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Práxis na experiência de um programa de educação patrimonial em Caaporã - Paraíba

Valmir Manoel Mendes Junior


Arqueólogo pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás – PUC/GO

Willian Carboni Viana


Doutorando em Geografia
Faculdade de Letras da Universidade do Porto - FLUP (Portugal)

Resumo: o presente escrito, apresenta a experiência da educação patrimonial realizada no


âmbito do programa de salvamento de 11 sítios arqueológicos, situados no município de
Caaporã, litoral Sul do estado da Paraíba (Processo IPHAN número 01408.000241/2015-23).
A prática pedagógica foi feita através de oficinas direcionadas durante 2017, tendo como
público-alvo os professores da rede municipal e cerca de 200 alunos regulares do ensino
fundamental. O intuito era estabelecer uma relação transversal de metas da política nacional
de patrimônio cultural com a política nacional de educação, explorando as capacidades de
intersecção multidisciplinar aos ambientes de ensino. Deste modo, no primeiro momento, fez-
se um levantamento do patrimônio cultural do município de Caaporã e região, com vistas a
adaptar a proposta educativa para o fortalecimento da identidade individual e coletiva
(aproximação epistêmica). A prática pedagógica foi feita através de oficinas direcionadas à
conscientização sobre a importância do patrimônio, com elaboração de material didático
próprio, doado às escolas do município. Alguns questionamentos nortearam a elaboração do
material didático, tais como: o que faz um arqueólogo? O que é arqueologia? O que a
pesquisa arqueológico tem a ver com o cotidiano? O que é um sítio arqueológico? E, por que
fazer estudos ambientais e resgates arqueológicos? Contemplando, sobretudo, os elementos
componentes da história e arqueologia de Caaporã. O que reflete sobre os bens culturais
dentro dos preceitos da sustentabilidade, emponderamento e demonstração dos atributos
importantes na luta por melhorias de vida e inclusão social de diferentes grupos sociais.
Portanto, os encontros abrangeram tanto a conceituação teórica quanto a exposição dos
materiais arqueológicos locais/regionais, intentando a conscientização dos envolvidos; uma
vez que a educação patrimonial, num sentido amplo, converge à um processo permanente e
sistemático do trabalho educacional, representando umas das fontes de (auto)conhecimento
individual ou coletivo. A valorização do patrimônio arqueológico perpassa, essencialmente,
em selecionar a melhor estratégia em meio aos muitos discursos e agenciamentos
relacionados ao local e o contexto de sua inserção. Neste sentido, a arqueologia pública,
através da educação patrimonial, tem em seu cerne a proposição de ações de
compartilhamento do conhecimento arqueológico. Atualmente, e particularmente nos últimos
10 anos, as reflexões propostas como fundamento da educação patrimonial, partem da relação
com a formação social libertadora, pautada na pedagogia de Paulo Freire - ainda que ele não
tenha escrito sobre o assunto de modo ‘‘stricto sensu’’. No tocante a experiência percebida
pelos pesquisadores, pode se afirmar que o ambiente escolar assume papel excepcional na
promoção e mediação dos entendimentos acima citados, envolvendo métodos permissivos a
interação entre pesquisadores e comunidade - a legislação vigente torna isso obrigatório.
Verificou-se que os alunos e professores assimilaram os conteúdos e as explicações,
contemplando uma a abordagem participativa que permitiu a valorização do patrimônio que
se destaca em Caaporã. Ademais, ruas, casas, a esfera pública, o mundo da vida, seus sentidos
e rituais, manifestações culturais e simbólicas, os costumes e as tradições, o sagrado e o não-
sagrado, esses e outros, constituem compósitos socioculturais determinantes da compreensão
das materialidades que percorrem a capacidade de significar e dar significado.
Palavras-chave: Patrimônio Cultural. Educação Patrimonial. Ação Educativa.

Referências

COSTA, M. C. To do public Archaeology in Brazil: history, applicability and heritage


education. Encontro de Investigação Jovem da Universidade do Porto. In: Anais do Encontro
de Investigação Jovem da Universidade do Porto. Porto: Livro de Resumos IJUP, 2019, 142-
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Estratégias de preservação para o patrimônio cultural. Revista de Arqueologia Pública,
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fábrica de cimentos e lavras de calcário e argila, Votorantim Cimentos S/A. Relatório
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OOSTERBEEK, L. M. Da investigação à cenografia: construção de meta-realidades.
Porto: Departamento de Gestão de Território do IPT, 2003, 349-354. Disponível em:
<https://goo.gl/xkfydB>, acesso em 10 de agosto de 2021.

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