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Dispositivo de disciplina escolar

O dispositivo escolhido por mim repousa na figura do diretor ou diretora da


escola. Entretanto, a figura masculina tende a ser um pouco mais temida.

Visto como a autoridade máxima em um ambiente escolar, é talvez a maior


autoridade na vida de alguém em formação, assim como o é a figura do professor.

A escolha do(a) diretor(a) leva em conta o fato de que essa figura condiciona
o comportamento de todos no ambiente escolar. Sua presença ou ausência é que, na
maioria das vezes, dá o tom do andamento ou não do dia a dia da escola.

É impressionante como os entes escolares modificam seu comportamento


diante da presença ou ausência do(a) diretor(a). Tudo funciona razoavelmente bem: os
funcionários que não exercem diretamente uma função pedagógica cumprem suas
funções; os professores presentes na escola também se comportam de maneira mais
profissional; os alunos tendem a ter mais cuidado com o cumprimento das regras
escolares.

Observando o oposto, é percebido que na ausência do(a) diretor(a) os


comportamentos, também na maioria das vezes, tendem a ser outros: os funcionários
que não exercem diretamente uma função pedagógica, se tornam mais relapsos em
suas funções; os professores presentes na escola tendem a diminuir a intensidade do
seu trabalho e, usando uma linguagem mais usual da classe docente, passam a
“enrolar” mais; os alunos tendem a ter menos compromisso com o cumprimento das
regras escolares.

A partir das leituras propostas, principalmente o texto INFÂNCIA E HISTÓRIA


Ensaio sobre a destruição da experiência percebo que essa inconstância nos
comportamentos citados acima se dá pelo esvaziamento do discurso e da ação da
autoridade incumbida da transmissão de uma forma específica de experiência. Esse
esvaziamento do discurso e da ação não se dá apenas no espaço escolar. Como é
afirmado no texto citado acima:

“Hoje ninguém mais parece dispor de autoridade suficiente


para garantir uma experiência... Ao contrário, o que caracteriza
o tempo presente é que toda autoridade tem o seu
fundamento no “inexperienciável”, e ninguém admitiria aceitar
como válida uma autoridade cujo único título de legitimação
fosse a experiência” (AGAMBEN,2005 p. 23)

É claro que as pessoas anseiam por experiências cuja autoridade se verifique


no discurso e este, no testemunho de quem discursa. Na minha própria experiência de
vida é o que também trago como parâmetro para determinar que experiências serão
significativas para mim: relacionar a autoridade do discurso com a ação ou testemunho
do discursante.

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