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A actividade supervisiva é vista não só no contexto da sala de aula, mas no contexto mais
abrangente de escola, que ultimamente sofreu várias mudanças e desafios. Passou-se de
uma cultura escrita para uma visual, dentro de um mundo de maior complexidade
tecnológica, o que coloca questões significativas nas relações entre professores e
estudantes, escola e casa, a vida da sala de aula e o mundo para além da mesma. Os
professores foram-se adaptando a estas mudanças, tiveram de diversificar as estratégias,
dentro da sala de aula. A Supervisão Pedagógica deve ser essencialmente motivada e
movida por processos de participação activa, de reflexão conjunta, de colaboração
entusiasmada, de espírito democrático e aberto à mudança.
Segundo Gaspar, Seabra e Neves (2012, p. 30), o conceito de supervisão “integra dois
étimos com raiz latina: “super” (com o significado de “sobre”) e “vídeo” (com o significado
de “ver”). De acordo com os mesmos autores, o primeiro significado de “super” resulta da
“ interpretação linear “olhar de ou por cima””, admitindo, assim uma visão global e
assumiu-se relacionada com as seguintes palavras: inspecionar, fiscalizar, controlar,
avaliar e impor. Assim sendo, devemos olhar sempre para o papel da supervisão como
forma de orientação e monitorização das práticas docentes.
Alarcão e Roldão (2008, p. 54), afirmam que “a natureza da supervisão surge com a
função de apoiar e regular, preparando para a actuação em situações complexas, a exigir
adaptabilidade; a observação crítica; a problematização e a pesquisa; o diálogo; a
experiência de diferentes papéis; o relacionamento plural e multifacetado; o
autoconhecimento relativo a saberes e a práticas”.
Toda a supervisão abarca vários domínios, tal como mencionam (Alarcão e Canha 2013,
p. 16), “supervisão financeira, supervisão dos mercados de valores mobiliários,
supervisão de professores, supervisão pedagógica, supervisão clínica, supervisão da
investigação, supervisão da formação, supervisão curricular, supervisão institucional (…)”.
Para Prates, Aranha e Loureiro (2010), o líder dentro da escola não é só o diretor mas
também aqueles que são responsáveis pela gestão intermédia, designação, na legislação
em vigor, de estruturas de coordenação educativa e supervisão pedagógica. Estes
autores entendem que a supervisão escolar está associada a práticas de planifi cação,
organização, liderança, apoio, formação e avaliação, visando a mobilização de todos os
profi ssionais do ensino, numa ação conjunta e interação dinâmica adequada à
consecução dos objetivos da escola. É este sentido que tem marcado o discurso
normativo da última década.
(Rangel, 2001, p.50) “vai mais longe e afi rma mesmo que o supervisor é um “líder de
comunidades formativas” ou de “comunidades aprendentes” (Alarcão, 2009, p.126).
Idealmente sugere-se que o supervisor tenha características de um líder com uma visão
estratégica. Possuir pensamento estratégico poderá entender-se como ter uma perspetiva
de futuro baseada nos acontecimentos do passado, fazendo-se um acompanhamento
assíduo do plano elaborado. Importará anotar que tanto a supervisão como a liderança
são marcadas e, até estruturadas, por estilos diferentes. Indicam-se, num breve
apontamento, os estilos mais comuns dentro de qualquer destes conceitos. Relativamente
à liderança, distinguimos os estilos, segundo Lewin(1939):
Enquanto se apontam como estilos mais comuns do supervisor os referidos por Glickman
(1985):
Pensamos que a acção supervisora, sendo rica e complexa, não recai apenas no trabalho
burocrático do quotidiano das escolas. Assim, e extrapolando em muito o espaço físico de
um gabinete, o exercício desta função requer fundamentalmente a competência humana.
Em diferentes abordagens e autores, a compreensão empática, a necessidade de o
supervisor se conseguir colocar no lugar oposto, e, fundamentalmente, a capacidade em
conseguir identificar e acionar problemas e soluções, respetivamente, são traços de
personalidade e competências que um supervisor necessita. Neste capítulo, abordaremos
não só o conceito de supervisão, como também a questão das relações interpessoais que
ocorrem neste âmbito.
O conceito supervisão, no contexto educacional, mais propriamente, na formação inicial
de professores remonta aos anos 30 e desenvolveu-se fortemente nos EUA a partir dos
anos 50, com o aparecimento da supervisão clínica. Após uma época que conotava a
supervisão de conceitos como “chefia” e inspeção”, liga-se agora, e após vários estudos,
a supervisão a conceitos como “orientar”, “integrar”, “organizar”, “gerir” e “encaminhar”.
Para Alarcão (1993) apud Augusto, A. R. M “supervisão pode definir-se como «atuação de
monitorização sistemática da prática pedagógica, sobretudo através de procedimentos de
reflexão e de experimentação; ao supervisor à moda antiga (experiente, perspicaz,
inteligente, sensato e simpático, perseverante e imaginativo) deve acrescentar-se uma
postura reflexiva e uma formação especializada. Mosher e Purpel (1972, citados por
Alarcão e Tavares, 2003) identificam seis áreas de características que o supervisor deve
manifestar:
Na linha evolutiva que foi traçada, destacam-se duas tendências: uma que é cumulativa
no desenho do perfil de uma profissão, e outra que é distintiva, sendo a marca
identificadora a caracterização de uma profissão. No caso da supervisão pedagógica,
embora se constate que a tendência mais frequente se situa na linha cumulativa, isto é,
assumindo-a como uma das características do professor, uma outra tendência tem
surgido, nos últimos tempos, que a apresenta como uma especialização.
Retomando aos aspectos acima referidos, evidenciamos a pedagogia como uma das
linhas da tríade que se assume com o sentido profissional da supervisão no contexto da
pedagogia. Assim, a supervisão beberia a sua fundamentação sobretudo da vertente
pedagógica, com vista a um desenvolvimento profissional, no sentido em que é esta
função que tem vindo a adquirir proeminência ao nível dos discursos científicos e teóricos
sobre supervisão; a nosso ver, é também a mais profícua das suas vertentes. Ao apoiar-
se na pedagogia e orientar-se para a melhoria das práticas, a supervisão tem, no entanto,
que conviver com os sentidos regulador e avaliativo que a aproximam da prestação de
contas e que comportam tanto possibilidades de crescimento, quanto de criação de
cenários pouco propícios ao desenvolvimento de profissionais verdadeiramente reflexivos,
colaborativos e comprometidos com a qualidade do ensino.
Conclusão
A supervisão impõe-se sempre que de uma mesma tarefa participem duas ou mais
pessoas, em empreendimento solidário. Definidos os objetivos, há que coordenar os
esforços individuais de modo a evitar omissões e corrigir superposições. É o que ocorre
no ensino, desde que a escola de uma só classe se diferencie e as escolas se
multipliquem, compondo sistemas. Da actuação do supervisor irá depender a harmonia do
conjunto e dela há de resultar maior eficiência.
A esse argumento geral, válido para todas as situações em que a divisão do trabalho se
imponha, ajuntaremos outros que dizem da importância da supervisão na situação
específica do processo educacional. Assim é que devemos ter em mente a condição
peculiar do ensino-tarefa variada e complexa, em que excepcionalmente uma situação se
apresenta semelhante à anterior - onde, então, a experiência, a visão mais ampla e a
formação mais avançada do supervisor hão de constituir recurso valioso. Por outro lado, o
estímulo ao professor, válido mesmo para o professor melhor dotado, o apoio ao iniciante
e, ainda, o aperfeiçoamento deste, o enriquecimento e renovação de currículo e a
coordenação dos esforços de todos quantos participem do processo educacional são
todos argumentos que dizem da importância da supervisão.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Maria Lídia Prates, M. L & Aranha, À. & Loureiro, A (2010). Liderança: supervisão e
aprendizagem partilhada na escola actual. EDUSER: revista de educação, Vol 2(1).
Instituto Politécnico Da Bragança; Instituto Superior de Educação. Portugal.
Alarcão, I., & Canha, B. (2013). Supervisão e colaboração. Uma relação para o
desenvolvimento. Porto: Porto Editora.
Alarcão, I., & Tavares, J. (2003). Supervisão da prática pedagógica - uma perspectiva de
desenvolvimento e aprendizagem. Coimbra: Livraria Almedina.
Leal, A. & Henning, P. (2009). “Do exame da supervisão ao autoexame dos professores:
estratégias de regulação do trabalho docente na supervisão escolar”. Brasil: Revista
Currículo sem Fronteiras, v. 9