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*O EX-BANQUEIRO EDUARDO MOREIRA CHEGOU AGORA E QUER

VIAJAR NA JANELA*
A principal justificativa para taxar
as fortunas é que as grandes
riquezas são essencialmente
improdutivas
Ladislau Dowbor

Eduardo Moreira está empenhado em mostrar que é uma farsa o Projeto


de Lei aprovado para taxar “super-ricos” ( brasileiro que ganha mais de R$ 300
mil por mês, e pode chegar a R$ 1,6 milhões) . Em síntese, ele procura mostrar,
algo que, mesmo tempo, nos faz suspeitar que o governo é inocente ou
que mente. Segundo ele, os “super-ricos” quando faziam saque pagavam
15% de imposto. Com a reforma, passarão a pagar 8%.
Reconheço seus méritos pela contribuição na campanha de Lula e é
sempre bom ter gente convertida para um campo político popular e
democrático. Mas ele está equivocado, no mínimo, ao fazer apenas um
recorte da Lei aprovada. Falta a ele, espero que seja só isso, imaginação
sociológica para ver além da árvore, a floresta inteira. Só assim, pode
entender que o Projeto de Lei não é ruim em si, e mesmo levando e
conta ter que negociado cargos com o Centrão, deve ter um resultado
positivo.
Eduardo Moreira, no seu instituto, Instituto Conhecimento Liberta (ICL)
fez um vídeo que viralizou nas redes sociais mostrando que era uma
farsa a Lei aprovada sobre impostos sobre os super-ricos.
Sua campanha para demonstrar que a Lei é enganosa, continuou.
Postou uma matéria com o deputado Glauber Braga do PSOL, no site do
ICL, que repete a fala do Eduardo Moreira: “As fortunas acumuladas até
hoje nos fundos, que deveriam ser taxadas em 15% no saque, vão ter
um desconto por parte do governo. Vão pagar apenas 8%”. Enquanto
todos os outros fundos de investimentos pagam 15% a cada semestre.

A conta que fizeram é muio simples e pouco política sobre o projeto de


lei que prevê a taxação dos fundos de alta renda: os fundos
exclusivos, com ativos no Brasil, e os fundos offshore, com bens
e aplicações no exterior. Pela legislação atual, os fundos de
alta renda, tanto no exterior quanto no Brasil, só são tributados
quando os detentores retiram seus lucros, o chamado “resgate”,
o que pode levar anos ou nunca acontecer pois querem fazer o
dinheiro render ou acumular. Com o projeto de lei, esses fundos
exclusivos passarão a ser taxados semestralmente em 15%, no
sistema chamado de “come-cotas”, e os offshore, uma vez por
ano, o que levará a um aumento da arrecadação federal.

É um dinheiro muito maior que o governo ganharia mesmo se os saques


continuassem sendo 15% por que são raros e ocasionais. O super-ricos
ganharam um benefício no saque, mas perdem mais ao serem taxados
por 15% a cada semestre. Como quem quer investir, quer guardar,
capital improdutivo, para ganhar na especulação, não sacavam. O
governo, com isso, arrecadava pouco com os saques, a partir da entrada
em vigor da nova Lei, vai passar a arrecadar mais cobrando 15% a cada
semestre.
Se os 15% semestrais desestimularem os fundos, o capital especulativo,
seus donos vão começar a sacar. O fluxo de saques aumentando, o
governo ganha muito. Por que é 8% sobre muito dinheiro.
E ganha porque esse capital, pra render, sacado, passa a ser investido
na produção, o que gera emprego.
Glauber, votou a favor porque sabe que a configuração política do
Congresso é impeditiva de mudanças radicais no sistema tributário. Ele
faz o papel dele marcando posição como mais à esquerda que o PT.
Em outra parte do noticiário, Glauber diz: “Ok, a mudança só vai valer
daqui para a frente. É bom, mas aí a gente não pode deixar de perguntar:
e os bilhões que eles pouparam no passado?”. Reconheceu que o que o
governo fez é bom? E pede algo inconstitucional, uma lei retroativa. Só
quem conseguiu fazer isso foi FHC com PEC na reeleição que contou
com o silêncio da mídia burguesa e a parceria com STF.
Outra crítica de Glauber: “Até o ano passado (esse incentivo) estava
restrito praticamente ao setor de infraestrutura, que garante praticamente
não-taxação, não-pagamento de imposto, em troca de investimento em
determinados setores.”
É o melhor que um governo pode querer para gerar emprego e aumentar
o PIB, tirar o dinheiro de capital especulativo para produtivo. Além, de
aumentar o PIB, ao gerar empregos, aumenta a arrecadação do governo.
O arcabouço fiscal acabou com isso, mas depois do governo de FHC
começou a existir uma guerra fiscal entre governadores que davam
isenção a empresas para ir para seus estados para gerar empregos. A
Ford, saiu de São Paulo e foi para Bahia, por exemplo, no tempo do
Antônio Magalhães.
Quando Lula ganhou a eleição diziam que ele não governaria por conta
de um Congresso que sua base não tem minoria. Lula tem tirado água de
pedra. Tem feito o que pode e tem mais acertos que erros. Ele não tem
feito o governo que quer, pois como escreveu Marx, nessa passagem do
18 Brumário de Luiz Bonaparte, escreveu: “ Os homens fazem sua
própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem
sob circunstâncias de sua escolha, e sim sob aquelas com que
se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo assado”.
As condições herdadas do passado é um Congresso de
maioria esmagadora eleita na esteira do bolsonarismo liderada
por Artur Lira e a condição de autonomia do BC que o cargo de
presidente é ocupado pelo bolsonarista Roberto Campos Neto.
Também, sinto que há uma má vontade da esquerda com
Haddad. O ministro da Fazenda não tem a retórica e a
capacidade para enfrentar as aberrações da Câmara que
Flavio Dino, mas talvez seja a pessoa de mais confiança de
Lula no governo. Foi ministro da Educação do governo lula,
eleito prefeito de são Paulo por Lula, escolhido por lula par ser
candidato pelo PT quando o presidente foi preso e convidado
por Lula para ser ministro da Fazenda. Foi convidado na
Conferência do Clima no Egito. Haddad mostrou tudo que
tentaria fazer mostrou o Lula que aprovou. Se existisse uma
régua, a uma linha do VAR para saber quem está mais à
esquerda, entre Hadad e Lula estariam na mesma posição que
Lula. Eduarda Moreira compartilha dessa má vontade.
Sergio Baptista do Santos

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