2o Não caberá habeas cor- dois anos, por sentença transi-
VII – requisição de bens. pus em relação a punições disci- tada em julgado, será submetido
Parágrafo único. Não se in- plinares militares. ao julgamento previsto no inciso
clui nas restrições do inciso III a § 3o Os membros das Forças anterior;
difusão de pronunciamentos de Armadas são denominados milita- VIII – aplica-se aos militares
parlamentares efetuados em suas res, aplicando-se-lhes, além das o disposto no art. 7o, incisos VIII,
Casas Legislativas, desde que que vierem a ser fixadas em lei, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no
liberada pela respectiva Mesa. as seguintes disposições: art. 37, incisos XI, XIII, XIV e XV,
I – as patentes, com prer- bem como, na forma da lei e com

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Constituição da República Federativa do Brasil
prevalência da atividade militar, contra a ordem política e social as polícias penais estaduais e
no art. 37, inciso XVI, alínea “c”; ou em detrimento de bens, ser- distrital, aos Governadores dos
IX – (Revogado); viços e interesses da União ou Estados, do Distrito Federal e
X – a lei disporá sobre o in- de suas entidades autárquicas e dos Territórios.
gresso nas Forças Armadas, os empresas públicas, assim como § 7o A lei disciplinará a or-
limites de idade, a estabilidade outras infrações cuja prática te- ganização e o funcionamento
e outras condições de transfe- nha repercussão interestadual ou dos órgãos responsáveis pela
rência do militar para a inativi- internacional e exija repressão segurança pública, de maneira
dade, os direitos, os deveres, a uniforme, segundo se dispuser a garantir a eficiência de suas
remuneração, as prerrogativas em lei; atividades.
e outras situações especiais dos II – prevenir e reprimir o trá- § 8o Os Municípios poderão
militares, consideradas as pe- fico ilícito de entorpecentes e constituir guardas municipais
culiaridades de suas atividades, drogas afins, o contrabando e o destinadas à proteção de seus
inclusive aquelas cumpridas por descaminho, sem prejuízo da ação bens, serviços e instalações, con-
força de compromissos interna- fazendária e de outros órgãos forme dispuser a lei.
cionais e de guerra. públicos nas respectivas áreas § 9o A remuneração dos ser-
de competência; vidores policiais integrantes dos
Art. 143. O serviço militar é obri- III – exercer as funções de órgãos relacionados neste arti-
gatório nos termos da lei. polícia marítima, aeroportuária go será fixada na forma do § 4o
§ 1o Às Forças Armadas com- e de fronteiras; do art. 39.
pete, na forma da lei, atribuir ser- IV – exercer, com exclusivida- § 10. A segurança viária,
viço alternativo aos que, em tem- de, as funções de polícia judiciária exercida para a preservação da
po de paz, após alistados, alega- da União. ordem pública e da incolumidade
rem imperativo de consciência, § 2o A polícia rodoviária fede- das pessoas e do seu patrimônio
entendendo-se como tal o de- ral, órgão permanente, organiza- nas vias públicas:
corrente de crença religiosa e de do e mantido pela União e estru- I – compreende a educação,
convicção filosófica ou política, turado em carreira, destina-se, na engenharia e fiscalização de trân-
para se eximirem de atividades de forma da lei, ao patrulhamento sito, além de outras atividades
caráter essencialmente militar. ostensivo das rodovias federais. previstas em lei, que assegurem
§ 2o As mulheres e os eclesi- § 3o A polícia ferroviária fe- ao cidadão o direito à mobilidade
ásticos ficam isentos do serviço deral, órgão permanente, organi- urbana eficiente; e
militar obrigatório em tempo de zado e mantido pela União e es- II – compete, no âmbito dos
paz, sujeitos, porém, a outros truturado em carreira, destina-se, Estados, do Distrito Federal e
encargos que a lei lhes atribuir. na forma da lei, ao patrulhamento dos Municípios, aos respectivos
ostensivo das ferrovias federais. órgãos ou entidades executivos e
§ 4o Às polícias civis, dirigi- seus agentes de trânsito, estrutu-
CAPÍTULO III – DA das por delegados de polícia de rados em Carreira, na forma da lei.
SEGURANÇA PÚBLICA carreira, incumbem, ressalvada a
competência da União, as funções
Art. 144. A segurança pública, de polícia judiciária e a apuração TÍTULO VI – DA
dever do Estado, direito e respon- de infrações penais, exceto as TRIBUTAÇÃO E DO
sabilidade de todos, é exercida militares. ORÇAMENTO
para a preservação da ordem § 5o Às polícias militares ca-
pública e da incolumidade das bem a polícia ostensiva e a pre- CAPÍTULO I – DO SISTEMA
pessoas e do patrimônio, através servação da ordem pública; aos TRIBUTÁRIO NACIONAL
dos seguintes órgãos: corpos de bombeiros militares,
I – polícia federal; além das atribuições definidas Seção I – Dos Princípios
II – polícia rodoviária federal; em lei, incumbe a execução de Gerais
III – polícia ferroviária federal; atividades de defesa civil.
IV – polícias civis; § 5o-A. Às polícias penais, Art. 145. A União, os Estados, o
V – polícias militares e corpos vinculadas ao órgão administra- Distrito Federal e os Municípios
de bombeiros militares; dor do sistema penal da unidade poderão instituir os seguintes
VI – polícias penais federal, federativa a que pertencem, cabe tributos:
estaduais e distrital. a segurança dos estabelecimen- I – impostos;
§ 1o A polícia federal, insti- tos penais. II – taxas, em razão do exer-
tuída por lei como órgão perma- § 6o As polícias militares e cício do poder de polícia ou pela
nente, organizado e mantido pela os corpos de bombeiros milita- utilização, efetiva ou potencial,
União e estruturado em carreira, res, forças auxiliares e reserva de serviços públicos específicos
destina-se a: do Exército subordinam-se, jun- e divisíveis, prestados ao contri-
I – apurar infrações penais tamente com as polícias civis e buinte ou postos a sua disposição;

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Constituição da República Federativa do Brasil
III – contribuição de melhoria, vado que: de sua atuação nas respectivas
decorrente de obras públicas. I – será opcional para o con- áreas, observado o disposto nos
§ 1o Sempre que possível, os tribuinte; arts. 146, III, e 150, I e III, e sem
impostos terão caráter pessoal e II – poderão ser estabelecidas prejuízo do previsto no art. 195,
serão graduados segundo a ca- condições de enquadramento di- § 6o, relativamente às contribui-
pacidade econômica do contri- ferenciadas por Estado; ções a que alude o dispositivo.
buinte, facultado à administração III – o recolhimento será uni- § 1o A União, os Estados, o
tributária, especialmente para ficado e centralizado e a distri- Distrito Federal e os Municípios
conferir efetividade a esses ob- buição da parcela de recursos instituirão, por meio de lei, con-
jetivos, identificar, respeitados os pertencentes aos respectivos tribuições para custeio de regime
direitos individuais e nos termos entes federados será imediata, próprio de previdência social, co-
da lei, o patrimônio, os rendimen- vedada qualquer retenção ou con- bradas dos servidores ativos, dos
tos e as atividades econômicas dicionamento; aposentados e dos pensionistas,
do contribuinte. IV – a arrecadação, a fiscali- que poderão ter alíquotas pro-
§ 2o As taxas não poderão zação e a cobrança poderão ser gressivas de acordo com o valor
ter base de cálculo própria de compartilhadas pelos entes fede- da base de contribuição ou dos
impostos. rados, adotado cadastro nacional proventos de aposentadoria e
único de contribuintes. de pensões.
Art. 146. Cabe à lei comple- § 1o-A. Quando houver deficit
mentar: Art. 146-A. Lei complementar atuarial, a contribuição ordinária
I – dispor sobre conflitos de poderá estabelecer critérios es- dos aposentados e pensionistas
competência, em matéria tribu- peciais de tributação, com o ob- poderá incidir sobre o valor dos
tária, entre a União, os Estados, jetivo de prevenir desequilíbrios proventos de aposentadoria e
o Distrito Federal e os Municípios; da concorrência, sem prejuízo de pensões que supere o salário
II – regular as limitações da competência de a União, por mínimo.
constitucionais ao poder de tri- lei, estabelecer normas de igual § 1o-B. Demonstrada a insu-
butar; objetivo. ficiência da medida prevista no
III – estabelecer normas ge- § 1o-A para equacionar o deficit
rais em matéria de legislação Art. 147. Competem à União, atuarial, é facultada a instituição
tributária, especialmente sobre: em Território Federal, os impos- de contribuição extraordinária, no
a) definição de tributos e de tos estaduais e, se o Território âmbito da União, dos servidores
suas espécies, bem como, em re- não for dividido em Municípios, públicos ativos, dos aposentados
lação aos impostos discriminados cumulativamente, os impostos e dos pensionistas.
nesta Constituição, a dos respec- municipais; ao Distrito Federal § 1o-C. A contribuição extra-
tivos fatos geradores, bases de cabem os impostos municipais. ordinária de que trata o § 1o-B
cálculo e contribuintes; deverá ser instituída simulta-
b) obrigação, lançamento, Art. 148. A União, mediante lei neamente com outras medidas
crédito, prescrição e decadência complementar, poderá instituir para equacionamento do deficit
tributários; empréstimos compulsórios: e vigorará por período determi-
c) adequado tratamento tri- I – para atender a despesas nado, contado da data de sua
butário ao ato cooperativo pra- extraordinárias, decorrentes de instituição.
ticado pelas sociedades coope- calamidade pública, de guerra § 2o As contribuições sociais
rativas; externa ou sua iminência; e de intervenção no domínio eco-
d) definição de tratamento II – no caso de investimen- nômico de que trata o caput des-
diferenciado e favorecido para as to público de caráter urgente e te artigo:
microempresas e para as empre- de relevante interesse nacional, I – não incidirão sobre as re-
sas de pequeno porte, inclusive observado o disposto no art. 150, ceitas decorrentes de exporta-
regimes especiais ou simplifica- III, “b”. ção;
dos no caso do imposto previsto Parágrafo único. A aplicação II – incidirão também sobre a
no art. 155, II, das contribuições dos recursos provenientes de importação de produtos estran-
previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, empréstimo compulsório será geiros ou serviços;
e da contribuição a que se refere vinculada à despesa que funda- III – poderão ter alíquotas:
o art. 239. mentou sua instituição. a) ad valorem, tendo por base
Parágrafo único. A lei com- o faturamento, a receita bruta ou
plementar de que trata o inciso Art. 149. Compete exclusiva- o valor da operação e, no caso de
III, “d”, também poderá instituir mente à União instituir contribui- importação, o valor aduaneiro;
um regime único de arrecadação ções sociais, de intervenção no b) específica, tendo por base
dos impostos e contribuições da domínio econômico e de interesse a unidade de medida adotada.
União, dos Estados, do Distrito das categorias profissionais ou § 3o A pessoa natural des-
Federal e dos Municípios, obser- econômicas, como instrumento tinatária das operações de im-

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Constituição da República Federativa do Brasil
portação poderá ser equiparada VI – instituir impostos sobre: trimônio, a renda e os serviços,
a pessoa jurídica, na forma da lei. a) patrimônio, renda ou ser- relacionados com as finalidades
§ 4o A lei definirá as hipó- viços, uns dos outros; essenciais das entidades nelas
teses em que as contribuições b) templos de qualquer culto; mencionadas.
incidirão uma única vez. c) patrimônio, renda ou ser- § 5o A lei determinará me-
viços dos partidos políticos, inclu- didas para que os consumido-
Art. 149-A. Os Municípios e o sive suas fundações, das entida- res sejam esclarecidos acerca
Distrito Federal poderão instituir des sindicais dos trabalhadores, dos impostos que incidam sobre
contribuição, na forma das res- das instituições de educação e mercadorias e serviços.
pectivas leis, para o custeio do de assistência social, sem fins § 6o Qualquer subsídio ou
serviço de iluminação pública, lucrativos, atendidos os requi- isenção, redução de base de
observado o disposto no art. 150, sitos da lei; cálculo, concessão de crédito
I e III. d) livros, jornais, periódicos presumido, anistia ou remissão,
Parágrafo único. É faculta- e o papel destinado a sua im- relativos a impostos, taxas ou
da a cobrança da contribuição a pressão; contribuições, só poderá ser con-
que se refere o caput, na fatura e) fonogramas e videofono- cedido mediante lei específica,
de consumo de energia elétrica. gramas musicais produzidos no federal, estadual ou municipal,
Brasil contendo obras musicais ou que regule exclusivamente as
literomusicais de autores brasi- matérias acima enumeradas ou o
Seção II – Das Limitações do leiros e/ou obras em geral inter- correspondente tributo ou contri-
Poder de Tributar pretadas por artistas brasileiros buição, sem prejuízo do disposto
bem como os suportes materiais no art. 155, § 2o, XII, “g”.
Art. 150. Sem prejuízo de ou- ou arquivos digitais que os conte- § 7o A lei poderá atribuir a
tras garantias asseguradas ao nham, salvo na etapa de replica- sujeito passivo de obrigação tri-
contribuinte, é vedado à União, ção industrial de mídias ópticas butária a condição de responsável
aos Estados, ao Distrito Federal de leitura a laser. pelo pagamento de imposto ou
e aos Municípios: § 1o A vedação do inciso III, contribuição, cujo fato gerador
I – exigir ou aumentar tributo “b”, não se aplica aos tributos pre- deva ocorrer posteriormente, as-
sem lei que o estabeleça; vistos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e segurada a imediata e preferen-
II – instituir tratamento desi- V; e 154, II; e a vedação do inciso cial restituição da quantia paga,
gual entre contribuintes que se III, “c”, não se aplica aos tributos caso não se realize o fato gerador
encontrem em situação equiva- previstos nos arts. 148, I, 153, I, presumido.
lente, proibida qualquer distinção II, III e V; e 154, II, nem à fixação
em razão de ocupação profissio- da base de cálculo dos impostos Art. 151. É vedado à União:
nal ou função por eles exercida, previstos nos arts. 155, III, e 156, I. I – instituir tributo que não
independentemente da denomi- § 2o A vedação do inciso VI, seja uniforme em todo o território
nação jurídica dos rendimentos, “a”, é extensiva às autarquias e nacional ou que implique distin-
títulos ou direitos; às fundações instituídas e man- ção ou preferência em relação
III – cobrar tributos: tidas pelo Poder Público, no que a Estado, ao Distrito Federal ou
a) em relação a fatos gera- se refere ao patrimônio, à renda a Município, em detrimento de
dores ocorridos antes do início e aos serviços, vinculados a suas outro, admitida a concessão de
da vigência da lei que os houver finalidades essenciais ou às delas incentivos fiscais destinados a
instituído ou aumentado; decorrentes. promover o equilíbrio do desen-
b) no mesmo exercício finan- § 3o As vedações do inciso volvimento socioeconômico entre
ceiro em que haja sido publicada VI, “a”, e do parágrafo anterior as diferentes regiões do País;
a lei que os instituiu ou aumentou; não se aplicam ao patrimônio, à II – tributar a renda das obri-
c) antes de decorridos no- renda e aos serviços, relaciona- gações da dívida pública dos Es-
venta dias da data em que haja dos com exploração de ativida- tados, do Distrito Federal e dos
sido publicada a lei que os insti- des econômicas regidas pelas Municípios, bem como a remune-
tuiu ou aumentou, observado o normas aplicáveis a empreendi- ração e os proventos dos respec-
disposto na alínea “b”; mentos privados, ou em que haja tivos agentes públicos, em níveis
IV – utilizar tributo com efeito contraprestação ou pagamento superiores aos que fixar para suas
de confisco; de preços ou tarifas pelo usuá- obrigações e para seus agentes;
V – estabelecer limitações ao rio, nem exoneram o promiten- III – instituir isenções de tri-
tráfego de pessoas ou bens, por te comprador da obrigação de butos da competência dos Es-
meio de tributos interestaduais pagar imposto relativamente ao tados, do Distrito Federal ou dos
ou intermunicipais, ressalvada a bem imóvel. Municípios.
cobrança de pedágio pela utili- § 4o As vedações expres-
zação de vias conservadas pelo sas no inciso VI, alíneas “b” e “c”, Art. 152. É vedado aos Estados,
Poder Público; compreendem somente o pa- ao Distrito Federal e aos Municí-

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Constituição da República Federativa do Brasil
pios estabelecer diferença tri- II – não incidirá sobre peque- iniciem no exterior;
butária entre bens e serviços, nas glebas rurais, definidas em lei, III – propriedade de veículos
de qualquer natureza, em razão quando as explore o proprietário automotores.
de sua procedência ou destino. que não possua outro imóvel; § 1o O imposto previsto no
III – será fiscalizado e cobra- inciso I:
do pelos Municípios que assim I – relativamente a bens imó-
Seção III – Dos Impostos da optarem, na forma da lei, desde veis e respectivos direitos, com-
União que não implique redução do im- pete ao Estado da situação do
posto ou qualquer outra forma de bem, ou ao Distrito Federal;
Art. 153. Compete à União ins- renúncia fiscal. II – relativamente a bens mó-
tituir impostos sobre: § 5o O ouro, quando definido veis, títulos e créditos, compete
I – importação de produtos em lei como ativo financeiro ou ao Estado onde se processar o
estrangeiros; instrumento cambial, sujeita-se inventário ou arrolamento, ou
II – exportação, para o exte- exclusivamente à incidência do tiver domicílio o doador, ou ao
rior, de produtos nacionais ou imposto de que trata o inciso V Distrito Federal;
nacionalizados; do caput deste artigo, devido na III – terá a competência para
III – renda e proventos de operação de origem; a alíquota sua instituição regulada por lei
qualquer natureza; mínima será de um por cento, complementar:
IV – produtos industrializados; assegurada a transferência do a) se o doador tiver domicílio
V – operações de crédito, montante da arrecadação nos ou residência no exterior;
câmbio e seguro, ou relativas seguintes termos: b) se o de cujus possuía bens,
a títulos ou valores mobiliários; I – trinta por cento para o era residente ou domiciliado ou
VI – propriedade territorial Estado, o Distrito Federal ou o teve o seu inventário processado
rural; Território, conforme a origem; no exterior;
VII – grandes fortunas, nos II – setenta por cento para o IV – terá suas alíquotas máxi-
termos de lei complementar. Município de origem. mas fixadas pelo Senado Federal.
§ 1o É facultado ao Poder § 2o O imposto previsto no
Executivo, atendidas as condi- Art. 154. A União poderá ins- inciso II atenderá ao seguinte:
ções e os limites estabelecidos tituir: I – será não cumulativo, com-
em lei, alterar as alíquotas dos I – mediante lei complemen- pensando-se o que for devido em
impostos enumerados nos inci- tar, impostos não previstos no cada operação relativa à circula-
sos I, II, IV e V. artigo anterior, desde que sejam ção de mercadorias ou prestação
§ 2o O imposto previsto no não cumulativos e não tenham de serviços com o montante co-
inciso III: fato gerador ou base de cálculo brado nas anteriores pelo mesmo
I – será informado pelos cri- próprios dos discriminados nesta ou outro Estado ou pelo Distrito
térios da generalidade, da univer- Constituição; Federal;
salidade e da progressividade, na II – na iminência ou no caso de II – a isenção ou não inci-
forma da lei; guerra externa, impostos extraor- dência, salvo determinação em
II – (Revogado). dinários, compreendidos ou não contrário da legislação:
§ 3o O imposto previsto no em sua competência tributária, a) não implicará crédito para
inciso IV: os quais serão suprimidos, gra- compensação com o montante
I – será seletivo, em função dativamente, cessadas as causas devido nas operações ou pres-
da essencialidade do produto; de sua criação. tações seguintes;
II – será não cumulativo, com- b) acarretará a anulação do
pensando-se o que for devido em crédito relativo às operações an-
cada operação com o montante
Seção IV – Dos Impostos dos teriores;
cobrado nas anteriores; Estados e do Distrito Federal III – poderá ser seletivo, em
III – não incidirá sobre produ- função da essencialidade das
tos industrializados destinados Art. 155. Compete aos Estados mercadorias e dos serviços;
ao exterior; e ao Distrito Federal instituir im- IV – resolução do Senado Fe-
IV – terá reduzido seu impacto postos sobre: deral, de iniciativa do Presidente
sobre a aquisição de bens de ca- I – transmissão causa mortis da República ou de um terço dos
pital pelo contribuinte do imposto, e doação, de quaisquer bens ou Senadores, aprovada pela maio-
na forma da lei. direitos; ria absoluta de seus membros,
§ 4o O imposto previsto no II – operações relativas à cir- estabelecerá as alíquotas aplicá-
inciso VI do caput: culação de mercadorias e sobre veis às operações e prestações,
I – será progressivo e terá prestações de serviços de trans- interestaduais e de exportação;
suas alíquotas fixadas de forma porte interestadual e intermunici- V – é facultado ao Senado
a desestimular a manutenção de pal e de comunicação, ainda que Federal:
propriedades improdutivas; as operações e as prestações se a) estabelecer alíquotas mí-

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Constituição da República Federativa do Brasil
nimas nas operações internas, rem fornecidas com serviços não h) definir os combustíveis
mediante resolução de iniciati- compreendidos na competência e lubrificantes sobre os quais o
va de um terço e aprovada pela tributária dos Municípios; imposto incidirá uma única vez,
maioria absoluta de seus mem- X – não incidirá: qualquer que seja a sua finalidade,
bros; a) sobre operações que des- hipótese em que não se aplicará
b) fixar alíquotas máximas tinem mercadorias para o exte- o disposto no inciso X, “b”;
nas mesmas operações para re- rior, nem sobre serviços presta- i) fixar a base de cálculo, de
solver conflito específico que en- dos a destinatários no exterior, modo que o montante do imposto
volva interesse de Estados, me- assegurada a manutenção e o a integre, também na importação
diante resolução de iniciativa da aproveitamento do montante do do exterior de bem, mercadoria
maioria absoluta e aprovada por imposto cobrado nas operações ou serviço.
dois terços de seus membros; e prestações anteriores; § 3o À exceção dos impos-
VI – salvo deliberação em con- b) sobre operações que des- tos de que tratam o inciso II do
trário dos Estados e do Distrito tinem a outros Estados petróleo, caput deste artigo e o art. 153, I e
Federal, nos termos do disposto inclusive lubrificantes, combustí- II, nenhum outro imposto poderá
no inciso XII, “g”, as alíquotas in- veis líquidos e gasosos dele deri- incidir sobre operações relativas
ternas, nas operações relativas à vados, e energia elétrica; a energia elétrica, serviços de
circulação de mercadorias e nas c) sobre o ouro, nas hipó- telecomunicações, derivados de
prestações de serviços, não po- teses definidas no art. 153, § 5o; petróleo, combustíveis e minerais
derão ser inferiores às previstas d) nas prestações de servi- do País.
para as operações interestaduais; ço de comunicação nas modali- § 4o Na hipótese do inciso
VII – nas operações e presta- dades de radiodifusão sonora e XII, “h”, observar-se-á o seguinte:
ções que destinem bens e servi- de sons e imagens de recepção I – nas operações com os lu-
ços a consumidor final, contri- livre e gratuita; brificantes e combustíveis de-
buinte ou não do imposto, loca- XI – não compreenderá, em rivados de petróleo, o imposto
lizado em outro Estado, adotar- sua base de cálculo, o montante caberá ao Estado onde ocorrer
-se-á a alíquota interestadual e do imposto sobre produtos indus- o consumo;
caberá ao Estado de localização trializados, quando a operação, II – nas operações interesta-
do destinatário o imposto cor- realizada entre contribuintes e duais, entre contribuintes, com
respondente à diferença entre a relativa a produto destinado à gás natural e seus derivados, e
alíquota interna do Estado desti- industrialização ou à comercia- lubrificantes e combustíveis não
natário e a alíquota interestadual; lização, configure fato gerador incluídos no inciso I deste pará-
a) (Revogada); dos dois impostos; grafo, o imposto será repartido
b) (Revogada); XII – cabe à lei complementar: entre os Estados de origem e de
VIII – a responsabilidade pelo a) definir seus contribuintes; destino, mantendo-se a mesma
recolhimento do imposto cor- b) dispor sobre substituição proporcionalidade que ocorre nas
respondente à diferença entre a tributária; operações com as demais mer-
alíquota interna e a interestadu- c) disciplinar o regime de cadorias;
al de que trata o inciso VII será compensação do imposto; III – nas operações interes-
atribuída: d) fixar, para efeito de sua taduais com gás natural e seus
a) ao destinatário, quando cobrança e definição do estabele- derivados, e lubrificantes e com-
este for contribuinte do imposto; cimento responsável, o local das bustíveis não incluídos no inciso I
b) ao remetente, quando o operações relativas à circulação deste parágrafo, destinadas a não
destinatário não for contribuinte de mercadorias e das prestações contribuinte, o imposto caberá ao
do imposto; de serviços; Estado de origem;
IX – incidirá também: e) excluir da incidência do IV – as alíquotas do imposto
a) sobre a entrada de bem ou imposto, nas exportações para serão definidas mediante deli-
mercadoria importados do exte- o exterior, serviços e outros pro- beração dos Estados e Distrito
rior por pessoa física ou jurídica, dutos além dos mencionados no Federal, nos termos do § 2o, XII,
ainda que não seja contribuinte inciso X, “a”; “g”, observando-se o seguinte:
habitual do imposto, qualquer f) prever casos de manuten- a) serão uniformes em todo
que seja a sua finalidade, assim ção de crédito, relativamente à o território nacional, podendo ser
como sobre o serviço prestado remessa para outro Estado e ex- diferenciadas por produto;
no exterior, cabendo o imposto portação para o exterior, de ser- b) poderão ser específicas,
ao Estado onde estiver situado o viços e de mercadorias; por unidade de medida adotada,
domicílio ou o estabelecimento do g) regular a forma como, me- ou ad valorem, incidindo sobre
destinatário da mercadoria, bem diante deliberação dos Estados o valor da operação ou sobre o
ou serviço; e do Distrito Federal, isenções, preço que o produto ou seu simi-
b) sobre o valor total da ope- incentivos e benefícios fiscais lar alcançaria em uma venda em
ração, quando mercadorias fo- serão concedidos e revogados; condições de livre concorrência;

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Constituição da República Federativa do Brasil
c) poderão ser reduzidas e missão de bens ou direitos incor- produto da arrecadação do im-
restabelecidas, não se lhes apli- porados ao patrimônio de pessoa posto da União sobre a proprieda-
cando o disposto no art. 150, III, jurídica em realização de capital, de territorial rural, relativamente
“b”. nem sobre a transmissão de bens aos imóveis neles situados, ca-
§ 5o As regras necessárias ou direitos decorrente de fusão, bendo a totalidade na hipótese da
à aplicação do disposto no § 4o, incorporação, cisão ou extinção opção a que se refere o art. 153,
inclusive as relativas à apuração de pessoa jurídica, salvo se, nes- § 4o, III;
e à destinação do imposto, serão ses casos, a atividade preponde- III – cinquenta por cento do
estabelecidas mediante delibe- rante do adquirente for a compra produto da arrecadação do im-
ração dos Estados e do Distrito e venda desses bens ou direitos, posto do Estado sobre a proprie-
Federal, nos termos do § 2o, XII, “g”. locação de bens imóveis ou ar- dade de veículos automotores
§ 6o O imposto previsto no rendamento mercantil; licenciados em seus territórios;
inciso III: II – compete ao Município da IV – vinte e cinco por cento
I – terá alíquotas mínimas fi- situação do bem. do produto da arrecadação do
xadas pelo Senado Federal; § 3o Em relação ao imposto imposto do Estado sobre ope-
II – poderá ter alíquotas di- previsto no inciso III do caput rações relativas à circulação de
ferenciadas em função do tipo deste artigo, cabe à lei comple- mercadorias e sobre prestações
e utilização. mentar: de serviços de transporte inte-
I – fixar as suas alíquotas má- restadual e intermunicipal e de
ximas e mínimas; comunicação.
Seção V – Dos Impostos dos II – excluir da sua incidência Parágrafo único. As parcelas
Municípios exportações de serviços para o de receita pertencentes aos Mu-
exterior; nicípios, mencionadas no inciso
Art. 156. Compete aos Municí- III – regular a forma e as con- IV, serão creditadas conforme os
pios instituir impostos sobre: dições como isenções, incentivos seguintes critérios:
I – propriedade predial e ter- e benefícios fiscais serão conce- I – 65% (sessenta e cinco por
ritorial urbana; didos e revogados. cento), no mínimo, na proporção
II – transmissão inter vivos, a § 4o (Revogado) do valor adicionado nas opera-
qualquer título, por ato oneroso, ções relativas à circulação de
de bens imóveis, por natureza mercadorias e nas prestações
ou acessão física, e de direitos
Seção VI – Da Repartição das de serviços, realizadas em seus
reais sobre imóveis, exceto os Receitas Tributárias territórios;
de garantia, bem como cessão II – até 35% (trinta e cinco
de direitos a sua aquisição; Art. 157. Pertencem aos Estados por cento), de acordo com o que
III – serviços de qualquer na- e ao Distrito Federal: dispuser lei estadual, observada,
tureza, não compreendidos no I – o produto da arrecadação obrigatoriamente, a distribuição
art. 155, II, definidos em lei com- do imposto da União sobre renda de, no mínimo, 10 (dez) pontos
plementar; e proventos de qualquer natu- percentuais com base em indica-
IV – (Revogado). reza, incidente na fonte, sobre dores de melhoria nos resultados
§ 1o Sem prejuízo da progres- rendimentos pagos, a qualquer de aprendizagem e de aumento
sividade no tempo a que se refere título, por eles, suas autarquias e da equidade, considerado o nível
o art. 182, § 4o, inciso II, o imposto pelas fundações que instituírem socioeconômico dos educandos.
previsto no inciso I poderá: e mantiverem;
I – ser progressivo em razão II – vinte por cento do produto Art. 159. A União entregará:
do valor do imóvel; e da arrecadação do imposto que I – do produto da arrecada-
II – ter alíquotas diferentes a União instituir no exercício da ção dos impostos sobre renda e
de acordo com a localização e o competência que lhe é atribuída proventos de qualquer natureza e
uso do imóvel. pelo art. 154, I. sobre produtos industrializados,
§ 1o-A. O imposto previsto 50% (cinquenta por cento), da
no inciso I do caput deste artigo Art. 158. Pertencem aos Mu- seguinte forma:
não incide sobre templos de qual- nicípios: a) vinte e um inteiros e cinco
quer culto, ainda que as entidades I – o produto da arrecadação décimos por cento ao Fundo de
abrangidas pela imunidade de do imposto da União sobre renda Participação dos Estados e do
que trata a alínea “b” do inciso VI e proventos de qualquer natu- Distrito Federal;
do caput do art. 150 desta Cons- reza, incidente na fonte, sobre b) vinte e dois inteiros e cin-
tituição sejam apenas locatárias rendimentos pagos, a qualquer co décimos por cento ao Fundo
do bem imóvel. título, por eles, suas autarquias e de Participação dos Municípios;
§ 2o O imposto previsto no pelas fundações que instituírem c) três por cento, para apli-
inciso II: e mantiverem; cação em programas de finan-
I – não incide sobre a trans- II – cinquenta por cento do ciamento ao setor produtivo das

66
Constituição da República Federativa do Brasil
Regiões Norte, Nordeste e Cen- cinco por cento dos recursos que das participações previstas nos
tro-Oeste, através de suas ins- receberem nos termos do inciso arts. 157, 158 e 159.
tituições financeiras de caráter II, observados os critérios esta- Parágrafo único. O Tribunal
regional, de acordo com os planos belecidos no art. 158, parágrafo de Contas da União efetuará o
regionais de desenvolvimento, único, I e II. cálculo das quotas referentes
ficando assegurada ao semiá- § 4o Do montante de recur- aos fundos de participação a que
rido do Nordeste a metade dos sos de que trata o inciso III que alude o inciso II.
recursos destinados à Região, cabe a cada Estado, vinte e cinco
na forma que a lei estabelecer; por cento serão destinados aos Art. 162. A União, os Estados, o
d) um por cento ao Fundo seus Municípios, na forma da lei Distrito Federal e os Municípios di-
de Participação dos Municípios, a que se refere o mencionado vulgarão, até o último dia do mês
que será entregue no primeiro inciso. subsequente ao da arrecadação,
decêndio do mês de dezembro os montantes de cada um dos tri-
de cada ano; Art. 160. É vedada a retenção butos arrecadados, os recursos
e) 1% (um por cento) ao Fun- ou qualquer restrição à entrega e recebidos, os valores de origem
do de Participação dos Municí- ao emprego dos recursos atribuí- tributária entregues e a entregar
pios, que será entregue no pri- dos, nesta seção, aos Estados, ao e a expressão numérica dos cri-
meiro decêndio do mês de julho Distrito Federal e aos Municípios, térios de rateio.
de cada ano; neles compreendidos adicionais e Parágrafo único. Os dados di-
f) 1% (um por cento) ao Fundo acréscimos relativos a impostos. vulgados pela União serão discri-
de Participação dos Municípios, § 1o A vedação prevista nes- minados por Estado e por Municí-
que será entregue no primeiro te artigo não impede a União e pio; os dos Estados, por Município.
decêndio do mês de setembro os Estados de condicionarem a
de cada ano; entrega de recursos:
II – do produto da arrecada- I – ao pagamento de seus CAPÍTULO II – DAS
ção do imposto sobre produtos créditos, inclusive de suas au- FINANÇAS PÚBLICAS
industrializados, dez por cento tarquias;
Seção I – Normas Gerais
aos Estados e ao Distrito Fede- II – ao cumprimento do dis-
ral, proporcionalmente ao valor posto no art. 198, § 2o, incisos
das respectivas exportações de II e III. Art. 163. Lei complementar dis-
produtos industrializados; § 2o Os contratos, os acor- porá sobre:
III – do produto da arrecada- dos, os ajustes, os convênios, I – finanças públicas;
ção da contribuição de interven- os parcelamentos ou as renego- II – dívida pública externa e
ção no domínio econômico pre- ciações de débitos de qualquer interna, incluída a das autarquias,
vista no art. 177, § 4o, 29% (vinte e espécie, inclusive tributários, fir- fundações e demais entidades
nove por cento) para os Estados e mados pela União com os entes controladas pelo Poder Público;
o Distrito Federal, distribuídos na federativos conterão cláusulas III – concessão de garantias
forma da lei, observada a desti- para autorizar a dedução dos va- pelas entidades públicas;
nação a que se refere o inciso II, lores devidos dos montantes a IV – emissão e resgate de tí-
“c”, do referido parágrafo. serem repassados relacionados tulos da dívida pública;
§ 1o Para efeito de cálculo da às respectivas cotas nos Fundos V – fiscalização financeira
entrega a ser efetuada de acordo de Participação ou aos precató- da administração pública direta
com o previsto no inciso I, excluir- rios federais. e indireta;
-se-á a parcela da arrecadação do VI – operações de câmbio re-
imposto de renda e proventos de Art. 161. Cabe à lei complemen- alizadas por órgãos e entidades
qualquer natureza pertencente tar: da União, dos Estados, do Distrito
aos Estados, ao Distrito Federal I – definir valor adicionado Federal e dos Municípios;
e aos Municípios, nos termos do para fins do disposto no art. 158, VII – compatibilização das
disposto nos arts. 157, I, e 158, I. parágrafo único, I; funções das instituições oficiais
§ 2o A nenhuma unidade fe- II – estabelecer normas sobre de crédito da União, resguardadas
derada poderá ser destinada par- a entrega dos recursos de que as características e condições
cela superior a vinte por cento do trata o art. 159, especialmente operacionais plenas das volta-
montante a que se refere o inciso sobre os critérios de rateio dos das ao desenvolvimento regional;
II, devendo o eventual excedente fundos previstos em seu inciso I, VIII – sustentabilidade da dí-
ser distribuído entre os demais objetivando promover o equilíbrio vida, especificando:
participantes, mantido, em rela- socioeconômico entre Estados e a) indicadores de sua apu-
ção a esses, o critério de partilha entre Municípios; ração;
nele estabelecido. III – dispor sobre o acompa- b) níveis de compatibilidade
§ 3o Os Estados entregarão nhamento, pelos beneficiários, do dos resultados fiscais com a tra-
aos respectivos Municípios vinte e cálculo das quotas e da liberação jetória da dívida;

67
Constituição da República Federativa do Brasil
c) trajetória de convergência referida no inciso VIII do caput mento das empresas em que a
do montante da dívida com os do art. 163 desta Constituição. União, direta ou indiretamente,
limites definidos em legislação; Parágrafo único. A elabo- detenha a maioria do capital so-
d) medidas de ajuste, sus- ração e a execução de planos cial com direito a voto;
pensões e vedações; e orçamentos devem refletir a III – o orçamento da seguri-
e) planejamento de alienação compatibilidade dos indicadores dade social, abrangendo todas as
de ativos com vistas à redução do fiscais com a sustentabilidade entidades e órgãos a ela vincula-
montante da dívida. da dívida. dos, da administração direta ou
Parágrafo único. A lei com- indireta, bem como os fundos e
plementar de que trata o inciso fundações instituídos e mantidos
VIII do caput deste artigo pode
Seção II – Dos Orçamentos pelo Poder Público.
autorizar a aplicação das veda- § 6o O projeto de lei orça-
ções previstas no art. 167‑A desta Art. 165. Leis de iniciativa do mentária será acompanhado de
Constituição. Poder Executivo estabelecerão: demonstrativo regionalizado do
I – o plano plurianual; efeito, sobre as receitas e des-
Art. 163-A. A União, os Estados, II – as diretrizes orçamen- pesas, decorrente de isenções,
o Distrito Federal e os Municípios tárias; anistias, remissões, subsídios e
disponibilizarão suas informações III – os orçamentos anuais. benefícios de natureza financeira,
e dados contábeis, orçamentários § 1o A lei que instituir o plano tributária e creditícia.
e fiscais, conforme periodicidade, plurianual estabelecerá, de forma § 7o Os orçamentos previs-
formato e sistema estabelecidos regionalizada, as diretrizes, obje- tos no § 5o, I e II, deste artigo,
pelo órgão central de contabilida- tivos e metas da administração compatibilizados com o plano
de da União, de forma a garantir pública federal para as despesas plurianual, terão entre suas fun-
a rastreabilidade, a comparabili- de capital e outras delas decor- ções a de reduzir desigualdades
dade e a publicidade dos dados rentes e para as relativas aos pro- inter-regionais, segundo critério
coletados, os quais deverão ser gramas de duração continuada. populacional.
divulgados em meio eletrônico § 2o A lei de diretrizes orça- § 8o A lei orçamentária anual
de amplo acesso público. mentárias compreenderá as me- não conterá dispositivo estranho
tas e prioridades da administra- à previsão da receita e à fixa-
Art. 164. A competência da ção pública federal, estabelecerá ção da despesa, não se incluin-
União para emitir moeda será as diretrizes de política fiscal e do na proibição a autorização
exercida exclusivamente pelo respectivas metas, em consonân- para abertura de créditos su-
banco central. cia com trajetória sustentável da plementares e contratação de
§ 1o É vedado ao banco cen- dívida pública, orientará a elabo- operações de crédito, ainda que
tral conceder, direta ou indireta- ração da lei orçamentária anual, por antecipação de receita, nos
mente, empréstimos ao Tesouro disporá sobre as alterações na termos da lei.
Nacional e a qualquer órgão ou legislação tributária e estabele- § 9o Cabe à lei complemen-
entidade que não seja instituição cerá a política de aplicação das tar:
financeira. agências financeiras oficiais de I – dispor sobre o exercício
§ 2o O banco central poderá fomento. financeiro, a vigência, os prazos,
comprar e vender títulos de emis- § 3o O Poder Executivo pu- a elaboração e a organização do
são do Tesouro Nacional, com o blicará, até trinta dias após o plano plurianual, da lei de diretri-
objetivo de regular a oferta de encerramento de cada bimestre, zes orçamentárias e da lei orça-
moeda ou a taxa de juros. relatório resumido da execução mentária anual;
§ 3o As disponibilidades de orçamentária. II – estabelecer normas de
caixa da União serão depositadas § 4o Os planos e programas gestão financeira e patrimonial
no banco central; as dos Estados, nacionais, regionais e setoriais da administração direta e indi-
do Distrito Federal, dos Municípios previstos nesta Constituição se- reta, bem como condições para
e dos órgãos ou entidades do po- rão elaborados em consonância a instituição e funcionamento
der público e das empresas por com o plano plurianual e apre- de fundos;
ele controladas, em instituições ciados pelo Congresso Nacional. III – dispor sobre critérios
financeiras oficiais, ressalvados § 5o A lei orçamentária anual para a execução equitativa, além
os casos previstos em lei. compreenderá: de procedimentos que serão ado-
I – o orçamento fiscal refe- tados quando houver impedimen-
Art. 164-A. A União, os Estados, rente aos Poderes da União, seus tos legais e técnicos, cumprimen-
o Distrito Federal e os Municípios fundos, órgãos e entidades da to de restos a pagar e limitação
devem conduzir suas políticas fis- administração direta e indireta, das programações de caráter
cais de forma a manter a dívida inclusive fundações instituídas obrigatório, para a realização do
pública em níveis sustentáveis, e mantidas pelo Poder Público; disposto nos §§ 11 e 12 do art. 166.
na forma da lei complementar II – o orçamento de investi- § 10. A administração tem o

68
Constituição da República Federativa do Brasil
dever de executar as programa- vos ao plano plurianual, às diretri- ca poderá enviar mensagem ao
ções orçamentárias, adotando os zes orçamentárias, ao orçamento Congresso Nacional para propor
meios e as medidas necessários, anual e aos créditos adicionais se- modificação nos projetos a que se
com o propósito de garantir a efe- rão apreciados pelas duas Casas refere este artigo enquanto não
tiva entrega de bens e serviços do Congresso Nacional, na forma iniciada a votação, na Comissão
à sociedade. do regimento comum. mista, da parte cuja alteração é
§ 11. O disposto no § 10 deste § 1o Caberá a uma Comissão proposta.
artigo, nos termos da lei de dire- mista permanente de Senadores § 6o Os projetos de lei do pla-
trizes orçamentárias: e Deputados: no plurianual, das diretrizes orça-
I – subordina-se ao cumpri- I – examinar e emitir pare- mentárias e do orçamento anual
mento de dispositivos constitu- cer sobre os projetos referidos serão enviados pelo Presidente da
cionais e legais que estabeleçam neste artigo e sobre as contas República ao Congresso Nacional,
metas fiscais ou limites de despe- apresentadas anualmente pelo nos termos da lei complementar
sas e não impede o cancelamento Presidente da República; a que se refere o art. 165, § 9o.
necessário à abertura de créditos II – examinar e emitir pare- § 7o Aplicam-se aos projetos
adicionais; cer sobre os planos e programas mencionados neste artigo, no que
II – não se aplica nos casos de nacionais, regionais e setoriais não contrariar o disposto nesta
impedimentos de ordem técnica previstos nesta Constituição e seção, as demais normas relativas
devidamente justificados; exercer o acompanhamento e a ao processo legislativo.
III – aplica-se exclusivamen- fiscalização orçamentária, sem § 8o Os recursos que, em de-
te às despesas primárias discri- prejuízo da atuação das demais corrência de veto, emenda ou
cionárias. comissões do Congresso Nacio- rejeição do projeto de lei orça-
§ 12. Integrará a lei de di- nal e de suas Casas, criadas de mentária anual, ficarem sem des-
retrizes orçamentárias, para o acordo com o art. 58. pesas correspondentes poderão
exercício a que se refere e, pelo § 2o As emendas serão apre- ser utilizados, conforme o caso,
menos, para os 2 (dois) exercí- sentadas na Comissão mista, mediante créditos especiais ou
cios subsequentes, anexo com que sobre elas emitirá parecer, suplementares, com prévia e es-
previsão de agregados fiscais e e apreciadas, na forma regimen- pecífica autorização legislativa.
a proporção dos recursos para tal, pelo Plenário das duas Casas § 9o As emendas individuais
investimentos que serão aloca- do Congresso Nacional. ao projeto de lei orçamentária se-
dos na lei orçamentária anual § 3o As emendas ao proje- rão aprovadas no limite de 1,2%
para a continuidade daqueles em to de lei do orçamento anual ou (um inteiro e dois décimos por
andamento. aos projetos que o modifiquem cento) da receita corrente líquida
§ 13. O disposto no inciso III somente podem ser aprovadas prevista no projeto encaminhado
do § 9o e nos §§ 10, 11 e 12 deste caso: pelo Poder Executivo, sendo que
artigo aplica-se exclusivamente I – sejam compatíveis com a metade deste percentual será
aos orçamentos fiscal e da segu- o plano plurianual e com a lei de destinada a ações e serviços pú-
ridade social da União. diretrizes orçamentárias; blicos de saúde.
§ 14. A lei orçamentária anual II – indiquem os recursos § 10. A execução do montan-
poderá conter previsões de des- necessários, admitidos apenas te destinado a ações e serviços
pesas para exercícios seguintes, os provenientes de anulação de públicos de saúde previsto no § 9o,
com a especificação dos inves- despesa, excluídas as que inci- inclusive custeio, será computa-
timentos plurianuais e daqueles dam sobre: da para fins do cumprimento do
em andamento. a) dotações para pessoal e inciso I do § 2o do art. 198, veda-
§ 15. A União organizará e seus encargos; da a destinação para pagamento
manterá registro centralizado de b) serviço da dívida; de pessoal ou encargos sociais.
projetos de investimento conten- c) transferências tributárias § 11. É obrigatória a execução
do, por Estado ou Distrito Federal, constitucionais para Estados, Mu- orçamentária e financeira das
pelo menos, análises de viabi- nicípios e Distrito Federal; ou programações a que se refere o
lidade, estimativas de custos e III – sejam relacionadas: § 9o deste artigo, em montante
informações sobre a execução a) com a correção de erros correspondente a 1,2% (um intei-
física e financeira. ou omissões; ou ro e dois décimos por cento) da
§ 16. As leis de que trata este b) com os dispositivos do receita corrente líquida realizada
artigo devem observar, no que texto do projeto de lei. no exercício anterior, conforme os
couber, os resultados do moni- § 4o As emendas ao projeto critérios para a execução equita-
toramento e da avaliação das de lei de diretrizes orçamentá- tiva da programação definidos na
políticas públicas previstos no rias não poderão ser aprovadas lei complementar prevista no § 9o
§ 16 do art. 37 desta Constituição. quando incompatíveis com o pla- do art. 165.
no plurianual. § 12. A garantia de execução
Art. 166. Os projetos de lei relati- § 5o O Presidente da Repúbli- de que trata o § 11 deste artigo

69
Constituição da República Federativa do Brasil
aplica-se também às programa- despesa poderá resultar no não I – serão repassados direta-
ções incluídas por todas as emen- cumprimento da meta de resul- mente ao ente federado bene-
das de iniciativa de bancada de tado fiscal estabelecida na lei ficiado, independentemente de
parlamentares de Estado ou do de diretrizes orçamentárias, os celebração de convênio ou de
Distrito Federal, no montante de montantes previstos nos §§ 11 e instrumento congênere;
até 1% (um por cento) da recei- 12 deste artigo poderão ser redu- II – pertencerão ao ente fe-
ta corrente líquida realizada no zidos em até a mesma proporção derado no ato da efetiva trans-
exercício anterior. da limitação incidente sobre o ferência financeira; e
§ 13. As programações or- conjunto das demais despesas III – serão aplicadas em pro-
çamentárias previstas nos §§ 11 e discricionárias. gramações finalísticas das áreas
12 deste artigo não serão de exe- § 19. Considera-se equitativa de competência do Poder Execu-
cução obrigatória nos casos dos a execução das programações de tivo do ente federado beneficia-
impedimentos de ordem técnica. caráter obrigatório que observe do, observado o disposto no § 5o
§ 14. Para fins de cumpri- critérios objetivos e imparciais e deste artigo.
mento do disposto nos §§ 11 e 12 que atenda de forma igualitária § 3o O ente federado benefi-
deste artigo, os órgãos de execu- e impessoal às emendas apre- ciado da transferência especial a
ção deverão observar, nos termos sentadas, independentemente que se refere o inciso I do caput
da lei de diretrizes orçamentárias, da autoria. deste artigo poderá firmar contra-
cronograma para análise e verifi- § 20. As programações de tos de cooperação técnica para
cação de eventuais impedimentos que trata o § 12 deste artigo, quan- fins de subsidiar o acompanha-
das programações e demais pro- do versarem sobre o início de mento da execução orçamentária
cedimentos necessários à viabi- investimentos com duração de na aplicação dos recursos.
lização da execução dos respec- mais de 1 (um) exercício finan- § 4o Na transferência com fi-
tivos montantes. ceiro ou cuja execução já tenha nalidade definida a que se refere
I – (Revogado); sido iniciada, deverão ser objeto o inciso II do caput deste artigo,
II – (Revogado); de emenda pela mesma bancada os recursos serão:
III – (Revogado); estadual, a cada exercício, até a I – vinculados à programação
IV – (Revogado). conclusão da obra ou do empre- estabelecida na emenda parla-
§ 15. (Revogado) endimento. mentar; e
§ 16. Quando a transferên- II – aplicados nas áreas de
cia obrigatória da União para a Art. 166-A. As emendas indivi- competência constitucional da
execução da programação pre- duais impositivas apresentadas União.
vista nos §§ 11 e 12 deste arti- ao projeto de lei orçamentária § 5o Pelo menos 70% (seten-
go for destinada a Estados, ao anual poderão alocar recursos a ta por cento) das transferências
Distrito Federal e a Municípios, Estados, ao Distrito Federal e a especiais de que trata o inciso
independerá da adimplência do Municípios por meio de: I do caput deste artigo deverão
ente federativo destinatário e I – transferência especial; ou ser aplicadas em despesas de
não integrará a base de cálculo II – transferência com finali- capital, observada a restrição
da receita corrente líquida para dade definida. a que se refere o inciso II do § 1o
fins de aplicação dos limites de § 1o Os recursos transferidos deste artigo.
despesa de pessoal de que trata na forma do caput deste artigo
o caput do art. 169. não integrarão a receita do Esta- Art. 167. São vedados:
§ 17. Os restos a pagar pro- do, do Distrito Federal e dos Mu- I – o início de programas ou
venientes das programações or- nicípios para fins de repartição e projetos não incluídos na lei or-
çamentárias previstas nos §§ 11 para o cálculo dos limites da des- çamentária anual;
e 12 poderão ser considerados pesa com pessoal ativo e inativo, II – a realização de despesas
para fins de cumprimento da exe- nos termos do § 16 do art. 166, e ou a assunção de obrigações di-
cução financeira até o limite de de endividamento do ente fede- retas que excedam os créditos
0,6% (seis décimos por cento) rado, vedada, em qualquer caso, orçamentários ou adicionais;
da receita corrente líquida reali- a aplicação dos recursos a que III – a realização de operações
zada no exercício anterior, para se refere o caput deste artigo no de créditos que excedam o mon-
as programações das emendas pagamento de: tante das despesas de capital,
individuais, e até o limite de 0,5% I – despesas com pessoal e ressalvadas as autorizadas me-
(cinco décimos por cento), para encargos sociais relativas a ativos diante créditos suplementares ou
as programações das emendas e inativos, e com pensionistas; e especiais com finalidade precisa,
de iniciativa de bancada de par- II – encargos referentes ao aprovados pelo Poder Legislativo
lamentares de Estado ou do Dis- serviço da dívida. por maioria absoluta;
trito Federal. § 2o Na transferência espe- IV – a vinculação de receita
§ 18. Se for verificado que cial a que se refere o inciso I do de impostos a órgão, fundo ou
a reestimativa da receita e da caput deste artigo, os recursos: despesa, ressalvadas a reparti-

70
Constituição da República Federativa do Brasil
ção do produto da arrecadação de recursos de regime próprio ta Constituição para pagamento
dos impostos a que se referem de previdência social, incluídos de débitos com a União e para
os arts. 158 e 159, a destinação de os valores integrantes dos fun- prestar-lhe garantia ou contra-
recursos para as ações e serviços dos previstos no art. 249, para a garantia.
públicos de saúde, para manuten- realização de despesas distintas § 5o A transposição, o rema-
ção e desenvolvimento do ensino do pagamento dos benefícios pre- nejamento ou a transferência de
e para realização de atividades da videnciários do respectivo fundo recursos de uma categoria de
administração tributária, como vinculado àquele regime e das programação para outra pode-
determinado, respectivamente, despesas necessárias à sua orga- rão ser admitidos, no âmbito das
pelos arts. 198, § 2o, 212 e 37, XXII, nização e ao seu funcionamento; atividades de ciência, tecnologia
e a prestação de garantias às ope- XIII – a transferência voluntá- e inovação, com o objetivo de
rações de crédito por antecipação ria de recursos, a concessão de viabilizar os resultados de pro-
de receita, previstas no art. 165, avais, as garantias e as subven- jetos restritos a essas funções,
§ 8o, bem como o disposto no § 4o ções pela União e a concessão de mediante ato do Poder Execu-
deste artigo; empréstimos e de financiamen- tivo, sem necessidade da prévia
V – a abertura de crédito su- tos por instituições financeiras autorização legislativa prevista
plementar ou especial sem pré- federais aos Estados, ao Distrito no inciso VI deste artigo.
via autorização legislativa e sem Federal e aos Municípios na hi- § 6o Para fins da apuração
indicação dos recursos corres- pótese de descumprimento das ao término do exercício finan-
pondentes; regras gerais de organização e de ceiro do cumprimento do limite
VI – a transposição, o rema- funcionamento de regime próprio de que trata o inciso III do caput
nejamento ou a transferência de de previdência social; deste artigo, as receitas das ope-
recursos de uma categoria de XIV – a criação de fundo pú- rações de crédito efetuadas no
programação para outra ou de blico, quando seus objetivos pu- contexto da gestão da dívida pú-
um órgão para outro, sem prévia derem ser alcançados mediante a blica mobiliária federal somente
autorização legislativa; vinculação de receitas orçamen- serão consideradas no exercício
VII – a concessão ou utilização tárias específicas ou mediante a financeiro em que for realizada a
de créditos ilimitados; execução direta por programação respectiva despesa.
VIII – a utilização, sem auto- orçamentária e financeira de ór-
rização legislativa específica, de gão ou entidade da administração Art. 167-A. Apurado que, no pe-
recursos dos orçamentos fiscal e pública. ríodo de 12 (doze) meses, a rela-
da seguridade social para suprir § 1o Nenhum investimento ção entre despesas correntes e
necessidade ou cobrir déficit de cuja execução ultrapasse um receitas correntes supera 95%
empresas, fundações e fundos, exercício financeiro poderá ser (noventa e cinco por cento), no
inclusive dos mencionados no iniciado sem prévia inclusão no âmbito dos Estados, do Distrito
art. 165, § 5o; plano plurianual, ou sem lei que Federal e dos Municípios, é fa-
IX – a instituição de fundos autorize a inclusão, sob pena de cultado aos Poderes Executivo,
de qualquer natureza, sem prévia crime de responsabilidade. Legislativo e Judiciário, ao Mi-
autorização legislativa; § 2o Os créditos especiais e nistério Público, ao Tribunal de
X – a transferência voluntá- extraordinários terão vigência no Contas e à Defensoria Pública
ria de recursos e a concessão exercício financeiro em que forem do ente, enquanto permanecer
de empréstimos, inclusive por autorizados, salvo se o ato de a situação, aplicar o mecanismo
antecipação de receita, pelos autorização for promulgado nos de ajuste fiscal de vedação da:
Governos Federal e Estaduais últimos quatro meses daquele I – concessão, a qualquer títu-
e suas instituições financeiras, exercício, caso em que, reabertos lo, de vantagem, aumento, reajus-
para pagamento de despesas nos limites de seus saldos, serão te ou adequação de remuneração
com pessoal ativo, inativo e pen- incorporados ao orçamento do de membros de Poder ou de ór-
sionista, dos Estados, do Distrito exercício financeiro subsequente. gão, de servidores e empregados
Federal e dos Municípios; § 3o A abertura de crédito públicos e de militares, exceto
XI – a utilização dos recursos extraordinário somente será ad- dos derivados de sentença judi-
provenientes das contribuições mitida para atender a despesas cial transitada em julgado ou de
sociais de que trata o art. 195, I, imprevisíveis e urgentes, como as determinação legal anterior ao
“a”, e II, para a realização de des- decorrentes de guerra, comoção início da aplicação das medidas
pesas distintas do pagamento de interna ou calamidade pública, de que trata este artigo;
benefícios do regime geral de observado o disposto no art. 62. II – criação de cargo, emprego
previdência social de que trata § 4o É permitida a vinculação ou função que implique aumento
o art. 201; das receitas a que se referem os de despesa;
XII – na forma estabelecida arts. 155, 156, 157, 158 e as alíne- III – alteração de estrutura de
na lei complementar de que tra- as “a”, “b”, “d” e “e” do inciso I e o carreira que implique aumento
ta o § 22 do art. 40, a utilização inciso II do caput do art. 159 des- de despesa;

71
Constituição da República Federativa do Brasil
IV – admissão ou contrata- tigo, as medidas nele indicadas da anteriormente, ressalvados
ção de pessoal, a qualquer título, podem ser, no todo ou em par- os financiamentos destinados a
ressalvadas: te, implementadas por atos do projetos específicos celebrados
a) as reposições de cargos Chefe do Poder Executivo com na forma de operações típicas
de chefia e de direção que não vigência imediata, facultado aos das agências financeiras oficiais
acarretem aumento de despesa; demais Poderes e órgãos autô- de fomento.
b) as reposições decorrentes nomos implementá-las em seus
de vacâncias de cargos efetivos respectivos âmbitos. Art. 167-B. Durante a vigência de
ou vitalícios; § 2o O ato de que trata o § 1o estado de calamidade pública de
c) as contratações tempo- deste artigo deve ser submetido, âmbito nacional, decretado pelo
rárias de que trata o inciso IX em regime de urgência, à aprecia- Congresso Nacional por iniciativa
do caput do art. 37 desta Cons- ção do Poder Legislativo. privativa do Presidente da Repú-
tituição; e § 3o O ato perde a eficá- blica, a União deve adotar regime
d) as reposições de tempo- cia, reconhecida a validade dos extraordinário fiscal, financeiro e
rários para prestação de serviço atos praticados na sua vigência, de contratações para atender às
militar e de alunos de órgãos de quando: necessidades dele decorrentes,
formação de militares; I – rejeitado pelo Poder Le- somente naquilo em que a urgên-
V – realização de concurso gislativo; cia for incompatível com o regime
público, exceto para as reposi- II – transcorrido o prazo de regular, nos termos definidos nos
ções de vacâncias previstas no 180 (cento e oitenta) dias sem que arts. 167‑C, 167‑D, 167‑E, 167‑F e
inciso IV deste caput; se ultime a sua apreciação; ou 167‑G desta Constituição.
VI – criação ou majoração de III – apurado que não mais se
auxílios, vantagens, bônus, abo- verifica a hipótese prevista no § 1o Art. 167-C. Com o propósito ex-
nos, verbas de representação ou deste artigo, mesmo após a sua clusivo de enfrentamento da cala-
benefícios de qualquer natureza, aprovação pelo Poder Legislativo. midade pública e de seus efeitos
inclusive os de cunho indeniza- § 4o A apuração referida sociais e econômicos, no seu pe-
tório, em favor de membros de neste artigo deve ser realizada ríodo de duração, o Poder Executi-
Poder, do Ministério Público ou da bimestralmente. vo federal pode adotar processos
Defensoria Pública e de servido- § 5o As disposições de que simplificados de contratação de
res e empregados públicos e de trata este artigo: pessoal, em caráter temporário
militares, ou ainda de seus depen- I – não constituem obrigação e emergencial, e de obras, ser-
dentes, exceto quando derivados de pagamento futuro pelo ente da viços e compras que assegurem,
de sentença judicial transitada em Federação ou direitos de outrem quando possível, competição e
julgado ou de determinação legal sobre o erário; igualdade de condições a todos
anterior ao início da aplicação das II – não revogam, dispensam os concorrentes, dispensada a
medidas de que trata este artigo; ou suspendem o cumprimento observância do § 1o do art. 169 na
VII – criação de despesa obri- de dispositivos constitucionais contratação de que trata o inciso
gatória; e legais que disponham sobre IX do caput do art. 37 desta Cons-
VIII – adoção de medida que metas fiscais ou limites máximos tituição, limitada a dispensa às
implique reajuste de despesa de despesas. situações de que trata o referido
obrigatória acima da variação § 6o Ocorrendo a hipótese de inciso, sem prejuízo do controle
da inflação, observada a preser- que trata o caput deste artigo, até dos órgãos competentes.
vação do poder aquisitivo referida que todas as medidas nele pre-
no inciso IV do caput do art. 7o vistas tenham sido adotadas por Art. 167-D. As proposições legis-
desta Constituição; todos os Poderes e órgãos nele lativas e os atos do Poder Execu-
IX – criação ou expansão de mencionados, de acordo com tivo com propósito exclusivo de
programas e linhas de financia- declaração do respectivo Tribunal enfrentar a calamidade e suas
mento, bem como remissão, rene- de Contas, é vedada: consequências sociais e eco-
gociação ou refinanciamento de I – a concessão, por qualquer nômicas, com vigência e efeitos
dívidas que impliquem ampliação outro ente da Federação, de ga- restritos à sua duração, desde que
das despesas com subsídios e rantias ao ente envolvido; não impliquem despesa obrigató-
subvenções; II – a tomada de operação de ria de caráter continuado, ficam
X – concessão ou ampliação crédito por parte do ente envolvi- dispensados da observância das
de incentivo ou benefício de na- do com outro ente da Federação, limitações legais quanto à cria-
tureza tributária. diretamente ou por intermédio de ção, à expansão ou ao aperfeiço-
§ 1o Apurado que a despesa seus fundos, autarquias, funda- amento de ação governamental
corrente supera 85% (oitenta e ções ou empresas estatais de- que acarrete aumento de despesa
cinco por cento) da receita cor- pendentes, ainda que sob a forma e à concessão ou à ampliação de
rente, sem exceder o percentual de novação, refinanciamento ou incentivo ou benefício de natu-
mencionado no caput deste ar- postergação de dívida contraí- reza tributária da qual decorra

72
Constituição da República Federativa do Brasil
renúncia de receita. de operações de financiamen- exercício seguinte.
Parágrafo único. Durante a to celebradas com finalidades
vigência da calamidade pública contratualmente determinadas. Art. 169. A despesa com pessoal
de âmbito nacional de que trata ativo e inativo e pensionistas da
o art. 167‑B, não se aplica o dis- Art. 167-G. Na hipótese de que União, dos Estados, do Distrito
posto no § 3o do art. 195 desta trata o art. 167‑B, aplicam-se à Federal e dos Municípios não pode
Constituição. União, até o término da calamida- exceder os limites estabelecidos
de pública, as vedações previstas em lei complementar.
Art. 167-E. Fica dispensada, no art. 167‑A desta Constituição. § 1o A concessão de qualquer
durante a integralidade do exer- § 1o Na hipótese de medi- vantagem ou aumento de remu-
cício financeiro em que vigore a das de combate à calamidade neração, a criação de cargos,
calamidade pública de âmbito pública cuja vigência e efeitos empregos e funções ou altera-
nacional, a observância do inci- não ultrapassem a sua duração, ção de estrutura de carreiras,
so III do caput do art. 167 desta não se aplicam as vedações re- bem como a admissão ou con-
Constituição. feridas nos incisos II, IV, VII, IX tratação de pessoal, a qualquer
e X do caput do art. 167‑A desta título, pelos órgãos e entidades da
Art. 167-F. Durante a vigência Constituição. administração direta ou indireta,
da calamidade pública de âmbito § 2o Na hipótese de que trata inclusive fundações instituídas e
nacional de que trata o art. 167‑B o art. 167‑B, não se aplica a alínea mantidas pelo poder público, só
desta Constituição: “c” do inciso I do caput do art. 159 poderão ser feitas:
I – são dispensados, durante a desta Constituição, devendo a I – se houver prévia dotação
integralidade do exercício finan- transferência a que se refere orçamentária suficiente para
ceiro em que vigore a calamidade aquele dispositivo ser efetuada atender às projeções de despe-
pública, os limites, as condições nos mesmos montantes trans- sa de pessoal e aos acréscimos
e demais restrições aplicáveis à feridos no exercício anterior à dela decorrentes;
União para a contratação de ope- decretação da calamidade. II – se houver autorização
rações de crédito, bem como sua § 3o É facultada aos Estados, específica na lei de diretrizes
verificação; ao Distrito Federal e aos Municí- orçamentárias, ressalvadas as
II – o superavit financeiro pios a aplicação das vedações empresas públicas e as socieda-
apurado em 31 de dezembro do referidas no caput, nos termos des de economia mista.
ano imediatamente anterior ao deste artigo, e, até que as tenham § 2o Decorrido o prazo es-
reconhecimento pode ser des- adotado na integralidade, estarão tabelecido na lei complemen-
tinado à cobertura de despesas submetidos às restrições do § 6o tar referida neste artigo para a
oriundas das medidas de combate do art. 167‑A desta Constituição, adaptação aos parâmetros ali
à calamidade pública de âmbito enquanto perdurarem seus efei- previstos, serão imediatamente
nacional e ao pagamento da dí- tos para a União. suspensos todos os repasses de
vida pública. verbas federais ou estaduais aos
§ 1o Lei complementar pode Art. 168. Os recursos corres- Estados, ao Distrito Federal e aos
definir outras suspensões, dis- pondentes às dotações orça- Municípios que não observarem
pensas e afastamentos aplicáveis mentárias, compreendidos os os referidos limites.
durante a vigência do estado de créditos suplementares e espe- § 3o Para o cumprimento
calamidade pública de âmbito ciais, destinados aos órgãos dos dos limites estabelecidos com
nacional. Poderes Legislativo e Judiciário, base neste artigo, durante o pra-
§ 2o O disposto no inciso II do do Ministério Público e da Defen- zo fixado na lei complementar
caput deste artigo não se aplica soria Pública, ser-lhes-ão entre- referida no caput, a União, os
às fontes de recursos: gues até o dia 20 de cada mês, Estados, o Distrito Federal e os
I – decorrentes de repartição em duodécimos, na forma da lei Municípios adotarão as seguintes
de receitas a Estados, ao Distrito complementar a que se refere o providências:
Federal e a Municípios; art. 165, § 9o. I – redução em pelo menos
II – decorrentes das vin- § 1o É vedada a transferência vinte por cento das despesas com
culações estabelecidas pelos a fundos de recursos financei- cargos em comissão e funções
arts. 195, 198, 201, 212, 212‑A e ros oriundos de repasses duo- de confiança;
239 desta Constituição; decimais. II – exoneração dos servido-
III – destinadas ao registro de § 2o O saldo financeiro de- res não estáveis.
receitas oriundas da arrecadação corrente dos recursos entregues § 4o Se as medidas adotadas
de doações ou de empréstimos na forma do caput deste artigo com base no parágrafo anterior
compulsórios, de transferências deve ser restituído ao caixa único não forem suficientes para asse-
recebidas para o atendimento do Tesouro do ente federativo, ou gurar o cumprimento da determi-
de finalidades determinadas ou terá seu valor deduzido das pri- nação da lei complementar referi-
das receitas de capital produto meiras parcelas duodecimais do da neste artigo, o servidor estável

73
Constituição da República Federativa do Brasil
poderá perder o cargo, desde que rado a todos o livre exercício de dominação dos mercados, à eli-
ato normativo motivado de cada qualquer atividade econômica, minação da concorrência e ao
um dos Poderes especifique a independentemente de autori- aumento arbitrário dos lucros.
atividade funcional, o órgão ou zação de órgãos públicos, salvo § 5o A lei, sem prejuízo da
unidade administrativa objeto nos casos previstos em lei. responsabilidade individual dos
da redução de pessoal. dirigentes da pessoa jurídica, es-
§ 5o O servidor que perder Art. 171. (Revogado) tabelecerá a responsabilidade
o cargo na forma do parágrafo desta, sujeitando-a às punições
anterior fará jus a indenização Art. 172. A lei disciplinará, com compatíveis com sua natureza,
correspondente a um mês de base no interesse nacional, os in- nos atos praticados contra a or-
remuneração por ano de serviço. vestimentos de capital estrangei- dem econômica e financeira e
§ 6o O cargo objeto da re- ro, incentivará os reinvestimentos contra a economia popular.
dução prevista nos parágrafos e regulará a remessa de lucros.
anteriores será considerado ex- Art. 174. Como agente normati-
tinto, vedada a criação de cargo, Art. 173. Ressalvados os casos vo e regulador da atividade econô-
emprego ou função com atribui- previstos nesta Constituição, a mica, o Estado exercerá, na forma
ções iguais ou assemelhadas pelo exploração direta de atividade da lei, as funções de fiscalização,
prazo de quatro anos. econômica pelo Estado só será incentivo e planejamento, sendo
§ 7o Lei federal disporá sobre permitida quando necessária aos este determinante para o setor
as normas gerais a serem obede- imperativos da segurança nacio- público e indicativo para o setor
cidas na efetivação do disposto nal ou a relevante interesse cole- privado.
no § 4o. tivo, conforme definidos em lei. § 1o A lei estabelecerá as di-
§ 1o A lei estabelecerá o esta- retrizes e bases do planejamen-
tuto jurídico da empresa pública, to do desenvolvimento nacional
TÍTULO VII – DA ORDEM da sociedade de economia mista equilibrado, o qual incorporará
ECONÔMICA E FINANCEIRA e de suas subsidiárias que ex- e compatibilizará os planos na-
plorem atividade econômica de cionais e regionais de desenvol-
CAPÍTULO I – DOS PRINCÍ- produção ou comercialização de vimento.
PIOS GERAIS DA ATIVIDADE bens ou de prestação de serviços, § 2o A lei apoiará e estimulará
ECONÔMICA dispondo sobre: o cooperativismo e outras formas
I – sua função social e formas de associativismo.
Art. 170. A ordem econômica, de fiscalização pelo Estado e pela § 3o O Estado favorecerá a
fundada na valorização do traba- sociedade; organização da atividade garim-
lho humano e na livre iniciativa, II – a sujeição ao regime jurí- peira em cooperativas, levando
tem por fim assegurar a todos dico próprio das empresas priva- em conta a proteção do meio
existência digna, conforme os das, inclusive quanto aos direitos ambiente e a promoção econômi-
ditames da justiça social, obser- e obrigações civis, comerciais, co-social dos garimpeiros.
vados os seguintes princípios: trabalhistas e tributários; § 4o As cooperativas a que
I – soberania nacional; III – licitação e contratação se refere o parágrafo anterior
II – propriedade privada; de obras, serviços, compras e terão prioridade na autorização
III – função social da proprie- alienações, observados os prin- ou concessão para pesquisa e
dade; cípios da administração pública; lavra dos recursos e jazidas de
IV – livre concorrência; IV – a constituição e o fun- minerais garimpáveis, nas áreas
V – defesa do consumidor; cionamento dos conselhos de onde estejam atuando, e naquelas
VI – defesa do meio ambiente, administração e fiscal, com a fixadas de acordo com o art. 21,
inclusive mediante tratamento participação de acionistas mi- XXV, na forma da lei.
diferenciado conforme o impacto noritários;
ambiental dos produtos e serviços V – os mandatos, a avaliação Art. 175. Incumbe ao Poder Pú-
e de seus processos de elabora- de desempenho e a responsabili- blico, na forma da lei, diretamente
ção e prestação; dade dos administradores. ou sob regime de concessão ou
VII – redução das desigualda- § 2o As empresas públicas e permissão, sempre através de
des regionais e sociais; as sociedades de economia mista licitação, a prestação de servi-
VIII – busca do pleno empre- não poderão gozar de privilégios ços públicos.
go; fiscais não extensivos às do se- Parágrafo único. A lei dis-
IX – tratamento favorecido tor privado. porá sobre:
para as empresas de pequeno § 3o A lei regulamentará as I – o regime das empresas
porte constituídas sob as leis bra- relações da empresa pública com concessionárias e permissioná-
sileiras e que tenham sua sede e o Estado e a sociedade. rias de serviços públicos, o cará-
administração no País. § 4o A lei reprimirá o abuso ter especial de seu contrato e de
Parágrafo único. É assegu- do poder econômico que vise à sua prorrogação, bem como as

74
Constituição da República Federativa do Brasil
condições de caducidade, fisca- IV – o transporte marítimo do e seus derivados e derivados de
lização e rescisão da concessão petróleo bruto de origem nacional petróleo;
ou permissão; ou de derivados básicos de pe- b) ao financiamento de pro-
II – os direitos dos usuários; tróleo produzidos no País, bem jetos ambientais relacionados
III – política tarifária; assim o transporte, por meio de com a indústria do petróleo e
IV – a obrigação de manter conduto, de petróleo bruto, seus do gás;
serviço adequado. derivados e gás natural de qual- c) ao financiamento de
quer origem; programas de infraestrutura de
Art. 176. As jazidas, em lavra ou V – a pesquisa, a lavra, o enri- transportes.
não, e demais recursos minerais quecimento, o reprocessamento,
e os potenciais de energia hi- a industrialização e o comércio de Art. 178. A lei disporá sobre a
dráulica constituem propriedade minérios e minerais nucleares e ordenação dos transportes aéreo,
distinta da do solo, para efeito de seus derivados, com exceção dos aquático e terrestre, devendo,
exploração ou aproveitamento, e radioisótopos cuja produção, co- quanto à ordenação do transporte
pertencem à União, garantida ao mercialização e utilização pode- internacional, observar os acor-
concessionário a propriedade do rão ser autorizadas sob regime de dos firmados pela União, atendi-
produto da lavra. permissão, conforme as alíneas do o princípio da reciprocidade.
§ 1o A pesquisa e a lavra de “b” e “c” do inciso XXIII do caput do Parágrafo único. Na ordena-
recursos minerais e o aprovei- art. 21 desta Constituição Federal. ção do transporte aquático, a lei
tamento dos potenciais a que § 1o A União poderá contratar estabelecerá as condições em
se refere o caput deste artigo com empresas estatais ou priva- que o transporte de mercadorias
somente poderão ser efetuados das a realização das atividades na cabotagem e a navegação in-
mediante autorização ou conces- previstas nos incisos I a IV deste terior poderão ser feitos por em-
são da União, no interesse nacio- artigo, observadas as condições barcações estrangeiras.
nal, por brasileiros ou empresa estabelecidas em lei.
constituída sob as leis brasileiras § 2o A lei a que se refere o Art. 179. A União, os Estados, o
e que tenha sua sede e adminis- § 1o disporá sobre: Distrito Federal e os Municípios
tração no País, na forma da lei, I – a garantia do fornecimen- dispensarão às microempresas
que estabelecerá as condições to dos derivados de petróleo em e às empresas de pequeno porte,
específicas quando essas ativi- todo o território nacional; assim definidas em lei, tratamen-
dades se desenvolverem em faixa II – as condições de contra- to jurídico diferenciado, visando a
de fronteira ou terras indígenas. tação; incentivá-las pela simplificação
§ 2o É assegurada participa- III – a estrutura e atribuições de suas obrigações administrati-
ção ao proprietário do solo nos do órgão regulador do monopólio vas, tributárias, previdenciárias e
resultados da lavra, na forma e da União. creditícias, ou pela eliminação ou
no valor que dispuser a lei. § 3o A lei disporá sobre o redução destas por meio de lei.
§ 3o A autorização de pes- transporte e a utilização de ma-
quisa será sempre por prazo teriais radioativos no território Art. 180. A União, os Estados,
determinado, e as autorizações nacional. o Distrito Federal e os Municí-
e concessões previstas neste § 4o A lei que instituir contri- pios promoverão e incentivarão
artigo não poderão ser cedidas buição de intervenção no domínio o turismo como fator de desen-
ou transferidas, total ou parcial- econômico relativa às atividades volvimento social e econômico.
mente, sem prévia anuência do de importação ou comercializa-
poder concedente. ção de petróleo e seus derivados, Art. 181. O atendimento de requi-
§ 4o Não dependerá de auto- gás natural e seus derivados e ál- sição de documento ou informa-
rização ou concessão o aproveita- cool combustível deverá atender ção de natureza comercial, feita
mento do potencial de energia re- aos seguintes requisitos: por autoridade administrativa ou
novável de capacidade reduzida. I – a alíquota da contribuição judiciária estrangeira, a pessoa
poderá ser: física ou jurídica residente ou
Art. 177. Constituem monopólio a) diferenciada por produto domiciliada no País dependerá
da União: ou uso; de autorização do Poder com-
I – a pesquisa e a lavra das b) reduzida e restabelecida petente.
jazidas de petróleo e gás natural por ato do Poder Executivo, não
e outros hidrocarbonetos fluidos; se lhe aplicando o disposto no
II – a refinação do petróleo art. 150, III, “b”; CAPÍTULO II – DA POLÍTICA
nacional ou estrangeiro; II – os recursos arrecadados URBANA
III – a importação e exporta- serão destinados:
ção dos produtos e derivados bá- a) ao pagamento de subsí- Art. 182. A política de desenvol-
sicos resultantes das atividades dios a preços ou transporte de vimento urbano, executada pelo
previstas nos incisos anteriores; álcool combustível, gás natural Poder Público municipal, confor-

75
Constituição da República Federativa do Brasil
me diretrizes gerais fixadas em § 2o Esse direito não será re- requisitos relativos a sua função
lei, tem por objetivo ordenar o conhecido ao mesmo possuidor social.
pleno desenvolvimento das fun- mais de uma vez.
ções sociais da cidade e garantir § 3o Os imóveis públicos não Art. 186. A função social é cum-
o bem-estar de seus habitantes. serão adquiridos por usucapião. prida quando a propriedade rural
§ 1o O plano diretor, aprovado atende, simultaneamente, segun-
pela Câmara Municipal, obrigató- do critérios e graus de exigência
rio para cidades com mais de vin- CAPÍTULO III – DA POLÍTICA estabelecidos em lei, aos seguin-
te mil habitantes, é o instrumento AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA E tes requisitos:
básico da política de desenvol- DA REFORMA AGRÁRIA I – aproveitamento racional
vimento e de expansão urbana. e adequado;
§ 2o A propriedade urbana Art. 184. Compete à União desa- II – utilização adequada dos
cumpre sua função social quando propriar por interesse social, para recursos naturais disponíveis e
atende às exigências fundamen- fins de reforma agrária, o imóvel preservação do meio ambiente;
tais de ordenação da cidade ex- rural que não esteja cumprindo III – observância das dispo-
pressas no plano diretor. sua função social, mediante pré- sições que regulam as relações
§ 3o As desapropriações de via e justa indenização em títulos de trabalho;
imóveis urbanos serão feitas com da dívida agrária, com cláusula de IV – exploração que favoreça
prévia e justa indenização em preservação do valor real, resga- o bem-estar dos proprietários e
dinheiro. táveis no prazo de até vinte anos, dos trabalhadores.
§ 4o É facultado ao Poder a partir do segundo ano de sua
Público municipal, mediante lei emissão, e cuja utilização será Art. 187. A política agrícola será
específica para área incluída no definida em lei. planejada e executada na forma
plano diretor, exigir, nos termos § 1o As benfeitorias úteis e da lei, com a participação efetiva
da lei federal, do proprietário do necessárias serão indenizadas do setor de produção, envolvendo
solo urbano não edificado, su- em dinheiro. produtores e trabalhadores rurais,
butilizado ou não utilizado, que § 2o O decreto que declarar o bem como dos setores de comer-
promova seu adequado aprovei- imóvel como de interesse social, cialização, de armazenamento e
tamento, sob pena, sucessiva- para fins de reforma agrária, au- de transportes, levando em conta,
mente, de: toriza a União a propor a ação de especialmente:
I – parcelamento ou edifica- desapropriação. I – os instrumentos credití-
ção compulsórios; § 3o Cabe à lei complemen- cios e fiscais;
II – imposto sobre a proprie- tar estabelecer procedimento II – os preços compatíveis
dade predial e territorial urbana contraditório especial, de rito com os custos de produção e
progressivo no tempo; sumário, para o processo judicial a garantia de comercialização;
III – desapropriação com de desapropriação. III – o incentivo à pesquisa e
pagamento mediante títulos da § 4o O orçamento fixará anu- à tecnologia;
dívida pública de emissão pre- almente o volume total de títulos IV – a assistência técnica e
viamente aprovada pelo Senado da dívida agrária, assim como o extensão rural;
Federal, com prazo de resgate de montante de recursos para aten- V – o seguro agrícola;
até dez anos, em parcelas anuais, der ao programa de reforma agrá- VI – o cooperativismo;
iguais e sucessivas, assegurados ria no exercício. VII – a eletrificação rural e
o valor real da indenização e os § 5o São isentas de impostos irrigação;
juros legais. federais, estaduais e municipais VIII – a habitação para o tra-
as operações de transferência de balhador rural.
Art. 183. Aquele que possuir imóveis desapropriados para fins § 1o Incluem-se no plane-
como sua área urbana de até de reforma agrária. jamento agrícola as atividades
duzentos e cinquenta metros agroindustriais, agropecuárias,
quadrados, por cinco anos, inin- Art. 185. São insuscetíveis de pesqueiras e florestais.
terruptamente e sem oposição, desapropriação para fins de re- § 2o Serão compatibilizadas
utilizando-a para sua moradia forma agrária: as ações de política agrícola e de
ou de sua família, adquirir-lhe-á I – a pequena e média proprie- reforma agrária.
o domínio, desde que não seja dade rural, assim definida em lei,
proprietário de outro imóvel ur- desde que seu proprietário não Art. 188. A destinação de terras
bano ou rural. possua outra; públicas e devolutas será compa-
§ 1o O título de domínio e a II – a propriedade produtiva. tibilizada com a política agrícola
concessão de uso serão confe- Parágrafo único. A lei ga- e com o plano nacional de refor-
ridos ao homem ou à mulher, ou rantirá tratamento especial à ma agrária.
a ambos, independentemente do propriedade produtiva e fixará § 1o A alienação ou a con-
estado civil. normas para o cumprimento dos cessão, a qualquer título, de ter-

76
Constituição da República Federativa do Brasil
ras públicas com área superior a inclusive, sobre a participação dade na prestação dos benefícios
dois mil e quinhentos hectares a do capital estrangeiro nas insti- e serviços;
pessoa física ou jurídica, ainda tuições que o integram. IV – irredutibilidade do valor
que por interposta pessoa, de- I – (Revogado); dos benefícios;
penderá de prévia aprovação do II – (Revogado); V – equidade na forma de par-
Congresso Nacional. III – (Revogado): ticipação no custeio;
§ 2o Excetuam-se do dis- a) (Revogada); VI – diversidade da base de
posto no parágrafo anterior as b) (Revogada); financiamento, identificando-se,
alienações ou as concessões de IV – (Revogado); em rubricas contábeis especí-
terras públicas para fins de re- V – (Revogado); ficas para cada área, as recei-
forma agrária. VI – (Revogado); tas e as despesas vinculadas a
VII – (Revogado); ações de saúde, previdência e
Art. 189. Os beneficiários da dis- VIII – (Revogado). assistência social, preservado
tribuição de imóveis rurais pela § 1o (Revogado) o caráter contributivo da previ-
reforma agrária receberão títulos § 2o (Revogado) dência social;
de domínio ou de concessão de § 3o (Revogado) VII – caráter democrático e
uso, inegociáveis pelo prazo de descentralizado da administra-
dez anos. ção, mediante gestão quadripar-
Parágrafo único. O título de TÍTULO VIII – DA ORDEM tite, com participação dos traba-
domínio e a concessão de uso SOCIAL lhadores, dos empregadores, dos
serão conferidos ao homem ou à aposentados e do Governo nos
mulher, ou a ambos, independen- CAPÍTULO I – DISPOSIÇÃO órgãos colegiados.
temente do estado civil, nos ter- GERAL
mos e condições previstos em lei. Art. 195. A seguridade social
Art. 193. A ordem social tem será financiada por toda a socie-
Art. 190. A lei regulará e limitará como base o primado do trabalho, dade, de forma direta e indireta,
a aquisição ou o arrendamento e como objetivo o bem-estar e a nos termos da lei, mediante recur-
de propriedade rural por pes- justiça sociais. sos provenientes dos orçamentos
soa física ou jurídica estrangei- Parágrafo único. O Estado da União, dos Estados, do Distrito
ra e estabelecerá os casos que exercerá a função de planejamen- Federal e dos Municípios, e das
dependerão de autorização do to das políticas sociais, assegura- seguintes contribuições sociais:
Congresso Nacional. da, na forma da lei, a participação I – do empregador, da empre-
da sociedade nos processos de sa e da entidade a ela equiparada
Art. 191. Aquele que, não sendo formulação, de monitoramento, na forma da lei, incidentes sobre:
proprietário de imóvel rural ou de controle e de avaliação des- a) a folha de salários e de-
urbano, possua como seu, por sas políticas. mais rendimentos do trabalho
cinco anos ininterruptos, sem pagos ou creditados, a qualquer
oposição, área de terra, em zona título, à pessoa física que lhe
rural, não superior a cinquenta CAPÍTULO II – DA preste serviço, mesmo sem vín-
hectares, tornando-a produtiva SEGURIDADE SOCIAL culo empregatício;
por seu trabalho ou de sua família, b) a receita ou o faturamen-
Seção I – Disposições Gerais
tendo nela sua moradia, adquirir- to;
-lhe-á a propriedade. c) o lucro;
Parágrafo único. Os imóveis Art. 194. A seguridade social II – do trabalhador e dos de-
públicos não serão adquiridos por compreende um conjunto inte- mais segurados da previdência
usucapião. grado de ações de iniciativa dos social, podendo ser adotadas alí-
Poderes Públicos e da sociedade, quotas progressivas de acordo
destinadas a assegurar os direitos com o valor do salário de contri-
CAPÍTULO IV – DO SISTEMA relativos à saúde, à previdência e buição, não incidindo contribui-
FINANCEIRO NACIONAL à assistência social. ção sobre aposentadoria e pensão
Parágrafo único. Compete concedidas pelo Regime Geral de
Art. 192. O sistema financeiro ao Poder Público, nos termos da Previdência Social;
nacional, estruturado de forma lei, organizar a seguridade social, III – sobre a receita de con-
a promover o desenvolvimento com base nos seguintes objetivos: cursos de prognósticos;
equilibrado do País e a servir aos I – universalidade da cober- IV – do importador de bens ou
interesses da coletividade, em tura e do atendimento; serviços do exterior, ou de quem
todas as partes que o compõem, II – uniformidade e equiva- a lei a ele equiparar.
abrangendo as cooperativas de lência dos benefícios e serviços § 1o As receitas dos Estados,
crédito, será regulado por leis às populações urbanas e rurais; do Distrito Federal e dos Muni-
complementares que disporão, III – seletividade e distributivi- cípios destinadas à seguridade

77
Constituição da República Federativa do Brasil
social constarão dos respectivos va de mão de obra, do porte da de terceiros e, também, por pes-
orçamentos, não integrando o empresa ou da condição estrutu- soa física ou jurídica de direito
orçamento da União. ral do mercado de trabalho, sendo privado.
§ 2o A proposta de orçamen- também autorizada a adoção de
to da seguridade social será ela- bases de cálculo diferenciadas Art. 198. As ações e serviços
borada de forma integrada pelos apenas no caso das alíneas “b” e públicos de saúde integram uma
órgãos responsáveis pela saúde, “c” do inciso I do caput. rede regionalizada e hierarqui-
previdência social e assistência § 10. A lei definirá os crité- zada e constituem um sistema
social, tendo em vista as metas rios de transferência de recursos único, organizado de acordo com
e prioridades estabelecidas na para o sistema único de saúde e as seguintes diretrizes:
lei de diretrizes orçamentárias, ações de assistência social da I – descentralização, com di-
assegurada a cada área a gestão União para os Estados, o Distrito reção única em cada esfera de
de seus recursos. Federal e os Municípios, e dos Es- governo;
§ 3o A pessoa jurídica em dé- tados para os Municípios, obser- II – atendimento integral, com
bito com o sistema da seguridade vada a respectiva contrapartida prioridade para as atividades pre-
social, como estabelecido em de recursos. ventivas, sem prejuízo dos servi-
lei, não poderá contratar com o § 11. São vedados a moratória ços assistenciais;
Poder Público nem dele receber e o parcelamento em prazo su- III – participação da comu-
benefícios ou incentivos fiscais perior a 60 (sessenta) meses e, nidade.
ou creditícios. na forma de lei complementar, § 1o O sistema único de saúde
§ 4o A lei poderá instituir ou- a remissão e a anistia das con- será financiado, nos termos do
tras fontes destinadas a garantir tribuições sociais de que tratam art. 195, com recursos do orça-
a manutenção ou expansão da a alínea “a” do inciso I e o inciso mento da seguridade social, da
seguridade social, obedecido o II do caput. União, dos Estados, do Distrito
disposto no art. 154, I. § 12. A lei definirá os setores Federal e dos Municípios, além
§ 5o Nenhum benefício ou de atividade econômica para os de outras fontes.
serviço da seguridade social po- quais as contribuições incidentes § 2o A União, os Estados, o
derá ser criado, majorado ou es- na forma dos incisos I, “b”; e IV do Distrito Federal e os Municípios
tendido sem a correspondente caput, serão não cumulativas. aplicarão, anualmente, em ações
fonte de custeio total. § 13. (Revogado) e serviços públicos de saúde re-
§ 6o As contribuições sociais § 14. O segurado somente cursos mínimos derivados da apli-
de que trata este artigo só pode- terá reconhecida como tempo de cação de percentuais calculados
rão ser exigidas após decorridos contribuição ao Regime Geral de sobre:
noventa dias da data da publica- Previdência Social a competência I – no caso da União, a recei-
ção da lei que as houver institu- cuja contribuição seja igual ou ta corrente líquida do respectivo
ído ou modificado, não se lhes superior à contribuição mínima exercício financeiro, não poden-
aplicando o disposto no art. 150, mensal exigida para sua catego- do ser inferior a 15% (quinze por
III, “b”. ria, assegurado o agrupamento de cento);
§ 7o São isentas de contri- contribuições. II – no caso dos Estados e
buição para a seguridade social do Distrito Federal, o produto da
as entidades beneficentes de as- arrecadação dos impostos a que
sistência social que atendam às
Seção II – Da Saúde se refere o art. 155 e dos recur-
exigências estabelecidas em lei. sos de que tratam os arts. 157 e
§ 8o O produtor, o parceiro, o Art. 196. A saúde é direito de 159, inciso I, alínea “a”, e inciso II,
meeiro e o arrendatário rurais e o todos e dever do Estado, garan- deduzidas as parcelas que forem
pescador artesanal, bem como os tido mediante políticas sociais e transferidas aos respectivos Mu-
respectivos cônjuges, que exer- econômicas que visem à redução nicípios;
çam suas atividades em regime do risco de doença e de outros III – no caso dos Municípios e
de economia familiar, sem empre- agravos e ao acesso universal e do Distrito Federal, o produto da
gados permanentes, contribuirão igualitário às ações e serviços arrecadação dos impostos a que
para a seguridade social mediante para sua promoção, proteção e se refere o art. 156 e dos recursos
a aplicação de uma alíquota sobre recuperação. de que tratam os arts. 158 e 159,
o resultado da comercialização da inciso I, alínea “b” e § 3o.
produção e farão jus aos benefí- Art. 197. São de relevância públi- § 3o Lei complementar, que
cios nos termos da lei. ca as ações e serviços de saúde, será reavaliada pelo menos a cada
§ 9o As contribuições sociais cabendo ao Poder Público dis- cinco anos, estabelecerá:
previstas no inciso I do caput des- por, nos termos da lei, sobre sua I – os percentuais de que tra-
te artigo poderão ter alíquotas di- regulamentação, fiscalização e tam os incisos II e III do § 2o;
ferenciadas em razão da atividade controle, devendo sua execução II – os critérios de rateio dos
econômica, da utilização intensi- ser feita diretamente ou através recursos da União vinculados à

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Constituição da República Federativa do Brasil
saúde destinados aos Estados, § 3o É vedada a participação Regime Geral de Previdência So-
ao Distrito Federal e aos Municí- direta ou indireta de empresas cial, de caráter contributivo e de
pios, e dos Estados destinados ou capitais estrangeiros na as- filiação obrigatória, observados
a seus respectivos Municípios, sistência à saúde no País, salvo critérios que preservem o equilí-
objetivando a progressiva redu- nos casos previstos em lei. brio financeiro e atuarial, e aten-
ção das disparidades regionais; § 4o A lei disporá sobre as derá, na forma da lei, a:
III – as normas de fiscaliza- condições e os requisitos que I – cobertura dos eventos de
ção, avaliação e controle das facilitem a remoção de órgãos, incapacidade temporária ou per-
despesas com saúde nas esfe- tecidos e substâncias humanas manente para o trabalho e idade
ras federal, estadual, distrital e para fins de transplante, pesquisa avançada;
municipal; e tratamento, bem como a coleta, II – proteção à maternidade,
IV – (Revogado). processamento e transfusão de especialmente à gestante;
§ 4o Os gestores locais do sangue e seus derivados, sendo III – proteção ao trabalhador
sistema único de saúde poderão vedado todo tipo de comercia- em situação de desemprego in-
admitir agentes comunitários de lização. voluntário;
saúde e agentes de combate às IV – salário-família e auxílio-
endemias por meio de processo Art. 200. Ao sistema único de -reclusão para os dependentes
seletivo público, de acordo com a saúde compete, além de outras dos segurados de baixa renda;
natureza e complexidade de suas atribuições, nos termos da lei: V – pensão por morte do se-
atribuições e requisitos específi- I – controlar e fiscalizar pro- gurado, homem ou mulher, ao
cos para sua atuação. cedimentos, produtos e subs- cônjuge ou companheiro e de-
§ 5o Lei federal disporá sobre tâncias de interesse para a saú- pendentes, observado o dispos-
o regime jurídico, o piso salarial de e participar da produção de to no § 2o.
profissional nacional, as diretri- medicamentos, equipamentos, § 1o É vedada a adoção de
zes para os Planos de Carreira e imunobiológicos, hemoderivados requisitos ou critérios diferen-
a regulamentação das atividades e outros insumos; ciados para concessão de bene-
de agente comunitário de saúde II – executar as ações de vi- fícios, ressalvada, nos termos de
e agente de combate às ende- gilância sanitária e epidemioló- lei complementar, a possibilidade
mias, competindo à União, nos gica, bem como as de saúde do de previsão de idade e tempo de
termos da lei, prestar assistên- trabalhador; contribuição distintos da regra
cia financeira complementar aos III – ordenar a formação de geral para concessão de aposen-
Estados, ao Distrito Federal e aos recursos humanos na área de tadoria exclusivamente em favor
Municípios, para o cumprimento saúde; dos segurados:
do referido piso salarial. IV – participar da formulação I – com deficiência, previa-
§ 6o Além das hipóteses pre- da política e da execução das mente submetidos a avaliação
vistas no § 1o do art. 41 e no § 4o do ações de saneamento básico; biopsicossocial realizada por
art. 169 da Constituição Federal, V – incrementar, em sua área equipe multiprofissional e inter-
o servidor que exerça funções de atuação, o desenvolvimen- disciplinar;
equivalentes às de agente co- to científico e tecnológico e a II – cujas atividades sejam
munitário de saúde ou de agente inovação; exercidas com efetiva exposi-
de combate às endemias poderá VI – fiscalizar e inspecionar ção a agentes químicos, físicos
perder o cargo em caso de des- alimentos, compreendido o con- e biológicos prejudiciais à saúde,
cumprimento dos requisitos es- trole de seu teor nutricional, bem ou associação desses agentes,
pecíficos, fixados em lei, para o como bebidas e águas para con- vedada a caracterização por ca-
seu exercício. sumo humano; tegoria profissional ou ocupação.
VII – participar do controle e § 2o Nenhum benefício que
Art. 199. A assistência à saúde fiscalização da produção, trans- substitua o salário de contribui-
é livre à iniciativa privada. porte, guarda e utilização de subs- ção ou o rendimento do trabalho
§ 1o As instituições privadas tâncias e produtos psicoativos, do segurado terá valor mensal
poderão participar de forma com- tóxicos e radioativos; inferior ao salário mínimo.
plementar do sistema único de VIII – colaborar na proteção § 3o Todos os salários de
saúde, segundo diretrizes des- do meio ambiente, nele compre- contribuição considerados para
te, mediante contrato de direito endido o do trabalho. o cálculo de benefício serão de-
público ou convênio, tendo prefe- vidamente atualizados, na for-
rência as entidades filantrópicas ma da lei.
e as sem fins lucrativos.
Seção III – Da Previdência § 4o É assegurado o rea-
§ 2o É vedada a destinação Social justamento dos benefícios para
de recursos públicos para auxílios preservar-lhes, em caráter per-
ou subvenções às instituições pri- Art. 201. A previdência social manente, o valor real, conforme
vadas com fins lucrativos. será organizada sob a forma do critérios definidos em lei.

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Constituição da República Federativa do Brasil
§ 5o É vedada a filiação ao re- derá disciplinar a cobertura de § 1o A lei complementar de
gime geral de previdência social, benefícios não programados, que trata este artigo assegura-
na qualidade de segurado facul- inclusive os decorrentes de aci- rá ao participante de planos de
tativo, de pessoa participante de dente do trabalho, a ser atendida benefícios de entidades de pre-
regime próprio de previdência. concorrentemente pelo Regime vidência privada o pleno acesso
§ 6o A gratificação natalina Geral de Previdência Social e pelo às informações relativas à gestão
dos aposentados e pensionistas setor privado. de seus respectivos planos.
terá por base o valor dos pro- § 11. Os ganhos habituais do § 2o As contribuições do em-
ventos do mês de dezembro de empregado, a qualquer título, se- pregador, os benefícios e as con-
cada ano. rão incorporados ao salário para dições contratuais previstas nos
§ 7o É assegurada aposenta- efeito de contribuição previdenci- estatutos, regulamentos e planos
doria no regime geral de previdên- ária e consequente repercussão de benefícios das entidades de
cia social, nos termos da lei, obe- em benefícios, nos casos e na previdência privada não integram
decidas as seguintes condições: forma da lei. o contrato de trabalho dos par-
I – 65 (sessenta e cinco) anos § 12. Lei instituirá sistema ticipantes, assim como, à exce-
de idade, se homem, e 62 (ses- especial de inclusão previdenci- ção dos benefícios concedidos,
senta e dois) anos de idade, se ária, com alíquotas diferenciadas, não integram a remuneração dos
mulher, observado tempo mínimo para atender aos trabalhadores participantes, nos termos da lei.
de contribuição; de baixa renda, inclusive os que § 3o É vedado o aporte de
II – 60 (sessenta) anos de ida- se encontram em situação de in- recursos a entidade de previdên-
de, se homem, e 55 (cinquenta e formalidade, e àqueles sem renda cia privada pela União, Estados,
cinco) anos de idade, se mulher, própria que se dediquem exclusi- Distrito Federal e Municípios, suas
para os trabalhadores rurais e vamente ao trabalho doméstico autarquias, fundações, empresas
para os que exerçam suas ati- no âmbito de sua residência, des- públicas, sociedades de economia
vidades em regime de econo- de que pertencentes a famílias de mista e outras entidades públicas,
mia familiar, nestes incluídos o baixa renda. salvo na qualidade de patrocina-
produtor rural, o garimpeiro e o § 13. A aposentadoria con- dor, situação na qual, em hipótese
pescador artesanal. cedida ao segurado de que trata alguma, sua contribuição normal
§ 8o O requisito de idade a o § 12 terá valor de 1 (um) salário poderá exceder a do segurado.
que se refere o inciso I do § 7o será mínimo. § 4o Lei complementar dis-
reduzido em 5 (cinco) anos, para o § 14. É vedada a contagem ciplinará a relação entre a União,
professor que comprove tempo de de tempo de contribuição fictí- Estados, Distrito Federal ou Muni-
efetivo exercício das funções de cio para efeito de concessão dos cípios, inclusive suas autarquias,
magistério na educação infantil benefícios previdenciários e de fundações, sociedades de econo-
e no ensino fundamental e mé- contagem recíproca. mia mista e empresas controla-
dio fixado em lei complementar. § 15. Lei complementar es- das direta ou indiretamente, en-
§ 9o Para fins de aposenta- tabelecerá vedações, regras e quanto patrocinadores de planos
doria, será assegurada a conta- condições para a acumulação de benefícios previdenciários,
gem recíproca do tempo de con- de benefícios previdenciários. e as entidades de previdência
tribuição entre o Regime Geral de § 16. Os empregados dos complementar.
Previdência Social e os regimes consórcios públicos, das em- § 5o A lei complementar de
próprios de previdência social, e presas públicas, das socieda- que trata o § 4o aplicar-se-á, no
destes entre si, observada a com- des de economia mista e das suas que couber, às empresas privadas
pensação financeira, de acordo subsidiárias serão aposentados permissionárias ou concessio-
com os critérios estabelecidos compulsoriamente, observado o nárias de prestação de serviços
em lei. cumprimento do tempo mínimo públicos, quando patrocinado-
§ 9o-A. O tempo de serviço de contribuição, ao atingir a idade ras de planos de benefícios em
militar exercido nas atividades de máxima de que trata o inciso II do entidades de previdência com-
que tratam os arts. 42, 142 e 143 e § 1o do art. 40, na forma estabe- plementar.
o tempo de contribuição ao Regi- lecida em lei. § 6o Lei complementar es-
me Geral de Previdência Social ou tabelecerá os requisitos para a
a regime próprio de previdência Art. 202. O regime de previdên- designação dos membros das
social terão contagem recíproca cia privada, de caráter comple- diretorias das entidades fecha-
para fins de inativação militar ou mentar e organizado de forma das de previdência complementar
aposentadoria, e a compensação autônoma em relação ao regime instituídas pelos patrocinadores
financeira será devida entre as geral de previdência social, será de que trata o § 4o e disciplina-
receitas de contribuição referen- facultativo, baseado na constitui- rá a inserção dos participantes
tes aos militares e as receitas de ção de reservas que garantam o nos colegiados e instâncias de
contribuição aos demais regimes. benefício contratado, e regulado decisão em que seus interesses
§ 10. Lei complementar po- por lei complementar. sejam objeto de discussão e de-

80
Constituição da República Federativa do Brasil
liberação. cinco décimos por cento de sua cação e à aprendizagem ao longo
receita tributária líquida, vedada da vida.
a aplicação desses recursos no Parágrafo único. A lei disporá
Seção IV – Da Assistência pagamento de: sobre as categorias de trabalha-
Social I – despesas com pessoal e dores considerados profissionais
encargos sociais; da educação básica e sobre a fi-
Art. 203. A assistência social II – serviço da dívida; xação de prazo para a elaboração
será prestada a quem dela ne- III – qualquer outra despe- ou adequação de seus planos de
cessitar, independentemente de sa corrente não vinculada dire- carreira, no âmbito da União, dos
contribuição à seguridade social, tamente aos investimentos ou Estados, do Distrito Federal e dos
e tem por objetivos: ações apoiados. Municípios.
I – a proteção à família, à ma-
ternidade, à infância, à adoles- Art. 207. As universidades go-
cência e à velhice; CAPÍTULO III – DA zam de autonomia didático-cien-
II – o amparo às crianças e EDUCAÇÃO, DA CULTURA E tífica, administrativa e de gestão
adolescentes carentes; DO DESPORTO financeira e patrimonial, e obe-
III – a promoção da integração decerão ao princípio de indisso-
ao mercado de trabalho; Seção I – Da Educação ciabilidade entre ensino, pesquisa
IV – a habilitação e reabilita- e extensão.
ção das pessoas portadoras de Art. 205. A educação, direito de § 1o É facultado às universi-
deficiência e a promoção de sua todos e dever do Estado e da famí- dades admitir professores, téc-
integração à vida comunitária; lia, será promovida e incentivada nicos e cientistas estrangeiros,
V – a garantia de um salário com a colaboração da sociedade, na forma da lei.
mínimo de benefício mensal à visando ao pleno desenvolvimen- § 2o O disposto neste artigo
pessoa portadora de deficiência to da pessoa, seu preparo para o aplica-se às instituições de pes-
e ao idoso que comprovem não exercício da cidadania e sua qua- quisa científica e tecnológica.
possuir meios de prover à própria lificação para o trabalho.
manutenção ou de tê-la provida Art. 208. O dever do Estado com
por sua família, conforme dis- Art. 206. O ensino será minis- a educação será efetivado me-
puser a lei; trado com base nos seguintes diante a garantia de:
VI – a redução da vulnerabili- princípios: I – educação básica obrigató-
dade socioeconômica de famílias I – igualdade de condições ria e gratuita dos 4 (quatro) aos 17
em situação de pobreza ou de para o acesso e permanência (dezessete) anos de idade, asse-
extrema pobreza. na escola; gurada inclusive sua oferta gra-
II – liberdade de aprender, tuita para todos os que a ela não
Art. 204. As ações governamen- ensinar, pesquisar e divulgar o tiveram acesso na idade própria;
tais na área da assistência social pensamento, a arte e o saber; II – progressiva universali-
serão realizadas com recursos do III – pluralismo de ideias e de zação do ensino médio gratuito;
orçamento da seguridade social, concepções pedagógicas, e coe- III – atendimento educacional
previstos no art. 195, além de ou- xistência de instituições públicas especializado aos portadores de
tras fontes, e organizadas com e privadas de ensino; deficiência, preferencialmente na
base nas seguintes diretrizes: IV – gratuidade do ensino rede regular de ensino;
I – descentralização político- público em estabelecimentos IV – educação infantil, em cre-
-administrativa, cabendo a co- oficiais; che e pré-escola, às crianças até
ordenação e as normas gerais à V – valorização dos profissio- 5 (cinco) anos de idade;
esfera federal e a coordenação nais da educação escolar, garan- V – acesso aos níveis mais
e a execução dos respectivos tidos, na forma da lei, planos de elevados do ensino, da pesquisa
programas às esferas estadual carreira, com ingresso exclusiva- e da criação artística, segundo a
e municipal, bem como a enti- mente por concurso público de capacidade de cada um;
dades beneficentes e de assis- provas e títulos, aos das redes VI – oferta de ensino noturno
tência social; públicas; regular, adequado às condições
II – participação da popula- VI – gestão democrática do do educando;
ção, por meio de organizações ensino público, na forma da lei; VII – atendimento ao educan-
representativas, na formulação VII – garantia de padrão de do, em todas as etapas da educa-
das políticas e no controle das qualidade; ção básica, por meio de progra-
ações em todos os níveis. VIII – piso salarial profissional mas suplementares de material
Parágrafo único. É facultado nacional para os profissionais da didático-escolar, transporte, ali-
aos Estados e ao Distrito Federal educação escolar pública, nos mentação e assistência à saúde.
vincular a programa de apoio à termos de lei federal; § 1o O acesso ao ensino obri-
inclusão e promoção social até IX – garantia do direito à edu- gatório e gratuito é direito público

81
Constituição da República Federativa do Brasil
subjetivo. § 3o Os Estados e o Distrito nacional de educação.
§ 2o O não oferecimento do Federal atuarão prioritariamente § 4o Os programas suple-
ensino obrigatório pelo Poder no ensino fundamental e médio. mentares de alimentação e as-
Público, ou sua oferta irregular, § 4o Na organização de seus sistência à saúde previstos no
importa responsabilidade da au- sistemas de ensino, a União, os art. 208, VII, serão financiados
toridade competente. Estados, o Distrito Federal e os com recursos provenientes de
§ 3o Compete ao Poder Pú- Municípios definirão formas de contribuições sociais e outros
blico recensear os educandos no colaboração, de forma a asse- recursos orçamentários.
ensino fundamental, fazer-lhes a gurar a universalização, a qua- § 5o A educação básica pú-
chamada e zelar, junto aos pais lidade e a equidade do ensino blica terá como fonte adicional
ou responsáveis, pela frequência obrigatório. de financiamento a contribui-
à escola. § 5o A educação básica pú- ção social do salário-educação,
blica atenderá prioritariamente recolhida pelas empresas na for-
Art. 209. O ensino é livre à ini- ao ensino regular. ma da lei.
ciativa privada, atendidas as se- § 6o A União, os Estados, o § 6o As cotas estaduais e
guintes condições: Distrito Federal e os Municípios municipais da arrecadação da
I – cumprimento das normas exercerão ação redistributiva em contribuição social do salário-e-
gerais da educação nacional; relação a suas escolas. ducação serão distribuídas pro-
II – autorização e avaliação § 7o O padrão mínimo de qua- porcionalmente ao número de
de qualidade pelo Poder Público. lidade de que trata o § 1o deste alunos matriculados na educação
artigo considerará as condições básica nas respectivas redes pú-
Art. 210. Serão fixados conteú- adequadas de oferta e terá como blicas de ensino.
dos mínimos para o ensino fun- referência o Custo Aluno Qualida- § 7o É vedado o uso dos re-
damental, de maneira a assegu- de (CAQ), pactuados em regime de cursos referidos no caput e nos
rar formação básica comum e colaboração na forma disposta §§ 5o e 6o deste artigo para pa-
respeito aos valores culturais e em lei complementar, conforme gamento de aposentadorias e
artísticos, nacionais e regionais. o parágrafo único do art. 23 desta de pensões.
§ 1o O ensino religioso, de Constituição. § 8o Na hipótese de extinção
matrícula facultativa, constituirá ou de substituição de impostos,
disciplina dos horários normais Art. 212. A União aplicará, anual- serão redefinidos os percentuais
das escolas públicas de ensino mente, nunca menos de dezoito, e referidos no caput deste artigo e
fundamental. os Estados, o Distrito Federal e os no inciso II do caput do art. 212-
§ 2o O ensino fundamental Municípios vinte e cinco por cento, A, de modo que resultem recur-
regular será ministrado em lín- no mínimo, da receita resultan- sos vinculados à manutenção e
gua portuguesa, assegurada às te de impostos, compreendida a ao desenvolvimento do ensino,
comunidades indígenas também proveniente de transferências, na bem como os recursos subvin-
a utilização de suas línguas ma- manutenção e desenvolvimento culados aos fundos de que trata
ternas e processos próprios de do ensino. o art. 212-A desta Constituição,
aprendizagem. § 1o A parcela da arrecada- em aplicações equivalentes às
ção de impostos transferida pela anteriormente praticadas.
Art. 211. A União, os Estados, o União aos Estados, ao Distrito Fe- § 9o A lei disporá sobre nor-
Distrito Federal e os Municípios deral e aos Municípios, ou pelos mas de fiscalização, de avaliação
organizarão em regime de cola- Estados aos respectivos Muni- e de controle das despesas com
boração seus sistemas de ensino. cípios, não é considerada, para educação nas esferas estadual,
§ 1o A União organizará o sis- efeito do cálculo previsto neste distrital e municipal.
tema federal de ensino e o dos artigo, receita do governo que a
Territórios, financiará as institui- transferir. Art. 212-A. Os Estados, o Distrito
ções de ensino públicas federais § 2o Para efeito do cumpri- Federal e os Municípios destina-
e exercerá, em matéria educa- mento do disposto no caput des- rão parte dos recursos a que se
cional, função redistributiva e te artigo, serão considerados os refere o caput do art. 212 desta
supletiva, de forma a garantir sistemas de ensino federal, es- Constituição à manutenção e ao
equalização de oportunidades tadual e municipal e os recursos desenvolvimento do ensino na
educacionais e padrão mínimo aplicados na forma do art. 213. educação básica e à remunera-
de qualidade do ensino mediante § 3o A distribuição dos recur- ção condigna de seus profissio-
assistência técnica e financeira sos públicos assegurará priorida- nais, respeitadas as seguintes
aos Estados, ao Distrito Federal de ao atendimento das necessi- disposições:
e aos Municípios. dades do ensino obrigatório, no I – a distribuição dos recur-
§ 2o Os Municípios atuarão que se refere a universalização, sos e de responsabilidades entre
prioritariamente no ensino fun- garantia de padrão de qualidade o Distrito Federal, os Estados e
damental e na educação infantil. e equidade, nos termos do plano seus Municípios é assegurada

82
Constituição da República Federativa do Brasil
mediante a instituição, no âmbito redes públicas que, cumpridas as respectivas especificidades
de cada Estado e do Distrito Fede- condicionalidades de melhoria e os insumos necessários para a
ral, de um Fundo de Manutenção de gestão previstas em lei, alcan- garantia de sua qualidade;
e Desenvolvimento da Educação çarem evolução de indicadores a b) a forma de cálculo do VAAF
Básica e de Valorização dos Pro- serem definidos, de atendimento decorrente do inciso III do caput
fissionais da Educação (Fundeb), e melhoria da aprendizagem com deste artigo e do VAAT referido
de natureza contábil; redução das desigualdades, nos no inciso VI do caput deste artigo;
II – os fundos referidos no in- termos do sistema nacional de c) a forma de cálculo para
ciso I do caput deste artigo serão avaliação da educação básica; distribuição prevista na alínea “c”
constituídos por 20% (vinte por VI – o VAAT será calculado, na do inciso V do caput deste artigo;
cento) dos recursos a que se re- forma da lei de que trata o inciso d) a transparência, o mo-
ferem os incisos I, II e III do caput X do caput deste artigo, com base nitoramento, a fiscalização e o
do art. 155, o inciso II do caput do nos recursos a que se refere o controle interno, externo e social
art. 157, os incisos II, III e IV do inciso II do caput deste artigo, dos fundos referidos no inciso I
caput do art. 158 e as alíneas “a” e acrescidos de outras receitas e do caput deste artigo, assegu-
“b” do inciso I e o inciso II do caput de transferências vinculadas à rada a criação, a autonomia, a
do art. 159 desta Constituição; educação, observado o disposto manutenção e a consolidação de
III – os recursos referidos no no § 1o e consideradas as matrí- conselhos de acompanhamento
inciso II do caput deste artigo se- culas nos termos do inciso III do e controle social, admitida sua
rão distribuídos entre cada Estado caput deste artigo; integração aos conselhos de edu-
e seus Municípios, proporcional- VII – os recursos de que tra- cação;
mente ao número de alunos das tam os incisos II e IV do caput e) o conteúdo e a periodici-
diversas etapas e modalidades deste artigo serão aplicados pe- dade da avaliação, por parte do
da educação básica presencial los Estados e pelos Municípios órgão responsável, dos efeitos
matriculados nas respectivas exclusivamente nos respectivos redistributivos, da melhoria dos
redes, nos âmbitos de atuação âmbitos de atuação prioritária, indicadores educacionais e da
prioritária, conforme estabeleci- conforme estabelecido nos §§ 2o ampliação do atendimento;
do nos §§ 2o e 3o do art. 211 des- e 3o do art. 211 desta Constituição; XI – proporção não inferior a
ta Constituição, observadas as VIII – a vinculação de recursos 70% (setenta por cento) de cada
ponderações referidas na alínea à manutenção e ao desenvolvi- fundo referido no inciso I do caput
“a” do inciso X do caput e no § 2o mento do ensino estabelecida deste artigo, excluídos os recur-
deste artigo; no art. 212 desta Constituição sos de que trata a alínea “c” do
IV – a União complementará suportará, no máximo, 30% (trinta inciso V do caput deste artigo,
os recursos dos fundos a que se por cento) da complementação da será destinada ao pagamento dos
refere o inciso II do caput deste União, considerados para os fins profissionais da educação básica
artigo; deste inciso os valores previstos em efetivo exercício, observado,
V – a complementação da no inciso V do caput deste artigo; em relação aos recursos previstos
União será equivalente a, no mí- IX – o disposto no caput do na alínea “b” do inciso V do caput
nimo, 23% (vinte e três por cento) art. 160 desta Constituição apli- deste artigo, o percentual mínimo
do total de recursos a que se refe- ca-se aos recursos referidos nos de 15% (quinze por cento) para
re o inciso II do caput deste artigo, incisos II e IV do caput deste ar- despesas de capital;
distribuída da seguinte forma: tigo, e seu descumprimento pela XII – lei específica disporá
a) 10 (dez) pontos percentu- autoridade competente importará sobre o piso salarial profissional
ais no âmbito de cada Estado e em crime de responsabilidade; nacional para os profissionais
do Distrito Federal, sempre que o X – a lei disporá, observadas do magistério da educação bá-
valor anual por aluno (VAAF), nos as garantias estabelecidas nos in- sica pública;
termos do inciso III do caput des- cisos I, II, III e IV do caput e no § 1o XIII – a utilização dos recursos
te artigo, não alcançar o mínimo do art. 208 e as metas pertinentes a que se refere o § 5o do art. 212
definido nacionalmente; do plano nacional de educação, desta Constituição para a com-
b) no mínimo, 10,5 (dez in- nos termos previstos no art. 214 plementação da União ao Fundeb,
teiros e cinco décimos) pontos desta Constituição, sobre: referida no inciso V do caput deste
percentuais em cada rede pública a) a organização dos fundos artigo, é vedada.
de ensino municipal, estadual ou referidos no inciso I do caput des- § 1o O cálculo do VAAT, refe-
distrital, sempre que o valor anual te artigo e a distribuição propor- rido no inciso VI do caput deste
total por aluno (VAAT), referido no cional de seus recursos, as dife- artigo, deverá considerar, além
inciso VI do caput deste artigo, renças e as ponderações quanto dos recursos previstos no inciso II
não alcançar o mínimo definido ao valor anual por aluno entre do caput deste artigo, pelo menos,
nacionalmente; etapas, modalidades, duração as seguintes disponibilidades:
c) 2,5 (dois inteiros e cinco da jornada e tipos de estabele- I – receitas de Estados, do
décimos) pontos percentuais nas cimento de ensino, observados Distrito Federal e de Municípios

83
Constituição da República Federativa do Brasil
vinculadas à manutenção e ao sa, de extensão e de estímulo e I – defesa e valorização do
desenvolvimento do ensino não fomento à inovação realizadas patrimônio cultural brasileiro;
integrantes dos fundos referidos por universidades e/ou por insti- II – produção, promoção e
no inciso I do caput deste artigo; tuições de educação profissional difusão de bens culturais;
II – cotas estaduais e munici- e tecnológica poderão receber III – formação de pessoal qua-
pais da arrecadação do salário- apoio financeiro do Poder Público. lificado para a gestão da cultura
-educação de que trata o § 6o do em suas múltiplas dimensões;
art. 212 desta Constituição; Art. 214. A lei estabelecerá o IV – democratização do aces-
III – complementação da plano nacional de educação, de so aos bens de cultura;
União transferida a Estados, ao duração decenal, com o objetivo V – valorização da diversidade
Distrito Federal e a Municípios de articular o sistema nacional de étnica e regional.
nos termos da alínea “a” do inciso educação em regime de colabora-
V do caput deste artigo. ção e definir diretrizes, objetivos, Art. 216. Constituem patrimônio
§ 2o Além das ponderações metas e estratégias de implemen- cultural brasileiro os bens de na-
previstas na alínea “a” do inciso X tação para assegurar a manuten- tureza material e imaterial, toma-
do caput deste artigo, a lei definirá ção e desenvolvimento do ensino dos individualmente ou em con-
outras relativas ao nível socioe- em seus diversos níveis, etapas e junto, portadores de referência
conômico dos educandos e aos modalidades por meio de ações à identidade, à ação, à memória
indicadores de disponibilidade de integradas dos poderes públicos dos diferentes grupos formado-
recursos vinculados à educação das diferentes esferas federativas res da sociedade brasileira, nos
e de potencial de arrecadação que conduzam a: quais se incluem:
tributária de cada ente federa- I – erradicação do analfabe- I – as formas de expressão;
do, bem como seus prazos de tismo; II – os modos de criar, fazer
implementação. II – universalização do aten- e viver;
§ 3o Será destinada à edu- dimento escolar; III – as criações científicas,
cação infantil a proporção de III – melhoria da qualidade artísticas e tecnológicas;
50% (cinquenta por cento) dos do ensino; IV – as obras, objetos, docu-
recursos globais a que se refere IV – formação para o trabalho; mentos, edificações e demais
a alínea “b” do inciso V do caput V – promoção humanística, espaços destinados às manifes-
deste artigo, nos termos da lei. científica e tecnológica do País; tações artístico-culturais;
VI – estabelecimento de meta V – os conjuntos urbanos e
Art. 213. Os recursos públicos de aplicação de recursos públicos sítios de valor histórico, paisagís-
serão destinados às escolas pú- em educação como proporção do tico, artístico, arqueológico, pale-
blicas, podendo ser dirigidos a produto interno bruto. ontológico, ecológico e científico.
escolas comunitárias, confes- § 1o O Poder Público, com a
sionais ou filantrópicas, definidas colaboração da comunidade, pro-
em lei, que:
Seção II – Da Cultura moverá e protegerá o patrimônio
I – comprovem finalidade não cultural brasileiro, por meio de
lucrativa e apliquem seus exce- Art. 215. O Estado garantirá a inventários, registros, vigilância,
dentes financeiros em educação; todos o pleno exercício dos direi- tombamento e desapropriação,
II – assegurem a destinação tos culturais e acesso às fontes e de outras formas de acautela-
de seu patrimônio a outra escola da cultura nacional, e apoiará e mento e preservação.
comunitária, filantrópica ou con- incentivará a valorização e a difu- § 2o Cabem à administração
fessional, ou ao Poder Público, no são das manifestações culturais. pública, na forma da lei, a gestão
caso de encerramento de suas § 1o O Estado protegerá as da documentação governamental
atividades. manifestações das culturas po- e as providências para franque-
§ 1o Os recursos de que trata pulares, indígenas e afro-brasi- ar sua consulta a quantos dela
este artigo poderão ser destina- leiras, e das de outros grupos necessitem.
dos a bolsas de estudo para o participantes do processo civi- § 3o A lei estabelecerá incen-
ensino fundamental e médio, na lizatório nacional. tivos para a produção e o conheci-
forma da lei, para os que demons- § 2o A lei disporá sobre a fi- mento de bens e valores culturais.
trarem insuficiência de recursos, xação de datas comemorativas de § 4o Os danos e ameaças ao
quando houver falta de vagas e alta significação para os diferen- patrimônio cultural serão puni-
cursos regulares da rede públi- tes segmentos étnicos nacionais. dos, na forma da lei.
ca na localidade da residência § 3o A lei estabelecerá o Pla- § 5o Ficam tombados todos
do educando, ficando o Poder no Nacional de Cultura, de dura- os documentos e os sítios deten-
Público obrigado a investir prio- ção plurianual, visando ao de- tores de reminiscências históri-
ritariamente na expansão de sua senvolvimento cultural do País e cas dos antigos quilombos.
rede na localidade. à integração das ações do poder § 6o É facultado aos Estados
§ 2o As atividades de pesqui- público que conduzem à: e ao Distrito Federal vincular a

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Constituição da República Federativa do Brasil
fundo estadual de fomento à cul- ção e controle social; ciplina e às competições des-
tura até cinco décimos por cento XI – descentralização articu- portivas após esgotarem-se as
de sua receita tributária líquida, lada e pactuada da gestão, dos instâncias da justiça desportiva,
para o financiamento de progra- recursos e das ações; regulada em lei.
mas e projetos culturais, vedada XII – ampliação progressiva § 2o A justiça desportiva terá
a aplicação desses recursos no dos recursos contidos nos orça- o prazo máximo de sessenta dias,
pagamento de: mentos públicos para a cultura. contados da instauração do pro-
I – despesas com pessoal e § 2o Constitui a estrutura cesso, para proferir decisão final.
encargos sociais; do Sistema Nacional de Cultu- § 3o O Poder Público incen-
II – serviço da dívida; ra, nas respectivas esferas da tivará o lazer, como forma de
III – qualquer outra despe- Federação: promoção social.
sa corrente não vinculada dire- I – órgãos gestores da cultura;
tamente aos investimentos ou II – conselhos de política cul-
ações apoiados. tural; CAPÍTULO IV – DA CIÊNCIA,
III – conferências de cultura; TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
Art. 216-A. O Sistema Nacional IV – comissões intergestores;
de Cultura, organizado em re- V – planos de cultura; Art. 218. O Estado promoverá
gime de colaboração, de forma VI – sistemas de financiamen- e incentivará o desenvolvimento
descentralizada e participativa, to à cultura; científico, a pesquisa, a capaci-
institui um processo de gestão e VII – sistemas de informações tação científica e tecnológica e
promoção conjunta de políticas e indicadores culturais; a inovação.
públicas de cultura, democráticas VIII – programas de formação § 1o A pesquisa científica bá-
e permanentes, pactuadas entre na área da cultura; e sica e tecnológica receberá tra-
os entes da Federação e a socie- IX – sistemas setoriais de tamento prioritário do Estado,
dade, tendo por objetivo promo- cultura. tendo em vista o bem público e o
ver o desenvolvimento humano, § 3o Lei federal disporá sobre progresso da ciência, tecnologia
social e econômico com pleno a regulamentação do Sistema Na- e inovação.
exercício dos direitos culturais. cional de Cultura, bem como de § 2o A pesquisa tecnológica
§ 1o O Sistema Nacional de sua articulação com os demais voltar-se-á preponderantemen-
Cultura fundamenta-se na políti- sistemas nacionais ou políticas te para a solução dos problemas
ca nacional de cultura e nas suas setoriais de governo. brasileiros e para o desenvol-
diretrizes, estabelecidas no Plano § 4o Os Estados, o Distrito vimento do sistema produtivo
Nacional de Cultura, e rege-se Federal e os Municípios organiza- nacional e regional.
pelos seguintes princípios: rão seus respectivos sistemas de § 3o O Estado apoiará a for-
I – diversidade das expres- cultura em leis próprias. mação de recursos humanos nas
sões culturais; áreas de ciência, pesquisa, tec-
II – universalização do acesso nologia e inovação, inclusive por
aos bens e serviços culturais;
Seção III – Do Desporto meio do apoio às atividades de ex-
III – fomento à produção, difu- tensão tecnológica, e concederá
são e circulação de conhecimento Art. 217. É dever do Estado fo- aos que delas se ocupem meios e
e bens culturais; mentar práticas desportivas for- condições especiais de trabalho.
IV – cooperação entre os en- mais e não formais, como direito § 4o A lei apoiará e estimula-
tes federados, os agentes públi- de cada um, observados: rá as empresas que invistam em
cos e privados atuantes na área I – a autonomia das entidades pesquisa, criação de tecnologia
cultural; desportivas dirigentes e associa- adequada ao País, formação e
V – integração e interação ções, quanto a sua organização aperfeiçoamento de seus recur-
na execução das políticas, pro- e funcionamento; sos humanos e que pratiquem
gramas, projetos e ações desen- II – a destinação de recursos sistemas de remuneração que
volvidas; públicos para a promoção prio- assegurem ao empregado, des-
VI – complementaridade nos ritária do desporto educacional vinculada do salário, participação
papéis dos agentes culturais; e, em casos específicos, para a nos ganhos econômicos resul-
VII – transversalidade das po- do desporto de alto rendimento; tantes da produtividade de seu
líticas culturais; III – o tratamento diferenciado trabalho.
VIII – autonomia dos entes para o desporto profissional e o § 5o É facultado aos Estados
federados e das instituições da não profissional; e ao Distrito Federal vincular par-
sociedade civil; IV – a proteção e o incentivo cela de sua receita orçamentária
IX – transparência e com- às manifestações desportivas de a entidades públicas de fomento
partilhamento das informações; criação nacional. ao ensino e à pesquisa científica
X – democratização dos pro- § 1o O Poder Judiciário só e tecnológica.
cessos decisórios com participa- admitirá ações relativas à dis- § 6o O Estado, na execução

85
Constituição da República Federativa do Brasil
das atividades previstas no caput, e Inovação. pende de licença de autoridade.
estimulará a articulação entre § 2o Os Estados, o Distrito
entes, tanto públicos quanto pri- Federal e os Municípios legislarão Art. 221. A produção e a progra-
vados, nas diversas esferas de concorrentemente sobre suas mação das emissoras de rádio e
governo. peculiaridades. televisão atenderão aos seguintes
§ 7o O Estado promoverá e princípios:
incentivará a atuação no exterior I – preferência a finalidades
das instituições públicas de ciên- CAPÍTULO V – DA educativas, artísticas, culturais
cia, tecnologia e inovação, com COMUNICAÇÃO SOCIAL e informativas;
vistas à execução das atividades II – promoção da cultura na-
previstas no caput. Art. 220. A manifestação do cional e regional e estímulo à pro-
pensamento, a criação, a expres- dução independente que objetive
Art. 219. O mercado interno in- são e a informação, sob qualquer sua divulgação;
tegra o patrimônio nacional e forma, processo ou veículo não III – regionalização da pro-
será incentivado de modo a via- sofrerão qualquer restrição, ob- dução cultural, artística e jor-
bilizar o desenvolvimento cultural servado o disposto nesta Cons- nalística, conforme percentuais
e socioeconômico, o bem-estar tituição. estabelecidos em lei;
da população e a autonomia tec- § 1o Nenhuma lei conterá IV – respeito aos valores éti-
nológica do País, nos termos de dispositivo que possa constituir cos e sociais da pessoa e da fa-
lei federal. embaraço à plena liberdade de in- mília.
Parágrafo único. O Estado formação jornalística em qualquer
estimulará a formação e o for- veículo de comunicação social, Art. 222. A propriedade de em-
talecimento da inovação nas em- observado o disposto no art. 5o, presa jornalística e de radiodifu-
presas, bem como nos demais IV, V, X, XIII e XIV. são sonora e de sons e imagens
entes, públicos ou privados, a § 2o É vedada toda e qual- é privativa de brasileiros natos
constituição e a manutenção de quer censura de natureza política, ou naturalizados há mais de dez
parques e polos tecnológicos e ideológica e artística. anos, ou de pessoas jurídicas
de demais ambientes promotores § 3o Compete à lei federal: constituídas sob as leis brasilei-
da inovação, a atuação dos inven- I – regular as diversões e es- ras e que tenham sede no País.
tores independentes e a criação, petáculos públicos, cabendo ao § 1o Em qualquer caso, pelo
absorção, difusão e transferência Poder Público informar sobre a menos setenta por cento do ca-
de tecnologia. natureza deles, as faixas etárias pital total e do capital votante
a que não se recomendem, locais das empresas jornalísticas e de
Art. 219-A. A União, os Estados, e horários em que sua apresenta- radiodifusão sonora e de sons e
o Distrito Federal e os Municípios ção se mostre inadequada; imagens deverá pertencer, direta
poderão firmar instrumentos de II – estabelecer os meios le- ou indiretamente, a brasileiros
cooperação com órgãos e en- gais que garantam à pessoa e natos ou naturalizados há mais
tidades públicos e com entida- à família a possibilidade de se de dez anos, que exercerão obri-
des privadas, inclusive para o defenderem de programas ou gatoriamente a gestão das ativi-
compartilhamento de recursos programações de rádio e televi- dades e estabelecerão o conteúdo
humanos especializados e ca- são que contrariem o disposto no da programação.
pacidade instalada, para a exe- art. 221, bem como da propaganda § 2o A responsabilidade edi-
cução de projetos de pesquisa, de produtos, práticas e serviços torial e as atividades de seleção
de desenvolvimento científico e que possam ser nocivos à saúde e direção da programação veicu-
tecnológico e de inovação, me- e ao meio ambiente. lada são privativas de brasileiros
diante contrapartida financeira § 4o A propaganda comer- natos ou naturalizados há mais
ou não financeira assumida pelo cial de tabaco, bebidas alcoóli- de dez anos, em qualquer meio
ente beneficiário, na forma da lei. cas, agrotóxicos, medicamen- de comunicação social.
tos e terapias estará sujeita a § 3o Os meios de comunica-
Art. 219-B. O Sistema Nacional restrições legais, nos termos do ção social eletrônica, indepen-
de Ciência, Tecnologia e Inovação inciso II do parágrafo anterior, e dentemente da tecnologia utili-
será organizado em regime de conterá, sempre que necessário, zada para a prestação do serviço,
colaboração entre entes, tanto advertência sobre os malefícios deverão observar os princípios
públicos quanto privados, com decorrentes de seu uso. enunciados no art. 221, na forma
vistas a promover o desenvolvi- § 5o Os meios de comuni- de lei específica, que também
mento científico e tecnológico e cação social não podem, direta garantirá a prioridade de profis-
a inovação. ou indiretamente, ser objeto de sionais brasileiros na execução
§ 1o Lei federal disporá so- monopólio ou oligopólio. de produções nacionais.
bre as normas gerais do Sistema § 6o A publicação de veículo § 4o Lei disciplinará a par-
Nacional de Ciência, Tecnologia impresso de comunicação inde- ticipação de capital estrangeiro

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Constituição da República Federativa do Brasil
nas empresas de que trata o § 1o. processos ecológicos essenciais mônio nacional, e sua utilização
§ 5o As alterações de contro- e prover o manejo ecológico das far-se-á, na forma da lei, dentro
le societário das empresas de que espécies e ecossistemas; de condições que assegurem a
trata o § 1o serão comunicadas ao II – preservar a diversidade preservação do meio ambiente,
Congresso Nacional. e a integridade do patrimônio inclusive quanto ao uso dos re-
genético do País e fiscalizar as cursos naturais.
Art. 223. Compete ao Poder entidades dedicadas à pesqui- § 5o São indisponíveis as ter-
Executivo outorgar e renovar sa e manipulação de material ras devolutas ou arrecadadas
concessão, permissão e autori- genético; pelos Estados, por ações discri-
zação para o serviço de radio- III – definir, em todas as uni- minatórias, necessárias à prote-
difusão sonora e de sons e ima- dades da Federação, espaços ção dos ecossistemas naturais.
gens, observado o princípio da territoriais e seus componentes a § 6o As usinas que operem
complementaridade dos sistemas serem especialmente protegidos, com reator nuclear deverão ter
privado, público e estatal. sendo a alteração e a supressão sua localização definida em lei
§ 1o O Congresso Nacio- permitidas somente através de federal, sem o que não poderão
nal apreciará o ato no prazo do lei, vedada qualquer utilização ser instaladas.
art. 64, §§ 2o e 4o, a contar do re- que comprometa a integridade § 7o Para fins do disposto
cebimento da mensagem. dos atributos que justifiquem sua na parte final do inciso VII do § 1o
§ 2o A não renovação da con- proteção; deste artigo, não se consideram
cessão ou permissão dependerá IV – exigir, na forma da lei, cruéis as práticas desportivas
de aprovação de, no mínimo, dois para instalação de obra ou ativi- que utilizem animais, desde que
quintos do Congresso Nacional, dade potencialmente causadora sejam manifestações culturais,
em votação nominal. de significativa degradação do conforme o § 1o do art. 215 desta
§ 3o O ato de outorga ou re- meio ambiente, estudo prévio de Constituição Federal, registradas
novação somente produzirá efei- impacto ambiental, a que se dará como bem de natureza imaterial
tos legais após deliberação do publicidade; integrante do patrimônio cultural
Congresso Nacional, na forma V – controlar a produção, a brasileiro, devendo ser regula-
dos parágrafos anteriores. comercialização e o emprego mentadas por lei específica que
§ 4o O cancelamento da con- de técnicas, métodos e substân- assegure o bem-estar dos ani-
cessão ou permissão, antes de cias que comportem risco para a mais envolvidos.
vencido o prazo, depende de de- vida, a qualidade de vida e o meio
cisão judicial. ambiente;
§ 5o O prazo da concessão ou VI – promover a educação CAPÍTULO VII – DA
permissão será de dez anos para ambiental em todos os níveis de FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO
as emissoras de rádio e de quinze ensino e a conscientização pú- ADOLESCENTE, DO JOVEM
para as de televisão. blica para a preservação do meio E DO IDOSO
ambiente;
Art. 224. Para os efeitos do dis- VII – proteger a fauna e a flo- Art. 226. A família, base da so-
posto neste capítulo, o Congresso ra, vedadas, na forma da lei, as ciedade, tem especial proteção
Nacional instituirá, como órgão práticas que coloquem em risco do Estado.
auxiliar, o Conselho de Comu- sua função ecológica, provoquem § 1o O casamento é civil e
nicação Social, na forma da lei. a extinção de espécies ou sub- gratuita a celebração.
metam os animais a crueldade. § 2o O casamento religioso
§ 2o Aquele que explorar re- tem efeito civil, nos termos da lei.
CAPÍTULO VI – DO MEIO cursos minerais fica obrigado a § 3o Para efeito da proteção
AMBIENTE recuperar o meio ambiente de- do Estado, é reconhecida a união
gradado, de acordo com solução estável entre o homem e a mulher
Art. 225. Todos têm direito ao técnica exigida pelo órgão públi- como entidade familiar, devendo
meio ambiente ecologicamente co competente, na forma da lei. a lei facilitar sua conversão em
equilibrado, bem de uso comum § 3o As condutas e ativida- casamento.
do povo e essencial à sadia qua- des consideradas lesivas ao meio § 4o Entende-se, também,
lidade de vida, impondo-se ao ambiente sujeitarão os infratores, como entidade familiar a comu-
Poder Público e à coletividade o pessoas físicas ou jurídicas, a nidade formada por qualquer dos
dever de defendê-lo e preservá- sanções penais e administrativas, pais e seus descendentes.
-lo para as presentes e futuras independentemente da obrigação § 5o Os direitos e deveres
gerações. de reparar os danos causados. referentes à sociedade conjugal
§ 1o Para assegurar a efe- § 4o A Floresta Amazônica são exercidos igualmente pelo
tividade desse direito, incumbe brasileira, a Mata Atlântica, a Ser- homem e pela mulher.
ao Poder Público: ra do Mar, o Pantanal Mato-Gros- § 6o O casamento civil pode
I – preservar e restaurar os sense e a Zona Costeira são patri- ser dissolvido pelo divórcio.

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Constituição da República Federativa do Brasil
§ 7o Fundado nos princípios e de fabricação de veículos de § 8o A lei estabelecerá:
da dignidade da pessoa humana transporte coletivo, a fim de ga- I – o estatuto da juventude,
e da paternidade responsável, rantir acesso adequado às pes- destinado a regular os direitos
o planejamento familiar é livre soas portadoras de deficiência. dos jovens;
decisão do casal, competindo ao § 3o O direito a proteção es- II – o plano nacional de juven-
Estado propiciar recursos edu- pecial abrangerá os seguintes tude, de duração decenal, visando
cacionais e científicos para o aspectos: à articulação das várias esferas
exercício desse direito, vedada I – idade mínima de quatorze do poder público para a execução
qualquer forma coercitiva por anos para admissão ao trabalho, de políticas públicas.
parte de instituições oficiais ou observado o disposto no art. 7o,
privadas. XXXIII; Art. 228. São penalmente inim-
§ 8o O Estado assegurará a II – garantia de direitos previ- putáveis os menores de dezoito
assistência à família na pessoa denciários e trabalhistas; anos, sujeitos às normas da le-
de cada um dos que a integram, III – garantia de acesso do gislação especial.
criando mecanismos para coibir trabalhador adolescente e jovem
a violência no âmbito de suas à escola; Art. 229. Os pais têm o dever
relações. IV – garantia de pleno e for- de assistir, criar e educar os fi-
mal conhecimento da atribuição lhos menores, e os filhos maiores
Art. 227. É dever da família, da de ato infracional, igualdade na têm o dever de ajudar e amparar
sociedade e do Estado assegurar relação processual e defesa téc- os pais na velhice, carência ou
à criança, ao adolescente e ao nica por profissional habilitado, enfermidade.
jovem, com absoluta prioridade, segundo dispuser a legislação
o direito à vida, à saúde, à ali- tutelar específica; Art. 230. A família, a sociedade e
mentação, à educação, ao lazer, V – obediência aos princípios o Estado têm o dever de amparar
à profissionalização, à cultura, à de brevidade, excepcionalidade as pessoas idosas, assegurando
dignidade, ao respeito, à liber- e respeito à condição peculiar sua participação na comunida-
dade e à convivência familiar e de pessoa em desenvolvimento, de, defendendo sua dignidade e
comunitária, além de colocá-los a quando da aplicação de qualquer bem-estar e garantindo-lhes o
salvo de toda forma de negligên- medida privativa da liberdade; direito à vida.
cia, discriminação, exploração, VI – estímulo do Poder Públi- § 1o Os programas de ampa-
violência, crueldade e opressão. co, através de assistência jurídica, ro aos idosos serão executados
§ 1o O Estado promoverá pro- incentivos fiscais e subsídios, nos preferencialmente em seus lares.
gramas de assistência integral à termos da lei, ao acolhimento, sob § 2o Aos maiores de sessenta
saúde da criança, do adolescente a forma de guarda, de criança e cinco anos é garantida a gratui-
e do jovem, admitida a partici- ou adolescente órfão ou aban- dade dos transportes coletivos
pação de entidades não gover- donado; urbanos.
namentais, mediante políticas VII – programas de preven-
específicas e obedecendo aos ção e atendimento especializado
seguintes preceitos: à criança, ao adolescente e ao CAPÍTULO VIII – DOS
I – aplicação de percentual jovem dependente de entorpe- ÍNDIOS
dos recursos públicos destinados centes e drogas afins.
à saúde na assistência materno- § 4o A lei punirá severamente Art. 231. São reconhecidos aos
-infantil; o abuso, a violência e a explora- índios sua organização social,
II – criação de programas de ção sexual da criança e do ado- costumes, línguas, crenças e tra-
prevenção e atendimento espe- lescente. dições, e os direitos originários
cializado para as pessoas porta- § 5o A adoção será assisti- sobre as terras que tradicional-
doras de deficiência física, sen- da pelo Poder Público, na forma mente ocupam, competindo à
sorial ou mental, bem como de da lei, que estabelecerá casos e União demarcá-las, proteger e fa-
integração social do adolescente condições de sua efetivação por zer respeitar todos os seus bens.
e do jovem portador de deficiên- parte de estrangeiros. § 1o São terras tradicional-
cia, mediante o treinamento para § 6o Os filhos, havidos ou não mente ocupadas pelos índios as
o trabalho e a convivência, e a da relação do casamento, ou por por eles habitadas em caráter
facilitação do acesso aos bens adoção, terão os mesmos direitos permanente, as utilizadas para
e serviços coletivos, com a eli- e qualificações, proibidas quais- suas atividades produtivas, as im-
minação de obstáculos arquite- quer designações discriminató- prescindíveis à preservação dos
tônicos e de todas as formas de rias relativas à filiação. recursos ambientais necessários
discriminação. § 7o No atendimento dos di- a seu bem-estar e as necessárias
§ 2o A lei disporá sobre nor- reitos da criança e do adolescen- a sua reprodução física e cultural,
mas de construção dos logradou- te levar-se-á em consideração o segundo seus usos, costumes e
ros e dos edifícios de uso público disposto no art. 204. tradições.

88
Constituição da República Federativa do Brasil
§ 2o As terras tradicional- TÍTULO IX – DAS meiro Juiz de Direito, o primeiro
mente ocupadas pelos índios DISPOSIÇÕES Promotor de Justiça e o primeiro
destinam-se a sua posse per- Defensor Público serão nomeados
manente, cabendo-lhes o usu-
CONSTITUCIONAIS GERAIS pelo Governador eleito após con-
fruto exclusivo das riquezas do curso público de provas e títulos;
solo, dos rios e dos lagos nelas Art. 233. (Revogado) VIII – até a promulgação da
existentes. Constituição Estadual, responde-
§ 3o O aproveitamento dos Art. 234. É vedado à União, di- rão pela Procuradoria-Geral, pela
recursos hídricos, incluídos os reta ou indiretamente, assumir, Advocacia-Geral e pela Defenso-
potenciais energéticos, a pesqui- em decorrência da criação de ria-Geral do Estado advogados
sa e a lavra das riquezas minerais Estado, encargos referentes a de notório saber, com trinta e
em terras indígenas só podem despesas com pessoal inativo cinco anos de idade, no mínimo,
ser efetivados com autorização e com encargos e amortizações nomeados pelo Governador eleito
do Congresso Nacional, ouvidas da dívida interna ou externa da e demissíveis ad nutum;
as comunidades afetadas, fican- administração pública, inclusive IX – se o novo Estado for re-
do-lhes assegurada participação da indireta. sultado de transformação de Ter-
nos resultados da lavra, na for- ritório Federal, a transferência de
ma da lei. Art. 235. Nos dez primeiros anos encargos financeiros da União
§ 4o As terras de que trata da criação de Estado, serão ob- para pagamento dos servidores
este artigo são inalienáveis e in- servadas as seguintes normas optantes que pertenciam à Ad-
disponíveis, e os direitos sobre básicas: ministração Federal ocorrerá da
elas, imprescritíveis. I – a Assembleia Legislativa seguinte forma:
§ 5o É vedada a remoção será composta de dezessete De- a) no sexto ano de instala-
dos grupos indígenas de suas putados se a população do Estado ção, o Estado assumirá vinte por
terras, salvo, ad referendum do for inferior a seiscentos mil ha- cento dos encargos financeiros
Congresso Nacional, em caso de bitantes, e de vinte e quatro, se para fazer face ao pagamento
catástrofe ou epidemia que ponha igual ou superior a esse número, dos servidores públicos, ficando
em risco sua população, ou no até um milhão e quinhentos mil; ainda o restante sob a responsa-
interesse da soberania do País, II – o Governo terá no máximo bilidade da União;
após deliberação do Congresso dez Secretarias; b) no sétimo ano, os encar-
Nacional, garantido, em qualquer III – o Tribunal de Contas terá gos do Estado serão acrescidos
hipótese, o retorno imediato logo três membros, nomeados, pelo de trinta por cento e, no oita-
que cesse o risco. Governador eleito, dentre brasi- vo, dos restantes cinquenta por
§ 6o São nulos e extintos, não leiros de comprovada idoneidade cento;
produzindo efeitos jurídicos, os e notório saber; X – as nomeações que se se-
atos que tenham por objeto a IV – o Tribunal de Justiça terá guirem às primeiras, para os car-
ocupação, o domínio e a posse sete Desembargadores; gos mencionados neste artigo,
das terras a que se refere este V – os primeiros Desembar- serão disciplinadas na Consti-
artigo, ou a exploração das rique- gadores serão nomeados pelo tuição Estadual;
zas naturais do solo, dos rios e dos Governador eleito, escolhidos da XI – as despesas orçamen-
lagos nelas existentes, ressalva- seguinte forma: tárias com pessoal não poderão
do relevante interesse público da a) cinco dentre os magistra- ultrapassar cinquenta por cento
União, segundo o que dispuser dos com mais de trinta e cinco da receita do Estado.
lei complementar, não gerando anos de idade, em exercício na
a nulidade e a extinção direito a área do novo Estado ou do Esta- Art. 236. Os serviços notariais
indenização ou a ações contra do originário; e de registro são exercidos em
a União, salvo, na forma da lei, b) dois dentre promotores, caráter privado, por delegação
quanto às benfeitorias derivadas nas mesmas condições, e advo- do Poder Público.
da ocupação de boa-fé. gados de comprovada idoneidade § 1o Lei regulará as ativida-
§ 7o Não se aplica às terras e saber jurídico, com dez anos, no des, disciplinará a responsabili-
indígenas o disposto no art. 174, mínimo, de exercício profissional, dade civil e criminal dos notários,
§§ 3o e 4o. obedecido o procedimento fixado dos oficiais de registro e de seus
na Constituição; prepostos, e definirá a fiscali-
Art. 232. Os índios, suas co- VI – no caso de Estado pro- zação de seus atos pelo Poder
munidades e organizações são veniente de Território Federal, os Judiciário.
partes legítimas para ingressar cinco primeiros Desembargado- § 2o Lei federal estabelecerá
em juízo em defesa de seus di- res poderão ser escolhidos den- normas gerais para fixação de
reitos e interesses, intervindo o tre juízes de direito de qualquer emolumentos relativos aos atos
Ministério Público em todos os parte do País; praticados pelos serviços nota-
atos do processo. VII – em cada Comarca, o pri- riais e de registro.

89
Constituição da República Federativa do Brasil
§ 3o O ingresso na atividade arrecadação de que trata o caput educacionais oficiais criadas por
notarial e de registro depende deste artigo, para depósito nas lei estadual ou municipal e exis-
de concurso público de provas contas individuais dos partici- tentes na data da promulgação
e títulos, não se permitindo que pantes. desta Constituição, que não se-
qualquer serventia fique vaga, § 3o Aos empregados que jam total ou preponderantemente
sem abertura de concurso de percebam de empregadores que mantidas com recursos públicos.
provimento ou de remoção, por contribuem para o Programa de § 1o O ensino da História do
mais de seis meses. Integração Social ou para o Pro- Brasil levará em conta as contri-
grama de Formação do Patrimô- buições das diferentes culturas e
Art. 237. A fiscalização e o con- nio do Servidor Público, até dois etnias para a formação do povo
trole sobre o comércio exterior, salários mínimos de remuneração brasileiro.
essenciais à defesa dos interes- mensal, é assegurado o pagamen- § 2o O Colégio Pedro II, locali-
ses fazendários nacionais, se- to de um salário mínimo anual, zado na cidade do Rio de Janeiro,
rão exercidos pelo Ministério da computado neste valor o ren- será mantido na órbita federal.
Fazenda. dimento das contas individuais,
no caso daqueles que já partici- Art. 243. As propriedades ru-
Art. 238. A lei ordenará a ven- pavam dos referidos programas, rais e urbanas de qualquer região
da e revenda de combustíveis até a data da promulgação desta do País onde forem localizadas
de petróleo, álcool carburante e Constituição. culturas ilegais de plantas psi-
outros combustíveis derivados § 4o O financiamento do se- cotrópicas ou a exploração de
de matérias-primas renováveis, guro-desemprego receberá uma trabalho escravo na forma da lei
respeitados os princípios desta contribuição adicional da empre- serão expropriadas e destinadas
Constituição. sa cujo índice de rotatividade da à reforma agrária e a programas
força de trabalho superar o índice de habitação popular, sem qual-
Art. 239. A arrecadação decor- médio da rotatividade do setor, na quer indenização ao proprietário
rente das contribuições para o forma estabelecida por lei. e sem prejuízo de outras sanções
Programa de Integração Social, § 5o Os programas de de- previstas em lei, observado, no
criado pela Lei Complementar senvolvimento econômico finan- que couber, o disposto no art. 5o.
no 7, de 7 de setembro de 1970, e ciados na forma do § 1o e seus Parágrafo único. Todo e qual-
para o Programa de Formação do resultados serão anualmente ava- quer bem de valor econômico
Patrimônio do Servidor Público, liados e divulgados em meio de apreendido em decorrência do
criado pela Lei Complementar comunicação social eletrônico tráfico ilícito de entorpecentes e
no 8, de 3 de dezembro de 1970, e apresentados em reunião da drogas afins e da exploração de
passa, a partir da promulgação comissão mista permanente de trabalho escravo será confisca-
desta Constituição, a financiar, que trata o § 1o do art. 166. do e reverterá a fundo especial
nos termos que a lei dispuser, o com destinação específica, na
programa do seguro-desempre- Art. 240. Ficam ressalvadas forma da lei.
go, outras ações da previdência do disposto no art. 195 as atuais
social e o abono de que trata o contribuições compulsórias dos Art. 244. A lei disporá sobre
§ 3o deste artigo. empregadores sobre a folha de a adaptação dos logradouros,
§ 1o Dos recursos mencio- salários, destinadas às entidades dos edifícios de uso público e
nados no caput, no mínimo 28% privadas de serviço social e de dos veículos de transporte cole-
(vinte e oito por cento) serão des- formação profissional vinculadas tivo atualmente existentes a fim
tinados para o financiamento de ao sistema sindical. de garantir acesso adequado às
programas de desenvolvimento pessoas portadoras de defici-
econômico, por meio do Banco Art. 241. A União, os Estados, ência, conforme o disposto no
Nacional de Desenvolvimento o Distrito Federal e os Municí- art. 227, § 2o.
Econômico e Social, com crité- pios disciplinarão por meio de
rios de remuneração que pre- lei os consórcios públicos e os Art. 245. A lei disporá sobre as
servem o seu valor. convênios de cooperação entre hipóteses e condições em que o
§ 2o Os patrimônios acumu- os entes federados, autorizando Poder Público dará assistência
lados do Programa de Integração a gestão associada de serviços aos herdeiros e dependentes ca-
Social e do Programa de Forma- públicos, bem como a transferên- rentes de pessoas vitimadas por
ção do Patrimônio do Servidor cia total ou parcial de encargos, crime doloso, sem prejuízo da
Público são preservados, man- serviços, pessoal e bens essen- responsabilidade civil do autor
tendo-se os critérios de saque ciais à continuidade dos serviços do ilícito.
nas situações previstas nas leis transferidos.
específicas, com exceção da re- Art. 246. É vedada a adoção de
tirada por motivo de casamento, Art. 242. O princípio do art. 206, medida provisória na regulamen-
ficando vedada a distribuição da IV, não se aplica às instituições tação de artigo da Constituição

90
Constituição da República Federativa do Brasil
cuja redação tenha sido alterada constituir fundo integrado por – Beth Azize – Bezerra de Melo –
por meio de emenda promulga- bens, direitos e ativos de qual- Bocayuva Cunha – Bonifácio de
da entre 1o de janeiro de 1995 até quer natureza, mediante lei que Andrada – Bosco França – Bran-
a promulgação desta emenda10, disporá sobre a natureza e admi- dão Monteiro – Caio Pompeu –
inclusive. nistração desse fundo. Carlos Alberto – Carlos Alberto
Caó – Carlos Benevides – Carlos
Art. 247. As leis previstas no in- Brasília, 5 de outubro de 1988. Cardinal – Carlos Chiarelli – Carlos
ciso III do § 1o do art. 41 e no § 7o do – Ulysses Guimarães, Presidente Cotta – Carlos De’Carli – Carlos
art. 169 estabelecerão critérios e – Mauro Benevides, Vice-Presi- Mosconi – Carlos Sant’Anna – Car-
garantias especiais para a perda dente – Jorge Arbage, Vice-Pre- los Vinagre – Carlos Virgílio – Car-
do cargo pelo servidor público sidente – Marcelo Cordeiro, Se- rel Benevides – Cássio Cunha Lima
estável que, em decorrência das cretário – Mário Maia, Secretário – Célio de Castro – Celso Dourado
atribuições de seu cargo efetivo, – Arnaldo Faria de Sá, Secretário – César Cals Neto – César Maia –
desenvolva atividades exclusivas – Benedita da Silva, Suplente de Chagas Duarte – Chagas Neto –
de Estado. Secretário – Luiz Soyer, Suplen- Chagas Rodrigues – Chico Hum-
Parágrafo único. Na hipótese te de Secretário – Sotero Cunha, berto – Christóvam Chiaradia – Cid
de insuficiência de desempe- Suplente de Secretário – Bernar- Carvalho – Cid Sabóia de Carvalho
nho, a perda do cargo somen- do Cabral, Relator Geral – Adolfo – Cláudio Ávila – Cleonâncio Fon-
te ocorrerá mediante processo Oliveira, Relator Adjunto – Antônio seca – Costa Ferreira – Cristina
administrativo em que lhe sejam Carlos Konder Reis, Relator Ad- Tavares – Cunha Bueno – Dálton
assegurados o contraditório e a junto – José Fogaça, Relator Ad- Canabrava – Darcy Deitos – Darcy
ampla defesa. junto – Abigail Feitosa – Acival Pozza – Daso Coimbra – Davi Alves
Gomes – Adauto Pereira – Ademir Silva – Del Bosco Amaral – Delfim
Art. 248. Os benefícios pagos, Andrade – Adhemar de Barros Netto – Délio Braz – Denisar Ar-
a qualquer título, pelo órgão res- Filho – Adroaldo Streck – Adylson neiro – Dionisio Dal Prá – Dionísio
ponsável pelo regime geral de Motta – Aécio de Borba – Aécio Hage – Dirce Tutu Quadros – Dirceu
previdência social, ainda que à Neves – Affonso Camargo – Afif Carneiro – Divaldo Suruagy – Dje-
conta do Tesouro Nacional, e os Domingos – Afonso Arinos – Afon- nal Gonçalves – Domingos Juve-
não sujeitos ao limite máximo so Sancho – Agassiz Almeida – nil – Domingos Leonelli – Doreto
de valor fixado para os benefí- Agripino de Oliveira Lima – Airton Campanari – Edésio Frias – Edison
cios concedidos por esse regime Cordeiro – Airton Sandoval – Ala- Lobão – Edivaldo Motta – Edme
observarão os limites fixados no rico Abib – Albano Franco – Albé- Tavares – Edmilson Valentim –
art. 37, XI. rico Cordeiro – Albérico Filho – Eduardo Bonfim – Eduardo Jorge
Alceni Guerra – Alcides Saldanha – Eduardo Moreira – Egídio Fer-
Art. 249. Com o objetivo de as- – Aldo Arantes – Alércio Dias – reira Lima – Elias Murad – Eliel
segurar recursos para o paga- Alexandre Costa – Alexandre Pu- Rodrigues – Eliézer Moreira – Enoc
mento de proventos de aposen- zyna – Alfredo Campos – Almir Vieira – Eraldo Tinoco – Eraldo
tadoria e pensões concedidas Gabriel – Aloisio Vasconcelos – Trindade – Erico Pegoraro – Ervin
aos respectivos servidores e seus Aloysio Chaves – Aloysio Teixeira Bonkoski – Etevaldo Nogueira –
dependentes, em adição aos re- – Aluizio Bezerra – Aluízio Campos Euclides Scalco – Eunice Michiles
cursos dos respectivos tesouros, – Álvaro Antônio – Álvaro Pacheco – Evaldo Gonçalves – Expedito
a União, os Estados, o Distrito – Álvaro Valle – Alysson Paulinel- Machado – Ézio Ferreira – Fábio
Federal e os Municípios pode- li – Amaral Netto – Amaury Müller Feldmann – Fábio Raunheitti –
rão constituir fundos integrados – Amilcar Moreira – Ângelo Maga- Farabulini Júnior – Fausto Fer-
pelos recursos provenientes de lhães – Anna Maria Rattes – An- nandes – Fausto Rocha – Felipe
contribuições e por bens, direi- nibal Barcellos – Antero de Barros Mendes – Feres Nader – Fernando
tos e ativos de qualquer natureza, – Antônio Câmara – Antônio Car- Bezerra Coelho – Fernando Cunha
mediante lei que disporá sobre a los Franco – Antonio Carlos Men- – Fernando Gasparian – Fernando
natureza e a administração des- des Thame – Antônio de Jesus – Gomes – Fernando Henrique Car-
ses fundos. Antonio Ferreira – Antonio Gaspar doso – Fernando Lyra – Fernando
– Antonio Mariz – Antonio Perosa Santana – Fernando Velasco –
Art. 250. Com o objetivo de as- – Antônio Salim Curiati – Antonio Firmo de Castro – Flavio Palmier
segurar recursos para o paga- Ueno – Arnaldo Martins – Arnaldo da Veiga – Flávio Rocha – Flores-
mento dos benefícios concedidos Moraes – Arnaldo Prieto – Arnold tan Fernandes – Floriceno Paixão
pelo regime geral de previdência Fioravante – Arolde de Oliveira – – França Teixeira – Francisco
social, em adição aos recursos de Artenir Werner – Artur da Távola Amaral – Francisco Benjamim –
sua arrecadação, a União poderá – Asdrubal Bentes – Assis Canuto Francisco Carneiro – Francisco
– Átila Lira – Augusto Carvalho – Coelho – Francisco Diógenes –
10
NE: leia-se “da Emenda Constitucional Áureo Mello – Basílio Villani – Be- Francisco Dornelles – Francisco
no 32, de 2001”. nedicto Monteiro – Benito Gama Küster – Francisco Pinto – Fran-

91
Constituição da República Federativa do Brasil
cisco Rollemberg – Francisco Ros- – José Jorge – José Lins – José ro – Nelson Jobim – Nelson Sabrá
si – Francisco Sales – Furtado Lourenço – José Luiz de Sá – José – Nelson Seixas – Nelson Wedekin
Leite – Gabriel Guerreiro – Gandi Luiz Maia – José Maranhão – José – Nelton Friedrich – Nestor Duar-
Jamil – Gastone Righi – Genebal- Maria Eymael – José Maurício – te – Ney Maranhão – Nilso Sgua-
do Correia – Genésio Bernardino José Melo – José Mendonça Be- rezi – Nilson Gibson – Nion Alber-
– Geovani Borges – Geraldo Alck- zerra – José Moura – José Paulo naz – Noel de Carvalho – Nyder
min Filho – Geraldo Bulhões – Ge- Bisol – José Queiroz – José Richa Barbosa – Octávio Elísio – Odacir
raldo Campos – Geraldo Fleming – José Santana de Vasconcellos Soares – Olavo Pires – Olívio Dutra
– Geraldo Melo – Gerson Camata – José Serra – José Tavares – José – Onofre Corrêa – Orlando Bezer-
– Gerson Marcondes – Gerson Pe- Teixeira – José Thomaz Nonô – ra – Orlando Pacheco – Oscar Cor-
res – Gidel Dantas – Gil César – José Tinoco – José Ulísses de rêa – Osmar Leitão – Osmir Lima
Gilson Machado – Gonzaga Patrio- Oliveira – José Viana – José Yunes – Osmundo Rebouças – Osvaldo
ta – Guilherme Palmeira – Gu- – Jovanni Masini – Juarez Antunes Bender – Osvaldo Coelho – Osval-
mercindo Milhomem – Gustavo de – Júlio Campos – Júlio Costamilan do Macedo – Osvaldo Sobrinho –
Faria – Harlan Gadelha – Haroldo – Jutahy Júnior – Jutahy Maga- Oswaldo Almeida – Oswaldo Tre-
Lima – Haroldo Sabóia – Hélio lhães – Koyu Iha – Lael Varella – visan – Ottomar Pinto – Paes de
Costa – Hélio Duque – Hélio Ma- Lavoisier Maia – Leite Chaves – Andrade – Paes Landim – Paulo
nhães – Hélio Rosas – Henrique Lélio Souza – Leopoldo Peres Delgado – Paulo Macarini – Paulo
Córdova – Henrique Eduardo Alves – Leur Lomanto – Levy Dias – Lé- Marques – Paulo Mincarone – Pau-
– Heráclito Fortes – Hermes Za- zio Sathler – Lídice da Mata – Lou- lo Paim – Paulo Pimentel – Paulo
neti – Hilário Braun – Homero San- remberg Nunes Rocha – Lourival Ramos – Paulo Roberto – Paulo
tos – Humberto Lucena – Hum- Baptista – Lúcia Braga – Lúcia Roberto Cunha – Paulo Silva –
berto Souto – Iberê Ferreira – Ib- Vânia – Lúcio Alcântara – Luís Paulo Zarzur – Pedro Canedo –
sen Pinheiro – Inocêncio Oliveira Eduardo – Luís Roberto Ponte – Pedro Ceolin – Percival Muniz –
– Irajá Rodrigues – Iram Saraiva Luiz Alberto Rodrigues – Luiz Frei- Pimenta da Veiga – Plínio Arruda
– Irapuan Costa Júnior – Irma re – Luiz Gushiken – Luiz Henrique Sampaio – Plínio Martins – Pompeu
Passoni – Ismael Wanderley – Is- – Luiz Inácio Lula da Silva – Luiz de Sousa – Rachid Saldanha Der-
rael Pinheiro – Itamar Franco – Ivo Leal – Luiz Marques – Luiz Salo- zi – Raimundo Bezerra – Raimun-
Cersósimo – Ivo Lech – Ivo Mai- mão – Luiz Viana – Luiz Viana Neto do Lira – Raimundo Rezende – Ra-
nardi – Ivo Vanderlinde – Jacy – Lysâneas Maciel – Maguito Vile- quel Cândido – Raquel Capiberibe
Scanagatta – Jairo Azi – Jairo la – Maluly Neto – Manoel Castro – Raul Belém – Raul Ferraz – Renan
Carneiro – Jalles Fontoura – Jamil – Manoel Moreira – Manoel Ribei- Calheiros – Renato Bernardi – Re-
Haddad – Jarbas Passarinho – ro – Mansueto de Lavor – Manuel nato Johnsson – Renato Vianna
Jayme Paliarin – Jayme Santana Viana – Márcia Kubitschek – Már- – Ricardo Fiuza – Ricardo Izar –
– Jesualdo Cavalcanti – Jesus cio Braga – Márcio Lacerda – Mar- Rita Camata – Rita Furtado – Ro-
Tajra – Joaci Góes – João Agripi- co Maciel – Marcondes Gadelha berto Augusto – Roberto Balestra
no – João Alves – João Calmon – – Marcos Lima – Marcos Queiroz – Roberto Brant – Roberto Campos
João Carlos Bacelar – João Cas- – Maria de Lourdes Abadia – Maria – Roberto D’Ávila – Roberto Freire
telo – João Cunha – João da Mata Lúcia – Mário Assad – Mário Covas – Roberto Jefferson – Roberto
– João de Deus Antunes – João – Mário de Oliveira – Mário Lima Rollemberg – Roberto Torres –
Herrmann Neto – João Lobo – – Marluce Pinto – Matheus Iensen Roberto Vital – Robson Marinho
João Machado Rollemberg – João – Mattos Leão – Maurício Campos – Rodrigues Palma – Ronaldo Ara-
Menezes – João Natal – João Pau- – Maurício Correa – Maurício Fruet gão – Ronaldo Carvalho – Ronaldo
lo – João Rezek – Joaquim Bevi- – Maurício Nasser – Maurício Pá- Cezar Coelho – Ronan Tito – Ro-
lácqua – Joaquim Francisco – dua – Maurílio Ferreira Lima – naro Corrêa – Rosa Prata – Rose
Joaquim Hayckel – Joaquim Mauro Borges – Mauro Campos de Freitas – Rospide Netto – Ru-
Sucena – Jofran Frejat – Jonas – Mauro Miranda – Mauro Sampaio bem Branquinho – Rubem Medina
Pinheiro – Jonival Lucas – Jorge – Max Rosenmann – Meira Filho – Ruben Figueiró – Ruberval Pi-
Bornhausen – Jorge Hage – Jorge – Melo Freire – Mello Reis – Mendes lotto – Ruy Bacelar – Ruy Nedel –
Leite – Jorge Uequed – Jorge Vian- Botelho – Mendes Canale – Mendes Sadie Hauache – Salatiel Carvalho
na – José Agripino – José Camar- Ribeiro – Messias Góis – Messias – Samir Achôa – Sandra Caval-
go – José Carlos Coutinho – José Soares – Michel Temer – Milton canti – Santinho Furtado – Sarney
Carlos Grecco – José Carlos Mar- Barbosa – Milton Lima – Milton Filho – Saulo Queiroz – Sérgio Bri-
tinez – José Carlos Sabóia – José Reis – Miraldo Gomes – Miro Tei- to – Sérgio Spada – Sérgio Wer-
Carlos Vasconcelos – José Costa xeira – Moema São Thiago – Moy- neck – Severo Gomes – Sigmarin-
– José da Conceição – José Dutra sés Pimentel – Mozarildo Caval- ga Seixas – Sílvio Abreu – Simão
– José Egreja – José Elias – José canti – Mussa Demes – Myrian Sessim – Siqueira Campos – Sólon
Fernandes – José Freire – José Portella – Nabor Júnior – Naphta- Borges dos Reis – Stélio Dias –
Genoíno – José Geraldo – José li Alves de Souza – Narciso Mendes Tadeu França – Telmo Kirst – Teo-
Guedes – José Ignácio Ferreira – Nelson Aguiar – Nelson Carnei- tonio Vilela Filho – Theodoro Men-

92
Constituição da República Federativa do Brasil
des – Tito Costa – Ubiratan Aguiar formas e sistemas, através dos normas necessárias à realização
– Ubiratan Spinelli – Uldurico Pin- meios de comunicação de massa das eleições de 1988, respeitada
to – Valmir Campelo – Valter Pe- cessionários de serviço público. a legislação vigente.
reira – Vasco Alves – Vicente Bogo § 2o O Tribunal Superior Elei- § 3o Os atuais parlamenta-
– Victor Faccioni – Victor Fontana toral, promulgada a Constituição, res federais e estaduais eleitos
– Victor Trovão – Vieira da Silva expedirá as normas regulamen- Vice-Prefeitos, se convocados a
– Vilson Souza – Vingt Rosado – tadoras deste artigo. exercer a função de Prefeito, não
Vinicius Cansanção – Virgildásio perderão o mandato parlamentar.
de Senna – Virgílio Galassi – Vir- Art. 3o A revisão constitucional § 4o O número de vereadores
gílio Guimarães – Vitor Buaiz – Vi- será realizada após cinco anos, por município será fixado, para
valdo Barbosa – Vladimir Palmei- contados da promulgação da a representação a ser eleita em
ra – Wagner Lago – Waldeck Constituição, pelo voto da maio- 1988, pelo respectivo Tribunal
Ornélas – Waldyr Pugliesi – Walmor ria absoluta dos membros do Regional Eleitoral, respeitados os
de Luca – Wilma Maia – Wilson Congresso Nacional, em sessão limites estipulados no art. 29, IV,
Campos – Wilson Martins – Ziza unicameral. da Constituição.
Valadares. § 5o Para as eleições de 15 de
Art. 4o O mandato do atual Pre- novembro de 1988, ressalvados os
PARTICIPANTES: Álvaro Dias – sidente da República terminará que já exercem mandato eletivo,
Antônio Britto – Bete Mendes – em 15 de março de 1990. são inelegíveis para qualquer car-
Borges da Silveira – Cardoso Alves § 1o A primeira eleição para go, no território de jurisdição do
– Edivaldo Holanda – Expedito Jú- Presidente da República após titular, o cônjuge e os parentes
nior – Fadah Gattass – Francisco a promulgação da Constituição por consanguinidade ou afini-
Dias – Geovah Amarante – Hélio será realizada no dia 15 de no- dade, até o segundo grau, ou por
Gueiros – Horácio Ferraz – Hugo vembro de 1989, não se lhe apli- adoção, do Presidente da Repú-
Napoleão – Iturival Nascimento cando o disposto no art. 16 da blica, do Governador de Estado,
– Ivan Bonato – Jorge Medauar – Constituição. do Governador do Distrito Federal
José Mendonça de Morais – Leo- § 2o É assegurada a irredu- e do Prefeito que tenham exerci-
poldo Bessone – Marcelo Miranda tibilidade da atual representação do mais da metade do mandato.
– Mauro Fecury – Neuto de Conto dos Estados e do Distrito Federal
– Nivaldo Machado – Oswaldo Lima na Câmara dos Deputados. Art. 6o Nos seis meses poste-
Filho – Paulo Almada – Prisco Via- § 3o Os mandatos dos Gover- riores à promulgação da Consti-
na – Ralph Biasi – Rosário Congro nadores e dos Vice-Governadores tuição, parlamentares federais,
Neto – Sérgio Naya – Tidei de Lima. eleitos em 15 de novembro de reunidos em número não infe-
1986 terminarão em 15 de mar- rior a trinta, poderão requerer
IN MEMORIAM: Alair Ferreira – An- ço de 1991. ao Tribunal Superior Eleitoral o
tônio Farias – Fábio Lucena – Nor- § 4o Os mandatos dos atu- registro de novo partido políti-
berto Schwantes – Virgílio Távora. ais Prefeitos, Vice-Prefeitos e co, juntando ao requerimento o
Vereadores terminarão no dia 1o manifesto, o estatuto e o progra-
de janeiro de 1989, com a posse ma devidamente assinados pelos
Ato das Disposições dos eleitos. requerentes.
Constitucionais § 1o O registro provisório, que
Transitórias Art. 5o Não se aplicam às elei- será concedido de plano pelo Tri-
ções previstas para 15 de no- bunal Superior Eleitoral, nos ter-
Art. 1o O Presidente da Repú- vembro de 1988 o disposto no mos deste artigo, defere ao novo
blica, o Presidente do Supremo art. 16 e as regras do art. 77 da partido todos os direitos, deveres
Tribunal Federal e os membros do Constituição. e prerrogativas dos atuais, entre
Congresso Nacional prestarão o § 1o Para as eleições de 15 eles o de participar, sob legenda
compromisso de manter, defen- de novembro de 1988 será exi- própria, das eleições que vierem
der e cumprir a Constituição, no gido domicílio eleitoral na cir- a ser realizadas nos doze meses
ato e na data de sua promulgação. cunscrição pelo menos durante seguintes a sua formação.
os quatro meses anteriores ao § 2o O novo partido perderá
Art. 2o No dia 7 de setembro de pleito, podendo os candidatos automaticamente seu registro
1993 o eleitorado definirá, através que preencham este requisito, provisório se, no prazo de vinte
de plebiscito, a forma (república atendidas as demais exigências e quatro meses, contados de sua
ou monarquia constitucional) e o da lei, ter seu registro efetivado formação, não obtiver registro de-
sistema de governo (parlamenta- pela Justiça Eleitoral após a pro- finitivo no Tribunal Superior Elei-
rismo ou presidencialismo) que mulgação da Constituição. toral, na forma que a lei dispuser.
devem vigorar no País. § 2o Na ausência de norma
§ 1o Será assegurada gratui- legal específica, caberá ao Tri- Art. 7o O Brasil propugnará pela
dade na livre divulgação dessas bunal Superior Eleitoral editar as formação de um tribunal inter-

93
Constituição da República Federativa do Brasil
nacional dos direitos humanos. atos institucionais, tenham exer- cargo de direção de comissões
cido gratuitamente mandato ele- internas de prevenção de aci-
Art. 8o É concedida anistia aos tivo de vereador serão computa- dentes, desde o registro de sua
que, no período de 18 de setembro dos, para efeito de aposentadoria candidatura até um ano após o
de 1946 até a data da promulgação no serviço público e previdência final de seu mandato;
da Constituição, foram atingi- social, os respectivos períodos. b) da empregada gestante,
dos, em decorrência de motiva- § 5o A anistia concedida nos desde a confirmação da gravidez
ção exclusivamente política, por termos deste artigo aplica-se até cinco meses após o parto.
atos de exceção, institucionais ou aos servidores públicos civis e § 1o Até que a lei venha a dis-
complementares, aos que foram aos empregados em todos os ciplinar o disposto no art. 7o, XIX,
abrangidos pelo Decreto Legisla- níveis de governo ou em suas da Constituição, o prazo da licen-
tivo no 18, de 15 de dezembro de fundações, empresas públicas ça-paternidade a que se refere o
1961, e aos atingidos pelo Decre- ou empresas mistas sob contro- inciso é de cinco dias.
to-lei no 864, de 12 de setembro de le estatal, exceto nos Ministérios § 2o Até ulterior disposição
1969, asseguradas as promoções, militares, que tenham sido puni- legal, a cobrança das contribui-
na inatividade, ao cargo, emprego, dos ou demitidos por atividades ções para o custeio das atividades
posto ou graduação a que teriam profissionais interrompidas em dos sindicatos rurais será feita
direito se estivessem em serviço virtude de decisão de seus tra- juntamente com a do imposto
ativo, obedecidos os prazos de balhadores, bem como em de- territorial rural, pelo mesmo ór-
permanência em atividade pre- corrência do Decreto-lei no 1.632, gão arrecadador.
vistos nas leis e regulamentos de 4 de agosto de 1978, ou por § 3o Na primeira comprova-
vigentes, respeitadas as carac- motivos exclusivamente políticos, ção do cumprimento das obriga-
terísticas e peculiaridades das assegurada a readmissão dos que ções trabalhistas pelo emprega-
carreiras dos servidores públicos foram atingidos a partir de 1979, dor rural, na forma do art. 23312,
civis e militares e observados os observado o disposto no § 1o. após a promulgação da Consti-
respectivos regimes jurídicos. tuição, será certificada perante
§ 1o O disposto neste artigo Art. 9o Os que, por motivos ex- a Justiça do Trabalho a regulari-
somente gerará efeitos finan- clusivamente políticos, foram dade do contrato e das atualiza-
ceiros a partir da promulgação cassados ou tiveram seus direitos ções das obrigações trabalhistas
da Constituição, vedada a remu- políticos suspensos no período de de todo o período.
neração de qualquer espécie em 15 de julho a 31 de dezembro de
caráter retroativo. 1969, por ato do então Presidente Art. 11. Cada Assembleia Legis-
§ 2o Ficam assegurados os da República, poderão requerer lativa, com poderes constituintes,
benefícios estabelecidos neste ao Supremo Tribunal Federal o elaborará a Constituição do Esta-
artigo aos trabalhadores do setor reconhecimento dos direitos e do, no prazo de um ano, contado
privado, dirigentes e represen- vantagens interrompidos pelos da promulgação da Constituição
tantes sindicais que, por motivos atos punitivos, desde que com- Federal, obedecidos os princí-
exclusivamente políticos, tenham provem terem sido estes eivados pios desta.
sido punidos, demitidos ou com- de vício grave. Parágrafo único. Promulgada
pelidos ao afastamento das ati- Parágrafo único. O Supre- a Constituição do Estado, caberá
vidades remuneradas que exer- mo Tribunal Federal proferirá a à Câmara Municipal, no prazo de
ciam, bem como aos que foram decisão no prazo de cento e vin- seis meses, votar a Lei Orgânica
impedidos de exercer atividades te dias, a contar do pedido do respectiva, em dois turnos de
profissionais em virtude de pres- interessado. discussão e votação, respeitado o
sões ostensivas ou expedientes disposto na Constituição Federal
oficiais sigilosos. Art. 10. Até que seja promulga- e na Constituição Estadual.
§ 3o Aos cidadãos que foram da a lei complementar a que se
impedidos de exercer, na vida ci- refere o art. 7o, I, da Constituição: Art. 12. Será criada, dentro de
vil, atividade profissional específi- I – fica limitada a proteção noventa dias da promulgação da
ca, em decorrência das Portarias nele referida ao aumento, para Constituição, Comissão de Estu-
Reservadas do Ministério da Aero- quatro vezes, da porcentagem dos Territoriais, com dez mem-
náutica no S‑50‑GM5, de 19 de ju- prevista no art. 6o, caput e § 1o, bros indicados pelo Congresso
nho de 1964, e no S‑285‑GM5 será da Lei no 5.10711, de 13 de setem- Nacional e cinco pelo Poder Exe-
concedida reparação de natureza bro de 1966; cutivo, com a finalidade de apre-
econômica, na forma que dispu- II – fica vedada a dispensa sentar estudos sobre o território
ser lei de iniciativa do Congresso arbitrária ou sem justa causa: nacional e anteprojetos relativos
Nacional e a entrar em vigor no a) do empregado eleito para a novas unidades territoriais, no-
prazo de doze meses a contar da tadamente na Amazônia Legal e
promulgação da Constituição. 11
NE: revogada pela Lei no 7.839/1989, por sua
§ 4o Aos que, por força de vez revogada pela Lei no 8.036/1990. 12
NE: artigo revogado pela EC no 28/2000.

94
Constituição da República Federativa do Brasil
em áreas pendentes de solução. com os Estados da Bahia, Piauí, § 5o A Assembleia Estadual
§ 1o No prazo de um ano, a Maranhão, Pará e Mato Grosso. Constituinte será instalada no
Comissão submeterá ao Con- § 2o O Poder Executivo desig- quadragésimo sexto dia da elei-
gresso Nacional os resultados de nará uma das cidades do Estado ção de seus integrantes, mas não
seus estudos para, nos termos da para sua Capital provisória até a antes de 1o de janeiro de 1989,
Constituição, serem apreciados aprovação da sede definitiva do sob a presidência do Presidente
nos doze meses subsequentes, governo pela Assembleia Cons- do Tribunal Regional Eleitoral do
extinguindo-se logo após. tituinte. Estado de Goiás, e dará posse, na
§ 2o Os Estados e os Muni- § 3o O Governador, o Vice- mesma data, ao Governador e ao
cípios deverão, no prazo de três -Governador, os Senadores, os Vice-Governador eleitos.
anos, a contar da promulgação da Deputados Federais e os Depu- § 6o Aplicam-se à criação e
Constituição, promover, mediante tados Estaduais serão eleitos, instalação do Estado do Tocan-
acordo ou arbitramento, a demar- em um único turno, até setenta tins, no que couber, as normas
cação de suas linhas divisórias e cinco dias após a promulgação legais disciplinadoras da divisão
atualmente litigiosas, podendo da Constituição, mas não antes do Estado de Mato Grosso, ob-
para isso fazer alterações e com- de 15 de novembro de 1988, a cri- servado o disposto no art. 234
pensações de área que atendam tério do Tribunal Superior Eleito- da Constituição.
aos acidentes naturais, critérios ral, obedecidas, entre outras, as § 7o Fica o Estado de Goiás
históricos, conveniências admi- seguintes normas: liberado dos débitos e encargos
nistrativas e comodidade das po- I – o prazo de filiação partidá- decorrentes de empreendimen-
pulações limítrofes. ria dos candidatos será encerrado tos no território do novo Estado, e
§ 3o Havendo solicitação dos setenta e cinco dias antes da data autorizada a União, a seu critério,
Estados e Municípios interessa- das eleições; a assumir os referidos débitos.
dos, a União poderá encarregar- II – as datas das convenções
-se dos trabalhos demarcatórios. regionais partidárias destinadas Art. 14. Os Territórios Federais
§ 4o Se, decorrido o prazo de a deliberar sobre coligações e de Roraima e do Amapá são trans-
três anos, a contar da promulga- escolha de candidatos, de apre- formados em Estados Federados,
ção da Constituição, os traba- sentação de requerimento de re- mantidos seus atuais limites ge-
lhos demarcatórios não tiverem gistro dos candidatos escolhidos ográficos.
sido concluídos, caberá à União e dos demais procedimentos le- § 1o A instalação dos Estados
determinar os limites das áreas gais serão fixadas, em calendário dar-se-á com a posse dos gover-
litigiosas. especial, pela Justiça Eleitoral; nadores eleitos em 1990.
§ 5o Ficam reconhecidos e III – são inelegíveis os ocu- § 2o Aplicam-se à transfor-
homologados os atuais limites do pantes de cargos estaduais ou mação e instalação dos Estados
Estado do Acre com os Estados municipais que não se tenham de Roraima e Amapá as normas
do Amazonas e de Rondônia, con- deles afastado, em caráter defi- e critérios seguidos na criação
forme levantamentos cartográfi- nitivo, setenta e cinco dias antes do Estado de Rondônia, respei-
cos e geodésicos realizados pela da data das eleições previstas tado o disposto na Constituição
Comissão Tripartite integrada por neste parágrafo; e neste Ato.
representantes dos Estados e dos IV – ficam mantidos os atuais § 3o O Presidente da Repúbli-
serviços técnico-especializados diretórios regionais dos partidos ca, até quarenta e cinco dias após
do Instituto Brasileiro de Geogra- políticos do Estado de Goiás, ca- a promulgação da Constituição,
fia e Estatística. bendo às comissões executivas encaminhará à apreciação do
nacionais designar comissões Senado Federal os nomes dos
Art. 13. É criado o Estado do To- provisórias no Estado do Tocan- governadores dos Estados de Ro-
cantins, pelo desmembramento tins, nos termos e para os fins raima e do Amapá que exercerão
da área descrita neste artigo, dan- previstos na lei. o Poder Executivo até a instalação
do-se sua instalação no quadra- § 4o Os mandatos do Gover- dos novos Estados com a posse
gésimo sexto dia após a eleição nador, do Vice-Governador, dos dos governadores eleitos.
prevista no § 3o, mas não antes Deputados Federais e Estaduais § 4o Enquanto não concreti-
de 1o de janeiro de 1989. eleitos na forma do parágrafo zada a transformação em Esta-
§ 1o O Estado do Tocantins anterior extinguir-se-ão conco- dos, nos termos deste artigo, os
integra a Região Norte e limita- mitantemente aos das demais Territórios Federais de Roraima
-se com o Estado de Goiás pelas unidades da Federação; o man- e do Amapá serão beneficiados
divisas norte dos Municípios de dato do Senador eleito menos pela transferência de recursos
São Miguel do Araguaia, Poranga- votado extinguir-se-á nessa prevista nos arts. 159, I, “a”, da
tu, Formoso, Minaçu, Cavalcante, mesma oportunidade, e os dos Constituição, e 34, § 2o, II, des-
Monte Alegre de Goiás e Campos outros dois, juntamente com os te Ato.
Belos, conservando a leste, norte dos Senadores eleitos em 1986
e oeste as divisas atuais de Goiás nos demais Estados. Art. 15. Fica extinto o Território

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Constituição da República Federativa do Brasil
Federal de Fernando de Noronha, estabilidade a servidor admitido admitidos mediante concurso
sendo sua área reincorporada ao sem concurso público, da admi- público de provas e títulos e que
Estado de Pernambuco. nistração direta ou indireta, in- estejam em exercício na data
clusive das fundações instituídas da promulgação da Constitui-
Art. 16. Até que se efetive o dis- e mantidas pelo poder público. ção, adquirem estabilidade, ob-
posto no art. 32, § 2o, da Consti- servado o estágio probatório, e
tuição, caberá ao Presidente da Art. 18-A. Os atos administra- passam a compor quadro em ex-
República, com a aprovação do tivos praticados no Estado do tinção, mantidas as competên-
Senado Federal, indicar o Go- Tocantins, decorrentes de sua cias, prerrogativas e restrições
vernador e o Vice-Governador instalação, entre 1o de janeiro de da legislação a que se achavam
do Distrito Federal. 1989 e 31 de dezembro de 1994, submetidos, salvo as inerentes
§ 1o A competência da Câma- eivados de qualquer vício jurídi- à transitoriedade da investidura.
ra Legislativa do Distrito Federal, co e dos quais decorram efeitos Parágrafo único. A aposen-
até que se instale, será exercida favoráveis para os destinatários tadoria dos juízes de que trata
pelo Senado Federal. ficam convalidados após 5 (cinco) este artigo regular-se-á pelas
§ 2o A fiscalização contábil, anos, contados da data em que normas fixadas para os demais
financeira, orçamentária, opera- foram praticados, salvo compro- juízes estaduais.
cional e patrimonial do Distrito vada má-fé.
Federal, enquanto não for insta- Art. 22. É assegurado aos de-
lada a Câmara Legislativa, será Art. 19. Os servidores públicos fensores públicos investidos na
exercida pelo Senado Federal, civis da União, dos Estados, do função até a data de instalação da
mediante controle externo, com Distrito Federal e dos Municípios, Assembleia Nacional Constituinte
o auxílio do Tribunal de Contas do da administração direta, autár- o direito de opção pela carreira,
Distrito Federal, observado o dis- quica e das fundações públicas, com a observância das garantias
posto no art. 72 da Constituição. em exercício na data da promul- e vedações previstas no art. 134,
§ 3o Incluem-se entre os gação da Constituição, há pelo parágrafo único13, da Constituição.
bens do Distrito Federal aqueles menos cinco anos continuados,
que lhe vierem a ser atribuídos e que não tenham sido admitidos Art. 23. Até que se edite a re-
pela União na forma da lei. na forma regulada no art. 37, da gulamentação do art. 21, XVI, da
Constituição, são considerados Constituição, os atuais ocupan-
Art. 17. Os vencimentos, a remu- estáveis no serviço público. tes do cargo de censor federal
neração, as vantagens e os adi- § 1o O tempo de serviço dos continuarão exercendo funções
cionais, bem como os proventos servidores referidos neste artigo com este compatíveis, no De-
de aposentadoria que estejam será contado como título quando partamento de Polícia Federal,
sendo percebidos em desacordo se submeterem a concurso para observadas as disposições cons-
com a Constituição serão imedia- fins de efetivação, na forma da lei. titucionais.
tamente reduzidos aos limites § 2o O disposto neste artigo Parágrafo único. A lei refe-
dela decorrentes, não se admi- não se aplica aos ocupantes de rida disporá sobre o aproveita-
tindo, neste caso, invocação de cargos, funções e empregos de mento dos Censores Federais,
direito adquirido ou percepção de confiança ou em comissão, nem nos termos deste artigo.
excesso a qualquer título. aos que a lei declare de livre exo-
§ 1o É assegurado o exercí- neração, cujo tempo de serviço Art. 24. A União, os Estados, o
cio cumulativo de dois cargos ou não será computado para os fins Distrito Federal e os Municípios
empregos privativos de médico do caput deste artigo, exceto se editarão leis que estabeleçam
que estejam sendo exercidos por se tratar de servidor. critérios para a compatibiliza-
médico militar na administração § 3o O disposto neste artigo ção de seus quadros de pessoal
pública direta ou indireta. não se aplica aos professores de ao disposto no art. 39 da Consti-
§ 2o É assegurado o exer- nível superior, nos termos da lei. tuição e à reforma administrati-
cício cumulativo de dois cargos va dela decorrente, no prazo de
ou empregos privativos de pro- Art. 20. Dentro de cento e oi- dezoito meses, contados da sua
fissionais de saúde que estejam tenta dias, proceder-se-á à re- promulgação.
sendo exercidos na administração visão dos direitos dos servidores
pública direta ou indireta. públicos inativos e pensionistas Art. 25. Ficam revogados, a par-
e à atualização dos proventos e tir de cento e oitenta dias da pro-
Art. 18. Ficam extintos os efeitos pensões a eles devidos, a fim de mulgação da Constituição, sujeito
jurídicos de qualquer ato legisla- ajustá-los ao disposto na Cons- este prazo a prorrogação por lei,
tivo ou administrativo, lavrado a tituição. todos os dispositivos legais que
partir da instalação da Assem-
bleia Nacional Constituinte, que Art. 21. Os juízes togados de 13
NE: leia-se “§ 1o”, por força do disposto na
tenha por objeto a concessão de investidura limitada no tempo, EC no 45/2004.

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Constituição da República Federativa do Brasil
atribuam ou deleguem a órgão nulidade do ato e encaminhará o inicial, mediante lista tríplice, po-
do Poder Executivo competência processo ao Ministério Público Fe- dendo desta constar juízes fede-
assinalada pela Constituição ao deral, que formalizará, no prazo rais de qualquer região, observa-
Congresso Nacional, especial- de sessenta dias, a ação cabível. do o disposto no § 9o.
mente no que tange a: § 8o É vedado, a partir da
I – ação normativa; Art. 27. O Superior Tribunal de promulgação da Constituição, o
II – alocação ou transferência Justiça será instalado sob a Pre- provimento de vagas de Ministros
de recursos de qualquer espécie. sidência do Supremo Tribunal do Tribunal Federal de Recursos.
§ 1o Os decretos-leis em tra- Federal. § 9o Quando não houver juiz
mitação no Congresso Nacional § 1o Até que se instale o Su- federal que conte o tempo mí-
e por este não apreciados até perior Tribunal de Justiça, o Su- nimo previsto no art. 107, II, da
a promulgação da Constituição premo Tribunal Federal exercerá Constituição, a promoção poderá
terão seus efeitos regulados da as atribuições e competências contemplar juiz com menos de
seguinte forma: definidas na ordem constitucio- cinco anos no exercício do cargo.
I – se editados até 2 de setem- nal precedente. § 10. Compete à Justiça Fe-
bro de 1988, serão apreciados pelo § 2o A composição inicial deral julgar as ações nela propos-
Congresso Nacional no prazo de do Superior Tribunal de Justiça tas até a data da promulgação
até cento e oitenta dias a contar far-se-á: da Constituição, e aos Tribunais
da promulgação da Constitui- I – pelo aproveitamento dos Regionais Federais bem como ao
ção, não computado o recesso Ministros do Tribunal Federal de Superior Tribunal de Justiça julgar
parlamentar; Recursos; as ações rescisórias das decisões
II – decorrido o prazo definido II – pela nomeação dos Minis- até então proferidas pela Justi-
no inciso anterior, e não havendo tros que sejam necessários para ça Federal, inclusive daquelas
apreciação, os decretos-leis ali completar o número estabelecido cuja matéria tenha passado à
mencionados serão considera- na Constituição. competência de outro ramo do
dos rejeitados; § 3o Para os efeitos do dis- Judiciário.
III – nas hipóteses definidas posto na Constituição, os atu- § 11. São criados, ainda, os
nos incisos I e II, terão plena vali- ais Ministros do Tribunal Federal seguintes Tribunais Regionais Fe-
dade os atos praticados na vigên- de Recursos serão considerados derais: o da 6a Região, com sede
cia dos respectivos decretos-leis, pertencentes à classe de que pro- em Curitiba, Estado do Paraná, e
podendo o Congresso Nacional, vieram, quando de sua nomeação. jurisdição nos Estados do Paraná,
se necessário, legislar sobre os § 4o Instalado o Tribunal, os Santa Catarina e Mato Grosso do
efeitos deles remanescentes. Ministros aposentados do Tribunal Sul; o da 7a Região, com sede em
§ 2o Os decretos-leis edita- Federal de Recursos tornar-se- Belo Horizonte, Estado de Minas
dos entre 3 de setembro de 1988 -ão, automaticamente, Ministros Gerais, e jurisdição no Estado
e a promulgação da Constituição aposentados do Superior Tribunal de Minas Gerais; o da 8a Região,
serão convertidos, nesta data, em de Justiça. com sede em Salvador, Estado da
medidas provisórias, aplicando- § 5o Os Ministros a que se Bahia, e jurisdição nos Estados da
-se-lhes as regras estabelecidas refere o § 2o, II, serão indicados Bahia e Sergipe; e o da 9a Região,
no art. 62, parágrafo único14. em lista tríplice pelo Tribunal Fe- com sede em Manaus, Estado do
deral de Recursos, observado o Amazonas, e jurisdição nos Esta-
Art. 26. No prazo de um ano a disposto no art. 104, parágrafo dos do Amazonas, Acre, Rondônia
contar da promulgação da Cons- único, da Constituição. e Roraima.
tituição, o Congresso Nacional § 6o Ficam criados cinco Tri-
promoverá, através de Comissão bunais Regionais Federais, a se- Art. 28. Os juízes federais de
mista, exame analítico e pericial rem instalados no prazo de seis que trata o art. 123, § 2o, da Cons-
dos atos e fatos geradores do meses a contar da promulgação tituição de 1967, com a redação
endividamento externo brasileiro. da Constituição, com a jurisdição dada pela Emenda Constitucional
§ 1o A Comissão terá a força e sede que lhes fixar o Tribunal no 7, de 1977, ficam investidos na
legal de Comissão parlamentar de Federal de Recursos, tendo em titularidade de varas na Seção
inquérito para os fins de requisi- conta o número de processos e Judiciária para a qual tenham
ção e convocação, e atuará com sua localização geográfica. sido nomeados ou designados;
o auxílio do Tribunal de Contas § 7o Até que se instalem os na inexistência de vagas, proce-
da União. Tribunais Regionais Federais, der-se-á ao desdobramento das
§ 2o Apurada irregularidade, o Tribunal Federal de Recursos varas existentes.
o Congresso Nacional proporá ao exercerá a competência a eles Parágrafo único. Para efeito
Poder Executivo a declaração de atribuída em todo o território na- de promoção por antiguidade, o
cional, cabendo-lhe promover sua tempo de serviço desses juízes
14
NE: leia-se “§ 3o”, por força do disposto na instalação e indicar os candidatos será computado a partir do dia
EC no 32/2001. a todos os cargos da composição de sua posse.

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Constituição da República Federativa do Brasil
Art. 29. Enquanto não aprova- a estes, e designará o dia para a determinações:
das as leis complementares re- eleição prevista no art. 98, II, da I – a partir da promulgação da
lativas ao Ministério Público e Constituição. Constituição, os percentuais se-
à Advocacia-Geral da União, o rão, respectivamente, de dezoito
Ministério Público Federal, a Pro- Art. 31. Serão estatizadas as por cento e de vinte por cento,
curadoria-Geral da Fazenda Na- serventias do foro judicial, assim calculados sobre o produto da
cional, as Consultorias Jurídicas definidas em lei, respeitados os arrecadação dos impostos refe-
dos Ministérios, as Procuradorias direitos dos atuais titulares. ridos no art. 153, III e IV, mantidos
e Departamentos Jurídicos de au- os atuais critérios de rateio até a
tarquias federais com represen- Art. 32. O disposto no art. 236 entrada em vigor da lei comple-
tação própria e os membros das não se aplica aos serviços nota- mentar a que se refere o art. 161, II;
Procuradorias das Universidades riais e de registro que já tenham II – o percentual relativo ao
fundacionais públicas continua- sido oficializados pelo Poder Pú- Fundo de Participação dos Es-
rão a exercer suas atividades na blico, respeitando-se o direito de tados e do Distrito Federal será
área das respectivas atribuições. seus servidores. acrescido de um ponto percentual
§ 1o O Presidente da Repú- no exercício financeiro de 1989 e,
blica, no prazo de cento e vinte Art. 33. Ressalvados os créditos a partir de 1990, inclusive, à ra-
dias, encaminhará ao Congresso de natureza alimentar, o valor dos zão de meio ponto por exercício,
Nacional projeto de lei comple- precatórios judiciais pendentes até 1992, inclusive, atingindo em
mentar dispondo sobre a orga- de pagamento na data da promul- 1993 o percentual estabelecido
nização e o funcionamento da gação da Constituição, incluído o no art. 159, I, “a”;
Advocacia-Geral da União. remanescente de juros e correção III – o percentual relativo ao
§ 2o Aos atuais Procuradores monetária, poderá ser pago em Fundo de Participação dos Muni-
da República, nos termos da lei moeda corrente, com atualização, cípios, a partir de 1989, inclusive,
complementar, será facultada em prestações anuais, iguais e será elevado à razão de meio
a opção, de forma irretratável, sucessivas, no prazo máximo de ponto percentual por exercício
entre as carreiras do Ministério oito anos, a partir de 1o de julho financeiro, até atingir o estabe-
Público Federal e da Advocacia- de 1989, por decisão editada pelo lecido no art. 159, I, “b”.
-Geral da União. Poder Executivo até cento e oi- § 3o Promulgada a Consti-
§ 3o Poderá optar pelo regi- tenta dias da promulgação da tuição, a União, os Estados, o
me anterior, no que respeita às Constituição. Distrito Federal e os Municípios
garantias e vantagens, o membro Parágrafo único. Poderão as poderão editar as leis necessárias
do Ministério Público admitido entidades devedoras, para o cum- à aplicação do sistema tributário
antes da promulgação da Cons- primento do disposto neste arti- nacional nela previsto.
tituição, observando-se, quanto go, emitir, em cada ano, no exato § 4o As leis editadas nos ter-
às vedações, a situação jurídica montante do dispêndio, títulos de mos do parágrafo anterior produ-
na data desta. dívida pública não computáveis zirão efeitos a partir da entrada
§ 4o Os atuais integrantes para efeito do limite global de em vigor do sistema tributário
do quadro suplementar dos Mi- endividamento. nacional previsto na Constituição.
nistérios Públicos do Trabalho e § 5o Vigente o novo sistema
Militar que tenham adquirido es- Art. 34. O sistema tributário na- tributário nacional, fica assegu-
tabilidade nessas funções passam cional entrará em vigor a partir rada a aplicação da legislação
a integrar o quadro da respectiva do primeiro dia do quinto mês anterior, no que não seja incom-
carreira. seguinte ao da promulgação da patível com ele e com a legislação
§ 5o Cabe à atual Procurado- Constituição, mantido, até então, referida nos §§ 3o e 4o.
ria-Geral da Fazenda Nacional, di- o da Constituição de 1967, com a § 6o Até 31 de dezembro de
retamente ou por delegação, que redação dada pela Emenda no 1, 1989, o disposto no art. 150, III,
pode ser ao Ministério Público Es- de 1969, e pelas posteriores. “b”, não se aplica aos impostos
tadual, representar judicialmente § 1o Entrarão em vigor com a de que tratam os arts. 155, I, “a”
a União nas causas de natureza promulgação da Constituição os e “b”15, e 156, II e III16, que podem
fiscal, na área da respectiva com- arts. 148, 149, 150, 154, I, 156, III, e ser cobrados trinta dias após a
petência, até a promulgação das 159, I, “c”, revogadas as disposi- publicação da lei que os tenha
leis complementares previstas ções em contrário da Constitui- instituído ou aumentado.
neste artigo. ção de 1967 e das Emendas que § 7o Até que sejam fixadas
a modificaram, especialmente de
Art. 30. A legislação que criar a seu art. 25, III. 15
NE: leia-se “art. 155, I e II”, por força do
disposto na EC no 3/1993.
justiça de paz manterá os atuais § 2o O Fundo de Participação
juízes de paz até a posse dos no- dos Estados e do Distrito Federal
16
NE: o texto do art. 156, III, foi alterado pela
EC no 3/1993. Redação anterior: “vendas a
vos titulares, assegurando-lhes os e o Fundo de Participação dos Mu- varejo de combustíveis líquidos e gasosos,
direitos e atribuições conferidos nicípios obedecerão às seguintes exceto óleo diesel”.

98
Constituição da República Federativa do Brasil
em lei complementar, as alíquo- mento do Centro-Oeste, para dar III – o projeto de lei orçamen-
tas máximas do imposto muni- cumprimento, na referida região, tária da União será encaminhado
cipal sobre vendas a varejo de ao que determinam os arts. 159, até quatro meses antes do encer-
combustíveis líquidos e gasosos I, “c”, e 192, § 2o, da Constituição. ramento do exercício financeiro e
não excederão a três por cento. § 12. A urgência prevista no devolvido para sanção até o en-
§ 8o Se, no prazo de sessenta art. 148, II, não prejudica a co- cerramento da sessão legislativa.
dias contados da promulgação da brança do empréstimo compul-
Constituição, não for editada a lei sório instituído, em benefício das Art. 36. Os fundos existentes na
complementar necessária à ins- Centrais Elétricas Brasileiras S.A. data da promulgação da Consti-
tituição do imposto de que trata (Eletrobrás), pela Lei no 4.156, de tuição, excetuados os resultantes
o art. 155, I, “b”17, os Estados e o 28 de novembro de 1962, com as de isenções fiscais que passem a
Distrito Federal, mediante con- alterações posteriores. integrar patrimônio privado e os
vênio celebrado nos termos da que interessem à defesa nacional,
Lei Complementar no 24, de 7 de Art. 35. O disposto no art. 165, extinguir-se-ão, se não forem ra-
janeiro de 1975, fixarão normas § 7o, será cumprido de forma tificados pelo Congresso Nacional
para regular provisoriamente a progressiva, no prazo de até dez no prazo de dois anos.
matéria. anos, distribuindo-se os recursos
§ 9o Até que lei complemen- entre as regiões macroeconô- Art. 37. A adaptação ao que es-
tar disponha sobre a matéria, as micas em razão proporcional à tabelece o art. 167, III, deverá pro-
empresas distribuidoras de ener- população, a partir da situação cessar-se no prazo de cinco anos,
gia elétrica, na condição de con- verificada no biênio 1986-87. reduzindo-se o excesso à base de,
tribuintes ou de substitutos tri- § 1o Para aplicação dos cri- pelo menos, um quinto por ano.
butários, serão as responsáveis, térios de que trata este artigo,
por ocasião da saída do produto excluem-se das despesas totais Art. 38. Até a promulgação da
de seus estabelecimentos, ainda as relativas: lei complementar referida no
que destinado a outra unidade da I – aos projetos considerados art. 169, a União, os Estados, o
Federação, pelo pagamento do prioritários no plano plurianual; Distrito Federal e os Municípios
imposto sobre operações relati- II – à segurança e defesa na- não poderão despender com pes-
vas à circulação de mercadorias cional; soal mais do que sessenta e cinco
incidente sobre energia elétrica, III – à manutenção dos órgãos por cento do valor das respectivas
desde a produção ou importação federais no Distrito Federal; receitas correntes.
até a última operação, calcula- IV – ao Congresso Nacional, Parágrafo único. A União, os
do o imposto sobre o preço en- ao Tribunal de Contas da União e Estados, o Distrito Federal e os
tão praticado na operação final ao Poder Judiciário; Municípios, quando a respecti-
e assegurado seu recolhimento V – ao serviço da dívida da va despesa de pessoal exceder
ao Estado ou ao Distrito Fede- administração direta e indireta o limite previsto neste artigo,
ral, conforme o local onde deva da União, inclusive fundações deverão retornar àquele limite,
ocorrer essa operação. instituídas e mantidas pelo Poder reduzindo o percentual exceden-
§ 10. Enquanto não entrar em Público federal. te à razão de um quinto por ano.
vigor a lei prevista no art. 159, I, § 2o Até a entrada em vigor
“c”, cuja promulgação se fará até da lei complementar a que se Art. 39. Para efeito do cumpri-
31 de dezembro de 1989, é asse- refere o art. 165, § 9o, I e II, serão mento das disposições constitu-
gurada a aplicação dos recursos obedecidas as seguintes normas: cionais que impliquem variações
previstos naquele dispositivo da I – o projeto do plano pluria- de despesas e receitas da União,
seguinte maneira: nual, para vigência até o final do após a promulgação da Consti-
I – seis décimos por cento na primeiro exercício financeiro do tuição, o Poder Executivo deve-
Região Norte, através do Banco mandato presidencial subsequen- rá elaborar e o Poder Legislativo
da Amazônia S.A.; te, será encaminhado até quatro apreciar projeto de revisão da lei
II – um inteiro e oito décimos meses antes do encerramento do orçamentária referente ao exer-
por cento na Região Nordeste, primeiro exercício financeiro e cício financeiro de 1989.
através do Banco do Nordeste devolvido para sanção até o en- Parágrafo único. O Congres-
do Brasil S.A.; cerramento da sessão legislativa; so Nacional deverá votar no prazo
III – seis décimos por cento II – o projeto de lei de dire- de doze meses a lei complemen-
na Região Centro-Oeste, através trizes orçamentárias será enca- tar prevista no art. 161, II.
do Banco do Brasil S.A. minhado até oito meses e meio
§ 11. Fica criado, nos termos antes do encerramento do exer- Art. 40. É mantida a Zona Fran-
da lei, o Banco de Desenvolvi- cício financeiro e devolvido para ca de Manaus, com suas caracte-
sanção até o encerramento do rísticas de área livre de comércio,
17
NE: leia-se “art. 155, II”, por força do dis- primeiro período da sessão le- de exportação e importação, e
posto na EC no 3/1993. gislativa; de incentivos fiscais, pelo prazo

99
Constituição da República Federativa do Brasil
de vinte e cinco anos, a partir da demais títulos atributivos de di- leo, que estejam em vigor na data
promulgação da Constituição. reitos minerários, caso os traba- da promulgação da Constituição.
Parágrafo único. Somente lhos de pesquisa ou de lavra não
por lei federal podem ser modi- hajam sido comprovadamente Art. 46. São sujeitos à correção
ficados os critérios que discipli- iniciados nos prazos legais ou monetária desde o vencimento,
naram ou venham a disciplinar a estejam inativos. até seu efetivo pagamento, sem
aprovação dos projetos na Zona interrupção ou suspensão, os
Franca de Manaus. Art. 44. As atuais empresas bra- créditos junto a entidades subme-
sileiras titulares de autorização de tidas aos regimes de intervenção
Art. 41. Os Poderes Executivos pesquisa, concessão de lavra de ou liquidação extrajudicial, mes-
da União, dos Estados, do Dis- recursos minerais e de aproveita- mo quando esses regimes sejam
trito Federal e dos Municípios mento dos potenciais de energia convertidos em falência.
reavaliarão todos os incentivos hidráulica em vigor terão quatro Parágrafo único. O disposto
fiscais de natureza setorial ora anos, a partir da promulgação da neste artigo aplica-se também:
em vigor, propondo aos Poderes Constituição, para cumprir os re- I – às operações realizadas
Legislativos respectivos as me- quisitos do art. 176, § 1o. posteriormente à decretação dos
didas cabíveis. § 1o Ressalvadas as disposi- regimes referidos no caput des-
§ 1o Considerar-se-ão revo- ções de interesse nacional pre- te artigo;
gados após dois anos, a partir da vistas no texto constitucional, II – às operações de emprés-
data da promulgação da Cons- as empresas brasileiras ficarão timo, financiamento, refinancia-
tituição, os incentivos que não dispensadas do cumprimento mento, assistência financeira de
forem confirmados por lei. do disposto no art. 176, § 1o, des- liquidez, cessão ou sub-rogação
§ 2o A revogação não preju- de que, no prazo de até quatro de créditos ou cédulas hipote-
dicará os direitos que já tiverem anos da data da promulgação da cárias, efetivação de garantia
sido adquiridos, àquela data, em Constituição, tenham o produto de depósitos do público ou de
relação a incentivos concedidos de sua lavra e beneficiamento compra de obrigações passivas,
sob condição e com prazo certo. destinado a industrialização no inclusive as realizadas com recur-
§ 3o Os incentivos concedi- território nacional, em seus pró- sos de fundos que tenham essas
dos por convênio entre Estados, prios estabelecimentos ou em destinações;
celebrados nos termos do art. 23, empresa industrial controladora III – aos créditos anteriores
§ 6o, da Constituição de 1967, com ou controlada. à promulgação da Constituição;
a redação da Emenda no 1, de 17 de § 2o Ficarão também dispen- IV – aos créditos das enti-
outubro de 1969, também deverão sadas do cumprimento do dispos- dades da administração públi-
ser reavaliados e reconfirmados to no art. 176, § 1o, as empresas ca anteriores à promulgação da
nos prazos deste artigo. brasileiras titulares de concessão Constituição, não liquidados até
de energia hidráulica para uso em 1o de janeiro de 1988.
Art. 42. Durante 40 (quarenta) seu processo de industrialização.
anos, a União aplicará dos recur- § 3o As empresas brasileiras Art. 47. Na liquidação dos débi-
sos destinados à irrigação: referidas no § 1o somente poderão tos, inclusive suas renegociações
I – 20% (vinte por cento) na ter autorizações de pesquisa e e composições posteriores, ainda
Região Centro-Oeste; concessões de lavra ou poten- que ajuizados, decorrentes de
II – 50% (cinquenta por cento) ciais de energia hidráulica, desde quaisquer empréstimos concedi-
na Região Nordeste, preferencial- que a energia e o produto da lavra dos por bancos e por instituições
mente no Semiárido. sejam utilizados nos respectivos financeiras, não existirá correção
Parágrafo único. Dos percen- processos industriais. monetária desde que o emprésti-
tuais previstos nos incisos I e II do mo tenha sido concedido:
caput, no mínimo 50% (cinquen- Art. 45. Ficam excluídas do mo- I – aos micro e pequenos em-
ta por cento) serão destinados a nopólio estabelecido pelo art. 177, presários ou seus estabelecimen-
projetos de irrigação que benefi- II, da Constituição as refinarias tos no período de 28 de fevereiro
ciem agricultores familiares que em funcionamento no País ampa- de 1986 a 28 de fevereiro de 1987;
atendam aos requisitos previstos radas pelo art. 43 e nas condições II – aos mini, pequenos e mé-
em legislação específica. do art. 45 da Lei no 2.004, de 3 de dios produtores rurais no período
outubro de 195318. de 28 de fevereiro de 1986 a 31
Art. 43. Na data da promulgação Parágrafo único. Ficam res- de dezembro de 1987, desde que
da lei que disciplinar a pesquisa e salvados da vedação do art. 177, relativos a crédito rural.
a lavra de recursos e jazidas mi- § 1o, os contratos de risco feitos § 1o Consideram-se, para
nerais, ou no prazo de um ano, a com a Petróleo Brasileiro S.A. (Pe- efeito deste artigo, microem-
contar da promulgação da Cons- trobrás), para pesquisa de petró- presas as pessoas jurídicas e as
tituição, tornar-se-ão sem efeito firmas individuais com receitas
as autorizações, concessões e 18
NE: revogada pela Lei no 9.478/1997. anuais de até dez mil Obrigações

100
Constituição da República Federativa do Brasil
do Tesouro Nacional, e pequenas § 7o No caso de repasse a período de 1o de janeiro de 1962 a
empresas as pessoas jurídicas e agentes financeiros oficiais ou 31 de dezembro de 1987.
as firmas individuais com recei- cooperativas de crédito, o ônus § 1o No tocante às vendas,
ta anual de até vinte e cinco mil recairá sobre a fonte de recursos a revisão será feita com base
Obrigações do Tesouro Nacional. originária. exclusivamente no critério de
§ 2o A classificação de mini, legalidade da operação.
pequeno e médio produtor rural Art. 48. O Congresso Nacional, § 2o No caso de concessões e
será feita obedecendo-se às nor- dentro de cento e vinte dias da doações, a revisão obedecerá aos
mas de crédito rural vigentes à promulgação da Constituição, critérios de legalidade e de con-
época do contrato. elaborará código de defesa do veniência do interesse público.
§ 3o A isenção da correção consumidor. § 3o Nas hipóteses previstas
monetária a que se refere este nos parágrafos anteriores, com-
artigo só será concedida nos se- Art. 49. A lei disporá sobre o provada a ilegalidade, ou havendo
guintes casos: instituto da enfiteuse em imóveis interesse público, as terras rever-
I – se a liquidação do débito urbanos, sendo facultada aos fo- terão ao patrimônio da União, dos
inicial, acrescido de juros legais reiros, no caso de sua extinção, Estados, do Distrito Federal ou
e taxas judiciais, vier a ser efeti- a remição dos aforamentos me- dos Municípios.
vada no prazo de noventa dias, a diante aquisição do domínio dire-
contar da data da promulgação to, na conformidade do que dispu- Art. 52. Até que sejam fixadas
da Constituição; serem os respectivos contratos. as condições do art. 192, são ve-
II – se a aplicação dos recur- § 1o Quando não existir cláu- dados:
sos não contrariar a finalidade do sula contratual, serão adotados I – a instalação, no País, de
financiamento, cabendo o ônus os critérios e bases hoje vigentes novas agências de instituições
da prova à instituição credora; na legislação especial dos imóveis financeiras domiciliadas no ex-
III – se não for demonstrado da União. terior;
pela instituição credora que o § 2o Os direitos dos atuais II – o aumento do percen-
mutuário dispõe de meios para o ocupantes inscritos ficam asse- tual de participação, no capital
pagamento de seu débito, excluí- gurados pela aplicação de outra de instituições financeiras com
do desta demonstração seu esta- modalidade de contrato. sede no País, de pessoas físicas
belecimento, a casa de moradia § 3o A enfiteuse continuará ou jurídicas residentes ou domi-
e os instrumentos de trabalho e sendo aplicada aos terrenos de ciliadas no exterior.
produção; marinha e seus acrescidos, si- Parágrafo único. A vedação
IV – se o financiamento ini- tuados na faixa de segurança, a a que se refere este artigo não se
cial não ultrapassar o limite de partir da orla marítima. aplica às autorizações resultan-
cinco mil Obrigações do Tesouro § 4o Remido o foro, o antigo tes de acordos internacionais, de
Nacional; titular do domínio direto deverá, reciprocidade, ou de interesse do
V – se o beneficiário não for no prazo de noventa dias, sob Governo brasileiro.
proprietário de mais de cinco pena de responsabilidade, confiar
módulos rurais. à guarda do registro de imóveis Art. 53. Ao ex-combatente que
§ 4o Os benefícios de que competente toda a documenta- tenha efetivamente participado
trata este artigo não se estendem ção a ele relativa. de operações bélicas durante
aos débitos já quitados e aos de- a Segunda Guerra Mundial, nos
vedores que sejam constituintes. Art. 50. Lei agrícola a ser pro- termos da Lei no 5.315, de 12 de
§ 5o No caso de operações mulgada no prazo de um ano dis- setembro de 1967, serão assegu-
com prazos de vencimento poste- porá, nos termos da Constituição, rados os seguintes direitos:
riores à data-limite de liquidação sobre os objetivos e instrumentos I – aproveitamento no serviço
da dívida, havendo interesse do de política agrícola, prioridades, público, sem a exigência de con-
mutuário, os bancos e as institui- planejamento de safras, comer- curso, com estabilidade;
ções financeiras promoverão, por cialização, abastecimento inter- II – pensão especial corres-
instrumento próprio, alteração no, mercado externo e instituição pondente à deixada por segundo-
nas condições contratuais ori- de crédito fundiário. -tenente das Forças Armadas, que
ginais de forma a ajustá-las ao poderá ser requerida a qualquer
presente benefício. Art. 51. Serão revistos pelo Con- tempo, sendo inacumulável com
§ 6o A concessão do presente gresso Nacional, através de Co- quaisquer rendimentos recebidos
benefício por bancos comerciais missão mista, nos três anos a dos cofres públicos, exceto os
privados em nenhuma hipótese contar da data da promulgação benefícios previdenciários, res-
acarretará ônus para o Poder da Constituição, todas as doa- salvado o direito de opção;
Público, ainda que através de ções, vendas e concessões de III – em caso de morte, pensão
refinanciamento e repasse de terras públicas com área superior à viúva ou companheira ou depen-
recursos pelo banco central. a três mil hectares, realizadas no dente, de forma proporcional, de

101
Constituição da República Federativa do Brasil
valor igual à do inciso anterior; Art. 56. Até que a lei disponha dos e Municípios devedores, será
IV – assistência médica, hos- sobre o art. 195, I, a arrecadação bloqueada e repassada à previ-
pitalar e educacional gratuita, decorrente de, no mínimo, cinco dência social para pagamento
extensiva aos dependentes; dos seis décimos percentuais de seus débitos.
V – aposentadoria com pro- correspondentes à alíquota da
ventos integrais aos vinte e cinco contribuição de que trata o De- Art. 58. Os benefícios de pres-
anos de serviço efetivo, em qual- creto-lei no 1.940, de 25 de maio tação continuada, mantidos pela
quer regime jurídico; de 1982, alterada pelo Decreto-lei previdência social na data da pro-
VI – prioridade na aquisição no 2.049, de 1o de agosto de 1983, mulgação da Constituição, terão
da casa própria, para os que não pelo Decreto no 91.236, de 8 de seus valores revistos, a fim de
a possuam ou para suas viúvas ou maio de 1985, e pela Lei no 7.611, de que seja restabelecido o poder
companheiras. 8 de julho de 1987, passa a integrar aquisitivo, expresso em número
Parágrafo único. A conces- a receita da seguridade social, de salários mínimos, que tinham
são da pensão especial do inciso ressalvados, exclusivamente no na data de sua concessão, obe-
II substitui, para todos os efeitos exercício de 1988, os compromis- decendo-se a esse critério de
legais, qualquer outra pensão já sos assumidos com programas e atualização até a implantação
concedida ao ex-combatente. projetos em andamento. do plano de custeio e benefícios
referidos no artigo seguinte.
Art. 54. Os seringueiros recru- Art. 57. Os débitos dos Esta- Parágrafo único. As pres-
tados nos termos do Decreto-lei dos e dos Municípios relativos tações mensais dos benefícios
no 5.813, de 14 de setembro de às contribuições previdenciárias atualizadas de acordo com este
1943, e amparados pelo Decreto- até 30 de junho de 1988 serão li- artigo serão devidas e pagas a
-lei no 9.882, de 16 de setembro de quidados, com correção mone- partir do sétimo mês a contar
1946, receberão, quando carentes, tária, em cento e vinte parcelas da promulgação da Constituição.
pensão mensal vitalícia no valor mensais, dispensados os juros
de dois salários mínimos. e multas sobre eles incidentes, Art. 59. Os projetos de lei relati-
§ 1o O benefício é estendido desde que os devedores requei- vos à organização da seguridade
aos seringueiros que, atendendo ram o parcelamento e iniciem seu social e aos planos de custeio e de
a apelo do Governo brasileiro, pagamento no prazo de cento e benefício serão apresentados no
contribuíram para o esforço de oitenta dias a contar da promul- prazo máximo de seis meses da
guerra, trabalhando na produção gação da Constituição. promulgação da Constituição ao
de borracha, na Região Amazô- § 1o O montante a ser pago Congresso Nacional, que terá seis
nica, durante a Segunda Guerra em cada um dos dois primeiros meses para apreciá-los.
Mundial. anos não será inferior a cinco por Parágrafo único. Aprovados
§ 2o Os benefícios estabele- cento do total do débito consoli- pelo Congresso Nacional, os pla-
cidos neste artigo são transferí- dado e atualizado, sendo o restan- nos serão implantados progres-
veis aos dependentes reconhe- te dividido em parcelas mensais sivamente nos dezoito meses
cidamente carentes. de igual valor. seguintes.
§ 3o A concessão do bene- § 2o A liquidação poderá
fício far-se-á conforme lei a ser incluir pagamentos na forma Art. 60. A complementação da
proposta pelo Poder Executivo de cessão de bens e prestação União referida no inciso IV do
dentro de cento e cinquenta dias de serviços, nos termos da Lei caput do art. 212-A da Constitui-
da promulgação da Constituição. no 7.578, de 23 de dezembro de ção Federal será implementada
1986. progressivamente até alcançar a
Art. 54-A. Os seringueiros de § 3o Em garantia do cum- proporção estabelecida no inci-
que trata o art. 54 deste Ato das primento do parcelamento, os so V do caput do mesmo artigo,
Disposições Constitucionais Tran- Estados e os Municípios consig- a partir de 1o de janeiro de 2021,
sitórias receberão indenização, narão, anualmente, nos respec- nos seguintes valores mínimos:
em parcela única, no valor de tivos orçamentos as dotações I – 12% (doze por cento), no
R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil necessárias ao pagamento de primeiro ano;
reais). seus débitos. II – 15% (quinze por cento), no
§ 4o Descumprida qualquer segundo ano;
Art. 55. Até que seja aprovada das condições estabelecidas para III – 17% (dezessete por cen-
a lei de diretrizes orçamentárias, concessão do parcelamento, o to), no terceiro ano;
trinta por cento, no mínimo, do débito será considerado venci- IV – 19% (dezenove por cento),
orçamento da seguridade so- do em sua totalidade, sobre ele no quarto ano;
cial, excluído o seguro-desem- incidindo juros de mora; nesta V – 21% (vinte e um por cento),
prego, serão destinados ao setor hipótese, parcela dos recursos no quinto ano;
de saúde. correspondentes aos Fundos de VI – 23% (vinte e três por cen-
Participação, destinada aos Esta- to), no sexto ano.

102
Constituição da República Federativa do Brasil
§ 1o A parcela da comple- Art. 62. A lei criará o Serviço Art. 67. A União concluirá a de-
mentação de que trata a alínea “b” Nacional de Aprendizagem Rural marcação das terras indígenas
do inciso V do caput do art. 212-A (SENAR) nos moldes da legislação no prazo de cinco anos a partir
da Constituição Federal obser- relativa ao Serviço Nacional de da promulgação da Constituição.
vará, no mínimo, os seguintes Aprendizagem Industrial (SENAI)
valores: e ao Serviço Nacional de Aprendi- Art. 68. Aos remanescentes das
I – 2 (dois) pontos percentuais, zagem do Comércio (SENAC), sem comunidades dos quilombos que
no primeiro ano; prejuízo das atribuições dos ór- estejam ocupando suas terras é
II – 5 (cinco) pontos percen- gãos públicos que atuam na área. reconhecida a propriedade defini-
tuais, no segundo ano; tiva, devendo o Estado emitir-lhes
III – 6,25 (seis inteiros e vinte Art. 63. É criada uma Comis- os títulos respectivos.
e cinco centésimos) pontos per- são composta de nove membros,
centuais, no terceiro ano; sendo três do Poder Legislativo, Art. 69. Será permitido aos Es-
IV – 7,5 (sete inteiros e cinco três do Poder Judiciário e três do tados manter consultorias jurí-
décimos) pontos percentuais, no Poder Executivo, para promover dicas separadas de suas Procu-
quarto ano; as comemorações do centenário radorias-Gerais ou Advocacias-
V – 9 (nove) pontos percen- da proclamação da República -Gerais, desde que, na data da
tuais, no quinto ano; e da promulgação da primeira promulgação da Constituição,
VI – 10,5 (dez inteiros e cinco Constituição republicana do País, tenham órgãos distintos para as
décimos) pontos percentuais, no podendo, a seu critério, desdo- respectivas funções.
sexto ano. brar-se em tantas subcomissões
§ 2o A parcela da comple- quantas forem necessárias. Art. 70. Fica mantida a atual
mentação de que trata a alínea “c” Parágrafo único. No desen- competência dos tribunais es-
do inciso V do caput do art. 212-A volvimento de suas atribuições, taduais até que a mesma seja
da Constituição Federal observará a Comissão promoverá estudos, definida na Constituição do Es-
os seguintes valores: debates e avaliações sobre a evo- tado, nos termos do art. 125, § 1o,
I – 0,75 (setenta e cinco cen- lução política, social, econômica e da Constituição.
tésimos) ponto percentual, no cultural do País, podendo articu-
terceiro ano; lar-se com os governos estaduais Art. 71. É instituído, nos exercí-
II – 1,5 (um inteiro e cinco e municipais e com instituições cios financeiros de 1994 e 1995,
décimos) ponto percentual, no públicas e privadas que desejem bem assim nos períodos de 1o de
quarto ano; participar dos eventos. janeiro de 1996 a 30 de junho de
III – 2 (dois) pontos percentu- 1997 e 1o de julho de 1997 a 31 de
ais, no quinto ano; Art. 64. A Imprensa Nacional dezembro de 1999, o Fundo So-
IV – 2,5 (dois inteiros e cinco e demais gráficas da União, dos cial de Emergência, com o obje-
décimos) pontos percentuais, no Estados, do Distrito Federal e dos tivo de saneamento financeiro
sexto ano. Municípios, da administração di- da Fazenda Pública Federal e de
reta ou indireta, inclusive funda- estabilização econômica, cujos
Art. 60-A. Os critérios de dis- ções instituídas e mantidas pelo recursos serão aplicados priori-
tribuição da complementação da Poder Público, promoverão edição tariamente no custeio das ações
União e dos fundos a que se refere popular do texto integral da Cons- dos sistemas de saúde e educa-
o inciso I do caput do art. 212-A tituição, que será posta à disposi- ção, incluindo a complementação
da Constituição Federal serão ção das escolas e dos cartórios, de recursos de que trata o § 3o do
revistos em seu sexto ano de vi- dos sindicatos, dos quartéis, das art. 60 do Ato das Disposições
gência e, a partir dessa primeira igrejas e de outras instituições Constitucionais Transitórias, be-
revisão, periodicamente, a cada representativas da comunidade, nefícios previdenciários e auxílios
10 (dez) anos. gratuitamente, de modo que cada assistenciais de prestação con-
cidadão brasileiro possa receber tinuada, inclusive liquidação de
Art. 61. As entidades educacio- do Estado um exemplar da Cons- passivo previdenciário, e despe-
nais a que se refere o art. 213, bem tituição do Brasil. sas orçamentárias associadas a
como as fundações de ensino e programas de relevante interesse
pesquisa cuja criação tenha sido Art. 65. O Poder Legislativo re- econômico e social.
autorizada por lei, que preencham gulamentará, no prazo de doze § 1o Ao Fundo criado por este
os requisitos dos incisos I e II do meses, o art. 220, § 4o. artigo não se aplica o disposto na
referido artigo e que, nos últimos parte final do inciso II do § 9o do
três anos, tenham recebido recur- Art. 66. São mantidas as con- art. 165 da Constituição.
sos públicos, poderão continuar a cessões de serviços públicos de § 2o O Fundo criado por este
recebê-los, salvo disposição legal telecomunicações atualmente em artigo passa a ser denominado
em contrário. vigor, nos termos da lei. Fundo de Estabilização Fiscal a
partir do início do exercício fi-

103
Constituição da República Federativa do Brasil
nanceiro de 1996. janeiro de 1996 a 30 de junho de de natureza financeira.
§ 3o O Poder Executivo publi- 1997 e de 1o de julho de 1997 a 31 § 1o A alíquota da contribui-
cará demonstrativo da execução de dezembro de 1999, mediante a ção de que trata este artigo não
orçamentária, de periodicidade aplicação da alíquota de setenta excederá a vinte e cinco centési-
bimestral, no qual se discrimi- e cinco centésimos por cento, su- mos por cento, facultado ao Poder
narão as fontes e usos do Fundo jeita a alteração por lei ordinária Executivo reduzi-la ou restabele-
criado por este artigo. posterior, sobre a receita bruta cê-la, total ou parcialmente, nas
operacional, como definida na condições e limites fixados em lei.
Art. 72. Integram o Fundo Social legislação do imposto sobre renda § 2o À contribuição de que
de Emergência: e proventos de qualquer natureza; trata este artigo não se aplica o
I – o produto da arrecada- VI – outras receitas previstas disposto nos arts. 153, § 5o, e 154,
ção do imposto sobre renda e em lei específica. I, da Constituição.
proventos de qualquer natureza § 1o As alíquotas e a base de § 3o O produto da arrecada-
incidente na fonte sobre paga- cálculo previstas nos incisos III e V ção da contribuição de que trata
mentos efetuados, a qualquer aplicar-se-ão a partir do primeiro este artigo será destinado inte-
título, pela União, inclusive suas dia do mês seguinte aos noventa gralmente ao Fundo Nacional de
autarquias e fundações; dias posteriores à promulgação Saúde, para financiamento das
II – a parcela do produto da desta Emenda19. ações e serviços de saúde.
arrecadação do imposto sobre § 2o As parcelas de que tra- § 4o A contribuição de que
renda e proventos de qualquer tam os incisos I, II, III e V, serão trata este artigo terá sua exigi-
natureza e do imposto sobre previamente deduzidas da base bilidade subordinada ao disposto
operações de crédito, câmbio de cálculo de qualquer vinculação no art. 195, § 6o, da Constituição, e
e seguro, ou relativas a títulos e ou participação constitucional não poderá ser cobrada por prazo
valores mobiliários, decorrente ou legal, não se lhes aplicando o superior a dois anos.
das alterações produzidas pela disposto nos arts. 159, 212 e 239
Lei no 8.894, de 21 de junho de da Constituição. Art. 75. É prorrogada, por trin-
1994 e pelas Leis nos 8.849 e 8.848, § 3o A parcela de que tra- ta e seis meses, a cobrança da
ambas de 28 de janeiro de 1994 e ta o inciso IV será previamen- contribuição provisória sobre mo-
modificações posteriores; te deduzida da base de cálculo vimentação ou transmissão de
III – a parcela do produto de das vinculações ou participa- valores e de créditos e direitos
arrecadação resultante da eleva- ções constitucionais previstas de natureza financeira de que
ção da alíquota da contribuição nos arts. 153, § 5o, 157, II, 212 e trata o art. 74, instituída pela Lei
social sobre o lucro dos contri- 239 da Constituição. no 9.311, de 24 de outubro de 1996,
buintes a que se refere o § 1o do § 4o O disposto no parágrafo modificada pela Lei no 9.539, de
art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de anterior não se aplica aos recur- 12 de dezembro de 1997, cuja vi-
julho de 1991, a qual nos exercí- sos previstos nos arts. 158, II, e gência é também prorrogada por
cios financeiros de 1994 e 1995, 159 da Constituição. idêntico prazo.
bem assim no período de 1o de § 5o A parcela dos recursos § 1o Observado o disposto no
janeiro de 1996 a 30 de junho de provenientes do imposto sobre § 6o do art. 195 da Constituição Fe-
1997, passa a ser de trinta por renda e proventos de qualquer deral, a alíquota da contribuição
cento, sujeita a alteração por lei natureza, destinada ao Fundo será de trinta e oito centésimos
ordinária, mantidas as demais Social de Emergência, nos ter- por cento, nos primeiros doze me-
normas da Lei no 7.689, de 15 de mos do inciso II deste artigo, não ses, e de trinta centésimos, nos
dezembro de 1988; poderá exceder a cinco inteiros e meses subsequentes, facultado
IV – vinte por cento do pro- seis décimos por cento do total ao Poder Executivo reduzi-la to-
duto da arrecadação de todos do produto da sua arrecadação. tal ou parcialmente, nos limites
os impostos e contribuições da aqui definidos.
União, já instituídos ou a serem Art. 73. Na regulação do Fundo § 2o O resultado do aumento
criados, excetuado o previsto nos Social de Emergência não po- da arrecadação, decorrente da
incisos I, II e III, observado o dis- derá ser utilizado o instrumento alteração da alíquota, nos exer-
posto nos §§ 3o e 4o; previsto no inciso V do art. 59 da cícios financeiros de 1999, 2000
V – a parcela do produto da Constituição. e 2001, será destinado ao custeio
arrecadação da contribuição de da previdência social.
que trata a Lei Complementar no 7, Art. 74. A União poderá instituir § 3o É a União autorizada a
de 7 de setembro de 1970, devida contribuição provisória sobre mo- emitir títulos da dívida pública
pelas pessoas jurídicas a que se vimentação ou transmissão de interna, cujos recursos serão des-
refere o inciso III deste artigo, a valores e de créditos e direitos tinados ao custeio da saúde e da
qual será calculada, nos exercí- previdência social, em montante
cios financeiros de 1994 a 1995, 19
NE: leia-se “da Emenda Constitucional de equivalente ao produto da arreca-
bem assim nos períodos de 1o de Revisão no 1, de 1994”. dação da contribuição, prevista e

104
Constituição da República Federativa do Brasil
não realizada em 1999.20 obrigatórias e voluntárias entre e dos recursos de que tratam os
entes da Federação com desti- arts. 157 e 159, inciso I, alínea “a”,
Art. 76. São desvinculados de nação especificada em lei; e inciso II, deduzidas as parcelas
órgão, fundo ou despesa, até 31 V – fundos instituídos pelo que forem transferidas aos res-
de dezembro de 2023, 30% (trin- Poder Judiciário, pelos Tribunais pectivos Municípios; e
ta por cento) da arrecadação da de Contas, pelo Ministério Público, III – no caso dos Municípios
União relativa às contribuições pelas Defensorias Públicas e pelas e do Distrito Federal, quinze por
sociais, sem prejuízo do paga- Procuradorias-Gerais dos Estados cento do produto da arrecadação
mento das despesas do Regime e do Distrito Federal. dos impostos a que se refere o
Geral da Previdência Social, às art. 156 e dos recursos de que
contribuições de intervenção no Art. 76-B. São desvinculados tratam os arts. 158 e 159, inciso
domínio econômico e às taxas, já de órgão, fundo ou despesa, até I, alínea “b” e § 3o.
instituídas ou que vierem a ser 31 de dezembro de 2023, 30% § 1o Os Estados, o Distrito
criadas até a referida data. (trinta por cento) das receitas dos Federal e os Municípios que apli-
§ 1o (Revogado) Municípios relativas a impostos, quem percentuais inferiores aos
§ 2o Excetua-se da desvincu- taxas e multas, já instituídos ou fixados nos incisos II e III deve-
lação de que trata o caput a arre- que vierem a ser criados até a rão elevá-los gradualmente, até
cadação da contribuição social do referida data, seus adicionais e o exercício financeiro de 2004,
salário-educação a que se refere respectivos acréscimos legais, e reduzida a diferença à razão de,
o § 5o do art. 212 da Constituição outras receitas correntes. pelo menos, um quinto por ano,
Federal. Parágrafo único. Excetuam- sendo que, a partir de 2000, a
§ 3o (Revogado) -se da desvinculação de que trata aplicação será de pelo menos
§ 4o A desvinculação de que o caput: sete por cento.
trata o caput não se aplica às re- I – recursos destinados ao § 2o Dos recursos da União
ceitas das contribuições sociais financiamento das ações e ser- apurados nos termos deste arti-
destinadas ao custeio da seguri- viços públicos de saúde e à ma- go, quinze por cento, no mínimo,
dade social. nutenção e desenvolvimento do serão aplicados nos Municípios,
ensino de que tratam, respecti- segundo o critério populacional,
Art. 76-A. São desvinculados vamente, os incisos II e III do § 2o em ações e serviços básicos de
de órgão, fundo ou despesa, até do art. 198 e o art. 212 da Consti- saúde, na forma da lei.
31 de dezembro de 2023, 30% tuição Federal; § 3o Os recursos dos Esta-
(trinta por cento) das receitas dos II – receitas de contribuições dos, do Distrito Federal e dos
Estados e do Distrito Federal rela- previdenciárias e de assistência Municípios destinados às ações
tivas a impostos, taxas e multas, à saúde dos servidores; e serviços públicos de saúde e
já instituídos ou que vierem a ser III – transferências obriga- os transferidos pela União para a
criados até a referida data, seus tórias e voluntárias entre entes mesma finalidade serão aplicados
adicionais e respectivos acrés- da Federação com destinação por meio de Fundo de Saúde que
cimos legais, e outras receitas especificada em lei; será acompanhado e fiscaliza-
correntes. IV – fundos instituídos pelo do por Conselho de Saúde, sem
Parágrafo único. Excetuam- Tribunal de Contas do Município. prejuízo do disposto no art. 74 da
-se da desvinculação de que trata Constituição Federal.
o caput: Art. 77. Até o exercício financei- § 4 o Na ausência da lei
I – recursos destinados ao ro de 2004, os recursos mínimos complementar a que se refere o
financiamento das ações e ser- aplicados nas ações e serviços art. 198, § 3o, a partir do exercício
viços públicos de saúde e à ma- públicos de saúde serão equi- financeiro de 2005, aplicar-se-á
nutenção e desenvolvimento do valentes: à União, aos Estados, ao Distrito
ensino de que tratam, respecti- I – no caso da União: Federal e aos Municípios o dis-
vamente, os incisos II e III do § 2o a) no ano 2000, o montante posto neste artigo.
do art. 198 e o art. 212 da Consti- empenhado em ações e serviços
tuição Federal; públicos de saúde no exercício Art. 78. Ressalvados os créditos
II – receitas que pertencem financeiro de 1999 acrescido de, definidos em lei como de pequeno
aos Municípios decorrentes de no mínimo, cinco por cento; valor, os de natureza alimentícia,
transferências previstas na Cons- b) do ano 2001 ao ano 2004, os de que trata o art. 33 deste Ato
tituição Federal; o valor apurado no ano anterior, das Disposições Constitucionais
III – receitas de contribuições corrigido pela variação nominal Transitórias e suas complemen-
previdenciárias e de assistência do Produto Interno Bruto – PIB; tações e os que já tiverem os
à saúde dos servidores; II – no caso dos Estados e do seus respectivos recursos libe-
IV – demais transferências Distrito Federal, doze por cento rados ou depositados em juízo,
do produto da arrecadação dos os precatórios pendentes na data
20
NE: ver ADI no 2.031. impostos a que se refere o art. 155

105
Constituição da República Federativa do Brasil
de promulgação desta Emenda21 selho Consultivo e de Acompa- de economia mista ou empresas
e os que decorram de ações ini- nhamento que conte com a par- públicas por ela controladas, di-
ciais ajuizadas até 31 de dezem- ticipação de representantes da reta ou indiretamente, quando a
bro de 1999 serão liquidados pelo sociedade civil, nos termos da lei. operação envolver a alienação do
seu valor real, em moeda cor- respectivo controle acionário a
rente, acrescido de juros legais, Art. 80. Compõem o Fundo de pessoa ou entidade não integran-
em prestações anuais, iguais e Combate e Erradicação da Po- te da Administração Pública, ou
sucessivas, no prazo máximo de breza: de participação societária rema-
dez anos, permitida a cessão dos I – a parcela do produto da nescente após a alienação, cujos
créditos. arrecadação correspondente a rendimentos, gerados a partir de
§ 1o É permitida a decom- um adicional de oito centésimos 18 de junho de 2002, reverterão ao
posição de parcelas, a critério por cento, aplicável de 18 de junho Fundo de Combate e Erradicação
do credor. de 2000 a 17 de junho de 2002, da Pobreza.
§ 2o As prestações anuais a na alíquota da contribuição so- § 1o Caso o montante anual
que se refere o caput deste artigo cial de que trata o art. 75 do Ato previsto nos rendimentos trans-
terão, se não liquidadas até o final das Disposições Constitucionais feridos ao Fundo de Combate e
do exercício a que se referem, Transitórias; Erradicação da Pobreza, na for-
poder liberatório do pagamento II – a parcela do produto da ma deste artigo, não alcance o
de tributos da entidade devedora. arrecadação correspondente a valor de quatro bilhões de reais,
§ 3o O prazo referido no caput um adicional de cinco pontos far-se-á complementação na for-
deste artigo fica reduzido para percentuais na alíquota do Im- ma do art. 80, inciso IV, do Ato
dois anos, nos casos de precató- posto sobre Produtos Industria- das Disposições Constitucionais
rios judiciais originários de desa- lizados – IPI, ou do imposto que Transitórias.
propriação de imóvel residencial vier a substituí-lo, incidente sobre § 2o Sem prejuízo do dispos-
do credor, desde que comprova- produtos supérfluos e aplicável to no § 1o, o Poder Executivo po-
damente único à época da imissão até a extinção do Fundo; derá destinar ao Fundo a que se
na posse. III – o produto da arrecadação refere este artigo outras receitas
§ 4o O Presidente do Tribu- do imposto de que trata o art. 153, decorrentes da alienação de bens
nal competente deverá, vencido inciso VII, da Constituição; da União.
o prazo ou em caso de omissão IV – dotações orçamentárias; § 3o A constituição do Fundo
no orçamento, ou preterição ao V – doações, de qualquer a que se refere o caput, a trans-
direito de precedência, a reque- natureza, de pessoas físicas ou ferência de recursos ao Fundo
rimento do credor, requisitar ou jurídicas do País ou do exterior; de Combate e Erradicação da
determinar o sequestro de recur- VI – outras receitas, a serem Pobreza e as demais disposições
sos financeiros da entidade exe- definidas na regulamentação do referentes ao § 1o deste artigo se-
cutada, suficientes à satisfação referido Fundo. rão disciplinadas em lei, não se
da prestação. § 1o Aos recursos integran- aplicando o disposto no art. 165,
tes do Fundo de que trata este § 9o, inciso II, da Constituição.
Art. 79. É instituído, para vigorar artigo não se aplica o disposto
até o ano de 201022, no âmbito do nos arts. 159 e 167, inciso IV, da Art. 82. Os Estados, o Distrito
Poder Executivo Federal, o Fun- Constituição, assim como qual- Federal e os Municípios devem
do de Combate e Erradicação da quer desvinculação de recursos instituir Fundos de Combate à
Pobreza, a ser regulado por lei orçamentários. Pobreza, com os recursos de
complementar com o objetivo de § 2o A arrecadação decor- que trata este artigo e outros
viabilizar a todos os brasileiros rente do disposto no inciso I deste que vierem a destinar, devendo
acesso a níveis dignos de subsis- artigo, no período compreendido os referidos Fundos ser geridos
tência, cujos recursos serão apli- entre 18 de junho de 2000 e o por entidades que contem com a
cados em ações suplementares início da vigência da lei comple- participação da sociedade civil.
de nutrição, habitação, educação, mentar a que se refere o art. 79, § 1o Para o financiamento
saúde, reforço de renda familiar será integralmente repassada ao dos Fundos Estaduais e Distrital,
e outros programas de relevan- Fundo, preservado o seu valor poderá ser criado adicional de
te interesse social voltados para real, em títulos públicos fede- até dois pontos percentuais na
melhoria da qualidade de vida. rais, progressivamente resgatá- alíquota do Imposto sobre Circu-
Parágrafo único. O Fundo veis após 18 de junho de 2002, na lação de Mercadorias e Serviços
previsto neste artigo terá Con- forma da lei. – ICMS, sobre os produtos e ser-
viços supérfluos e nas condições
21
NE: leia-se “da Emenda Constitucional
Art. 81. É instituído Fundo cons- definidas na lei complementar de
no 30, de 2000”. tituído pelos recursos recebidos que trata o art. 155, § 2o, XII, da
22
NE: prazo prorrogado, conforme a EC pela União em decorrência da Constituição, não se aplicando,
no 67/2010. desestatização de sociedades sobre este percentual, o disposto

106
Constituição da República Federativa do Brasil
no art. 158, IV, da Constituição. e exclusivamente utilizadas para disposto no art. 100 da Constitui-
§ 2o Para o financiamento operações de: ção Federal, não se lhes aplicando
dos Fundos Municipais, poderá a) câmaras e prestadoras de a regra de parcelamento estabe-
ser criado adicional de até meio serviços de compensação e de li- lecida no caput do art. 78 deste
ponto percentual na alíquota do quidação de que trata o parágrafo Ato das Disposições Constitu-
Imposto sobre Serviços ou do único do art. 2o da Lei no 10.214, cionais Transitórias, os débitos
imposto que vier a substituí-lo, de 27 de março de 2001; da Fazenda Federal, Estadual,
sobre serviços supérfluos. b) companhias securitizado- Distrital ou Municipal oriundos de
ras de que trata a Lei no 9.514, de sentenças transitadas em julgado,
Art. 83. Lei federal definirá os 20 de novembro de 1997; que preencham, cumulativamen-
produtos e serviços supérfluos c) sociedades anônimas que te, as seguintes condições:
a que se referem os arts. 80, II, tenham por objeto exclusivo a I – ter sido objeto de emissão
e 82, § 2o. aquisição de créditos oriundos de de precatórios judiciários;
operações praticadas no mercado II – ter sido definidos como de
Art. 84. A contribuição provisó- financeiro; pequeno valor pela lei de que trata
ria sobre movimentação ou trans- II – em contas correntes de o § 3o do art. 100 da Constituição
missão de valores e de créditos depósito, relativos a: Federal ou pelo art. 87 deste Ato
e direitos de natureza financeira, a) operações de compra e das Disposições Constitucionais
prevista nos arts. 74, 75 e 80, I, venda de ações, realizadas em Transitórias;
deste Ato das Disposições Cons- recintos ou sistemas de nego- III – estar, total ou parcial-
titucionais Transitórias, será co- ciação de bolsas de valores e no mente, pendentes de pagamen-
brada até 31 de dezembro de 2004. mercado de balcão organizado; to na data da publicação desta
§ 1o Fica prorrogada, até a b) contratos referenciados Emenda Constitucional24.
data referida no caput deste ar- em ações ou índices de ações, § 1o Os débitos a que se re-
tigo, a vigência da Lei no 9.311, em suas diversas modalidades, fere o caput deste artigo, ou os
de 24 de outubro de 1996, e suas negociados em bolsas de valo- respectivos saldos, serão pagos
alterações. res, de mercadorias e de futuros; na ordem cronológica de apre-
§ 2o Do produto da arreca- III – em contas de investidores sentação dos respectivos preca-
dação da contribuição social de estrangeiros, relativos a entra- tórios, com precedência sobre os
que trata este artigo será desti- das no País e a remessas para o de maior valor.
nada a parcela correspondente exterior de recursos financeiros § 2o Os débitos a que se refe-
à alíquota de: empregados, exclusivamente, em re o caput deste artigo, se ainda
I – vinte centésimos por cen- operações e contratos referidos não tiverem sido objeto de pa-
to ao Fundo Nacional de Saúde, no inciso II deste artigo. gamento parcial, nos termos do
para financiamento das ações e § 1o O Poder Executivo dis- art. 78 deste Ato das Disposições
serviços de saúde; ciplinará o disposto neste artigo Constitucionais Transitórias, po-
II – dez centésimos por cento no prazo de trinta dias da data de derão ser pagos em duas parcelas
ao custeio da previdência social; publicação desta Emenda Cons- anuais, se assim dispuser a lei.
III – oito centésimos por cento titucional23. § 3o Observada a ordem cro-
ao Fundo de Combate e Erradica- § 2o O disposto no inciso I nológica de sua apresentação, os
ção da Pobreza, de que tratam os deste artigo aplica-se somente débitos de natureza alimentícia
arts. 80 e 81 deste Ato das Disposi- às operações relacionadas em previstos neste artigo terão pre-
ções Constitucionais Transitórias. ato do Poder Executivo, dentre cedência para pagamento sobre
§ 3o A alíquota da contri- aquelas que constituam o objeto todos os demais.
buição de que trata este artigo social das referidas entidades.
será de: § 3o O disposto no inciso II Art. 87. Para efeito do que dis-
I – trinta e oito centésimos deste artigo aplica-se somente a põem o § 3o do art. 100 da Consti-
por cento, nos exercícios finan- operações e contratos efetuados tuição Federal e o art. 78 deste Ato
ceiros de 2002 e 2003; por intermédio de instituições das Disposições Constitucionais
II – (Revogado). financeiras, sociedades corre- Transitórias serão considerados
toras de títulos e valores mobili- de pequeno valor, até que se dê a
Art. 85. A contribuição a que ários, sociedades distribuidoras publicação oficial das respectivas
se refere o art. 84 deste Ato das de títulos e valores mobiliários e leis definidoras pelos entes da
Disposições Constitucionais Tran- sociedades corretoras de mer- Federação, observado o disposto
sitórias não incidirá, a partir do cadorias. no § 4o do art. 100 da Constituição
trigésimo dia da data de publica- Federal, os débitos ou obrigações
ção desta Emenda Constitucional, Art. 86. Serão pagos conforme consignados em precatório judi-
nos lançamentos:
I – em contas correntes de 23
NE: leia-se “da Emenda Constitucional 24
NE: leia-se “da Emenda Constitucional
depósito especialmente abertas no 37, de 2002”. no 37, de 2002”.

107
Constituição da República Federativa do Brasil
ciário, que tenham valor igual ou de diferenças remuneratórias. Art. 95. Os nascidos no estran-
inferior a: § 1o Os membros da Polícia geiro entre 7 de junho de 1994
I – quarenta salários mínimos, Militar continuarão prestando ser- e a data da promulgação desta
perante a Fazenda dos Estados e viços ao Estado de Rondônia, na Emenda Constitucional25, filhos
do Distrito Federal; condição de cedidos, submetidos de pai brasileiro ou mãe brasi-
II – trinta salários mínimos, às corporações da Polícia Mili- leira, poderão ser registrados
perante a Fazenda dos Municípios. tar, observadas as atribuições de em repartição diplomática ou
Parágrafo único. Se o valor função compatíveis com o grau consular brasileira competente ou
da execução ultrapassar o es- hierárquico. em ofício de registro, se vierem
tabelecido neste artigo, o paga- § 2o Os servidores a que se a residir na República Federativa
mento far-se-á, sempre, por meio refere o caput continuarão pres- do Brasil.
de precatório, sendo facultada à tando serviços ao Estado de Ron-
parte exequente a renúncia ao dônia na condição de cedidos, até Art. 96. Ficam convalidados
crédito do valor excedente, para seu aproveitamento em órgão ou os atos de criação, fusão, incor-
que possa optar pelo pagamen- entidade da administração federal poração e desmembramento de
to do saldo sem o precatório, da direta, autárquica ou fundacional. Municípios, cuja lei tenha sido
forma prevista no § 3o do art. 100. publicada até 31 de dezembro
Art. 90. O prazo previsto no de 2006, atendidos os requisi-
Art. 88. Enquanto lei comple- caput do art. 84 deste Ato das tos estabelecidos na legislação
mentar não disciplinar o disposto Disposições Constitucionais Tran- do respectivo Estado à época de
nos incisos I e III do § 3o do art. 156 sitórias fica prorrogado até 31 de sua criação.
da Constituição Federal, o impos- dezembro de 2007.
to a que se refere o inciso III do § 1o Fica prorrogada, até a Art. 97. Até que seja editada a
caput do mesmo artigo: data referida no caput deste ar- lei complementar de que trata o
I – terá alíquota mínima de tigo, a vigência da Lei no 9.311, § 15 do art. 100 da Constituição
dois por cento, exceto para os de 24 de outubro de 1996, e suas Federal, os Estados, o Distrito
serviços a que se referem os itens alterações. Federal e os Municípios que, na
32, 33 e 34 da Lista de Serviços § 2o Até a data referida no data de publicação desta Emen-
anexa ao Decreto-lei no 406, de caput deste artigo, a alíquota da Constitucional26, estejam em
31 de dezembro de 1968; da contribuição de que trata o mora na quitação de precatórios
II – não será objeto de con- art. 84 deste Ato das Disposi- vencidos, relativos às suas ad-
cessão de isenções, incentivos e ções Constitucionais Transitórias ministrações direta e indireta,
benefícios fiscais, que resulte, di- será de trinta e oito centésimos inclusive os emitidos durante o
reta ou indiretamente, na redução por cento. período de vigência do regime
da alíquota mínima estabelecida especial instituído por este arti-
no inciso I. Art. 91. (Revogado) go, farão esses pagamentos de
acordo com as normas a seguir
Art. 89. Os integrantes da car- Art. 92. São acrescidos dez anos estabelecidas, sendo inaplicá-
reira policial militar e os servido- ao prazo fixado no art. 40 deste vel o disposto no art. 100 desta
res municipais do ex-Território Ato das Disposições Constitucio- Constituição Federal, exceto em
Federal de Rondônia que, com- nais Transitórias. seus §§ 2o, 3o, 9o, 10, 11, 12, 13 e 14,
provadamente, se encontravam e sem prejuízo dos acordos de
no exercício regular de suas fun- Art. 92-A. São acrescidos 50 juízos conciliatórios já formali-
ções prestando serviço àquele (cinquenta) anos ao prazo fixado zados na data de promulgação
ex-Território na data em que foi pelo art. 92 deste Ato das Disposi- desta Emenda Constitucional.
transformado em Estado, bem ções Constitucionais Transitórias. § 1o Os Estados, o Distrito
como os servidores e os policiais Federal e os Municípios sujeitos
militares alcançados pelo dispos- Art. 93. A vigência do disposto ao regime especial de que trata
to no art. 36 da Lei Complemen- no art. 159, III, e § 4o, iniciará so- este artigo optarão, por meio de
tar no 41, de 22 de dezembro de mente após a edição da lei de que ato do Poder Executivo:
1981, e aqueles admitidos regular- trata o referido inciso III. I – pelo depósito em conta
mente nos quadros do Estado de especial do valor referido pelo
Rondônia até a data de posse do Art. 94. Os regimes especiais de § 2o deste artigo; ou
primeiro Governador eleito, em 15 tributação para microempresas II – pela adoção do regime es-
de março de 1987, constituirão, e empresas de pequeno porte pecial pelo prazo de até 15 (quinze)
mediante opção, quadro em ex- próprios da União, dos Estados,
tinção da administração federal, do Distrito Federal e dos Municí- 25
NE: leia-se “da Emenda Constitucional
assegurados os direitos e as van- pios cessarão a partir da entrada no 54, de 2007”.
tagens a eles inerentes, vedado em vigor do regime previsto no 26
NE: leia-se “da Emenda Constitucional
o pagamento, a qualquer título, art. 146, III, “d”, da Constituição. no 62, de 2009”.

108
Constituição da República Federativa do Brasil
anos, caso em que o percentual a cinco por cento) da receita cor- § 7o Nos casos em que não se
ser depositado na conta especial rente líquida; possa estabelecer a precedência
a que se refere o § 2o deste artigo b) de, no mínimo, 1,5% (um cronológica entre 2 (dois) preca-
corresponderá, anualmente, ao inteiro e cinco décimos por cen- tórios, pagar-se-á primeiramente
saldo total dos precatórios devi- to), para Municípios das regiões o precatório de menor valor.
dos, acrescido do índice oficial de Sul e Sudeste, cujo estoque de § 8o A aplicação dos recursos
remuneração básica da caderneta precatórios pendentes das suas restantes dependerá de opção a
de poupança e de juros simples no administrações direta e indireta ser exercida por Estados, Distrito
mesmo percentual de juros inci- corresponder a mais de 35% (trin- Federal e Municípios devedores,
dentes sobre a caderneta de pou- ta e cinco por cento) da receita por ato do Poder Executivo, obe-
pança para fins de compensação corrente líquida. decendo à seguinte forma, que
da mora, excluída a incidência de § 3o Entende-se como recei- poderá ser aplicada isoladamente
juros compensatórios, diminuído ta corrente líquida, para os fins de ou simultaneamente:
das amortizações e dividido pelo que trata este artigo, o somatório I – destinados ao pagamen-
número de anos restantes no das receitas tributárias, patrimo- to dos precatórios por meio do
regime especial de pagamento. niais, industriais, agropecuárias, leilão;
§ 2o Para saldar os preca- de contribuições e de serviços, II – destinados a pagamento a
tórios, vencidos e a vencer, pelo transferências correntes e ou- vista de precatórios não quitados
regime especial, os Estados, o tras receitas correntes, incluindo na forma do § 6o e do inciso I, em
Distrito Federal e os Municípios as oriundas do § 1o do art. 20 da ordem única e crescente de valor
devedores depositarão mensal- Constituição Federal, verificado por precatório;
mente, em conta especial criada no período compreendido pelo III – destinados a pagamento
para tal fim, 1/12 (um doze avos) do mês de referência e os 11 (onze) por acordo direto com os credo-
valor calculado percentualmen- meses anteriores, excluídas as res, na forma estabelecida por
te sobre as respectivas receitas duplicidades, e deduzidas: lei própria da entidade devedora,
correntes líquidas, apuradas no I – nos Estados, as parcelas que poderá prever criação e for-
segundo mês anterior ao mês de entregues aos Municípios por de- ma de funcionamento de câmara
pagamento, sendo que esse per- terminação constitucional; de conciliação.
centual, calculado no momento II – nos Estados, no Distri- § 9o Os leilões de que trata o
de opção pelo regime e mantido to Federal e nos Municípios, a inciso I do § 8o deste artigo:
fixo até o final do prazo a que se contribuição dos servidores para I – serão realizados por meio
refere o § 14 deste artigo, será: custeio do seu sistema de previ- de sistema eletrônico administra-
I – para os Estados e para o dência e assistência social e as do por entidade autorizada pela
Distrito Federal: receitas provenientes da com- Comissão de Valores Mobiliários
a) de, no mínimo, 1,5% (um pensação financeira referida no ou pelo Banco Central do Brasil;
inteiro e cinco décimos por cen- § 9o do art. 201 da Constituição II – admitirão a habilitação de
to), para os Estados das regiões Federal. precatórios, ou parcela de cada
Norte, Nordeste e Centro-Oeste, § 4o As contas especiais de precatório indicada pelo seu de-
além do Distrito Federal, ou cujo que tratam os §§ 1o e 2o serão tentor, em relação aos quais não
estoque de precatórios penden- administradas pelo Tribunal de esteja pendente, no âmbito do
tes das suas administrações di- Justiça local, para pagamento Poder Judiciário, recurso ou im-
reta e indireta corresponder a até de precatórios expedidos pelos pugnação de qualquer natureza,
35% (trinta e cinco por cento) do tribunais. permitida por iniciativa do Poder
total da receita corrente líquida; § 5o Os recursos deposita- Executivo a compensação com
b) de, no mínimo, 2% (dois dos nas contas especiais de que débitos líquidos e certos, inscritos
por cento), para os Estados das tratam os §§ 1o e 2o deste artigo ou não em dívida ativa e consti-
regiões Sul e Sudeste, cujo es- não poderão retornar para Esta- tuídos contra devedor originário
toque de precatórios pendentes dos, Distrito Federal e Municípios pela Fazenda Pública devedora
das suas administrações direta e devedores. até a data da expedição do pre-
indireta corresponder a mais de § 6o Pelo menos 50% (cin- catório, ressalvados aqueles cuja
35% (trinta e cinco por cento) da quenta por cento) dos recursos exigibilidade esteja suspensa nos
receita corrente líquida; de que tratam os §§ 1o e 2o des- termos da legislação, ou que já te-
II – para Municípios: te artigo serão utilizados para nham sido objeto de abatimento
a) de, no mínimo, 1% (um pagamento de precatórios em nos termos do § 9o do art. 100 da
por cento), para Municípios das ordem cronológica de apresenta- Constituição Federal;
regiões Norte, Nordeste e Cen- ção, respeitadas as preferências III – ocorrerão por meio de
tro-Oeste, ou cujo estoque de definidas no § 1o, para os requi- oferta pública a todos os credores
precatórios pendentes das suas sitórios do mesmo ano e no § 2o habilitados pelo respectivo ente
administrações direta e indireta do art. 100, para requisitórios de federativo devedor;
corresponder a até 35% (trinta e todos os anos. IV – considerarão automati-

109
Constituição da República Federativa do Brasil
camente habilitado o credor que V – a União reterá os repasses Constitucionais Transitórias e
satisfaça o que consta no inciso II; relativos ao Fundo de Participa- ainda pendentes de pagamento
V – serão realizados tantas ção dos Estados e do Distrito Fe- ingressarão no regime especial
vezes quanto necessário em fun- deral e ao Fundo de Participação com o valor atualizado das par-
ção do valor disponível; dos Municípios, e os depositará celas não pagas relativas a cada
VI – a competição por parcela nas contas especiais referidas precatório, bem como o saldo dos
do valor total ocorrerá a critério no § 1o, devendo sua utilização acordos judiciais e extrajudiciais.
do credor, com deságio sobre o obedecer ao que prescreve o § 5o, § 16. A partir da promulgação
valor desta; ambos deste artigo. desta Emenda Constitucional28, a
VII – ocorrerão na modalida- § 11. No caso de precatórios atualização de valores de requi-
de deságio, associado ao maior relativos a diversos credores, em sitórios, até o efetivo pagamen-
volume ofertado cumulado ou litisconsórcio, admite-se o des- to, independentemente de sua
não com o maior percentual de membramento do valor, realizado natureza, será feita pelo índice
deságio, pelo maior percentual de pelo Tribunal de origem do pre- oficial de remuneração básica da
deságio, podendo ser fixado valor catório, por credor, e, por este, caderneta de poupança, e, para
máximo por credor, ou por outro a habilitação do valor total a que fins de compensação da mora,
critério a ser definido em edital; tem direito, não se aplicando, incidirão juros simples no mesmo
VIII – o mecanismo de forma- neste caso, a regra do § 3o do percentual de juros incidentes
ção de preço constará nos editais art. 100 da Constituição Federal. sobre a caderneta de poupança,
publicados para cada leilão; § 12. Se a lei a que se refere o ficando excluída a incidência de
IX – a quitação parcial dos § 4o do art. 100 não estiver publi- juros compensatórios.
precatórios será homologada pelo cada em até 180 (cento e oitenta) § 17. O valor que exceder o li-
respectivo Tribunal que o expediu. dias, contados da data de publi- mite previsto no § 2o do art. 100 da
§ 10. No caso de não libera- cação desta Emenda Constitu- Constituição Federal será pago,
ção tempestiva dos recursos de cional27, será considerado, para durante a vigência do regime es-
que tratam o inciso II do § 1o e os os fins referidos, em relação a pecial, na forma prevista nos §§ 6o
§§ 2o e 6o deste artigo: Estados, Distrito Federal e Mu- e 7o ou nos incisos I, II e III do § 8o
I – haverá o sequestro de nicípios devedores, omissos na deste artigo, devendo os valores
quantia nas contas de Estados, regulamentação, o valor de: dispendidos para o atendimento
Distrito Federal e Municípios de- I – 40 (quarenta) salários mí- do disposto no § 2o do art. 100
vedores, por ordem do Presidente nimos para Estados e para o Dis- da Constituição Federal serem
do Tribunal referido no § 4o, até o trito Federal; computados para efeito do § 6o
limite do valor não liberado; II – 30 (trinta) salários míni- deste artigo.
II – constituir-se-á, alterna- mos para Municípios. § 18. Durante a vigência do
tivamente, por ordem do Presi- § 13. Enquanto Estados, Dis- regime especial a que se refe-
dente do Tribunal requerido, em trito Federal e Municípios deve- re este artigo, gozarão também
favor dos credores de precatórios, dores estiverem realizando pa- da preferência a que se refere o
contra Estados, Distrito Federal gamentos de precatórios pelo § 6o os titulares originais de pre-
e Municípios devedores, direito regime especial, não poderão catórios que tenham completa-
líquido e certo, autoaplicável e sofrer sequestro de valores, ex- do 60 (sessenta) anos de idade
independentemente de regula- ceto no caso de não liberação até a data da promulgação desta
mentação, à compensação au- tempestiva dos recursos de que Emenda Constitucional29.
tomática com débitos líquidos tratam o inciso II do § 1o e o § 2o
lançados por esta contra aqueles, deste artigo. Art. 98. O número de defensores
e, havendo saldo em favor do cre- § 14. O regime especial de públicos na unidade jurisdicional
dor, o valor terá automaticamente pagamento de precatório pre- será proporcional à efetiva de-
poder liberatório do pagamento visto no inciso I do § 1o vigorará manda pelo serviço da Defensoria
de tributos de Estados, Distrito enquanto o valor dos precatórios Pública e à respectiva população.
Federal e Municípios devedores, devidos for superior ao valor dos § 1o No prazo de 8 (oito) anos,
até onde se compensarem; recursos vinculados, nos termos a União, os Estados e o Distrito
III – o chefe do Poder Executi- do § 2o, ambos deste artigo, ou Federal deverão contar com de-
vo responderá na forma da legis- pelo prazo fixo de até 15 (quinze) fensores públicos em todas as
lação de responsabilidade fiscal anos, no caso da opção prevista unidades jurisdicionais, obser-
e de improbidade administrativa; no inciso II do § 1o. vado o disposto no caput deste
IV – enquanto perdurar a § 15. Os precatórios parce- artigo.
omissão, a entidade devedora: lados na forma do art. 33 ou do
a) não poderá contrair em- art. 78 deste Ato das Disposições 28
NE: leia-se “da Emenda Constitucional
préstimo externo ou interno; no 62, de 2009”.
b) ficará impedida de receber 27
NE: leia-se “da Emenda Constitucional 29
NE: leia-se “da Emenda Constitucional
transferências voluntárias; no 62, de 2009”. no 62, de 2009”.

110
Constituição da República Federativa do Brasil
§ 2o Durante o decurso do ao Consumidor Amplo Especial sos judiciais ou administrativos,
prazo previsto no § 1o deste artigo, (IPCA‑E), ou por outro índice que tributários ou não tributários, nos
a lotação dos defensores públi- venha a substituí-lo, depositando quais sejam parte os Estados,
cos ocorrerá, prioritariamente, mensalmente em conta especial o Distrito Federal ou os Municí-
atendendo as regiões com maio- do Tribunal de Justiça local, sob pios, e as respectivas autarquias,
res índices de exclusão social e única e exclusiva administração fundações e empresas estatais
adensamento populacional. deste, 1/12 (um doze avos) do va- dependentes, mediante a insti-
lor calculado percentualmente tuição de fundo garantidor em
Art. 99. Para efeito do disposto sobre suas receitas correntes lí- montante equivalente a 1/3 (um
no inciso VII do § 2o do art. 155, no quidas apuradas no segundo mês terço) dos recursos levantados,
caso de operações e prestações anterior ao mês de pagamento, constituído pela parcela restante
que destinem bens e serviços a em percentual suficiente para a dos depósitos judiciais e remu-
consumidor final não contribuin- quitação de seus débitos e, ain- nerado pela taxa referencial do
te localizado em outro Estado, o da que variável, nunca inferior, Sistema Especial de Liquidação
imposto correspondente à dife- em cada exercício, ao percentual e de Custódia (Selic) para títulos
rença entre a alíquota interna e praticado na data da entrada em federais, nunca inferior aos ín-
a interestadual será partilhado vigor do regime especial a que se dices e critérios aplicados aos
entre os Estados de origem e de refere este artigo, em conformi- depósitos levantados;
destino, na seguinte proporção: dade com plano de pagamento a II – até 30% (trinta por cento)
I – para o ano de 2015: 20% ser anualmente apresentado ao dos demais depósitos judiciais
(vinte por cento) para o Estado de Tribunal de Justiça local. da localidade sob jurisdição do
destino e 80% (oitenta por cento) § 1o Entende-se como receita respectivo Tribunal de Justiça,
para o Estado de origem; corrente líquida, para os fins de mediante a instituição de fundo
II – para o ano de 2016: 40% que trata este artigo, o somatório garantidor em montante equiva-
(quarenta por cento) para o Esta- das receitas tributárias, patrimo- lente aos recursos levantados,
do de destino e 60% (sessenta por niais, industriais, agropecuárias, constituído pela parcela restante
cento) para o Estado de origem; de contribuições e de serviços, de dos depósitos judiciais e remu-
III – para o ano de 2017: 60% transferências correntes e outras nerado pela taxa referencial do
(sessenta por cento) para o Esta- receitas correntes, incluindo as Sistema Especial de Liquidação e
do de destino e 40% (quarenta por oriundas do § 1o do art. 20 da de Custódia (Selic) para títulos fe-
cento) para o Estado de origem; Constituição Federal, verificado derais, nunca inferior aos índices
IV – para o ano de 2018: 80% no período compreendido pelo se- e critérios aplicados aos depósi-
(oitenta por cento) para o Estado gundo mês imediatamente ante- tos levantados, destinando-se:
de destino e 20% (vinte por cento) rior ao de referência e os 11 (onze) a) no caso do Distrito Fede-
para o Estado de origem; meses precedentes, excluídas as ral, 100% (cem por cento) des-
V – a partir do ano de 2019: duplicidades, e deduzidas: ses recursos ao próprio Distrito
100% (cem por cento) para o Es- I – nos Estados, as parcelas Federal;
tado de destino. entregues aos Municípios por de- b) no caso dos Estados, 50%
terminação constitucional; (cinquenta por cento) desses re-
Art. 100. Até que entre em vigor II – nos Estados, no Distri- cursos ao próprio Estado e 50%
a lei complementar de que trata o to Federal e nos Municípios, a (cinquenta por cento) aos res-
inciso II do § 1o do art. 40 da Cons- contribuição dos servidores para pectivos Municípios, conforme
tituição Federal, os Ministros do custeio de seu sistema de previ- a circunscrição judiciária onde
Supremo Tribunal Federal, dos dência e assistência social e as estão depositados os recursos, e,
Tribunais Superiores e do Tribu- receitas provenientes da com- se houver mais de um Município
nal de Contas da União aposen- pensação financeira referida no na mesma circunscrição judici-
tar-se-ão, compulsoriamente, § 9o do art. 201 da Constituição ária, os recursos serão rateados
aos 75 (setenta e cinco) anos de Federal. entre os Municípios concorrentes,
idade, nas condições do art. 52 § 2o O débito de precatórios proporcionalmente às respecti-
da Constituição Federal. será pago com recursos orça- vas populações, utilizado como
mentários próprios provenientes referência o último levantamento
Art. 101. Os Estados, o Distrito das fontes de receita corrente censitário ou a mais recente esti-
Federal e os Municípios que, em líquida referidas no § 1o deste mativa populacional da Fundação
25 de março de 2015, se encon- artigo e, adicionalmente, pode- Instituto Brasileiro de Geografia
travam em mora no pagamento rão ser utilizados recursos dos e Estatística (IBGE);
de seus precatórios quitarão, até seguintes instrumentos: III – empréstimos, excetuados
31 de dezembro de 2029, seus dé- I – até 75% (setenta e cinco para esse fim os limites de endi-
bitos vencidos e os que vencerão por cento) dos depósitos judiciais vidamento de que tratam os inci-
dentro desse período, atualizados e dos depósitos administrativos sos VI e VII do caput do art. 52 da
pelo Índice Nacional de Preços em dinheiro referentes a proces- Constituição Federal e quaisquer

111
Constituição da República Federativa do Brasil
outros limites de endividamento rias, forem destinados ao paga- art. 101 deste Ato das Disposições
previstos em lei, não se aplicando mento dos precatórios em mora Constitucionais Transitórias, fi-
a esses empréstimos a vedação serão utilizados no pagamento cam vedadas desapropriações
de vinculação de receita prevista segundo a ordem cronológica pelos Estados, pelo Distrito Fe-
no inciso IV do caput do art. 167 de apresentação, respeitadas deral e pelos Municípios, cujos
da Constituição Federal; as preferências dos créditos ali- estoques de precatórios ainda
IV – a totalidade dos depósi- mentares, e, nessas, as relativas pendentes de pagamento, inclu-
tos em precatórios e requisições à idade, ao estado de saúde e à ídos os precatórios a pagar de
diretas de pagamento de obriga- deficiência, nos termos do § 2o do suas entidades da administração
ções de pequeno valor efetua- art. 100 da Constituição Federal, indireta, sejam superiores a 70%
dos até 31 de dezembro de 2009 sobre todos os demais créditos (setenta por cento) das respec-
e ainda não levantados, com o de todos os anos. tivas receitas correntes líquidas,
cancelamento dos respectivos § 1o A aplicação dos recursos excetuadas as desapropriações
requisitórios e a baixa das obri- remanescentes, por opção a ser para fins de necessidade pública
gações, assegurada a revalidação exercida por Estados, Distrito nas áreas de saúde, educação,
dos requisitórios pelos juízos dos Federal e Municípios, por ato do segurança pública, transporte
processos perante os Tribunais, respectivo Poder Executivo, ob- público, saneamento básico e
a requerimento dos credores e servada a ordem de preferência habitação de interesse social.
após a oitiva da entidade devedo- dos credores, poderá ser des-
ra, mantidas a posição de ordem tinada ao pagamento mediante Art. 104. Se os recursos refe-
cronológica original e a remune- acordos diretos, perante Juízos ridos no art. 101 deste Ato das
ração de todo o período. Auxiliares de Conciliação de Pre- Disposições Constitucionais
§ 3o Os recursos adicionais catórios, com redução máxima de Transitórias para o pagamento
previstos nos incisos I, II e IV do 40% (quarenta por cento) do valor de precatórios não forem tem-
§ 2o deste artigo serão transfe- do crédito atualizado, desde que pestivamente liberados, no todo
ridos diretamente pela institui- em relação ao crédito não penda ou em parte:
ção financeira depositária para a recurso ou defesa judicial e que I – o Presidente do Tribunal
conta especial referida no caput sejam observados os requisitos de Justiça local determinará o
deste artigo, sob única e exclusi- definidos na regulamentação edi- sequestro, até o limite do valor
va administração do Tribunal de tada pelo ente federado. não liberado, das contas do ente
Justiça local, e essa transferência § 2o Na vigência do regime federado inadimplente;
deverá ser realizada em até ses- especial previsto no art. 101 deste II – o chefe do Poder Executi-
senta dias contados a partir da Ato das Disposições Constitucio- vo do ente federado inadimplente
entrada em vigor deste parágrafo, nais Transitórias, as preferências responderá, na forma da legisla-
sob pena de responsabilização relativas à idade, ao estado de ção de responsabilidade fiscal e
pessoal do dirigente da institui- saúde e à deficiência serão aten- de improbidade administrativa;
ção financeira por improbidade. didas até o valor equivalente ao III – a União reterá os recursos
§ 4o (Revogado) quíntuplo fixado em lei para os referentes aos repasses ao Fun-
I – (Revogado); fins do disposto no § 3o do art. 100 do de Participação dos Estados
II – (Revogado); da Constituição Federal, admitido e do Distrito Federal e ao Fundo
III – (Revogado); o fracionamento para essa finali- de Participação dos Municípios
IV – (Revogado). dade, e o restante será pago em e os depositará na conta espe-
§ 5o Os empréstimos de que ordem cronológica de apresen- cial referida no art. 101 deste Ato
trata o inciso III do § 2o deste ar- tação do precatório. das Disposições Constitucionais
tigo poderão ser destinados, por Transitórias, para utilização como
meio de ato do Poder Executivo, Art. 103. Enquanto os Estados, nele previsto;
exclusivamente ao pagamento de o Distrito Federal e os Municípios IV – os Estados reterão os
precatórios por acordo direto com estiverem efetuando o pagamen- repasses previstos no parágrafo
os credores, na forma do disposto to da parcela mensal devida como único do art. 158 da Constituição
no inciso III do § 8o do art. 97 deste previsto no caput do art. 101 deste Federal e os depositarão na conta
Ato das Disposições Constitucio- Ato das Disposições Constitu- especial referida no art. 101 deste
nais Transitórias. cionais Transitórias, nem eles, Ato das Disposições Constitucio-
nem as respectivas autarquias, nais Transitórias, para utilização
Art. 102. Enquanto viger o regi- fundações e empresas estatais como nele previsto.
me especial previsto nesta Emen- dependentes poderão sofrer se- Parágrafo único. Enquanto
da Constitucional, pelo menos questro de valores, exceto no perdurar a omissão, o ente fede-
50% (cinquenta por cento) dos caso de não liberação tempestiva rado não poderá contrair emprés-
recursos que, nos termos do dos recursos. timo externo ou interno, exceto
art. 101 deste Ato das Disposi- Parágrafo único. Na vigência para os fins previstos no § 2o do
ções Constitucionais Transitó- do regime especial previsto no art. 101 deste Ato das Disposições

112
Constituição da República Federativa do Brasil
Constitucionais Transitórias, e fi- Eleitoral e da Justiça do Distrito sujeita aos limites de que trata
cará impedido de receber trans- Federal e Territórios, no âmbito este artigo.
ferências voluntárias. do Poder Judiciário; § 6o Não se incluem na base
III – do Senado Federal, da Câ- de cálculo e nos limites estabe-
Art. 105. Enquanto viger o regi- mara dos Deputados e do Tribunal lecidos neste artigo:
me de pagamento de precatórios de Contas da União, no âmbito do I – transferências constitu-
previsto no art. 101 deste Ato das Poder Legislativo; cionais estabelecidas no § 1o do
Disposições Constitucionais Tran- IV – do Ministério Público da art. 20, no inciso III do parágra-
sitórias, é facultada aos credores União e do Conselho Nacional do fo único do art. 146, no § 5o do
de precatórios, próprios ou de Ministério Público; e art. 153, no art. 157, nos incisos I e
terceiros, a compensação com V – da Defensoria Pública da II do caput do art. 158, no art. 159
débitos de natureza tributária União. e no § 6o do art. 212, as despesas
ou de outra natureza que até 25 § 1o Cada um dos limites a referentes ao inciso XIV do caput
de março de 2015 tenham sido que se refere o caput deste artigo do art. 21 e as complementações
inscritos na dívida ativa dos Es- equivalerá: de que tratam os incisos IV e V
tados, do Distrito Federal ou dos I – para o exercício de 2017, à do caput do art. 212-A, todos da
Municípios, observados os requi- despesa primária paga no exercí- Constituição Federal;
sitos definidos em lei própria do cio de 2016, incluídos os restos a II – créditos extraordinários a
ente federado. pagar pagos e demais operações que se refere o § 3o do art. 167 da
§ 1o Não se aplica às com- que afetam o resultado primário, Constituição Federal;
pensações referidas no caput corrigida em 7,2% (sete inteiros e III – despesas não recorrentes
deste artigo qualquer tipo de vin- dois décimos por cento); e da Justiça Eleitoral com a reali-
culação, como as transferências II – para os exercícios poste- zação de eleições;
a outros entes e as destinadas riores, ao valor do limite referente IV – despesas com aumento
à educação, à saúde e a outras ao exercício imediatamente an- de capital de empresas estatais
finalidades. terior, corrigido pela variação do não dependentes;
§ 2o Os Estados, o Distrito Índice Nacional de Preços ao Con- V – transferências a Estados,
Federal e os Municípios regula- sumidor Amplo (IPCA), publicado Distrito Federal e Municípios de
mentarão nas respectivas leis o pela Fundação Instituto Brasileiro parte dos valores arrecadados
disposto no caput deste artigo em de Geografia e Estatística, ou de com os leilões dos volumes exce-
até cento e vinte dias a partir de outro índice que vier a substituí- dentes ao limite a que se refere o
1o de janeiro de 2018. -lo, apurado no exercício anterior § 2o do art. 1o da Lei no 12.276, de
§ 3o Decorrido o prazo esta- a que se refere a lei orçamentária. 30 de junho de 2010, e a despesa
belecido no § 2o deste artigo sem § 2o Os limites estabelecidos decorrente da revisão do contrato
a regulamentação nele prevista, na forma do inciso IV do caput do de cessão onerosa de que trata
ficam os credores de precató- art. 51, do inciso XIII do caput do a mesma Lei.
rios autorizados a exercer a fa- art. 52, do § 1o do art. 99, do § 3o § 7o Nos três primeiros exer-
culdade a que se refere o caput do art. 127 e do § 3o do art. 134 da cícios financeiros da vigência do
deste artigo. Constituição Federal não poderão Novo Regime Fiscal, o Poder Exe-
ser superiores aos estabelecidos cutivo poderá compensar com re-
Art. 106. Fica instituído o Novo nos termos deste artigo. dução equivalente na sua despesa
Regime Fiscal no âmbito dos Or- § 3o A mensagem que en- primária, consoante os valores
çamentos Fiscal e da Seguridade caminhar o projeto de lei orça- estabelecidos no projeto de lei
Social da União, que vigorará por mentária demonstrará os valores orçamentária encaminhado pelo
vinte exercícios financeiros, nos máximos de programação com- Poder Executivo no respectivo
termos dos arts. 107 a 114 deste patíveis com os limites individu- exercício, o excesso de despesas
Ato das Disposições Constitucio- alizados calculados na forma do primárias em relação aos limites
nais Transitórias. § 1o deste artigo, observados os de que tratam os incisos II a V do
§§ 7o a 9o deste artigo. caput deste artigo.
Art. 107. Ficam estabelecidos, § 4o As despesas primárias § 8o A compensação de que
para cada exercício, limites in- autorizadas na lei orçamentária trata o § 7o deste artigo não ex-
dividualizados para as despesas anual sujeitas aos limites de que cederá a 0,25% (vinte e cinco
primárias: trata este artigo não poderão centésimos por cento) do limite
I – do Poder Executivo; exceder os valores máximos de- do Poder Executivo.
II – do Supremo Tribunal Fe- monstrados nos termos do § 3o § 9o Respeitado o somatório
deral, do Superior Tribunal de deste artigo. em cada um dos incisos de II a
Justiça, do Conselho Nacional § 5o É vedada a abertura de IV do caput deste artigo, a lei de
de Justiça, da Justiça do Traba- crédito suplementar ou espe- diretrizes orçamentárias poderá
lho, da Justiça Federal, da Jus- cial que amplie o montante total dispor sobre a compensação en-
tiça Militar da União, da Justiça autorizado de despesa primária tre os limites individualizados dos

113
Constituição da República Federativa do Brasil
órgãos elencados em cada inciso. cio de 2016, incluídos os restos a procedimentos previstos nos §§ 9o
§ 10. Para fins de verificação pagar pagos, corrigido na forma e 21 do referido artigo, optar pelo
do cumprimento dos limites de do § 1o do art. 107 deste Ato das recebimento, mediante acordos
que trata este artigo, serão con- Disposições Constitucionais Tran- diretos perante Juízos Auxiliares
sideradas as despesas primárias sitórias, devendo o espaço fiscal de Conciliação de Pagamento
pagas, incluídos os restos a pagar decorrente da diferença entre o de Condenações Judiciais con-
pagos e demais operações que valor dos precatórios expedidos e tra a Fazenda Pública Federal,
afetam o resultado primário no o respectivo limite ser destinado em parcela única, até o final do
exercício. ao programa previsto no parágra- exercício seguinte, com renúncia
§ 11. O pagamento de restos fo único do art. 6o e à seguridade de 40% (quarenta por cento) do
a pagar inscritos até 31 de dezem- social, nos termos do art. 194, valor desse crédito.
bro de 2015 poderá ser excluído ambos da Constituição Federal, a § 4o O Conselho Nacional de
da verificação do cumprimento ser calculado da seguinte forma: Justiça regulamentará a atuação
dos limites de que trata este ar- I – no exercício de 2022, o es- dos Presidentes dos Tribunais
tigo, até o excesso de resultado paço fiscal decorrente da diferen- competentes para o cumprimento
primário dos Orçamentos Fiscal e ça entre o valor dos precatórios deste artigo.
da Seguridade Social do exercício expedidos e o limite estabelecido § 5o Não se incluem no limite
em relação à meta fixada na lei de no caput deste artigo deverá ser estabelecido neste artigo as des-
diretrizes orçamentárias. destinado ao programa previsto pesas para fins de cumprimento
§ 12. Para fins da elaboração no parágrafo único do art. 6o e à do disposto nos §§ 11, 20 e 21 do
do projeto de lei orçamentária seguridade social, nos termos art. 100 da Constituição Federal
anual, o Poder Executivo consi- do art. 194, ambos da Constitui- e no § 3o deste artigo, bem como
derará o valor realizado até junho ção Federal; a atualização monetária dos pre-
do índice previsto no inciso II do II – no exercício de 2023, pela catórios inscritos no exercício.
§ 1o deste artigo, relativo ao ano diferença entre o total de preca- § 6o Não se incluem nos li-
de encaminhamento do projeto, tórios expedidos entre 2 de julho mites estabelecidos no art. 107
e o valor estimado até dezembro de 2021 e 2 de abril de 2022 e o deste Ato das Disposições Cons-
desse mesmo ano. limite de que trata o caput des- titucionais Transitórias o previsto
§ 13. A estimativa do índice te artigo válido para o exercício nos §§ 11, 20 e 21 do art. 100 da
a que se refere o § 12 deste arti- de 2023; e Constituição Federal e no § 3o
go, juntamente com os demais III – nos exercícios de 2024 a deste artigo.
parâmetros macroeconômicos, 2026, pela diferença entre o total § 7o Na situação prevista no
serão elaborados mensalmente de precatórios expedidos entre 3 § 3o deste artigo, para os preca-
pelo Poder Executivo e enviados de abril de dois anos anteriores tórios não incluídos na proposta
à comissão mista de que trata o e 2 de abril do ano anterior ao orçamentária de 2022, os valores
§ 1o do art. 166 da Constituição exercício e o limite de que trata necessários à sua quitação se-
Federal. o caput deste artigo válido para rão providenciados pela abertura
§ 14. O resultado da diferença o mesmo exercício. de créditos adicionais durante o
aferida entre as projeções refe- § 1o O limite para o pagamen- exercício de 2022.
ridas nos §§ 12 e 13 deste artigo to de precatórios corresponderá, § 8o Os pagamentos em vir-
e a efetiva apuração do índice em cada exercício, ao limite pre- tude de sentença judiciária de
previsto no inciso II do § 1o deste visto no caput deste artigo, redu- que trata o art. 100 da Constitui-
artigo será calculado pelo Poder zido da projeção para a despesa ção Federal serão realizados na
Executivo, para fins de definição com o pagamento de requisições seguinte ordem:
da base de cálculo dos respecti- de pequeno valor para o mesmo I – obrigações definidas em lei
vos limites do exercício seguin- exercício, que terão prioridade como de pequeno valor, previstas
te, a qual será comunicada aos no pagamento. no § 3o do art. 100 da Constitui-
demais Poderes por ocasião da § 2o Os precatórios que não ção Federal;
elaboração do projeto de lei or- forem pagos em razão do previs- II – precatórios de natureza
çamentária. to neste artigo terão prioridade alimentícia cujos titulares, ori-
para pagamento em exercícios ginários ou por sucessão here-
Art. 107-A. Até o fim de 2026, seguintes, observada a ordem ditária, tenham no mínimo 60
fica estabelecido, para cada exer- cronológica e o disposto no § 8o (sessenta) anos de idade, ou se-
cício financeiro, limite para alo- deste artigo. jam portadores de doença gra-
cação na proposta orçamentária § 3o É facultado ao credor ve ou pessoas com deficiência,
das despesas com pagamentos de precatório que não tenha sido assim definidos na forma da lei,
em virtude de sentença judiciária pago em razão do disposto neste até o valor equivalente ao triplo
de que trata o art. 100 da Cons- artigo, além das hipóteses previs- do montante fixado em lei como
tituição Federal, equivalente ao tas no § 11 do art. 100 da Consti- obrigação de pequeno valor;
valor da despesa paga no exercí- tuição Federal e sem prejuízo dos III – demais precatórios de

114
Constituição da República Federativa do Brasil
natureza alimentícia até o valor formação de militares; e subvenções; e
equivalente ao triplo do montante V – realização de concurso II – a concessão ou a amplia-
fixado em lei como obrigação de público, exceto para as reposi- ção de incentivo ou benefício de
pequeno valor; ções de vacâncias previstas no natureza tributária.
IV – demais precatórios de inciso IV; § 3o Caso as vedações de que
natureza alimentícia além do va- VI – criação ou majoração de trata o caput deste artigo sejam
lor previsto no inciso III deste auxílios, vantagens, bônus, abo- acionadas, fica vedada a con-
parágrafo; nos, verbas de representação ou cessão da revisão geral prevista
V – demais precatórios. benefícios de qualquer natureza, no inciso X do caput do art. 37 da
inclusive os de cunho indeniza- Constituição Federal.
Art. 108. (Revogado) tório, em favor de membros de § 4o As disposições deste
Poder, do Ministério Público ou da artigo:
Art. 109. Se verificado, na apro- Defensoria Pública, de servidores I – não constituem obrigação
vação da lei orçamentária, que, e empregados públicos e de mi- de pagamento futuro pela União
no âmbito das despesas sujei- litares, ou ainda de seus depen- ou direitos de outrem sobre o
tas aos limites do art. 107 deste dentes, exceto quando derivados erário;
Ato das Disposições Constitucio- de sentença judicial transitada em II – não revogam, dispensam
nais Transitórias, a proporção da julgado ou de determinação legal ou suspendem o cumprimento
despesa obrigatória primária em anterior ao início da aplicação das de dispositivos constitucionais
relação à despesa primária total medidas de que trata este artigo; e legais que disponham sobre
foi superior a 95% (noventa e VII – criação de despesa obri- metas fiscais ou limites máximos
cinco por cento), aplicam-se ao gatória; de despesas; e
respectivo Poder ou órgão, até o VIII – adoção de medida que III – aplicam-se também a
final do exercício a que se refere implique reajuste de despesa proposições legislativas.
a lei orçamentária, sem prejuízo obrigatória acima da variação § 5o O disposto nos incisos II,
de outras medidas, as seguintes da inflação, observada a preser- IV, VII e VIII do caput e no § 2o des-
vedações: vação do poder aquisitivo referida te artigo não se aplica a medidas
I – concessão, a qualquer títu- no inciso IV do caput do art. 7o da de combate a calamidade pública
lo, de vantagem, aumento, reajus- Constituição Federal; nacional cuja vigência e efeitos
te ou adequação de remuneração IX – aumento do valor de be- não ultrapassem a sua duração.
de membros de Poder ou de ór- nefícios de cunho indenizatório
gão, de servidores e empregados destinados a qualquer membro Art. 110. Na vigência do Novo
públicos e de militares, exceto de Poder, servidor ou empre- Regime Fiscal, as aplicações mí-
dos derivados de sentença judi- gado da administração pública nimas em ações e serviços pú-
cial transitada em julgado ou de e a seus dependentes, exceto blicos de saúde e em manuten-
determinação legal anterior ao quando derivado de sentença ção e desenvolvimento do ensino
início da aplicação das medidas judicial transitada em julgado ou equivalerão:
de que trata este artigo; de determinação legal anterior ao I – no exercício de 2017, às
II – criação de cargo, emprego início da aplicação das medidas aplicações mínimas calculadas
ou função que implique aumento de que trata este artigo. nos termos do inciso I do § 2o do
de despesa; § 1o As vedações previstas art. 198 e do caput do art. 212, da
III – alteração de estrutura de nos incisos I, III e VI do caput Constituição Federal; e
carreira que implique aumento deste artigo, quando acionadas II – nos exercícios posterio-
de despesa; as vedações para qualquer dos res, aos valores calculados para
IV – admissão ou contrata- órgãos elencados nos incisos II, as aplicações mínimas do exercí-
ção de pessoal, a qualquer título, III e IV do caput do art. 107 deste cio imediatamente anterior, corri-
ressalvadas: Ato das Disposições Constitucio- gidos na forma estabelecida pelo
a) as reposições de cargos nais Transitórias, aplicam-se ao inciso II do § 1o do art. 107 deste
de chefia e de direção que não conjunto dos órgãos referidos em Ato das Disposições Constitucio-
acarretem aumento de despesa; cada inciso. nais Transitórias.
b) as reposições decorrentes § 2o Caso as vedações de que
de vacâncias de cargos efetivos trata o caput deste artigo sejam Art. 111. A partir do exercício
ou vitalícios; acionadas para o Poder Executivo, financeiro de 2018, até o último
c) as contratações tempo- ficam vedadas: exercício de vigência do Novo
rárias de que trata o inciso IX do I – a criação ou expansão de Regime Fiscal, a aprovação e a
caput do art. 37 da Constituição programas e linhas de financia- execução previstas nos §§ 9o e 11
Federal; e mento, bem como a remissão, do art. 166 da Constituição Federal
d) as reposições de tempo- renegociação ou refinanciamento corresponderão ao montante de
rários para prestação de serviço de dívidas que impliquem amplia- execução obrigatória para o exer-
militar e de alunos de órgãos de ção das despesas com subsídios cício de 2017, corrigido na forma

115
Constituição da República Federativa do Brasil
estabelecida pelo inciso II do § 1o vistos nos incisos I e III do § 1o e social deverão comprovar, para
do art. 107 deste Ato das Disposi- nos §§ 3o a 5o, 7o e 8o do art. 40 fins de formalização do parce-
ções Constitucionais Transitórias. da Constituição Federal, regras lamento com o Regime Geral de
assemelhadas às aplicáveis aos Previdência Social, de que trata
Art. 112. As disposições intro- servidores públicos do regime este artigo, terem atendido as
duzidas pelo Novo Regime Fiscal: próprio de previdência social da condições estabelecidas nos inci-
I – não constituirão obrigação União e que contribuam efeti- sos I, II, III e IV do caput do art. 115
de pagamento futuro pela União vamente para o atingimento e a deste Ato das Disposições Cons-
ou direitos de outrem sobre o manutenção do equilíbrio finan- titucionais Transitórias.
erário; e ceiro e atuarial; § 2o Os débitos parcelados
II – não revogam, dispensam II – adequação do rol de bene- terão redução de 40% (quarenta
ou suspendem o cumprimento fícios ao disposto nos §§ 2o e 3o do por cento) das multas de mora, de
de dispositivos constitucionais art. 9o da Emenda Constitucional ofício e isoladas, de 80% (oitenta
e legais que disponham sobre no 103, de 12 de novembro de 2019; por cento) dos juros de mora, de
metas fiscais ou limites máximos III – adequação da alíquota de 40% (quarenta por cento) dos
de despesas. contribuição devida pelos servi- encargos legais e de 25% (vinte
dores, nos termos do § 4o do art. 9o e cinco por cento) dos honorários
Art. 113. A proposição legisla- da Emenda Constitucional no 103, advocatícios.
tiva que crie ou altere despesa de 12 de novembro de 2019; e § 3o O valor de cada parcela
obrigatória ou renúncia de re- IV – instituição do regime será acrescido de juros equiva-
ceita deverá ser acompanhada de previdência complementar e lentes à taxa referencial do Sis-
da estimativa do seu impacto adequação do órgão ou entida- tema Especial de Liquidação e
orçamentário e financeiro. de gestora do regime próprio de de Custódia (Selic), acumulada
previdência social, nos termos do mensalmente, calculados a partir
Art. 114. A tramitação de pro- § 6o do art. 9o da Emenda Consti- do mês subsequente ao da con-
posição elencada no caput do tucional no 103, de 12 de novem- solidação até o mês anterior ao
art. 59 da Constituição Federal, bro de 2019. do pagamento.
ressalvada a referida no seu inciso Parágrafo único. Ato do Mi- § 4o Não constituem débitos
V, quando acarretar aumento de nistério do Trabalho e Previdên- dos Municípios aqueles conside-
despesa ou renúncia de receita, cia, no âmbito de suas compe- rados prescritos ou atingidos pela
será suspensa por até vinte dias, tências, definirá os critérios para decadência.
a requerimento de um quinto dos o parcelamento previsto neste § 5o A Secretaria Especial
membros da Casa, nos termos artigo, inclusive quanto ao cum- da Receita Federal do Brasil e
regimentais, para análise de sua primento do disposto nos incisos a Procuradoria-Geral da Fazen-
compatibilidade com o Novo Re- I, II, III e IV do caput deste artigo, da Nacional, no âmbito de suas
gime Fiscal. bem como disponibilizará as in- competências, deverão fixar os
formações aos Municípios sobre o critérios para o parcelamento
Art. 115. Fica excepcionalmente montante das dívidas, as formas previsto neste artigo, bem como
autorizado o parcelamento das de parcelamento, os juros e os disponibilizar as informações aos
contribuições previdenciárias e encargos incidentes, de modo a Municípios sobre o montante das
dos demais débitos dos Municí- possibilitar o acompanhamento dívidas, as formas de parcela-
pios, incluídas suas autarquias e da evolução desses débitos. mento, os juros e os encargos
fundações, com os respectivos incidentes, de modo a possibilitar
regimes próprios de previdên- Art. 116. Fica excepcionalmente o acompanhamento da evolução
cia social, com vencimento até autorizado o parcelamento dos desses débitos.
31 de outubro de 2021, inclusive débitos decorrentes de contribui-
os parcelados anteriormente, no ções previdenciárias dos Municí- Art. 117. A formalização dos par-
prazo máximo de 240 (duzentos pios, incluídas suas autarquias e celamentos de que tratam os
e quarenta) prestações men- fundações, com o Regime Geral arts. 115 e 116 deste Ato das Dis-
sais, mediante autorização em de Previdência Social, com venci- posições Constitucionais Transi-
lei municipal específica, desde mento até 31 de outubro de 2021, tórias deverá ocorrer até 30 de ju-
que comprovem ter alterado a ainda que em fase de execução nho de 2022 e ficará condicionada
legislação do regime próprio de fiscal ajuizada, inclusive os de- à autorização de vinculação do
previdência social para atendi- correntes do descumprimento Fundo de Participação dos Muni-
mento das seguintes condições, de obrigações acessórias e os cípios para fins de pagamento das
cumulativamente: parcelados anteriormente, no prestações acordadas nos termos
I – adoção de regras de ele- prazo máximo de 240 (duzentos de parcelamento, observada a
gibilidade, de cálculo e de rea- e quarenta) prestações mensais. seguinte ordem de preferência:
justamento dos benefícios que § 1o Os Municípios que possu- I – a prestação de garantia ou
contemplem, nos termos pre- am regime próprio de previdência de contragarantia à União ou os

116
Constituição da República Federativa do Brasil
pagamentos de débitos em fa-
vor da União, na forma do § 4o do
art. 167 da Constituição Federal;
II – as contribuições parcela-
das devidas ao Regime Geral de
Previdência Social;
III – as contribuições parcela-
das devidas ao respectivo regime
próprio de previdência social.

Art. 118. Os limites, as condi-


ções, as normas de acesso e os
demais requisitos para o atendi-
mento do disposto no parágrafo
único do art. 6o e no inciso VI do
caput do art. 203 da Constituição
Federal serão determinados, na
forma da lei e respectivo regu-
lamento, até 31 de dezembro de
2022, dispensada, exclusivamente
no exercício de 2022, a observân-
cia das limitações legais quanto à
criação, à expansão ou ao aperfei-
çoamento de ação governamental
que acarrete aumento de despesa
no referido exercício.

Brasília, 5 de outubro de 1988.

117
Código Civil
ATUALIZADA ATÉ JANEIRO DE 2022

Atualização e revisão técnica: Coordenação de Edições Técnicas


A norma aqui apresentada não substitui as publicações do Diário Oficial da União.
Sumário

CÓDIGO CIVIL

Lei no 10.406/2002
131 PARTE GERAL
131 LIVRO I – DAS PESSOAS
131 TÍTULO I – DAS PESSOAS NATURAIS
131 CAPÍTULO I – DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE
132 CAPÍTULO II – DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
132 CAPÍTULO III – DA AUSÊNCIA
132 Seção I – Da Curadoria dos Bens do Ausente
132 Seção II – Da Sucessão Provisória
133 Seção III – Da Sucessão Definitiva
133 TÍTULO II – DAS PESSOAS JURÍDICAS
133 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
135 CAPÍTULO II – DAS ASSOCIAÇÕES
135 CAPÍTULO III – DAS FUNDAÇÕES
136 TÍTULO III – DO DOMICÍLIO
137 LIVRO II – DOS BENS
137 TÍTULO ÚNICO – DAS DIFERENTES CLASSES DE BENS
137 CAPÍTULO I – DOS BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS
137 Seção I – Dos Bens Imóveis
137 Seção II – Dos Bens Móveis
137 Seção III – Dos Bens Fungíveis e Consumíveis
137 Seção IV – Dos Bens Divisíveis
137 Seção V – Dos Bens Singulares e Coletivos
137 CAPÍTULO II – DOS BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS
137 CAPÍTULO III – DOS BENS PÚBLICOS
138 LIVRO III – DOS FATOS JURÍDICOS
138 TÍTULO I – DO NEGÓCIO JURÍDICO
138 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
138 CAPÍTULO II – DA REPRESENTAÇÃO
139 CAPÍTULO III – DA CONDIÇÃO, DO TERMO E DO ENCARGO
140 CAPÍTULO IV – DOS DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
140 Seção I – Do Erro ou Ignorância
140 Seção II – Do Dolo
140 Seção III – Da Coação
140 Seção IV – Do Estado de Perigo
140 Seção V – Da Lesão
141 Seção VI – Da Fraude contra Credores
141 CAPÍTULO V – DA INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO
142 TÍTULO II – DOS ATOS JURÍDICOS LÍCITOS
142 TÍTULO III – DOS ATOS ILÍCITOS
142 TÍTULO IV – DA PRESCRIÇÃO E DA DECADÊNCIA
142 CAPÍTULO I – DA PRESCRIÇÃO
142 Seção I – Disposições Gerais
143 Seção II – Das Causas que Impedem ou Suspendem a Prescrição
143 Seção III – Das Causas que Interrompem a Prescrição
143 Seção IV – Dos Prazos da Prescrição
144 CAPÍTULO II – DA DECADÊNCIA
144 TÍTULO V – DA PROVA
145 PARTE ESPECIAL
145 LIVRO I – DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
145 TÍTULO I – DAS MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES
145 CAPÍTULO I – DAS OBRIGAÇÕES DE DAR
145 Seção I – Das Obrigações de Dar Coisa Certa
146 Seção II – Das Obrigações de Dar Coisa Incerta
146 CAPÍTULO II – DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER
146 CAPÍTULO III – DAS OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER
146 CAPÍTULO IV – DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS
147 CAPÍTULO V – DAS OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS
147 CAPÍTULO VI – DAS OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS
147 Seção I – Disposições Gerais
147 Seção II – Da Solidariedade Ativa
147 Seção III – Da Solidariedade Passiva
148 TÍTULO II – DA TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES
148 CAPÍTULO I – DA CESSÃO DE CRÉDITO
148 CAPÍTULO II – DA ASSUNÇÃO DE DÍVIDA
149 TÍTULO III – DO ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
149 CAPÍTULO I – DO PAGAMENTO
149 Seção I – De Quem Deve Pagar
149 Seção II – Daqueles a Quem Se Deve Pagar
149 Seção III – Do Objeto do Pagamento e Sua Prova
150 Seção IV – Do Lugar do Pagamento
150 Seção V – Do Tempo do Pagamento
150 CAPÍTULO II – DO PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO
151 CAPÍTULO III – DO PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO
151 CAPÍTULO IV – DA IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO
151 CAPÍTULO V – DA DAÇÃO EM PAGAMENTO
151 CAPÍTULO VI – DA NOVAÇÃO
152 CAPÍTULO VII – DA COMPENSAÇÃO
152 CAPÍTULO VIII – DA CONFUSÃO
152 CAPÍTULO IX – DA REMISSÃO DAS DÍVIDAS
153 TÍTULO IV – DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES
153 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
153 CAPÍTULO II – DA MORA
153 CAPÍTULO III – DAS PERDAS E DANOS
153 CAPÍTULO IV – DOS JUROS LEGAIS
154 CAPÍTULO V – DA CLÁUSULA PENAL
154 CAPÍTULO VI – DAS ARRAS OU SINAL
154 TÍTULO V – DOS CONTRATOS EM GERAL
154 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
154 Seção I – Preliminares
155 Seção II – Da Formação dos Contratos
155 Seção III – Da Estipulação em Favor de Terceiro
155 Seção IV – Da Promessa de Fato de Terceiro
155 Seção V – Dos Vícios Redibitórios
156 Seção VI – Da Evicção
156 Seção VII – Dos Contratos Aleatórios
156 Seção VIII – Do Contrato Preliminar
157 Seção IX – Do Contrato com Pessoa a Declarar
157 CAPÍTULO II – DA EXTINÇÃO DO CONTRATO
157 Seção I – Do Distrato
157 Seção II – Da Cláusula Resolutiva
157 Seção III – Da Exceção de Contrato Não Cumprido
157 Seção IV – Da Resolução por Onerosidade Excessiva
158 TÍTULO VI – DAS VÁRIAS ESPÉCIES DE CONTRATO
158 CAPÍTULO I – DA COMPRA E VENDA
158 Seção I – Disposições Gerais
159 Seção II – Das Cláusulas Especiais à Compra e Venda
159 Subseção I – Da Retrovenda
159 Subseção II – Da Venda a Contento e da Sujeita a Prova
159 Subseção III – Da Preempção ou Preferência
160 Subseção IV – Da Venda com Reserva de Domínio
160 Subseção V – Da Venda sobre Documentos
160 CAPÍTULO II – DA TROCA OU PERMUTA
161 CAPÍTULO III – DO CONTRATO ESTIMATÓRIO
161 CAPÍTULO IV – DA DOAÇÃO
161 Seção I – Disposições Gerais
161 Seção II – Da Revogação da Doação
162 CAPÍTULO V – DA LOCAÇÃO DE COISAS
163 CAPÍTULO VI – DO EMPRÉSTIMO
163 Seção I – Do Comodato
163 Seção II – Do Mútuo
163 CAPÍTULO VII – DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
164 CAPÍTULO VIII – DA EMPREITADA
165 CAPÍTULO IX – DO DEPÓSITO
165 Seção I – Do Depósito Voluntário
166 Seção II – Do Depósito Necessário
167 CAPÍTULO X – DO MANDATO
167 Seção I – Disposições Gerais
167 Seção II – Das Obrigações do Mandatário
168 Seção III – Das Obrigações do Mandante
168 Seção IV – Da Extinção do Mandato
169 Seção V – Do Mandato Judicial
169 CAPÍTULO XI – DA COMISSÃO
170 CAPÍTULO XII – DA AGÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO
170 CAPÍTULO XIII – DA CORRETAGEM
171 CAPÍTULO XIV – DO TRANSPORTE
171 Seção I – Disposições Gerais
171 Seção II – Do Transporte de Pessoas
172 Seção III – Do Transporte de Coisas
173 CAPÍTULO XV – DO SEGURO
173 Seção I – Disposições Gerais
174 Seção II – Do Seguro de Dano
174 Seção III – Do Seguro de Pessoa
175 CAPÍTULO XVI – DA CONSTITUIÇÃO DE RENDA
176 CAPÍTULO XVII – DO JOGO E DA APOSTA
176 CAPÍTULO XVIII – DA FIANÇA
176 Seção I – Disposições Gerais
176 Seção II – Dos Efeitos da Fiança
177 Seção III – Da Extinção da Fiança
177 CAPÍTULO XIX – DA TRANSAÇÃO
177 CAPÍTULO XX – DO COMPROMISSO
178 TÍTULO VII – DOS ATOS UNILATERAIS
178 CAPÍTULO I – DA PROMESSA DE RECOMPENSA
178 CAPÍTULO II – DA GESTÃO DE NEGÓCIOS
179 CAPÍTULO III – DO PAGAMENTO INDEVIDO
179 CAPÍTULO IV – DO ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA
179 TÍTULO VIII – DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
179 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
180 CAPÍTULO II – DO TÍTULO AO PORTADOR
181 CAPÍTULO III – DO TÍTULO À ORDEM
181 CAPÍTULO IV – DO TÍTULO NOMINATIVO
182 TÍTULO IX – DA RESPONSABILIDADE CIVIL
182 CAPÍTULO I – DA OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR
183 CAPÍTULO II – DA INDENIZAÇÃO
183 TÍTULO X – DAS PREFERÊNCIAS E PRIVILÉGIOS CREDITÓRIOS
184 LIVRO II – DO DIREITO DE EMPRESA
184 TÍTULO I – DO EMPRESÁRIO
184 CAPÍTULO I – DA CARACTERIZAÇÃO E DA INSCRIÇÃO
185 CAPÍTULO II – DA CAPACIDADE
185 TÍTULO I-A – DA EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA
186 TÍTULO II – DA SOCIEDADE
186 CAPÍTULO ÚNICO – DISPOSIÇÕES GERAIS
186 SUBTÍTULO I – DA SOCIEDADE NÃO PERSONIFICADA
186 CAPÍTULO I – DA SOCIEDADE EM COMUM
186 CAPÍTULO II – DA SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO
187 SUBTÍTULO II – DA SOCIEDADE PERSONIFICADA
187 CAPÍTULO I – DA SOCIEDADE SIMPLES
187 Seção I – Do Contrato Social
187 Seção II – Dos Direitos e Obrigações dos Sócios
188 Seção III – Da Administração
189 Seção IV – Das Relações com Terceiros
189 Seção V – Da Resolução da Sociedade em Relação a um Sócio
189 Seção VI – Da Dissolução
190 CAPÍTULO II – DA SOCIEDADE EM NOME COLETIVO
190 CAPÍTULO III – DA SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES
191 CAPÍTULO IV – DA SOCIEDADE LIMITADA
191 Seção I – Disposições Preliminares
191 Seção II – Das Quotas
191 Seção III – Da Administração
192 Seção IV – Do Conselho Fiscal
192 Seção V – Das Deliberações dos Sócios
193 Seção VI – Do Aumento e da Redução do Capital
194 Seção VII – Da Resolução da Sociedade em Relação a Sócios Minoritários
194 Seção VIII – Da Dissolução
194 CAPÍTULO V – DA SOCIEDADE ANÔNIMA
194 Seção Única – Da Caracterização
194 CAPÍTULO VI – DA SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES
194 CAPÍTULO VII – DA SOCIEDADE COOPERATIVA
195 CAPÍTULO VIII – DAS SOCIEDADES COLIGADAS
195 CAPÍTULO IX – DA LIQUIDAÇÃO DA SOCIEDADE
196 CAPÍTULO X – DA TRANSFORMAÇÃO, DA INCORPORAÇÃO, DA FUSÃO E DA CISÃO DAS
SOCIEDADES
197 CAPÍTULO XI – DA SOCIEDADE DEPENDENTE DE AUTORIZAÇÃO
197 Seção I – Disposições Gerais
197 Seção II – Da Sociedade Nacional
197 Seção III – Da Sociedade Estrangeira
198 TÍTULO III – DO ESTABELECIMENTO
198 CAPÍTULO ÚNICO – DISPOSIÇÕES GERAIS
199 TÍTULO IV – DOS INSTITUTOS COMPLEMENTARES
199 CAPÍTULO I – DO REGISTRO
199 CAPÍTULO II – DO NOME EMPRESARIAL
200 CAPÍTULO III – DOS PREPOSTOS
200 Seção I – Disposições Gerais
200 Seção II – Do Gerente
201 Seção III – Do Contabilista e Outros Auxiliares
201 CAPÍTULO IV – DA ESCRITURAÇÃO
202 LIVRO III – DO DIREITO DAS COISAS
202 TÍTULO I – DA POSSE
202 CAPÍTULO I – DA POSSE E SUA CLASSIFICAÇÃO
203 CAPÍTULO II – DA AQUISIÇÃO DA POSSE
203 CAPÍTULO III – DOS EFEITOS DA POSSE
204 CAPÍTULO IV – DA PERDA DA POSSE
204 TÍTULO II – DOS DIREITOS REAIS
204 CAPÍTULO ÚNICO – DISPOSIÇÕES GERAIS
204 TÍTULO III – DA PROPRIEDADE
204 CAPÍTULO I – DA PROPRIEDADE EM GERAL
204 Seção I – Disposições Preliminares
204 Seção II – Da Descoberta
205 CAPÍTULO II – DA AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
205 Seção I – Da Usucapião
205 Seção II – Da Aquisição pelo Registro do Título
206 Seção III – Da Aquisição por Acessão
206 Subseção I – Das Ilhas
206 Subseção II – Da Aluvião
206 Subseção III – Da Avulsão
206 Subseção IV – Do Álveo Abandonado
206 Subseção V – Das Construções e Plantações
207 CAPÍTULO III – DA AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL
207 Seção I – Da Usucapião
207 Seção II – Da Ocupação
207 Seção III – Do Achado do Tesouro
207 Seção IV – Da Tradição
207 Seção V – Da Especificação
207 Seção VI – Da Confusão, da Comissão e da Adjunção
208 CAPÍTULO IV – DA PERDA DA PROPRIEDADE
208 CAPÍTULO V – DOS DIREITOS DE VIZINHANÇA
208 Seção I – Do Uso Anormal da Propriedade
208 Seção II – Das Árvores Limítrofes
208 Seção III – Da Passagem Forçada
208 Seção IV – Da Passagem de Cabos e Tubulações
209 Seção V – Das Águas
209 Seção VI – Dos Limites entre Prédios e do Direito de Tapagem
210 Seção VII – Do Direito de Construir
211 CAPÍTULO VI – DO CONDOMÍNIO GERAL
211 Seção I – Do Condomínio Voluntário
211 Subseção I – Dos Direitos e Deveres dos Condôminos
211 Subseção II – Da Administração do Condomínio
211 Seção II – Do Condomínio Necessário
212 CAPÍTULO VII – DO CONDOMÍNIO EDILÍCIO
212 Seção I – Disposições Gerais
213 Seção II – Da Administração do Condomínio
214 Seção III – Da Extinção do Condomínio
214 Seção IV – Do Condomínio de Lotes
214 CAPÍTULO VII-A – DO CONDOMÍNIO EM MULTIPROPRIEDADE
214 Seção I – Disposições Gerais
215 Seção II – Da Instituição da Multipropriedade
215 Seção III – Dos Direitos e das Obrigações do Multiproprietário
216 Seção IV – Da Transferência da Multipropriedade
216 Seção V – Da Administração da Multipropriedade
216 Seção VI – Disposições Específicas Relativas às Unidades Autônomas de Condomínios
Edilícios
218 CAPÍTULO VIII – DA PROPRIEDADE RESOLÚVEL
218 CAPÍTULO IX – DA PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA
219 CAPÍTULO X – DO FUNDO DE INVESTIMENTO
219 TÍTULO IV – DA SUPERFÍCIE
220 TÍTULO V – DAS SERVIDÕES
220 CAPÍTULO I – DA CONSTITUIÇÃO DAS SERVIDÕES
220 CAPÍTULO II – DO EXERCÍCIO DAS SERVIDÕES
220 CAPÍTULO III – DA EXTINÇÃO DAS SERVIDÕES
221 TÍTULO VI – DO USUFRUTO
221 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
221 CAPÍTULO II – DOS DIREITOS DO USUFRUTUÁRIO
221 CAPÍTULO III – DOS DEVERES DO USUFRUTUÁRIO
222 CAPÍTULO IV – DA EXTINÇÃO DO USUFRUTO
222 TÍTULO VII – DO USO
222 TÍTULO VIII – DA HABITAÇÃO
222 TÍTULO IX – DO DIREITO DO PROMITENTE COMPRADOR
222 TÍTULO X – DO PENHOR, DA HIPOTECA E DA ANTICRESE
222 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
223 CAPÍTULO II – DO PENHOR
223 Seção I – Da Constituição do Penhor
223 Seção II – Dos Direitos do Credor Pignoratício
224 Seção III – Das Obrigações do Credor Pignoratício
224 Seção IV – Da Extinção do Penhor
224 Seção V – Do Penhor Rural
224 Subseção I – Disposições Gerais
224 Subseção II – Do Penhor Agrícola
224 Subseção III – Do Penhor Pecuário
225 Seção VI – Do Penhor Industrial e Mercantil
225 Seção VII – Do Penhor de Direitos e Títulos de Crédito
226 Seção VIII – Do Penhor de Veículos
226 Seção IX – Do Penhor Legal
226 CAPÍTULO III – DA HIPOTECA
226 Seção I – Disposições Gerais
227 Seção II – Da Hipoteca Legal
228 Seção III – Do Registro da Hipoteca
228 Seção IV – Da Extinção da Hipoteca
228 Seção V – Da Hipoteca de Vias Férreas
228 CAPÍTULO IV – DA ANTICRESE
229 TÍTULO XI – DA LAJE
230 LIVRO IV – DO DIREITO DE FAMÍLIA
230 TÍTULO I – DO DIREITO PESSOAL
230 SUBTÍTULO I – DO CASAMENTO
230 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
230 CAPÍTULO II – DA CAPACIDADE PARA O CASAMENTO
230 CAPÍTULO III – DOS IMPEDIMENTOS
230 CAPÍTULO IV – DAS CAUSAS SUSPENSIVAS
231 CAPÍTULO V – DO PROCESSO DE HABILITAÇÃO PARA O CASAMENTO
231 CAPÍTULO VI – DA CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO
232 CAPÍTULO VII – DAS PROVAS DO CASAMENTO
233 CAPÍTULO VIII – DA INVALIDADE DO CASAMENTO
234 CAPÍTULO IX – DA EFICÁCIA DO CASAMENTO
234 CAPÍTULO X – DA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE E DO VÍNCULO CONJUGAL
235 CAPÍTULO XI – DA PROTEÇÃO DA PESSOA DOS FILHOS
236 SUBTÍTULO II – DAS RELAÇÕES DE PARENTESCO
236 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
236 CAPÍTULO II – DA FILIAÇÃO
237 CAPÍTULO III – DO RECONHECIMENTO DOS FILHOS
238 CAPÍTULO IV – DA ADOÇÃO
238 CAPÍTULO V – DO PODER FAMILIAR
238 Seção I – Disposições Gerais
238 Seção II – Do Exercício do Poder Familiar
238 Seção III – Da Suspensão e Extinção do Poder Familiar
239 TÍTULO II – DO DIREITO PATRIMONIAL
239 SUBTÍTULO I – DO REGIME DE BENS ENTRE OS CÔNJUGES
239 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
240 CAPÍTULO II – DO PACTO ANTENUPCIAL
240 CAPÍTULO III – DO REGIME DE COMUNHÃO PARCIAL
240 CAPÍTULO IV – DO REGIME DE COMUNHÃO UNIVERSAL
241 CAPÍTULO V – DO REGIME DE PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS
241 CAPÍTULO VI – DO REGIME DE SEPARAÇÃO DE BENS
242 SUBTÍTULO II – DO USUFRUTO E DA ADMINISTRAÇÃO DOS BENS DE FILHOS MENORES
242 SUBTÍTULO III – DOS ALIMENTOS
243 SUBTÍTULO IV – DO BEM DE FAMÍLIA
244 TÍTULO III – DA UNIÃO ESTÁVEL
244 TÍTULO IV – DA TUTELA, DA CURATELA E DA TOMADA DE DECISÃO APOIADA
244 CAPÍTULO I – DA TUTELA
244 Seção I – Dos Tutores
244 Seção II – Dos Incapazes de Exercer a Tutela
245 Seção III – Da Escusa dos Tutores
245 Seção IV – Do Exercício da Tutela
246 Seção V – Dos Bens do Tutelado
246 Seção VI – Da Prestação de Contas
246 Seção VII – Da Cessação da Tutela
246 CAPÍTULO II – DA CURATELA
246 Seção I – Dos Interditos
247 Seção II – Da Curatela do Nascituro e do Enfermo ou Portador de Deficiência Física
247 Seção III – Do Exercício da Curatela
247 CAPÍTULO III – DA TOMADA DE DECISÃO APOIADA
248 LIVRO V – DO DIREITO DAS SUCESSÕES
248 TÍTULO I – DA SUCESSÃO EM GERAL
248 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
248 CAPÍTULO II – DA HERANÇA E DE SUA ADMINISTRAÇÃO
248 CAPÍTULO III – DA VOCAÇÃO HEREDITÁRIA
249 CAPÍTULO IV – DA ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DA HERANÇA
249 CAPÍTULO V – DOS EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO
250 CAPÍTULO VI – DA HERANÇA JACENTE
250 CAPÍTULO VII – DA PETIÇÃO DE HERANÇA
250 TÍTULO II – DA SUCESSÃO LEGÍTIMA
250 CAPÍTULO I – DA ORDEM DA VOCAÇÃO HEREDITÁRIA
251 CAPÍTULO II – DOS HERDEIROS NECESSÁRIOS
252 CAPÍTULO III – DO DIREITO DE REPRESENTAÇÃO
252 TÍTULO III – DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
252 CAPÍTULO I – DO TESTAMENTO EM GERAL
252 CAPÍTULO II – DA CAPACIDADE DE TESTAR
252 CAPÍTULO III – DAS FORMAS ORDINÁRIAS DO TESTAMENTO
252 Seção I – Disposições Gerais
252 Seção II – Do Testamento Público
252 Seção III – Do Testamento Cerrado
253 Seção IV – Do Testamento Particular
253 CAPÍTULO IV – DOS CODICILOS
253 CAPÍTULO V – DOS TESTAMENTOS ESPECIAIS
253 Seção I – Disposições Gerais
253 Seção II – Do Testamento Marítimo e do Testamento Aeronáutico
254 Seção III – Do Testamento Militar
254 CAPÍTULO VI – DAS DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS
255 CAPÍTULO VII – DOS LEGADOS
255 Seção I – Disposições Gerais
255 Seção II – Dos Efeitos do Legado e do Seu Pagamento
256 Seção III – Da Caducidade dos Legados
256 CAPÍTULO VIII – DO DIREITO DE ACRESCER ENTRE HERDEIROS E LEGATÁRIOS
257 CAPÍTULO IX – DAS SUBSTITUIÇÕES
257 Seção I – Da Substituição Vulgar e da Recíproca
257 Seção II – Da Substituição Fideicomissária
258 CAPÍTULO X – DA DESERDAÇÃO
258 CAPÍTULO XI – DA REDUÇÃO DAS DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS
258 CAPÍTULO XII – DA REVOGAÇÃO DO TESTAMENTO
258 CAPÍTULO XIII – DO ROMPIMENTO DO TESTAMENTO
258 CAPÍTULO XIV – DO TESTAMENTEIRO
259 TÍTULO IV – DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA
259 CAPÍTULO I – DO INVENTÁRIO
259 CAPÍTULO II – DOS SONEGADOS
260 CAPÍTULO III – DO PAGAMENTO DAS DÍVIDAS
260 CAPÍTULO IV – DA COLAÇÃO
261 CAPÍTULO V – DA PARTILHA
261 CAPÍTULO VI – DA GARANTIA DOS QUINHÕES HEREDITÁRIOS
261 CAPÍTULO VII – DA ANULAÇÃO DA PARTILHA
261 LIVRO COMPLEMENTAR – DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Código Civil

Lei no 10.406/2002

Institui o Código Civil. III – aqueles que, por causa vável a morte de quem estava em
transitória ou permanente, não perigo de vida;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA puderem exprimir sua vontade; II – se alguém, desaparecido
IV – os pródigos. em campanha ou feito prisioneiro,
Faço saber que o Congresso Na- Parágrafo único. A capacida- não for encontrado até dois anos
cional decreta e eu sanciono a de dos indígenas será regulada após o término da guerra.
seguinte Lei: por legislação especial. Parágrafo único. A declara-
ção da morte presumida, nesses
Art. 5o A menoridade cessa aos casos, somente poderá ser re-
PARTE GERAL dezoito anos completos, quando querida depois de esgotadas as
LIVRO I – DAS PESSOAS a pessoa fica habilitada à prática buscas e averiguações, devendo
de todos os atos da vida civil. a sentença fixar a data provável
TÍTULO I – DAS PESSOAS Parágrafo único. Cessará, do falecimento.
NATURAIS para os menores, a incapacidade:
I – pela concessão dos pais, Art. 8o Se dois ou mais indivídu-
CAPÍTULO I – DA ou de um deles na falta do outro, os falecerem na mesma ocasião,
PERSONALIDADE E DA mediante instrumento público, não se podendo averiguar se al-
independentemente de homo- gum dos comorientes precedeu
CAPACIDADE logação judicial, ou por sentença aos outros, presumir-se-ão si-
do juiz, ouvido o tutor, se o menor multaneamente mortos.
Art. 1o Toda pessoa é capaz de tiver dezesseis anos completos;
direitos e deveres na ordem civil. II – pelo casamento; Art. 9o Serão registrados em
III – pelo exercício de emprego registro público:
Art. 2o A personalidade civil da público efetivo; I – os nascimentos, casamen-
pessoa começa do nascimento IV – pela colação de grau em tos e óbitos;
com vida; mas a lei põe a salvo, curso de ensino superior; II – a emancipação por ou-
desde a concepção, os direitos V – pelo estabelecimento civil torga dos pais ou por sentença
do nascituro. ou comercial, ou pela existência do juiz;
de relação de emprego, desde III – a interdição por incapaci-
Art. 3o São absolutamente inca- que, em função deles, o menor dade absoluta ou relativa;
pazes de exercer pessoalmente com dezesseis anos completos IV – a sentença declaratória
os atos da vida civil os menores tenha economia própria. de ausência e de morte presu-
de 16 (dezesseis) anos. mida.
I – (Revogado); Art. 6o A existência da pessoa
II – (Revogado); natural termina com a morte; Art. 10. Far-se-á averbação em
III – (Revogado). presume-se esta, quanto aos au- registro público:
sentes, nos casos em que a lei I – das sentenças que decre-
Art. 4o São incapazes, relativa- autoriza a abertura de sucessão tarem a nulidade ou anulação do
mente a certos atos ou à maneira definitiva. casamento, o divórcio, a separa-
de os exercer: ção judicial e o restabelecimento
I – os maiores de dezesseis e Art. 7o Pode ser declarada a da sociedade conjugal;
menores de dezoito anos; morte presumida, sem decreta- II – dos atos judiciais ou ex-
II – os ébrios habituais e os ção de ausência: trajudiciais que declararem ou
viciados em tóxico; I – se for extremamente pro- reconhecerem a filiação;

131
Código Civil
III – (Revogado). público, ainda quando não haja tário que não queira ou não possa
intenção difamatória. exercer ou continuar o mandato,
ou se os seus poderes forem in-
CAPÍTULO II – Art. 18. Sem autorização, não suficientes.
DOS DIREITOS DA se pode usar o nome alheio em
PERSONALIDADE propaganda comercial. Art. 24. O juiz, que nomear o
curador, fixar-lhe-á os poderes e
Art. 11. Com exceção dos ca- Art. 19. O pseudônimo adota- obrigações, conforme as circuns-
sos previstos em lei, os direitos do para atividades lícitas goza tâncias, observando, no que for
da personalidade são intrans- da proteção que se dá ao nome. aplicável, o disposto a respeito
missíveis e irrenunciáveis, não dos tutores e curadores.
podendo o seu exercício sofrer Art. 20. Salvo se autorizadas, ou
limitação voluntária. se necessárias à administração Art. 25. O cônjuge do ausente,
da justiça ou à manutenção da sempre que não esteja separado
Art. 12. Pode-se exigir que cesse ordem pública, a divulgação de judicialmente, ou de fato por mais
a ameaça, ou a lesão, a direito da escritos, a transmissão da pala- de dois anos antes da declaração
personalidade, e reclamar perdas vra, ou a publicação, a exposição da ausência, será o seu legítimo
e danos, sem prejuízo de outras ou a utilização da imagem de uma curador.
sanções previstas em lei. pessoa poderão ser proibidas, a § 1o Em falta do cônjuge, a
Parágrafo único. Em se tra- seu requerimento e sem prejuízo curadoria dos bens do ausente
tando de morto, terá legitimação da indenização que couber, se lhe incumbe aos pais ou aos descen-
para requerer a medida prevista atingirem a honra, a boa fama ou dentes, nesta ordem, não haven-
neste artigo o cônjuge sobrevi- a respeitabilidade, ou se se desti- do impedimento que os iniba de
vente, ou qualquer parente em narem a fins comerciais.1 exercer o cargo.
linha reta, ou colateral até o quar- Parágrafo único. Em se tra- § 2o Entre os descendentes,
to grau. tando de morto ou de ausente, os mais próximos precedem os
são partes legítimas para reque- mais remotos.
Art. 13. Salvo por exigência mé- rer essa proteção o cônjuge, os § 3o Na falta das pessoas
dica, é defeso o ato de disposição ascendentes ou os descendentes. mencionadas, compete ao juiz
do próprio corpo, quando impor- a escolha do curador.
tar diminuição permanente da Art. 21. A vida privada da pessoa
integridade física, ou contrariar natural é inviolável, e o juiz, a re-
os bons costumes. querimento do interessado, ado-
Seção II – Da Sucessão
Parágrafo único. O ato pre- tará as providências necessárias Provisória
visto neste artigo será admitido para impedir ou fazer cessar ato
para fins de transplante, na for- contrário a esta norma.2 Art. 26. Decorrido um ano da
ma estabelecida em lei especial. arrecadação dos bens do ausente,
ou, se ele deixou representante
Art. 14. É válida, com objetivo CAPÍTULO III – DA ou procurador, em se passando
científico, ou altruístico, a dispo- AUSÊNCIA três anos, poderão os interessa-
sição gratuita do próprio corpo, dos requerer que se declare a au-
Seção I – Da Curadoria dos
no todo ou em parte, para depois sência e se abra provisoriamente
da morte. Bens do Ausente a sucessão.
Parágrafo único. O ato de
disposição pode ser livremente Art. 22. Desaparecendo uma Art. 27. Para o efeito previsto
revogado a qualquer tempo. pessoa do seu domicílio sem dela no artigo anterior, somente se
haver notícia, se não houver dei- consideram interessados:
Art. 15. Ninguém pode ser cons- xado representante ou procura- I – o cônjuge não separado
trangido a submeter-se, com ris- dor a quem caiba administrar-lhe judicialmente;
co de vida, a tratamento médico os bens, o juiz, a requerimento II – os herdeiros presumidos,
ou a intervenção cirúrgica. de qualquer interessado ou do legítimos ou testamentários;
Ministério Público, declarará a au- III – os que tiverem sobre os
Art. 16. Toda pessoa tem direito sência, e nomear-lhe-á curador. bens do ausente direito depen-
ao nome, nele compreendidos o dente de sua morte;
prenome e o sobrenome. Art. 23. Também se declarará a IV – os credores de obriga-
ausência, e se nomeará curador, ções vencidas e não pagas.
Art. 17. O nome da pessoa não quando o ausente deixar manda-
pode ser empregado por outrem Art. 28. A sentença que determi-
em publicações ou representa- 1
Nota do Editor (NE): ver ADI no 4.815. nar a abertura da sucessão provi-
ções que a exponham ao desprezo 2
NE: ver ADI no 4.815. sória só produzirá efeito cento e

132
Código Civil
oitenta dias depois de publicada mente o ausente, de modo que Art. 38. Pode-se requerer a su-
pela imprensa; mas, logo que contra eles correrão as ações cessão definitiva, também, pro-
passe em julgado, proceder-se- pendentes e as que de futuro vando-se que o ausente conta
-á à abertura do testamento, se àquele forem movidas. oitenta anos de idade, e que de
houver, e ao inventário e partilha cinco datam as últimas notícias
dos bens, como se o ausente fos- Art. 33. O descendente, ascen- dele.
se falecido. dente ou cônjuge que for sucessor
§ 1o Findo o prazo a que se provisório do ausente, fará seus Art. 39. Regressando o ausente
refere o art. 26, e não havendo in- todos os frutos e rendimentos nos dez anos seguintes à aber-
teressados na sucessão provisó- dos bens que a este couberem; tura da sucessão definitiva, ou
ria, cumpre ao Ministério Público os outros sucessores, porém, de- algum de seus descendentes ou
requerê-la ao juízo competente. verão capitalizar metade desses ascendentes, aquele ou estes
§ 2o Não comparecendo her- frutos e rendimentos, segundo haverão só os bens existentes
deiro ou interessado para reque- o disposto no art. 29, de acordo no estado em que se acharem,
rer o inventário até trinta dias com o representante do Ministé- os sub-rogados em seu lugar,
depois de passar em julgado a rio Público, e prestar anualmente ou o preço que os herdeiros e
sentença que mandar abrir a su- contas ao juiz competente. demais interessados houverem
cessão provisória, proceder-se-á Parágrafo único. Se o ausen- recebido pelos bens alienados
à arrecadação dos bens do au- te aparecer, e ficar provado que depois daquele tempo.
sente pela forma estabelecida a ausência foi voluntária e injus- Parágrafo único. Se, nos dez
nos arts. 1.819 a 1.823. tificada, perderá ele, em favor do anos a que se refere este artigo, o
sucessor, sua parte nos frutos e ausente não regressar, e nenhum
Art. 29. Antes da partilha, o juiz, rendimentos. interessado promover a sucessão
quando julgar conveniente, orde- definitiva, os bens arrecadados
nará a conversão dos bens mó- Art. 34. O excluído, segundo o passarão ao domínio do Muni-
veis, sujeitos a deterioração ou a art. 30, da posse provisória po- cípio ou do Distrito Federal, se
extravio, em imóveis ou em títulos derá, justificando falta de meios, localizados nas respectivas cir-
garantidos pela União. requerer lhe seja entregue meta- cunscrições, incorporando-se ao
de dos rendimentos do quinhão domínio da União, quando situa-
Art. 30. Os herdeiros, para se que lhe tocaria. dos em território federal.
imitirem na posse dos bens do
ausente, darão garantias da resti- Art. 35. Se durante a posse pro-
tuição deles, mediante penhores visória se provar a época exata do TÍTULO II – DAS PESSOAS
ou hipotecas equivalentes aos falecimento do ausente, consi- JURÍDICAS
quinhões respectivos. derar-se-á, nessa data, aberta a
§ 1o Aquele que tiver direito à sucessão em favor dos herdeiros, CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
posse provisória, mas não puder que o eram àquele tempo. GERAIS
prestar a garantia exigida neste
artigo, será excluído, mantendo- Art. 36. Se o ausente apare- Art. 40. As pessoas jurídicas
-se os bens que lhe deviam caber cer, ou se lhe provar a existência, são de direito público, interno
sob a administração do curador, depois de estabelecida a posse ou externo, e de direito privado.
ou de outro herdeiro designa- provisória, cessarão para logo as
do pelo juiz, e que preste essa vantagens dos sucessores nela Art. 41. São pessoas jurídicas de
garantia. imitidos, ficando, todavia, obri- direito público interno:
§ 2o Os ascendentes, os des- gados a tomar as medidas asse- I – a União;
cendentes e o cônjuge, uma vez curatórias precisas, até a entrega II – os Estados, o Distrito Fe-
provada a sua qualidade de her- dos bens a seu dono. deral e os Territórios;
deiros, poderão, independente- III – os Municípios;
mente de garantia, entrar na pos- IV – as autarquias, inclusive
se dos bens do ausente.
Seção III – Da Sucessão as associações públicas;
Definitiva V – as demais entidades de
Art. 31. Os imóveis do ausente caráter público criadas por lei.
só se poderão alienar, não sendo Art. 37. Dez anos depois de pas- Parágrafo único. Salvo dis-
por desapropriação, ou hipotecar, sada em julgado a sentença que posição em contrário, as pessoas
quando o ordene o juiz, para lhes concede a abertura da sucessão jurídicas de direito público, a que
evitar a ruína. provisória, poderão os interessa- se tenha dado estrutura de direito
dos requerer a sucessão definitiva privado, regem-se, no que couber,
Art. 32. Empossados nos bens, e o levantamento das cauções quanto ao seu funcionamento,
os sucessores provisórios ficarão prestadas. pelas normas deste Código.
representando ativa e passiva-

133
Código Civil
Art. 42. São pessoas jurídicas de Art. 46. O registro declarará: ministradores.
direito público externo os Estados I – a denominação, os fins, Parágrafo único. A autono-
estrangeiros e todas as pessoas a sede, o tempo de duração e mia patrimonial das pessoas ju-
que forem regidas pelo direito o fundo social, quando houver; rídicas é um instrumento lícito de
internacional público. II – o nome e a individualiza- alocação e segregação de riscos,
ção dos fundadores ou institui- estabelecido pela lei com a fina-
Art. 43. As pessoas jurídicas de dores, e dos diretores; lidade de estimular empreendi-
direito público interno são civil- III – o modo por que se ad- mentos, para a geração de em-
mente responsáveis por atos dos ministra e representa, ativa e pregos, tributo, renda e inovação
seus agentes que nessa qualidade passivamente, judicial e extra- em benefício de todos.
causem danos a terceiros, ressal- judicialmente;
vado direito regressivo contra os IV – se o ato constitutivo é Art. 50. Em caso de abuso da
causadores do dano, se houver, reformável no tocante à admi- personalidade jurídica, caracteri-
por parte destes, culpa ou dolo. nistração, e de que modo; zado pelo desvio de finalidade ou
V – se os membros respon- pela confusão patrimonial, pode
Art. 44. São pessoas jurídicas dem, ou não, subsidiariamente, o juiz, a requerimento da parte,
de direito privado: pelas obrigações sociais; ou do Ministério Público quando
I – as associações; VI – as condições de extinção lhe couber intervir no proces-
II – as sociedades; da pessoa jurídica e o destino do so, desconsiderá-la para que os
III – as fundações; seu patrimônio, nesse caso. efeitos de certas e determinadas
IV – as organizações religio- relações de obrigações sejam es-
sas; Art. 47. Obrigam a pessoa ju- tendidos aos bens particulares de
V – os partidos políticos; rídica os atos dos administra- administradores ou de sócios da
VI – (Revogado). dores, exercidos nos limites de pessoa jurídica beneficiados dire-
§ 1o São livres a criação, a seus poderes definidos no ato ta ou indiretamente pelo abuso.
organização, a estruturação in- constitutivo. § 1o Para os fins do disposto
terna e o funcionamento das or- neste artigo, desvio de finalidade
ganizações religiosas, sendo ve- Art. 48. Se a pessoa jurídica é a utilização da pessoa jurídica
dado ao poder público negar-lhes tiver administração coletiva, as com o propósito de lesar credores
reconhecimento ou registro dos decisões se tomarão pela maio- e para a prática de atos ilícitos de
atos constitutivos e necessários ria de votos dos presentes, salvo qualquer natureza.
ao seu funcionamento. se o ato constitutivo dispuser de § 2o Entende-se por confu-
§ 2o As disposições concer- modo diverso. são patrimonial a ausência de
nentes às associações aplicam-se Parágrafo único. Decai em separação de fato entre os patri-
subsidiariamente às sociedades três anos o direito de anular as mônios, caracterizada por:
que são objeto do Livro II da Parte decisões a que se refere este I – cumprimento repetitivo
Especial deste Código. artigo, quando violarem a lei ou pela sociedade de obrigações
§ 3o Os partidos políticos estatuto, ou forem eivadas de do sócio ou do administrador ou
serão organizados e funciona- erro, dolo, simulação ou fraude. vice-versa;
rão conforme o disposto em lei II – transferência de ativos
específica. Art. 48-A. As pessoas jurídicas ou de passivos sem efetivas con-
de direito privado, sem prejuízo do traprestações, exceto os de va-
Art. 45. Começa a existência previsto em legislação especial e lor proporcionalmente insigni-
legal das pessoas jurídicas de em seus atos constitutivos, po- ficante; e
direito privado com a inscrição derão realizar suas assembleias III – outros atos de descum-
do ato constitutivo no respec- gerais por meios eletrônicos, in- primento da autonomia patri-
tivo registro, precedida, quando clusive para os fins do disposto monial.
necessário, de autorização ou no art. 59, respeitados os direitos § 3o O disposto no caput e
aprovação do Poder Executivo, previstos de participação e de nos §§ 1o e 2o deste artigo tam-
averbando-se no registro todas manifestação. bém se aplica à extensão das
as alterações por que passar o obrigações de sócios ou de ad-
ato constitutivo. Art. 49. Se a administração da ministradores à pessoa jurídica.
Parágrafo único. Decai em pessoa jurídica vier a faltar, o § 4o A mera existência de
três anos o direito de anular a juiz, a requerimento de qualquer grupo econômico sem a presen-
constituição das pessoas jurídi- interessado, nomear-lhe-á admi- ça dos requisitos de que trata o
cas de direito privado, por defeito nistrador provisório. caput deste artigo não autoriza a
do ato respectivo, contado o pra- desconsideração da personalida-
zo da publicação de sua inscrição Art. 49-A. A pessoa jurídica não de da pessoa jurídica.
no registro. se confunde com os seus sócios, § 5o Não constitui desvio de
associados, instituidores ou ad- finalidade a mera expansão ou a

134
Código Civil
alteração da finalidade original da Art. 55. Os associados devem à entidade de fins não econômi-
atividade econômica específica ter iguais direitos, mas o estatuto cos designada no estatuto, ou,
da pessoa jurídica. poderá instituir categorias com omisso este, por deliberação dos
vantagens especiais. associados, à instituição munici-
Art. 51. Nos casos de dissolução pal, estadual ou federal, de fins
da pessoa jurídica ou cassada Art. 56. A qualidade de associa- idênticos ou semelhantes.
a autorização para seu funcio- do é intransmissível, se o estatuto § 1o Por cláusula do estatuto
namento, ela subsistirá para os não dispuser o contrário. ou, no seu silêncio, por delibera-
fins de liquidação, até que esta Parágrafo único. Se o as- ção dos associados, podem estes,
se conclua. sociado for titular de quota ou antes da destinação do remanes-
§ 1o Far-se-á, no registro fração ideal do patrimônio da cente referida neste artigo, rece-
onde a pessoa jurídica estiver associação, a transferência da- ber em restituição, atualizado o
inscrita, a averbação de sua dis- quela não importará, de per si, respectivo valor, as contribuições
solução. na atribuição da qualidade de que tiverem prestado ao patrimô-
§ 2o As disposições para a associado ao adquirente ou ao nio da associação.
liquidação das sociedades apli- herdeiro, salvo disposição diversa § 2o Não existindo no Mu-
cam-se, no que couber, às de- do estatuto. nicípio, no Estado, no Distrito
mais pessoas jurídicas de direito Federal ou no Território, em que
privado. Art. 57. A exclusão do associa- a associação tiver sede, insti-
§ 3o Encerrada a liquidação, do só é admissível havendo justa tuição nas condições indicadas
promover-se-á o cancelamento causa, assim reconhecida em pro- neste artigo, o que remanescer
da inscrição da pessoa jurídica. cedimento que assegure direito do seu patrimônio se devolverá
de defesa e de recurso, nos ter- à Fazenda do Estado, do Distrito
Art. 52. Aplica-se às pessoas ju- mos previstos no estatuto. Federal ou da União.
rídicas, no que couber, a proteção Parágrafo único. (Revogado)
dos direitos da personalidade.
Art. 58. Nenhum associado po- CAPÍTULO III – DAS
derá ser impedido de exercer FUNDAÇÕES
CAPÍTULO II – DAS direito ou função que lhe tenha
ASSOCIAÇÕES sido legitimamente conferido, a Art. 62. Para criar uma funda-
não ser nos casos e pela forma ção, o seu instituidor fará, por
Art. 53. Constituem-se as as- previstos na lei ou no estatuto. escritura pública ou testamento,
sociações pela união de pessoas dotação especial de bens livres,
que se organizem para fins não Art. 59. Compete privativamen- especificando o fim a que se des-
econômicos. te à assembleia geral: tina, e declarando, se quiser, a
Parágrafo único. Não há, en- I – destituir os administra- maneira de administrá-la.
tre os associados, direitos e obri- dores; Parágrafo único. A fundação
gações recíprocos. II – alterar o estatuto. somente poderá constituir-se
Parágrafo único. Para as para fins de:
Art. 54. Sob pena de nulida- deliberações a que se referem I – assistência social;
de, o estatuto das associações os incisos I e II deste artigo é II – cultura, defesa e conser-
conterá: exigido deliberação da assem- vação do patrimônio histórico e
I – a denominação, os fins e bleia especialmente convocada artístico;
a sede da associação; para esse fim, cujo quorum será III – educação;
II – os requisitos para a ad- o estabelecido no estatuto, bem IV – saúde;
missão, demissão e exclusão dos como os critérios de eleição dos V – segurança alimentar e
associados; administradores. nutricional;
III – os direitos e deveres dos VI – defesa, preservação e
associados; Art. 60. A convocação dos ór- conservação do meio ambiente
IV – as fontes de recursos gãos deliberativos far-se-á na e promoção do desenvolvimento
para sua manutenção; forma do estatuto, garantido a sustentável;
V – o modo de constituição 1/5 (um quinto) dos associados o VII – pesquisa científica, de-
e de funcionamento dos órgãos direito de promovê-la. senvolvimento de tecnologias
deliberativos; alternativas, modernização de
VI – as condições para a al- Art. 61. Dissolvida a associação, sistemas de gestão, produção
teração das disposições estatu- o remanescente do seu patrimô- e divulgação de informações e
tárias e para a dissolução; nio líquido, depois de deduzidas, conhecimentos técnicos e cien-
VII – a forma de gestão ad- se for o caso, as quotas ou fra- tíficos;
ministrativa e de aprovação das ções ideais referidas no parágrafo VIII – promoção da ética, da
respectivas contas. único do art. 56, será destinado cidadania, da democracia e dos

135
Código Civil
direitos humanos; máximo de 45 (quarenta e cinco) Parágrafo único. A prova da
IX – atividades religiosas; e dias, findo o qual ou no caso de intenção resultará do que declarar
X – (Vetado). o Ministério Público a denegar, a pessoa às municipalidades dos
poderá o juiz supri-la, a requeri- lugares, que deixa, e para onde
Art. 63. Quando insuficientes mento do interessado. vai, ou, se tais declarações não
para constituir a fundação, os fizer, da própria mudança, com
bens a ela destinados serão, se Art. 68. Quando a alteração não as circunstâncias que a acom-
de outro modo não dispuser o houver sido aprovada por votação panharem.
instituidor, incorporados em outra unânime, os administradores da
fundação que se proponha a fim fundação, ao submeterem o esta- Art. 75. Quanto às pessoas ju-
igual ou semelhante. tuto ao órgão do Ministério Públi- rídicas, o domicílio é:
co, requererão que se dê ciência à I – da União, o Distrito Federal;
Art. 64. Constituída a funda- minoria vencida para impugná-la, II – dos Estados e Territórios,
ção por negócio jurídico entre se quiser, em dez dias. as respectivas capitais;
vivos, o instituidor é obrigado a III – do Município, o lugar onde
transferir-lhe a propriedade, ou Art. 69. Tornando-se ilícita, im- funcione a administração mu-
outro direito real, sobre os bens possível ou inútil a finalidade a nicipal;
dotados, e, se não o fizer, serão que visa a fundação, ou vencido IV – das demais pessoas jurí-
registrados, em nome dela, por o prazo de sua existência, o órgão dicas, o lugar onde funcionarem
mandado judicial. do Ministério Público, ou qualquer as respectivas diretorias e ad-
interessado, lhe promoverá a ex- ministrações, ou onde elegerem
Art. 65. Aqueles a quem o ins- tinção, incorporando-se o seu domicílio especial no seu estatuto
tituidor cometer a aplicação do patrimônio, salvo disposição em ou atos constitutivos.
patrimônio, em tendo ciência contrário no ato constitutivo, ou § 1o Tendo a pessoa jurídica
do encargo, formularão logo, no estatuto, em outra fundação, diversos estabelecimentos em
de acordo com as suas bases designada pelo juiz, que se pro- lugares diferentes, cada um deles
(art. 62), o estatuto da fundação ponha a fim igual ou semelhante. será considerado domicílio para
projetada, submetendo-o, em se- os atos nele praticados.
guida, à aprovação da autoridade § 2o Se a administração, ou
competente, com recurso ao juiz. TÍTULO III – DO DOMICÍLIO diretoria, tiver a sede no estran-
Parágrafo único. Se o esta- geiro, haver-se-á por domicílio
tuto não for elaborado no prazo Art. 70. O domicílio da pessoa da pessoa jurídica, no tocante às
assinado pelo instituidor, ou, não natural é o lugar onde ela estabe- obrigações contraídas por cada
havendo prazo, em cento e oiten- lece a sua residência com ânimo uma das suas agências, o lugar do
ta dias, a incumbência caberá ao definitivo. estabelecimento, sito no Brasil, a
Ministério Público. que ela corresponder.
Art. 71. Se, porém, a pessoa na-
Art. 66. Velará pelas fundações tural tiver diversas residências, Art. 76. Têm domicílio necessá-
o Ministério Público do Estado onde, alternadamente, viva, con- rio o incapaz, o servidor público,
onde situadas. siderar-se-á domicílio seu qual- o militar, o marítimo e o preso.
§ 1o Se funcionarem no Dis- quer delas. Parágrafo único. O domicílio
trito Federal ou em Território, do incapaz é o do seu represen-
caberá o encargo ao Ministério Art. 72. É também domicílio da tante ou assistente; o do servidor
Público do Distrito Federal e Ter- pessoa natural, quanto às rela- público, o lugar em que exercer
ritórios. ções concernentes à profissão, o permanentemente suas funções;
§ 2o Se estenderem a ativida- lugar onde esta é exercida. o do militar, onde servir, e, sendo
de por mais de um Estado, cabe- Parágrafo único. Se a pessoa da Marinha ou da Aeronáutica, a
rá o encargo, em cada um deles, exercitar profissão em lugares di- sede do comando a que se encon-
ao respectivo Ministério Público. versos, cada um deles constituirá trar imediatamente subordinado;
domicílio para as relações que lhe o do marítimo, onde o navio esti-
Art. 67. Para que se possa al- corresponderem. ver matriculado; e o do preso, o
terar o estatuto da fundação é lugar em que cumprir a sentença.
mister que a reforma: Art. 73. Ter-se-á por domicílio
I – seja deliberada por dois da pessoa natural, que não tenha Art. 77. O agente diplomático do
terços dos competentes para residência habitual, o lugar onde Brasil, que, citado no estrangeiro,
gerir e representar a fundação; for encontrada. alegar extraterritorialidade sem
II – não contrarie ou desvirtue designar onde tem, no país, o seu
o fim desta; Art. 74. Muda-se o domicílio, domicílio, poderá ser demanda-
III – seja aprovada pelo órgão transferindo a residência, com a do no Distrito Federal ou no últi-
do Ministério Público no prazo intenção manifesta de o mudar. mo ponto do território brasileiro

136
Código Civil
onde o teve. vas ações. Art. 91. Constitui universalidade
de direito o complexo de relações
Art. 78. Nos contratos escritos, Art. 84. Os materiais destinados jurídicas, de uma pessoa, dotadas
poderão os contratantes especifi- a alguma construção, enquanto de valor econômico.
car domicílio onde se exercitem e não forem empregados, conser-
cumpram os direitos e obrigações vam sua qualidade de móveis;
deles resultantes. readquirem essa qualidade os CAPÍTULO II – DOS BENS
provenientes da demolição de RECIPROCAMENTE
algum prédio. CONSIDERADOS
LIVRO II – DOS BENS
TÍTULO ÚNICO – DAS Art. 92. Principal é o bem que
Seção III – Dos Bens existe sobre si, abstrata ou con-
DIFERENTES CLASSES DE Fungíveis e Consumíveis cretamente; acessório, aquele
BENS cuja existência supõe a do prin-
Art. 85. São fungíveis os móveis cipal.
CAPÍTULO I – DOS BENS que podem substituir-se por ou-
CONSIDERADOS EM SI tros da mesma espécie, qualidade Art. 93. São pertenças os bens
MESMOS e quantidade. que, não constituindo partes in-
tegrantes, se destinam, de modo
Seção I – Dos Bens Imóveis Art. 86. São consumíveis os duradouro, ao uso, ao serviço ou
bens móveis cujo uso importa ao aformoseamento de outro.
Art. 79. São bens imóveis o solo destruição imediata da própria
e tudo quanto se lhe incorporar substância, sendo também con- Art. 94. Os negócios jurídicos
natural ou artificialmente. siderados tais os destinados à que dizem respeito ao bem prin-
alienação. cipal não abrangem as pertenças,
Art. 80. Consideram-se imóveis salvo se o contrário resultar da
para os efeitos legais: lei, da manifestação de vontade,
I – os direitos reais sobre imó-
Seção IV – Dos Bens ou das circunstâncias do caso.
veis e as ações que os asseguram; Divisíveis
II – o direito à sucessão aber- Art. 95. Apesar de ainda não
ta. Art. 87. Bens divisíveis são os separados do bem principal, os
que se podem fracionar sem al- frutos e produtos podem ser ob-
Art. 81. Não perdem o caráter teração na sua substância, dimi- jeto de negócio jurídico.
de imóveis: nuição considerável de valor, ou
I – as edificações que, sepa- prejuízo do uso a que se destinam. Art. 96. As benfeitorias podem
radas do solo, mas conservando ser voluptuárias, úteis ou neces-
a sua unidade, forem removidas Art. 88. Os bens naturalmente sárias.
para outro local; divisíveis podem tornar-se indi- § 1o São voluptuárias as de
II – os materiais provisoria- visíveis por determinação da lei mero deleite ou recreio, que não
mente separados de um prédio, ou por vontade das partes. aumentam o uso habitual do bem,
para nele se reempregarem. ainda que o tornem mais agra-
dável ou sejam de elevado valor.
Seção V – Dos Bens § 2o São úteis as que aumen-
Seção II – Dos Bens Móveis Singulares e Coletivos tam ou facilitam o uso do bem.
§ 3o São necessárias as que
Art. 82. São móveis os bens sus- Art. 89. São singulares os bens têm por fim conservar o bem ou
cetíveis de movimento próprio, que, embora reunidos, se consi- evitar que se deteriore.
ou de remoção por força alheia, deram de per si, independente-
sem alteração da substância ou mente dos demais. Art. 97. Não se consideram ben-
da destinação econômico-social. feitorias os melhoramentos ou
Art. 90. Constitui universalidade acréscimos sobrevindos ao bem
Art. 83. Consideram-se móveis de fato a pluralidade de bens sin- sem a intervenção do proprietá-
para os efeitos legais: gulares que, pertinentes à mes- rio, possuidor ou detentor.
I – as energias que tenham ma pessoa, tenham destinação
valor econômico; unitária.
II – os direitos reais sobre Parágrafo único. Os bens que CAPÍTULO III – DOS BENS
objetos móveis e as ações cor- formam essa universalidade po- PÚBLICOS
respondentes; dem ser objeto de relações jurí-
III – os direitos pessoais de dicas próprias. Art. 98. São públicos os bens do
caráter patrimonial e respecti- domínio nacional pertencentes

137
Código Civil
às pessoas jurídicas de direito II – objeto lícito, possível, de- Art. 113. Os negócios jurídicos
público interno; todos os outros terminado ou determinável; devem ser interpretados confor-
são particulares, seja qual for a III – forma prescrita ou não me a boa-fé e os usos do lugar de
pessoa a que pertencerem. defesa em lei. sua celebração.
§ 1o A interpretação do ne-
Art. 99. São bens públicos: Art. 105. A incapacidade relativa gócio jurídico deve lhe atribuir o
I – os de uso comum do povo, de uma das partes não pode ser sentido que:
tais como rios, mares, estradas, invocada pela outra em benefí- I – for confirmado pelo com-
ruas e praças; cio próprio, nem aproveita aos portamento das partes posterior
II – os de uso especial, tais cointeressados capazes, salvo à celebração do negócio;
como edifícios ou terrenos des- se, neste caso, for indivisível o II – corresponder aos usos,
tinados a serviço ou estabeleci- objeto do direito ou da obriga- costumes e práticas do merca-
mento da administração federal, ção comum. do relativas ao tipo de negócio;
estadual, territorial ou municipal, III – corresponder à boa-fé;
inclusive os de suas autarquias; Art. 106. A impossibilidade ini- IV – for mais benéfico à parte
III – os dominicais, que cons- cial do objeto não invalida o ne- que não redigiu o dispositivo, se
tituem o patrimônio das pessoas gócio jurídico se for relativa, ou identificável; e
jurídicas de direito público, como se cessar antes de realizada a V – corresponder a qual seria
objeto de direito pessoal, ou real, condição a que ele estiver su- a razoável negociação das par-
de cada uma dessas entidades. bordinado. tes sobre a questão discutida,
Parágrafo único. Não dis- inferida das demais disposições
pondo a lei em contrário, con- Art. 107. A validade da declara- do negócio e da racionalidade
sideram-se dominicais os bens ção de vontade não dependerá de econômica das partes, conside-
pertencentes às pessoas jurídicas forma especial, senão quando a radas as informações disponíveis
de direito público a que se tenha lei expressamente a exigir. no momento de sua celebração.
dado estrutura de direito privado. § 2o As partes poderão li-
Art. 108. Não dispondo a lei em vremente pactuar regras de in-
Art. 100. Os bens públicos de contrário, a escritura pública é terpretação, de preenchimento
uso comum do povo e os de uso essencial à validade dos negócios de lacunas e de integração dos
especial são inalienáveis, en- jurídicos que visem à constitui- negócios jurídicos diversas da-
quanto conservarem a sua qua- ção, transferência, modificação quelas previstas em lei.
lificação, na forma que a lei de- ou renúncia de direitos reais so-
terminar. bre imóveis de valor superior a Art. 114. Os negócios jurídicos
trinta vezes o maior salário mí- benéficos e a renúncia interpre-
Art. 101. Os bens públicos do- nimo vigente no País. tam-se estritamente.
minicais podem ser alienados,
observadas as exigências da lei. Art. 109. No negócio jurídico ce-
lebrado com a cláusula de não CAPÍTULO II – DA
Art. 102. Os bens públicos não valer sem instrumento público, REPRESENTAÇÃO
estão sujeitos a usucapião. este é da substância do ato.
Art. 115. Os poderes de repre-
Art. 103. O uso comum dos bens Art. 110. A manifestação de von- sentação conferem-se por lei ou
públicos pode ser gratuito ou re- tade subsiste ainda que o seu pelo interessado.
tribuído, conforme for estabele- autor haja feito a reserva mental
cido legalmente pela entidade a de não querer o que manifestou, Art. 116. A manifestação de von-
cuja administração pertencerem. salvo se dela o destinatário tinha tade pelo representante, nos limi-
conhecimento. tes de seus poderes, produz efei-
tos em relação ao representado.
LIVRO III – DOS FATOS Art. 111. O silêncio importa anu-
JURÍDICOS ência, quando as circunstâncias Art. 117. Salvo se o permitir a
ou os usos o autorizarem, e não lei ou o representado, é anulável
TÍTULO I – DO NEGÓCIO for necessária a declaração de o negócio jurídico que o repre-
JURÍDICO vontade expressa. sentante, no seu interesse ou
por conta de outrem, celebrar
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES Art. 112. Nas declarações de consigo mesmo.
GERAIS vontade se atenderá mais à in- Parágrafo único. Para esse
tenção nelas consubstanciada efeito, tem-se como celebrado
Art. 104. A validade do negócio do que ao sentido literal da lin- pelo representante o negócio re-
jurídico requer: guagem. alizado por aquele em quem os
I – agente capaz; poderes houverem sido subes-

138
Código Civil
tabelecidos. Art. 124. Têm-se por inexisten- ou convencional em contrário,
tes as condições impossíveis, computam-se os prazos, excluído
Art. 118. O representante é obri- quando resolutivas, e as de não o dia do começo, e incluído o do
gado a provar às pessoas, com fazer coisa impossível. vencimento.
quem tratar em nome do repre- § 1o Se o dia do vencimento
sentado, a sua qualidade e a ex- Art. 125. Subordinando-se a cair em feriado, considerar-se-á
tensão de seus poderes, sob pena eficácia do negócio jurídico à prorrogado o prazo até o seguin-
de, não o fazendo, responder pe- condição suspensiva, enquanto te dia útil.
los atos que a estes excederem. esta se não verificar, não se terá § 2o Meado considera-se,
adquirido o direito, a que ele visa. em qualquer mês, o seu décimo
Art. 119. É anulável o negócio quinto dia.
concluído pelo representante Art. 126. Se alguém dispuser § 3o Os prazos de meses e
em conflito de interesses com o de uma coisa sob condição sus- anos expiram no dia de igual nú-
representado, se tal fato era ou pensiva, e, pendente esta, fizer mero do de início, ou no imediato,
devia ser do conhecimento de quanto àquela novas disposições, se faltar exata correspondência.
quem com aquele tratou. estas não terão valor, realizada § 4o Os prazos fixados por
Parágrafo único. É de cento a condição, se com ela forem hora contar-se-ão de minuto a
e oitenta dias, a contar da con- incompatíveis. minuto.
clusão do negócio ou da cessa-
ção da incapacidade, o prazo de Art. 127. Se for resolutiva a con- Art. 133. Nos testamentos, pre-
decadência para pleitear-se a dição, enquanto esta se não re- sume-se o prazo em favor do
anulação prevista neste artigo. alizar, vigorará o negócio jurídi- herdeiro, e, nos contratos, em
co, podendo exercer-se desde a proveito do devedor, salvo, quanto
Art. 120. Os requisitos e os efei- conclusão deste o direito por ele a esses, se do teor do instrumen-
tos da representação legal são os estabelecido. to, ou das circunstâncias, resultar
estabelecidos nas normas res- que se estabeleceu a benefício
pectivas; os da representação Art. 128. Sobrevindo a condi- do credor, ou de ambos os con-
voluntária são os da Parte Espe- ção resolutiva, extingue-se, para tratantes.
cial deste Código. todos os efeitos, o direito a que
ela se opõe; mas, se aposta a um Art. 134. Os negócios jurídicos
negócio de execução continuada entre vivos, sem prazo, são exe-
CAPÍTULO III – DA ou periódica, a sua realização, sal- quíveis desde logo, salvo se a exe-
CONDIÇÃO, DO TERMO E DO vo disposição em contrário, não cução tiver de ser feita em lugar
ENCARGO tem eficácia quanto aos atos já diverso ou depender de tempo.
praticados, desde que compatí-
Art. 121. Considera-se condição veis com a natureza da condição Art. 135. Ao termo inicial e final
a cláusula que, derivando exclusi- pendente e conforme aos ditames aplicam-se, no que couber, as
vamente da vontade das partes, de boa-fé. disposições relativas à condição
subordina o efeito do negócio suspensiva e resolutiva.
jurídico a evento futuro e incerto. Art. 129. Reputa-se verificada,
quanto aos efeitos jurídicos, a Art. 136. O encargo não sus-
Art. 122. São lícitas, em geral, condição cujo implemento for ma- pende a aquisição nem o exercí-
todas as condições não contrárias liciosamente obstado pela parte cio do direito, salvo quando ex-
à lei, à ordem pública ou aos bons a quem desfavorecer, conside- pressamente imposto no negócio
costumes; entre as condições de- rando-se, ao contrário, não veri- jurídico, pelo disponente, como
fesas se incluem as que privarem ficada a condição maliciosamente condição suspensiva.
de todo efeito o negócio jurídico, levada a efeito por aquele a quem
ou o sujeitarem ao puro arbítrio aproveita o seu implemento. Art. 137. Considera-se não escri-
de uma das partes. to o encargo ilícito ou impossível,
Art. 130. Ao titular do direito salvo se constituir o motivo deter-
Art. 123. Invalidam os negócios eventual, nos casos de condição minante da liberalidade, caso em
jurídicos que lhes são subordi- suspensiva ou resolutiva, é permi- que se invalida o negócio jurídico.
nados: tido praticar os atos destinados
I – as condições física ou ju- a conservá-lo.
ridicamente impossíveis, quando
suspensivas; Art. 131. O termo inicial suspen-
II – as condições ilícitas, ou de o exercício, mas não a aquisi-
de fazer coisa ilícita; ção do direito.
III – as condições incompre-
ensíveis ou contraditórias. Art. 132. Salvo disposição legal

139
Código Civil
CAPÍTULO IV – DOS Seção II – Do Dolo Art. 152. No apreciar a coação,
DEFEITOS DO NEGÓCIO ter-se-ão em conta o sexo, a ida-
Art. 145. São os negócios jurí- de, a condição, a saúde, o tem-
JURÍDICO dicos anuláveis por dolo, quando peramento do paciente e todas
Seção I – Do Erro ou este for a sua causa. as demais circunstâncias que
Ignorância possam influir na gravidade dela.
Art. 146. O dolo acidental só
Art. 138. São anuláveis os negó- obriga à satisfação das perdas Art. 153. Não se considera co-
cios jurídicos, quando as decla- e danos, e é acidental quando, a ação a ameaça do exercício nor-
rações de vontade emanarem de seu despeito, o negócio seria re- mal de um direito, nem o simples
erro substancial que poderia ser alizado, embora por outro modo. temor reverencial.
percebido por pessoa de diligên-
cia normal, em face das circuns- Art. 147. Nos negócios jurídicos Art. 154. Vicia o negócio jurídico
tâncias do negócio. bilaterais, o silêncio intencional a coação exercida por terceiro, se
de uma das partes a respeito dela tivesse ou devesse ter conhe-
Art. 139. O erro é substancial de fato ou qualidade que a ou- cimento a parte a que aproveite,
quando: tra parte haja ignorado, consti- e esta responderá solidariamente
I – interessa à natureza do tui omissão dolosa, provando-se com aquele por perdas e danos.
negócio, ao objeto principal da que sem ela o negócio não se teria
declaração, ou a alguma das qua- celebrado. Art. 155. Subsistirá o negócio
lidades a ele essenciais; jurídico, se a coação decorrer de
II – concerne à identidade ou Art. 148. Pode também ser anu- terceiro, sem que a parte a que
à qualidade essencial da pessoa lado o negócio jurídico por dolo de aproveite dela tivesse ou devesse
a quem se refira a declaração de terceiro, se a parte a quem apro- ter conhecimento; mas o autor da
vontade, desde que tenha influído veite dele tivesse ou devesse ter coação responderá por todas as
nesta de modo relevante; conhecimento; em caso contrá- perdas e danos que houver cau-
III – sendo de direito e não rio, ainda que subsista o negócio sado ao coacto.
implicando recusa à aplicação da jurídico, o terceiro responderá por
lei, for o motivo único ou principal todas as perdas e danos da parte
do negócio jurídico. a quem ludibriou.
Seção IV – Do Estado de
Perigo
Art. 140. O falso motivo só vicia Art. 149. O dolo do represen-
a declaração de vontade quando tante legal de uma das partes só Art. 156. Configura-se o estado
expresso como razão determi- obriga o representado a respon- de perigo quando alguém, premi-
nante. der civilmente até a importância do da necessidade de salvar-se,
do proveito que teve; se, porém, ou a pessoa de sua família, de
Art. 141. A transmissão errônea o dolo for do representante con- grave dano conhecido pela outra
da vontade por meios interpostos vencional, o representado res- parte, assume obrigação exces-
é anulável nos mesmos casos em ponderá solidariamente com ele sivamente onerosa.
que o é a declaração direta. por perdas e danos. Parágrafo único. Tratando-se
de pessoa não pertencente à fa-
Art. 142. O erro de indicação Art. 150. Se ambas as partes mília do declarante, o juiz decidirá
da pessoa ou da coisa, a que se procederem com dolo, nenhuma segundo as circunstâncias.
referir a declaração de vontade, pode alegá-lo para anular o ne-
não viciará o negócio quando, por gócio, ou reclamar indenização.
seu contexto e pelas circunstân-
Seção V – Da Lesão
cias, se puder identificar a coisa
ou pessoa cogitada.
Seção III – Da Coação Art. 157. Ocorre a lesão quando
uma pessoa, sob premente ne-
Art. 143. O erro de cálculo ape- Art. 151. A coação, para viciar a cessidade, ou por inexperiência,
nas autoriza a retificação da de- declaração da vontade, há de ser se obriga a prestação manifesta-
claração de vontade. tal que incuta ao paciente fun- mente desproporcional ao valor
dado temor de dano iminente e da prestação oposta.
Art. 144. O erro não prejudica considerável à sua pessoa, à sua § 1o Aprecia-se a despropor-
a validade do negócio jurídico família, ou aos seus bens. ção das prestações segundo os
quando a pessoa, a quem a ma- Parágrafo único. Se disser valores vigentes ao tempo em que
nifestação de vontade se dirige, respeito a pessoa não perten- foi celebrado o negócio jurídico.
se oferecer para executá-la na cente à família do paciente, o § 2o Não se decretará a anu-
conformidade da vontade real juiz, com base nas circunstâncias, lação do negócio, se for oferecido
do manifestante. decidirá se houve coação. suplemento suficiente, ou se a

140
Código Civil
parte favorecida concordar com Art. 163. Presumem-se frau- versas daquelas às quais real-
a redução do proveito. datórias dos direitos dos outros mente se conferem, ou trans-
credores as garantias de dívidas mitem;
que o devedor insolvente tiver II – contiverem declaração,
Seção VI – Da Fraude contra dado a algum credor. confissão, condição ou cláusula
Credores não verdadeira;
Art. 164. Presumem-se, porém, III – os instrumentos parti-
Art. 158. Os negócios de trans- de boa-fé e valem os negócios culares forem antedatados, ou
missão gratuita de bens ou re- ordinários indispensáveis à ma- pós-datados.
missão de dívida, se os praticar nutenção de estabelecimento § 2o Ressalvam-se os direitos
o devedor já insolvente, ou por mercantil, rural, ou industrial, de terceiros de boa-fé em face
eles reduzido à insolvência, ain- ou à subsistência do devedor e dos contraentes do negócio ju-
da quando o ignore, poderão ser de sua família. rídico simulado.
anulados pelos credores quiro-
grafários, como lesivos dos seus Art. 165. Anulados os negócios Art. 168. As nulidades dos ar-
direitos. fraudulentos, a vantagem resul- tigos antecedentes podem ser
§ 1o Igual direito assiste aos tante reverterá em proveito do alegadas por qualquer interes-
credores cuja garantia se tornar acervo sobre que se tenha de sado, ou pelo Ministério Público,
insuficiente. efetuar o concurso de credores. quando lhe couber intervir.
§ 2o Só os credores que já Parágrafo único. Se esses Parágrafo único. As nulida-
o eram ao tempo daqueles atos negócios tinham por único obje- des devem ser pronunciadas pelo
podem pleitear a anulação deles. to atribuir direitos preferenciais, juiz, quando conhecer do negócio
mediante hipoteca, penhor ou an- jurídico ou dos seus efeitos e as
Art. 159. Serão igualmente anu- ticrese, sua invalidade importará encontrar provadas, não lhe sen-
láveis os contratos onerosos do somente na anulação da prefe- do permitido supri-las, ainda que
devedor insolvente, quando a in- rência ajustada. a requerimento das partes.
solvência for notória, ou houver
motivo para ser conhecida do Art. 169. O negócio jurídico nulo
outro contratante. CAPÍTULO V – DA não é suscetível de confirmação,
INVALIDADE DO NEGÓCIO nem convalesce pelo decurso
Art. 160. Se o adquirente dos JURÍDICO do tempo.
bens do devedor insolvente ainda
não tiver pago o preço e este for, Art. 166. É nulo o negócio jurí- Art. 170. Se, porém, o negócio
aproximadamente, o corrente, dico quando: jurídico nulo contiver os requisitos
desobrigar-se-á depositando-o I – celebrado por pessoa ab- de outro, subsistirá este quando o
em juízo, com a citação de todos solutamente incapaz; fim a que visavam as partes per-
os interessados. II – for ilícito, impossível ou mitir supor que o teriam querido,
Parágrafo único. Se inferior, indeterminável o seu objeto; se houvessem previsto a nulidade.
o adquirente, para conservar os III – o motivo determinante,
bens, poderá depositar o preço comum a ambas as partes, for Art. 171. Além dos casos expres-
que lhes corresponda ao valor ilícito; samente declarados na lei, é anu-
real. IV – não revestir a forma pres- lável o negócio jurídico:
crita em lei; I – por incapacidade relativa
Art. 161. A ação, nos casos dos V – for preterida alguma sole- do agente;
arts. 158 e 159, poderá ser inten- nidade que a lei considere essen- II – por vício resultante de
tada contra o devedor insolvente, cial para a sua validade; erro, dolo, coação, estado de
a pessoa que com ele celebrou a VI – tiver por objetivo fraudar perigo, lesão ou fraude contra
estipulação considerada fraudu- lei imperativa; credores.
lenta, ou terceiros adquirentes VII – a lei taxativamente o
que hajam procedido de má-fé. declarar nulo, ou proibir-lhe a Art. 172. O negócio anulável
prática, sem cominar sanção. pode ser confirmado pelas par-
Art. 162. O credor quirografá- tes, salvo direito de terceiro.
rio, que receber do devedor in- Art. 167. É nulo o negócio jurí-
solvente o pagamento da dívida dico simulado, mas subsistirá o Art. 173. O ato de confirmação
ainda não vencida, ficará obrigado que se dissimulou, se válido for deve conter a substância do ne-
a repor, em proveito do acervo na substância e na forma. gócio celebrado e a vontade ex-
sobre que se tenha de efetuar § 1o Haverá simulação nos pressa de mantê-lo.
o concurso de credores, aquilo negócios jurídicos quando:
que recebeu. I – aparentarem conferir ou Art. 174. É escusada a confir-
transmitir direitos a pessoas di- mação expressa, quando o ne-

141
Código Civil
gócio já foi cumprido em parte Art. 182. Anulado o negócio ju- mente quando as circunstâncias
pelo devedor, ciente do vício que rídico, restituir-se-ão as partes o tornarem absolutamente neces-
o inquinava. ao estado em que antes dele se sário, não excedendo os limites
achavam, e, não sendo possível do indispensável para a remoção
Art. 175. A confirmação expres- restituí-las, serão indenizadas do perigo.
sa, ou a execução voluntária de com o equivalente.
negócio anulável, nos termos dos
arts. 172 a 174, importa a extinção Art. 183. A invalidade do instru- TÍTULO IV – DA
de todas as ações, ou exceções, mento não induz a do negócio PRESCRIÇÃO E DA
de que contra ele dispusesse o jurídico sempre que este puder DECADÊNCIA
devedor. provar-se por outro meio.
CAPÍTULO I – DA
Art. 176. Quando a anulabilidade Art. 184. Respeitada a inten- PRESCRIÇÃO
do ato resultar da falta de autori- ção das partes, a invalidade par-
zação de terceiro, será validado cial de um negócio jurídico não Seção I – Disposições Gerais
se este a der posteriormente. o prejudicará na parte válida, se
esta for separável; a invalidade Art. 189. Violado o direito, nasce
Art. 177. A anulabilidade não da obrigação principal implica a para o titular a pretensão, a qual
tem efeito antes de julgada por das obrigações acessórias, mas se extingue, pela prescrição, nos
sentença, nem se pronuncia de a destas não induz a da obriga- prazos a que aludem os arts. 205
ofício; só os interessados a po- ção principal. e 206.
dem alegar, e aproveita exclu-
sivamente aos que a alegarem, Art. 190. A exceção prescreve
salvo o caso de solidariedade ou TÍTULO II – DOS ATOS no mesmo prazo em que a pre-
indivisibilidade. JURÍDICOS LÍCITOS tensão.

Art. 178. É de quatro anos o pra- Art. 185. Aos atos jurídicos líci- Art. 191. A renúncia da prescri-
zo de decadência para pleitear-se tos, que não sejam negócios jurí- ção pode ser expressa ou táci-
a anulação do negócio jurídico, dicos, aplicam-se, no que couber, ta, e só valerá, sendo feita, sem
contado: as disposições do Título anterior. prejuízo de terceiro, depois que
I – no caso de coação, do dia a prescrição se consumar; tácita
em que ela cessar; é a renúncia quando se presume
II – no de erro, dolo, fraude TÍTULO III – DOS ATOS de fatos do interessado, incom-
contra credores, estado de pe- ILÍCITOS patíveis com a prescrição.
rigo ou lesão, do dia em que se
realizou o negócio jurídico; Art. 186. Aquele que, por ação ou Art. 192. Os prazos de prescri-
III – no de atos de incapazes, omissão voluntária, negligência ção não podem ser alterados por
do dia em que cessar a incapa- ou imprudência, violar direito e acordo das partes.
cidade. causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete Art. 193. A prescrição pode
Art. 179. Quando a lei dispuser ato ilícito. ser alegada em qualquer grau
que determinado ato é anulável, de jurisdição, pela parte a quem
sem estabelecer prazo para plei- Art. 187. Também comete ato aproveita.
tear-se a anulação, será este de ilícito o titular de um direito que,
dois anos, a contar da data da ao exercê-lo, excede manifesta- Art. 194. (Revogado)
conclusão do ato. mente os limites impostos pelo
seu fim econômico ou social, pela Art. 195. Os relativamente inca-
Art. 180. O menor, entre dezes- boa-fé ou pelos bons costumes. pazes e as pessoas jurídicas têm
seis e dezoito anos, não pode, ação contra os seus assistentes
para eximir-se de uma obrigação, Art. 188. Não constituem atos ou representantes legais, que
invocar a sua idade se dolosa- ilícitos: derem causa à prescrição, ou
mente a ocultou quando inquirido I – os praticados em legítima não a alegarem oportunamente.
pela outra parte, ou se, no ato de defesa ou no exercício regular de
obrigar-se, declarou-se maior. um direito reconhecido; Art. 196. A prescrição iniciada
II – a deterioração ou destrui- contra uma pessoa continua a
Art. 181. Ninguém pode reclamar ção da coisa alheia, ou a lesão a correr contra o seu sucessor.
o que, por uma obrigação anula- pessoa, a fim de remover perigo
da, pagou a um incapaz, se não iminente.
provar que reverteu em proveito Parágrafo único. No caso do
dele a importância paga. inciso II, o ato será legítimo so-

142
Código Civil
Seção II – Das Causas que IV – pela apresentação do tí- contra aquele, contado o prazo:
Impedem ou Suspendem a tulo de crédito em juízo de inven- a) para o segurado, no caso
Prescrição tário ou em concurso de credores; de seguro de responsabilidade
V – por qualquer ato judicial civil, da data em que é citado para
Art. 197. Não corre a prescrição: que constitua em mora o devedor; responder à ação de indenização
I – entre os cônjuges, na cons- VI – por qualquer ato inequí- proposta pelo terceiro prejudica-
tância da sociedade conjugal; voco, ainda que extrajudicial, que do, ou da data que a este indeniza,
II – entre ascendentes e des- importe reconhecimento do direi- com a anuência do segurador;
cendentes, durante o poder fa- to pelo devedor. b) quanto aos demais segu-
miliar; Parágrafo único. A prescri- ros, da ciência do fato gerador da
III – entre tutelados ou cura- ção interrompida recomeça a pretensão;
telados e seus tutores ou curado- correr da data do ato que a in- III – a pretensão dos tabeliães,
res, durante a tutela ou curatela. terrompeu, ou do último ato do auxiliares da justiça, serventuá-
processo para a interromper. rios judiciais, árbitros e peritos,
Art. 198. Também não corre a pela percepção de emolumentos,
prescrição: Art. 203. A prescrição pode ser custas e honorários;
I – contra os incapazes de que interrompida por qualquer inte- IV – a pretensão contra os
trata o art. 3o; ressado. peritos, pela avaliação dos bens
II – contra os ausentes do País que entraram para a formação
em serviço público da União, dos Art. 204. A interrupção da pres- do capital de sociedade anônima,
Estados ou dos Municípios; crição por um credor não apro- contado da publicação da ata da
III – contra os que se acharem veita aos outros; semelhante- assembleia que aprovar o laudo;
servindo nas Forças Armadas, em mente, a interrupção operada V – a pretensão dos credores
tempo de guerra. contra o codevedor, ou seu her- não pagos contra os sócios ou
deiro, não prejudica aos demais acionistas e os liquidantes, con-
Art. 199. Não corre igualmente coobrigados. tado o prazo da publicação da ata
a prescrição: § 1o A interrupção por um dos de encerramento da liquidação
I – pendendo condição sus- credores solidários aproveita aos da sociedade.
pensiva; outros; assim como a interrupção § 2o Em dois anos, a pre-
II – não estando vencido o efetuada contra o devedor soli- tensão para haver prestações
prazo; dário envolve os demais e seus alimentares, a partir da data em
III – pendendo ação de evic- herdeiros. que se vencerem.
ção. § 2o A interrupção operada § 3o Em três anos:
contra um dos herdeiros do de- I – a pretensão relativa a
Art. 200. Quando a ação se origi- vedor solidário não prejudica os aluguéis de prédios urbanos ou
nar de fato que deva ser apurado outros herdeiros ou devedores, rústicos;
no juízo criminal, não correrá a senão quando se trate de obriga- II – a pretensão para receber
prescrição antes da respectiva ções e direitos indivisíveis. prestações vencidas de rendas
sentença definitiva. § 3o A interrupção produzida temporárias ou vitalícias;
contra o principal devedor preju- III – a pretensão para haver
Art. 201. Suspensa a prescrição dica o fiador. juros, dividendos ou quaisquer
em favor de um dos credores so- prestações acessórias, pagá-
lidários, só aproveitam os outros veis, em períodos não maiores
se a obrigação for indivisível.
Seção IV – Dos Prazos da de um ano, com capitalização
Prescrição ou sem ela;
IV – a pretensão de ressarci-
Seção III – Das Causas que Art. 205. A prescrição ocorre mento de enriquecimento sem
Interrompem a Prescrição em dez anos, quando a lei não lhe causa;
haja fixado prazo menor. V – a pretensão de repara-
Art. 202. A interrupção da pres- ção civil;
crição, que somente poderá ocor- Art. 206. Prescreve: VI – a pretensão de restituição
rer uma vez, dar-se-á: § 1o Em um ano: dos lucros ou dividendos recebi-
I – por despacho do juiz, mes- I – a pretensão dos hospe- dos de má-fé, correndo o prazo
mo incompetente, que ordenar a deiros ou fornecedores de ví- da data em que foi deliberada a
citação, se o interessado a pro- veres destinados a consumo no distribuição;
mover no prazo e na forma da lei próprio estabelecimento, para o VII – a pretensão contra as
processual; pagamento da hospedagem ou pessoas em seguida indicadas
II – por protesto, nas condi- dos alimentos; por violação da lei ou do estatuto,
ções do inciso antecedente; II – a pretensão do segurado contado o prazo:
III – por protesto cambial; contra o segurador, ou a deste a) para os fundadores, da

143
Código Civil
publicação dos atos constitutivos Art. 208. Aplica-se à decadên- residência das partes e demais
da sociedade anônima; cia o disposto nos arts. 195 e 198, comparecentes, com a indicação,
b) para os administradores, inciso I. quando necessário, do regime
ou fiscais, da apresentação, aos de bens do casamento, nome do
sócios, do balanço referente ao Art. 209. É nula a renúncia à outro cônjuge e filiação;
exercício em que a violação tenha decadência fixada em lei. IV – manifestação clara da
sido praticada, ou da reunião ou vontade das partes e dos inter-
assembleia geral que dela deva Art. 210. Deve o juiz, de ofício, venientes;
tomar conhecimento; conhecer da decadência, quando V – referência ao cumprimen-
c) para os liquidantes, da estabelecida por lei. to das exigências legais e fiscais
primeira assembleia semestral inerentes à legitimidade do ato;
posterior à violação; Art. 211. Se a decadência for VI – declaração de ter sido
VIII – a pretensão para haver convencional, a parte a quem lida na presença das partes e
o pagamento de título de crédito, aproveita pode alegá-la em qual- demais comparecentes, ou de
a contar do vencimento, ressalva- quer grau de jurisdição, mas o que todos a leram;
das as disposições de lei especial; juiz não pode suprir a alegação. VII – assinatura das partes
IX – a pretensão do benefi- e dos demais comparecentes,
ciário contra o segurador, e a do bem como a do tabelião ou seu
terceiro prejudicado, no caso de TÍTULO V – DA PROVA substituto legal, encerrando o ato.
seguro de responsabilidade civil § 2o Se algum comparecente
obrigatório. Art. 212. Salvo o negócio a que não puder ou não souber escre-
§ 4o Em quatro anos, a pre- se impõe forma especial, o fato ju- ver, outra pessoa capaz assinará
tensão relativa à tutela, a contar rídico pode ser provado mediante: por ele, a seu rogo.
da data da aprovação das contas. I – confissão; § 3o A escritura será redigida
§ 5o Em cinco anos: II – documento; na língua nacional.
I – a pretensão de cobrança III – testemunha; § 4o Se qualquer dos com-
de dívidas líquidas constantes de IV – presunção; parecentes não souber a língua
instrumento público ou particular; V – perícia. nacional e o tabelião não enten-
II – a pretensão dos profis- der o idioma em que se expres-
sionais liberais em geral, procu- Art. 213. Não tem eficácia a con- sa, deverá comparecer tradutor
radores judiciais, curadores e pro- fissão se provém de quem não é público para servir de intérprete,
fessores pelos seus honorários, capaz de dispor do direito a que ou, não o havendo na localidade,
contado o prazo da conclusão dos se referem os fatos confessados. outra pessoa capaz que, a juízo
serviços, da cessação dos res- Parágrafo único. Se feita a do tabelião, tenha idoneidade e
pectivos contratos ou mandato; confissão por um representan- conhecimento bastantes.
III – a pretensão do vencedor te, somente é eficaz nos limites § 5o Se algum dos compare-
para haver do vencido o que des- em que este pode vincular o re- centes não for conhecido do tabe-
pendeu em juízo. presentado. lião, nem puder identificar-se por
documento, deverão participar do
Art. 206-A. A prescrição inter- Art. 214. A confissão é irrevo- ato pelo menos duas testemunhas
corrente observará o mesmo pra- gável, mas pode ser anulada se que o conheçam e atestem sua
zo de prescrição da pretensão, decorreu de erro de fato ou de identidade.
observadas as causas de impe- coação.
dimento, de suspensão e de in- Art. 216. Farão a mesma prova
terrupção da prescrição previstas Art. 215. A escritura pública, que os originais as certidões tex-
neste Código e observado o dis- lavrada em notas de tabelião, é tuais de qualquer peça judicial, do
posto no art. 921 da Lei no 13.105, documento dotado de fé pública, protocolo das audiências, ou de
de 16 de março de 2015 – Código fazendo prova plena. outro qualquer livro a cargo do
de Processo Civil. § 1o Salvo quando exigidos escrivão, sendo extraídas por ele,
por lei outros requisitos, a escri- ou sob a sua vigilância, e por ele
tura pública deve conter: subscritas, assim como os tras-
CAPÍTULO II – DA I – data e local de sua rea- lados de autos, quando por outro
DECADÊNCIA lização; escrivão consertados.
II – reconhecimento da identi-
Art. 207. Salvo disposição legal dade e capacidade das partes e de Art. 217. Terão a mesma força
em contrário, não se aplicam à quantos hajam comparecido ao probante os traslados e as cer-
decadência as normas que impe- ato, por si, como representantes, tidões, extraídos por tabelião ou
dem, suspendem ou interrompem intervenientes ou testemunhas; oficial de registro, de instrumen-
a prescrição. III – nome, nacionalidade, es- tos ou documentos lançados em
tado civil, profissão, domicílio e suas notas.

144
Código Civil
Art. 218. Os traslados e as cer- traduzidos para o português para Art. 229. (Revogado)
tidões considerar-se-ão instru- ter efeitos legais no País.
mentos públicos, se os originais Art. 230. (Revogado)
se houverem produzido em juízo Art. 225. As reproduções foto-
como prova de algum ato. gráficas, cinematográficas, os Art. 231. Aquele que se nega
registros fonográficos e, em ge- a submeter-se a exame médico
Art. 219. As declarações cons- ral, quaisquer outras reproduções necessário não poderá aprovei-
tantes de documentos assinados mecânicas ou eletrônicas de fatos tar-se de sua recusa.
presumem-se verdadeiras em ou de coisas fazem prova plena
relação aos signatários. destes, se a parte, contra quem Art. 232. A recusa à perícia mé-
Parágrafo único. Não tendo forem exibidos, não lhes impug- dica ordenada pelo juiz poderá
relação direta, porém, com as nar a exatidão. suprir a prova que se pretendia
disposições principais ou com a obter com o exame.
legitimidade das partes, as decla- Art. 226. Os livros e fichas dos
rações enunciativas não eximem empresários e sociedades provam
os interessados em sua veracida- contra as pessoas a que perten- PARTE ESPECIAL
de do ônus de prová-las. cem, e, em seu favor, quando, LIVRO I – DO DIREITO DAS
escriturados sem vício extrínseco
Art. 220. A anuência ou a au- ou intrínseco, forem confirmados OBRIGAÇÕES
torização de outrem, necessária por outros subsídios. TÍTULO I – DAS
à validade de um ato, provar-se- Parágrafo único. A prova re-
-á do mesmo modo que este, e sultante dos livros e fichas não é MODALIDADES DAS
constará, sempre que se possa, bastante nos casos em que a lei OBRIGAÇÕES
do próprio instrumento. exige escritura pública, ou escrito
particular revestido de requisitos
CAPÍTULO I – DAS
Art. 221. O instrumento particu- especiais, e pode ser ilidida pela OBRIGAÇÕES DE DAR
lar, feito e assinado, ou somente comprovação da falsidade ou ine- Seção I – Das Obrigações de
assinado por quem esteja na livre xatidão dos lançamentos.
Dar Coisa Certa
disposição e administração de
seus bens, prova as obrigações Art. 227. (Revogado)
convencionais de qualquer valor; Parágrafo único. Qualquer Art. 233. A obrigação de dar
mas os seus efeitos, bem como que seja o valor do negócio jurídi- coisa certa abrange os acessó-
os da cessão, não se operam, a co, a prova testemunhal é admis- rios dela embora não menciona-
respeito de terceiros, antes de sível como subsidiária ou com- dos, salvo se o contrário resultar
registrado no registro público. plementar da prova por escrito. do título ou das circunstâncias
Parágrafo único. A prova do do caso.
instrumento particular pode su- Art. 228. Não podem ser admi-
prir-se pelas outras de caráter tidos como testemunhas: Art. 234. Se, no caso do artigo
legal. I – os menores de dezesseis antecedente, a coisa se perder,
anos; sem culpa do devedor, antes da
Art. 222. O telegrama, quando II – (Revogado); tradição, ou pendente a condição
lhe for contestada a autentici- III – (Revogado); suspensiva, fica resolvida a obri-
dade, faz prova mediante confe- IV – o interessado no litígio, o gação para ambas as partes; se a
rência com o original assinado. amigo íntimo ou o inimigo capital perda resultar de culpa do deve-
das partes; dor, responderá este pelo equi-
Art. 223. A cópia fotográfica de V – os cônjuges, os ascen- valente e mais perdas e danos.
documento, conferida por tabe- dentes, os descendentes e os
lião de notas, valerá como prova colaterais, até o terceiro grau de Art. 235. Deteriorada a coisa,
de declaração da vontade, mas, alguma das partes, por consan- não sendo o devedor culpado,
impugnada sua autenticidade, guinidade, ou afinidade. poderá o credor resolver a obri-
deverá ser exibido o original. § 1o Para a prova de fatos que gação, ou aceitar a coisa, abatido
Parágrafo único. A prova não só elas conheçam, pode o juiz ad- de seu preço o valor que perdeu.
supre a ausência do título de cré- mitir o depoimento das pessoas a
dito, ou do original, nos casos em que se refere este artigo. Art. 236. Sendo culpado o de-
que a lei ou as circunstâncias con- § 2o A pessoa com defici- vedor, poderá o credor exigir o
dicionarem o exercício do direito ência poderá testemunhar em equivalente, ou aceitar a coisa
à sua exibição. igualdade de condições com as no estado em que se acha, com
demais pessoas, sendo-lhe as- direito a reclamar, em um ou em
Art. 224. Os documentos redigi- segurados todos os recursos de outro caso, indenização das per-
dos em língua estrangeira serão tecnologia assistiva. das e danos.

145
Código Civil
Art. 237. Até a tradição pertence Art. 244. Nas coisas determi- à sua custa, ressarcindo o culpado
ao devedor a coisa, com os seus nadas pelo gênero e pela quan- perdas e danos.
melhoramentos e acrescidos, pe- tidade, a escolha pertence ao Parágrafo único. Em caso de
los quais poderá exigir aumento devedor, se o contrário não re- urgência, poderá o credor des-
no preço; se o credor não anuir, sultar do título da obrigação; mas fazer ou mandar desfazer, inde-
poderá o devedor resolver a obri- não poderá dar a coisa pior, nem pendentemente de autorização
gação. será obrigado a prestar a melhor. judicial, sem prejuízo do ressar-
Parágrafo único. Os frutos cimento devido.
percebidos são do devedor, ca- Art. 245. Cientificado da esco-
bendo ao credor os pendentes. lha o credor, vigorará o disposto
na Seção antecedente. CAPÍTULO IV –
Art. 238. Se a obrigação for de DAS OBRIGAÇÕES
restituir coisa certa, e esta, sem Art. 246. Antes da escolha, não ALTERNATIVAS
culpa do devedor, se perder antes poderá o devedor alegar perda ou
da tradição, sofrerá o credor a deterioração da coisa, ainda que Art. 252. Nas obrigações al-
perda, e a obrigação se resolverá, por força maior ou caso fortuito. ternativas, a escolha cabe ao
ressalvados os seus direitos até devedor, se outra coisa não se
o dia da perda. estipulou.
CAPÍTULO II – DAS § 1o Não pode o devedor obri-
Art. 239. Se a coisa se perder OBRIGAÇÕES DE FAZER gar o credor a receber parte em
por culpa do devedor, respon- uma prestação e parte em outra.
derá este pelo equivalente, mais Art. 247. Incorre na obrigação § 2o Quando a obrigação for
perdas e danos. de indenizar perdas e danos o de prestações periódicas, a facul-
devedor que recusar a presta- dade de opção poderá ser exer-
Art. 240. Se a coisa restituí- ção a ele só imposta, ou só por cida em cada período.
vel se deteriorar sem culpa do ele exequível. § 3o No caso de pluralidade
devedor, recebê-la-á o credor, de optantes, não havendo acordo
tal qual se ache, sem direito a Art. 248. Se a prestação do fato unânime entre eles, decidirá o
indenização; se por culpa do de- tornar-se impossível sem culpa do juiz, findo o prazo por este assi-
vedor, observar-se-á o disposto devedor, resolver-se-á a obriga- nado para a deliberação.
no art. 239. ção; se por culpa dele, responderá § 4o Se o título deferir a op-
por perdas e danos. ção a terceiro, e este não quiser,
Art. 241. Se, no caso do art. 238, ou não puder exercê-la, caberá
sobrevier melhoramento ou Art. 249. Se o fato puder ser ao juiz a escolha se não houver
acréscimo à coisa, sem despe- executado por terceiro, será livre acordo entre as partes.
sa ou trabalho do devedor, lu- ao credor mandá-lo executar à
crará o credor, desobrigado de custa do devedor, havendo recusa Art. 253. Se uma das duas pres-
indenização. ou mora deste, sem prejuízo da tações não puder ser objeto de
indenização cabível. obrigação ou se tornada inexe-
Art. 242. Se para o melhora- Parágrafo único. Em caso de quível, subsistirá o débito quan-
mento, ou aumento, empregou urgência, pode o credor, indepen- to à outra.
o devedor trabalho ou dispêndio, dentemente de autorização judi-
o caso se regulará pelas normas cial, executar ou mandar executar Art. 254. Se, por culpa do deve-
deste Código atinentes às benfei- o fato, sendo depois ressarcido. dor, não se puder cumprir nenhu-
torias realizadas pelo possuidor ma das prestações, não compe-
de boa-fé ou de má-fé. tindo ao credor a escolha, ficará
Parágrafo único. Quanto aos CAPÍTULO III – DAS aquele obrigado a pagar o valor
frutos percebidos, observar-se-á, OBRIGAÇÕES DE NÃO da que por último se impossibili-
do mesmo modo, o disposto neste FAZER tou, mais as perdas e danos que
Código, acerca do possuidor de o caso determinar.
boa-fé ou de má-fé. Art. 250. Extingue-se a obriga-
ção de não fazer, desde que, sem Art. 255. Quando a escolha cou-
culpa do devedor, se lhe torne ber ao credor e uma das presta-
Seção II – Das Obrigações de impossível abster-se do ato, que ções tornar-se impossível por
Dar Coisa Incerta se obrigou a não praticar. culpa do devedor, o credor terá
direito de exigir a prestação sub-
Art. 243. A coisa incerta será Art. 251. Praticado pelo devedor sistente ou o valor da outra, com
indicada, ao menos, pelo gênero o ato, a cuja abstenção se obriga- perdas e danos; se, por culpa do
e pela quantidade. ra, o credor pode exigir dele que o devedor, ambas as prestações
desfaça, sob pena de se desfazer se tornarem inexequíveis, po-

146
Código Civil
derá o credor reclamar o valor Parágrafo único. O mesmo solidários falecer deixando her-
de qualquer das duas, além da critério se observará no caso de deiros, cada um destes só terá
indenização por perdas e danos. transação, novação, compensa- direito a exigir e receber a quota
ção ou confusão. do crédito que corresponder ao
Art. 256. Se todas as prestações seu quinhão hereditário, salvo se
se tornarem impossíveis sem cul- Art. 263. Perde a qualidade de a obrigação for indivisível.
pa do devedor, extinguir-se-á a indivisível a obrigação que se re-
obrigação. solver em perdas e danos. Art. 271. Convertendo-se a pres-
§ 1o Se, para efeito do dispos- tação em perdas e danos, sub-
to neste artigo, houver culpa de siste, para todos os efeitos, a
CAPÍTULO V – DAS todos os devedores, responderão solidariedade.
OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E todos por partes iguais.
INDIVISÍVEIS § 2o Se for de um só a culpa, Art. 272. O credor que tiver re-
ficarão exonerados os outros, mitido a dívida ou recebido o pa-
Art. 257. Havendo mais de um respondendo só esse pelas per- gamento responderá aos outros
devedor ou mais de um credor em das e danos. pela parte que lhes caiba.
obrigação divisível, esta presume-
-se dividida em tantas obrigações, Art. 273. A um dos credores so-
iguais e distintas, quantos os cre- CAPÍTULO VI – DAS lidários não pode o devedor opor
dores ou devedores. OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS as exceções pessoais oponíveis
aos outros.
Seção I – Disposições Gerais
Art. 258. A obrigação é indivisí-
vel quando a prestação tem por Art. 274. O julgamento contrário
objeto uma coisa ou um fato não Art. 264. Há solidariedade, a um dos credores solidários não
suscetíveis de divisão, por sua quando na mesma obrigação con- atinge os demais, mas o julga-
natureza, por motivo de ordem corre mais de um credor, ou mais mento favorável aproveita-lhes,
econômica, ou dada a razão de- de um devedor, cada um com di- sem prejuízo de exceção pessoal
terminante do negócio jurídico. reito, ou obrigado, à dívida toda. que o devedor tenha direito de
invocar em relação a qualquer
Art. 259. Se, havendo dois ou Art. 265. A solidariedade não deles.
mais devedores, a prestação não se presume; resulta da lei ou da
for divisível, cada um será obri- vontade das partes.
gado pela dívida toda.
Seção III – Da Solidariedade
Parágrafo único. O devedor, Art. 266. A obrigação solidária Passiva
que paga a dívida, sub-roga-se pode ser pura e simples para um
no direito do credor em relação dos cocredores ou codevedores, Art. 275. O credor tem direito
aos outros coobrigados. e condicional, ou a prazo, ou pa- a exigir e receber de um ou de
gável em lugar diferente, para alguns dos devedores, parcial ou
Art. 260. Se a pluralidade for o outro. totalmente, a dívida comum; se
dos credores, poderá cada um o pagamento tiver sido parcial,
destes exigir a dívida inteira; mas todos os demais devedores con-
o devedor ou devedores se deso-
Seção II – Da Solidariedade tinuam obrigados solidariamente
brigarão, pagando: Ativa pelo resto.
I – a todos conjuntamente; Parágrafo único. Não impor-
II – a um, dando este cau- Art. 267. Cada um dos credores tará renúncia da solidariedade a
ção de ratificação dos outros solidários tem direito a exigir do propositura de ação pelo credor
credores. devedor o cumprimento da pres- contra um ou alguns dos deve-
tação por inteiro. dores.
Art. 261. Se um só dos credores
receber a prestação por inteiro, Art. 268. Enquanto alguns dos Art. 276. Se um dos devedo-
a cada um dos outros assistirá o credores solidários não deman- res solidários falecer deixando
direito de exigir dele em dinheiro darem o devedor comum, a qual- herdeiros, nenhum destes será
a parte que lhe caiba no total. quer daqueles poderá este pagar. obrigado a pagar senão a quota
que corresponder ao seu quinhão
Art. 262. Se um dos credores Art. 269. O pagamento feito a hereditário, salvo se a obrigação
remitir a dívida, a obrigação não um dos credores solidários ex- for indivisível; mas todos reuni-
ficará extinta para com os outros; tingue a dívida até o montante dos serão considerados como um
mas estes só a poderão exigir, do que foi pago. devedor solidário em relação aos
descontada a quota do credor demais devedores.
remitente. Art. 270. Se um dos credores

147
Código Civil
Art. 277. O pagamento parcial Art. 285. Se a dívida solidária o da obrigação cedida; quando o
feito por um dos devedores e interessar exclusivamente a um crédito constar de escritura pú-
a remissão por ele obtida não dos devedores, responderá este blica, prevalecerá a prioridade da
aproveitam aos outros devedo- por toda ela para com aquele notificação.
res, senão até à concorrência da que pagar.
quantia paga ou relevada. Art. 293. Independentemente
do conhecimento da cessão pelo
Art. 278. Qualquer cláusula, con- TÍTULO II – DA devedor, pode o cessionário exer-
dição ou obrigação adicional, es- TRANSMISSÃO DAS cer os atos conservatórios do
tipulada entre um dos devedores OBRIGAÇÕES direito cedido.
solidários e o credor, não poderá
agravar a posição dos outros sem CAPÍTULO I – DA CESSÃO Art. 294. O devedor pode opor
consentimento destes. DE CRÉDITO ao cessionário as exceções que
lhe competirem, bem como as
Art. 279. Impossibilitando-se a Art. 286. O credor pode ceder o que, no momento em que veio
prestação por culpa de um dos seu crédito, se a isso não se opu- a ter conhecimento da cessão,
devedores solidários, subsiste ser a natureza da obrigação, a lei, tinha contra o cedente.
para todos o encargo de pagar ou a convenção com o devedor; a
o equivalente; mas pelas perdas cláusula proibitiva da cessão não Art. 295. Na cessão por título
e danos só responde o culpado. poderá ser oposta ao cessionário oneroso, o cedente, ainda que não
de boa-fé, se não constar do ins- se responsabilize, fica responsá-
Art. 280. Todos os devedores trumento da obrigação. vel ao cessionário pela existência
respondem pelos juros da mora, do crédito ao tempo em que lhe
ainda que a ação tenha sido pro- Art. 287. Salvo disposição em cedeu; a mesma responsabili-
posta somente contra um; mas o contrário, na cessão de um cré- dade lhe cabe nas cessões por
culpado responde aos outros pela dito abrangem-se todos os seus título gratuito, se tiver procedido
obrigação acrescida. acessórios. de má-fé.

Art. 281. O devedor demandado Art. 288. É ineficaz, em relação Art. 296. Salvo estipulação em
pode opor ao credor as exceções a terceiros, a transmissão de um contrário, o cedente não respon-
que lhe forem pessoais e as co- crédito, se não celebrar-se me- de pela solvência do devedor.
muns a todos; não lhe aproveitan- diante instrumento público, ou
do as exceções pessoais a outro instrumento particular revestido Art. 297. O cedente, responsável
codevedor. das solenidades do § 1o do art. 654. ao cessionário pela solvência do
devedor, não responde por mais
Art. 282. O credor pode renun- Art. 289. O cessionário de cré- do que daquele recebeu, com os
ciar à solidariedade em favor de dito hipotecário tem o direito de respectivos juros; mas tem de
um, de alguns ou de todos os fazer averbar a cessão no registro ressarcir-lhe as despesas da ces-
devedores. do imóvel. são e as que o cessionário houver
Parágrafo único. Se o credor feito com a cobrança.
exonerar da solidariedade um ou Art. 290. A cessão do crédito
mais devedores, subsistirá a dos não tem eficácia em relação ao Art. 298. O crédito, uma vez
demais. devedor, senão quando a este penhorado, não pode mais ser
notificada; mas por notificado transferido pelo credor que tiver
Art. 283. O devedor que satisfez se tem o devedor que, em escrito conhecimento da penhora; mas o
a dívida por inteiro tem direito a público ou particular, se declarou devedor que o pagar, não tendo
exigir de cada um dos codeve- ciente da cessão feita. notificação dela, fica exonera-
dores a sua quota, dividindo-se do, subsistindo somente contra
igualmente por todos a do insol- Art. 291. Ocorrendo várias ces- o credor os direitos de terceiro.
vente, se o houver, presumindo- sões do mesmo crédito, prevalece
-se iguais, no débito, as partes de a que se completar com a tradição
todos os codevedores. do título do crédito cedido. CAPÍTULO II – DA
ASSUNÇÃO DE DÍVIDA
Art. 284. No caso de rateio en- Art. 292. Fica desobrigado o
tre os codevedores, contribuirão devedor que, antes de ter co- Art. 299. É facultado a terceiro
também os exonerados da soli- nhecimento da cessão, paga ao assumir a obrigação do devedor,
dariedade pelo credor, pela parte credor primitivo, ou que, no caso com o consentimento expresso
que na obrigação incumbia ao de mais de uma cessão notifica- do credor, ficando exonerado o
insolvente. da, paga ao cessionário que lhe devedor primitivo, salvo se aque-
apresenta, com o título de cessão, le, ao tempo da assunção, era

148
Código Civil
insolvente e o credor o ignorava. a reembolsar-se do que pagar; valerá contra estes, que poderão
Parágrafo único. Qualquer mas não se sub-roga nos direitos constranger o devedor a pagar de
das partes pode assinar prazo do credor. novo, ficando-lhe ressalvado o
ao credor para que consinta na Parágrafo único. Se pagar regresso contra o credor.
assunção da dívida, interpretan- antes de vencida a dívida, só terá
do-se o seu silêncio como recusa. direito ao reembolso no venci-
mento.
Seção III – Do Objeto do
Art. 300. Salvo assentimento Pagamento e Sua Prova
expresso do devedor primitivo, Art. 306. O pagamento feito por
consideram-se extintas, a partir terceiro, com desconhecimen- Art. 313. O credor não é obriga-
da assunção da dívida, as garan- to ou oposição do devedor, não do a receber prestação diversa
tias especiais por ele originaria- obriga a reembolsar aquele que da que lhe é devida, ainda que
mente dadas ao credor. pagou, se o devedor tinha meios mais valiosa.
para ilidir a ação.
Art. 301. Se a substituição do Art. 314. Ainda que a obriga-
devedor vier a ser anulada, res- Art. 307. Só terá eficácia o paga- ção tenha por objeto prestação
taura-se o débito, com todas as mento que importar transmissão divisível, não pode o credor ser
suas garantias, salvo as garantias da propriedade, quando feito por obrigado a receber, nem o deve-
prestadas por terceiros, exceto se quem possa alienar o objeto em dor a pagar, por partes, se assim
este conhecia o vício que inqui- que ele consistiu. não se ajustou.
nava a obrigação. Parágrafo único. Se se der
em pagamento coisa fungível, Art. 315. As dívidas em dinheiro
Art. 302. O novo devedor não não se poderá mais reclamar do deverão ser pagas no vencimento,
pode opor ao credor as exceções credor que, de boa-fé, a recebeu em moeda corrente e pelo valor
pessoais que competiam ao de- e consumiu, ainda que o solvente nominal, salvo o disposto nos
vedor primitivo. não tivesse o direito de aliená-la. artigos subsequentes.

Art. 303. O adquirente de imó- Art. 316. É lícito convencionar


vel hipotecado pode tomar a seu
Seção II – Daqueles a Quem o aumento progressivo de pres-
cargo o pagamento do crédito Se Deve Pagar tações sucessivas.
garantido; se o credor, notifica-
do, não impugnar em trinta dias Art. 308. O pagamento deve ser Art. 317. Quando, por motivos
a transferência do débito, enten- feito ao credor ou a quem de di- imprevisíveis, sobrevier despro-
der-se-á dado o assentimento. reito o represente, sob pena de porção manifesta entre o valor da
só valer depois de por ele ratifi- prestação devida e o do momento
cado, ou tanto quanto reverter de sua execução, poderá o juiz
TÍTULO III – DO em seu proveito. corrigi-lo, a pedido da parte, de
ADIMPLEMENTO modo que assegure, quanto pos-
E EXTINÇÃO DAS Art. 309. O pagamento feito de sível, o valor real da prestação.
OBRIGAÇÕES boa-fé ao credor putativo é váli-
do, ainda provado depois que não Art. 318. São nulas as conven-
CAPÍTULO I – DO era credor. ções de pagamento em ouro ou
PAGAMENTO em moeda estrangeira, bem como
Art. 310. Não vale o pagamen- para compensar a diferença en-
Seção I – De Quem Deve to cientemente feito ao credor tre o valor desta e o da moeda
Pagar incapaz de quitar, se o devedor nacional, excetuados os casos
não provar que em benefício dele previstos na legislação especial.
Art. 304. Qualquer interessa- efetivamente reverteu.
do na extinção da dívida pode Art. 319. O devedor que paga
pagá-la, usando, se o credor se Art. 311. Considera-se autori- tem direito a quitação regular, e
opuser, dos meios conducentes zado a receber o pagamento o pode reter o pagamento, enquan-
à exoneração do devedor. portador da quitação, salvo se to não lhe seja dada.
Parágrafo único. Igual direito as circunstâncias contrariarem
cabe ao terceiro não interessado, a presunção daí resultante. Art. 320. A quitação, que sem-
se o fizer em nome e à conta do pre poderá ser dada por instru-
devedor, salvo oposição deste. Art. 312. Se o devedor pagar mento particular, designará o va-
ao credor, apesar de intimado lor e a espécie da dívida quitada,
Art. 305. O terceiro não inte- da penhora feita sobre o crédito, o nome do devedor, ou quem por
ressado, que paga a dívida em ou da impugnação a ele oposta este pagou, o tempo e o lugar do
seu próprio nome, tem direito por terceiros, o pagamento não pagamento, com a assinatura do

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Código Civil
credor, ou do seu representante. sistir na tradição de um imóvel, ou CAPÍTULO II – DO
Parágrafo único. Ainda sem em prestações relativas a imóvel, PAGAMENTO EM
os requisitos estabelecidos nes- far-se-á no lugar onde situado
te artigo valerá a quitação, se o bem.
CONSIGNAÇÃO
de seus termos ou das circuns-
tâncias resultar haver sido paga Art. 329. Ocorrendo motivo Art. 334. Considera-se paga-
a dívida. grave para que se não efetue o mento, e extingue a obrigação,
pagamento no lugar determina- o depósito judicial ou em esta-
Art. 321. Nos débitos, cuja quita- do, poderá o devedor fazê-lo em belecimento bancário da coisa
ção consista na devolução do títu- outro, sem prejuízo para o credor. devida, nos casos e forma legais.
lo, perdido este, poderá o devedor
exigir, retendo o pagamento, de- Art. 330. O pagamento reite- Art. 335. A consignação tem
claração do credor que inutilize radamente feito em outro local lugar:
o título desaparecido. faz presumir renúncia do cre- I – se o credor não puder, ou,
dor relativamente ao previsto no sem justa causa, recusar receber
Art. 322. Quando o pagamento contrato. o pagamento, ou dar quitação na
for em quotas periódicas, a qui- devida forma;
tação da última estabelece, até II – se o credor não for, nem
prova em contrário, a presunção
Seção V – Do Tempo do mandar receber a coisa no lugar,
de estarem solvidas as anteriores. Pagamento tempo e condição devidos;
III – se o credor for incapaz
Art. 323. Sendo a quitação do Art. 331. Salvo disposição legal de receber, for desconhecido,
capital sem reserva dos juros, em contrário, não tendo sido ajus- declarado ausente, ou residir em
estes presumem-se pagos. tada época para o pagamento, lugar incerto ou de acesso peri-
pode o credor exigi-lo imedia- goso ou difícil;
Art. 324. A entrega do título ao tamente. IV – se ocorrer dúvida sobre
devedor firma a presunção do quem deva legitimamente rece-
pagamento. Art. 332. As obrigações condi- ber o objeto do pagamento;
Parágrafo único. Ficará sem cionais cumprem-se na data do V – se pender litígio sobre o
efeito a quitação assim operada implemento da condição, caben- objeto do pagamento.
se o credor provar, em sessenta do ao credor a prova de que deste
dias, a falta do pagamento. teve ciência o devedor. Art. 336. Para que a consigna-
ção tenha força de pagamento,
Art. 325. Presumem-se a cargo Art. 333. Ao credor assistirá o será mister concorram, em rela-
do devedor as despesas com o pa- direito de cobrar a dívida antes ção às pessoas, ao objeto, modo e
gamento e a quitação; se ocorrer de vencido o prazo estipulado tempo, todos os requisitos sem os
aumento por fato do credor, su- no contrato ou marcado neste quais não é válido o pagamento.
portará este a despesa acrescida. Código:
I – no caso de falência do Art. 337. O depósito requerer-
Art. 326. Se o pagamento se devedor, ou de concurso de cre- -se-á no lugar do pagamento,
houver de fazer por medida, ou dores; cessando, tanto que se efetue,
peso, entender-se-á, no silêncio II – se os bens, hipotecados ou para o depositante, os juros da
das partes, que aceitaram os do empenhados, forem penhorados dívida e os riscos, salvo se for
lugar da execução. em execução por outro credor; julgado improcedente.
III – se cessarem, ou se se tor-
narem insuficientes, as garantias Art. 338. Enquanto o credor não
Seção IV – Do Lugar do do débito, fidejussórias, ou reais, declarar que aceita o depósito,
Pagamento e o devedor, intimado, se negar a ou não o impugnar, poderá o de-
reforçá-las. vedor requerer o levantamento,
Art. 327. Efetuar-se-á o paga- Parágrafo único. Nos casos pagando as respectivas despesas,
mento no domicílio do devedor, deste artigo, se houver, no débito, e subsistindo a obrigação para to-
salvo se as partes convenciona- solidariedade passiva, não se re- das as consequências de direito.
rem diversamente, ou se o contrá- putará vencido quanto aos outros
rio resultar da lei, da natureza da devedores solventes. Art. 339. Julgado procedente
obrigação ou das circunstâncias. o depósito, o devedor já não po-
Parágrafo único. Designados derá levantá-lo, embora o credor
dois ou mais lugares, cabe ao cre- consinta, senão de acordo com
dor escolher entre eles. os outros devedores e fiadores.

Art. 328. Se o pagamento con- Art. 340. O credor que, depois

150
Código Civil
de contestar a lide ou aceitar o III – do terceiro interessado, pagamento, se aceitar a quitação
depósito, aquiescer no levan- que paga a dívida pela qual era de uma delas, não terá direito a
tamento, perderá a preferência ou podia ser obrigado, no todo reclamar contra a imputação feita
e a garantia que lhe competiam ou em parte. pelo credor, salvo provando haver
com respeito à coisa consignada, ele cometido violência ou dolo.
ficando para logo desobrigados Art. 347. A sub-rogação é con-
os codevedores e fiadores que vencional: Art. 354. Havendo capital e ju-
não tenham anuído. I – quando o credor recebe o ros, o pagamento imputar-se-á
pagamento de terceiro e expres- primeiro nos juros vencidos, e
Art. 341. Se a coisa devida for samente lhe transfere todos os depois no capital, salvo estipu-
imóvel ou corpo certo que deva seus direitos; lação em contrário, ou se o cre-
ser entregue no mesmo lugar II – quando terceira pessoa dor passar a quitação por conta
onde está, poderá o devedor citar empresta ao devedor a quantia do capital.
o credor para vir ou mandar rece- precisa para solver a dívida, sob
bê-la, sob pena de ser depositada. a condição expressa de ficar o Art. 355. Se o devedor não fi-
mutuante sub-rogado nos direi- zer a indicação do art. 352, e a
Art. 342. Se a escolha da coisa tos do credor satisfeito. quitação for omissa quanto à im-
indeterminada competir ao cre- putação, esta se fará nas dívidas
dor, será ele citado para esse fim, Art. 348. Na hipótese do inciso líquidas e vencidas em primeiro
sob cominação de perder o direito I do artigo antecedente, vigora- lugar. Se as dívidas forem todas
e de ser depositada a coisa que rá o disposto quanto à cessão líquidas e vencidas ao mesmo
o devedor escolher; feita a esco- do crédito. tempo, a imputação far-se-á na
lha pelo devedor, proceder-se-á mais onerosa.
como no artigo antecedente. Art. 349. A sub-rogação trans-
fere ao novo credor todos os direi-
Art. 343. As despesas com o tos, ações, privilégios e garantias CAPÍTULO V – DA DAÇÃO
depósito, quando julgado proce- do primitivo, em relação à dívida, EM PAGAMENTO
dente, correrão à conta do credor, contra o devedor principal e os
e, no caso contrário, à conta do fiadores. Art. 356. O credor pode consen-
devedor. tir em receber prestação diversa
Art. 350. Na sub-rogação legal da que lhe é devida.
Art. 344. O devedor de obriga- o sub-rogado não poderá exercer
ção litigiosa exonerar-se-á me- os direitos e as ações do credor, Art. 357. Determinado o preço
diante consignação, mas, se pa- senão até à soma que tiver de- da coisa dada em pagamento, as
gar a qualquer dos pretendidos sembolsado para desobrigar o relações entre as partes regular-
credores, tendo conhecimento devedor. -se-ão pelas normas do contrato
do litígio, assumirá o risco do de compra e venda.
pagamento. Art. 351. O credor originário, só
em parte reembolsado, terá pre- Art. 358. Se for título de cré-
Art. 345. Se a dívida se vencer, ferência ao sub-rogado, na co- dito a coisa dada em pagamen-
pendendo litígio entre credores brança da dívida restante, se os to, a transferência importará em
que se pretendem mutuamente bens do devedor não chegarem cessão.
excluir, poderá qualquer deles para saldar inteiramente o que a
requerer a consignação. um e outro dever. Art. 359. Se o credor for evicto
da coisa recebida em pagamento,
restabelecer-se-á a obrigação
CAPÍTULO III – DO CAPÍTULO IV – DA primitiva, ficando sem efeito a
PAGAMENTO COM IMPUTAÇÃO DO quitação dada, ressalvados os
SUB-ROGAÇÃO PAGAMENTO direitos de terceiros.

Art. 346. A sub-rogação ope- Art. 352. A pessoa obrigada por


ra-se, de pleno direito, em favor: dois ou mais débitos da mesma CAPÍTULO VI – DA
I – do credor que paga a dívida natureza, a um só credor, tem o NOVAÇÃO
do devedor comum; direito de indicar a qual deles ofe-
II – do adquirente do imóvel rece pagamento, se todos forem Art. 360. Dá-se a novação:
hipotecado, que paga a credor líquidos e vencidos. I – quando o devedor contrai
hipotecário, bem como do ter- com o credor nova dívida para
ceiro que efetiva o pagamento Art. 353. Não tendo o devedor extinguir e substituir a anterior;
para não ser privado de direito declarado em qual das dívidas lí- II – quando novo devedor su-
sobre imóvel; quidas e vencidas quer imputar o cede ao antigo, ficando este quite

151
Código Civil
com o credor; onde se compensarem. sem dedução das despesas ne-
III – quando, em virtude de cessárias à operação.
obrigação nova, outro credor é Art. 369. A compensação efetu-
substituído ao antigo, ficando o a-se entre dívidas líquidas, venci- Art. 379. Sendo a mesma pes-
devedor quite com este. das e de coisas fungíveis. soa obrigada por várias dívidas
compensáveis, serão observadas,
Art. 361. Não havendo ânimo Art. 370. Embora sejam do mes- no compensá-las, as regras es-
de novar, expresso ou tácito mas mo gênero as coisas fungíveis, tabelecidas quanto à imputação
inequívoco, a segunda obriga- objeto das duas prestações, não do pagamento.
ção confirma simplesmente a se compensarão, verificando-se
primeira. que diferem na qualidade, quando Art. 380. Não se admite a com-
especificada no contrato. pensação em prejuízo de direito
Art. 362. A novação por substi- de terceiro. O devedor que se tor-
tuição do devedor pode ser efetu- Art. 371. O devedor somente ne credor do seu credor, depois
ada independentemente de con- pode compensar com o credor de penhorado o crédito deste,
sentimento deste. o que este lhe dever; mas o fiador não pode opor ao exequente a
pode compensar sua dívida com compensação, de que contra o
Art. 363. Se o novo devedor for a de seu credor ao afiançado. próprio credor disporia.
insolvente, não tem o credor, que
o aceitou, ação regressiva contra Art. 372. Os prazos de favor,
o primeiro, salvo se este obteve embora consagrados pelo uso ge- CAPÍTULO VIII – DA
por má-fé a substituição. ral, não obstam a compensação. CONFUSÃO
Art. 364. A novação extingue os Art. 373. A diferença de causa Art. 381. Extingue-se a obriga-
acessórios e garantias da dívida, nas dívidas não impede a com- ção, desde que na mesma pessoa
sempre que não houver estipula- pensação, exceto: se confundam as qualidades de
ção em contrário. Não aproveita- I – se provier de esbulho, furto credor e devedor.
rá, contudo, ao credor ressalvar o ou roubo;
penhor, a hipoteca ou a anticrese, II – se uma se originar de co- Art. 382. A confusão pode verifi-
se os bens dados em garantia modato, depósito ou alimentos; car-se a respeito de toda a dívida,
pertencerem a terceiro que não III – se uma for de coisa não ou só de parte dela.
foi parte na novação. suscetível de penhora.
Art. 383. A confusão operada
Art. 365. Operada a novação Art. 374. (Revogado) na pessoa do credor ou devedor
entre o credor e um dos devedo- solidário só extingue a obrigação
res solidários, somente sobre os Art. 375. Não haverá compensa- até a concorrência da respecti-
bens do que contrair a nova obri- ção quando as partes, por mútuo va parte no crédito, ou na dívida,
gação subsistem as preferências acordo, a excluírem, ou no caso subsistindo quanto ao mais a so-
e garantias do crédito novado. Os de renúncia prévia de uma delas. lidariedade.
outros devedores solidários ficam
por esse fato exonerados. Art. 376. Obrigando-se por ter- Art. 384. Cessando a confusão,
ceiro uma pessoa, não pode com- para logo se restabelece, com
Art. 366. Importa exoneração pensar essa dívida com a que o todos os seus acessórios, a obri-
do fiador a novação feita sem credor dele lhe dever. gação anterior.
seu consenso com o devedor
principal. Art. 377. O devedor que, notifi-
cado, nada opõe à cessão que o CAPÍTULO IX – DA
Art. 367. Salvo as obrigações credor faz a terceiros dos seus REMISSÃO DAS DÍVIDAS
simplesmente anuláveis, não po- direitos, não pode opor ao cessio-
dem ser objeto de novação obri- nário a compensação, que antes Art. 385. A remissão da dívida,
gações nulas ou extintas. da cessão teria podido opor ao aceita pelo devedor, extingue a
cedente. Se, porém, a cessão lhe obrigação, mas sem prejuízo de
não tiver sido notificada, poderá terceiro.
CAPÍTULO VII – DA opor ao cessionário compensação
COMPENSAÇÃO do crédito que antes tinha contra Art. 386. A devolução voluntá-
o cedente. ria do título da obrigação, quan-
Art. 368. Se duas pessoas fo- do por escrito particular, prova
rem ao mesmo tempo credor e Art. 378. Quando as duas dívi- desoneração do devedor e seus
devedor uma da outra, as duas das não são pagáveis no mesmo coobrigados, se o credor for ca-
obrigações extinguem-se, até lugar, não se podem compensar paz de alienar, e o devedor capaz

152
Código Civil
de adquirir. CAPÍTULO II – DA MORA lecido para o pagamento e o da
sua efetivação.
Art. 387. A restituição voluntária Art. 394. Considera-se em mora
do objeto empenhado prova a re- o devedor que não efetuar o pa- Art. 401. Purga-se a mora:
núncia do credor à garantia real, gamento e o credor que não qui- I – por parte do devedor, ofe-
não a extinção da dívida. ser recebê-lo no tempo, lugar e recendo este a prestação mais a
forma que a lei ou a convenção importância dos prejuízos decor-
Art. 388. A remissão concedida estabelecer. rentes do dia da oferta;
a um dos codevedores extingue a II – por parte do credor, ofere-
dívida na parte a ele correspon- Art. 395. Responde o devedor cendo-se este a receber o paga-
dente; de modo que, ainda reser- pelos prejuízos a que sua mora mento e sujeitando-se aos efeitos
vando o credor a solidariedade der causa, mais juros, atualização da mora até a mesma data.
contra os outros, já lhes não pode dos valores monetários segun-
cobrar o débito sem dedução da do índices oficiais regularmente
parte remitida. estabelecidos, e honorários de CAPÍTULO III – DAS
advogado. PERDAS E DANOS
Parágrafo único. Se a pres-
TÍTULO IV – DO tação, devido à mora, se tornar Art. 402. Salvo as exceções ex-
INADIMPLEMENTO DAS inútil ao credor, este poderá en- pressamente previstas em lei,
OBRIGAÇÕES jeitá-la, e exigir a satisfação das as perdas e danos devidas ao
perdas e danos. credor abrangem, além do que
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES ele efetivamente perdeu, o que
GERAIS Art. 396. Não havendo fato ou razoavelmente deixou de lucrar.
omissão imputável ao devedor,
Art. 389. Não cumprida a obri- não incorre este em mora. Art. 403. Ainda que a inexecu-
gação, responde o devedor por ção resulte de dolo do devedor,
perdas e danos, mais juros e Art. 397. O inadimplemento da as perdas e danos só incluem
atualização monetária segun- obrigação, positiva e líquida, no os prejuízos efetivos e os lucros
do índices oficiais regularmente seu termo, constitui de pleno di- cessantes por efeito dela direto
estabelecidos, e honorários de reito em mora o devedor. e imediato, sem prejuízo do dis-
advogado. Parágrafo único. Não haven- posto na lei processual.
do termo, a mora se constitui
Art. 390. Nas obrigações ne- mediante interpelação judicial Art. 404. As perdas e danos,
gativas o devedor é havido por ou extrajudicial. nas obrigações de pagamento em
inadimplente desde o dia em que dinheiro, serão pagas com atuali-
executou o ato de que se devia Art. 398. Nas obrigações prove- zação monetária segundo índices
abster. nientes de ato ilícito, considera-se oficiais regularmente estabele-
o devedor em mora, desde que o cidos, abrangendo juros, custas
Art. 391. Pelo inadimplemento praticou. e honorários de advogado, sem
das obrigações respondem todos prejuízo da pena convencional.
os bens do devedor. Art. 399. O devedor em mora Parágrafo único. Provado que
responde pela impossibilidade da os juros da mora não cobrem o
Art. 392. Nos contratos benéfi- prestação, embora essa impossi- prejuízo, e não havendo pena con-
cos, responde por simples culpa bilidade resulte de caso fortuito vencional, pode o juiz conceder ao
o contratante, a quem o contra- ou de força maior, se estes ocor- credor indenização suplementar.
to aproveite, e por dolo aquele rerem durante o atraso; salvo se
a quem não favoreça. Nos con- provar isenção de culpa, ou que Art. 405. Contam-se os juros
tratos onerosos, responde cada o dano sobreviria ainda quando a de mora desde a citação inicial.
uma das partes por culpa, salvo obrigação fosse oportunamente
as exceções previstas em lei. desempenhada.
CAPÍTULO IV – DOS JUROS
Art. 393. O devedor não respon- Art. 400. A mora do credor sub- LEGAIS
de pelos prejuízos resultantes de trai o devedor isento de dolo à
caso fortuito ou força maior, se responsabilidade pela conser- Art. 406. Quando os juros mora-
expressamente não se houver por vação da coisa, obriga o credor a tórios não forem convencionados,
eles responsabilizado. ressarcir as despesas emprega- ou o forem sem taxa estipula-
Parágrafo único. O caso for- das em conservá-la, e sujeita-o da, ou quando provierem de de-
tuito ou de força maior verifica-se a recebê-la pela estimação mais terminação da lei, serão fixados
no fato necessário, cujos efeitos favorável ao devedor, se o seu segundo a taxa que estiver em
não era possível evitar ou impedir. valor oscilar entre o dia estabe- vigor para a mora do pagamento

153
Código Civil
de impostos devidos à Fazenda Art. 414. Sendo indivisível a obri- as arras como taxa mínima. Pode,
Nacional. gação, todos os devedores, cain- também, a parte inocente exigir
do em falta um deles, incorrerão a execução do contrato, com as
Art. 407. Ainda que se não ale- na pena; mas esta só se poderá perdas e danos, valendo as arras
gue prejuízo, é obrigado o devedor demandar integralmente do cul- como o mínimo da indenização.
aos juros da mora que se conta- pado, respondendo cada um dos
rão assim às dívidas em dinhei- outros somente pela sua quota. Art. 420. Se no contrato for es-
ro, como às prestações de outra Parágrafo único. Aos não tipulado o direito de arrependi-
natureza, uma vez que lhes esteja culpados fica reservada a ação mento para qualquer das partes,
fixado o valor pecuniário por sen- regressiva contra aquele que deu as arras ou sinal terão função
tença judicial, arbitramento, ou causa à aplicação da pena. unicamente indenizatória. Neste
acordo entre as partes. caso, quem as deu perdê-las-á em
Art. 415. Quando a obrigação benefício da outra parte; e quem
for divisível, só incorre na pena o as recebeu devolvê-las-á, mais o
CAPÍTULO V – DA devedor ou o herdeiro do devedor equivalente. Em ambos os casos
CLÁUSULA PENAL que a infringir, e proporcional- não haverá direito a indenização
mente à sua parte na obrigação. suplementar.
Art. 408. Incorre de pleno direi-
to o devedor na cláusula penal, Art. 416. Para exigir a pena con-
desde que, culposamente, deixe vencional, não é necessário que TÍTULO V – DOS
de cumprir a obrigação ou se o credor alegue prejuízo. CONTRATOS EM GERAL
constitua em mora. Parágrafo único. Ainda que
o prejuízo exceda ao previsto na CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
Art. 409. A cláusula penal es- cláusula penal, não pode o credor GERAIS
tipulada conjuntamente com a exigir indenização suplementar Seção I – Preliminares
obrigação, ou em ato posterior, se assim não foi convencionado.
pode referir-se à inexecução Se o tiver sido, a pena vale como
completa da obrigação, à de al- mínimo da indenização, compe- Art. 421. A liberdade contratual
guma cláusula especial ou sim- tindo ao credor provar o prejuízo será exercida nos limites da fun-
plesmente à mora. excedente. ção social do contrato.
Parágrafo único. Nas rela-
Art. 410. Quando se estipular ções contratuais privadas, preva-
a cláusula penal para o caso de CAPÍTULO VI – DAS ARRAS lecerão o princípio da intervenção
total inadimplemento da obri- OU SINAL mínima e a excepcionalidade da
gação, esta converter-se-á em revisão contratual.
alternativa a benefício do credor. Art. 417. Se, por ocasião da con-
clusão do contrato, uma parte der Art. 421-A. Os contratos civis e
Art. 411. Quando se estipular a à outra, a título de arras, dinheiro empresariais presumem-se pari-
cláusula penal para o caso de ou outro bem móvel, deverão as tários e simétricos até a presen-
mora, ou em segurança especial arras, em caso de execução, ser ça de elementos concretos que
de outra cláusula determinada, restituídas ou computadas na justifiquem o afastamento dessa
terá o credor o arbítrio de exigir prestação devida, se do mesmo presunção, ressalvados os regi-
a satisfação da pena cominada, gênero da principal. mes jurídicos previstos em leis
juntamente com o desempenho especiais, garantido também que:
da obrigação principal. Art. 418. Se a parte que deu as I – as partes negociantes po-
arras não executar o contrato, derão estabelecer parâmetros
Art. 412. O valor da cominação poderá a outra tê-lo por desfeito, objetivos para a interpretação
imposta na cláusula penal não retendo-as; se a inexecução for das cláusulas negociais e de seus
pode exceder o da obrigação de quem recebeu as arras, pode- pressupostos de revisão ou de
principal. rá quem as deu haver o contrato resolução;
por desfeito, e exigir sua devo- II – a alocação de riscos de-
Art. 413. A penalidade deve ser lução mais o equivalente, com finida pelas partes deve ser res-
reduzida equitativamente pelo atualização monetária segundo peitada e observada; e
juiz se a obrigação principal tiver índices oficiais regularmente es- III – a revisão contratual so-
sido cumprida em parte, ou se o tabelecidos, juros e honorários mente ocorrerá de maneira ex-
montante da penalidade for ma- de advogado. cepcional e limitada.
nifestamente excessivo, tendo-se
em vista a natureza e a finalidade Art. 419. A parte inocente pode Art. 422. Os contratantes são
do negócio. pedir indenização suplementar, obrigados a guardar, assim na
se provar maior prejuízo, valendo conclusão do contrato, como em

154
Código Civil
sua execução, os princípios de dos usos. trato, se a ele anuir, e o estipu-
probidade e boa-fé. Parágrafo único. Pode revo- lante não o inovar nos termos
gar-se a oferta pela mesma via de do art. 438.
Art. 423. Quando houver no con- sua divulgação, desde que res-
trato de adesão cláusulas ambí- salvada esta faculdade na oferta Art. 437. Se ao terceiro, em fa-
guas ou contraditórias, dever-se- realizada. vor de quem se fez o contrato, se
-á adotar a interpretação mais deixar o direito de reclamar-lhe a
favorável ao aderente. Art. 430. Se a aceitação, por execução, não poderá o estipu-
circunstância imprevista, che- lante exonerar o devedor.
Art. 424. Nos contratos de ade- gar tarde ao conhecimento do
são, são nulas as cláusulas que proponente, este comunicá-lo-á Art. 438. O estipulante pode re-
estipulem a renúncia antecipada imediatamente ao aceitante, sob servar-se o direito de substituir o
do aderente a direito resultante pena de responder por perdas terceiro designado no contrato,
da natureza do negócio. e danos. independentemente da sua anu-
ência e da do outro contratante.
Art. 425. É lícito às partes esti- Art. 431. A aceitação fora do Parágrafo único. A substitui-
pular contratos atípicos, obser- prazo, com adições, restrições, ção pode ser feita por ato entre
vadas as normas gerais fixadas ou modificações, importará nova vivos ou por disposição de última
neste Código. proposta. vontade.

Art. 426. Não pode ser objeto Art. 432. Se o negócio for da-
de contrato a herança de pes- queles em que não seja costume
Seção IV – Da Promessa de
soa viva. a aceitação expressa, ou o pro- Fato de Terceiro
ponente a tiver dispensado, re-
putar-se-á concluído o contrato, Art. 439. Aquele que tiver pro-
Seção II – Da Formação dos não chegando a tempo a recusa. metido fato de terceiro respon-
Contratos derá por perdas e danos, quando
Art. 433. Considera-se inexis- este o não executar.
Art. 427. A proposta de contrato tente a aceitação, se antes dela Parágrafo único. Tal respon-
obriga o proponente, se o contrá- ou com ela chegar ao proponente sabilidade não existirá se o ter-
rio não resultar dos termos dela, a retratação do aceitante. ceiro for o cônjuge do promitente,
da natureza do negócio, ou das dependendo da sua anuência o
circunstâncias do caso. Art. 434. Os contratos entre ato a ser praticado, e desde que,
ausentes tornam-se perfeitos pelo regime do casamento, a in-
Art. 428. Deixa de ser obriga- desde que a aceitação é expe- denização, de algum modo, venha
tória a proposta: dida, exceto: a recair sobre os seus bens.
I – se, feita sem prazo a pes- I – no caso do artigo ante-
soa presente, não foi imediata- cedente; Art. 440. Nenhuma obrigação
mente aceita. Considera-se tam- II – se o proponente se hou- haverá para quem se comprome-
bém presente a pessoa que con- ver comprometido a esperar res- ter por outrem, se este, depois de
trata por telefone ou por meio de posta; se ter obrigado, faltar à prestação.
comunicação semelhante; III – se ela não chegar no pra-
II – se, feita sem prazo a zo convencionado.
pessoa ausente, tiver decorrido
Seção V – Dos Vícios
tempo suficiente para chegar a Art. 435. Reputar-se-á celebra- Redibitórios
resposta ao conhecimento do do o contrato no lugar em que foi
proponente; proposto. Art. 441. A coisa recebida em
III – se, feita a pessoa ausente, virtude de contrato comutativo
não tiver sido expedida a resposta pode ser enjeitada por vícios ou
dentro do prazo dado;
Seção III – Da Estipulação em defeitos ocultos, que a tornem
IV – se, antes dela, ou simul- Favor de Terceiro imprópria ao uso a que é desti-
taneamente, chegar ao conheci- nada, ou lhe diminuam o valor.
mento da outra parte a retratação Art. 436. O que estipula em fa- Parágrafo único. É aplicável
do proponente. vor de terceiro pode exigir o cum- a disposição deste artigo às doa-
primento da obrigação. ções onerosas.
Art. 429. A oferta ao público Parágrafo único. Ao terceiro,
equivale a proposta quando en- em favor de quem se estipulou a Art. 442. Em vez de rejeitar
cerra os requisitos essenciais obrigação, também é permitido a coisa, redibindo o contrato
ao contrato, salvo se o contrário exigi-la, ficando, todavia, sujeito (art. 441), pode o adquirente re-
resultar das circunstâncias ou às condições e normas do con- clamar abatimento no preço.

155
Código Civil
Art. 443. Se o alienante conhe- Art. 449. Não obstante a cláu- Art. 456. (Revogado)
cia o vício ou defeito da coisa, res- sula que exclui a garantia contra
tituirá o que recebeu com perdas a evicção, se esta se der, tem di- Art. 457. Não pode o adquirente
e danos; se o não conhecia, tão reito o evicto a receber o preço demandar pela evicção, se sabia
somente restituirá o valor recebi- que pagou pela coisa evicta, se que a coisa era alheia ou litigiosa.
do, mais as despesas do contrato. não soube do risco da evicção, ou,
dele informado, não o assumiu.
Art. 444. A responsabilidade
Seção VII – Dos Contratos
do alienante subsiste ainda que a Art. 450. Salvo estipulação em Aleatórios
coisa pereça em poder do aliena- contrário, tem direito o evicto,
tário, se perecer por vício oculto, além da restituição integral do Art. 458. Se o contrato for ale-
já existente ao tempo da tradição. preço ou das quantias que pagou: atório, por dizer respeito a coisas
I – à indenização dos frutos ou fatos futuros, cujo risco de não
Art. 445. O adquirente decai do que tiver sido obrigado a restituir; virem a existir um dos contratan-
direito de obter a redibição ou II – à indenização pelas des- tes assuma, terá o outro direito
abatimento no preço no prazo de pesas dos contratos e pelos preju- de receber integralmente o que
trinta dias se a coisa for móvel, e ízos que diretamente resultarem lhe foi prometido, desde que de
de um ano se for imóvel, contado da evicção; sua parte não tenha havido dolo
da entrega efetiva; se já estava III – às custas judiciais e aos ou culpa, ainda que nada do aven-
na posse, o prazo conta-se da honorários do advogado por ele çado venha a existir.
alienação, reduzido à metade. constituído.
§ 1o Quando o vício, por sua Parágrafo único. O preço, Art. 459. Se for aleatório, por
natureza, só puder ser conhecido seja a evicção total ou parcial, serem objeto dele coisas futuras,
mais tarde, o prazo contar-se-á será o do valor da coisa, na época tomando o adquirente a si o risco
do momento em que dele tiver em que se evenceu, e proporcio- de virem a existir em qualquer
ciência, até o prazo máximo de nal ao desfalque sofrido, no caso quantidade, terá também direito
cento e oitenta dias, em se tra- de evicção parcial. o alienante a todo o preço, desde
tando de bens móveis; e de um que de sua parte não tiver con-
ano, para os imóveis. Art. 451. Subsiste para o alie- corrido culpa, ainda que a coisa
§ 2o Tratando-se de venda nante esta obrigação, ainda que venha a existir em quantidade
de animais, os prazos de garantia a coisa alienada esteja deterio- inferior à esperada.
por vícios ocultos serão os es- rada, exceto havendo dolo do Parágrafo único. Mas, se da
tabelecidos em lei especial, ou, adquirente. coisa nada vier a existir, alienação
na falta desta, pelos usos locais, não haverá, e o alienante restitui-
aplicando-se o disposto no pará- Art. 452. Se o adquirente tiver rá o preço recebido.
grafo antecedente se não houver auferido vantagens das deteriora-
regras disciplinando a matéria. ções, e não tiver sido condenado Art. 460. Se for aleatório o
a indenizá-las, o valor das vanta- contrato, por se referir a coisas
Art. 446. Não correrão os pra- gens será deduzido da quantia existentes, mas expostas a risco,
zos do artigo antecedente na que lhe houver de dar o alienante. assumido pelo adquirente, terá
constância de cláusula de ga- igualmente direito o alienante a
rantia; mas o adquirente deve Art. 453. As benfeitorias neces- todo o preço, posto que a coisa
denunciar o defeito ao alienante sárias ou úteis, não abonadas ao já não existisse, em parte, ou de
nos trinta dias seguintes ao seu que sofreu a evicção, serão pagas todo, no dia do contrato.
descobrimento, sob pena de de- pelo alienante.
cadência. Art. 461. A alienação aleatória
Art. 454. Se as benfeitorias abo- a que se refere o artigo antece-
nadas ao que sofreu a evicção ti- dente poderá ser anulada como
Seção VI – Da Evicção verem sido feitas pelo alienante, o dolosa pelo prejudicado, se pro-
valor delas será levado em conta var que o outro contratante não
Art. 447. Nos contratos onero- na restituição devida. ignorava a consumação do risco,
sos, o alienante responde pela a que no contrato se considerava
evicção. Subsiste esta garantia Art. 455. Se parcial, mas con- exposta a coisa.
ainda que a aquisição se tenha siderável, for a evicção, poderá
realizado em hasta pública. o evicto optar entre a rescisão
do contrato e a restituição da
Seção VIII – Do Contrato
Art. 448. Podem as partes, por parte do preço correspondente Preliminar
cláusula expressa, reforçar, dimi- ao desfalque sofrido. Se não for
nuir ou excluir a responsabilidade considerável, caberá somente Art. 462. O contrato preliminar,
pela evicção. direito a indenização. exceto quanto à forma, deve con-

156
Código Civil
ter todos os requisitos essenciais Art. 469. A pessoa, nomeada inadimplemento pode pedir a re-
ao contrato a ser celebrado. de conformidade com os arti- solução do contrato, se não pre-
gos antecedentes, adquire os ferir exigir-lhe o cumprimento,
Art. 463. Concluído o contrato direitos e assume as obrigações cabendo, em qualquer dos casos,
preliminar, com observância do decorrentes do contrato, a par- indenização por perdas e danos.
disposto no artigo antecedente, e tir do momento em que este foi
desde que dele não conste cláu- celebrado.
sula de arrependimento, qual-
Seção III – Da Exceção de
quer das partes terá o direito de Art. 470. O contrato será eficaz Contrato Não Cumprido
exigir a celebração do definitivo, somente entre os contratantes
assinando prazo à outra para que originários: Art. 476. Nos contratos bilate-
o efetive. I – se não houver indicação rais, nenhum dos contratantes,
Parágrafo único. O contrato de pessoa, ou se o nomeado se antes de cumprida a sua obriga-
preliminar deverá ser levado ao recusar a aceitá-la; ção, pode exigir o implemento
registro competente. II – se a pessoa nomeada era da do outro.
insolvente, e a outra pessoa o
Art. 464. Esgotado o prazo, po- desconhecia no momento da in- Art. 477. Se, depois de conclu-
derá o juiz, a pedido do interes- dicação. ído o contrato, sobrevier a uma
sado, suprir a vontade da parte das partes contratantes diminui-
inadimplente, conferindo caráter Art. 471. Se a pessoa a nomear ção em seu patrimônio capaz de
definitivo ao contrato preliminar, era incapaz ou insolvente no mo- comprometer ou tornar duvidosa
salvo se a isto se opuser a natu- mento da nomeação, o contrato a prestação pela qual se obrigou,
reza da obrigação. produzirá seus efeitos entre os pode a outra recusar-se à pres-
contratantes originários. tação que lhe incumbe, até que
Art. 465. Se o estipulante não aquela satisfaça a que lhe com-
der execução ao contrato preli- pete ou dê garantia bastante de
minar, poderá a outra parte con- CAPÍTULO II – DA satisfazê-la.
siderá-lo desfeito, e pedir perdas EXTINÇÃO DO CONTRATO
e danos.
Seção I – Do Distrato Seção IV – Da Resolução por
Art. 466. Se a promessa de con- Onerosidade Excessiva
trato for unilateral, o credor, sob Art. 472. O distrato faz-se pela
pena de ficar a mesma sem efeito, mesma forma exigida para o con- Art. 478. Nos contratos de exe-
deverá manifestar-se no prazo trato. cução continuada ou diferida, se
nela previsto, ou, inexistindo este, a prestação de uma das partes se
no que lhe for razoavelmente as- Art. 473. A resilição unilateral, tornar excessivamente onerosa,
sinado pelo devedor. nos casos em que a lei expressa com extrema vantagem para a
ou implicitamente o permita, ope- outra, em virtude de aconteci-
ra mediante denúncia notificada mentos extraordinários e impre-
Seção IX – Do Contrato com à outra parte. visíveis, poderá o devedor pedir a
Pessoa a Declarar Parágrafo único. Se, porém, resolução do contrato. Os efeitos
dada a natureza do contrato, uma da sentença que a decretar retro-
Art. 467. No momento da con- das partes houver feito inves- agirão à data da citação.
clusão do contrato, pode uma das timentos consideráveis para a
partes reservar-se a faculdade de sua execução, a denúncia unila- Art. 479. A resolução poderá
indicar a pessoa que deve adquirir teral só produzirá efeito depois ser evitada, oferecendo-se o réu
os direitos e assumir as obriga- de transcorrido prazo compatí- a modificar equitativamente as
ções dele decorrentes. vel com a natureza e o vulto dos condições do contrato.
investimentos.
Art. 468. Essa indicação deve Art. 480. Se no contrato as obri-
ser comunicada à outra parte no gações couberem a apenas uma
prazo de cinco dias da conclusão
Seção II – Da Cláusula das partes, poderá ela pleitear
do contrato, se outro não tiver Resolutiva que a sua prestação seja reduzida,
sido estipulado. ou alterado o modo de executá-
Parágrafo único. A aceitação Art. 474. A cláusula resolutiva -la, a fim de evitar a onerosidade
da pessoa nomeada não será efi- expressa opera de pleno direito; excessiva.
caz se não se revestir da mesma a tácita depende de interpelação
forma que as partes usaram para judicial.
o contrato.
Art. 475. A parte lesada pelo

157
Código Civil
TÍTULO VI – DAS VÁRIAS da sem fixação de preço ou de Art. 495. Não obstante o prazo
ESPÉCIES DE CONTRATO critérios para a sua determinação, ajustado para o pagamento, se
se não houver tabelamento ofi- antes da tradição o comprador
CAPÍTULO I – DA COMPRA cial, entende-se que as partes se cair em insolvência, poderá o
E VENDA sujeitaram ao preço corrente nas vendedor sobrestar na entrega
vendas habituais do vendedor. da coisa, até que o comprador
Seção I – Disposições Gerais Parágrafo único. Na falta de lhe dê caução de pagar no tem-
acordo, por ter havido diversida- po ajustado.
Art. 481. Pelo contrato de com- de de preço, prevalecerá o termo
pra e venda, um dos contratantes médio. Art. 496. É anulável a venda de
se obriga a transferir o domínio de ascendente a descendente, sal-
certa coisa, e o outro, a pagar-lhe Art. 489. Nulo é o contrato de vo se os outros descendentes e
certo preço em dinheiro. compra e venda, quando se deixa o cônjuge do alienante expres-
ao arbítrio exclusivo de uma das samente houverem consentido.
Art. 482. A compra e venda, partes a fixação do preço. Parágrafo único. Em ambos
quando pura, considerar-se-á os casos, dispensa-se o consen-
obrigatória e perfeita, desde que Art. 490. Salvo cláusula em con- timento do cônjuge se o regime
as partes acordarem no objeto e trário, ficarão as despesas de de bens for o da separação obri-
no preço. escritura e registro a cargo do gatória.
comprador, e a cargo do vende-
Art. 483. A compra e venda pode dor as da tradição. Art. 497. Sob pena de nulidade,
ter por objeto coisa atual ou futu- não podem ser comprados, ainda
ra. Neste caso, ficará sem efeito o Art. 491. Não sendo a venda a que em hasta pública:
contrato se esta não vier a existir, crédito, o vendedor não é obri- I – pelos tutores, curadores,
salvo se a intenção das partes era gado a entregar a coisa antes de testamenteiros e administrado-
de concluir contrato aleatório. receber o preço. res, os bens confiados à sua guar-
da ou administração;
Art. 484. Se a venda se realizar Art. 492. Até o momento da tra- II – pelos servidores públicos,
à vista de amostras, protótipos dição, os riscos da coisa correm em geral, os bens ou direitos da
ou modelos, entender-se-á que por conta do vendedor, e os do pessoa jurídica a que servirem, ou
o vendedor assegura ter a coisa preço por conta do comprador. que estejam sob sua administra-
as qualidades que a elas corres- § 1o Todavia, os casos fortui- ção direta ou indireta;
pondem. tos, ocorrentes no ato de contar, III – pelos juízes, secretários
Parágrafo único. Prevalece a marcar ou assinalar coisas, que de tribunais, arbitradores, peritos
amostra, o protótipo ou o modelo, comumente se recebem, contan- e outros serventuários ou auxilia-
se houver contradição ou dife- do, pesando, medindo ou assina- res da justiça, os bens ou direitos
rença com a maneira pela qual lando, e que já tiverem sido pos- sobre que se litigar em tribunal,
se descreveu a coisa no contrato. tas à disposição do comprador, juízo ou conselho, no lugar onde
correrão por conta deste. servirem, ou a que se estender a
Art. 485. A fixação do preço § 2o Correrão também por sua autoridade;
pode ser deixada ao arbítrio de conta do comprador os riscos IV – pelos leiloeiros e seus
terceiro, que os contratantes logo das referidas coisas, se estiver prepostos, os bens de cuja venda
designarem ou prometerem de- em mora de as receber, quando estejam encarregados.
signar. Se o terceiro não aceitar postas à sua disposição no tem- Parágrafo único. As proibi-
a incumbência, ficará sem efeito po, lugar e pelo modo ajustados. ções deste artigo estendem-se
o contrato, salvo quando acor- à cessão de crédito.
darem os contratantes designar Art. 493. A tradição da coisa
outra pessoa. vendida, na falta de estipulação Art. 498. A proibição contida no
expressa, dar-se-á no lugar onde inciso III do artigo antecedente,
Art. 486. Também se poderá ela se encontrava, ao tempo da não compreende os casos de
deixar a fixação do preço à taxa venda. compra e venda ou cessão entre
de mercado ou de bolsa, em certo coerdeiros, ou em pagamento de
e determinado dia e lugar. Art. 494. Se a coisa for expedida dívida, ou para garantia de bens
para lugar diverso, por ordem do já pertencentes a pessoas desig-
Art. 487. É lícito às partes fixar comprador, por sua conta corre- nadas no referido inciso.
o preço em função de índices ou rão os riscos, uma vez entregue a
parâmetros, desde que suscetí- quem haja de transportá-la, salvo Art. 499. É lícita a compra e ven-
veis de objetiva determinação. se das instruções dele se afastar da entre cônjuges, com relação
o vendedor. a bens excluídos da comunhão.
Art. 488. Convencionada a ven-

158
Código Civil
Art. 500. Se, na venda de um Art. 504. Não pode um condô- intimar as outras para nele acor-
imóvel, se estipular o preço por mino em coisa indivisível vender darem, prevalecendo o pacto em
medida de extensão, ou se deter- a sua parte a estranhos, se outro favor de quem haja efetuado o de-
minar a respectiva área, e esta consorte a quiser, tanto por tanto. pósito, contanto que seja integral.
não corresponder, em qualquer O condômino, a quem não se der
dos casos, às dimensões dadas, conhecimento da venda, poderá,
o comprador terá o direito de depositando o preço, haver para
Subseção II – Da Venda a
exigir o complemento da área, si a parte vendida a estranhos, Contento e da Sujeita a
e, não sendo isso possível, o de se o requerer no prazo de cento Prova
reclamar a resolução do contra- e oitenta dias, sob pena de de-
to ou abatimento proporcional cadência. Art. 509. A venda feita a con-
ao preço. Parágrafo único. Sendo mui- tento do comprador entende-se
§ 1o Presume-se que a re- tos os condôminos, preferirá o realizada sob condição suspen-
ferência às dimensões foi sim- que tiver benfeitorias de maior siva, ainda que a coisa lhe tenha
plesmente enunciativa, quando valor e, na falta de benfeitorias, sido entregue; e não se reputará
a diferença encontrada não ex- o de quinhão maior. Se as partes perfeita, enquanto o adquirente
ceder de um vigésimo da área forem iguais, haverão a parte não manifestar seu agrado.
total enunciada, ressalvado ao vendida os comproprietários, que
comprador o direito de provar a quiserem, depositando previa- Art. 510. Também a venda sujei-
que, em tais circunstâncias, não mente o preço. ta a prova presume-se feita sob
teria realizado o negócio. a condição suspensiva de que a
§ 2o Se em vez de falta hou- coisa tenha as qualidades asse-
ver excesso, e o vendedor provar
Seção II – Das Cláusulas guradas pelo vendedor e seja idô-
que tinha motivos para ignorar a Especiais à Compra e Venda nea para o fim a que se destina.
medida exata da área vendida, ca- Subseção I – Da Retrovenda
berá ao comprador, à sua escolha, Art. 511. Em ambos os casos, as
completar o valor correspondente Art. 505. O vendedor de coisa obrigações do comprador, que
ao preço ou devolver o excesso. imóvel pode reservar-se o direi- recebeu, sob condição suspen-
§ 3o Não haverá complemen- to de recobrá-la no prazo máxi- siva, a coisa comprada, são as
to de área, nem devolução de mo de decadência de três anos, de mero comodatário, enquanto
excesso, se o imóvel for vendido restituindo o preço recebido e não manifeste aceitá-la.
como coisa certa e discrimina- reembolsando as despesas do
da, tendo sido apenas enuncia- comprador, inclusive as que, du- Art. 512. Não havendo prazo
tiva a referência às suas dimen- rante o período de resgate, se estipulado para a declaração do
sões, ainda que não conste, de efetuaram com a sua autorização comprador, o vendedor terá di-
modo expresso, ter sido a venda escrita, ou para a realização de reito de intimá-lo, judicial ou ex-
ad corpus. benfeitorias necessárias. trajudicialmente, para que o faça
em prazo improrrogável.
Art. 501. Decai do direito de Art. 506. Se o comprador se
propor as ações previstas no ar- recusar a receber as quantias
tigo antecedente o vendedor ou a que faz jus, o vendedor, para
Subseção III – Da Preempção
o comprador que não o fizer no exercer o direito de resgate, as ou Preferência
prazo de um ano, a contar do re- depositará judicialmente.
gistro do título. Parágrafo único. Verificada a Art. 513. A preempção, ou pre-
Parágrafo único. Se houver insuficiência do depósito judicial, ferência, impõe ao comprador a
atraso na imissão de posse no não será o vendedor restituído no obrigação de oferecer ao vende-
imóvel, atribuível ao alienante, domínio da coisa, até e enquan- dor a coisa que aquele vai vender,
a partir dela fluirá o prazo de to não for integralmente pago o ou dar em pagamento, para que
decadência. comprador. este use de seu direito de prela-
ção na compra, tanto por tanto.
Art. 502. O vendedor, salvo con- Art. 507. O direito de retrato, Parágrafo único. O prazo para
venção em contrário, responde que é cessível e transmissível a exercer o direito de preferência
por todos os débitos que gravem a herdeiros e legatários, poderá não poderá exceder a cento e oi-
coisa até o momento da tradição. ser exercido contra o terceiro tenta dias, se a coisa for móvel,
adquirente. ou a dois anos, se imóvel.
Art. 503. Nas coisas vendidas
conjuntamente, o defeito oculto Art. 508. Se a duas ou mais pes- Art. 514. O vendedor pode tam-
de uma não autoriza a rejeição soas couber o direito de retrato bém exercer o seu direito de pre-
de todas. sobre o mesmo imóvel, e só uma lação, intimando o comprador,
o exercer, poderá o comprador quando lhe constar que este vai

159
Código Civil
vender a coisa. escrito e depende de registro Subseção V – Da Venda sobre
no domicílio do comprador para Documentos
Art. 515. Aquele que exerce a valer contra terceiros.
preferência está, sob pena de a Art. 529. Na venda sobre do-
perder, obrigado a pagar, em con- Art. 523. Não pode ser objeto de cumentos, a tradição da coisa é
dições iguais, o preço encontrado, venda com reserva de domínio a substituída pela entrega do seu
ou o ajustado. coisa insuscetível de caracteri- título representativo e dos ou-
zação perfeita, para estremá-la tros documentos exigidos pelo
Art. 516. Inexistindo prazo es- de outras congêneres. Na dúvi- contrato ou, no silêncio deste,
tipulado, o direito de preempção da, decide-se a favor do terceiro pelos usos.
caducará, se a coisa for móvel, adquirente de boa-fé. Parágrafo único. Achando-
não se exercendo nos três dias, -se a documentação em ordem,
e, se for imóvel, não se exercendo Art. 524. A transferência de pro- não pode o comprador recusar o
nos sessenta dias subsequentes priedade ao comprador dá-se no pagamento, a pretexto de defei-
à data em que o comprador tiver momento em que o preço este- to de qualidade ou do estado da
notificado o vendedor. ja integralmente pago. Todavia, coisa vendida, salvo se o defeito
pelos riscos da coisa responde já houver sido comprovado.
Art. 517. Quando o direito de o comprador, a partir de quando
preempção for estipulado a fa- lhe foi entregue. Art. 530. Não havendo estipula-
vor de dois ou mais indivíduos ção em contrário, o pagamento
em comum, só pode ser exercido Art. 525. O vendedor somente deve ser efetuado na data e no
em relação à coisa no seu todo. poderá executar a cláusula de re- lugar da entrega dos documentos.
Se alguma das pessoas, a quem serva de domínio após constituir
ele toque, perder ou não exercer o comprador em mora, mediante Art. 531. Se entre os documen-
o seu direito, poderão as demais protesto do título ou interpelação tos entregues ao comprador figu-
utilizá-lo na forma sobredita. judicial. rar apólice de seguro que cubra
os riscos do transporte, correm
Art. 518. Responderá por perdas Art. 526. Verificada a mora do estes à conta do comprador, salvo
e danos o comprador, se alienar a comprador, poderá o vendedor se, ao ser concluído o contrato,
coisa sem ter dado ao vendedor mover contra ele a competente tivesse o vendedor ciência da
ciência do preço e das vantagens ação de cobrança das prestações perda ou avaria da coisa.
que por ela lhe oferecem. Respon- vencidas e vincendas e o mais que
derá solidariamente o adquirente, lhe for devido; ou poderá recu- Art. 532. Estipulado o pagamen-
se tiver procedido de má-fé. perar a posse da coisa vendida. to por intermédio de estabeleci-
mento bancário, caberá a este
Art. 519. Se a coisa expropriada Art. 527. Na segunda hipótese efetuá-lo contra a entrega dos
para fins de necessidade ou uti- do artigo antecedente, é faculta- documentos, sem obrigação de
lidade pública, ou por interesse do ao vendedor reter as presta- verificar a coisa vendida, pela
social, não tiver o destino para ções pagas até o necessário para qual não responde.
que se desapropriou, ou não for cobrir a depreciação da coisa, as Parágrafo único. Nesse caso,
utilizada em obras ou serviços despesas feitas e o mais que de somente após a recusa do esta-
públicos, caberá ao expropriado direito lhe for devido. O excedente belecimento bancário a efetuar
direito de preferência, pelo preço será devolvido ao comprador; e o o pagamento, poderá o vende-
atual da coisa. que faltar lhe será cobrado, tudo dor pretendê-lo, diretamente do
na forma da lei processual. comprador.
Art. 520. O direito de preferên-
cia não se pode ceder nem passa Art. 528. Se o vendedor receber
aos herdeiros. o pagamento à vista, ou, poste- CAPÍTULO II – DA TROCA
riormente, mediante financia- OU PERMUTA
mento de instituição do mercado
Subseção IV – Da Venda com de capitais, a esta caberá exercer Art. 533. Aplicam-se à troca as
Reserva de Domínio os direitos e ações decorrentes do disposições referentes à compra
contrato, a benefício de qualquer e venda, com as seguintes modi-
Art. 521. Na venda de coisa mó- outro. A operação financeira e a ficações:
vel, pode o vendedor reservar respectiva ciência do comprador I – salvo disposição em con-
para si a propriedade, até que o constarão do registro do contrato. trário, cada um dos contratantes
preço esteja integralmente pago. pagará por metade as despesas
com o instrumento da troca;
Art. 522. A cláusula de reserva II – é anulável a troca de valo-
de domínio será estipulada por res desiguais entre ascendentes e

160
Código Civil
descendentes, sem consentimen- ou ao encargo imposto. da liberalidade, poderia dispor
to dos outros descendentes e do em testamento.
cônjuge do alienante. Art. 541. A doação far-se-á por
escritura pública ou instrumento Art. 550. A doação do cônjuge
particular. adúltero ao seu cúmplice pode
CAPÍTULO III – DO Parágrafo único. A doação ser anulada pelo outro cônjuge, ou
CONTRATO ESTIMATÓRIO verbal será válida, se, versando por seus herdeiros necessários,
sobre bens móveis e de pequeno até dois anos depois de dissolvida
Art. 534. Pelo contrato estima- valor, se lhe seguir incontinenti a a sociedade conjugal.
tório, o consignante entrega bens tradição.
móveis ao consignatário, que fica Art. 551. Salvo declaração em
autorizado a vendê-los, pagando Art. 542. A doação feita ao nas- contrário, a doação em comum a
àquele o preço ajustado, salvo se cituro valerá, sendo aceita pelo mais de uma pessoa entende-se
preferir, no prazo estabelecido, seu representante legal. distribuída entre elas por igual.
restituir-lhe a coisa consignada. Parágrafo único. Se os dona-
Art. 543. Se o donatário for ab- tários, em tal caso, forem marido
Art. 535. O consignatário não se solutamente incapaz, dispensa- e mulher, subsistirá na totali-
exonera da obrigação de pagar o -se a aceitação, desde que se dade a doação para o cônjuge
preço, se a restituição da coisa, trate de doação pura. sobrevivo.
em sua integridade, se tornar
impossível, ainda que por fato a Art. 544. A doação de ascen- Art. 552. O doador não é obri-
ele não imputável. dentes a descendentes, ou de um gado a pagar juros moratórios,
cônjuge a outro, importa adian- nem é sujeito às consequências
Art. 536. A coisa consignada tamento do que lhes cabe por da evicção ou do vício redibitó-
não pode ser objeto de penhora herança. rio. Nas doações para casamento
ou sequestro pelos credores do com certa e determinada pessoa,
consignatário, enquanto não pago Art. 545. A doação em forma o doador ficará sujeito à evicção,
integralmente o preço. de subvenção periódica ao be- salvo convenção em contrário.
neficiado extingue-se morren-
Art. 537. O consignante não do o doador, salvo se este outra Art. 553. O donatário é obrigado
pode dispor da coisa antes de coisa dispuser, mas não poderá a cumprir os encargos da doação,
lhe ser restituída ou de lhe ser ultrapassar a vida do donatário. caso forem a benefício do doador,
comunicada a restituição. de terceiro, ou do interesse geral.
Art. 546. A doação feita em con- Parágrafo único. Se desta
templação de casamento futuro última espécie for o encargo, o
CAPÍTULO IV – DA DOAÇÃO com certa e determinada pes- Ministério Público poderá exigir
Seção I – Disposições Gerais soa, quer pelos nubentes entre sua execução, depois da morte
si, quer por terceiro a um deles, do doador, se este não tiver feito.
Art. 538. Considera-se doação a ambos, ou aos filhos que, de fu-
o contrato em que uma pessoa, turo, houverem um do outro, não Art. 554. A doação a entidade
por liberalidade, transfere do seu pode ser impugnada por falta de futura caducará se, em dois anos,
patrimônio bens ou vantagens aceitação, e só ficará sem efeito esta não estiver constituída re-
para o de outra. se o casamento não se realizar. gularmente.

Art. 539. O doador pode fixar Art. 547. O doador pode estipu-
prazo ao donatário, para declarar lar que os bens doados voltem ao
Seção II – Da Revogação da
se aceita ou não a liberalidade. seu patrimônio, se sobreviver ao Doação
Desde que o donatário, ciente donatário.
do prazo, não faça, dentro dele, Parágrafo único. Não pre- Art. 555. A doação pode ser re-
a declaração, entender-se-á que valece cláusula de reversão em vogada por ingratidão do donatá-
aceitou, se a doação não for su- favor de terceiro. rio, ou por inexecução do encargo.
jeita a encargo.
Art. 548. É nula a doação de Art. 556. Não se pode renunciar
Art. 540. A doação feita em todos os bens sem reserva de antecipadamente o direito de re-
contemplação do merecimento parte, ou renda suficiente para vogar a liberalidade por ingratidão
do donatário não perde o cará- a subsistência do doador. do donatário.
ter de liberalidade, como não o
perde a doação remuneratória, Art. 549. Nula é também a do- Art. 557. Podem ser revogadas
ou a gravada, no excedente ao ação quanto à parte que exceder por ingratidão as doações:
valor dos serviços remunerados à de que o doador, no momento I – se o donatário atentou

161
Código Civil
contra a vida do doador ou co- termo do seu valor. II – a pagar pontualmente o
meteu crime de homicídio doloso aluguel nos prazos ajustados,
contra ele; Art. 564. Não se revogam por e, em falta de ajuste, segundo o
II – se cometeu contra ele ingratidão: costume do lugar;
ofensa física; I – as doações puramente III – a levar ao conhecimento
III – se o injuriou gravemente remuneratórias; do locador as turbações de tercei-
ou o caluniou; II – as oneradas com encargo ros, que se pretendam fundadas
IV – se, podendo ministrá-los, já cumprido; em direito;
recusou ao doador os alimentos III – as que se fizerem em IV – a restituir a coisa, finda
de que este necessitava. cumprimento de obrigação na- a locação, no estado em que a
tural; recebeu, salvas as deteriorações
Art. 558. Pode ocorrer também IV – as feitas para determi- naturais ao uso regular.
a revogação quando o ofendido, nado casamento.
nos casos do artigo anterior, for Art. 570. Se o locatário empre-
o cônjuge, ascendente, descen- gar a coisa em uso diverso do
dente, ainda que adotivo, ou irmão CAPÍTULO V – DA LOCAÇÃO ajustado, ou do a que se destina,
do doador. DE COISAS ou se ela se danificar por abuso
do locatário, poderá o locador,
Art. 559. A revogação por qual- Art. 565. Na locação de coisas, além de rescindir o contrato, exi-
quer desses motivos deverá ser uma das partes se obriga a ceder gir perdas e danos.
pleiteada dentro de um ano, a à outra, por tempo determinado
contar de quando chegue ao co- ou não, o uso e gozo de coisa Art. 571. Havendo prazo estipu-
nhecimento do doador o fato que não fungível, mediante certa re- lado à duração do contrato, antes
a autorizar, e de ter sido o dona- tribuição. do vencimento não poderá o loca-
tário o seu autor. dor reaver a coisa alugada, senão
Art. 566. O locador é obrigado: ressarcindo ao locatário as perdas
Art. 560. O direito de revogar I – a entregar ao locatário e danos resultantes, nem o loca-
a doação não se transmite aos a coisa alugada, com suas per- tário devolvê-la ao locador, senão
herdeiros do doador, nem preju- tenças, em estado de servir ao pagando, proporcionalmente, a
dica os do donatário. Mas aque- uso a que se destina, e a mantê- multa prevista no contrato.
les podem prosseguir na ação -la nesse estado, pelo tempo do Parágrafo único. O locatário
iniciada pelo doador, continu- contrato, salvo cláusula expressa gozará do direito de retenção, en-
ando-a contra os herdeiros do em contrário; quanto não for ressarcido.
donatário, se este falecer depois II – a garantir-lhe, durante o
de ajuizada a lide. tempo do contrato, o uso pacífi- Art. 572. Se a obrigação de pa-
co da coisa. gar o aluguel pelo tempo que fal-
Art. 561. No caso de homicídio tar constituir indenização exces-
doloso do doador, a ação caberá Art. 567. Se, durante a locação, siva, será facultado ao juiz fixá-la
aos seus herdeiros, exceto se se deteriorar a coisa alugada, sem em bases razoáveis.
aquele houver perdoado. culpa do locatário, a este caberá
pedir redução proporcional do Art. 573. A locação por tem-
Art. 562. A doação onerosa pode aluguel, ou resolver o contrato, po determinado cessa de pleno
ser revogada por inexecução do caso já não sirva a coisa para o direito findo o prazo estipulado,
encargo, se o donatário incorrer fim a que se destinava. independentemente de notifica-
em mora. Não havendo prazo ção ou aviso.
para o cumprimento, o doador Art. 568. O locador resguardará
poderá notificar judicialmente o locatário dos embaraços e tur- Art. 574. Se, findo o prazo, o
o donatário, assinando-lhe pra- bações de terceiros, que tenham locatário continuar na posse da
zo razoável para que cumpra a ou pretendam ter direitos sobre coisa alugada, sem oposição do
obrigação assumida. a coisa alugada, e responderá locador, presumir-se-á prorroga-
pelos seus vícios, ou defeitos, da a locação pelo mesmo aluguel,
Art. 563. A revogação por in- anteriores à locação. mas sem prazo determinado.
gratidão não prejudica os direi-
tos adquiridos por terceiros, nem Art. 569. O locatário é obrigado: Art. 575. Se, notificado o locatá-
obriga o donatário a restituir os I – a servir-se da coisa aluga- rio, não restituir a coisa, pagará,
frutos percebidos antes da cita- da para os usos convencionados enquanto a tiver em seu poder, o
ção válida; mas sujeita-o a pagar ou presumidos, conforme a na- aluguel que o locador arbitrar, e
os posteriores, e, quando não pos- tureza dela e as circunstâncias, responderá pelo dano que ela ve-
sa restituir em espécie as coisas bem como tratá-la com o mesmo nha a sofrer, embora proveniente
doadas, a indenizá-la pelo meio cuidado como se sua fosse; de caso fortuito.

162
Código Civil
Parágrafo único. Se o aluguel mir-se-lhe-á o necessário para daquele sob cuja guarda esti-
arbitrado for manifestamente ex- o uso concedido; não podendo o ver, não pode ser reavido nem do
cessivo, poderá o juiz reduzi-lo, comodante, salvo necessidade mutuário, nem de seus fiadores.
mas tendo sempre em conta o imprevista e urgente, reconhe-
seu caráter de penalidade. cida pelo juiz, suspender o uso e Art. 589. Cessa a disposição do
gozo da coisa emprestada, antes artigo antecedente:
Art. 576. Se a coisa for alienada de findo o prazo convencional, I – se a pessoa, de cuja auto-
durante a locação, o adquirente ou o que se determine pelo uso rização necessitava o mutuário
não ficará obrigado a respeitar o outorgado. para contrair o empréstimo, o
contrato, se nele não for consig- ratificar posteriormente;
nada a cláusula da sua vigência no Art. 582. O comodatário é obri- II – se o menor, estando au-
caso de alienação, e não constar gado a conservar, como se sua sente essa pessoa, se viu obri-
de registro. própria fora, a coisa empresta- gado a contrair o empréstimo
§ 1o O registro a que se refere da, não podendo usá-la senão de para os seus alimentos habituais;
este artigo será o de Títulos e Do- acordo com o contrato ou a natu- III – se o menor tiver bens ga-
cumentos do domicílio do locador, reza dela, sob pena de responder nhos com o seu trabalho. Mas, em
quando a coisa for móvel; e será o por perdas e danos. O comoda- tal caso, a execução do credor não
Registro de Imóveis da respectiva tário constituído em mora, além lhes poderá ultrapassar as forças;
circunscrição, quando imóvel. de por ela responder, pagará, até IV – se o empréstimo reverteu
§ 2o Em se tratando de imó- restituí-la, o aluguel da coisa que em benefício do menor;
vel, e ainda no caso em que o for arbitrado pelo comodante. V – se o menor obteve o em-
locador não esteja obrigado a préstimo maliciosamente.
respeitar o contrato, não poderá Art. 583. Se, correndo risco o
ele despedir o locatário, senão objeto do comodato juntamente Art. 590. O mutuante pode exigir
observado o prazo de noventa com outros do comodatário, an- garantia da restituição, se antes
dias após a notificação. tepuser este a salvação dos seus do vencimento o mutuário sofrer
abandonando o do comodante, notória mudança em sua situação
Art. 577. Morrendo o locador ou responderá pelo dano ocorrido, econômica.
o locatário, transfere-se aos seus ainda que se possa atribuir a caso
herdeiros a locação por tempo fortuito, ou força maior. Art. 591. Destinando-se o mútuo
determinado. a fins econômicos, presumem-se
Art. 584. O comodatário não devidos juros, os quais, sob pena
Art. 578. Salvo disposição em poderá jamais recobrar do como- de redução, não poderão exceder
contrário, o locatário goza do dante as despesas feitas com o a taxa a que se refere o art. 406,
direito de retenção, no caso de uso e gozo da coisa emprestada. permitida a capitalização anual.
benfeitorias necessárias, ou no de
benfeitorias úteis, se estas hou- Art. 585. Se duas ou mais pes- Art. 592. Não se tendo conven-
verem sido feitas com expresso soas forem simultaneamente co- cionado expressamente, o prazo
consentimento do locador. modatárias de uma coisa, ficarão do mútuo será:
solidariamente responsáveis para I – até a próxima colheita, se o
com o comodante. mútuo for de produtos agrícolas,
CAPÍTULO VI – DO assim para o consumo, como para
EMPRÉSTIMO semeadura;
Seção II – Do Mútuo II – de trinta dias, pelo menos,
Seção I – Do Comodato
se for de dinheiro;
Art. 586. O mútuo é o emprés- III – do espaço de tempo que
Art. 579. O comodato é o em- timo de coisas fungíveis. O mu- declarar o mutuante, se for de
préstimo gratuito de coisas não tuário é obrigado a restituir ao qualquer outra coisa fungível.
fungíveis. Perfaz-se com a tradi- mutuante o que dele recebeu em
ção do objeto. coisa do mesmo gênero, qualida-
de e quantidade. CAPÍTULO VII – DA
Art. 580. Os tutores, curadores e PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
em geral todos os administrado- Art. 587. Este empréstimo
res de bens alheios não poderão transfere o domínio da coisa em- Art. 593. A prestação de servi-
dar em comodato, sem autoriza- prestada ao mutuário, por cuja ço, que não estiver sujeita às leis
ção especial, os bens confiados conta correm todos os riscos trabalhistas ou a lei especial, re-
à sua guarda. dela desde a tradição. ger-se-á pelas disposições deste
Capítulo.
Art. 581. Se o comodato não Art. 588. O mútuo feito a pessoa
tiver prazo convencional, presu- menor, sem prévia autorização Art. 594. Toda a espécie de ser-

163
Código Civil
viço ou trabalho lícito, material ou de serviço contratado para certo dem pública.
imaterial, pode ser contratada e determinado trabalho, enten-
mediante retribuição. der-se-á que se obrigou a todo Art. 607. O contrato de presta-
e qualquer serviço compatível ção de serviço acaba com a morte
Art. 595. No contrato de presta- com as suas forças e condições. de qualquer das partes. Termina,
ção de serviço, quando qualquer ainda, pelo escoamento do pra-
das partes não souber ler, nem Art. 602. O prestador de servi- zo, pela conclusão da obra, pela
escrever, o instrumento poderá ço contratado por tempo certo, rescisão do contrato mediante
ser assinado a rogo e subscrito ou por obra determinada, não se aviso prévio, por inadimplemento
por duas testemunhas. pode ausentar, ou despedir, sem de qualquer das partes ou pela
justa causa, antes de preenchido impossibilidade da continuação
Art. 596. Não se tendo estipu- o tempo, ou concluída a obra. do contrato, motivada por for-
lado, nem chegado a acordo as Parágrafo único. Se se des- ça maior.
partes, fixar-se-á por arbitra- pedir sem justa causa, terá di-
mento a retribuição, segundo o reito à retribuição vencida, mas Art. 608. Aquele que aliciar pes-
costume do lugar, o tempo de responderá por perdas e danos. soas obrigadas em contrato escri-
serviço e sua qualidade. O mesmo dar-se-á, se despedido to a prestar serviço a outrem pa-
por justa causa. gará a este a importância que ao
Art. 597. A retribuição pagar-se- prestador de serviço, pelo ajuste
-á depois de prestado o serviço, Art. 603. Se o prestador de ser- desfeito, houvesse de caber du-
se, por convenção, ou costume, viço for despedido sem justa cau- rante dois anos.
não houver de ser adiantada, ou sa, a outra parte será obrigada a
paga em prestações. pagar-lhe por inteiro a retribuição Art. 609. A alienação do pré-
vencida, e por metade a que lhe dio agrícola, onde a prestação
Art. 598. A prestação de serviço tocaria de então ao termo legal dos serviços se opera, não im-
não se poderá convencionar por do contrato. porta a rescisão do contrato,
mais de quatro anos, embora o salvo ao prestador opção entre
contrato tenha por causa o paga- Art. 604. Findo o contrato, o continuá-lo com o adquirente da
mento de dívida de quem o presta, prestador de serviço tem direi- propriedade ou com o primitivo
ou se destine à execução de certa to a exigir da outra parte a de- contratante.
e determinada obra. Neste caso, claração de que o contrato está
decorridos quatro anos, dar-se-á findo. Igual direito lhe cabe, se
por findo o contrato, ainda que for despedido sem justa causa, CAPÍTULO VIII – DA
não concluída a obra. ou se tiver havido motivo justo EMPREITADA
para deixar o serviço.
Art. 599. Não havendo prazo es- Art. 610. O empreiteiro de uma
tipulado, nem se podendo inferir Art. 605. Nem aquele a quem os obra pode contribuir para ela só
da natureza do contrato, ou do serviços são prestados, poderá com seu trabalho ou com ele e
costume do lugar, qualquer das transferir a outrem o direito aos os materiais.
partes, a seu arbítrio, median- serviços ajustados, nem o presta- § 1o A obrigação de fornecer
te prévio aviso, pode resolver o dor de serviços, sem aprazimento os materiais não se presume;
contrato. da outra parte, dar substituto que resulta da lei ou da vontade das
Parágrafo único. Dar-se-á os preste. partes.
o aviso: § 2o O contrato para elabo-
I – com antecedência de oito Art. 606. Se o serviço for presta- ração de um projeto não implica
dias, se o salário se houver fixado do por quem não possua título de a obrigação de executá-lo, ou de
por tempo de um mês, ou mais; habilitação, ou não satisfaça re- fiscalizar-lhe a execução.
II – com antecipação de qua- quisitos outros estabelecidos em
tro dias, se o salário se tiver ajus- lei, não poderá quem os prestou Art. 611. Quando o empreiteiro
tado por semana, ou quinzena; cobrar a retribuição normalmen- fornece os materiais, correm por
III – de véspera, quando se te correspondente ao trabalho sua conta os riscos até o momen-
tenha contratado por menos de executado. Mas se deste resul- to da entrega da obra, a contento
sete dias. tar benefício para a outra parte, de quem a encomendou, se este
o juiz atribuirá a quem o prestou não estiver em mora de receber.
Art. 600. Não se conta no prazo uma compensação razoável, des- Mas se estiver, por sua conta cor-
do contrato o tempo em que o de que tenha agido com boa-fé. rerão os riscos.
prestador de serviço, por culpa Parágrafo único. Não se apli-
sua, deixou de servir. ca a segunda parte deste artigo, Art. 612. Se o empreiteiro só
quando a proibição da prestação forneceu mão de obra, todos os
Art. 601. Não sendo o prestador de serviço resultar de lei de or- riscos em que não tiver culpa cor-

164
Código Civil
rerão por conta do dono. como do solo. no art. 618 e seu parágrafo único.
Parágrafo único. Decairá do
Art. 613. Sendo a empreitada direito assegurado neste artigo o Art. 623. Mesmo após iniciada a
unicamente de lavor (art. 610), se a dono da obra que não propuser construção, pode o dono da obra
coisa perecer antes de entregue, a ação contra o empreiteiro, nos suspendê-la, desde que pague
sem mora do dono nem culpa do cento e oitenta dias seguintes ao ao empreiteiro as despesas e
empreiteiro, este perderá a retri- aparecimento do vício ou defeito. lucros relativos aos serviços já
buição, se não provar que a perda feitos, mais indenização razoável,
resultou de defeito dos materiais Art. 619. Salvo estipulação em calculada em função do que ele
e que em tempo reclamara contra contrário, o empreiteiro que se teria ganho, se concluída a obra.
a sua quantidade ou qualidade. incumbir de executar uma obra,
segundo plano aceito por quem Art. 624. Suspensa a execução
Art. 614. Se a obra constar de a encomendou, não terá direito a da empreitada sem justa causa,
partes distintas, ou for de na- exigir acréscimo no preço, ainda responde o empreiteiro por per-
tureza das que se determinam que sejam introduzidas modifi- das e danos.
por medida, o empreiteiro terá cações no projeto, a não ser que
direito a que também se verifi- estas resultem de instruções es- Art. 625. Poderá o empreiteiro
que por medida, ou segundo as critas do dono da obra. suspender a obra:
partes em que se dividir, podendo Parágrafo único. Ainda que I – por culpa do dono, ou por
exigir o pagamento na proporção não tenha havido autorização es- motivo de força maior;
da obra executada. crita, o dono da obra é obrigado a II – quando, no decorrer dos
§ 1o Tudo o que se pagou pre- pagar ao empreiteiro os aumentos serviços, se manifestarem dificul-
sume-se verificado. e acréscimos, segundo o que for dades imprevisíveis de execução,
§ 2o O que se mediu presu- arbitrado, se, sempre presente resultantes de causas geológicas
me-se verificado se, em trinta à obra, por continuadas visitas, ou hídricas, ou outras semelhan-
dias, a contar da medição, não não podia ignorar o que se esta- tes, de modo que torne a emprei-
forem denunciados os vícios ou va passando, e nunca protestou. tada excessivamente onerosa, e
defeitos pelo dono da obra ou o dono da obra se opuser ao rea-
por quem estiver incumbido da Art. 620. Se ocorrer diminuição juste do preço inerente ao projeto
sua fiscalização. no preço do material ou da mão por ele elaborado, observados
de obra superior a um décimo os preços;
Art. 615. Concluída a obra de do preço global convencionado, III – se as modificações exi-
acordo com o ajuste, ou o cos- poderá este ser revisto, a pedido gidas pelo dono da obra, por seu
tume do lugar, o dono é obriga- do dono da obra, para que se lhe vulto e natureza, forem despro-
do a recebê-la. Poderá, porém, assegure a diferença apurada. porcionais ao projeto aprovado,
rejeitá-la, se o empreiteiro se ainda que o dono se disponha a
afastou das instruções recebi- Art. 621. Sem anuência de seu arcar com o acréscimo de preço.
das e dos planos dados, ou das autor, não pode o proprietário da
regras técnicas em trabalhos de obra introduzir modificações no Art. 626. Não se extingue o con-
tal natureza. projeto por ele aprovado, ainda trato de empreitada pela morte
que a execução seja confiada a de qualquer das partes, salvo se
Art. 616. No caso da segunda terceiros, a não ser que, por moti- ajustado em consideração às qua-
parte do artigo antecedente, pode vos supervenientes ou razões de lidades pessoais do empreiteiro.
quem encomendou a obra, em ordem técnica, fique comprovada
vez de enjeitá-la, recebê-la com a inconveniência ou a excessi-
abatimento no preço. va onerosidade de execução do CAPÍTULO IX – DO
projeto em sua forma originária. DEPÓSITO
Art. 617. O empreiteiro é obri- Parágrafo único. A proibição
Seção I – Do Depósito
gado a pagar os materiais que deste artigo não abrange altera-
recebeu, se por imperícia ou ne- ções de pouca monta, ressalva- Voluntário
gligência os inutilizar. da sempre a unidade estética da
obra projetada. Art. 627. Pelo contrato de de-
Art. 618. Nos contratos de em- pósito recebe o depositário um
preitada de edifícios ou outras Art. 622. Se a execução da obra objeto móvel, para guardar, até
construções consideráveis, o for confiada a terceiros, a res- que o depositante o reclame.
empreiteiro de materiais e exe- ponsabilidade do autor do pro-
cução responderá, durante o pra- jeto respectivo, desde que não Art. 628. O contrato de depó-
zo irredutível de cinco anos, pela assuma a direção ou fiscalização sito é gratuito, exceto se houver
solidez e segurança do trabalho, daquela, ficará limitada aos danos convenção em contrário, se re-
assim em razão dos materiais, resultantes de defeitos previstos sultante de atividade negocial

165
Código Civil
ou se o depositário o praticar possa guardar, e o depositante Art. 643. O depositante é obri-
por profissão. não queira recebê-la. gado a pagar ao depositário as
Parágrafo único. Se o depó- despesas feitas com a coisa, e
sito for oneroso e a retribuição do Art. 636. O depositário, que por os prejuízos que do depósito pro-
depositário não constar de lei, força maior houver perdido a coi- vierem.
nem resultar de ajuste, será de- sa depositada e recebido outra
terminada pelos usos do lugar, e, em seu lugar, é obrigado a entre- Art. 644. O depositário pode-
na falta destes, por arbitramento. gar a segunda ao depositante, e rá reter o depósito até que se
ceder-lhe as ações que no caso lhe pague a retribuição devida,
Art. 629. O depositário é obriga- tiver contra o terceiro responsá- o líquido valor das despesas, ou
do a ter na guarda e conservação vel pela restituição da primeira. dos prejuízos a que se refere o
da coisa depositada o cuidado e artigo anterior, provando ime-
diligência que costuma com o Art. 637. O herdeiro do depositá- diatamente esses prejuízos ou
que lhe pertence, bem como a rio, que de boa-fé vendeu a coisa essas despesas.
restituí-la, com todos os frutos depositada, é obrigado a assistir Parágrafo único. Se essas dí-
e acrescidos, quando o exija o o depositante na reivindicação, e vidas, despesas ou prejuízos não
depositante. a restituir ao comprador o preço forem provados suficientemente,
recebido. ou forem ilíquidos, o depositário
Art. 630. Se o depósito se en- poderá exigir caução idônea do
tregou fechado, colado, selado, Art. 638. Salvo os casos pre- depositante ou, na falta desta, a
ou lacrado, nesse mesmo estado vistos nos arts. 633 e 634, não remoção da coisa para o Depó-
se manterá. poderá o depositário furtar-se à sito Público, até que se liquidem.
restituição do depósito, alegando
Art. 631. Salvo disposição em não pertencer a coisa ao depo- Art. 645. O depósito de coisas
contrário, a restituição da coisa sitante, ou opondo compensa- fungíveis, em que o depositário
deve dar-se no lugar em que tiver ção, exceto se noutro depósito se obrigue a restituir objetos do
de ser guardada. As despesas de se fundar. mesmo gênero, qualidade e quan-
restituição correm por conta do tidade, regular-se-á pelo disposto
depositante. Art. 639. Sendo dois ou mais acerca do mútuo.
depositantes, e divisível a coisa,
Art. 632. Se a coisa houver sido a cada um só entregará o deposi- Art. 646. O depósito voluntário
depositada no interesse de ter- tário a respectiva parte, salvo se provar-se-á por escrito.
ceiro, e o depositário tiver sido houver entre eles solidariedade.
cientificado deste fato pelo de-
positante, não poderá ele exone- Art. 640. Sob pena de responder
Seção II – Do Depósito
rar-se restituindo a coisa a este, por perdas e danos, não poderá o Necessário
sem consentimento daquele. depositário, sem licença expres-
sa do depositante, servir-se da Art. 647. É depósito necessário:
Art. 633. Ainda que o contrato coisa depositada, nem a dar em I – o que se faz em desempe-
fixe prazo à restituição, o depo- depósito a outrem. nho de obrigação legal;
sitário entregará o depósito logo Parágrafo único. Se o depo- II – o que se efetua por oca-
que se lhe exija, salvo se tiver o sitário, devidamente autoriza- sião de alguma calamidade, como
direito de retenção a que se refere do, confiar a coisa em depósito o incêndio, a inundação, o naufrá-
o art. 644, se o objeto for judicial- a terceiro, será responsável se gio ou o saque.
mente embargado, se sobre ele agiu com culpa na escolha deste.
pender execução, notificada ao Art. 648. O depósito a que se
depositário, ou se houver motivo Art. 641. Se o depositário se refere o inciso I do artigo antece-
razoável de suspeitar que a coisa tornar incapaz, a pessoa que lhe dente, reger-se-á pela disposição
foi dolosamente obtida. assumir a administração dos bens da respectiva lei, e, no silêncio
diligenciará imediatamente res- ou deficiência dela, pelas con-
Art. 634. No caso do artigo an- tituir a coisa depositada e, não cernentes ao depósito voluntário.
tecedente, última parte, o deposi- querendo ou não podendo o de- Parágrafo único. As disposi-
tário, expondo o fundamento da positante recebê-la, recolhê-la-á ções deste artigo aplicam-se aos
suspeita, requererá que se reco- ao Depósito Público ou promoverá depósitos previstos no inciso II do
lha o objeto ao Depósito Público. nomeação de outro depositário. artigo antecedente, podendo es-
tes certificarem-se por qualquer
Art. 635. Ao depositário será Art. 642. O depositário não res- meio de prova.
facultado, outrossim, requerer ponde pelos casos de força maior;
depósito judicial da coisa, quan- mas, para que lhe valha a escusa, Art. 649. Aos depósitos pre-
do, por motivo plausível, não a terá de prová-los. vistos no artigo antecedente é

166
Código Civil
equiparado o das bagagens dos público, pode substabelecer-se Art. 663. Sempre que o manda-
viajantes ou hóspedes nas hos- mediante instrumento particular. tário estipular negócios expres-
pedarias onde estiverem. samente em nome do mandante,
Parágrafo único. Os hospe- Art. 656. O mandato pode ser será este o único responsável; fi-
deiros responderão como depo- expresso ou tácito, verbal ou es- cará, porém, o mandatário pesso-
sitários, assim como pelos furtos crito. almente obrigado, se agir no seu
e roubos que perpetrarem as pes- próprio nome, ainda que o negó-
soas empregadas ou admitidas Art. 657. A outorga do mandato cio seja de conta do mandante.
nos seus estabelecimentos. está sujeita à forma exigida por
lei para o ato a ser praticado. Art. 664. O mandatário tem
Art. 650. Cessa, nos casos do Não se admite mandato verbal o direito de reter, do objeto da
artigo antecedente, a responsa- quando o ato deva ser celebrado operação que lhe foi cometida,
bilidade dos hospedeiros, se pro- por escrito. quanto baste para pagamento
varem que os fatos prejudiciais de tudo que lhe for devido em
aos viajantes ou hóspedes não Art. 658. O mandato presume- consequência do mandato.
podiam ter sido evitados. -se gratuito quando não houver
sido estipulada retribuição, exce- Art. 665. O mandatário que ex-
Art. 651. O depósito necessário to se o seu objeto corresponder ceder os poderes do mandato, ou
não se presume gratuito. Na hipó- ao daqueles que o mandatário proceder contra eles, será consi-
tese do art. 649, a remuneração trata por ofício ou profissão lu- derado mero gestor de negócios,
pelo depósito está incluída no crativa. enquanto o mandante lhe não
preço da hospedagem. Parágrafo único. Se o man- ratificar os atos.
dato for oneroso, caberá ao man-
Art. 652. Seja o depósito volun- datário a retribuição prevista em Art. 666. O maior de dezesseis e
tário ou necessário, o depositário lei ou no contrato. Sendo estes menor de dezoito anos não eman-
que não o restituir quando exigido omissos, será ela determinada cipado pode ser mandatário, mas
será compelido a fazê-lo median- pelos usos do lugar, ou, na falta o mandante não tem ação contra
te prisão não excedente a um ano, destes, por arbitramento. ele senão de conformidade com
e ressarcir os prejuízos. as regras gerais, aplicáveis às
Art. 659. A aceitação do man- obrigações contraídas por me-
dato pode ser tácita, e resulta nores.
CAPÍTULO X – DO MANDATO do começo de execução.
Seção I – Disposições Gerais Seção II – Das Obrigações do
Art. 660. O mandato pode ser
Art. 653. Opera-se o mandato especial a um ou mais negócios Mandatário
quando alguém recebe de outrem determinadamente, ou geral a
poderes para, em seu nome, pra- todos os do mandante. Art. 667. O mandatário é obri-
ticar atos ou administrar interes- gado a aplicar toda sua diligência
ses. A procuração é o instrumento Art. 661. O mandato em termos habitual na execução do mandato,
do mandato. gerais só confere poderes de ad- e a indenizar qualquer prejuízo
ministração. causado por culpa sua ou da-
Art. 654. Todas as pessoas ca- § 1o Para alienar, hipotecar, quele a quem substabelecer, sem
pazes são aptas para dar pro- transigir, ou praticar outros quais- autorização, poderes que devia
curação mediante instrumento quer atos que exorbitem da ad- exercer pessoalmente.
particular, que valerá desde que ministração ordinária, depende a § 1o Se, não obstante proibi-
tenha a assinatura do outorgante. procuração de poderes especiais ção do mandante, o mandatário
§ 1o O instrumento particular e expressos. se fizer substituir na execução
deve conter a indicação do lugar § 2o O poder de transigir não do mandato, responderá ao seu
onde foi passado, a qualificação importa o de firmar compromisso. constituinte pelos prejuízos ocor-
do outorgante e do outorgado, a ridos sob a gerência do substituto,
data e o objetivo da outorga com Art. 662. Os atos praticados por embora provenientes de caso for-
a designação e a extensão dos quem não tenha mandato, ou o tuito, salvo provando que o caso
poderes conferidos. tenha sem poderes suficientes, teria sobrevindo, ainda que não ti-
§ 2o O terceiro com quem o são ineficazes em relação àquele vesse havido substabelecimento.
mandatário tratar poderá exigir em cujo nome foram praticados, § 2o Havendo poderes de
que a procuração traga a firma salvo se este os ratificar. substabelecer, só serão impu-
reconhecida. Parágrafo único. A ratifica- táveis ao mandatário os danos
ção há de ser expressa, ou resul- causados pelo substabelecido,
Art. 655. Ainda quando se ou- tar de ato inequívoco, e retroagirá se tiver agido com culpa na es-
torgue mandato por instrumento à data do ato. colha deste ou nas instruções

167
Código Civil
dadas a ele. não tem ação contra o mandatá- os compromissos e efeitos do
§ 3o Se a proibição de subs- rio, salvo se este lhe prometeu mandato, salvo direito regressivo,
tabelecer constar da procuração, ratificação do mandante ou se pelas quantias que pagar, contra
os atos praticados pelo substabe- responsabilizou pessoalmente. os outros mandantes.
lecido não obrigam o mandante,
salvo ratificação expressa, que Art. 674. Embora ciente da Art. 681. O mandatário tem so-
retroagirá à data do ato. morte, interdição ou mudança bre a coisa de que tenha a posse
§ 4o Sendo omissa a procura- de estado do mandante, deve o em virtude do mandato, direito de
ção quanto ao substabelecimen- mandatário concluir o negócio retenção, até se reembolsar do
to, o procurador será responsável já começado, se houver perigo que no desempenho do encargo
se o substabelecido proceder na demora. despendeu.
culposamente.

Art. 668. O mandatário é obriga-


Seção III – Das Obrigações Seção IV – Da Extinção do
do a dar contas de sua gerência do Mandante Mandato
ao mandante, transferindo-lhe as
vantagens provenientes do man- Art. 675. O mandante é obrigado Art. 682. Cessa o mandato:
dato, por qualquer título que seja. a satisfazer todas as obrigações I – pela revogação ou pela
contraídas pelo mandatário, na renúncia;
Art. 669. O mandatário não pode conformidade do mandato con- II – pela morte ou interdição
compensar os prejuízos a que deu ferido, e adiantar a importância de uma das partes;
causa com os proveitos que, por das despesas necessárias à exe- III – pela mudança de estado
outro lado, tenha granjeado ao cução dele, quando o mandatário que inabilite o mandante a con-
seu constituinte. lho pedir. ferir os poderes, ou o mandatário
para os exercer;
Art. 670. Pelas somas que devia Art. 676. É obrigado o mandante IV – pelo término do prazo ou
entregar ao mandante ou recebeu a pagar ao mandatário a remune- pela conclusão do negócio.
para despesa, mas empregou em ração ajustada e as despesas da
proveito seu, pagará o mandatá- execução do mandato, ainda que Art. 683. Quando o mandato
rio juros, desde o momento em o negócio não surta o esperado contiver a cláusula de irrevoga-
que abusou. efeito, salvo tendo o mandatá- bilidade e o mandante o revogar,
rio culpa. pagará perdas e danos.
Art. 671. Se o mandatário, tendo
fundos ou crédito do mandante, Art. 677. As somas adiantadas Art. 684. Quando a cláusula de
comprar, em nome próprio, algo pelo mandatário, para a execução irrevogabilidade for condição de
que devera comprar para o man- do mandato, vencem juros desde um negócio bilateral, ou tiver sido
dante, por ter sido expressamente a data do desembolso. estipulada no exclusivo interesse
designado no mandato, terá este do mandatário, a revogação do
ação para obrigá-lo à entrega da Art. 678. É igualmente obrigado mandato será ineficaz.
coisa comprada. o mandante a ressarcir ao man-
datário as perdas que este sofrer Art. 685. Conferido o mandato
Art. 672. Sendo dois ou mais os com a execução do mandato, com a cláusula “em causa própria”,
mandatários nomeados no mes- sempre que não resultem de culpa a sua revogação não terá eficácia,
mo instrumento, qualquer deles sua ou de excesso de poderes. nem se extinguirá pela morte de
poderá exercer os poderes ou- qualquer das partes, ficando o
torgados, se não forem expressa- Art. 679. Ainda que o manda- mandatário dispensado de pres-
mente declarados conjuntos, nem tário contrarie as instruções do tar contas, e podendo transferir
especificamente designados para mandante, se não exceder os li- para si os bens móveis ou imóveis
atos diferentes, ou subordinados mites do mandato, ficará o man- objeto do mandato, obedecidas
a atos sucessivos. Se os mandatá- dante obrigado para com aqueles as formalidades legais.
rios forem declarados conjuntos, com quem o seu procurador con-
não terá eficácia o ato praticado tratou; mas terá contra este ação Art. 686. A revogação do man-
sem interferência de todos, salvo pelas perdas e danos resultantes dato, notificada somente ao man-
havendo ratificação, que retroa- da inobservância das instruções. datário, não se pode opor aos
girá à data do ato. terceiros que, ignorando-a, de
Art. 680. Se o mandato for ou- boa-fé com ele trataram; mas
Art. 673. O terceiro que, depois torgado por duas ou mais pesso- ficam salvas ao constituinte as
de conhecer os poderes do man- as, e para negócio comum, cada ações que no caso lhe possam
datário, com ele celebrar negócio uma ficará solidariamente res- caber contra o procurador.
jurídico exorbitante do mandato, ponsável ao mandatário por todos Parágrafo único. É irrevo-

168
Código Civil
gável o mandato que contenha CAPÍTULO XI – DA estipulação em contrário, o co-
poderes de cumprimento ou con- COMISSÃO missário tem direito a remunera-
firmação de negócios encetados, ção mais elevada, para compen-
aos quais se ache vinculado. Art. 693. O contrato de comis- sar o ônus assumido.
são tem por objeto a aquisição ou
Art. 687. Tanto que for comuni- a venda de bens pelo comissário, Art. 699. Presume-se o comis-
cada ao mandatário a nomeação em seu próprio nome, à conta do sário autorizado a conceder dila-
de outro, para o mesmo negócio, comitente. ção do prazo para pagamento, na
considerar-se-á revogado o man- conformidade dos usos do lugar
dato anterior. Art. 694. O comissário fica di- onde se realizar o negócio, se
retamente obrigado para com não houver instruções diversas
Art. 688. A renúncia do mandato as pessoas com quem contra- do comitente.
será comunicada ao mandante, tar, sem que estas tenham ação
que, se for prejudicado pela sua contra o comitente, nem este Art. 700. Se houver instruções
inoportunidade, ou pela falta de contra elas, salvo se o comissá- do comitente proibindo prorroga-
tempo, a fim de prover à substi- rio ceder seus direitos a qualquer ção de prazos para pagamento,
tuição do procurador, será inde- das partes. ou se esta não for conforme os
nizado pelo mandatário, salvo se usos locais, poderá o comitente
este provar que não podia con- Art. 695. O comissário é obriga- exigir que o comissário pague
tinuar no mandato sem prejuízo do a agir de conformidade com incontinenti ou responda pelas
considerável, e que não lhe era as ordens e instruções do comi- consequências da dilação con-
dado substabelecer. tente, devendo, na falta destas, cedida, procedendo-se de igual
não podendo pedi-las a tempo, modo se o comissário não der
Art. 689. São válidos, a respei- proceder segundo os usos em ciência ao comitente dos pra-
to dos contratantes de boa-fé, casos semelhantes. zos concedidos e de quem é seu
os atos com estes ajustados em Parágrafo único. Ter-se-ão beneficiário.
nome do mandante pelo man- por justificados os atos do comis-
datário, enquanto este ignorar sário, se deles houver resultado Art. 701. Não estipulada a re-
a morte daquele ou a extinção vantagem para o comitente, e muneração devida ao comissário,
do mandato, por qualquer ou- ainda no caso em que, não ad- será ela arbitrada segundo os
tra causa. mitindo demora a realização do usos correntes no lugar.
negócio, o comissário agiu de
Art. 690. Se falecer o manda- acordo com os usos. Art. 702. No caso de morte do
tário, pendente o negócio a ele comissário, ou, quando, por mo-
cometido, os herdeiros, tendo Art. 696. No desempenho das tivo de força maior, não puder
ciência do mandato, avisarão o suas incumbências o comissário concluir o negócio, será devida
mandante, e providenciarão a é obrigado a agir com cuidado pelo comitente uma remunera-
bem dele, como as circunstân- e diligência, não só para evitar ção proporcional aos trabalhos
cias exigirem. qualquer prejuízo ao comitente, realizados.
mas ainda para lhe proporcionar o
Art. 691. Os herdeiros, no caso lucro que razoavelmente se podia Art. 703. Ainda que tenha dado
do artigo antecedente, devem esperar do negócio. motivo à dispensa, terá o comis-
limitar-se às medidas conserva- Parágrafo único. Responde- sário direito a ser remunerado
tórias, ou continuar os negócios rá o comissário, salvo motivo de pelos serviços úteis prestados
pendentes que se não possam de- força maior, por qualquer pre- ao comitente, ressalvado a este
morar sem perigo, regulando-se juízo que, por ação ou omissão, o direito de exigir daquele os pre-
os seus serviços dentro desse li- ocasionar ao comitente. juízos sofridos.
mite, pelas mesmas normas a que
os do mandatário estão sujeitos. Art. 697. O comissário não res- Art. 704. Salvo disposição em
ponde pela insolvência das pes- contrário, pode o comitente, a
soas com quem tratar, exceto qualquer tempo, alterar as ins-
Seção V – Do Mandato em caso de culpa e no do artigo truções dadas ao comissário,
Judicial seguinte. entendendo-se por elas regidos
também os negócios pendentes.
Art. 692. O mandato judicial Art. 698. Se do contrato de co-
fica subordinado às normas que missão constar a cláusula del Art. 705. Se o comissário for
lhe dizem respeito, constantes credere, responderá o comissário despedido sem justa causa, terá
da legislação processual, e, su- solidariamente com as pessoas direito a ser remunerado pelos
pletivamente, às estabelecidas com que houver tratado em nome trabalhos prestados, bem como a
neste Código. do comitente, caso em que, salvo ser ressarcido pelas perdas e da-

169
Código Civil
nos resultantes de sua dispensa. agir com toda diligência, atendo- Parágrafo único. No caso de
-se às instruções recebidas do divergência entre as partes, o juiz
Art. 706. O comitente e o comis- proponente. decidirá da razoabilidade do prazo
sário são obrigados a pagar juros e do valor devido.
um ao outro; o primeiro pelo que o Art. 713. Salvo estipulação di-
comissário houver adiantado para versa, todas as despesas com a Art. 721. Aplicam-se ao contrato
cumprimento de suas ordens; e agência ou distribuição correm a de agência e distribuição, no que
o segundo pela mora na entrega cargo do agente ou distribuidor. couber, as regras concernentes
dos fundos que pertencerem ao ao mandato e à comissão e as
comitente. Art. 714. Salvo ajuste, o agente constantes de lei especial.
ou distribuidor terá direito à re-
Art. 707. O crédito do comissá- muneração correspondente aos
rio, relativo a comissões e despe- negócios concluídos dentro de CAPÍTULO XIII – DA
sas feitas, goza de privilégio geral, sua zona, ainda que sem a sua CORRETAGEM
no caso de falência ou insolvência interferência.
do comitente. Art. 722. Pelo contrato de cor-
Art. 715. O agente ou distribui- retagem, uma pessoa, não ligada
Art. 708. Para reembolso das dor tem direito à indenização se a outra em virtude de mandato,
despesas feitas, bem como para o proponente, sem justa causa, de prestação de serviços ou por
recebimento das comissões de- cessar o atendimento das pro- qualquer relação de dependência,
vidas, tem o comissário direito postas ou reduzi-lo tanto que se obriga-se a obter para a segunda
de retenção sobre os bens e va- torna antieconômica a continu- um ou mais negócios, conforme
lores em seu poder em virtude ação do contrato. as instruções recebidas.
da comissão.
Art. 716. A remuneração será Art. 723. O corretor é obrigado
Art. 709. São aplicáveis à co- devida ao agente também quando a executar a mediação com dili-
missão, no que couber, as regras o negócio deixar de ser realizado gência e prudência, e a prestar ao
sobre mandato. por fato imputável ao proponente. cliente, espontaneamente, todas
as informações sobre o andamen-
Art. 717. Ainda que dispensado to do negócio.
CAPÍTULO XII – DA por justa causa, terá o agente Parágrafo único. Sob pena de
AGÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO direito a ser remunerado pelos responder por perdas e danos, o
serviços úteis prestados ao pro- corretor prestará ao cliente todos
Art. 710. Pelo contrato de agên- ponente, sem embargo de haver os esclarecimentos acerca da se-
cia, uma pessoa assume, em ca- este perdas e danos pelos preju- gurança ou do risco do negócio,
ráter não eventual e sem víncu- ízos sofridos. das alterações de valores e de
los de dependência, a obrigação outros fatores que possam influir
de promover, à conta de outra, Art. 718. Se a dispensa se der nos resultados da incumbência.
mediante retribuição, a realiza- sem culpa do agente, terá ele
ção de certos negócios, em zona direito à remuneração até então Art. 724. A remuneração do cor-
determinada, caracterizando-se devida, inclusive sobre os negó- retor, se não estiver fixada em lei,
a distribuição quando o agente cios pendentes, além das indeni- nem ajustada entre as partes,
tiver à sua disposição a coisa a zações previstas em lei especial. será arbitrada segundo a natu-
ser negociada. reza do negócio e os usos locais.
Parágrafo único. O propo- Art. 719. Se o agente não puder
nente pode conferir poderes ao continuar o trabalho por motivo Art. 725. A remuneração é devi-
agente para que este o represen- de força maior, terá direito à re- da ao corretor uma vez que tenha
te na conclusão dos contratos. muneração correspondente aos conseguido o resultado previs-
serviços realizados, cabendo esse to no contrato de mediação, ou
Art. 711. Salvo ajuste, o propo- direito aos herdeiros no caso de ainda que este não se efetive
nente não pode constituir, ao morte. em virtude de arrependimento
mesmo tempo, mais de um agen- das partes.
te, na mesma zona, com idêntica Art. 720. Se o contrato for por
incumbência; nem pode o agente tempo indeterminado, qualquer Art. 726. Iniciado e concluído
assumir o encargo de nela tratar das partes poderá resolvê-lo, me- o negócio diretamente entre as
de negócios do mesmo gênero, diante aviso prévio de noventa partes, nenhuma remuneração
à conta de outros proponentes. dias, desde que transcorrido pra- será devida ao corretor; mas se,
zo compatível com a natureza e por escrito, for ajustada a corre-
Art. 712. O agente, no desem- o vulto do investimento exigido tagem com exclusividade, terá o
penho que lhe foi cometido, deve do agente. corretor direito à remuneração

170
Código Civil
integral, ainda que realizado o respectivo percurso, responden- ção normal do serviço.
negócio sem a sua mediação, do pelos danos nele causados a Parágrafo único. Se o pre-
salvo se comprovada sua inércia pessoas e coisas. juízo sofrido pela pessoa trans-
ou ociosidade. § 1o O dano, resultante do portada for atribuível à trans-
atraso ou da interrupção da via- gressão de normas e instruções
Art. 727. Se, por não haver prazo gem, será determinado em razão regulamentares, o juiz reduzirá
determinado, o dono do negócio da totalidade do percurso. equitativamente a indenização,
dispensar o corretor, e o negó- § 2o Se houver substituição na medida em que a vítima hou-
cio se realizar posteriormente, de algum dos transportadores no ver concorrido para a ocorrência
como fruto da sua mediação, a decorrer do percurso, a responsa- do dano.
corretagem lhe será devida; igual bilidade solidária estender-se-á
solução se adotará se o negócio ao substituto. Art. 739. O transportador não
se realizar após a decorrência do pode recusar passageiros, salvo
prazo contratual, mas por efeito os casos previstos nos regula-
dos trabalhos do corretor.
Seção II – Do Transporte de mentos, ou se as condições de
Pessoas higiene ou de saúde do interes-
Art. 728. Se o negócio se con- sado o justificarem.
cluir com a intermediação de mais Art. 734. O transportador res-
de um corretor, a remuneração ponde pelos danos causados às Art. 740. O passageiro tem di-
será paga a todos em partes pessoas transportadas e suas reito a rescindir o contrato de
iguais, salvo ajuste em contrário. bagagens, salvo motivo de for- transporte antes de iniciada a
ça maior, sendo nula qualquer viagem, sendo-lhe devida a res-
Art. 729. Os preceitos sobre cor- cláusula excludente da respon- tituição do valor da passagem,
retagem constantes deste Código sabilidade. desde que feita a comunicação
não excluem a aplicação de outras Parágrafo único. É lícito ao ao transportador em tempo de
normas da legislação especial. transportador exigir a declara- ser renegociada.
ção do valor da bagagem a fim § 1o Ao passageiro é faculta-
de fixar o limite da indenização. do desistir do transporte, mes-
CAPÍTULO XIV – DO mo depois de iniciada a viagem,
TRANSPORTE Art. 735. A responsabilidade sendo-lhe devida a restituição do
contratual do transportador por valor correspondente ao trecho
Seção I – Disposições Gerais
acidente com o passageiro não não utilizado, desde que provado
é elidida por culpa de terceiro, que outra pessoa haja sido trans-
Art. 730. Pelo contrato de trans- contra o qual tem ação regressiva. portada em seu lugar.
porte alguém se obriga, median- § 2o Não terá direito ao re-
te retribuição, a transportar, de Art. 736. Não se subordina às embolso do valor da passagem o
um lugar para outro, pessoas ou normas do contrato de trans- usuário que deixar de embarcar,
coisas. porte o feito gratuitamente, por salvo se provado que outra pes-
amizade ou cortesia. soa foi transportada em seu lugar,
Art. 731. O transporte exercido Parágrafo único. Não se caso em que lhe será restituído
em virtude de autorização, per- considera gratuito o transporte o valor do bilhete não utilizado.
missão ou concessão, rege-se quando, embora feito sem remu- § 3o Nas hipóteses previstas
pelas normas regulamentares e neração, o transportador auferir neste artigo, o transportador terá
pelo que for estabelecido naque- vantagens indiretas. direito de reter até cinco por cen-
les atos, sem prejuízo do disposto to da importância a ser restituída
neste Código. Art. 737. O transportador está ao passageiro, a título de multa
sujeito aos horários e itinerários compensatória.
Art. 732. Aos contratos de previstos, sob pena de responder
transporte, em geral, são apli- por perdas e danos, salvo motivo Art. 741. Interrompendo-se
cáveis, quando couber, desde de força maior. a viagem por qualquer motivo
que não contrariem as disposi- alheio à vontade do transporta-
ções deste Código, os preceitos Art. 738. A pessoa transportada dor, ainda que em consequência
constantes da legislação espe- deve sujeitar-se às normas es- de evento imprevisível, fica ele
cial e de tratados e convenções tabelecidas pelo transportador, obrigado a concluir o transpor-
internacionais. constantes no bilhete ou afixadas te contratado em outro veículo
à vista dos usuários, abstendo-se da mesma categoria, ou, com a
Art. 733. Nos contratos de de quaisquer atos que causem anuência do passageiro, por mo-
transporte cumulativo, cada incômodo ou prejuízo aos passa- dalidade diferente, à sua custa,
transportador se obriga a cum- geiros, danifiquem o veículo, ou correndo também por sua conta
prir o contrato relativamente ao dificultem ou impeçam a execu- as despesas de estada e alimen-

171
Código Civil
tação do usuário, durante a es- zação não sejam permitidos, ou le depositar a coisa em juízo, ou
pera de novo transporte. que venha desacompanhada dos vendê-la, obedecidos os preceitos
documentos exigidos por lei ou legais e regulamentares, ou os
Art. 742. O transportador, uma regulamento. usos locais, depositando o valor.
vez executado o transporte, tem § 2o Se o impedimento for
direito de retenção sobre a baga- Art. 748. Até a entrega da coi- responsabilidade do transpor-
gem de passageiro e outros obje- sa, pode o remetente desistir do tador, este poderá depositar a
tos pessoais deste, para garan- transporte e pedi-la de volta, ou coisa, por sua conta e risco, mas
tir-se do pagamento do valor da ordenar seja entregue a outro só poderá vendê-la se perecível.
passagem que não tiver sido feito destinatário, pagando, em am- § 3o Em ambos os casos, o
no início ou durante o percurso. bos os casos, os acréscimos de transportador deve informar o
despesa decorrentes da contra- remetente da efetivação do de-
ordem, mais as perdas e danos pósito ou da venda.
Seção III – Do Transporte de que houver. § 4o Se o transportador man-
Coisas tiver a coisa depositada em seus
Art. 749. O transportador con- próprios armazéns, continuará
Art. 743. A coisa, entregue ao duzirá a coisa ao seu destino, a responder pela sua guarda e
transportador, deve estar carac- tomando todas as cautelas ne- conservação, sendo-lhe devi-
terizada pela sua natureza, valor, cessárias para mantê-la em bom da, porém, uma remuneração
peso e quantidade, e o mais que estado e entregá-la no prazo ajus- pela custódia, a qual poderá ser
for necessário para que não se tado ou previsto. contratualmente ajustada ou se
confunda com outras, devendo conformará aos usos adotados
o destinatário ser indicado ao Art. 750. A responsabilidade do em cada sistema de transporte.
menos pelo nome e endereço. transportador, limitada ao valor
constante do conhecimento, co- Art. 754. As mercadorias devem
Art. 744. Ao receber a coisa, o meça no momento em que ele, ser entregues ao destinatário, ou
transportador emitirá conheci- ou seus prepostos, recebem a a quem apresentar o conheci-
mento com a menção dos dados coisa; termina quando é entre- mento endossado, devendo aque-
que a identifiquem, obedecido o gue ao destinatário, ou deposi- le que as receber conferi-las e
disposto em lei especial. tada em juízo, se aquele não for apresentar as reclamações que
Parágrafo único. O transpor- encontrado. tiver, sob pena de decadência
tador poderá exigir que o reme- dos direitos.
tente lhe entregue, devidamente Art. 751. A coisa, depositada ou Parágrafo único. No caso de
assinada, a relação discriminada guardada nos armazéns do trans- perda parcial ou de avaria não
das coisas a serem transportadas, portador, em virtude de contrato perceptível à primeira vista, o
em duas vias, uma das quais, por de transporte, rege-se, no que destinatário conserva a sua ação
ele devidamente autenticada, fi- couber, pelas disposições rela- contra o transportador, desde que
cará fazendo parte integrante do tivas a depósito. denuncie o dano em dez dias a
conhecimento. contar da entrega.
Art. 752. Desembarcadas as
Art. 745. Em caso de informa- mercadorias, o transportador Art. 755. Havendo dúvida acer-
ção inexata ou falsa descrição no não é obrigado a dar aviso ao ca de quem seja o destinatário,
documento a que se refere o arti- destinatário, se assim não foi con- o transportador deve depositar a
go antecedente, será o transpor- vencionado, dependendo também mercadoria em juízo, se não lhe
tador indenizado pelo prejuízo que de ajuste a entrega a domicílio, e for possível obter instruções do
sofrer, devendo a ação respectiva devem constar do conhecimen- remetente; se a demora puder
ser ajuizada no prazo de cento e to de embarque as cláusulas de ocasionar a deterioração da coisa,
vinte dias, a contar daquele ato, aviso ou de entrega a domicílio. o transportador deverá vendê-la,
sob pena de decadência. depositando o saldo em juízo.
Art. 753. Se o transporte não
Art. 746. Poderá o transporta- puder ser feito ou sofrer longa Art. 756. No caso de transporte
dor recusar a coisa cuja embala- interrupção, o transportador soli- cumulativo, todos os transporta-
gem seja inadequada, bem como citará, incontinenti, instruções ao dores respondem solidariamen-
a que possa pôr em risco a saúde remetente, e zelará pela coisa, por te pelo dano causado perante
das pessoas, ou danificar o veí- cujo perecimento ou deterioração o remetente, ressalvada a apu-
culo e outros bens. responderá, salvo força maior. ração final da responsabilidade
§ 1o Perdurando o impedi- entre eles, de modo que o res-
Art. 747. O transportador deverá mento, sem motivo imputável ao sarcimento recaia, por inteiro,
obrigatoriamente recusar a coisa transportador e sem manifesta- ou proporcionalmente, naquele
cujo transporte ou comerciali- ção do remetente, poderá aque- ou naqueles em cujo percurso

172
Código Civil
houver ocorrido o dano. denização o segurado que estiver por escrito, de sua decisão de
em mora no pagamento do prê- resolver o contrato.
mio, se ocorrer o sinistro antes § 2o A resolução só será efi-
CAPÍTULO XV – DO de sua purgação. caz trinta dias após a notificação,
SEGURO devendo ser restituída pelo se-
Art. 764. Salvo disposição espe- gurador a diferença do prêmio.
Seção I – Disposições Gerais
cial, o fato de se não ter verificado
o risco, em previsão do qual se faz Art. 770. Salvo disposição em
Art. 757. Pelo contrato de se- o seguro, não exime o segurado contrário, a diminuição do risco
guro, o segurador se obriga, me- de pagar o prêmio. no curso do contrato não acarreta
diante o pagamento do prêmio, a redução do prêmio estipulado;
a garantir interesse legítimo do Art. 765. O segurado e o segu- mas, se a redução do risco for
segurado, relativo a pessoa ou rador são obrigados a guardar considerável, o segurado poderá
a coisa, contra riscos predeter- na conclusão e na execução do exigir a revisão do prêmio, ou a
minados. contrato, a mais estrita boa-fé e resolução do contrato.
Parágrafo único. Somente veracidade, tanto a respeito do
pode ser parte, no contrato de objeto como das circunstâncias Art. 771. Sob pena de perder o
seguro, como segurador, enti- e declarações a ele concernentes. direito à indenização, o segurado
dade para tal fim legalmente au- participará o sinistro ao segura-
torizada. Art. 766. Se o segurado, por si dor, logo que o saiba, e tomará
ou por seu representante, fizer as providências imediatas para
Art. 758. O contrato de segu- declarações inexatas ou omitir minorar-lhe as consequências.
ro prova-se com a exibição da circunstâncias que possam influir Parágrafo único. Correm à
apólice ou do bilhete do seguro, na aceitação da proposta ou na conta do segurador, até o limite
e, na falta deles, por documento taxa do prêmio, perderá o direito fixado no contrato, as despesas
comprobatório do pagamento do à garantia, além de ficar obrigado de salvamento consequente ao
respectivo prêmio. ao prêmio vencido. sinistro.
Parágrafo único. Se a inexa-
Art. 759. A emissão da apólice tidão ou omissão nas declarações Art. 772. A mora do segurador
deverá ser precedida de proposta não resultar de má-fé do segu- em pagar o sinistro obriga à atua-
escrita com a declaração dos ele- rado, o segurador terá direito a lização monetária da indenização
mentos essenciais do interesse a resolver o contrato, ou a cobrar, devida segundo índices oficiais
ser garantido e do risco. mesmo após o sinistro, a diferen- regularmente estabelecidos, sem
ça do prêmio. prejuízo dos juros moratórios.
Art. 760. A apólice ou o bilhete
de seguro serão nominativos, à Art. 767. No seguro à conta de Art. 773. O segurador que, ao
ordem ou ao portador, e men- outrem, o segurador pode opor tempo do contrato, sabe estar
cionarão os riscos assumidos, o ao segurado quaisquer defesas passado o risco de que o segurado
início e o fim de sua validade, o que tenha contra o estipulante, se pretende cobrir, e, não obstan-
limite da garantia e o prêmio de- por descumprimento das normas te, expede a apólice, pagará em
vido, e, quando for o caso, o nome de conclusão do contrato, ou de dobro o prêmio estipulado.
do segurado e o do beneficiário. pagamento do prêmio.
Parágrafo único. No seguro Art. 774. A recondução tácita
de pessoas, a apólice ou o bilhete Art. 768. O segurado perderá do contrato pelo mesmo prazo,
não podem ser ao portador. o direito à garantia se agravar mediante expressa cláusula con-
intencionalmente o risco objeto tratual, não poderá operar mais
Art. 761. Quando o risco for as- do contrato. de uma vez.
sumido em cosseguro, a apólice
indicará o segurador que admi- Art. 769. O segurado é obrigado Art. 775. Os agentes autoriza-
nistrará o contrato e represen- a comunicar ao segurador, logo dos do segurador presumem-se
tará os demais, para todos os que saiba, todo incidente suscetí- seus representantes para todos
seus efeitos. vel de agravar consideravelmente os atos relativos aos contratos
o risco coberto, sob pena de per- que agenciarem.
Art. 762. Nulo será o contrato der o direito à garantia, se provar
para garantia de risco provenien- que silenciou de má-fé. Art. 776. O segurador é obriga-
te de ato doloso do segurado, do § 1o O segurador, desde que do a pagar em dinheiro o prejuízo
beneficiário, ou de representante o faça nos quinze dias seguin- resultante do risco assumido,
de um ou de outro. tes ao recebimento do aviso da salvo se convencionada a repo-
agravação do risco sem culpa do sição da coisa.
Art. 763. Não terá direito a in- segurado, poderá dar-lhe ciência,

173
Código Civil
Art. 777. O disposto no presente intrínseco da coisa segurada, não lide ao segurador.
Capítulo aplica-se, no que cou- declarado pelo segurado. § 4o Subsistirá a responsa-
ber, aos seguros regidos por leis Parágrafo único. Entende- bilidade do segurado perante o
próprias. -se por vício intrínseco o defeito terceiro, se o segurador for in-
próprio da coisa, que se não en- solvente.
contra normalmente em outras
Seção II – Do Seguro de Dano da mesma espécie. Art. 788. Nos seguros de res-
ponsabilidade legalmente obriga-
Art. 778. Nos seguros de dano, Art. 785. Salvo disposição em tórios, a indenização por sinistro
a garantia prometida não pode contrário, admite-se a transferên- será paga pelo segurador direta-
ultrapassar o valor do interesse cia do contrato a terceiro com a mente ao terceiro prejudicado.
segurado no momento da con- alienação ou cessão do interesse Parágrafo único. Demanda-
clusão do contrato, sob pena do segurado. do em ação direta pela vítima do
disposto no art. 766, e sem pre- § 1o Se o instrumento contra- dano, o segurador não poderá
juízo da ação penal que no caso tual é nominativo, a transferência opor a exceção de contrato não
couber. só produz efeitos em relação ao cumprido pelo segurado, sem
segurador mediante aviso escri- promover a citação deste para
Art. 779. O risco do seguro com- to assinado pelo cedente e pelo integrar o contraditório.
preenderá todos os prejuízos re- cessionário.
sultantes ou consequentes, como § 2o A apólice ou o bilhete à
sejam os estragos ocasionados ordem só se transfere por endos-
Seção III – Do Seguro de
para evitar o sinistro, minorar o so em preto, datado e assinado Pessoa
dano, ou salvar a coisa. pelo endossante e pelo endos-
satário. Art. 789. Nos seguros de pesso-
Art. 780. A vigência da garantia, as, o capital segurado é livremen-
no seguro de coisas transporta- Art. 786. Paga a indenização, o te estipulado pelo proponente,
das, começa no momento em que segurador sub-roga-se, nos limi- que pode contratar mais de um
são pelo transportador recebidas, tes do valor respectivo, nos direi- seguro sobre o mesmo interes-
e cessa com a sua entrega ao tos e ações que competirem ao se, com o mesmo ou diversos
destinatário. segurado contra o autor do dano. seguradores.
§ 1o Salvo dolo, a sub-roga-
Art. 781. A indenização não pode ção não tem lugar se o dano foi Art. 790. No seguro sobre a
ultrapassar o valor do interesse causado pelo cônjuge do segura- vida de outros, o proponente é
segurado no momento do sinistro, do, seus descendentes ou ascen- obrigado a declarar, sob pena
e, em hipótese alguma, o limite dentes, consanguíneos ou afins. de falsidade, o seu interesse pela
máximo da garantia fixado na § 2o É ineficaz qualquer ato preservação da vida do segurado.
apólice, salvo em caso de mora do segurado que diminua ou ex- Parágrafo único. Até prova
do segurador. tinga, em prejuízo do segurador, em contrário, presume-se o inte-
os direitos a que se refere este resse, quando o segurado é côn-
Art. 782. O segurado que, na artigo. juge, ascendente ou descendente
vigência do contrato, pretender do proponente.
obter novo seguro sobre o mes- Art. 787. No seguro de respon-
mo interesse, e contra o mesmo sabilidade civil, o segurador ga- Art. 791. Se o segurado não re-
risco junto a outro segurador, rante o pagamento de perdas e nunciar à faculdade, ou se o segu-
deve previamente comunicar sua danos devidos pelo segurado a ro não tiver como causa declarada
intenção por escrito ao primeiro, terceiro. a garantia de alguma obrigação,
indicando a soma por que preten- § 1o Tão logo saiba o segu- é lícita a substituição do benefi-
de segurar-se, a fim de se com- rado das consequências de ato ciário, por ato entre vivos ou de
provar a obediência ao disposto seu, suscetível de lhe acarretar última vontade.
no art. 778. a responsabilidade incluída na Parágrafo único. O segura-
garantia, comunicará o fato ao dor, que não for cientificado opor-
Art. 783. Salvo disposição em segurador. tunamente da substituição, de-
contrário, o seguro de um inte- § 2o É defeso ao segurado re- sobrigar-se-á pagando o capital
resse por menos do que valha conhecer sua responsabilidade ou segurado ao antigo beneficiário.
acarreta a redução proporcional confessar a ação, bem como tran-
da indenização, no caso de sinis- sigir com o terceiro prejudicado, Art. 792. Na falta de indicação
tro parcial. ou indenizá-lo diretamente, sem da pessoa ou beneficiário, ou se
anuência expressa do segurador. por qualquer motivo não preva-
Art. 784. Não se inclui na garan- § 3o Intentada a ação contra lecer a que for feita, o capital
tia o sinistro provocado por vício o segurado, dará este ciência da segurado será pago por metade

174
Código Civil
ao cônjuge não separado judicial- cia inicial do contrato, ou da sua Art. 804. O contrato pode ser
mente, e o restante aos herdeiros recondução depois de suspenso, também a título oneroso, entre-
do segurado, obedecida a ordem observado o disposto no parágra- gando-se bens móveis ou imóveis
da vocação hereditária. fo único do artigo antecedente. à pessoa que se obriga a satis-
Parágrafo único. Na falta das Parágrafo único. Ressalvada fazer as prestações a favor do
pessoas indicadas neste artigo, a hipótese prevista neste artigo, credor ou de terceiros.
serão beneficiários os que pro- é nula a cláusula contratual que
varem que a morte do segurado exclui o pagamento do capital por Art. 805. Sendo o contrato a
os privou dos meios necessários suicídio do segurado. título oneroso, pode o credor,
à subsistência. ao contratar, exigir que o ren-
Art. 799. O segurador não pode deiro lhe preste garantia real, ou
Art. 793. É válida a instituição do eximir-se ao pagamento do segu- fidejussória.
companheiro como beneficiário, ro, ainda que da apólice conste a
se ao tempo do contrato o segura- restrição, se a morte ou a inca- Art. 806. O contrato de consti-
do era separado judicialmente, ou pacidade do segurado provier da tuição de renda será feito a pra-
já se encontrava separado de fato. utilização de meio de transporte zo certo, ou por vida, podendo
mais arriscado, da prestação de ultrapassar a vida do devedor
Art. 794. No seguro de vida ou serviço militar, da prática de es- mas não a do credor, seja ele o
de acidentes pessoais para o caso porte, ou de atos de humanidade contratante, seja terceiro.
de morte, o capital estipulado não em auxílio de outrem.
está sujeito às dívidas do segu- Art. 807. O contrato de consti-
rado, nem se considera herança Art. 800. Nos seguros de pes- tuição de renda requer escritura
para todos os efeitos de direito. soas, o segurador não pode sub- pública.
-rogar-se nos direitos e ações
Art. 795. É nula, no seguro de do segurado, ou do beneficiário, Art. 808. É nula a constituição
pessoa, qualquer transação para contra o causador do sinistro. de renda em favor de pessoa já
pagamento reduzido do capital falecida, ou que, nos trinta dias
segurado. Art. 801. O seguro de pessoas seguintes, vier a falecer de mo-
pode ser estipulado por pessoa léstia que já sofria, quando foi
Art. 796. O prêmio, no seguro de natural ou jurídica em proveito celebrado o contrato.
vida, será conveniado por prazo de grupo que a ela, de qualquer
limitado, ou por toda a vida do modo, se vincule. Art. 809. Os bens dados em
segurado. § 1o O estipulante não re- compensação da renda caem,
Parágrafo único. Em qual- presenta o segurador perante o desde a tradição, no domínio da
quer hipótese, no seguro individu- grupo segurado, e é o único res- pessoa que por aquela se obrigou.
al, o segurador não terá ação para ponsável, para com o segurador,
cobrar o prêmio vencido, cuja pelo cumprimento de todas as Art. 810. Se o rendeiro, ou cen-
falta de pagamento, nos prazos obrigações contratuais. suário, deixar de cumprir a obri-
previstos, acarretará, conforme § 2o A modificação da apólice gação estipulada, poderá o credor
se estipular, a resolução do con- em vigor dependerá da anuência da renda acioná-lo, tanto para que
trato, com a restituição da reserva expressa de segurados que repre- lhe pague as prestações atrasa-
já formada, ou a redução do capi- sentem três quartos do grupo. das como para que lhe dê ga-
tal garantido proporcionalmente rantias das futuras, sob pena de
ao prêmio pago. Art. 802. Não se compreende rescisão do contrato.
nas disposições desta Seção a
Art. 797. No seguro de vida para garantia do reembolso de des- Art. 811. O credor adquire o di-
o caso de morte, é lícito estipular- pesas hospitalares ou de trata- reito à renda dia a dia, se a pres-
-se um prazo de carência, durante mento médico, nem o custeio das tação não houver de ser paga
o qual o segurador não responde despesas de luto e de funeral do adiantada, no começo de cada
pela ocorrência do sinistro. segurado. um dos períodos prefixos.
Parágrafo único. No caso
deste artigo o segurador é obri- Art. 812. Quando a renda for
gado a devolver ao beneficiário CAPÍTULO XVI – DA constituída em benefício de duas
o montante da reserva técnica CONSTITUIÇÃO DE RENDA ou mais pessoas, sem determina-
já formada. ção da parte de cada uma, enten-
Art. 803. Pode uma pessoa, pelo de-se que os seus direitos são
Art. 798. O beneficiário não contrato de constituição de ren- iguais; e, salvo estipulação diver-
tem direito ao capital estipula- da, obrigar-se para com outra a sa, não adquirirão os sobrevivos
do quando o segurado se suicida uma prestação periódica, a título direito à parte dos que morrerem.
nos primeiros dois anos de vigên- gratuito.

175
Código Civil
Art. 813. A renda constituída partilha ou processo de transa- pode ser obrigado a aceitá-lo se
por título gratuito pode, por ato ção, conforme o caso. não for pessoa idônea, domici-
do instituidor, ficar isenta de to- liada no município onde tenha
das as execuções pendentes e de prestar a fiança, e não possua
futuras. CAPÍTULO XVIII – DA bens suficientes para cumprir a
Parágrafo único. A isenção FIANÇA obrigação.
prevista neste artigo prevalece de
Seção I – Disposições Gerais
pleno direito em favor dos mon- Art. 826. Se o fiador se tornar
tepios e pensões alimentícias. insolvente ou incapaz, poderá o
Art. 818. Pelo contrato de fiança, credor exigir que seja substituído.
uma pessoa garante satisfazer ao
CAPÍTULO XVII – DO JOGO credor uma obrigação assumida
E DA APOSTA pelo devedor, caso este não a
Seção II – Dos Efeitos da
cumpra. Fiança
Art. 814. As dívidas de jogo ou
de aposta não obrigam a paga- Art. 819. A fiança dar-se-á por Art. 827. O fiador demandado
mento; mas não se pode recobrar escrito, e não admite interpreta- pelo pagamento da dívida tem
a quantia, que voluntariamente ção extensiva. direito a exigir, até a contesta-
se pagou, salvo se foi ganha por ção da lide, que sejam primeiro
dolo, ou se o perdente é menor Art. 819-A. (Vetado) executados os bens do devedor.
ou interdito. Parágrafo único. O fiador que
§ 1o Estende-se esta disposi- Art. 820. Pode-se estipular a alegar o benefício de ordem, a
ção a qualquer contrato que encu- fiança, ainda que sem consen- que se refere este artigo, deve
bra ou envolva reconhecimento, timento do devedor ou contra a nomear bens do devedor, sitos
novação ou fiança de dívida de sua vontade. no mesmo município, livres e de-
jogo; mas a nulidade resultante sembargados, quantos bastem
não pode ser oposta ao terceiro Art. 821. As dívidas futuras po- para solver o débito.
de boa-fé. dem ser objeto de fiança; mas o
§ 2o O preceito contido neste fiador, neste caso, não será de- Art. 828. Não aproveita este be-
artigo tem aplicação, ainda que mandado senão depois que se nefício ao fiador:
se trate de jogo não proibido, só fizer certa e líquida a obrigação I – se ele o renunciou expres-
se excetuando os jogos e apostas do principal devedor. samente;
legalmente permitidos. II – se se obrigou como princi-
§ 3o Excetuam-se, igual- Art. 822. Não sendo limitada, pal pagador, ou devedor solidário;
mente, os prêmios oferecidos a fiança compreenderá todos os III – se o devedor for insol-
ou prometidos para o vencedor acessórios da dívida principal, vente, ou falido.
em competição de natureza es- inclusive as despesas judiciais,
portiva, intelectual ou artística, desde a citação do fiador. Art. 829. A fiança conjuntamen-
desde que os interessados se te prestada a um só débito por
submetam às prescrições legais Art. 823. A fiança pode ser de mais de uma pessoa importa o
e regulamentares. valor inferior ao da obrigação compromisso de solidariedade
principal e contraída em condi- entre elas, se declaradamente
Art. 815. Não se pode exigir re- ções menos onerosas, e, quando não se reservarem o benefício
embolso do que se emprestou exceder o valor da dívida, ou for de divisão.
para jogo ou aposta, no ato de mais onerosa que ela, não valerá Parágrafo único. Estipula-
apostar ou jogar. senão até ao limite da obrigação do este benefício, cada fiador
afiançada. responde unicamente pela parte
Art. 816. As disposições dos que, em proporção, lhe couber no
arts. 814 e 815 não se aplicam Art. 824. As obrigações nulas pagamento.
aos contratos sobre títulos de não são suscetíveis de fiança,
bolsa, mercadorias ou valores, exceto se a nulidade resultar ape- Art. 830. Cada fiador pode fixar
em que se estipulem a liquida- nas de incapacidade pessoal do no contrato a parte da dívida que
ção exclusivamente pela dife- devedor. toma sob sua responsabilidade,
rença entre o preço ajustado e Parágrafo único. A exceção caso em que não será por mais
a cotação que eles tiverem no estabelecida neste artigo não obrigado.
vencimento do ajuste. abrange o caso de mútuo feito
a menor. Art. 831. O fiador que pagar in-
Art. 817. O sorteio para dirimir tegralmente a dívida fica sub-ro-
questões ou dividir coisas co- Art. 825. Quando alguém houver gado nos direitos do credor; mas
muns considera-se sistema de de oferecer fiador, o credor não só poderá demandar a cada um

176
Código Civil
dos outros fiadores pela respec- III – se o credor, em pagamen- codevedores.
tiva quota. to da dívida, aceitar amigavelmen-
Parágrafo único. A parte do te do devedor objeto diverso do Art. 845. Dada a evicção da coi-
fiador insolvente distribuir-se-á que este era obrigado a lhe dar, sa renunciada por um dos tran-
pelos outros. ainda que depois venha a perdê-lo sigentes, ou por ele transferida
por evicção. à outra parte, não revive a obri-
Art. 832. O devedor responde gação extinta pela transação;
também perante o fiador por to- Art. 839. Se for invocado o be- mas ao evicto cabe o direito de
das as perdas e danos que este nefício da excussão e o devedor, reclamar perdas e danos.
pagar, e pelos que sofrer em ra- retardando-se a execução, cair Parágrafo único. Se um dos
zão da fiança. em insolvência, ficará exonerado transigentes adquirir, depois da
o fiador que o invocou, se provar transação, novo direito sobre a
Art. 833. O fiador tem direito aos que os bens por ele indicados coisa renunciada ou transferida,
juros do desembolso pela taxa es- eram, ao tempo da penhora, su- a transação feita não o inibirá de
tipulada na obrigação principal, e, ficientes para a solução da dívida exercê-lo.
não havendo taxa convencionada, afiançada.
aos juros legais da mora. Art. 846. A transação concer-
nente a obrigações resultantes
Art. 834. Quando o credor, sem CAPÍTULO XIX – DA de delito não extingue a ação
justa causa, demorar a execu- TRANSAÇÃO penal pública.
ção iniciada contra o devedor,
poderá o fiador promover-lhe o Art. 840. É lícito aos interessa- Art. 847. É admissível, na tran-
andamento. dos prevenirem ou terminarem sação, a pena convencional.
o litígio mediante concessões
Art. 835. O fiador poderá exo- mútuas. Art. 848. Sendo nula qualquer
nerar-se da fiança que tiver as- das cláusulas da transação, nula
sinado sem limitação de tempo, Art. 841. Só quanto a direitos será esta.
sempre que lhe convier, ficando patrimoniais de caráter privado Parágrafo único. Quando a
obrigado por todos os efeitos se permite a transação. transação versar sobre diversos
da fiança, durante sessenta dias direitos contestados, indepen-
após a notificação do credor. Art. 842. A transação far-se-á dentes entre si, o fato de não
por escritura pública, nas obriga- prevalecer em relação a um não
Art. 836. A obrigação do fiador ções em que a lei o exige, ou por prejudicará os demais.
passa aos herdeiros; mas a res- instrumento particular, nas em
ponsabilidade da fiança se limita que ela o admite; se recair sobre Art. 849. A transação só se anu-
ao tempo decorrido até a morte direitos contestados em juízo, la por dolo, coação, ou erro es-
do fiador, e não pode ultrapassar será feita por escritura pública, sencial quanto à pessoa ou coisa
as forças da herança. ou por termo nos autos, assinado controversa.
pelos transigentes e homologado Parágrafo único. A transação
pelo juiz. não se anula por erro de direito
Seção III – Da Extinção da a respeito das questões que fo-
Fiança Art. 843. A transação interpre- ram objeto de controvérsia entre
ta-se restritivamente, e por ela as partes.
Art. 837. O fiador pode opor ao não se transmitem, apenas se
credor as exceções que lhe fo- declaram ou reconhecem direitos. Art. 850. É nula a transação a
rem pessoais, e as extintivas da respeito do litígio decidido por
obrigação que competem ao de- Art. 844. A transação não apro- sentença passada em julgado,
vedor principal, se não provierem veita, nem prejudica senão aos se dela não tinha ciência algum
simplesmente de incapacidade que nela intervierem, ainda que dos transatores, ou quando, por
pessoal, salvo o caso do mútuo diga respeito a coisa indivisível. título ulteriormente descoberto,
feito a pessoa menor. § 1o Se for concluída entre o se verificar que nenhum deles
credor e o devedor, desobrigará tinha direito sobre o objeto da
Art. 838. O fiador, ainda que so- o fiador. transação.
lidário, ficará desobrigado: § 2o Se entre um dos credo-
I – se, sem consentimento res solidários e o devedor, extin-
seu, o credor conceder moratória gue a obrigação deste para com CAPÍTULO XX – DO
ao devedor; os outros credores. COMPROMISSO
II – se, por fato do credor, for § 3o Se entre um dos deve-
impossível a sub-rogação nos dores solidários e seu credor, Art. 851. É admitido compromis-
seus direitos e preferências; extingue a dívida em relação aos so, judicial ou extrajudicial, para

177
Código Civil
resolver litígios entre pessoas esta não for divisível, conferir- comunicará o gestor ao dono do
que podem contratar. -se-á por sorteio, e o que obtiver negócio a gestão que assumiu,
a coisa dará ao outro o valor de aguardando-lhe a resposta, se
Art. 852. É vedado compromis- seu quinhão. da espera não resultar perigo.
so para solução de questões de
estado, de direito pessoal de fa- Art. 859. Nos concursos que se Art. 865. Enquanto o dono não
mília e de outras que não tenham abrirem com promessa pública de providenciar, velará o gestor pelo
caráter estritamente patrimonial. recompensa, é condição essen- negócio, até o levar a cabo, espe-
cial, para valerem, a fixação de rando, se aquele falecer durante a
Art. 853. Admite-se nos con- um prazo, observadas também gestão, as instruções dos herdei-
tratos a cláusula compromissó- as disposições dos parágrafos ros, sem se descuidar, entretanto,
ria, para resolver divergências seguintes. das medidas que o caso reclame.
mediante juízo arbitral, na forma § 1o A decisão da pessoa no-
estabelecida em lei especial. meada, nos anúncios, como juiz, Art. 866. O gestor envidará toda
obriga os interessados. sua diligência habitual na admi-
§ 2o Em falta de pessoa de- nistração do negócio, ressarcindo
TÍTULO VII – DOS ATOS signada para julgar o mérito dos ao dono o prejuízo resultante de
UNILATERAIS trabalhos que se apresentarem, qualquer culpa na gestão.
entender-se-á que o promitente
CAPÍTULO I – DA se reservou essa função. Art. 867. Se o gestor se fizer
PROMESSA DE § 3o Se os trabalhos tiverem substituir por outrem, respon-
RECOMPENSA mérito igual, proceder-se-á de derá pelas faltas do substituto,
acordo com os arts. 857 e 858. ainda que seja pessoa idônea,
Art. 854. Aquele que, por anún- sem prejuízo da ação que a ele,
cios públicos, se comprometer Art. 860. As obras premiadas, ou ao dono do negócio, contra ela
a recompensar, ou gratificar, a nos concursos de que trata o possa caber.
quem preencha certa condição, artigo antecedente, só ficarão Parágrafo único. Havendo
ou desempenhe certo serviço, pertencendo ao promitente, se mais de um gestor, solidária será
contrai obrigação de cumprir o assim for estipulado na publica- a sua responsabilidade.
prometido. ção da promessa.
Art. 868. O gestor responde pelo
Art. 855. Quem quer que, nos caso fortuito quando fizer ope-
termos do artigo antecedente, CAPÍTULO II – DA GESTÃO rações arriscadas, ainda que o
fizer o serviço, ou satisfizer a DE NEGÓCIOS dono costumasse fazê-las, ou
condição, ainda que não pelo inte- quando preterir interesse deste
resse da promessa, poderá exigir Art. 861. Aquele que, sem auto- em proveito de interesses seus.
a recompensa estipulada. rização do interessado, intervém Parágrafo único. Querendo
na gestão de negócio alheio, di- o dono aproveitar-se da gestão,
Art. 856. Antes de prestado o rigi-lo-á segundo o interesse e a será obrigado a indenizar o gestor
serviço ou preenchida a condição, vontade presumível de seu dono, das despesas necessárias, que ti-
pode o promitente revogar a pro- ficando responsável a este e às ver feito, e dos prejuízos, que por
messa, contanto que o faça com pessoas com que tratar. motivo da gestão, houver sofrido.
a mesma publicidade; se houver
assinado prazo à execução da ta- Art. 862. Se a gestão foi inicia- Art. 869. Se o negócio for util-
refa, entender-se-á que renuncia da contra a vontade manifesta mente administrado, cumprirá ao
o arbítrio de retirar, durante ele, ou presumível do interessado, dono as obrigações contraídas
a oferta. responderá o gestor até pelos em seu nome, reembolsando ao
Parágrafo único. O candidato casos fortuitos, não provando que gestor as despesas necessárias
de boa-fé, que houver feito des- teriam sobrevindo, ainda quando ou úteis que houver feito, com os
pesas, terá direito a reembolso. se houvesse abatido. juros legais, desde o desembolso,
respondendo ainda pelos preju-
Art. 857. Se o ato contemplado Art. 863. No caso do artigo an- ízos que este houver sofrido por
na promessa for praticado por tecedente, se os prejuízos da ges- causa da gestão.
mais de um indivíduo, terá direi- tão excederem o seu proveito, § 1o A utilidade, ou necessi-
to à recompensa o que primeiro poderá o dono do negócio exigir dade, da despesa, apreciar-se-á
o executou. que o gestor restitua as coisas ao não pelo resultado obtido, mas
estado anterior, ou o indenize da segundo as circunstâncias da
Art. 858. Sendo simultânea a diferença. ocasião em que se fizerem.
execução, a cada um tocará qui- § 2o Vigora o disposto neste
nhão igual na recompensa; se Art. 864. Tanto que se possa, artigo, ainda quando o gestor, em

178
Código Civil
erro quanto ao dono do negócio, CAPÍTULO III – DO Art. 883. Não terá direito à re-
der a outra pessoa as contas da PAGAMENTO INDEVIDO petição aquele que deu alguma
gestão. coisa para obter fim ilícito, imoral,
Art. 876. Todo aquele que rece- ou proibido por lei.
Art. 870. Aplica-se a disposição beu o que lhe não era devido fica Parágrafo único. No caso
do artigo antecedente, quando obrigado a restituir; obrigação deste artigo, o que se deu re-
a gestão se proponha a acudir a que incumbe àquele que recebe verterá em favor de estabeleci-
prejuízos iminentes, ou redunde dívida condicional antes de cum- mento local de beneficência, a
em proveito do dono do negócio prida a condição. critério do juiz.
ou da coisa; mas a indenização
ao gestor não excederá, em im- Art. 877. Àquele que voluntaria-
portância, as vantagens obtidas mente pagou o indevido incumbe CAPÍTULO IV – DO
com a gestão. a prova de tê-lo feito por erro. ENRIQUECIMENTO SEM
CAUSA
Art. 871. Quando alguém, na Art. 878. Aos frutos, acessões,
ausência do indivíduo obrigado benfeitorias e deteriorações so- Art. 884. Aquele que, sem jus-
a alimentos, por ele os prestar brevindas à coisa dada em pa- ta causa, se enriquecer à custa
a quem se devem, poder-lhes-á gamento indevido, aplica-se o de outrem, será obrigado a res-
reaver do devedor a importância, disposto neste Código sobre o tituir o indevidamente auferido,
ainda que este não ratifique o ato. possuidor de boa-fé ou de má-fé, feita a atualização dos valores
conforme o caso. monetários.
Art. 872. Nas despesas do en- Parágrafo único. Se o enri-
terro, proporcionadas aos usos Art. 879. Se aquele que indevi- quecimento tiver por objeto coisa
locais e à condição do falecido, damente recebeu um imóvel o ti- determinada, quem a recebeu é
feitas por terceiro, podem ser ver alienado em boa-fé, por título obrigado a restituí-la, e, se a coisa
cobradas da pessoa que teria a oneroso, responde somente pela não mais subsistir, a restituição
obrigação de alimentar a que veio quantia recebida; mas, se agiu de se fará pelo valor do bem na época
a falecer, ainda mesmo que esta má-fé, além do valor do imóvel, em que foi exigido.
não tenha deixado bens. responde por perdas e danos.
Parágrafo único. Cessa o Parágrafo único. Se o imóvel Art. 885. A restituição é devida,
disposto neste artigo e no ante- foi alienado por título gratuito, ou não só quando não tenha havido
cedente, em se provando que o se, alienado por título oneroso, o causa que justifique o enrique-
gestor fez essas despesas com terceiro adquirente agiu de má- cimento, mas também se esta
o simples intento de bem-fazer. -fé, cabe ao que pagou por erro deixou de existir.
o direito de reivindicação.
Art. 873. A ratificação pura e Art. 886. Não caberá a resti-
simples do dono do negócio re- Art. 880. Fica isento de restituir tuição por enriquecimento, se
troage ao dia do começo da ges- pagamento indevido aquele que, a lei conferir ao lesado outros
tão, e produz todos os efeitos do recebendo-o como parte de dívi- meios para se ressarcir do pre-
mandato. da verdadeira, inutilizou o título, juízo sofrido.
deixou prescrever a pretensão
Art. 874. Se o dono do negócio, ou abriu mão das garantias que
ou da coisa, desaprovar a ges- asseguravam seu direito; mas TÍTULO VIII – DOS TÍTULOS
tão, considerando-a contrária aquele que pagou dispõe de ação DE CRÉDITO
aos seus interesses, vigorará o regressiva contra o verdadeiro
disposto nos arts. 862 e 863, salvo devedor e seu fiador. CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
o estabelecido nos arts. 869 e 870. GERAIS
Art. 881. Se o pagamento inde-
Art. 875. Se os negócios alheios vido tiver consistido no desem- Art. 887. O título de crédito, do-
forem conexos ao do gestor, de penho de obrigação de fazer ou cumento necessário ao exercício
tal arte que se não possam ge- para eximir-se da obrigação de do direito literal e autônomo nele
rir separadamente, haver-se-á não fazer, aquele que recebeu a contido, somente produz efeito
o gestor por sócio daquele cujos prestação fica na obrigação de quando preencha os requisitos
interesses agenciar de envolta indenizar o que a cumpriu, na da lei.
com os seus. medida do lucro obtido.
Parágrafo único. No caso Art. 888. A omissão de qualquer
deste artigo, aquele em cujo be- Art. 882. Não se pode repetir o requisito legal, que tire ao escri-
nefício interveio o gestor só é que se pagou para solver dívida to a sua validade como título de
obrigado na razão das vantagens prescrita, ou cumprir obrigação crédito, não implica a invalidade
que lograr. judicialmente inexigível. do negócio jurídico que lhe deu

179
Código Civil
origem. representativo de mercadoria no vencimento, sem oposição,
tem o direito de transferi-lo, de salvo se agiu de má-fé.
Art. 889. Deve o título de cré- conformidade com as normas que Parágrafo único. Pagando,
dito conter a data da emissão, regulam a sua circulação, ou de pode o devedor exigir do credor,
a indicação precisa dos direitos receber aquela independente- além da entrega do título, quita-
que confere, e a assinatura do mente de quaisquer formalida- ção regular.
emitente. des, além da entrega do título
§ 1o É à vista o título de cré- devidamente quitado. Art. 902. Não é o credor obriga-
dito que não contenha indicação do a receber o pagamento antes
de vencimento. Art. 895. Enquanto o título de do vencimento do título, e aquele
§ 2o Considera-se lugar de crédito estiver em circulação, só que o paga, antes do vencimento,
emissão e de pagamento, quando ele poderá ser dado em garantia, fica responsável pela validade do
não indicado no título, o domicílio ou ser objeto de medidas judiciais, pagamento.
do emitente. e não, separadamente, os direitos § 1o No vencimento, não pode
§ 3o O título poderá ser emiti- ou mercadorias que representa. o credor recusar pagamento, ain-
do a partir dos caracteres criados da que parcial.
em computador ou meio técnico Art. 896. O título de crédito não § 2o No caso de pagamento
equivalente e que constem da pode ser reivindicado do por- parcial, em que se não opera a
escrituração do emitente, ob- tador que o adquiriu de boa-fé tradição do título, além da qui-
servados os requisitos mínimos e na conformidade das normas tação em separado, outra deve-
previstos neste artigo. que disciplinam a sua circulação. rá ser firmada no próprio título.

Art. 890. Consideram-se não Art. 897. O pagamento de título Art. 903. Salvo disposição di-
escritas no título a cláusula de de crédito, que contenha obriga- versa em lei especial, regem-se
juros, a proibitiva de endosso, a ção de pagar soma determinada, os títulos de crédito pelo disposto
excludente de responsabilidade pode ser garantido por aval. neste Código.
pelo pagamento ou por despesas, Parágrafo único. É vedado o
a que dispense a observância de aval parcial.
termos e formalidade prescritas, CAPÍTULO II – DO TÍTULO
e a que, além dos limites fixados Art. 898. O aval deve ser dado AO PORTADOR
em lei, exclua ou restrinja direitos no verso ou no anverso do pró-
e obrigações. prio título. Art. 904. A transferência de tí-
§ 1o Para a validade do aval, tulo ao portador se faz por sim-
Art. 891. O título de crédito, in- dado no anverso do título, é su- ples tradição.
completo ao tempo da emissão, ficiente a simples assinatura do
deve ser preenchido de conformi- avalista. Art. 905. O possuidor de título ao
dade com os ajustes realizados. § 2o Considera-se não escri- portador tem direito à prestação
Parágrafo único. O descum- to o aval cancelado. nele indicada, mediante a sua
primento dos ajustes previstos simples apresentação ao devedor.
neste artigo pelos que deles par- Art. 899. O avalista equipara-se Parágrafo único. A prestação
ticiparam, não constitui motivo àquele cujo nome indicar; na fal- é devida ainda que o título tenha
de oposição ao terceiro portador, ta de indicação, ao emitente ou entrado em circulação contra a
salvo se este, ao adquirir o título, devedor final. vontade do emitente.
tiver agido de má-fé. § 1o Pagando o título, tem o
avalista ação de regresso contra Art. 906. O devedor só poderá
Art. 892. Aquele que, sem ter o seu avalizado e demais coobri- opor ao portador exceção fun-
poderes, ou excedendo os que gados anteriores. dada em direito pessoal, ou em
tem, lança a sua assinatura em § 2o Subsiste a responsabi- nulidade de sua obrigação.
título de crédito, como mandatá- lidade do avalista, ainda que nula
rio ou representante de outrem, a obrigação daquele a quem se Art. 907. É nulo o título ao por-
fica pessoalmente obrigado, e, equipara, a menos que a nulidade tador emitido sem autorização
pagando o título, tem ele os mes- decorra de vício de forma. de lei especial.
mos direitos que teria o suposto
mandante ou representado. Art. 900. O aval posterior ao Art. 908. O possuidor de título
vencimento produz os mesmos dilacerado, porém identificável,
Art. 893. A transferência do tí- efeitos do anteriormente dado. tem direito a obter do emitente
tulo de crédito implica a de todos a substituição do anterior, me-
os direitos que lhe são inerentes. Art. 901. Fica validamente deso- diante a restituição do primeiro
nerado o devedor que paga título e o pagamento das despesas.
Art. 894. O portador de título de crédito ao legítimo portador,

180
Código Civil
Art. 909. O proprietário, que expressa em contrário, constante ao endossatário de endosso-pe-
perder ou extraviar título, ou for do endosso, não responde o en- nhor as exceções que tinha con-
injustamente desapossado dele, dossante pelo cumprimento da tra o endossante, salvo se aquele
poderá obter novo título em juízo, prestação constante do título. tiver agido de má-fé.
bem como impedir sejam pagos § 1o Assumindo responsabi-
a outrem capital e rendimentos. lidade pelo pagamento, o endos- Art. 919. A aquisição de título à
Parágrafo único. O pagamen- sante se torna devedor solidário. ordem, por meio diverso do en-
to, feito antes de ter ciência da § 2o Pagando o título, tem dosso, tem efeito de cessão civil.
ação referida neste artigo, exo- o endossante ação de regresso
nera o devedor, salvo se se pro- contra os coobrigados anteriores. Art. 920. O endosso posterior ao
var que ele tinha conhecimento vencimento produz os mesmos
do fato. Art. 915. O devedor, além das efeitos do anterior.
exceções fundadas nas relações
pessoais que tiver com o por-
CAPÍTULO III – DO TÍTULO tador, só poderá opor a este as CAPÍTULO IV – DO TÍTULO
À ORDEM exceções relativas à forma do NOMINATIVO
título e ao seu conteúdo literal, à
Art. 910. O endosso deve ser lan- falsidade da própria assinatura, Art. 921. É título nominativo
çado pelo endossante no verso ou a defeito de capacidade ou de o emitido em favor de pessoa
anverso do próprio título. representação no momento da cujo nome conste no registro do
§ 1o Pode o endossante de- subscrição, e à falta de requisito emitente.
signar o endossatário, e para va- necessário ao exercício da ação.
lidade do endosso, dado no verso Art. 922. Transfere-se o título
do título, é suficiente a simples Art. 916. As exceções, fundadas nominativo mediante termo, em
assinatura do endossante. em relação do devedor com os registro do emitente, assinado
§ 2o A transferência por en- portadores precedentes, somente pelo proprietário e pelo adqui-
dosso completa-se com a tradi- poderão ser por ele opostas ao rente.
ção do título. portador, se este, ao adquirir o
§ 3o Considera-se não escri- título, tiver agido de má-fé. Art. 923. O título nominativo
to o endosso cancelado, total ou também pode ser transferido por
parcialmente. Art. 917. A cláusula constitutiva endosso que contenha o nome do
de mandato, lançada no endosso, endossatário.
Art. 911. Considera-se legítimo confere ao endossatário o exer- § 1o A transferência mediante
possuidor o portador do título à cício dos direitos inerentes ao endosso só tem eficácia perante
ordem com série regular e inin- título, salvo restrição expressa- o emitente, uma vez feita a com-
terrupta de endossos, ainda que mente estatuída. petente averbação em seu regis-
o último seja em branco. § 1o O endossatário de en- tro, podendo o emitente exigir do
Parágrafo único. Aquele que dosso-mandato só pode endossar endossatário que comprove a
paga o título está obrigado a ve- novamente o título na qualidade autenticidade da assinatura do
rificar a regularidade da série de de procurador, com os mesmos endossante.
endossos, mas não a autenticida- poderes que recebeu. § 2o O endossatário, legiti-
de das assinaturas. § 2o Com a morte ou a su- mado por série regular e ininter-
perveniente incapacidade do en- rupta de endossos, tem o direito
Art. 912. Considera-se não es- dossante, não perde eficácia o de obter a averbação no registro
crita no endosso qualquer con- endosso-mandato. do emitente, comprovada a au-
dição a que o subordine o en- § 3o Pode o devedor opor ao tenticidade das assinaturas de
dossante. endossatário de endosso-manda- todos os endossantes.
Parágrafo único. É nulo o en- to somente as exceções que tiver § 3o Caso o título original
dosso parcial. contra o endossante. contenha o nome do primitivo
proprietário, tem direito o adqui-
Art. 913. O endossatário de en- Art. 918. A cláusula constitutiva rente a obter do emitente novo
dosso em branco pode mudá-lo de penhor, lançada no endos- título, em seu nome, devendo a
para endosso em preto, comple- so, confere ao endossatário o emissão do novo título constar
tando-o com o seu nome ou de exercício dos direitos inerentes no registro do emitente.
terceiro; pode endossar nova- ao título.
mente o título, em branco ou em § 1o O endossatário de en- Art. 924. Ressalvada proibição
preto; ou pode transferi-lo sem dosso-penhor só pode endossar legal, pode o título nominativo ser
novo endosso. novamente o título na qualidade transformado em à ordem ou ao
de procurador. portador, a pedido do proprietário
Art. 914. Ressalvada cláusula § 2o Não pode o devedor opor e à sua custa.

181
Código Civil
Art. 925. Fica desonerado de em defesa de quem se causou o causado, se não provar culpa da
responsabilidade o emitente que dano (art. 188, inciso I). vítima ou força maior.
de boa-fé fizer a transferência pe-
los modos indicados nos artigos Art. 931. Ressalvados outros Art. 937. O dono de edifício ou
antecedentes. casos previstos em lei especial, construção responde pelos da-
os empresários individuais e as nos que resultarem de sua ru-
Art. 926. Qualquer negócio ou empresas respondem indepen- ína, se esta provier de falta de
medida judicial, que tenha por dentemente de culpa pelos danos reparos, cuja necessidade fosse
objeto o título, só produz efeito causados pelos produtos postos manifesta.
perante o emitente ou terceiros, em circulação. § 1o (Vetado)
uma vez feita a competente aver- § 2o (Vetado)
bação no registro do emitente. Art. 932. São também respon-
sáveis pela reparação civil: Art. 938. Aquele que habitar
I – os pais, pelos filhos meno- prédio, ou parte dele, responde
TÍTULO IX – DA res que estiverem sob sua autori- pelo dano proveniente das coisas
RESPONSABILIDADE CIVIL dade e em sua companhia; que dele caírem ou forem lança-
II – o tutor e o curador, pe- das em lugar indevido.
CAPÍTULO I – DA los pupilos e curatelados, que se
OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR acharem nas mesmas condições; Art. 939. O credor que deman-
III – o empregador ou comi- dar o devedor antes de vencida
Art. 927. Aquele que, por ato ilí- tente, por seus empregados, ser- a dívida, fora dos casos em que
cito (arts. 186 e 187), causar dano a viçais e prepostos, no exercício a lei o permita, ficará obrigado a
outrem, fica obrigado a repará-lo. do trabalho que lhes competir, esperar o tempo que faltava para
Parágrafo único. Haverá obri- ou em razão dele; o vencimento, a descontar os
gação de reparar o dano, inde- IV – os donos de hotéis, hos- juros correspondentes, embora
pendentemente de culpa, nos pedarias, casas ou estabeleci- estipulados, e a pagar as custas
casos especificados em lei, ou mentos onde se albergue por di- em dobro.
quando a atividade normalmente nheiro, mesmo para fins de edu-
desenvolvida pelo autor do dano cação, pelos seus hóspedes, mo- Art. 940. Aquele que demandar
implicar, por sua natureza, risco radores e educandos; por dívida já paga, no todo ou em
para os direitos de outrem. V – os que gratuitamente hou- parte, sem ressalvar as quantias
verem participado nos produ- recebidas ou pedir mais do que
Art. 928. O incapaz responde tos do crime, até a concorrente for devido, ficará obrigado a pa-
pelos prejuízos que causar, se quantia. gar ao devedor, no primeiro caso,
as pessoas por ele responsáveis o dobro do que houver cobrado
não tiverem obrigação de fazê- Art. 933. As pessoas indicadas e, no segundo, o equivalente do
-lo ou não dispuserem de meios nos incisos I a V do artigo antece- que dele exigir, salvo se houver
suficientes. dente, ainda que não haja culpa prescrição.
Parágrafo único. A indeni- de sua parte, responderão pelos
zação prevista neste artigo, que atos praticados pelos terceiros Art. 941. As penas previstas nos
deverá ser equitativa, não terá ali referidos. arts. 939 e 940 não se aplicarão
lugar se privar do necessário o quando o autor desistir da ação
incapaz ou as pessoas que dele Art. 934. Aquele que ressarcir antes de contestada a lide, salvo
dependem. o dano causado por outrem pode ao réu o direito de haver indeniza-
reaver o que houver pago daquele ção por algum prejuízo que prove
Art. 929. Se a pessoa lesada, ou por quem pagou, salvo se o cau- ter sofrido.
o dono da coisa, no caso do inciso sador do dano for descendente
II do art. 188, não forem culpados seu, absoluta ou relativamente Art. 942. Os bens do respon-
do perigo, assistir-lhes-á direito incapaz. sável pela ofensa ou violação do
à indenização do prejuízo que direito de outrem ficam sujeitos
sofreram. Art. 935. A responsabilidade à reparação do dano causado;
civil é independente da crimi- e, se a ofensa tiver mais de um
Art. 930. No caso do inciso II do nal, não se podendo questionar autor, todos responderão solida-
art. 188, se o perigo ocorrer por mais sobre a existência do fato, riamente pela reparação.
culpa de terceiro, contra este terá ou sobre quem seja o seu autor, Parágrafo único. São solida-
o autor do dano ação regressiva quando estas questões se acha- riamente responsáveis com os
para haver a importância que tiver rem decididas no juízo criminal. autores os coautores e as pessoas
ressarcido ao lesado. designadas no art. 932.
Parágrafo único. A mesma Art. 936. O dono, ou detentor, do
ação competirá contra aquele animal ressarcirá o dano por este Art. 943. O direito de exigir re-

182
Código Civil
paração e a obrigação de prestá- nização, além das despesas do I – o cárcere privado;
-la transmitem-se com a herança. tratamento e lucros cessantes II – a prisão por queixa ou de-
até ao fim da convalescença, in- núncia falsa e de má-fé;
cluirá pensão correspondente à III – a prisão ilegal.
CAPÍTULO II – DA importância do trabalho para que
INDENIZAÇÃO se inabilitou, ou da depreciação
que ele sofreu. TÍTULO X – DAS
Art. 944. A indenização mede- Parágrafo único. O prejudi- PREFERÊNCIAS E
-se pela extensão do dano. cado, se preferir, poderá exigir PRIVILÉGIOS CREDITÓRIOS
Parágrafo único. Se houver que a indenização seja arbitrada
excessiva desproporção entre e paga de uma só vez. Art. 955. Procede-se à declara-
a gravidade da culpa e o dano, ção de insolvência toda vez que
poderá o juiz reduzir, equitati- Art. 951. O disposto nos as dívidas excedam à importância
vamente, a indenização. arts. 948, 949 e 950 aplica-se dos bens do devedor.
ainda no caso de indenização
Art. 945. Se a vítima tiver con- devida por aquele que, no exer- Art. 956. A discussão entre os
corrido culposamente para o cício de atividade profissional, credores pode versar quer sobre a
evento danoso, a sua indenização por negligência, imprudência ou preferência entre eles disputada,
será fixada tendo-se em conta a imperícia, causar a morte do pa- quer sobre a nulidade, simulação,
gravidade de sua culpa em con- ciente, agravar-lhe o mal, causar- fraude, ou falsidade das dívidas
fronto com a do autor do dano. -lhe lesão, ou inabilitá-lo para o e contratos.
trabalho.
Art. 946. Se a obrigação for in- Art. 957. Não havendo título le-
determinada, e não houver na lei Art. 952. Havendo usurpação ou gal à preferência, terão os credo-
ou no contrato disposição fixando esbulho do alheio, além da res- res igual direito sobre os bens do
a indenização devida pelo inadim- tituição da coisa, a indenização devedor comum.
plente, apurar-se-á o valor das consistirá em pagar o valor das
perdas e danos na forma que a suas deteriorações e o devido a Art. 958. Os títulos legais de
lei processual determinar. título de lucros cessantes; faltan- preferência são os privilégios e
do a coisa, dever-se-á reembolsar os direitos reais.
Art. 947. Se o devedor não puder o seu equivalente ao prejudicado.
cumprir a prestação na espécie Parágrafo único. Para se res- Art. 959. Conservam seus res-
ajustada, substituir-se-á pelo seu tituir o equivalente, quando não pectivos direitos os credores, hi-
valor, em moeda corrente. exista a própria coisa, estimar-se- potecários ou privilegiados:
-á ela pelo seu preço ordinário e I – sobre o preço do seguro da
Art. 948. No caso de homicídio, pelo de afeição, contanto que este coisa gravada com hipoteca ou
a indenização consiste, sem ex- não se avantaje àquele. privilégio, ou sobre a indenização
cluir outras reparações: devida, havendo responsável pela
I – no pagamento das despe- Art. 953. A indenização por in- perda ou danificação da coisa;
sas com o tratamento da vítima, júria, difamação ou calúnia con- II – sobre o valor da indeniza-
seu funeral e o luto da família; sistirá na reparação do dano que ção, se a coisa obrigada a hipote-
II – na prestação de alimentos delas resulte ao ofendido. ca ou privilégio for desapropriada.
às pessoas a quem o morto os Parágrafo único. Se o ofen-
devia, levando-se em conta a du- dido não puder provar prejuízo Art. 960. Nos casos a que se
ração provável da vida da vítima. material, caberá ao juiz fixar, refere o artigo antecedente, o
equitativamente, o valor da in- devedor do seguro, ou da indeni-
Art. 949. No caso de lesão ou denização, na conformidade das zação, exonera-se pagando sem
outra ofensa à saúde, o ofen- circunstâncias do caso. oposição dos credores hipotecá-
sor indenizará o ofendido das rios ou privilegiados.
despesas do tratamento e dos Art. 954. A indenização por
lucros cessantes até ao fim da ofensa à liberdade pessoal con- Art. 961. O crédito real prefere
convalescença, além de algum sistirá no pagamento das per- ao pessoal de qualquer espécie;
outro prejuízo que o ofendido das e danos que sobrevierem o crédito pessoal privilegiado, ao
prove haver sofrido. ao ofendido, e se este não puder simples; e o privilégio especial,
provar prejuízo, tem aplicação o ao geral.
Art. 950. Se da ofensa resultar disposto no parágrafo único do
defeito pelo qual o ofendido não artigo antecedente. Art. 962. Quando concorrerem
possa exercer o seu ofício ou Parágrafo único. Conside- aos mesmos bens, e por título
profissão, ou se lhe diminua a ram-se ofensivos da liberdade igual, dois ou mais credores da
capacidade de trabalho, a inde- pessoal: mesma classe especialmente

183
Código Civil
privilegiados, haverá entre eles I – o crédito por despesa de sário far-se-á mediante requeri-
rateio proporcional ao valor dos seu funeral, feito segundo a con- mento que contenha:
respectivos créditos, se o produ- dição do morto e o costume do I – o seu nome, nacionalidade,
to não bastar para o pagamento lugar; domicílio, estado civil e, se casa-
integral de todos. II – o crédito por custas judi- do, o regime de bens;
ciais, ou por despesas com a ar- II – a firma, com a respectiva
Art. 963. O privilégio especial recadação e liquidação da massa; assinatura autógrafa que poderá
só compreende os bens sujei- III – o crédito por despesas ser substituída pela assinatu-
tos, por expressa disposição de com o luto do cônjuge sobrevivo ra autenticada com certificação
lei, ao pagamento do crédito que e dos filhos do devedor falecido, digital ou meio equivalente que
ele favorece; e o geral, todos os se foram moderadas; comprove a sua autenticidade,
bens não sujeitos a crédito real IV – o crédito por despesas ressalvado o disposto no inciso I
nem a privilégio especial. com a doença de que faleceu o do § 1o do art. 4o da Lei Comple-
devedor, no semestre anterior à mentar no 123, de 14 de dezembro
Art. 964. Têm privilégio espe- sua morte; de 2006;
cial: V – o crédito pelos gastos III – o capital;
I – sobre a coisa arrecadada necessários à mantença do de- IV – o objeto e a sede da em-
e liquidada, o credor de custas e vedor falecido e sua família, no presa.
despesas judiciais feitas com a trimestre anterior ao falecimento; § 1o Com as indicações esta-
arrecadação e liquidação; VI – o crédito pelos impostos belecidas neste artigo, a inscrição
II – sobre a coisa salvada, devidos à Fazenda Pública, no ano será tomada por termo no livro
o credor por despesas de sal- corrente e no anterior; próprio do Registro Público de
vamento; VII – o crédito pelos salários Empresas Mercantis, e obedecerá
III – sobre a coisa beneficiada, dos empregados do serviço do- a número de ordem contínuo para
o credor por benfeitorias neces- méstico do devedor, nos seus todos os empresários inscritos.
sárias ou úteis; derradeiros seis meses de vida; § 2o À margem da inscrição,
IV – sobre os prédios rústicos VIII – os demais créditos de e com as mesmas formalidades,
ou urbanos, fábricas, oficinas, ou privilégio geral. serão averbadas quaisquer mo-
quaisquer outras construções, o dificações nela ocorrentes.
credor de materiais, dinheiro, ou § 3o Caso venha a admitir
serviços para a sua edificação, LIVRO II – DO DIREITO DE sócios, o empresário individual
reconstrução, ou melhoramento; EMPRESA poderá solicitar ao Registro Pú-
V – sobre os frutos agrícolas, blico de Empresas Mercantis a
o credor por sementes, instru- TÍTULO I – DO EMPRESÁRIO transformação de seu registro
mentos e serviços à cultura, ou CAPÍTULO I – DA de empresário para registro de
à colheita; sociedade empresária, obser-
VI – sobre as alfaias e utensí- CARACTERIZAÇÃO E DA vado, no que couber, o disposto
lios de uso doméstico, nos prédios INSCRIÇÃO nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código.
rústicos ou urbanos, o credor de § 4o O processo de abertu-
aluguéis, quanto às prestações do Art. 966. Considera-se empre- ra, registro, alteração e baixa do
ano corrente e do anterior; sário quem exerce profissional- microempreendedor individual
VII – sobre os exemplares da mente atividade econômica or- de que trata o art. 18-A da Lei
obra existente na massa do editor, ganizada para a produção ou a Complementar no 123, de 14 de
o autor dela, ou seus legítimos circulação de bens ou de serviços. dezembro de 2006, bem como
representantes, pelo crédito fun- Parágrafo único. Não se con- qualquer exigência para o início
dado contra aquele no contrato sidera empresário quem exerce de seu funcionamento deverão
da edição; profissão intelectual, de natureza ter trâmite especial e simplifica-
VIII – sobre o produto da co- científica, literária ou artística, do, preferentemente eletrônico,
lheita, para a qual houver con- ainda com o concurso de auxilia- opcional para o empreendedor,
corrido com o seu trabalho, e res ou colaboradores, salvo se o na forma a ser disciplinada pelo
precipuamente a quaisquer ou- exercício da profissão constituir Comitê para Gestão da Rede Na-
tros créditos, ainda que reais, o elemento de empresa. cional para a Simplificação do
trabalhador agrícola, quanto à Registro e da Legalização de Em-
dívida dos seus salários; Art. 967. É obrigatória a inscri- presas e Negócios – CGSIM, de
IX – sobre os produtos do aba- ção do empresário no Registro que trata o inciso III do art. 2o da
te, o credor por animais. Público de Empresas Mercantis mesma Lei.
da respectiva sede, antes do iní- § 5o Para fins do disposto no
Art. 965. Goza de privilégio ge- cio de sua atividade. § 4 , poderão ser dispensados o
o

ral, na ordem seguinte, sobre os uso da firma, com a respectiva


bens do devedor: Art. 968. A inscrição do empre- assinatura autógrafa, o capital,

184
Código Civil
requerimentos, demais assinatu- própria de empresário, se a exer- da responsabilidade pelos atos
ras, informações relativas à na- cer, responderá pelas obrigações dos gerentes nomeados.
cionalidade, estado civil e regime contraídas.
de bens, bem como remessa de Art. 976. A prova da emancipa-
documentos, na forma estabele- Art. 974. Poderá o incapaz, por ção e da autorização do incapaz,
cida pelo CGSIM. meio de representante ou devi- nos casos do art. 974, e a de even-
damente assistido, continuar a tual revogação desta, serão ins-
Art. 969. O empresário que ins- empresa antes exercida por ele critas ou averbadas no Registro
tituir sucursal, filial ou agência, enquanto capaz, por seus pais ou Público de Empresas Mercantis.
em lugar sujeito à jurisdição de pelo autor de herança. Parágrafo único. O uso da
outro Registro Público de Em- § 1o Nos casos deste artigo, nova firma caberá, conforme o
presas Mercantis, neste deverá precederá autorização judicial, caso, ao gerente; ou ao repre-
também inscrevê-la, com a prova após exame das circunstâncias sentante do incapaz; ou a este,
da inscrição originária. e dos riscos da empresa, bem quando puder ser autorizado.
Parágrafo único. Em qual- como da conveniência em con-
quer caso, a constituição do es- tinuá-la, podendo a autorização Art. 977. Faculta-se aos cônju-
tabelecimento secundário deverá ser revogada pelo juiz, ouvidos os ges contratar sociedade, entre si
ser averbada no Registro Público pais, tutores ou representantes ou com terceiros, desde que não
de Empresas Mercantis da res- legais do menor ou do interdito, tenham casado no regime da co-
pectiva sede. sem prejuízo dos direitos adqui- munhão universal de bens, ou no
ridos por terceiros. da separação obrigatória.
Art. 970. A lei assegurará trata- § 2o Não ficam sujeitos ao
mento favorecido, diferenciado e resultado da empresa os bens que Art. 978. O empresário casado
simplificado ao empresário rural o incapaz já possuía, ao tempo da pode, sem necessidade de outor-
e ao pequeno empresário, quanto sucessão ou da interdição, desde ga conjugal, qualquer que seja o
à inscrição e aos efeitos daí de- que estranhos ao acervo daquela, regime de bens, alienar os imóveis
correntes. devendo tais fatos constar do al- que integrem o patrimônio da em-
vará que conceder a autorização. presa ou gravá-los de ônus real.
Art. 971. O empresário, cuja ati- § 3o O Registro Público de
vidade rural constitua sua princi- Empresas Mercantis a cargo das Art. 979. Além de no Registro
pal profissão, pode, observadas Juntas Comerciais deverá re- Civil, serão arquivados e aver-
as formalidades de que tratam gistrar contratos ou alterações bados, no Registro Público de
o art. 968 e seus parágrafos, re- contratuais de sociedade que Empresas Mercantis, os pactos
querer inscrição no Registro Pú- envolva sócio incapaz, desde que e declarações antenupciais do
blico de Empresas Mercantis da atendidos, de forma conjunta, os empresário, o título de doação,
respectiva sede, caso em que, seguintes pressupostos: herança, ou legado, de bens clau-
depois de inscrito, ficará equi- I – o sócio incapaz não pode sulados de incomunicabilidade ou
parado, para todos os efeitos, exercer a administração da so- inalienabilidade.
ao empresário sujeito a registro. ciedade;
Parágrafo único. Aplica-se o II – o capital social deve ser Art. 980. A sentença que de-
disposto no caput deste artigo à totalmente integralizado; cretar ou homologar a separação
associação que desenvolva ati- III – o sócio relativamente judicial do empresário e o ato
vidade futebolística em caráter incapaz deve ser assistido e o de reconciliação não podem ser
habitual e profissional, caso em absolutamente incapaz deve ser opostos a terceiros, antes de ar-
que, com a inscrição, será con- representado por seus represen- quivados e averbados no Registro
siderada empresária, para todos tantes legais. Público de Empresas Mercantis.
os efeitos.
Art. 975. Se o representante ou
assistente do incapaz for pessoa TÍTULO I-A – DA
CAPÍTULO II – DA que, por disposição de lei, não EMPRESA INDIVIDUAL
CAPACIDADE puder exercer atividade de em- DE RESPONSABILIDADE
presário, nomeará, com a aprova- LIMITADA
Art. 972. Podem exercer a ativi- ção do juiz, um ou mais gerentes.
dade de empresário os que esti- § 1o Do mesmo modo será Art. 980-A. (Revogado)
verem em pleno gozo da capaci- nomeado gerente em todos os
dade civil e não forem legalmente casos em que o juiz entender ser
impedidos. conveniente.
§ 2o A aprovação do juiz não
Art. 973. A pessoa legalmente exime o representante ou assis-
impedida de exercer atividade tente do menor ou do interdito

185
Código Civil
TÍTULO II – DA SOCIEDADE constituída a sociedade segun- CAPÍTULO II – DA
do um daqueles tipos, o pedido SOCIEDADE EM CONTA DE
CAPÍTULO ÚNICO – de inscrição se subordinará, no
PARTICIPAÇÃO
DISPOSIÇÕES GERAIS que for aplicável, às normas que
regem a transformação.
Art. 981. Celebram contrato de Art. 991. Na sociedade em conta
sociedade as pessoas que reci- Art. 985. A sociedade adqui- de participação, a atividade cons-
procamente se obrigam a contri- re personalidade jurídica com titutiva do objeto social é exercida
buir, com bens ou serviços, para a inscrição, no registro próprio unicamente pelo sócio ostensivo,
o exercício de atividade econô- e na forma da lei, dos seus atos em seu nome individual e sob sua
mica e a partilha, entre si, dos constitutivos (arts. 45 e 1.150). própria e exclusiva responsabi-
resultados. lidade, participando os demais
Parágrafo único. A atividade dos resultados correspondentes.
pode restringir-se à realização SUBTÍTULO I – DA Parágrafo único. Obriga-se
de um ou mais negócios deter- SOCIEDADE NÃO perante terceiro tão somente o
minados. PERSONIFICADA sócio ostensivo; e, exclusivamen-
te perante este, o sócio partici-
Art. 982. Salvo as exceções ex- CAPÍTULO I – DA pante, nos termos do contrato
pressas, considera-se empresária SOCIEDADE EM COMUM social.
a sociedade que tem por objeto
o exercício de atividade própria Art. 986. Enquanto não inscritos Art. 992. A constituição da so-
de empresário sujeito a registro os atos constitutivos, reger-se-á ciedade em conta de participação
(art. 967); e, simples, as demais. a sociedade, exceto por ações independe de qualquer formali-
Parágrafo único. Indepen- em organização, pelo disposto dade e pode provar-se por todos
dentemente de seu objeto, con- neste Capítulo, observadas, sub- os meios de direito.
sidera-se empresária a sociedade sidiariamente e no que com ele
por ações; e, simples, a coope- forem compatíveis, as normas da Art. 993. O contrato social pro-
rativa. sociedade simples. duz efeito somente entre os só-
cios, e a eventual inscrição de seu
Art. 983. A sociedade empresá- Art. 987. Os sócios, nas relações instrumento em qualquer registro
ria deve constituir-se segundo um entre si ou com terceiros, so- não confere personalidade jurídi-
dos tipos regulados nos arts. 1.039 mente por escrito podem provar ca à sociedade.
a 1.092; a sociedade simples pode a existência da sociedade, mas Parágrafo único. Sem pre-
constituir-se de conformidade os terceiros podem prová-la de juízo do direito de fiscalizar a
com um desses tipos, e, não o qualquer modo. gestão dos negócios sociais, o
fazendo, subordina-se às normas sócio participante não pode to-
que lhe são próprias. Art. 988. Os bens e dívidas so- mar parte nas relações do sócio
Parágrafo único. Ressalvam- ciais constituem patrimônio es- ostensivo com terceiros, sob pena
-se as disposições concernentes pecial, do qual os sócios são ti- de responder solidariamente com
à sociedade em conta de partici- tulares em comum. este pelas obrigações em que
pação e à cooperativa, bem como intervier.
as constantes de leis especiais Art. 989. Os bens sociais res-
que, para o exercício de certas pondem pelos atos de gestão pra- Art. 994. A contribuição do só-
atividades, imponham a cons- ticados por qualquer dos sócios, cio participante constitui, com
tituição da sociedade segundo salvo pacto expresso limitativo a do sócio ostensivo, patrimô-
determinado tipo. de poderes, que somente terá nio especial, objeto da conta de
eficácia contra o terceiro que o participação relativa aos negó-
Art. 984. A sociedade que tenha conheça ou deva conhecer. cios sociais.
por objeto o exercício de atividade § 1o A especialização patri-
própria de empresário rural e seja Art. 990. Todos os sócios res- monial somente produz efeitos
constituída, ou transformada, de pondem solidária e ilimitada- em relação aos sócios.
acordo com um dos tipos de so- mente pelas obrigações sociais, § 2o A falência do sócio os-
ciedade empresária, pode, com as excluído do benefício de ordem, tensivo acarreta a dissolução da
formalidades do art. 968, requerer previsto no art. 1.024, aquele que sociedade e a liquidação da res-
inscrição no Registro Público de contratou pela sociedade. pectiva conta, cujo saldo consti-
Empresas Mercantis da sua sede, tuirá crédito quirografário.
caso em que, depois de inscrita, § 3o Falindo o sócio partici-
ficará equiparada, para todos os pante, o contrato social fica su-
efeitos, à sociedade empresária. jeito às normas que regulam os
Parágrafo único. Embora já efeitos da falência nos contratos

186
Código Civil
bilaterais do falido. VII – a participação de cada Seção II – Dos Direitos e
sócio nos lucros e nas perdas; Obrigações dos Sócios
Art. 995. Salvo estipulação em VIII – se os sócios respondem,
contrário, o sócio ostensivo não ou não, subsidiariamente, pelas Art. 1.001. As obrigações dos
pode admitir novo sócio sem o obrigações sociais. sócios começam imediatamente
consentimento expresso dos Parágrafo único. É ineficaz com o contrato, se este não fixar
demais. em relação a terceiros qualquer outra data, e terminam quando, li-
pacto separado, contrário ao dis- quidada a sociedade, se extingui-
Art. 996. Aplica-se à sociedade posto no instrumento do contrato. rem as responsabilidades sociais.
em conta de participação, sub-
sidiariamente e no que com ela Art. 998. Nos trinta dias sub- Art. 1.002. O sócio não pode ser
for compatível, o disposto para sequentes à sua constituição, substituído no exercício das suas
a sociedade simples, e a sua li- a sociedade deverá requerer a funções, sem o consentimento
quidação rege-se pelas normas inscrição do contrato social no dos demais sócios, expresso em
relativas à prestação de contas, Registro Civil das Pessoas Jurí- modificação do contrato social.
na forma da lei processual. dicas do local de sua sede.
Parágrafo único. Havendo § 1o O pedido de inscrição Art. 1.003. A cessão total ou par-
mais de um sócio ostensivo, as será acompanhado do instru- cial de quota, sem a correspon-
respectivas contas serão pres- mento autenticado do contrato, dente modificação do contrato
tadas e julgadas no mesmo pro- e, se algum sócio nele houver sido social com o consentimento dos
cesso. representado por procurador, o demais sócios, não terá eficácia
da respectiva procuração, bem quanto a estes e à sociedade.
como, se for o caso, da prova de Parágrafo único. Até dois
SUBTÍTULO II – autorização da autoridade com- anos depois de averbada a mo-
DA SOCIEDADE petente. dificação do contrato, responde
PERSONIFICADA § 2o Com todas as indicações o cedente solidariamente com o
enumeradas no artigo antece- cessionário, perante a sociedade
CAPÍTULO I – DA dente, será a inscrição tomada e terceiros, pelas obrigações que
SOCIEDADE SIMPLES por termo no livro de registro tinha como sócio.
próprio, e obedecerá a número
Seção I – Do Contrato Social de ordem contínua para todas Art. 1.004. Os sócios são obri-
as sociedades inscritas. gados, na forma e prazo previs-
Art. 997. A sociedade constitui- tos, às contribuições estabeleci-
-se mediante contrato escrito, Art. 999. As modificações do das no contrato social, e aquele
particular ou público, que, além contrato social, que tenham que deixar de fazê-lo, nos trinta
de cláusulas estipuladas pelas por objeto matéria indicada no dias seguintes ao da notificação
partes, mencionará: art. 997, dependem do consen- pela sociedade, responderá pe-
I – nome, nacionalidade, es- timento de todos os sócios; as rante esta pelo dano emergente
tado civil, profissão e residência demais podem ser decididas por da mora.
dos sócios, se pessoas naturais, maioria absoluta de votos, se o Parágrafo único. Verificada a
e a firma ou a denominação, na- contrato não determinar a neces- mora, poderá a maioria dos de-
cionalidade e sede dos sócios, sidade de deliberação unânime. mais sócios preferir, à indeniza-
se jurídicas; Parágrafo único. Qualquer ção, a exclusão do sócio remisso,
II – denominação, objeto, sede modificação do contrato social ou reduzir-lhe a quota ao mon-
e prazo da sociedade; será averbada, cumprindo-se as tante já realizado, aplicando-se,
III – capital da sociedade, ex- formalidades previstas no artigo em ambos os casos, o disposto
presso em moeda corrente, po- antecedente. no § 1o do art. 1.031.
dendo compreender qualquer
espécie de bens, suscetíveis de Art. 1.000. A sociedade sim- Art. 1.005. O sócio que, a título
avaliação pecuniária; ples que instituir sucursal, filial de quota social, transmitir domí-
IV – a quota de cada sócio ou agência na circunscrição de nio, posse ou uso, responde pela
no capital social, e o modo de outro Registro Civil das Pessoas evicção; e pela solvência do deve-
realizá-la; Jurídicas, neste deverá também dor, aquele que transferir crédito.
V – as prestações a que se inscrevê-la, com a prova da ins-
obriga o sócio, cuja contribuição crição originária. Art. 1.006. O sócio, cuja contri-
consista em serviços; Parágrafo único. Em qual- buição consista em serviços, não
VI – as pessoas naturais in- quer caso, a constituição da su- pode, salvo convenção em con-
cumbidas da administração da cursal, filial ou agência deverá trário, empregar-se em atividade
sociedade, e seus poderes e atri- ser averbada no Registro Civil da estranha à sociedade, sob pena
buições; respectiva sede. de ser privado de seus lucros e

187
Código Civil
dela excluído. que temporariamente, o acesso a Art. 1.016. Os administradores
cargos públicos; ou por crime fali- respondem solidariamente pe-
Art. 1.007. Salvo estipulação em mentar, de prevaricação, peita ou rante a sociedade e os terceiros
contrário, o sócio participa dos suborno, concussão, peculato; ou prejudicados, por culpa no de-
lucros e das perdas, na propor- contra a economia popular, con- sempenho de suas funções.
ção das respectivas quotas, mas tra o sistema financeiro nacional,
aquele, cuja contribuição consiste contra as normas de defesa da Art. 1.017. O administrador que,
em serviços, somente participa concorrência, contra as relações sem consentimento escrito dos
dos lucros na proporção da média de consumo, a fé pública ou a pro- sócios, aplicar créditos ou bens
do valor das quotas. priedade, enquanto perdurarem sociais em proveito próprio ou
os efeitos da condenação. de terceiros, terá de restituí-los
Art. 1.008. É nula a estipulação § 2o Aplicam-se à atividade à sociedade, ou pagar o equiva-
contratual que exclua qualquer dos administradores, no que cou- lente, com todos os lucros resul-
sócio de participar dos lucros e ber, as disposições concernentes tantes, e, se houver prejuízo, por
das perdas. ao mandato. ele também responderá.
Parágrafo único. Fica sujeito
Art. 1.009. A distribuição de lu- Art. 1.012. O administrador, no- às sanções o administrador que,
cros ilícitos ou fictícios acarreta meado por instrumento em sepa- tendo em qualquer operação inte-
responsabilidade solidária dos rado, deve averbá-lo à margem da resse contrário ao da sociedade,
administradores que a realizarem inscrição da sociedade, e, pelos tome parte na correspondente
e dos sócios que os receberem, atos que praticar, antes de re- deliberação.
conhecendo ou devendo conhe- querer a averbação, responde
cer-lhes a ilegitimidade. pessoal e solidariamente com a Art. 1.018. Ao administrador é
sociedade. vedado fazer-se substituir no
exercício de suas funções, sen-
Seção III – Da Administração Art. 1.013. A administração da do-lhe facultado, nos limites de
sociedade, nada dispondo o con- seus poderes, constituir man-
Art. 1.010. Quando, por lei ou trato social, compete separada- datários da sociedade, especifi-
pelo contrato social, competir aos mente a cada um dos sócios. cados no instrumento os atos e
sócios decidir sobre os negócios § 1o Se a administração com- operações que poderão praticar.
da sociedade, as deliberações petir separadamente a vários ad-
serão tomadas por maioria de ministradores, cada um pode im- Art. 1.019. São irrevogáveis os
votos, contados segundo o valor pugnar operação pretendida por poderes do sócio investido na ad-
das quotas de cada um. outro, cabendo a decisão aos só- ministração por cláusula expres-
§ 1o Para formação da maio- cios, por maioria de votos. sa do contrato social, salvo justa
ria absoluta são necessários vo- § 2o Responde por perdas causa, reconhecida judicialmente,
tos correspondentes a mais de e danos perante a sociedade o a pedido de qualquer dos sócios.
metade do capital. administrador que realizar opera- Parágrafo único. São revogá-
§ 2o Prevalece a decisão su- ções, sabendo ou devendo saber veis, a qualquer tempo, os pode-
fragada por maior número de só- que estava agindo em desacordo res conferidos a sócio por ato se-
cios no caso de empate, e, se este com a maioria. parado, ou a quem não seja sócio.
persistir, decidirá o juiz.
§ 3o Responde por perdas e Art. 1.014. Nos atos de compe- Art. 1.020. Os administradores
danos o sócio que, tendo em algu- tência conjunta de vários admi- são obrigados a prestar aos só-
ma operação interesse contrário nistradores, torna-se necessário cios contas justificadas de sua
ao da sociedade, participar da o concurso de todos, salvo nos administração, e apresentar-lhes
deliberação que a aprove graças casos urgentes, em que a omis- o inventário anualmente, bem
a seu voto. são ou retardo das providências como o balanço patrimonial e o
possa ocasionar dano irreparável de resultado econômico.
Art. 1.011. O administrador da ou grave.
sociedade deverá ter, no exercí- Art. 1.021. Salvo estipulação que
cio de suas funções, o cuidado e Art. 1.015. No silêncio do con- determine época própria, o sócio
a diligência que todo homem ati- trato, os administradores podem pode, a qualquer tempo, exami-
vo e probo costuma empregar na praticar todos os atos pertinentes nar os livros e documentos, e o
administração de seus próprios à gestão da sociedade; não cons- estado da caixa e da carteira da
negócios. tituindo objeto social, a onera- sociedade.
§ 1o Não podem ser adminis- ção ou a venda de bens imóveis
tradores, além das pessoas im- depende do que a maioria dos
pedidas por lei especial, os con- sócios decidir.
denados a pena que vede, ainda Parágrafo único. (Revogado)

188
Código Civil
Seção IV – Das Relações com de sócio, liquidar-se-á sua quo- Art. 1.032. A retirada, exclusão
Terceiros ta, salvo: ou morte do sócio, não o exime,
I – se o contrato dispuser di- ou a seus herdeiros, da responsa-
Art. 1.022. A sociedade adquire ferentemente; bilidade pelas obrigações sociais
direitos, assume obrigações e II – se os sócios remanes- anteriores, até dois anos após
procede judicialmente, por meio centes optarem pela dissolução averbada a resolução da socie-
de administradores com poderes da sociedade; dade; nem nos dois primeiros ca-
especiais, ou, não os havendo, III – se, por acordo com os sos, pelas posteriores e em igual
por intermédio de qualquer ad- herdeiros, regular-se a substi- prazo, enquanto não se requerer
ministrador. tuição do sócio falecido. a averbação.

Art. 1.023. Se os bens da socie- Art. 1.029. Além dos casos pre-
dade não lhe cobrirem as dívidas, vistos na lei ou no contrato, qual-
Seção VI – Da Dissolução
respondem os sócios pelo saldo, quer sócio pode retirar-se da so-
na proporção em que participem ciedade; se de prazo indetermi- Art. 1.033. Dissolve-se a socie-
das perdas sociais, salvo cláusula nado, mediante notificação aos dade quando ocorrer:
de responsabilidade solidária. demais sócios, com antecedência I – o vencimento do prazo de
mínima de sessenta dias; se de duração, salvo se, vencido este e
Art. 1.024. Os bens particulares prazo determinado, provando ju- sem oposição de sócio, não entrar
dos sócios não podem ser execu- dicialmente justa causa. a sociedade em liquidação, caso
tados por dívidas da sociedade, Parágrafo único. Nos trinta em que se prorrogará por tempo
senão depois de executados os dias subsequentes à notificação, indeterminado;
bens sociais. podem os demais sócios optar II – o consenso unânime dos
pela dissolução da sociedade. sócios;
Art. 1.025. O sócio, admitido em III – a deliberação dos sócios,
sociedade já constituída, não se Art. 1.030. Ressalvado o dispos- por maioria absoluta, na socieda-
exime das dívidas sociais ante- to no art. 1.004 e seu parágrafo de de prazo indeterminado;
riores à admissão. único, pode o sócio ser excluído IV – (Revogado);
judicialmente, mediante iniciati- V – a extinção, na forma da
Art. 1.026. O credor particular va da maioria dos demais sócios, lei, de autorização para funcionar.
de sócio pode, na insuficiência por falta grave no cumprimento Parágrafo único. (Revogado)
de outros bens do devedor, fazer de suas obrigações, ou, ainda,
recair a execução sobre o que a por incapacidade superveniente. Art. 1.034. A sociedade pode
este couber nos lucros da socie- Parágrafo único. Será de ple- ser dissolvida judicialmente, a
dade, ou na parte que lhe tocar no direito excluído da sociedade o requerimento de qualquer dos
em liquidação. sócio declarado falido, ou aquele sócios, quando:
Parágrafo único. Se a socie- cuja quota tenha sido liquidada I – anulada a sua constituição;
dade não estiver dissolvida, pode nos termos do parágrafo único II – exaurido o fim social, ou
o credor requerer a liquidação da do art. 1.026. verificada a sua inexequibilidade.
quota do devedor, cujo valor, apu-
rado na forma do art. 1.031, será Art. 1.031. Nos casos em que a Art. 1.035. O contrato pode pre-
depositado em dinheiro, no juízo sociedade se resolver em relação ver outras causas de dissolução,
da execução, até noventa dias a um sócio, o valor da sua quota, a serem verificadas judicialmente
após aquela liquidação. considerada pelo montante efeti- quando contestadas.
vamente realizado, liquidar-se-á,
Art. 1.027. Os herdeiros do côn- salvo disposição contratual em Art. 1.036. Ocorrida a dissolu-
juge de sócio, ou o cônjuge do contrário, com base na situação ção, cumpre aos administradores
que se separou judicialmente, patrimonial da sociedade, à data providenciar imediatamente a in-
não podem exigir desde logo a da resolução, verificada em ba- vestidura do liquidante, e restrin-
parte que lhes couber na quota lanço especialmente levantado. gir a gestão própria aos negócios
social, mas concorrer à divisão § 1o O capital social sofrerá inadiáveis, vedadas novas opera-
periódica dos lucros, até que se a correspondente redução, salvo ções, pelas quais responderão
liquide a sociedade. se os demais sócios suprirem o solidária e ilimitadamente.
valor da quota. Parágrafo único. Dissolvida
§ 2o A quota liquidada será de pleno direito a sociedade, pode
Seção V – Da Resolução da paga em dinheiro, no prazo de o sócio requerer, desde logo, a
Sociedade em Relação a um noventa dias, a partir da liquida- liquidação judicial.
Sócio ção, salvo acordo, ou estipulação
contratual em contrário. Art. 1.037. Ocorrendo a hipótese
Art. 1.028. No caso de morte prevista no inciso V do art. 1.033,

189
Código Civil
o Ministério Público, tão logo lhe Art. 1.040. A sociedade em Parágrafo único. Aos co-
comunique a autoridade com- nome coletivo se rege pelas manditados cabem os mesmos
petente, promoverá a liquidação normas deste Capítulo e, no que direitos e obrigações dos sócios
judicial da sociedade, se os ad- seja omisso, pelas do Capítulo da sociedade em nome coletivo.
ministradores não o tiverem feito antecedente.
nos trinta dias seguintes à perda Art. 1.047. Sem prejuízo da fa-
da autorização, ou se o sócio não Art. 1.041. O contrato deve men- culdade de participar das deli-
houver exercido a faculdade as- cionar, além das indicações refe- berações da sociedade e de lhe
segurada no parágrafo único do ridas no art. 997, a firma social. fiscalizar as operações, não pode
artigo antecedente. o comanditário praticar qualquer
Parágrafo único. Caso o Mi- Art. 1.042. A administração da ato de gestão, nem ter o nome na
nistério Público não promova a sociedade compete exclusiva- firma social, sob pena de ficar
liquidação judicial da sociedade mente a sócios, sendo o uso da sujeito às responsabilidades de
nos quinze dias subsequentes ao firma, nos limites do contrato, sócio comanditado.
recebimento da comunicação, privativo dos que tenham os ne- Parágrafo único. Pode o co-
a autoridade competente para cessários poderes. manditário ser constituído pro-
conceder a autorização nomea- curador da sociedade, para negó-
rá interventor com poderes para Art. 1.043. O credor particular cio determinado e com poderes
requerer a medida e administrar a de sócio não pode, antes de dis- especiais.
sociedade até que seja nomeado solver-se a sociedade, pretender
o liquidante. a liquidação da quota do devedor. Art. 1.048. Somente após aver-
Parágrafo único. Poderá fa- bada a modificação do contrato,
Art. 1.038. Se não estiver desig- zê-lo quando: produz efeito, quanto a terceiros,
nado no contrato social, o liqui- I – a sociedade houver sido a diminuição da quota do coman-
dante será eleito por deliberação prorrogada tacitamente; ditário, em consequência de ter
dos sócios, podendo a escolha II – tendo ocorrido prorroga- sido reduzido o capital social,
recair em pessoa estranha à so- ção contratual, for acolhida ju- sempre sem prejuízo dos credo-
ciedade. dicialmente oposição do credor, res preexistentes.
§ 1o O liquidante pode ser levantada no prazo de noventa
destituído, a todo tempo: dias, contado da publicação do Art. 1.049. O sócio comanditá-
I – se eleito pela forma pre- ato dilatório. rio não é obrigado à reposição de
vista neste artigo, mediante de- lucros recebidos de boa-fé e de
liberação dos sócios; Art. 1.044. A sociedade se dis- acordo com o balanço.
II – em qualquer caso, por solve de pleno direito por qual- Parágrafo único. Diminuído o
via judicial, a requerimento de quer das causas enumeradas no capital social por perdas superve-
um ou mais sócios, ocorrendo art. 1.033 e, se empresária, tam- nientes, não pode o comanditário
justa causa. bém pela declaração da falência. receber quaisquer lucros, antes
§ 2o A liquidação da socieda- de reintegrado aquele.
de se processa de conformidade
com o disposto no Capítulo IX, CAPÍTULO III – DA Art. 1.050. No caso de morte de
deste Subtítulo. SOCIEDADE EM COMANDITA sócio comanditário, a socieda-
SIMPLES de, salvo disposição do contrato,
continuará com os seus suces-
CAPÍTULO II – DA Art. 1.045. Na sociedade em sores, que designarão quem os
SOCIEDADE EM NOME comandita simples tomam par- represente.
COLETIVO te sócios de duas categorias: os
comanditados, pessoas físicas, Art. 1.051. Dissolve-se de pleno
Art. 1.039. Somente pessoas responsáveis solidária e ilimitada- direito a sociedade:
físicas podem tomar parte na mente pelas obrigações sociais; I – por qualquer das causas
sociedade em nome coletivo, e os comanditários, obrigados previstas no art. 1.044;
respondendo todos os sócios, somente pelo valor de sua quota. II – quando por mais de cen-
solidária e ilimitadamente, pelas Parágrafo único. O contrato to e oitenta dias perdurar a falta
obrigações sociais. deve discriminar os comandita- de uma das categorias de sócio.
Parágrafo único. Sem preju- dos e os comanditários. Parágrafo único. Na falta de
ízo da responsabilidade perante sócio comanditado, os comandi-
terceiros, podem os sócios, no Art. 1.046. Aplicam-se à socie- tários nomearão administrador
ato constitutivo, ou por unânime dade em comandita simples as provisório para praticar, durante o
convenção posterior, limitar entre normas da sociedade em nome período referido no inciso II e sem
si a responsabilidade de cada um. coletivo, no que forem compatí- assumir a condição de sócio, os
veis com as deste Capítulo. atos de administração.

190
Código Civil
CAPÍTULO IV – DA tes somente podem ser exercidos ministradores não sócios depen-
SOCIEDADE LIMITADA pelo condômino representante, derá de aprovação da unanimida-
ou pelo inventariante do espólio de dos sócios, enquanto o capital
Seção I – Disposições de sócio falecido. não estiver integralizado, e de 2/3
Preliminares § 2o Sem prejuízo do dispos- (dois terços), no mínimo, após a
to no art. 1.052, os condôminos integralização.
Art. 1.052. Na sociedade limi- de quota indivisa respondem so-
tada, a responsabilidade de cada lidariamente pelas prestações Art. 1.062. O administrador de-
sócio é restrita ao valor de suas necessárias à sua integralização. signado em ato separado inves-
quotas, mas todos respondem tir-se-á no cargo mediante termo
solidariamente pela integraliza- Art. 1.057. Na omissão do con- de posse no livro de atas da ad-
ção do capital social. trato, o sócio pode ceder sua ministração.
§ 1o A sociedade limitada quota, total ou parcialmente, a § 1o Se o termo não for as-
pode ser constituída por 1 (uma) quem seja sócio, independente- sinado nos trinta dias seguintes
ou mais pessoas. mente de audiência dos outros, à designação, esta se tornará
§ 2o Se for unipessoal, apli- ou a estranho, se não houver opo- sem efeito.
car-se-ão ao documento de cons- sição de titulares de mais de um § 2o Nos dez dias seguintes
tituição do sócio único, no que quarto do capital social. ao da investidura, deve o adminis-
couber, as disposições sobre o Parágrafo único. A cessão trador requerer seja averbada sua
contrato social. terá eficácia quanto à sociedade nomeação no registro competen-
e terceiros, inclusive para os fins te, mencionando o seu nome, na-
Art. 1.053. A sociedade limita- do parágrafo único do art. 1.003, cionalidade, estado civil, residên-
da rege-se, nas omissões deste a partir da averbação do respec- cia, com exibição de documento
Capítulo, pelas normas da socie- tivo instrumento, subscrito pelos de identidade, o ato e a data da
dade simples. sócios anuentes. nomeação e o prazo de gestão.
Parágrafo único. O contrato
social poderá prever a regência Art. 1.058. Não integralizada a Art. 1.063. O exercício do car-
supletiva da sociedade limita- quota de sócio remisso, os outros go de administrador cessa pela
da pelas normas da sociedade sócios podem, sem prejuízo do destituição, em qualquer tem-
anônima. disposto no art. 1.004 e seu pa- po, do titular, ou pelo término
rágrafo único, tomá-la para si ou do prazo se, fixado no contrato
Art. 1.054. O contrato mencio- transferi-la a terceiros, excluindo ou em ato separado, não houver
nará, no que couber, as indica- o primitivo titular e devolvendo- recondução.
ções do art. 997, e, se for o caso, -lhe o que houver pago, deduzidos § 1o Tratando-se de sócio no-
a firma social. os juros da mora, as prestações meado administrador no contrato,
estabelecidas no contrato mais sua destituição somente se ope-
as despesas. ra pela aprovação de titulares de
Seção II – Das Quotas quotas correspondentes a mais
Art. 1.059. Os sócios serão obri- da metade do capital social, salvo
Art. 1.055. O capital social divi- gados à reposição dos lucros e disposição contratual diversa.
de-se em quotas, iguais ou desi- das quantias retiradas, a qual- § 2o A cessação do exercício
guais, cabendo uma ou diversas quer título, ainda que autorizados do cargo de administrador deve
a cada sócio. pelo contrato, quando tais lucros ser averbada no registro com-
§ 1o Pela exata estimação de ou quantia se distribuírem com petente, mediante requerimento
bens conferidos ao capital so- prejuízo do capital. apresentado nos dez dias seguin-
cial respondem solidariamente tes ao da ocorrência.
todos os sócios, até o prazo de § 3o A renúncia de adminis-
cinco anos da data do registro
Seção III – Da Administração trador torna-se eficaz, em relação
da sociedade. à sociedade, desde o momento
§ 2o É vedada contribuição Art. 1.060. A sociedade limitada em que esta toma conhecimento
que consista em prestação de é administrada por uma ou mais da comunicação escrita do renun-
serviços. pessoas designadas no contrato ciante; e, em relação a terceiros,
social ou em ato separado. após a averbação e publicação.
Art. 1.056. A quota é indivisível Parágrafo único. A adminis-
em relação à sociedade, salvo tração atribuída no contrato a to- Art. 1.064. O uso da firma ou
para efeito de transferência, caso dos os sócios não se estende de denominação social é privativo
em que se observará o disposto pleno direito aos que posterior- dos administradores que tenham
no artigo seguinte. mente adquiram essa qualidade. os necessários poderes.
§ 1o No caso de condomínio
de quota, os direitos a ela ineren- Art. 1.061. A designação de ad- Art. 1.065. Ao término de cada

191
Código Civil
exercício social, proceder-se-á deveres seguintes: administração;
à elaboração do inventário, do I – examinar, pelo menos tri- II – a designação dos admi-
balanço patrimonial e do balanço mestralmente, os livros e papéis nistradores, quando feita em ato
de resultado econômico. da sociedade e o estado da caixa separado;
e da carteira, devendo os adminis- III – a destituição dos admi-
tradores ou liquidantes prestar- nistradores;
Seção IV – Do Conselho -lhes as informações solicitadas; IV – o modo de sua remune-
Fiscal II – lavrar no livro de atas e ração, quando não estabelecido
pareceres do conselho fiscal o no contrato;
Art. 1.066. Sem prejuízo dos po- resultado dos exames referidos V – a modificação do con-
deres da assembleia dos sócios, no inciso I deste artigo; trato social;
pode o contrato instituir conselho III – exarar no mesmo livro e VI – a incorporação, a fusão
fiscal composto de três ou mais apresentar à assembleia anual e a dissolução da sociedade, ou a
membros e respectivos suplen- dos sócios parecer sobre os ne- cessação do estado de liquidação;
tes, sócios ou não, residentes no gócios e as operações sociais VII – a nomeação e destitui-
País, eleitos na assembleia anual do exercício em que servirem, ção dos liquidantes e o julgamen-
prevista no art. 1.078. tomando por base o balanço pa- to das suas contas;
§ 1o Não podem fazer parte trimonial e o de resultado eco- VIII – o pedido de concordata.
do conselho fiscal, além dos ine- nômico;
legíveis enumerados no § 1o do IV – denunciar os erros, frau- Art. 1.072. As deliberações dos
art. 1.011, os membros dos demais des ou crimes que descobrirem, sócios, obedecido o disposto no
órgãos da sociedade ou de outra sugerindo providências úteis à art. 1.010, serão tomadas em reu-
por ela controlada, os emprega- sociedade; nião ou em assembleia, confor-
dos de quaisquer delas ou dos V – convocar a assembleia me previsto no contrato social,
respectivos administradores, o dos sócios se a diretoria retar- devendo ser convocadas pelos
cônjuge ou parente destes até o dar por mais de trinta dias a sua administradores nos casos pre-
terceiro grau. convocação anual, ou sempre vistos em lei ou no contrato.
§ 2o É assegurado aos sócios que ocorram motivos graves e § 1o A deliberação em assem-
minoritários, que representarem urgentes; bleia será obrigatória se o número
pelo menos um quinto do capital VI – praticar, durante o perío- dos sócios for superior a dez.
social, o direito de eleger, sepa- do da liquidação da sociedade, os § 2o Dispensam-se as for-
radamente, um dos membros do atos a que se refere este artigo, malidades de convocação previs-
conselho fiscal e o respectivo tendo em vista as disposições es- tas no § 3o do art. 1.152, quando
suplente. peciais reguladoras da liquidação. todos os sócios comparecerem
ou se declararem, por escrito,
Art. 1.067. O membro ou suplen- Art. 1.070. As atribuições e cientes do local, data, hora e or-
te eleito, assinando termo de pos- poderes conferidos pela lei ao dem do dia.
se lavrado no livro de atas e pare- conselho fiscal não podem ser § 3o A reunião ou a assem-
ceres do conselho fiscal, em que outorgados a outro órgão da so- bleia tornam-se dispensáveis
se mencione o seu nome, nacio- ciedade, e a responsabilidade de quando todos os sócios decidi-
nalidade, estado civil, residência e seus membros obedece à regra rem, por escrito, sobre a matéria
a data da escolha, ficará investido que define a dos administradores que seria objeto delas.
nas suas funções, que exercerá, (art. 1.016). § 4o No caso do inciso VIII
salvo cessação anterior, até a Parágrafo único. O conselho do artigo antecedente, os admi-
subsequente assembleia anual. fiscal poderá escolher para assis- nistradores, se houver urgência
Parágrafo único. Se o termo ti-lo no exame dos livros, dos ba- e com autorização de titulares
não for assinado nos trinta dias lanços e das contas, contabilista de mais da metade do capital so-
seguintes ao da eleição, esta se legalmente habilitado, mediante cial, podem requerer concordata
tornará sem efeito. remuneração aprovada pela as- preventiva.
sembleia dos sócios. § 5o As deliberações toma-
Art. 1.068. A remuneração dos das de conformidade com a lei
membros do conselho fiscal será e o contrato vinculam todos os
fixada, anualmente, pela assem-
Seção V – Das Deliberações sócios, ainda que ausentes ou
bleia dos sócios que os eleger. dos Sócios dissidentes.
§ 6o Aplica-se às reuniões
Art. 1.069. Além de outras atri- Art. 1.071. Dependem da delibe- dos sócios, nos casos omissos no
buições determinadas na lei ou ração dos sócios, além de outras contrato, o disposto na presente
no contrato social, aos membros matérias indicadas na lei ou no Seção sobre a assembleia.
do conselho fiscal incumbem, contrato:
individual ou conjuntamente, os I – a aprovação das contas da Art. 1.073. A reunião ou a as-

192
Código Civil
sembleia podem também ser I – pelos votos corresponden- de responsabilidade os membros
convocadas: tes, no mínimo, a três quartos do da administração e, se houver, os
I – por sócio, quando os ad- capital social, nos casos previstos do conselho fiscal.
ministradores retardarem a con- nos incisos V e VI do art. 1.071; § 4o Extingue-se em dois
vocação, por mais de sessenta II – pelos votos corresponden- anos o direito de anular a apro-
dias, nos casos previstos em lei tes a mais de metade do capital vação a que se refere o parágrafo
ou no contrato, ou por titulares social, nos casos previstos nos antecedente.
de mais de um quinto do capital, incisos II, III, IV e VIII do art. 1.071;
quando não atendido, no prazo de III – pela maioria de votos Art. 1.079. Aplica-se às reuni-
oito dias, pedido de convocação dos presentes, nos demais casos ões dos sócios, nos casos omis-
fundamentado, com indicação previstos na lei ou no contrato, sos no contrato, o estabelecido
das matérias a serem tratadas; se este não exigir maioria mais nesta Seção sobre a assembleia,
II – pelo conselho fiscal, se elevada. obedecido o disposto no § 1o do
houver, nos casos a que se refere art. 1.072.
o inciso V do art. 1.069. Art. 1.077. Quando houver mo-
dificação do contrato, fusão da Art. 1.080. As deliberações in-
Art. 1.074. A assembleia dos só- sociedade, incorporação de ou- fringentes do contrato ou da lei
cios instala-se com a presença, tra, ou dela por outra, terá o sócio tornam ilimitada a responsabili-
em primeira convocação, de titu- que dissentiu o direito de retirar- dade dos que expressamente as
lares de no mínimo três quartos -se da sociedade, nos trinta dias aprovaram.
do capital social, e, em segunda, subsequentes à reunião, aplican-
com qualquer número. do-se, no silêncio do contrato Art. 1.080-A. O sócio poderá
§ 1o O sócio pode ser repre- social antes vigente, o disposto participar e votar a distância em
sentado na assembleia por outro no art. 1.031. reunião ou em assembleia, nos
sócio, ou por advogado, mediante termos do regulamento do órgão
outorga de mandato com espe- Art. 1.078. A assembleia dos só- competente do Poder Executivo
cificação dos atos autorizados, cios deve realizar-se ao menos federal.
devendo o instrumento ser levado uma vez por ano, nos quatro me- Parágrafo único. A reunião ou
a registro, juntamente com a ata. ses seguintes ao término do exer- a assembleia poderá ser realizada
§ 2o Nenhum sócio, por si cício social, com o objetivo de: de forma digital, respeitados os
ou na condição de mandatário, I – tomar as contas dos ad- direitos legalmente previstos de
pode votar matéria que lhe diga ministradores e deliberar sobre participação e de manifestação
respeito diretamente. o balanço patrimonial e o de re- dos sócios e os demais requisitos
sultado econômico; regulamentares.
Art. 1.075. A assembleia será II – designar administradores,
presidida e secretariada por só- quando for o caso;
cios escolhidos entre os presen- III – tratar de qualquer ou-
Seção VI – Do Aumento e da
tes. tro assunto constante da ordem Redução do Capital
§ 1o Dos trabalhos e delibe- do dia.
rações será lavrada, no livro de § 1o Até trinta dias antes da Art. 1.081. Ressalvado o dispos-
atas da assembleia, ata assinada data marcada para a assembleia, to em lei especial, integralizadas
pelos membros da mesa e por os documentos referidos no inci- as quotas, pode ser o capital au-
sócios participantes da reunião, so I deste artigo devem ser pos- mentado, com a correspondente
quantos bastem à validade das tos, por escrito, e com a prova do modificação do contrato.
deliberações, mas sem prejuízo respectivo recebimento, à dispo- § 1o Até trinta dias após a
dos que queiram assiná-la. sição dos sócios que não exerçam deliberação, terão os sócios pre-
§ 2o Cópia da ata autenticada a administração. ferência para participar do au-
pelos administradores, ou pela § 2o Instalada a assembleia, mento, na proporção das quotas
mesa, será, nos vinte dias subse- proceder-se-á à leitura dos do- de que sejam titulares.
quentes à reunião, apresentada cumentos referidos no parágra- § 2o À cessão do direito de
ao Registro Público de Empresas fo antecedente, os quais serão preferência, aplica-se o disposto
Mercantis para arquivamento e submetidos, pelo presidente, a no caput do art. 1.057.
averbação. discussão e votação, nesta não § 3o Decorrido o prazo da
§ 3o Ao sócio, que a solicitar, podendo tomar parte os membros preferência, e assumida pelos
será entregue cópia autenticada da administração e, se houver, os sócios, ou por terceiros, a totali-
da ata. do conselho fiscal. dade do aumento, haverá reunião
§ 3o A aprovação, sem reser- ou assembleia dos sócios, para
Art. 1.076. Ressalvado o dispos- va, do balanço patrimonial e do que seja aprovada a modificação
to no art. 1.061, as deliberações de resultado econômico, salvo do contrato.
dos sócios serão tomadas: erro, dolo ou simulação, exonera

193
Código Civil
Art. 1.082. Pode a sociedade de atos de inegável gravidade, Art. 1.091. Somente o acionista
reduzir o capital, mediante a poderá excluí-los da sociedade, tem qualidade para administrar a
correspondente modificação do mediante alteração do contrato sociedade e, como diretor, res-
contrato: social, desde que prevista neste ponde subsidiária e ilimitadamen-
I – depois de integralizado, a exclusão por justa causa. te pelas obrigações da sociedade.
se houver perdas irreparáveis; Parágrafo único. Ressalvado § 1o Se houver mais de um
II – se excessivo em relação o caso em que haja apenas dois diretor, serão solidariamente res-
ao objeto da sociedade. sócios na sociedade, a exclusão ponsáveis, depois de esgotados
de um sócio somente poderá ser os bens sociais.
Art. 1.083. No caso do inciso I determinada em reunião ou as- § 2o Os diretores serão no-
do artigo antecedente, a redução sembleia especialmente convoca- meados no ato constitutivo da so-
do capital será realizada com a da para esse fim, ciente o acusado ciedade, sem limitação de tempo,
diminuição proporcional do valor em tempo hábil para permitir seu e somente poderão ser destituí-
nominal das quotas, tornando-se comparecimento e o exercício do dos por deliberação de acionistas
efetiva a partir da averbação, no direito de defesa. que representem no mínimo dois
Registro Público de Empresas terços do capital social.
Mercantis, da ata da assembleia Art. 1.086. Efetuado o registro § 3o O diretor destituído ou
que a tenha aprovado. da alteração contratual, aplicar- exonerado continua, durante dois
-se-á o disposto nos arts. 1.031 anos, responsável pelas obriga-
Art. 1.084. No caso do inciso II e 1.032. ções sociais contraídas sob sua
do art. 1.082, a redução do capital administração.
será feita restituindo-se parte do
valor das quotas aos sócios, ou
Seção VIII – Da Dissolução Art. 1.092. A assembleia geral
dispensando-se as prestações não pode, sem o consentimento
ainda devidas, com diminuição Art. 1.087. A sociedade dissolve- dos diretores, mudar o objeto
proporcional, em ambos os ca- -se, de pleno direito, por qualquer essencial da sociedade, prorro-
sos, do valor nominal das quotas. das causas previstas no art. 1.044. gar-lhe o prazo de duração, au-
§ 1o No prazo de noventa mentar ou diminuir o capital so-
dias, contado da data da publi- cial, criar debêntures, ou partes
cação da ata da assembleia que CAPÍTULO V – DA beneficiárias.
aprovar a redução, o credor qui- SOCIEDADE ANÔNIMA
rografário, por título líquido ante-
Seção Única – Da CAPÍTULO VII – DA
rior a essa data, poderá opor-se
ao deliberado. Caracterização SOCIEDADE COOPERATIVA
§ 2o A redução somente se
tornará eficaz se, no prazo esta- Art. 1.088. Na sociedade anô- Art. 1.093. A sociedade coope-
belecido no parágrafo antece- nima ou companhia, o capital rativa reger-se-á pelo disposto
dente, não for impugnada, ou se divide-se em ações, obrigando-se no presente Capítulo, ressalvada
provado o pagamento da dívida cada sócio ou acionista somente a legislação especial.
ou o depósito judicial do respec- pelo preço de emissão das ações
tivo valor. que subscrever ou adquirir. Art. 1.094. São características
§ 3o Satisfeitas as condições da sociedade cooperativa:
estabelecidas no parágrafo ante- Art. 1.089. A sociedade anônima I – variabilidade, ou dispensa
cedente, proceder-se-á à aver- rege-se por lei especial, aplican- do capital social;
bação, no Registro Público de do-se-lhe, nos casos omissos, as II – concurso de sócios em
Empresas Mercantis, da ata que disposições deste Código. número mínimo necessário a
tenha aprovado a redução. compor a administração da so-
ciedade, sem limitação de nú-
CAPÍTULO VI – DA mero máximo;
Seção VII – Da Resolução SOCIEDADE EM COMANDITA III – limitação do valor da
da Sociedade em Relação a POR AÇÕES soma de quotas do capital so-
Sócios Minoritários cial que cada sócio poderá tomar;
Art. 1.090. A sociedade em co- IV – intransferibilidade das
Art. 1.085. Ressalvado o dispos- mandita por ações tem o capital quotas do capital a terceiros es-
to no art. 1.030, quando a maio- dividido em ações, regendo-se tranhos à sociedade, ainda que
ria dos sócios, representativa de pelas normas relativas à socie- por herança;
mais da metade do capital social, dade anônima, sem prejuízo das V – quorum, para a assembleia
entender que um ou mais sócios modificações constantes deste geral funcionar e deliberar, funda-
estão pondo em risco a conti- Capítulo, e opera sob firma ou do no número de sócios presentes
nuidade da empresa, em virtude denominação. à reunião, e não no capital social

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Código Civil
representado; referido no inciso antecedente, quer que estejam;
VI – direito de cada sócio a esteja em poder de outra, me- III – proceder, nos quinze dias
um só voto nas deliberações, te- diante ações ou quotas possuídas seguintes ao da sua investidura
nha ou não capital a sociedade, e por sociedades ou sociedades por e com a assistência, sempre que
qualquer que seja o valor de sua esta já controladas. possível, dos administradores, à
participação; elaboração do inventário e do ba-
VII – distribuição dos resulta- Art. 1.099. Diz-se coligada ou lanço geral do ativo e do passivo;
dos, proporcionalmente ao valor filiada a sociedade de cujo capi- IV – ultimar os negócios da
das operações efetuadas pelo tal outra sociedade participa com sociedade, realizar o ativo, pa-
sócio com a sociedade, podendo dez por cento ou mais, do capital gar o passivo e partilhar o re-
ser atribuído juro fixo ao capital da outra, sem controlá-la. manescente entre os sócios ou
realizado; acionistas;
VIII – indivisibilidade do fundo Art. 1.100. É de simples partici- V – exigir dos quotistas, quan-
de reserva entre os sócios, ainda pação a sociedade de cujo capital do insuficiente o ativo à solução
que em caso de dissolução da outra sociedade possua menos do passivo, a integralização de
sociedade. de dez por cento do capital com suas quotas e, se for o caso, as
direito de voto. quantias necessárias, nos limites
Art. 1.095. Na sociedade co- da responsabilidade de cada um e
operativa, a responsabilidade Art. 1.101. Salvo disposição es- proporcionalmente à respectiva
dos sócios pode ser limitada ou pecial de lei, a sociedade não participação nas perdas, repartin-
ilimitada. pode participar de outra, que seja do-se, entre os sócios solventes
§ 1o É limitada a responsa- sua sócia, por montante supe- e na mesma proporção, o devido
bilidade na cooperativa em que rior, segundo o balanço, ao das pelo insolvente;
o sócio responde somente pelo próprias reservas, excluída a re- VI – convocar assembleia dos
valor de suas quotas e pelo pre- serva legal. quotistas, cada seis meses, para
juízo verificado nas operações Parágrafo único. Aprovado apresentar relatório e balanço
sociais, guardada a proporção o balanço em que se verifique do estado da liquidação, pres-
de sua participação nas mesmas ter sido excedido esse limite, a tando conta dos atos praticados
operações. sociedade não poderá exercer o durante o semestre, ou sempre
§ 2o É ilimitada a responsa- direito de voto correspondente que necessário;
bilidade na cooperativa em que às ações ou quotas em excesso, VII – confessar a falência da
o sócio responde solidária e ili- as quais devem ser alienadas nos sociedade e pedir concordata,
mitadamente pelas obrigações cento e oitenta dias seguintes de acordo com as formalidades
sociais. àquela aprovação. prescritas para o tipo de socie-
dade liquidanda;
Art. 1.096. No que a lei for omis- VIII – finda a liquidação, apre-
sa, aplicam-se as disposições CAPÍTULO IX – DA sentar aos sócios o relatório da
referentes à sociedade simples, LIQUIDAÇÃO DA SOCIEDADE liquidação e as suas contas finais;
resguardadas as características IX – averbar a ata da reunião
estabelecidas no art. 1.094. Art. 1.102. Dissolvida a socie- ou da assembleia, ou o instrumen-
dade e nomeado o liquidante na to firmado pelos sócios, que con-
forma do disposto neste Livro, siderar encerrada a liquidação.
CAPÍTULO VIII – DAS procede-se à sua liquidação, de Parágrafo único. Em todos
SOCIEDADES COLIGADAS conformidade com os preceitos os atos, documentos ou publi-
deste Capítulo, ressalvado o dis- cações, o liquidante empregará
Art. 1.097. Consideram-se co- posto no ato constitutivo ou no a firma ou denominação social
ligadas as sociedades que, em instrumento da dissolução. sempre seguida da cláusula “em
suas relações de capital, são con- Parágrafo único. O liquidan- liquidação” e de sua assinatura
troladas, filiadas, ou de simples te, que não seja administrador da individual, com a declaração de
participação, na forma dos artigos sociedade, investir-se-á nas fun- sua qualidade.
seguintes. ções, averbada a sua nomeação
no registro próprio. Art. 1.104. As obrigações e a
Art. 1.098. É controlada: responsabilidade do liquidante
I – a sociedade de cujo capital Art. 1.103. Constituem deveres regem-se pelos preceitos pecu-
outra sociedade possua a maioria do liquidante: liares às dos administradores da
dos votos nas deliberações dos I – averbar e publicar a ata, sociedade liquidanda.
quotistas ou da assembleia geral sentença ou instrumento de dis-
e o poder de eleger a maioria dos solução da sociedade; Art. 1.105. Compete ao liquidan-
administradores; II – arrecadar os bens, livros e te representar a sociedade e pra-
II – a sociedade cujo controle, documentos da sociedade, onde ticar todos os atos necessários à

195
Código Civil
sua liquidação, inclusive alienar de perdas e danos. respectivos tipos.
bens móveis ou imóveis, transigir,
receber e dar quitação. Art. 1.111. No caso de liquidação Art. 1.117. A deliberação dos só-
Parágrafo único. Sem estar judicial, será observado o dispos- cios da sociedade incorporada
expressamente autorizado pelo to na lei processual. deverá aprovar as bases da ope-
contrato social, ou pelo voto da ração e o projeto de reforma do
maioria dos sócios, não pode o Art. 1.112. No curso de liquidação ato constitutivo.
liquidante gravar de ônus reais judicial, o juiz convocará, se ne- § 1o A sociedade que houver
os móveis e imóveis, contrair cessário, reunião ou assembleia de ser incorporada tomará conhe-
empréstimos, salvo quando in- para deliberar sobre os interes- cimento desse ato, e, se o aprovar,
dispensáveis ao pagamento de ses da liquidação, e as presidi- autorizará os administradores a
obrigações inadiáveis, nem pros- rá, resolvendo sumariamente as praticar o necessário à incor-
seguir, embora para facilitar a questões suscitadas. poração, inclusive a subscrição
liquidação, na atividade social. Parágrafo único. As atas das em bens pelo valor da diferença
assembleias serão, em cópia au- que se verificar entre o ativo e
Art. 1.106. Respeitados os direi- têntica, apensadas ao processo o passivo.
tos dos credores preferenciais, judicial. § 2o A deliberação dos só-
pagará o liquidante as dívidas cios da sociedade incorporadora
sociais proporcionalmente, sem compreenderá a nomeação dos
distinção entre vencidas e vin- CAPÍTULO X – DA peritos para a avaliação do patri-
cendas, mas, em relação a estas, TRANSFORMAÇÃO, DA mônio líquido da sociedade, que
com desconto. INCORPORAÇÃO, DA tenha de ser incorporada.
Parágrafo único. Se o ativo FUSÃO E DA CISÃO DAS
for superior ao passivo, pode o SOCIEDADES Art. 1.118. Aprovados os atos da
liquidante, sob sua responsabili- incorporação, a incorporadora
dade pessoal, pagar integralmen- Art. 1.113. O ato de transforma- declarará extinta a incorporada,
te as dívidas vencidas. ção independe de dissolução ou e promoverá a respectiva aver-
liquidação da sociedade, e obede- bação no registro próprio.
Art. 1.107. Os sócios podem re- cerá aos preceitos reguladores da
solver, por maioria de votos, an- constituição e inscrição próprios Art. 1.119. A fusão determina a
tes de ultimada a liquidação, mas do tipo em que vai converter-se. extinção das sociedades que se
depois de pagos os credores, que unem, para formar sociedade
o liquidante faça rateios por ante- Art. 1.114. A transformação de- nova, que a elas sucederá nos
cipação da partilha, à medida em pende do consentimento de todos direitos e obrigações.
que se apurem os haveres sociais. os sócios, salvo se prevista no ato
constitutivo, caso em que o dis- Art. 1.120. A fusão será decidi-
Art. 1.108. Pago o passivo e par- sidente poderá retirar-se da so- da, na forma estabelecida para
tilhado o remanescente, convo- ciedade, aplicando-se, no silêncio os respectivos tipos, pelas so-
cará o liquidante assembleia dos do estatuto ou do contrato social, ciedades que pretendam unir-se.
sócios para a prestação final de o disposto no art. 1.031. § 1o Em reunião ou assem-
contas. bleia dos sócios de cada socie-
Art. 1.115. A transformação não dade, deliberada a fusão e apro-
Art. 1.109. Aprovadas as con- modificará nem prejudicará, em vado o projeto do ato constitutivo
tas, encerra-se a liquidação, e qualquer caso, os direitos dos da nova sociedade, bem como o
a sociedade se extingue, ao ser credores. plano de distribuição do capital
averbada no registro próprio a Parágrafo único. A falên- social, serão nomeados os peritos
ata da assembleia. cia da sociedade transformada para a avaliação do patrimônio da
Parágrafo único. O dissidente somente produzirá efeitos em sociedade.
tem o prazo de trinta dias, a con- relação aos sócios que, no tipo § 2o Apresentados os laudos,
tar da publicação da ata, devida- anterior, a eles estariam sujeitos, os administradores convocarão
mente averbada, para promover se o pedirem os titulares de cré- reunião ou assembleia dos sócios
a ação que couber. ditos anteriores à transformação, para tomar conhecimento deles,
e somente a estes beneficiará. decidindo sobre a constituição
Art. 1.110. Encerrada a liquida- definitiva da nova sociedade.
ção, o credor não satisfeito só Art. 1.116. Na incorporação, uma § 3o É vedado aos sócios vo-
terá direito a exigir dos sócios, ou várias sociedades são absor- tar o laudo de avaliação do pa-
individualmente, o pagamento do vidas por outra, que lhes sucede trimônio da sociedade de que
seu crédito, até o limite da soma em todos os direitos e obriga- façam parte.
por eles recebida em partilha, e a ções, devendo todas aprová-la,
propor contra o liquidante ação na forma estabelecida para os Art. 1.121. Constituída a nova

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Código Civil
sociedade, aos administradores no seu estatuto. autorização, cumprirá à socieda-
incumbe fazer inscrever, no re- de publicar os atos referidos nos
gistro próprio da sede, os atos arts. 1.128 e 1.129, em trinta dias,
relativos à fusão.
Seção II – Da Sociedade no órgão oficial da União, cujo
Nacional exemplar representará prova para
Art. 1.122. Até noventa dias após inscrição, no registro próprio, dos
publicados os atos relativos à in- Art. 1.126. É nacional a socieda- atos constitutivos da sociedade.
corporação, fusão ou cisão, o cre- de organizada de conformidade Parágrafo único. A sociedade
dor anterior, por ela prejudicado, com a lei brasileira e que tenha no promoverá, também no órgão ofi-
poderá promover judicialmente a País a sede de sua administração. cial da União e no prazo de trinta
anulação deles. Parágrafo único. Quando a lei dias, a publicação do termo de
§ 1o A consignação em pa- exigir que todos ou alguns sócios inscrição.
gamento prejudicará a anulação sejam brasileiros, as ações da
pleiteada. sociedade anônima revestirão, Art. 1.132. As sociedades anôni-
§ 2o Sendo ilíquida a dívida, no silêncio da lei, a forma nomi- mas nacionais, que dependam de
a sociedade poderá garantir-lhe nativa. Qualquer que seja o tipo autorização do Poder Executivo
a execução, suspendendo-se o da sociedade, na sua sede fica- para funcionar, não se consti-
processo de anulação. rá arquivada cópia autêntica do tuirão sem obtê-la, quando seus
§ 3o Ocorrendo, no prazo documento comprobatório da fundadores pretenderem recor-
deste artigo, a falência da so- nacionalidade dos sócios. rer a subscrição pública para a
ciedade incorporadora, da socie- formação do capital.
dade nova ou da cindida, qualquer Art. 1.127. Não haverá mudança § 1o Os fundadores deverão
credor anterior terá direito a pe- de nacionalidade de sociedade juntar ao requerimento cópias
dir a separação dos patrimônios, brasileira sem o consentimento autênticas do projeto do estatuto
para o fim de serem os créditos unânime dos sócios ou acionistas. e do prospecto.
pagos pelos bens das respecti- § 2o Obtida a autorização e
vas massas. Art. 1.128. O requerimento de constituída a sociedade, proce-
autorização de sociedade na- der-se-á à inscrição dos seus atos
cional deve ser acompanhado de constitutivos.
CAPÍTULO XI – DA cópia do contrato, assinada por
SOCIEDADE DEPENDENTE todos os sócios, ou, tratando-se Art. 1.133. Dependem de apro-
DE AUTORIZAÇÃO de sociedade anônima, de cópia, vação as modificações do con-
autenticada pelos fundadores, trato ou do estatuto de sociedade
Seção I – Disposições Gerais dos documentos exigidos pela sujeita a autorização do Poder
lei especial. Executivo, salvo se decorrerem
Art. 1.123. A sociedade que de- Parágrafo único. Se a socie- de aumento do capital social, em
penda de autorização do Poder dade tiver sido constituída por virtude de utilização de reservas
Executivo para funcionar reger- escritura pública, bastará juntar- ou reavaliação do ativo.
-se-á por este título, sem prejuízo -se ao requerimento a respectiva
do disposto em lei especial. certidão.
Parágrafo único. A compe-
Seção III – Da Sociedade
tência para a autorização será Art. 1.129. Ao Poder Executivo é Estrangeira
sempre do Poder Executivo fe- facultado exigir que se procedam
deral. a alterações ou aditamento no Art. 1.134. A sociedade estran-
contrato ou no estatuto, devendo geira, qualquer que seja o seu
Art. 1.124. Na falta de prazo esti- os sócios, ou, tratando-se de so- objeto, não pode, sem autorização
pulado em lei ou em ato do poder ciedade anônima, os fundadores, do Poder Executivo, funcionar no
público, será considerada caduca cumprir as formalidades legais País, ainda que por estabeleci-
a autorização se a sociedade não para revisão dos atos constitu- mentos subordinados, podendo,
entrar em funcionamento nos tivos, e juntar ao processo pro- todavia, ressalvados os casos
doze meses seguintes à respec- va regular. expressos em lei, ser acionista
tiva publicação. de sociedade anônima brasileira.
Art. 1.130. Ao Poder Executivo é § 1o Ao requerimento de au-
Art. 1.125. Ao Poder Executivo facultado recusar a autorização, torização devem juntar-se:
é facultado, a qualquer tempo, se a sociedade não atender às I – prova de se achar a socie-
cassar a autorização concedida condições econômicas, finan- dade constituída conforme a lei
a sociedade nacional ou estran- ceiras ou jurídicas especifica- de seu país;
geira que infringir disposição de das em lei. II – inteiro teor do contrato
ordem pública ou praticar atos ou do estatuto;
contrários aos fins declarados Art. 1.131. Expedido o decreto de III – relação dos membros de

197
Código Civil
todos os órgãos da administração sede da sociedade no estrangeiro; econômico das sucursais, filiais
da sociedade, com nome, nacio- II – lugar da sucursal, filial ou ou agências existentes no País.
nalidade, profissão, domicílio e, agência, no País;
salvo quanto a ações ao portador, III – data e número do decreto Art. 1.141. Mediante autorização
o valor da participação de cada de autorização; do Poder Executivo, a sociedade
um no capital da sociedade; IV – capital destinado às ope- estrangeira admitida a funcio-
IV – cópia do ato que auto- rações no País; nar no País pode nacionalizar-
rizou o funcionamento no Brasil V – individuação do seu re- -se, transferindo sua sede para
e fixou o capital destinado às presentante permanente. o Brasil.
operações no território nacional; § 3o Inscrita a sociedade, § 1o Para o fim previsto neste
V – prova de nomeação do promover-se-á a publicação de- artigo, deverá a sociedade, por
representante no Brasil, com po- terminada no parágrafo único seus representantes, oferecer,
deres expressos para aceitar as do art. 1.131. com o requerimento, os docu-
condições exigidas para a auto- mentos exigidos no art. 1.134, e
rização; Art. 1.137. A sociedade estran- ainda a prova da realização do
VI – último balanço. geira autorizada a funcionar fica- capital, pela forma declarada no
§ 2o Os documentos serão rá sujeita às leis e aos tribunais contrato, ou no estatuto, e do
autenticados, de conformidade brasileiros, quanto aos atos ou ato em que foi deliberada a na-
com a lei nacional da sociedade operações praticados no Brasil. cionalização.
requerente, legalizados no consu- Parágrafo único. A sociedade § 2o O Poder Executivo pode-
lado brasileiro da respectiva sede estrangeira funcionará no territó- rá impor as condições que julgar
e acompanhados de tradução em rio nacional com o nome que tiver convenientes à defesa dos inte-
vernáculo. em seu país de origem, podendo resses nacionais.
acrescentar as palavras “do Brasil” § 3o Aceitas as condições
Art. 1.135. É facultado ao Po- ou “para o Brasil”. pelo representante, proceder-se-
der Executivo, para conceder a -á, após a expedição do decreto
autorização, estabelecer condi- Art. 1.138. A sociedade estran- de autorização, à inscrição da
ções convenientes à defesa dos geira autorizada a funcionar é sociedade e publicação do res-
interesses nacionais. obrigada a ter, permanentemen- pectivo termo.
Parágrafo único. Aceitas as te, representante no Brasil, com
condições, expedirá o Poder Exe- poderes para resolver quaisquer
cutivo decreto de autorização, questões e receber citação judi- TÍTULO III – DO
do qual constará o montante de cial pela sociedade. ESTABELECIMENTO
capital destinado às operações Parágrafo único. O represen-
no País, cabendo à sociedade tante somente pode agir perante CAPÍTULO ÚNICO –
promover a publicação dos atos terceiros depois de arquivado e DISPOSIÇÕES GERAIS
referidos no art. 1.131 e no § 1o do averbado o instrumento de sua
art. 1.134. nomeação. Art. 1.142. Considera-se esta-
belecimento todo complexo de
Art. 1.136. A sociedade autoriza- Art. 1.139. Qualquer modificação bens organizado, para exercício
da não pode iniciar sua ativida- no contrato ou no estatuto de- da empresa, por empresário, ou
de antes de inscrita no registro penderá da aprovação do Poder por sociedade empresária.
próprio do lugar em que se deva Executivo, para produzir efeitos § 1o O estabelecimento não
estabelecer. no território nacional. se confunde com o local onde se
§ 1o O requerimento de ins- exerce a atividade empresarial,
crição será instruído com exem- Art. 1.140. A sociedade estran- que poderá ser físico ou virtual.
plar da publicação exigida no pa- geira deve, sob pena de lhe ser § 2o Quando o local onde se
rágrafo único do artigo antece- cassada a autorização, reproduzir exerce a atividade empresarial
dente, acompanhado de docu- no órgão oficial da União, e do Es- for virtual, o endereço informa-
mento do depósito em dinheiro, tado, se for o caso, as publicações do para fins de registro poderá
em estabelecimento bancário que, segundo a sua lei nacional, ser, conforme o caso, o endere-
oficial, do capital ali mencionado. seja obrigada a fazer relativamen- ço do empresário individual ou
§ 2o Arquivados esses do- te ao balanço patrimonial e ao de de um dos sócios da sociedade
cumentos, a inscrição será feita resultado econômico, bem como empresária.
por termo em livro especial para aos atos de sua administração. § 3o Quando o local onde se
as sociedades estrangeiras, com Parágrafo único. Sob pena, exerce a atividade empresarial
número de ordem contínuo para também, de lhe ser cassada a for físico, a fixação do horário
todas as sociedades inscritas; no autorização, a sociedade estran- de funcionamento competirá ao
termo constarão: geira deverá publicar o balan- Município, observada a regra geral
I – nome, objeto, duração e ço patrimonial e o de resultado prevista no inciso II do caput do

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Código Civil
art. 3o da Lei no 13.874, de 20 de se não tiverem caráter pessoal, com o disposto nos parágrafos
setembro de 2019. podendo os terceiros rescindir o deste artigo.
contrato em noventa dias a contar § 1o Salvo exceção expressa,
Art. 1.143. Pode o estabeleci- da publicação da transferência, se as publicações ordenadas neste
mento ser objeto unitário de di- ocorrer justa causa, ressalvada, Livro serão feitas no órgão oficial
reitos e de negócios jurídicos, neste caso, a responsabilidade da União ou do Estado, conforme
translativos ou constitutivos, que do alienante. o local da sede do empresário
sejam compatíveis com a sua ou da sociedade, e em jornal de
natureza. Art. 1.149. A cessão dos créditos grande circulação.
referentes ao estabelecimento § 2o As publicações das so-
Art. 1.144. O contrato que tenha transferido produzirá efeito em ciedades estrangeiras serão fei-
por objeto a alienação, o usu- relação aos respectivos deve- tas nos órgãos oficiais da União
fruto ou arrendamento do esta- dores, desde o momento da pu- e do Estado onde tiverem sucur-
belecimento, só produzirá efei- blicação da transferência, mas o sais, filiais ou agências.
tos quanto a terceiros depois de devedor ficará exonerado se de § 3o O anúncio de convo-
averbado à margem da inscrição boa-fé pagar ao cedente. cação da assembleia de sócios
do empresário, ou da sociedade será publicado por três vezes,
empresária, no Registro Público ao menos, devendo mediar, en-
de Empresas Mercantis, e de pu- TÍTULO IV – DOS tre a data da primeira inserção e
blicado na imprensa oficial. INSTITUTOS a da realização da assembleia, o
COMPLEMENTARES prazo mínimo de oito dias, para a
Art. 1.145. Se ao alienante não primeira convocação, e de cinco
restarem bens suficientes para CAPÍTULO I – DO REGISTRO dias, para as posteriores.
solver o seu passivo, a eficácia
da alienação do estabelecimento Art. 1.150. O empresário e a so- Art. 1.153. Cumpre à autoridade
depende do pagamento de todos ciedade empresária vinculam-se competente, antes de efetivar o
os credores, ou do consentimen- ao Registro Público de Empresas registro, verificar a autenticidade
to destes, de modo expresso ou Mercantis a cargo das Juntas Co- e a legitimidade do signatário do
tácito, em trinta dias a partir de merciais, e a sociedade simples requerimento, bem como fiscali-
sua notificação. ao Registro Civil das Pessoas Ju- zar a observância das prescrições
rídicas, o qual deverá obedecer legais concernentes ao ato ou
Art. 1.146. O adquirente do es- às normas fixadas para aquele aos documentos apresentados.
tabelecimento responde pelo pa- registro, se a sociedade simples Parágrafo único. Das irregu-
gamento dos débitos anteriores adotar um dos tipos de sociedade laridades encontradas deve ser
à transferência, desde que regu- empresária. notificado o requerente, que, se
larmente contabilizados, conti- for o caso, poderá saná-las, obe-
nuando o devedor primitivo soli- Art. 1.151. O registro dos atos decendo às formalidades da lei.
dariamente obrigado pelo prazo sujeitos à formalidade exigida no
de um ano, a partir, quanto aos artigo antecedente será requerido Art. 1.154. O ato sujeito a re-
créditos vencidos, da publicação, pela pessoa obrigada em lei, e, no gistro, ressalvadas disposições
e, quanto aos outros, da data do caso de omissão ou demora, pelo especiais da lei, não pode, antes
vencimento. sócio ou qualquer interessado. do cumprimento das respecti-
§ 1o Os documentos neces- vas formalidades, ser oposto a
Art. 1.147. Não havendo auto- sários ao registro deverão ser terceiro, salvo prova de que este
rização expressa, o alienante do apresentados no prazo de trinta o conhecia.
estabelecimento não pode fa- dias, contado da lavratura dos Parágrafo único. O terceiro
zer concorrência ao adquirente, atos respectivos. não pode alegar ignorância, des-
nos cinco anos subsequentes à § 2o Requerido além do prazo de que cumpridas as referidas
transferência. previsto neste artigo, o registro formalidades.
Parágrafo único. No caso de somente produzirá efeito a partir
arrendamento ou usufruto do es- da data de sua concessão.
tabelecimento, a proibição previs- § 3o As pessoas obrigadas a CAPÍTULO II – DO NOME
ta neste artigo persistirá durante requerer o registro responderão EMPRESARIAL
o prazo do contrato. por perdas e danos, em caso de
omissão ou demora. Art. 1.155. Considera-se nome
Art. 1.148. Salvo disposição em empresarial a firma ou a deno-
contrário, a transferência impor- Art. 1.152. Cabe ao órgão in- minação adotada, de conformi-
ta a sub-rogação do adquirente cumbido do registro verificar a dade com este Capítulo, para o
nos contratos estipulados para regularidade das publicações exercício de empresa.
exploração do estabelecimento, determinadas em lei, de acordo Parágrafo único. Equipara-se

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Código Civil
ao nome empresarial, para os tar da denominação o nome do ressado, quando cessar o exer-
efeitos da proteção da lei, a deno- fundador, acionista, ou pessoa cício da atividade para que foi
minação das sociedades simples, que haja concorrido para o bom adotado, ou quando ultimar-se
associações e fundações. êxito da formação da empresa. a liquidação da sociedade que o
inscreveu.
Art. 1.156. O empresário opera Art. 1.161. A sociedade em co-
sob firma constituída por seu mandita por ações pode, em lugar
nome, completo ou abreviado, de firma, adotar denominação CAPÍTULO III – DOS
aditando-lhe, se quiser, designa- aditada da expressão “comandita PREPOSTOS
ção mais precisa da sua pessoa por ações”, facultada a designa-
Seção I – Disposições Gerais
ou do gênero de atividade. ção do objeto social.

Art. 1.157. A sociedade em que Art. 1.162. A sociedade em con- Art. 1.169. O preposto não pode,
houver sócios de responsabilida- ta de participação não pode ter sem autorização escrita, fazer-
de ilimitada operará sob firma, na firma ou denominação. -se substituir no desempenho
qual somente os nomes daqueles da preposição, sob pena de res-
poderão figurar, bastando para Art. 1.163. O nome de empre- ponder pessoalmente pelos atos
formá-la aditar ao nome de um sário deve distinguir-se de qual- do substituto e pelas obrigações
deles a expressão “e companhia” quer outro já inscrito no mesmo por ele contraídas.
ou sua abreviatura. registro.
Parágrafo único. Ficam soli- Parágrafo único. Se o empre- Art. 1.170. O preposto, salvo
dária e ilimitadamente responsá- sário tiver nome idêntico ao de autorização expressa, não pode
veis pelas obrigações contraídas outros já inscritos, deverá acres- negociar por conta própria ou
sob a firma social aqueles que, centar designação que o distinga. de terceiro, nem participar, em-
por seus nomes, figurarem na bora indiretamente, de operação
firma da sociedade de que trata Art. 1.164. O nome empresarial do mesmo gênero da que lhe foi
este artigo. não pode ser objeto de alienação. cometida, sob pena de responder
Parágrafo único. O adquiren- por perdas e danos e de serem
Art. 1.158. Pode a sociedade li- te de estabelecimento, por ato retidos pelo preponente os lucros
mitada adotar firma ou denomina- entre vivos, pode, se o contrato da operação.
ção, integradas pela palavra final o permitir, usar o nome do alie-
“limitada” ou a sua abreviatura. nante, precedido do seu próprio, Art. 1.171. Considera-se perfei-
§ 1o A firma será composta com a qualificação de sucessor. ta a entrega de papéis, bens ou
com o nome de um ou mais só- valores ao preposto, encarregado
cios, desde que pessoas físicas, Art. 1.165. O nome de sócio que pelo preponente, se os recebeu
de modo indicativo da relação vier a falecer, for excluído ou se sem protesto, salvo nos casos em
social. retirar, não pode ser conservado que haja prazo para reclamação.
§ 2o A denominação deve de- na firma social.
signar o objeto da sociedade, sen-
do permitido nela figurar o nome Art. 1.166. A inscrição do em-
Seção II – Do Gerente
de um ou mais sócios. presário, ou dos atos constitu-
§ 3o A omissão da palavra tivos das pessoas jurídicas, ou Art. 1.172. Considera-se gerente
“limitada” determina a respon- as respectivas averbações, no o preposto permanente no exer-
sabilidade solidária e ilimitada registro próprio, asseguram o uso cício da empresa, na sede desta,
dos administradores que assim exclusivo do nome nos limites do ou em sucursal, filial ou agência.
empregarem a firma ou a deno- respectivo Estado.
minação da sociedade. Parágrafo único. O uso pre- Art. 1.173. Quando a lei não exigir
visto neste artigo estender-se-á poderes especiais, considera-se o
Art. 1.159. A sociedade coope- a todo o território nacional, se re- gerente autorizado a praticar to-
rativa funciona sob denominação gistrado na forma da lei especial. dos os atos necessários ao exer-
integrada pelo vocábulo “coope- cício dos poderes que lhe foram
rativa”. Art. 1.167. Cabe ao prejudicado, a outorgados.
qualquer tempo, ação para anular Parágrafo único. Na falta de
Art. 1.160. A sociedade anônima a inscrição do nome empresarial estipulação diversa, consideram-
opera sob denominação integrada feita com violação da lei ou do -se solidários os poderes confe-
pelas expressões “sociedade anô- contrato. ridos a dois ou mais gerentes.
nima” ou “companhia”, por extenso
ou abreviadamente, facultada a Art. 1.168. A inscrição do nome Art. 1.174. As limitações conti-
designação do objeto social. empresarial será cancelada, a das na outorga de poderes, para
Parágrafo único. Pode cons- requerimento de qualquer inte- serem opostas a terceiros, depen-

200
Código Civil
dem do arquivamento e averba- CAPÍTULO IV – DA rasuras, emendas ou transportes
ção do instrumento no Registro ESCRITURAÇÃO para as margens.
Público de Empresas Mercantis, Parágrafo único. É permitido
salvo se provado serem conhe- Art. 1.179. O empresário e a so- o uso de código de números ou
cidas da pessoa que tratou com ciedade empresária são obriga- de abreviaturas, que constem
o gerente. dos a seguir um sistema de conta- de livro próprio, regularmente
Parágrafo único. Para o mes- bilidade, mecanizado ou não, com autenticado.
mo efeito e com idêntica ressalva, base na escrituração uniforme de
deve a modificação ou revoga- seus livros, em correspondência Art. 1.184. No Diário serão lan-
ção do mandato ser arquivada e com a documentação respectiva, çadas, com individuação, clareza
averbada no Registro Público de e a levantar anualmente o balan- e caracterização do documento
Empresas Mercantis. ço patrimonial e o de resultado respectivo, dia a dia, por escrita
econômico. direta ou reprodução, todas as
Art. 1.175. O preponente res- § 1o Salvo o disposto no operações relativas ao exercício
ponde com o gerente pelos atos art. 1.180, o número e a espécie da empresa.
que este pratique em seu próprio de livros ficam a critério dos in- § 1o Admite-se a escrituração
nome, mas à conta daquele. teressados. resumida do Diário, com totais
§ 2o É dispensado das exi- que não excedam o período de
Art. 1.176. O gerente pode estar gências deste artigo o peque- trinta dias, relativamente a contas
em juízo em nome do preponente, no empresário a que se refere cujas operações sejam numero-
pelas obrigações resultantes do o art. 970. sas ou realizadas fora da sede
exercício da sua função. do estabelecimento, desde que
Art. 1.180. Além dos demais utilizados livros auxiliares regular-
livros exigidos por lei, é indis- mente autenticados, para registro
Seção III – Do Contabilista e pensável o Diário, que pode ser individualizado, e conservados os
Outros Auxiliares substituído por fichas no caso documentos que permitam a sua
de escrituração mecanizada ou perfeita verificação.
Art. 1.177. Os assentos lançados eletrônica. § 2o Serão lançados no Diá-
nos livros ou fichas do preponen- Parágrafo único. A adoção de rio o balanço patrimonial e o de
te, por qualquer dos prepostos fichas não dispensa o uso de livro resultado econômico, devendo
encarregados de sua escritura- apropriado para o lançamento ambos ser assinados por técnico
ção, produzem, salvo se houver do balanço patrimonial e do de em Ciências Contábeis legalmen-
procedido de má-fé, os mesmos resultado econômico. te habilitado e pelo empresário ou
efeitos como se o fossem por sociedade empresária.
aquele. Art. 1.181. Salvo disposição es-
Parágrafo único. No exercício pecial de lei, os livros obrigatórios Art. 1.185. O empresário ou so-
de suas funções, os prepostos são e, se for o caso, as fichas, antes ciedade empresária que adotar o
pessoalmente responsáveis, pe- de postos em uso, devem ser au- sistema de fichas de lançamentos
rante os preponentes, pelos atos tenticados no Registro Público de poderá substituir o livro Diário
culposos; e, perante terceiros, so- Empresas Mercantis. pelo livro Balancetes Diários e
lidariamente com o preponente, Parágrafo único. A autenti- Balanços, observadas as mesmas
pelos atos dolosos. cação não se fará sem que es- formalidades extrínsecas exigidas
teja inscrito o empresário, ou a para aquele.
Art. 1.178. Os preponentes são sociedade empresária, que po-
responsáveis pelos atos de quais- derá fazer autenticar livros não Art. 1.186. O livro Balancetes Di-
quer prepostos, praticados nos obrigatórios. ários e Balanços será escriturado
seus estabelecimentos e relati- de modo que registre:
vos à atividade da empresa, ainda Art. 1.182. Sem prejuízo do dis- I – a posição diária de cada
que não autorizados por escrito. posto no art. 1.174, a escrituração uma das contas ou títulos con-
Parágrafo único. Quando tais ficará sob a responsabilidade de tábeis, pelo respectivo saldo, em
atos forem praticados fora do contabilista legalmente habilita- forma de balancetes diários;
estabelecimento, somente obri- do, salvo se nenhum houver na II – o balanço patrimonial e o
garão o preponente nos limites localidade. de resultado econômico, no en-
dos poderes conferidos por es- cerramento do exercício.
crito, cujo instrumento pode ser Art. 1.183. A escrituração será
suprido pela certidão ou cópia feita em idioma e moeda corrente Art. 1.187. Na coleta dos elemen-
autêntica do seu teor. nacionais e em forma contábil, tos para o inventário serão obser-
por ordem cronológica de dia, vados os critérios de avaliação a
mês e ano, sem intervalos em seguir determinados:
branco, nem entrelinhas, borrões, I – os bens destinados à ex-

201
Código Civil
ploração da atividade serão ava- Art. 1.188. O balanço patrimonial Parágrafo único. A confis-
liados pelo custo de aquisição, deverá exprimir, com fidelidade e são resultante da recusa pode
devendo, na avaliação dos que se clareza, a situação real da empre- ser elidida por prova documental
desgastam ou depreciam com o sa e, atendidas as peculiaridades em contrário.
uso, pela ação do tempo ou ou- desta, bem como as disposições
tros fatores, atender-se à desva- das leis especiais, indicará, dis- Art. 1.193. As restrições estabe-
lorização respectiva, criando-se tintamente, o ativo e o passivo. lecidas neste Capítulo ao exame
fundos de amortização para as- Parágrafo único. Lei especial da escrituração, em parte ou por
segurar-lhes a substituição ou a disporá sobre as informações que inteiro, não se aplicam às autori-
conservação do valor; acompanharão o balanço patri- dades fazendárias, no exercício
II – os valores mobiliários, monial, em caso de sociedades da fiscalização do pagamento de
matéria-prima, bens destinados coligadas. impostos, nos termos estritos das
à alienação, ou que constituem respectivas leis especiais.
produtos ou artigos da indústria Art. 1.189. O balanço de resul-
ou comércio da empresa, podem tado econômico, ou demonstra- Art. 1.194. O empresário e a so-
ser estimados pelo custo de aqui- ção da conta de lucros e perdas, ciedade empresária são obriga-
sição ou de fabricação, ou pelo acompanhará o balanço patri- dos a conservar em boa guarda
preço corrente, sempre que este monial e dele constarão crédito toda a escrituração, correspon-
for inferior ao preço de custo, e e débito, na forma da lei especial. dência e mais papéis concernen-
quando o preço corrente ou venal tes à sua atividade, enquanto não
estiver acima do valor do custo Art. 1.190. Ressalvados os ca- ocorrer prescrição ou decadência
de aquisição, ou fabricação, e os sos previstos em lei, nenhuma no tocante aos atos neles con-
bens forem avaliados pelo preço autoridade, juiz ou tribunal, sob signados.
corrente, a diferença entre este e qualquer pretexto, poderá fazer
o preço de custo não será levada ou ordenar diligência para verifi- Art. 1.195. As disposições deste
em conta para a distribuição de car se o empresário ou a socie- Capítulo aplicam-se às sucursais,
lucros, nem para as percentagens dade empresária observam, ou filiais ou agências, no Brasil, do
referentes a fundos de reserva; não, em seus livros e fichas, as empresário ou sociedade com
III – o valor das ações e dos formalidades prescritas em lei. sede em país estrangeiro.
títulos de renda fixa pode ser de-
terminado com base na respecti- Art. 1.191. O juiz só poderá auto-
va cotação da Bolsa de Valores; rizar a exibição integral dos livros LIVRO III – DO DIREITO DAS
os não cotados e as participações e papéis de escrituração quando COISAS
não acionárias serão considera- necessária para resolver questões
dos pelo seu valor de aquisição; relativas a sucessão, comunhão TÍTULO I – DA POSSE
IV – os créditos serão consi- ou sociedade, administração ou CAPÍTULO I – DA POSSE E
derados de conformidade com o gestão à conta de outrem, ou em
presumível valor de realização, caso de falência. SUA CLASSIFICAÇÃO
não se levando em conta os pres- § 1o O juiz ou tribunal que
critos ou de difícil liquidação, sal- conhecer de medida cautelar ou Art. 1.196. Considera-se pos-
vo se houver, quanto aos últimos, de ação pode, a requerimento ou suidor todo aquele que tem de
previsão equivalente. de ofício, ordenar que os livros de fato o exercício, pleno ou não,
Parágrafo único. Entre os va- qualquer das partes, ou de ambas, de algum dos poderes inerentes
lores do ativo podem figurar, des- sejam examinados na presença à propriedade.
de que se preceda, anualmente, do empresário ou da sociedade
à sua amortização: empresária a que pertencerem, Art. 1.197. A posse direta, de pes-
I – as despesas de instalação ou de pessoas por estes nome- soa que tem a coisa em seu poder,
da sociedade, até o limite cor- adas, para deles se extrair o que temporariamente, em virtude de
respondente a dez por cento do interessar à questão. direito pessoal, ou real, não anu-
capital social; § 2o Achando-se os livros em la a indireta, de quem aquela foi
II – os juros pagos aos acio- outra jurisdição, nela se fará o havida, podendo o possuidor di-
nistas da sociedade anônima, no exame, perante o respectivo juiz. reto defender a sua posse contra
período antecedente ao início das o indireto.
operações sociais, à taxa não su- Art. 1.192. Recusada a apresen-
perior a doze por cento ao ano, tação dos livros, nos casos do Art. 1.198. Considera-se deten-
fixada no estatuto; artigo antecedente, serão apre- tor aquele que, achando-se em
III – a quantia efetivamente endidos judicialmente e, no do seu relação de dependência para com
paga a título de aviamento de § 1o, ter-se-á como verdadeiro o outro, conserva a posse em nome
estabelecimento adquirido pelo alegado pela parte contrária para deste e em cumprimento de or-
empresário ou sociedade. se provar pelos livros. dens ou instruções suas.

202
Código Civil
Parágrafo único. Aquele -se aos herdeiros ou legatários gos antecedentes não se aplica
que começou a comportar-se do possuidor com os mesmos às servidões não aparentes, sal-
do modo como prescreve este ar- caracteres. vo quando os respectivos títulos
tigo, em relação ao bem e à outra provierem do possuidor do prédio
pessoa, presume-se detentor, até Art. 1.207. O sucessor universal serviente, ou daqueles de quem
que prove o contrário. continua de direito a posse do seu este o houve.
antecessor; e ao sucessor singu-
Art. 1.199. Se duas ou mais pes- lar é facultado unir sua posse à do Art. 1.214. O possuidor de boa-fé
soas possuírem coisa indivisa, antecessor, para os efeitos legais. tem direito, enquanto ela durar,
poderá cada uma exercer sobre aos frutos percebidos.
ela atos possessórios, contanto Art. 1.208. Não induzem posse Parágrafo único. Os frutos
que não excluam os dos outros os atos de mera permissão ou pendentes ao tempo em que
compossuidores. tolerância assim como não au- cessar a boa-fé devem ser res-
torizam a sua aquisição os atos tituídos, depois de deduzidas as
Art. 1.200. É justa a posse que violentos, ou clandestinos, senão despesas da produção e custeio;
não for violenta, clandestina ou depois de cessar a violência ou a devem ser também restituídos os
precária. clandestinidade. frutos colhidos com antecipação.

Art. 1.201. É de boa-fé a posse, Art. 1.209. A posse do imóvel Art. 1.215. Os frutos naturais
se o possuidor ignora o vício, ou faz presumir, até prova contrá- e industriais reputam-se colhi-
o obstáculo que impede a aqui- ria, a das coisas móveis que nele dos e percebidos, logo que são
sição da coisa. estiverem. separados; os civis reputam-se
Parágrafo único. O possui- percebidos dia por dia.
dor com justo título tem por si a
presunção de boa-fé, salvo pro- CAPÍTULO III – DOS Art. 1.216. O possuidor de má-
va em contrário, ou quando a lei EFEITOS DA POSSE -fé responde por todos os frutos
expressamente não admite esta colhidos e percebidos, bem como
presunção. Art. 1.210. O possuidor tem di- pelos que, por culpa sua, deixou
reito a ser mantido na posse em de perceber, desde o momento
Art. 1.202. A posse de boa-fé caso de turbação, restituído no de em que se constituiu de má-fé;
só perde este caráter no caso esbulho, e segurado de violência tem direito às despesas da pro-
e desde o momento em que as iminente, se tiver justo receio de dução e custeio.
circunstâncias façam presumir ser molestado.
que o possuidor não ignora que § 1o O possuidor turbado, ou Art. 1.217. O possuidor de boa-
possui indevidamente. esbulhado, poderá manter-se ou -fé não responde pela perda ou
restituir-se por sua própria força, deterioração da coisa, a que não
Art. 1.203. Salvo prova em con- contanto que o faça logo; os atos der causa.
trário, entende-se manter a pos- de defesa, ou de desforço, não
se o mesmo caráter com que foi podem ir além do indispensável Art. 1.218. O possuidor de má-fé
adquirida. à manutenção, ou restituição da responde pela perda, ou deterio-
posse. ração da coisa, ainda que aciden-
§ 2o Não obsta à manuten- tais, salvo se provar que de igual
CAPÍTULO II – DA ção ou reintegração na posse a modo se teriam dado, estando ela
AQUISIÇÃO DA POSSE alegação de propriedade, ou de na posse do reivindicante.
outro direito sobre a coisa.
Art. 1.204. Adquire-se a posse Art. 1.219. O possuidor de boa-
desde o momento em que se tor- Art. 1.211. Quando mais de uma -fé tem direito à indenização das
na possível o exercício, em nome pessoa se disser possuidora, benfeitorias necessárias e úteis,
próprio, de qualquer dos poderes manter-se-á provisoriamente a bem como, quanto às voluptuá-
inerentes à propriedade. que tiver a coisa, se não estiver rias, se não lhe forem pagas, a
manifesto que a obteve de algu- levantá-las, quando o puder sem
Art. 1.205. A posse pode ser ma das outras por modo vicioso. detrimento da coisa, e poderá
adquirida: exercer o direito de retenção pelo
I – pela própria pessoa que Art. 1.212. O possuidor pode in- valor das benfeitorias necessá-
a pretende ou por seu represen- tentar a ação de esbulho, ou a de rias e úteis.
tante; indenização, contra o terceiro,
II – por terceiro sem mandato, que recebeu a coisa esbulhada Art. 1.220. Ao possuidor de má-
dependendo de ratificação. sabendo que o era. -fé serão ressarcidas somente as
benfeitorias necessárias; não lhe
Art. 1.206. A posse transmite- Art. 1.213. O disposto nos arti- assiste o direito de retenção pela

203
Código Civil
importância destas, nem o de le- tituídos, ou transmitidos por atos siderados pelo juiz de interesse
vantar as voluptuárias. entre vivos, só se adquirem com social e econômico relevante.
a tradição. § 5o No caso do parágrafo
Art. 1.221. As benfeitorias com- antecedente, o juiz fixará a justa
pensam-se com os danos, e só Art. 1.227. Os direitos reais indenização devida ao proprietá-
obrigam ao ressarcimento se ao sobre imóveis constituídos, ou rio; pago o preço, valerá a senten-
tempo da evicção ainda existirem. transmitidos por atos entre vivos, ça como título para o registro do
só se adquirem com o registro no imóvel em nome dos possuidores.
Art. 1.222. O reivindicante, obri- Cartório de Registro de Imóveis
gado a indenizar as benfeitorias dos referidos títulos (arts. 1.245 a Art. 1.229. A propriedade do solo
ao possuidor de má-fé, tem o 1.247), salvo os casos expressos abrange a do espaço aéreo e sub-
direito de optar entre o seu va- neste Código. solo correspondentes, em altura
lor atual e o seu custo; ao pos- e profundidade úteis ao seu exer-
suidor de boa-fé indenizará pelo cício, não podendo o proprietário
valor atual. TÍTULO III – DA opor-se a atividades que sejam
PROPRIEDADE realizadas, por terceiros, a uma
altura ou profundidade tais, que
CAPÍTULO IV – DA PERDA CAPÍTULO I – DA não tenha ele interesse legítimo
DA POSSE PROPRIEDADE EM GERAL em impedi-las.
Seção I – Disposições
Art. 1.223. Perde-se a posse Art. 1.230. A propriedade do solo
quando cessa, embora contra a Preliminares não abrange as jazidas, minas
vontade do possuidor, o poder e demais recursos minerais, os
sobre o bem, ao qual se refere Art. 1.228. O proprietário tem a potenciais de energia hidráulica,
o art. 1.196. faculdade de usar, gozar e dispor os monumentos arqueológicos
da coisa, e o direito de reavê-la e outros bens referidos por leis
Art. 1.224. Só se considera per- do poder de quem quer que in- especiais.
dida a posse para quem não pre- justamente a possua ou detenha. Parágrafo único. O proprie-
senciou o esbulho, quando, tendo § 1o O direito de proprieda- tário do solo tem o direito de ex-
notícia dele, se abstém de retor- de deve ser exercido em conso- plorar os recursos minerais de
nar a coisa, ou, tentando recupe- nância com as suas finalidades emprego imediato na construção
rá-la, é violentamente repelido. econômicas e sociais e de modo civil, desde que não submetidos a
que sejam preservados, de con- transformação industrial, obede-
formidade com o estabelecido cido o disposto em lei especial.
TÍTULO II – DOS DIREITOS em lei especial, a flora, a fauna,
REAIS as belezas naturais, o equilíbrio Art. 1.231. A propriedade pre-
ecológico e o patrimônio histórico sume-se plena e exclusiva, até
CAPÍTULO ÚNICO – e artístico, bem como evitada a prova em contrário.
DISPOSIÇÕES GERAIS poluição do ar e das águas.
§ 2o São defesos os atos que Art. 1.232. Os frutos e mais pro-
Art. 1.225. São direitos reais: não trazem ao proprietário qual- dutos da coisa pertencem, ainda
I – a propriedade; quer comodidade, ou utilidade, e quando separados, ao seu pro-
II – a superfície; sejam animados pela intenção de prietário, salvo se, por precei-
III – as servidões; prejudicar outrem. to jurídico especial, couberem
IV – o usufruto; § 3o O proprietário pode ser a outrem.
V – o uso; privado da coisa, nos casos de
VI – a habitação; desapropriação, por necessidade
VII – o direito do promitente ou utilidade pública ou interesse
Seção II – Da Descoberta
comprador do imóvel; social, bem como no de requisi-
VIII – o penhor; ção, em caso de perigo público Art. 1.233. Quem quer que ache
IX – a hipoteca; iminente. coisa alheia perdida há de resti-
X – a anticrese; § 4o O proprietário também tuí-la ao dono ou legítimo pos-
XI – a concessão de uso espe- pode ser privado da coisa se o suidor.
cial para fins de moradia; imóvel reivindicado consistir em Parágrafo único. Não o co-
XII – a concessão de direito extensa área, na posse ininterrup- nhecendo, o descobridor fará por
real de uso; e ta e de boa-fé, por mais de cinco encontrá-lo, e, se não o encontrar,
XIII – a laje. anos, de considerável número de entregará a coisa achada à auto-
pessoas, e estas nela houverem ridade competente.
Art. 1.226. Os direitos reais so- realizado, em conjunto ou sepa-
bre coisas móveis, quando cons- radamente, obras e serviços con- Art. 1.234. Aquele que restituir

204
Código Civil
a coisa achada, nos termos do ça, a qual servirá de título para o § 2o (Vetado)
artigo antecedente, terá direito registro no Cartório de Registro
a uma recompensa não inferior de Imóveis. Art. 1.241. Poderá o possuidor
a cinco por cento do seu valor, e Parágrafo único. O prazo es- requerer ao juiz seja declarada
à indenização pelas despesas que tabelecido neste artigo reduzir- adquirida, mediante usucapião,
houver feito com a conservação -se-á a dez anos se o possuidor a propriedade imóvel.
e transporte da coisa, se o dono houver estabelecido no imóvel Parágrafo único. A declara-
não preferir abandoná-la. a sua moradia habitual, ou nele ção obtida na forma deste arti-
Parágrafo único. Na determi- realizado obras ou serviços de go constituirá título hábil para o
nação do montante da recompen- caráter produtivo. registro no Cartório de Registro
sa, considerar-se-á o esforço de- de Imóveis.
senvolvido pelo descobridor para Art. 1.239. Aquele que, não sen-
encontrar o dono, ou o legítimo do proprietário de imóvel rural ou Art. 1.242. Adquire também a
possuidor, as possibilidades que urbano, possua como sua, por propriedade do imóvel aquele
teria este de encontrar a coisa e cinco anos ininterruptos, sem que, contínua e incontestada-
a situação econômica de ambos. oposição, área de terra em zona mente, com justo título e boa-fé,
rural não superior a cinquenta o possuir por dez anos.
Art. 1.235. O descobridor res- hectares, tornando-a produtiva Parágrafo único. Será de cin-
ponde pelos prejuízos causados por seu trabalho ou de sua família, co anos o prazo previsto neste
ao proprietário ou possuidor le- tendo nela sua moradia, adquirir- artigo se o imóvel houver sido
gítimo, quando tiver procedido -lhe-á a propriedade. adquirido, onerosamente, com
com dolo. base no registro constante do
Art. 1.240. Aquele que possuir, respectivo cartório, cancelada
Art. 1.236. A autoridade com- como sua, área urbana de até posteriormente, desde que os
petente dará conhecimento da duzentos e cinquenta metros possuidores nele tiverem estabe-
descoberta através da imprensa quadrados, por cinco anos inin- lecido a sua moradia, ou realizado
e outros meios de informação, terruptamente e sem oposição, investimentos de interesse social
somente expedindo editais se o utilizando-a para sua moradia e econômico.
seu valor os comportar. ou de sua família, adquirir-lhe-á
o domínio, desde que não seja Art. 1.243. O possuidor pode,
Art. 1.237. Decorridos sessen- proprietário de outro imóvel ur- para o fim de contar o tempo exi-
ta dias da divulgação da notícia bano ou rural. gido pelos artigos antecedentes,
pela imprensa, ou do edital, não § 1o O título de domínio e a acrescentar à sua posse a dos
se apresentando quem comprove concessão de uso serão confe- seus antecessores (art. 1.207),
a propriedade sobre a coisa, será ridos ao homem ou à mulher, ou contanto que todas sejam con-
esta vendida em hasta pública e, a ambos, independentemente do tínuas, pacíficas e, nos casos do
deduzidas do preço as despesas, estado civil. art. 1.242, com justo título e de
mais a recompensa do descobri- § 2o O direito previsto no pa- boa-fé.
dor, pertencerá o remanescente rágrafo antecedente não será re-
ao Município em cuja circunscri- conhecido ao mesmo possuidor Art. 1.244. Estende-se ao pos-
ção se deparou o objeto perdido. mais de uma vez. suidor o disposto quanto ao deve-
Parágrafo único. Sendo de dor acerca das causas que obs-
diminuto valor, poderá o Municí- Art. 1.240-A. Aquele que exer- tam, suspendem ou interrompem
pio abandonar a coisa em favor cer, por 2 (dois) anos ininterrup- a prescrição, as quais também se
de quem a achou. tamente e sem oposição, posse aplicam à usucapião.
direta, com exclusividade, sobre
imóvel urbano de até 250m² (du-
CAPÍTULO II – DA zentos e cinquenta metros qua-
Seção II – Da Aquisição pelo
AQUISIÇÃO DA drados) cuja propriedade divida Registro do Título
PROPRIEDADE IMÓVEL com ex-cônjuge ou ex-compa-
nheiro que abandonou o lar, uti- Art. 1.245. Transfere-se entre
Seção I – Da Usucapião lizando-o para sua moradia ou vivos a propriedade mediante o
de sua família, adquirir-lhe-á o registro do título translativo no
Art. 1.238. Aquele que, por quin- domínio integral, desde que não Registro de Imóveis.
ze anos, sem interrupção, nem seja proprietário de outro imóvel § 1o Enquanto não se regis-
oposição, possuir como seu um urbano ou rural. trar o título translativo, o alienante
imóvel, adquire-lhe a proprieda- § 1o O direito previsto no continua a ser havido como dono
de, independentemente de título caput não será reconhecido ao do imóvel.
e boa-fé; podendo requerer ao juiz mesmo possuidor mais de uma § 2o Enquanto não se pro-
que assim o declare por senten- vez. mover, por meio de ação própria,

205
Código Civil
a decretação de invalidade do Subseção II – Da Aluvião planta ou edifica em terreno pró-
registro, e o respectivo cance- prio com sementes, plantas ou
lamento, o adquirente continua a Art. 1.250. Os acréscimos for- materiais alheios, adquire a pro-
ser havido como dono do imóvel. mados, sucessiva e impercepti- priedade destes; mas fica obriga-
velmente, por depósitos e aterros do a pagar-lhes o valor, além de
Art. 1.246. O registro é eficaz naturais ao longo das margens responder por perdas e danos, se
desde o momento em que se das correntes, ou pelo desvio das agiu de má-fé.
apresentar o título ao oficial do águas destas, pertencem aos do-
registro, e este o prenotar no nos dos terrenos marginais, sem Art. 1.255. Aquele que semeia,
protocolo. indenização. planta ou edifica em terreno
Parágrafo único. O terreno alheio perde, em proveito do pro-
Art. 1.247. Se o teor do registro aluvial, que se formar em frente prietário, as sementes, plantas
não exprimir a verdade, poderá de prédios de proprietários dife- e construções; se procedeu de
o interessado reclamar que se rentes, dividir-se-á entre eles, na boa-fé, terá direito a indenização.
retifique ou anule. proporção da testada de cada um Parágrafo único. Se a cons-
Parágrafo único. Cancelado sobre a antiga margem. trução ou a plantação exceder
o registro, poderá o proprietário consideravelmente o valor do
reivindicar o imóvel, independen- terreno, aquele que, de boa-fé,
temente da boa-fé ou do título do
Subseção III – Da Avulsão plantou ou edificou, adquirirá a
terceiro adquirente. propriedade do solo, mediante
Art. 1.251. Quando, por força na- pagamento da indenização fixa-
tural violenta, uma porção de ter- da judicialmente, se não houver
Seção III – Da Aquisição por ra se destacar de um prédio e se acordo.
Acessão juntar a outro, o dono deste adqui-
rirá a propriedade do acréscimo, Art. 1.256. Se de ambas as par-
Art. 1.248. A acessão pode dar- se indenizar o dono do primeiro tes houve má-fé, adquirirá o pro-
-se: ou, sem indenização, se, em um prietário as sementes, plantas e
I – por formação de ilhas; ano, ninguém houver reclamado. construções, devendo ressarcir
II – por aluvião; Parágrafo único. Recusan- o valor das acessões.
III – por avulsão; do-se ao pagamento de indeni- Parágrafo único. Presume-se
IV – por abandono de álveo; zação, o dono do prédio a que se má-fé no proprietário, quando o
V – por plantações ou cons- juntou a porção de terra deverá trabalho de construção, ou lavou-
truções. aquiescer a que se remova a parte ra, se fez em sua presença e sem
acrescida. impugnação sua.
Subseção I – Das Ilhas Art. 1.257. O disposto no artigo
Subseção IV – Do Álveo antecedente aplica-se ao caso
Art. 1.249. As ilhas que se for- Abandonado de não pertencerem as semen-
marem em correntes comuns ou tes, plantas ou materiais a quem
particulares pertencem aos pro- Art. 1.252. O álveo abandonado de boa-fé os empregou em solo
prietários ribeirinhos fronteiros, de corrente pertence aos pro- alheio.
observadas as regras seguintes: prietários ribeirinhos das duas Parágrafo único. O proprie-
I – as que se formarem no margens, sem que tenham in- tário das sementes, plantas ou
meio do rio consideram-se acrés- denização os donos dos terrenos materiais poderá cobrar do pro-
cimos sobrevindos aos terrenos por onde as águas abrirem novo prietário do solo a indenização
ribeirinhos fronteiros de ambas curso, entendendo-se que os pré- devida, quando não puder havê-la
as margens, na proporção de suas dios marginais se estendem até do plantador ou construtor.
testadas, até a linha que dividir o o meio do álveo.
álveo em duas partes iguais; Art. 1.258. Se a construção, fei-
II – as que se formarem entre ta parcialmente em solo próprio,
a referida linha e uma das mar-
Subseção V – Das invade solo alheio em proporção
gens consideram-se acréscimos Construções e Plantações não superior à vigésima parte
aos terrenos ribeirinhos frontei- deste, adquire o construtor de
ros desse mesmo lado; Art. 1.253. Toda construção ou boa-fé a propriedade da parte do
III – as que se formarem pelo plantação existente em um ter- solo invadido, se o valor da cons-
desdobramento de um novo bra- reno presume-se feita pelo pro- trução exceder o dessa parte, e
ço do rio continuam a pertencer prietário e à sua custa, até que responde por indenização que
aos proprietários dos terrenos à se prove o contrário. represente, também, o valor da
custa dos quais se constituíram. área perdida e a desvalorização
Art. 1.254. Aquele que semeia, da área remanescente.

206
Código Civil
Parágrafo único. Pagando em Seção III – Do Achado do Seção V – Da Especificação
décuplo as perdas e danos previs- Tesouro
tos neste artigo, o construtor de Art. 1.269. Aquele que, traba-
má-fé adquire a propriedade da Art. 1.264. O depósito antigo de lhando em matéria-prima em par-
parte do solo que invadiu, se em coisas preciosas, oculto e de cujo te alheia, obtiver espécie nova,
proporção à vigésima parte deste dono não haja memória, será divi- desta será proprietário, se não se
e o valor da construção exceder dido por igual entre o proprietário puder restituir à forma anterior.
consideravelmente o dessa parte do prédio e o que achar o tesouro
e não se puder demolir a porção casualmente. Art. 1.270. Se toda a matéria
invasora sem grave prejuízo para for alheia, e não se puder redu-
a construção. Art. 1.265. O tesouro pertence- zir à forma precedente, será do
rá por inteiro ao proprietário do especificador de boa-fé a espé-
Art. 1.259. Se o construtor esti- prédio, se for achado por ele, ou cie nova.
ver de boa-fé, e a invasão do solo em pesquisa que ordenou, ou por § 1o Sendo praticável a re-
alheio exceder a vigésima parte terceiro não autorizado. dução, ou quando impraticável,
deste, adquire a propriedade da se a espécie nova se obteve de
parte do solo invadido, e responde Art. 1.266. Achando-se em ter- má-fé, pertencerá ao dono da
por perdas e danos que abranjam reno aforado, o tesouro será divi- matéria-prima.
o valor que a invasão acrescer à dido por igual entre o descobridor § 2o Em qualquer caso, in-
construção, mais o da área per- e o enfiteuta, ou será deste por clusive o da pintura em relação
dida e o da desvalorização da inteiro quando ele mesmo seja o à tela, da escultura, escritura e
área remanescente; se de má-fé, descobridor. outro qualquer trabalho gráfico
é obrigado a demolir o que nele em relação à matéria-prima, a es-
construiu, pagando as perdas e pécie nova será do especificador,
danos apurados, que serão devi-
Seção IV – Da Tradição se o seu valor exceder conside-
dos em dobro. ravelmente o da matéria-prima.
Art. 1.267. A propriedade das
coisas não se transfere pelos ne- Art. 1.271. Aos prejudicados, nas
CAPÍTULO III – DA gócios jurídicos antes da tradição. hipóteses dos arts. 1.269 e 1.270,
AQUISIÇÃO DA Parágrafo único. Subenten- se ressarcirá o dano que sofre-
PROPRIEDADE MÓVEL de-se a tradição quando o trans- rem, menos ao especificador de
mitente continua a possuir pelo má-fé, no caso do § 1o do artigo
Seção I – Da Usucapião constituto possessório; quando antecedente, quando irredutível
cede ao adquirente o direito à a especificação.
Art. 1.260. Aquele que possuir restituição da coisa, que se en-
coisa móvel como sua, contínua contra em poder de terceiro; ou
e incontestadamente durante quando o adquirente já está na
Seção VI – Da Confusão, da
três anos, com justo título e boa- posse da coisa, por ocasião do Comissão e da Adjunção
-fé, adquirir-lhe-á a propriedade. negócio jurídico.
Art. 1.272. As coisas pertencen-
Art. 1.261. Se a posse da coi- Art. 1.268. Feita por quem não tes a diversos donos, confundi-
sa móvel se prolongar por cinco seja proprietário, a tradição não das, misturadas ou adjuntadas
anos, produzirá usucapião, in- aliena a propriedade, exceto se sem o consentimento deles, con-
dependentemente de título ou a coisa, oferecida ao público, em tinuam a pertencer-lhes, sendo
boa-fé. leilão ou estabelecimento comer- possível separá-las sem dete-
cial, for transferida em circuns- rioração.
Art. 1.262. Aplica-se à usuca- tâncias tais que, ao adquirente de § 1o Não sendo possível a se-
pião das coisas móveis o disposto boa-fé, como a qualquer pessoa, paração das coisas, ou exigindo
nos arts. 1.243 e 1.244. o alienante se afigurar dono. dispêndio excessivo, subsiste in-
§ 1o Se o adquirente estiver diviso o todo, cabendo a cada um
de boa-fé e o alienante adquirir dos donos quinhão proporcional
Seção II – Da Ocupação depois a propriedade, conside- ao valor da coisa com que entrou
ra-se realizada a transferência para a mistura ou agregado.
Art. 1.263. Quem se assenhorear desde o momento em que ocor- § 2o Se uma das coisas puder
de coisa sem dono para logo lhe reu a tradição. considerar-se principal, o dono
adquire a propriedade, não sen- § 2o Não transfere a proprie- sê-lo-á do todo, indenizando os
do essa ocupação defesa por lei. dade a tradição, quando tiver por outros.
título um negócio jurídico nulo.
Art. 1.273. Se a confusão, co-
missão ou adjunção se operou

207
Código Civil
de má-fé, à outra parte caberá CAPÍTULO V – DOS me-se pertencer em comum aos
escolher entre adquirir a proprie- DIREITOS DE VIZINHANÇA donos dos prédios confinantes.
dade do todo, pagando o que não
for seu, abatida a indenização que Seção I – Do Uso Anormal da Art. 1.283. As raízes e os ramos
lhe for devida, ou renunciar ao que Propriedade de árvore, que ultrapassarem a
lhe pertencer, caso em que será estrema do prédio, poderão ser
indenizado. Art. 1.277. O proprietário ou o cortados, até o plano vertical di-
possuidor de um prédio tem o visório, pelo proprietário do ter-
Art. 1.274. Se da união de maté- direito de fazer cessar as interfe- reno invadido.
rias de natureza diversa se formar rências prejudiciais à segurança,
espécie nova, à confusão, comis- ao sossego e à saúde dos que o Art. 1.284. Os frutos caídos de
são ou adjunção aplicam-se as habitam, provocadas pela utili- árvore do terreno vizinho perten-
normas dos arts. 1.272 e 1.273. zação de propriedade vizinha. cem ao dono do solo onde caí-
Parágrafo único. Proíbem-se ram, se este for de propriedade
as interferências considerando- particular.
CAPÍTULO IV – DA PERDA -se a natureza da utilização, a
DA PROPRIEDADE localização do prédio, atendidas
as normas que distribuem as edi-
Seção III – Da Passagem
Art. 1.275. Além das causas con- ficações em zonas, e os limites Forçada
sideradas neste Código, perde-se ordinários de tolerância dos mo-
a propriedade: radores da vizinhança. Art. 1.285. O dono do prédio que
I – por alienação; não tiver acesso a via pública,
II – pela renúncia; Art. 1.278. O direito a que se re- nascente ou porto, pode, me-
III – por abandono; fere o artigo antecedente não pre- diante pagamento de indenização
IV – por perecimento da coisa; valece quando as interferências cabal, constranger o vizinho a lhe
V – por desapropriação. forem justificadas por interesse dar passagem, cujo rumo será ju-
Parágrafo único. Nos casos público, caso em que o proprie- dicialmente fixado, se necessário.
dos incisos I e II, os efeitos da per- tário ou o possuidor, causador § 1o Sofrerá o constrangi-
da da propriedade imóvel serão delas, pagará ao vizinho indeni- mento o vizinho cujo imóvel mais
subordinados ao registro do título zação cabal. natural e facilmente se prestar à
transmissivo ou do ato renuncia- passagem.
tivo no Registro de Imóveis. Art. 1.279. Ainda que por deci- § 2o Se ocorrer alienação
são judicial devam ser toleradas parcial do prédio, de modo que
Art. 1.276. O imóvel urbano que as interferências, poderá o vizinho uma das partes perca o acesso a
o proprietário abandonar, com a exigir a sua redução, ou elimina- via pública, nascente ou porto, o
intenção de não mais o conservar ção, quando estas se tornarem proprietário da outra deve tolerar
em seu patrimônio, e que se não possíveis. a passagem.
encontrar na posse de outrem, § 3o Aplica-se o disposto
poderá ser arrecadado, como bem Art. 1.280. O proprietário ou no parágrafo antecedente ainda
vago, e passar, três anos depois, o possuidor tem direito a exigir quando, antes da alienação, exis-
à propriedade do Município ou à do dono do prédio vizinho a de- tia passagem através de imóvel
do Distrito Federal, se se achar molição, ou a reparação deste, vizinho, não estando o proprietá-
nas respectivas circunscrições. quando ameace ruína, bem como rio deste constrangido, depois, a
§ 1o O imóvel situado na zona que lhe preste caução pelo dano dar uma outra.
rural, abandonado nas mesmas iminente.
circunstâncias, poderá ser arre-
cadado, como bem vago, e passar, Art. 1.281. O proprietário ou o
Seção IV – Da Passagem de
três anos depois, à propriedade possuidor de um prédio, em que Cabos e Tubulações
da União, onde quer que ele se alguém tenha direito de fazer
localize. obras, pode, no caso de dano Art. 1.286. Mediante recebimen-
§ 2o Presumir-se-á de modo iminente, exigir do autor delas to de indenização que atenda,
absoluto a intenção a que se refe- as necessárias garantias contra também, à desvalorização da área
re este artigo, quando, cessados o prejuízo eventual. remanescente, o proprietário é
os atos de posse, deixar o proprie- obrigado a tolerar a passagem,
tário de satisfazer os ônus fiscais. através de seu imóvel, de ca-
Seção II – Das Árvores bos, tubulações e outros condu-
Limítrofes tos subterrâneos de serviços de
utilidade pública, em proveito de
Art. 1.282. A árvore, cujo tronco proprietários vizinhos, quando
estiver na linha divisória, presu- de outro modo for impossível ou

208
Código Civil
excessivamente onerosa. direito de construir barragens, previstos no art. 1.293, mediante
Parágrafo único. O proprietá- açudes, ou outras obras para pagamento de indenização aos
rio prejudicado pode exigir que a represamento de água em seu proprietários prejudicados e ao
instalação seja feita de modo me- prédio; se as águas represadas dono do aqueduto, de importân-
nos gravoso ao prédio onerado, invadirem prédio alheio, será o cia equivalente às despesas que
bem como, depois, seja removi- seu proprietário indenizado pelo então seriam necessárias para a
da, à sua custa, para outro local dano sofrido, deduzido o valor do condução das águas até o ponto
do imóvel. benefício obtido. de derivação.
Parágrafo único. Têm prefe-
Art. 1.287. Se as instalações Art. 1.293. É permitido a quem rência os proprietários dos imó-
oferecerem grave risco, será fa- quer que seja, mediante prévia veis atravessados pelo aqueduto.
cultado ao proprietário do prédio indenização aos proprietários
onerado exigir a realização de prejudicados, construir canais,
obras de segurança. através de prédios alheios, para
Seção VI – Dos Limites entre
receber as águas a que tenha di- Prédios e do Direito de
reito, indispensáveis às primeiras Tapagem
Seção V – Das Águas necessidades da vida, e, desde
que não cause prejuízo conside- Art. 1.297. O proprietário tem
Art. 1.288. O dono ou o possui- rável à agricultura e à indústria, direito a cercar, murar, valar ou
dor do prédio inferior é obrigado bem como para o escoamento de tapar de qualquer modo o seu
a receber as águas que correm águas supérfluas ou acumuladas, prédio, urbano ou rural, e pode
naturalmente do superior, não ou a drenagem de terrenos. constranger o seu confinante a
podendo realizar obras que em- § 1o Ao proprietário prejudi- proceder com ele à demarcação
baracem o seu fluxo; porém a cado, em tal caso, também assis- entre os dois prédios, a aviven-
condição natural e anterior do te direito a ressarcimento pelos tar rumos apagados e a renovar
prédio inferior não pode ser agra- danos que de futuro lhe adve- marcos destruídos ou arruinados,
vada por obras feitas pelo dono nham da infiltração ou irrupção repartindo-se proporcionalmente
ou possuidor do prédio superior. das águas, bem como da dete- entre os interessados as respec-
rioração das obras destinadas a tivas despesas.
Art. 1.289. Quando as águas, canalizá-las. § 1o Os intervalos, muros,
artificialmente levadas ao prédio § 2o O proprietário prejudica- cercas e os tapumes divisórios,
superior, ou aí colhidas, correrem do poderá exigir que seja subter- tais como sebes vivas, cercas de
dele para o inferior, poderá o dono rânea a canalização que atravessa arame ou de madeira, valas ou
deste reclamar que se desviem, áreas edificadas, pátios, hortas, banquetas, presumem-se, até
ou se lhe indenize o prejuízo que jardins ou quintais. prova em contrário, pertencer
sofrer. § 3o O aqueduto será cons- a ambos os proprietários confi-
Parágrafo único. Da indeni- truído de maneira que cause o nantes, sendo estes obrigados, de
zação será deduzido o valor do menor prejuízo aos proprietá- conformidade com os costumes
benefício obtido. rios dos imóveis vizinhos, e a da localidade, a concorrer, em
expensas do seu dono, a quem partes iguais, para as despesas
Art. 1.290. O proprietário de incumbem também as despesas de sua construção e conservação.
nascente, ou do solo onde caem de conservação. § 2o As sebes vivas, as ár-
águas pluviais, satisfeitas as ne- vores, ou plantas quaisquer, que
cessidades de seu consumo, não Art. 1.294. Aplica-se ao direi- servem de marco divisório, só
pode impedir, ou desviar o curso to de aqueduto o disposto nos podem ser cortadas, ou arran-
natural das águas remanescentes arts. 1.286 e 1.287. cadas, de comum acordo entre
pelos prédios inferiores. proprietários.
Art. 1.295. O aqueduto não im- § 3o A construção de tapu-
Art. 1.291. O possuidor do imó- pedirá que os proprietários cer- mes especiais para impedir a
vel superior não poderá poluir as quem os imóveis e construam passagem de animais de peque-
águas indispensáveis às primeiras sobre ele, sem prejuízo para a no porte, ou para outro fim, pode
necessidades da vida dos possui- sua segurança e conservação; os ser exigida de quem provocou
dores dos imóveis inferiores; as proprietários dos imóveis pode- a necessidade deles, pelo pro-
demais, que poluir, deverá recu- rão usar das águas do aqueduto prietário, que não está obrigado
perar, ressarcindo os danos que para as primeiras necessidades a concorrer para as despesas.
estes sofrerem, se não for possí- da vida.
vel a recuperação ou o desvio do Art. 1.298. Sendo confusos, os
curso artificial das águas. Art. 1.296. Havendo no aque- limites, em falta de outro meio,
duto águas supérfluas, outros se determinarão de conformida-
Art. 1.292. O proprietário tem poderão canalizá-las, para os fins de com a posse justa; e, não se

209
Código Civil
achando ela provada, o terreno ções a menos de três metros do rências prejudiciais ao vizinho.
contestado se dividirá por par- terreno vizinho. Parágrafo único. A dispo-
tes iguais entre os prédios, ou, sição anterior não abrange as
não sendo possível a divisão cô- Art. 1.304. Nas cidades, vilas chaminés ordinárias e os fogões
moda, se adjudicará a um deles, e povoados cuja edificação es- de cozinha.
mediante indenização ao outro. tiver adstrita a alinhamento, o
dono de um terreno pode nele Art. 1.309. São proibidas cons-
edificar, madeirando na parede truções capazes de poluir, ou inu-
Seção VII – Do Direito de divisória do prédio contíguo, se tilizar, para uso ordinário, a água
Construir ela suportar a nova construção; do poço, ou nascente alheia, a
mas terá de embolsar ao vizinho elas preexistentes.
Art. 1.299. O proprietário pode metade do valor da parede e do
levantar em seu terreno as cons- chão correspondentes. Art. 1.310. Não é permitido fazer
truções que lhe aprouver, salvo o escavações ou quaisquer obras
direito dos vizinhos e os regula- Art. 1.305. O confinante, que que tirem ao poço ou à nascente
mentos administrativos. primeiro construir, pode assen- de outrem a água indispensável
tar a parede divisória até meia às suas necessidades normais.
Art. 1.300. O proprietário cons- espessura no terreno contíguo,
truirá de maneira que o seu prédio sem perder por isso o direito a Art. 1.311. Não é permitida a
não despeje águas, diretamente, haver meio valor dela se o vizinho execução de qualquer obra ou
sobre o prédio vizinho. a travejar, caso em que o primeiro serviço suscetível de provocar
fixará a largura e a profundidade desmoronamento ou deslocação
Art. 1.301. É defeso abrir janelas, do alicerce. de terra, ou que comprometa
ou fazer eirado, terraço ou varan- Parágrafo único. Se a pare- a segurança do prédio vizinho,
da, a menos de metro e meio do de divisória pertencer a um dos senão após haverem sido feitas
terreno vizinho. vizinhos, e não tiver capacidade as obras acautelatórias.
§ 1o As janelas cuja visão não para ser travejada pelo outro, não Parágrafo único. O proprietá-
incida sobre a linha divisória, bem poderá este fazer-lhe alicerce ao rio do prédio vizinho tem direito
como as perpendiculares, não pé sem prestar caução àquele, a ressarcimento pelos prejuízos
poderão ser abertas a menos pelo risco a que expõe a cons- que sofrer, não obstante haverem
de setenta e cinco centímetros. trução anterior. sido realizadas as obras acaute-
§ 2o As disposições deste ar- latórias.
tigo não abrangem as aberturas Art. 1.306. O condômino da pa-
para luz ou ventilação, não maio- rede-meia pode utilizá-la até ao Art. 1.312. Todo aquele que violar
res de dez centímetros de largura meio da espessura, não pondo as proibições estabelecidas nes-
sobre vinte de comprimento e em risco a segurança ou a sepa- ta Seção é obrigado a demolir as
construídas a mais de dois metros ração dos dois prédios, e avisando construções feitas, respondendo
de altura de cada piso. previamente o outro condômino por perdas e danos.
das obras que ali tenciona fazer;
Art. 1.302. O proprietário pode, não pode sem consentimento Art. 1.313. O proprietário ou ocu-
no lapso de ano e dia após a con- do outro, fazer, na parede-meia, pante do imóvel é obrigado a tole-
clusão da obra, exigir que se des- armários, ou obras semelhan- rar que o vizinho entre no prédio,
faça janela, sacada, terraço ou tes, correspondendo a outras, mediante prévio aviso, para:
goteira sobre o seu prédio; es- da mesma natureza, já feitas do I – dele temporariamente
coado o prazo, não poderá, por lado oposto. usar, quando indispensável à
sua vez, edificar sem atender ao reparação, construção, recons-
disposto no artigo antecedente, Art. 1.307. Qualquer dos confi- trução ou limpeza de sua casa
nem impedir, ou dificultar, o esco- nantes pode altear a parede divi- ou do muro divisório;
amento das águas da goteira, com sória, se necessário reconstruin- II – apoderar-se de coisas
prejuízo para o prédio vizinho. do-a, para suportar o alteamento; suas, inclusive animais que aí se
Parágrafo único. Em se tra- arcará com todas as despesas, encontrem casualmente.
tando de vãos, ou aberturas para inclusive de conservação, ou com § 1o O disposto neste artigo
luz, seja qual for a quantidade, metade, se o vizinho adquirir mea- aplica-se aos casos de limpeza
altura e disposição, o vizinho po- ção também na parte aumentada. ou reparação de esgotos, gotei-
derá, a todo tempo, levantar a sua ras, aparelhos higiênicos, poços
edificação, ou contramuro, ainda Art. 1.308. Não é lícito encostar e nascentes e ao aparo de cer-
que lhes vede a claridade. à parede divisória chaminés, fo- ca viva.
gões, fornos ou quaisquer apare- § 2o Na hipótese do inciso
Art. 1.303. Na zona rural, não lhos ou depósitos suscetíveis de II, uma vez entregues as coisas
será permitido levantar edifica- produzir infiltrações ou interfe- buscadas pelo vizinho, poderá ser

210
Código Civil
impedida a sua entrada no imóvel. gou proporcionalmente ao seu a quem afinal oferecer melhor
§ 3o Se do exercício do direito quinhão na coisa comum. lanço, preferindo, em condições
assegurado neste artigo provier iguais, o condômino ao estranho.
dano, terá o prejudicado direito Art. 1.318. As dívidas contraí-
a ressarcimento. das por um dos condôminos em
proveito da comunhão, e durante
Subseção II – Da
ela, obrigam o contratante; mas Administração do
CAPÍTULO VI – DO terá este ação regressiva contra Condomínio
CONDOMÍNIO GERAL os demais.
Art. 1.323. Deliberando a maio-
Seção I – Do Condomínio
Art. 1.319. Cada condômino res- ria sobre a administração da coisa
Voluntário ponde aos outros pelos frutos que comum, escolherá o administra-
Subseção I – Dos Direitos e percebeu da coisa e pelo dano dor, que poderá ser estranho ao
Deveres dos Condôminos que lhe causou. condomínio; resolvendo alugá-
-la, preferir-se-á, em condições
Art. 1.314. Cada condômino Art. 1.320. A todo tempo será lí- iguais, o condômino ao que não
pode usar da coisa conforme cito ao condômino exigir a divisão o é.
sua destinação, sobre ela exer- da coisa comum, respondendo
cer todos os direitos compatíveis o quinhão de cada um pela sua Art. 1.324. O condômino que
com a indivisão, reivindicá-la de parte nas despesas da divisão. administrar sem oposição dos
terceiro, defender a sua posse e § 1o Podem os condôminos outros presume-se representan-
alhear a respectiva parte ideal, acordar que fique indivisa a coisa te comum.
ou gravá-la. comum por prazo não maior de
Parágrafo único. Nenhum cinco anos, suscetível de prorro- Art. 1.325. A maioria será cal-
dos condôminos pode alterar a gação ulterior. culada pelo valor dos quinhões.
destinação da coisa comum, nem § 2o Não poderá exceder de § 1o As deliberações serão
dar posse, uso ou gozo dela a cinco anos a indivisão estabele- obrigatórias, sendo tomadas por
estranhos, sem o consenso dos cida pelo doador ou pelo testador. maioria absoluta.
outros. § 3o A requerimento de qual- § 2o Não sendo possível al-
quer interessado e se graves ra- cançar maioria absoluta, decidirá
Art. 1.315. O condômino é obri- zões o aconselharem, pode o juiz o juiz, a requerimento de qualquer
gado, na proporção de sua parte, determinar a divisão da coisa condômino, ouvidos os outros.
a concorrer para as despesas de comum antes do prazo. § 3o Havendo dúvida quanto
conservação ou divisão da coisa, ao valor do quinhão, será este
e a suportar os ônus a que esti- Art. 1.321. Aplicam-se à divisão avaliado judicialmente.
ver sujeita. do condomínio, no que couber,
Parágrafo único. Presumem- as regras de partilha de herança Art. 1.326. Os frutos da coisa
-se iguais as partes ideais dos (arts. 2.013 a 2.022). comum, não havendo em contrá-
condôminos. rio estipulação ou disposição de
Art. 1.322. Quando a coisa for última vontade, serão partilhados
Art. 1.316. Pode o condômino indivisível, e os consortes não na proporção dos quinhões.
eximir-se do pagamento das des- quiserem adjudicá-la a um só, in-
pesas e dívidas, renunciando à denizando os outros, será vendida
parte ideal. e repartido o apurado, preferin-
Seção II – Do Condomínio
§ 1o Se os demais condômi- do-se, na venda, em condições Necessário
nos assumem as despesas e as iguais de oferta, o condômino
dívidas, a renúncia lhes aproveita, ao estranho, e entre os condô- Art. 1.327. O condomínio por
adquirindo a parte ideal de quem minos aquele que tiver na coisa meação de paredes, cercas, mu-
renunciou, na proporção dos pa- benfeitorias mais valiosas, e, não ros e valas regula-se pelo dis-
gamentos que fizerem. as havendo, o de quinhão maior. posto neste Código (arts. 1.297 e
§ 2o Se não há condômino Parágrafo único. Se nenhum 1.298; 1.304 a 1.307).
que faça os pagamentos, a coisa dos condôminos tem benfeitorias
comum será dividida. na coisa comum e participam Art. 1.328. O proprietário que
todos do condomínio em partes tiver direito a estremar um imóvel
Art. 1.317. Quando a dívida hou- iguais, realizar-se-á licitação en- com paredes, cercas, muros, va-
ver sido contraída por todos os tre estranhos e, antes de adjudi- las ou valados, tê-lo-á igualmen-
condôminos, sem se discriminar cada a coisa àquele que ofereceu te a adquirir meação na parede,
a parte de cada um na obrigação, maior lanço, proceder-se-á à li- muro, valado ou cerca do vizinho,
nem se estipular solidariedade, citação entre os condôminos, a embolsando-lhe metade do que
entende-se que cada qual se obri- fim de que a coisa seja adjudicada atualmente valer a obra e o ter-

211
Código Civil
reno por ela ocupado (art. 1.297). biliária pode ser privada do acesso feita por escritura pública ou por
ao logradouro público. instrumento particular.
Art. 1.329. Não convindo os dois § 5o O terraço de cobertura § 2o São equiparados aos
no preço da obra, será este arbi- é parte comum, salvo disposição proprietários, para os fins deste
trado por peritos, a expensas de contrária da escritura de consti- artigo, salvo disposição em con-
ambos os confinantes. tuição do condomínio. trário, os promitentes comprado-
res e os cessionários de direitos
Art. 1.330. Qualquer que seja o Art. 1.332. Institui-se o condo- relativos às unidades autônomas.
valor da meação, enquanto aque- mínio edilício por ato entre vivos
le que pretender a divisão não o ou testamento, registrado no Car- Art. 1.335. São direitos do con-
pagar ou depositar, nenhum uso tório de Registro de Imóveis, de- dômino:
poderá fazer na parede, muro, vendo constar daquele ato, além I – usar, fruir e livremente
vala, cerca ou qualquer outra obra do disposto em lei especial: dispor das suas unidades;
divisória. I – a discriminação e individu- II – usar das partes comuns,
alização das unidades de proprie- conforme a sua destinação, e
dade exclusiva, estremadas uma contanto que não exclua a utiliza-
CAPÍTULO VII – DO das outras e das partes comuns; ção dos demais compossuidores;
CONDOMÍNIO EDILÍCIO II – a determinação da fração III – votar nas deliberações
ideal atribuída a cada unidade, da assembleia e delas participar,
Seção I – Disposições Gerais
relativamente ao terreno e par- estando quite.
tes comuns;
Art. 1.331. Pode haver, em edifi- III – o fim a que as unidades Art. 1.336. São deveres do con-
cações, partes que são proprie- se destinam. dômino:
dade exclusiva, e partes que são I – contribuir para as despe-
propriedade comum dos con- Art. 1.333. A convenção que sas do condomínio na proporção
dôminos. constitui o condomínio edilício das suas frações ideais, salvo
§ 1o As partes suscetíveis deve ser subscrita pelos titulares disposição em contrário na con-
de utilização independente, tais de, no mínimo, dois terços das venção;
como apartamentos, escritórios, frações ideais e torna-se, desde II – não realizar obras que
salas, lojas e sobrelojas, com as logo, obrigatória para os titulares comprometam a segurança da
respectivas frações ideais no solo de direito sobre as unidades, ou edificação;
e nas outras partes comuns, su- para quantos sobre elas tenham III – não alterar a forma e a
jeitam-se a propriedade exclusiva, posse ou detenção. cor da fachada, das partes e es-
podendo ser alienadas e gravadas Parágrafo único. Para ser quadrias externas;
livremente por seus proprietários, oponível contra terceiros, a con- IV – dar às suas partes a mes-
exceto os abrigos para veículos, venção do condomínio deverá ser ma destinação que tem a edifica-
que não poderão ser alienados registrada no Cartório de Registro ção, e não as utilizar de maneira
ou alugados a pessoas estranhas de Imóveis. prejudicial ao sossego, salubrida-
ao condomínio, salvo autoriza- de e segurança dos possuidores,
ção expressa na convenção de Art. 1.334. Além das cláusulas ou aos bons costumes.
condomínio. referidas no art. 1.332 e das que § 1o O condômino que não
§ 2o O solo, a estrutura do os interessados houverem por pagar a sua contribuição fica-
prédio, o telhado, a rede geral bem estipular, a convenção de- rá sujeito aos juros moratórios
de distribuição de água, esgoto, terminará: convencionados ou, não sendo
gás e eletricidade, a calefação e I – a quota proporcional e o previstos, os de um por cento
refrigeração centrais, e as de- modo de pagamento das contri- ao mês e multa de até dois por
mais partes comuns, inclusive buições dos condôminos para cento sobre o débito.
o acesso ao logradouro público, atender às despesas ordinárias § 2o O condômino, que não
são utilizados em comum pe- e extraordinárias do condomínio; cumprir qualquer dos deveres
los condôminos, não podendo II – sua forma de adminis- estabelecidos nos incisos II a IV,
ser alienados separadamente, tração; pagará a multa prevista no ato
ou divididos. III – a competência das as- constitutivo ou na convenção, não
§ 3o A cada unidade imobiliá- sembleias, forma de sua convo- podendo ela ser superior a cinco
ria caberá, como parte insepará- cação e quorum exigido para as vezes o valor de suas contribui-
vel, uma fração ideal no solo e nas deliberações; ções mensais, independentemen-
outras partes comuns, que será IV – as sanções a que estão te das perdas e danos que se apu-
identificada em forma decimal sujeitos os condôminos, ou pos- rarem; não havendo disposição
ou ordinária no instrumento de suidores; expressa, caberá à assembleia
instituição do condomínio. V – o regimento interno. geral, por dois terços no mínimo
§ 4o Nenhuma unidade imo- § 1o A convenção poderá ser dos condôminos restantes, deli-

212
Código Civil
berar sobre a cobrança da multa. Art. 1.341. A realização de obras de modo que não haja danos às
no condomínio depende: unidades imobiliárias inferiores.
Art. 1337. O condômino, ou pos- I – se voluptuárias, de voto
suidor, que não cumpre reitera- de dois terços dos condôminos; Art. 1.345. O adquirente de uni-
damente com os seus deveres II – se úteis, de voto da maio- dade responde pelos débitos do
perante o condomínio poderá, ria dos condôminos. alienante, em relação ao condo-
por deliberação de três quar- § 1o As obras ou reparações mínio, inclusive multas e juros
tos dos condôminos restantes, necessárias podem ser realiza- moratórios.
ser constrangido a pagar multa das, independentemente de au-
correspondente até ao quíntuplo torização, pelo síndico, ou, em Art. 1.346. É obrigatório o segu-
do valor atribuído à contribuição caso de omissão ou impedimento ro de toda a edificação contra o
para as despesas condominiais, deste, por qualquer condômino. risco de incêndio ou destruição,
conforme a gravidade das faltas § 2o Se as obras ou reparos total ou parcial.
e a reiteração, independente- necessários forem urgentes e
mente das perdas e danos que importarem em despesas exces-
se apurem. sivas, determinada sua realiza-
Seção II – Da Administração
Parágrafo único. O condô- ção, o síndico ou o condômino do Condomínio
mino ou possuidor que, por seu que tomou a iniciativa delas dará
reiterado comportamento antis- ciência à assembleia, que deverá Art. 1.347. A assembleia esco-
social, gerar incompatibilidade de ser convocada imediatamente. lherá um síndico, que poderá não
convivência com os demais con- § 3o Não sendo urgentes, as ser condômino, para administrar
dôminos ou possuidores, poderá obras ou reparos necessários, o condomínio, por prazo não su-
ser constrangido a pagar multa que importarem em despesas perior a dois anos, o qual poderá
correspondente ao décuplo do excessivas, somente poderão ser renovar-se.
valor atribuído à contribuição para efetuadas após autorização da as-
as despesas condominiais, até ul- sembleia, especialmente convo- Art. 1.348. Compete ao síndico:
terior deliberação da assembleia. cada pelo síndico, ou, em caso de I – convocar a assembleia dos
omissão ou impedimento deste, condôminos;
Art. 1.338. Resolvendo o con- por qualquer dos condôminos. II – representar, ativa e pas-
dômino alugar área no abrigo § 4o O condômino que reali- sivamente, o condomínio, prati-
para veículos, preferir-se-á, em zar obras ou reparos necessários cando, em juízo ou fora dele, os
condições iguais, qualquer dos será reembolsado das despesas atos necessários à defesa dos
condôminos a estranhos, e, entre que efetuar, não tendo direito interesses comuns;
todos, os possuidores. à restituição das que fizer com III – dar imediato conheci-
obras ou reparos de outra nature- mento à assembleia da existên-
Art. 1.339. Os direitos de cada za, embora de interesse comum. cia de procedimento judicial ou
condômino às partes comuns são administrativo, de interesse do
inseparáveis de sua propriedade Art. 1.342. A realização de condomínio;
exclusiva; são também insepará- obras, em partes comuns, em IV – cumprir e fazer cumprir a
veis das frações ideais correspon- acréscimo às já existentes, a fim convenção, o regimento interno e
dentes as unidades imobiliárias, de lhes facilitar ou aumentar a as determinações da assembleia;
com as suas partes acessórias. utilização, depende da aprova- V – diligenciar a conservação
§ 1o Nos casos deste artigo ção de dois terços dos votos dos e a guarda das partes comuns e
é proibido alienar ou gravar os condôminos, não sendo permiti- zelar pela prestação dos serviços
bens em separado. das construções, nas partes co- que interessem aos possuidores;
§ 2o É permitido ao condô- muns, suscetíveis de prejudicar VI – elaborar o orçamento
mino alienar parte acessória de a utilização, por qualquer dos da receita e da despesa relativa
sua unidade imobiliária a outro condôminos, das partes próprias, a cada ano;
condômino, só podendo fazê-lo a ou comuns. VII – cobrar dos condôminos
terceiro se essa faculdade cons- as suas contribuições, bem como
tar do ato constitutivo do condo- Art. 1.343. A construção de ou- impor e cobrar as multas devidas;
mínio, e se a ela não se opuser a tro pavimento, ou, no solo comum, VIII – prestar contas à as-
respectiva assembleia geral. de outro edifício, destinado a con- sembleia, anualmente e quando
ter novas unidades imobiliárias, exigidas;
Art. 1.340. As despesas relativas depende da aprovação da unani- IX – realizar o seguro da edi-
a partes comuns de uso exclusivo midade dos condôminos. ficação.
de um condômino, ou de alguns § 1o Poderá a assembleia in-
deles, incumbem a quem delas Art. 1.344. Ao proprietário do vestir outra pessoa, em lugar do
se serve. terraço de cobertura incumbem síndico, em poderes de repre-
as despesas da sua conservação, sentação.

213
Código Civil
§ 2o O síndico pode transferir cação, a assembleia poderá deli- siva e partes que são propriedade
a outrem, total ou parcialmente, berar por maioria dos votos dos comum dos condôminos.
os poderes de representação ou presentes, salvo quando exigido § 1o A fração ideal de cada
as funções administrativas, me- quorum especial. condômino poderá ser propor-
diante aprovação da assembleia, cional à área do solo de cada
salvo disposição em contrário da Art. 1.354. A assembleia não unidade autônoma, ao respec-
convenção. poderá deliberar se todos os con- tivo potencial construtivo ou a
dôminos não forem convocados outros critérios indicados no ato
Art. 1.349. A assembleia, espe- para a reunião. de instituição.
cialmente convocada para o fim § 2o Aplica-se, no que cou-
estabelecido no § 2o do artigo an- Art. 1.355. Assembleias extraor- ber, ao condomínio de lotes:
tecedente, poderá, pelo voto da dinárias poderão ser convocadas I – o disposto sobre condomí-
maioria absoluta de seus mem- pelo síndico ou por um quarto dos nio edilício neste Capítulo, respei-
bros, destituir o síndico que pra- condôminos. tada a legislação urbanística; e
ticar irregularidades, não prestar II – o regime jurídico das in-
contas, ou não administrar con- Art. 1.356. Poderá haver no con- corporações imobiliárias de que
venientemente o condomínio. domínio um conselho fiscal, com- trata o Capítulo I do Título II da
posto de três membros, eleitos Lei no 4.591, de 16 de dezembro
Art. 1.350. Convocará o síndi- pela assembleia, por prazo não de 1964, equiparando-se o empre-
co, anualmente, reunião da as- superior a dois anos, ao qual com- endedor ao incorporador quanto
sembleia dos condôminos, na pete dar parecer sobre as contas aos aspectos civis e registrários.
forma prevista na convenção, do síndico. § 3o Para fins de incorpo-
a fim de aprovar o orçamento ração imobiliária, a implantação
das despesas, as contribuições de toda a infraestrutura ficará a
dos condôminos e a prestação
Seção III – Da Extinção do cargo do empreendedor.
de contas, e eventualmente ele- Condomínio
ger-lhe o substituto e alterar o
regimento interno. Art. 1.357. Se a edificação for to- CAPÍTULO VII-A –
§ 1o Se o síndico não convo- tal ou consideravelmente destru- DO CONDOMÍNIO EM
car a assembleia, um quarto dos ída, ou ameace ruína, os condô- MULTIPROPRIEDADE
condôminos poderá fazê-lo. minos deliberarão em assembleia
§ 2o Se a assembleia não se sobre a reconstrução, ou venda, Seção I – Disposições Gerais
reunir, o juiz decidirá, a requeri- por votos que representem meta-
mento de qualquer condômino. de mais uma das frações ideais. Art. 1.358-B. A multipropriedade
§ 1o Deliberada a reconstru- reger-se-á pelo disposto neste
Art. 1.351. Depende da apro- ção, poderá o condômino eximir- Capítulo e, de forma supletiva e
vação de 2/3 (dois terços) dos -se do pagamento das despesas subsidiária, pelas demais dispo-
votos dos condôminos a altera- respectivas, alienando os seus sições deste Código e pelas dis-
ção da convenção; a mudança direitos a outros condôminos, posições das Leis nos 4.591, de 16
da destinação do edifício, ou da mediante avaliação judicial. de dezembro de 1964, e 8.078, de
unidade imobiliária, depende da § 2o Realizada a venda, em 11 de setembro de 1990 (Código de
aprovação pela unanimidade dos que se preferirá, em condições Defesa do Consumidor).
condôminos. iguais de oferta, o condômino ao
estranho, será repartido o apu- Art. 1.358-C. Multipropriedade é
Art. 1.352. Salvo quando exigido rado entre os condôminos, pro- o regime de condomínio em que
quorum especial, as deliberações porcionalmente ao valor das suas cada um dos proprietários de um
da assembleia serão tomadas, em unidades imobiliárias. mesmo imóvel é titular de uma
primeira convocação, por maioria fração de tempo, à qual corres-
de votos dos condôminos presen- Art. 1.358. Se ocorrer desapro- ponde a faculdade de uso e gozo,
tes que representem pelo menos priação, a indenização será repar- com exclusividade, da totalidade
metade das frações ideais. tida na proporção a que se refere do imóvel, a ser exercida pelos
Parágrafo único. Os votos o § 2o do artigo antecedente. proprietários de forma alternada.
serão proporcionais às frações Parágrafo único. A multipro-
ideais no solo e nas outras partes priedade não se extinguirá auto-
comuns pertencentes a cada con-
Seção IV – Do Condomínio de maticamente se todas as frações
dômino, salvo disposição diversa Lotes de tempo forem do mesmo mul-
da convenção de constituição do tiproprietário.
condomínio. Art. 1.358-A. Pode haver, em
terrenos, partes designadas de Art. 1.358-D. O imóvel objeto da
Art. 1.353. Em segunda convo- lotes que são propriedade exclu- multipropriedade:

214
Código Civil
I – é indivisível, não se su- II – o número máximo de pes- po, por ato entre vivos ou por
jeitando a ação de divisão ou de soas que podem ocupar simul- causa de morte, a título oneroso
extinção de condomínio; taneamente o imóvel no período ou gratuito, ou onerá-la, devendo
II – inclui as instalações, os correspondente a cada fração a alienação e a qualificação do
equipamentos e o mobiliário des- de tempo; sucessor, ou a oneração, ser in-
tinados a seu uso e gozo. III – as regras de acesso do formadas ao administrador;
administrador condominial ao IV – participar e votar, pes-
Art. 1.358-E. Cada fração de imóvel para cumprimento do de- soalmente ou por intermédio de
tempo é indivisível. ver de manutenção, conservação representante ou procurador,
§ 1o O período corresponden- e limpeza; desde que esteja quite com as
te a cada fração de tempo será de, IV – a criação de fundo de obrigações condominiais, em:
no mínimo, 7 (sete) dias, seguidos reserva para reposição e manu- a) assembleia geral do con-
ou intercalados, e poderá ser: tenção dos equipamentos, insta- domínio em multipropriedade, e
I – fixo e determinado, no lações e mobiliário; o voto do multiproprietário cor-
mesmo período de cada ano; V – o regime aplicável em responderá à quota de sua fração
II – flutuante, caso em que caso de perda ou destruição par- de tempo no imóvel;
a determinação do período será cial ou total do imóvel, inclusive b) assembleia geral do con-
realizada de forma periódica, me- para efeitos de participação no domínio edilício, quando for o
diante procedimento objetivo que risco ou no valor do seguro, da caso, e o voto do multiproprie-
respeite, em relação a todos os indenização ou da parte restante; tário corresponderá à quota de
multiproprietários, o princípio VI – as multas aplicáveis ao sua fração de tempo em relação
da isonomia, devendo ser pre- multiproprietário nas hipóteses à quota de poder político atribuído
viamente divulgado; ou de descumprimento de deveres. à unidade autônoma na respec-
III – misto, combinando os tiva convenção de condomínio
sistemas fixo e flutuante. Art. 1.358-H. O instrumento de edilício.
§ 2o Todos os multiproprie- instituição da multiproprieda-
tários terão direito a uma mesma de ou a convenção de condomí- Art. 1.358-J. São obrigações
quantidade mínima de dias segui- nio em multipropriedade poderá do multiproprietário, além da-
dos durante o ano, podendo haver estabelecer o limite máximo de quelas previstas no instrumento
a aquisição de frações maiores frações de tempo no mesmo imó- de instituição e na convenção de
que a mínima, com o correspon- vel que poderão ser detidas pela condomínio em multipropriedade:
dente direito ao uso por períodos mesma pessoa natural ou jurídica. I – pagar a contribuição con-
também maiores. Parágrafo único. Em caso dominial do condomínio em multi-
de instituição da multiproprie- propriedade e, quando for o caso,
dade para posterior venda das do condomínio edilício, ainda que
Seção II – Da Instituição da frações de tempo a terceiros, renuncie ao uso e gozo, total ou
Multipropriedade o atendimento a eventual limite parcial, do imóvel, das áreas co-
de frações de tempo por titular muns ou das respectivas instala-
Art. 1.358-F. Institui-se a mul- estabelecido no instrumento de ções, equipamentos e mobiliário;
tipropriedade por ato entre vi- instituição será obrigatório so- II – responder por danos cau-
vos ou testamento, registrado no mente após a venda das frações. sados ao imóvel, às instalações,
competente cartório de registro aos equipamentos e ao mobiliá-
de imóveis, devendo constar da- rio por si, por qualquer de seus
quele ato a duração dos períodos
Seção III – Dos Direitos acompanhantes, convidados ou
correspondentes a cada fração e das Obrigações do prepostos ou por pessoas por ele
de tempo. Multiproprietário autorizadas;
III – comunicar imediatamen-
Art. 1.358-G. Além das cláusulas Art. 1.358-I. São direitos do te ao administrador os defeitos,
que os multiproprietários deci- multiproprietário, além daque- avarias e vícios no imóvel dos
direm estipular, a convenção de les previstos no instrumento de quais tiver ciência durante a uti-
condomínio em multipropriedade instituição e na convenção de lização;
determinará: condomínio em multipropriedade: IV – não modificar, alterar ou
I – os poderes e deveres dos I – usar e gozar, durante o substituir o mobiliário, os equi-
multiproprietários, especialmen- período correspondente à sua pamentos e as instalações do
te em matéria de instalações, fração de tempo, do imóvel e de imóvel;
equipamentos e mobiliário do suas instalações, equipamentos V – manter o imóvel em es-
imóvel, de manutenção ordinária e mobiliário; tado de conservação e limpeza
e extraordinária, de conservação II – ceder a fração de tempo condizente com os fins a que
e limpeza e de pagamento da con- em locação ou comodato; se destina e com a natureza da
tribuição condominial; III – alienar a fração de tem- respectiva construção;

215
Código Civil
VI – usar o imóvel, bem como Seção IV – Da Transferência IV – troca ou substituição de
suas instalações, equipamentos e da Multipropriedade instalações, equipamentos ou
mobiliário, conforme seu destino mobiliário, inclusive:
e natureza; Art. 1.358-L. A transferência a) determinar a necessidade
VII – usar o imóvel exclusiva- do direito de multipropriedade e da troca ou substituição;
mente durante o período corres- a sua produção de efeitos peran- b) providenciar os orçamen-
pondente à sua fração de tempo; te terceiros dar-se-ão na forma tos necessários para a troca ou
VIII – desocupar o imóvel, im- da lei civil e não dependerão da substituição;
preterivelmente, até o dia e hora anuência ou cientificação dos c) submeter os orçamentos
fixados no instrumento de insti- demais multiproprietários. à aprovação pela maioria simples
tuição ou na convenção de con- § 1o Não haverá direito de dos condôminos em assembleia;
domínio em multipropriedade, sob preferência na alienação de fra- V – elaboração do orçamento
pena de multa diária, conforme ção de tempo, salvo se estabele- anual, com previsão das receitas
convencionado no instrumento cido no instrumento de instituição e despesas;
pertinente; ou na convenção do condomínio VI – cobrança das quotas de
IX – permitir a realização de em multipropriedade em favor custeio de responsabilidade dos
obras ou reparos urgentes. dos demais multiproprietários multiproprietários;
§ 1o Conforme previsão que ou do instituidor do condomínio VII – pagamento, por conta
deverá constar da respectiva con- em multipropriedade. do condomínio edilício ou vo-
venção de condomínio em multi- § 2o O adquirente será soli- luntário, com os fundos comuns
propriedade, o multiproprietário dariamente responsável com o arrecadados, de todas as despe-
estará sujeito a: alienante pelas obrigações de que sas comuns.
I – multa, no caso de descum- trata o § 5o do art. 1.358-J deste § 2o A convenção de condo-
primento de qualquer de seus Código caso não obtenha a decla- mínio em multipropriedade po-
deveres; ração de inexistência de débitos derá regrar de forma diversa a
II – multa progressiva e perda referente à fração de tempo no atribuição prevista no inciso IV
temporária do direito de utilização momento de sua aquisição. do § 1o deste artigo.
do imóvel no período correspon-
dente à sua fração de tempo, no Art. 1.358-N. O instrumento de
caso de descumprimento reite-
Seção V – Da Administração instituição poderá prever fração
rado de deveres. da Multipropriedade de tempo destinada à realização,
§ 2o A responsabilidade pelas no imóvel e em suas instalações,
despesas referentes a reparos Art. 1.358-M. A administração em seus equipamentos e em seu
no imóvel, bem como suas ins- do imóvel e de suas instalações, mobiliário, de reparos indispensá-
talações, equipamentos e mobi- equipamentos e mobiliário será veis ao exercício normal do direito
liário, será: de responsabilidade da pessoa de multipropriedade.
I – de todos os multiproprie- indicada no instrumento de ins- § 1o A fração de tempo de que
tários, quando decorrentes do tituição ou na convenção de con- trata o caput deste artigo poderá
uso normal e do desgaste natural domínio em multipropriedade, ou, ser atribuída:
do imóvel; na falta de indicação, de pessoa I – ao instituidor da multipro-
II – exclusivamente do mul- escolhida em assembleia geral priedade; ou
tiproprietário responsável pelo dos condôminos. II – aos multiproprietários,
uso anormal, sem prejuízo de § 1o O administrador exerce- proporcionalmente às respecti-
multa, quando decorrentes de rá, além daquelas previstas no vas frações.
uso anormal do imóvel. instrumento de instituição e na § 2o Em caso de emergência,
§ 3o (Vetado) convenção de condomínio em os reparos de que trata o caput
§ 4o (Vetado) multipropriedade, as seguintes deste artigo poderão ser feitos
§ 5o (Vetado) atribuições: durante o período corresponden-
I – coordenação da utilização te à fração de tempo de um dos
Art. 1.358-K. Para os efeitos do do imóvel pelos multiproprietários multiproprietários.
disposto nesta Seção, são equi- durante o período corresponden-
parados aos multiproprietários te a suas respectivas frações de
os promitentes compradores e os tempo;
Seção VI – Disposições
cessionários de direitos relativos II – determinação, no caso dos Específicas Relativas às
a cada fração de tempo. sistemas flutuante ou misto, dos Unidades Autônomas de
períodos concretos de uso e gozo Condomínios Edilícios
exclusivos de cada multiproprie-
tário em cada ano; Art. 1.358-O. O condomínio edi-
III – manutenção, conserva- lício poderá adotar o regime de
ção e limpeza do imóvel; multipropriedade em parte ou

216
Código Civil
na totalidade de suas unidades contratação; lização de assembleias não pre-
autônomas, mediante: VII – a competência para a im- senciais, inclusive por meio ele-
I – previsão no instrumento posição de sanções e o respectivo trônico;
de instituição; ou procedimento, especialmente nos IX – os mecanismos de par-
II – deliberação da maioria casos de mora no cumprimento ticipação e representação dos
absoluta dos condôminos. das obrigações de custeio e nos titulares;
Parágrafo único. No caso casos de descumprimento da X – o funcionamento do siste-
previsto no inciso I do caput deste obrigação de desocupar o imóvel ma de reserva, os meios de con-
artigo, a iniciativa e a responsa- até o dia e hora previstos; firmação e os requisitos a serem
bilidade para a instituição do re- VIII – o quórum exigido para cumpridos pelo multiproprietário
gime da multipropriedade serão a deliberação de adjudicação da quando não exercer diretamente
atribuídas às mesmas pessoas e fração de tempo na hipótese de sua faculdade de uso;
observarão os mesmos requisitos inadimplemento do respectivo XI – a descrição dos servi-
indicados nas alíneas “a”, “b” e “c” multiproprietário; ços adicionais, se existentes, e
e no § 1o do art. 31 da Lei no 4.591, IX – o quórum exigido para as regras para seu uso e custeio.
de 16 de dezembro de 1964. a deliberação de alienação, pelo Parágrafo único. O regimento
condomínio edilício, da fração de interno poderá ser instituído por
Art. 1.358-P. Na hipótese do tempo adjudicada em virtude do escritura pública ou por instru-
art. 1.358-O, a convenção de inadimplemento do respectivo mento particular.
condomínio edilício deve prever, multiproprietário.
além das matérias elencadas nos Art. 1.358-R. O condomínio edi-
arts. 1.332, 1.334 e, se for o caso, Art. 1.358-Q. Na hipótese do lício em que tenha sido instituído
1.358-G deste Código: art. 1.358-O deste Código, o re- o regime de multipropriedade em
I – a identificação das unida- gimento interno do condomínio parte ou na totalidade de suas
des sujeitas ao regime da multi- edilício deve prever: unidades autônomas terá neces-
propriedade, no caso de empre- I – os direitos dos multipro- sariamente um administrador
endimentos mistos; prietários sobre as partes comuns profissional.
II – a indicação da duração do condomínio edilício; § 1o O prazo de duração do
das frações de tempo de cada II – os direitos e obrigações do contrato de administração será
unidade autônoma sujeita ao re- administrador, inclusive quanto livremente convencionado.
gime da multipropriedade; ao acesso ao imóvel para cumpri- § 2o O administrador do con-
III – a forma de rateio, entre os mento do dever de manutenção, domínio referido no caput deste
multiproprietários de uma mesma conservação e limpeza; artigo será também o administra-
unidade autônoma, das contri- III – as condições e regras dor de todos os condomínios em
buições condominiais relativas à para uso das áreas comuns; multipropriedade de suas unida-
unidade, que, salvo se disciplinada IV – os procedimentos a se- des autônomas.
de forma diversa no instrumento rem observados para uso e gozo § 3o O administrador será
de instituição ou na convenção de dos imóveis e das instalações, mandatário legal de todos os mul-
condomínio em multiproprieda- equipamentos e mobiliário des- tiproprietários, exclusivamente
de, será proporcional à fração de tinados ao regime da multipro- para a realização dos atos de ges-
tempo de cada multiproprietário; priedade; tão ordinária da multipropriedade,
IV – a especificação das des- V – o número máximo de pes- incluindo manutenção, conser-
pesas ordinárias, cujo custeio soas que podem ocupar simul- vação e limpeza do imóvel e de
será obrigatório, independente- taneamente o imóvel no período suas instalações, equipamentos
mente do uso e gozo do imóvel e correspondente a cada fração e mobiliário.
das áreas comuns; de tempo; § 4o O administrador pode-
V – os órgãos de administra- VI – as regras de convivência rá modificar o regimento inter-
ção da multipropriedade; entre os multiproprietários e os no quanto aos aspectos estrita-
VI – a indicação, se for o caso, ocupantes de unidades autôno- mente operacionais da gestão da
de que o empreendimento conta mas não sujeitas ao regime da multipropriedade no condomínio
com sistema de administração de multipropriedade, quando se tra- edilício.
intercâmbio, na forma prevista no tar de empreendimentos mistos; § 5o O administrador pode
§ 2o do art. 23 da Lei no 11.771, de VII – a forma de contribuição, ser ou não um prestador de ser-
17 de setembro de 2008, seja do destinação e gestão do fundo de viços de hospedagem.
período de fruição da fração de reserva específico para cada imó-
tempo, seja do local de fruição, vel, para reposição e manutenção Art. 1.358-S. Na hipótese de
caso em que a responsabilidade dos equipamentos, instalações e inadimplemento, por parte do
e as obrigações da companhia de mobiliário, sem prejuízo do fundo multiproprietário, da obrigação
intercâmbio limitam-se ao con- de reserva do condomínio edilício; de custeio das despesas ordiná-
tido na documentação de sua VIII – a possibilidade de rea- rias ou extraordinárias, é cabível,

217
Código Civil
na forma da lei processual civil, a multipropriedade nos respectivos to, a transferência da propriedade
adjudicação ao condomínio edi- imóveis, vedação que somente fiduciária.
lício da fração de tempo corres- poderá ser alterada no mínimo
pondente. pela maioria absoluta dos con- Art. 1.362. O contrato, que serve
Parágrafo único. Na hipótese dôminos. de título à propriedade fiduciária,
de o imóvel objeto da multipro- conterá:
priedade ser parte integrante de I – o total da dívida, ou sua
empreendimento em que haja CAPÍTULO VIII – DA estimativa;
sistema de locação das frações PROPRIEDADE RESOLÚVEL II – o prazo, ou a época do
de tempo no qual os titulares pagamento;
possam ou sejam obrigados a Art. 1.359. Resolvida a proprie- III – a taxa de juros, se houver;
locar suas frações de tempo ex- dade pelo implemento da condi- IV – a descrição da coisa ob-
clusivamente por meio de uma ção ou pelo advento do termo, en- jeto da transferência, com os
administração única, repartindo tendem-se também resolvidos os elementos indispensáveis à sua
entre si as receitas das locações direitos reais concedidos na sua identificação.
independentemente da efetiva pendência, e o proprietário, em
ocupação de cada unidade au- cujo favor se opera a resolução, Art. 1.363. Antes de vencida a
tônoma, poderá a convenção do pode reivindicar a coisa do poder dívida, o devedor, a suas expensas
condomínio edilício regrar que em de quem a possua ou detenha. e risco, pode usar a coisa segundo
caso de inadimplência: sua destinação, sendo obrigado,
I – o inadimplente fique proi- Art. 1.360. Se a propriedade se como depositário:
bido de utilizar o imóvel até a in- resolver por outra causa super- I – a empregar na guarda da
tegral quitação da dívida; veniente, o possuidor, que a tiver coisa a diligência exigida por sua
II – a fração de tempo do ina- adquirido por título anterior à natureza;
dimplente passe a integrar o pool sua resolução, será considerado II – a entregá-la ao credor,
da administradora; proprietário perfeito, restando à se a dívida não for paga no ven-
III – a administradora do sis- pessoa, em cujo benefício houve cimento.
tema de locação fique automa- a resolução, ação contra aque-
ticamente munida de poderes le cuja propriedade se resolveu Art. 1.364. Vencida a dívida, e
e obrigada a, por conta e ordem para haver a própria coisa ou o não paga, fica o credor obrigado
do inadimplente, utilizar a inte- seu valor. a vender, judicial ou extrajudi-
gralidade dos valores líquidos a cialmente, a coisa a terceiros,
que o inadimplente tiver direito a aplicar o preço no pagamento
para amortizar suas dívidas con- CAPÍTULO IX – DA de seu crédito e das despesas de
dominiais, seja do condomínio PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA cobrança, e a entregar o saldo, se
edilício, seja do condomínio em houver, ao devedor.
multipropriedade, até sua integral Art. 1.361. Considera-se fidu-
quitação, devendo eventual saldo ciária a propriedade resolúvel Art. 1.365. É nula a cláusula que
ser imediatamente repassado ao de coisa móvel infungível que o autoriza o proprietário fiduciário
multiproprietário. devedor, com escopo de garantia, a ficar com a coisa alienada em
transfere ao credor. garantia, se a dívida não for paga
Art. 1.358-T. O multiproprietá- § 1o Constitui-se a proprie- no vencimento.
rio somente poderá renunciar de dade fiduciária com o registro Parágrafo único. O devedor
forma translativa a seu direito de do contrato, celebrado por ins- pode, com a anuência do credor,
multipropriedade em favor do trumento público ou particular, dar seu direito eventual à coisa
condomínio edilício. que lhe serve de título, no Regis- em pagamento da dívida, após o
Parágrafo único. A renúncia tro de Títulos e Documentos do vencimento desta.
de que trata o caput deste artigo domicílio do devedor, ou, em se
só é admitida se o multiproprie- tratando de veículos, na reparti- Art. 1.366. Quando, vendida a
tário estiver em dia com as con- ção competente para o licencia- coisa, o produto não bastar para
tribuições condominiais, com os mento, fazendo-se a anotação no o pagamento da dívida e das des-
tributos imobiliários e, se houver, certificado de registro. pesas de cobrança, continuará o
com o foro ou a taxa de ocupação. § 2o Com a constituição da devedor obrigado pelo restante.
propriedade fiduciária, dá-se o
Art. 1.358-U. As convenções dos desdobramento da posse, tor- Art. 1.367. A propriedade fiduci-
condomínios edilícios, os memo- nando-se o devedor possuidor ária em garantia de bens móveis
riais de loteamentos e os instru- direto da coisa. ou imóveis sujeita-se às disposi-
mentos de venda dos lotes em § 3o A propriedade superve- ções do Capítulo I do Título X do
loteamentos urbanos poderão niente, adquirida pelo devedor, Livro III da Parte Especial deste
limitar ou impedir a instituição da torna eficaz, desde o arquivamen- Código e, no que for específico,

218
Código Civil
à legislação especial pertinente, o disposto no caput deste artigo. que causarem quando procede-
não se equiparando, para quais- § 3o O registro dos regula- rem com dolo ou má-fé.
quer efeitos, à propriedade plena mentos dos fundos de investi- § 1o Se o fundo de investi-
de que trata o art. 1.231. mentos na Comissão de Valores mento com limitação de respon-
Mobiliários é condição suficiente sabilidade não possuir patrimô-
Art. 1.368. O terceiro, interes- para garantir a sua publicidade nio suficiente para responder
sado ou não, que pagar a dívida, e a oponibilidade de efeitos em por suas dívidas, aplicam-se as
se sub-rogará de pleno direito relação a terceiros. regras de insolvência previstas
no crédito e na propriedade fi- nos arts. 955 a 965 deste Código.
duciária. Art. 1.368-D. O regulamento do § 2o A insolvência pode ser
fundo de investimento poderá, requerida judicialmente por cre-
Art. 1.368-A. As demais espé- observado o disposto na regu- dores, por deliberação própria dos
cies de propriedade fiduciária lamentação a que se refere o cotistas do fundo de investimen-
ou de titularidade fiduciária sub- § 2o do art. 1.368-C desta Lei, to, nos termos de seu regulamen-
metem-se à disciplina específica estabelecer: to, ou pela Comissão de Valores
das respectivas leis especiais, I – a limitação da responsabi- Mobiliários.
somente se aplicando as dispo- lidade de cada investidor ao valor
sições deste Código naquilo que de suas cotas; Art. 1.368-F. O fundo de inves-
não for incompatível com a legis- II – a limitação da responsabi- timento constituído por lei es-
lação especial. lidade, bem como parâmetros de pecífica e regulamentado pela
sua aferição, dos prestadores de Comissão de Valores Mobiliários
Art. 1.368-B. A alienação fidu- serviços do fundo de investimen- deverá, no que couber, seguir as
ciária em garantia de bem móvel to, perante o condomínio e entre disposições deste Capítulo.
ou imóvel confere direito real de si, ao cumprimento dos deveres
aquisição ao fiduciante, seu ces- particulares de cada um, sem
sionário ou sucessor. solidariedade; e TÍTULO IV – DA
Parágrafo único. O credor III – classes de cotas com SUPERFÍCIE
fiduciário que se tornar proprie- direitos e obrigações distintos,
tário pleno do bem, por efeito de com possibilidade de constituir Art. 1.369. O proprietário pode
realização da garantia, mediante patrimônio segregado para cada conceder a outrem o direito de
consolidação da propriedade, ad- classe. construir ou de plantar em seu
judicação, dação ou outra forma § 1o A adoção da responsa- terreno, por tempo determinado,
pela qual lhe tenha sido transmi- bilidade limitada por fundo de mediante escritura pública devi-
tida a propriedade plena, passa a investimento constituído sem a damente registrada no Cartório
responder pelo pagamento dos limitação de responsabilidade de Registro de Imóveis.
tributos sobre a propriedade e a somente abrangerá fatos ocor- Parágrafo único. O direito
posse, taxas, despesas condomi- ridos após a respectiva mudança de superfície não autoriza obra
niais e quaisquer outros encar- em seu regulamento. no subsolo, salvo se for inerente
gos, tributários ou não, incidentes § 2o A avaliação de respon- ao objeto da concessão.
sobre o bem objeto da garantia, sabilidade dos prestadores de
a partir da data em que vier a ser serviço deverá levar sempre em Art. 1.370. A concessão da su-
imitido na posse direta do bem. consideração os riscos inerentes perfície será gratuita ou onerosa;
às aplicações nos mercados de se onerosa, estipularão as partes
atuação do fundo de investimen- se o pagamento será feito de uma
CAPÍTULO X – DO FUNDO to e a natureza de obrigação de só vez, ou parceladamente.
DE INVESTIMENTO meio de seus serviços.
§ 3o O patrimônio segrega- Art. 1.371. O superficiário res-
Art. 1.368-C. O fundo de investi- do referido no inciso III do caput ponderá pelos encargos e tribu-
mento é uma comunhão de recur- deste artigo só responderá por tos que incidirem sobre o imóvel.
sos, constituído sob a forma de obrigações vinculadas à classe
condomínio de natureza especial, respectiva, nos termos do re- Art. 1.372. O direito de superfí-
destinado à aplicação em ativos gulamento. cie pode transferir-se a terceiros
financeiros, bens e direitos de e, por morte do superficiário, aos
qualquer natureza. Art. 1.368-E. Os fundos de in- seus herdeiros.
§ 1o Não se aplicam ao fun- vestimento respondem direta- Parágrafo único. Não poderá
do de investimento as disposi- mente pelas obrigações legais e ser estipulado pelo concedente,
ções constantes dos arts. 1.314 contratuais por eles assumidas, a nenhum título, qualquer paga-
ao 1.358-A deste Código. e os prestadores de serviço não mento pela transferência.
§ 2o Competirá à Comissão respondem por essas obrigações,
de Valores Mobiliários disciplinar mas respondem pelos prejuízos Art. 1.373. Em caso de alienação

219
Código Civil
do imóvel ou do direito de super- usucapião. ônus, e a menor exclui a mais
fície, o superficiário ou o proprie- Parágrafo único. Se o pos- onerosa.
tário tem direito de preferência, suidor não tiver título, o prazo § 3o Se as necessidades da
em igualdade de condições. da usucapião será de vinte anos. cultura, ou da indústria, do prédio
dominante impuserem à servi-
Art. 1.374. Antes do termo fi- dão maior largueza, o dono do
nal, resolver-se-á a concessão CAPÍTULO II – DO serviente é obrigado a sofrê-la;
se o superficiário der ao terreno EXERCÍCIO DAS SERVIDÕES mas tem direito a ser indenizado
destinação diversa daquela para pelo excesso.
que foi concedida. Art. 1.380. O dono de uma ser-
vidão pode fazer todas as obras Art. 1.386. As servidões pre-
Art. 1.375. Extinta a concessão, necessárias à sua conservação diais são indivisíveis, e subsistem,
o proprietário passará a ter a pro- e uso, e, se a servidão perten- no caso de divisão dos imóveis,
priedade plena sobre o terreno, cer a mais de um prédio, serão em benefício de cada uma das
construção ou plantação, inde- as despesas rateadas entre os porções do prédio dominante,
pendentemente de indenização, respectivos donos. e continuam a gravar cada uma
se as partes não houverem esti- das do prédio serviente, salvo
pulado o contrário. Art. 1.381. As obras a que se re- se, por natureza, ou destino, só
fere o artigo antecedente devem se aplicarem a certa parte de um
Art. 1.376. No caso de extinção ser feitas pelo dono do prédio ou de outro.
do direito de superfície em con- dominante, se o contrário não
sequência de desapropriação, a dispuser expressamente o título.
indenização cabe ao proprietá- CAPÍTULO III – DA
rio e ao superficiário, no valor Art. 1.382. Quando a obrigação EXTINÇÃO DAS SERVIDÕES
correspondente ao direito real incumbir ao dono do prédio ser-
de cada um. viente, este poderá exonerar-se, Art. 1.387. Salvo nas desapro-
abandonando, total ou parcial- priações, a servidão, uma vez
Art. 1.377. O direito de super- mente, a propriedade ao dono registrada, só se extingue, com
fície, constituído por pessoa ju- do dominante. respeito a terceiros, quando can-
rídica de direito público interno, Parágrafo único. Se o pro- celada.
rege-se por este Código, no que prietário do prédio dominante se Parágrafo único. Se o prédio
não for diversamente disciplinado recusar a receber a propriedade dominante estiver hipotecado, e
em lei especial. do serviente, ou parte dela, ca- a servidão se mencionar no título
ber-lhe-á custear as obras. hipotecário, será também preciso,
para a cancelar, o consentimento
TÍTULO V – DAS Art. 1.383. O dono do prédio ser- do credor.
SERVIDÕES viente não poderá embaraçar de
modo algum o exercício legítimo Art. 1.388. O dono do prédio ser-
CAPÍTULO I – DA da servidão. viente tem direito, pelos meios
CONSTITUIÇÃO DAS judiciais, ao cancelamento do
SERVIDÕES Art. 1.384. A servidão pode ser registro, embora o dono do prédio
removida, de um local para outro, dominante lho impugne:
Art. 1.378. A servidão proporcio- pelo dono do prédio serviente e à I – quando o titular houver
na utilidade para o prédio domi- sua custa, se em nada diminuir as renunciado a sua servidão;
nante, e grava o prédio serviente, vantagens do prédio dominante, II – quando tiver cessado, para
que pertence a diverso dono, e ou pelo dono deste e à sua custa, o prédio dominante, a utilidade ou
constitui-se mediante declaração se houver considerável incremen- a comodidade, que determinou a
expressa dos proprietários, ou to da utilidade e não prejudicar o constituição da servidão;
por testamento, e subsequente prédio serviente. III – quando o dono do prédio
registro no Cartório de Registro serviente resgatar a servidão.
de Imóveis. Art. 1.385. Restringir-se-á o
exercício da servidão às neces- Art. 1.389. Também se extin-
Art. 1.379. O exercício incontes- sidades do prédio dominante, evi- gue a servidão, ficando ao dono
tado e contínuo de uma servidão tando-se, quanto possível, agra- do prédio serviente a faculdade
aparente, por dez anos, nos ter- var o encargo ao prédio serviente. de fazê-la cancelar, mediante a
mos do art. 1.242, autoriza o in- § 1o Constituída para certo prova da extinção:
teressado a registrá-la em seu fim, a servidão não se pode am- I – pela reunião dos dois pré-
nome no Registro de Imóveis, pliar a outro. dios no domínio da mesma pes-
valendo-lhe como título a sen- § 2o Nas servidões de trân- soa;
tença que julgar consumado a sito, a de maior inclui a de menor II – pela supressão das res-

220
Código Civil
pectivas obras por efeito de con- CAPÍTULO II – de assumir o usufruto, inventa-
trato, ou de outro título expresso; DOS DIREITOS DO riará, à sua custa, os bens que
III – pelo não uso, durante dez receber, determinando o estado
anos contínuos.
USUFRUTUÁRIO em que se acham, e dará cau-
ção, fidejussória ou real, se lha
Art. 1.394. O usufrutuário tem exigir o dono, de velar-lhes pela
TÍTULO VI – DO USUFRUTO direito à posse, uso, administra- conservação, e entregá-los findo
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES ção e percepção dos frutos. o usufruto.
Parágrafo único. Não é obri-
GERAIS Art. 1.395. Quando o usufruto gado à caução o doador que se re-
recai em títulos de crédito, o usu- servar o usufruto da coisa doada.
Art. 1.390. O usufruto pode re- frutuário tem direito a perceber
cair em um ou mais bens, móveis os frutos e a cobrar as respecti- Art. 1.401. O usufrutuário que
ou imóveis, em um patrimônio vas dívidas. não quiser ou não puder dar cau-
inteiro, ou parte deste, abran- Parágrafo único. Cobradas as ção suficiente perderá o direito de
gendo-lhe, no todo ou em parte, dívidas, o usufrutuário aplicará, administrar o usufruto; e, neste
os frutos e utilidades. de imediato, a importância em tí- caso, os bens serão administra-
tulos da mesma natureza, ou em dos pelo proprietário, que ficará
Art. 1.391. O usufruto de imóveis, títulos da dívida pública federal, obrigado, mediante caução, a
quando não resulte de usuca- com cláusula de atualização mo- entregar ao usufrutuário o ren-
pião, constituir-se-á mediante netária segundo índices oficiais dimento deles, deduzidas as des-
registro no Cartório de Registro regularmente estabelecidos. pesas de administração, entre as
de Imóveis. quais se incluirá a quantia fixada
Art. 1.396. Salvo direito adquiri- pelo juiz como remuneração do
Art. 1.392. Salvo disposição em do por outrem, o usufrutuário faz administrador.
contrário, o usufruto estende-se seus os frutos naturais, penden-
aos acessórios da coisa e seus tes ao começar o usufruto, sem Art. 1.402. O usufrutuário não é
acrescidos. encargo de pagar as despesas obrigado a pagar as deteriorações
§ 1o Se, entre os acessórios de produção. resultantes do exercício regular
e os acrescidos, houver coisas Parágrafo único. Os frutos do usufruto.
consumíveis, terá o usufrutuário naturais, pendentes ao tempo em
o dever de restituir, findo o usu- que cessa o usufruto, pertencem Art. 1.403. Incumbem ao usu-
fruto, as que ainda houver e, das ao dono, também sem compen- frutuário:
outras, o equivalente em gênero, sação das despesas. I – as despesas ordinárias de
qualidade e quantidade, ou, não conservação dos bens no estado
sendo possível, o seu valor, esti- Art. 1.397. As crias dos animais em que os recebeu;
mado ao tempo da restituição. pertencem ao usufrutuário, dedu- II – as prestações e os tribu-
§ 2o Se há no prédio em que zidas quantas bastem para intei- tos devidos pela posse ou rendi-
recai o usufruto florestas ou os rar as cabeças de gado existentes mento da coisa usufruída.
recursos minerais a que se re- ao começar o usufruto.
fere o art. 1.230, devem o dono Art. 1.404. Incumbem ao dono
e o usufrutuário prefixar-lhe a Art. 1.398. Os frutos civis, ven- as reparações extraordinárias e
extensão do gozo e a maneira cidos na data inicial do usufruto, as que não forem de custo módi-
de exploração. pertencem ao proprietário, e ao co; mas o usufrutuário lhe pagará
§ 3o Se o usufruto recai sobre usufrutuário os vencidos na data os juros do capital despendido
universalidade ou quota-parte de em que cessa o usufruto. com as que forem necessárias à
bens, o usufrutuário tem direito conservação, ou aumentarem o
à parte do tesouro achado por Art. 1.399. O usufrutuário pode rendimento da coisa usufruída.
outrem, e ao preço pago pelo vi- usufruir em pessoa, ou mediante § 1o Não se consideram mó-
zinho do prédio usufruído, para arrendamento, o prédio, mas não dicas as despesas superiores a
obter meação em parede, cerca, mudar-lhe a destinação econômi- dois terços do líquido rendimento
muro, vala ou valado. ca, sem expressa autorização do em um ano.
proprietário. § 2o Se o dono não fizer as
Art. 1.393. Não se pode transfe- reparações a que está obrigado,
rir o usufruto por alienação; mas e que são indispensáveis à con-
o seu exercício pode ceder-se por CAPÍTULO III – servação da coisa, o usufrutuário
título gratuito ou oneroso. DOS DEVERES DO pode realizá-las, cobrando da-
USUFRUTUÁRIO quele a importância despendida.

Art. 1.400. O usufrutuário, antes Art. 1.405. Se o usufruto recair

221
Código Civil
num patrimônio, ou parte deste, IV – pela cessação do motivo Art. 1.415. Se o direito real de
será o usufrutuário obrigado aos de que se origina; habitação for conferido a mais
juros da dívida que onerar o pa- V – pela destruição da coisa, de uma pessoa, qualquer delas
trimônio ou a parte dele. guardadas as disposições dos que sozinha habite a casa não
arts. 1.407, 1.408, 2a parte, e 1.409; terá de pagar aluguel à outra, ou
Art. 1.406. O usufrutuário é obri- VI – pela consolidação; às outras, mas não as pode inibir
gado a dar ciência ao dono de VII – por culpa do usufrutu- de exercerem, querendo, o direi-
qualquer lesão produzida contra ário, quando aliena, deteriora, to, que também lhes compete, de
a posse da coisa, ou os direitos ou deixa arruinar os bens, não habitá-la.
deste. lhes acudindo com os reparos
de conservação, ou quando, no Art. 1.416. São aplicáveis à ha-
Art. 1.407. Se a coisa estiver usufruto de títulos de crédito, não bitação, no que não for contrário
segurada, incumbe ao usufrutu- dá às importâncias recebidas a à sua natureza, as disposições
ário pagar, durante o usufruto, as aplicação prevista no parágrafo relativas ao usufruto.
contribuições do seguro. único do art. 1.395;
§ 1o Se o usufrutuário fizer VIII – pelo não uso, ou não
o seguro, ao proprietário caberá fruição, da coisa em que o usu- TÍTULO IX – DO DIREITO DO
o direito dele resultante contra fruto recai (arts. 1.390 e 1.399). PROMITENTE COMPRADOR
o segurador.
§ 2o Em qualquer hipótese, o Art. 1.411. Constituído o usu- Art. 1.417. Mediante promessa
direito do usufrutuário fica sub- fruto em favor de duas ou mais de compra e venda, em que se
-rogado no valor da indenização pessoas, extinguir-se-á a parte não pactuou arrependimento,
do seguro. em relação a cada uma das que celebrada por instrumento públi-
falecerem, salvo se, por estipu- co ou particular, e registrada no
Art. 1.408. Se um edifício sujeito lação expressa, o quinhão desses Cartório de Registro de Imóveis,
a usufruto for destruído sem cul- couber ao sobrevivente. adquire o promitente comprador
pa do proprietário, não será este direito real à aquisição do imóvel.
obrigado a reconstruí-lo, nem o
usufruto se restabelecerá, se o TÍTULO VII – DO USO Art. 1.418. O promitente compra-
proprietário reconstruir à sua dor, titular de direito real, pode
custa o prédio; mas se a inde- Art. 1.412. O usuário usará da exigir do promitente vendedor, ou
nização do seguro for aplicada à coisa e perceberá os seus frutos, de terceiros, a quem os direitos
reconstrução do prédio, restabe- quanto o exigirem as necessida- deste forem cedidos, a outorga
lecer-se-á o usufruto. des suas e de sua família. da escritura definitiva de com-
§ 1o Avaliar-se-ão as neces- pra e venda, conforme o disposto
Art. 1.409. Também fica sub- sidades pessoais do usuário con- no instrumento preliminar; e, se
-rogada no ônus do usufruto, em forme a sua condição social e o houver recusa, requerer ao juiz a
lugar do prédio, a indenização lugar onde viver. adjudicação do imóvel.
paga, se ele for desapropriado, ou § 2o As necessidades da fa-
a importância do dano, ressarcido mília do usuário compreendem as
pelo terceiro responsável no caso de seu cônjuge, dos filhos soltei- TÍTULO X – DO PENHOR, DA
de danificação ou perda. ros e das pessoas de seu serviço HIPOTECA E DA ANTICRESE
doméstico.
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
CAPÍTULO IV – DA Art. 1.413. São aplicáveis ao uso, GERAIS
EXTINÇÃO DO USUFRUTO no que não for contrário à sua na-
tureza, as disposições relativas Art. 1.419. Nas dívidas garanti-
Art. 1.410. O usufruto extingue- ao usufruto. das por penhor, anticrese ou hi-
-se, cancelando-se o registro no poteca, o bem dado em garantia
Cartório de Registro de Imóveis: fica sujeito, por vínculo real, ao
I – pela renúncia ou morte do TÍTULO VIII – DA cumprimento da obrigação.
usufrutuário; HABITAÇÃO
II – pelo termo de sua du- Art. 1.420. Só aquele que pode
ração; Art. 1.414. Quando o uso consis- alienar poderá empenhar, hipo-
III – pela extinção da pessoa tir no direito de habitar gratuita- tecar ou dar em anticrese; só
jurídica, em favor de quem o usu- mente casa alheia, o titular deste os bens que se podem alienar
fruto foi constituído, ou, se ela direito não a pode alugar, nem poderão ser dados em penhor,
perdurar, pelo decurso de trinta emprestar, mas simplesmente anticrese ou hipoteca.
anos da data em que se começou ocupá-la com sua família. § 1o A propriedade superve-
a exercer; niente torna eficaz, desde o re-

222
Código Civil
gistro, as garantias reais estabe- solvência ou falir; devedor não podem remir par-
lecidas por quem não era dono. III – se as prestações não fo- cialmente o penhor ou a hipoteca
§ 2o A coisa comum a dois rem pontualmente pagas, toda na proporção dos seus quinhões;
ou mais proprietários não pode vez que deste modo se achar qualquer deles, porém, pode fa-
ser dada em garantia real, na sua estipulado o pagamento. Neste zê-lo no todo.
totalidade, sem o consentimen- caso, o recebimento posterior Parágrafo único. O herdeiro
to de todos; mas cada um pode da prestação atrasada importa ou sucessor que fizer a remição
individualmente dar em garantia renúncia do credor ao seu direito fica sub-rogado nos direitos do
real a parte que tiver. de execução imediata; credor pelas quotas que houver
IV – se perecer o bem dado satisfeito.
Art. 1.421. O pagamento de uma em garantia, e não for substituído;
ou mais prestações da dívida não V – se se desapropriar o bem Art. 1.430. Quando, excutido o
importa exoneração correspon- dado em garantia, hipótese na penhor, ou executada a hipoteca,
dente da garantia, ainda que esta qual se depositará a parte do o produto não bastar para paga-
compreenda vários bens, salvo preço que for necessária para o mento da dívida e despesas judi-
disposição expressa no título ou pagamento integral do credor. ciais, continuará o devedor obri-
na quitação. § 1o Nos casos de perecimen- gado pessoalmente pelo restante.
to da coisa dada em garantia, esta
Art. 1.422. O credor hipotecário se sub-rogará na indenização
e o pignoratício têm o direito de do seguro, ou no ressarcimento CAPÍTULO II – DO PENHOR
excutir a coisa hipotecada ou em- do dano, em benefício do cre- Seção I – Da Constituição do
penhada, e preferir, no pagamen- dor, a quem assistirá sobre ela Penhor
to, a outros credores, observada, preferência até seu completo
quanto à hipoteca, a prioridade reembolso. Art. 1.431. Constitui-se o penhor
no registro. § 2o Nos casos dos incisos pela transferência efetiva da pos-
Parágrafo único. Excetuam- IV e V, só se vencerá a hipoteca se que, em garantia do débito ao
-se da regra estabelecida neste antes do prazo estipulado, se o credor ou a quem o represente,
artigo as dívidas que, em virtude perecimento, ou a desapropria- faz o devedor, ou alguém por ele,
de outras leis, devam ser pagas ção recair sobre o bem dado em de uma coisa móvel, suscetível
precipuamente a quaisquer ou- garantia, e esta não abranger de alienação.
tros créditos. outras; subsistindo, no caso con- Parágrafo único. No penhor
trário, a dívida reduzida, com a rural, industrial, mercantil e de
Art. 1.423. O credor anticrético respectiva garantia sobre os de- veículos, as coisas empenhadas
tem direito a reter em seu poder mais bens, não desapropriados continuam em poder do devedor,
o bem, enquanto a dívida não for ou destruídos. que as deve guardar e conservar.
paga; extingue-se esse direito
decorridos quinze anos da data Art. 1.426. Nas hipóteses do ar- Art. 1.432. O instrumento do
de sua constituição. tigo anterior, de vencimento ante- penhor deverá ser levado a re-
cipado da dívida, não se compre- gistro, por qualquer dos contra-
Art. 1.424. Os contratos de pe- endem os juros correspondentes tantes; o do penhor comum será
nhor, anticrese ou hipoteca de- ao tempo ainda não decorrido. registrado no Cartório de Títulos
clararão, sob pena de não terem e Documentos.
eficácia: Art. 1.427. Salvo cláusula ex-
I – o valor do crédito, sua es- pressa, o terceiro que presta ga-
timação, ou valor máximo; rantia real por dívida alheia não
Seção II – Dos Direitos do
II – o prazo fixado para pa- fica obrigado a substituí-la, ou Credor Pignoratício
gamento; reforçá-la, quando, sem culpa
III – a taxa dos juros, se hou- sua, se perca, deteriore, ou des- Art. 1.433. O credor pignoratício
ver; valorize. tem direito:
IV – o bem dado em garantia I – à posse da coisa empe-
com as suas especificações. Art. 1.428. É nula a cláusula que nhada;
autoriza o credor pignoratício, II – à retenção dela, até que
Art. 1.425. A dívida considera- anticrético ou hipotecário a ficar o indenizem das despesas devi-
-se vencida: com o objeto da garantia, se a dí- damente justificadas, que tiver
I – se, deteriorando-se, ou vida não for paga no vencimento. feito, não sendo ocasionadas por
depreciando-se o bem dado em Parágrafo único. Após o ven- culpa sua;
segurança, desfalcar a garantia, cimento, poderá o devedor dar a III – ao ressarcimento do pre-
e o devedor, intimado, não a re- coisa em pagamento da dívida. juízo que houver sofrido por vício
forçar ou substituir; da coisa empenhada;
II – se o devedor cair em in- Art. 1.429. Os sucessores do IV – a promover a execução

223
Código Civil
judicial, ou a venda amigável, se Seção IV – Da Extinção do a constituem.
lhe permitir expressamente o Penhor § 2o A prorrogação deve ser
contrato, ou lhe autorizar o de- averbada à margem do registro
vedor mediante procuração; Art. 1.436. Extingue-se o pe- respectivo, mediante requeri-
V – a apropriar-se dos frutos nhor: mento do credor e do devedor.
da coisa empenhada que se en- I – extinguindo-se a obriga-
contra em seu poder; ção; Art. 1.440. Se o prédio estiver
VI – a promover a venda an- II – perecendo a coisa; hipotecado, o penhor rural poderá
tecipada, mediante prévia auto- III – renunciando o credor; constituir-se independentemente
rização judicial, sempre que haja IV – confundindo-se na mes- da anuência do credor hipotecá-
receio fundado de que a coisa ma pessoa as qualidades de cre- rio, mas não lhe prejudica o direi-
empenhada se perca ou deteriore, dor e de dono da coisa; to de preferência, nem restringe
devendo o preço ser depositado. V – dando-se a adjudicação a extensão da hipoteca, ao ser
O dono da coisa empenhada pode judicial, a remissão ou a venda executada.
impedir a venda antecipada, subs- da coisa empenhada, feita pelo
tituindo-a, ou oferecendo outra credor ou por ele autorizada. Art. 1.441. Tem o credor direito
garantia real idônea. § 1o Presume-se a renúncia a verificar o estado das coisas
do credor quando consentir na empenhadas, inspecionando-as
Art. 1.434. O credor não pode venda particular do penhor sem onde se acharem, por si ou por
ser constrangido a devolver a coi- reserva de preço, quando resti- pessoa que credenciar.
sa empenhada, ou uma parte dela, tuir a sua posse ao devedor, ou
antes de ser integralmente pago, quando anuir à sua substituição
podendo o juiz, a requerimento do por outra garantia.
Subseção II – Do Penhor
proprietário, determinar que seja § 2o Operando-se a confu- Agrícola
vendida apenas uma das coisas, são tão somente quanto a parte
ou parte da coisa empenhada, da dívida pignoratícia, subsistirá Art. 1.442. Podem ser objeto
suficiente para o pagamento do inteiro o penhor quanto ao resto. de penhor:
credor. I – máquinas e instrumentos
Art. 1.437. Produz efeitos a ex- de agricultura;
tinção do penhor depois de aver- II – colheitas pendentes, ou
Seção III – Das Obrigações bado o cancelamento do registro, em via de formação;
do Credor Pignoratício à vista da respectiva prova. III – frutos acondicionados ou
armazenados;
Art. 1.435. O credor pignoratício IV – lenha cortada e carvão
é obrigado:
Seção V – Do Penhor Rural vegetal;
I – à custódia da coisa, como Subseção I – Disposições V – animais do serviço ordiná-
depositário, e a ressarcir ao dono Gerais rio de estabelecimento agrícola.
a perda ou deterioração de que
for culpado, podendo ser com- Art. 1.438. Constitui-se o penhor Art. 1.443. O penhor agrícola
pensada na dívida, até a concor- rural mediante instrumento pú- que recai sobre colheita penden-
rente quantia, a importância da blico ou particular, registrado no te, ou em via de formação, abran-
responsabilidade; Cartório de Registro de Imóveis da ge a imediatamente seguinte, no
II – à defesa da posse da coi- circunscrição em que estiverem caso de frustrar-se ou ser insufi-
sa empenhada e a dar ciência, ao situadas as coisas empenhadas. ciente a que se deu em garantia.
dono dela, das circunstâncias que Parágrafo único. Prometen- Parágrafo único. Se o credor
tornarem necessário o exercício do pagar em dinheiro a dívida, não financiar a nova safra, poderá
de ação possessória; que garante com penhor rural, o o devedor constituir com outrem
III – a imputar o valor dos fru- devedor poderá emitir, em favor novo penhor, em quantia máxima
tos, de que se apropriar (art. 1.433, do credor, cédula rural pignora- equivalente à do primeiro; o se-
inciso V) nas despesas de guarda tícia, na forma determinada em gundo penhor terá preferência
e conservação, nos juros e no lei especial. sobre o primeiro, abrangendo
capital da obrigação garantida, este apenas o excesso apurado
sucessivamente; Art. 1.439. O penhor agrícola na colheita seguinte.
IV – a restituí-la, com os res- e o penhor pecuário não podem
pectivos frutos e acessões, uma ser convencionados por prazos
vez paga a dívida; superiores aos das obrigações
Subseção III – Do Penhor
V – a entregar o que sobeje do garantidas. Pecuário
preço, quando a dívida for paga, § 1o Embora vencidos os pra-
no caso do inciso IV do art. 1.433. zos, permanece a garantia, en- Art. 1.444. Podem ser objeto de
quanto subsistirem os bens que penhor os animais que integram

224
Código Civil
a atividade pastoril, agrícola ou emitir, em favor do credor, cédula exigível. Se este consistir numa
de lacticínios. do respectivo crédito, na forma prestação pecuniária, depositará
e para os fins que a lei especial a importância recebida, de acordo
Art. 1.445. O devedor não pode- determinar. com o devedor pignoratício, ou
rá alienar os animais empenhados onde o juiz determinar; se con-
sem prévio consentimento, por Art. 1.449. O devedor não pode, sistir na entrega da coisa, nesta
escrito, do credor. sem o consentimento por escrito se sub-rogará o penhor.
Parágrafo único. Quando o do credor, alterar as coisas em- Parágrafo único. Estando
devedor pretende alienar o gado penhadas ou mudar-lhes a situa- vencido o crédito pignoratício,
empenhado ou, por negligência, ção, nem delas dispor. O devedor tem o credor direito a reter, da
ameace prejudicar o credor, po- que, anuindo o credor, alienar quantia recebida, o que lhe é de-
derá este requerer se depositem as coisas empenhadas, deverá vido, restituindo o restante ao
os animais sob a guarda de ter- repor outros bens da mesma na- devedor; ou a excutir a coisa a
ceiro, ou exigir que se lhe pague tureza, que ficarão sub-rogados ele entregue.
a dívida de imediato. no penhor.
Art. 1.456. Se o mesmo crédito
Art. 1.446. Os animais da mes- Art. 1.450. Tem o credor direito for objeto de vários penhores,
ma espécie, comprados para a verificar o estado das coisas só ao credor pignoratício, cujo
substituir os mortos, ficam sub- empenhadas, inspecionando-as direito prefira aos demais, o de-
-rogados no penhor. onde se acharem, por si ou por vedor deve pagar; responde por
Parágrafo único. Presume- pessoa que credenciar. perdas e danos aos demais cre-
-se a substituição prevista nes- dores o credor preferente que,
te artigo, mas não terá eficácia notificado por qualquer um deles,
contra terceiros, se não constar
Seção VII – Do Penhor de não promover oportunamente a
de menção adicional ao respec- Direitos e Títulos de Crédito cobrança.
tivo contrato, a qual deverá ser
averbada. Art. 1.451. Podem ser objeto de Art. 1.457. O titular do crédi-
penhor direitos, suscetíveis de to empenhado só pode receber
cessão, sobre coisas móveis. o pagamento com a anuência,
Seção VI – Do Penhor por escrito, do credor pignora-
Industrial e Mercantil Art. 1.452. Constitui-se o penhor tício, caso em que o penhor se
de direito mediante instrumento extinguirá.
Art. 1.447. Podem ser objeto público ou particular, registrado
de penhor máquinas, aparelhos, no Registro de Títulos e Docu- Art. 1.458. O penhor, que recai
materiais, instrumentos, instala- mentos. sobre título de crédito, constitui-
dos e em funcionamento, com os Parágrafo único. O titular de -se mediante instrumento público
acessórios ou sem eles; animais, direito empenhado deverá entre- ou particular ou endosso pigno-
utilizados na indústria; sal e bens gar ao credor pignoratício os do- ratício, com a tradição do título
destinados à exploração das sa- cumentos comprobatórios desse ao credor, regendo-se pelas Dis-
linas; produtos de suinocultura, direito, salvo se tiver interesse posições Gerais deste Título e, no
animais destinados à industria- legítimo em conservá-los. que couber, pela presente Seção.
lização de carnes e derivados;
matérias-primas e produtos in- Art. 1.453. O penhor de crédito Art. 1.459. Ao credor, em penhor
dustrializados. não tem eficácia senão quando de título de crédito, compete o
Parágrafo único. Regula-se notificado ao devedor; por noti- direito de:
pelas disposições relativas aos ficado tem-se o devedor que, em I – conservar a posse do título
armazéns gerais o penhor das instrumento público ou particular, e recuperá-la de quem quer que
mercadorias neles depositadas. declarar-se ciente da existência o detenha;
do penhor. II – usar dos meios judiciais
Art. 1.448. Constitui-se o pe- convenientes para assegurar os
nhor industrial, ou o mercantil, Art. 1.454. O credor pignoratício seus direitos, e os do credor do
mediante instrumento público deve praticar os atos necessários título empenhado;
ou particular, registrado no Car- à conservação e defesa do direi- III – fazer intimar ao devedor
tório de Registro de Imóveis da to empenhado e cobrar os juros do título que não pague ao seu
circunscrição onde estiverem e mais prestações acessórias credor, enquanto durar o penhor;
situadas as coisas empenhadas. compreendidas na garantia. IV – receber a importância
Parágrafo único. Prometendo consubstanciada no título e os
pagar em dinheiro a dívida, que Art. 1.455. Deverá o credor pig- respectivos juros, se exigíveis,
garante com penhor industrial noratício cobrar o crédito em- restituindo o título ao devedor,
ou mercantil, o devedor poderá penhado, assim que se torne quando este solver a obrigação.

225
Código Civil
Art. 1.460. O devedor do título Seção IX – Do Penhor Legal rios dos imóveis conjuntamente
empenhado que receber a inti- com eles;
mação prevista no inciso III do Art. 1.467. São credores pigno- II – o domínio direto;
artigo antecedente, ou se der ratícios, independentemente de III – o domínio útil;
por ciente do penhor, não poderá convenção: IV – as estradas de ferro;
pagar ao seu credor. Se o fizer, I – os hospedeiros, ou forne- V – os recursos naturais a que
responderá solidariamente por cedores de pousada ou alimento, se refere o art. 1.230, independen-
este, por perdas e danos, perante sobre as bagagens, móveis, joias temente do solo onde se acham;
o credor pignoratício. ou dinheiro que os seus consumi- VI – os navios;
Parágrafo único. Se o cre- dores ou fregueses tiverem con- VII – as aeronaves;
dor der quitação ao devedor do sigo nas respectivas casas ou es- VIII – o direito de uso especial
título empenhado, deverá saldar tabelecimentos, pelas despesas para fins de moradia;
imediatamente a dívida, em cuja ou consumo que aí tiverem feito; IX – o direito real de uso;
garantia se constituiu o penhor. II – o dono do prédio rústico X – a propriedade superfi-
ou urbano, sobre os bens móveis ciária.
que o rendeiro ou inquilino tiver § 1o A hipoteca dos navios e
Seção VIII – Do Penhor de guarnecendo o mesmo prédio, das aeronaves reger-se-á pelo
Veículos pelos aluguéis ou rendas. disposto em lei especial.
§ 2o Os direitos de garantia
Art. 1.461. Podem ser objeto de Art. 1.468. A conta das dívidas instituídos nas hipóteses dos in-
penhor os veículos empregados enumeradas no inciso I do artigo cisos IX e X do caput deste artigo
em qualquer espécie de trans- antecedente será extraída con- ficam limitados à duração da con-
porte ou condução. forme a tabela impressa, prévia e cessão ou direito de superfície,
ostensivamente exposta na casa, caso tenham sido transferidos
Art. 1.462. Constitui-se o pe- dos preços de hospedagem, da por período determinado.
nhor, a que se refere o artigo pensão ou dos gêneros forne-
antecedente, mediante instru- cidos, sob pena de nulidade do Art. 1.474. A hipoteca abrange
mento público ou particular, re- penhor. todas as acessões, melhoramen-
gistrado no Cartório de Títulos e tos ou construções do imóvel.
Documentos do domicílio do de- Art. 1.469. Em cada um dos ca- Subsistem os ônus reais cons-
vedor, e anotado no certificado sos do art. 1.467, o credor poderá tituídos e registrados, anterior-
de propriedade. tomar em garantia um ou mais mente à hipoteca, sobre o mes-
Parágrafo único. Prometendo objetos até o valor da dívida. mo imóvel.
pagar em dinheiro a dívida ga-
rantida com o penhor, poderá o Art. 1.470. Os credores, com- Art. 1.475. É nula a cláusula que
devedor emitir cédula de crédito, preendidos no art. 1.467, podem proíbe ao proprietário alienar imó-
na forma e para os fins que a lei fazer efetivo o penhor, antes de vel hipotecado.
especial determinar. recorrerem à autoridade judici- Parágrafo único. Pode con-
ária, sempre que haja perigo na vencionar-se que vencerá o cré-
Art. 1.463. (Revogado) demora, dando aos devedores dito hipotecário, se o imóvel for
comprovante dos bens de que alienado.
Art. 1.464. Tem o credor direito se apossarem.
a verificar o estado do veículo em- Art. 1.476. O dono do imóvel
penhado, inspecionando-o onde Art. 1.471. Tomado o penhor, re- hipotecado pode constituir outra
se achar, por si ou por pessoa que quererá o credor, ato contínuo, a hipoteca sobre ele, mediante novo
credenciar. sua homologação judicial. título, em favor do mesmo ou de
outro credor.
Art. 1.465. A alienação, ou a Art. 1.472. Pode o locatário im-
mudança, do veículo empenha- pedir a constituição do penhor Art. 1.477. Salvo o caso de in-
do sem prévia comunicação ao mediante caução idônea. solvência do devedor, o credor da
credor importa no vencimento an- segunda hipoteca, embora venci-
tecipado do crédito pignoratício. da, não poderá executar o imóvel
CAPÍTULO III – DA antes de vencida a primeira.
Art. 1.466. O penhor de veí- HIPOTECA Parágrafo único. Não se con-
culos só se pode convencionar sidera insolvente o devedor por
Seção I – Disposições Gerais
pelo prazo máximo de dois anos, faltar ao pagamento das obriga-
prorrogável até o limite de igual ções garantidas por hipotecas
tempo, averbada a prorrogação à Art. 1.473. Podem ser objeto posteriores à primeira.
margem do registro respectivo. de hipoteca:
I – os imóveis e os acessó- Art. 1.478. Se o devedor da obri-

226
Código Civil
gação garantida pela primeira vez pago ou depositado o preço. verificação da condição, ou ao
hipoteca não se oferecer, no ven- § 3o Se o adquirente deixar montante da dívida.
cimento, para pagá-la, o credor de remir o imóvel, sujeitando-o a § 2o Havendo divergência en-
da segunda pode promover-lhe execução, ficará obrigado a res- tre o credor e o devedor, caberá
a extinção, consignando a im- sarcir os credores hipotecários da àquele fazer prova de seu crédito.
portância e citando o primeiro desvalorização que, por sua culpa, Reconhecido este, o devedor res-
credor para recebê-la e o devedor o mesmo vier a sofrer, além das ponderá, inclusive, por perdas e
para pagá-la; se este não pagar, despesas judiciais da execução. danos, em razão da superveniente
o segundo credor, efetuando o § 4o Disporá de ação regres- desvalorização do imóvel.
pagamento, se sub-rogará nos siva contra o vendedor o adqui-
direitos da hipoteca anterior, sem rente que ficar privado do imóvel Art. 1.488. Se o imóvel, dado
prejuízo dos que lhe competirem em consequência de licitação ou em garantia hipotecária, vier a
contra o devedor comum. penhora, o que pagar a hipoteca, ser loteado, ou se nele se consti-
Parágrafo único. Se o primei- o que, por causa de adjudicação tuir condomínio edilício, poderá o
ro credor estiver promovendo a ou licitação, desembolsar com o ônus ser dividido, gravando cada
execução da hipoteca, o credor da pagamento da hipoteca impor- lote ou unidade autônoma, se o
segunda depositará a importância tância excedente à da compra e requererem ao juiz o credor, o
do débito e as despesas judiciais. o que suportar custas e despesas devedor ou os donos, obedecida
judiciais. a proporção entre o valor de cada
Art. 1.479. O adquirente do imó- um deles e o crédito.
vel hipotecado, desde que não se Art. 1.482. (Revogado) § 1o O credor só poderá se
tenha obrigado pessoalmente a opor ao pedido de desmembra-
pagar as dívidas aos credores Art. 1.483. (Revogado) mento do ônus, provando que o
hipotecários, poderá exonerar-se mesmo importa em diminuição
da hipoteca, abandonando-lhes Art. 1.484. É lícito aos interessa- de sua garantia.
o imóvel. dos fazer constar das escrituras o § 2o Salvo convenção em
valor entre si ajustado dos imóveis contrário, todas as despesas ju-
Art. 1.480. O adquirente noti- hipotecados, o qual, devidamente diciais ou extrajudiciais neces-
ficará o vendedor e os credores atualizado, será a base para as sárias ao desmembramento do
hipotecários, deferindo-lhes, con- arrematações, adjudicações e ônus correm por conta de quem
juntamente, a posse do imóvel, ou remições, dispensada a avaliação. o requerer.
o depositará em juízo. § 3o O desmembramento
Parágrafo único. Poderá o Art. 1.485. Mediante simples do ônus não exonera o devedor
adquirente exercer a faculdade de averbação, requerida por ambas originário da responsabilidade a
abandonar o imóvel hipotecado, as partes, poderá prorrogar-se que se refere o art. 1.430, salvo
até as vinte e quatro horas sub- a hipoteca, até 30 (trinta) anos anuência do credor.
sequentes à citação, com que se da data do contrato. Desde que
inicia o procedimento executivo. perfaça esse prazo, só poderá
subsistir o contrato de hipoteca
Seção II – Da Hipoteca Legal
Art. 1.481. Dentro em trinta dias, reconstituindo-se por novo título
contados do registro do título e novo registro; e, nesse caso, lhe Art. 1.489. A lei confere hipo-
aquisitivo, tem o adquirente do será mantida a precedência, que teca:
imóvel hipotecado o direito de então lhe competir. I – às pessoas de direito pú-
remi-lo, citando os credores hi- blico interno (art. 41) sobre os
potecários e propondo importân- Art. 1.486. Podem o credor e o imóveis pertencentes aos encar-
cia não inferior ao preço por que devedor, no ato constitutivo da regados da cobrança, guarda ou
o adquiriu. hipoteca, autorizar a emissão administração dos respectivos
§ 1o Se o credor impugnar o da correspondente cédula hipo- fundos e rendas;
preço da aquisição ou a impor- tecária, na forma e para os fins II – aos filhos, sobre os imó-
tância oferecida, realizar-se-á previstos em lei especial. veis do pai ou da mãe que passar
licitação, efetuando-se a venda a outras núpcias, antes de fazer
judicial a quem oferecer maior Art. 1.487. A hipoteca pode ser o inventário do casal anterior;
preço, assegurada preferência constituída para garantia de dívi- III – ao ofendido, ou aos seus
ao adquirente do imóvel. da futura ou condicionada, desde herdeiros, sobre os imóveis do
§ 2o Não impugnado pelo que determinado o valor máximo delinquente, para satisfação do
credor, o preço da aquisição ou do crédito a ser garantido. dano causado pelo delito e pa-
o preço proposto pelo adquirente, § 1o Nos casos deste artigo, gamento das despesas judiciais;
haver-se-á por definitivamente a execução da hipoteca depen- IV – ao coerdeiro, para ga-
fixado para a remissão do imóvel, derá de prévia e expressa con- rantia do seu quinhão ou torna
que ficará livre de hipoteca, uma cordância do devedor quanto à da partilha, sobre o imóvel ad-

227
Código Civil
judicado ao herdeiro reponente; Art. 1.496. Se tiver dúvida sobre a arrematação ou adjudicação,
V – ao credor sobre o imóvel a legalidade do registro requerido, sem que tenham sido notifica-
arrematado, para garantia do pa- o oficial fará, ainda assim, a pre- dos judicialmente os respectivos
gamento do restante do preço da notação do pedido. Se a dúvida, credores hipotecários, que não
arrematação. dentro em noventa dias, for julga- forem de qualquer modo partes
da improcedente, o registro efe- na execução.
Art. 1.490. O credor da hipote- tuar-se-á com o mesmo número
ca legal, ou quem o represente, que teria na data da prenotação;
poderá, provando a insuficiência no caso contrário, cancelada esta,
Seção V – Da Hipoteca de
dos imóveis especializados, exigir receberá o registro o número Vias Férreas
do devedor que seja reforçado correspondente à data em que
com outros. se tornar a requerer. Art. 1.502. As hipotecas sobre
as estradas de ferro serão regis-
Art. 1.491. A hipoteca legal pode Art. 1.497. As hipotecas legais, tradas no Município da estação
ser substituída por caução de tí- de qualquer natureza, deverão inicial da respectiva linha.
tulos da dívida pública federal ou ser registradas e especializadas.
estadual, recebidos pelo valor de § 1o O registro e a especia- Art. 1.503. Os credores hipo-
sua cotação mínima no ano cor- lização das hipotecas legais in- tecários não podem embaraçar
rente; ou por outra garantia, a cumbem a quem está obrigado a exploração da linha, nem con-
critério do juiz, a requerimento a prestar a garantia, mas os in- trariar as modificações, que a ad-
do devedor. teressados podem promover a ministração deliberar, no leito da
inscrição delas, ou solicitar ao estrada, em suas dependências,
Ministério Público que o faça. ou no seu material.
Seção III – Do Registro da § 2o As pessoas, às quais in-
Hipoteca cumbir o registro e a especializa- Art. 1.504. A hipoteca será cir-
ção das hipotecas legais, estão cunscrita à linha ou às linhas
Art. 1.492. As hipotecas serão sujeitas a perdas e danos pela especificadas na escritura e ao
registradas no cartório do lugar omissão. respectivo material de explora-
do imóvel, ou no de cada um de- ção, no estado em que ao tempo
les, se o título se referir a mais Art. 1.498. Vale o registro da da execução estiverem; mas os
de um. hipoteca, enquanto a obrigação credores hipotecários poderão
Parágrafo único. Compete perdurar; mas a especialização, opor-se à venda da estrada, à de
aos interessados, exibido o título, em completando vinte anos, deve suas linhas, de seus ramais ou de
requerer o registro da hipoteca. ser renovada. parte considerável do material
de exploração; bem como à fu-
Art. 1.493. Os registros e aver- são com outra empresa, sempre
bações seguirão a ordem em que
Seção IV – Da Extinção da que com isso a garantia do débito
forem requeridas, verificando-se Hipoteca enfraquecer.
ela pela da sua numeração suces-
siva no protocolo. Art. 1.499. A hipoteca extin- Art. 1.505. Na execução das hi-
Parágrafo único. O número gue-se: potecas será intimado o repre-
de ordem determina a priorida- I – pela extinção da obrigação sentante da União ou do Estado,
de, e esta a preferência entre as principal; para, dentro em quinze dias, remir
hipotecas. II – pelo perecimento da coi- a estrada de ferro hipotecada,
sa; pagando o preço da arrematação
Art. 1.494. (Revogado) III – pela resolução da pro- ou da adjudicação.
priedade;
Art. 1.495. Quando se apresen- IV – pela renúncia do credor;
tar ao oficial do registro título de V – pela remição; CAPÍTULO IV – DA
hipoteca que mencione a consti- VI – pela arrematação ou ad- ANTICRESE
tuição de anterior, não registra- judicação.
da, sobrestará ele na inscrição Art. 1.506. Pode o devedor ou
da nova, depois de a prenotar, Art. 1.500. Extingue-se ainda outrem por ele, com a entrega
até trinta dias, aguardando que a hipoteca com a averbação, no do imóvel ao credor, ceder-lhe
o interessado inscreva a prece- Registro de Imóveis, do cance- o direito de perceber, em com-
dente; esgotado o prazo, sem que lamento do registro, à vista da pensação da dívida, os frutos e
se requeira a inscrição desta, a respectiva prova. rendimentos.
hipoteca ulterior será registrada § 1o É permitido estipular que
e obterá preferência. Art. 1.501. Não extinguirá a hi- os frutos e rendimentos do imóvel
poteca, devidamente registrada, sejam percebidos pelo credor à

228
Código Civil
conta de juros, mas se o seu valor lação à desapropriação. falta de reparação a segurança,
ultrapassar a taxa máxima per- a linha arquitetônica ou o arranjo
mitida em lei para as operações Art. 1.510. O adquirente dos bens estético do edifício, observadas
financeiras, o remanescente será dados em anticrese poderá re- as posturas previstas em legis-
imputado ao capital. mi-los, antes do vencimento da lação local.
§ 2o Quando a anticrese re- dívida, pagando a sua totalidade
cair sobre bem imóvel, este pode- à data do pedido de remição e Art. 1.510-C. Sem prejuízo, no
rá ser hipotecado pelo devedor ao imitir-se-á, se for o caso, na sua que couber, das normas aplicá-
credor anticrético, ou a terceiros, posse. veis aos condomínios edilícios,
assim como o imóvel hipotecado para fins do direito real de laje,
poderá ser dado em anticrese. as despesas necessárias à con-
TÍTULO XI – DA LAJE servação e fruição das partes que
Art. 1.507. O credor anticrético sirvam a todo o edifício e ao pa-
pode administrar os bens dados Art. 1.510-A. O proprietário de gamento de serviços de interesse
em anticrese e fruir seus frutos e uma construção-base poderá comum serão partilhadas entre o
utilidades, mas deverá apresentar ceder a superfície superior ou proprietário da construção-base
anualmente balanço, exato e fiel, inferior de sua construção a fim e o titular da laje, na proporção
de sua administração. de que o titular da laje mantenha que venha a ser estipulada em
§ 1o Se o devedor anticrético unidade distinta daquela original- contrato.
não concordar com o que se con- mente construída sobre o solo. § 1o São partes que servem
tém no balanço, por ser inexato, § 1o O direito real de laje a todo o edifício:
ou ruinosa a administração, po- contempla o espaço aéreo ou o I – os alicerces, colunas, pila-
derá impugná-lo, e, se o quiser, subsolo de terrenos públicos ou res, paredes-mestras e todas as
requerer a transformação em privados, tomados em projeção partes restantes que constituam
arrendamento, fixando o juiz o vertical, como unidade imobiliária a estrutura do prédio;
valor mensal do aluguel, o qual autônoma, não contemplando as II – o telhado ou os terraços de
poderá ser corrigido anualmente. demais áreas edificadas ou não cobertura, ainda que destinados
§ 2 o O credor anticréti- pertencentes ao proprietário da ao uso exclusivo do titular da laje;
co pode, salvo pacto em senti- construção-base. III – as instalações gerais de
do contrário, arrendar os bens § 2o O titular do direito real água, esgoto, eletricidade, aque-
dados em anticrese a terceiro, de laje responderá pelos encargos cimento, ar condicionado, gás,
mantendo, até ser pago, direito e tributos que incidirem sobre a comunicações e semelhantes
de retenção do imóvel, embora o sua unidade. que sirvam a todo o edifício; e
aluguel desse arrendamento não § 3o Os titulares da laje, uni- IV – em geral, as coisas que
seja vinculativo para o devedor. dade imobiliária autônoma cons- sejam afetadas ao uso de todo
tituída em matrícula própria, po- o edifício.
Art. 1.508. O credor anticrético derão dela usar, gozar e dispor. § 2o É assegurado, em qual-
responde pelas deteriorações § 4o A instituição do direito quer caso, o direito de qualquer
que, por culpa sua, o imóvel vier real de laje não implica a atribui- interessado em promover repa-
a sofrer, e pelos frutos e rendi- ção de fração ideal de terreno ao rações urgentes na construção
mentos que, por sua negligência, titular da laje ou a participação na forma do parágrafo único do
deixar de perceber. proporcional em áreas já edi- art. 249 deste Código.
ficadas.
Art. 1.509. O credor anticrético § 5o Os Municípios e o Distri- Art. 1.510-D. Em caso de alie-
pode vindicar os seus direitos to Federal poderão dispor sobre nação de qualquer das unidades
contra o adquirente dos bens, posturas edilícias e urbanísticas sobrepostas, terão direito de pre-
os credores quirografários e os associadas ao direito real de laje. ferência, em igualdade de condi-
hipotecários posteriores ao re- § 6o O titular da laje poderá ções com terceiros, os titulares
gistro da anticrese. ceder a superfície de sua cons- da construção-base e da laje,
§ 1o Se executar os bens por trução para a instituição de um nessa ordem, que serão cienti-
falta de pagamento da dívida, ou sucessivo direito real de laje, des- ficados por escrito para que se
permitir que outro credor o exe- de que haja autorização expressa manifestem no prazo de trinta
cute, sem opor o seu direito de dos titulares da construção-base dias, salvo se o contrato dispuser
retenção ao exequente, não terá e das demais lajes, respeitadas as de modo diverso.
preferência sobre o preço. posturas edilícias e urbanísticas § 1o O titular da construção-
§ 2o O credor anticrético não vigentes. -base ou da laje a quem não se
terá preferência sobre a indeni- der conhecimento da alienação
zação do seguro, quando o pré- Art. 1.510-B. É expressamente poderá, mediante depósito do
dio seja destruído, nem, se forem vedado ao titular da laje preju- respectivo preço, haver para si
desapropriados os bens, com re- dicar com obras novas ou com a parte alienada a terceiros, se

229
Código Civil
o requerer no prazo decadencial o juiz, a sua vontade de estabe- casamento podem os pais ou
de cento e oitenta dias, contado lecer vínculo conjugal, e o juiz os tutores revogar a autorização.
da data de alienação. declara casados.
§ 2o Se houver mais de uma Art. 1.519. A denegação do con-
laje, terá preferência, sucessi- Art. 1.515. O casamento religio- sentimento, quando injusta, pode
vamente, o titular das lajes as- so, que atender às exigências da ser suprida pelo juiz.
cendentes e o titular das lajes lei para a validade do casamento
descendentes, assegurada a civil, equipara-se a este, desde Art. 1.520. Não será permitido,
prioridade para a laje mais pró- que registrado no registro pró- em qualquer caso, o casamento
xima à unidade sobreposta a ser prio, produzindo efeitos a partir de quem não atingiu a idade núbil,
alienada. da data de sua celebração. observado o disposto no art. 1.517
deste Código.
Art. 1.510-E. A ruína da cons- Art. 1.516. O registro do casa-
trução-base implica extinção do mento religioso submete-se aos
direito real de laje, salvo: mesmos requisitos exigidos para CAPÍTULO III – DOS
I – se este tiver sido instituído o casamento civil. IMPEDIMENTOS
sobre o subsolo; § 1o O registro civil do casa-
II – se a construção-base não mento religioso deverá ser pro- Art. 1.521. Não podem casar:
for reconstruída no prazo de cin- movido dentro de noventa dias de I – os ascendentes com os
co anos. sua realização, mediante comu- descendentes, seja o parentesco
Parágrafo único. O disposto nicação do celebrante ao ofício natural ou civil;
neste artigo não afasta o direito competente, ou por iniciativa de II – os afins em linha reta;
a eventual reparação civil contra qualquer interessado, desde que III – o adotante com quem foi
o culpado pela ruína. haja sido homologada previamen- cônjuge do adotado e o adotado
te a habilitação regulada neste com quem o foi do adotante;
Código. Após o referido prazo, IV – os irmãos, unilaterais ou
LIVRO IV – DO DIREITO DE o registro dependerá de nova bilaterais, e demais colaterais, até
FAMÍLIA habilitação. o terceiro grau inclusive;
§ 2o O casamento religioso, V – o adotado com o filho do
TÍTULO I – DO DIREITO celebrado sem as formalidades adotante;
PESSOAL exigidas neste Código, terá efeitos VI – as pessoas casadas;
civis se, a requerimento do casal, VII – o cônjuge sobrevivente
SUBTÍTULO I – DO for registrado, a qualquer tempo, com o condenado por homicídio
CASAMENTO no registro civil, mediante prévia ou tentativa de homicídio contra
habilitação perante a autoridade o seu consorte.
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES competente e observado o prazo
GERAIS do art. 1.532. Art. 1.522. Os impedimentos po-
§ 3o Será nulo o registro civil dem ser opostos, até o momento
Art. 1.511. O casamento esta- do casamento religioso se, antes da celebração do casamento, por
belece comunhão plena de vida, dele, qualquer dos consorciados qualquer pessoa capaz.
com base na igualdade de direitos houver contraído com outrem Parágrafo único. Se o juiz, ou
e deveres dos cônjuges. casamento civil. o oficial de registro, tiver conhe-
cimento da existência de algum
Art. 1.512. O casamento é civil e impedimento, será obrigado a
gratuita a sua celebração. CAPÍTULO II – DA declará-lo.
Parágrafo único. A habilita- CAPACIDADE PARA O
ção para o casamento, o registro e CASAMENTO
a primeira certidão serão isentos CAPÍTULO IV – DAS
de selos, emolumentos e custas, Art. 1.517. O homem e a mulher CAUSAS SUSPENSIVAS
para as pessoas cuja pobreza for com dezesseis anos podem casar,
declarada, sob as penas da lei. exigindo-se autorização de ambos Art. 1.523. Não devem casar:
os pais, ou de seus representan- I – o viúvo ou a viúva que tiver
Art. 1.513. É defeso a qualquer tes legais, enquanto não atingida filho do cônjuge falecido, enquan-
pessoa, de direito público ou pri- a maioridade civil. to não fizer inventário dos bens do
vado, interferir na comunhão de Parágrafo único. Se houver casal e der partilha aos herdeiros;
vida instituída pela família. divergência entre os pais, apli- II – a viúva, ou a mulher cujo
ca-se o disposto no parágrafo casamento se desfez por ser nulo
Art. 1.514. O casamento se reali- único do art. 1.631. ou ter sido anulado, até dez meses
za no momento em que o homem depois do começo da viuvez, ou da
e a mulher manifestam, perante Art. 1.518. Até a celebração do dissolução da sociedade conjugal;

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Código Civil
III – o divorciado, enquan- atual dos contraentes e de seus lidades dos arts. 1.526 e 1.527 e
to não houver sido homologada pais, se forem conhecidos; verificada a inexistência de fato
ou decidida a partilha dos bens V – certidão de óbito do côn- obstativo, o oficial do registro ex-
do casal; juge falecido, de sentença decla- trairá o certificado de habilitação.
IV – o tutor ou o curador e os ratória de nulidade ou de anulação
seus descendentes, ascendentes, de casamento, transitada em jul- Art. 1.532. A eficácia da habi-
irmãos, cunhados ou sobrinhos, gado, ou do registro da sentença litação será de noventa dias, a
com a pessoa tutelada ou cura- de divórcio. contar da data em que foi extraído
telada, enquanto não cessar a tu- o certificado.
tela ou curatela, e não estiverem Art. 1.526. A habilitação será fei-
saldadas as respectivas contas. ta pessoalmente perante o oficial
Parágrafo único. É permiti- do Registro Civil, com a audiência CAPÍTULO VI – DA
do aos nubentes solicitar ao juiz do Ministério Público. CELEBRAÇÃO DO
que não lhes sejam aplicadas Parágrafo único. Caso haja CASAMENTO
as causas suspensivas previstas impugnação do oficial, do Minis-
nos incisos I, III e IV deste artigo, tério Público ou de terceiro, a ha- Art. 1.533. Celebrar-se-á o ca-
provando-se a inexistência de bilitação será submetida ao juiz. samento, no dia, hora e lugar pre-
prejuízo, respectivamente, para o viamente designados pela autori-
herdeiro, para o ex-cônjuge e para Art. 1.527. Estando em ordem a dade que houver de presidir o ato,
a pessoa tutelada ou curatelada; documentação, o oficial extrairá mediante petição dos contraen-
no caso do inciso II, a nubente de- o edital, que se afixará durante tes, que se mostrem habilitados
verá provar nascimento de filho, quinze dias nas circunscrições com a certidão do art. 1.531.
ou inexistência de gravidez, na do Registro Civil de ambos os
fluência do prazo. nubentes, e, obrigatoriamente, Art. 1.534. A solenidade reali-
se publicará na imprensa local, zar-se-á na sede do cartório, com
Art. 1.524. As causas suspensi- se houver. toda publicidade, a portas aber-
vas da celebração do casamento Parágrafo único. A autori- tas, presentes pelo menos duas
podem ser arguidas pelos pa- dade competente, havendo ur- testemunhas, parentes ou não
rentes em linha reta de um dos gência, poderá dispensar a pu- dos contraentes, ou, querendo
nubentes, sejam consanguíneos blicação. as partes e consentindo a auto-
ou afins, e pelos colaterais em ridade celebrante, noutro edifício
segundo grau, sejam também Art. 1.528. É dever do oficial do público ou particular.
consanguíneos ou afins. registro esclarecer os nubentes § 1o Quando o casamento for
a respeito dos fatos que podem em edifício particular, ficará este
ocasionar a invalidade do casa- de portas abertas durante o ato.
CAPÍTULO V – DO mento, bem como sobre os di- § 2o Serão quatro as teste-
PROCESSO DE versos regimes de bens. munhas na hipótese do parágrafo
HABILITAÇÃO PARA O anterior e se algum dos contra-
CASAMENTO Art. 1.529. Tanto os impedimen- entes não souber ou não puder
tos quanto as causas suspensivas escrever.
Art. 1.525. O requerimento de serão opostos em declaração es-
habilitação para o casamento crita e assinada, instruída com as Art. 1.535. Presentes os contra-
será firmado por ambos os nuben- provas do fato alegado, ou com a entes, em pessoa ou por procu-
tes, de próprio punho, ou, a seu indicação do lugar onde possam rador especial, juntamente com
pedido, por procurador, e deve ser obtidas. as testemunhas e o oficial do
ser instruído com os seguintes registro, o presidente do ato, ou-
documentos: Art. 1.530. O oficial do regis- vida aos nubentes a afirmação de
I – certidão de nascimento ou tro dará aos nubentes ou a seus que pretendem casar por livre e
documento equivalente; representantes nota da oposi- espontânea vontade, declarará
II – autorização por escrito ção, indicando os fundamentos, efetuado o casamento, nestes
das pessoas sob cuja dependên- as provas e o nome de quem a termos:
cia legal estiverem, ou ato judicial ofereceu. “De acordo com a vontade
que a supra; Parágrafo único. Podem os que ambos acabais de afirmar
III – declaração de duas tes- nubentes requerer prazo razo- perante mim, de vos receber-
temunhas maiores, parentes ou ável para fazer prova contrária des por marido e mulher, eu,
não, que atestem conhecê-los e aos fatos alegados, e promover em nome da lei, vos declaro
afirmem não existir impedimento as ações civis e criminais contra casados.”
que os iniba de casar; o oponente de má-fé.
IV – declaração do estado ci- Art. 1.536. Do casamento, logo
vil, do domicílio e da residência Art. 1.531. Cumpridas as forma- depois de celebrado, lavrar-se-á

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Código Civil
o assento no livro de registro. No perante duas testemunhas que § 4o O assento assim lavra-
assento, assinado pelo presidente saibam ler e escrever. do retrotrairá os efeitos do ca-
do ato, pelos cônjuges, as teste- § 1o A falta ou impedimento samento, quanto ao estado dos
munhas, e o oficial do registro, da autoridade competente para cônjuges, à data da celebração.
serão exarados: presidir o casamento suprir-se-á § 5o Serão dispensadas as
I – os prenomes, sobrenomes, por qualquer dos seus substitutos formalidades deste e do artigo
datas de nascimento, profissão, legais, e a do oficial do Registro antecedente, se o enfermo con-
domicílio e residência atual dos Civil por outro ad hoc, nomeado valescer e puder ratificar o ca-
cônjuges; pelo presidente do ato. samento na presença da auto-
II – os prenomes, sobreno- § 2o O termo avulso, lavrado ridade competente e do oficial
mes, datas de nascimento ou pelo oficial ad hoc, será registrado do registro.
de morte, domicílio e residência no respectivo registro dentro em
atual dos pais; cinco dias, perante duas testemu- Art. 1.542. O casamento pode
III – o prenome e sobrenome nhas, ficando arquivado. celebrar-se mediante procura-
do cônjuge precedente e a data ção, por instrumento público, com
da dissolução do casamento an- Art. 1.540. Quando algum dos poderes especiais.
terior; contraentes estiver em iminen- § 1o A revogação do mandato
IV – a data da publicação dos te risco de vida, não obtendo a não necessita chegar ao conhe-
proclamas e da celebração do presença da autoridade à qual cimento do mandatário; mas, ce-
casamento; incumba presidir o ato, nem a de lebrado o casamento sem que o
V – a relação dos documen- seu substituto, poderá o casa- mandatário ou o outro contraente
tos apresentados ao oficial do mento ser celebrado na presença tivessem ciência da revogação,
registro; de seis testemunhas, que com os responderá o mandante por per-
VI – o prenome, sobrenome, nubentes não tenham parentesco das e danos.
profissão, domicílio e residência em linha reta, ou, na colateral, até § 2o O nubente que não es-
atual das testemunhas; segundo grau. tiver em iminente risco de vida
VII – o regime do casamen- poderá fazer-se representar no
to, com a declaração da data e Art. 1.541. Realizado o casa- casamento nuncupativo.
do cartório em cujas notas foi mento, devem as testemunhas § 3o A eficácia do mandato
lavrada a escritura antenupcial, comparecer perante a autoridade não ultrapassará noventa dias.
quando o regime não for o da judicial mais próxima, dentro em § 4o Só por instrumento pú-
comunhão parcial, ou o obriga- dez dias, pedindo que lhes tome blico se poderá revogar o man-
toriamente estabelecido. por termo a declaração de: dato.
I – que foram convocadas por
Art. 1.537. O instrumento da au- parte do enfermo;
torização para casar transcrever- II – que este parecia em pe- CAPÍTULO VII – DAS
-se-á integralmente na escritura rigo de vida, mas em seu juízo; PROVAS DO CASAMENTO
antenupcial. III – que, em sua presença,
declararam os contraentes, livre Art. 1.543. O casamento ce-
Art. 1.538. A celebração do e espontaneamente, receber-se lebrado no Brasil prova-se pela
casamento será imediatamen- por marido e mulher. certidão do registro.
te suspensa se algum dos con- § 1o Autuado o pedido e to- Parágrafo único. Justificada
traentes: madas as declarações, o juiz pro- a falta ou perda do registro civil,
I – recusar a solene afirmação cederá às diligências necessárias é admissível qualquer outra es-
da sua vontade; para verificar se os contraentes pécie de prova.
II – declarar que esta não é podiam ter-se habilitado, na for-
livre e espontânea; ma ordinária, ouvidos os interes- Art. 1.544. O casamento de bra-
III – manifestar-se arrepen- sados que o requererem, dentro sileiro, celebrado no estrangeiro,
dido. em quinze dias. perante as respectivas autorida-
Parágrafo único. O nubente § 2o Verificada a idoneidade des ou os cônsules brasileiros,
que, por algum dos fatos mencio- dos cônjuges para o casamento, deverá ser registrado em cento e
nados neste artigo, der causa à assim o decidirá a autoridade oitenta dias, a contar da volta de
suspensão do ato, não será admi- competente, com recurso volun- um ou de ambos os cônjuges ao
tido a retratar-se no mesmo dia. tário às partes. Brasil, no cartório do respectivo
§ 3o Se da decisão não se domicílio, ou, em sua falta, no 1o
Art. 1.539. No caso de molés- tiver recorrido, ou se ela passar Ofício da Capital do Estado em
tia grave de um dos nubentes, o em julgado, apesar dos recur- que passarem a residir.
presidente do ato irá celebrá-lo sos interpostos, o juiz mandará
onde se encontrar o impedido, registrá-la no livro do Registro Art. 1.545. O casamento de pes-
sendo urgente, ainda que à noite, dos Casamentos. soas que, na posse do estado de

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Código Civil
casadas, não possam manifestar dato, e não sobrevindo coabitação houverem assistido os represen-
vontade, ou tenham falecido, não entre os cônjuges; tantes legais do incapaz, ou tive-
se pode contestar em prejuízo da VI – por incompetência da rem, por qualquer modo, manifes-
prole comum, salvo mediante cer- autoridade celebrante. tado sua aprovação.
tidão do Registro Civil que prove § 1o Equipara-se à revogação
que já era casada alguma delas, a invalidade do mandato judicial- Art. 1.556. O casamento pode
quando contraiu o casamento mente decretada. ser anulado por vício da vonta-
impugnado. § 2o A pessoa com deficiên- de, se houve por parte de um dos
cia mental ou intelectual em idade nubentes, ao consentir, erro es-
Art. 1.546. Quando a prova da núbia poderá contrair matrimô- sencial quanto à pessoa do outro.
celebração legal do casamento nio, expressando sua vontade
resultar de processo judicial, o diretamente ou por meio de seu Art. 1.557. Considera-se erro
registro da sentença no livro do responsável ou curador. essencial sobre a pessoa do ou-
Registro Civil produzirá, tanto tro cônjuge:
no que toca aos cônjuges como Art. 1.551. Não se anulará, por I – o que diz respeito à sua
no que respeita aos filhos, todos motivo de idade, o casamento identidade, sua honra e boa fama,
os efeitos civis desde a data do de que resultou gravidez. sendo esse erro tal que o seu
casamento. conhecimento ulterior torne in-
Art. 1.552. A anulação do casa- suportável a vida em comum ao
Art. 1.547. Na dúvida entre as mento dos menores de dezesseis cônjuge enganado;
provas favoráveis e contrárias, anos será requerida: II – a ignorância de crime,
julgar-se-á pelo casamento, se os I – pelo próprio cônjuge me- anterior ao casamento, que, por
cônjuges, cujo casamento se im- nor; sua natureza, torne insuportável
pugna, viverem ou tiverem vivido II – por seus representantes a vida conjugal;
na posse do estado de casados. legais; III – a ignorância, anterior ao
III – por seus ascendentes. casamento, de defeito físico ir-
remediável que não caracterize
CAPÍTULO VIII – DA Art. 1.553. O menor que não deficiência ou de moléstia grave
INVALIDADE DO atingiu a idade núbil poderá, de- e transmissível, por contágio ou
CASAMENTO pois de completá-la, confirmar por herança, capaz de pôr em
seu casamento, com a autori- risco a saúde do outro cônjuge
Art. 1.548. É nulo o casamento zação de seus representantes ou de sua descendência;
contraído: legais, se necessária, ou com IV – (Revogado).
I – (Revogado); suprimento judicial.
II – por infringência de im- Art. 1.558. É anulável o casa-
pedimento. Art. 1.554. Subsiste o casamen- mento em virtude de coação,
to celebrado por aquele que, sem quando o consentimento de um
Art. 1.549. A decretação de possuir a competência exigida ou de ambos os cônjuges houver
nulidade de casamento, pelos na lei, exercer publicamente as sido captado mediante funda-
motivos previstos no artigo an- funções de juiz de casamentos e, do temor de mal considerável e
tecedente, pode ser promovida nessa qualidade, tiver registrado iminente para a vida, a saúde e a
mediante ação direta, por qual- o ato no Registro Civil. honra, sua ou de seus familiares.
quer interessado, ou pelo Minis-
tério Público. Art. 1.555. O casamento do me- Art. 1.559. Somente o cônjuge
nor em idade núbil, quando não que incidiu em erro, ou sofreu co-
Art. 1.550. É anulável o casa- autorizado por seu representante ação, pode demandar a anulação
mento: legal, só poderá ser anulado se do casamento; mas a coabitação,
I – de quem não completou a a ação for proposta em cento e havendo ciência do vício, valida
idade mínima para casar; oitenta dias, por iniciativa do in- o ato, ressalvadas as hipóteses
II – do menor em idade núbil, capaz, ao deixar de sê-lo, de seus dos incisos III e IV do art. 1.557.
quando não autorizado por seu representantes legais ou de seus
representante legal; herdeiros necessários. Art. 1.560. O prazo para ser in-
III – por vício da vontade, nos § 1o O prazo estabelecido tentada a ação de anulação do
termos dos arts. 1.556 a 1.558; neste artigo será contado do dia casamento, a contar da data da
IV – do incapaz de consentir em que cessou a incapacidade, no celebração, é de:
ou manifestar, de modo inequí- primeiro caso; a partir do casa- I – cento e oitenta dias, no
voco, o consentimento; mento, no segundo; e, no terceiro, caso do inciso IV do art. 1.550;
V – realizado pelo mandatário, da morte do incapaz. II – dois anos, se incompe-
sem que ele ou o outro contraente § 2o Não se anulará o casa- tente a autoridade celebrante;
soubesse da revogação do man- mento quando à sua celebração III – três anos, nos casos dos

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Código Civil
incisos I a IV do art. 1.557; II – na obrigação de cumprir ao exercício de sua profissão,
IV – quatro anos, se houver as promessas que lhe fez no con- ou a interesses particulares re-
coação. trato antenupcial. levantes.
§ 1o Extingue-se, em cento
e oitenta dias, o direito de anu- Art. 1.570. Se qualquer dos côn-
lar o casamento dos menores de CAPÍTULO IX – DA juges estiver em lugar remoto ou
dezesseis anos, contado o prazo EFICÁCIA DO CASAMENTO não sabido, encarcerado por mais
para o menor do dia em que per- de cento e oitenta dias, interdi-
fez essa idade; e da data do casa- Art. 1.565. Pelo casamento, ho- tado judicialmente ou privado,
mento, para seus representantes mem e mulher assumem mutua- episodicamente, de consciência,
legais ou ascendentes. mente a condição de consortes, em virtude de enfermidade ou de
§ 2o Na hipótese do inciso V companheiros e responsáveis acidente, o outro exercerá com
do art. 1.550, o prazo para anula- pelos encargos da família. exclusividade a direção da famí-
ção do casamento é de cento e § 1o Qualquer dos nubentes, lia, cabendo-lhe a administração
oitenta dias, a partir da data em querendo, poderá acrescer ao seu dos bens.
que o mandante tiver conheci- o sobrenome do outro.
mento da celebração. § 2o O planejamento fami-
liar é de livre decisão do casal, CAPÍTULO X – DA
Art. 1.561. Embora anulável ou competindo ao Estado propiciar DISSOLUÇÃO DA
mesmo nulo, se contraído de bo- recursos educacionais e financei- SOCIEDADE E DO VÍNCULO
a-fé por ambos os cônjuges, o ros para o exercício desse direito, CONJUGAL
casamento, em relação a estes vedado qualquer tipo de coerção
como aos filhos, produz todos por parte de instituições privadas Art. 1.571. A sociedade conjugal
os efeitos até o dia da sentença ou públicas. termina:
anulatória. I – pela morte de um dos côn-
§ 1o Se um dos cônjuges es- Art. 1.566. São deveres de am- juges;
tava de boa-fé ao celebrar o ca- bos os cônjuges: II – pela nulidade ou anulação
samento, os seus efeitos civis só I – fidelidade recíproca; do casamento;
a ele e aos filhos aproveitarão. II – vida em comum, no do- III – pela separação judicial;
§ 2o Se ambos os cônjuges micílio conjugal; IV – pelo divórcio.
estavam de má-fé ao celebrar o III – mútua assistência; § 1o O casamento válido só
casamento, os seus efeitos civis IV – sustento, guarda e edu- se dissolve pela morte de um
só aos filhos aproveitarão. cação dos filhos; dos cônjuges ou pelo divórcio,
V – respeito e consideração aplicando-se a presunção es-
Art. 1.562. Antes de mover a mútuos. tabelecida neste Código quanto
ação de nulidade do casamen- ao ausente.
to, a de anulação, a de separa- Art. 1.567. A direção da socie- § 2o Dissolvido o casamento
ção judicial, a de divórcio direto dade conjugal será exercida, em pelo divórcio direto ou por conver-
ou a de dissolução de união es- colaboração, pelo marido e pela são, o cônjuge poderá manter o
tável, poderá requerer a parte, mulher, sempre no interesse do nome de casado; salvo, no segun-
comprovando sua necessidade, casal e dos filhos. do caso, dispondo em contrário a
a separação de corpos, que será Parágrafo único. Havendo sentença de separação judicial.
concedida pelo juiz com a possível divergência, qualquer dos cônju-
brevidade. ges poderá recorrer ao juiz, que Art. 1.572. Qualquer dos côn-
decidirá tendo em consideração juges poderá propor a ação de
Art. 1.563. A sentença que de- aqueles interesses. separação judicial, imputando ao
cretar a nulidade do casamento outro qualquer ato que importe
retroagirá à data da sua celebra- Art. 1.568. Os cônjuges são obri- grave violação dos deveres do
ção, sem prejudicar a aquisição gados a concorrer, na proporção casamento e torne insuportável
de direitos, a título oneroso, por de seus bens e dos rendimentos a vida em comum.
terceiros de boa-fé, nem a re- do trabalho, para o sustento da § 1o A separação judicial pode
sultante de sentença transitada família e a educação dos filhos, também ser pedida se um dos
em julgado. qualquer que seja o regime pa- cônjuges provar ruptura da vida
trimonial. em comum há mais de um ano
Art. 1.564. Quando o casamento e a impossibilidade de sua re-
for anulado por culpa de um dos Art. 1.569. O domicílio do ca- constituição.
cônjuges, este incorrerá: sal será escolhido por ambos os § 2o O cônjuge pode ainda
I – na perda de todas as van- cônjuges, mas um e outro podem pedir a separação judicial quan-
tagens havidas do cônjuge ino- ausentar-se do domicílio conjugal do o outro estiver acometido de
cente; para atender a encargos públicos, doença mental grave, manifesta-

234
Código Civil
da após o casamento, que torne tação e fidelidade recíproca e ao conversão em divórcio.
impossível a continuação da vida regime de bens. § 1o A conversão em divórcio
em comum, desde que, após uma Parágrafo único. O proce- da separação judicial dos cônju-
duração de dois anos, a enfermi- dimento judicial da separação ges será decretada por sentença,
dade tenha sido reconhecida de caberá somente aos cônjuges, e, da qual não constará referência à
cura improvável. no caso de incapacidade, serão causa que a determinou.
§ 3o No caso do parágrafo 2o, representados pelo curador, pelo § 2o O divórcio poderá ser
reverterão ao cônjuge enfermo, ascendente ou pelo irmão. requerido, por um ou por ambos
que não houver pedido a separa- os cônjuges, no caso de compro-
ção judicial, os remanescentes Art. 1.577. Seja qual for a causa vada separação de fato por mais
dos bens que levou para o casa- da separação judicial e o modo de dois anos.
mento, e se o regime dos bens como esta se faça, é lícito aos
adotado o permitir, a meação cônjuges restabelecer, a todo Art. 1.581. O divórcio pode ser
dos adquiridos na constância da tempo, a sociedade conjugal, por concedido sem que haja prévia
sociedade conjugal. ato regular em juízo. partilha de bens.
Parágrafo único. A reconci-
Art. 1.573. Podem caracterizar liação em nada prejudicará o di- Art. 1.582. O pedido de divórcio
a impossibilidade da comunhão reito de terceiros, adquirido antes somente competirá aos cônjuges.
de vida a ocorrência de algum dos e durante o estado de separado, Parágrafo único. Se o cônju-
seguintes motivos: seja qual for o regime de bens. ge for incapaz para propor a ação
I – adultério; ou defender-se, poderá fazê-lo o
II – tentativa de morte; Art. 1.578. O cônjuge declarado curador, o ascendente ou o irmão.
III – sevícia ou injúria grave; culpado na ação de separação
IV – abandono voluntário do judicial perde o direito de usar o
lar conjugal, durante um ano con- sobrenome do outro, desde que CAPÍTULO XI – DA
tínuo; expressamente requerido pelo PROTEÇÃO DA PESSOA DOS
V – condenação por crime cônjuge inocente e se a alteração FILHOS
infamante; não acarretar:
VI – conduta desonrosa. I – evidente prejuízo para a Art. 1.583. A guarda será unila-
Parágrafo único. O juiz po- sua identificação; teral ou compartilhada.
derá considerar outros fatos que II – manifesta distinção entre § 1 o Compreende-se por
tornem evidente a impossibilida- o seu nome de família e o dos fi- guarda unilateral a atribuída a
de da vida em comum. lhos havidos da união dissolvida; um só dos genitores ou a alguém
III – dano grave reconhecido que o substitua (art. 1.584, § 5o)
Art. 1.574. Dar-se-á a separação na decisão judicial. e, por guarda compartilhada a
judicial por mútuo consentimento § 1o O cônjuge inocente na responsabilização conjunta e o
dos cônjuges se forem casados ação de separação judicial poderá exercício de direitos e deveres do
por mais de um ano e o manifes- renunciar, a qualquer momento, pai e da mãe que não vivam sob
tarem perante o juiz, sendo por ao direito de usar o sobrenome o mesmo teto, concernentes ao
ele devidamente homologada a do outro. poder familiar dos filhos comuns.
convenção. § 2o Nos demais casos ca- § 2o Na guarda compartilha-
Parágrafo único. O juiz pode berá a opção pela conservação da, o tempo de convívio com os
recusar a homologação e não de- do nome de casado. filhos deve ser dividido de forma
cretar a separação judicial se apu- equilibrada com a mãe e com o
rar que a convenção não preserva Art. 1.579. O divórcio não modi- pai, sempre tendo em vista as
suficientemente os interesses ficará os direitos e deveres dos condições fáticas e os interesses
dos filhos ou de um dos cônjuges. pais em relação aos filhos. dos filhos:
Parágrafo único. Novo casa- I – (Revogado);
Art. 1.575. A sentença de se- mento de qualquer dos pais, ou II – (Revogado);
paração judicial importa a se- de ambos, não poderá importar III – (Revogado).
paração de corpos e a partilha restrições aos direitos e deveres § 3o Na guarda compartilha-
de bens. previstos neste artigo. da, a cidade considerada base de
Parágrafo único. A partilha moradia dos filhos será aquela
de bens poderá ser feita median- Art. 1.580. Decorrido um ano do que melhor atender aos interes-
te proposta dos cônjuges e ho- trânsito em julgado da sentença ses dos filhos.
mologada pelo juiz ou por este que houver decretado a separa- § 4o (Vetado)
decidida. ção judicial, ou da decisão con- § 5o A guarda unilateral obri-
cessiva da medida cautelar de ga o pai ou a mãe que não a dete-
Art. 1.576. A separação judicial separação de corpos, qualquer nha a supervisionar os interesses
põe termo aos deveres de coabi- das partes poderá requerer sua dos filhos, e, para possibilitar tal

235
Código Civil
supervisão, qualquer dos geni- rá a guarda a pessoa que revele avós, a critério do juiz, observa-
tores sempre será parte legítima compatibilidade com a natureza dos os interesses da criança ou
para solicitar informações e/ou da medida, considerados, de pre- do adolescente.
prestação de contas, objetivas ferência, o grau de parentesco e
ou subjetivas, em assuntos ou as relações de afinidade e afe- Art. 1.590. As disposições rela-
situações que direta ou indire- tividade. tivas à guarda e prestação de ali-
tamente afetem a saúde física § 6o Qualquer estabeleci- mentos aos filhos menores esten-
e psicológica e a educação de mento público ou privado é obri- dem-se aos maiores incapazes.
seus filhos. gado a prestar informações a
qualquer dos genitores sobre os
Art. 1.584. A guarda, unilateral filhos destes, sob pena de mul- SUBTÍTULO II – DAS
ou compartilhada, poderá ser: ta de R$ 200,00 (duzentos reais) RELAÇÕES DE
I – requerida, por consenso, a R$ 500,00 (quinhentos reais) PARENTESCO
pelo pai e pela mãe, ou por qual- por dia pelo não atendimento da
quer deles, em ação autônoma solicitação. CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
de separação, de divórcio, de dis- GERAIS
solução de união estável ou em Art. 1.585. Em sede de medida
medida cautelar; cautelar de separação de corpos, Art. 1.591. São parentes em linha
II – decretada pelo juiz, em em sede de medida cautelar de reta as pessoas que estão umas
atenção a necessidades espe- guarda ou em outra sede de fixa- para com as outras na relação
cíficas do filho, ou em razão da ção liminar de guarda, a decisão de ascendentes e descendentes.
distribuição de tempo necessá- sobre guarda de filhos, mesmo
rio ao convívio deste com o pai e que provisória, será proferida Art. 1.592. São parentes em li-
com a mãe. preferencialmente após a oitiva nha colateral ou transversal, até
§ 1o Na audiência de conci- de ambas as partes perante o juiz, o quarto grau, as pessoas pro-
liação, o juiz informará ao pai e salvo se a proteção aos interesses venientes de um só tronco, sem
à mãe o significado da guarda dos filhos exigir a concessão de descenderem uma da outra.
compartilhada, a sua importân- liminar sem a oitiva da outra par-
cia, a similitude de deveres e di- te, aplicando-se as disposições Art. 1.593. O parentesco é natu-
reitos atribuídos aos genitores e do art. 1.584. ral ou civil, conforme resulte de
as sanções pelo descumprimento consanguinidade ou outra origem.
de suas cláusulas. Art. 1.586. Havendo motivos
§ 2o Quando não houver acor- graves, poderá o juiz, em qualquer Art. 1.594. Contam-se, na linha
do entre a mãe e o pai quanto à caso, a bem dos filhos, regular de reta, os graus de parentesco pelo
guarda do filho, encontrando-se maneira diferente da estabele- número de gerações, e, na cola-
ambos os genitores aptos a exer- cida nos artigos antecedentes a teral, também pelo número delas,
cer o poder familiar, será aplicada situação deles para com os pais. subindo de um dos parentes até
a guarda compartilhada, salvo se ao ascendente comum, e descen-
um dos genitores declarar ao ma- Art. 1.587. No caso de invalida- do até encontrar o outro parente.
gistrado que não deseja a guarda de do casamento, havendo filhos
do menor. comuns, observar-se-á o disposto Art. 1.595. Cada cônjuge ou
§ 3o Para estabelecer as atri- nos arts. 1.584 e 1.586. companheiro é aliado aos pa-
buições do pai e da mãe e os pe- rentes do outro pelo vínculo da
ríodos de convivência sob guarda Art. 1.588. O pai ou a mãe que afinidade.
compartilhada, o juiz, de ofício contrair novas núpcias não perde § 1o O parentesco por afini-
ou a requerimento do Ministério o direito de ter consigo os filhos, dade limita-se aos ascendentes,
Público, poderá basear-se em que só lhe poderão ser retirados aos descendentes e aos irmãos do
orientação técnico-profissional por mandado judicial, provado cônjuge ou companheiro.
ou de equipe interdisciplinar, que que não são tratados convenien- § 2o Na linha reta, a afinida-
deverá visar à divisão equilibrada temente. de não se extingue com a disso-
do tempo com o pai e com a mãe. lução do casamento ou da união
§ 4o A alteração não autori- Art. 1.589. O pai ou a mãe, em estável.
zada ou o descumprimento imo- cuja guarda não estejam os filhos,
tivado de cláusula de guarda uni- poderá visitá-los e tê-los em sua
lateral ou compartilhada poderá companhia, segundo o que acor- CAPÍTULO II – DA FILIAÇÃO
implicar a redução de prerroga- dar com o outro cônjuge, ou for
tivas atribuídas ao seu detentor. fixado pelo juiz, bem como fisca- Art. 1.596. Os filhos, havidos ou
§ 5o Se o juiz verificar que o lizar sua manutenção e educação. não da relação de casamento, ou
filho não deve permanecer sob a Parágrafo único. O direito de por adoção, terão os mesmos di-
guarda do pai ou da mãe, deferi- visita estende-se a qualquer dos reitos e qualificações, proibidas

236
Código Civil
quaisquer designações discrimi- são materna para excluir a pa- IV – por manifestação direta
natórias relativas à filiação. ternidade. e expressa perante o juiz, ainda
que o reconhecimento não haja
Art. 1.597. Presumem-se con- Art. 1.603. A filiação prova-se sido o objeto único e principal do
cebidos na constância do casa- pela certidão do termo de nas- ato que o contém.
mento os filhos: cimento registrada no Registro Parágrafo único. O reconhe-
I – nascidos cento e oitenta Civil. cimento pode preceder o nasci-
dias, pelo menos, depois de esta- mento do filho ou ser posterior
belecida a convivência conjugal; Art. 1.604. Ninguém pode vindi- ao seu falecimento, se ele deixar
II – nascidos nos trezentos car estado contrário ao que re- descendentes.
dias subsequentes à dissolução sulta do registro de nascimento,
da sociedade conjugal, por mor- salvo provando-se erro ou falsi- Art. 1.610. O reconhecimento
te, separação judicial, nulidade e dade do registro. não pode ser revogado, nem mes-
anulação do casamento; mo quando feito em testamento.
III – havidos por fecundação Art. 1.605. Na falta, ou defeito,
artificial homóloga, mesmo que do termo de nascimento, poderá Art. 1.611. O filho havido fora do
falecido o marido; provar-se a filiação por qualquer casamento, reconhecido por um
IV – havidos, a qualquer tem- modo admissível em direito: dos cônjuges, não poderá residir
po, quando se tratar de embriões I – quando houver começo de no lar conjugal sem o consenti-
excedentários, decorrentes de prova por escrito, proveniente dos mento do outro.
concepção artificial homóloga; pais, conjunta ou separadamente;
V – havidos por insemina- II – quando existirem vee- Art. 1.612. O filho reconhecido,
ção artificial heteróloga, desde mentes presunções resultantes enquanto menor, ficará sob a
que tenha prévia autorização do de fatos já certos. guarda do genitor que o reco-
marido. nheceu, e, se ambos o reconhe-
Art. 1.606. A ação de prova de ceram e não houver acordo, sob
Art. 1.598. Salvo prova em con- filiação compete ao filho, enquan- a de quem melhor atender aos
trário, se, antes de decorrido o to viver, passando aos herdeiros, interesses do menor.
prazo previsto no inciso II do se ele morrer menor ou incapaz.
art. 1.523, a mulher contrair no- Parágrafo único. Se iniciada Art. 1.613. São ineficazes a con-
vas núpcias e lhe nascer algum a ação pelo filho, os herdeiros dição e o termo apostos ao ato de
filho, este se presume do primei- poderão continuá-la, salvo se jul- reconhecimento do filho.
ro marido, se nascido dentro dos gado extinto o processo.
trezentos dias a contar da data Art. 1.614. O filho maior não
do falecimento deste e, do se- pode ser reconhecido sem o seu
gundo, se o nascimento ocorrer CAPÍTULO III – DO consentimento, e o menor pode
após esse período e já decorrido RECONHECIMENTO DOS impugnar o reconhecimento, nos
o prazo a que se refere o inciso I FILHOS quatro anos que se seguirem à
do art. 1.597. maioridade, ou à emancipação.
Art. 1.607. O filho havido fora
Art. 1.599. A prova da impotên- do casamento pode ser reco- Art. 1.615. Qualquer pessoa, que
cia do cônjuge para gerar, à época nhecido pelos pais, conjunta ou justo interesse tenha, pode con-
da concepção, ilide a presunção separadamente. testar a ação de investigação
da paternidade. de paternidade, ou maternidade.
Art. 1.608. Quando a materni-
Art. 1.600. Não basta o adultério dade constar do termo do nasci- Art. 1.616. A sentença que julgar
da mulher, ainda que confessado, mento do filho, a mãe só poderá procedente a ação de investiga-
para ilidir a presunção legal da contestá-la, provando a falsidade ção produzirá os mesmos efeitos
paternidade. do termo, ou das declarações nele do reconhecimento; mas poderá
contidas. ordenar que o filho se crie e edu-
Art. 1.601. Cabe ao marido o di- que fora da companhia dos pais
reito de contestar a paternidade Art. 1.609. O reconhecimento ou daquele que lhe contestou
dos filhos nascidos de sua mu- dos filhos havidos fora do casa- essa qualidade.
lher, sendo tal ação imprescritível. mento é irrevogável e será feito:
Parágrafo único. Contestada I – no registro do nascimento; Art. 1.617. A filiação materna ou
a filiação, os herdeiros do impug- II – por escritura pública ou paterna pode resultar de casa-
nante têm direito de prosseguir escrito particular, a ser arquivado mento declarado nulo, ainda mes-
na ação. em cartório; mo sem as condições do putativo.
III – por testamento, ainda que
Art. 1.602. Não basta a confis- incidentalmente manifestado;

237
Código Civil
CAPÍTULO IV – DA ADOÇÃO pais, qualquer que seja a sua situ- ceito ao estabelecido neste artigo
ação conjugal, o pleno exercício aplica-se ao pai ou à mãe solteiros
Art. 1.618. A adoção de crianças do poder familiar, que consiste que casarem ou estabelecerem
e adolescentes será deferida na em, quanto aos filhos: união estável.
forma prevista pela Lei no 8.069, I – dirigir-lhes a criação e a
de 13 de julho de 1990 – Estatu- educação; Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe,
to da Criança e do Adolescente. II – exercer a guarda unilate- abusar de sua autoridade, faltan-
ral ou compartilhada nos termos do aos deveres a eles inerentes
Art. 1.619. A adoção de maiores do art. 1.584; ou arruinando os bens dos filhos,
de 18 (dezoito) anos dependerá da III – conceder-lhes ou negar- cabe ao juiz, requerendo algum
assistência efetiva do poder pú- -lhes consentimento para ca- parente, ou o Ministério Público,
blico e de sentença constitutiva, sarem; adotar a medida que lhe pareça
aplicando-se, no que couber, as IV – conceder-lhes ou negar- reclamada pela segurança do me-
regras gerais da Lei no 8.069, de -lhes consentimento para viaja- nor e seus haveres, até suspen-
13 de julho de 1990 – Estatuto da rem ao exterior; dendo o poder familiar, quando
Criança e do Adolescente. V – conceder-lhes ou negar- convenha.
-lhes consentimento para muda- Parágrafo único. Suspende-
Arts. 1.620 a 1.629. (Revogados) rem sua residência permanente -se igualmente o exercício do po-
para outro Município; der familiar ao pai ou à mãe con-
VI – nomear-lhes tutor por denados por sentença irrecorrível,
CAPÍTULO V – DO PODER testamento ou documento au- em virtude de crime cuja pena
FAMILIAR têntico, se o outro dos pais não exceda a dois anos de prisão.
lhe sobreviver, ou o sobrevivo não
Seção I – Disposições Gerais
puder exercer o poder familiar; Art. 1.638. Perderá por ato ju-
VII – representá-los judicial dicial o poder familiar o pai ou
Art. 1.630. Os filhos estão sujei- e extrajudicialmente até os 16 a mãe que:
tos ao poder familiar, enquanto (dezesseis) anos, nos atos da vida I – castigar imoderadamen-
menores. civil, e assisti-los, após essa ida- te o filho;
de, nos atos em que forem partes, II – deixar o filho em aban-
Art. 1.631. Durante o casamento suprindo-lhes o consentimento; dono;
e a união estável, compete o po- VIII – reclamá-los de quem III – praticar atos contrários
der familiar aos pais; na falta ou ilegalmente os detenha; à moral e aos bons costumes;
impedimento de um deles, o outro IX – exigir que lhes prestem IV – incidir, reiteradamente,
o exercerá com exclusividade. obediência, respeito e os serviços nas faltas previstas no artigo an-
Parágrafo único. Divergindo próprios de sua idade e condição. tecedente;
os pais quanto ao exercício do V – entregar de forma irre-
poder familiar, é assegurado a gular o filho a terceiros para fins
qualquer deles recorrer ao juiz
Seção III – Da Suspensão e de adoção.
para solução do desacordo. Extinção do Poder Familiar Parágrafo único. Perderá
também por ato judicial o poder
Art. 1.632. A separação judicial, Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar aquele que:
o divórcio e a dissolução da união familiar: I – praticar contra outrem
estável não alteram as relações I – pela morte dos pais ou igualmente titular do mesmo po-
entre pais e filhos senão quanto do filho; der familiar:
ao direito, que aos primeiros cabe, II – pela emancipação, nos a) homicídio, feminicídio ou
de terem em sua companhia os termos do art. 5o, parágrafo único; lesão corporal de natureza grave
segundos. III – pela maioridade; ou seguida de morte, quando se
IV – pela adoção; tratar de crime doloso envolvendo
Art. 1.633. O filho, não reco- V – por decisão judicial, na violência doméstica e familiar ou
nhecido pelo pai, fica sob poder forma do artigo 1.638. menosprezo ou discriminação à
familiar exclusivo da mãe; se a condição de mulher;
mãe não for conhecida ou ca- Art. 1.636. O pai ou a mãe que b) estupro ou outro crime
paz de exercê-lo, dar-se-á tutor contrai novas núpcias, ou esta- contra a dignidade sexual sujeito
ao menor. belece união estável, não perde, à pena de reclusão;
quanto aos filhos do relaciona- II – praticar contra filho, filha
mento anterior, os direitos ao ou outro descendente:
Seção II – Do Exercício do poder familiar, exercendo-os sem a) homicídio, feminicídio ou
Poder Familiar qualquer interferência do novo lesão corporal de natureza grave
cônjuge ou companheiro. ou seguida de morte, quando se
Art. 1.634. Compete a ambos os Parágrafo único. Igual pre- tratar de crime doloso envolvendo

238
Código Civil
violência doméstica e familiar ou judicial. gressivo contra o cônjuge, que
menosprezo ou discriminação à realizou o negócio jurídico, ou
condição de mulher; Art. 1.642. Qualquer que seja o seus herdeiros.
b) estupro, estupro de vul- regime de bens, tanto o marido
nerável ou outro crime contra a quanto a mulher podem livre- Art. 1.647. Ressalvado o dis-
dignidade sexual sujeito à pena mente: posto no art. 1.648, nenhum dos
de reclusão. I – praticar todos os atos de cônjuges pode, sem autorização
disposição e de administração ne- do outro, exceto no regime da
cessários ao desempenho de sua separação absoluta:
TÍTULO II – DO DIREITO profissão, com as limitações esta- I – alienar ou gravar de ônus
PATRIMONIAL belecidas no inciso I do art. 1.647; real os bens imóveis;
II – administrar os bens pró- II – pleitear, como autor ou
SUBTÍTULO I – DO REGIME prios; réu, acerca desses bens ou di-
DE BENS ENTRE OS III – desobrigar ou reivindi- reitos;
CÔNJUGES car os imóveis que tenham sido III – prestar fiança ou aval;
gravados ou alienados sem o seu IV – fazer doação, não sendo
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES consentimento ou sem suprimen- remuneratória, de bens comuns,
GERAIS to judicial; ou dos que possam integrar fu-
IV – demandar a rescisão dos tura meação.
Art. 1.639. É lícito aos nubentes, contratos de fiança e doação, ou Parágrafo único. São válidas
antes de celebrado o casamento, a invalidação do aval, realizados as doações nupciais feitas aos
estipular, quanto aos seus bens, pelo outro cônjuge com infração filhos quando casarem ou esta-
o que lhes aprouver. do disposto nos incisos III e IV do belecerem economia separada.
§ 1o O regime de bens entre art. 1.647;
os cônjuges começa a vigorar V – reivindicar os bens co- Art. 1.648. Cabe ao juiz, nos ca-
desde a data do casamento. muns, móveis ou imóveis, doa- sos do artigo antecedente, suprir
§ 2o É admissível alteração dos ou transferidos pelo outro a outorga, quando um dos cônju-
do regime de bens, mediante cônjuge ao concubino, desde que ges a denegue sem motivo justo,
autorização judicial em pedido provado que os bens não foram ou lhe seja impossível concedê-la.
motivado de ambos os cônju- adquiridos pelo esforço comum
ges, apurada a procedência das destes, se o casal estiver separa- Art. 1.649. A falta de autoriza-
razões invocadas e ressalvados do de fato por mais de cinco anos; ção, não suprida pelo juiz, quando
os direitos de terceiros. VI – praticar todos os atos necessária (art. 1.647), tornará
que não lhes forem vedados ex- anulável o ato praticado, poden-
Art. 1.640. Não havendo con- pressamente. do o outro cônjuge pleitear-lhe a
venção, ou sendo ela nula ou ine- anulação, até dois anos depois de
ficaz, vigorará, quanto aos bens Art. 1.643. Podem os cônjuges, terminada a sociedade conjugal.
entre os cônjuges, o regime da independentemente de autoriza- Parágrafo único. A aprova-
comunhão parcial. ção um do outro: ção torna válido o ato, desde que
Parágrafo único. Poderão os I – comprar, ainda a crédito, feita por instrumento público, ou
nubentes, no processo de habi- as coisas necessárias à economia particular, autenticado.
litação, optar por qualquer dos doméstica;
regimes que este código regula. II – obter, por empréstimo, as Art. 1.650. A decretação de in-
Quanto à forma, reduzir-se-á a quantias que a aquisição dessas validade dos atos praticados sem
termo a opção pela comunhão coisas possa exigir. outorga, sem consentimento, ou
parcial, fazendo-se o pacto an- sem suprimento do juiz, só pode-
tenupcial por escritura pública, Art. 1.644. As dívidas contraídas rá ser demandada pelo cônjuge
nas demais escolhas. para os fins do artigo antecedente a quem cabia concedê-la, ou por
obrigam solidariamente ambos seus herdeiros.
Art. 1.641. É obrigatório o re- os cônjuges.
gime da separação de bens no Art. 1.651. Quando um dos côn-
casamento: Art. 1.645. As ações fundadas juges não puder exercer a ad-
I – das pessoas que o con- nos incisos III, IV e V do art. 1.642 ministração dos bens que lhe
traírem com inobservância das competem ao cônjuge prejudica- incumbe, segundo o regime de
causas suspensivas da celebra- do e a seus herdeiros. bens, caberá ao outro:
ção do casamento; I – gerir os bens comuns e os
II – da pessoa maior de 70 Art. 1.646. No caso dos incisos do consorte;
(setenta) anos; III e IV do art. 1.642, o terceiro, II – alienar os bens móveis
III – de todos os que depen- prejudicado com a sentença fa- comuns;
derem, para casar, de suprimento vorável ao autor, terá direito re- III – alienar os imóveis co-

239
Código Civil
muns e os móveis ou imóveis do Art. 1.659. Excluem-se da co- Art. 1.663. A administração do
consorte, mediante autorização munhão: patrimônio comum compete a
judicial. I – os bens que cada côn- qualquer dos cônjuges.
juge possuir ao casar, e os que § 1o As dívidas contraídas no
Art. 1.652. O cônjuge, que esti- lhe sobrevierem, na constância exercício da administração obri-
ver na posse dos bens particula- do casamento, por doação ou gam os bens comuns e particula-
res do outro, será para com este sucessão, e os sub-rogados em res do cônjuge que os administra,
e seus herdeiros responsável: seu lugar; e os do outro na razão do proveito
I – como usufrutuário, se o II – os bens adquiridos com que houver auferido.
rendimento for comum; valores exclusivamente perten- § 2o A anuência de ambos
II – como procurador, se tiver centes a um dos cônjuges em os cônjuges é necessária para os
mandato expresso ou tácito para sub-rogação dos bens particu- atos, a título gratuito, que impli-
os administrar; lares; quem cessão do uso ou gozo dos
III – como depositário, se não III – as obrigações anteriores bens comuns.
for usufrutuário, nem adminis- ao casamento; § 3o Em caso de malversação
trador. IV – as obrigações provenien- dos bens, o juiz poderá atribuir a
tes de atos ilícitos, salvo reversão administração a apenas um dos
em proveito do casal; cônjuges.
CAPÍTULO II – DO PACTO V – os bens de uso pesso-
ANTENUPCIAL al, os livros e instrumentos de Art. 1.664. Os bens da comu-
profissão; nhão respondem pelas obriga-
Art. 1.653. É nulo o pacto ante- VI – os proventos do trabalho ções contraídas pelo marido ou
nupcial se não for feito por escri- pessoal de cada cônjuge; pela mulher para atender aos en-
tura pública, e ineficaz se não lhe VII – as pensões, meios-sol- cargos da família, às despesas de
seguir o casamento. dos, montepios e outras rendas administração e às decorrentes
semelhantes. de imposição legal.
Art. 1.654. A eficácia do pacto
antenupcial, realizado por menor, Art. 1.660. Entram na comu- Art. 1.665. A administração e a
fica condicionada à aprovação de nhão: disposição dos bens constitutivos
seu representante legal, salvo as I – os bens adquiridos na do patrimônio particular compe-
hipóteses de regime obrigatório constância do casamento por tem ao cônjuge proprietário, sal-
de separação de bens. título oneroso, ainda que só em vo convenção diversa em pacto
nome de um dos cônjuges; antenupcial.
Art. 1.655. É nula a convenção II – os bens adquiridos por
ou cláusula dela que contravenha fato eventual, com ou sem o con- Art. 1.666. As dívidas, contra-
disposição absoluta de lei. curso de trabalho ou despesa ídas por qualquer dos cônjuges
anterior; na administração de seus bens
Art. 1.656. No pacto antenup- III – os bens adquiridos por particulares e em benefício des-
cial, que adotar o regime de par- doação, herança ou legado, em tes, não obrigam os bens comuns.
ticipação final nos aquestos, po- favor de ambos os cônjuges;
der-se-á convencionar a livre dis- IV – as benfeitorias em bens
posição dos bens imóveis, desde particulares de cada cônjuge; CAPÍTULO IV – DO REGIME
que particulares. V – os frutos dos bens co- DE COMUNHÃO UNIVERSAL
muns, ou dos particulares de cada
Art. 1.657. As convenções ante- cônjuge, percebidos na constân- Art. 1.667. O regime de comu-
nupciais não terão efeito perante cia do casamento, ou pendentes nhão universal importa a comuni-
terceiros senão depois de regis- ao tempo de cessar a comunhão. cação de todos os bens presentes
tradas, em livro especial, pelo e futuros dos cônjuges e suas dí-
oficial do Registro de Imóveis do Art. 1.661. São incomunicáveis vidas passivas, com as exceções
domicílio dos cônjuges. os bens cuja aquisição tiver por do artigo seguinte.
título uma causa anterior ao ca-
samento. Art. 1.668. São excluídos da co-
CAPÍTULO III – DO REGIME munhão:
DE COMUNHÃO PARCIAL Art. 1.662. No regime da co- I – os bens doados ou herda-
munhão parcial, presumem-se dos com a cláusula de incomuni-
Art. 1.658. No regime de comu- adquiridos na constância do ca- cabilidade e os sub-rogados em
nhão parcial, comunicam-se os samento os bens móveis, quando seu lugar;
bens que sobrevierem ao casal, na não se provar que o foram em II – os bens gravados de fidei-
constância do casamento, com as data anterior. comisso e o direito do herdeiro fi-
exceções dos artigos seguintes. deicomissário, antes de realizada

240
Código Civil
a condição suspensiva; samento e os que em seu lugar nome constar no registro.
III – as dívidas anteriores ao se sub-rogaram; Parágrafo único. Impugnada
casamento, salvo se provierem de II – os que sobrevieram a cada a titularidade, caberá ao cônjuge
despesas com seus aprestos, ou cônjuge por sucessão ou libe- proprietário provar a aquisição
reverterem em proveito comum; ralidade; regular dos bens.
IV – as doações antenupciais III – as dívidas relativas a es-
feitas por um dos cônjuges ao ses bens. Art. 1.682. O direito à meação
outro com a cláusula de incomu- Parágrafo único. Salvo prova não é renunciável, cessível ou
nicabilidade; em contrário, presumem-se ad- penhorável na vigência do regime
V – os bens referidos nos in- quiridos durante o casamento os matrimonial.
cisos V a VII do art. 1.659. bens móveis.
Art. 1.683. Na dissolução do re-
Art. 1.669. A incomunicabilidade Art. 1.675. Ao determinar-se o gime de bens por separação judi-
dos bens enumerados no artigo montante dos aquestos, com- cial ou por divórcio, verificar-se-á
antecedente não se estende aos putar-se-á o valor das doações o montante dos aquestos à data
frutos, quando se percebam ou feitas por um dos cônjuges, sem em que cessou a convivência.
vençam durante o casamento. a necessária autorização do ou-
tro; nesse caso, o bem poderá ser Art. 1.684. Se não for possível
Art. 1.670. Aplica-se ao regime reivindicado pelo cônjuge preju- nem conveniente a divisão de
da comunhão universal o disposto dicado ou por seus herdeiros, ou todos os bens em natureza, cal-
no Capítulo antecedente, quanto declarado no monte partilhável, cular-se-á o valor de alguns ou de
à administração dos bens. por valor equivalente ao da época todos para reposição em dinheiro
da dissolução. ao cônjuge não proprietário.
Art. 1.671. Extinta a comunhão, Parágrafo único. Não se po-
e efetuada a divisão do ativo e do Art. 1.676. Incorpora-se ao mon- dendo realizar a reposição em di-
passivo, cessará a responsabili- te o valor dos bens alienados em nheiro, serão avaliados e, median-
dade de cada um dos cônjuges detrimento da meação, se não te autorização judicial, alienados
para com os credores do outro. houver preferência do cônjuge tantos bens quantos bastarem.
lesado, ou de seus herdeiros, de
os reivindicar. Art. 1.685. Na dissolução da so-
CAPÍTULO V – DO REGIME ciedade conjugal por morte, veri-
DE PARTICIPAÇÃO FINAL Art. 1.677. Pelas dívidas poste- ficar-se-á a meação do cônjuge
NOS AQUESTOS riores ao casamento, contraídas sobrevivente de conformidade
por um dos cônjuges, somente com os artigos antecedentes,
Art. 1.672. No regime de parti- este responderá, salvo prova de deferindo-se a herança aos her-
cipação final nos aquestos, cada terem revertido, parcial ou total- deiros na forma estabelecida nes-
cônjuge possui patrimônio pró- mente, em benefício do outro. te Código.
prio, consoante disposto no artigo
seguinte, e lhe cabe, à época da Art. 1.678. Se um dos cônjuges Art. 1.686. As dívidas de um dos
dissolução da sociedade conjugal, solveu uma dívida do outro com cônjuges, quando superiores à
direito à metade dos bens adqui- bens do seu patrimônio, o valor do sua meação, não obrigam ao ou-
ridos pelo casal, a título oneroso, pagamento deve ser atualizado e tro, ou a seus herdeiros.
na constância do casamento. imputado, na data da dissolução,
à meação do outro cônjuge.
Art. 1.673. Integram o patrimô- CAPÍTULO VI – DO REGIME
nio próprio os bens que cada côn- Art. 1.679. No caso de bens ad- DE SEPARAÇÃO DE BENS
juge possuía ao casar e os por ele quiridos pelo trabalho conjunto,
adquiridos, a qualquer título, na terá cada um dos cônjuges uma Art. 1.687. Estipulada a separa-
constância do casamento. quota igual no condomínio ou ção de bens, estes permanecerão
Parágrafo único. A adminis- no crédito por aquele modo es- sob a administração exclusiva
tração desses bens é exclusiva de tabelecido. de cada um dos cônjuges, que
cada cônjuge, que os poderá livre- os poderá livremente alienar ou
mente alienar, se forem móveis. Art. 1.680. As coisas móveis, em gravar de ônus real.
face de terceiros, presumem-se
Art. 1.674. Sobrevindo a dissolu- do domínio do cônjuge devedor, Art. 1.688. Ambos os cônjuges
ção da sociedade conjugal, apu- salvo se o bem for de uso pessoal são obrigados a contribuir para as
rar-se-á o montante dos aques- do outro. despesas do casal na proporção
tos, excluindo-se da soma dos dos rendimentos de seu traba-
patrimônios próprios: Art. 1.681. Os bens imóveis são lho e de seus bens, salvo esti-
I – os bens anteriores ao ca- de propriedade do cônjuge cujo pulação em contrário no pacto

241
Código Civil
antenupcial. filho maior de dezesseis anos, no suportar totalmente o encargo,
exercício de atividade profissio- serão chamados a concorrer os
nal e os bens com tais recursos de grau imediato; sendo várias
SUBTÍTULO II – DO adquiridos; as pessoas obrigadas a prestar
USUFRUTO E DA III – os bens deixados ou do- alimentos, todas devem concor-
ADMINISTRAÇÃO DOS BENS ados ao filho, sob a condição de rer na proporção dos respectivos
DE FILHOS MENORES não serem usufruídos, ou admi- recursos, e, intentada ação contra
nistrados, pelos pais; uma delas, poderão as demais ser
Art. 1.689. O pai e a mãe, en- IV – os bens que aos filhos chamadas a integrar a lide.
quanto no exercício do poder couberem na herança, quando os
familiar: pais forem excluídos da sucessão. Art. 1.699. Se, fixados os ali-
I – são usufrutuários dos bens mentos, sobrevier mudança na
dos filhos; situação financeira de quem os
II – têm a administração dos SUBTÍTULO III – DOS supre, ou na de quem os recebe,
bens dos filhos menores sob sua ALIMENTOS poderá o interessado reclamar ao
autoridade. juiz, conforme as circunstâncias,
Art. 1.694. Podem os parentes, exoneração, redução ou majora-
Art. 1.690. Compete aos pais, os cônjuges ou companheiros ção do encargo.
e na falta de um deles ao outro, pedir uns aos outros os alimen-
com exclusividade, representar tos de que necessitem para viver Art. 1.700. A obrigação de pres-
os filhos menores de dezesseis de modo compatível com a sua tar alimentos transmite-se aos
anos, bem como assisti-los até condição social, inclusive para herdeiros do devedor, na forma
completarem a maioridade ou atender às necessidades de sua do art. 1.694.
serem emancipados. educação.
Parágrafo único. Os pais de- § 1o Os alimentos devem ser Art. 1.701. A pessoa obrigada a
vem decidir em comum as ques- fixados na proporção das neces- suprir alimentos poderá pensio-
tões relativas aos filhos e a seus sidades do reclamante e dos re- nar o alimentando, ou dar-lhe hos-
bens; havendo divergência, po- cursos da pessoa obrigada. pedagem e sustento, sem prejuízo
derá qualquer deles recorrer ao § 2o Os alimentos serão ape- do dever de prestar o necessário
juiz para a solução necessária. nas os indispensáveis à subsis- à sua educação, quando menor.
tência, quando a situação de ne- Parágrafo único. Compete
Art. 1.691. Não podem os pais cessidade resultar de culpa de ao juiz, se as circunstâncias o
alienar, ou gravar de ônus real os quem os pleiteia. exigirem, fixar a forma do cum-
imóveis dos filhos, nem contrair, primento da prestação.
em nome deles, obrigações que Art. 1.695. São devidos os ali-
ultrapassem os limites da simples mentos quando quem os pretende Art. 1.702. Na separação judi-
administração, salvo por neces- não tem bens suficientes, nem cial litigiosa, sendo um dos côn-
sidade ou evidente interesse da pode prover, pelo seu trabalho, juges inocente e desprovido de
prole, mediante prévia autoriza- à própria mantença, e aquele, de recursos, prestar-lhe-á o outro
ção do juiz. quem se reclamam, pode fornecê- a pensão alimentícia que o juiz
Parágrafo único. Podem plei- -los, sem desfalque do necessário fixar, obedecidos os critérios es-
tear a declaração de nulidade dos ao seu sustento. tabelecidos no art. 1.694.
atos previstos neste artigo:
I – os filhos; Art. 1.696. O direito à prestação Art. 1.703. Para a manutenção
II – os herdeiros; de alimentos é recíproco entre dos filhos, os cônjuges separa-
III – o representante legal. pais e filhos, e extensivo a to- dos judicialmente contribuirão
dos os ascendentes, recaindo na proporção de seus recursos.
Art. 1.692. Sempre que no exer- a obrigação nos mais próximos
cício do poder familiar colidir o em grau, uns em falta de outros. Art. 1.704. Se um dos cônjuges
interesse dos pais com o do fi- separados judicialmente vier a
lho, a requerimento deste ou do Art. 1.697. Na falta dos ascen- necessitar de alimentos, será o
Ministério Público o juiz lhe dará dentes cabe a obrigação aos des- outro obrigado a prestá-los me-
curador especial. cendentes, guardada a ordem de diante pensão a ser fixada pelo
sucessão e, faltando estes, aos juiz, caso não tenha sido decla-
Art. 1.693. Excluem-se do usu- irmãos, assim germanos como rado culpado na ação de separa-
fruto e da administração dos pais: unilaterais. ção judicial.
I – os bens adquiridos pelo Parágrafo único. Se o côn-
filho havido fora do casamento, Art. 1.698. Se o parente, que juge declarado culpado vier a
antes do reconhecimento; deve alimentos em primeiro lu- necessitar de alimentos, e não
II – os valores auferidos pelo gar, não estiver em condições de tiver parentes em condições de

242
Código Civil
prestá-los, nem aptidão para o Parágrafo único. O terceiro como bem de família, ou em tí-
trabalho, o outro cônjuge será poderá igualmente instituir bem tulos da dívida pública, para sus-
obrigado a assegurá-los, fixan- de família por testamento ou doa- tento familiar, salvo se motivos
do o juiz o valor indispensável à ção, dependendo a eficácia do ato relevantes aconselharem outra
sobrevivência. da aceitação expressa de ambos solução, a critério do juiz.
os cônjuges beneficiados ou da
Art. 1.705. Para obter alimentos, entidade familiar beneficiada. Art. 1.716. A isenção de que trata
o filho havido fora do casamen- o artigo antecedente durará en-
to pode acionar o genitor, sendo Art. 1.712. O bem de família con- quanto viver um dos cônjuges, ou,
facultado ao juiz determinar, a sistirá em prédio residencial urba- na falta destes, até que os filhos
pedido de qualquer das partes, no ou rural, com suas pertenças completem a maioridade.
que a ação se processe em se- e acessórios, destinando-se em
gredo de justiça. ambos os casos a domicílio fa- Art. 1.717. O prédio e os valores
miliar, e poderá abranger valores mobiliários, constituídos como
Art. 1.706. Os alimentos provi- mobiliários, cuja renda será apli- bem da família, não podem ter
sionais serão fixados pelo juiz, cada na conservação do imóvel e destino diverso do previsto no
nos termos da lei processual. no sustento da família. art. 1.712 ou serem alienados sem
o consentimento dos interessa-
Art. 1.707. Pode o credor não Art. 1.713. Os valores mobiliá- dos e seus representantes legais,
exercer, porém lhe é vedado re- rios, destinados aos fins previs- ouvido o Ministério Público.
nunciar o direito a alimentos, sen- tos no artigo antecedente, não
do o respectivo crédito insusce- poderão exceder o valor do prédio Art. 1.718. Qualquer forma de
tível de cessão, compensação instituído em bem de família, à liquidação da entidade adminis-
ou penhora. época de sua instituição. tradora, a que se refere o § 3o do
§ 1o Deverão os valores mo- art. 1.713, não atingirá os valores
Art. 1.708. Com o casamento, a biliários ser devidamente indi- a ela confiados, ordenando o juiz
união estável ou o concubinato do vidualizados no instrumento de a sua transferência para outra
credor, cessa o dever de prestar instituição do bem de família. instituição semelhante, obede-
alimentos. § 2o Se se tratar de títulos cendo-se, no caso de falência,
Parágrafo único. Com rela- nominativos, a sua instituição ao disposto sobre pedido de res-
ção ao credor cessa, também, o como bem de família deverá tituição.
direito a alimentos, se tiver pro- constar dos respectivos livros
cedimento indigno em relação de registro. Art. 1.719. Comprovada a im-
ao devedor. § 3o O instituidor poderá de- possibilidade da manutenção do
terminar que a administração dos bem de família nas condições em
Art. 1.709. O novo casamento do valores mobiliários seja confiada a que foi instituído, poderá o juiz, a
cônjuge devedor não extingue a instituição financeira, bem como requerimento dos interessados,
obrigação constante da sentença disciplinar a forma de pagamento extingui-lo ou autorizar a sub-ro-
de divórcio. da respectiva renda aos benefi- gação dos bens que o constituem
ciários, caso em que a respon- em outros, ouvidos o instituidor
Art. 1.710. As prestações ali- sabilidade dos administradores e o Ministério Público.
mentícias, de qualquer natureza, obedecerá às regras do contrato
serão atualizadas segundo índice de depósito. Art. 1.720. Salvo disposição em
oficial regularmente estabelecido. contrário do ato de instituição, a
Art. 1.714. O bem de família, quer administração do bem de família
instituído pelos cônjuges ou por compete a ambos os cônjuges,
SUBTÍTULO IV – DO BEM terceiro, constitui-se pelo re- resolvendo o juiz em caso de di-
DE FAMÍLIA gistro de seu título no Registro vergência.
de Imóveis. Parágrafo único. Com o fale-
Art. 1.711. Podem os cônjuges, cimento de ambos os cônjuges,
ou a entidade familiar, mediante Art. 1.715. O bem de família é a administração passará ao filho
escritura pública ou testamento, isento de execução por dívidas mais velho, se for maior, e, do
destinar parte de seu patrimônio posteriores à sua instituição, sal- contrário, a seu tutor.
para instituir bem de família, des- vo as que provierem de tributos
de que não ultrapasse um terço relativos ao prédio, ou de despe- Art. 1.721. A dissolução da so-
do patrimônio líquido existente ao sas de condomínio. ciedade conjugal não extingue o
tempo da instituição, mantidas as Parágrafo único. No caso de bem de família.
regras sobre a impenhorabilidade execução pelas dívidas referidas Parágrafo único. Dissolvida a
do imóvel residencial estabeleci- neste artigo, o saldo existente sociedade conjugal pela morte de
da em lei especial. será aplicado em outro prédio, um dos cônjuges, o sobrevivente

243
Código Civil
poderá pedir a extinção do bem TÍTULO IV – DA TUTELA, DA testamentária sem indicação de
de família, se for o único bem CURATELA E DA TOMADA precedência, entende-se que a
do casal. tutela foi cometida ao primeiro, e
DE DECISÃO APOIADA que os outros lhe sucederão pela
Art. 1.722. Extingue-se, igual- CAPÍTULO I – DA TUTELA ordem de nomeação, se ocorrer
mente, o bem de família com a morte, incapacidade, escusa ou
morte de ambos os cônjuges e a Seção I – Dos Tutores qualquer outro impedimento.
maioridade dos filhos, desde que § 2o Quem institui um menor
não sujeitos a curatela. Art. 1.728. Os filhos menores herdeiro, ou legatário seu, poderá
são postos em tutela: nomear-lhe curador especial para
I – com o falecimento dos os bens deixados, ainda que o
TÍTULO III – DA UNIÃO pais, ou sendo estes julgados beneficiário se encontre sob o
ESTÁVEL ausentes; poder familiar, ou tutela.
II – em caso de os pais deca-
Art. 1.723. É reconhecida como írem do poder familiar. Art. 1.734. As crianças e os
entidade familiar a união estável adolescentes cujos pais forem
entre o homem e a mulher, con- Art. 1.729. O direito de nome- desconhecidos, falecidos ou que
figurada na convivência pública, ar tutor compete aos pais, em tiverem sido suspensos ou des-
contínua e duradoura e estabe- conjunto. tituídos do poder familiar terão
lecida com o objetivo de consti- Parágrafo único. A nomea- tutores nomeados pelo Juiz ou
tuição de família.3 ção deve constar de testamento serão incluídos em programa de
§ 1o A união estável não se ou de qualquer outro documento colocação familiar, na forma pre-
constituirá se ocorrerem os im- autêntico. vista pela Lei no 8.069, de 13 de ju-
pedimentos do art. 1.521; não se lho de 1990 – Estatuto da Criança
aplicando a incidência do inciso Art. 1.730. É nula a nomeação de e do Adolescente.
VI no caso de a pessoa casada tutor pelo pai ou pela mãe que, ao
se achar separada de fato ou ju- tempo de sua morte, não tinha o
dicialmente. poder familiar.
Seção II – Dos Incapazes de
§ 2o As causas suspensivas Exercer a Tutela
do art. 1.523 não impedirão a ca- Art. 1.731. Em falta de tutor no-
racterização da união estável. meado pelos pais incumbe a tu- Art. 1.735. Não podem ser tuto-
tela aos parentes consanguíneos res e serão exonerados da tutela,
Art. 1.724. As relações pessoais do menor, por esta ordem: caso a exerçam:
entre os companheiros obedece- I – aos ascendentes, prefe- I – aqueles que não tiverem a
rão aos deveres de lealdade, res- rindo o de grau mais próximo ao livre administração de seus bens;
peito e assistência, e de guarda, mais remoto; II – aqueles que, no momento
sustento e educação dos filhos. II – aos colaterais até o ter- de lhes ser deferida a tutela, se
ceiro grau, preferindo os mais acharem constituídos em obriga-
Art. 1.725. Na união estável, próximos aos mais remotos, e, ção para com o menor, ou tiverem
salvo contrato escrito entre os no mesmo grau, os mais velhos que fazer valer direitos contra
companheiros, aplica-se às rela- aos mais moços; em qualquer dos este, e aqueles cujos pais, filhos
ções patrimoniais, no que couber, casos, o juiz escolherá entre eles ou cônjuges tiverem demanda
o regime da comunhão parcial o mais apto a exercer a tutela em contra o menor;
de bens. benefício do menor. III – os inimigos do menor, ou
de seus pais, ou que tiverem sido
Art. 1.726. A união estável po- Art. 1.732. O juiz nomeará tutor por estes expressamente excluí-
derá converter-se em casamen- idôneo e residente no domicílio dos da tutela;
to, mediante pedido dos com- do menor: IV – os condenados por cri-
panheiros ao juiz e assento no I – na falta de tutor testamen- me de furto, roubo, estelionato,
Registro Civil. tário ou legítimo; falsidade, contra a família ou os
II – quando estes forem ex- costumes, tenham ou não cum-
Art. 1.727. As relações não even- cluídos ou escusados da tutela; prido pena;
tuais entre o homem e a mulher, III – quando removidos por V – as pessoas de mau proce-
impedidos de casar, constituem não idôneos o tutor legítimo e o dimento, ou falhas em probidade,
concubinato. testamentário. e as culpadas de abuso em tuto-
rias anteriores;
Art. 1.733. Aos irmãos órfãos VI – aqueles que exercerem
dar-se-á um só tutor. função pública incompatível com
§ 1o No caso de ser nomeado a boa administração da tutela.
3
NE: ver ADI no 4.277 e ADPF no 132. mais de um tutor por disposição

244
Código Civil
Seção III – Da Escusa dos de idade. II – receber as rendas e pen-
Tutores sões do menor, e as quantias a
Art. 1.741. Incumbe ao tutor, sob ele devidas;
Art. 1.736. Podem escusar-se a inspeção do juiz, administrar III – fazer-lhe as despesas de
da tutela: os bens do tutelado, em proveito subsistência e educação, bem
I – mulheres casadas; deste, cumprindo seus deveres como as de administração, con-
II – maiores de sessenta anos; com zelo e boa-fé. servação e melhoramentos de
III – aqueles que tiverem sob seus bens;
sua autoridade mais de três filhos; Art. 1.742. Para fiscalização dos IV – alienar os bens do menor
IV – os impossibilitados por atos do tutor, pode o juiz nomear destinados a venda;
enfermidade; um protutor. V – promover-lhe, mediante
V – aqueles que habitarem preço conveniente, o arrenda-
longe do lugar onde se haja de Art. 1.743. Se os bens e inte- mento de bens de raiz.
exercer a tutela; resses administrativos exigirem
VI – aqueles que já exercerem conhecimentos técnicos, forem Art. 1.748. Compete também ao
tutela ou curatela; complexos, ou realizados em tutor, com autorização do juiz:
VII – militares em serviço. lugares distantes do domicílio I – pagar as dívidas do menor;
do tutor, poderá este, mediante II – aceitar por ele heranças,
Art. 1.737. Quem não for parente aprovação judicial, delegar a ou- legados ou doações, ainda que
do menor não poderá ser obriga- tras pessoas físicas ou jurídicas o com encargos;
do a aceitar a tutela, se houver exercício parcial da tutela. III – transigir;
no lugar parente idôneo, consan- IV – vender-lhe os bens mó-
guíneo ou afim, em condições de Art. 1.744. A responsabilidade veis, cuja conservação não con-
exercê-la. do juiz será: vier, e os imóveis nos casos em
I – direta e pessoal, quando que for permitido;
Art. 1.738. A escusa apresentar- não tiver nomeado o tutor, ou não V – propor em juízo as ações,
-se-á nos dez dias subsequentes o houver feito oportunamente; ou nelas assistir o menor, e pro-
à designação, sob pena de enten- II – subsidiária, quando não mover todas as diligências a bem
der-se renunciado o direito de tiver exigido garantia legal do deste, assim como defendê-lo nos
alegá-la; se o motivo escusatório tutor, nem o removido, tanto que pleitos contra ele movidos.
ocorrer depois de aceita a tutela, se tornou suspeito. Parágrafo único. No caso de
os dez dias contar-se-ão do em falta de autorização, a eficácia de
que ele sobrevier. Art. 1.745. Os bens do menor ato do tutor depende da aprova-
serão entregues ao tutor me- ção ulterior do juiz.
Art. 1.739. Se o juiz não admitir diante termo especificado deles
a escusa, exercerá o nomeado a e seus valores, ainda que os pais Art. 1.749. Ainda com a autori-
tutela, enquanto o recurso in- o tenham dispensado. zação judicial, não pode o tutor,
terposto não tiver provimento, Parágrafo único. Se o pa- sob pena de nulidade:
e responderá desde logo pelas trimônio do menor for de valor I – adquirir por si, ou por in-
perdas e danos que o menor ve- considerável, poderá o juiz con- terposta pessoa, mediante con-
nha a sofrer. dicionar o exercício da tutela à trato particular, bens móveis ou
prestação de caução bastante, imóveis pertencentes ao menor;
podendo dispensá-la se o tutor II – dispor dos bens do menor
Seção IV – Do Exercício da for de reconhecida idoneidade. a título gratuito;
Tutela III – constituir-se cessionário
Art. 1.746. Se o menor possuir de crédito ou de direito, contra
Art. 1.740. Incumbe ao tutor, bens, será sustentado e educado o menor.
quanto à pessoa do menor: a expensas deles, arbitrando o
I – dirigir-lhe a educação, de- juiz para tal fim as quantias que Art. 1.750. Os imóveis perten-
fendê-lo e prestar-lhe alimen- lhe pareçam necessárias, consi- centes aos menores sob tutela
tos, conforme os seus haveres derado o rendimento da fortuna somente podem ser vendidos
e condição; do pupilo quando o pai ou a mãe quando houver manifesta vanta-
II – reclamar do juiz que pro- não as houver fixado. gem, mediante prévia avaliação
videncie, como houver por bem, judicial e aprovação do juiz.
quando o menor haja mister cor- Art. 1.747. Compete mais ao
reção; tutor: Art. 1.751. Antes de assumir a
III – adimplir os demais de- I – representar o menor, até tutela, o tutor declarará tudo o
veres que normalmente cabem os dezesseis anos, nos atos da que o menor lhe deva, sob pena
aos pais, ouvida a opinião do me- vida civil, e assisti-lo, após essa de não lhe poder cobrar, enquanto
nor, se este já contar doze anos idade, nos atos em que for parte; exerça a tutoria, salvo provando

245
Código Civil
que não conhecia o débito quando tirem em estabelecimento ban- Art. 1.759. Nos casos de morte,
a assumiu. cário oficial, na forma do artigo ausência, ou interdição do tu-
antecedente, não se poderão re- tor, as contas serão prestadas
Art. 1.752. O tutor responde pe- tirar, senão mediante ordem do por seus herdeiros ou represen-
los prejuízos que, por culpa, ou juiz, e somente: tantes.
dolo, causar ao tutelado; mas tem I – para as despesas com o
direito a ser pago pelo que real- sustento e educação do tutelado, Art. 1.760. Serão levadas a cré-
mente despender no exercício da ou a administração de seus bens; dito do tutor todas as despesas
tutela, salvo no caso do art. 1.734, II – para se comprarem bens justificadas e reconhecidamente
e a perceber remuneração pro- imóveis e títulos, obrigações ou proveitosas ao menor.
porcional à importância dos bens letras, nas condições previstas no
administrados. § 1o do artigo antecedente; Art. 1.761. As despesas com a
§ 1o Ao protutor será arbitra- III – para se empregarem em prestação das contas serão pa-
da uma gratificação módica pela conformidade com o disposto gas pelo tutelado.
fiscalização efetuada. por quem os houver doado, ou
§ 2o São solidariamente res- deixado; Art. 1.762. O alcance do tutor,
ponsáveis pelos prejuízos as pes- IV – para se entregarem aos bem como o saldo contra o tute-
soas às quais competia fiscalizar órfãos, quando emancipados, ou lado, são dívidas de valor e ven-
a atividade do tutor, e as que maiores, ou, mortos eles, aos seus cem juros desde o julgamento
concorreram para o dano. herdeiros. definitivo das contas.

Seção V – Dos Bens do Seção VI – Da Prestação de Seção VII – Da Cessação da


Tutelado Contas Tutela

Art. 1.753. Os tutores não podem Art. 1.755. Os tutores, embora Art. 1.763. Cessa a condição de
conservar em seu poder dinheiro o contrário tivessem disposto tutelado:
dos tutelados, além do necessário os pais dos tutelados, são obri- I – com a maioridade ou a
para as despesas ordinárias com gados a prestar contas da sua emancipação do menor;
o seu sustento, a sua educação administração. II – ao cair o menor sob o
e a administração de seus bens. poder familiar, no caso de reco-
§ 1o Se houver necessidade, Art. 1.756. No fim de cada ano nhecimento ou adoção.
os objetos de ouro e prata, pedras de administração, os tutores sub-
preciosas e móveis serão avalia- meterão ao juiz o balanço respec- Art. 1.764. Cessam as funções
dos por pessoa idônea e, após tivo, que, depois de aprovado, se do tutor:
autorização judicial, alienados, anexará aos autos do inventário. I – ao expirar o termo, em que
e o seu produto convertido em era obrigado a servir;
títulos, obrigações e letras de Art. 1.757. Os tutores prestarão II – ao sobrevir escusa le-
responsabilidade direta ou in- contas de dois em dois anos, e gítima;
direta da União ou dos Estados, também quando, por qualquer III – ao ser removido.
atendendo-se preferentemente motivo, deixarem o exercício da
à rentabilidade, e recolhidos ao tutela ou toda vez que o juiz achar Art. 1.765. O tutor é obrigado a
estabelecimento bancário oficial conveniente. servir por espaço de dois anos.
ou aplicado na aquisição de imó- Parágrafo único. As contas Parágrafo único. Pode o tutor
veis, conforme for determinado serão prestadas em juízo, e jul- continuar no exercício da tute-
pelo juiz. gadas depois da audiência dos la, além do prazo previsto neste
§ 2o O mesmo destino pre- interessados, recolhendo o tutor artigo, se o quiser e o juiz julgar
visto no parágrafo antecedente imediatamente a estabelecimen- conveniente ao menor.
terá o dinheiro proveniente de to bancário oficial os saldos, ou
qualquer outra procedência. adquirindo bens imóveis, ou tí- Art. 1.766. Será destituído o tu-
§ 3o Os tutores respondem tulos, obrigações ou letras, na tor, quando negligente, prevarica-
pela demora na aplicação dos forma do § 1o do art. 1.753. dor ou incurso em incapacidade.
valores acima referidos, pagan-
do os juros legais desde o dia em Art. 1.758. Finda a tutela pela
que deveriam dar esse destino, o emancipação ou maioridade, a CAPÍTULO II – DA
que não os exime da obrigação, quitação do menor não produ- CURATELA
que o juiz fará efetiva, da referida zirá efeito antes de aprovadas
Seção I – Dos Interditos
aplicação. as contas pelo juiz, subsistindo
inteira, até então, a responsabi-
Art. 1.754. Os valores que exis- lidade do tutor. Art. 1.767. Estão sujeitos a cura-

246
Código Civil
tela: Seção II – Da Curatela do tes do apoio a ser oferecido e os
I – aqueles que, por causa Nascituro e do Enfermo ou compromissos dos apoiadores,
transitória ou permanente, não Portador de Deficiência inclusive o prazo de vigência do
puderem exprimir sua vontade; Física acordo e o respeito à vontade,
II – (Revogado); aos direitos e aos interesses da
III – os ébrios habituais e os Art. 1.779. Dar-se-á curador ao pessoa que devem apoiar.
viciados em tóxico; nascituro, se o pai falecer estando § 2o O pedido de tomada de
IV – (Revogado); grávida a mulher, e não tendo o decisão apoiada será requerido
V – os pródigos. poder familiar. pela pessoa a ser apoiada, com
Parágrafo único. Se a mulher indicação expressa das pessoas
Arts. 1.768 a 1.773. (Revogados) estiver interdita, seu curador será aptas a prestarem o apoio previs-
o do nascituro. to no caput deste artigo.
Art. 1.774. Aplicam-se à curatela § 3o Antes de se pronunciar
as disposições concernentes à Art. 1.780. (Revogado) sobre o pedido de tomada de
tutela, com as modificações dos decisão apoiada, o juiz, assistido
artigos seguintes. por equipe multidisciplinar, após
Seção III – Do Exercício da oitiva do Ministério Público, ouvirá
Art. 1.775. O cônjuge ou compa- Curatela pessoalmente o requerente e as
nheiro, não separado judicialmen- pessoas que lhe prestarão apoio.
te ou de fato, é, de direito, curador Art. 1.781. As regras a respeito § 4o A decisão tomada por
do outro, quando interdito. do exercício da tutela aplicam-se pessoa apoiada terá validade e
§ 1o Na falta do cônjuge ou ao da curatela, com a restrição do efeitos sobre terceiros, sem res-
companheiro, é curador legítimo art. 1.772 e as desta Seção. trições, desde que esteja inserida
o pai ou a mãe; na falta destes, o nos limites do apoio acordado.
descendente que se demonstrar Art. 1.782. A interdição do pró- § 5o Terceiro com quem a
mais apto. digo só o privará de, sem curador, pessoa apoiada mantenha rela-
§ 2o Entre os descendentes, emprestar, transigir, dar quitação, ção negocial pode solicitar que
os mais próximos precedem aos alienar, hipotecar, demandar ou os apoiadores contra-assinem
mais remotos. ser demandado, e praticar, em o contrato ou acordo, especifi-
§ 3o Na falta das pessoas geral, os atos que não sejam de cando, por escrito, sua função
mencionadas neste artigo, com- mera administração. em relação ao apoiado.
pete ao juiz a escolha do curador. § 6o Em caso de negócio ju-
Art. 1.783. Quando o curador rídico que possa trazer risco ou
Art. 1.775-A. Na nomeação de for o cônjuge e o regime de bens prejuízo relevante, havendo diver-
curador para a pessoa com defi- do casamento for de comunhão gência de opiniões entre a pessoa
ciência, o juiz poderá estabelecer universal, não será obrigado à apoiada e um dos apoiadores,
curatela compartilhada a mais de prestação de contas, salvo de- deverá o juiz, ouvido o Ministério
uma pessoa. terminação judicial. Público, decidir sobre a questão.
§ 7o Se o apoiador agir com
Art. 1.776. (Revogado) negligência, exercer pressão in-
CAPÍTULO III – DA TOMADA devida ou não adimplir as obriga-
Art. 1.777. As pessoas referidas DE DECISÃO APOIADA ções assumidas, poderá a pes-
no inciso I do art. 1.767 receberão soa apoiada ou qualquer pessoa
todo o apoio necessário para ter Art. 1.783-A. A tomada de de- apresentar denúncia ao Ministério
preservado o direito à convivên- cisão apoiada é o processo pelo Público ou ao juiz.
cia familiar e comunitária, sendo qual a pessoa com deficiência § 8o Se procedente a denún-
evitado o seu recolhimento em elege pelo menos 2 (duas) pesso- cia, o juiz destituirá o apoiador e
estabelecimento que os afaste as idôneas, com as quais mante- nomeará, ouvida a pessoa apoiada
desse convívio. nha vínculos e que gozem de sua e se for de seu interesse, outra
confiança, para prestar-lhe apoio pessoa para prestação de apoio.
Art. 1.778. A autoridade do cura- na tomada de decisão sobre atos § 9o A pessoa apoiada pode, a
dor estende-se à pessoa e aos da vida civil, fornecendo-lhes os qualquer tempo, solicitar o térmi-
bens dos filhos do curatelado, elementos e informações neces- no de acordo firmado em proces-
observado o art. 5o. sários para que possa exercer sua so de tomada de decisão apoiada.
capacidade. § 10. O apoiador pode so-
§ 1o Para formular pedido licitar ao juiz a exclusão de sua
de tomada de decisão apoiada, participação do processo de to-
a pessoa com deficiência e os mada de decisão apoiada, sendo
apoiadores devem apresentar seu desligamento condicionado
termo em que constem os limi- à manifestação do juiz sobre a

247
Código Civil
matéria. que couber a cada um daqueles; são, poderá, depositado o preço,
§ 11. Aplicam-se à tomada III – se concorrer com outros haver para si a quota cedida a es-
de decisão apoiada, no que cou- parentes sucessíveis, terá direito tranho, se o requerer até cento e
ber, as disposições referentes à a um terço da herança; oitenta dias após a transmissão.
prestação de contas na curatela. IV – não havendo parentes Parágrafo único. Sendo vá-
sucessíveis, terá direito à tota- rios os coerdeiros a exercer a
lidade da herança. preferência, entre eles se distri-
LIVRO V – DO DIREITO DAS buirá o quinhão cedido, na pro-
SUCESSÕES porção das respectivas quotas
CAPÍTULO II – DA HERANÇA hereditárias.
TÍTULO I – DA SUCESSÃO E DE SUA ADMINISTRAÇÃO
EM GERAL Art. 1.796. No prazo de trinta
Art. 1.791. A herança defere-se dias, a contar da abertura da su-
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES como um todo unitário, ainda que cessão, instaurar-se-á inventário
GERAIS vários sejam os herdeiros. do patrimônio hereditário, peran-
Parágrafo único. Até a par- te o juízo competente no lugar da
Art. 1.784. Aberta a sucessão, tilha, o direito dos coerdeiros, sucessão, para fins de liquidação
a herança transmite-se, desde quanto à propriedade e posse da e, quando for o caso, de partilha
logo, aos herdeiros legítimos e herança, será indivisível, e regu- da herança.
testamentários. lar-se-á pelas normas relativas
ao condomínio. Art. 1.797. Até o compromisso do
Art. 1.785. A sucessão abre-se inventariante, a administração da
no lugar do último domicílio do Art. 1.792. O herdeiro não res- herança caberá, sucessivamente:
falecido. ponde por encargos superiores I – ao cônjuge ou companhei-
às forças da herança; incumbe- ro, se com o outro convivia ao
Art. 1.786. A sucessão dá-se -lhe, porém, a prova do excesso, tempo da abertura da sucessão;
por lei ou por disposição de últi- salvo se houver inventário que a II – ao herdeiro que estiver na
ma vontade. escuse, demostrando o valor dos posse e administração dos bens,
bens herdados. e, se houver mais de um nessas
Art. 1.787. Regula a sucessão e condições, ao mais velho;
a legitimação para suceder a lei Art. 1.793. O direito à sucessão III – ao testamenteiro;
vigente ao tempo da abertura aberta, bem como o quinhão de IV – a pessoa de confiança do
daquela. que disponha o coerdeiro, pode juiz, na falta ou escusa das indi-
ser objeto de cessão por escri- cadas nos incisos antecedentes,
Art. 1.788. Morrendo a pessoa tura pública. ou quando tiverem de ser afas-
sem testamento, transmite a he- § 1o Os direitos, conferidos tadas por motivo grave levado ao
rança aos herdeiros legítimos; o ao herdeiro em consequência conhecimento do juiz.
mesmo ocorrerá quanto aos bens de substituição ou de direito
que não forem compreendidos de acrescer, presumem-se não
no testamento; e subsiste a su- abrangidos pela cessão feita an- CAPÍTULO III – DA
cessão legítima se o testamento teriormente. VOCAÇÃO HEREDITÁRIA
caducar, ou for julgado nulo. § 2o É ineficaz a cessão, pelo
coerdeiro, de seu direito heredi- Art. 1.798. Legitimam-se a su-
Art. 1.789. Havendo herdeiros tário sobre qualquer bem da he- ceder as pessoas nascidas ou
necessários, o testador só pode- rança considerado singularmente. já concebidas no momento da
rá dispor da metade da herança. § 3o Ineficaz é a disposição, abertura da sucessão.
sem prévia autorização do juiz
Art. 1.790. A companheira ou da sucessão, por qualquer her- Art. 1.799. Na sucessão testa-
o companheiro participará da deiro, de bem componente do mentária podem ainda ser cha-
sucessão do outro, quanto aos acervo hereditário, pendente a mados a suceder:
bens adquiridos onerosamente indivisibilidade. I – os filhos, ainda não conce-
na vigência da união estável, nas bidos, de pessoas indicadas pelo
condições seguintes: Art. 1.794. O coerdeiro não po- testador, desde que vivas estas
I – se concorrer com filhos derá ceder a sua quota hereditária ao abrir-se a sucessão;
comuns, terá direito a uma quo- a pessoa estranha à sucessão, se II – as pessoas jurídicas;
ta equivalente à que por lei for outro coerdeiro a quiser, tanto III – as pessoas jurídicas, cuja
atribuída ao filho; por tanto. organização for determinada pelo
II – se concorrer com des- testador sob a forma de fundação.
cendentes só do autor da he- Art. 1.795. O coerdeiro, a quem
rança, tocar-lhe-á a metade do não se der conhecimento da ces- Art. 1.800. No caso do inciso I

248
Código Civil
do artigo antecedente, os bens da CAPÍTULO IV – DA Art. 1.809. Falecendo o herdeiro
herança serão confiados, após a ACEITAÇÃO E RENÚNCIA antes de declarar se aceita a he-
liquidação ou partilha, a curador rança, o poder de aceitar passa-
nomeado pelo juiz.
DA HERANÇA -lhe aos herdeiros, a menos que
§ 1o Salvo disposição testa- se trate de vocação adstrita a
mentária em contrário, a curatela Art. 1.804. Aceita a herança, tor- uma condição suspensiva, ainda
caberá à pessoa cujo filho o tes- na-se definitiva a sua transmissão não verificada.
tador esperava ter por herdeiro, ao herdeiro, desde a abertura da Parágrafo único. Os chama-
e, sucessivamente, às pessoas sucessão. dos à sucessão do herdeiro faleci-
indicadas no art. 1.775. Parágrafo único. A transmis- do antes da aceitação, desde que
§ 2o Os poderes, deveres e são tem-se por não verificada concordem em receber a segunda
responsabilidades do curador, quando o herdeiro renuncia à herança, poderão aceitar ou re-
assim nomeado, regem-se pe- herança. nunciar a primeira.
las disposições concernentes à
curatela dos incapazes, no que Art. 1.805. A aceitação da he- Art. 1.810. Na sucessão legítima,
couber. rança, quando expressa, faz-se a parte do renunciante acresce à
§ 3o Nascendo com vida o por declaração escrita; quando dos outros herdeiros da mesma
herdeiro esperado, ser-lhe-á de- tácita, há de resultar tão somente classe e, sendo ele o único desta,
ferida a sucessão, com os frutos de atos próprios da qualidade de devolve-se aos da subsequente.
e rendimentos relativos à deixa, herdeiro.
a partir da morte do testador. § 1o Não exprimem aceita- Art. 1.811. Ninguém pode su-
§ 4o Se, decorridos dois anos ção de herança os atos oficio- ceder, representando herdeiro
após a abertura da sucessão, não sos, como o funeral do finado, renunciante. Se, porém, ele for
for concebido o herdeiro espera- os meramente conservatórios, o único legítimo da sua classe,
do, os bens reservados, salvo dis- ou os de administração e guarda ou se todos os outros da mesma
posição em contrário do testador, provisória. classe renunciarem a herança,
caberão aos herdeiros legítimos. § 2o Não importa igualmente poderão os filhos vir à sucessão,
aceitação a cessão gratuita, pura por direito próprio, e por cabeça.
Art. 1.801. Não podem ser nome- e simples, da herança, aos demais
ados herdeiros nem legatários: coerdeiros. Art. 1.812. São irrevogáveis os
I – a pessoa que, a rogo, es- atos de aceitação ou de renúncia
creveu o testamento, nem o seu Art. 1.806. A renúncia da heran- da herança.
cônjuge ou companheiro, ou os ça deve constar expressamente
seus ascendentes e irmãos; de instrumento público ou termo Art. 1.813. Quando o herdeiro
II – as testemunhas do tes- judicial. prejudicar os seus credores, re-
tamento; nunciando à herança, poderão
III – o concubino do testador Art. 1.807. O interessado em que eles, com autorização do juiz,
casado, salvo se este, sem culpa o herdeiro declare se aceita, ou aceitá-la em nome do renun-
sua, estiver separado de fato do não, a herança, poderá, vinte dias ciante.
cônjuge há mais de cinco anos; após aberta a sucessão, requerer § 1o A habilitação dos cre-
IV – o tabelião, civil ou militar, ao juiz prazo razoável, não maior dores se fará no prazo de trinta
ou o comandante ou escrivão, pe- de trinta dias, para, nele, se pro- dias seguintes ao conhecimento
rante quem se fizer, assim como o nunciar o herdeiro, sob pena de do fato.
que fizer ou aprovar o testamento. se haver a herança por aceita. § 2o Pagas as dívidas do re-
nunciante, prevalece a renúncia
Art. 1.802. São nulas as disposi- Art. 1.808. Não se pode aceitar quanto ao remanescente, que
ções testamentárias em favor de ou renunciar a herança em parte, será devolvido aos demais her-
pessoas não legitimadas a suce- sob condição ou a termo. deiros.
der, ainda quando simuladas sob a § 1o O herdeiro, a quem se
forma de contrato oneroso, ou fei- testarem legados, pode aceitá-
tas mediante interposta pessoa. -los, renunciando a herança; ou, CAPÍTULO V – DOS
Parágrafo único. Presumem- aceitando-a, repudiá-los. EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO
-se pessoas interpostas os ascen- § 2o O herdeiro, chamado,
dentes, os descendentes, os ir- na mesma sucessão, a mais de Art. 1.814. São excluídos da su-
mãos e o cônjuge ou companheiro um quinhão hereditário, sob tí- cessão os herdeiros ou legatários:
do não legitimado a suceder. tulos sucessórios diversos, pode I – que houverem sido auto-
livremente deliberar quanto aos res, coautores ou partícipes de
Art. 1.803. É lícita a deixa ao quinhões que aceita e aos que homicídio doloso, ou tentativa
filho do concubino, quando tam- renuncia. deste, contra a pessoa de cuja
bém o for do testador. sucessão se tratar, seu cônju-

249
Código Civil
ge, companheiro, ascendente ou em testamento, ou em outro ato CAPÍTULO VII – DA
descendente; autêntico. PETIÇÃO DE HERANÇA
II – que houverem acusado Parágrafo único. Não haven-
caluniosamente em juízo o autor do reabilitação expressa, o indig- Art. 1.824. O herdeiro pode, em
da herança ou incorrerem em cri- no, contemplado em testamento ação de petição de herança, de-
me contra a sua honra, ou de seu do ofendido, quando o testador, mandar o reconhecimento de
cônjuge ou companheiro; ao testar, já conhecia a causa da seu direito sucessório, para ob-
III – que, por violência ou indignidade, pode suceder no li- ter a restituição da herança, ou
meios fraudulentos, inibirem ou mite da disposição testamentária. de parte dela, contra quem, na
obstarem o autor da herança de qualidade de herdeiro, ou mesmo
dispor livremente de seus bens sem título, a possua.
por ato de última vontade. CAPÍTULO VI – DA
HERANÇA JACENTE Art. 1.825. A ação de petição
Art. 1.815. A exclusão do her- de herança, ainda que exercida
deiro ou legatário, em qualquer Art. 1.819. Falecendo alguém por um só dos herdeiros, poderá
desses casos de indignidade, será sem deixar testamento nem compreender todos os bens he-
declarada por sentença. herdeiro legítimo notoriamente reditários.
§ 1o O direito de demandar a conhecido, os bens da herança,
exclusão do herdeiro ou legatário depois de arrecadados, ficarão Art. 1.826. O possuidor da he-
extingue-se em quatro anos, con- sob a guarda e administração de rança está obrigado à restituição
tados da abertura da sucessão. um curador, até a sua entrega ao dos bens do acervo, fixando-se-
§ 2o Na hipótese do inciso I sucessor devidamente habilitado -lhe a responsabilidade segundo a
do art. 1.814, o Ministério Público ou à declaração de sua vacância. sua posse, observado o disposto
tem legitimidade para demandar a nos arts. 1.214 a 1.222.
exclusão do herdeiro ou legatário. Art. 1.820. Praticadas as diligên- Parágrafo único. A partir da
cias de arrecadação e ultimado o citação, a responsabilidade do
Art. 1.816. São pessoais os efei- inventário, serão expedidos edi- possuidor se há de aferir pelas
tos da exclusão; os descendentes tais na forma da lei processual, e, regras concernentes à posse de
do herdeiro excluído sucedem, decorrido um ano de sua primeira má-fé e à mora.
como se ele morto fosse antes publicação, sem que haja herdeiro
da abertura da sucessão. habilitado, ou penda habilitação, Art. 1.827. O herdeiro pode de-
Parágrafo único. O excluído será a herança declarada vacante. mandar os bens da herança, mes-
da sucessão não terá direito ao mo em poder de terceiros, sem
usufruto ou à administração dos Art. 1.821. É assegurado aos cre- prejuízo da responsabilidade do
bens que a seus sucessores cou- dores o direito de pedir o paga- possuidor originário pelo valor
berem na herança, nem à suces- mento das dívidas reconhecidas, dos bens alienados.
são eventual desses bens. nos limites das forças da herança. Parágrafo único. São efica-
zes as alienações feitas, a título
Art. 1.817. São válidas as aliena- Art. 1.822. A declaração de va- oneroso, pelo herdeiro aparente
ções onerosas de bens hereditá- cância da herança não prejudica- a terceiro de boa-fé.
rios a terceiros de boa-fé, e os rá os herdeiros que legalmente se
atos de administração legalmente habilitarem; mas, decorridos cin- Art. 1.828. O herdeiro aparen-
praticados pelo herdeiro, antes co anos da abertura da sucessão, te, que de boa-fé houver pago
da sentença de exclusão; mas os bens arrecadados passarão um legado, não está obrigado a
aos herdeiros subsiste, quando ao domínio do Município ou do prestar o equivalente ao verdadei-
prejudicados, o direito de deman- Distrito Federal, se localizados ro sucessor, ressalvado a este o
dar-lhe perdas e danos. nas respectivas circunscrições, direito de proceder contra quem
Parágrafo único. O excluído incorporando-se ao domínio da o recebeu.
da sucessão é obrigado a res- União quando situados em ter-
tituir os frutos e rendimentos ritório federal.
que dos bens da herança houver Parágrafo único. Não se habi- TÍTULO II – DA SUCESSÃO
percebido, mas tem direito a ser litando até a declaração de vacân- LEGÍTIMA
indenizado das despesas com a cia, os colaterais ficarão excluídos
conservação deles. da sucessão. CAPÍTULO I – DA ORDEM DA
VOCAÇÃO HEREDITÁRIA
Art. 1.818. Aquele que incorreu Art. 1.823. Quando todos os cha-
em atos que determinem a ex- mados a suceder renunciarem à Art. 1.829. A sucessão legítima
clusão da herança será admi- herança, será esta desde logo defere-se na ordem seguinte:
tido a suceder, se o ofendido o declarada vacante. I – aos descendentes, em con-
tiver expressamente reabilitado corrência com o cônjuge sobrevi-

250
Código Civil
vente, salvo se casado este com o dentes, são chamados à sucessão de irmãos unilaterais, herdarão
falecido no regime da comunhão os ascendentes, em concorrên- por igual.
universal, ou no da separação cia com o cônjuge sobrevivente.
obrigatória de bens (art. 1.640, § 1o Na classe dos ascenden- Art. 1.844. Não sobrevivendo
parágrafo único); ou se, no regime tes, o grau mais próximo exclui cônjuge, ou companheiro, nem
da comunhão parcial, o autor da o mais remoto, sem distinção parente algum sucessível, ou ten-
herança não houver deixado bens de linhas. do eles renunciado a herança,
particulares; § 2o Havendo igualdade em esta se devolve ao Município ou
II – aos ascendentes, em con- grau e diversidade em linha, os ao Distrito Federal, se localizada
corrência com o cônjuge; ascendentes da linha paterna her- nas respectivas circunscrições,
III – ao cônjuge sobrevivente; dam a metade, cabendo a outra ou à União, quando situada em
IV – aos colaterais. aos da linha materna. território federal.

Art. 1.830. Somente é reconhe- Art. 1.837. Concorrendo com


cido direito sucessório ao côn- ascendente em primeiro grau, CAPÍTULO II – DOS
juge sobrevivente se, ao tempo ao cônjuge tocará um terço da HERDEIROS NECESSÁRIOS
da morte do outro, não estavam herança; caber-lhe-á a metade
separados judicialmente, nem se- desta se houver um só ascenden- Art. 1.845. São herdeiros ne-
parados de fato há mais de dois te, ou se maior for aquele grau. cessários os descendentes, os
anos, salvo prova, neste caso, de ascendentes e o cônjuge.
que essa convivência se tornara Art. 1.838. Em falta de descen-
impossível sem culpa do sobre- dentes e ascendentes, será de- Art. 1.846. Pertence aos herdei-
vivente. ferida a sucessão por inteiro ao ros necessários, de pleno direito,
cônjuge sobrevivente. a metade dos bens da herança,
Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevi- constituindo a legítima.
vente, qualquer que seja o regime Art. 1.839. Se não houver côn-
de bens, será assegurado, sem juge sobrevivente, nas condições Art. 1.847. Calcula-se a legítima
prejuízo da participação que lhe estabelecidas no art. 1.830, serão sobre o valor dos bens existentes
caiba na herança, o direito real chamados a suceder os colaterais na abertura da sucessão, abatidas
de habitação relativamente ao até o quarto grau. as dívidas e as despesas do fune-
imóvel destinado à residência da ral, adicionando-se, em seguida, o
família, desde que seja o único Art. 1.840. Na classe dos cola- valor dos bens sujeitos a colação.
daquela natureza a inventariar. terais, os mais próximos excluem
os mais remotos, salvo o direito Art. 1.848. Salvo se houver justa
Art. 1.832. Em concorrência de representação concedido aos causa, declarada no testamento,
com os descendentes (art. 1.829, filhos de irmãos. não pode o testador estabelecer
inciso I) caberá ao cônjuge qui- cláusula de inalienabilidade, im-
nhão igual ao dos que sucederem Art. 1.841. Concorrendo à heran- penhorabilidade, e de incomu-
por cabeça, não podendo a sua ça do falecido irmãos bilaterais nicabilidade, sobre os bens da
quota ser inferior à quarta parte com irmãos unilaterais, cada um legítima.
da herança, se for ascendente destes herdará metade do que § 1o Não é permitido ao tes-
dos herdeiros com que concorrer. cada um daqueles herdar. tador estabelecer a conversão
dos bens da legítima em outros
Art. 1.833. Entre os descenden- Art. 1.842. Não concorrendo à de espécie diversa.
tes, os em grau mais próximo ex- herança irmão bilateral, herdarão, § 2o Mediante autorização
cluem os mais remotos, salvo o em partes iguais, os unilaterais. judicial e havendo justa causa,
direito de representação. podem ser alienados os bens gra-
Art. 1.843. Na falta de irmãos, vados, convertendo-se o produto
Art. 1.834. Os descendentes da herdarão os filhos destes e, não em outros bens, que ficarão sub-
mesma classe têm os mesmos os havendo, os tios. -rogados nos ônus dos primeiros.
direitos à sucessão de seus as- § 1o Se concorrerem à he-
cendentes. rança somente filhos de irmãos Art. 1.849. O herdeiro necessá-
falecidos, herdarão por cabeça. rio, a quem o testador deixar a sua
Art. 1.835. Na linha descenden- § 2o Se concorrem filhos de parte disponível, ou algum legado,
te, os filhos sucedem por cabeça, irmãos bilaterais com filhos de ir- não perderá o direito à legítima.
e os outros descendentes, por mãos unilaterais, cada um destes
cabeça ou por estirpe, conforme herdará a metade do que herdar Art. 1.850. Para excluir da su-
se achem ou não no mesmo grau. cada um daqueles. cessão os herdeiros colaterais,
§ 3o Se todos forem filhos basta que o testador disponha
Art. 1.836. Na falta de descen- de irmãos bilaterais, ou todos de seu patrimônio sem os con-

251
Código Civil
templar. Art. 1.859. Extingue-se em cin- pelo tabelião.
co anos o direito de impugnar a Parágrafo único. O testamen-
validade do testamento, contado to público pode ser escrito manu-
CAPÍTULO III – DO DIREITO o prazo da data do seu registro. almente ou mecanicamente, bem
DE REPRESENTAÇÃO como ser feito pela inserção da
declaração de vontade em partes
Art. 1.851. Dá-se o direito de CAPÍTULO II – DA impressas de livro de notas, desde
representação, quando a lei cha- CAPACIDADE DE TESTAR que rubricadas todas as páginas
ma certos parentes do falecido a pelo testador, se mais de uma.
suceder em todos os direitos, em Art. 1.860. Além dos incapazes,
que ele sucederia, se vivo fosse. não podem testar os que, no ato Art. 1.865. Se o testador não
de fazê-lo, não tiverem pleno dis- souber, ou não puder assinar, o
Art. 1.852. O direito de represen- cernimento. tabelião ou seu substituto legal
tação dá-se na linha reta descen- Parágrafo único. Podem tes- assim o declarará, assinando,
dente, mas nunca na ascendente. tar os maiores de dezesseis anos. neste caso, pelo testador, e, a
seu rogo, uma das testemunhas
Art. 1.853. Na linha transversal, Art. 1.861. A incapacidade su- instrumentárias.
somente se dá o direito de repre- perveniente do testador não in-
sentação em favor dos filhos de valida o testamento, nem o tes- Art. 1.866. O indivíduo inteira-
irmãos do falecido, quando com tamento do incapaz se valida com mente surdo, sabendo ler, lerá o
irmãos deste concorrerem. a superveniência da capacidade. seu testamento, e, se não o sou-
ber, designará quem o leia em seu
Art. 1.854. Os representantes lugar, presentes as testemunhas.
só podem herdar, como tais, o CAPÍTULO III – DAS
que herdaria o representado, se FORMAS ORDINÁRIAS DO Art. 1.867. Ao cego só se per-
vivo fosse. TESTAMENTO mite o testamento público, que
lhe será lido, em voz alta, duas
Art. 1.855. O quinhão do repre- Seção I – Disposições Gerais vezes, uma pelo tabelião ou por
sentado partir-se-á por igual en- seu substituto legal, e a outra por
tre os representantes. Art. 1.862. São testamentos or- uma das testemunhas, designa-
dinários: da pelo testador, fazendo-se de
Art. 1.856. O renunciante à he- I – o público; tudo circunstanciada menção no
rança de uma pessoa poderá re- II – o cerrado; testamento.
presentá-la na sucessão de outra. III – o particular.

Art. 1.863. É proibido o testa-


Seção III – Do Testamento
TÍTULO III – DA SUCESSÃO mento conjuntivo, seja simultâ- Cerrado
TESTAMENTÁRIA neo, recíproco ou correspectivo.
Art. 1.868. O testamento es-
CAPÍTULO I – DO crito pelo testador, ou por outra
TESTAMENTO EM GERAL Seção II – Do Testamento pessoa, a seu rogo, e por aquele
Público assinado, será válido se aprovado
Art. 1.857. Toda pessoa capaz pelo tabelião ou seu substituto
pode dispor, por testamento, da Art. 1.864. São requisitos es- legal, observadas as seguintes
totalidade dos seus bens, ou de senciais do testamento público: formalidades:
parte deles, para depois de sua I – ser escrito por tabelião ou I – que o testador o entregue
morte. por seu substituto legal em seu ao tabelião em presença de duas
§ 1o A legítima dos herdei- livro de notas, de acordo com as testemunhas;
ros necessários não poderá ser declarações do testador, podendo II – que o testador declare que
incluída no testamento. este servir-se de minuta, notas aquele é o seu testamento e quer
§ 2o São válidas as disposi- ou apontamentos; que seja aprovado;
ções testamentárias de caráter II – lavrado o instrumento, ser III – que o tabelião lavre, des-
não patrimonial, ainda que o tes- lido em voz alta pelo tabelião ao de logo, o auto de aprovação, na
tador somente a elas se tenha testador e a duas testemunhas, presença de duas testemunhas,
limitado. a um só tempo; ou pelo testador, e o leia, em seguida, ao testador
se o quiser, na presença destas e testemunhas;
Art. 1.858. O testamento é ato e do oficial; IV – que o auto de aprovação
personalíssimo, podendo ser mu- III – ser o instrumento, em seja assinado pelo tabelião, pe-
dado a qualquer tempo. seguida à leitura, assinado pelo las testemunhas e pelo testador.
testador, pelas testemunhas e Parágrafo único. O testa-

252
Código Civil
mento cerrado pode ser escrito Seção IV – Do Testamento particular seu, datado e assinado,
mecanicamente, desde que seu Particular fazer disposições especiais sobre
subscritor numere e autentique, o seu enterro, sobre esmolas de
com a sua assinatura, todas as Art. 1.876. O testamento par- pouca monta a certas e deter-
páginas. ticular pode ser escrito de pró- minadas pessoas, ou, indetermi-
prio punho ou mediante processo nadamente, aos pobres de certo
Art. 1.869. O tabelião deve co- mecânico. lugar, assim como legar móveis,
meçar o auto de aprovação ime- § 1o Se escrito de próprio pu- roupas ou joias, de pouco valor,
diatamente depois da última pa- nho, são requisitos essenciais à de seu uso pessoal.
lavra do testador, declarando, sua validade seja lido e assinado
sob sua fé, que o testador lhe por quem o escreveu, na presença Art. 1.882. Os atos a que se re-
entregou para ser aprovado na de pelo menos três testemunhas, fere o artigo antecedente, salvo
presença das testemunhas; pas- que o devem subscrever. direito de terceiro, valerão como
sando a cerrar e coser o instru- § 2o Se elaborado por pro- codicilos, deixe ou não testamen-
mento aprovado. cesso mecânico, não pode con- to o autor.
Parágrafo único. Se não hou- ter rasuras ou espaços em bran-
ver espaço na última folha do co, devendo ser assinado pelo Art. 1.883. Pelo modo estabe-
testamento, para início da apro- testador, depois de o ter lido na lecido no art. 1.881, poder-se-ão
vação, o tabelião aporá nele o presença de pelo menos três tes- nomear ou substituir testamen-
seu sinal público, mencionando temunhas, que o subscreverão. teiros.
a circunstância no auto.
Art. 1.877. Morto o testador, pu- Art. 1.884. Os atos previstos nos
Art. 1.870. Se o tabelião tiver blicar-se-á em juízo o testamen- artigos antecedentes revogam-se
escrito o testamento a rogo do to, com citação dos herdeiros por atos iguais, e consideram-
testador, poderá, não obstante, legítimos. -se revogados, se, havendo tes-
aprová-lo. tamento posterior, de qualquer
Art. 1.878. Se as testemunhas natureza, este os não confirmar
Art. 1.871. O testamento pode forem contestes sobre o fato da ou modificar.
ser escrito em língua nacional ou disposição, ou, ao menos, sobre
estrangeira, pelo próprio testador, a sua leitura perante elas, e se Art. 1.885. Se estiver fechado
ou por outrem, a seu rogo. reconhecerem as próprias assina- o codicilo, abrir-se-á do mesmo
turas, assim como a do testador, modo que o testamento cerrado.
Art. 1.872. Não pode dispor de o testamento será confirmado.
seus bens em testamento cerrado Parágrafo único. Se falta-
quem não saiba ou não possa ler. rem testemunhas, por morte ou CAPÍTULO V – DOS
ausência, e se pelo menos uma TESTAMENTOS ESPECIAIS
Art. 1.873. Pode fazer testamen- delas o reconhecer, o testamen-
Seção I – Disposições Gerais
to cerrado o surdo-mudo, contan- to poderá ser confirmado, se, a
to que o escreva todo, e o assine critério do juiz, houver prova su-
de sua mão, e que, ao entregá-lo ficiente de sua veracidade. Art. 1.886. São testamentos
ao oficial público, ante as duas especiais:
testemunhas, escreva, na face Art. 1.879. Em circunstâncias I – o marítimo;
externa do papel ou do envoltório, excepcionais declaradas na cé- II – o aeronáutico;
que aquele é o seu testamento, dula, o testamento particular de III – o militar.
cuja aprovação lhe pede. próprio punho e assinado pelo
testador, sem testemunhas, po- Art. 1.887. Não se admitem ou-
Art. 1.874. Depois de aprovado derá ser confirmado, a critério tros testamentos especiais além
e cerrado, será o testamento en- do juiz. dos contemplados neste Código.
tregue ao testador, e o tabelião
lançará, no seu livro, nota do lu- Art. 1.880. O testamento parti-
gar, dia, mês e ano em que o tes- cular pode ser escrito em língua
Seção II – Do Testamento
tamento foi aprovado e entregue. estrangeira, contanto que as tes- Marítimo e do Testamento
temunhas a compreendam. Aeronáutico
Art. 1.875. Falecido o testador, o
testamento será apresentado ao Art. 1.888. Quem estiver em via-
juiz, que o abrirá e o fará registrar, CAPÍTULO IV – DOS gem, a bordo de navio nacional, de
ordenando seja cumprido, se não CODICILOS guerra ou mercante, pode testar
achar vício externo que o torne perante o comandante, em pre-
eivado de nulidade ou suspeito Art. 1.881. Toda pessoa capaz de sença de duas testemunhas, por
de falsidade. testar poderá, mediante escrito forma que corresponda ao tes-

253
Código Civil
tamento público ou ao cerrado. mento será escrito pelo respecti- nas disposições fideicomissárias,
Parágrafo único. O registro vo oficial de saúde, ou pelo diretor ter-se-á por não escrita.
do testamento será feito no di- do estabelecimento.
ário de bordo. § 3o Se o testador for o ofi- Art. 1.899. Quando a cláusula
cial mais graduado, o testamen- testamentária for suscetível de
Art. 1.889. Quem estiver em via- to será escrito por aquele que o interpretações diferentes, pre-
gem, a bordo de aeronave militar substituir. valecerá a que melhor assegu-
ou comercial, pode testar perante re a observância da vontade do
pessoa designada pelo coman- Art. 1.894. Se o testador souber testador.
dante, observado o disposto no escrever, poderá fazer o testa-
artigo antecedente. mento de seu punho, contanto Art. 1.900. É nula a disposição:
que o date e assine por extenso, I – que institua herdeiro ou le-
Art. 1.890. O testamento marí- e o apresente aberto ou cerrado, gatário sob a condição captatória
timo ou aeronáutico ficará sob na presença de duas testemu- de que este disponha, também
a guarda do comandante, que o nhas ao auditor, ou ao oficial de por testamento, em benefício do
entregará às autoridades admi- patente, que lhe faça as vezes testador, ou de terceiro;
nistrativas do primeiro porto ou neste mister. II – que se refira a pessoa
aeroporto nacional, contra reci- Parágrafo único. O auditor, incerta, cuja identidade não se
bo averbado no diário de bordo. ou o oficial a quem o testamento possa averiguar;
se apresente notará, em qualquer III – que favoreça a pessoa
Art. 1.891. Caducará o testamen- parte dele, lugar, dia, mês e ano, incerta, cometendo a determina-
to marítimo, ou aeronáutico, se o em que lhe for apresentado, nota ção de sua identidade a terceiro;
testador não morrer na viagem, esta que será assinada por ele e IV – que deixe a arbítrio do
nem nos noventa dias subsequen- pelas testemunhas. herdeiro, ou de outrem, fixar o
tes ao seu desembarque em terra, valor do legado;
onde possa fazer, na forma ordi- Art. 1.895. Caduca o testamento V – que favoreça as pessoas
nária, outro testamento. militar, desde que, depois dele, a que se referem os arts. 1.801
o testador esteja, noventa dias e 1.802.
Art. 1.892. Não valerá o testa- seguidos, em lugar onde possa
mento marítimo, ainda que feito testar na forma ordinária, sal- Art. 1.901. Valerá a disposição:
no curso de uma viagem, se, ao vo se esse testamento apresen- I – em favor de pessoa incer-
tempo em que se fez, o navio tar as solenidades prescritas no ta que deva ser determinada por
estava em porto onde o testador parágrafo único do artigo ante- terceiro, dentre duas ou mais pes-
pudesse desembarcar e testar na cedente. soas mencionadas pelo testador,
forma ordinária. ou pertencentes a uma família, ou
Art. 1.896. As pessoas designa- a um corpo coletivo, ou a um es-
das no art. 1.893, estando empe- tabelecimento por ele designado;
Seção III – Do Testamento nhadas em combate, ou feridas, II – em remuneração de ser-
Militar podem testar oralmente, confian- viços prestados ao testador, por
do a sua última vontade a duas ocasião da moléstia de que fale-
Art. 1.893. O testamento dos mi- testemunhas. ceu, ainda que fique ao arbítrio do
litares e demais pessoas a serviço Parágrafo único. Não terá herdeiro ou de outrem determinar
das Forças Armadas em campa- efeito o testamento se o testador o valor do legado.
nha, dentro do País ou fora dele, não morrer na guerra ou conva-
assim como em praça sitiada, ou lescer do ferimento. Art. 1.902. A disposição geral em
que esteja de comunicações in- favor dos pobres, dos estabeleci-
terrompidas, poderá fazer-se, não mentos particulares de caridade,
havendo tabelião ou seu substitu- CAPÍTULO VI – ou dos de assistência pública, en-
to legal, ante duas, ou três teste- DAS DISPOSIÇÕES tender-se-á relativa aos pobres
munhas, se o testador não puder, TESTAMENTÁRIAS do lugar do domicílio do testador
ou não souber assinar, caso em ao tempo de sua morte, ou dos
que assinará por ele uma delas. Art. 1.897. A nomeação de her- estabelecimentos aí sitos, salvo
§ 1o Se o testador perten- deiro, ou legatário, pode fazer-se se manifestamente constar que
cer a corpo ou seção de corpo pura e simplesmente, sob condi- tinha em mente beneficiar os de
destacado, o testamento será ção, para certo fim ou modo, ou outra localidade.
escrito pelo respectivo coman- por certo motivo. Parágrafo único. Nos casos
dante, ainda que de graduação deste artigo, as instituições par-
ou posto inferior. Art. 1.898. A designação do tem- ticulares preferirão sempre às
§ 2o Se o testador estiver em po em que deva começar ou ces- públicas.
tratamento em hospital, o testa- sar o direito do herdeiro, salvo

254
Código Civil
Art. 1.903. O erro na designação Art. 1.911. A cláusula de inaliena- título transitório.
da pessoa do herdeiro, do lega- bilidade, imposta aos bens por ato
tário, ou da coisa legada anula a de liberalidade, implica impenho- Art. 1.918. O legado de crédito,
disposição, salvo se, pelo con- rabilidade e incomunicabilidade. ou de quitação de dívida, terá efi-
texto do testamento, por outros Parágrafo único. No caso de cácia somente até a importância
documentos, ou por fatos ine- desapropriação de bens clausu- desta, ou daquele, ao tempo da
quívocos, se puder identificar a lados, ou de sua alienação, por morte do testador.
pessoa ou coisa a que o testador conveniência econômica do do- § 1o Cumpre-se o legado, en-
queria referir-se. natário ou do herdeiro, mediante tregando o herdeiro ao legatário
autorização judicial, o produto da o título respectivo.
Art. 1.904. Se o testamento venda converter-se-á em outros § 2o Este legado não com-
nomear dois ou mais herdeiros, bens, sobre os quais incidirão as preende as dívidas posteriores
sem discriminar a parte de cada restrições apostas aos primeiros. à data do testamento.
um, partilhar-se-á por igual, en-
tre todos, a porção disponível do Art. 1.919. Não o declarando ex-
testador. CAPÍTULO VII – DOS pressamente o testador, não se
LEGADOS reputará compensação da sua
Art. 1.905. Se o testador nomear dívida o legado que ele faça ao
Seção I – Disposições Gerais
certos herdeiros individualmente credor.
e outros coletivamente, a herança Parágrafo único. Subsistirá
será dividida em tantas quotas Art. 1.912. É ineficaz o legado de integralmente o legado, se a dí-
quantos forem os indivíduos e coisa certa que não pertença ao vida lhe foi posterior, e o testador
os grupos designados. testador no momento da abertura a solveu antes de morrer.
da sucessão.
Art. 1.906. Se forem determina- Art. 1.920. O legado de alimen-
das as quotas de cada herdeiro, e Art. 1.913. Se o testador ordenar tos abrange o sustento, a cura,
não absorverem toda a herança, que o herdeiro ou legatário en- o vestuário e a casa, enquanto o
o remanescente pertencerá aos tregue coisa de sua propriedade legatário viver, além da educação,
herdeiros legítimos, segundo a a outrem, não o cumprindo ele, se ele for menor.
ordem da vocação hereditária. entender-se-á que renunciou à
herança ou ao legado. Art. 1.921. O legado de usufruto,
Art. 1.907. Se forem determina- sem fixação de tempo, entende-
dos os quinhões de uns e não os Art. 1.914. Se tão somente em -se deixado ao legatário por toda
de outros herdeiros, distribuir- parte a coisa legada pertencer a sua vida.
-se-á por igual a estes últimos ao testador, ou, no caso do artigo
o que restar, depois de comple- antecedente, ao herdeiro ou ao Art. 1.922. Se aquele que legar
tas as porções hereditárias dos legatário, só quanto a essa parte um imóvel lhe ajuntar depois no-
primeiros. valerá o legado. vas aquisições, estas, ainda que
contíguas, não se compreendem
Art. 1.908. Dispondo o testador Art. 1.915. Se o legado for de coi- no legado, salvo expressa decla-
que não caiba ao herdeiro insti- sa que se determine pelo gênero, ração em contrário do testador.
tuído certo e determinado objeto, será o mesmo cumprido, ainda Parágrafo único. Não se apli-
dentre os da herança, tocará ele que tal coisa não exista entre ca o disposto neste artigo às ben-
aos herdeiros legítimos. os bens deixados pelo testador. feitorias necessárias, úteis ou vo-
luptuárias feitas no prédio legado.
Art. 1.909. São anuláveis as dis- Art. 1.916. Se o testador legar
posições testamentárias inqui- coisa sua, singularizando-a, só
nadas de erro, dolo ou coação. terá eficácia o legado se, ao tem-
Seção II – Dos Efeitos do
Parágrafo único. Extingue-se po do seu falecimento, ela se Legado e do Seu Pagamento
em quatro anos o direito de anular achava entre os bens da heran-
a disposição, contados de quando ça; se a coisa legada existir en- Art. 1.923. Desde a abertura da
o interessado tiver conhecimen- tre os bens do testador, mas em sucessão, pertence ao legatário
to do vício. quantidade inferior à do legado, a coisa certa, existente no acer-
este será eficaz apenas quanto vo, salvo se o legado estiver sob
Art. 1.910. A ineficácia de uma à existente. condição suspensiva.
disposição testamentária impor- § 1o Não se defere de ime-
ta a das outras que, sem aquela, Art. 1.917. O legado de coisa que diato a posse da coisa, nem nela
não teriam sido determinadas deva encontrar-se em determina- pode o legatário entrar por auto-
pelo testador. do lugar só terá eficácia se nele ridade própria.
for achada, salvo se removida a § 2o O legado de coisa certa

255
Código Civil
existente na herança transfere Art. 1.931. Se a opção foi dei- Seção III – Da Caducidade
também ao legatário os frutos xada ao legatário, este poderá dos Legados
que produzir, desde a morte do escolher, do gênero determinado,
testador, exceto se dependente a melhor coisa que houver na he- Art. 1.939. Caducará o legado:
de condição suspensiva, ou de rança; e, se nesta não existir coisa I – se, depois do testamen-
termo inicial. de tal gênero, dar-lhe-á de outra to, o testador modificar a coisa
congênere o herdeiro, observada legada, ao ponto de já não ter a
Art. 1.924. O direito de pedir o a disposição na última parte do forma nem lhe caber a denomi-
legado não se exercerá, enquan- art. 1.929. nação que possuía;
to se litigue sobre a validade do II – se o testador, por qual-
testamento, e, nos legados con- Art. 1.932. No legado alternativo, quer título, alienar no todo ou em
dicionais, ou a prazo, enquanto presume-se deixada ao herdeiro parte a coisa legada; nesse caso,
esteja pendente a condição ou a opção. caducará até onde ela deixou de
o prazo não se vença. pertencer ao testador;
Art. 1.933. Se o herdeiro ou le- III – se a coisa perecer ou
Art. 1.925. O legado em dinheiro gatário a quem couber a opção for evicta, vivo ou morto o tes-
só vence juros desde o dia em que falecer antes de exercê-la, passa- tador, sem culpa do herdeiro ou
se constituir em mora a pessoa rá este poder aos seus herdeiros. legatário incumbido do seu cum-
obrigada a prestá-lo. primento;
Art. 1.934. No silêncio do tes- IV – se o legatário for exclu-
Art. 1.926. Se o legado consis- tamento, o cumprimento dos le- ído da sucessão, nos termos do
tir em renda vitalícia ou pensão gados incumbe aos herdeiros e, art. 1.815;
periódica, esta ou aquela correrá não os havendo, aos legatários, V – se o legatário falecer an-
da morte do testador. na proporção do que herdaram. tes do testador.
Parágrafo único. O encargo
Art. 1.927. Se o legado for de estabelecido neste artigo, não ha- Art. 1.940. Se o legado for de
quantidades certas, em presta- vendo disposição testamentária duas ou mais coisas alternati-
ções periódicas, datará da morte em contrário, caberá ao herdei- vamente, e algumas delas pe-
do testador o primeiro período, ro ou legatário incumbido pelo recerem, subsistirá quanto às
e o legatário terá direito a cada testador da execução do legado; restantes; perecendo parte de
prestação, uma vez encetado quando indicados mais de um, os uma, valerá, quanto ao seu re-
cada um dos períodos sucessi- onerados dividirão entre si o ônus, manescente, o legado.
vos, ainda que venha a falecer na proporção do que recebam da
antes do termo dele. herança.
CAPÍTULO VIII – DO
Art. 1.928. Sendo periódicas as Art. 1.935. Se algum legado con- DIREITO DE ACRESCER
prestações, só no termo de cada sistir em coisa pertencente a her- ENTRE HERDEIROS E
período se poderão exigir. deiro ou legatário (art. 1.913), só LEGATÁRIOS
Parágrafo único. Se as pres- a ele incumbirá cumpri-lo, com
tações forem deixadas a título de regresso contra os coerdeiros, Art. 1.941. Quando vários herdei-
alimentos, pagar-se-ão no come- pela quota de cada um, salvo se o ros, pela mesma disposição tes-
ço de cada período, sempre que contrário expressamente dispôs tamentária, forem conjuntamente
outra coisa não tenha disposto o testador. chamados à herança em quinhões
o testador. não determinados, e qualquer
Art. 1.936. As despesas e os ris- deles não puder ou não quiser
Art. 1.929. Se o legado consiste cos da entrega do legado correm aceitá-la, a sua parte acrescerá
em coisa determinada pelo gêne- à conta do legatário, se não dis- à dos coerdeiros, salvo o direito
ro, ao herdeiro tocará escolhê-la, puser diversamente o testador. do substituto.
guardando o meio-termo entre
as congêneres da melhor e pior Art. 1.937. A coisa legada entre- Art. 1.942. O direito de acres-
qualidade. gar-se-á, com seus acessórios, no cer competirá aos colegatários,
lugar e estado em que se achava quando nomeados conjuntamen-
Art. 1.930. O estabelecido no ar- ao falecer o testador, passando ao te a respeito de uma só coisa,
tigo antecedente será observado, legatário com todos os encargos determinada e certa, ou quando
quando a escolha for deixada a que a onerarem. o objeto do legado não puder ser
arbítrio de terceiro; e, se este não dividido sem risco de desvalori-
a quiser ou não a puder exercer, Art. 1.938. Nos legados com zação.
ao juiz competirá fazê-la, guar- encargo, aplica-se ao legatário
dado o disposto na última parte o disposto neste Código quanto Art. 1.943. Se um dos coerdeiros
do artigo antecedente. às doações de igual natureza. ou colegatários, nas condições

256
Código Civil
do artigo antecedente, morrer CAPÍTULO IX – DAS em favor dos não concebidos ao
antes do testador; se renunciar a SUBSTITUIÇÕES tempo da morte do testador.
herança ou legado, ou destes for Parágrafo único. Se, ao tem-
excluído, e, se a condição sob a Seção I – Da Substituição po da morte do testador, já hou-
qual foi instituído não se verificar, Vulgar e da Recíproca ver nascido o fideicomissário,
acrescerá o seu quinhão, salvo adquirirá este a propriedade dos
o direito do substituto, à parte Art. 1.947. O testador pode bens fideicometidos, converten-
dos coerdeiros ou colegatários substituir outra pessoa ao herdei- do-se em usufruto o direito do
conjuntos. ro ou ao legatário nomeado, para fiduciário.
Parágrafo único. Os coer- o caso de um ou outro não querer
deiros ou colegatários, aos quais ou não poder aceitar a herança Art. 1.953. O fiduciário tem a
acresceu o quinhão daquele que ou o legado, presumindo-se que propriedade da herança ou le-
não quis ou não pôde suceder, a substituição foi determinada gado, mas restrita e resolúvel.
ficam sujeitos às obrigações ou para as duas alternativas, ainda Parágrafo único. O fiduciário
encargos que o oneravam. que o testador só a uma se refira. é obrigado a proceder ao inventá-
rio dos bens gravados, e a prestar
Art. 1.944. Quando não se efe- Art. 1.948. Também é lícito ao caução de restituí-los se o exigir
tua o direito de acrescer, trans- testador substituir muitas pes- o fideicomissário.
mite-se aos herdeiros legítimos soas por uma só, ou vice-versa,
a quota vaga do nomeado. e ainda substituir com reciproci- Art. 1.954. Salvo disposição em
Parágrafo único. Não exis- dade ou sem ela. contrário do testador, se o fidu-
tindo o direito de acrescer entre ciário renunciar a herança ou o
os colegatários, a quota do que Art. 1.949. O substituto fica legado, defere-se ao fideicomis-
faltar acresce ao herdeiro ou ao sujeito à condição ou encargo sário o poder de aceitar.
legatário incumbido de satisfazer imposto ao substituído, quando
esse legado, ou a todos os her- não for diversa a intenção ma- Art. 1.955. O fideicomissário
deiros, na proporção dos seus nifestada pelo testador, ou não pode renunciar a herança ou o
quinhões, se o legado se deduziu resultar outra coisa da natureza legado, e, neste caso, o fideico-
da herança. da condição ou do encargo. misso caduca, deixando de ser
resolúvel a propriedade do fidu-
Art. 1.945. Não pode o benefi- Art. 1.950. Se, entre muitos co- ciário, se não houver disposição
ciário do acréscimo repudiá-lo erdeiros ou legatários de partes contrária do testador.
separadamente da herança ou desiguais, for estabelecida subs-
legado que lhe caiba, salvo se o tituição recíproca, a proporção Art. 1.956. Se o fideicomissário
acréscimo comportar encargos dos quinhões fixada na primeira aceitar a herança ou o legado, terá
especiais impostos pelo testador; disposição entender-se-á man- direito à parte que, ao fiduciário,
nesse caso, uma vez repudiado, tida na segunda; se, com as ou- em qualquer tempo acrescer.
reverte o acréscimo para a pes- tras anteriormente nomeadas,
soa a favor de quem os encargos for incluída mais alguma pessoa Art. 1.957. Ao sobrevir a suces-
foram instituídos. na substituição, o quinhão vago são, o fideicomissário responde
pertencerá em partes iguais aos pelos encargos da herança que
Art. 1.946. Legado um só usu- substitutos. ainda restarem.
fruto conjuntamente a duas ou
mais pessoas, a parte da que Art. 1.958. Caduca o fideicomis-
faltar acresce aos colegatários.
Seção II – Da Substituição so se o fideicomissário morrer
Parágrafo único. Se não hou- Fideicomissária antes do fiduciário, ou antes de
ver conjunção entre os colegatá- realizar-se a condição resolutó-
rios, ou se, apesar de conjuntos, Art. 1.951. Pode o testador ins- ria do direito deste último; nesse
só lhes foi legada certa parte do tituir herdeiros ou legatários, es- caso, a propriedade consolida-
usufruto, consolidar-se-ão na tabelecendo que, por ocasião de -se no fiduciário, nos termos do
propriedade as quotas dos que sua morte, a herança ou o lega- art. 1.955.
faltarem, à medida que eles fo- do se transmita ao fiduciário,
rem faltando. resolvendo-se o direito deste, Art. 1.959. São nulos os fidei-
por sua morte, a certo tempo ou comissos além do segundo grau.
sob certa condição, em favor de
outrem, que se qualifica de fidei- Art. 1.960. A nulidade da substi-
comissário. tuição ilegal não prejudica a insti-
tuição, que valerá sem o encargo
Art. 1.952. A substituição fidei- resolutório.
comissária somente se permite

257
Código Civil
CAPÍTULO X – DA dispuser da quota hereditária Parágrafo único. Se parcial,
DESERDAÇÃO disponível. ou se o testamento posterior não
contiver cláusula revogatória ex-
Art. 1.961. Os herdeiros neces- Art. 1.967. As disposições que pressa, o anterior subsiste em
sários podem ser privados de sua excederem a parte disponível re- tudo que não for contrário ao
legítima, ou deserdados, em to- duzir-se-ão aos limites dela, de posterior.
dos os casos em que podem ser conformidade com o disposto
excluídos da sucessão. nos parágrafos seguintes. Art. 1.971. A revogação produ-
§ 1o Em se verificando exce- zirá seus efeitos, ainda quando o
Art. 1.962. Além das causas derem as disposições testamen- testamento, que a encerra, vier
mencionadas no art. 1.814, auto- tárias a porção disponível, serão a caducar por exclusão, incapa-
rizam a deserdação dos descen- proporcionalmente reduzidas as cidade ou renúncia do herdeiro
dentes por seus ascendentes: quotas do herdeiro ou herdeiros nele nomeado; não valerá, se o
I – ofensa física; instituídos, até onde baste, e, não testamento revogatório for anu-
II – injúria grave; bastando, também os legados, na lado por omissão ou infração de
III – relações ilícitas com a proporção do seu valor. solenidades essenciais ou por
madrasta ou com o padrasto; § 2o Se o testador, preve- vícios intrínsecos.
IV – desamparo do ascenden- nindo o caso, dispuser que se
te em alienação mental ou grave inteirem, de preferência, certos Art. 1.972. O testamento cerrado
enfermidade. herdeiros e legatários, a redução que o testador abrir ou dilacerar,
far-se-á nos outros quinhões ou ou for aberto ou dilacerado com
Art. 1.963. Além das causas enu- legados, observando-se a seu seu consentimento, haver-se-á
meradas no art. 1.814, autorizam respeito a ordem estabelecida como revogado.
a deserdação dos ascendentes no parágrafo antecedente.
pelos descendentes:
I – ofensa física; Art. 1.968. Quando consistir em CAPÍTULO XIII – DO
II – injúria grave; prédio divisível o legado sujeito a ROMPIMENTO DO
III – relações ilícitas com a redução, far-se-á esta dividindo-o TESTAMENTO
mulher ou companheira do filho proporcionalmente.
ou a do neto, ou com o marido ou § 1o Se não for possível a Art. 1.973. Sobrevindo descen-
companheiro da filha ou o da neta; divisão, e o excesso do legado dente sucessível ao testador, que
IV – desamparo do filho ou montar a mais de um quarto do não o tinha ou não o conhecia
neto com deficiência mental ou valor do prédio, o legatário dei- quando testou, rompe-se o tes-
grave enfermidade. xará inteiro na herança o imóvel tamento em todas as suas dis-
legado, ficando com o direito de posições, se esse descendente
Art. 1.964. Somente com ex- pedir aos herdeiros o valor que sobreviver ao testador.
pressa declaração de causa pode couber na parte disponível; se o
a deserdação ser ordenada em excesso não for de mais de um Art. 1.974. Rompe-se também
testamento. quarto, aos herdeiros fará tornar o testamento feito na ignorân-
em dinheiro o legatário, que ficará cia de existirem outros herdeiros
Art. 1.965. Ao herdeiro institu- com o prédio. necessários.
ído, ou àquele a quem aproveite § 2o Se o legatário for ao
a deserdação, incumbe provar mesmo tempo herdeiro neces- Art. 1.975. Não se rompe o tes-
a veracidade da causa alegada sário, poderá inteirar sua legítima tamento, se o testador dispuser
pelo testador. no mesmo imóvel, de preferência da sua metade, não contemplando
Parágrafo único. O direito aos outros, sempre que ela e a os herdeiros necessários de cuja
de provar a causa da deserdação parte subsistente do legado lhe existência saiba, ou quando os
extingue-se no prazo de quatro absorverem o valor. exclua dessa parte.
anos, a contar da data da aber-
tura do testamento.
CAPÍTULO XII – DA CAPÍTULO XIV – DO
REVOGAÇÃO DO TESTAMENTEIRO
CAPÍTULO XI – DA TESTAMENTO
REDUÇÃO DAS Art. 1.976. O testador pode no-
DISPOSIÇÕES Art. 1.969. O testamento pode mear um ou mais testamenteiros,
TESTAMENTÁRIAS ser revogado pelo mesmo modo conjuntos ou separados, para lhe
e forma como pode ser feito. darem cumprimento às disposi-
Art. 1.966. O remanescente per- ções de última vontade.
tencerá aos herdeiros legítimos, Art. 1.970. A revogação do tes-
quando o testador só em parte tamento pode ser total ou parcial. Art. 1.977. O testador pode con-

258
Código Civil
ceder ao testamenteiro a posse e meado pelo juiz. TÍTULO IV – DO
a administração da herança, ou de INVENTÁRIO E DA
parte dela, não havendo cônjuge Art. 1.985. O encargo da testa-
ou herdeiros necessários. mentaria não se transmite aos
PARTILHA
Parágrafo único. Qualquer herdeiros do testamenteiro, nem CAPÍTULO I – DO
herdeiro pode requerer partilha é delegável; mas o testamenteiro INVENTÁRIO
imediata, ou devolução da heran- pode fazer-se representar em
ça, habilitando o testamenteiro juízo e fora dele, mediante man-
com os meios necessários para datário com poderes especiais. Art. 1.991. Desde a assinatura do
o cumprimento dos legados, ou compromisso até a homologação
dando caução de prestá-los. Art. 1.986. Havendo simultane- da partilha, a administração da
amente mais de um testamentei- herança será exercida pelo in-
Art. 1.978. Tendo o testamentei- ro, que tenha aceitado o cargo, ventariante.
ro a posse e a administração dos poderá cada qual exercê-lo, em
bens, incumbe-lhe requerer in- falta dos outros; mas todos ficam
ventário e cumprir o testamento. solidariamente obrigados a dar CAPÍTULO II – DOS
conta dos bens que lhes forem SONEGADOS
Art. 1.979. O testamenteiro no- confiados, salvo se cada um tiver,
meado, ou qualquer parte interes- pelo testamento, funções distin- Art. 1.992. O herdeiro que sone-
sada, pode requerer, assim como tas, e a elas se limitar. gar bens da herança, não os des-
o juiz pode ordenar, de ofício, ao crevendo no inventário quando
detentor do testamento, que o Art. 1.987. Salvo disposição tes- estejam em seu poder, ou, com o
leve a registro. tamentária em contrário, o testa- seu conhecimento, no de outrem,
menteiro, que não seja herdeiro ou que os omitir na colação, a
Art. 1.980. O testamenteiro é ou legatário, terá direito a um que os deva levar, ou que deixar
obrigado a cumprir as disposições prêmio, que, se o testador não o de restituí-los, perderá o direito
testamentárias, no prazo marca- houver fixado, será de um a cin- que sobre eles lhe cabia.
do pelo testador, e a dar contas co por cento, arbitrado pelo juiz,
do que recebeu e despendeu, sobre a herança líquida, confor- Art. 1.993. Além da pena comi-
subsistindo sua responsabilida- me a importância dela e maior ou nada no artigo antecedente, se o
de enquanto durar a execução do menor dificuldade na execução sonegador for o próprio inventa-
testamento. do testamento. riante, remover-se-á, em se pro-
Parágrafo único. O prêmio vando a sonegação, ou negando
Art. 1.981. Compete ao testa- arbitrado será pago à conta da ele a existência dos bens, quando
menteiro, com ou sem o concurso parte disponível, quando houver indicados.
do inventariante e dos herdeiros herdeiro necessário.
instituídos, defender a validade Art. 1.994. A pena de sonegados
do testamento. Art. 1.988. O herdeiro ou o lega- só se pode requerer e impor em
tário nomeado testamenteiro po- ação movida pelos herdeiros ou
Art. 1.982. Além das atribuições derá preferir o prêmio à herança pelos credores da herança.
exaradas nos artigos anteceden- ou ao legado. Parágrafo único. A sentença
tes, terá o testamenteiro as que que se proferir na ação de sone-
lhe conferir o testador, nos limi- Art. 1.989. Reverterá à herança gados, movida por qualquer dos
tes da lei. o prêmio que o testamenteiro herdeiros ou credores, aproveita
perder, por ser removido ou por aos demais interessados.
Art. 1.983. Não concedendo o não ter cumprido o testamento.
testador prazo maior, cumprirá Art. 1.995. Se não se restituí-
o testamenteiro o testamento e Art. 1.990. Se o testador tiver rem os bens sonegados, por já
prestará contas em cento e oiten- distribuído toda a herança em não os ter o sonegador em seu
ta dias, contados da aceitação da legados, exercerá o testamen- poder, pagará ele a importância
testamentaria. teiro as funções de inventariante. dos valores que ocultou, mais as
Parágrafo único. Pode esse perdas e danos.
prazo ser prorrogado se houver
motivo suficiente. Art. 1.996. Só se pode arguir de
sonegação o inventariante depois
Art. 1.984. Na falta de testa- de encerrada a descrição dos
menteiro nomeado pelo testa- bens, com a declaração, por ele
dor, a execução testamentária feita, de não existirem outros por
compete a um dos cônjuges, e, inventariar e partir, assim como
em falta destes, ao herdeiro no- arguir o herdeiro, depois de de-

259
Código Civil
clarar-se no inventário que não que o débito seja imputado intei- colação as doações que o doa-
os possui. ramente no quinhão do devedor. dor determinar saiam da parte
disponível, contanto que não a
excedam, computado o seu valor
CAPÍTULO III – DO CAPÍTULO IV – DA ao tempo da doação.
PAGAMENTO DAS DÍVIDAS COLAÇÃO Parágrafo único. Presume-se
imputada na parte disponível a
Art. 1.997. A herança responde Art. 2.002. Os descendentes liberalidade feita a descendente
pelo pagamento das dívidas do que concorrerem à sucessão do que, ao tempo do ato, não seria
falecido; mas, feita a partilha, ascendente comum são obriga- chamado à sucessão na qualidade
só respondem os herdeiros, cada dos, para igualar as legítimas, a de herdeiro necessário.
qual em proporção da parte que conferir o valor das doações que
na herança lhe coube. dele em vida receberam, sob pena Art. 2.006. A dispensa da cola-
§ 1o Quando, antes da parti- de sonegação. ção pode ser outorgada pelo doa-
lha, for requerido no inventário o Parágrafo único. Para cálcu- dor em testamento, ou no próprio
pagamento de dívidas constantes lo da legítima, o valor dos bens título de liberalidade.
de documentos, revestidos de conferidos será computado na
formalidades legais, constituin- parte indisponível, sem aumentar Art. 2.007. São sujeitas à redu-
do prova bastante da obrigação, a disponível. ção as doações em que se apurar
e houver impugnação, que não se excesso quanto ao que o doador
funde na alegação de pagamento, Art. 2.003. A colação tem por poderia dispor, no momento da
acompanhada de prova valiosa, o fim igualar, na proporção estabe- liberalidade.
juiz mandará reservar, em poder lecida neste Código, as legítimas § 1o O excesso será apurado
do inventariante, bens suficientes dos descendentes e do cônjuge com base no valor que os bens
para solução do débito, sobre os sobrevivente, obrigando também doados tinham, no momento da
quais venha a recair oportuna- os donatários que, ao tempo do liberalidade.
mente a execução. falecimento do doador, já não § 2o A redução da liberalida-
§ 2o No caso previsto no pa- possuírem os bens doados. de far-se-á pela restituição ao
rágrafo antecedente, o credor Parágrafo único. Se, com- monte do excesso assim apura-
será obrigado a iniciar a ação de putados os valores das doações do; a restituição será em espécie,
cobrança no prazo de trinta dias, feitas em adiantamento de legí- ou, se não mais existir o bem em
sob pena de se tornar de nenhum tima, não houver no acervo bens poder do donatário, em dinheiro,
efeito a providência indicada. suficientes para igualar as legí- segundo o seu valor ao tempo
timas dos descendentes e do da abertura da sucessão, obser-
Art. 1.998. As despesas funerá- cônjuge, os bens assim doados vadas, no que forem aplicáveis,
rias, haja ou não herdeiros legíti- serão conferidos em espécie, ou, as regras deste Código sobre a
mos, sairão do monte da herança; quando deles já não disponha o redução das disposições testa-
mas as de sufrágios por alma do donatário, pelo seu valor ao tempo mentárias.
falecido só obrigarão a herança da liberalidade. § 3o Sujeita-se a redução,
quando ordenadas em testamen- nos termos do parágrafo ante-
to ou codicilo. Art. 2.004. O valor de colação cedente, a parte da doação feita
dos bens doados será aquele, cer- a herdeiros necessários que ex-
Art. 1.999. Sempre que houver to ou estimativo, que lhes atribuir ceder a legítima e mais a quota
ação regressiva de uns contra o ato de liberalidade. disponível.
outros herdeiros, a parte do co- § 1o Se do ato de doação não § 4o Sendo várias as doações
erdeiro insolvente dividir-se-á constar valor certo, nem houver a herdeiros necessários, feitas
em proporção entre os demais. estimação feita naquela época, os em diferentes datas, serão elas
bens serão conferidos na partilha reduzidas a partir da última, até
Art. 2.000. Os legatários e cre- pelo que então se calcular vales- a eliminação do excesso.
dores da herança podem exigir sem ao tempo da liberalidade.
que do patrimônio do falecido § 2o Só o valor dos bens do- Art. 2.008. Aquele que renun-
se discrimine o do herdeiro, e, ados entrará em colação; não as- ciou a herança ou dela foi excluí-
em concurso com os credores sim o das benfeitorias acrescidas, do, deve, não obstante, conferir as
deste, ser-lhes-ão preferidos no as quais pertencerão ao herdeiro doações recebidas, para o fim de
pagamento. donatário, correndo também à repor o que exceder o disponível.
conta deste os rendimentos ou
Art. 2.001. Se o herdeiro for de- lucros, assim como os danos e Art. 2.009. Quando os netos, re-
vedor ao espólio, sua dívida será perdas que eles sofrerem. presentando os seus pais, suce-
partilhada igualmente entre to- derem aos avós, serão obrigados
dos, salvo se a maioria consentir Art. 2.005. São dispensadas da a trazer à colação, ainda que não

260
Código Civil
o hajam herdado, o que os pais ta por ascendente, por ato entre CAPÍTULO VI – DA
teriam de conferir. vivos ou de última vontade, con- GARANTIA DOS QUINHÕES
tanto que não prejudique a legí-
Art. 2.010. Não virão à colação tima dos herdeiros necessários.
HEREDITÁRIOS
os gastos ordinários do ascen-
dente com o descendente, en- Art. 2.019. Os bens insuscetí- Art. 2.023. Julgada a partilha,
quanto menor, na sua educação, veis de divisão cômoda, que não fica o direito de cada um dos
estudos, sustento, vestuário, tra- couberem na meação do cônjuge herdeiros circunscrito aos bens
tamento nas enfermidades, en- sobrevivente ou no quinhão de do seu quinhão.
xoval, assim como as despesas um só herdeiro, serão vendidos
de casamento, ou as feitas no judicialmente, partilhando-se o Art. 2.024. Os coerdeiros são
interesse de sua defesa em pro- valor apurado, a não ser que haja reciprocamente obrigados a in-
cesso-crime. acordo para serem adjudicados denizar-se no caso de evicção
a todos. dos bens aquinhoados.
Art. 2.011. As doações remu- § 1o Não se fará a venda ju-
neratórias de serviços feitos ao dicial se o cônjuge sobrevivente Art. 2.025. Cessa a obrigação
ascendente também não estão ou um ou mais herdeiros reque- mútua estabelecida no artigo an-
sujeitas a colação. rerem lhes seja adjudicado o bem, tecedente, havendo convenção
repondo aos outros, em dinhei- em contrário, e bem assim dando-
Art. 2.012. Sendo feita a doação ro, a diferença, após avaliação -se a evicção por culpa do evicto,
por ambos os cônjuges, no inven- atualizada. ou por fato posterior à partilha.
tário de cada um se conferirá por § 2o Se a adjudicação for re-
metade. querida por mais de um herdei- Art. 2.026. O evicto será indeni-
ro, observar-se-á o processo da zado pelos coerdeiros na propor-
licitação. ção de suas quotas hereditárias,
CAPÍTULO V – DA mas, se algum deles se achar
PARTILHA Art. 2.020. Os herdeiros em pos- insolvente, responderão os de-
se dos bens da herança, o cônjuge mais na mesma proporção, pela
Art. 2.013. O herdeiro pode sem- sobrevivente e o inventariante são parte desse, menos a quota que
pre requerer a partilha, ainda que obrigados a trazer ao acervo os corresponderia ao indenizado.
o testador o proíba, cabendo igual frutos que perceberam, desde a
faculdade aos seus cessionários abertura da sucessão; têm direito
e credores. ao reembolso das despesas ne- CAPÍTULO VII – DA
cessárias e úteis que fizeram, e ANULAÇÃO DA PARTILHA
Art. 2.014. Pode o testador indi- respondem pelo dano a que, por
car os bens e valores que devem dolo ou culpa, deram causa. Art. 2.027. A partilha é anulá-
compor os quinhões hereditários, vel pelos vícios e defeitos que
deliberando ele próprio a partilha, Art. 2.021. Quando parte da he- invalidam, em geral, os negócios
que prevalecerá, salvo se o valor rança consistir em bens remotos jurídicos.
dos bens não corresponder às do lugar do inventário, litigiosos, Parágrafo único. Extingue-se
quotas estabelecidas. ou de liquidação morosa ou difí- em um ano o direito de anular a
cil, poderá proceder-se, no prazo partilha.
Art. 2.015. Se os herdeiros fo- legal, à partilha dos outros, reser-
rem capazes, poderão fazer parti- vando-se aqueles para uma ou
lha amigável, por escritura públi- mais sobrepartilhas, sob a guarda LIVRO COMPLEMENTAR –
ca, termo nos autos do inventário, e a administração do mesmo ou DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E
ou escrito particular, homologado diverso inventariante, e consen- TRANSITÓRIAS
pelo juiz. timento da maioria dos herdeiros.
Art. 2.028. Serão os da lei an-
Art. 2.016. Será sempre judicial Art. 2.022. Ficam sujeitos a so- terior os prazos, quando redu-
a partilha, se os herdeiros divergi- brepartilha os bens sonegados e zidos por este Código, e se, na
rem, assim como se algum deles quaisquer outros bens da heran- data de sua entrada em vigor,
for incapaz. ça de que se tiver ciência após já houver transcorrido mais da
a partilha. metade do tempo estabelecido
Art. 2.017. No partilhar os bens, na lei revogada.
observar-se-á, quanto ao seu va-
lor, natureza e qualidade, a maior Art. 2.029. Até dois anos após
igualdade possível. a entrada em vigor deste Código,
os prazos estabelecidos no pará-
Art. 2.018. É válida a partilha fei- grafo único do art. 1.238 e no pa-

261
Código Civil
rágrafo único do art. 1.242 serão blica, tais como os estabelecidos Art. 2.042. Aplica-se o dispos-
acrescidos de dois anos, qualquer por este Código para assegurar to no caput do art. 1.848, quando
que seja o tempo transcorrido na a função social da propriedade aberta a sucessão no prazo de um
vigência do anterior, Lei no 3.071, e dos contratos. ano após a entrada em vigor deste
de 1o de janeiro de 1916. Código, ainda que o testamento
Art. 2.036. A locação de pré- tenha sido feito na vigência do an-
Art. 2.030. O acréscimo de que dio urbano, que esteja sujeita à terior, Lei no 3.071, de 1o de janeiro
trata o artigo antecedente, será lei especial, por esta continua a de 1916; se, no prazo, o testador
feito nos casos a que se refere o ser regida. não aditar o testamento para de-
§ 4o do art. 1.228. clarar a justa causa de cláusula
Art. 2.037. Salvo disposição em aposta à legítima, não subsistirá
Art. 2.031. As associações, so- contrário, aplicam-se aos empre- a restrição.
ciedades e fundações, constituí- sários e sociedades empresárias
das na forma das leis anteriores, as disposições de lei não revoga- Art. 2.043. Até que por outra
bem como os empresários, de- das por este Código, referentes forma se disciplinem, continu-
verão se adaptar às disposições a comerciantes, ou a sociedades am em vigor as disposições de
deste Código até 11 de janeiro comerciais, bem como a ativida- natureza processual, adminis-
de 2007. des mercantis. trativa ou penal, constantes de
Parágrafo único. O disposto leis cujos preceitos de natureza
neste artigo não se aplica às or- Art. 2.038. Fica proibida a cons- civil hajam sido incorporados a
ganizações religiosas nem aos tituição de enfiteuses e suben- este Código.
partidos políticos. fiteuses, subordinando-se as
existentes, até sua extinção, às Art. 2.044. Este Código entrará
Art. 2.032. As fundações, insti- disposições do Código Civil ante- em vigor 1 (um) ano após a sua
tuídas segundo a legislação ante- rior, Lei no 3.071, de 1o de janeiro publicação.
rior, inclusive as de fins diversos de 1916, e leis posteriores.
dos previstos no parágrafo único § 1o Nos aforamentos a que Art. 2.045. Revogam-se a Lei
do art. 62, subordinam-se, quanto se refere este artigo é defeso: no 3.071, de 1o de janeiro de 1916
ao seu funcionamento, ao dispos- I – cobrar laudêmio ou pres- – Código Civil e a Parte Primeira
to neste Código. tação análoga nas transmissões do Código Comercial, Lei no 556,
de bem aforado, sobre o valor de 25 de junho de 1850.
Art. 2.033. Salvo o disposto em das construções ou plantações;
lei especial, as modificações dos II – constituir subenfiteuse. Art. 2.046. Todas as remissões,
atos constitutivos das pessoas § 2o A enfiteuse dos terrenos em diplomas legislativos, aos Có-
jurídicas referidas no art. 44, bem de marinha e acrescidos regula- digos referidos no artigo ante-
como a sua transformação, incor- -se por lei especial. cedente, consideram-se feitas
poração, cisão ou fusão, regem- às disposições correspondentes
-se desde logo por este Código. Art. 2.039. O regime de bens deste Código.
nos casamentos celebrados na
Art. 2.034. A dissolução e a li- vigência do Código Civil ante- Brasília, 10 de janeiro de 2002;
quidação das pessoas jurídicas rior, Lei no 3.071, de 1o de janeiro 181o da Independência e 114o da
referidas no artigo antecedente, de 1916, é o por ele estabelecido. República.
quando iniciadas antes da vigên-
cia deste Código, obedecerão ao Art. 2.040. A hipoteca legal dos FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
disposto nas leis anteriores. bens do tutor ou curador, inscrita
em conformidade com o inciso IV Promulgada em 10/1/2002 e publicada
Art. 2.035. A validade dos ne- do art. 827 do Código Civil ante- no DOU de 11/1/2002.
gócios e demais atos jurídicos, rior, Lei no 3.071, de 1o de janeiro de
constituídos antes da entrada 1916, poderá ser cancelada, obe-
em vigor deste Código, obedece decido o disposto no parágrafo
ao disposto nas leis anteriores, único do art. 1.745 deste Código.
referidas no art. 2.045, mas os
seus efeitos, produzidos após a Art. 2.041. As disposições des-
vigência deste Código, aos precei- te Código relativas à ordem da
tos dele se subordinam, salvo se vocação hereditária (arts. 1.829
houver sido prevista pelas partes a 1.844) não se aplicam à suces-
determinada forma de execução. são aberta antes de sua vigên-
Parágrafo único. Nenhuma cia, prevalecendo o disposto na
convenção prevalecerá se con- lei anterior (Lei no 3.071, de 1o de
trariar preceitos de ordem pú- janeiro de 1916).

262
Código de Processo Civil
ATUALIZADA ATÉ JANEIRO DE 2022

Atualização e revisão técnica: Coordenação de Edições Técnicas


A norma aqui apresentada não substitui as publicações do Diário Oficial da União.
Sumário

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Lei no 13.105/2015
273 PARTE GERAL
273 LIVRO I – DAS NORMAS PROCESSUAIS CIVIS
273 TÍTULO ÚNICO – DAS NORMAS FUNDAMENTAIS E DA APLICAÇÃO DAS NORMAS
PROCESSUAIS
273 CAPÍTULO I – DAS NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL
274 CAPÍTULO II – DA APLICAÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS
274 LIVRO II – DA FUNÇÃO JURISDICIONAL
274 TÍTULO I – DA JURISDIÇÃO E DA AÇÃO
274 TÍTULO II – DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL E DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
274 CAPÍTULO I – DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL
275 CAPÍTULO II – DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
275 Seção I – Disposições Gerais
275 Seção II – Do Auxílio Direto
276 Seção III – Da Carta Rogatória
276 Seção IV – Disposições Comuns às Seções Anteriores
276 TÍTULO III – DA COMPETÊNCIA INTERNA
276 CAPÍTULO I – DA COMPETÊNCIA
276 Seção I – Disposições Gerais
277 Seção II – Da Modificação da Competência
278 Seção III – Da Incompetência
278 CAPÍTULO II – DA COOPERAÇÃO NACIONAL
278 LIVRO III – DOS SUJEITOS DO PROCESSO
278 TÍTULO I – DAS PARTES E DOS PROCURADORES
278 CAPÍTULO I – DA CAPACIDADE PROCESSUAL
279 CAPÍTULO II – DOS DEVERES DAS PARTES E DE SEUS PROCURADORES
279 Seção I – Dos Deveres
280 Seção II – Da Responsabilidade das Partes por Dano Processual
280 Seção III – Das Despesas, dos Honorários Advocatícios e das Multas
283 Seção IV – Da Gratuidade da Justiça
284 CAPÍTULO III – DOS PROCURADORES
285 CAPÍTULO IV – DA SUCESSÃO DAS PARTES E DOS PROCURADORES
285 TÍTULO II – DO LITISCONSÓRCIO
286 TÍTULO III – DA INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
286 CAPÍTULO I – DA ASSISTÊNCIA
286 Seção I – Disposições Comuns
286 Seção II – Da Assistência Simples
286 Seção III – Da Assistência Litisconsorcial
286 CAPÍTULO II – DA DENUNCIAÇÃO DA LIDE
286 CAPÍTULO III – DO CHAMAMENTO AO PROCESSO
287 CAPÍTULO IV – DO INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
287 CAPÍTULO V – DO AMICUS CURIAE
287 TÍTULO IV – DO JUIZ E DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA
287 CAPÍTULO I – DOS PODERES, DOS DEVERES E DA RESPONSABILIDADE DO JUIZ
288 CAPÍTULO II – DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO
289 CAPÍTULO III – DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA
289 Seção I – Do Escrivão, do Chefe de Secretaria e do Oficial de Justiça
290 Seção II – Do Perito
290 Seção III – Do Depositário e do Administrador
291 Seção IV – Do Intérprete e do Tradutor
291 Seção V – Dos Conciliadores e Mediadores Judiciais
292 TÍTULO V – DO MINISTÉRIO PÚBLICO
293 TÍTULO VI – DA ADVOCACIA PÚBLICA
293 TÍTULO VII – DA DEFENSORIA PÚBLICA
293 LIVRO IV – DOS ATOS PROCESSUAIS
293 TÍTULO I – DA FORMA, DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS
293 CAPÍTULO I – DA FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS
293 Seção I – Dos Atos em Geral
294 Seção II – Da Prática Eletrônica de Atos Processuais
294 Seção III – Dos Atos das Partes
294 Seção IV – Dos Pronunciamentos do Juiz
295 Seção V – Dos Atos do Escrivão ou do Chefe de Secretaria
295 CAPÍTULO II – DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS
295 Seção I – Do Tempo
295 Seção II – Do Lugar
296 CAPÍTULO III – DOS PRAZOS
296 Seção I – Disposições Gerais
297 Seção II – Da Verificação dos Prazos e das Penalidades
297 TÍTULO II – DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS
297 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
298 CAPÍTULO II – DA CITAÇÃO
300 CAPÍTULO III – DAS CARTAS
301 CAPÍTULO IV – DAS INTIMAÇÕES
302 TÍTULO III – DAS NULIDADES
303 TÍTULO IV – DA DISTRIBUIÇÃO E DO REGISTRO
303 TÍTULO V – DO VALOR DA CAUSA
303 LIVRO V – DA TUTELA PROVISÓRIA
303 TÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
304 TÍTULO II – DA TUTELA DE URGÊNCIA
304 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
304 CAPÍTULO II – DO PROCEDIMENTO DA TUTELA ANTECIPADA REQUERIDA EM CARÁTER
ANTECEDENTE
305 CAPÍTULO III – DO PROCEDIMENTO DA TUTELA CAUTELAR REQUERIDA EM CARÁTER
ANTECEDENTE
305 TÍTULO III – DA TUTELA DA EVIDÊNCIA
305 LIVRO VI – DA FORMAÇÃO, DA SUSPENSÃO E DA EXTINÇÃO DO PROCESSO
305 TÍTULO I – DA FORMAÇÃO DO PROCESSO
305 TÍTULO II – DA SUSPENSÃO DO PROCESSO
306 TÍTULO III – DA EXTINÇÃO DO PROCESSO
306 PARTE ESPECIAL
306 LIVRO I – DO PROCESSO DE CONHECIMENTO E DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
306 TÍTULO I – DO PROCEDIMENTO COMUM
306 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
307 CAPÍTULO II – DA PETIÇÃO INICIAL
307 Seção I – Dos Requisitos da Petição Inicial
307 Seção II – Do Pedido
308 Seção III – Do Indeferimento da Petição Inicial
308 CAPÍTULO III – DA IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO
308 CAPÍTULO IV – DA CONVERSÃO DA AÇÃO INDIVIDUAL EM AÇÃO COLETIVA
308 CAPÍTULO V – DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU DE MEDIAÇÃO
309 CAPÍTULO VI – DA CONTESTAÇÃO
310 CAPÍTULO VII – DA RECONVENÇÃO
310 CAPÍTULO VIII – DA REVELIA
310 CAPÍTULO IX – DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES E DO SANEAMENTO
310 Seção I – Da Não Incidência dos Efeitos da Revelia
310 Seção II – Do Fato Impeditivo, Modificativo ou Extintivo do Direito do Autor
310 Seção III – Das Alegações do Réu
311 CAPÍTULO X – DO JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO
311 Seção I – Da Extinção do Processo
311 Seção II – Do Julgamento Antecipado do Mérito
311 Seção III – Do Julgamento Antecipado Parcial do Mérito
311 Seção IV – Do Saneamento e da Organização do Processo
311 CAPÍTULO XI – DA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO
312 CAPÍTULO XII – DAS PROVAS
312 Seção I – Disposições Gerais
313 Seção II – Da Produção Antecipada da Prova
314 Seção III – Da Ata Notarial
314 Seção IV – Do Depoimento Pessoal
314 Seção V – Da Confissão
315 Seção VI – Da Exibição de Documento ou Coisa
315 Seção VII – Da Prova Documental
315 Subseção I – Da Força Probante dos Documentos
317 Subseção II – Da Arguição de Falsidade
317 Subseção III – Da Produção da Prova Documental
318 Seção VIII – Dos Documentos Eletrônicos
318 Seção IX – Da Prova Testemunhal
318 Subseção I – Da Admissibilidade e do Valor da Prova Testemunhal
319 Subseção II – Da Produção da Prova Testemunhal
320 Seção X – Da Prova Pericial
322 Seção XI – Da Inspeção Judicial
323 CAPÍTULO XIII – DA SENTENÇA E DA COISA JULGADA
323 Seção I – Disposições Gerais
323 Seção II – Dos Elementos e dos Efeitos da Sentença
324 Seção III – Da Remessa Necessária
325 Seção IV – Do Julgamento das Ações Relativas às Prestações de Fazer, de Não Fazer e de
Entregar Coisa
325 Seção V – Da Coisa Julgada
325 CAPÍTULO XIV – DA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
326 TÍTULO II – DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA
326 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
327 CAPÍTULO II – DO CUMPRIMENTO PROVISÓRIO DA SENTENÇA QUE RECONHECE A
EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA
327 CAPÍTULO III – DO CUMPRIMENTO DEFINITIVO DA SENTENÇA QUE RECONHECE A
EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA
329 CAPÍTULO IV – DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE DE
OBRIGAÇÃO DE PRESTAR ALIMENTOS
330 CAPÍTULO V – DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE DE
OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA PELA FAZENDA PÚBLICA
331 CAPÍTULO VI – DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE DE
OBRIGAÇÃO DE FAZER, DE NÃO FAZER OU DE ENTREGAR COISA
331 Seção I – Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade de Obrigação de
Fazer ou de Não Fazer
331 Seção II – Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade de Obrigação de
Entregar Coisa
331 TÍTULO III – DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
331 CAPÍTULO I – DA AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
332 CAPÍTULO II – DA AÇÃO DE EXIGIR CONTAS
333 CAPÍTULO III – DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS
333 Seção I – Disposições Gerais
333 Seção II – Da Manutenção e da Reintegração de Posse
334 Seção III – Do Interdito Proibitório
334 CAPÍTULO IV – DA AÇÃO DE DIVISÃO E DA DEMARCAÇÃO DE TERRAS PARTICULARES
334 Seção I – Disposições Gerais
334 Seção II – Da Demarcação
335 Seção III – Da Divisão
336 CAPÍTULO V – DA AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE
337 CAPÍTULO VI – DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA
337 Seção I – Disposições Gerais
338 Seção II – Da Legitimidade para Requerer o Inventário
338 Seção III – Do Inventariante e das Primeiras Declarações
339 Seção IV – Das Citações e das Impugnações
339 Seção V – Da Avaliação e do Cálculo do Imposto
340 Seção VI – Das Colações
340 Seção VII – Do Pagamento das Dívidas
341 Seção VIII – Da Partilha
342 Seção IX – Do Arrolamento
342 Seção X – Disposições Comuns a Todas as Seções
343 CAPÍTULO VII – DOS EMBARGOS DE TERCEIRO
344 CAPÍTULO VIII – DA OPOSIÇÃO
344 CAPÍTULO IX – DA HABILITAÇÃO
344 CAPÍTULO X – DAS AÇÕES DE FAMÍLIA
345 CAPÍTULO XI – DA AÇÃO MONITÓRIA
346 CAPÍTULO XII – DA HOMOLOGAÇÃO DO PENHOR LEGAL
346 CAPÍTULO XIII – DA REGULAÇÃO DE AVARIA GROSSA
346 CAPÍTULO XIV – DA RESTAURAÇÃO DE AUTOS
347 CAPÍTULO XV – DOS PROCEDIMENTOS DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA
347 Seção I – Disposições Gerais
347 Seção II – Da Notificação e da Interpelação
348 Seção III – Da Alienação Judicial
348 Seção IV – Do Divórcio e da Separação Consensuais, da Extinção Consensual de União
Estável e da Alteração do Regime de Bens do Matrimônio
348 Seção V – Dos Testamentos e dos Codicilos
349 Seção VI – Da Herança Jacente
350 Seção VII – Dos Bens dos Ausentes
350 Seção VIII – Das Coisas Vagas
350 Seção IX – Da Interdição
351 Seção X – Disposições Comuns à Tutela e à Curatela
352 Seção XI – Da Organização e da Fiscalização das Fundações
352 Seção XII – Da Ratificação dos Protestos Marítimos e dos Processos Testemunháveis
Formados a Bordo
352 LIVRO II – DO PROCESSO DE EXECUÇÃO
352 TÍTULO I – DA EXECUÇÃO EM GERAL
352 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
353 CAPÍTULO II – DAS PARTES
353 CAPÍTULO III – DA COMPETÊNCIA
353 CAPÍTULO IV – DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA REALIZAR QUALQUER EXECUÇÃO
353 Seção I – Do Título Executivo
354 Seção II – Da Exigibilidade da Obrigação
354 CAPÍTULO V – DA RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL
355 TÍTULO II – DAS DIVERSAS ESPÉCIES DE EXECUÇÃO
355 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
357 CAPÍTULO II – DA EXECUÇÃO PARA A ENTREGA DE COISA
357 Seção I – Da Entrega de Coisa Certa
357 Seção II – Da Entrega de Coisa Incerta
357 CAPÍTULO III – DA EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER OU DE NÃO FAZER
357 Seção I – Disposições Comuns
357 Seção II – Da Obrigação de Fazer
358 Seção III – Da Obrigação de Não Fazer
358 CAPÍTULO IV – DA EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA
358 Seção I – Disposições Gerais
358 Seção II – Da Citação do Devedor e do Arresto
359 Seção III – Da Penhora, do Depósito e da Avaliação
359 Subseção I – Do Objeto da Penhora
360 Subseção II – Da Documentação da Penhora, de seu Registro e do Depósito
360 Subseção III – Do Lugar de Realização da Penhora
361 Subseção IV – Das Modificações da Penhora
361 Subseção V – Da Penhora de Dinheiro em Depósito ou em Aplicação Financeira
362 Subseção VI – Da Penhora de Créditos
362 Subseção VII – Da Penhora das Quotas ou das Ações de Sociedades Personificadas
363 Subseção VIII – Da Penhora de Empresa, de Outros Estabelecimentos e de Semoventes
363 Subseção IX – Da Penhora de Percentual de Faturamento de Empresa
363 Subseção X – Da Penhora de Frutos e Rendimentos de Coisa Móvel ou Imóvel
364 Subseção XI – Da Avaliação
364 Seção IV – Da Expropriação de Bens
364 Subseção I – Da Adjudicação
365 Subseção II – Da Alienação
368 Seção V – Da Satisfação do Crédito
369 CAPÍTULO V – DA EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA
369 CAPÍTULO VI – DA EXECUÇÃO DE ALIMENTOS
369 TÍTULO III – DOS EMBARGOS À EXECUÇÃO
371 TÍTULO IV – DA SUSPENSÃO E DA EXTINÇÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO
371 CAPÍTULO I – DA SUSPENSÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO
371 CAPÍTULO II – DA EXTINÇÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO
371 LIVRO III – DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS E DOS MEIOS DE IMPUGNAÇÃO DAS DECISÕES
JUDICIAIS
371 TÍTULO I – DA ORDEM DOS PROCESSOS E DOS PROCESSOS DE COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA
DOS TRIBUNAIS
371 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
372 CAPÍTULO II – DA ORDEM DOS PROCESSOS NO TRIBUNAL
374 CAPÍTULO III – DO INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA
374 CAPÍTULO IV – DO INCIDENTE DE ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE
375 CAPÍTULO V – DO CONFLITO DE COMPETÊNCIA
375 CAPÍTULO VI – DA HOMOLOGAÇÃO DE DECISÃO ESTRANGEIRA E DA CONCESSÃO DO
EXEQUATUR À CARTA ROGATÓRIA
376 CAPÍTULO VII – DA AÇÃO RESCISÓRIA
378 CAPÍTULO VIII – DO INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS
379 CAPÍTULO IX – DA RECLAMAÇÃO
380 TÍTULO II – DOS RECURSOS
380 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
381 CAPÍTULO II – DA APELAÇÃO
382 CAPÍTULO III – DO AGRAVO DE INSTRUMENTO
383 CAPÍTULO IV – DO AGRAVO INTERNO
383 CAPÍTULO V – DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
384 CAPÍTULO VI – DOS RECURSOS PARA O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E PARA O SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
384 Seção I – Do Recurso Ordinário
384 Seção II – Do Recurso Extraordinário e do Recurso Especial
384 Subseção I – Disposições Gerais
386 Subseção II – Do Julgamento dos Recursos Extraordinário e Especial Repetitivos
388 Seção III – Do Agravo em Recurso Especial e em Recurso Extraordinário
388 Seção IV – Dos Embargos de Divergência
388 LIVRO COMPLEMENTAR – DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Código de Processo Civil

Lei no 13.105/2015

Código de Processo Civil. § 1o É permitida a arbitragem, e observando a proporcionalida-


na forma da lei. de, a razoabilidade, a legalidade, a
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA § 2o O Estado promoverá, publicidade e a eficiência.
sempre que possível, a solução
Faço saber que o Congresso Na- consensual dos conflitos. Art. 9o Não se proferirá decisão
cional decreta e eu sanciono a § 3o A conciliação, a media- contra uma das partes sem que
seguinte Lei:1 ção e outros métodos de solução ela seja previamente ouvida.
consensual de conflitos deverão Parágrafo único. O disposto
ser estimulados por juízes, ad- no caput não se aplica:
PARTE GERAL vogados, defensores públicos e I – à tutela provisória de ur-
LIVRO I – DAS NORMAS membros do Ministério Público, gência;
inclusive no curso do processo II – às hipóteses de tutela da
PROCESSUAIS CIVIS judicial. evidência previstas no art. 311,
TÍTULO ÚNICO – DAS incisos II e III;
Art. 4o As partes têm o direito III – à decisão prevista no
NORMAS FUNDAMENTAIS de obter em prazo razoável a so- art. 701.
E DA APLICAÇÃO DAS lução integral do mérito, incluída
NORMAS PROCESSUAIS a atividade satisfativa. Art. 10. O juiz não pode decidir,
em grau algum de jurisdição, com
CAPÍTULO I – DAS NORMAS Art. 5o Aquele que de qualquer base em fundamento a respeito
FUNDAMENTAIS DO forma participa do processo deve do qual não se tenha dado às par-
PROCESSO CIVIL comportar-se de acordo com a tes oportunidade de se manifes-
boa-fé. tar, ainda que se trate de matéria
Art. 1o O processo civil será orde- sobre a qual deva decidir de ofício.
nado, disciplinado e interpretado Art. 6o Todos os sujeitos do pro-
conforme os valores e as normas cesso devem cooperar entre si Art. 11. Todos os julgamentos
fundamentais estabelecidos na para que se obtenha, em tempo dos órgãos do Poder Judiciário
Constituição da República Fede- razoável, decisão de mérito justa serão públicos, e fundamenta-
rativa do Brasil, observando-se as e efetiva. das todas as decisões, sob pena
disposições deste Código. de nulidade.
Art. 7o É assegurada às partes Parágrafo único. Nos casos
Art. 2 O processo começa por
o
paridade de tratamento em rela- de segredo de justiça, pode ser
iniciativa da parte e se desenvolve ção ao exercício de direitos e fa- autorizada a presença somente
por impulso oficial, salvo as ex- culdades processuais, aos meios das partes, de seus advogados,
ceções previstas em lei. de defesa, aos ônus, aos deveres de defensores públicos ou do
e à aplicação de sanções proces- Ministério Público.
Art. 3o Não se excluirá da apre- suais, competindo ao juiz zelar
ciação jurisdicional ameaça ou pelo efetivo contraditório. Art. 12. Os juízes e os tribunais
lesão a direito. atenderão, preferencialmente,
Art. 8o Ao aplicar o ordenamento à ordem cronológica de conclu-
jurídico, o juiz atenderá aos fins são para proferir sentença ou
1
Nota do Editor (NE): nos dispositivos que sociais e às exigências do bem co- acórdão.
alteram normas, suprimiram-se as alterações
determinadas uma vez que já foram incor- mum, resguardando e promoven- § 1o A lista de processos ap-
poradas às normas às quais se destinam. do a dignidade da pessoa humana tos a julgamento deverá estar per-

273
Código de Processo Civil
manentemente à disposição para CAPÍTULO II – DA falsidade de documento.
consulta pública em cartório e na APLICAÇÃO DAS NORMAS
rede mundial de computadores. Art. 20. É admissível a ação
§ 2o Estão excluídos da regra
PROCESSUAIS meramente declaratória, ainda
do caput: que tenha ocorrido a violação
I – as sentenças proferidas Art. 13. A jurisdição civil será do direito.
em audiência, homologatórias regida pelas normas processu-
de acordo ou de improcedência ais brasileiras, ressalvadas as
liminar do pedido; disposições específicas previs- TÍTULO II – DOS LIMITES
II – o julgamento de processos tas em tratados, convenções ou DA JURISDIÇÃO NACIONAL
em bloco para aplicação de tese acordos internacionais de que o E DA COOPERAÇÃO
jurídica firmada em julgamento Brasil seja parte. INTERNACIONAL
de casos repetitivos;
III – o julgamento de recursos Art. 14. A norma processual não CAPÍTULO I – DOS LIMITES
repetitivos ou de incidente de re- retroagirá e será aplicável imedia- DA JURISDIÇÃO NACIONAL
solução de demandas repetitivas; tamente aos processos em curso,
IV – as decisões proferidas respeitados os atos processuais Art. 21. Compete à autoridade
com base nos arts. 485 e 932; praticados e as situações jurídi- judiciária brasileira processar e
V – o julgamento de embargos cas consolidadas sob a vigência julgar as ações em que:
de declaração; da norma revogada. I – o réu, qualquer que seja a
VI – o julgamento de agravo sua nacionalidade, estiver domi-
interno; Art. 15. Na ausência de normas ciliado no Brasil;
VII – as preferências legais que regulem processos eleitorais, II – no Brasil tiver de ser cum-
e as metas estabelecidas pelo trabalhistas ou administrativos, prida a obrigação;
Conselho Nacional de Justiça; as disposições deste Código lhes III – o fundamento seja fato
VIII – os processos criminais, serão aplicadas supletiva e sub- ocorrido ou ato praticado no
nos órgãos jurisdicionais que te- sidiariamente. Brasil.
nham competência penal; Parágrafo único. Para o fim
IX – a causa que exija urgência do disposto no inciso I, considera-
no julgamento, assim reconhecida LIVRO II – DA FUNÇÃO -se domiciliada no Brasil a pessoa
por decisão fundamentada. JURISDICIONAL jurídica estrangeira que nele tiver
§ 3o Após elaboração de lista agência, filial ou sucursal.
própria, respeitar-se-á a ordem TÍTULO I – DA JURISDIÇÃO
cronológica das conclusões entre E DA AÇÃO Art. 22. Compete, ainda, à au-
as preferências legais. toridade judiciária brasileira pro-
§ 4o Após a inclusão do pro- Art. 16. A jurisdição civil é exer- cessar e julgar as ações:
cesso na lista de que trata o § 1o, cida pelos juízes e pelos tribu- I – de alimentos, quando:
o requerimento formulado pela nais em todo o território nacional, a) o credor tiver domicílio ou
parte não altera a ordem cro- conforme as disposições deste residência no Brasil;
nológica para a decisão, exceto Código. b) o réu mantiver vínculos no
quando implicar a reabertura da Brasil, tais como posse ou pro-
instrução ou a conversão do jul- Art. 17. Para postular em juízo priedade de bens, recebimento de
gamento em diligência. é necessário ter interesse e le- renda ou obtenção de benefícios
§ 5o Decidido o requerimen- gitimidade. econômicos;
to previsto no § 4o, o processo II – decorrentes de relações
retornará à mesma posição em Art. 18. Ninguém poderá pleitear de consumo, quando o consumi-
que anteriormente se encontra- direito alheio em nome próprio, dor tiver domicílio ou residência
va na lista. salvo quando autorizado pelo or- no Brasil;
§ 6o Ocupará o primeiro lu- denamento jurídico. III – em que as partes, expres-
gar na lista prevista no § 1o ou, Parágrafo único. Havendo sa ou tacitamente, se submete-
conforme o caso, no § 3o, o pro- substituição processual, o subs- rem à jurisdição nacional.
cesso que: tituído poderá intervir como as-
I – tiver sua sentença ou acór- sistente litisconsorcial. Art. 23. Compete à autoridade
dão anulado, salvo quando houver judiciária brasileira, com exclusão
necessidade de realização de di- Art. 19. O interesse do autor de qualquer outra:
ligência ou de complementação pode limitar-se à declaração: I – conhecer de ações relati-
da instrução; I – da existência, da inexis- vas a imóveis situados no Brasil;
II – se enquadrar na hipótese tência ou do modo de ser de uma II – em matéria de sucessão
do art. 1.040, inciso II. relação jurídica; hereditária, proceder à confirma-
II – da autenticidade ou da ção de testamento particular e ao

274
Código de Processo Civil
inventário e à partilha de bens si- relação ao acesso à justiça e à Art. 29. A solicitação de auxílio
tuados no Brasil, ainda que o autor tramitação dos processos, asse- direto será encaminhada pelo
da herança seja de nacionalidade gurando-se assistência judiciária órgão estrangeiro interessado
estrangeira ou tenha domicílio aos necessitados; à autoridade central, cabendo
fora do território nacional; III – a publicidade processu- ao Estado requerente assegu-
III – em divórcio, separação al, exceto nas hipóteses de sigilo rar a autenticidade e a clareza
judicial ou dissolução de união previstas na legislação brasileira do pedido.
estável, proceder à partilha de ou na do Estado requerente;
bens situados no Brasil, ainda que IV – a existência de autori- Art. 30. Além dos casos previs-
o titular seja de nacionalidade es- dade central para recepção e tos em tratados de que o Brasil
trangeira ou tenha domicílio fora transmissão dos pedidos de co- faz parte, o auxílio direto terá os
do território nacional. operação; seguintes objetos:
V – a espontaneidade na I – obtenção e prestação de
Art. 24. A ação proposta peran- transmissão de informações a informações sobre o ordenamen-
te tribunal estrangeiro não induz autoridades estrangeiras. to jurídico e sobre processos ad-
litispendência e não obsta a que § 1o Na ausência de tratado, a ministrativos ou jurisdicionais
a autoridade judiciária brasileira cooperação jurídica internacional findos ou em curso;
conheça da mesma causa e das poderá realizar-se com base em II – colheita de provas, sal-
que lhe são conexas, ressalvadas reciprocidade, manifestada por vo se a medida for adotada em
as disposições em contrário de via diplomática. processo, em curso no estran-
tratados internacionais e acor- § 2o Não se exigirá a recipro- geiro, de competência exclusiva
dos bilaterais em vigor no Brasil. cidade referida no § 1o para homo- de autoridade judiciária brasileira;
Parágrafo único. A pendência logação de sentença estrangeira. III – qualquer outra medida
de causa perante a jurisdição bra- § 3o Na cooperação jurídica judicial ou extrajudicial não proi-
sileira não impede a homologação internacional não será admitida bida pela lei brasileira.
de sentença judicial estrangeira a prática de atos que contrariem
quando exigida para produzir efei- ou que produzam resultados in- Art. 31. A autoridade central
tos no Brasil. compatíveis com as normas fun- brasileira comunicar-se-á dire-
damentais que regem o Estado tamente com suas congêneres e,
Art. 25. Não compete à autori- brasileiro. se necessário, com outros órgãos
dade judiciária brasileira o pro- § 4o O Ministério da Justiça estrangeiros responsáveis pela
cessamento e o julgamento da exercerá as funções de autorida- tramitação e pela execução de
ação quando houver cláusula de de central na ausência de desig- pedidos de cooperação enviados
eleição de foro exclusivo estran- nação específica. e recebidos pelo Estado brasilei-
geiro em contrato internacional, ro, respeitadas disposições es-
arguida pelo réu na contestação. Art. 27. A cooperação jurídica pecíficas constantes de tratado.
§ 1o Não se aplica o disposto internacional terá por objeto:
no caput às hipóteses de com- I – citação, intimação e no- Art. 32. No caso de auxílio di-
petência internacional exclusiva tificação judicial e extrajudicial; reto para a prática de atos que,
previstas neste Capítulo. II – colheita de provas e ob- segundo a lei brasileira, não ne-
§ 2o Aplica-se à hipótese do tenção de informações; cessitem de prestação jurisdicio-
caput o art. 63, §§ 1o a 4o. III – homologação e cumpri- nal, a autoridade central adotará
mento de decisão; as providências necessárias para
IV – concessão de medida seu cumprimento.
CAPÍTULO II – DA judicial de urgência;
COOPERAÇÃO V – assistência jurídica in- Art. 33. Recebido o pedido de
INTERNACIONAL ternacional; auxílio direto passivo, a autori-
VI – qualquer outra medida dade central o encaminhará à
Seção I – Disposições Gerais judicial ou extrajudicial não proi- Advocacia-Geral da União, que
bida pela lei brasileira. requererá em juízo a medida so-
Art. 26. A cooperação jurídi- licitada.
ca internacional será regida por Parágrafo único. O Ministé-
tratado de que o Brasil faz parte
Seção II – Do Auxílio Direto rio Público requererá em juízo
e observará: a medida solicitada quando for
I – o respeito às garantias do Art. 28. Cabe auxílio direto autoridade central.
devido processo legal no Estado quando a medida não decorrer
requerente; diretamente de decisão de auto- Art. 34. Compete ao juízo fe-
II – a igualdade de tratamento ridade jurisdicional estrangeira a deral do lugar em que deva ser
entre nacionais e estrangeiros, ser submetida a juízo de delibação executada a medida apreciar pe-
residentes ou não no Brasil, em no Brasil. dido de auxílio direto passivo que

275
Código de Processo Civil
demande prestação de atividade Art. 41. Considera-se autêntico ção de atividade profissional, na
jurisdicional. o documento que instruir pedido qualidade de parte ou de terceiro
de cooperação jurídica interna- interveniente, exceto as ações:
cional, inclusive tradução para a I – de recuperação judicial,
Seção III – Da Carta língua portuguesa, quando enca- falência, insolvência civil e aci-
Rogatória minhado ao Estado brasileiro por dente de trabalho;
meio de autoridade central ou por II – sujeitas à justiça eleitoral
Art. 35. (Vetado) via diplomática, dispensando-se e à justiça do trabalho.
ajuramentação, autenticação ou § 1o Os autos não serão re-
Art. 36. O procedimento da car- qualquer procedimento de lega- metidos se houver pedido cuja
ta rogatória perante o Superior lização. apreciação seja de competência
Tribunal de Justiça é de jurisdi- Parágrafo único. O disposto do juízo perante o qual foi pro-
ção contenciosa e deve assegurar no caput não impede, quando ne- posta a ação.
às partes as garantias do devido cessária, a aplicação pelo Estado § 2o Na hipótese do § 1o, o
processo legal. brasileiro do princípio da recipro- juiz, ao não admitir a cumulação
§ 1o A defesa restringir-se-á cidade de tratamento. de pedidos em razão da incom-
à discussão quanto ao atendimen- petência para apreciar qualquer
to dos requisitos para que o pro- deles, não examinará o mérito
nunciamento judicial estrangeiro TÍTULO III – DA daquele em que exista interesse
produza efeitos no Brasil. COMPETÊNCIA INTERNA da União, de suas entidades au-
§ 2o Em qualquer hipótese, tárquicas ou de suas empresas
é vedada a revisão do mérito do CAPÍTULO I – DA públicas.
pronunciamento judicial estran- COMPETÊNCIA § 3o O juízo federal restituirá
geiro pela autoridade judiciária Seção I – Disposições Gerais os autos ao juízo estadual sem
brasileira. suscitar conflito se o ente federal
cuja presença ensejou a remessa
Art. 42. As causas cíveis serão for excluído do processo.
Seção IV – Disposições processadas e decididas pelo juiz
Comuns às Seções nos limites de sua competência, Art. 46. A ação fundada em di-
Anteriores ressalvado às partes o direito reito pessoal ou em direito real
de instituir juízo arbitral, na for- sobre bens móveis será propos-
Art. 37. O pedido de cooperação ma da lei. ta, em regra, no foro de domicí-
jurídica internacional oriundo de lio do réu.
autoridade brasileira competente Art. 43. Determina-se a compe- § 1o Tendo mais de um do-
será encaminhado à autoridade tência no momento do registro ou micílio, o réu será demandado
central para posterior envio ao da distribuição da petição inicial, no foro de qualquer deles.
Estado requerido para lhe dar sendo irrelevantes as modifica- § 2o Sendo incerto ou des-
andamento. ções do estado de fato ou de di- conhecido o domicílio do réu, ele
reito ocorridas posteriormente, poderá ser demandado onde for
Art. 38. O pedido de cooperação salvo quando suprimirem órgão encontrado ou no foro de domi-
oriundo de autoridade brasileira judiciário ou alterarem a compe- cílio do autor.
competente e os documentos tência absoluta. § 3o Quando o réu não tiver
anexos que o instruem serão en- domicílio ou residência no Brasil,
caminhados à autoridade cen- Art. 44. Obedecidos os limites a ação será proposta no foro de
tral, acompanhados de tradução estabelecidos pela Constituição domicílio do autor, e, se este tam-
para a língua oficial do Estado Federal, a competência é deter- bém residir fora do Brasil, a ação
requerido. minada pelas normas previstas será proposta em qualquer foro.
neste Código ou em legislação § 4o Havendo 2 (dois) ou mais
Art. 39. O pedido passivo de co- especial, pelas normas de or- réus com diferentes domicílios,
operação jurídica internacional ganização judiciária e, ainda, no serão demandados no foro de
será recusado se configurar ma- que couber, pelas constituições qualquer deles, à escolha do au-
nifesta ofensa à ordem pública. dos Estados. tor.
§ 5o A execução fiscal será
Art. 40. A cooperação jurídi- Art. 45. Tramitando o proces- proposta no foro de domicílio do
ca internacional para execução so perante outro juízo, os autos réu, no de sua residência ou no
de decisão estrangeira dar-se- serão remetidos ao juízo federal do lugar onde for encontrado.
-á por meio de carta rogatória competente se nele intervier a
ou de ação de homologação de União, suas empresas públicas, Art. 47. Para as ações fundadas
sentença estrangeira, de acordo entidades autárquicas e funda- em direito real sobre imóveis é
com o art. 960. ções, ou conselho de fiscaliza- competente o foro de situação

276
Código de Processo Civil
da coisa. em que seja autor Estado ou o ração de dano sofrido em razão
§ 1o O autor pode optar pelo Distrito Federal. de delito ou acidente de veículos,
foro de domicílio do réu ou pelo Parágrafo único. Se Estado inclusive aeronaves.
foro de eleição se o litígio não re- ou o Distrito Federal for o deman-
cair sobre direito de propriedade, dado, a ação poderá ser proposta
vizinhança, servidão, divisão e no foro de domicílio do autor, no
Seção II – Da Modificação da
demarcação de terras e de nun- de ocorrência do ato ou fato que Competência
ciação de obra nova. originou a demanda, no de situ-
§ 2o A ação possessória imo- ação da coisa ou na capital do Art. 54. A competência relativa
biliária será proposta no foro de respectivo ente federado. poderá modificar-se pela conexão
situação da coisa, cujo juízo tem ou pela continência, observado o
competência absoluta. Art. 53. É competente o foro: disposto nesta Seção.
I – para a ação de divórcio, se-
Art. 48. O foro de domicílio do paração, anulação de casamento Art. 55. Reputam-se conexas
autor da herança, no Brasil, é o e reconhecimento ou dissolução 2 (duas) ou mais ações quando
competente para o inventário, a de união estável: lhes for comum o pedido ou a
partilha, a arrecadação, o cum- a) de domicílio do guardião causa de pedir.
primento de disposições de úl- de filho incapaz; § 1o Os processos de ações
tima vontade, a impugnação ou b) do último domicílio do ca- conexas serão reunidos para de-
anulação de partilha extrajudicial sal, caso não haja filho incapaz; cisão conjunta, salvo se um deles
e para todas as ações em que o c) de domicílio do réu, se já houver sido sentenciado.
espólio for réu, ainda que o óbito nenhuma das partes residir no § 2o Aplica-se o disposto no
tenha ocorrido no estrangeiro. antigo domicílio do casal; caput:
Parágrafo único. Se o autor d) de domicílio da vítima de I – à execução de título extra-
da herança não possuía domicílio violência doméstica e familiar, judicial e à ação de conhecimento
certo, é competente: nos termos da Lei no 11.340, de relativa ao mesmo ato jurídico;
I – o foro de situação dos bens 7 de agosto de 2006 (Lei Maria II – às execuções fundadas no
imóveis; da Penha); mesmo título executivo.
II – havendo bens imóveis em II – de domicílio ou residência § 3o Serão reunidos para jul-
foros diferentes, qualquer destes; do alimentando, para a ação em gamento conjunto os processos
III – não havendo bens imó- que se pedem alimentos; que possam gerar risco de pro-
veis, o foro do local de qualquer III – do lugar: lação de decisões conflitantes
dos bens do espólio. a) onde está a sede, para a ou contraditórias caso decididos
ação em que for ré pessoa ju- separadamente, mesmo sem co-
Art. 49. A ação em que o ausen- rídica; nexão entre eles.
te for réu será proposta no foro b) onde se acha agência ou
de seu último domicílio, também sucursal, quanto às obrigações Art. 56. Dá-se a continência en-
competente para a arrecadação, que a pessoa jurídica contraiu; tre 2 (duas) ou mais ações quan-
o inventário, a partilha e o cum- c) onde exerce suas ativi- do houver identidade quanto às
primento de disposições testa- dades, para a ação em que for partes e à causa de pedir, mas o
mentárias. ré sociedade ou associação sem pedido de uma, por ser mais am-
personalidade jurídica; plo, abrange o das demais.
Art. 50. A ação em que o incapaz d) onde a obrigação deve ser
for réu será proposta no foro de satisfeita, para a ação em que se Art. 57. Quando houver conti-
domicílio de seu representante lhe exigir o cumprimento; nência e a ação continente tiver
ou assistente. e) de residência do idoso, sido proposta anteriormente, no
para a causa que verse sobre processo relativo à ação contida
Art. 51. É competente o foro de direito previsto no respectivo será proferida sentença sem re-
domicílio do réu para as causas estatuto; solução de mérito, caso contrário,
em que seja autora a União. f) da sede da serventia nota- as ações serão necessariamente
Parágrafo único. Se a União rial ou de registro, para a ação de reunidas.
for a demandada, a ação poderá reparação de dano por ato prati-
ser proposta no foro de domicílio cado em razão do ofício; Art. 58. A reunião das ações
do autor, no de ocorrência do ato IV – do lugar do ato ou fato propostas em separado far-se-á
ou fato que originou a demanda, para a ação: no juízo prevento, onde serão de-
no de situação da coisa ou no a) de reparação de dano; cididas simultaneamente.
Distrito Federal. b) em que for réu administra-
dor ou gestor de negócios alheios; Art. 59. O registro ou a distri-
Art. 52. É competente o foro de V – de domicílio do autor ou do buição da petição inicial torna
domicílio do réu para as causas local do fato, para a ação de repa- prevento o juízo.

277
Código de Processo Civil
Art. 60. Se o imóvel se achar em sentido contrário, conser- IV – atos concertados entre
situado em mais de um Estado, var-se-ão os efeitos de decisão os juízes cooperantes.
comarca, seção ou subseção ju- proferida pelo juízo incompetente § 1o As cartas de ordem, pre-
diciária, a competência territorial até que outra seja proferida, se catória e arbitral seguirão o regi-
do juízo prevento estender-se-á for o caso, pelo juízo competente. me previsto neste Código.
sobre a totalidade do imóvel. § 2o Os atos concertados
Art. 65. Prorrogar-se-á a com- entre os juízes cooperantes po-
Art. 61. A ação acessória será petência relativa se o réu não derão consistir, além de outros,
proposta no juízo competente alegar a incompetência em pre- no estabelecimento de procedi-
para a ação principal. liminar de contestação. mento para:
Parágrafo único. A incompe- I – a prática de citação, in-
Art. 62. A competência deter- tência relativa pode ser alegada timação ou notificação de ato;
minada em razão da matéria, da pelo Ministério Público nas causas II – a obtenção e apresenta-
pessoa ou da função é inderro- em que atuar. ção de provas e a coleta de de-
gável por convenção das partes. poimentos;
Art. 66. Há conflito de compe- III – a efetivação de tutela
Art. 63. As partes podem modi- tência quando: provisória;
ficar a competência em razão do I – 2 (dois) ou mais juízes se IV – a efetivação de medidas e
valor e do território, elegendo foro declaram competentes; providências para recuperação e
onde será proposta ação oriunda II – 2 (dois) ou mais juízes preservação de empresas;
de direitos e obrigações. se consideram incompetentes, V – a facilitação de habilita-
§ 1o A eleição de foro só atribuindo um ao outro a com- ção de créditos na falência e na
produz efeito quando constar petência; recuperação judicial;
de instrumento escrito e aludir III – entre 2 (dois) ou mais VI – a centralização de pro-
expressamente a determinado juízes surge controvérsia acer- cessos repetitivos;
negócio jurídico. ca da reunião ou separação de VII – a execução de decisão
§ 2o O foro contratual obriga processos. jurisdicional.
os herdeiros e sucessores das Parágrafo único. O juiz que § 3o O pedido de cooperação
partes. não acolher a competência decli- judiciária pode ser realizado entre
§ 3o Antes da citação, a cláu- nada deverá suscitar o conflito, órgãos jurisdicionais de diferen-
sula de eleição de foro, se abusi- salvo se a atribuir a outro juízo. tes ramos do Poder Judiciário.
va, pode ser reputada ineficaz de
ofício pelo juiz, que determinará
a remessa dos autos ao juízo do CAPÍTULO II – DA LIVRO III – DOS SUJEITOS
foro de domicílio do réu. COOPERAÇÃO NACIONAL DO PROCESSO
§ 4o Citado, incumbe ao réu
alegar a abusividade da cláusula Art. 67. Aos órgãos do Poder TÍTULO I – DAS PARTES E
de eleição de foro na contestação, Judiciário, estadual ou federal, DOS PROCURADORES
sob pena de preclusão. especializado ou comum, em to-
das as instâncias e graus de ju- CAPÍTULO I – DA
risdição, inclusive aos tribunais CAPACIDADE PROCESSUAL
Seção III – Da Incompetência superiores, incumbe o dever de
recíproca cooperação, por meio Art. 70. Toda pessoa que se en-
Art. 64. A incompetência, ab- de seus magistrados e servidores. contre no exercício de seus direi-
soluta ou relativa, será alega- tos tem capacidade para estar
da como questão preliminar de Art. 68. Os juízos poderão for- em juízo.
contestação. mular entre si pedido de coope-
§ 1o A incompetência absolu- ração para prática de qualquer Art. 71. O incapaz será repre-
ta pode ser alegada em qualquer ato processual. sentado ou assistido por seus
tempo e grau de jurisdição e deve pais, por tutor ou por curador,
ser declarada de ofício. Art. 69. O pedido de cooperação na forma da lei.
§ 2o Após manifestação da jurisdicional deve ser prontamen-
parte contrária, o juiz decidirá te atendido, prescinde de forma Art. 72. O juiz nomeará curador
imediatamente a alegação de específica e pode ser executa- especial ao:
incompetência. do como: I – incapaz, se não tiver repre-
§ 3o Caso a alegação de in- I – auxílio direto; sentante legal ou se os interesses
competência seja acolhida, os II – reunião ou apensamento deste colidirem com os daquele,
autos serão remetidos ao juízo de processos; enquanto durar a incapacidade;
competente. III – prestação de informa- II – réu preso revel, bem como
§ 4o Salvo decisão judicial ções; ao réu revel citado por edital ou

278
Código de Processo Civil
com hora certa, enquanto não for de direito público, por quem a lei revel, se a providência lhe couber;
constituído advogado. do ente federado designar; III – o terceiro será considera-
Parágrafo único. A curatela V – a massa falida, pelo ad- do revel ou excluído do processo,
especial será exercida pela Defen- ministrador judicial; dependendo do polo em que se
soria Pública, nos termos da lei. VI – a herança jacente ou va- encontre.
cante, por seu curador; § 2o Descumprida a determi-
Art. 73. O cônjuge necessitará VII – o espólio, pelo inven- nação em fase recursal perante
do consentimento do outro para tariante; tribunal de justiça, tribunal regio-
propor ação que verse sobre di- VIII – a pessoa jurídica, por nal federal ou tribunal superior,
reito real imobiliário, salvo quando quem os respectivos atos cons- o relator:
casados sob o regime de separa- titutivos designarem ou, não ha- I – não conhecerá do recur-
ção absoluta de bens. vendo essa designação, por seus so, se a providência couber ao
§ 1o Ambos os cônjuges serão diretores; recorrente;
necessariamente citados para IX – a sociedade e a associa- II – determinará o desentra-
a ação: ção irregulares e outros entes nhamento das contrarrazões, se a
I – que verse sobre direito real organizados sem personalidade providência couber ao recorrido.
imobiliário, salvo quando casados jurídica, pela pessoa a quem cou-
sob o regime de separação abso- ber a administração de seus bens;
luta de bens; X – a pessoa jurídica estran- CAPÍTULO II – DOS
II – resultante de fato que diga geira, pelo gerente, representan- DEVERES DAS PARTES E
respeito a ambos os cônjuges ou te ou administrador de sua filial, DE SEUS PROCURADORES
de ato praticado por eles; agência ou sucursal aberta ou
III – fundada em dívida con- instalada no Brasil; Seção I – Dos Deveres
traída por um dos cônjuges a bem XI – o condomínio, pelo ad-
da família; ministrador ou síndico. Art. 77. Além de outros previstos
IV – que tenha por objeto o re- § 1o Quando o inventariante neste Código, são deveres das
conhecimento, a constituição ou for dativo, os sucessores do fale- partes, de seus procuradores e
a extinção de ônus sobre imóvel cido serão intimados no processo de todos aqueles que de qualquer
de um ou de ambos os cônjuges. no qual o espólio seja parte. forma participem do processo:
§ 2o Nas ações possessó- § 2o A sociedade ou associa- I – expor os fatos em juízo
rias, a participação do cônjuge ção sem personalidade jurídica conforme a verdade;
do autor ou do réu somente é não poderá opor a irregularida- II – não formular pretensão
indispensável nas hipóteses de de de sua constituição quando ou de apresentar defesa quando
composse ou de ato por ambos demandada. cientes de que são destituídas de
praticado. § 3o O gerente de filial ou fundamento;
§ 3o Aplica-se o dispos- agência presume-se autorizado III – não produzir provas e não
to neste artigo à união estável pela pessoa jurídica estrangeira praticar atos inúteis ou desneces-
comprovada nos autos. a receber citação para qualquer sários à declaração ou à defesa
processo. do direito;
Art. 74. O consentimento pre- § 4o Os Estados e o Distrito IV – cumprir com exatidão as
visto no art. 73 pode ser suprido Federal poderão ajustar com- decisões jurisdicionais, de na-
judicialmente quando for negado promisso recíproco para práti- tureza provisória ou final, e não
por um dos cônjuges sem justo ca de ato processual por seus criar embaraços à sua efetivação;
motivo, ou quando lhe seja im- procuradores em favor de outro V – declinar, no primeiro mo-
possível concedê-lo. ente federado, mediante convê- mento que lhes couber falar nos
Parágrafo único. A falta de nio firmado pelas respectivas autos, o endereço residencial
consentimento, quando necessá- procuradorias. ou profissional onde receberão
rio e não suprido pelo juiz, invalida intimações, atualizando essa in-
o processo. Art. 76. Verificada a incapacida- formação sempre que ocorrer
de processual ou a irregularidade qualquer modificação temporária
Art. 75. Serão representados da representação da parte, o juiz ou definitiva;
em juízo, ativa e passivamente: suspenderá o processo e desig- VI – não praticar inovação
I – a União, pela Advocacia- nará prazo razoável para que seja ilegal no estado de fato de bem
-Geral da União, diretamente ou sanado o vício. ou direito litigioso;
mediante órgão vinculado; § 1o Descumprida a determi- VII – informar e manter atu-
II – o Estado e o Distrito Fe- nação, caso o processo esteja na alizados seus dados cadastrais
deral, por seus procuradores; instância originária: perante os órgãos do Poder Judi-
III – o Município, por seu pre- I – o processo será extinto, ciário e, no caso do § 6o do art. 246
feito ou procurador; se a providência couber ao autor; deste Código, da Administração
IV – a autarquia e a fundação II – o réu será considerado Tributária, para recebimento de

279
Código de Processo Civil
citações e intimações. pe do processo empregar ex- mais os litigantes de má-fé, o juiz
§ 1o Nas hipóteses dos inci- pressões ofensivas nos escritos condenará cada um na proporção
sos IV e VI, o juiz advertirá qual- apresentados. de seu respectivo interesse na
quer das pessoas mencionadas § 1o Quando expressões ou causa ou solidariamente aque-
no caput de que sua conduta po- condutas ofensivas forem mani- les que se coligaram para lesar
derá ser punida como ato aten- festadas oral ou presencialmente, a parte contrária.
tatório à dignidade da justiça. o juiz advertirá o ofensor de que § 2o Quando o valor da cau-
§ 2o A violação ao disposto não as deve usar ou repetir, sob sa for irrisório ou inestimável, a
nos incisos IV e VI constitui ato pena de lhe ser cassada a palavra. multa poderá ser fixada em até
atentatório à dignidade da justi- § 2o De ofício ou a requeri- 10 (dez) vezes o valor do salário
ça, devendo o juiz, sem prejuízo mento do ofendido, o juiz determi- mínimo.
das sanções criminais, civis e nará que as expressões ofensivas § 3o O valor da indenização
processuais cabíveis, aplicar ao sejam riscadas e, a requerimento será fixado pelo juiz ou, caso não
responsável multa de até vinte por do ofendido, determinará a ex- seja possível mensurá-lo, liqui-
cento do valor da causa, de acor- pedição de certidão com inteiro dado por arbitramento ou pelo
do com a gravidade da conduta. teor das expressões ofensivas e procedimento comum, nos pró-
§ 3o Não sendo paga no pra- a colocará à disposição da parte prios autos.
zo a ser fixado pelo juiz, a multa interessada.
prevista no § 2o será inscrita como
dívida ativa da União ou do Esta-
Seção III – Das Despesas,
do após o trânsito em julgado da
Seção II – Da dos Honorários Advocatícios
decisão que a fixou, e sua execu- Responsabilidade das Partes e das Multas
ção observará o procedimento da por Dano Processual
execução fiscal, revertendo-se Art. 82. Salvo as disposições
aos fundos previstos no art. 97. Art. 79. Responde por perdas e concernentes à gratuidade da
§ 4o A multa estabelecida danos aquele que litigar de má-fé justiça, incumbe às partes prover
no § 2o poderá ser fixada inde- como autor, réu ou interveniente. as despesas dos atos que realiza-
pendentemente da incidência rem ou requererem no processo,
das previstas nos arts. 523, § 1o, Art. 80. Considera-se litigante antecipando-lhes o pagamento,
e 536, § 1o. de má-fé aquele que: desde o início até a sentença fi-
§ 5o Quando o valor da cau- I – deduzir pretensão ou de- nal ou, na execução, até a plena
sa for irrisório ou inestimável, a fesa contra texto expresso de lei satisfação do direito reconhecido
multa prevista no § 2o poderá ser ou fato incontroverso; no título.
fixada em até 10 (dez) vezes o valor II – alterar a verdade dos fa- § 1o Incumbe ao autor adian-
do salário mínimo. tos; tar as despesas relativas a ato
§ 6o Aos advogados públicos III – usar do processo para cuja realização o juiz determinar
ou privados e aos membros da conseguir objetivo ilegal; de ofício ou a requerimento do
Defensoria Pública e do Ministério IV – opuser resistência injus- Ministério Público, quando sua
Público não se aplica o disposto tificada ao andamento do pro- intervenção ocorrer como fiscal
nos §§ 2o a 5o, devendo eventual cesso; da ordem jurídica.
responsabilidade disciplinar ser V – proceder de modo teme- § 2o A sentença condenará o
apurada pelo respectivo órgão de rário em qualquer incidente ou vencido a pagar ao vencedor as
classe ou corregedoria, ao qual o ato do processo; despesas que antecipou.
juiz oficiará. VI – provocar incidente ma-
§ 7o Reconhecida violação nifestamente infundado; Art. 83. O autor, brasileiro ou
ao disposto no inciso VI, o juiz VII – interpuser recurso com estrangeiro, que residir fora do
determinará o restabelecimen- intuito manifestamente prote- Brasil ou deixar de residir no país
to do estado anterior, podendo, latório. ao longo da tramitação de pro-
ainda, proibir a parte de falar nos cesso prestará caução suficiente
autos até a purgação do atentado, Art. 81. De ofício ou a requeri- ao pagamento das custas e dos
sem prejuízo da aplicação do § 2o. mento, o juiz condenará o litigante honorários de advogado da parte
§ 8o O representante judicial de má-fé a pagar multa, que de- contrária nas ações que propuser,
da parte não pode ser compelido verá ser superior a um por cento se não tiver no Brasil bens imóveis
a cumprir decisão em seu lugar. e inferior a dez por cento do valor que lhes assegurem o pagamento.
corrigido da causa, a indenizar a § 1o Não se exigirá a caução
Art. 78. É vedado às partes, a parte contrária pelos prejuízos de que trata o caput:
seus procuradores, aos juízes, que esta sofreu e a arcar com os I – quando houver dispensa
aos membros do Ministério Pú- honorários advocatícios e com prevista em acordo ou tratado
blico e da Defensoria Pública e todas as despesas que efetuou. internacional de que o Brasil faz
a qualquer pessoa que partici- § 1o Quando forem 2 (dois) ou parte;

280
Código de Processo Civil
II – na execução fundada em 2.000 (dois mil) salários mínimos; § 7o Não serão devidos ho-
título extrajudicial e no cumpri- III – mínimo de cinco e má- norários no cumprimento de sen-
mento de sentença; ximo de oito por cento sobre o tença contra a Fazenda Pública
III – na reconvenção. valor da condenação ou do pro- que enseje expedição de preca-
§ 2o Verificando-se no trâmi- veito econômico obtido acima de tório, desde que não tenha sido
te do processo que se desfalcou 2.000 (dois mil) salários mínimos impugnada.
a garantia, poderá o interessado até 20.000 (vinte mil) salários mí- § 8o Nas causas em que for
exigir reforço da caução, justifi- nimos; inestimável ou irrisório o provei-
cando seu pedido com a indicação IV – mínimo de três e máxi- to econômico ou, ainda, quando
da depreciação do bem dado em mo de cinco por cento sobre o o valor da causa for muito baixo,
garantia e a importância do refor- valor da condenação ou do pro- o juiz fixará o valor dos honorá-
ço que pretende obter. veito econômico obtido acima rios por apreciação equitativa,
de 20.000 (vinte mil) salários mí- observando o disposto nos inci-
Art. 84. As despesas abrangem nimos até 100.000 (cem mil) sa- sos do § 2o.
as custas dos atos do processo, a lários mínimos; § 9o Na ação de indenização
indenização de viagem, a remu- V – mínimo de um e máximo por ato ilícito contra pessoa, o
neração do assistente técnico e de três por cento sobre o valor da percentual de honorários incidi-
a diária de testemunha. condenação ou do proveito eco- rá sobre a soma das prestações
nômico obtido acima de 100.000 vencidas acrescida de 12 (doze)
Art. 85. A sentença condenará (cem mil) salários mínimos. prestações vincendas.
o vencido a pagar honorários ao § 4o Em qualquer das hipó- § 10. Nos casos de perda do
advogado do vencedor. teses do § 3o: objeto, os honorários serão de-
§ 1o São devidos honorários I – os percentuais previstos vidos por quem deu causa ao
advocatícios na reconvenção, no nos incisos I a V devem ser apli- processo.
cumprimento de sentença, provi- cados desde logo, quando for § 11. O tribunal, ao julgar re-
sório ou definitivo, na execução, líquida a sentença; curso, majorará os honorários
resistida ou não, e nos recursos II – não sendo líquida a sen- fixados anteriormente levando
interpostos, cumulativamente. tença, a definição do percentual, em conta o trabalho adicional
§ 2o Os honorários serão fi- nos termos previstos nos incisos realizado em grau recursal, ob-
xados entre o mínimo de dez e o I a V, somente ocorrerá quando servando, conforme o caso, o
máximo de vinte por cento sobre o liquidado o julgado; disposto nos §§ 2o a 6o, sendo
valor da condenação, do proveito III – não havendo condenação vedado ao tribunal, no cômputo
econômico obtido ou, não sendo principal ou não sendo possível geral da fixação de honorários
possível mensurá-lo, sobre o valor mensurar o proveito econômico devidos ao advogado do vence-
atualizado da causa, atendidos: obtido, a condenação em hono- dor, ultrapassar os respectivos
I – o grau de zelo do profis- rários dar-se-á sobre o valor atu- limites estabelecidos nos §§ 2o e
sional; alizado da causa; 3o para a fase de conhecimento.
II – o lugar de prestação do IV – será considerado o salá- § 12. Os honorários referidos
serviço; rio mínimo vigente quando pro- no § 11 são cumuláveis com multas
III – a natureza e a importân- latada sentença líquida ou o que e outras sanções processuais,
cia da causa; estiver em vigor na data da de- inclusive as previstas no art. 77.
IV – o trabalho realizado pelo cisão de liquidação. § 13. As verbas de sucum-
advogado e o tempo exigido para § 5o Quando, conforme o bência arbitradas em embargos
o seu serviço. caso, a condenação contra a à execução rejeitados ou julga-
§ 3o Nas causas em que a Fazenda Pública ou o benefício dos improcedentes e em fase de
Fazenda Pública for parte, a fi- econômico obtido pelo vencedor cumprimento de sentença serão
xação dos honorários observará ou o valor da causa for superior acrescidas no valor do débito
os critérios estabelecidos nos ao valor previsto no inciso I do principal, para todos os efeitos
incisos I a IV do § 2o e os seguin- § 3o, a fixação do percentual de legais.
tes percentuais: honorários deve observar a faixa § 14. Os honorários cons-
I – mínimo de dez e máximo inicial e, naquilo que a exceder, tituem direito do advogado e
de vinte por cento sobre o valor a faixa subsequente, e assim su- têm natureza alimentar, com os
da condenação ou do proveito cessivamente. mesmos privilégios dos créditos
econômico obtido até 200 (du- § 6o Os limites e critérios oriundos da legislação do traba-
zentos) salários mínimos; previstos nos §§ 2o e 3o aplicam- lho, sendo vedada a compensação
II – mínimo de oito e máximo -se independentemente de qual em caso de sucumbência parcial.
de dez por cento sobre o valor seja o conteúdo da decisão, inclu- § 15. O advogado pode reque-
da condenação ou do proveito sive aos casos de improcedência rer que o pagamento dos honorá-
econômico obtido acima de 200 ou de sentença sem resolução rios que lhe caibam seja efetuado
(duzentos) salários mínimos até de mérito. em favor da sociedade de advoga-

281
Código de Processo Civil
dos que integra na qualidade de fundamento em desistência, em Art. 93. As despesas de atos
sócio, aplicando-se à hipótese o renúncia ou em reconhecimento adiados ou cuja repetição for ne-
disposto no § 14. do pedido, as despesas e os ho- cessária ficarão a cargo da parte,
§ 16. Quando os honorários norários serão pagos pela parte do auxiliar da justiça, do órgão do
forem fixados em quantia certa, que desistiu, renunciou ou re- Ministério Público ou da Defen-
os juros moratórios incidirão a conheceu. soria Pública ou do juiz que, sem
partir da data do trânsito em jul- § 1o Sendo parcial a desis- justo motivo, houver dado causa
gado da decisão. tência, a renúncia ou o reconhe- ao adiamento ou à repetição.
§ 17. Os honorários serão de- cimento, a responsabilidade pelas
vidos quando o advogado atuar despesas e pelos honorários será Art. 94. Se o assistido for venci-
em causa própria. proporcional à parcela reconhe- do, o assistente será condenado
§ 18. Caso a decisão tran- cida, à qual se renunciou ou da ao pagamento das custas em
sitada em julgado seja omissa qual se desistiu. proporção à atividade que houver
quanto ao direito aos honorários § 2o Havendo transação e exercido no processo.
ou ao seu valor, é cabível ação nada tendo as partes disposto
autônoma para sua definição e quanto às despesas, estas serão Art. 95. Cada parte adiantará a
cobrança. divididas igualmente. remuneração do assistente téc-
§ 19. Os advogados públicos § 3o Se a transação ocorrer nico que houver indicado, sendo
perceberão honorários de sucum- antes da sentença, as partes fi- a do perito adiantada pela parte
bência, nos termos da lei.2 cam dispensadas do pagamento que houver requerido a perícia
das custas processuais remanes- ou rateada quando a perícia for
Art. 86. Se cada litigante for, em centes, se houver. determinada de ofício ou reque-
parte, vencedor e vencido, serão § 4o Se o réu reconhecer a rida por ambas as partes.
proporcionalmente distribuídas procedência do pedido e, simul- § 1o O juiz poderá determi-
entre eles as despesas. taneamente, cumprir integral- nar que a parte responsável pelo
Parágrafo único. Se um liti- mente a prestação reconhecida, pagamento dos honorários do
gante sucumbir em parte mínima os honorários serão reduzidos perito deposite em juízo o valor
do pedido, o outro responderá, pela metade. correspondente.
por inteiro, pelas despesas e pelos § 2o A quantia recolhida em
honorários. Art. 91. As despesas dos atos depósito bancário à ordem do
processuais praticados a reque- juízo será corrigida monetaria-
Art. 87. Concorrendo diversos rimento da Fazenda Pública, do mente e paga de acordo com o
autores ou diversos réus, os ven- Ministério Público ou da Defen- art. 465, § 4o.
cidos respondem proporcional- soria Pública serão pagas ao final § 3o Quando o pagamento da
mente pelas despesas e pelos pelo vencido. perícia for de responsabilidade
honorários. § 1o As perícias requeridas de beneficiário de gratuidade da
§ 1o A sentença deverá dis- pela Fazenda Pública, pelo Minis- justiça, ela poderá ser:
tribuir entre os litisconsortes, de tério Público ou pela Defensoria I – custeada com recursos
forma expressa, a responsabilida- Pública poderão ser realizadas alocados no orçamento do ente
de proporcional pelo pagamento por entidade pública ou, haven- público e realizada por servidor
das verbas previstas no caput. do previsão orçamentária, ter os do Poder Judiciário ou por órgão
§ 2o Se a distribuição de que valores adiantados por aquele que público conveniado;
trata o § 1o não for feita, os venci- requerer a prova. II – paga com recursos alo-
dos responderão solidariamente § 2o Não havendo previ- cados no orçamento da União,
pelas despesas e pelos hono- são orçamentária no exercício do Estado ou do Distrito Federal,
rários. financeiro para adiantamento no caso de ser realizada por par-
dos honorários periciais, eles se- ticular, hipótese em que o valor
Art. 88. Nos procedimentos de rão pagos no exercício seguinte será fixado conforme tabela do
jurisdição voluntária, as despesas ou ao final, pelo vencido, caso tribunal respectivo ou, em caso
serão adiantadas pelo requerente o processo se encerre antes do de sua omissão, do Conselho Na-
e rateadas entre os interessados. adiantamento a ser feito pelo cional de Justiça.
ente público. § 4o Na hipótese do § 3o, o
Art. 89. Nos juízos divisórios, juiz, após o trânsito em julgado da
não havendo litígio, os interes- Art. 92. Quando, a requerimento decisão final, oficiará a Fazenda
sados pagarão as despesas pro- do réu, o juiz proferir sentença Pública para que promova, contra
porcionalmente a seus quinhões. sem resolver o mérito, o autor quem tiver sido condenado ao pa-
não poderá propor novamente gamento das despesas processu-
Art. 90. Proferida sentença com a ação sem pagar ou depositar ais, a execução dos valores gastos
em cartório as despesas e os com a perícia particular ou com
2
NE: ver ADI no 6.053. honorários a que foi condenado. a utilização de servidor público

282
Código de Processo Civil
ou da estrutura de órgão público, VII – o custo com a elabo- vada a tabela e as condições da lei
observando-se, caso o responsá- ração de memória de cálculo, estadual ou distrital respectiva.
vel pelo pagamento das despesas quando exigida para instauração § 8o Na hipótese do § 1o, in-
seja beneficiário de gratuidade da da execução; ciso IX, havendo dúvida fundada
justiça, o disposto no art. 98, § 2o. VIII – os depósitos previstos quanto ao preenchimento atual
§ 5o Para fins de aplicação em lei para interposição de re- dos pressupostos para a conces-
do § 3o, é vedada a utilização de curso, para propositura de ação e são de gratuidade, o notário ou
recursos do fundo de custeio da para a prática de outros atos pro- registrador, após praticar o ato,
Defensoria Pública. cessuais inerentes ao exercício da pode requerer, ao juízo compe-
ampla defesa e do contraditório; tente para decidir questões no-
Art. 96. O valor das sanções IX – os emolumentos devi- tariais ou registrais, a revogação
impostas ao litigante de má-fé dos a notários ou registradores total ou parcial do benefício ou
reverterá em benefício da parte em decorrência da prática de a sua substituição pelo parcela-
contrária, e o valor das sanções registro, averbação ou qualquer mento de que trata o § 6o deste
impostas aos serventuários per- outro ato notarial necessário à artigo, caso em que o beneficiário
tencerá ao Estado ou à União. efetivação de decisão judicial será citado para, em 15 (quinze)
ou à continuidade de processo dias, manifestar-se sobre esse
Art. 97. A União e os Estados po- judicial no qual o benefício tenha requerimento.
dem criar fundos de moderniza- sido concedido.
ção do Poder Judiciário, aos quais § 2o A concessão de gratui- Art. 99. O pedido de gratuidade
serão revertidos os valores das dade não afasta a responsabilida- da justiça pode ser formulado na
sanções pecuniárias processuais de do beneficiário pelas despesas petição inicial, na contestação, na
destinadas à União e aos Estados, processuais e pelos honorários petição para ingresso de terceiro
e outras verbas previstas em lei. advocatícios decorrentes de sua no processo ou em recurso.
sucumbência. § 1o Se superveniente à pri-
§ 3o Vencido o beneficiário, meira manifestação da parte na
Seção IV – Da Gratuidade da as obrigações decorrentes de sua instância, o pedido poderá ser
Justiça sucumbência ficarão sob condi- formulado por petição simples,
ção suspensiva de exigibilidade e nos autos do próprio processo, e
Art. 98. A pessoa natural ou ju- somente poderão ser executadas não suspenderá seu curso.
rídica, brasileira ou estrangeira, se, nos 5 (cinco) anos subsequen- § 2o O juiz somente poderá
com insuficiência de recursos tes ao trânsito em julgado da de- indeferir o pedido se houver nos
para pagar as custas, as despe- cisão que as certificou, o credor autos elementos que evidenciem
sas processuais e os honorários demonstrar que deixou de existir a falta dos pressupostos legais
advocatícios tem direito à gratui- a situação de insuficiência de re- para a concessão de gratuida-
dade da justiça, na forma da lei. cursos que justificou a concessão de, devendo, antes de indeferir
§ 1o A gratuidade da justiça de gratuidade, extinguindo-se, o pedido, determinar à parte a
compreende: passado esse prazo, tais obriga- comprovação do preenchimen-
I – as taxas ou as custas ju- ções do beneficiário. to dos referidos pressupostos.
diciais; § 4o A concessão de gra- § 3o Presume-se verdadeira
II – os selos postais; tuidade não afasta o dever de a alegação de insuficiência dedu-
III – as despesas com publi- o beneficiário pagar, ao final, as zida exclusivamente por pessoa
cação na imprensa oficial, dis- multas processuais que lhe sejam natural.
pensando-se a publicação em impostas. § 4o A assistência do reque-
outros meios; § 5o A gratuidade poderá ser rente por advogado particular não
IV – a indenização devida à concedida em relação a algum ou impede a concessão de gratuida-
testemunha que, quando em- a todos os atos processuais, ou de da justiça.
pregada, receberá do emprega- consistir na redução percentual § 5o Na hipótese do § 4o, o
dor salário integral, como se em de despesas processuais que o recurso que verse exclusivamente
serviço estivesse; beneficiário tiver de adiantar no sobre valor de honorários de su-
V – as despesas com a rea- curso do procedimento. cumbência fixados em favor do
lização de exame de código ge- § 6o Conforme o caso, o juiz advogado de beneficiário estará
nético – DNA e de outros exames poderá conceder direito ao parce- sujeito a preparo, salvo se o pró-
considerados essenciais; lamento de despesas processuais prio advogado demonstrar que
VI – os honorários do advoga- que o beneficiário tiver de adian- tem direito à gratuidade.
do e do perito e a remuneração tar no curso do procedimento. § 6o O direito à gratuidade da
do intérprete ou do tradutor no- § 7o Aplica-se o disposto no justiça é pessoal, não se esten-
meado para apresentação de ver- art. 95, §§ 3o a 5o, ao custeio dos dendo a litisconsorte ou a suces-
são em português de documento emolumentos previstos no § 1o, in- sor do beneficiário, salvo requeri-
redigido em língua estrangeira; ciso IX, do presente artigo, obser- mento e deferimento expressos.

283
Código de Processo Civil
§ 7o Requerida a concessão sem prejuízo de aplicação das § 2o A procuração deve-
de gratuidade da justiça em re- sanções previstas em lei. rá conter o nome do advogado,
curso, o recorrente estará dis- Parágrafo único. Não efetu- seu número de inscrição na Or-
pensado de comprovar o reco- ado o recolhimento, o processo dem dos Advogados do Brasil e
lhimento do preparo, incumbindo será extinto sem resolução de endereço completo.
ao relator, neste caso, apreciar mérito, tratando-se do autor, e, § 3o Se o outorgado integrar
o requerimento e, se indeferi-lo, nos demais casos, não poderá ser sociedade de advogados, a pro-
fixar prazo para realização do deferida a realização de nenhum curação também deverá conter
recolhimento. ato ou diligência requerida pela o nome dessa, seu número de
parte enquanto não efetuado o registro na Ordem dos Advogados
Art. 100. Deferido o pedido, a depósito. do Brasil e endereço completo.
parte contrária poderá oferecer § 4o Salvo disposição expres-
impugnação na contestação, na sa em sentido contrário cons-
réplica, nas contrarrazões de re- CAPÍTULO III – DOS tante do próprio instrumento, a
curso ou, nos casos de pedido PROCURADORES procuração outorgada na fase de
superveniente ou formulado por conhecimento é eficaz para todas
terceiro, por meio de petição sim- Art. 103. A parte será repre- as fases do processo, inclusive
ples, a ser apresentada no prazo sentada em juízo por advogado para o cumprimento de sentença.
de 15 (quinze) dias, nos autos do regularmente inscrito na Ordem
próprio processo, sem suspensão dos Advogados do Brasil. Art. 106. Quando postular em
de seu curso. Parágrafo único. É lícito à causa própria, incumbe ao ad-
Parágrafo único. Revogado o parte postular em causa própria vogado:
benefício, a parte arcará com as quando tiver habilitação legal. I – declarar, na petição inicial
despesas processuais que tiver ou na contestação, o endereço,
deixado de adiantar e pagará, Art. 104. O advogado não será seu número de inscrição na Or-
em caso de má-fé, até o décu- admitido a postular em juízo sem dem dos Advogados do Brasil e o
plo de seu valor a título de multa, procuração, salvo para evitar pre- nome da sociedade de advogados
que será revertida em benefício clusão, decadência ou prescrição, da qual participa, para o recebi-
da Fazenda Pública estadual ou ou para praticar ato considerado mento de intimações;
federal e poderá ser inscrita em urgente. II – comunicar ao juízo qual-
dívida ativa. § 1o Nas hipóteses previs- quer mudança de endereço.
tas no caput, o advogado deverá, § 1o Se o advogado descum-
Art. 101. Contra a decisão que independentemente de caução, prir o disposto no inciso I, o juiz
indeferir a gratuidade ou a que exibir a procuração no prazo de 15 ordenará que se supra a omissão,
acolher pedido de sua revogação (quinze) dias, prorrogável por igual no prazo de 5 (cinco) dias, antes
caberá agravo de instrumento, período por despacho do juiz. de determinar a citação do réu,
exceto quando a questão for re- § 2o O ato não ratificado será sob pena de indeferimento da
solvida na sentença, contra a qual considerado ineficaz relativa- petição.
caberá apelação. mente àquele em cujo nome foi § 2o Se o advogado infringir
§ 1o O recorrente estará dis- praticado, respondendo o advo- o previsto no inciso II, serão con-
pensado do recolhimento de cus- gado pelas despesas e por per- sideradas válidas as intimações
tas até decisão do relator sobre das e danos. enviadas por carta registrada
a questão, preliminarmente ao ou meio eletrônico ao endereço
julgamento do recurso. Art. 105. A procuração geral constante dos autos.
§ 2o Confirmada a denegação para o foro, outorgada por ins-
ou a revogação da gratuidade, o trumento público ou particular Art. 107. O advogado tem di-
relator ou o órgão colegiado de- assinado pela parte, habilita o reito a:
terminará ao recorrente o recolhi- advogado a praticar todos os atos I – examinar, em cartório de
mento das custas processuais, no do processo, exceto receber ci- fórum e secretaria de tribunal,
prazo de 5 (cinco) dias, sob pena tação, confessar, reconhecer a mesmo sem procuração, autos
de não conhecimento do recurso. procedência do pedido, transigir, de qualquer processo, indepen-
desistir, renunciar ao direito sobre dentemente da fase de tramita-
Art. 102. Sobrevindo o trânsito o qual se funda a ação, receber, ção, assegurados a obtenção de
em julgado de decisão que revoga dar quitação, firmar compromisso cópias e o registro de anotações,
a gratuidade, a parte deverá efe- e assinar declaração de hipossu- salvo na hipótese de segredo de
tuar o recolhimento de todas as ficiência econômica, que devem justiça, nas quais apenas o ad-
despesas de cujo adiantamento constar de cláusula específica. vogado constituído terá acesso
foi dispensada, inclusive as re- § 1o A procuração pode ser aos autos;
lativas ao recurso interposto, se assinada digitalmente, na for- II – requerer, como procu-
houver, no prazo fixado pelo juiz, ma da lei. rador, vista dos autos de qual-

284
Código de Processo Civil
quer processo, pelo prazo de 5 Art. 110. Ocorrendo a morte de tação interrompe o prazo para
(cinco) dias; qualquer das partes, dar-se-á a manifestação ou resposta, que
III – retirar os autos do car- sucessão pelo seu espólio ou pe- recomeçará da intimação da de-
tório ou da secretaria, pelo prazo los seus sucessores, observado cisão que o solucionar.
legal, sempre que neles lhe cou- o disposto no art. 313, §§ 1o e 2o.
ber falar por determinação do Art. 114. O litisconsórcio será
juiz, nos casos previstos em lei. Art. 111. A parte que revogar o necessário por disposição de lei
§ 1o Ao receber os autos, o mandato outorgado a seu advo- ou quando, pela natureza da re-
advogado assinará carga em livro gado constituirá, no mesmo ato, lação jurídica controvertida, a
ou documento próprio. outro que assuma o patrocínio eficácia da sentença depender
§ 2o Sendo o prazo comum às da causa. da citação de todos que devam
partes, os procuradores poderão Parágrafo único. Não sendo ser litisconsortes.
retirar os autos somente em con- constituído novo procurador no
junto ou mediante prévio ajuste, prazo de 15 (quinze) dias, obser- Art. 115. A sentença de mérito,
por petição nos autos. var-se-á o disposto no art. 76. quando proferida sem a integra-
§ 3o Na hipótese do § 2o, é ção do contraditório, será:
lícito ao procurador retirar os Art. 112. O advogado poderá re- I – nula, se a decisão deveria
autos para obtenção de cópias, nunciar ao mandato a qualquer ser uniforme em relação a to-
pelo prazo de 2 (duas) a 6 (seis) tempo, provando, na forma pre- dos que deveriam ter integrado
horas, independentemente de vista neste Código, que comuni- o processo;
ajuste e sem prejuízo da conti- cou a renúncia ao mandante, a II – ineficaz, nos outros casos,
nuidade do prazo. fim de que este nomeie sucessor. apenas para os que não foram
§ 4o O procurador perderá no § 1o Durante os 10 (dez) dias citados.
mesmo processo o direito a que seguintes, o advogado continu- Parágrafo único. Nos casos
se refere o § 3o se não devolver os ará a representar o mandante, de litisconsórcio passivo neces-
autos tempestivamente, salvo se desde que necessário para lhe sário, o juiz determinará ao autor
o prazo for prorrogado pelo juiz. evitar prejuízo. que requeira a citação de todos
§ 5o O disposto no inciso I § 2o Dispensa-se a comuni- que devam ser litisconsortes,
do caput deste artigo aplica-se cação referida no caput quando dentro do prazo que assinar, sob
integralmente a processos ele- a procuração tiver sido outorga- pena de extinção do processo.
trônicos. da a vários advogados e a parte
continuar representada por outro, Art. 116. O litisconsórcio será
apesar da renúncia. unitário quando, pela natureza
CAPÍTULO IV – DA da relação jurídica, o juiz tiver de
SUCESSÃO DAS PARTES E decidir o mérito de modo unifor-
DOS PROCURADORES TÍTULO II – DO me para todos os litisconsortes.
LITISCONSÓRCIO
Art. 108. No curso do proces- Art. 117. Os litisconsortes serão
so, somente é lícita a sucessão Art. 113. Duas ou mais pessoas considerados, em suas relações
voluntária das partes nos casos podem litigar, no mesmo proces- com a parte adversa, como liti-
expressos em lei. so, em conjunto, ativa ou passi- gantes distintos, exceto no litis-
vamente, quando: consórcio unitário, caso em que
Art. 109. A alienação da coisa ou I – entre elas houver comu- os atos e as omissões de um não
do direito litigioso por ato entre nhão de direitos ou de obrigações prejudicarão os outros, mas os
vivos, a título particular, não altera relativamente à lide; poderão beneficiar.
a legitimidade das partes. II – entre as causas houver
§ 1o O adquirente ou cessio- conexão pelo pedido ou pela cau- Art. 118. Cada litisconsorte tem o
nário não poderá ingressar em sa de pedir; direito de promover o andamento
juízo, sucedendo o alienante ou III – ocorrer afinidade de do processo, e todos devem ser
cedente, sem que o consinta a questões por ponto comum de intimados dos respectivos atos.
parte contrária. fato ou de direito.
§ 2o O adquirente ou cessio- § 1o O juiz poderá limitar o
nário poderá intervir no processo litisconsórcio facultativo quanto
como assistente litisconsorcial do ao número de litigantes na fase de
alienante ou cedente. conhecimento, na liquidação de
§ 3o Estendem-se os efeitos sentença ou na execução, quando
da sentença proferida entre as este comprometer a rápida solu-
partes originárias ao adquirente ção do litígio ou dificultar a defesa
ou cessionário. ou o cumprimento da sentença.
§ 2o O requerimento de limi-

285
Código de Processo Civil
TÍTULO III – DA interveio o assistente, este não inicial, se o denunciante for au-
INTERVENÇÃO DE poderá, em processo posterior, tor, ou na contestação, se o de-
discutir a justiça da decisão, salvo nunciante for réu, devendo ser
TERCEIROS se alegar e provar que: realizada na forma e nos prazos
CAPÍTULO I – DA I – pelo estado em que rece- previstos no art. 131.
ASSISTÊNCIA beu o processo ou pelas decla-
rações e pelos atos do assistido, Art. 127. Feita a denunciação
Seção I – Disposições foi impedido de produzir provas pelo autor, o denunciado poderá
Comuns suscetíveis de influir na sentença; assumir a posição de litisconsor-
II – desconhecia a existên- te do denunciante e acrescentar
Art. 119. Pendendo causa entre 2 cia de alegações ou de provas novos argumentos à petição ini-
(duas) ou mais pessoas, o terceiro das quais o assistido, por dolo cial, procedendo-se em seguida
juridicamente interessado em que ou culpa, não se valeu. à citação do réu.
a sentença seja favorável a uma
delas poderá intervir no processo Art. 128. Feita a denunciação
para assisti-la.
Seção III – Da Assistência pelo réu:
Parágrafo único. A assistên- Litisconsorcial I – se o denunciado contestar
cia será admitida em qualquer o pedido formulado pelo autor, o
procedimento e em todos os Art. 124. Considera-se litiscon- processo prosseguirá tendo, na
graus de jurisdição, recebendo sorte da parte principal o assis- ação principal, em litisconsórcio,
o assistente o processo no estado tente sempre que a sentença denunciante e denunciado;
em que se encontre. influir na relação jurídica entre II – se o denunciado for re-
ele e o adversário do assistido. vel, o denunciante pode deixar
Art. 120. Não havendo impug- de prosseguir com sua defesa,
nação no prazo de 15 (quinze) eventualmente oferecida, e abs-
dias, o pedido do assistente será CAPÍTULO II – DA ter-se de recorrer, restringindo
deferido, salvo se for caso de re- DENUNCIAÇÃO DA LIDE sua atuação à ação regressiva;
jeição liminar. III – se o denunciado confes-
Parágrafo único. Se qualquer Art. 125. É admissível a denun- sar os fatos alegados pelo autor
parte alegar que falta ao reque- ciação da lide, promovida por na ação principal, o denunciante
rente interesse jurídico para in- qualquer das partes: poderá prosseguir com sua defe-
tervir, o juiz decidirá o incidente, I – ao alienante imediato, no sa ou, aderindo a tal reconheci-
sem suspensão do processo. processo relativo à coisa cujo mento, pedir apenas a procedên-
domínio foi transferido ao de- cia da ação de regresso.
nunciante, a fim de que possa Parágrafo único. Procedente
Seção II – Da Assistência exercer os direitos que da evicção o pedido da ação principal, pode
Simples lhe resultam; o autor, se for o caso, requerer o
II – àquele que estiver obri- cumprimento da sentença tam-
Art. 121. O assistente simples gado, por lei ou pelo contrato, a bém contra o denunciado, nos
atuará como auxiliar da parte indenizar, em ação regressiva, o limites da condenação deste na
principal, exercerá os mesmos prejuízo de quem for vencido no ação regressiva.
poderes e sujeitar-se-á aos mes- processo.
mos ônus processuais que o as- § 1 o O direito regressivo Art. 129. Se o denunciante for
sistido. será exercido por ação autôno- vencido na ação principal, o juiz
Parágrafo único. Sendo re- ma quando a denunciação da passará ao julgamento da denun-
vel ou, de qualquer outro modo, lide for indeferida, deixar de ser ciação da lide.
omisso o assistido, o assistente promovida ou não for permitida. Parágrafo único. Se o de-
será considerado seu substituto § 2o Admite-se uma única nunciante for vencedor, a ação
processual. denunciação sucessiva, promo- de denunciação não terá o seu
vida pelo denunciado, contra seu pedido examinado, sem prejuízo
Art. 122. A assistência simples antecessor imediato na cadeia da condenação do denunciante ao
não obsta a que a parte principal dominial ou quem seja responsá- pagamento das verbas de sucum-
reconheça a procedência do pe- vel por indenizá-lo, não podendo bência em favor do denunciado.
dido, desista da ação, renuncie o denunciado sucessivo promover
ao direito sobre o que se funda nova denunciação, hipótese em
a ação ou transija sobre direitos que eventual direito de regresso CAPÍTULO III – DO
controvertidos. será exercido por ação autônoma. CHAMAMENTO AO
PROCESSO
Art. 123. Transitada em julgado Art. 126. A citação do denun-
a sentença no processo em que ciado será requerida na petição Art. 130. É admissível o chama-

286
Código de Processo Civil
mento ao processo, requerido em título executivo extrajudicial. interposição de recursos, ressal-
pelo réu: § 1o A instauração do inci- vadas a oposição de embargos de
I – do afiançado, na ação em dente será imediatamente co- declaração e a hipótese do § 3o.
que o fiador for réu; municada ao distribuidor para § 2o Caberá ao juiz ou ao re-
II – dos demais fiadores, na as anotações devidas. lator, na decisão que solicitar ou
ação proposta contra um ou al- § 2o Dispensa-se a instaura- admitir a intervenção, definir os
guns deles; ção do incidente se a desconsi- poderes do amicus curiae.
III – dos demais devedores deração da personalidade jurídica § 3o O amicus curiae pode
solidários, quando o credor exigir for requerida na petição inicial, recorrer da decisão que julgar
de um ou de alguns o pagamento hipótese em que será citado o o incidente de resolução de de-
da dívida comum. sócio ou a pessoa jurídica. mandas repetitivas.
§ 3o A instauração do inci-
Art. 131. A citação daqueles que dente suspenderá o processo,
devam figurar em litisconsórcio salvo na hipótese do § 2o. TÍTULO IV – DO JUIZ E DOS
passivo será requerida pelo réu § 4o O requerimento deve de- AUXILIARES DA JUSTIÇA
na contestação e deve ser promo- monstrar o preenchimento dos
vida no prazo de 30 (trinta) dias, pressupostos legais específicos CAPÍTULO I – DOS
sob pena de ficar sem efeito o para desconsideração da perso- PODERES, DOS DEVERES
chamamento. nalidade jurídica. E DA RESPONSABILIDADE
Parágrafo único. Se o cha- DO JUIZ
mado residir em outra comarca, Art. 135. Instaurado o inciden-
seção ou subseção judiciárias, ou te, o sócio ou a pessoa jurídica Art. 139. O juiz dirigirá o proces-
em lugar incerto, o prazo será de será citado para manifestar-se so conforme as disposições deste
2 (dois) meses. e requerer as provas cabíveis no Código, incumbindo-lhe:
prazo de 15 (quinze) dias. I – assegurar às partes igual-
Art. 132. A sentença de proce- dade de tratamento;
dência valerá como título executi- Art. 136. Concluída a instrução, II – velar pela duração razo-
vo em favor do réu que satisfizer a se necessária, o incidente será re- ável do processo;
dívida, a fim de que possa exigi-la, solvido por decisão interlocutória. III – prevenir ou reprimir qual-
por inteiro, do devedor principal, Parágrafo único. Se a decisão quer ato contrário à dignidade da
ou, de cada um dos codevedores, for proferida pelo relator, cabe justiça e indeferir postulações
a sua quota, na proporção que agravo interno. meramente protelatórias;
lhes tocar. IV – determinar todas as
Art. 137. Acolhido o pedido de medidas indutivas, coercitivas,
desconsideração, a alienação ou mandamentais ou sub-rogató-
CAPÍTULO IV – DO a oneração de bens, havida em rias necessárias para assegurar
INCIDENTE DE fraude de execução, será ineficaz o cumprimento de ordem judicial,
DESCONSIDERAÇÃO DA em relação ao requerente. inclusive nas ações que tenham
PERSONALIDADE JURÍDICA por objeto prestação pecuniária;
V – promover, a qualquer tem-
Art. 133. O incidente de des- CAPÍTULO V – DO AMICUS po, a autocomposição, preferen-
consideração da personalidade CURIAE cialmente com auxílio de conci-
jurídica será instaurado a pedido liadores e mediadores judiciais;
da parte ou do Ministério Públi- Art. 138. O juiz ou o relator, con- VI – dilatar os prazos proces-
co, quando lhe couber intervir siderando a relevância da matéria, suais e alterar a ordem de pro-
no processo. a especificidade do tema objeto dução dos meios de prova, ade-
§ 1o O pedido de desconsi- da demanda ou a repercussão so- quando-os às necessidades do
deração da personalidade jurí- cial da controvérsia, poderá, por conflito de modo a conferir maior
dica observará os pressupostos decisão irrecorrível, de ofício ou efetividade à tutela do direito;
previstos em lei. a requerimento das partes ou de VII – exercer o poder de po-
§ 2o Aplica-se o dispos- quem pretenda manifestar-se, so- lícia, requisitando, quando ne-
to neste Capítulo à hipótese de licitar ou admitir a participação de cessário, força policial, além da
desconsideração inversa da per- pessoa natural ou jurídica, órgão segurança interna dos fóruns e
sonalidade jurídica. ou entidade especializada, com tribunais;
representatividade adequada, VIII – determinar, a qualquer
Art. 134. O incidente de des- no prazo de 15 (quinze) dias de tempo, o comparecimento pes-
consideração é cabível em to- sua intimação. soal das partes, para inquiri-las
das as fases do processo de co- § 1o A intervenção de que tra- sobre os fatos da causa, hipóte-
nhecimento, no cumprimento de ta o caput não implica alteração se em que não incidirá a pena de
sentença e na execução fundada de competência nem autoriza a confesso;

287
Código de Processo Civil
IX – determinar o suprimen- determine a providência e o re- vogado ou o membro do Ministério
to de pressupostos processuais querimento não for apreciado no Público já integrava o processo
e o saneamento de outros vícios prazo de 10 (dez) dias. antes do início da atividade judi-
processuais; cante do juiz.
X – quando se deparar com § 2o É vedada a criação de
diversas demandas individuais CAPÍTULO II – DOS fato superveniente a fim de ca-
repetitivas, oficiar o Ministério IMPEDIMENTOS E DA racterizar impedimento do juiz.
Público, a Defensoria Pública e, SUSPEIÇÃO § 3o O impedimento previsto
na medida do possível, outros no inciso III também se verifica
legitimados a que se referem o Art. 144. Há impedimento do no caso de mandato conferido a
art. 5o da Lei no 7.347, de 24 de juiz, sendo-lhe vedado exercer membro de escritório de advoca-
julho de 1985, e o art. 82 da Lei suas funções no processo: cia que tenha em seus quadros
no 8.078, de 11 de setembro de I – em que interveio como advogado que individualmente
1990, para, se for o caso, promo- mandatário da parte, oficiou ostente a condição nele prevista,
ver a propositura da ação coletiva como perito, funcionou como mesmo que não intervenha dire-
respectiva. membro do Ministério Público tamente no processo.
Parágrafo único. A dilação de ou prestou depoimento como
prazos prevista no inciso VI so- testemunha; Art. 145. Há suspeição do juiz:
mente pode ser determinada an- II – de que conheceu em outro I – amigo íntimo ou inimigo de
tes de encerrado o prazo regular. grau de jurisdição, tendo profe- qualquer das partes ou de seus
rido decisão; advogados;
Art. 140. O juiz não se exime de III – quando nele estiver pos- II – que receber presentes de
decidir sob a alegação de lacuna tulando, como defensor público, pessoas que tiverem interesse na
ou obscuridade do ordenamento advogado ou membro do Ministé- causa antes ou depois de iniciado
jurídico. rio Público, seu cônjuge ou com- o processo, que aconselhar algu-
Parágrafo único. O juiz só panheiro, ou qualquer parente, ma das partes acerca do objeto
decidirá por equidade nos casos consanguíneo ou afim, em linha da causa ou que subministrar
previstos em lei. reta ou colateral, até o terceiro meios para atender às despesas
grau, inclusive; do litígio;
Art. 141. O juiz decidirá o mérito IV – quando for parte no pro- III – quando qualquer das par-
nos limites propostos pelas par- cesso ele próprio, seu cônjuge ou tes for sua credora ou devedora,
tes, sendo-lhe vedado conhecer companheiro, ou parente, con- de seu cônjuge ou companheiro
de questões não suscitadas a sanguíneo ou afim, em linha reta ou de parentes destes, em linha
cujo respeito a lei exige iniciati- ou colateral, até o terceiro grau, reta até o terceiro grau, inclusive;
va da parte. inclusive; IV – interessado no julgamen-
V – quando for sócio ou mem- to do processo em favor de qual-
Art. 142. Convencendo-se, pe- bro de direção ou de administra- quer das partes.
las circunstâncias, de que autor ção de pessoa jurídica parte no § 1o Poderá o juiz declarar-se
e réu se serviram do processo processo; suspeito por motivo de foro ínti-
para praticar ato simulado ou VI – quando for herdeiro pre- mo, sem necessidade de declarar
conseguir fim vedado por lei, o suntivo, donatário ou empregador suas razões.
juiz proferirá decisão que impeça de qualquer das partes; § 2o Será ilegítima a alegação
os objetivos das partes, aplican- VII – em que figure como par- de suspeição quando:
do, de ofício, as penalidades da te instituição de ensino com a I – houver sido provocada por
litigância de má-fé. qual tenha relação de emprego quem a alega;
ou decorrente de contrato de II – a parte que a alega hou-
Art. 143. O juiz responderá, civil prestação de serviços; ver praticado ato que signifique
e regressivamente, por perdas e VIII – em que figure como manifesta aceitação do arguido.
danos quando: parte cliente do escritório de ad-
I – no exercício de suas fun- vocacia de seu cônjuge, compa- Art. 146. No prazo de 15 (quinze)
ções, proceder com dolo ou frau- nheiro ou parente, consanguíneo dias, a contar do conhecimento
de; ou afim, em linha reta ou colate- do fato, a parte alegará o impe-
II – recusar, omitir ou retardar, ral, até o terceiro grau, inclusive, dimento ou a suspeição, em pe-
sem justo motivo, providência mesmo que patrocinado por ad- tição específica dirigida ao juiz
que deva ordenar de ofício ou a vogado de outro escritório; do processo, na qual indicará o
requerimento da parte. IX – quando promover ação fundamento da recusa, podendo
Parágrafo único. As hipó- contra a parte ou seu advogado. instruí-la com documentos em
teses previstas no inciso II so- § 1o Na hipótese do inciso que se fundar a alegação e com
mente serão verificadas depois III, o impedimento só se verifica rol de testemunhas.
que a parte requerer ao juiz que quando o defensor público, o ad- § 1o Se reconhecer o impedi-

288
Código de Processo Civil
mento ou a suspeição ao receber Público; precatórias e os demais atos que
a petição, o juiz ordenará imedia- II – aos auxiliares da justiça; pertençam ao seu ofício;
tamente a remessa dos autos a III – aos demais sujeitos im- II – efetivar as ordens judi-
seu substituto legal, caso contrá- parciais do processo. ciais, realizar citações e intima-
rio, determinará a autuação em § 1o A parte interessada de- ções, bem como praticar todos
apartado da petição e, no prazo de verá arguir o impedimento ou a os demais atos que lhe forem
15 (quinze) dias, apresentará suas suspeição, em petição fundamen- atribuídos pelas normas de or-
razões, acompanhadas de docu- tada e devidamente instruída, na ganização judiciária;
mentos e de rol de testemunhas, primeira oportunidade em que lhe III – comparecer às audiên-
se houver, ordenando a remessa couber falar nos autos. cias ou, não podendo fazê-lo, de-
do incidente ao tribunal. § 2o O juiz mandará proces- signar servidor para substituí-lo;
§ 2o Distribuído o incidente, sar o incidente em separado e IV – manter sob sua guarda
o relator deverá declarar os seus sem suspensão do processo, ou- e responsabilidade os autos, não
efeitos, sendo que, se o incidente vindo o arguido no prazo de 15 permitindo que saiam do cartó-
for recebido: (quinze) dias e facultando a produ- rio, exceto:
I – sem efeito suspensivo, o ção de prova, quando necessária. a) quando tenham de seguir
processo voltará a correr; § 3o Nos tribunais, a arguição à conclusão do juiz;
II – com efeito suspensivo, o a que se refere o § 1o será disci- b) com vista a procurador, à
processo permanecerá suspenso plinada pelo regimento interno. Defensoria Pública, ao Ministério
até o julgamento do incidente. § 4o O disposto nos §§ 1o e Público ou à Fazenda Pública;
§ 3o Enquanto não for decla- 2o não se aplica à arguição de c) quando devam ser remeti-
rado o efeito em que é recebido o impedimento ou de suspeição dos ao contabilista ou ao partidor;
incidente ou quando este for re- de testemunha. d) quando forem remetidos
cebido com efeito suspensivo, a a outro juízo em razão da modi-
tutela de urgência será requerida ficação da competência;
ao substituto legal. CAPÍTULO III – DOS V – fornecer certidão de qual-
§ 4o Verificando que a alega- AUXILIARES DA JUSTIÇA quer ato ou termo do processo,
ção de impedimento ou de sus- independentemente de despa-
peição é improcedente, o tribunal Art. 149. São auxiliares da Jus- cho, observadas as disposições
rejeitá-la-á. tiça, além de outros cujas atribui- referentes ao segredo de justiça;
§ 5o Acolhida a alegação, tra- ções sejam determinadas pelas VI – praticar, de ofício, os atos
tando-se de impedimento ou de normas de organização judiciária, meramente ordinatórios.
manifesta suspeição, o tribunal o escrivão, o chefe de secretaria, § 1o O juiz titular editará ato a
condenará o juiz nas custas e o oficial de justiça, o perito, o de- fim de regulamentar a atribuição
remeterá os autos ao seu substi- positário, o administrador, o in- prevista no inciso VI.
tuto legal, podendo o juiz recorrer térprete, o tradutor, o mediador, § 2o No impedimento do es-
da decisão. o conciliador judicial, o partidor, crivão ou chefe de secretaria, o
§ 6o Reconhecido o impedi- o distribuidor, o contabilista e o juiz convocará substituto e, não o
mento ou a suspeição, o tribunal regulador de avarias. havendo, nomeará pessoa idônea
fixará o momento a partir do qual para o ato.
o juiz não poderia ter atuado.
§ 7o O tribunal decretará
Seção I – Do Escrivão, do Art. 153. O escrivão ou o chefe
a nulidade dos atos do juiz, se Chefe de Secretaria e do de secretaria atenderá, preferen-
praticados quando já presente Oficial de Justiça cialmente, à ordem cronológica
o motivo de impedimento ou de de recebimento para publicação
suspeição. Art. 150. Em cada juízo haverá e efetivação dos pronunciamen-
um ou mais ofícios de justiça, tos judiciais.
Art. 147. Quando 2 (dois) ou mais cujas atribuições serão deter- § 1o A lista de processos re-
juízes forem parentes, consan- minadas pelas normas de orga- cebidos deverá ser disponibiliza-
guíneos ou afins, em linha reta nização judiciária. da, de forma permanente, para
ou colateral, até o terceiro grau, consulta pública.
inclusive, o primeiro que conhecer Art. 151. Em cada comarca, se- § 2o Estão excluídos da regra
do processo impede que o outro ção ou subseção judiciária have- do caput:
nele atue, caso em que o segundo rá, no mínimo, tantos oficiais de I – os atos urgentes, assim
se escusará, remetendo os autos justiça quantos sejam os juízos. reconhecidos pelo juiz no pronun-
ao seu substituto legal. ciamento judicial a ser efetivado;
Art. 152. Incumbe ao escrivão II – as preferências legais.
Art. 148. Aplicam-se os motivos ou ao chefe de secretaria: § 3o Após elaboração de lista
de impedimento e de suspeição: I – redigir, na forma legal, os própria, respeitar-se-ão a ordem
I – ao membro do Ministério ofícios, os mandados, as cartas cronológica de recebimento entre

289
Código de Processo Civil
os atos urgentes e as preferên- Seção II – Do Perito contado da intimação, da suspei-
cias legais. ção ou do impedimento superve-
§ 4o A parte que se conside- Art. 156. O juiz será assistido por nientes, sob pena de renúncia ao
rar preterida na ordem cronoló- perito quando a prova do fato de- direito a alegá-la.
gica poderá reclamar, nos pró- pender de conhecimento técnico § 2o Será organizada lista de
prios autos, ao juiz do processo, ou científico. peritos na vara ou na secretaria,
que requisitará informações ao § 1o Os peritos serão no- com disponibilização dos docu-
servidor, a serem prestadas no meados entre os profissionais mentos exigidos para habilitação
prazo de 2 (dois) dias. legalmente habilitados e os ór- à consulta de interessados, para
§ 5o Constatada a preteri- gãos técnicos ou científicos de- que a nomeação seja distribuída
ção, o juiz determinará o imediato vidamente inscritos em cadastro de modo equitativo, observadas
cumprimento do ato e a instau- mantido pelo tribunal ao qual o a capacidade técnica e a área de
ração de processo administrati- juiz está vinculado. conhecimento.
vo disciplinar contra o servidor. § 2o Para formação do ca-
dastro, os tribunais devem rea- Art. 158. O perito que, por dolo
Art. 154. Incumbe ao oficial de lizar consulta pública, por meio ou culpa, prestar informações
justiça: de divulgação na rede mundial inverídicas responderá pelos pre-
I – fazer pessoalmente cita- de computadores ou em jornais juízos que causar à parte e ficará
ções, prisões, penhoras, arrestos de grande circulação, além de inabilitado para atuar em outras
e demais diligências próprias do consulta direta a universidades, perícias no prazo de 2 (dois) a 5
seu ofício, sempre que possível a conselhos de classe, ao Minis- (cinco) anos, independentemen-
na presença de 2 (duas) testemu- tério Público, à Defensoria Públi- te das demais sanções previstas
nhas, certificando no mandado o ca e à Ordem dos Advogados do em lei, devendo o juiz comunicar
ocorrido, com menção ao lugar, Brasil, para a indicação de pro- o fato ao respectivo órgão de clas-
ao dia e à hora; fissionais ou de órgãos técnicos se para adoção das medidas que
II – executar as ordens do juiz interessados. entender cabíveis.
a que estiver subordinado; § 3o Os tribunais realizarão
III – entregar o mandado em avaliações e reavaliações peri-
cartório após seu cumprimento; ódicas para manutenção do ca-
Seção III – Do Depositário e
IV – auxiliar o juiz na manu- dastro, considerando a formação do Administrador
tenção da ordem; profissional, a atualização do co-
V – efetuar avaliações, quan- nhecimento e a experiência dos Art. 159. A guarda e a conserva-
do for o caso; peritos interessados. ção de bens penhorados, arresta-
VI – certificar, em manda- § 4o Para verificação de dos, sequestrados ou arrecada-
do, proposta de autocomposição eventual impedimento ou moti- dos serão confiadas a depositário
apresentada por qualquer das vo de suspeição, nos termos dos ou a administrador, não dispondo
partes, na ocasião de realização arts. 148 e 467, o órgão técnico ou a lei de outro modo.
de ato de comunicação que lhe científico nomeado para realiza-
couber. ção da perícia informará ao juiz os Art. 160. Por seu trabalho o
Parágrafo único. Certificada nomes e os dados de qualificação depositário ou o administrador
a proposta de autocomposição dos profissionais que participarão perceberá remuneração que o
prevista no inciso VI, o juiz orde- da atividade. juiz fixará levando em conta a
nará a intimação da parte contrá- § 5o Na localidade onde não situação dos bens, ao tempo do
ria para manifestar-se, no prazo houver inscrito no cadastro dispo- serviço e às dificuldades de sua
de 5 (cinco) dias, sem prejuízo do nibilizado pelo tribunal, a nome- execução.
andamento regular do processo, ação do perito é de livre escolha Parágrafo único. O juiz pode-
entendendo-se o silêncio como pelo juiz e deverá recair sobre rá nomear um ou mais prepostos
recusa. profissional ou órgão técnico ou por indicação do depositário ou
científico comprovadamente de- do administrador.
Art. 155. O escrivão, o chefe de tentor do conhecimento necessá-
secretaria e o oficial de justiça rio à realização da perícia. Art. 161. O depositário ou o ad-
são responsáveis, civil e regres- ministrador responde pelos preju-
sivamente, quando: Art. 157. O perito tem o dever ízos que, por dolo ou culpa, causar
I – sem justo motivo, se recu- de cumprir o ofício no prazo que à parte, perdendo a remuneração
sarem a cumprir no prazo os atos lhe designar o juiz, empregan- que lhe foi arbitrada, mas tem o
impostos pela lei ou pelo juiz a do toda sua diligência, podendo direito a haver o que legitima-
que estão subordinados; escusar-se do encargo alegando mente despendeu no exercício
II – praticarem ato nulo com motivo legítimo. do encargo.
dolo ou culpa. § 1o A escusa será apresen- Parágrafo único. O deposi-
tada no prazo de 15 (quinze) dias, tário infiel responde civilmente

290
Código de Processo Civil
pelos prejuízos causados, sem pelo respectivo tribunal, obser- cional e em cadastro de tribunal
prejuízo de sua responsabilidade vadas as normas do Conselho de justiça ou de tribunal regional
penal e da imposição de sanção Nacional de Justiça. federal, que manterá registro de
por ato atentatório à dignidade § 2o O conciliador, que atuará profissionais habilitados, com in-
da justiça. preferencialmente nos casos em dicação de sua área profissional.
que não houver vínculo anterior § 1o Preenchendo o requisito
entre as partes, poderá sugerir da capacitação mínima, por meio
Seção IV – Do Intérprete e do soluções para o litígio, sendo ve- de curso realizado por entida-
Tradutor dada a utilização de qualquer tipo de credenciada, conforme pa-
de constrangimento ou intimida- râmetro curricular definido pelo
Art. 162. O juiz nomeará intér- ção para que as partes conciliem. Conselho Nacional de Justiça
prete ou tradutor quando neces- § 3o O mediador, que atuará em conjunto com o Ministério da
sário para: preferencialmente nos casos em Justiça, o conciliador ou o media-
I – traduzir documento redigi- que houver vínculo anterior entre dor, com o respectivo certificado,
do em língua estrangeira; as partes, auxiliará aos interessa- poderá requerer sua inscrição no
II – verter para o português dos a compreender as questões cadastro nacional e no cadastro
as declarações das partes e das e os interesses em conflito, de de tribunal de justiça ou de tribu-
testemunhas que não conhece- modo que eles possam, pelo res- nal regional federal.
rem o idioma nacional; tabelecimento da comunicação, § 2o Efetivado o registro, que
III – realizar a interpretação identificar, por si próprios, so- poderá ser precedido de concur-
simultânea dos depoimentos das luções consensuais que gerem so público, o tribunal remeterá ao
partes e testemunhas com defi- benefícios mútuos. diretor do foro da comarca, seção
ciência auditiva que se comuni- ou subseção judiciária onde atu-
quem por meio da Língua Brasi- Art. 166. A conciliação e a me- ará o conciliador ou o mediador
leira de Sinais, ou equivalente, diação são informadas pelos os dados necessários para que
quando assim for solicitado. princípios da independência, da seu nome passe a constar da
imparcialidade, da autonomia da respectiva lista, a ser observada
Art. 163. Não pode ser intérprete vontade, da confidencialidade, da na distribuição alternada e alea-
ou tradutor quem: oralidade, da informalidade e da tória, respeitado o princípio da
I – não tiver a livre adminis- decisão informada. igualdade dentro da mesma área
tração de seus bens; § 1o A confidencialidade es- de atuação profissional.
II – for arrolado como teste- tende-se a todas as informações § 3o Do credenciamento das
munha ou atuar como perito no produzidas no curso do procedi- câmaras e do cadastro de conci-
processo; mento, cujo teor não poderá ser liadores e mediadores constarão
III – estiver inabilitado para o utilizado para fim diverso daquele todos os dados relevantes para a
exercício da profissão por senten- previsto por expressa deliberação sua atuação, tais como o número
ça penal condenatória, enquanto das partes. de processos de que participou,
durarem seus efeitos. § 2o Em razão do dever de o sucesso ou insucesso da ati-
sigilo, inerente às suas funções, vidade, a matéria sobre a qual
Art. 164. O intérprete ou tra- o conciliador e o mediador, as- versou a controvérsia, bem como
dutor, oficial ou não, é obrigado sim como os membros de suas outros dados que o tribunal julgar
a desempenhar seu ofício, apli- equipes, não poderão divulgar relevantes.
cando-se-lhe o disposto nos arts. ou depor acerca de fatos ou ele- § 4o Os dados colhidos na
157 e 158. mentos oriundos da conciliação forma do § 3o serão classificados
ou da mediação. sistematicamente pelo tribunal,
§ 3o Admite-se a aplicação que os publicará, ao menos anu-
Seção V – Dos Conciliadores de técnicas negociais, com o ob- almente, para conhecimento da
e Mediadores Judiciais jetivo de proporcionar ambiente população e para fins estatísticos
favorável à autocomposição. e de avaliação da conciliação, da
Art. 165. Os tribunais criarão § 4o A mediação e a conci- mediação, das câmaras privadas
centros judiciários de solução liação serão regidas conforme a de conciliação e de mediação, dos
consensual de conflitos, respon- livre autonomia dos interessados, conciliadores e dos mediadores.
sáveis pela realização de sessões inclusive no que diz respeito à § 5o Os conciliadores e me-
e audiências de conciliação e me- definição das regras procedi- diadores judiciais cadastrados na
diação e pelo desenvolvimento de mentais. forma do caput, se advogados,
programas destinados a auxiliar, estarão impedidos de exercer a
orientar e estimular a autocom- Art. 167. Os conciliadores, os advocacia nos juízos em que de-
posição. mediadores e as câmaras priva- sempenhem suas funções.
§ 1o A composição e a organi- das de conciliação e mediação § 6o O tribunal poderá optar
zação dos centros serão definidas serão inscritos em cadastro na- pela criação de quadro próprio de

291
Código de Processo Civil
conciliadores e mediadores, a ser lavrando-se ata com relatório do dos pedidos de resolução de con-
preenchido por concurso público ocorrido e solicitação de distri- flitos, por meio de conciliação, no
de provas e títulos, observadas as buição para novo conciliador ou âmbito da administração pública;
disposições deste Capítulo. mediador. III – promover, quando cou-
ber, a celebração de termo de
Art. 168. As partes podem es- Art. 171. No caso de impossibili- ajustamento de conduta.
colher, de comum acordo, o con- dade temporária do exercício da
ciliador, o mediador ou a câma- função, o conciliador ou mediador Art. 175. As disposições desta
ra privada de conciliação e de informará o fato ao centro, prefe- Seção não excluem outras for-
mediação. rencialmente por meio eletrônico, mas de conciliação e mediação
§ 1o O conciliador ou media- para que, durante o período em extrajudiciais vinculadas a órgãos
dor escolhido pelas partes po- que perdurar a impossibilidade, institucionais ou realizadas por
derá ou não estar cadastrado não haja novas distribuições. intermédio de profissionais inde-
no tribunal. pendentes, que poderão ser re-
§ 2o Inexistindo acordo quan- Art. 172. O conciliador e o me- gulamentadas por lei específica.
to à escolha do mediador ou con- diador ficam impedidos, pelo Parágrafo único. Os disposi-
ciliador, haverá distribuição entre prazo de 1 (um) ano, contado do tivos desta Seção aplicam-se, no
aqueles cadastrados no registro término da última audiência em que couber, às câmaras privadas
do tribunal, observada a respec- que atuaram, de assessorar, re- de conciliação e mediação.
tiva formação. presentar ou patrocinar qualquer
§ 3o Sempre que recomendá- das partes.
vel, haverá a designação de mais TÍTULO V – DO MINISTÉRIO
de um mediador ou conciliador. Art. 173. Será excluído do cadas- PÚBLICO
tro de conciliadores e mediadores
Art. 169. Ressalvada a hipótese aquele que: Art. 176. O Ministério Público
do art. 167, § 6o, o conciliador e I – agir com dolo ou culpa na atuará na defesa da ordem ju-
o mediador receberão pelo seu condução da conciliação ou da rídica, do regime democrático e
trabalho remuneração prevista mediação sob sua responsabilida- dos interesses e direitos sociais
em tabela fixada pelo tribunal, de ou violar qualquer dos deveres e individuais indisponíveis.
conforme parâmetros estabe- decorrentes do art. 166, §§ 1o e 2o;
lecidos pelo Conselho Nacional II – atuar em procedimento de Art. 177. O Ministério Público
de Justiça. mediação ou conciliação, apesar exercerá o direito de ação em
§ 1o A mediação e a concilia- de impedido ou suspeito. conformidade com suas atribui-
ção podem ser realizadas como § 1o Os casos previstos neste ções constitucionais.
trabalho voluntário, observada a artigo serão apurados em proces-
legislação pertinente e a regula- so administrativo. Art. 178. O Ministério Público
mentação do tribunal. § 2o O juiz do processo ou será intimado para, no prazo de 30
§ 2o Os tribunais determina- o juiz coordenador do centro de (trinta) dias, intervir como fiscal
rão o percentual de audiências conciliação e mediação, se hou- da ordem jurídica nas hipóteses
não remuneradas que deverão ver, verificando atuação inade- previstas em lei ou na Constitui-
ser suportadas pelas câmaras pri- quada do mediador ou conci- ção Federal e nos processos que
vadas de conciliação e mediação, liador, poderá afastá-lo de suas envolvam:
com o fim de atender aos proces- atividades por até 180 (cento e I – interesse público ou social;
sos em que deferida gratuidade oitenta) dias, por decisão fun- II – interesse de incapaz;
da justiça, como contrapartida damentada, informando o fato III – litígios coletivos pela pos-
de seu credenciamento. imediatamente ao tribunal para se de terra rural ou urbana.
instauração do respectivo pro- Parágrafo único. A partici-
Art. 170. No caso de impedimen- cesso administrativo. pação da Fazenda Pública não
to, o conciliador ou mediador o configura, por si só, hipótese de
comunicará imediatamente, de Art. 174. A União, os Estados, o intervenção do Ministério Público.
preferência por meio eletrônico, Distrito Federal e os Municípios
e devolverá os autos ao juiz do criarão câmaras de mediação e Art. 179. Nos casos de interven-
processo ou ao coordenador do conciliação, com atribuições re- ção como fiscal da ordem jurídica,
centro judiciário de solução de lacionadas à solução consensual o Ministério Público:
conflitos, devendo este realizar de conflitos no âmbito adminis- I – terá vista dos autos depois
nova distribuição. trativo, tais como: das partes, sendo intimado de to-
Parágrafo único. Se a cau- I – dirimir conflitos envolven- dos os atos do processo;
sa de impedimento for apurada do órgãos e entidades da admi- II – poderá produzir provas,
quando já iniciado o procedimen- nistração pública; requerer as medidas processuais
to, a atividade será interrompida, II – avaliar a admissibilidade pertinentes e recorrer.

292
Código de Processo Civil
Art. 180. O Ministério Público TÍTULO VII – DA processuais independem de for-
gozará de prazo em dobro para DEFENSORIA PÚBLICA ma determinada, salvo quando a
manifestar-se nos autos, que lei expressamente a exigir, con-
terá início a partir de sua inti- Art. 185. A Defensoria Pública siderando-se válidos os que, re-
mação pessoal, nos termos do exercerá a orientação jurídica, a alizados de outro modo, lhe pre-
art. 183, § 1o. promoção dos direitos humanos encham a finalidade essencial.
§ 1o Findo o prazo para ma- e a defesa dos direitos individuais
nifestação do Ministério Público e coletivos dos necessitados, em Art. 189. Os atos processuais
sem o oferecimento de parecer, todos os graus, de forma integral são públicos, todavia tramitam
o juiz requisitará os autos e dará e gratuita. em segredo de justiça os pro-
andamento ao processo. cessos:
§ 2o Não se aplica o benefício Art. 186. A Defensoria Pública I – em que o exija o interesse
da contagem em dobro quando a gozará de prazo em dobro para público ou social;
lei estabelecer, de forma expres- todas as suas manifestações pro- II – que versem sobre casa-
sa, prazo próprio para o Ministério cessuais. mento, separação de corpos, di-
Público. § 1o O prazo tem início com vórcio, separação, união estável,
a intimação pessoal do defensor filiação, alimentos e guarda de
Art. 181. O membro do Ministério público, nos termos do art. 183, crianças e adolescentes;
Público será civil e regressiva- § 1o. III – em que constem dados
mente responsável quando agir § 2o A requerimento da De- protegidos pelo direito constitu-
com dolo ou fraude no exercício fensoria Pública, o juiz determi- cional à intimidade;
de suas funções. nará a intimação pessoal da parte IV – que versem sobre arbi-
patrocinada quando o ato proces- tragem, inclusive sobre cumpri-
sual depender de providência ou mento de carta arbitral, desde que
TÍTULO VI – DA ADVOCACIA informação que somente por ela a confidencialidade estipulada
PÚBLICA possa ser realizada ou prestada. na arbitragem seja comprovada
§ 3o O disposto no caput apli- perante o juízo.
Art. 182. Incumbe à Advocacia ca-se aos escritórios de prática § 1o O direito de consultar os
Pública, na forma da lei, defender jurídica das faculdades de Di- autos de processo que tramite em
e promover os interesses públicos reito reconhecidas na forma da segredo de justiça e de pedir cer-
da União, dos Estados, do Distri- lei e às entidades que prestam tidões de seus atos é restrito às
to Federal e dos Municípios, por assistência jurídica gratuita em partes e aos seus procuradores.
meio da representação judicial, razão de convênios firmados com § 2o O terceiro que demons-
em todos os âmbitos federativos, a Defensoria Pública. trar interesse jurídico pode reque-
das pessoas jurídicas de direito § 4o Não se aplica o benefício rer ao juiz certidão do dispositivo
público que integram a adminis- da contagem em dobro quando a da sentença, bem como de inven-
tração direta e indireta. lei estabelecer, de forma expres- tário e de partilha resultantes de
sa, prazo próprio para a Defenso- divórcio ou separação.
Art. 183. A União, os Estados, ria Pública.
o Distrito Federal, os Municípios Art. 190. Versando o processo
e suas respectivas autarquias Art. 187. O membro da Defenso- sobre direitos que admitam au-
e fundações de direito público ria Pública será civil e regressiva- tocomposição, é lícito às partes
gozarão de prazo em dobro para mente responsável quando agir plenamente capazes estipular
todas as suas manifestações pro- com dolo ou fraude no exercício mudanças no procedimento para
cessuais, cuja contagem terá iní- de suas funções. ajustá-lo às especificidades da
cio a partir da intimação pessoal. causa e convencionar sobre os
§ 1o A intimação pessoal far- seus ônus, poderes, faculdades
-se-á por carga, remessa ou meio LIVRO IV – DOS ATOS e deveres processuais, antes ou
eletrônico. PROCESSUAIS durante o processo.
§ 2o Não se aplica o benefício Parágrafo único. De ofício ou
da contagem em dobro quando TÍTULO I – DA FORMA, DO a requerimento, o juiz controlará
a lei estabelecer, de forma ex- TEMPO E DO LUGAR DOS a validade das convenções previs-
pressa, prazo próprio para o ente ATOS PROCESSUAIS tas neste artigo, recusando-lhes
público. aplicação somente nos casos de
CAPÍTULO I – DA FORMA nulidade ou de inserção abusiva
Art. 184. O membro da Advoca- DOS ATOS PROCESSUAIS em contrato de adesão ou em
cia Pública será civil e regressiva- que alguma parte se encontre
mente responsável quando agir Seção I – Dos Atos em Geral em manifesta situação de vul-
com dolo ou fraude no exercício nerabilidade.
de suas funções. Art. 188. Os atos e os termos

293
Código de Processo Civil
Art. 191. De comum acordo, o em padrões abertos, que atende- atos processuais e à assinatura
juiz e as partes podem fixar ca- rão aos requisitos de autenticida- eletrônica.
lendário para a prática dos atos de, integridade, temporalidade,
processuais, quando for o caso. não repúdio, conservação e, nos
§ 1o O calendário vincula as casos que tramitem em segre-
Seção III – Dos Atos das
partes e o juiz, e os prazos nele do de justiça, confidencialidade, Partes
previstos somente serão modi- observada a infraestrutura de
ficados em casos excepcionais, chaves públicas unificada na- Art. 200. Os atos das partes
devidamente justificados. cionalmente, nos termos da lei. consistentes em declarações uni-
§ 2o Dispensa-se a intimação laterais ou bilaterais de vontade
das partes para a prática de ato Art. 196. Compete ao Conselho produzem imediatamente a cons-
processual ou a realização de Nacional de Justiça e, supletiva- tituição, modificação ou extinção
audiência cujas datas tiverem mente, aos tribunais, regulamen- de direitos processuais.
sido designadas no calendário. tar a prática e a comunicação ofi- Parágrafo único. A desistên-
cial de atos processuais por meio cia da ação só produzirá efeitos
Art. 192. Em todos os atos e ter- eletrônico e velar pela compatibi- após homologação judicial.
mos do processo é obrigatório o lidade dos sistemas, disciplinando
uso da língua portuguesa. a incorporação progressiva de Art. 201. As partes poderão exi-
Parágrafo único. O documen- novos avanços tecnológicos e gir recibo de petições, arrazoa-
to redigido em língua estrangeira editando, para esse fim, os atos dos, papéis e documentos que
somente poderá ser juntado aos que forem necessários, respei- entregarem em cartório.
autos quando acompanhado de tadas as normas fundamentais
versão para a língua portuguesa deste Código. Art. 202. É vedado lançar nos
tramitada por via diplomática ou autos cotas marginais ou inter-
pela autoridade central, ou fir- Art. 197. Os tribunais divulgarão lineares, as quais o juiz mandará
mada por tradutor juramentado. as informações constantes de seu riscar, impondo a quem as es-
sistema de automação em página crever multa correspondente à
própria na rede mundial de com- metade do salário mínimo.
Seção II – Da Prática putadores, gozando a divulgação
Eletrônica de Atos de presunção de veracidade e
Processuais confiabilidade.
Seção IV – Dos
Parágrafo único. Nos casos Pronunciamentos do Juiz
Art. 193. Os atos processuais de problema técnico do sistema
podem ser total ou parcialmen- e de erro ou omissão do auxiliar Art. 203. Os pronunciamentos
te digitais, de forma a permitir da justiça responsável pelo re- do juiz consistirão em senten-
que sejam produzidos, comunica- gistro dos andamentos, poderá ças, decisões interlocutórias e
dos, armazenados e validados por ser configurada a justa causa despachos.
meio eletrônico, na forma da lei. prevista no art. 223, caput e § 1o. § 1o Ressalvadas as dispo-
Parágrafo único. O disposto sições expressas dos procedi-
nesta Seção aplica-se, no que for Art. 198. As unidades do Po- mentos especiais, sentença é o
cabível, à prática de atos notariais der Judiciário deverão manter pronunciamento por meio do qual
e de registro. gratuitamente, à disposição dos o juiz, com fundamento nos arts.
interessados, equipamentos ne- 485 e 487, põe fim à fase cogni-
Art. 194. Os sistemas de auto- cessários à prática de atos pro- tiva do procedimento comum,
mação processual respeitarão a cessuais e à consulta e ao acesso bem como extingue a execução.
publicidade dos atos, o acesso e ao sistema e aos documentos § 2o Decisão interlocutória
a participação das partes e de dele constantes. é todo pronunciamento judicial
seus procuradores, inclusive nas Parágrafo único. Será admiti- de natureza decisória que não
audiências e sessões de julga- da a prática de atos por meio não se enquadre no § 1o.
mento, observadas as garantias eletrônico no local onde não esti- § 3o São despachos todos
da disponibilidade, independên- verem disponibilizados os equi- os demais pronunciamentos do
cia da plataforma computacional, pamentos previstos no caput. juiz praticados no processo, de
acessibilidade e interoperabilida- ofício ou a requerimento da parte.
de dos sistemas, serviços, dados Art. 199. As unidades do Poder § 4o Os atos meramente or-
e informações que o Poder Judi- Judiciário assegurarão às pesso- dinatórios, como a juntada e a
ciário administre no exercício de as com deficiência acessibilidade vista obrigatória, independem de
suas funções. aos seus sítios na rede mundial despacho, devendo ser praticados
de computadores, ao meio eletrô- de ofício pelo servidor e revistos
Art. 195. O registro de ato pro- nico de prática de atos judiciais, pelo juiz quando necessário.
cessual eletrônico deverá ser feito à comunicação eletrônica dos

294
Código de Processo Civil
Art. 204. Acórdão é o julgamen- rem ou não quiserem firmá-los, o observado o disposto no art. 5o,
to colegiado proferido pelos tri- escrivão ou o chefe de secretaria inciso XI, da Constituição Federal.
bunais. certificará a ocorrência. § 3o Quando o ato tiver de ser
§ 1o Quando se tratar de pro- praticado por meio de petição em
Art. 205. Os despachos, as de- cesso total ou parcialmente do- autos não eletrônicos, essa de-
cisões, as sentenças e os acór- cumentado em autos eletrônicos, verá ser protocolada no horário
dãos serão redigidos, datados e os atos processuais praticados na de funcionamento do fórum ou
assinados pelos juízes. presença do juiz poderão ser pro- tribunal, conforme o disposto na
§ 1o Quando os pronuncia- duzidos e armazenados de modo lei de organização judiciária local.
mentos previstos no caput forem integralmente digital em arquivo
proferidos oralmente, o servidor eletrônico inviolável, na forma da Art. 213. A prática eletrônica
os documentará, submetendo-os lei, mediante registro em termo, de ato processual pode ocorrer
aos juízes para revisão e assi- que será assinado digitalmente em qualquer horário até as 24
natura. pelo juiz e pelo escrivão ou chefe (vinte e quatro) horas do último
§ 2o A assinatura dos juízes, de secretaria, bem como pelos dia do prazo.
em todos os graus de jurisdição, advogados das partes. Parágrafo único. O horário
pode ser feita eletronicamente, § 2o Na hipótese do § 1o, even- vigente no juízo perante o qual o
na forma da lei. tuais contradições na transcrição ato deve ser praticado será consi-
§ 3o Os despachos, as deci- deverão ser suscitadas oralmente derado para fins de atendimento
sões interlocutórias, o disposi- no momento de realização do ato, do prazo.
tivo das sentenças e a ementa sob pena de preclusão, devendo
dos acórdãos serão publicados o juiz decidir de plano e ordenar Art. 214. Durante as férias fo-
no Diário de Justiça Eletrônico. o registro, no termo, da alegação renses e nos feriados, não se
e da decisão. praticarão atos processuais, ex-
cetuando-se:
Seção V – Dos Atos do Art. 210. É lícito o uso da taqui- I – os atos previstos no
Escrivão ou do Chefe de grafia, da estenotipia ou de outro art. 212, § 2o;
Secretaria método idôneo em qualquer juízo II – a tutela de urgência.
ou tribunal.
Art. 206. Ao receber a petição Art. 215. Processam-se durante
inicial de processo, o escrivão ou Art. 211. Não se admitem nos as férias forenses, onde as hou-
o chefe de secretaria a autuará, atos e termos processuais es- ver, e não se suspendem pela
mencionando o juízo, a natureza paços em branco, salvo os que superveniência delas:
do processo, o número de seu forem inutilizados, assim como I – os procedimentos de juris-
registro, os nomes das partes e entrelinhas, emendas ou rasuras, dição voluntária e os necessários
a data de seu início, e procederá exceto quando expressamente à conservação de direitos, quando
do mesmo modo em relação aos ressalvadas. puderem ser prejudicados pelo
volumes em formação. adiamento;
II – a ação de alimentos e os
Art. 207. O escrivão ou o chefe CAPÍTULO II – DO TEMPO processos de nomeação ou re-
de secretaria numerará e rubri- E DO LUGAR DOS ATOS moção de tutor e curador;
cará todas as folhas dos autos. PROCESSUAIS III – os processos que a lei
Parágrafo único. À parte, determinar.
ao procurador, ao membro do Seção I – Do Tempo
Ministério Público, ao defensor Art. 216. Além dos declarados
público e aos auxiliares da justi- Art. 212. Os atos processuais em lei, são feriados, para efeito
ça é facultado rubricar as folhas serão realizados em dias úteis, forense, os sábados, os domingos
correspondentes aos atos em que das 6 (seis) às 20 (vinte) horas. e os dias em que não haja expe-
intervierem. § 1o Serão concluídos após diente forense.
as 20 (vinte) horas os atos inicia-
Art. 208. Os termos de juntada, dos antes, quando o adiamento
vista, conclusão e outros seme- prejudicar a diligência ou causar
Seção II – Do Lugar
lhantes constarão de notas data- grave dano.
das e rubricadas pelo escrivão ou § 2o Independentemente de Art. 217. Os atos processuais
pelo chefe de secretaria. autorização judicial, as citações, realizar-se-ão ordinariamente
intimações e penhoras poderão na sede do juízo, ou, excepcional-
Art. 209. Os atos e os termos do realizar-se no período de férias mente, em outro lugar em razão
processo serão assinados pelas forenses, onde as houver, e nos de deferência, de interesse da
pessoas que neles intervierem, feriados ou dias úteis fora do ho- justiça, da natureza do ato ou de
todavia, quando essas não pude- rário estabelecido neste artigo, obstáculo arguido pelo interes-

295
Código de Processo Civil
sado e acolhido pelo juiz. Parágrafo único. Suspen- ciar ao prazo estabelecido exclu-
dem-se os prazos durante a exe- sivamente em seu favor, desde
cução de programa instituído pelo que o faça de maneira expressa.
CAPÍTULO III – DOS Poder Judiciário para promover
PRAZOS a autocomposição, incumbindo Art. 226. O juiz proferirá:
aos tribunais especificar, com I – os despachos no prazo de
Seção I – Disposições Gerais
antecedência, a duração dos tra- 5 (cinco) dias;
balhos. II – as decisões interlocu-
Art. 218. Os atos processuais tórias no prazo de 10 (dez) dias;
serão realizados nos prazos pres- Art. 222. Na comarca, seção III – as sentenças no prazo de
critos em lei. ou subseção judiciária onde for 30 (trinta) dias.
§ 1o Quando a lei for omissa, difícil o transporte, o juiz pode-
o juiz determinará os prazos em rá prorrogar os prazos por até 2 Art. 227. Em qualquer grau de
consideração à complexidade (dois) meses. jurisdição, havendo motivo jus-
do ato. § 1o Ao juiz é vedado reduzir tificado, pode o juiz exceder, por
§ 2o Quando a lei ou o juiz não prazos peremptórios sem anu- igual tempo, os prazos a que está
determinar prazo, as intimações ência das partes. submetido.
somente obrigarão a compareci- § 2o Havendo calamidade pú-
mento após decorridas 48 (qua- blica, o limite previsto no caput Art. 228. Incumbirá ao serven-
renta e oito) horas. para prorrogação de prazos po- tuário remeter os autos conclusos
§ 3o Inexistindo preceito le- derá ser excedido. no prazo de 1 (um) dia e executar
gal ou prazo determinado pelo os atos processuais no prazo de
juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo Art. 223. Decorrido o prazo, ex- 5 (cinco) dias, contado da data
para a prática de ato processual tingue-se o direito de praticar ou em que:
a cargo da parte. de emendar o ato processual, I – houver concluído o ato
§ 4o Será considerado tem- independentemente de declara- processual anterior, se lhe foi
pestivo o ato praticado antes do ção judicial, ficando assegurado, imposto pela lei;
termo inicial do prazo. porém, à parte provar que não o II – tiver ciência da ordem,
realizou por justa causa. quando determinada pelo juiz.
Art. 219. Na contagem de prazo § 1o Considera-se justa causa § 1o Ao receber os autos, o
em dias, estabelecido por lei ou o evento alheio à vontade da parte serventuário certificará o dia e
pelo juiz, computar-se-ão somen- e que a impediu de praticar o ato a hora em que teve ciência da
te os dias úteis. por si ou por mandatário. ordem referida no inciso II.
Parágrafo único. O disposto § 2o Verificada a justa causa, § 2o Nos processos em autos
neste artigo aplica-se somente o juiz permitirá à parte a prática eletrônicos, a juntada de petições
aos prazos processuais. do ato no prazo que lhe assinar. ou de manifestações em geral
ocorrerá de forma automática,
Art. 220. Suspende-se o cur- Art. 224. Salvo disposição em independentemente de ato de
so do prazo processual nos dias contrário, os prazos serão con- serventuário da justiça.
compreendidos entre 20 de de- tados excluindo o dia do começo
zembro e 20 de janeiro, inclusive. e incluindo o dia do vencimento. Art. 229. Os litisconsortes que
§ 1o Ressalvadas as férias in- § 1o Os dias do começo e do tiverem diferentes procuradores,
dividuais e os feriados instituídos vencimento do prazo serão pro- de escritórios de advocacia dis-
por lei, os juízes, os membros do traídos para o primeiro dia útil tintos, terão prazos contados em
Ministério Público, da Defensoria seguinte, se coincidirem com dia dobro para todas as suas mani-
Pública e da Advocacia Pública e em que o expediente forense for festações, em qualquer juízo ou
os auxiliares da Justiça exercerão encerrado antes ou iniciado de- tribunal, independentemente de
suas atribuições durante o perí- pois da hora normal ou houver requerimento.
odo previsto no caput. indisponibilidade da comunica- § 1o Cessa a contagem do
§ 2o Durante a suspensão do ção eletrônica. prazo em dobro se, havendo ape-
prazo, não se realizarão audiên- § 2o Considera-se como data nas 2 (dois) réus, é oferecida de-
cias nem sessões de julgamento. de publicação o primeiro dia útil fesa por apenas um deles.
seguinte ao da disponibilização da § 2o Não se aplica o disposto
Art. 221. Suspende-se o curso informação no Diário da Justiça no caput aos processos em autos
do prazo por obstáculo criado eletrônico. eletrônicos.
em detrimento da parte ou ocor- § 3o A contagem do prazo
rendo qualquer das hipóteses do terá início no primeiro dia útil que Art. 230. O prazo para a parte, o
art. 313, devendo o prazo ser res- seguir ao da publicação. procurador, a Advocacia Pública,
tituído por tempo igual ao que fal- a Defensoria Pública e o Ministério
tava para sua complementação. Art. 225. A parte poderá renun- Público será contado da citação,

296
Código de Processo Civil
da intimação ou da notificação. a intermediação de representante responsável pelo ato.
judicial, o dia do começo do prazo § 5o Verificada a falta, o juiz
Art. 231. Salvo disposição em para cumprimento da determina- comunicará o fato ao órgão com-
sentido diverso, considera-se dia ção judicial corresponderá à data petente responsável pela instau-
do começo do prazo: em que se der a comunicação. ração de procedimento discipli-
I – a data de juntada aos autos § 4o Aplica-se o disposto no nar contra o membro que atuou
do aviso de recebimento, quando inciso II do caput à citação com no feito.
a citação ou a intimação for pelo hora certa.
correio; Art. 235. Qualquer parte, o Mi-
II – a data de juntada aos au- Art. 232. Nos atos de comuni- nistério Público ou a Defenso-
tos do mandado cumprido, quan- cação por carta precatória, roga- ria Pública poderá representar
do a citação ou a intimação for tória ou de ordem, a realização ao corregedor do tribunal ou ao
por oficial de justiça; da citação ou da intimação será Conselho Nacional de Justiça
III – a data de ocorrência da imediatamente informada, por contra juiz ou relator que injus-
citação ou da intimação, quando meio eletrônico, pelo juiz depre- tificadamente exceder os prazos
ela se der por ato do escrivão ou cado ao juiz deprecante. previstos em lei, regulamento ou
do chefe de secretaria; regimento interno.
IV – o dia útil seguinte ao fim § 1o Distribuída a representa-
da dilação assinada pelo juiz,
Seção II – Da Verificação dos ção ao órgão competente e ouvi-
quando a citação ou a intima- Prazos e das Penalidades do previamente o juiz, não sendo
ção for por edital; caso de arquivamento liminar,
V – o dia útil seguinte à con- Art. 233. Incumbe ao juiz veri- será instaurado procedimento
sulta ao teor da citação ou da ficar se o serventuário excedeu, para apuração da responsabili-
intimação ou ao término do pra- sem motivo legítimo, os prazos dade, com intimação do repre-
zo para que a consulta se dê, estabelecidos em lei. sentado por meio eletrônico para,
quando a citação ou a intimação § 1o Constatada a falta, o juiz querendo, apresentar justificativa
for eletrônica; ordenará a instauração de pro- no prazo de 15 (quinze) dias.
VI – a data de juntada do co- cesso administrativo, na forma § 2o Sem prejuízo das san-
municado de que trata o art. 232 da lei. ções administrativas cabíveis,
ou, não havendo esse, a data de § 2o Qualquer das partes, o em até 48 (quarenta e oito) horas
juntada da carta aos autos de Ministério Público ou a Defensoria após a apresentação ou não da
origem devidamente cumprida, Pública poderá representar ao juiz justificativa de que trata o § 1o,
quando a citação ou a intima- contra o serventuário que injus- se for o caso, o corregedor do
ção se realizar em cumprimento tificadamente exceder os prazos tribunal ou o relator no Conselho
de carta; previstos em lei. Nacional de Justiça determinará
VII – a data de publicação, a intimação do representado por
quando a intimação se der pelo Art. 234. Os advogados públicos meio eletrônico para que, em 10
Diário da Justiça impresso ou ou privados, o defensor público e (dez) dias, pratique o ato.
eletrônico; o membro do Ministério Público § 3o Mantida a inércia, os au-
VIII – o dia da carga, quando devem restituir os autos no prazo tos serão remetidos ao substituto
a intimação se der por meio da do ato a ser praticado. legal do juiz ou do relator contra o
retirada dos autos, em carga, do § 1o É lícito a qualquer inte- qual se representou para decisão
cartório ou da secretaria; ressado exigir os autos do advo- em 10 (dez) dias.
IX – o quinto dia útil seguinte gado que exceder prazo legal.
à confirmação, na forma prevista § 2o Se, intimado, o advogado
na mensagem de citação, do re- não devolver os autos no prazo de TÍTULO II – DA
cebimento da citação realizada 3 (três) dias, perderá o direito à COMUNICAÇÃO DOS ATOS
por meio eletrônico. vista fora de cartório e incorrerá PROCESSUAIS
§ 1o Quando houver mais de em multa correspondente à me-
um réu, o dia do começo do prazo tade do salário mínimo. CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
para contestar corresponderá à § 3o Verificada a falta, o juiz GERAIS
última das datas a que se referem comunicará o fato à seção local
os incisos I a VI do caput. da Ordem dos Advogados do Brasil Art. 236. Os atos processuais
§ 2o Havendo mais de um para procedimento disciplinar e serão cumpridos por ordem ju-
intimado, o prazo para cada um imposição de multa. dicial.
é contado individualmente. § 4o Se a situação envolver § 1o Será expedida carta para
§ 3o Quando o ato tiver de membro do Ministério Público, da a prática de atos fora dos limites
ser praticado diretamente pela Defensoria Pública ou da Advoca- territoriais do tribunal, da comar-
parte ou por quem, de qualquer cia Pública, a multa, se for o caso, ca, da seção ou da subseção judi-
forma, participe do processo, sem será aplicada ao agente público ciárias, ressalvadas as hipóteses

297
Código de Processo Civil
previstas em lei. réu ou do executado, ressalvadas a citação será feita na pessoa de
§ 2o O tribunal poderá expe- as hipóteses de indeferimento da seu mandatário, administrador,
dir carta para juízo a ele vinculado, petição inicial ou de improcedên- preposto ou gerente, quando a
se o ato houver de se realizar fora cia liminar do pedido. ação se originar de atos por eles
dos limites territoriais do local de § 1o O comparecimento es- praticados.
sua sede. pontâneo do réu ou do execu- § 2o O locador que se au-
§ 3o Admite-se a prática de tado supre a falta ou a nulidade sentar do Brasil sem cientificar
atos processuais por meio de vi- da citação, fluindo a partir desta o locatário de que deixou, na lo-
deoconferência ou outro recurso data o prazo para apresentação calidade onde estiver situado o
tecnológico de transmissão de de contestação ou de embargos imóvel, procurador com poderes
sons e imagens em tempo real. à execução. para receber citação será citado
§ 2o Rejeitada a alegação de na pessoa do administrador do
Art. 237. Será expedida carta: nulidade, tratando-se de proces- imóvel encarregado do recebi-
I – de ordem, pelo tribunal, so de: mento dos aluguéis, que será
na hipótese do § 2o do art. 236; I – conhecimento, o réu será considerado habilitado para re-
II – rogatória, para que órgão considerado revel; presentar o locador em juízo.
jurisdicional estrangeiro pratique II – execução, o feito terá se- § 3o A citação da União, dos
ato de cooperação jurídica inter- guimento. Estados, do Distrito Federal, dos
nacional, relativo a processo em Municípios e de suas respectivas
curso perante órgão jurisdicional Art. 240. A citação válida, ainda autarquias e fundações de direito
brasileiro; quando ordenada por juízo in- público será realizada perante o
III – precatória, para que ór- competente, induz litispendência, órgão de Advocacia Pública res-
gão jurisdicional brasileiro prati- torna litigiosa a coisa e constitui ponsável por sua representação
que ou determine o cumprimento, em mora o devedor, ressalvado o judicial.
na área de sua competência terri- disposto nos arts. 397 e 398 da
torial, de ato relativo a pedido de Lei no 10.406, de 10 de janeiro de Art. 243. A citação poderá ser
cooperação judiciária formulado 2002 (Código Civil). feita em qualquer lugar em que
por órgão jurisdicional de compe- § 1o A interrupção da pres- se encontre o réu, o executado
tência territorial diversa; crição, operada pelo despacho ou o interessado.
IV – arbitral, para que órgão que ordena a citação, ainda que Parágrafo único. O militar em
do Poder Judiciário pratique ou proferido por juízo incompetente, serviço ativo será citado na uni-
determine o cumprimento, na retroagirá à data de propositura dade em que estiver servindo, se
área de sua competência terri- da ação. não for conhecida sua residência
torial, de ato objeto de pedido de § 2o Incumbe ao autor ado- ou nela não for encontrado.
cooperação judiciária formulado tar, no prazo de 10 (dez) dias, as
por juízo arbitral, inclusive os que providências necessárias para Art. 244. Não se fará a citação,
importem efetivação de tutela viabilizar a citação, sob pena de salvo para evitar o perecimento
provisória. não se aplicar o disposto no § 1o. do direito:
Parágrafo único. Se o ato § 3o A parte não será pre- I – de quem estiver partici-
relativo a processo em curso na judicada pela demora imputá- pando de ato de culto religioso;
justiça federal ou em tribunal su- vel exclusivamente ao serviço II – de cônjuge, de compa-
perior houver de ser praticado em judiciário. nheiro ou de qualquer parente
local onde não haja vara federal, a § 4o O efeito retroativo a que do morto, consanguíneo ou afim,
carta poderá ser dirigida ao juízo se refere o § 1o aplica-se à deca- em linha reta ou na linha colate-
estadual da respectiva comarca. dência e aos demais prazos ex- ral em segundo grau, no dia do
tintivos previstos em lei. falecimento e nos 7 (sete) dias
seguintes;
CAPÍTULO II – DA CITAÇÃO Art. 241. Transitada em julgado III – de noivos, nos 3 (três)
a sentença de mérito proferida primeiros dias seguintes ao ca-
Art. 238. Citação é o ato pelo em favor do réu antes da citação, samento;
qual são convocados o réu, o exe- incumbe ao escrivão ou ao chefe IV – de doente, enquanto gra-
cutado ou o interessado para in- de secretaria comunicar-lhe o ve o seu estado.
tegrar a relação processual. resultado do julgamento.
Parágrafo único. A citação Art. 245. Não se fará citação
será efetivada em até 45 (qua- Art. 242. A citação será pessoal, quando se verificar que o citando
renta e cinco) dias a partir da podendo, no entanto, ser feita na é mentalmente incapaz ou está
propositura da ação. pessoa do representante legal ou impossibilitado de recebê-la.
do procurador do réu, do execu- § 1o O oficial de justiça des-
Art. 239. Para a validade do pro- tado ou do interessado. creverá e certificará minuciosa-
cesso é indispensável a citação do § 1o Na ausência do citando, mente a ocorrência.

298
Código de Processo Civil
§ 2o Para examinar o citan- mação do recebimento da citação IV – quando o citando residir
do, o juiz nomeará médico, que enviada eletronicamente. em local não atendido pela entre-
apresentará laudo no prazo de 5 § 1 o-C. Considera-se ato ga domiciliar de correspondência;
(cinco) dias. atentatório à dignidade da justi- V – quando o autor, justifi-
§ 3o Dispensa-se a nomea- ça, passível de multa de até 5% cadamente, a requerer de outra
ção de que trata o § 2o se pessoa (cinco por cento) do valor da cau- forma.
da família apresentar declaração sa, deixar de confirmar no prazo
do médico do citando que ateste legal, sem justa causa, o recebi- Art. 248. Deferida a citação pelo
a incapacidade deste. mento da citação recebida por correio, o escrivão ou o chefe de
§ 4o Reconhecida a impossi- meio eletrônico. secretaria remeterá ao citan-
bilidade, o juiz nomeará curador § 2o O disposto no § 1o apli- do cópias da petição inicial e do
ao citando, observando, quanto ca-se à União, aos Estados, ao despacho do juiz e comunicará o
à sua escolha, a preferência es- Distrito Federal, aos Municípios prazo para resposta, o endereço
tabelecida em lei e restringindo e às entidades da administração do juízo e o respectivo cartório.
a nomeação à causa. indireta. § 1o A carta será registrada
§ 5o A citação será feita na § 3o Na ação de usucapião para entrega ao citando, exigindo-
pessoa do curador, a quem in- de imóvel, os confinantes serão -lhe o carteiro, ao fazer a entrega,
cumbirá a defesa dos interesses citados pessoalmente, exceto que assine o recibo.
do citando. quando tiver por objeto unidade § 2o Sendo o citando pessoa
autônoma de prédio em condo- jurídica, será válida a entrega do
Art. 246. A citação será feita mínio, caso em que tal citação é mandado a pessoa com poderes
preferencialmente por meio ele- dispensada. de gerência geral ou de adminis-
trônico, no prazo de até 2 (dois) § 4o As citações por correio tração ou, ainda, a funcionário
dias úteis, contado da decisão eletrônico serão acompanhadas responsável pelo recebimento
que a determinar, por meio dos das orientações para realização de correspondências.
endereços eletrônicos indicados da confirmação de recebimen- § 3o Da carta de citação no
pelo citando no banco de dados to e de código identificador que processo de conhecimento cons-
do Poder Judiciário, conforme re- permitirá a sua identificação na tarão os requisitos do art. 250.
gulamento do Conselho Nacional página eletrônica do órgão judi- § 4o Nos condomínios edi-
de Justiça. cial citante. lícios ou nos loteamentos com
I – (Revogado); § 5o As microempresas e as controle de acesso, será válida a
II – (Revogado); pequenas empresas somente se entrega do mandado a funcioná-
III – (Revogado); sujeitam ao disposto no § 1o des- rio da portaria responsável pelo
IV – (Revogado); te artigo quando não possuírem recebimento de correspondência,
V – (Revogado). endereço eletrônico cadastrado que, entretanto, poderá recusar
§ 1o As empresas públicas e no sistema integrado da Rede o recebimento, se declarar, por
privadas são obrigadas a manter Nacional para a Simplificação escrito, sob as penas da lei, que o
cadastro nos sistemas de pro- do Registro e da Legalização de destinatário da correspondência
cesso em autos eletrônicos, para Empresas e Negócios (Redesim). está ausente.
efeito de recebimento de citações § 6o Para os fins do § 5o deste
e intimações, as quais serão efe- artigo, deverá haver compartilha- Art. 249. A citação será feita
tuadas preferencialmente por mento de cadastro com o órgão por meio de oficial de justiça nas
esse meio. do Poder Judiciário, incluído o hipóteses previstas neste Código
§ 1o-A. A ausência de con- endereço eletrônico constante ou em lei, ou quando frustrada a
firmação, em até 3 (três) dias do sistema integrado da Redesim, citação pelo correio.
úteis, contados do recebimento nos termos da legislação aplicável
da citação eletrônica, implicará ao sigilo fiscal e ao tratamento de Art. 250. O mandado que o ofi-
a realização da citação: dados pessoais. cial de justiça tiver de cumprir
I – pelo correio; conterá:
II – por oficial de justiça; Art. 247. A citação será feita I – os nomes do autor e do
III – pelo escrivão ou chefe de por meio eletrônico ou pelo cor- citando e seus respectivos do-
secretaria, se o citando compa- reio para qualquer comarca do micílios ou residências;
recer em cartório; País, exceto: II – a finalidade da citação,
IV – por edital. I – nas ações de estado, ob- com todas as especificações
§ 1o-B. Na primeira oportu- servado o disposto no art. 695, constantes da petição inicial, bem
nidade de falar nos autos, o réu § 3o; como a menção do prazo para
citado nas formas previstas nos II – quando o citando for in- contestar, sob pena de revelia,
incisos I, II, III e IV do § 1o-A deste capaz; ou para embargar a execução;
artigo deverá apresentar justa III – quando o citando for pes- III – a aplicação de sanção
causa para a ausência de confir- soa de direito público; para o caso de descumprimento

299
Código de Processo Civil
da ordem, se houver; pessoa da família ou o vizinho de concessionárias de serviços
IV – se for o caso, a intima- que houver sido intimado esteja públicos.
ção do citando para comparecer, ausente, ou se, embora presente,
acompanhado de advogado ou de a pessoa da família ou o vizinho Art. 257. São requisitos da ci-
defensor público, à audiência de se recusar a receber o mandado. tação por edital:
conciliação ou de mediação, com § 3o Da certidão da ocorrên- I – a afirmação do autor ou
a menção do dia, da hora e do lu- cia, o oficial de justiça deixará a certidão do oficial informando
gar do comparecimento; contrafé com qualquer pessoa a presença das circunstâncias
V – a cópia da petição inicial, da família ou vizinho, conforme autorizadoras;
do despacho ou da decisão que o caso, declarando-lhe o nome. II – a publicação do edital na
deferir tutela provisória; § 4o O oficial de justiça fará rede mundial de computadores,
VI – a assinatura do escrivão constar do mandado a advertên- no sítio do respectivo tribunal e na
ou do chefe de secretaria e a de- cia de que será nomeado curador plataforma de editais do Conselho
claração de que o subscreve por especial se houver revelia. Nacional de Justiça, que deve ser
ordem do juiz. certificada nos autos;
Art. 254. Feita a citação com III – a determinação, pelo
Art. 251. Incumbe ao oficial de hora certa, o escrivão ou chefe de juiz, do prazo, que variará entre
justiça procurar o citando e, onde secretaria enviará ao réu, execu- 20 (vinte) e 60 (sessenta) dias,
o encontrar, citá-lo: tado ou interessado, no prazo de fluindo da data da publicação
I – lendo-lhe o mandado e 10 (dez) dias, contado da data da única ou, havendo mais de uma,
entregando-lhe a contrafé; juntada do mandado aos autos, da primeira;
II – portando por fé se rece- carta, telegrama ou correspon- IV – a advertência de que será
beu ou recusou a contrafé; dência eletrônica, dando-lhe de nomeado curador especial em
III – obtendo a nota de ciente tudo ciência. caso de revelia.
ou certificando que o citando não Parágrafo único. O juiz pode-
a apôs no mandado. Art. 255. Nas comarcas contí- rá determinar que a publicação do
guas de fácil comunicação e nas edital seja feita também em jornal
Art. 252. Quando, por 2 (duas) que se situem na mesma região local de ampla circulação ou por
vezes, o oficial de justiça houver metropolitana, o oficial de justi- outros meios, considerando as
procurado o citando em seu do- ça poderá efetuar, em qualquer peculiaridades da comarca, da
micílio ou residência sem o en- delas, citações, intimações, no- seção ou da subseção judiciárias.
contrar, deverá, havendo suspeita tificações, penhoras e quaisquer
de ocultação, intimar qualquer outros atos executivos. Art. 258. A parte que requerer
pessoa da família ou, em sua falta, a citação por edital, alegando
qualquer vizinho de que, no dia útil Art. 256. A citação por edital dolosamente a ocorrência das
imediato, voltará a fim de efetuar será feita: circunstâncias autorizadoras
a citação, na hora que designar. I – quando desconhecido ou para sua realização, incorrerá
Parágrafo único. Nos con- incerto o citando; em multa de 5 (cinco) vezes o
domínios edilícios ou nos lotea- II – quando ignorado, incerto salário mínimo.
mentos com controle de acesso, ou inacessível o lugar em que se Parágrafo único. A multa re-
será válida a intimação a que se encontrar o citando; verterá em benefício do citando.
refere o caput feita a funcionário III – nos casos expressos em
da portaria responsável pelo re- lei. Art. 259. Serão publicados edi-
cebimento de correspondência. § 1o Considera-se inacessí- tais:
vel, para efeito de citação por I – na ação de usucapião de
Art. 253. No dia e na hora de- edital, o país que recusar o cum- imóvel;
signados, o oficial de justiça, in- primento de carta rogatória. II – na ação de recuperação ou
dependentemente de novo des- § 2o No caso de ser inacessí- substituição de título ao portador;
pacho, comparecerá ao domicílio vel o lugar em que se encontrar o III – em qualquer ação em que
ou à residência do citando a fim réu, a notícia de sua citação será seja necessária, por determina-
de realizar a diligência. divulgada também pelo rádio, se ção legal, a provocação, para par-
§ 1o Se o citando não esti- na comarca houver emissora de ticipação no processo, de interes-
ver presente, o oficial de justiça radiodifusão. sados incertos ou desconhecidos.
procurará informar-se das razões § 3o O réu será considerado
da ausência, dando por feita a em local ignorado ou incerto se
citação, ainda que o citando se infrutíferas as tentativas de sua CAPÍTULO III – DAS CARTAS
tenha ocultado em outra comar- localização, inclusive mediante
ca, seção ou subseção judiciárias. requisição pelo juízo de infor- Art. 260. São requisitos das
§ 2o A citação com hora cer- mações sobre seu endereço nos cartas de ordem, precatória e
ta será efetivada mesmo que a cadastros de órgãos públicos ou rogatória:

300
Código de Processo Civil
I – a indicação dos juízes de Art. 263. As cartas deverão, pre- III – o juiz tiver dúvida acerca
origem e de cumprimento do ato; ferencialmente, ser expedidas por de sua autenticidade.
II – o inteiro teor da petição, meio eletrônico, caso em que a Parágrafo único. No caso
do despacho judicial e do instru- assinatura do juiz deverá ser ele- de incompetência em razão da
mento do mandato conferido ao trônica, na forma da lei. matéria ou da hierarquia, o juiz
advogado; deprecado, conforme o ato a ser
III – a menção do ato proces- Art. 264. A carta de ordem e a praticado, poderá remeter a carta
sual que lhe constitui o objeto; carta precatória por meio ele- ao juiz ou ao tribunal competente.
IV – o encerramento com a trônico, por telefone ou por te-
assinatura do juiz. legrama conterão, em resumo Art. 268. Cumprida a carta, será
§ 1o O juiz mandará trasladar substancial, os requisitos men- devolvida ao juízo de origem no
para a carta quaisquer outras cionados no art. 250, especial- prazo de 10 (dez) dias, indepen-
peças, bem como instruí-la com mente no que se refere à aferição dentemente de traslado, pagas
mapa, desenho ou gráfico, sem- da autenticidade. as custas pela parte.
pre que esses documentos devam
ser examinados, na diligência, pe- Art. 265. O secretário do tri-
las partes, pelos peritos ou pelas bunal, o escrivão ou o chefe de CAPÍTULO IV – DAS
testemunhas. secretaria do juízo deprecante INTIMAÇÕES
§ 2o Quando o objeto da carta transmitirá, por telefone, a carta
for exame pericial sobre docu- de ordem ou a carta precatória Art. 269. Intimação é o ato pelo
mento, este será remetido em ao juízo em que houver de se qual se dá ciência a alguém dos
original, ficando nos autos re- cumprir o ato, por intermédio do atos e dos termos do processo.
produção fotográfica. escrivão do primeiro ofício da pri- § 1o É facultado aos advo-
§ 3o A carta arbitral atende- meira vara, se houver na comar- gados promover a intimação do
rá, no que couber, aos requisitos ca mais de um ofício ou de uma advogado da outra parte por meio
a que se refere o caput e será vara, observando-se, quanto aos do correio, juntando aos autos, a
instruída com a convenção de requisitos, o disposto no art. 264. seguir, cópia do ofício de intima-
arbitragem e com as provas da § 1o O escrivão ou o chefe de ção e do aviso de recebimento.
nomeação do árbitro e de sua secretaria, no mesmo dia ou no § 2o O ofício de intimação
aceitação da função. dia útil imediato, telefonará ou deverá ser instruído com cópia
enviará mensagem eletrônica ao do despacho, da decisão ou da
Art. 261. Em todas as cartas o secretário do tribunal, ao escrivão sentença.
juiz fixará o prazo para cumpri- ou ao chefe de secretaria do juízo § 3o A intimação da União,
mento, atendendo à facilidade deprecante, lendo-lhe os termos dos Estados, do Distrito Federal,
das comunicações e à natureza da carta e solicitando-lhe que os dos Municípios e de suas res-
da diligência. confirme. pectivas autarquias e fundações
§ 1o As partes deverão ser § 2o Sendo confirmada, o es- de direito público será realizada
intimadas pelo juiz do ato de ex- crivão ou o chefe de secretaria perante o órgão de Advocacia
pedição da carta. submeterá a carta a despacho. Pública responsável por sua re-
§ 2o Expedida a carta, as par- presentação judicial.
tes acompanharão o cumprimen- Art. 266. Serão praticados de
to da diligência perante o juízo ofício os atos requisitados por Art. 270. As intimações reali-
destinatário, ao qual compete a meio eletrônico e de telegrama, zam-se, sempre que possível, por
prática dos atos de comunicação. devendo a parte depositar, con- meio eletrônico, na forma da lei.
§ 3o A parte a quem interes- tudo, na secretaria do tribunal ou Parágrafo único. Aplica-se ao
sar o cumprimento da diligência no cartório do juízo deprecante, Ministério Público, à Defensoria
cooperará para que o prazo a que a importância correspondente Pública e à Advocacia Pública o
se refere o caput seja cumprido. às despesas que serão feitas no disposto no § 1o do art. 246.
juízo em que houver de praticar-
Art. 262. A carta tem caráter -se o ato. Art. 271. O juiz determinará de
itinerante, podendo, antes ou de- ofício as intimações em proces-
pois de lhe ser ordenado o cum- Art. 267. O juiz recusará cum- sos pendentes, salvo disposição
primento, ser encaminhada a juízo primento a carta precatória ou em contrário.
diverso do que dela consta, a fim arbitral, devolvendo-a com de-
de se praticar o ato. cisão motivada quando: Art. 272. Quando não realizadas
Parágrafo único. O encami- I – a carta não estiver reves- por meio eletrônico, consideram-
nhamento da carta a outro juízo tida dos requisitos legais; -se feitas as intimações pela pu-
será imediatamente comunicado II – faltar ao juiz competên- blicação dos atos no órgão oficial.
ao órgão expedidor, que intimará cia em razão da matéria ou da § 1o Os advogados poderão
as partes. hierarquia; requerer que, na intimação a eles

301
Código de Processo Civil
dirigida, figure apenas o nome da na localidade publicação em ór- pode ser requerida pela parte que
sociedade a que pertençam, des- gão oficial, incumbirá ao escrivão lhe deu causa.
de que devidamente registrada na ou chefe de secretaria intimar
Ordem dos Advogados do Brasil. de todos os atos do processo os Art. 277. Quando a lei prescrever
§ 2o Sob pena de nulidade, é advogados das partes: determinada forma, o juiz consi-
indispensável que da publicação I – pessoalmente, se tiverem derará válido o ato se, realizado
constem os nomes das partes e domicílio na sede do juízo; de outro modo, lhe alcançar a
de seus advogados, com o res- II – por carta registrada, com finalidade.
pectivo número de inscrição na aviso de recebimento, quando
Ordem dos Advogados do Brasil, forem domiciliados fora do juízo. Art. 278. A nulidade dos atos
ou, se assim requerido, da socie- deve ser alegada na primeira
dade de advogados. Art. 274. Não dispondo a lei de oportunidade em que couber à
§ 3o A grafia dos nomes das outro modo, as intimações serão parte falar nos autos, sob pena
partes não deve conter abrevia- feitas às partes, aos seus repre- de preclusão.
turas. sentantes legais, aos advogados e Parágrafo único. Não se apli-
§ 4o A grafia dos nomes dos aos demais sujeitos do processo ca o disposto no caput às nulida-
advogados deve corresponder ao pelo correio ou, se presentes em des que o juiz deva decretar de
nome completo e ser a mesma cartório, diretamente pelo escri- ofício, nem prevalece a preclusão
que constar da procuração ou vão ou chefe de secretaria. provando a parte legítimo impe-
que estiver registrada na Ordem Parágrafo único. Presumem- dimento.
dos Advogados do Brasil. -se válidas as intimações dirigi-
§ 5o Constando dos autos das ao endereço constante dos Art. 279. É nulo o processo
pedido expresso para que as co- autos, ainda que não recebidas quando o membro do Ministé-
municações dos atos processuais pessoalmente pelo interessado, rio Público não for intimado a
sejam feitas em nome dos advo- se a modificação temporária ou acompanhar o feito em que deva
gados indicados, o seu desatendi- definitiva não tiver sido devida- intervir.
mento implicará nulidade. mente comunicada ao juízo, fluin- § 1o Se o processo tiver tra-
§ 6o A retirada dos autos do do os prazos a partir da juntada mitado sem conhecimento do
cartório ou da secretaria em car- aos autos do comprovante de membro do Ministério Público, o
ga pelo advogado, por pessoa cre- entrega da correspondência no juiz invalidará os atos praticados
denciada a pedido do advogado primitivo endereço. a partir do momento em que ele
ou da sociedade de advogados, deveria ter sido intimado.
pela Advocacia Pública, pela De- Art. 275. A intimação será fei- § 2o A nulidade só pode ser
fensoria Pública ou pelo Ministé- ta por oficial de justiça quando decretada após a intimação do
rio Público implicará intimação frustrada a realização por meio Ministério Público, que se mani-
de qualquer decisão contida no eletrônico ou pelo correio. festará sobre a existência ou a
processo retirado, ainda que pen- § 1o A certidão de intimação inexistência de prejuízo.
dente de publicação. deve conter:
§ 7o O advogado e a socie- I – a indicação do lugar e a Art. 280. As citações e as inti-
dade de advogados deverão re- descrição da pessoa intimada, mações serão nulas quando feitas
querer o respectivo credencia- mencionando, quando possível, sem observância das prescrições
mento para a retirada de autos o número de seu documento de legais.
por preposto. identidade e o órgão que o ex-
§ 8o A parte arguirá a nuli- pediu; Art. 281. Anulado o ato, con-
dade da intimação em capítulo II – a declaração de entrega sideram-se de nenhum efeito
preliminar do próprio ato que lhe da contrafé; todos os subsequentes que dele
caiba praticar, o qual será tido III – a nota de ciente ou a cer- dependam, todavia, a nulidade
por tempestivo se o vício for re- tidão de que o interessado não a de uma parte do ato não preju-
conhecido. apôs no mandado. dicará as outras que dela sejam
§ 9o Não sendo possível a § 2o Caso necessário, a inti- independentes.
prática imediata do ato diante mação poderá ser efetuada com
da necessidade de acesso prévio hora certa ou por edital. Art. 282. Ao pronunciar a nu-
aos autos, a parte limitar-se-á a lidade, o juiz declarará que atos
arguir a nulidade da intimação, são atingidos e ordenará as provi-
caso em que o prazo será conta- TÍTULO III – DAS dências necessárias a fim de que
do da intimação da decisão que NULIDADES sejam repetidos ou retificados.
a reconheça. § 1o O ato não será repetido
Art. 276. Quando a lei prescrever nem sua falta será suprida quando
Art. 273. Se inviável a intimação determinada forma sob pena de não prejudicar a parte.
por meio eletrônico e não houver nulidade, a decretação desta não § 2o Quando puder decidir o

302
Código de Processo Civil
mérito a favor da parte a quem vir acompanhada de procura- demarcação e de reivindicação,
aproveite a decretação da nu- ção, que conterá os endereços o valor de avaliação da área ou
lidade, o juiz não a pronunciará do advogado, eletrônico e não do bem objeto do pedido;
nem mandará repetir o ato ou eletrônico. V – na ação indenizatória, in-
suprir-lhe a falta. Parágrafo único. Dispensa- clusive a fundada em dano moral,
-se a juntada da procuração: o valor pretendido;
Art. 283. O erro de forma do I – no caso previsto no VI – na ação em que há cumu-
processo acarreta unicamente a art. 104; lação de pedidos, a quantia cor-
anulação dos atos que não pos- II – se a parte estiver repre- respondente à soma dos valores
sam ser aproveitados, devendo sentada pela Defensoria Pública; de todos eles;
ser praticados os que forem ne- III – se a representação de- VII – na ação em que os pedi-
cessários a fim de se observarem correr diretamente de norma dos são alternativos, o de maior
as prescrições legais. prevista na Constituição Fede- valor;
Parágrafo único. Dar-se-á o ral ou em lei. VIII – na ação em que houver
aproveitamento dos atos pratica- pedido subsidiário, o valor do pe-
dos desde que não resulte preju- Art. 288. O juiz, de ofício ou a dido principal.
ízo à defesa de qualquer parte. requerimento do interessado, § 1o Quando se pedirem pres-
corrigirá o erro ou compensará tações vencidas e vincendas, con-
a falta de distribuição. siderar-se-á o valor de umas e
TÍTULO IV – DA outras.
DISTRIBUIÇÃO E DO Art. 289. A distribuição pode- § 2o O valor das prestações
REGISTRO rá ser fiscalizada pela parte, por vincendas será igual a uma pres-
seu procurador, pelo Ministério tação anual, se a obrigação for
Art. 284. Todos os processos Público e pela Defensoria Pública. por tempo indeterminado ou por
estão sujeitos a registro, deven- tempo superior a 1 (um) ano, e, se
do ser distribuídos onde houver Art. 290. Será cancelada a dis- por tempo inferior, será igual à
mais de um juiz. tribuição do feito se a parte, inti- soma das prestações.
mada na pessoa de seu advogado, § 3o O juiz corrigirá, de ofí-
Art. 285. A distribuição, que po- não realizar o pagamento das cio e por arbitramento, o valor
derá ser eletrônica, será alternada custas e despesas de ingresso da causa quando verificar que
e aleatória, obedecendo-se rigo- em 15 (quinze) dias. não corresponde ao conteúdo
rosa igualdade. patrimonial em discussão ou ao
Parágrafo único. A lista de proveito econômico perseguido
distribuição deverá ser publicada TÍTULO V – DO VALOR DA pelo autor, caso em que se proce-
no Diário de Justiça. CAUSA derá ao recolhimento das custas
correspondentes.
Art. 286. Serão distribuídas por Art. 291. A toda causa será atri-
dependência as causas de qual- buído valor certo, ainda que não Art. 293. O réu poderá impug-
quer natureza: tenha conteúdo econômico ime- nar, em preliminar da contesta-
I – quando se relacionarem, diatamente aferível. ção, o valor atribuído à causa pelo
por conexão ou continência, com autor, sob pena de preclusão, e o
outra já ajuizada; Art. 292. O valor da causa cons- juiz decidirá a respeito, impondo,
II – quando, tendo sido extinto tará da petição inicial ou da re- se for o caso, a complementação
o processo sem resolução de mé- convenção e será: das custas.
rito, for reiterado o pedido, ainda I – na ação de cobrança de
que em litisconsórcio com outros dívida, a soma monetariamente
autores ou que sejam parcialmen- corrigida do principal, dos juros LIVRO V – DA TUTELA
te alterados os réus da demanda; de mora vencidos e de outras pe- PROVISÓRIA
III – quando houver ajuiza- nalidades, se houver, até a data
mento de ações nos termos do de propositura da ação; TÍTULO I – DISPOSIÇÕES
art. 55, § 3o, ao juízo prevento. II – na ação que tiver por ob- GERAIS
Parágrafo único. Havendo jeto a existência, a validade, o
intervenção de terceiro, recon- cumprimento, a modificação, a Art. 294. A tutela provisória
venção ou outra hipótese de am- resolução, a resilição ou a resci- pode fundamentar-se em ur-
pliação objetiva do processo, o são de ato jurídico, o valor do ato gência ou evidência.
juiz, de ofício, mandará proce- ou o de sua parte controvertida; Parágrafo único. A tutela pro-
der à respectiva anotação pelo III – na ação de alimentos, visória de urgência, cautelar ou
distribuidor. a soma de 12 (doze) prestações antecipada, pode ser concedida
mensais pedidas pelo autor; em caráter antecedente ou in-
Art. 287. A petição inicial deve IV – na ação de divisão, de cidental.

303
Código de Processo Civil
Art. 295. A tutela provisória forme o caso, exigir caução real final, com a exposição da lide, do
requerida em caráter inciden- ou fidejussória idônea para res- direito que se busca realizar e do
tal independe do pagamento de sarcir os danos que a outra par- perigo de dano ou do risco ao re-
custas. te possa vir a sofrer, podendo a sultado útil do processo.
caução ser dispensada se a parte § 1o Concedida a tutela an-
Art. 296. A tutela provisória economicamente hipossuficiente tecipada a que se refere o caput
conserva sua eficácia na pen- não puder oferecê-la. deste artigo:
dência do processo, mas pode, § 2o A tutela de urgência I – o autor deverá aditar a
a qualquer tempo, ser revogada pode ser concedida liminarmente petição inicial, com a comple-
ou modificada. ou após justificação prévia. mentação de sua argumentação,
Parágrafo único. Salvo deci- § 3o A tutela de urgência de a juntada de novos documentos e
são judicial em contrário, a tutela natureza antecipada não será a confirmação do pedido de tutela
provisória conservará a eficácia concedida quando houver perigo final, em 15 (quinze) dias ou em
durante o período de suspensão de irreversibilidade dos efeitos outro prazo maior que o juiz fixar;
do processo. da decisão. II – o réu será citado e inti-
mado para a audiência de conci-
Art. 297. O juiz poderá determi- Art. 301. A tutela de urgência de liação ou de mediação na forma
nar as medidas que considerar natureza cautelar pode ser efeti- do art. 334;
adequadas para efetivação da vada mediante arresto, sequestro, III – não havendo autocompo-
tutela provisória. arrolamento de bens, registro de sição, o prazo para contestação
Parágrafo único. A efetivação protesto contra alienação de bem será contado na forma do art. 335.
da tutela provisória observará as e qualquer outra medida idônea § 2o Não realizado o adita-
normas referentes ao cumpri- para asseguração do direito. mento a que se refere o inciso I do
mento provisório da sentença, § 1o deste artigo, o processo será
no que couber. Art. 302. Independentemente extinto sem resolução do mérito.
da reparação por dano processu- § 3o O aditamento a que se
Art. 298. Na decisão que conce- al, a parte responde pelo prejuízo refere o inciso I do § 1o deste ar-
der, negar, modificar ou revogar que a efetivação da tutela de ur- tigo dar-se-á nos mesmos autos,
a tutela provisória, o juiz motiva- gência causar à parte adversa, se: sem incidência de novas custas
rá seu convencimento de modo I – a sentença lhe for des- processuais.
claro e preciso. favorável; § 4o Na petição inicial a que
II – obtida liminarmente a tu- se refere o caput deste artigo, o
Art. 299. A tutela provisória tela em caráter antecedente, não autor terá de indicar o valor da
será requerida ao juízo da causa fornecer os meios necessários causa, que deve levar em consi-
e, quando antecedente, ao juízo para a citação do requerido no deração o pedido de tutela final.
competente para conhecer do prazo de 5 (cinco) dias; § 5o O autor indicará na pe-
pedido principal. III – ocorrer a cessação da tição inicial, ainda, que pretende
Parágrafo único. Ressalvada eficácia da medida em qualquer valer-se do benefício previsto no
disposição especial, na ação de hipótese legal; caput deste artigo.
competência originária de tribu- IV – o juiz acolher a alegação § 6o Caso entenda que não
nal e nos recursos a tutela pro- de decadência ou prescrição da há elementos para a concessão
visória será requerida ao órgão pretensão do autor. de tutela antecipada, o órgão ju-
jurisdicional competente para Parágrafo único. A indeniza- risdicional determinará a emenda
apreciar o mérito. ção será liquidada nos autos em da petição inicial em até 5 (cinco)
que a medida tiver sido concedi- dias, sob pena de ser indeferida
da, sempre que possível. e de o processo ser extinto sem
TÍTULO II – DA TUTELA DE resolução de mérito.
URGÊNCIA
CAPÍTULO II – DO Art. 304. A tutela antecipada,
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES PROCEDIMENTO DA concedida nos termos do art. 303,
GERAIS TUTELA ANTECIPADA torna-se estável se da decisão
REQUERIDA EM CARÁTER que a conceder não for interposto
Art. 300. A tutela de urgência ANTECEDENTE o respectivo recurso.
será concedida quando houver § 1o No caso previsto no
elementos que evidenciem a pro- Art. 303. Nos casos em que a caput, o processo será extinto.
babilidade do direito e o perigo de urgência for contemporânea à § 2o Qualquer das partes
dano ou o risco ao resultado útil propositura da ação, a petição poderá demandar a outra com
do processo. inicial pode limitar-se ao reque- o intuito de rever, reformar ou
§ 1o Para a concessão da tu- rimento da tutela antecipada e invalidar a tutela antecipada es-
tela de urgência, o juiz pode, con- à indicação do pedido de tutela tabilizada nos termos do caput.

304
Código de Processo Civil
§ 3o A tutela antecipada con- Parágrafo único. Contestado será concedida, independente-
servará seus efeitos enquanto o pedido no prazo legal, observar- mente da demonstração de perigo
não revista, reformada ou invali- -se-á o procedimento comum. de dano ou de risco ao resultado
dada por decisão de mérito pro- útil do processo, quando:
ferida na ação de que trata o § 2o. Art. 308. Efetivada a tutela cau- I – ficar caracterizado o abuso
§ 4o Qualquer das partes po- telar, o pedido principal terá de do direito de defesa ou o manifes-
derá requerer o desarquivamento ser formulado pelo autor no prazo to propósito protelatório da parte;
dos autos em que foi concedida de 30 (trinta) dias, caso em que II – as alegações de fato pu-
a medida, para instruir a petição será apresentado nos mesmos derem ser comprovadas apenas
inicial da ação a que se refere o autos em que deduzido o pedido documentalmente e houver tese
§ 2o, prevento o juízo em que a de tutela cautelar, não depen- firmada em julgamento de ca-
tutela antecipada foi concedida. dendo do adiantamento de novas sos repetitivos ou em súmula
§ 5o O direito de rever, re- custas processuais. vinculante;
formar ou invalidar a tutela an- § 1o O pedido principal pode III – se tratar de pedido rei-
tecipada, previsto no § 2o deste ser formulado conjuntamente persecutório fundado em prova
artigo, extingue-se após 2 (dois) com o pedido de tutela cautelar. documental adequada do contra-
anos, contados da ciência da de- § 2o A causa de pedir pode- to de depósito, caso em que será
cisão que extinguiu o processo, rá ser aditada no momento de decretada a ordem de entrega do
nos termos do § 1o. formulação do pedido principal. objeto custodiado, sob comina-
§ 6o A decisão que concede § 3o Apresentado o pedido ção de multa;
a tutela não fará coisa julgada, principal, as partes serão intima- IV – a petição inicial for ins-
mas a estabilidade dos respec- das para a audiência de concilia- truída com prova documental su-
tivos efeitos só será afastada ção ou de mediação, na forma do ficiente dos fatos constitutivos
por decisão que a revir, reformar art. 334, por seus advogados ou do direito do autor, a que o réu
ou invalidar, proferida em ação pessoalmente, sem necessidade não oponha prova capaz de gerar
ajuizada por uma das partes, nos de nova citação do réu. dúvida razoável.
termos do § 2o deste artigo. § 4o Não havendo autocom- Parágrafo único. Nas hipóte-
posição, o prazo para contestação ses dos incisos II e III, o juiz pode-
será contado na forma do art. 335. rá decidir liminarmente.
CAPÍTULO III – DO
PROCEDIMENTO DA Art. 309. Cessa a eficácia da
TUTELA CAUTELAR tutela concedida em caráter an- LIVRO VI – DA FORMAÇÃO,
REQUERIDA EM CARÁTER tecedente, se: DA SUSPENSÃO E DA
ANTECEDENTE I – o autor não deduzir o pedi- EXTINÇÃO DO PROCESSO
do principal no prazo legal;
Art. 305. A petição inicial da II – não for efetivada dentro TÍTULO I – DA FORMAÇÃO
ação que visa à prestação de de 30 (trinta) dias; DO PROCESSO
tutela cautelar em caráter ante- III – o juiz julgar improcedente
cedente indicará a lide e seu fun- o pedido principal formulado pelo Art. 312. Considera-se proposta
damento, a exposição sumária do autor ou extinguir o processo sem a ação quando a petição inicial for
direito que se objetiva assegurar resolução de mérito. protocolada, todavia, a proposi-
e o perigo de dano ou o risco ao Parágrafo único. Se por qual- tura da ação só produz quanto
resultado útil do processo. quer motivo cessar a eficácia da ao réu os efeitos mencionados
Parágrafo único. Caso enten- tutela cautelar, é vedado à parte no art. 240 depois que for vali-
da que o pedido a que se refere o renovar o pedido, salvo sob novo damente citado.
caput tem natureza antecipada, fundamento.
o juiz observará o disposto no
art. 303. Art. 310. O indeferimento da tu- TÍTULO II – DA SUSPENSÃO
tela cautelar não obsta a que a DO PROCESSO
Art. 306. O réu será citado para, parte formule o pedido principal,
no prazo de 5 (cinco) dias, contes- nem influi no julgamento desse, Art. 313. Suspende-se o pro-
tar o pedido e indicar as provas salvo se o motivo do indeferi- cesso:
que pretende produzir. mento for o reconhecimento de I – pela morte ou pela per-
decadência ou de prescrição. da da capacidade processual
Art. 307. Não sendo contesta- de qualquer das partes, de seu
do o pedido, os fatos alegados representante legal ou de seu
pelo autor presumir-se-ão acei- TÍTULO III – DA TUTELA DA procurador;
tos pelo réu como ocorridos, caso EVIDÊNCIA II – pela convenção das par-
em que o juiz decidirá dentro de tes;
5 (cinco) dias. Art. 311. A tutela da evidência III – pela arguição de impedi-

305
Código de Processo Civil
mento ou de suspeição; designado, sob pena de extinção pode determinar a suspensão do
IV – pela admissão de inci- do processo sem resolução de processo até que se pronuncie a
dente de resolução de demandas mérito. justiça criminal.
repetitivas; § 3o No caso de morte do § 1o Se a ação penal não for
V – quando a sentença de procurador de qualquer das par- proposta no prazo de 3 (três) me-
mérito: tes, ainda que iniciada a audiência ses, contado da intimação do ato
a) depender do julgamento de instrução e julgamento, o juiz de suspensão, cessará o efeito
de outra causa ou da declaração determinará que a parte consti- desse, incumbindo ao juiz cível
de existência ou de inexistência tua novo mandatário, no prazo examinar incidentemente a ques-
de relação jurídica que constitua de 15 (quinze) dias, ao final do tão prévia.
o objeto principal de outro pro- qual extinguirá o processo sem § 2o Proposta a ação penal,
cesso pendente; resolução de mérito, se o autor o processo ficará suspenso pelo
b) tiver de ser proferida so- não nomear novo mandatário, prazo máximo de 1 (um) ano, ao
mente após a verificação de de- ou ordenará o prosseguimento final do qual aplicar-se-á o dis-
terminado fato ou a produção de do processo à revelia do réu, se posto na parte final do § 1o.
certa prova, requisitada a outro falecido o procurador deste.
juízo; § 4o O prazo de suspensão do
VI – por motivo de força processo nunca poderá exceder 1 TÍTULO III – DA EXTINÇÃO
maior; (um) ano nas hipóteses do inciso V DO PROCESSO
VII – quando se discutir em ju- e 6 (seis) meses naquela prevista
ízo questão decorrente de aciden- no inciso II. Art. 316. A extinção do processo
tes e fatos da navegação de com- § 5o O juiz determinará o dar-se-á por sentença.
petência do Tribunal Marítimo; prosseguimento do processo
VIII – nos demais casos que assim que esgotados os prazos Art. 317. Antes de proferir de-
este Código regula; previstos no § 4o. cisão sem resolução de mérito,
IX – pelo parto ou pela con- § 6o No caso do inciso IX, o o juiz deverá conceder à parte
cessão de adoção, quando a ad- período de suspensão será de 30 oportunidade para, se possível,
vogada responsável pelo proces- (trinta) dias, contado a partir da corrigir o vício.
so constituir a única patrona da data do parto ou da concessão da
causa; adoção, mediante apresentação
X – quando o advogado res- de certidão de nascimento ou do- PARTE ESPECIAL
ponsável pelo processo consti- cumento similar que comprove a LIVRO I – DO PROCESSO
tuir o único patrono da causa e realização do parto, ou de termo
tornar-se pai. judicial que tenha concedido a DE CONHECIMENTO E
§ 1o Na hipótese do inciso I, o adoção, desde que haja notifi- DO CUMPRIMENTO DE
juiz suspenderá o processo, nos cação ao cliente. SENTENÇA
termos do art. 689. § 7o No caso do inciso X, o
§ 2o Não ajuizada ação de período de suspensão será de TÍTULO I – DO
habilitação, ao tomar conheci- 8 (oito) dias, contado a partir da PROCEDIMENTO COMUM
mento da morte, o juiz determi- data do parto ou da concessão da
nará a suspensão do processo e adoção, mediante apresentação CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
observará o seguinte: de certidão de nascimento ou do- GERAIS
I – falecido o réu, ordenará cumento similar que comprove a
a intimação do autor para que realização do parto, ou de termo Art. 318. Aplica-se a todas as
promova a citação do respectivo judicial que tenha concedido a causas o procedimento comum,
espólio, de quem for o sucessor adoção, desde que haja notifi- salvo disposição em contrário
ou, se for o caso, dos herdeiros, cação ao cliente. deste Código ou de lei.
no prazo que designar, de no mí- Parágrafo único. O procedi-
nimo 2 (dois) e no máximo 6 (seis) Art. 314. Durante a suspensão mento comum aplica-se subsi-
meses; é vedado praticar qualquer ato diariamente aos demais procedi-
II – falecido o autor e sendo processual, podendo o juiz, to- mentos especiais e ao processo
transmissível o direito em litígio, davia, determinar a realização de execução.
determinará a intimação de seu de atos urgentes a fim de evitar
espólio, de quem for o sucessor dano irreparável, salvo no caso
ou, se for o caso, dos herdeiros, de arguição de impedimento e
pelos meios de divulgação que de suspeição.
reputar mais adequados, para
que manifestem interesse na su- Art. 315. Se o conhecimento do
cessão processual e promovam mérito depender de verificação da
a respectiva habilitação no prazo existência de fato delituoso, o juiz

306
Código de Processo Civil
CAPÍTULO II – DA PETIÇÃO são o que deve ser corrigido ou modo, ainda que o autor não te-
INICIAL completado. nha formulado pedido alternativo.
Parágrafo único. Se o autor
Seção I – Dos Requisitos da não cumprir a diligência, o juiz Art. 326. É lícito formular mais
Petição Inicial indeferirá a petição inicial. de um pedido em ordem subsidi-
ária, a fim de que o juiz conheça
Art. 319. A petição inicial in- do posterior, quando não acolher
dicará:
Seção II – Do Pedido o anterior.
I – o juízo a que é dirigida; Parágrafo único. É lícito for-
II – os nomes, os prenomes, o Art. 322. O pedido deve ser mular mais de um pedido, alterna-
estado civil, a existência de união certo. tivamente, para que o juiz acolha
estável, a profissão, o número de § 1o Compreendem-se no um deles.
inscrição no Cadastro de Pessoas principal os juros legais, a cor-
Físicas ou no Cadastro Nacional reção monetária e as verbas de Art. 327. É lícita a cumulação,
da Pessoa Jurídica, o endereço sucumbência, inclusive os hono- em um único processo, contra
eletrônico, o domicílio e a resi- rários advocatícios. o mesmo réu, de vários pedidos,
dência do autor e do réu; § 2o A interpretação do pe- ainda que entre eles não haja
III – o fato e os fundamentos dido considerará o conjunto da conexão.
jurídicos do pedido; postulação e observará o prin- § 1o São requisitos de ad-
IV – o pedido com as suas cípio da boa-fé. missibilidade da cumulação que:
especificações; I – os pedidos sejam compa-
V – o valor da causa; Art. 323. Na ação que tiver por tíveis entre si;
VI – as provas com que o autor objeto cumprimento de obrigação II – seja competente para co-
pretende demonstrar a verdade em prestações sucessivas, essas nhecer deles o mesmo juízo;
dos fatos alegados; serão consideradas incluídas no III – seja adequado para to-
VII – a opção do autor pela pedido, independentemente de dos os pedidos o tipo de proce-
realização ou não de audiência declaração expressa do autor, e dimento.
de conciliação ou de mediação. serão incluídas na condenação, § 2o Quando, para cada pe-
§ 1o Caso não disponha das enquanto durar a obrigação, se dido, corresponder tipo diverso
informações previstas no inciso o devedor, no curso do processo, de procedimento, será admitida
II, poderá o autor, na petição ini- deixar de pagá-las ou de con- a cumulação se o autor empre-
cial, requerer ao juiz diligências signá-las. gar o procedimento comum, sem
necessárias a sua obtenção. prejuízo do emprego das técnicas
§ 2o A petição inicial não será Art. 324. O pedido deve ser de- processuais diferenciadas previs-
indeferida se, a despeito da falta terminado. tas nos procedimentos especiais
de informações a que se refere § 1o É lícito, porém, formular a que se sujeitam um ou mais pe-
o inciso II, for possível a citação pedido genérico: didos cumulados, que não forem
do réu. I – nas ações universais, se incompatíveis com as disposições
§ 3o A petição inicial não será o autor não puder individuar os sobre o procedimento comum.
indeferida pelo não atendimento bens demandados; § 3o O inciso I do § 1o não se
ao disposto no inciso II deste II – quando não for possível aplica às cumulações de pedidos
artigo se a obtenção de tais in- determinar, desde logo, as con- de que trata o art. 326.
formações tornar impossível ou sequências do ato ou do fato;
excessivamente oneroso o acesso III – quando a determinação Art. 328. Na obrigação indivisí-
à justiça. do objeto ou do valor da conde- vel com pluralidade de credores,
nação depender de ato que deva aquele que não participou do pro-
Art. 320. A petição inicial será ser praticado pelo réu. cesso receberá sua parte, dedu-
instruída com os documentos § 2o O disposto neste artigo zidas as despesas na proporção
indispensáveis à propositura da aplica-se à reconvenção. de seu crédito.
ação.
Art. 325. O pedido será alter- Art. 329. O autor poderá:
Art. 321. O juiz, ao verificar que nativo quando, pela natureza I – até a citação, aditar ou
a petição inicial não preenche os da obrigação, o devedor puder alterar o pedido ou a causa de
requisitos dos arts. 319 e 320 ou cumprir a prestação de mais de pedir, independentemente de
que apresenta defeitos e irregu- um modo. consentimento do réu;
laridades capazes de dificultar Parágrafo único. Quando, II – até o saneamento do pro-
o julgamento de mérito, deter- pela lei ou pelo contrato, a es- cesso, aditar ou alterar o pedido
minará que o autor, no prazo de colha couber ao devedor, o juiz lhe e a causa de pedir, com consen-
15 (quinze) dias, a emende ou a assegurará o direito de cumprir timento do réu, assegurado o
complete, indicando com preci- a prestação de um ou de outro contraditório mediante a possi-

307
Código de Processo Civil
bilidade de manifestação deste dos autos, observado o disposto CAPÍTULO V – DA
no prazo mínimo de 15 (quinze) no art. 334. AUDIÊNCIA DE
dias, facultado o requerimento § 3o Não interposta a apela-
de prova suplementar. ção, o réu será intimado do trân-
CONCILIAÇÃO OU DE
Parágrafo único. Aplica-se o sito em julgado da sentença. MEDIAÇÃO
disposto neste artigo à reconven-
ção e à respectiva causa de pedir. Art. 334. Se a petição inicial
CAPÍTULO III – DA preencher os requisitos essen-
IMPROCEDÊNCIA LIMINAR ciais e não for o caso de impro-
Seção III – Do Indeferimento
DO PEDIDO cedência liminar do pedido, o juiz
da Petição Inicial designará audiência de concilia-
Art. 332. Nas causas que dis- ção ou de mediação com ante-
Art. 330. A petição inicial será pensem a fase instrutória, o juiz, cedência mínima de 30 (trinta)
indeferida quando: independentemente da citação do dias, devendo ser citado o réu
I – for inepta; réu, julgará liminarmente impro- com pelo menos 20 (vinte) dias
II – a parte for manifestamen- cedente o pedido que contrariar: de antecedência.
te ilegítima; I – enunciado de súmula do § 1o O conciliador ou media-
III – o autor carecer de inte- Supremo Tribunal Federal ou do dor, onde houver, atuará neces-
resse processual; Superior Tribunal de Justiça; sariamente na audiência de con-
IV – não atendidas as prescri- II – acórdão proferido pelo ciliação ou de mediação, obser-
ções dos arts. 106 e 321. Supremo Tribunal Federal ou pelo vando o disposto neste Código,
§ 1o Considera-se inepta a Superior Tribunal de Justiça em bem como as disposições da lei
petição inicial quando: julgamento de recursos repe- de organização judiciária.
I – lhe faltar pedido ou causa titivos; § 2o Poderá haver mais de
de pedir; III – entendimento firmado uma sessão destinada à concilia-
II – o pedido for indetermi- em incidente de resolução de ção e à mediação, não podendo
nado, ressalvadas as hipóteses demandas repetitivas ou de as- exceder a 2 (dois) meses da data
legais em que se permite o pe- sunção de competência; de realização da primeira sessão,
dido genérico; IV – enunciado de súmula de desde que necessárias à compo-
III – da narração dos fatos tribunal de justiça sobre direi- sição das partes.
não decorrer logicamente a con- to local. § 3o A intimação do autor
clusão; § 1o O juiz também poderá para a audiência será feita na
IV – contiver pedidos incom- julgar liminarmente improcedente pessoa de seu advogado.
patíveis entre si. o pedido se verificar, desde logo, § 4o A audiência não será
§ 2o Nas ações que tenham a ocorrência de decadência ou de realizada:
por objeto a revisão de obrigação prescrição. I – se ambas as partes ma-
decorrente de empréstimo, de fi- § 2o Não interposta a apela- nifestarem, expressamente, de-
nanciamento ou de alienação de ção, o réu será intimado do trân- sinteresse na composição con-
bens, o autor terá de, sob pena sito em julgado da sentença, nos sensual;
de inépcia, discriminar na peti- termos do art. 241. II – quando não se admitir a
ção inicial, dentre as obrigações § 3o Interposta a apelação, autocomposição.
contratuais, aquelas que pretende o juiz poderá retratar-se em 5 § 5o O autor deverá indicar,
controverter, além de quantificar (cinco) dias. na petição inicial, seu desinte-
o valor incontroverso do débito. § 4o Se houver retratação, o resse na autocomposição, e o
§ 3o Na hipótese do § 2o, o juiz determinará o prosseguimen- réu deverá fazê-lo, por petição,
valor incontroverso deverá conti- to do processo, com a citação do apresentada com 10 (dez) dias de
nuar a ser pago no tempo e modo réu, e, se não houver retratação, antecedência, contados da data
contratados. determinará a citação do réu para da audiência.
apresentar contrarrazões, no pra- § 6o Havendo litisconsórcio,
Art. 331. Indeferida a petição ini- zo de 15 (quinze) dias. o desinteresse na realização da
cial, o autor poderá apelar, facul- audiência deve ser manifestado
tado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) por todos os litisconsortes.
dias, retratar-se. CAPÍTULO IV – DA § 7o A audiência de concilia-
§ 1o Se não houver retrata- CONVERSÃO DA AÇÃO ção ou de mediação pode reali-
ção, o juiz mandará citar o réu INDIVIDUAL EM AÇÃO zar-se por meio eletrônico, nos
para responder ao recurso. COLETIVA termos da lei.
§ 2o Sendo a sentença re- § 8o O não comparecimen-
formada pelo tribunal, o prazo Art. 333. (Vetado) to injustificado do autor ou do
para a contestação começará a réu à audiência de conciliação
correr da intimação do retorno é considerado ato atentatório à

308
Código de Processo Civil
dignidade da justiça e será san- homologar a desistência. Art. 338. Alegando o réu, na
cionado com multa de até dois por contestação, ser parte ilegítima
cento da vantagem econômica Art. 336. Incumbe ao réu alegar, ou não ser o responsável pelo
pretendida ou do valor da cau- na contestação, toda a matéria de prejuízo invocado, o juiz faculta-
sa, revertida em favor da União defesa, expondo as razões de fato rá ao autor, em 15 (quinze) dias, a
ou do Estado. e de direito com que impugna o alteração da petição inicial para
§ 9o As partes devem estar pedido do autor e especificando substituição do réu.
acompanhadas por seus advo- as provas que pretende produzir. Parágrafo único. Realizada
gados ou defensores públicos. a substituição, o autor reembol-
§ 10. A parte poderá cons- Art. 337. Incumbe ao réu, antes sará as despesas e pagará os
tituir representante, por meio de discutir o mérito, alegar: honorários ao procurador do réu
de procuração específica, com I – inexistência ou nulidade excluído, que serão fixados entre
poderes para negociar e transigir. da citação; três e cinco por cento do valor da
§ 11. A autocomposição ob- II – incompetência absoluta causa ou, sendo este irrisório, nos
tida será reduzida a termo e ho- e relativa; termos do art. 85, § 8o.
mologada por sentença. III – incorreção do valor da
§ 12. A pauta das audiências causa; Art. 339. Quando alegar sua ile-
de conciliação ou de mediação IV – inépcia da petição inicial; gitimidade, incumbe ao réu indi-
será organizada de modo a res- V – perempção; car o sujeito passivo da relação
peitar o intervalo mínimo de 20 VI – litispendência; jurídica discutida sempre que
(vinte) minutos entre o início de VII – coisa julgada; tiver conhecimento, sob pena
uma e o início da seguinte. VIII – conexão; de arcar com as despesas pro-
IX – incapacidade da parte, cessuais e de indenizar o autor
defeito de representação ou falta pelos prejuízos decorrentes da
CAPÍTULO VI – DA de autorização; falta de indicação.
CONTESTAÇÃO X – convenção de arbitragem; § 1o O autor, ao aceitar a in-
XI – ausência de legitimidade dicação, procederá, no prazo de
Art. 335. O réu poderá oferecer ou de interesse processual; 15 (quinze) dias, à alteração da
contestação, por petição, no pra- XII – falta de caução ou de petição inicial para a substituição
zo de 15 (quinze) dias, cujo termo outra prestação que a lei exige do réu, observando-se, ainda, o
inicial será a data: como preliminar; parágrafo único do art. 338.
I – da audiência de concilia- XIII – indevida concessão do § 2o No prazo de 15 (quinze)
ção ou de mediação, ou da última benefício de gratuidade de jus- dias, o autor pode optar por alte-
sessão de conciliação, quando tiça. rar a petição inicial para incluir,
qualquer parte não comparecer § 1o Verifica-se a litispen- como litisconsorte passivo, o su-
ou, comparecendo, não houver dência ou a coisa julgada quando jeito indicado pelo réu.
autocomposição; se reproduz ação anteriormente
II – do protocolo do pedido ajuizada. Art. 340. Havendo alegação de
de cancelamento da audiência § 2o Uma ação é idêntica a incompetência relativa ou abso-
de conciliação ou de mediação outra quando possui as mesmas luta, a contestação poderá ser
apresentado pelo réu, quando partes, a mesma causa de pedir protocolada no foro de domicílio
ocorrer a hipótese do art. 334, e o mesmo pedido. do réu, fato que será imediata-
§ 4o, inciso I; § 3o Há litispendência quan- mente comunicado ao juiz da
III – prevista no art. 231, de do se repete ação que está em causa, preferencialmente por
acordo com o modo como foi curso. meio eletrônico.
feita a citação, nos demais casos. § 4o Há coisa julgada quando § 1o A contestação será sub-
§ 1o No caso de litisconsórcio se repete ação que já foi deci- metida a livre distribuição ou, se
passivo, ocorrendo a hipótese do dida por decisão transitada em o réu houver sido citado por meio
art. 334, § 6o, o termo inicial pre- julgado. de carta precatória, juntada aos
visto no inciso II será, para cada § 5o Excetuadas a convenção autos dessa carta, seguindo-se
um dos réus, a data de apresen- de arbitragem e a incompetên- a sua imediata remessa para o
tação de seu respectivo pedido cia relativa, o juiz conhecerá de juízo da causa.
de cancelamento da audiência. ofício das matérias enumeradas § 2o Reconhecida a compe-
§ 2o Quando ocorrer a hipó- neste artigo. tência do foro indicado pelo réu,
tese do art. 334, § 4o, inciso II, § 6o A ausência de alegação o juízo para o qual for distribuída
havendo litisconsórcio passivo da existência de convenção de a contestação ou a carta preca-
e o autor desistir da ação em arbitragem, na forma prevista tória será considerado prevento.
relação a réu ainda não citado, o neste Capítulo, implica aceitação § 3o Alegada a incompetên-
prazo para resposta correrá da da jurisdição estatal e renúncia cia nos termos do caput, será sus-
data de intimação da decisão que ao juízo arbitral. pensa a realização da audiência

309
Código de Processo Civil
de conciliação ou de mediação, § 3o A reconvenção pode contestação, o juiz tomará, con-
se tiver sido designada. ser proposta contra o autor e forme o caso, as providências
§ 4o Definida a competência, terceiro. preliminares constantes das se-
o juízo competente designará § 4o A reconvenção pode ser ções deste Capítulo.
nova data para a audiência de proposta pelo réu em litisconsór-
conciliação ou de mediação. cio com terceiro.
§ 5o Se o autor for substituto
Seção I – Da Não Incidência
Art. 341. Incumbe também ao processual, o reconvinte deverá dos Efeitos da Revelia
réu manifestar-se precisamen- afirmar ser titular de direito em
te sobre as alegações de fato face do substituído, e a reconven- Art. 348. Se o réu não contes-
constantes da petição inicial, pre- ção deverá ser proposta em face tar a ação, o juiz, verificando a
sumindo-se verdadeiras as não do autor, também na qualidade de inocorrência do efeito da revelia
impugnadas, salvo se: substituto processual. previsto no art. 344, ordenará que
I – não for admissível, a seu § 6o O réu pode propor re- o autor especifique as provas que
respeito, a confissão; convenção independentemente pretenda produzir, se ainda não
II – a petição inicial não esti- de oferecer contestação. as tiver indicado.
ver acompanhada de instrumento
que a lei considerar da substân- Art. 349. Ao réu revel será lícita
cia do ato; CAPÍTULO VIII – DA a produção de provas, contra-
III – estiverem em contradi- REVELIA postas às alegações do autor,
ção com a defesa, considerada desde que se faça representar
em seu conjunto. Art. 344. Se o réu não contestar nos autos a tempo de praticar os
Parágrafo único. O ônus da a ação, será considerado revel e atos processuais indispensáveis
impugnação especificada dos presumir-se-ão verdadeiras as a essa produção.
fatos não se aplica ao defensor alegações de fato formuladas
público, ao advogado dativo e ao pelo autor.
curador especial.
Seção II – Do Fato Impeditivo,
Art. 345. A revelia não produz o Modificativo ou Extintivo do
Art. 342. Depois da contesta- efeito mencionado no art. 344 se: Direito do Autor
ção, só é lícito ao réu deduzir I – havendo pluralidade de
novas alegações quando: réus, algum deles contestar a Art. 350. Se o réu alegar fato
I – relativas a direito ou a fato ação; impeditivo, modificativo ou ex-
superveniente; II – o litígio versar sobre di- tintivo do direito do autor, este
II – competir ao juiz conhecer reitos indisponíveis; será ouvido no prazo de 15 (quinze)
delas de ofício; III – a petição inicial não esti- dias, permitindo-lhe o juiz a pro-
III – por expressa autorização ver acompanhada de instrumento dução de prova.
legal, puderem ser formuladas que a lei considere indispensável
em qualquer tempo e grau de à prova do ato;
jurisdição. IV – as alegações de fato for-
Seção III – Das Alegações
muladas pelo autor forem inve- do Réu
rossímeis ou estiverem em con-
CAPÍTULO VII – DA tradição com prova constante Art. 351. Se o réu alegar qual-
RECONVENÇÃO dos autos. quer das matérias enumeradas
no art. 337, o juiz determinará
Art. 343. Na contestação, é lí- Art. 346. Os prazos contra o re- a oitiva do autor no prazo de 15
cito ao réu propor reconvenção vel que não tenha patrono nos au- (quinze) dias, permitindo-lhe a
para manifestar pretensão pró- tos fluirão da data de publicação produção de prova.
pria, conexa com a ação principal do ato decisório no órgão oficial.
ou com o fundamento da defesa. Parágrafo único. O revel po- Art. 352. Verificando a existên-
§ 1o Proposta a reconven- derá intervir no processo em qual- cia de irregularidades ou de vícios
ção, o autor será intimado, na quer fase, recebendo-o no estado sanáveis, o juiz determinará sua
pessoa de seu advogado, para em que se encontrar. correção em prazo nunca superior
apresentar resposta no prazo de a 30 (trinta) dias.
15 (quinze) dias.
§ 2o A desistência da ação CAPÍTULO IX – DAS Art. 353. Cumpridas as provi-
ou a ocorrência de causa extin- PROVIDÊNCIAS dências preliminares ou não ha-
tiva que impeça o exame de seu PRELIMINARES E DO vendo necessidade delas, o juiz
mérito não obsta ao prossegui- SANEAMENTO proferirá julgamento conforme o
mento do processo quanto à re- estado do processo, observando
convenção. Art. 347. Findo o prazo para a o que dispõe o Capítulo X.

310
Código de Processo Civil
CAPÍTULO X – DO parcialmente o mérito poderão § 5o Na hipótese do § 3o, as
JULGAMENTO CONFORME ser processados em autos su- partes devem levar, para a audi-
plementares, a requerimento da ência prevista, o respectivo rol
O ESTADO DO PROCESSO parte ou a critério do juiz. de testemunhas.
Seção I – Da Extinção do § 5o A decisão proferida com § 6o O número de testemu-
Processo base neste artigo é impugnável nhas arroladas não pode ser su-
por agravo de instrumento. perior a 10 (dez), sendo 3 (três),
Art. 354. Ocorrendo qualquer no máximo, para a prova de cada
das hipóteses previstas nos fato.
arts. 485 e 487, incisos II e III, o
Seção IV – Do Saneamento e § 7o O juiz poderá limitar o
juiz proferirá sentença. da Organização do Processo número de testemunhas levan-
Parágrafo único. A decisão a do em conta a complexidade da
que se refere o caput pode dizer Art. 357. Não ocorrendo nenhu- causa e dos fatos individualmente
respeito a apenas parcela do pro- ma das hipóteses deste Capítulo, considerados.
cesso, caso em que será impug- deverá o juiz, em decisão de sa- § 8o Caso tenha sido deter-
nável por agravo de instrumento. neamento e de organização do minada a produção de prova pe-
processo: ricial, o juiz deve observar o dis-
I – resolver as questões pro- posto no art. 465 e, se possível,
Seção II – Do Julgamento cessuais pendentes, se houver; estabelecer, desde logo, calen-
Antecipado do Mérito II – delimitar as questões de dário para sua realização.
fato sobre as quais recairá a ati- § 9o As pautas deverão ser
Art. 355. O juiz julgará anteci- vidade probatória, especificando preparadas com intervalo mí-
padamente o pedido, proferindo os meios de prova admitidos; nimo de 1 (uma) hora entre as
sentença com resolução de mé- III – definir a distribuição audiências.
rito, quando: do ônus da prova, observado o
I – não houver necessidade art. 373;
de produção de outras provas; IV – delimitar as questões de CAPÍTULO XI – DA
II – o réu for revel, ocorrer o direito relevantes para a decisão AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO
efeito previsto no art. 344 e não do mérito; E JULGAMENTO
houver requerimento de prova, V – designar, se necessário,
na forma do art. 349. audiência de instrução e julga- Art. 358. No dia e na hora de-
mento. signados, o juiz declarará aberta
§ 1o Realizado o saneamento, a audiência de instrução e julga-
Seção III – Do Julgamento as partes têm o direito de pedir mento e mandará apregoar as
Antecipado Parcial do Mérito esclarecimentos ou solicitar ajus- partes e os respectivos advoga-
tes, no prazo comum de 5 (cinco) dos, bem como outras pessoas
Art. 356. O juiz decidirá par- dias, findo o qual a decisão se que dela devam participar.
cialmente o mérito quando um torna estável.
ou mais dos pedidos formulados § 2o As partes podem apre- Art. 359. Instalada a audiência,
ou parcela deles: sentar ao juiz, para homologação, o juiz tentará conciliar as partes,
I – mostrar-se incontroverso; delimitação consensual das ques- independentemente do emprego
II – estiver em condições de tões de fato e de direito a que se anterior de outros métodos de
imediato julgamento, nos termos referem os incisos II e IV, a qual, solução consensual de conflitos,
do art. 355. se homologada, vincula as par- como a mediação e a arbitragem.
§ 1o A decisão que julgar par- tes e o juiz.
cialmente o mérito poderá reco- § 3o Se a causa apresentar Art. 360. O juiz exerce o poder
nhecer a existência de obrigação complexidade em matéria de fato de polícia, incumbindo-lhe:
líquida ou ilíquida. ou de direito, deverá o juiz desig- I – manter a ordem e o decoro
§ 2o A parte poderá liquidar nar audiência para que o sanea- na audiência;
ou executar, desde logo, a obri- mento seja feito em cooperação II – ordenar que se retirem da
gação reconhecida na decisão com as partes, oportunidade em sala de audiência os que se com-
que julgar parcialmente o mérito, que o juiz, se for o caso, convidará portarem inconvenientemente;
independentemente de caução, as partes a integrar ou esclarecer III – requisitar, quando neces-
ainda que haja recurso contra suas alegações. sário, força policial;
essa interposto. § 4o Caso tenha sido deter- IV – tratar com urbanidade as
§ 3o Na hipótese do § 2o, se minada a produção de prova tes- partes, os advogados, os mem-
houver trânsito em julgado da de- temunhal, o juiz fixará prazo co- bros do Ministério Público e da
cisão, a execução será definitiva. mum não superior a 15 (quinze) Defensoria Pública e qualquer
§ 4o A liquidação e o cum- dias para que as partes apresen- pessoa que participe do processo;
primento da decisão que julgar tem rol de testemunhas. V – registrar em ata, com exa-

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Código de Processo Civil
tidão, todos os requerimentos Art. 364. Finda a instrução, o chefe de secretaria, dispensadas
apresentados em audiência. juiz dará a palavra ao advogado as partes, exceto quando houver
do autor e do réu, bem como ao ato de disposição para cuja prá-
Art. 361. As provas orais serão membro do Ministério Público, tica os advogados não tenham
produzidas em audiência, ouvin- se for o caso de sua intervenção, poderes.
do-se nesta ordem, preferen- sucessivamente, pelo prazo de § 3o O escrivão ou chefe de
cialmente: 20 (vinte) minutos para cada um, secretaria trasladará para os au-
I – o perito e os assistentes prorrogável por 10 (dez) minutos, tos cópia autêntica do termo de
técnicos, que responderão aos a critério do juiz. audiência.
quesitos de esclarecimentos re- § 1o Havendo litisconsorte ou § 4o Tratando-se de autos
queridos no prazo e na forma do terceiro interveniente, o prazo, eletrônicos, observar-se-á o dis-
art. 477, caso não respondidos que formará com o da prorroga- posto neste Código, em legislação
anteriormente por escrito; ção um só todo, dividir-se-á entre específica e nas normas internas
II – o autor e, em seguida, o os do mesmo grupo, se não con- dos tribunais.
réu, que prestarão depoimentos vencionarem de modo diverso. § 5o A audiência poderá ser
pessoais; § 2o Quando a causa apre- integralmente gravada em ima-
III – as testemunhas arroladas sentar questões complexas de gem e em áudio, em meio digital
pelo autor e pelo réu, que serão fato ou de direito, o debate oral ou analógico, desde que assegure
inquiridas. poderá ser substituído por ra- o rápido acesso das partes e dos
Parágrafo único. Enquanto zões finais escritas, que serão órgãos julgadores, observada a
depuserem o perito, os assis- apresentadas pelo autor e pelo legislação específica.
tentes técnicos, as partes e as réu, bem como pelo Ministério § 6o A gravação a que se re-
testemunhas, não poderão os Público, se for o caso de sua in- fere o § 5o também pode ser rea-
advogados e o Ministério Público tervenção, em prazos sucessivos lizada diretamente por qualquer
intervir ou apartear, sem licença de 15 (quinze) dias, assegurada das partes, independentemente
do juiz. vista dos autos. de autorização judicial.

Art. 362. A audiência poderá Art. 365. A audiência é una e Art. 368. A audiência será pú-
ser adiada: contínua, podendo ser excepcio- blica, ressalvadas as exceções
I – por convenção das partes; nal e justificadamente cindida na legais.
II – se não puder comparecer, ausência de perito ou de testemu-
por motivo justificado, qualquer nha, desde que haja concordância
pessoa que dela deva necessa- das partes. CAPÍTULO XII – DAS
riamente participar; Parágrafo único. Diante da PROVAS
III – por atraso injustificado impossibilidade de realização da
Seção I – Disposições Gerais
de seu início em tempo superior instrução, do debate e do julga-
a 30 (trinta) minutos do horário mento no mesmo dia, o juiz mar-
marcado. cará seu prosseguimento para a Art. 369. As partes têm o direito
§ 1o O impedimento deverá data mais próxima possível, em de empregar todos os meios le-
ser comprovado até a abertura pauta preferencial. gais, bem como os moralmente
da audiência, e, não o sendo, o legítimos, ainda que não especifi-
juiz procederá à instrução. Art. 366. Encerrado o debate ou cados neste Código, para provar a
§ 2o O juiz poderá dispensar oferecidas as razões finais, o juiz verdade dos fatos em que se fun-
a produção das provas reque- proferirá sentença em audiência da o pedido ou a defesa e influir
ridas pela parte cujo advogado ou no prazo de 30 (trinta) dias. eficazmente na convicção do juiz.
ou defensor público não tenha
comparecido à audiência, apli- Art. 367. O servidor lavrará, sob Art. 370. Caberá ao juiz, de ofí-
cando-se a mesma regra ao Mi- ditado do juiz, termo que conterá, cio ou a requerimento da parte,
nistério Público. em resumo, o ocorrido na audi- determinar as provas necessárias
§ 3o Quem der causa ao adia- ência, bem como, por extenso, ao julgamento do mérito.
mento responderá pelas despe- os despachos, as decisões e a Parágrafo único. O juiz inde-
sas acrescidas. sentença, se proferida no ato. ferirá, em decisão fundamentada,
§ 1o Quando o termo não for as diligências inúteis ou mera-
Art. 363. Havendo antecipação registrado em meio eletrônico, o mente protelatórias.
ou adiamento da audiência, o juiz, juiz rubricar-lhe-á as folhas, que
de ofício ou a requerimento da serão encadernadas em volume Art. 371. O juiz apreciará a pro-
parte, determinará a intimação próprio. va constante dos autos, inde-
dos advogados ou da sociedade § 2o Subscreverão o termo o pendentemente do sujeito que
de advogados para ciência da juiz, os advogados, o membro do a tiver promovido, e indicará na
nova designação. Ministério Público e o escrivão ou decisão as razões da formação

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Código de Processo Civil
de seu convencimento. que ordinariamente acontece e, Seção II – Da Produção
ainda, as regras de experiência Antecipada da Prova
Art. 372. O juiz poderá admitir a técnica, ressalvado, quanto a es-
utilização de prova produzida em tas, o exame pericial. Art. 381. A produção antecipada
outro processo, atribuindo-lhe o da prova será admitida nos casos
valor que considerar adequado, Art. 376. A parte que alegar di- em que:
observado o contraditório. reito municipal, estadual, estran- I – haja fundado receio de que
geiro ou consuetudinário provar- venha a tornar-se impossível ou
Art. 373. O ônus da prova in- -lhe-á o teor e a vigência, se assim muito difícil a verificação de cer-
cumbe: o juiz determinar. tos fatos na pendência da ação;
I – ao autor, quanto ao fato II – a prova a ser produzi-
constitutivo de seu direito; Art. 377. A carta precatória, a da seja suscetível de viabilizar a
II – ao réu, quanto à existência carta rogatória e o auxílio direto autocomposição ou outro meio
de fato impeditivo, modificativo suspenderão o julgamento da adequado de solução de conflito;
ou extintivo do direito do autor. causa no caso previsto no art. 313, III – o prévio conhecimento
§ 1o Nos casos previstos em inciso V, alínea “b”, quando, tendo dos fatos possa justificar ou evitar
lei ou diante de peculiaridades da sido requeridos antes da decisão o ajuizamento de ação.
causa relacionadas à impossibili- de saneamento, a prova neles so- § 1o O arrolamento de bens
dade ou à excessiva dificuldade licitada for imprescindível. observará o disposto nesta Se-
de cumprir o encargo nos termos Parágrafo único. A carta pre- ção quando tiver por finalidade
do caput ou à maior facilidade de catória e a carta rogatória não de- apenas a realização de documen-
obtenção da prova do fato contrá- volvidas no prazo ou concedidas tação e não a prática de atos de
rio, poderá o juiz atribuir o ônus da sem efeito suspensivo poderão apreensão.
prova de modo diverso, desde que ser juntadas aos autos a qualquer § 2o A produção antecipada
o faça por decisão fundamentada, momento. da prova é da competência do
caso em que deverá dar à parte juízo do foro onde esta deva ser
a oportunidade de se desincum- Art. 378. Ninguém se exime do produzida ou do foro de domicí-
bir do ônus que lhe foi atribuído. dever de colaborar com o Poder lio do réu.
§ 2o A decisão prevista no § 1o Judiciário para o descobrimento § 3o A produção antecipada
deste artigo não pode gerar situ- da verdade. da prova não previne a compe-
ação em que a desincumbência tência do juízo para a ação que
do encargo pela parte seja impos- Art. 379. Preservado o direito venha a ser proposta.
sível ou excessivamente difícil. de não produzir prova contra si § 4o O juízo estadual tem
§ 3o A distribuição diversa própria, incumbe à parte: competência para produção an-
do ônus da prova também pode I – comparecer em juízo, res- tecipada de prova requerida em
ocorrer por convenção das partes, pondendo ao que lhe for inter- face da União, de entidade au-
salvo quando: rogado; tárquica ou de empresa públi-
I – recair sobre direito indis- II – colaborar com o juízo na ca federal se, na localidade, não
ponível da parte; realização de inspeção judicial houver vara federal.
II – tornar excessivamente que for considerada necessária; § 5o Aplica-se o disposto
difícil a uma parte o exercício III – praticar o ato que lhe for nesta Seção àquele que preten-
do direito. determinado. der justificar a existência de al-
§ 4o A convenção de que tra- gum fato ou relação jurídica para
ta o § 3o pode ser celebrada antes Art. 380. Incumbe ao terceiro, simples documento e sem cará-
ou durante o processo. em relação a qualquer causa: ter contencioso, que exporá, em
I – informar ao juiz os fatos e petição circunstanciada, a sua
Art. 374. Não dependem de pro- as circunstâncias de que tenha intenção.
va os fatos: conhecimento;
I – notórios; II – exibir coisa ou documento Art. 382. Na petição, o reque-
II – afirmados por uma parte e que esteja em seu poder. rente apresentará as razões que
confessados pela parte contrária; Parágrafo único. Poderá o justificam a necessidade de an-
III – admitidos no processo juiz, em caso de descumprimento, tecipação da prova e mencionará
como incontroversos; determinar, além da imposição de com precisão os fatos sobre os
IV – em cujo favor milita pre- multa, outras medidas indutivas, quais a prova há de recair.
sunção legal de existência ou de coercitivas, mandamentais ou § 1o O juiz determinará, de
veracidade. sub-rogatórias. ofício ou a requerimento da par-
te, a citação de interessados na
Art. 375. O juiz aplicará as re- produção da prova ou no fato a
gras de experiência comum sub- ser provado, salvo se inexistente
ministradas pela observação do caráter contencioso.

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Código de Processo Civil
§ 2o O juiz não se pronunciará daquela onde tramita o processo especial.
sobre a ocorrência ou a inocor- poderá ser colhido por meio de vi- § 2o A confissão provocada
rência do fato, nem sobre as res- deoconferência ou outro recurso constará do termo de depoimen-
pectivas consequências jurídicas. tecnológico de transmissão de to pessoal.
§ 3o Os interessados poderão sons e imagens em tempo real,
requerer a produção de qualquer o que poderá ocorrer, inclusive, Art. 391. A confissão judicial faz
prova no mesmo procedimento, durante a realização da audiência prova contra o confitente, não
desde que relacionada ao mesmo de instrução e julgamento. prejudicando, todavia, os litis-
fato, salvo se a sua produção con- consortes.
junta acarretar excessiva demora. Art. 386. Quando a parte, sem Parágrafo único. Nas ações
§ 4o Neste procedimento, motivo justificado, deixar de res- que versarem sobre bens imóveis
não se admitirá defesa ou re- ponder ao que lhe for pergunta- ou direitos reais sobre imóveis
curso, salvo contra decisão que do ou empregar evasivas, o juiz, alheios, a confissão de um côn-
indeferir totalmente a produção apreciando as demais circuns- juge ou companheiro não valerá
da prova pleiteada pelo reque- tâncias e os elementos de prova, sem a do outro, salvo se o regime
rente originário. declarará, na sentença, se houve de casamento for o de separação
recusa de depor. absoluta de bens.
Art. 383. Os autos permanece-
rão em cartório durante 1 (um) Art. 387. A parte responderá Art. 392. Não vale como confis-
mês para extração de cópias e pessoalmente sobre os fatos ar- são a admissão, em juízo, de fatos
certidões pelos interessados. ticulados, não podendo servir-se relativos a direitos indisponíveis.
Parágrafo único. Findo o pra- de escritos anteriormente prepa- § 1o A confissão será ineficaz
zo, os autos serão entregues ao rados, permitindo-lhe o juiz, to- se feita por quem não for capaz de
promovente da medida. davia, a consulta a notas breves, dispor do direito a que se referem
desde que objetivem completar os fatos confessados.
esclarecimentos. § 2o A confissão feita por um
Seção III – Da Ata Notarial representante somente é eficaz
Art. 388. A parte não é obrigada nos limites em que este pode
Art. 384. A existência e o modo a depor sobre fatos: vincular o representado.
de existir de algum fato podem I – criminosos ou torpes que
ser atestados ou documentados, lhe forem imputados; Art. 393. A confissão é irrevo-
a requerimento do interessado, II – a cujo respeito, por estado gável, mas pode ser anulada se
mediante ata lavrada por tabelião. ou profissão, deva guardar sigilo; decorreu de erro de fato ou de
Parágrafo único. Dados re- III – acerca dos quais não coação.
presentados por imagem ou som possa responder sem desonra Parágrafo único. A legiti-
gravados em arquivos eletrônicos própria, de seu cônjuge, de seu midade para a ação prevista no
poderão constar da ata notarial. companheiro ou de parente em caput é exclusiva do confitente
grau sucessível; e pode ser transferida a seus
IV – que coloquem em perigo herdeiros se ele falecer após a
Seção IV – Do Depoimento a vida do depoente ou das pesso- propositura.
Pessoal as referidas no inciso III.
Parágrafo único. Esta dispo- Art. 394. A confissão extrajudi-
Art. 385. Cabe à parte requerer sição não se aplica às ações de cial, quando feita oralmente, só
o depoimento pessoal da outra estado e de família. terá eficácia nos casos em que a
parte, a fim de que esta seja inter- lei não exija prova literal.
rogada na audiência de instrução
e julgamento, sem prejuízo do po-
Seção V – Da Confissão Art. 395. A confissão é, em re-
der do juiz de ordená-lo de ofício. gra, indivisível, não podendo a
§ 1o Se a parte, pessoalmente Art. 389. Há confissão, judicial parte que a quiser invocar como
intimada para prestar depoimen- ou extrajudicial, quando a parte prova aceitá-la no tópico que a
to pessoal e advertida da pena admite a verdade de fato contrá- beneficiar e rejeitá-la no que lhe
de confesso, não comparecer rio ao seu interesse e favorável ao for desfavorável, porém cindir-
ou, comparecendo, se recusar a do adversário. -se-á quando o confitente a ela
depor, o juiz aplicar-lhe-á a pena. aduzir fatos novos, capazes de
§ 2o É vedado a quem ainda Art. 390. A confissão judicial constituir fundamento de defe-
não depôs assistir ao interroga- pode ser espontânea ou provo- sa de direito material ou de re-
tório da outra parte. cada. convenção.
§ 3o O depoimento pessoal da § 1o A confissão espontânea
parte que residir em comarca, se- pode ser feita pela própria parte
ção ou subseção judiciária diversa ou por representante com poder

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Código de Processo Civil
Seção VI – Da Exibição de que o documento seja exibido. VI – houver disposição le-
Documento ou Coisa gal que justifique a recusa da
Art. 401. Quando o documento exibição.
Art. 396. O juiz pode ordenar que ou a coisa estiver em poder de Parágrafo único. Se os mo-
a parte exiba documento ou coisa terceiro, o juiz ordenará sua ci- tivos de que tratam os incisos I
que se encontre em seu poder. tação para responder no prazo a VI do caput disserem respeito a
de 15 (quinze) dias. apenas uma parcela do documen-
Art. 397. O pedido formulado to, a parte ou o terceiro exibirá a
pela parte conterá: Art. 402. Se o terceiro negar outra em cartório, para dela ser
I – a descrição, tão completa a obrigação de exibir ou a pos- extraída cópia reprográfica, de
quanto possível, do documento ou se do documento ou da coisa, o tudo sendo lavrado auto circuns-
da coisa, ou das categorias de do- juiz designará audiência especial, tanciado.
cumentos ou de coisas buscados; tomando-lhe o depoimento, bem
II – a finalidade da prova, com como o das partes e, se neces-
indicação dos fatos que se rela- sário, o de testemunhas, e em
Seção VII – Da Prova
cionam com o documento ou com seguida proferirá decisão. Documental
a coisa, ou com suas categorias; Subseção I – Da Força
III – as circunstâncias em que Art. 403. Se o terceiro, sem jus- Probante dos Documentos
se funda o requerente para afir- to motivo, se recusar a efetuar a
mar que o documento ou a coi- exibição, o juiz ordenar-lhe-á que Art. 405. O documento público
sa existe, ainda que a referência proceda ao respectivo depósito faz prova não só da sua forma-
seja a categoria de documentos em cartório ou em outro lugar ção, mas também dos fatos que
ou de coisas, e se acha em poder designado, no prazo de 5 (cin- o escrivão, o chefe de secretaria,
da parte contrária. co) dias, impondo ao requerente o tabelião ou o servidor declarar
que o ressarça pelas despesas que ocorreram em sua presença.
Art. 398. O requerido dará sua que tiver.
resposta nos 5 (cinco) dias sub- Parágrafo único. Se o ter- Art. 406. Quando a lei exigir ins-
sequentes à sua intimação. ceiro descumprir a ordem, o juiz trumento público como da subs-
Parágrafo único. Se o reque- expedirá mandado de apreen- tância do ato, nenhuma outra
rido afirmar que não possui o do- são, requisitando, se necessário, prova, por mais especial que seja,
cumento ou a coisa, o juiz permi- força policial, sem prejuízo da pode suprir-lhe a falta.
tirá que o requerente prove, por responsabilidade por crime de
qualquer meio, que a declaração desobediência, pagamento de Art. 407. O documento feito por
não corresponde à verdade. multa e outras medidas induti- oficial público incompetente ou
vas, coercitivas, mandamentais sem a observância das forma-
Art. 399. O juiz não admitirá a ou sub-rogatórias necessárias lidades legais, sendo subscrito
recusa se: para assegurar a efetivação da pelas partes, tem a mesma efi-
I – o requerido tiver obrigação decisão. cácia probatória do documento
legal de exibir; particular.
II – o requerido tiver aludi- Art. 404. A parte e o terceiro
do ao documento ou à coisa, no se escusam de exibir, em juízo, Art. 408. As declarações cons-
processo, com o intuito de cons- o documento ou a coisa se: tantes do documento particular
tituir prova; I – concernente a negócios escrito e assinado ou somente
III – o documento, por seu da própria vida da família; assinado presumem-se verda-
conteúdo, for comum às partes. II – sua apresentação puder deiras em relação ao signatário.
violar dever de honra; Parágrafo único. Quando,
Art. 400. Ao decidir o pedido, o III – sua publicidade redundar todavia, contiver declaração de
juiz admitirá como verdadeiros os em desonra à parte ou ao terceiro, ciência de determinado fato, o
fatos que, por meio do documen- bem como a seus parentes con- documento particular prova a
to ou da coisa, a parte pretendia sanguíneos ou afins até o terceiro ciência, mas não o fato em si,
provar se: grau, ou lhes representar perigo incumbindo o ônus de prová-lo ao
I – o requerido não efetuar de ação penal; interessado em sua veracidade.
a exibição nem fizer nenhuma IV – sua exibição acarretar a
declaração no prazo do art. 398; divulgação de fatos a cujo res- Art. 409. A data do documento
II – a recusa for havida por peito, por estado ou profissão, particular, quando a seu respeito
ilegítima. devam guardar segredo; surgir dúvida ou impugnação en-
Parágrafo único. Sendo ne- V – subsistirem outros moti- tre os litigantes, provar-se-á por
cessário, o juiz pode adotar me- vos graves que, segundo o pru- todos os meios de direito.
didas indutivas, coercitivas, man- dente arbítrio do juiz, justifiquem Parágrafo único. Em rela-
damentais ou sub-rogatórias para a recusa da exibição; ção a terceiros, considerar-se-á

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Código de Processo Civil
datado o documento particular: assinado pelo remetente. integral dos livros empresariais
I – no dia em que foi regis- Parágrafo único. A firma do e dos documentos do arquivo:
trado; remetente poderá ser reconhe- I – na liquidação de socie-
II – desde a morte de algum cida pelo tabelião, declarando-se dade;
dos signatários; essa circunstância no original de- II – na sucessão por morte
III – a partir da impossibilida- positado na estação expedidora. de sócio;
de física que sobreveio a qualquer III – quando e como deter-
dos signatários; Art. 414. O telegrama ou o ra- minar a lei.
IV – da sua apresentação em diograma presume-se conforme
repartição pública ou em juízo; com o original, provando as datas Art. 421. O juiz pode, de ofício,
V – do ato ou do fato que es- de sua expedição e de seu rece- ordenar à parte a exibição par-
tabeleça, de modo certo, a an- bimento pelo destinatário. cial dos livros e dos documentos,
terioridade da formação do do- extraindo-se deles a suma que
cumento. Art. 415. As cartas e os registros interessar ao litígio, bem como
domésticos provam contra quem reproduções autenticadas.
Art. 410. Considera-se autor do os escreveu quando:
documento particular: I – enunciam o recebimento Art. 422. Qualquer reprodução
I – aquele que o fez e o as- de um crédito; mecânica, como a fotográfica, a
sinou; II – contêm anotação que visa cinematográfica, a fonográfica
II – aquele por conta de quem a suprir a falta de título em favor ou de outra espécie, tem aptidão
ele foi feito, estando assinado; de quem é apontado como credor; para fazer prova dos fatos ou das
III – aquele que, mandando III – expressam conhecimento coisas representadas, se a sua
compô-lo, não o firmou porque, de fatos para os quais não se exija conformidade com o documento
conforme a experiência comum, determinada prova. original não for impugnada por
não se costuma assinar, como aquele contra quem foi produzida.
livros empresariais e assentos Art. 416. A nota escrita pelo cre- § 1o As fotografias digitais e
domésticos. dor em qualquer parte de docu- as extraídas da rede mundial de
mento representativo de obriga- computadores fazem prova das
Art. 411. Considera-se autêntico ção, ainda que não assinada, faz imagens que reproduzem, deven-
o documento quando: prova em benefício do devedor. do, se impugnadas, ser apresen-
I – o tabelião reconhecer a Parágrafo único. Aplica-se tada a respectiva autenticação
firma do signatário; essa regra tanto para o documen- eletrônica ou, não sendo possível,
II – a autoria estiver identi- to que o credor conservar em seu realizada perícia.
ficada por qualquer outro meio poder quanto para aquele que se § 2o Se se tratar de fotogra-
legal de certificação, inclusive achar em poder do devedor ou fia publicada em jornal ou revista,
eletrônico, nos termos da lei; de terceiro. será exigido um exemplar original
III – não houver impugnação do periódico, caso impugnada a
da parte contra quem foi produ- Art. 417. Os livros empresariais veracidade pela outra parte.
zido o documento. provam contra seu autor, sen- § 3o Aplica-se o disposto
do lícito ao empresário, todavia, neste artigo à forma impressa
Art. 412. O documento particu- demonstrar, por todos os meios de mensagem eletrônica.
lar de cuja autenticidade não se permitidos em direito, que os
duvida prova que o seu autor fez lançamentos não correspondem Art. 423. As reproduções dos
a declaração que lhe é atribuída. à verdade dos fatos. documentos particulares, foto-
Parágrafo único. O documen- gráficas ou obtidas por outros
to particular admitido expressa ou Art. 418. Os livros empresariais processos de repetição, valem
tacitamente é indivisível, sendo que preencham os requisitos exi- como certidões sempre que o
vedado à parte que pretende uti- gidos por lei provam a favor de seu escrivão ou o chefe de secretaria
lizar-se dele aceitar os fatos que autor no litígio entre empresários. certificar sua conformidade com
lhe são favoráveis e recusar os o original.
que são contrários ao seu inte- Art. 419. A escrituração contábil
resse, salvo se provar que estes é indivisível, e, se dos fatos que Art. 424. A cópia de documen-
não ocorreram. resultam dos lançamentos, uns to particular tem o mesmo valor
são favoráveis ao interesse de seu probante que o original, cabendo
Art. 413. O telegrama, o radio- autor e outros lhe são contrários, ao escrivão, intimadas as partes,
grama ou qualquer outro meio ambos serão considerados em proceder à conferência e certifi-
de transmissão tem a mesma conjunto, como unidade. car a conformidade entre a cópia
força probatória do documento e o original.
particular se o original constante Art. 420. O juiz pode ordenar, a
da estação expedidora tiver sido requerimento da parte, a exibição Art. 425. Fazem a mesma prova

316
Código de Processo Civil
que os originais: Art. 427. Cessa a fé do docu- ze) dias, será realizado o exame
I – as certidões textuais de mento público ou particular sen- pericial.
qualquer peça dos autos, do pro- do-lhe declarada judicialmente a Parágrafo único. Não se pro-
tocolo das audiências ou de outro falsidade. cederá ao exame pericial se a
livro a cargo do escrivão ou do Parágrafo único. A falsidade parte que produziu o documento
chefe de secretaria, se extraídas consiste em: concordar em retirá-lo.
por ele ou sob sua vigilância e por I – formar documento não
ele subscritas; verdadeiro; Art. 433. A declaração sobre a
II – os traslados e as certi- II – alterar documento ver- falsidade do documento, quando
dões extraídas por oficial público dadeiro. suscitada como questão princi-
de instrumentos ou documentos pal, constará da parte dispositiva
lançados em suas notas; Art. 428. Cessa a fé do docu- da sentença e sobre ela incidirá
III – as reproduções dos do- mento particular quando: também a autoridade da coisa
cumentos públicos, desde que I – for impugnada sua auten- julgada.
autenticadas por oficial público ticidade e enquanto não se com-
ou conferidas em cartório com provar sua veracidade;
os respectivos originais; II – assinado em branco, for
Subseção III – Da Produção
IV – as cópias reprográficas impugnado seu conteúdo, por da Prova Documental
de peças do próprio processo preenchimento abusivo.
judicial declaradas autênticas Parágrafo único. Dar-se-á Art. 434. Incumbe à parte ins-
pelo advogado, sob sua respon- abuso quando aquele que recebeu truir a petição inicial ou a contes-
sabilidade pessoal, se não lhes documento assinado com texto tação com os documentos desti-
for impugnada a autenticidade; não escrito no todo ou em parte nados a provar suas alegações.
V – os extratos digitais de formá-lo ou completá-lo por si Parágrafo único. Quando o
bancos de dados públicos e priva- ou por meio de outrem, violando documento consistir em repro-
dos, desde que atestado pelo seu o pacto feito com o signatário. dução cinematográfica ou fono-
emitente, sob as penas da lei, que gráfica, a parte deverá trazê-lo
as informações conferem com o Art. 429. Incumbe o ônus da nos termos do caput, mas sua
que consta na origem; prova quando: exposição será realizada em audi-
VI – as reproduções digitaliza- I – se tratar de falsidade de ência, intimando-se previamente
das de qualquer documento públi- documento ou de preenchimen- as partes.
co ou particular, quando juntadas to abusivo, à parte que a arguir;
aos autos pelos órgãos da justiça II – se tratar de impugnação Art. 435. É lícito às partes, em
e seus auxiliares, pelo Ministério da autenticidade, à parte que qualquer tempo, juntar aos au-
Público e seus auxiliares, pela produziu o documento. tos documentos novos, quando
Defensoria Pública e seus auxi- destinados a fazer prova de fatos
liares, pelas procuradorias, pelas ocorridos depois dos articulados
repartições públicas em geral e
Subseção II – Da Arguição de ou para contrapô-los aos que fo-
por advogados, ressalvada a ale- Falsidade ram produzidos nos autos.
gação motivada e fundamentada Parágrafo único. Admite-se
de adulteração. Art. 430. A falsidade deve ser também a juntada posterior de
§ 1o Os originais dos docu- suscitada na contestação, na ré- documentos formados após a
mentos digitalizados menciona- plica ou no prazo de 15 (quinze) petição inicial ou a contestação,
dos no inciso VI deverão ser pre- dias, contado a partir da intima- bem como dos que se tornaram
servados pelo seu detentor até o ção da juntada do documento conhecidos, acessíveis ou dispo-
final do prazo para propositura de aos autos. níveis após esses atos, cabendo à
ação rescisória. Parágrafo único. Uma vez ar- parte que os produzir comprovar o
§ 2o Tratando-se de cópia guida, a falsidade será resolvida motivo que a impediu de juntá-los
digital de título executivo extraju- como questão incidental, salvo anteriormente e incumbindo ao
dicial ou de documento relevante se a parte requerer que o juiz a juiz, em qualquer caso, avaliar a
à instrução do processo, o juiz decida como questão principal, conduta da parte de acordo com
poderá determinar seu depósito nos termos do inciso II do art. 19. o art. 5o.
em cartório ou secretaria.
Art. 431. A parte arguirá a fal- Art. 436. A parte, intimada a
Art. 426. O juiz apreciará fun- sidade expondo os motivos em falar sobre documento constante
damentadamente a fé que deva que funda a sua pretensão e os dos autos, poderá:
merecer o documento, quando meios com que provará o alegado. I – impugnar a admissibilidade
em ponto substancial e sem res- da prova documental;
salva contiver entrelinha, emenda, Art. 432. Depois de ouvida a II – impugnar sua autenti-
borrão ou cancelamento. outra parte no prazo de 15 (quin- cidade;

317
Código de Processo Civil
III – suscitar sua falsidade, Seção VIII – Dos Documentos Art. 446. É lícito à parte provar
com ou sem deflagração do in- Eletrônicos com testemunhas:
cidente de arguição de falsidade; I – nos contratos simulados, a
IV – manifestar-se sobre seu Art. 439. A utilização de docu- divergência entre a vontade real
conteúdo. mentos eletrônicos no processo e a vontade declarada;
Parágrafo único. Nas hipó- convencional dependerá de sua II – nos contratos em geral, os
teses dos incisos II e III, a im- conversão à forma impressa e da vícios de consentimento.
pugnação deverá basear-se em verificação de sua autenticidade,
argumentação específica, não na forma da lei. Art. 447. Podem depor como
se admitindo alegação genérica testemunhas todas as pessoas,
de falsidade. Art. 440. O juiz apreciará o valor exceto as incapazes, impedidas
probante do documento eletrôni- ou suspeitas.
Art. 437. O réu manifestar-se-á co não convertido, assegurado § 1o São incapazes:
na contestação sobre os docu- às partes o acesso ao seu teor. I – o interdito por enfermidade
mentos anexados à inicial, e o ou deficiência mental;
autor manifestar-se-á na réplica Art. 441. Serão admitidos docu- II – o que, acometido por en-
sobre os documentos anexados mentos eletrônicos produzidos e fermidade ou retardamento men-
à contestação. conservados com a observância tal, ao tempo em que ocorreram
§ 1o Sempre que uma das da legislação específica. os fatos, não podia discerni-los,
partes requerer a juntada de do- ou, ao tempo em que deve depor,
cumento aos autos, o juiz ouvirá, não está habilitado a transmitir as
a seu respeito, a outra parte, que
Seção IX – Da Prova percepções;
disporá do prazo de 15 (quinze) Testemunhal III – o que tiver menos de 16
dias para adotar qualquer das Subseção I – Da (dezesseis) anos;
posturas indicadas no art. 436. Admissibilidade e do Valor IV – o cego e o surdo, quando
§ 2o Poderá o juiz, a reque- a ciência do fato depender dos
da Prova Testemunhal
rimento da parte, dilatar o prazo sentidos que lhes faltam.
para manifestação sobre a prova § 2o São impedidos:
documental produzida, levando Art. 442. A prova testemunhal é I – o cônjuge, o companheiro,
em consideração a quantidade e a sempre admissível, não dispondo o ascendente e o descendente
complexidade da documentação. a lei de modo diverso. em qualquer grau e o colateral,
até o terceiro grau, de alguma
Art. 438. O juiz requisitará às Art. 443. O juiz indeferirá a in- das partes, por consanguinidade
repartições públicas, em qual- quirição de testemunhas sobre ou afinidade, salvo se o exigir o
quer tempo ou grau de jurisdição: fatos: interesse público ou, tratando-
I – as certidões necessárias à I – já provados por documento -se de causa relativa ao estado
prova das alegações das partes; ou confissão da parte; da pessoa, não se puder obter
II – os procedimentos admi- II – que só por documento ou de outro modo a prova que o juiz
nistrativos nas causas em que por exame pericial puderem ser repute necessária ao julgamento
forem interessados a União, os provados. do mérito;
Estados, o Distrito Federal, os II – o que é parte na causa;
Municípios ou entidades da ad- Art. 444. Nos casos em que a lei III – o que intervém em nome
ministração indireta. exigir prova escrita da obrigação, de uma parte, como o tutor, o re-
§ 1o Recebidos os autos, o é admissível a prova testemunhal presentante legal da pessoa jurí-
juiz mandará extrair, no prazo quando houver começo de prova dica, o juiz, o advogado e outros
máximo e improrrogável de 1 (um) por escrito, emanado da parte que assistam ou tenham assistido
mês, certidões ou reproduções contra a qual se pretende pro- as partes.
fotográficas das peças que in- duzir a prova. § 3o São suspeitos:
dicar e das que forem indicadas I – o inimigo da parte ou o seu
pelas partes, e, em seguida, de- Art. 445. Também se admite amigo íntimo;
volverá os autos à repartição de a prova testemunhal quando o II – o que tiver interesse no
origem. credor não pode ou não podia, litígio.
§ 2o As repartições públicas moral ou materialmente, obter a § 4o Sendo necessário, pode
poderão fornecer todos os do- prova escrita da obrigação, em o juiz admitir o depoimento das
cumentos em meio eletrônico, casos como o de parentesco, de testemunhas menores, impedidas
conforme disposto em lei, certi- depósito necessário ou de hos- ou suspeitas.
ficando, pelo mesmo meio, que pedagem em hotel ou em razão § 5o Os depoimentos referi-
se trata de extrato fiel do que das práticas comerciais do local dos no § 4o serão prestados inde-
consta em seu banco de dados onde contraída a obrigação. pendentemente de compromisso,
ou no documento digitalizado. e o juiz lhes atribuirá o valor que

318
Código de Processo Civil
possam merecer. excluir o seu nome. nais Regionais Federais, dos Tri-
bunais Regionais do Trabalho e
Art. 448. A testemunha não é Art. 453. As testemunhas de- dos Tribunais Regionais Eleitorais
obrigada a depor sobre fatos: põem, na audiência de instrução e os conselheiros dos Tribunais
I – que lhe acarretem grave e julgamento, perante o juiz da de Contas dos Estados e do Dis-
dano, bem como ao seu cônjuge causa, exceto: trito Federal;
ou companheiro e aos seus pa- I – as que prestam depoimen- XI – o procurador-geral de
rentes consanguíneos ou afins, to antecipadamente; justiça;
em linha reta ou colateral, até o II – as que são inquiridas por XII – o embaixador de país
terceiro grau; carta. que, por lei ou tratado, concede
II – a cujo respeito, por estado § 1o A oitiva de testemunha idêntica prerrogativa a agente
ou profissão, deva guardar sigilo. que residir em comarca, seção diplomático do Brasil.
ou subseção judiciária diversa § 1o O juiz solicitará à autori-
Art. 449. Salvo disposição es- daquela onde tramita o processo dade que indique dia, hora e local
pecial em contrário, as teste- poderá ser realizada por meio de a fim de ser inquirida, remeten-
munhas devem ser ouvidas na videoconferência ou outro recur- do-lhe cópia da petição inicial ou
sede do juízo. so tecnológico de transmissão e da defesa oferecida pela parte
Parágrafo único. Quando a recepção de sons e imagens em que a arrolou como testemunha.
parte ou a testemunha, por en- tempo real, o que poderá ocorrer, § 2o Passado 1 (um) mês sem
fermidade ou por outro motivo inclusive, durante a audiência de manifestação da autoridade, o juiz
relevante, estiver impossibilitada instrução e julgamento. designará dia, hora e local para o
de comparecer, mas não de pres- § 2o Os juízos deverão man- depoimento, preferencialmente
tar depoimento, o juiz designará, ter equipamento para a transmis- na sede do juízo.
conforme as circunstâncias, dia, são e recepção de sons e imagens § 3o O juiz também designa-
hora e lugar para inquiri-la. a que se refere o § 1o. rá dia, hora e local para o depoi-
mento, quando a autoridade não
Art. 454. São inquiridos em sua comparecer, injustificadamente,
Subseção II – Da Produção residência ou onde exercem sua à sessão agendada para a colheita
da Prova Testemunhal função: de seu testemunho no dia, hora
I – o presidente e o vice-pre- e local por ela mesma indicados.
Art. 450. O rol de testemunhas sidente da República;
conterá, sempre que possível, o II – os ministros de Estado; Art. 455. Cabe ao advogado da
nome, a profissão, o estado civil, III – os ministros do Supremo parte informar ou intimar a tes-
a idade, o número de inscrição Tribunal Federal, os conselheiros temunha por ele arrolada do dia,
no Cadastro de Pessoas Físicas, do Conselho Nacional de Justiça da hora e do local da audiência
o número de registro de identi- e os ministros do Superior Tribu- designada, dispensando-se a in-
dade e o endereço completo da nal de Justiça, do Superior Tribu- timação do juízo.
residência e do local de trabalho. nal Militar, do Tribunal Superior § 1o A intimação deverá ser
Eleitoral, do Tribunal Superior do realizada por carta com aviso
Art. 451. Depois de apresentado Trabalho e do Tribunal de Contas de recebimento, cumprindo ao
o rol de que tratam os §§ 4o e 5o do da União; advogado juntar aos autos, com
art. 357, a parte só pode substituir IV – o procurador-geral da antecedência de pelo menos 3
a testemunha: República e os conselheiros do (três) dias da data da audiência,
I – que falecer; Conselho Nacional do Ministério cópia da correspondência de in-
II – que, por enfermidade, não Público; timação e do comprovante de
estiver em condições de depor; V – o advogado-geral da recebimento.
III – que, tendo mudado de re- União, o procurador-geral do Es- § 2o A parte pode compro-
sidência ou de local de trabalho, tado, o procurador-geral do Mu- meter-se a levar a testemunha
não for encontrada. nicípio, o defensor público-geral à audiência, independentemente
federal e o defensor público-geral da intimação de que trata o § 1o,
Art. 452. Quando for arrola- do Estado; presumindo-se, caso a testemu-
do como testemunha, o juiz da VI – os senadores e os depu- nha não compareça, que a parte
causa: tados federais; desistiu de sua inquirição.
I – declarar-se-á impedido, se VII – os governadores dos Es- § 3o A inércia na realização
tiver conhecimento de fatos que tados e do Distrito Federal; da intimação a que se refere o § 1o
possam influir na decisão, caso VIII – o prefeito; importa desistência da inquirição
em que será vedado à parte que IX – os deputados estaduais da testemunha.
o incluiu no rol desistir de seu e distritais; § 4o A intimação será feita
depoimento; X – os desembargadores dos pela via judicial quando:
II – se nada souber, mandará Tribunais de Justiça, dos Tribu- I – for frustrada a intimação

319
Código de Processo Civil
prevista no § 1o deste artigo; a testemunha prestará o com- fato determinado que possa influir
II – sua necessidade for devi- promisso de dizer a verdade do na decisão da causa, divergirem
damente demonstrada pela parte que souber e lhe for perguntado. as suas declarações.
ao juiz; Parágrafo único. O juiz adver- § 1o Os acareados serão re-
III – figurar no rol de testemu- tirá à testemunha que incorre em perguntados para que expliquem
nhas servidor público ou militar, sanção penal quem faz afirmação os pontos de divergência, redu-
hipótese em que o juiz o requisi- falsa, cala ou oculta a verdade. zindo-se a termo o ato de aca-
tará ao chefe da repartição ou ao reação.
comando do corpo em que servir; Art. 459. As perguntas serão § 2o A acareação pode ser
IV – a testemunha houver sido formuladas pelas partes direta- realizada por videoconferência ou
arrolada pelo Ministério Público mente à testemunha, começando por outro recurso tecnológico de
ou pela Defensoria Pública; pela que a arrolou, não admitin- transmissão de sons e imagens
V – a testemunha for uma do o juiz aquelas que puderem em tempo real.
daquelas previstas no art. 454. induzir a resposta, não tiverem
§ 5o A testemunha que, in- relação com as questões de fato Art. 462. A testemunha pode
timada na forma do § 1o ou do objeto da atividade probatória ou requerer ao juiz o pagamento da
§ 4o, deixar de comparecer sem importarem repetição de outra já despesa que efetuou para compa-
motivo justificado será conduzida respondida. recimento à audiência, devendo a
e responderá pelas despesas do § 1o O juiz poderá inquirir a parte pagá-la logo que arbitrada
adiamento. testemunha tanto antes quanto ou depositá-la em cartório dentro
depois da inquirição feita pelas de 3 (três) dias.
Art. 456. O juiz inquirirá as tes- partes.
temunhas separada e sucessi- § 2o As testemunhas devem Art. 463. O depoimento presta-
vamente, primeiro as do autor e ser tratadas com urbanidade, não do em juízo é considerado servi-
depois as do réu, e providenciará se lhes fazendo perguntas ou ço público.
para que uma não ouça o depoi- considerações impertinentes, Parágrafo único. A testemu-
mento das outras. capciosas ou vexatórias. nha, quando sujeita ao regime da
Parágrafo único. O juiz pode- § 3o As perguntas que o juiz legislação trabalhista, não sofre,
rá alterar a ordem estabelecida no indeferir serão transcritas no ter- por comparecer à audiência, per-
caput se as partes concordarem. mo, se a parte o requerer. da de salário nem desconto no
tempo de serviço.
Art. 457. Antes de depor, a tes- Art. 460. O depoimento poderá
temunha será qualificada, decla- ser documentado por meio de
rará ou confirmará seus dados gravação.
Seção X – Da Prova Pericial
e informará se tem relações de § 1o Quando digitado ou re-
parentesco com a parte ou in- gistrado por taquigrafia, este- Art. 464. A prova pericial con-
teresse no objeto do processo. notipia ou outro método idôneo siste em exame, vistoria ou ava-
§ 1o É lícito à parte contradi- de documentação, o depoimen- liação.
tar a testemunha, arguindo-lhe a to será assinado pelo juiz, pelo § 1o O juiz indeferirá a perí-
incapacidade, o impedimento ou depoente e pelos procuradores. cia quando:
a suspeição, bem como, caso a § 2o Se houver recurso em I – a prova do fato não depen-
testemunha negue os fatos que processo em autos não eletrôni- der de conhecimento especial
lhe são imputados, provar a con- cos, o depoimento somente será de técnico;
tradita com documentos ou com digitado quando for impossível II – for desnecessária em vis-
testemunhas, até 3 (três), apre- o envio de sua documentação ta de outras provas produzidas;
sentadas no ato e inquiridas em eletrônica. III – a verificação for impra-
separado. § 3o Tratando-se de autos ticável.
§ 2o Sendo provados ou con- eletrônicos, observar-se-á o dis- § 2o De ofício ou a requeri-
fessados os fatos a que se refere posto neste Código e na legisla- mento das partes, o juiz poderá,
o § 1o, o juiz dispensará a testemu- ção específica sobre a prática em substituição à perícia, de-
nha ou lhe tomará o depoimento eletrônica de atos processuais. terminar a produção de prova
como informante. técnica simplificada, quando o
§ 3o A testemunha pode re- Art. 461. O juiz pode ordenar, de ponto controvertido for de menor
querer ao juiz que a escuse de ofício ou a requerimento da parte: complexidade.
depor, alegando os motivos pre- I – a inquirição de testemu- § 3o A prova técnica sim-
vistos neste Código, decidindo nhas referidas nas declarações plificada consistirá apenas na
o juiz de plano após ouvidas as da parte ou das testemunhas; inquirição de especialista, pelo
partes. II – a acareação de 2 (duas) ou juiz, sobre ponto controvertido da
mais testemunhas ou de alguma causa que demande especial co-
Art. 458. Ao início da inquirição, delas com a parte, quando, sobre nhecimento científico ou técnico.

320
Código de Processo Civil
§ 4o Durante a arguição, o Art. 466. O perito cumprirá es- perito previamente ou na audi-
especialista, que deverá ter for- crupulosamente o encargo que ência de instrução e julgamento.
mação acadêmica específica na lhe foi cometido, independente- Parágrafo único. O escrivão
área objeto de seu depoimento, mente de termo de compromisso. dará à parte contrária ciência da
poderá valer-se de qualquer re- § 1o Os assistentes técnicos juntada dos quesitos aos autos.
curso tecnológico de transmissão são de confiança da parte e não
de sons e imagens com o fim de estão sujeitos a impedimento ou Art. 470. Incumbe ao juiz:
esclarecer os pontos controver- suspeição. I – indeferir quesitos imper-
tidos da causa. § 2o O perito deve assegu- tinentes;
rar aos assistentes das partes o II – formular os quesitos que
Art. 465. O juiz nomeará perito acesso e o acompanhamento das entender necessários ao escla-
especializado no objeto da perícia diligências e dos exames que re- recimento da causa.
e fixará de imediato o prazo para alizar, com prévia comunicação,
a entrega do laudo. comprovada nos autos, com ante- Art. 471. As partes podem, de
§ 1o Incumbe às partes, den- cedência mínima de 5 (cinco) dias. comum acordo, escolher o perito,
tro de 15 (quinze) dias contados indicando-o mediante requeri-
da intimação do despacho de Art. 467. O perito pode escusar- mento, desde que:
nomeação do perito: -se ou ser recusado por impedi- I – sejam plenamente capa-
I – arguir o impedimento ou a mento ou suspeição. zes;
suspeição do perito, se for o caso; Parágrafo único. O juiz, ao II – a causa possa ser resolvi-
II – indicar assistente técnico; aceitar a escusa ou ao julgar pro- da por autocomposição.
III – apresentar quesitos. cedente a impugnação, nomeará § 1o As partes, ao escolher o
§ 2o Ciente da nomeação, novo perito. perito, já devem indicar os res-
o perito apresentará em 5 (cin- pectivos assistentes técnicos
co) dias: Art. 468. O perito pode ser subs- para acompanhar a realização da
I – proposta de honorários; tituído quando: perícia, que se realizará em data
II – currículo, com comprova- I – faltar-lhe conhecimento e local previamente anunciados.
ção de especialização; técnico ou científico; § 2o O perito e os assistentes
III – contatos profissionais, II – sem motivo legítimo, dei- técnicos devem entregar, respec-
em especial o endereço eletrô- xar de cumprir o encargo no prazo tivamente, laudo e pareceres em
nico, para onde serão dirigidas que lhe foi assinado. prazo fixado pelo juiz.
as intimações pessoais. § 1o No caso previsto no in- § 3o A perícia consensual
§ 3o As partes serão intima- ciso II, o juiz comunicará a ocor- substitui, para todos os efeitos,
das da proposta de honorários rência à corporação profissional a que seria realizada por perito
para, querendo, manifestar-se respectiva, podendo, ainda, impor nomeado pelo juiz.
no prazo comum de 5 (cinco) dias, multa ao perito, fixada tendo em
após o que o juiz arbitrará o valor, vista o valor da causa e o possível Art. 472. O juiz poderá dispensar
intimando-se as partes para os prejuízo decorrente do atraso no prova pericial quando as partes,
fins do art. 95. processo. na inicial e na contestação, apre-
§ 4o O juiz poderá autorizar o § 2o O perito substituído res- sentarem, sobre as questões de
pagamento de até cinquenta por tituirá, no prazo de 15 (quinze) fato, pareceres técnicos ou do-
cento dos honorários arbitrados a dias, os valores recebidos pelo cumentos elucidativos que con-
favor do perito no início dos tra- trabalho não realizado, sob pena siderar suficientes.
balhos, devendo o remanescente de ficar impedido de atuar como
ser pago apenas ao final, depois perito judicial pelo prazo de 5 Art. 473. O laudo pericial de-
de entregue o laudo e prestados (cinco) anos. verá conter:
todos os esclarecimentos ne- § 3o Não ocorrendo a resti- I – a exposição do objeto da
cessários. tuição voluntária de que trata o perícia;
§ 5o Quando a perícia for in- § 2o, a parte que tiver realizado o II – a análise técnica ou cien-
conclusiva ou deficiente, o juiz adiantamento dos honorários po- tífica realizada pelo perito;
poderá reduzir a remuneração derá promover execução contra III – a indicação do método
inicialmente arbitrada para o o perito, na forma dos arts. 513 e utilizado, esclarecendo-o e de-
trabalho. seguintes deste Código, com fun- monstrando ser predominante-
§ 6o Quando tiver de reali- damento na decisão que deter- mente aceito pelos especialistas
zar-se por carta, poder-se-á pro- minar a devolução do numerário. da área do conhecimento da qual
ceder à nomeação de perito e à se originou;
indicação de assistentes técnicos Art. 469. As partes poderão IV – resposta conclusiva a
no juízo ao qual se requisitar a apresentar quesitos suplemen- todos os quesitos apresentados
perícia. tares durante a diligência, que pelo juiz, pelas partes e pelo órgão
poderão ser respondidos pelo do Ministério Público.

321
Código de Processo Civil
§ 1o No laudo, o perito deve dever de, no prazo de 15 (quinze) as conclusões do laudo, levan-
apresentar sua fundamentação dias, esclarecer ponto: do em conta o método utilizado
em linguagem simples e com co- I – sobre o qual exista diver- pelo perito.
erência lógica, indicando como gência ou dúvida de qualquer
alcançou suas conclusões. das partes, do juiz ou do órgão Art. 480. O juiz determinará,
§ 2o É vedado ao perito ultra- do Ministério Público; de ofício ou a requerimento da
passar os limites de sua designa- II – divergente apresentado parte, a realização de nova perí-
ção, bem como emitir opiniões no parecer do assistente técni- cia quando a matéria não estiver
pessoais que excedam o exame co da parte. suficientemente esclarecida.
técnico ou científico do objeto § 3o Se ainda houver neces- § 1o A segunda perícia tem
da perícia. sidade de esclarecimentos, a par- por objeto os mesmos fatos sobre
§ 3o Para o desempenho de te requererá ao juiz que mande os quais recaiu a primeira e desti-
sua função, o perito e os assis- intimar o perito ou o assistente na-se a corrigir eventual omissão
tentes técnicos podem valer-se técnico a comparecer à audiência ou inexatidão dos resultados a
de todos os meios necessários, de instrução e julgamento, formu- que esta conduziu.
ouvindo testemunhas, obtendo lando, desde logo, as perguntas, § 2o A segunda perícia rege-
informações, solicitando docu- sob forma de quesitos. -se pelas disposições estabele-
mentos que estejam em poder § 4o O perito ou o assistente cidas para a primeira.
da parte, de terceiros ou em re- técnico será intimado por meio § 3o A segunda perícia não
partições públicas, bem como eletrônico, com pelo menos 10 substitui a primeira, cabendo ao
instruir o laudo com planilhas, (dez) dias de antecedência da juiz apreciar o valor de uma e
mapas, plantas, desenhos, fo- audiência. de outra.
tografias ou outros elementos
necessários ao esclarecimento Art. 478. Quando o exame tiver
do objeto da perícia. por objeto a autenticidade ou a
Seção XI – Da Inspeção
falsidade de documento ou for de Judicial
Art. 474. As partes terão ciência natureza médico-legal, o perito
da data e do local designados pelo será escolhido, de preferência, Art. 481. O juiz, de ofício ou a
juiz ou indicados pelo perito para entre os técnicos dos estabeleci- requerimento da parte, pode, em
ter início a produção da prova. mentos oficiais especializados, a qualquer fase do processo, ins-
cujos diretores o juiz autorizará a pecionar pessoas ou coisas, a
Art. 475. Tratando-se de perí- remessa dos autos, bem como do fim de se esclarecer sobre fato
cia complexa que abranja mais material sujeito a exame. que interesse à decisão da causa.
de uma área de conhecimen- § 1o Nas hipóteses de gra-
to especializado, o juiz poderá tuidade de justiça, os órgãos e Art. 482. Ao realizar a inspeção,
nomear mais de um perito, e a as repartições oficiais deverão o juiz poderá ser assistido por um
parte, indicar mais de um assis- cumprir a determinação judicial ou mais peritos.
tente técnico. com preferência, no prazo esta-
belecido. Art. 483. O juiz irá ao local onde
Art. 476. Se o perito, por motivo § 2o A prorrogação do prazo se encontre a pessoa ou a coisa
justificado, não puder apresentar referido no § 1o pode ser requerida quando:
o laudo dentro do prazo, o juiz motivadamente. I – julgar necessário para a
poderá conceder-lhe, por uma § 3o Quando o exame tiver melhor verificação ou interpreta-
vez, prorrogação pela metade por objeto a autenticidade da ção dos fatos que deva observar;
do prazo originalmente fixado. letra e da firma, o perito poderá II – a coisa não puder ser
requisitar, para efeito de compa- apresentada em juízo sem con-
Art. 477. O perito protocolará o ração, documentos existentes em sideráveis despesas ou graves
laudo em juízo, no prazo fixado repartições públicas e, na falta dificuldades;
pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) destes, poderá requerer ao juiz III – determinar a reconstitui-
dias antes da audiência de ins- que a pessoa a quem se atribuir ção dos fatos.
trução e julgamento. a autoria do documento lance em Parágrafo único. As partes
§ 1o As partes serão intima- folha de papel, por cópia ou sob têm sempre direito a assistir à
das para, querendo, manifestar- ditado, dizeres diferentes, para inspeção, prestando esclareci-
-se sobre o laudo do perito do fins de comparação. mentos e fazendo observações
juízo no prazo comum de 15 (quin- que considerem de interesse para
ze) dias, podendo o assistente Art. 479. O juiz apreciará a prova a causa.
técnico de cada uma das partes, pericial de acordo com o disposto
em igual prazo, apresentar seu no art. 371, indicando na sentença Art. 484. Concluída a diligên-
respectivo parecer. os motivos que o levaram a con- cia, o juiz mandará lavrar auto
§ 2o O perito do juízo tem o siderar ou a deixar de considerar circunstanciado, mencionando

322
Código de Processo Civil
nele tudo quanto for útil ao jul- em julgado. a hipótese do § 1o do art. 332, a
gamento da causa. § 4o Oferecida a contesta- prescrição e a decadência não se-
Parágrafo único. O auto po- ção, o autor não poderá, sem o rão reconhecidas sem que antes
derá ser instruído com desenho, consentimento do réu, desistir seja dada às partes oportunidade
gráfico ou fotografia. da ação. de manifestar-se.
§ 5o A desistência da ação
pode ser apresentada até a sen- Art. 488. Desde que possível,
CAPÍTULO XIII – DA tença. o juiz resolverá o mérito sempre
SENTENÇA E DA COISA § 6o Oferecida a contesta- que a decisão for favorável à par-
JULGADA ção, a extinção do processo por te a quem aproveitaria eventual
abandono da causa pelo autor pronunciamento nos termos do
Seção I – Disposições Gerais depende de requerimento do réu. art. 485.
§ 7o Interposta a apelação
Art. 485. O juiz não resolverá o em qualquer dos casos de que
mérito quando: tratam os incisos deste artigo,
Seção II – Dos Elementos e
I – indeferir a petição inicial; o juiz terá 5 (cinco) dias para re- dos Efeitos da Sentença
II – o processo ficar parado tratar-se.
durante mais de 1 (um) ano por Art. 489. São elementos essen-
negligência das partes; Art. 486. O pronunciamento ju- ciais da sentença:
III – por não promover os atos dicial que não resolve o mérito I – o relatório, que conterá os
e as diligências que lhe incumbir, não obsta a que a parte proponha nomes das partes, a identificação
o autor abandonar a causa por de novo a ação. do caso, com a suma do pedido e
mais de 30 (trinta) dias; § 1o No caso de extinção em da contestação, e o registro das
IV – verificar a ausência de razão de litispendência e nos ca- principais ocorrências havidas no
pressupostos de constituição e sos dos incisos I, IV, VI e VII do andamento do processo;
de desenvolvimento válido e re- art. 485, a propositura da nova II – os fundamentos, em que
gular do processo; ação depende da correção do o juiz analisará as questões de
V – reconhecer a existência vício que levou à sentença sem fato e de direito;
de perempção, de litispendência resolução do mérito. III – o dispositivo, em que o
ou de coisa julgada; § 2o A petição inicial, todavia, juiz resolverá as questões prin-
VI – verificar ausência de le- não será despachada sem a pro- cipais que as partes lhe subme-
gitimidade ou de interesse pro- va do pagamento ou do depósito terem.
cessual; das custas e dos honorários de § 1o Não se considera funda-
VII – acolher a alegação de advogado. mentada qualquer decisão judi-
existência de convenção de arbi- § 3o Se o autor der causa, por cial, seja ela interlocutória, sen-
tragem ou quando o juízo arbitral 3 (três) vezes, a sentença fundada tença ou acórdão, que:
reconhecer sua competência; em abandono da causa, não po- I – se limitar à indicação, à
VIII – homologar a desistên- derá propor nova ação contra o reprodução ou à paráfrase de
cia da ação; réu com o mesmo objeto, fican- ato normativo, sem explicar sua
IX – em caso de morte da par- do-lhe ressalvada, entretanto, a relação com a causa ou a ques-
te, a ação for considerada intrans- possibilidade de alegar em defesa tão decidida;
missível por disposição legal; e o seu direito. II – empregar conceitos jurí-
X – nos demais casos pres- dicos indeterminados, sem ex-
critos neste Código. Art. 487. Haverá resolução de plicar o motivo concreto de sua
§ 1o Nas hipóteses descritas mérito quando o juiz: incidência no caso;
nos incisos II e III, a parte será in- I – acolher ou rejeitar o pe- III – invocar motivos que se
timada pessoalmente para suprir dido formulado na ação ou na prestariam a justificar qualquer
a falta no prazo de 5 (cinco) dias. reconvenção; outra decisão;
§ 2o No caso do § 1o, quanto II – decidir, de ofício ou a re- IV – não enfrentar todos os ar-
ao inciso II, as partes pagarão querimento, sobre a ocorrência gumentos deduzidos no processo
proporcionalmente as custas, e, de decadência ou prescrição; capazes de, em tese, infirmar a
quanto ao inciso III, o autor será III – homologar: conclusão adotada pelo julgador;
condenado ao pagamento das a) o reconhecimento da pro- V – se limitar a invocar pre-
despesas e dos honorários de cedência do pedido formulado na cedente ou enunciado de súmula,
advogado. ação ou na reconvenção; sem identificar seus fundamentos
§ 3o O juiz conhecerá de ofí- b) a transação; determinantes nem demonstrar
cio da matéria constante dos in- c) a renúncia à pretensão que o caso sob julgamento se
cisos IV, V, VI e IX, em qualquer formulada na ação ou na recon- ajusta àqueles fundamentos;
tempo e grau de jurisdição, en- venção. VI – deixar de seguir enuncia-
quanto não ocorrer o trânsito Parágrafo único. Ressalvada do de súmula, jurisprudência ou

323
Código de Processo Civil
precedente invocado pela parte, titutivo, modificativo ou extintivo no registro.
sem demonstrar a existência de do direito influir no julgamento do § 5o Sobrevindo a reforma
distinção no caso em julgamento mérito, caberá ao juiz tomá-lo em ou a invalidação da decisão que
ou a superação do entendimento. consideração, de ofício ou a re- impôs o pagamento de quantia, a
§ 2o No caso de colisão en- querimento da parte, no momento parte responderá, independente-
tre normas, o juiz deve justificar de proferir a decisão. mente de culpa, pelos danos que
o objeto e os critérios gerais da Parágrafo único. Se cons- a outra parte tiver sofrido em ra-
ponderação efetuada, enunciando tatar de ofício o fato novo, o juiz zão da constituição da garantia,
as razões que autorizam a inter- ouvirá as partes sobre ele antes devendo o valor da indenização
ferência na norma afastada e as de decidir. ser liquidado e executado nos
premissas fáticas que fundamen- próprios autos.
tam a conclusão. Art. 494. Publicada a sentença,
§ 3o A decisão judicial deve o juiz só poderá alterá-la:
ser interpretada a partir da con- I – para corrigir-lhe, de ofí-
Seção III – Da Remessa
jugação de todos os seus ele- cio ou a requerimento da parte, Necessária
mentos e em conformidade com inexatidões materiais ou erros
o princípio da boa-fé. de cálculo; Art. 496. Está sujeita ao duplo
II – por meio de embargos de grau de jurisdição, não produzin-
Art. 490. O juiz resolverá o mé- declaração. do efeito senão depois de confir-
rito acolhendo ou rejeitando, no mada pelo tribunal, a sentença:
todo ou em parte, os pedidos Art. 495. A decisão que conde- I – proferida contra a União,
formulados pelas partes. nar o réu ao pagamento de pres- os Estados, o Distrito Federal,
tação consistente em dinheiro e os Municípios e suas respecti-
Art. 491. Na ação relativa à obri- a que determinar a conversão vas autarquias e fundações de
gação de pagar quantia, ainda de prestação de fazer, de não direito público;
que formulado pedido genérico, fazer ou de dar coisa em pres- II – que julgar procedentes, no
a decisão definirá desde logo a tação pecuniária valerão como todo ou em parte, os embargos à
extensão da obrigação, o índice título constitutivo de hipoteca execução fiscal.
de correção monetária, a taxa de judiciária. § 1o Nos casos previstos nes-
juros, o termo inicial de ambos e § 1o A decisão produz a hipo- te artigo, não interposta a apela-
a periodicidade da capitalização teca judiciária: ção no prazo legal, o juiz ordenará
dos juros, se for o caso, salvo I – embora a condenação seja a remessa dos autos ao tribunal,
quando: genérica; e, se não o fizer, o presidente do
I – não for possível determi- II – ainda que o credor possa respectivo tribunal avocá-los-á.
nar, de modo definitivo, o mon- promover o cumprimento provisó- § 2o Em qualquer dos casos
tante devido; rio da sentença ou esteja penden- referidos no § 1o, o tribunal julgará
II – a apuração do valor de- te arresto sobre bem do devedor; a remessa necessária.
vido depender da produção de III – mesmo que impugna- § 3o Não se aplica o dispos-
prova de realização demorada da por recurso dotado de efeito to neste artigo quando a conde-
ou excessivamente dispendiosa, suspensivo. nação ou o proveito econômico
assim reconhecida na sentença. § 2o A hipoteca judiciária po- obtido na causa for de valor certo
§ 1o Nos casos previstos nes- derá ser realizada mediante apre- e líquido inferior a:
te artigo, seguir-se-á a apuração sentação de cópia da sentença I – 1.000 (mil) salários míni-
do valor devido por liquidação. perante o cartório de registro mos para a União e as respec-
§ 2o O disposto no caput tam- imobiliário, independentemente tivas autarquias e fundações de
bém se aplica quando o acórdão de ordem judicial, de declaração direito público;
alterar a sentença. expressa do juiz ou de demons- II – 500 (quinhentos) salá-
tração de urgência. rios mínimos para os Estados, o
Art. 492. É vedado ao juiz pro- § 3o No prazo de até 15 (quin- Distrito Federal, as respectivas
ferir decisão de natureza diversa ze) dias da data de realização da autarquias e fundações de di-
da pedida, bem como condenar hipoteca, a parte informá-la-á ao reito público e os Municípios que
a parte em quantidade superior juízo da causa, que determinará constituam capitais dos Estados;
ou em objeto diverso do que lhe a intimação da outra parte para III – 100 (cem) salários míni-
foi demandado. que tome ciência do ato. mos para todos os demais Muni-
Parágrafo único. A decisão § 4o A hipoteca judiciária, cípios e respectivas autarquias
deve ser certa, ainda que resol- uma vez constituída, implicará, e fundações de direito público.
va relação jurídica condicional. para o credor hipotecário, o di- § 4o Também não se aplica
reito de preferência, quanto ao o disposto neste artigo quando
Art. 493. Se, depois da propo- pagamento, em relação a outros a sentença estiver fundada em:
situra da ação, algum fato cons- credores, observada a prioridade I – súmula de tribunal supe-

324
Código de Processo Civil
rior; Art. 500. A indenização por per- das relativas à mesma lide, salvo:
II – acórdão proferido pelo das e danos dar-se-á sem prejuízo I – se, tratando-se de relação
Supremo Tribunal Federal ou pelo da multa fixada periodicamente jurídica de trato continuado, so-
Superior Tribunal de Justiça em para compelir o réu ao cumpri- breveio modificação no estado de
julgamento de recursos repe- mento específico da obrigação. fato ou de direito, caso em que
titivos; poderá a parte pedir a revisão
III – entendimento firmado Art. 501. Na ação que tenha por do que foi estatuído na sentença;
em incidente de resolução de objeto a emissão de declaração II – nos demais casos pres-
demandas repetitivas ou de as- de vontade, a sentença que julgar critos em lei.
sunção de competência; procedente o pedido, uma vez
IV – entendimento coinciden- transitada em julgado, produzirá Art. 506. A sentença faz coisa
te com orientação vinculante fir- todos os efeitos da declaração julgada às partes entre as quais é
mada no âmbito administrativo do não emitida. dada, não prejudicando terceiros.
próprio ente público, consolidada
em manifestação, parecer ou sú- Art. 507. É vedado à parte discu-
mula administrativa.
Seção V – Da Coisa Julgada tir no curso do processo as ques-
tões já decididas a cujo respeito
Art. 502. Denomina-se coisa se operou a preclusão.
Seção IV – Do Julgamento julgada material a autoridade que
das Ações Relativas às torna imutável e indiscutível a de- Art. 508. Transitada em julgado
Prestações de Fazer, de Não cisão de mérito não mais sujeita a decisão de mérito, conside-
Fazer e de Entregar Coisa a recurso. rar-se-ão deduzidas e repelidas
todas as alegações e as defesas
Art. 497. Na ação que tenha por Art. 503. A decisão que julgar que a parte poderia opor tanto
objeto a prestação de fazer ou de total ou parcialmente o mérito ao acolhimento quanto à rejeição
não fazer, o juiz, se procedente o tem força de lei nos limites da do pedido.
pedido, concederá a tutela espe- questão principal expressamente
cífica ou determinará providên- decidida.
cias que assegurem a obtenção § 1o O disposto no caput apli- CAPÍTULO XIV – DA
de tutela pelo resultado prático ca-se à resolução de questão LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
equivalente. prejudicial, decidida expressa e
Parágrafo único. Para a con- incidentemente no processo, se: Art. 509. Quando a sentença
cessão da tutela específica desti- I – dessa resolução depender condenar ao pagamento de quan-
nada a inibir a prática, a reitera- o julgamento do mérito; tia ilíquida, proceder-se-á à sua
ção ou a continuação de um ilícito, II – a seu respeito tiver havido liquidação, a requerimento do
ou a sua remoção, é irrelevante a contraditório prévio e efetivo, não credor ou do devedor:
demonstração da ocorrência de se aplicando no caso de revelia; I – por arbitramento, quan-
dano ou da existência de culpa III – o juízo tiver competência do determinado pela sentença,
ou dolo. em razão da matéria e da pessoa convencionado pelas partes ou
para resolvê-la como questão exigido pela natureza do objeto
Art. 498. Na ação que tenha por principal. da liquidação;
objeto a entrega de coisa, o juiz, § 2o A hipótese do § 1o não II – pelo procedimento co-
ao conceder a tutela específica, se aplica se no processo houver mum, quando houver necessida-
fixará o prazo para o cumprimento restrições probatórias ou limita- de de alegar e provar fato novo.
da obrigação. ções à cognição que impeçam o § 1o Quando na sentença hou-
Parágrafo único. Tratando-se aprofundamento da análise da ver uma parte líquida e outra ilí-
de entrega de coisa determinada questão prejudicial. quida, ao credor é lícito promo-
pelo gênero e pela quantidade, o ver simultaneamente a execução
autor individualizá-la-á na petição Art. 504. Não fazem coisa jul- daquela e, em autos apartados, a
inicial, se lhe couber a escolha, gada: liquidação desta.
ou, se a escolha couber ao réu, I – os motivos, ainda que im- § 2o Quando a apuração do
este a entregará individualizada, portantes para determinar o al- valor depender apenas de cál-
no prazo fixado pelo juiz. cance da parte dispositiva da culo aritmético, o credor poderá
sentença; promover, desde logo, o cumpri-
Art. 499. A obrigação somente II – a verdade dos fatos, es- mento da sentença.
será convertida em perdas e da- tabelecida como fundamento da § 3o O Conselho Nacional de
nos se o autor o requerer ou se sentença. Justiça desenvolverá e colocará à
impossível a tutela específica ou a disposição dos interessados pro-
obtenção de tutela pelo resultado Art. 505. Nenhum juiz decidirá grama de atualização financeira.
prático equivalente. novamente as questões já decidi- § 4o Na liquidação é vedado

325
Código de Processo Civil
discutir de novo a lide ou modi- do não tiver procurador cons- V – o crédito de auxiliar da
ficar a sentença que a julgou. tituído nos autos, ressalvada a justiça, quando as custas, emo-
hipótese do inciso IV; lumentos ou honorários tiverem
Art. 510. Na liquidação por arbi- III – por meio eletrôni- sido aprovados por decisão ju-
tramento, o juiz intimará as partes co, quando, no caso do § 1o do dicial;
para a apresentação de pareceres art. 246, não tiver procurador VI – a sentença penal con-
ou documentos elucidativos, no constituído nos autos; denatória transitada em julgado;
prazo que fixar, e, caso não possa IV – por edital, quando, citado VII – a sentença arbitral;
decidir de plano, nomeará perito, na forma do art. 256, tiver sido VIII – a sentença estrangeira
observando-se, no que couber, o revel na fase de conhecimento. homologada pelo Superior Tribu-
procedimento da prova pericial. § 3o Na hipótese do § 2o, inci- nal de Justiça;
sos II e III, considera-se realizada IX – a decisão interlocutória
Art. 511. Na liquidação pelo pro- a intimação quando o devedor estrangeira, após a concessão
cedimento comum, o juiz deter- houver mudado de endereço sem do exequatur à carta rogatória
minará a intimação do requerido, prévia comunicação ao juízo, ob- pelo Superior Tribunal de Justiça;
na pessoa de seu advogado ou da servado o disposto no parágrafo X – (Vetado).
sociedade de advogados a que único do art. 274. § 1o Nos casos dos incisos
estiver vinculado, para, querendo, § 4o Se o requerimento a que VI a IX, o devedor será citado no
apresentar contestação no prazo alude o § 1o for formulado após 1 juízo cível para o cumprimento da
de 15 (quinze) dias, observando- (um) ano do trânsito em julgado da sentença ou para a liquidação no
-se, a seguir, no que couber, o sentença, a intimação será feita prazo de 15 (quinze) dias.
disposto no Livro I da Parte Es- na pessoa do devedor, por meio § 2o A autocomposição judi-
pecial deste Código. de carta com aviso de recebi- cial pode envolver sujeito estra-
mento encaminhada ao endereço nho ao processo e versar sobre
Art. 512. A liquidação poderá constante dos autos, observado relação jurídica que não tenha
ser realizada na pendência de o disposto no parágrafo único sido deduzida em juízo.
recurso, processando-se em au- do art. 274 e no § 3o deste artigo.
tos apartados no juízo de origem, § 5o O cumprimento da sen- Art. 516. O cumprimento da sen-
cumprindo ao liquidante instruir tença não poderá ser promovido tença efetuar-se-á perante:
o pedido com cópias das peças em face do fiador, do coobrigado I – os tribunais, nas causas
processuais pertinentes. ou do corresponsável que não de sua competência originária;
tiver participado da fase de co- II – o juízo que decidiu a causa
nhecimento. no primeiro grau de jurisdição;
TÍTULO II – DO III – o juízo cível competente,
CUMPRIMENTO DA Art. 514. Quando o juiz decidir quando se tratar de sentença
SENTENÇA relação jurídica sujeita a condi- penal condenatória, de sentença
ção ou termo, o cumprimento da arbitral, de sentença estrangeira
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES sentença dependerá de demons- ou de acórdão proferido pelo Tri-
GERAIS tração de que se realizou a con- bunal Marítimo.
dição ou de que ocorreu o termo. Parágrafo único. Nas hipóte-
Art. 513. O cumprimento da ses dos incisos II e III, o exequente
sentença será feito segundo as Art. 515. São títulos executivos poderá optar pelo juízo do atual
regras deste Título, observando- judiciais, cujo cumprimento dar- domicílio do executado, pelo ju-
-se, no que couber e conforme a -se-á de acordo com os artigos ízo do local onde se encontrem
natureza da obrigação, o dispos- previstos neste Título: os bens sujeitos à execução ou
to no Livro II da Parte Especial I – as decisões proferidas no pelo juízo do local onde deva ser
deste Código. processo civil que reconheçam executada a obrigação de fazer
§ 1o O cumprimento da sen- a exigibilidade de obrigação de ou de não fazer, casos em que a
tença que reconhece o dever de pagar quantia, de fazer, de não remessa dos autos do processo
pagar quantia, provisório ou de- fazer ou de entregar coisa; será solicitada ao juízo de origem.
finitivo, far-se-á a requerimento II – a decisão homologatória
do exequente. de autocomposição judicial; Art. 517. A decisão judicial tran-
§ 2o O devedor será intimado III – a decisão homologatória sitada em julgado poderá ser leva-
para cumprir a sentença: de autocomposição extrajudicial da a protesto, nos termos da lei,
I – pelo Diário da Justiça, na de qualquer natureza; depois de transcorrido o prazo
pessoa de seu advogado consti- IV – o formal e a certidão de para pagamento voluntário pre-
tuído nos autos; partilha, exclusivamente em re- visto no art. 523.
II – por carta com aviso de re- lação ao inventariante, aos her- § 1o Para efetivar o protesto,
cebimento, quando representado deiros e aos sucessores a título incumbe ao exequente apresen-
pela Defensoria Pública ou quan- singular ou universal; tar certidão de teor da decisão.

326
Código de Processo Civil
§ 2o A certidão de teor da formada, a reparar os danos que tuação de necessidade;
decisão deverá ser fornecida no o executado haja sofrido; III – pender o agravo do
prazo de 3 (três) dias e indicará II – fica sem efeito, sobrevin- art. 1.042;
o nome e a qualificação do exe- do decisão que modifique ou anu- IV – a sentença a ser provi-
quente e do executado, o número le a sentença objeto da execução, soriamente cumprida estiver em
do processo, o valor da dívida e restituindo-se as partes ao estado consonância com súmula da ju-
a data de decurso do prazo para anterior e liquidando-se eventu- risprudência do Supremo Tribunal
pagamento voluntário. ais prejuízos nos mesmos autos; Federal ou do Superior Tribunal de
§ 3o O executado que tiver III – se a sentença objeto de Justiça ou em conformidade com
proposto ação rescisória para cumprimento provisório for mo- acórdão proferido no julgamento
impugnar a decisão exequenda dificada ou anulada apenas em de casos repetitivos.
pode requerer, a suas expensas parte, somente nesta ficará sem Parágrafo único. A exigência
e sob sua responsabilidade, a efeito a execução; de caução será mantida quando
anotação da propositura da ação IV – o levantamento de de- da dispensa possa resultar mani-
à margem do título protestado. pósito em dinheiro e a prática de festo risco de grave dano de difícil
§ 4o A requerimento do exe- atos que importem transferência ou incerta reparação.
cutado, o protesto será cance- de posse ou alienação de proprie-
lado por determinação do juiz, dade ou de outro direito real, ou Art. 522. O cumprimento pro-
mediante ofício a ser expedido dos quais possa resultar grave visório da sentença será reque-
ao cartório, no prazo de 3 (três) dano ao executado, dependem de rido por petição dirigida ao juízo
dias, contado da data de proto- caução suficiente e idônea, arbi- competente.
colo do requerimento, desde que trada de plano pelo juiz e prestada Parágrafo único. Não sendo
comprovada a satisfação integral nos próprios autos. eletrônicos os autos, a petição
da obrigação. § 1o No cumprimento provi- será acompanhada de cópias das
sório da sentença, o executado seguintes peças do processo, cuja
Art. 518. Todas as questões rela- poderá apresentar impugnação, autenticidade poderá ser certifi-
tivas à validade do procedimento se quiser, nos termos do art. 525. cada pelo próprio advogado, sob
de cumprimento da sentença e § 2o A multa e os honorários sua responsabilidade pessoal:
dos atos executivos subsequen- a que se refere o § 1o do art. 523 I – decisão exequenda;
tes poderão ser arguidas pelo são devidos no cumprimento pro- II – certidão de interposição
executado nos próprios autos e visório de sentença condenatória do recurso não dotado de efeito
nestes serão decididas pelo juiz. ao pagamento de quantia certa. suspensivo;
§ 3o Se o executado com- III – procurações outorgadas
Art. 519. Aplicam-se as disposi- parecer tempestivamente e de- pelas partes;
ções relativas ao cumprimento da positar o valor, com a finalidade IV – decisão de habilitação,
sentença, provisório ou definitivo, de isentar-se da multa, o ato não se for o caso;
e à liquidação, no que couber, às será havido como incompatível V – facultativamente, outras
decisões que concederem tutela com o recurso por ele interposto. peças processuais consideradas
provisória. § 4o A restituição ao estado necessárias para demonstrar a
anterior a que se refere o inciso existência do crédito.
II não implica o desfazimento
CAPÍTULO II – DO da transferência de posse ou da
CUMPRIMENTO alienação de propriedade ou de CAPÍTULO III – DO
PROVISÓRIO DA SENTENÇA outro direito real eventualmente CUMPRIMENTO
QUE RECONHECE A já realizada, ressalvado, sempre, o DEFINITIVO DA SENTENÇA
EXIGIBILIDADE DE direito à reparação dos prejuízos QUE RECONHECE A
causados ao executado. EXIGIBILIDADE DE
OBRIGAÇÃO DE PAGAR § 5o Ao cumprimento provi-
QUANTIA CERTA sório de sentença que reconheça OBRIGAÇÃO DE PAGAR
obrigação de fazer, de não fazer QUANTIA CERTA
Art. 520. O cumprimento pro- ou de dar coisa aplica-se, no que
visório da sentença impugnada couber, o disposto neste Capítulo. Art. 523. No caso de condena-
por recurso desprovido de efei- ção em quantia certa, ou já fixada
to suspensivo será realizado da Art. 521. A caução prevista no em liquidação, e no caso de de-
mesma forma que o cumprimento inciso IV do art. 520 poderá ser cisão sobre parcela incontrover-
definitivo, sujeitando-se ao se- dispensada nos casos em que: sa, o cumprimento definitivo da
guinte regime: I – o crédito for de natureza sentença far-se-á a requerimento
I – corre por iniciativa e res- alimentar, independentemente do exequente, sendo o executado
ponsabilidade do exequente, que de sua origem; intimado para pagar o débito, no
se obriga, se a sentença for re- II – o credor demonstrar si- prazo de 15 (quinze) dias, acresci-

327
Código de Processo Civil
do de custas, se houver. dos em poder de terceiros ou do diato o valor que entende corre-
§ 1o Não ocorrendo paga- executado, o juiz poderá requisi- to, apresentando demonstrativo
mento voluntário no prazo do tá-los, sob cominação do crime discriminado e atualizado de seu
caput, o débito será acrescido de desobediência. cálculo.
de multa de dez por cento e, tam- § 4o Quando a complementa- § 5o Na hipótese do § 4o, não
bém, de honorários de advogado ção do demonstrativo depender apontado o valor correto ou não
de dez por cento. de dados adicionais em poder do apresentado o demonstrativo, a
§ 2o Efetuado o pagamento executado, o juiz poderá, a reque- impugnação será liminarmente
parcial no prazo previsto no caput, rimento do exequente, requisi- rejeitada, se o excesso de execu-
a multa e os honorários previstos tá-los, fixando prazo de até 30 ção for o seu único fundamento,
no § 1o incidirão sobre o restante. (trinta) dias para o cumprimento ou, se houver outro, a impugnação
§ 3o Não efetuado tempes- da diligência. será processada, mas o juiz não
tivamente o pagamento volun- § 5o Se os dados adicionais examinará a alegação de excesso
tário, será expedido, desde logo, a que se refere o § 4o não forem de execução.
mandado de penhora e avaliação, apresentados pelo executado, § 6o A apresentação de im-
seguindo-se os atos de expro- sem justificativa, no prazo de- pugnação não impede a prática
priação. signado, reputar-se-ão corretos dos atos executivos, inclusive
os cálculos apresentados pelo os de expropriação, podendo o
Art. 524. O requerimento pre- exequente apenas com base nos juiz, a requerimento do execu-
visto no art. 523 será instruído dados de que dispõe. tado e desde que garantido o
com demonstrativo discriminado juízo com penhora, caução ou
e atualizado do crédito, devendo Art. 525. Transcorrido o prazo depósito suficientes, atribuir-lhe
a petição conter: previsto no art. 523 sem o pa- efeito suspensivo, se seus funda-
I – o nome completo, o núme- gamento voluntário, inicia-se o mentos forem relevantes e se o
ro de inscrição no Cadastro de prazo de 15 (quinze) dias para que prosseguimento da execução for
Pessoas Físicas ou no Cadastro o executado, independentemente manifestamente suscetível de
Nacional da Pessoa Jurídica do de penhora ou nova intimação, causar ao executado grave dano
exequente e do executado, ob- apresente, nos próprios autos, de difícil ou incerta reparação.
servado o disposto no art. 319, sua impugnação. § 7o A concessão de efeito
§§ 1o a 3o; § 1o Na impugnação, o exe- suspensivo a que se refere o § 6o
II – o índice de correção mo- cutado poderá alegar: não impedirá a efetivação dos
netária adotado; I – falta ou nulidade da citação atos de substituição, de reforço
III – os juros aplicados e as se, na fase de conhecimento, o ou de redução da penhora e de
respectivas taxas; processo correu à revelia; avaliação dos bens.
IV – o termo inicial e o termo II – ilegitimidade de parte; § 8o Quando o efeito suspen-
final dos juros e da correção mo- III – inexequibilidade do título sivo atribuído à impugnação dis-
netária utilizados; ou inexigibilidade da obrigação; ser respeito apenas a parte do
V – a periodicidade da capi- IV – penhora incorreta ou ava- objeto da execução, esta pros-
talização dos juros, se for o caso; liação errônea; seguirá quanto à parte restante.
VI – especificação dos even- V – excesso de execução ou § 9o A concessão de efeito
tuais descontos obrigatórios re- cumulação indevida de execu- suspensivo à impugnação dedu-
alizados; ções; zida por um dos executados não
VII – indicação dos bens pas- VI – incompetência absoluta suspenderá a execução contra
síveis de penhora, sempre que ou relativa do juízo da execução; os que não impugnaram, quando
possível. VII – qualquer causa modifi- o respectivo fundamento disser
§ 1o Quando o valor apontado cativa ou extintiva da obrigação, respeito exclusivamente ao im-
no demonstrativo aparentemente como pagamento, novação, com- pugnante.
exceder os limites da condena- pensação, transação ou prescri- § 10. Ainda que atribuído
ção, a execução será iniciada pelo ção, desde que supervenientes à efeito suspensivo à impugnação,
valor pretendido, mas a penhora sentença. é lícito ao exequente requerer o
terá por base a importância que § 2o A alegação de impedi- prosseguimento da execução,
o juiz entender adequada. mento ou suspeição observará oferecendo e prestando, nos pró-
§ 2o Para a verificação dos o disposto nos arts. 146 e 148. prios autos, caução suficiente e
cálculos, o juiz poderá valer-se § 3o Aplica-se à impugnação idônea a ser arbitrada pelo juiz.
de contabilista do juízo, que terá o disposto no art. 229. § 11. As questões relativas
o prazo máximo de 30 (trinta) dias § 4o Quando o executado ale- a fato superveniente ao término
para efetuá-la, exceto se outro lhe gar que o exequente, em excesso do prazo para apresentação da
for determinado. de execução, pleiteia quantia su- impugnação, assim como aquelas
§ 3o Quando a elaboração do perior à resultante da sentença, relativas à validade e à adequação
demonstrativo depender de da- cumprir-lhe-á declarar de ime- da penhora, da avaliação e dos

328
Código de Processo Civil
atos executivos subsequentes, subsequentes. cumprimento da ordem de prisão.
podem ser arguidas por simples § 3o Se o autor não se opu- § 7o O débito alimentar que
petição, tendo o executado, em ser, o juiz declarará satisfeita a autoriza a prisão civil do alimen-
qualquer dos casos, o prazo de 15 obrigação e extinguirá o processo. tante é o que compreende até
(quinze) dias para formular esta as 3 (três) prestações anterio-
arguição, contado da comprovada Art. 527. Aplicam-se as dispo- res ao ajuizamento da execução
ciência do fato ou da intimação sições deste Capítulo ao cumpri- e as que se vencerem no curso
do ato. mento provisório da sentença, no do processo.
§ 12. Para efeito do disposto que couber. § 8o O exequente pode optar
no inciso III do § 1o deste artigo, por promover o cumprimento da
considera-se também inexigível a sentença ou decisão desde logo,
obrigação reconhecida em título CAPÍTULO IV – DO nos termos do disposto neste Li-
executivo judicial fundado em lei CUMPRIMENTO DE vro, Título II, Capítulo III, caso em
ou ato normativo considerado SENTENÇA QUE que não será admissível a prisão
inconstitucional pelo Supremo RECONHEÇA A do executado, e, recaindo a pe-
Tribunal Federal, ou fundado em EXIGIBILIDADE DE nhora em dinheiro, a concessão
aplicação ou interpretação da de efeito suspensivo à impugna-
lei ou do ato normativo tido pelo OBRIGAÇÃO DE PRESTAR ção não obsta a que o exequente
Supremo Tribunal Federal como ALIMENTOS levante mensalmente a importân-
incompatível com a Constituição cia da prestação.
Federal, em controle de consti- Art. 528. No cumprimento de § 9o Além das opções previs-
tucionalidade concentrado ou sentença que condene ao paga- tas no art. 516, parágrafo único,
difuso. mento de prestação alimentícia o exequente pode promover o
§ 13. No caso do § 12, os efei- ou de decisão interlocutória que cumprimento da sentença ou de-
tos da decisão do Supremo Tri- fixe alimentos, o juiz, a requeri- cisão que condena ao pagamento
bunal Federal poderão ser mo- mento do exequente, mandará in- de prestação alimentícia no juízo
dulados no tempo, em atenção timar o executado pessoalmente de seu domicílio.
à segurança jurídica. para, em 3 (três) dias, pagar o dé-
§ 14. A decisão do Supremo bito, provar que o fez ou justificar Art. 529. Quando o executado
Tribunal Federal referida no § 12 a impossibilidade de efetuá-lo. for funcionário público, militar,
deve ser anterior ao trânsito em § 1o Caso o executado, no diretor ou gerente de empresa
julgado da decisão exequenda. prazo referido no caput, não efe- ou empregado sujeito à legislação
§ 15. Se a decisão referida no tue o pagamento, não prove que do trabalho, o exequente poderá
§ 12 for proferida após o trânsito o efetuou ou não apresente jus- requerer o desconto em folha de
em julgado da decisão exequen- tificativa da impossibilidade de pagamento da importância da
da, caberá ação rescisória, cujo efetuá-lo, o juiz mandará pro- prestação alimentícia.
prazo será contado do trânsito testar o pronunciamento judicial, § 1o Ao proferir a decisão,
em julgado da decisão proferida aplicando-se, no que couber, o o juiz oficiará à autoridade, à
pelo Supremo Tribunal Federal. disposto no art. 517. empresa ou ao empregador, de-
§ 2o Somente a comprovação terminando, sob pena de crime
Art. 526. É lícito ao réu, antes de de fato que gere a impossibilida- de desobediência, o desconto a
ser intimado para o cumprimen- de absoluta de pagar justificará partir da primeira remuneração
to da sentença, comparecer em o inadimplemento. posterior do executado, a contar
juízo e oferecer em pagamento o § 3o Se o executado não pa- do protocolo do ofício.
valor que entender devido, apre- gar ou se a justificativa apresen- § 2o O ofício conterá o nome
sentando memória discriminada tada não for aceita, o juiz, além e o número de inscrição no Ca-
do cálculo. de mandar protestar o pronun- dastro de Pessoas Físicas do exe-
§ 1o O autor será ouvido no ciamento judicial na forma do quente e do executado, a impor-
prazo de 5 (cinco) dias, poden- § 1o, decretar-lhe-á a prisão pelo tância a ser descontada mensal-
do impugnar o valor depositado, prazo de 1 (um) a 3 (três) meses. mente, o tempo de sua duração
sem prejuízo do levantamento § 4o A prisão será cumprida e a conta na qual deve ser feito
do depósito a título de parcela em regime fechado, devendo o o depósito.
incontroversa. preso ficar separado dos presos § 3o Sem prejuízo do paga-
§ 2o Concluindo o juiz pela comuns. mento dos alimentos vincendos,
insuficiência do depósito, so- § 5o O cumprimento da pena o débito objeto de execução pode
bre a diferença incidirão multa não exime o executado do paga- ser descontado dos rendimen-
de dez por cento e honorários mento das prestações vencidas tos ou rendas do executado, de
advocatícios, também fixados e vincendas. forma parcelada, nos termos do
em dez por cento, seguindo-se § 6o Paga a prestação ali- caput deste artigo, contanto que,
a execução com penhora e atos mentícia, o juiz suspenderá o somado à parcela devida, não ul-

329
Código de Processo Civil
trapasse cinquenta por cento de poderá ser fixada tomando por se, na fase de conhecimento, o
seus ganhos líquidos. base o salário mínimo. processo correu à revelia;
§ 5o Finda a obrigação de II – ilegitimidade de parte;
Art. 530. Não cumprida a obri- prestar alimentos, o juiz man- III – inexequibilidade do título
gação, observar-se-á o disposto dará liberar o capital, cessar o ou inexigibilidade da obrigação;
nos arts. 831 e seguintes. desconto em folha ou cancelar IV – excesso de execução ou
as garantias prestadas. cumulação indevida de execu-
Art. 531. O disposto neste Ca- ções;
pítulo aplica-se aos alimentos V – incompetência absoluta
definitivos ou provisórios. CAPÍTULO V – DO ou relativa do juízo da execução;
§ 1o A execução dos alimen- CUMPRIMENTO DE VI – qualquer causa modifi-
tos provisórios, bem como a dos SENTENÇA QUE cativa ou extintiva da obrigação,
alimentos fixados em sentença RECONHEÇA A como pagamento, novação, com-
ainda não transitada em julgado, EXIGIBILIDADE DE pensação, transação ou prescri-
se processa em autos apartados. ção, desde que supervenientes ao
§ 2o O cumprimento defi- OBRIGAÇÃO DE PAGAR trânsito em julgado da sentença.
nitivo da obrigação de prestar QUANTIA CERTA PELA § 1o A alegação de impedi-
alimentos será processado nos FAZENDA PÚBLICA mento ou suspeição observará
mesmos autos em que tenha sido o disposto nos arts. 146 e 148.
proferida a sentença. Art. 534. No cumprimento de § 2o Quando se alegar que o
sentença que impuser à Fazenda exequente, em excesso de exe-
Art. 532. Verificada a conduta Pública o dever de pagar quantia cução, pleiteia quantia superior
procrastinatória do executado, certa, o exequente apresentará à resultante do título, cumprirá à
o juiz deverá, se for o caso, dar demonstrativo discriminado e executada declarar de imediato
ciência ao Ministério Público dos atualizado do crédito contendo: o valor que entende correto, sob
indícios da prática do crime de I – o nome completo e o nú- pena de não conhecimento da
abandono material. mero de inscrição no Cadastro de arguição.
Pessoas Físicas ou no Cadastro § 3o Não impugnada a exe-
Art. 533. Quando a indenização Nacional da Pessoa Jurídica do cução ou rejeitadas as arguições
por ato ilícito incluir prestação de exequente; da executada:
alimentos, caberá ao executa- II – o índice de correção mo- I – expedir-se-á, por inter-
do, a requerimento do exequen- netária adotado; médio do presidente do tribunal
te, constituir capital cuja renda III – os juros aplicados e as competente, precatório em favor
assegure o pagamento do valor respectivas taxas; do exequente, observando-se o
mensal da pensão. IV – o termo inicial e o termo disposto na Constituição Federal;
§ 1o O capital a que se refere final dos juros e da correção mo- II – por ordem do juiz, dirigida
o caput, representado por imó- netária utilizados; à autoridade na pessoa de quem o
veis ou por direitos reais sobre V – a periodicidade da capi- ente público foi citado para o pro-
imóveis suscetíveis de alienação, talização dos juros, se for o caso; cesso, o pagamento de obrigação
títulos da dívida pública ou aplica- VI – a especificação dos even- de pequeno valor será realizado
ções financeiras em banco oficial, tuais descontos obrigatórios re- no prazo de 2 (dois) meses con-
será inalienável e impenhorável alizados. tado da entrega da requisição,
enquanto durar a obrigação do § 1o Havendo pluralidade mediante depósito na agência
executado, além de constituir- de exequentes, cada um deverá de banco oficial mais próxima da
-se em patrimônio de afetação. apresentar o seu próprio demons- residência do exequente.3
§ 2o O juiz poderá substituir trativo, aplicando-se à hipótese, § 4o Tratando-se de impug-
a constituição do capital pela se for o caso, o disposto nos §§ 1o nação parcial, a parte não ques-
inclusão do exequente em folha e 2o do art. 113. tionada pela executada será, des-
de pagamento de pessoa jurídica § 2o A multa prevista no § 1o de logo, objeto de cumprimento.4
de notória capacidade econômica do art. 523 não se aplica à Fazen- § 5o Para efeito do disposto
ou, a requerimento do executado, da Pública. no inciso III do caput deste artigo,
por fiança bancária ou garantia considera-se também inexigível a
real, em valor a ser arbitrado de Art. 535. A Fazenda Pública será obrigação reconhecida em título
imediato pelo juiz. intimada na pessoa de seu re- executivo judicial fundado em lei
§ 3o Se sobrevier modifica- presentante judicial, por carga, ou ato normativo considerado
ção nas condições econômicas, remessa ou meio eletrônico, para, inconstitucional pelo Supremo
poderá a parte requerer, confor- querendo, no prazo de 30 (trinta) Tribunal Federal, ou fundado em
me as circunstâncias, redução ou dias e nos próprios autos, impug-
aumento da prestação. nar a execução, podendo arguir: 3
NE: ver ADI no 5.534.
§ 4o A prestação alimentícia I – falta ou nulidade da citação 4
NE: ver ADI no 5.534.

330
Código de Processo Civil
aplicação ou interpretação da força policial. § 5o O disposto neste arti-
lei ou do ato normativo tido pelo § 2o O mandado de busca e go aplica-se, no que couber, ao
Supremo Tribunal Federal como apreensão de pessoas e coisas cumprimento de sentença que
incompatível com a Constituição será cumprido por 2 (dois) ofi- reconheça deveres de fazer e
Federal, em controle de consti- ciais de justiça, observando-se de não fazer de natureza não
tucionalidade concentrado ou o disposto no art. 846, §§ 1o a 4o, obrigacional.
difuso. se houver necessidade de arrom-
§ 6o No caso do § 5o, os efei- bamento.
tos da decisão do Supremo Tri- § 3o O executado incidirá
Seção II – Do Cumprimento
bunal Federal poderão ser mo- nas penas de litigância de má- de Sentença que Reconheça
dulados no tempo, de modo a -fé quando injustificadamente a Exigibilidade de Obrigação
favorecer a segurança jurídica. descumprir a ordem judicial, sem de Entregar Coisa
§ 7o A decisão do Supremo prejuízo de sua responsabilização
Tribunal Federal referida no § 5o por crime de desobediência. Art. 538. Não cumprida a obri-
deve ter sido proferida antes do § 4o No cumprimento de sen- gação de entregar coisa no prazo
trânsito em julgado da decisão tença que reconheça a exigibili- estabelecido na sentença, será
exequenda. dade de obrigação de fazer ou de expedido mandado de busca e
§ 8o Se a decisão referida no não fazer, aplica-se o art. 525, no apreensão ou de imissão na posse
§ 5o for proferida após o trânsito que couber. em favor do credor, conforme se
em julgado da decisão exequen- § 5o O disposto neste arti- tratar de coisa móvel ou imóvel.
da, caberá ação rescisória, cujo go aplica-se, no que couber, ao § 1o A existência de benfei-
prazo será contado do trânsito cumprimento de sentença que torias deve ser alegada na fase
em julgado da decisão proferida reconheça deveres de fazer e de conhecimento, em contesta-
pelo Supremo Tribunal Federal. de não fazer de natureza não ção, de forma discriminada e com
obrigacional. atribuição, sempre que possível
e justificadamente, do respec-
CAPÍTULO VI – DO Art. 537. A multa independe de tivo valor.
CUMPRIMENTO DE requerimento da parte e poderá § 2o O direito de retenção
SENTENÇA QUE ser aplicada na fase de conhe- por benfeitorias deve ser exer-
RECONHEÇA A cimento, em tutela provisória ou cido na contestação, na fase de
EXIGIBILIDADE DE na sentença, ou na fase de exe- conhecimento.
cução, desde que seja suficiente § 3o Aplicam-se ao procedi-
OBRIGAÇÃO DE FAZER, e compatível com a obrigação e mento previsto neste artigo, no
DE NÃO FAZER OU DE que se determine prazo razoável que couber, as disposições sobre
ENTREGAR COISA para cumprimento do preceito. o cumprimento de obrigação de
§ 1o O juiz poderá, de ofício fazer ou de não fazer.
Seção I – Do Cumprimento ou a requerimento, modificar o
de Sentença que Reconheça valor ou a periodicidade da mul-
a Exigibilidade de Obrigação ta vincenda ou excluí-la, caso TÍTULO III – DOS
de Fazer ou de Não Fazer verifique que: PROCEDIMENTOS
I – se tornou insuficiente ou ESPECIAIS
Art. 536. No cumprimento de excessiva;
sentença que reconheça a exi- II – o obrigado demonstrou CAPÍTULO I – DA AÇÃO
gibilidade de obrigação de fazer cumprimento parcial superve- DE CONSIGNAÇÃO EM
ou de não fazer, o juiz poderá, de niente da obrigação ou justa cau- PAGAMENTO
ofício ou a requerimento, para a sa para o descumprimento.
efetivação da tutela específica ou § 2o O valor da multa será Art. 539. Nos casos previstos
a obtenção de tutela pelo resul- devido ao exequente. em lei, poderá o devedor ou ter-
tado prático equivalente, deter- § 3o A decisão que fixa a mul- ceiro requerer, com efeito de pa-
minar as medidas necessárias à ta é passível de cumprimento gamento, a consignação da quan-
satisfação do exequente. provisório, devendo ser deposi- tia ou da coisa devida.
§ 1o Para atender ao dispos- tada em juízo, permitido o levan- § 1o Tratando-se de obriga-
to no caput, o juiz poderá deter- tamento do valor após o trânsito ção em dinheiro, poderá o valor
minar, entre outras medidas, a em julgado da sentença favorável ser depositado em estabeleci-
imposição de multa, a busca e à parte. mento bancário, oficial onde hou-
apreensão, a remoção de pes- § 4o A multa será devida des- ver, situado no lugar do pagamen-
soas e coisas, o desfazimento de o dia em que se configurar o to, cientificando-se o credor por
de obras e o impedimento de descumprimento da decisão e in- carta com aviso de recebimento,
atividade nociva, podendo, caso cidirá enquanto não for cumprida assinado o prazo de 10 (dez) dias
necessário, requisitar o auxílio de a decisão que a tiver cominado. para a manifestação de recusa.

331
Código de Processo Civil
§ 2o Decorrido o prazo do a entrega, sob pena de depósito. um, o juiz decidirá de plano;
§ 1 , contado do retorno do aviso
o
III – comparecendo mais de
de recebimento, sem a manifes- Art. 544. Na contestação, o réu um, o juiz declarará efetuado o
tação de recusa, considerar-se-á poderá alegar que: depósito e extinta a obrigação,
o devedor liberado da obrigação, I – não houve recusa ou mora continuando o processo a correr
ficando à disposição do credor a em receber a quantia ou a coisa unicamente entre os presuntivos
quantia depositada. devida; credores, observado o procedi-
§ 3o Ocorrendo a recusa, ma- II – foi justa a recusa; mento comum.
nifestada por escrito ao estabe- III – o depósito não se efe-
lecimento bancário, poderá ser tuou no prazo ou no lugar do pa- Art. 549. Aplica-se o procedi-
proposta, dentro de 1 (um) mês, gamento; mento estabelecido neste Capí-
a ação de consignação, instruin- IV – o depósito não é integral. tulo, no que couber, ao resgate
do-se a inicial com a prova do Parágrafo único. No caso do do aforamento.
depósito e da recusa. inciso IV, a alegação somente
§ 4o Não proposta a ação no será admissível se o réu indicar
prazo do § 3o, ficará sem efeito o o montante que entende devido. CAPÍTULO II – DA AÇÃO DE
depósito, podendo levantá-lo o EXIGIR CONTAS
depositante. Art. 545. Alegada a insuficiên-
cia do depósito, é lícito ao autor Art. 550. Aquele que afirmar ser
Art. 540. Requerer-se-á a con- completá-lo, em 10 (dez) dias, sal- titular do direito de exigir contas
signação no lugar do pagamento, vo se corresponder a prestação requererá a citação do réu para
cessando para o devedor, à data cujo inadimplemento acarrete a que as preste ou ofereça contes-
do depósito, os juros e os riscos, rescisão do contrato. tação no prazo de 15 (quinze) dias.
salvo se a demanda for julgada § 1o No caso do caput, poderá § 1o Na petição inicial, o autor
improcedente. o réu levantar, desde logo, a quan- especificará, detalhadamente,
tia ou a coisa depositada, com a as razões pelas quais exige as
Art. 541. Tratando-se de presta- consequente liberação parcial do contas, instruindo-a com docu-
ções sucessivas, consignada uma autor, prosseguindo o processo mentos comprobatórios dessa
delas, pode o devedor continuar a quanto à parcela controvertida. necessidade, se existirem.
depositar, no mesmo processo e § 2o A sentença que concluir § 2o Prestadas as contas, o
sem mais formalidades, as que se pela insuficiência do depósito autor terá 15 (quinze) dias para
forem vencendo, desde que o faça determinará, sempre que possí- se manifestar, prosseguindo-se
em até 5 (cinco) dias contados da vel, o montante devido e valerá o processo na forma do Capítulo
data do respectivo vencimento. como título executivo, facultado X do Título I deste Livro.
ao credor promover-lhe o cumpri- § 3o A impugnação das con-
Art. 542. Na petição inicial, o mento nos mesmos autos, após tas apresentadas pelo réu deverá
autor requererá: liquidação, se necessária. ser fundamentada e específica,
I – o depósito da quantia ou com referência expressa ao lan-
da coisa devida, a ser efetivado Art. 546. Julgado procedente o çamento questionado.
no prazo de 5 (cinco) dias conta- pedido, o juiz declarará extinta a § 4o Se o réu não contestar o
dos do deferimento, ressalvada a obrigação e condenará o réu ao pedido, observar-se-á o disposto
hipótese do art. 539, § 3o; pagamento de custas e honorá- no art. 355.
II – a citação do réu para le- rios advocatícios. § 5o A decisão que julgar pro-
vantar o depósito ou oferecer Parágrafo único. Proceder- cedente o pedido condenará o réu
contestação. -se-á do mesmo modo se o credor a prestar as contas no prazo de
Parágrafo único. Não realiza- receber e der quitação. 15 (quinze) dias, sob pena de não
do o depósito no prazo do inciso lhe ser lícito impugnar as que o
I, o processo será extinto sem Art. 547. Se ocorrer dúvida so- autor apresentar.
resolução do mérito. bre quem deva legitimamente § 6o Se o réu apresentar as
receber o pagamento, o autor contas no prazo previsto no § 5o,
Art. 543. Se o objeto da pres- requererá o depósito e a citação seguir-se-á o procedimento do
tação for coisa indeterminada e dos possíveis titulares do crédito § 2o, caso contrário, o autor apre-
a escolha couber ao credor, será para provarem o seu direito. sentá-las-á no prazo de 15 (quinze)
este citado para exercer o direito dias, podendo o juiz determinar a
dentro de 5 (cinco) dias, se outro Art. 548. No caso do art. 547: realização de exame pericial, se
prazo não constar de lei ou do I – não comparecendo pre- necessário.
contrato, ou para aceitar que o tendente algum, converter-se-á
devedor a faça, devendo o juiz, ao o depósito em arrecadação de Art. 551. As contas do réu serão
despachar a petição inicial, fixar coisas vagas; apresentadas na forma adequada,
lugar, dia e hora em que se fará II – comparecendo apenas especificando-se as receitas, a

332
Código de Processo Civil
aplicação das despesas e os in- Público e, se envolver pessoas em prazo referido no caput, será co-
vestimentos, se houver. situação de hipossuficiência eco- mum o procedimento, não per-
§ 1o Havendo impugnação nômica, da Defensoria Pública. dendo, contudo, o caráter pos-
específica e fundamentada pelo § 2o Para fim da citação pes- sessório.
autor, o juiz estabelecerá prazo soal prevista no § 1o, o oficial de
razoável para que o réu apresente justiça procurará os ocupantes Art. 559. Se o réu provar, em
os documentos justificativos dos no local por uma vez, citando-se qualquer tempo, que o autor pro-
lançamentos individualmente im- por edital os que não forem en- visoriamente mantido ou reinte-
pugnados. contrados. grado na posse carece de idonei-
§ 2o As contas do autor, para § 3o O juiz deverá determi- dade financeira para, no caso
os fins do art. 550, § 5o, serão nar que se dê ampla publicidade de sucumbência, responder por
apresentadas na forma adequada, da existência da ação prevista perdas e danos, o juiz designar-
já instruídas com os documentos no § 1o e dos respectivos prazos -lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias
justificativos, especificando-se processuais, podendo, para tanto, para requerer caução, real ou
as receitas, a aplicação das des- valer-se de anúncios em jornal fidejussória, sob pena de ser de-
pesas e os investimentos, se hou- ou rádio locais, da publicação de positada a coisa litigiosa, ressal-
ver, bem como o respectivo saldo. cartazes na região do conflito e vada a impossibilidade da parte
de outros meios. economicamente hipossuficiente.
Art. 552. A sentença apurará o
saldo e constituirá título execu- Art. 555. É lícito ao autor cumu-
tivo judicial. lar ao pedido possessório o de:
Seção II – Da Manutenção e
I – condenação em perdas da Reintegração de Posse
Art. 553. As contas do inven- e danos;
tariante, do tutor, do curador, do II – indenização dos frutos. Art. 560. O possuidor tem di-
depositário e de qualquer outro Parágrafo único. Pode o au- reito a ser mantido na posse em
administrador serão prestadas tor requerer, ainda, imposição caso de turbação e reintegrado
em apenso aos autos do processo de medida necessária e adequa- em caso de esbulho.
em que tiver sido nomeado. da para:
Parágrafo único. Se qualquer I – evitar nova turbação ou Art. 561. Incumbe ao autor pro-
dos referidos no caput for conde- esbulho; var:
nado a pagar o saldo e não o fizer II – cumprir-se a tutela pro- I – a sua posse;
no prazo legal, o juiz poderá des- visória ou final. II – a turbação ou o esbulho
tituí-lo, sequestrar os bens sob praticado pelo réu;
sua guarda, glosar o prêmio ou a Art. 556. É lícito ao réu, na con- III – a data da turbação ou
gratificação a que teria direito e testação, alegando que foi o ofen- do esbulho;
determinar as medidas executi- dido em sua posse, demandar a IV – a continuação da posse,
vas necessárias à recomposição proteção possessória e a indeni- embora turbada, na ação de ma-
do prejuízo. zação pelos prejuízos resultantes nutenção, ou a perda da posse, na
da turbação ou do esbulho come- ação de reintegração.
tido pelo autor.
CAPÍTULO III – DAS AÇÕES Art. 562. Estando a petição ini-
POSSESSÓRIAS Art. 557. Na pendência de ação cial devidamente instruída, o juiz
possessória é vedado, tanto ao deferirá, sem ouvir o réu, a ex-
Seção I – Disposições Gerais
autor quanto ao réu, propor ação pedição do mandado liminar de
de reconhecimento do domínio, manutenção ou de reintegração,
Art. 554. A propositura de uma exceto se a pretensão for dedu- caso contrário, determinará que
ação possessória em vez de ou- zida em face de terceira pessoa. o autor justifique previamente o
tra não obstará a que o juiz co- Parágrafo único. Não obsta à alegado, citando-se o réu para
nheça do pedido e outorgue a manutenção ou à reintegração de comparecer à audiência que for
proteção legal correspondente posse a alegação de propriedade designada.
àquela cujos pressupostos es- ou de outro direito sobre a coisa. Parágrafo único. Contra as
tejam provados. pessoas jurídicas de direito públi-
§ 1o No caso de ação posses- Art. 558. Regem o procedimento co não será deferida a manuten-
sória em que figure no polo pas- de manutenção e de reintegração ção ou a reintegração liminar sem
sivo grande número de pessoas, de posse as normas da Seção II prévia audiência dos respectivos
serão feitas a citação pessoal dos deste Capítulo quando a ação for representantes judiciais.
ocupantes que forem encontra- proposta dentro de ano e dia da
dos no local e a citação por edital turbação ou do esbulho afirmado Art. 563. Considerada suficien-
dos demais, determinando-se, na petição inicial. te a justificação, o juiz fará logo
ainda, a intimação do Ministério Parágrafo único. Passado o expedir mandado de manutenção

333
Código de Processo Civil
ou de reintegração. Seção III – Do Interdito constitutivas do perímetro ou de
Proibitório reclamar indenização correspon-
Art. 564. Concedido ou não o dente ao seu valor.
mandado liminar de manutenção Art. 567. O possuidor direto ou § 1o No caso do caput, se-
ou de reintegração, o autor pro- indireto que tenha justo receio de rão citados para a ação todos os
moverá, nos 5 (cinco) dias subse- ser molestado na posse poderá condôminos, se a sentença ho-
quentes, a citação do réu para, requerer ao juiz que o segure da mologatória da divisão ainda não
querendo, contestar a ação no turbação ou esbulho iminente, houver transitado em julgado, e
prazo de 15 (quinze) dias. mediante mandado proibitório todos os quinhoeiros dos terrenos
Parágrafo único. Quando for em que se comine ao réu de- vindicados, se a ação for proposta
ordenada a justificação prévia, o terminada pena pecuniária caso posteriormente.
prazo para contestar será conta- transgrida o preceito. § 2o Neste último caso, a
do da intimação da decisão que sentença que julga procedente
deferir ou não a medida liminar. Art. 568. Aplica-se ao interdito a ação, condenando a restituir os
proibitório o disposto na Seção II terrenos ou a pagar a indenização,
Art. 565. No litígio coletivo pela deste Capítulo. valerá como título executivo em
posse de imóvel, quando o esbu- favor dos quinhoeiros para have-
lho ou a turbação afirmado na rem dos outros condôminos que
petição inicial houver ocorrido há CAPÍTULO IV – DA forem parte na divisão ou de seus
mais de ano e dia, o juiz, antes de AÇÃO DE DIVISÃO E DA sucessores a título universal, na
apreciar o pedido de concessão DEMARCAÇÃO DE TERRAS proporção que lhes tocar, a com-
da medida liminar, deverá de- PARTICULARES posição pecuniária do desfalque
signar audiência de mediação, sofrido.
a realizar-se em até 30 (trinta) Seção I – Disposições Gerais
dias, que observará o disposto Art. 573. Tratando-se de imóvel
nos §§ 2o e 4o. Art. 569. Cabe: georreferenciado, com averbação
§ 1o Concedida a liminar, se I – ao proprietário a ação de no registro de imóveis, pode o juiz
essa não for executada no prazo demarcação, para obrigar o seu dispensar a realização de prova
de 1 (um) ano, a contar da data de confinante a estremar os respec- pericial.
distribuição, caberá ao juiz desig- tivos prédios, fixando-se novos
nar audiência de mediação, nos limites entre eles ou aviventan-
termos dos §§ 2o a 4o deste artigo. do-se os já apagados;
Seção II – Da Demarcação
§ 2o O Ministério Público será II – ao condômino a ação de
intimado para comparecer à au- divisão, para obrigar os demais Art. 574. Na petição inicial, ins-
diência, e a Defensoria Pública consortes a estremar os qui- truída com os títulos da proprie-
será intimada sempre que houver nhões. dade, designar-se-á o imóvel pela
parte beneficiária de gratuidade situação e pela denominação,
da justiça. Art. 570. É lícita a cumulação descrever-se-ão os limites por
§ 3o O juiz poderá compare- dessas ações, caso em que de- constituir, aviventar ou renovar
cer à área objeto do litígio quando verá processar-se primeiramente e nomear-se-ão todos os con-
sua presença se fizer necessária à a demarcação total ou parcial da finantes da linha demarcanda.
efetivação da tutela jurisdicional. coisa comum, citando-se os con-
§ 4o Os órgãos responsáveis finantes e os condôminos. Art. 575. Qualquer condômino
pela política agrária e pela polí- é parte legítima para promover
tica urbana da União, de Estado Art. 571. A demarcação e a divi- a demarcação do imóvel comum,
ou do Distrito Federal e de Muni- são poderão ser realizadas por es- requerendo a intimação dos de-
cípio onde se situe a área objeto critura pública, desde que maio- mais para, querendo, intervir no
do litígio poderão ser intimados res, capazes e concordes todos processo.
para a audiência, a fim de se ma- os interessados, observando-se,
nifestarem sobre seu interesse no no que couber, os dispositivos Art. 576. A citação dos réus será
processo e sobre a existência de deste Capítulo. feita por correio, observado o
possibilidade de solução para o disposto no art. 247.
conflito possessório. Art. 572. Fixados os marcos da Parágrafo único. Será publi-
§ 5o Aplica-se o disposto linha de demarcação, os confi- cado edital, nos termos do inciso
neste artigo ao litígio sobre pro- nantes considerar-se-ão tercei- III do art. 259.
priedade de imóvel. ros quanto ao processo divisório,
ficando-lhes, porém, ressalvado Art. 577. Feitas as citações, te-
Art. 566. Aplica-se, quanto ao o direito de vindicar os terrenos rão os réus o prazo comum de 15
mais, o procedimento comum. de que se julguem despojados (quinze) dias para contestar.
por invasão das linhas limítrofes

334
Código de Processo Civil
Art. 578. Após o prazo de res- IV – a composição geológica terísticas do imóvel;
posta do réu, observar-se-á o dos terrenos, bem como a quali- II – o nome, o estado civil, a
procedimento comum. dade e a extensão dos campos, profissão e a residência de todos
das matas e das capoeiras; os condôminos, especificando-se
Art. 579. Antes de proferir a sen- V – as vias de comunicação; os estabelecidos no imóvel com
tença, o juiz nomeará um ou mais VI – as distâncias a pontos de benfeitorias e culturas;
peritos para levantar o traçado da referência, tais como rodovias III – as benfeitorias comuns.
linha demarcanda. federais e estaduais, ferrovias,
portos, aglomerações urbanas Art. 589. Feitas as citações
Art. 580. Concluídos os estudos, e polos comerciais; como preceitua o art. 576, pros-
os peritos apresentarão minu- VII – a indicação de tudo o seguir-se-á na forma dos arts.
cioso laudo sobre o traçado da mais que for útil para o levanta- 577 e 578.
linha demarcanda, considerando mento da linha ou para a iden-
os títulos, os marcos, os rumos, tificação da linha já levantada. Art. 590. O juiz nomeará um ou
a fama da vizinhança, as infor- mais peritos para promover a me-
mações de antigos moradores Art. 584. É obrigatória a colo- dição do imóvel e as operações
do lugar e outros elementos que cação de marcos tanto na esta- de divisão, observada a legislação
coligirem. ção inicial, dita marco primordial, especial que dispõe sobre a iden-
quanto nos vértices dos ângulos, tificação do imóvel rural.
Art. 581. A sentença que julgar salvo se algum desses últimos Parágrafo único. O perito de-
procedente o pedido determinará pontos for assinalado por aciden- verá indicar as vias de comunica-
o traçado da linha demarcanda. tes naturais de difícil remoção ou ção existentes, as construções e
Parágrafo único. A sentença destruição. as benfeitorias, com a indicação
proferida na ação demarcatória dos seus valores e dos respecti-
determinará a restituição da área Art. 585. A linha será percorrida vos proprietários e ocupantes, as
invadida, se houver, declarando pelos peritos, que examinarão os águas principais que banham o
o domínio ou a posse do prejudi- marcos e os rumos, consignando imóvel e quaisquer outras infor-
cado, ou ambos. em relatório escrito a exatidão do mações que possam concorrer
memorial e da planta apresenta- para facilitar a partilha.
Art. 582. Transitada em julgado dos pelo agrimensor ou as diver-
a sentença, o perito efetuará a de- gências porventura encontradas. Art. 591. Todos os condôminos
marcação e colocará os marcos serão intimados a apresentar,
necessários. Art. 586. Juntado aos autos o dentro de 10 (dez) dias, os seus
Parágrafo único. Todas as relatório dos peritos, o juiz deter- títulos, se ainda não o tiverem
operações serão consignadas minará que as partes se manifes- feito, e a formular os seus pe-
em planta e memorial descritivo tem sobre ele no prazo comum de didos sobre a constituição dos
com as referências convenientes 15 (quinze) dias. quinhões.
para a identificação, em qualquer Parágrafo único. Executadas
tempo, dos pontos assinalados, as correções e as retificações que Art. 592. O juiz ouvirá as par-
observada a legislação especial o juiz determinar, lavrar-se-á, em tes no prazo comum de 15 (quin-
que dispõe sobre a identificação seguida, o auto de demarcação ze) dias.
do imóvel rural. em que os limites demarcandos § 1o Não havendo impugna-
serão minuciosamente descri- ção, o juiz determinará a divisão
Art. 583. As plantas serão tos de acordo com o memorial geodésica do imóvel.
acompanhadas das cadernetas e a planta. § 2o Havendo impugnação, o
de operações de campo e do me- juiz proferirá, no prazo de 10 (dez)
morial descritivo, que conterá: Art. 587. Assinado o auto pelo dias, decisão sobre os pedidos e
I – o ponto de partida, os ru- juiz e pelos peritos, será profe- os títulos que devam ser atendi-
mos seguidos e a aviventação rida a sentença homologatória dos na formação dos quinhões.
dos antigos com os respectivos da demarcação.
cálculos; Art. 593. Se qualquer linha do
II – os acidentes encontrados, perímetro atingir benfeitorias
as cercas, os valos, os marcos
Seção III – Da Divisão permanentes dos confinantes
antigos, os córregos, os rios, as feitas há mais de 1 (um) ano, se-
lagoas e outros; Art. 588. A petição inicial será rão elas respeitadas, bem como
III – a indicação minuciosa instruída com os títulos de do- os terrenos onde estiverem, os
dos novos marcos cravados, dos mínio do promovente e conterá: quais não se computarão na área
antigos aproveitados, das cultu- I – a indicação da origem da dividenda.
ras existentes e da sua produ- comunhão e a denominação, a
ção anual; situação, os limites e as carac- Art. 594. Os confinantes do imó-

335
Código de Processo Civil
vel dividendo podem demandar a IV – se outra coisa não acor- por objeto:
restituição dos terrenos que lhes darem as partes, as compensa- I – a resolução da sociedade
tenham sido usurpados. ções e as reposições serão feitas empresária contratual ou simples
§ 1o Serão citados para a em dinheiro. em relação ao sócio falecido, ex-
ação todos os condôminos, se a cluído ou que exerceu o direito de
sentença homologatória da divi- Art. 597. Terminados os traba- retirada ou recesso; e
são ainda não houver transitado lhos e desenhados na planta os II – a apuração dos haveres
em julgado, e todos os quinho- quinhões e as servidões aparen- do sócio falecido, excluído ou que
eiros dos terrenos vindicados, tes, o perito organizará o memo- exerceu o direito de retirada ou
se a ação for proposta poste- rial descritivo. recesso; ou
riormente. § 1o Cumprido o disposto no III – somente a resolução ou
§ 2o Nesse último caso te- art. 586, o escrivão, em seguida, a apuração de haveres.
rão os quinhoeiros o direito, pela lavrará o auto de divisão, acompa- § 1o A petição inicial será ne-
mesma sentença que os obrigar nhado de uma folha de pagamento cessariamente instruída com o
à restituição, a haver dos outros para cada condômino. contrato social consolidado.
condôminos do processo divisório § 2o Assinado o auto pelo juiz § 2o A ação de dissolução
ou de seus sucessores a título uni- e pelo perito, será proferida sen- parcial de sociedade pode ter
versal a composição pecuniária tença homologatória da divisão. também por objeto a sociedade
proporcional ao desfalque sofrido. § 3o O auto conterá: anônima de capital fechado quan-
I – a confinação e a extensão do demonstrado, por acionista ou
Art. 595. Os peritos proporão, superficial do imóvel; acionistas que representem cin-
em laudo fundamentado, a forma II – a classificação das terras co por cento ou mais do capital
da divisão, devendo consultar, com o cálculo das áreas de cada social, que não pode preencher
quanto possível, a comodidade consorte e com a respectiva ava- o seu fim.
das partes, respeitar, para adju- liação ou, quando a homogenei-
dicação a cada condômino, a pre- dade das terras não determinar Art. 600. A ação pode ser pro-
ferência dos terrenos contíguos diversidade de valores, a avalia- posta:
às suas residências e benfeito- ção do imóvel na sua integridade; I – pelo espólio do sócio fa-
rias e evitar o retalhamento dos III – o valor e a quantidade lecido, quando a totalidade dos
quinhões em glebas separadas. geométrica que couber a cada sucessores não ingressar na so-
condômino, declarando-se as ciedade;
Art. 596. Ouvidas as partes, no reduções e as compensações II – pelos sucessores, após
prazo comum de 15 (quinze) dias, resultantes da diversidade de concluída a partilha do sócio fa-
sobre o cálculo e o plano da divi- valores das glebas componentes lecido;
são, o juiz deliberará a partilha. de cada quinhão. III – pela sociedade, se os
Parágrafo único. Em cum- § 4o Cada folha de pagamen- sócios sobreviventes não admi-
primento dessa decisão, o peri- to conterá: tirem o ingresso do espólio ou
to procederá à demarcação dos I – a descrição das linhas divi- dos sucessores do falecido na
quinhões, observando, além do sórias do quinhão, mencionadas sociedade, quando esse direito
disposto nos arts. 584 e 585, as as confinantes; decorrer do contrato social;
seguintes regras: II – a relação das benfeito- IV – pelo sócio que exerceu
I – as benfeitorias comuns rias e das culturas do próprio o direito de retirada ou recesso,
que não comportarem divisão quinhoeiro e das que lhe foram se não tiver sido providenciada,
cômoda serão adjudicadas a um adjudicadas por serem comuns pelos demais sócios, a alteração
dos condôminos mediante com- ou mediante compensação; contratual consensual forma-
pensação; III – a declaração das servi- lizando o desligamento, depois
II – instituir-se-ão as servi- dões instituídas, especificados de transcorridos 10 (dez) dias do
dões que forem indispensáveis os lugares, a extensão e o modo exercício do direito;
em favor de uns quinhões sobre de exercício. V – pela sociedade, nos ca-
os outros, incluindo o respectivo sos em que a lei não autoriza a
valor no orçamento para que, não Art. 598. Aplica-se às divisões exclusão extrajudicial; ou
se tratando de servidões natu- o disposto nos arts. 575 a 578. VI – pelo sócio excluído.
rais, seja compensado o condô- Parágrafo único. O cônjuge
mino aquinhoado com o prédio ou companheiro do sócio cujo
serviente; CAPÍTULO V – DA AÇÃO DE casamento, união estável ou con-
III – as benfeitorias particula- DISSOLUÇÃO PARCIAL DE vivência terminou poderá reque-
res dos condôminos que excede- SOCIEDADE rer a apuração de seus haveres
rem à área a que têm direito serão na sociedade, que serão pagos
adjudicadas ao quinhoeiro vizinho Art. 599. A ação de dissolução à conta da quota social titulada
mediante reposição; parcial de sociedade pode ter por este sócio.

336
Código de Processo Civil
Art. 601. Os sócios e a sociedade sexagésimo dia seguinte ao do da Lei no 10.406, de 10 de janeiro
serão citados para, no prazo de 15 recebimento, pela sociedade, da de 2002 (Código Civil).
(quinze) dias, concordar com o pe- notificação do sócio retirante;
dido ou apresentar contestação. III – no recesso, o dia do re-
Parágrafo único. A socieda- cebimento, pela sociedade, da CAPÍTULO VI – DO
de não será citada se todos os notificação do sócio dissidente; INVENTÁRIO E DA
seus sócios o forem, mas ficará IV – na retirada por justa cau- PARTILHA
sujeita aos efeitos da decisão e sa de sociedade por prazo deter-
à coisa julgada. minado e na exclusão judicial de Seção I – Disposições Gerais
sócio, a do trânsito em julgado
Art. 602. A sociedade poderá da decisão que dissolver a so- Art. 610. Havendo testamento
formular pedido de indenização ciedade; e ou interessado incapaz, proce-
compensável com o valor dos V – na exclusão extrajudicial, a der-se-á ao inventário judicial.
haveres a apurar. data da assembleia ou da reunião § 1o Se todos forem capa-
de sócios que a tiver deliberado. zes e concordes, o inventário e
Art. 603. Havendo manifestação a partilha poderão ser feitos por
expressa e unânime pela con- Art. 606. Em caso de omissão escritura pública, a qual consti-
cordância da dissolução, o juiz do contrato social, o juiz definirá, tuirá documento hábil para qual-
a decretará, passando-se ime- como critério de apuração de ha- quer ato de registro, bem como
diatamente à fase de liquidação. veres, o valor patrimonial apura- para levantamento de importân-
§ 1o Na hipótese prevista no do em balanço de determinação, cia depositada em instituições
caput, não haverá condenação tomando-se por referência a data financeiras.
em honorários advocatícios de da resolução e avaliando-se bens § 2o O tabelião somente la-
nenhuma das partes, e as custas e direitos do ativo, tangíveis e in- vrará a escritura pública se todas
serão rateadas segundo a partici- tangíveis, a preço de saída, além as partes interessadas estiverem
pação das partes no capital social. do passivo também a ser apurado assistidas por advogado ou por
§ 2o Havendo contestação, de igual forma. defensor público, cuja qualifica-
observar-se-á o procedimento Parágrafo único. Em todos ção e assinatura constarão do
comum, mas a liquidação da sen- os casos em que seja necessária ato notarial.
tença seguirá o disposto neste a realização de perícia, a nome-
Capítulo. ação do perito recairá preferen- Art. 611. O processo de inventá-
cialmente sobre especialista em rio e de partilha deve ser instau-
Art. 604. Para apuração dos avaliação de sociedades. rado dentro de 2 (dois) meses, a
haveres, o juiz: contar da abertura da sucessão,
I – fixará a data da resolução Art. 607. A data da resolução e ultimando-se nos 12 (doze) me-
da sociedade; o critério de apuração de haveres ses subsequentes, podendo o
II – definirá o critério de apu- podem ser revistos pelo juiz, a pe- juiz prorrogar esses prazos, de
ração dos haveres à vista do dis- dido da parte, a qualquer tempo ofício ou a requerimento de parte.
posto no contrato social; e antes do início da perícia.
III – nomeará o perito. Art. 612. O juiz decidirá todas
§ 1o O juiz determinará à so- Art. 608. Até a data da resolu- as questões de direito desde que
ciedade ou aos sócios que nela ção, integram o valor devido ao os fatos relevantes estejam pro-
permanecerem que depositem ex-sócio, ao espólio ou aos suces- vados por documento, só reme-
em juízo a parte incontroversa sores a participação nos lucros ou tendo para as vias ordinárias as
dos haveres devidos. os juros sobre o capital próprio questões que dependerem de
§ 2o O depósito poderá ser, declarados pela sociedade e, se outras provas.
desde logo, levantando pelo ex- for o caso, a remuneração como
-sócio, pelo espólio ou pelos su- administrador. Art. 613. Até que o inventariante
cessores. Parágrafo único. Após a data preste o compromisso, continu-
§ 3o Se o contrato social es- da resolução, o ex-sócio, o espó- ará o espólio na posse do admi-
tabelecer o pagamento dos have- lio ou os sucessores terão direito nistrador provisório.
res, será observado o que nele apenas à correção monetária dos
se dispôs no depósito judicial da valores apurados e aos juros con- Art. 614. O administrador pro-
parte incontroversa. tratuais ou legais. visório representa ativa e pas-
sivamente o espólio, é obrigado
Art. 605. A data da resolução Art. 609. Uma vez apurados, os a trazer ao acervo os frutos que
da sociedade será: haveres do sócio retirante serão desde a abertura da sucessão
I – no caso de falecimento do pagos conforme disciplinar o con- percebeu, tem direito ao reem-
sócio, a do óbito; trato social e, no silêncio deste, bolso das despesas necessárias
II – na retirada imotivada, o nos termos do § 2o do art. 1.031 e úteis que fez e responde pelo

337
Código de Processo Civil
dano a que, por dolo ou culpa, do espólio ou se toda a herança ções, das quais se lavrará termo
der causa. estiver distribuída em legados; circunstanciado, assinado pelo
VI – o cessionário do herdeiro juiz, pelo escrivão e pelo inven-
ou do legatário; tariante, no qual serão exarados:
Seção II – Da Legitimidade VII – o inventariante judicial, I – o nome, o estado, a idade
para Requerer o Inventário se houver; e o domicílio do autor da herança,
VIII – pessoa estranha idônea, o dia e o lugar em que faleceu e
Art. 615. O requerimento de in- quando não houver inventariante se deixou testamento;
ventário e de partilha incumbe a judicial. II – o nome, o estado, a idade,
quem estiver na posse e na ad- Parágrafo único. O inventa- o endereço eletrônico e a resi-
ministração do espólio, no prazo riante, intimado da nomeação, dência dos herdeiros e, havendo
estabelecido no art. 611. prestará, dentro de 5 (cinco) dias, cônjuge ou companheiro supérs-
Parágrafo único. O requeri- o compromisso de bem e fielmen- tite, além dos respectivos dados
mento será instruído com a certi- te desempenhar a função. pessoais, o regime de bens do
dão de óbito do autor da herança. casamento ou da união estável;
Art. 618. Incumbe ao inventa- III – a qualidade dos herdei-
Art. 616. Têm, contudo, legiti- riante: ros e o grau de parentesco com
midade concorrente: I – representar o espólio ativa o inventariado;
I – o cônjuge ou companheiro e passivamente, em juízo ou fora IV – a relação completa e in-
supérstite; dele, observando-se, quanto ao dividualizada de todos os bens
II – o herdeiro; dativo, o disposto no art. 75, § 1o; do espólio, inclusive aqueles que
III – o legatário; II – administrar o espólio, ve- devem ser conferidos à colação, e
IV – o testamenteiro; lando-lhe os bens com a mes- dos bens alheios que nele forem
V – o cessionário do herdeiro ma diligência que teria se seus encontrados, descrevendo-se:
ou do legatário; fossem; a) os imóveis, com as suas
VI – o credor do herdeiro, do III – prestar as primeiras e especificações, nomeadamente
legatário ou do autor da herança; as últimas declarações pesso- local em que se encontram, ex-
VII – o Ministério Público, ha- almente ou por procurador com tensão da área, limites, confron-
vendo herdeiros incapazes; poderes especiais; tações, benfeitorias, origem dos
VIII – a Fazenda Pública, quan- IV – exibir em cartório, a qual- títulos, números das matrículas
do tiver interesse; quer tempo, para exame das par- e ônus que os gravam;
IX – o administrador judicial tes, os documentos relativos ao b) os móveis, com os sinais
da falência do herdeiro, do le- espólio; característicos;
gatário, do autor da herança ou V – juntar aos autos certidão c) os semoventes, seu núme-
do cônjuge ou companheiro su- do testamento, se houver; ro, suas espécies, suas marcas e
pérstite. VI – trazer à colação os bens seus sinais distintivos;
recebidos pelo herdeiro ausente, d) o dinheiro, as joias, os ob-
renunciante ou excluído; jetos de ouro e prata e as pedras
Seção III – Do Inventariante e VII – prestar contas de sua preciosas, declarando-se-lhes
das Primeiras Declarações gestão ao deixar o cargo ou sem- especificadamente a qualidade,
pre que o juiz lhe determinar; o peso e a importância;
Art. 617. O juiz nomeará inventa- VIII – requerer a declaração e) os títulos da dívida pública,
riante na seguinte ordem: de insolvência. bem como as ações, as quotas e
I – o cônjuge ou companheiro os títulos de sociedade, mencio-
sobrevivente, desde que estivesse Art. 619. Incumbe ainda ao in- nando-se-lhes o número, o valor
convivendo com o outro ao tempo ventariante, ouvidos os interes- e a data;
da morte deste; sados e com autorização do juiz: f) as dívidas ativas e passi-
II – o herdeiro que se achar I – alienar bens de qualquer vas, indicando-se-lhes as datas,
na posse e na administração do espécie; os títulos, a origem da obrigação
espólio, se não houver cônjuge II – transigir em juízo ou fora e os nomes dos credores e dos
ou companheiro sobrevivente dele; devedores;
ou se estes não puderem ser no- III – pagar dívidas do espólio; g) direitos e ações;
meados; IV – fazer as despesas neces- h) o valor corrente de cada
III – qualquer herdeiro, quan- sárias para a conservação e o me- um dos bens do espólio.
do nenhum deles estiver na posse lhoramento dos bens do espólio. § 1o O juiz determinará que
e na administração do espólio; se proceda:
IV – o herdeiro menor, por seu Art. 620. Dentro de 20 (vinte) I – ao balanço do estabeleci-
representante legal; dias contados da data em que mento, se o autor da herança era
V – o testamenteiro, se lhe ti- prestou o compromisso, o inven- empresário individual;
ver sido confiada a administração tariante fará as primeiras declara- II – à apuração de haveres,

338
Código de Processo Civil
se o autor da herança era sócio ao substituto os bens do espó- meiras declarações.
de sociedade que não anônima. lio e, caso deixe de fazê-lo, será § 2o Se acolher o pedido de
§ 2o As declarações podem compelido mediante mandado de que trata o inciso II, o juiz nomea-
ser prestadas mediante petição, busca e apreensão ou de imissão rá outro inventariante, observada
firmada por procurador com po- na posse, conforme se tratar de a preferência legal.
deres especiais, à qual o termo bem móvel ou imóvel, sem pre- § 3o Verificando que a dispu-
se reportará. juízo da multa a ser fixada pelo ta sobre a qualidade de herdeiro
juiz em montante não superior a a que alude o inciso III demanda
Art. 621. Só se pode arguir so- três por cento do valor dos bens produção de provas que não a
negação ao inventariante depois inventariados. documental, o juiz remeterá a
de encerrada a descrição dos parte às vias ordinárias e sobres-
bens, com a declaração, por ele tará, até o julgamento da ação, a
feita, de não existirem outros por
Seção IV – Das Citações e entrega do quinhão que na parti-
inventariar. das Impugnações lha couber ao herdeiro admitido.

Art. 622. O inventariante será Art. 626. Feitas as primeiras Art. 628. Aquele que se julgar
removido de ofício ou a reque- declarações, o juiz mandará citar, preterido poderá demandar sua
rimento: para os termos do inventário e admissão no inventário, reque-
I – se não prestar, no prazo da partilha, o cônjuge, o compa- rendo-a antes da partilha.
legal, as primeiras ou as últimas nheiro, os herdeiros e os legatá- § 1o Ouvidas as partes no
declarações; rios e intimar a Fazenda Pública, prazo de 15 (quinze) dias, o juiz
II – se não der ao inventário o Ministério Público, se houver decidirá.
andamento regular, se suscitar herdeiro incapaz ou ausente, e § 2o Se para solução da ques-
dúvidas infundadas ou se praticar o testamenteiro, se houver tes- tão for necessária a produção de
atos meramente protelatórios; tamento. provas que não a documental, o
III – se, por culpa sua, bens do § 1o O cônjuge ou o compa- juiz remeterá o requerente às
espólio se deteriorarem, forem nheiro, os herdeiros e os legatá- vias ordinárias, mandando reser-
dilapidados ou sofrerem dano; rios serão citados pelo correio, var, em poder do inventariante, o
IV – se não defender o espólio observado o disposto no art. 247, quinhão do herdeiro excluído até
nas ações em que for citado, se sendo, ainda, publicado edital, nos que se decida o litígio.
deixar de cobrar dívidas ativas termos do inciso III do art. 259.
ou se não promover as medidas § 2o Das primeiras declara- Art. 629. A Fazenda Pública, no
necessárias para evitar o pereci- ções extrair-se-ão tantas cópias prazo de 15 (quinze) dias, após a
mento de direitos; quantas forem as partes. vista de que trata o art. 627, in-
V – se não prestar contas ou § 3o A citação será acom- formará ao juízo, de acordo com
se as que prestar não forem jul- panhada de cópia das primeiras os dados que constam de seu
gadas boas; declarações. cadastro imobiliário, o valor dos
VI – se sonegar, ocultar ou § 4o Incumbe ao escrivão bens de raiz descritos nas pri-
desviar bens do espólio. remeter cópias à Fazenda Pú- meiras declarações.
blica, ao Ministério Público, ao
Art. 623. Requerida a remoção testamenteiro, se houver, e ao
com fundamento em qualquer dos advogado, se a parte já estiver
Seção V – Da Avaliação e do
incisos do art. 622, será intimado representada nos autos. Cálculo do Imposto
o inventariante para, no prazo de
15 (quinze) dias, defender-se e Art. 627. Concluídas as citações, Art. 630. Findo o prazo previsto
produzir provas. abrir-se-á vista às partes, em no art. 627 sem impugnação ou
Parágrafo único. O incidente cartório e pelo prazo comum de decidida a impugnação que hou-
da remoção correrá em apenso 15 (quinze) dias, para que se ma- ver sido oposta, o juiz nomeará,
aos autos do inventário. nifestem sobre as primeiras de- se for o caso, perito para avaliar
clarações, incumbindo às partes: os bens do espólio, se não houver
Art. 624. Decorrido o prazo, com I – arguir erros, omissões e na comarca avaliador judicial.
a defesa do inventariante ou sem sonegação de bens; Parágrafo único. Na hipóte-
ela, o juiz decidirá. II – reclamar contra a nome- se prevista no art. 620, § 1o, o juiz
Parágrafo único. Se remover ação de inventariante; nomeará perito para avaliação
o inventariante, o juiz nomeará III – contestar a qualidade das quotas sociais ou apuração
outro, observada a ordem esta- de quem foi incluído no título de dos haveres.
belecida no art. 617. herdeiro.
§ 1o Julgando procedente a Art. 631. Ao avaliar os bens do
Art. 625. O inventariante remo- impugnação referida no inciso espólio, o perito observará, no
vido entregará imediatamente I, o juiz mandará retificar as pri- que for aplicável, o disposto nos

339
Código de Processo Civil
arts. 872 e 873. remessa dos autos ao contabi- dias, não proceder à conferência,
lista, determinando as alterações o juiz mandará sequestrar-lhe,
Art. 632. Não se expedirá carta que devam ser feitas no cálculo. para serem inventariados e par-
precatória para a avaliação de § 2o Cumprido o despacho, tilhados, os bens sujeitos à co-
bens situados fora da comarca o juiz julgará o cálculo do tributo. lação ou imputar ao seu quinhão
onde corre o inventário se eles hereditário o valor deles, se já não
forem de pequeno valor ou per- os possuir.
feitamente conhecidos do perito
Seção VI – Das Colações § 2o Se a matéria exigir dila-
nomeado. ção probatória diversa da docu-
Art. 639. No prazo estabelecido mental, o juiz remeterá as partes
Art. 633. Sendo capazes todas no art. 627, o herdeiro obrigado às vias ordinárias, não podendo o
as partes, não se procederá à à colação conferirá por termo herdeiro receber o seu quinhão
avaliação se a Fazenda Pública, nos autos ou por petição à qual hereditário, enquanto pender a
intimada pessoalmente, concor- o termo se reportará os bens que demanda, sem prestar caução
dar de forma expressa com o valor recebeu ou, se já não os possuir, correspondente ao valor dos bens
atribuído, nas primeiras declara- trar-lhes-á o valor. sobre os quais versar a confe-
ções, aos bens do espólio. Parágrafo único. Os bens rência.
a serem conferidos na partilha,
Art. 634. Se os herdeiros con- assim como as acessões e as
cordarem com o valor dos bens benfeitorias que o donatário fez,
Seção VII – Do Pagamento
declarados pela Fazenda Públi- calcular-se-ão pelo valor que ti- das Dívidas
ca, a avaliação cingir-se-á aos verem ao tempo da abertura da
demais. sucessão. Art. 642. Antes da partilha, po-
derão os credores do espólio re-
Art. 635. Entregue o laudo de Art. 640. O herdeiro que renun- querer ao juízo do inventário o
avaliação, o juiz mandará que as ciou à herança ou o que dela foi pagamento das dívidas vencidas
partes se manifestem no prazo excluído não se exime, pelo fato e exigíveis.
de 15 (quinze) dias, que correrá da renúncia ou da exclusão, de § 1o A petição, acompanha-
em cartório. conferir, para o efeito de repor a da de prova literal da dívida, será
§ 1o Versando a impugnação parte inoficiosa, as liberalidades distribuída por dependência e
sobre o valor dado pelo perito, o que obteve do doador. autuada em apenso aos autos do
juiz a decidirá de plano, à vista do § 1o É lícito ao donatário es- processo de inventário.
que constar dos autos. colher, dentre os bens doados, § 2o Concordando as partes
§ 2o Julgando procedente a tantos quantos bastem para per- com o pedido, o juiz, ao declarar
impugnação, o juiz determinará fazer a legítima e a metade dis- habilitado o credor, mandará que
que o perito retifique a avaliação, ponível, entrando na partilha o se faça a separação de dinheiro
observando os fundamentos da excedente para ser dividido entre ou, em sua falta, de bens suficien-
decisão. os demais herdeiros. tes para o pagamento.
§ 2o Se a parte inoficiosa da § 3o Separados os bens, tan-
Art. 636. Aceito o laudo ou re- doação recair sobre bem imóvel tos quantos forem necessários
solvidas as impugnações susci- que não comporte divisão cômo- para o pagamento dos credores
tadas a seu respeito, lavrar-se-á da, o juiz determinará que sobre habilitados, o juiz mandará alie-
em seguida o termo de últimas ela se proceda a licitação entre ná-los, observando-se as dispo-
declarações, no qual o inventa- os herdeiros. sições deste Código relativas à
riante poderá emendar, aditar ou § 3o O donatário poderá con- expropriação.
completar as primeiras. correr na licitação referida no § 4o Se o credor requerer
§ 2o e, em igualdade de condi- que, em vez de dinheiro, lhe sejam
Art. 637. Ouvidas as partes so- ções, terá preferência sobre os adjudicados, para o seu pagamen-
bre as últimas declarações no herdeiros. to, os bens já reservados, o juiz
prazo comum de 15 (quinze) dias, deferir-lhe-á o pedido, concor-
proceder-se-á ao cálculo do tri- Art. 641. Se o herdeiro negar o dando todas as partes.
buto. recebimento dos bens ou a obri- § 5o Os donatários serão cha-
gação de os conferir, o juiz, ouvi- mados a pronunciar-se sobre a
Art. 638. Feito o cálculo, sobre das as partes no prazo comum de aprovação das dívidas, sempre
ele serão ouvidas todas as par- 15 (quinze) dias, decidirá à vista que haja possibilidade de resultar
tes no prazo comum de 5 (cinco) das alegações e das provas pro- delas a redução das liberalidades.
dias, que correrá em cartório, e, duzidas.
em seguida, a Fazenda Pública. § 1o Declarada improceden- Art. 643. Não havendo concor-
§ 1o Se acolher eventual im- te a oposição, se o herdeiro, no dância de todas as partes sobre o
pugnação, o juiz ordenará nova prazo improrrogável de 15 (quinze) pedido de pagamento feito pelo

340
Código de Processo Civil
credor, será o pedido remetido cota desse herdeiro, cabendo a do partível, com as necessárias
às vias ordinárias. este, desde o deferimento, todos especificações;
Parágrafo único. O juiz man- os ônus e bônus decorrentes do c) o valor de cada quinhão;
dará, porém, reservar, em poder exercício daqueles direitos. II – de folha de pagamento
do inventariante, bens suficien- para cada parte, declarando a
tes para pagar o credor quando Art. 648. Na partilha, serão ob- quota a pagar-lhe, a razão do
a dívida constar de documento servadas as seguintes regras: pagamento e a relação dos bens
que comprove suficientemente I – a máxima igualdade pos- que lhe compõem o quinhão, as
a obrigação e a impugnação não sível quanto ao valor, à natureza características que os individu-
se fundar em quitação. e à qualidade dos bens; alizam e os ônus que os gravam.
II – a prevenção de litígios Parágrafo único. O auto e
Art. 644. O credor de dívida lí- futuros; cada uma das folhas serão as-
quida e certa, ainda não vencida, III – a máxima comodidade sinados pelo juiz e pelo escrivão.
pode requerer habilitação no in- dos coerdeiros, do cônjuge ou
ventário. do companheiro, se for o caso. Art. 654. Pago o imposto de
Parágrafo único. Concordan- transmissão a título de morte
do as partes com o pedido re- Art. 649. Os bens insuscetíveis e juntada aos autos certidão ou
ferido no caput, o juiz, ao julgar de divisão cômoda que não cou- informação negativa de dívida
habilitado o crédito, mandará que berem na parte do cônjuge ou para com a Fazenda Pública, o juiz
se faça separação de bens para companheiro supérstite ou no julgará por sentença a partilha.
o futuro pagamento. quinhão de um só herdeiro serão Parágrafo único. A existência
licitados entre os interessados de dívida para com a Fazenda
Art. 645. O legatário é parte le- ou vendidos judicialmente, parti- Pública não impedirá o julgamen-
gítima para manifestar-se sobre lhando-se o valor apurado, salvo to da partilha, desde que o seu
as dívidas do espólio: se houver acordo para que sejam pagamento esteja devidamente
I – quando toda a herança for adjudicados a todos. garantido.
dividida em legados;
II – quando o reconhecimen- Art. 650. Se um dos interessa- Art. 655. Transitada em julga-
to das dívidas importar redução dos for nascituro, o quinhão que do a sentença mencionada no
dos legados. lhe caberá será reservado em art. 654, receberá o herdeiro os
poder do inventariante até o seu bens que lhe tocarem e um formal
Art. 646. Sem prejuízo do dis- nascimento. de partilha, do qual constarão as
posto no art. 860, é lícito aos her- seguintes peças:
deiros, ao separarem bens para o Art. 651. O partidor organizará o I – termo de inventariante e
pagamento de dívidas, autorizar esboço da partilha de acordo com título de herdeiros;
que o inventariante os indique à a decisão judicial, observando nos II – avaliação dos bens que
penhora no processo em que o pagamentos a seguinte ordem: constituíram o quinhão do her-
espólio for executado. I – dívidas atendidas; deiro;
II – meação do cônjuge; III – pagamento do quinhão
III – meação disponível; hereditário;
Seção VIII – Da Partilha IV – quinhões hereditários, IV – quitação dos impostos;
a começar pelo coerdeiro mais V – sentença.
Art. 647. Cumprido o disposto velho. Parágrafo único. O formal de
no art. 642, § 3o, o juiz facultará partilha poderá ser substituído
às partes que, no prazo comum Art. 652. Feito o esboço, as par- por certidão de pagamento do
de 15 (quinze) dias, formulem o tes manifestar-se-ão sobre esse quinhão hereditário quando esse
pedido de quinhão e, em seguida, no prazo comum de 15 (quinze) não exceder a 5 (cinco) vezes o
proferirá a decisão de deliberação dias, e, resolvidas as reclama- salário mínimo, caso em que se
da partilha, resolvendo os pedidos ções, a partilha será lançada nos transcreverá nela a sentença de
das partes e designando os bens autos. partilha transitada em julgado.
que devam constituir quinhão de
cada herdeiro e legatário. Art. 653. A partilha constará: Art. 656. A partilha, mesmo de-
Parágrafo único. O juiz po- I – de auto de orçamento, que pois de transitada em julgado a
derá, em decisão fundamenta- mencionará: sentença, pode ser emendada
da, deferir antecipadamente a a) os nomes do autor da he- nos mesmos autos do inventário,
qualquer dos herdeiros o exer- rança, do inventariante, do côn- convindo todas as partes, quan-
cício dos direitos de usar e de juge ou companheiro supérstite, do tenha havido erro de fato na
fruir de determinado bem, com dos herdeiros, dos legatários e descrição dos bens, podendo o
a condição de que, ao término dos credores admitidos; juiz, de ofício ou a requerimento
do inventário, tal bem integre a b) o ativo, o passivo e o líqui- da parte, a qualquer tempo, cor-

341
Código de Processo Civil
rigir-lhe as inexatidões materiais. de arrolamento sumário, inde- rior a 1.000 (mil) salários mínimos,
pendentemente da lavratura de o inventário processar-se-á na
Art. 657. A partilha amigável, termos de qualquer espécie, os forma de arrolamento, cabendo
lavrada em instrumento público, herdeiros: ao inventariante nomeado, inde-
reduzida a termo nos autos do in- I – requererão ao juiz a no- pendentemente de assinatura de
ventário ou constante de escrito meação do inventariante que de- termo de compromisso, apre-
particular homologado pelo juiz, signarem; sentar, com suas declarações,
pode ser anulada por dolo, coa- II – declararão os títulos dos a atribuição de valor aos bens
ção, erro essencial ou intervenção herdeiros e os bens do espólio, do espólio e o plano da partilha.
de incapaz, observado o disposto observado o disposto no art. 630; § 1o Se qualquer das partes
no § 4o do art. 966. III – atribuirão valor aos bens ou o Ministério Público impugnar
Parágrafo único. O direito à do espólio, para fins de partilha. a estimativa, o juiz nomeará ava-
anulação de partilha amigável ex- liador, que oferecerá laudo em 10
tingue-se em 1 (um) ano, contado Art. 661. Ressalvada a hipóte- (dez) dias.
esse prazo: se prevista no parágrafo único § 2o Apresentado o laudo,
I – no caso de coação, do dia do art. 663, não se procederá à o juiz, em audiência que desig-
em que ela cessou; avaliação dos bens do espólio nar, deliberará sobre a partilha,
II – no caso de erro ou dolo, para nenhuma finalidade. decidindo de plano todas as re-
do dia em que se realizou o ato; clamações e mandando pagar as
III – quanto ao incapaz, do dia Art. 662. No arrolamento, não dívidas não impugnadas.
em que cessar a incapacidade. serão conhecidas ou apreciadas § 3o Lavrar-se-á de tudo um
questões relativas ao lançamen- só termo, assinado pelo juiz, pelo
Art. 658. É rescindível a partilha to, ao pagamento ou à quitação inventariante e pelas partes pre-
julgada por sentença: de taxas judiciárias e de tributos sentes ou por seus advogados.
I – nos casos mencionados incidentes sobre a transmissão da § 4o Aplicam-se a essa espé-
no art. 657; propriedade dos bens do espólio. cie de arrolamento, no que cou-
II – se feita com preterição § 1o A taxa judiciária, se de- ber, as disposições do art. 672,
de formalidades legais; vida, será calculada com base relativamente ao lançamento, ao
III – se preteriu herdeiro ou no valor atribuído pelos herdei- pagamento e à quitação da taxa
incluiu quem não o seja. ros, cabendo ao fisco, se apurar judiciária e do imposto sobre a
em processo administrativo va- transmissão da propriedade dos
lor diverso do estimado, exigir a bens do espólio.
Seção IX – Do Arrolamento eventual diferença pelos meios § 5o Provada a quitação dos
adequados ao lançamento de cré- tributos relativos aos bens do
Art. 659. A partilha amigável, ditos tributários em geral. espólio e às suas rendas, o juiz
celebrada entre partes capazes, § 2o O imposto de transmis- julgará a partilha.
nos termos da lei, será homo- são será objeto de lançamento
logada de plano pelo juiz, com administrativo, conforme dispu- Art. 665. O inventário proces-
observância dos arts. 660 a 663. ser a legislação tributária, não sar-se-á também na forma do
§ 1o O disposto neste artigo ficando as autoridades fazen- art. 664, ainda que haja interes-
aplica-se, também, ao pedido dárias adstritas aos valores dos sado incapaz, desde que concor-
de adjudicação, quando houver bens do espólio atribuídos pelos dem todas as partes e o Ministério
herdeiro único. herdeiros. Público.
§ 2o Transitada em julgado
a sentença de homologação de Art. 663. A existência de cre- Art. 666. Independerá de inven-
partilha ou de adjudicação, será dores do espólio não impedirá a tário ou de arrolamento o paga-
lavrado o formal de partilha ou homologação da partilha ou da mento dos valores previstos na
elaborada a carta de adjudicação adjudicação, se forem reservados Lei no 6.858, de 24 de novembro
e, em seguida, serão expedidos bens suficientes para o pagamen- de 1980.
os alvarás referentes aos bens e to da dívida.
às rendas por ele abrangidos, inti- Parágrafo único. A reserva Art. 667. Aplicam-se subsidia-
mando-se o fisco para lançamen- de bens será realizada pelo valor riamente a esta Seção as dispo-
to administrativo do imposto de estimado pelas partes, salvo se o sições das Seções VII e VIII deste
transmissão e de outros tributos credor, regularmente notificado, Capítulo.
porventura incidentes, conforme impugnar a estimativa, caso em
dispuser a legislação tributária, que se promoverá a avaliação dos
nos termos do § 2o do art. 662. bens a serem reservados.
Seção X – Disposições
Comuns a Todas as Seções
Art. 660. Na petição de inventá- Art. 664. Quando o valor dos
rio, que se processará na forma bens do espólio for igual ou infe- Art. 668. Cessa a eficácia da

342
Código de Processo Civil
tutela provisória prevista nas Se- convier ao interesse das partes ou titular de interesse em embargar
ções deste Capítulo: à celeridade processual. o ato, o juiz mandará intimá-lo
I – se a ação não for proposta pessoalmente.
em 30 (trinta) dias contados da Art. 673. No caso previsto no
data em que da decisão foi inti- art. 672, inciso II, prevalecerão Art. 676. Os embargos serão
mado o impugnante, o herdeiro as primeiras declarações, assim distribuídos por dependência ao
excluído ou o credor não admitido; como o laudo de avaliação, sal- juízo que ordenou a constrição e
II – se o juiz extinguir o pro- vo se alterado o valor dos bens. autuados em apartado.
cesso de inventário com ou sem Parágrafo único. Nos casos
resolução de mérito. de ato de constrição realizado
CAPÍTULO VII – DOS por carta, os embargos serão
Art. 669. São sujeitos à sobre- EMBARGOS DE TERCEIRO oferecidos no juízo deprecado,
partilha os bens: salvo se indicado pelo juízo de-
I – sonegados; Art. 674. Quem, não sendo parte precante o bem constrito ou se
II – da herança descobertos no processo, sofrer constrição ou já devolvida a carta.
após a partilha; ameaça de constrição sobre bens
III – litigiosos, assim como os que possua ou sobre os quais te- Art. 677. Na petição inicial, o
de liquidação difícil ou morosa; nha direito incompatível com o embargante fará a prova sumária
IV – situados em lugar remoto ato constritivo, poderá requerer de sua posse ou de seu domínio
da sede do juízo onde se processa seu desfazimento ou sua inibição e da qualidade de terceiro, ofe-
o inventário. por meio de embargos de terceiro. recendo documentos e rol de
Parágrafo único. Os bens § 1o Os embargos podem ser testemunhas.
mencionados nos incisos III e IV de terceiro proprietário, inclusive § 1o É facultada a prova da
serão reservados à sobrepartilha fiduciário, ou possuidor. posse em audiência preliminar
sob a guarda e a administração do § 2o Considera-se terceiro, designada pelo juiz.
mesmo ou de diverso inventarian- para ajuizamento dos embargos: § 2o O possuidor direto pode
te, a consentimento da maioria I – o cônjuge ou companheiro, alegar, além da sua posse, o do-
dos herdeiros. quando defende a posse de bens mínio alheio.
próprios ou de sua meação, res- § 3o A citação será pessoal,
Art. 670. Na sobrepartilha dos salvado o disposto no art. 843; se o embargado não tiver procu-
bens, observar-se-á o processo II – o adquirente de bens cuja rador constituído nos autos da
de inventário e de partilha. constrição decorreu de decisão ação principal.
Parágrafo único. A sobrepar- que declara a ineficácia da alie- § 4o Será legitimado passivo
tilha correrá nos autos do inven- nação realizada em fraude à exe- o sujeito a quem o ato de constri-
tário do autor da herança. cução; ção aproveita, assim como o será
III – quem sofre constrição seu adversário no processo prin-
Art. 671. O juiz nomeará curador judicial de seus bens por força cipal quando for sua a indicação
especial: de desconsideração da persona- do bem para a constrição judicial.
I – ao ausente, se não o tiver; lidade jurídica, de cujo incidente
II – ao incapaz, se concorrer não fez parte; Art. 678. A decisão que reco-
na partilha com o seu represen- IV – o credor com garantia nhecer suficientemente provado
tante, desde que exista colisão real para obstar expropriação o domínio ou a posse determinará
de interesses. judicial do objeto de direito real a suspensão das medidas cons-
de garantia, caso não tenha sido tritivas sobre os bens litigiosos
Art. 672. É lícita a cumulação intimado, nos termos legais dos objeto dos embargos, bem como
de inventários para a partilha de atos expropriatórios respectivos. a manutenção ou a reintegração
heranças de pessoas diversas provisória da posse, se o embar-
quando houver: Art. 675. Os embargos podem gante a houver requerido.
I – identidade de pessoas en- ser opostos a qualquer tempo no Parágrafo único. O juiz po-
tre as quais devam ser repartidos processo de conhecimento en- derá condicionar a ordem de
os bens; quanto não transitada em julgado manutenção ou de reintegração
II – heranças deixadas pelos a sentença e, no cumprimento de provisória de posse à prestação
dois cônjuges ou companheiros; sentença ou no processo de exe- de caução pelo requerente, res-
III – dependência de uma das cução, até 5 (cinco) dias depois salvada a impossibilidade da parte
partilhas em relação à outra. da adjudicação, da alienação por economicamente hipossuficiente.
Parágrafo único. No caso iniciativa particular ou da arre-
previsto no inciso III, se a de- matação, mas sempre antes da Art. 679. Os embargos pode-
pendência for parcial, por haver assinatura da respectiva carta. rão ser contestados no prazo de
outros bens, o juiz pode ordenar Parágrafo único. Caso iden- 15 (quinze) dias, findo o qual se
a tramitação separada, se melhor tifique a existência de terceiro seguirá o procedimento comum.

343
Código de Processo Civil
Art. 680. Contra os embargos processo. ção, reconhecimento e extinção
do credor com garantia real, o de união estável, guarda, visitação
embargado somente poderá ale- Art. 686. Cabendo ao juiz decidir e filiação.
gar que: simultaneamente a ação originá- Parágrafo único. A ação de
I – o devedor comum é in- ria e a oposição, desta conhecerá alimentos e a que versar sobre
solvente; em primeiro lugar. interesse de criança ou de adoles-
II – o título é nulo ou não obri- cente observarão o procedimento
ga a terceiro; previsto em legislação específica,
III – outra é a coisa dada em CAPÍTULO IX – DA aplicando-se, no que couber, as
garantia. HABILITAÇÃO disposições deste Capítulo.

Art. 681. Acolhido o pedido ini- Art. 687. A habilitação ocor- Art. 694. Nas ações de família,
cial, o ato de constrição judicial re quando, por falecimento de todos os esforços serão empreen-
indevida será cancelado, com o qualquer das partes, os interes- didos para a solução consensual
reconhecimento do domínio, da sados houverem de suceder-lhe da controvérsia, devendo o juiz
manutenção da posse ou da rein- no processo. dispor do auxílio de profissionais
tegração definitiva do bem ou do de outras áreas de conhecimento
direito ao embargante. Art. 688. A habilitação pode ser para a mediação e conciliação.
requerida: Parágrafo único. A reque-
I – pela parte, em relação aos rimento das partes, o juiz pode
CAPÍTULO VIII – DA sucessores do falecido; determinar a suspensão do pro-
OPOSIÇÃO II – pelos sucessores do fale- cesso enquanto os litigantes se
cido, em relação à parte. submetem a mediação extraju-
Art. 682. Quem pretender, no dicial ou a atendimento multi-
todo ou em parte, a coisa ou o Art. 689. Proceder-se-á à ha- disciplinar.
direito sobre que controvertem bilitação nos autos do processo
autor e réu poderá, até ser pro- principal, na instância em que Art. 695. Recebida a petição
ferida a sentença, oferecer opo- estiver, suspendendo-se, a partir inicial e, se for o caso, tomadas
sição contra ambos. de então, o processo. as providências referentes à tu-
tela provisória, o juiz ordenará a
Art. 683. O opoente deduzirá o Art. 690. Recebida a petição, citação do réu para comparecer
pedido em observação aos requi- o juiz ordenará a citação dos re- à audiência de mediação e con-
sitos exigidos para propositura queridos para se pronunciarem ciliação, observado o disposto
da ação. no prazo de 5 (cinco) dias. no art. 694.
Parágrafo único. Distribuída Parágrafo único. A citação § 1o O mandado de citação
a oposição por dependência, se- será pessoal, se a parte não tiver conterá apenas os dados neces-
rão os opostos citados, na pessoa procurador constituído nos autos. sários à audiência e deverá estar
de seus respectivos advogados, desacompanhado de cópia da pe-
para contestar o pedido no prazo Art. 691. O juiz decidirá o pedido tição inicial, assegurado ao réu o
comum de 15 (quinze) dias. de habilitação imediatamente, direito de examinar seu conteúdo
salvo se este for impugnado e a qualquer tempo.
Art. 684. Se um dos opostos houver necessidade de dilação § 2o A citação ocorrerá com
reconhecer a procedência do pe- probatória diversa da documental, antecedência mínima de 15 (quin-
dido, contra o outro prosseguirá caso em que determinará que o ze) dias da data designada para
o opoente. pedido seja autuado em aparta- a audiência.
do e disporá sobre a instrução. § 3o A citação será feita na
Art. 685. Admitido o processa- pessoa do réu.
mento, a oposição será apensada Art. 692. Transitada em julgado § 4o Na audiência, as partes
aos autos e tramitará simultane- a sentença de habilitação, o pro- deverão estar acompanhadas de
amente à ação originária, sen- cesso principal retomará o seu seus advogados ou de defensores
do ambas julgadas pela mesma curso, e cópia da sentença será públicos.
sentença. juntada aos autos respectivos.
Parágrafo único. Se a opo- Art. 696. A audiência de media-
sição for proposta após o início ção e conciliação poderá dividir-
da audiência de instrução, o juiz CAPÍTULO X – DAS AÇÕES -se em tantas sessões quantas
suspenderá o curso do processo DE FAMÍLIA sejam necessárias para viabilizar
ao fim da produção das provas, a solução consensual, sem pre-
salvo se concluir que a unidade Art. 693. As normas deste Ca- juízo de providências jurisdicio-
da instrução atende melhor ao pítulo aplicam-se aos processos nais para evitar o perecimento
princípio da duração razoável do contenciosos de divórcio, separa- do direito.

344
Código de Processo Civil
Art. 697. Não realizado o acordo, corresponder à importância pre- § 1o Os embargos podem se
passarão a incidir, a partir de en- vista no § 2o, incisos I a III. fundar em matéria passível de
tão, as normas do procedimento § 4o Além das hipóteses do alegação como defesa no pro-
comum, observado o art. 335. art. 330, a petição inicial será cedimento comum.
indeferida quando não atendido § 2o Quando o réu alegar que
Art. 698. Nas ações de família, o disposto no § 2o deste artigo. o autor pleiteia quantia superior
o Ministério Público somente in- § 5o Havendo dúvida quanto à devida, cumprir-lhe-á declarar
tervirá quando houver interesse à idoneidade de prova documental de imediato o valor que entende
de incapaz e deverá ser ouvido apresentada pelo autor, o juiz inti- correto, apresentando demons-
previamente à homologação de má-lo-á para, querendo, emendar trativo discriminado e atualizado
acordo. a petição inicial, adaptando-a ao da dívida.
Parágrafo único. O Ministério procedimento comum. § 3o Não apontado o valor
Público intervirá, quando não for § 6o É admissível ação moni- correto ou não apresentado o de-
parte, nas ações de família em tória em face da Fazenda Pública. monstrativo, os embargos serão
que figure como parte vítima de § 7o Na ação monitória, ad- liminarmente rejeitados, se esse
violência doméstica e familiar, mite-se citação por qualquer dos for o seu único fundamento, e,
nos termos da Lei no 11.340, de meios permitidos para o proce- se houver outro fundamento, os
7 de agosto de 2006 (Lei Maria dimento comum. embargos serão processados,
da Penha). mas o juiz deixará de examinar a
Art. 701. Sendo evidente o direi- alegação de excesso.
Art. 699. Quando o processo to do autor, o juiz deferirá a expe- § 4o A oposição dos embar-
envolver discussão sobre fato re- dição de mandado de pagamen- gos suspende a eficácia da deci-
lacionado a abuso ou a alienação to, de entrega de coisa ou para são referida no caput do art. 701
parental, o juiz, ao tomar o depoi- execução de obrigação de fazer até o julgamento em primeiro
mento do incapaz, deverá estar ou de não fazer, concedendo ao grau.
acompanhado por especialista. réu prazo de 15 (quinze) dias para § 5o O autor será intimado
o cumprimento e o pagamento para responder aos embargos no
de honorários advocatícios de prazo de 15 (quinze) dias.
CAPÍTULO XI – DA AÇÃO cinco por cento do valor atribu- § 6o Na ação monitória ad-
MONITÓRIA ído à causa. mite-se a reconvenção, sendo
§ 1o O réu será isento do pa- vedado o oferecimento de recon-
Art. 700. A ação monitória pode gamento de custas processuais venção à reconvenção.
ser proposta por aquele que afir- se cumprir o mandado no prazo. § 7o A critério do juiz, os em-
mar, com base em prova escrita § 2o Constituir-se-á de pleno bargos serão autuados em apar-
sem eficácia de título executivo, direito o título executivo judicial, tado, se parciais, constituindo-se
ter direito de exigir do devedor independentemente de qualquer de pleno direito o título executivo
capaz: formalidade, se não realizado o judicial em relação à parcela in-
I – o pagamento de quantia pagamento e não apresentados controversa.
em dinheiro; os embargos previstos no art. 702, § 8o Rejeitados os embargos,
II – a entrega de coisa fungí- observando-se, no que couber, constituir-se-á de pleno direito o
vel ou infungível ou de bem móvel o Título II do Livro I da Parte Es- título executivo judicial, prosse-
ou imóvel; pecial. guindo-se o processo em obser-
III – o adimplemento de obri- § 3o É cabível ação rescisó- vância ao disposto no Título II do
gação de fazer ou de não fazer. ria da decisão prevista no caput Livro I da Parte Especial, no que
§ 1o A prova escrita pode con- quando ocorrer a hipótese do § 2o. for cabível.
sistir em prova oral documentada, § 4o Sendo a ré Fazenda Pú- § 9o Cabe apelação contra a
produzida antecipadamente nos blica, não apresentados os em- sentença que acolhe ou rejeita os
termos do art. 381. bargos previstos no art. 702, apli- embargos.
§ 2o Na petição inicial, in- car-se-á o disposto no art. 496, § 10. O juiz condenará o au-
cumbe ao autor explicitar, con- observando-se, a seguir, no que tor de ação monitória proposta
forme o caso: couber, o Título II do Livro I da indevidamente e de má-fé ao
I – a importância devida, ins- Parte Especial. pagamento, em favor do réu, de
truindo-a com memória de cál- § 5o Aplica-se à ação moni- multa de até dez por cento sobre
culo; tória, no que couber, o art. 916. o valor da causa.
II – o valor atual da coisa re- § 11. O juiz condenará o réu
clamada; Art. 702. Independentemente que de má-fé opuser embargos
III – o conteúdo patrimonial de prévia segurança do juízo, o réu à ação monitória ao pagamento
em discussão ou o proveito eco- poderá opor, nos próprios autos, de multa de até dez por cento
nômico perseguido. no prazo previsto no art. 701, em- sobre o valor atribuído à causa,
§ 3o O valor da causa deverá bargos à ação monitória. em favor do autor.

345
Código de Processo Civil
CAPÍTULO XII – DA o objeto. arcadas pelo consignatário, man-
HOMOLOGAÇÃO DO § 1o Negada a homologação, tendo-se o saldo remanescente
o objeto será entregue ao réu, em depósito judicial até o encer-
PENHOR LEGAL ressalvado ao autor o direito de ramento da regulação.
cobrar a dívida pelo procedimento
Art. 703. Tomado o penhor le- comum, salvo se acolhida a ale- Art. 709. As partes deverão
gal nos casos previstos em lei, gação de extinção da obrigação. apresentar nos autos os docu-
requererá o credor, ato contínuo, § 2o Contra a sentença cabe- mentos necessários à regulação
a homologação. rá apelação, e, na pendência de da avaria grossa em prazo razo-
§ 1o Na petição inicial, ins- recurso, poderá o relator ordenar ável a ser fixado pelo regulador.
truída com o contrato de locação que a coisa permaneça deposita-
ou a conta pormenorizada das da ou em poder do autor. Art. 710. O regulador apresenta-
despesas, a tabela dos preços rá o regulamento da avaria grossa
e a relação dos objetos retidos, no prazo de até 12 (doze) meses,
o credor pedirá a citação do de- CAPÍTULO XIII – DA contado da data da entrega dos
vedor para pagar ou contestar REGULAÇÃO DE AVARIA documentos nos autos pelas par-
na audiência preliminar que for GROSSA tes, podendo o prazo ser esten-
designada. dido a critério do juiz.
§ 2o A homologação do pe- Art. 707. Quando inexistir con- § 1o Oferecido o regulamento
nhor legal poderá ser promovida senso acerca da nomeação de da avaria grossa, dele terão vista
pela via extrajudicial mediante um regulador de avarias, o juiz as partes pelo prazo comum de
requerimento, que conterá os de direito da comarca do pri- 15 (quinze) dias, e, não havendo
requisitos previstos no § 1o deste meiro porto onde o navio houver impugnação, o regulamento será
artigo, do credor a notário de sua chegado, provocado por qualquer homologado por sentença.
livre escolha. parte interessada, nomeará um de § 2o Havendo impugnação
§ 3o Recebido o requerimen- notório conhecimento. ao regulamento, o juiz decidirá
to, o notário promoverá a notifi- no prazo de 10 (dez) dias, após a
cação extrajudicial do devedor Art. 708. O regulador declarará oitiva do regulador.
para, no prazo de 5 (cinco) dias, justificadamente se os danos são
pagar o débito ou impugnar sua passíveis de rateio na forma de Art. 711. Aplicam-se ao regula-
cobrança, alegando por escri- avaria grossa e exigirá das par- dor de avarias os arts. 156 a 158,
to uma das causas previstas no tes envolvidas a apresentação no que couber.
art. 704, hipótese em que o pro- de garantias idôneas para que
cedimento será encaminhado ao possam ser liberadas as cargas
juízo competente para decisão. aos consignatários. CAPÍTULO XIV – DA
§ 4o Transcorrido o prazo § 1o A parte que não con- RESTAURAÇÃO DE AUTOS
sem manifestação do devedor, cordar com o regulador quanto à
o notário formalizará a homolo- declaração de abertura da avaria Art. 712. Verificado o desapare-
gação do penhor legal por escri- grossa deverá justificar suas ra- cimento dos autos, eletrônicos ou
tura pública. zões ao juiz, que decidirá no prazo não, pode o juiz, de ofício, qual-
de 10 (dez) dias. quer das partes ou o Ministério
Art. 704. A defesa só pode con- § 2o Se o consignatário não Público, se for o caso, promo-
sistir em: apresentar garantia idônea a cri- ver-lhes a restauração.
I – nulidade do processo; tério do regulador, este fixará o Parágrafo único. Havendo
II – extinção da obrigação; valor da contribuição provisória autos suplementares, nesses
III – não estar a dívida com- com base nos fatos narrados e prosseguirá o processo.
preendida entre as previstas em nos documentos que instruírem
lei ou não estarem os bens sujei- a petição inicial, que deverá ser Art. 713. Na petição inicial, de-
tos a penhor legal; caucionado sob a forma de de- clarará a parte o estado do pro-
IV – alegação de haver sido pósito judicial ou de garantia cesso ao tempo do desapareci-
ofertada caução idônea, rejeitada bancária. mento dos autos, oferecendo:
pelo credor. § 3o Recusando-se o consig- I – certidões dos atos cons-
natário a prestar caução, o regu- tantes do protocolo de audiências
Art. 705. A partir da audiência lador requererá ao juiz a alienação do cartório por onde haja corrido
preliminar, observar-se-á o pro- judicial de sua carga na forma dos o processo;
cedimento comum. arts. 879 a 903. II – cópia das peças que tenha
§ 4o É permitido o levanta- em seu poder;
Art. 706. Homologado judicial- mento, por alvará, das quantias III – qualquer outro documen-
mente o penhor legal, consoli- necessárias ao pagamento das to que facilite a restauração.
dar-se-á a posse do autor sobre despesas da alienação a serem

346
Código de Processo Civil
Art. 714. A parte contrária será no juízo de origem quanto aos Art. 725. Processar-se-á na for-
citada para contestar o pedido no atos nele realizados. ma estabelecida nesta Seção o
prazo de 5 (cinco) dias, cabendo- § 2o Remetidos os autos ao pedido de:
-lhe exibir as cópias, as contrafés tribunal, nele completar-se-á a I – emancipação;
e as reproduções dos atos e dos restauração e proceder-se-á ao II – sub-rogação;
documentos que estiverem em julgamento. III – alienação, arrendamento
seu poder. ou oneração de bens de crianças
§ 1o Se a parte concordar Art. 718. Quem houver dado cau- ou adolescentes, de órfãos e de
com a restauração, lavrar-se-á sa ao desaparecimento dos au- interditos;
o auto que, assinado pelas partes tos responderá pelas custas da IV – alienação, locação e ad-
e homologado pelo juiz, suprirá o restauração e pelos honorários ministração da coisa comum;
processo desaparecido. de advogado, sem prejuízo da V – alienação de quinhão em
§ 2o Se a parte não contestar responsabilidade civil ou penal coisa comum;
ou se a concordância for parcial, em que incorrer. VI – extinção de usufruto,
observar-se-á o procedimento quando não decorrer da morte
comum. do usufrutuário, do termo da sua
CAPÍTULO XV – DOS duração ou da consolidação, e de
Art. 715. Se a perda dos autos PROCEDIMENTOS DE fideicomisso, quando decorrer de
tiver ocorrido depois da produção JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA renúncia ou quando ocorrer an-
das provas em audiência, o juiz, se tes do evento que caracterizar a
necessário, mandará repeti-las. Seção I – Disposições Gerais condição resolutória;
§ 1o Serão reinquiridas as VII – expedição de alvará ju-
mesmas testemunhas, que, em Art. 719. Quando este Código dicial;
caso de impossibilidade, pode- não estabelecer procedimento VIII – homologação de au-
rão ser substituídas de ofício ou especial, regem os procedimen- tocomposição extrajudicial, de
a requerimento. tos de jurisdição voluntária as dis- qualquer natureza ou valor.
§ 2o Não havendo certidão posições constantes desta Seção. Parágrafo único. As normas
ou cópia do laudo, far-se-á nova desta Seção aplicam-se, no que
perícia, sempre que possível pelo Art. 720. O procedimento terá couber, aos procedimentos re-
mesmo perito. início por provocação do interes- gulados nas seções seguintes.
§ 3o Não havendo certidão sado, do Ministério Público ou da
de documentos, esses serão re- Defensoria Pública, cabendo-lhes
constituídos mediante cópias ou, formular o pedido devidamente
Seção II – Da Notificação e
na falta dessas, pelos meios or- instruído com os documentos da Interpelação
dinários de prova. necessários e com a indicação
§ 4o Os serventuários e os da providência judicial. Art. 726. Quem tiver interesse
auxiliares da justiça não podem em manifestar formalmente sua
eximir-se de depor como teste- Art. 721. Serão citados todos os vontade a outrem sobre assunto
munhas a respeito de atos que interessados, bem como intimado juridicamente relevante poderá
tenham praticado ou assistido. o Ministério Público, nos casos notificar pessoas participantes
§ 5o Se o juiz houver proferi- do art. 178, para que se manifes- da mesma relação jurídica para
do sentença da qual ele próprio tem, querendo, no prazo de 15 dar-lhes ciência de seu propósito.
ou o escrivão possua cópia, esta (quinze) dias. § 1o Se a pretensão for a de
será juntada aos autos e terá a dar conhecimento geral ao pú-
mesma autoridade da original. Art. 722. A Fazenda Pública será blico, mediante edital, o juiz só
sempre ouvida nos casos em que a deferirá se a tiver por fundada
Art. 716. Julgada a restaura- tiver interesse. e necessária ao resguardo de
ção, seguirá o processo os seus direito.
termos. Art. 723. O juiz decidirá o pedido § 2o Aplica-se o disposto
Parágrafo único. Aparecendo no prazo de 10 (dez) dias. nesta Seção, no que couber, ao
os autos originais, neles se pros- Parágrafo único. O juiz não protesto judicial.
seguirá, sendo-lhes apensados os é obrigado a observar critério
autos da restauração. de legalidade estrita, podendo Art. 727. Também poderá o in-
adotar em cada caso a solução teressado interpelar o requerido,
Art. 717. Se o desaparecimento que considerar mais conveniente no caso do art. 726, para que faça
dos autos tiver ocorrido no tri- ou oportuna. ou deixe de fazer o que o reque-
bunal, o processo de restaura- rente entenda ser de seu direito.
ção será distribuído, sempre que Art. 724. Da sentença caberá
possível, ao relator do processo. apelação. Art. 728. O requerido será pre-
§ 1o A restauração far-se-á viamente ouvido antes do de-

347
Código de Processo Civil
ferimento da notificação ou do na forma estabelecida nos arts. de imóveis e, caso qualquer dos
respectivo edital: 647 a 658. cônjuges seja empresário, ao Re-
I – se houver suspeita de que gistro Público de Empresas Mer-
o requerente, por meio da noti- Art. 732. As disposições relati- cantis e Atividades Afins.
ficação ou do edital, pretende vas ao processo de homologação
alcançar fim ilícito; judicial de divórcio ou de sepa-
II – se tiver sido requerida ração consensuais aplicam-se,
Seção V – Dos Testamentos
a averbação da notificação em no que couber, ao processo de e dos Codicilos
registro público. homologação da extinção con-
sensual de união estável. Art. 735. Recebendo testamen-
Art. 729. Deferida e realizada to cerrado, o juiz, se não achar
a notificação ou interpelação, Art. 733. O divórcio consensu- vício externo que o torne suspeito
os autos serão entregues ao re- al, a separação consensual e a de nulidade ou falsidade, o abrirá
querente. extinção consensual de união e mandará que o escrivão o leia
estável, não havendo nascituro em presença do apresentante.
ou filhos incapazes e observados § 1o Do termo de abertura
Seção III – Da Alienação os requisitos legais, poderão ser constarão o nome do apresentan-
Judicial realizados por escritura pública, te e como ele obteve o testamen-
da qual constarão as disposições to, a data e o lugar do falecimento
Art. 730. Nos casos expressos de que trata o art. 731. do testador, com as respectivas
em lei, não havendo acordo en- § 1o A escritura não depende provas, e qualquer circunstância
tre os interessados sobre o modo de homologação judicial e consti- digna de nota.
como se deve realizar a alienação tui título hábil para qualquer ato § 2o Depois de ouvido o Mi-
do bem, o juiz, de ofício ou a re- de registro, bem como para levan- nistério Público, não havendo
querimento dos interessados ou tamento de importância deposi- dúvidas a serem esclarecidas, o
do depositário, mandará aliená-lo tada em instituições financeiras. juiz mandará registrar, arquivar
em leilão, observando-se o dis- § 2o O tabelião somente la- e cumprir o testamento.
posto na Seção I deste Capítulo vrará a escritura se os interes- § 3o Feito o registro, será in-
e, no que couber, o disposto nos sados estiverem assistidos por timado o testamenteiro para as-
arts. 879 a 903. advogado ou por defensor públi- sinar o termo da testamentária.
co, cuja qualificação e assinatura § 4o Se não houver testa-
constarão do ato notarial. menteiro nomeado ou se ele es-
Seção IV – Do Divórcio e da tiver ausente ou não aceitar o
Separação Consensuais, Art. 734. A alteração do regime encargo, o juiz nomeará testa-
da Extinção Consensual de de bens do casamento, observa- menteiro dativo, observando-se
União Estável e da Alteração dos os requisitos legais, poderá a preferência legal.
do Regime de Bens do ser requerida, motivadamente, § 5o O testamenteiro deverá
Matrimônio em petição assinada por ambos cumprir as disposições testamen-
os cônjuges, na qual serão ex- tárias e prestar contas em juízo
Art. 731. A homologação do di- postas as razões que justificam a do que recebeu e despendeu,
vórcio ou da separação consen- alteração, ressalvados os direitos observando-se o disposto em lei.
suais, observados os requisitos de terceiros.
legais, poderá ser requerida em § 1o Ao receber a petição Art. 736. Qualquer interessado,
petição assinada por ambos os inicial, o juiz determinará a inti- exibindo o traslado ou a certidão
cônjuges, da qual constarão: mação do Ministério Público e a de testamento público, poderá
I – as disposições relativas à publicação de edital que divulgue requerer ao juiz que ordene o seu
descrição e à partilha dos bens a pretendida alteração de bens, cumprimento, observando-se, no
comuns; somente podendo decidir depois que couber, o disposto nos pará-
II – as disposições relativas de decorrido o prazo de 30 (trin- grafos do art. 735.
à pensão alimentícia entre os ta) dias da publicação do edital.
cônjuges; § 2o Os cônjuges, na petição Art. 737. A publicação do tes-
III – o acordo relativo à guarda inicial ou em petição avulsa, po- tamento particular poderá ser
dos filhos incapazes e ao regime dem propor ao juiz meio alterna- requerida, depois da morte do
de visitas; e tivo de divulgação da alteração do testador, pelo herdeiro, pelo le-
IV – o valor da contribuição regime de bens, a fim de resguar- gatário ou pelo testamenteiro,
para criar e educar os filhos. dar direitos de terceiros. bem como pelo terceiro detentor
Parágrafo único. Se os côn- § 3o Após o trânsito em jul- do testamento, se impossibilitado
juges não acordarem sobre a gado da sentença, serão expe- de entregá-lo a algum dos outros
partilha dos bens, far-se-á esta didos mandados de averbação legitimados para requerê-la.
depois de homologado o divórcio, aos cartórios de registro civil e § 1o Serão intimados os her-

348
Código de Processo Civil
deiros que não tiverem requerido bens, com 2 (duas) testemunhas, § 2o Quando o falecido for es-
a publicação do testamento. que assistirão às diligências. trangeiro, será também comuni-
§ 2o Verificando a presença § 2o Não estando ainda no- cado o fato à autoridade consular.
dos requisitos da lei, ouvido o Mi- meado o curador, o juiz designará § 3o Julgada a habilitação do
nistério Público, o juiz confirmará depositário e lhe entregará os herdeiro, reconhecida a qualida-
o testamento. bens, mediante simples termo nos de do testamenteiro ou provada
§ 3o Aplica-se o disposto autos, depois de compromissado. a identidade do cônjuge ou com-
neste artigo ao codicilo e aos § 3o Durante a arrecadação, panheiro, a arrecadação conver-
testamentos marítimo, aeronáu- o juiz ou a autoridade policial in- ter-se-á em inventário.
tico, militar e nuncupativo. quirirá os moradores da casa e da § 4o Os credores da herança
§ 4o Observar-se-á, no cum- vizinhança sobre a qualificação do poderão habilitar-se como nos
primento do testamento, o dis- falecido, o paradeiro de seus su- inventários ou propor a ação de
posto nos parágrafos do art. 735. cessores e a existência de outros cobrança.
bens, lavrando-se de tudo auto de
inquirição e informação. Art. 742. O juiz poderá autorizar
Seção VI – Da Herança § 4o O juiz examinará reser- a alienação:
Jacente vadamente os papéis, as cartas I – de bens móveis, se forem
missivas e os livros domésticos e, de conservação difícil ou dis-
Art. 738. Nos casos em que a verificando que não apresentam pendiosa;
lei considere jacente a heran- interesse, mandará empacotá-los II – de semoventes, quando
ça, o juiz em cuja comarca tiver e lacrá-los para serem assim en- não empregados na exploração
domicílio o falecido procederá tregues aos sucessores do fale- de alguma indústria;
imediatamente à arrecadação cido ou queimados quando os III – de títulos e papéis de
dos respectivos bens. bens forem declarados vacantes. crédito, havendo fundado receio
§ 5o Se constar ao juiz a exis- de depreciação;
Art. 739. A herança jacente fi- tência de bens em outra comarca, IV – de ações de sociedade
cará sob a guarda, a conservação mandará expedir carta precató- quando, reclamada a integrali-
e a administração de um curador ria a fim de serem arrecadados. zação, não dispuser a herança
até a respectiva entrega ao su- § 6o Não se fará a arrecada- de dinheiro para o pagamento;
cessor legalmente habilitado ou ção, ou essa será suspensa, quan- V – de bens imóveis:
até a declaração de vacância. do, iniciada, apresentarem-se a) se ameaçarem ruína, não
§ 1o Incumbe ao curador: para reclamar os bens o cônjuge convindo a reparação;
I – representar a herança em ou companheiro, o herdeiro ou o b) se estiverem hipotecados
juízo ou fora dele, com interven- testamenteiro notoriamente re- e vencer-se a dívida, não havendo
ção do Ministério Público; conhecido e não houver oposição dinheiro para o pagamento.
II – ter em boa guarda e con- motivada do curador, de qualquer § 1o Não se procederá, en-
servação os bens arrecadados e interessado, do Ministério Público tretanto, à venda se a Fazenda
promover a arrecadação de ou- ou do representante da Fazenda Pública ou o habilitando adiantar
tros porventura existentes; Pública. a importância para as despesas.
III – executar as medidas § 2o Os bens com valor de
conservatórias dos direitos da Art. 741. Ultimada a arrecada- afeição, como retratos, objetos
herança; ção, o juiz mandará expedir edi- de uso pessoal, livros e obras de
IV – apresentar mensalmen- tal, que será publicado na rede arte, só serão alienados depois de
te ao juiz balancete da receita e mundial de computadores, no declarada a vacância da herança.
da despesa; sítio do tribunal a que estiver
V – prestar contas ao final de vinculado o juízo e na plataforma Art. 743. Passado 1 (um) ano da
sua gestão. de editais do Conselho Nacional primeira publicação do edital e
§ 2o Aplica-se ao curador o de Justiça, onde permanecerá não havendo herdeiro habilitado
disposto nos arts. 159 a 161. por 3 (três) meses, ou, não ha- nem habilitação pendente, será a
vendo sítio, no órgão oficial e na herança declarada vacante.
Art. 740. O juiz ordenará que imprensa da comarca, por 3 (três) § 1o Pendendo habilitação,
o oficial de justiça, acompanha- vezes com intervalos de 1 (um) a vacância será declarada pela
do do escrivão ou do chefe de mês, para que os sucessores do mesma sentença que a julgar
secretaria e do curador, arrole falecido venham a habilitar-se no improcedente, aguardando-se, no
os bens e descreva-os em auto prazo de 6 (seis) meses contado caso de serem diversas as habi-
circunstanciado. da primeira publicação. litações, o julgamento da última.
§ 1o Não podendo compare- § 1o Verificada a existência § 2o Transitada em julgado a
cer ao local, o juiz requisitará à de sucessor ou de testamentei- sentença que declarou a vacân-
autoridade policial que proceda à ro em lugar certo, far-se-á a sua cia, o cônjuge, o companheiro,
arrecadação e ao arrolamento dos citação, sem prejuízo do edital. os herdeiros e os credores só

349
Código de Processo Civil
poderão reclamar o seu direito cobridor coisa alheia perdida, o civil, bem como o momento em
por ação direta. juiz mandará lavrar o respectivo que a incapacidade se revelou.
auto, do qual constará a descri- Parágrafo único. Justificada
ção do bem e as declarações do a urgência, o juiz pode nomear
Seção VII – Dos Bens dos descobridor. curador provisório ao interditan-
Ausentes § 1o Recebida a coisa por au- do para a prática de determina-
toridade policial, esta a remeterá dos atos.
Art. 744. Declarada a ausência em seguida ao juízo competente.
nos casos previstos em lei, o juiz § 2o Depositada a coisa, o juiz Art. 750. O requerente deverá
mandará arrecadar os bens do au- mandará publicar edital na rede juntar laudo médico para fazer
sente e nomear-lhes-á curador na mundial de computadores, no sí- prova de suas alegações ou infor-
forma estabelecida na Seção VI, tio do tribunal a que estiver vincu- mar a impossibilidade de fazê-lo.
observando-se o disposto em lei. lado e na plataforma de editais do
Conselho Nacional de Justiça ou, Art. 751. O interditando será
Art. 745. Feita a arrecadação, o não havendo sítio, no órgão oficial citado para, em dia designado,
juiz mandará publicar editais na e na imprensa da comarca, para comparecer perante o juiz, que
rede mundial de computadores, que o dono ou o legítimo possui- o entrevistará minuciosamente
no sítio do tribunal a que esti- dor a reclame, salvo se se tratar acerca de sua vida, negócios,
ver vinculado e na plataforma de de coisa de pequeno valor e não bens, vontades, preferências e
editais do Conselho Nacional de for possível a publicação no sítio laços familiares e afetivos e sobre
Justiça, onde permanecerá por 1 do tribunal, caso em que o edital o que mais lhe parecer necessário
(um) ano, ou, não havendo sítio, será apenas afixado no átrio do para convencimento quanto à sua
no órgão oficial e na imprensa edifício do fórum. capacidade para praticar atos da
da comarca, durante 1 (um) ano, § 3o Observar-se-á, quanto vida civil, devendo ser reduzidas a
reproduzida de 2 (dois) em 2 (dois) ao mais, o disposto em lei. termo as perguntas e respostas.
meses, anunciando a arrecadação § 1o Não podendo o interdi-
e chamando o ausente a entrar tando deslocar-se, o juiz o ouvirá
na posse de seus bens.
Seção IX – Da Interdição no local onde estiver.
§ 1o Findo o prazo previsto no § 2o A entrevista poderá ser
edital, poderão os interessados Art. 747. A interdição pode ser acompanhada por especialista.
requerer a abertura da sucessão promovida: § 3o Durante a entrevista, é
provisória, observando-se o dis- I – pelo cônjuge ou compa- assegurado o emprego de re-
posto em lei. nheiro; cursos tecnológicos capazes de
§ 2o O interessado, ao reque- II – pelos parentes ou tutores; permitir ou de auxiliar o interdi-
rer a abertura da sucessão provi- III – pelo representante da tando a expressar suas vontades
sória, pedirá a citação pessoal dos entidade em que se encontra e preferências e a responder às
herdeiros presentes e do curador abrigado o interditando; perguntas formuladas.
e, por editais, a dos ausentes para IV – pelo Ministério Público. § 4o A critério do juiz, poderá
requererem habilitação, na forma Parágrafo único. A legitimi- ser requisitada a oitiva de paren-
dos arts. 689 a 692. dade deverá ser comprovada por tes e de pessoas próximas.
§ 3o Presentes os requisitos documentação que acompanhe a
legais, poderá ser requerida a petição inicial. Art. 752. Dentro do prazo de
conversão da sucessão provisória 15 (quinze) dias contado da en-
em definitiva. Art. 748. O Ministério Público só trevista, o interditando poderá
§ 4o Regressando o ausente promoverá interdição em caso de impugnar o pedido.
ou algum de seus descendentes doença mental grave: § 1o O Ministério Público in-
ou ascendentes para requerer I – se as pessoas designadas tervirá como fiscal da ordem ju-
ao juiz a entrega de bens, serão nos incisos I, II e III do art. 747 não rídica.
citados para contestar o pedi- existirem ou não promoverem a § 2o O interditando poderá
do os sucessores provisórios ou interdição; constituir advogado, e, caso não
definitivos, o Ministério Público II – se, existindo, forem inca- o faça, deverá ser nomeado cura-
e o representante da Fazenda pazes as pessoas mencionadas dor especial.
Pública, seguindo-se o procedi- nos incisos I e II do art. 747. § 3o Caso o interditando não
mento comum. constitua advogado, o seu côn-
Art. 749. Incumbe ao autor, na juge, companheiro ou qualquer
petição inicial, especificar os parente sucessível poderá intervir
Seção VIII – Das Coisas fatos que demonstram a inca- como assistente.
Vagas pacidade do interditando para
administrar seus bens e, se for o Art. 753. Decorrido o prazo pre-
Art. 746. Recebendo do des- caso, para praticar atos da vida visto no art. 752, o juiz determi-

350
Código de Processo Civil
nará a produção de prova pericial determinou. § 2o Prestado o compromis-
para avaliação da capacidade do § 1o O pedido de levantamen- so, o tutor ou o curador assume
interditando para praticar atos to da curatela poderá ser feito a administração dos bens do tu-
da vida civil. pelo interdito, pelo curador ou telado ou do interditado.
§ 1o A perícia pode ser rea- pelo Ministério Público e será
lizada por equipe composta por apensado aos autos da interdição. Art. 760. O tutor ou o curador
expertos com formação multi- § 2o O juiz nomeará perito poderá eximir-se do encargo
disciplinar. ou equipe multidisciplinar para apresentando escusa ao juiz no
§ 2o O laudo pericial indicará proceder ao exame do interdito e prazo de 5 (cinco) dias contado:
especificadamente, se for o caso, designará audiência de instrução I – antes de aceitar o encar-
os atos para os quais haverá ne- e julgamento após a apresenta- go, da intimação para prestar
cessidade de curatela. ção do laudo. compromisso;
§ 3o Acolhido o pedido, o juiz II – depois de entrar em exer-
Art. 754. Apresentado o laudo, decretará o levantamento da in- cício, do dia em que sobrevier o
produzidas as demais provas e terdição e determinará a publica- motivo da escusa.
ouvidos os interessados, o juiz ção da sentença, após o trânsito § 1o Não sendo requerida a
proferirá sentença. em julgado, na forma do art. 755, escusa no prazo estabelecido
§ 3o, ou, não sendo possível, na neste artigo, considerar-se-á re-
Art. 755. Na sentença que de- imprensa local e no órgão oficial, nunciado o direito de alegá-la.
cretar a interdição, o juiz: por 3 (três) vezes, com intervalo § 2o O juiz decidirá de pla-
I – nomeará curador, que po- de 10 (dez) dias, seguindo-se a no o pedido de escusa, e, não o
derá ser o requerente da interdi- averbação no registro de pesso- admitindo, exercerá o nomeado
ção, e fixará os limites da curatela, as naturais. a tutela ou a curatela enquanto
segundo o estado e o desenvolvi- § 4o A interdição poderá ser não for dispensado por sentença
mento mental do interdito; levantada parcialmente quando transitada em julgado.
II – considerará as caracterís- demonstrada a capacidade do
ticas pessoais do interdito, obser- interdito para praticar alguns atos Art. 761. Incumbe ao Ministério
vando suas potencialidades, habi- da vida civil. Público ou a quem tenha legítimo
lidades, vontades e preferências. interesse requerer, nos casos
§ 1o A curatela deve ser atri- Art. 757. A autoridade do cura- previstos em lei, a remoção do
buída a quem melhor possa aten- dor estende-se à pessoa e aos tutor ou do curador.
der aos interesses do curatelado. bens do incapaz que se encontrar Parágrafo único. O tutor ou
§ 2o Havendo, ao tempo da sob a guarda e a responsabilidade o curador será citado para con-
interdição, pessoa incapaz sob do curatelado ao tempo da inter- testar a arguição no prazo de 5
a guarda e a responsabilidade do dição, salvo se o juiz considerar (cinco) dias, findo o qual obser-
interdito, o juiz atribuirá a curate- outra solução como mais conve- var-se-á o procedimento comum.
la a quem melhor puder atender niente aos interesses do incapaz.
aos interesses do interdito e do Art. 762. Em caso de extrema
incapaz. Art. 758. O curador deverá bus- gravidade, o juiz poderá suspen-
§ 3o A sentença de interdição car tratamento e apoio apropria- der o tutor ou o curador do exer-
será inscrita no registro de pes- dos à conquista da autonomia cício de suas funções, nomeando
soas naturais e imediatamente pelo interdito. substituto interino.
publicada na rede mundial de
computadores, no sítio do tri- Art. 763. Cessando as funções
bunal a que estiver vinculado o
Seção X – Disposições do tutor ou do curador pelo decur-
juízo e na plataforma de editais Comuns à Tutela e à Curatela so do prazo em que era obrigado
do Conselho Nacional de Jus- a servir, ser-lhe-á lícito requerer
tiça, onde permanecerá por 6 Art. 759. O tutor ou o curador a exoneração do encargo.
(seis) meses, na imprensa local, será intimado a prestar compro- § 1o Caso o tutor ou o cura-
1 (uma) vez, e no órgão oficial, por misso no prazo de 5 (cinco) dias dor não requeira a exoneração do
3 (três) vezes, com intervalo de 10 contado da: encargo dentro dos 10 (dez) dias
(dez) dias, constando do edital os I – nomeação feita em con- seguintes à expiração do termo,
nomes do interdito e do curador, formidade com a lei; entender-se-á reconduzido, salvo
a causa da interdição, os limites II – intimação do despacho se o juiz o dispensar.
da curatela e, não sendo total a que mandar cumprir o testamen- § 2o Cessada a tutela ou a
interdição, os atos que o interdito to ou o instrumento público que curatela, é indispensável a pres-
poderá praticar autonomamente. o houver instituído. tação de contas pelo tutor ou pelo
§ 1o O tutor ou o curador curador, na forma da lei civil.
Art. 756. Levantar-se-á a cura- prestará o compromisso por ter-
tela quando cessar a causa que a mo em livro rubricado pelo juiz.

351
Código de Processo Civil
Seção XI – Da Organização das páginas que contenham os LIVRO II – DO PROCESSO
e da Fiscalização das termos que serão ratificados, dos DE EXECUÇÃO
Fundações documentos de identificação do
comandante e das testemunhas TÍTULO I – DA EXECUÇÃO
Art. 764. O juiz decidirá sobre a arroladas, do rol de tripulantes, EM GERAL
aprovação do estatuto das funda- do documento de registro da em-
ções e de suas alterações sem- barcação e, quando for o caso, do CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
pre que o requeira o interessado, manifesto das cargas sinistradas GERAIS
quando: e a qualificação de seus con-
I – ela for negada previamen- signatários, traduzidos, quando Art. 771. Este Livro regula o pro-
te pelo Ministério Público ou por for o caso, de forma livre para o cedimento da execução fundada
este forem exigidas modificações português. em título extrajudicial, e suas dis-
com as quais o interessado não posições aplicam-se, também, no
concorde; Art. 768. A petição inicial deve- que couber, aos procedimentos
II – o interessado discordar rá ser distribuída com urgência e especiais de execução, aos atos
do estatuto elaborado pelo Mi- encaminhada ao juiz, que ouvirá, executivos realizados no proce-
nistério Público. sob compromisso a ser prestado dimento de cumprimento de sen-
§ 1o O estatuto das funda- no mesmo dia, o comandante e tença, bem como aos efeitos de
ções deve observar o disposto as testemunhas em número mí- atos ou fatos processuais a que a
na Lei no 10.406, de 10 de janeiro nimo de 2 (duas) e máximo de 4 lei atribuir força executiva.
de 2002 (Código Civil). (quatro), que deverão compare- Parágrafo único. Aplicam-se
§ 2o Antes de suprir a apro- cer ao ato independentemente subsidiariamente à execução as
vação, o juiz poderá mandar fa- de intimação. disposições do Livro I da Parte
zer no estatuto modificações a § 1o Tratando-se de estran- Especial.
fim de adaptá-lo ao objetivo do geiros que não dominem a língua
instituidor. portuguesa, o autor deverá fa- Art. 772. O juiz pode, em qual-
zer-se acompanhar por tradutor, quer momento do processo:
Art. 765. Qualquer interessado que prestará compromisso em I – ordenar o comparecimento
ou o Ministério Público promoverá audiência. das partes;
em juízo a extinção da fundação § 2o Caso o autor não se faça II – advertir o executado de
quando: acompanhar por tradutor, o juiz que seu procedimento consti-
I – se tornar ilícito o seu ob- deverá nomear outro que preste tui ato atentatório à dignidade
jeto; compromisso em audiência. da justiça;
II – for impossível a sua ma- III – determinar que sujeitos
nutenção; Art. 769. Aberta a audiência, o indicados pelo exequente forne-
III – vencer o prazo de sua juiz mandará apregoar os consig- çam informações em geral rela-
existência. natários das cargas indicados na cionadas ao objeto da execução,
petição inicial e outros eventuais tais como documentos e dados
interessados, nomeando para os que tenham em seu poder, assi-
Seção XII – Da Ratificação ausentes curador para o ato. nando-lhes prazo razoável.
dos Protestos Marítimos
e dos Processos Art. 770. Inquiridos o coman- Art. 773. O juiz poderá, de ofício
Testemunháveis Formados dante e as testemunhas, o juiz, ou a requerimento, determinar as
a Bordo convencido da veracidade dos medidas necessárias ao cumpri-
termos lançados no Diário da Na- mento da ordem de entrega de
Art. 766. Todos os protestos vegação, em audiência, ratifica- documentos e dados.
e os processos testemunháveis rá por sentença o protesto ou o Parágrafo único. Quando, em
formados a bordo e lançados no processo testemunhável lavrado decorrência do disposto neste
livro Diário da Navegação deve- a bordo, dispensado o relatório. artigo, o juízo receber dados si-
rão ser apresentados pelo co- Parágrafo único. Indepen- gilosos para os fins da execução,
mandante ao juiz de direito do dentemente do trânsito em julga- o juiz adotará as medidas neces-
primeiro porto, nas primeiras 24 do, o juiz determinará a entrega sárias para assegurar a confiden-
(vinte e quatro) horas de chegada dos autos ao autor ou ao seu ad- cialidade.
da embarcação, para sua ratifi- vogado, mediante a apresentação
cação judicial. de traslado. Art. 774. Considera-se aten-
tatória à dignidade da justiça a
Art. 767. A petição inicial conte- conduta comissiva ou omissiva
rá a transcrição dos termos lança- do executado que:
dos no livro Diário da Navegação I – frauda a execução;
e deverá ser instruída com cópias II – se opõe maliciosamente

352
Código de Processo Civil
à execução, empregando ardis e lei confere título executivo. do título ou, ainda, de situação
meios artificiosos; § 1o Podem promover a exe- dos bens a ela sujeitos;
III – dificulta ou embaraça a cução forçada ou nela prosse- II – tendo mais de um do-
realização da penhora; guir, em sucessão ao exequente micílio, o executado poderá ser
IV – resiste injustificadamen- originário: demandado no foro de qualquer
te às ordens judiciais; I – o Ministério Público, nos deles;
V – intimado, não indica ao casos previstos em lei; III – sendo incerto ou desco-
juiz quais são e onde estão os II – o espólio, os herdeiros ou nhecido o domicílio do executado,
bens sujeitos à penhora e os res- os sucessores do credor, sempre a execução poderá ser proposta
pectivos valores, nem exibe pro- que, por morte deste, lhes for no lugar onde for encontrado ou
va de sua propriedade e, se for o transmitido o direito resultante no foro de domicílio do exequente;
caso, certidão negativa de ônus. do título executivo; IV – havendo mais de um de-
Parágrafo único. Nos casos III – o cessionário, quando o vedor, com diferentes domicílios,
previstos neste artigo, o juiz fixará direito resultante do título exe- a execução será proposta no foro
multa em montante não superior cutivo lhe for transferido por ato de qualquer deles, à escolha do
a vinte por cento do valor atua- entre vivos; exequente;
lizado do débito em execução, a IV – o sub-rogado, nos casos V – a execução poderá ser
qual será revertida em proveito do de sub-rogação legal ou conven- proposta no foro do lugar em
exequente, exigível nos próprios cional. que se praticou o ato ou em que
autos do processo, sem prejuízo § 2o A sucessão prevista no ocorreu o fato que deu origem ao
de outras sanções de natureza § 1o independe de consentimento título, mesmo que nele não mais
processual ou material. do executado. resida o executado.

Art. 775. O exequente tem o di- Art. 779. A execução pode ser Art. 782. Não dispondo a lei de
reito de desistir de toda a execu- promovida contra: modo diverso, o juiz determinará
ção ou de apenas alguma medida I – o devedor, reconhecido os atos executivos, e o oficial de
executiva. como tal no título executivo; justiça os cumprirá.
Parágrafo único. Na desis- II – o espólio, os herdeiros ou § 1o O oficial de justiça po-
tência da execução, observar- os sucessores do devedor; derá cumprir os atos executivos
-se-á o seguinte: III – o novo devedor que as- determinados pelo juiz também
I – serão extintos a impugna- sumiu, com o consentimento do nas comarcas contíguas, de fácil
ção e os embargos que versarem credor, a obrigação resultante do comunicação, e nas que se situem
apenas sobre questões processu- título executivo; na mesma região metropolitana.
ais, pagando o exequente as cus- IV – o fiador do débito cons- § 2o Sempre que, para efeti-
tas processuais e os honorários tante em título extrajudicial; var a execução, for necessário o
advocatícios; V – o responsável titular do emprego de força policial, o juiz
II – nos demais casos, a extin- bem vinculado por garantia real a requisitará.
ção dependerá da concordância ao pagamento do débito; § 3o A requerimento da parte,
do impugnante ou do embargante. VI – o responsável tributário, o juiz pode determinar a inclusão
assim definido em lei. do nome do executado em cadas-
Art. 776. O exequente ressar- tros de inadimplentes.
cirá ao executado os danos que Art. 780. O exequente pode § 4o A inscrição será cance-
este sofreu, quando a sentença, cumular várias execuções, ain- lada imediatamente se for efetua-
transitada em julgado, declarar da que fundadas em títulos dife- do o pagamento, se for garantida
inexistente, no todo ou em par- rentes, quando o executado for o a execução ou se a execução for
te, a obrigação que ensejou a mesmo e desde que para todas extinta por qualquer outro motivo.
execução. elas seja competente o mesmo § 5o O disposto nos §§ 3o e 4o
juízo e idêntico o procedimento. aplica-se à execução definitiva de
Art. 777. A cobrança de multas título judicial.
ou de indenizações decorren-
tes de litigância de má-fé ou de CAPÍTULO III – DA
prática de ato atentatório à dig- COMPETÊNCIA CAPÍTULO IV – DOS
nidade da justiça será promovida REQUISITOS NECESSÁRIOS
nos próprios autos do processo. Art. 781. A execução fundada em PARA REALIZAR QUALQUER
título extrajudicial será processa- EXECUÇÃO
da perante o juízo competente,
CAPÍTULO II – DAS PARTES observando-se o seguinte: Seção I – Do Título Executivo
I – a execução poderá ser
Art. 778. Pode promover a exe- proposta no foro de domicílio do Art. 783. A execução para co-
cução forçada o credor a quem a executado, de eleição constante brança de crédito fundar-se-á

353
Código de Processo Civil
sempre em título de obrigação execução. embargá-la.
certa, líquida e exigível. § 2o Os títulos executivos
extrajudiciais oriundos de país
Art. 784. São títulos executivos estrangeiro não dependem de CAPÍTULO V – DA
extrajudiciais: homologação para serem exe- RESPONSABILIDADE
I – a letra de câmbio, a nota cutados. PATRIMONIAL
promissória, a duplicata, a de- § 3o O título estrangeiro só
bênture e o cheque; terá eficácia executiva quando Art. 789. O devedor responde
II – a escritura pública ou ou- satisfeitos os requisitos de for- com todos os seus bens presen-
tro documento público assinado mação exigidos pela lei do lugar tes e futuros para o cumprimen-
pelo devedor; de sua celebração e quando o to de suas obrigações, salvo as
III – o documento particular Brasil for indicado como o lugar restrições estabelecidas em lei.
assinado pelo devedor e por 2 de cumprimento da obrigação.
(duas) testemunhas; Art. 790. São sujeitos à execu-
IV – o instrumento de transa- Art. 785. A existência de título ção os bens:
ção referendado pelo Ministério executivo extrajudicial não impe- I – do sucessor a título sin-
Público, pela Defensoria Pública, de a parte de optar pelo processo gular, tratando-se de execução
pela Advocacia Pública, pelos ad- de conhecimento, a fim de obter fundada em direito real ou obri-
vogados dos transatores ou por título executivo judicial. gação reipersecutória;
conciliador ou mediador creden- II – do sócio, nos termos da
ciado por tribunal; lei;
V – o contrato garantido por
Seção II – Da Exigibilidade da III – do devedor, ainda que em
hipoteca, penhor, anticrese ou Obrigação poder de terceiros;
outro direito real de garantia e IV – do cônjuge ou compa-
aquele garantido por caução; Art. 786. A execução pode ser nheiro, nos casos em que seus
VI – o contrato de seguro de instaurada caso o devedor não bens próprios ou de sua meação
vida em caso de morte; satisfaça a obrigação certa, lí- respondem pela dívida;
VII – o crédito decorrente de quida e exigível consubstanciada V – alienados ou gravados
foro e laudêmio; em título executivo. com ônus real em fraude à exe-
VIII – o crédito, documen- Parágrafo único. A necessi- cução;
talmente comprovado, decor- dade de simples operações arit- VI – cuja alienação ou gra-
rente de aluguel de imóvel, bem méticas para apurar o crédito vação com ônus real tenha sido
como de encargos acessórios, exequendo não retira a liquidez anulada em razão do reconheci-
tais como taxas e despesas de da obrigação constante do título. mento, em ação autônoma, de
condomínio; fraude contra credores;
IX – a certidão de dívida ativa Art. 787. Se o devedor não for VII – do responsável, nos ca-
da Fazenda Pública da União, dos obrigado a satisfazer sua pres- sos de desconsideração da per-
Estados, do Distrito Federal e dos tação senão mediante a contra- sonalidade jurídica.
Municípios, correspondente aos prestação do credor, este deverá
créditos inscritos na forma da lei; provar que a adimpliu ao requerer Art. 791. Se a execução tiver
X – o crédito referente às con- a execução, sob pena de extinção por objeto obrigação de que seja
tribuições ordinárias ou extraor- do processo. sujeito passivo o proprietário de
dinárias de condomínio edilício, Parágrafo único. O executado terreno submetido ao regime do
previstas na respectiva conven- poderá eximir-se da obrigação, direito de superfície, ou o super-
ção ou aprovadas em assembleia depositando em juízo a prestação ficiário, responderá pela dívida,
geral, desde que documentalmen- ou a coisa, caso em que o juiz não exclusivamente, o direito real do
te comprovadas; permitirá que o credor a receba qual é titular o executado, recain-
XI – a certidão expedida por sem cumprir a contraprestação do a penhora ou outros atos de
serventia notarial ou de registro que lhe tocar. constrição exclusivamente sobre
relativa a valores de emolumentos o terreno, no primeiro caso, ou so-
e demais despesas devidas pelos Art. 788. O credor não poderá bre a construção ou a plantação,
atos por ela praticados, fixados iniciar a execução ou nela pros- no segundo caso.
nas tabelas estabelecidas em lei; seguir se o devedor cumprir a § 1o Os atos de constrição
XII – todos os demais títulos obrigação, mas poderá recusar a que se refere o caput serão
aos quais, por disposição expres- o recebimento da prestação se averbados separadamente na ma-
sa, a lei atribuir força executiva. ela não corresponder ao direito trícula do imóvel, com a identi-
§ 1o A propositura de qual- ou à obrigação estabelecidos no ficação do executado, do valor
quer ação relativa a débito cons- título executivo, caso em que po- do crédito e do objeto sobre o
tante de título executivo não ini- derá requerer a execução forçada, qual recai o gravame, devendo o
be o credor de promover-lhe a ressalvado ao devedor o direito de oficial destacar o bem que res-

354
Código de Processo Civil
ponde pela dívida, se o terreno, de terceiro, no prazo de 15 (quin- TÍTULO II – DAS DIVERSAS
a construção ou a plantação, de ze) dias. ESPÉCIES DE EXECUÇÃO
modo a assegurar a publicidade
da responsabilidade patrimonial Art. 793. O exequente que es- CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
de cada um deles pelas dívidas e tiver, por direito de retenção, na GERAIS
pelas obrigações que a eles estão posse de coisa pertencente ao
vinculadas. devedor não poderá promover a Art. 797. Ressalvado o caso de
§ 2o Aplica-se, no que cou- execução sobre outros bens se- insolvência do devedor, em que
ber, o disposto neste artigo à não depois de excutida a coisa tem lugar o concurso universal,
enfiteuse, à concessão de uso que se achar em seu poder. realiza-se a execução no interes-
especial para fins de moradia e à se do exequente que adquire, pela
concessão de direito real de uso. Art. 794. O fiador, quando exe- penhora, o direito de preferência
cutado, tem o direito de exigir sobre os bens penhorados.
Art. 792. A alienação ou a onera- que primeiro sejam executados Parágrafo único. Recaindo
ção de bem é considerada fraude os bens do devedor situados na mais de uma penhora sobre o
à execução: mesma comarca, livres e desem- mesmo bem, cada exequente
I – quando sobre o bem pen- bargados, indicando-os pormeno- conservará o seu título de pre-
der ação fundada em direito real rizadamente à penhora. ferência.
ou com pretensão reipersecu- § 1o Os bens do fiador fica-
tória, desde que a pendência do rão sujeitos à execução se os Art. 798. Ao propor a execução,
processo tenha sido averbada do devedor, situados na mesma incumbe ao exequente:
no respectivo registro público, comarca que os seus, forem in- I – instruir a petição inicial
se houver; suficientes à satisfação do direito com:
II – quando tiver sido averba- do credor. a) o título executivo extra-
da, no registro do bem, a pendên- § 2o O fiador que pagar a dí- judicial;
cia do processo de execução, na vida poderá executar o afiançado b) o demonstrativo do débito
forma do art. 828; nos autos do mesmo processo. atualizado até a data de propo-
III – quando tiver sido averba- § 3o O disposto no caput não situra da ação, quando se tratar
do, no registro do bem, hipoteca se aplica se o fiador houver re- de execução por quantia certa;
judiciária ou outro ato de constri- nunciado ao benefício de ordem. c) a prova de que se verificou
ção judicial originário do processo a condição ou ocorreu o termo,
onde foi arguida a fraude; Art. 795. Os bens particulares se for o caso;
IV – quando, ao tempo da alie- dos sócios não respondem pelas d) a prova, se for o caso, de
nação ou da oneração, tramitava dívidas da sociedade, senão nos que adimpliu a contraprestação
contra o devedor ação capaz de casos previstos em lei. que lhe corresponde ou que lhe
reduzi-lo à insolvência; § 1o O sócio réu, quando res- assegura o cumprimento, se o
V – nos demais casos expres- ponsável pelo pagamento da dí- executado não for obrigado a sa-
sos em lei. vida da sociedade, tem o direito tisfazer a sua prestação senão
§ 1o A alienação em fraude à de exigir que primeiro sejam ex- mediante a contraprestação do
execução é ineficaz em relação cutidos os bens da sociedade. exequente;
ao exequente. § 2o Incumbe ao sócio que II – indicar:
§ 2o No caso de aquisição alegar o benefício do § 1o nomear a) a espécie de execução de
de bem não sujeito a registro, o quantos bens da sociedade situ- sua preferência, quando por mais
terceiro adquirente tem o ônus ados na mesma comarca, livres de um modo puder ser realizada;
de provar que adotou as caute- e desembargados, bastem para b) os nomes completos do
las necessárias para a aquisição, pagar o débito. exequente e do executado e seus
mediante a exibição das certidões § 3o O sócio que pagar a dívi- números de inscrição no Cadastro
pertinentes, obtidas no domicílio da poderá executar a sociedade de Pessoas Físicas ou no Cadas-
do vendedor e no local onde se nos autos do mesmo processo. tro Nacional da Pessoa Jurídica;
encontra o bem. § 4o Para a desconsideração c) os bens suscetíveis de pe-
§ 3o Nos casos de descon- da personalidade jurídica é obri- nhora, sempre que possível.
sideração da personalidade jurí- gatória a observância do inciden- Parágrafo único. O demons-
dica, a fraude à execução verifi- te previsto neste Código. trativo do débito deverá conter:
ca-se a partir da citação da parte I – o índice de correção mo-
cuja personalidade se pretende Art. 796. O espólio responde pe- netária adotado;
desconsiderar. las dívidas do falecido, mas, feita II – a taxa de juros aplicada;
§ 4o Antes de declarar a frau- a partilha, cada herdeiro respon- III – os termos inicial e final
de à execução, o juiz deverá in- de por elas dentro das forças da de incidência do índice de corre-
timar o terceiro adquirente, que, herança e na proporção da parte ção monetária e da taxa de juros
se quiser, poderá opor embargos que lhe coube. utilizados;

355
Código de Processo Civil
IV – a periodicidade da capi- titular da construção-base, bem gravado por penhor, hipoteca ou
talização dos juros, se for o caso; como, se for o caso, do titular de anticrese será ineficaz em relação
V – a especificação de des- lajes anteriores, quando a pe- ao credor pignoratício, hipotecá-
conto obrigatório realizado. nhora recair sobre o direito real rio ou anticrético não intimado.
de laje; § 1o A alienação de bem ob-
Art. 799. Incumbe ainda ao exe- XI – requerer a intimação do jeto de promessa de compra e
quente: titular das lajes, quando a penhora venda ou de cessão registrada
I – requerer a intimação do recair sobre a construção-base. será ineficaz em relação ao pro-
credor pignoratício, hipotecário, mitente comprador ou ao cessio-
anticrético ou fiduciário, quan- Art. 800. Nas obrigações alter- nário não intimado.
do a penhora recair sobre bens nativas, quando a escolha couber § 2o A alienação de bem so-
gravados por penhor, hipoteca, ao devedor, esse será citado para bre o qual tenha sido instituído
anticrese ou alienação fiduciária; exercer a opção e realizar a pres- direito de superfície, seja do solo,
II – requerer a intimação do tação dentro de 10 (dez) dias, se da plantação ou da construção,
titular de usufruto, uso ou habi- outro prazo não lhe foi determi- será ineficaz em relação ao con-
tação, quando a penhora recair nado em lei ou em contrato. cedente ou ao concessionário
sobre bem gravado por usufruto, § 1o Devolver-se-á ao credor não intimado.
uso ou habitação; a opção, se o devedor não a exer- § 3o A alienação de direito
III – requerer a intimação do cer no prazo determinado. aquisitivo de bem objeto de pro-
promitente comprador, quando § 2o A escolha será indica- messa de venda, de promessa de
a penhora recair sobre bem em da na petição inicial da execu- cessão ou de alienação fiduciária
relação ao qual haja promessa ção quando couber ao credor será ineficaz em relação ao pro-
de compra e venda registrada; exercê-la. mitente vendedor, ao promitente
IV – requerer a intimação do cedente ou ao proprietário fidu-
promitente vendedor, quando a Art. 801. Verificando que a pe- ciário não intimado.
penhora recair sobre direito aqui- tição inicial está incompleta ou § 4o A alienação de imóvel
sitivo derivado de promessa de que não está acompanhada dos sobre o qual tenha sido instituí-
compra e venda registrada; documentos indispensáveis à da enfiteuse, concessão de uso
V – requerer a intimação do propositura da execução, o juiz especial para fins de moradia
superficiário, enfiteuta ou con- determinará que o exequente a ou concessão de direito real de
cessionário, em caso de direito corrija, no prazo de 15 (quinze) uso será ineficaz em relação ao
de superfície, enfiteuse, conces- dias, sob pena de indeferimento. enfiteuta ou ao concessionário
são de uso especial para fins de não intimado.
moradia ou concessão de direito Art. 802. Na execução, o despa- § 5o A alienação de direitos
real de uso, quando a penhora re- cho que ordena a citação, desde do enfiteuta, do concessionário
cair sobre imóvel submetido ao que realizada em observância ao de direito real de uso ou do con-
regime do direito de superfície, disposto no § 2o do art. 240, in- cessionário de uso especial para
enfiteuse ou concessão; terrompe a prescrição, ainda que fins de moradia será ineficaz em
VI – requerer a intimação do proferido por juízo incompetente. relação ao proprietário do respec-
proprietário de terreno com regi- Parágrafo único. A interrup- tivo imóvel não intimado.
me de direito de superfície, enfi- ção da prescrição retroagirá à § 6o A alienação de bem so-
teuse, concessão de uso especial data de propositura da ação. bre o qual tenha sido instituído
para fins de moradia ou conces- usufruto, uso ou habitação será
são de direito real de uso, quando Art. 803. É nula a execução se: ineficaz em relação ao titular des-
a penhora recair sobre direitos do I – o título executivo extrajudi- ses direitos reais não intimado.
superficiário, do enfiteuta ou do cial não corresponder a obrigação
concessionário; certa, líquida e exigível; Art. 805. Quando por vários
VII – requerer a intimação da II – o executado não for regu- meios o exequente puder pro-
sociedade, no caso de penhora de larmente citado; mover a execução, o juiz mandará
quota social ou de ação de socie- III – for instaurada antes de se que se faça pelo modo menos
dade anônima fechada, para o fim verificar a condição ou de ocor- gravoso para o executado.
previsto no art. 876, § 7o; rer o termo. Parágrafo único. Ao execu-
VIII – pleitear, se for o caso, Parágrafo único. A nulidade tado que alegar ser a medida
medidas urgentes; de que cuida este artigo será executiva mais gravosa incumbe
IX – proceder à averbação pronunciada pelo juiz, de ofício indicar outros meios mais efica-
em registro público do ato de ou a requerimento da parte, in- zes e menos onerosos, sob pena
propositura da execução e dos dependentemente de embargos de manutenção dos atos execu-
atos de constrição realizados, à execução. tivos já determinados.
para conhecimento de terceiros;
X – requerer a intimação do Art. 804. A alienação de bem

356
Código de Processo Civil
CAPÍTULO II – DA executado ou por terceiros de Seção II – Da Obrigação de
EXECUÇÃO PARA A cujo poder ela houver sido tirada, Fazer
a liquidação prévia é obrigatória.
ENTREGA DE COISA Parágrafo único. Havendo Art. 815. Quando o objeto da
Seção I – Da Entrega de saldo: execução for obrigação de fazer,
Coisa Certa I – em favor do executado o executado será citado para sa-
ou de terceiros, o exequente o tisfazê-la no prazo que o juiz lhe
Art. 806. O devedor de obriga- depositará ao requerer a entre- designar, se outro não estiver
ção de entrega de coisa certa, ga da coisa; determinado no título executivo.
constante de título executivo II – em favor do exequente,
extrajudicial, será citado para, esse poderá cobrá-lo nos autos Art. 816. Se o executado não
em 15 (quinze) dias, satisfazer a do mesmo processo. satisfizer a obrigação no prazo
obrigação. designado, é lícito ao exequente,
§ 1o Ao despachar a inicial, nos próprios autos do processo,
o juiz poderá fixar multa por dia
Seção II – Da Entrega de requerer a satisfação da obri-
de atraso no cumprimento da Coisa Incerta gação à custa do executado ou
obrigação, ficando o respectivo perdas e danos, hipótese em que
valor sujeito a alteração, caso se Art. 811. Quando a execução re- se converterá em indenização.
revele insuficiente ou excessivo. cair sobre coisa determinada pelo Parágrafo único. O valor das
§ 2o Do mandado de citação gênero e pela quantidade, o exe- perdas e danos será apurado em
constará ordem para imissão na cutado será citado para entregá- liquidação, seguindo-se a exe-
posse ou busca e apreensão, con- -la individualizada, se lhe couber cução para cobrança de quan-
forme se tratar de bem imóvel ou a escolha. tia certa.
móvel, cujo cumprimento se dará Parágrafo único. Se a escolha
de imediato, se o executado não couber ao exequente, esse deverá Art. 817. Se a obrigação puder
satisfizer a obrigação no prazo indicá-la na petição inicial. ser satisfeita por terceiro, é lícito
que lhe foi designado. ao juiz autorizar, a requerimento
Art. 812. Qualquer das partes do exequente, que aquele a satis-
Art. 807. Se o executado entre- poderá, no prazo de 15 (quinze) faça à custa do executado.
gar a coisa, será lavrado o termo dias, impugnar a escolha feita Parágrafo único. O exequente
respectivo e considerada satisfei- pela outra, e o juiz decidirá de adiantará as quantias previstas na
ta a obrigação, prosseguindo-se plano ou, se necessário, ouvindo proposta que, ouvidas as partes,
a execução para o pagamento perito de sua nomeação. o juiz houver aprovado.
de frutos ou o ressarcimento de
prejuízos, se houver. Art. 813. Aplicar-se-ão à execu- Art. 818. Realizada a prestação,
ção para entrega de coisa incerta, o juiz ouvirá as partes no prazo
Art. 808. Alienada a coisa quan- no que couber, as disposições da de 10 (dez) dias e, não havendo
do já litigiosa, será expedido man- Seção I deste Capítulo. impugnação, considerará satis-
dado contra o terceiro adquirente, feita a obrigação.
que somente será ouvido após Parágrafo único. Caso haja
depositá-la. CAPÍTULO III – DA impugnação, o juiz a decidirá.
EXECUÇÃO DAS
Art. 809. O exequente tem di- OBRIGAÇÕES DE FAZER OU Art. 819. Se o terceiro contra-
reito a receber, além de perdas DE NÃO FAZER tado não realizar a prestação no
e danos, o valor da coisa, quan- prazo ou se o fizer de modo in-
do essa se deteriorar, não lhe for Seção I – Disposições completo ou defeituoso, poderá
entregue, não for encontrada ou Comuns o exequente requerer ao juiz, no
não for reclamada do poder de prazo de 15 (quinze) dias, que o au-
terceiro adquirente. Art. 814. Na execução de obri- torize a concluí-la ou a repará-la
§ 1o Não constando do título o gação de fazer ou de não fazer à custa do contratante.
valor da coisa e sendo impossível fundada em título extrajudicial, ao Parágrafo único. Ouvido o
sua avaliação, o exequente apre- despachar a inicial, o juiz fixará contratante no prazo de 15 (quin-
sentará estimativa, sujeitando-a multa por período de atraso no ze) dias, o juiz mandará avaliar o
ao arbitramento judicial. cumprimento da obrigação e a custo das despesas necessárias
§ 2o Serão apurados em li- data a partir da qual será devida. e o condenará a pagá-lo.
quidação o valor da coisa e os Parágrafo único. Se o valor
prejuízos. da multa estiver previsto no títu- Art. 820. Se o exequente quiser
lo e for excessivo, o juiz poderá executar ou mandar executar,
Art. 810. Havendo benfeitorias reduzi-lo. sob sua direção e vigilância, as
indenizáveis feitas na coisa pelo obras e os trabalhos necessá-

357
Código de Processo Civil
rios à realização da prestação, I – adjudicação; § 4o Presume-se em frau-
terá preferência, em igualdade de II – alienação; de à execução a alienação ou a
condições de oferta, em relação III – apropriação de frutos oneração de bens efetuada após
ao terceiro. e rendimentos de empresa ou a averbação.
Parágrafo único. O direito de de estabelecimentos e de ou- § 5o O exequente que pro-
preferência deverá ser exercido tros bens. mover averbação manifestamen-
no prazo de 5 (cinco) dias, após te indevida ou não cancelar as
aprovada a proposta do terceiro. Art. 826. Antes de adjudicados averbações nos termos do § 2o
ou alienados os bens, o executado indenizará a parte contrária, pro-
Art. 821. Na obrigação de fazer, pode, a todo tempo, remir a exe- cessando-se o incidente em autos
quando se convencionar que o cução, pagando ou consignando apartados.
executado a satisfaça pessoal- a importância atualizada da dívi-
mente, o exequente poderá re- da, acrescida de juros, custas e Art. 829. O executado será cita-
querer ao juiz que lhe assine prazo honorários advocatícios. do para pagar a dívida no prazo de
para cumpri-la. 3 (três) dias, contado da citação.
Parágrafo único. Havendo re- § 1o Do mandado de citação
cusa ou mora do executado, sua
Seção II – Da Citação do constarão, também, a ordem de
obrigação pessoal será convertida Devedor e do Arresto penhora e a avaliação a serem
em perdas e danos, caso em que cumpridas pelo oficial de justi-
se observará o procedimento de Art. 827. Ao despachar a ini- ça tão logo verificado o não pa-
execução por quantia certa. cial, o juiz fixará, de plano, os gamento no prazo assinalado,
honorários advocatícios de dez de tudo lavrando-se auto, com
por cento, a serem pagos pelo intimação do executado.
Seção III – Da Obrigação de executado. § 2o A penhora recairá sobre
Não Fazer § 1o No caso de integral paga- os bens indicados pelo exequente,
mento no prazo de 3 (três) dias, o salvo se outros forem indicados
Art. 822. Se o executado prati- valor dos honorários advocatícios pelo executado e aceitos pelo
cou ato a cuja abstenção estava será reduzido pela metade. juiz, mediante demonstração de
obrigado por lei ou por contrato, § 2o O valor dos honorários que a constrição proposta lhe
o exequente requererá ao juiz que poderá ser elevado até vinte por será menos onerosa e não trará
assine prazo ao executado para cento, quando rejeitados os em- prejuízo ao exequente.
desfazê-lo. bargos à execução, podendo a
majoração, caso não opostos os Art. 830. Se o oficial de justiça
Art. 823. Havendo recusa ou embargos, ocorrer ao final do pro- não encontrar o executado, ar-
mora do executado, o exequente cedimento executivo, levando-se restar-lhe-á tantos bens quantos
requererá ao juiz que mande des- em conta o trabalho realizado pelo bastem para garantir a execução.
fazer o ato à custa daquele, que advogado do exequente. § 1o Nos 10 (dez) dias seguin-
responderá por perdas e danos. tes à efetivação do arresto, o
Parágrafo único. Não sendo Art. 828. O exequente poderá oficial de justiça procurará o exe-
possível desfazer-se o ato, a obri- obter certidão de que a execução cutado 2 (duas) vezes em dias
gação resolve-se em perdas e da- foi admitida pelo juiz, com identi- distintos e, havendo suspeita de
nos, caso em que, após a liquida- ficação das partes e do valor da ocultação, realizará a citação com
ção, se observará o procedimento causa, para fins de averbação no hora certa, certificando porme-
de execução por quantia certa. registro de imóveis, de veículos ou norizadamente o ocorrido.
de outros bens sujeitos a penho- § 2o Incumbe ao exequente
ra, arresto ou indisponibilidade. requerer a citação por edital, uma
CAPÍTULO IV – DA § 1o No prazo de 10 (dez) dias vez frustradas a pessoal e a com
EXECUÇÃO POR QUANTIA de sua concretização, o exequen- hora certa.
CERTA te deverá comunicar ao juízo as § 3o Aperfeiçoada a citação
averbações efetivadas. e transcorrido o prazo de paga-
Seção I – Disposições Gerais § 2o Formalizada penhora so- mento, o arresto converter-se-á
bre bens suficientes para cobrir o em penhora, independentemente
Art. 824. A execução por quan- valor da dívida, o exequente provi- de termo.
tia certa realiza-se pela expro- denciará, no prazo de 10 (dez) dias,
priação de bens do executado, o cancelamento das averbações
ressalvadas as execuções es- relativas àqueles não penhorados.
peciais. § 3o O juiz determinará o can-
celamento das averbações, de
Art. 825. A expropriação con- ofício ou a requerimento, caso o
siste em: exequente não o faça no prazo.

358
Código de Processo Civil
Seção III – Da Penhora, do educação, saúde ou assistên- IV – veículos de via terrestre;
Depósito e da Avaliação cia social; V – bens imóveis;
X – a quantia depositada em VI – bens móveis em geral;
Subseção I – Do Objeto da caderneta de poupança, até o VII – semoventes;
Penhora limite de 40 (quarenta) salários VIII – navios e aeronaves;
mínimos; IX – ações e quotas de so-
Art. 831. A penhora deverá re- XI – os recursos públicos do ciedades simples e empresárias;
cair sobre tantos bens quantos fundo partidário recebidos por X – percentual do faturamen-
bastem para o pagamento do partido político, nos termos da lei; to de empresa devedora;
principal atualizado, dos juros, XII – os créditos oriundos de XI – pedras e metais precio-
das custas e dos honorários ad- alienação de unidades imobiliá- sos;
vocatícios. rias, sob regime de incorporação XII – direitos aquisitivos de-
imobiliária, vinculados à execução rivados de promessa de compra
Art. 832. Não estão sujeitos à da obra. e venda e de alienação fiduciária
execução os bens que a lei con- § 1o A impenhorabilidade não em garantia;
sidera impenhoráveis ou inalie- é oponível à execução de dívida XIII – outros direitos.
náveis. relativa ao próprio bem, inclu- § 1o É prioritária a penhora
sive àquela contraída para sua em dinheiro, podendo o juiz, nas
Art. 833. São impenhoráveis: aquisição. demais hipóteses, alterar a or-
I – os bens inalienáveis e os § 2o O disposto nos incisos dem prevista no caput de acordo
declarados, por ato voluntário, IV e X do caput não se aplica à com as circunstâncias do caso
não sujeitos à execução; hipótese de penhora para paga- concreto.
II – os móveis, os pertences mento de prestação alimentícia, § 2o Para fins de substituição
e as utilidades domésticas que independentemente de sua ori- da penhora, equiparam-se a di-
guarnecem a residência do exe- gem, bem como às importâncias nheiro a fiança bancária e o se-
cutado, salvo os de elevado valor excedentes a 50 (cinquenta) salá- guro garantia judicial, desde que
ou os que ultrapassem as neces- rios mínimos mensais, devendo a em valor não inferior ao do débito
sidades comuns correspondentes constrição observar o disposto no constante da inicial, acrescido de
a um médio padrão de vida; art. 528, § 8o, e no art. 529, § 3o. trinta por cento.
III – os vestuários, bem como § 3o Incluem-se na impenho- § 3o Na execução de crédi-
os pertences de uso pessoal do rabilidade prevista no inciso V do to com garantia real, a penhora
executado, salvo se de elevado caput os equipamentos, os imple- recairá sobre a coisa dada em
valor; mentos e as máquinas agrícolas garantia, e, se a coisa pertencer
IV – os vencimentos, os sub- pertencentes a pessoa física ou a terceiro garantidor, este tam-
sídios, os soldos, os salários, as a empresa individual produtora bém será intimado da penhora.
remunerações, os proventos de rural, exceto quando tais bens
aposentadoria, as pensões, os tenham sido objeto de financia- Art. 836. Não se levará a efeito
pecúlios e os montepios, bem mento e estejam vinculados em a penhora quando ficar evidente
como as quantias recebidas por garantia a negócio jurídico ou que o produto da execução dos
liberalidade de terceiro e desti- quando respondam por dívida de bens encontrados será totalmen-
nadas ao sustento do devedor natureza alimentar, trabalhista ou te absorvido pelo pagamento das
e de sua família, os ganhos de previdenciária. custas da execução.
trabalhador autônomo e os ho- § 1o Quando não encontrar
norários de profissional liberal, Art. 834. Podem ser penhora- bens penhoráveis, independen-
ressalvado o § 2o; dos, à falta de outros bens, os temente de determinação judi-
V – os livros, as máquinas, as frutos e os rendimentos dos bens cial expressa, o oficial de justiça
ferramentas, os utensílios, os ins- inalienáveis. descreverá na certidão os bens
trumentos ou outros bens móveis que guarnecem a residência ou
necessários ou úteis ao exercício Art. 835. A penhora observará, o estabelecimento do executado,
da profissão do executado; preferencialmente, a seguinte quando este for pessoa jurídica.
VI – o seguro de vida; ordem: § 2o Elaborada a lista, o exe-
VII – os materiais necessários I – dinheiro, em espécie ou cutado ou seu representante legal
para obras em andamento, salvo em depósito ou aplicação em será nomeado depositário pro-
se essas forem penhoradas; instituição financeira; visório de tais bens até ulterior
VIII – a pequena propriedade II – títulos da dívida pública determinação do juiz.
rural, assim definida em lei, des- da União, dos Estados e do Dis-
de que trabalhada pela família; trito Federal com cotação em
IX – os recursos públicos re- mercado;
cebidos por instituições privadas III – títulos e valores mobili-
para aplicação compulsória em ários com cotação em mercado;

359
Código de Processo Civil
Subseção II – Da do executado. ao coproprietário ou ao cônjuge
Documentação da Penhora, § 1o No caso do inciso II do alheio à execução, o correspon-
de seu Registro e do caput, se não houver depositário dente à sua quota-parte calculado
Depósito judicial, os bens ficarão em poder sobre o valor da avaliação.
do exequente.
Art. 837. Obedecidas as normas § 2o Os bens poderão ser de- Art. 844. Para presunção abso-
de segurança instituídas sob cri- positados em poder do executado luta de conhecimento por tercei-
térios uniformes pelo Conselho nos casos de difícil remoção ou ros, cabe ao exequente providen-
Nacional de Justiça, a penho- quando anuir o exequente. ciar a averbação do arresto ou da
ra de dinheiro e as averbações § 3o As joias, as pedras e os penhora no registro competente,
de penhoras de bens imóveis e objetos preciosos deverão ser mediante apresentação de cópia
móveis podem ser realizadas por depositados com registro do valor do auto ou do termo, indepen-
meio eletrônico. estimado de resgate. dentemente de mandado judicial.

Art. 838. A penhora será rea- Art. 841. Formalizada a penhora


lizada mediante auto ou termo, por qualquer dos meios legais,
Subseção III – Do Lugar de
que conterá: dela será imediatamente intimado Realização da Penhora
I – a indicação do dia, do mês, o executado.
do ano e do lugar em que foi feita; § 1o A intimação da penhora Art. 845. Efetuar-se-á a penho-
II – os nomes do exequente e será feita ao advogado do execu- ra onde se encontrem os bens,
do executado; tado ou à sociedade de advogados ainda que sob a posse, a detenção
III – a descrição dos bens pe- a que aquele pertença. ou a guarda de terceiros.
nhorados, com as suas caracte- § 2o Se não houver constitu- § 1o A penhora de imóveis,
rísticas; ído advogado nos autos, o execu- independentemente de onde se
IV – a nomeação do deposi- tado será intimado pessoalmente, localizem, quando apresentada
tário dos bens. de preferência por via postal. certidão da respectiva matrícula,
§ 3o O disposto no § 1o não se e a penhora de veículos automo-
Art. 839. Considerar-se-á feita aplica aos casos de penhora rea- tores, quando apresentada certi-
a penhora mediante a apreensão lizada na presença do executado, dão que ateste a sua existência,
e o depósito dos bens, lavrando- que se reputa intimado. serão realizadas por termo nos
-se um só auto se as diligências § 4o Considera-se realizada autos.
forem concluídas no mesmo dia. a intimação a que se refere o § 2o Se o executado não ti-
Parágrafo único. Havendo § 2o quando o executado houver ver bens no foro do processo,
mais de uma penhora, serão la- mudado de endereço sem prévia não sendo possível a realização
vrados autos individuais. comunicação ao juízo, observado da penhora nos termos do § 1o,
o disposto no parágrafo único do a execução será feita por carta,
Art. 840. Serão preferencial- art. 274. penhorando-se, avaliando-se e
mente depositados: alienando-se os bens no foro da
I – as quantias em dinheiro, Art. 842. Recaindo a penhora situação.
os papéis de crédito e as pedras sobre bem imóvel ou direito real
e os metais preciosos, no Banco sobre imóvel, será intimado tam- Art. 846. Se o executado fechar
do Brasil, na Caixa Econômica bém o cônjuge do executado, sal- as portas da casa a fim de obstar
Federal ou em banco do qual o Es- vo se forem casados em regime a penhora dos bens, o oficial de
tado ou o Distrito Federal possua de separação absoluta de bens. justiça comunicará o fato ao juiz,
mais da metade do capital social solicitando-lhe ordem de arrom-
integralizado, ou, na falta desses Art. 843. Tratando-se de penho- bamento.
estabelecimentos, em qualquer ra de bem indivisível, o equivalen- § 1o Deferido o pedido, 2
instituição de crédito designada te à quota-parte do coproprietário (dois) oficiais de justiça cum-
pelo juiz; ou do cônjuge alheio à execução prirão o mandado, arrombando
II – os móveis, os semoven- recairá sobre o produto da alie- cômodos e móveis em que se
tes, os imóveis urbanos e os di- nação do bem. presuma estarem os bens, e la-
reitos aquisitivos sobre imóveis § 1o É reservada ao copro- vrarão de tudo auto circunstan-
urbanos, em poder do depositá- prietário ou ao cônjuge não exe- ciado, que será assinado por 2
rio judicial; cutado a preferência na arrema- (duas) testemunhas presentes
III – os imóveis rurais, os di- tação do bem em igualdade de à diligência.
reitos aquisitivos sobre imóveis condições. § 2o Sempre que necessário,
rurais, as máquinas, os utensílios § 2o Não será levada a efeito o juiz requisitará força policial, a
e os instrumentos necessários ou expropriação por preço inferior fim de auxiliar os oficiais de jus-
úteis à atividade agrícola, me- ao da avaliação na qual o valor tiça na penhora dos bens.
diante caução idônea, em poder auferido seja incapaz de garantir, § 3o Os oficiais de justiça la-

360
Código de Processo Civil
vrarão em duplicata o auto da substituição caso o requeira com Art. 852. O juiz determinará a
ocorrência, entregando uma via a expressa anuência do cônjuge, alienação antecipada dos bens
ao escrivão ou ao chefe de secre- salvo se o regime for o de sepa- penhorados quando:
taria, para ser juntada aos autos, ração absoluta de bens. I – se tratar de veículos au-
e a outra à autoridade policial a § 4o O juiz intimará o exe- tomotores, de pedras e metais
quem couber a apuração criminal quente para manifestar-se sobre preciosos e de outros bens mó-
dos eventuais delitos de desobe- o requerimento de substituição veis sujeitos à depreciação ou à
diência ou de resistência. do bem penhorado. deterioração;
§ 4o Do auto da ocorrência II – houver manifesta van-
constará o rol de testemunhas, Art. 848. As partes poderão tagem.
com a respectiva qualificação. requerer a substituição da pe-
nhora se: Art. 853. Quando uma das par-
I – ela não obedecer à or- tes requerer alguma das medidas
Subseção IV – Das dem legal; previstas nesta Subseção, o juiz
Modificações da Penhora II – ela não incidir sobre os ouvirá sempre a outra, no prazo
bens designados em lei, contrato de 3 (três) dias, antes de decidir.
Art. 847. O executado pode, no ou ato judicial para o pagamento; Parágrafo único. O juiz deci-
prazo de 10 (dez) dias contado da III – havendo bens no foro da dirá de plano qualquer questão
intimação da penhora, requerer execução, outros tiverem sido suscitada.
a substituição do bem penhora- penhorados;
do, desde que comprove que lhe IV – havendo bens livres, ela
será menos onerosa e não trará tiver recaído sobre bens já pe-
Subseção V – Da Penhora de
prejuízo ao exequente. nhorados ou objeto de gravame; Dinheiro em Depósito ou em
§ 1o O juiz só autorizará a V – ela incidir sobre bens de Aplicação Financeira
substituição se o executado: baixa liquidez;
I – comprovar as respectivas VI – fracassar a tentativa de Art. 854. Para possibilitar a pe-
matrículas e os registros por cer- alienação judicial do bem; ou nhora de dinheiro em depósito ou
tidão do correspondente ofício, VII – o executado não indicar o em aplicação financeira, o juiz,
quanto aos bens imóveis; valor dos bens ou omitir qualquer a requerimento do exequente,
II – descrever os bens móveis, das indicações previstas em lei. sem dar ciência prévia do ato ao
com todas as suas propriedades Parágrafo único. A penhora executado, determinará às insti-
e características, bem como o pode ser substituída por fiança tuições financeiras, por meio de
estado deles e o lugar onde se bancária ou por seguro garantia sistema eletrônico gerido pela
encontram; judicial, em valor não inferior ao autoridade supervisora do sis-
III – descrever os semoventes, do débito constante da inicial, tema financeiro nacional, que
com indicação de espécie, de acrescido de trinta por cento. torne indisponíveis ativos finan-
número, de marca ou sinal e do ceiros existentes em nome do
local onde se encontram; Art. 849. Sempre que ocorrer executado, limitando-se a indis-
IV – identificar os créditos, a substituição dos bens inicial- ponibilidade ao valor indicado na
indicando quem seja o devedor, mente penhorados, será lavrado execução.
qual a origem da dívida, o título novo termo. § 1o No prazo de 24 (vinte e
que a representa e a data do ven- quatro) horas a contar da respos-
cimento; e Art. 850. Será admitida a redu- ta, de ofício, o juiz determinará o
V – atribuir, em qualquer caso, ção ou a ampliação da penhora, cancelamento de eventual indis-
valor aos bens indicados à pe- bem como sua transferência para ponibilidade excessiva, o que de-
nhora, além de especificar os outros bens, se, no curso do pro- verá ser cumprido pela instituição
ônus e os encargos a que este- cesso, o valor de mercado dos financeira em igual prazo.
jam sujeitos. bens penhorados sofrer alteração § 2o Tornados indisponíveis
§ 2o Requerida a substituição significativa. os ativos financeiros do executa-
do bem penhorado, o executado do, este será intimado na pessoa
deve indicar onde se encontram Art. 851. Não se procede à se- de seu advogado ou, não o tendo,
os bens sujeitos à execução, exi- gunda penhora, salvo se: pessoalmente.
bir a prova de sua propriedade e I – a primeira for anulada; § 3o Incumbe ao executado,
a certidão negativa ou positiva II – executados os bens, o no prazo de 5 (cinco) dias, com-
de ônus, bem como abster-se produto da alienação não bastar provar que:
de qualquer atitude que dificul- para o pagamento do exequente; I – as quantias tornadas in-
te ou embarace a realização da III – o exequente desistir da disponíveis são impenhoráveis;
penhora. primeira penhora, por serem li- II – ainda remanesce indis-
§ 3o O executado somente tigiosos os bens ou por estarem ponibilidade excessiva de ativos
poderá oferecer bem imóvel em submetidos a constrição judicial. financeiros.

361
Código de Processo Civil
§ 4o Acolhida qualquer das dade pelos atos praticados, na ceber o crédito do executado,
arguições dos incisos I e II do § 3o, forma da lei. de prosseguir na execução, nos
o juiz determinará o cancelamen- mesmos autos, penhorando ou-
to de eventual indisponibilidade tros bens.
irregular ou excessiva, a ser cum-
Subseção VI – Da Penhora de
prido pela instituição financeira Créditos Art. 858. Quando a penhora re-
em 24 (vinte e quatro) horas. cair sobre dívidas de dinheiro a
§ 5o Rejeitada ou não apre- Art. 855. Quando recair em cré- juros, de direito a rendas ou de
sentada a manifestação do exe- dito do executado, enquanto não prestações periódicas, o exe-
cutado, converter-se-á a indis- ocorrer a hipótese prevista no quente poderá levantar os juros,
ponibilidade em penhora, sem art. 856, considerar-se-á feita a os rendimentos ou as prestações
necessidade de lavratura de ter- penhora pela intimação: à medida que forem sendo depo-
mo, devendo o juiz da execução I – ao terceiro devedor para sitados, abatendo-se do crédito
determinar à instituição financei- que não pague ao executado, as importâncias recebidas, con-
ra depositária que, no prazo de 24 seu credor; forme as regras de imputação do
(vinte e quatro) horas, transfira o II – ao executado, credor do pagamento.
montante indisponível para conta terceiro, para que não pratique
vinculada ao juízo da execução. ato de disposição do crédito. Art. 859. Recaindo a penhora
§ 6o Realizado o pagamento sobre direito a prestação ou a
da dívida por outro meio, o juiz Art. 856. A penhora de crédito restituição de coisa determina-
determinará, imediatamente, por representado por letra de câm- da, o executado será intimado
sistema eletrônico gerido pela au- bio, nota promissória, duplicata, para, no vencimento, depositá-la,
toridade supervisora do sistema cheque ou outros títulos far-se-á correndo sobre ela a execução.
financeiro nacional, a notificação pela apreensão do documento,
da instituição financeira para que, esteja ou não este em poder do Art. 860. Quando o direito es-
em até 24 (vinte e quatro) horas, executado. tiver sendo pleiteado em juízo,
cancele a indisponibilidade. § 1o Se o título não for apre- a penhora que recair sobre ele
§ 7o As transmissões das or- endido, mas o terceiro confessar será averbada, com destaque, nos
dens de indisponibilidade, de seu a dívida, será este tido como de- autos pertinentes ao direito e na
cancelamento e de determinação positário da importância. ação correspondente à penhora, a
de penhora previstas neste artigo § 2o O terceiro só se exone- fim de que esta seja efetivada nos
far-se-ão por meio de sistema rará da obrigação depositando bens que forem adjudicados ou
eletrônico gerido pela autoridade em juízo a importância da dívida. que vierem a caber ao executado.
supervisora do sistema financei- § 3o Se o terceiro negar o
ro nacional. débito em conluio com o execu-
§ 8o A instituição financeira tado, a quitação que este lhe der
Subseção VII – Da Penhora
será responsável pelos prejuízos caracterizará fraude à execução. das Quotas ou das Ações de
causados ao executado em de- § 4o A requerimento do exe- Sociedades Personificadas
corrência da indisponibilidade quente, o juiz determinará o com-
de ativos financeiros em valor parecimento, em audiência espe- Art. 861. Penhoradas as quotas
superior ao indicado na execu- cialmente designada, do execu- ou as ações de sócio em socie-
ção ou pelo juiz, bem como na tado e do terceiro, a fim de lhes dade simples ou empresária, o
hipótese de não cancelamento tomar os depoimentos. juiz assinará prazo razoável, não
da indisponibilidade no prazo de superior a 3 (três) meses, para
24 (vinte e quatro) horas, quando Art. 857. Feita a penhora em que a sociedade:
assim determinar o juiz. direito e ação do executado, e I – apresente balanço espe-
§ 9o Quando se tratar de exe- não tendo ele oferecido embar- cial, na forma da lei;
cução contra partido político, o gos ou sendo estes rejeitados, o II – ofereça as quotas ou as
juiz, a requerimento do exequen- exequente ficará sub-rogado nos ações aos demais sócios, obser-
te, determinará às instituições direitos do executado até a con- vado o direito de preferência legal
financeiras, por meio de sistema corrência de seu crédito. ou contratual;
eletrônico gerido por autoridade § 1o O exequente pode pre- III – não havendo interes-
supervisora do sistema bancário, ferir, em vez da sub-rogação, a se dos sócios na aquisição das
que tornem indisponíveis ativos alienação judicial do direito pe- ações, proceda à liquidação das
financeiros somente em nome do nhorado, caso em que declarará quotas ou das ações, depositan-
órgão partidário que tenha con- sua vontade no prazo de 10 (dez) do em juízo o valor apurado, em
traído a dívida executada ou que dias contado da realização da dinheiro.
tenha dado causa à violação de penhora. § 1o Para evitar a liquidação
direito ou ao dano, ao qual cabe § 2o A sub-rogação não im- das quotas ou das ações, a so-
exclusivamente a responsabili- pede o sub-rogado, se não re- ciedade poderá adquiri-las sem

362
Código de Processo Civil
redução do capital social e com § 3o Em relação aos edifí- meio eficaz para a efetivação do
utilização de reservas, para ma- cios em construção sob regime crédito.
nutenção em tesouraria. de incorporação imobiliária, a
§ 2o O disposto no caput e penhora somente poderá recair
no § 1o não se aplica à sociedade sobre as unidades imobiliárias
Subseção IX – Da Penhora de
anônima de capital aberto, cujas ainda não comercializadas pelo Percentual de Faturamento
ações serão adjudicadas ao exe- incorporador. de Empresa
quente ou alienadas em bolsa de § 4o Sendo necessário afas-
valores, conforme o caso. tar o incorporador da adminis- Art. 866. Se o executado não
§ 3o Para os fins da liquida- tração da incorporação, será ela tiver outros bens penhoráveis
ção de que trata o inciso III do exercida pela comissão de re- ou se, tendo-os, esses forem de
caput, o juiz poderá, a requeri- presentantes dos adquirentes difícil alienação ou insuficientes
mento do exequente ou da so- ou, se se tratar de construção para saldar o crédito executado,
ciedade, nomear administrador, financiada, por empresa ou pro- o juiz poderá ordenar a penhora
que deverá submeter à aprovação fissional indicado pela instituição de percentual de faturamento
judicial a forma de liquidação. fornecedora dos recursos para a de empresa.
§ 4o O prazo previsto no obra, devendo ser ouvida, neste § 1o O juiz fixará percentu-
caput poderá ser ampliado pelo último caso, a comissão de re- al que propicie a satisfação do
juiz, se o pagamento das quotas presentantes dos adquirentes. crédito exequendo em tempo
ou das ações liquidadas: razoável, mas que não torne in-
I – superar o valor do saldo Art. 863. A penhora de empresa viável o exercício da atividade
de lucros ou reservas, exceto a que funcione mediante conces- empresarial.
legal, e sem diminuição do capital são ou autorização far-se-á, con- § 2o O juiz nomeará adminis-
social, ou por doação; ou forme o valor do crédito, sobre a trador-depositário, o qual subme-
II – colocar em risco a esta- renda, sobre determinados bens terá à aprovação judicial a forma
bilidade financeira da sociedade ou sobre todo o patrimônio, e o de sua atuação e prestará contas
simples ou empresária. juiz nomeará como depositário, mensalmente, entregando em ju-
§ 5o Caso não haja interesse de preferência, um de seus di- ízo as quantias recebidas, com os
dos demais sócios no exercício retores. respectivos balancetes mensais,
de direito de preferência, não § 1o Quando a penhora recair a fim de serem imputadas no pa-
ocorra a aquisição das quotas sobre a renda ou sobre determi- gamento da dívida.
ou das ações pela sociedade e a nados bens, o administrador-de- § 3o Na penhora de percen-
liquidação do inciso III do caput positário apresentará a forma tual de faturamento de empresa,
seja excessivamente onerosa de administração e o esquema observar-se-á, no que couber, o
para a sociedade, o juiz poderá de pagamento, observando-se, disposto quanto ao regime de
determinar o leilão judicial das quanto ao mais, o disposto em penhora de frutos e rendimentos
quotas ou das ações. relação ao regime de penhora de coisa móvel e imóvel.
de frutos e rendimentos de coisa
móvel e imóvel.
Subseção VIII – Da Penhora § 2o Recaindo a penhora so-
Subseção X – Da Penhora
de Empresa, de Outros bre todo o patrimônio, prossegui- de Frutos e Rendimentos de
Estabelecimentos e de rá a execução em seus ulteriores Coisa Móvel ou Imóvel
Semoventes termos, ouvindo-se, antes da ar-
rematação ou da adjudicação, o Art. 867. O juiz pode ordenar a
Art. 862. Quando a penhora re- ente público que houver outor- penhora de frutos e rendimentos
cair em estabelecimento comer- gado a concessão. de coisa móvel ou imóvel quando
cial, industrial ou agrícola, bem a considerar mais eficiente para o
como em semoventes, plantações Art. 864. A penhora de navio recebimento do crédito e menos
ou edifícios em construção, o juiz ou de aeronave não obsta que gravosa ao executado.
nomeará administrador-deposi- continuem navegando ou ope-
tário, determinando-lhe que apre- rando até a alienação, mas o juiz, Art. 868. Ordenada a penhora
sente em 10 (dez) dias o plano de ao conceder a autorização para de frutos e rendimentos, o juiz
administração. tanto, não permitirá que saiam nomeará administrador-deposi-
§ 1o Ouvidas as partes, o juiz do porto ou do aeroporto antes tário, que será investido de todos
decidirá. que o executado faça o seguro os poderes que concernem à ad-
§ 2o É lícito às partes ajus- usual contra riscos. ministração do bem e à fruição de
tar a forma de administração e seus frutos e utilidades, perdendo
escolher o depositário, hipótese Art. 865. A penhora de que tra- o executado o direito de gozo do
em que o juiz homologará por ta esta Subseção somente será bem, até que o exequente seja
despacho a indicação. determinada se não houver outro pago do principal, dos juros, das

363
Código de Processo Civil
custas e dos honorários advo- Art. 871. Não se procederá à liação quando:
catícios. avaliação quando: I – qualquer das partes arguir,
§ 1o A medida terá eficácia I – uma das partes aceitar a fundamentadamente, a ocorrên-
em relação a terceiros a partir estimativa feita pela outra; cia de erro na avaliação ou dolo
da publicação da decisão que II – se tratar de títulos ou de do avaliador;
a conceda ou de sua averbação mercadorias que tenham cota- II – se verificar, posterior-
no ofício imobiliário, em caso de ção em bolsa, comprovada por mente à avaliação, que houve
imóveis. certidão ou publicação no órgão majoração ou diminuição no va-
§ 2o O exequente providen- oficial; lor do bem;
ciará a averbação no ofício imo- III – se tratar de títulos da III – o juiz tiver fundada dúvida
biliário mediante a apresentação dívida pública, de ações de so- sobre o valor atribuído ao bem na
de certidão de inteiro teor do ato, ciedades e de títulos de crédito primeira avaliação.
independentemente de mandado negociáveis em bolsa, cujo valor Parágrafo único. Aplica-se o
judicial. será o da cotação oficial do dia, art. 480 à nova avaliação prevista
comprovada por certidão ou pu- no inciso III do caput deste artigo.
Art. 869. O juiz poderá nomear blicação no órgão oficial;
administrador-depositário o exe- IV – se tratar de veículos au- Art. 874. Após a avaliação, o
quente ou o executado, ouvida tomotores ou de outros bens juiz poderá, a requerimento do
a parte contrária, e, não haven- cujo preço médio de mercado interessado e ouvida a parte con-
do acordo, nomeará profissional possa ser conhecido por meio trária, mandar:
qualificado para o desempenho de pesquisas realizadas por ór- I – reduzir a penhora aos bens
da função. gãos oficiais ou de anúncios de suficientes ou transferi-la para
§ 1o O administrador subme- venda divulgados em meios de outros, se o valor dos bens pe-
terá à aprovação judicial a forma comunicação, caso em que ca- nhorados for consideravelmente
de administração e a de prestar berá a quem fizer a nomeação o superior ao crédito do exequente
contas periodicamente. encargo de comprovar a cotação e dos acessórios;
§ 2o Havendo discordância de mercado. II – ampliar a penhora ou
entre as partes ou entre essas e Parágrafo único. Ocorrendo a transferi-la para outros bens mais
o administrador, o juiz decidirá a hipótese do inciso I deste artigo, valiosos, se o valor dos bens pe-
melhor forma de administração a avaliação poderá ser realizada nhorados for inferior ao crédito
do bem. quando houver fundada dúvida do do exequente.
§ 3o Se o imóvel estiver ar- juiz quanto ao real valor do bem.
rendado, o inquilino pagará o alu- Art. 875. Realizadas a penhora
guel diretamente ao exequente, Art. 872. A avaliação realizada e a avaliação, o juiz dará início
salvo se houver administrador. pelo oficial de justiça constará aos atos de expropriação do bem.
§ 4o O exequente ou o admi- de vistoria e de laudo anexados
nistrador poderá celebrar locação ao auto de penhora ou, em caso
do móvel ou do imóvel, ouvido o de perícia realizada por avaliador,
Seção IV – Da Expropriação
executado. de laudo apresentado no prazo de Bens
§ 5o As quantias recebidas fixado pelo juiz, devendo-se, em Subseção I – Da Adjudicação
pelo administrador serão entre- qualquer hipótese, especificar:
gues ao exequente, a fim de se- I – os bens, com as suas ca- Art. 876. É lícito ao exequente,
rem imputadas ao pagamento racterísticas, e o estado em que oferecendo preço não inferior
da dívida. se encontram; ao da avaliação, requerer que
§ 6o O exequente dará ao II – o valor dos bens. lhe sejam adjudicados os bens
executado, por termo nos autos, § 1o Quando o imóvel for sus- penhorados.
quitação das quantias recebidas. cetível de cômoda divisão, a ava- § 1o Requerida a adjudica-
liação, tendo em conta o crédito ção, o executado será intimado
reclamado, será realizada em par- do pedido:
Subseção XI – Da Avaliação tes, sugerindo-se, com a apre- I – pelo Diário da Justiça, na
sentação de memorial descritivo, pessoa de seu advogado consti-
Art. 870. A avaliação será feita os possíveis desmembramentos tuído nos autos;
pelo oficial de justiça. para alienação. II – por carta com aviso de re-
Parágrafo único. Se forem § 2o Realizada a avaliação cebimento, quando representado
necessários conhecimentos es- e, sendo o caso, apresentada a pela Defensoria Pública ou quan-
pecializados e o valor da execu- proposta de desmembramento, do não tiver procurador constitu-
ção o comportar, o juiz nomeará as partes serão ouvidas no prazo ído nos autos;
avaliador, fixando-lhe prazo não de 5 (cinco) dias. III – por meio eletrônico,
superior a 10 (dez) dias para en- quando, sendo o caso do § 1o do
trega do laudo. Art. 873. É admitida nova ava- art. 246, não tiver procurador

364
Código de Processo Civil
constituído nos autos. adjudicatário, quando se tratar I – a carta de alienação e o
§ 2o Considera-se realizada de bem móvel. mandado de imissão na posse,
a intimação quando o executa- § 2o A carta de adjudicação quando se tratar de bem imóvel;
do houver mudado de endereço conterá a descrição do imóvel, II – a ordem de entrega ao
sem prévia comunicação ao juízo, com remissão à sua matrícula adquirente, quando se tratar de
observado o disposto no art. 274, e aos seus registros, a cópia do bem móvel.
parágrafo único. auto de adjudicação e a prova de § 3o Os tribunais poderão
§ 3o Se o executado, citado quitação do imposto de trans- editar disposições complemen-
por edital, não tiver procurador missão. tares sobre o procedimento da
constituído nos autos, é dispen- § 3o No caso de penhora de alienação prevista neste artigo,
sável a intimação prevista no § 1o. bem hipotecado, o executado po- admitindo, quando for o caso, o
§ 4o Se o valor do crédito for: derá remi-lo até a assinatura do concurso de meios eletrônicos,
I – inferior ao dos bens, o re- auto de adjudicação, oferecendo e dispor sobre o credenciamento
querente da adjudicação deposi- preço igual ao da avaliação, se dos corretores e leiloeiros pú-
tará de imediato a diferença, que não tiver havido licitantes, ou ao blicos, os quais deverão estar
ficará à disposição do executado; do maior lance oferecido. em exercício profissional por não
II – superior ao dos bens, a § 4o Na hipótese de falência menos que 3 (três) anos.
execução prosseguirá pelo saldo ou de insolvência do devedor hi- § 4o Nas localidades em que
remanescente. potecário, o direito de remição não houver corretor ou leiloeiro
§ 5o Idêntico direito pode ser previsto no § 3o será deferido à público credenciado nos termos
exercido por aqueles indicados massa ou aos credores em con- do § 3o, a indicação será de livre
no art. 889, incisos II a VIII, pe- curso, não podendo o exequen- escolha do exequente.
los credores concorrentes que te recusar o preço da avaliação
hajam penhorado o mesmo bem, do imóvel. Art. 881. A alienação far-se-á em
pelo cônjuge, pelo companheiro, leilão judicial se não efetivada a
pelos descendentes ou pelos as- Art. 878. Frustradas as tenta- adjudicação ou a alienação por
cendentes do executado. tivas de alienação do bem, será iniciativa particular.
§ 6o Se houver mais de um reaberta oportunidade para re- § 1o O leilão do bem penho-
pretendente, proceder-se-á a li- querimento de adjudicação, caso rado será realizado por leiloeiro
citação entre eles, tendo prefe- em que também se poderá pleite- público.
rência, em caso de igualdade de ar a realização de nova avaliação. § 2o Ressalvados os casos
oferta, o cônjuge, o companheiro, de alienação a cargo de corre-
o descendente ou o ascendente, tores de bolsa de valores, todos
nessa ordem.
Subseção II – Da Alienação os demais bens serão alienados
§ 7o No caso de penhora de em leilão público.
quota social ou de ação de socie- Art. 879. A alienação far-se-á:
dade anônima fechada realizada I – por iniciativa particular; Art. 882. Não sendo possível a
em favor de exequente alheio à II – em leilão judicial eletrô- sua realização por meio eletrôni-
sociedade, esta será intimada, nico ou presencial. co, o leilão será presencial.
ficando responsável por infor- § 1o A alienação judicial por
mar aos sócios a ocorrência da Art. 880. Não efetivada a ad- meio eletrônico será realizada,
penhora, assegurando-se a estes judicação, o exequente poderá observando-se as garantias pro-
a preferência. requerer a alienação por sua pró- cessuais das partes, de acordo
pria iniciativa ou por intermédio com regulamentação específica
Art. 877. Transcorrido o prazo de de corretor ou leiloeiro público do Conselho Nacional de Justiça.
5 (cinco) dias, contado da última credenciado perante o órgão ju- § 2o A alienação judicial por
intimação, e decididas eventu- diciário. meio eletrônico deverá atender
ais questões, o juiz ordenará a § 1o O juiz fixará o prazo em aos requisitos de ampla publici-
lavratura do auto de adjudicação. que a alienação deve ser efeti- dade, autenticidade e segurança,
§ 1o Considera-se perfeita vada, a forma de publicidade, o com observância das regras es-
e acabada a adjudicação com a preço mínimo, as condições de tabelecidas na legislação sobre
lavratura e a assinatura do auto pagamento, as garantias e, se certificação digital.
pelo juiz, pelo adjudicatário, pelo for o caso, a comissão de cor- § 3o O leilão presencial será
escrivão ou chefe de secretaria, retagem. realizado no local designado pelo
e, se estiver presente, pelo exe- § 2o A alienação será forma- juiz.
cutado, expedindo-se: lizada por termo nos autos, com
I – a carta de adjudicação e a assinatura do juiz, do exequen- Art. 883. Caberá ao juiz a desig-
o mandado de imissão na posse, te, do adquirente e, se estiver nação do leiloeiro público, que po-
quando se tratar de bem imóvel; presente, do executado, expe- derá ser indicado pelo exequente.
II – a ordem de entrega ao dindo-se:

365
Código de Processo Civil
Art. 884. Incumbe ao leiloeiro Parágrafo único. No caso de no art. 887.
público: títulos da dívida pública e de títu- Parágrafo único. O escrivão,
I – publicar o edital, anuncian- los negociados em bolsa, cons- o chefe de secretaria ou o leiloei-
do a alienação; tará do edital o valor da última ro que culposamente der causa
II – realizar o leilão onde se cotação. à transferência responde pelas
encontrem os bens ou no lugar despesas da nova publicação,
designado pelo juiz; Art. 887. O leiloeiro público podendo o juiz aplicar-lhe a pena
III – expor aos pretendentes designado adotará providências de suspensão por 5 (cinco) dias a
os bens ou as amostras das mer- para a ampla divulgação da alie- 3 (três) meses, em procedimento
cadorias; nação. administrativo regular.
IV – receber e depositar, den- § 1o A publicação do edital
tro de 1 (um) dia, à ordem do juiz, deverá ocorrer pelo menos 5 (cin- Art. 889. Serão cientificados
o produto da alienação; co) dias antes da data marcada da alienação judicial, com pelo
V – prestar contas nos 2 (dois) para o leilão. menos 5 (cinco) dias de ante-
dias subsequentes ao depósito. § 2o O edital será publicado cedência:
Parágrafo único. O leiloeiro na rede mundial de computado- I – o executado, por meio de
tem o direito de receber do arre- res, em sítio designado pelo juízo seu advogado ou, se não tiver pro-
matante a comissão estabelecida da execução, e conterá descrição curador constituído nos autos, por
em lei ou arbitrada pelo juiz. detalhada e, sempre que possível, carta registrada, mandado, edital
ilustrada dos bens, informando ou outro meio idôneo;
Art. 885. O juiz da execução es- expressamente se o leilão se re- II – o coproprietário de bem
tabelecerá o preço mínimo, as alizará de forma eletrônica ou indivisível do qual tenha sido pe-
condições de pagamento e as presencial. nhorada fração ideal;
garantias que poderão ser pres- § 3o Não sendo possível a III – o titular de usufruto, uso,
tadas pelo arrematante. publicação na rede mundial de habitação, enfiteuse, direito de
computadores ou considerando o superfície, concessão de uso es-
Art. 886. O leilão será precedi- juiz, em atenção às condições da pecial para fins de moradia ou
do de publicação de edital, que sede do juízo, que esse modo de concessão de direito real de uso,
conterá: divulgação é insuficiente ou ina- quando a penhora recair sobre
I – a descrição do bem penho- dequado, o edital será afixado em bem gravado com tais direitos
rado, com suas características, e, local de costume e publicado, em reais;
tratando-se de imóvel, sua situa- resumo, pelo menos uma vez em IV – o proprietário do terreno
ção e suas divisas, com remissão jornal de ampla circulação local. submetido ao regime de direito de
à matrícula e aos registros; § 4o Atendendo ao valor dos superfície, enfiteuse, concessão
II – o valor pelo qual o bem foi bens e às condições da sede do de uso especial para fins de mo-
avaliado, o preço mínimo pelo qual juízo, o juiz poderá alterar a forma radia ou concessão de direito real
poderá ser alienado, as condições e a frequência da publicidade na de uso, quando a penhora recair
de pagamento e, se for o caso, a imprensa, mandar publicar o edi- sobre tais direitos reais;
comissão do leiloeiro designado; tal em local de ampla circulação V – o credor pignoratício, hi-
III – o lugar onde estiverem de pessoas e divulgar avisos em potecário, anticrético, fiduciário
os móveis, os veículos e os se- emissora de rádio ou televisão lo- ou com penhora anteriormen-
moventes e, tratando-se de cré- cal, bem como em sítios distintos te averbada, quando a penho-
ditos ou direitos, a identificação do indicado no § 2o. ra recair sobre bens com tais
dos autos do processo em que § 5o Os editais de leilão de gravames, caso não seja o cre-
foram penhorados; imóveis e de veículos automo- dor, de qualquer modo, parte na
IV – o sítio, na rede mundial tores serão publicados pela im- execução;
de computadores, e o período em prensa ou por outros meios de VI – o promitente compra-
que se realizará o leilão, salvo se divulgação, preferencialmente dor, quando a penhora recair so-
este se der de modo presencial, na seção ou no local reservados bre bem em relação ao qual haja
hipótese em que serão indica- à publicidade dos respectivos promessa de compra e venda
dos o local, o dia e a hora de sua negócios. registrada;
realização; § 6o O juiz poderá determi- VII – o promitente vendedor,
V – a indicação de local, dia nar a reunião de publicações em quando a penhora recair sobre
e hora de segundo leilão presen- listas referentes a mais de uma direito aquisitivo derivado de
cial, para a hipótese de não haver execução. promessa de compra e venda
interessado no primeiro; registrada;
VI – menção da existência Art. 888. Não se realizando o VIII – a União, o Estado e o
de ônus, recurso ou processo leilão por qualquer motivo, o juiz Município, no caso de alienação
pendente sobre os bens a serem mandará publicar a transferên- de bem tombado.
leiloados. cia, observando-se o disposto Parágrafo único. Se o exe-

366
Código de Processo Civil
cutado for revel e não tiver advo- preço, mas, se o valor dos bens avaliação;
gado constituído, não constando exceder ao seu crédito, depo- II – até o início do segundo
dos autos seu endereço atual ou, sitará, dentro de 3 (três) dias, a leilão, proposta de aquisição do
ainda, não sendo ele encontrado diferença, sob pena de tornar-se bem por valor que não seja con-
no endereço constante do pro- sem efeito a arrematação, e, nes- siderado vil.
cesso, a intimação considerar- se caso, realizar-se-á novo leilão, § 1o A proposta conterá, em
-se-á feita por meio do próprio à custa do exequente. qualquer hipótese, oferta de pa-
edital de leilão. § 2o Se houver mais de um gamento de pelo menos vinte e
pretendente, proceder-se-á en- cinco por cento do valor do lance
Art. 890. Pode oferecer lance tre eles à licitação, e, no caso de à vista e o restante parcelado em
quem estiver na livre administra- igualdade de oferta, terá prefe- até 30 (trinta) meses, garantido
ção de seus bens, com exceção: rência o cônjuge, o companheiro, por caução idônea, quando se
I – dos tutores, dos curadores, o descendente ou o ascendente tratar de móveis, e por hipoteca
dos testamenteiros, dos admi- do executado, nessa ordem. do próprio bem, quando se tratar
nistradores ou dos liquidantes, § 3o No caso de leilão de bem de imóveis.
quanto aos bens confiados à sua tombado, a União, os Estados e os § 2o As propostas para aqui-
guarda e à sua responsabilidade; Municípios terão, nessa ordem, o sição em prestações indicarão o
II – dos mandatários, quanto direito de preferência na arrema- prazo, a modalidade, o indexador
aos bens de cuja administração tação, em igualdade de oferta. de correção monetária e as con-
ou alienação estejam encarre- dições de pagamento do saldo.
gados; Art. 893. Se o leilão for de di- § 3o (Vetado)
III – do juiz, do membro do versos bens e houver mais de um § 4o No caso de atraso no
Ministério Público e da Defenso- lançador, terá preferência aquele pagamento de qualquer das pres-
ria Pública, do escrivão, do chefe que se propuser a arrematá-los tações, incidirá multa de dez por
de secretaria e dos demais servi- todos, em conjunto, oferecendo, cento sobre a soma da parce-
dores e auxiliares da justiça, em para os bens que não tiverem la inadimplida com as parcelas
relação aos bens e direitos objeto lance, preço igual ao da avaliação vincendas.
de alienação na localidade onde e, para os demais, preço igual ao § 5o O inadimplemento auto-
servirem ou a que se estender a do maior lance que, na tentativa riza o exequente a pedir a resolu-
sua autoridade; de arrematação individualizada, ção da arrematação ou promover,
IV – dos servidores públicos tenha sido oferecido para eles. em face do arrematante, a exe-
em geral, quanto aos bens ou aos cução do valor devido, devendo
direitos da pessoa jurídica a que Art. 894. Quando o imóvel ad- ambos os pedidos ser formulados
servirem ou que estejam sob sua mitir cômoda divisão, o juiz, a nos autos da execução em que se
administração direta ou indireta; requerimento do executado, or- deu a arrematação.
V – dos leiloeiros e seus pre- denará a alienação judicial de § 6o A apresentação da pro-
postos, quanto aos bens de cuja parte dele, desde que suficiente posta prevista neste artigo não
venda estejam encarregados; para o pagamento do exequente suspende o leilão.
VI – dos advogados de qual- e para a satisfação das despesas § 7o A proposta de pagamen-
quer das partes. da execução. to do lance à vista sempre pre-
§ 1o Não havendo lançador, valecerá sobre as propostas de
Art. 891. Não será aceito lance far-se-á a alienação do imóvel pagamento parcelado.
que ofereça preço vil. em sua integridade. § 8o Havendo mais de uma
Parágrafo único. Considera- § 2o A alienação por partes proposta de pagamento parce-
-se vil o preço inferior ao mínimo deverá ser requerida a tempo de lado:
estipulado pelo juiz e constante permitir a avaliação das glebas I – em diferentes condições, o
do edital, e, não tendo sido fixa- destacadas e sua inclusão no juiz decidirá pela mais vantajosa,
do preço mínimo, considera-se edital, e, nesse caso, caberá ao assim compreendida, sempre, a
vil o preço inferior a cinquenta executado instruir o requerimento de maior valor;
por cento do valor da avaliação. com planta e memorial descri- II – em iguais condições, o
tivo subscritos por profissional juiz decidirá pela formulada em
Art. 892. Salvo pronunciamen- habilitado. primeiro lugar.
to judicial em sentido diverso, o § 9o No caso de arrematação
pagamento deverá ser realizado Art. 895. O interessado em ad- a prazo, os pagamentos feitos
de imediato pelo arrematante, quirir o bem penhorado em pres- pelo arrematante pertencerão
por depósito judicial ou por meio tações poderá apresentar, por ao exequente até o limite de seu
eletrônico. escrito: crédito, e os subsequentes, ao
§ 1o Se o exequente arrema- I – até o início do primeiro executado.
tar os bens e for o único credor, leilão, proposta de aquisição do
não estará obrigado a exibir o bem por valor não inferior ao da Art. 896. Quando o imóvel de

367
Código de Processo Civil
incapaz não alcançar em leilão alienado o bem. a caução.
pelo menos oitenta por cento do § 1o A ordem de entrega do § 2o O juiz decidirá acerca
valor da avaliação, o juiz o con- bem móvel ou a carta de arre- das situações referidas no § 1o,
fiará à guarda e à administração matação do bem imóvel, com o se for provocado em até 10 (dez)
de depositário idôneo, adiando a respectivo mandado de imissão dias após o aperfeiçoamento da
alienação por prazo não superior na posse, será expedida depois de arrematação.
a 1 (um) ano. efetuado o depósito ou prestadas § 3o Passado o prazo previsto
§ 1o Se, durante o adiamen- as garantias pelo arrematante, no § 2o sem que tenha havido ale-
to, algum pretendente assegurar, bem como realizado o pagamen- gação de qualquer das situações
mediante caução idônea, o preço to da comissão do leiloeiro e das previstas no § 1o, será expedida a
da avaliação, o juiz ordenará a demais despesas da execução. carta de arrematação e, confor-
alienação em leilão. § 2o A carta de arrematação me o caso, a ordem de entrega
§ 2o Se o pretendente à ar- conterá a descrição do imóvel, ou mandado de imissão na posse.
rematação se arrepender, o juiz com remissão à sua matrícula ou § 4o Após a expedição da car-
impor-lhe-á multa de vinte por individuação e aos seus registros, ta de arrematação ou da ordem
cento sobre o valor da avaliação, a cópia do auto de arrematação e de entrega, a invalidação da ar-
em benefício do incapaz, valendo a prova de pagamento do imposto rematação poderá ser pleitea-
a decisão como título executivo. de transmissão, além da indica- da por ação autônoma, em cujo
§ 3o Sem prejuízo do disposto ção da existência de eventual processo o arrematante figurará
nos §§ 1o e 2o, o juiz poderá autori- ônus real ou gravame. como litisconsorte necessário.
zar a locação do imóvel no prazo § 5o O arrematante poderá
do adiamento. Art. 902. No caso de leilão de desistir da arrematação, sendo-
§ 4o Findo o prazo do adia- bem hipotecado, o executado -lhe imediatamente devolvido o
mento, o imóvel será submetido poderá remi-lo até a assinatura depósito que tiver feito:
a novo leilão. do auto de arrematação, ofere- I – se provar, nos 10 (dez) dias
cendo preço igual ao do maior seguintes, a existência de ônus
Art. 897. Se o arrematante ou lance oferecido. real ou gravame não menciona-
seu fiador não pagar o preço no Parágrafo único. No caso de do no edital;
prazo estabelecido, o juiz impor- falência ou insolvência do de- II – se, antes de expedida a
-lhe-á, em favor do exequente, vedor hipotecário, o direito de carta de arrematação ou a ordem
a perda da caução, voltando os remição previsto no caput de- de entrega, o executado alegar
bens a novo leilão, do qual não fere-se à massa ou aos credo- alguma das situações previstas
serão admitidos a participar o res em concurso, não podendo no § 1o;
arrematante e o fiador remissos. o exequente recusar o preço da III – uma vez citado para res-
avaliação do imóvel. ponder a ação autônoma de que
Art. 898. O fiador do arrema- trata o § 4o deste artigo, desde que
tante que pagar o valor do lance Art. 903. Qualquer que seja a apresente a desistência no prazo
e a multa poderá requerer que a modalidade de leilão, assinado o de que dispõe para responder a
arrematação lhe seja transferida. auto pelo juiz, pelo arrematante essa ação.
e pelo leiloeiro, a arrematação § 6o Considera-se ato aten-
Art. 899. Será suspensa a arre- será considerada perfeita, aca- tatório à dignidade da justiça a
matação logo que o produto da bada e irretratável, ainda que ve- suscitação infundada de vício
alienação dos bens for suficien- nham a ser julgados procedentes com o objetivo de ensejar a desis-
te para o pagamento do credor e os embargos do executado ou a tência do arrematante, devendo
para a satisfação das despesas ação autônoma de que trata o o suscitante ser condenado, sem
da execução. § 4o deste artigo, assegurada a prejuízo da responsabilidade por
possibilidade de reparação pelos perdas e danos, ao pagamento de
Art. 900. O leilão prosseguirá prejuízos sofridos. multa, a ser fixada pelo juiz e de-
no dia útil imediato, à mesma § 1o Ressalvadas outras si- vida ao exequente, em montante
hora em que teve início, inde- tuações previstas neste Código, não superior a vinte por cento do
pendentemente de novo edital, a arrematação poderá, no en- valor atualizado do bem.
se for ultrapassado o horário de tanto, ser:
expediente forense. I – invalidada, quando rea-
lizada por preço vil ou com ou-
Seção V – Da Satisfação do
Art. 901. A arrematação cons- tro vício; Crédito
tará de auto que será lavrado II – considerada ineficaz, se
de imediato e poderá abranger não observado o disposto no Art. 904. A satisfação do crédito
bens penhorados em mais de art. 804; exequendo far-se-á:
uma execução, nele menciona- III – resolvida, se não for pago I – pela entrega do dinheiro;
das as condições nas quais foi o preço ou se não for prestada II – pela adjudicação dos bens

368
Código de Processo Civil
penhorados. Art. 909. Os exequentes formu- o juiz oficiará à autoridade, à
larão as suas pretensões, que ver- empresa ou ao empregador, de-
Art. 905. O juiz autorizará que sarão unicamente sobre o direito terminando, sob pena de crime
o exequente levante, até a sa- de preferência e a anterioridade de desobediência, o desconto a
tisfação integral de seu crédito, da penhora, e, apresentadas as partir da primeira remuneração
o dinheiro depositado para segu- razões, o juiz decidirá. posterior do executado, a contar
rar o juízo ou o produto dos bens do protocolo do ofício.
alienados, bem como do fatura- § 2o O ofício conterá os no-
mento de empresa ou de outros CAPÍTULO V – DA mes e o número de inscrição no
frutos e rendimentos de coisas ou EXECUÇÃO CONTRA A Cadastro de Pessoas Físicas do
empresas penhoradas, quando: FAZENDA PÚBLICA exequente e do executado, a im-
I – a execução for movida só a portância a ser descontada men-
benefício do exequente singular, a Art. 910. Na execução fundada salmente, a conta na qual deve ser
quem, por força da penhora, cabe em título extrajudicial, a Fazenda feito o depósito e, se for o caso,
o direito de preferência sobre os Pública será citada para opor em- o tempo de sua duração.
bens penhorados e alienados; bargos em 30 (trinta) dias.
II – não houver sobre os bens § 1o Não opostos embargos Art. 913. Não requerida a exe-
alienados outros privilégios ou ou transitada em julgado a deci- cução nos termos deste Capí-
preferências instituídos ante- são que os rejeitar, expedir-se-á tulo, observar-se-á o disposto
riormente à penhora. precatório ou requisição de pe- no art. 824 e seguintes, com a
Parágrafo único. Durante queno valor em favor do exequen- ressalva de que, recaindo a pe-
o plantão judiciário, veda-se a te, observando-se o disposto no nhora em dinheiro, a concessão
concessão de pedidos de levan- art. 100 da Constituição Federal. de efeito suspensivo aos embar-
tamento de importância em di- § 2o Nos embargos, a Fazen- gos à execução não obsta a que o
nheiro ou valores ou de liberação da Pública poderá alegar qualquer exequente levante mensalmente
de bens apreendidos. matéria que lhe seria lícito dedu- a importância da prestação.
zir como defesa no processo de
Art. 906. Ao receber o mandado conhecimento.
de levantamento, o exequente § 3o Aplica-se a este Capítu- TÍTULO III – DOS
dará ao executado, por termo nos lo, no que couber, o disposto nos EMBARGOS À EXECUÇÃO
autos, quitação da quantia paga. artigos 534 e 535.
Parágrafo único. A expedi- Art. 914. O executado, indepen-
ção de mandado de levantamen- dentemente de penhora, depósi-
to poderá ser substituída pela CAPÍTULO VI – DA to ou caução, poderá se opor à
transferência eletrônica do valor EXECUÇÃO DE ALIMENTOS execução por meio de embargos.
depositado em conta vinculada § 1o Os embargos à execução
ao juízo para outra indicada pelo Art. 911. Na execução funda- serão distribuídos por depen-
exequente. da em título executivo extraju- dência, autuados em apartado e
dicial que contenha obrigação instruídos com cópias das peças
Art. 907. Pago ao exequente o alimentar, o juiz mandará citar o processuais relevantes, que po-
principal, os juros, as custas e os executado para, em 3 (três) dias, derão ser declaradas autênticas
honorários, a importância que so- efetuar o pagamento das parcelas pelo próprio advogado, sob sua
brar será restituída ao executado. anteriores ao início da execução responsabilidade pessoal.
e das que se vencerem no seu § 2o Na execução por carta,
Art. 908. Havendo pluralidade curso, provar que o fez ou justi- os embargos serão oferecidos
de credores ou exequentes, o ficar a impossibilidade de fazê-lo. no juízo deprecante ou no juízo
dinheiro lhes será distribuído e Parágrafo único. Aplicam- deprecado, mas a competência
entregue consoante a ordem das -se, no que couber, os §§ 2o a 7o para julgá-los é do juízo depre-
respectivas preferências. do art. 528. cante, salvo se versarem unica-
§ 1o No caso de adjudicação mente sobre vícios ou defeitos
ou alienação, os créditos que re- Art. 912. Quando o executado da penhora, da avaliação ou da
caem sobre o bem, inclusive os de for funcionário público, militar, alienação dos bens efetuadas no
natureza propter rem, sub-rogam- diretor ou gerente de empresa, juízo deprecado.
-se sobre o respectivo preço, ob- bem como empregado sujeito à
servada a ordem de preferência. legislação do trabalho, o exequen- Art. 915. Os embargos serão ofe-
§ 2o Não havendo título legal te poderá requerer o desconto recidos no prazo de 15 (quinze)
à preferência, o dinheiro será dis- em folha de pagamento de pes- dias, contado, conforme o caso,
tribuído entre os concorrentes, soal da importância da prestação na forma do art. 231.
observando-se a anterioridade alimentícia. § 1o Quando houver mais de
de cada penhora. § 1o Ao despachar a inicial, um executado, o prazo para cada

369
Código de Processo Civil
um deles embargar conta-se a os atos executivos. a condição se realizou.
partir da juntada do respectivo § 4o Indeferida a proposta, § 3o Quando alegar que o
comprovante da citação, salvo no seguir-se-ão os atos executivos, exequente, em excesso de exe-
caso de cônjuges ou de compa- mantido o depósito, que será con- cução, pleiteia quantia superior
nheiros, quando será contado a vertido em penhora. à do título, o embargante decla-
partir da juntada do último. § 5o O não pagamento de rará na petição inicial o valor que
§ 2o Nas execuções por car- qualquer das prestações acar- entende correto, apresentando
ta, o prazo para embargos será retará cumulativamente: demonstrativo discriminado e
contado: I – o vencimento das presta- atualizado de seu cálculo.
I – da juntada, na carta, da ções subsequentes e o prossegui- § 4o Não apontado o valor
certificação da citação, quando mento do processo, com o ime- correto ou não apresentado o
versarem unicamente sobre ví- diato reinício dos atos executivos; demonstrativo, os embargos à
cios ou defeitos da penhora, da II – a imposição ao executado execução:
avaliação ou da alienação dos de multa de dez por cento sobre o I – serão liminarmente rejei-
bens; valor das prestações não pagas. tados, sem resolução de mérito,
II – da juntada, nos autos de § 6o A opção pelo parcela- se o excesso de execução for o
origem, do comunicado de que mento de que trata este artigo seu único fundamento;
trata o § 4o deste artigo ou, não importa renúncia ao direito de II – serão processados, se
havendo este, da juntada da carta opor embargos. houver outro fundamento, mas
devidamente cumprida, quando § 7o O disposto neste artigo o juiz não examinará a alegação
versarem sobre questões diver- não se aplica ao cumprimento de excesso de execução.
sas da prevista no inciso I deste da sentença. § 5o Nos embargos de reten-
parágrafo. ção por benfeitorias, o exequente
§ 3o Em relação ao prazo Art. 917. Nos embargos à execu- poderá requerer a compensação
para oferecimento dos embar- ção, o executado poderá alegar: de seu valor com o dos frutos ou
gos à execução, não se aplica o I – inexequibilidade do título dos danos considerados devidos
disposto no art. 229. ou inexigibilidade da obrigação; pelo executado, cumprindo ao
§ 4o Nos atos de comunica- II – penhora incorreta ou ava- juiz, para a apuração dos res-
ção por carta precatória, roga- liação errônea; pectivos valores, nomear perito,
tória ou de ordem, a realização III – excesso de execução ou observando-se, então, o art. 464.
da citação será imediatamente cumulação indevida de execu- § 6o O exequente poderá a
informada, por meio eletrônico, ções; qualquer tempo ser imitido na
pelo juiz deprecado ao juiz de- IV – retenção por benfeito- posse da coisa, prestando cau-
precante. rias necessárias ou úteis, nos ção ou depositando o valor devido
casos de execução para entrega pelas benfeitorias ou resultante
Art. 916. No prazo para embar- de coisa certa; da compensação.
gos, reconhecendo o crédito do V – incompetência absoluta § 7o A arguição de impedi-
exequente e comprovando o de- ou relativa do juízo da execução; mento e suspeição observará o
pósito de trinta por cento do valor VI – qualquer matéria que lhe disposto nos arts. 146 e 148.
em execução, acrescido de custas seria lícito deduzir como defesa
e de honorários de advogado, o em processo de conhecimento. Art. 918. O juiz rejeitará liminar-
executado poderá requerer que § 1o A incorreção da penhora mente os embargos:
lhe seja permitido pagar o res- ou da avaliação poderá ser im- I – quando intempestivos;
tante em até 6 (seis) parcelas pugnada por simples petição, no II – nos casos de indeferimen-
mensais, acrescidas de correção prazo de 15 (quinze) dias, contado to da petição inicial e de improce-
monetária e de juros de um por da ciência do ato. dência liminar do pedido;
cento ao mês. § 2o Há excesso de execu- III – manifestamente prote-
§ 1o O exequente será inti- ção quando: latórios.
mado para manifestar-se sobre I – o exequente pleiteia quan- Parágrafo único. Considera-
o preenchimento dos pressupos- tia superior à do título; -se conduta atentatória à digni-
tos do caput, e o juiz decidirá o II – ela recai sobre coisa di- dade da justiça o oferecimento
requerimento em 5 (cinco) dias. versa daquela declarada no título; de embargos manifestamente
§ 2o Enquanto não apreciado III – ela se processa de modo protelatórios.
o requerimento, o executado terá diferente do que foi determinado
de depositar as parcelas vincen- no título; Art. 919. Os embargos à execu-
das, facultado ao exequente seu IV – o exequente, sem cumprir ção não terão efeito suspensivo.
levantamento. a prestação que lhe corresponde, § 1o O juiz poderá, a reque-
§ 3o Deferida a proposta, o exige o adimplemento da presta- rimento do embargante, atribuir
exequente levantará a quantia ção do executado; efeito suspensivo aos embargos
depositada, e serão suspensos V – o exequente não prova que quando verificados os requisitos

370
Código de Processo Civil
para a concessão da tutela pro- penhorados não se realizar por Art. 922. Convindo as partes, o
visória e desde que a execução falta de licitantes e o exequente, juiz declarará suspensa a execu-
já esteja garantida por penhora, em 15 (quinze) dias, não requerer ção durante o prazo concedido
depósito ou caução suficientes. a adjudicação nem indicar outros pelo exequente para que o exe-
§ 2o Cessando as circunstân- bens penhoráveis; cutado cumpra voluntariamente
cias que a motivaram, a decisão V – quando concedido o par- a obrigação.
relativa aos efeitos dos embargos celamento de que trata o art. 916. Parágrafo único. Findo o pra-
poderá, a requerimento da par- § 1o Na hipótese do inciso zo sem cumprimento da obriga-
te, ser modificada ou revogada III, o juiz suspenderá a execução ção, o processo retomará o seu
a qualquer tempo, em decisão pelo prazo de 1 (um) ano, durante o curso.
fundamentada. qual se suspenderá a prescrição.
§ 3o Quando o efeito suspen- § 2o Decorrido o prazo má- Art. 923. Suspensa a execução,
sivo atribuído aos embargos dis- ximo de 1 (um) ano sem que seja não serão praticados atos proces-
ser respeito apenas a parte do localizado o executado ou que suais, podendo o juiz, entretan-
objeto da execução, esta pros- sejam encontrados bens penho- to, salvo no caso de arguição de
seguirá quanto à parte restante. ráveis, o juiz ordenará o arquiva- impedimento ou de suspeição,
§ 4o A concessão de efeito mento dos autos. ordenar providências urgentes.
suspensivo aos embargos ofere- § 3o Os autos serão desar-
cidos por um dos executados não quivados para prosseguimento
suspenderá a execução contra da execução se a qualquer tem- CAPÍTULO II – DA
os que não embargaram quando po forem encontrados bens pe- EXTINÇÃO DO PROCESSO
o respectivo fundamento disser nhoráveis. DE EXECUÇÃO
respeito exclusivamente ao em- § 4o O termo inicial da pres-
bargante. crição no curso do processo será Art. 924. Extingue-se a execu-
§ 5o A concessão de efeito a ciência da primeira tentativa ção quando:
suspensivo não impedirá a efeti- infrutífera de localização do de- I – a petição inicial for in-
vação dos atos de substituição, de vedor ou de bens penhoráveis, deferida;
reforço ou de redução da penhora e será suspensa, por uma única II – a obrigação for satisfeita;
e de avaliação dos bens. vez, pelo prazo máximo previsto III – o executado obtiver, por
no § 1o deste artigo. qualquer outro meio, a extinção
Art. 920. Recebidos os embar- § 4o-A. A efetiva citação, inti- total da dívida;
gos: mação do devedor ou constrição IV – o exequente renunciar
I – o exequente será ouvido no de bens penhoráveis interrompe ao crédito;
prazo de 15 (quinze) dias; o prazo de prescrição, que não V – ocorrer a prescrição in-
II – a seguir, o juiz julgará ime- corre pelo tempo necessário à tercorrente.
diatamente o pedido ou designará citação e à intimação do deve-
audiência; dor, bem como para as formali- Art. 925. A extinção só produz
III – encerrada a instrução, o dades da constrição patrimonial, efeito quando declarada por sen-
juiz proferirá sentença. se necessária, desde que o credor tença.
cumpra os prazos previstos na lei
processual ou fixados pelo juiz.
TÍTULO IV – DA § 5o O juiz, depois de ouvidas LIVRO III – DOS
SUSPENSÃO E DA as partes, no prazo de 15 (quin- PROCESSOS NOS
EXTINÇÃO DO PROCESSO ze) dias, poderá, de ofício, reco- TRIBUNAIS E DOS MEIOS
DE EXECUÇÃO nhecer a prescrição no curso do DE IMPUGNAÇÃO DAS
processo e extingui-lo, sem ônus DECISÕES JUDICIAIS
CAPÍTULO I – DA para as partes.
SUSPENSÃO DO PROCESSO § 6o A alegação de nulida- TÍTULO I – DA ORDEM
DE EXECUÇÃO de quanto ao procedimento pre- DOS PROCESSOS E
visto neste artigo somente será
Art. 921. Suspende-se a exe- conhecida caso demonstrada a DOS PROCESSOS DE
cução: ocorrência de efetivo prejuízo, COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA
I – nas hipóteses dos arts. 313 que será presumido apenas em DOS TRIBUNAIS
e 315, no que couber; caso de inexistência da intimação
II – no todo ou em parte, quan- de que trata o § 4o deste artigo. CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
do recebidos com efeito suspen- § 7o Aplica-se o disposto GERAIS
sivo os embargos à execução; neste artigo ao cumprimento de
III – quando não for localizado sentença de que trata o art. 523 Art. 926. Os tribunais devem
o executado ou bens penhoráveis; deste Código. uniformizar sua jurisprudência
IV – se a alienação dos bens e mantê-la estável, íntegra e co-

371
Código de Processo Civil
erente. fundamentação adequada e espe- no tribunal, inclusive em relação
§ 1o Na forma estabelecida e cífica, considerando os princípios à produção de prova, bem como,
segundo os pressupostos fixados da segurança jurídica, da prote- quando for o caso, homologar au-
no regimento interno, os tribunais ção da confiança e da isonomia. tocomposição das partes;
editarão enunciados de súmula § 5o Os tribunais darão pu- II – apreciar o pedido de tu-
correspondentes a sua jurispru- blicidade a seus precedentes, tela provisória nos recursos e
dência dominante. organizando-os por questão ju- nos processos de competência
§ 2o Ao editar enunciados rídica decidida e divulgando-os, originária do tribunal;
de súmula, os tribunais devem preferencialmente, na rede mun- III – não conhecer de recur-
ater-se às circunstâncias fáticas dial de computadores. so inadmissível, prejudicado ou
dos precedentes que motivaram que não tenha impugnado espe-
sua criação. Art. 928. Para os fins deste Có- cificamente os fundamentos da
digo, considera-se julgamento decisão recorrida;
Art. 927. Os juízes e os tribunais de casos repetitivos a decisão IV – negar provimento a re-
observarão: proferida em: curso que for contrário a:
I – as decisões do Supremo I – incidente de resolução de a) súmula do Supremo Tribu-
Tribunal Federal em controle con- demandas repetitivas; nal Federal, do Superior Tribunal
centrado de constitucionalidade; II – recursos especial e extra- de Justiça ou do próprio tribunal;
II – os enunciados de súmula ordinário repetitivos. b) acórdão proferido pelo Su-
vinculante; Parágrafo único. O julgamen- premo Tribunal Federal ou pelo
III – os acórdãos em inciden- to de casos repetitivos tem por Superior Tribunal de Justiça em
te de assunção de competência objeto questão de direito material julgamento de recursos repe-
ou de resolução de demandas ou processual. titivos;
repetitivas e em julgamento de c) entendimento firmado em
recursos extraordinário e espe- incidente de resolução de deman-
cial repetitivos; CAPÍTULO II – DA ORDEM das repetitivas ou de assunção de
IV – os enunciados das súmu- DOS PROCESSOS NO competência;
las do Supremo Tribunal Federal TRIBUNAL V – depois de facultada a
em matéria constitucional e do apresentação de contrarrazões,
Superior Tribunal de Justiça em Art. 929. Os autos serão regis- dar provimento ao recurso se a
matéria infraconstitucional; trados no protocolo do tribunal decisão recorrida for contrária a:
V – a orientação do plenário no dia de sua entrada, cabendo à a) súmula do Supremo Tribu-
ou do órgão especial aos quais secretaria ordená-los, com ime- nal Federal, do Superior Tribunal
estiverem vinculados. diata distribuição. de Justiça ou do próprio tribunal;
§ 1o Os juízes e os tribunais Parágrafo único. A critério do b) acórdão proferido pelo Su-
observarão o disposto no art. 10 e tribunal, os serviços de protoco- premo Tribunal Federal ou pelo
no art. 489, § 1o, quando decidirem lo poderão ser descentralizados, Superior Tribunal de Justiça em
com fundamento neste artigo. mediante delegação a ofícios de julgamento de recursos repe-
§ 2o A alteração de tese jurí- justiça de primeiro grau. titivos;
dica adotada em enunciado de sú- c) entendimento firmado em
mula ou em julgamento de casos Art. 930. Far-se-á a distribuição incidente de resolução de deman-
repetitivos poderá ser precedida de acordo com o regimento inter- das repetitivas ou de assunção de
de audiências públicas e da par- no do tribunal, observando-se a competência;
ticipação de pessoas, órgãos ou alternatividade, o sorteio eletrô- VI – decidir o incidente de
entidades que possam contribuir nico e a publicidade. desconsideração da persona-
para a rediscussão da tese. Parágrafo único. O primeiro lidade jurídica, quando este for
§ 3o Na hipótese de alteração recurso protocolado no tribunal instaurado originariamente pe-
de jurisprudência dominante do tornará prevento o relator para rante o tribunal;
Supremo Tribunal Federal e dos eventual recurso subsequente VII – determinar a intimação
tribunais superiores ou daquela interposto no mesmo processo do Ministério Público, quando for
oriunda de julgamento de casos ou em processo conexo. o caso;
repetitivos, pode haver modula- VIII – exercer outras atribui-
ção dos efeitos da alteração no Art. 931. Distribuídos, os autos ções estabelecidas no regimento
interesse social e no da seguran- serão imediatamente conclusos interno do tribunal.
ça jurídica. ao relator, que, em 30 (trinta) dias, Parágrafo único. Antes de
§ 4o A modificação de enun- depois de elaborar o voto, restituí- considerar inadmissível o recur-
ciado de súmula, de jurisprudên- -los-á, com relatório, à secretaria. so, o relator concederá o prazo
cia pacificada ou de tese adotada de 5 (cinco) dias ao recorrente
em julgamento de casos repetiti- Art. 932. Incumbe ao relator: para que seja sanado vício ou
vos observará a necessidade de I – dirigir e ordenar o processo complementada a documenta-

372
Código de Processo Civil
ção exigível. sustentação oral, observada a está sediado o tribunal realizar
ordem dos requerimentos; sustentação oral por meio de vi-
Art. 933. Se o relator constatar II – os requerimentos de pre- deoconferência ou outro recurso
a ocorrência de fato superve- ferência apresentados até o início tecnológico de transmissão de
niente à decisão recorrida ou a da sessão de julgamento; sons e imagens em tempo real,
existência de questão apreciável III – aqueles cujo julgamento desde que o requeira até o dia
de ofício ainda não examinada tenha iniciado em sessão an- anterior ao da sessão.
que devam ser considerados no terior; e
julgamento do recurso, intimará IV – os demais casos. Art. 938. A questão preliminar
as partes para que se manifestem suscitada no julgamento será de-
no prazo de 5 (cinco) dias. Art. 937. Na sessão de julga- cidida antes do mérito, deste não
§ 1o Se a constatação ocorrer mento, depois da exposição da se conhecendo caso seja incom-
durante a sessão de julgamento, causa pelo relator, o presidente patível com a decisão.
esse será imediatamente sus- dará a palavra, sucessivamente, § 1o Constatada a ocorrência
penso a fim de que as partes se ao recorrente, ao recorrido e, de vício sanável, inclusive aquele
manifestem especificamente. nos casos de sua intervenção, que possa ser conhecido de ofício,
§ 2o Se a constatação se der ao membro do Ministério Públi- o relator determinará a realização
em vista dos autos, deverá o juiz co, pelo prazo improrrogável de ou a renovação do ato processual,
que a solicitou encaminhá-los 15 (quinze) minutos para cada no próprio tribunal ou em primei-
ao relator, que tomará as provi- um, a fim de sustentarem suas ro grau de jurisdição, intimadas
dências previstas no caput e, em razões, nas seguintes hipóteses, as partes.
seguida, solicitará a inclusão do nos termos da parte final do caput § 2o Cumprida a diligência de
feito em pauta para prossegui- do art. 1.021: que trata o § 1o, o relator, sempre
mento do julgamento, com sub- I – no recurso de apelação; que possível, prosseguirá no jul-
missão integral da nova questão II – no recurso ordinário; gamento do recurso.
aos julgadores. III – no recurso especial; § 3o Reconhecida a neces-
IV – no recurso extraordinário; sidade de produção de prova, o
Art. 934. Em seguida, os autos V – nos embargos de diver- relator converterá o julgamento
serão apresentados ao presiden- gência; em diligência, que se realizará no
te, que designará dia para julga- VI – na ação rescisória, no tribunal ou em primeiro grau de
mento, ordenando, em todas as mandado de segurança e na re- jurisdição, decidindo-se o recurso
hipóteses previstas neste Livro, clamação; após a conclusão da instrução.
a publicação da pauta no órgão VII – (Vetado); § 4o Quando não determina-
oficial. VIII – no agravo de instrumen- das pelo relator, as providências
to interposto contra decisões indicadas nos §§ 1o e 3o pode-
Art. 935. Entre a data de pu- interlocutórias que versem sobre rão ser determinadas pelo órgão
blicação da pauta e a da sessão tutelas provisórias de urgência ou competente para julgamento do
de julgamento decorrerá, pelo da evidência; recurso.
menos, o prazo de 5 (cinco) dias, IX – em outras hipóteses pre-
incluindo-se em nova pauta os vistas em lei ou no regimento Art. 939. Se a preliminar for re-
processos que não tenham sido interno do tribunal. jeitada ou se a apreciação do
julgados, salvo aqueles cujo julga- § 1o A sustentação oral no mérito for com ela compatível,
mento tiver sido expressamente incidente de resolução de deman- seguir-se-ão a discussão e o jul-
adiado para a primeira sessão das repetitivas observará o dis- gamento da matéria principal, so-
seguinte. posto no art. 984, no que couber. bre a qual deverão se pronunciar
§ 1o Às partes será permiti- § 2o O procurador que dese- os juízes vencidos na preliminar.
da vista dos autos em cartório jar proferir sustentação oral po-
após a publicação da pauta de derá requerer, até o início da ses- Art. 940. O relator ou outro juiz
julgamento. são, que o processo seja julgado que não se considerar habilitado
§ 2o Afixar-se-á a pauta na em primeiro lugar, sem prejuízo a proferir imediatamente seu voto
entrada da sala em que se realizar das preferências legais. poderá solicitar vista pelo prazo
a sessão de julgamento. § 3o Nos processos de com- máximo de 10 (dez) dias, após o
petência originária previstos no qual o recurso será reincluído em
Art. 936. Ressalvadas as prefe- inciso VI, caberá sustentação pauta para julgamento na sessão
rências legais e regimentais, os oral no agravo interno interpos- seguinte à data da devolução.
recursos, a remessa necessária to contra decisão de relator que § 1o Se os autos não forem
e os processos de competência o extinga. devolvidos tempestivamente ou
originária serão julgados na se- § 4o É permitido ao advo- se não for solicitada pelo juiz pror-
guinte ordem: gado com domicílio profissional rogação de prazo de no máximo
I – aqueles nos quais houver em cidade diversa daquela onde mais 10 (dez) dias, o presidente do

373
Código de Processo Civil
órgão fracionário os requisitará § 3o A técnica de julgamento houverem de ser julgados na mes-
para julgamento do recurso na prevista neste artigo aplica-se, ma sessão, terá precedência o
sessão ordinária subsequente, igualmente, ao julgamento não agravo de instrumento.
com publicação da pauta em que unânime proferido em:
for incluído. I – ação rescisória, quando o
§ 2o Quando requisitar os resultado for a rescisão da sen- CAPÍTULO III – DO
autos na forma do § 1o, se aquele tença, devendo, nesse caso, seu INCIDENTE DE ASSUNÇÃO
que fez o pedido de vista ainda prosseguimento ocorrer em órgão DE COMPETÊNCIA
não se sentir habilitado a votar, o de maior composição previsto no
presidente convocará substituto regimento interno; Art. 947. É admissível a assun-
para proferir voto, na forma es- II – agravo de instrumento, ção de competência quando o
tabelecida no regimento interno quando houver reforma da de- julgamento de recurso, de re-
do tribunal. cisão que julgar parcialmente messa necessária ou de processo
o mérito. de competência originária envol-
Art. 941. Proferidos os votos, o § 4o Não se aplica o disposto ver relevante questão de direito,
presidente anunciará o resultado neste artigo ao julgamento: com grande repercussão social,
do julgamento, designando para I – do incidente de assunção sem repetição em múltiplos pro-
redigir o acórdão o relator ou, se de competência e ao de resolução cessos.
vencido este, o autor do primeiro de demandas repetitivas; § 1o Ocorrendo a hipótese
voto vencedor. II – da remessa necessária; de assunção de competência,
§ 1o O voto poderá ser altera- III – não unânime proferido, o relator proporá, de ofício ou
do até o momento da proclama- nos tribunais, pelo plenário ou a requerimento da parte, do Mi-
ção do resultado pelo presidente, pela corte especial. nistério Público ou da Defensoria
salvo aquele já proferido por juiz Pública, que seja o recurso, a re-
afastado ou substituído. Art. 943. Os votos, os acórdãos messa necessária ou o processo
§ 2o No julgamento de apela- e os demais atos processuais de competência originária julgado
ção ou de agravo de instrumen- podem ser registrados em do- pelo órgão colegiado que o regi-
to, a decisão será tomada, no cumento eletrônico inviolável e mento indicar.
órgão colegiado, pelo voto de 3 assinados eletronicamente, na § 2o O órgão colegiado julga-
(três) juízes. forma da lei, devendo ser im- rá o recurso, a remessa neces-
§ 3o O voto vencido será ne- pressos para juntada aos autos sária ou o processo de compe-
cessariamente declarado e consi- do processo quando este não for tência originária se reconhecer
derado parte integrante do acór- eletrônico. interesse público na assunção
dão para todos os fins legais, § 1o Todo acórdão conterá de competência.
inclusive de prequestionamento. ementa. § 3o O acórdão proferido em
§ 2o Lavrado o acórdão, sua assunção de competência vin-
Art. 942. Quando o resultado ementa será publicada no órgão culará todos os juízes e órgãos
da apelação for não unânime, o oficial no prazo de 10 (dez) dias. fracionários, exceto se houver
julgamento terá prosseguimento revisão de tese.
em sessão a ser designada com Art. 944. Não publicado o acór- § 4o Aplica-se o disposto
a presença de outros julgadores, dão no prazo de 30 (trinta) dias, neste artigo quando ocorrer re-
que serão convocados nos ter- contado da data da sessão de levante questão de direito a res-
mos previamente definidos no julgamento, as notas taquigráfi- peito da qual seja conveniente a
regimento interno, em número cas o substituirão, para todos os prevenção ou a composição de
suficiente para garantir a possi- fins legais, independentemente divergência entre câmaras ou
bilidade de inversão do resultado de revisão. turmas do tribunal.
inicial, assegurado às partes e a Parágrafo único. No caso do
eventuais terceiros o direito de caput, o presidente do tribunal la-
sustentar oralmente suas razões vrará, de imediato, as conclusões CAPÍTULO IV – DO
perante os novos julgadores. e a ementa e mandará publicar o INCIDENTE DE
§ 1o Sendo possível, o prosse- acórdão. ARGUIÇÃO DE
guimento do julgamento dar-se-á INCONSTITUCIONALIDADE
na mesma sessão, colhendo-se Art. 945. (Revogado)
os votos de outros julgadores Art. 948. Arguida, em controle
que porventura componham o Art. 946. O agravo de instru- difuso, a inconstitucionalidade de
órgão colegiado. mento será julgado antes da lei ou de ato normativo do poder
§ 2o Os julgadores que já ti- apelação interposta no mesmo público, o relator, após ouvir o
verem votado poderão rever seus processo. Ministério Público e as partes,
votos por ocasião do prossegui- Parágrafo único. Se ambos submeterá a questão à turma
mento do julgamento. os recursos de que trata o caput ou à câmara à qual competir o

374
Código de Processo Civil
conhecimento do processo. art. 178, mas terá qualidade de Art. 957. Ao decidir o conflito,
parte nos conflitos que suscitar. o tribunal declarará qual o juízo
Art. 949. Se a arguição for: competente, pronunciando-se
I – rejeitada, prosseguirá o Art. 952. Não pode suscitar con- também sobre a validade dos atos
julgamento; flito a parte que, no processo, do juízo incompetente.
II – acolhida, a questão será arguiu incompetência relativa. Parágrafo único. Os autos do
submetida ao plenário do tribunal Parágrafo único. O confli- processo em que se manifestou
ou ao seu órgão especial, onde to de competência não obsta, o conflito serão remetidos ao juiz
houver. porém, a que a parte que não o declarado competente.
Parágrafo único. Os órgãos arguiu suscite a incompetência.
fracionários dos tribunais não Art. 958. No conflito que envolva
submeterão ao plenário ou ao Art. 953. O conflito será susci- órgãos fracionários dos tribunais,
órgão especial a arguição de in- tado ao tribunal: desembargadores e juízes em
constitucionalidade quando já I – pelo juiz, por ofício; exercício no tribunal, observar-
houver pronunciamento destes ou II – pela parte e pelo Ministério -se-á o que dispuser o regimento
do plenário do Supremo Tribunal Público, por petição. interno do tribunal.
Federal sobre a questão. Parágrafo único. O ofício e a
petição serão instruídos com os Art. 959. O regimento interno do
Art. 950. Remetida cópia do documentos necessários à prova tribunal regulará o processo e o
acórdão a todos os juízes, o pre- do conflito. julgamento do conflito de atribui-
sidente do tribunal designará a ções entre autoridade judiciária e
sessão de julgamento. Art. 954. Após a distribuição, autoridade administrativa.
§ 1o As pessoas jurídicas de o relator determinará a oitiva
direito público responsáveis pela dos juízes em conflito ou, se um
edição do ato questionado pode- deles for suscitante, apenas do CAPÍTULO VI – DA
rão manifestar-se no incidente de suscitado. HOMOLOGAÇÃO DE
inconstitucionalidade se assim o Parágrafo único. No prazo DECISÃO ESTRANGEIRA
requererem, observados os pra- designado pelo relator, incum- E DA CONCESSÃO DO
zos e as condições previstos no birá ao juiz ou aos juízes prestar EXEQUATUR À CARTA
regimento interno do tribunal. as informações.
§ 2o A parte legitimada à pro- ROGATÓRIA
positura das ações previstas no Art. 955. O relator poderá, de
art. 103 da Constituição Federal ofício ou a requerimento de Art. 960. A homologação de de-
poderá manifestar-se, por escrito, qualquer das partes, determi- cisão estrangeira será requerida
sobre a questão constitucional nar, quando o conflito for positivo, por ação de homologação de deci-
objeto de apreciação, no prazo o sobrestamento do processo e, são estrangeira, salvo disposição
previsto pelo regimento interno, nesse caso, bem como no de con- especial em sentido contrário
sendo-lhe assegurado o direito de flito negativo, designará um dos prevista em tratado.
apresentar memoriais ou de re- juízes para resolver, em caráter § 1o A decisão interlocutória
querer a juntada de documentos. provisório, as medidas urgentes. estrangeira poderá ser executa-
§ 3o Considerando a relevân- Parágrafo único. O relator da no Brasil por meio de carta
cia da matéria e a representati- poderá julgar de plano o conflito rogatória.
vidade dos postulantes, o relator de competência quando sua de- § 2o A homologação obe-
poderá admitir, por despacho cisão se fundar em: decerá ao que dispuserem os
irrecorrível, a manifestação de I – súmula do Supremo Tribu- tratados em vigor no Brasil e o
outros órgãos ou entidades. nal Federal, do Superior Tribunal Regimento Interno do Superior
de Justiça ou do próprio tribunal; Tribunal de Justiça.
II – tese firmada em julga- § 3o A homologação de deci-
CAPÍTULO V – DO mento de casos repetitivos ou são arbitral estrangeira obedece-
CONFLITO DE em incidente de assunção de rá ao disposto em tratado e em lei,
COMPETÊNCIA competência. aplicando-se, subsidiariamente,
as disposições deste Capítulo.
Art. 951. O conflito de compe- Art. 956. Decorrido o prazo de-
tência pode ser suscitado por signado pelo relator, será ouvido Art. 961. A decisão estrangeira
qualquer das partes, pelo Minis- o Ministério Público, no prazo de somente terá eficácia no Brasil
tério Público ou pelo juiz. 5 (cinco) dias, ainda que as infor- após a homologação de senten-
Parágrafo único. O Ministério mações não tenham sido presta- ça estrangeira ou a concessão do
Público somente será ouvido nos das, e, em seguida, o conflito irá exequatur às cartas rogatórias,
conflitos de competência relati- a julgamento. salvo disposição em sentido con-
vos aos processos previstos no trário de lei ou tratado.

375
Código de Processo Civil
§ 1o É passível de homologa- Art. 963. Constituem requisitos to da parte vencida ou, ainda, de
ção a decisão judicial definitiva, indispensáveis à homologação simulação ou colusão entre as
bem como a decisão não judicial da decisão: partes, a fim de fraudar a lei;
que, pela lei brasileira, teria na- I – ser proferida por autori- IV – ofender a coisa julgada;
tureza jurisdicional. dade competente; V – violar manifestamente
§ 2o A decisão estrangeira II – ser precedida de citação norma jurídica;
poderá ser homologada parcial- regular, ainda que verificada a VI – for fundada em prova
mente. revelia; cuja falsidade tenha sido apurada
§ 3o A autoridade judiciária III – ser eficaz no país em que em processo criminal ou venha a
brasileira poderá deferir pedidos foi proferida; ser demonstrada na própria ação
de urgência e realizar atos de IV – não ofender a coisa jul- rescisória;
execução provisória no proces- gada brasileira; VII – obtiver o autor, poste-
so de homologação de decisão V – estar acompanhada de riormente ao trânsito em julgado,
estrangeira. tradução oficial, salvo disposi- prova nova cuja existência ignora-
§ 4o Haverá homologação de ção que a dispense prevista em va ou de que não pôde fazer uso,
decisão estrangeira para fins de tratado; capaz, por si só, de lhe assegurar
execução fiscal quando prevista VI – não conter manifesta pronunciamento favorável;
em tratado ou em promessa de ofensa à ordem pública. VIII – for fundada em erro de
reciprocidade apresentada à au- Parágrafo único. Para a con- fato verificável do exame dos
toridade brasileira. cessão do exequatur às cartas autos.
§ 5o A sentença estrangeira rogatórias, observar-se-ão os § 1o Há erro de fato quando a
de divórcio consensual produz pressupostos previstos no caput decisão rescindenda admitir fato
efeitos no Brasil, independen- deste artigo e no art. 962, § 2o. inexistente ou quando conside-
temente de homologação pelo rar inexistente fato efetivamente
Superior Tribunal de Justiça. Art. 964. Não será homologada ocorrido, sendo indispensável, em
§ 6o Na hipótese do § 5o, a decisão estrangeira na hipóte- ambos os casos, que o fato não
competirá a qualquer juiz exa- se de competência exclusiva da represente ponto controvertido
minar a validade da decisão, em autoridade judiciária brasileira. sobre o qual o juiz deveria ter se
caráter principal ou incidental, Parágrafo único. O dispositi- pronunciado.
quando essa questão for susci- vo também se aplica à concessão § 2o Nas hipóteses previstas
tada em processo de sua com- do exequatur à carta rogatória. nos incisos do caput, será res-
petência. cindível a decisão transitada em
Art. 965. O cumprimento de de- julgado que, embora não seja de
Art. 962. É passível de execução cisão estrangeira far-se-á peran- mérito, impeça:
a decisão estrangeira concessiva te o juízo federal competente, I – nova propositura da de-
de medida de urgência. a requerimento da parte, con- manda; ou
§ 1o A execução no Brasil de forme as normas estabelecidas II – admissibilidade do recurso
decisão interlocutória estrangeira para o cumprimento de decisão correspondente.
concessiva de medida de urgên- nacional. § 3o A ação rescisória pode
cia dar-se-á por carta rogatória. Parágrafo único. O pedido ter por objeto apenas 1 (um) ca-
§ 2o A medida de urgência de execução deverá ser instruído pítulo da decisão.
concedida sem audiência do réu com cópia autenticada da decisão § 4o Os atos de disposição de
poderá ser executada, desde que homologatória ou do exequatur, direitos, praticados pelas partes
garantido o contraditório em mo- conforme o caso. ou por outros participantes do
mento posterior. processo e homologados pelo
§ 3o O juízo sobre a urgência juízo, bem como os atos homo-
da medida compete exclusiva- CAPÍTULO VII – DA AÇÃO logatórios praticados no curso da
mente à autoridade jurisdicional RESCISÓRIA execução, estão sujeitos à anu-
prolatora da decisão estrangeira. lação, nos termos da lei.
§ 4o Quando dispensada a Art. 966. A decisão de mérito, § 5o Cabe ação rescisória,
homologação para que a senten- transitada em julgado, pode ser com fundamento no inciso V do
ça estrangeira produza efeitos no rescindida quando: caput deste artigo, contra deci-
Brasil, a decisão concessiva de I – se verificar que foi profe- são baseada em enunciado de
medida de urgência dependerá, rida por força de prevaricação, súmula ou acórdão proferido em
para produzir efeitos, de ter sua concussão ou corrupção do juiz; julgamento de casos repetitivos
validade expressamente reconhe- II – for proferida por juiz impe- que não tenha considerado a
cida pelo juiz competente para dido ou por juízo absolutamente existência de distinção entre a
dar-lhe cumprimento, dispensa- incompetente; questão discutida no processo
da a homologação pelo Superior III – resultar de dolo ou coação e o padrão decisório que lhe deu
Tribunal de Justiça. da parte vencedora em detrimen- fundamento.

376
Código de Processo Civil
§ 6o Quando a ação rescisó- não será superior a 1.000 (mil) competência ao órgão que profe-
ria fundar-se na hipótese do § 5o salários mínimos. riu a decisão rescindenda, fixando
deste artigo, caberá ao autor, § 3o Além dos casos previs- prazo de 1 (um) a 3 (três) meses
sob pena de inépcia, demonstrar, tos no art. 330, a petição inicial para a devolução dos autos.
fundamentadamente, tratar-se de será indeferida quando não efetu-
situação particularizada por hipó- ado o depósito exigido pelo inciso Art. 973. Concluída a instrução,
tese fática distinta ou de questão II do caput deste artigo. será aberta vista ao autor e ao réu
jurídica não examinada, a impor § 4o Aplica-se à ação resci- para razões finais, sucessivamen-
outra solução jurídica. sória o disposto no art. 332. te, pelo prazo de 10 (dez) dias.
§ 5o Reconhecida a incom- Parágrafo único. Em seguida,
Art. 967. Têm legitimidade para petência do tribunal para julgar os autos serão conclusos ao rela-
propor a ação rescisória: a ação rescisória, o autor será tor, procedendo-se ao julgamento
I – quem foi parte no processo intimado para emendar a petição pelo órgão competente.
ou o seu sucessor a título univer- inicial, a fim de adequar o objeto
sal ou singular; da ação rescisória, quando a deci- Art. 974. Julgando procedente
II – o terceiro juridicamente são apontada como rescindenda: o pedido, o tribunal rescindirá a
interessado; I – não tiver apreciado o méri- decisão, proferirá, se for o caso,
III – o Ministério Público: to e não se enquadrar na situação novo julgamento e determinará
a) se não foi ouvido no pro- prevista no § 2o do art. 966; a restituição do depósito a que
cesso em que lhe era obrigatória II – tiver sido substituída por se refere o inciso II do art. 968.
a intervenção; decisão posterior. Parágrafo único. Consideran-
b) quando a decisão rescin- § 6o Na hipótese do § 5o, após do, por unanimidade, inadmissí-
denda é o efeito de simulação ou a emenda da petição inicial, será vel ou improcedente o pedido, o
de colusão das partes, a fim de permitido ao réu complementar tribunal determinará a reversão,
fraudar a lei; os fundamentos de defesa, e, em em favor do réu, da importância
c) em outros casos em que seguida, os autos serão remetidos do depósito, sem prejuízo do dis-
se imponha sua atuação; ao tribunal competente. posto no § 2o do art. 82.
IV – aquele que não foi ouvido
no processo em que lhe era obri- Art. 969. A propositura da ação Art. 975. O direito à rescisão se
gatória a intervenção. rescisória não impede o cumpri- extingue em 2 (dois) anos con-
Parágrafo único. Nas hipó- mento da decisão rescindenda, tados do trânsito em julgado da
teses do art. 178, o Ministério Pú- ressalvada a concessão de tutela última decisão proferida no pro-
blico será intimado para intervir provisória. cesso.
como fiscal da ordem jurídica § 1o Prorroga-se até o primei-
quando não for parte. Art. 970. O relator ordenará a ro dia útil imediatamente subse-
citação do réu, designando-lhe quente o prazo a que se refere o
Art. 968. A petição inicial será prazo nunca inferior a 15 (quinze) caput, quando expirar durante
elaborada com observância dos dias nem superior a 30 (trinta) férias forenses, recesso, feriados
requisitos essenciais do art. 319, dias para, querendo, apresentar ou em dia em que não houver ex-
devendo o autor: resposta, ao fim do qual, com ou pediente forense.
I – cumular ao pedido de res- sem contestação, observar-se-á, § 2o Se fundada a ação no
cisão, se for o caso, o de novo no que couber, o procedimento inciso VII do art. 966, o termo
julgamento do processo; comum. inicial do prazo será a data de
II – depositar a importância descoberta da prova nova, obser-
de cinco por cento sobre o va- Art. 971. Na ação rescisória, de- vado o prazo máximo de 5 (cinco)
lor da causa, que se converterá volvidos os autos pelo relator, a anos, contado do trânsito em jul-
em multa caso a ação seja, por secretaria do tribunal expedirá gado da última decisão proferida
unanimidade de votos, declarada cópias do relatório e as distribui- no processo.
inadmissível ou improcedente. rá entre os juízes que compuse- § 3o Nas hipóteses de simu-
§ 1o Não se aplica o dispos- rem o órgão competente para o lação ou de colusão das partes,
to no inciso II à União, aos Es- julgamento. o prazo começa a contar, para o
tados, ao Distrito Federal, aos Parágrafo único. A escolha terceiro prejudicado e para o Mi-
Municípios, às suas respectivas de relator recairá, sempre que nistério Público, que não interveio
autarquias e fundações de direi- possível, em juiz que não haja no processo, a partir do momento
to público, ao Ministério Público, participado do julgamento res- em que têm ciência da simulação
à Defensoria Pública e aos que cindendo. ou da colusão.
tenham obtido o benefício de
gratuidade da justiça. Art. 972. Se os fatos alegados
§ 2o O depósito previsto no pelas partes dependerem de pro-
inciso II do caput deste artigo va, o relator poderá delegar a

377
Código de Processo Civil
CAPÍTULO VIII – DO ração do incidente. para julgar o incidente procede-
INCIDENTE DE RESOLUÇÃO rá ao seu juízo de admissibilida-
Art. 978. O julgamento do inci- de, considerando a presença dos
DE DEMANDAS dente caberá ao órgão indicado pressupostos do art. 976.
REPETITIVAS pelo regimento interno dentre
aqueles responsáveis pela uni- Art. 982. Admitido o incidente,
Art. 976. É cabível a instaura- formização de jurisprudência do o relator:
ção do incidente de resolução tribunal. I – suspenderá os processos
de demandas repetitivas quando Parágrafo único. O órgão co- pendentes, individuais ou cole-
houver, simultaneamente: legiado incumbido de julgar o in- tivos, que tramitam no Estado
I – efetiva repetição de pro- cidente e de fixar a tese jurídica ou na região, conforme o caso;
cessos que contenham contro- julgará igualmente o recurso, a II – poderá requisitar infor-
vérsia sobre a mesma questão remessa necessária ou o pro- mações a órgãos em cujo juí-
unicamente de direito; cesso de competência originária zo tramita processo no qual se
II – risco de ofensa à isonomia de onde se originou o incidente. discute o objeto do incidente,
e à segurança jurídica. que as prestarão no prazo de 15
§ 1o A desistência ou o aban- Art. 979. A instauração e o jul- (quinze) dias;
dono do processo não impede o gamento do incidente serão su- III – intimará o Ministério Pú-
exame de mérito do incidente. cedidos da mais ampla e espe- blico para, querendo, manifestar-
§ 2o Se não for o requeren- cífica divulgação e publicidade, -se no prazo de 15 (quinze) dias.
te, o Ministério Público intervirá por meio de registro eletrônico § 1o A suspensão será comu-
obrigatoriamente no incidente e no Conselho Nacional de Justiça. nicada aos órgãos jurisdicionais
deverá assumir sua titularidade § 1o Os tribunais manterão competentes.
em caso de desistência ou de banco eletrônico de dados atu- § 2o Durante a suspensão,
abandono. alizados com informações es- o pedido de tutela de urgência
§ 3o A inadmissão do inci- pecíficas sobre questões de di- deverá ser dirigido ao juízo onde
dente de resolução de deman- reito submetidas ao incidente, tramita o processo suspenso.
das repetitivas por ausência de comunicando-o imediatamente § 3o Visando à garantia da
qualquer de seus pressupostos ao Conselho Nacional de Justiça segurança jurídica, qualquer le-
de admissibilidade não impede para inclusão no cadastro. gitimado mencionado no art. 977,
que, uma vez satisfeito o requi- § 2o Para possibilitar a iden- incisos II e III, poderá requerer, ao
sito, seja o incidente novamente tificação dos processos abran- tribunal competente para conhe-
suscitado. gidos pela decisão do incidente, cer do recurso extraordinário ou
§ 4o É incabível o incidente o registro eletrônico das teses especial, a suspensão de todos os
de resolução de demandas re- jurídicas constantes do cadastro processos individuais ou coletivos
petitivas quando um dos tribu- conterá, no mínimo, os funda- em curso no território nacional
nais superiores, no âmbito de sua mentos determinantes da decisão que versem sobre a questão ob-
respectiva competência, já tiver e os dispositivos normativos a ela jeto do incidente já instaurado.
afetado recurso para definição relacionados. § 4o Independentemente dos
de tese sobre questão de direito § 3o Aplica-se o disposto limites da competência territorial,
material ou processual repetitiva. neste artigo ao julgamento de a parte no processo em curso no
§ 5o Não serão exigidas cus- recursos repetitivos e da reper- qual se discuta a mesma questão
tas processuais no incidente de cussão geral em recurso extra- objeto do incidente é legitimada
resolução de demandas repe- ordinário. para requerer a providência pre-
titivas. vista no § 3o deste artigo.
Art. 980. O incidente será jul- § 5o Cessa a suspensão a
Art. 977. O pedido de instaura- gado no prazo de 1 (um) ano e que se refere o inciso I do caput
ção do incidente será dirigido ao terá preferência sobre os demais deste artigo se não for interpos-
presidente de tribunal: feitos, ressalvados os que envol- to recurso especial ou recurso
I – pelo juiz ou relator, por vam réu preso e os pedidos de extraordinário contra a decisão
ofício; habeas corpus. proferida no incidente.
II – pelas partes, por petição; Parágrafo único. Superado
III – pelo Ministério Público o prazo previsto no caput, ces- Art. 983. O relator ouvirá as par-
ou pela Defensoria Pública, por sa a suspensão dos processos tes e os demais interessados,
petição. prevista no art. 982, salvo deci- inclusive pessoas, órgãos e enti-
Parágrafo único. O ofício ou são fundamentada do relator em dades com interesse na contro-
a petição será instruído com os sentido contrário. vérsia, que, no prazo comum de
documentos necessários à de- 15 (quinze) dias, poderão requerer
monstração do preenchimento Art. 981. Após a distribuição, a juntada de documentos, bem
dos pressupostos para a instau- o órgão colegiado competente como as diligências necessárias

378
Código de Processo Civil
para a elucidação da questão de tido ou autorizado, o resultado do instruída com prova documental e
direito controvertida, e, em segui- julgamento será comunicado ao dirigida ao presidente do tribunal.
da, manifestar-se-á o Ministério órgão, ao ente ou à agência regu- § 3o Assim que recebida, a
Público, no mesmo prazo. ladora competente para fiscaliza- reclamação será autuada e dis-
§ 1o Para instruir o incidente, ção da efetiva aplicação, por parte tribuída ao relator do processo
o relator poderá designar data dos entes sujeitos a regulação, da principal, sempre que possível.
para, em audiência pública, ou- tese adotada. § 4o As hipóteses dos incisos
vir depoimentos de pessoas com III e IV compreendem a aplicação
experiência e conhecimento na Art. 986. A revisão da tese ju- indevida da tese jurídica e sua
matéria. rídica firmada no incidente far- não aplicação aos casos que a
§ 2o Concluídas as diligên- -se-á pelo mesmo tribunal, de ela correspondam.
cias, o relator solicitará dia para ofício ou mediante requerimento § 5o É inadmissível a recla-
o julgamento do incidente. dos legitimados mencionados no mação:
art. 977, inciso III. I – proposta após o trânsito
Art. 984. No julgamento do inci- em julgado da decisão reclamada;
dente, observar-se-á a seguinte Art. 987. Do julgamento do mé- II – proposta para garantir a
ordem: rito do incidente caberá recurso observância de acórdão de re-
I – o relator fará a exposição extraordinário ou especial, con- curso extraordinário com reper-
do objeto do incidente; forme o caso. cussão geral reconhecida ou de
II – poderão sustentar suas § 1o O recurso tem efeito sus- acórdão proferido em julgamento
razões, sucessivamente: pensivo, presumindo-se a reper- de recursos extraordinário ou es-
a) o autor e o réu do processo cussão geral de questão constitu- pecial repetitivos, quando não es-
originário e o Ministério Público, cional eventualmente discutida. gotadas as instâncias ordinárias.
pelo prazo de 30 (trinta) minutos; § 2o Apreciado o mérito do § 6o A inadmissibilidade ou o
b) os demais interessados, recurso, a tese jurídica adotada julgamento do recurso interposto
no prazo de 30 (trinta) minutos, pelo Supremo Tribunal Federal ou contra a decisão proferida pelo
divididos entre todos, sendo exi- pelo Superior Tribunal de Justiça órgão reclamado não prejudica
gida inscrição com 2 (dois) dias será aplicada no território nacio- a reclamação.
de antecedência. nal a todos os processos indivi-
§ 1o Considerando o número duais ou coletivos que versem Art. 989. Ao despachar a recla-
de inscritos, o prazo poderá ser sobre idêntica questão de direito. mação, o relator:
ampliado. I – requisitará informações da
§ 2o O conteúdo do acórdão autoridade a quem for imputada a
abrangerá a análise de todos os CAPÍTULO IX – DA prática do ato impugnado, que as
fundamentos suscitados concer- RECLAMAÇÃO prestará no prazo de 10 (dez) dias;
nentes à tese jurídica discutida, II – se necessário, ordenará
sejam favoráveis ou contrários. Art. 988. Caberá reclamação da a suspensão do processo ou do
parte interessada ou do Ministério ato impugnado para evitar dano
Art. 985. Julgado o incidente, a Público para: irreparável;
tese jurídica será aplicada: I – preservar a competência III – determinará a citação
I – a todos os processos indi- do tribunal; do beneficiário da decisão im-
viduais ou coletivos que versem II – garantir a autoridade das pugnada, que terá prazo de 15
sobre idêntica questão de direito decisões do tribunal; (quinze) dias para apresentar a
e que tramitem na área de juris- III – garantir a observância de sua contestação.
dição do respectivo tribunal, in- enunciado de súmula vinculante e
clusive àqueles que tramitem nos de decisão do Supremo Tribunal Art. 990. Qualquer interessado
juizados especiais do respectivo Federal em controle concentrado poderá impugnar o pedido do
Estado ou região; de constitucionalidade; reclamante.
II – aos casos futuros que IV – garantir a observância de
versem idêntica questão de di- acórdão proferido em julgamento Art. 991. Na reclamação que não
reito e que venham a tramitar de incidente de resolução de de- houver formulado, o Ministério
no território de competência do mandas repetitivas ou de inciden- Público terá vista do processo por
tribunal, salvo revisão na forma te de assunção de competência. 5 (cinco) dias, após o decurso do
do art. 986. § 1o A reclamação pode ser prazo para informações e para o
§ 1o Não observada a tese proposta perante qualquer tribu- oferecimento da contestação pelo
adotada no incidente, caberá re- nal, e seu julgamento compete ao beneficiário do ato impugnado.
clamação. órgão jurisdicional cuja compe-
§ 2o Se o incidente tiver por tência se busca preservar ou cuja Art. 992. Julgando procedente
objeto questão relativa a presta- autoridade se pretenda garantir. a reclamação, o tribunal cassará
ção de serviço concedido, permi- § 2o A reclamação deverá ser a decisão exorbitante de seu jul-

379
Código de Processo Civil
gado ou determinará medida ade- e réu, ao recurso interposto por o Ministério Público são intimados
quada à solução da controvérsia. qualquer deles poderá aderir o da decisão.
outro. § 1o Os sujeitos previstos no
Art. 993. O presidente do tribu- § 2o O recurso adesivo fica caput considerar-se-ão intimados
nal determinará o imediato cum- subordinado ao recurso inde- em audiência quando nesta for
primento da decisão, lavrando-se pendente, sendo-lhe aplicáveis proferida a decisão.
o acórdão posteriormente. as mesmas regras deste quanto § 2o Aplica-se o disposto no
aos requisitos de admissibilidade art. 231, incisos I a VI, ao prazo de
e julgamento no tribunal, salvo interposição de recurso pelo réu
TÍTULO II – DOS RECURSOS disposição legal diversa, obser- contra decisão proferida anterior-
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES vado, ainda, o seguinte: mente à citação.
I – será dirigido ao órgão pe- § 3o No prazo para interpo-
GERAIS rante o qual o recurso indepen- sição de recurso, a petição será
dente fora interposto, no prazo protocolada em cartório ou con-
Art. 994. São cabíveis os se- de que a parte dispõe para res- forme as normas de organização
guintes recursos: ponder; judiciária, ressalvado o disposto
I – apelação; II – será admissível na apela- em regra especial.
II – agravo de instrumento; ção, no recurso extraordinário e § 4o Para aferição da tem-
III – agravo interno; no recurso especial; pestividade do recurso remetido
IV – embargos de declaração; III – não será conhecido, se pelo correio, será considerada
V – recurso ordinário; houver desistência do recurso como data de interposição a data
VI – recurso especial; principal ou se for ele conside- de postagem.
VII – recurso extraordinário; rado inadmissível. § 5o Excetuados os embar-
VIII – agravo em recurso es- gos de declaração, o prazo para
pecial ou extraordinário; Art. 998. O recorrente poderá, a interpor os recursos e para res-
IX – embargos de divergência. qualquer tempo, sem a anuência ponder-lhes é de 15 (quinze) dias.
do recorrido ou dos litisconsortes, § 6o O recorrente comprova-
Art. 995. Os recursos não impe- desistir do recurso. rá a ocorrência de feriado local no
dem a eficácia da decisão, salvo Parágrafo único. A desistên- ato de interposição do recurso.
disposição legal ou decisão judi- cia do recurso não impede a aná-
cial em sentido diverso. lise de questão cuja repercussão Art. 1.004. Se, durante o prazo
Parágrafo único. A eficácia geral já tenha sido reconhecida para a interposição do recurso,
da decisão recorrida poderá ser e daquela objeto de julgamento sobrevier o falecimento da parte
suspensa por decisão do rela- de recursos extraordinários ou ou de seu advogado ou ocorrer
tor, se da imediata produção de especiais repetitivos. motivo de força maior que sus-
seus efeitos houver risco de dano penda o curso do processo, será
grave, de difícil ou impossível re- Art. 999. A renúncia ao direito tal prazo restituído em proveito da
paração, e ficar demonstrada a de recorrer independe da acei- parte, do herdeiro ou do sucessor,
probabilidade de provimento do tação da outra parte. contra quem começará a correr
recurso. novamente depois da intimação.
Art. 1.000. A parte que aceitar
Art. 996. O recurso pode ser expressa ou tacitamente a deci- Art. 1.005. O recurso interposto
interposto pela parte vencida, são não poderá recorrer. por um dos litisconsortes a todos
pelo terceiro prejudicado e pelo Parágrafo único. Conside- aproveita, salvo se distintos ou
Ministério Público, como parte ra-se aceitação tácita a prática, opostos os seus interesses.
ou como fiscal da ordem jurídica. sem nenhuma reserva, de ato Parágrafo único. Havendo
Parágrafo único. Cumpre ao incompatível com a vontade de solidariedade passiva, o recur-
terceiro demonstrar a possibilida- recorrer. so interposto por um devedor
de de a decisão sobre a relação aproveitará aos outros quando
jurídica submetida à apreciação Art. 1.001. Dos despachos não as defesas opostas ao credor
judicial atingir direito de que se cabe recurso. lhes forem comuns.
afirme titular ou que possa dis-
cutir em juízo como substituto Art. 1.002. A decisão pode ser Art. 1.006. Certificado o trânsito
processual. impugnada no todo ou em parte. em julgado, com menção expres-
sa da data de sua ocorrência, o
Art. 997. Cada parte interporá Art. 1.003. O prazo para interpo- escrivão ou o chefe de secretaria,
o recurso independentemente, sição de recurso conta-se da data independentemente de despacho,
no prazo e com observância das em que os advogados, a socieda- providenciará a baixa dos autos
exigências legais. de de advogados, a Advocacia ao juízo de origem, no prazo de
§ 1o Sendo vencidos autor Pública, a Defensoria Pública ou 5 (cinco) dias.

380
Código de Processo Civil
Art. 1.007. No ato de interpo- CAPÍTULO II – DA Art. 1.012. A apelação terá efeito
sição do recurso, o recorrente APELAÇÃO suspensivo.
comprovará, quando exigido pela § 1o Além de outras hipóteses
legislação pertinente, o respec- Art. 1.009. Da sentença cabe previstas em lei, começa a produ-
tivo preparo, inclusive porte de apelação. zir efeitos imediatamente após a
remessa e de retorno, sob pena § 1o As questões resolvidas sua publicação a sentença que:
de deserção. na fase de conhecimento, se a I – homologa divisão ou de-
§ 1o São dispensados de pre- decisão a seu respeito não com- marcação de terras;
paro, inclusive porte de remessa portar agravo de instrumento, não II – condena a pagar alimen-
e de retorno, os recursos inter- são cobertas pela preclusão e tos;
postos pelo Ministério Público, devem ser suscitadas em prelimi- III – extingue sem resolução
pela União, pelo Distrito Federal, nar de apelação, eventualmente do mérito ou julga improceden-
pelos Estados, pelos Municípios, interposta contra a decisão final, tes os embargos do executado;
e respectivas autarquias, e pelos ou nas contrarrazões. IV – julga procedente o pedi-
que gozam de isenção legal. § 2o Se as questões referi- do de instituição de arbitragem;
§ 2o A insuficiência no valor das no § 1o forem suscitadas em V – confirma, concede ou re-
do preparo, inclusive porte de contrarrazões, o recorrente será voga tutela provisória;
remessa e de retorno, implicará intimado para, em 15 (quinze) dias, VI – decreta a interdição.
deserção se o recorrente, intima- manifestar-se a respeito delas. § 2o Nos casos do § 1o, o ape-
do na pessoa de seu advogado, § 3o O disposto no caput des- lado poderá promover o pedido de
não vier a supri-lo no prazo de 5 te artigo aplica-se mesmo quan- cumprimento provisório depois
(cinco) dias. do as questões mencionadas no de publicada a sentença.
§ 3o É dispensado o recolhi- art. 1.015 integrarem capítulo da § 3o O pedido de concessão
mento do porte de remessa e de sentença. de efeito suspensivo nas hipóte-
retorno no processo em autos ses do § 1o poderá ser formulado
eletrônicos. Art. 1.010. A apelação, interpos- por requerimento dirigido ao:
§ 4o O recorrente que não ta por petição dirigida ao juízo de I – tribunal, no período com-
comprovar, no ato de interposi- primeiro grau, conterá: preendido entre a interposição
ção do recurso, o recolhimento I – os nomes e a qualificação da apelação e sua distribuição,
do preparo, inclusive porte de das partes; ficando o relator designado para
remessa e de retorno, será inti- II – a exposição do fato e do seu exame prevento para julgá-la;
mado, na pessoa de seu advoga- direito; II – relator, se já distribuída
do, para realizar o recolhimento III – as razões do pedido de a apelação.
em dobro, sob pena de deserção. reforma ou de decretação de § 4o Nas hipóteses do § 1o, a
§ 5o É vedada a complemen- nulidade; eficácia da sentença poderá ser
tação se houver insuficiência par- IV – o pedido de nova decisão. suspensa pelo relator se o ape-
cial do preparo, inclusive porte de § 1o O apelado será intimado lante demonstrar a probabilidade
remessa e de retorno, no recolhi- para apresentar contrarrazões no de provimento do recurso ou se,
mento realizado na forma do § 4o. prazo de 15 (quinze) dias. sendo relevante a fundamenta-
§ 6o Provando o recorrente § 2o Se o apelado interpuser ção, houver risco de dano grave
justo impedimento, o relator re- apelação adesiva, o juiz intimará ou de difícil reparação.
levará a pena de deserção, por o apelante para apresentar con-
decisão irrecorrível, fixando-lhe trarrazões. Art. 1.013. A apelação devolverá
prazo de 5 (cinco) dias para efe- § 3o Após as formalidades ao tribunal o conhecimento da
tuar o preparo. previstas nos §§ 1o e 2o, os autos matéria impugnada.
§ 7o O equívoco no preen- serão remetidos ao tribunal pelo § 1o Serão, porém, objeto de
chimento da guia de custas não juiz, independentemente de juízo apreciação e julgamento pelo
implicará a aplicação da pena de de admissibilidade. tribunal todas as questões sus-
deserção, cabendo ao relator, na citadas e discutidas no processo,
hipótese de dúvida quanto ao re- Art. 1.011. Recebido o recurso de ainda que não tenham sido solu-
colhimento, intimar o recorrente apelação no tribunal e distribuído cionadas, desde que relativas ao
para sanar o vício no prazo de 5 imediatamente, o relator: capítulo impugnado.
(cinco) dias. I – decidi-lo-á monocratica- § 2o Quando o pedido ou a de-
mente apenas nas hipóteses do fesa tiver mais de um fundamento
Art. 1.008. O julgamento pro- art. 932, incisos III a V; e o juiz acolher apenas um deles,
ferido pelo tribunal substituirá a II – se não for o caso de deci- a apelação devolverá ao tribunal o
decisão impugnada no que tiver são monocrática, elaborará seu conhecimento dos demais.
sido objeto de recurso. voto para julgamento do recurso § 3o Se o processo estiver em
pelo órgão colegiado. condições de imediato julgamen-
to, o tribunal deve decidir desde

381
Código de Processo Civil
logo o mérito quando: XIII – outros casos expressa- III – postagem, sob registro,
I – reformar sentença fundada mente referidos em lei. com aviso de recebimento;
no art. 485; Parágrafo único. Também IV – transmissão de dados
II – decretar a nulidade da caberá agravo de instrumento tipo fac-símile, nos termos da lei;
sentença por não ser ela con- contra decisões interlocutórias V – outra forma prevista em
gruente com os limites do pedido proferidas na fase de liquidação lei.
ou da causa de pedir; de sentença ou de cumprimen- § 3o Na falta da cópia de
III – constatar a omissão no to de sentença, no processo de qualquer peça ou no caso de al-
exame de um dos pedidos, hi- execução e no processo de in- gum outro vício que comprome-
pótese em que poderá julgá-lo; ventário. ta a admissibilidade do agravo
IV – decretar a nulidade de de instrumento, deve o relator
sentença por falta de fundamen- Art. 1.016. O agravo de instru- aplicar o disposto no art. 932,
tação. mento será dirigido diretamente parágrafo único.
§ 4o Quando reformar sen- ao tribunal competente, por meio § 4o Se o recurso for inter-
tença que reconheça a decadên- de petição com os seguintes re- posto por sistema de transmis-
cia ou a prescrição, o tribunal, se quisitos: são de dados tipo fac-símile ou
possível, julgará o mérito, exami- I – os nomes das partes; similar, as peças devem ser jun-
nando as demais questões, sem II – a exposição do fato e do tadas no momento de protocolo
determinar o retorno do processo direito; da petição original.
ao juízo de primeiro grau. III – as razões do pedido de § 5o Sendo eletrônicos os au-
§ 5o O capítulo da sentença reforma ou de invalidação da de- tos do processo, dispensam-se
que confirma, concede ou revoga cisão e o próprio pedido; as peças referidas nos incisos
a tutela provisória é impugnável IV – o nome e o endereço I e II do caput, facultando-se ao
na apelação. completo dos advogados cons- agravante anexar outros docu-
tantes do processo. mentos que entender úteis para
Art. 1.014. As questões de fato a compreensão da controvérsia.
não propostas no juízo inferior po- Art. 1.017. A petição de agravo
derão ser suscitadas na apelação, de instrumento será instruída: Art. 1.018. O agravante poderá
se a parte provar que deixou de I – obrigatoriamente, com có- requerer a juntada, aos autos do
fazê-lo por motivo de força maior. pias da petição inicial, da contes- processo, de cópia da petição do
tação, da petição que ensejou agravo de instrumento, do com-
a decisão agravada, da própria provante de sua interposição e
CAPÍTULO III – DO AGRAVO decisão agravada, da certidão da relação dos documentos que
DE INSTRUMENTO da respectiva intimação ou outro instruíram o recurso.
documento oficial que comprove § 1o Se o juiz comunicar que
Art. 1.015. Cabe agravo de ins- a tempestividade e das procura- reformou inteiramente a decisão,
trumento contra as decisões in- ções outorgadas aos advogados o relator considerará prejudicado
terlocutórias que versarem sobre: do agravante e do agravado; o agravo de instrumento.
I – tutelas provisórias; II – com declaração de inexis- § 2o Não sendo eletrônicos
II – mérito do processo; tência de qualquer dos documen- os autos, o agravante tomará a
III – rejeição da alegação de tos referidos no inciso I, feita pelo providência prevista no caput,
convenção de arbitragem; advogado do agravante, sob pena no prazo de 3 (três) dias a con-
IV – incidente de desconside- de sua responsabilidade pessoal; tar da interposição do agravo de
ração da personalidade jurídica; III – facultativamente, com instrumento.
V – rejeição do pedido de gra- outras peças que o agravante § 3o O descumprimento da
tuidade da justiça ou acolhimento reputar úteis. exigência de que trata o § 2o, des-
do pedido de sua revogação; § 1o Acompanhará a petição de que arguido e provado pelo
VI – exibição ou posse de do- o comprovante do pagamento agravado, importa inadmissibi-
cumento ou coisa; das respectivas custas e do por- lidade do agravo de instrumento.
VII – exclusão de litisconsorte; te de retorno, quando devidos,
VIII – rejeição do pedido de conforme tabela publicada pelos Art. 1.019. Recebido o agravo de
limitação do litisconsórcio; tribunais. instrumento no tribunal e distri-
IX – admissão ou inadmissão § 2o No prazo do recurso, o buído imediatamente, se não for
de intervenção de terceiros; agravo será interposto por: o caso de aplicação do art. 932,
X – concessão, modificação I – protocolo realizado dire- incisos III e IV, o relator, no prazo
ou revogação do efeito suspen- tamente no tribunal competente de 5 (cinco) dias:
sivo aos embargos à execução; para julgá-lo; I – poderá atribuir efeito sus-
XI – redistribuição do ônus da II – protocolo realizado na pensivo ao recurso ou deferir, em
prova nos termos do art. 373, § 1o; própria comarca, seção ou sub- antecipação de tutela, total ou
XII – (Vetado); seção judiciárias; parcialmente, a pretensão re-

382
Código de Processo Civil
cursal, comunicando ao juiz sua um e cinco por cento do valor julgamento nessa sessão, será o
decisão; atualizado da causa. recurso incluído em pauta auto-
II – ordenará a intimação do § 5o A interposição de qual- maticamente.
agravado pessoalmente, por carta quer outro recurso está condi- § 2o Quando os embargos
com aviso de recebimento, quan- cionada ao depósito prévio do de declaração forem opostos
do não tiver procurador constitu- valor da multa prevista no § 4o, contra decisão de relator ou ou-
ído, ou pelo Diário da Justiça ou à exceção da Fazenda Pública e tra decisão unipessoal proferida
por carta com aviso de recebi- do beneficiário de gratuidade da em tribunal, o órgão prolator da
mento dirigida ao seu advogado, justiça, que farão o pagamento decisão embargada decidi-los-á
para que responda no prazo de ao final. monocraticamente.
15 (quinze) dias, facultando-lhe § 3o O órgão julgador conhe-
juntar a documentação que en- cerá dos embargos de declaração
tender necessária ao julgamento CAPÍTULO V – DOS como agravo interno se entender
do recurso; EMBARGOS DE ser este o recurso cabível, des-
III – determinará a intimação DECLARAÇÃO de que determine previamente a
do Ministério Público, preferen- intimação do recorrente para, no
cialmente por meio eletrônico, Art. 1.022. Cabem embargos de prazo de 5 (cinco) dias, comple-
quando for o caso de sua inter- declaração contra qualquer de- mentar as razões recursais, de
venção, para que se manifeste no cisão judicial para: modo a ajustá-las às exigências
prazo de 15 (quinze) dias. I – esclarecer obscuridade ou do art. 1.021, § 1o.
eliminar contradição; § 4o Caso o acolhimento dos
Art. 1.020. O relator solicitará II – suprir omissão de ponto embargos de declaração implique
dia para julgamento em prazo ou questão sobre o qual devia modificação da decisão embar-
não superior a 1 (um) mês da in- se pronunciar o juiz de ofício ou gada, o embargado que já tiver
timação do agravado. a requerimento; interposto outro recurso contra
III – corrigir erro material. a decisão originária tem o direi-
Parágrafo único. Considera- to de complementar ou alterar
CAPÍTULO IV – DO AGRAVO -se omissa a decisão que: suas razões, nos exatos limites
INTERNO I – deixe de se manifestar da modificação, no prazo de 15
sobre tese firmada em julgamen- (quinze) dias, contado da intima-
Art. 1.021. Contra decisão pro- to de casos repetitivos ou em ção da decisão dos embargos de
ferida pelo relator caberá agravo incidente de assunção de com- declaração.
interno para o respectivo órgão petência aplicável ao caso sob § 5o Se os embargos de de-
colegiado, observadas, quanto julgamento; claração forem rejeitados ou não
ao processamento, as regras do II – incorra em qualquer das alterarem a conclusão do julga-
regimento interno do tribunal. condutas descritas no art. 489, mento anterior, o recurso inter-
§ 1o Na petição de agravo in- § 1o. posto pela outra parte antes da
terno, o recorrente impugnará es- publicação do julgamento dos
pecificadamente os fundamentos Art. 1.023. Os embargos serão embargos de declaração será
da decisão agravada. opostos, no prazo de 5 (cinco) processado e julgado indepen-
§ 2o O agravo será dirigido dias, em petição dirigida ao juiz, dentemente de ratificação.
ao relator, que intimará o agra- com indicação do erro, obscuri-
vado para manifestar-se sobre dade, contradição ou omissão, e Art. 1.025. Consideram-se in-
o recurso no prazo de 15 (quinze) não se sujeitam a preparo. cluídos no acórdão os elementos
dias, ao final do qual, não havendo § 1o Aplica-se aos embargos que o embargante suscitou, para
retratação, o relator levá-lo-á a de declaração o art. 229. fins de prequestionamento, ainda
julgamento pelo órgão colegiado, § 2o O juiz intimará o em- que os embargos de declaração
com inclusão em pauta. bargado para, querendo, mani- sejam inadmitidos ou rejeitados,
§ 3o É vedado ao relator li- festar-se, no prazo de 5 (cinco) caso o tribunal superior considere
mitar-se à reprodução dos fun- dias, sobre os embargos opostos, existentes erro, omissão, contra-
damentos da decisão agravada caso seu eventual acolhimento dição ou obscuridade.
para julgar improcedente o agravo implique a modificação da deci-
interno. são embargada. Art. 1.026. Os embargos de de-
§ 4o Quando o agravo interno claração não possuem efeito sus-
for declarado manifestamente Art. 1.024. O juiz julgará os em- pensivo e interrompem o prazo
inadmissível ou improcedente em bargos em 5 (cinco) dias. para a interposição de recurso.
votação unânime, o órgão cole- § 1o Nos tribunais, o relator § 1o A eficácia da decisão
giado, em decisão fundamentada, apresentará os embargos em monocrática ou colegiada pode-
condenará o agravante a pagar mesa na sessão subsequente, rá ser suspensa pelo respectivo
ao agravado multa fixada entre proferindo voto, e, não havendo juiz ou relator se demonstrada a

383
Código de Processo Civil
probabilidade de provimento do pessoa residente ou domiciliada cisão recorrida.
recurso ou, sendo relevante a fun- no País. § 1o Quando o recurso fun-
damentação, se houver risco de § 1o Nos processos referidos dar-se em dissídio jurispruden-
dano grave ou de difícil reparação. no inciso II, alínea “b”, contra as cial, o recorrente fará a prova
§ 2o Quando manifestamen- decisões interlocutórias caberá da divergência com a certidão,
te protelatórios os embargos de agravo de instrumento dirigido ao cópia ou citação do repositó-
declaração, o juiz ou o tribunal, Superior Tribunal de Justiça, nas rio de jurisprudência, oficial ou
em decisão fundamentada, con- hipóteses do art. 1.015. credenciado, inclusive em mídia
denará o embargante a pagar ao § 2o Aplica-se ao recurso or- eletrônica, em que houver sido
embargado multa não exceden- dinário o disposto nos arts. 1.013, publicado o acórdão divergente,
te a dois por cento sobre o valor § 3o, e 1.029, § 5o. ou ainda com a reprodução de jul-
atualizado da causa. gado disponível na rede mundial
§ 3o Na reiteração de em- Art. 1.028. Ao recurso mencio- de computadores, com indicação
bargos de declaração manifes- nado no art. 1.027, inciso II, alí- da respectiva fonte, devendo-se,
tamente protelatórios, a multa nea “b”, aplicam-se, quanto aos em qualquer caso, mencionar as
será elevada a até dez por cento requisitos de admissibilidade e circunstâncias que identifiquem
sobre o valor atualizado da cau- ao procedimento, as disposições ou assemelhem os casos con-
sa, e a interposição de qualquer relativas à apelação e o Regimen- frontados.
recurso ficará condicionada ao to Interno do Superior Tribunal § 2o (Revogado)
depósito prévio do valor da multa, de Justiça. § 3o O Supremo Tribunal Fe-
à exceção da Fazenda Pública e § 1o Na hipótese do art. 1.027, deral ou o Superior Tribunal de
do beneficiário de gratuidade da § 1 , aplicam-se as disposições re-
o
Justiça poderá desconsiderar
justiça, que a recolherão ao final. lativas ao agravo de instrumento vício formal de recurso tempes-
§ 4o Não serão admitidos no- e o Regimento Interno do Superior tivo ou determinar sua correção,
vos embargos de declaração se Tribunal de Justiça. desde que não o repute grave.
os 2 (dois) anteriores houverem § 2o O recurso previsto no § 4o Quando, por ocasião do
sido considerados protelatórios. art. 1.027, incisos I e II, alínea “a”, processamento do incidente de
deve ser interposto perante o resolução de demandas repeti-
tribunal de origem, cabendo ao tivas, o presidente do Supremo
CAPÍTULO VI – DOS seu presidente ou vice-presiden- Tribunal Federal ou do Superior
RECURSOS PARA O te determinar a intimação do re- Tribunal de Justiça receber re-
SUPREMO TRIBUNAL corrido para, em 15 (quinze) dias, querimento de suspensão de
FEDERAL E PARA O apresentar as contrarrazões. processos em que se discuta
SUPERIOR TRIBUNAL DE § 3o Findo o prazo referido questão federal constitucional
no § 2o, os autos serão remetidos ou infraconstitucional, poderá,
JUSTIÇA ao respectivo tribunal superior, considerando razões de segu-
Seção I – Do Recurso independentemente de juízo de rança jurídica ou de excepcional
Ordinário admissibilidade. interesse social, estender a sus-
pensão a todo o território nacio-
Art. 1.027. Serão julgados em nal, até ulterior decisão do recur-
recurso ordinário:
Seção II – Do Recurso so extraordinário ou do recurso
I – pelo Supremo Tribunal Fe- Extraordinário e do Recurso especial a ser interposto.
deral, os mandados de segurança, Especial § 5o O pedido de concessão
os habeas data e os mandados de Subseção I – Disposições de efeito suspensivo a recurso
injunção decididos em única ins- extraordinário ou a recurso es-
Gerais
tância pelos tribunais superiores, pecial poderá ser formulado por
quando denegatória a decisão; requerimento dirigido:
II – pelo Superior Tribunal de Art. 1.029. O recurso extraor- I – ao tribunal superior res-
Justiça: dinário e o recurso especial, nos pectivo, no período compreendido
a) os mandados de seguran- casos previstos na Constituição entre a publicação da decisão de
ça decididos em única instância Federal, serão interpostos peran- admissão do recurso e sua distri-
pelos tribunais regionais federais te o presidente ou o vice-presi- buição, ficando o relator desig-
ou pelos tribunais de justiça dos dente do tribunal recorrido, em nado para seu exame prevento
Estados e do Distrito Federal e petições distintas que conterão: para julgá-lo;
Territórios, quando denegatória I – a exposição do fato e do II – ao relator, se já distribuído
a decisão; direito; o recurso;
b) os processos em que fo- II – a demonstração do ca- III – ao presidente ou ao vice-
rem partes, de um lado, Estado bimento do recurso interposto; -presidente do tribunal recorrido,
estrangeiro ou organismo inter- III – as razões do pedido de no período compreendido entre a
nacional e, de outro, Município ou reforma ou de invalidação da de- interposição do recurso e a pu-

384
Código de Processo Civil
blicação da decisão de admissão Justiça, desde que: de Justiça.
do recurso, assim como no caso a) o recurso ainda não tenha
de o recurso ter sido sobrestado, sido submetido ao regime de re- Art. 1.033. Se o Supremo Tri-
nos termos do art. 1.037. percussão geral ou de julgamento bunal Federal considerar como
de recursos repetitivos; reflexa a ofensa à Constituição
Art. 1.030. Recebida a petição b) o recurso tenha sido se- afirmada no recurso extraordi-
do recurso pela secretaria do tri- lecionado como representativo nário, por pressupor a revisão da
bunal, o recorrido será intimado da controvérsia; ou interpretação de lei federal ou de
para apresentar contrarrazões no c) o tribunal recorrido tenha tratado, remetê-lo-á ao Superior
prazo de 15 (quinze) dias, findo o refutado o juízo de retratação. Tribunal de Justiça para julga-
qual os autos serão conclusos ao § 1o Da decisão de inadmis- mento como recurso especial.
presidente ou ao vice-presidente sibilidade proferida com funda-
do tribunal recorrido, que deverá: mento no inciso V caberá agravo Art. 1.034. Admitido o recurso
I – negar seguimento: ao tribunal superior, nos termos extraordinário ou o recurso espe-
a) a recurso extraordinário do art. 1.042. cial, o Supremo Tribunal Federal
que discuta questão constitu- § 2o Da decisão proferida ou o Superior Tribunal de Justi-
cional à qual o Supremo Tribunal com fundamento nos incisos I ça julgará o processo, aplicando
Federal não tenha reconhecido e III caberá agravo interno, nos o direito.
a existência de repercussão ge- termos do art. 1.021. Parágrafo único. Admitido o
ral ou a recurso extraordinário recurso extraordinário ou o recur-
interposto contra acórdão que Art. 1.031. Na hipótese de in- so especial por um fundamento,
esteja em conformidade com en- terposição conjunta de recurso devolve-se ao tribunal superior o
tendimento do Supremo Tribunal extraordinário e recurso espe- conhecimento dos demais funda-
Federal exarado no regime de cial, os autos serão remetidos mentos para a solução do capítulo
repercussão geral; ao Superior Tribunal de Justiça. impugnado.
b) a recurso extraordinário § 1o Concluído o julgamento
ou a recurso especial interposto do recurso especial, os autos Art. 1.035. O Supremo Tribunal
contra acórdão que esteja em serão remetidos ao Supremo Tri- Federal, em decisão irrecorrível,
conformidade com entendimento bunal Federal para apreciação do não conhecerá do recurso ex-
do Supremo Tribunal Federal ou recurso extraordinário, se este traordinário quando a questão
do Superior Tribunal de Justiça, não estiver prejudicado. constitucional nele versada não
respectivamente, exarado no re- § 2o Se o relator do recurso tiver repercussão geral, nos ter-
gime de julgamento de recursos especial considerar prejudicial o mos deste artigo.
repetitivos; recurso extraordinário, em deci- § 1o Para efeito de repercus-
II – encaminhar o processo são irrecorrível, sobrestará o jul- são geral, será considerada a
ao órgão julgador para realiza- gamento e remeterá os autos ao existência ou não de questões
ção do juízo de retratação, se o Supremo Tribunal Federal. relevantes do ponto de vista eco-
acórdão recorrido divergir do en- § 3o Na hipótese do § 2o, se o nômico, político, social ou jurídico
tendimento do Supremo Tribunal relator do recurso extraordinário, que ultrapassem os interesses
Federal ou do Superior Tribunal em decisão irrecorrível, rejeitar subjetivos do processo.
de Justiça exarado, conforme o a prejudicialidade, devolverá os § 2o O recorrente deverá
caso, nos regimes de repercussão autos ao Superior Tribunal de demonstrar a existência de re-
geral ou de recursos repetitivos; Justiça para o julgamento do re- percussão geral para apreciação
III – sobrestar o recurso que curso especial. exclusiva pelo Supremo Tribunal
versar sobre controvérsia de ca- Federal.
ráter repetitivo ainda não decidi- Art. 1.032. Se o relator, no Su- § 3o Haverá repercussão ge-
da pelo Supremo Tribunal Fede- perior Tribunal de Justiça, en- ral sempre que o recurso impug-
ral ou pelo Superior Tribunal de tender que o recurso especial nar acórdão que:
Justiça, conforme se trate de versa sobre questão constitu- I – contrarie súmula ou juris-
matéria constitucional ou infra- cional, deverá conceder prazo de prudência dominante do Supremo
constitucional; 15 (quinze) dias para que o recor- Tribunal Federal;
IV – selecionar o recurso rente demonstre a existência de II – (Revogado);
como representativo de contro- repercussão geral e se manifeste III – tenha reconhecido a in-
vérsia constitucional ou infra- sobre a questão constitucional. constitucionalidade de tratado
constitucional, nos termos do Parágrafo único. Cumprida a ou de lei federal, nos termos do
§ 6o do art. 1.036; diligência de que trata o caput, o art. 97 da Constituição Federal.
V – realizar o juízo de admis- relator remeterá o recurso ao Su- § 4o O relator poderá admitir,
sibilidade e, se positivo, remeter premo Tribunal Federal, que, em na análise da repercussão geral, a
o feito ao Supremo Tribunal Fe- juízo de admissibilidade, poderá manifestação de terceiros, subs-
deral ou ao Superior Tribunal de devolvê-lo ao Superior Tribunal crita por procurador habilitado,

385
Código de Processo Civil
nos termos do Regimento Inter- bunal Federal e no do Superior II – determinará a suspensão
no do Supremo Tribunal Federal. Tribunal de Justiça. do processamento de todos os
§ 5o Reconhecida a reper- § 1o O presidente ou o vice- processos pendentes, individuais
cussão geral, o relator no Supre- -presidente de tribunal de justiça ou coletivos, que versem sobre a
mo Tribunal Federal determinará ou de tribunal regional federal questão e tramitem no território
a suspensão do processamento selecionará 2 (dois) ou mais re- nacional;
de todos os processos pendentes, cursos representativos da contro- III – poderá requisitar aos pre-
individuais ou coletivos, que ver- vérsia, que serão encaminhados sidentes ou aos vice-presiden-
sem sobre a questão e tramitem ao Supremo Tribunal Federal ou tes dos tribunais de justiça ou
no território nacional. ao Superior Tribunal de Justiça dos tribunais regionais federais
§ 6o O interessado pode re- para fins de afetação, determi- a remessa de um recurso repre-
querer, ao presidente ou ao vice- nando a suspensão do trâmite sentativo da controvérsia.
-presidente do tribunal de origem, de todos os processos penden- § 1o Se, após receber os re-
que exclua da decisão de sobres- tes, individuais ou coletivos, que cursos selecionados pelo presi-
tamento e inadmita o recurso tramitem no Estado ou na região, dente ou pelo vice-presidente de
extraordinário que tenha sido conforme o caso. tribunal de justiça ou de tribunal
interposto intempestivamente, § 2o O interessado pode re- regional federal, não se proceder
tendo o recorrente o prazo de 5 querer, ao presidente ou ao vice- à afetação, o relator, no tribunal
(cinco) dias para manifestar-se -presidente, que exclua da deci- superior, comunicará o fato ao
sobre esse requerimento. são de sobrestamento e inadmita presidente ou ao vice-presidente
§ 7o Da decisão que indeferir o recurso especial ou o recurso que os houver enviado, para que
o requerimento referido no § 6o ou extraordinário que tenha sido seja revogada a decisão de sus-
que aplicar entendimento firmado interposto intempestivamente, pensão referida no art. 1.036, § 1o.
em regime de repercussão geral tendo o recorrente o prazo de 5 § 2o (Revogado)
ou em julgamento de recursos (cinco) dias para manifestar-se § 3o Havendo mais de uma
repetitivos caberá agravo interno. sobre esse requerimento. afetação, será prevento o rela-
§ 8o Negada a repercussão § 3o Da decisão que indeferir tor que primeiro tiver proferido a
geral, o presidente ou o vice- o requerimento referido no § 2o decisão a que se refere o inciso
-presidente do tribunal de origem caberá apenas agravo interno. I do caput.
negará seguimento aos recursos § 4o A escolha feita pelo pre- § 4o Os recursos afetados
extraordinários sobrestados na sidente ou vice-presidente do deverão ser julgados no prazo de
origem que versem sobre maté- tribunal de justiça ou do tribunal 1 (um) ano e terão preferência so-
ria idêntica. regional federal não vinculará o bre os demais feitos, ressalvados
§ 9o O recurso que tiver a relator no tribunal superior, que os que envolvam réu preso e os
repercussão geral reconhecida poderá selecionar outros recur- pedidos de habeas corpus.
deverá ser julgado no prazo de 1 sos representativos da contro- § 5o (Revogado)
(um) ano e terá preferência sobre vérsia. § 6o Ocorrendo a hipótese do
os demais feitos, ressalvados os § 5o O relator em tribunal su- § 5o, é permitido a outro relator
que envolvam réu preso e os pe- perior também poderá selecionar do respectivo tribunal superior
didos de habeas corpus. 2 (dois) ou mais recursos repre- afetar 2 (dois) ou mais recursos
§ 10. (Revogado) sentativos da controvérsia para representativos da controvérsia
§ 11. A súmula da decisão so- julgamento da questão de direito na forma do art. 1.036.
bre a repercussão geral constará independentemente da iniciativa § 7o Quando os recursos re-
de ata, que será publicada no diá- do presidente ou do vice-presi- quisitados na forma do inciso III
rio oficial e valerá como acórdão. dente do tribunal de origem. do caput contiverem outras ques-
§ 6o Somente podem ser se- tões além daquela que é objeto
lecionados recursos admissíveis da afetação, caberá ao tribunal
Subseção II – Do Julgamento que contenham abrangente argu- decidir esta em primeiro lugar
dos Recursos Extraordinário mentação e discussão a respeito e depois as demais, em acórdão
e Especial Repetitivos da questão a ser decidida. específico para cada processo.
§ 8o As partes deverão ser in-
Art. 1.036. Sempre que houver Art. 1.037. Selecionados os re- timadas da decisão de suspensão
multiplicidade de recursos ex- cursos, o relator, no tribunal su- de seu processo, a ser proferida
traordinários ou especiais com perior, constatando a presen- pelo respectivo juiz ou relator
fundamento em idêntica ques- ça do pressuposto do caput do quando informado da decisão a
tão de direito, haverá afetação art. 1.036, proferirá decisão de que se refere o inciso II do caput.
para julgamento de acordo com afetação, na qual: § 9o Demonstrando distinção
as disposições desta Subseção, I – identificará com precisão entre a questão a ser decidida no
observado o disposto no Regi- a questão a ser submetida a jul- processo e aquela a ser julgada
mento Interno do Supremo Tri- gamento; no recurso especial ou extraor-

386
Código de Processo Civil
dinário afetado, a parte poderá III – requisitar informações IV – se os recursos versarem
requerer o prosseguimento do aos tribunais inferiores a respei- sobre questão relativa a presta-
seu processo. to da controvérsia e, cumprida a ção de serviço público objeto de
§ 10. O requerimento a que se diligência, intimará o Ministério concessão, permissão ou autori-
refere o § 9o será dirigido: Público para manifestar-se. zação, o resultado do julgamen-
I – ao juiz, se o processo so- § 1o No caso do inciso III, to será comunicado ao órgão,
brestado estiver em primeiro os prazos respectivos são de 15 ao ente ou à agência reguladora
grau; (quinze) dias, e os atos serão pra- competente para fiscalização da
II – ao relator, se o processo ticados, sempre que possível, por efetiva aplicação, por parte dos
sobrestado estiver no tribunal meio eletrônico. entes sujeitos a regulação, da
de origem; § 2o Transcorrido o prazo tese adotada.
III – ao relator do acórdão re- para o Ministério Público e re- § 1o A parte poderá desistir
corrido, se for sobrestado recurso metida cópia do relatório aos de- da ação em curso no primeiro
especial ou recurso extraordinário mais ministros, haverá inclusão grau de jurisdição, antes de pro-
no tribunal de origem; em pauta, devendo ocorrer o jul- ferida a sentença, se a questão
IV – ao relator, no tribunal gamento com preferência sobre nela discutida for idêntica à resol-
superior, de recurso especial ou os demais feitos, ressalvados os vida pelo recurso representativo
de recurso extraordinário cujo que envolvam réu preso e os pe- da controvérsia.
processamento houver sido so- didos de habeas corpus. § 2o Se a desistência ocorrer
brestado. § 3o O conteúdo do acórdão antes de oferecida contestação, a
§ 11. A outra parte deverá ser abrangerá a análise dos funda- parte ficará isenta do pagamen-
ouvida sobre o requerimento a mentos relevantes da tese jurí- to de custas e de honorários de
que se refere o § 9o, no prazo de dica discutida. sucumbência.
5 (cinco) dias. § 3o A desistência apresenta-
§ 12. Reconhecida a distin- Art. 1.039. Decididos os recur- da nos termos do § 1o independe
ção no caso: sos afetados, os órgãos colegia- de consentimento do réu, ainda
I – dos incisos I, II e IV do § 10, dos declararão prejudicados os que apresentada contestação.
o próprio juiz ou relator dará pros- demais recursos versando sobre
seguimento ao processo; idêntica controvérsia ou os deci- Art. 1.041. Mantido o acórdão di-
II – do inciso III do § 10, o re- dirão aplicando a tese firmada. vergente pelo tribunal de origem,
lator comunicará a decisão ao Parágrafo único. Negada a o recurso especial ou extraordi-
presidente ou ao vice-presidente existência de repercussão geral nário será remetido ao respecti-
que houver determinado o so- no recurso extraordinário afetado, vo tribunal superior, na forma do
brestamento, para que o recurso serão considerados automatica- art. 1.036, § 1o.
especial ou o recurso extraordiná- mente inadmitidos os recursos § 1o Realizado o juízo de re-
rio seja encaminhado ao respec- extraordinários cujo processa- tratação, com alteração do acór-
tivo tribunal superior, na forma do mento tenha sido sobrestado. dão divergente, o tribunal de ori-
art. 1.030, parágrafo único. gem, se for o caso, decidirá as
§ 13. Da decisão que resolver Art. 1.040. Publicado o acórdão demais questões ainda não deci-
o requerimento a que se refere o paradigma: didas cujo enfrentamento se tor-
§ 9o caberá: I – o presidente ou o vice- nou necessário em decorrência
I – agravo de instrumento, -presidente do tribunal de origem da alteração.
se o processo estiver em pri- negará seguimento aos recursos § 2o Quando ocorrer a hi-
meiro grau; especiais ou extraordinários so- pótese do inciso II do caput do
II – agravo interno, se a deci- brestados na origem, se o acór- art. 1.040 e o recurso versar so-
são for de relator. dão recorrido coincidir com a bre outras questões, caberá ao
orientação do tribunal superior; presidente ou ao vice-presidente
Art. 1.038. O relator poderá: II – o órgão que proferiu o do tribunal recorrido, depois do
I – solicitar ou admitir ma- acórdão recorrido, na origem, reexame pelo órgão de origem e
nifestação de pessoas, órgãos reexaminará o processo de com- independentemente de ratifica-
ou entidades com interesse na petência originária, a remessa ção do recurso, sendo positivo o
controvérsia, considerando a re- necessária ou o recurso ante- juízo de admissibilidade, deter-
levância da matéria e consoante riormente julgado, se o acórdão minar a remessa do recurso ao
dispuser o regimento interno; recorrido contrariar a orientação tribunal superior para julgamento
II – fixar data para, em audi- do tribunal superior; das demais questões.
ência pública, ouvir depoimentos III – os processos suspensos
de pessoas com experiência e em primeiro e segundo graus de
conhecimento na matéria, com jurisdição retomarão o curso para
a finalidade de instruir o proce- julgamento e aplicação da tese
dimento; firmada pelo tribunal superior;

387
Código de Processo Civil
Seção III – Do Agravo em de Justiça e, se for o caso, do Art. 1.044. No recurso de em-
Recurso Especial e em recurso especial, independente- bargos de divergência, será ob-
Recurso Extraordinário mente de pedido, os autos serão servado o procedimento esta-
remetidos ao Supremo Tribunal belecido no regimento interno
Art. 1.042. Cabe agravo contra Federal para apreciação do agra- do respectivo tribunal superior.
decisão do presidente ou do vice- vo a ele dirigido, salvo se estiver § 1o A interposição de embar-
-presidente do tribunal recorrido prejudicado. gos de divergência no Superior
que inadmitir recurso extraordi- Tribunal de Justiça interrompe
nário ou recurso especial, salvo o prazo para interposição de re-
quando fundada na aplicação de
Seção IV – Dos Embargos de curso extraordinário por qualquer
entendimento firmado em regime Divergência das partes.
de repercussão geral ou em jul- § 2o Se os embargos de di-
gamento de recursos repetitivos. Art. 1.043. É embargável o acór- vergência forem desprovidos ou
I – (Revogado); dão de órgão fracionário que: não alterarem a conclusão do
II – (Revogado); I – em recurso extraordinário julgamento anterior, o recurso
III – (Revogado). ou em recurso especial, divergir extraordinário interposto pela
§ 1o (Revogado): do julgamento de qualquer outro outra parte antes da publicação
I – (Revogado); órgão do mesmo tribunal, sendo do julgamento dos embargos de
II – (Revogado): os acórdãos, embargado e para- divergência será processado e
a) (Revogada); digma, de mérito; julgado independentemente de
b) (Revogada). II – (Revogado); ratificação.
§ 2o A petição de agravo será III – em recurso extraordinário
dirigida ao presidente ou ao vice- ou em recurso especial, divergir
-presidente do tribunal de ori- do julgamento de qualquer outro LIVRO COMPLEMENTAR
gem e independe do pagamento órgão do mesmo tribunal, sendo – DISPOSIÇÕES FINAIS E
de custas e despesas postais, um acórdão de mérito e outro TRANSITÓRIAS
aplicando-se a ela o regime de que não tenha conhecido do re-
repercussão geral e de recursos curso, embora tenha apreciado Art. 1.045. Este Código entra em
repetitivos, inclusive quanto à a controvérsia; vigor após decorrido 1 (um) ano da
possibilidade de sobrestamento IV – (Revogado). data de sua publicação oficial.
e do juízo de retratação. § 1o Poderão ser confronta-
§ 3o O agravado será intima- das teses jurídicas contidas em Art. 1.046. Ao entrar em vigor
do, de imediato, para oferecer julgamentos de recursos e de este Código, suas disposições se
resposta no prazo de 15 (quin- ações de competência originária. aplicarão desde logo aos proces-
ze) dias. § 2o A divergência que auto- sos pendentes, ficando revogada
§ 4o Após o prazo de res- riza a interposição de embargos a Lei no 5.869, de 11 de janeiro
posta, não havendo retratação, o de divergência pode verificar-se de 1973.
agravo será remetido ao tribunal na aplicação do direito material § 1o As disposições da Lei
superior competente. ou do direito processual. no 5.869, de 11 de janeiro de 1973,
§ 5o O agravo poderá ser jul- § 3o Cabem embargos de relativas ao procedimento sumá-
gado, conforme o caso, conjun- divergência quando o acórdão rio e aos procedimentos especiais
tamente com o recurso especial paradigma for da mesma turma que forem revogadas aplicar-se-
ou extraordinário, assegurada, que proferiu a decisão embarga- -ão às ações propostas e não sen-
neste caso, sustentação oral, ob- da, desde que sua composição tenciadas até o início da vigência
servando-se, ainda, o disposto tenha sofrido alteração em mais deste Código.
no regimento interno do tribunal da metade de seus membros. § 2o Permanecem em vigor
respectivo. § 4o O recorrente provará a as disposições especiais dos pro-
§ 6o Na hipótese de interpo- divergência com certidão, cópia cedimentos regulados em outras
sição conjunta de recursos extra- ou citação de repositório oficial leis, aos quais se aplicará suple-
ordinário e especial, o agravante ou credenciado de jurisprudência, tivamente este Código.
deverá interpor um agravo para inclusive em mídia eletrônica, § 3o Os processos menciona-
cada recurso não admitido. onde foi publicado o acórdão di- dos no art. 1.218 da Lei no 5.869,
§ 7o Havendo apenas um vergente, ou com a reprodução de de 11 de janeiro de 1973, cujo pro-
agravo, o recurso será remetido julgado disponível na rede mun- cedimento ainda não tenha sido
ao tribunal competente, e, ha- dial de computadores, indicando incorporado por lei submetem-se
vendo interposição conjunta, os a respectiva fonte, e mencionará ao procedimento comum previsto
autos serão remetidos ao Supe- as circunstâncias que identifi- neste Código.
rior Tribunal de Justiça. cam ou assemelham os casos § 4o As remissões a disposi-
§ 8o Concluído o julgamento confrontados. ções do Código de Processo Civil
do agravo pelo Superior Tribunal § 5o (Revogado) revogado, existentes em outras

388
Código de Processo Civil
leis, passam a referir-se às que companheiro em união estável. observado os requisitos mínimos
lhes são correspondentes neste § 4o A tramitação prioritá- estabelecidos por este Código,
Código. ria independe de deferimento desde que tenham atingido sua
§ 5o A primeira lista de pro- pelo órgão jurisdicional e deverá finalidade e não tenha havido
cessos para julgamento em ordem ser imediatamente concedida prejuízo à defesa de qualquer
cronológica observará a antigui- diante da prova da condição de das partes.
dade da distribuição entre os já beneficiário.
conclusos na data da entrada em Art. 1.054. O disposto no
vigor deste Código. Art. 1.049. Sempre que a lei re- art. 503, § 1o, somente se aplica
meter a procedimento previsto na aos processos iniciados após a
Art. 1.047. As disposições de lei processual sem especificá-lo, vigência deste Código, aplicando-
direito probatório adotadas neste será observado o procedimento -se aos anteriores o disposto nos
Código aplicam-se apenas às pro- comum previsto neste Código. arts. 5o, 325 e 470 da Lei no 5.869,
vas requeridas ou determinadas Parágrafo único. Na hipótese de 11 de janeiro de 1973.
de ofício a partir da data de início de a lei remeter ao procedimento
de sua vigência. sumário, será observado o pro- Art. 1.055. (Vetado)
cedimento comum previsto nes-
Art. 1.048. Terão prioridade de te Código, com as modificações Art. 1.056. Considerar-se-á
tramitação, em qualquer juízo previstas na própria lei especial, como termo inicial do prazo da
ou tribunal, os procedimentos se houver. prescrição prevista no art. 924,
judiciais: inciso V, inclusive para as execu-
I – em que figure como parte Art. 1.050. A União, os Estados, ções em curso, a data de vigência
ou interessado pessoa com idade o Distrito Federal, os Municípios, deste Código.
igual ou superior a 60 (sessenta) suas respectivas entidades da ad-
anos ou portadora de doença ministração indireta, o Ministério Art. 1.057. O disposto no
grave, assim compreendida qual- Público, a Defensoria Pública e a art. 525, §§ 14 e 15, e no art. 535,
quer das enumeradas no art. 6o, Advocacia Pública, no prazo de 30 §§ 7o e 8o, aplica-se às decisões
inciso XIV, da Lei no 7.713, de 22 (trinta) dias a contar da data da transitadas em julgado após a
de dezembro de 1988; entrada em vigor deste Código, entrada em vigor deste Código,
II – regulados pela Lei deverão se cadastrar perante e, às decisões transitadas em
no 8.069, de 13 de julho de 1990 a administração do tribunal no julgado anteriormente, aplica-se
(Estatuto da Criança e do Ado- qual atuem para cumprimento o disposto no art. 475-L, § 1o, e no
lescente); do disposto nos arts. 246, § 2o, e art. 741, parágrafo único, da Lei
III – em que figure como par- 270, parágrafo único. no 5.869, de 11 de janeiro de 1973.
te a vítima de violência domésti-
ca e familiar, nos termos da Lei Art. 1.051. As empresas públicas Art. 1.058. Em todos os casos
no 11.340, de 7 de agosto de 2006 e privadas devem cumprir o dis- em que houver recolhimento de
(Lei Maria da Penha); posto no art. 246, § 1o, no prazo de importância em dinheiro, esta
IV – em que se discuta a apli- 30 (trinta) dias, a contar da data será depositada em nome da par-
cação do disposto nas normas de inscrição do ato constitutivo te ou do interessado, em conta
gerais de licitação e contratação da pessoa jurídica, perante o juízo especial movimentada por ordem
a que se refere o inciso XXVII do onde tenham sede ou filial. do juiz, nos termos do art. 840,
caput do art. 22 da Constituição Parágrafo único. O disposto inciso I.
Federal. no caput não se aplica às mi-
§ 1o A pessoa interessada na croempresas e às empresas de Art. 1.059. À tutela provisória re-
obtenção do benefício, juntando pequeno porte. querida contra a Fazenda Pública
prova de sua condição, deverá aplica-se o disposto nos arts. 1o a
requerê-lo à autoridade judiciária Art. 1.052. Até a edição de lei 4o da Lei no 8.437, de 30 de junho
competente para decidir o feito, específica, as execuções contra de 1992, e no art. 7o, § 2o, da Lei
que determinará ao cartório do devedor insolvente, em curso ou no 12.016, de 7 de agosto de 2009.
juízo as providências a serem que venham a ser propostas, per-
cumpridas. manecem reguladas pelo Livro II, Art. 1.060. O inciso II do art. 14
§ 2o Deferida a prioridade, Título IV, da Lei no 5.869, de 11 de da Lei no 9.289, de 4 de julho de
os autos receberão identificação janeiro de 1973. 1996, passa a vigorar com a se-
própria que evidencie o regime de guinte redação:
tramitação prioritária. Art. 1.053. Os atos processuais ��������������������������������������������������
§ 3o Concedida a prioridade, praticados por meio eletrônico
essa não cessará com a morte do até a transição definitiva para Art. 1.061. O § 3o do art. 33 da
beneficiado, estendendo-se em certificação digital ficam con- Lei no 9.307, de 23 de setembro
favor do cônjuge supérstite ou do validados, ainda que não tenham de 1996 (Lei de Arbitragem), passa

389
Código de Processo Civil
a vigorar com a seguinte redação: bunal, contra decisão de relator
�������������������������������������������������� ou outra decisão unipessoal pro-
ferida em tribunal.
Art. 1.062. O incidente de des-
consideração da personalidade Art. 1.071. O Capítulo III do Título
jurídica aplica-se ao processo V da Lei no 6.015, de 31 de dezem-
de competência dos juizados es- bro de 1973 (Lei de Registros Pú-
peciais. blicos), passa a vigorar acrescida
do seguinte art. 216-A:
Art. 1.063. Até a edição de lei ��������������������������������������������������
específica, os juizados especiais
cíveis previstos na Lei no 9.099, de Art. 1.072. Revogam-se:
26 de setembro de 1995, continu- I – o art. 22 do Decreto-lei
am competentes para o proces- no 25, de 30 de novembro de 1937;
samento e julgamento das causas II – os arts. 227, caput, 229,
previstas no art. 275, inciso II, 230, 456, 1.482, 1.483 e 1.768 a
da Lei no 5.869, de 11 de janeiro 1.773 da Lei no 10.406, de 10 de
de 1973. janeiro de 2002 (Código Civil);
III – os arts. 2o, 3o, 4o, 6o, 7o,
Art. 1.064. O caput do art. 48 da 11, 12 e 17 da Lei no 1.060, de 5 de
Lei no 9.099, de 26 de setembro fevereiro de 1950;
de 1995, passa a vigorar com a IV – os arts. 13 a 18, 26 a 29 e
seguinte redação: 38 da Lei no 8.038, de 28 de maio
�������������������������������������������������� de 1990;
V – os arts. 16 a 18 da Lei
Art. 1.065. O art. 50 da Lei no 5.478, de 25 de julho de 1968; e
no 9.099, de 26 de setembro de VI – o art. 98, § 4o, da Lei
1995, passa a vigorar com a se- n 12.529, de 30 de novembro de
o

guinte redação: 2011.


��������������������������������������������������
Brasília, 16 de março de 2015;
Art. 1.066. O art. 83 da Lei 194o da Independência e 127o da
no 9.099, de 26 de setembro de República.
1995, passam a vigorar com a
seguinte redação: DILMA ROUSSEFF
��������������������������������������������������
Promulgada em 16/3/2015 e publicada
Art. 1.067. O art. 275 da Lei no DOU de 17/3/2015.
no 4.737, de 15 de julho de 1965
(Código Eleitoral), passa a vigorar
com a seguinte redação:
��������������������������������������������������

Art. 1.068. O art. 274 e o caput


do art. 2.027 da Lei no 10.406, de
10 de janeiro de 2002 (Código
Civil), passam a vigorar com a
seguinte redação:
��������������������������������������������������

Art. 1.069. O Conselho Nacional


de Justiça promoverá, periodi-
camente, pesquisas estatísticas
para avaliação da efetividade das
normas previstas neste Código.

Art. 1.070. É de 15 (quinze) dias


o prazo para a interposição de
qualquer agravo, previsto em lei
ou em regimento interno de tri-

390
Código Penal
ATUALIZADA ATÉ JANEIRO DE 2022

Atualização e revisão técnica: Coordenação de Edições Técnicas


A norma aqui apresentada não substitui as publicações do Diário Oficial da União.
Sumário

CÓDIGO PENAL

Decreto-lei no 2.848/1940
397 PARTE GERAL
397 TÍTULO I – DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL
398 TÍTULO II – DO CRIME
399 TÍTULO III – DA IMPUTABILIDADE PENAL
400 TÍTULO IV – DO CONCURSO DE PESSOAS
400 TÍTULO V – DAS PENAS
400 CAPÍTULO I – DAS ESPÉCIES DE PENA
400 Seção I – Das Penas Privativas de Liberdade
401 Seção II – Das Penas Restritivas de Direitos
402 Seção III – Da Pena de Multa
402 CAPÍTULO II – DA COMINAÇÃO DAS PENAS
402 CAPÍTULO III – DA APLICAÇÃO DA PENA
404 CAPÍTULO IV – DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
405 CAPÍTULO V – DO LIVRAMENTO CONDICIONAL
406 CAPÍTULO VI – DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO
406 CAPÍTULO VII – DA REABILITAÇÃO
407 TÍTULO VI – DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA
407 TÍTULO VII – DA AÇÃO PENAL
408 TÍTULO VIII – DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
409 PARTE ESPECIAL
409 TÍTULO I – DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
409 CAPÍTULO I – DOS CRIMES CONTRA A VIDA
410 CAPÍTULO II – DAS LESÕES CORPORAIS
411 CAPÍTULO III – DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
412 CAPÍTULO IV – DA RIXA
412 CAPÍTULO V – DOS CRIMES CONTRA A HONRA
413 CAPÍTULO VI – DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL
413 Seção I – Dos Crimes contra a Liberdade Pessoal
414 Seção II – Dos Crimes contra a Inviolabilidade do Domicílio
415 Seção III – Dos Crimes contra a Inviolabilidade de Correspondência
415 Seção IV – Dos Crimes contra a Inviolabilidade dos Segredos
416 TÍTULO II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
416 CAPÍTULO I – DO FURTO
416 CAPÍTULO II – DO ROUBO E DA EXTORSÃO
417 CAPÍTULO III – DA USURPAÇÃO
417 CAPÍTULO IV – DO DANO
418 CAPÍTULO V – DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA
418 CAPÍTULO VI – DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES
420 CAPÍTULO VII – DA RECEPTAÇÃO
420 CAPÍTULO VIII – DISPOSIÇÕES GERAIS
421 TÍTULO III – DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL
421 CAPÍTULO I – DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE INTELECTUAL
421 CAPÍTULO II – DOS CRIMES CONTRA O PRIVILÉGIO DE INVENÇÃO
421 CAPÍTULO III – DOS CRIMES CONTRA AS MARCAS DE INDÚSTRIA E COMÉRCIO
421 CAPÍTULO IV – DOS CRIMES DE CONCORRÊNCIA DESLEAL
421 TÍTULO IV – DOS CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
422 TÍTULO V – DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO E CONTRA O RESPEITO AOS
MORTOS
422 CAPÍTULO I – DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO
422 CAPÍTULO II – DOS CRIMES CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS
423 TÍTULO VI – DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
423 CAPÍTULO I – DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL
423 CAPÍTULO I-A – DA EXPOSIÇÃO DA INTIMIDADE SEXUAL
423 CAPÍTULO II – DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL
424 CAPÍTULO III – DO RAPTO
424 CAPÍTULO IV – DISPOSIÇÕES GERAIS
424 CAPÍTULO V – DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOA PARA FIM DE PROSTITUIÇÃO OU
OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL
425 CAPÍTULO VI – DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR
425 CAPÍTULO VII – DISPOSIÇÕES GERAIS
425 TÍTULO VII – DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
425 CAPÍTULO I – DOS CRIMES CONTRA O CASAMENTO
426 CAPÍTULO II – DOS CRIMES CONTRA O ESTADO DE FILIAÇÃO
426 CAPÍTULO III – DOS CRIMES CONTRA A ASSISTÊNCIA FAMILIAR
427 CAPÍTULO IV – DOS CRIMES CONTRA O PÁTRIO PODER, TUTELA OU CURATELA
427 TÍTULO VIII – DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA
427 CAPÍTULO I – DOS CRIMES DE PERIGO COMUM
428 CAPÍTULO II – DOS CRIMES CONTRA A SEGURANÇA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E
TRANSPORTE E OUTROS SERVIÇOS PÚBLICOS
429 CAPÍTULO III – DOS CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA
431 TÍTULO IX – DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA
431 TÍTULO X – DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
431 CAPÍTULO I – DA MOEDA FALSA
431 CAPÍTULO II – DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS
432 CAPÍTULO III – DA FALSIDADE DOCUMENTAL
433 CAPÍTULO IV – DE OUTRAS FALSIDADES
434 CAPÍTULO V – DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO
434 TÍTULO XI – DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
434 CAPÍTULO I – DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A
ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
436 CAPÍTULO II – DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM
GERAL
437 CAPÍTULO II-A – DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA ESTRANGEIRA
438 CAPÍTULO II-B – DOS CRIMES EM LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
439 CAPÍTULO III – DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
441 CAPÍTULO IV – DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS
441 TÍTULO XII – DOS CRIMES CONTRA O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
441 CAPÍTULO I – DOS CRIMES CONTRA A SOBERANIA NACIONAL
442 CAPÍTULO II – DOS CRIMES CONTRA AS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS
442 CAPÍTULO III – DOS CRIMES CONTRA O FUNCIONAMENTO DAS INSTITUIÇÕES
DEMOCRÁTICAS NO PROCESSO ELEITORAL
442 CAPÍTULO IV – DOS CRIMES CONTRA O FUNCIONAMENTO DOS SERVIÇOS ESSENCIAIS
442 CAPÍTULO V – (VETADO)
442 CAPÍTULO VI – DISPOSIÇÕES COMUNS
442 DISPOSIÇÕES FINAIS
Código Penal

Decreto-lei no 2.848/1940

Código Penal. Tempo do crime Extraterritorialidade

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Art. 4o Considera-se praticado Art. 7o Ficam sujeitos à lei bra-
usando da atribuição que lhe o crime no momento da ação ou sileira, embora cometidos no es-
confere o art. 180 da Consti- omissão, ainda que outro seja o trangeiro:
tuição, momento do resultado. I – os crimes:
a) contra a vida ou a liberda-
DECRETA a seguinte Lei: Territorialidade de do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a
Art. 5o Aplica-se a lei brasilei- fé pública da União, do Distrito
PARTE GERAL ra, sem prejuízo de convenções, Federal, de Estado, de Território,
TÍTULO I – DA APLICAÇÃO tratados e regras de direito in- de Município, de empresa pública,
ternacional, ao crime cometido sociedade de economia mista,
DA LEI PENAL no território nacional. autarquia ou fundação instituída
§ 1o Para os efeitos penais, pelo Poder Público;
Anterioridade da Lei consideram-se como extensão c) contra a administração
do território nacional as embar- pública, por quem está a seu
Art. 1o Não há crime sem lei an- cações e aeronaves brasileiras, serviço;
terior que o defina. Não há pena de natureza pública ou a serviço d) de genocídio, quando o
sem prévia cominação legal. do governo brasileiro onde quer agente for brasileiro ou domici-
que se encontrem, bem como as liado no Brasil;
Lei penal no tempo aeronaves e as embarcações bra- II – os crimes:
sileiras, mercantes ou de proprie- a) que, por tratado ou con-
Art. 2o Ninguém pode ser punido dade privada, que se achem, res- venção, o Brasil se obrigou a re-
por fato que lei posterior deixa pectivamente, no espaço aéreo primir;
de considerar crime, cessando correspondente ou em alto-mar. b) praticados por brasileiro;
em virtude dela a execução e os § 2o É também aplicável a lei c) praticados em aeronaves
efeitos penais da sentença con- brasileira aos crimes praticados a ou embarcações brasileiras, mer-
denatória. bordo de aeronaves ou embarca- cantes ou de propriedade privada,
Parágrafo único. A lei pos- ções estrangeiras de propriedade quando em território estrangeiro
terior, que de qualquer modo fa- privada, achando-se aquelas em e aí não sejam julgados.
vorecer o agente, aplica-se aos pouso no território nacional ou em § 1o Nos casos do inciso I,
fatos anteriores, ainda que deci- voo no espaço aéreo correspon- o agente é punido segundo a lei
didos por sentença condenatória dente, e estas em porto ou mar brasileira, ainda que absolvido ou
transitada em julgado. territorial do Brasil. condenado no estrangeiro.
§ 2o Nos casos do inciso II,
Lei excepcional ou temporária Lugar do crime a aplicação da lei brasileira de-
pende do concurso das seguintes
Art. 3o A lei excepcional ou tem- Art. 6o Considera-se praticado condições:
porária, embora decorrido o perí- o crime no lugar em que ocor- a) entrar o agente no terri-
odo de sua duração ou cessadas reu a ação ou omissão, no todo tório nacional;
as circunstâncias que a determi- ou em parte, bem como onde se b) ser o fato punível também
naram, aplica-se ao fato praticado produziu ou deveria produzir-se no país em que foi praticado;
durante sua vigência. o resultado. c) estar o crime incluído en-

397
Código Penal
tre aqueles pelos quais a lei brasi- Frações não computáveis da pena Tentativa
leira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente ab- Art. 11. Desprezam-se, nas pe- II – tentado, quando, iniciada
solvido no estrangeiro ou não ter nas privativas de liberdade e nas a execução, não se consuma por
aí cumprido a pena; restritivas de direitos, as frações circunstâncias alheias à vontade
e) não ter sido o agente per- de dia, e, na pena de multa, as do agente.
doado no estrangeiro ou, por ou- frações de cruzeiro.
tro motivo, não estar extinta a Pena de tentativa
punibilidade, segundo a lei mais Legislação especial
favorável. Parágrafo único. Salvo dis-
§ 3o A lei brasileira aplica-se Art. 12. As regras gerais deste posição em contrário, pune-se
também ao crime cometido por Código aplicam-se aos fatos incri- a tentativa com a pena corres-
estrangeiro contra brasileiro fora minados por lei especial, se esta pondente ao crime consumado,
do Brasil, se, reunidas as con- não dispuser de modo diverso. diminuída de um a dois terços.
dições previstas no parágrafo
anterior: Desistência voluntária e
a) não foi pedida ou foi ne- TÍTULO II – DO CRIME arrependimento eficaz
gada a extradição;
b) houve requisição do Mi- Relação de causalidade Art. 15. O agente que, volunta-
nistro da Justiça. riamente, desiste de prosseguir
Art. 13. O resultado, de que de- na execução ou impede que o re-
Pena cumprida no estrangeiro pende a existência do crime, so- sultado se produza, só responde
mente é imputável a quem lhe deu pelos atos já praticados.
Art. 8o A pena cumprida no es- causa. Considera-se causa a ação
trangeiro atenua a pena impos- ou omissão sem a qual o resultado Arrependimento posterior
ta no Brasil pelo mesmo crime, não teria ocorrido.
quando diversas, ou nela é com- Art. 16. Nos crimes cometidos
putada, quando idênticas. Superveniência de causa sem violência ou grave ameaça à
independente pessoa, reparado o dano ou resti-
Eficácia de sentença estrangeira tuída a coisa, até o recebimento
§ 1o A superveniência de cau- da denúncia ou da queixa, por ato
Art. 9 A sentença estrangeira,
o
sa relativamente independente voluntário do agente, a pena será
quando a aplicação da lei brasilei- exclui a imputação quando, por si reduzida de um a dois terços.
ra produz na espécie as mesmas só, produziu o resultado; os fatos
consequências, pode ser homo- anteriores, entretanto, imputam- Crime impossível
logada no Brasil para: -se a quem os praticou.
I – obrigar o condenado à re- Art. 17. Não se pune a tentativa
paração do dano, a restituições e Relevância da omissão quando, por ineficácia absoluta
a outros efeitos civis; do meio ou por absoluta impro-
II – sujeitá-lo à medida de § 2o A omissão é penalmen- priedade do objeto, é impossível
segurança. te relevante quando o omitente consumar-se o crime.
Parágrafo único. A homolo- devia e podia agir para evitar o
gação depende: resultado. O dever de agir incum- Art. 18. Diz-se o crime:
a) para os efeitos previstos be a quem:
no inciso I, de pedido da parte a) tenha por lei obrigação de Crime doloso
interessada; cuidado, proteção ou vigilância;
b) para os outros efeitos, da b) de outra forma, assumiu I – doloso, quando o agente
existência de tratado de extradi- a responsabilidade de impedir quis o resultado ou assumiu o
ção com o país de cuja autoridade o resultado; risco de produzi-lo;
judiciária emanou a sentença, ou, c) com seu comportamento
na falta de tratado, de requisição anterior, criou o risco da ocorrên- Crime culposo
do Ministro da Justiça. cia do resultado.
II – culposo, quando o agente
Contagem de prazo Art. 14. Diz-se o crime: deu causa ao resultado por impru-
dência, negligência ou imperícia.
Art. 10. O dia do começo inclui- Crime consumado Parágrafo único. Salvo os ca-
-se no cômputo do prazo. Con- sos expressos em lei, ninguém
tam-se os dias, os meses e os I – consumado, quando nele pode ser punido por fato previs-
anos pelo calendário comum. se reúnem todos os elementos to como crime, senão quando o
de sua definição legal; pratica dolosamente.

398
Código Penal
Agravação pelo resultado coação irresistível ou em estrita TÍTULO III – DA
obediência a ordem, não mani- IMPUTABILIDADE PENAL
Art. 19. Pelo resultado que agra- festamente ilegal, de superior
va especialmente a pena, só res- hierárquico, só é punível o autor Inimputáveis
ponde o agente que o houver da coação ou da ordem.
causado ao menos culposamente. Art. 26. É isento de pena o
Exclusão de ilicitude agente que, por doença mental
Erro sobre elementos do tipo ou desenvolvimento mental in-
Art. 23. Não há crime quando o completo ou retardado, era, ao
Art. 20. O erro sobre elemento agente pratica o fato: tempo da ação ou da omissão,
constitutivo do tipo legal de cri- I – em estado de necessidade; inteiramente incapaz de enten-
me exclui o dolo, mas permite a II – em legítima defesa;1 der o caráter ilícito do fato ou de
punição por crime culposo, se III – em estrito cumprimento determinar-se de acordo com
previsto em lei. de dever legal ou no exercício esse entendimento.
regular de direito.
Descriminantes putativas Redução de pena
Excesso punível
§ 1o É isento de pena quem, Parágrafo único. A pena pode
por erro plenamente justificado Parágrafo único. O agente, ser reduzida de um a dois ter-
pelas circunstâncias, supõe si- em qualquer das hipóteses deste ços, se o agente, em virtude de
tuação de fato que, se existisse, artigo, responderá pelo excesso perturbação de saúde mental
tornaria a ação legítima. Não há doloso ou culposo. ou por desenvolvimento mental
isenção de pena quando o erro incompleto ou retardado não era
deriva de culpa e o fato é punível Estado de necessidade inteiramente capaz de entender
como crime culposo. o caráter ilícito do fato ou de de-
Art. 24. Considera-se em esta- terminar-se de acordo com esse
Erro determinado por terceiro do de necessidade quem pratica entendimento.
o fato para salvar de perigo atual,
§ 2o Responde pelo crime o que não provocou por sua von- Menores de dezoito anos
terceiro que determina o erro. tade, nem podia de outro modo
evitar, direito próprio ou alheio, Art. 27. Os menores de 18 (de-
Erro sobre a pessoa cujo sacrifício, nas circunstân- zoito) anos são penalmente inim-
cias, não era razoável exigir-se. putáveis, ficando sujeitos às nor-
§ 3o O erro quanto à pessoa § 1o Não pode alegar estado mas estabelecidas na legislação
contra a qual o crime é praticado de necessidade quem tinha o especial.
não isenta de pena. Não se consi- dever legal de enfrentar o perigo.
deram, neste caso, as condições § 2o Embora seja razoável Emoção e paixão
ou qualidades da vítima, senão as exigir-se o sacrifício do direito
da pessoa contra quem o agente ameaçado, a pena poderá ser Art. 28. Não excluem a imputa-
queria praticar o crime. reduzida de um a dois terços. bilidade penal:
I – a emoção ou a paixão;
Erro sobre a ilicitude do fato Legítima defesa
Embriaguez
Art. 21. O desconhecimento da Art. 25. Entende-se em legí-
lei é inescusável. O erro sobre a tima defesa quem, usando mo- II – a embriaguez, voluntária
ilicitude do fato, se inevitável, deradamente dos meios neces- ou culposa, pelo álcool ou subs-
isenta de pena; se evitável, po- sários, repele injusta agressão, tância de efeitos análogos.
derá diminuí-la de um sexto a atual ou iminente, a direito seu § 1o É isento de pena o agen-
um terço. ou de outrem.2 te que, por embriaguez comple-
Parágrafo único. Conside- Parágrafo único. Observados ta, proveniente de caso fortuito
ra-se evitável o erro se o agente os requisitos previstos no caput ou força maior, era, ao tempo
atua ou se omite sem a consciên- deste artigo, considera-se tam- da ação ou da omissão, intei-
cia da ilicitude do fato, quando lhe bém em legítima defesa o agente ramente incapaz de entender o
era possível, nas circunstâncias, de segurança pública que repele caráter ilícito do fato ou de de-
ter ou atingir essa consciência. agressão ou risco de agressão a terminar-se de acordo com esse
vítima mantida refém durante a entendimento.
Coação irresistível e prática de crimes. § 2o A pena pode ser reduzi-
obediência hierárquica da de um a dois terços, se o agen-
1
Nota do Editor (NE): ver ADPF no 779. te, por embriaguez, proveniente
Art. 22. Se o fato é cometido sob 2
NE: ver ADPF no 779. de caso fortuito ou força maior,

399
Código Penal
não possuía, ao tempo da ação semiaberto ou aberto. A de de- § 2o O trabalho será em co-
ou da omissão, a plena capaci- tenção, em regime semiaberto, mum dentro do estabelecimento,
dade de entender o caráter ilícito ou aberto, salvo necessidade de na conformidade das aptidões ou
do fato ou de determinar-se de transferência a regime fechado. ocupações anteriores do conde-
acordo com esse entendimento. § 1o Considera-se: nado, desde que compatíveis com
a) regime fechado a execu- a execução da pena.
ção da pena em estabelecimento § 3o O trabalho externo é ad-
TÍTULO IV – DO CONCURSO de segurança máxima ou média; missível, no regime fechado, em
DE PESSOAS b) regime semiaberto a exe- serviços ou obras públicas.
cução da pena em colônia agríco-
Art. 29. Quem, de qualquer la, industrial ou estabelecimento Regras do regime semiaberto
modo, concorre para o crime in- similar;
cide nas penas a este cominadas, c) regime aberto a execução Art. 35. Aplica-se a norma do
na medida de sua culpabilidade. da pena em casa de albergado ou art. 34 deste Código, caput, ao
§ 1o Se a participação for de estabelecimento adequado. condenado que inicie o cumpri-
menor importância, a pena pode § 2o As penas privativas de mento da pena em regime se-
ser diminuída de um sexto a um liberdade deverão ser executadas miaberto.
terço. em forma progressiva, segundo o § 1o O condenado fica sujeito
§ 2o Se algum dos concor- mérito do condenado, observados a trabalho em comum durante o
rentes quis participar de crime os seguintes critérios e ressalva- período diurno, em colônia agríco-
menos grave, ser-lhe-á aplicada das as hipóteses de transferência la, industrial ou estabelecimento
a pena deste; essa pena será au- a regime mais rigoroso: similar.
mentada até metade, na hipótese a) o condenado a pena supe- § 2o O trabalho externo é ad-
de ter sido previsível o resultado rior a 8 (oito) anos deverá começar missível, bem como a frequência
mais grave. a cumpri-la em regime fechado; a cursos supletivos profissionali-
b) o condenado não reinci- zantes, de instrução de segundo
Circunstâncias incomunicáveis dente, cuja pena seja superior a grau ou superior.
4 (quatro) anos e não exceda a 8
Art. 30. Não se comunicam as (oito), poderá, desde o princípio, Regras do regime aberto
circunstâncias e as condições cumpri-la em regime semiaberto;
de caráter pessoal, salvo quando c) o condenado não reinci- Art. 36. O regime aberto baseia-
elementares do crime. dente, cuja pena seja igual ou -se na autodisciplina e senso de
inferior a 4 (quatro) anos, pode- responsabilidade do condenado.
Casos de impunibilidade rá, desde o início, cumpri-la em § 1o O condenado deverá,
regime aberto. fora do estabelecimento e sem
Art. 31. O ajuste, a determinação § 3o A determinação do re- vigilância, trabalhar, frequentar
ou instigação e o auxílio, salvo gime inicial de cumprimento da curso ou exercer outra atividade
disposição expressa em contrário, pena far-se-á com observância autorizada, permanecendo reco-
não são puníveis, se o crime não dos critérios previstos no art. 59 lhido durante o período noturno
chega, pelo menos, a ser tentado. deste Código. e nos dias de folga.
§ 4o O condenado por crime § 2o O condenado será trans-
contra a administração pública ferido do regime aberto, se pra-
TÍTULO V – DAS PENAS terá a progressão de regime do ticar fato definido como crime
CAPÍTULO I – DAS cumprimento da pena condicio- doloso, se frustrar os fins da exe-
nada à reparação do dano que cução ou se, podendo, não pagar a
ESPÉCIES DE PENA causou, ou à devolução do pro- multa cumulativamente aplicada.
duto do ilícito praticado, com os
Art. 32. As penas são: acréscimos legais. Regime especial
I – privativas de liberdade;
II – restritivas de direitos; Regras do regime fechado Art. 37. As mulheres cumprem
III – de multa. pena em estabelecimento pró-
Art. 34. O condenado será sub- prio, observando-se os deveres
metido, no início do cumprimento e direitos inerentes à sua condi-
Seção I – Das Penas da pena, a exame criminológico ção pessoal, bem como, no que
Privativas de Liberdade de classificação para individua- couber, o disposto neste Capítulo.
lização da execução.
Reclusão e detenção § 1o O condenado fica sujeito Direitos do preso
a trabalho no período diurno e a
Art. 33. A pena de reclusão deve isolamento durante o repouso Art. 38. O preso conserva todos
ser cumprida em regime fechado, noturno. os direitos não atingidos pela

400
Código Penal
perda da liberdade, impondo-se mana. Conversão das penas
a todas as autoridades o respeito restritivas de direitos
à sua integridade física e moral. Art. 44. As penas restritivas de
direitos são autônomas e substi- Art. 45. Na aplicação da substi-
Trabalho do preso tuem as privativas de liberdade, tuição prevista no artigo anterior,
quando: proceder-se-á na forma deste e
Art. 39. O trabalho do preso será I – aplicada pena privativa de dos arts. 46, 47 e 48.
sempre remunerado, sendo-lhe liberdade não superior a quatro § 1o A prestação pecuniá-
garantidos os benefícios da Pre- anos e o crime não for cometido ria consiste no pagamento em
vidência Social. com violência ou grave ameaça dinheiro à vítima, a seus depen-
à pessoa ou, qualquer que seja dentes ou a entidade pública ou
Legislação especial a pena aplicada, se o crime for privada com destinação social, de
culposo; importância fixada pelo juiz, não
Art. 40. A legislação especial II – o réu não for reincidente inferior a 1 (um) salário mínimo
regulará a matéria prevista nos em crime doloso; nem superior a 360 (trezentos
arts. 38 e 39 deste Código, bem III – a culpabilidade, os an- e sessenta) salários mínimos. O
como especificará os deveres tecedentes, a conduta social e valor pago será deduzido do mon-
e direitos do preso, os critérios a personalidade do condenado, tante de eventual condenação
para revogação e transferência bem como os motivos e as cir- em ação de reparação civil, se
dos regimes e estabelecerá as cunstâncias indicarem que essa coincidentes os beneficiários.
infrações disciplinares e corres- substituição seja suficiente. § 2o No caso do parágrafo
pondentes sanções. § 1o (Vetado) anterior, se houver aceitação do
§ 2o Na condenação igual ou beneficiário, a prestação pecuni-
Superveniência de doença mental inferior a um ano, a substituição ária pode consistir em prestação
pode ser feita por multa ou por de outra natureza.
Art. 41. O condenado a quem so- uma pena restritiva de direitos; § 3o A perda de bens e valo-
brevém doença mental deve ser se superior a um ano, a pena pri- res pertencentes aos condenados
recolhido a hospital de custódia vativa de liberdade pode ser subs- dar-se-á, ressalvada a legislação
e tratamento psiquiátrico ou, à tituída por uma pena restritiva especial, em favor do Fundo Pe-
falta, a outro estabelecimento de direitos e multa ou por duas nitenciário Nacional, e seu valor
adequado. restritivas de direitos. terá como teto – o que for maior
§ 3o Se o condenado for rein- – o montante do prejuízo causado
Detração cidente, o juiz poderá aplicar a ou do provento obtido pelo agente
substituição, desde que, em face ou por terceiro, em consequência
Art. 42. Computam-se, na pena de condenação anterior, a medida da prática do crime.
privativa de liberdade e na medida seja socialmente recomendável § 4o (Vetado)
de segurança, o tempo de prisão e a reincidência não se tenha
provisória, no Brasil ou no estran- operado em virtude da prática Prestação de serviços à comunidade
geiro, o de prisão administrativa do mesmo crime. ou a entidades públicas
e o de internação em qualquer § 4o A pena restritiva de di-
dos estabelecimentos referidos reitos converte-se em privativa Art. 46. A prestação de serviços
no artigo anterior. de liberdade quando ocorrer o à comunidade ou a entidades
descumprimento injustificado públicas é aplicável às condena-
da restrição imposta. No cálculo ções superiores a seis meses de
Seção II – Das Penas da pena privativa de liberdade a privação da liberdade.
Restritivas de Direitos executar será deduzido o tempo § 1o A prestação de serviços
cumprido da pena restritiva de à comunidade ou a entidades pú-
Penas restritivas de direitos direitos, respeitado o saldo mí- blicas consiste na atribuição de
nimo de trinta dias de detenção tarefas gratuitas ao condenado.
Art. 43. As penas restritivas de ou reclusão. § 2o A prestação de servi-
direitos são: § 5o Sobrevindo condenação ço à comunidade dar-se-á em
I – prestação pecuniária; a pena privativa de liberdade, por entidades assistenciais, hospi-
II – perda de bens e valores; outro crime, o juiz da execução tais, escolas, orfanatos e outros
III – (Vetado); penal decidirá sobre a conversão, estabelecimentos congêneres,
IV – prestação de serviço à podendo deixar de aplicá-la se for em programas comunitários ou
comunidade ou a entidades pú- possível ao condenado cumprir a estatais.
blicas; pena substitutiva anterior. § 3o As tarefas a que se re-
V – interdição temporária de fere o § 1o serão atribuídas con-
direitos; forme as aptidões do condenado,
VI – limitação de fim de se- devendo ser cumpridas à razão

401
Código Penal
de uma hora de tarefa por dia de salário mínimo mensal vigente ao CAPÍTULO II – DA
condenação, fixadas de modo a tempo do fato, nem superior a 5 COMINAÇÃO DAS PENAS
não prejudicar a jornada normal (cinco) vezes esse salário.
de trabalho. § 2o O valor da multa será Penas privativas de liberdade
§ 4o Se a pena substituída for atualizado, quando da execução,
superior a um ano, é facultado ao pelos índices de correção mo- Art. 53. As penas privativas de
condenado cumprir a pena subs- netária. liberdade têm seus limites esta-
titutiva em menor tempo (art. 55), belecidos na sanção correspon-
nunca inferior à metade da pena Pagamento da multa dente a cada tipo legal de crime.
privativa de liberdade fixada.
Art. 50. A multa deve ser paga Penas restritivas de direitos
Interdição temporária de direitos dentro de 10 (dez) dias depois de
transitada em julgado a sentença. Art. 54. As penas restritivas de
Art. 47. As penas de interdição A requerimento do condenado e direitos são aplicáveis, indepen-
temporária de direitos são: conforme as circunstâncias, o juiz dentemente de cominação na
I – proibição do exercício de pode permitir que o pagamento parte especial, em substituição
cargo, função ou atividade públi- se realize em parcelas mensais. à pena privativa de liberdade, fi-
ca, bem como de mandato eletivo; § 1o A cobrança da multa xada em quantidade inferior a 1
II – proibição do exercício de pode efetuar-se mediante des- (um) ano, ou nos crimes culposos.
profissão, atividade ou ofício que conto no vencimento ou salário
dependam de habilitação espe- do condenado quando: Art. 55. As penas restritivas de
cial, de licença ou autorização do a) aplicada isoladamente; direitos referidas nos incisos III,
poder público; b) aplicada cumulativamente IV, V e VI do art. 43 terão a mes-
III – suspensão de autoriza- com pena restritiva de direitos; ma duração da pena privativa de
ção ou de habilitação para dirigir c) concedida a suspensão liberdade substituída, ressalvado
veículo; condicional da pena. o disposto no § 4o do art. 46.
IV – proibição de frequentar § 2o O desconto não deve in-
determinados lugares; cidir sobre os recursos indispen- Art. 56. As penas de interdi-
V – proibição de inscrever-se sáveis ao sustento do condenado ção, previstas nos incisos I e II do
em concurso, avaliação ou exame e de sua família. art. 47 deste Código, aplicam-se
públicos. para todo o crime cometido no
Conversão da multa e revogação exercício de profissão, atividade,
Limitação de fim de semana ofício, cargo ou função, sempre
Art. 51. Transitada em julgado a que houver violação dos deveres
Art. 48. A limitação de fim de sentença condenatória, a multa que lhes são inerentes.
semana consiste na obrigação será executada perante o juiz da
de permanecer, aos sábados e execução penal e será conside- Art. 57. A pena de interdição,
domingos, por 5 (cinco) horas rada dívida de valor, aplicáveis as prevista no inciso III do art. 47
diárias, em casa de albergado ou normas relativas à dívida ativa da deste Código, aplica-se aos cri-
outro estabelecimento adequado. Fazenda Pública, inclusive no que mes culposos de trânsito.
Parágrafo único. Durante a concerne às causas interruptivas
permanência poderão ser mi- e suspensivas da prescrição.3 Pena de multa
nistrados ao condenado cursos e
palestras ou atribuídas atividades Modo de conversão Art. 58. A multa, prevista em
educativas. cada tipo legal de crime, tem os
§ 1o (Revogado) limites fixados no art. 49 e seus
parágrafos deste Código.
Seção III – Da Pena de Multa Revogação da conversão Parágrafo único. A multa pre-
Multa vista no parágrafo único do art. 44
§ 2o (Revogado) e no § 2o do art. 60 deste Código
Art. 49. A pena de multa con- aplica-se independentemente
siste no pagamento ao fundo pe- Suspensão da execução da multa de cominação na parte especial.
nitenciário da quantia fixada na
sentença e calculada em dias- Art. 52. É suspensa a execução
-multa. Será, no mínimo, de 10 da pena de multa, se sobrevém ao CAPÍTULO III – DA
(dez) e, no máximo, de 360 (tre- condenado doença mental. APLICAÇÃO DA PENA
zentos e sessenta) dias-multa.
§ 1o O valor do dia-multa será Fixação da pena
fixado pelo juiz não podendo ser
inferior a um trigésimo do maior 3
NE: ver ADI no 3.150. Art. 59. O juiz, atendendo à cul-

402
Código Penal
pabilidade, aos antecedentes, à tornou impossível a defesa do I – não prevalece a conde-
conduta social, à personalidade ofendido; nação anterior, se entre a data
do agente, aos motivos, às cir- d) com emprego de veneno, do cumprimento ou extinção da
cunstâncias e consequências do fogo, explosivo, tortura ou outro pena e a infração posterior tiver
crime, bem como ao comporta- meio insidioso ou cruel, ou de decorrido período de tempo supe-
mento da vítima, estabelecerá, que podia resultar perigo comum; rior a 5 (cinco) anos, computado
conforme seja necessário e su- e) contra ascendente, des- o período de prova da suspensão
ficiente para reprovação e pre- cendente, irmão ou cônjuge; ou do livramento condicional, se
venção do crime: f) com abuso de autoridade não ocorrer revogação;
I – as penas aplicáveis dentre ou prevalecendo-se de relações II – não se consideram os cri-
as cominadas; domésticas, de coabitação ou de mes militares próprios e políticos.
II – a quantidade de pena apli- hospitalidade, ou com violência
cável, dentro dos limites previs- contra a mulher na forma da lei Circunstâncias atenuantes
tos; específica;
III – o regime inicial de cum- g) com abuso de poder ou Art. 65. São circunstâncias que
primento da pena privativa de violação de dever inerente a car- sempre atenuam a pena:
liberdade; go, ofício, ministério ou profissão; I – ser o agente menor de 21
IV – a substituição da pena h) contra criança, maior de (vinte e um), na data do fato, ou
privativa da liberdade aplicada, 60 (sessenta) anos, enfermo ou maior de 70 (setenta) anos, na
por outra espécie de pena, se mulher grávida; data da sentença;
cabível. i) quando o ofendido esta- II – o desconhecimento da lei;
va sob a imediata proteção da III – ter o agente:
Critérios especiais da pena de multa autoridade; a) cometido o crime por mo-
j) em ocasião de incêndio, tivo de relevante valor social ou
Art. 60. Na fixação da pena de naufrágio, inundação ou qual- moral;
multa o juiz deve atender, princi- quer calamidade pública, ou de b) procurado, por sua espon-
palmente, à situação econômica desgraça particular do ofendido; tânea vontade e com eficiência,
do réu. l) em estado de embriaguez logo após o crime, evitar-lhe ou
§ 1o A multa pode ser aumen- preordenada. minorar-lhe as consequências,
tada até o triplo, se o juiz consi- ou ter, antes do julgamento, re-
derar que, em virtude da situação Agravantes no caso de parado o dano;
econômica do réu, é ineficaz, em- concurso de pessoas c) cometido o crime sob co-
bora aplicada no máximo. ação a que podia resistir, ou em
Art. 62. A pena será ainda agra- cumprimento de ordem de autori-
Multa substitutiva vada em relação ao agente que: dade superior, ou sob a influência
I – promove, ou organiza a de violenta emoção, provocada
§ 2o A pena privativa de li- cooperação no crime ou dirige por ato injusto da vítima;
berdade aplicada, não superior a atividade dos demais agentes; d) confessado espontanea-
a 6 (seis) meses, pode ser subs- II – coage ou induz outrem mente, perante a autoridade, a
tituída pela de multa, observados à execução material do crime; autoria do crime;
os critérios dos incisos II e III do III – instiga ou determina a e) cometido o crime sob a in-
art. 44 deste Código. cometer o crime alguém sujeito fluência de multidão em tumulto,
à sua autoridade ou não punível se não o provocou.
Circunstâncias agravantes em virtude de condição ou qua-
lidade pessoal; Art. 66. A pena poderá ser ain-
Art. 61. São circunstâncias que IV – executa o crime, ou nele da atenuada em razão de cir-
sempre agravam a pena, quando participa, mediante paga ou pro- cunstância relevante, anterior ou
não constituem ou qualificam o messa de recompensa. posterior ao crime, embora não
crime: prevista expressamente em lei.
I – a reincidência; Reincidência
II – ter o agente cometido Concurso de circunstâncias
o crime: Art. 63. Verifica-se a reincidên- agravantes e atenuantes
a) por motivo fútil ou torpe; cia quando o agente comete novo
b) para facilitar ou assegu- crime, depois de transitar em Art. 67. No concurso de agra-
rar a execução, a ocultação, a julgado a sentença que, no País vantes e atenuantes, a pena deve
impunidade ou vantagem de ou- ou no estrangeiro, o tenha con- aproximar-se do limite indicado
tro crime; denado por crime anterior. pelas circunstâncias prepon-
c) à traição, de emboscada, derantes, entendendo-se como
ou mediante dissimulação, ou Art. 64. Para efeito de reinci- tais as que resultam dos moti-
outro recurso que dificultou ou dência: vos determinantes do crime, da

403
Código Penal
personalidade do agente e da resultam de desígnios autôno- Resultado diverso do pretendido
reincidência. mos, consoante o disposto no
artigo anterior. Art. 74. Fora dos casos do arti-
Cálculo da pena Parágrafo único. Não poderá go anterior, quando, por acidente
a pena exceder a que seria cabível ou erro na execução do crime,
Art. 68. A pena-base será fixa- pela regra do art. 69 deste Código. sobrevém resultado diverso do
da atendendo-se ao critério do pretendido, o agente responde
art. 59 deste Código; em seguida Crime continuado por culpa, se o fato é previsto
serão consideradas as circuns- como crime culposo; se ocorre
tâncias atenuantes e agravantes; Art. 71. Quando o agente, me- também o resultado pretendido,
por último, as causas de diminui- diante mais de uma ação ou omis- aplica-se a regra do art. 70 des-
ção e de aumento. são, pratica dois ou mais crimes te Código.
Parágrafo único. No concur- da mesma espécie e, pelas con-
so de causas de aumento ou de dições de tempo, lugar, maneira Limite das penas
diminuição previstas na parte de execução e outras semelhan-
especial, pode o juiz limitar-se tes, devem os subsequentes ser Art. 75. O tempo de cumprimen-
a um só aumento ou a uma só havidos como continuação do to das penas privativas de liber-
diminuição, prevalecendo, toda- primeiro, aplica-se-lhe a pena de dade não pode ser superior a 40
via, a causa que mais aumente um só dos crimes, se idênticas, (quarenta) anos.
ou diminua. ou a mais grave, se diversas, au- § 1o Quando o agente for con-
mentada, em qualquer caso, de denado a penas privativas de li-
Concurso material um sexto a dois terços. berdade cuja soma seja superior
Parágrafo único. Nos crimes a 40 (quarenta) anos, devem elas
Art. 69. Quando o agente, me- dolosos, contra vítimas diferen- ser unificadas para atender ao li-
diante mais de uma ação ou tes, cometidos com violência ou mite máximo deste artigo.
omissão, pratica dois ou mais grave ameaça à pessoa, poderá o § 2o Sobrevindo condenação
crimes, idênticos ou não, apli- juiz, considerando a culpabilidade, por fato posterior ao início do
cam-se cumulativamente as pe- os antecedentes, a conduta social cumprimento da pena, far-se-á
nas privativas de liberdade em e a personalidade do agente, bem nova unificação, desprezando-se,
que haja incorrido. No caso de como os motivos e as circuns- para esse fim, o período de pena
aplicação cumulativa de penas tâncias, aumentar a pena de um já cumprido.
de reclusão e de detenção, exe- só dos crimes, se idênticas, ou
cuta-se primeiro aquela. a mais grave, se diversas, até o Concurso de infrações
§ 1o Na hipótese deste artigo, triplo, observadas as regras do
quando ao agente tiver sido apli- parágrafo único do art. 70 e do Art. 76. No concurso de infra-
cada pena privativa de liberdade, art. 75 deste Código. ções, executar-se-á primeira-
não suspensa, por um dos crimes, mente a pena mais grave.
para os demais será incabível a Multas no concurso de crimes
substituição de que trata o art. 44
deste Código. Art. 72. No concurso de crimes, CAPÍTULO IV – DA
§ 2o Quando forem aplicadas as penas de multa são aplicadas SUSPENSÃO CONDICIONAL
penas restritivas de direitos, o distinta e integralmente. DA PENA
condenado cumprirá simultane-
amente as que forem compatí- Erro na execução Requisitos da suspensão da pena
veis entre si e sucessivamente
as demais. Art. 73. Quando, por acidente ou Art. 77. A execução da pena pri-
erro no uso dos meios de execu- vativa de liberdade, não superior a
Concurso formal ção, o agente, ao invés de atingir 2 (dois) anos, poderá ser suspen-
a pessoa que pretendia ofender, sa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos,
Art. 70. Quando o agente, me- atinge pessoa diversa, responde desde que:
diante uma só ação ou omissão, como se tivesse praticado o crime I – o condenado não seja rein-
pratica dois ou mais crimes, idên- contra aquela, atendendo-se ao cidente em crime doloso;
ticos ou não, aplica-se-lhe a mais disposto no § 3o do art. 20 deste II – a culpabilidade, os an-
grave das penas cabíveis ou, se Código. No caso de ser também tecedentes, a conduta social e
iguais, somente uma delas, mas atingida a pessoa que o agente personalidade do agente, bem
aumentada, em qualquer caso, de pretendia ofender, aplica-se a como os motivos e as circuns-
um sexto até metade. As penas regra do art. 70 deste Código. tâncias autorizem a concessão
aplicam-se, entretanto, cumulati- do benefício;
vamente, se a ação ou omissão é III – não seja indicada ou ca-
dolosa e os crimes concorrentes bível a substituição prevista no

404
Código Penal
art. 44 deste Código. não efetua, sem motivo justifica- balho que lhe foi atribuído; e
§ 1o A condenação anterior do, a reparação do dano; d) aptidão para prover a pró-
a pena de multa não impede a III – descumpre a condição pria subsistência mediante traba-
concessão do benefício. do § 1o do art. 78 deste Código. lho honesto;
§ 2o A execução da pena pri- IV – tenha reparado, salvo
vativa de liberdade, não superior a Revogação facultativa efetiva impossibilidade de fazê-
quatro anos, poderá ser suspensa, -lo, o dano causado pela infração;
por quatro a seis anos, desde que § 1o A suspensão poderá ser V – cumpridos mais de dois
o condenado seja maior de seten- revogada se o condenado des- terços da pena, nos casos de
ta anos de idade, ou razões de cumpre qualquer outra condição condenação por crime hediondo,
saúde justifiquem a suspensão. imposta ou é irrecorrivelmente prática de tortura, tráfico ilícito
condenado, por crime culposo de entorpecentes e drogas afins,
Art. 78. Durante o prazo da sus- ou por contravenção, a pena pri- tráfico de pessoas e terrorismo,
pensão, o condenado ficará sujei- vativa de liberdade ou restritiva se o apenado não for reinciden-
to à observação e ao cumprimen- de direitos. te específico em crimes dessa
to das condições estabelecidas natureza.
pelo juiz. Prorrogação do período de prova Parágrafo único. Para o con-
§ 1o No primeiro ano do pra- denado por crime doloso, cometi-
zo, deverá o condenado prestar § 2o Se o beneficiário está do com violência ou grave ameaça
serviços à comunidade (art. 46) sendo processado por outro crime à pessoa, a concessão do livra-
ou submeter-se à limitação de ou contravenção, considera-se mento ficará também subordi-
fim de semana (art. 48). prorrogado o prazo da suspen- nada à constatação de condições
§ 2o Se o condenado houver são até o julgamento definitivo. pessoais que façam presumir que
reparado o dano, salvo impossibi- § 3o Quando facultativa a re- o liberado não voltará a delinquir.
lidade de fazê-lo, e se as circuns- vogação, o juiz pode, ao invés de
tâncias do art. 59 deste Código lhe decretá-la, prorrogar o período de Soma de penas
forem inteiramente favoráveis, o prova até o máximo, se este não
juiz poderá substituir a exigên- foi o fixado. Art. 84. As penas que corres-
cia do parágrafo anterior pelas pondem a infrações diversas
seguintes condições, aplicadas Cumprimento das condições devem somar-se para efeito do
cumulativamente: livramento.
a) proibição de frequentar Art. 82. Expirado o prazo sem
determinados lugares; que tenha havido revogação, con- Especificações das condições
b) proibição de ausentar-se sidera-se extinta a pena privativa
da comarca onde reside, sem de liberdade. Art. 85. A sentença especificará
autorização do juiz; as condições a que fica subordi-
c) comparecimento pessoal nado o livramento.
e obrigatório a juízo, mensalmen- CAPÍTULO V – DO
te, para informar e justificar suas LIVRAMENTO CONDICIONAL Revogação do livramento
atividades.
Requisitos do livramento condicional Art. 86. Revoga-se o livramento,
Art. 79. A sentença poderá es- se o liberado vem a ser condenado
pecificar outras condições a que Art. 83. O juiz poderá conceder a pena privativa de liberdade, em
fica subordinada a suspensão, livramento condicional ao conde- sentença irrecorrível:
desde que adequadas ao fato e à nado a pena privativa de liberdade I – por crime cometido duran-
situação pessoal do condenado. igual ou superior a 2 (dois) anos, te a vigência do benefício;
desde que: II – por crime anterior, obser-
Art. 80. A suspensão não se I – cumprida mais de um terço vado o disposto no art. 84 deste
estende às penas restritivas de da pena se o condenado não for Código.
direitos nem à multa. reincidente em crime doloso e
tiver bons antecedentes; Revogação facultativa
Revogação obrigatória II – cumprida mais da metade
se o condenado for reincidente Art. 87. O juiz poderá, também,
Art. 81. A suspensão será re- em crime doloso; revogar o livramento, se o liberado
vogada se, no curso do prazo, o III – comprovado: deixar de cumprir qualquer das
beneficiário: a) bom comportamento du- obrigações constantes da sen-
I – é condenado, em senten- rante a execução da pena; tença, ou for irrecorrivelmente
ça irrecorrível, por crime doloso; b) não cometimento de falta condenado, por crime ou con-
II – frustra, embora solvente, grave nos últimos 12 (doze) meses; travenção, a pena que não seja
a execução de pena de multa ou c) bom desempenho no tra- privativa de liberdade.

405
Código Penal
Efeitos da revogação Art. 91-A. Na hipótese de con- com a Administração Pública;
denação por infrações às quais b) quando for aplicada pena
Art. 88. Revogado o livramento, a lei comine pena máxima supe- privativa de liberdade por tempo
não poderá ser novamente conce- rior a 6 (seis) anos de reclusão, superior a 4 (quatro) anos nos
dido, e, salvo quando a revogação poderá ser decretada a perda, demais casos;
resulta de condenação por outro como produto ou proveito do cri- II – a incapacidade para o
crime anterior àquele benefício, me, dos bens correspondentes à exercício do poder familiar, da
não se desconta na pena o tempo diferença entre o valor do patri- tutela ou da curatela nos crimes
em que esteve solto o condenado. mônio do condenado e aquele dolosos sujeitos à pena de re-
que seja compatível com o seu clusão cometidos contra outrem
Extinção rendimento lícito. igualmente titular do mesmo po-
§ 1o Para efeito da perda der familiar, contra filho, filha
Art. 89. O juiz não poderá de- prevista no caput deste artigo, ou outro descendente ou contra
clarar extinta a pena, enquanto entende-se por patrimônio do tutelado ou curatelado;
não passar em julgado a sentença condenado todos os bens: III – a inabilitação para dirigir
em processo a que responde o I – de sua titularidade, ou em veículo, quando utilizado como
liberado, por crime cometido na relação aos quais ele tenha o do- meio para a prática de crime do-
vigência do livramento. mínio e o benefício direto ou in- loso.
direto, na data da infração penal Parágrafo único. Os efeitos
Art. 90. Se até o seu término o ou recebidos posteriormente; e de que trata este artigo não são
livramento não é revogado, con- II – transferidos a terceiros a automáticos, devendo ser motiva-
sidera-se extinta a pena privativa título gratuito ou mediante con- damente declarados na sentença.
de liberdade. traprestação irrisória, a partir do
início da atividade criminal.
§ 2o O condenado poderá de- CAPÍTULO VII – DA
CAPÍTULO VI – DOS monstrar a inexistência da incom- REABILITAÇÃO
EFEITOS DA CONDENAÇÃO patibilidade ou a procedência
lícita do patrimônio. Reabilitação
Efeitos genéricos e específicos § 3o A perda prevista nes-
te artigo deverá ser requerida Art. 93. A reabilitação alcan-
Art. 91. São efeitos da conde- expressamente pelo Ministério ça quaisquer penas aplicadas
nação: Público, por ocasião do ofereci- em sentença definitiva, assegu-
I – tornar certa a obrigação mento da denúncia, com indica- rando ao condenado o sigilo dos
de indenizar o dano causado pelo ção da diferença apurada. registros sobre seu processo e
crime; § 4o Na sentença condenató- condenação.
II – a perda em favor da União, ria, o juiz deve declarar o valor da Parágrafo único. A reabilita-
ressalvado o direito do lesado ou diferença apurada e especificar ção poderá, também, atingir os
de terceiro de boa-fé: os bens cuja perda for decretada. efeitos da condenação, previstos
a) dos instrumentos do cri- § 5o Os instrumentos utili- no art. 92 deste Código, vedada
me, desde que consistam em zados para a prática de crimes reintegração na situação ante-
coisas cujo fabrico, alienação, por organizações criminosas e rior, nos casos dos incisos I e II
uso, porte ou detenção constitua milícias deverão ser declarados do mesmo artigo.
fato ilícito; perdidos em favor da União ou do
b) do produto do crime ou de Estado, dependendo da Justiça Art. 94. A reabilitação pode-
qualquer bem ou valor que consti- onde tramita a ação penal, ainda rá ser requerida, decorridos 2
tua proveito auferido pelo agente que não ponham em perigo a se- (dois) anos do dia em que for ex-
com a prática do fato criminoso. gurança das pessoas, a moral ou tinta, de qualquer modo, a pena
§ 1o Poderá ser decretada a a ordem pública, nem ofereçam ou terminar sua execução, com-
perda de bens ou valores equi- sério risco de ser utilizados para putando-se o período de prova
valentes ao produto ou proveito o cometimento de novos crimes. da suspensão e o do livramento
do crime quando estes não forem condicional, se não sobrevier re-
encontrados ou quando se loca- Art. 92. São também efeitos da vogação, desde que o condenado:
lizarem no exterior. condenação: I – tenha tido domicílio no País
§ 2o Na hipótese do § 1o, as I – a perda de cargo, função no prazo acima referido;
medidas assecuratórias previs- pública ou mandato eletivo: II – tenha dado, durante esse
tas na legislação processual po- a) quando aplicada pena pri- tempo, demonstração efetiva e
derão abranger bens ou valores vativa de liberdade por tempo constante de bom comportamen-
equivalentes do investigado ou igual ou superior a um ano, nos to público e privado;
acusado para posterior decre- crimes praticados com abuso de III – tenha ressarcido o dano
tação de perda. poder ou violação de dever para causado pelo crime ou demons-

406
Código Penal
tre a absoluta impossibilidade de Perícia médica § 2o A ação de iniciativa pri-
o fazer, até o dia do pedido, ou vada é promovida mediante quei-
exiba documento que comprove § 2o A perícia médica reali- xa do ofendido ou de quem tenha
a renúncia da vítima ou novação zar-se-á ao termo do prazo míni- qualidade para representá-lo.
da dívida. mo fixado e deverá ser repetida § 3o A ação de iniciativa pri-
Parágrafo único. Negada a de ano em ano, ou a qualquer vada pode intentar-se nos crimes
reabilitação, poderá ser requeri- tempo, se o determinar o juiz da de ação pública, se o Ministério
da, a qualquer tempo, desde que execução. Público não oferece denúncia no
o pedido seja instruído com novos prazo legal.
elementos comprobatórios dos Desinternação ou liberação § 4o No caso de morte do
requisitos necessários. condicional ofendido ou de ter sido declara-
do ausente por decisão judicial,
Art. 95. A reabilitação será re- § 3o A desinternação, ou a li- o direito de oferecer queixa ou
vogada, de ofício ou a requeri- beração, será sempre condicional de prosseguir na ação passa ao
mento do Ministério Público, se o devendo ser restabelecida a situ- cônjuge, ascendente, descenden-
reabilitado for condenado, como ação anterior se o agente, antes te ou irmão.
reincidente, por decisão definiti- do decurso de 1 (um) ano, pratica
va, a pena que não seja de multa. fato indicativo de persistência de A ação penal no crime complexo
sua periculosidade.
§ 4o Em qualquer fase do tra- Art. 101. Quando a lei considera
TÍTULO VI – DAS MEDIDAS tamento ambulatorial, poderá o como elemento ou circunstân-
DE SEGURANÇA juiz determinar a internação do cias do tipo legal fatos que, por
agente, se essa providência for si mesmos, constituem crimes,
Espécies de medidas de segurança necessária para fins curativos. cabe ação pública em relação
àquele, desde que, em relação a
Art. 96. As medidas de segu- Substituição da pena por medida de qualquer destes, se deva proce-
rança são: segurança para o semi-imputável der por iniciativa do Ministério
I – internação em hospital de Público.
custódia e tratamento psiquiátri- Art. 98. Na hipótese do parágra-
co ou, à falta, em outro estabele- fo único do art. 26 deste Código Irretratabilidade da representação
cimento adequado; e necessitando o condenado de
II – sujeição a tratamento am- especial tratamento curativo, a Art. 102. A representação será
bulatorial. pena privativa de liberdade pode irretratável depois de oferecida
Parágrafo único. Extinta a ser substituída pela internação, a denúncia.
punibilidade, não se impõe me- ou tratamento ambulatorial, pelo
dida de segurança nem subsiste prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) Decadência do direito de
a que tenha sido imposta. anos, nos termos do artigo ante- queixa ou de representação
rior e respectivos §§ 1o a 4o.
Imposição da medida de Art. 103. Salvo disposição ex-
segurança para inimputável Direitos do internado pressa em contrário, o ofendido
decai do direito de queixa ou de
Art. 97. Se o agente for inim- Art. 99. O internado será reco- representação se não o exerce
putável, o juiz determinará sua lhido a estabelecimento dotado dentro do prazo de 6 (seis) meses,
internação (art. 26). Se, todavia, de características hospitalares contado do dia em que veio a sa-
o fato previsto como crime for e será submetido a tratamento. ber quem é o autor do crime, ou,
punível com detenção, poderá no caso do § 3o do art. 100 deste
o juiz submetê-lo a tratamento Código, do dia em que se esgota
ambulatorial. TÍTULO VII – DA AÇÃO o prazo para oferecimento da
PENAL denúncia.
Prazo
Ação pública e de iniciativa privada Renúncia expressa ou tácita
§ 1o A internação, ou tra- do direito de queixa
tamento ambulatorial, será por Art. 100. A ação penal é pública,
tempo indeterminado, perduran- salvo quando a lei expressamente Art. 104. O direito de queixa não
do enquanto não for averiguada, a declara privativa do ofendido. pode ser exercido quando renun-
mediante perícia médica, a ces- § 1o A ação pública é promo- ciado expressa ou tacitamente.
sação de periculosidade. O prazo vida pelo Ministério Público, de- Parágrafo único. Importa re-
mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 pendendo, quando a lei o exige, de núncia tácita ao direito de queixa
(três) anos. representação do ofendido ou de a prática de ato incompatível com
requisição do Ministro da Justiça. a vontade de exercê-lo; não a im-

407
Código Penal
plica, todavia, o fato de receber o conexos, a extinção da punibili- Termo inicial da prescrição antes de
ofendido a indenização do dano dade de um deles não impede, transitar em julgado a sentença final
causado pelo crime. quanto aos outros, a agravação
da pena resultante da conexão. Art. 111. A prescrição, antes de
Perdão do ofendido transitar em julgado a sentença
Prescrição antes de transitar final, começa a correr:
Art. 105. O perdão do ofendido, em julgado a sentença I – do dia em que o crime se
nos crimes em que somente se consumou;
procede mediante queixa, obsta Art. 109. A prescrição, antes de II – no caso de tentativa, do
ao prosseguimento da ação. transitar em julgado a sentença dia em que cessou a atividade
final, salvo o disposto no § 1o do criminosa;
Art. 106. O perdão, no processo art. 110 deste Código, regula-se III – nos crimes permanentes,
ou fora dele, expresso ou tácito: pelo máximo da pena privativa do dia em que cessou a perma-
I – se concedido a qualquer de liberdade cominada ao crime, nência;
dos querelados, a todos aproveita; verificando-se: IV – nos de bigamia e nos
II – se concedido por um dos I – em vinte anos, se o máximo de falsificação ou alteração de
ofendidos, não prejudica o direito da pena é superior a doze; assentamento do registro civil,
dos outros; II – em dezesseis anos, se o da data em que o fato se tornou
III – se o querelado o recusa, máximo da pena é superior a oito conhecido;
não produz efeito. anos e não excede a doze; V – nos crimes contra a dig-
§ 1o Perdão tácito é o que III – em doze anos, se o má- nidade sexual de crianças e ado-
resulta da prática de ato incom- ximo da pena é superior a quatro lescentes, previstos neste Códi-
patível com a vontade de prosse- anos e não excede a oito; go ou em legislação especial, da
guir na ação. IV – em oito anos, se o máxi- data em que a vítima completar
§ 2o Não é admissível o per- mo da pena é superior a dois anos 18 (dezoito) anos, salvo se a esse
dão depois que passa em julgado e não excede a quatro; tempo já houver sido proposta a
a sentença condenatória. V – em quatro anos, se o má- ação penal.
ximo da pena é igual a um ano ou,
sendo superior, não excede a dois; Termo inicial da prescrição após a
TÍTULO VIII – DA EXTINÇÃO VI – em 3 (três) anos, se o sentença condenatória irrecorrível
DA PUNIBILIDADE máximo da pena é inferior a 1
(um) ano. Art. 112. No caso do art. 110 des-
Extinção da punibilidade te Código, a prescrição começa
Prescrição das penas a correr:
Art. 107. Extingue-se a puni- restritivas de direito I – do dia em que transita em
bilidade: julgado a sentença condenatória,
I – pela morte do agente; Parágrafo único. Aplicam-se para a acusação, ou a que revoga
II – pela anistia, graça ou in- às penas restritivas de direito os a suspensão condicional da pena
dulto; mesmos prazos previstos para as ou o livramento condicional;
III – pela retroatividade de lei privativas de liberdade. II – do dia em que se inter-
que não mais considera o fato rompe a execução, salvo quan-
como criminoso; Prescrição depois de transitar em do o tempo da interrupção deva
IV – pela prescrição, deca- julgado sentença final condenatória computar-se na pena.
dência ou perempção;
V – pela renúncia do direito de Art. 110. A prescrição depois de Prescrição no caso de evasão
queixa ou pelo perdão aceito, nos transitar em julgado a sentença do condenado ou de revogação
crimes de ação privada; condenatória regula-se pela pena do livramento condicional
VI – pela retratação do agen- aplicada e verifica-se nos pra-
te, nos casos em que a lei a ad- zos fixados no artigo anterior, os Art. 113. No caso de evadir-se
mite; quais se aumentam de um terço, o condenado ou de revogar-se o
VII – (Revogado); se o condenado é reincidente. livramento condicional, a pres-
VIII – (Revogado); § 1o A prescrição, depois da crição é regulada pelo tempo que
IX – pelo perdão judicial, nos sentença condenatória com trân- resta da pena.
casos previstos em lei. sito em julgado para a acusação
ou depois de improvido seu re- Prescrição da multa
Art. 108. A extinção da puni- curso, regula-se pela pena apli-
bilidade de crime que é pressu- cada, não podendo, em nenhuma Art. 114. A prescrição da pena
posto, elemento constitutivo ou hipótese, ter por termo inicial data de multa ocorrerá:
circunstância agravante de outro anterior à da denúncia ou queixa. I – em 2 (dois) anos, quando
não se estende a este. Nos crimes § 2o (Revogado) a multa for a única cominada ou

408
Código Penal
aplicada; efeitos relativamente a todos os III – com emprego de veneno,
II – no mesmo prazo estabe- autores do crime. Nos crimes fogo, explosivo, asfixia, tortura
lecido para prescrição da pena conexos, que sejam objeto do ou outro meio insidioso ou cruel,
privativa de liberdade, quando a mesmo processo, estende-se aos ou de que possa resultar perigo
multa for alternativa ou cumula- demais a interrupção relativa a comum;
tivamente cominada ou cumula- qualquer deles. IV – à traição, de emboscada,
tivamente aplicada. § 2o Interrompida a prescri- ou mediante dissimulação ou ou-
ção, salvo a hipótese do inciso V tro recurso que dificulte ou torne
Redução dos prazos de prescrição deste artigo, todo o prazo come- impossível a defesa do ofendido;
ça a correr, novamente, do dia da V – para assegurar a execu-
Art. 115. São reduzidos de meta- interrupção. ção, a ocultação, a impunidade ou
de os prazos de prescrição quan- vantagem de outro crime:
do o criminoso era, ao tempo do Art. 118. As penas mais leves Pena – reclusão, de doze a
crime, menor de 21 (vinte e um) prescrevem com as mais graves. trinta anos;
anos, ou, na data da sentença,
maior de 70 (setenta) anos. Art. 119. No caso de concurso de Feminicídio
crimes, a extinção da punibilidade
Causas impeditivas da prescrição incidirá sobre a pena de cada um, VI – contra a mulher por ra-
isoladamente. zões da condição de sexo femi-
Art. 116. Antes de passar em nino;
julgado a sentença final, a pres- Perdão judicial VII – contra autoridade ou
crição não corre: agente descrito nos arts. 142 e
I – enquanto não resolvida, Art. 120. A sentença que con- 144 da Constituição Federal, in-
em outro processo, questão de ceder perdão judicial não será tegrantes do sistema prisional e
que dependa o reconhecimento considerada para efeitos de rein- da Força Nacional de Segurança
da existência do crime; cidência. Pública, no exercício da função ou
II – enquanto o agente cumpre em decorrência dela, ou contra
pena no exterior; seu cônjuge, companheiro ou pa-
III – na pendência de embar- PARTE ESPECIAL rente consanguíneo até terceiro
gos de declaração ou de recursos TÍTULO I – DOS CRIMES grau, em razão dessa condição;
aos Tribunais Superiores, quando VIII – com emprego de arma
inadmissíveis; e CONTRA A PESSOA de fogo de uso restrito ou proi-
IV – enquanto não cumprido CAPÍTULO I – DOS CRIMES bido:
ou não rescindido o acordo de Pena – reclusão, de doze a
não persecução penal. CONTRA A VIDA trinta anos.
Parágrafo único. Depois de § 2o-A. Considera-se que há
passada em julgado a sentença Homicídio simples razões de condição de sexo fe-
condenatória, a prescrição não minino quando o crime envolve:
corre durante o tempo em que o Art. 121. Matar alguém: I – violência doméstica e fa-
condenado está preso por outro Pena – reclusão, de seis a miliar;
motivo. vinte anos. II – menosprezo ou discri-
minação à condição de mulher.
Causas interruptivas da prescrição Caso de diminuição de pena
Homicídio culposo
Art. 117. O curso da prescrição § 1o Se o agente comete o
interrompe-se: crime impelido por motivo de re- § 3o Se o homicídio é cul-
I – pelo recebimento da de- levante valor social ou moral, ou poso:
núncia ou da queixa; sob o domínio de violenta emoção, Pena – detenção, de um a
II – pela pronúncia; logo em seguida a injusta provo- três anos.
III – pela decisão confirma- cação da vítima, o juiz pode redu-
tória da pronúncia; zir a pena de um sexto a um terço. Aumento de pena
IV – pela publicação da sen-
tença ou acórdão condenatórios Homicídio qualificado § 4o No homicídio culposo,
recorríveis; a pena é aumentada de 1/3 (um
V – pelo início ou continuação § 2o Se o homicídio é come- terço), se o crime resulta de ino-
do cumprimento da pena; tido: bservância de regra técnica de
VI – pela reincidência. I – mediante paga ou promes- profissão, arte ou ofício, ou se o
§ 1o Excetuados os casos dos sa de recompensa, ou por outro agente deixa de prestar imedia-
incisos V e VI deste artigo, a in- motivo torpe; to socorro à vítima, não procura
terrupção da prescrição produz II – por motivo fútil; diminuir as consequências do

409
Código Penal
seu ato, ou foge para evitar pri- resulta morte: Aborto provocado por terceiro
são em flagrante. Sendo doloso Pena – reclusão, de 2 (dois) a
o homicídio, a pena é aumenta- 6 (seis) anos. Art. 125. Provocar aborto, sem
da de 1/3 (um terço) se o crime é § 3o A pena é duplicada: o consentimento da gestante:
praticado contra pessoa menor I – se o crime é praticado por Pena – reclusão, de três a
de 14 (quatorze) ou maior de 60 motivo egoístico, torpe ou fútil; dez anos.
(sessenta) anos. II – se a vítima é menor ou tem
§ 5o Na hipótese de homicí- diminuída, por qualquer causa, a Art. 126. Provocar aborto com
dio culposo, o juiz poderá deixar capacidade de resistência. o consentimento da gestante:5
de aplicar a pena, se as conse- § 4o A pena é aumentada até Pena – reclusão, de um a qua-
quências da infração atingiram o dobro se a conduta é realizada tro anos.
o próprio agente de forma tão por meio da rede de computado- Parágrafo único. Aplica-se
grave que a sanção penal se torne res, de rede social ou transmitida a pena do artigo anterior, se a
desnecessária. em tempo real. gestante não é maior de quator-
§ 6o A pena é aumentada de § 5o Aumenta-se a pena em ze anos, ou é alienada ou débil
1/3 (um terço) até a metade se o metade se o agente é líder ou mental, ou se o consentimento
crime for praticado por milícia pri- coordenador de grupo ou de rede é obtido mediante fraude, grave
vada, sob o pretexto de prestação virtual. ameaça ou violência.
de serviço de segurança, ou por § 6o Se o crime de que trata o
grupo de extermínio. § 1 deste artigo resulta em lesão
o
Forma qualificada
§ 7o A pena do feminicídio é corporal de natureza gravíssima
aumentada de 1/3 (um terço) até a e é cometido contra menor de 14 Art. 127. As penas cominadas
metade se o crime for praticado: (quatorze) anos ou contra quem, nos dois artigos anteriores são
I – durante a gestação ou por enfermidade ou deficiência aumentadas de um terço, se, em
nos 3 (três) meses posteriores mental, não tem o necessário consequência do aborto ou dos
ao parto; discernimento para a prática do meios empregados para provocá-
II – contra pessoa menor de ato, ou que, por qualquer outra -lo, a gestante sofre lesão corpo-
14 (catorze) anos, maior de 60 causa, não pode oferecer resis- ral de natureza grave; e são du-
(sessenta) anos, com deficiência tência, responde o agente pelo plicadas, se, por qualquer dessas
ou portadora de doenças degene- crime descrito no § 2o do art. 129 causas, lhe sobrevém a morte.
rativas que acarretem condição deste Código.
limitante ou de vulnerabilidade § 7o Se o crime de que trata o Art. 128. Não se pune o aborto
física ou mental; § 2o deste artigo é cometido con- praticado por médico:6
III – na presença física ou tra menor de 14 (quatorze) anos ou
virtual de descendente ou de as- contra quem não tem o necessá- Aborto necessário
cendente da vítima; rio discernimento para a prática
IV – em descumprimento das do ato, ou que, por qualquer outra I – se não há outro meio de
medidas protetivas de urgência causa, não pode oferecer resis- salvar a vida da gestante;
previstas nos incisos I, II e III do tência, responde o agente pelo
caput do art. 22 da Lei no 11.340, crime de homicídio, nos termos Aborto no caso de gravidez
de 7 de agosto de 2006. do art. 121 deste Código. resultante de estupro

Induzimento, instigação ou auxílio Infanticídio II – se a gravidez resulta de


a suicídio ou a automutilação estupro e o aborto é precedido
Art. 123. Matar, sob a influência de consentimento da gestante
Art. 122. Induzir ou instigar al- do estado puerperal, o próprio fi- ou, quando incapaz, de seu re-
guém a suicidar-se ou a praticar lho, durante o parto ou logo após: presentante legal.
automutilação ou prestar-lhe au- Pena – detenção, de dois a
xílio material para que o faça: seis anos.
Pena – reclusão, de 6 (seis) CAPÍTULO II – DAS LESÕES
meses a 2 (dois) anos. Aborto provocado pela gestante CORPORAIS
§ 1o Se da automutilação ou ou com seu consentimento
da tentativa de suicídio resulta Lesão corporal
lesão corporal de natureza gra- Art. 124. Provocar aborto em si
ve ou gravíssima, nos termos dos mesma ou consentir que outrem Art. 129. Ofender a integridade
§§ 1o e 2o do art. 129 deste Código: lho provoque:4 corporal ou a saúde de outrem:
Pena – reclusão, de 1 (um) a Pena – detenção, de um a Pena – detenção, de três me-
3 (três) anos. três anos.
§ 2o Se o suicídio se con- 5
NE: ver ADPF no 54.
suma ou se da automutilação 4
NE: ver ADPF no 54. 6
NE: ver ADPF no 54.

410
Código Penal
ses a um ano. Lesão corporal culposa CAPÍTULO III – DA
PERICLITAÇÃO DA VIDA E
Lesão corporal de natureza grave § 6 Se a lesão é culposa:
o

Pena – detenção, de dois me-


DA SAÚDE
§ 1o Se resulta: ses a um ano. Perigo de contágio venéreo
I – incapacidade para as ocu-
pações habituais, por mais de Aumento de pena Art. 130. Expor alguém, por meio
trinta dias; de relações sexuais ou qualquer
II – perigo de vida; § 7o Aumenta-se a pena de ato libidinoso, a contágio de mo-
III – debilidade permanente 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer léstia venérea, de que sabe ou
de membro, sentido ou função; das hipóteses dos §§ 4o e 6o do deve saber que está contami-
IV – aceleração de parto: art. 121 deste Código. nado:
Pena – reclusão, de um a cin- § 8o Aplica-se à lesão culpo- Pena – detenção, de três me-
co anos. sa o disposto no § 5o do art. 121. ses a um ano, ou multa.
§ 2o Se resulta: § 1o Se é intenção do agente
I – incapacidade permanente Violência doméstica transmitir a moléstia:
para o trabalho; Pena – reclusão, de um a qua-
II – enfermidade incurável; § 9o Se a lesão for praticada tro anos, e multa.
III – perda ou inutilização de contra ascendente, descendente, § 2o Somente se procede
membro, sentido ou função; irmão, cônjuge ou companheiro, mediante representação.
IV – deformidade permanen- ou com quem conviva ou tenha
te; convivido, ou, ainda, prevalecen- Perigo de contágio de moléstia grave
V – aborto: do-se o agente das relações do-
Pena – reclusão, de dois a mésticas, de coabitação ou de Art. 131. Praticar, com o fim de
oito anos. hospitalidade: transmitir a outrem moléstia gra-
Pena – detenção, de 3 (três) ve de que está contaminado, ato
Lesão corporal seguida de morte meses a 3 (três) anos. capaz de produzir o contágio:
§ 10. Nos casos previstos nos Pena – reclusão, de um a qua-
§ 3o Se resulta morte e as §§ 1o a 3o deste artigo, se as cir- tro anos, e multa.
circunstâncias evidenciam que o cunstâncias são as indicadas no
agente não quis o resultado, nem § 9o deste artigo, aumenta-se a Perigo para a vida ou saúde de outrem
assumiu o risco de produzi-lo: pena em 1/3 (um terço).
Pena – reclusão, de quatro a § 11. Na hipótese do § 9o des- Art. 132. Expor a vida ou a saú-
doze anos. te artigo, a pena será aumentada de de outrem a perigo direto e
de um terço se o crime for come- iminente:
Diminuição de pena tido contra pessoa portadora de Pena – detenção, de três me-
deficiência. ses a um ano, se o fato não cons-
§ 4o Se o agente comete o § 12. Se a lesão for pratica- titui crime mais grave.
crime impelido por motivo de re- da contra autoridade ou agente Parágrafo único. A pena é
levante valor social ou moral ou descrito nos arts. 142 e 144 da aumentada de um sexto a um
sob o domínio de violenta emoção, Constituição Federal, integrantes terço se a exposição da vida ou
logo em seguida a injusta provo- do sistema prisional e da Força da saúde de outrem a perigo de-
cação da vítima, o juiz pode redu- Nacional de Segurança Pública, corre do transporte de pessoas
zir a pena de um sexto a um terço. no exercício da função ou em para a prestação de serviços em
decorrência dela, ou contra seu estabelecimentos de qualquer
Substituição da pena cônjuge, companheiro ou parente natureza, em desacordo com as
consanguíneo até terceiro grau, normas legais.
§ 5o O juiz, não sendo graves em razão dessa condição, a pena
as lesões, pode ainda substituir a é aumentada de um a dois terços. Abandono de incapaz
pena de detenção pela de multa7: § 13. Se a lesão for pratica-
I – se ocorre qualquer das da contra a mulher, por razões Art. 133. Abandonar pessoa que
hipóteses do parágrafo anterior; da condição do sexo feminino, está sob seu cuidado, guarda,
II – se as lesões são recípro- nos termos do § 2o-A do art. 121 vigilância ou autoridade, e, por
cas. deste Código: qualquer motivo, incapaz de de-
Pena – reclusão, de 1 (um) a fender-se dos riscos resultantes
4 (quatro anos). do abandono:
Pena – detenção, de seis me-
7
NE: conforme determinação do art. 2o da Lei ses a três anos.
no 7.209/1984, em razão do cancelamento das
referências a valores de multas, a expressão § 1o Se do abandono resulta
“multa de” foi substituída por “multa”. lesão corporal de natureza grave:

411
Código Penal
Pena – reclusão, de um a cin- enchimento prévio de formulários CAPÍTULO V – DOS CRIMES
co anos. administrativos, como condição CONTRA A HONRA
§ 2o Se resulta a morte: para o atendimento médico-hos-
Pena – reclusão, de quatro a pitalar emergencial: Calúnia
doze anos. Pena – detenção, de 3 (três)
meses a 1 (um) ano, e multa. Art. 138. Caluniar alguém, impu-
Aumento de pena Parágrafo único. A pena é tando-lhe falsamente fato defini-
aumentada até o dobro se da do como crime:
§ 3o As penas cominadas negativa de atendimento resulta Pena – detenção, de seis me-
neste artigo aumentam-se de lesão corporal de natureza grave, ses a dois anos, e multa.
um terço: e até o triplo se resulta a morte. § 1o Na mesma pena incorre
I – se o abandono ocorre em quem, sabendo falsa a imputação,
lugar ermo; Maus-tratos a propala ou divulga.
II – se o agente é ascendente § 2o É punível a calúnia con-
ou descendente, cônjuge, irmão, Art. 136. Expor a perigo a vida tra os mortos.
tutor ou curador da vítima; ou a saúde de pessoa sob sua
III – se a vítima é maior de 60 autoridade, guarda ou vigilân- Exceção da verdade
(sessenta) anos. cia, para fim de educação, ensi-
no, tratamento ou custódia, quer § 3o Admite-se a prova da
Exposição ou abandono privando-a de alimentação ou verdade, salvo:
de recém-nascido cuidados indispensáveis, quer I – se, constituindo o fato im-
sujeitando-a a trabalho excessivo putado crime de ação privada, o
Art. 134. Expor ou abandonar ou inadequado, quer abusando de ofendido não foi condenado por
recém-nascido, para ocultar de- meios de correção ou disciplina: sentença irrecorrível;
sonra própria: Pena – detenção, de dois me- II – se o fato é imputado a
Pena – detenção, de seis me- ses a um ano, ou multa. qualquer das pessoas indicadas
ses a dois anos. § 1o Se do fato resulta lesão no no I do art. 141;
§ 1o Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: III – se do crime imputado,
corporal de natureza grave: Pena – reclusão, de um a qua- embora de ação pública, o ofen-
Pena – detenção, de um a tro anos. dido foi absolvido por sentença
três anos. § 2o Se resulta a morte: irrecorrível.
§ 2o Se resulta a morte: Pena – reclusão, de quatro a
Pena – detenção, de dois a doze anos. Difamação
seis anos. § 3o Aumenta-se a pena de
um terço, se o crime é praticado Art. 139. Difamar alguém, im-
Omissão de socorro contra pessoa menor de cator- putando-lhe fato ofensivo à sua
ze anos. reputação:
Art. 135. Deixar de prestar as- Pena – detenção, de três me-
sistência, quando possível fazê- ses a um ano, e multa.
-lo sem risco pessoal, a criança CAPÍTULO IV – DA RIXA
abandonada ou extraviada, ou a Exceção da verdade
pessoa inválida ou ferida, ao de- Rixa
samparo ou em grave e iminen- Parágrafo único. A exceção
te perigo; ou não pedir, nesses Art. 137. Participar de rixa, sal- da verdade somente se admite se
casos, o socorro da autoridade vo para separar os contendores: o ofendido é funcionário público
pública: Pena – detenção, de quinze e a ofensa é relativa ao exercício
Pena – detenção, de um a seis dias a dois meses, ou multa. de suas funções.
meses, ou multa. Parágrafo único. Se ocorre
Parágrafo único. A pena é morte ou lesão corporal de na- Injúria
aumentada de metade, se da tureza grave, aplica-se, pelo fato
omissão resulta lesão corporal da participação na rixa, a pena Art. 140. Injuriar alguém, ofen-
de natureza grave, e triplicada, de detenção, de seis meses a dendo-lhe a dignidade ou o de-
se resulta a morte. dois anos. coro:
Pena – detenção, de um a seis
Condicionamento de atendimento meses, ou multa.
médico-hospitalar emergencial § 1o O juiz pode deixar de apli-
car a pena:
Art. 135-A. Exigir cheque-cau- I – quando o ofendido, de for-
ção, nota promissória ou qual- ma reprovável, provocou direta-
quer garantia, bem como o pre- mente a injúria;

412
Código Penal
II – no caso de retorsão ime- tífica, salvo quando inequívoca a CAPÍTULO VI – DOS CRIMES
diata, que consista em outra in- intenção de injuriar ou difamar; CONTRA A LIBERDADE
júria. III – o conceito desfavorável
§ 2o Se a injúria consiste em emitido por funcionário público,
INDIVIDUAL
violência ou vias de fato, que, por em apreciação ou informação Seção I – Dos Crimes contra
sua natureza ou pelo meio empre- que preste no cumprimento de a Liberdade Pessoal
gado, se considerem aviltantes: dever do ofício.
Pena – detenção, de três me- Parágrafo único. Nos casos Constrangimento ilegal
ses a um ano, e multa, além da dos nos I e III, responde pela injúria
pena correspondente à violência. ou pela difamação quem lhe dá Art. 146. Constranger alguém,
§ 3o Se a injúria consiste na publicidade. mediante violência ou grave ame-
utilização de elementos referen- aça, ou depois de lhe haver redu-
tes a raça, cor, etnia, religião, Retratação zido, por qualquer outro meio, a
origem ou a condição de pessoa capacidade de resistência, a não
idosa ou portadora de deficiência: Art. 143. O querelado que, antes fazer o que a lei permite, ou a fa-
Pena – reclusão de um a três da sentença, se retrata cabalmen- zer o que ela não manda:
anos e multa. te da calúnia ou da difamação, Pena – detenção, de três me-
fica isento de pena. ses a um ano, ou multa.
Disposições comuns Parágrafo único. Nos casos
em que o querelado tenha pra- Aumento de pena
Art. 141. As penas cominadas ticado a calúnia ou a difamação
neste Capítulo aumentam-se de utilizando-se de meios de comu- § 1o As penas aplicam-se
um terço, se qualquer dos crimes nicação, a retratação dar-se-á, se cumulativamente e em dobro,
é cometido: assim desejar o ofendido, pelos quando, para a execução do cri-
I – contra o Presidente da mesmos meios em que se prati- me, se reúnem mais de três pes-
República, ou contra chefe de cou a ofensa. soas, ou há emprego de armas.
governo estrangeiro; § 2o Além das penas comi-
II – contra funcionário públi- Art. 144. Se, de referências, alu- nadas, aplicam-se as correspon-
co, em razão de suas funções, ou sões ou frases, se infere calúnia, dentes à violência.
contra os Presidentes do Senado difamação ou injúria, quem se § 3o Não se compreendem na
Federal, da Câmara dos Depu- julga ofendido pode pedir expli- disposição deste artigo:
tados ou do Supremo Tribunal cações em juízo. Aquele que se I – a intervenção médica ou
Federal; recusa a dá-las ou, a critério do cirúrgica, sem o consentimento
III – na presença de várias juiz, não as dá satisfatórias, res- do paciente ou de seu represen-
pessoas, ou por meio que faci- ponde pela ofensa. tante legal, se justificada por imi-
lite a divulgação da calúnia, da nente perigo de vida;
difamação ou da injúria; Art. 145. Nos crimes previstos II – a coação exercida para
IV – contra pessoa maior de neste Capítulo somente se proce- impedir suicídio.
60 (sessenta) anos ou portadora de mediante queixa, salvo quan-
de deficiência, exceto no caso do, no caso do art. 140, § 2o, da Ameaça
de injúria. violência resulta lesão corporal.
§ 1o Se o crime é cometido Parágrafo único. Procede-se Art. 147. Ameaçar alguém, por
mediante paga ou promessa de mediante requisição do Ministro palavra, escrito ou gesto, ou qual-
recompensa, aplica-se a pena da Justiça, no caso do inciso I quer outro meio simbólico, de
em dobro. do caput do art. 141 deste Códi- causar-lhe mal injusto e grave:
§ 2o Se o crime é cometido go, e mediante representação do Pena – detenção, de um a seis
ou divulgado em quaisquer mo- ofendido, no caso do inciso II do meses, ou multa.
dalidades das redes sociais da mesmo artigo, bem como no caso Parágrafo único. Somente se
rede mundial de computadores, do § 3o do art. 140 deste Código. procede mediante representação.
aplica-se em triplo a pena.
Perseguição
Exclusão do crime
Art. 147-A. Perseguir alguém,
Art. 142. Não constituem injúria reiteradamente e por qualquer
ou difamação punível: meio, ameaçando-lhe a integri-
I – a ofensa irrogada em juízo, dade física ou psicológica, res-
na discussão da causa, pela parte tringindo-lhe a capacidade de
ou por seu procurador; locomoção ou, de qualquer forma,
II – a opinião desfavorável da invadindo ou perturbando sua es-
crítica literária, artística ou cien- fera de liberdade ou privacidade.

413
Código Penal
Pena – reclusão, de 6 (seis) com fins libidinosos. Pena – reclusão, de 4 (quatro)
meses a 2 (dois) anos, e multa. § 2o Se resulta à vítima, em a 8 (oito) anos, e multa.
§ 1o A pena é aumentada de razão de maus-tratos ou da na- § 1o A pena é aumentada de
metade se o crime é cometido: tureza da detenção, grave sofri- um terço até a metade se:
I – contra criança, adolescen- mento físico ou moral: I – o crime for cometido por
te ou idoso; Pena – reclusão, de dois a funcionário público no exercício
II – contra mulher por razões oito anos. de suas funções ou a pretexto de
da condição de sexo feminino, exercê-las;
nos termos do § 2o-A do art. 121 Redução a condição II – o crime for cometido con-
deste Código; análoga à de escravo tra criança, adolescente ou pes-
III – mediante concurso de 2 soa idosa ou com deficiência;
(duas) ou mais pessoas ou com o Art. 149. Reduzir alguém a con- III – o agente se prevalecer de
emprego de arma. dição análoga à de escravo, quer relações de parentesco, domésti-
§ 2o As penas deste artigo submetendo-o a trabalhos for- cas, de coabitação, de hospitali-
são aplicáveis sem prejuízo das çados ou a jornada exaustiva, dade, de dependência econômica,
correspondentes à violência. quer sujeitando-o a condições de autoridade ou de superioridade
§ 3o Somente se procede degradantes de trabalho, quer hierárquica inerente ao exercício
mediante representação. restringindo, por qualquer meio, de emprego, cargo ou função; ou
sua locomoção em razão de dívi- IV – a vítima do tráfico de
Violência psicológica contra a mulher da contraída com o empregador pessoas for retirada do territó-
ou preposto: rio nacional.
Art. 147-B. Causar dano emo- Pena – reclusão, de dois a § 2o A pena é reduzida de um
cional à mulher que a prejudique oito anos, e multa, além da pena a dois terços se o agente for pri-
e perturbe seu pleno desenvolvi- correspondente à violência. mário e não integrar organização
mento ou que vise a degradar ou § 1o Nas mesmas penas in- criminosa.
a controlar suas ações, compor- corre quem:
tamentos, crenças e decisões, I – cerceia o uso de qualquer
mediante ameaça, constrangi- meio de transporte por parte do
Seção II – Dos Crimes contra
mento, humilhação, manipulação, trabalhador, com o fim de retê-lo a Inviolabilidade do Domicílio
isolamento, chantagem, ridicula- no local de trabalho;
rização, limitação do direito de II – mantém vigilância os- Violação de domicílio
ir e vir ou qualquer outro meio tensiva no local de trabalho ou
que cause prejuízo à sua saúde se apodera de documentos ou Art. 150. Entrar ou permanecer,
psicológica e autodeterminação: objetos pessoais do trabalhador, clandestina ou astuciosamente,
Pena – reclusão, de 6 (seis) com o fim de retê-lo no local de ou contra a vontade expressa ou
meses a 2 (dois) anos, e multa, trabalho. tácita de quem de direito, em casa
se a conduta não constitui crime § 2o A pena é aumentada de alheia ou em suas dependências:
mais grave. metade, se o crime é cometido: Pena – detenção, de um a três
I – contra criança ou ado- meses, ou multa.
Sequestro e cárcere privado lescente; § 1o Se o crime é cometido
II – por motivo de precon- durante a noite, ou em lugar ermo,
Art. 148. Privar alguém de sua ceito de raça, cor, etnia, religião ou com o emprego de violência
liberdade, mediante sequestro ou origem. ou de arma, ou por duas ou mais
ou cárcere privado: pessoas:
Pena – reclusão, de um a três Tráfico de pessoas Pena – detenção, de seis me-
anos. ses a dois anos, além da pena
§ 1o A pena é de reclusão, de Art. 149-A. Agenciar, aliciar, correspondente à violência.
dois a cinco anos: recrutar, transportar, transferir, § 2o (Revogado)
I – se a vítima é ascendente, comprar, alojar ou acolher pessoa, § 3o Não constitui crime a
descendente, cônjuge ou com- mediante grave ameaça, violên- entrada ou permanência em casa
panheiro do agente ou maior de cia, coação, fraude ou abuso, com alheia ou em suas dependências:
60 (sessenta) anos; a finalidade de: I – durante o dia, com obser-
II – se o crime é praticado I – remover-lhe órgãos, teci- vância das formalidades legais,
mediante internação da vítima dos ou partes do corpo; para efetuar prisão ou outra di-
em casa de saúde ou hospital; II – submetê-la a trabalho em ligência;
III – se a privação da liberdade condições análogas à de escravo; II – a qualquer hora do dia ou
dura mais de quinze dias; III – submetê-la a qualquer da noite, quando algum crime
IV – se o crime é praticado tipo de servidão; está sendo ali praticado ou na
contra menor de 18 (dezoito) anos; IV – adoção ilegal; ou iminência de o ser.
V – se o crime é praticado V – exploração sexual: § 4o A expressão “casa” com-

414
Código Penal
preende: serviço postal, telegráfico, radio- Pena – detenção, de três me-
I – qualquer compartimento elétrico ou telefônico: ses a um ano, ou multa.
habitado; Pena – detenção, de um a Parágrafo único. Somente se
II – aposento ocupado de ha- três anos. procede mediante representação.
bitação coletiva; § 4o Somente se procede
III – compartimento não aber- mediante representação, salvo Invasão de dispositivo informático
to ao público, onde alguém exerce nos casos do § 1o, no IV, e do § 3o.
profissão ou atividade. Art. 154-A. Invadir dispositivo
§ 5o Não se compreendem Correspondência comercial informático de uso alheio, conec-
na expressão “casa”: tado ou não à rede de computado-
I – hospedaria, estalagem ou Art. 152. Abusar da condição de res, com o fim de obter, adulterar
qualquer outra habitação coletiva, sócio ou empregado de estabele- ou destruir dados ou informações
enquanto aberta, salvo a restrição cimento comercial ou industrial sem autorização expressa ou tá-
do no II do parágrafo anterior; para, no todo ou em parte, des- cita do usuário do dispositivo ou
II – taverna, casa de jogo e viar, sonegar, subtrair ou suprimir de instalar vulnerabilidades para
outras do mesmo gênero. correspondência, ou revelar a obter vantagem ilícita:
estranho o seu conteúdo: Pena – reclusão, de 1 (um) a
Pena – detenção, de três me- 4 (quatro) anos, e multa.
Seção III – Dos Crimes ses a dois anos. § 1o Na mesma pena incorre
contra a Inviolabilidade de Parágrafo único. Somente se quem produz, oferece, distribui,
Correspondência procede mediante representação. vende ou difunde dispositivo ou
programa de computador com o
Violação de correspondência intuito de permitir a prática da
Seção IV – Dos Crimes conduta definida no caput.
Art. 151. Devassar indevidamen- contra a Inviolabilidade dos § 2o Aumenta-se a pena de
te o conteúdo de correspondência Segredos 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços)
fechada, dirigida a outrem: se da invasão resulta prejuízo
Pena – detenção, de um a seis Divulgação de segredo econômico.
meses, ou multa. § 3o Se da invasão resul-
Art. 153. Divulgar alguém, sem tar a obtenção de conteúdo de
Sonegação ou destruição justa causa, conteúdo de docu- comunicações eletrônicas pri-
de correspondência mento particular ou de corres- vadas, segredos comerciais ou
pondência confidencial, de que industriais, informações sigilo-
§ 1o Na mesma pena incorre: é destinatário ou detentor, e cuja sas, assim definidas em lei, ou o
I – quem se apossa indevida- divulgação possa produzir dano controle remoto não autorizado
mente de correspondência alheia, a outrem: do dispositivo invadido:
embora não fechada e, no todo ou Pena – detenção, de um a seis Pena – reclusão, de 2 (dois) a
em parte, a sonega ou destrói; meses, ou multa. 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1o Somente se procede me- § 4o Na hipótese do § 3o, au-
Violação de comunicação telegráfica, diante representação. menta-se a pena de um a dois
radioelétrica ou telefônica § 1o-A. Divulgar, sem justa terços se houver divulgação, co-
causa, informações sigilosas ou mercialização ou transmissão a
II – quem indevidamente di- reservadas, assim definidas em terceiro, a qualquer título, dos
vulga, transmite a outrem ou uti- lei, contidas ou não nos sistemas dados ou informações obtidos.
liza abusivamente comunicação de informações ou banco de da- § 5o Aumenta-se a pena de
telegráfica ou radioelétrica diri- dos da Administração Pública: um terço à metade se o crime
gida a terceiro, ou conversação Pena – detenção, de 1 (um) a for praticado contra:
telefônica entre outras pessoas; 4 (quatro) anos, e multa. I – Presidente da República,
III – quem impede a comuni- § 2o Quando resultar prejuízo governadores e prefeitos;
cação ou a conversação referidas para a Administração Pública, a II – Presidente do Supremo
no número anterior; ação penal será incondicionada. Tribunal Federal;
IV – quem instala ou utiliza III – Presidente da Câmara
estação ou aparelho radioelétri- Violação do segredo profissional dos Deputados, do Senado Fe-
co, sem observância de disposi- deral, de Assembleia Legislativa
ção legal. Art. 154. Revelar alguém, sem de Estado, da Câmara Legislativa
§ 2o As penas aumentam- justa causa, segredo, de que tem do Distrito Federal ou de Câmara
-se de metade, se há dano para ciência em razão de função, mi- Municipal; ou
outrem. nistério, ofício ou profissão, e IV – dirigente máximo da ad-
§ 3o Se o agente comete o cuja revelação possa produzir ministração direta e indireta fe-
crime, com abuso de função em dano a outrem: deral, estadual, municipal ou do

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Código Penal
Distrito Federal. que cause perigo comum. CAPÍTULO II – DO ROUBO E
§ 4o-B. A pena é de reclusão, DA EXTORSÃO
Ação penal de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e mul-
ta, se o furto mediante fraude é Roubo
Art. 154-B. Nos crimes definidos cometido por meio de dispositivo
no art. 154-A, somente se procede eletrônico ou informático, conec- Art. 157. Subtrair coisa móvel
mediante representação, salvo tado ou não à rede de computa- alheia, para si ou para outrem,
se o crime é cometido contra a dores, com ou sem a violação de mediante grave ameaça ou vio-
administração pública direta ou mecanismo de segurança ou a lência a pessoa, ou depois de ha-
indireta de qualquer dos Pode- utilização de programa malicio- vê-la, por qualquer meio, reduzido
res da União, Estados, Distrito so, ou por qualquer outro meio à impossibilidade de resistência:
Federal ou Municípios ou contra fraudulento análogo. Pena – reclusão, de quatro a
empresas concessionárias de § 4o-C. A pena prevista no dez anos, e multa.
serviços públicos. § 4 -B deste artigo, considerada
o
§ 1o Na mesma pena incorre
a relevância do resultado gravoso: quem, logo depois de subtraída a
I – aumenta-se de 1/3 (um ter- coisa, emprega violência contra
TÍTULO II – DOS CRIMES ço) a 2/3 (dois terços), se o crime pessoa ou grave ameaça, a fim de
CONTRA O PATRIMÔNIO é praticado mediante a utilização assegurar a impunidade do crime
de servidor mantido fora do ter- ou a detenção da coisa para si ou
CAPÍTULO I – DO FURTO ritório nacional; para terceiro.
II – aumenta-se de 1/3 (um § 2o A pena aumenta-se de
Furto terço) ao dobro, se o crime é pra- 1/3 (um terço) até metade:
ticado contra idoso ou vulnerável. I – (Revogado);
Art. 155. Subtrair, para si ou para § 5o A pena é de reclusão de II – se há o concurso de duas
outrem, coisa alheia móvel: três a oito anos, se a subtração ou mais pessoas;
Pena – reclusão, de um a qua- for de veículo automotor que ve- III – se a vítima está em ser-
tro anos, e multa. nha a ser transportado para outro viço de transporte de valores e o
§ 1o A pena aumenta-se de Estado ou para o exterior. agente conhece tal circunstância;
um terço, se o crime é praticado § 6o A pena é de reclusão IV – se a subtração for de ve-
durante o repouso noturno. de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a ículo automotor que venha a ser
§ 2o Se o criminoso é primá- subtração for de semovente do- transportado para outro Estado
rio, e é de pequeno valor a coisa mesticável de produção, ainda ou para o exterior;
furtada, o juiz pode substituir a que abatido ou dividido em partes V – se o agente mantém a ví-
pena de reclusão pela de deten- no local da subtração. tima em seu poder, restringindo
ção, diminuí-la de um a dois ter- § 7o A pena é de reclusão de sua liberdade;
ços, ou aplicar somente a pena 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, VI – se a subtração for de
de multa. se a subtração for de substâncias substâncias explosivas ou de
§ 3o Equipara-se à coisa mó- explosivas ou de acessórios que, acessórios que, conjunta ou iso-
vel a energia elétrica ou qualquer conjunta ou isoladamente, possi- ladamente, possibilitem sua fabri-
outra que tenha valor econômico. bilitem sua fabricação, montagem cação, montagem ou emprego;
ou emprego. VII – se a violência ou grave
Furto qualificado ameaça é exercida com emprego
Furto de coisa comum de arma branca.
§ 4o A pena é de reclusão § 2o-A. A pena aumenta-se
de dois a oito anos, e multa, se o Art. 156. Subtrair o condômino, de 2/3 (dois terços):
crime é cometido: coerdeiro ou sócio, para si ou para I – se a violência ou ameaça é
I – com destruição ou rompi- outrem, a quem legitimamente a exercida com emprego de arma
mento de obstáculo à subtração detém, a coisa comum: de fogo;
da coisa; Pena – detenção, de seis me- II – se há destruição ou rom-
II – com abuso de confiança, ses a dois anos, ou multa. pimento de obstáculo mediante
ou mediante fraude, escalada ou § 1o Somente se procede me- o emprego de explosivo ou de
destreza; diante representação. artefato análogo que cause pe-
III – com emprego de cha- § 2o Não é punível a subtra- rigo comum.
ve falsa; ção de coisa comum fungível, § 2o-B. Se a violência ou gra-
IV – mediante concurso de cujo valor não excede a quota a ve ameaça é exercida com em-
duas ou mais pessoas. que tem direito o agente. prego de arma de fogo de uso
§ 4o-A. A pena é de reclu- restrito ou proibido, aplica-se em
são de 4 (quatro) a 10 (dez) anos dobro a pena prevista no caput
e multa, se houver emprego de deste artigo.
explosivo ou de artefato análogo § 3o Se da violência resulta:

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Código Penal
I – lesão corporal grave, a § 4o Se o crime é cometido indevidamente, em gado ou re-
pena é de reclusão de 7 (sete) a em concurso, o concorrente que o banho alheio, marca ou sinal in-
18 (dezoito) anos, e multa; denunciar à autoridade, facilitan- dicativo de propriedade:
II – morte, a pena é de re- do a libertação do sequestrado, Pena – detenção, de seis me-
clusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) terá sua pena reduzida de um a ses a três anos, e multa.
anos, e multa. dois terços.

Extorsão Extorsão indireta CAPÍTULO IV – DO DANO

Art. 158. Constranger alguém, Art. 160. Exigir ou receber, como Dano
mediante violência ou grave ame- garantia de dívida, abusando da
aça, e com o intuito de obter para situação de alguém, documento Art. 163. Destruir, inutilizar ou
si ou para outrem indevida vanta- que pode dar causa a procedi- deteriorar coisa alheia:
gem econômica, a fazer, tolerar mento criminal contra a vítima Pena – detenção, de um a seis
que se faça ou deixar de fazer ou contra terceiro: meses, ou multa.
alguma coisa: Pena – reclusão, de um a três
Pena – reclusão, de quatro a anos, e multa. Dano qualificado
dez anos, e multa.
§ 1o Se o crime é cometido Parágrafo único. Se o crime
por duas ou mais pessoas, ou com CAPÍTULO III – DA é cometido:
emprego de arma, aumenta-se a USURPAÇÃO I – com violência a pessoa ou
pena de um terço até metade. grave ameaça;
§ 2o Aplica-se à extorsão Alteração de limites II – com emprego de subs-
praticada mediante violência o tância inflamável ou explosiva,
disposto no § 3o do artigo anterior. Art. 161. Suprimir ou deslocar se o fato não constitui crime mais
§ 3o Se o crime é cometido tapume, marco, ou qualquer outro grave;
mediante a restrição da liberda- sinal indicativo de linha divisória, III – contra o patrimônio da
de da vítima, e essa condição é para apropriar-se, no todo ou em União, de Estado, do Distrito Fe-
necessária para a obtenção da parte, de coisa imóvel alheia: deral, de Município ou de autar-
vantagem econômica, a pena é Pena – detenção, de um a seis quia, fundação pública, empresa
de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) meses, e multa. pública, sociedade de economia
anos, além da multa; se resulta § 1o Na mesma pena incor- mista ou empresa concessionária
lesão corporal grave ou morte, re quem: de serviços públicos;
aplicam-se as penas previstas IV – por motivo egoístico ou
no art. 159, §§ 2o e 3o, respecti- Usurpação de águas com prejuízo considerável para
vamente. a vítima:
I – desvia ou represa, em pro- Pena – detenção, de seis me-
Extorsão mediante sequestro veito próprio ou de outrem, águas ses a três anos, e multa, além da
alheias; pena correspondente à violência.
Art. 159. Sequestrar pessoa com
o fim de obter, para si ou para ou- Esbulho possessório Introdução ou abandono de
trem, qualquer vantagem, como animais em propriedade alheia
condição ou preço do resgate: II – invade, com violência
Pena – reclusão, de oito a a pessoa ou grave ameaça, ou Art. 164. Introduzir ou deixar
quinze anos. mediante concurso de mais de animais em propriedade alheia,
§ 1o Se o sequestro dura mais duas pessoas, terreno ou edifí- sem consentimento de quem de
de 24 (vinte e quatro) horas, se o cio alheio, para o fim de esbulho direito, desde que do fato resul-
sequestrado é menor de 18 (de- possessório. te prejuízo:
zoito) ou maior de 60 (sessenta) § 2o Se o agente usa de vio- Pena – detenção, de quinze
anos, ou se o crime é cometido lência, incorre também na pena dias a seis meses, ou multa.
por bando ou quadrilha: a esta cominada.
Pena – reclusão, de doze a § 3o Se a propriedade é par- Dano em coisa de valor artístico,
vinte anos. ticular, e não há emprego de vio- arqueológico ou histórico
§ 2o Se do fato resulta lesão lência, somente se procede me-
corporal de natureza grave: diante queixa. Art. 165. Destruir, inutilizar ou
Pena – reclusão, de dezesseis deteriorar coisa tombada pela
a vinte e quatro anos. Supressão ou alteração de autoridade competente em virtu-
§ 3o Se resulta a morte: marca em animais de de valor artístico, arqueológico
Pena – reclusão, de vinte e ou histórico:
quatro a trinta anos. Art. 162. Suprimir ou alterar, Pena – detenção, de seis me-

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Código Penal
ses a dois anos, e multa. dos, a terceiros ou arrecadada pena incorre:
do público;
Alteração de local II – recolher contribuições Apropriação de tesouro
especialmente protegido devidas à previdência social que
tenham integrado despesas con- I – quem acha tesouro em
Art. 166. Alterar, sem licença da tábeis ou custos relativos à venda prédio alheio e se apropria, no
autoridade competente, o aspec- de produtos ou à prestação de todo ou em parte, da quota a
to de local especialmente prote- serviços; que tem direito o proprietário
gido por lei: III – pagar benefício devido a do prédio;
Pena – detenção, de um mês segurado, quando as respectivas
a um ano, ou multa. cotas ou valores já tiverem sido Apropriação de coisa achada
reembolsados à empresa pela
Ação penal previdência social. II – quem acha coisa alheia
§ 2o É extinta a punibilidade perdida e dela se apropria, total
Art. 167. Nos casos do art. 163, se o agente, espontaneamen- ou parcialmente, deixando de
do no IV do seu parágrafo e do te, declara, confessa e efetua o restituí-la ao dono ou legítimo
art. 164, somente se procede me- pagamento das contribuições, possuidor ou de entregá-la à au-
diante queixa. importâncias ou valores e presta toridade competente, dentro no
as informações devidas à previ- prazo de quinze dias.
dência social, na forma definida
CAPÍTULO V – DA em lei ou regulamento, antes do Art. 170. Nos crimes previstos
APROPRIAÇÃO INDÉBITA início da ação fiscal. neste Capítulo, aplica-se o dis-
§ 3o É facultado ao juiz deixar posto no art. 155, § 2o.
Apropriação indébita de aplicar a pena ou aplicar so-
mente a de multa se o agente for
Art. 168. Apropriar-se de coisa primário e de bons antecedentes, CAPÍTULO VI – DO
alheia móvel, de que tem a posse desde que: ESTELIONATO E OUTRAS
ou a detenção: I – tenha promovido, após FRAUDES
Pena – reclusão, de um a qua- o início da ação fiscal e antes
tro anos, e multa. de oferecida a denúncia, o pa- Estelionato
gamento da contribuição social
Aumento de pena previdenciária, inclusive aces- Art. 171. Obter, para si ou para
sórios; ou outrem, vantagem ilícita, em pre-
§ 1o A pena é aumentada de II – o valor das contribuições juízo alheio, induzindo ou man-
um terço, quando o agente rece- devidas, inclusive acessórios, seja tendo alguém em erro, mediante
beu a coisa: igual ou inferior àquele estabele- artifício, ardil, ou qualquer outro
I – em depósito necessário; cido pela previdência social, ad- meio fraudulento:
II – na qualidade de tutor, ministrativamente, como sendo Pena – reclusão, de um a cin-
curador, síndico, liquidatário, o mínimo para o ajuizamento de co anos, e multa.
inventariante, testamenteiro ou suas execuções fiscais. § 1o Se o criminoso é primá-
depositário judicial; § 4o A faculdade prevista no rio, e é de pequeno valor o prejuí-
III – em razão de ofício, em- § 3 deste artigo não se aplica aos
o
zo, o juiz pode aplicar a pena con-
prego ou profissão. casos de parcelamento de contri- forme o disposto no art. 155, § 2o.
buições cujo valor, inclusive dos § 2o Nas mesmas penas in-
Apropriação indébita previdenciária acessórios, seja superior àquele corre quem:
estabelecido, administrativamen-
Art. 168-A. Deixar de repassar te, como sendo o mínimo para o Disposição de coisa
à previdência social as contri- ajuizamento de suas execuções alheia como própria
buições recolhidas dos contri- fiscais.
buintes, no prazo e forma legal I – vende, permuta, dá em pa-
ou convencional: Apropriação de coisa havida por erro, gamento, em locação ou em ga-
Pena – reclusão, de 2 (dois) a caso fortuito ou força da natureza rantia coisa alheia como própria;
5 (cinco) anos, e multa.
§ 1o Nas mesmas penas in- Art. 169. Apropriar-se alguém de Alienação ou oneração
corre quem deixar de: coisa alheia vinda ao seu poder fraudulenta de coisa própria
I – recolher, no prazo legal, por erro, caso fortuito ou força
contribuição ou outra importân- da natureza: II – vende, permuta, dá em
cia destinada à previdência social Pena – detenção, de um mês pagamento ou em garantia coi-
que tenha sido descontada de a um ano, ou multa. sa própria inalienável, gravada
pagamento efetuado a segura- Parágrafo único. Na mesma de ônus ou litigiosa, ou imóvel

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Código Penal
que prometeu vender a terceiro, em detrimento de entidade de títulos ou mercadorias, sabendo
mediante pagamento em presta- direito público ou de instituto de ou devendo saber que a operação
ções, silenciando sobre qualquer economia popular, assistência é ruinosa:
dessas circunstâncias; social ou beneficência. Pena – reclusão, de um a três
anos, e multa.
Defraudação de penhor Estelionato contra idoso ou vulnerável
Fraude no comércio
III – defrauda, mediante alie- § 4o A pena aumenta-se de
nação não consentida pelo credor 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime Art. 175. Enganar, no exercício
ou por outro modo, a garantia é cometido contra idoso ou vul- de atividade comercial, o adqui-
pignoratícia, quando tem a posse nerável, considerada a relevância rente ou consumidor:
do objeto empenhado; do resultado gravoso. I – vendendo, como verdadei-
§ 5o Somente se procede ra ou perfeita, mercadoria falsi-
Fraude na entrega de coisa mediante representação, salvo ficada ou deteriorada;
se a vítima for: II – entregando uma merca-
IV – defrauda substância, I – a Administração Pública, doria por outra:
qualidade ou quantidade de coi- direta ou indireta; Pena – detenção, de seis me-
sa que deve entregar a alguém; II – criança ou adolescente; ses a dois anos, ou multa.
III – pessoa com deficiência § 1o Alterar em obra que lhe
Fraude para recebimento de mental; ou é encomendada a qualidade ou
indenização ou valor de seguro IV – maior de 70 (setenta) anos o peso de metal ou substituir, no
de idade ou incapaz. mesmo caso, pedra verdadeira
V – destrói, total ou parcial- por falsa ou por outra de menor
mente, ou oculta coisa própria, ou Duplicata simulada valor; vender pedra falsa por ver-
lesa o próprio corpo ou a saúde, dadeira; vender, como precioso,
ou agrava as consequências da Art. 172. Emitir fatura, duplicata metal de outra qualidade:
lesão ou doença, com o intuito ou nota de venda que não corres- Pena – reclusão, de um a cin-
de haver indenização ou valor ponda à mercadoria vendida, em co anos, e multa.
de seguro; quantidade ou qualidade, ou ao § 2o É aplicável o disposto
serviço prestado: no art. 155, § 2o.
Fraude no pagamento Pena – detenção, de 2 (dois)
por meio de cheque a 4 (quatro) anos, e multa. Outras fraudes
Parágrafo único. Nas mes-
VI – emite cheque, sem su- mas penas incorrerá aquele que Art. 176. Tomar refeição em res-
ficiente provisão de fundos em falsificar ou adulterar a escri- taurante, alojar-se em hotel ou
poder do sacado, ou lhe frustra turação do Livro de Registro de utilizar-se de meio de transpor-
o pagamento. Duplicatas. te sem dispor de recursos para
efetuar o pagamento:
Fraude eletrônica Abuso de incapazes Pena – detenção, de quinze
dias a dois meses, ou multa.
§ 2o-A. A pena é de reclu- Art. 173. Abusar, em proveito Parágrafo único. Somente
são, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, próprio ou alheio, de necessida- se procede mediante represen-
e multa, se a fraude é cometida de, paixão ou inexperiência de tação, e o juiz pode, conforme as
com a utilização de informações menor, ou da alienação ou debi- circunstâncias, deixar de aplicar
fornecidas pela vítima ou por ter- lidade mental de outrem, indu- a pena.
ceiro induzido a erro por meio de zindo qualquer deles à prática de
redes sociais, contatos telefôni- ato suscetível de produzir efeito Fraudes e abusos na fundação ou
cos ou envio de correio eletrôni- jurídico, em prejuízo próprio ou administração de sociedade por ações
co fraudulento, ou por qualquer de terceiro:
outro meio fraudulento análogo. Pena – reclusão, de dois a seis Art. 177. Promover a fundação
§ 2o-B. A pena prevista no anos, e multa. de sociedade por ações, fazendo,
§ 2 -A deste artigo, considerada
o
em prospecto ou em comunica-
a relevância do resultado gravo- Induzimento à especulação ção ao público ou à assembleia,
so, aumenta-se de 1/3 (um terço) afirmação falsa sobre a cons-
a 2/3 (dois terços), se o crime é Art. 174. Abusar, em proveito tituição da sociedade, ou ocul-
praticado mediante a utilização próprio ou alheio, da inexperi- tando fraudulentamente fato a
de servidor mantido fora do ter- ência ou da simplicidade ou in- ela relativo:
ritório nacional. ferioridade mental de outrem, Pena – reclusão, de um a qua-
§ 3o A pena aumenta-se de induzindo-o à prática de jogo ou tro anos, e multa, se o fato não
um terço, se o crime é cometido aposta, ou à especulação com constitui crime contra a econo-

419
Código Penal
mia popular. de depósito ou warrant, em de- § 4o A receptação é punível,
§ 1o Incorrem na mesma sacordo com disposição legal: ainda que desconhecido ou isento
pena, se o fato não constitui cri- Pena – reclusão, de um a qua- de pena o autor do crime de que
me contra a economia popular: tro anos, e multa. proveio a coisa.
I – o diretor, o gerente ou o § 5o Na hipótese do § 3o, se
fiscal de sociedade por ações, Fraude à execução o criminoso é primário, pode o
que, em prospecto, relatório, pa- juiz, tendo em consideração as
recer, balanço ou comunicação ao Art. 179. Fraudar execução, alie- circunstâncias, deixar de aplicar
público ou à assembleia, faz afir- nando, desviando, destruindo ou a pena. Na receptação dolosa
mação falsa sobre as condições danificando bens, ou simulando aplica-se o disposto no § 2o do
econômicas da sociedade, ou dívidas: art. 155.
oculta fraudulentamente, no todo Pena – detenção, de seis me- § 6o Tratando-se de bens do
ou em parte, fato a elas relativo; ses a dois anos, ou multa. patrimônio da União, de Estado,
II – o diretor, o gerente ou o Parágrafo único. Somente se do Distrito Federal, de Município
fiscal que promove, por qualquer procede mediante queixa. ou de autarquia, fundação públi-
artifício, falsa cotação das ações ca, empresa pública, sociedade
ou de outros títulos da sociedade; de economia mista ou empresa
III – o diretor ou o gerente que CAPÍTULO VII – DA concessionária de serviços públi-
toma empréstimo à sociedade RECEPTAÇÃO cos, aplica-se em dobro a pena
ou usa, em proveito próprio ou prevista no caput deste artigo.
de terceiro, dos bens ou haveres Receptação
sociais, sem prévia autorização Receptação de animal
da assembleia geral; Art. 180. Adquirir, receber,
IV – o diretor ou o gerente que transportar, conduzir ou ocul- Art. 180-A. Adquirir, receber,
compra ou vende, por conta da tar, em proveito próprio ou alheio, transportar, conduzir, ocultar,
sociedade, ações por ela emiti- coisa que sabe ser produto de ter em depósito ou vender, com
das, salvo quando a lei o permite; crime, ou influir para que tercei- a finalidade de produção ou de
V – o diretor ou o gerente que, ro, de boa-fé, a adquira, receba comercialização, semovente do-
como garantia de crédito social, ou oculte: mesticável de produção, ainda
aceita em penhor ou em caução Pena – reclusão, de um a qua- que abatido ou dividido em par-
ações da própria sociedade; tro anos, e multa. tes, que deve saber ser produto
VI – o diretor ou o gerente de crime:
que, na falta de balanço, em de- Receptação qualificada Pena – reclusão, de 2 (dois) a
sacordo com este, ou mediante 5 (cinco) anos, e multa.
balanço falso, distribui lucros ou § 1o Adquirir, receber, trans-
dividendos fictícios; portar, conduzir, ocultar, ter em
VII – o diretor, o gerente ou depósito, desmontar, montar, re- CAPÍTULO VIII –
o fiscal que, por interposta pes- montar, vender, expor à venda, DISPOSIÇÕES GERAIS
soa, ou conluiado com acionista, ou de qualquer forma utilizar,
consegue a aprovação de conta em proveito próprio ou alheio, no Art. 181. É isento de pena quem
ou parecer; exercício de atividade comercial comete qualquer dos crimes pre-
VIII – o liquidante, nos casos ou industrial, coisa que deve sa- vistos neste título, em prejuízo:
dos nos I, II, III, IV, V e VII; ber ser produto de crime: I – do cônjuge, na constância
IX – o representante da so- Pena – reclusão, de três a oito da sociedade conjugal;
ciedade anônima estrangeira, anos, e multa. II – de ascendente ou descen-
autorizada a funcionar no país, § 2o Equipara-se à atividade dente, seja o parentesco legítimo
que pratica os atos mencionados comercial, para efeito do pará- ou ilegítimo, seja civil ou natural.
nos nos I e II, ou dá falsa informa- grafo anterior, qualquer forma
ção ao Governo. de comércio irregular ou clan- Art. 182. Somente se procede
§ 2o Incorre na pena de de- destino, inclusive o exercido em mediante representação, se o
tenção, de seis meses a dois anos, residência. crime previsto neste título é co-
e multa, o acionista que, a fim de § 3o Adquirir ou receber coi- metido em prejuízo:
obter vantagem para si ou para sa que, por sua natureza ou pela I – do cônjuge desquitado ou
outrem, negocia o voto nas de- desproporção entre o valor e o judicialmente separado;
liberações de assembleia geral. preço, ou pela condição de quem II – de irmão, legítimo ou ile-
a oferece, deve presumir-se ob- gítimo;
Emissão irregular de conhecimento tida por meio criminoso: III – de tio ou sobrinho, com
de depósito ou warrant Pena – detenção, de um mês quem o agente coabita.
a um ano, ou multa, ou ambas
Art. 178. Emitir conhecimento as penas. Art. 183. Não se aplica o dispos-

420
Código Penal
to nos dois artigos anteriores: seleção da obra ou produção para CAPÍTULO IV – DOS
I – se o crime é de roubo ou recebê-la em um tempo e lugar CRIMES DE CONCORRÊNCIA
de extorsão, ou, em geral, quando previamente determinados por
haja emprego de grave ameaça quem formula a demanda, com
DESLEAL
ou violência a pessoa; intuito de lucro, direto ou indi-
II – ao estranho que participa reto, sem autorização expressa, Art. 196. (Revogado)
do crime; conforme o caso, do autor, do
III – se o crime é praticado artista intérprete ou executante,
contra pessoa com idade igual do produtor de fonograma, ou de TÍTULO IV – DOS CRIMES
ou superior a 60 (sessenta) anos. quem os represente: CONTRA A ORGANIZAÇÃO
Pena – reclusão, de 2 (dois) a DO TRABALHO
4 (quatro) anos, e multa.
TÍTULO III – DOS CRIMES § 4o O disposto nos §§ 1o, 2o Atentado contra a
CONTRA A PROPRIEDADE e 3 não se aplica quando se tra-
o
liberdade de trabalho
IMATERIAL tar de exceção ou limitação ao
direito de autor ou os que lhe são Art. 197. Constranger alguém,
CAPÍTULO I – DOS CRIMES conexos, em conformidade com o mediante violência ou grave ame-
CONTRA A PROPRIEDADE previsto na Lei no 9.610, de 19 de aça:
INTELECTUAL fevereiro de 1998, nem a cópia de I – a exercer ou não exercer
obra intelectual ou fonograma, em arte, ofício, profissão ou indústria,
Violação de direito autoral um só exemplar, para uso privado ou a trabalhar ou não trabalhar
do copista, sem intuito de lucro durante certo período ou em de-
Art. 184. Violar direitos de autor direto ou indireto. terminados dias:
e os que lhe são conexos: Pena – detenção, de um mês
Pena – detenção, de 3 (três) Usurpação de nome ou a um ano, e multa, além da pena
meses a 1 (um) ano, ou multa. pseudônimo alheio correspondente à violência;
§ 1o Se a violação consistir II – a abrir ou fechar o seu
em reprodução total ou parcial, Art. 185. (Revogado) estabelecimento de trabalho, ou
com intuito de lucro direto ou a participar de parede ou parali-
indireto, por qualquer meio ou Art. 186. Procede-se mediante: sação de atividade econômica:
processo, de obra intelectual, I – queixa, nos crimes previs- Pena – detenção, de três me-
interpretação, execução ou fono- tos no caput do art. 184; ses a um ano, e multa, além da
grama, sem autorização expressa II – ação penal pública incon- pena correspondente à violência.
do autor, do artista intérprete ou dicionada, nos crimes previstos
executante, do produtor, con- nos §§ 1o e 2o do art. 184; Atentado contra a liberdade
forme o caso, ou de quem os III – ação penal pública incon- de contrato de trabalho e
represente: dicionada, nos crimes cometidos boicotagem violenta
Pena – reclusão, de 2 (dois) a em desfavor de entidades de di-
4 (quatro) anos, e multa. reito público, autarquia, empresa Art. 198. Constranger alguém,
§ 2o Na mesma pena do § 1o pública, sociedade de economia mediante violência ou grave ame-
incorre quem, com o intuito de mista ou fundação instituída pelo aça, a celebrar contrato de traba-
lucro direto ou indireto, distribui, Poder Público; lho, ou a não fornecer a outrem
vende, expõe à venda, aluga, in- IV – ação penal pública condi- ou não adquirir de outrem maté-
troduz no País, adquire, oculta, cionada à representação, nos cri- ria-prima ou produto industrial
tem em depósito, original ou cópia mes previstos no § 3o do art. 184. ou agrícola:
de obra intelectual ou fonograma Pena – detenção, de um mês
reproduzido com violação do di- a um ano, e multa, além da pena
reito de autor, do direito de artista CAPÍTULO II – DOS CRIMES correspondente à violência.
intérprete ou executante ou do CONTRA O PRIVILÉGIO DE
direito do produtor de fonograma, INVENÇÃO Atentado contra a liberdade
ou, ainda, aluga original ou cópia de associação
de obra intelectual ou fonograma, Arts. 187 a 191. (Revogados)
sem a expressa autorização dos Art. 199. Constranger alguém,
titulares dos direitos ou de quem mediante violência ou grave ame-
os represente. CAPÍTULO III – DOS CRIMES aça, a participar ou deixar de par-
§ 3o Se a violação consistir CONTRA AS MARCAS DE ticipar de determinado sindicato
no oferecimento ao público, me- INDÚSTRIA E COMÉRCIO ou associação profissional:
diante cabo, fibra ótica, satélite, Pena – detenção, de um mês
ondas ou qualquer outro sistema Arts. 192 a 195. (Revogados) a um ano, e multa, além da pena
que permita ao usuário realizar a correspondente à violência.

421
Código Penal
Paralisação de trabalho, seguida de tureza, mediante coação ou por de deficiência física ou mental.
violência ou perturbação da ordem meio da retenção de seus docu-
mentos pessoais ou contratuais.
Art. 200. Participar de suspen- § 2o A pena é aumentada de TÍTULO V – DOS CRIMES
são ou abandono coletivo de tra- um sexto a um terço se a vítima CONTRA O SENTIMENTO
balho, praticando violência contra é menor de dezoito anos, idosa, RELIGIOSO E CONTRA O
pessoa ou contra coisa: gestante, indígena ou portadora RESPEITO AOS MORTOS
Pena – detenção, de um mês de deficiência física ou mental.
a um ano, e multa, além da pena CAPÍTULO I – DOS CRIMES
correspondente à violência. Frustração de lei sobre a CONTRA O SENTIMENTO
Parágrafo único. Para que nacionalização do trabalho RELIGIOSO
se considere coletivo o abando-
no de trabalho é indispensável o Art. 204. Frustrar, mediante Ultraje a culto e impedimento ou
concurso de, pelo menos, três fraude ou violência, obrigação perturbação de ato a ele relativo
empregados. legal relativa à nacionalização
do trabalho: Art. 208. Escarnecer de al-
Paralisação de trabalho Pena – detenção, de um mês guém publicamente, por motivo
de interesse coletivo a um ano, e multa, além da pena de crença ou função religiosa;
correspondente à violência. impedir ou perturbar cerimônia
Art. 201. Participar de suspen- ou prática de culto religioso; vi-
são ou abandono coletivo de tra- Exercício de atividade com infração lipendiar publicamente ato ou
balho, provocando a interrupção de decisão administrativa objeto de culto religioso:
de obra pública ou serviço de Pena – detenção, de um mês
interesse coletivo: Art. 205. Exercer atividade, de a um ano, ou multa.
Pena – detenção, de seis me- que está impedido por decisão Parágrafo único. Se há em-
ses a dois anos, e multa. administrativa: prego de violência, a pena é au-
Pena – detenção, de três me- mentada de um terço, sem prejuí-
Invasão de estabelecimento industrial, ses a dois anos, ou multa. zo da correspondente à violência.
comercial ou agrícola. Sabotagem
Aliciamento para o fim de emigração
Art. 202. Invadir ou ocupar esta- CAPÍTULO II – DOS CRIMES
belecimento industrial, comercial Art. 206. Recrutar trabalhado- CONTRA O RESPEITO AOS
ou agrícola, com o intuito de im- res, mediante fraude, com o fim MORTOS
pedir ou embaraçar o curso nor- de levá-los para território es-
mal do trabalho, ou com o mesmo trangeiro: Impedimento ou perturbação
fim danificar o estabelecimento Pena – detenção, de um a três de cerimônia funerária
ou as coisas nele existentes ou anos, e multa.
delas dispor: Art. 209. Impedir ou perturbar
Pena – reclusão, de um a três Aliciamento de trabalhadores de um enterro ou cerimônia funerária:
anos, e multa. local para outro do território nacional Pena – detenção, de um mês
a um ano, ou multa.
Frustração de direito assegurado Art. 207. Aliciar trabalhadores, Parágrafo único. Se há em-
por lei trabalhista com o fim de levá-los de uma prego de violência, a pena é au-
para outra localidade do territó- mentada de um terço, sem prejuí-
Art. 203. Frustrar, mediante rio nacional: zo da correspondente à violência.
fraude ou violência, direito as- Pena – detenção, de um a três
segurado pela legislação do tra- anos, e multa. Violação de sepultura
balho: § 1o Incorre na mesma pena
Pena – detenção de um ano a quem recrutar trabalhadores Art. 210. Violar ou profanar se-
dois anos, e multa, além da pena fora da localidade de execução pultura ou urna funerária:
correspondente à violência. do trabalho, dentro do territó- Pena – reclusão, de um a três
§ 1o Na mesma pena incor- rio nacional, mediante fraude ou anos, e multa.
re quem: cobrança de qualquer quantia do
I – obriga ou coage alguém a trabalhador, ou, ainda, não asse- Destruição, subtração ou
usar mercadorias de determinado gurar condições do seu retorno ocultação de cadáver
estabelecimento, para impossibi- ao local de origem.
litar o desligamento do serviço § 2o A pena é aumentada de Art. 211. Destruir, subtrair ou
em virtude de dívida; um sexto a um terço se a vítima ocultar cadáver ou parte dele:
II – impede alguém de se des- é menor de dezoito anos, idosa, Pena – reclusão, de um a três
ligar de serviços de qualquer na- gestante, indígena ou portadora anos, e multa.

422
Código Penal
Vilipêndio a cadáver tisfazer a própria lascívia ou a Estupro de vulnerável
de terceiro:
Art. 212. Vilipendiar cadáver ou Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 Art. 217-A. Ter conjunção carnal
suas cinzas: (cinco) anos, se o ato não constitui ou praticar outro ato libidinoso
Pena – detenção, de um a três crime mais grave. com menor de 14 (catorze) anos:
anos, e multa. Pena – reclusão, de 8 (oito) a
Atentado ao pudor mediante fraude 15 (quinze) anos.
§ 1o Incorre na mesma pena
TÍTULO VI – DOS CRIMES Art. 216. (Revogado) quem pratica as ações descritas
CONTRA A DIGNIDADE no caput com alguém que, por en-
SEXUAL Assédio sexual fermidade ou deficiência mental,
não tem o necessário discerni-
CAPÍTULO I – DOS CRIMES Art. 216-A. Constranger alguém mento para a prática do ato, ou
CONTRA A LIBERDADE com o intuito de obter vantagem que, por qualquer outra causa,
SEXUAL ou favorecimento sexual, preva- não pode oferecer resistência.
lecendo-se o agente da sua con- § 2o (Vetado)
Estupro dição de superior hierárquico ou § 3o Se da conduta resulta
ascendência inerentes ao exercí- lesão corporal de natureza grave:
Art. 213. Constranger alguém, cio de emprego, cargo ou função: Pena – reclusão, de 10 (dez) a
mediante violência ou grave ame- Pena – detenção, de 1 (um) a 20 (vinte) anos.
aça, a ter conjunção carnal ou a 2 (dois) anos. § 4o Se da conduta resulta
praticar ou permitir que com ele Parágrafo único. (Vetado) morte:
se pratique outro ato libidinoso: § 2o A pena é aumentada em Pena – reclusão, de 12 (doze)
Pena – reclusão, de 6 (seis) a até um terço se a vítima é menor a 30 (trinta) anos.
10 (dez) anos. de 18 (dezoito) anos. § 5o As penas previstas no
§ 1o Se da conduta resulta le- caput e nos §§ 1o, 3o e 4o deste
são corporal de natureza grave ou artigo aplicam-se independente-
se a vítima é menor de 18 (dezoito) CAPÍTULO I-A – DA mente do consentimento da víti-
ou maior de 14 (catorze) anos: EXPOSIÇÃO DA INTIMIDADE ma ou do fato de ela ter mantido
Pena – reclusão, de 8 (oito) a SEXUAL relações sexuais anteriormente
12 (doze) anos. ao crime.
§ 2o Se da conduta resulta Registro não autorizado
morte: da intimidade sexual Corrupção de menores
Pena – reclusão, de 12 (doze)
a 30 (trinta) anos. Art. 216-B. Produzir, fotografar, Art. 218. Induzir alguém menor
filmar ou registrar, por qualquer de 14 (catorze) anos a satisfazer
Atentado violento ao pudor meio, conteúdo com cena de nu- a lascívia de outrem:
dez ou ato sexual ou libidinoso Pena – reclusão, de 2 (dois) a
Art. 214. (Revogado) de caráter íntimo e privado sem 5 (cinco) anos.
autorização dos participantes: Parágrafo único. (Vetado)
Violação sexual mediante fraude Pena – detenção, de 6 (seis)
meses a 1 (um) ano, e multa. Satisfação de lascívia mediante
Art. 215. Ter conjunção carnal Parágrafo único. Na mesma presença de criança ou adolescente
ou praticar outro ato libidinoso pena incorre quem realiza mon-
com alguém, mediante fraude tagem em fotografia, vídeo, áudio Art. 218-A. Praticar, na presen-
ou outro meio que impeça ou ou qualquer outro registro com o ça de alguém menor de 14 (cator-
dificulte a livre manifestação de fim de incluir pessoa em cena de ze) anos, ou induzi-lo a presenciar,
vontade da vítima: nudez ou ato sexual ou libidinoso conjunção carnal ou outro ato
Pena – reclusão, de 2 (dois) a de caráter íntimo. libidinoso, a fim de satisfazer
6 (seis) anos. lascívia própria ou de outrem:
Parágrafo único. Se o crime Pena – reclusão, de 2 (dois) a
é cometido com o fim de obter CAPÍTULO II – DOS 4 (quatro) anos.
vantagem econômica, aplica-se CRIMES SEXUAIS CONTRA
também multa. VULNERÁVEL Favorecimento da prostituição
ou de outra forma de
Importunação sexual Sedução exploração sexual de criança ou
adolescente ou de vulnerável
Art. 215-A. Praticar contra al- Art. 217. (Revogado)
guém e sem a sua anuência ato Art. 218-B. Submeter, induzir ou
libidinoso com o objetivo de sa- atrair à prostituição ou outra for-

423
Código Penal
ma de exploração sexual alguém ou humilhação. Estupro corretivo
menor de 18 (dezoito) anos ou que,
por enfermidade ou deficiência Exclusão de ilicitude b) para controlar o com-
mental, não tem o necessário portamento social ou sexual da
discernimento para a prática do § 2o Não há crime quando o vítima.
ato, facilitá-la, impedir ou dificul- agente pratica as condutas des-
tar que a abandone: critas no caput deste artigo em
Pena – reclusão, de 4 (quatro) publicação de natureza jornalís- CAPÍTULO V – DO
a 10 (dez) anos. tica, científica, cultural ou aca- LENOCÍNIO E DO TRÁFICO
§ 1o Se o crime é praticado dêmica com a adoção de recurso DE PESSOA PARA FIM DE
com o fim de obter vantagem eco- que impossibilite a identificação PROSTITUIÇÃO OU OUTRA
nômica, aplica-se também multa. da vítima, ressalvada sua prévia FORMA DE EXPLORAÇÃO
§ 2o Incorre nas mesmas autorização, caso seja maior de
penas: 18 (dezoito) anos. SEXUAL
I – quem pratica conjunção
carnal ou outro ato libidinoso com Mediação para servir a
alguém menor de 18 (dezoito) e CAPÍTULO III – DO RAPTO lascívia de outrem
maior de 14 (catorze) anos na si-
tuação descrita no caput deste Arts. 219 a 222. (Revogados) Art. 227. Induzir alguém a satis-
artigo; fazer a lascívia de outrem:
II – o proprietário, o gerente Pena – reclusão, de um a três
ou o responsável pelo local em CAPÍTULO IV – anos.
que se verifiquem as práticas DISPOSIÇÕES GERAIS § 1o Se a vítima é maior de 14
referidas no caput deste artigo. (catorze) e menor de 18 (dezoito)
§ 3o Na hipótese do inciso II Art. 223. (Revogado) anos, ou se o agente é seu as-
do § 2o, constitui efeito obrigató- cendente, descendente, cônjuge
rio da condenação a cassação da Art. 224. (Revogado) ou companheiro, irmão, tutor ou
licença de localização e de fun- curador ou pessoa a quem esteja
cionamento do estabelecimento. Ação penal confiada para fins de educação,
de tratamento ou de guarda:
Divulgação de cena de estupro ou Art. 225. Nos crimes definidos Pena – reclusão, de dois a
de cena de estupro de vulnerável, nos Capítulos I e II deste Título, cinco anos.
de cena de sexo ou de pornografia procede-se mediante ação penal § 2o Se o crime é cometido
pública incondicionada. com emprego de violência, grave
Art. 218-C. Oferecer, trocar, dis- Parágrafo único. (Revogado) ameaça ou fraude:
ponibilizar, transmitir, vender ou Pena – reclusão, de dois a
expor à venda, distribuir, publicar Aumento de pena oito anos, além da pena corres-
ou divulgar, por qualquer meio pondente à violência.
– inclusive por meio de comuni- Art. 226. A pena é aumentada: § 3o Se o crime é cometi-
cação de massa ou sistema de I – de quarta parte, se o crime do com o fim de lucro, aplica-se
informática ou telemática –, fo- é cometido com o concurso de 2 também multa.
tografia, vídeo ou outro registro (duas) ou mais pessoas;
audiovisual que contenha cena II – de metade, se o agente é Favorecimento da prostituição ou
de estupro ou de estupro de vul- ascendente, padrasto ou madras- outra forma de exploração sexual
nerável ou que faça apologia ou ta, tio, irmão, cônjuge, compa-
induza a sua prática, ou, sem o nheiro, tutor, curador, preceptor Art. 228. Induzir ou atrair al-
consentimento da vítima, cena ou empregador da vítima ou por guém à prostituição ou outra for-
de sexo, nudez ou pornografia: qualquer outro título tiver auto- ma de exploração sexual, facili-
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 ridade sobre ela; tá-la, impedir ou dificultar que
(cinco) anos, se o fato não cons- III – (Revogado); alguém a abandone:
titui crime mais grave. IV – de 1/3 (um terço) a 2/3 Pena – reclusão, de 2 (dois) a
(dois terços), se o crime é pra- 5 (cinco) anos, e multa.
Aumento de pena ticado: § 1o Se o agente é ascenden-
te, padrasto, madrasta, irmão,
§ 1o A pena é aumentada de Estupro coletivo enteado, cônjuge, companhei-
1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) ro, tutor ou curador, preceptor
se o crime é praticado por agente a) mediante concurso de 2 ou empregador da vítima, ou se
que mantém ou tenha mantido (dois) ou mais agentes; assumiu, por lei ou outra forma,
relação íntima de afeto com a obrigação de cuidado, proteção
vítima ou com o fim de vingança ou vigilância:

424
Código Penal
Pena – reclusão, de 3 (três) a Tráfico interno de pessoa para Parágrafo único. Incorre na
8 (oito) anos. fim de exploração sexual mesma pena quem:
§ 2o Se o crime é cometido I – vende, distribui ou expõe à
com emprego de violência, grave Art. 231-A. (Revogado) venda ou ao público qualquer dos
ameaça ou fraude: objetos referidos neste artigo;
Pena – reclusão, de quatro a Art. 232. (Revogado) II – realiza, em lugar público
dez anos, além da pena corres- ou acessível ao público, represen-
pondente à violência. Promoção de migração ilegal tação teatral, ou exibição cinema-
§ 3o Se o crime é cometi- tográfica de caráter obsceno, ou
do com o fim de lucro, aplica-se Art. 232-A. Promover, por qual- qualquer outro espetáculo, que
também multa. quer meio, com o fim de obter tenha o mesmo caráter;
vantagem econômica, a entrada III – realiza, em lugar público
Casa de prostituição ilegal de estrangeiro em território ou acessível ao público, ou pelo
nacional ou de brasileiro em país rádio, audição ou recitação de
Art. 229. Manter, por conta pró- estrangeiro: caráter obsceno.
pria ou de terceiro, estabeleci- Pena – reclusão, de 2 (dois) a
mento em que ocorra explora- 5 (cinco) anos, e multa.
ção sexual, haja, ou não, intuito § 1o Na mesma pena incor- CAPÍTULO VII –
de lucro ou mediação direta do re quem promover, por qualquer DISPOSIÇÕES GERAIS
proprietário ou gerente: meio, com o fim de obter vanta-
Pena – reclusão, de dois a gem econômica, a saída de es- Aumento de pena
cinco anos, e multa. trangeiro do território nacional
para ingressar ilegalmente em Art. 234-A. Nos crimes pre-
Rufianismo país estrangeiro. vistos neste Título a pena é au-
§ 2o A pena é aumentada de mentada:
Art. 230. Tirar proveito da pros- 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço) se: I – (Vetado);
tituição alheia, participando dire- I – o crime é cometido com II – (Vetado);
tamente de seus lucros ou fazen- violência; ou III – de metade a 2/3 (dois ter-
do-se sustentar, no todo ou em II – a vítima é submetida a ços), se do crime resulta gravidez;
parte, por quem a exerça: condição desumana ou degra- IV – de 1/3 (um terço) a 2/3
Pena – reclusão, de um a qua- dante. (dois terços), se o agente trans-
tro anos, e multa. § 3o A pena prevista para o mite à vítima doença sexualmen-
§ 1o Se a vítima é menor de 18 crime será aplicada sem prejuízo te transmissível de que sabe ou
(dezoito) e maior de 14 (catorze) das correspondentes às infrações deveria saber ser portador, ou se
anos ou se o crime é cometido conexas. a vítima é idosa ou pessoa com
por ascendente, padrasto, ma- deficiência.
drasta, irmão, enteado, cônjuge,
companheiro, tutor ou curador, CAPÍTULO VI – DO Art. 234-B. Os processos em
preceptor ou empregador da ví- ULTRAJE PÚBLICO AO que se apuram crimes definidos
tima, ou por quem assumiu, por PUDOR neste Título correrão em segredo
lei ou outra forma, obrigação de de justiça.
cuidado, proteção ou vigilância: Ato obsceno
Pena – reclusão, de 3 (três) a Art. 234-C. (Vetado)
6 (seis) anos, e multa. Art. 233. Praticar ato obsceno
§ 2o Se o crime é cometido em lugar público, ou aberto ou
mediante violência, grave ame- exposto ao público: TÍTULO VII – DOS CRIMES
aça, fraude ou outro meio que Pena – detenção, de três me- CONTRA A FAMÍLIA
impeça ou dificulte a livre mani- ses a um ano, ou multa.
festação da vontade da vítima: CAPÍTULO I – DOS CRIMES
Pena – reclusão, de 2 (dois) Escrito ou objeto obsceno CONTRA O CASAMENTO
a 8 (oito) anos, sem prejuízo da
pena correspondente à violência. Art. 234. Fazer, importar, ex- Bigamia
portar, adquirir ou ter sob sua
Tráfico internacional de pessoa guarda, para fim de comércio, Art. 235. Contrair alguém, sendo
para fim de exploração sexual de distribuição ou de exposição casado, novo casamento:
pública, escrito, desenho, pintu- Pena – reclusão, de dois a
Art. 231. (Revogado) ra, estampa ou qualquer objeto seis anos.
obsceno: § 1o Aquele que, não sendo
Pena – detenção, de seis me- casado, contrai casamento com
ses a dois anos, ou multa. pessoa casada, conhecendo essa

425
Código Penal
circunstância, é punido com re- CAPÍTULO II – DOS CRIMES fixada ou majorada; deixar, sem
clusão ou detenção, de um a três CONTRA O ESTADO DE justa causa, de socorrer descen-
anos. dente ou ascendente, gravemente
§ 2o Anulado por qualquer
FILIAÇÃO enfermo:
motivo o primeiro casamento, Registro de nascimento inexistente Pena – detenção, de 1 (um) a
ou o outro por motivo que não 4 (quatro) anos e multa, de uma a
a bigamia, considera-se inexis- Art. 241. Promover no registro dez vezes o maior salário mínimo
tente o crime. civil a inscrição de nascimento vigente no País.
inexistente: Parágrafo único. Nas mes-
Induzimento a erro essencial e Pena – reclusão, de dois a mas penas incide quem, sendo
ocultação de impedimento seis anos. solvente, frustra ou ilide, de qual-
quer modo, inclusive por abando-
Art. 236. Contrair casamento, Parto suposto. Supressão ou no injustificado de emprego ou
induzindo em erro essencial o alteração de direito inerente ao função, o pagamento de pensão
outro contraente, ou ocultando- estado civil de recém-nascido alimentícia judicialmente acor-
-lhe impedimento que não seja dada, fixada ou majorada.
casamento anterior: Art. 242. Dar parto alheio como
Pena – detenção, de seis me- próprio; registrar como seu o filho Entrega de filho menor
ses a dois anos. de outrem; ocultar recém-nas- a pessoa inidônea
Parágrafo único. A ação pe- cido ou substituí-lo, suprimindo
nal depende de queixa do contra- ou alterando direito inerente ao Art. 245. Entregar filho menor
ente enganado e não pode ser in- estado civil: de 18 (dezoito) anos a pessoa em
tentada senão depois de transitar Pena – reclusão, de dois a cuja companhia saiba ou deva
em julgado a sentença que, por seis anos. saber que o menor fica moral ou
motivo de erro ou impedimento, Parágrafo único. Se o crime materialmente em perigo:
anule o casamento. é praticado por motivo de reco- Pena – detenção, de 1 (um) a
nhecida nobreza: 2 (dois) anos.
Conhecimento prévio de impedimento Pena – detenção, de um a § 1o A pena é de 1 (um) a 4
dois anos, podendo o juiz deixar (quatro) anos de reclusão, se o
Art. 237. Contrair casamento, de aplicar a pena. agente pratica delito para obter
conhecendo a existência de im- lucro, ou se o menor é enviado
pedimento que lhe cause a nuli- Sonegação de estado de filiação para o exterior.
dade absoluta: § 2o Incorre, também, na
Pena – detenção, de três me- Art. 243. Deixar em asilo de pena do parágrafo anterior quem,
ses a um ano. expostos ou outra instituição embora excluído o perigo moral
de assistência filho próprio ou ou material, auxilia a efetivação
Simulação de autoridade para alheio, ocultando-lhe a filiação de ato destinado ao envio de me-
celebração de casamento ou atribuindo-lhe outra, com o nor para o exterior, com o fito de
fim de prejudicar direito inerente obter lucro.
Art. 238. Atribuir-se falsamente ao estado civil:
autoridade para celebração de Pena – reclusão, de um a cin- Abandono intelectual
casamento: co anos, e multa.
Pena – detenção, de um a três Art. 246. Deixar, sem justa cau-
anos, se o fato não constitui crime sa, de prover à instrução primária
mais grave. CAPÍTULO III – DOS CRIMES de filho em idade escolar:
CONTRA A ASSISTÊNCIA Pena – detenção, de quinze
Simulação de casamento FAMILIAR dias a um mês, ou multa.

Art. 239. Simular casamento Abandono material Art. 247. Permitir alguém que
mediante engano de outra pes- menor de dezoito anos, sujeito
soa: Art. 244. Deixar, sem justa cau- a seu poder ou confiado a sua
Pena – detenção, de um a sa, de prover a subsistência do guarda ou vigilância:
três anos, se o fato não constitui cônjuge, ou de filho menor de 18 I – frequente casa de jogo ou
elemento de crime mais grave. (dezoito) anos ou inapto para o mal-afamada, ou conviva com
trabalho, ou de ascendente in- pessoa viciosa ou de má vida;
Adultério válido ou maior de 60 (sessenta) II – frequente espetáculo ca-
anos, não lhes proporcionando os paz de pervertê-lo ou de ofen-
Art. 240. (Revogado) recursos necessários ou faltan- der-lhe o pudor, ou participe de
do ao pagamento de pensão ali- representação de igual natureza;
mentícia judicialmente acordada, III – resida ou trabalhe em

426
Código Penal
casa de prostituição; TÍTULO VIII – DOS CRIMES não é dinamite ou explosivo de
IV – mendigue ou sirva a men- CONTRA A INCOLUMIDADE efeitos análogos:
digo para excitar a comiseração Pena – reclusão, de um a qua-
pública:
PÚBLICA tro anos, e multa.
Pena – detenção, de um a três CAPÍTULO I – DOS CRIMES
meses, ou multa. DE PERIGO COMUM Aumento de pena

Incêndio § 2o As penas aumentam-se


CAPÍTULO IV – DOS CRIMES de um terço, se ocorre qualquer
CONTRA O PÁTRIO PODER, Art. 250. Causar incêndio, ex- das hipóteses previstas no § 1o,
TUTELA OU CURATELA pondo a perigo a vida, a integri- no I, do artigo anterior, ou é visada
dade física ou o patrimônio de ou atingida qualquer das coisas
Induzimento a fuga, entrega arbitrária outrem: enumeradas no no II do mesmo
ou sonegação de incapazes Pena – reclusão, de três a seis parágrafo.
anos, e multa.
Art. 248. Induzir menor de de- Modalidade culposa
zoito anos, ou interdito, a fugir do Aumento de pena
lugar em que se acha por determi- § 3o No caso de culpa, se a
nação de quem sobre ele exerce § 1o As penas aumentam-se explosão é de dinamite ou subs-
autoridade, em virtude de lei ou de de um terço: tância de efeitos análogos, a pena
ordem judicial; confiar a outrem I – se o crime é cometido com é de detenção, de seis meses a
sem ordem do pai, do tutor ou do intuito de obter vantagem pecuni- dois anos; nos demais casos, é
curador algum menor de dezoito ária em proveito próprio ou alheio; de detenção, de três meses a
anos ou interdito, ou deixar, sem II – se o incêndio é: um ano.
justa causa, de entregá-lo a quem a) em casa habitada ou des-
legitimamente o reclame: tinada a habitação; Uso de gás tóxico ou asfixiante
Pena – detenção, de um mês b) em edifício público ou des-
a um ano, ou multa. tinado a uso público ou a obra de Art. 252. Expor a perigo a vida, a
assistência social ou de cultura; integridade física ou o patrimônio
Subtração de incapazes c) em embarcação, aerona- de outrem, usando de gás tóxico
ve, comboio ou veículo de trans- ou asfixiante:
Art. 249. Subtrair menor de de- porte coletivo; Pena – reclusão, de um a qua-
zoito anos ou interdito ao poder d) em estação ferroviária ou tro anos, e multa.
de quem o tem sob sua guarda em aeródromo;
virtude de lei ou de ordem judicial: e) em estaleiro, fábrica ou Modalidade culposa
Pena – detenção, de dois me- oficina;
ses a dois anos, se o fato não f) em depósito de explosivo, Parágrafo único. Se o crime
constitui elemento de outro cri- combustível ou inflamável; é culposo:
me. g) em poço petrolífero ou Pena – detenção, de três me-
§ 1o O fato de ser o agente pai galeria de mineração; ses a um ano.
ou tutor do menor ou curador do h) em lavoura, pastagem,
interdito não o exime de pena, se mata ou floresta. Fabrico, fornecimento, aquisição,
destituído ou temporariamente posse ou transporte de explosivos
privado do pátrio poder, tutela, Incêndio culposo ou gás tóxico, ou asfixiante
curatela ou guarda.
§ 2o No caso de restituição § 2o Se culposo o incêndio, Art. 253. Fabricar, fornecer, ad-
do menor ou do interdito, se este a pena é de detenção, de seis quirir, possuir ou transportar, sem
não sofreu maus-tratos ou priva- meses a dois anos. licença da autoridade, substância
ções, o juiz pode deixar de apli- ou engenho explosivo, gás tóxico
car pena. Explosão ou asfixiante, ou material desti-
nado à sua fabricação:
Art. 251. Expor a perigo a vida, a Pena – detenção, de seis me-
integridade física ou o patrimônio ses a dois anos, e multa.
de outrem, mediante explosão,
arremesso ou simples colocação Inundação
de engenho de dinamite ou de
substância de efeitos análogos: Art. 254. Causar inundação,
Pena – reclusão, de três a seis expondo a perigo a vida, a in-
anos, e multa. tegridade física ou o patrimônio
§ 1o Se a substância utilizada de outrem:

427
Código Penal
Pena – reclusão, de três a seis -se a pena cominada ao homicídio de ferro qualquer via de comuni-
anos, e multa, no caso de dolo, ou culposo, aumentada de um terço. cação em que circulem veículos
detenção, de seis meses a dois de tração mecânica, em trilhos ou
anos, no caso de culpa. Difusão de doença ou praga por meio de cabo aéreo.

Perigo de inundação Art. 259. Difundir doença ou Atentado contra a segurança de


praga que possa causar dano a transporte marítimo, fluvial ou aéreo
Art. 255. Remover, destruir ou floresta, plantação ou animais
inutilizar, em prédio próprio ou de utilidade econômica: Art. 261. Expor a perigo embar-
alheio, expondo a perigo a vida, Pena – reclusão, de dois a cação ou aeronave, própria ou
a integridade física ou o patri- cinco anos, e multa. alheia, ou praticar qualquer ato
mônio de outrem, obstáculo na- tendente a impedir ou dificul-
tural ou obra destinada a impedir Modalidade culposa tar navegação marítima, fluvial
inundação: ou aérea:
Pena – reclusão, de um a três Parágrafo único. No caso de Pena – reclusão, de dois a
anos, e multa. culpa, a pena é de detenção, de cinco anos.
um a seis meses, ou multa.
Desabamento ou desmoronamento Sinistro em transporte
marítimo, fluvial ou aéreo
Art. 256. Causar desabamento CAPÍTULO II – DOS
ou desmoronamento, expondo a CRIMES CONTRA A § 1o Se do fato resulta nau-
perigo a vida, a integridade física SEGURANÇA DOS MEIOS frágio, submersão ou encalhe
ou o patrimônio de outrem: DE COMUNICAÇÃO E de embarcação ou a queda ou
Pena – reclusão, de um a qua- TRANSPORTE E OUTROS destruição de aeronave:
tro anos, e multa. Pena – reclusão, de quatro a
SERVIÇOS PÚBLICOS doze anos.
Modalidade culposa
Perigo de desastre ferroviário Prática do crime com o fim de lucro
Parágrafo único. Se o crime
é culposo: Art. 260. Impedir ou perturbar § 2o Aplica-se, também, a
Pena – detenção, de seis me- serviço de estrada de ferro: pena de multa, se o agente prati-
ses a um ano. I – destruindo, danificando ca o crime com o intuito de obter
ou desarranjando, total ou par- vantagem econômica, para si ou
Subtração, ocultação ou inutilização cialmente, linha férrea, material para outrem.
de material de salvamento rodante ou de tração, obra de arte
ou instalação; Modalidade culposa
Art. 257. Subtrair, ocultar ou II – colocando obstáculo na
inutilizar, por ocasião de incêndio, linha; § 3o No caso de culpa, se
inundação, naufrágio, ou outro III – transmitindo falso aviso ocorre o sinistro:
desastre ou calamidade, apare- acerca do movimento dos veícu- Pena – detenção, de seis me-
lho, material ou qualquer meio los ou interrompendo ou embara- ses a dois anos.
destinado a serviço de combate çando o funcionamento de telé-
ao perigo, de socorro ou salva- grafo, telefone ou radiotelegrafia; Atentado contra a segurança
mento; ou impedir ou dificultar IV – praticando outro ato de de outro meio de transporte
serviço de tal natureza: que possa resultar desastre:
Pena – reclusão, de dois a Pena – reclusão, de dois a Art. 262. Expor a perigo outro
cinco anos, e multa. cinco anos, e multa. meio de transporte público, im-
pedir-lhe ou dificultar-lhe o fun-
Formas qualificadas de Desastre ferroviário cionamento:
crime de perigo comum Pena – detenção, de um a
§ 1o Se do fato resulta de- dois anos.
Art. 258. Se do crime doloso de sastre: § 1o Se do fato resulta desas-
perigo comum resulta lesão cor- Pena – reclusão, de quatro a tre, a pena é de reclusão, de dois
poral de natureza grave, a pena doze anos, e multa. a cinco anos.
privativa de liberdade é aumen- § 2o No caso de culpa, ocor- § 2o No caso de culpa, se
tada de metade; se resulta morte, rendo desastre: ocorre desastre:
é aplicada em dobro. No caso de Pena – detenção, de seis me- Pena – detenção, de três me-
culpa, se do fato resulta lesão ses a dois anos. ses a um ano.
corporal, a pena aumenta-se de § 3o Para os efeitos deste
metade; se resulta morte, aplica- artigo, entende-se por estrada

428
Código Penal
Forma qualificada CAPÍTULO III – DOS CRIMES Pena – detenção, de seis me-
CONTRA A SAÚDE PÚBLICA ses a dois anos.
Art. 263. Se de qualquer dos cri-
mes previstos nos arts. 260 a 262, Epidemia Corrupção ou poluição de água potável
no caso de desastre ou sinistro,
resulta lesão corporal ou morte, Art. 267. Causar epidemia, me- Art. 271. Corromper ou poluir
aplica-se o disposto no art. 258. diante a propagação de germes água potável, de uso comum ou
patogênicos: particular, tornando-a imprópria
Arremesso de projétil Pena – reclusão, de dez a para consumo ou nociva à saúde:
quinze anos. Pena – reclusão, de dois a
Art. 264. Arremessar projétil § 1o Se do fato resulta morte, cinco anos.
contra veículo, em movimento, a pena é aplicada em dobro.
destinado ao transporte público § 2o No caso de culpa, a pena Modalidade culposa
por terra, por água ou pelo ar: é de detenção, de um a dois anos,
Pena – detenção, de um a ou, se resulta morte, de dois a Parágrafo único. Se o crime
seis meses. quatro anos. é culposo:
Parágrafo único. Se do fato Pena – detenção, de dois me-
resulta lesão corporal, a pena é Infração de medida ses a um ano.
de detenção, de seis meses a dois sanitária preventiva
anos; se resulta morte, a pena é Falsificação, corrupção, adulteração
a do art. 121, § 3o, aumentada de Art. 268. Infringir determinação ou alteração de substância
um terço. do poder público, destinada a im- ou produtos alimentícios
pedir introdução ou propagação
Atentado contra a segurança de de doença contagiosa: Art. 272. Corromper, adulterar,
serviço de utilidade pública Pena – detenção, de um mês falsificar ou alterar substância ou
a um ano, e multa. produto alimentício destinado a
Art. 265. Atentar contra a se- Parágrafo único. A pena é consumo, tornando-o nocivo à
gurança ou o funcionamento de aumentada de um terço, se o saúde ou reduzindo-lhe o valor
serviço de água, luz, força ou agente é funcionário da saúde nutritivo:8
calor, ou qualquer outro de uti- pública ou exerce a profissão de Pena – reclusão, de 4 (quatro)
lidade pública: médico, farmacêutico, dentista a 8 (oito) anos, e multa.
Pena – reclusão, de um a cin- ou enfermeiro. § 1o-A. Incorre nas penas
co anos, e multa. deste artigo quem fabrica, ven-
Parágrafo único. Aumentar- Omissão de notificação de doença de, expõe à venda, importa, tem
-se-á a pena de 1/3 (um terço) até em depósito para vender ou, de
a metade, se o dano ocorrer em Art. 269. Deixar o médico de qualquer forma, distribui ou en-
virtude de subtração de material denunciar à autoridade pública trega a consumo a substância
essencial ao funcionamento dos doença cuja notificação é com- alimentícia ou o produto falsifi-
serviços. pulsória: cado, corrompido ou adulterado.
Pena – detenção, de seis me- § 1o Está sujeito às mesmas
Interrupção ou perturbação de ses a dois anos, e multa. penas quem pratica as ações
serviço telegráfico, telefônico, previstas neste artigo em rela-
informático, telemático ou de Envenenamento de água potável ou de ção a bebidas, com ou sem teor
informação de utilidade pública substância alimentícia ou medicinal alcoólico.

Art. 266. Interromper ou pertur- Art. 270. Envenenar água po- Modalidade culposa
bar serviço telegráfico, radiotele- tável, de uso comum ou particu-
gráfico ou telefônico, impedir ou lar, ou substância alimentícia ou § 2o Se o crime é culposo:
dificultar-lhe o restabelecimento: medicinal destinada a consumo: Pena – detenção, de 1 (um) a
Pena – detenção, de um a três Pena – reclusão, de dez a 2 (dois) anos, e multa.
anos, e multa. quinze anos.
§ 1o Incorre na mesma pena § 1o Está sujeito à mesma Falsificação, corrupção, adulteração
quem interrompe serviço telemá- pena quem entrega a consumo ou alteração de produto destinado
tico ou de informação de utilidade ou tem em depósito, para o fim a fins terapêuticos ou medicinais
pública, ou impede ou dificulta- de ser distribuída, a água ou a
-lhe o restabelecimento. substância envenenada. Art. 273. Falsificar, corrom-
§ 2o Aplicam-se as penas em
dobro se o crime é cometido por Modalidade culposa 8
NE: a ordem de apresentação dos pará-
ocasião de calamidade pública. grafos deste artigo obedece à publicação
§ 2 Se o crime é culposo:
o
original.

429
Código Penal
per, adulterar ou alterar produto Invólucro ou recipiente Medicamento em desacordo
destinado a fins terapêuticos ou com falsa indicação com receita médica
medicinais:
Pena – reclusão, de 10 (dez) a Art. 275. Inculcar, em invólucro Art. 280. Fornecer substância
15 (quinze) anos, e multa. ou recipiente de produtos alimen- medicinal em desacordo com re-
§ 1o Nas mesmas penas in- tícios, terapêuticos ou medici- ceita médica:
corre quem importa, vende, expõe nais, a existência de substância Pena – detenção, de um a três
à venda, tem em depósito para que não se encontra em seu con- anos, ou multa.
vender ou, de qualquer forma, teúdo ou que nele existe em quan-
distribui ou entrega a consumo o tidade menor que a mencionada: Modalidade culposa
produto falsificado, corrompido, Pena – reclusão, de 1 (um) a
adulterado ou alterado. 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único. Se o crime
§ 1o-A. Incluem-se entre os é culposo:
produtos a que se refere este Produto ou substância nas condições Pena – detenção, de dois me-
artigo os medicamentos, as ma- dos dois artigos anteriores ses a um ano.
térias-primas, os insumos farma-
cêuticos, os cosméticos, os sane- Art. 276. Vender, expor à venda, Art. 281. (Revogado)
antes e os de uso em diagnóstico. ter em depósito para vender ou,
§ 1o-B. Está sujeito às pe- de qualquer forma, entregar a Exercício ilegal da medicina, arte
nas deste artigo quem pratica consumo produto nas condições dentária ou farmacêutica
as ações previstas no § 1o em dos arts. 274 e 275:
relação a produtos em qualquer Pena – reclusão, de 1 (um) a Art. 282. Exercer, ainda que a
das seguintes condições: 5 (cinco) anos, e multa. título gratuito, a profissão de mé-
I – sem registro, quando exi- dico, dentista ou farmacêutico,
gível, no órgão de vigilância sa- Substância destinada à falsificação sem autorização legal ou exce-
nitária competente; dendo-lhe os limites:
II – em desacordo com a fór- Art. 277. Vender, expor à venda, Pena – detenção, de seis me-
mula constante do registro pre- ter em depósito ou ceder subs- ses a dois anos.
visto no inciso anterior; tância destinada à falsificação Parágrafo único. Se o crime
III – sem as características de de produtos alimentícios, tera- é praticado com o fim de lucro,
identidade e qualidade admitidas pêuticos ou medicinais: aplica-se também multa.
para a sua comercialização; Pena – reclusão, de 1 (um) a
IV – com redução de seu valor 5 (cinco) anos, e multa. Charlatanismo
terapêutico ou de sua atividade;
V – de procedência ignorada; Outras substâncias nocivas Art. 283. Inculcar ou anunciar
VI – adquiridos de estabeleci- à saúde pública cura por meio secreto ou infalível:
mento sem licença da autoridade Pena – detenção, de três me-
sanitária competente. Art. 278. Fabricar, vender, expor ses a um ano, e multa.
à venda, ter em depósito para
Modalidade culposa vender ou, de qualquer forma, en- Curandeirismo
tregar a consumo coisa ou subs-
§ 2o Se o crime é culposo: tância nociva à saúde, ainda que Art. 284. Exercer o curandei-
Pena – detenção, de 1 (um) a não destinada à alimentação ou rismo:
3 (três) anos, e multa. a fim medicinal: I – prescrevendo, ministran-
Pena – detenção, de um a três do ou aplicando, habitualmente,
Emprego de processo proibido ou anos, e multa. qualquer substância;
de substância não permitida II – usando gestos, palavras
Modalidade culposa ou qualquer outro meio;
Art. 274. Empregar, no fabrico III – fazendo diagnósticos:
de produto destinado ao consu- Parágrafo único. Se o crime Pena – detenção, de seis me-
mo, revestimento, gaseificação é culposo: ses a dois anos.
artificial, matéria corante, subs- Pena – detenção, de dois me- Parágrafo único. Se o crime
tância aromática, antisséptica, ses a um ano. é praticado mediante remunera-
conservadora ou qualquer outra ção, o agente fica também sujeito
não expressamente permitida Substância avariada à multa.
pela legislação sanitária:
Pena – reclusão, de 1 (um) a Art. 279. (Revogado) Forma qualificada
5 (cinco) anos, e multa.
Art. 285. Aplica-se o disposto
no art. 258 aos crimes previstos

430
Código Penal
neste Capítulo, salvo quanto ao TÍTULO X – DOS CRIMES e o da multa a10, se o crime é co-
definido no art. 267. CONTRA A FÉ PÚBLICA metido por funcionário que traba-
lha na repartição onde o dinheiro
CAPÍTULO I – DA MOEDA se achava recolhido, ou nela tem
TÍTULO IX – DOS CRIMES fácil ingresso, em razão do cargo.
FALSA
CONTRA A PAZ PÚBLICA
Moeda Falsa Petrechos para falsificação de moeda
Incitação ao crime
Art. 289. Falsificar, fabricando- Art. 291. Fabricar, adquirir, for-
Art. 286. Incitar, publicamente, -a ou alterando-a, moeda metáli- necer, a título oneroso ou gratuito,
a prática de crime: ca ou papel-moeda de curso legal possuir ou guardar maquinismo,
Pena – detenção, de três a no país ou no estrangeiro: aparelho, instrumento ou qual-
seis meses, ou multa. Pena – reclusão, de três a quer objeto especialmente des-
Parágrafo único. Incorre na doze anos, e multa. tinado à falsificação de moeda:
mesma pena quem incita, publi- § 1o Nas mesmas penas in- Pena – reclusão, de dois a seis
camente, animosidade entre as corre quem, por conta própria ou anos, e multa.
Forças Armadas, ou delas contra alheia, importa ou exporta, adqui-
os poderes constitucionais, as re, vende, troca, cede, empresta, Emissão de título ao portador
instituições civis ou a sociedade. guarda ou introduz na circulação sem permissão legal
moeda falsa.
Apologia de crime ou criminoso § 2o Quem, tendo recebido Art. 292. Emitir, sem permissão
de boa-fé, como verdadeira, mo- legal, nota, bilhete, ficha, vale ou
Art. 287. Fazer, publicamente, eda falsa ou alterada, a restitui à título que contenha promessa de
apologia de fato criminoso ou de circulação, depois de conhecer a pagamento em dinheiro ao por-
autor de crime:9 falsidade, é punido com deten- tador ou a que falte indicação
Pena – detenção, de três a ção, de seis meses a dois anos, do nome da pessoa a quem deva
seis meses, ou multa. e multa. ser pago:
§ 3o É punido com reclusão, Pena – detenção, de um a seis
Associação Criminosa de três a quinze anos, e multa, o meses, ou multa.
funcionário público ou diretor, Parágrafo único. Quem rece-
Art. 288. Associarem-se 3 (três) gerente, ou fiscal de banco de be ou utiliza como dinheiro qual-
ou mais pessoas, para o fim espe- emissão que fabrica, emite ou quer dos documentos referidos
cífico de cometer crimes: autoriza a fabricação ou emissão: neste artigo, incorre na pena de
Pena – reclusão, de 1 (um) a I – de moeda com título ou detenção, de quinze dias a três
3 (três) anos. peso inferior ao determinado meses, ou multa.
Parágrafo único. A pena au- em lei;
menta-se até a metade se a as- II – de papel-moeda em quan-
sociação é armada ou se hou- tidade superior à autorizada. CAPÍTULO II – DA
ver a participação de criança ou § 4o Nas mesmas penas in- FALSIDADE DE TÍTULOS E
adolescente. corre quem desvia e faz circular OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS
moeda, cuja circulação não es-
Constituição de milícia privada tava ainda autorizada. Falsificação de papéis públicos

Art. 288-A. Constituir, organi- Crimes assimilados ao de moeda falsa Art. 293. Falsificar, fabricando-
zar, integrar, manter ou custear -os ou alterando-os:
organização paramilitar, milícia Art. 290. Formar cédula, nota ou I – selo destinado a controle
particular, grupo ou esquadrão bilhete representativo de moeda tributário, papel selado ou qual-
com a finalidade de praticar qual- com fragmentos de cédulas, no- quer papel de emissão legal des-
quer dos crimes previstos neste tas ou bilhetes verdadeiros; su- tinado à arrecadação de tributo;
Código: primir, em nota, cédula ou bilhete II – papel de crédito público
Pena – reclusão, de 4 (quatro) recolhidos, para o fim de restituí- que não seja moeda de curso
a 8 (oito) anos. -los à circulação, sinal indicativo legal;
de sua inutilização; restituir à III – vale postal;
circulação cédula, nota ou bilhete IV – cautela de penhor, cader-
em tais condições, ou já recolhi- neta de depósito de caixa econô-
dos para o fim de inutilização:
Pena – reclusão, de dois a oito
anos, e multa.
10
NE: o valor máximo da multa foi suprimido
conforme o estabelecido pelo art. 2o da Lei
Parágrafo único. O máximo n 7.209/1984, que determinou o cancela-
o
9
NE: ver ADPF no 187. da reclusão é elevado a doze anos mento das referências a valores de multas.

431
Código Penal
mica ou de outro estabelecimento § 5o Equipara-se a atividade Falsificação de documento público
mantido por entidade de direito comercial, para os fins do inciso
público; III do § 1o, qualquer forma de co- Art. 297. Falsificar, no todo ou
V – talão, recibo, guia, alvará mércio irregular ou clandestino, em parte, documento público,
ou qualquer outro documento inclusive o exercido em vias, pra- ou alterar documento público
relativo a arrecadação de ren- ças ou outros logradouros públi- verdadeiro:
das públicas ou a depósito ou cos e em residências. Pena – reclusão, de dois a seis
caução por que o poder público anos, e multa.
seja responsável; Petrechos de falsificação § 1o Se o agente é funcionário
VI – bilhete, passe ou conheci- público, e comete o crime preva-
mento de empresa de transporte Art. 294. Fabricar, adquirir, for- lecendo-se do cargo, aumenta-se
administrada pela União, por Es- necer, possuir ou guardar objeto a pena de sexta parte.
tado ou por Município: especialmente destinado à falsi- § 2o Para os efeitos penais,
Pena – reclusão, de dois a oito ficação de qualquer dos papéis equiparam-se a documento pú-
anos, e multa. referidos no artigo anterior: blico o emanado de entidade pa-
§ 1o Incorre na mesma pena Pena – reclusão, de um a três raestatal, o título ao portador ou
quem: anos, e multa. transmissível por endosso, as
I – usa, guarda, possui ou de- ações de sociedade comercial, os
tém qualquer dos papéis falsifi- Art. 295. Se o agente é funcio- livros mercantis e o testamento
cados a que se refere este artigo; nário público, e comete o crime particular.
II – importa, exporta, adqui- prevalecendo-se do cargo, au- § 3o Nas mesmas penas in-
re, vende, troca, cede, empresta, menta-se a pena de sexta parte. corre quem insere ou faz inserir:
guarda, fornece ou restitui à cir- I – na folha de pagamento ou
culação selo falsificado destinado em documento de informações
a controle tributário; CAPÍTULO III – DA que seja destinado a fazer prova
III – importa, exporta, adquire, FALSIDADE DOCUMENTAL perante a previdência social, pes-
vende, expõe à venda, mantém soa que não possua a qualidade
em depósito, guarda, troca, cede, Falsificação do selo ou sinal público de segurado obrigatório;
empresta, fornece, porta ou, de II – na Carteira de Trabalho e
qualquer forma, utiliza em pro- Art. 296. Falsificar, fabricando- Previdência Social do empregado
veito próprio ou alheio, no exer- -os ou alterando-os: ou em documento que deva pro-
cício de atividade comercial ou I – selo público destinado a duzir efeito perante a previdência
industrial, produto ou mercadoria: autenticar atos oficiais da União, social, declaração falsa ou diversa
a) em que tenha sido aplica- de Estado ou de Município; da que deveria ter sido escrita;
do selo que se destine a controle II – selo ou sinal atribuído por III – em documento contábil
tributário, falsificado; lei a entidade de direito público, ou em qualquer outro documento
b) sem selo oficial, nos casos ou a autoridade, ou sinal público relacionado com as obrigações da
em que a legislação tributária de tabelião: empresa perante a previdência
determina a obrigatoriedade de Pena – reclusão, de dois a seis social, declaração falsa ou diver-
sua aplicação. anos, e multa. sa da que deveria ter constado.
§ 2o Suprimir, em qualquer § 1o Incorre nas mesmas § 4o Nas mesmas penas in-
desses papéis, quando legítimos, penas: corre quem omite, nos documen-
com o fim de torná-los novamente I – quem faz uso do selo ou tos mencionados no § 3o, nome do
utilizáveis, carimbo ou sinal indi- sinal falsificado; segurado e seus dados pessoais,
cativo de sua inutilização: II – quem utiliza indevidamen- a remuneração, a vigência do con-
Pena – reclusão, de um a qua- te o selo ou sinal verdadeiro em trato de trabalho ou de prestação
tro anos, e multa. prejuízo de outrem ou em proveito de serviços.
§ 3o Incorre na mesma pena próprio ou alheio;
quem usa, depois de alterado, III – quem altera, falsifica ou Falsificação de documento particular
qualquer dos papéis a que se re- faz uso indevido de marcas, logo-
fere o parágrafo anterior. tipos, siglas ou quaisquer outros Art. 298. Falsificar, no todo ou
§ 4o Quem usa ou restitui à símbolos utilizados ou identifica- em parte, documento particular
circulação, embora recebido de dores de órgãos ou entidades da ou alterar documento particular
boa-fé, qualquer dos papéis fal- Administração Pública. verdadeiro:
sificados ou alterados, a que se § 2o Se o agente é funcio- Pena – reclusão, de um a cin-
referem este artigo e o seu § 2o, nário público, e comete o crime co anos, e multa.
depois de conhecer a falsidade prevalecendo-se do cargo, au-
ou alteração, incorre na pena de menta-se a pena de sexta parte. Falsificação de cartão
detenção, de seis meses a dois
anos, ou multa. Parágrafo único. Para fins do

432
Código Penal
disposto no caput, equipara-se a atestado verdadeiro, para prova anos, e multa, se o documento é
documento particular o cartão de de fato ou circunstância que habi- particular.
crédito ou débito. lite alguém a obter cargo público,
isenção de ônus ou de serviço de
Falsidade ideológica caráter público, ou qualquer outra CAPÍTULO IV – DE OUTRAS
vantagem: FALSIDADES
Art. 299. Omitir, em documento Pena – detenção, de três me-
público ou particular, declaração ses a dois anos. Falsificação do sinal empregado
que dele devia constar, ou nele § 2o Se o crime é praticado no contraste de metal precioso
inserir ou fazer inserir declaração com o fim de lucro, aplica-se, ou na fiscalização alfandegária,
falsa ou diversa da que devia ser além da pena privativa de liber- ou para outros fins
escrita, com o fim de prejudicar dade, a de multa.
direito, criar obrigação ou alterar Art. 306. Falsificar, fabricando-
a verdade sobre fato juridicamen- Falsidade de atestado médico -o ou alterando-o, marca ou sinal
te relevante: empregado pelo poder público no
Pena – reclusão, de um a cin- Art. 302. Dar o médico, no exer- contraste de metal precioso ou na
co anos, e multa, se o documento cício da sua profissão, atestado fiscalização alfandegária, ou usar
é público, e reclusão, de um a três falso: marca ou sinal dessa natureza,
anos, e multa, se o documento é Pena – detenção, de um mês falsificado por outrem:
particular. a um ano. Pena – reclusão, de dois a seis
Parágrafo único. Se o agente Parágrafo único. Se o crime anos, e multa.
é funcionário público, e comete o é cometido com o fim de lucro, Parágrafo único. Se a marca
crime prevalecendo-se do cargo, aplica-se também multa. ou sinal falsificado é o que usa a
ou se a falsificação ou alteração autoridade pública para o fim de
é de assentamento de registro Reprodução ou adulteração fiscalização sanitária, ou para
civil, aumenta-se a pena de sex- de selo ou peça filatélica autenticar ou encerrar determina-
ta parte. dos objetos, ou comprovar o cum-
Art. 303. Reproduzir ou alterar primento de formalidade legal:
Falso reconhecimento selo ou peça filatélica que tenha Pena – reclusão ou detenção,
de firma ou letra valor para coleção, salvo quando de um a três anos, e multa.
a reprodução ou a alteração está
Art. 300. Reconhecer, como visivelmente anotada na face ou Falsa identidade
verdadeira, no exercício de fun- no verso do selo ou peça:
ção pública, firma ou letra que o Pena – detenção, de um a três Art. 307. Atribuir-se ou atribuir a
não seja: anos, e multa. terceiro falsa identidade para ob-
Pena – reclusão, de um a Parágrafo único. Na mesma ter vantagem, em proveito próprio
cinco anos, e multa, se o docu- pena incorre quem, para fins de ou alheio, ou para causar dano a
mento é público; e de um a três comércio, faz uso do selo ou peça outrem:
anos, e multa, se o documento é filatélica. Pena – detenção, de três me-
particular. ses a um ano, ou multa, se o fato
Uso de documento falso não constitui elemento de crime
Certidão ou atestado mais grave.
ideologicamente falso Art. 304. Fazer uso de qual-
quer dos papéis falsificados ou Art. 308. Usar, como próprio,
Art. 301. Atestar ou certificar alterados, a que se referem os passaporte, título de eleitor, ca-
falsamente, em razão de função arts. 297 a 302: derneta de reservista ou qualquer
pública, fato ou circunstância Pena – a cominada à falsifi- documento de identidade alheia
que habilite alguém a obter car- cação ou à alteração. ou ceder a outrem, para que dele
go público, isenção de ônus ou se utilize, documento dessa na-
de serviço de caráter público, ou Supressão de documento tureza, próprio ou de terceiro:
qualquer outra vantagem: Pena – detenção, de quatro
Pena – detenção, de dois me- Art. 305. Destruir, suprimir ou meses a dois anos, e multa, se o
ses a um ano. ocultar, em benefício próprio ou fato não constitui elemento de
de outrem, ou em prejuízo alheio, crime mais grave.
Falsidade material de documento público ou particu-
atestado ou certidão lar verdadeiro, de que não podia Fraude de lei sobre estrangeiro
dispor:
§ 1o Falsificar, no todo ou em Pena – reclusão, de dois a seis Art. 309. Usar o estrangeiro,
parte, atestado ou certidão, ou anos, e multa, se o documento é para entrar ou permanecer no
alterar o teor de certidão ou de público, e reclusão, de um a cinco território nacional, nome que não

433
Código Penal
é o seu: letivo previstos em lei: extingue a punibilidade; se lhe
Pena – detenção, de um a três Pena – reclusão, de 1 (um) a é posterior, reduz de metade a
anos, e multa. 4 (quatro) anos, e multa. pena imposta.
Parágrafo único. Atribuir a § 1o Nas mesmas penas in-
estrangeiro falsa qualidade para corre quem permite ou facilita, Peculato mediante erro de outrem
promover-lhe a entrada em terri- por qualquer meio, o acesso de
tório nacional: pessoas não autorizadas às infor- Art. 313. Apropriar-se de dinhei-
Pena – reclusão, de um a qua- mações mencionadas no caput. ro ou qualquer utilidade que, no
tro anos, e multa. § 2o Se da ação ou omissão exercício do cargo, recebeu por
resulta dano à administração pú- erro de outrem:
Art. 310. Prestar-se a figurar blica: Pena – reclusão, de um a qua-
como proprietário ou possuidor Pena – reclusão, de 2 (dois) a tro anos, e multa.
de ação, título ou valor perten- 6 (seis) anos, e multa.
cente a estrangeiro, nos casos em § 3o Aumenta-se a pena de Inserção de dados falsos em
que a este é vedada por lei a pro- 1/3 (um terço) se o fato é cometido sistema de informações
priedade ou a posse de tais bens: por funcionário público.
Pena – detenção, de seis me- Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o
ses a três anos, e multa. funcionário autorizado, a inserção
TÍTULO XI – DOS CRIMES de dados falsos, alterar ou excluir
Adulteração de sinal identificador CONTRA A ADMINISTRAÇÃO indevidamente dados corretos
de veículo automotor PÚBLICA nos sistemas informatizados ou
bancos de dados da Administra-
Art. 311. Adulterar ou remarcar CAPÍTULO I – DOS ção Pública com o fim de obter
número de chassi ou qualquer CRIMES PRATICADOS POR vantagem indevida para si ou para
sinal identificador de veículo au- FUNCIONÁRIO PÚBLICO outrem ou para causar dano:
tomotor, de seu componente ou CONTRA A ADMINISTRAÇÃO Pena – reclusão, de 2 (dois) a
equipamento: 12 (doze) anos, e multa.
Pena – reclusão, de três a seis EM GERAL
anos, e multa. Modificação ou alteração não
§ 1o Se o agente comete o Peculato autorizada de sistema de informações
crime no exercício da função pú-
blica ou em razão dela, a pena é Art. 312. Apropriar-se o funcio- Art. 313-B. Modificar ou alterar,
aumentada de um terço. nário público de dinheiro, valor o funcionário, sistema de infor-
§ 2o Incorre nas mesmas pe- ou qualquer outro bem móvel, mações ou programa de informá-
nas o funcionário público que público ou particular, de que tem tica sem autorização ou solicita-
contribui para o licenciamento a posse em razão do cargo, ou ção de autoridade competente:
ou registro do veículo remarcado desviá-lo, em proveito próprio Pena – detenção, de 3 (três)
ou adulterado, fornecendo inde- ou alheio: meses a 2 (dois) anos, e multa.
vidamente material ou informa- Pena – reclusão, de dois a Parágrafo único. As penas
ção oficial. doze anos, e multa. são aumentadas de um terço
§ 1o Aplica-se a mesma pena, até a metade se da modificação
se o funcionário público, embora ou alteração resulta dano para a
CAPÍTULO V – DAS não tendo a posse do dinheiro, Administração Pública ou para o
FRAUDES EM CERTAMES valor ou bem, o subtrai, ou con- administrado.
DE INTERESSE PÚBLICO corre para que seja subtraído,
em proveito próprio ou alheio, Extravio, sonegação ou inutilização
Fraudes em certames de valendo-se de facilidade que lhe de livro ou documento
interesse público proporciona a qualidade de fun-
cionário. Art. 314. Extraviar livro oficial
Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, ou qualquer documento, de que
indevidamente, com o fim de be- Peculato culposo tem a guarda em razão do cargo;
neficiar a si ou a outrem, ou de sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou
comprometer a credibilidade do § 2o Se o funcionário con- parcialmente:
certame, conteúdo sigiloso de: corre culposamente para o crime Pena – reclusão, de um a qua-
I – concurso público; de outrem: tro anos, se o fato não constitui
II – avaliação ou exame pú- Pena – detenção, de três me- crime mais grave.
blicos; ses a um ano.
III – processo seletivo para § 3o No caso do parágrafo
ingresso no ensino superior; ou anterior, a reparação do dano, se
IV – exame ou processo se- precede a sentença irrecorrível,

434
Código Penal
Emprego irregular de verbas Facilitação de contrabando Violência arbitrária
ou rendas públicas ou descaminho
Art. 322. Praticar violência, no
Art. 315. Dar às verbas ou ren- Art. 318. Facilitar, com infra- exercício de função ou a pretexto
das públicas aplicação diversa da ção de dever funcional, a prática de exercê-la:
estabelecida em lei: de contrabando ou descaminho Pena – detenção, de seis me-
Pena – detenção, de um a três (art. 334): ses a três anos, além da pena
meses, ou multa. Pena – reclusão, de 3 (três) a correspondente à violência.
8 (oito) anos, e multa.
Concussão Abandono de função
Prevaricação
Art. 316. Exigir, para si ou para Art. 323. Abandonar cargo pú-
outrem, direta ou indiretamente, Art. 319. Retardar ou deixar de blico, fora dos casos permitidos
ainda que fora da função ou antes praticar, indevidamente, ato de em lei:
de assumi-la, mas em razão dela, ofício, ou praticá-lo contra dis- Pena – detenção, de quinze
vantagem indevida: posição expressa de lei, para sa- dias a um mês, ou multa.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a tisfazer interesse ou sentimento § 1o Se do fato resulta pre-
12 (doze) anos, e multa. pessoal: juízo público:
Pena – detenção, de três me- Pena – detenção, de três me-
Excesso de exação ses a um ano, e multa. ses a um ano, e multa.
§ 2o Se o fato ocorre em lu-
§ 1o Se o funcionário exige Art. 319-A. Deixar o Diretor de gar compreendido na faixa de
tributo ou contribuição social que Penitenciária e/ou agente públi- fronteira:
sabe ou deveria saber indevido, co, de cumprir seu dever de ve- Pena – detenção, de um a três
ou, quando devido, emprega na dar ao preso o acesso a aparelho anos, e multa.
cobrança meio vexatório ou gra- telefônico, de rádio ou similar,
voso, que a lei não autoriza: que permita a comunicação com Exercício funcional ilegalmente
Pena – reclusão, de 3 (três) a outros presos ou com o ambien- antecipado ou prolongado
8 (oito) anos, e multa. te externo:
§ 2o Se o funcionário desvia, Pena – detenção, de 3 (três) Art. 324. Entrar no exercício de
em proveito próprio ou de outrem, meses a 1 (um) ano. função pública antes de satisfei-
o que recebeu indevidamente tas as exigências legais, ou conti-
para recolher aos cofres públicos: Condescendência criminosa nuar a exercê-la, sem autorização,
Pena – reclusão, de dois a depois de saber oficialmente que
doze anos, e multa. Art. 320. Deixar o funcionário, foi exonerado, removido, substi-
por indulgência, de responsabi- tuído ou suspenso:
Corrupção passiva lizar subordinado que cometeu Pena – detenção, de quinze
infração no exercício do cargo dias a um mês, ou multa.
Art. 317. Solicitar ou receber, ou, quando lhe falte competência,
para si ou para outrem, direta não levar o fato ao conhecimento Violação de sigilo funcional
ou indiretamente, ainda que fora da autoridade competente:
da função ou antes de assumi-la, Pena – detenção, de quinze Art. 325. Revelar fato de que
mas em razão dela, vantagem dias a um mês, ou multa. tem ciência em razão do cargo e
indevida, ou aceitar promessa que deva permanecer em segre-
de tal vantagem: Advocacia administrativa do, ou facilitar-lhe a revelação:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a Pena – detenção, de seis me-
12 (doze) anos, e multa. Art. 321. Patrocinar, direta ou ses a dois anos, ou multa, se o fato
§ 1o A pena é aumentada de indiretamente, interesse privado não constitui crime mais grave.
um terço, se, em consequência da perante a administração públi- § 1o Nas mesmas penas des-
vantagem ou promessa, o funcio- ca, valendo-se da qualidade de te artigo incorre quem:
nário retarda ou deixa de praticar funcionário: I – permite ou facilita, me-
qualquer ato de ofício ou o pratica Pena – detenção, de um a três diante atribuição, fornecimento e
infringindo dever funcional. meses, ou multa. empréstimo de senha ou qualquer
§ 2o Se o funcionário pratica, Parágrafo único. Se o inte- outra forma, o acesso de pessoas
deixa de praticar ou retarda ato resse é ilegítimo: não autorizadas a sistemas de
de ofício, com infração de dever Pena – detenção, de três me- informações ou banco de dados
funcional, cedendo a pedido ou ses a um ano, além da multa. da Administração Pública;
influência de outrem: II – se utiliza, indevidamente,
Pena – detenção, de três me- do acesso restrito.
ses a um ano, ou multa. § 2o Se da ação ou omissão

435
Código Penal
resulta dano à Administração Pú- Resistência o funcionário retarda ou omite ato
blica ou a outrem: de ofício, ou o pratica infringindo
Pena – reclusão, de 2 (dois) a Art. 329. Opor-se à execução de dever funcional.
6 (seis) anos, e multa. ato legal, mediante violência ou
ameaça a funcionário competen- Descaminho
Violação do sigilo de proposta te para executá-lo ou a quem lhe
de concorrência esteja prestando auxílio: Art. 334. Iludir, no todo ou em
Pena – detenção, de dois me- parte, o pagamento de direito
Art. 326. Devassar o sigilo de ses a dois anos. ou imposto devido pela entrada,
proposta de concorrência públi- § 1o Se o ato, em razão da pela saída ou pelo consumo de
ca, ou proporcionar a terceiro o resistência, não se executa: mercadoria:
ensejo de devassá-lo: Pena – reclusão, de um a três Pena – reclusão, de 1 (um) a
Pena – detenção, de três me- anos. 4 (quatro) anos.
ses a um ano, e multa. § 2o As penas deste artigo § 1o Incorre na mesma pena
são aplicáveis sem prejuízo das quem:
Funcionário público correspondentes à violência. I – pratica navegação de ca-
botagem, fora dos casos permi-
Art. 327. Considera-se funcio- Desobediência tidos em lei;
nário público, para os efeitos II – pratica fato assimilado,
penais, quem, embora transito- Art. 330. Desobedecer a ordem em lei especial, a descaminho;
riamente ou sem remuneração, legal de funcionário público: III – vende, expõe à venda,
exerce cargo, emprego ou fun- Pena – detenção, de quinze mantém em depósito ou, de qual-
ção pública. dias a seis meses, e multa. quer forma, utiliza em proveito
§ 1o Equipara-se a funcioná- próprio ou alheio, no exercício
rio público quem exerce cargo, Desacato de atividade comercial ou indus-
emprego ou função em entidade trial, mercadoria de procedência
paraestatal, e quem trabalha para Art. 331. Desacatar funcionário estrangeira que introduziu clan-
empresa prestadora de serviço público no exercício da função ou destinamente no País ou importou
contratada ou conveniada para em razão dela: fraudulentamente ou que sabe
a execução de atividade típica Pena – detenção, de seis me- ser produto de introdução clan-
da Administração Pública. ses a dois anos, ou multa. destina no território nacional ou
§ 2o A pena será aumentada de importação fraudulenta por
da terça parte quando os autores Tráfico de influência parte de outrem;
dos crimes previstos neste Capí- IV – adquire, recebe ou oculta,
tulo forem ocupantes de cargos Art. 332. Solicitar, exigir, cobrar em proveito próprio ou alheio, no
em comissão ou de função de ou obter, para si ou para outrem, exercício de atividade comercial
direção ou assessoramento de vantagem ou promessa de vanta- ou industrial, mercadoria de pro-
órgão da administração direta, gem, a pretexto de influir em ato cedência estrangeira, desacom-
sociedade de economia mista, praticado por funcionário público panhada de documentação legal
empresa pública ou fundação no exercício da função: ou acompanhada de documentos
instituída pelo poder público. Pena – reclusão, de dois a que sabe serem falsos.
cinco anos, e multa. § 2o Equipara-se às ativida-
Parágrafo único. A pena é au- des comerciais, para os efeitos
CAPÍTULO II – DOS mentada da metade, se o agente deste artigo, qualquer forma de
CRIMES PRATICADOS POR alega ou insinua que a vantagem comércio irregular ou clandestino
PARTICULAR CONTRA A é também destinada ao funcio- de mercadorias estrangeiras, in-
ADMINISTRAÇÃO EM GERAL nário. clusive o exercido em residências.
§ 3o A pena aplica-se em do-
Usurpação de função pública Corrupção ativa bro se o crime de descaminho é
praticado em transporte aéreo,
Art. 328. Usurpar o exercício de Art. 333. Oferecer ou prometer marítimo ou fluvial.
função pública: vantagem indevida a funcioná-
Pena – detenção, de três me- rio público, para determiná-lo a Contrabando
ses a dois anos, e multa. praticar, omitir ou retardar ato
Parágrafo único. Se do fato o de ofício: Art. 334-A. Importar ou expor-
agente aufere vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a tar mercadoria proibida:
Pena – reclusão, de dois a 12 (doze) anos, e multa. Pena – reclusão, de 2 (dois) a
cinco anos, e multa. Parágrafo único. A pena é 5 (cinco) anos.
aumentada de um terço, se, em § 1o Incorre na mesma pena
razão da vantagem ou promessa, quem:

436
Código Penal
I – pratica fato assimilado, zar selo ou sinal empregado, por primário e de bons antecedentes,
em lei especial, a contrabando; determinação legal ou por ordem desde que:
II – importa ou exporta clan- de funcionário público, para iden- I – (Vetado);
destinamente mercadoria que tificar ou cerrar qualquer objeto: II – o valor das contribuições
dependa de registro, análise ou Pena – detenção, de um mês devidas, inclusive acessórios, seja
autorização de órgão público a um ano, ou multa. igual ou inferior àquele estabele-
competente; cido pela previdência social, ad-
III – reinsere no território na- Subtração ou inutilização ministrativamente, como sendo
cional mercadoria brasileira des- de livro ou documento o mínimo para o ajuizamento de
tinada à exportação; suas execuções fiscais.
IV – vende, expõe à venda, Art. 337. Subtrair, ou inutilizar, § 3o Se o empregador não é
mantém em depósito ou, de qual- total ou parcialmente, livro oficial, pessoa jurídica e sua folha de pa-
quer forma, utiliza em proveito processo ou documento confia- gamento mensal não ultrapassa
próprio ou alheio, no exercício do à custódia de funcionário, em R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e
de atividade comercial ou indus- razão de ofício, ou de particular dez reais), o juiz poderá reduzir a
trial, mercadoria proibida pela lei em serviço público: pena de um terço até a metade ou
brasileira; Pena – reclusão, de dois a cin- aplicar apenas a de multa.
V – adquire, recebe ou oculta, co anos, se o fato não constitui § 4o O valor a que se refere
em proveito próprio ou alheio, no crime grave. o parágrafo anterior será rea-
exercício de atividade comercial justado nas mesmas datas e nos
ou industrial, mercadoria proibida Sonegação de contribuição mesmos índices do reajuste dos
pela lei brasileira. previdenciária benefícios da previdência social.
§ 2o Equipara-se às ativida-
des comerciais, para os efeitos Art. 337-A. Suprimir ou reduzir
deste artigo, qualquer forma de contribuição social previdenciária CAPÍTULO II-A – DOS
comércio irregular ou clandestino e qualquer acessório, mediante CRIMES PRATICADOS POR
de mercadorias estrangeiras, in- as seguintes condutas: PARTICULAR CONTRA A
clusive o exercido em residências. I – omitir de folha de paga- ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 3o A pena aplica-se em do- mento da empresa ou de docu- ESTRANGEIRA
bro se o crime de contrabando é mento de informações previsto
praticado em transporte aéreo, pela legislação previdenciária se- Corrupção ativa em transação
marítimo ou fluvial. gurados empregado, empresário, comercial internacional
trabalhador avulso ou trabalhador
Impedimento, perturbação ou autônomo ou a este equiparado Art. 337-B. Prometer, oferecer
fraude de concorrência que lhe prestem serviços; ou dar, direta ou indiretamente,
II – deixar de lançar mensal- vantagem indevida a funcionário
Art. 335. Impedir, perturbar ou mente nos títulos próprios da con- público estrangeiro, ou a terceira
fraudar concorrência pública ou tabilidade da empresa as quantias pessoa, para determiná-lo a pra-
venda em hasta pública, promo- descontadas dos segurados ou as ticar, omitir ou retardar ato de
vida pela administração federal, devidas pelo empregador ou pelo ofício relacionado à transação
estadual ou municipal, ou por tomador de serviços; comercial internacional:
entidade paraestatal; afastar ou III – omitir, total ou parcial- Pena – reclusão, de 1 (um) a
procurar afastar concorrente ou mente, receitas ou lucros aufe- 8 (oito) anos, e multa.
licitante, por meio de violência, ridos, remunerações pagas ou Parágrafo único. A pena é au-
grave ameaça, fraude ou ofere- creditadas e demais fatos gera- mentada de 1/3 (um terço), se, em
cimento de vantagem: dores de contribuições sociais razão da vantagem ou promessa,
Pena – detenção, de seis me- previdenciárias: o funcionário público estrangeiro
ses a dois anos, ou multa, além da Pena – reclusão, de 2 (dois) a retarda ou omite o ato de ofício,
pena correspondente à violência. 5 (cinco) anos, e multa. ou o pratica infringindo dever
Parágrafo único. Incorre na § 1o É extinta a punibilidade funcional.
mesma pena quem se abstém de se o agente, espontaneamente,
concorrer ou licitar, em razão da declara e confessa as contribui- Tráfico de influência em transação
vantagem oferecida. ções, importâncias ou valores e comercial internacional
presta as informações devidas à
Inutilização de edital ou de sinal previdência social, na forma defi- Art. 337-C. Solicitar, exigir, co-
nida em lei ou regulamento, antes brar ou obter, para si ou para
Art. 336. Rasgar ou, de qualquer do início da ação fiscal. outrem, direta ou indiretamente,
forma, inutilizar ou conspurcar § 2o É facultado ao juiz deixar vantagem ou promessa de vanta-
edital afixado por ordem de fun- de aplicar a pena ou aplicar so- gem a pretexto de influir em ato
cionário público; violar ou inutili- mente a de multa se o agente for praticado por funcionário público

437
Código Penal
estrangeiro no exercício de suas Patrocínio de contratação indevida mesma pena quem se abstém
funções, relacionado a transação ou desiste de licitar em razão de
comercial internacional: Art. 337-G. Patrocinar, direta ou vantagem oferecida.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a indiretamente, interesse privado
5 (cinco) anos, e multa. perante a Administração Pública, Fraude em licitação ou contrato
Parágrafo único. A pena é au- dando causa à instauração de li-
mentada da metade, se o agente citação ou à celebração de con- Art. 337-L. Fraudar, em prejuízo
alega ou insinua que a vantagem trato cuja invalidação vier a ser da Administração Pública, licita-
é também destinada a funcionário decretada pelo Poder Judiciário: ção ou contrato dela decorrente,
estrangeiro. Pena – reclusão, de 6 (seis) mediante:
meses a 3 (três) anos, e multa. I – entrega de mercadoria ou
Funcionário público estrangeiro prestação de serviços com quali-
Modificação ou pagamento irregular dade ou em quantidade diversas
Art. 337-D. Considera-se fun- em contrato administrativo das previstas no edital ou nos
cionário público estrangeiro, instrumentos contratuais;
para os efeitos penais, quem, Art. 337-H. Admitir, possibilitar II – fornecimento, como ver-
ainda que transitoriamente ou ou dar causa a qualquer modifica- dadeira ou perfeita, de mercado-
sem remuneração, exerce cargo, ção ou vantagem, inclusive pror- ria falsificada, deteriorada, inser-
emprego ou função pública em rogação contratual, em favor do vível para consumo ou com prazo
entidades estatais ou em repre- contratado, durante a execução de validade vencido;
sentações diplomáticas de país dos contratos celebrados com III – entrega de uma merca-
estrangeiro. a Administração Pública, sem doria por outra;
Parágrafo único. Equipara-se autorização em lei, no edital da IV – alteração da substância,
a funcionário público estrangeiro licitação ou nos respectivos ins- qualidade ou quantidade da mer-
quem exerce cargo, emprego ou trumentos contratuais, ou, ainda, cadoria ou do serviço fornecido;
função em empresas controladas, pagar fatura com preterição da V – qualquer meio fraudulen-
diretamente ou indiretamente, ordem cronológica de sua exi- to que torne injustamente mais
pelo Poder Público de país es- gibilidade: onerosa para a Administração
trangeiro ou em organizações Pena – reclusão, de 4 (quatro) Pública a proposta ou a execução
públicas internacionais. anos a 8 (oito) anos, e multa. do contrato:
Pena – reclusão, de 4 (quatro)
Perturbação de processo licitatório anos a 8 (oito) anos, e multa.
CAPÍTULO II-B – DOS
CRIMES EM LICITAÇÕES Art. 337-I. Impedir, perturbar ou Contratação inidônea
E CONTRATOS fraudar a realização de qualquer
ADMINISTRATIVOS ato de processo licitatório: Art. 337-M. Admitir à licitação
Pena – detenção, de 6 (seis) empresa ou profissional decla-
Contratação direta ilegal meses a 3 (três) anos, e multa. rado inidôneo:
Pena – reclusão, de 1 (um) ano
Art. 337-E. Admitir, possibili- Violação de sigilo em licitação a 3 (três) anos, e multa.
tar ou dar causa à contratação § 1o Celebrar contrato com
direta fora das hipóteses pre- Art. 337-J. Devassar o sigilo de empresa ou profissional decla-
vistas em lei: proposta apresentada em proces- rado inidôneo:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) so licitatório ou proporcionar a Pena – reclusão, de 3 (três)
a 8 (oito) anos, e multa. terceiro o ensejo de devassá-lo: anos a 6 (seis) anos, e multa.
Pena – detenção, de 2 (dois) § 2o Incide na mesma pena
Frustração do caráter anos a 3 (três) anos, e multa. do caput deste artigo aquele que,
competitivo de licitação declarado inidôneo, venha a par-
Afastamento de licitante ticipar de licitação e, na mesma
Art. 337-F. Frustrar ou fraudar, pena do § 1o deste artigo, aquele
com o intuito de obter para si ou Art. 337-K. Afastar ou tentar que, declarado inidôneo, venha
para outrem vantagem decorren- afastar licitante por meio de vio- a contratar com a Administra-
te da adjudicação do objeto da lência, grave ameaça, fraude ou ção Pública.
licitação, o caráter competitivo oferecimento de vantagem de
do processo licitatório: qualquer tipo: Impedimento indevido
Pena – reclusão, de 4 (quatro) Pena – reclusão, de 3 (três)
anos a 8 (oito) anos, e multa. anos a 5 (cinco) anos, e multa, Art. 337-N. Obstar, impedir ou
além da pena correspondente dificultar injustamente a inscri-
à violência. ção de qualquer interessado nos
Parágrafo único. Incorre na registros cadastrais ou promo-

438
Código Penal
ver indevidamente a alteração, CAPÍTULO III – DOS CRIMES dutor ou intérprete em processo
a suspensão ou o cancelamento CONTRA A ADMINISTRAÇÃO judicial, ou administrativo, inqué-
de registro do inscrito: rito policial, ou em juízo arbitral:
Pena – reclusão, de 6 (seis)
DA JUSTIÇA Pena – reclusão, de 2 (dois) a
meses a 2 (dois) anos, e multa. Reingresso de estrangeiro expulso 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1o As penas aumentam-se
Omissão grave de dado ou de Art. 338. Reingressar no terri- de um sexto a um terço, se o cri-
informação por projetista tório nacional o estrangeiro que me é praticado mediante subor-
dele foi expulso: no ou se cometido com o fim de
Art. 337-O. Omitir, modificar ou Pena – reclusão, de um a qua- obter prova destinada a produzir
entregar à Administração Pública tro anos, sem prejuízo de nova efeito em processo penal, ou em
levantamento cadastral ou con- expulsão após o cumprimento processo civil em que for parte
dição de contorno em relevante da pena. entidade da administração pú-
dissonância com a realidade, em blica direta ou indireta.
frustração ao caráter competiti- Denunciação caluniosa § 2o O fato deixa de ser pu-
vo da licitação ou em detrimen- nível se, antes da sentença no
to da seleção da proposta mais Art. 339. Dar causa à instaura- processo em que ocorreu o ilícito,
vantajosa para a Administração ção de inquérito policial, de pro- o agente se retrata ou declara a
Pública, em contratação para a cedimento investigatório crimi- verdade.
elaboração de projeto básico, nal, de processo judicial, de pro-
projeto executivo ou anteprojeto, cesso administrativo disciplinar, Art. 343. Dar, oferecer ou pro-
em diálogo competitivo ou em de inquérito civil ou de ação de meter dinheiro ou qualquer outra
procedimento de manifestação improbidade administrativa con- vantagem a testemunha, perito,
de interesse: tra alguém, imputando-lhe crime, contador, tradutor ou intérprete,
Pena – reclusão, de 6 (seis) infração ético-disciplinar ou ato para fazer afirmação falsa, negar
meses a 3 (três) anos, e multa. ímprobo de que o sabe inocente: ou calar a verdade em depoimen-
§ 1o Consideram-se condi- Pena – reclusão, de dois a oito to, perícia, cálculos, tradução ou
ção de contorno as informações anos, e multa. interpretação:
e os levantamentos suficientes § 1o A pena é aumentada Pena – reclusão, de três a
e necessários para a definição de sexta parte, se o agente se quatro anos, e multa.
da solução de projeto e dos res- serve de anonimato ou de nome Parágrafo único. As penas
pectivos preços pelo licitante, suposto. aumentam-se de um sexto a um
incluídos sondagens, topografia, § 2o A pena é diminuída de terço, se o crime é cometido com
estudos de demanda, condições metade, se a imputação é de prá- o fim de obter prova destinada a
ambientais e demais elementos tica de contravenção. produzir efeito em processo penal
ambientais impactantes, consi- ou em processo civil em que for
derados requisitos mínimos ou Comunicação falsa de crime parte entidade da administração
obrigatórios em normas técni- ou de contravenção pública direta ou indireta.
cas que orientam a elaboração
de projetos. Art. 340. Provocar a ação de Coação no curso do processo
§ 2o Se o crime é praticado autoridade, comunicando-lhe a
com o fim de obter benefício, di- ocorrência de crime ou de con- Art. 344. Usar de violência ou
reto ou indireto, próprio ou de ou- travenção que sabe não se ter grave ameaça, com o fim de favo-
trem, aplica-se em dobro a pena verificado: recer interesse próprio ou alheio,
prevista no caput deste artigo. Pena – detenção, de um a seis contra autoridade, parte, ou qual-
meses, ou multa. quer outra pessoa que funciona
Art. 337-P. A pena de multa co- ou é chamada a intervir em pro-
minada aos crimes previstos nes- Autoacusação falsa cesso judicial, policial ou admi-
te Capítulo seguirá a metodologia nistrativo, ou em juízo arbitral:
de cálculo prevista neste Código Art. 341. Acusar-se, perante a Pena – reclusão, de um a qua-
e não poderá ser inferior a 2% autoridade, de crime inexistente tro anos, e multa, além da pena
(dois por cento) do valor do con- ou praticado por outrem: correspondente à violência.
trato licitado ou celebrado com Pena – detenção, de três me- Parágrafo único. A pena au-
contratação direta. ses a dois anos, ou multa. menta-se de 1/3 (um terço) até a
metade se o processo envolver
Falso testemunho ou falsa perícia crime contra a dignidade sexual.

Art. 342. Fazer afirmação falsa,


ou negar ou calar a verdade como
testemunha, perito, contador, tra-

439
Código Penal
Exercício arbitrário das tornar seguro o proveito do crime: Arrebatamento de preso
próprias razões Pena – detenção, de um a seis
meses, e multa. Art. 353. Arrebatar preso, a fim
Art. 345. Fazer justiça pelas de maltratá-lo, do poder de quem
próprias mãos, para satisfazer Art. 349-A. Ingressar, promover, o tenha sob custódia ou guarda:
pretensão, embora legítima, salvo intermediar, auxiliar ou facilitar a Pena – reclusão, de um a qua-
quando a lei o permite: entrada de aparelho telefônico de tro anos, além da pena correspon-
Pena – detenção, de quinze comunicação móvel, de rádio ou dente à violência.
dias a um mês, ou multa, além da similar, sem autorização legal,
pena correspondente à violência. em estabelecimento prisional: Motim de presos
Parágrafo único. Se não há Pena – detenção, de 3 (três)
emprego de violência, somente meses a 1 (um) ano. Art. 354. Amotinarem-se pre-
se procede mediante queixa. sos, perturbando a ordem ou dis-
Exercício arbitrário ou abuso de poder ciplina da prisão:
Art. 346. Tirar, suprimir, des- Pena – detenção, de seis me-
truir ou danificar coisa própria, Art. 350. (Revogado) ses a dois anos, além da pena
que se acha em poder de tercei- correspondente à violência.
ro por determinação judicial ou Fuga de pessoa presa ou submetida
convenção: a medida de segurança Patrocínio infiel
Pena – detenção, de seis me-
ses a dois anos, e multa. Art. 351. Promover ou facilitar a Art. 355. Trair, na qualidade de
fuga de pessoa legalmente presa advogado ou procurador, o dever
Fraude processual ou submetida a medida de segu- profissional, prejudicando inte-
rança detentiva: resse, cujo patrocínio, em juízo,
Art. 347. Inovar artificiosamen- Pena – detenção, de seis me- lhe é confiado:
te, na pendência de processo ses a dois anos. Pena – detenção, de seis me-
civil ou administrativo, o estado § 1o Se o crime é praticado à ses a três anos, e multa.
de lugar, de coisa ou de pessoa, mão armada, ou por mais de uma
com o fim de induzir a erro o juiz pessoa, ou mediante arromba- Patrocínio simultâneo
ou o perito: mento, a pena é de reclusão, de ou tergiversação
Pena – detenção, de três me- dois a seis anos.
ses a dois anos, e multa. § 2o Se há emprego de vio- Parágrafo único. Incorre na
Parágrafo único. Se a inova- lência contra pessoa, aplica-se pena deste artigo o advogado ou
ção se destina a produzir efeito também a pena correspondente procurador judicial que defende
em processo penal, ainda que à violência. na mesma causa, simultânea ou
não iniciado, as penas aplicam- § 3o A pena é de reclusão, sucessivamente, partes contrá-
-se em dobro. de um a quatro anos, se o crime rias.
é praticado por pessoa sob cuja
Favorecimento pessoal custódia ou guarda está o preso Sonegação de papel ou objeto
ou o internado. de valor probatório
Art. 348. Auxiliar a subtrair-se à § 4o No caso de culpa do fun-
ação de autoridade pública autor cionário incumbido da custódia Art. 356. Inutilizar, total ou par-
de crime a que é cominada pena ou guarda, aplica-se a pena de cialmente, ou deixar de restituir
de reclusão: detenção, de três meses a um autos, documento ou objeto de
Pena – detenção, de um a seis ano, ou multa. valor probatório, que recebeu na
meses, e multa. qualidade de advogado ou pro-
§ 1o Se ao crime não é comi- Evasão mediante violência curador:
nada pena de reclusão: contra a pessoa Pena – detenção, de seis me-
Pena – detenção, de quinze ses a três anos, e multa.
dias a três meses, e multa. Art. 352. Evadir-se ou tentar
§ 2o Se quem presta o auxí- evadir-se o preso ou o indivíduo Exploração de prestígio
lio é ascendente, descendente, submetido a medida de seguran-
cônjuge ou irmão do criminoso, ça detentiva, usando de violência Art. 357. Solicitar ou receber
fica isento de pena. contra a pessoa: dinheiro ou qualquer outra uti-
Pena – detenção, de três me- lidade, a pretexto de influir em
Favorecimento real ses a um ano, além da pena cor- juiz, jurado, órgão do Ministério
respondente à violência. Público, funcionário de justiça,
Art. 349. Prestar a criminoso, perito, tradutor, intérprete ou
fora dos casos de coautoria ou testemunha:
de receptação, auxílio destinado a Pena – reclusão, de um a cin-

440
Código Penal
co anos, e multa. a inscrição em restos a pagar, de da legislatura:
Parágrafo único. As penas despesa que não tenha sido pre- Pena – reclusão, de 1 (um) a
aumentam-se de um terço, se viamente empenhada ou que ex- 4 (quatro) anos.
o agente alega ou insinua que o ceda limite estabelecido em lei:
dinheiro ou utilidade também se Pena – detenção, de 6 (seis) Oferta pública ou colocação
destina a qualquer das pessoas meses a 2 (dois) anos. de títulos no mercado
referidas neste artigo.
Assunção de obrigação no último Art. 359-H. Ordenar, autorizar
Violência ou fraude em ano do mandato ou legislatura ou promover a oferta pública ou a
arrematação judicial colocação no mercado financeiro
Art. 359-C. Ordenar ou autorizar de títulos da dívida pública sem
Art. 358. Impedir, perturbar a assunção de obrigação, nos dois que tenham sido criados por lei
ou fraudar arrematação judicial; últimos quadrimestres do último ou sem que estejam registrados
afastar ou procurar afastar con- ano do mandato ou legislatura, em sistema centralizado de liqui-
corrente ou licitante, por meio de cuja despesa não possa ser paga dação e de custódia:
violência, grave ameaça, fraude no mesmo exercício financeiro ou, Pena – reclusão, de 1 (um) a
ou oferecimento de vantagem: caso reste parcela a ser paga no 4 (quatro) anos.
Pena – detenção, de dois me- exercício seguinte, que não te-
ses a um ano, ou multa, além da nha contrapartida suficiente de
pena correspondente à violência. disponibilidade de caixa: TÍTULO XII – DOS CRIMES
Pena – reclusão, de 1 (um) a CONTRA O ESTADO
Desobediência a decisão judicial 4 (quatro) anos. DEMOCRÁTICO DE DIREITO
sobre perda ou suspensão de direito
Ordenação de despesa não autorizada CAPÍTULO I – DOS CRIMES
Art. 359. Exercer função, ati- CONTRA A SOBERANIA
vidade, direito, autoridade ou Art. 359-D. Ordenar despesa NACIONAL
múnus, de que foi suspenso ou não autorizada por lei:
privado por decisão judicial: Pena – reclusão, de 1 (um) a Atentado à soberania
Pena – detenção, de três me- 4 (quatro) anos.
ses a dois anos, ou multa. Art. 359-I. Negociar com gover-
Prestação de garantia graciosa no ou grupo estrangeiro, ou seus
agentes, com o fim de provocar
CAPÍTULO IV – DOS CRIMES Art. 359-E. Prestar garantia em atos típicos de guerra contra o
CONTRA AS FINANÇAS operação de crédito sem que País ou invadi-lo:
PÚBLICAS tenha sido constituída contraga- Pena – reclusão, de 3 (três) a
rantia em valor igual ou superior 8 (oito) anos.
Contratação de operação de crédito ao valor da garantia prestada, na § 1o Aumenta-se a pena de
forma da lei: metade até o dobro, se decla-
Art. 359-A. Ordenar, autorizar Pena – detenção, de 3 (três) rada guerra em decorrência das
ou realizar operação de crédito, meses a 1 (um) ano. condutas previstas no caput des-
interno ou externo, sem prévia te artigo.
autorização legislativa: Não cancelamento de restos a pagar § 2o Se o agente participa
Pena – reclusão, de 1 (um) a de operação bélica com o fim de
2 (dois) anos. Art. 359-F. Deixar de ordenar, submeter o território nacional,
Parágrafo único. Incide na de autorizar ou de promover o ou parte dele, ao domínio ou à
mesma pena quem ordena, auto- cancelamento do montante de soberania de outro país:
riza ou realiza operação de cré- restos a pagar inscrito em valor Pena – reclusão, de 4 (quatro)
dito, interno ou externo: superior ao permitido em lei: a 12 (doze) anos.
I – com inobservância de limi- Pena – detenção, de 6 (seis)
te, condição ou montante esta- meses a 2 (dois) anos. Atentado à integridade nacional
belecido em lei ou em resolução
do Senado Federal; Aumento de despesa total Art. 359-J. Praticar violência ou
II – quando o montante da com pessoal no último ano do grave ameaça com a finalidade de
dívida consolidada ultrapassa o mandato ou legislatura desmembrar parte do território
limite máximo autorizado por lei. nacional para constituir país in-
Art. 359-G. Ordenar, autorizar dependente:
Inscrição de despesas não ou executar ato que acarrete Pena – reclusão, de 2 (dois) a
empenhadas em restos a pagar aumento de despesa total com 6 (seis) anos, além da pena cor-
pessoal, nos cento e oitenta dias respondente à violência.
Art. 359-B. Ordenar ou autorizar anteriores ao final do mandato ou

441
Código Penal
Espionagem Golpe de Estado CAPÍTULO IV – DOS
CRIMES CONTRA O
Art. 359-K. Entregar a governo Art. 359-M. Tentar depor, por
estrangeiro, a seus agentes, ou a meio de violência ou grave ame-
FUNCIONAMENTO DOS
organização criminosa estran- aça, o governo legitimamente SERVIÇOS ESSENCIAIS
geira, em desacordo com deter- constituído:
minação legal ou regulamentar, Pena – reclusão, de 4 (quatro) Sabotagem
documento ou informação clas- a 12 (doze) anos, além da pena
sificados como secretos ou ul- correspondente à violência. Art. 359-R. Destruir ou inutilizar
trassecretos nos termos da lei, meios de comunicação ao públi-
cuja revelação possa colocar em co, estabelecimentos, instalações
perigo a preservação da ordem CAPÍTULO III – DOS ou serviços destinados à defesa
constitucional ou a soberania CRIMES CONTRA O nacional, com o fim de abolir o
nacional: FUNCIONAMENTO Estado Democrático de Direito:
Pena – reclusão, de 3 (três) a DAS INSTITUIÇÕES Pena – reclusão, de 2 (dois) a
12 (doze) anos. DEMOCRÁTICAS NO 8 (oito) anos.
§ 1o Incorre na mesma pena
quem presta auxílio a espião, co- PROCESSO ELEITORAL
nhecendo essa circunstância, CAPÍTULO V – (VETADO)
para subtraí-lo à ação da autori- Interrupção do processo eleitoral CAPÍTULO VI –
dade pública.
§ 2o Se o documento, dado Art. 359-N. Impedir ou pertur- DISPOSIÇÕES COMUNS
ou informação é transmitido ou bar a eleição ou a aferição de
revelado com violação do dever seu resultado, mediante violação Art. 359-T. Não constitui cri-
de sigilo: indevida de mecanismos de se- me previsto neste Título a ma-
Pena – reclusão, de 6 (seis) a gurança do sistema eletrônico de nifestação crítica aos poderes
15 (quinze) anos. votação estabelecido pela Justiça constitucionais nem a atividade
§ 3o Facilitar a prática de Eleitoral: jornalística ou a reivindicação
qualquer dos crimes previstos Pena – reclusão, de 3 (três) a de direitos e garantias constitu-
neste artigo mediante atribuição, 6 (seis) anos, e multa. cionais por meio de passeatas,
fornecimento ou empréstimo de de reuniões, de greves, de aglo-
senha, ou de qualquer outra forma (Vetado) merações ou de qualquer outra
de acesso de pessoas não autori- forma de manifestação política
zadas a sistemas de informações: Art. 359-O. (Vetado) com propósitos sociais.
Pena – detenção, de 1 (um) a
4 (quatro) anos. Violência política (Vetado)
§ 4o Não constitui crime a
comunicação, a entrega ou a pu- Art. 359-P. Restringir, impedir Art. 359-U. (Vetado)
blicação de informações ou de ou dificultar, com emprego de
documentos com o fim de expor violência física, sexual ou psi-
a prática de crime ou a violação cológica, o exercício de direitos DISPOSIÇÕES FINAIS
de direitos humanos. políticos a qualquer pessoa em
razão de seu sexo, raça, cor, etnia, Art. 360. Ressalvada a legis-
religião ou procedência nacional: lação especial sobre os crimes
CAPÍTULO II – DOS CRIMES Pena – reclusão, de 3 (três) contra a existência, a seguran-
CONTRA AS INSTITUIÇÕES a 6 (seis) anos, e multa, além da ça e a integridade do Estado e
DEMOCRÁTICAS pena correspondente à violência. contra a guarda e o emprego da
economia popular, os crimes de
Abolição violenta do Estado (Vetado) imprensa e os de falência, os de
Democrático de Direito responsabilidade do Presidente
Art. 359-Q. (Vetado) da República e dos Governadores
Art. 359-L. Tentar, com empre- ou Interventores, e os crimes mili-
go de violência ou grave ameaça, tares, revogam-se as disposições
abolir o Estado Democrático de em contrário.
Direito, impedindo ou restringindo
o exercício dos poderes consti- Art. 361. Este Código entrará em
tucionais: vigor no dia 1o de janeiro de 1942.
Pena – reclusão, de 4 (quatro)
a 8 (oito) anos, além da pena cor- Rio de Janeiro, 7 de dezembro
respondente à violência. de 1940; 119o da Independência

442
Código Penal
e 52o da República.

GETÚLIO VARGAS

Decretado em 7/12/1940, publicado no


DOU de 31/12/1940 e retificado no DOU
de 3/1/1941.

443
Código de Processo Penal
ATUALIZADA ATÉ JANEIRO DE 2022

Atualização e revisão técnica: Coordenação de Edições Técnicas


A norma aqui apresentada não substitui as publicações do Diário Oficial da União.
Sumário

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL

Decreto-lei no 3.689/1941
451 LIVRO I – DO PROCESSO EM GERAL
451 TÍTULO I – DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
452 TÍTULO II – DO INQUÉRITO POLICIAL
455 TÍTULO III – DA AÇÃO PENAL
458 TÍTULO IV – DA AÇÃO CIVIL
458 TÍTULO V – DA COMPETÊNCIA
458 CAPÍTULO I – DA COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO
459 CAPÍTULO II – DA COMPETÊNCIA PELO DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO RÉU
459 CAPÍTULO III – DA COMPETÊNCIA PELA NATUREZA DA INFRAÇÃO
459 CAPÍTULO IV – DA COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO
459 CAPÍTULO V – DA COMPETÊNCIA POR CONEXÃO OU CONTINÊNCIA
460 CAPÍTULO VI– DA COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO
460 CAPÍTULO VII– DA COMPETÊNCIA PELA PRERROGATIVA DE FUNÇÃO
460 CAPÍTULO VIII – DISPOSIÇÕES ESPECIAIS
461 TÍTULO VI – DAS QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES
461 CAPÍTULO I – DAS QUESTÕES PREJUDICIAIS
461 CAPÍTULO II – DAS EXCEÇÕES
462 CAPÍTULO III – DAS INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS
462 CAPÍTULO IV – DO CONFLITO DE JURISDIÇÃO
463 CAPÍTULO V – DA RESTITUIÇÃO DAS COISAS APREENDIDAS
463 CAPÍTULO VI – DAS MEDIDAS ASSECURATÓRIAS
465 CAPÍTULO VII – DO INCIDENTE DE FALSIDADE
465 CAPÍTULO VIII – DA INSANIDADE MENTAL DO ACUSADO
466 TÍTULO VII – DA PROVA
466 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
466 CAPÍTULO II – DO EXAME DE CORPO DE DELITO, DA CADEIA DE CUSTÓDIA E DAS PERÍCIAS
EM GERAL
469 CAPÍTULO III – DO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO
471 CAPÍTULO IV – DA CONFISSÃO
471 CAPÍTULO V – DO OFENDIDO
471 CAPÍTULO VI – DAS TESTEMUNHAS
473 CAPÍTULO VII – DO RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS
473 CAPÍTULO VIII – DA ACAREAÇÃO
473 CAPÍTULO IX – DOS DOCUMENTOS
474 CAPÍTULO X – DOS INDÍCIOS
474 CAPÍTULO XI – DA BUSCA E DA APREENSÃO
475 TÍTULO VIII – DO JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DO ACUSADO E DEFENSOR, DOS
ASSISTENTES E AUXILIARES DA JUSTIÇA
475 CAPÍTULO I – DO JUIZ
475 CAPÍTULO II – DO MINISTÉRIO PÚBLICO
475 CAPÍTULO III – DO ACUSADO E SEU DEFENSOR
476 CAPÍTULO IV – DOS ASSISTENTES
476 CAPÍTULO V – DOS FUNCIONÁRIOS DA JUSTIÇA
476 CAPÍTULO VI – DOS PERITOS E INTÉRPRETES
476 TÍTULO IX – DA PRISÃO, DAS MEDIDAS CAUTELARES E DA LIBERDADE PROVISÓRIA
476 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
479 CAPÍTULO II – DA PRISÃO EM FLAGRANTE
480 CAPÍTULO III – DA PRISÃO PREVENTIVA
481 CAPÍTULO IV – DA PRISÃO DOMICILIAR
481 CAPÍTULO V – DAS OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES
481 CAPÍTULO VI – DA LIBERDADE PROVISÓRIA, COM OU SEM FIANÇA
483 TÍTULO X – DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES
483 CAPÍTULO I – DAS CITAÇÕES
484 CAPÍTULO II – DAS INTIMAÇÕES
485 TÍTULO XI – DA APLICAÇÃO PROVISÓRIA DE INTERDIÇÕES DE DIREITOS E MEDIDAS DE
SEGURANÇA
485 TÍTULO XII – DA SENTENÇA
487 LIVRO II – DOS PROCESSOS EM ESPÉCIE
487 TÍTULO I – DO PROCESSO COMUM
487 CAPÍTULO I – DA INSTRUÇÃO CRIMINAL
488 CAPÍTULO II – DO PROCEDIMENTO RELATIVO AOS PROCESSOS DA COMPETÊNCIA DO
TRIBUNAL DO JÚRI
488 Seção I – Da Acusação e da Instrução Preliminar
489 Seção II – Da Pronúncia, da Impronúncia e da Absolvição Sumária
489 Seção III – Da Preparação do Processo para Julgamento em Plenário
490 Seção IV – Do Alistamento dos Jurados
490 Seção V – Do Desaforamento
490 Seção VI – Da Organização da Pauta
491 Seção VII – Do Sorteio e da Convocação dos Jurados
491 Seção VIII – Da Função do Jurado
492 Seção IX – Da Composição do Tribunal do Júri e da Formação do Conselho de Sentença
492 Seção X – Da Reunião e das Sessões do Tribunal do Júri
493 Seção XI – Da Instrução em Plenário
494 Seção XII – Dos Debates
495 Seção XIII – Do Questionário e Sua Votação
495 Seção XIV – Da Sentença
496 Seção XV – Da Ata dos Trabalhos
496 Seção XVI – Das Atribuições do Presidente do Tribunal do Júri
497 CAPÍTULO III – DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES DA COMPETÊNCIA DO JUIZ
SINGULAR
497 TÍTULO II – DOS PROCESSOS ESPECIAIS
497 CAPÍTULO I – DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES DE FALÊNCIA
497 CAPÍTULO II – DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES DE RESPONSABILIDADE DOS
FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS
497 CAPÍTULO III – DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES DE CALÚNIA E INJÚRIA, DE
COMPETÊNCIA DO JUIZ SINGULAR
497 CAPÍTULO IV – DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE
IMATERIAL
498 CAPÍTULO V – DO PROCESSO SUMÁRIO
499 CAPÍTULO VI – DO PROCESSO DE RESTAURAÇÃO DE AUTOS EXTRAVIADOS OU DESTRUÍDOS
500 CAPÍTULO VII – DO PROCESSO DE APLICAÇÃO DE MEDIDA DE SEGURANÇA POR FATO NÃO
CRIMINOSO
500 TÍTULO III – DOS PROCESSOS DE COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E DOS
TRIBUNAIS DE APELAÇÃO
500 CAPÍTULO I – DA INSTRUÇÃO
500 CAPÍTULO II – DO JULGAMENTO
500 LIVRO III – DAS NULIDADES E DOS RECURSOS EM GERAL
500 TÍTULO I – DAS NULIDADES
501 TÍTULO II – DOS RECURSOS EM GERAL
501 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
502 CAPÍTULO II – DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
503 CAPÍTULO III – DA APELAÇÃO
504 CAPÍTULO IV – DO PROTESTO POR NOVO JÚRI
504 CAPÍTULO V – DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS RECURSOS EM SENTIDO ESTRITO E
DAS APELAÇÕES, NOS TRIBUNAIS DE APELAÇÃO
504 CAPÍTULO VI – DOS EMBARGOS
504 CAPÍTULO VII – DA REVISÃO
505 CAPÍTULO VIII – DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO
506 CAPÍTULO IX – DA CARTA TESTEMUNHÁVEL
506 CAPÍTULO X – DO HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO
508 LIVRO IV – DA EXECUÇÃO
508 TÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
508 TÍTULO II – DA EXECUÇÃO DAS PENAS EM ESPÉCIE
508 CAPÍTULO I – DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE
509 CAPÍTULO II – DAS PENAS PECUNIÁRIAS
510 CAPÍTULO III – DAS PENAS ACESSÓRIAS
510 TÍTULO III – DOS INCIDENTES DA EXECUÇÃO
510 CAPÍTULO I – DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
511 CAPÍTULO II – DO LIVRAMENTO CONDICIONAL
513 TÍTULO IV – DA GRAÇA, DO INDULTO, DA ANISTIA E DA REABILITAÇÃO
513 CAPÍTULO I – DA GRAÇA, DO INDULTO E DA ANISTIA
514 CAPÍTULO II – DA REABILITAÇÃO
514 TÍTULO V – DA EXECUÇÃO DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA
516 LIVRO V – DAS RELAÇÕES JURISDICIONAIS COM AUTORIDADE ESTRANGEIRA
516 TÍTULO ÚNICO
516 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
516 CAPÍTULO II – DAS CARTAS ROGATÓRIAS
517 CAPÍTULO III – DA HOMOLOGAÇÃO DAS SENTENÇAS ESTRANGEIRAS
517 LIVRO VI – DISPOSIÇÕES GERAIS
Código de Processo Penal

Decreto-lei no 3.689/1941

Código de Processo Penal. Parágrafo único. Aplicar-se- dos direitos do preso, podendo
-á, entretanto, este Código aos determinar que este seja con-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, processos referidos nos nos IV e duzido à sua presença, a qual-
usando da atribuição que lhe V, quando as leis especiais que quer tempo;
confere o art. 180 da Consti- os regulam não dispuserem de IV – ser informado sobre a
tuição, modo diverso. instauração de qualquer inves-
tigação criminal;
DECRETA a seguinte Lei: Art. 2o A lei processual penal V – decidir sobre o requeri-
aplicar-se-á desde logo, sem pre- mento de prisão provisória ou
juízo da validade dos atos realiza- outra medida cautelar, observado
LIVRO I – DO PROCESSO EM dos sob a vigência da lei anterior. o disposto no § 1o deste artigo;
GERAL VI – prorrogar a prisão pro-
Art. 3o A lei processual penal visória ou outra medida caute-
TÍTULO I – DISPOSIÇÕES admitirá interpretação extensiva lar, bem como substituí-las ou
PRELIMINARES e aplicação analógica, bem como revogá-las, assegurado, no pri-
o suplemento dos princípios ge- meiro caso, o exercício do con-
Art. 1o O processo penal reger- rais de direito. traditório em audiência pública e
-se-á, em todo o território bra- oral, na forma do disposto neste
sileiro, por este Código, ressal- Juiz das Garantias Código ou em legislação especial
vados: pertinente;
I – os tratados, as convenções Art. 3o-A. O processo penal terá VII – decidir sobre o requeri-
e regras de direito internacional; estrutura acusatória, vedadas a mento de produção antecipada
II – as prerrogativas consti- iniciativa do juiz na fase de in- de provas consideradas urgentes
tucionais do Presidente da Re- vestigação e a substituição da e não repetíveis, assegurados o
pública, dos ministros de Estado, atuação probatória do órgão de contraditório e a ampla defesa em
nos crimes conexos com os do acusação. audiência pública e oral;
Presidente da República, e dos VIII – prorrogar o prazo de
ministros do Supremo Tribunal Art. 3o-B. O juiz das garantias é duração do inquérito, estando o
Federal, nos crimes de respon- responsável pelo controle da lega- investigado preso, em vista das
sabilidade (Constituição, arts. 86, lidade da investigação criminal e razões apresentadas pela auto-
89, § 2o, e 100)1; pela salvaguarda dos direitos in- ridade policial e observado o dis-
III – os processos da compe- dividuais cuja franquia tenha sido posto no § 2o deste artigo;
tência da Justiça Militar; reservada à autorização prévia do IX – determinar o trancamen-
IV – os processos da compe- Poder Judiciário, competindo-lhe to do inquérito policial quando
tência do tribunal especial (Cons- especialmente: não houver fundamento razoável
tituição, art. 122, no 17)2; I – receber a comunicação para sua instauração ou prosse-
V – os processos por crimes imediata da prisão, nos termos guimento;
de imprensa.3 do inciso LXII do caput do art. 5o X – requisitar documentos,
da Constituição Federal; laudos e informações ao delegado
1
Nota do Editor (NE): os artigos mencionados II – receber o auto da prisão de polícia sobre o andamento da
são os da Constituição de 1937. em flagrante para o controle da investigação;
2
NE: o artigo mencionado é o da Consti- legalidade da prisão, observado o XI – decidir sobre os reque-
tuição de 1937. disposto no art. 310 deste Código; rimentos de:
3
NE: ver ADPF no 130. III – zelar pela observância a) interceptação telefônica,

451
Código de Processo Penal
do fluxo de comunicações em vez, a duração do inquérito por União, dos Estados e do Distrito
sistemas de informática e tele- até 15 (quinze) dias, após o que, Federal, observando critérios ob-
mática ou de outras formas de se ainda assim a investigação jetivos a serem periodicamente
comunicação; não for concluída, a prisão será divulgados pelo respectivo tri-
b) afastamento dos sigilos imediatamente relaxada. bunal.
fiscal, bancário, de dados e te-
lefônico; Art. 3o-C. A competência do juiz Art. 3o-F. O juiz das garantias
c) busca e apreensão do- das garantias abrange todas as deverá assegurar o cumprimen-
miciliar; infrações penais, exceto as de to das regras para o tratamento
d) acesso a informações si- menor potencial ofensivo, e cessa dos presos, impedindo o acordo
gilosas; com o recebimento da denúncia ou ajuste de qualquer autorida-
e) outros meios de obtenção ou queixa na forma do art. 399 de com órgãos da imprensa para
da prova que restrinjam direitos deste Código. explorar a imagem da pessoa
fundamentais do investigado; § 1o Recebida a denúncia ou submetida à prisão, sob pena de
XII – julgar o habeas corpus queixa, as questões pendentes responsabilidade civil, adminis-
impetrado antes do oferecimento serão decididas pelo juiz da ins- trativa e penal.
da denúncia; trução e julgamento. Parágrafo único. Por meio
XIII – determinar a instaura- § 2o As decisões proferidas de regulamento, as autoridades
ção de incidente de insanidade pelo juiz das garantias não vin- deverão disciplinar, em 180 (cento
mental; culam o juiz da instrução e julga- e oitenta) dias, o modo pelo qual
XIV – decidir sobre o recebi- mento, que, após o recebimento as informações sobre a realização
mento da denúncia ou queixa, nos da denúncia ou queixa, deverá da prisão e a identidade do preso
termos do art. 399 deste Código; reexaminar a necessidade das serão, de modo padronizado e
XV – assegurar prontamente, medidas cautelares em curso, respeitada a programação nor-
quando se fizer necessário, o di- no prazo máximo de 10 (dez) dias. mativa aludida no caput deste
reito outorgado ao investigado e § 3o Os autos que compõem artigo, transmitidas à imprensa,
ao seu defensor de acesso a to- as matérias de competência do assegurados a efetividade da per-
dos os elementos informativos e juiz das garantias ficarão acaute- secução penal, o direito à infor-
provas produzidos no âmbito da lados na secretaria desse juízo, à mação e a dignidade da pessoa
investigação criminal, salvo no disposição do Ministério Público e submetida à prisão.
que concerne, estritamente, às da defesa, e não serão apensados
diligências em andamento; aos autos do processo enviados
XVI – deferir pedido de ad- ao juiz da instrução e julgamen- TÍTULO II – DO INQUÉRITO
missão de assistente técnico to, ressalvados os documentos POLICIAL
para acompanhar a produção relativos às provas irrepetíveis,
da perícia; medidas de obtenção de provas Art. 4o A polícia judiciária será
XVII – decidir sobre a homo- ou de antecipação de provas, que exercida pelas autoridades poli-
logação de acordo de não perse- deverão ser remetidos para apen- ciais no território de suas respec-
cução penal ou os de colaboração samento em apartado. tivas circunscrições e terá por fim
premiada, quando formalizados § 4o Fica assegurado às par- a apuração das infrações penais
durante a investigação; tes o amplo acesso aos autos e da sua autoria.
XVIII – outras matérias ine- acautelados na secretaria do juízo Parágrafo único. A compe-
rentes às atribuições definidas das garantias. tência definida neste artigo não
no caput deste artigo. excluirá a de autoridades admi-
§ 1o O preso em flagrante ou Art. 3o-D. O juiz que, na fase de nistrativas, a quem por lei seja
por força de mandado de prisão investigação, praticar qualquer cometida a mesma função.
provisória será encaminhado à ato incluído nas competências
presença do juiz de garantias dos arts. 4o e 5o deste Código Art. 5o Nos crimes de ação pú-
no prazo de 24 (vinte e quatro) ficará impedido de funcionar no blica o inquérito policial será ini-
horas, momento em que se rea- processo. ciado:
lizará audiência com a presença Parágrafo único. Nas comar- I – de ofício;
do Ministério Público e da De- cas em que funcionar apenas um II – mediante requisição da
fensoria Pública ou de advogado juiz, os tribunais criarão um sis- autoridade judiciária ou do Minis-
constituído, vedado o emprego de tema de rodízio de magistrados, tério Público, ou a requerimento
videoconferência. a fim de atender às disposições do ofendido ou de quem tiver qua-
§ 2o Se o investigado estiver deste Capítulo. lidade para representá-lo.
preso, o juiz das garantias poderá, § 1o O requerimento a que
mediante representação da auto- Art. 3o-E. O juiz das garantias se refere o no II conterá sempre
ridade policial e ouvido o Ministé- será designado conforme as nor- que possível:
rio Público, prorrogar, uma única mas de organização judiciária da a) a narração do fato, com

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Código de Processo Penal
todas as circunstâncias; que se proceda a exame de cor- que não tiverem sido inquiridas,
b) a individualização do indi- po de delito e a quaisquer outras mencionando o lugar onde pos-
ciado ou seus sinais característi- perícias; sam ser encontradas.
cos e as razões de convicção ou VIII – ordenar a identifica- § 3o Quando o fato for de di-
de presunção de ser ele o autor ção do indiciado pelo processo fícil elucidação, e o indiciado es-
da infração, ou os motivos de im- datiloscópico, se possível, e fa- tiver solto, a autoridade poderá
possibilidade de o fazer; zer juntar aos autos sua folha de requerer ao juiz a devolução dos
c) a nomeação das teste- antecedentes; autos, para ulteriores diligências,
munhas, com indicação de sua IX – averiguar a vida pregres- que serão realizadas no prazo
profissão e residência. sa do indiciado, sob o ponto de marcado pelo juiz.
§ 2o Do despacho que inde- vista individual, familiar e social,
ferir o requerimento de abertura sua condição econômica, sua ati- Art. 11. Os instrumentos do cri-
de inquérito caberá recurso para tude e estado de ânimo antes e me, bem como os objetos que
o chefe de Polícia. depois do crime e durante ele, e interessarem à prova, acompa-
§ 3o Qualquer pessoa do povo quaisquer outros elementos que nharão os autos do inquérito.
que tiver conhecimento da exis- contribuírem para a apreciação
tência de infração penal em que do seu temperamento e caráter; Art. 12. O inquérito policial
caiba ação pública poderá, ver- X – colher informações sobre acompanhará a denúncia ou quei-
balmente ou por escrito, comu- a existência de filhos, respecti- xa, sempre que servir de base a
nicá-la à autoridade policial, e vas idades e se possuem alguma uma ou outra.
esta, verificada a procedência deficiência e o nome e o contato
das informações, mandará ins- de eventual responsável pelos Art. 13. Incumbirá ainda à auto-
taurar inquérito. cuidados dos filhos, indicado pela ridade policial:
§ 4o O inquérito, nos crimes pessoa presa. I – fornecer às autoridades
em que a ação pública depender judiciárias as informações neces-
de representação, não poderá Art. 7o Para verificar a possibi- sárias à instrução e julgamento
sem ela ser iniciado. lidade de haver a infração sido dos processos;
§ 5o Nos crimes de ação pri- praticada de determinado modo, a II – realizar as diligências re-
vada, a autoridade policial somen- autoridade policial poderá proce- quisitadas pelo juiz ou pelo Mi-
te poderá proceder a inquérito der à reprodução simulada dos fa- nistério Público;
a requerimento de quem tenha tos, desde que esta não contrarie III – cumprir os mandados de
qualidade para intentá-la. a moralidade ou a ordem pública. prisão expedidos pelas autorida-
des judiciárias;
Art. 6o Logo que tiver conheci- Art. 8o Havendo prisão em fla- IV – representar acerca da
mento da prática da infração pe- grante, será observado o dis- prisão preventiva.
nal, a autoridade policial deverá: posto no Capítulo II do Título IX
I – dirigir-se ao local, provi- deste Livro. Art. 13-A. Nos crimes previs-
denciando para que não se alte- tos nos arts. 148, 149 e 149-A,
rem o estado e conservação das Art. 9o Todas as peças do in- no § 3o do art. 158 e no art. 159
coisas, até a chegada dos peritos quérito policial serão, num só do Decreto-lei no 2.848, de 7 de
criminais; processado, reduzidas a escrito dezembro de 1940 (Código Pe-
II – apreender os objetos que ou datilografadas e, neste caso, nal), e no art. 239 da Lei no 8.069,
tiverem relação com o fato, após rubricadas pela autoridade. de 13 de julho de 1990 (Estatuto
liberados pelos peritos criminais; da Criança e do Adolescente), o
III – colher todas as provas Art. 10. O inquérito deverá ter- membro do Ministério Público ou
que servirem para o esclareci- minar no prazo de 10 dias, se o o delegado de polícia poderá re-
mento do fato e suas circuns- indiciado tiver sido preso em fla- quisitar, de quaisquer órgãos do
tâncias; grante, ou estiver preso preventi- poder público ou de empresas da
IV – ouvir o ofendido; vamente, contado o prazo, nesta iniciativa privada, dados e infor-
V – ouvir o indiciado, com hipótese, a partir do dia em que mações cadastrais da vítima ou
observância, no que for aplicá- se executar a ordem de prisão, de suspeitos.
vel, do disposto no Capítulo III do ou no prazo de 30 dias, quando Parágrafo único. A requisi-
Título VII, deste Livro, devendo o estiver solto, mediante fiança ção, que será atendida no pra-
respectivo termo ser assinado ou sem ela. zo de 24 (vinte e quatro) horas,
por duas testemunhas que lhe § 1o A autoridade fará minu- conterá:
tenham ouvido a leitura; cioso relatório do que tiver sido I – o nome da autoridade re-
VI – proceder a reconheci- apurado e enviará autos ao juiz quisitante;
mento de pessoas e coisas e a competente. II – o número do inquérito
acareações; § 2o No relatório poderá a policial; e
VII – determinar, se for caso, autoridade indicar testemunhas III – a identificação da unidade

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Código de Processo Penal
de polícia judiciária responsável presentante legal, e o indiciado manifestação de que não existe
pela investigação. poderão requerer qualquer di- defensor público lotado na área
ligência, que será realizada, ou territorial onde tramita o inqué-
Art. 13-B. Se necessário à pre- não, a juízo da autoridade. rito e com atribuição para nele
venção e à repressão dos crimes atuar, hipótese em que poderá
relacionados ao tráfico de pes- Art. 14-A. Nos casos em que ser indicado profissional que não
soas, o membro do Ministério servidores vinculados às insti- integre os quadros próprios da
Público ou o delegado de polícia tuições dispostas no art. 144 da Administração.
poderão requisitar, mediante au- Constituição Federal figurarem § 5o Na hipótese de não atu-
torização judicial, às empresas como investigados em inquéritos ação da Defensoria Pública, os
prestadoras de serviço de teleco- policiais, inquéritos policiais mi- custos com o patrocínio dos in-
municações e/ou telemática que litares e demais procedimentos teresses dos investigados nos
disponibilizem imediatamente extrajudiciais, cujo objeto for a procedimentos de que trata este
os meios técnicos adequados – investigação de fatos relaciona- artigo correrão por conta do or-
como sinais, informações e ou- dos ao uso da força letal pratica- çamento próprio da instituição a
tros – que permitam a localização dos no exercício profissional, de que este esteja vinculado à época
da vítima ou dos suspeitos do forma consumada ou tentada, da ocorrência dos fatos investi-
delito em curso. incluindo as situações dispostas gados.
§ 1o Para os efeitos deste no art. 23 do Decreto-lei no 2.848, § 6o As disposições constan-
artigo, sinal significa posiciona- de 7 de dezembro de 1940 (Código tes deste artigo se aplicam aos
mento da estação de cobertura, Penal), o indiciado poderá cons- servidores militares vinculados às
setorização e intensidade de ra- tituir defensor. instituições dispostas no art. 142
diofrequência. § 1o Para os casos previs- da Constituição Federal, desde
§ 2o Na hipótese de que trata tos no caput deste artigo, o in- que os fatos investigados digam
o caput, o sinal: vestigado deverá ser citado da respeito a missões para a Garantia
I – não permitirá acesso ao instauração do procedimento da Lei e da Ordem.
conteúdo da comunicação de investigatório, podendo consti-
qualquer natureza, que depen- tuir defensor no prazo de até 48 Art. 15. Se o indiciado for menor,
derá de autorização judicial, con- (quarenta e oito) horas a contar ser-lhe-á nomeado curador pela
forme disposto em lei; do recebimento da citação. autoridade policial.
II – deverá ser fornecido pela § 2o Esgotado o prazo dis-
prestadora de telefonia móvel posto no § 1o deste artigo com Art. 16. O Ministério Público não
celular por período não superior ausência de nomeação de defen- poderá requerer a devolução do
a 30 (trinta) dias, renovável por sor pelo investigado, a autoridade inquérito à autoridade policial,
uma única vez, por igual período; responsável pela investigação senão para novas diligências, im-
III – para períodos superiores deverá intimar a instituição a que prescindíveis ao oferecimento da
àquele de que trata o inciso II, estava vinculado o investigado à denúncia.
será necessária a apresentação época da ocorrência dos fatos,
de ordem judicial. para que essa, no prazo de 48 Art. 17. A autoridade policial não
§ 3o Na hipótese prevista (quarenta e oito) horas, indique poderá mandar arquivar autos de
neste artigo, o inquérito policial defensor para a representação inquérito.
deverá ser instaurado no prazo do investigado.
máximo de 72 (setenta e duas) § 3o Havendo necessidade Art. 18. Depois de ordenado o
horas, contado do registro da de indicação de defensor nos arquivamento do inquérito pela
respectiva ocorrência policial. termos do § 2o deste artigo, a de- autoridade judiciária, por falta
§ 4o Não havendo manifesta- fesa caberá preferencialmente à de base para a denúncia, a au-
ção judicial no prazo de 12 (doze) Defensoria Pública, e, nos locais toridade policial poderá proceder
horas, a autoridade competente em que ela não estiver instalada, a novas pesquisas, se de outras
requisitará às empresas presta- a União ou a Unidade da Federa- provas tiver notícia.
doras de serviço de telecomu- ção correspondente à respec-
nicações e/ou telemática que tiva competência territorial do Art. 19. Nos crimes em que não
disponibilizem imediatamente procedimento instaurado deverá couber ação pública, os autos do
os meios técnicos adequados – disponibilizar profissional para inquérito serão remetidos ao juízo
como sinais, informações e ou- acompanhamento e realização competente, onde aguardarão a
tros – que permitam a localização de todos os atos relacionados iniciativa do ofendido ou de seu
da vítima ou dos suspeitos do à defesa administrativa do in- representante legal, ou serão en-
delito em curso, com imediata vestigado. tregues ao requerente, se o pedir,
comunicação ao juiz. § 4o A indicação do profis- mediante traslado.
sional a que se refere o § 3o deste
Art. 14. O ofendido, ou seu re- artigo deverá ser precedida de Art. 20. A autoridade assegurará

454
Código de Processo Penal
no inquérito o sigilo necessário à denúncia do Ministério Público, quivamento do inquérito policial
elucidação do fato ou exigido pelo mas dependerá, quando a lei o poderá ser provocada pela chefia
interesse da sociedade. exigir, de requisição do Ministro do órgão a quem couber a sua
Parágrafo único. Nos ates- da Justiça, ou de representação representação judicial.
tados de antecedentes que lhe do ofendido ou de quem tiver qua-
forem solicitados, a autoridade lidade para representá-lo. Art. 28-A. Não sendo caso de
policial não poderá mencionar § 1o No caso de morte do arquivamento e tendo o inves-
quaisquer anotações referentes ofendido ou quando declarado tigado confessado formal e cir-
a instauração de inquérito contra ausente por decisão judicial, o cunstancialmente a prática de
os requerentes. direito de representação passará infração penal sem violência ou
ao cônjuge, ascendente, descen- grave ameaça e com pena míni-
Art. 21. A incomunicabilidade do dente ou irmão. ma inferior a 4 (quatro) anos, o
indiciado dependerá sempre de § 2o Seja qual for o crime, Ministério Público poderá propor
despacho nos autos e somente quando praticado em detrimen- acordo de não persecução penal,
será permitida quando o interesse to do patrimônio ou interesse da desde que necessário e suficien-
da sociedade ou a conveniência União, Estado e Município, a ação te para reprovação e prevenção
da investigação o exigir. penal será pública. do crime, mediante as seguintes
Parágrafo único. A incomu- condições ajustadas cumulativa
nicabilidade, que não excederá Art. 25. A representação será e alternativamente:
de três dias, será decretada por irretratável, depois de oferecida I – reparar o dano ou restituir
despacho fundamentado do Juiz, a denúncia. a coisa à vítima, exceto na impos-
a requerimento da autoridade sibilidade de fazê-lo;
policial, ou do órgão do Ministério Art. 26. A ação penal, nas con- II – renunciar voluntariamente
Público, respeitado, em qualquer travenções, será iniciada com o a bens e direitos indicados pelo
hipótese, o disposto no artigo auto de prisão em flagrante ou por Ministério Público como instru-
89, inciso III, do Estatuto da Or- meio de portaria expedida pela mentos, produto ou proveito do
dem dos Advogados do Brasil (Lei autoridade judiciária ou policial. crime;
no 4.215, de 27 de abril de 1963). III – prestar serviço à comu-
Art. 27. Qualquer pessoa do povo nidade ou a entidades públicas
Art. 22. No Distrito Federal e nas poderá provocar a iniciativa do por período correspondente à
comarcas em que houver mais Ministério Público, nos casos em pena mínima cominada ao delito
de uma circunscrição policial, que caiba a ação pública, forne- diminuída de um a dois terços,
a autoridade com exercício em cendo-lhe, por escrito, informa- em local a ser indicado pelo juízo
uma delas poderá, nos inquéritos ções sobre o fato e a autoria e da execução, na forma do art. 46
a que esteja procedendo, orde- indicando o tempo, o lugar e os do Decreto-lei no 2.848, de 7 de
nar diligências em circunscrição elementos de convicção. dezembro de 1940 (Código Penal);
de outra, independentemente IV – pagar prestação pecuni-
de precatórias ou requisições, e Art. 28. Ordenado o arquiva- ária, a ser estipulada nos termos
bem assim providenciará, até que mento do inquérito policial ou de do art. 45 do Decreto-lei no 2.848,
compareça a autoridade compe- quaisquer elementos informati- de 7 de dezembro de 1940 (Código
tente, sobre qualquer fato que vos da mesma natureza, o órgão Penal), a entidade pública ou de
ocorra em sua presença, noutra do Ministério Público comunicará interesse social, a ser indicada
circunscrição. à vítima, ao investigado e à auto- pelo juízo da execução, que tenha,
ridade policial e encaminhará os preferencialmente, como função
Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos para a instância de revisão proteger bens jurídicos iguais ou
autos do inquérito ao juiz compe- ministerial para fins de homolo- semelhantes aos aparentemente
tente, a autoridade policial oficia- gação, na forma da lei. lesados pelo delito; ou
rá ao Instituto de Identificação e § 1o Se a vítima, ou seu re- V – cumprir, por prazo deter-
Estatística, ou repartição congê- presentante legal, não concordar minado, outra condição indicada
nere, mencionando o juízo a que com o arquivamento do inquérito pelo Ministério Público, desde que
tiverem sido distribuídos, e os policial, poderá, no prazo de 30 proporcional e compatível com a
dados relativos à infração penal (trinta) dias do recebimento da infração penal imputada.
e à pessoa do indiciado. comunicação, submeter a matéria § 1o Para aferição da pena
à revisão da instância competen- mínima cominada ao delito a que
te do órgão ministerial, conforme se refere o caput deste artigo,
TÍTULO III – DA AÇÃO dispuser a respectiva lei orgânica. serão consideradas as causas de
PENAL § 2o Nas ações penais re- aumento e diminuição aplicáveis
lativas a crimes praticados em ao caso concreto.
Art. 24. Nos crimes de ação pú- detrimento da União, Estados § 2o O disposto no caput des-
blica, esta será promovida por e Municípios, a revisão do ar- te artigo não se aplica nas seguin-

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Código de Processo Penal
tes hipóteses: da necessidade de complemen- direito de oferecer queixa ou
I – se for cabível transação tação das investigações ou o ofe- prosseguir na ação passará ao
penal de competência dos Jui- recimento da denúncia. cônjuge, ascendente, descen-
zados Especiais Criminais, nos § 9o A vítima será intimada dente ou irmão.
termos da lei; da homologação do acordo de
II – se o investigado for rein- não persecução penal e de seu Art. 32. Nos crimes de ação pri-
cidente ou se houver elementos descumprimento. vada, o juiz, a requerimento da
probatórios que indiquem con- § 10. Descumpridas quais- parte que comprovar a sua po-
duta criminal habitual, reiterada quer das condições estipuladas breza, nomeará advogado para
ou profissional, exceto se insig- no acordo de não persecução promover a ação penal.
nificantes as infrações penais penal, o Ministério Público deverá § 1o Considerar-se-á pobre
pretéritas; comunicar ao juízo, para fins de a pessoa que não puder prover
III – ter sido o agente benefi- sua rescisão e posterior ofereci- às despesas do processo, sem
ciado nos 5 (cinco) anos anterio- mento de denúncia. privar-se dos recursos indispen-
res ao cometimento da infração, § 11. O descumprimento do sáveis ao próprio sustento ou da
em acordo de não persecução acordo de não persecução penal família.
penal, transação penal ou suspen- pelo investigado também pode- § 2o Será prova suficiente de
são condicional do processo; e rá ser utilizado pelo Ministério pobreza o atestado da autorida-
IV – nos crimes praticados no Público como justificativa para de policial em cuja circunscrição
âmbito de violência doméstica ou o eventual não oferecimento de residir o ofendido.
familiar, ou praticados contra a suspensão condicional do pro-
mulher por razões da condição cesso. Art. 33. Se o ofendido for me-
de sexo feminino, em favor do § 12. A celebração e o cum- nor de 18 anos, ou mentalmente
agressor. primento do acordo de não per- enfermo, ou retardado mental, e
§ 3o O acordo de não perse- secução penal não constarão de não tiver representante legal, ou
cução penal será formalizado por certidão de antecedentes crimi- colidirem os interesses deste com
escrito e será firmado pelo mem- nais, exceto para os fins previstos os daquele, o direito de queixa
bro do Ministério Público, pelo no inciso III do § 2o deste artigo. poderá ser exercido por curador
investigado e por seu defensor. § 13. Cumprido integralmen- especial, nomeado, de ofício ou
§ 4o Para a homologação do te o acordo de não persecução a requerimento do Ministério Pú-
acordo de não persecução penal, penal, o juízo competente decre- blico, pelo juiz competente para
será realizada audiência na qual o tará a extinção de punibilidade. o processo penal.
juiz deverá verificar a sua volun- § 14. No caso de recusa, por
tariedade, por meio da oitiva do parte do Ministério Público, em Art. 34. Se o ofendido for menor
investigado na presença do seu propor o acordo de não persecu- de 21 e maior de 18 anos, o direito
defensor, e sua legalidade. ção penal, o investigado poderá de queixa poderá ser exercido
§ 5o Se o juiz considerar ina- requerer a remessa dos autos por ele ou por seu representan-
dequadas, insuficientes ou abu- a órgão superior, na forma do te legal.
sivas as condições dispostas no art. 28 deste Código.
acordo de não persecução penal, Art. 35. (Revogado)
devolverá os autos ao Ministério Art. 29. Será admitida ação pri-
Público para que seja reformu- vada nos crimes de ação pública, Art. 36. Se comparecer mais
lada a proposta de acordo, com se esta não for intentada no prazo de uma pessoa com direito de
concordância do investigado e legal, cabendo ao Ministério Pú- queixa, terá preferência o côn-
seu defensor. blico aditar a queixa, repudiá-la juge, e, em seguida, o parente
§ 6o Homologado judicial- e oferecer denúncia substitutiva, mais próximo na ordem de enu-
mente o acordo de não perse- intervir em todos os termos do meração constante do art. 31,
cução penal, o juiz devolverá os processo, fornecer elementos de podendo, entretanto, qualquer
autos ao Ministério Público para prova, interpor recurso e, a todo delas prosseguir na ação, caso
que inicie sua execução perante tempo, no caso de negligência do o querelante desista da instância
o juízo de execução penal. querelante, retomar a ação como ou a abandone.
§ 7o O juiz poderá recusar parte principal.
homologação à proposta que não Art. 37. As fundações, associa-
atender aos requisitos legais ou Art. 30. Ao ofendido ou a quem ções ou sociedades legalmente
quando não for realizada a ade- tenha qualidade para representá- constituídas poderão exercer a
quação a que se refere o § 5o -lo caberá intentar a ação privada. ação penal, devendo ser repre-
deste artigo. sentadas por quem os respec-
§ 8o Recusada a homologa- Art. 31. No caso de morte do tivos contratos ou estatutos de-
ção, o juiz devolverá os autos ao ofendido ou quando declarado signarem ou, no silêncio destes,
Ministério Público para a análise ausente por decisão judicial, o pelos seus diretores ou sócios-

456
Código de Processo Penal
-gerentes. a existência de crime de ação contado da data em que o órgão
pública, remeterão ao Ministério do Ministério Público receber os
Art. 38. Salvo disposição em Público as cópias e os documen- autos, e, se este não se pronun-
contrário, o ofendido, ou seu re- tos necessários ao oferecimento ciar dentro do tríduo, entender-
presentante legal, decairá no di- da denúncia. -se-á que não tem o que aditar,
reito de queixa ou de representa- prosseguindo-se nos demais ter-
ção, se não o exercer dentro do Art. 41. A denúncia ou quei- mos do processo.
prazo de seis meses, contado do xa conterá a exposição do fato
dia em que vier a saber quem é criminoso, com todas as suas Art. 47. Se o Ministério Público
o autor do crime, ou, no caso do circunstâncias, a qualificação julgar necessários maiores escla-
art. 29, do dia em que se esgotar do acusado ou esclarecimen- recimentos e documentos com-
o prazo para o oferecimento da tos pelos quais se possa identi- plementares ou novos elementos
denúncia. ficá-lo, a classificação do crime de convicção, deverá requisitá-
Parágrafo único. Verificar- e, quando necessário, o rol das -los, diretamente, de quaisquer
-se-á a decadência do direito de testemunhas. autoridades ou funcionários que
queixa ou representação, dentro devam ou possam fornecê-los.
do mesmo prazo, nos casos dos Art. 42. O Ministério Público não
arts. 24, parágrafo único, e 31. poderá desistir da ação penal. Art. 48. A queixa contra qual-
quer dos autores do crime obri-
Art. 39. O direito de representa- Art. 43. (Revogado) gará ao processo de todos, e o
ção poderá ser exercido, pesso- Ministério Público velará pela sua
almente ou por procurador com Art. 44. A queixa poderá ser indivisibilidade.
poderes especiais, mediante de- dada por procurador com pode-
claração, escrita ou oral, feita res especiais, devendo constar Art. 49. A renúncia ao exercício
ao juiz, ao órgão do Ministério do instrumento do mandato o do direito de queixa, em relação a
Público, ou à autoridade policial. nome do querelante e a menção um dos autores do crime, a todos
§ 1o A representação feita do fato criminoso, salvo quando se estenderá.
oralmente ou por escrito, sem tais esclarecimentos depende-
assinatura devidamente autenti- rem de diligências que devem Art. 50. A renúncia expressa
cada do ofendido, de seu repre- ser previamente requeridas no constará de declaração assinada
sentante legal ou procurador, será juízo criminal. pelo ofendido, por seu represen-
reduzida a termo, perante o juiz tante legal ou procurador com
ou autoridade policial, presente o Art. 45. A queixa, ainda quan- poderes especiais.
órgão do Ministério Público, quan- do a ação penal for privativa do Parágrafo único. A renúncia
do a este houver sido dirigida. ofendido, poderá ser aditada pelo do representante legal do menor
§ 2o A representação con- Ministério Público, a quem caberá que houver completado 18 anos
terá todas as informações que intervir em todos os termos sub- não privará este do direito de
possam servir à apuração do fato sequentes do processo. queixa, nem a renúncia do últi-
e da autoria. mo excluirá o direito do primeiro.
§ 3o Oferecida ou reduzida a Art. 46. O prazo para ofereci-
termo a representação, a autori- mento da denúncia, estando o réu Art. 51. O perdão concedido a
dade policial procederá a inquéri- preso, será de 5 dias, contado da um dos querelados aproveitará
to, ou, não sendo competente, re- data em que o órgão do Ministé- a todos, sem que produza, to-
metê-lo-á à autoridade que o for. rio Público receber os autos do davia, efeito em relação ao que
§ 4o A representação, quan- inquérito policial, e de 15 dias, se o recusar.
do feita ao juiz ou perante este o réu estiver solto ou afiançado.
reduzida a termo, será remetida à No último caso, se houver devo- Art. 52. Se o querelante for
autoridade policial para que esta lução do inquérito à autoridade menor de 21 e maior de 18 anos,
proceda a inquérito. policial (art. 16), contar-se-á o o direito de perdão poderá ser
§ 5o O órgão do Ministério prazo da data em que o órgão do exercido por ele ou por seu repre-
Público dispensará o inquérito, Ministério Público receber nova- sentante legal, mas o perdão con-
se com a representação forem mente os autos. cedido por um, havendo oposição
oferecidos elementos que o habi- § 1o Quando o Ministério Pú- do outro, não produzirá efeito.
litem a promover a ação penal, e, blico dispensar o inquérito poli-
neste caso, oferecerá a denúncia cial, o prazo para o oferecimento Art. 53. Se o querelado for men-
no prazo de quinze dias. da denúncia contar-se-á da data talmente enfermo ou retardado
em que tiver recebido as peças de mental e não tiver representante
Art. 40. Quando, em autos ou informações ou a representação. legal, ou colidirem os interesses
papéis de que conhecerem, os § 2o O prazo para o adita- deste com os do querelado, a
juízes ou tribunais verificarem mento da queixa será de 3 dias, aceitação do perdão caberá ao

457
Código de Processo Penal
curador que o juiz lhe nomear. relante pessoa jurídica, esta se no exercício regular de direito.4
extinguir sem deixar sucessor.
Art. 54. Se o querelado for me- Art. 66. Não obstante a senten-
nor de 21 anos, observar-se-á, Art. 61. Em qualquer fase do ça absolutória no juízo criminal,
quanto à aceitação do perdão, o processo, o juiz, se reconhecer a ação civil poderá ser proposta
disposto no art. 52. extinta a punibilidade, deverá de- quando não tiver sido, categorica-
clará-lo de ofício. mente, reconhecida a inexistência
Art. 55. O perdão poderá ser Parágrafo único. No caso de material do fato.
aceito por procurador com po- requerimento do Ministério Públi-
deres especiais. co, do querelante ou do réu, o juiz Art. 67. Não impedirão igual-
mandará autuá-lo em apartado, mente a propositura da ação civil:
Art. 56. Aplicar-se-á ao perdão ouvirá a parte contrária e, se o I – o despacho de arquiva-
extraprocessual expresso o dis- julgar conveniente, concederá o mento do inquérito ou das peças
posto no art. 50. prazo de cinco dias para a pro- de informação;
va, proferindo a decisão dentro II – a decisão que julgar ex-
Art. 57. A renúncia tácita e o de cinco dias ou reservando-se tinta a punibilidade;
perdão tácito admitirão todos os para apreciar a matéria na sen- III – a sentença absolutória
meios de prova. tença final. que decidir que o fato imputado
não constitui crime.
Art. 58. Concedido o perdão, Art. 62. No caso de morte do
mediante declaração expressa acusado, o juiz somente à vista Art. 68. Quando o titular do direi-
nos autos, o querelado será inti- da certidão de óbito, e depois to à reparação do dano for pobre
mado a dizer, dentro de três dias, de ouvido o Ministério Público, (art. 32, §§ 1o e 2o), a execução da
se o aceita, devendo, ao mesmo declarará extinta a punibilidade. sentença condenatória (art. 63)
tempo, ser cientificado de que o ou a ação civil (art. 64) será pro-
seu silêncio importará aceitação. movida, a seu requerimento, pelo
Parágrafo único. Aceito o TÍTULO IV – DA AÇÃO CIVIL Ministério Público.
perdão, o juiz julgará extinta a
punibilidade. Art. 63. Transitada em julgado a
sentença condenatória, poderão TÍTULO V – DA
Art. 59. A aceitação do perdão promover-lhe a execução, no juízo COMPETÊNCIA
fora do processo constará de cível, para o efeito da reparação
declaração assinada pelo que- do dano, o ofendido, seu repre- Art. 69. Determinará a compe-
relado, por seu representante sentante legal ou seus herdeiros. tência jurisdicional:
legal ou procurador com poderes Parágrafo único. Transitada I – o lugar da infração;
especiais. em julgado a sentença conde- II – o domicílio ou residência
natória, a execução poderá ser do réu;
Art. 60. Nos casos em que so- efetuada pelo valor fixado nos III – a natureza da infração;
mente se procede mediante quei- termos do inciso IV do caput do IV – a distribuição;
xa, considerar-se-á perempta a art. 387 deste Código sem prejuízo V – a conexão ou continência;
ação penal: da liquidação para a apuração do VI – a prevenção;
I – quando, iniciada esta, o dano efetivamente sofrido. VII – a prerrogativa de função.
querelante deixar de promover o
andamento do processo durante Art. 64. Sem prejuízo do dis-
30 dias seguidos; posto no artigo anterior, a ação CAPÍTULO I – DA
II – quando, falecendo o que- para ressarcimento do dano po- COMPETÊNCIA PELO
relante, ou sobrevindo sua inca- derá ser proposta no juízo cível, LUGAR DA INFRAÇÃO
pacidade, não comparecer em contra o autor do crime e, se for
juízo, para prosseguir no proces- caso, contra o responsável civil. Art. 70. A competência será, de
so, dentro do prazo de 60 dias, Parágrafo único. Intentada a regra, determinada pelo lugar em
qualquer das pessoas a quem ação penal, o juiz da ação civil po- que se consumar a infração, ou,
couber fazê-lo, ressalvado o dis- derá suspender o curso desta, até no caso de tentativa, pelo lugar
posto no art. 36; o julgamento definitivo daquela. em que for praticado o último ato
III – quando o querelante dei- de execução.
xar de comparecer, sem motivo Art. 65. Faz coisa julgada no § 1o Se, iniciada a execução
justificado, a qualquer ato do pro- cível a sentença penal que re- no território nacional, a infração
cesso a que deva estar presente, conhecer ter sido o ato pratica- se consumar fora dele, a com-
ou deixar de formular o pedido de do em estado de necessidade, petência será determinada pelo
condenação nas alegações finais; em legítima defesa, em estrito
IV – quando, sendo o que- cumprimento de dever legal ou 4
NE: ver ADPF no 779.

458
Código de Processo Penal
lugar em que tiver sido prati- preferir o foro de domicílio ou da CAPÍTULO V – DA
cado, no Brasil, o último ato de residência do réu, ainda quando COMPETÊNCIA POR
execução. conhecido o lugar da infração.
§ 2o Quando o último ato de
CONEXÃO OU CONTINÊNCIA
execução for praticado fora do
território nacional, será compe- CAPÍTULO III – DA Art. 76. A competência será de-
tente o juiz do lugar em que o cri- COMPETÊNCIA PELA terminada pela conexão:
me, embora parcialmente, tenha NATUREZA DA INFRAÇÃO I – se, ocorrendo duas ou mais
produzido ou devia produzir seu infrações, houverem sido pratica-
resultado. Art. 74. A competência pela na- das, ao mesmo tempo, por várias
§ 3o Quando incerto o limi- tureza da infração será regulada pessoas reunidas, ou por várias
te territorial entre duas ou mais pelas leis de organização judiciá- pessoas em concurso, embora
jurisdições, ou quando incerta a ria, salvo a competência privativa diverso o tempo e o lugar, ou
jurisdição por ter sido a infração do Tribunal do Júri. por várias pessoas, umas contra
consumada ou tentada nas divi- § 1o Compete ao Tribunal do as outras;
sas de duas ou mais jurisdições, Júri o julgamento dos crimes pre- II – se, no mesmo caso, hou-
a competência firmar-se-á pela vistos nos arts. 121, §§ 1o e 2o, 122, verem sido umas praticadas para
prevenção. parágrafo único, 123, 124, 125, 126 facilitar ou ocultar as outras, ou
§ 4o Nos crimes previstos no e 127 do Código Penal, consuma- para conseguir impunidade ou
art. 171 do Decreto-lei no 2.848, de dos ou tentados. vantagem em relação a qualquer
7 de dezembro de 1940 (Código § 2o Se, iniciado o processo delas;
Penal), quando praticados me- perante um juiz, houver desclas- III – quando a prova de uma
diante depósito, mediante emis- sificação para infração da com- infração ou de qualquer de suas
são de cheques sem suficiente petência de outro, a este será circunstâncias elementares in-
provisão de fundos em poder do remetido o processo, salvo se fluir na prova de outra infração.
sacado ou com o pagamento frus- mais graduada for a jurisdição
trado ou mediante transferência do primeiro, que, em tal caso, Art. 77. A competência será
de valores, a competência será terá sua competência prorrogada. determinada pela continência
definida pelo local do domicílio § 3o Se o juiz da pronúncia quando:
da vítima, e, em caso de plurali- desclassificar a infração para I – duas ou mais pessoas fo-
dade de vítimas, a competência outra atribuída à competência rem acusadas pela mesma in-
firmar-se-á pela prevenção. de juiz singular, observar-se-á fração;
o disposto no art. 410; mas, se II – no caso de infração come-
Art. 71. Tratando-se de infração a desclassificação for feita pelo tida nas condições previstas nos
continuada ou permanente, pra- próprio Tribunal do Júri, a seu arts. 51, § 1o, 53, segunda parte, e
ticada em território de duas ou presidente caberá proferir a sen- 54 do Código Penal.5
mais jurisdições, a competência tença (art. 492, § 2o).
firmar-se-á pela prevenção. Art. 78. Na determinação da
competência por conexão ou
CAPÍTULO IV – DA continência, serão observadas
CAPÍTULO II – DA COMPETÊNCIA POR as seguintes regras:
COMPETÊNCIA PELO DISTRIBUIÇÃO I – no concurso entre a com-
DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA petência do Júri e a de outro
DO RÉU Art. 75. A precedência da dis- órgão da jurisdição comum, pre-
tribuição fixará a competência valecerá a competência do Júri;
Art. 72. Não sendo conhecido o quando, na mesma circunscrição II – no concurso de jurisdições
lugar da infração, a competência judiciária, houver mais de um juiz da mesma categoria:
regular-se-á pelo domicílio ou igualmente competente. a) preponderará a do lugar
residência do réu. Parágrafo único. A distribui- da infração, à qual for cominada
§ 1o Se o réu tiver mais de ção realizada para o efeito da a pena mais grave;
uma residência, a competência concessão de fiança ou da de- b) prevalecerá a do lugar
firmar-se-á pela prevenção. cretação de prisão preventiva ou em que houver ocorrido o maior
§ 2o Se o réu não tiver resi- de qualquer diligência anterior à número de infrações, se as res-
dência certa ou for ignorado o denúncia ou queixa prevenirá a pectivas penas forem de igual
seu paradeiro, será competente da ação penal. gravidade;
o juiz que primeiro tomar conhe- c) firmar-se-á a competência
cimento do fato. pela prevenção, nos outros casos;

Art. 73. Nos casos de exclusiva 5


NE: os dispositivos mencionados são os
ação privada, o querelante poderá do texto original do Código Penal.

459
Código de Processo Penal
III – no concurso de jurisdi- lente deverá avocar os processos Art. 85. Nos processos por cri-
ções de diversas categorias, pre- que corram perante os outros me contra a honra, em que forem
dominará a de maior graduação; juízes, salvo se já estiverem com querelantes as pessoas que a
IV – no concurso entre a ju- sentença definitiva. Neste caso, a Constituição sujeita à jurisdição
risdição comum e a especial, pre- unidade dos processos só se dará, do Supremo Tribunal Federal e
valecerá esta. ulteriormente, para o efeito de dos Tribunais de Apelação, àquele
soma ou de unificação das penas. ou a estes caberá o julgamento,
Art. 79. A conexão e a conti- quando oposta e admitida a ex-
nência importarão unidade de ceção da verdade.
processo e julgamento, salvo: CAPÍTULO VI– DA
I – no concurso entre a juris- COMPETÊNCIA POR Art. 86. Ao Supremo Tribunal Fe-
dição comum e a militar; PREVENÇÃO deral competirá, privativamente,
II – no concurso entre a ju- processar e julgar:
risdição comum e a do juízo de Art. 83. Verificar-se-á a com- I – os seus ministros, nos cri-
menores. petência por prevenção toda vez mes comuns;
§ 1o Cessará, em qualquer que, concorrendo dois ou mais II – os ministros de Estado,
caso, a unidade do processo, se, juízes igualmente competentes salvo nos crimes conexos com
em relação a algum corréu, so- ou com jurisdição cumulativa, os do Presidente da República;
brevier o caso previsto no art. 152. um deles tiver antecedido aos III – o procurador-geral da
§ 2o A unidade do processo outros na prática de algum ato República, os desembargadores
não importará a do julgamento, do processo ou de medida a este dos Tribunais de Apelação, os
se houver corréu foragido que relativa, ainda que anterior ao ministros do Tribunal de Contas
não possa ser julgado à revelia, oferecimento da denúncia ou da e os embaixadores e ministros
ou ocorrer a hipótese do art. 461. queixa (arts. 70, § 3o, 71, 72, § 2o, diplomáticos, nos crimes comuns
e 78, II, “c”). e de responsabilidade.
Art. 80. Será facultativa a sepa-
ração dos processos quando as Art. 87. Competirá, originaria-
infrações tiverem sido praticadas CAPÍTULO VII– DA mente, aos Tribunais de Apelação
em circunstâncias de tempo ou COMPETÊNCIA PELA o julgamento dos governadores
de lugar diferentes, ou, quando PRERROGATIVA DE FUNÇÃO ou interventores nos Estados ou
pelo excessivo número de acu- Territórios e prefeito do Distrito
sados e para não lhes prolongar Art. 84. A competência pela Federal, seus respectivos secre-
a prisão provisória, ou por outro prerrogativa de função é do Su- tários e chefes de Polícia, juízes
motivo relevante, o juiz reputar premo Tribunal Federal, do Supe- de instância inferior e órgãos do
conveniente a separação. rior Tribunal de Justiça, dos Tri- Ministério Público.
bunais Regionais Federais e Tri-
Art. 81. Verificada a reunião dos bunais de Justiça dos Estados e
processos por conexão ou conti- do Distrito Federal, relativamente CAPÍTULO VIII –
nência, ainda que no processo da às pessoas que devam responder DISPOSIÇÕES ESPECIAIS
sua competência própria venha o perante eles por crimes comuns
juiz ou tribunal a proferir sentença e de responsabilidade.6 Art. 88. No processo por crimes
absolutória ou que desclassifique § 1o A competência especial praticados fora do território bra-
a infração para outra que não se por prerrogativa de função, re- sileiro, será competente o juízo
inclua na sua competência, con- lativa a atos administrativos do da Capital do Estado onde houver
tinuará competente em relação agente, prevalece ainda que o por último residido o acusado.
aos demais processos. inquérito ou a ação judicial se- Se este nunca tiver residido no
Parágrafo único. Reconheci- jam iniciados após a cessação Brasil, será competente o juízo
da inicialmente ao júri a compe- do exercício da função pública. da Capital da República.
tência por conexão ou continên- § 2o A ação de improbidade,
cia, o juiz, se vier a desclassificar de que trata a Lei no 8.429, de 2 Art. 89. Os crimes cometidos
a infração ou impronunciar ou de junho de 1992, será proposta em qualquer embarcação nas
absolver o acusado, de manei- perante o tribunal competente águas territoriais da República,
ra que exclua a competência do para processar e julgar criminal- ou nos rios e lagos fronteiriços,
júri, remeterá o processo ao juízo mente o funcionário ou autorida- bem como a bordo de embar-
competente. de na hipótese de prerrogativa cações nacionais, em alto-mar,
de foro em razão do exercício serão processados e julgados
Art. 82. Se, não obstante a co- de função pública, observado o pela justiça do primeiro porto
nexão ou continência, forem ins- disposto no § 1o. brasileiro em que tocar a embar-
taurados processos diferentes, a cação, após o crime, ou, quando
autoridade de jurisdição preva- 6
NE: ver ADI no 2.797 e ADI no 2.860. se afastar do País, pela do último

460
Código de Processo Penal
em que houver tocado. testemunhas e realização das ou- ou do rol de testemunhas.
tras provas de natureza urgente.
Art. 90. Os crimes praticados § 1o O juiz marcará o prazo Art. 99. Se reconhecer a sus-
a bordo de aeronave nacional, da suspensão, que poderá ser peição, o juiz sustará a marcha
dentro do espaço aéreo corres- razoavelmente prorrogado, se a do processo, mandará juntar aos
pondente ao território brasileiro, demora não for imputável à par- autos a petição do recusante com
ou ao alto-mar, ou a bordo de te. Expirado o prazo, sem que o os documentos que a instruam, e
aeronave estrangeira, dentro do juiz cível tenha proferido decisão, por despacho se declarará sus-
espaço aéreo correspondente ao o juiz criminal fará prosseguir o peito, ordenando a remessa dos
território nacional, serão proces- processo, retomando sua com- autos ao substituto.
sados e julgados pela justiça da petência para resolver, de fato
comarca em cujo território se e de direito, toda a matéria da Art. 100. Não aceitando a sus-
verificar o pouso após o crime, ou acusação ou da defesa. peição, o juiz mandará autuar
pela da comarca de onde houver § 2o Do despacho que de- em apartado a petição, dará sua
partido a aeronave. negar a suspensão não caberá resposta dentro em três dias,
recurso. podendo instruí-la e oferecer tes-
Art. 91. Quando incerta e não § 3o Suspenso o processo, temunhas, e, em seguida, deter-
se determinar de acordo com as e tratando-se de crime de ação minará sejam os autos da exce-
normas estabelecidas nos arts. 89 pública, incumbirá ao Ministério ção remetidos, dentro em vinte
e 90, a competência se firmará Público intervir imediatamente e quatro horas, ao juiz ou tribunal
pela prevenção. na causa cível, para o fim de pro- a quem competir o julgamento.
mover-lhe o rápido andamento. § 1o Reconhecida, preliminar-
mente, a relevância da arguição,
TÍTULO VI – DAS QUESTÕES Art. 94. A suspensão do curso o juiz ou tribunal, com citação das
E PROCESSOS INCIDENTES da ação penal, nos casos dos ar- partes, marcará dia e hora para a
tigos anteriores, será decretada inquirição das testemunhas, se-
CAPÍTULO I – DAS pelo juiz, de ofício ou a requeri- guindo-se o julgamento, indepen-
QUESTÕES PREJUDICIAIS mento das partes. dentemente de mais alegações.
§ 2o Se a suspeição for de
Art. 92. Se a decisão sobre a manifesta improcedência, o juiz
existência da infração depender CAPÍTULO II – DAS ou relator a rejeitará liminar-
da solução de controvérsia, que o EXCEÇÕES mente.
juiz repute séria e fundada, sobre
o estado civil das pessoas, o cur- Art. 95. Poderão ser opostas as Art. 101. Julgada procedente a
so da ação penal ficará suspenso exceções de: suspeição, ficarão nulos os atos
até que no juízo cível seja a con- I – suspeição; do processo principal, pagando
trovérsia dirimida por sentença II – incompetência de juízo; o juiz as custas, no caso de erro
passada em julgado, sem prejuí- III – litispendência; inescusável; rejeitada, eviden-
zo, entretanto, da inquirição das IV – ilegitimidade de parte; ciando-se a malícia do excipiente,
testemunhas e de outras provas V – coisa julgada. a este será imposta a multa de
de natureza urgente. duzentos mil-réis a dois contos
Parágrafo único. Se for o cri- Art. 96. A arguição de suspei- de réis.
me de ação pública, o Ministério ção precederá a qualquer outra,
Público, quando necessário, pro- salvo quando fundada em motivo Art. 102. Quando a parte con-
moverá a ação civil ou prosseguirá superveniente. trária reconhecer a procedência
na que tiver sido iniciada, com a da arguição, poderá ser sustado,
citação dos interessados. Art. 97. O juiz que espontanea- a seu requerimento, o processo
mente afirmar suspeição deverá principal, até que se julgue o in-
Art. 93. Se o reconhecimento fazê-lo por escrito, declarando cidente da suspeição.
da existência da infração penal o motivo legal, e remeterá ime-
depender de decisão sobre ques- diatamente o processo ao seu Art. 103. No Supremo Tribunal
tão diversa da prevista no artigo substituto, intimadas as partes. Federal e nos Tribunais de Ape-
anterior, da competência do juízo lação, o juiz que se julgar suspei-
cível, e se neste houver sido pro- Art. 98. Quando qualquer das to deverá declará-lo nos autos
posta ação para resolvê-la, o juiz partes pretender recusar o juiz, e, se for revisor, passar o feito
criminal poderá, desde que essa deverá fazê-lo em petição assi- ao seu substituto na ordem da
questão seja de difícil solução e nada por ela própria ou por pro- precedência, ou, se for relator,
não verse sobre direito cuja prova curador com poderes especiais, apresentar os autos em mesa
a lei civil limite, suspender o curso aduzindo as suas razões acom- para nova distribuição.
do processo, após a inquirição das panhadas de prova documental § 1o Se não for relator nem

461
Código de Processo Penal
revisor, o juiz que houver de dar- os atos anteriores, o processo só pela exceção própria, como
-se por suspeito, deverá fazê-lo prosseguirá. também pelo conflito positivo ou
verbalmente, na sessão de jul- § 2o Recusada a incompetên- negativo de jurisdição.
gamento, registrando-se na ata cia, o juiz continuará no feito, fa-
a declaração. zendo tomar por termo a declina- Art. 114. Haverá conflito de ju-
§ 2o Se o presidente do tribu- tória, se formulada verbalmente. risdição:
nal se der por suspeito, competirá I – quando duas ou mais au-
ao seu substituto designar dia Art. 109. Se em qualquer fase toridades judiciárias se conside-
para o julgamento e presidi-lo. do processo o juiz reconhecer rarem competentes, ou incompe-
§ 3o Observar-se-á, quanto à motivo que o torne incompeten- tentes, para conhecer do mesmo
arguição de suspeição pela parte, te, declará-lo-á nos autos, haja fato criminoso;
o disposto nos arts. 98 a 101, no ou não alegação da parte, pros- II – quando entre elas surgir
que lhe for aplicável, atendido, se seguindo-se na forma do artigo controvérsia sobre unidade de
o juiz a reconhecer, o que esta- anterior. juízo, junção ou separação de
belece este artigo. processos.
§ 4o A suspeição, não sendo Art. 110. Nas exceções de litis-
reconhecida, será julgada pelo pendência, ilegitimidade de parte Art. 115. O conflito poderá ser
tribunal pleno, funcionando como e coisa julgada, será observado, suscitado:
relator o presidente. no que lhes for aplicável, o dis- I – pela parte interessada;
§ 5o Se o recusado for o pre- posto sobre a exceção de incom- II – pelos órgãos do Ministé-
sidente do tribunal, o relator será petência do juízo. rio Público junto a qualquer dos
o vice-presidente. § 1o Se a parte houver de opor juízos em dissídio;
mais de uma dessas exceções, III – por qualquer dos juízes
Art. 104. Se for arguida a sus- deverá fazê-lo numa só petição ou tribunais em causa.
peição do órgão do Ministério ou articulado.
Público, o juiz, depois de ouvi-lo, § 2o A exceção de coisa jul- Art. 116. Os juízes e tribunais,
decidirá, sem recurso, podendo gada somente poderá ser oposta sob a forma de representação, e
antes admitir a produção de pro- em relação ao fato principal, que a parte interessada, sob a de re-
vas no prazo de três dias. tiver sido objeto da sentença. querimento, darão parte escrita
e circunstanciada do conflito, pe-
Art. 105. As partes poderão Art. 111. As exceções serão pro- rante o tribunal competente, ex-
também arguir de suspeitos os cessadas em autos apartados e pondo os fundamentos e juntando
peritos, os intérpretes e os ser- não suspenderão, em regra, o os documentos comprobatórios.
ventuários ou funcionários de andamento da ação penal. § 1o Quando negativo o con-
justiça, decidindo o juiz de plano flito, os juízes e tribunais poderão
e sem recurso, à vista da matéria suscitá-lo nos próprios autos do
alegada e prova imediata. CAPÍTULO III – DAS processo.
INCOMPATIBILIDADES E § 2o Distribuído o feito, se o
Art. 106. A suspeição dos jura- IMPEDIMENTOS conflito for positivo, o relator po-
dos deverá ser arguida oralmente, derá determinar imediatamente
decidindo de plano o presidente Art. 112. O juiz, o órgão do Mi- que se suspenda o andamento
do Tribunal do Júri, que a rejeita- nistério Público, os serventuá- do processo.
rá se, negada pelo recusado, não rios ou funcionários de justiça § 3o Expedida ou não a ordem
for imediatamente comprovada, o e os peritos ou intérpretes abs- de suspensão, o relator requisita-
que tudo constará da ata. ter-se-ão de servir no processo, rá informações às autoridades em
quando houver incompatibilidade conflito, remetendo-lhes cópia do
Art. 107. Não se poderá opor ou impedimento legal, que decla- requerimento ou representação.
suspeição às autoridades poli- rarão nos autos. Se não se der a § 4o As informações serão
ciais nos atos do inquérito, mas abstenção, a incompatibilidade prestadas no prazo marcado pelo
deverão elas declarar-se suspei- ou impedimento poderá ser ar- relator.
tas, quando ocorrer motivo legal. guido pelas partes, seguindo-se § 5o Recebidas as informa-
o processo estabelecido para a ções, e depois de ouvido o pro-
Art. 108. A exceção de incompe- exceção de suspeição. curador-geral, o conflito será de-
tência do juízo poderá ser oposta, cidido na primeira sessão, salvo
verbalmente ou por escrito, no se a instrução do feito depender
prazo de defesa. CAPÍTULO IV – DO de diligência.
§ 1o Se, ouvido o Ministério CONFLITO DE JURISDIÇÃO § 6o Proferida a decisão, as
Público, for aceita a declinató- cópias necessárias serão reme-
ria, o feito será remetido ao juízo Art. 113. As questões atinentes à tidas, para a sua execução, às
competente, onde, ratificados competência resolver-se-ão não autoridades contra as quais tiver

462
Código de Processo Penal
sido levantado o conflito ou que das coisas em mãos de deposi- CAPÍTULO VI – DAS
o houverem suscitado. tário ou do próprio terceiro que MEDIDAS ASSECURATÓRIAS
as detinha, se for pessoa idônea.
Art. 117. O Supremo Tribunal § 5o Tratando-se de coisas Art. 125. Caberá o sequestro
Federal, mediante avocatória, facilmente deterioráveis, serão dos bens imóveis, adquiridos pelo
restabelecerá a sua jurisdição, avaliadas e levadas a leilão pú- indiciado com os proventos da in-
sempre que exercida por qualquer blico, depositando-se o dinheiro fração, ainda que já tenham sido
dos juízes ou tribunais inferiores. apurado, ou entregues ao terceiro transferidos a terceiro.
que as detinha, se este for pes-
soa idônea e assinar termo de Art. 126. Para a decretação do
CAPÍTULO V – DA responsabilidade. sequestro, bastará a existência
RESTITUIÇÃO DAS COISAS de indícios veementes da prove-
APREENDIDAS Art. 121. No caso de apreensão niência ilícita dos bens.
de coisa adquirida com os proven-
Art. 118. Antes de transitar em tos da infração, aplica-se o dis- Art. 127. O juiz, de ofício, a re-
julgado a sentença final, as coisas posto no art. 133 e seu parágrafo. querimento do Ministério Público
apreendidas não poderão ser res- ou do ofendido, ou mediante re-
tituídas enquanto interessarem Art. 122. Sem prejuízo do dis- presentação da autoridade poli-
ao processo. posto no art. 120, as coisas apre- cial, poderá ordenar o sequestro,
endidas serão alienadas nos ter- em qualquer fase do processo ou
Art. 119. As coisas a que se re- mos do disposto no art. 133 deste ainda antes de oferecida a denún-
ferem os arts. 74 e 100 do Código Código. cia ou queixa.
Penal não poderão ser restituídas, Parágrafo único. (Revogado)
mesmo depois de transitar em Art. 128. Realizado o sequestro,
julgado a sentença final, salvo Art. 123. Fora dos casos pre- o juiz ordenará a sua inscrição no
se pertencerem ao lesado ou a vistos nos artigos anteriores, se Registro de Imóveis.
terceiro de boa-fé.7 dentro no prazo de 90 dias, a
contar da data em que transi- Art. 129. O sequestro autuar-
Art. 120. A restituição, quando tar em julgado a sentença final, -se-á em apartado e admitirá
cabível, poderá ser ordenada pela condenatória ou absolutória, os embargos de terceiro.
autoridade policial ou juiz, me- objetos apreendidos não forem
diante termo nos autos, desde reclamados ou não pertencerem Art. 130. O sequestro poderá,
que não exista dúvida quanto ao ao réu, serão vendidos em leilão, ainda, ser embargado:
direito do reclamante. depositando-se o saldo à disposi- I – pelo acusado, sob o fun-
§ 1o Se duvidoso esse direito, ção do juízo de ausentes. damento de não terem os bens
o pedido de restituição autuar-se- sido adquiridos com os proventos
-á em apartado, assinando-se ao Art. 124. Os instrumentos do cri- da infração;
requerente o prazo de 5 dias para me, cuja perda em favor da União II – pelo terceiro, a quem hou-
a prova. Em tal caso, só o juiz cri- for decretada, e as coisas confis- verem os bens sido transferidos a
minal poderá decidir o incidente. cadas, de acordo com o disposto título oneroso, sob o fundamento
§ 2o O incidente autuar-se-á no art. 100 do Código Penal, serão de tê-los adquirido de boa-fé.
também em apartado e só a au- inutilizados ou recolhidos a mu- Parágrafo único. Não poderá
toridade judicial o resolverá, se seu criminal, se houver interesse ser pronunciada decisão nesses
as coisas forem apreendidas em na sua conservação.8 embargos antes de passar em
poder de terceiro de boa-fé, que julgado a sentença condenatória.
será intimado para alegar e pro- Art. 124-A. Na hipótese de de-
var o seu direito, em prazo igual cretação de perdimento de obras Art. 131. O sequestro será le-
e sucessivo ao do reclamante, de arte ou de outros bens de re- vantado:
tendo um e outro dois dias para levante valor cultural ou artístico, I – se a ação penal não for
arrazoar. se o crime não tiver vítima deter- intentada no prazo de sessenta
§ 3o Sobre o pedido de res- minada, poderá haver destinação dias, contado da data em que ficar
tituição será sempre ouvido o dos bens a museus públicos. concluída a diligência;
Ministério Público. II – se o terceiro, a quem ti-
§ 4o Em caso de dúvida sobre verem sido transferidos os bens,
quem seja o verdadeiro dono, o prestar caução que assegure a
juiz remeterá as partes para o aplicação do disposto no art. 74,
juízo cível, ordenando o depósito II, “b”, segunda parte, do Código
Penal;
7
NE: os dispositivos mencionados são os do 8
NE: o dispositivo mencionado é o do texto III – se for julgada extinta a
texto original do Código Penal. original do Código Penal. punibilidade ou absolvido o réu,

463
Código de Processo Penal
por sentença transitada em jul- encargos e tributos anteriores à mente após a condenação, po-
gado. disponibilização do bem para a dendo ser requerido novo arbitra-
sua utilização, que deverão ser mento se qualquer das partes não
Art. 132. Proceder-se-á ao se- cobrados de seu responsável. se conformar com o arbitramento
questro dos bens móveis se, veri- § 4o Transitada em julgado anterior à sentença condenatória.
ficadas as condições previstas no a sentença penal condenatória § 6o Se o réu oferecer caução
art. 126, não for cabível a medida com a decretação de perdimen- suficiente, em dinheiro ou em tí-
regulada no Capítulo XI do Título to dos bens, ressalvado o direito tulos de dívida pública, pelo valor
VII deste Livro. do lesado ou terceiro de boa-fé, de sua cotação em Bolsa, o juiz
o juiz poderá determinar a trans- poderá deixar de mandar proce-
Art. 133. Transitada em julgado a ferência definitiva da propriedade der à inscrição da hipoteca legal.
sentença condenatória, o juiz, de ao órgão público beneficiário ao
ofício ou a requerimento do inte- qual foi custodiado o bem. Art. 136. O arresto do imóvel
ressado ou do Ministério Público, poderá ser decretado de início,
determinará a avaliação e a venda Art. 134. A hipoteca legal sobre revogando-se, porém, se no prazo
dos bens em leilão público cujo os imóveis do indiciado poderá de 15 (quinze) dias não for promo-
perdimento tenha sido decretado. ser requerida pelo ofendido em vido o processo de inscrição da
§ 1o Do dinheiro apurado, qualquer fase do processo, des- hipoteca legal.
será recolhido aos cofres públi- de que haja certeza da infração
cos o que não couber ao lesado e indícios suficientes da autoria. Art. 137. Se o responsável não
ou a terceiro de boa-fé. possuir bens imóveis ou os pos-
§ 2o O valor apurado deverá Art. 135. Pedida a especializa- suir de valor insuficiente, poderão
ser recolhido ao Fundo Peniten- ção mediante requerimento, em ser arrestados bens móveis sus-
ciário Nacional, exceto se houver que a parte estimará o valor da cetíveis de penhora, nos termos
previsão diversa em lei especial. responsabilidade civil, e designa- em que é facultada a hipoteca
rá e estimará o imóvel ou imóveis legal dos imóveis.
Art. 133-A. O juiz poderá au- que terão de ficar especialmente § 1o Se esses bens forem coi-
torizar, constatado o interesse hipotecados, o juiz mandará logo sas fungíveis e facilmente dete-
público, a utilização de bem se- proceder ao arbitramento do valor rioráveis, proceder-se-á na forma
questrado, apreendido ou sujeito da responsabilidade e à avaliação do § 5o do art. 120.
a qualquer medida assecuratória do imóvel ou imóveis. § 2o Das rendas dos bens
pelos órgãos de segurança públi- § 1o A petição será instruí- móveis poderão ser fornecidos
ca previstos no art. 144 da Cons- da com as provas ou indicação recursos arbitrados pelo juiz, para
tituição Federal, do sistema pri- das provas em que se fundar a a manutenção do indiciado e de
sional, do sistema socioeducativo, estimação da responsabilidade, sua família.
da Força Nacional de Segurança com a relação dos imóveis que
Pública e do Instituto Geral de o responsável possuir, se outros Art. 138. O processo de especia-
Perícia, para o desempenho de tiver, além dos indicados no re- lização da hipoteca e do arresto
suas atividades. querimento, e com os documen- correrão em auto apartado.
§ 1o O órgão de segurança tos comprobatórios do domínio.
pública participante das ações de § 2o O arbitramento do valor Art. 139. O depósito e a admi-
investigação ou repressão da in- da responsabilidade e a avalia- nistração dos bens arrestados
fração penal que ensejou a cons- ção dos imóveis designados far- ficarão sujeitos ao regime do pro-
trição do bem terá prioridade na -se-ão por perito nomeado pelo cesso civil.
sua utilização. juiz, onde não houver avaliador
§ 2o Fora das hipóteses ante- judicial, sendo-lhe facultada a Art. 140. As garantias do res-
riores, demonstrado o interesse consulta dos autos do processo sarcimento do dano alcançarão
público, o juiz poderá autorizar o respectivo. também as despesas processuais
uso do bem pelos demais órgãos § 3o O juiz, ouvidas as partes e as penas pecuniárias, tendo pre-
públicos. no prazo de dois dias, que correrá ferência sobre estas a reparação
§ 3o Se o bem a que se re- em cartório, poderá corrigir o ar- do dano ao ofendido.
fere o caput deste artigo for ve- bitramento do valor da responsa-
ículo, embarcação ou aeronave, bilidade, se lhe parecer excessivo Art. 141. O arresto será levanta-
o juiz ordenará à autoridade de ou deficiente. do ou cancelada a hipoteca, se,
trânsito ou ao órgão de registro § 4o O juiz autorizará so- por sentença irrecorrível, o réu
e controle a expedição de certi- mente a inscrição da hipoteca for absolvido ou julgada extinta
ficado provisório de registro e do imóvel ou imóveis necessários a punibilidade.
licenciamento em favor do órgão à garantia da responsabilidade.
público beneficiário, o qual estará § 5o O valor da responsabi- Art. 142. Caberá ao Ministério
isento do pagamento de multas, lidade será liquidado definitiva- Público promover as medidas

464
Código de Processo Penal
estabelecidas nos arts. 134, 136 gão de registro e controle a expe- CAPÍTULO VIII – DA
e 137, se houver interesse da Fa- dição de certificado de registro INSANIDADE MENTAL DO
zenda Pública, ou se o ofendido e licenciamento em favor do ar-
for pobre e o requerer. rematante, ficando este livre do
ACUSADO
pagamento de multas, encargos e
Art. 143. Passando em julgado tributos anteriores, sem prejuízo Art. 149. Quando houver dúvida
a sentença condenatória, serão de execução fiscal em relação ao sobre a integridade mental do
os autos de hipoteca ou arresto antigo proprietário. acusado, o juiz ordenará, de ofício
remetidos ao juiz do cível (art. 63). § 6o O valor dos títulos da ou a requerimento do Ministério
dívida pública, das ações das so- Público, do defensor, do curador,
Art. 144. Os interessados ou, ciedades e dos títulos de crédito do ascendente, descendente, ir-
nos casos do art. 142, o Ministé- negociáveis em bolsa será o da mão ou cônjuge do acusado, seja
rio Público poderão requerer no cotação oficial do dia, provada este submetido a exame médi-
juízo cível contra o responsável por certidão ou publicação no co-legal.
civil as medidas previstas nos órgão oficial. § 1o O exame poderá ser or-
arts. 134, 136 e 137. § 7o (Vetado) denado ainda na fase do inquérito,
mediante representação da auto-
Art. 144-A. O juiz determina- ridade policial ao juiz competente.
rá a alienação antecipada para CAPÍTULO VII – DO § 2o O juiz nomeará curador
preservação do valor dos bens INCIDENTE DE FALSIDADE ao acusado, quando determinar
sempre que estiverem sujeitos a o exame, ficando suspenso o pro-
qualquer grau de deterioração ou Art. 145. Arguida, por escrito, cesso, se já iniciada a ação penal,
depreciação, ou quando houver a falsidade de documento cons- salvo quanto às diligências que
dificuldade para sua manutenção. tante dos autos, o juiz observará possam ser prejudicadas pelo
§ 1o O leilão far-se-á prefe- o seguinte processo: adiamento.
rencialmente por meio eletrônico. I – mandará autuar em apar-
§ 2o Os bens deverão ser ven- tado a impugnação, e em segui- Art. 150. Para o efeito do exame,
didos pelo valor fixado na avalia- da ouvirá a parte contrária, que, o acusado, se estiver preso, será
ção judicial ou por valor maior. no prazo de 48 horas, oferecerá internado em manicômio judici-
Não alcançado o valor estipulado resposta; ário, onde houver, ou, se estiver
pela administração judicial, será II – assinará o prazo de três solto, e o requererem os peritos,
realizado novo leilão, em até 10 dias, sucessivamente, a cada uma em estabelecimento adequado
(dez) dias contados da realização das partes, para prova de suas que o juiz designar.
do primeiro, podendo os bens ser alegações; § 1o O exame não durará mais
alienados por valor não inferior a III – conclusos os autos, po- de quarenta e cinco dias, salvo se
80% (oitenta por cento) do estipu- derá ordenar as diligências que os peritos demonstrarem a ne-
lado na avaliação judicial. entender necessárias; cessidade de maior prazo.
§ 3o O produto da alienação IV – se reconhecida a falsida- § 2o Se não houver prejuízo
ficará depositado em conta vin- de por decisão irrecorrível, man- para a marcha do processo, o juiz
culada ao juízo até a decisão fi- dará desentranhar o documento poderá autorizar sejam os autos
nal do processo, procedendo-se e remetê-lo, com os autos do entregues aos peritos, para faci-
à sua conversão em renda para processo incidente, ao Ministé- litar o exame.
a União, Estado ou Distrito Fe- rio Público.
deral, no caso de condenação, Art. 151. Se os peritos concluí-
ou, no caso de absolvição, à sua Art. 146. A arguição de falsidade, rem que o acusado era, ao tempo
devolução ao acusado. feita por procurador, exige pode- da infração, irresponsável nos
§ 4o Quando a indisponibili- res especiais. termos do art. 22 do Código Pe-
dade recair sobre dinheiro, inclu- nal, o processo prosseguirá, com
sive moeda estrangeira, títulos, Art. 147. O juiz poderá, de ofí- a presença do curador.
valores mobiliários ou cheques cio, proceder à verificação da
emitidos como ordem de paga- falsidade. Art. 152. Se se verificar que a
mento, o juízo determinará a con- doença mental sobreveio à in-
versão do numerário apreendido Art. 148. Qualquer que seja a fração o processo continuará
em moeda nacional corrente e o decisão, não fará coisa julgada suspenso até que o acusado se
depósito das correspondentes em prejuízo de ulterior processo restabeleça, observado o § 2o do
quantias em conta judicial. penal ou civil. art. 149.
§ 5o No caso da alienação de § 1o O juiz poderá, nesse
veículos, embarcações ou aerona- caso, ordenar a internação do
ves, o juiz ordenará à autoridade acusado em manicômio judiciá-
de trânsito ou ao equivalente ór- rio ou em outro estabelecimento

465
Código de Processo Penal
adequado. nais ou legais. mentos policiais ou periciais nos
§ 2o O processo retomará o § 1o São também inadmis- quais seja detectada a existência
seu curso, desde que se restabe- síveis as provas derivadas das de vestígio.
leça o acusado, ficando-lhe asse- ilícitas, salvo quando não evi- § 2o O agente público que
gurada a faculdade de reinquirir denciado o nexo de causalidade reconhecer um elemento como
as testemunhas que houverem entre umas e outras, ou quando de potencial interesse para a
prestado depoimento sem a sua as derivadas puderem ser obtidas produção da prova pericial fica
presença. por uma fonte independente das responsável por sua preservação.
primeiras. § 3o Vestígio é todo objeto ou
Art. 153. O incidente da insa- § 2o Considera-se fonte in- material bruto, visível ou latente,
nidade mental processar-se-á dependente aquela que por si só, constatado ou recolhido, que se
em auto apartado, que só depois seguindo os trâmites típicos e de relaciona à infração penal.
da apresentação do laudo, será praxe, próprios da investigação ou
apenso ao processo principal. instrução criminal, seria capaz de Art. 158-B. A cadeia de custódia
conduzir ao fato objeto da prova. compreende o rastreamento do
Art. 154. Se a insanidade mental § 3o Preclusa a decisão de vestígio nas seguintes etapas:
sobrevier no curso da execução desentranhamento da prova de- I – reconhecimento: ato de
da pena, observar-se-á o disposto clarada inadmissível, esta será distinguir um elemento como de
no art. 682. inutilizada por decisão judicial, potencial interesse para a produ-
facultado às partes acompanhar ção da prova pericial;
o incidente. II – isolamento: ato de evitar
TÍTULO VII – DA PROVA § 4o (Vetado) que se altere o estado das coi-
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES § 5o O juiz que conhecer do sas, devendo isolar e preservar
conteúdo da prova declarada o ambiente imediato, mediato e
GERAIS inadmissível não poderá profe- relacionado aos vestígios e local
rir a sentença ou acórdão. de crime;
Art. 155. O juiz formará sua con- III – fixação: descrição de-
vicção pela livre apreciação da talhada do vestígio conforme se
prova produzida em contraditório CAPÍTULO II – DO EXAME encontra no local de crime ou no
judicial, não podendo fundamen- DE CORPO DE DELITO, DA corpo de delito, e a sua posição na
tar sua decisão exclusivamente CADEIA DE CUSTÓDIA E área de exames, podendo ser ilus-
nos elementos informativos co- DAS PERÍCIAS EM GERAL trada por fotografias, filmagens
lhidos na investigação, ressal- ou croqui, sendo indispensável a
vadas as provas cautelares, não Art. 158. Quando a infração dei- sua descrição no laudo pericial
repetíveis e antecipadas. xar vestígios, será indispensável produzido pelo perito responsável
Parágrafo único. Somente o exame de corpo de delito, direto pelo atendimento;
quanto ao estado das pessoas ou indireto, não podendo supri-lo IV – coleta: ato de recolher
serão observadas as restrições a confissão do acusado. o vestígio que será submetido à
estabelecidas na lei civil. Parágrafo único. Dar-se-á análise pericial, respeitando suas
prioridade à realização do exame características e natureza;
Art. 156. A prova da alegação de corpo de delito quando se tra- V – acondicionamento: pro-
incumbirá a quem a fizer, sendo, tar de crime que envolva: cedimento por meio do qual cada
porém, facultado ao juiz de ofício: I – violência doméstica e fa- vestígio coletado é embalado de
I – ordenar, mesmo antes de miliar contra mulher; forma individualizada, de acordo
iniciada a ação penal, a produção II – violência contra criança, com suas características físi-
antecipada de provas considera- adolescente, idoso ou pessoa com cas, químicas e biológicas, para
das urgentes e relevantes, obser- deficiência. posterior análise, com anotação
vando a necessidade, adequação da data, hora e nome de quem
e proporcionalidade da medida; Art. 158-A. Considera-se cadeia realizou a coleta e o acondicio-
II – determinar, no curso da de custódia o conjunto de todos namento;
instrução, ou antes de proferir os procedimentos utilizados para VI – transporte: ato de trans-
sentença, a realização de dili- manter e documentar a história ferir o vestígio de um local para
gências para dirimir dúvida sobre cronológica do vestígio coleta- o outro, utilizando as condições
ponto relevante. do em locais ou em vítimas de adequadas (embalagens, veícu-
crimes, para rastrear sua posse los, temperatura, entre outras),
Art. 157. São inadmissíveis, de- e manuseio a partir de seu reco- de modo a garantir a manuten-
vendo ser desentranhadas do nhecimento até o descarte. ção de suas características ori-
processo, as provas ilícitas, as- § 1o O início da cadeia de cus- ginais, bem como o controle de
sim entendidas as obtidas em tódia dá-se com a preservação do sua posse;
violação a normas constitucio- local de crime ou com procedi- VII – recebimento: ato formal

466
Código de Processo Penal
de transferência da posse do ves- será determinado pela natureza tação do vestígio armazenado,
tígio, que deve ser documentado do material. todas as ações deverão ser regis-
com, no mínimo, informações § 1o Todos os recipientes de- tradas, consignando-se a identi-
referentes ao número de pro- verão ser selados com lacres, ficação do responsável pela tra-
cedimento e unidade de polícia com numeração individualizada, mitação, a destinação, a data e
judiciária relacionada, local de ori- de forma a garantir a inviolabili- horário da ação.
gem, nome de quem transportou dade e a idoneidade do vestígio
o vestígio, código de rastreamen- durante o transporte. Art. 158-F. Após a realização
to, natureza do exame, tipo do § 2o O recipiente deverá in- da perícia, o material deverá ser
vestígio, protocolo, assinatura e dividualizar o vestígio, preservar devolvido à central de custódia,
identificação de quem o recebeu; suas características, impedir con- devendo nela permanecer.
VIII – processamento: exame taminação e vazamento, ter grau Parágrafo único. Caso a cen-
pericial em si, manipulação do de resistência adequado e espa- tral de custódia não possua es-
vestígio de acordo com a me- ço para registro de informações paço ou condições de armazenar
todologia adequada às suas ca- sobre seu conteúdo. determinado material, deverá a
racterísticas biológicas, físicas § 3o O recipiente só poderá autoridade policial ou judiciária
e químicas, a fim de se obter o ser aberto pelo perito que vai pro- determinar as condições de depó-
resultado desejado, que deverá ceder à análise e, motivadamente, sito do referido material em local
ser formalizado em laudo pro- por pessoa autorizada. diverso, mediante requerimento
duzido por perito; § 4o Após cada rompimento do diretor do órgão central de pe-
IX – armazenamento: proce- de lacre, deve se fazer constar na rícia oficial de natureza criminal.
dimento referente à guarda, em ficha de acompanhamento de
condições adequadas, do mate- vestígio o nome e a matrícula do Art. 159. O exame de corpo de
rial a ser processado, guardado responsável, a data, o local, a fina- delito e outras perícias serão rea-
para realização de contraperícia, lidade, bem como as informações lizados por perito oficial, portador
descartado ou transportado, com referentes ao novo lacre utilizado. de diploma de curso superior.
vinculação ao número do laudo § 5o O lacre rompido deverá § 1o Na falta de perito ofi-
correspondente; ser acondicionado no interior do cial, o exame será realizado por 2
X – descarte: procedimento novo recipiente. (duas) pessoas idôneas, portado-
referente à liberação do vestígio, ras de diploma de curso superior
respeitando a legislação vigente Art. 158-E. Todos os Institutos preferencialmente na área es-
e, quando pertinente, mediante de Criminalística deverão ter uma pecífica, dentre as que tiverem
autorização judicial. central de custódia destinada à habilitação técnica relacionada
guarda e controle dos vestígios, e com a natureza do exame.
Art. 158-C. A coleta dos vestí- sua gestão deve ser vinculada di- § 2o Os peritos não oficiais
gios deverá ser realizada prefe- retamente ao órgão central de pe- prestarão o compromisso de
rencialmente por perito oficial, rícia oficial de natureza criminal. bem e fielmente desempenhar
que dará o encaminhamento ne- § 1o Toda central de custódia o encargo.
cessário para a central de custó- deve possuir os serviços de proto- § 3o Serão facultadas ao Mi-
dia, mesmo quando for necessária colo, com local para conferência, nistério Público, ao assistente de
a realização de exames comple- recepção, devolução de materiais acusação, ao ofendido, ao quere-
mentares. e documentos, possibilitando a lante e ao acusado a formulação
§ 1o Todos vestígios cole- seleção, a classificação e a distri- de quesitos e indicação de assis-
tados no decurso do inquérito buição de materiais, devendo ser tente técnico.
ou processo devem ser tratados um espaço seguro e apresentar § 4o O assistente técnico
como descrito nesta Lei, ficando condições ambientais que não atuará a partir de sua admissão
órgão central de perícia oficial interfiram nas características pelo juiz e após a conclusão dos
de natureza criminal responsá- do vestígio. exames e elaboração do laudo
vel por detalhar a forma do seu § 2o Na central de custódia, pelos peritos oficiais, sendo as
cumprimento. a entrada e a saída de vestígio partes intimadas desta decisão.
§ 2o É proibida a entrada em deverão ser protocoladas, con- § 5o Durante o curso do pro-
locais isolados bem como a re- signando-se informações sobre cesso judicial, é permitido às par-
moção de quaisquer vestígios de a ocorrência no inquérito que a tes, quanto à perícia:
locais de crime antes da liberação eles se relacionam. I – requerer a oitiva dos pe-
por parte do perito responsável, § 3o Todas as pessoas que ritos para esclarecerem a prova
sendo tipificada como fraude pro- tiverem acesso ao vestígio arma- ou para responderem a quesitos,
cessual a sua realização. zenado deverão ser identificadas desde que o mandado de intima-
e deverão ser registradas a data ção e os quesitos ou questões a
Art. 158-D. O recipiente para e a hora do acesso. serem esclarecidas sejam en-
acondicionamento do vestígio § 4o Por ocasião da trami- caminhados com antecedência

467
Código de Processo Penal
mínima de 10 (dez) dias, podendo para exame cadavérico, a autori- blico, do ofendido ou do acusado,
apresentar as respostas em laudo dade providenciará para que, em ou de seu defensor.
complementar; dia e hora previamente marcados, § 1o No exame complemen-
II – indicar assistentes téc- se realize a diligência, da qual tar, os peritos terão presente o
nicos que poderão apresentar se lavrará auto circunstanciado. auto de corpo de delito, a fim
pareceres em prazo a ser fixado Parágrafo único. O admi- de suprir-lhe a deficiência ou
pelo juiz ou ser inquiridos em nistrador de cemitério público retificá-lo.
audiência. ou particular indicará o lugar da § 2o Se o exame tiver por fim
§ 6o Havendo requerimento sepultura, sob pena de desobe- precisar a classificação do delito
das partes, o material probatório diência. No caso de recusa ou de no art. 129, § 1o, I, do Código Penal,
que serviu de base à perícia será falta de quem indique a sepultura, deverá ser feito logo que decorra
disponibilizado no ambiente do ou de encontrar-se o cadáver em o prazo de 30 dias, contado da
órgão oficial, que manterá sem- lugar não destinado a inumações, data do crime.
pre sua guarda, e na presença de a autoridade procederá às pes- § 3o A falta de exame com-
perito oficial, para exame pelos quisas necessárias, o que tudo plementar poderá ser suprida
assistentes, salvo se for impos- constará do auto. pela prova testemunhal.
sível a sua conservação.
§ 7o Tratando-se de perícia Art. 164. Os cadáveres serão Art. 169. Para o efeito de exame
complexa que abranja mais de sempre fotografados na posição do local onde houver sido pratica-
uma área de conhecimento es- em que forem encontrados, bem da a infração, a autoridade pro-
pecializado, poder-se-á designar como, na medida do possível, to- videnciará imediatamente para
a atuação de mais de um perito das as lesões externas e vestígios que não se altere o estado das
oficial, e a parte indicar mais de deixados no local do crime. coisas até a chegada dos peritos,
um assistente técnico. que poderão instruir seus laudos
Art. 165. Para representar as com fotografias, desenhos ou
Art. 160. Os peritos elaborarão o lesões encontradas no cadáver, esquemas elucidativos.
laudo pericial, onde descreverão os peritos, quando possível, jun- Parágrafo único. Os peritos
minuciosamente o que examina- tarão ao laudo do exame provas registrarão, no laudo, as alte-
rem, e responderão aos quesitos fotográficas, esquemas ou dese- rações do estado das coisas e
formulados. nhos, devidamente rubricados. discutirão, no relatório, as con-
Parágrafo único. O laudo pe- sequências dessas alterações
ricial será elaborado no prazo Art. 166. Havendo dúvida sobre na dinâmica dos fatos.
máximo de 10 dias, podendo este a identidade do cadáver exumado,
prazo ser prorrogado, em casos proceder-se-á ao reconhecimen- Art. 170. Nas perícias de labora-
excepcionais, a requerimento dos to pelo Instituto de Identifica- tório, os peritos guardarão mate-
peritos. ção e Estatística ou repartição rial suficiente para a eventualida-
congênere ou pela inquirição de de de nova perícia. Sempre que
Art. 161. O exame de corpo de testemunhas, lavrando-se auto de conveniente, os laudos serão ilus-
delito poderá ser feito em qual- reconhecimento e de identidade, trados com provas fotográficas,
quer dia e a qualquer hora. no qual se descreverá o cadáver, ou microfotográficas, desenhos
com todos os sinais e indicações. ou esquemas.
Art. 162. A autópsia será feita Parágrafo único. Em qual-
pelo menos seis horas depois quer caso, serão arrecadados e Art. 171. Nos crimes cometidos
do óbito, salvo se os peritos, pela autenticados todos os objetos en- com destruição ou rompimen-
evidência dos sinais de morte, jul- contrados, que possam ser úteis to de obstáculo a subtração da
garem que possa ser feita antes para a identificação do cadáver. coisa, ou por meio de escalada,
daquele prazo, o que declararão os peritos, além de descrever os
no auto. Art. 167. Não sendo possível o vestígios, indicarão com que ins-
Parágrafo único. Nos casos exame de corpo de delito, por trumentos, por que meios e em
de morte violenta, bastará o sim- haverem desaparecido os vestí- que época presumem ter sido o
ples exame externo do cadáver, gios, a prova testemunhal poderá fato praticado.
quando não houver infração penal suprir-lhe a falta.
que apurar, ou quando as lesões Art. 172. Proceder-se-á, quando
externas permitirem precisar a Art. 168. Em caso de lesões cor- necessário, à avaliação de coisas
causa da morte e não houver ne- porais, se o primeiro exame peri- destruídas, deterioradas ou que
cessidade de exame interno para cial tiver sido incompleto, proce- constituam produto do crime.
a verificação de alguma circuns- der-se-á a exame complementar Parágrafo único. Se impossí-
tância relevante. por determinação da autoridade vel a avaliação direta, os peritos
policial ou judiciária, de ofício, ou procederão à avaliação por meio
Art. 163. Em caso de exumação a requerimento do Ministério Pú- dos elementos existentes nos

468
Código de Processo Penal
autos e dos que resultarem de vendo, porém, no caso de ação não for necessária ao esclareci-
diligências. privada, acordo das partes, essa mento da verdade.
nomeação poderá ser feita pelo
Art. 173. No caso de incêndio, juiz deprecante.
os peritos verificarão a causa e Parágrafo único. Os quesitos CAPÍTULO III – DO
o lugar em que houver começado, do juiz e das partes serão trans- INTERROGATÓRIO DO
o perigo que dele tiver resultado critos na precatória. ACUSADO
para a vida ou para o patrimônio
alheio, a extensão do dano e o seu Art. 178. No caso do art. 159, o Art. 185. O acusado que compa-
valor e as demais circunstâncias exame será requisitado pela au- recer perante a autoridade judici-
que interessarem à elucidação toridade ao diretor da repartição, ária, no curso do processo penal,
do fato. juntando-se ao processo o laudo será qualificado e interrogado na
assinado pelos peritos. presença de seu defensor, cons-
Art. 174. No exame para o re- tituído ou nomeado.
conhecimento de escritos, por Art. 179. No caso do § 1o do § 1o O interrogatório do réu
comparação de letra, observar- art. 159, o escrivão lavrará o auto preso será realizado, em sala
-se-á o seguinte: respectivo, que será assinado própria, no estabelecimento em
I – a pessoa a quem se atri- pelos peritos e, se presente ao que estiver recolhido, desde que
bua ou se possa atribuir o escrito exame, também pela autoridade. estejam garantidas a segurança
será intimada para o ato, se for Parágrafo único. No caso do do juiz, do membro do Ministé-
encontrada; art. 160, parágrafo único, o laudo, rio Público e dos auxiliares bem
II – para a comparação, pode- que poderá ser datilografado, como a presença do defensor e
rão servir quaisquer documentos será subscrito e rubricado em a publicidade do ato.
que a dita pessoa reconhecer ou suas folhas por todos os peritos. § 2o Excepcionalmente, o
já tiverem sido judicialmente re- juiz, por decisão fundamentada,
conhecidos como de seu punho, Art. 180. Se houver divergên- de ofício ou a requerimento das
ou sobre cuja autenticidade não cia entre os peritos, serão con- partes, poderá realizar o interro-
houver dúvida; signadas no auto do exame as gatório do réu preso por sistema
III – a autoridade, quando ne- declarações e respostas de um de videoconferência ou outro re-
cessário, requisitará, para o exa- e de outro, ou cada um redigirá curso tecnológico de transmissão
me, os documentos que existirem separadamente o seu laudo, e a de sons e imagens em tempo
em arquivos ou estabelecimentos autoridade nomeará um terceiro; real, desde que a medida seja
públicos, ou nestes realizará a se este divergir de ambos, a auto- necessária para atender a uma
diligência, se daí não puderem ridade poderá mandar proceder das seguintes finalidades:
ser retirados; a novo exame por outros peritos. I – prevenir risco à segurança
IV – quando não houver es- pública, quando exista fundada
critos para a comparação ou fo- Art. 181. No caso de inobser- suspeita de que o preso integre
rem insuficientes os exibidos, a vância de formalidades, ou no organização criminosa ou de que,
autoridade mandará que a pessoa caso de omissões, obscurida- por outra razão, possa fugir du-
escreva o que lhe for ditado. Se des ou contradições, a autori- rante o deslocamento;
estiver ausente a pessoa, mas em dade judiciária mandará suprir a II – viabilizar a participação
lugar certo, esta última diligência formalidade, complementar ou do réu no referido ato processual,
poderá ser feita por precatória, esclarecer o laudo. quando haja relevante dificulda-
em que se consignarão as pala- Parágrafo único. A autorida- de para seu comparecimento em
vras que a pessoa será intimada de poderá também ordenar que se juízo, por enfermidade ou outra
a escrever. proceda a novo exame, por outros circunstância pessoal;
peritos, se julgar conveniente. III – impedir a influência do
Art. 175. Serão sujeitos a exa- réu no ânimo de testemunha ou
me os instrumentos empregados Art. 182. O juiz não ficará adstri- da vítima, desde que não seja pos-
para a prática da infração, a fim to ao laudo, podendo aceitá-lo ou sível colher o depoimento destas
de se lhes verificar a natureza e rejeitá-lo, no todo ou em parte. por videoconferência, nos termos
a eficiência. do art. 217 deste Código;
Art. 183. Nos crimes em que não IV – responder à gravíssima
Art. 176. A autoridade e as par- couber ação pública, observar- questão de ordem pública.
tes poderão formular quesitos até -se-á o disposto no art. 19. § 3o Da decisão que determi-
o ato da diligência. nar a realização de interrogatório
Art. 184. Salvo o caso de exame por videoconferência, as partes
Art. 177. No exame por preca- de corpo de delito, o juiz ou a au- serão intimadas com 10 (dez) dias
tória, a nomeação dos peritos toridade policial negará a perícia de antecedência.
far-se-á no juízo deprecado. Ha- requerida pelas partes, quando § 4o Antes do interrogatório

469
Código de Processo Penal
por videoconferência, o preso iniciar o interrogatório, do seu partes se restou algum fato para
poderá acompanhar, pelo mesmo direito de permanecer calado e ser esclarecido, formulando as
sistema tecnológico, a realização de não responder perguntas que perguntas correspondentes se o
de todos os atos da audiência lhe forem formuladas. entender pertinente e relevante.
única de instrução e julgamento Parágrafo único. O silêncio,
de que tratam os arts. 400, 411 e que não importará em confissão, Art. 189. Se o interrogando ne-
531 deste Código. não poderá ser interpretado em gar a acusação, no todo ou em
§ 5o Em qualquer modalidade prejuízo da defesa. parte, poderá prestar esclareci-
de interrogatório, o juiz garanti- mentos e indicar provas.
rá ao réu o direito de entrevista Art. 187. O interrogatório será
prévia e reservada com o seu constituído de duas partes: so- Art. 190. Se confessar a autoria,
defensor; se realizado por video- bre a pessoa do acusado e sobre será perguntado sobre os motivos
conferência, fica também garan- os fatos. e circunstâncias do fato e se ou-
tido o acesso a canais telefônicos § 1o Na primeira parte o inter- tras pessoas concorreram para a
reservados para comunicação rogando será perguntado sobre infração, e quais sejam.
entre o defensor que esteja no a residência, meios de vida ou
presídio e o advogado presente profissão, oportunidades sociais, Art. 191. Havendo mais de um
na sala de audiência do Fórum, e lugar onde exerce a sua atividade, acusado, serão interrogados se-
entre este e o preso. vida pregressa, notadamente se paradamente.
§ 6o A sala reservada no es- foi preso ou processado alguma
tabelecimento prisional para a vez e, em caso afirmativo, qual Art. 192. O interrogatório do
realização de atos processuais o juízo do processo, se houve mudo, do surdo ou do surdo-mudo
por sistema de videoconferência suspensão condicional ou con- será feito pela forma seguinte:
será fiscalizada pelos correge- denação, qual a pena imposta, I – ao surdo serão apresen-
dores e pelo juiz de cada causa, se a cumpriu e outros dados fa- tadas por escrito as perguntas,
como também pelo Ministério miliares e sociais. que ele responderá oralmente;
Público e pela Ordem dos Advo- § 2o Na segunda parte será II – ao mudo as perguntas
gados do Brasil. perguntado sobre: serão feitas oralmente, respon-
§ 7o Será requisitada a apre- I – ser verdadeira a acusação dendo-as por escrito;
sentação do réu preso em juízo que lhe é feita; III – ao surdo-mudo as per-
nas hipóteses em que o interro- II – não sendo verdadeira a guntas serão formuladas por es-
gatório não se realizar na forma acusação, se tem algum moti- crito e do mesmo modo dará as
prevista nos §§ 1o e 2o deste artigo. vo particular a que atribuí-la, se respostas.
§ 8o Aplica-se o disposto nos conhece a pessoa ou pessoas a Parágrafo único. Caso o in-
§§ 2o, 3o, 4o e 5o deste artigo, no quem deva ser imputada a prática terrogando não saiba ler ou es-
que couber, à realização de outros do crime, e quais sejam, e se com crever, intervirá no ato, como
atos processuais que dependam elas esteve antes da prática da intérprete e sob compromisso,
da participação de pessoa que infração ou depois dela; pessoa habilitada a entendê-lo.
esteja presa, como acareação, III – onde estava ao tempo em
reconhecimento de pessoas e que foi cometida a infração e se Art. 193. Quando o interrogando
coisas, e inquirição de testemu- teve notícia desta; não falar a língua nacional, o in-
nha ou tomada de declarações IV – as provas já apuradas; terrogatório será feito por meio
do ofendido. V – se conhece as vítimas e de intérprete.
§ 9o Na hipótese do § 8o deste testemunhas já inquiridas ou por
artigo, fica garantido o acompa- inquirir, e desde quando, e se tem Art. 194. (Revogado)
nhamento do ato processual pelo o que alegar contra elas;
acusado e seu defensor. VI – se conhece o instrumento Art. 195. Se o interrogado não
§ 10. Do interrogatório deve- com que foi praticada a infração, souber escrever, não puder ou
rá constar a informação sobre a ou qualquer objeto que com esta não quiser assinar, tal fato será
existência de filhos, respectivas se relacione e tenha sido apre- consignado no termo.
idades e se possuem alguma de- endido;
ficiência e o nome e o contato de VII – todos os demais fatos Art. 196. A todo tempo o juiz
eventual responsável pelos cui- e pormenores que conduzam à poderá proceder a novo inter-
dados dos filhos, indicado pela elucidação dos antecedentes e rogatório de ofício ou a pedido
pessoa presa. circunstâncias da infração; fundamentado de qualquer das
VIII – se tem algo mais a ale- partes.
Art. 186. Depois de devidamente gar em sua defesa.
qualificado e cientificado do in-
teiro teor da acusação, o acusado Art. 188. Após proceder ao in-
será informado pelo juiz, antes de terrogatório, o juiz indagará das

470
Código de Processo Penal
CAPÍTULO IV – DA para o ofendido. depor. Poderão, entretanto, re-
CONFISSÃO § 5o Se o juiz entender ne- cusar-se a fazê-lo o ascendente
cessário, poderá encaminhar o ou descendente, o afim em linha
Art. 197. O valor da confissão ofendido para atendimento mul- reta, o cônjuge, ainda que desqui-
se aferirá pelos critérios adota- tidisciplinar, especialmente nas tado, o irmão e o pai, a mãe, ou
dos para os outros elementos de áreas psicossocial, de assistência o filho adotivo do acusado, salvo
prova, e para a sua apreciação o jurídica e de saúde, a expensas do quando não for possível, por outro
juiz deverá confrontá-la com as ofensor ou do Estado. modo, obter-se ou integrar-se a
demais provas do processo, veri- § 6o O juiz tomará as provi- prova do fato e de suas circuns-
ficando se entre ela e estas existe dências necessárias à preser- tâncias.
compatibilidade ou concordância. vação da intimidade, vida priva-
da, honra e imagem do ofendido, Art. 207. São proibidas de de-
Art. 198. O silêncio do acusado podendo, inclusive, determinar por as pessoas que, em razão
não importará confissão, mas o segredo de justiça em rela- de função, ministério, ofício ou
poderá constituir elemento para ção aos dados, depoimentos e profissão, devam guardar segre-
a formação do convencimento outras informações constantes do, salvo se, desobrigadas pela
do juiz. dos autos a seu respeito para parte interessada, quiserem dar
evitar sua exposição aos meios o seu testemunho.
Art. 199. A confissão, quando de comunicação.
feita fora do interrogatório, será Art. 208. Não se deferirá o com-
tomada por termo nos autos, ob- promisso a que alude o art. 203
servado o disposto no art. 195. CAPÍTULO VI – DAS aos doentes e deficientes mentais
TESTEMUNHAS e aos menores de 14 anos, nem às
Art. 200. A confissão será di- pessoas a que se refere o art. 206.
visível e retratável, sem prejuízo Art. 202. Toda pessoa poderá
do livre convencimento do juiz, ser testemunha. Art. 209. O juiz, quando julgar
fundado no exame das provas necessário, poderá ouvir outras
em conjunto. Art. 203. A testemunha fará, sob testemunhas, além das indicadas
palavra de honra, a promessa de pelas partes.
dizer a verdade do que souber § 1o Se ao juiz parecer con-
CAPÍTULO V – DO e lhe for perguntado, devendo veniente, serão ouvidas as pes-
OFENDIDO declarar seu nome, sua idade, soas a que as testemunhas se
seu estado e sua residência, sua referirem.
Art. 201. Sempre que possível, o profissão, lugar onde exerce sua § 2o Não será computada
ofendido será qualificado e per- atividade, se é parente, e em que como testemunha a pessoa que
guntado sobre as circunstâncias grau, de alguma das partes, ou nada souber que interesse à de-
da infração, quem seja ou pre- quais suas relações com qual- cisão da causa.
suma ser o seu autor, as provas quer delas, e relatar o que souber,
que possa indicar, tomando-se explicando sempre as razões de Art. 210. As testemunhas serão
por termo as suas declarações. sua ciência ou as circunstâncias inquiridas cada uma de per si, de
§ 1o Se, intimado para esse pelas quais possa avaliar-se de modo que umas não saibam nem
fim, deixar de comparecer sem sua credibilidade. ouçam os depoimentos das ou-
motivo justo, o ofendido pode- tras, devendo o juiz adverti-las
rá ser conduzido à presença da Art. 204. O depoimento será das penas cominadas ao falso
autoridade. prestado oralmente, não sendo testemunho.
§ 2o O ofendido será comu- permitido à testemunha trazê-lo Parágrafo único. Antes do
nicado dos atos processuais re- por escrito. início da audiência e durante a
lativos ao ingresso e à saída do Parágrafo único. Não será sua realização, serão reserva-
acusado da prisão, à designação vedada à testemunha, entretanto, dos espaços separados para a
de data para audiência e à sen- breve consulta a apontamentos. garantia da incomunicabilidade
tença e respectivos acórdãos que das testemunhas.
a mantenham ou modifiquem. Art. 205. Se ocorrer dúvida so-
§ 3o As comunicações ao bre a identidade da testemunha, o Art. 211. Se o juiz, ao pronunciar
ofendido deverão ser feitas no juiz procederá à verificação pelos sentença final, reconhecer que al-
endereço por ele indicado, admi- meios ao seu alcance, podendo, guma testemunha fez afirmação
tindo-se, por opção do ofendido, entretanto, tomar-lhe o depoi- falsa, calou ou negou a verdade,
o uso de meio eletrônico. mento desde logo. remeterá cópia do depoimento à
§ 4o Antes do início da audi- autoridade policial para a instau-
ência e durante a sua realização, Art. 206. A testemunha não po- ração de inquérito.
será reservado espaço separado derá eximir-se da obrigação de Parágrafo único. Tendo o de-

471
Código de Processo Penal
poimento sido prestado em plená- a verdade do depoimento, fará a serão transmitidas por ofício.
rio de julgamento, o juiz, no caso inquirição por videoconferência e, § 2o Os militares deverão
de proferir decisão na audiência somente na impossibilidade dessa ser requisitados à autoridade
(art. 538, § 2o), o tribunal (art. 561), forma, determinará a retirada do superior.
ou o conselho de sentença, após réu, prosseguindo na inquirição, § 3o Aos funcionários públi-
a votação dos quesitos, poderão com a presença do seu defensor. cos aplicar-se-á o disposto no
fazer apresentar imediatamente a Parágrafo único. A adoção art. 218, devendo, porém, a ex-
testemunha à autoridade policial. de qualquer das medidas previs- pedição do mandado ser ime-
tas no caput deste artigo deverá diatamente comunicada ao chefe
Art. 212. As perguntas serão for- constar do termo, assim como da repartição em que servirem,
muladas pelas partes diretamente os motivos que a determinaram. com indicação do dia e da hora
à testemunha, não admitindo o marcados.
juiz aquelas que puderem induzir Art. 218. Se, regularmente in-
a resposta, não tiverem relação timada, a testemunha deixar de Art. 222. A testemunha que mo-
com a causa ou importarem na comparecer sem motivo justifica- rar fora da jurisdição do juiz, será
repetição de outra já respondida. do, o juiz poderá requisitar à auto- inquirida pelo juiz do lugar de
Parágrafo único. Sobre os ridade policial a sua apresentação sua residência, expedindo-se,
pontos não esclarecidos, o juiz ou determinar seja conduzida por para esse fim, carta precatória,
poderá complementar a inqui- oficial de justiça, que poderá so- com prazo razoável, intimadas
rição. licitar o auxílio da força pública. as partes.
§ 1o A expedição da precató-
Art. 213. O juiz não permitirá Art. 219. O juiz poderá aplicar à ria não suspenderá a instrução
que a testemunha manifeste suas testemunha faltosa a multa pre- criminal.
apreciações pessoais, salvo quan- vista no art. 453, sem prejuízo do § 2o Findo o prazo marcado,
do inseparáveis da narrativa do processo penal por crime de de- poderá realizar-se o julgamento,
fato. sobediência, e condená-la ao pa- mas, a todo tempo, a precatória,
gamento das custas da diligência. uma vez devolvida, será junta
Art. 214. Antes de iniciado o de- aos autos.
poimento, as partes poderão con- Art. 220. As pessoas impos- § 3o Na hipótese prevista no
traditar a testemunha ou arguir sibilitadas, por enfermidade ou caput deste artigo, a oitiva de
circunstâncias ou defeitos, que a por velhice, de comparecer para testemunha poderá ser realiza-
tornem suspeita de parcialidade, depor, serão inquiridas onde es- da por meio de videoconferência
ou indigna de fé. O juiz fará con- tiverem. ou outro recurso tecnológico de
signar a contradita ou arguição e transmissão de sons e imagens
a resposta da testemunha, mas só Art. 221. O Presidente e o Vi- em tempo real, permitida a pre-
excluirá a testemunha ou não lhe ce-Presidente da República, os sença do defensor e podendo
deferirá compromisso nos casos Senadores e Deputados Fede- ser realizada, inclusive, durante
previstos nos arts. 207 e 208. rais, os Ministros de Estado, os a realização da audiência de ins-
Governadores de Estado e Terri- trução e julgamento.
Art. 215. Na redação do depoi- tórios, os Secretários de Estado,
mento, o juiz deverá cingir-se, os Prefeitos do Distrito Federal Art. 222-A. As cartas rogató-
tanto quanto possível, às expres- e dos Municípios, os Deputados rias só serão expedidas se de-
sões usadas pelas testemunhas, às Assembleias Legislativas Es- monstrada previamente a sua
reproduzindo fielmente as suas taduais, os membros do Poder imprescindibilidade, arcando a
frases. Judiciário, os Ministros e Juízes parte requerente com os custos
dos Tribunais de Contas da União, de envio.
Art. 216. O depoimento da tes- dos Estados, do Distrito Federal, Parágrafo único. Aplica-se às
temunha será reduzido a termo, bem como os do Tribunal Marítimo cartas rogatórias o disposto nos
assinado por ela, pelo juiz e pelas serão inquiridos em local, dia e §§ 1o e 2o do art. 222 deste Código.
partes. Se a testemunha não sou- hora previamente ajustados entre
ber assinar, ou não puder fazê-lo, eles e o Juiz. Art. 223. Quando a testemunha
pedirá a alguém que o faça por § 1o O Presidente e o Vice- não conhecer a língua nacional,
ela, depois de lido na presença -Presidente da República, os Pre- será nomeado intérprete para
de ambos. sidentes do Senado Federal, da traduzir as perguntas e respostas.
Câmara dos Deputados e do Su- Parágrafo único. Tratando-se
Art. 217. Se o juiz verificar que premo Tribunal Federal poderão de mudo, surdo ou surdo-mudo,
a presença do réu poderá causar optar pela prestação de depoi- proceder-se-á na conformidade
humilhação, temor, ou sério cons- mento por escrito, caso em que do art. 192.
trangimento à testemunha ou ao as perguntas, formuladas pelas
ofendido, de modo que prejudique partes e deferidas pelo juiz, lhes Art. 224. As testemunhas co-

472
Código de Processo Penal
municarão ao juiz, dentro de um Art. 228. Se várias forem as cumentos quaisquer escritos,
ano, qualquer mudança de resi- pessoas chamadas a efetuar o instrumentos ou papéis, públicos
dência, sujeitando-se, pela sim- reconhecimento de pessoa ou de ou particulares.
ples omissão, às penas do não objeto, cada uma fará a prova em Parágrafo único. À fotografia
comparecimento. separado, evitando-se qualquer do documento, devidamente au-
comunicação entre elas. tenticada, se dará o mesmo valor
Art. 225. Se qualquer testemu- do original.
nha houver de ausentar-se, ou,
por enfermidade ou por velhice, CAPÍTULO VIII – DA Art. 233. As cartas particula-
inspirar receio de que ao tem- ACAREAÇÃO res, interceptadas ou obtidas por
po da instrução criminal já não meios criminosos, não serão ad-
exista, o juiz poderá, de ofício Art. 229. A acareação será ad- mitidas em juízo.
ou a requerimento de qualquer mitida entre acusados, entre Parágrafo único. As cartas
das partes, tomar-lhe antecipa- acusado e testemunha, entre poderão ser exibidas em juízo
damente o depoimento. testemunhas, entre acusado ou pelo respectivo destinatário, para
testemunha e a pessoa ofendida, a defesa de seu direito, ainda
e entre as pessoas ofendidas, que não haja consentimento do
CAPÍTULO VII – DO sempre que divergirem, em suas signatário.
RECONHECIMENTO DE declarações, sobre fatos ou cir-
PESSOAS E COISAS cunstâncias relevantes. Art. 234. Se o juiz tiver notícia
Parágrafo único. Os acare- da existência de documento re-
Art. 226. Quando houver neces- ados serão reperguntados, para lativo a ponto relevante da acusa-
sidade de fazer-se o reconheci- que expliquem os pontos de di- ção ou da defesa, providenciará,
mento de pessoa, proceder-se-á vergências, reduzindo-se a termo independentemente de requeri-
pela seguinte forma: o ato de acareação. mento de qualquer das partes,
I – a pessoa que tiver de fazer para sua juntada aos autos, se
o reconhecimento será convidada Art. 230. Se ausente alguma possível.
a descrever a pessoa que deva ser testemunha, cujas declarações
reconhecida; divirjam das de outra, que es- Art. 235. A letra e firma dos do-
II – a pessoa, cujo reconheci- teja presente, a esta se darão cumentos particulares serão sub-
mento se pretender, será coloca- a conhecer os pontos da diver- metidas a exame pericial, quando
da, se possível, ao lado de outras gência, consignando-se no auto contestada a sua autenticidade.
que com ela tiverem qualquer se- o que explicar ou observar. Se
melhança, convidando-se quem subsistir a discordância, expedir- Art. 236. Os documentos em
tiver de fazer o reconhecimento -se-á precatória à autoridade do língua estrangeira, sem prejuí-
a apontá-la; lugar onde resida a testemunha zo de sua juntada imediata, se-
III – se houver razão para re- ausente, transcrevendo-se as rão, se necessário, traduzidos
cear que a pessoa chamada para declarações desta e as da tes- por tradutor público, ou, na falta,
o reconhecimento, por efeito de temunha presente, nos pontos por pessoa idônea nomeada pela
intimidação ou outra influência, em que divergirem, bem como o autoridade.
não diga a verdade em face da texto do referido auto, a fim de
pessoa que deve ser reconhecida, que se complete a diligência, ou- Art. 237. As públicas-formas
a autoridade providenciará para vindo-se a testemunha ausente, só terão valor quando conferidas
que esta não veja aquela; pela mesma forma estabelecida com o original, em presença da
IV – do ato de reconhecimento para a testemunha presente. Esta autoridade.
lavrar-se-á auto pormenorizado, diligência só se realizará quando
subscrito pela autoridade, pela não importe demora prejudicial Art. 238. Os documentos ori-
pessoa chamada para proceder ao processo e o juiz a entenda ginais, juntos a processo findo,
ao reconhecimento e por duas conveniente. quando não exista motivo rele-
testemunhas presenciais. vante que justifique a sua con-
Parágrafo único. O disposto servação nos autos, poderão, me-
no no III deste artigo não terá apli- CAPÍTULO IX – DOS diante requerimento, e ouvido o
cação na fase da instrução crimi- DOCUMENTOS Ministério Público, ser entregues
nal ou em plenário de julgamento. à parte que os produziu, ficando
Art. 231. Salvo os casos expres- traslado nos autos.
Art. 227. No reconhecimento sos em lei, as partes poderão
de objeto, proceder-se-á com as apresentar documentos em qual-
cautelas estabelecidas no artigo quer fase do processo.
anterior, no que for aplicável.
Art. 232. Consideram-se do-

473
Código de Processo Penal
CAPÍTULO X – DOS Art. 243. O mandado de busca houver e estiver presente.
INDÍCIOS deverá: § 5o Se é determinada a pes-
I – indicar, o mais precisa- soa ou coisa que se vai procu-
Art. 239. Considera-se indício a mente possível, a casa em que rar, o morador será intimado a
circunstância conhecida e prova- será realizada a diligência e o mostrá-la.
da, que, tendo relação com o fato, nome do respectivo proprietário § 6o Descoberta a pessoa ou
autorize, por indução, concluir-se ou morador; ou, no caso de busca coisa que se procura, será ime-
a existência de outra ou outras pessoal, o nome da pessoa que diatamente apreendida e posta
circunstâncias. terá de sofrê-la ou os sinais que sob custódia da autoridade ou
a identifiquem; de seus agentes.
II – mencionar o motivo e os § 7o Finda a diligência, os
CAPÍTULO XI – DA BUSCA E fins da diligência; executores lavrarão auto circuns-
DA APREENSÃO III – ser subscrito pelo escri- tanciado, assinando-o com duas
vão e assinado pela autoridade testemunhas presenciais, sem
Art. 240. A busca será domiciliar que o fizer expedir. prejuízo do disposto no § 4o.
ou pessoal. § 1o Se houver ordem de pri-
§ 1o Proceder-se-á à busca são, constará do próprio texto do Art. 246. Aplicar-se-á também o
domiciliar, quando fundadas ra- mandado de busca. disposto no artigo anterior, quan-
zões a autorizarem, para: § 2o Não será permitida a do se tiver de proceder a busca
a) prender criminosos; apreensão de documento em po- em compartimento habitado ou
b) apreender coisas achadas der do defensor do acusado, salvo em aposento ocupado de habi-
ou obtidas por meios criminosos; quando constituir elemento do tação coletiva ou em compar-
c) apreender instrumentos corpo de delito. timento não aberto ao público,
de falsificação ou de contrafação onde alguém exercer profissão
e objetos falsificados ou con- Art. 244. A busca pessoal inde- ou atividade.
trafeitos; penderá de mandado, no caso de
d) apreender armas e muni- prisão ou quando houver fundada Art. 247. Não sendo encontrada
ções, instrumentos utilizados na suspeita de que a pessoa esteja a pessoa ou coisa procurada, os
prática de crime ou destinados a na posse de arma proibida ou de motivos da diligência serão co-
fim delituoso; objetos ou papéis que constitu- municados a quem tiver sofrido
e) descobrir objetos neces- am corpo de delito, ou quando a a busca, se o requerer.
sários à prova de infração ou à medida for determinada no curso
defesa do réu; de busca domiciliar. Art. 248. Em casa habitada, a
f) apreender cartas, abertas busca será feita de modo que não
ou não, destinadas ao acusado Art. 245. As buscas domiciliares moleste os moradores mais do
ou em seu poder, quando haja serão executadas de dia, salvo que o indispensável para o êxito
suspeita de que o conhecimento se o morador consentir que se da diligência.
do seu conteúdo possa ser útil à realizem à noite, e, antes de pe-
elucidação do fato; netrarem na casa, os executores Art. 249. A busca em mulher
g) apreender pessoas vítimas mostrarão e lerão o mandado ao será feita por outra mulher, se
de crimes; morador, ou a quem o represen- não importar retardamento ou
h) colher qualquer elemento te, intimando-o, em seguida, a prejuízo da diligência.
de convicção. abrir a porta.
§ 2o Proceder-se-á à busca § 1o Se a própria autoridade Art. 250. A autoridade ou seus
pessoal quando houver fundada der a busca, declarará previa- agentes poderão penetrar no ter-
suspeita de que alguém oculte mente sua qualidade e o objeto ritório de jurisdição alheia, ainda
consigo arma proibida ou objetos da diligência. que de outro Estado, quando, para
mencionados nas letras “b” a “f” § 2o Em caso de desobedi- o fim de apreensão, forem no
e letra “h” do parágrafo anterior. ência, será arrombada a porta e seguimento de pessoa ou coisa,
forçada a entrada. devendo apresentar-se à com-
Art. 241. Quando a própria au- § 3o Recalcitrando o mora- petente autoridade local, antes
toridade policial ou judiciária não dor, será permitido o emprego de da diligência ou após, conforme
a realizar pessoalmente, a busca força contra coisas existentes no a urgência desta.
domiciliar deverá ser precedida interior da casa, para o descobri- § 1o Entender-se-á que a au-
da expedição de mandado. mento do que se procura. toridade ou seus agentes vão em
§ 4o Observar-se-á o dispos- seguimento da pessoa ou coisa,
Art. 242. A busca poderá ser to nos §§ 2o e 3o, quando ausentes quando:
determinada de ofício ou a reque- os moradores, devendo, neste a) tendo conhecimento dire-
rimento de qualquer das partes. caso, ser intimado a assistir à to de sua remoção ou transporte,
diligência qualquer vizinho, se a seguirem sem interrupção, em-

474
Código de Processo Penal
bora depois a percam de vista; tre si parentes, consanguíneos ou Art. 258. Os órgãos do Ministério
b) ainda que não a tenham afins, em linha reta ou colateral Público não funcionarão nos pro-
avistado, mas sabendo, por infor- até o 3o grau, inclusive. cessos em que o juiz ou qualquer
mações fidedignas ou circunstân- das partes for seu cônjuge, ou
cias indiciárias, que está sendo Art. 254. O juiz dar-se-á por parente, consanguíneo ou afim,
removida ou transportada em suspeito, e, se não o fizer, po- em linha reta ou colateral, até o
determinada direção, forem ao derá ser recusado por qualquer terceiro grau, inclusive, e a eles
seu encalço. das partes: se estendem, no que lhes for apli-
§ 2o Se as autoridades locais I – se for amigo íntimo ou ini- cável, as prescrições relativas à
tiverem fundadas razões para du- migo capital de qualquer deles; suspeição e aos impedimentos
vidar da legitimidade das pesso- II – se ele, seu cônjuge, as- dos juízes.
as que, nas referidas diligências, cendente ou descendente, estiver
entrarem pelos seus distritos, ou respondendo a processo por fato
da legalidade dos mandados que análogo, sobre cujo caráter cri- CAPÍTULO III – DO
apresentarem, poderão exigir as minoso haja controvérsia; ACUSADO E SEU
provas dessa legitimidade, mas III – se ele, seu cônjuge, ou DEFENSOR
de modo que não se frustre a parente, consanguíneo, ou afim,
diligência. até o terceiro grau, inclusive, sus- Art. 259. A impossibilidade de
tentar demanda ou responder a identificação do acusado com
processo que tenha de ser julgado o seu verdadeiro nome ou ou-
TÍTULO VIII – DO JUIZ, DO por qualquer das partes; tros qualificativos não retarda-
MINISTÉRIO PÚBLICO, DO IV – se tiver aconselhado rá a ação penal, quando certa
ACUSADO E DEFENSOR, qualquer das partes; a identidade física. A qualquer
DOS ASSISTENTES E V – se for credor ou devedor, tempo, no curso do processo,
AUXILIARES DA JUSTIÇA tutor ou curador, de qualquer do julgamento ou da execução
das partes; da sentença, se for descober-
CAPÍTULO I – DO JUIZ VI – se for sócio, acionista ta a sua qualificação, far-se-á a
ou administrador de sociedade retificação, por termo, nos autos,
Art. 251. Ao juiz incumbirá pro- interessada no processo. sem prejuízo da validade dos atos
ver à regularidade do processo precedentes.
e manter a ordem no curso dos Art. 255. O impedimento ou sus-
respectivos atos, podendo, para peição decorrente de parentesco Art. 260. Se o acusado não aten-
tal fim, requisitar a força pública. por afinidade cessará pela dis- der à intimação para o interroga-
solução do casamento que lhe tório, reconhecimento ou qual-
Art. 252. O juiz não poderá exer- tiver dado causa, salvo sobre- quer outro ato que, sem ele, não
cer jurisdição no processo em vindo descendentes; mas, ainda possa ser realizado, a autoridade
que: que dissolvido o casamento sem poderá mandar conduzi-lo à sua
I – tiver funcionado seu côn- descendentes, não funcionará presença.9
juge ou parente, consanguíneo como juiz o sogro, o padrasto, Parágrafo único. O manda-
ou afim, em linha reta ou colate- o cunhado, o genro ou enteado do conterá, além da ordem de
ral até o 3o grau, inclusive, como de quem for parte no processo. condução, os requisitos men-
defensor ou advogado, órgão do cionados no art. 352, no que lhe
Ministério Público, autoridade po- Art. 256. A suspeição não po- for aplicável.
licial, auxiliar da justiça ou perito; derá ser declarada nem reco-
II – ele próprio houver desem- nhecida, quando a parte injuriar Art. 261. Nenhum acusado, ain-
penhado qualquer dessas funções o juiz ou de propósito der motivo da que ausente ou foragido, será
ou servido como testemunha; para criá-la. processado ou julgado sem de-
III – tiver funcionado como fensor.
juiz de outra instância, pronun- Parágrafo único. A defesa
ciando-se, de fato ou de direito, CAPÍTULO II – DO técnica, quando realizada por
sobre a questão; MINISTÉRIO PÚBLICO defensor público ou dativo, será
IV – ele próprio ou seu cônju- sempre exercida através de ma-
ge ou parente, consanguíneo ou Art. 257. Ao Ministério Públi- nifestação fundamentada.
afim em linha reta ou colateral até co cabe:
o 3o grau inclusive, for parte ou I – promover, privativamente, Art. 262. Ao acusado menor dar-
diretamente interessado no feito. a ação penal pública, na forma es- -se-á curador.
tabelecida neste Código; e
Art. 253. Nos juízos coletivos, II – fiscalizar a execução da Art. 263. Se o acusado não o ti-
não poderão servir no mesmo lei.
processo os juízes que forem en- 9
NE: ver ADPF no 395 e ADPF no 444.

475
Código de Processo Penal
ver, ser-lhe-á nomeado defensor mitido enquanto não passar em Art. 276. As partes não intervi-
pelo juiz, ressalvado o seu direito julgado a sentença e receberá a rão na nomeação do perito.
de, a todo tempo, nomear outro de causa no estado em que se achar.
sua confiança, ou a si mesmo de- Art. 277. O perito nomeado pela
fender-se, caso tenha habilitação. Art. 270. O corréu no mesmo autoridade será obrigado a acei-
Parágrafo único. O acusado, processo não poderá intervir tar o encargo, sob pena de multa
que não for pobre, será obrigado como assistente do Ministério de cem a quinhentos mil-réis,
a pagar os honorários do defensor Público. salvo escusa atendível.
dativo, arbitrados pelo juiz. Parágrafo único. Incorrerá
Art. 271. Ao assistente será per- na mesma multa o perito que,
Art. 264. Salvo motivo relevante, mitido propor meios de prova, sem justa causa, provada ime-
os advogados e solicitadores se- requerer perguntas às testemu- diatamente:
rão obrigados, sob pena de multa nhas, aditar o libelo e os articu- a) deixar de acudir à intima-
de cem a quinhentos mil-réis, a lados, participar do debate oral e ção ou ao chamado da autoridade;
prestar seu patrocínio aos acusa- arrazoar os recursos interpostos b) não comparecer no dia e
dos, quando nomeados pelo Juiz. pelo Ministério Público, ou por ele local designados para o exame;
próprio, nos casos dos arts. 584, c) não der o laudo, ou con-
Art. 265. O defensor não poderá § 1o, e 598. correr para que a perícia não seja
abandonar o processo senão por § 1o O juiz, ouvido o Ministério feita, nos prazos estabelecidos.
motivo imperioso, comunicado Público, decidirá acerca da reali-
previamente o juiz, sob pena de zação das provas propostas pelo Art. 278. No caso de não com-
multa de 10 (dez) a 100 (cem) sa- assistente. parecimento do perito, sem justa
lários mínimos, sem prejuízo das § 2o O processo prosseguirá causa, a autoridade poderá deter-
demais sanções cabíveis. independentemente de nova in- minar a sua condução.
§ 1o A audiência poderá ser timação do assistente, quando
adiada se, por motivo justifica- este, intimado, deixar de com- Art. 279. Não poderão ser pe-
do, o defensor não puder com- parecer a qualquer dos atos da ritos:10
parecer. instrução ou do julgamento, sem I – os que estiverem sujeitos
§ 2o Incumbe ao defensor motivo de força maior devidamen- à interdição de direito mencio-
provar o impedimento até a aber- te comprovado. nada nos nos I e IV do art. 69 do
tura da audiência. Não o fazendo, Código Penal;
o juiz não determinará o adia- Art. 272. O Ministério Público II – os que tiverem presta-
mento de ato algum do processo, será ouvido previamente sobre do depoimento no processo ou
devendo nomear defensor subs- a admissão do assistente. opinado anteriormente sobre o
tituto, ainda que provisoriamente objeto da perícia;
ou só para o efeito do ato. Art. 273. Do despacho que ad- III – os analfabetos e os me-
mitir, ou não, o assistente, não nores de 21 anos.
Art. 266. A constituição de de- caberá recurso, devendo, entre-
fensor independerá de instru- tanto, constar dos autos o pedido Art. 280. É extensivo aos pe-
mento de mandato, se o acusado e a decisão. ritos, no que lhes for aplicável,
o indicar por ocasião do interro- o disposto sobre suspeição dos
gatório. juízes.
CAPÍTULO V – DOS
Art. 267. Nos termos do art. 252, FUNCIONÁRIOS DA Art. 281. Os intérpretes são, para
não funcionarão como defensores JUSTIÇA todos os efeitos, equiparados
os parentes do juiz. aos peritos.
Art. 274. As prescrições sobre
suspeição dos juízes estendem-
CAPÍTULO IV – DOS -se aos serventuários e funcio- TÍTULO IX – DA PRISÃO,
ASSISTENTES nários da justiça, no que lhes for DAS MEDIDAS CAUTELARES
aplicável. E DA LIBERDADE
Art. 268. Em todos os termos PROVISÓRIA
da ação pública, poderá intervir,
como assistente do Ministério CAPÍTULO VI – DOS CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
Público, o ofendido ou seu re- PERITOS E INTÉRPRETES GERAIS
presentante legal, ou, na falta,
qualquer das pessoas mencio- Art. 275. O perito, ainda quando Art. 282. As medidas cautelares
nadas no art. 31. não oficial, estará sujeito à disci-
plina judiciária. 10
NE: os dispositivos mencionados são os
Art. 269. O assistente será ad- do texto original do Código Penal.

476
Código de Processo Penal
previstas neste Título deverão ser e o não cabimento da substitui- claração, assinada por duas tes-
aplicadas observando-se a: ção por outra medida cautelar temunhas.
I – necessidade para aplica- deverá ser justificado de forma
ção da lei penal, para a investiga- fundamentada nos elementos Art. 287. Se a infração for ina-
ção ou a instrução criminal e, nos presentes do caso concreto, de fiançável, a falta de exibição do
casos expressamente previstos, forma individualizada. mandado não obstará a prisão,
para evitar a prática de infrações e o preso, em tal caso, será ime-
penais; Art. 283. Ninguém poderá ser diatamente apresentado ao juiz
II – adequação da medida à preso senão em flagrante delito que tiver expedido o mandado,
gravidade do crime, circunstân- ou por ordem escrita e funda- para a realização de audiência
cias do fato e condições pessoais mentada da autoridade judiciária de custódia.
do indiciado ou acusado. competente, em decorrência de
§ 1o As medidas cautelares prisão cautelar ou em virtude de Art. 288. Ninguém será recolhi-
poderão ser aplicadas isolada ou condenação criminal transitada do à prisão, sem que seja exibido
cumulativamente. em julgado. o mandado ao respectivo diretor
§ 2o As medidas cautelares § 1o As medidas cautelares ou carcereiro, a quem será entre-
serão decretadas pelo juiz a re- previstas neste Título não se apli- gue cópia assinada pelo executor
querimento das partes ou, quando cam à infração a que não for iso- ou apresentada a guia expedida
no curso da investigação criminal, lada, cumulativa ou alternativa- pela autoridade competente, de-
por representação da autoridade mente cominada pena privativa vendo ser passado recibo da en-
policial ou mediante requerimen- de liberdade. trega do preso, com declaração
to do Ministério Público. § 2o A prisão poderá ser efe- de dia e hora.
§ 3o Ressalvados os casos de tuada em qualquer dia e a qual- Parágrafo único. O recibo
urgência ou de perigo de ineficá- quer hora, respeitadas as restri- poderá ser passado no próprio
cia da medida, o juiz, ao receber o ções relativas à inviolabilidade exemplar do mandado, se este
pedido de medida cautelar, deter- do domicílio. for o documento exibido.
minará a intimação da parte con-
trária, para se manifestar no prazo Art. 284. Não será permitido o Art. 289. Quando o acusado es-
de 5 (cinco) dias, acompanhada de emprego de força, salvo a indis- tiver no território nacional, fora
cópia do requerimento e das pe- pensável no caso de resistência da jurisdição do juiz processan-
ças necessárias, permanecendo ou de tentativa de fuga do preso. te, será deprecada a sua prisão,
os autos em juízo, e os casos de devendo constar da precatória o
urgência ou de perigo deverão ser Art. 285. A autoridade que or- inteiro teor do mandado.
justificados e fundamentados em denar a prisão fará expedir o res- § 1o Havendo urgência, o juiz
decisão que contenha elementos pectivo mandado. poderá requisitar a prisão por
do caso concreto que justifiquem Parágrafo único. O mandado qualquer meio de comunicação,
essa medida excepcional. de prisão: do qual deverá constar o motivo
§ 4o No caso de descumpri- a) será lavrado pelo escrivão da prisão, bem como o valor da
mento de qualquer das obriga- e assinado pela autoridade; fiança se arbitrada.
ções impostas, o juiz, mediante b) designará a pessoa, que § 2o A autoridade a quem se
requerimento do Ministério Pú- tiver de ser presa, por seu nome, fizer a requisição tomará as pre-
blico, de seu assistente ou do alcunha ou sinais característicos; cauções necessárias para averi-
querelante, poderá substituir a c) mencionará a infração pe- guar a autenticidade da comu-
medida, impor outra em cumula- nal que motivar a prisão; nicação.
ção, ou, em último caso, decretar d) declarará o valor da fian- § 3o O juiz processante de-
a prisão preventiva, nos termos ça arbitrada, quando afiançável verá providenciar a remoção do
do parágrafo único do art. 312 a infração; preso no prazo máximo de 30
deste Código. e) será dirigido a quem tiver (trinta) dias, contados da efeti-
§ 5o O juiz poderá, de ofício qualidade para dar-lhe execução. vação da medida.
ou a pedido das partes, revogar
a medida cautelar ou substituí-la Art. 286. O mandado será pas- Art. 289-A. O juiz competente
quando verificar a falta de motivo sado em duplicata, e o executor providenciará o imediato registro
para que subsista, bem como vol- entregará ao preso, logo depois do mandado de prisão em banco
tar a decretá-la, se sobrevierem da prisão, um dos exemplares de dados mantido pelo Conselho
razões que a justifiquem. com declaração do dia, hora e Nacional de Justiça para essa
§ 6o A prisão preventiva so- lugar da diligência. Da entrega finalidade.
mente será determinada quando deverá o preso passar recibo no § 1o Qualquer agente policial
não for cabível a sua substituição outro exemplar; se recusar, não poderá efetuar a prisão deter-
por outra medida cautelar, ob- souber ou não puder escrever, minada no mandado de prisão
servado o art. 319 deste Código, o fato será mencionado em de- registrado no Conselho Nacio-

477
Código de Processo Penal
nal de Justiça, ainda que fora da lugar em que o procure, for no for de direito.
competência territorial do juiz seu encalço.
que o expediu. § 2o Quando as autoridades Art. 294. No caso de prisão em
§ 2o Qualquer agente policial locais tiverem fundadas razões flagrante, observar-se-á o dis-
poderá efetuar a prisão decre- para duvidar da legitimidade da posto no artigo anterior, no que
tada, ainda que sem registro no pessoa do executor ou da legali- for aplicável.
Conselho Nacional de Justiça, dade do mandado que apresen-
adotando as precauções neces- tar, poderão pôr em custódia o Art. 295. Serão recolhidos a
sárias para averiguar a autentici- réu, até que fique esclarecida quartéis ou a prisão especial, à
dade do mandado e comunicando a dúvida. disposição da autoridade com-
ao juiz que a decretou, devendo petente, quando sujeitos a prisão
este providenciar, em seguida, o Art. 291. A prisão em virtude antes de condenação definitiva:
registro do mandado na forma do de mandado entender-se-á feita I – os ministros de Estado;
caput deste artigo. desde que o executor, fazendo-se II – os governadores ou inter-
§ 3o A prisão será imedia- conhecer do réu, lhe apresente ventores de Estados e Territórios,
tamente comunicada ao juiz do o mandado e o intime a acom- o Prefeito do Distrito Federal, seus
local de cumprimento da medida panhá-lo. respectivos secretários, os pre-
o qual providenciará a certidão feitos municipais, os vereadores
extraída do registro do Conselho Art. 292. Se houver, ainda que e chefes de Polícia;
Nacional de Justiça e informará por parte de terceiros, resistên- III – os membros do Parla-
ao juízo que a decretou. cia à prisão em flagrante ou à mento Nacional, do Conselho de
§ 4o O preso será informado determinada por autoridade com- Economia Nacional e das Assem-
de seus direitos, nos termos do petente, o executor e as pessoas bleias Legislativas dos Estados;
inciso LXIII do art. 5o da Consti- que o auxiliarem poderão usar IV – os cidadãos inscritos no
tuição Federal e, caso o autua- dos meios necessários para de- “Livro de Mérito”;
do não informe o nome de seu fender-se ou para vencer a re- V – os oficiais das Forças
advogado, será comunicado à sistência, do que tudo se lavrará Armadas e os militares dos Es-
Defensoria Pública. auto subscrito também por duas tados, do Distrito Federal e dos
§ 5o Havendo dúvidas das testemunhas. Territórios;
autoridades locais sobre a legi- Parágrafo único. É vedado VI – os magistrados;
timidade da pessoa do executor o uso de algemas em mulheres VII – os diplomados por qual-
ou sobre a identidade do preso, grávidas durante os atos médico- quer das faculdades superiores
aplica-se o disposto no § 2o do -hospitalares preparatórios para da República;
art. 290 deste Código. a realização do parto e durante o VIII – os ministros de confis-
§ 6o O Conselho Nacional de trabalho de parto, bem como em são religiosa;
Justiça regulamentará o registro mulheres durante o período de IX – os ministros do Tribunal
do mandado de prisão a que se puerpério imediato. de Contas;
refere o caput deste artigo. X – os cidadãos que já tiverem
Art. 293. Se o executor do man- exercido efetivamente a função
Art. 290. Se o réu, sendo per- dado verificar, com segurança, de jurado, salvo quando excluídos
seguido, passar ao território de que o réu entrou ou se encontra da lista por motivo de incapaci-
outro município ou comarca, o em alguma casa, o morador será dade para o exercício daquela
executor poderá efetuar-lhe a intimado a entregá-lo, à vista da função;
prisão no lugar onde o alcançar, ordem de prisão. Se não for obe- XI – os delegados de polícia
apresentando-o imediatamente decido imediatamente, o execu- e os guardas-civis dos Estados
à autoridade local, que, depois tor convocará duas testemunhas e Territórios, ativos e inativos.
de lavrado, se for o caso, o auto e, sendo dia, entrará à força na § 1o A prisão especial, pre-
de flagrante, providenciará para casa, arrombando as portas, se vista neste Código ou em outras
a remoção do preso. preciso; sendo noite, o executor, leis, consiste exclusivamente no
§ 1o Entender-se-á que o depois da intimação ao morador, recolhimento em local distinto da
executor vai em perseguição do se não for atendido, fará guar- prisão comum.
réu, quando: dar todas as saídas, tornando a § 2o Não havendo estabele-
a) tendo-o avistado, for per- casa incomunicável, e, logo que cimento específico para o preso
seguindo-o sem interrupção, em- amanheça, arrombará as portas especial, este será recolhido em
bora depois o tenha perdido de e efetuará a prisão. cela distinta do mesmo estabe-
vista; Parágrafo único. O morador lecimento.
b) sabendo, por indícios ou que se recusar a entregar o réu § 3o A cela especial poderá
informações fidedignas, que o oculto em sua casa será levado consistir em alojamento cole-
réu tenha passado, há pouco tem- à presença da autoridade, para tivo, atendidos os requisitos de
po, em tal ou qual direção, pelo que se proceda contra ele como salubridade do ambiente, pela

478
Código de Processo Penal
concorrência dos fatores de aera- Art. 302. Considera-se em fla- cia de filhos, respectivas idades
ção, insolação e condicionamento grante delito quem: e se possuem alguma deficiência
térmico adequados à existência I – está cometendo a infra- e o nome e o contato de eventual
humana. ção penal; responsável pelos cuidados dos
§ 4o O preso especial não II – acaba de cometê-la; filhos, indicado pela pessoa presa.
será transportado juntamente III – é perseguido, logo após,
com o preso comum. pela autoridade, pelo ofendido ou Art. 305. Na falta ou no impe-
§ 5o Os demais direitos e de- por qualquer pessoa, em situa- dimento do escrivão, qualquer
veres do preso especial serão os ção que faça presumir ser autor pessoa designada pela autoridade
mesmos do preso comum. da infração; lavrará o auto, depois de prestado
IV – é encontrado, logo de- o compromisso legal.
Art. 296. Os inferiores e pra- pois, com instrumentos, armas,
ças de pré, onde for possível, objetos ou papéis que façam pre- Art. 306. A prisão de qualquer
serão recolhidos à prisão, em sumir ser ele autor da infração. pessoa e o local onde se encon-
estabelecimentos militares, de tre serão comunicados imedia-
acordo com os respectivos re- Art. 303. Nas infrações perma- tamente ao juiz competente, ao
gulamentos. nentes, entende-se o agente em Ministério Público e à família do
flagrante delito enquanto não preso ou à pessoa por ele in-
Art. 297. Para o cumprimento cessar a permanência. dicada.
de mandado expedido pela au- § 1o Em até 24 (vinte e qua-
toridade judiciária, a autoridade Art. 304. Apresentado o preso tro) horas após a realização da
policial poderá expedir tantos à autoridade competente, ouvirá prisão, será encaminhado ao juiz
outros quantos necessários às esta o condutor e colherá, desde competente o auto de prisão em
diligências, devendo neles ser logo, sua assinatura, entregando flagrante e, caso o autuado não
fielmente reproduzido o teor do a este cópia do termo e recibo de informe o nome de seu advogado,
mandado original. entrega do preso. Em seguida, cópia integral para a Defensoria
procederá à oitiva das testemu- Pública.
Art. 298. (Revogado) nhas que o acompanharem e ao § 2o No mesmo prazo, será
interrogatório do acusado sobre entregue ao preso, mediante re-
Art. 299. A captura poderá ser a imputação que lhe é feita, co- cibo, a nota de culpa, assinada
requisitada, à vista de mandado lhendo, após cada oitiva suas res- pela autoridade, com o motivo
judicial, por qualquer meio de co- pectivas assinaturas, lavrando, a da prisão, o nome do condutor e
municação, tomadas pela autori- autoridade, afinal, o auto. os das testemunhas.
dade, a quem se fizer a requisição, § 1o Resultando das respos-
as precauções necessárias para tas fundada suspeita contra o Art. 307. Quando o fato for pra-
averiguar a autenticidade desta. conduzido, a autoridade man- ticado em presença da autorida-
dará recolhê-lo à prisão, exceto de, ou contra esta, no exercício
Art. 300. As pessoas presas pro- no caso de livrar-se solto ou de de suas funções, constarão do
visoriamente ficarão separadas prestar fiança, e prosseguirá nos auto a narração deste fato, a voz
das que já estiverem definitiva- atos do inquérito ou processo, se de prisão, as declarações que
mente condenadas, nos termos para isso for competente; se não fizer o preso e os depoimentos
da lei de execução penal. o for, enviará os autos à autori- das testemunhas, sendo tudo
Parágrafo único. O militar dade que o seja. assinado pela autoridade, pelo
preso em flagrante delito, após § 2o A falta de testemunhas preso e pelas testemunhas e re-
a lavratura dos procedimentos da infração não impedirá o auto metido imediatamente ao juiz
legais, será recolhido a quartel de prisão em flagrante; mas, nes- a quem couber tomar conheci-
da instituição a que pertencer, se caso, com o condutor, deverão mento do fato delituoso, se não
onde ficará preso à disposição assiná-lo pelo menos duas pes- o for a autoridade que houver
das autoridades competentes. soas que hajam testemunhado presidido o auto.
a apresentação do preso à au-
toridade. Art. 308. Não havendo auto-
CAPÍTULO II – DA PRISÃO § 3o Quando o acusado se re- ridade no lugar em que se tiver
EM FLAGRANTE cusar a assinar, não souber ou não efetuado a prisão, o preso será
puder fazê-lo, o auto de prisão em logo apresentado à do lugar mais
Art. 301. Qualquer do povo po- flagrante será assinado por duas próximo.
derá e as autoridades policiais e testemunhas, que tenham ouvido
seus agentes deverão prender sua leitura na presença deste. Art. 309. Se o réu se livrar solto,
quem quer que seja encontrado § 4o Da lavratura do auto de deverá ser posto em liberdade,
em flagrante delito. prisão em flagrante deverá cons- depois de lavrado o auto de pri-
tar a informação sobre a existên- são em flagrante.

479
Código de Processo Penal
Art. 310. Após receber o auto CAPÍTULO III – DA PRISÃO dúvida sobre a identidade civil da
de prisão em flagrante, no prazo PREVENTIVA pessoa ou quando esta não for-
máximo de até 24 (vinte e quatro) necer elementos suficientes para
horas após a realização da prisão, Art. 311. Em qualquer fase da in- esclarecê-la, devendo o preso ser
o juiz deverá promover audiência vestigação policial ou do processo colocado imediatamente em li-
de custódia com a presença do penal, caberá a prisão preventiva berdade após a identificação, sal-
acusado, seu advogado consti- decretada pelo juiz, a requeri- vo se outra hipótese recomendar
tuído ou membro da Defensoria mento do Ministério Público, do a manutenção da medida.
Pública e o membro do Ministé- querelante ou do assistente, ou § 2o Não será admitida a de-
rio Público, e, nessa audiência, o por representação da autorida- cretação da prisão preventiva
juiz deverá, fundamentadamente: de policial. com a finalidade de antecipação
I – relaxar a prisão ilegal; ou de cumprimento de pena ou como
II – converter a prisão em Art. 312. A prisão preventiva po- decorrência imediata de investi-
flagrante em preventiva, quando derá ser decretada como garantia gação criminal ou da apresenta-
presentes os requisitos constan- da ordem pública, da ordem eco- ção ou recebimento de denúncia.
tes do art. 312 deste Código, e se nômica, por conveniência da ins-
revelarem inadequadas ou insu- trução criminal ou para assegurar Art. 314. A prisão preventiva em
ficientes as medidas cautelares a aplicação da lei penal, quando nenhum caso será decretada se o
diversas da prisão; ou houver prova da existência do cri- juiz verificar pelas provas cons-
III – conceder liberdade provi- me e indício suficiente de autoria tantes dos autos ter o agente
sória, com ou sem fiança. e de perigo gerado pelo estado de praticado o fato nas condições
§ 1o Se o juiz verificar, pelo liberdade do imputado. previstas nos incisos I, II e III do
auto de prisão em flagrante, que § 1o A prisão preventiva tam- caput do art. 23 do Decreto-lei
o agente praticou o fato em qual- bém poderá ser decretada em no 2.848, de 7 de dezembro de
quer das condições constantes caso de descumprimento de qual- 1940 – Código Penal.
dos incisos I, II ou III do caput do quer das obrigações impostas por
art. 23 do Decreto-lei no 2.848, força de outras medidas cautela- Art. 315. A decisão que decre-
de 7 de dezembro de 1940 (Códi- res (art. 282, § 4o). tar, substituir ou denegar a prisão
go Penal), poderá, fundamenta- § 2o A decisão que decretar preventiva será sempre motivada
damente, conceder ao acusado a prisão preventiva deve ser mo- e fundamentada.
liberdade provisória, mediante tivada e fundamentada em receio § 1o Na motivação da decre-
termo de comparecimento obri- de perigo e existência concreta de tação da prisão preventiva ou de
gatório a todos os atos proces- fatos novos ou contemporâneos qualquer outra cautelar, o juiz
suais, sob pena de revogação. que justifiquem a aplicação da deverá indicar concretamente
§ 2o Se o juiz verificar que o medida adotada. a existência de fatos novos ou
agente é reincidente ou que inte- contemporâneos que justifiquem
gra organização criminosa arma- Art. 313. Nos termos do art. 312 a aplicação da medida adotada.
da ou milícia, ou que porta arma deste Código, será admitida a § 2o Não se considera fun-
de fogo de uso restrito, deverá decretação da prisão preventiva: damentada qualquer decisão
denegar a liberdade provisória, I – nos crimes dolosos puni- judicial, seja ela interlocutória,
com ou sem medidas cautelares. dos com pena privativa de liber- sentença ou acórdão, que:
§ 3o A autoridade que deu dade máxima superior a 4 (qua- I – limitar-se à indicação, à
causa, sem motivação idônea, à tro) anos; reprodução ou à paráfrase de
não realização da audiência de II – se tiver sido condena- ato normativo, sem explicar sua
custódia no prazo estabelecido do por outro crime doloso, em relação com a causa ou a ques-
no caput deste artigo responderá sentença transitada em julgado, tão decidida;
administrativa, civil e penalmente ressalvado o disposto no inciso I II – empregar conceitos jurí-
pela omissão. do caput do art. 64 do Decreto- dicos indeterminados, sem ex-
§ 4o Transcorridas 24 (vinte -lei no 2.848, de 7 de dezembro plicar o motivo concreto de sua
e quatro) horas após o decurso de 1940 – Código Penal; incidência no caso;
do prazo estabelecido no caput III – se o crime envolver vio- III – invocar motivos que se
deste artigo, a não realização de lência doméstica e familiar contra prestariam a justificar qualquer
audiência de custódia sem moti- a mulher, criança, adolescente, outra decisão;
vação idônea ensejará também a idoso, enfermo ou pessoa com IV – não enfrentar todos os ar-
ilegalidade da prisão, a ser relaxa- deficiência, para garantir a exe- gumentos deduzidos no processo
da pela autoridade competente, cução das medidas protetivas capazes de, em tese, infirmar a
sem prejuízo da possibilidade de de urgência; conclusão adotada pelo julgador;
imediata decretação de prisão IV – (Revogado). V – limitar-se a invocar pre-
preventiva. § 1o Também será admitida a cedente ou enunciado de súmula,
prisão preventiva quando houver sem identificar seus fundamentos

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Código de Processo Penal
determinantes nem demonstrar que for mãe ou responsável por ameaça, quando os peritos con-
que o caso sob julgamento se crianças ou pessoas com defici- cluírem ser inimputável ou semi-
ajusta àqueles fundamentos; ência será substituída por prisão -imputável (art. 26 do Código Pe-
VI – deixar de seguir enuncia- domiciliar, desde que: nal) e houver risco de reiteração;
do de súmula, jurisprudência ou I – não tenha cometido crime VIII – fiança, nas infrações
precedente invocado pela parte, com violência ou grave ameaça que a admitem, para assegurar o
sem demonstrar a existência de a pessoa; comparecimento a atos do pro-
distinção no caso em julgamento II – não tenha cometido o cri- cesso, evitar a obstrução do seu
ou a superação do entendimento. me contra seu filho ou depen- andamento ou em caso de re-
dente. sistência injustificada à ordem
Art. 316. O juiz poderá, de ofício judicial;
ou a pedido das partes, revogar Art. 318-B. A substituição de IX – monitoração eletrônica.
a prisão preventiva se, no correr que tratam os arts. 318 e 318-A § 1o (Revogado)
da investigação ou do processo, poderá ser efetuada sem prejuízo § 2o (Revogado)
verificar a falta de motivo para da aplicação concomitante das § 3o (Revogado)
que ela subsista, bem como nova- medidas alternativas previstas § 4o A fiança será aplicada
mente decretá-la, se sobrevierem no art. 319 deste Código. de acordo com as disposições
razões que a justifiquem. do Capítulo VI deste Título, po-
Parágrafo único. Decretada a dendo ser cumulada com outras
prisão preventiva, deverá o órgão CAPÍTULO V – DAS OUTRAS medidas cautelares.
emissor da decisão revisar a ne- MEDIDAS CAUTELARES
cessidade de sua manutenção a Art. 320. A proibição de ausen-
cada 90 (noventa) dias, mediante Art. 319. São medidas cautela- tar-se do País será comunicada
decisão fundamentada, de ofício, res diversas da prisão: pelo juiz às autoridades encarre-
sob pena de tornar a prisão ilegal. I – comparecimento peri- gadas de fiscalizar as saídas do
ódico em juízo, no prazo e nas território nacional, intimando-se
condições fixadas pelo juiz, para o indiciado ou acusado para en-
CAPÍTULO IV – DA PRISÃO informar e justificar atividades; tregar o passaporte, no prazo de
DOMICILIAR II – proibição de acesso ou 24 (vinte e quatro) horas.
frequência a determinados lu-
Art. 317. A prisão domiciliar con- gares quando, por circunstâncias
siste no recolhimento do indiciado relacionadas ao fato, deva o in- CAPÍTULO VI – DA
ou acusado em sua residência, só diciado ou acusado permanecer LIBERDADE PROVISÓRIA,
podendo dela ausentar-se com distante desses locais para evitar COM OU SEM FIANÇA
autorização judicial. o risco de novas infrações;
III – proibição de manter con- Art. 321. Ausentes os requisitos
Art. 318. Poderá o juiz substituir tato com pessoa determinada que autorizam a decretação da
a prisão preventiva pela domiciliar quando, por circunstâncias rela- prisão preventiva, o juiz deverá
quando o agente for: cionadas ao fato, deva o indicia- conceder liberdade provisória,
I – maior de 80 (oitenta) anos; do ou acusado dela permanecer impondo, se for o caso, as me-
II – extremamente debilitado distante; didas cautelares previstas no
por motivo de doença grave; IV – proibição de ausentar- art. 319 deste Código e observa-
III – imprescindível aos cuida- -se da Comarca quando a per- dos os critérios constantes do
dos especiais de pessoa menor manência seja conveniente ou art. 282 deste Código.
de 6 (seis) anos de idade ou com necessária para a investigação I – (Revogado);
deficiência; ou instrução; II – (Revogado).
IV – gestante; V – recolhimento domiciliar
V – mulher com filho de até 12 no período noturno e nos dias Art. 322. A autoridade policial
(doze) anos de idade incompletos; de folga quando o investigado somente poderá conceder fiança
VI – homem, caso seja o úni- ou acusado tenha residência e nos casos de infração cuja pena
co responsável pelos cuidados trabalho fixos; privativa de liberdade máxima não
do filho de até 12 (doze) anos de VI – suspensão do exercício seja superior a 4 (quatro) anos.
idade incompletos. de função pública ou de atividade Parágrafo único. Nos demais
Parágrafo único. Para a subs- de natureza econômica ou finan- casos, a fiança será requerida ao
tituição, o juiz exigirá prova idô- ceira quando houver justo receio juiz, que decidirá em 48 (quarenta
nea dos requisitos estabelecidos de sua utilização para a prática e oito) horas.
neste artigo. de infrações penais;
VII – internação provisória do Art. 323. Não será concedida
Art. 318-A. A prisão preventiva acusado nas hipóteses de crimes fiança:
imposta à mulher gestante ou praticados com violência ou grave I – nos crimes de racismo;

481
Código de Processo Penal
II – nos crimes de tortura, bem como a importância provável de que se acham livres de ônus.
tráfico ilícito de entorpecentes e das custas do processo, até final
drogas afins, terrorismo e nos de- julgamento. Art. 331. O valor em que con-
finidos como crimes hediondos; sistir a fiança será recolhido à
III – nos crimes cometidos por Art. 327. A fiança tomada por repartição arrecadadora federal
grupos armados, civis ou milita- termo obrigará o afiançado a ou estadual, ou entregue ao de-
res, contra a ordem constitucional comparecer perante a autori- positário público, juntando-se
e o Estado Democrático; dade, todas as vezes que for in- aos autos os respectivos conhe-
IV – (Revogado); timado para atos do inquérito e cimentos.
V – (Revogado). da instrução criminal e para o Parágrafo único. Nos lugares
julgamento. Quando o réu não em que o depósito não se puder
Art. 324. Não será, igualmente, comparecer, a fiança será havida fazer de pronto, o valor será en-
concedida fiança: como quebrada. tregue ao escrivão ou pessoa
I – aos que, no mesmo proces- abonada, a critério da autorida-
so, tiverem quebrado fiança an- Art. 328. O réu afiançado não de, e dentro de três dias dar-se-á
teriormente concedida ou infrin- poderá, sob pena de quebramento ao valor o destino que lhe assina
gido, sem motivo justo, qualquer da fiança, mudar de residência, este artigo, o que tudo constará
das obrigações a que se referem sem prévia permissão da auto- do termo de fiança.
os arts. 327 e 328 deste Código; ridade processante, ou ausen-
II – em caso de prisão civil tar-se por mais de oito dias de Art. 332. Em caso de prisão em
ou militar; sua residência, sem comunicar flagrante, será competente para
III – (Revogado); àquela autoridade o lugar onde conceder a fiança a autoridade
IV – quando presentes os mo- será encontrado. que presidir ao respectivo auto, e,
tivos que autorizam a decretação em caso de prisão por mandado,
da prisão preventiva (art. 312). Art. 329. Nos juízos criminais o juiz que o houver expedido, ou
e delegacias de polícia, haverá a autoridade judiciária ou policial
Art. 325. O valor da fiança será um livro especial, com termos a quem tiver sido requisitada a
fixado pela autoridade que a con- de abertura e de encerramento, prisão.
ceder nos seguintes limites: numerado e rubricado em todas
a) (Revogada); as suas folhas pela autoridade, Art. 333. Depois de prestada a
b) (Revogada); destinado especialmente aos fiança, que será concedida inde-
c) (Revogada). termos de fiança. O termo será pendentemente de audiência do
I – de 1 (um) a 100 (cem) sa- lavrado pelo escrivão e assinado Ministério Público, este terá vista
lários mínimos, quando se tratar pela autoridade e por quem pres- do processo a fim de requerer o
de infração cuja pena privativa tar a fiança, e dele extrair-se-á que julgar conveniente.
de liberdade, no grau máximo, certidão para juntar-se aos autos.
não for superior a 4 (quatro) anos; Parágrafo único. O réu e Art. 334. A fiança poderá ser
II – de 10 (dez) a 200 (duzen- quem prestar a fiança serão pelo prestada enquanto não transi-
tos) salários mínimos, quando escrivão notificados das obriga- tar em julgado a sentença con-
o máximo da pena privativa de ções e da sanção previstas nos denatória.
liberdade cominada for superior arts. 327 e 328, o que constará
a 4 (quatro) anos. dos autos. Art. 335. Recusando ou retar-
§ 1o Se assim recomendar a dando a autoridade policial a
situação econômica do preso, a Art. 330. A fiança, que será concessão da fiança, o preso,
fiança poderá ser: sempre definitiva, consistirá em ou alguém por ele, poderá pres-
I – dispensada, na forma do depósito de dinheiro, pedras, ob- tá-la, mediante simples petição,
art. 350 deste Código; jetos ou metais preciosos, títulos perante o juiz competente, que
II – reduzida até o máximo de da dívida pública, federal, estadu- decidirá em 48 (quarenta e oito)
2/3 (dois terços); ou al ou municipal, ou em hipoteca horas.
III – aumentada em até 1.000 inscrita em primeiro lugar.
(mil) vezes. § 1o A avaliação de imóvel, Art. 336. O dinheiro ou objetos
§ 2o (Revogado) ou de pedras, objetos ou metais dados como fiança servirão ao
preciosos será feita imediata- pagamento das custas, da inde-
Art. 326. Para determinar o va- mente por perito nomeado pela nização do dano, da prestação
lor da fiança, a autoridade terá autoridade. pecuniária e da multa, se o réu
em consideração a natureza da § 2o Quando a fiança consis- for condenado.
infração, as condições pessoais tir em caução de títulos da dívida Parágrafo único. Este dispo-
de fortuna e vida pregressa do pública, o valor será determinado sitivo terá aplicação ainda no caso
acusado, as circunstâncias in- pela sua cotação em Bolsa, e, sen- da prescrição depois da sentença
dicativas de sua periculosidade, do nominativos, exigir-se-á prova condenatória (art. 110 do Código

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Código de Processo Penal
Penal). em todos os seus efeitos. medidas impostas, aplicar-se-á o
disposto no § 4o do art. 282 des-
Art. 337. Se a fiança for declara- Art. 343. O quebramento injus- te Código.
da sem efeito ou passar em julga- tificado da fiança importará na
do sentença que houver absolvido perda de metade do seu valor,
o acusado ou declarada extinta a cabendo ao juiz decidir sobre a TÍTULO X – DAS CITAÇÕES
ação penal, o valor que a consti- imposição de outras medidas E INTIMAÇÕES
tuir, atualizado, será restituído cautelares ou, se for o caso, a
sem desconto, salvo o disposto decretação da prisão preventiva. CAPÍTULO I – DAS
no parágrafo único do art. 336 CITAÇÕES
deste Código. Art. 344. Entender-se-á per-
dido, na totalidade, o valor da Art. 351. A citação inicial far-
Art. 338. A fiança que se reco- fiança, se, condenado, o acusado -se-á por mandado, quando o
nheça não ser cabível na espécie não se apresentar para o início do réu estiver no território sujeito
será cassada em qualquer fase cumprimento da pena definitiva- à jurisdição do juiz que a houver
do processo. mente imposta. ordenado.

Art. 339. Será também cassada Art. 345. No caso de perda da Art. 352. O mandado de citação
a fiança quando reconhecida a fiança, o seu valor, deduzidas as indicará:
existência de delito inafiançável, custas e mais encargos a que o I – o nome do juiz;
no caso de inovação na classifi- acusado estiver obrigado, será II – o nome do querelante nas
cação do delito. recolhido ao fundo penitenciário, ações iniciadas por queixa;
na forma da lei. III – o nome do réu, ou, se for
Art. 340. Será exigido o reforço desconhecido, os seus sinais ca-
da fiança: Art. 346. No caso de quebra- racterísticos;
I – quando a autoridade to- mento de fiança, feitas as dedu- IV – a residência do réu, se
mar, por engano, fiança insufi- ções previstas no art. 345 deste for conhecida;
ciente; Código, o valor restante será re- V – o fim para que é feita a
II – quando houver deprecia- colhido ao fundo penitenciário, citação;
ção material ou perecimento dos na forma da lei. VI – o juízo e o lugar, o dia
bens hipotecados ou cauciona- e a hora em que o réu deverá
dos, ou depreciação dos metais Art. 347. Não ocorrendo a hi- comparecer;
ou pedras preciosas; pótese do art. 345, o saldo será VII – a subscrição do escrivão
III – quando for inovada a clas- entregue a quem houver presta- e a rubrica do juiz.
sificação do delito. do a fiança, depois de deduzidos
Parágrafo único. A fiança os encargos a que o réu estiver Art. 353. Quando o réu estiver
ficará sem efeito e o réu será obrigado. fora do território da jurisdição
recolhido à prisão, quando, na do juiz processante, será citado
conformidade deste artigo, não Art. 348. Nos casos em que a mediante precatória.
for reforçada. fiança tiver sido prestada por
meio de hipoteca, a execução Art. 354. A precatória indicará:
Art. 341. Julgar-se-á quebrada será promovida no juízo cível pelo I – o juiz deprecado e o juiz
a fiança quando o acusado: órgão do Ministério Público. deprecante;
I – regularmente intimado II – a sede da jurisdição de
para ato do processo, deixar de Art. 349. Se a fiança consistir um e de outro;
comparecer, sem motivo justo; em pedras, objetos ou metais III – o fim para que é feita a
II – deliberadamente praticar preciosos, o juiz determinará a citação, com todas as especifi-
ato de obstrução ao andamento venda por leiloeiro ou corretor. cações;
do processo; IV – o juízo do lugar, o dia e a
III – descumprir medida cau- Art. 350. Nos casos em que cou- hora em que o réu deverá com-
telar imposta cumulativamente ber fiança, o juiz, verificando a parecer.
com a fiança; situação econômica do preso,
IV – resistir injustificadamen- poderá conceder-lhe liberdade Art. 355. A precatória será de-
te a ordem judicial; provisória, sujeitando-o às obri- volvida ao juiz deprecante, in-
V – praticar nova infração gações constantes dos arts. 327 dependentemente de traslado,
penal dolosa. e 328 deste Código e a outras depois de lançado o “cumpra-se”
medidas cautelares, se for o caso. e de feita a citação por mandado
Art. 342. Se vier a ser reformado Parágrafo único. Se o bene- do juiz deprecado.
o julgamento em que se declarou ficiado descumprir, sem motivo § 1o Verificado que o réu se
quebrada a fiança, esta subsistirá justo, qualquer das obrigações ou encontra em território sujeito à

483
Código de Processo Penal
jurisdição de outro juiz, a este re- pletada a sua formação quando disposto no art. 312.
meterá o juiz deprecado os autos realizada a citação do acusado. § 1o (Revogado)
para efetivação da diligência, des- I – (Revogado); § 2o (Revogado)
de que haja tempo para fazer-se II – (Revogado).
a citação. § 1o Não sendo encontrado o Art. 367. O processo seguirá
§ 2o Certificado pelo oficial acusado, será procedida a citação sem a presença do acusado que,
de justiça que o réu se oculta para por edital. citado ou intimado pessoalmente
não ser citado, a precatória será § 2o (Vetado) para qualquer ato, deixar de com-
imediatamente devolvida, para o § 3o (Vetado) parecer sem motivo justificado,
fim previsto no art. 362. § 4o Comparecendo o acusa- ou, no caso de mudança de re-
do citado por edital, em qualquer sidência, não comunicar o novo
Art. 356. Se houver urgência, a tempo, o processo observará o endereço ao juízo.
precatória, que conterá em re- disposto nos arts. 394 e seguin-
sumo os requisitos enumerados tes deste Código. Art. 368. Estando o acusado
no art. 354, poderá ser expedida no estrangeiro, em lugar sabido,
por via telegráfica, depois de re- Art. 364. No caso do artigo an- será citado mediante carta ro-
conhecida a firma do juiz, o que a terior, no I, o prazo será fixado pelo gatória, suspendendo-se o curso
estação expedidora mencionará. juiz entre quinze e noventa dias, do prazo de prescrição até o seu
de acordo com as circunstâncias, cumprimento.
Art. 357. São requisitos da ci- e, no caso do no II, o prazo será
tação por mandado: de trinta dias. Art. 369. As citações que hou-
I – leitura do mandado ao ci- verem de ser feitas em legações
tando pelo oficial e entrega da Art. 365. O edital de citação in- estrangeiras serão efetuadas me-
contrafé, na qual se mencionarão dicará: diante carta rogatória.
dia e hora da citação; I – o nome do juiz que a de-
II – declaração do oficial, na terminar;
certidão, da entrega da contrafé, II – o nome do réu, ou, se não CAPÍTULO II – DAS
e sua aceitação ou recusa. for conhecido, os seus sinais ca- INTIMAÇÕES
racterísticos, bem como sua resi-
Art. 358. A citação do militar dência e profissão, se constarem Art. 370. Nas intimações dos
far-se-á por intermédio do chefe do processo; acusados, das testemunhas e
do respectivo serviço. III – o fim para que é feita a demais pessoas que devam to-
citação; mar conhecimento de qualquer
Art. 359. O dia designado para IV – o juízo e o dia, a hora e o ato, será observado, no que for
funcionário público comparecer lugar em que o réu deverá com- aplicável, o disposto no Capítulo
em juízo, como acusado, será parecer; anterior.
notificado assim a ele como ao V – o prazo, que será contado § 1o A intimação do defensor
chefe de sua repartição. do dia da publicação do edital na constituído, do advogado do que-
imprensa, se houver, ou da sua relante e do assistente far-se-á
Art. 360. Se o réu estiver preso, afixação. por publicação no órgão incum-
será pessoalmente citado. Parágrafo único. O edital será bido da publicidade dos atos ju-
afixado à porta do edifício onde diciais da comarca, incluindo,
Art. 361. Se o réu não for encon- funcionar o juízo e será publicado sob pena de nulidade, o nome
trado, será citado por edital, com pela imprensa, onde houver, de- do acusado.
o prazo de quinze dias. vendo a afixação ser certificada § 2o Caso não haja órgão de
pelo oficial que a tiver feito e a publicação dos atos judiciais na
Art. 362. Verificando que o réu publicação provada por exemplar comarca, a intimação far-se-á
se oculta para não ser citado, do jornal ou certidão do escrivão, diretamente pelo escrivão, por
o oficial de justiça certificará a da qual conste a página do jornal mandado, ou via postal com com-
ocorrência e procederá à citação com a data da publicação. provante de recebimento, ou por
com hora certa, na forma esta- qualquer outro meio idôneo.
belecida nos arts. 227 a 229 da Art. 366. Se o acusado, citado § 3o A intimação pessoal,
Lei no 5.869, de 11 de janeiro de por edital, não comparecer, nem feita pelo escrivão, dispensará a
1973 – Código de Processo Civil. constituir advogado, ficarão sus- aplicação a que alude o § 1o.
Parágrafo único. Completa- pensos o processo e o curso do § 4o A intimação do Ministé-
da a citação com hora certa, se prazo prescricional, podendo o rio Público e do defensor nome-
o acusado não comparecer, ser- juiz determinar a produção ante- ado será pessoal.
-lhe-á nomeado defensor dativo. cipada das provas consideradas
urgentes e, se for o caso, decretar Art. 371. Será admissível a inti-
Art. 363. O processo terá com- prisão preventiva, nos termos do mação por despacho na petição

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Código de Processo Penal
em que for requerida, observado sentença condenatória recorrível; TÍTULO XII – DA SENTENÇA
o disposto no art. 357. III – se aplicadas na decisão
a que se refere o no III do artigo Art. 381. A sentença conterá:
Art. 372. Adiada, por qualquer anterior, pela sentença condena- I – os nomes das partes ou,
motivo, a instrução criminal, o juiz tória recorrível. quando não possível, as indica-
marcará desde logo, na presença ções necessárias para identi-
das partes e testemunhas, dia e Art. 375. O despacho que apli- ficá-las;
hora para seu prosseguimento, do car, provisoriamente, substituir II – a exposição sucinta da
que se lavrará termo nos autos. ou revogar interdição de direito, acusação e da defesa;
será fundamentado. III – a indicação dos motivos
de fato e de direito em que se
TÍTULO XI – DA APLICAÇÃO Art. 376. A decisão que impro- fundar a decisão;
PROVISÓRIA DE nunciar ou absolver o réu fará IV – a indicação dos artigos
INTERDIÇÕES DE DIREITOS cessar a aplicação provisória da de lei aplicados;
E MEDIDAS DE SEGURANÇA interdição anteriormente deter- V – o dispositivo;
minada. VI – a data e a assinatura do
Art. 373. A aplicação provisória juiz.
de interdições de direitos pode- Art. 377. Transitando em jul-
rá ser determinada pelo juiz, de gado a sentença condenatória, Art. 382. Qualquer das partes
ofício, ou a requerimento do Mi- serão executadas somente as poderá, no prazo de dois dias,
nistério Público, do querelante, interdições nela aplicadas ou que pedir ao juiz que declare a sen-
do assistente, do ofendido, ou derivarem da imposição da pena tença, sempre que nela houver
de seu representante legal, ainda principal. obscuridade, ambiguidade, con-
que este não se tenha constituído tradição ou omissão.
como assistente: Art. 378. A aplicação provisória
I – durante a instrução cri- de medida de segurança obe- Art. 383. O juiz, sem modificar
minal após a apresentação da decerá ao disposto nos artigos a descrição do fato contida na
defesa ou do prazo concedido anteriores, com as modificações denúncia ou queixa, poderá atri-
para esse fim; seguintes: buir-lhe definição jurídica diversa,
II – na sentença de pronúncia; I – o juiz poderá aplicar, provi- ainda que, em consequência, te-
III – na decisão confirmatória soriamente, a medida de seguran- nha de aplicar pena mais grave.
da pronúncia ou na que, em grau ça, de ofício, ou a requerimento § 1o Se, em consequência de
de recurso, pronunciar o réu; do Ministério Público; definição jurídica diversa, houver
IV – na sentença condenatória II – a aplicação poderá ser possibilidade de proposta de sus-
recorrível. determinada ainda no curso do pensão condicional do processo,
§ 1o No caso do no I, havendo inquérito, mediante representa- o juiz procederá de acordo com
requerimento de aplicação da ção da autoridade policial; o disposto na lei.
medida, o réu ou seu defensor III – a aplicação provisória de § 2o Tratando-se de infração
será ouvido no prazo de dois dias. medida de segurança, a substi- da competência de outro juízo,
§ 2o Decretada a medida, se- tuição ou a revogação da ante- a este serão encaminhados os
rão feitas as comunicações ne- riormente aplicada poderão ser autos.
cessárias para a sua execução, na determinadas, também, na sen-
forma do disposto no Capítulo III tença absolutória; Art. 384. Encerrada a instrução
do Título II do Livro IV. IV – decretada a medida, probatória, se entender cabível
atender-se-á ao disposto no nova definição jurídica do fato,
Art. 374. Não caberá recurso do Título V do Livro IV, no que for em consequência de prova exis-
despacho ou da parte da sentença aplicável. tente nos autos de elemento ou
que decretar ou denegar a apli- circunstância da infração penal
cação provisória de interdições Art. 379. Transitando em jul- não contida na acusação, o Mi-
de direitos, mas estas poderão gado a sentença, observar-se-á, nistério Público deverá aditar a
ser substituídas ou revogadas: quanto à execução das medidas denúncia ou queixa, no prazo de
I – se aplicadas no curso da de segurança definitivamente 5 (cinco) dias, se em virtude desta
instrução criminal, durante esta aplicadas, o disposto no Título V houver sido instaurado o processo
ou pelas sentenças a que se re- do Livro IV. em crime de ação pública, redu-
ferem os nos II, III e IV do artigo zindo-se a termo o aditamento,
anterior; Art. 380. A aplicação provisória quando feito oralmente.
II – se aplicadas na sentença de medida de segurança obstará § 1o Não procedendo o órgão
de pronúncia, pela decisão que, à concessão de fiança, e torna- do Ministério Público ao adita-
em grau de recurso, a confirmar, rá sem efeito a anteriormente mento, aplica-se o art. 28 deste
total ou parcialmente, ou pela concedida. Código.

485
Código de Processo Penal
§ 2o Ouvido o defensor do rança, se cabível. três dias após a publicação, e sob
acusado no prazo de 5 (cinco) dias pena de suspensão de cinco dias,
e admitido o aditamento, o juiz, Art. 387. O juiz, ao proferir sen- dará conhecimento da sentença
a requerimento de qualquer das tença condenatória: ao órgão do Ministério Público.
partes, designará dia e hora para I – mencionará as circunstân-
continuação da audiência, com cias agravantes ou atenuantes Art. 391. O querelante ou o assis-
inquirição de testemunhas, novo definidas no Código Penal, e cuja tente será intimado da sentença,
interrogatório do acusado, reali- existência reconhecer; pessoalmente ou na pessoa de
zação de debates e julgamento. II – mencionará as outras cir- seu advogado. Se nenhum deles
§ 3o Aplicam-se as disposi- cunstâncias apuradas e tudo o for encontrado no lugar da sede
ções dos §§ 1o e 2o do art. 383 ao mais que deva ser levado em con- do juízo, a intimação será feita
caput deste artigo. ta na aplicação da pena, de acor- mediante edital com o prazo de 10
§ 4o Havendo aditamento, do com o disposto nos arts. 59 e dias, afixado no lugar de costume.
cada parte poderá arrolar até 3 60 do Decreto-lei no 2.848, de 7 de
(três) testemunhas, no prazo de dezembro de 1940 – Código Penal; Art. 392. A intimação da sen-
5 (cinco) dias, ficando o juiz, na III – aplicará as penas de acor- tença será feita:
sentença, adstrito aos termos do do com essas conclusões; I – ao réu, pessoalmente, se
aditamento. IV – fixará valor mínimo para estiver preso;
§ 5o Não recebido o adita- reparação dos danos causados II – ao réu, pessoalmente, ou
mento, o processo prosseguirá. pela infração, considerando os ao defensor por ele constituído,
prejuízos sofridos pelo ofendido; quando se livrar solto, ou, sendo
Art. 385. Nos crimes de ação V – atenderá, quanto à apli- afiançável a infração, tiver pres-
pública, o juiz poderá proferir cação provisória de interdições tado fiança;
sentença condenatória, ainda que de direitos e medidas de segu- III – ao defensor constituído
o Ministério Público tenha opina- rança, ao disposto no Título XI pelo réu, se este, afiançável, ou
do pela absolvição, bem como deste Livro; não, a infração, expedido o man-
reconhecer agravantes, embo- VI – determinará se a senten- dado de prisão, não tiver sido
ra nenhuma tenha sido alegada. ça deverá ser publicada na íntegra encontrado, e assim o certificar
ou em resumo e designará o jornal o oficial de justiça;
Art. 386. O juiz absolverá o réu, em que será feita a publicação IV – mediante edital, nos ca-
mencionando a causa na parte (art. 73, § 1o, do Código Penal).11 sos do no II, se o réu e o defensor
dispositiva, desde que reconheça: § 1o O juiz decidirá, funda- que houver constituído não forem
I – estar provada a inexistên- mentadamente, sobre a manuten- encontrados, e assim o certificar
cia do fato; ção ou, se for o caso, a imposição o oficial de justiça;
II – não haver prova da exis- de prisão preventiva ou de outra V – mediante edital, nos casos
tência do fato; medida cautelar, sem prejuízo do do no III, se o defensor que o réu
III – não constituir o fato in- conhecimento de apelação que houver constituído também não
fração penal; vier a ser interposta. for encontrado, e assim o certi-
IV – estar provado que o réu § 2o O tempo de prisão pro- ficar o oficial de justiça;
não concorreu para a infração visória, de prisão administrativa VI – mediante edital, se o réu,
penal; ou de internação, no Brasil ou não tendo constituído defensor,
V – não existir prova de ter no estrangeiro, será computado não for encontrado, e assim o
o réu concorrido para a infra- para fins de determinação do certificar o oficial de justiça.
ção penal; regime inicial de pena privativa § 1o O prazo do edital será de
VI – existirem circunstâncias de liberdade. 90 dias, se tiver sido imposta pena
que excluam o crime ou isentem o privativa de liberdade por tempo
réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 Art. 388. A sentença poderá ser igual ou superior a um ano, e de
e § 1o do art. 28, todos do Código datilografada e neste caso o juiz 60 dias, nos outros casos.
Penal), ou mesmo se houver fun- a rubricará em todas as folhas. § 2o O prazo para apelação
dada dúvida sobre sua existência; correrá após o término do fixado
VII – não existir prova sufi- Art. 389. A sentença será pu- no edital, salvo se, no curso deste,
ciente para a condenação. blicada em mão do escrivão, que for feita a intimação por qualquer
Parágrafo único. Na senten- lavrará nos autos o respectivo das outras formas estabelecidas
ça absolutória, o juiz: termo, registrando-a em livro es- neste artigo.
I – mandará, se for o caso, pôr pecialmente destinado a esse fim.
o réu em liberdade; Art. 393. (Revogado)
II – ordenará a cessação das Art. 390. O escrivão, dentro de
medidas cautelares e provisoria-
mente aplicadas; 11
NE: o dispositivo mencionado é o do texto
III – aplicará medida de segu- original do Código Penal.

486
Código de Processo Penal
LIVRO II – DOS PROCESSOS Parágrafo único. (Revogado) § 1o O acusado preso será
EM ESPÉCIE requisitado para comparecer ao
Art. 396. Nos procedimentos or- interrogatório, devendo o poder
TÍTULO I – DO PROCESSO dinário e sumário, oferecida a de- público providenciar sua apre-
COMUM núncia ou queixa, o juiz, se não a sentação.
rejeitar liminarmente, recebê-la-á § 2o O juiz que presidiu a ins-
CAPÍTULO I – DA e ordenará a citação do acusado trução deverá proferir a sentença.
INSTRUÇÃO CRIMINAL para responder à acusação, por
escrito, no prazo de 10 (dez) dias. Art. 400. Na audiência de ins-
Art. 394. O procedimento será Parágrafo único. No caso de trução e julgamento, a ser re-
comum ou especial. citação por edital, o prazo para a alizada no prazo máximo de 60
§ 1o O procedimento comum defesa começará a fluir a partir do (sessenta) dias, proceder-se-á à
será ordinário, sumário ou su- comparecimento pessoal do acu- tomada de declarações do ofendi-
maríssimo: sado ou do defensor constituído. do, à inquirição das testemunhas
I – ordinário, quando tiver por arroladas pela acusação e pela
objeto crime cuja sanção máxima Art. 396-A. Na resposta, o acu- defesa, nesta ordem, ressalvado o
cominada for igual ou superior a sado poderá arguir preliminares disposto no art. 222 deste Código,
4 (quatro) anos de pena privativa e alegar tudo o que interesse à bem como aos esclarecimentos
de liberdade; sua defesa, oferecer documen- dos peritos, às acareações e ao
II – sumário, quando tiver por tos e justificações, especificar reconhecimento de pessoas e
objeto crime cuja sanção máxi- as provas pretendidas e arrolar coisas, interrogando-se, em se-
ma cominada seja inferior a 4 testemunhas, qualificando-as e guida, o acusado.
(quatro) anos de pena privativa requerendo sua intimação, quan- § 1o As provas serão produzi-
de liberdade; do necessário. das numa só audiência, podendo
III – sumaríssimo, para as in- § 1o A exceção será proces- o juiz indeferir as consideradas
frações penais de menor poten- sada em apartado, nos termos irrelevantes, impertinentes ou
cial ofensivo, na forma da lei. dos arts. 95 a 112 deste Código. protelatórias.
§ 2o Aplica-se a todos os pro- § 2o Não apresentada a res- § 2o Os esclarecimentos dos
cessos o procedimento comum, posta no prazo legal, ou se o acu- peritos dependerão de prévio re-
salvo disposições em contrário sado, citado, não constituir de- querimento das partes.
deste Código ou de lei especial. fensor, o juiz nomeará defensor
§ 3o Nos processos de com- para oferecê-la, concedendo-lhe Art. 400-A. Na audiência de
petência do Tribunal do Júri, o vista dos autos por 10 (dez) dias. instrução e julgamento, e, em
procedimento observará as especial, nas que apurem cri-
disposições estabelecidas nos Art. 397. Após o cumprimen- mes contra a dignidade sexual,
arts. 406 a 497 deste Código. to do disposto no art. 396-A, e todas as partes e demais sujei-
§ 4o As disposições dos parágrafos, deste Código, o juiz tos processuais presentes no ato
arts. 395 a 398 deste Código apli- deverá absolver sumariamente o deverão zelar pela integridade fí-
cam-se a todos os procedimentos acusado quando verificar: sica e psicológica da vítima, sob
penais de primeiro grau, ainda I – a existência manifesta de pena de responsabilização civil,
que não regulados neste Código. causa excludente da ilicitude do penal e administrativa, cabendo
§ 5o Aplicam-se subsidiaria- fato; ao juiz garantir o cumprimento do
mente aos procedimentos es- II – a existência manifesta de disposto neste artigo, vedadas:
pecial, sumário e sumaríssimo causa excludente da culpabilidade I – a manifestação sobre cir-
as disposições do procedimento do agente, salvo inimputabilidade; cunstâncias ou elementos alheios
ordinário. III – que o fato narrado evi- aos fatos objeto de apuração nos
dentemente não constitui cri- autos;
Art. 394-A. Os processos que me; ou II – a utilização de linguagem,
apurem a prática de crime he- IV – extinta a punibilidade de informações ou de material
diondo terão prioridade de tra- do agente. que ofendam a dignidade da ví-
mitação em todas as instâncias. tima ou de testemunhas.
Art. 398. (Revogado)
Art. 395. A denúncia ou queixa Art. 401. Na instrução poderão
será rejeitada quando: Art. 399. Recebida a denúncia ser inquiridas até 8 (oito) teste-
I – for manifestamente inepta; ou queixa, o juiz designará dia e munhas arroladas pela acusação
II – faltar pressuposto proces- hora para a audiência, ordenando e 8 (oito) pela defesa.
sual ou condição para o exercício a intimação do acusado, de seu § 1o Nesse número não se
da ação penal; ou defensor, do Ministério Público compreendem as que não pres-
III – faltar justa causa para o e, se for o caso, do querelante e tem compromisso e as referidas.
exercício da ação penal. do assistente. § 2o A parte poderá desistir

487
Código de Processo Penal
da inquirição de qualquer das tes- e testemunhas será feito pelos ou o querelante sobre prelimi-
temunhas arroladas, ressalvado o meios ou recursos de gravação nares e documentos, em 5 (cin-
disposto no art. 209 deste Código. magnética, estenotipia, digital co) dias.
ou técnica similar, inclusive au-
Art. 402. Produzidas as provas, diovisual, destinada a obter maior Art. 410. O juiz determinará a
ao final da audiência, o Ministério fidelidade das informações. inquirição das testemunhas e
Público, o querelante e o assisten- § 2o No caso de registro por a realização das diligências re-
te e, a seguir, o acusado poderão meio audiovisual, será encami- queridas pelas partes, no prazo
requerer diligências cuja necessi- nhado às partes cópia do regis- máximo de 10 (dez) dias.
dade se origine de circunstâncias tro original, sem necessidade de
ou fatos apurados na instrução. transcrição. Art. 411. Na audiência de ins-
trução, proceder-se-á à tomada
Art. 403. Não havendo reque- de declarações do ofendido, se
rimento de diligências, ou sendo CAPÍTULO II – DO possível, à inquirição das teste-
indeferido, serão oferecidas ale- PROCEDIMENTO RELATIVO munhas arroladas pela acusa-
gações finais orais por 20 (vinte) AOS PROCESSOS DA ção e pela defesa, nesta ordem,
minutos, respectivamente, pela COMPETÊNCIA DO bem como aos esclarecimentos
acusação e pela defesa, prorrogá- TRIBUNAL DO JÚRI dos peritos, às acareações e ao
veis por mais 10 (dez), proferindo reconhecimento de pessoas e
o juiz, a seguir, sentença. Seção I – Da Acusação e da coisas, interrogando-se, em se-
§ 1o Havendo mais de um Instrução Preliminar guida, o acusado e procedendo-
acusado, o tempo previsto para a -se o debate.
defesa de cada um será individual. Art. 406. O juiz, ao receber a § 1o Os esclarecimentos dos
§ 2o Ao assistente do Ministé- denúncia ou a queixa, ordenará peritos dependerão de prévio re-
rio Público, após a manifestação a citação do acusado para res- querimento e de deferimento pelo
desse, serão concedidos 10 (dez) ponder a acusação, por escrito, juiz.
minutos, prorrogando-se por igual no prazo de 10 (dez) dias. § 2o As provas serão produzi-
período o tempo de manifestação § 1o O prazo previsto no caput das em uma só audiência, poden-
da defesa. deste artigo será contado a partir do o juiz indeferir as consideradas
§ 3o O juiz poderá, conside- do efetivo cumprimento do man- irrelevantes, impertinentes ou
rada a complexidade do caso ou dado ou do comparecimento, em protelatórias.
o número de acusados, conceder juízo, do acusado ou de defensor § 3o Encerrada a instrução
às partes o prazo de 5 (cinco) dias constituído, no caso de citação probatória, observar-se-á, se for
sucessivamente para a apresen- inválida ou por edital. o caso, o disposto no art. 384
tação de memoriais. Nesse caso, § 2o A acusação deverá arro- deste Código.
terá o prazo de 10 (dez) dias para lar testemunhas, até o máximo de § 4o As alegações serão
proferir a sentença. 8 (oito), na denúncia ou na queixa. orais, concedendo-se a palavra,
§ 3o Na resposta, o acusa- respectivamente, à acusação e
Art. 404. Ordenado diligência do poderá arguir preliminares e à defesa, pelo prazo de 20 (vinte)
considerada imprescindível, de alegar tudo que interesse a sua minutos, prorrogáveis por mais
ofício ou a requerimento da parte, defesa, oferecer documentos e 10 (dez).
a audiência será concluída sem justificações, especificar as pro- § 5o Havendo mais de 1 (um)
as alegações finais. vas pretendidas e arrolar teste- acusado, o tempo previsto para a
Parágrafo único. Realizada, munhas, até o máximo de 8 (oito), acusação e a defesa de cada um
em seguida, a diligência deter- qualificando-as e requerendo sua deles será individual.
minada, as partes apresentarão, intimação, quando necessário. § 6o Ao assistente do Ministé-
no prazo sucessivo de 5 (cinco) rio Público, após a manifestação
dias, suas alegações finais, por Art. 407. As exceções serão deste, serão concedidos 10 (dez)
memorial, e, no prazo de 10 (dez) processadas em apartado, nos minutos, prorrogando-se por igual
dias, o juiz proferirá a sentença. termos dos arts. 95 a 112 deste período o tempo de manifestação
Código. da defesa.
Art. 405. Do ocorrido em au- § 7o Nenhum ato será adia-
diência será lavrado termo em Art. 408. Não apresentada a do, salvo quando imprescindível
livro próprio, assinado pelo juiz resposta no prazo legal, o juiz no- à prova faltante, determinando
e pelas partes, contendo breve meará defensor para oferecê-la o juiz a condução coercitiva de
resumo dos fatos relevantes nela em até 10 (dez) dias, conceden- quem deva comparecer.
ocorridos. do-lhe vista dos autos. § 8o A testemunha que com-
§ 1o Sempre que possível, o parecer será inquirida, indepen-
registro dos depoimentos do in- Art. 409. Apresentada a defesa, dentemente da suspensão da
vestigado, indiciado, ofendido o juiz ouvirá o Ministério Público audiência, observada em qual-

488
Código de Processo Penal
quer caso a ordem estabelecida Art. 415. O juiz, fundamenta- ao querelante e ao assistente
no caput deste artigo. damente, absolverá desde logo do Ministério Público, na forma
§ 9o Encerrados os debates, o acusado, quando: do disposto no § 1o do art. 370
o juiz proferirá a sua decisão, ou o I – provada a inexistência do deste Código.
fará em 10 (dez) dias, ordenando fato; Parágrafo único. Será inti-
que os autos para isso lhe sejam II – provado não ser ele autor mado por edital o acusado solto
conclusos. ou partícipe do fato; que não for encontrado.
III – o fato não constituir in-
Art. 412. O procedimento será fração penal; Art. 421. Preclusa a decisão de
concluído no prazo máximo de IV – demonstrada causa de pronúncia, os autos serão enca-
90 (noventa) dias. isenção de pena ou de exclusão minhados ao juiz presidente do
do crime. Tribunal do Júri.
Parágrafo único. Não se apli- § 1o Ainda que preclusa a
Seção II – Da Pronúncia, da ca o disposto no inciso IV do caput decisão de pronúncia, havendo
Impronúncia e da Absolvição deste artigo ao caso de inimpu- circunstância superveniente que
Sumária tabilidade prevista no caput do altere a classificação do crime, o
art. 26 do Decreto-lei no 2.848, de juiz ordenará a remessa dos autos
Art. 413. O juiz, fundamentada- 7 de dezembro de 1940 – Código ao Ministério Público.
mente, pronunciará o acusado, Penal, salvo quando esta for a § 2o Em seguida, os autos
se convencido da materialidade única tese defensiva. serão conclusos ao juiz para de-
do fato e da existência de indí- cisão.
cios suficientes de autoria ou de Art. 416. Contra a sentença de
participação. impronúncia ou de absolvição
§ 1o A fundamentação da pro- sumária caberá apelação.
Seção III – Da Preparação do
núncia limitar-se-á à indicação Processo para Julgamento
da materialidade do fato e da Art. 417. Se houver indícios de em Plenário
existência de indícios suficien- autoria ou de participação de
tes de autoria ou de participa- outras pessoas não incluídas na Art. 422. Ao receber os autos,
ção, devendo o juiz declarar o acusação, o juiz, ao pronunciar o presidente do Tribunal do Júri
dispositivo legal em que julgar ou impronunciar o acusado, de- determinará a intimação do ór-
incurso o acusado e especificar terminará o retorno dos autos ao gão do Ministério Público ou do
as circunstâncias qualificadoras Ministério Público, por 15 (quinze) querelante, no caso de queixa,
e as causas de aumento de pena. dias, aplicável, no que couber, o e do defensor, para, no prazo de
§ 2o Se o crime for afian- art. 80 deste Código. 5 (cinco) dias, apresentarem rol
çável, o juiz arbitrará o valor da de testemunhas que irão depor
fiança para a concessão ou ma- Art. 418. O juiz poderá dar ao em plenário, até o máximo de
nutenção da liberdade provisória. fato definição jurídica diversa da 5 (cinco), oportunidade em que
§ 3o O juiz decidirá, motiva- constante da acusação, embora poderão juntar documentos e
damente, no caso de manuten- o acusado fique sujeito a pena requerer diligência.
ção, revogação ou substituição mais grave.
da prisão ou medida restritiva de Art. 423. Deliberando sobre os
liberdade anteriormente decre- Art. 419. Quando o juiz se con- requerimentos de provas a serem
tada e, tratando-se de acusado vencer, em discordância com a produzidas ou exibidas no plená-
solto, sobre a necessidade da acusação, da existência de cri- rio do júri, e adotadas as providên-
decretação da prisão ou impo- me diverso dos referidos no § 1o cias devidas, o juiz presidente:
sição de quaisquer das medidas do art. 74 deste Código e não for I – ordenará as diligências
previstas no Título IX do Livro I competente para o julgamento, necessárias para sanar qualquer
deste Código. remeterá os autos ao juiz que nulidade ou esclarecer fato que
o seja. interesse ao julgamento da causa;
Art. 414. Não se convencendo Parágrafo único. Remetidos II – fará relatório sucinto do
da materialidade do fato ou da os autos do processo a outro juiz, processo, determinando sua in-
existência de indícios suficientes à disposição deste ficará o acu- clusão em pauta da reunião do
de autoria ou de participação, o sado preso. Tribunal do Júri.
juiz, fundamentadamente, impro-
nunciará o acusado. Art. 420. A intimação da decisão Art. 424. Quando a lei local de
Parágrafo único. Enquanto de pronúncia será feita: organização judiciária não atribuir
não ocorrer a extinção da punibi- I – pessoalmente ao acusado, ao presidente do Tribunal do Júri
lidade, poderá ser formulada nova ao defensor nomeado e ao Minis- o preparo para julgamento, o juiz
denúncia ou queixa se houver tério Público; competente remeter-lhe-á os au-
prova nova. II – ao defensor constituído, tos do processo preparado até 5

489
Código de Processo Penal
(cinco) dias antes do sorteio a que dos alistados, em cartões iguais, bém poderá ser determinado, em
se refere o art. 433 deste Código. após serem verificados na pre- razão do comprovado excesso de
Parágrafo único. Deverão ser sença do Ministério Público, de serviço, ouvidos o juiz presidente
remetidos, também, os processos advogado indicado pela Seção e a parte contrária, se o julga-
preparados até o encerramento local da Ordem dos Advogados mento não puder ser realizado no
da reunião, para a realização de do Brasil e de defensor indicado prazo de 6 (seis) meses, contado
julgamento. pelas Defensorias Públicas com- do trânsito em julgado da decisão
petentes, permanecerão guar- de pronúncia.
dados em urna fechada a chave, § 1o Para a contagem do pra-
Seção IV – Do Alistamento sob a responsabilidade do juiz zo referido neste artigo, não se
dos Jurados presidente. computará o tempo de adiamen-
§ 4o O jurado que tiver inte- tos, diligências ou incidentes de
Art. 425. Anualmente, serão grado o Conselho de Sentença interesse da defesa.
alistados pelo presidente do Tri- nos 12 (doze) meses que antece- § 2o Não havendo excesso
bunal do Júri de 800 (oitocentos) derem à publicação da lista geral de serviço ou existência de pro-
a 1.500 (um mil e quinhentos) ju- fica dela excluído. cessos aguardando julgamento
rados nas comarcas de mais de § 5o Anualmente, a lista geral em quantidade que ultrapasse a
1.000.000 (um milhão) de habi- de jurados será, obrigatoriamen- possibilidade de apreciação pelo
tantes, de 300 (trezentos) a 700 te, completada. Tribunal do Júri, nas reuniões pe-
(setecentos) nas comarcas de riódicas previstas para o exercí-
mais de 100.000 (cem mil) ha- cio, o acusado poderá requerer ao
bitantes e de 80 (oitenta) a 400
Seção V – Do Desaforamento Tribunal que determine a imediata
(quatrocentos) nas comarcas de realização do julgamento.
menor população. Art. 427. Se o interesse da or-
§ 1o Nas comarcas onde for dem pública o reclamar ou houver
necessário, poderá ser aumenta- dúvida sobre a imparcialidade do
Seção VI – Da Organização
do o número de jurados e, ainda, júri ou a segurança pessoal do da Pauta
organizada lista de suplentes, acusado, o Tribunal, a requeri-
depositadas as cédulas em urna mento do Ministério Público, do Art. 429. Salvo motivo relevante
especial, com as cautelas men- assistente, do querelante ou do que autorize alteração na ordem
cionadas na parte final do § 3o do acusado ou mediante represen- dos julgamentos, terão prefe-
art. 426 deste Código. tação do juiz competente, poderá rência:
§ 2o O juiz presidente requi- determinar o desaforamento do I – os acusados presos;
sitará às autoridades locais, as- julgamento para outra comarca II – dentre os acusados pre-
sociações de classe e de bairro, da mesma região, onde não exis- sos, aqueles que estiverem há
entidades associativas e cultu- tam aqueles motivos, preferindo- mais tempo na prisão;
rais, instituições de ensino em -se as mais próximas. III – em igualdade de condi-
geral, universidades, sindicatos, § 1o O pedido de desafora- ções, os precedentemente pro-
repartições públicas e outros nú- mento será distribuído imedia- nunciados.
cleos comunitários a indicação de tamente e terá preferência de § 1o Antes do dia designado
pessoas que reúnam as condições julgamento na Câmara ou Turma para o primeiro julgamento da
para exercer a função de jurado. competente. reunião periódica, será afixada
§ 2o Sendo relevantes os mo- na porta do edifício do Tribunal
Art. 426. A lista geral dos jura- tivos alegados, o relator poderá do Júri a lista dos processos a se-
dos, com indicação das respec- determinar, fundamentadamen- rem julgados, obedecida a ordem
tivas profissões, será publicada te, a suspensão do julgamento prevista no caput deste artigo.
pela imprensa até o dia 10 de pelo júri. § 2o O juiz presidente reser-
outubro de cada ano e divulgada § 3o Será ouvido o juiz presi- vará datas na mesma reunião pe-
em editais afixados à porta do dente, quando a medida não tiver riódica para a inclusão de proces-
Tribunal do Júri. sido por ele solicitada. so que tiver o julgamento adiado.
§ 1o A lista poderá ser alte- § 4o Na pendência de recurso
rada, de ofício ou mediante re- contra a decisão de pronúncia ou Art. 430. O assistente somente
clamação de qualquer do povo quando efetivado o julgamento, será admitido se tiver requerido
ao juiz presidente até o dia 10 de não se admitirá o pedido de de- sua habilitação até 5 (cinco) dias
novembro, data de sua publica- saforamento, salvo, nesta última antes da data da sessão na qual
ção definitiva. hipótese, quanto a fato ocorrido pretenda atuar.
§ 2o Juntamente com a lista, durante ou após a realização de
serão transcritos os arts. 436 a julgamento anulado. Art. 431. Estando o processo em
446 deste Código. ordem, o juiz presidente mandará
§ 3o Os nomes e endereços Art. 428. O desaforamento tam- intimar as partes, o ofendido, se

490
Código de Processo Penal
for possível, as testemunhas e os Seção VIII – Da Função do alternativo o exercício de ativida-
peritos, quando houver requeri- Jurado des de caráter administrativo, as-
mento, para a sessão de instrução sistencial, filantrópico ou mesmo
e julgamento, observando, no que Art. 436. O serviço do júri é produtivo, no Poder Judiciário, na
couber, o disposto no art. 420 obrigatório. O alistamento com- Defensoria Pública, no Ministério
deste Código. preenderá os cidadãos maiores Público ou em entidade convenia-
de 18 (dezoito) anos de notória da para esses fins.
idoneidade. § 2o O juiz fixará o serviço
Seção VII – Do Sorteio e da § 1o Nenhum cidadão poderá alternativo atendendo aos prin-
Convocação dos Jurados ser excluído dos trabalhos do júri cípios da proporcionalidade e da
ou deixar de ser alistado em ra- razoabilidade.
Art. 432. Em seguida à organi- zão de cor ou etnia, raça, credo,
zação da pauta, o juiz presidente sexo, profissão, classe social ou Art. 439. O exercício efetivo da
determinará a intimação do Minis- econômica, origem ou grau de função de jurado constituirá ser-
tério Público, da Ordem dos Advo- instrução. viço público relevante e estabe-
gados do Brasil e da Defensoria § 2o A recusa injustificada ao lecerá presunção de idoneidade
Pública para acompanharem, em serviço do júri acarretará multa moral.
dia e hora designados, o sorteio no valor de 1 (um) a 10 (dez) salá-
dos jurados que atuarão na reu- rios mínimos, a critério do juiz, Art. 440. Constitui também di-
nião periódica. de acordo com a condição eco- reito do jurado, na condição do
nômica do jurado. art. 439 deste Código, preferên-
Art. 433. O sorteio, presidido cia, em igualdade de condições,
pelo juiz, far-se-á a portas aber- Art. 437. Estão isentos do ser- nas licitações públicas e no pro-
tas, cabendo-lhe retirar as cédu- viço do júri: vimento, mediante concurso, de
las até completar o número de 25 I – o Presidente da República cargo ou função pública, bem
(vinte e cinco) jurados, para a reu- e os Ministros de Estado; como nos casos de promoção
nião periódica ou extraordinária. II – os Governadores e seus funcional ou remoção voluntária.
§ 1o O sorteio será realizado respectivos Secretários;
entre o 15o (décimo quinto) e o 10o III – os membros do Congres- Art. 441. Nenhum desconto será
(décimo) dia útil antecedente à so Nacional, das Assembleias Le- feito nos vencimentos ou salário
instalação da reunião. gislativas e das Câmaras Distrital do jurado sorteado que compa-
§ 2o A audiência de sorteio e Municipais; recer à sessão do júri.
não será adiada pelo não com- IV – os Prefeitos Municipais;
parecimento das partes. V – os Magistrados e mem- Art. 442. Ao jurado que, sem
§ 3o O jurado não sorteado bros do Ministério Público e da causa legítima, deixar de com-
poderá ter o seu nome novamente Defensoria Pública; parecer no dia marcado para a
incluído para as reuniões futuras. VI – os servidores do Poder sessão ou retirar-se antes de ser
Judiciário, do Ministério Público dispensado pelo presidente será
Art. 434. Os jurados sorteados e da Defensoria Pública; aplicada multa de 1 (um) a 10 (dez)
serão convocados pelo correio VII – as autoridades e os ser- salários mínimos, a critério do
ou por qualquer outro meio hábil vidores da polícia e da segurança juiz, de acordo com a sua condi-
para comparecer no dia e hora pública; ção econômica.
designados para a reunião, sob VIII – os militares em servi-
as penas da lei. ço ativo; Art. 443. Somente será aceita
Parágrafo único. No mesmo IX – os cidadãos maiores de escusa fundada em motivo rele-
expediente de convocação serão 70 (setenta) anos que requeiram vante devidamente comprovado
transcritos os arts. 436 a 446 sua dispensa; e apresentada, ressalvadas as hi-
deste Código. X – aqueles que o requere- póteses de força maior, até o mo-
rem, demonstrando justo impe- mento da chamada dos jurados.
Art. 435. Serão afixados na por- dimento.
ta do edifício do Tribunal do Júri a Art. 444. O jurado somente será
relação dos jurados convocados, Art. 438. A recusa ao serviço dispensado por decisão motivada
os nomes do acusado e dos pro- do júri fundada em convicção do juiz presidente, consignada na
curadores das partes, além do religiosa, filosófica ou política ata dos trabalhos.
dia, hora e local das sessões de importará no dever de prestar
instrução e julgamento. serviço alternativo, sob pena de Art. 445. O jurado, no exercí-
suspensão dos direitos políticos, cio da função ou a pretexto de
enquanto não prestar o serviço exercê-la, será responsável cri-
imposto. minalmente nos mesmos termos
§ 1o Entende-se por serviço em que o são os juízes togados.

491
Código de Processo Penal
Art. 446. Aos suplentes, quando convivência, servirá o que houver sado ser julgado quando chamado
convocados, serão aplicáveis os sido sorteado em primeiro lugar. novamente.
dispositivos referentes às dispen- § 2o Na hipótese do § 1o deste
sas, faltas e escusas e à equipa- Art. 451. Os jurados excluídos artigo, o juiz intimará a Defensoria
ração de responsabilidade penal por impedimento, suspeição ou Pública para o novo julgamento,
prevista no art. 445 deste Código. incompatibilidade serão consi- que será adiado para o primeiro
derados para a constituição do dia desimpedido, observado o
número legal exigível para a re- prazo mínimo de 10 (dez) dias.
Seção IX – Da Composição alização da sessão.
do Tribunal do Júri e da Art. 457. O julgamento não será
Formação do Conselho de Art. 452. O mesmo Conselho adiado pelo não comparecimento
Sentença de Sentença poderá conhecer de do acusado solto, do assistente ou
mais de um processo, no mesmo do advogado do querelante, que
Art. 447. O Tribunal do Júri é dia, se as partes o aceitarem, tiver sido regularmente intimado.
composto por 1 (um) juiz togado, hipótese em que seus integran- § 1o Os pedidos de adiamento
seu presidente e por 25 (vinte e tes deverão prestar novo com- e as justificações de não com-
cinco) jurados que serão sortea- promisso. parecimento deverão ser, sal-
dos dentre os alistados, 7 (sete) vo comprovado motivo de força
dos quais constituirão o Conselho maior, previamente submetidos
de Sentença em cada sessão de
Seção X – Da Reunião e das à apreciação do juiz presidente
julgamento. Sessões do Tribunal do Júri do Tribunal do Júri.
§ 2o Se o acusado preso não
Art. 448. São impedidos de ser- Art. 453. O Tribunal do Júri reu- for conduzido, o julgamento será
vir no mesmo Conselho: nir-se-á para as sessões de ins- adiado para o primeiro dia desim-
I – marido e mulher; trução e julgamento nos períodos pedido da mesma reunião, salvo
II – ascendente e descen- e na forma estabelecida pela lei se houver pedido de dispensa de
dente; local de organização judiciária. comparecimento subscrito por
III – sogro e genro ou nora; ele e seu defensor.
IV – irmãos e cunhados, du- Art. 454. Até o momento de
rante o cunhadio; abertura dos trabalhos da sessão, Art. 458. Se a testemunha, sem
V – tio e sobrinho; o juiz presidente decidirá os casos justa causa, deixar de compare-
VI – padrasto, madrasta ou de isenção e dispensa de jurados cer, o juiz presidente, sem prejuí-
enteado. e o pedido de adiamento de julga- zo da ação penal pela desobediên-
§ 1o O mesmo impedimento mento, mandando consignar em cia, aplicar-lhe-á a multa prevista
ocorrerá em relação às pessoas ata as deliberações. no § 2o do art. 436 deste Código.
que mantenham união estável
reconhecida como entidade fa- Art. 455. Se o Ministério Públi- Art. 459. Aplicar-se-á às teste-
miliar. co não comparecer, o juiz presi- munhas a serviço do Tribunal do
§ 2o Aplicar-se-á aos jurados dente adiará o julgamento para Júri o disposto no art. 441 deste
o disposto sobre os impedimen- o primeiro dia desimpedido da Código.
tos, a suspeição e as incompa- mesma reunião, cientificadas as
tibilidades dos juízes togados. partes e as testemunhas. Art. 460. Antes de constituído o
Parágrafo único. Se a au- Conselho de Sentença, as teste-
Art. 449. Não poderá servir o sência não for justificada, o fato munhas serão recolhidas a lugar
jurado que: será imediatamente comunicado onde umas não possam ouvir os
I – tiver funcionado em julga- ao Procurador-Geral de Justi- depoimentos das outras.
mento anterior do mesmo proces- ça com a data designada para a
so, independentemente da cau- nova sessão. Art. 461. O julgamento não será
sa determinante do julgamento adiado se a testemunha deixar de
posterior; Art. 456. Se a falta, sem escusa comparecer, salvo se uma das
II – no caso do concurso de legítima, for do advogado do acu- partes tiver requerido a sua inti-
pessoas, houver integrado o Con- sado, e se outro não for por este mação por mandado, na oportuni-
selho de Sentença que julgou o constituído, o fato será imedia- dade de que trata o art. 422 deste
outro acusado; tamente comunicado ao presi- Código, declarando não prescindir
III – tiver manifestado prévia dente da seccional da Ordem dos do depoimento e indicando a sua
disposição para condenar ou ab- Advogados do Brasil, com a data localização.
solver o acusado. designada para a nova sessão. § 1o Se, intimada, a testemu-
§ 1o Não havendo escusa le- nha não comparecer, o juiz pre-
Art. 450. Dos impedidos entre gítima, o julgamento será adiado sidente suspenderá os trabalhos
si por parentesco ou relação de somente uma vez, devendo o acu- e mandará conduzi-la ou adiará

492
Código de Processo Penal
o julgamento para o primeiro dia na forma do § 2o do art. 436 des- incompatibilidade, dispensa ou
desimpedido, ordenando a sua te Código. recusa, não houver número para
condução. § 2o A incomunicabilidade a formação do Conselho, o julga-
§ 2o O julgamento será rea- será certificada nos autos pelo mento será adiado para o primeiro
lizado mesmo na hipótese de a oficial de justiça. dia desimpedido, após sorteados
testemunha não ser encontrada os suplentes, com observância do
no local indicado, se assim for Art. 467. Verificando que se en- disposto no art. 464 deste Código.
certificado por oficial de justiça. contram na urna as cédulas re-
lativas aos jurados presentes, o Art. 472. Formado o Conselho
Art. 462. Realizadas as diligên- juiz presidente sorteará 7 (sete) de Sentença, o presidente, le-
cias referidas nos arts. 454 a 461 dentre eles para a formação do vantando-se, e, com ele, todos
deste Código, o juiz presidente Conselho de Sentença. os presentes, fará aos jurados a
verificará se a urna contém as seguinte exortação:
cédulas dos 25 (vinte e cinco) Art. 468. À medida que as cé- Em nome da lei, concito-vos
jurados sorteados, mandando dulas forem sendo retiradas da a examinar esta causa com
que o escrivão proceda à cha- urna, o juiz presidente as lerá, e imparcialidade e a proferir
mada deles. a defesa e, depois dela, o Minis- a vossa decisão de acordo
tério Público poderão recusar os com a vossa consciência e
Art. 463. Comparecendo, pelo jurados sorteados, até 3 (três) os ditames da justiça.
menos, 15 (quinze) jurados, o juiz cada parte, sem motivar a recusa. Os jurados, nominalmente chama-
presidente declarará instalados Parágrafo único. O jurado dos pelo presidente, responderão:
os trabalhos, anunciando o pro- recusado imotivadamente por Assim o prometo.
cesso que será submetido a jul- qualquer das partes será exclu- Parágrafo único. O jurado,
gamento. ído daquela sessão de instrução em seguida, receberá cópias da
§ 1o O oficial de justiça fará o e julgamento, prosseguindo-se pronúncia ou, se for o caso, das
pregão, certificando a diligência o sorteio para a composição do decisões posteriores que julga-
nos autos. Conselho de Sentença com os ram admissível a acusação e do
§ 2o Os jurados excluídos por jurados remanescentes. relatório do processo.
impedimento ou suspeição serão
computados para a constituição Art. 469. Se forem 2 (dois) ou
do número legal. mais os acusados, as recusas
Seção XI – Da Instrução em
poderão ser feitas por um só de- Plenário
Art. 464. Não havendo o número fensor.
referido no art. 463 deste Códi- § 1o A separação dos julga- Art. 473. Prestado o compro-
go, proceder-se-á ao sorteio de mentos somente ocorrerá se, em misso pelos jurados, será iniciada
tantos suplentes quantos neces- razão das recusas, não for obti- a instrução plenária quando o juiz
sários, e designar-se-á nova data do o número mínimo de 7 (sete) presidente, o Ministério Público,
para a sessão do júri. jurados para compor o Conselho o assistente, o querelante e o
de Sentença. defensor do acusado tomarão,
Art. 465. Os nomes dos suplen- § 2o Determinada a separa- sucessiva e diretamente, as de-
tes serão consignados em ata, ção dos julgamentos, será julga- clarações do ofendido, se possí-
remetendo-se o expediente de do em primeiro lugar o acusado vel, e inquirirão as testemunhas
convocação, com observância a quem foi atribuída a autoria do arroladas pela acusação.
do disposto nos arts. 434 e 435 fato ou, em caso de coautoria, § 1o Para a inquirição das tes-
deste Código. aplicar-se-á o critério de prefe- temunhas arroladas pela defesa,
rência disposto no art. 429 deste o defensor do acusado formulará
Art. 466. Antes do sorteio dos Código. as perguntas antes do Ministério
membros do Conselho de Senten- Público e do assistente, mantidos
ça, o juiz presidente esclarecerá Art. 470. Desacolhida a arguição no mais a ordem e os critérios
sobre os impedimentos, a sus- de impedimento, de suspeição estabelecidos neste artigo.
peição e as incompatibilidades ou de incompatibilidade contra § 2o Os jurados poderão for-
constantes dos arts. 448 e 449 o juiz presidente do Tribunal do mular perguntas ao ofendido e às
deste Código. Júri, órgão do Ministério Público, testemunhas, por intermédio do
§ 1o O juiz presidente tam- jurado ou qualquer funcionário, o juiz presidente.
bém advertirá os jurados de que, julgamento não será suspenso, § 3o As partes e os jurados
uma vez sorteados, não poderão devendo, entretanto, constar da poderão requerer acareações,
comunicar-se entre si e com ou- ata o seu fundamento e a decisão. reconhecimento de pessoas e
trem, nem manifestar sua opinião coisas e esclarecimento dos peri-
sobre o processo, sob pena de Art. 471. Se, em consequên- tos, bem como a leitura de peças
exclusão do Conselho e multa, cia do impedimento, suspeição, que se refiram, exclusivamente,

493
Código de Processo Penal
às provas colhidas por carta pre- Seção XII – Dos Debates Art. 479. Durante o julgamen-
catória e às provas cautelares, to não será permitida a leitura
antecipadas ou não repetíveis. Art. 476. Encerrada a instru- de documento ou a exibição de
ção, será concedida a palavra objeto que não tiver sido junta-
Art. 474. A seguir será o acu- ao Ministério Público, que fará do aos autos com a antecedên-
sado interrogado, se estiver pre- a acusação, nos limites da pro- cia mínima de 3 (três) dias úteis,
sente, na forma estabelecida no núncia ou das decisões poste- dando-se ciência à outra parte.
Capítulo III do Título VII do Livro I riores que julgaram admissível a Parágrafo único. Compreen-
deste Código, com as alterações acusação, sustentando, se for o de-se na proibição deste artigo a
introduzidas nesta Seção. caso, a existência de circunstân- leitura de jornais ou qualquer ou-
§ 1o O Ministério Público, o cia agravante. tro escrito, bem como a exibição
assistente, o querelante e o de- § 1o O assistente falará de- de vídeos, gravações, fotografias,
fensor, nessa ordem, poderão pois do Ministério Público. laudos, quadros, croqui ou qual-
formular, diretamente, perguntas § 2o Tratando-se de ação pe- quer outro meio assemelhado,
ao acusado. nal de iniciativa privada, falará cujo conteúdo versar sobre a ma-
§ 2o Os jurados formularão em primeiro lugar o querelante e, téria de fato submetida à apre-
perguntas por intermédio do juiz em seguida, o Ministério Público, ciação e julgamento dos jurados.
presidente. salvo se este houver retomado a
§ 3o Não se permitirá o uso titularidade da ação, na forma do Art. 480. A acusação, a defesa
de algemas no acusado durante art. 29 deste Código. e os jurados poderão, a qualquer
o período em que permanecer § 3o Finda a acusação, terá momento e por intermédio do juiz
no plenário do júri, salvo se ab- a palavra a defesa. presidente, pedir ao orador que
solutamente necessário à ordem § 4o A acusação poderá re- indique a folha dos autos onde se
dos trabalhos, à segurança das plicar e a defesa treplicar, sendo encontra a peça por ele lida ou
testemunhas ou à garantia da admitida a reinquirição de tes- citada, facultando-se, ainda, aos
integridade física dos presentes. temunha já ouvida em plenário. jurados solicitar-lhe, pelo mesmo
meio, o esclarecimento de fato
Art. 474-A. Durante a instru- Art. 477. O tempo destinado à por ele alegado.
ção em plenário, todas as partes acusação e à defesa será de uma § 1o Concluídos os debates, o
e demais sujeitos processuais hora e meia para cada, e de uma presidente indagará dos jurados
presentes no ato deverão res- hora para a réplica e outro tanto se estão habilitados a julgar ou
peitar a dignidade da vítima, sob para a tréplica. se necessitam de outros escla-
pena de responsabilização civil, § 1o Havendo mais de um recimentos.
penal e administrativa, caben- acusador ou mais de um defen- § 2o Se houver dúvida sobre
do ao juiz presidente garantir o sor, combinarão entre si a dis- questão de fato, o presidente
cumprimento do disposto neste tribuição do tempo, que, na falta prestará esclarecimentos à vista
artigo, vedadas: de acordo, será dividido pelo juiz dos autos.
I – a manifestação sobre cir- presidente, de forma a não exce- § 3o Os jurados, nesta fase
cunstâncias ou elementos alheios der o determinado neste artigo. do procedimento, terão acesso
aos fatos objeto de apuração nos § 2o Havendo mais de 1 (um) aos autos e aos instrumentos
autos; acusado, o tempo para a acusa- do crime se solicitarem ao juiz
II – a utilização de linguagem, ção e a defesa será acrescido de presidente.
de informações ou de material 1 (uma) hora e elevado ao dobro o
que ofendam a dignidade da ví- da réplica e da tréplica, observado Art. 481. Se a verificação de
tima ou de testemunhas. o disposto no § 1o deste artigo. qualquer fato, reconhecida como
essencial para o julgamento da
Art. 475. O registro dos depoi- Art. 478. Durante os debates as causa, não puder ser realizada
mentos e do interrogatório será partes não poderão, sob pena de imediatamente, o juiz presidente
feito pelos meios ou recursos de nulidade, fazer referências: dissolverá o Conselho, ordenan-
gravação magnética, eletrônica, I – à decisão de pronúncia, às do a realização das diligências
estenotipia ou técnica similar, decisões posteriores que julga- entendidas necessárias.
destinada a obter maior fidelidade ram admissível a acusação ou à Parágrafo único. Se a dili-
e celeridade na colheita da prova. determinação do uso de algemas gência consistir na produção de
Parágrafo único. A transcri- como argumento de autoridade prova pericial, o juiz presiden-
ção do registro, após feita a de- que beneficiem ou prejudiquem te, desde logo, nomeará perito e
gravação, constará dos autos. o acusado; formulará quesitos, facultando
II – ao silêncio do acusado às partes também formulá-los e
ou à ausência de interrogatório indicar assistentes técnicos, no
por falta de requerimento, em prazo de 5 (cinco) dias.
seu prejuízo.

494
Código de Processo Penal
Seção XIII – Do Questionário § 4o Sustentada a desclas- Art. 487. Para assegurar o si-
e Sua Votação sificação da infração para outra gilo do voto, o oficial de justiça
de competência do juiz singular, recolherá em urnas separadas
Art. 482. O Conselho de Sen- será formulado quesito a respei- as cédulas correspondentes aos
tença será questionado sobre to, para ser respondido após o 2o votos e as não utilizadas.
matéria de fato e se o acusado (segundo) ou 3o (terceiro) quesito,
deve ser absolvido. conforme o caso. Art. 488. Após a resposta, ve-
Parágrafo único. Os quesitos § 5o Sustentada a tese de rificados os votos e as cédulas
serão redigidos em proposições ocorrência do crime na sua forma não utilizadas, o presidente de-
afirmativas, simples e distintas, tentada ou havendo divergên- terminará que o escrivão regis-
de modo que cada um deles pos- cia sobre a tipificação do delito, tre no termo a votação de cada
sa ser respondido com suficiente sendo este da competência do quesito, bem como o resultado
clareza e necessária precisão. Tribunal do Júri, o juiz formulará do julgamento.
Na sua elaboração, o presidente quesito acerca destas questões, Parágrafo único. Do termo
levará em conta os termos da para ser respondido após o se- também constará a conferência
pronúncia ou das decisões pos- gundo quesito. das cédulas não utilizadas.
teriores que julgaram admissível § 6o Havendo mais de um
a acusação, do interrogatório e crime ou mais de um acusado, Art. 489. As decisões do Tri-
das alegações das partes. os quesitos serão formulados em bunal do Júri serão tomadas por
séries distintas. maioria de votos.
Art. 483. Os quesitos serão for-
mulados na seguinte ordem, in- Art. 484. A seguir, o presiden- Art. 490. Se a resposta a qual-
dagando sobre: te lerá os quesitos e indagará quer dos quesitos estiver em con-
I – a materialidade do fato; das partes se têm requerimento tradição com outra ou outras já
II – a autoria ou participação; ou reclamação a fazer, devendo dadas, o presidente, explicando
III – se o acusado deve ser qualquer deles, bem como a de- aos jurados em que consiste a
absolvido; cisão, constar da ata. contradição, submeterá nova-
IV – se existe causa de di- Parágrafo único. Ainda em mente à votação os quesitos a
minuição de pena alegada pela plenário, o juiz presidente expli- que se referirem tais respostas.
defesa; cará aos jurados o significado de Parágrafo único. Se, pela res-
V – se existe circunstância cada quesito. posta dada a um dos quesitos, o
qualificadora ou causa de au- presidente verificar que ficam
mento de pena reconhecidas na Art. 485. Não havendo dúvida a prejudicados os seguintes, as-
pronúncia ou em decisões pos- ser esclarecida, o juiz presidente, sim o declarará, dando por finda
teriores que julgaram admissível os jurados, o Ministério Público, a votação.
a acusação. o assistente, o querelante, o de-
§ 1o A resposta negativa, de fensor do acusado, o escrivão e Art. 491. Encerrada a votação,
mais de 3 (três) jurados, a qual- o oficial de justiça dirigir-se-ão será o termo a que se refere o
quer dos quesitos referidos nos à sala especial a fim de ser pro- art. 488 deste Código assinado
incisos I e II do caput deste arti- cedida a votação. pelo presidente, pelos jurados e
go encerra a votação e implica a § 1o Na falta de sala especial, pelas partes.
absolvição do acusado. o juiz presidente determinará que
§ 2o Respondidos afirmativa- o público se retire, permanecendo
mente por mais de 3 (três) jurados somente as pessoas menciona-
Seção XIV – Da Sentença
os quesitos relativos aos incisos das no caput deste artigo.
I e II do caput deste artigo será § 2o O juiz presidente adver- Art. 492. Em seguida, o presi-
formulado quesito com a seguin- tirá as partes de que não será dente proferirá sentença que:
te redação: permitida qualquer intervenção I – no caso de condenação:
O jurado absolve o acusado? que possa perturbar a livre ma- a) fixará a pena-base;
§ 3o Decidindo os jurados nifestação do Conselho e fará b) considerará as circuns-
pela condenação, o julgamento retirar da sala quem se portar tâncias agravantes ou atenuantes
prossegue, devendo ser formu- inconvenientemente. alegadas nos debates;
lados quesitos sobre: c) imporá os aumentos ou
I – causa de diminuição de Art. 486. Antes de proceder-se diminuições da pena, em aten-
pena alegada pela defesa; à votação de cada quesito, o juiz ção às causas admitidas pelo júri;
II – circunstância qualifica- presidente mandará distribuir aos d) observará as demais dis-
dora ou causa de aumento de jurados pequenas cédulas, feitas posições do art. 387 deste Código;
pena, reconhecidas na pronúncia de papel opaco e facilmente do- e) mandará o acusado re-
ou em decisões posteriores que bráveis, contendo 7 (sete) delas a colher-se ou recomendá-lo-á à
julgaram admissível a acusação. palavra sim, 7 (sete) a palavra não. prisão em que se encontra, se

495
Código de Processo Penal
presentes os requisitos da pri- trata o § 4o deste artigo, quando VIII – o pregão e a sanção
são preventiva, ou, no caso de verificado cumulativamente que imposta, no caso de não com-
condenação a uma pena igual o recurso: parecimento;
ou superior a 15 (quinze) anos de I – não tem propósito mera- IX – as testemunhas dispen-
reclusão, determinará a execu- mente protelatório; e sadas de depor;
ção provisória das penas, com II – levanta questão substan- X – o recolhimento das tes-
expedição do mandado de prisão, cial e que pode resultar em ab- temunhas a lugar de onde umas
se for o caso, sem prejuízo do solvição, anulação da sentença, não pudessem ouvir o depoimento
conhecimento de recursos que novo julgamento ou redução da das outras;
vierem a ser interpostos; pena para patamar inferior a 15 XI – a verificação das cédulas
f) estabelecerá os efeitos (quinze) anos de reclusão. pelo juiz presidente;
genéricos e específicos da con- § 6o O pedido de concessão XII – a formação do Conselho
denação; de efeito suspensivo poderá ser de Sentença, com o registro dos
II – no caso de absolvição: feito incidentemente na apela- nomes dos jurados sorteados e
a) mandará colocar em li- ção ou por meio de petição em recusas;
berdade o acusado se por outro separado dirigida diretamente XIII – o compromisso e o inter-
motivo não estiver preso; ao relator, instruída com cópias rogatório, com simples referência
b) revogará as medidas res- da sentença condenatória, das ao termo;
tritivas provisoriamente decre- razões da apelação e de prova XIV – os debates e as alega-
tadas; da tempestividade, das con- ções das partes com os respec-
c) imporá, se for o caso, a trarrazões e das demais peças tivos fundamentos;
medida de segurança cabível. necessárias à compreensão da XV – os incidentes;
§ 1o Se houver desclassifi- controvérsia. XVI – o julgamento da causa;
cação da infração para outra, XVII – a publicidade dos atos
de competência do juiz singu- Art. 493. A sentença será lida da instrução plenária, das dili-
lar, ao presidente do Tribunal do em plenário pelo presidente antes gências e da sentença.
Júri caberá proferir sentença em de encerrada a sessão de instru-
seguida, aplicando-se, quando o ção e julgamento. Art. 496. A falta da ata sujeitará
delito resultante da nova tipifica- o responsável a sanções adminis-
ção for considerado pela lei como trativa e penal.
infração penal de menor potencial
Seção XV – Da Ata dos
ofensivo, o disposto nos arts. 69 Trabalhos
e seguintes da Lei no 9.099, de 26
Seção XVI – Das Atribuições
de setembro de 1995. Art. 494. De cada sessão de do Presidente do Tribunal
§ 2o Em caso de desclassi- julgamento o escrivão lavrará do Júri
ficação, o crime conexo que não ata, assinada pelo presidente e
seja doloso contra a vida será pelas partes. Art. 497. São atribuições do juiz
julgado pelo juiz presidente do presidente do Tribunal do Júri,
Tribunal do Júri, aplicando-se, Art. 495. A ata descreverá fiel- além de outras expressamente
no que couber, o disposto no § 1o mente todas as ocorrências, men- referidas neste Código:
deste artigo. cionando obrigatoriamente: I – regular a polícia das ses-
§ 3o O presidente poderá, ex- I – a data e a hora da instala- sões e prender os desobedientes;
cepcionalmente, deixar de auto- ção dos trabalhos; II – requisitar o auxílio da for-
rizar a execução provisória das II – o magistrado que presidiu ça pública, que ficará sob sua
penas de que trata a alínea “e” a sessão e os jurados presentes; exclusiva autoridade;
do inciso I do caput deste artigo, III – os jurados que deixaram III – dirigir os debates, inter-
se houver questão substancial de comparecer, com escusa ou vindo em caso de abuso, excesso
cuja resolução pelo tribunal ao sem ela, e as sanções aplicadas; de linguagem ou mediante reque-
qual competir o julgamento possa IV – o ofício ou requerimento rimento de uma das partes;
plausivelmente levar à revisão da de isenção ou dispensa; IV – resolver as questões in-
condenação. V – o sorteio dos jurados su- cidentes que não dependam de
§ 4o A apelação interpos- plentes; pronunciamento do júri;
ta contra decisão condenatória VI – o adiamento da sessão, se V – nomear defensor ao acu-
do Tribunal do Júri a uma pena houver ocorrido, com a indicação sado, quando considerá-lo indefe-
igual ou superior a 15 (quinze) do motivo; so, podendo, neste caso, dissolver
anos de reclusão não terá efeito VII – a abertura da sessão e o Conselho e designar novo dia
suspensivo. a presença do Ministério Público, para o julgamento, com a nome-
§ 5o Excepcionalmente, po- do querelante e do assistente, ação ou a constituição de novo
derá o tribunal atribuir efeito se houver, e a do defensor do defensor;
suspensivo à apelação de que acusado; VI – mandar retirar da sala

496
Código de Processo Penal
o acusado que dificultar a re- CAPÍTULO II – DO CAPÍTULO III – DO
alização do julgamento, o qual PROCESSO E DO PROCESSO E DO
prosseguirá sem a sua presença;
VII – suspender a sessão pelo
JULGAMENTO DOS CRIMES JULGAMENTO DOS CRIMES
tempo indispensável à realização DE RESPONSABILIDADE DE CALÚNIA E INJÚRIA,
das diligências requeridas ou en- DOS FUNCIONÁRIOS DE COMPETÊNCIA DO JUIZ
tendidas necessárias, mantida a PÚBLICOS SINGULAR
incomunicabilidade dos jurados;
VIII – interromper a sessão Art. 513. Nos crimes de res- Art. 519. No processo por crime
por tempo razoável, para profe- ponsabilidade dos funcionários de calúnia ou injúria, para o qual
rir sentença e para repouso ou públicos, cujo processo e julga- não haja outra forma estabelecida
refeição dos jurados; mento competirão aos juízes de em lei especial, observar-se-á o
IX – decidir, de ofício, ouvidos direito, a queixa ou a denúncia disposto nos Capítulos I e III, Ti-
o Ministério Público e a defesa, será instruída com documentos tulo I, deste Livro, com as modi-
ou a requerimento de qualquer ou justificação que façam pre- ficações constantes dos artigos
destes, a arguição de extinção sumir a existência do delito ou seguintes.
de punibilidade; com declaração fundamentada
X – resolver as questões de da impossibilidade de apresen- Art. 520. Antes de receber a
direito suscitadas no curso do tação de qualquer dessas provas. queixa, o juiz oferecerá às partes
julgamento; oportunidade para se reconcilia-
XI – determinar, de ofício ou Art. 514. Nos crimes afiançá- rem, fazendo-as comparecer em
a requerimento das partes ou de veis, estando a denúncia ou quei- juízo e ouvindo-as, separadamen-
qualquer jurado, as diligências xa em devida forma, o juiz manda- te, sem a presença dos seus ad-
destinadas a sanar nulidade ou rá autuá-la e ordenará a notifica- vogados, não se lavrando termo.
a suprir falta que prejudique o ção do acusado, para responder
esclarecimento da verdade; por escrito, dentro do prazo de Art. 521. Se depois de ouvir o
XII – regulamentar, duran- quinze dias. querelante e o querelado, o juiz
te os debates, a intervenção de Parágrafo único. Se não for achar provável a reconciliação,
uma das partes, quando a outra conhecida a residência do acu- promoverá entendimento entre
estiver com a palavra, podendo sado, ou este se achar fora da eles, na sua presença.
conceder até 3 (três) minutos jurisdição do juiz, ser-lhe-á no-
para cada aparte requerido, que meado defensor, a quem caberá Art. 522. No caso de reconcilia-
serão acrescidos ao tempo des- apresentar a resposta preliminar. ção, depois de assinado pelo que-
ta última. relante o termo da desistência, a
Art. 515. No caso previsto no queixa será arquivada.
artigo anterior, durante o prazo
CAPÍTULO III – DO concedido para a resposta, os Art. 523. Quando for ofereci-
PROCESSO E DO autos permanecerão em cartório, da a exceção da verdade ou da
JULGAMENTO DOS CRIMES onde poderão ser examinados notoriedade do fato imputado,
DA COMPETÊNCIA DO JUIZ pelo acusado ou por seu defensor. o querelante poderá contestar
SINGULAR Parágrafo único. A resposta a exceção no prazo de dois dias,
poderá ser instruída com docu- podendo ser inquiridas as teste-
Arts. 498 a 502. (Revogados) mentos e justificações. munhas arroladas na queixa, ou
outras indicadas naquele prazo,
Art. 516. O juiz rejeitará a queixa em substituição às primeiras, ou
TÍTULO II – DOS ou denúncia, em despacho fun- para completar o máximo legal.
PROCESSOS ESPECIAIS damentado, se convencido, pela
resposta do acusado ou do seu
CAPÍTULO I – DO defensor, da inexistência do cri- CAPÍTULO IV – DO
PROCESSO E DO me ou da improcedência da ação. PROCESSO E DO
JULGAMENTO DOS CRIMES JULGAMENTO DOS CRIMES
DE FALÊNCIA Art. 517. Recebida a denúncia ou CONTRA A PROPRIEDADE
a queixa, será o acusado citado, IMATERIAL
Arts. 503 a 512. (Revogados) na forma estabelecida no Capítulo
I do Título X do Livro I. Art. 524. No processo e julga-
mento dos crimes contra a pro-
Art. 518. Na instrução criminal e priedade imaterial, observar-se-á
nos demais termos do processo, o disposto nos Capítulos I e III do
observar-se-á o disposto nos Ca- Título I deste Livro, com as modi-
pítulos I e III, Título I, deste Livro. ficações constantes dos artigos

497
Código de Processo Penal
seguintes. frações previstas nos §§ 1o, 2o e doá-los aos Estados, Municípios
3o do art. 184 do Código Penal, a e Distrito Federal, a instituições
Art. 525. No caso de haver o autoridade policial procederá à públicas de ensino e pesquisa ou
crime deixado vestígio, a queixa apreensão dos bens ilicitamen- de assistência social, bem como
ou a denúncia não será recebida te produzidos ou reproduzidos, incorporá-los, por economia ou
se não for instruída com o exame em sua totalidade, juntamente interesse público, ao patrimônio
pericial dos objetos que consti- com os equipamentos, suportes da União, que não poderão retor-
tuam o corpo de delito. e materiais que possibilitaram a ná-los aos canais de comércio.
sua existência, desde que estes
Art. 526. Sem a prova de direi- se destinem precipuamente à Art. 530-H. As associações de
to à ação, não será recebida a prática do ilícito. titulares de direitos de autor e os
queixa, nem ordenada qualquer que lhes são conexos poderão,
diligência preliminarmente re- Art. 530-C. Na ocasião da apre- em seu próprio nome, funcionar
querida pelo ofendido. ensão será lavrado termo, assina- como assistente da acusação nos
do por 2 (duas) ou mais testemu- crimes previstos no art. 184 do
Art. 527. A diligência de busca nhas, com a descrição de todos os Código Penal, quando praticado
ou de apreensão será realizada bens apreendidos e informações em detrimento de qualquer de
por dois peritos nomeados pelo sobre suas origens, o qual deverá seus associados.
juiz, que verificarão a existência integrar o inquérito policial ou o
de fundamento para a apreensão, processo. Art. 530-I. Nos crimes em que
e quer esta se realize, quer não, o caiba ação penal pública incondi-
laudo pericial será apresentado Art. 530-D. Subsequente à cionada ou condicionada, obser-
dentro de três dias após o encer- apreensão, será realizada, por var-se-ão as normas constantes
ramento da diligência. perito oficial, ou, na falta deste, dos arts. 530-B, 530-C, 530-D,
Parágrafo único. O requeren- por pessoa tecnicamente habili- 530-E, 530-F, 530-G e 530-H.
te da diligência poderá impugnar tada, perícia sobre todos os bens
o laudo contrário à apreensão, e o apreendidos e elaborado o laudo
juiz ordenará que esta se efetue, que deverá integrar o inquérito CAPÍTULO V – DO
se reconhecer a improcedência policial ou o processo. PROCESSO SUMÁRIO
das razões aduzidas pelos peritos.
Art. 530-E. Os titulares de direi- Art. 531. Na audiência de instru-
Art. 528. Encerradas as diligên- to de autor e os que lhe são co- ção e julgamento, a ser realizada
cias, os autos serão conclusos ao nexos serão os fiéis depositários no prazo máximo de 30 (trinta)
juiz para homologação do laudo. de todos os bens apreendidos, dias, proceder-se-á à tomada
devendo colocá-los à disposição de declarações do ofendido, se
Art. 529. Nos crimes de ação do juiz quando do ajuizamento possível, à inquirição das teste-
privativa do ofendido, não será da ação. munhas arroladas pela acusação
admitida queixa com fundamen- e pela defesa, nesta ordem, res-
to em apreensão e em perícia, se Art. 530-F. Ressalvada a possi- salvado o disposto no art. 222
decorrido o prazo de 30 dias, após bilidade de se preservar o corpo deste Código, bem como aos es-
a homologação do laudo. de delito, o juiz poderá determi- clarecimentos dos peritos, às
Parágrafo único. Será dada nar, a requerimento da vítima, a acareações e ao reconhecimento
vista ao Ministério Público dos destruição da produção ou re- de pessoas e coisas, interrogan-
autos de busca e apreensão re- produção apreendida quando não do-se, em seguida, o acusado e
queridas pelo ofendido, se o crime houver impugnação quanto à sua procedendo-se, finalmente, ao
for de ação pública e não tiver ilicitude ou quando a ação penal debate.
sido oferecida queixa no prazo não puder ser iniciada por falta
fixado neste artigo. de determinação de quem seja o Art. 532. Na instrução, poderão
autor do ilícito. ser inquiridas até 5 (cinco) teste-
Art. 530. Se ocorrer prisão em munhas arroladas pela acusação
flagrante e o réu não for posto em Art. 530-G. O juiz, ao prolatar e 5 (cinco) pela defesa.
liberdade, o prazo a que se refere a sentença condenatória, pode-
o artigo anterior será de oito dias. rá determinar a destruição dos Art. 533. Aplica-se ao procedi-
bens ilicitamente produzidos ou mento sumário o disposto nos pa-
Art. 530-A. O disposto nos reproduzidos e o perdimento dos rágrafos do art. 400 deste Código.
arts. 524 a 530 será aplicável equipamentos apreendidos, des- § 1o (Revogado)
aos crimes em que se proceda de que precipuamente destina- § 2o (Revogado)
mediante queixa. dos à produção e reprodução dos § 3o (Revogado)
bens, em favor da Fazenda Na- § 4o (Revogado)
Art. 530-B. Nos casos das in- cional, que deverá destruí-los ou

498
Código de Processo Penal
Art. 534. As alegações finais destruídos, em primeira ou se- por meio de testemunhas;
serão orais, concedendo-se a gunda instância, serão restau- IV – poderão também ser in-
palavra, respectivamente, à acu- rados. quiridas sobre os atos do proces-
sação e à defesa, pelo prazo de 20 § 1o Se existir e for exibida so, que deverá ser restaurado, as
(vinte) minutos, prorrogáveis por cópia autêntica ou certidão do autoridades, os serventuários,
mais 10 (dez), proferindo o juiz, a processo, será uma ou outra con- os peritos e mais pessoas que
seguir, sentença. siderada como original. tenham nele funcionado;
§ 1o Havendo mais de um § 2o Na falta de cópia au- V – o Ministério Público e as
acusado, o tempo previsto para a têntica ou certidão do proces- partes poderão oferecer teste-
defesa de cada um será individual. so, o juiz mandará, de ofício, ou munhas e produzir documentos,
§ 2o Ao assistente do Ministé- a requerimento de qualquer das para provar o teor do processo
rio Público, após a manifestação partes, que: extraviado ou destruído.
deste, serão concedidos 10 (dez) a) o escrivão certifique o
minutos, prorrogando-se por igual estado do processo, segundo a Art. 544. Realizadas as diligên-
período o tempo de manifestação sua lembrança, e reproduza o cias que, salvo motivo de força
da defesa. que houver a respeito em seus maior, deverão concluir-se den-
protocolos e registros; tro de vinte dias, serão os autos
Art. 535. Nenhum ato será adia- b) sejam requisitadas cópias conclusos para julgamento.
do, salvo quando imprescindível do que constar a respeito no Ins- Parágrafo único. No curso do
a prova faltante, determinando tituto Médico-Legal, no Instituto processo, e depois de subirem os
o juiz a condução coercitiva de de Identificação e Estatística ou autos conclusos para sentença,
quem deva comparecer. em estabelecimentos congêne- o juiz poderá, dentro em cinco
§ 1o (Revogado) res, repartições públicas, peni- dias, requisitar de autoridades
§ 2o (Revogado) tenciárias ou cadeias; ou de repartições todos os escla-
c) as partes sejam citadas recimentos para a restauração.
Art. 536. A testemunha que pessoalmente, ou, se não forem
comparecer será inquirida, in- encontradas, por edital, com o Art. 545. Os selos e as taxas
dependentemente da suspensão prazo de dez dias, para o processo judiciárias, já pagos nos autos
da audiência, observada em qual- de restauração dos autos. originais, não serão novamente
quer caso a ordem estabelecida § 3o Proceder-se-á à restau- cobrados.
no art. 531 deste Código. ração na primeira instância, ainda
que os autos se tenham extravia- Art. 546. Os causadores de ex-
Art. 537. (Revogado) do na segunda. travio de autos responderão pelas
custas, em dobro, sem prejuízo da
Art. 538. Nas infrações penais Art. 542. No dia designado, as responsabilidade criminal.
de menor potencial ofensivo, partes serão ouvidas, mencionan-
quando o juizado especial cri- do-se em termo circunstanciado Art. 547. Julgada a restauração,
minal encaminhar ao juízo co- os pontos em que estiverem acor- os autos respectivos valerão pe-
mum as peças existentes para a des e a exibição e a conferência los originais.
adoção de outro procedimento, das certidões e mais reprodu- Parágrafo único. Se no curso
observar-se-á o procedimento ções do processo apresentadas da restauração aparecerem os
sumário previsto neste Capítulo. e conferidas. autos originais, nestes continu-
§ 1o (Revogado) ará o processo, apensos a eles os
§ 2o (Revogado) Art. 543. O juiz determinará as autos da restauração.
§ 3o (Revogado) diligências necessárias para a
§ 4o (Revogado) restauração, observando-se o Art. 548. Até à decisão que jul-
seguinte: gue restaurados os autos, a sen-
Art. 539. (Revogado) I – caso ainda não tenha sido tença condenatória em execução
proferida a sentença, reinquirir- continuará a produzir efeito, des-
Art. 540. (Revogado) -se-ão as testemunhas, podendo de que conste da respectiva guia
ser substituídas as que tiverem arquivada na cadeia ou na peni-
falecido ou se encontrarem em tenciária, onde o réu estiver cum-
CAPÍTULO VI – DO lugar não sabido; prindo a pena, ou de registro que
PROCESSO DE II – os exames periciais, quan- torne a sua existência inequívoca.
RESTAURAÇÃO DE do possível, serão repetidos, e
AUTOS EXTRAVIADOS OU de preferência pelos mesmos
DESTRUÍDOS peritos;
III – a prova documental será
Art. 541. Os autos originais de reproduzida por meio de cópia
processo penal extraviados ou autêntica ou, quando impossível,

499
Código de Processo Penal
CAPÍTULO VII – DO Parágrafo único. Se o juiz não a) a denúncia ou a queixa e
PROCESSO DE APLICAÇÃO se julgar habilitado a proferir a a representação e, nos proces-
decisão, designará, desde logo, sos de contravenções penais, a
DE MEDIDA DE SEGURANÇA outra audiência, que se realizará portaria ou o auto de prisão em
POR FATO NÃO CRIMINOSO dentro de cinco dias, para publi- flagrante;
car a sentença. b) o exame do corpo de delito
Art. 549. Se a autoridade poli- nos crimes que deixam vestígios,
cial tiver conhecimento de fato Art. 555. Quando, instaurado ressalvado o disposto no art. 167;
que, embora não constituindo processo por infração penal, o c) a nomeação de defensor
infração penal, possa determinar juiz, absolvendo ou impronuncian- ao réu presente, que o não tiver,
a aplicação de medida de segu- do o réu, reconhecer a existência ou ao ausente, e de curador ao
rança (Código Penal, arts. 14 e 27), de qualquer dos fatos previstos menor de 21 anos;
deverá proceder a inquérito, a fim no art. 14 ou no art. 27 do Código d) a intervenção do Ministé-
de apurá-lo e averiguar todos os Penal, aplicar-lhe-á, se for caso, rio Público em todos os termos
elementos que possam interessar medida de segurança.13 da ação por ele intentada e nos
à verificação da periculosidade da intentada pela parte ofendi-
do agente.12 da, quando se tratar de crime de
TÍTULO III – DOS ação pública;
Art. 550. O processo será pro- PROCESSOS DE e) a citação do réu para ver-
movido pelo Ministério Público, COMPETÊNCIA DO -se processar, o seu interrogató-
mediante requerimento que con- SUPREMO TRIBUNAL rio, quando presente, e os pra-
terá a exposição sucinta do fato, FEDERAL E DOS TRIBUNAIS zos concedidos à acusação e à
as suas circunstâncias e todos defesa;
os elementos em que se fundar DE APELAÇÃO f) a sentença de pronúncia,
o pedido. CAPÍTULO I – DA o libelo e a entrega da respectiva
cópia, com o rol de testemunhas,
Art. 551. O juiz, ao deferir o re- INSTRUÇÃO nos processos perante o Tribunal
querimento, ordenará a intimação do Júri;
do interessado para comparecer Arts. 556 a 560. (Revogados) g) a intimação do réu para a
em juízo, a fim de ser interrogado. sessão de julgamento, pelo Tri-
bunal do Júri, quando a lei não
Art. 552. Após o interrogatório CAPÍTULO II – DO permitir o julgamento à revelia;
ou dentro do prazo de dois dias, JULGAMENTO h) a intimação das testemu-
o interessado ou seu defensor nhas arroladas no libelo e na con-
poderá oferecer alegações. Art. 561. (Revogado) trariedade, nos termos estabele-
Parágrafo único. O juiz no- cidos pela lei;
meará defensor ao interessado Art. 562. (Revogado) i) a presença pelo menos de
que não o tiver. 15 jurados para a constituição
do júri;
Art. 553. O Ministério Público, ao LIVRO III – DAS NULIDADES j) o sorteio dos jurados do
fazer o requerimento inicial, e a E DOS RECURSOS EM conselho de sentença em número
defesa, no prazo estabelecido no GERAL legal e sua incomunicabilidade;
artigo anterior, poderão requerer k) os quesitos e as respec-
exames, diligências e arrolar até TÍTULO I – DAS NULIDADES tivas respostas;
três testemunhas. l) a acusação e a defesa, na
Art. 563. Nenhum ato será de- sessão de julgamento;
Art. 554. Após o prazo de defesa clarado nulo, se da nulidade não m) a sentença;
ou a realização dos exames e di- resultar prejuízo para a acusação n) o recurso de oficio, nos
ligências ordenados pelo juiz, de ou para a defesa. casos em que a lei o tenha es-
ofício ou a requerimento das par- tabelecido;
tes, será marcada audiência, em Art. 564. A nulidade ocorrerá o) a intimação, nas condi-
que, inquiridas as testemunhas e nos seguintes casos: ções estabelecidas pela lei, para
produzidas alegações orais pelo I – por incompetência, sus- ciência de sentenças e despachos
órgão do Ministério Público e pelo peição ou suborno do juiz; de que caiba recurso;
defensor, dentro de dez minutos II – por ilegitimidade de parte; p) no Supremo Tribunal Fe-
para cada um, o juiz proferirá III – por falta das fórmulas ou deral e nos Tribunais de Apelação,
sentença. dos termos seguintes: o quorum legal para o julgamento;
IV – por omissão de forma-
12
NE: os dispositivos mencionados são os 13
NE: os dispositivos mencionados são os lidade que constitua elemento
do texto original do Código Penal. do texto original do Código Penal. essencial do ato;

500
Código de Processo Penal
V – em decorrência de deci- do juiz singular e dos processos TÍTULO II – DOS RECURSOS
são carente de fundamentação. especiais, salvo os dos Capítulos EM GERAL
Parágrafo único. Ocorrerá V e VII do Título II do Livro II, nos
ainda a nulidade, por deficiência prazos a que se refere o art. 500; CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
dos quesitos ou das suas respos- III – as do processo sumário, GERAIS
tas, e contradição entre estas. no prazo a que se refere o art. 537,
ou, se verificadas depois desse Art. 574. Os recursos serão
Art. 565. Nenhuma das partes prazo, logo depois de aberta a voluntários, excetuando-se os
poderá arguir nulidade a que haja audiência e apregoadas as partes; seguintes casos, em que deve-
dado causa, ou para que tenha IV – as do processo regula- rão ser interpostos, de ofício,
concorrido, ou referente a for- do no Capítulo VII do Título II do pelo juiz:
malidade cuja observância só à Livro II, logo depois de aberta a I – da sentença que conceder
parte contrária interesse. audiência; habeas corpus;
V – as ocorridas posterior- II – da que absolver desde
Art. 566. Não será declarada a mente à pronúncia, logo depois de logo o réu com fundamento na
nulidade de ato processual que anunciado o julgamento e apre- existência de circunstância que
não houver influído na apuração goadas as partes (art. 447); exclua o crime ou isente o réu
da verdade substancial ou na de- VI – as de instrução criminal de pena, nos termos do art. 411.
cisão da causa. dos processos de competência
do Supremo Tribunal Federal e Art. 575. Não serão prejudica-
Art. 567. A incompetência do dos Tribunais de Apelação, nos dos os recursos que, por erro,
juízo anula somente os atos de- prazos a que se refere o art. 500; falta ou omissão dos funcioná-
cisórios, devendo o processo, VII – se verificadas após a de- rios, não tiverem seguimento ou
quando for declarada a nulidade, cisão da primeira instância, nas não forem apresentados dentro
ser remetido ao juiz competente. razões de recurso ou logo depois do prazo.
de anunciado o julgamento do
Art. 568. A nulidade por ilegi- recurso e apregoadas as partes; Art. 576. O Ministério Público
timidade do representante da VIII – as do julgamento em não poderá desistir de recurso
parte poderá ser a todo tempo plenário, em audiência ou em que haja interposto.
sanada, mediante ratificação dos sessão do tribunal, logo depois
atos processuais. de ocorrerem. Art. 577. O recurso poderá ser
interposto pelo Ministério Público,
Art. 569. As omissões da de- Art. 572. As nulidades previstas ou pelo querelante, ou pelo réu,
núncia ou da queixa, da repre- no art. 564, III, “d” e “e”, segunda seu procurador ou seu defensor.
sentação, ou, nos processos das parte, “g” e “h”, e IV, considerar- Parágrafo único. Não se ad-
contravenções penais, da portaria -se-ão sanadas: mitirá, entretanto, recurso da par-
ou do auto de prisão em flagran- I – se não forem arguidas, em te que não tiver interesse na re-
te, poderão ser supridas a todo o tempo oportuno, de acordo com o forma ou modificação da decisão.
tempo, antes da sentença final. disposto no artigo anterior;
II – se, praticado por outra for- Art. 578. O recurso será inter-
Art. 570. A falta ou a nulidade ma, o ato tiver atingido o seu fim; posto por petição ou por termo
da citação, da intimação ou noti- III – se a parte, ainda que ta- nos autos, assinado pelo recor-
ficação estará sanada, desde que citamente, tiver aceito os seus rente ou por seu representante.
o interessado compareça, antes efeitos. § 1o Não sabendo ou não po-
de o ato consumar-se, embora dendo o réu assinar o nome, o
declare que o faz para o único fim Art. 573. Os atos, cuja nulidade termo será assinado por alguém,
de argui-la. O juiz ordenará, toda- não tiver sido sanada, na forma a seu rogo, na presença de duas
via, a suspensão ou o adiamento dos artigos anteriores, serão re- testemunhas.
do ato, quando reconhecer que a novados ou retificados. § 2o A petição de interposi-
irregularidade poderá prejudicar § 1o A nulidade de um ato, ção de recurso, com o despacho
direito da parte. uma vez declarada, causará a dos do juiz, será, até o dia seguinte
atos que dele diretamente de- ao último do prazo, entregue ao
Art. 571. As nulidades deverão pendam ou sejam consequência. escrivão, que certificará no ter-
ser arguidas: § 2o O juiz que pronunciar a mo da juntada a data da entrega.
I – as da instrução criminal nulidade declarará os atos a que § 3o Interposto por termo o
dos processos da competência ela se estende. recurso, o escrivão, sob pena de
do júri, nos prazos a que se re- suspensão por dez a trinta dias,
fere o art. 406; fará conclusos os autos ao juiz,
II – as da instrução criminal até o dia seguinte ao último do
dos processos de competência prazo.

501
Código de Processo Penal
Art. 579. Salvo a hipótese de da instrução criminal, no todo ou Art. 584. Os recursos terão efei-
má-fé, a parte não será preju- em parte; to suspensivo nos casos de perda
dicada pela interposição de um XIV – que incluir jurado na lis- da fiança, de concessão de livra-
recurso por outro. ta geral ou desta o excluir; mento condicional e dos nos XV,
Parágrafo único. Se o juiz, XV – que denegar a apelação XVII e XXIV do art. 581.
desde logo, reconhecer a impro- ou a julgar deserta; § 1o Ao recurso interposto de
priedade do recurso interposto XVI – que ordenar a suspen- sentença de impronúncia ou no
pela parte, mandará processá-lo são do processo, em virtude de caso do no VIII do art. 581, apli-
de acordo com o rito do recurso questão prejudicial; car-se-á o disposto nos arts. 596
cabível. XVII – que decidir sobre a uni- e 598.
ficação de penas; § 2o O recurso da pronún-
Art. 580. No caso de concurso XVIII – que decidir o incidente cia suspenderá tão somente o
de agentes (Código Penal, art. 25), de falsidade; julgamento.
a decisão do recurso interposto XIX – que decretar medida de § 3o O recurso do despacho
por um dos réus, se fundado em segurança, depois de transitar a que julgar quebrada a fiança sus-
motivos que não sejam de caráter sentença em julgado; penderá unicamente o efeito de
exclusivamente pessoal, aprovei- XX – que impuser medida de perda da metade do seu valor.
tará aos outros.14 segurança por transgressão de
outra; Art. 585. O réu não poderá re-
XXI – que mantiver ou substi- correr da pronúncia senão depois
CAPÍTULO II – DO RECURSO tuir a medida de segurança, nos de preso, salvo se prestar fiança,
EM SENTIDO ESTRITO casos do art. 774; nos casos em que a lei a admitir.
XXII – que revogar a medida
Art. 581. Caberá recurso, no sen- de segurança; Art. 586. O recurso voluntário
tido estrito, da decisão, despacho XXIII – que deixar de revogar a poderá ser interposto no prazo
ou sentença: medida de segurança, nos casos de cinco dias.
I – que não receber a denún- em que a lei admita a revogação; Parágrafo único. No caso do
cia ou a queixa; XXIV – que converter a mul- art. 581, XIV, o prazo será de vinte
II – que concluir pela incom- ta em detenção ou em prisão dias, contado da data da publica-
petência do juízo; simples; ção definitiva da lista de jurados.
III – que julgar procedentes as XXV – que recusar homolo-
exceções, salvo a de suspeição; gação à proposta de acordo de Art. 587. Quando o recurso hou-
IV – que pronunciar o réu; não persecução penal, previsto ver de subir por instrumento, a
V – que conceder, negar, ar- no art. 28-A desta Lei. parte indicará, no respectivo ter-
bitrar, cassar ou julgar inidônea mo, ou em requerimento avulso,
a fiança, indeferir requerimento Art. 582. Os recursos serão as peças dos autos de que pre-
de prisão preventiva ou revogá- sempre para o Tribunal de Ape- tenda traslado.
-la, conceder liberdade provisória lação, salvo nos casos dos nos V, Parágrafo único. O traslado
ou relaxar a prisão em flagrante; X e XIV. será extraído, conferido e con-
VI – (Revogado); Parágrafo único. O recurso, certado no prazo de cinco dias,
VII – que julgar quebrada a no caso do no XIV, será para o pre- e dele constarão sempre a deci-
fiança ou perdido o seu valor; sidente do Tribunal de Apelação. são recorrida, a certidão de sua
VIII – que decretar a prescri- intimação, se por outra forma não
ção ou julgar, por outro modo, Art. 583. Subirão nos próprios for possível verificar-se a oportu-
extinta a punibilidade; autos os recursos: nidade do recurso, e o termo de
IX – que indeferir o pedido de I – quando interpostos de interposição.
reconhecimento da prescrição ofício;
ou de outra causa extintiva da II – nos casos do art. 581, nos I, Art. 588. Dentro de dois dias,
punibilidade; III, IV, VI, VIII e X; contados da interposição do re-
X – que conceder ou negar a III – quando o recurso não curso, ou do dia em que o escri-
ordem de habeas corpus; prejudicar o andamento do pro- vão, extraído o traslado, o fizer
XI – que conceder, negar ou cesso. com vista ao recorrente, este
revogar a suspensão condicional Parágrafo único. O recurso oferecerá as razões e, em segui-
da pena; da pronúncia subirá em traslado, da, será aberta vista ao recorrido
XII – que conceder, negar ou quando, havendo dois ou mais por igual prazo.
revogar livramento condicional; réus, qualquer deles se confor- Parágrafo único. Se o recor-
XIII – que anular o processo mar com a decisão ou todos não rido for o réu, será intimado do
tiverem sido ainda intimados da prazo na pessoa do defensor.
14
NE: o dispositivo mencionado é o do texto pronúncia.
original do Código Penal. Art. 589. Com a resposta do re-

502
Código de Processo Penal
corrido ou sem ela, será o recurso § 1o Se a sentença do Juiz Parágrafo único. O prazo para
concluso ao juiz, que, dentro de Presidente for contrária à lei ex- interposição desse recurso será
dois dias, reformará ou sustentará pressa ou divergir das respos- de quinze dias e correrá do dia
o seu despacho, mandando ins- tas dos jurados aos quesitos, o em que terminar o do Ministério
truir o recurso com os traslados Tribunal ad quem fará a devida Público.
que lhe parecerem necessários. retificação.
Parágrafo único. Se o juiz § 2o Interposta a apelação Art. 599. As apelações poderão
reformar o despacho recorrido, com fundamento no no III, “c”, ser interpostas quer em relação
a parte contrária, por simples deste artigo, o Tribunal ad quem, a todo o julgado, quer em relação
petição, poderá recorrer da nova se lhe der provimento, retificará a a parte dele.
decisão, se couber recurso, não aplicação da pena ou da medida
sendo mais lícito ao juiz modifi- de segurança. Art. 600. Assinado o termo de
cá-la. Neste caso, independen- § 3o Se a apelação se fundar apelação, o apelante e, depois
temente de novos arrazoados, no no III, “d”, deste artigo, e o Tri- dele, o apelado terão o prazo de
subirá o recurso nos próprios bunal ad quem se convencer de oito dias cada um para oferecer
autos ou em traslado. que a decisão dos jurados é mani- razões, salvo nos processos de
festamente contrária à prova dos contravenção, em que o prazo
Art. 590. Quando for impossível autos, dar-lhe-á provimento para será de três dias.
ao escrivão extrair o traslado no sujeitar o réu a novo julgamento; § 1o Se houver assistente,
prazo da lei, poderá o juiz pror- não se admite, porém, pelo mes- este arrazoará, no prazo de três
rogá-lo até o dobro. mo motivo, segunda apelação. dias, após o Ministério Público.
§ 4o Quando cabível a ape- § 2o Se a ação penal for mo-
Art. 591. Os recursos serão apre- lação, não poderá ser usado o vida pela parte ofendida, o Minis-
sentados ao juiz ou tribunal ad recurso em sentido estrito, ainda tério Público terá vista dos autos,
quem, dentro de cinco dias da que somente de parte da decisão no prazo do parágrafo anterior.
publicação da resposta do juiz se recorra. § 3o Quando forem dois ou
a quo, ou entregues ao Correio mais os apelantes ou apelados,
dentro do mesmo prazo. Art. 594. (Revogado) os prazos serão comuns.
§ 4o Se o apelante declarar,
Art. 592. Publicada a decisão Art. 595. (Revogado) na petição ou no termo, ao inter-
do juiz ou do tribunal ad quem, por a apelação, que deseja arra-
deverão os autos ser devolvidos, Art. 596. A apelação da senten- zoar na Superior Instância serão
dentro de cinco dias, ao juiz a quo. ça absolutória não impedirá que os autos remetidos ao Tribunal
o réu seja posto imediatamente ad quem onde será aberta vista
em liberdade. às partes, observados os prazos
CAPÍTULO III – DA Parágrafo único. A apelação legais, notificadas as partes pela
APELAÇÃO não suspenderá a execução da publicação oficial.
medida de segurança aplicada
Art. 593. Caberá apelação no provisoriamente. Art. 601. Findos os prazos para
prazo de cinco dias: razões, os autos serão remeti-
I – das sentenças definitivas Art. 597. A apelação de sen- dos à instância superior, com
de condenação ou absolvição tença condenatória terá efeito as razões ou sem elas, no prazo
proferidas por Juiz singular; suspensivo, salvo o disposto no de cinco dias, salvo no caso do
II – das decisões definitivas, art. 393, a aplicação provisória art. 603, segunda parte, em que
ou com força de definitivas, profe- de interdições de direitos e de o prazo será de trinta dias.
ridas por Juiz singular, nos casos medidas de segurança (arts. 374 § 1o Se houver mais de um
não previstos no Capítulo anterior; e 378), e o caso de suspensão réu, e não houverem todos sido
III – das decisões do Tribunal condicional de pena. julgados, ou não tiverem todos
do Júri, quando: apelado, caberá ao apelante pro-
a) ocorrer nulidade posterior Art. 598. Nos crimes de com- mover extração do traslado dos
à pronúncia; petência do Tribunal do Júri, ou autos, o qual deverá ser remetido
b) for a sentença do Juiz Pre- do juiz singular, se da sentença à instância superior no prazo de
sidente contrária à lei expressa ou não for interposta apelação pelo trinta dias, contado da data da
à decisão dos jurados; Ministério Público no prazo legal, entrega das últimas razões de
c) houver erro ou injustiça no o ofendido ou qualquer das pes- apelação, ou do vencimento do
tocante à aplicação da pena ou da soas enumeradas no art. 31, ainda prazo para a apresentação das
medida de segurança; que não se tenha habilitado como do apelado.
d) for a decisão dos jurados assistente, poderá interpor ape- § 2o As despesas do traslado
manifestamente contrária à prova lação, que não terá, porém, efeito correrão por conta de quem o so-
dos autos. suspensivo. licitar, salvo se o pedido for de réu

503
Código de Processo Penal
pobre ou do Ministério Público. de detenção, os autos irão ime- sessão seguinte à do julgamento,
diatamente com vista ao procu- ou no prazo de duas sessões, pelo
Art. 602. Os autos serão, den- rador-geral pelo prazo de cinco juiz incumbido de lavrá-lo.
tro dos prazos do artigo ante- dias, e, em seguida, passarão,
rior, apresentados ao tribunal ad por igual prazo, ao relator, que Art. 616. No julgamento das ape-
quem ou entregues ao Correio, pedirá designação de dia para o lações poderá o tribunal, câmara
sob registro. julgamento. ou turma proceder a novo inter-
Parágrafo único. Anunciado rogatório do acusado, reinquirir
Art. 603. A apelação subirá nos o julgamento pelo presidente, testemunhas ou determinar ou-
autos originais e, a não ser no Dis- e apregoadas as partes, com a tras diligências.
trito Federal e nas comarcas que presença destas ou à sua reve-
forem sede de Tribunal de Apela- lia, o relator fará a exposição do Art. 617. O tribunal, câmara ou
ção, ficará em cartório traslado feito e, em seguida, o presiden- turma atenderá nas suas deci-
dos termos essenciais do pro- te concederá, pelo prazo de dez sões ao disposto nos arts. 383,
cesso referidos no art. 564, no III. minutos, a palavra aos advogados 386 e 387, no que for aplicável,
ou às partes que a solicitarem e não podendo, porém, ser agra-
Arts. 604 a 606. (Revogados) ao procurador-geral, quando o vada a pena, quando somente o
requerer, por igual prazo. réu houver apelado da sentença.
CAPÍTULO IV – DO Art. 611. (Revogado) Art. 618. Os regimentos dos Tri-
PROTESTO POR NOVO JÚRI bunais de Apelação estabelecerão
Art. 612. Os recursos de habeas as normas complementares para
Art. 607. (Revogado) corpus, designado o relator, se- o processo e julgamento dos re-
rão julgados na primeira sessão. cursos e apelações.
Art. 608. (Revogado)
Art. 613. As apelações interpos-
tas das sentenças proferidas em CAPÍTULO VI – DOS
CAPÍTULO V – DO processos por crime a que a lei EMBARGOS
PROCESSO E DO comine pena de reclusão, deverão
JULGAMENTO DOS ser processadas e julgadas pela Art. 619. Aos acórdãos proferi-
RECURSOS EM forma estabelecida no art. 610, dos pelos Tribunais de Apelação,
SENTIDO ESTRITO E com as seguintes modificações: câmaras ou turmas, poderão ser
I – exarado o relatório nos opostos embargos de declaração,
DAS APELAÇÕES, NOS autos, passarão estes ao revisor, no prazo de dois dias contados da
TRIBUNAIS DE APELAÇÃO que terá igual prazo para o exame sua publicação, quando houver na
do processo, e pedirá designação sentença ambiguidade, obscuri-
Art. 609. Os recursos, apelações de dia para o julgamento; dade, contradição ou omissão.
e embargos serão julgados pelos II – os prazos serão ampliados
Tribunais de Justiça, Câmaras ou ao dobro; Art. 620. Os embargos de de-
Turmas criminais, de acordo com III – o tempo para os debates claração serão deduzidos em
a competência estabelecida nas será de um quarto de hora. requerimento de que constem
leis de organização judiciária. os pontos em que o acórdão é
Parágrafo único. Quando não Art. 614. No caso de impossibili- ambíguo, obscuro, contraditório
for unânime a decisão de segunda dade de observância de qualquer ou omisso.
instância, desfavorável ao réu, ad- dos prazos marcados nos arts. 610 § 1o O requerimento será
mitem-se embargos infringentes e 613, os motivos da demora serão apresentado pelo relator e jul-
e de nulidade, que poderão ser declarados nos autos. gado, independentemente de re-
opostos dentro de 10 (dez) dias, a visão, na primeira sessão.
contar da publicação de acórdão, Art. 615. O tribunal decidirá por § 2o Se não preenchidas as
na forma do art. 613. Se o desa- maioria de votos. condições enumeradas neste ar-
cordo for parcial, os embargos § 1o Havendo empate de vo- tigo, o relator indeferirá desde
serão restritos à matéria objeto tos no julgamento de recursos, se logo o requerimento.
de divergência. o presidente do tribunal, câmara
ou turma, não tiver tomado parte
Art. 610. Nos recursos em sen- na votação, proferirá o voto de CAPÍTULO VII – DA
tido estrito, com exceção do de desempate; no caso contrário, REVISÃO
habeas corpus, e nas apelações prevalecerá a decisão mais fa-
interpostas das sentenças em vorável ao réu. Art. 621. A revisão dos proces-
processo de contravenção ou § 2o O acórdão será apresen- sos findos será admitida:
de crime a que a lei comine pena tado à conferência na primeira I – quando a sentença con-

504
Código de Processo Penal
denatória for contrária ao texto distribuído a um relator e a um estabelecerão as normas comple-
expresso da lei penal ou à evidên- revisor, devendo funcionar como mentares para o processo e jul-
cia dos autos; relator um desembargador que gamento das revisões criminais.
II – quando a sentença con- não tenha pronunciado decisão
denatória se fundar em depoi- em qualquer fase do processo. Art. 629. À vista da certidão do
mentos, exames ou documentos § 1o O requerimento será ins- acórdão que cassar a senten-
comprovadamente falsos; truído com a certidão de haver ça condenatória, o juiz mandará
III – quando, após a senten- passado em julgado a sentença juntá-la imediatamente aos au-
ça, se descobrirem novas provas condenatória e com as peças tos, para inteiro cumprimento
de inocência do condenado ou necessárias à comprovação dos da decisão.
de circunstância que determine fatos arguidos.
ou autorize diminuição especial § 2o O relator poderá deter- Art. 630. O tribunal, se o inte-
da pena. minar que se apensem os autos ressado o requerer, poderá reco-
originais, se daí não advier difi- nhecer o direito a uma justa inde-
Art. 622. A revisão poderá ser culdade à execução normal da nização pelos prejuízos sofridos.
requerida em qualquer tempo, an- sentença. § 1o Por essa indenização,
tes da extinção da pena ou após. § 3o Se o relator julgar insu- que será liquidada no juízo cível,
Parágrafo único. Não será ficientemente instruído o pedido responderá a União, se a conde-
admissível a reiteração do pedi- e inconveniente ao interesse da nação tiver sido proferida pela
do, salvo se fundado em novas justiça que se apensem os autos justiça do Distrito Federal ou de
provas. originais, indeferi-lo-á in limine, Território, ou o Estado, se o tiver
dando recurso para as câmaras sido pela respectiva justiça.
Art. 623. A revisão poderá ser reunidas ou para o tribunal, con- § 2o A indenização não será
pedida pelo próprio réu ou por forme o caso (art. 624, parágrafo devida:
procurador legalmente habilitado único). a) se o erro ou a injustiça da
ou, no caso de morte do réu, pelo § 4o Interposto o recurso por condenação proceder de ato ou
cônjuge, ascendente, descenden- petição e independentemente falta imputável ao próprio impe-
te ou irmão. de termo, o relator apresentará trante, como a confissão ou a
o processo em mesa para o jul- ocultação de prova em seu poder;
Art. 624. As revisões criminais gamento e o relatará, sem tomar b) se a acusação houver sido
serão processadas e julgadas: parte na discussão. meramente privada.
I – pelo Supremo Tribunal Fe- § 5o Se o requerimento não
deral, quanto às condenações por for indeferido in limine, abrir-se-á Art. 631. Quando, no curso da
ele proferidas; vista dos autos ao procurador-ge- revisão, falecer a pessoa, cuja
II – pelo Tribunal Federal de ral, que dará parecer no prazo de condenação tiver de ser revista,
Recursos, Tribunais de Justiça dez dias. Em seguida, examinados o presidente do tribunal nomeará
ou de Alçada, nos demais casos. os autos, sucessivamente, em curador para a defesa.
§ 1o No Supremo Tribunal Fe- igual prazo, pelo relator e revisor,
deral e no Tribunal Federal de Re- julgar-se-á o pedido na sessão
cursos o processo e julgamento que o presidente designar. CAPÍTULO VIII
obedecerão ao que for estabe- – DO RECURSO
lecido no respectivo Regimento Art. 626. Julgando procedente EXTRAORDINÁRIO
Interno. a revisão, o tribunal poderá alte-
§ 2o Nos Tribunais de Jus- rar a classificação da infração, Arts. 632 a 636. (Revogados)
tiça ou de Alçada, o julgamento absolver o réu, modificar a pena
será efetuado pelas Câmaras ou ou anular o processo. Art. 637. O recurso extraordi-
Turmas Criminais, reunidas em Parágrafo único. De qualquer nário não tem efeito suspensi-
sessão conjunta, quando houver maneira, não poderá ser agrava- vo, e uma vez arrazoados pelo
mais de uma, e, no caso contrário, da a pena imposta pela decisão recorrido os autos do traslado,
pelo Tribunal pleno. revista. os originais baixarão à primeira
§ 3o Nos Tribunais onde hou- instância, para a execução da
ver quatro ou mais Câmaras ou Art. 627. A absolvição implicará sentença.
Turmas Criminais, poderão ser o restabelecimento de todos os
constituídos dois ou mais Grupos direitos perdidos em virtude da Art. 638. O recurso extraordi-
de Câmaras ou Turmas para o jul- condenação, devendo o tribunal, nário e o recurso especial serão
gamento de revisão, obedecido o se for caso, impor a medida de processados e julgados no Supre-
que for estabelecido no respec- segurança cabível. mo Tribunal Federal e no Supe-
tivo Regimento Interno. rior Tribunal de Justiça na forma
Art. 628. Os regimentos inter- estabelecida por leis especiais,
Art. 625. O requerimento será nos dos Tribunais de Apelação pela lei processual civil e pelos

505
Código de Processo Penal
respectivos regimentos internos. Art. 644. O tribunal, câmara ou II – aos Tribunais de Apelação,
turma a que competir o julga- sempre que os atos de violên-
mento da carta, se desta tomar cia ou coação forem atribuídos a
CAPÍTULO IX – DA CARTA conhecimento, mandará proces- governadores, ou interventores,
TESTEMUNHÁVEL sar o recurso, ou, se estiver su- dos Estados ou Territórios e ao
ficientemente instruída, decidirá prefeito do Distrito Federal, ou a
Art. 639. Dar-se-á carta teste- logo, de meritis. seus secretários, ou aos chefes
munhável: de Polícia.
I – da decisão que denegar Art. 645. O processo da car- § 1o A competência do juiz
o recurso; ta testemunhável na instância cessará sempre que a violência
II – da que, admitindo embo- superior seguirá o processo do ou coação provier de autoridade
ra o recurso, obstar à sua expe- recurso denegado. judiciária de igual ou superior
dição e seguimento para o juízo jurisdição.
ad quem. Art. 646. A carta testemunhável § 2o Não cabe o habeas cor-
não terá efeito suspensivo. pus contra a prisão administra-
Art. 640. A carta testemunhável tiva, atual ou iminente, dos res-
será requerida ao escrivão, ou ao ponsáveis por dinheiro ou valor
secretário do tribunal, conforme CAPÍTULO X – DO HABEAS pertencente à Fazenda Pública,
o caso, nas quarenta e oito ho- CORPUS E SEU PROCESSO alcançados ou omissos em fa-
ras seguintes ao despacho que zer o seu recolhimento nos pra-
denegar o recurso, indicando o Art. 647. Dar-se-á habeas cor- zos legais, salvo se o pedido for
requerente as peças do proces- pus sempre que alguém sofrer ou acompanhado de prova de qui-
so que deverão ser trasladadas. se achar na iminência de sofrer tação ou de depósito do alcance
violência ou coação ilegal na sua verificado, ou se a prisão exceder
Art. 641. O escrivão, ou o secre- liberdade de ir e vir, salvo nos ca- o prazo legal.
tário do tribunal, dará recibo da sos de punição disciplinar.
petição à parte e, no prazo má- Art. 651. A concessão do habe-
ximo de cinco dias, no caso de Art. 648. A coação considerar- as corpus não obstará, nem porá
recurso no sentido estrito, ou de -se-á ilegal: termo ao processo, desde que
sessenta dias, no caso de recurso I – quando não houver justa este não esteja em conflito com
extraordinário, fará entrega da causa; os fundamentos daquela.
carta, devidamente conferida e II – quando alguém estiver
concertada. preso por mais tempo do que Art. 652. Se o habeas corpus for
determina a lei; concedido em virtude de nulidade
Art. 642. O escrivão, ou o se- III – quando quem ordenar a do processo, este será renovado.
cretário do tribunal, que se ne- coação não tiver competência
gar a dar o recibo, ou deixar de para fazê-lo; Art. 653. Ordenada a soltura do
entregar, sob qualquer pretexto, IV – quando houver cessado paciente em virtude de habeas
o instrumento, será suspenso o motivo que autorizou a coação; corpus, será condenada nas cus-
por trinta dias. O juiz, ou o presi- V – quando não for alguém tas a autoridade que, por má-fé
dente do Tribunal de Apelação, admitido a prestar fiança, nos ou evidente abuso de poder, tiver
em face de representação do casos em que a lei a autoriza; determinado a coação.
testemunhante, imporá a pena VI – quando o processo for Parágrafo único. Neste caso,
e mandará que seja extraído o manifestamente nulo; será remetida ao Ministério Públi-
instrumento, sob a mesma san- VII – quando extinta a puni- co cópia das peças necessárias
ção, pelo substituto do escrivão bilidade. para ser promovida a responsa-
ou do secretário do tribunal. Se o bilidade da autoridade.
testemunhante não for atendido, Art. 649. O juiz ou o tribunal,
poderá reclamar ao presidente do dentro dos limites da sua jurisdi- Art. 654. O habeas corpus po-
tribunal ad quem, que avocará os ção, fará passar imediatamente a derá ser impetrado por qualquer
autos, para o efeito do julgamento ordem impetrada, nos casos em pessoa, em seu favor ou de ou-
do recurso e imposição da pena. que tenha cabimento, seja qual trem, bem como pelo Ministério
for a autoridade coatora. Público.
Art. 643. Extraído e autuado § 1o A petição de habeas cor-
o instrumento, observar-se-á o Art. 650. Competirá conhecer, pus conterá:
disposto nos arts. 588 a 592, no originariamente, do pedido de a) o nome da pessoa que so-
caso de recurso em sentido es- habeas corpus: fre ou está ameaçada de sofrer
trito, ou o processo estabelecido I – ao Supremo Tribunal Fede- violência ou coação e o de quem
para o recurso extraordinário, se ral, nos casos previstos no art. 101, exercer a violência, coação ou
deste se tratar. I, “g”, da Constituição; ameaça;

506
Código de Processo Penal
b) a declaração da espécie tiver sido determinado pelo juiz Art. 661. Em caso de competên-
de constrangimento ou, em caso ou pelo tribunal. cia originária do Tribunal de Ape-
de simples ameaça de coação, as Parágrafo único. O juiz pode- lação, a petição de habeas corpus
razões em que funda o seu temor; rá ir ao local em que o paciente será apresentada ao secretário,
c) a assinatura do impe- se encontrar, se este não puder que a enviará imediatamente ao
trante, ou de alguém a seu rogo, ser apresentado por motivo de presidente do tribunal, ou da câ-
quando não souber ou não puder doença. mara criminal, ou da turma, que
escrever, e a designação das res- estiver reunida, ou primeiro tiver
pectivas residências. Art. 658. O detentor declarará de reunir-se.
§ 2o Os juízes e os tribunais à ordem de quem o paciente es-
têm competência para expedir de tiver preso. Art. 662. Se a petição contiver
ofício ordem de habeas corpus, os requisitos do art. 654, § 1o, o
quando no curso de processo Art. 659. Se o juiz ou o tribunal presidente, se necessário, re-
verificarem que alguém sofre verificar que já cessou a violência quisitará da autoridade indicada
ou está na iminência de sofrer ou coação ilegal, julgará prejudi- como coatora informações por
coação ilegal. cado o pedido. escrito. Faltando, porém, qual-
quer daqueles requisitos, o presi-
Art. 655. O carcereiro ou o dire- Art. 660. Efetuadas as diligên- dente mandará preenchê-lo, logo
tor da prisão, o escrivão, o oficial cias, e interrogado o paciente, o que lhe for apresentada a petição.
de justiça ou a autoridade judi- juiz decidirá, fundamentadamen-
ciária ou policial que embaraçar te, dentro de vinte e quatro horas. Art. 663. As diligências do artigo
ou procrastinar a expedição de § 1o Se a decisão for favorável anterior não serão ordenadas, se
ordem de habeas corpus, as infor- ao paciente, será logo posto em o presidente entender que o ha-
mações sobre a causa da prisão, liberdade, salvo se por outro mo- beas corpus deva ser indeferido in
a condução e apresentação do tivo dever ser mantido na prisão. limine. Nesse caso, levará a peti-
paciente, ou a sua soltura, será § 2o Se os documentos que ção ao tribunal, câmara ou turma,
multado na quantia de duzentos instruírem a petição evidenciarem para que delibere a respeito.
mil-réis a um conto de réis, sem a ilegalidade da coação, o juiz ou o
prejuízo das penas em que in- tribunal ordenará que cesse ime- Art. 664. Recebidas as informa-
correr. As multas serão impostas diatamente o constrangimento. ções, ou dispensadas, o habeas
pelo juiz do tribunal que julgar o § 3o Se a ilegalidade decorrer corpus será julgado na primei-
habeas corpus, salvo quando se do fato de não ter sido o paciente ra sessão, podendo, entretanto,
tratar de autoridade judiciária, admitido a prestar fiança, o juiz adiar-se o julgamento para a ses-
caso em que caberá ao Supremo arbitrará o valor desta, que poderá são seguinte.
Tribunal Federal ou ao Tribunal de ser prestada perante ele, reme- Parágrafo único. A decisão
Apelação impor as multas. tendo, neste caso, à autoridade será tomada por maioria de votos.
os respectivos autos, para serem Havendo empate, se o presidente
Art. 656. Recebida a petição de anexados aos do inquérito policial não tiver tomado parte na vota-
habeas corpus, o juiz, se julgar ou aos do processo judicial. ção, proferirá voto de desempate;
necessário, e estiver preso o pa- § 4o Se a ordem de habeas no caso contrário, prevalecerá a
ciente, mandará que este lhe seja corpus for concedida para evitar decisão mais favorável ao pa-
imediatamente apresentado em ameaça de violência ou coação ciente.
dia e hora que designar. ilegal, dar-se-á ao paciente sal-
Parágrafo único. Em caso vo-conduto assinado pelo juiz. Art. 665. O secretário do tribu-
de desobediência, será expedi- § 5o Será incontinenti envia- nal lavrará a ordem que, assinada
do mandado de prisão contra o da cópia da decisão à autoridade pelo presidente do tribunal, câ-
detentor, que será processado na que tiver ordenado a prisão ou ti- mara ou turma, será dirigida, por
forma da lei, e o juiz providenciará ver o paciente à sua disposição, ofício ou telegrama, ao detentor,
para que o paciente seja tirado da a fim de juntar-se aos autos do ao carcereiro ou autoridade que
prisão e apresentado em juízo. processo. exercer ou ameaçar exercer o
§ 6o Quando o paciente esti- constrangimento.
Art. 657. Se o paciente estiver ver preso em lugar que não seja Parágrafo único. A ordem
preso, nenhum motivo escusará o da sede do juízo ou do tribunal transmitida por telegrama obe-
a sua apresentação, salvo: que conceder a ordem, o alvará decerá ao disposto no art. 289,
I – grave enfermidade do pa- de soltura será expedido pelo parágrafo único, in fine.
ciente; telégrafo, se houver, observadas
II – não estar ele sob a guar- as formalidades estabelecidas no Art. 666. Os regimentos dos Tri-
da da pessoa a quem se atribui art. 289, parágrafo único, in fine, bunais de Apelação estabelece-
a detenção; ou por via postal. rão as normas complementares
III – se o comparecimento não para o processo e julgamento do

507
Código de Processo Penal
pedido de habeas corpus de sua Art. 672. Computar-se-á na fará, logo após a sessão de jul-
competência originária. pena privativa da liberdade o gamento, remeter ao chefe de
tempo: Polícia o mandado de prisão do
Art. 667. No processo e julga- I – de prisão preventiva no condenado.
mento do habeas corpus de com- Brasil ou no estrangeiro; § 2o Se o réu estiver em pri-
petência originária do Supremo II – de prisão provisória no são especial, deverá, ressalvado
Tribunal Federal, bem como nos Brasil ou no estrangeiro; o disposto na legislação relativa
de recurso das decisões de última III – de internação em hospital aos militares, ser expedida ordem
ou única instância, denegatórias ou manicômio. para sua imediata remoção para
de habeas corpus, observar-se- prisão comum, até que se verifi-
-á, no que lhes for aplicável, o Art. 673. Verificado que o réu, que a expedição de carta de guia
disposto nos artigos anteriores, pendente a apelação por ele in- para o cumprimento da pena.
devendo o regimento interno do terposta, já sofreu prisão por
tribunal estabelecer as regras tempo igual ao da pena a que Art. 676. A carta de guia, extra-
complementares. foi condenado, o relator do feito ída pelo escrivão e assinada pelo
mandará pô-lo imediatamente juiz, que a rubricará em todas as
em liberdade, sem prejuízo do folhas, será remetida ao diretor
LIVRO IV – DA EXECUÇÃO julgamento do recurso, salvo se, do estabelecimento em que te-
TÍTULO I – DISPOSIÇÕES no caso de crime a que a lei comi- nha de ser cumprida a sentença
ne pena de reclusão, no máximo, condenatória, e conterá:
GERAIS por tempo igual ou superior a 8 I – o nome do réu e a alcunha
anos, o querelante ou o Ministério por que for conhecido;
Art. 668. A execução, onde não Público também houver apelado II – a sua qualificação civil
houver juiz especial, incumbirá da sentença condenatória. (naturalidade, filiação, idade, es-
ao juiz da sentença, ou, se a de- tado, profissão), instrução e, se
cisão for do Tribunal do Júri, ao constar, número do registro ge-
seu presidente. TÍTULO II – DA EXECUÇÃO ral do Instituto de Identificação
Parágrafo único. Se a decisão DAS PENAS EM ESPÉCIE e Estatística ou de repartição
for de tribunal superior, nos casos congênere;
de sua competência originária, CAPÍTULO I – DAS PENAS III – o teor integral da sen-
caberá ao respectivo presidente PRIVATIVAS DE LIBERDADE tença condenatória e a data da
prover-lhe a execução. terminação da pena.
Art. 674. Transitando em julga- Parágrafo único. Expedida
Art. 669. Só depois de passar do a sentença que impuser pena carta de guia para cumprimen-
em julgado, será exequível a sen- privativa de liberdade, se o réu já to de uma pena, se o réu estiver
tença, salvo: estiver preso, ou vier a ser preso, cumprindo outra, só depois de
I – quando condenatória, para o juiz ordenará a expedição de terminada a execução desta será
o efeito de sujeitar o réu a prisão, carta de guia para o cumprimen- aquela executada. Retificar-se-á
ainda no caso de crime afiançá- to da pena. a carta de guia sempre que so-
vel, enquanto não for prestada Parágrafo único. Na hipótese brevenha modificação quanto ao
a fiança; do art. 82, última parte, a expedi- início da execução ou ao tempo
II – quando absolutória, para ção da carta de guia será orde- de duração da pena.
o fim de imediata soltura do réu, nada pelo juiz competente para
desde que não proferida em pro- a soma ou unificação das penas. Art. 677. Da carta de guia e seus
cesso por crime a que a lei comi- aditamentos se remeterá cópia ao
ne pena de reclusão, no máximo, Art. 675. No caso de ainda não Conselho Penitenciário.
por tempo igual ou superior a ter sido expedido mandado de
oito anos. prisão, por tratar-se de infração Art. 678. O diretor do estabe-
penal em que o réu se livra solto lecimento, em que o réu tiver de
Art. 670. No caso de decisão ab- ou por estar afiançado, o juiz, ou cumprir a pena, passará recibo
solutória confirmada ou proferida o presidente da câmara ou tribu- da carta de guia para juntar-se
em grau de apelação, incumbirá nal, se tiver havido recurso, fará aos autos do processo.
ao relator fazer expedir o alvará expedir o mandado de prisão,
de soltura, de que dará imediata- logo que transite em julgado a Art. 679. As cartas de guia se-
mente conhecimento ao juiz de sentença condenatória. rão registradas em livro especial,
primeira instância. § 1o No caso de reformada segundo a ordem cronológica
pela superior instância, em grau do recebimento, fazendo-se no
Art. 671. Os incidentes da exe- de recurso, a sentença absolutó- curso da execução as anotações
cução serão resolvidos pelo res- ria, estando o réu solto, o presi- necessárias.
pectivo juiz. dente da câmara ou do tribunal

508
Código de Processo Penal
Art. 680. Computar-se-á no Parágrafo único. Se tiver sido de que o Ministério Público pro-
tempo da pena o período em imposta medida de segurança ceda à cobrança judicial;
que o condenado, por sentença detentiva, o condenado será re- II – sendo o condenado insol-
irrecorrível, permanecer preso movido para estabelecimento vente, far-se-á a cobrança:
em estabelecimento diverso do adequado (art. 762). a) mediante desconto de
destinado ao cumprimento dela. quarta parte de sua remunera-
ção (arts. 29, § 1o, e 37 do Código
Art. 681. Se impostas cumulati- CAPÍTULO II – DAS PENAS Penal), quando cumprir pena pri-
vamente penas privativas da liber- PECUNIÁRIAS vativa da liberdade, cumulativa-
dade, será executada primeiro a mente imposta com a de multa;
de reclusão, depois a de detenção Art. 686. A pena de multa será b) mediante desconto em
e por último a de prisão simples. paga dentro em 10 dias após haver seu vencimento ou salário, se,
transitado em julgado a sentença cumprida a pena privativa da li-
Art. 682. O sentenciado a que que a impuser. berdade, ou concedido o livra-
sobrevier doença mental, veri- Parágrafo único. Se inter- mento condicional, a multa não
ficada por perícia médica, será posto recurso da sentença, esse houver sido resgatada;
internado em manicômio judi- prazo será contado do dia em que c) mediante esse desconto,
ciário, ou, à falta, em outro es- o juiz ordenar o cumprimento da se a multa for a única pena im-
tabelecimento adequado, onde decisão da superior instância. posta ou no caso de suspensão
lhe seja assegurada a custódia. condicional da pena.
§ 1o Em caso de urgência, o Art. 687. O juiz poderá, desde § 1o O desconto, nos casos
diretor do estabelecimento penal que o condenado o requeira: das letras “b” e “c”, será feito me-
poderá determinar a remoção do I – prorrogar o prazo do paga- diante ordem ao empregador,
sentenciado, comunicando ime- mento da multa até três meses, à repartição competente ou à
diatamente a providência ao juiz, se as circunstâncias justificarem administração da entidade pa-
que, em face da perícia médica, essa prorrogação; raestatal, e, antes de fixá-lo, o
ratificará ou revogará a medida. II – permitir, nas mesmas cir- juiz requisitará informações e
§ 2o Se a internação se pro- cunstâncias, que o pagamento ordenará diligências, inclusive
longar até o término do prazo se faça em parcelas mensais, no arbitramento, quando necessário,
restante da pena e não houver prazo que fixar, mediante cau- para observância do art. 37, § 3o,
sido imposta medida de segu- ção real ou fidejussória, quando do Código Penal.
rança detentiva, o indivíduo terá necessário. § 2o Sob pena de desobedi-
o destino aconselhado pela sua § 1o O requerimento, tanto no ência e sem prejuízo da execução
enfermidade, feita a devida co- caso do no I, como no do no II, será a que ficará sujeito, o empregador
municação ao juiz de incapazes. feito dentro do decêndio conce- será intimado a recolher mensal-
dido para o pagamento da multa. mente, até o dia fixado pelo juiz,
Art. 683. O diretor da prisão a § 2o A permissão para o pa- a importância correspondente
que o réu tiver sido recolhido gamento em parcelas será re- ao desconto, em selo peniten-
provisoriamente ou em cumpri- vogada, se o juiz verificar que o ciário, que será inutilizado nos
mento de pena comunicará ime- condenado dela se vale para frau- autos pelo juiz.
diatamente ao juiz o óbito, a fuga dar a execução da pena. Nesse § 3o Se o condenado for fun-
ou a soltura do detido ou senten- caso, a caução resolver-se-á em cionário estadual ou municipal ou
ciado para que fique constando valor monetário, devolvendo-se empregado de entidade paraes-
dos autos. ao condenado o que exceder à tatal, a importância do desconto
Parágrafo único. A certidão satisfação da multa e das custas será, semestralmente, recolhida
de óbito acompanhará a comu- processuais. ao Tesouro Nacional, delegacia
nicação. fiscal ou coletoria federal, como
Art. 688. Findo o decêndio ou a receita do selo penitenciário.
Art. 684. A recaptura do réu prorrogação sem que o condena- § 4o As quantias desconta-
evadido não depende de prévia do efetue o pagamento, ou ocor- das em folha de pagamento de
ordem judicial e poderá ser efe- rendo a hipótese prevista no § 2o funcionário federal constituirão
tuada por qualquer pessoa. do artigo anterior, observar-se-á renda do selo penitenciário.
o seguinte:15
Art. 685. Cumprida ou extinta I – possuindo o condenado Art. 689. A multa será converti-
a pena, o condenado será posto, bens sobre os quais possa recair da, à razão de dez mil-réis por dia,
imediatamente, em liberdade, a execução, será extraída certidão em detenção ou prisão simples,
mediante alvará do juiz, no qual da sentença condenatória, a fim no caso de crime ou de contra-
se ressalvará a hipótese de dever venção:
o condenado continuar na prisão 15
NE: os dispositivos mencionados neste ar- I – se o condenado solvente
por outro motivo legal. tigo são os do texto original do Código Penal. frustrar o pagamento da multa;

509
Código de Processo Penal
II – se não forem pagas pelo providenciará para que sejam motivos e as circunstâncias do
condenado solvente as parce- acautelados, no juízo competente, crime autorizem a presunção de
las mensais autorizadas sem a pessoa e os bens do menor ou que não tornará a delinquir.
garantia. do interdito. Parágrafo único. Processado
§ 1o Se o juiz reconhecer des- o beneficiário por outro crime ou
de logo a existência de causa para Art. 693. A incapacidade per- contravenção, considerar-se-á
a conversão, a ela procederá de manente ou temporária para o prorrogado o prazo da suspen-
ofício ou a requerimento do Minis- exercício da autoridade marital são da pena até o julgamento
tério Público, independentemente ou do pátrio poder será averbada definitivo.
de audiência do condenado; caso no registro civil.
contrário, depois de ouvir o con- Art. 697. O Juiz ou tribunal, na
denado, se encontrado no lugar Art. 694. As penas acessórias decisão que aplicar pena privativa
da sede do juízo, poderá admitir consistentes em interdições de da liberdade não superior a dois
a apresentação de prova pelas direitos serão comunicadas ao anos, deverá pronunciar-se, mo-
partes, inclusive testemunhal, Instituto de Identificação e Esta- tivadamente, sobre a suspensão
no prazo de três dias. tística ou estabelecimento congê- condicional, quer a conceda quer
§ 2o O juiz, desde que transite nere, figurarão na folha de ante- a denegue.
em julgado a decisão, ordenará a cedentes do condenado e serão
expedição de mandado de prisão mencionadas no rol de culpados. Art. 698. Concedida a suspen-
ou aditamento à carta de guia, são, o juiz especificará as condi-
conforme esteja o condenado Art. 695. Iniciada a execução ções a que fica sujeito o conde-
solto ou em cumprimento de pena das interdições temporárias nado, pelo prazo previsto, come-
privativa da liberdade. (art. 72, “a” e “b”, do Código Pe- çando este a correr da audiência
§ 3o Na hipótese do inciso nal), o juiz, de ofício, a requeri- em que se der conhecimento da
II deste artigo, a conversão será mento do Ministério Público ou sentença ao beneficiário e lhe
feita pelo valor das parcelas não do condenado, fixará o seu termo for entregue documento similar
pagas. final, completando as providên- ao descrito no art. 724.
cias determinadas nos artigos § 1o As condições serão ade-
Art. 690. O juiz tornará sem efei- anteriores.16 quadas ao delito e à personalida-
to a conversão, expedindo alvará de do condenado.
de soltura ou cassando a ordem § 2o Poderão ser impos-
de prisão, se o condenado, em TÍTULO III – DOS tas, além das estabelecidas no
qualquer tempo: INCIDENTES DA EXECUÇÃO art. 767, como normas de con-
I – pagar a multa; duta e obrigações, as seguintes
II – prestar caução real ou CAPÍTULO I – DA condições:
fidejussória que lhe assegure o SUSPENSÃO CONDICIONAL I – frequentar curso de habi-
pagamento. DA PENA litação profissional ou de instru-
Parágrafo único. No caso do ção escolar;
no II, antes de homologada a cau- Art. 696. O juiz poderá suspen- II – prestar serviços em favor
ção, será ouvido o Ministério Pú- der, por tempo não inferior a dois da comunidade;
blico dentro do prazo de dois dias. nem superior a seis anos, a exe- III – atender aos encargos
cução das penas de reclusão e de de família;
detenção que não excedam a dois IV – submeter-se a tratamen-
CAPÍTULO III – DAS PENAS anos, ou, por tempo não inferior to de desintoxicação.
ACESSÓRIAS a um nem superior a três anos, a § 3o O juiz poderá fixar, a
execução da pena de prisão sim- qualquer tempo, de ofício ou a
Art. 691. O juiz dará à autorida- ples, desde que o sentenciado: requerimento do Ministério Pú-
de administrativa competente I – não haja sofrido, no País blico, outras condições além das
conhecimento da sentença tran- ou no estrangeiro, condenação especificadas na sentença e das
sitada em julgado, que impuser irrecorrível por outro crime a pena referidas no parágrafo anterior,
ou de que resultar a perda da privativa da liberdade, salvo o desde que as circunstâncias o
função pública ou a incapacidade disposto no parágrafo único do aconselhem.
temporária para investidura em art. 46 do Código Penal;17 § 4o A fiscalização do cum-
função pública ou para exercício II – os antecedentes e a per- primento das condições deverá
de profissão ou atividade. sonalidade do sentenciado, os ser regulada, nos Estados, Ter-
ritórios e Distrito Federal, por
Art. 692. No caso de incapaci- 16
NE: os dispositivos mencionados são os
normas supletivas e atribuída a
dade temporária ou permanente do texto original do Código Penal. serviço social penitenciário, pa-
para o exercício do pátrio poder, 17
NE: o dispositivo mencionado é o do texto tronato, conselho de comunidade
da tutela ou da curatela, o juiz original do Código Penal. ou entidades similares, inspecio-

510
Código de Processo Penal
nadas pelo Conselho Penitenciá- a suspensão pela superior instân- crita, com a nota de suspensão,
rio, pelo Ministério Público ou am- cia, a esta caberá estabelecer-lhe em livros especiais do Instituto
bos, devendo o juiz da execução as condições, podendo a audi- de Identificação e Estatística, ou
na comarca suprir, por ato, a falta ência ser presidida por qualquer repartição congênere, averban-
das normas supletivas. membro do Tribunal ou câmara, do-se, mediante comunicação
§ 5o O beneficiário deverá pelo juiz do processo ou por ou- do juiz ou do tribunal, a revoga-
comparecer periodicamente à tro designado pelo presidente do ção da suspensão ou a extinção
entidade fiscalizadora, para com- Tribunal ou câmara. da pena. Em caso de revogação,
provar a observância das condi- será feita a averbação definitiva
ções a que está sujeito, comuni- Art. 705. Se, intimado pesso- no registro geral.
cando, também, a sua ocupação, almente ou por edital com prazo § 1o Nos lugares onde não
os salários ou proventos de que de 20 dias, o réu não compare- houver Instituto de Identificação
vive, as economias que conse- cer à audiência a que se refere o e Estatística ou repartição con-
guiu realizar e as dificuldades art. 703, a suspensão ficará sem gênere, o registro e a averbação
materiais ou sociais que enfrenta. efeito e será executada imedia- serão feitos em livro próprio no
§ 6o A entidade fiscalizadora tamente a pena, salvo prova de juízo ou no tribunal.
deverá comunicar imediatamente justo impedimento, caso em que § 2o O registro será secreto,
ao órgão de inspeção, para os fins será marcada nova audiência. salvo para efeito de informações
legais (arts. 730 e 731), qualquer requisitadas por autoridade judi-
fato capaz de acarretar a revoga- Art. 706. A suspensão também ciária, no caso de novo processo.
ção do benefício, a prorrogação ficará sem efeito se, em virtude § 3o Não se aplicará o dis-
do prazo ou a modificação das de recurso, for aumentada a pena posto no § 2o, quando houver sido
condições. de modo que exclua a concessão imposta ou resultar de condena-
§ 7o Se for permitido ao be- do benefício. ção pena acessória consistente
neficiário mudar-se, será feita em interdição de direitos.
comunicação ao juiz e à entidade Art. 707. A suspensão será re-
fiscalizadora do local da nova re- vogada se o beneficiário:
sidência, aos quais deverá apre- I – é condenado, por senten- CAPÍTULO II – DO
sentar-se imediatamente. ça irrecorrível, a pena privativa LIVRAMENTO CONDICIONAL
da liberdade;
Art. 699. No caso de condena- II – frustra, embora solvente, Art. 710. O livramento condi-
ção pelo tribunal do júri, a suspen- o pagamento da multa, ou não cional poderá ser concedido ao
são condicional da pena compe- efetua, sem motivo justificado, condenado a pena privativa da
tirá ao seu presidente. a reparação do dano. liberdade igual ou superior a dois
Parágrafo único. O juiz po- anos, desde que se verifiquem as
Art. 700. A suspensão não com- derá revogar a suspensão, se o condições seguintes:
preende a multa, as penas aces- beneficiário deixa de cumprir I – cumprimento de mais da
sórias, os efeitos da condenação qualquer das obrigações cons- metade da pena, ou mais de três
nem as custas. tantes da sentença, de obser- quartos, se reincidente o sen-
var proibições inerentes à pena tenciado;
Art. 701. O juiz, ao conceder a acessória, ou é irrecorrivelmente II – ausência ou cessação de
suspensão, fixará, tendo em con- condenado a pena que não seja periculosidade;
ta as condições econômicas ou privativa da liberdade; se não a III – bom comportamento du-
profissionais do réu, o prazo para revogar, deverá advertir o benefi- rante a vida carcerária;
o pagamento, integral ou em pres- ciário, ou exacerbar as condições IV – aptidão para prover à
tações, das custas do processo e ou, ainda, prorrogar o período da própria subsistência mediante
taxa penitenciária. suspensão até o máximo, se esse trabalho honesto;
limite não foi o fixado. V – reparação do dano cau-
Art. 702. Em caso de coautoria, sado pela infração, salvo impos-
a suspensão poderá ser concedi- Art. 708. Expirado o prazo de sibilidade de fazê-lo.
da a uns e negada a outros réus. suspensão ou a prorrogação, sem
que tenha ocorrido motivo de Art. 711. As penas que corres-
Art. 703. O juiz que conceder a revogação, a pena privativa de pondem a infrações diversas,
suspensão lerá ao réu, em audi- liberdade será declarada extinta. podem somar-se, para efeito do
ência, a sentença respectiva, e o Parágrafo único. O juiz, quan- livramento.
advertirá das consequências de do julgar necessário, requisitará,
nova infração penal e da trans- antes do julgamento, nova folha Art. 712. O livramento condicio-
gressão das obrigações impostas. de antecedentes do beneficiário. nal poderá ser concedido median-
te requerimento do sentenciado,
Art. 704. Quando for concedida Art. 709. A condenação será ins- de seu cônjuge ou de parente em

511
Código de Processo Penal
linha reta, ou por proposta do di- periculosidade. econômicas ou profissionais do
retor do estabelecimento penal, Parágrafo único. Consistin- liberado.
ou por iniciativa do Conselho Pe- do a medida de segurança em
nitenciário. internação em casa de custódia Art. 720. A forma de paga-
Parágrafo único. No caso do e tratamento, proceder-se-á a mento da multa, ainda não paga
artigo anterior, a concessão do exame mental do sentenciado. pelo liberando, será determina-
livramento competirá ao juiz da da de acordo com o disposto no
execução da pena que o conde- Art. 716. A petição ou a proposta art. 688.
nado estiver cumprindo. de livramento será remetida ao
juiz ou ao tribunal por ofício do Art. 721. Reformada a sentença
Art. 713. As condições de ad- presidente do Conselho Peniten- denegatória do livramento, os au-
missibilidade, conveniência e ciário, com a cópia do respectivo tos baixarão ao juiz da primeira
oportunidade da concessão do parecer e do relatório do diretor instância, a fim de que determi-
livramento serão verificadas pelo da prisão. ne as condições que devam ser
Conselho Penitenciário, a cujo § 1o Para emitir parecer, o impostas ao liberando.
parecer não ficará, entretanto, Conselho poderá determinar di-
adstrito o juiz. ligências e requisitar os autos Art. 722. Concedido o livramen-
do processo. to, será expedida carta de guia,
Art. 714. O diretor do estabele- § 2o O juiz ou o tribunal man- com a cópia integral da sentença
cimento penal remeterá ao Con- dará juntar a petição ou a propos- em duas vias, remetendo-se uma
selho Penitenciário minucioso ta, com o ofício ou documento ao diretor do estabelecimento
relatório sobre: que a acompanhar, aos autos do penal e outra ao presidente do
I – o caráter do sentenciado, processo, e proferirá sua decisão, Conselho Penitenciário.
revelado pelos seus antecedentes previamente ouvido o Ministério
e conduta na prisão; Público. Art. 723. A cerimônia do livra-
II – o procedimento do libe- mento condicional será realizada
rando na prisão, sua aplicação Art. 717. Na ausência da condi- solenemente, em dia marcado
ao trabalho e seu trato com os ção prevista no art. 710, inciso I, o pela autoridade que deva presi-
companheiros e funcionários do requerimento será liminarmente di-la, observando-se o seguinte:
estabelecimento; indeferido. I – a sentença será lida ao li-
III – suas relações, quer com berando, na presença dos demais
a família, quer com estranhos; Art. 718. Deferido o pedido, o presos, salvo motivo relevante,
IV – seu grau de instrução e juiz, ao especificar as condições pelo presidente do Conselho Pe-
aptidão profissional, com a indi- a que ficará subordinado o livra- nitenciário, ou pelo seu represen-
cação dos serviços em que haja mento, atenderá ao disposto no tante junto ao estabelecimento
sido empregado e da especiali- art. 698, §§ 1o, 2o e 5o. penal, ou, na falta, pela autoridade
zação anterior ou adquirida na § 1o Se for permitido ao libe- judiciária local;
prisão; rado residir fora da jurisdição do II – o diretor do estabeleci-
V – sua situação financeira, juiz da execução, remeter-se-á mento penal chamará a atenção
e seus propósitos quanto ao seu cópia da sentença do livramento do liberando para as condições
futuro meio de vida, juntando o à autoridade judiciária do lugar impostas na sentença de livra-
diretor, quando dada por pessoa para onde ele se houver transfe- mento;
idônea, promessa escrita de co- rido, e à entidade de observação III – o preso declarará se acei-
locação do liberando, com indi- cautelar e proteção. ta as condições.
cação do serviço e do salário. § 2o O liberado será advertido § 1o De tudo, em livro pró-
Parágrafo único. O relatório da obrigação de apresentar-se prio, se lavrará termo, subscrito
será, dentro do prazo de quinze imediatamente à autoridade judi- por quem presidir a cerimônia, e
dias, remetido ao Conselho, com ciária e à entidade de observação pelo liberando, ou alguém a seu
o prontuário do sentenciado, e, cautelar e proteção. rogo, se não souber ou não puder
na falta, o Conselho opinará li- escrever.
vremente, comunicando à auto- Art. 719. O livramento ficará § 2o Desse termo, se reme-
ridade competente a omissão do também subordinado à obriga- terá cópia ao juiz do processo.
diretor da prisão. ção de pagamento das custas
do processo e da taxa peniten- Art. 724. Ao sair da prisão o li-
Art. 715. Se tiver sido imposta ciária, salvo caso de insolvência berado, ser-lhe-á entregue, além
medida de segurança detenti- comprovada. do saldo do seu pecúlio e do que
va, o livramento não poderá ser Parágrafo único. O juiz pode- lhe pertencer, uma caderneta que
concedido sem que se verifique, rá fixar o prazo para o pagamento exibirá à autoridade judiciária ou
mediante exame das condições integral ou em prestações, tendo administrativa sempre que lhe for
do sentenciado, a cessação da em consideração as condições exigido. Essa caderneta conterá:

512
Código de Processo Penal
I – a reprodução da ficha de crime, a pena que não seja priva- a pena privativa de liberdade, se
identidade, ou o retrato do libe- tiva da liberdade. expirar o prazo do livramento sem
rado, sua qualificação e sinais Parágrafo único. Se o juiz revogação, ou na hipótese do
característicos; não revogar o livramento, deverá artigo anterior, for o liberado ab-
II – o texto impresso dos arti- advertir o liberado ou exacerbar solvido por sentença irrecorrível.
gos do presente capítulo; as condições.
III – as condições impostas
ao liberado; Art. 728. Se a revogação for mo- TÍTULO IV – DA GRAÇA, DO
IV – a pena acessória a que tivada por infração penal anterior INDULTO, DA ANISTIA E DA
esteja sujeito. à vigência do livramento, com- REABILITAÇÃO
§ 1o Na falta de caderneta, putar-se-á no tempo da pena o
será entregue ao liberado um sal- período em que esteve solto o CAPÍTULO I – DA GRAÇA,
vo-conduto, em que constem as liberado, sendo permitida, para a DO INDULTO E DA ANISTIA
condições do livramento e a pena concessão de novo livramento, a
acessória, podendo substituir-se soma do tempo das duas penas. Art. 734. A graça poderá ser
a ficha de identidade ou o retrato provocada por petição do con-
do liberado pela descrição dos Art. 729. No caso de revogação denado, de qualquer pessoa do
sinais que possam identificá-lo. por outro motivo, não se com- povo, do Conselho Penitenciário,
§ 2o Na caderneta e no salvo- putará na pena o tempo em que ou do Ministério Público, ressalva-
-conduto deve haver espaço para esteve solto o liberado, e tam- da, entretanto, ao Presidente da
consignar o cumprimento das pouco se concederá, em relação República, a faculdade de conce-
condições referidas no art. 718. à mesma pena, novo livramento. dê-la espontaneamente.

Art. 725. A observação cautelar Art. 730. A revogação do livra- Art. 735. A petição de graça,
e proteção realizadas por servi- mento será decretada mediante acompanhada dos documentos
ço social penitenciário, patro- representação do Conselho Pe- com que o impetrante a instruir,
nato, conselho de comunidade nitenciário, ou a requerimento do será remetida ao Ministro da Jus-
ou entidades similares, terá a Ministério Público, ou de ofício, tiça por intermédio do Conselho
finalidade de: pelo juiz, que, antes, ouvirá o libe- Penitenciário.
I – fazer observar o cumpri- rado, podendo ordenar diligências
mento da pena acessória, bem e permitir a produção de prova, Art. 736. O Conselho Penitenciá-
como das condições especifi- no prazo de cinco dias. rio, à vista dos autos do processo,
cadas na sentença concessiva e depois de ouvir o diretor do es-
do benefício; Art. 731. O juiz, de ofício, a re- tabelecimento penal a que esti-
II – proteger o beneficiário, querimento do Ministério Público, ver recolhido o condenado, fará,
orientando-o na execução de suas ou mediante representação do em relatório, a narração do fato
obrigações e auxiliando-o na ob- Conselho Penitenciário, poderá criminoso, examinará as provas,
tenção de atividade laborativa. modificar as condições ou nor- mencionará qualquer formalidade
Parágrafo único. As entida- mas de conduta especificadas na ou circunstância omitida na peti-
des encarregadas de observação sentença, devendo a respectiva ção e exporá os antecedentes do
cautelar e proteção do liberado decisão ser lida ao liberado por condenado e seu procedimento
apresentarão relatório ao Con- uma das autoridades ou por um depois de preso, opinando sobre
selho Penitenciário, para efeito dos funcionários indicados no o mérito do pedido.
da representação prevista nos inciso I do art. 723, observado o
arts. 730 e 731. disposto nos incisos II e III, e §§ 1o Art. 737. Processada no Minis-
e 2o do mesmo artigo. tério da Justiça, com os docu-
Art. 726. Revogar-se-á o livra- mentos e o relatório do Conselho
mento condicional, se o liberado Art. 732. Praticada pelo liberado Penitenciário, a petição subirá a
vier, por crime ou contravenção, nova infração, o juiz ou o tribunal despacho do Presidente da Repú-
a ser condenado por sentença poderá ordenar a sua prisão, ouvi- blica, a quem serão presentes os
irrecorrível a pena privativa de do o Conselho Penitenciário, sus- autos do processo ou a certidão
liberdade. pendendo o curso do livramento de qualquer de suas peças, se ele
condicional, cuja revogação fi- o determinar.
Art. 727. O juiz pode, também, cará, entretanto, dependendo da
revogar o livramento, se o libe- decisão final no novo processo. Art. 738. Concedida a graça e
rado deixar de cumprir qualquer junta aos autos cópia do decreto,
das obrigações constantes da Art. 733. O juiz, de ofício, ou a o juiz declarará extinta a pena ou
sentença, de observar proibições requerimento do interessado, do penas, ou ajustará a execução aos
inerentes à pena acessória ou for Ministério Público, ou do Conse- termos do decreto, no caso de
irrecorrivelmente condenado, por lho Penitenciário, julgará extinta redução ou comutação de pena.

513
Código de Processo Penal
Art. 739. O condenado poderá mentos que sirvam como prova a) omitir sua decretação, nos
recusar a comutação da pena. de sua regeneração; casos de periculosidade presu-
V – prova de haver ressarcido mida;
Art. 740. Os autos da petição o dano causado pelo crime ou per- b) deixar de aplicá-la ou de
de graça serão arquivados no sistir a impossibilidade de fazê-lo. excluí-la expressamente;
Ministério da Justiça. c) declarar os elementos
Art. 745. O juiz poderá ordenar constantes do processo insu-
Art. 741. Se o réu for beneficiado as diligências necessárias para ficientes para a imposição ou
por indulto, o juiz, de ofício ou a apreciação do pedido, cercan- exclusão da medida e ordenar
requerimento do interessado, do do-as do sigilo possível e, antes indagações para a verificação
Ministério Público ou por inicia- da decisão final, ouvirá o Minis- da periculosidade do condenado;
tiva do Conselho Penitenciário, tério Público. II – tendo sido, expressa-
providenciará de acordo com o mente, excluída na sentença a
disposto no art. 738. Art. 746. Da decisão que conce- periculosidade do condenado,
der a reabilitação haverá recurso novos fatos demonstrarem ser
Art. 742. Concedida a anistia de ofício. ele perigoso.
após transitar em julgado a sen-
tença condenatória, o juiz, de Art. 747. A reabilitação, depois Art. 752. Poderá ser imposta
ofício ou a requerimento do in- de sentença irrecorrível, será co- medida de segurança, depois de
teressado, do Ministério Públi- municada ao Instituto de Identifi- transitar em julgado a senten-
co ou por iniciativa do Conselho cação e Estatística ou repartição ça, ainda quando não iniciada
Penitenciário, declarará extinta congênere. a execução da pena, por motivo
a pena. diverso de fuga ou ocultação do
Art. 748. A condenação ou con- condenado:
denações anteriores não serão I – no caso da letra “a” do no I
CAPÍTULO II – DA mencionadas na folha de ante- do artigo anterior, bem como no
REABILITAÇÃO cedentes do reabilitado, nem em da letra “b”, se tiver sido alegada
certidão extraída dos livros do a periculosidade;
Art. 743. A reabilitação será re- juízo, salvo quando requisitadas II – no caso da letra “c” do no I
querida ao juiz da condenação, por juiz criminal. do mesmo artigo.
após o decurso de quatro ou oito
anos, pelo menos, conforme se Art. 749. Indeferida a reabili- Art. 753. Ainda depois de tran-
trate de condenado ou reinci- tação, o condenado não poderá sitar em julgado a sentença ab-
dente, contados do dia em que renovar o pedido senão após o solutória, poderá ser imposta a
houver terminado a execução decurso de dois anos, salvo se medida de segurança, enquanto
da pena principal ou da medida o indeferimento tiver resultado não decorrido tempo equivalente
de segurança detentiva, devendo de falta ou insuficiência de do- ao da sua duração mínima, a indi-
o requerente indicar as comar- cumentos. víduo que a lei presuma perigoso.
cas em que haja residido durante
aquele tempo. Art. 750. A revogação de rea- Art. 754. A aplicação da medida
bilitação (Código Penal, art. 120) de segurança, nos casos previs-
Art. 744. O requerimento será será decretada pelo juiz, de ofício tos nos arts. 751 e 752, competi-
instruído com: ou a requerimento do Ministério rá ao juiz da execução da pena,
I – certidões comprobatórias Público.18 e, no caso do art. 753, ao juiz da
de não ter o requerente respon- sentença.
dido, nem estar respondendo a
processo penal, em qualquer das TÍTULO V – DA EXECUÇÃO Art. 755. A imposição da medi-
comarcas em que houver residido DAS MEDIDAS DE da de segurança, nos casos dos
durante o prazo a que se refere o SEGURANÇA arts. 751 a 753, poderá ser decre-
artigo anterior; tada de ofício ou a requerimento
II – atestados de autoridades Art. 751. Durante a execução do Ministério Público.
policiais ou outros documentos da pena ou durante o tempo em Parágrafo único. O diretor
que comprovem ter residido nas que a ela se furtar o condenado, do estabelecimento penal, que
comarcas indicadas e mantido, poderá ser imposta medida de tiver conhecimento de fatos in-
efetivamente, bom comporta- segurança, se: dicativos da periculosidade do
mento; I – o juiz ou o tribunal, na sen- condenado a quem não tenha sido
III – atestados de bom com- tença: imposta medida de segurança,
portamento fornecidos por pes- deverá logo comunicá-los ao juiz.
soas a cujo serviço tenha estado; 18
NE: o dispositivo mencionado é o do texto
IV – quaisquer outros docu- original do Código Penal. Art. 756. Nos casos do no I, “a” e

514
Código de Processo Penal
“b”, do art. 751, e no I do art. 752, conterá: sem aviso prévio ao juiz, ou à au-
poderá ser dispensada nova au- I – a qualificação do inter- toridade incumbida da vigilância;
diência do condenado. nando; b) recolher-se cedo à ha-
II – o teor da decisão que tiver bitação;
Art. 757. Nos casos do no I, “c”, e imposto a medida de segurança; c) não trazer consigo armas
no II do art. 751 e no II do art. 752, III – a data em que terminará ofensivas ou instrumentos capa-
o juiz, depois de proceder às dili- o prazo mínimo da internação. zes de ofender;
gências que julgar convenientes, d) não frequentar casas de
ouvirá o Ministério Público e con- Art. 763. Se estiver solto o inter- bebidas ou de tavolagem, nem
cederá ao condenado o prazo de nando, expedir-se-á mandado de certas reuniões, espetáculos ou
três dias para alegações, devendo captura, que será cumprido por diversões públicas.
a prova requerida ou reputada ne- oficial de justiça ou por autori- § 3o Será entregue ao indi-
cessária pelo juiz ser produzida dade policial. víduo sujeito à liberdade vigiada
dentro em dez dias. uma caderneta, de que constarão
§ 1o O juiz nomeará defensor Art. 764. O trabalho nos estabe- as obrigações impostas.
ao condenado que o requerer. lecimentos referidos no art. 88,
§ 2o Se o réu estiver foragido, § 1o, III, do Código Penal, será edu- Art. 768. As obrigações esta-
o juiz procederá às diligências cativo e remunerado, de modo belecidas na sentença serão co-
que julgar convenientes, conce- que assegure ao internado meios municadas à autoridade policial.
dendo o prazo de provas, quando de subsistência, quando cessar a
requerido pelo Ministério Público. internação.21 Art. 769. A vigilância será exer-
§ 3o Findo o prazo de provas, § 1o O trabalho poderá ser cida discretamente, de modo que
o juiz proferirá a sentença dentro praticado ao ar livre. não prejudique o indivíduo a ela
de três dias. § 2o Nos outros estabeleci- sujeito.
mentos, o trabalho dependerá das
Art. 758. A execução da medida condições pessoais do internado. Art. 770. Mediante represen-
de segurança incumbirá ao juiz da tação da autoridade incumbida
execução da sentença. Art. 765. A quarta parte do sa- da vigilância, a requerimento do
lário caberá ao Estado, ou, no Ministério Público ou de ofício,
Art. 759. No caso do art. 753, o Distrito Federal e nos Territórios, poderá o juiz modificar as normas
juiz ouvirá o curador já nomeado à União, e o restante será depo- fixadas ou estabelecer outras.
ou que então nomear, podendo sitado em nome do internado
mandar submeter o condenado ou, se este preferir, entregue à Art. 771. Para execução do exí-
a exame mental, internando-o, sua família. lio local, o juiz comunicará sua
desde logo, em estabelecimento decisão à autoridade policial do
adequado. Art. 766. A internação das mu- lugar ou dos lugares onde o exi-
lheres será feita em estabele- lado está proibido de permanecer
Art. 760. Para a verificação da cimento próprio ou em seção ou de residir.
periculosidade, no caso do § 3o especial. § 1o O infrator da medida será
do art. 78 do Código Penal, obser- conduzido à presença do juiz que
var-se-á o disposto no art. 757, no Art. 767. O juiz fixará as normas poderá mantê-lo detido até pro-
que for aplicável.19 de conduta que serão observadas ferir decisão.
durante a liberdade vigiada. § 2o Se for reconhecida a
Art. 761. Para a providência de- § 1o Serão normas obrigató- transgressão e imposta, conse-
terminada no art. 84, § 2o, do Có- rias, impostas ao indivíduo sujeito quentemente, a liberdade vigiada,
digo Penal, se as sentenças forem à liberdade vigiada: determinará o juiz que a autori-
proferidas por juízes diferentes, a) tomar ocupação, dentro dade policial providencie a fim de
será competente o juiz que tiver de prazo razoável, se for apto que o infrator siga imediatamente
sentenciado por último ou a au- para o trabalho; para o lugar de residência por ele
toridade de jurisdição prevalente b) não mudar do território escolhido, e oficiará à autoridade
no caso do art. 82.20 da jurisdição do juiz, sem prévia policial desse lugar, observando-
autorização deste. -se o disposto no art. 768.
Art. 762. A ordem de interna- § 2o Poderão ser impostas
ção, expedida para executar-se ao indivíduo sujeito à liberdade Art. 772. A proibição de frequen-
medida de segurança detentiva, vigiada, entre outras obrigações, tar determinados lugares será
as seguintes: comunicada pelo juiz à autorida-
19
NE: o dispositivo mencionado é o do texto
a) não mudar de habitação de policial, que lhe dará conheci-
original do Código Penal. mento de qualquer transgressão.
20
NE: o dispositivo mencionado é o do texto 21
NE: o dispositivo mencionado é o do texto
original do Código Penal. original do Código Penal. Art. 773. A medida de fecha-

515
Código de Processo Penal
mento de estabelecimento ou Ministério Público e o curador ou Art. 779. O confisco dos ins-
de interdição de associação será o defensor, no prazo de três dias trumentos e produtos do crime,
comunicada pelo juiz à autorida- para cada um; no caso previsto no art. 100 do
de policial, para que a execute. VI – o juiz nomeará curador Código Penal, será decretado no
ou defensor ao interessado que despacho de arquivamento do
Art. 774. Nos casos do pará- o não tiver; inquérito, na sentença de im-
grafo único do art. 83 do Código VII – o juiz, de ofício, ou a pronúncia ou na sentença ab-
Penal, ou quando a transgressão requerimento de qualquer das solutória.24
de uma medida de segurança im- partes, poderá determinar novas
portar a imposição de outra, ob- diligências, ainda que já expirado
servar-se-á o disposto no art. 757, o prazo de duração mínima da LIVRO V – DAS RELAÇÕES
no que for aplicável.22 medida de segurança; JURISDICIONAIS
VIII – ouvidas as partes ou COM AUTORIDADE
Art. 775. A cessação ou não da realizadas as diligências a que ESTRANGEIRA
periculosidade se verificará ao se refere o número anterior o juiz
fim do prazo mínimo de duração proferirá a sua decisão, no prazo TÍTULO ÚNICO
da medida de segurança pelo de três dias.
exame das condições da pessoa CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
a que tiver sido imposta, obser- Art. 776. Nos exames sucessi- GERAIS
vando-se o seguinte: vos a que se referem o § 1o, II, e
I – o diretor do estabeleci- § 2o do art. 81 do Código Penal, Art. 780. Sem prejuízo de con-
mento de internação ou a au- observar-se-á, no que lhes for venções ou tratados, aplicar-se-
toridade policial incumbida da aplicável, o disposto no artigo -á o disposto neste Título à ho-
vigilância, até um mês antes de anterior.23 mologação de sentenças penais
expirado o prazo de duração mí- estrangeiras e à expedição e ao
nima da medida, se não for infe- Art. 777. Em qualquer tempo, cumprimento de cartas rogató-
rior a um ano, ou até quinze dias ainda durante o prazo mínimo de rias para citações, inquirições e
nos outros casos, remeterá ao duração da medida de seguran- outras diligências necessárias
juiz da execução minucioso re- ça, poderá o tribunal, câmara ou à instrução de processo penal.
latório, que o habilite a resolver turma, a requerimento do Minis-
sobre a cessação ou permanência tério Público ou do interessado, Art. 781. As sentenças estran-
da medida; seu defensor ou curador, orde- geiras não serão homologadas,
II – se o indivíduo estiver in- nar o exame, para a verificação nem as cartas rogatórias cumpri-
ternado em manicômio judiciário da cessação da periculosidade. das, se contrárias à ordem pública
ou em casa de custódia e trata- § 1o Designado o relator e e aos bons costumes.
mento, o relatório será acompa- ouvido o procurador-geral, se
nhado do laudo de exame pericial a medida não tiver sido por ele Art. 782. O trânsito, por via di-
feito por dois médicos designados requerida, o pedido será julgado plomática, dos documentos apre-
pelo diretor do estabelecimento; na primeira sessão. sentados constituirá prova bas-
III – o diretor do estabeleci- § 2o Deferido o pedido, a de- tante de sua autenticidade.
mento de internação ou a autori- cisão será imediatamente comu-
dade policial deverá, no relatório, nicada ao juiz, que requisitará,
concluir pela conveniência da marcando prazo, o relatório e o CAPÍTULO II – DAS CARTAS
revogação, ou não, da medida exame a que se referem os nos I e ROGATÓRIAS
de segurança; II do art. 775 ou ordenará as dili-
IV – se a medida de segurança gências mencionadas no no IV do Art. 783. As cartas rogatórias
for o exílio local ou a proibição de mesmo artigo, prosseguindo de serão, pelo respectivo juiz, reme-
frequentar determinados lugares, acordo com o disposto nos outros tidas ao Ministro da Justiça, a fim
o juiz, até um mês ou quinze dias incisos do citado artigo. de ser pedido o seu cumprimento,
antes de expirado o prazo mínimo por via diplomática, às autorida-
de duração, ordenará as diligên- Art. 778. Transitando em julgado des estrangeiras competentes.
cias necessárias, para verificar a sentença de revogação, o juiz
se desapareceram as causas da expedirá ordem para a desinter- Art. 784. As cartas rogatórias
aplicação da medida; nação, quando se tratar de me- emanadas de autoridades es-
V – junto aos autos o relató- dida detentiva, ou para que cesse trangeiras competentes não de-
rio, ou realizadas as diligências, a vigilância ou a proibição, nos pendem de homologação e serão
serão ouvidos sucessivamente o outros casos. atendidas se encaminhadas por

22
NE: o dispositivo mencionado é o do texto 23
NE: os dispositivos mencionados são os 24
NE: o dispositivo mencionado é o do texto
original do Código Penal. do texto original do Código Penal. original do Código Penal.

516
Código de Processo Penal
via diplomática e desde que o os efeitos do art. 7o do Código mento, sobre a inteligência da
crime, segundo a lei brasileira, Penal.25 sentença, ou sobre a falta de qual-
não exclua a extradição. quer dos requisitos enumerados
§ 1o As rogatórias, acompa- Art. 788. A sentença penal es- nos arts. 781 e 788.
nhadas de tradução em língua trangeira será homologada, quan- § 5o Contestados os em-
nacional, feita por tradutor oficial do a aplicação da lei brasileira bargos dentro de dez dias, pelo
ou juramentado, serão, após exe- produzir na espécie as mesmas procurador-geral, irá o processo
quatur do presidente do Supremo consequências e concorrerem os ao relator e ao revisor, obser-
Tribunal Federal, cumpridas pelo seguintes requisitos: vando-se no seu julgamento o
juiz criminal do lugar onde as di- I – estar revestida das for- Regimento Interno do Supremo
ligências tenham de efetuar-se, malidades externas necessárias, Tribunal Federal.
observadas as formalidades pres- segundo a legislação do país de § 6o Homologada a sentença,
critas neste Código. origem; a respectiva carta será remeti-
§ 2o A carta rogatória será II – haver sido proferida por da ao presidente do Tribunal de
pelo presidente do Supremo Tri- juiz competente, mediante cita- Apelação do Distrito Federal, do
bunal Federal remetida ao presi- ção regular, segundo a mesma Estado, ou do Território.
dente do Tribunal de Apelação do legislação; § 7o Recebida a carta de sen-
Estado, do Distrito Federal, ou do III – ter passado em julgado; tença, o presidente do Tribunal de
Território, a fim de ser encami- IV – estar devidamente au- Apelação a remeterá ao juiz do
nhada ao juiz competente. tenticada por cônsul brasileiro; lugar de residência do condena-
§ 3o Versando sobre crime V – estar acompanhada de do, para a aplicação da medida de
de ação privada, segundo a lei tradução, feita por tradutor pú- segurança ou da pena acessória,
brasileira, o andamento, após blico. observadas as disposições do
o exequatur, dependerá do in- Título II, Capítulo III, e Título V do
teressado, a quem incumbirá o Art. 789. O procurador-geral da Livro IV deste Código.
pagamento das despesas. República, sempre que tiver co-
§ 4o Ficará sempre na secre- nhecimento da existência de sen- Art. 790. O interessado na exe-
taria do Supremo Tribunal Federal tença penal estrangeira, emanada cução de sentença penal estran-
cópia da carta rogatória. de Estado que tenha com o Brasil geira, para a reparação do dano,
tratado de extradição e que haja restituição e outros efeitos civis,
Art. 785. Concluídas as diligên- imposto medida de segurança poderá requerer ao Supremo Tri-
cias, a carta rogatória será devol- pessoal ou pena acessória que bunal Federal a sua homologação,
vida ao presidente do Supremo deva ser cumprida no Brasil, pe- observando-se o que a respeito
Tribunal Federal, por intermédio dirá ao Ministro da Justiça pro- prescreve o Código de Proces-
do presidente do Tribunal de Ape- vidências para obtenção de ele- so Civil.
lação, o qual, antes de devolvê- mentos que o habilitem a requerer
-la, mandará completar qualquer a homologação da sentença.
diligência ou sanar qualquer nu- § 1o A homologação de sen- LIVRO VI – DISPOSIÇÕES
lidade. tença emanada de autoridade GERAIS
judiciária de Estado, que não ti-
Art. 786. O despacho que con- ver tratado de extradição com o Art. 791. Em todos os juízos e
ceder o exequatur marcará, para o Brasil, dependerá de requisição tribunais do crime, além das au-
cumprimento da diligência, prazo do Ministro da Justiça. diências e sessões ordinárias, ha-
razoável, que poderá ser excedi- § 2o Distribuído o requeri- verá as extraordinárias, de acordo
do, havendo justa causa, ficando mento de homologação, o relator com as necessidades do rápido
esta consignada em ofício dirigido mandará citar o interessado para andamento dos feitos.
ao presidente do Supremo Tri- deduzir embargos, dentro de dez
bunal Federal, juntamente com dias, se residir no Distrito Federal, Art. 792. As audiências, sessões
a carta rogatória. de trinta dias, no caso contrário. e os atos processuais serão, em
§ 3o Se nesse prazo o inte- regra, públicos e se realizarão
ressado não deduzir os embargos, nas sedes dos juízos e tribunais,
CAPÍTULO III – DA ser-lhe-á pelo relator nomeado com assistência dos escrivães,
HOMOLOGAÇÃO defensor, o qual dentro de dez do secretário, do oficial de justi-
DAS SENTENÇAS dias produzirá a defesa. ça que servir de porteiro, em dia
ESTRANGEIRAS § 4o Os embargos somente e hora certos, ou previamente
poderão fundar-se em dúvida designados.
Art. 787. As sentenças estran- sobre a autenticidade do docu- § 1o Se da publicidade da au-
geiras deverão ser previamente diência, da sessão ou do ato pro-
homologadas pelo Supremo Tri- 25
NE: o dispositivo mencionado é o do texto cessual, puder resultar escândalo,
bunal Federal para que produzam original do Código Penal. inconveniente grave ou perigo de

517
Código de Processo Penal
perturbação da ordem, o juiz, ou se interromperão pela superve- vista, salvo para a interposição do
o tribunal, câmara, ou turma, po- niência de feriado ou domingo. recurso (art. 798, § 5o).
derá, de ofício ou a requerimento § 3o Em qualquer instância,
da parte ou do Ministério Público, Art. 798. Todos os prazos corre- declarando motivo justo, poderá
determinar que o ato seja realiza- rão em cartório e serão contínuos o juiz exceder por igual tempo os
do a portas fechadas, limitando o e peremptórios, não se interrom- prazos a ele fixados neste Código.
número de pessoas que possam pendo por férias, domingo ou dia § 4o O escrivão que não en-
estar presentes. feriado. viar os autos ao juiz ou ao órgão
§ 2o As audiências, as ses- § 1o Não se computará no do Ministério Público no dia em
sões e os atos processuais, em prazo o dia do começo, incluin- que assinar termo de conclusão
caso de necessidade, poderão do-se, porém, o do vencimento. ou de vista estará sujeito à sanção
realizar-se na residência do juiz, § 2o A terminação dos pra- estabelecida no art. 799.
ou em outra casa por ele espe- zos será certificada nos autos
cialmente designada. pelo escrivão; será, porém, con- Art. 801. Findos os respectivos
siderado findo o prazo, ainda que prazos, os juízes e os órgãos do
Art. 793. Nas audiências e nas omitida aquela formalidade, se Ministério Público, responsáveis
sessões, os advogados, as partes, feita a prova do dia em que co- pelo retardamento, perderão tan-
os escrivães e os espectadores meçou a correr. tos dias de vencimentos quantos
poderão estar sentados. Todos, § 3o O prazo que terminar forem os excedidos. Na contagem
porém, se levantarão quando se em domingo ou dia feriado con- do tempo de serviço, para o efei-
dirigirem aos juízes ou quando siderar-se-á prorrogado até o dia to de promoção e aposentadoria,
estes se levantarem para qual- útil imediato. a perda será do dobro dos dias
quer ato do processo. § 4o Não correrão os prazos, excedidos.
Parágrafo único. Nos atos se houver impedimento do juiz,
da instrução criminal, perante força maior, ou obstáculo judi- Art. 802. O desconto referido
os juízes singulares, os advoga- cial oposto pela parte contrária. no artigo antecedente far-se-á
dos poderão requerer sentados. § 5o Salvo os casos expres- à vista da certidão do escrivão
sos, os prazos correrão: do processo ou do secretário do
Art. 794. A polícia das audiên- a) da intimação; tribunal, que deverão, de ofício, ou
cias e das sessões compete aos b) da audiência ou sessão a requerimento de qualquer inte-
respectivos juízes ou ao presiden- em que for proferida a decisão, ressado, remetê-la às repartições
te do tribunal, câmara, ou turma, se a ela estiver presente a parte; encarregadas do pagamento e da
que poderão determinar o que c) do dia em que a parte ma- contagem do tempo de serviço,
for conveniente à manutenção nifestar nos autos ciência inequí- sob pena de incorrerem, de pleno
da ordem. Para tal fim, requisi- voca da sentença ou despacho. direito, na multa de quinhentos
tarão força pública, que ficará mil-réis, imposta por autorida-
exclusivamente à sua disposição. Art. 799. O escrivão, sob pena de de fiscal.
multa de cinquenta a quinhentos
Art. 795. Os espectadores das mil-réis e, na reincidência, sus- Art. 803. Salvo nos casos ex-
audiências ou das sessões não pensão até trinta dias, executará pressos em lei, é proibida a reti-
poderão manifestar-se. dentro do prazo de dois dias os rada de autos do cartório, ainda
Parágrafo único. O juiz ou atos determinados em lei ou or- que em confiança, sob pena de
o presidente fará retirar da sala denados pelo juiz. responsabilidade do escrivão.
os desobedientes, que, em caso
de resistência, serão presos e Art. 800. Os juízes singulares Art. 804. A sentença ou o acór-
autuados. darão seus despachos e deci- dão, que julgar a ação, qualquer
sões dentro dos prazos seguin- incidente ou recurso, condenará
Art. 796. Os atos de instrução ou tes, quando outros não estiverem nas custas o vencido.
julgamento prosseguirão com a estabelecidos:
assistência do defensor, se o réu I – de dez dias, se a decisão Art. 805. As custas serão con-
se portar inconvenientemente. for definitiva, ou interlocutória tadas e cobradas de acordo com
mista; os regulamentos expedidos pela
Art. 797. Excetuadas as sessões II – de cinco dias, se for inter- União e pelos Estados.
de julgamento, que não serão locutória simples;
marcadas para domingo ou dia III – de um dia, se se tratar de Art. 806. Salvo o caso do art. 32,
feriado, os demais atos do pro- despacho de expediente. nas ações intentadas mediante
cesso poderão ser praticados em § 1o Os prazos para o juiz con- queixa, nenhum ato ou diligência
período de férias, em domingos e tar-se-ão do termo de conclusão. se realizará, sem que seja depo-
dias feriados. Todavia, os julga- § 2o Os prazos do Ministério sitada em cartório a importância
mentos iniciados em dia útil não Público contar-se-ão do termo de das custas.

518
Código de Processo Penal
§ 1o Igualmente, nenhum ato de pronúncia ou de impronúncia;
requerido no interesse da defesa VII – a natureza das penas
será realizado, sem o prévio pa- impostas;
gamento das custas, salvo se o VIII – a natureza das medidas
acusado for pobre. de segurança aplicadas;
§ 2o A falta do pagamento IX – a suspensão condicional
das custas, nos prazos fixados da execução da pena, quando
em lei, ou marcados pelo juiz, concedida;
importará renúncia à diligência X – as concessões ou dene-
requerida ou deserção do recurso gações de habeas corpus.
interposto. § 1o Os dados acima enume-
§ 3o A falta de qualquer prova rados constituem o mínimo exi-
ou diligência que deixe de reali- gível, podendo ser acrescidos de
zar-se em virtude do não paga- outros elementos úteis ao serviço
mento de custas não implicará a da estatística criminal.
nulidade do processo, se a prova § 2o Esses dados serão lan-
de pobreza do acusado só poste- çados semestralmente em mapa
riormente foi feita. e remetidos ao Serviço de Estatís-
tica Demográfica Moral e Política
Art. 807. O disposto no artigo do Ministério da Justiça.
anterior não obstará à faculdade § 3o O boletim individual a que
atribuída ao juiz de determinar de se refere este artigo é dividido em
ofício inquirição de testemunhas três partes destacáveis, confor-
ou outras diligências. me modelo anexo a este Código,
e será adotado nos Estados, no
Art. 808. Na falta ou impedi- Distrito Federal e nos Territórios.
mento do escrivão e seu substitu- A primeira parte ficará arquiva-
to, servirá pessoa idônea, nomea- da no cartório policial; a segun-
da pela autoridade, perante quem da será remetida ao Instituto de
prestará compromisso, lavrando Identificação e Estatística, ou
o respectivo termo. repartição congênere; e a ter-
ceira acompanhará o processo,
Art. 809. A estatística judiciá- e, depois de passar em julgado
ria criminal, a cargo do Instituto a sentença definitiva, lançados
de Identificação e Estatística ou os dados finais, será enviada ao
repartições congêneres, terá por referido Instituto ou repartição
base o boletim individual, que é congênere.
parte integrante dos processos
e versará sobre: Art. 810. Este Código entrará em
I – os crimes e as contraven- vigor no dia 1o de janeiro de 1942.
ções praticados durante o trimes-
tre, com especificação da nature- Art. 811. Revogam-se as dispo-
za de cada um, meios utilizados e sições em contrário.
circunstâncias de tempo e lugar;
II – as armas proibidas que Rio de Janeiro, em 3 de outubro
tenham sido apreendidas; de 1941; 120o da Independência e
III – o número de delinquen- 53o da República.
tes, mencionadas as infrações
que praticaram, sua nacionali- GETÚLIO VARGAS
dade, sexo, idade, filiação, estado
civil, prole, residência, meios de Decretado em 3/10/1941, publicado no
vida e condições econômicas, DOU de 13/10/1941 e retificado no DOU
grau de instrução, religião, e con- de 24/10/1941.
dições de saúde física e psíquica;
IV – o número dos casos de
codelinquência;
V – a reincidência e os ante-
cedentes judiciários;
VI – as sentenças condenató-
rias ou absolutórias, bem como as

519
Código de Defesa do
Consumidor
ATUALIZADA ATÉ JANEIRO DE 2022

Atualização e revisão técnica: Coordenação de Edições Técnicas


A norma aqui apresentada não substitui as publicações do Diário Oficial da União.
Sumário

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Lei no 8.078/1990
525 TÍTULO I – DOS DIREITOS DO CONSUMIDOR
525 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
525 CAPÍTULO II – DA POLÍTICA NACIONAL DE RELAÇÕES DE CONSUMO
526 CAPÍTULO III – DOS DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR
526 CAPÍTULO IV – DA QUALIDADE DE PRODUTOS E SERVIÇOS, DA PREVENÇÃO E DA
REPARAÇÃO DOS DANOS
526 Seção I – Da Proteção à Saúde e Segurança
527 Seção II – Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço
528 Seção III – Da Responsabilidade por Vício do Produto e do Serviço
529 Seção IV – Da Decadência e da Prescrição
529 Seção V – Da Desconsideração da Personalidade Jurídica
529 CAPÍTULO V – DAS PRÁTICAS COMERCIAIS
529 Seção I – Das Disposições Gerais
529 Seção II – Da Oferta
530 Seção III – Da Publicidade
530 Seção IV – Das Práticas Abusivas
531 Seção V – Da Cobrança de Dívidas
531 Seção VI – Dos Bancos de Dados e Cadastros de Consumidores
531 CAPÍTULO VI – DA PROTEÇÃO CONTRATUAL
531 Seção I – Disposições Gerais
532 Seção II – Das Cláusulas Abusivas
533 Seção III – Dos Contratos de Adesão
533 CAPÍTULO VI-A – DA PREVENÇÃO E DO TRATAMENTO DO SUPERENDIVIDAMENTO
534 CAPÍTULO VII – DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS
535 TÍTULO II – DAS INFRAÇÕES PENAIS
537 TÍTULO III – DA DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUÍZO
537 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
538 CAPÍTULO II – DAS AÇÕES COLETIVAS PARA A DEFESA DE INTERESSES INDIVIDUAIS
HOMOGÊNEOS
538 CAPÍTULO III – DAS AÇÕES DE RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR DE PRODUTOS E
SERVIÇOS
538 CAPÍTULO IV – DA COISA JULGADA
539 CAPÍTULO V – DA CONCILIAÇÃO NO SUPERENDIVIDAMENTO
540 TÍTULO IV – DO SISTEMA NACIONAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR
540 TÍTULO V – DA CONVENÇÃO COLETIVA DE CONSUMO
540 TÍTULO VI – DISPOSIÇÕES FINAIS
Código de Defesa do
Consumidor

Lei no 8.078/1990

Dispõe sobre a proteção do con- Art. 3o Fornecedor é toda pes- II – ação governamental no
sumidor e dá outras providências. soa física ou jurídica, pública ou sentido de proteger efetivamente
privada, nacional ou estrangeira, o consumidor:
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA bem como os entes despersonali- a) por iniciativa direta;
zados, que desenvolvem atividade b) por incentivos à criação e
Faço saber que o Congresso Na- de produção, montagem, criação, desenvolvimento de associações
cional decreta e eu sanciono a construção, transformação, im- representativas;
seguinte Lei:1 portação, exportação, distribui- c) pela presença do Estado
ção ou comercialização de pro- no mercado de consumo;
dutos ou prestação de serviços. d) pela garantia dos produtos
TÍTULO I – DOS DIREITOS § 1o Produto é qualquer bem, e serviços com padrões adequa-
DO CONSUMIDOR móvel ou imóvel, material ou ima- dos de qualidade, segurança, du-
terial. rabilidade e desempenho;
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES § 2o Serviço é qualquer ati- III – harmonização dos in-
GERAIS vidade fornecida no mercado de teresses dos participantes das
consumo, mediante remunera- relações de consumo e compa-
Art. 1o O presente Código es- ção, inclusive as de natureza ban- tibilização da proteção do con-
tabelece normas de proteção e cária, financeira, de crédito e se- sumidor com a necessidade de
defesa do consumidor, de ordem curitária, salvo as decorrentes das desenvolvimento econômico e
pública e interesse social, nos relações de caráter trabalhista. tecnológico, de modo a viabilizar
termos dos arts. 5o, inciso XXXII, os princípios nos quais se funda
170, inciso V, da Constituição Fe- a ordem econômica (art. 170, da
deral e art. 48 de suas Disposições CAPÍTULO II – DA POLÍTICA Constituição Federal), sempre
Transitórias. NACIONAL DE RELAÇÕES com base na boa-fé e equilíbrio
DE CONSUMO nas relações entre consumidores
Art. 2o Consumidor é toda pes- e fornecedores;
soa física ou jurídica que adquire Art. 4o A Política Nacional das IV – educação e informação
ou utiliza produto ou serviço como Relações de Consumo tem por de fornecedores e consumido-
destinatário final. objetivo o atendimento das ne- res, quanto aos seus direitos e
Parágrafo único. Equipara-se cessidades dos consumidores, o deveres, com vistas à melhoria
a consumidor a coletividade de respeito à sua dignidade, saúde do mercado de consumo;
pessoas, ainda que indetermi- e segurança, a proteção de seus V – incentivo à criação pelos
náveis, que haja intervindo nas interesses econômicos, a melho- fornecedores de meios eficientes
relações de consumo. ria da sua qualidade de vida, bem de controle de qualidade e se-
como a transparência e harmonia gurança de produtos e serviços,
das relações de consumo, aten- assim como de mecanismos al-
didos os seguintes princípios: ternativos de solução de conflitos
1
Nota do Editor (NE): nos dispositivos que I – reconhecimento da vul- de consumo;
alteram normas, suprimiram-se as alterações
determinadas uma vez que já foram incor- nerabilidade do consumidor no VI – coibição e repressão efi-
poradas às normas às quais se destinam. mercado de consumo; cientes de todos os abusos prati-

525
Código de Defesa do Consumidor
cados no mercado de consumo, CAPÍTULO III – DOS X – a adequada e eficaz pres-
inclusive a concorrência desleal DIREITOS BÁSICOS DO tação dos serviços públicos em
e utilização indevida de inventos geral;
e criações industriais das marcas
CONSUMIDOR XI – a garantia de práticas de
e nomes comerciais e signos dis- crédito responsável, de educa-
tintivos, que possam causar pre- Art. 6o São direitos básicos do ção financeira e de prevenção e
juízos aos consumidores; consumidor: tratamento de situações de su-
VII – racionalização e melho- I – a proteção da vida, saú- perendividamento, preservado o
ria dos serviços públicos; de e segurança contra os riscos mínimo existencial, nos termos da
VIII – estudo constante das provocados por práticas no for- regulamentação, por meio da re-
modificações do mercado de necimento de produtos e servi- visão e da repactuação da dívida,
consumo; ços considerados perigosos ou entre outras medidas;
IX – fomento de ações dire- nocivos; XII – a preservação do mínimo
cionadas à educação financeira II – a educação e divulgação existencial, nos termos da regu-
e ambiental dos consumidores; sobre o consumo adequado dos lamentação, na repactuação de
X – prevenção e tratamento produtos e serviços, asseguradas dívidas e na concessão de crédito;
do superendividamento como a liberdade de escolha e a igual- XIII – a informação acerca dos
forma de evitar a exclusão social dade nas contratações; preços dos produtos por unidade
do consumidor. III – a informação adequada e de medida, tal como por quilo,
clara sobre os diferentes produtos por litro, por metro ou por outra
Art. 5o Para a execução da Po- e serviços, com especificação unidade, conforme o caso.
lítica Nacional das Relações de correta de quantidade, caracte- Parágrafo único. A infor-
Consumo, contará o poder público rísticas, composição, qualidade, mação de que trata o inciso III
com os seguintes instrumentos, tributos incidentes e preço, bem do caput deste artigo deve ser
entre outros: como sobre os riscos que apre- acessível à pessoa com defici-
I – manutenção de assistência sentem; ência, observado o disposto em
jurídica, integral e gratuita para o IV – a proteção contra a pu- regulamento.
consumidor carente; blicidade enganosa e abusiva,
II – instituição de Promotorias métodos comerciais coercitivos Art. 7o Os direitos previstos nes-
de Justiça de Defesa do Consu- ou desleais, bem como contra te Código não excluem outros
midor, no âmbito do Ministério práticas e cláusulas abusivas ou decorrentes de tratados ou con-
Público; impostas no fornecimento de pro- venções internacionais de que o
III – criação de delegacias de dutos e serviços; Brasil seja signatário, da legisla-
polícia especializadas no atendi- V – a modificação das cláusu- ção interna ordinária, de regula-
mento de consumidores vítimas las contratuais que estabeleçam mentos expedidos pelas autori-
de infrações penais de consumo; prestações desproporcionais ou dades administrativas competen-
IV – criação de Juizados Es- sua revisão em razão de fatos tes, bem como dos que derivem
peciais de Pequenas Causas e Va- supervenientes que as tornem dos princípios gerais do direito,
ras Especializadas para a solução excessivamente onerosas; analogia, costumes e equidade.
de litígios de consumo; VI – a efetiva prevenção e Parágrafo único. Tendo mais
V – concessão de estímulos reparação de danos patrimoniais de um autor a ofensa, todos res-
à criação e desenvolvimento das e morais, individuais, coletivos e ponderão solidariamente pela
Associações de Defesa do Con- difusos; reparação dos danos previstos
sumidor; VII – o acesso aos órgãos ju- nas normas de consumo.
VI – instituição de mecanis- diciários e administrativos com
mos de prevenção e tratamento vistas à prevenção ou reparação
extrajudicial e judicial do supe- de danos patrimoniais e morais, CAPÍTULO IV – DA
rendividamento e de proteção individuais, coletivos ou difusos, QUALIDADE DE
do consumidor pessoa natural; assegurada a proteção jurídica, PRODUTOS E SERVIÇOS,
VII – instituição de núcleos administrativa e técnica aos ne- DA PREVENÇÃO E DA
de conciliação e mediação de cessitados; REPARAÇÃO DOS DANOS
conflitos oriundos de superen- VIII – a facilitação da defesa
dividamento. de seus direitos, inclusive com a Seção I – Da Proteção à
§ 1o (Vetado) inversão do ônus da prova, a seu Saúde e Segurança
§ 2o (Vetado) favor, no processo civil, quando,
a critério do juiz, for verossímil Art. 8o Os produtos e serviços
a alegação ou quando for ele hi- colocados no mercado de con-
possuficiente, segundo as regras sumo não acarretarão riscos à
ordinárias de experiências; saúde ou segurança dos consu-
IX – (Vetado); midores, exceto os considerados

526
Código de Defesa do Consumidor
normais e previsíveis em decor- informá-los a respeito. fabricante, produtor, construtor
rência de sua natureza e fruição, ou importador;
obrigando-se os fornecedores, Art. 11. (Vetado) III – não conservar adequa-
em qualquer hipótese, a dar as damente os produtos perecíveis.
informações necessárias e ade- Art. 11-A. (Vetado) Parágrafo único. Aquele que
quadas a seu respeito. efetivar o pagamento ao preju-
§ 1o Em se tratando de produ- dicado poderá exercer o direito
to industrial, ao fabricante cabe
Seção II – Da de regresso contra os demais
prestar as informações a que se Responsabilidade pelo Fato responsáveis, segundo sua par-
refere este artigo, através de im- do Produto e do Serviço ticipação na causação do evento
pressos apropriados que devam danoso.
acompanhar o produto. Art. 12. O fabricante, o produtor,
§ 2o O fornecedor deverá hi- o construtor, nacional ou estran- Art. 14. O fornecedor de servi-
gienizar os equipamentos e uten- geiro, e o importador respondem, ços responde, independentemen-
sílios utilizados no fornecimento independentemente da existên- te da existência de culpa, pela
de produtos ou serviços, ou co- cia de culpa, pela reparação dos reparação dos danos causados
locados à disposição do consu- danos causados aos consumido- aos consumidores por defeitos
midor, e informar, de maneira res por defeitos decorrentes de relativos à prestação dos servi-
ostensiva e adequada, quando projeto, fabricação, construção, ços, bem como por informações
for o caso, sobre o risco de con- montagem, fórmulas, manipu- insuficientes ou inadequadas so-
taminação. lação, apresentação ou acondi- bre sua fruição e riscos.
cionamento de seus produtos, § 1o O serviço é defeituoso
Art. 9o O fornecedor de produ- bem como por informações in- quando não fornece a segurança
tos e serviços potencialmente suficientes ou inadequadas sobre que o consumidor dele pode es-
nocivos ou perigosos à saúde sua utilização e riscos. perar, levando-se em considera-
ou segurança deverá informar, § 1o O produto é defeituoso ção as circunstâncias relevantes,
de maneira ostensiva e adequa- quando não oferece a segurança entre as quais:
da, a respeito da sua nocividade que dele legitimamente se espera, I – o modo de seu forneci-
ou periculosidade, sem prejuízo levando-se em consideração as mento;
da adoção de outras medidas circunstâncias relevantes, entre II – o resultado e os riscos que
cabíveis em cada caso concreto. as quais: razoavelmente dele se esperam;
I – sua apresentação; III – a época em que foi for-
Art. 10. O fornecedor não poderá II – o uso e os riscos que ra- necido.
colocar no mercado de consumo zoavelmente dele se esperam; § 2o O serviço não é consi-
produto ou serviço que sabe ou III – a época em que foi colo- derado defeituoso pela adoção
deveria saber apresentar alto grau cado em circulação. de novas técnicas.
de nocividade ou periculosidade § 2o O produto não é consi- § 3o O fornecedor de servi-
à saúde ou segurança. derado defeituoso pelo fato de ços só não será responsabilizado
§ 1o O fornecedor de produ- outro de melhor qualidade ter quando provar:
tos e serviços que, posteriormen- sido colocado no mercado. I – que, tendo prestado o ser-
te à sua introdução no mercado § 3o O fabricante, o constru- viço, o defeito inexiste;
de consumo, tiver conhecimento tor, o produtor ou importador só II – a culpa exclusiva do con-
da periculosidade que apresen- não será responsabilizado quan- sumidor ou de terceiro.
tem, deverá comunicar o fato do provar: § 4o A responsabilidade pes-
imediatamente às autoridades I – que não colocou o produto soal dos profissionais liberais será
competentes e aos consumido- no mercado; apurada mediante a verificação
res, mediante anúncios publi- II – que, embora haja colocado de culpa.
citários. o produto no mercado, o defeito
§ 2o Os anúncios publicitá- inexiste; Art. 15. (Vetado)
rios a que se refere o parágrafo III – a culpa exclusiva do con-
anterior serão veiculados na im- sumidor ou de terceiro. Art. 16. (Vetado)
prensa, rádio e televisão, às ex-
pensas do fornecedor do produto Art. 13. O comerciante é igual- Art. 17. Para os efeitos desta Se-
ou serviço. mente responsável, nos termos ção, equiparam-se aos consumi-
§ 3o Sempre que tiverem co- do artigo anterior, quando: dores todas as vítimas do evento.
nhecimento de periculosidade de I – o fabricante, o construtor,
produtos ou serviços à saúde ou o produtor ou o importador não
segurança dos consumidores, puderem ser identificados;
a União, os Estados, o Distrito II – o produto for fornecido
Federal e os Municípios deverão sem identificação clara do seu

527
Código de Defesa do Consumidor
Seção III – Da tação ou restituição de eventual ao consumo ou lhes diminuam
Responsabilidade por Vício diferença de preço, sem prejuízo o valor, assim como por aque-
do Produto e do Serviço do disposto nos incisos II e III do les decorrentes da disparidade
§ 1o deste artigo. com as indicações constantes da
Art. 18. Os fornecedores de pro- § 5o No caso de fornecimen- oferta ou mensagem publicitária,
dutos de consumo duráveis ou to de produtos in natura, será res- podendo o consumidor exigir, al-
não duráveis respondem solida- ponsável perante o consumidor ternativamente e à sua escolha:
riamente pelos vícios de quali- o fornecedor imediato, exceto I – a reexecução dos serviços,
dade ou quantidade que os tor- quando identificado claramente sem custo adicional e quando
nem impróprios ou inadequados seu produtor. cabível;
ao consumo a que se destinam § 6o São impróprios ao uso II – a restituição imediata da
ou lhes diminuam o valor, assim e consumo: quantia paga, monetariamente
como por aqueles decorrentes I – os produtos cujos prazos atualizada, sem prejuízo de even-
da disparidade, com as indica- de validade estejam vencidos; tuais perdas e danos;
ções constantes do recipiente, da II – os produtos deteriorados, III – o abatimento proporcio-
embalagem, rotulagem ou men- alterados, adulterados, avariados, nal do preço.
sagem publicitária, respeitadas falsificados, corrompidos, frau- § 1o A reexecução dos ser-
as variações decorrentes de sua dados, nocivos à vida ou à saú- viços poderá ser confiada a ter-
natureza, podendo o consumidor de, perigosos ou, ainda, aqueles ceiros devidamente capacitados,
exigir a substituição das partes em desacordo com as normas por conta e risco do fornecedor.
viciadas. regulamentares de fabricação, § 2o São impróprios os ser-
§ 1o Não sendo o vício sa- distribuição ou apresentação; viços que se mostrem inadequa-
nado no prazo máximo de trinta III – os produtos que, por qual- dos para os fins que razoavel-
dias, pode o consumidor exigir, quer motivo, se revelem inade- mente deles se esperam, bem
alternativamente e à sua escolha: quados ao fim a que se destinam. como aqueles que não atendam
I – a substituição do produto as normas regulamentares de
por outro da mesma espécie, em Art. 19. Os fornecedores respon- prestabilidade.
perfeitas condições de uso; dem solidariamente pelos vícios
II – a restituição imediata da de quantidade do produto sem- Art. 21. No fornecimento de
quantia paga, monetariamente pre que, respeitadas as variações serviços que tenham por ob-
atualizada, sem prejuízo de even- decorrentes de sua natureza, seu jetivo a reparação de qualquer
tuais perdas e danos; conteúdo líquido for inferior às produto considerar-se-á implí-
III – o abatimento proporcio- indicações constantes do reci- cita a obrigação do fornecedor
nal do preço. piente, da embalagem, rotulagem de empregar componentes de
§ 2o Poderão as partes con- ou de mensagem publicitária, reposição originais adequados
vencionar a redução ou ampliação podendo o consumidor exigir, e novos, ou que mantenham as
do prazo previsto no parágrafo alternativamente e à sua escolha: especificações técnicas do fa-
anterior, não podendo ser infe- I – o abatimento proporcional bricante, salvo, quanto a estes
rior a sete nem superior a cento do preço; últimos, autorização em contrário
e oitenta dias. Nos contratos de II – complementação do peso do consumidor.
adesão, a cláusula de prazo de- ou medida;
verá ser convencionada em sepa- III – a substituição do produ- Art. 22. Os órgãos públicos, por
rado, por meio de manifestação to por outro da mesma espécie, si ou suas empresas, concessio-
expressa do consumidor. marca ou modelo, sem os aludi- nárias, permissionárias ou sob
§ 3o O consumidor poderá fa- dos vícios; qualquer outra forma de empre-
zer uso imediato das alternativas IV – a restituição imediata da endimento, são obrigados a for-
do § 1o deste artigo sempre que, quantia paga, monetariamente necer serviços adequados, efi-
em razão da extensão do vício, a atualizada, sem prejuízo de even- cientes, seguros e, quanto aos
substituição das partes viciadas tuais perdas e danos. essenciais, contínuos.
puder comprometer a qualidade § 1o Aplica-se a este artigo o Parágrafo único. Nos casos
ou características do produto, disposto no § 4o do artigo anterior. de descumprimento, total ou par-
diminuir-lhe o valor ou se tratar § 2o O fornecedor imediato cial, das obrigações referidas nes-
de produto essencial. será responsável quando fizer a te artigo, serão as pessoas jurí-
§ 4o Tendo o consumidor op- pesagem ou a medição e o instru- dicas compelidas a cumpri-las
tado pela alternativa do inciso I mento utilizado não estiver aferi- e a reparar os danos causados,
do § 1o deste artigo, e não sendo do segundo os padrões oficiais. na forma prevista neste Código.
possível a substituição do bem,
poderá haver substituição por ou- Art. 20. O fornecedor de servi- Art. 23. A ignorância do fornece-
tro de espécie, marca ou modelo ços responde pelos vícios de qua- dor sobre os vícios de qualidade
diversos, mediante complemen- lidade que os tornem impróprios por inadequação dos produtos e

528
Código de Defesa do Consumidor
serviços não o exime de respon- anos a pretensão à reparação Seção II – Da Oferta
sabilidade. pelos danos causados por fato
do produto ou do serviço pre- Art. 30. Toda informação ou pu-
Art. 24. A garantia legal de ade- vista na Seção II deste Capítulo, blicidade, suficientemente preci-
quação do produto ou serviço iniciando-se a contagem do prazo sa, veiculada por qualquer forma
independe de termo expresso, a partir do conhecimento do dano ou meio de comunicação com
vedada a exoneração contratual e de sua autoria. relação a produtos e serviços ofe-
do fornecedor. Parágrafo único. (Vetado) recidos ou apresentados, obriga
o fornecedor que a fizer veicular
Art. 25. É vedada a estipulação ou dela se utilizar e integra o con-
contratual de cláusula que im-
Seção V – Da trato que vier a ser celebrado.
possibilite, exonere ou atenue a Desconsideração da
obrigação de indenizar prevista Personalidade Jurídica Art. 31. A oferta e apresentação
nesta e nas Seções anteriores. de produtos ou serviços devem
§ 1o Havendo mais de um res- Art. 28. O juiz poderá descon- assegurar informações corre-
ponsável pela causação do dano, siderar a personalidade jurídica tas, claras, precisas, ostensivas
todos responderão solidariamen- da sociedade quando, em detri- e em língua portuguesa sobre
te pela reparação prevista nesta mento do consumidor, houver suas características, qualidades,
e nas Seções anteriores. abuso de direito, excesso de po- quantidade, composição, preço,
§ 2o Sendo o dano causado der, infração da lei, fato ou ato garantia, prazos de validade e
por componente ou peça incor- ilícito ou violação dos estatutos origem, entre outros dados, bem
porada ao produto ou serviço, são ou contrato social. A desconsi- como sobre os riscos que apre-
responsáveis solidários seu fabri- deração também será efetivada sentam à saúde e segurança dos
cante, construtor ou importador quando houver falência, estado consumidores.
e o que realizou a incorporação. de insolvência, encerramento ou Parágrafo único. As informa-
inatividade da pessoa jurídica pro- ções de que trata este artigo, nos
vocados por má administração. produtos refrigerados oferecidos
Seção IV – Da Decadência e § 1o (Vetado) ao consumidor, serão gravadas
da Prescrição § 2o As sociedades inte- de forma indelével.
grantes dos grupos societários
Art. 26. O direito de reclamar e as sociedades controladas, são Art. 32. Os fabricantes e im-
pelos vícios aparentes ou de fácil subsidiariamente responsáveis portadores deverão assegurar a
constatação caduca em: pelas obrigações decorrentes oferta de componentes e peças
I – trinta dias, tratando-se deste Código. de reposição enquanto não ces-
de fornecimento de serviço e de § 3o As sociedades consor- sar a fabricação ou importação
produto não duráveis; ciadas são solidariamente res- do produto.
II – noventa dias, tratando-se ponsáveis pelas obrigações de- Parágrafo único. Cessadas
de fornecimento de serviço e de correntes deste Código. a produção ou importação, a
produto duráveis. § 4o As sociedades coligadas oferta deverá ser mantida por
§ 1o Inicia-se a contagem do só responderão por culpa. período razoável de tempo, na
prazo decadencial a partir da en- § 5o Também poderá ser des- forma da lei.
trega efetiva do produto ou do tér- considerada a pessoa jurídica
mino da execução dos serviços. sempre que sua personalidade Art. 33. Em caso de oferta ou
§ 2o Obstam a decadência: for, de alguma forma, obstáculo venda por telefone ou reembolso
I – a reclamação comprova- ao ressarcimento de prejuízos postal, deve constar o nome do
damente formulada pelo consu- causados aos consumidores. fabricante e endereço na emba-
midor perante o fornecedor de lagem, publicidade e em todos os
produtos e serviços até a res- impressos utilizados na transação
posta negativa correspondente, CAPÍTULO V – DAS comercial.
que deve ser transmitida de forma PRÁTICAS COMERCIAIS Parágrafo único. É proibida
inequívoca; a publicidade de bens e serviços
Seção I – Das Disposições
II – (Vetado); por telefone, quando a chamada
III – a instauração de inqué- Gerais for onerosa ao consumidor que
rito civil, até seu encerramento. a origina.
§ 3o Tratando-se de vício Art. 29. Para os fins deste Capí-
oculto, o prazo decadencial ini- tulo e do seguinte, equiparam-se Art. 34. O fornecedor do pro-
cia-se no momento em que ficar aos consumidores todas as pes- duto ou serviço é solidariamente
evidenciado o defeito. soas determináveis ou não, ex- responsável pelos atos de seus
postas às práticas nele previstas. prepostos ou representantes au-
Art. 27. Prescreve em cinco tônomos.

529
Código de Defesa do Consumidor
Art. 35. Se o fornecedor de pro- sa por omissão quando deixar de oficiais competentes ou, se nor-
dutos ou serviços recusar cum- informar sobre dado essencial do mas específicas não existirem,
primento à oferta, apresentação produto ou serviço. pela Associação Brasileira de Nor-
ou publicidade, o consumidor po- § 4o (Vetado) mas Técnicas ou outra entidade
derá, alternativamente e à sua credenciada pelo Conselho Nacio-
livre escolha: Art. 38. O ônus da prova da vera- nal de Metrologia, Normalização e
I – exigir o cumprimento for- cidade e correção da informação Qualidade Industrial (Conmetro);
çado da obrigação, nos termos ou comunicação publicitária cabe IX – recusar a venda de bens
da oferta, apresentação ou pu- a quem as patrocina. ou a prestação de serviços, di-
blicidade; retamente a quem se disponha
II – aceitar outro produto ou a adquiri-los mediante pronto
prestação de serviço equivalente;
Seção IV – Das Práticas pagamento, ressalvados os casos
III – rescindir o contrato, com Abusivas de intermediação regulados em
direito à restituição de quantia leis especiais;
eventualmente antecipada, mo- Art. 39. É vedado ao fornecedor X – elevar sem justa causa o
netariamente atualizada, e a per- de produtos ou serviços, dentre preço de produtos ou serviços;
das e danos. outras práticas abusivas:2 XII – deixar de estipular pra-
I – condicionar o fornecimen- zo para o cumprimento de sua
to de produto ou de serviço ao obrigação ou deixar a fixação de
Seção III – Da Publicidade fornecimento de outro produto seu termo inicial a seu exclusivo
ou serviço, bem como, sem jus- critério;
Art. 36. A publicidade deve ser ta causa, a limites quantitativos; XIII – aplicar fórmula ou índi-
veiculada de tal forma que o con- II – recusar atendimento às ce de reajuste diverso do legal ou
sumidor, fácil e imediatamente, demandas dos consumidores, contratualmente estabelecido;
a identifique como tal. na exata medida de suas dispo- XIV – permitir o ingresso em
Parágrafo único. O fornece- nibilidades de estoque, e, ainda, estabelecimentos comerciais ou
dor, na publicidade de seus pro- de conformidade com os usos e de serviços de um número maior
dutos ou serviços, manterá, em costumes; de consumidores que o fixado
seu poder, para informação dos III – enviar ou entregar ao con- pela autoridade administrativa
legítimos interessados, os dados sumidor, sem solicitação prévia, como máximo.
fáticos, técnicos e científicos que qualquer produto, ou fornecer Parágrafo único. Os serviços
dão sustentação à mensagem. qualquer serviço; prestados e os produtos remeti-
IV – prevalecer-se da fraque- dos ou entregues ao consumidor,
Art. 37. É proibida toda publici- za ou ignorância do consumidor, na hipótese prevista no inciso
dade enganosa ou abusiva. tendo em vista sua idade, saúde, III, equiparam-se às amostras
§ 1o É enganosa qualquer conhecimento ou condição social, grátis, inexistindo obrigação de
modalidade de informação ou co- para impingir-lhe seus produtos pagamento.
municação de caráter publicitário, ou serviços;
inteira ou parcialmente falsa, ou, V – exigir do consumidor Art. 40. O fornecedor de servi-
por qualquer outro modo, mesmo vantagem manifestamente ex- ço será obrigado a entregar ao
por omissão, capaz de induzir em cessiva; consumidor orçamento prévio
erro o consumidor a respeito da VI – executar serviços sem a discriminando o valor da mão
natureza, características, quali- prévia elaboração de orçamento de obra, dos materiais e equipa-
dade, quantidade, propriedades, e autorização expressa do consu- mentos a serem empregados, as
origem, preço e quaisquer outros midor, ressalvadas as decorren- condições de pagamento, bem
dados sobre produtos e serviços. tes de práticas anteriores entre como as datas de início e término
§ 2o É abusiva, dentre outras, as partes; dos serviços.
a publicidade discriminatória de VII – repassar informação de- § 1o Salvo estipulação em
qualquer natureza, a que incite preciativa, referente a ato prati- contrário, o valor orçado terá
à violência, explore o medo ou cado pelo consumidor no exercí- validade pelo prazo de dez dias,
a superstição, se aproveite da cio de seus direitos; contado de seu recebimento pelo
deficiência de julgamento e ex- VIII – colocar, no mercado de consumidor.
periência da criança, desrespeita consumo, qualquer produto ou § 2o Uma vez aprovado pelo
valores ambientais, ou que seja serviço em desacordo com as consumidor, o orçamento obriga
capaz de induzir o consumidor a normas expedidas pelos órgãos os contraentes e somente pode
se comportar de forma prejudi- ser alterado mediante livre nego-
cial ou perigosa à sua saúde ou ciação das partes.
segurança.
2
NE: o inciso XI foi incluído pela Medida § 3o O consumidor não res-
Provisória no 1.890-67/1999 e transformado
§ 3o Para os efeitos deste em inciso XIII, quando da conversão na Lei ponde por quaisquer ônus ou
Código, a publicidade é engano- no 9.870/1999. acréscimos decorrentes da con-

530
Código de Defesa do Consumidor
tratação de serviços de tercei- de consumidores devem ser ob- CAPÍTULO VI – DA
ros não previstos no orçamento jetivos, claros, verdadeiros e em PROTEÇÃO CONTRATUAL
prévio. linguagem de fácil compreensão,
não podendo conter informações Seção I – Disposições Gerais
Art. 41. No caso de fornecimento negativas referentes a período
de produtos ou de serviços sujei- superior a cinco anos. Art. 46. Os contratos que re-
tos ao regime de controle ou de § 2o A abertura de cadastro, gulam as relações de consumo
tabelamento de preços, os for- ficha, registro e dados pessoais e não obrigarão os consumidores,
necedores deverão respeitar os de consumo deverá ser comuni- se não lhes for dada a oportu-
limites oficiais sob pena de, não cada por escrito ao consumidor, nidade de tomar conhecimento
o fazendo, responderem pela res- quando não solicitada por ele. prévio de seu conteúdo, ou se os
tituição da quantia recebida em § 3o O consumidor, sempre respectivos instrumentos forem
excesso, monetariamente atu- que encontrar inexatidão nos redigidos de modo a dificultar a
alizada, podendo o consumidor seus dados e cadastros, pode- compreensão de seu sentido e
exigir, à sua escolha, o desfazi- rá exigir sua imediata correção, alcance.
mento do negócio, sem prejuízo devendo o arquivista, no prazo de
de outras sanções cabíveis. cinco dias úteis, comunicar a al- Art. 47. As cláusulas contratuais
teração aos eventuais destinatá- serão interpretadas de maneira
rios das informações incorretas. mais favorável ao consumidor.
Seção V – Da Cobrança de § 4o Os bancos de dados e
Dívidas cadastros relativos a consumi- Art. 48. As declarações de von-
dores, os serviços de proteção tade constantes de escritos par-
Art. 42. Na cobrança de débi- ao crédito e congêneres são con- ticulares, recibos e pré-contratos
tos, o consumidor inadimplente siderados entidades de caráter relativos às relações de consumo
não será exposto a ridículo, nem público. vinculam o fornecedor, ensejan-
será submetido a qualquer tipo § 5o Consumada a prescrição do inclusive execução específica,
de constrangimento ou ameaça. relativa à cobrança de débitos do nos termos do art. 84 e pará-
Parágrafo único. O consumi- consumidor, não serão forneci- grafos.
dor cobrado em quantia indevida das, pelos respectivos Sistemas
tem direito à repetição do indé- de Proteção ao Crédito, quaisquer Art. 49. O consumidor pode de-
bito, por valor igual ao dobro do informações que possam impe- sistir do contrato, no prazo de 7
que pagou em excesso, acrescido dir ou dificultar novo acesso ao dias a contar de sua assinatu-
de correção monetária e juros crédito junto aos fornecedores. ra ou do ato de recebimento do
legais, salvo hipótese de engano § 6o Todas as informações de produto ou serviço, sempre que a
justificável. que trata o caput deste artigo de- contratação de fornecimento de
vem ser disponibilizadas em for- produtos e serviços ocorrer fora
Art. 42-A. Em todos os docu- matos acessíveis, inclusive para a do estabelecimento comercial,
mentos de cobrança de débitos pessoa com deficiência, mediante especialmente por telefone ou
apresentados ao consumidor, solicitação do consumidor. a domicílio.
deverão constar o nome, o en- Parágrafo único. Se o con-
dereço e o número de inscrição Art. 44. Os órgãos públicos de sumidor exercitar o direito de
no Cadastro de Pessoas Físicas defesa do consumidor manterão arrependimento previsto neste
– CPF ou no Cadastro Nacional cadastros atualizados de recla- artigo, os valores eventualmente
de Pessoa Jurídica – CNPJ do mações fundamentadas contra pagos, a qualquer título, durante o
fornecedor do produto ou serviço fornecedores de produtos e servi- prazo de reflexão, serão devolvi-
correspondente. ços, devendo divulgá-lo pública e dos, de imediato, monetariamente
anualmente. A divulgação indicará atualizados.
se a reclamação foi atendida ou
Seção VI – Dos Bancos não pelo fornecedor. Art. 50. A garantia contratual
de Dados e Cadastros de § 1o É facultado o acesso às é complementar à legal e será
Consumidores informações lá constantes para conferida mediante termo escrito.
orientação e consulta por qual- Parágrafo único. O termo de
Art. 43. O consumidor, sem pre- quer interessado. garantia ou equivalente deve ser
juízo do disposto no art. 86, terá § 2o Aplicam-se a este artigo, padronizado e esclarecer, de ma-
acesso às informações existentes no que couber, as mesmas regras neira adequada, em que consiste
em cadastros, fichas, registros enunciadas no artigo anterior e a mesma garantia, bem como a
e dados pessoais e de consumo as do parágrafo único do art. 22 forma, o prazo e o lugar em que
arquivados sobre ele, bem como deste Código. pode ser exercitada e os ônus a
sobre as suas respectivas fontes. cargo do consumidor, devendo
§ 1o Os cadastros e dados Art. 45. (Vetado) ser-lhe entregue, devidamente

531
Código de Defesa do Consumidor
preenchido pelo fornecedor, no direito lhe seja conferido contra Art. 52. No fornecimento de pro-
ato do fornecimento, acompa- o fornecedor; dutos ou serviços que envolva
nhado de manual de instrução, XIII – autorizem o fornece- outorga de crédito ou concessão
de instalação e uso do produ- dor a modificar unilateralmente de financiamento ao consumidor,
to em linguagem didática, com o conteúdo ou a qualidade do o fornecedor deverá, entre outros
ilustrações. contrato, após sua celebração; requisitos, informá-lo prévia e
XIV – infrinjam ou possibilitem adequadamente sobre:
a violação de normas ambientais; I – preço do produto ou servi-
Seção II – Das Cláusulas XV – estejam em desacordo ço em moeda corrente nacional;
Abusivas com o sistema de proteção ao II – montante dos juros de
consumidor; mora e da taxa efetiva anual de
Art. 51. São nulas de pleno direi- XVI – possibilitem a renúncia juros;
to, entre outras, as cláusulas con- do direito de indenização por ben- III – acréscimos legalmente
tratuais relativas ao fornecimento feitorias necessárias; previstos;
de produtos e serviços que: XVII – condicionem ou limi- IV – número e periodicidade
I – impossibilitem, exonerem tem de qualquer forma o acesso das prestações;
ou atenuem a responsabilidade do aos órgãos do Poder Judiciário; V – soma total a pagar, com
fornecedor por vícios de qualquer XVIII – estabeleçam prazos de e sem financiamento.
natureza dos produtos e serviços carência em caso de impontuali- § 1o As multas de mora de-
ou impliquem renúncia ou dispo- dade das prestações mensais ou correntes do inadimplemento
sição de direitos. Nas relações impeçam o restabelecimento in- de obrigações no seu termo não
de consumo entre o fornecedor tegral dos direitos do consumidor poderão ser superiores a dois
e o consumidor pessoa jurídica, e de seus meios de pagamento a por cento do valor da prestação.
a indenização poderá ser limitada, partir da purgação da mora ou do § 2o É assegurado ao con-
em situações justificáveis; acordo com os credores; sumidor a liquidação antecipada
II – subtraiam ao consumidor XIX – (Vetado). do débito, total ou parcialmente,
a opção de reembolso da quan- § 1o Presume-se exagerada, mediante redução proporcional
tia já paga, nos casos previstos entre outros casos, a vantagem dos juros e demais acréscimos.
neste Código; que: § 3o (Vetado)
III – transfiram responsabili- I – ofende os princípios fun-
dades a terceiros; damentais do sistema jurídico a Art. 53. Nos contratos de com-
IV – estabeleçam obrigações que pertence; pra e venda de móveis ou imóveis
consideradas iníquas, abusivas, II – restringe direitos ou obri- mediante pagamento em presta-
que coloquem o consumidor em gações fundamentais inerentes ções, bem como nas alienações
desvantagem exagerada, ou se- à natureza do contrato, de tal fiduciárias em garantia, consi-
jam incompatíveis com a boa-fé modo a ameaçar seu objeto ou deram-se nulas de pleno direito
ou a equidade; o equilíbrio contratual; as cláusulas que estabeleçam a
V – (Vetado); III – se mostra excessivamen- perda total das prestações pagas
VI – estabeleçam inversão te onerosa para o consumidor, em benefício do credor que, em
do ônus da prova em prejuízo do considerando-se a natureza e razão do inadimplemento, plei-
consumidor; conteúdo do contrato, o interesse tear a resolução do contrato e a
VII – determinem a utilização das partes e outras circunstân- retomada do produto alienado.
compulsória de arbitragem; cias peculiares ao caso. § 1o (Vetado)
VIII – imponham representan- § 2o A nulidade de uma cláu- § 2o Nos contratos do sis-
te para concluir ou realizar outro sula contratual abusiva não inva- tema de consórcio de produtos
negócio jurídico pelo consumidor; lida o contrato, exceto quando de duráveis, a compensação ou a
IX – deixem ao fornecedor a sua ausência, apesar dos esfor- restituição das parcelas quita-
opção de concluir ou não o con- ços de integração, decorrer ônus das, na forma deste artigo, terá
trato, embora obrigando o con- excessivo a qualquer das partes. descontada, além da vantagem
sumidor; § 3o (Vetado) econômica auferida com a frui-
X – permitam ao fornecedor, § 4o É facultado a qualquer ção, os prejuízos que o desistente
direta ou indiretamente, variação consumidor ou entidade que o ou inadimplente causar ao grupo.
do preço de maneira unilateral; represente requerer ao Ministé- § 3o Os contratos de que
XI – autorizem o fornecedor rio Público que ajuíze a compe- trata o caput deste artigo serão
a cancelar o contrato unilateral- tente ação para ser declarada a expressos em moeda corrente
mente, sem que igual direito seja nulidade de cláusula contratual nacional.
conferido ao consumidor; que contrarie o disposto neste
XII – obriguem o consumidor Código ou de qualquer forma não
a ressarcir os custos de cobrança assegure o justo equilíbrio entre
de sua obrigação, sem que igual direitos e obrigações das partes.

532
Código de Defesa do Consumidor
Seção III – Dos Contratos de ção de consumo, inclusive ope- § 3o Sem prejuízo do disposto
Adesão rações de crédito, compras a no art. 37 deste Código, a oferta
prazo e serviços de prestação de crédito ao consumidor e a ofer-
Art. 54. Contrato de adesão é continuada. ta de venda a prazo, ou a fatura
aquele cujas cláusulas tenham § 3o O disposto neste Capí- mensal, conforme o caso, devem
sido aprovadas pela autoridade tulo não se aplica ao consumi- indicar, no mínimo, o custo efe-
competente ou estabelecidas uni- dor cujas dívidas tenham sido tivo total, o agente financiador e
lateralmente pelo fornecedor de contraídas mediante fraude ou a soma total a pagar, com e sem
produtos ou serviços, sem que má-fé, sejam oriundas de con- financiamento.
o consumidor possa discutir ou tratos celebrados dolosamente
modificar substancialmente seu com o propósito de não realizar o Art. 54-C. É vedado, expressa
conteúdo. pagamento ou decorram da aqui- ou implicitamente, na oferta de
§ 1o A inserção de cláusula sição ou contratação de produtos crédito ao consumidor, publici-
no formulário não desfigura a e serviços de luxo de alto valor. tária ou não:
natureza de adesão do contrato. I – (Vetado);
§ 2o Nos contratos de adesão Art. 54-B. No fornecimento de II – indicar que a operação de
admite-se cláusula resolutória, crédito e na venda a prazo, além crédito poderá ser concluída sem
desde que alternativa, cabendo das informações obrigatórias pre- consulta a serviços de proteção
a escolha ao consumidor, res- vistas no art. 52 deste Código e ao crédito ou sem avaliação da si-
salvando-se o disposto no § 2o na legislação aplicável à matéria, tuação financeira do consumidor;
do artigo anterior. o fornecedor ou o intermediário III – ocultar ou dificultar a
§ 3o Os contratos de adesão deverá informar o consumidor, compreensão sobre os ônus e os
escritos serão redigidos em ter- prévia e adequadamente, no mo- riscos da contratação do crédito
mos claros e com caracteres os- mento da oferta, sobre: ou da venda a prazo;
tensivos e legíveis, cujo tamanho I – o custo efetivo total e a IV – assediar ou pressionar
da fonte não será inferior ao cor- descrição dos elementos que o o consumidor para contratar o
po doze, de modo a facilitar sua compõem; fornecimento de produto, servi-
compreensão pelo consumidor. II – a taxa efetiva mensal de ço ou crédito, principalmente se
§ 4o As cláusulas que impli- juros, bem como a taxa dos juros se tratar de consumidor idoso,
carem limitação de direito do de mora e o total de encargos, de analfabeto, doente ou em estado
consumidor deverão ser redigi- qualquer natureza, previstos para de vulnerabilidade agravada ou se
das com destaque, permitindo o atraso no pagamento; a contratação envolver prêmio;
sua imediata e fácil compreensão. III – o montante das pres- V – condicionar o atendimen-
§ 5o (Vetado) tações e o prazo de validade da to de pretensões do consumidor
oferta, que deve ser, no mínimo, ou o início de tratativas à renúncia
de 2 (dois) dias; ou à desistência de demandas ju-
CAPÍTULO VI-A – DA IV – o nome e o endereço, diciais, ao pagamento de honorá-
PREVENÇÃO E DO inclusive o eletrônico, do forne- rios advocatícios ou a depósitos
TRATAMENTO DO cedor; judiciais.
SUPERENDIVIDAMENTO V – o direito do consumidor Parágrafo único. (Vetado).
à liquidação antecipada e não
Art. 54-A. Este Capítulo dispõe onerosa do débito, nos termos Art. 54-D. Na oferta de crédi-
sobre a prevenção do superen- do § 2o do art. 52 deste Código to, previamente à contratação,
dividamento da pessoa natural, e da regulamentação em vigor. o fornecedor ou o intermediário
sobre o crédito responsável e § 1o As informações referi- deverá, entre outras condutas:
sobre a educação financeira do das no art. 52 deste Código e no I – informar e esclarecer ade-
consumidor. caput deste artigo devem cons- quadamente o consumidor, con-
§ 1o Entende-se por supe- tar de forma clara e resumida do siderada sua idade, sobre a na-
rendividamento a impossibilida- próprio contrato, da fatura ou de tureza e a modalidade do crédito
de manifesta de o consumidor instrumento apartado, de fácil oferecido, sobre todos os custos
pessoa natural, de boa-fé, pagar acesso ao consumidor. incidentes, observado o disposto
a totalidade de suas dívidas de § 2o Para efeitos deste Códi- nos arts. 52 e 54-B deste Código,
consumo, exigíveis e vincendas, go, o custo efetivo total da ope- e sobre as consequências gené-
sem comprometer seu mínimo ração de crédito ao consumidor ricas e específicas do inadim-
existencial, nos termos da regu- consistirá em taxa percentual plemento;
lamentação. anual e compreenderá todos os II – avaliar, de forma respon-
§ 2o As dívidas referidas no valores cobrados do consumidor, sável, as condições de crédito do
§ 1 deste artigo englobam quais-
o
sem prejuízo do cálculo padroni- consumidor, mediante análise
quer compromissos financeiros zado pela autoridade reguladora das informações disponíveis em
assumidos decorrentes de rela- do sistema financeiro. bancos de dados de proteção ao

533
Código de Defesa do Consumidor
crédito, observado o disposto deste artigo caberá igualmente ou do contrato de crédito, em pa-
neste Código e na legislação so- ao consumidor: pel ou outro suporte duradouro,
bre proteção de dados; I – contra o portador de che- disponível e acessível, e, após a
III – informar a identidade do que pós-datado emitido para conclusão, cópia do contrato;
agente financiador e entregar ao aquisição de produto ou serviço III – impedir ou dificultar, em
consumidor, ao garante e a outros a prazo; caso de utilização fraudulenta do
coobrigados cópia do contrato II – contra o administrador cartão de crédito ou similar, que
de crédito. ou o emitente de cartão de cré- o consumidor peça e obtenha,
Parágrafo único. O descum- dito ou similar quando o cartão quando aplicável, a anulação ou o
primento de qualquer dos deveres de crédito ou similar e o produto imediato bloqueio do pagamento,
previstos no caput deste artigo e ou serviço forem fornecidos pelo ou ainda a restituição dos valores
nos arts. 52 e 54-C deste Código mesmo fornecedor ou por enti- indevidamente recebidos.
poderá acarretar judicialmente dades pertencentes a um mesmo § 1o Sem prejuízo do dever
a redução dos juros, dos encar- grupo econômico. de informação e esclarecimento
gos ou de qualquer acréscimo § 4o A invalidade ou a ineficá- do consumidor e de entrega da
ao principal e a dilação do prazo cia do contrato principal implica- minuta do contrato, no emprés-
de pagamento previsto no con- rá, de pleno direito, a do contrato timo cuja liquidação seja feita
trato original, conforme a gravi- de crédito que lhe seja conexo, mediante consignação em folha
dade da conduta do fornecedor nos termos do caput deste arti- de pagamento, a formalização e
e as possibilidades financeiras go, ressalvado ao fornecedor do a entrega da cópia do contrato ou
do consumidor, sem prejuízo de crédito o direito de obter do for- do instrumento de contratação
outras sanções e de indenização necedor do produto ou serviço a ocorrerão após o fornecedor do
por perdas e danos, patrimoniais devolução dos valores entregues, crédito obter da fonte pagadora
e morais, ao consumidor. inclusive relativamente a tributos. a indicação sobre a existência de
margem consignável.
Art. 54-E. (Vetado) Art. 54-G. Sem prejuízo do dis- § 2o Nos contratos de ade-
posto no art. 39 deste Código e na são, o fornecedor deve prestar ao
Art. 54-F. São conexos, coliga- legislação aplicável à matéria, é consumidor, previamente, as in-
dos ou interdependentes, entre vedado ao fornecedor de produto formações de que tratam o art. 52
outros, o contrato principal de ou serviço que envolva crédito, e o caput do art. 54-B deste Có-
fornecimento de produto ou ser- entre outras condutas: digo, além de outras porventura
viço e os contratos acessórios de I – realizar ou proceder à co- determinadas na legislação em
crédito que lhe garantam o finan- brança ou ao débito em conta vigor, e fica obrigado a entregar
ciamento quando o fornecedor de qualquer quantia que houver ao consumidor cópia do contrato,
de crédito: sido contestada pelo consumidor após a sua conclusão.
I – recorrer aos serviços do em compra realizada com cartão
fornecedor de produto ou serviço de crédito ou similar, enquanto
para a preparação ou a conclusão não for adequadamente solucio- CAPÍTULO VII –
do contrato de crédito; nada a controvérsia, desde que DAS SANÇÕES
II – oferecer o crédito no local o consumidor haja notificado a ADMINISTRATIVAS
da atividade empresarial do for- administradora do cartão com
necedor de produto ou serviço antecedência de pelo menos 10 Art. 55. A União, os Estados e o
financiado ou onde o contrato (dez) dias contados da data de Distrito Federal, em caráter con-
principal for celebrado. vencimento da fatura, vedada a corrente e nas suas respectivas
§ 1o O exercício do direito de manutenção do valor na fatura áreas de atuação administrativa,
arrependimento nas hipóteses seguinte e assegurado ao con- baixarão normas relativas à pro-
previstas neste Código, no con- sumidor o direito de deduzir do dução, industrialização, distri-
trato principal ou no contrato de total da fatura o valor em dis- buição e consumo de produtos
crédito, implica a resolução de puta e efetuar o pagamento da e serviços.
pleno direito do contrato que lhe parte não contestada, podendo § 1o A União, os Estados, o
seja conexo. o emissor lançar como crédito Distrito Federal e os Municípios
§ 2o Nos casos dos incisos I e em confiança o valor idêntico fiscalizarão e controlarão a pro-
II do caput deste artigo, se houver ao da transação contestada que dução, industrialização, distribui-
inexecução de qualquer das obri- tenha sido cobrada, enquanto não ção, a publicidade de produtos e
gações e deveres do fornecedor encerrada a apuração da con- serviços e o mercado de consu-
de produto ou serviço, o consu- testação; mo, no interesse da preservação
midor poderá requerer a rescisão II – recusar ou não entregar ao da vida, da saúde, da segurança,
do contrato não cumprido contra consumidor, ao garante e aos ou- da informação e do bem-estar do
o fornecedor do crédito. tros coobrigados cópia da minuta consumidor, baixando as normas
§ 3o O direito previsto no § 2o do contrato principal de consumo que se fizerem necessárias.

534
Código de Defesa do Consumidor
§ 2o (Vetado) ada de acordo com a gravidade penalidade administrativa, não
§ 3o Os órgãos federais, es- da infração, a vantagem auferida haverá reincidência até o trânsito
taduais, do Distrito Federal e mu- e a condição econômica do for- em julgado da sentença.
nicipais com atribuições para necedor, será aplicada median-
fiscalizar e controlar o mercado te procedimento administrativo, Art. 60. A imposição de con-
de consumo manterão comissões revertendo para o Fundo de que trapropaganda será cominada
permanentes para elaboração, trata a Lei no 7.347, de 24 de ju- quando o fornecedor incorrer na
revisão e atualização das normas lho de 1985, os valores cabíveis à prática de publicidade enganosa
referidas no § 1o, sendo obrigatória União, ou para os Fundos estadu- ou abusiva, nos termos do art. 36
a participação dos consumidores ais ou municipais de proteção ao e seus parágrafos, sempre às ex-
e fornecedores. consumidor nos demais casos. pensas do infrator.
§ 4o Os órgãos oficiais pode- Parágrafo único. A multa § 1o A contrapropaganda será
rão expedir notificações aos for- será em montante não inferior divulgada pelo responsável da
necedores para que, sob pena de a duzentas e não superior a três mesma forma, frequência e di-
desobediência, prestem informa- milhões de vezes o valor da Uni- mensão e, preferencialmente no
ções sobre questões de interesse dade Fiscal de Referência (Ufir), mesmo veículo, local, espaço e
do consumidor, resguardado o ou índice equivalente que venha horário, de forma capaz de des-
segredo industrial. a substituí-lo. fazer o malefício da publicidade
enganosa ou abusiva.
Art. 56. As infrações das normas Art. 58. As penas de apreensão, § 2o (Vetado)
de defesa do consumidor ficam de inutilização de produtos, de § 3o (Vetado)
sujeitas, conforme o caso, às se- proibição de fabricação de pro-
guintes sanções administrativas, dutos, de suspensão do forneci-
sem prejuízo das de natureza civil, mento de produto ou serviço, de TÍTULO II – DAS
penal e das definidas em normas cassação do registro do produto INFRAÇÕES PENAIS
específicas: e revogação da concessão ou
I – multa; permissão de uso serão aplica- Art. 61. Constituem crimes con-
II – apreensão do produto; das pela administração, median- tra as relações de consumo pre-
III – inutilização do produto; te procedimento administrativo, vistas neste Código, sem prejuízo
IV – cassação do registro do assegurada ampla defesa, quan- do disposto no Código Penal e leis
produto junto ao órgão compe- do forem constatados vícios de especiais, as condutas tipificadas
tente; quantidade ou de qualidade por nos artigos seguintes.
V – proibição de fabricação inadequação ou insegurança do
do produto; produto ou serviço. Art. 62. (Vetado)
VI – suspensão de forneci-
mento de produtos ou serviço; Art. 59. As penas de cassação Art. 63. Omitir dizeres ou sinais
VII – suspensão temporária de alvará de licença, de interdi- ostensivos sobre a nocividade ou
de atividade; ção e de suspensão temporária periculosidade de produtos, nas
VIII – revogação de concessão da atividade, bem como a de in- embalagens, nos invólucros, re-
ou permissão de uso; tervenção administrativa serão cipientes ou publicidade:
IX – cassação de licença do aplicadas mediante procedimento Pena – Detenção de seis me-
estabelecimento ou de atividade; administrativo, assegurada am- ses a dois anos e multa.
X – interdição, total ou parcial, pla defesa, quando o fornecedor § 1o Incorrerá nas mesmas
de estabelecimento, de obra ou reincidir na prática das infra- penas quem deixar de alertar,
de atividade; ções de maior gravidade previs- mediante recomendações escri-
XI – intervenção administra- tas neste Código e na legislação tas ostensivas, sobre a periculo-
tiva; de consumo. sidade do serviço a ser prestado.
XII – imposição de contra- § 1o A pena de cassação da § 2o Se o crime é culposo:
propaganda. concessão será aplicada à con- Pena – Detenção de um a seis
Parágrafo único. As sanções cessionária de serviço público, meses ou multa.
previstas neste artigo serão apli- quando violar obrigação legal ou
cadas pela autoridade adminis- contratual. Art. 64. Deixar de comunicar
trativa, no âmbito de sua atri- § 2o A pena de intervenção à autoridade competente e aos
buição, podendo ser aplicadas administrativa será aplicada sem- consumidores a nocividade ou
cumulativamente, inclusive por pre que as circunstâncias de fato periculosidade de produtos cujo
medida cautelar antecedente ou desaconselharem a cassação de conhecimento seja posterior à
incidente de procedimento admi- licença, a interdição ou suspen- sua colocação no mercado:
nistrativo. são da atividade. Pena – Detenção de seis me-
§ 3o Pendendo ação judicial ses a dois anos e multa.
Art. 57. A pena de multa, gradu- na qual se discuta a imposição de Parágrafo único. Incorrerá

535
Código de Defesa do Consumidor
nas mesmas penas quem deixar Art. 70. Empregar, na repara- agravantes dos crimes tipifica-
de retirar do mercado, imedia- ção de produtos, peça ou com- dos neste Código:
tamente quando determinado ponentes de reposição usados, I – serem cometidos em épo-
pela autoridade competente, os sem autorização do consumidor: ca de grave crise econômica ou
produtos nocivos ou perigosos, Pena – Detenção de três me- por ocasião de calamidade;
na forma deste artigo. ses a um ano e multa. II – ocasionarem grave dano
individual ou coletivo;
Art. 65. Executar serviço de alto Art. 71. Utilizar, na cobrança III – dissimular-se a natureza
grau de periculosidade, contra- de dívidas, de ameaça, coação, ilícita do procedimento;
riando determinação de autori- constrangimento físico ou moral, IV – quando cometidos:
dade competente: afirmações falsas, incorretas ou a) por servidor público, ou
Pena – Detenção de seis me- enganosas ou de qualquer ou- por pessoa cuja condição econô-
ses a dois anos e multa. tro procedimento que exponha o mico-social seja manifestamente
§ 1o As penas deste artigo consumidor, injustificadamente, superior à da vítima;
são aplicáveis sem prejuízo das a ridículo ou interfira com seu tra- b) em detrimento de operário
correspondentes à lesão corporal balho, descanso ou lazer: ou rurícola; de menor de dezoito
e à morte. Pena – Detenção de três me- ou maior de sessenta anos ou de
§ 2o A prática do disposto ses a um ano e multa. pessoas portadoras de deficiên-
no inciso XIV do art. 39 desta cia mental, interditadas ou não;
Lei também caracteriza o crime Art. 72. Impedir ou dificultar o V – serem praticados em ope-
previsto no caput deste artigo. acesso do consumidor às infor- rações que envolvam alimentos,
mações que sobre ele constem medicamentos ou quaisquer ou-
Art. 66. Fazer afirmação falsa em cadastros, banco de dados, tros produtos ou serviços es-
ou enganosa, ou omitir informa- fichas e registros: senciais.
ção relevante sobre a natureza, Pena – Detenção de seis me-
característica, qualidade, quan- ses a um ano ou multa. Art. 77. A pena pecuniária pre-
tidade, segurança, desempenho, vista nesta Seção será fixada
durabilidade, preço ou garantia de Art. 73. Deixar de corrigir ime- em dias-multa, correspondente
produtos ou serviços: diatamente informação sobre ao mínimo e ao máximo de dias
Pena – Detenção de três me- consumidor constante de ca- de duração da pena privativa da
ses a um ano e multa. dastro, banco de dados, fichas liberdade cominada ao crime.
§ 1o Incorrerá nas mesmas ou registros que sabe ou deveria Na individualização desta mul-
penas quem patrocinar a oferta. saber ser inexata: ta, o juiz observará o disposto
§ 2o Se o crime é culposo: Pena – Detenção de um a seis no art. 60, § 1o do Código Penal.
Pena – Detenção de um a seis meses ou multa.
meses ou multa. Art. 78. Além das penas priva-
Art. 74. Deixar de entregar ao tivas de liberdade e de multa,
Art. 67. Fazer ou promover pu- consumidor o termo de garantia podem ser impostas, cumulativa
blicidade que sabe ou deveria adequadamente preenchido e ou alternadamente, observado
saber ser enganosa ou abusiva: com especificação clara de seu o disposto nos arts. 44 a 47, do
Pena – Detenção de três me- conteúdo: Código Penal:
ses a um ano e multa. Pena – Detenção de um a seis I – a interdição temporária
Parágrafo único. (Vetado) meses ou multa. de direitos;
II – a publicação em órgãos
Art. 68. Fazer ou promover pu- Art. 75. Quem, de qualquer for- de comunicação de grande circu-
blicidade que sabe ou deveria ma, concorrer para os crimes re- lação ou audiência, às expensas
saber ser capaz de induzir o con- feridos neste Código incide nas do condenado, de notícia sobre
sumidor a se comportar de for- penas a esses cominadas na me- os fatos e a condenação;
ma prejudicial ou perigosa a sua dida de sua culpabilidade, bem III – a prestação de serviços
saúde ou segurança: como o diretor, administrador à comunidade.
Pena – Detenção de seis me- ou gerente da pessoa jurídica
ses a dois anos e multa. que promover, permitir ou por Art. 79. O valor da fiança, nas in-
Parágrafo único. (Vetado) qualquer modo aprovar o forneci- frações de que trata este Código,
mento, oferta, exposição à venda será fixado pelo juiz, ou pela au-
Art. 69. Deixar de organizar da- ou manutenção em depósito de toridade que presidir o inquérito,
dos fáticos, técnicos e científicos produtos ou a oferta e prestação entre cem e duzentas mil vezes
que dão base à publicidade: de serviços nas condições por ele o valor do Bônus do Tesouro Na-
Pena – Detenção de um a seis proibidas. cional (BTN), ou índice equivalente
meses ou multa. que venha a substituí-lo.
Art. 76. São circunstâncias Parágrafo único. Se assim

536
Código de Defesa do Consumidor
recomendar a situação econômi- II – a União, os Estados, os tado o réu.
ca do indiciado ou réu, a fiança Municípios e o Distrito Federal; § 4o O juiz poderá, na hipóte-
poderá ser: III – as entidades e órgãos da se do § 3o ou na sentença, impor
a) reduzida até a metade de Administração Pública, direta ou multa diária ao réu, independen-
seu valor mínimo; indireta, ainda que sem persona- temente de pedido do autor, se for
b) aumentada pelo juiz até lidade jurídica, especificamente suficiente ou compatível com a
vinte vezes. destinados à defesa dos inte- obrigação, fixando prazo razoável
resses e direitos protegidos por para o cumprimento do preceito.
Art. 80. No processo penal ati- este Código; § 5o Para a tutela específica
nente aos crimes previstos neste IV – as associações legalmen- ou para a obtenção do resultado
Código, bem como a outros cri- te constituídas há pelo menos um prático equivalente, poderá o juiz
mes e contravenções que envol- ano e que incluam entre seus fins determinar as medidas necessá-
vam relações de consumo, pode- institucionais a defesa dos inte- rias, tais como busca e apreen-
rão intervir, como assistentes do resses e direitos protegidos por são, remoção de coisas e pessoas,
Ministério Público, os legitimados este Código, dispensada a auto- desfazimento de obra, impedi-
indicados no art. 82, inciso III e rização assemblear. mento de atividade nociva, além
IV, aos quais também é facultado § 1o O requisito da pré-cons- de requisição de força policial.
propor ação penal subsidiária, se tituição pode ser dispensado
a denúncia não for oferecida no pelo juiz, nas ações previstas Art. 85. (Vetado)
prazo legal. nos arts. 91 e seguintes, quando
haja manifesto interesse social Art. 86. (Vetado)
evidenciado pela dimensão ou
TÍTULO III – DA DEFESA DO característica do dano, ou pela Art. 87. Nas ações coletivas de
CONSUMIDOR EM JUÍZO relevância do bem jurídico a ser que trata este Código não haverá
protegido. adiantamento de custas, emolu-
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES § 2o (Vetado) mentos, honorários periciais e
GERAIS § 3o (Vetado) quaisquer outras despesas, nem
condenação da associação auto-
Art. 81. A defesa dos interesses Art. 83. Para a defesa dos di- ra, salvo comprovada má-fé, em
e direitos dos consumidores e das reitos e interesses protegidos honorários de advogados, custas
vítimas poderá ser exercida em por este Código são admissíveis e despesas processuais.
juízo individualmente, ou a título todas as espécies de ações ca- Parágrafo único. Em caso de
coletivo. pazes de propiciar sua adequada litigância de má-fé, a associação
Parágrafo único. A defesa e efetiva tutela. autora e os diretores responsá-
coletiva será exercida quando Parágrafo único. (Vetado) veis pela propositura da ação
se tratar de: serão solidariamente condenados
I – interesses ou direitos di- Art. 84. Na ação que tenha por em honorários advocatícios e ao
fusos, assim entendidos, para objeto o cumprimento da obri- décuplo das custas, sem prejuízo
efeitos deste Código, os transin- gação de fazer ou não fazer, o da responsabilidade por perdas
dividuais, de natureza indivisível, juiz concederá a tutela específi- e danos.
de que sejam titulares pessoas ca da obrigação ou determinará
indeterminadas e ligadas por cir- providências que assegurem o Art. 88. Na hipótese do art. 13,
cunstâncias de fato; resultado prático equivalente ao parágrafo único deste Código,
II – interesses ou direitos co- do adimplemento. a ação de regresso poderá ser
letivos, assim entendidos, para § 1o A conversão da obriga- ajuizada em processo autôno-
efeitos deste Código, os transin- ção em perdas e danos somente mo, facultada a possibilidade de
dividuais de natureza indivisível será admissível se por elas optar prosseguir-se nos mesmos autos,
de que seja titular grupo, catego- o autor ou se impossível a tutela vedada a denunciação da lide.
ria ou classe de pessoas ligadas específica ou a obtenção do re-
entre si ou com a parte contrária sultado prático correspondente. Art. 89. (Vetado)
por uma relação jurídica base; § 2o A indenização por per-
III – interesses ou direitos das e danos se fará sem prejuízo Art. 90. Aplicam-se às ações
individuais homogêneos, assim da multa (art. 287, do Código de previstas neste Título as normas
entendidos os decorrentes de Processo Civil). do Código de Processo Civil e da
origem comum. § 3o Sendo relevante o fun- Lei no 7.347, de 24 de julho de
damento da demanda e havendo 1985, inclusive no que respeita
Art. 82. Para os fins do art. 81, justificado receio de ineficácia do ao inquérito civil, naquilo que
parágrafo único, são legitimados provimento final, é lícito ao juiz não contrariar suas disposições.
concorrentemente: conceder a tutela liminarmente
I – o Ministério Público; ou após justificação prévia, ci-

537
Código de Defesa do Consumidor
CAPÍTULO II – DAS AÇÕES abrangendo as vítimas cujas inde- produtos e serviços, sem preju-
COLETIVAS PARA A nizações já tiverem sido fixadas ízo do disposto nos Capítulos I e
em sentença de liquidação, sem II deste Título, serão observadas
DEFESA DE INTERESSES prejuízo do ajuizamento de outras as seguintes normas:
INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS execuções. I – a ação pode ser proposta
§ 1o A execução coletiva far- no domicílio do autor;
Art. 91. Os legitimados de que -se-á com base em certidão das II – o réu que houver contra-
trata o art. 82 poderão propor, em sentenças de liquidação, da qual tado seguro de responsabilidade
nome próprio e no interesse das deverá constar a ocorrência ou poderá chamar ao processo o
vítimas ou seus sucessores, ação não do trânsito em julgado. segurador, vedada a integração
civil coletiva de responsabilidade § 2o É competente para a do contraditório pelo Instituto
pelos danos individualmente so- execução o juízo: de Resseguros do Brasil. Nesta
fridos, de acordo com o disposto I – da liquidação da sentença hipótese, a sentença que julgar
nos artigos seguintes. ou da ação condenatória, no caso procedente o pedido condenará
de execução individual; o réu nos termos do art. 80 do
Art. 92. O Ministério Público, se II – da ação condenatória, Código de Processo Civil. Se o
não ajuizar a ação, atuará sempre quando coletiva a execução. réu houver sido declarado falido,
como fiscal da lei. o síndico será intimado a informar
Parágrafo único. (Vetado) Art. 99. Em caso de concurso de a existência de seguro de res-
créditos decorrentes de conde- ponsabilidade, facultando-se, em
Art. 93. Ressalvada a competên- nação prevista na Lei no 7.347, de caso afirmativo, o ajuizamento de
cia da Justiça Federal, é compe- 24 de julho de 1985, e de indeniza- ação de indenização diretamen-
tente para a causa a justiça local: ções pelos prejuízos individuais te contra o segurador, vedada a
I – no foro do lugar onde ocor- resultantes do mesmo evento denunciação da lide ao Instituto
reu ou deva ocorrer o dano, quan- danoso, estas terão preferência de Resseguros do Brasil e dispen-
do de âmbito local; no pagamento. sado o litisconsórcio obrigatório
II – no foro da Capital do Es- Parágrafo único. Para efei- com este.
tado ou no do Distrito Federal, to do disposto neste artigo, a
para os danos de âmbito nacio- destinação da importância re- Art. 102. Os legitimados a agir
nal ou regional, aplicando-se as colhida ao fundo criado pela Lei na forma deste Código poderão
regras do Código de Processo no 7.347, de 24 de julho de 1985, propor ação visando compelir
Civil aos casos de competência ficará sustada enquanto penden- o Poder Público competente a
concorrente. tes de decisão de segundo grau proibir, em todo o território na-
as ações de indenização pelos cional, a produção, divulgação,
Art. 94. Proposta a ação, será danos individuais, salvo na hipó- distribuição ou venda, ou a deter-
publicado edital no órgão oficial, tese de o patrimônio do devedor minar alteração na composição,
a fim de que os interessados pos- ser manifestamente suficiente estrutura, fórmula ou acondicio-
sam intervir no processo como para responder pela integralidade namento de produto, cujo uso ou
litisconsortes, sem prejuízo de das dívidas. consumo regular se revele nocivo
ampla divulgação pelos meios de ou perigoso à saúde pública e à
comunicação social por parte dos Art. 100. Decorrido o prazo de incolumidade pessoal.
órgãos de defesa do consumidor. um ano sem habilitação de inte- § 1o (Vetado)
ressados em número compatível § 2o (Vetado)
Art. 95. Em caso de procedência com a gravidade do dano, poderão
do pedido, a condenação será ge- os legitimados do art. 82 promo-
nérica, fixando a responsabilidade ver a liquidação e execução da CAPÍTULO IV – DA COISA
do réu pelos danos causados. indenização devida. JULGADA
Parágrafo único. O produto
Art. 96. (Vetado) da indenização devida reverte- Art. 103. Nas ações coletivas de
rá para o fundo criado pela Lei que trata este Código, a sentença
Art. 97. A liquidação e a exe- no 7.347, de 24 de julho de 1985. fará coisa julgada:
cução de sentença poderão ser I – erga omnes, exceto se o
promovidas pela vítima e seus pedido for julgado improcedente
sucessores, assim como pelos CAPÍTULO III – DAS AÇÕES por insuficiência de provas, hipó-
legitimados de que trata o art. 82. DE RESPONSABILIDADE tese em que qualquer legitimado
Parágrafo único. (Vetado) DO FORNECEDOR DE poderá intentar outra ação, com
PRODUTOS E SERVIÇOS idêntico fundamento, valendo-
Art. 98. A execução poderá ser -se de nova prova, na hipótese
coletiva, sendo promovida pelos Art. 101. Na ação de responsa- do inciso I do parágrafo único
legitimados de que trata o art. 82, bilidade civil do fornecedor de do art. 81;

538
Código de Defesa do Consumidor
II – ultra partes, mas limita- CAPÍTULO V – DA I – medidas de dilação dos
damente ao grupo, categoria ou CONCILIAÇÃO NO prazos de pagamento e de re-
classe, salvo improcedência por dução dos encargos da dívida ou
insuficiência de provas, nos ter-
SUPERENDIVIDAMENTO da remuneração do fornecedor,
mos do inciso anterior, quando entre outras destinadas a facilitar
se tratar da hipótese prevista Art. 104-A. A requerimento do o pagamento da dívida;
no inciso II do parágrafo único consumidor superendividado pes- II – referência à suspensão
do art. 81; soa natural, o juiz poderá instau- ou à extinção das ações judiciais
III – erga omnes, apenas no rar processo de repactuação de em curso;
caso de procedência do pedido, dívidas, com vistas à realização III – data a partir da qual será
para beneficiar todas as vítimas de audiência conciliatória, pre- providenciada a exclusão do con-
e seus sucessores, na hipótese sidida por ele ou por concilia- sumidor de bancos de dados e
do inciso III do parágrafo único dor credenciado no juízo, com a de cadastros de inadimplentes;
do art. 81. presença de todos os credores IV – condicionamento de seus
§ 1o Os efeitos da coisa julga- de dívidas previstas no art. 54-A efeitos à abstenção, pelo consu-
da previstos nos incisos I e II não deste Código, na qual o consu- midor, de condutas que importem
prejudicarão interesses e direitos midor apresentará proposta de no agravamento de sua situação
individuais dos integrantes da plano de pagamento com prazo de superendividamento.
coletividade, do grupo, categoria máximo de 5 (cinco) anos, preser- § 5o O pedido do consumidor
ou classe. vados o mínimo existencial, nos a que se refere o caput deste ar-
§ 2o Na hipótese prevista no termos da regulamentação, e as tigo não importará em declaração
inciso III, em caso de improce- garantias e as formas de paga- de insolvência civil e poderá ser
dência do pedido, os interessa- mento originalmente pactuadas. repetido somente após decorrido
dos que não tiverem intervindo § 1o Excluem-se do processo o prazo de 2 (dois) anos, conta-
no processo como litisconsortes de repactuação as dívidas, ainda do da liquidação das obrigações
poderão propor ação de indeni- que decorrentes de relações de previstas no plano de pagamen-
zação a título individual. consumo, oriundas de contratos to homologado, sem prejuízo de
§ 3o Os efeitos da coisa julga- celebrados dolosamente sem o eventual repactuação.
da de que cuida o art. 16, combi- propósito de realizar pagamento,
nado com o art. 13 da Lei no 7.347, bem como as dívidas provenien- Art. 104-B. Se não houver êxi-
de 24 de julho de 1985, não preju- tes de contratos de crédito com to na conciliação em relação a
dicarão as ações de indenização garantia real, de financiamentos quaisquer credores, o juiz, a pe-
por danos pessoalmente sofridos, imobiliários e de crédito rural. dido do consumidor, instaura-
propostas individualmente ou na § 2o O não comparecimento rá processo por superendivida-
forma prevista neste Código, mas, injustificado de qualquer credor, mento para revisão e integração
se procedente o pedido, benefi- ou de seu procurador com pode- dos contratos e repactuação das
ciarão as vítimas e seus suces- res especiais e plenos para tran- dívidas remanescentes median-
sores, que poderão proceder à sigir, à audiência de conciliação te plano judicial compulsório e
liquidação e à execução, nos ter- de que trata o caput deste artigo procederá à citação de todos os
mos dos arts. 96 a 99. acarretará a suspensão da exigi- credores cujos créditos não te-
§ 4o Aplica-se o disposto no bilidade do débito e a interrupção nham integrado o acordo porven-
parágrafo anterior à sentença dos encargos da mora, bem como tura celebrado.
penal condenatória. a sujeição compulsória ao plano § 1o Serão considerados no
de pagamento da dívida se o mon- processo por superendividamen-
Art. 104. As ações coletivas, tante devido ao credor ausente for to, se for o caso, os documentos
previstas nos incisos I e II do certo e conhecido pelo consumi- e as informações prestadas em
parágrafo único do art. 81, não dor, devendo o pagamento a esse audiência.
induzem litispendência para as credor ser estipulado para ocorrer § 2o No prazo de 15 (quinze)
ações individuais, mas os efei- apenas após o pagamento aos dias, os credores citados juntarão
tos da coisa julgada erga omnes credores presentes à audiência documentos e as razões da nega-
ou ultra partes a que aludem os conciliatória. tiva de aceder ao plano voluntário
incisos II e III do artigo anterior § 3o No caso de conciliação, ou de renegociar.
não beneficiarão os autores das com qualquer credor, a sentença § 3o O juiz poderá nomear
ações individuais, se não for re- judicial que homologar o acordo administrador, desde que isso
querida sua suspensão no prazo descreverá o plano de pagamento não onere as partes, o qual, no
de trinta dias, a contar da ciên- da dívida e terá eficácia de título prazo de até 30 (trinta) dias, após
cia nos autos do ajuizamento da executivo e força de coisa julgada. cumpridas as diligências eventu-
ação coletiva. § 4o Constarão do plano de almente necessárias, apresentará
pagamento referido no § 3o des- plano de pagamento que contem-
te artigo: ple medidas de temporização ou

539
Código de Defesa do Consumidor
de atenuação dos encargos. rendividamento, especialmente a quantidade e segurança de bens
§ 4o O plano judicial compul- de contrair novas dívidas. e serviços;
sório assegurará aos credores, IX – incentivar, inclusive com
no mínimo, o valor do principal recursos financeiros e outros pro-
devido, corrigido monetariamen- TÍTULO IV – DO SISTEMA gramas especiais, a formação de
te por índices oficiais de preço, e NACIONAL DE DEFESA DO entidades de defesa do consumi-
preverá a liquidação total da dívi- CONSUMIDOR dor pela população e pelos órgãos
da, após a quitação do plano de públicos estaduais e municipais;
pagamento consensual previsto Art. 105. Integram o Sistema Na- X – (Vetado);
no art. 104-A deste Código, em, cional de Defesa do Consumidor XI – (Vetado);
no máximo, 5 (cinco) anos, sen- (SNDC) os órgãos federais, esta- XII – (Vetado);
do que a primeira parcela será duais, do Distrito Federal e mu- XIII – desenvolver outras ati-
devida no prazo máximo de 180 nicipais e as entidades privadas vidades compatíveis com suas
(cento e oitenta) dias, contado de defesa do consumidor. finalidades.
de sua homologação judicial, e Parágrafo único. Para a con-
o restante do saldo será devido Art. 106. O Departamento Na- secução de seus objetivos, o De-
em parcelas mensais iguais e cional de Defesa do Consumidor, partamento Nacional de Defesa
sucessivas. da Secretaria Nacional de Direito do Consumidor poderá solicitar o
Econômico (MJ), ou órgão federal concurso de órgãos e entidades
Art. 104-C. Compete concorren- que venha substituí-lo, é organis- de notória especialização técni-
te e facultativamente aos órgãos mo de coordenação da política do co-científica.
públicos integrantes do Sistema Sistema Nacional de Defesa do
Nacional de Defesa do Consumi- Consumidor, cabendo-lhe:
dor a fase conciliatória e preventi- I – planejar, elaborar, propor, TÍTULO V – DA CONVENÇÃO
va do processo de repactuação de coordenar e executar a política COLETIVA DE CONSUMO
dívidas, nos moldes do art. 104-A nacional de proteção ao consu-
deste Código, no que couber, com midor; Art. 107. As entidades civis de
possibilidade de o processo ser II – receber, analisar, avaliar consumidores e as associações
regulado por convênios específi- e encaminhar consultas, denún- de fornecedores ou sindicatos
cos celebrados entre os referidos cias ou sugestões apresentadas de categoria econômica podem
órgãos e as instituições credoras por entidades representativas regular, por convenção escrita,
ou suas associações. ou pessoas jurídicas de direito relações de consumo que tenham
§ 1o Em caso de conciliação público ou privado; por objeto estabelecer condições
administrativa para prevenir o III – prestar aos consumido- relativas ao preço, à qualidade, à
superendividamento do consu- res orientação permanente sobre quantidade, à garantia e caracte-
midor pessoa natural, os órgãos seus direitos e garantias; rísticas de produtos e serviços,
públicos poderão promover, nas IV – informar, conscientizar bem como à reclamação e com-
reclamações individuais, audi- e motivar o consumidor através posição do conflito de consumo.
ência global de conciliação com dos diferentes meios de comu- § 1o A convenção tornar-se-á
todos os credores e, em todos nicação; obrigatória a partir do registro do
os casos, facilitar a elaboração V – solicitar à polícia judiciária instrumento no cartório de títulos
de plano de pagamento, preser- a instauração de inquérito policial e documentos.
vado o mínimo existencial, nos para a apreciação de delito contra § 2o A convenção somente
termos da regulamentação, sob os consumidores, nos termos da obrigará os filiados às entidades
a supervisão desses órgãos, sem legislação vigente; signatárias.
prejuízo das demais atividades de VI – representar ao Ministério § 3o Não se exime de cumprir
reeducação financeira cabíveis. Público competente para fins de a convenção o fornecedor que se
§ 2o O acordo firmado peran- adoção de medidas processuais desligar da entidade em data pos-
te os órgãos públicos de defesa no âmbito de suas atribuições; terior ao registro do instrumento.
do consumidor, em caso de su- VII – levar ao conhecimento
perendividamento do consumidor dos órgãos competentes as in- Art. 108. (Vetado)
pessoa natural, incluirá a data a frações de ordem administrativa
partir da qual será providencia- que violarem os interesses difu-
da a exclusão do consumidor de sos, coletivos, ou individuais dos TÍTULO VI – DISPOSIÇÕES
bancos de dados e de cadastros consumidores; FINAIS
de inadimplentes, bem como o VIII – solicitar o concurso de
condicionamento de seus efeitos órgãos e entidades da União, Es- Art. 109. (Vetado)
à abstenção, pelo consumidor, de tados, do Distrito Federal e Muni-
condutas que importem no agra- cípios, bem como auxiliar a fisca- Art. 110. Acrescente-se o se-
vamento de sua situação de supe- lização de preços, abastecimento, guinte inciso IV ao art. 1o da Lei

540
Código de Defesa do Consumidor
no 7.347, de 24 de julho de 1985:
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Art. 111. O inciso II do art. 5o da


Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985,
passa a ter a seguinte redação:
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Art. 112. O § 3o do art. 5o da Lei


no 7.347, de 24 de julho de 1985,
passa a ter a seguinte redação:
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Art. 113. Acrescente-se os se-


guintes §§ 4o, 5o e 6o ao art. 5o da
Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985:
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Art. 114. O art. 15 da Lei no 7.347,


de 24 de julho de 1985, passa a ter
a seguinte redação:
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Art. 115. Suprima-se o caput do


art. 17 da Lei no 7.347, de 24 de ju-
lho de 1985, passando o parágrafo
único a constituir o caput, com a
seguinte redação:
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Art. 116. Dê-se a seguinte reda-


ção ao art. 18 da Lei no 7.347, de
24 de julho de 1985:
��������������������������������������������������

Art. 117. Acrescente-se à Lei


no 7.347, de 24 de julho de 1985,
o seguinte dispositivo, renume-
rando-se os seguintes:
��������������������������������������������������

Art. 118. Este Código entrará em


vigor dentro de cento e oitenta
dias a contar de sua publicação.

Art. 119. Revogam-se as dispo-


sições em contrário.

Brasília, 11 de setembro de 1990;


169o da Independência e 102o da
República.

FERNANDO COLLOR

Promulgada em 11/9/1990, publicada


no DOU de 12/9/1990 – Edição extra – e
retificada no DOU de 10/1/2007.

541
Estatuto da Criança e do
Adolescente
ATUALIZADA ATÉ JANEIRO DE 2022

Atualização e revisão técnica: Coordenação de Edições Técnicas


A norma aqui apresentada não substitui as publicações do Diário Oficial da União.
Sumário

ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Lei no 8.069/1990
547 LIVRO I – PARTE GERAL
547 TÍTULO I – DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
547 TÍTULO II – DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
547 CAPÍTULO I – DO DIREITO À VIDA E À SAÚDE
549 CAPÍTULO II – DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE
550 CAPÍTULO III – DO DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA
550 Seção I – Disposições Gerais
551 Seção II – Da Família Natural
551 Seção III – Da Família Substituta
551 Subseção I – Disposições Gerais
552 Subseção II – Da Guarda
553 Subseção III – Da Tutela
553 Subseção IV – Da Adoção
557 CAPÍTULO IV – DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E AO LAZER
558 CAPÍTULO V – DO DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO E À PROTEÇÃO NO TRABALHO
558 TÍTULO III – DA PREVENÇÃO
558 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
559 CAPÍTULO II – DA PREVENÇÃO ESPECIAL
559 Seção I – Da Informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e Espetáculos
560 Seção II – Dos Produtos e Serviços
560 Seção III – Da Autorização para Viajar
560 LIVRO II – PARTE ESPECIAL
560 TÍTULO I – DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO
560 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
561 CAPÍTULO II – DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO
561 Seção I – Disposições Gerais
563 Seção II – Da Fiscalização das Entidades
563 TÍTULO II – DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO
563 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
563 CAPÍTULO II – DAS MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO
565 TÍTULO III – DA PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL
565 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
565 CAPÍTULO II – DOS DIREITOS INDIVIDUAIS
566 CAPÍTULO III – DAS GARANTIAS PROCESSUAIS
566 CAPÍTULO IV – DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
566 Seção I – Disposições Gerais
566 Seção II – Da Advertência
566 Seção III – Da Obrigação de Reparar o Dano
566 Seção IV – Da Prestação de Serviços à Comunidade
566 Seção V – Da Liberdade Assistida
567 Seção VI – Do Regime de Semiliberdade
567 Seção VII – Da Internação
568 CAPÍTULO V – DA REMISSÃO
568 TÍTULO IV – DAS MEDIDAS PERTINENTES AOS PAIS OU RESPONSÁVEL
568 TÍTULO V – DO CONSELHO TUTELAR
568 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
568 CAPÍTULO II – DAS ATRIBUIÇÕES DO CONSELHO
569 CAPÍTULO III – DA COMPETÊNCIA
569 CAPÍTULO IV – DA ESCOLHA DOS CONSELHEIROS
569 CAPÍTULO V – DOS IMPEDIMENTOS
569 TÍTULO VI – DO ACESSO À JUSTIÇA
569 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
570 CAPÍTULO II – DA JUSTIÇA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE
570 Seção I – Disposições Gerais
570 Seção II – Do Juiz
570 Seção III – Dos Serviços Auxiliares
571 CAPÍTULO III – DOS PROCEDIMENTOS
571 Seção I – Disposições Gerais
571 Seção II – Da Perda e da Suspensão do Poder Familiar
572 Seção III – Da Destituição da Tutela
572 Seção IV – Da Colocação em Família Substituta
573 Seção V – Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a Adolescente
575 Seção V-A – Da Infiltração de Agentes de Polícia para a Investigação de Crimes contra a
Dignidade Sexual de Criança e de Adolescente
576 Seção VI – Da Apuração de Irregularidades em Entidade de Atendimento
576 Seção VII – Da Apuração de Infração Administrativa às Normas de Proteção à Criança e ao
Adolescente
576 Seção VIII – Da Habilitação de Pretendentes à Adoção
577 CAPÍTULO IV – DOS RECURSOS
578 CAPÍTULO V – DO MINISTÉRIO PÚBLICO
579 CAPÍTULO VI – DO ADVOGADO
579 CAPÍTULO VII – DA PROTEÇÃO JUDICIAL DOS INTERESSES INDIVIDUAIS, DIFUSOS E
COLETIVOS
581 TÍTULO VII – DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
581 CAPÍTULO I – DOS CRIMES
581 Seção I – Disposições Gerais
581 Seção II – Dos Crimes em Espécie
583 CAPÍTULO II – DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
584 DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Estatuto da Criança e do
Adolescente

Lei no 8.069/1990

Dispõe sobre o Estatuto da Crian- humana, sem prejuízo da prote- b) precedência de atendi-
ça e do Adolescente, e dá outras ção integral de que trata esta Lei, mento nos serviços públicos ou
providências. assegurando-se-lhes, por lei ou de relevância pública;
por outros meios, todas as opor- c) preferência na formula-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA tunidades e facilidades, a fim de ção e na execução das políticas
lhes facultar o desenvolvimento sociais públicas;
Faço saber que o Congresso Na- físico, mental, moral, espiritual e d) destinação privilegiada
cional decreta e eu sanciono a social, em condições de liberdade de recursos públicos nas áreas
seguinte Lei:1 e de dignidade. relacionadas com a proteção à
Parágrafo único. Os direitos infância e à juventude.
enunciados nesta Lei aplicam-se
LIVRO I – PARTE GERAL a todas as crianças e adolescen- Art. 5o Nenhuma criança ou ado-
TÍTULO I – DAS tes, sem discriminação de nasci- lescente será objeto de qualquer
mento, situação familiar, idade, forma de negligência, discrimina-
DISPOSIÇÕES sexo, raça, etnia ou cor, religião ção, exploração, violência, cruel-
PRELIMINARES ou crença, deficiência, condição dade e opressão, punido na forma
pessoal de desenvolvimento e da lei qualquer atentado, por ação
Art. 1o Esta Lei dispõe sobre a aprendizagem, condição econô- ou omissão, aos seus direitos
proteção integral à criança e ao mica, ambiente social, região e fundamentais.
adolescente. local de moradia ou outra con-
dição que diferencie as pessoas, Art. 6o Na interpretação desta
Art. 2 Considera-se criança,
o
as famílias ou a comunidade em Lei levar-se-ão em conta os fins
para os efeitos desta Lei, a pessoa que vivem. sociais a que ela se dirige, as
até doze anos de idade incomple- exigências do bem comum, os
tos, e adolescente aquela entre Art. 4o É dever da família, da direitos e deveres individuais e
doze e dezoito anos de idade. comunidade, da sociedade em coletivos, e a condição peculiar
Parágrafo único. Nos casos geral e do poder público asse- da criança e do adolescente como
expressos em lei, aplica-se ex- gurar, com absoluta prioridade, a pessoas em desenvolvimento.
cepcionalmente este Estatuto efetivação dos direitos referentes
às pessoas entre dezoito e vinte à vida, à saúde, à alimentação, à
e um anos de idade. educação, ao esporte, ao lazer, TÍTULO II – DOS DIREITOS
à profissionalização, à cultura, FUNDAMENTAIS
Art. 3o A criança e o adolescente à dignidade, ao respeito, à liber-
gozam de todos os direitos fun- dade e à convivência familiar e CAPÍTULO I – DO DIREITO À
damentais inerentes à pessoa comunitária. VIDA E À SAÚDE
Parágrafo único. A garantia
de prioridade compreende: Art. 7o A criança e o adolescente
1
Nota do Editor (NE): nos dispositivos que a) primazia de receber pro- têm direito a proteção à vida e à
alteram normas, suprimiram-se as alterações
determinadas uma vez que já foram incor- teção e socorro em quaisquer saúde, mediante a efetivação de
poradas às normas às quais se destinam. circunstâncias; políticas sociais públicas que per-

547
Estatuto da Criança e do Adolescente
mitam o nascimento e o desenvol- a criação de vínculos afetivos e tação e à avaliação de ações de
vimento sadio e harmonioso, em de estimular o desenvolvimento promoção, proteção e apoio ao
condições dignas de existência. integral da criança. aleitamento materno e à alimen-
§ 8o A gestante tem direito a tação complementar saudável, de
Art. 8o É assegurado a todas as acompanhamento saudável du- forma contínua.
mulheres o acesso aos programas rante toda a gestação e a parto § 2o Os serviços de unida-
e às políticas de saúde da mulher natural cuidadoso, estabelecen- des de terapia intensiva neonatal
e de planejamento reprodutivo e, do-se a aplicação de cesariana e deverão dispor de banco de leite
às gestantes, nutrição adequada, outras intervenções cirúrgicas humano ou unidade de coleta de
atenção humanizada à gravidez, por motivos médicos. leite humano.
ao parto e ao puerpério e aten- § 9o A atenção primária à
dimento pré-natal, perinatal e saúde fará a busca ativa da ges- Art. 10. Os hospitais e demais
pós-natal integral no âmbito do tante que não iniciar ou que aban- estabelecimentos de atenção à
Sistema Único de Saúde. donar as consultas de pré-natal, saúde de gestantes, públicos e
§ 1o O atendimento pré-natal bem como da puérpera que não particulares, são obrigados a:
será realizado por profissionais comparecer às consultas pós- I – manter registro das ati-
da atenção primária. -parto. vidades desenvolvidas, através
§ 2o Os profissionais de saú- § 10. Incumbe ao poder pú- de prontuários individuais, pelo
de de referência da gestante ga- blico garantir, à gestante e à mu- prazo de dezoito anos;
rantirão sua vinculação, no último lher com filho na primeira infância II – identificar o recém-nas-
trimestre da gestação, ao estabe- que se encontrem sob custódia cido mediante o registro de sua
lecimento em que será realizado em unidade de privação de liber- impressão plantar e digital e da
o parto, garantido o direito de dade, ambiência que atenda às impressão digital da mãe, sem
opção da mulher. normas sanitárias e assistenciais prejuízo de outras formas nor-
§ 3o Os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde para matizadas pela autoridade ad-
onde o parto for realizado asse- o acolhimento do filho, em arti- ministrativa competente;
gurarão às mulheres e aos seus culação com o sistema de ensino III – proceder a exames visan-
filhos recém-nascidos alta hos- competente, visando ao desen- do ao diagnóstico e terapêutica
pitalar responsável e contrarrefe- volvimento integral da criança. de anormalidades no metabolis-
rência na atenção primária, bem mo do recém-nascido, bem como
como o acesso a outros serviços Art. 8o-A. Fica instituída a Se- prestar orientação aos pais;
e a grupos de apoio à amamen- mana Nacional de Prevenção da IV – fornecer declaração de
tação. Gravidez na Adolescência, a ser nascimento onde constem ne-
§ 4o Incumbe ao poder pú- realizada anualmente na semana cessariamente as intercorrências
blico proporcionar assistência que incluir o dia 1o de fevereiro, do parto e do desenvolvimento
psicológica à gestante e à mãe, com o objetivo de disseminar do neonato;
no período pré e pós-natal, in- informações sobre medidas pre- V – manter alojamento con-
clusive como forma de prevenir ventivas e educativas que contri- junto, possibilitando ao neonato
ou minorar as consequências do buam para a redução da incidên- a permanência junto à mãe;
estado puerperal. cia da gravidez na adolescência. VI – acompanhar a prática
§ 5o A assistência referida Parágrafo único. As ações do processo de amamentação,
no § 4o deste artigo deverá ser destinadas a efetivar o dispos- prestando orientações quanto
prestada também a gestantes e to no caput deste artigo fica- à técnica adequada, enquanto a
mães que manifestem interes- rão a cargo do poder público, mãe permanecer na unidade hos-
se em entregar seus filhos para em conjunto com organizações pitalar, utilizando o corpo técnico
adoção, bem como a gestantes da sociedade civil, e serão diri- já existente.
e mães que se encontrem em gidas prioritariamente ao público
situação de privação de liberdade. adolescente. Art. 11. É assegurado acesso in-
§ 6o A gestante e a partu- tegral às linhas de cuidado vol-
riente têm direito a 1 (um) acom- Art. 9o O poder público, as insti- tadas à saúde da criança e do
panhante de sua preferência du- tuições e os empregadores pro- adolescente, por intermédio do
rante o período do pré-natal, do piciarão condições adequadas ao Sistema Único de Saúde, obser-
trabalho de parto e do pós-parto aleitamento materno, inclusive vado o princípio da equidade no
imediato. aos filhos de mães submetidas acesso a ações e serviços para
§ 7o A gestante deverá rece- a medida privativa de liberdade. promoção, proteção e recupe-
ber orientação sobre aleitamento § 1o Os profissionais das uni- ração da saúde.
materno, alimentação comple- dades primárias de saúde de- § 1o A criança e o adolescente
mentar saudável e crescimento senvolverão ações sistemáticas, com deficiência serão atendidos,
e desenvolvimento infantil, bem individuais ou coletivas, visando sem discriminação ou segrega-
como sobre formas de favorecer ao planejamento, à implemen- ção, em suas necessidades gerais

548
Estatuto da Criança e do Adolescente
de saúde e específicas de habili- faixa etária da primeira infância de direitos civis, humanos e so-
tação e reabilitação. com suspeita ou confirmação de ciais garantidos na Constituição
§ 2o Incumbe ao poder pú- violência de qualquer natureza, e nas leis.
blico fornecer gratuitamente, formulando projeto terapêutico
àqueles que necessitarem, me- singular que inclua intervenção Art. 16. O direito à liberdade
dicamentos, órteses, próteses em rede e, se necessário, acom- compreende os seguintes as-
e outras tecnologias assistivas panhamento domiciliar. pectos:
relativas ao tratamento, habilita- I – ir, vir e estar nos logradou-
ção ou reabilitação para crianças Art. 14. O Sistema Único de Saú- ros públicos e espaços comuni-
e adolescentes, de acordo com de promoverá programas de as- tários, ressalvadas as restrições
as linhas de cuidado voltadas às sistência médica e odontológica legais;
suas necessidades específicas. para a prevenção das enfermida- II – opinião e expressão;
§ 3o Os profissionais que atu- des que ordinariamente afetam a III – crença e culto religioso;
am no cuidado diário ou frequente população infantil, e campanhas IV – brincar, praticar esportes
de crianças na primeira infância de educação sanitária para pais, e divertir-se;
receberão formação específica educadores e alunos. V – participar da vida fami-
e permanente para a detecção § 1o É obrigatória a vacina- liar e comunitária, sem discri-
de sinais de risco para o desen- ção das crianças nos casos re- minação;
volvimento psíquico, bem como comendados pelas autoridades VI – participar da vida política,
para o acompanhamento que se sanitárias. na forma da lei;
fizer necessário. § 2o O Sistema Único de Saú- VII – buscar refúgio, auxílio e
de promoverá a atenção à saúde orientação.
Art. 12. Os estabelecimentos bucal das crianças e das gestan-
de atendimento à saúde, inclu- tes, de forma transversal, integral Art. 17. O direito ao respeito con-
sive as unidades neonatais, de e intersetorial com as demais siste na inviolabilidade da integri-
terapia intensiva e de cuidados linhas de cuidado direcionadas dade física, psíquica e moral da
intermediários, deverão propor- à mulher e à criança. criança e do adolescente, abran-
cionar condições para a perma- § 3o A atenção odontológica gendo a preservação da imagem,
nência em tempo integral de um à criança terá função educativa da identidade, da autonomia, dos
dos pais ou responsável, nos ca- protetiva e será prestada, ini- valores, ideias e crenças, dos es-
sos de internação de criança ou cialmente, antes de o bebê nas- paços e objetos pessoais.
adolescente. cer, por meio de aconselhamento
pré-natal, e, posteriormente, no Art. 18. É dever de todos velar
Art. 13. Os casos de suspeita ou sexto e no décimo segundo anos pela dignidade da criança e do
confirmação de castigo físico, de de vida, com orientações sobre adolescente, pondo-os a salvo de
tratamento cruel ou degradante saúde bucal. qualquer tratamento desumano,
e de maus-tratos contra criança § 4o A criança com necessi- violento, aterrorizante, vexatório
ou adolescente serão obrigatoria- dade de cuidados odontológicos ou constrangedor.
mente comunicados ao Conselho especiais será atendida pelo Sis-
Tutelar da respectiva localidade, tema Único de Saúde. Art. 18-A. A criança e o adoles-
sem prejuízo de outras providên- § 5o É obrigatória a aplicação cente têm o direito de ser edu-
cias legais. a todas as crianças, nos seus pri- cados e cuidados sem o uso de
§ 1o As gestantes ou mães meiros dezoito meses de vida, de castigo físico ou de tratamento
que manifestem interesse em protocolo ou outro instrumento cruel ou degradante, como formas
entregar seus filhos para adoção construído com a finalidade de de correção, disciplina, educação
serão obrigatoriamente encami- facilitar a detecção, em consulta ou qualquer outro pretexto, pelos
nhadas, sem constrangimento, pediátrica de acompanhamento pais, pelos integrantes da família
à Justiça da Infância e da Ju- da criança, de risco para o seu ampliada, pelos responsáveis, pe-
ventude. desenvolvimento psíquico. los agentes públicos executores
§ 2o Os serviços de saúde em de medidas socioeducativas ou
suas diferentes portas de entrada, por qualquer pessoa encarre-
os serviços de assistência social CAPÍTULO II – DO gada de cuidar deles, tratá-los,
em seu componente especializa- DIREITO À LIBERDADE, AO educá-los ou protegê-los.
do, o Centro de Referência Espe- RESPEITO E À DIGNIDADE Parágrafo único. Para os fins
cializado de Assistência Social desta Lei, considera-se:
(Creas) e os demais órgãos do Art. 15. A criança e o adoles- I – castigo físico: ação de
Sistema de Garantia de Direitos cente têm direito à liberdade, natureza disciplinar ou punitiva
da Criança e do Adolescente de- ao respeito e à dignidade como aplicada com o uso da força física
verão conferir máxima prioridade pessoas humanas em processo de sobre a criança ou o adolescente
ao atendimento das crianças na desenvolvimento e como sujeitos que resulte em:

549
Estatuto da Criança e do Adolescente
a) sofrimento físico; ou cente que estiver inserido em da Juventude, que apresentará
b) lesão; programa de acolhimento familiar relatório à autoridade judiciária,
II – tratamento cruel ou de- ou institucional terá sua situação considerando inclusive os eventu-
gradante: conduta ou forma cruel reavaliada, no máximo, a cada ais efeitos do estado gestacional
de tratamento em relação à crian- 3 (três) meses, devendo a au- e puerperal.
ça ou ao adolescente que: toridade judiciária competente, § 2o De posse do relatório,
a) humilhe; ou com base em relatório elaborado a autoridade judiciária poderá
b) ameace gravemente; ou por equipe interprofissional ou determinar o encaminhamento
c) ridicularize. multidisciplinar, decidir de forma da gestante ou mãe, mediante
fundamentada pela possibilidade sua expressa concordância, à
Art. 18-B. Os pais, os integrantes de reintegração familiar ou pela rede pública de saúde e assis-
da família ampliada, os responsá- colocação em família substituta, tência social para atendimento
veis, os agentes públicos execu- em quaisquer das modalidades especializado.
tores de medidas socioeducativas previstas no art. 28 desta Lei. § 3o A busca à família exten-
ou qualquer pessoa encarregada § 2o A permanência da crian- sa, conforme definida nos termos
de cuidar de crianças e de ado- ça e do adolescente em programa do parágrafo único do art. 25 des-
lescentes, tratá-los, educá-los de acolhimento institucional não ta Lei, respeitará o prazo máximo
ou protegê-los que utilizarem se prolongará por mais de 18 (de- de 90 (noventa) dias, prorrogável
castigo físico ou tratamento cruel zoito meses), salvo comprovada por igual período.
ou degradante como formas de necessidade que atenda ao seu § 4o Na hipótese de não ha-
correção, disciplina, educação ou superior interesse, devidamente ver a indicação do genitor e de
qualquer outro pretexto estarão fundamentada pela autoridade não existir outro representante
sujeitos, sem prejuízo de outras judiciária. da família extensa apto a receber
sanções cabíveis, às seguintes § 3o A manutenção ou a a guarda, a autoridade judiciária
medidas, que serão aplicadas de reintegração de criança ou ado- competente deverá decretar a
acordo com a gravidade do caso: lescente à sua família terá pre- extinção do poder familiar e de-
I – encaminhamento a pro- ferência em relação a qualquer terminar a colocação da criança
grama oficial ou comunitário de outra providência, caso em que sob a guarda provisória de quem
proteção à família; será esta incluída em serviços e estiver habilitado a adotá-la ou de
II – encaminhamento a tra- programas de proteção, apoio e entidade que desenvolva progra-
tamento psicológico ou psiqui- promoção, nos termos do § 1o do ma de acolhimento familiar ou
átrico; art. 23, dos incisos I e IV do caput institucional.
III – encaminhamento a cur- do art. 101 e dos incisos I a IV do § 5o Após o nascimento da
sos ou programas de orientação; caput do art. 129 desta Lei. criança, a vontade da mãe ou de
IV – obrigação de encami- § 4o Será garantida a convi- ambos os genitores, se houver pai
nhar a criança a tratamento es- vência da criança e do adolescen- registral ou pai indicado, deve ser
pecializado; te com a mãe ou o pai privado de manifestada na audiência a que
V – advertência. liberdade, por meio de visitas pe- se refere o § 1o do art. 166 desta
Parágrafo único. As medi- riódicas promovidas pelo respon- Lei, garantido o sigilo sobre a
das previstas neste artigo serão sável ou, nas hipóteses de acolhi- entrega.
aplicadas pelo Conselho Tutelar, mento institucional, pela entidade § 6o Na hipótese de não com-
sem prejuízo de outras providên- responsável, independentemente parecerem à audiência nem o
cias legais. de autorização judicial. genitor nem representante da
§ 5o Será garantida a convi- família extensa para confirmar
vência integral da criança com a a intenção de exercer o poder
CAPÍTULO III – DO DIREITO mãe adolescente que estiver em familiar ou a guarda, a autorida-
À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E acolhimento institucional. de judiciária suspenderá o poder
COMUNITÁRIA § 6o A mãe adolescente será familiar da mãe, e a criança será
assistida por equipe especializada colocada sob a guarda provisó-
Seção I – Disposições Gerais multidisciplinar. ria de quem esteja habilitado a
adotá-la.
Art. 19. É direito da criança e do Art. 19-A. A gestante ou mãe § 7o Os detentores da guarda
adolescente ser criado e educado que manifeste interesse em en- possuem o prazo de 15 (quinze)
no seio de sua família e, excepcio- tregar seu filho para adoção, an- dias para propor a ação de ado-
nalmente, em família substituta, tes ou logo após o nascimento, ção, contado do dia seguinte à
assegurada a convivência fami- será encaminhada à Justiça da data do término do estágio de
liar e comunitária, em ambiente Infância e da Juventude. convivência.
que garanta seu desenvolvimento § 1o A gestante ou mãe será § 8o Na hipótese de desistên-
integral. ouvida pela equipe interprofis- cia pelos genitores – manifestada
§ 1o Toda criança ou adoles- sional da Justiça da Infância e em audiência ou perante a equi-

550
Estatuto da Criança e do Adolescente
pe interprofissional – da entrega responsáveis pelo programa e ou outro descendente.
da criança após o nascimento, pelos serviços de acolhimento de-
a criança será mantida com os verão imediatamente notificar a Art. 24. A perda e a suspensão
genitores, e será determinado autoridade judiciária competente. do poder familiar serão decreta-
pela Justiça da Infância e da Ju- das judicialmente, em procedi-
ventude o acompanhamento fa- Art. 20. Os filhos, havidos ou mento contraditório, nos casos
miliar pelo prazo de 180 (cento e não da relação do casamento, previstos na legislação civil, bem
oitenta) dias. ou por adoção, terão os mesmos como na hipótese de descumpri-
§ 9o É garantido à mãe o di- direitos e qualificações, proibidas mento injustificado dos deveres e
reito ao sigilo sobre o nascimento, quaisquer designações discrimi- obrigações a que alude o art. 22.
respeitado o disposto no art. 48 natórias relativas à filiação.
desta Lei.
§ 10. Serão cadastrados para Art. 21. O poder familiar será
Seção II – Da Família Natural
adoção recém-nascidos e crian- exercido, em igualdade de con-
ças acolhidas não procuradas dições, pelo pai e pela mãe, na Art. 25. Entende-se por família
por suas famílias no prazo de 30 forma do que dispuser a legisla- natural a comunidade formada
(trinta) dias, contado a partir do ção civil, assegurado a qualquer pelos pais ou qualquer deles e
dia do acolhimento. deles o direito de, em caso de seus descendentes.
discordância, recorrer à autori- Parágrafo único. Entende-se
Art. 19-B. A criança e o adoles- dade judiciária competente para por família extensa ou ampliada
cente em programa de acolhi- a solução da divergência. aquela que se estende para além
mento institucional ou familiar da unidade pais e filhos ou da
poderão participar de programa Art. 22. Aos pais incumbe o de- unidade do casal, formada por
de apadrinhamento. ver de sustento, guarda e edu- parentes próximos com os quais
§ 1o O apadrinhamento con- cação dos filhos menores, ca- a criança ou adolescente convive
siste em estabelecer e propor- bendo-lhes ainda, no interesse e mantém vínculos de afinidade
cionar à criança e ao adolescente destes, a obrigação de cumprir e e afetividade.
vínculos externos à instituição fazer cumprir as determinações
para fins de convivência familiar e judiciais. Art. 26. Os filhos havidos fora
comunitária e colaboração com o Parágrafo único. A mãe e do casamento poderão ser reco-
seu desenvolvimento nos aspec- o pai, ou os responsáveis, têm nhecidos pelos pais, conjunta ou
tos social, moral, físico, cognitivo, direitos iguais e deveres e res- separadamente, no próprio termo
educacional e financeiro. ponsabilidades compartilhados de nascimento, por testamento,
§ 2o Podem ser padrinhos ou no cuidado e na educação da mediante escritura ou outro do-
madrinhas pessoas maiores de 18 criança, devendo ser resguardado cumento público, qualquer que
(dezoito) anos não inscritas nos o direito de transmissão familiar seja a origem da filiação.
cadastros de adoção, desde que de suas crenças e culturas, asse- Parágrafo único. O reconhe-
cumpram os requisitos exigidos gurados os direitos da criança cimento pode preceder o nasci-
pelo programa de apadrinhamen- estabelecidos nesta Lei. mento do filho ou suceder-lhe
to de que fazem parte. ao falecimento, se deixar des-
§ 3o Pessoas jurídicas podem Art. 23. A falta ou a carência de cendentes.
apadrinhar criança ou adolescen- recursos materiais não constitui
te a fim de colaborar para o seu motivo suficiente para a perda ou Art. 27. O reconhecimento do
desenvolvimento. a suspensão do poder familiar. estado de filiação é direito perso-
§ 4o O perfil da criança ou do § 1o Não existindo outro mo- nalíssimo, indisponível e impres-
adolescente a ser apadrinhado tivo que por si só autorize a decre- critível, podendo ser exercitado
será definido no âmbito de cada tação da medida, a criança ou o contra os pais ou seus herdeiros,
programa de apadrinhamento, adolescente será mantido em sua sem qualquer restrição, observa-
com prioridade para crianças ou família de origem, a qual deverá do o segredo de Justiça.
adolescentes com remota pos- obrigatoriamente ser incluída em
sibilidade de reinserção familiar serviços e programas oficiais de
ou colocação em família adotiva. proteção, apoio e promoção.
Seção III – Da Família
§ 5o Os programas ou servi- § 2o A condenação criminal Substituta
ços de apadrinhamento apoiados do pai ou da mãe não implicará Subseção I – Disposições
pela Justiça da Infância e da Ju- a destituição do poder familiar, Gerais
ventude poderão ser executados exceto na hipótese de condena-
por órgãos públicos ou por orga- ção por crime doloso sujeito à Art. 28. A colocação em famí-
nizações da sociedade civil. pena de reclusão contra outrem lia substituta far-se-á mediante
§ 6o Se ocorrer violação das igualmente titular do mesmo po- guarda, tutela ou adoção, inde-
regras de apadrinhamento, os der familiar ou contra filho, filha pendentemente da situação ju-

551
Estatuto da Criança e do Adolescente
rídica da criança ou adolescente, membros da mesma etnia; criança ou adolescente a condi-
nos termos desta Lei. III – a intervenção e oitiva ção de dependente, para todos os
§ 1o Sempre que possível, a de representantes do órgão fe- fins e efeitos de direito, inclusive
criança ou o adolescente será deral responsável pela política previdenciários.
previamente ouvido por equipe indigenista, no caso de crianças § 4o Salvo expressa e funda-
interprofissional, respeitado seu e adolescentes indígenas, e de mentada determinação em con-
estágio de desenvolvimento e antropólogos, perante a equipe trário, da autoridade judiciária
grau de compreensão sobre as interprofissional ou multidisci- competente, ou quando a medida
implicações da medida, e terá plinar que irá acompanhar o caso. for aplicada em preparação para
sua opinião devidamente con- adoção, o deferimento da guarda
siderada. Art. 29. Não se deferirá colo- de criança ou adolescente a ter-
§ 2o Tratando-se de maior cação em família substituta a ceiros não impede o exercício
de 12 (doze) anos de idade, será pessoa que revele, por qualquer do direito de visitas pelos pais,
necessário seu consentimento, modo, incompatibilidade com a assim como o dever de prestar
colhido em audiência. natureza da medida ou não ofe- alimentos, que serão objeto de
§ 3o Na apreciação do pedido reça ambiente familiar adequado. regulamentação específica, a pe-
levar-se-á em conta o grau de pa- dido do interessado ou do Minis-
rentesco e a relação de afinidade Art. 30. A colocação em família tério Público.
ou de afetividade, a fim de evitar substituta não admitirá transfe-
ou minorar as consequências de- rência da criança ou adolescente Art. 34. O poder público esti-
correntes da medida. a terceiros ou a entidades gover- mulará, por meio de assistên-
§ 4o Os grupos de irmãos se- namentais ou não governamen- cia jurídica, incentivos fiscais e
rão colocados sob adoção, tutela tais, sem autorização judicial. subsídios, o acolhimento, sob a
ou guarda da mesma família subs- forma de guarda, de criança ou
tituta, ressalvada a comprovada Art. 31. A colocação em família adolescente afastado do conví-
existência de risco de abuso ou substituta estrangeira consti- vio familiar.
outra situação que justifique ple- tui medida excepcional, somen- § 1o A inclusão da criança ou
namente a excepcionalidade de te admissível na modalidade de adolescente em programas de
solução diversa, procurando-se, adoção. acolhimento familiar terá prefe-
em qualquer caso, evitar o rom- rência a seu acolhimento institu-
pimento definitivo dos vínculos Art. 32. Ao assumir a guarda ou cional, observado, em qualquer
fraternais. a tutela, o responsável prestará caso, o caráter temporário e ex-
§ 5o A colocação da criança compromisso de bem e fielmente cepcional da medida, nos termos
ou adolescente em família subs- desempenhar o encargo, median- desta Lei.
tituta será precedida de sua pre- te termo nos autos. § 2o Na hipótese do § 1o deste
paração gradativa e acompanha- artigo a pessoa ou casal cadastra-
mento posterior, realizados pela do no programa de acolhimento
equipe interprofissional a serviço
Subseção II – Da Guarda familiar poderá receber a criança
da Justiça da Infância e da Ju- ou adolescente mediante guarda,
ventude, preferencialmente com Art. 33. A guarda obriga à pres- observado o disposto nos arts. 28
o apoio dos técnicos responsá- tação de assistência material, a 33 desta Lei.
veis pela execução da política moral e educacional à criança § 3o A União apoiará a im-
municipal de garantia do direito ou adolescente, conferindo a seu plementação de serviços de aco-
à convivência familiar. detentor o direito de opor-se a lhimento em família acolhedora
§ 6o Em se tratando de crian- terceiros, inclusive aos pais. como política pública, os quais
ça ou adolescente indígena ou § 1o A guarda destina-se a deverão dispor de equipe que or-
proveniente de comunidade re- regularizar a posse de fato, po- ganize o acolhimento temporário
manescente de quilombo, é ainda dendo ser deferida, liminar ou de crianças e de adolescentes em
obrigatório: incidentalmente, nos procedi- residências de famílias seleciona-
I – que sejam consideradas e mentos de tutela e adoção, exceto das, capacitadas e acompanha-
respeitadas sua identidade social no de adoção por estrangeiros. das que não estejam no cadastro
e cultural, os seus costumes e § 2o Excepcionalmente, de- de adoção.
tradições, bem como suas insti- ferir-se-á a guarda, fora dos casos § 4o Poderão ser utiliza-
tuições, desde que não sejam in- de tutela e adoção, para atender dos recursos federais, estadu-
compatíveis com os direitos fun- a situações peculiares ou suprir ais, distritais e municipais para
damentais reconhecidos por esta a falta eventual dos pais ou res- a manutenção dos serviços de
Lei e pela Constituição Federal; ponsável, podendo ser deferido acolhimento em família acolhe-
II – que a colocação familiar o direito de representação para dora, facultando-se o repasse de
ocorra prioritariamente no seio a prática de atos determinados. recursos para a própria família
de sua comunidade ou junto a § 3o A guarda confere à acolhedora.

552
Estatuto da Criança e do Adolescente
Art. 35. A guarda poderá ser procuração. que justifiquem a excepcionali-
revogada a qualquer tempo, me- § 3o Em caso de conflito dade da concessão.
diante ato judicial fundamentado, entre direitos e interesses do § 5o Nos casos do § 4o deste
ouvido o Ministério Público. adotando e de outras pessoas, artigo, desde que demonstrado
inclusive seus pais biológicos, efetivo benefício ao adotando,
devem prevalecer os direitos e será assegurada a guarda com-
Subseção III – Da Tutela os interesses do adotando. partilhada, conforme previsto no
art. 1.584 da Lei no 10.406, de 10
Art. 36. A tutela será deferida, Art. 40. O adotando deve contar de janeiro de 2002 – Código Civil.
nos termos da lei civil, a pessoa de com, no máximo, dezoito anos à § 6o A adoção poderá ser
até 18 (dezoito) anos incompletos. data do pedido, salvo se já esti- deferida ao adotante que, após
Parágrafo único. O defe- ver sob a guarda ou tutela dos inequívoca manifestação de von-
rimento da tutela pressupõe a adotantes. tade, vier a falecer no curso do
prévia decretação da perda ou procedimento, antes de prolatada
suspensão do poder familiar e Art. 41. A adoção atribui a con- a sentença.
implica necessariamente o dever dição de filho ao adotado, com os
de guarda. mesmos direitos e deveres, inclu- Art. 43. A adoção será deferida
sive sucessórios, desligando-o quando apresentar reais vanta-
Art. 37. O tutor nomeado por de qualquer vínculo com pais e gens para o adotando e fundar-se
testamento ou qualquer do- parentes, salvo os impedimentos em motivos legítimos.
cumento autêntico, conforme matrimoniais.
previsto no parágrafo único do § 1o Se um dos cônjuges ou Art. 44. Enquanto não der con-
art. 1.729 da Lei no 10.406, de 10 concubinos adota o filho do outro, ta de sua administração e saldar
de janeiro de 2002 – Código Civil, mantêm-se os vínculos de filia- o seu alcance, não pode o tutor
deverá, no prazo de 30 (trinta) dias ção entre o adotado e o cônjuge ou o curador adotar o pupilo ou
após a abertura da sucessão, in- ou concubino do adotante e os o curatelado.
gressar com pedido destinado ao respectivos parentes.
controle judicial do ato, observan- § 2o É recíproco o direito su- Art. 45. A adoção depende do
do o procedimento previsto nos cessório entre o adotado, seus consentimento dos pais ou do
arts. 165 a 170 desta Lei. descendentes, o adotante, seus representante legal do adotando.
Parágrafo único. Na aprecia- ascendentes, descendentes e co- § 1o O consentimento será
ção do pedido, serão observa- laterais até o 4o grau, observada dispensado em relação à criança
dos os requisitos previstos nos a ordem de vocação hereditária. ou adolescente cujos pais sejam
arts. 28 e 29 desta Lei, somente desconhecidos ou tenham sido
sendo deferida a tutela à pessoa Art. 42. Podem adotar os maio- destituídos do poder familiar.
indicada na disposição de última res de 18 (dezoito) anos, indepen- § 2o Em se tratando de ado-
vontade, se restar comprovado dentemente do estado civil. tando maior de doze anos de ida-
que a medida é vantajosa ao tu- § 1o Não podem adotar os de, será também necessário o seu
telando e que não existe outra ascendentes e os irmãos do ado- consentimento.
pessoa em melhores condições tando.
de assumi-la. § 2o Para adoção conjunta, Art. 46. A adoção será prece-
é indispensável que os adotan- dida de estágio de convivência
Art. 38. Aplica-se à destituição tes sejam casados civilmente ou com a criança ou adolescente,
da tutela o disposto no art. 24. mantenham união estável, com- pelo prazo máximo de 90 (no-
provada a estabilidade da família. venta) dias, observadas a idade
§ 3o O adotante há de ser, da criança ou adolescente e as
Subseção IV – Da Adoção pelo menos, dezesseis anos mais peculiaridades do caso.
velho do que o adotando. § 1o O estágio de convivência
Art. 39. A adoção de criança e de § 4o Os divorciados, os ju- poderá ser dispensado se o ado-
adolescente reger-se-á segundo dicialmente separados e os ex- tando já estiver sob a tutela ou
o disposto nesta Lei. -companheiros podem adotar guarda legal do adotante durante
§ 1o A adoção é medida ex- conjuntamente, contanto que tempo suficiente para que seja
cepcional e irrevogável, à qual acordem sobre a guarda e o re- possível avaliar a conveniência
se deve recorrer apenas quando gime de visitas e desde que o es- da constituição do vínculo.
esgotados os recursos de manu- tágio de convivência tenha sido § 2o A simples guarda de fato
tenção da criança ou adolescen- iniciado na constância do período não autoriza, por si só, a dispen-
te na família natural ou extensa, de convivência e que seja com- sa da realização do estágio de
na forma do parágrafo único do provada a existência de vínculos convivência.
art. 25 desta Lei. de afinidade e afetividade com § 2o-A. O prazo máximo es-
§ 2o É vedada a adoção por aquele não detentor da guarda, tabelecido no caput deste artigo

553
Estatuto da Criança e do Adolescente
pode ser prorrogado por até igual § 5o A sentença conferirá ao dições de serem adotados e ou-
período, mediante decisão funda- adotado o nome do adotante e, a tro de pessoas interessadas na
mentada da autoridade judiciária. pedido de qualquer deles, pode- adoção.
§ 3o Em caso de adoção por rá determinar a modificação do § 1o O deferimento da inscri-
pessoa ou casal residente ou do- prenome. ção dar-se-á após prévia consulta
miciliado fora do País, o estágio § 6o Caso a modificação de aos órgãos técnicos do Juizado,
de convivência será de, no míni- prenome seja requerida pelo ado- ouvido o Ministério Público.
mo, 30 (trinta) dias e, no máxi- tante, é obrigatória a oitiva do § 2o Não será deferida a ins-
mo, 45 (quarenta e cinco) dias, adotando, observado o disposto crição se o interessado não sa-
prorrogável por até igual período, nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. tisfizer os requisitos legais, ou
uma única vez, mediante decisão § 7o A adoção produz seus verificada qualquer das hipóteses
fundamentada da autoridade ju- efeitos a partir do trânsito em previstas no art. 29.
diciária. julgado da sentença constituti- § 3o A inscrição de postu-
§ 3o-A. Ao final do prazo pre- va, exceto na hipótese prevista lantes à adoção será precedida
visto no § 3o deste artigo, deverá no § 6o do art. 42 desta Lei, caso de um período de preparação
ser apresentado laudo fundamen- em que terá força retroativa à psicossocial e jurídica, orientado
tado pela equipe mencionada no data do óbito. pela equipe técnica da Justiça da
§ 4o deste artigo, que recomen- § 8o O processo relativo à Infância e da Juventude, prefe-
dará ou não o deferimento da adoção assim como outros a ele rencialmente com apoio dos téc-
adoção à autoridade judiciária. relacionados serão mantidos em nicos responsáveis pela execução
§ 4o O estágio de convivência arquivo, admitindo-se seu ar- da política municipal de garantia
será acompanhado pela equipe mazenamento em microfilme ou do direito à convivência familiar.
interprofissional a serviço da Jus- por outros meios, garantida a § 4o Sempre que possível e
tiça da Infância e da Juventude, sua conservação para consulta recomendável, a preparação re-
preferencialmente com apoio dos a qualquer tempo. ferida no § 3o deste artigo incluirá
técnicos responsáveis pela exe- § 9o Terão prioridade de tra- o contato com crianças e adoles-
cução da política de garantia do mitação os processos de adoção centes em acolhimento familiar
direito à convivência familiar, que em que o adotando for criança ou ou institucional em condições de
apresentarão relatório minucioso adolescente com deficiência ou serem adotados, a ser realizado
acerca da conveniência do defe- com doença crônica. sob a orientação, supervisão e
rimento da medida. § 10. O prazo máximo para avaliação da equipe técnica da
§ 5o O estágio de convivên- conclusão da ação de adoção Justiça da Infância e da Juven-
cia será cumprido no território será de 120 (cento e vinte) dias, tude, com apoio dos técnicos
nacional, preferencialmente na prorrogável uma única vez por responsáveis pelo programa de
comarca de residência da criança igual período, mediante decisão acolhimento e pela execução da
ou adolescente, ou, a critério do fundamentada da autoridade ju- política municipal de garantia
juiz, em cidade limítrofe, respei- diciária. do direito à convivência familiar.
tada, em qualquer hipótese, a § 5o Serão criados e imple-
competência do juízo da comarca Art. 48. O adotado tem direito mentados cadastros estaduais
de residência da criança. de conhecer sua origem bioló- e nacional de crianças e adoles-
gica, bem como de obter acesso centes em condições de serem
Art. 47. O vínculo da adoção irrestrito ao processo no qual a adotados e de pessoas ou casais
constitui-se por sentença judi- medida foi aplicada e seus even- habilitados à adoção.
cial, que será inscrita no registro tuais incidentes, após completar § 6o Haverá cadastros distin-
civil mediante mandado do qual 18 (dezoito) anos. tos para pessoas ou casais resi-
não se fornecerá certidão. Parágrafo único. O acesso dentes fora do País, que somente
§ 1o A inscrição consigna- ao processo de adoção poderá serão consultados na inexistência
rá o nome dos adotantes como ser também deferido ao adotado de postulantes nacionais habilita-
pais, bem como o nome de seus menor de 18 (dezoito) anos, a seu dos nos cadastros mencionados
ascendentes. pedido, assegurada orientação e no § 5o deste artigo.
§ 2o O mandado judicial, que assistência jurídica e psicológica. § 7o As autoridades estadu-
será arquivado, cancelará o regis- ais e federais em matéria de ado-
tro original do adotado. Art. 49. A morte dos adotantes ção terão acesso integral aos ca-
§ 3o A pedido do adotante, o não restabelece o poder familiar dastros, incumbindo-lhes a troca
novo registro poderá ser lavrado dos pais naturais. de informações e a cooperação
no Cartório do Registro Civil do mútua, para melhoria do sistema.
Município de sua residência. Art. 50. A autoridade judiciá- § 8o A autoridade judiciária
§ 4o Nenhuma observação ria manterá, em cada comarca providenciará, no prazo de 48
sobre a origem do ato poderá ou foro regional, um registro de (quarenta e oito) horas, a inscri-
constar nas certidões do registro. crianças e adolescentes em con- ção das crianças e adolescentes

554
Estatuto da Criança e do Adolescente
em condições de serem adotados deverá comprovar, no curso do Federal em matéria de adoção
que não tiveram colocação fami- procedimento, que preenche os internacional.
liar na comarca de origem, e das requisitos necessários à adoção, § 4o (Revogado)
pessoas ou casais que tiveram conforme previsto nesta Lei.
deferida sua habilitação à adoção § 15. Será assegurada prio- Art. 52. A adoção internacional
nos cadastros estadual e nacional ridade no cadastro a pessoas observará o procedimento previs-
referidos no § 5o deste artigo, sob interessadas em adotar criança to nos arts. 165 a 170 desta Lei,
pena de responsabilidade. ou adolescente com deficiência, com as seguintes adaptações:
§ 9o Compete à Autoridade com doença crônica ou com ne- I – a pessoa ou casal estran-
Central Estadual zelar pela ma- cessidades específicas de saúde, geiro, interessado em adotar
nutenção e correta alimentação além de grupo de irmãos. criança ou adolescente brasi-
dos cadastros, com posterior co- leiro, deverá formular pedido de
municação à Autoridade Central Art. 51. Considera-se adoção habilitação à adoção perante a
Federal Brasileira. internacional aquela na qual o Autoridade Central em matéria de
§ 10. Consultados os cadas- pretendente possui residência adoção internacional no país de
tros e verificada a ausência de habitual em país-parte da Con- acolhida, assim entendido aquele
pretendentes habilitados residen- venção de Haia, de 29 de maio onde está situada sua residência
tes no País com perfil compatível de 1993, Relativa à Proteção das habitual;
e interesse manifesto pela adoção Crianças e à Cooperação em Ma- II – se a Autoridade Central do
de criança ou adolescente inscri- téria de Adoção Internacional, país de acolhida considerar que
to nos cadastros existentes, será promulgada pelo Decreto no 3.087, os solicitantes estão habilitados e
realizado o encaminhamento da de 21 junho de 1999, e deseja ado- aptos para adotar, emitirá um re-
criança ou adolescente à adoção tar criança em outro país-parte latório que contenha informações
internacional. da Convenção. sobre a identidade, a capacidade
§ 11. Enquanto não localizada § 1o A adoção internacional jurídica e adequação dos solici-
pessoa ou casal interessado em de criança ou adolescente bra- tantes para adotar, sua situação
sua adoção, a criança ou o ado- sileiro ou domiciliado no Brasil pessoal, familiar e médica, seu
lescente, sempre que possível somente terá lugar quando restar meio social, os motivos que os
e recomendável, será colocado comprovado: animam e sua aptidão para as-
sob guarda de família cadastra- I – que a colocação em família sumir uma adoção internacional;
da em programa de acolhimento adotiva é a solução adequada ao III – a Autoridade Central do
familiar. caso concreto; país de acolhida enviará o relató-
§ 12. A alimentação do ca- II – que foram esgotadas to- rio à Autoridade Central Estadu-
dastro e a convocação criteriosa das as possibilidades de coloca- al, com cópia para a Autoridade
dos postulantes à adoção se- ção da criança ou adolescente Central Federal Brasileira;
rão fiscalizadas pelo Ministério em família adotiva brasileira, com IV – o relatório será instruído
Público. a comprovação, certificada nos com toda a documentação ne-
§ 13. Somente poderá ser de- autos, da inexistência de ado- cessária, incluindo estudo psi-
ferida adoção em favor de can- tantes habilitados residentes no cossocial elaborado por equi-
didato domiciliado no Brasil não Brasil com perfil compatível com pe interprofissional habilitada e
cadastrado previamente nos ter- a criança ou adolescente, após cópia autenticada da legislação
mos desta Lei quando: consulta aos cadastros mencio- pertinente, acompanhada da res-
I – se tratar de pedido de ado- nados nesta Lei; pectiva prova de vigência;
ção unilateral; III – que, em se tratando de V – os documentos em língua
II – for formulada por paren- adoção de adolescente, este foi estrangeira serão devidamen-
te com o qual a criança ou ado- consultado, por meios adequados te autenticados pela autoridade
lescente mantenha vínculos de ao seu estágio de desenvolvimen- consular, observados os trata-
afinidade e afetividade; to, e que se encontra preparado dos e convenções internacionais,
III – oriundo o pedido de quem para a medida, mediante parecer e acompanhados da respectiva
detém a tutela ou guarda legal de elaborado por equipe interpro- tradução, por tradutor público
criança maior de 3 (três) anos ou fissional, observado o disposto juramentado;
adolescente, desde que o lapso de nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. VI – a Autoridade Central Es-
tempo de convivência comprove § 2o Os brasileiros residentes tadual poderá fazer exigências e
a fixação de laços de afinidade e no exterior terão preferência aos solicitar complementação sobre o
afetividade, e não seja constatada estrangeiros, nos casos de ado- estudo psicossocial do postulante
a ocorrência de má-fé ou qual- ção internacional de criança ou estrangeiro à adoção, já realizado
quer das situações previstas nos adolescente brasileiro. no país de acolhida;
arts. 237 ou 238 desta Lei. § 3o A adoção internacional VII – verificada, após estudo
§ 14. Nas hipóteses previstas pressupõe a intervenção das Au- realizado pela Autoridade Cen-
no § 13 deste artigo, o candidato toridades Centrais Estaduais e tral Estadual, a compatibilidade

555
Estatuto da Criança e do Adolescente
da legislação estrangeira com a dico brasileiro e pelas normas do poderá acarretar a suspensão
nacional, além do preenchimen- estabelecidas pela Autoridade de seu credenciamento.
to por parte dos postulantes à Central Federal Brasileira. § 6o O credenciamento de or-
medida dos requisitos objetivos § 4o Os organismos creden- ganismo nacional ou estrangeiro
e subjetivos necessários ao seu ciados deverão ainda: encarregado de intermediar pedi-
deferimento, tanto à luz do que I – perseguir unicamente fins dos de adoção internacional terá
dispõe esta Lei como da legis- não lucrativos, nas condições e validade de 2 (dois) anos.
lação do país de acolhida, será dentro dos limites fixados pelas § 7o A renovação do creden-
expedido laudo de habilitação à autoridades competentes do país ciamento poderá ser concedida
adoção internacional, que terá va- onde estiverem sediados, do país mediante requerimento proto-
lidade por, no máximo, 1 (um) ano; de acolhida e pela Autoridade colado na Autoridade Central Fe-
VIII – de posse do laudo de Central Federal Brasileira; deral Brasileira nos 60 (sessenta)
habilitação, o interessado será II – ser dirigidos e administra- dias anteriores ao término do res-
autorizado a formalizar pedido dos por pessoas qualificadas e de pectivo prazo de validade.
de adoção perante o Juízo da reconhecida idoneidade moral, § 8o Antes de transitada em
Infância e da Juventude do local com comprovada formação ou julgado a decisão que concedeu
em que se encontra a criança ou experiência para atuar na área de a adoção internacional, não será
adolescente, conforme indicação adoção internacional, cadastra- permitida a saída do adotando do
efetuada pela Autoridade Central das pelo Departamento de Polícia território nacional.
Estadual. Federal e aprovadas pela Autori- § 9o Transitada em julgado
§ 1o Se a legislação do país dade Central Federal Brasileira, a decisão, a autoridade judiciá-
de acolhida assim o autorizar, mediante publicação de portaria ria determinará a expedição de
admite-se que os pedidos de ha- do órgão federal competente; alvará com autorização de via-
bilitação à adoção internacional III – estar submetidos à su- gem, bem como para obtenção
sejam intermediados por orga- pervisão das autoridades com- de passaporte, constando, obriga-
nismos credenciados. petentes do país onde estiverem toriamente, as características da
§ 2o Incumbe à Autorida- sediados e no país de acolhida, criança ou adolescente adotado,
de Central Federal Brasileira o inclusive quanto à sua composi- como idade, cor, sexo, eventuais
credenciamento de organismos ção, funcionamento e situação sinais ou traços peculiares, assim
nacionais e estrangeiros encarre- financeira; como foto recente e a aposição da
gados de intermediar pedidos de IV – apresentar à Autoridade impressão digital do seu polegar
habilitação à adoção internacio- Central Federal Brasileira, a cada direito, instruindo o documento
nal, com posterior comunicação ano, relatório geral das atividades com cópia autenticada da decisão
às Autoridades Centrais Estaduais desenvolvidas, bem como rela- e certidão de trânsito em julgado.
e publicação nos órgãos oficiais tório de acompanhamento das § 10. A Autoridade Central
de imprensa e em sítio próprio adoções internacionais efetua- Federal Brasileira poderá, a qual-
da internet. das no período, cuja cópia será quer momento, solicitar informa-
§ 3o Somente será admissí- encaminhada ao Departamento ções sobre a situação das crian-
vel o credenciamento de orga- de Polícia Federal; ças e adolescentes adotados.
nismos que: V – enviar relatório pós-ado- § 11. A cobrança de valores
I – sejam oriundos de paí- tivo semestral para a Autoridade por parte dos organismos creden-
ses que ratificaram a Convenção Central Estadual, com cópia para ciados, que sejam considerados
de Haia e estejam devidamente a Autoridade Central Federal Bra- abusivos pela Autoridade Central
credenciados pela Autoridade sileira, pelo período mínimo de 2 Federal Brasileira e que não este-
Central do país onde estiverem (dois) anos. O envio do relatório jam devidamente comprovados, é
sediados e no país de acolhida do será mantido até a juntada de có- causa de seu descredenciamento.
adotando para atuar em adoção pia autenticada do registro civil, § 12. Uma mesma pessoa
internacional no Brasil; estabelecendo a cidadania do ou seu cônjuge não podem ser
II – satisfizerem as condições país de acolhida para o adotado; representados por mais de uma
de integridade moral, competên- VI – tomar as medidas ne- entidade credenciada para atuar
cia profissional, experiência e cessárias para garantir que os na cooperação em adoção inter-
responsabilidade exigidas pelos adotantes encaminhem à Auto- nacional.
países respectivos e pela Autori- ridade Central Federal Brasileira § 13. A habilitação de postu-
dade Central Federal Brasileira; cópia da certidão de registro de lante estrangeiro ou domiciliado
III – forem qualificados por nascimento estrangeira e do cer- fora do Brasil terá validade má-
seus padrões éticos e sua for- tificado de nacionalidade tão logo xima de 1 (um) ano, podendo ser
mação e experiência para atuar lhes sejam concedidos. renovada.
na área de adoção internacional; § 5o A não apresentação dos § 14. É vedado o contato di-
IV – cumprirem os requisitos relatórios referidos no § 4o deste reto de representantes de orga-
exigidos pelo ordenamento jurí- artigo pelo organismo credencia- nismos de adoção, nacionais ou

556
Estatuto da Criança e do Adolescente
estrangeiros, com dirigentes de Central Estadual que tiver pro- III – direito de contestar cri-
programas de acolhimento insti- cessado o pedido de habilitação térios avaliativos, podendo re-
tucional ou familiar, assim como dos pais adotivos, que comuni- correr às instâncias escolares
com crianças e adolescentes em cará o fato à Autoridade Central superiores;
condições de serem adotados, Federal e determinará as provi- IV – direito de organização e
sem a devida autorização judicial. dências necessárias à expedição participação em entidades es-
§ 15. A Autoridade Central do Certificado de Naturalização tudantis;
Federal Brasileira poderá limitar Provisório. V – acesso à escola pública
ou suspender a concessão de § 1o A Autoridade Central Es- e gratuita, próxima de sua re-
novos credenciamentos sempre tadual, ouvido o Ministério Públi- sidência, garantindo-se vagas
que julgar necessário, mediante co, somente deixará de reconhe- no mesmo estabelecimento a
ato administrativo fundamentado. cer os efeitos daquela decisão se irmãos que frequentem a mes-
restar demonstrado que a adoção ma etapa ou ciclo de ensino da
Art. 52-A. É vedado, sob pena é manifestamente contrária à educação básica.
de responsabilidade e descre- ordem pública ou não atende ao Parágrafo único. É direito dos
denciamento, o repasse de recur- interesse superior da criança ou pais ou responsáveis ter ciência
sos provenientes de organismos do adolescente. do processo pedagógico, bem
estrangeiros encarregados de § 2o Na hipótese de não reco- como participar da definição das
intermediar pedidos de adoção nhecimento da adoção, prevista propostas educacionais.
internacional a organismos na- no § 1o deste artigo, o Ministério
cionais ou a pessoas físicas. Público deverá imediatamen- Art. 53-A. É dever da instituição
Parágrafo único. Eventuais te requerer o que for de direito de ensino, clubes e agremiações
repasses somente poderão ser para resguardar os interesses recreativas e de estabelecimen-
efetuados via Fundo dos Direi- da criança ou do adolescente, tos congêneres assegurar medi-
tos da Criança e do Adolescente comunicando-se as providências das de conscientização, preven-
e estarão sujeitos às deliberações à Autoridade Central Estadual, ção e enfrentamento ao uso ou
do respectivo Conselho de Direi- que fará a comunicação à Auto- dependência de drogas ilícitas.
tos da Criança e do Adolescente. ridade Central Federal Brasileira
e à Autoridade Central do país Art. 54. É dever do Estado asse-
Art. 52-B. A adoção por brasilei- de origem. gurar à criança e ao adolescente:
ro residente no exterior em país I – ensino fundamental, obri-
ratificante da Convenção de Haia, Art. 52-D. Nas adoções interna- gatório e gratuito, inclusive para
cujo processo de adoção tenha cionais, quando o Brasil for o país os que a ele não tiveram acesso
sido processado em conformi- de acolhida e a adoção não tenha na idade própria;
dade com a legislação vigente sido deferida no país de origem II – progressiva extensão da
no país de residência e atendido porque a sua legislação a delega obrigatoriedade e gratuidade ao
o disposto na alínea “c” do Artigo ao país de acolhida, ou, ainda, na ensino médio;
17 da referida Convenção, será hipótese de, mesmo com decisão, III – atendimento educacional
automaticamente recepcionada a criança ou o adolescente ser especializado aos portadores de
com o reingresso no Brasil. oriundo de país que não tenha deficiência, preferencialmente na
§ 1o Caso não tenha sido aderido à Convenção referida, o rede regular de ensino;
atendido o disposto na alínea “c” processo de adoção seguirá as IV – atendimento em creche
do Artigo 17 da Convenção de regras da adoção nacional. e pré-escola às crianças de zero
Haia, deverá a sentença ser ho- a cinco anos de idade;
mologada pelo Superior Tribunal V – acesso aos níveis mais
de Justiça. CAPÍTULO IV – DO DIREITO elevados do ensino, da pesquisa
§ 2o O pretendente brasileiro À EDUCAÇÃO, À CULTURA, e da criação artística, segundo a
residente no exterior em país não AO ESPORTE E AO LAZER capacidade de cada um;
ratificante da Convenção de Haia, VI – oferta de ensino noturno
uma vez reingressado no Brasil, Art. 53. A criança e o adolescen- regular, adequado às condições
deverá requerer a homologação te têm direito à educação, visando do adolescente trabalhador;
da sentença estrangeira pelo Su- ao pleno desenvolvimento de sua VII – atendimento no ensino
perior Tribunal de Justiça. pessoa, preparo para o exercício fundamental, através de progra-
da cidadania e qualificação para mas suplementares de material
Art. 52-C. Nas adoções interna- o trabalho, assegurando-se-lhes: didático-escolar, transporte, ali-
cionais, quando o Brasil for o país I – igualdade de condições mentação e assistência à saúde.
de acolhida, a decisão da autori- para o acesso e permanência § 1o O acesso ao ensino obri-
dade competente do país de ori- na escola; gatório e gratuito é direito público
gem da criança ou do adolescente II – direito de ser respeitado subjetivo.
será conhecida pela Autoridade por seus educadores; § 2o O não oferecimento do

557
Estatuto da Criança e do Adolescente
ensino obrigatório pelo poder CAPÍTULO V – DO DIREITO desenvolvimento físico, psíquico,
público ou sua oferta irregular À PROFISSIONALIZAÇÃO moral e social;
importa responsabilidade da au- IV – realizado em horários e
toridade competente.
E À PROTEÇÃO NO locais que não permitam a fre-
§ 3o Compete ao poder pú- TRABALHO quência à escola.
blico recensear os educandos no
ensino fundamental, fazer-lhes a Art. 60. É proibido qualquer Art. 68. O programa social que
chamada e zelar, junto aos pais trabalho a menores de quatorze tenha por base o trabalho educa-
ou responsável, pela frequência anos de idade, salvo na condição tivo, sob responsabilidade de en-
à escola. de aprendiz. tidade governamental ou não go-
vernamental sem fins lucrativos,
Art. 55. Os pais ou responsável Art. 61. A proteção ao trabalho deverá assegurar ao adolescente
têm a obrigação de matricular dos adolescentes é regulada por que dele participe condições de
seus filhos ou pupilos na rede legislação especial, sem prejuízo capacitação para o exercício de
regular de ensino. do disposto nesta Lei. atividade regular remunerada.
§ 1o Entende-se por trabalho
Art. 56. Os dirigentes de esta- Art. 62. Considera-se aprendi- educativo a atividade laboral em
belecimentos de ensino funda- zagem a formação técnico-pro- que as exigências pedagógicas
mental comunicarão ao Conselho fissional ministrada segundo as relativas ao desenvolvimento pes-
Tutelar os casos de: diretrizes e bases da legislação soal e social do educando preva-
I – maus-tratos envolvendo de educação em vigor. lecem sobre o aspecto produtivo.
seus alunos; § 2o A remuneração que o
II – reiteração de faltas in- Art. 63. A formação técnico- adolescente recebe pelo traba-
justificadas e de evasão escolar, -profissional obedecerá aos se- lho efetuado ou a participação
esgotados os recursos escolares; guintes princípios: na venda dos produtos de seu
III – elevados níveis de re- I – garantia de acesso e fre- trabalho não desfigura o caráter
petência. quência obrigatória ao ensino educativo.
regular;
Art. 57. O poder público esti- II – atividade compatível com Art. 69. O adolescente tem di-
mulará pesquisas, experiências o desenvolvimento do adoles- reito à profissionalização e à pro-
e novas propostas relativas a cente; teção no trabalho, observados os
calendário, seriação, currículo, III – horário especial para o seguintes aspectos, entre outros:
metodologia, didática e avaliação, exercício das atividades. I – respeito à condição pe-
com vistas à inserção de crian- culiar de pessoa em desenvol-
ças e adolescentes excluídos do Art. 64. Ao adolescente até qua- vimento;
ensino fundamental obrigatório. torze anos de idade é assegurada II – capacitação profissional
bolsa de aprendizagem. adequada ao mercado de tra-
Art. 58. No processo educacio- balho.
nal respeitar-se-ão os valores Art. 65. Ao adolescente apren-
culturais, artísticos e históricos diz, maior de quatorze anos, são
próprios do contexto social da assegurados os direitos traba- TÍTULO III – DA
criança e do adolescente, ga- lhistas e previdenciários. PREVENÇÃO
rantindo-se a estes a liberdade
de criação e o acesso às fontes Art. 66. Ao adolescente porta- CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
de cultura. dor de deficiência é assegurado GERAIS
trabalho protegido.
Art. 59. Os Municípios, com Art. 70. É dever de todos pre-
apoio dos Estados e da União, Art. 67. Ao adolescente empre- venir a ocorrência de ameaça ou
estimularão e facilitarão a des- gado, aprendiz, em regime fami- violação dos direitos da criança
tinação de recursos e espaços liar de trabalho, aluno de escola e do adolescente.
para programações culturais, es- técnica, assistido em entidade
portivas e de lazer voltadas para governamental ou não governa- Art. 70-A. A União, os Estados,
a infância e a juventude. mental, é vedado trabalho: o Distrito Federal e os Municípios
I – noturno, realizado entre deverão atuar de forma articu-
as vinte e duas horas de um dia lada na elaboração de políticas
e as cinco horas do dia seguinte; públicas e na execução de ações
II – perigoso, insalubre ou destinadas a coibir o uso de cas-
penoso; tigo físico ou de tratamento cruel
III – realizado em locais pre- ou degradante e difundir formas
judiciais à sua formação e ao seu não violentas de educação de

558
Estatuto da Criança e do Adolescente
crianças e de adolescentes, tendo do adolescente. se recomendem, locais e horá-
como principais ações: Parágrafo único. As famílias rios em que sua apresentação
I – a promoção de campanhas com crianças e adolescentes com se mostre inadequada.
educativas permanentes para a deficiência terão prioridade de Parágrafo único. Os respon-
divulgação do direito da criança atendimento nas ações e políticas sáveis pelas diversões e espe-
e do adolescente de serem edu- públicas de prevenção e proteção. táculos públicos deverão afixar,
cados e cuidados sem o uso de em lugar visível e de fácil acesso,
castigo físico ou de tratamento Art. 70-B. As entidades, públi- à entrada do local de exibição,
cruel ou degradante e dos instru- cas e privadas, que atuem nas informação destacada sobre a
mentos de proteção aos direitos áreas a que se refere o art. 71, natureza do espetáculo e a faixa
humanos; dentre outras, devem contar, em etária especificada no certificado
II – a integração com os ór- seus quadros, com pessoas capa- de classificação.
gãos do Poder Judiciário, do Mi- citadas a reconhecer e comunicar
nistério Público e da Defensoria ao Conselho Tutelar suspeitas ou Art. 75. Toda criança ou adoles-
Pública, com o Conselho Tutelar, casos de maus-tratos praticados cente terá acesso às diversões
com os Conselhos de Direitos da contra crianças e adolescentes. e espetáculos públicos classi-
Criança e do Adolescente e com Parágrafo único. São igual- ficados como adequados à sua
as entidades não governamentais mente responsáveis pela comuni- faixa etária.
que atuam na promoção, pro- cação de que trata este artigo, as Parágrafo único. As crianças
teção e defesa dos direitos da pessoas encarregadas, por razão menores de dez anos somente
criança e do adolescente; de cargo, função, ofício, minis- poderão ingressar e permanecer
III – a formação continuada e tério, profissão ou ocupação, do nos locais de apresentação ou
a capacitação dos profissionais cuidado, assistência ou guarda exibição quando acompanhadas
de saúde, educação e assistên- de crianças e adolescentes, pu- dos pais ou responsável.
cia social e dos demais agentes nível, na forma deste Estatuto,
que atuam na promoção, pro- o injustificado retardamento ou Art. 76. As emissoras de rádio
teção e defesa dos direitos da omissão, culposos ou dolosos. e televisão somente exibirão, no
criança e do adolescente para o horário recomendado para o pú-
desenvolvimento das competên- Art. 71. A criança e o adoles- blico infanto-juvenil, programas
cias necessárias à prevenção, à cente têm direito a informação, com finalidades educativas, ar-
identificação de evidências, ao cultura, lazer, esportes, diversões, tísticas, culturais e informativas.
diagnóstico e ao enfrentamento espetáculos e produtos e servi- Parágrafo único. Nenhum
de todas as formas de violência ços que respeitem sua condição espetáculo será apresentado ou
contra a criança e o adolescente; peculiar de pessoa em desenvol- anunciado sem aviso de sua clas-
IV – o apoio e o incentivo às vimento. sificação, antes de sua transmis-
práticas de resolução pacífica de são, apresentação ou exibição.
conflitos que envolvam violência Art. 72. As obrigações previstas
contra a criança e o adolescente; nesta Lei não excluem da preven- Art. 77. Os proprietários, dire-
V – a inclusão, nas políticas ção especial outras decorrentes tores, gerentes e funcionários de
públicas, de ações que visem a dos princípios por ela adotados. empresas que explorem a venda
garantir os direitos da criança e ou aluguel de fitas de programa-
do adolescente, desde a atenção Art. 73. A inobservância das ção em vídeo cuidarão para que
pré-natal, e de atividades junto normas de prevenção importa- não haja venda ou locação em
aos pais e responsáveis com o ob- rá em responsabilidade da pes- desacordo com a classificação
jetivo de promover a informação, soa física ou jurídica, nos termos atribuída pelo órgão competente.
a reflexão, o debate e a orienta- desta Lei. Parágrafo único. As fitas a
ção sobre alternativas ao uso de que alude este artigo deverão
castigo físico ou de tratamento exibir, no invólucro, informação
cruel ou degradante no processo CAPÍTULO II – DA sobre a natureza da obra e a faixa
educativo; PREVENÇÃO ESPECIAL etária a que se destinam.
VI – a promoção de espaços
Seção I – Da Informação,
intersetoriais locais para a arti- Art. 78. As revistas e publica-
culação de ações e a elaboração Cultura, Lazer, Esportes, ções contendo material impró-
de planos de atuação conjunta Diversões e Espetáculos prio ou inadequado a crianças
focados nas famílias em situação e adolescentes deverão ser co-
de violência, com participação de Art. 74. O poder público, através mercializadas em embalagem
profissionais de saúde, de assis- do órgão competente, regulará as lacrada, com a advertência de
tência social e de educação e de diversões e espetáculos públicos, seu conteúdo.
órgãos de promoção, proteção e informando sobre a natureza de- Parágrafo único. As editoras
defesa dos direitos da criança e les, as faixas etárias a que não cuidarão para que as capas que

559
Estatuto da Criança e do Adolescente
contenham mensagens porno- Seção III – Da Autorização LIVRO II – PARTE ESPECIAL
gráficas ou obscenas sejam pro- para Viajar
tegidas com embalagem opaca. TÍTULO I – DA POLÍTICA DE
Art. 83. Nenhuma criança ou ATENDIMENTO
Art. 79. As revistas e publica- adolescente menor de 16 (de-
ções destinadas ao público in- zesseis) anos poderá viajar para CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
fanto-juvenil não poderão conter fora da comarca onde reside de- GERAIS
ilustrações, fotografias, legendas, sacompanhado dos pais ou dos
crônicas ou anúncios de bebidas responsáveis sem expressa au- Art. 86. A política de atendi-
alcoólicas, tabaco, armas e mu- torização judicial. mento dos direitos da criança
nições, e deverão respeitar os § 1o A autorização não será e do adolescente far-se-á atra-
valores éticos e sociais da pessoa exigida quando: vés de um conjunto articulado
e da família. a) tratar-se de comarca con- de ações governamentais e não
tígua à da residência da criança governamentais, da União, dos
Art. 80. Os responsáveis por ou do adolescente menor de 16 Estados, do Distrito Federal e
estabelecimentos que explorem (dezesseis) anos, se na mesma dos Municípios.
comercialmente bilhar, sinuca ou unidade da Federação, ou incluída
congênere ou por casas de jogos, na mesma região metropolitana; Art. 87. São linhas de ação da
assim entendidas as que realizem b) a criança ou o adolescen- política de atendimento:
apostas, ainda que eventualmen- te menor de 16 (dezesseis) anos I – políticas sociais básicas;
te, cuidarão para que não seja estiver acompanhado: II – serviços, programas, pro-
permitida a entrada e a perma- 1) de ascendente ou cola- jetos e benefícios de assistência
nência de crianças e adolescen- teral maior, até o terceiro grau, social de garantia de proteção
tes no local, afixando aviso para comprovado documentalmente social e de prevenção e redução
orientação do público. o parentesco; de violações de direitos, seus
2) de pessoa maior, expres- agravamentos ou reincidências;
samente autorizada pelo pai, mãe III – serviços especiais de pre-
Seção II – Dos Produtos e ou responsável. venção e atendimento médico e
Serviços § 2o A autoridade judiciária psicossocial às vítimas de negli-
poderá, a pedido dos pais ou res- gência, maus-tratos, exploração,
Art. 81. É proibida a venda à ponsável, conceder autorização abuso, crueldade e opressão;
criança ou ao adolescente de: válida por dois anos. IV – serviço de identificação
I – armas, munições e ex- e localização de pais, respon-
plosivos; Art. 84. Quando se tratar de via- sável, crianças e adolescentes
II – bebidas alcoólicas; gem ao exterior, a autorização desaparecidos;
III – produtos cujos compo- é dispensável, se a criança ou V – proteção jurídico-social
nentes possam causar depen- adolescente: por entidades de defesa dos direi-
dência física ou psíquica ainda I – estiver acompanhado de tos da criança e do adolescente;
que por utilização indevida; ambos os pais ou responsável; VI – políticas e programas
IV – fogos de estampido e II – viajar na companhia de destinados a prevenir ou abre-
de artifício, exceto aqueles que um dos pais, autorizado expres- viar o período de afastamento
pelo seu reduzido potencial sejam samente pelo outro através de do- do convívio familiar e a garantir
incapazes de provocar qualquer cumento com firma reconhecida. o efetivo exercício do direito à
dano físico em caso de utilização convivência familiar de crianças
indevida; Art. 85. Sem prévia e expressa e adolescentes;
V – revistas e publicações a autorização judicial, nenhuma VII – campanhas de estímu-
que alude o art. 78; criança ou adolescente nascido lo ao acolhimento sob forma de
VI – bilhetes lotéricos e equi- em território nacional poderá sair guarda de crianças e adolescen-
valentes. do País em companhia de estran- tes afastados do convívio fami-
geiro residente ou domiciliado liar e à adoção, especificamente
Art. 82. É proibida a hospeda- no exterior. inter-racial, de crianças maiores
gem de criança ou adolescente ou de adolescentes, com neces-
em hotel, motel, pensão ou es- sidades específicas de saúde ou
tabelecimento congênere, salvo com deficiências e de grupos de
se autorizado ou acompanhado irmãos.
pelos pais ou responsável.
Art. 88. São diretrizes da política
de atendimento:
I – municipalização do aten-
dimento;

560
Estatuto da Criança e do Adolescente
II – criação de conselhos mu- no atendimento da criança e do de Educação, Saúde e Assistência
nicipais, estaduais e nacional dos adolescente e seu desenvolvi- Social, dentre outros, observan-
direitos da criança e do adoles- mento integral; do-se o princípio da prioridade
cente, órgãos deliberativos e con- X – realização e divulgação absoluta à criança e ao adoles-
troladores das ações em todos de pesquisas sobre desenvolvi- cente preconizado pelo caput do
os níveis, assegurada a partici- mento infantil e sobre prevenção art. 227 da Constituição Federal e
pação popular paritária por meio da violência. pelo caput e parágrafo único do
de organizações representativas, art. 4o desta Lei.
segundo leis federal, estaduais e Art. 89. A função de membro do § 3o Os programas em exe-
municipais; Conselho Nacional e dos conse- cução serão reavaliados pelo
III – criação e manutenção lhos estaduais e municipais dos Conselho Municipal dos Direitos
de programas específicos, ob- direitos da criança e do adoles- da Criança e do Adolescente, no
servada a descentralização po- cente é considerada de interes- máximo, a cada 2 (dois) anos,
lítico-administrativa; se público relevante e não será constituindo-se critérios para
IV – manutenção de fundos remunerada. renovação da autorização de fun-
nacional, estaduais e municipais cionamento:
vinculados aos respectivos con- I – o efetivo respeito às regras
selhos dos direitos da criança e CAPÍTULO II – DAS e princípios desta Lei, bem como
do adolescente; ENTIDADES DE às resoluções relativas à moda-
V – integração operacional de ATENDIMENTO lidade de atendimento prestado
órgãos do Judiciário, Ministério expedidas pelos Conselhos de
Público, Defensoria, Segurança Seção I – Disposições Gerais Direitos da Criança e do Adoles-
Pública e Assistência Social, pre- cente, em todos os níveis;
ferencialmente em um mesmo Art. 90. As entidades de atendi- II – a qualidade e eficiência
local, para efeito de agilização do mento são responsáveis pela ma- do trabalho desenvolvido, ates-
atendimento inicial a adolescente nutenção das próprias unidades, tadas pelo Conselho Tutelar, pelo
a quem se atribua autoria de ato assim como pelo planejamento e Ministério Público e pela Justiça
infracional; execução de programas de prote- da Infância e da Juventude;
VI – integração operacional ção e socioeducativos destinados III – em se tratando de pro-
de órgãos do Judiciário, Ministé- a crianças e adolescentes, em gramas de acolhimento institu-
rio Público, Defensoria, Conselho regime de: cional ou familiar, serão consi-
Tutelar e encarregados da execu- I – orientação e apoio socio- derados os índices de sucesso
ção das políticas sociais básicas e familiar; na reintegração familiar ou de
de assistência social, para efeito II – apoio socioeducativo em adaptação à família substituta,
de agilização do atendimento de meio aberto; conforme o caso.
crianças e de adolescentes inseri- III – colocação familiar;
dos em programas de acolhimen- IV – acolhimento institucional; Art. 91. As entidades não go-
to familiar ou institucional, com V – prestação de serviços à vernamentais somente poderão
vista na sua rápida reintegração comunidade; funcionar depois de registradas
à família de origem ou, se tal so- VI – liberdade assistida; no Conselho Municipal dos Direi-
lução se mostrar comprovada- VII – semiliberdade; e tos da Criança e do Adolescente,
mente inviável, sua colocação em VIII – internação. o qual comunicará o registro ao
família substituta, em quaisquer § 1o As entidades governa- Conselho Tutelar e à autoridade
das modalidades previstas no mentais e não governamentais judiciária da respectiva locali-
art. 28 desta Lei; deverão proceder à inscrição de dade.
VII – mobilização da opinião seus programas, especificando § 1o Será negado o registro
pública para a indispensável par- os regimes de atendimento, na à entidade que:
ticipação dos diversos segmentos forma definida neste artigo, no a) não ofereça instalações
da sociedade; Conselho Municipal dos Direitos físicas em condições adequadas
VIII – especialização e forma- da Criança e do Adolescente, o de habitabilidade, higiene, salu-
ção continuada dos profissionais qual manterá registro das inscri- bridade e segurança;
que trabalham nas diferentes áre- ções e de suas alterações, do que b) não apresente plano de
as da atenção à primeira infân- fará comunicação ao Conselho trabalho compatível com os prin-
cia, incluindo os conhecimentos Tutelar e à autoridade judiciária. cípios desta Lei;
sobre direitos da criança e sobre § 2o Os recursos destinados c) esteja irregularmente
desenvolvimento infantil; à implementação e manutenção constituída;
IX – formação profissional dos programas relacionados nes- d) tenha em seus quadros
com abrangência dos diversos di- te artigo serão previstos nas do- pessoas inidôneas;
reitos da criança e do adolescente tações orçamentárias dos órgãos e) não se adequar ou deixar
que favoreça a intersetorialidade públicos encarregados das áreas de cumprir as resoluções e deli-

561
Estatuto da Criança e do Adolescente
berações relativas à modalidade intermédio dos Poderes Executivo Parágrafo único. Recebida a
de atendimento prestado expedi- e Judiciário, promoverão conjun- comunicação, a autoridade judi-
das pelos Conselhos de Direitos tamente a permanente qualifica- ciária, ouvido o Ministério Público
da Criança e do Adolescente, em ção dos profissionais que atuam e se necessário com o apoio do
todos os níveis. direta ou indiretamente em pro- Conselho Tutelar local, tomará as
§ 2o O registro terá validade gramas de acolhimento institu- medidas necessárias para promo-
máxima de 4 (quatro) anos, ca- cional e destinados à colocação ver a imediata reintegração fami-
bendo ao Conselho Municipal dos familiar de crianças e adolescen- liar da criança ou do adolescente
Direitos da Criança e do Adoles- tes, incluindo membros do Poder ou, se por qualquer razão não for
cente, periodicamente, reavaliar Judiciário, Ministério Público e isso possível ou recomendável,
o cabimento de sua renovação, Conselho Tutelar. para seu encaminhamento a pro-
observado o disposto no § 1o des- § 4o Salvo determinação em grama de acolhimento familiar,
te artigo. contrário da autoridade judiciária institucional ou a família subs-
competente, as entidades que tituta, observado o disposto no
Art. 92. As entidades que de- desenvolvem programas de aco- § 2o do art. 101 desta Lei.
senvolvam programas de aco- lhimento familiar ou institucional,
lhimento familiar ou institucio- se necessário com o auxílio do Art. 94. As entidades que de-
nal deverão adotar os seguintes Conselho Tutelar e dos órgãos de senvolvem programas de interna-
princípios: assistência social, estimularão o ção têm as seguintes obrigações,
I – preservação dos vínculos contato da criança ou adolescen- entre outras:
familiares e promoção da reinte- te com seus pais e parentes, em I – observar os direitos e ga-
gração familiar; cumprimento ao disposto nos in- rantias de que são titulares os
II – integração em família cisos I e VIII do caput deste artigo. adolescentes;
substituta, quando esgotados § 5o As entidades que de- II – não restringir nenhum
os recursos de manutenção na senvolvem programas de aco- direito que não tenha sido ob-
família natural ou extensa; lhimento familiar ou institucional jeto de restrição na decisão de
III – atendimento personaliza- somente poderão receber recur- internação;
do e em pequenos grupos; sos públicos se comprovado o III – oferecer atendimento
IV – desenvolvimento de ativi- atendimento dos princípios, exi- personalizado, em pequenas uni-
dades em regime de coeducação; gências e finalidades desta Lei. dades e grupos reduzidos;
V – não desmembramento de § 6o O descumprimento das IV – preservar a identidade e
grupos de irmãos; disposições desta Lei pelo diri- oferecer ambiente de respeito e
VI – evitar, sempre que pos- gente de entidade que desenvolva dignidade ao adolescente;
sível, a transferência para outras programas de acolhimento fami- V – diligenciar no sentido do
entidades de crianças e adoles- liar ou institucional é causa de restabelecimento e da preserva-
centes abrigados; sua destituição, sem prejuízo da ção dos vínculos familiares;
VII – participação na vida da apuração de sua responsabilidade VI – comunicar à autorida-
comunidade local; administrativa, civil e criminal. de judiciária, periodicamente, os
VIII – preparação gradativa § 7o Quando se tratar de casos em que se mostre inviável
para o desligamento; criança de 0 (zero) a 3 (três) anos ou impossível o reatamento dos
IX – participação de pesso- em acolhimento institucional, vínculos familiares;
as da comunidade no processo dar-se-á especial atenção à atua- VII – oferecer instalações fí-
educativo. ção de educadores de referência sicas em condições adequadas
§ 1o O dirigente de entidade estáveis e qualitativamente sig- de habitabilidade, higiene, salu-
que desenvolve programa de aco- nificativos, às rotinas específicas bridade e segurança e os objetos
lhimento institucional é equipa- e ao atendimento das necessida- necessários à higiene pessoal;
rado ao guardião, para todos os des básicas, incluindo as de afeto VIII – oferecer vestuário e ali-
efeitos de direito. como prioritárias. mentação suficientes e adequa-
§ 2o Os dirigentes de entida- dos à faixa etária dos adolescen-
des que desenvolvem programas Art. 93. As entidades que man- tes atendidos;
de acolhimento familiar ou insti- tenham programa de acolhimento IX – oferecer cuidados médi-
tucional remeterão à autoridade institucional poderão, em cará- cos, psicológicos, odontológicos
judiciária, no máximo a cada 6 ter excepcional e de urgência, e farmacêuticos;
(seis) meses, relatório circunstan- acolher crianças e adolescen- X – propiciar escolarização e
ciado acerca da situação de cada tes sem prévia determinação da profissionalização;
criança ou adolescente acolhido autoridade competente, fazendo XI – propiciar atividades cul-
e sua família, para fins da reava- comunicação do fato em até 24 turais, esportivas e de lazer;
liação prevista no § 1o do art. 19 (vinte e quatro) horas ao Juiz da XII – propiciar assistência re-
desta Lei. Infância e da Juventude, sob pena ligiosa àqueles que desejarem, de
§ 3o Os entes federados, por de responsabilidade. acordo com suas crenças;

562
Estatuto da Criança e do Adolescente
XIII – proceder a estudo social Seção II – Da Fiscalização TÍTULO II – DAS MEDIDAS
e pessoal de cada caso; das Entidades DE PROTEÇÃO
XIV – reavaliar periodicamen-
te cada caso, com intervalo má- Art. 95. As entidades governa- CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
ximo de seis meses, dando ciên- mentais e não governamentais, GERAIS
cia dos resultados à autoridade referidas no art. 90, serão fis-
competente; calizadas pelo Judiciário, pelo Art. 98. As medidas de prote-
XV – informar, periodicamen- Ministério Público e pelos Con- ção à criança e ao adolescente
te, o adolescente internado sobre selhos Tutelares. são aplicáveis sempre que os
sua situação processual; direitos reconhecidos nesta Lei
XVI – comunicar às autorida- Art. 96. Os planos de aplicação forem ameaçados ou violados:
des competentes todos os casos e as prestações de contas serão I – por ação ou omissão da
de adolescentes portadores de apresentados ao Estado ou ao sociedade ou do Estado;
moléstias infectocontagiosas; Município, conforme a origem das II – por falta, omissão ou abu-
XVII – fornecer comprovante dotações orçamentárias. so dos pais ou responsável;
de depósito dos pertences dos III – em razão de sua conduta.
adolescentes; Art. 97. São medidas aplicáveis
XVIII – manter programas às entidades de atendimento que
destinados ao apoio e acompa- descumprirem obrigação cons- CAPÍTULO II – DAS
nhamento de egressos; tante do art. 94, sem prejuízo da MEDIDAS ESPECÍFICAS DE
XIX – providenciar os docu- responsabilidade civil e criminal PROTEÇÃO
mentos necessários ao exercício de seus dirigentes ou prepostos:
da cidadania àqueles que não os I – às entidades governa- Art. 99. As medidas previstas
tiverem; mentais: neste Capítulo poderão ser aplica-
XX – manter arquivo de ano- a) advertência; das isolada ou cumulativamente,
tações onde constem data e b) afastamento provisório de bem como substituídas a qual-
circunstâncias do atendimen- seus dirigentes; quer tempo.
to, nome do adolescente, seus c) afastamento definitivo de
pais ou responsável, parentes, seus dirigentes; Art. 100. Na aplicação das me-
endereços, sexo, idade, acom- d) fechamento de unidade ou didas levar-se-ão em conta as
panhamento da sua formação, interdição de programa; necessidades pedagógicas, pre-
relação de seus pertences e de- II – às entidades não gover- ferindo-se aquelas que visem
mais dados que possibilitem sua namentais: ao fortalecimento dos vínculos
identificação e a individualização a) advertência; familiares e comunitários.
do atendimento. b) suspensão total ou parcial Parágrafo único. São tam-
§ 1o Aplicam-se, no que cou- do repasse de verbas públicas; bém princípios que regem a apli-
ber, as obrigações constantes c) interdição de unidades ou cação das medidas:
deste artigo às entidades que suspensão de programa; I – condição da criança e do
mantêm programas de acolhi- d) cassação do registro. adolescente como sujeitos de
mento institucional e familiar. § 1o Em caso de reiteradas in- direitos: crianças e adolescen-
§ 2o No cumprimento das frações cometidas por entidades tes são os titulares dos direi-
obrigações a que alude este ar- de atendimento, que coloquem tos previstos nesta e em outras
tigo as entidades utilizarão pre- em risco os direitos assegura- Leis, bem como na Constituição
ferencialmente os recursos da dos nesta Lei, deverá ser o fato Federal;
comunidade. comunicado ao Ministério Público II – proteção integral e priori-
ou representado perante autori- tária: a interpretação e aplicação
Art. 94-A. As entidades, públi- dade judiciária competente para de toda e qualquer norma con-
cas ou privadas, que abriguem as providências cabíveis, inclusi- tida nesta Lei deve ser voltada
ou recepcionem crianças e ado- ve suspensão das atividades ou à proteção integral e prioritária
lescentes, ainda que em caráter dissolução da entidade. dos direitos de que crianças e
temporário, devem ter, em seus § 2o As pessoas jurídicas de adolescentes são titulares;
quadros, profissionais capaci- direito público e as organizações III – responsabilidade primá-
tados a reconhecer e reportar não governamentais responde- ria e solidária do poder públi-
ao Conselho Tutelar suspeitas rão pelos danos que seus agen- co: a plena efetivação dos direi-
ou ocorrências de maus-tratos. tes causarem às crianças e aos tos assegurados a crianças e a
adolescentes, caracterizado o adolescentes por esta Lei e pela
descumprimento dos princípios Constituição Federal, salvo nos
norteadores das atividades de casos por esta expressamente
proteção específica. ressalvados, é de responsabili-
dade primária e solidária das 3

563
Estatuto da Criança e do Adolescente
(três) esferas de governo, sem dos seus direitos, dos motivos que de medidas emergenciais para
prejuízo da municipalização do determinaram a intervenção e da proteção de vítimas de violência
atendimento e da possibilidade forma como esta se processa; ou abuso sexual e das providên-
da execução de programas por XII – oitiva obrigatória e parti- cias a que alude o art. 130 desta
entidades não governamentais; cipação: a criança e o adolescen- Lei, o afastamento da criança ou
IV – interesse superior da te, em separado ou na companhia adolescente do convívio familiar
criança e do adolescente: a in- dos pais, de responsável ou de é de competência exclusiva da
tervenção deve atender priorita- pessoa por si indicada, bem como autoridade judiciária e importa-
riamente aos interesses e direitos os seus pais ou responsável, têm rá na deflagração, a pedido do
da criança e do adolescente, sem direito a ser ouvidos e a participar Ministério Público ou de quem
prejuízo da consideração que for nos atos e na definição da me- tenha legítimo interesse, de pro-
devida a outros interesses legí- dida de promoção dos direitos e cedimento judicial contencioso,
timos no âmbito da pluralidade de proteção, sendo sua opinião no qual se garanta aos pais ou ao
dos interesses presentes no caso devidamente considerada pela responsável legal o exercício do
concreto; autoridade judiciária competente, contraditório e da ampla defesa.
V – privacidade: a promoção observado o disposto nos §§ 1o e § 3o Crianças e adolescentes
dos direitos e proteção da criança 2o do art. 28 desta Lei. somente poderão ser encaminha-
e do adolescente deve ser efetu- dos às instituições que executam
ada no respeito pela intimidade, Art. 101. Verificada qualquer das programas de acolhimento insti-
direito à imagem e reserva da sua hipóteses previstas no art. 98, a tucional, governamentais ou não,
vida privada; autoridade competente pode- por meio de uma Guia de Acolhi-
VI – intervenção precoce: rá determinar, dentre outras, as mento, expedida pela autoridade
a intervenção das autoridades seguintes medidas: judiciária, na qual obrigatoria-
competentes deve ser efetuada I – encaminhamento aos pais mente constará, dentre outros:
logo que a situação de perigo seja ou responsável, mediante termo I – sua identificação e a qua-
conhecida; de responsabilidade; lificação completa de seus pais
VII – intervenção mínima: a II – orientação, apoio e acom- ou de seu responsável, se co-
intervenção deve ser exercida panhamento temporários; nhecidos;
exclusivamente pelas autoridades III – matrícula e frequência II – o endereço de residência
e instituições cuja ação seja indis- obrigatórias em estabelecimento dos pais ou do responsável, com
pensável à efetiva promoção dos oficial de ensino fundamental; pontos de referência;
direitos e à proteção da criança IV – inclusão em serviços e III – os nomes de parentes
e do adolescente; programas oficiais ou comuni- ou de terceiros interessados em
VIII – proporcionalidade e atu- tários de proteção, apoio e pro- tê-los sob sua guarda;
alidade: a intervenção deve ser a moção da família, da criança e do IV – os motivos da retirada ou
necessária e adequada à situa- adolescente; da não reintegração ao convívio
ção de perigo em que a criança V – requisição de tratamento familiar.
ou o adolescente se encontram médico, psicológico ou psiquiá- § 4o Imediatamente após o
no momento em que a decisão trico, em regime hospitalar ou acolhimento da criança ou do
é tomada; ambulatorial; adolescente, a entidade respon-
IX – responsabilidade pa- VI – inclusão em programa sável pelo programa de acolhi-
rental: a intervenção deve ser oficial ou comunitário de auxílio, mento institucional ou familiar
efetuada de modo que os pais orientação e tratamento a alcoó- elaborará um plano individual
assumam os seus deveres para latras e toxicômanos; de atendimento, visando à rein-
com a criança e o adolescente; VII – acolhimento institucio- tegração familiar, ressalvada a
X – prevalência da família: na nal; existência de ordem escrita e
promoção de direitos e na prote- VIII – inclusão em programa fundamentada em contrário de
ção da criança e do adolescen- de acolhimento familiar; autoridade judiciária competen-
te deve ser dada prevalência às IX – colocação em família te, caso em que também deverá
medidas que os mantenham ou substituta. contemplar sua colocação em
reintegrem na sua família natu- § 1o O acolhimento institu- família substituta, observadas
ral ou extensa ou, se isso não for cional e o acolhimento familiar as regras e princípios desta Lei.
possível, que promovam a sua são medidas provisórias e excep- § 5o O plano individual será
integração em família adotiva; cionais, utilizáveis como forma elaborado sob a responsabilidade
XI – obrigatoriedade da in- de transição para reintegração da equipe técnica do respectivo
formação: a criança e o adoles- familiar ou, não sendo esta pos- programa de atendimento e le-
cente, respeitado seu estágio de sível, para colocação em família vará em consideração a opinião
desenvolvimento e capacidade de substituta, não implicando priva- da criança ou do adolescente e a
compreensão, seus pais ou res- ção de liberdade. oitiva dos pais ou do responsável.
ponsável devem ser informados § 2o Sem prejuízo da tomada § 6o Constarão do plano in-

564
Estatuto da Criança e do Adolescente
dividual, dentre outros: so com a ação de destituição do vestigação de paternidade pelo
I – os resultados da avaliação poder familiar, salvo se entender Ministério Público se, após o não
interdisciplinar; necessária a realização de estu- comparecimento ou a recusa do
II – os compromissos assumi- dos complementares ou de outras suposto pai em assumir a pater-
dos pelos pais ou responsável; e providências indispensáveis ao nidade a ele atribuída, a criança
III – a previsão das ativida- ajuizamento da demanda. for encaminhada para adoção.
des a serem desenvolvidas com § 11. A autoridade judiciária § 5o Os registros e certidões
a criança ou com o adolescente manterá, em cada comarca ou necessários à inclusão, a qualquer
acolhido e seus pais ou respon- foro regional, um cadastro con- tempo, do nome do pai no assen-
sável, com vista na reintegração tendo informações atualizadas to de nascimento são isentos de
familiar ou, caso seja esta ve- sobre as crianças e adolescen- multas, custas e emolumentos,
dada por expressa e fundamen- tes em regime de acolhimento gozando de absoluta prioridade.
tada determinação judicial, as familiar e institucional sob sua § 6o São gratuitas, a qualquer
providências a serem tomadas responsabilidade, com informa- tempo, a averbação requerida do
para sua colocação em família ções pormenorizadas sobre a si- reconhecimento de paternidade
substituta, sob direta supervisão tuação jurídica de cada um, bem no assento de nascimento e a
da autoridade judiciária. como as providências tomadas certidão correspondente.
§ 7o O acolhimento familiar para sua reintegração familiar ou
ou institucional ocorrerá no local colocação em família substituta,
mais próximo à residência dos em qualquer das modalidades TÍTULO III – DA PRÁTICA DE
pais ou do responsável e, como previstas no art. 28 desta Lei. ATO INFRACIONAL
parte do processo de reintegra- § 12. Terão acesso ao cadas-
ção familiar, sempre que identi- tro o Ministério Público, o Con- CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
ficada a necessidade, a família selho Tutelar, o órgão gestor da GERAIS
de origem será incluída em pro- Assistência Social e os Conselhos
gramas oficiais de orientação, Municipais dos Direitos da Criança Art. 103. Considera-se ato infra-
de apoio e de promoção social, e do Adolescente e da Assistência cional a conduta descrita como
sendo facilitado e estimulado o Social, aos quais incumbe deli- crime ou contravenção penal.
contato com a criança ou com o berar sobre a implementação de
adolescente acolhido. políticas públicas que permitam Art. 104. São penalmente inim-
§ 8o Verificada a possibili- reduzir o número de crianças e putáveis os menores de dezoito
dade de reintegração familiar, adolescentes afastados do con- anos, sujeitos às medidas previs-
o responsável pelo programa de vívio familiar e abreviar o período tas nesta Lei.
acolhimento familiar ou institu- de permanência em programa de Parágrafo único. Para os
cional fará imediata comunicação acolhimento. efeitos desta Lei, deve ser con-
à autoridade judiciária, que dará siderada a idade do adolescente
vista ao Ministério Público, pelo Art. 102. As medidas de prote- à data do fato.
prazo de 5 (cinco) dias, decidindo ção de que trata este Capítulo
em igual prazo. serão acompanhadas da regula- Art. 105. Ao ato infracional prati-
§ 9o Em sendo constatada a rização do registro civil. cado por criança corresponderão
impossibilidade de reintegração § 1o Verificada a inexistência as medidas previstas no art. 101.
da criança ou do adolescente à de registro anterior, o assento de
família de origem, após seu enca- nascimento da criança ou adoles-
minhamento a programas oficiais cente será feito à vista dos ele- CAPÍTULO II – DOS
ou comunitários de orientação, mentos disponíveis, mediante re- DIREITOS INDIVIDUAIS
apoio e promoção social, será quisição da autoridade judiciária.
enviado relatório fundamenta- § 2o Os registros e certidões Art. 106. Nenhum adolescente
do ao Ministério Público, no qual necessárias à regularização de será privado de sua liberdade
conste a descrição pormenoriza- que trata este artigo são isentos senão em flagrante de ato in-
da das providências tomadas e a de multas, custas e emolumentos, fracional ou por ordem escrita
expressa recomendação, subscri- gozando de absoluta prioridade. e fundamentada da autoridade
ta pelos técnicos da entidade ou § 3o Caso ainda não definida judiciária competente.
responsáveis pela execução da a paternidade, será deflagrado Parágrafo único. O adoles-
política municipal de garantia do procedimento específico destina- cente tem direito à identificação
direito à convivência familiar, para do à sua averiguação, conforme dos responsáveis pela sua apre-
a destituição do poder familiar, ou previsto pela Lei no 8.560, de 29 ensão, devendo ser informado
destituição de tutela ou guarda. de dezembro de 1992. acerca de seus direitos.
§ 10. Recebido o relatório, § 4o Nas hipóteses previstas
o Ministério Público terá o prazo no § 3o deste artigo, é dispensá- Art. 107. A apreensão de qual-
de 15 (quinze) dias para o ingres- vel o ajuizamento de ação de in- quer adolescente e o local onde

565
Estatuto da Criança e do Adolescente
se encontra recolhido serão in- cedimento. será reduzida a termo e assinada.
continenti comunicados à auto-
ridade judiciária competente e à
família do apreendido ou à pessoa CAPÍTULO IV – Seção III – Da Obrigação de
por ele indicada. DAS MEDIDAS Reparar o Dano
Parágrafo único. Examinar- SOCIOEDUCATIVAS
-se-á, desde logo e sob pena de Art. 116. Em se tratando de ato
responsabilidade, a possibilidade Seção I – Disposições Gerais infracional com reflexos patrimo-
de liberação imediata. niais, a autoridade poderá deter-
Art. 112. Verificada a prática de minar, se for o caso, que o adoles-
Art. 108. A internação, antes da ato infracional, a autoridade com- cente restitua a coisa, promova
sentença, pode ser determinada petente poderá aplicar ao ado- o ressarcimento do dano, ou, por
pelo prazo máximo de quarenta lescente as seguintes medidas: outra forma, compense o prejuízo
e cinco dias. I – advertência; da vítima.
Parágrafo único. A decisão II – obrigação de reparar o Parágrafo único. Havendo
deverá ser fundamentada e ba- dano; manifesta impossibilidade, a me-
sear-se em indícios suficientes de III – prestação de serviços à dida poderá ser substituída por
autoria e materialidade, demons- comunidade; outra adequada.
trada a necessidade imperiosa IV – liberdade assistida;
da medida. V – inserção em regime de
semiliberdade;
Seção IV – Da Prestação de
Art. 109. O adolescente civil- VI – internação em estabele- Serviços à Comunidade
mente identificado não será sub- cimento educacional;
metido a identificação compul- VII – qualquer uma das pre- Art. 117. A prestação de serviços
sória pelos órgãos policiais, de vistas no art. 101, I a VI. comunitários consiste na rea-
proteção e judiciais, salvo para § 1o A medida aplicada ao lização de tarefas gratuitas de
efeito de confrontação, havendo adolescente levará em conta a interesse geral, por período não
dúvida fundada. sua capacidade de cumpri-la, excedente a seis meses, junto a
as circunstâncias e a gravidade entidades assistenciais, hospi-
da infração. tais, escolas e outros estabele-
CAPÍTULO III – DAS § 2o Em hipótese alguma e cimentos congêneres, bem como
GARANTIAS PROCESSUAIS sob pretexto algum, será admitida em programas comunitários ou
a prestação de trabalho forçado. governamentais.
Art. 110. Nenhum adolescente § 3o Os adolescentes porta- Parágrafo único. As tarefas
será privado de sua liberdade sem dores de doença ou deficiência serão atribuídas conforme as ap-
o devido processo legal. mental receberão tratamento in- tidões do adolescente, devendo
dividual e especializado, em local ser cumpridas durante jornada
Art. 111. São asseguradas ao adequado às suas condições. máxima de oito horas semanais,
adolescente, entre outras, as aos sábados, domingos e feriados
seguintes garantias: Art. 113. Aplica-se a este Capí- ou em dias úteis, de modo a não
I – pleno e formal conheci- tulo o disposto nos arts. 99 e 100. prejudicar a frequência à escola
mento da atribuição de ato in- ou à jornada normal de trabalho.
fracional, mediante citação ou Art. 114. A imposição das medi-
meio equivalente; das previstas nos incisos II a VI
II – igualdade na relação pro- do art. 112 pressupõe a existência
Seção V – Da Liberdade
cessual, podendo confrontar-se de provas suficientes da autoria e Assistida
com vítimas e testemunhas e da materialidade da infração, res-
produzir todas as provas neces- salvada a hipótese de remissão, Art. 118. A liberdade assistida
sárias à sua defesa; nos termos do art. 127. será adotada sempre que se afi-
III – defesa técnica por ad- Parágrafo único. A advertên- gurar a medida mais adequada
vogado; cia poderá ser aplicada sempre para o fim de acompanhar, au-
IV – assistência judiciária gra- que houver prova da materiali- xiliar e orientar o adolescente.
tuita e integral aos necessitados, dade e indícios suficientes da § 1o A autoridade designará
na forma da lei; autoria. pessoa capacitada para acom-
V – direito de ser ouvido pes- panhar o caso, a qual poderá ser
soalmente pela autoridade com- recomendada por entidade ou
petente;
Seção II – Da Advertência programa de atendimento.
VI – direito de solicitar a pre- § 2o A liberdade assistida
sença de seus pais ou respon- Art. 115. A advertência consisti- será fixada pelo prazo mínimo de
sável em qualquer fase do pro- rá em admoestação verbal, que seis meses, podendo a qualquer

566
Estatuto da Criança e do Adolescente
tempo ser prorrogada, revogada entidade, salvo expressa deter- cente privado de liberdade, entre
ou substituída por outra medida, minação judicial em contrário. outros, os seguintes:
ouvido o orientador, o Ministério § 2o A medida não comporta I – entrevistar-se pessoal-
Público e o defensor. prazo determinado, devendo sua mente com o representante do
manutenção ser reavaliada, me- Ministério Público;
Art. 119. Incumbe ao orientador, diante decisão fundamentada, no II – peticionar diretamente a
com o apoio e a supervisão da máximo a cada seis meses. qualquer autoridade;
autoridade competente, a rea- § 3o Em nenhuma hipótese III – avistar-se reservadamen-
lização dos seguintes encargos, o período máximo de internação te com seu defensor;
entre outros: excederá a três anos. IV – ser informado de sua si-
I – promover socialmente o § 4o Atingido o limite esta- tuação processual, sempre que
adolescente e sua família, for- belecido no parágrafo anterior, o solicitada;
necendo-lhes orientação e in- adolescente deverá ser liberado, V – ser tratado com respeito
serindo-os, se necessário, em colocado em regime de semiliber- e dignidade;
programa oficial ou comunitário dade ou de liberdade assistida. VI – permanecer internado
de auxílio e assistência social; § 5o A liberação será com- na mesma localidade ou naquela
II – supervisionar a frequência pulsória aos vinte e um anos de mais próxima ao domicílio de seus
e o aproveitamento escolar do idade. pais ou responsável;
adolescente, promovendo, inclu- § 6o Em qualquer hipótese VII – receber visitas, ao menos
sive, sua matrícula; a desinternação será precedida semanalmente;
III – diligenciar no sentido da de autorização judicial, ouvido o VIII – corresponder-se com
profissionalização do adolescen- Ministério Público. seus familiares e amigos;
te e de sua inserção no mercado § 7o A determinação judicial IX – ter acesso aos objetos
de trabalho; mencionada no § 1o poderá ser necessários à higiene e asseio
IV – apresentar relatório do revista a qualquer tempo pela pessoal;
caso. autoridade judiciária. X – habitar alojamento em
condições adequadas de higiene
Art. 122. A medida de internação e salubridade;
Seção VI – Do Regime de só poderá ser aplicada quando: XI – receber escolarização e
Semiliberdade I – tratar-se de ato infracional profissionalização;
cometido mediante grave ameaça XII – realizar atividades cultu-
Art. 120. O regime de semiliber- ou violência a pessoa; rais, esportivas e de lazer;
dade pode ser determinado desde II – por reiteração no cometi- XIII – ter acesso aos meios de
o início, ou como forma de transi- mento de outras infrações graves; comunicação social;
ção para o meio aberto, possibi- III – por descumprimento rei- XIV – receber assistência re-
litada a realização de atividades terado e injustificável da medida ligiosa, segundo a sua crença, e
externas, independentemente de anteriormente imposta. desde que assim o deseje;
autorização judicial. § 1o O prazo de internação XV – manter a posse de seus
§ 1o É obrigatória a escolari- na hipótese do inciso III deste objetos pessoais e dispor de lo-
zação e a profissionalização, de- artigo não poderá ser superior cal seguro para guardá-los, re-
vendo, sempre que possível, ser a 3 (três) meses, devendo ser cebendo comprovante daqueles
utilizados os recursos existentes decretada judicialmente após o porventura depositados em poder
na comunidade. devido processo legal. da entidade;
§ 2o A medida não comporta § 2o Em nenhuma hipótese XVI – receber, quando de sua
prazo determinado, aplicando-se, será aplicada a internação, ha- desinternação, os documentos
no que couber, as disposições vendo outra medida adequada. pessoais indispensáveis à vida
relativas à internação. em sociedade.
Art. 123. A internação deverá ser § 1o Em nenhum caso haverá
cumprida em entidade exclusiva incomunicabilidade.
Seção VII – Da Internação para adolescentes, em local dis- § 2o A autoridade judiciária
tinto daquele destinado ao abrigo, poderá suspender temporaria-
Art. 121. A internação constitui obedecida rigorosa separação por mente a visita, inclusive de pais
medida privativa da liberdade, critérios de idade, compleição ou responsável, se existirem mo-
sujeita aos princípios de brevida- física e gravidade da infração. tivos sérios e fundados de sua
de, excepcionalidade e respeito à Parágrafo único. Durante o prejudicialidade aos interesses
condição peculiar de pessoa em período de internação, inclusi- do adolescente.
desenvolvimento. ve provisória, serão obrigatórias
§ 1o Será permitida a rea- atividades pedagógicas. Art. 125. É dever do Estado zelar
lização de atividades externas, pela integridade física e mental
a critério da equipe técnica da Art. 124. São direitos do adoles- dos internos, cabendo-lhe adotar

567
Estatuto da Criança e do Adolescente
as medidas adequadas de con- tamento psicológico ou psiqui- Art. 133. Para a candidatura a
tenção e segurança. átrico; membro do Conselho Tutelar,
IV – encaminhamento a cur- serão exigidos os seguintes re-
sos ou programas de orientação; quisitos:
CAPÍTULO V – DA V – obrigação de matricular I – reconhecida idoneidade
REMISSÃO o filho ou pupilo e acompanhar moral;
sua frequência e aproveitamen- II – idade superior a vinte e
Art. 126. Antes de iniciado o pro- to escolar; um anos;
cedimento judicial para apuração VI – obrigação de encaminhar III – residir no Município.
de ato infracional, o represen- a criança ou adolescente a trata-
tante do Ministério Público po- mento especializado; Art. 134. Lei municipal ou dis-
derá conceder a remissão, como VII – advertência; trital disporá sobre o local, dia
forma de exclusão do processo, VIII – perda da guarda; e horário de funcionamento do
atendendo às circunstâncias e IX – destituição da tutela; Conselho Tutelar, inclusive quanto
consequências do fato, ao con- X – suspensão ou destituição à remuneração dos respectivos
texto social, bem como à perso- do poder familiar. membros, aos quais é assegurado
nalidade do adolescente e sua Parágrafo único. Na aplica- o direito a:
maior ou menor participação no ção das medidas previstas nos I – cobertura previdenciária;
ato infracional. incisos IX e X deste artigo, obser- II – gozo de férias anuais re-
Parágrafo único. Iniciado o var-se-á o disposto nos arts. 23 muneradas, acrescidas de 1/3
procedimento, a concessão da e 24. (um terço) do valor da remune-
remissão pela autoridade judici- ração mensal;
ária importará na suspensão ou Art. 130. Verificada a hipóte- III – licença-maternidade;
extinção do processo. se de maus-tratos, opressão ou IV – licença-paternidade;
abuso sexual impostos pelos pais V – gratificação natalina.
Art. 127. A remissão não im- ou responsável, a autoridade ju- Parágrafo único. Constará da
plica necessariamente o reco- diciária poderá determinar, como lei orçamentária municipal e da
nhecimento ou comprovação da medida cautelar, o afastamento do Distrito Federal previsão dos
responsabilidade, nem prevale- do agressor da moradia comum. recursos necessários ao funcio-
ce para efeito de antecedentes, Parágrafo único. Da medida namento do Conselho Tutelar e à
podendo incluir eventualmente cautelar constará, ainda, a fixação remuneração e formação conti-
a aplicação de qualquer das me- provisória dos alimentos de que nuada dos conselheiros tutelares.
didas previstas em lei, exceto a necessitem a criança ou o adoles-
colocação em regime de semili- cente dependentes do agressor. Art. 135. O exercício efetivo da
berdade e a internação. função de conselheiro consti-
tuirá serviço público relevante e
Art. 128. A medida aplicada por TÍTULO V – DO CONSELHO estabelecerá presunção de ido-
força da remissão poderá ser re- TUTELAR neidade moral.
vista judicialmente, a qualquer
tempo, mediante pedido expresso CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
do adolescente ou de seu repre- GERAIS CAPÍTULO II – DAS
sentante legal, ou do Ministério ATRIBUIÇÕES DO
Público. Art. 131. O Conselho Tutelar é ór- CONSELHO
gão permanente e autônomo, não
jurisdicional, encarregado pela Art. 136. São atribuições do Con-
TÍTULO IV – DAS MEDIDAS sociedade de zelar pelo cumpri- selho Tutelar:
PERTINENTES AOS PAIS OU mento dos direitos da criança e do I – atender as crianças e ado-
RESPONSÁVEL adolescente, definidos nesta Lei. lescentes nas hipóteses previs-
tas nos arts. 98 e 105, aplicando
Art. 129. São medidas aplicáveis Art. 132. Em cada Município e as medidas previstas no art. 101,
aos pais ou responsável: em cada Região Administrativa I a VII;
I – encaminhamento a servi- do Distrito Federal haverá, no II – atender e aconselhar os
ços e programas oficiais ou co- mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar pais ou responsável, aplicando
munitários de proteção, apoio e como órgão integrante da admi- as medidas previstas no art. 129,
promoção da família; nistração pública local, composto I a VII;
II – inclusão em programa de 5 (cinco) membros, escolhidos III – promover a execução
oficial ou comunitário de auxílio, pela população local para manda- de suas decisões, podendo para
orientação e tratamento a alcoó- to de 4 (quatro) anos, permitida tanto:
latras e toxicômanos; recondução por novos processos a) requisitar serviços públi-
III – encaminhamento a tra- de escolha. cos nas áreas de saúde, educa-

568
Estatuto da Criança e do Adolescente
ção, serviço social, previdência, Art. 137. As decisões do Conse- na forma deste artigo, em re-
trabalho e segurança; lho Tutelar somente poderão ser lação à autoridade judiciária e
b) representar junto à au- revistas pela autoridade judiciária ao representante do Ministério
toridade judiciária nos casos de a pedido de quem tenha legítimo Público com atuação na Justiça
descumprimento injustificado de interesse. da Infância e da Juventude, em
suas deliberações; exercício na Comarca, Foro Re-
IV – encaminhar ao Ministério gional ou Distrital.
Público notícia de fato que cons- CAPÍTULO III – DA
titua infração administrativa ou COMPETÊNCIA
penal contra os direitos da crian- TÍTULO VI – DO ACESSO À
ça ou adolescente; Art. 138. Aplica-se ao Conselho JUSTIÇA
V – encaminhar à autoridade Tutelar a regra de competência
judiciária os casos de sua com- constante do art. 147. CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
petência; GERAIS
VI – providenciar a medida
estabelecida pela autoridade ju- CAPÍTULO IV – DA Art. 141. É garantido o acesso
diciária, dentre as previstas no ESCOLHA DOS de toda criança ou adolescente à
art. 101, de I a VI, para o adoles- CONSELHEIROS Defensoria Pública, ao Ministério
cente autor de ato infracional; Público e ao Poder Judiciário, por
VII – expedir notificações; Art. 139. O processo para a es- qualquer de seus órgãos.
VIII – requisitar certidões de colha dos membros do Conselho § 1o A assistência judiciária
nascimento e de óbito de crian- Tutelar será estabelecido em lei gratuita será prestada aos que
ça ou adolescente quando ne- municipal e realizado sob a res- dela necessitarem, através de
cessário; ponsabilidade do Conselho Mu- defensor público ou advogado
IX – assessorar o Poder Exe- nicipal dos Direitos da Criança e nomeado.
cutivo local na elaboração da pro- do Adolescente, e a fiscalização § 2o As ações judiciais da
posta orçamentária para planos do Ministério Público. competência da Justiça da In-
e programas de atendimento dos § 1o O processo de escolha fância e da Juventude são isentas
direitos da criança e do adoles- dos membros do Conselho Tu- de custas e emolumentos, res-
cente; telar ocorrerá em data unificada salvada a hipótese de litigância
X – representar, em nome em todo o território nacional a de má-fé.
da pessoa e da família, contra a cada 4 (quatro) anos, no primeiro
violação dos direitos previstos no domingo do mês de outubro do Art. 142. Os menores de dezes-
art. 220, § 3o, inciso II, da Consti- ano subsequente ao da eleição seis anos serão representados e
tuição Federal; presidencial. os maiores de dezesseis e meno-
XI – representar ao Ministé- § 2o A posse dos conselhei- res de vinte e um anos assistidos
rio Público para efeito das ações ros tutelares ocorrerá no dia 10 por seus pais, tutores ou curado-
de perda ou suspensão do poder de janeiro do ano subsequente res, na forma da legislação civil
familiar, após esgotadas as pos- ao processo de escolha. ou processual.
sibilidades de manutenção da § 3o No processo de escolha Parágrafo único. A autori-
criança ou do adolescente junto dos membros do Conselho Tute- dade judiciária dará curador es-
à família natural; lar, é vedado ao candidato doar, pecial à criança ou adolescente,
XII – promover e incentivar, oferecer, prometer ou entregar ao sempre que os interesses destes
na comunidade e nos grupos pro- eleitor bem ou vantagem pessoal colidirem com os de seus pais ou
fissionais, ações de divulgação e de qualquer natureza, inclusive responsável, ou quando carecer
treinamento para o reconheci- brindes de pequeno valor. de representação ou assistência
mento de sintomas de maus-tra- legal ainda que eventual.
tos em crianças e adolescentes.
Parágrafo único. Se, no exer- CAPÍTULO V – DOS Art. 143. É vedada a divulgação
cício de suas atribuições, o Con- IMPEDIMENTOS de atos judiciais, policiais e admi-
selho Tutelar entender necessário nistrativos que digam respeito a
o afastamento do convívio fami- Art. 140. São impedidos de ser- crianças e adolescentes a que se
liar, comunicará incontinenti o vir no mesmo Conselho marido e atribua autoria de ato infracional.
fato ao Ministério Público, pres- mulher, ascendentes e descen- Parágrafo único. Qualquer
tando-lhe informações sobre os dentes, sogro e genro ou nora, notícia a respeito do fato não
motivos de tal entendimento e irmãos, cunhados, durante o poderá identificar a criança ou
as providências tomadas para a cunhadio, tio e sobrinho, padrasto adolescente, vedando-se foto-
orientação, o apoio e a promoção ou madrasta e enteado. grafia, referência a nome, apelido,
social da família. Parágrafo único. Estende-se filiação, parentesco, residência
o impedimento do conselheiro, e, inclusive, iniciais do nome e

569
Estatuto da Criança e do Adolescente
sobrenome. da penalidade, a autoridade ju- extrajudiciais em que haja inte-
diciária do local da sede estadu- resses de criança ou adolescente;
Art. 144. A expedição de cópia al da emissora ou rede, tendo a g) conhecer de ações de ali-
ou certidão de atos a que se re- sentença eficácia para todas as mentos;
fere o artigo anterior somente transmissoras ou retransmissoras h) determinar o cancelamen-
será deferida pela autoridade ju- do respectivo Estado. to, a retificação e o suprimento
diciária competente, se demons- dos registros de nascimento e
trado o interesse e justificada a Art. 148. A Justiça da Infância e óbito.
finalidade. da Juventude é competente para:
I – conhecer de representa- Art. 149. Compete à autoridade
ções promovidas pelo Ministério judiciária disciplinar, através de
CAPÍTULO II – DA JUSTIÇA Público, para apuração de ato in- portaria, ou autorizar, mediante
DA INFÂNCIA E DA fracional atribuído a adolescente, alvará:
JUVENTUDE aplicando as medidas cabíveis; I – a entrada e permanên-
II – conceder a remissão, cia de criança ou adolescente,
Seção I – Disposições Gerais como forma de suspensão ou desacompanhado dos pais ou
extinção do processo; responsável, em:
Art. 145. Os Estados e o Distrito III – conhecer de pedidos de a) estádio, ginásio e campo
Federal poderão criar varas espe- adoção e seus incidentes; desportivo;
cializadas e exclusivas da infância IV – conhecer de ações civis b) bailes ou promoções dan-
e da juventude, cabendo ao Po- fundadas em interesses indivi- çantes;
der Judiciário estabelecer sua duais, difusos ou coletivos afe- c) boate ou congêneres;
proporcionalidade por número tos à criança e ao adolescente, d) casa que explore comer-
de habitantes, dotá-las de infra- observado o disposto no art. 209; cialmente diversões eletrônicas;
estrutura e dispor sobre o aten- V – conhecer de ações de- e) estúdios cinematográfi-
dimento, inclusive em plantões. correntes de irregularidades em cos, de teatro, rádio e televisão;
entidades de atendimento, apli- II – a participação de criança
cando as medidas cabíveis; e adolescente em:
Seção II – Do Juiz VI – aplicar penalidades ad- a) espetáculos públicos e
ministrativas nos casos de infra- seus ensaios;
Art. 146. A autoridade a que se ções contra norma de proteção a b) certames de beleza.
refere esta Lei é o Juiz da Infân- criança ou adolescentes; § 1o Para os fins do disposto
cia e da Juventude, ou o Juiz que VII – conhecer de casos enca- neste artigo, a autoridade judi-
exerce essa função, na forma minhados pelo Conselho Tutelar, ciária levará em conta, dentre
da Lei de Organização Judiciá- aplicando as medidas cabíveis. outros fatores:
ria local. Parágrafo único. Quando se a) os princípios desta Lei;
tratar de criança ou adolescen- b) as peculiaridades locais;
Art. 147. A competência será te nas hipóteses do art. 98, é c) a existência de instalações
determinada: também competente a Justiça adequadas;
I – pelo domicílio dos pais ou da Infância e da Juventude para d) o tipo de frequência habi-
responsável; o fim de: tual ao local;
II – pelo lugar onde se en- a) conhecer de pedidos de e) a adequação do ambiente
contre a criança ou adolescente, guarda e tutela; a eventual participação ou frequ-
à falta dos pais ou responsável. b) conhecer de ações de ência de crianças e adolescentes;
§ 1o Nos casos de ato infra- destituição do poder familiar, f) a natureza do espetáculo.
cional, será competente a autori- perda ou modificação da tutela § 2o As medidas adotadas na
dade do lugar da ação ou omissão, ou guarda; conformidade deste artigo deve-
observadas as regras de conexão, c) suprir a capacidade ou o rão ser fundamentadas, caso a
continência e prevenção. consentimento para o casamento; caso, vedadas as determinações
§ 2o A execução das medidas d) conhecer de pedidos ba- de caráter geral.
poderá ser delegada à autoridade seados em discordância paterna
competente da residência dos ou materna, em relação ao exer-
pais ou responsável, ou do local cício do poder familiar;
Seção III – Dos Serviços
onde sediar-se a entidade que e) conceder a emancipação, Auxiliares
abrigar a criança ou adolescente. nos termos da lei civil, quando
§ 3o Em caso de infração co- faltarem os pais; Art. 150. Cabe ao Poder Judiciá-
metida através de transmissão f) designar curador especial rio, na elaboração de sua proposta
simultânea de rádio ou televisão, em casos de apresentação de orçamentária, prever recursos
que atinja mais de uma comarca, queixa ou representação, ou de para manutenção de equipe in-
será competente, para aplicação outros procedimentos judiciais ou terprofissional, destinada a as-

570
Estatuto da Criança e do Adolescente
sessorar a Justiça da Infância e procedimento previsto nesta ou pe interprofissional ou multidisci-
da Juventude. em outra lei, a autoridade judici- plinar para comprovar a presença
ária poderá investigar os fatos e de uma das causas de suspensão
Art. 151. Compete à equipe inter- ordenar de ofício as providências ou destituição do poder familiar,
profissional, dentre outras atri- necessárias, ouvido o Ministério ressalvado o disposto no § 10 do
buições que lhe forem reservadas Público. art. 101 desta Lei, e observada a
pela legislação local, fornecer Parágrafo único. O disposto Lei no 13.431, de 4 de abril de 2017.
subsídios por escrito, mediante neste artigo não se aplica para § 2o Em sendo os pais oriun-
laudos, ou verbalmente, na audi- o fim de afastamento da criança dos de comunidades indígenas, é
ência, e bem assim desenvolver ou do adolescente de sua família ainda obrigatória a intervenção,
trabalhos de aconselhamento, de origem e em outros procedi- junto à equipe interprofissional
orientação, encaminhamento, mentos necessariamente con- ou multidisciplinar referida no
prevenção e outros, tudo sob a tenciosos. § 1o deste artigo, de representan-
imediata subordinação à auto- tes do órgão federal responsável
ridade judiciária, assegurada a Art. 154. Aplica-se às multas o pela política indigenista, obser-
livre manifestação do ponto de disposto no art. 214. vado o disposto no § 6o do art. 28
vista técnico. desta Lei.
Parágrafo único. Na ausên-
cia ou insuficiência de servidores
Seção II – Da Perda e da Art. 158. O requerido será citado
públicos integrantes do Poder Suspensão do Poder Familiar para, no prazo de dez dias, ofe-
Judiciário responsáveis pela rea- recer resposta escrita, indicando
lização dos estudos psicossociais Art. 155. O procedimento para a as provas a serem produzidas e
ou de quaisquer outras espécies perda ou a suspensão do poder oferecendo desde logo o rol de
de avaliações técnicas exigidas familiar terá início por provocação testemunhas e documentos.
por esta Lei ou por determinação do Ministério Público ou de quem § 1o A citação será pesso-
judicial, a autoridade judiciária tenha legítimo interesse. al, salvo se esgotados todos os
poderá proceder à nomeação de meios para sua realização.
perito, nos termos do art. 156 da Art. 156. A petição inicial in- § 2o O requerido privado de
Lei no 13.105, de 16 de março de dicará: liberdade deverá ser citado pes-
2015 (Código de Processo Civil). I – a autoridade judiciária a soalmente.
que for dirigida; § 3o Quando, por 2 (duas) ve-
II – o nome, o estado civil, a zes, o oficial de justiça houver
CAPÍTULO III – DOS profissão e a residência do reque- procurado o citando em seu do-
PROCEDIMENTOS rente e do requerido, dispensada micílio ou residência sem o en-
a qualificação em se tratando de contrar, deverá, havendo suspeita
Seção I – Disposições Gerais
pedido formulado por represen- de ocultação, informar qualquer
tante do Ministério Público; pessoa da família ou, em sua fal-
Art. 152. Aos procedimentos III – a exposição sumária do ta, qualquer vizinho do dia útil em
regulados nesta Lei aplicam-se fato e o pedido; que voltará a fim de efetuar a ci-
subsidiariamente as normas ge- IV – as provas que serão pro- tação, na hora que designar, nos
rais previstas na legislação pro- duzidas, oferecendo, desde logo, termos do art. 252 e seguintes da
cessual pertinente. o rol de testemunhas e docu- Lei no 13.105, de 16 de março de
§ 1o É assegurada, sob pena mentos. 2015 (Código de Processo Civil).
de responsabilidade, prioridade § 4o Na hipótese de os ge-
absoluta na tramitação dos pro- Art. 157. Havendo motivo grave, nitores encontrarem-se em lo-
cessos e procedimentos previstos poderá a autoridade judiciária, ou- cal incerto ou não sabido, serão
nesta Lei, assim como na execu- vido o Ministério Público, decretar citados por edital no prazo de 10
ção dos atos e diligências judiciais a suspensão do poder familiar, (dez) dias, em publicação única,
a eles referentes. liminar ou incidentalmente, até dispensado o envio de ofícios para
§ 2o Os prazos estabeleci- o julgamento definitivo da causa, a localização.
dos nesta Lei e aplicáveis aos ficando a criança ou adolescente
seus procedimentos são conta- confiado a pessoa idônea, me- Art. 159. Se o requerido não ti-
dos em dias corridos, excluído o diante termo de responsabilidade. ver possibilidade de constituir
dia do começo e incluído o dia do § 1o Recebida a petição ini- advogado, sem prejuízo do pró-
vencimento, vedado o prazo em cial, a autoridade judiciária de- prio sustento e de sua família,
dobro para a Fazenda Pública e terminará, concomitantemente poderá requerer, em cartório,
o Ministério Público. ao despacho de citação e inde- que lhe seja nomeado dativo, ao
pendentemente de requerimento qual incumbirá a apresentação de
Art. 153. Se a medida judicial a do interessado, a realização de resposta, contando-se o prazo a
ser adotada não corresponder a estudo social ou perícia por equi- partir da intimação do despacho

571
Estatuto da Criança e do Adolescente
de nomeação. vista dos autos ao Ministério Pú- Seção IV – Da Colocação em
Parágrafo único. Na hipótese blico, por cinco dias, salvo quando Família Substituta
de requerido privado de liberdade, este for o requerente, designando,
o oficial de justiça deverá per- desde logo, audiência de instru- Art. 165. São requisitos para a
guntar, no momento da citação ção e julgamento. concessão de pedidos de coloca-
pessoal, se deseja que lhe seja § 1o (Revogado) ção em família substituta:
nomeado defensor. § 2o Na audiência, presentes I – qualificação completa do
as partes e o Ministério Público, requerente e de seu eventual
Art. 160. Sendo necessário, a serão ouvidas as testemunhas, cônjuge, ou companheiro, com
autoridade judiciária requisitará colhendo-se oralmente o parecer expressa anuência deste;
de qualquer repartição ou órgão técnico, salvo quando apresenta- II – indicação de eventual pa-
público a apresentação de do- do por escrito, manifestando-se rentesco do requerente e de seu
cumento que interesse à causa, sucessivamente o requerente, o cônjuge, ou companheiro, com a
de ofício ou a requerimento das requerido e o Ministério Público, criança ou adolescente, especifi-
partes ou do Ministério Público. pelo tempo de 20 (vinte) minutos cando se tem ou não parente vivo;
cada um, prorrogável por mais 10 III – qualificação completa da
Art. 161. Se não for contestado (dez) minutos. criança ou adolescente e de seus
o pedido e tiver sido concluído o § 3o A decisão será proferida pais, se conhecidos;
estudo social ou a perícia reali- na audiência, podendo a autorida- IV – indicação do cartório
zada por equipe interprofissional de judiciária, excepcionalmente, onde foi inscrito nascimento,
ou multidisciplinar, a autoridade designar data para sua leitura no anexando, se possível, uma có-
judiciária dará vista dos autos prazo máximo de 5 (cinco) dias. pia da respectiva certidão;
ao Ministério Público, por 5 (cin- § 4o Quando o procedimento V – declaração sobre a exis-
co) dias, salvo quando este for o de destituição de poder familiar tência de bens, direitos ou ren-
requerente, e decidirá em igual for iniciado pelo Ministério Públi- dimentos relativos à criança ou
prazo. co, não haverá necessidade de ao adolescente.
§ 1o A autoridade judiciária, nomeação de curador especial em Parágrafo único. Em se tra-
de ofício ou a requerimento das favor da criança ou adolescente. tando de adoção, observar-se-
partes ou do Ministério Público, -ão também os requisitos es-
determinará a oitiva de testemu- Art. 163. O prazo máximo para pecíficos.
nhas que comprovem a presença conclusão do procedimento será
de uma das causas de suspensão de 120 (cento e vinte) dias, e ca- Art. 166. Se os pais forem fale-
ou destituição do poder familiar berá ao juiz, no caso de notória cidos, tiverem sido destituídos
previstas nos arts. 1.637 e 1.638 da inviabilidade de manutenção do ou suspensos do poder familiar,
Lei no 10.406, de 10 de janeiro de poder familiar, dirigir esforços ou houverem aderido expressa-
2002 (Código Civil), ou no art. 24 para preparar a criança ou o ado- mente ao pedido de colocação em
desta Lei. lescente com vistas à colocação família substituta, este poderá ser
§ 2o (Revogado) em família substituta. formulado diretamente em car-
§ 3o Se o pedido importar Parágrafo único. A sentença tório, em petição assinada pelos
em modificação de guarda, será que decretar a perda ou a sus- próprios requerentes, dispensada
obrigatória, desde que possível pensão do poder familiar será a assistência de advogado.
e razoável, a oitiva da criança averbada à margem do registro § 1o Na hipótese de concor-
ou adolescente, respeitado seu de nascimento da criança ou do dância dos pais, o juiz:
estágio de desenvolvimento e adolescente. I – na presença do Ministério
grau de compreensão sobre as Público, ouvirá as partes, devida-
implicações da medida. mente assistidas por advogado
§ 4o É obrigatória a oitiva dos
Seção III – Da Destituição da ou por defensor público, para
pais sempre que eles forem iden- Tutela verificar sua concordância com
tificados e estiverem em local a adoção, no prazo máximo de 10
conhecido, ressalvados os casos Art. 164. Na destituição da tu- (dez) dias, contado da data do pro-
de não comparecimento perante tela, observar-se-á o procedi- tocolo da petição ou da entrega
a Justiça quando devidamente mento para a remoção de tutor da criança em juízo, tomando por
citados. previsto na lei processual civil termo as declarações; e
§ 5o Se o pai ou a mãe es- e, no que couber, o disposto na II – declarará a extinção do
tiverem privados de liberdade, seção anterior. poder familiar.
a autoridade judicial requisitará § 2o O consentimento dos
sua apresentação para a oitiva. titulares do poder familiar será
precedido de orientações e es-
Art. 162. Apresentada a respos- clarecimentos prestados pela
ta, a autoridade judiciária dará equipe interprofissional da Justi-

572
Estatuto da Criança e do Adolescente
ça da Infância e da Juventude, em a destituição da tutela, a perda 107, deverá:
especial, no caso de adoção, so- ou a suspensão do poder familiar I – lavrar auto de apreensão,
bre a irrevogabilidade da medida. constituir pressuposto lógico da ouvidos as testemunhas e o ado-
§ 3o São garantidos a livre medida principal de colocação em lescente;
manifestação de vontade dos família substituta, será observa- II – apreender o produto e os
detentores do poder familiar e o do o procedimento contraditório instrumentos da infração;
direito ao sigilo das informações. previsto nas seções II e III deste III – requisitar os exames ou
§ 4o O consentimento pres- Capítulo. perícias necessários à compro-
tado por escrito não terá validade Parágrafo único. A perda ou vação da materialidade e autoria
se não for ratificado na audiência a modificação da guarda poderá da infração.
a que se refere o § 1o deste artigo. ser decretada nos mesmos autos Parágrafo único. Nas demais
§ 5o O consentimento é re- do procedimento, observado o hipóteses de flagrante, a lavra-
tratável até a data da realização disposto no art. 35. tura do auto poderá ser substi-
da audiência especificada no § 1o tuída por boletim de ocorrência
deste artigo, e os pais podem Art. 170. Concedida a guarda ou circunstanciada.
exercer o arrependimento no pra- a tutela, observar-se-á o disposto
zo de 10 (dez) dias, contado da no art. 32, e, quanto à adoção, o Art. 174. Comparecendo qual-
data de prolação da sentença de contido no art. 47. quer dos pais ou responsável,
extinção do poder familiar. Parágrafo único. A colocação o adolescente será prontamen-
§ 6o O consentimento so- de criança ou adolescente sob te liberado pela autoridade poli-
mente terá valor se for dado após a guarda de pessoa inscrita em cial, sob termo de compromisso
o nascimento da criança. programa de acolhimento familiar e responsabilidade de sua apre-
§ 7o A família natural e a fa- será comunicada pela autorida- sentação ao representante do
mília substituta receberão a de- de judiciária à entidade por este Ministério Público, no mesmo dia
vida orientação por intermédio de responsável no prazo máximo de ou, sendo impossível, no primeiro
equipe técnica interprofissional a 5 (cinco) dias. dia útil imediato, exceto quando,
serviço da Justiça da Infância e pela gravidade do ato infracional
da Juventude, preferencialmente e sua repercussão social, deva
com apoio dos técnicos respon-
Seção V – Da Apuração de o adolescente permanecer sob
sáveis pela execução da política Ato Infracional Atribuído a internação para garantia de sua
municipal de garantia do direito Adolescente segurança pessoal ou manuten-
à convivência familiar. ção da ordem pública.
Art. 171. O adolescente apreen-
Art. 167. A autoridade judiciária, dido por força de ordem judicial Art. 175. Em caso de não libera-
de ofício ou a requerimento das será, desde logo, encaminhado à ção, a autoridade policial encami-
partes ou do Ministério Público, autoridade judiciária. nhará, desde logo, o adolescente
determinará a realização de es- ao representante do Ministério
tudo social ou, se possível, perí- Art. 172. O adolescente apre- Público, juntamente com cópia
cia por equipe interprofissional, endido em flagrante de ato in- do auto de apreensão ou boletim
decidindo sobre a concessão de fracional será, desde logo, en- de ocorrência.
guarda provisória, bem como, no caminhado à autoridade policial § 1o Sendo impossível a apre-
caso de adoção, sobre o estágio competente. sentação imediata, a autoridade
de convivência. Parágrafo único. Havendo policial encaminhará o adoles-
Parágrafo único. Deferida a repartição policial especializada cente a entidade de atendimento,
concessão da guarda provisória para atendimento de adolescente que fará a apresentação ao repre-
ou do estágio de convivência, a e em se tratando de ato infracio- sentante do Ministério Público no
criança ou o adolescente será en- nal praticado em coautoria com prazo de vinte e quatro horas.
tregue ao interessado, mediante maior, prevalecerá a atribuição § 2o Nas localidades onde
termo de responsabilidade. da repartição especializada, que, não houver entidade de atendi-
após as providências necessárias mento, a apresentação far-se-á
Art. 168. Apresentado o relatório e conforme o caso, encaminha- pela autoridade policial. À falta
social ou o laudo pericial, e ouvida, rá o adulto à repartição policial de repartição policial especiali-
sempre que possível, a criança própria. zada, o adolescente aguardará a
ou o adolescente, dar-se-á vista apresentação em dependência
dos autos ao Ministério Público, Art. 173. Em caso de flagrante separada da destinada a maiores,
pelo prazo de cinco dias, deci- de ato infracional cometido me- não podendo, em qualquer hipó-
dindo a autoridade judiciária em diante violência ou grave ame- tese, exceder o prazo referido no
igual prazo. aça a pessoa, a autoridade po- parágrafo anterior.
licial, sem prejuízo do disposto
Art. 169. Nas hipóteses em que nos arts. 106, parágrafo único, e Art. 176. Sendo o adolescen-

573
Estatuto da Criança e do Adolescente
te liberado, a autoridade policial Ministério Público, mediante ter- tificados do teor da representa-
encaminhará imediatamente ao mo fundamentado, que conterá o ção, e notificados a comparecer
representante do Ministério Pú- resumo dos fatos, os autos serão à audiência, acompanhados de
blico cópia do auto de apreensão conclusos à autoridade judiciária advogado.
ou boletim de ocorrência. para homologação. § 2o Se os pais ou responsá-
§ 1o Homologado o arqui- vel não forem localizados, a au-
Art. 177. Se, afastada a hipótese vamento ou a remissão, a au- toridade judiciária dará curador
de flagrante, houver indícios de toridade judiciária determinará, especial ao adolescente.
participação de adolescente na conforme o caso, o cumprimento § 3o Não sendo localizado o
prática de ato infracional, a au- da medida. adolescente, a autoridade judici-
toridade policial encaminhará ao § 2o Discordando, a auto- ária expedirá mandado de busca
representante do Ministério Pú- ridade judiciária fará remessa e apreensão, determinando o so-
blico relatório das investigações dos autos ao Procurador-Geral brestamento do feito, até a efetiva
e demais documentos. de Justiça, mediante despacho apresentação.
fundamentado, e este oferecerá § 4o Estando o adolescen-
Art. 178. O adolescente a quem representação, designará outro te internado, será requisitada a
se atribua autoria de ato infracio- membro do Ministério Público sua apresentação, sem prejuízo
nal não poderá ser conduzido ou para apresentá-la, ou ratificará da notificação dos pais ou res-
transportado em compartimento o arquivamento ou a remissão, ponsável.
fechado de veículo policial, em que só então estará a autoridade
condições atentatórias à sua dig- judiciária obrigada a homologar. Art. 185. A internação, decreta-
nidade, ou que impliquem risco à da ou mantida pela autoridade ju-
sua integridade física ou mental, Art. 182. Se, por qualquer razão, diciária, não poderá ser cumprida
sob pena de responsabilidade. o representante do Ministério em estabelecimento prisional.
Público não promover o arqui- § 1o Inexistindo na comarca
Art. 179. Apresentado o adoles- vamento ou conceder a remis- entidade com as características
cente, o representante do Minis- são, oferecerá representação à definidas no art. 123, o adoles-
tério Público, no mesmo dia e à autoridade judiciária, propondo cente deverá ser imediatamen-
vista do auto de apreensão, bo- a instauração de procedimento te transferido para a localidade
letim de ocorrência ou relatório para aplicação da medida socio- mais próxima.
policial, devidamente autuados educativa que se afigurar a mais § 2 o Sendo impossível a
pelo cartório judicial e com in- adequada. pronta transferência, o adoles-
formação sobre os anteceden- § 1o A representação será cente aguardará sua remoção
tes do adolescente, procederá oferecida por petição, que con- em repartição policial, desde que
imediata e informalmente à sua terá o breve resumo dos fatos e a em seção isolada dos adultos e
oitiva e, em sendo possível, de classificação do ato infracional e, com instalações apropriadas, não
seus pais ou responsável, vítima quando necessário, o rol de tes- podendo ultrapassar o prazo má-
e testemunhas. temunhas, podendo ser deduzida ximo de cinco dias, sob pena de
Parágrafo único. Em caso oralmente, em sessão diária ins- responsabilidade.
de não apresentação, o repre- talada pela autoridade judiciária.
sentante do Ministério Público § 2o A representação inde- Art. 186. Comparecendo o ado-
notificará os pais ou responsável pende de prova pré-constituída lescente, seus pais ou responsá-
para apresentação do adolescen- da autoria e materialidade. vel, a autoridade judiciária proce-
te, podendo requisitar o concurso derá à oitiva dos mesmos, poden-
das Polícias Civil e Militar. Art. 183. O prazo máximo e im- do solicitar opinião de profissional
prorrogável para a conclusão do qualificado.
Art. 180. Adotadas as providên- procedimento, estando o adoles- § 1o Se a autoridade judiciária
cias a que alude o artigo anterior, cente internado provisoriamente, entender adequada a remissão,
o representante do Ministério será de quarenta e cinco dias. ouvirá o representante do Minis-
Público poderá: tério Público, proferindo decisão.
I – promover o arquivamento Art. 184. Oferecida a represen- § 2o Sendo o fato grave, pas-
dos autos; tação, a autoridade judiciária de- sível de aplicação de medida de
II – conceder a remissão; signará audiência de apresenta- internação ou colocação em re-
III – representar à autoridade ção do adolescente, decidindo, gime de semiliberdade, a autori-
judiciária para aplicação de me- desde logo, sobre a decretação dade judiciária, verificando que o
dida socioeducativa. ou manutenção da internação, adolescente não possui advogado
observado o disposto no art. 108 constituído, nomeará defensor,
Art. 181. Promovido o arquiva- e parágrafo. designando, desde logo, audi-
mento dos autos ou concedida a § 1o O adolescente e seus ência em continuação, podendo
remissão pelo representante do pais ou responsável serão cien- determinar a realização de dili-

574
Estatuto da Criança e do Adolescente
gências e estudo do caso. ou responsável, sem prejuízo do to no inciso I do § 1o deste artigo,
§ 3o O advogado constituído defensor. consideram-se:
ou o defensor nomeado, no prazo § 1o Sendo outra a medida I – dados de conexão: infor-
de três dias contado da audiência aplicada, a intimação far-se-á mações referentes a hora, data,
de apresentação, oferecerá defe- unicamente na pessoa do de- início, término, duração, endere-
sa prévia e rol de testemunhas. fensor. ço de Protocolo de Internet (IP)
§ 4o Na audiência em conti- § 2o Recaindo a intimação na utilizado e terminal de origem
nuação, ouvidas as testemunhas pessoa do adolescente, deverá da conexão;
arroladas na representação e na este manifestar se deseja ou não II – dados cadastrais: infor-
defesa prévia, cumpridas as di- recorrer da sentença. mações referentes a nome e en-
ligências e juntado o relatório dereço de assinante ou de usuário
da equipe interprofissional, será registrado ou autenticado para a
dada a palavra ao representante
Seção V-A – Da Infiltração conexão a quem endereço de IP,
do Ministério Público e ao defen- de Agentes de Polícia para identificação de usuário ou códi-
sor, sucessivamente, pelo tempo a Investigação de Crimes go de acesso tenha sido atribuído
de vinte minutos para cada um, contra a Dignidade Sexual de no momento da conexão.
prorrogável por mais dez, a crité- Criança e de Adolescente § 3o A infiltração de agentes
rio da autoridade judiciária, que de polícia na internet não será
em seguida proferirá decisão. Art. 190-A. A infiltração de admitida se a prova puder ser
agentes de polícia na internet obtida por outros meios.
Art. 187. Se o adolescente, de- com o fim de investigar os crimes
vidamente notificado, não com- previstos nos arts. 240, 241, 241- Art. 190-B. As informações da
parecer, injustificadamente à au- A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e operação de infiltração serão en-
diência de apresentação, a auto- nos arts. 154-A, 217-A, 218, 218-A e caminhadas diretamente ao juiz
ridade judiciária designará nova 218-B do Decreto-lei no 2.848, de responsável pela autorização da
data, determinando sua condução 7 de dezembro de 1940 (Código medida, que zelará por seu sigilo.
coercitiva. Penal), obedecerá às seguintes Parágrafo único. Antes da
regras: conclusão da operação, o acesso
Art. 188. A remissão, como for- I – será precedida de autori- aos autos será reservado ao juiz,
ma de extinção ou suspensão do zação judicial devidamente cir- ao Ministério Público e ao dele-
processo, poderá ser aplicada em cunstanciada e fundamentada, gado de polícia responsável pela
qualquer fase do procedimento, que estabelecerá os limites da operação, com o objetivo de ga-
antes da sentença. infiltração para obtenção de pro- rantir o sigilo das investigações.
va, ouvido o Ministério Público;
Art. 189. A autoridade judici- II – dar-se-á mediante reque- Art. 190-C. Não comete crime o
ária não aplicará qualquer me- rimento do Ministério Público ou policial que oculta a sua identi-
dida, desde que reconheça na representação de delegado de dade para, por meio da internet,
sentença: polícia e conterá a demonstração colher indícios de autoria e mate-
I – estar provada a inexistên- de sua necessidade, o alcance das rialidade dos crimes previstos nos
cia do fato; tarefas dos policiais, os nomes arts. 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e
II – não haver prova da exis- ou apelidos das pessoas inves- 241-D desta Lei e nos arts. 154-A,
tência do fato; tigadas e, quando possível, os 217-A, 218, 218-A e 218-B do Decre-
III – não constituir o fato ato dados de conexão ou cadastrais to-lei no 2.848, de 7 de dezembro
infracional; que permitam a identificação de 1940 (Código Penal).
IV – não existir prova de ter dessas pessoas; Parágrafo único. O agente
o adolescente concorrido para o III – não poderá exceder o policial infiltrado que deixar de
ato infracional. prazo de 90 (noventa) dias, sem observar a estrita finalidade da
Parágrafo único. Na hipótese prejuízo de eventuais renovações, investigação responderá pelos
deste artigo, estando o adoles- desde que o total não exceda excessos praticados.
cente internado, será imediata- a 720 (setecentos e vinte) dias
mente colocado em liberdade. e seja demonstrada sua efetiva Art. 190-D. Os órgãos de registro
necessidade, a critério da auto- e cadastro público poderão incluir
Art. 190. A intimação da senten- ridade judicial. nos bancos de dados próprios,
ça que aplicar medida de interna- § 1o A autoridade judicial mediante procedimento sigiloso
ção ou regime de semiliberdade e o Ministério Público poderão e requisição da autoridade judi-
será feita: requisitar relatórios parciais da cial, as informações necessárias
I – ao adolescente e ao seu operação de infiltração antes do à efetividade da identidade fictí-
defensor; término do prazo de que trata o cia criada.
II – quando não for encon- inciso II do § 1o deste artigo. Parágrafo único. O procedi-
trado o adolescente, a seus pais § 2o Para efeitos do dispos- mento sigiloso de que trata esta

575
Estatuto da Criança e do Adolescente
Seção será numerado e tombado igual prazo. do, ou a seu representante legal,
em livro específico. § 2o Em se tratando de afas- lavrando certidão;
tamento provisório ou definitivo III – por via postal, com avi-
Art. 190-E. Concluída a investi- de dirigente de entidade gover- so de recebimento, se não for
gação, todos os atos eletrônicos namental, a autoridade judiciária encontrado o requerido ou seu
praticados durante a operação oficiará à autoridade administra- representante legal;
deverão ser registrados, grava- tiva imediatamente superior ao IV – por edital, com prazo de
dos, armazenados e encaminha- afastado, marcando prazo para trinta dias, se incerto ou não sa-
dos ao juiz e ao Ministério Pú- a substituição. bido o paradeiro do requerido ou
blico, juntamente com relatório § 3o Antes de aplicar qual- de seu representante legal.
circunstanciado. quer das medidas, a autoridade
Parágrafo único. Os atos ele- judiciária poderá fixar prazo para Art. 196. Não sendo apresen-
trônicos registrados citados no a remoção das irregularidades tada a defesa no prazo legal, a
caput deste artigo serão reunidos verificadas. Satisfeitas as exigên- autoridade judiciária dará vista
em autos apartados e apensados cias, o processo será extinto, sem dos autos ao Ministério Públi-
ao processo criminal juntamente julgamento de mérito. co, por cinco dias, decidindo em
com o inquérito policial, assegu- § 4o A multa e a advertência igual prazo.
rando-se a preservação da identi- serão impostas ao dirigente da
dade do agente policial infiltrado entidade ou programa de aten- Art. 197. Apresentada a defesa,
e a intimidade das crianças e dos dimento. a autoridade judiciária proce-
adolescentes envolvidos. derá na conformidade do artigo
anterior, ou, sendo necessário,
Seção VII – Da Apuração designará audiência de instrução
Seção VI – Da Apuração de de Infração Administrativa e julgamento.
Irregularidades em Entidade às Normas de Proteção à Parágrafo único. Colhida a
de Atendimento Criança e ao Adolescente prova oral, manifestar-se-ão su-
cessivamente o Ministério Público
Art. 191. O procedimento de apu- Art. 194. O procedimento para e o procurador do requerido, pelo
ração de irregularidades em en- imposição de penalidade admi- tempo de vinte minutos para cada
tidade governamental e não go- nistrativa por infração às normas um, prorrogável por mais dez,
vernamental terá início mediante de proteção à criança e ao ado- a critério da autoridade judici-
portaria da autoridade judiciária lescente terá início por represen- ária, que em seguida proferirá
ou representação do Ministério tação do Ministério Público, ou sentença.
Público ou do Conselho Tutelar, do Conselho Tutelar, ou auto de
onde conste, necessariamente, infração elaborado por servidor
resumo dos fatos. efetivo ou voluntário credenciado,
Seção VIII – Da Habilitação
Parágrafo único. Havendo e assinado por duas testemunhas, de Pretendentes à Adoção
motivo grave, poderá a autorida- se possível.
de judiciária, ouvido o Ministério § 1o No procedimento inicia- Art. 197-A. Os postulantes à
Público, decretar liminarmente do com o auto de infração, pode- adoção, domiciliados no Brasil,
o afastamento provisório do di- rão ser usadas fórmulas impres- apresentarão petição inicial na
rigente da entidade, mediante sas, especificando-se a natureza qual conste:
decisão fundamentada. e as circunstâncias da infração. I – qualificação completa;
§ 2o Sempre que possível, à II – dados familiares;
Art. 192. O dirigente da entidade verificação da infração seguir- III – cópias autenticadas de
será citado para, no prazo de dez -se-á a lavratura do auto, certifi- certidão de nascimento ou casa-
dias, oferecer resposta escrita, cando-se, em caso contrário, dos mento, ou declaração relativa ao
podendo juntar documentos e motivos do retardamento. período de união estável;
indicar as provas a produzir. IV – cópias da cédula de iden-
Art. 195. O requerido terá prazo tidade e inscrição no Cadastro de
Art. 193. Apresentada ou não a de dez dias para apresentação Pessoas Físicas;
resposta, e sendo necessário, a de defesa, contado da data da V – comprovante de renda e
autoridade judiciária designará intimação, que será feita: domicílio;
audiência de instrução e julga- I – pelo autuante, no próprio VI – atestados de sanidade
mento, intimando as partes. auto, quando este for lavrado na física e mental;
§ 1o Salvo manifestação em presença do requerido; VII – certidão de anteceden-
audiência, as partes e o Ministé- II – por oficial de justiça ou tes criminais;
rio Público terão cinco dias para funcionário legalmente habilita- VIII – certidão negativa de
oferecer alegações finais, deci- do, que entregará cópia do auto distribuição cível.
dindo a autoridade judiciária em ou da representação ao requeri-

576
Estatuto da Criança e do Adolescente
Art. 197-B. A autoridade judici- responsáveis pelo programa de injustificadas, pelo habilitado, à
ária, no prazo de 48 (quarenta e acolhimento familiar e institu- adoção de crianças ou adoles-
oito) horas, dará vista dos autos cional e pela execução da política centes indicados dentro do perfil
ao Ministério Público, que no pra- municipal de garantia do direito escolhido, haverá reavaliação da
zo de 5 (cinco) dias poderá: à convivência familiar. habilitação concedida.
I – apresentar quesitos a se- § 3o É recomendável que as § 5o A desistência do preten-
rem respondidos pela equipe in- crianças e os adolescentes aco- dente em relação à guarda para
terprofissional encarregada de lhidos institucionalmente ou por fins de adoção ou a devolução da
elaborar o estudo técnico a que família acolhedora sejam prepa- criança ou do adolescente depois
se refere o art. 197-C desta Lei; rados por equipe interprofissio- do trânsito em julgado da senten-
II – requerer a designação de nal antes da inclusão em família ça de adoção importará na sua
audiência para oitiva dos postu- adotiva. exclusão dos cadastros de ado-
lantes em juízo e testemunhas; ção e na vedação de renovação
III – requerer a juntada de Art. 197-D. Certificada nos autos da habilitação, salvo decisão judi-
documentos complementares e a conclusão da participação no cial fundamentada, sem prejuízo
a realização de outras diligências programa referido no art. 197-C das demais sanções previstas na
que entender necessárias. desta Lei, a autoridade judiciária, legislação vigente.
no prazo de 48 (quarenta e oito)
Art. 197-C. Intervirá no feito, horas, decidirá acerca das dili- Art. 197-F. O prazo máximo para
obrigatoriamente, equipe inter- gências requeridas pelo Ministério conclusão da habilitação à adoção
profissional a serviço da Justiça Público e determinará a juntada será de 120 (cento e vinte) dias,
da Infância e da Juventude, que do estudo psicossocial, designan- prorrogável por igual período,
deverá elaborar estudo psicos- do, conforme o caso, audiência de mediante decisão fundamentada
social, que conterá subsídios que instrução e julgamento. da autoridade judiciária.
permitam aferir a capacidade e Parágrafo único. Caso não
o preparo dos postulantes para sejam requeridas diligências, ou
o exercício de uma paternidade sendo essas indeferidas, a auto- CAPÍTULO IV – DOS
ou maternidade responsável, à ridade judiciária determinará a RECURSOS
luz dos requisitos e princípios juntada do estudo psicossocial,
desta Lei. abrindo a seguir vista dos autos Art. 198. Nos procedimentos
§ 1o É obrigatória a participa- ao Ministério Público, por 5 (cinco) afetos à Justiça da Infância e da
ção dos postulantes em programa dias, decidindo em igual prazo. Juventude, inclusive os relativos
oferecido pela Justiça da Infância à execução das medidas socioe-
e da Juventude, preferencial- Art. 197-E. Deferida a habilita- ducativas, adotar-se-á o sistema
mente com apoio dos técnicos ção, o postulante será inscrito recursal da Lei no 5.869, de 11 de
responsáveis pela execução da nos cadastros referidos no art. 50 janeiro de 1973 (Código de Pro-
política municipal de garantia desta Lei, sendo a sua convoca- cesso Civil), com as seguintes
do direito à convivência familiar ção para a adoção feita de acordo adaptações:
e dos grupos de apoio à adoção com ordem cronológica de habili- I – os recursos serão inter-
devidamente habilitados perante tação e conforme a disponibilida- postos independentemente de
a Justiça da Infância e da Juven- de de crianças ou adolescentes preparo;
tude, que inclua preparação psi- adotáveis. II – em todos os recursos, sal-
cológica, orientação e estímulo à § 1o A ordem cronológica das vo nos embargos de declaração,
adoção inter-racial, de crianças habilitações somente poderá dei- o prazo para o Ministério Público
ou de adolescentes com defici- xar de ser observada pela auto- e para a defesa será sempre de
ência, com doenças crônicas ou ridade judiciária nas hipóteses 10 (dez) dias;
com necessidades específicas previstas no § 13 do art. 50 desta III – os recursos terão prefe-
de saúde, e de grupos de irmãos. Lei, quando comprovado ser essa rência de julgamento e dispen-
§ 2o Sempre que possível e a melhor solução no interesse do sarão revisor;
recomendável, a etapa obriga- adotando. IV – (Revogado);
tória da preparação referida no § 2o A habilitação à adoção V – (Revogado);
§ 1o deste artigo incluirá o contato deverá ser renovada no mínimo VI – (Revogado);
com crianças e adolescentes em trienalmente mediante avaliação VII – antes de determinar a
regime de acolhimento familiar por equipe interprofissional. remessa dos autos à superior
ou institucional, a ser realiza- § 3o Quando o adotante can- instância, no caso de apelação,
do sob orientação, supervisão didatar-se a uma nova adoção, ou do instrumento, no caso de
e avaliação da equipe técnica será dispensável a renovação da agravo, a autoridade judiciária
da Justiça da Infância e da Ju- habilitação, bastando a avaliação proferirá despacho fundamen-
ventude e dos grupos de apoio à por equipe interprofissional. tado, mantendo ou reformando
adoção, com apoio dos técnicos § 4o Após 3 (três) recusas a decisão, no prazo de cinco dias;

577
Estatuto da Criança e do Adolescente
VIII – mantida a decisão ape- procedimento para apuração de ção direta ou indireta, bem como
lada ou agravada, o escrivão re- responsabilidades se constatar promover inspeções e diligências
meterá os autos ou o instrumento o descumprimento das provi- investigatórias;
à superior instância dentro de dências e do prazo previstos nos c) requisitar informações e
vinte e quatro horas, indepen- artigos anteriores. documentos a particulares e ins-
dentemente de novo pedido do tituições privadas;
recorrente; se a reformar, a re- VII – instaurar sindicâncias,
messa dos autos dependerá de CAPÍTULO V – DO requisitar diligências investiga-
pedido expresso da parte inte- MINISTÉRIO PÚBLICO tórias e determinar a instauração
ressada ou do Ministério Público, de inquérito policial, para apu-
no prazo de cinco dias, contados Art. 200. As funções do Minis- ração de ilícitos ou infrações às
da intimação. tério Público, previstas nesta Lei, normas de proteção à infância e
serão exercidas nos termos da à juventude;
Art. 199. Contra as decisões pro- respectiva Lei Orgânica. VIII – zelar pelo efetivo respei-
feridas com base no art. 149 ca- to aos direitos e garantias legais
berá recurso de apelação. Art. 201. Compete ao Ministério assegurados às crianças e adoles-
Público: centes, promovendo as medidas
Art. 199-A. A sentença que defe- I – conceder a remissão como judiciais e extrajudiciais cabíveis;
rir a adoção produz efeito desde forma de exclusão do processo; IX – impetrar mandado de
logo, embora sujeita a apelação, II – promover e acompanhar segurança, de injunção e habeas
que será recebida exclusivamente os procedimentos relativos às corpus, em qualquer juízo, ins-
no efeito devolutivo, salvo se se infrações atribuídas a adoles- tância ou tribunal, na defesa dos
tratar de adoção internacional centes; interesses sociais e individuais
ou se houver perigo de dano ir- III – promover e acompa- indisponíveis afetos à criança e
reparável ou de difícil reparação nhar as ações de alimentos e ao adolescente;
ao adotando. os procedimentos de suspensão X – representar ao juízo visan-
e destituição do poder familiar, do à aplicação de penalidade por
Art. 199-B. A sentença que des- nomeação e remoção de tuto- infrações cometidas contra as
tituir ambos ou qualquer dos geni- res, curadores e guardiães, bem normas de proteção à infância e
tores do poder familiar fica sujeita como oficiar em todos os demais à juventude, sem prejuízo da pro-
a apelação, que deverá ser rece- procedimentos da competência moção da responsabilidade civil e
bida apenas no efeito devolutivo. da Justiça da Infância e da Ju- penal do infrator, quando cabível;
ventude; XI – inspecionar as entidades
Art. 199-C. Os recursos nos pro- IV – promover, de ofício ou públicas e particulares de aten-
cedimentos de adoção e de desti- por solicitação dos interessados, dimento e os programas de que
tuição de poder familiar, em face a especialização e a inscrição de trata esta Lei, adotando de pronto
da relevância das questões, serão hipoteca legal e a prestação de as medidas administrativas ou
processados com prioridade ab- contas dos tutores, curadores e judiciais necessárias à remoção
soluta, devendo ser imediatamen- quaisquer administradores de de irregularidades porventura
te distribuídos, ficando vedado bens de crianças e adolescentes verificadas;
que aguardem, em qualquer si- nas hipóteses do art. 98; XII – requisitar força policial,
tuação, oportuna distribuição, e V – promover o inquérito civil bem como a colaboração dos
serão colocados em mesa para e a ação civil pública para a pro- serviços médicos, hospitalares,
julgamento sem revisão e com teção dos interesses individuais, educacionais e de assistência so-
parecer urgente do Ministério difusos ou coletivos relativos à cial, públicos ou privados, para o
Público. infância e à adolescência, inclu- desempenho de suas atribuições.
sive os definidos no art. 220, § 3o, § 1o A legitimação do Minis-
Art. 199-D. O relator deverá co- inciso II, da Constituição Federal; tério Público para as ações cíveis
locar o processo em mesa para VI – instaurar procedimentos previstas neste artigo não impe-
julgamento no prazo máximo de administrativos e, para instruí-los: de a de terceiros, nas mesmas
60 (sessenta) dias, contado da a) expedir notificações para hipóteses, segundo dispuserem
sua conclusão. colher depoimentos ou esclareci- a Constituição e esta Lei.
Parágrafo único. O Ministério mentos e, em caso de não compa- § 2o As atribuições constan-
Público será intimado da data do recimento injustificado, requisitar tes deste artigo não excluem ou-
julgamento e poderá na sessão, se condução coercitiva, inclusive tras, desde que compatíveis com
entender necessário, apresentar pela polícia civil ou militar; a finalidade do Ministério Público.
oralmente seu parecer. b) requisitar informações, § 3o O representante do Mi-
exames, perícias e documentos nistério Público, no exercício de
Art. 199-E. O Ministério Público de autoridades municipais, esta- suas funções, terá livre acesso
poderá requerer a instauração de duais e federais, da administra- a todo local onde se encontre

578
Estatuto da Criança e do Adolescente
criança ou adolescente. poderão intervir nos procedimen- ensino fundamental;
§ 4o O representante do Mi- tos de que trata esta Lei, através VI – de serviço de assistência
nistério Público será responsável de advogado, o qual será intimado social visando à proteção à famí-
pelo uso indevido das informa- para todos os atos, pessoalmente lia, à maternidade, à infância e à
ções e documentos que requisi- ou por publicação oficial, respei- adolescência, bem como ao am-
tar, nas hipóteses legais de sigilo. tado o segredo de justiça. paro às crianças e adolescentes
§ 5o Para o exercício da atri- Parágrafo único. Será pres- que dele necessitem;
buição de que trata o inciso VIII tada assistência judiciária inte- VII – de acesso às ações e
deste artigo, poderá o represen- gral e gratuita àqueles que dela serviços de saúde;
tante do Ministério Público: necessitarem. VIII – de escolarização e pro-
a) reduzir a termo as declara- fissionalização dos adolescentes
ções do reclamante, instaurando Art. 207. Nenhum adolescente a privados de liberdade;
o competente procedimento, sob quem se atribua a prática de ato IX – de ações, serviços e pro-
sua presidência; infracional, ainda que ausente ou gramas de orientação, apoio e
b) entender-se diretamen- foragido, será processado sem promoção social de famílias e
te com a pessoa ou autoridade defensor. destinados ao pleno exercício do
reclamada, em dia, local e horá- § 1o Se o adolescente não ti- direito à convivência familiar por
rio previamente notificados ou ver defensor, ser-lhe-á nomeado crianças e adolescentes;
acertados; pelo juiz, ressalvado o direito de, X – de programas de atendi-
c) efetuar recomendações a todo tempo, constituir outro de mento para a execução das medi-
visando à melhoria dos serviços sua preferência. das socioeducativas e aplicação
públicos e de relevância pública § 2o A ausência do defensor de medidas de proteção;
afetos à criança e ao adolescente, não determinará o adiamento de XI – de políticas e progra-
fixando prazo razoável para sua nenhum ato do processo, devendo mas integrados de atendimento
perfeita adequação. o juiz nomear substituto, ainda à criança e ao adolescente vítima
que provisoriamente, ou para o ou testemunha de violência.
Art. 202. Nos processos e pro- só efeito do ato. § 1o As hipóteses previstas
cedimentos em que não for parte, § 3o Será dispensada a outor- neste artigo não excluem da pro-
atuará obrigatoriamente o Mi- ga de mandato, quando se tratar teção judicial outros interesses
nistério Público na defesa dos de defensor nomeado ou, sido individuais, difusos ou coletivos,
direitos e interesses de que cuida constituído, tiver sido indicado próprios da infância e da adoles-
esta Lei, hipótese em que terá por ocasião de ato formal com a cência, protegidos pela Constitui-
vista dos autos depois das par- presença da autoridade judiciária. ção e pela Lei.
tes, podendo juntar documentos § 2o A investigação do de-
e requerer diligências, usando os saparecimento de crianças ou
recursos cabíveis. CAPÍTULO VII – DA adolescentes será realizada ime-
PROTEÇÃO JUDICIAL DOS diatamente após notificação aos
Art. 203. A intimação do Minis- INTERESSES INDIVIDUAIS, órgãos competentes, que deve-
tério Público, em qualquer caso, DIFUSOS E COLETIVOS rão comunicar o fato aos portos,
será feita pessoalmente. aeroportos, Polícia Rodoviária e
Art. 208. Regem-se pelas dis- companhias de transporte in-
Art. 204. A falta de intervenção posições desta Lei as ações de terestaduais e internacionais,
do Ministério Público acarreta a responsabilidade por ofensa aos fornecendo-lhes todos os dados
nulidade do feito, que será decla- direitos assegurados à criança e necessários à identificação do
rada de ofício pelo juiz ou a reque- ao adolescente, referentes ao não desaparecido.
rimento de qualquer interessado. oferecimento ou oferta irregular:
I – do ensino obrigatório; Art. 209. As ações previstas
Art. 205. As manifestações pro- II – de atendimento educacio- neste Capítulo serão propostas
cessuais do representante do nal especializado aos portadores no foro do local onde ocorreu ou
Ministério Público deverão ser de deficiência; deva ocorrer a ação ou omissão,
fundamentadas. III – de atendimento em cre- cujo juízo terá competência ab-
che e pré-escola às crianças de soluta para processar a causa,
zero a cinco anos de idade; ressalvadas a competência da
CAPÍTULO VI – DO IV – de ensino noturno regu- Justiça Federal e a competên-
ADVOGADO lar, adequado às condições do cia originária dos Tribunais Su-
educando; periores.
Art. 206. A criança ou o adoles- V – de programas suplemen-
cente, seus pais ou responsável, tares de oferta de material didá- Art. 210. Para as ações cíveis
e qualquer pessoa que tenha legí- tico-escolar, transporte e assis- fundadas em interesses coleti-
timo interesse na solução da lide tência à saúde do educando do vos ou difusos, consideram-se

579
Estatuto da Criança e do Adolescente
legitimados concorrentemente: provimento final, é lícito ao juiz sociação autora a pagar ao réu os
I – o Ministério Público; conceder a tutela liminarmente honorários advocatícios arbitra-
II – a União, os Estados, os ou após justificação prévia, ci- dos na conformidade do § 4o do
Municípios, o Distrito Federal e tando o réu. art. 20 da Lei no 5.869, de 11 de
os Territórios; § 2o O juiz poderá, na hipó- janeiro de 1973 – Código de Pro-
III – as associações legalmen- tese do parágrafo anterior ou na cesso Civil, quando reconhecer
te constituídas há pelo menos sentença, impor multa diária ao que a pretensão é manifesta-
um ano e que incluam entre seus réu, independentemente de pe- mente infundada.
fins institucionais a defesa dos dido do autor, se for suficiente Parágrafo único. Em caso de
interesses e direitos protegidos ou compatível com a obrigação, litigância de má-fé, a associação
por esta Lei, dispensada a auto- fixando prazo razoável para o autora e os diretores responsá-
rização da assembleia, se houver cumprimento do preceito. veis pela propositura da ação
prévia autorização estatutária. § 3o A multa só será exigível serão solidariamente condena-
§ 1o Admitir-se-á litisconsór- do réu após o trânsito em julgado dos ao décuplo das custas, sem
cio facultativo entre os Ministé- da sentença favorável ao autor, prejuízo de responsabilidade por
rios Públicos da União e dos Es- mas será devida desde o dia em perdas e danos.
tados na defesa dos interesses que se houver configurado o des-
e direitos de que cuida esta Lei. cumprimento. Art. 219. Nas ações de que trata
§ 2o Em caso de desistência este Capítulo, não haverá adianta-
ou abandono da ação por asso- Art. 214. Os valores das multas mento de custas, emolumentos,
ciação legitimada, o Ministério reverterão ao fundo gerido pelo honorários periciais e quaisquer
Público ou outro legitimado po- Conselho dos Direitos da Criança outras despesas.
derá assumir a titularidade ativa. e do Adolescente do respectivo
Município. Art. 220. Qualquer pessoa po-
Art. 211. Os órgãos públicos le- § 1o As multas não recolhidas derá e o servidor público deverá
gitimados poderão tomar dos até trinta dias após o trânsito em provocar a iniciativa do Ministério
interessados compromisso de julgado da decisão serão exigidas Público, prestando-lhe informa-
ajustamento de sua conduta às através de execução promovi- ções sobre fatos que constituam
exigências legais, o qual terá da pelo Ministério Público, nos objeto de ação civil, e indicando-
eficácia de título executivo ex- mesmos autos, facultada igual -lhe os elementos de convicção.
trajudicial. iniciativa aos demais legitimados.
§ 2o Enquanto o fundo não Art. 221. Se, no exercício de suas
Art. 212. Para defesa dos direi- for regulamentado, o dinheiro funções, os juízes e tribunais tive-
tos e interesses protegidos por ficará depositado em estabele- rem conhecimento de fatos que
esta Lei, são admissíveis todas cimento oficial de crédito, em possam ensejar a propositura de
as espécies de ações pertinentes. conta com correção monetária. ação civil, remeterão peças ao
§ 1o Aplicam-se às ações pre- Ministério Público para as provi-
vistas neste Capítulo as normas Art. 215. O juiz poderá conferir dências cabíveis.
do Código de Processo Civil. efeito suspensivo aos recursos,
§ 2o Contra atos ilegais ou para evitar dano irreparável à Art. 222. Para instruir a peti-
abusivos de autoridade pública parte. ção inicial, o interessado poderá
ou agente de pessoa jurídica no requerer às autoridades com-
exercício de atribuições do poder Art. 216. Transitada em julgado petentes as certidões e infor-
público, que lesem direito líquido a sentença que impuser conde- mações que julgar necessárias,
e certo previsto nesta Lei, caberá nação ao poder público, o juiz que serão fornecidas no prazo
ação mandamental, que se regerá determinará a remessa de peças de quinze dias.
pelas normas da lei do mandado à autoridade competente, para
de segurança. apuração da responsabilidade Art. 223. O Ministério Público
civil e administrativa do agente a poderá instaurar, sob sua presi-
Art. 213. Na ação que tenha por que se atribua a ação ou omissão. dência, inquérito civil, ou requi-
objeto o cumprimento de obriga- sitar, de qualquer pessoa, orga-
ção de fazer ou não fazer, o juiz Art. 217. Decorridos sessenta nismo público ou particular, cer-
concederá a tutela específica da dias do trânsito em julgado da tidões, informações, exames ou
obrigação ou determinará provi- sentença condenatória sem que perícias, no prazo que assinalar,
dências que assegurem o resul- a associação autora lhe promo- o qual não poderá ser inferior a
tado prático equivalente ao do va a execução, deverá fazê-lo o dez dias úteis.
adimplemento. Ministério Público, facultada igual § 1o Se o órgão do Ministé-
§ 1o Sendo relevante o fun- iniciativa aos demais legitimados. rio Público, esgotadas todas as
damento da demanda e havendo diligências, se convencer da ine-
justificado receio de ineficácia do Art. 218. O juiz condenará a as- xistência de fundamento para a

580
Estatuto da Criança e do Adolescente
propositura da ação cível, promo- Art. 227. Os crimes definidos sem estar em flagrante de ato
verá o arquivamento dos autos nesta Lei são de ação pública infracional ou inexistindo ordem
do inquérito civil ou das peças incondicionada. escrita da autoridade judiciária
informativas, fazendo-o funda- competente:
mentadamente. Art. 227-A. Os efeitos da conde- Pena – detenção de seis me-
§ 2o Os autos do inquérito nação prevista no inciso I do caput ses a dois anos.
civil ou as peças de informação do art. 92 do Decreto-lei no 2.848, Parágrafo único. Incide na
arquivados serão remetidos, de 7 de dezembro de 1940 (Código mesma pena aquele que procede
sob pena de se incorrer em falta Penal), para os crimes previstos à apreensão sem observância das
grave, no prazo de três dias, ao nesta Lei, praticados por ser- formalidades legais.
Conselho Superior do Ministério vidores públicos com abuso de
Público. autoridade, são condicionados à Art. 231. Deixar a autoridade
§ 3o Até que seja homolo- ocorrência de reincidência. policial responsável pela apre-
gada ou rejeitada a promoção Parágrafo único. A perda do ensão de criança ou adolescente
de arquivamento, em sessão do cargo, do mandato ou da função, de fazer imediata comunicação à
Conselho Superior do Ministério nesse caso, independerá da pena autoridade judiciária competen-
Público, poderão as associações aplicada na reincidência. te e à família do apreendido ou à
legitimadas apresentar razões es- pessoa por ele indicada:
critas ou documentos, que serão Pena – detenção de seis me-
juntados aos autos do inquérito
Seção II – Dos Crimes em ses a dois anos.
ou anexados às peças de infor- Espécie
mação. Art. 232. Submeter criança ou
§ 4o A promoção de arquiva- Art. 228. Deixar o encarregado adolescente sob sua autoridade,
mento será submetida a exame e de serviço ou o dirigente de esta- guarda ou vigilância a vexame ou
deliberação do Conselho Superior belecimento de atenção à saúde a constrangimento:
do Ministério Público, conforme de gestante de manter registro Pena – detenção de seis me-
dispuser o seu Regimento. das atividades desenvolvidas, na ses a dois anos.
§ 5o Deixando o Conselho Su- forma e prazo referidos no art. 10
perior de homologar a promoção desta Lei, bem como de fornecer Art. 233. (Revogado)
de arquivamento, designará, des- à parturiente ou a seu responsá-
de logo, outro órgão do Ministé- vel, por ocasião da alta médica, Art. 234. Deixar a autoridade
rio Público para o ajuizamento declaração de nascimento, onde competente, sem justa causa,
da ação. constem as intercorrências do de ordenar a imediata liberação
parto e do desenvolvimento do de criança ou adolescente, tão
Art. 224. Aplicam-se subsidia- neonato: logo tenha conhecimento da ile-
riamente, no que couber, as dis- Pena – detenção de seis me- galidade da apreensão:
posições da Lei no 7.347, de 24 de ses a dois anos. Pena – detenção de seis me-
julho de 1985. Parágrafo único. Se o crime ses a dois anos.
é culposo:
Pena – detenção de dois a Art. 235. Descumprir, injusti-
TÍTULO VII – DOS CRIMES seis meses, ou multa. ficadamente, prazo fixado nesta
E DAS INFRAÇÕES Lei em benefício de adolescente
ADMINISTRATIVAS Art. 229. Deixar o médico, en- privado de liberdade:
fermeiro ou dirigente de estabe- Pena – detenção de seis me-
CAPÍTULO I – DOS CRIMES lecimento de atenção à saúde de ses a dois anos.
Seção I – Disposições Gerais gestante de identificar correta-
mente o neonato e a parturiente, Art. 236. Impedir ou embaraçar
por ocasião do parto, bem como a ação de autoridade judiciária,
Art. 225. Este Capítulo dispõe deixar de proceder aos exames membro do Conselho Tutelar ou
sobre crimes praticados contra referidos no art. 10 desta Lei: representante do Ministério Pú-
a criança e o adolescente, por Pena – detenção de seis me- blico no exercício de função pre-
ação ou omissão, sem prejuízo ses a dois anos. vista nesta Lei:
do disposto na legislação penal. Parágrafo único. Se o crime Pena – detenção de seis me-
é culposo: ses a dois anos.
Art. 226. Aplicam-se aos crimes Pena – detenção de dois a
definidos nesta Lei as normas da seis meses, ou multa. Art. 237. Subtrair criança ou
Parte Geral do Código Penal e, adolescente ao poder de quem o
quanto ao processo, as pertinen- Art. 230. Privar a criança ou tem sob sua guarda em virtude de
tes ao Código de Processo Penal. o adolescente de sua liberda- lei ou ordem judicial, com o fim
de, procedendo à sua apreensão de colocação em lar substituto:

581
Estatuto da Criança e do Adolescente
Pena – reclusão de dois a seis com seu consentimento. for feita por:
anos, e multa. I – agente público no exercício
Art. 241. Vender ou expor à ven- de suas funções;
Art. 238. Prometer ou efetivar da fotografia, vídeo ou outro re- II – membro de entidade, le-
a entrega de filho ou pupilo a gistro que contenha cena de sexo galmente constituída, que inclua,
terceiro, mediante paga ou re- explícito ou pornográfica envol- entre suas finalidades institucio-
compensa: vendo criança ou adolescente: nais, o recebimento, o proces-
Pena – reclusão de um a qua- Pena – reclusão, de 4 (quatro) samento e o encaminhamento
tro anos, e multa. a 8 (oito) anos, e multa. de notícia dos crimes referidos
Parágrafo único. Incide nas neste parágrafo;
mesmas penas quem oferece ou Art. 241-A. Oferecer, trocar, dis- III – representante legal e
efetiva a paga ou recompensa. ponibilizar, transmitir, distribuir, funcionários responsáveis de
publicar ou divulgar por qualquer provedor de acesso ou serviço
Art. 239. Promover ou auxiliar meio, inclusive por meio de siste- prestado por meio de rede de
a efetivação de ato destinado ao ma de informática ou telemático, computadores, até o recebimento
envio de criança ou adolescente fotografia, vídeo ou outro registro do material relativo à notícia feita
para o exterior com inobservância que contenha cena de sexo explí- à autoridade policial, ao Ministério
das formalidades legais ou com cito ou pornográfica envolvendo Público ou ao Poder Judiciário.
o fito de obter lucro: criança ou adolescente: § 3o As pessoas referidas no
Pena – reclusão de quatro a Pena – reclusão, de 3 (três) a § 2 deste artigo deverão man-
o

seis anos, e multa. 6 (seis) anos, e multa. ter sob sigilo o material ilícito
Parágrafo único. Se há em- § 1o Nas mesmas penas in- referido.
prego de violência, grave ameaça corre quem:
ou fraude: I – assegura os meios ou ser- Art. 241-C. Simular a participa-
Pena – reclusão, de 6 (seis) a viços para o armazenamento das ção de criança ou adolescente em
8 (oito) anos, além da pena cor- fotografias, cenas ou imagens de cena de sexo explícito ou porno-
respondente à violência. que trata o caput deste artigo; gráfica por meio de adulteração,
II – assegura, por qualquer montagem ou modificação de fo-
Art. 240. Produzir, reproduzir, meio, o acesso por rede de com- tografia, vídeo ou qualquer outra
dirigir, fotografar, filmar ou re- putadores às fotografias, cenas forma de representação visual:
gistrar, por qualquer meio, cena ou imagens de que trata o caput Pena – reclusão, de 1 (um) a
de sexo explícito ou pornográfi- deste artigo. 3 (três) anos, e multa.
ca, envolvendo criança ou ado- § 2o As condutas tipificadas Parágrafo único. Incorre
lescente: nos incisos I e II do § 1o deste ar- nas mesmas penas quem ven-
Pena – reclusão, de 4 (quatro) tigo são puníveis quando o res- de, expõe à venda, disponibiliza,
a 8 (oito) anos, e multa. ponsável legal pela prestação do distribui, publica ou divulga por
§ 1o Incorre nas mesmas pe- serviço, oficialmente notificado, qualquer meio, adquire, possui
nas quem agencia, facilita, recru- deixa de desabilitar o acesso ao ou armazena o material produzido
ta, coage, ou de qualquer modo conteúdo ilícito de que trata o na forma do caput deste artigo.
intermedeia a participação de caput deste artigo.
criança ou adolescente nas ce- Art. 241-D. Aliciar, assediar, ins-
nas referidas no caput deste ar- Art. 241-B. Adquirir, possuir ou tigar ou constranger, por qualquer
tigo, ou ainda quem com esses armazenar, por qualquer meio, meio de comunicação, criança,
contracena. fotografia, vídeo ou outra forma com o fim de com ela praticar
§ 2o Aumenta-se a pena de de registro que contenha cena de ato libidinoso:
1/3 (um terço) se o agente come- sexo explícito ou pornográfica en- Pena – reclusão, de 1 (um) a
te o crime: volvendo criança ou adolescente: 3 (três) anos, e multa.
I – no exercício de cargo ou Pena – reclusão, de 1 (um) a Parágrafo único. Nas mes-
função pública ou a pretexto de 4 (quatro) anos, e multa. mas penas incorre quem:
exercê-la; § 1o A pena é diminuída de 1 I – facilita ou induz o acesso
II – prevalecendo-se de rela- (um) a 2/3 (dois terços) se de pe- à criança de material contendo
ções domésticas, de coabitação quena quantidade o material a cena de sexo explícito ou por-
ou de hospitalidade; ou que se refere o caput deste artigo. nográfica com o fim de com ela
III – prevalecendo-se de rela- § 2o Não há crime se a pos- praticar ato libidinoso;
ções de parentesco consanguíneo se ou o armazenamento tem a II – pratica as condutas des-
ou afim até o terceiro grau, ou por finalidade de comunicar às au- critas no caput deste artigo com
adoção, de tutor, curador, pre- toridades competentes a ocor- o fim de induzir criança a se exibir
ceptor, empregador da vítima ou rência das condutas descritas de forma pornográfica ou sexu-
de quem, a qualquer outro título, nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C almente explícita.
tenha autoridade sobre ela, ou desta Lei, quando a comunicação

582
Estatuto da Criança e do Adolescente
Art. 241-E. Para efeito dos cri- penas o proprietário, o gerente ou Art. 247. Divulgar, total ou par-
mes previstos nesta Lei, a ex- o responsável pelo local em que cialmente, sem autorização devi-
pressão “cena de sexo explícito se verifique a submissão de crian- da, por qualquer meio de comuni-
ou pornográfica” compreende ça ou adolescente às práticas cação, nome, ato ou documento
qualquer situação que envolva referidas no caput deste artigo. de procedimento policial, admi-
criança ou adolescente em ati- § 2o Constitui efeito obriga- nistrativo ou judicial relativo a
vidades sexuais explícitas, reais tório da condenação a cassação criança ou adolescente a que se
ou simuladas, ou exibição dos da licença de localização e de fun- atribua ato infracional:
órgãos genitais de uma criança cionamento do estabelecimento. Pena – multa de três a vinte
ou adolescente para fins primor- salários de referência, aplican-
dialmente sexuais. Art. 244-B. Corromper ou faci- do-se o dobro em caso de rein-
litar a corrupção de menor de 18 cidência.
Art. 242. Vender, fornecer ainda (dezoito) anos, com ele praticando § 1o Incorre na mesma pena
que gratuitamente ou entregar, infração penal ou induzindo-o a quem exibe, total ou parcialmen-
de qualquer forma, a criança ou praticá-la: te, fotografia de criança ou ado-
adolescente arma, munição ou Pena – reclusão, de 1 (um) a lescente envolvido em ato infra-
explosivo: 4 (quatro) anos. cional, ou qualquer ilustração
Pena – reclusão, de 3 (três) a § 1o Incorre nas penas previs- que lhe diga respeito ou se refira
6 (seis) anos. tas no caput deste artigo quem a atos que lhe sejam atribuídos,
pratica as condutas ali tipificadas de forma a permitir sua identifi-
Art. 243. Vender, fornecer, ser- utilizando-se de quaisquer meios cação, direta ou indiretamente.
vir, ministrar ou entregar, ainda eletrônicos, inclusive salas de § 2o Se o fato for praticado
que gratuitamente, de qualquer bate-papo da internet. por órgão de imprensa ou emisso-
forma, a criança ou a adolescen- § 2o As penas previstas no ra de rádio ou televisão, além da
te, bebida alcoólica ou, sem jus- caput deste artigo são aumen- pena prevista neste artigo, a auto-
ta causa, outros produtos cujos tadas de um terço no caso de a ridade judiciária poderá determi-
componentes possam causar infração cometida ou induzida es- nar a apreensão da publicação ou
dependência física ou psíquica: tar incluída no rol do art. 1o da Lei a suspensão da programação da
Pena – detenção, de 2 (dois) a no 8.072, de 25 de julho de 1990. emissora até por dois dias, bem
4 (quatro) anos, e multa, se o fato como da publicação do periódico
não constitui crime mais grave. até por dois números.2
CAPÍTULO II –
Art. 244. Vender, fornecer ainda DAS INFRAÇÕES Art. 248. (Revogado)
que gratuitamente ou entregar, ADMINISTRATIVAS
de qualquer forma, a criança ou Art. 249. Descumprir, dolosa
adolescente fogos de estampido Art. 245. Deixar o médico, pro- ou culposamente, os deveres
ou de artifício, exceto aqueles fessor ou responsável por esta- inerentes ao poder familiar ou
que, pelo seu reduzido poten- belecimento de atenção à saúde decorrente de tutela ou guarda,
cial, sejam incapazes de provocar e de ensino fundamental, pré-es- bem assim determinação da au-
qualquer dano físico em caso de cola ou creche, de comunicar à toridade judiciária ou Conselho
utilização indevida: autoridade competente os casos Tutelar:
Pena – detenção de seis me- de que tenha conhecimento, en- Pena – multa de três a vinte
ses a dois anos, e multa. volvendo suspeita ou confirmação salários de referência, aplican-
de maus-tratos contra criança ou do-se o dobro em caso de rein-
Art. 244-A. Submeter criança adolescente: cidência.
ou adolescente, como tais de- Pena – multa de três a vinte
finidos no caput do art. 2o desta salários de referência, aplican- Art. 250. Hospedar criança ou
Lei, à prostituição ou à explora- do-se o dobro em caso de rein- adolescente desacompanhado
ção sexual: cidência. dos pais ou responsável, ou sem
Pena – reclusão de quatro a autorização escrita desses ou
dez anos e multa, além da perda Art. 246. Impedir o responsável da autoridade judiciária, em ho-
de bens e valores utilizados na ou funcionário de entidade de tel, pensão, motel ou congênere:
prática criminosa em favor do atendimento o exercício dos di- Pena – multa.
Fundo dos Direitos da Criança reitos constantes nos incisos II, III, § 1o Em caso de reincidência,
e do Adolescente da unidade da VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei: sem prejuízo da pena de multa, a
Federação (Estado ou Distrito Pena – multa de três a vinte autoridade judiciária poderá de-
Federal) em que foi cometido o salários de referência, aplican- terminar o fechamento do estabe-
crime, ressalvado o direito de do-se o dobro em caso de rein- lecimento por até 15 (quinze) dias.
terceiro de boa-fé. cidência.
§ 1o Incorrem nas mesmas 2
NE: ver ADI no 869.

583
Estatuto da Criança e do Adolescente
§ 2o Se comprovada a rein- Pena – multa de vinte a cem Art. 258-B. Deixar o médico,
cidência em período inferior a 30 salários de referência; na rein- enfermeiro ou dirigente de esta-
(trinta) dias, o estabelecimento cidência, a autoridade poderá belecimento de atenção à saúde
será definitivamente fechado e determinar a suspensão do espe- de gestante de efetuar imediato
terá sua licença cassada. táculo ou o fechamento do esta- encaminhamento à autoridade
belecimento por até quinze dias. judiciária de caso de que tenha
Art. 251. Transportar criança ou conhecimento de mãe ou ges-
adolescente, por qualquer meio, Art. 256. Vender ou locar a tante interessada em entregar
com inobservância do disposto criança ou adolescente fita de seu filho para adoção:
nos arts. 83, 84 e 85 desta Lei: programação em vídeo, em de- Pena – multa de R$ 1.000,00
Pena – multa de três a vinte sacordo com a classificação atri- (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil
salários de referência, aplican- buída pelo órgão competente: reais).
do-se o dobro em caso de rein- Pena – multa de três a vinte Parágrafo único. Incorre na
cidência. salários de referência; em caso mesma pena o funcionário de
de reincidência, a autoridade ju- programa oficial ou comunitário
Art. 252. Deixar o responsável diciária poderá determinar o fe- destinado à garantia do direito à
por diversão ou espetáculo pú- chamento do estabelecimento convivência familiar que deixa de
blico de afixar, em lugar visível e por até quinze dias. efetuar a comunicação referida
de fácil acesso, à entrada do local no caput deste artigo.
de exibição, informação destaca- Art. 257. Descumprir obriga-
da sobre a natureza da diversão ção constante dos arts. 78 e 79 Art. 258-C. Descumprir a proi-
ou espetáculo e a faixa etária desta Lei: bição estabelecida no inciso II
especificada no certificado de Pena – multa de três a vinte do art. 81:
classificação: salários de referência, duplican- Pena – multa de R$ 3.000,00
Pena – multa de três a vinte do-se a pena em caso de reinci- (três mil reais) a R$ 10.000,00 (dez
salários de referência, aplican- dência, sem prejuízo de apre- mil reais);
do-se o dobro em caso de rein- ensão da revista ou publicação. Medida Administrativa – inter-
cidência. dição do estabelecimento comer-
Art. 258. Deixar o responsá- cial até o recolhimento da multa
Art. 253. Anunciar peças tea- vel pelo estabelecimento ou o aplicada.
trais, filmes ou quaisquer repre- empresário de observar o que
sentações ou espetáculos, sem dispõe esta Lei sobre o acesso
indicar os limites de idade a que de criança ou adolescente aos DISPOSIÇÕES FINAIS E
não se recomendem: locais de diversão, ou sobre sua TRANSITÓRIAS
Pena – multa de três a vinte participação no espetáculo:
salários de referência, duplicada Pena – multa de três a vinte Art. 259. A União, no prazo de
em caso de reincidência, aplicá- salários de referência; em caso noventa dias contados da publi-
vel, separadamente, à casa de de reincidência, a autoridade ju- cação deste Estatuto, elaborará
espetáculo e aos órgãos de di- diciária poderá determinar o fe- projeto de lei dispondo sobre a
vulgação ou publicidade. chamento do estabelecimento criação ou adaptação de seus
por até quinze dias. órgãos às diretrizes da política
Art. 254. Transmitir, através de de atendimento fixadas no art. 88
rádio ou televisão, espetáculo em Art. 258-A. Deixar a autoridade e ao que estabelece o Título V
horário diverso do autorizado ou competente de providenciar a ins- do Livro II.
sem aviso de sua classificação:3 talação e operacionalização dos Parágrafo único. Compete
Pena – multa de vinte a cem cadastros previstos no art. 50 e aos Estados e Municípios pro-
salários de referência; duplicada no § 11 do art. 101 desta Lei: moverem a adaptação de seus
em caso de reincidência a autori- Pena – multa de R$ 1.000,00 órgãos e programas às diretri-
dade judiciária poderá determinar (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil zes e princípios estabelecidos
a suspensão da programação da reais). nesta Lei.
emissora por até dois dias. Parágrafo único. Incorre nas
mesmas penas a autoridade que Art. 260. Os contribuintes po-
Art. 255. Exibir filme, trailer, deixa de efetuar o cadastramento derão efetuar doações aos Fun-
peça, amostra ou congênere clas- de crianças e de adolescentes em dos dos Direitos da Criança e do
sificado pelo órgão competente condições de serem adotadas, de Adolescente nacional, distrital,
como inadequado às crianças pessoas ou casais habilitados à estaduais ou municipais, devi-
ou adolescentes admitidos ao adoção e de crianças e adoles- damente comprovadas, sendo
espetáculo: centes em regime de acolhimento essas integralmente deduzidas
institucional ou familiar. do imposto de renda, obedecidos
3
NE: ver ADI no 2.404. os seguintes limites:

584
Estatuto da Criança e do Adolescente
I – 1% (um por cento) do im- da como despesa operacional na te municipais, distrital, estaduais
posto sobre a renda devido apu- apuração do lucro real. e nacional concomitantemente
rado pelas pessoas jurídicas tri- com a opção de que trata o caput,
butadas com base no lucro real; e Art. 260-A. A partir do exercício respeitado o limite previsto no
II – 6% (seis por cento) do de 2010, ano-calendário de 2009, inciso II do art. 260.
imposto sobre a renda apurado a pessoa física poderá optar pela
pelas pessoas físicas na Declara- doação de que trata o inciso II do Art. 260-B. A doação de que
ção de Ajuste Anual, observado o caput do art. 260 diretamente em trata o inciso I do art. 260 poderá
disposto no art. 22 da Lei no 9.532, sua Declaração de Ajuste Anual. ser deduzida:
de 10 de dezembro de 1997. § 1o A doação de que trata I – do imposto devido no tri-
§ 1o (Revogado) o caput poderá ser deduzida até mestre, para as pessoas jurídicas
§ 1o-A. Na definição das prio- os seguintes percentuais aplica- que apuram o imposto trimes-
ridades a serem atendidas com os dos sobre o imposto apurado na tralmente; e
recursos captados pelos fundos declaração: II – do imposto devido men-
nacional, estaduais e municipais I – (Vetado); salmente e no ajuste anual, para
dos direitos da criança e do ado- II – (Vetado); as pessoas jurídicas que apuram
lescente, serão consideradas as III – 3% (três por cento) a par- o imposto anualmente.
disposições do Plano Nacional de tir do exercício de 2012. Parágrafo único. A doação
Promoção, Proteção e Defesa do § 2o A dedução de que trata deverá ser efetuada dentro do
Direito de Crianças e Adolescen- o caput: período a que se refere a apura-
tes à Convivência Familiar e Co- I – está sujeita ao limite de ção do imposto.
munitária e as do Plano Nacional 6% (seis por cento) do imposto
pela Primeira Infância. sobre a renda apurado na decla- Art. 260-C. As doações de que
§ 2o Os conselhos nacional, ração de que trata o inciso II do trata o art. 260 desta Lei podem
estaduais e municipais dos direi- caput do art. 260; ser efetuadas em espécie ou em
tos da criança e do adolescente II – não se aplica à pessoa bens.
fixarão critérios de utilização, por física que: Parágrafo único. As doações
meio de planos de aplicação, das a) utilizar o desconto sim- efetuadas em espécie devem ser
dotações subsidiadas e demais plificado; depositadas em conta específica,
receitas, aplicando necessaria- b) apresentar declaração em em instituição financeira pública,
mente percentual para incentivo formulário; ou vinculadas aos respectivos fun-
ao acolhimento, sob a forma de c) entregar a declaração fora dos de que trata o art. 260.
guarda, de crianças e adolescen- do prazo;
tes e para programas de atenção III – só se aplica às doações Art. 260-D. Os órgãos respon-
integral à primeira infância em em espécie; e sáveis pela administração das
áreas de maior carência socio- IV – não exclui ou reduz outros contas dos Fundos dos Direitos
econômica e em situações de benefícios ou deduções em vigor. da Criança e do Adolescente na-
calamidade. § 3o O pagamento da doação cional, estaduais, distrital e mu-
§ 3o O Departamento da Re- deve ser efetuado até a data de nicipais devem emitir recibo em
ceita Federal, do Ministério da vencimento da primeira quota favor do doador, assinado por
Economia, Fazenda e Planeja- ou quota única do imposto, ob- pessoa competente e pelo pre-
mento, regulamentará a com- servadas instruções específicas sidente do Conselho correspon-
provação das doações feitas aos da Secretaria da Receita Federal dente, especificando:
fundos, nos termos deste artigo. do Brasil. I – número de ordem;
§ 4o O Ministério Público de- § 4o O não pagamento da do- II – nome, Cadastro Nacional
terminará em cada comarca a for- ação no prazo estabelecido no § 3o da Pessoa Jurídica (CNPJ) e en-
ma de fiscalização da aplicação, implica a glosa definitiva desta dereço do emitente;
pelo Fundo Municipal dos Direitos parcela de dedução, ficando a III – nome, CNPJ ou Cadas-
da Criança e do Adolescente, dos pessoa física obrigada ao reco- tro de Pessoas Físicas (CPF) do
incentivos fiscais referidos nes- lhimento da diferença de imposto doador;
te artigo. devido apurado na Declaração de IV – data da doação e valor
§ 5o Observado o disposto no Ajuste Anual com os acréscimos efetivamente recebido; e
§ 4o do art. 3o da Lei no 9.249, de 26 legais previstos na legislação. V – ano-calendário a que se
de dezembro de 1995, a dedução § 5o A pessoa física pode- refere a doação.
de que trata o inciso I do caput: rá deduzir do imposto apurado § 1o O comprovante de que
I – será considerada isola- na Declaração de Ajuste Anual trata o caput deste artigo pode
damente, não se submetendo a as doações feitas, no respectivo ser emitido anualmente, desde
limite em conjunto com outras ano-calendário, aos fundos con- que discrimine os valores doados
deduções do imposto; e trolados pelos Conselhos dos Di- mês a mês.
II – não poderá ser computa- reitos da Criança e do Adolescen- § 2o No caso de doação em

585
Estatuto da Criança e do Adolescente
bens, o comprovante deve conter do se a doação foi em espécie ou reitos Humanos da Presidência da
a identificação dos bens, median- em bens. República (SDH/PR) encaminhará
te descrição em campo próprio ou à Secretaria da Receita Federal do
em relação anexa ao comprovan- Art. 260-H. Em caso de des- Brasil, até 31 de outubro de cada
te, informando também se houve cumprimento das obrigações pre- ano, arquivo eletrônico contendo
avaliação, o nome, CPF ou CNPJ e vistas no art. 260-G, a Secretaria a relação atualizada dos Fundos
endereço dos avaliadores. da Receita Federal do Brasil dará dos Direitos da Criança e do Ado-
conhecimento do fato ao Minis- lescente nacional, distrital, esta-
Art. 260-E. Na hipótese da do- tério Público. duais e municipais, com a indica-
ação em bens, o doador deverá: ção dos respectivos números de
I – comprovar a propriedade Art. 260-I. Os Conselhos dos Di- inscrição no CNPJ e das contas
dos bens, mediante documen- reitos da Criança e do Adolescen- bancárias específicas mantidas
tação hábil; te nacional, estaduais, distrital e em instituições financeiras públi-
II – baixar os bens doados na municipais divulgarão amplamen- cas, destinadas exclusivamente
declaração de bens e direitos, te à comunidade: a gerir os recursos dos Fundos.
quando se tratar de pessoa físi- I – o calendário de suas reu-
ca, e na escrituração, no caso de niões; Art. 260-L. A Secretaria da Re-
pessoa jurídica; e II – as ações prioritárias para ceita Federal do Brasil expedirá
III – considerar como valor aplicação das políticas de atendi- as instruções necessárias à apli-
dos bens doados: mento à criança e ao adolescente; cação do disposto nos arts. 260
a) para as pessoas físicas, III – os requisitos para a apre- a 260-K.
o valor constante da última de- sentação de projetos a serem
claração do imposto de renda, beneficiados com recursos dos Art. 261. À falta dos Conselhos
desde que não exceda o valor Fundos dos Direitos da Criança Municipais dos Direitos da Crian-
de mercado; e do Adolescente nacional, es- ça e do Adolescente, os registros,
b) para as pessoas jurídicas, taduais, distrital ou municipais; inscrições e alterações a que se
o valor contábil dos bens. IV – a relação dos projetos referem os arts. 90, parágrafo
Parágrafo único. O preço ob- aprovados em cada ano-calen- único, e 91 desta Lei serão efetu-
tido em caso de leilão não será dário e o valor dos recursos pre- ados perante a autoridade judici-
considerado na determinação do vistos para implementação das ária da comarca a que pertencer
valor dos bens doados, exceto se ações, por projeto; a entidade.
o leilão for determinado por au- V – o total dos recursos rece- Parágrafo único. A União fica
toridade judiciária. bidos e a respectiva destinação, autorizada a repassar aos Estados
por projeto atendido, inclusive e Municípios, e os Estados aos Mu-
Art. 260-F. Os documentos a com cadastramento na base de nicípios, os recursos referentes
que se referem os arts. 260-D e dados do Sistema de Informa- aos programas e atividades pre-
260-E devem ser mantidos pelo ções sobre a Infância e a Ado- vistos nesta Lei, tão logo estejam
contribuinte por um prazo de 5 lescência; e criados os Conselhos dos Direitos
(cinco) anos para fins de com- VI – a avaliação dos resulta- da Criança e do Adolescente nos
provação da dedução perante a dos dos projetos beneficiados seus respectivos níveis.
Receita Federal do Brasil. com recursos dos Fundos dos
Direitos da Criança e do Adoles- Art. 262. Enquanto não insta-
Art. 260-G. Os órgãos respon- cente nacional, estaduais, distri- lados os Conselhos Tutelares,
sáveis pela administração das tal e municipais. as atribuições a eles conferidas
contas dos Fundos dos Direitos serão exercidas pela autoridade
da Criança e do Adolescente na- Art. 260-J. O Ministério Público judiciária.
cional, estaduais, distrital e mu- determinará, em cada Comar-
nicipais devem: ca, a forma de fiscalização da Art. 263. O Decreto-lei no 2.848,
I – manter conta bancária es- aplicação dos incentivos fiscais de 7 de dezembro de 1940, Códi-
pecífica destinada exclusivamen- referidos no art. 260 desta Lei. go Penal, passa a vigorar com as
te a gerir os recursos do Fundo; Parágrafo único. O des- seguintes alterações:
II – manter controle das do- cumprimento do disposto nos ��������������������������������������������������
ações recebidas; e arts. 260-G e 260-I sujeitará os
III – informar anualmente à infratores a responder por ação Art. 264. O art. 102 da Lei
Secretaria da Receita Federal do judicial proposta pelo Ministé- no 6.015, de 31 de dezembro de
Brasil as doações recebidas mês rio Público, que poderá atuar de 1973, fica acrescido do seguin-
a mês, identificando os seguintes ofício, a requerimento ou repre- te item:
dados por doador: sentação de qualquer cidadão. ��������������������������������������������������
a) nome, CNPJ ou CPF;
b) valor doado, especifican- Art. 260-K. A Secretaria de Di- Art. 265. A Imprensa Nacional

586
Estatuto da Criança e do Adolescente
e demais gráficas da União, da
administração direta ou indireta,
inclusive fundações instituídas e
mantidas pelo poder público fe-
deral, promoverão edição popular
do texto integral deste Estatuto,
que será posto à disposição das
escolas e das entidades de aten-
dimento e de defesa dos direitos
da criança e do adolescente.

Art. 265-A. O poder público fará


periodicamente ampla divulga-
ção dos direitos da criança e do
adolescente nos meios de comu-
nicação social.
Parágrafo único. A divulga-
ção a que se refere o caput será
veiculada em linguagem clara,
compreensível e adequada a
crianças e adolescentes, espe-
cialmente às crianças com idade
inferior a 6 (seis) anos.

Art. 266. Esta Lei entra em vigor


noventa dias após sua publicação.
Parágrafo único. Durante o
período de vacância deverão ser
promovidas atividades e cam-
panhas de divulgação e escla-
recimentos acerca do disposto
nesta Lei.

Art. 267. Revogam-se as Leis


nos 4.513, de 1964, e 6.697, de 10
de outubro de 1979 (Código de Me-
nores), e as demais disposições
em contrário.

Brasília, 13 de julho de 1990; 169o


da Independência e 102o da Re-
pública.

FERNANDO COLLOR

Promulgada em 13/7/1990, publicada no


DOU de 16/7/1990 e retificada no DOU
de 27/9/1990.

587
Estatuto do Idoso
ATUALIZADA ATÉ JANEIRO DE 2022

Atualização e revisão técnica: Coordenação de Edições Técnicas


A norma aqui apresentada não substitui as publicações do Diário Oficial da União.
Sumário

ESTATUTO DO IDOSO

Lei no 10.741/2003
593 TÍTULO I – DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
594 TÍTULO II – DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
594 CAPÍTULO I – DO DIREITO À VIDA
594 CAPÍTULO II – DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE
594 CAPÍTULO III – DOS ALIMENTOS
594 CAPÍTULO IV – DO DIREITO À SAÚDE
595 CAPÍTULO V – DA EDUCAÇÃO, CULTURA, ESPORTE E LAZER
595 CAPÍTULO VI – DA PROFISSIONALIZAÇÃO E DO TRABALHO
596 CAPÍTULO VII – DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
596 CAPÍTULO VIII – DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
596 CAPÍTULO IX – DA HABITAÇÃO
597 CAPÍTULO X – DO TRANSPORTE
597 TÍTULO III – DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO
597 CAPÍTULO I – DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
597 CAPÍTULO II – DAS MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO
597 TÍTULO IV – DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO AO IDOSO
597 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
598 CAPÍTULO II – DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO AO IDOSO
598 CAPÍTULO III – DA FISCALIZAÇÃO DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO
599 CAPÍTULO IV – DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
599 CAPÍTULO V – DA APURAÇÃO ADMINISTRATIVA DE INFRAÇÃO ÀS NORMAS DE PROTEÇÃO AO
IDOSO
599 CAPÍTULO VI – DA APURAÇÃO JUDICIAL DE IRREGULARIDADES EM ENTIDADE DE
ATENDIMENTO
600 TÍTULO V – DO ACESSO À JUSTIÇA
600 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
600 CAPÍTULO II – DO MINISTÉRIO PÚBLICO
601 CAPÍTULO III – DA PROTEÇÃO JUDICIAL DOS INTERESSES DIFUSOS, COLETIVOS E
INDIVIDUAIS INDISPONÍVEIS OU HOMOGÊNEOS
602 TÍTULO VI – DOS CRIMES
602 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
602 CAPÍTULO II – DOS CRIMES EM ESPÉCIE
603 TÍTULO VII – DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Estatuto do Idoso

Lei no 10.741/2003

Dispõe sobre o Estatuto do Idoso trabalho, à cidadania, à liberdade, segurada prioridade especial aos
e dá outras providências. à dignidade, ao respeito e à con- maiores de oitenta anos, atenden-
vivência familiar e comunitária. do-se suas necessidades sempre
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA § 1o A garantia de prioridade preferencialmente em relação aos
compreende: demais idosos.
Faço saber que o Congresso Na- I – atendimento preferencial
cional decreta e eu sanciono a imediato e individualizado junto Art. 4o Nenhum idoso será ob-
seguinte Lei:1 aos órgãos públicos e privados jeto de qualquer tipo de negli-
prestadores de serviços à po- gência, discriminação, violência,
pulação; crueldade ou opressão, e todo
TÍTULO I – DISPOSIÇÕES II – preferência na formulação atentado aos seus direitos, por
PRELIMINARES e na execução de políticas sociais ação ou omissão, será punido na
públicas específicas; forma da lei.
Art. 1o É instituído o Estatuto III – destinação privilegiada § 1o É dever de todos pre-
do Idoso, destinado a regular os de recursos públicos nas áreas venir a ameaça ou violação aos
direitos assegurados às pessoas relacionadas com a proteção ao direitos do idoso.
com idade igual ou superior a 60 idoso; § 2o As obrigações previs-
(sessenta) anos. IV – viabilização de formas tas nesta Lei não excluem da
alternativas de participação, ocu- prevenção outras decorrentes
Art. 2o O idoso goza de todos os pação e convívio do idoso com as dos princípios por ela adotados.
direitos fundamentais inerentes demais gerações;
à pessoa humana, sem prejuízo V – priorização do atendi- Art. 5o A inobservância das nor-
da proteção integral de que trata mento do idoso por sua própria mas de prevenção importará em
esta Lei, assegurando-se-lhe, por família, em detrimento do atendi- responsabilidade à pessoa física
lei ou por outros meios, todas as mento asilar, exceto dos que não ou jurídica nos termos da lei.
oportunidades e facilidades, para a possuam ou careçam de condi-
preservação de sua saúde física ções de manutenção da própria Art. 6o Todo cidadão tem o de-
e mental e seu aperfeiçoamento sobrevivência; ver de comunicar à autoridade
moral, intelectual, espiritual e so- VI – capacitação e reciclagem competente qualquer forma de
cial, em condições de liberdade dos recursos humanos nas áreas violação a esta Lei que tenha
e dignidade. de geriatria e gerontologia e na testemunhado ou de que tenha
prestação de serviços aos idosos; conhecimento.
Art. 3o É obrigação da família, VII – estabelecimento de me-
da comunidade, da sociedade e canismos que favoreçam a divul- Art. 7o Os Conselhos Nacional,
do Poder Público assegurar ao gação de informações de caráter Estaduais, do Distrito Federal e
idoso, com absoluta prioridade, educativo sobre os aspectos biop- Municipais do Idoso, previstos
a efetivação do direito à vida, à sicossociais de envelhecimento; na Lei no 8.842, de 4 de janeiro de
saúde, à alimentação, à educação, VIII – garantia de acesso à 1994, zelarão pelo cumprimento
à cultura, ao esporte, ao lazer, ao rede de serviços de saúde e de dos direitos do idoso, definidos
assistência social locais; nesta Lei.
IX – prioridade no recebimen-
1
Nota do Editor (NE): nos dispositivos que to da restituição do Imposto de
alteram normas, suprimiram-se as alterações
determinadas uma vez que já foram incor- Renda.
poradas às normas às quais se destinam. § 2o Dentre os idosos, é as-

593
Estatuto do Idoso
TÍTULO II – DOS DIREITOS tratamento desumano, violento, população que dele necessitar e
FUNDAMENTAIS aterrorizante, vexatório ou cons- esteja impossibilitada de se loco-
trangedor. mover, inclusive para idosos abri-
CAPÍTULO I – DO DIREITO gados e acolhidos por instituições
À VIDA públicas, filantrópicas ou sem
CAPÍTULO III – DOS fins lucrativos e eventualmente
Art. 8o O envelhecimento é um ALIMENTOS conveniadas com o Poder Público,
direito personalíssimo e a sua nos meios urbano e rural;
proteção um direito social, nos Art. 11. Os alimentos serão pres- V – reabilitação orientada pela
termos desta Lei e da legislação tados ao idoso na forma da lei geriatria e gerontologia, para re-
vigente. civil. dução das sequelas decorrentes
do agravo da saúde.
Art. 9o É obrigação do Estado, Art. 12. A obrigação alimentar é § 2o Incumbe ao Poder Pú-
garantir à pessoa idosa a prote- solidária, podendo o idoso optar blico fornecer aos idosos, gratui-
ção à vida e à saúde, mediante entre os prestadores. tamente, medicamentos, espe-
efetivação de políticas sociais cialmente os de uso continuado,
públicas que permitam um enve- Art. 13. As transações relativas a assim como próteses, órteses
lhecimento saudável e em condi- alimentos poderão ser celebradas e outros recursos relativos ao
ções de dignidade. perante o Promotor de Justiça tratamento, habilitação ou rea-
ou Defensor Público, que as re- bilitação.
ferendará, e passarão a ter efeito § 3o É vedada a discrimina-
CAPÍTULO II – DO de título executivo extrajudicial ção do idoso nos planos de saúde
DIREITO À LIBERDADE, AO nos termos da lei processual civil. pela cobrança de valores diferen-
RESPEITO E À DIGNIDADE ciados em razão da idade.
Art. 14. Se o idoso ou seus fami- § 4o Os idosos portadores
Art. 10. É obrigação do Estado e liares não possuírem condições de deficiência ou com limitação
da sociedade, assegurar à pessoa econômicas de prover o seu sus- incapacitante terão atendimento
idosa a liberdade, o respeito e a tento, impõe-se ao Poder Público especializado, nos termos da lei.
dignidade, como pessoa humana esse provimento, no âmbito da § 5o É vedado exigir o com-
e sujeito de direitos civis, políti- assistência social. parecimento do idoso enfermo
cos, individuais e sociais, garan- perante os órgãos públicos, hi-
tidos na Constituição e nas leis. pótese na qual será admitido o
§ 1o O direito à liberdade CAPÍTULO IV – DO DIREITO seguinte procedimento:
compreende, entre outros, os À SAÚDE I – quando de interesse do po-
seguintes aspectos: der público, o agente promoverá
I – faculdade de ir, vir e estar Art. 15. É assegurada a atenção o contato necessário com o idoso
nos logradouros públicos e espa- integral à saúde do idoso, por em sua residência; ou
ços comunitários, ressalvadas as intermédio do Sistema Único de II – quando de interesse do
restrições legais; Saúde – SUS, garantindo-lhe o próprio idoso, este se fará repre-
II – opinião e expressão; acesso universal e igualitário, sentar por procurador legalmente
III – crença e culto religioso; em conjunto articulado e contí- constituído.
IV – prática de esportes e de nuo das ações e serviços, para a § 6o É assegurado ao idoso
diversões; prevenção, promoção, proteção e enfermo o atendimento domiciliar
V – participação na vida fa- recuperação da saúde, incluindo pela perícia médica do Instituto
miliar e comunitária; a atenção especial às doenças Nacional do Seguro Social – INSS,
VI – participação na vida po- que afetam preferencialmente pelo serviço público de saúde ou
lítica, na forma da lei; os idosos. pelo serviço privado de saúde,
VII – faculdade de buscar re- § 1o A prevenção e a manu- contratado ou conveniado, que
fúgio, auxílio e orientação. tenção da saúde do idoso serão integre o Sistema Único de Saúde
§ 2o O direito ao respeito efetivadas por meio de: – SUS, para expedição do laudo de
consiste na inviolabilidade da I – cadastramento da popu- saúde necessário ao exercício de
integridade física, psíquica e lação idosa em base territorial; seus direitos sociais e de isenção
moral, abrangendo a preserva- II – atendimento geriátrico e tributária.
ção da imagem, da identidade, gerontológico em ambulatórios; § 7o Em todo atendimento
da autonomia, de valores, ideias III – unidades geriátricas de de saúde, os maiores de oitenta
e crenças, dos espaços e dos referência, com pessoal espe- anos terão preferência especial
objetos pessoais. cializado nas áreas de geriatria sobre os demais idosos, exceto
§ 3o É dever de todos ze- e gerontologia social; em caso de emergência.
lar pela dignidade do idoso, co- IV – atendimento domiciliar,
locando-o a salvo de qualquer incluindo a internação, para a Art. 16. Ao idoso internado ou

594
Estatuto do Idoso
em observação é assegurado o Idoso; 50% (cinquenta por cento) nos
direito a acompanhante, devendo V – Conselho Nacional do ingressos para eventos artísticos,
o órgão de saúde proporcionar as Idoso. culturais, esportivos e de lazer,
condições adequadas para a sua § 1o Para os efeitos desta Lei, bem como o acesso preferencial
permanência em tempo integral, considera-se violência contra o aos respectivos locais.
segundo o critério médico. idoso qualquer ação ou omis-
Parágrafo único. Caberá ao são praticada em local público Art. 24. Os meios de comunica-
profissional de saúde responsável ou privado que lhe cause mor- ção manterão espaços ou horá-
pelo tratamento conceder auto- te, dano ou sofrimento físico ou rios especiais voltados aos ido-
rização para o acompanhamento psicológico. sos, com finalidade informativa,
do idoso ou, no caso de impossi- § 2o Aplica-se, no que cou- educativa, artística e cultural, e
bilidade, justificá-la por escrito. ber, à notificação compulsória ao público sobre o processo de
prevista no caput deste artigo, envelhecimento.
Art. 17. Ao idoso que esteja no o disposto na Lei no 6.259, de 30
domínio de suas faculdades men- de outubro de 1975. Art. 25. As instituições de edu-
tais é assegurado o direito de op- cação superior ofertarão às pes-
tar pelo tratamento de saúde que soas idosas, na perspectiva da
lhe for reputado mais favorável. CAPÍTULO V – DA educação ao longo da vida, cursos
Parágrafo único. Não estan- EDUCAÇÃO, CULTURA, e programas de extensão, pre-
do o idoso em condições de pro- ESPORTE E LAZER senciais ou a distância, consti-
ceder à opção, esta será feita: tuídos por atividades formais e
I – pelo curador, quando o Art. 20. O idoso tem direito a não formais.
idoso for interditado; educação, cultura, esporte, lazer, Parágrafo único. O poder pú-
II – pelos familiares, quando diversões, espetáculos, produtos blico apoiará a criação de univer-
o idoso não tiver curador ou este e serviços que respeitem sua pe- sidade aberta para as pessoas
não puder ser contactado em culiar condição de idade. idosas e incentivará a publicação
tempo hábil; de livros e periódicos, de conteú-
III – pelo médico, quando Art. 21. O Poder Público criará do e padrão editorial adequados
ocorrer iminente risco de vida oportunidades de acesso do idoso ao idoso, que facilitem a leitura,
e não houver tempo hábil para à educação, adequando currícu- considerada a natural redução da
consulta a curador ou familiar; los, metodologias e material didá- capacidade visual.
IV – pelo próprio médico, tico aos programas educacionais
quando não houver curador ou a ele destinados.
familiar conhecido, caso em que § 1o Os cursos especiais para CAPÍTULO VI – DA
deverá comunicar o fato ao Minis- idosos incluirão conteúdo relati- PROFISSIONALIZAÇÃO E DO
tério Público. vo às técnicas de comunicação, TRABALHO
computação e demais avanços
Art. 18. As instituições de saú- tecnológicos, para sua integração Art. 26. O idoso tem direito ao
de devem atender aos critérios à vida moderna. exercício de atividade profissio-
mínimos para o atendimento às § 2o Os idosos participarão nal, respeitadas suas condições
necessidades do idoso, promo- das comemorações de caráter físicas, intelectuais e psíquicas.
vendo o treinamento e a capa- cívico ou cultural, para transmis-
citação dos profissionais, assim são de conhecimentos e vivências Art. 27. Na admissão do idoso
como orientação a cuidadores às demais gerações, no sentido em qualquer trabalho ou empre-
familiares e grupos de autoajuda. da preservação da memória e da go, é vedada a discriminação e
identidade culturais. a fixação de limite máximo de
Art. 19. Os casos de suspeita ou idade, inclusive para concursos,
confirmação de violência prati- Art. 22. Nos currículos mínimos ressalvados os casos em que a
cada contra idosos serão objeto dos diversos níveis de ensino for- natureza do cargo o exigir.
de notificação compulsória pelos mal serão inseridos conteúdos Parágrafo único. O primeiro
serviços de saúde públicos e pri- voltados ao processo de enve- critério de desempate em con-
vados à autoridade sanitária, bem lhecimento, ao respeito e à valo- curso público será a idade, dan-
como serão obrigatoriamente co- rização do idoso, de forma a eli- do-se preferência ao de idade
municados por eles a quaisquer minar o preconceito e a produzir mais elevada.
dos seguintes órgãos: conhecimentos sobre a matéria.
I – autoridade policial; Art. 28. O Poder Público criará e
II – Ministério Público; Art. 23. A participação dos ido- estimulará programas de:
III – Conselho Municipal do sos em atividades culturais e de I – profissionalização espe-
Idoso; lazer será proporcionada me- cializada para os idosos, apro-
IV – Conselho Estadual do diante descontos de pelo menos veitando seus potenciais e habi-

595
Estatuto do Idoso
lidades para atividades regulares do com atraso por responsabili- pelo idoso.
e remuneradas; dade da Previdência Social, será § 3o Se a pessoa idosa for
II – preparação dos traba- atualizado pelo mesmo índice incapaz, caberá a seu represen-
lhadores para a aposentadoria, utilizado para os reajustamentos tante legal firmar o contrato a que
com antecedência mínima de 1 dos benefícios do Regime Geral se refere o caput deste artigo.
(um) ano, por meio de estímulo a de Previdência Social, verificado
novos projetos sociais, conforme no período compreendido entre Art. 36. O acolhimento de idosos
seus interesses, e de esclareci- o mês que deveria ter sido pago em situação de risco social, por
mento sobre os direitos sociais e o mês do efetivo pagamento. adulto ou núcleo familiar, carac-
e de cidadania; teriza a dependência econômica,
III – estímulo às empresas Art. 32. O Dia Mundial do Tra- para os efeitos legais.
privadas para admissão de idosos balho, 1o de Maio, é a data-base
ao trabalho. dos aposentados e pensionistas.
CAPÍTULO IX – DA
HABITAÇÃO
CAPÍTULO VII – DA CAPÍTULO VIII – DA
PREVIDÊNCIA SOCIAL ASSISTÊNCIA SOCIAL Art. 37. O idoso tem direito a
moradia digna, no seio da família
Art. 29. Os benefícios de apo- Art. 33. A assistência social aos natural ou substituta, ou desa-
sentadoria e pensão do Regime idosos será prestada, de forma companhado de seus familiares,
Geral da Previdência Social obser- articulada, conforme os princí- quando assim o desejar, ou, ainda,
varão, na sua concessão, critérios pios e diretrizes previstos na Lei em instituição pública ou privada.
de cálculo que preservem o valor Orgânica da Assistência Social, § 1o A assistência integral na
real dos salários sobre os quais na Política Nacional do Idoso, no modalidade de entidade de longa
incidiram contribuição, nos ter- Sistema Único de Saúde e demais permanência será prestada quan-
mos da legislação vigente. normas pertinentes. do verificada inexistência de gru-
Parágrafo único. Os valores po familiar, casa-lar, abandono ou
dos benefícios em manutenção Art. 34. Aos idosos, a partir de carência de recursos financeiros
serão reajustados na mesma data 65 (sessenta e cinco) anos, que próprios ou da família.
de reajuste do salário mínimo, pro não possuam meios para prover § 2o Toda instituição dedica-
rata, de acordo com suas respec- sua subsistência, nem de tê-la da ao atendimento ao idoso fica
tivas datas de início ou do seu provida por sua família, é asse- obrigada a manter identificação
último reajustamento, com base gurado o benefício mensal de 1 externa visível, sob pena de in-
em percentual definido em regu- (um) salário mínimo, nos termos terdição, além de atender toda
lamento, observados os critérios da Lei Orgânica da Assistência a legislação pertinente.
estabelecidos pela Lei no 8.213, de Social – Loas. § 3o As instituições que abri-
24 de julho de 1991. Parágrafo único. O benefício garem idosos são obrigadas a
já concedido a qualquer membro manter padrões de habitação
Art. 30. A perda da condição de da família nos termos do caput compatíveis com as necessida-
segurado não será considerada não será computado para os fins des deles, bem como provê-los
para a concessão da aposentado- do cálculo da renda familiar per com alimentação regular e hi-
ria por idade, desde que a pessoa capita a que se refere a Loas. giene indispensáveis às normas
conte com, no mínimo, o tempo sanitárias e com estas condizen-
de contribuição correspondente Art. 35. Todas as entidades de tes, sob as penas da lei.
ao exigido para efeito de carên- longa permanência, ou casa-lar,
cia na data de requerimento do são obrigadas a firmar contrato Art. 38. Nos programas habita-
benefício. de prestação de serviços com a cionais, públicos ou subsidiados
Parágrafo único. O cálculo pessoa idosa abrigada. com recursos públicos, o idoso
do valor do benefício previsto § 1o No caso de entidades goza de prioridade na aquisição
no caput observará o disposto filantrópicas, ou casa-lar, é facul- de imóvel para moradia própria,
no caput e § 2o do art. 3o da Lei tada a cobrança de participação observado o seguinte:
no 9.876, de 26 de novembro de do idoso no custeio da entidade. I – reserva de pelo menos
1999, ou, não havendo salários de § 2o O Conselho Municipal do 3% (três por cento) das unidades
contribuição recolhidos a par- Idoso ou o Conselho Municipal da habitacionais residenciais para
tir da competência de julho de Assistência Social estabelecerá atendimento aos idosos;
1994, o disposto no art. 35 da Lei a forma de participação prevista II – implantação de equipa-
no 8.213, de 1991. no § 1o, que não poderá exceder a mentos urbanos comunitários
70% (setenta por cento) de qual- voltados ao idoso;
Art. 31. O pagamento de parce- quer benefício previdenciário ou III – eliminação de barreiras
las relativas a benefícios, efetua- de assistência social percebido arquitetônicas e urbanísticas,

596
Estatuto do Idoso
para garantia de acessibilidade o exercício dos direitos previstos responsabilidade;
ao idoso; nos incisos I e II. II – orientação, apoio e acom-
IV – critérios de financiamen- panhamento temporários;
to compatíveis com os rendimen- Art. 41. É assegurada a reserva, III – requisição para tratamen-
tos de aposentadoria e pensão. para os idosos, nos termos da to de sua saúde, em regime ambu-
Parágrafo único. As unida- lei local, de 5% (cinco por cento) latorial, hospitalar ou domiciliar;
des residenciais reservadas para das vagas nos estacionamentos IV – inclusão em programa
atendimento a idosos devem si- públicos e privados, as quais de- oficial ou comunitário de auxílio,
tuar-se, preferencialmente, no verão ser posicionadas de forma orientação e tratamento a usuá-
pavimento térreo. a garantir a melhor comodidade rios dependentes de drogas lícitas
ao idoso. ou ilícitas, ao próprio idoso ou à
pessoa de sua convivência que
CAPÍTULO X – DO Art. 42. São asseguradas a prio- lhe cause perturbação;
TRANSPORTE ridade e a segurança do idoso nos V – abrigo em entidade;
procedimentos de embarque e VI – abrigo temporário.
Art. 39. Aos maiores de 65 (ses- desembarque nos veículos do
senta e cinco) anos fica assegu- sistema de transporte coletivo.
rada a gratuidade dos transpor- TÍTULO IV – DA POLÍTICA
tes coletivos públicos urbanos e DE ATENDIMENTO AO
semiurbanos, exceto nos servi- TÍTULO III – DAS MEDIDAS IDOSO
ços seletivos e especiais, quan- DE PROTEÇÃO
do prestados paralelamente aos CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
serviços regulares. CAPÍTULO I – DAS GERAIS
§ 1o Para ter acesso à gratui- DISPOSIÇÕES GERAIS
dade, basta que o idoso apresente Art. 46. A política de atendi-
qualquer documento pessoal que Art. 43. As medidas de prote- mento ao idoso far-se-á por meio
faça prova de sua idade. ção ao idoso são aplicáveis sem- do conjunto articulado de ações
§ 2o Nos veículos de trans- pre que os direitos reconhecidos governamentais e não governa-
porte coletivo de que trata este nesta Lei forem ameaçados ou mentais da União, dos Estados, do
artigo, serão reservados 10% (dez violados: Distrito Federal e dos Municípios.
por cento) dos assentos para os I – por ação ou omissão da
idosos, devidamente identifica- sociedade ou do Estado; Art. 47. São linhas de ação da
dos com a placa de reservado II – por falta, omissão ou abu- política de atendimento:
preferencialmente para idosos. so da família, curador ou entidade I – políticas sociais básicas,
§ 3o No caso das pessoas de atendimento; previstas na Lei no 8.842, de 4 de
compreendidas na faixa etária III – em razão de sua condi- janeiro de 1994;
entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta ção pessoal. II – políticas e programas de
e cinco) anos, ficará a critério da assistência social, em caráter
legislação local dispor sobre as supletivo, para aqueles que ne-
condições para exercício da gra- CAPÍTULO II – DAS cessitarem;
tuidade nos meios de transporte MEDIDAS ESPECÍFICAS DE III – serviços especiais de
previstos no caput deste artigo. PROTEÇÃO prevenção e atendimento às ví-
timas de negligência, maus-tra-
Art. 40. No sistema de trans- Art. 44. As medidas de prote- tos, exploração, abuso, crueldade
porte coletivo interestadual ob- ção ao idoso previstas nesta Lei e opressão;
servar-se-á, nos termos da legis- poderão ser aplicadas, isolada IV – serviço de identificação
lação específica: ou cumulativamente, e levarão e localização de parentes ou res-
I – a reserva de 2 (duas) vagas em conta os fins sociais a que ponsáveis por idosos abandona-
gratuitas por veículo para idosos se destinam e o fortalecimento dos em hospitais e instituições de
com renda igual ou inferior a 2 dos vínculos familiares e comu- longa permanência;
(dois) salários mínimos; nitários. V – proteção jurídico-social
II – desconto de 50% (cin- por entidades de defesa dos di-
quenta por cento), no mínimo, Art. 45. Verificada qualquer das reitos dos idosos;
no valor das passagens, para os hipóteses previstas no art. 43, o VI – mobilização da opinião
idosos que excederem as vagas Ministério Público ou o Poder Ju- pública no sentido da partici-
gratuitas, com renda igual ou in- diciário, a requerimento daquele, pação dos diversos segmentos
ferior a 2 (dois) salários mínimos. poderá determinar, dentre outras, da sociedade no atendimento
Parágrafo único. Caberá aos as seguintes medidas: do idoso.
órgãos competentes definir os I – encaminhamento à família
mecanismos e os critérios para ou curador, mediante termo de

597
Estatuto do Idoso
CAPÍTULO II – DAS atendimento ao idoso responderá rentes, endereços, cidade, rela-
ENTIDADES DE civil e criminalmente pelos atos ção de seus pertences, bem como
que praticar em detrimento do o valor de contribuições, e suas
ATENDIMENTO AO IDOSO idoso, sem prejuízo das sanções alterações, se houver, e demais
administrativas. dados que possibilitem sua iden-
Art. 48. As entidades de atendi- tificação e a individualização do
mento são responsáveis pela ma- Art. 50. Constituem obrigações atendimento;
nutenção das próprias unidades, das entidades de atendimento: XVI – comunicar ao Ministé-
observadas as normas de plane- I – celebrar contrato escrito rio Público, para as providências
jamento e execução emanadas de prestação de serviço com o cabíveis, a situação de abandono
do órgão competente da Política idoso, especificando o tipo de moral ou material por parte dos
Nacional do Idoso, conforme a Lei atendimento, as obrigações da familiares;
no 8.842, de 1994. entidade e prestações decorren- XVII – manter no quadro de
Parágrafo único. As entida- tes do contrato, com os respecti- pessoal profissionais com for-
des governamentais e não gover- vos preços, se for o caso; mação específica.
namentais de assistência ao idoso II – observar os direitos e as
ficam sujeitas à inscrição de seus garantias de que são titulares Art. 51. As instituições filan-
programas, junto ao órgão com- os idosos; trópicas ou sem fins lucrativos
petente da Vigilância Sanitária III – fornecer vestuário ade- prestadoras de serviço ao idoso
e Conselho Municipal da Pessoa quado, se for pública, e alimen- terão direito à assistência judici-
Idosa, e em sua falta, junto ao tação suficiente; ária gratuita.
Conselho Estadual ou Nacional IV – oferecer instalações físi-
da Pessoa Idosa, especificando cas em condições adequadas de
os regimes de atendimento, ob- habitabilidade; CAPÍTULO III – DA
servados os seguintes requisitos: V – oferecer atendimento per- FISCALIZAÇÃO DAS
I – oferecer instalações físi- sonalizado; ENTIDADES DE
cas em condições adequadas de VI – diligenciar no sentido ATENDIMENTO
habitabilidade, higiene, salubrida- da preservação dos vínculos fa-
de e segurança; miliares; Art. 52. As entidades governa-
II – apresentar objetivos es- VII – oferecer acomodações mentais e não governamentais de
tatutários e plano de trabalho apropriadas para recebimento atendimento ao idoso serão fisca-
compatíveis com os princípios de visitas; lizadas pelos Conselhos do Idoso,
desta Lei; VIII – proporcionar cuidados Ministério Público, Vigilância Sa-
III – estar regularmente cons- à saúde, conforme a necessida- nitária e outros previstos em lei.
tituída; de do idoso;
IV – demonstrar a idoneidade IX – promover atividades edu- Art. 53. O art. 7o da Lei no 8.842,
de seus dirigentes. cacionais, esportivas, culturais e de 1994, passa a vigorar com a
de lazer; seguinte redação:
Art. 49. As entidades que de- X – propiciar assistência reli- ��������������������������������������������������
senvolvam programas de ins- giosa àqueles que desejarem, de
titucionalização de longa per- acordo com suas crenças; Art. 54. Será dada publicidade
manência adotarão os seguintes XI – proceder a estudo social das prestações de contas dos
princípios: e pessoal de cada caso; recursos públicos e privados re-
I – preservação dos vínculos XII – comunicar à autoridade cebidos pelas entidades de aten-
familiares; competente de saúde toda ocor- dimento.
II – atendimento personaliza- rência de idoso portador de do-
do e em pequenos grupos; enças infectocontagiosas; Art. 55. As entidades de aten-
III – manutenção do idoso na XIII – providenciar ou solicitar dimento que descumprirem as
mesma instituição, salvo em caso que o Ministério Público requisite determinações desta Lei ficarão
de força maior; os documentos necessários ao sujeitas, sem prejuízo da res-
IV – participação do idoso exercício da cidadania àqueles ponsabilidade civil e criminal de
nas atividades comunitárias, de que não os tiverem, na forma seus dirigentes ou prepostos, às
caráter interno e externo; da lei; seguintes penalidades, observado
V – observância dos direitos XIV – fornecer comprovante o devido processo legal:
e garantias dos idosos; de depósito dos bens móveis que I – as entidades governa-
VI – preservação da identi- receberem dos idosos; mentais:
dade do idoso e oferecimento de XV – manter arquivo de ano- a) advertência;
ambiente de respeito e dignidade. tações onde constem data e b) afastamento provisório de
Parágrafo único. O dirigen- circunstâncias do atendimento, seus dirigentes;
te de instituição prestadora de nome do idoso, responsável, pa- c) afastamento definitivo de

598
Estatuto do Idoso
seus dirigentes; estabelecimento até que sejam lavrado dentro de 24 (vinte e qua-
d) fechamento de unidade ou cumpridas as exigências legais. tro) horas, por motivo justificado.
interdição de programa; Parágrafo único. No caso de
II – as entidades não gover- interdição do estabelecimento Art. 61. O autuado terá prazo de
namentais: de longa permanência, os idosos 10 (dez) dias para a apresentação
a) advertência; abrigados serão transferidos para da defesa, contado da data da
b) multa; outra instituição, a expensas do intimação, que será feita:
c) suspensão parcial ou total estabelecimento interditado, en- I – pelo autuante, no instru-
do repasse de verbas públicas; quanto durar a interdição. mento de autuação, quando for
d) interdição de unidade ou lavrado na presença do infrator;
suspensão de programa; Art. 57. Deixar o profissional de II – por via postal, com aviso
e) proibição de atendimen- saúde ou o responsável por es- de recebimento.
to a idosos a bem do interesse tabelecimento de saúde ou insti-
público. tuição de longa permanência de Art. 62. Havendo risco para a
§ 1o Havendo danos aos ido- comunicar à autoridade compe- vida ou à saúde do idoso, a autori-
sos abrigados ou qualquer tipo de tente os casos de crimes contra dade competente aplicará à enti-
fraude em relação ao programa, idoso de que tiver conhecimento: dade de atendimento as sanções
caberá o afastamento provisório Pena – multa de R$ 500,00 regulamentares, sem prejuízo da
dos dirigentes ou a interdição da (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 iniciativa e das providências que
unidade e a suspensão do pro- (três mil reais), aplicada em dobro vierem a ser adotadas pelo Mi-
grama. no caso de reincidência. nistério Público ou pelas demais
§ 2o A suspensão parcial ou instituições legitimadas para a
total do repasse de verbas públi- Art. 58. Deixar de cumprir as fiscalização.
cas ocorrerá quando verificada a determinações desta Lei sobre
má aplicação ou desvio de finali- a prioridade no atendimento ao Art. 63. Nos casos em que não
dade dos recursos. idoso: houver risco para a vida ou a saú-
§ 3o Na ocorrência de infra- Pena – multa de R$ 500,00 de da pessoa idosa abrigada, a
ção por entidade de atendimento, (quinhentos reais) a R$ 1.000,00 autoridade competente aplicará
que coloque em risco os direitos (um mil reais) e multa civil a ser à entidade de atendimento as
assegurados nesta Lei, será o fato estipulada pelo juiz, conforme o sanções regulamentares, sem
comunicado ao Ministério Público, dano sofrido pelo idoso. prejuízo da iniciativa e das pro-
para as providências cabíveis, in- vidências que vierem a ser ado-
clusive para promover a suspen- tadas pelo Ministério Público ou
são das atividades ou dissolução CAPÍTULO V – pelas demais instituições legiti-
da entidade, com a proibição de DA APURAÇÃO madas para a fiscalização.
atendimento a idosos a bem do ADMINISTRATIVA DE
interesse público, sem prejuízo INFRAÇÃO ÀS NORMAS DE
das providências a serem toma- CAPÍTULO VI – DA
PROTEÇÃO AO IDOSO APURAÇÃO JUDICIAL
das pela Vigilância Sanitária.
§ 4o Na aplicação das pe- Art. 59. Os valores monetários DE IRREGULARIDADES
nalidades, serão consideradas a expressos no Capítulo IV serão EM ENTIDADE DE
natureza e a gravidade da infração atualizados anualmente, na for- ATENDIMENTO
cometida, os danos que dela pro- ma da lei.
vierem para o idoso, as circuns- Art. 64. Aplicam-se, subsidiaria-
tâncias agravantes ou atenuantes Art. 60. O procedimento para a mente, ao procedimento adminis-
e os antecedentes da entidade. imposição de penalidade adminis- trativo de que trata este Capítulo
trativa por infração às normas de as disposições das Leis nos 6.437,
proteção ao idoso terá início com de 20 de agosto de 1977, e 9.784,
CAPÍTULO IV – requisição do Ministério Público de 29 de janeiro de 1999.
DAS INFRAÇÕES ou auto de infração elaborado por
ADMINISTRATIVAS servidor efetivo e assinado, se Art. 65. O procedimento de
possível, por duas testemunhas. apuração de irregularidade em
Art. 56. Deixar a entidade de § 1o No procedimento inicia- entidade governamental e não
atendimento de cumprir as de- do com o auto de infração pode- governamental de atendimen-
terminações do art. 50 desta Lei: rão ser usadas fórmulas impres- to ao idoso terá início mediante
Pena – multa de R$ 500,00 sas, especificando-se a natureza petição fundamentada de pes-
(quinhentos reais) a R$ 3.000,00 e as circunstâncias da infração. soa interessada ou iniciativa do
(três mil reais), se o fato não § 2o Sempre que possível, à Ministério Público.
for caracterizado como crime, verificação da infração seguir-se-
podendo haver a interdição do -á a lavratura do auto, ou este será Art. 66. Havendo motivo grave,

599
Estatuto do Idoso
poderá a autoridade judiciária, ou- Civil, naquilo que não contrarie os respectiva Lei Orgânica.
vido o Ministério Público, decre- prazos previstos nesta Lei.
tar liminarmente o afastamento Art. 74. Compete ao Ministério
provisório do dirigente da entida- Art. 70. O Poder Público poderá Público:
de ou outras medidas que julgar criar varas especializadas e ex- I – instaurar o inquérito civil
adequadas, para evitar lesão aos clusivas do idoso. e a ação civil pública para a pro-
direitos do idoso, mediante deci- teção dos direitos e interesses
são fundamentada. Art. 71. É assegurada priorida- difusos ou coletivos, individuais
de na tramitação dos processos indisponíveis e individuais homo-
Art. 67. O dirigente da entidade e procedimentos e na execução gêneos do idoso;
será citado para, no prazo de 10 dos atos e diligências judiciais em II – promover e acompanhar
(dez) dias, oferecer resposta es- que figure como parte ou inter- as ações de alimentos, de inter-
crita, podendo juntar documentos veniente pessoa com idade igual dição total ou parcial, de desig-
e indicar as provas a produzir. ou superior a 60 (sessenta) anos, nação de curador especial, em
em qualquer instância. circunstâncias que justifiquem
Art. 68. Apresentada a defesa, § 1o O interessado na obten- a medida e oficiar em todos os
o juiz procederá na conformida- ção da prioridade a que alude este feitos em que se discutam os
de do art. 69 ou, se necessário, artigo, fazendo prova de sua ida- direitos de idosos em condições
designará audiência de instrução de, requererá o benefício à auto- de risco;
e julgamento, deliberando sobre ridade judiciária competente para III – atuar como substituto
a necessidade de produção de decidir o feito, que determinará as processual do idoso em situação
outras provas. providências a serem cumpridas, de risco, conforme o disposto no
§ 1o Salvo manifestação em anotando-se essa circunstân- art. 43 desta Lei;
audiência, as partes e o Ministério cia em local visível nos autos do IV – promover a revogação
Público terão 5 (cinco) dias para processo. de instrumento procuratório do
oferecer alegações finais, deci- § 2o A prioridade não cessa- idoso, nas hipóteses previstas
dindo a autoridade judiciária em rá com a morte do beneficiado, no art. 43 desta Lei, quando ne-
igual prazo. estendendo-se em favor do côn- cessário ou o interesse público
§ 2o Em se tratando de afas- juge supérstite, companheiro ou justificar;
tamento provisório ou definitivo companheira, com união estável, V – instaurar procedimento
de dirigente de entidade gover- maior de 60 (sessenta) anos. administrativo e, para instruí-lo:
namental, a autoridade judiciária § 3o A prioridade se estende a) expedir notificações, co-
oficiará a autoridade adminis- aos processos e procedimentos lher depoimentos ou esclareci-
trativa imediatamente superior na Administração Pública, empre- mentos e, em caso de não compa-
ao afastado, fixando-lhe prazo sas prestadoras de serviços públi- recimento injustificado da pessoa
de 24 (vinte e quatro) horas para cos e instituições financeiras, ao notificada, requisitar condução
proceder à substituição. atendimento preferencial junto à coercitiva, inclusive pela Polícia
§ 3o Antes de aplicar qual- Defensoria Pública da União, dos Civil ou Militar;
quer das medidas, a autoridade Estados e do Distrito Federal em b) requisitar informações,
judiciária poderá fixar prazo para relação aos Serviços de Assistên- exames, perícias e documentos
a remoção das irregularidades cia Judiciária. de autoridades municipais, esta-
verificadas. Satisfeitas as exigên- § 4o Para o atendimento prio- duais e federais, da administra-
cias, o processo será extinto, sem ritário será garantido ao idoso ção direta e indireta, bem como
julgamento do mérito. o fácil acesso aos assentos e promover inspeções e diligências
§ 4o A multa e a advertência caixas, identificados com a des- investigatórias;
serão impostas ao dirigente da tinação a idosos em local visível c) requisitar informações e
entidade ou ao responsável pelo e caracteres legíveis. documentos particulares de ins-
programa de atendimento. § 5o Dentre os processos de tituições privadas;
idosos, dar-se-á prioridade espe- VI – instaurar sindicâncias,
cial aos maiores de oitenta anos. requisitar diligências investiga-
TÍTULO V – DO ACESSO À tórias e a instauração de inqué-
JUSTIÇA rito policial, para a apuração de
CAPÍTULO II – DO ilícitos ou infrações às normas
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES MINISTÉRIO PÚBLICO de proteção ao idoso;
GERAIS VII – zelar pelo efetivo respei-
Art. 72. (Vetado) to aos direitos e garantias legais
Art. 69. Aplica-se, subsidiaria- assegurados ao idoso, promoven-
mente, às disposições deste Ca- Art. 73. As funções do Ministé- do as medidas judiciais e extra-
pítulo, o procedimento sumário rio Público, previstas nesta Lei, judiciais cabíveis;
previsto no Código de Processo serão exercidas nos termos da VIII – inspecionar as entida-

600
Estatuto do Idoso
des públicas e particulares de CAPÍTULO III – DA fins institucionais a defesa dos
atendimento e os programas de PROTEÇÃO JUDICIAL DOS interesses e direitos da pessoa
que trata esta Lei, adotando de idosa, dispensada a autorização
pronto as medidas administra-
INTERESSES DIFUSOS, da assembleia, se houver prévia
tivas ou judiciais necessárias à COLETIVOS E INDIVIDUAIS autorização estatutária.
remoção de irregularidades por- INDISPONÍVEIS OU § 1o Admitir-se-á litisconsór-
ventura verificadas; HOMOGÊNEOS cio facultativo entre os Ministé-
IX – requisitar força policial, rios Públicos da União e dos Es-
bem como a colaboração dos Art. 78. As manifestações pro- tados na defesa dos interesses
serviços de saúde, educacionais cessuais do representante do e direitos de que cuida esta Lei.
e de assistência social, públicos, Ministério Público deverão ser § 2o Em caso de desistência
para o desempenho de suas atri- fundamentadas. ou abandono da ação por asso-
buições; ciação legitimada, o Ministério
X – referendar transações Art. 79. Regem-se pelas dis- Público ou outro legitimado de-
envolvendo interesses e direitos posições desta Lei as ações de verá assumir a titularidade ativa.
dos idosos previstos nesta Lei. responsabilidade por ofensa aos
§ 1o A legitimação do Minis- direitos assegurados ao idoso, Art. 82. Para defesa dos inte-
tério Público para as ações cíveis referentes à omissão ou ao ofe- resses e direitos protegidos por
previstas neste artigo não impede recimento insatisfatório de: esta Lei, são admissíveis todas
a de terceiros, nas mesmas hi- I – acesso às ações e serviços as espécies de ação pertinentes.
póteses, segundo dispuser a lei. de saúde; Parágrafo único. Contra atos
§ 2o As atribuições cons- II – atendimento especiali- ilegais ou abusivos de autoridade
tantes deste artigo não excluem zado ao idoso portador de defi- pública ou agente de pessoa jurí-
outras, desde que compatíveis ciência ou com limitação inca- dica no exercício de atribuições
com a finalidade e atribuições pacitante; de Poder Público, que lesem di-
do Ministério Público. III – atendimento especializa- reito líquido e certo previsto nesta
§ 3o O representante do Mi- do ao idoso portador de doença Lei, caberá ação mandamental,
nistério Público, no exercício de infectocontagiosa; que se regerá pelas normas da
suas funções, terá livre acesso IV – serviço de assistência so- lei do mandado de segurança.
a toda entidade de atendimento cial visando ao amparo do idoso.
ao idoso. Parágrafo único. As hipóte- Art. 83. Na ação que tenha por
ses previstas neste artigo não objeto o cumprimento de obri-
Art. 75. Nos processos e proce- excluem da proteção judicial ou- gação de fazer ou não fazer, o
dimentos em que não for parte, tros interesses difusos, coleti- juiz concederá a tutela específi-
atuará obrigatoriamente o Mi- vos, individuais indisponíveis ou ca da obrigação ou determinará
nistério Público na defesa dos homogêneos, próprios do idoso, providências que assegurem o
direitos e interesses de que cuida protegidos em lei. resultado prático equivalente ao
esta Lei, hipóteses em que terá adimplemento.
vista dos autos depois das par- Art. 80. As ações previstas nes- § 1o Sendo relevante o fun-
tes, podendo juntar documentos, te Capítulo serão propostas no damento da demanda e havendo
requerer diligências e produção foro do domicílio do idoso, cujo justificado receio de ineficácia do
de outras provas, usando os re- juízo terá competência absoluta provimento final, é lícito ao juiz
cursos cabíveis. para processar a causa, ressalva- conceder a tutela liminarmente
das as competências da Justiça ou após justificação prévia, na
Art. 76. A intimação do Minis- Federal e a competência origi- forma do art. 273 do Código de
tério Público, em qualquer caso, nária dos Tribunais Superiores. Processo Civil.
será feita pessoalmente. § 2o O juiz poderá, na hipóte-
Art. 81. Para as ações cíveis fun- se do § 1o ou na sentença, impor
Art. 77. A falta de intervenção dadas em interesses difusos, co- multa diária ao réu, independen-
do Ministério Público acarreta a letivos, individuais indisponíveis temente do pedido do autor, se for
nulidade do feito, que será decla- ou homogêneos, consideram-se suficiente ou compatível com a
rada de ofício pelo juiz ou a reque- legitimados, concorrentemente: obrigação, fixando prazo razoável
rimento de qualquer interessado. I – o Ministério Público; para o cumprimento do preceito.
II – a União, os Estados, o § 3o A multa só será exigível
Distrito Federal e os Municípios; do réu após o trânsito em julgado
III – a Ordem dos Advogados da sentença favorável ao autor,
do Brasil; mas será devida desde o dia em
IV – as associações legalmen- que se houver configurado.
te constituídas há pelo menos 1
(um) ano e que incluam entre os Art. 84. Os valores das multas

601
Estatuto do Idoso
previstas nesta Lei reverterão ao do tiverem conhecimento de fatos TÍTULO VI – DOS CRIMES
Fundo do Idoso, onde houver, ou que possam configurar crime de
na falta deste, ao Fundo Municipal ação pública contra idoso ou en- CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
de Assistência Social, ficando vin- sejar a propositura de ação para GERAIS
culados ao atendimento ao idoso. sua defesa, devem encaminhar
Parágrafo único. As multas as peças pertinentes ao Ministé- Art. 93. Aplicam-se subsidia-
não recolhidas até 30 (trinta) dias rio Público, para as providências riamente, no que couber, as dis-
após o trânsito em julgado da cabíveis. posições da Lei no 7.347, de 24 de
decisão serão exigidas por meio julho de 1985.
de execução promovida pelo Mi- Art. 91. Para instruir a petição
nistério Público, nos mesmos au- inicial, o interessado poderá re- Art. 94. Aos crimes previstos
tos, facultada igual iniciativa aos querer às autoridades compe- nesta Lei, cuja pena máxima pri-
demais legitimados em caso de tentes as certidões e informa- vativa de liberdade não ultrapasse
inércia daquele. ções que julgar necessárias, que 4 (quatro) anos, aplica-se o proce-
serão fornecidas no prazo de 10 dimento previsto na Lei no 9.099,
Art. 85. O juiz poderá conferir (dez) dias. de 26 de setembro de 1995, e,
efeito suspensivo aos recursos, subsidiariamente, no que couber,
para evitar dano irreparável à Art. 92. O Ministério Público po- as disposições do Código Penal
parte. derá instaurar sob sua presidên- e do Código de Processo Penal.2
cia, inquérito civil, ou requisitar,
Art. 86. Transitada em julgado de qualquer pessoa, organismo
a sentença que impuser conde- público ou particular, certidões, CAPÍTULO II – DOS CRIMES
nação ao Poder Público, o juiz informações, exames ou perícias, EM ESPÉCIE
determinará a remessa de peças no prazo que assinalar, o qual não
à autoridade competente, para poderá ser inferior a 10 (dez) dias. Art. 95. Os crimes definidos
apuração da responsabilidade § 1o Se o órgão do Ministé- nesta Lei são de ação penal pú-
civil e administrativa do agente a rio Público, esgotadas todas as blica incondicionada, não se lhes
que se atribua a ação ou omissão. diligências, se convencer da ine- aplicando os arts. 181 e 182 do
xistência de fundamento para a Código Penal.
Art. 87. Decorridos 60 (sessen- propositura da ação civil ou de
ta) dias do trânsito em julgado da peças informativas, determinará Art. 96. Discriminar pessoa ido-
sentença condenatória favorável o seu arquivamento, fazendo-o sa, impedindo ou dificultando seu
ao idoso sem que o autor lhe pro- fundamentadamente. acesso a operações bancárias,
mova a execução, deverá fazê-lo o § 2o Os autos do inquérito aos meios de transporte, ao di-
Ministério Público, facultada, igual civil ou as peças de informação reito de contratar ou por qualquer
iniciativa aos demais legitimados, arquivados serão remetidos, sob outro meio ou instrumento neces-
como assistentes ou assumindo pena de se incorrer em falta gra- sário ao exercício da cidadania,
o polo ativo, em caso de inércia ve, no prazo de 3 (três) dias, ao por motivo de idade:
desse órgão. Conselho Superior do Ministério Pena – reclusão de 6 (seis)
Público ou à Câmara de Coorde- meses a 1 (um) ano e multa.
Art. 88. Nas ações de que trata nação e Revisão do Ministério § 1o Na mesma pena incorre
este Capítulo, não haverá adianta- Público. quem desdenhar, humilhar, me-
mento de custas, emolumentos, § 3o Até que seja homologa- nosprezar ou discriminar pessoa
honorários periciais e quaisquer do ou rejeitado o arquivamento, idosa, por qualquer motivo.
outras despesas. pelo Conselho Superior do Mi- § 2o A pena será aumenta-
Parágrafo único. Não se im- nistério Público ou por Câmara da de 1/3 (um terço) se a vítima
porá sucumbência ao Ministério de Coordenação e Revisão do se encontrar sob os cuidados
Público. Ministério Público, as associações ou responsabilidade do agente.
legitimadas poderão apresentar § 3o Não constitui crime a
Art. 89. Qualquer pessoa pode- razões escritas ou documentos, negativa de crédito motivada por
rá, e o servidor deverá, provocar que serão juntados ou anexados superendividamento do idoso.
a iniciativa do Ministério Público, às peças de informação.
prestando-lhe informações sobre § 4o Deixando o Conselho Art. 97. Deixar de prestar assis-
os fatos que constituam objeto Superior ou a Câmara de Coor- tência ao idoso, quando possível
de ação civil e indicando-lhe os denação e Revisão do Ministério fazê-lo sem risco pessoal, em
elementos de convicção. Público de homologar a promoção situação de iminente perigo, ou
de arquivamento, será designado recusar, retardar ou dificultar sua
Art. 90. Os agentes públicos em outro membro do Ministério Pú- assistência à saúde, sem justa
geral, os juízes e tribunais, no blico para o ajuizamento da ação.
exercício de suas funções, quan- 2
NE: ver ADI no 3.096.

602
Estatuto do Idoso
causa, ou não pedir, nesses casos, Art. 101. Deixar de cumprir, re- Pena – reclusão de 2 (dois) a
o socorro de autoridade pública: tardar ou frustrar, sem justo mo- 4 (quatro) anos.
Pena – detenção de 6 (seis) tivo, a execução de ordem judicial
meses a 1 (um) ano e multa. expedida nas ações em que for
Parágrafo único. A pena é parte ou interveniente o idoso: TÍTULO VII – DISPOSIÇÕES
aumentada de metade, se da Pena – detenção de 6 (seis) FINAIS E TRANSITÓRIAS
omissão resulta lesão corporal meses a 1 (um) ano e multa.
de natureza grave, e triplicada, Art. 109. Impedir ou embaraçar
se resulta a morte. Art. 102. Apropriar-se de ou des- ato do representante do Ministé-
viar bens, proventos, pensão ou rio Público ou de qualquer outro
Art. 98. Abandonar o idoso em qualquer outro rendimento do agente fiscalizador:
hospitais, casas de saúde, enti- idoso, dando-lhes aplicação di- Pena – reclusão de 6 (seis)
dades de longa permanência, ou versa da de sua finalidade: meses a 1 (um) ano e multa.
congêneres, ou não prover suas Pena – reclusão de 1 (um) a 4
necessidades básicas, quando (quatro) anos e multa. Art. 110. O Decreto-lei no 2.848,
obrigado por lei ou mandado: de 7 de dezembro de 1940, Códi-
Pena – detenção de 6 (seis) Art. 103. Negar o acolhimento go Penal, passa a vigorar com as
meses a 3 (três) anos e multa. ou a permanência do idoso, como seguintes alterações:
abrigado, por recusa deste em ��������������������������������������������������
Art. 99. Expor a perigo a inte- outorgar procuração à entidade
gridade e a saúde, física ou psí- de atendimento: Art. 111. O art. 21 do Decreto-lei
quica, do idoso, submetendo-o a Pena – detenção de 6 (seis) no 3.688, de 3 de outubro de 1941,
condições desumanas ou degra- meses a 1 (um) ano e multa. Lei das Contravenções Penais,
dantes ou privando-o de alimen- passa a vigorar acrescido do se-
tos e cuidados indispensáveis, Art. 104. Reter o cartão magné- guinte parágrafo único:
quando obrigado a fazê-lo, ou tico de conta bancária relativa a ��������������������������������������������������
sujeitando-o a trabalho excessivo benefícios, proventos ou pensão
ou inadequado: do idoso, bem como qualquer ou- Art. 112. O inciso II do § 4o do
Pena – detenção de 2 (dois) tro documento com objetivo de art. 1o da Lei no 9.455, de 7 de abril
meses a 1 (um) ano e multa. assegurar recebimento ou res- de 1997, passa a vigorar com a
§ 1o Se do fato resulta lesão sarcimento de dívida: seguinte redação:
corporal de natureza grave: Pena – detenção de 6 (seis) ��������������������������������������������������
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 meses a 2 (dois) anos e multa.
(quatro) anos. Art. 113. O inciso III do art. 18
§ 2o Se resulta a morte: Art. 105. Exibir ou veicular, por da Lei no 6.368, de 21 de outubro
Pena – reclusão de 4 (quatro) qualquer meio de comunicação, de 1976, passa a vigorar com a
a 12 (doze) anos. informações ou imagens depre- seguinte redação:
ciativas ou injuriosas à pessoa ��������������������������������������������������
Art. 100. Constitui crime punível do idoso:
com reclusão de 6 (seis) meses a Pena – detenção de 1 (um) a Art. 114. O art. 1o da Lei no 10.048,
1 (um) ano e multa: 3 (três) anos e multa. de 8 de novembro de 2000, passa
I – obstar o acesso de alguém a vigorar com a seguinte redação:
a qualquer cargo público por mo- Art. 106. Induzir pessoa idosa ��������������������������������������������������
tivo de idade; sem discernimento de seus atos a
II – negar a alguém, por moti- outorgar procuração para fins de Art. 115. O Orçamento da Segu-
vo de idade, emprego ou trabalho; administração de bens ou deles ridade Social destinará ao Fundo
III – recusar, retardar ou di- dispor livremente: Nacional de Assistência Social,
ficultar atendimento ou deixar Pena – reclusão de 2 (dois) a até que o Fundo Nacional do Idoso
de prestar assistência à saúde, 4 (quatro) anos. seja criado, os recursos necessá-
sem justa causa, a pessoa idosa; rios, em cada exercício financeiro,
IV – deixar de cumprir, retar- Art. 107. Coagir, de qualquer para aplicação em programas e
dar ou frustrar, sem justo motivo, modo, o idoso a doar, contratar, ações relativos ao idoso.
a execução de ordem judicial ex- testar ou outorgar procuração:
pedida na ação civil a que alude Pena – reclusão de 2 (dois) a Art. 116. Serão incluídos nos
esta Lei; 5 (cinco) anos. censos demográficos dados re-
V – recusar, retardar ou omitir lativos à população idosa do País.
dados técnicos indispensáveis à Art. 108. Lavrar ato notarial que
propositura da ação civil objeto envolva pessoa idosa sem dis- Art. 117. O Poder Executivo en-
desta Lei, quando requisitados cernimento de seus atos, sem a caminhará ao Congresso Nacional
pelo Ministério Público. devida representação legal: projeto de lei revendo os critérios

603
Estatuto do Idoso
de concessão do Benefício de
Prestação Continuada previsto
na Lei Orgânica da Assistência
Social, de forma a garantir que o
acesso ao direito seja condizente
com o estágio de desenvolvimen-
to socioeconômico alcançado
pelo País.

Art. 118. Esta Lei entra em vi-


gor decorridos 90 (noventa) dias
da sua publicação, ressalvado o
disposto no caput do art. 36, que
vigorará a partir de 1o de janeiro
de 2004.

Brasília, 1o de outubro de 2003;


182o da Independência e 115o da
República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Promulgada em 1o/10/2003 e publicada


no DOU de 3/10/2003.

604
Estatuto da Igualdade
Racial
ATUALIZADA ATÉ JANEIRO DE 2022

Atualização e revisão técnica: Coordenação de Edições Técnicas


A norma aqui apresentada não substitui as publicações do Diário Oficial da União.
Sumário

ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL

Lei no 12.288/2010
609 TÍTULO I – DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
610 TÍTULO II – DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
610 CAPÍTULO I – DO DIREITO À SAÚDE
610 CAPÍTULO II – DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E AO LAZER
610 Seção I – Disposições Gerais
610 Seção II – Da Educação
611 Seção III – Da Cultura
611 Seção IV – Do Esporte e Lazer
612 CAPÍTULO III – DO DIREITO À LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA E AO LIVRE
EXERCÍCIO DOS CULTOS RELIGIOSOS
612 CAPÍTULO IV – DO ACESSO À TERRA E À MORADIA ADEQUADA
612 Seção I – Do Acesso à Terra
612 Seção II – Da Moradia
613 CAPÍTULO V – DO TRABALHO
613 CAPÍTULO VI – DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO
614 TÍTULO III – DO SISTEMA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL (SINAPIR)
614 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
614 CAPÍTULO II – DOS OBJETIVOS
614 CAPÍTULO III – DA ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA
615 CAPÍTULO IV – DAS OUVIDORIAS PERMANENTES E DO ACESSO À JUSTIÇA E À SEGURANÇA
615 CAPÍTULO V – DO FINANCIAMENTO DAS INICIATIVAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL
616 TÍTULO IV – DISPOSIÇÕES FINAIS
Estatuto da Igualdade Racial

Lei no 12.288/2010

Institui o Estatuto da Igualdade social, cultural ou em qualquer atividades políticas, econômicas,


Racial; altera as Leis nos 7.716, de outro campo da vida pública ou empresariais, educacionais, cul-
5 de janeiro de 1989, 9.029, de 13 privada; turais e esportivas, defendendo
de abril de 1995, 7.347, de 24 de II – desigualdade racial: toda sua dignidade e seus valores re-
julho de 1985, e 10.778, de 24 de situação injustificada de diferen- ligiosos e culturais.
novembro de 2003. ciação de acesso e fruição de
bens, serviços e oportunidades, Art. 3o Além das normas cons-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA nas esferas pública e privada, em titucionais relativas aos princí-
virtude de raça, cor, descendên- pios fundamentais, aos direitos
Faço saber que o Congresso Na- cia ou origem nacional ou étnica; e garantias fundamentais e aos
cional decreta e eu sanciono a III – desigualdade de gênero direitos sociais, econômicos e
seguinte Lei:1 e raça: assimetria existente no culturais, o Estatuto da Igualdade
âmbito da sociedade que acentua Racial adota como diretriz políti-
a distância social entre mulheres co-jurídica a inclusão das vítimas
TÍTULO I – DISPOSIÇÕES negras e os demais segmentos de desigualdade étnico-racial, a
PRELIMINARES sociais; valorização da igualdade étnica
IV – população negra: o con- e o fortalecimento da identidade
Art. 1o Esta Lei institui o Estatu- junto de pessoas que se autode- nacional brasileira.
to da Igualdade Racial, destinado claram pretas e pardas, conforme
a garantir à população negra a o quesito cor ou raça usado pela Art. 4o A participação da po-
efetivação da igualdade de opor- Fundação Instituto Brasileiro de pulação negra, em condição de
tunidades, a defesa dos direitos Geografia e Estatística (IBGE), igualdade de oportunidade, na
étnicos individuais, coletivos e ou que adotam autodefinição vida econômica, social, política e
difusos e o combate à discri- análoga; cultural do País será promovida,
minação e às demais formas de V – políticas públicas: as prioritariamente, por meio de:
intolerância étnica. ações, iniciativas e programas I – inclusão nas políticas pú-
Parágrafo único. Para efei- adotados pelo Estado no cum- blicas de desenvolvimento eco-
to deste Estatuto, considera-se: primento de suas atribuições ins- nômico e social;
I – discriminação racial ou titucionais; II – adoção de medidas, pro-
étnico-racial: toda distinção, ex- VI – ações afirmativas: os gramas e políticas de ação afir-
clusão, restrição ou preferência programas e medidas especiais mativa;
baseada em raça, cor, descen- adotados pelo Estado e pela ini- III – modificação das estru-
dência ou origem nacional ou ciativa privada para a correção turas institucionais do Estado
étnica que tenha por objeto anular das desigualdades raciais e para para o adequado enfrentamento
ou restringir o reconhecimento, a promoção da igualdade de opor- e a superação das desigualdades
gozo ou exercício, em igualdade tunidades. étnicas decorrentes do precon-
de condições, de direitos huma- ceito e da discriminação étnica;
nos e liberdades fundamentais Art. 2o É dever do Estado e da IV – promoção de ajustes nor-
nos campos político, econômico, sociedade garantir a igualdade de mativos para aperfeiçoar o com-
oportunidades, reconhecendo a bate à discriminação étnica e às
todo cidadão brasileiro, indepen- desigualdades étnicas em todas
1
Nota do Editor (NE): nos dispositivos que dentemente da etnia ou da cor da as suas manifestações individu-
alteram normas, suprimiram-se as alterações
determinadas uma vez que já foram incor- pele, o direito à participação na ais, institucionais e estruturais;
poradas às normas às quais se destinam. comunidade, especialmente nas V – eliminação dos obstáculos

609
Estatuto da Igualdade Racial
históricos, socioculturais e insti- nistração direta e indireta. rão beneficiários de incentivos
tucionais que impedem a repre- § 2o O poder público garanti- específicos para a garantia do
sentação da diversidade étnica rá que o segmento da população direito à saúde, incluindo melho-
nas esferas pública e privada; negra vinculado aos seguros pri- rias nas condições ambientais, no
VI – estímulo, apoio e forta- vados de saúde seja tratado sem saneamento básico, na segurança
lecimento de iniciativas oriundas discriminação. alimentar e nutricional e na aten-
da sociedade civil direcionadas à ção integral à saúde.
promoção da igualdade de opor- Art. 7o O conjunto de ações de
tunidades e ao combate às de- saúde voltadas à população negra
sigualdades étnicas, inclusive constitui a Política Nacional de CAPÍTULO II – DO DIREITO
mediante a implementação de Saúde Integral da População Ne- À EDUCAÇÃO, À CULTURA,
incentivos e critérios de condicio- gra, organizada de acordo com as AO ESPORTE E AO LAZER
namento e prioridade no acesso diretrizes abaixo especificadas:
aos recursos públicos; I – ampliação e fortalecimento Seção I – Disposições Gerais
VII – implementação de pro- da participação de lideranças dos
gramas de ação afirmativa desti- movimentos sociais em defesa Art. 9o A população negra tem
nados ao enfrentamento das de- da saúde da população negra direito a participar de atividades
sigualdades étnicas no tocante à nas instâncias de participação educacionais, culturais, esporti-
educação, cultura, esporte e lazer, e controle social do SUS; vas e de lazer adequadas a seus
saúde, segurança, trabalho, mo- II – produção de conhecimen- interesses e condições, de modo
radia, meios de comunicação de to científico e tecnológico em a contribuir para o patrimônio
massa, financiamentos públicos, saúde da população negra; cultural de sua comunidade e da
acesso à terra, à Justiça, e outros. III – desenvolvimento de pro- sociedade brasileira.
Parágrafo único. Os progra- cessos de informação, comunica-
mas de ação afirmativa consti- ção e educação para contribuir Art. 10. Para o cumprimento do
tuir-se-ão em políticas públicas com a redução das vulnerabili- disposto no art. 9o, os governos
destinadas a reparar as distor- dades da população negra. federal, estaduais, distrital e mu-
ções e desigualdades sociais e nicipais adotarão as seguintes
demais práticas discriminatórias Art. 8o Constituem objetivos da providências:
adotadas, nas esferas pública e Política Nacional de Saúde Inte- I – promoção de ações para
privada, durante o processo de gral da População Negra: viabilizar e ampliar o acesso da
formação social do País. I – a promoção da saúde in- população negra ao ensino gra-
tegral da população negra, prio- tuito e às atividades esportivas
Art. 5o Para a consecução dos rizando a redução das desigual- e de lazer;
objetivos desta Lei, é instituído dades étnicas e o combate à II – apoio à iniciativa de en-
o Sistema Nacional de Promoção discriminação nas instituições tidades que mantenham espaço
da Igualdade Racial (Sinapir), con- e serviços do SUS; para promoção social e cultural
forme estabelecido no Título III. II – a melhoria da qualidade da população negra;
dos sistemas de informação do III – desenvolvimento de cam-
SUS no que tange à coleta, ao panhas educativas, inclusive nas
TÍTULO II – DOS DIREITOS processamento e à análise dos escolas, para que a solidariedade
FUNDAMENTAIS dados desagregados por cor, et- aos membros da população ne-
nia e gênero; gra faça parte da cultura de toda
CAPÍTULO I – DO DIREITO À III – o fomento à realização de a sociedade;
SAÚDE estudos e pesquisas sobre racis- IV – implementação de políti-
mo e saúde da população negra; cas públicas para o fortalecimen-
Art. 6o O direito à saúde da po- IV – a inclusão do conteúdo to da juventude negra brasileira.
pulação negra será garantido pelo da saúde da população negra nos
poder público mediante políticas processos de formação e educa-
universais, sociais e econômicas ção permanente dos trabalhado-
Seção II – Da Educação
destinadas à redução do risco de res da saúde;
doenças e de outros agravos. V – a inclusão da temática Art. 11. Nos estabelecimentos de
§ 1o O acesso universal e saúde da população negra nos ensino fundamental e de ensino
igualitário ao Sistema Único de processos de formação política médio, públicos e privados, é obri-
Saúde (SUS) para promoção, pro- das lideranças de movimentos gatório o estudo da história geral
teção e recuperação da saúde da sociais para o exercício da parti- da África e da história da popula-
população negra será de respon- cipação e controle social no SUS. ção negra no Brasil, observado o
sabilidade dos órgãos e institui- Parágrafo único. Os mora- disposto na Lei no 9.394, de 20 de
ções públicas federais, estaduais, dores das comunidades de re- dezembro de 1996.
distritais e municipais, da admi- manescentes de quilombos se- § 1o Os conteúdos referentes

610
Estatuto da Igualdade Racial
à história da população negra IV – estabelecer programas tivará a celebração das perso-
no Brasil serão ministrados no de cooperação técnica, nos esta- nalidades e das datas comemo-
âmbito de todo o currículo esco- belecimentos de ensino públicos, rativas relacionadas à trajetória
lar, resgatando sua contribuição privados e comunitários, com as do samba e de outras manifesta-
decisiva para o desenvolvimento escolas de educação infantil, en- ções culturais de matriz africana,
social, econômico, político e cul- sino fundamental, ensino médio e bem como sua comemoração nas
tural do País. ensino técnico, para a formação instituições de ensino públicas e
§ 2o O órgão competente docente baseada em princípios privadas.
do Poder Executivo fomentará de equidade, de tolerância e de
a formação inicial e continuada respeito às diferenças étnicas. Art. 20. O poder público garan-
de professores e a elaboração tirá o registro e a proteção da
de material didático específico Art. 14. O poder público estimu- capoeira, em todas as suas mo-
para o cumprimento do disposto lará e apoiará ações socioeduca- dalidades, como bem de natu-
no caput deste artigo. cionais realizadas por entidades reza imaterial e de formação da
§ 3o Nas datas comemorati- do movimento negro que desen- identidade cultural brasileira, nos
vas de caráter cívico, os órgãos volvam atividades voltadas para a termos do art. 216 da Constitui-
responsáveis pela educação in- inclusão social, mediante coope- ção Federal.
centivarão a participação de in- ração técnica, intercâmbios, con- Parágrafo único. O poder pú-
telectuais e representantes do vênios e incentivos, entre outros blico buscará garantir, por meio
movimento negro para debater mecanismos. dos atos normativos necessários,
com os estudantes suas vivên- a preservação dos elementos for-
cias relativas ao tema em co- Art. 15. O poder público adotará madores tradicionais da capoeira
memoração. programas de ação afirmativa. nas suas relações internacionais.

Art. 12. Os órgãos federais, dis- Art. 16. O Poder Executivo fede-
tritais e estaduais de fomento ral, por meio dos órgãos respon-
Seção IV – Do Esporte e
à pesquisa e à pós-graduação sáveis pelas políticas de promo- Lazer
poderão criar incentivos a pes- ção da igualdade e de educação,
quisas e a programas de estudo acompanhará e avaliará os pro- Art. 21. O poder público fomen-
voltados para temas referentes gramas de que trata esta Seção. tará o pleno acesso da população
às relações étnicas, aos quilom- negra às práticas desportivas,
bos e às questões pertinentes à consolidando o esporte e o lazer
população negra.
Seção III – Da Cultura como direitos sociais.

Art. 13. O Poder Executivo fede- Art. 17. O poder público garantirá Art. 22. A capoeira é reconhe-
ral, por meio dos órgãos compe- o reconhecimento das sociedades cida como desporto de criação
tentes, incentivará as instituições negras, clubes e outras formas de nacional, nos termos do art. 217
de ensino superior públicas e pri- manifestação coletiva da popula- da Constituição Federal.
vadas, sem prejuízo da legislação ção negra, com trajetória históri- § 1o A atividade de capoeiris-
em vigor, a: ca comprovada, como patrimônio ta será reconhecida em todas as
I – resguardar os princípios histórico e cultural, nos termos modalidades em que a capoeira
da ética em pesquisa e apoiar dos arts. 215 e 216 da Constitui- se manifesta, seja como esporte,
grupos, núcleos e centros de pes- ção Federal. luta, dança ou música, sendo livre
quisa, nos diversos programas de o exercício em todo o território
pós-graduação que desenvolvam Art. 18. É assegurado aos rema- nacional.
temáticas de interesse da popu- nescentes das comunidades dos § 2o É facultado o ensino da
lação negra; quilombos o direito à preservação capoeira nas instituições públi-
II – incorporar nas matrizes de seus usos, costumes, tradi- cas e privadas pelos capoeiristas
curriculares dos cursos de for- ções e manifestos religiosos, sob e mestres tradicionais, pública e
mação de professores temas que a proteção do Estado. formalmente reconhecidos.
incluam valores concernentes à Parágrafo único. A preserva-
pluralidade étnica e cultural da ção dos documentos e dos sítios
sociedade brasileira; detentores de reminiscências
III – desenvolver programas históricas dos antigos quilombos,
de extensão universitária des- tombados nos termos do § 5o do
tinados a aproximar jovens ne- art. 216 da Constituição Federal,
gros de tecnologias avançadas, receberá especial atenção do
assegurado o princípio da pro- poder público.
porcionalidade de gênero entre
os beneficiários; Art. 19. O poder público incen-

611
Estatuto da Igualdade Racial
CAPÍTULO III – DO nos meios de comunicação e em no campo, o poder público pro-
DIREITO À LIBERDADE quaisquer outros locais. moverá ações para viabilizar e
ampliar o seu acesso ao finan-
DE CONSCIÊNCIA E DE Art. 25. É assegurada a assis- ciamento agrícola.
CRENÇA E AO LIVRE tência religiosa aos praticantes
EXERCÍCIO DOS CULTOS de religiões de matrizes africa- Art. 29. Serão assegurados à
RELIGIOSOS nas internados em hospitais ou população negra a assistência
em outras instituições de inter- técnica rural, a simplificação do
Art. 23. É inviolável a liberdade nação coletiva, inclusive àqueles acesso ao crédito agrícola e o for-
de consciência e de crença, sendo submetidos a pena privativa de talecimento da infraestrutura de
assegurado o livre exercício dos liberdade. logística para a comercialização
cultos religiosos e garantida, na da produção.
forma da lei, a proteção aos locais Art. 26. O poder público adotará
de culto e a suas liturgias. as medidas necessárias para o Art. 30. O poder público promo-
combate à intolerância com as verá a educação e a orientação
Art. 24. O direito à liberdade de religiões de matrizes africanas profissional agrícola para os tra-
consciência e de crença e ao livre e à discriminação de seus se- balhadores negros e as comuni-
exercício dos cultos religiosos guidores, especialmente com o dades negras rurais.
de matriz africana compreende: objetivo de:
I – a prática de cultos, a cele- I – coibir a utilização dos Art. 31. Aos remanescentes das
bração de reuniões relacionadas meios de comunicação social comunidades dos quilombos que
à religiosidade e a fundação e para a difusão de proposições, estejam ocupando suas terras é
manutenção, por iniciativa pri- imagens ou abordagens que ex- reconhecida a propriedade defini-
vada, de lugares reservados para ponham pessoa ou grupo ao ódio tiva, devendo o Estado emitir-lhes
tais fins; ou ao desprezo por motivos fun- os títulos respectivos.
II – a celebração de festivi- dados na religiosidade de matri-
dades e cerimônias de acordo zes africanas; Art. 32. O Poder Executivo fe-
com preceitos das respectivas II – inventariar, restaurar e deral elaborará e desenvolverá
religiões; proteger os documentos, obras políticas públicas especiais vol-
III – a fundação e a manu- e outros bens de valor artístico tadas para o desenvolvimento
tenção, por iniciativa privada, e cultural, os monumentos, ma- sustentável dos remanescentes
de instituições beneficentes li- nanciais, flora e sítios arqueoló- das comunidades dos quilom-
gadas às respectivas convicções gicos vinculados às religiões de bos, respeitando as tradições
religiosas; matrizes africanas; de proteção ambiental das co-
IV – a produção, a comer- III – assegurar a participação munidades.
cialização, a aquisição e o uso proporcional de representantes
de artigos e materiais religiosos das religiões de matrizes africa- Art. 33. Para fins de política
adequados aos costumes e às nas, ao lado da representação das agrícola, os remanescentes das
práticas fundadas na respecti- demais religiões, em comissões, comunidades dos quilombos re-
va religiosidade, ressalvadas as conselhos, órgãos e outras ins- ceberão dos órgãos competentes
condutas vedadas por legislação tâncias de deliberação vinculadas tratamento especial diferencia-
específica; ao poder público. do, assistência técnica e linhas
V – a produção e a divulgação especiais de financiamento pú-
de publicações relacionadas ao blico, destinados à realização de
exercício e à difusão das religiões CAPÍTULO IV – DO ACESSO suas atividades produtivas e de
de matriz africana; À TERRA E À MORADIA infraestrutura.
VI – a coleta de contribuições ADEQUADA
financeiras de pessoas naturais e Art. 34. Os remanescentes das
jurídicas de natureza privada para Seção I – Do Acesso à Terra comunidades dos quilombos se
a manutenção das atividades re- beneficiarão de todas as inicia-
ligiosas e sociais das respectivas Art. 27. O poder público ela- tivas previstas nesta e em outras
religiões; borará e implementará políticas leis para a promoção da igualda-
VII – o acesso aos órgãos e públicas capazes de promover de étnica.
aos meios de comunicação para o acesso da população negra à
divulgação das respectivas re- terra e às atividades produtivas
ligiões; no campo.
Seção II – Da Moradia
VIII – a comunicação ao Mi-
nistério Público para abertura de Art. 28. Para incentivar o de- Art. 35. O poder público garan-
ação penal em face de atitudes e senvolvimento das atividades tirá a implementação de políticas
práticas de intolerância religiosa produtivas da população negra públicas para assegurar o direito

612
Estatuto da Igualdade Racial
à moradia adequada da população Eliminação de Todas as Formas de ocupação por trabalhadores
negra que vive em favelas, corti- de Discriminação Racial, de 1965; negros de baixa escolarização.
ços, áreas urbanas subutilizadas, III – os compromissos assu-
degradadas ou em processo de midos pelo Brasil ao ratificar a Art. 40. O Conselho Deliberativo
degradação, a fim de reintegrá- Convenção no 111, de 1958, da Orga- do Fundo de Amparo ao Trabalha-
-las à dinâmica urbana e promo- nização Internacional do Trabalho dor (Codefat) formulará políticas,
ver melhorias no ambiente e na (OIT), que trata da discriminação programas e projetos voltados
qualidade de vida. no emprego e na profissão; para a inclusão da população
Parágrafo único. O direito à IV – os demais compromis- negra no mercado de trabalho
moradia adequada, para os efei- sos formalmente assumidos pelo e orientará a destinação de re-
tos desta Lei, inclui não apenas Brasil perante a comunidade in- cursos para seu financiamento.
o provimento habitacional, mas ternacional.
também a garantia da infraestru- Art. 41. As ações de emprego e
tura urbana e dos equipamentos Art. 39. O poder público pro- renda, promovidas por meio de fi-
comunitários associados à função moverá ações que assegurem a nanciamento para constituição e
habitacional, bem como a assis- igualdade de oportunidades no ampliação de pequenas e médias
tência técnica e jurídica para a mercado de trabalho para a po- empresas e de programas de ge-
construção, a reforma ou a regu- pulação negra, inclusive mediante ração de renda, contemplarão o
larização fundiária da habitação a implementação de medidas vi- estímulo à promoção de empre-
em área urbana. sando à promoção da igualdade sários negros.
nas contratações do setor público Parágrafo único. O poder pú-
Art. 36. Os programas, projetos e o incentivo à adoção de medidas blico estimulará as atividades
e outras ações governamentais similares nas empresas e organi- voltadas ao turismo étnico com
realizadas no âmbito do Sistema zações privadas. enfoque nos locais, monumentos
Nacional de Habitação de Interes- § 1o A igualdade de oportu- e cidades que retratem a cultura,
se Social (SNHIS), regulado pela nidades será lograda mediante os usos e os costumes da popu-
Lei no 11.124, de 16 de junho de a adoção de políticas e progra- lação negra.
2005, devem considerar as pe- mas de formação profissional, de
culiaridades sociais, econômicas emprego e de geração de renda Art. 42. O Poder Executivo fede-
e culturais da população negra. voltados para a população negra. ral poderá implementar critérios
Parágrafo único. Os Estados, § 2o As ações visando a pro- para provimento de cargos em
o Distrito Federal e os Municí- mover a igualdade de oportunida- comissão e funções de confiança
pios estimularão e facilitarão a des na esfera da administração destinados a ampliar a participa-
participação de organizações e pública far-se-ão por meio de ção de negros, buscando repro-
movimentos representativos da normas estabelecidas ou a serem duzir a estrutura da distribuição
população negra na composição estabelecidas em legislação es- étnica nacional ou, quando for o
dos conselhos constituídos para pecífica e em seus regulamentos. caso, estadual, observados os
fins de aplicação do Fundo Na- § 3o O poder público esti- dados demográficos oficiais.
cional de Habitação de Interesse mulará, por meio de incentivos,
Social (FNHIS). a adoção de iguais medidas pelo
setor privado. CAPÍTULO VI – DOS MEIOS
Art. 37. Os agentes financeiros, § 4o As ações de que trata o DE COMUNICAÇÃO
públicos ou privados, promoverão caput deste artigo assegurarão o
ações para viabilizar o acesso da princípio da proporcionalidade de Art. 43. A produção veiculada
população negra aos financia- gênero entre os beneficiários. pelos órgãos de comunicação
mentos habitacionais. § 5o Será assegurado o aces- valorizará a herança cultural e a
so ao crédito para a pequena pro- participação da população negra
dução, nos meios rural e urbano, na história do País.
CAPÍTULO V – DO com ações afirmativas para mu-
TRABALHO lheres negras. Art. 44. Na produção de filmes
§ 6o O poder público promo- e programas destinados à veicu-
Art. 38. A implementação de po- verá campanhas de sensibilização lação pelas emissoras de televi-
líticas voltadas para a inclusão da contra a marginalização da mu- são e em salas cinematográficas,
população negra no mercado de lher negra no trabalho artístico deverá ser adotada a prática de
trabalho será de responsabilidade e cultural. conferir oportunidades de em-
do poder público, observando-se: § 7o O poder público promo- prego para atores, figurantes e
I – o instituído neste Estatuto; verá ações com o objetivo de ele- técnicos negros, sendo vedada
II – os compromissos assu- var a escolaridade e a qualificação toda e qualquer discriminação
midos pelo Brasil ao ratificar a profissional nos setores da eco- de natureza política, ideológica,
Convenção Internacional sobre a nomia que contem com alto índice étnica ou artística.

613
Estatuto da Igualdade Racial
Parágrafo único. A exigência TÍTULO III – DO SISTEMA CAPÍTULO III – DA
disposta no caput não se aplica NACIONAL DE PROMOÇÃO ORGANIZAÇÃO E
aos filmes e programas que abor-
dem especificidades de grupos
DA IGUALDADE RACIAL COMPETÊNCIA
étnicos determinados. (SINAPIR)
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÃO Art. 49. O Poder Executivo fe-
Art. 45. Aplica-se à produção de deral elaborará plano nacional
peças publicitárias destinadas à PRELIMINAR de promoção da igualdade racial
veiculação pelas emissoras de contendo as metas, princípios e
televisão e em salas cinemato- Art. 47. É instituído o Sistema diretrizes para a implementação
gráficas o disposto no art. 44. Nacional de Promoção da Igual- da Política Nacional de Promoção
dade Racial (Sinapir) como forma da Igualdade Racial (PNPIR).
Art. 46. Os órgãos e entidades de organização e de articulação § 1o A elaboração, implemen-
da administração pública federal voltadas à implementação do tação, coordenação, avaliação e
direta, autárquica ou fundacional, conjunto de políticas e serviços acompanhamento da PNPIR, bem
as empresas públicas e as socie- destinados a superar as desi- como a organização, articulação
dades de economia mista federais gualdades étnicas existentes no e coordenação do Sinapir, serão
deverão incluir cláusulas de par- País, prestados pelo poder pú- efetivados pelo órgão respon-
ticipação de artistas negros nos blico federal. sável pela política de promoção
contratos de realização de filmes, § 1o Os Estados, o Distrito da igualdade étnica em âmbito
programas ou quaisquer outras Federal e os Municípios poderão nacional.
peças de caráter publicitário. participar do Sinapir mediante § 2o É o Poder Executivo fe-
§ 1o Os órgãos e entidades de adesão. deral autorizado a instituir fórum
que trata este artigo incluirão, nas § 2o O poder público fede- intergovernamental de promoção
especificações para contratação ral incentivará a sociedade e a da igualdade étnica, a ser coor-
de serviços de consultoria, con- iniciativa privada a participar do denado pelo órgão responsável
ceituação, produção e realização Sinapir. pelas políticas de promoção da
de filmes, programas ou peças igualdade étnica, com o objetivo
publicitárias, a obrigatoriedade de implementar estratégias que
da prática de iguais oportunida- CAPÍTULO II – DOS visem à incorporação da política
des de emprego para as pessoas OBJETIVOS nacional de promoção da igual-
relacionadas com o projeto ou dade étnica nas ações governa-
serviço contratado. Art. 48. São objetivos do Si- mentais de Estados e Municípios.
§ 2o Entende-se por práti- napir: § 3o As diretrizes das políti-
ca de iguais oportunidades de I – promover a igualdade étni- cas nacional e regional de pro-
emprego o conjunto de medidas ca e o combate às desigualdades moção da igualdade étnica serão
sistemáticas executadas com a sociais resultantes do racismo, elaboradas por órgão colegiado
finalidade de garantir a diversi- inclusive mediante adoção de que assegure a participação da
dade étnica, de sexo e de idade ações afirmativas; sociedade civil.
na equipe vinculada ao projeto II – formular políticas desti-
ou serviço contratado. nadas a combater os fatores de Art. 50. Os Poderes Executivos
§ 3o A autoridade contratan- marginalização e a promover a estaduais, distrital e municipais,
te poderá, se considerar neces- integração social da população no âmbito das respectivas es-
sário para garantir a prática de negra; feras de competência, poderão
iguais oportunidades de emprego, III – descentralizar a imple- instituir conselhos de promo-
requerer auditoria por órgão do mentação de ações afirmativas ção da igualdade étnica, de ca-
poder público federal. pelos governos estaduais, distrital ráter permanente e consultivo,
§ 4o A exigência disposta no e municipais; compostos por igual número de
caput não se aplica às produções IV – articular planos, ações e representantes de órgãos e enti-
publicitárias quando abordarem mecanismos voltados à promoção dades públicas e de organizações
especificidades de grupos étnicos da igualdade étnica; da sociedade civil representativas
determinados. V – garantir a eficácia dos da população negra.
meios e dos instrumentos criados Parágrafo único. O Poder
para a implementação das ações Executivo priorizará o repasse
afirmativas e o cumprimento das dos recursos referentes aos pro-
metas a serem estabelecidas. gramas e atividades previstos
nesta Lei aos Estados, Distrito
Federal e Municípios que tenham
criado conselhos de promoção da
igualdade étnica.

614
Estatuto da Igualdade Racial
CAPÍTULO IV – na Lei no 7.347, de 24 de julho previstas neste Estatuto, explici-
DAS OUVIDORIAS de 1985. tando, entre outros, a proporção
dos recursos orçamentários des-
PERMANENTES E DO tinados aos programas de promo-
ACESSO À JUSTIÇA E À CAPÍTULO V – DO ção da igualdade, especialmente
SEGURANÇA FINANCIAMENTO DAS nas áreas de educação, saúde,
INICIATIVAS DE PROMOÇÃO emprego e renda, desenvolvimen-
Art. 51. O poder público federal DA IGUALDADE RACIAL to agrário, habitação popular, de-
instituirá, na forma da lei e no senvolvimento regional, cultura,
âmbito dos Poderes Legislativo Art. 56. Na implementação dos esporte e lazer.
e Executivo, Ouvidorias Perma- programas e das ações constan- § 2o Durante os 5 (cinco) pri-
nentes em Defesa da Igualdade tes dos planos plurianuais e dos meiros anos, a contar do exercício
Racial, para receber e encami- orçamentos anuais da União, de- subsequente à publicação deste
nhar denúncias de preconceito verão ser observadas as políticas Estatuto, os órgãos do Poder Exe-
e discriminação com base em de ação afirmativa a que se refere cutivo federal que desenvolvem
etnia ou cor e acompanhar a im- o inciso VII do art. 4o desta Lei e políticas e programas nas áreas
plementação de medidas para a outras políticas públicas que te- referidas no § 1o deste artigo dis-
promoção da igualdade. nham como objetivo promover criminarão em seus orçamentos
a igualdade de oportunidades anuais a participação nos progra-
Art. 52. É assegurado às víti- e a inclusão social da popula- mas de ação afirmativa referidos
mas de discriminação étnica o ção negra, especialmente no que no inciso VII do art. 4o desta Lei.
acesso aos órgãos de Ouvidoria tange a: § 3o O Poder Executivo é
Permanente, à Defensoria Pú- I – promoção da igualdade autorizado a adotar as medidas
blica, ao Ministério Público e ao de oportunidades em educação, necessárias para a adequada im-
Poder Judiciário, em todas as emprego e moradia; plementação do disposto neste
suas instâncias, para a garantia II – financiamento de pes- artigo, podendo estabelecer pata-
do cumprimento de seus direitos. quisas, nas áreas de educação, mares de participação crescente
Parágrafo único. O Estado saúde e emprego, voltadas para dos programas de ação afirmativa
assegurará atenção às mulheres a melhoria da qualidade de vida nos orçamentos anuais a que se
negras em situação de violência, da população negra; refere o § 2o deste artigo.
garantida a assistência física, III – incentivo à criação de § 4o O órgão colegiado do
psíquica, social e jurídica. programas e veículos de comu- Poder Executivo federal respon-
nicação destinados à divulgação sável pela promoção da igualdade
Art. 53. O Estado adotará me- de matérias relacionadas aos in- racial acompanhará e avaliará a
didas especiais para coibir a vio- teresses da população negra; programação das ações referi-
lência policial incidente sobre a IV – incentivo à criação e à das neste artigo nas propostas
população negra. manutenção de microempresas orçamentárias da União.
Parágrafo único. O Estado administradas por pessoas auto-
implementará ações de resso- declaradas negras; Art. 57. Sem prejuízo da des-
cialização e proteção da juven- V – iniciativas que incremen- tinação de recursos ordinários,
tude negra em conflito com a tem o acesso e a permanência poderão ser consignados nos
lei e exposta a experiências de das pessoas negras na educação orçamentos fiscal e da seguri-
exclusão social. fundamental, média, técnica e dade social para financiamento
superior; das ações de que trata o art. 56:
Art. 54. O Estado adotará me- VI – apoio a programas e pro- I – transferências voluntárias
didas para coibir atos de discri- jetos dos governos estaduais, dos Estados, do Distrito Federal
minação e preconceito pratica- distrital e municipais e de enti- e dos Municípios;
dos por servidores públicos em dades da sociedade civil voltados II – doações voluntárias de
detrimento da população negra, para a promoção da igualdade particulares;
observado, no que couber, o dis- de oportunidades para a popu- III – doações de empresas
posto na Lei no 7.716, de 5 de ja- lação negra; privadas e organizações não go-
neiro de 1989. VII – apoio a iniciativas em de- vernamentais, nacionais ou inter-
fesa da cultura, da memória e das nacionais;
Art. 55. Para a apreciação judi- tradições africanas e brasileiras. IV – doações voluntárias de
cial das lesões e das ameaças de § 1o O Poder Executivo fede- fundos nacionais ou internacio-
lesão aos interesses da população ral é autorizado a adotar medidas nais;
negra decorrentes de situações que garantam, em cada exercício, V – doações de Estados es-
de desigualdade étnica, recorrer- a transparência na alocação e na trangeiros, por meio de convê-
-se-á, entre outros instrumentos, execução dos recursos necessá- nios, tratados e acordos inter-
à ação civil pública, disciplinada rios ao financiamento das ações nacionais.

615
Estatuto da Igualdade Racial
TÍTULO IV – DISPOSIÇÕES
FINAIS
Art. 58. As medidas instituídas
nesta Lei não excluem outras
em prol da população negra que
tenham sido ou venham a ser
adotadas no âmbito da União,
dos Estados, do Distrito Federal
ou dos Municípios.

Art. 59. O Poder Executivo fede-


ral criará instrumentos para afe-
rir a eficácia social das medidas
previstas nesta Lei e efetuará seu
monitoramento constante, com a
emissão e a divulgação de rela-
tórios periódicos, inclusive pela
rede mundial de computadores.

Art. 60. Os arts. 3o e 4o da Lei


no 7.716, de 1989, passam a vigorar
com a seguinte redação:
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Art. 61. Os arts. 3o e 4o da Lei


no 9.029, de 13 de abril de 1995,
passam a vigorar com a seguin-
te redação:
��������������������������������������������������

Art. 62. O art. 13 da Lei no 7.347,


de 1985, passa a vigorar acrescido
do seguinte § 2o, renumerando-se
o atual parágrafo único como § 1o:
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Art. 63. O § 1o do art. 1o da Lei


no 10.778, de 24 de novembro de
2003, passa a vigorar com a se-
guinte redação:
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Art. 64. O § 3o do art. 20 da Lei


no 7.716, de 1989, passa a vigorar
acrescido do seguinte inciso III:
��������������������������������������������������

Art. 65. Esta Lei entra em vigor


90 (noventa) dias após a data de
sua publicação.

Brasília, 20 de julho de 2010; 189o


da Independência e 122o da Re-
pública.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Promulgada em 20/7/2010 e publicada


no DOU de 21/7/2010.

616
Estatuto da Pessoa com
Deficiência
ATUALIZADA ATÉ JANEIRO DE 2022

Atualização e revisão técnica: Coordenação de Edições Técnicas


A norma aqui apresentada não substitui as publicações do Diário Oficial da União.
Sumário

ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

Lei no 13.146/2015
621 LIVRO I – PARTE GERAL
621 TÍTULO I – DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
621 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
622 CAPÍTULO II – DA IGUALDADE E DA NÃO DISCRIMINAÇÃO
623 Seção Única – Do Atendimento Prioritário
623 TÍTULO II – DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
623 CAPÍTULO I – DO DIREITO À VIDA
624 CAPÍTULO II – DO DIREITO À HABILITAÇÃO E À REABILITAÇÃO
624 CAPÍTULO III – DO DIREITO À SAÚDE
625 CAPÍTULO IV – DO DIREITO À EDUCAÇÃO
626 CAPÍTULO V – DO DIREITO À MORADIA
627 CAPÍTULO VI – DO DIREITO AO TRABALHO
627 Seção I – Disposições Gerais
627 Seção II – Da Habilitação Profissional e Reabilitação Profissional
628 Seção III – Da Inclusão da Pessoa com Deficiência no Trabalho
628 CAPÍTULO VII – DO DIREITO À ASSISTÊNCIA SOCIAL
628 CAPÍTULO VIII – DO DIREITO À PREVIDÊNCIA SOCIAL
628 CAPÍTULO IX – DO DIREITO À CULTURA, AO ESPORTE, AO TURISMO E AO LAZER
629 CAPÍTULO X – DO DIREITO AO TRANSPORTE E À MOBILIDADE
630 TÍTULO III – DA ACESSIBILIDADE
630 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
631 CAPÍTULO II – DO ACESSO À INFORMAÇÃO E À COMUNICAÇÃO
632 CAPÍTULO III – DA TECNOLOGIA ASSISTIVA
633 CAPÍTULO IV – DO DIREITO À PARTICIPAÇÃO NA VIDA PÚBLICA E POLÍTICA
633 TÍTULO IV – DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA
633 LIVRO II – PARTE ESPECIAL
633 TÍTULO I – DO ACESSO À JUSTIÇA
633 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
634 CAPÍTULO II – DO RECONHECIMENTO IGUAL PERANTE A LEI
634 TÍTULO II – DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
635 TÍTULO III – DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Estatuto da Pessoa com
Deficiência

Lei no 13.146/2015

Institui a Lei Brasileira de Inclusão Legislativo no 186, de 9 de julho desta Lei, consideram-se:
da Pessoa com Deficiência (Esta- de 2008, em conformidade com I – acessibilidade: possibili-
tuto da Pessoa com Deficiência). o procedimento previsto no § 3o dade e condição de alcance para
do art. 5o da Constituição da Re- utilização, com segurança e au-
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA pública Federativa do Brasil, em tonomia, de espaços, mobiliários,
vigor para o Brasil, no plano jurídi- equipamentos urbanos, edifica-
Faço saber que o Congresso Na- co externo, desde 31 de agosto de ções, transportes, informação e
cional decreta e eu sanciono a 2008, e promulgados pelo Decreto comunicação, inclusive seus sis-
seguinte Lei:1 no 6.949, de 25 de agosto de 2009, temas e tecnologias, bem como
data de início de sua vigência no de outros serviços e instalações
plano interno. abertos ao público, de uso público
LIVRO I – PARTE GERAL ou privados de uso coletivo, tanto
TÍTULO I – DISPOSIÇÕES Art. 2o Considera-se pessoa na zona urbana como na rural, por
com deficiência aquela que tem pessoa com deficiência ou com
PRELIMINARES impedimento de longo prazo de mobilidade reduzida;
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES natureza física, mental, intelectu- II – desenho universal: con-
al ou sensorial, o qual, em intera- cepção de produtos, ambientes,
GERAIS ção com uma ou mais barreiras, programas e serviços a serem
pode obstruir sua participação usados por todas as pessoas, sem
Art. 1o É instituída a Lei Brasi- plena e efetiva na sociedade em necessidade de adaptação ou de
leira de Inclusão da Pessoa com igualdade de condições com as projeto específico, incluindo os
Deficiência (Estatuto da Pessoa demais pessoas. recursos de tecnologia assistiva;
com Deficiência), destinada a § 1o A avaliação da deficiên- III – tecnologia assistiva ou
assegurar e a promover, em con- cia, quando necessária, será biop- ajuda técnica: produtos, equi-
dições de igualdade, o exercício sicossocial, realizada por equipe pamentos, dispositivos, recur-
dos direitos e das liberdades fun- multiprofissional e interdisciplinar sos, metodologias, estratégias,
damentais por pessoa com defi- e considerará: práticas e serviços que objeti-
ciência, visando à sua inclusão I – os impedimentos nas fun- vem promover a funcionalidade,
social e cidadania. ções e nas estruturas do corpo; relacionada à atividade e à parti-
Parágrafo único. Esta Lei tem II – os fatores socioambien- cipação da pessoa com deficiên-
como base a Convenção sobre os tais, psicológicos e pessoais; cia ou com mobilidade reduzida,
Direitos das Pessoas com Defi- III – a limitação no desempe- visando à sua autonomia, inde-
ciência e seu Protocolo Faculta- nho de atividades; e pendência, qualidade de vida e
tivo, ratificados pelo Congresso IV – a restrição de partici- inclusão social;
Nacional por meio do Decreto pação. IV – barreiras: qualquer en-
§ 2o O Poder Executivo criará trave, obstáculo, atitude ou com-
instrumentos para avaliação da portamento que limite ou impeça
1
Nota do Editor (NE): nos dispositivos que deficiência. a participação social da pessoa,
alteram normas, suprimiram-se as alterações
determinadas uma vez que já foram incor- bem como o gozo, a fruição e o
poradas às normas às quais se destinam. Art. 3o Para fins de aplicação exercício de seus direitos à aces-

621
Estatuto da Pessoa com Deficiência
sibilidade, à liberdade de movi- deficiência possa gozar ou exer- dependente da pessoa com defi-
mento e de expressão, à comu- cer, em igualdade de condições ciência: moradia com estruturas
nicação, ao acesso à informação, e oportunidades com as demais adequadas capazes de proporcio-
à compreensão, à circulação com pessoas, todos os direitos e liber- nar serviços de apoio coletivos e
segurança, entre outros, classi- dades fundamentais; individualizados que respeitem e
ficadas em: VII – elemento de urbaniza- ampliem o grau de autonomia de
a) barreiras urbanísticas: as ção: quaisquer componentes de jovens e adultos com deficiência;
existentes nas vias e nos espaços obras de urbanização, tais como XII – atendente pessoal: pes-
públicos e privados abertos ao os referentes a pavimentação, soa, membro ou não da família,
público ou de uso coletivo; saneamento, encanamento para que, com ou sem remuneração,
b) barreiras arquitetônicas: esgotos, distribuição de energia assiste ou presta cuidados bási-
as existentes nos edifícios públi- elétrica e de gás, iluminação pú- cos e essenciais à pessoa com
cos e privados; blica, serviços de comunicação, deficiência no exercício de suas
c) barreiras nos transpor- abastecimento e distribuição de atividades diárias, excluídas as
tes: as existentes nos sistemas água, paisagismo e os que mate- técnicas ou os procedimentos
e meios de transportes; rializam as indicações do plane- identificados com profissões le-
d) barreiras nas comunica- jamento urbanístico; galmente estabelecidas;
ções e na informação: qualquer VIII – mobiliário urbano: con- XIII – profissional de apoio
entrave, obstáculo, atitude ou junto de objetos existentes nas escolar: pessoa que exerce ati-
comportamento que dificulte ou vias e nos espaços públicos, su- vidades de alimentação, higiene
impossibilite a expressão ou o perpostos ou adicionados aos e locomoção do estudante com
recebimento de mensagens e de elementos de urbanização ou deficiência e atua em todas as
informações por intermédio de de edificação, de forma que sua atividades escolares nas quais
sistemas de comunicação e de modificação ou seu traslado não se fizer necessária, em todos os
tecnologia da informação; provoque alterações substanciais níveis e modalidades de ensino,
e) barreiras atitudinais: ati- nesses elementos, tais como se- em instituições públicas e pri-
tudes ou comportamentos que máforos, postes de sinalização vadas, excluídas as técnicas ou
impeçam ou prejudiquem a par- e similares, terminais e pontos os procedimentos identificados
ticipação social da pessoa com de acesso coletivo às telecomu- com profissões legalmente es-
deficiência em igualdade de con- nicações, fontes de água, lixei- tabelecidas;
dições e oportunidades com as ras, toldos, marquises, bancos, XIV – acompanhante: aquele
demais pessoas; quiosques e quaisquer outros de que acompanha a pessoa com
f) barreiras tecnológicas: as natureza análoga; deficiência, podendo ou não de-
que dificultam ou impedem o IX – pessoa com mobilidade sempenhar as funções de aten-
acesso da pessoa com deficiên- reduzida: aquela que tenha, por dente pessoal.
cia às tecnologias; qualquer motivo, dificuldade de
V – comunicação: forma movimentação, permanente ou
de interação dos cidadãos que temporária, gerando redução efe- CAPÍTULO II – DA
abrange, entre outras opções, as tiva da mobilidade, da flexibilida- IGUALDADE E DA NÃO
línguas, inclusive a Língua Brasi- de, da coordenação motora ou DISCRIMINAÇÃO
leira de Sinais (Libras), a visualiza- da percepção, incluindo idoso,
ção de textos, o Braille, o sistema gestante, lactante, pessoa com Art. 4o Toda pessoa com defici-
de sinalização ou de comunicação criança de colo e obeso; ência tem direito à igualdade de
tátil, os caracteres ampliados, os X – residências inclusivas: oportunidades com as demais
dispositivos multimídia, assim unidades de oferta do Serviço de pessoas e não sofrerá nenhuma
como a linguagem simples, es- Acolhimento do Sistema Único espécie de discriminação.
crita e oral, os sistemas auditivos de Assistência Social (Suas) lo- § 1o Considera-se discrimi-
e os meios de voz digitalizados calizadas em áreas residenciais nação em razão da deficiência
e os modos, meios e formatos da comunidade, com estruturas toda forma de distinção, restrição
aumentativos e alternativos de adequadas, que possam contar ou exclusão, por ação ou omis-
comunicação, incluindo as tec- com apoio psicossocial para o são, que tenha o propósito ou
nologias da informação e das atendimento das necessidades o efeito de prejudicar, impedir
comunicações; da pessoa acolhida, destinadas ou anular o reconhecimento ou
VI – adaptações razoáveis: a jovens e adultos com deficiên- o exercício dos direitos e das li-
adaptações, modificações e cia, em situação de dependência, berdades fundamentais de pes-
ajustes necessários e adequa- que não dispõem de condições soa com deficiência, incluindo a
dos que não acarretem ônus des- de autossustentabilidade e com recusa de adaptações razoáveis
proporcional e indevido, quando vínculos familiares fragilizados e de fornecimento de tecnologias
requeridos em cada caso, a fim ou rompidos; assistivas.
de assegurar que a pessoa com XI – moradia para a vida in- § 2o A pessoa com deficiên-

622
Estatuto da Pessoa com Deficiência
cia não está obrigada à fruição de de, à sexualidade, à paternidade to nos incisos VI e VII deste artigo.
benefícios decorrentes de ação e à maternidade, à alimentação, § 2o Nos serviços de emer-
afirmativa. à habitação, à educação, à pro- gência públicos e privados, a prio-
fissionalização, ao trabalho, à ridade conferida por esta Lei é
Art. 5o A pessoa com deficiência previdência social, à habilitação condicionada aos protocolos de
será protegida de toda forma de e à reabilitação, ao transporte, atendimento médico.
negligência, discriminação, explo- à acessibilidade, à cultura, ao
ração, violência, tortura, cruelda- desporto, ao turismo, ao lazer, à
de, opressão e tratamento desu- informação, à comunicação, aos TÍTULO II – DOS DIREITOS
mano ou degradante. avanços científicos e tecnológi- FUNDAMENTAIS
Parágrafo único. Para os cos, à dignidade, ao respeito, à
fins da proteção mencionada no liberdade, à convivência familiar e CAPÍTULO I – DO DIREITO
caput deste artigo, são considera- comunitária, entre outros decor- À VIDA
dos especialmente vulneráveis a rentes da Constituição Federal, da
criança, o adolescente, a mulher Convenção sobre os Direitos das Art. 10. Compete ao poder pú-
e o idoso, com deficiência. Pessoas com Deficiência e seu blico garantir a dignidade da pes-
Protocolo Facultativo e das leis e soa com deficiência ao longo de
Art. 6o A deficiência não afeta a de outras normas que garantam toda a vida.
plena capacidade civil da pessoa, seu bem-estar pessoal, social e Parágrafo único. Em situ-
inclusive para: econômico. ações de risco, emergência ou
I – casar-se e constituir união estado de calamidade pública,
estável; a pessoa com deficiência será
II – exercer direitos sexuais e
Seção Única – Do considerada vulnerável, devendo
reprodutivos; Atendimento Prioritário o poder público adotar medidas
III – exercer o direito de de- para sua proteção e segurança.
cidir sobre o número de filhos Art. 9o A pessoa com deficiência
e de ter acesso a informações tem direito a receber atendimen- Art. 11. A pessoa com deficiên-
adequadas sobre reprodução e to prioritário, sobretudo com a cia não poderá ser obrigada a se
planejamento familiar; finalidade de: submeter a intervenção clínica
IV – conservar sua fertilida- I – proteção e socorro em ou cirúrgica, a tratamento ou a
de, sendo vedada a esterilização quaisquer circunstâncias; institucionalização forçada.
compulsória; II – atendimento em todas as Parágrafo único. O consenti-
V – exercer o direito à família instituições e serviços de aten- mento da pessoa com deficiência
e à convivência familiar e comu- dimento ao público; em situação de curatela poderá
nitária; e III – disponibilização de recur- ser suprido, na forma da lei.
VI – exercer o direito à guarda, sos, tanto humanos quanto tec-
à tutela, à curatela e à adoção, nológicos, que garantam atendi- Art. 12. O consentimento pré-
como adotante ou adotando, em mento em igualdade de condições vio, livre e esclarecido da pessoa
igualdade de oportunidades com com as demais pessoas; com deficiência é indispensável
as demais pessoas. IV – disponibilização de pon- para a realização de tratamento,
tos de parada, estações e ter- procedimento, hospitalização e
Art. 7o É dever de todos comu- minais acessíveis de transporte pesquisa científica.
nicar à autoridade competente coletivo de passageiros e garantia § 1o Em caso de pessoa com
qualquer forma de ameaça ou de de segurança no embarque e no deficiência em situação de cura-
violação aos direitos da pessoa desembarque; tela, deve ser assegurada sua
com deficiência. V – acesso a informações e participação, no maior grau pos-
Parágrafo único. Se, no exer- disponibilização de recursos de sível, para a obtenção de con-
cício de suas funções, os juízes comunicação acessíveis; sentimento.
e os tribunais tiverem conheci- VI – recebimento de restitui- § 2o A pesquisa científica
mento de fatos que caracterizem ção de imposto de renda; envolvendo pessoa com defici-
as violações previstas nesta Lei, VII – tramitação processual e ência em situação de tutela ou
devem remeter peças ao Ministé- procedimentos judiciais e admi- de curatela deve ser realizada,
rio Público para as providências nistrativos em que for parte ou em caráter excepcional, apenas
cabíveis. interessada, em todos os atos e quando houver indícios de benefí-
diligências. cio direto para sua saúde ou para
Art. 8o É dever do Estado, da § 1o Os direitos previstos a saúde de outras pessoas com
sociedade e da família assegu- neste artigo são extensivos ao deficiência e desde que não haja
rar à pessoa com deficiência, acompanhante da pessoa com outra opção de pesquisa de eficá-
com prioridade, a efetivação dos deficiência ou ao seu atendente cia comparável com participantes
direitos referentes à vida, à saú- pessoal, exceto quanto ao dispos- não tutelados ou curatelados.

623
Estatuto da Pessoa com Deficiência
Art. 13. A pessoa com deficiên- as normas do Sistema Único de na elaboração das políticas de
cia somente será atendida sem Saúde (SUS). saúde a ela destinadas.
seu consentimento prévio, livre § 2o É assegurado atendi-
e esclarecido em casos de risco Art. 16. Nos programas e servi- mento segundo normas éticas
de morte e de emergência em ços de habilitação e de reabilita- e técnicas, que regulamentarão
saúde, resguardado seu superior ção para a pessoa com deficiên- a atuação dos profissionais de
interesse e adotadas as salva- cia, são garantidos: saúde e contemplarão aspectos
guardas legais cabíveis. I – organização, serviços, relacionados aos direitos e às
métodos, técnicas e recursos especificidades da pessoa com
para atender às características deficiência, incluindo temas como
CAPÍTULO II – DO DIREITO de cada pessoa com deficiência; sua dignidade e autonomia.
À HABILITAÇÃO E À II – acessibilidade em todos § 3o Aos profissionais que
REABILITAÇÃO os ambientes e serviços; prestam assistência à pessoa
III – tecnologia assistiva, tec- com deficiência, especialmente
Art. 14. O processo de habilita- nologia de reabilitação, mate- em serviços de habilitação e de
ção e de reabilitação é um direito riais e equipamentos adequados reabilitação, deve ser garantida
da pessoa com deficiência. e apoio técnico profissional, de capacitação inicial e continuada.
Parágrafo único. O processo acordo com as especificidades § 4o As ações e os serviços
de habilitação e de reabilitação de cada pessoa com deficiência; de saúde pública destinados à
tem por objetivo o desenvolvi- IV – capacitação continuada pessoa com deficiência devem
mento de potencialidades, talen- de todos os profissionais que assegurar:
tos, habilidades e aptidões físicas, participem dos programas e ser- I – diagnóstico e intervenção
cognitivas, sensoriais, psicosso- viços. precoces, realizados por equipe
ciais, atitudinais, profissionais e multidisciplinar;
artísticas que contribuam para a Art. 17. Os serviços do SUS e do II – serviços de habilitação e
conquista da autonomia da pes- Suas deverão promover ações de reabilitação sempre que ne-
soa com deficiência e de sua par- articuladas para garantir à pes- cessários, para qualquer tipo de
ticipação social em igualdade de soa com deficiência e sua famí- deficiência, inclusive para a ma-
condições e oportunidades com lia a aquisição de informações, nutenção da melhor condição de
as demais pessoas. orientações e formas de acesso saúde e qualidade de vida;
às políticas públicas disponíveis, III – atendimento domiciliar
Art. 15. O processo menciona- com a finalidade de propiciar sua multidisciplinar, tratamento am-
do no art. 14 desta Lei baseia-se plena participação social. bulatorial e internação;
em avaliação multidisciplinar das Parágrafo único. Os serviços IV – campanhas de vacinação;
necessidades, habilidades e po- de que trata o caput deste artigo V – atendimento psicológico,
tencialidades de cada pessoa, ob- podem fornecer informações e inclusive para seus familiares e
servadas as seguintes diretrizes: orientações nas áreas de saúde, atendentes pessoais;
I – diagnóstico e intervenção de educação, de cultura, de es- VI – respeito à especificida-
precoces; porte, de lazer, de transporte, de de, à identidade de gênero e à
II – adoção de medidas para previdência social, de assistência orientação sexual da pessoa com
compensar perda ou limitação social, de habitação, de trabalho, deficiência;
funcional, buscando o desenvol- de empreendedorismo, de acesso VII – atenção sexual e repro-
vimento de aptidões; ao crédito, de promoção, prote- dutiva, incluindo o direito à fer-
III – atuação permanente, in- ção e defesa de direitos e nas tilização assistida;
tegrada e articulada de políticas demais áreas que possibilitem à VIII – informação adequada e
públicas que possibilitem a ple- pessoa com deficiência exercer acessível à pessoa com deficiên-
na participação social da pessoa sua cidadania. cia e a seus familiares sobre sua
com deficiência; condição de saúde;
IV – oferta de rede de ser- IX – serviços projetados para
viços articulados, com atuação CAPÍTULO III – DO DIREITO prevenir a ocorrência e o desen-
intersetorial, nos diferentes níveis À SAÚDE volvimento de deficiências e agra-
de complexidade, para atender vos adicionais;
às necessidades específicas da Art. 18. É assegurada atenção X – promoção de estratégias
pessoa com deficiência; integral à saúde da pessoa com de capacitação permanente das
V – prestação de serviços deficiência em todos os níveis de equipes que atuam no SUS, em
próximo ao domicílio da pessoa complexidade, por intermédio do todos os níveis de atenção, no
com deficiência, inclusive na zona SUS, garantido acesso universal atendimento à pessoa com defi-
rural, respeitadas a organização e igualitário. ciência, bem como orientação a
das Redes de Atenção à Saú- § 1o É assegurada a partici- seus atendentes pessoais;
de (RAS) nos territórios locais e pação da pessoa com deficiência XI – oferta de órteses, pró-

624
Estatuto da Pessoa com Deficiência
teses, meios auxiliares de loco- ou do atendente pessoal junto à ou privado, que lhe cause morte
moção, medicamentos, insumos pessoa com deficiência, cabe ao ou dano ou sofrimento físico ou
e fórmulas nutricionais, conforme profissional de saúde responsá- psicológico.
as normas vigentes do Ministério vel pelo tratamento justificá-la
da Saúde. por escrito.
§ 5o As diretrizes deste artigo § 2o Na ocorrência da impos- CAPÍTULO IV – DO DIREITO
aplicam-se também às institui- sibilidade prevista no § 1o deste À EDUCAÇÃO
ções privadas que participem de artigo, o órgão ou a instituição
forma complementar do SUS ou de saúde deve adotar as provi- Art. 27. A educação constitui di-
que recebam recursos públicos dências cabíveis para suprir a reito da pessoa com deficiência,
para sua manutenção. ausência do acompanhante ou assegurados sistema educacio-
do atendente pessoal. nal inclusivo em todos os níveis
Art. 19. Compete ao SUS desen- e aprendizado ao longo de toda
volver ações destinadas à preven- Art. 23. São vedadas todas as a vida, de forma a alcançar o má-
ção de deficiências por causas formas de discriminação contra a ximo desenvolvimento possível
evitáveis, inclusive por meio de: pessoa com deficiência, inclusive de seus talentos e habilidades
I – acompanhamento da gra- por meio de cobrança de valores físicas, sensoriais, intelectuais e
videz, do parto e do puerpério, diferenciados por planos e segu- sociais, segundo suas caracterís-
com garantia de parto humani- ros privados de saúde, em razão ticas, interesses e necessidades
zado e seguro; de sua condição. de aprendizagem.
II – promoção de práticas ali- Parágrafo único. É dever do
mentares adequadas e saudáveis, Art. 24. É assegurado à pessoa Estado, da família, da comunidade
vigilância alimentar e nutricional, com deficiência o acesso aos escolar e da sociedade assegurar
prevenção e cuidado integral dos serviços de saúde, tanto públicos educação de qualidade à pessoa
agravos relacionados à alimen- como privados, e às informações com deficiência, colocando-a a
tação e nutrição da mulher e da prestadas e recebidas, por meio salvo de toda forma de violên-
criança; de recursos de tecnologia as- cia, negligência e discriminação.
III – aprimoramento e expan- sistiva e de todas as formas de
são dos programas de imunização comunicação previstas no inciso Art. 28. Incumbe ao poder públi-
e de triagem neonatal; V do art. 3o desta Lei. co assegurar, criar, desenvolver,
IV – identificação e controle implementar, incentivar, acompa-
da gestante de alto risco. Art. 25. Os espaços dos ser- nhar e avaliar:
viços de saúde, tanto públicos I – sistema educacional inclu-
Art. 20. As operadoras de planos quanto privados, devem asse- sivo em todos os níveis e modali-
e seguros privados de saúde são gurar o acesso da pessoa com dades, bem como o aprendizado
obrigadas a garantir à pessoa com deficiência, em conformidade ao longo de toda a vida;
deficiência, no mínimo, todos os com a legislação em vigor, me- II – aprimoramento dos sis-
serviços e produtos ofertados diante a remoção de barreiras, temas educacionais, visando a
aos demais clientes. por meio de projetos arquitetô- garantir condições de acesso,
nico, de ambientação de interior permanência, participação e
Art. 21. Quando esgotados os e de comunicação que atendam aprendizagem, por meio da ofer-
meios de atenção à saúde da pes- às especificidades das pessoas ta de serviços e de recursos de
soa com deficiência no local de com deficiência física, sensorial, acessibilidade que eliminem as
residência, será prestado atendi- intelectual e mental. barreiras e promovam a inclu-
mento fora de domicílio, para fins são plena;
de diagnóstico e de tratamento, Art. 26. Os casos de suspeita III – projeto pedagógico que
garantidos o transporte e a aco- ou de confirmação de violência institucionalize o atendimento
modação da pessoa com defici- praticada contra a pessoa com educacional especializado, assim
ência e de seu acompanhante. deficiência serão objeto de notifi- como os demais serviços e adap-
cação compulsória pelos serviços tações razoáveis, para atender às
Art. 22. À pessoa com deficiên- de saúde públicos e privados à características dos estudantes
cia internada ou em observação autoridade policial e ao Ministé- com deficiência e garantir o seu
é assegurado o direito a acompa- rio Público, além dos Conselhos pleno acesso ao currículo em con-
nhante ou a atendente pessoal, dos Direitos da Pessoa com De- dições de igualdade, promovendo
devendo o órgão ou a instituição ficiência. a conquista e o exercício de sua
de saúde proporcionar condições Parágrafo único. Para os autonomia;
adequadas para sua permanência efeitos desta Lei, considera-se IV – oferta de educação bilín-
em tempo integral. violência contra a pessoa com de- gue, em Libras como primeira
§ 1o Na impossibilidade de ficiência qualquer ação ou omis- língua e na modalidade escrita da
permanência do acompanhante são, praticada em local público língua portuguesa como segun-

625
Estatuto da Pessoa com Deficiência
da língua, em escolas e classes oportunidades e condições com para ingresso e permanência nos
bilíngues e em escolas inclusivas; as demais pessoas; cursos oferecidos pelas institui-
V – adoção de medidas indivi- XIV – inclusão em conteúdos ções de ensino superior e de edu-
dualizadas e coletivas em ambien- curriculares, em cursos de nível cação profissional e tecnológica,
tes que maximizem o desenvol- superior e de educação profis- públicas e privadas, devem ser
vimento acadêmico e social dos sional técnica e tecnológica, de adotadas as seguintes medidas:
estudantes com deficiência, favo- temas relacionados à pessoa com I – atendimento preferencial
recendo o acesso, a permanência, deficiência nos respectivos cam- à pessoa com deficiência nas
a participação e a aprendizagem pos de conhecimento; dependências das Instituições
em instituições de ensino; XV – acesso da pessoa com de Ensino Superior (IES) e nos
VI – pesquisas voltadas para deficiência, em igualdade de con- serviços;
o desenvolvimento de novos mé- dições, a jogos e a atividades re- II – disponibilização de for-
todos e técnicas pedagógicas, creativas, esportivas e de lazer, mulário de inscrição de exames
de materiais didáticos, de equi- no sistema escolar; com campos específicos para
pamentos e de recursos de tec- XVI – acessibilidade para to- que o candidato com deficiência
nologia assistiva; dos os estudantes, trabalhadores informe os recursos de acessibili-
VII – planejamento de estudo da educação e demais integran- dade e de tecnologia assistiva ne-
de caso, de elaboração de plano tes da comunidade escolar às cessários para sua participação;
de atendimento educacional es- edificações, aos ambientes e às III – disponibilização de pro-
pecializado, de organização de atividades concernentes a todas vas em formatos acessíveis para
recursos e serviços de acessibili- as modalidades, etapas e níveis atendimento às necessidades
dade e de disponibilização e usa- de ensino; específicas do candidato com
bilidade pedagógica de recursos XVII – oferta de profissionais deficiência;
de tecnologia assistiva; de apoio escolar; IV – disponibilização de re-
VIII – participação dos es- XVIII – articulação interseto- cursos de acessibilidade e de
tudantes com deficiência e de rial na implementação de políticas tecnologia assistiva adequados,
suas famílias nas diversas ins- públicas. previamente solicitados e esco-
tâncias de atuação da comuni- § 1o Às instituições privadas, lhidos pelo candidato com defi-
dade escolar; de qualquer nível e modalidade de ciência;
IX – adoção de medidas de ensino, aplica-se obrigatoriamen- V – dilação de tempo, confor-
apoio que favoreçam o desen- te o disposto nos incisos I, II, III, V, me demanda apresentada pelo
volvimento dos aspectos lin- VII, VIII, IX, X, XI, XII, XIII, XIV, XV, candidato com deficiência, tan-
guísticos, culturais, vocacionais XVI, XVII e XVIII do caput deste to na realização de exame para
e profissionais, levando-se em artigo, sendo vedada a cobrança seleção quanto nas atividades
conta o talento, a criatividade, de valores adicionais de qualquer acadêmicas, mediante prévia
as habilidades e os interesses natureza em suas mensalidades, solicitação e comprovação da
do estudante com deficiência; anuidades e matrículas no cum- necessidade;
X – adoção de práticas peda- primento dessas determinações. VI – adoção de critérios de
gógicas inclusivas pelos progra- § 2o Na disponibilização de avaliação das provas escritas,
mas de formação inicial e conti- tradutores e intérpretes da Li- discursivas ou de redação que
nuada de professores e oferta bras a que se refere o inciso XI considerem a singularidade lin-
de formação continuada para o do caput deste artigo, deve-se guística da pessoa com defici-
atendimento educacional espe- observar o seguinte: ência, no domínio da modalidade
cializado; I – os tradutores e intérpretes escrita da língua portuguesa;
XI – formação e disponibiliza- da Libras atuantes na educação VII – tradução completa do
ção de professores para o atendi- básica devem, no mínimo, possuir edital e de suas retificações em
mento educacional especializado, ensino médio completo e certi- Libras.
de tradutores e intérpretes da ficado de proficiência na Libras;
Libras, de guias intérpretes e de II – os tradutores e intérpretes
profissionais de apoio; da Libras, quando direcionados à CAPÍTULO V – DO DIREITO
XII – oferta de ensino da Li- tarefa de interpretar nas salas de À MORADIA
bras, do Sistema Braille e de uso aula dos cursos de graduação e
de recursos de tecnologia assis- pós-graduação, devem possuir Art. 31. A pessoa com deficiên-
tiva, de forma a ampliar habilida- nível superior, com habilitação, cia tem direito à moradia digna,
des funcionais dos estudantes, prioritariamente, em Tradução no seio da família natural ou subs-
promovendo sua autonomia e e Interpretação em Libras. tituta, com seu cônjuge ou com-
participação; panheiro ou desacompanhada, ou
XIII – acesso à educação su- Art. 29. (Vetado) em moradia para a vida indepen-
perior e à educação profissional dente da pessoa com deficiência,
e tecnológica em igualdade de Art. 30. Nos processos seletivos ou, ainda, em residência inclusiva.

626
Estatuto da Pessoa com Deficiência
§ 1o O poder público adotará Art. 33. Ao poder público com- bilidade em cursos de formação
programas e ações estratégicas pete: e de capacitação.
para apoiar a criação e a manu- I – adotar as providências
tenção de moradia para a vida necessárias para o cumprimen- Art. 35. É finalidade primordial
independente da pessoa com to do disposto nos arts. 31 e 32 das políticas públicas de trabalho
deficiência. desta Lei; e e emprego promover e garantir
§ 2o A proteção integral na II – divulgar, para os agen- condições de acesso e de perma-
modalidade de residência inclu- tes interessados e beneficiários, nência da pessoa com deficiência
siva será prestada no âmbito do a política habitacional prevista no campo de trabalho.
Suas à pessoa com deficiência nas legislações federal, estadu- Parágrafo único. Os progra-
em situação de dependência que ais, distrital e municipais, com mas de estímulo ao empreende-
não disponha de condições de ênfase nos dispositivos sobre dorismo e ao trabalho autônomo,
autossustentabilidade, com vín- acessibilidade. incluídos o cooperativismo e o
culos familiares fragilizados ou associativismo, devem prever a
rompidos. participação da pessoa com de-
CAPÍTULO VI – DO DIREITO ficiência e a disponibilização de
Art. 32. Nos programas habita- AO TRABALHO linhas de crédito, quando neces-
cionais, públicos ou subsidiados sárias.
Seção I – Disposições Gerais
com recursos públicos, a pessoa
com deficiência ou o seu res-
ponsável goza de prioridade na Art. 34. A pessoa com defici-
Seção II – Da Habilitação
aquisição de imóvel para moradia ência tem direito ao trabalho de Profissional e Reabilitação
própria, observado o seguinte: sua livre escolha e aceitação, em Profissional
I – reserva de, no mínimo, ambiente acessível e inclusivo, em
3% (três por cento) das unidades igualdade de oportunidades com Art. 36. O poder público deve
habitacionais para pessoa com as demais pessoas. implementar serviços e progra-
deficiência; § 1o As pessoas jurídicas de mas completos de habilitação
II – (Vetado); direito público, privado ou de profissional e de reabilitação
III – em caso de edificação qualquer natureza são obrigadas profissional para que a pessoa
multifamiliar, garantia de acessi- a garantir ambientes de trabalho com deficiência possa ingressar,
bilidade nas áreas de uso comum acessíveis e inclusivos. continuar ou retornar ao campo
e nas unidades habitacionais no § 2o A pessoa com deficiên- do trabalho, respeitados sua li-
piso térreo e de acessibilidade cia tem direito, em igualdade de vre escolha, sua vocação e seu
ou de adaptação razoável nos oportunidades com as demais interesse.
demais pisos; pessoas, a condições justas e § 1o Equipe multidisciplinar
IV – disponibilização de equi- favoráveis de trabalho, incluindo indicará, com base em critérios
pamentos urbanos comunitários igual remuneração por trabalho previstos no § 1o do art. 2o desta
acessíveis; de igual valor. Lei, programa de habilitação ou
V – elaboração de especifica- § 3o É vedada restrição ao de reabilitação que possibilite à
ções técnicas no projeto que per- trabalho da pessoa com defici- pessoa com deficiência restaurar
mitam a instalação de elevadores. ência e qualquer discriminação sua capacidade e habilidade pro-
§ 1o O direito à prioridade, em razão de sua condição, inclu- fissional ou adquirir novas capa-
previsto no caput deste artigo, sive nas etapas de recrutamento, cidades e habilidades de trabalho.
será reconhecido à pessoa com seleção, contratação, admissão, § 2o A habilitação profissio-
deficiência beneficiária apenas exames admissional e periódico, nal corresponde ao processo des-
uma vez. permanência no emprego, ascen- tinado a propiciar à pessoa com
§ 2o Nos programas habita- são profissional e reabilitação deficiência aquisição de conhe-
cionais públicos, os critérios de profissional, bem como exigência cimentos, habilidades e aptidões
financiamento devem ser com- de aptidão plena. para exercício de profissão ou de
patíveis com os rendimentos da § 4o A pessoa com deficiên- ocupação, permitindo nível sufi-
pessoa com deficiência ou de cia tem direito à participação e ciente de desenvolvimento pro-
sua família. ao acesso a cursos, treinamentos, fissional para ingresso no campo
§ 3o Caso não haja pessoa educação continuada, planos de de trabalho.
com deficiência interessada nas carreira, promoções, bonifica- § 3o Os serviços de habili-
unidades habitacionais reser- ções e incentivos profissionais tação profissional, de reabilita-
vadas por força do disposto no oferecidos pelo empregador, em ção profissional e de educação
inciso I do caput deste artigo, as igualdade de oportunidades com profissional devem ser dotados
unidades não utilizadas serão dis- os demais empregados. de recursos necessários para
ponibilizadas às demais pessoas. § 5o É garantida aos traba- atender a toda pessoa com de-
lhadores com deficiência acessi- ficiência, independentemente

627
Estatuto da Pessoa com Deficiência
de sua característica específica, maior dificuldade de inserção no de situações de vulnerabilidade
a fim de que ela possa ser capa- campo de trabalho; e de risco, por fragilização de
citada para trabalho que lhe seja II – provisão de suportes in- vínculos e ameaça ou violação
adequado e ter perspectivas de dividualizados que atendam a de direitos.
obtê-lo, de conservá-lo e de nele necessidades específicas da pes- § 2o Os serviços socioassis-
progredir. soa com deficiência, inclusive a tenciais destinados à pessoa com
§ 4o Os serviços de habilita- disponibilização de recursos de deficiência em situação de de-
ção profissional, de reabilitação tecnologia assistiva, de agente pendência deverão contar com
profissional e de educação profis- facilitador e de apoio no ambiente cuidadores sociais para pres-
sional deverão ser oferecidos em de trabalho; tar-lhe cuidados básicos e ins-
ambientes acessíveis e inclusivos. III – respeito ao perfil voca- trumentais.
§ 5o A habilitação profissio- cional e ao interesse da pessoa
nal e a reabilitação profissional com deficiência apoiada; Art. 40. É assegurado à pessoa
devem ocorrer articuladas com as IV – oferta de aconselhamen- com deficiência que não possua
redes públicas e privadas, espe- to e de apoio aos empregadores, meios para prover sua subsistên-
cialmente de saúde, de ensino e com vistas à definição de estraté- cia nem de tê-la provida por sua
de assistência social, em todos os gias de inclusão e de superação família o benefício mensal de 1
níveis e modalidades, em entida- de barreiras, inclusive atitudinais; (um) salário mínimo, nos termos
des de formação profissional ou V – realização de avaliações da Lei no 8.742, de 7 de dezem-
diretamente com o empregador. periódicas; bro de 1993.
§ 6o A habilitação profissio- VI – articulação intersetorial
nal pode ocorrer em empresas por das políticas públicas;
meio de prévia formalização do VII – possibilidade de parti- CAPÍTULO VIII – DO
contrato de emprego da pessoa cipação de organizações da so- DIREITO À PREVIDÊNCIA
com deficiência, que será con- ciedade civil. SOCIAL
siderada para o cumprimento da
reserva de vagas prevista em lei, Art. 38. A entidade contratada Art. 41. A pessoa com deficiên-
desde que por tempo determina- para a realização de processo cia segurada do Regime Geral de
do e concomitante com a inclusão seletivo público ou privado para Previdência Social (RGPS) tem di-
profissional na empresa, obser- cargo, função ou emprego está reito à aposentadoria nos termos
vado o disposto em regulamento. obrigada à observância do dispos- da Lei Complementar no 142, de 8
§ 7o A habilitação profissio- to nesta Lei e em outras normas de maio de 2013.
nal e a reabilitação profissional de acessibilidade vigentes.
atenderão à pessoa com defi-
ciência. CAPÍTULO IX – DO DIREITO
CAPÍTULO VII – DO DIREITO À CULTURA, AO ESPORTE,
À ASSISTÊNCIA SOCIAL AO TURISMO E AO LAZER
Seção III – Da Inclusão da
Pessoa com Deficiência no Art. 39. Os serviços, os progra- Art. 42. A pessoa com defici-
Trabalho mas, os projetos e os benefícios ência tem direito à cultura, ao
no âmbito da política pública de esporte, ao turismo e ao lazer
Art. 37. Constitui modo de inclu- assistência social à pessoa com em igualdade de oportunidades
são da pessoa com deficiência no deficiência e sua família têm com as demais pessoas, sendo-
trabalho a colocação competitiva, como objetivo a garantia da se- -lhe garantido o acesso:
em igualdade de oportunidades gurança de renda, da acolhida, I – a bens culturais em for-
com as demais pessoas, nos ter- da habilitação e da reabilitação, mato acessível;
mos da legislação trabalhista e do desenvolvimento da autono- II – a programas de televisão,
previdenciária, na qual devem mia e da convivência familiar e cinema, teatro e outras ativida-
ser atendidas as regras de aces- comunitária, para a promoção des culturais e desportivas em
sibilidade, o fornecimento de re- do acesso a direitos e da plena formato acessível; e
cursos de tecnologia assistiva e a participação social. III – a monumentos e locais de
adaptação razoável no ambiente § 1o A assistência social à importância cultural e a espaços
de trabalho. pessoa com deficiência, nos ter- que ofereçam serviços ou eventos
Parágrafo único. A colocação mos do caput deste artigo, deve culturais e esportivos.
competitiva da pessoa com defi- envolver conjunto articulado de § 1o É vedada a recusa de
ciência pode ocorrer por meio de serviços do âmbito da Proteção oferta de obra intelectual em
trabalho com apoio, observadas Social Básica e da Proteção So- formato acessível à pessoa com
as seguintes diretrizes: cial Especial, ofertados pelo Suas, deficiência, sob qualquer argu-
I – prioridade no atendimento para a garantia de seguranças mento, inclusive sob a alegação
à pessoa com deficiência com fundamentais no enfrentamento de proteção dos direitos de pro-

628
Estatuto da Pessoa com Deficiência
priedade intelectual. excepcionalmente, ser ocupados e à mobilidade da pessoa com
§ 2o O poder público deve por pessoas sem deficiência ou deficiência ou com mobilidade
adotar soluções destinadas à eli- que não tenham mobilidade re- reduzida será assegurado em
minação, à redução ou à supera- duzida, observado o disposto em igualdade de oportunidades com
ção de barreiras para a promoção regulamento. as demais pessoas, por meio de
do acesso a todo patrimônio cul- § 3o Os espaços e assentos a identificação e de eliminação de
tural, observadas as normas de que se refere este artigo devem todos os obstáculos e barreiras
acessibilidade, ambientais e de situar-se em locais que garantam ao seu acesso.
proteção do patrimônio histórico a acomodação de, no mínimo, 1 § 1o Para fins de acessibili-
e artístico nacional. (um) acompanhante da pessoa dade aos serviços de transporte
com deficiência ou com mobilida- coletivo terrestre, aquaviário e
Art. 43. O poder público deve de reduzida, resguardado o direito aéreo, em todas as jurisdições,
promover a participação da pes- de se acomodar proximamente consideram-se como integrantes
soa com deficiência em ativida- a grupo familiar e comunitário. desses serviços os veículos, os
des artísticas, intelectuais, cul- § 4o Nos locais referidos no terminais, as estações, os pon-
turais, esportivas e recreativas, caput deste artigo, deve haver, tos de parada, o sistema viário e
com vistas ao seu protagonismo, obrigatoriamente, rotas de fuga e a prestação do serviço.
devendo: saídas de emergência acessíveis, § 2o São sujeitas ao cum-
I – incentivar a provisão de conforme padrões das normas de primento das disposições desta
instrução, de treinamento e de acessibilidade, a fim de permitir Lei, sempre que houver interação
recursos adequados, em igual- a saída segura da pessoa com com a matéria nela regulada, a
dade de oportunidades com as deficiência ou com mobilidade outorga, a concessão, a permis-
demais pessoas; reduzida, em caso de emergência. são, a autorização, a renovação
II – assegurar acessibilidade § 5o Todos os espaços das ou a habilitação de linhas e de
nos locais de eventos e nos ser- edificações previstas no caput serviços de transporte coletivo.
viços prestados por pessoa ou deste artigo devem atender às § 3o Para colocação do sím-
entidade envolvida na organiza- normas de acessibilidade em vi- bolo internacional de acesso nos
ção das atividades de que trata gor. veículos, as empresas de trans-
este artigo; e § 6o As salas de cinema de- porte coletivo de passageiros de-
III – assegurar a participação vem oferecer, em todas as ses- pendem da certificação de aces-
da pessoa com deficiência em sões, recursos de acessibilidade sibilidade emitida pelo gestor pú-
jogos e atividades recreativas, para a pessoa com deficiência. blico responsável pela prestação
esportivas, de lazer, culturais e § 7o O valor do ingresso da do serviço.
artísticas, inclusive no sistema pessoa com deficiência não po-
escolar, em igualdade de con- derá ser superior ao valor cobrado Art. 47. Em todas as áreas de
dições com as demais pessoas. das demais pessoas. estacionamento aberto ao públi-
co, de uso público ou privado de
Art. 44. Nos teatros, cinemas, Art. 45. Os hotéis, pousadas e uso coletivo e em vias públicas,
auditórios, estádios, ginásios de similares devem ser construídos devem ser reservadas vagas pró-
esporte, locais de espetáculos observando-se os princípios do ximas aos acessos de circulação
e de conferências e similares, desenho universal, além de adotar de pedestres, devidamente sina-
serão reservados espaços livres todos os meios de acessibilidade, lizadas, para veículos que trans-
e assentos para a pessoa com conforme legislação em vigor. portem pessoa com deficiência
deficiência, de acordo com a ca- § 1o Os estabelecimentos já com comprometimento de mo-
pacidade de lotação da edifica- existentes deverão disponibilizar, bilidade, desde que devidamente
ção, observado o disposto em pelo menos, 10% (dez por cento) identificados.
regulamento. de seus dormitórios acessíveis, § 1o As vagas a que se refe-
§ 1o Os espaços e assentos a garantida, no mínimo, 1 (uma) uni- re o caput deste artigo devem
que se refere este artigo devem dade acessível. equivaler a 2% (dois por cento)
ser distribuídos pelo recinto em § 2o Os dormitórios mencio- do total, garantida, no mínimo,
locais diversos, de boa visibilida- nados no § 1o deste artigo de- 1 (uma) vaga devidamente sina-
de, em todos os setores, próximos verão ser localizados em rotas lizada e com as especificações
aos corredores, devidamente si- acessíveis. de desenho e traçado de acordo
nalizados, evitando-se áreas se- com as normas técnicas vigentes
gregadas de público e obstrução de acessibilidade.
das saídas, em conformidade com CAPÍTULO X – DO DIREITO § 2o Os veículos estaciona-
as normas de acessibilidade. AO TRANSPORTE E À dos nas vagas reservadas devem
§ 2o No caso de não haver MOBILIDADE exibir, em local de ampla visibili-
comprovada procura pelos as- dade, a credencial de beneficiário,
sentos reservados, esses podem, Art. 46. O direito ao transporte a ser confeccionada e fornecida

629
Estatuto da Pessoa com Deficiência
pelos órgãos de trânsito, que dis- síveis à pessoa com deficiência. de recursos públicos, por meio de
ciplinarão suas características e § 1o É proibida a cobrança renúncia ou de incentivo fiscal,
condições de uso. diferenciada de tarifas ou de va- contrato, convênio ou instrumen-
§ 3o A utilização indevida das lores adicionais pelo serviço de to congênere; e
vagas de que trata este artigo táxi prestado à pessoa com de- IV – a concessão de aval da
sujeita os infratores às sanções ficiência. União para obtenção de emprés-
previstas no inciso XX do art. 181 § 2o O poder público é autori- timo e de financiamento inter-
da Lei no 9.503, de 23 de setem- zado a instituir incentivos fiscais nacionais por entes públicos ou
bro de 1997 (Código de Trânsito com vistas a possibilitar a aces- privados.
Brasileiro). sibilidade dos veículos a que se
§ 4o A credencial a que se refere o caput deste artigo. Art. 55. A concepção e a im-
refere o § 2o deste artigo é vin- plantação de projetos que tratem
culada à pessoa com deficiência Art. 52. As locadoras de veículos do meio físico, de transporte, de
que possui comprometimento de são obrigadas a oferecer 1 (um) informação e comunicação, in-
mobilidade e é válida em todo o veículo adaptado para uso de clusive de sistemas e tecnologias
território nacional. pessoa com deficiência, a cada da informação e comunicação, e
conjunto de 20 (vinte) veículos de outros serviços, equipamentos
Art. 48. Os veículos de transpor- de sua frota. e instalações abertos ao público,
te coletivo terrestre, aquaviário Parágrafo único. O veículo de uso público ou privado de uso
e aéreo, as instalações, as es- adaptado deverá ter, no mínimo, coletivo, tanto na zona urbana
tações, os portos e os terminais câmbio automático, direção hi- como na rural, devem atender aos
em operação no País devem ser dráulica, vidros elétricos e co- princípios do desenho universal,
acessíveis, de forma a garantir mandos manuais de freio e de tendo como referência as normas
o seu uso por todas as pessoas. embreagem. de acessibilidade.
§ 1o Os veículos e as estru- § 1o O desenho universal será
turas de que trata o caput deste sempre tomado como regra de
artigo devem dispor de sistema TÍTULO III – DA caráter geral.
de comunicação acessível que ACESSIBILIDADE § 2o Nas hipóteses em que
disponibilize informações sobre comprovadamente o desenho
todos os pontos do itinerário. CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES universal não possa ser empre-
§ 2o São asseguradas à pes- GERAIS endido, deve ser adotada adap-
soa com deficiência prioridade e tação razoável.
segurança nos procedimentos de Art. 53. A acessibilidade é direi- § 3o Caberá ao poder público
embarque e de desembarque nos to que garante à pessoa com defi- promover a inclusão de conteúdos
veículos de transporte coletivo, de ciência ou com mobilidade reduzi- temáticos referentes ao desenho
acordo com as normas técnicas. da viver de forma independente e universal nas diretrizes curricu-
§ 3o Para colocação do sím- exercer seus direitos de cidadania lares da educação profissional
bolo internacional de acesso nos e de participação social. e tecnológica e do ensino supe-
veículos, as empresas de trans- rior e na formação das carreiras
porte coletivo de passageiros de- Art. 54. São sujeitas ao cum- de Estado.
pendem da certificação de aces- primento das disposições desta § 4o Os programas, os proje-
sibilidade emitida pelo gestor pú- Lei e de outras normas relativas à tos e as linhas de pesquisa a se-
blico responsável pela prestação acessibilidade, sempre que hou- rem desenvolvidos com o apoio de
do serviço. ver interação com a matéria nela organismos públicos de auxílio à
regulada: pesquisa e de agências de fomen-
Art. 49. As empresas de trans- I – a aprovação de projeto to deverão incluir temas voltados
porte de fretamento e de turismo, arquitetônico e urbanístico ou para o desenho universal.
na renovação de suas frotas, são de comunicação e informação, a § 5o Desde a etapa de con-
obrigadas ao cumprimento do dis- fabricação de veículos de trans- cepção, as políticas públicas de-
posto nos arts. 46 e 48 desta Lei. porte coletivo, a prestação do verão considerar a adoção do
respectivo serviço e a execução desenho universal.
Art. 50. O poder público incen- de qualquer tipo de obra, quan-
tivará a fabricação de veículos do tenham destinação pública Art. 56. A construção, a reforma,
acessíveis e a sua utilização como ou coletiva; a ampliação ou a mudança de uso
táxis e vans, de forma a garantir II – a outorga ou a renovação de edificações abertas ao público,
o seu uso por todas as pessoas. de concessão, permissão, autori- de uso público ou privadas de uso
zação ou habilitação de qualquer coletivo deverão ser executadas
Art. 51. As frotas de empresas natureza; de modo a serem acessíveis.
de táxi devem reservar 10% (dez III – a aprovação de financia- § 1o As entidades de fiscali-
por cento) de seus veículos aces- mento de projeto com utilização zação profissional das atividades

630
Estatuto da Pessoa com Deficiência
de Engenharia, de Arquitetura e pela execução das obras e dos Art. 62. É assegurado à pessoa
correlatas, ao anotarem a respon- serviços devem garantir, de forma com deficiência, mediante solici-
sabilidade técnica de projetos, segura, a fluidez do trânsito e a tação, o recebimento de contas,
devem exigir a responsabilidade livre circulação e acessibilidade boletos, recibos, extratos e co-
profissional declarada de aten- das pessoas, durante e após sua branças de tributos em formato
dimento às regras de acessibi- execução. acessível.
lidade previstas em legislação e
em normas técnicas pertinentes. Art. 60. Orientam-se, no que
§ 2o Para a aprovação, o li- couber, pelas regras de acessi- CAPÍTULO II – DO ACESSO
cenciamento ou a emissão de bilidade previstas em legislação À INFORMAÇÃO E À
certificado de projeto executi- e em normas técnicas, observado COMUNICAÇÃO
vo arquitetônico, urbanístico e o disposto na Lei no 10.098, de 19
de instalações e equipamentos de dezembro de 2000, no 10.257, Art. 63. É obrigatória a acessibi-
temporários ou permanentes e de 10 de julho de 2001, e no 12.587, lidade nos sítios da internet man-
para o licenciamento ou a emis- de 3 de janeiro de 2012: tidos por empresas com sede ou
são de certificado de conclusão I – os planos diretores mu- representação comercial no País
de obra ou de serviço, deve ser nicipais, os planos diretores de ou por órgãos de governo, para
atestado o atendimento às regras transporte e trânsito, os planos uso da pessoa com deficiência,
de acessibilidade. de mobilidade urbana e os planos garantindo-lhe acesso às infor-
§ 3o O poder público, após de preservação de sítios históri- mações disponíveis, conforme as
certificar a acessibilidade de edi- cos elaborados ou atualizados a melhores práticas e diretrizes de
ficação ou de serviço, determina- partir da publicação desta Lei; acessibilidade adotadas interna-
rá a colocação, em espaços ou em II – os códigos de obras, os cionalmente.
locais de ampla visibilidade, do códigos de postura, as leis de § 1o Os sítios devem conter
símbolo internacional de acesso, uso e ocupação do solo e as leis símbolo de acessibilidade em
na forma prevista em legislação e do sistema viário; destaque.
em normas técnicas correlatas. III – os estudos prévios de § 2o Telecentros comunitá-
impacto de vizinhança; rios que receberem recursos pú-
Art. 57. As edificações públicas IV – as atividades de fiscaliza- blicos federais para seu custeio
e privadas de uso coletivo já exis- ção e a imposição de sanções; e ou sua instalação e lan houses
tentes devem garantir acessibi- V – a legislação referente devem possuir equipamentos e
lidade à pessoa com deficiência à prevenção contra incêndio e instalações acessíveis.
em todas as suas dependências pânico. § 3o Os telecentros e as lan
e serviços, tendo como referên- § 1o A concessão e a renova- houses de que trata o § 2o deste
cia as normas de acessibilidade ção de alvará de funcionamen- artigo devem garantir, no mínimo,
vigentes. to para qualquer atividade são 10% (dez por cento) de seus com-
condicionadas à observação e à putadores com recursos de aces-
Art. 58. O projeto e a constru- certificação das regras de aces- sibilidade para pessoa com defi-
ção de edificação de uso privado sibilidade. ciência visual, sendo assegurado
multifamiliar devem atender aos § 2o A emissão de carta de pelo menos 1 (um) equipamento,
preceitos de acessibilidade, na habite-se ou de habilitação equi- quando o resultado percentual
forma regulamentar. valente e sua renovação, quando for inferior a 1 (um).
§ 1o As construtoras e incor- esta tiver sido emitida anterior-
poradoras responsáveis pelo pro- mente às exigências de acessibi- Art. 64. A acessibilidade nos
jeto e pela construção das edifi- lidade, é condicionada à observa- sítios da internet de que trata o
cações a que se refere o caput ção e à certificação das regras de art. 63 desta Lei deve ser obser-
deste artigo devem assegurar acessibilidade. vada para obtenção do financia-
percentual mínimo de suas uni- mento de que trata o inciso III do
dades internamente acessíveis, Art. 61. A formulação, a imple- art. 54 desta Lei.
na forma regulamentar. mentação e a manutenção das
§ 2o É vedada a cobrança de ações de acessibilidade aten- Art. 65. As empresas presta-
valores adicionais para a aquisi- derão às seguintes premissas doras de serviços de telecomu-
ção de unidades internamente básicas: nicações deverão garantir pleno
acessíveis a que se refere o § 1o I – eleição de prioridades, ela- acesso à pessoa com deficiên-
deste artigo. boração de cronograma e reserva cia, conforme regulamentação
de recursos para implementação específica.
Art. 59. Em qualquer interven- das ações; e
ção nas vias e nos espaços públi- II – planejamento contínuo e Art. 66. Cabe ao poder público
cos, o poder público e as empre- articulado entre os setores en- incentivar a oferta de aparelhos
sas concessionárias responsáveis volvidos. de telefonia fixa e móvel celular

631
Estatuto da Pessoa com Deficiência
com acessibilidade que, entre ou- de comunicação empregados, à tecnologia assistiva.
tras tecnologias assistivas, pos- inclusive em ambiente virtual,
suam possibilidade de indicação e contendo a especificação correta Art. 73. Caberá ao poder públi-
de ampliação sonoras de todas as de quantidade, qualidade, carac- co, diretamente ou em parceria
operações e funções disponíveis. terísticas, composição e preço, com organizações da sociedade
bem como sobre os eventuais civil, promover a capacitação de
Art. 67. Os serviços de radiodi- riscos à saúde e à segurança do tradutores e intérpretes da Li-
fusão de sons e imagens devem consumidor com deficiência, em bras, de guias intérpretes e de
permitir o uso dos seguintes re- caso de sua utilização, aplicando- profissionais habilitados em Brail-
cursos, entre outros: -se, no que couber, os arts. 30 a le, audiodescrição, estenotipia e
I – subtitulação por meio de 41 da Lei no 8.078, de 11 de setem- legendagem.
legenda oculta; bro de 1990.
II – janela com intérprete da § 1o Os canais de comerciali-
Libras; zação virtual e os anúncios publi- CAPÍTULO III – DA
III – audiodescrição. citários veiculados na imprensa TECNOLOGIA ASSISTIVA
escrita, na internet, no rádio, na
Art. 68. O poder público deve televisão e nos demais veículos Art. 74. É garantido à pessoa
adotar mecanismos de incentivo de comunicação abertos ou por com deficiência acesso a pro-
à produção, à edição, à difusão, à assinatura devem disponibilizar, dutos, recursos, estratégias,
distribuição e à comercialização conforme a compatibilidade do práticas, processos, métodos e
de livros em formatos acessíveis, meio, os recursos de acessibili- serviços de tecnologia assistiva
inclusive em publicações da ad- dade de que trata o art. 67 desta que maximizem sua autonomia,
ministração pública ou financia- Lei, a expensas do fornecedor do mobilidade pessoal e qualidade
das com recursos públicos, com produto ou do serviço, sem pre- de vida.
vistas a garantir à pessoa com juízo da observância do disposto
deficiência o direito de acesso nos arts. 36 a 38 da Lei no 8.078, Art. 75. O poder público desen-
à leitura, à informação e à co- de 11 de setembro de 1990. volverá plano específico de me-
municação. § 2o Os fornecedores devem didas, a ser renovado em cada
§ 1o Nos editais de compras disponibilizar, mediante solicita- período de 4 (quatro) anos, com
de livros, inclusive para o abaste- ção, exemplares de bulas, pros- a finalidade de:
cimento ou a atualização de acer- pectos, textos ou qualquer outro I – facilitar o acesso a crédito
vos de bibliotecas em todos os tipo de material de divulgação em especializado, inclusive com ofer-
níveis e modalidades de educação formato acessível. ta de linhas de crédito subsidia-
e de bibliotecas públicas, o poder das, específicas para aquisição
público deverá adotar cláusulas Art. 70. As instituições promo- de tecnologia assistiva;
de impedimento à participação toras de congressos, seminários, II – agilizar, simplificar e prio-
de editoras que não ofertem sua oficinas e demais eventos de na- rizar procedimentos de importa-
produção também em formatos tureza científico-cultural devem ção de tecnologia assistiva, espe-
acessíveis. oferecer à pessoa com deficiên- cialmente as questões atinentes
§ 2o Consideram-se forma- cia, no mínimo, os recursos de a procedimentos alfandegários e
tos acessíveis os arquivos digitais tecnologia assistiva previstos no sanitários;
que possam ser reconhecidos e art. 67 desta Lei. III – criar mecanismos de fo-
acessados por softwares leitores mento à pesquisa e à produção
de telas ou outras tecnologias Art. 71. Os congressos, os se- nacional de tecnologia assistiva,
assistivas que vierem a substi- minários, as oficinas e os demais inclusive por meio de concessão
tuí-los, permitindo leitura com eventos de natureza científico- de linhas de crédito subsidiado
voz sintetizada, ampliação de ca- -cultural promovidos ou finan- e de parcerias com institutos de
racteres, diferentes contrastes e ciados pelo poder público de- pesquisa oficiais;
impressão em Braille. vem garantir as condições de IV – eliminar ou reduzir a
§ 3o O poder público deve acessibilidade e os recursos de tributação da cadeia produtiva
estimular e apoiar a adaptação e tecnologia assistiva. e de importação de tecnologia
a produção de artigos científicos assistiva;
em formato acessível, inclusive Art. 72. Os programas, as linhas V – facilitar e agilizar o pro-
em Libras. de pesquisa e os projetos a se- cesso de inclusão de novos re-
rem desenvolvidos com o apoio cursos de tecnologia assistiva
Art. 69. O poder público deve de agências de financiamento e no rol de produtos distribuídos
assegurar a disponibilidade de in- de órgãos e entidades integran- no âmbito do SUS e por outros
formações corretas e claras sobre tes da administração pública que órgãos governamentais.
os diferentes produtos e serviços atuem no auxílio à pesquisa de- Parágrafo único. Para fazer
ofertados, por quaisquer meios vem contemplar temas voltados cumprir o disposto neste artigo,

632
Estatuto da Pessoa com Deficiência
os procedimentos constantes do nadas à vida pública e à política I – o emprego de tecnolo-
plano específico de medidas de- do País e em atividades e admi- gias da informação e comunica-
verão ser avaliados, pelo menos, nistração de partidos políticos; ção como instrumento de supe-
a cada 2 (dois) anos. II – formação de organizações ração de limitações funcionais
para representar a pessoa com e de barreiras à comunicação,
deficiência em todos os níveis; à informação, à educação e ao
CAPÍTULO IV – DO DIREITO III – participação da pessoa entretenimento da pessoa com
À PARTICIPAÇÃO NA VIDA com deficiência em organizações deficiência;
PÚBLICA E POLÍTICA que a representem. II – a adoção de soluções e a
difusão de normas que visem a
Art. 76. O poder público deve ampliar a acessibilidade da pes-
garantir à pessoa com deficiên- TÍTULO IV – DA CIÊNCIA E soa com deficiência à computa-
cia todos os direitos políticos e a TECNOLOGIA ção e aos sítios da internet, em
oportunidade de exercê-los em especial aos serviços de governo
igualdade de condições com as Art. 77. O poder público deve eletrônico.
demais pessoas. fomentar o desenvolvimento cien-
§ 1o À pessoa com deficiên- tífico, a pesquisa e a inovação e
cia será assegurado o direito de a capacitação tecnológicas, vol- LIVRO II – PARTE ESPECIAL
votar e de ser votada, inclusive tados à melhoria da qualidade de TÍTULO I – DO ACESSO À
por meio das seguintes ações: vida e ao trabalho da pessoa com
I – garantia de que os pro- deficiência e sua inclusão social. JUSTIÇA
cedimentos, as instalações, os § 1o O fomento pelo poder CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
materiais e os equipamentos para público deve priorizar a gera-
votação sejam apropriados, aces- ção de conhecimentos e técni- GERAIS
síveis a todas as pessoas e de cas que visem à prevenção e ao
fácil compreensão e uso, sendo tratamento de deficiências e ao Art. 79. O poder público deve as-
vedada a instalação de seções desenvolvimento de tecnologias segurar o acesso da pessoa com
eleitorais exclusivas para a pes- assistiva e social. deficiência à justiça, em igualda-
soa com deficiência; § 2o A acessibilidade e as de de oportunidades com as de-
II – incentivo à pessoa com tecnologias assistiva e social de- mais pessoas, garantindo, sempre
deficiência a candidatar-se e a vem ser fomentadas mediante a que requeridos, adaptações e
desempenhar quaisquer funções criação de cursos de pós-gra- recursos de tecnologia assistiva.
públicas em todos os níveis de go- duação, a formação de recursos § 1o A fim de garantir a atu-
verno, inclusive por meio do uso humanos e a inclusão do tema ação da pessoa com deficiência
de novas tecnologias assistivas, nas diretrizes de áreas do co- em todo o processo judicial, o
quando apropriado; nhecimento. poder público deve capacitar os
III – garantia de que os pro- § 3o Deve ser fomentada a membros e os servidores que
nunciamentos oficiais, a propa- capacitação tecnológica de ins- atuam no Poder Judiciário, no
ganda eleitoral obrigatória e os tituições públicas e privadas para Ministério Público, na Defensoria
debates transmitidos pelas emis- o desenvolvimento de tecnologias Pública, nos órgãos de segurança
soras de televisão possuam, pelo assistiva e social que sejam volta- pública e no sistema penitenciá-
menos, os recursos elencados no das para melhoria da funcionali- rio quanto aos direitos da pessoa
art. 67 desta Lei; dade e da participação social da com deficiência.
IV – garantia do livre exercício pessoa com deficiência. § 2o Devem ser assegura-
do direito ao voto e, para tanto, § 4o As medidas previstas dos à pessoa com deficiência
sempre que necessário e a seu neste artigo devem ser reavalia- submetida a medida restritiva
pedido, permissão para que a das periodicamente pelo poder de liberdade todos os direitos e
pessoa com deficiência seja au- público, com vistas ao seu aper- garantias a que fazem jus os ape-
xiliada na votação por pessoa de feiçoamento. nados sem deficiência, garantida
sua escolha. a acessibilidade.
§ 2o O poder público promo- Art. 78. Devem ser estimulados § 3o A Defensoria Pública e
verá a participação da pessoa a pesquisa, o desenvolvimento, o Ministério Público tomarão as
com deficiência, inclusive quan- a inovação e a difusão de tec- medidas necessárias à garantia
do institucionalizada, na condu- nologias voltadas para ampliar o dos direitos previstos nesta Lei.
ção das questões públicas, sem acesso da pessoa com deficiên-
discriminação e em igualdade cia às tecnologias da informação Art. 80. Devem ser oferecidos
de oportunidades, observado o e comunicação e às tecnologias todos os recursos de tecnologia
seguinte: sociais. assistiva disponíveis para que a
I – participação em organiza- Parágrafo único. Serão esti- pessoa com deficiência tenha ga-
ções não governamentais relacio- mulados, em especial: rantido o acesso à justiça, sempre

633
Estatuto da Pessoa com Deficiência
que figure em um dos polos da respectivo ano. ou de publicação de qualquer
ação ou atue como testemunha, natureza:
partícipe da lide posta em juízo, Art. 85. A curatela afetará tão Pena – reclusão, de 2 (dois) a
advogado, defensor público, ma- somente os atos relacionados aos 5 (cinco) anos, e multa.
gistrado ou membro do Ministério direitos de natureza patrimonial § 3o Na hipótese do § 2o deste
Público. e negocial. artigo, o juiz poderá determinar,
Parágrafo único. A pessoa § 1o A definição da curatela ouvido o Ministério Público ou
com deficiência tem garantido não alcança o direito ao próprio a pedido deste, ainda antes do
o acesso ao conteúdo de todos corpo, à sexualidade, ao matri- inquérito policial, sob pena de
os atos processuais de seu inte- mônio, à privacidade, à educação, desobediência:
resse, inclusive no exercício da à saúde, ao trabalho e ao voto. I – recolhimento ou busca e
advocacia. § 2o A curatela constitui apreensão dos exemplares do
medida extraordinária, devendo material discriminatório;
Art. 81. Os direitos da pessoa constar da sentença as razões II – interdição das respectivas
com deficiência serão garanti- e motivações de sua definição, mensagens ou páginas de infor-
dos por ocasião da aplicação de preservados os interesses do mação na internet.
sanções penais. curatelado. § 4o Na hipótese do § 2o deste
§ 3o No caso de pessoa em artigo, constitui efeito da conde-
Art. 82. (Vetado) situação de institucionalização, nação, após o trânsito em julgado
ao nomear curador, o juiz deve da decisão, a destruição do ma-
Art. 83. Os serviços notariais e dar preferência a pessoa que terial apreendido.
de registro não podem negar ou tenha vínculo de natureza fami-
criar óbices ou condições dife- liar, afetiva ou comunitária com Art. 89. Apropriar-se de ou des-
renciadas à prestação de seus o curatelado. viar bens, proventos, pensão, be-
serviços em razão de deficiência nefícios, remuneração ou qual-
do solicitante, devendo reconhe- Art. 86. Para emissão de docu- quer outro rendimento de pessoa
cer sua capacidade legal plena, mentos oficiais, não será exigida com deficiência:
garantida a acessibilidade. a situação de curatela da pessoa Pena – reclusão, de 1 (um) a
Parágrafo único. O descum- com deficiência. 4 (quatro) anos, e multa.
primento do disposto no caput Parágrafo único. Aumenta-
deste artigo constitui discrimi- Art. 87. Em casos de relevân- -se a pena em 1/3 (um terço) se
nação em razão de deficiência. cia e urgência e a fim de pro- o crime é cometido:
teger os interesses da pessoa I – por tutor, curador, síndi-
com deficiência em situação de co, liquidatário, inventariante,
CAPÍTULO II – DO curatela, será lícito ao juiz, ouvi- testamenteiro ou depositário ju-
RECONHECIMENTO IGUAL do o Ministério Público, de oficio dicial; ou
PERANTE A LEI ou a requerimento do interessa- II – por aquele que se apro-
do, nomear, desde logo, curador priou em razão de ofício ou de
Art. 84. A pessoa com deficiên- provisório, o qual estará sujeito, profissão.
cia tem assegurado o direito ao no que couber, às disposições do
exercício de sua capacidade legal Código de Processo Civil. Art. 90. Abandonar pessoa com
em igualdade de condições com deficiência em hospitais, casas de
as demais pessoas. saúde, entidades de abrigamento
§ 1o Quando necessário, a TÍTULO II – DOS CRIMES ou congêneres:
pessoa com deficiência será sub- E DAS INFRAÇÕES Pena – reclusão, de 6 (seis)
metida à curatela, conforme a lei. ADMINISTRATIVAS meses a 3 (três) anos, e multa.
§ 2o É facultado à pessoa Parágrafo único. Na mesma
com deficiência a adoção de Art. 88. Praticar, induzir ou inci- pena incorre quem não prover as
processo de tomada de decisão tar discriminação de pessoa em necessidades básicas de pessoa
apoiada. razão de sua deficiência: com deficiência quando obrigado
§ 3o A definição de curatela Pena – reclusão, de 1 (um) a por lei ou mandado.
de pessoa com deficiência consti- 3 (três) anos, e multa.
tui medida protetiva extraordiná- § 1o Aumenta-se a pena em Art. 91. Reter ou utilizar cartão
ria, proporcional às necessidades 1/3 (um terço) se a vítima encon- magnético, qualquer meio ele-
e às circunstâncias de cada caso, trar-se sob cuidado e responsa- trônico ou documento de pes-
e durará o menor tempo possível. bilidade do agente. soa com deficiência destinados
§ 4o Os curadores são obri- § 2o Se qualquer dos crimes ao recebimento de benefícios,
gados a prestar, anualmente, previstos no caput deste artigo proventos, pensões ou remune-
contas de sua administração ao é cometido por intermédio de ração ou à realização de opera-
juiz, apresentando o balanço do meios de comunicação social ções financeiras, com o fim de

634
Estatuto da Pessoa com Deficiência
obter vantagem indevida para si estabelecidas em lei. residência;
ou para outrem: § 5o Os dados do Cadastro- II – quando for de interes-
Pena – detenção, de 6 (seis) -Inclusão somente poderão ser se da pessoa com deficiência,
meses a 2 (dois) anos, e multa. utilizados para as seguintes fi- ela apresentará solicitação de
Parágrafo único. Aumenta- nalidades: atendimento domiciliar ou fará
-se a pena em 1/3 (um terço) se I – formulação, gestão, moni- representar-se por procurador
o crime é cometido por tutor ou toramento e avaliação das políti- constituído para essa finalidade.
curador. cas públicas para a pessoa com Parágrafo único. É assegu-
deficiência e para identificar as rado à pessoa com deficiência
barreiras que impedem a reali- atendimento domiciliar pela pe-
TÍTULO III – DISPOSIÇÕES zação de seus direitos; rícia médica e social do Instituto
FINAIS E TRANSITÓRIAS II – realização de estudos e Nacional do Seguro Social (INSS),
pesquisas. pelo serviço público de saúde
Art. 92. É criado o Cadastro Na- § 6o As informações a que ou pelo serviço privado de saú-
cional de Inclusão da Pessoa com se refere este artigo devem ser de, contratado ou conveniado,
Deficiência (Cadastro-Inclusão), disseminadas em formatos aces- que integre o SUS e pelas enti-
registro público eletrônico com síveis. dades da rede socioassistencial
a finalidade de coletar, proces- integrantes do Suas, quando seu
sar, sistematizar e disseminar Art. 93. Na realização de inspe- deslocamento, em razão de sua li-
informações georreferenciadas ções e de auditorias pelos órgãos mitação funcional e de condições
que permitam a identificação e a de controle interno e externo, de acessibilidade, imponha-lhe
caracterização socioeconômica deve ser observado o cumprimen- ônus desproporcional e indevido.
da pessoa com deficiência, bem to da legislação relativa à pessoa
como das barreiras que impedem com deficiência e das normas de Art. 96. O § 6o-A do art. 135 da
a realização de seus direitos. acessibilidade vigentes. Lei no 4.737, de 15 de julho de 1965
§ 1o O Cadastro-Inclusão será (Código Eleitoral), passa a vigorar
administrado pelo Poder Executi- Art. 94. Terá direito a auxílio- com a seguinte redação:
vo federal e constituído por base -inclusão, nos termos da lei, a ��������������������������������������������������
de dados, instrumentos, procedi- pessoa com deficiência moderada
mentos e sistemas eletrônicos. ou grave que: Art. 97. A Consolidação das Leis
§ 2o Os dados constituintes I – receba o benefício de do Trabalho (CLT), aprovada pelo
do Cadastro-Inclusão serão ob- prestação continuada previsto Decreto-lei no 5.452, de 1o de maio
tidos pela integração dos siste- no art. 20 da Lei no 8.742, de 7 de de 1943, passa a vigorar com as
mas de informação e da base de dezembro de 1993, e que passe seguintes alterações:
dados de todas as políticas pú- a exercer atividade remunerada ��������������������������������������������������
blicas relacionadas aos direitos que a enquadre como segurado
da pessoa com deficiência, bem obrigatório do RGPS; Art. 98. A Lei no 7.853, de 24 de
como por informações coletadas, II – tenha recebido, nos últi- outubro de 1989, passa a vigorar
inclusive em censos nacionais e mos 5 (cinco) anos, o benefício com as seguintes alterações:
nas demais pesquisas realiza- de prestação continuada previsto ��������������������������������������������������
das no País, de acordo com os no art. 20 da Lei no 8.742, de 7 de
parâmetros estabelecidos pela dezembro de 1993, e que exerça Art. 99. O art. 20 da Lei no 8.036,
Convenção sobre os Direitos das atividade remunerada que a en- de 11 de maio de 1990, passa a
Pessoas com Deficiência e seu quadre como segurado obrigató- vigorar acrescido do seguinte
Protocolo Facultativo. rio do RGPS. inciso XVIII:
§ 3o Para coleta, transmissão ��������������������������������������������������
e sistematização de dados, é fa- Art. 95. É vedado exigir o com-
cultada a celebração de convê- parecimento de pessoa com defi- Art. 100. A Lei no 8.078, de 11
nios, acordos, termos de parceria ciência perante os órgãos públi- de setembro de 1990 (Código de
ou contratos com instituições pú- cos quando seu deslocamento, Defesa do Consumidor), passa
blicas e privadas, observados os em razão de sua limitação fun- a vigorar com as seguintes al-
requisitos e procedimentos pre- cional e de condições de acessi- terações:
vistos em legislação específica. bilidade, imponha-lhe ônus des- ��������������������������������������������������
§ 4o Para assegurar a con- proporcional e indevido, hipótese
fidencialidade, a privacidade e na qual serão observados os se- Art. 101. A Lei no 8.213, de 24 de
as liberdades fundamentais da guintes procedimentos: julho de 1991, passa a vigorar com
pessoa com deficiência e os prin- I – quando for de interesse do as seguintes alterações:
cípios éticos que regem a utili- poder público, o agente promo- ��������������������������������������������������
zação de informações, devem verá o contato necessário com a
ser observadas as salvaguardas pessoa com deficiência em sua Art. 102. O art. 2o da Lei no 8.313,

635
Estatuto da Pessoa com Deficiência
de 23 de dezembro de 1991, passa alterações: em outras legislações, inclusi-
a vigorar acrescido do seguin- �������������������������������������������������� ve em pactos, tratados, conven-
te § 3o: ções e declarações internacio-
�������������������������������������������������� Art. 114. A Lei no 10.406, de 10 nais aprovados e promulgados
de janeiro de 2002 (Código Civil), pelo Congresso Nacional, e devem
Art. 103. O art. 11 da Lei no 8.429, passa a vigorar com as seguintes ser aplicados em conformidade
de 2 de junho de 1992, passa a alterações: com as demais normas internas
vigorar acrescido do seguinte �������������������������������������������������� e acordos internacionais vincu-
inciso IX: lantes sobre a matéria.
�������������������������������������������������� Art. 115. O Título IV do Livro IV Parágrafo único. Prevalecerá
da Parte Especial da Lei no 10.406, a norma mais benéfica à pessoa
Art. 104. A Lei no 8.666, de 21 de de 10 de janeiro de 2002 (Código com deficiência.
junho de 1993, passa a vigorar com Civil), passa a vigorar com a se-
as seguintes alterações: guinte redação: Art. 122. Regulamento disporá
�������������������������������������������������� �������������������������������������������������� sobre a adequação do disposto
nesta Lei ao tratamento diferen-
Art. 105. O art. 20 da Lei no 8.742, Art. 116. O Título IV do Livro IV ciado, simplificado e favorecido a
de 7 de dezembro de 1993, pas- da Parte Especial da Lei no 10.406, ser dispensado às microempresas
sa a vigorar com as seguintes de 10 de janeiro de 2002 (Código e às empresas de pequeno porte,
alterações: Civil), passa a vigorar acrescido previsto no § 3o do art. 1o da Lei
�������������������������������������������������� do seguinte Capítulo III: Complementar no 123, de 14 de
�������������������������������������������������� dezembro de 2006.
Art. 106. (Vetado)
Art. 117. O art. 1o da Lei no 11.126, Art. 123. Revogam-se os seguin-
Art. 107. A Lei no 9.029, de 13 de de 27 de junho de 2005, passa a tes dispositivos:
abril de 1995, passa a vigorar com vigorar com a seguinte redação: I – o inciso II do § 2o do art. 1o
as seguintes alterações: �������������������������������������������������� da Lei no 9.008, de 21 de março
�������������������������������������������������� de 1995;
Art. 118. O inciso IV do art. 46 da II – os incisos I, II e III do art. 3o
Art. 108. O art. 35 da Lei no 9.250, Lei no 11.904, de 14 de janeiro de da Lei no 10.406, de 10 de janeiro
de 26 de dezembro de 1995, passa 2009, passa a vigorar acrescido de 2002 (Código Civil);
a vigorar acrescido do seguin- da seguinte alínea “k”: III – os incisos II e III do
te § 5o: �������������������������������������������������� art. 228 da Lei no 10.406, de 10
�������������������������������������������������� de janeiro de 2002 (Código Civil);
Art. 119. A Lei no 12.587, de 3 de IV – o inciso I do art. 1.548 da
Art. 109. A Lei n 9.503, de 23
o
janeiro de 2012, passa a vigorar Lei no 10.406, de 10 de janeiro de
de setembro de 1997 (Código de acrescida do seguinte art. 12-B: 2002 (Código Civil);
Trânsito Brasileiro), passa a vigo- �������������������������������������������������� V – o inciso IV do art. 1.557 da
rar com as seguintes alterações: Lei no 10.406, de 10 de janeiro de
�������������������������������������������������� Art. 120. Cabe aos órgãos com- 2002 (Código Civil);
petentes, em cada esfera de go- VI – os incisos II e IV do
Art. 110. O inciso VI e o § 1o do verno, a elaboração de relatórios art. 1.767 da Lei no 10.406, de 10
art. 56 da Lei no 9.615, de 24 de circunstanciados sobre o cumpri- de janeiro de 2002 (Código Civil);
março de 1998, passam a vigorar mento dos prazos estabelecidos VII – os arts. 1.776 e 1.780 da
com a seguinte redação: por força das Leis no 10.048, de 8 Lei no 10.406, de 10 de janeiro de
�������������������������������������������������� de novembro de 2000, e no 10.098, 2002 (Código Civil).
de 19 de dezembro de 2000, bem
Art. 111. O art. 1o da Lei no 10.048, como o seu encaminhamento ao Art. 124. O § 1o do art. 2o desta
de 8 de novembro de 2000, passa Ministério Público e aos órgãos Lei deverá entrar em vigor em até
a vigorar com a seguinte redação: de regulação para adoção das 2 (dois) anos, contados da entrada
�������������������������������������������������� providências cabíveis. em vigor desta Lei.
Parágrafo único. Os relató-
Art. 112. A Lei no 10.098, de 19 de rios a que se refere o caput deste Art. 125. Devem ser observados
dezembro de 2000, passa a vigo- artigo deverão ser apresentados os prazos a seguir discriminados,
rar com as seguintes alterações: no prazo de 1 (um) ano a contar a partir da entrada em vigor des-
�������������������������������������������������� da entrada em vigor desta Lei. ta Lei, para o cumprimento dos
seguintes dispositivos:
Art. 113. A Lei no 10.257, de 10 de Art. 121. Os direitos, os prazos e I – incisos I e II do § 2o do
julho de 2001 (Estatuto da Cidade), as obrigações previstos nesta Lei art. 28, 48 (quarenta e oito) meses;
passa a vigorar com as seguintes não excluem os já estabelecidos II – § 6o do art. 44, 84 (oitenta

636
Estatuto da Pessoa com Deficiência
e quatro) meses;
III – art. 45, 24 (vinte e qua-
tro) meses;
IV – art. 49, 48 (quarenta e
oito) meses.

Art. 126. Prorroga-se até 31 de


dezembro de 2021 a vigência da
Lei no 8.989, de 24 de fevereiro
de 1995.

Art. 127. Esta Lei entra em vi-


gor após decorridos 180 (cento
e oitenta) dias de sua publica-
ção oficial.

Brasília, 6 de julho de 2015; 194o


da Independência e 127o da Re-
pública.

DILMA ROUSSEFF

Promulgada em 6/7/2015 e publicada


no DOU de 7/7/2015.

637
Lei Maria da Penha
ATUALIZADA ATÉ JANEIRO DE 2022

Atualização e revisão técnica: Coordenação de Edições Técnicas


A norma aqui apresentada não substitui as publicações do Diário Oficial da União.
Sumário

LEI MARIA DA PENHA

Lei no 11.340/2006
643 TÍTULO I – DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
643 TÍTULO II – DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER
643 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
644 CAPÍTULO II – DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER
644 TÍTULO III – DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E
FAMILIAR
644 CAPÍTULO I – DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO
644 CAPÍTULO II – DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E
FAMILIAR
645 CAPÍTULO III – DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL
646 TÍTULO IV – DOS PROCEDIMENTOS
646 CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
647 CAPÍTULO II – DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA
647 Seção I – Disposições Gerais
647 Seção II – Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o Agressor
648 Seção III – Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida
648 Seção IV – Do Crime de Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência
648 CAPÍTULO III – DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
648 CAPÍTULO IV – DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
649 TÍTULO V – DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR
649 TÍTULO VI – DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
649 TÍTULO VII – DISPOSIÇÕES FINAIS
Lei Maria da Penha

Lei no 11.340/2006

Cria mecanismos para coibir a blica Federativa do Brasil; dispõe Art. 4o Na interpretação desta
violência doméstica e familiar sobre a criação dos Juizados de Lei, serão considerados os fins
contra a mulher, nos termos do Violência Doméstica e Familiar sociais a que ela se destina e, es-
§ 8o do art. 226 da Constituição contra a Mulher; e estabelece pecialmente, as condições pecu-
Federal, da Convenção sobre a medidas de assistência e prote- liares das mulheres em situação
Eliminação de Todas as Formas de ção às mulheres em situação de de violência doméstica e familiar.
Discriminação contra as Mulheres violência doméstica e familiar.
e da Convenção Interamericana
para Prevenir, Punir e Erradicar a Art. 2o Toda mulher, indepen- TÍTULO II – DA VIOLÊNCIA
Violência contra a Mulher; dispõe dentemente de classe, raça, etnia, DOMÉSTICA E FAMILIAR
sobre a criação dos Juizados de orientação sexual, renda, cultura, CONTRA A MULHER
Violência Doméstica e Familiar nível educacional, idade e religião,
contra a Mulher; altera o Código goza dos direitos fundamentais CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
de Processo Penal, o Código Pe- inerentes à pessoa humana, sen- GERAIS
nal e a Lei de Execução Penal; e do-lhe asseguradas as oportuni-
dá outras providências. dades e facilidades para viver sem Art. 5o Para os efeitos desta Lei,
violência, preservar sua saúde configura violência doméstica e
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA física e mental e seu aperfeiçoa- familiar contra a mulher qual-
mento moral, intelectual e social. quer ação ou omissão baseada
Faço saber que o Congresso Na- no gênero que lhe cause morte,
cional decreta e eu sanciono a Art. 3o Serão asseguradas às lesão, sofrimento físico, sexual
seguinte Lei:1 mulheres as condições para o ou psicológico e dano moral ou
exercício efetivo dos direitos à patrimonial:
vida, à segurança, à saúde, à ali- I – no âmbito da unidade do-
TÍTULO I – DISPOSIÇÕES mentação, à educação, à cultura, méstica, compreendida como o
PRELIMINARES à moradia, ao acesso à justiça, ao espaço de convívio permanente
esporte, ao lazer, ao trabalho, à de pessoas, com ou sem vínculo
Art. 1o Esta Lei cria mecanismos cidadania, à liberdade, à dignida- familiar, inclusive as esporadica-
para coibir e prevenir a violên- de, ao respeito e à convivência mente agregadas;
cia doméstica e familiar contra familiar e comunitária. II – no âmbito da família, com-
a mulher, nos termos do § 8o do § 1o O poder público desen- preendida como a comunidade
art. 226 da Constituição Federal, volverá políticas que visem ga- formada por indivíduos que são
da Convenção sobre a Eliminação rantir os direitos humanos das ou se consideram aparentados,
de Todas as Formas de Violência mulheres no âmbito das relações unidos por laços naturais, por afi-
contra a Mulher, da Convenção In- domésticas e familiares no senti- nidade ou por vontade expressa;
teramericana para Prevenir, Punir do de resguardá-las de toda forma III – em qualquer relação ín-
e Erradicar a Violência contra a de negligência, discriminação, tima de afeto, na qual o agressor
Mulher e de outros tratados inter- exploração, violência, crueldade conviva ou tenha convivido com
nacionais ratificados pela Repú- e opressão. a ofendida, independentemente
§ 2o Cabe à família, à socie- de coabitação.
dade e ao poder público criar Parágrafo único. As relações
1
Nota do Editor (NE): nos dispositivos que as condições necessárias para pessoais enunciadas neste ar-
alteram normas, suprimiram-se as alterações
determinadas uma vez que já foram incor- o efetivo exercício dos direitos tigo independem de orientação
poradas às normas às quais se destinam. enunciados no caput. sexual.

643
Lei Maria da Penha
Art. 6o A violência doméstica e bens, valores e direitos ou re- nas Delegacias de Atendimento
familiar contra a mulher constitui cursos econômicos, incluindo à Mulher;
uma das formas de violação dos os destinados a satisfazer suas V – a promoção e a realização
direitos humanos. necessidades; de campanhas educativas de pre-
V – a violência moral, enten- venção da violência doméstica e
dida como qualquer conduta que familiar contra a mulher, voltadas
CAPÍTULO II – DAS FORMAS configure calúnia, difamação ou ao público escolar e à sociedade
DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA injúria. em geral, e a difusão desta Lei e
E FAMILIAR CONTRA A dos instrumentos de proteção aos
MULHER direitos humanos das mulheres;
TÍTULO III – DA VI – a celebração de convê-
Art. 7 São formas de violência
o ASSISTÊNCIA À MULHER nios, protocolos, ajustes, termos
doméstica e familiar contra a EM SITUAÇÃO DE ou outros instrumentos de pro-
mulher, entre outras: VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E moção de parceria entre órgãos
I – a violência física, entendi- FAMILIAR governamentais ou entre estes e
da como qualquer conduta que entidades não governamentais,
ofenda sua integridade ou saúde CAPÍTULO I – DAS tendo por objetivo a implementa-
corporal; MEDIDAS INTEGRADAS DE ção de programas de erradicação
II – a violência psicológica, da violência doméstica e familiar
entendida como qualquer condu- PREVENÇÃO contra a mulher;
ta que lhe cause dano emocional VII – a capacitação perma-
e diminuição da autoestima ou Art. 8o A política pública que nente das Polícias Civil e Militar,
que lhe prejudique e perturbe o visa coibir a violência doméstica da Guarda Municipal, do Corpo
pleno desenvolvimento ou que e familiar contra a mulher far-se- de Bombeiros e dos profissio-
vise degradar ou controlar suas -á por meio de um conjunto ar- nais pertencentes aos órgãos e
ações, comportamentos, crenças ticulado de ações da União, dos às áreas enunciados no inciso I
e decisões, mediante ameaça, Estados, do Distrito Federal e dos quanto às questões de gênero e
constrangimento, humilhação, Municípios e de ações não gover- de raça ou etnia;
manipulação, isolamento, vigi- namentais, tendo por diretrizes: VIII – a promoção de progra-
lância constante, perseguição I – a integração operacional mas educacionais que dissemi-
contumaz, insulto, chantagem, do Poder Judiciário, do Ministério nem valores éticos de irrestrito
violação de sua intimidade, ridicu- Público e da Defensoria Pública respeito à dignidade da pessoa
larização, exploração e limitação com as áreas de segurança pú- humana com a perspectiva de
do direito de ir e vir ou qualquer blica, assistência social, saúde, gênero e de raça ou etnia;
outro meio que lhe cause prejuízo educação, trabalho e habitação; IX – o destaque, nos currícu-
à saúde psicológica e à autode- II – a promoção de estudos e los escolares de todos os níveis
terminação; pesquisas, estatísticas e outras de ensino, para os conteúdos
III – a violência sexual, en- informações relevantes, com a relativos aos direitos humanos,
tendida como qualquer conduta perspectiva de gênero e de raça à equidade de gênero e de raça
que a constranja a presenciar, a ou etnia, concernentes às causas, ou etnia e ao problema da violên-
manter ou a participar de relação às consequências e à frequência cia doméstica e familiar contra
sexual não desejada, median- da violência doméstica e familiar a mulher.
te intimidação, ameaça, coação contra a mulher, para a sistema-
ou uso da força; que a induza a tização de dados, a serem unifi-
comercializar ou a utilizar, de cados nacionalmente, e a avalia- CAPÍTULO II – DA
qualquer modo, a sua sexualida- ção periódica dos resultados das ASSISTÊNCIA À MULHER
de, que a impeça de usar qualquer medidas adotadas; EM SITUAÇÃO DE
método contraceptivo ou que III – o respeito, nos meios de VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E
a force ao matrimônio, à gravi- comunicação social, dos valores FAMILIAR
dez, ao aborto ou à prostituição, éticos e sociais da pessoa e da fa-
mediante coação, chantagem, mília, de forma a coibir os papéis Art. 9o A assistência à mulher
suborno ou manipulação; ou que estereotipados que legitimem ou em situação de violência domés-
limite ou anule o exercício de seus exacerbem a violência doméstica tica e familiar será prestada de
direitos sexuais e reprodutivos; e familiar, de acordo com o esta- forma articulada e conforme os
IV – a violência patrimonial, belecido no inciso III do art. 1o, no princípios e as diretrizes pre-
entendida como qualquer condu- inciso IV do art. 3o e no inciso IV do vistos na Lei Orgânica da Assis-
ta que configure retenção, sub- art. 221 da Constituição Federal; tência Social, no Sistema Único
tração, destruição parcial ou total IV – a implementação de aten- de Saúde, no Sistema Único de
de seus objetos, instrumentos de dimento policial especializado Segurança Pública, entre outras
trabalho, documentos pessoais, para as mulheres, em particular normas e políticas públicas de

644
Lei Maria da Penha
proteção, e emergencialmente § 5o Os dispositivos de segu- nino – previamente capacitados.
quando for o caso. rança destinados ao uso em caso § 1o A inquirição de mulher
§ 1o O juiz determinará, por de perigo iminente e disponibili- em situação de violência domés-
prazo certo, a inclusão da mulher zados para o monitoramento das tica e familiar ou de testemunha
em situação de violência domés- vítimas de violência doméstica ou de violência doméstica, quan-
tica e familiar no cadastro de pro- familiar amparadas por medidas do se tratar de crime contra a
gramas assistenciais do governo protetivas terão seus custos res- mulher, obedecerá às seguintes
federal, estadual e municipal. sarcidos pelo agressor. diretrizes:
§ 2o O juiz assegurará à mu- § 6o O ressarcimento de que I – salvaguarda da integrida-
lher em situação de violência do- tratam os §§ 4o e 5o deste arti- de física, psíquica e emocional
méstica e familiar, para preservar go não poderá importar ônus de da depoente, considerada a sua
sua integridade física e psico- qualquer natureza ao patrimônio condição peculiar de pessoa em
lógica: da mulher e dos seus dependen- situação de violência doméstica
I – acesso prioritário à remo- tes, nem configurar atenuante ou e familiar;
ção quando servidora pública, in- ensejar possibilidade de substi- II – garantia de que, em ne-
tegrante da administração direta tuição da pena aplicada. nhuma hipótese, a mulher em si-
ou indireta; § 7o A mulher em situação de tuação de violência doméstica e
II – manutenção do vínculo violência doméstica e familiar tem familiar, familiares e testemunhas
trabalhista, quando necessário o prioridade para matricular seus terão contato direto com investi-
afastamento do local de trabalho, dependentes em instituição de gados ou suspeitos e pessoas a
por até seis meses; educação básica mais próxima eles relacionadas;
III – encaminhamento à as- de seu domicílio, ou transferi-los III – não revitimização da de-
sistência judiciária, quando for o para essa instituição, mediante a poente, evitando sucessivas in-
caso, inclusive para eventual ajui- apresentação dos documentos quirições sobre o mesmo fato
zamento da ação de separação comprobatórios do registro da nos âmbitos criminal, cível e ad-
judicial, de divórcio, de anulação ocorrência policial ou do processo ministrativo, bem como questio-
de casamento ou de dissolução de violência doméstica e familiar namentos sobre a vida privada.
de união estável perante o juízo em curso. § 2o Na inquirição de mulher
competente. § 8o Serão sigilosos os dados em situação de violência domés-
§ 3o A assistência à mulher da ofendida e de seus dependen- tica e familiar ou de testemunha
em situação de violência domés- tes matriculados ou transferidos de delitos de que trata esta Lei,
tica e familiar compreenderá o conforme o disposto no § 7o deste adotar-se-á, preferencialmente,
acesso aos benefícios decorren- artigo, e o acesso às informa- o seguinte procedimento:
tes do desenvolvimento científico ções será reservado ao juiz, ao I – a inquirição será feita em
e tecnológico, incluindo os ser- Ministério Público e aos órgãos recinto especialmente projetado
viços de contracepção de emer- competentes do poder público. para esse fim, o qual conterá os
gência, a profilaxia das Doenças equipamentos próprios e ade-
Sexualmente Transmissíveis (DST) quados à idade da mulher em
e da Síndrome da Imunodefici- CAPÍTULO III – DO situação de violência doméstica
ência Adquirida (AIDS) e outros ATENDIMENTO PELA e familiar ou testemunha e ao tipo
procedimentos médicos neces- AUTORIDADE POLICIAL e à gravidade da violência sofrida;
sários e cabíveis nos casos de II – quando for o caso, a in-
violência sexual. Art. 10. Na hipótese da iminên- quirição será intermediada por
§ 4o Aquele que, por ação ou cia ou da prática de violência profissional especializado em
omissão, causar lesão, violên- doméstica e familiar contra a violência doméstica e familiar
cia física, sexual ou psicológica mulher, a autoridade policial que designado pela autoridade judi-
e dano moral ou patrimonial a tomar conhecimento da ocorrên- ciária ou policial;
mulher fica obrigado a ressarcir cia adotará, de imediato, as pro- III – o depoimento será re-
todos os danos causados, inclu- vidências legais cabíveis. gistrado em meio eletrônico ou
sive ressarcir ao Sistema Único Parágrafo único. Aplica-se magnético, devendo a degrava-
de Saúde (SUS), de acordo com o disposto no caput deste artigo ção e a mídia integrar o inquérito.
a tabela SUS, os custos relativos ao descumprimento de medida
aos serviços de saúde prestados protetiva de urgência deferida. Art. 11. No atendimento à mulher
para o total tratamento das ví- em situação de violência domésti-
timas em situação de violência Art. 10-A. É direito da mulher em ca e familiar, a autoridade policial
doméstica e familiar, recolhidos situação de violência doméstica deverá, entre outras providências:
os recursos assim arrecadados ao e familiar o atendimento policial I – garantir proteção policial,
Fundo de Saúde do ente federado e pericial especializado, ininter- quando necessário, comunicando
responsável pelas unidades de rupto e prestado por servidores de imediato ao Ministério Público
saúde que prestarem os serviços. – preferencialmente do sexo femi- e ao Poder Judiciário;

645
Lei Maria da Penha
II – encaminhar a ofendida ao de existência, juntar aos autos Art. 12-C. Verificada a existência
hospital ou posto de saúde e ao essa informação, bem como no- de risco atual ou iminente à vida
Instituto Médico Legal; tificar a ocorrência à instituição ou à integridade física ou psico-
III – fornecer transporte para responsável pela concessão do lógica da mulher em situação de
a ofendida e seus dependentes registro ou da emissão do porte, violência doméstica e familiar, ou
para abrigo ou local seguro, quan- nos termos da Lei no 10.826, de 22 de seus dependentes, o agressor
do houver risco de vida; de dezembro de 2003 (Estatuto será imediatamente afastado do
IV – se necessário, acompa- do Desarmamento); lar, domicílio ou local de convivên-
nhar a ofendida para assegurar VII – remeter, no prazo legal, cia com a ofendida:
a retirada de seus pertences do os autos do inquérito policial ao I – pela autoridade judicial;
local da ocorrência ou do domi- juiz e ao Ministério Público. II – pelo delegado de polícia,
cílio familiar; § 1o O pedido da ofendida quando o Município não for sede
V – informar à ofendida os di- será tomado a termo pela auto- de comarca; ou
reitos a ela conferidos nesta Lei e ridade policial e deverá conter: III – pelo policial, quando o
os serviços disponíveis, inclusive I – qualificação da ofendida Município não for sede de comar-
os de assistência judiciária para e do agressor; ca e não houver delegado dispo-
o eventual ajuizamento perante II – nome e idade dos depen- nível no momento da denúncia.
o juízo competente da ação de dentes; § 1o Nas hipóteses dos inci-
separação judicial, de divórcio, III – descrição sucinta do fato sos II e III do caput deste artigo,
de anulação de casamento ou e das medidas protetivas solici- o juiz será comunicado no prazo
de dissolução de união estável. tadas pela ofendida; máximo de 24 (vinte e quatro)
IV – informação sobre a con- horas e decidirá, em igual prazo,
Art. 12. Em todos os casos de dição de a ofendida ser pessoa sobre a manutenção ou a revoga-
violência doméstica e familiar com deficiência e se da violên- ção da medida aplicada, devendo
contra a mulher, feito o registro cia sofrida resultou deficiência dar ciência ao Ministério Público
da ocorrência, deverá a autorida- ou agravamento de deficiência concomitantemente.
de policial adotar, de imediato, os preexistente. § 2o Nos casos de risco à in-
seguintes procedimentos, sem § 2o A autoridade policial de- tegridade física da ofendida ou à
prejuízo daqueles previstos no verá anexar ao documento referi- efetividade da medida protetiva
Código de Processo Penal: do no § 1o o boletim de ocorrência de urgência, não será concedida
I – ouvir a ofendida, lavrar o e cópia de todos os documentos liberdade provisória ao preso.
boletim de ocorrência e tomar a disponíveis em posse da ofendida.
representação a termo, se apre- § 3o Serão admitidos como
sentada;2 meios de prova os laudos ou pron- TÍTULO IV – DOS
II – colher todas as provas que tuários médicos fornecidos por PROCEDIMENTOS
servirem para o esclarecimento hospitais e postos de saúde.
do fato e de suas circunstâncias; CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES
III – remeter, no prazo de 48 Art. 12-A. Os Estados e o Distrito GERAIS
(quarenta e oito) horas, expedien- Federal, na formulação de suas
te apartado ao juiz com o pedido políticas e planos de atendimento Art. 13. Ao processo, ao julga-
da ofendida, para a concessão de à mulher em situação de violência mento e à execução das causas
medidas protetivas de urgência; doméstica e familiar, darão prio- cíveis e criminais decorrentes da
IV – determinar que se proce- ridade, no âmbito da Polícia Civil, prática de violência doméstica e
da ao exame de corpo de delito à criação de Delegacias Especia- familiar contra a mulher aplicar-
da ofendida e requisitar outros lizadas de Atendimento à Mulher -se-ão as normas dos Códigos de
exames periciais necessários; (Deams), de Núcleos Investigati- Processo Penal e Processo Civil e
V – ouvir o agressor e as tes- vos de Feminicídio e de equipes da legislação específica relativa
temunhas; especializadas para o atendimen- à criança, ao adolescente e ao
VI – ordenar a identificação to e a investigação das violências idoso que não conflitarem com
do agressor e fazer juntar aos graves contra a mulher. o estabelecido nesta Lei.
autos sua folha de antecedentes
criminais, indicando a existência Art. 12-B. (Vetado) Art. 14. Os Juizados de Violên-
de mandado de prisão ou registro § 1o (Vetado) cia Doméstica e Familiar contra
de outras ocorrências policiais § 2o (Vetado) a Mulher, órgãos da Justiça Or-
contra ele; § 3o A autoridade policial po- dinária com competência cível
VI-A – verificar se o agressor derá requisitar os serviços pú- e criminal, poderão ser criados
possui registro de porte ou posse blicos necessários à defesa da pela União, no Distrito Federal e
de arma de fogo e, na hipótese mulher em situação de violência nos Territórios, e pelos Estados,
doméstica e familiar e de seus para o processo, o julgamento e a
2
NE: ver ADI no 4.424. dependentes. execução das causas decorrentes

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Lei Maria da Penha
da prática de violência doméstica CAPÍTULO II – DAS inquérito policial ou da instrução
e familiar contra a mulher. MEDIDAS PROTETIVAS DE criminal, caberá a prisão preven-
Parágrafo único. Os atos pro- tiva do agressor, decretada pelo
cessuais poderão realizar-se em
URGÊNCIA juiz, de ofício, a requerimento do
horário noturno, conforme dispu- Seção I – Disposições Gerais Ministério Público ou median-
serem as normas de organização te representação da autoridade
judiciária. Art. 18. Recebido o expediente policial.
com o pedido da ofendida, caberá Parágrafo único. O juiz pode-
Art. 14-A. A ofendida tem a op- ao juiz, no prazo de 48 (quarenta rá revogar a prisão preventiva se,
ção de propor ação de divórcio ou e oito) horas: no curso do processo, verificar a
de dissolução de união estável no I – conhecer do expediente falta de motivo para que subsis-
Juizado de Violência Doméstica e e do pedido e decidir sobre as ta, bem como de novo decretá-
Familiar contra a Mulher. medidas protetivas de urgência; -la, se sobrevierem razões que a
§ 1o Exclui-se da competên- II – determinar o encaminha- justifiquem.
cia dos Juizados de Violência mento da ofendida ao órgão de
Doméstica e Familiar contra a assistência judiciária, quando Art. 21. A ofendida deverá ser
Mulher a pretensão relacionada for o caso, inclusive para o ajui- notificada dos atos processu-
à partilha de bens. zamento da ação de separação ais relativos ao agressor, espe-
§ 2o Iniciada a situação de judicial, de divórcio, de anulação cialmente dos pertinentes ao in-
violência doméstica e familiar de casamento ou de dissolução gresso e à saída da prisão, sem
após o ajuizamento da ação de de união estável perante o juízo prejuízo da intimação do advo-
divórcio ou de dissolução de união competente; gado constituído ou do defensor
estável, a ação terá preferência III – comunicar ao Ministério público.
no juízo onde estiver. Público para que adote as provi- Parágrafo único. A ofendida
dências cabíveis; não poderá entregar intimação ou
Art. 15. É competente, por op- IV – determinar a apreensão notificação ao agressor.
ção da ofendida, para os proces- imediata de arma de fogo sob a
sos cíveis regidos por esta Lei, o posse do agressor.
Juizado:
Seção II – Das Medidas
I – do seu domicílio ou de sua Art. 19. As medidas protetivas Protetivas de Urgência que
residência; de urgência poderão ser conce- Obrigam o Agressor
II – do lugar do fato em que didas pelo juiz, a requerimento
se baseou a demanda; do Ministério Público ou a pedido Art. 22. Constatada a prática
III – do domicílio do agressor. da ofendida. de violência doméstica e familiar
§ 1o As medidas protetivas de contra a mulher, nos termos desta
Art. 16. Nas ações penais públi- urgência poderão ser concedidas Lei, o juiz poderá aplicar, de ime-
cas condicionadas à representa- de imediato, independentemente diato, ao agressor, em conjunto
ção da ofendida de que trata esta de audiência das partes e de ma- ou separadamente, as seguintes
Lei, só será admitida a renúncia à nifestação do Ministério Público, medidas protetivas de urgência,
representação perante o juiz, em devendo este ser prontamente entre outras:
audiência especialmente desig- comunicado. I – suspensão da posse ou
nada com tal finalidade, antes do § 2o As medidas protetivas restrição do porte de armas, com
recebimento da denúncia e ouvi- de urgência serão aplicadas iso- comunicação ao órgão compe-
do o Ministério Público.3 lada ou cumulativamente, e po- tente, nos termos da Lei no 10.826,
derão ser substituídas a qual- de 22 de dezembro de 2003;
Art. 17. É vedada a aplicação, quer tempo por outras de maior II – afastamento do lar, domi-
nos casos de violência domésti- eficácia, sempre que os direitos cílio ou local de convivência com
ca e familiar contra a mulher, de reconhecidos nesta Lei forem a ofendida;
penas de cesta básica ou outras ameaçados ou violados. III – proibição de determi-
de prestação pecuniária, bem § 3o Poderá o juiz, a reque- nadas condutas, entre as quais:
como a substituição de pena que rimento do Ministério Público ou a) aproximação da ofendida,
implique o pagamento isolado a pedido da ofendida, conceder de seus familiares e das testemu-
de multa. novas medidas protetivas de ur- nhas, fixando o limite mínimo de
gência ou rever aquelas já con- distância entre estes e o agressor;
cedidas, se entender necessário b) contato com a ofendida,
à proteção da ofendida, de seus seus familiares e testemunhas
familiares e de seu patrimônio, por qualquer meio de comuni-
ouvido o Ministério Público. cação;
c) frequentação de determi-
3
NE: ver ADI no 4.424. Art. 20. Em qualquer fase do nados lugares a fim de preservar

647
Lei Maria da Penha
a integridade física e psicológica I – encaminhar a ofendida e são judicial que defere medidas
da ofendida; seus dependentes a programa protetivas de urgência previstas
IV – restrição ou suspensão oficial ou comunitário de prote- nesta Lei:
de visitas aos dependentes me- ção ou de atendimento; Pena – detenção, de 3 (três)
nores, ouvida a equipe de aten- II – determinar a recondução meses a 2 (dois) anos.
dimento multidisciplinar ou ser- da ofendida e a de seus depen- § 1o A configuração do crime
viço similar; dentes ao respectivo domicílio, independe da competência civil
V – prestação de alimentos após afastamento do agressor; ou criminal do juiz que deferiu
provisionais ou provisórios; III – determinar o afastamento as medidas.
VI – comparecimento do da ofendida do lar, sem prejuízo § 2o Na hipótese de prisão
agressor a programas de recu- dos direitos relativos a bens, guar- em flagrante, apenas a autoridade
peração e reeducação; e da dos filhos e alimentos; judicial poderá conceder fiança.
VII – acompanhamento psi- IV – determinar a separação § 3o O disposto neste artigo
cossocial do agressor, por meio de corpos; não exclui a aplicação de outras
de atendimento individual e/ou V – determinar a matrícula sanções cabíveis.
em grupo de apoio. dos dependentes da ofendida em
§ 1o As medidas referidas instituição de educação básica
neste artigo não impedem a apli- mais próxima do seu domicílio, CAPÍTULO III – DA
cação de outras previstas na le- ou a transferência deles para essa ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO
gislação em vigor, sempre que a instituição, independentemente PÚBLICO
segurança da ofendida ou as cir- da existência de vaga.
cunstâncias o exigirem, devendo Art. 25. O Ministério Público in-
a providência ser comunicada ao Art. 24. Para a proteção patri- tervirá, quando não for parte, nas
Ministério Público. monial dos bens da sociedade causas cíveis e criminais decor-
§ 2o Na hipótese de aplica- conjugal ou daqueles de proprie- rentes da violência doméstica e
ção do inciso I, encontrando-se o dade particular da mulher, o juiz familiar contra a mulher.
agressor nas condições mencio- poderá determinar, liminarmen-
nadas no caput e incisos do art. 6o te, as seguintes medidas, entre Art. 26. Caberá ao Ministério
da Lei no 10.826, de 22 de dezem- outras: Público, sem prejuízo de outras
bro de 2003, o juiz comunicará ao I – restituição de bens indevi- atribuições, nos casos de violên-
respectivo órgão, corporação ou damente subtraídos pelo agressor cia doméstica e familiar contra a
instituição as medidas protetivas à ofendida; mulher, quando necessário:
de urgência concedidas e deter- II – proibição temporária para I – requisitar força policial e
minará a restrição do porte de a celebração de atos e contratos serviços públicos de saúde, de
armas, ficando o superior ime- de compra, venda e locação de educação, de assistência social
diato do agressor responsável propriedade em comum, salvo e de segurança, entre outros;
pelo cumprimento da determina- expressa autorização judicial; II – fiscalizar os estabeleci-
ção judicial, sob pena de incorrer III – suspensão das procu- mentos públicos e particulares
nos crimes de prevaricação ou de rações conferidas pela ofendida de atendimento à mulher em si-
desobediência, conforme o caso. ao agressor; tuação de violência doméstica e
§ 3o Para garantir a efetivi- IV – prestação de caução pro- familiar, e adotar, de imediato, as
dade das medidas protetivas de visória, mediante depósito judi- medidas administrativas ou judi-
urgência, poderá o juiz requisitar, cial, por perdas e danos materiais ciais cabíveis no tocante a quais-
a qualquer momento, auxílio da decorrentes da prática de violên- quer irregularidades constatadas;
força policial. cia doméstica e familiar contra a III – cadastrar os casos de
§ 4o Aplica-se às hipóteses ofendida. violência doméstica e familiar
previstas neste artigo, no que Parágrafo único. Deverá o contra a mulher.
couber, o disposto no caput e juiz oficiar ao cartório compe-
nos §§ 5o e 6o do art. 461 da Lei tente para os fins previstos nos
no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 incisos II e III deste artigo. CAPÍTULO IV – DA
(Código de Processo Civil). ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
Seção IV – Do Crime de Art. 27. Em todos os atos pro-
Seção III – Das Medidas Descumprimento de Medidas cessuais, cíveis e criminais, a
Protetivas de Urgência à Protetivas de Urgência mulher em situação de violência
Ofendida doméstica e familiar deverá es-
Descumprimento de Medidas tar acompanhada de advogado,
Art. 23. Poderá o juiz, quando Protetivas de Urgência ressalvado o previsto no art. 19
necessário, sem prejuízo de ou- desta Lei.
tras medidas: Art. 24-A. Descumprir deci-

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Lei Maria da Penha
Art. 28. É garantido a toda mu- rados os Juizados de Violência ses e direitos transindividuais
lher em situação de violência do- Doméstica e Familiar contra a previstos nesta Lei poderá ser
méstica e familiar o acesso aos Mulher, as varas criminais acu- exercida, concorrentemente, pelo
serviços de Defensoria Pública ou mularão as competências cível Ministério Público e por asso-
de Assistência Judiciária Gratuita, e criminal para conhecer e julgar ciação de atuação na área, re-
nos termos da lei, em sede policial as causas decorrentes da prática gularmente constituída há pelo
e judicial, mediante atendimento de violência doméstica e familiar menos um ano, nos termos da
específico e humanizado. contra a mulher, observadas as legislação civil.
previsões do Título IV desta Lei, Parágrafo único. O requisi-
subsidiada pela legislação pro- to da pré-constituição poderá
TÍTULO V – DA EQUIPE cessual pertinente. ser dispensado pelo juiz quando
DE ATENDIMENTO Parágrafo único. Será garan- entender que não há outra en-
MULTIDISCIPLINAR tido o direito de preferência, nas tidade com representatividade
varas criminais, para o processo adequada para o ajuizamento da
Art. 29. Os Juizados de Violên- e o julgamento das causas refe- demanda coletiva.
cia Doméstica e Familiar contra a ridas no caput.
Mulher que vierem a ser criados Art. 38. As estatísticas sobre
poderão contar com uma equipe a violência doméstica e familiar
de atendimento multidisciplinar, TÍTULO VII – DISPOSIÇÕES contra a mulher serão incluídas
a ser integrada por profissionais FINAIS nas bases de dados dos órgãos
especializados nas áreas psicos- oficiais do Sistema de Justiça e
social, jurídica e de saúde. Art. 34. A instituição dos Juiza- Segurança a fim de subsidiar o
dos de Violência Doméstica e Fa- sistema nacional de dados e in-
Art. 30. Compete à equipe de miliar contra a Mulher poderá ser formações relativo às mulheres.
atendimento multidisciplinar, acompanhada pela implantação Parágrafo único. As Secre-
entre outras atribuições que lhe das curadorias necessárias e do tarias de Segurança Pública dos
forem reservadas pela legislação serviço de assistência judiciária. Estados e do Distrito Federal po-
local, fornecer subsídios por es- derão remeter suas informações
crito ao juiz, ao Ministério Público Art. 35. A União, o Distrito Fe- criminais para a base de dados do
e à Defensoria Pública, mediante deral, os Estados e os Municípios Ministério da Justiça.
laudos ou verbalmente em audi- poderão criar e promover, no limi-
ência, e desenvolver trabalhos te das respectivas competências: Art. 38-A. O juiz competente
de orientação, encaminhamen- I – centros de atendimento providenciará o registro da me-
to, prevenção e outras medidas, integral e multidisciplinar para dida protetiva de urgência.
voltados para a ofendida, o agres- mulheres e respectivos depen- Parágrafo único. As medi-
sor e os familiares, com especial dentes em situação de violência das protetivas de urgência serão
atenção às crianças e aos ado- doméstica e familiar; registradas em banco de dados
lescentes. II – casas-abrigos para mu- mantido e regulamentado pelo
lheres e respectivos dependentes Conselho Nacional de Justiça,
Art. 31. Quando a complexida- menores em situação de violência garantido o acesso do Ministério
de do caso exigir avaliação mais doméstica e familiar; Público, da Defensoria Pública e
aprofundada, o juiz poderá deter- III – delegacias, núcleos de dos órgãos de segurança pública
minar a manifestação de profis- defensoria pública, serviços de e de assistência social, com vistas
sional especializado, mediante saúde e centros de perícia médi- à fiscalização e à efetividade das
a indicação da equipe de aten- co-legal especializados no aten- medidas protetivas.
dimento multidisciplinar. dimento à mulher em situação de
violência doméstica e familiar; Art. 39. A União, os Estados, o
Art. 32. O Poder Judiciário, na IV – programas e campanhas Distrito Federal e os Municípios,
elaboração de sua proposta orça- de enfrentamento da violência no limite de suas competências
mentária, poderá prever recursos doméstica e familiar; e nos termos das respectivas
para a criação e manutenção da V – centros de educação e de leis de diretrizes orçamentárias,
equipe de atendimento multi- reabilitação para os agressores. poderão estabelecer dotações
disciplinar, nos termos da Lei de orçamentárias específicas, em
Diretrizes Orçamentárias. Art. 36. A União, os Estados, o cada exercício financeiro, para
Distrito Federal e os Municípios a implementação das medidas
promoverão a adaptação de seus estabelecidas nesta Lei.
TÍTULO VI – DISPOSIÇÕES órgãos e de seus programas às di-
TRANSITÓRIAS retrizes e aos princípios desta Lei. Art. 40. As obrigações previstas
nesta Lei não excluem outras de-
Art. 33. Enquanto não estrutu- Art. 37. A defesa dos interes- correntes dos princípios por ela

649
Lei Maria da Penha
adotados.

Art. 41. Aos crimes praticados


com violência doméstica e fa-
miliar contra a mulher, indepen-
dentemente da pena prevista, não
se aplica a Lei no 9.099, de 26 de
setembro de 1995.

Art. 42. O art. 313 do Decreto-lei


no 3.689, de 3 de outubro de 1941
(Código de Processo Penal), passa
a vigorar acrescido do seguinte
inciso IV:
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Art. 43. A alínea “f” do inciso II


do art. 61 do Decreto-lei no 2.848,
de 7 de dezembro de 1940 (Códi-
go Penal), passa a vigorar com a
seguinte redação:
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Art. 44. O art. 129 do Decreto-


-lei no 2.848, de 7 de dezembro de
1940 (Código Penal), passa a vigo-
rar com as seguintes alterações:
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Art. 45. O art. 152 da Lei no 7.210,


de 11 de julho de 1984 (Lei de Exe-
cução Penal), passa a vigorar com
a seguinte redação:
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Art. 46. Esta Lei entra em vigor


45 (quarenta e cinco) dias após
sua publicação.

Brasília, 7 de agosto de 2006;


185o da Independência e 118o da
República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Promulgada em 7/8/2006 e publicada


no DOU de 8/8/2006.

650
Secretaria de Editoração
e Publicações

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