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Um movimento município e identificaram canais importantes para


o encaminhamento de suas demandas.
já interviu no Em continuidade ao processo iniciado no ano
anterior, o Movimento aprimorou o seu documento
orçamento! com a proposta de construção de quatro UBS para
o Projeto da LOA 2007, definindo quatro localidades
A região do Grajaú, distrito da subprefeitura da prioritárias. O novo documento recuperava o históri-
Capela do Socorro, zona Sul da cidade de São Paulo, co e legitimidade da demanda, levantada com base
é marcada pela carência extrema de equipamentos na pesquisa realizada em 2005, e foi encaminhado
públicos. O contínuo crescimento da população no à Secretaria Municipal de Saúde e à Câmara Muni-
Pólis - Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais - n o 27 - Agosto/07
distrito (hoje ultrapassa 400 mil habitantes) torna cipal. Como restavam poucos dias para o Executivo
urgente a construção de equipamentos públicos.
Por outro lado, o fato da maior parte do distrito
encaminhar o Projeto da LOA ao Legislativo, o Movi-
mento procurou centrar forças na intervenção junto
Como intervir na elaboração e execução
estar em áreas de mananciais e constituído por
ocupações irregulares e adensadas, enfrenta res-
à Câmara. Além de participar da audiência pública
na região Sul, as lideranças procuraram membros
do Orçamento Público
trições de serviços e equipamentos e dificulta a das Comissões de Saúde e de Finanças e Orçamento,
disponibilidade de áreas para construção. procurando comprometê-los com a apresentação de
Partindo da visível precariedade e falta de uni- propostas que contemplassem a demanda de cons-
dades de saúde na região, o Movimento Popular de
Saúde da Capela do Socorro realizou, em 2005, uma
trução das quatro UBS na LOA 2007.
As emendas prevendo dotações orçamentárias Editorial
pesquisa nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do específicas para a construção das quatro UBS foram Neste Repente discutimos como a população e os
distrito. A pesquisa permitiu identificar os principais apresentadas por vereadores mobilizados pelo Mo- movimentos sociais podem intervir na elaboração
problemas no atendimento e verificar as demandas, vimento. Porém, apenas uma delas (que já constava do Orçamento Público por meio da participação na
indicando a necessidade de construção de novas UBS. na LOA de 2005 e 2006) foi acatada pela Comissão elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA) e do
Apoiando-se na referência da Organização Mundial de de Finanças e Orçamento. monitoramento de sua execução. É fundamental
Saúde (OMS), que prevê a necessidade de uma UBS também participar na elaboração e no monitora-
para cada 20 mil habitantes, o Movimento passou a mento do Plano Plurianual (PPA) - que define as
reivindicar mais doze UBS locais para atendimento
da população usuária do SUS. Vale a pena este metas e prioridades para os próximos quatro anos
- e da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) - que
Diante do desafio de encaminhar os resultados
da pesquisa, o Movimento buscou se capacitar para
esforço todo? define metas e prioridades que serão inseridas na
LOA do ano seguinte (Ver Repente n° 12).
intervir no Orçamento Público. Inicialmente busca- Mesmo não tendo conseguido incluir dotações orça- O Orçamento Público é uma forma de planejar e
ram introduzir a meta de construção das doze UBS mentárias específicas para a construção das quatro executar receitas e despesas e, dessa forma, expressa
no PPA 2006-2009, elaborado em 2005. Porém, o
curto prazo restante para negociação e a falta de
UBS na LOA 2007, a experiência das lideranças na
Capela do Socorro mostra o aprendizado de traduzir
o compromisso do poder público com a garantia dos 2. Como traduzir
direitos dos cidadãos. É importante enfatizar que a
clareza sobre os canais e estratégias de intervenção
inviabilizaram a incorporação da demanda. Assim,
demandas em propostas orçamentárias e negociá-
las, definir estratégias de intervenção e identificar
participação popular neste processo é um direito demandas em
assegurado na Constituição Federal, no Estatuto da
surgiu o interesse de realizar um curso de capaci- canais para acompanhar a execução do orçamento Cidade e na Lei de Responsabilidade Fiscal. propostas
tação sobre orçamento público para as lideranças municipal para que o recurso previsto na LOA atenda
da região, procurando expandir conhecimentos, às necessidades locais. São caminhos de interlocução Os moradores do bairro conhecem de perto as difi-
culdades e carências da região e sabem identificar
informações e diretrizes para a ação coletiva.
Ao longo das oficinas, realizadas em agosto de
e pressão junto ao Estado! Para avançar é essencial
ampliar as bases do Movimento, fortalecendo a luta
1. Por que entender as diversas necessidades locais.
2006 com apoio do Pólis, os participantes acom-
panharam algumas dotações orçamentárias do
pela construção das novas UBS. e acompanhar o Contudo, para transformar estas necessidades
em demandas e propostas e negociá-las com o
orçamento público? poder público, antes de tudo cabe definir uma
pauta de prioridades locais, negociando os diversos
REPENTE: Participação Popular na Construção do Poder Local – é um boletim editado pelo ­Instituto Pólis para divulgar informa- Porque ele é um instrumento: interesses dos atores envolvidos e as demandas
ções e contribuir na formação de participantes de Conselhos de todo o país e pessoas interessadas em construir e fortalecer espaços • de transparência - que permite conhecer as existentes (por exemplo: asfaltar a rua, canalizar
participativos e de exercício da cidadania ativa. prioridades políticas que os governantes atribuem o córrego, construir a creche, etc).
EXPEDIENTE: PÓLIS – Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais – Organização Não- às suas ações de governo e avaliar o quanto essas Em seguida, é preciso mostrar ao poder público
Governamental de atuação nacional, constituída como sociedade civil sem fins lucrativos, apartidária e pluralista. prioridades são coerentes (ou não) com seus dis- que as demandas são legítimas e prioritárias. Para
Seu objetivo é a melhoria da qualidade de vida, o desenvolvimento sustentável, a ampliação dos direitos de
cidadania e a democratização da sociedade. Rua Araújo, 124. CEP: 01220-020. São Paulo - SP. Tel. (0xx11)
cursos e suas propostas de governo; isso é possível recorrer a indicadores socioeconô-
21746800 / Fax. (0xx11) 21746848. http://www.polis.org.br Autores: José Augusto Ribeiro e Juliana Lordello • de intervenção e articulação - que possibilita micos e pesquisas.
Sicoli. Colaboradores: Maria do Carmo A. Albuquerque, Inácio da Silva, Jorge Kayano e Vilma Barban. Responsáveis: traduzir as necessidades da sociedade organi- Ao articular a sociedade civil organizada na de-
Ana Claudia C. Teixeira e Lizandra Serafim. Equipe Editorial: Iara Rolnik Xavier. Editoração: Silvia Amstalden. zada em propostas a serem inseridas na peça fesa de prioridades comuns, as lideranças fortalecem
Ilustrações: Patricia Maria Woll . O Instituto Pólis integra o Fórum Nacional de Participação Popular. orçamentária, visando o atendimento efetivo das a mobilização local para intervenção no processo
O Instituto Pólis integra o Fórum Nacional de Participação Popular. demandas sociais. Por isso, sua participação é orçamentário, aumentando a possibilidade de in-
muito importante! corporação das demandas no orçamento.
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3. Quando intervir na LOA? Obs.: A data das audiências podem mudar no seu municí-
pio. Essas informações são da Secretaria da Comissão de
4. Que espaços
No poder Executivo Finanças da Câmara Municipal de São Paulo.
procurar para
Etapa Quando Fique atento! intervenção na
Elaboração de proposta Abril a Desde esta etapa é fundamental que os movimentos apresentem elaboração e
de previsão de despesas
anuais com base nas prio-
agosto e busquem negociar suas pautas de prioridades junto aos órgãos
da Prefeitura - coordenadorias, supervisões das subprefeituras, execução da LOA?
ridades estabelecidas. secretarias e seus departamentos. Canais de participação (direta e institucional)
Consolidação da proposta Agosto a Neste momento, as prefeituras promovem audiências públicas, • Audiências Públicas
geral pela equipe de governo setembro garantidas em Lei, que são ocasiões preciosas para os movimentos • Associações de bairro
depois de enviada a estima- apresentarem e legitimarem suas prioridades. Embora as audi- • Movimentos organizados
tiva de despesas por parte ências sejam consultivas, é importante mobilizar a população • Redes e Fóruns
das secretarias de Finanças local para reforçar as pautas de prioridades regionais e aumentar • Conselhos Tutelares
e de Planejamento. a pressão para que a Prefeitura as insira no projeto de lei que • Conselhos Gestores de unidades
será enviado ao Legislativo. • Conselho das Subprefeituras
• Conselhos Municipais de Políticas Públicas

Envio da proposta da LOA pelo Até O projeto de lei é entregue ao presidente da Câmara Municipal. Poder Executivo
prefeito ao Legislativo. 30 de • Supervisões e Coordenadorias das Subprefeituras
setembro • Coordenadorias Regionais
Como a lei orçamentária é uma autorização de • Secretarias Municipais
despesas, o poder Executivo não tem obrigação
Câmara dos Vereadores
No poder Legislativo de cumprir tudo o que está previsto no orça-
• Comissão de Finanças e Orçamento
O presidente da Câmara encaminha o projeto de lei da LOA para a Comissão de Finanças e Orçamento, mento. Ele está autorizado a e não obrigado a,
por isso são fundamentais o acompanhamento • Comissões Permanentes e Temáticas
que conduzirá as seguintes etapas: • Bancadas de partidos
e pressão social para que o governante cumpra
Etapa Quando Fique atento! seu planejamento. Outros
• Imprensa
Realização de, no mínimo, duas Outubro a Nestas audiências, os movimentos podem buscar o apoio • Ministério Público
audiências públicas, de acordo novembro dos vereadores às suas demandas, para adequar o Projeto do • Tribunal de Contas
com a Lei Orgânica do Município Executivo às necessidades da população. No município de São • Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
(LOM) e o Regimento Interno Paulo, além das audiências obrigatórias, a Comissão de Finanças Indicadores • Ouvidorias
das Câmaras Municipais. e Orçamento realiza audiências regionais e/ou temáticas.
ajudam a mostrar
Emissão de parecer pelo rela- Novembro Neste parecer, o relator sintetiza as alterações sugeridas nas
tor e envio do projeto alterado a dezembro audiências públicas. É importante conhecê-lo, conferindo se as que as propostas
ao Plenário da Câmara para ser
discutido e votado.
demandas estão no projeto alterado pelo relator. Vale ressaltar
que uma proposta acatada neste primeiro momento costuma são legítimas e
ter mais força do que aquelas inseridas por meio de emenda.
prioritárias
Após a primeira votação, o Dezembro Caso as propostas dos movimentos não tenham sido acatadas Indicadores são dados colhidos sobre uma realidade
projeto volta à Comissão de em nenhuma das etapas acima, é possível incluí-las por meio de social que ajudam a entendermos melhor sobre ela,
Finanças e Orçamento para emendas que têm maior chance de serem acatadas quando apre- realizando o seu monitoramento. Eles contribuem
receber emendas por parte dos sentadas por um coletivo de vereadores, especialmente se eles para o diagnóstico, o planejamento, o estabele-
vereadores, que têm o prazo de são de diferentes partidos. Assim, uma boa estratégia é negociar cimento de prioridades e a avaliação das políticas
duas sessões para apresentá- a apresentação de emendas junto às Comissões Permanentes e públicas e são um importante instrumento para o
las à Comissão. Temáticas, que reúnem vereadores de diferentes partidos. diálogo e o debate dos movimentos sociais com
o governo. Um exemplo de indicador pode ser o
déficit de vagas em creches no município, que
Elaboração de parecer sobre Dezembro É importante que os movimentos procurem os vereadores que se
demonstra a relação entre o número de vagas exis-
as emendas apresentadas. Se comprometeram com a apresentação de emendas para conferir
tentes em creches pelo número de crianças entre
aprovado, o projeto de lei é se elas foram acatadas pela Comissão de Finanças e Orçamento.
zero e três anos. Em geral, o número de habitantes
enviado à sanção do prefeito. Mesmo se a emenda não for acatada, é necessário assegurar o
em idade de frequentar as creches é maior do que
A Prefeitura então publica a compromisso dos seus proponentes com as necessidades locais,
o número de vagas, por isso o nome déficit.
LOA no Diário Oficial. por meio do acompanhamento da execução orçamentária.
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3. Quando intervir na LOA? Obs.: A data das audiências podem mudar no seu municí-
pio. Essas informações são da Secretaria da Comissão de
4. Que espaços
No poder Executivo Finanças da Câmara Municipal de São Paulo.
procurar para
Etapa Quando Fique atento! intervenção na
Elaboração de proposta Abril a Desde esta etapa é fundamental que os movimentos apresentem elaboração e
de previsão de despesas
anuais com base nas prio-
agosto e busquem negociar suas pautas de prioridades junto aos órgãos
da Prefeitura - coordenadorias, supervisões das subprefeituras, execução da LOA?
ridades estabelecidas. secretarias e seus departamentos. Canais de participação (direta e institucional)
Consolidação da proposta Agosto a Neste momento, as prefeituras promovem audiências públicas, • Audiências Públicas
geral pela equipe de governo setembro garantidas em Lei, que são ocasiões preciosas para os movimentos • Associações de bairro
depois de enviada a estima- apresentarem e legitimarem suas prioridades. Embora as audi- • Movimentos organizados
tiva de despesas por parte ências sejam consultivas, é importante mobilizar a população • Redes e Fóruns
das secretarias de Finanças local para reforçar as pautas de prioridades regionais e aumentar • Conselhos Tutelares
e de Planejamento. a pressão para que a Prefeitura as insira no projeto de lei que • Conselhos Gestores de unidades
será enviado ao Legislativo. • Conselho das Subprefeituras
• Conselhos Municipais de Políticas Públicas

Envio da proposta da LOA pelo Até O projeto de lei é entregue ao presidente da Câmara Municipal. Poder Executivo
prefeito ao Legislativo. 30 de • Supervisões e Coordenadorias das Subprefeituras
setembro • Coordenadorias Regionais
Como a lei orçamentária é uma autorização de • Secretarias Municipais
despesas, o poder Executivo não tem obrigação
Câmara dos Vereadores
No poder Legislativo de cumprir tudo o que está previsto no orça-
• Comissão de Finanças e Orçamento
O presidente da Câmara encaminha o projeto de lei da LOA para a Comissão de Finanças e Orçamento, mento. Ele está autorizado a e não obrigado a,
por isso são fundamentais o acompanhamento • Comissões Permanentes e Temáticas
que conduzirá as seguintes etapas: • Bancadas de partidos
e pressão social para que o governante cumpra
Etapa Quando Fique atento! seu planejamento. Outros
• Imprensa
Realização de, no mínimo, duas Outubro a Nestas audiências, os movimentos podem buscar o apoio • Ministério Público
audiências públicas, de acordo novembro dos vereadores às suas demandas, para adequar o Projeto do • Tribunal de Contas
com a Lei Orgânica do Município Executivo às necessidades da população. No município de São • Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
(LOM) e o Regimento Interno Paulo, além das audiências obrigatórias, a Comissão de Finanças Indicadores • Ouvidorias
das Câmaras Municipais. e Orçamento realiza audiências regionais e/ou temáticas.
ajudam a mostrar
Emissão de parecer pelo rela- Novembro Neste parecer, o relator sintetiza as alterações sugeridas nas
tor e envio do projeto alterado a dezembro audiências públicas. É importante conhecê-lo, conferindo se as que as propostas
ao Plenário da Câmara para ser
discutido e votado.
demandas estão no projeto alterado pelo relator. Vale ressaltar
que uma proposta acatada neste primeiro momento costuma são legítimas e
ter mais força do que aquelas inseridas por meio de emenda.
prioritárias
Após a primeira votação, o Dezembro Caso as propostas dos movimentos não tenham sido acatadas Indicadores são dados colhidos sobre uma realidade
projeto volta à Comissão de em nenhuma das etapas acima, é possível incluí-las por meio de social que ajudam a entendermos melhor sobre ela,
Finanças e Orçamento para emendas que têm maior chance de serem acatadas quando apre- realizando o seu monitoramento. Eles contribuem
receber emendas por parte dos sentadas por um coletivo de vereadores, especialmente se eles para o diagnóstico, o planejamento, o estabele-
vereadores, que têm o prazo de são de diferentes partidos. Assim, uma boa estratégia é negociar cimento de prioridades e a avaliação das políticas
duas sessões para apresentá- a apresentação de emendas junto às Comissões Permanentes e públicas e são um importante instrumento para o
las à Comissão. Temáticas, que reúnem vereadores de diferentes partidos. diálogo e o debate dos movimentos sociais com
o governo. Um exemplo de indicador pode ser o
déficit de vagas em creches no município, que
Elaboração de parecer sobre Dezembro É importante que os movimentos procurem os vereadores que se
demonstra a relação entre o número de vagas exis-
as emendas apresentadas. Se comprometeram com a apresentação de emendas para conferir
tentes em creches pelo número de crianças entre
aprovado, o projeto de lei é se elas foram acatadas pela Comissão de Finanças e Orçamento.
zero e três anos. Em geral, o número de habitantes
enviado à sanção do prefeito. Mesmo se a emenda não for acatada, é necessário assegurar o
em idade de frequentar as creches é maior do que
A Prefeitura então publica a compromisso dos seus proponentes com as necessidades locais,
o número de vagas, por isso o nome déficit.
LOA no Diário Oficial. por meio do acompanhamento da execução orçamentária.
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5. Um movimento município e identificaram canais importantes para
o encaminhamento de suas demandas.
já interviu no Em continuidade ao processo iniciado no ano
anterior, o Movimento aprimorou o seu documento
orçamento! com a proposta de construção de quatro UBS para
o Projeto da LOA 2007, definindo quatro localidades
A região do Grajaú, distrito da subprefeitura da prioritárias. O novo documento recuperava o históri-
Capela do Socorro, zona Sul da cidade de São Paulo, co e legitimidade da demanda, levantada com base
é marcada pela carência extrema de equipamentos na pesquisa realizada em 2005, e foi encaminhado
públicos. O contínuo crescimento da população no à Secretaria Municipal de Saúde e à Câmara Muni-
Pólis - Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais - n o 27 - Agosto/07
distrito (hoje ultrapassa 400 mil habitantes) torna cipal. Como restavam poucos dias para o Executivo
urgente a construção de equipamentos públicos.
Por outro lado, o fato da maior parte do distrito
encaminhar o Projeto da LOA ao Legislativo, o Movi-
mento procurou centrar forças na intervenção junto
Como intervir na elaboração e execução
estar em áreas de mananciais e constituído por
ocupações irregulares e adensadas, enfrenta res-
à Câmara. Além de participar da audiência pública
na região Sul, as lideranças procuraram membros
do Orçamento Público
trições de serviços e equipamentos e dificulta a das Comissões de Saúde e de Finanças e Orçamento,
disponibilidade de áreas para construção. procurando comprometê-los com a apresentação de
Partindo da visível precariedade e falta de uni- propostas que contemplassem a demanda de cons-
dades de saúde na região, o Movimento Popular de
Saúde da Capela do Socorro realizou, em 2005, uma
trução das quatro UBS na LOA 2007.
As emendas prevendo dotações orçamentárias Editorial
pesquisa nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do específicas para a construção das quatro UBS foram Neste Repente discutimos como a população e os
distrito. A pesquisa permitiu identificar os principais apresentadas por vereadores mobilizados pelo Mo- movimentos sociais podem intervir na elaboração
problemas no atendimento e verificar as demandas, vimento. Porém, apenas uma delas (que já constava do Orçamento Público por meio da participação na
indicando a necessidade de construção de novas UBS. na LOA de 2005 e 2006) foi acatada pela Comissão elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA) e do
Apoiando-se na referência da Organização Mundial de de Finanças e Orçamento. monitoramento de sua execução. É fundamental
Saúde (OMS), que prevê a necessidade de uma UBS também participar na elaboração e no monitora-
para cada 20 mil habitantes, o Movimento passou a mento do Plano Plurianual (PPA) - que define as
reivindicar mais doze UBS locais para atendimento
da população usuária do SUS. Vale a pena este metas e prioridades para os próximos quatro anos
- e da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) - que
Diante do desafio de encaminhar os resultados
da pesquisa, o Movimento buscou se capacitar para
esforço todo? define metas e prioridades que serão inseridas na
LOA do ano seguinte (Ver Repente n° 12).
intervir no Orçamento Público. Inicialmente busca- Mesmo não tendo conseguido incluir dotações orça- O Orçamento Público é uma forma de planejar e
ram introduzir a meta de construção das doze UBS mentárias específicas para a construção das quatro executar receitas e despesas e, dessa forma, expressa
no PPA 2006-2009, elaborado em 2005. Porém, o
curto prazo restante para negociação e a falta de
UBS na LOA 2007, a experiência das lideranças na
Capela do Socorro mostra o aprendizado de traduzir
o compromisso do poder público com a garantia dos 2. Como traduzir
direitos dos cidadãos. É importante enfatizar que a
clareza sobre os canais e estratégias de intervenção
inviabilizaram a incorporação da demanda. Assim,
demandas em propostas orçamentárias e negociá-
las, definir estratégias de intervenção e identificar
participação popular neste processo é um direito demandas em
assegurado na Constituição Federal, no Estatuto da
surgiu o interesse de realizar um curso de capaci- canais para acompanhar a execução do orçamento Cidade e na Lei de Responsabilidade Fiscal. propostas
tação sobre orçamento público para as lideranças municipal para que o recurso previsto na LOA atenda
da região, procurando expandir conhecimentos, às necessidades locais. São caminhos de interlocução Os moradores do bairro conhecem de perto as difi-
culdades e carências da região e sabem identificar
informações e diretrizes para a ação coletiva.
Ao longo das oficinas, realizadas em agosto de
e pressão junto ao Estado! Para avançar é essencial
ampliar as bases do Movimento, fortalecendo a luta
1. Por que entender as diversas necessidades locais.
2006 com apoio do Pólis, os participantes acom-
panharam algumas dotações orçamentárias do
pela construção das novas UBS. e acompanhar o Contudo, para transformar estas necessidades
em demandas e propostas e negociá-las com o
orçamento público? poder público, antes de tudo cabe definir uma
pauta de prioridades locais, negociando os diversos
REPENTE: Participação Popular na Construção do Poder Local – é um boletim editado pelo ­Instituto Pólis para divulgar informa- Porque ele é um instrumento: interesses dos atores envolvidos e as demandas
ções e contribuir na formação de participantes de Conselhos de todo o país e pessoas interessadas em construir e fortalecer espaços • de transparência - que permite conhecer as existentes (por exemplo: asfaltar a rua, canalizar
participativos e de exercício da cidadania ativa. prioridades políticas que os governantes atribuem o córrego, construir a creche, etc).
EXPEDIENTE: PÓLIS – Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais – Organização Não- às suas ações de governo e avaliar o quanto essas Em seguida, é preciso mostrar ao poder público
Governamental de atuação nacional, constituída como sociedade civil sem fins lucrativos, apartidária e pluralista. prioridades são coerentes (ou não) com seus dis- que as demandas são legítimas e prioritárias. Para
Seu objetivo é a melhoria da qualidade de vida, o desenvolvimento sustentável, a ampliação dos direitos de
cidadania e a democratização da sociedade. Rua Araújo, 124. CEP: 01220-020. São Paulo - SP. Tel. (0xx11)
cursos e suas propostas de governo; isso é possível recorrer a indicadores socioeconô-
21746800 / Fax. (0xx11) 21746848. http://www.polis.org.br Autores: José Augusto Ribeiro e Juliana Lordello • de intervenção e articulação - que possibilita micos e pesquisas.
Sicoli. Colaboradores: Maria do Carmo A. Albuquerque, Inácio da Silva, Jorge Kayano e Vilma Barban. Responsáveis: traduzir as necessidades da sociedade organi- Ao articular a sociedade civil organizada na de-
Ana Claudia C. Teixeira e Lizandra Serafim. Equipe Editorial: Iara Rolnik Xavier. Editoração: Silvia Amstalden. zada em propostas a serem inseridas na peça fesa de prioridades comuns, as lideranças fortalecem
Ilustrações: Patricia Maria Woll . O Instituto Pólis integra o Fórum Nacional de Participação Popular. orçamentária, visando o atendimento efetivo das a mobilização local para intervenção no processo
O Instituto Pólis integra o Fórum Nacional de Participação Popular. demandas sociais. Por isso, sua participação é orçamentário, aumentando a possibilidade de in-
muito importante! corporação das demandas no orçamento.
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