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As perspectivas Autocrática e Democrática da Actuação do Supervisor

O desempenho do Supervisor Pedagógico e Suas Funções na


Actualidade

As Visitas de Supervisão Pedagógica

Contributo da Supervisão Pedagógica no Desenvolvimento da Gestão


Escolar

Cristino Carlos Naricha


Introdução

Geralmente, a educação é um processo de transformação do ser humano no


qual faz com que ele desenvolva suas potencialidades de acordo com o
ambiente em que vive, para que isto ocorra o ser humano precisa de
referências sendo como principais as referências familiares, sociais e culturais.

Por outro lado, o homem adquire diferentes maneiras e hábitos como o modo
de ser, agir, pensar e sentir com essas diferenças ocorre mudanças que se dão
através do processo de globalização; que é uma nova concepção de sociedade
na qual estamos completamente envolvidos sendo que esse envolvimento se
dá desde o nascimento e passa por diversas experiências cotidianas no meio
familiar, social e escolar, até mesmo quando morremos, pois estamos em
constante transformação.

Assim, durante a vida convivemos com diferentes fontes de saberes quer


dentro ou fora das experiências escolares e em cada uma das experiências
temos a oportunidade de aprender as diferentes maneiras, atitudes ou
comportamentos.

Neste sentido, no presente ensaio científico pretende-se fazer uma abordagem


breve sobre as perspectivas Autocrática e Democrática da Actuação do
Supervisor, o desempenho do supervisor pedagógico e suas funções na
actualidade, as visitas e o contributo da supervisão pedagógica no
desenvolvimento da gestão escolar, com o objetivo de demonstrar a
importância do supervisor e da supervisão pedagógica. Assim, as discussões
apresentadas ao longo do texto foram obtidas a partir da revisão bibliográfica.
As perspectivas Autocrática e Democrática da Actuação do Supervisor

Essas duas perspectivas antagónicas da actuação do supervisor são


geralmente muito discutidas nos dias que correm, uma vez que no contexto
escolar tem se verificado uma miscigenação destas duas vertentes sobretudo
na actuação do supervisor, sendo visto com mais inclinação para o lado mais
tradicional, ou seja, autocrático. Conforme Rocha (2010) líder autocrático é
quele que “adopta as suas decisões de forma unilateral, limitando ou excluindo
a participação dos seus subordinados, comunicando com eles apenas para
transmitir ordens por ele tomadas (p. 95). Neste sentido, podemos
compreender essas perspectivas da seguinte forma:

A supervisão Escolar na perspectiva Autocrática a ação autoritária do


supervisor é priorizada. É ele quem determina ordens, sugestões e direções
para o processo de ensino aprendizagem. Assim, o supervisor se impõe pela
autoridade e intimidação, ao invés de desenvolver um espírito de participação e
democracia com o professor. Esse tipo de supervisão limita as possibilidades
de desenvolvimento da instituição escolar como um todo.

Por sua vez, a perspectiva Democrática se baseia na liberdade de expressão,


no respeito e na colectividade. O trabalho é realizado de forma democrática e
não impositiva, as decisões envolvem todos os participantes do processo
educativo.

O Desempenho do Supervisor Pedagógico e Suas Funções na


Actualidade

Relativamente a todos os profissionais das instituições de ensino, o supervisor


pedagógico é quem estabelece o posicionamento de fazer, agir, movimentar e
envolver-se interagindo na comunidade dos relacionamentos na escola, em
sala de aula nas quais os alunos estão inseridos.

Na óptica de Alarcão e Tavares (2003) supervisão é, fundamentalmente,


interagir: informar, questionar, sugerir, encorajar, avaliar”. Neste sentido, a
acção do Supervisor Pedagógico é atribuída a funções complexas, de apoio e
parceria com o professor o tipo de relação que ele estabelece com o grupo de
professores, ao qual lidera, passa a ser a essência do desenvolvimento de seu
trabalho. O Supervisor Escolar, portanto, é o profissional organizador ou
orientador do trabalho pedagógico desenvolvido pelos professores em uma
escola.

Por exemplo, conforme Pires (1990) o supervisor pedagógico pode amenizar


e/ou canalizar os possíveis conflitos para que o processo de mudanças ocorra
naturalmente. Por sua vez, Rangel (2001) avança que:

Os objetivos da escola sejam administrativos, didácticos pedagógicos e


até os relacionamentos interpessoais na escola e mesmo entre as
famílias dos alunos, serão facilitados à medida que o supervisor
pedagógico desempenhe suas tarefas objetivamente; quando ele facilita
aos professores a aquisição de informações relativas a conteúdos e
metodologias, quando ele permanece como centro irradiador de todas
as ações desenvolvidas na escola, (p.89).

Deste modo, considera-se o papel fundamental do supervisor: ser o maior


colaborador do ambiente da escola para a qualidade e o desenvolvimento do
Processo de Ensino e Aprendizagem e da gestão escolar. Nesta perspectiva,
na atualidade pode-se inferir que o papel do supervisor está atrelado à gestão
da escola como um todo. Uma vez que ele busca junto com o professor
minimizar as eventuais dificuldades do contexto escolar em relação ao ensino-
aprendizagem.

Assim, tendo em conta com os diversos depoimentos acima descritos,


sobretudo no que tange a função do supervisor, podemos aferir as seguintes:

 Coordenar e organizar os trabalhos de forma colectiva na escola,


oferecer orientação e assistência aos professores, bem como fornecer
aos mesmos materiais e sugestões de novas metodologias para
enriquecer a prática pedagógica;
 Orientar os professores no planejamento e desenvolvimento dos
conteúdos, bem como sugerir novas metodologias que os avaliem na
prática pedagógica e aperfeiçoem seus métodos didáticos;
 Acompanhar o desenvolvimento da proposta pedagógica da escola e o
trabalho do professor junto ao aluno auxiliando em situações adversas.
A este aspecto, Silva Júnior e Rangel (1997) pontuam que, o supervisor, como
qualquer profissional, em seu curso de formação e em sua prática, prepara-se
para atuar como especialista, no caso, como coordenadora do processo
curricular, seja em sua formulação, execução, avaliação ou reorientação. E é
instrumentalizada para coordenar o processo de construção coletiva do projeto
político-pedagógico da escola.

As Visitas de Supervisão Pedagógica

As visitas de supervisão pedagógica no contexto moçambicano sãofeitas por


pessoas indicadas ou especializadas para o efeito, (Greia, 2013).

Porém, na mesma perspectiva Lima (2006) refere que dificilmente a supervisão


escolar será totalmente aceite por todos os profissionais da escola,
principalmente no que se refere às mudanças, pois muitos profissionais são
resistentes às mudanças, no entanto existem possibilidades para eliminar e/ou
diluir estas barreiras. Assim, percebe-se que a supervisão pedagógica tem o
sentido de promover e preparar para a mudança, algumas medidas que serão
sempre necessárias.

Nesta linha de pensamento Udemo (2015) realça a participação do Supervisor


de Ensino e sua presença sistemática nas escolas, auxiliando a direção num
permanente diálogo franco e democrático com vista a conduzi-la para um
trabalho transparente e isento de falhas. Assim, a supervisão poderá, através
da constante verificação, auxiliar a direção, acção essa à qual não nos
devemos opôr, em nome da pseudo interferência em nossa escola, sob pena
de estarmos, deliberadamente, impedindo a solução de problemas que, em
última análise, poderão em algum momento trazer-nos sérios prejuízos.

Assim, acredita-se que o supervisor cumpridor de suas obrigações deverá, em


suas visitas à escola:

 Manter-se atento sobre o andamento da gestão escolar em geral,


observando-lhes o funcionamento, as reuniões estatutárias, seus
balancetes;
 Observar com atenção o funcionamento da Secretaria nos aspectos
escriturais relativos à movimentação de alunos, prontuários de alunos e
professores, preenchimento correcto de documentos, vida funcional dos
docentes que não podem ter seus benefícios postergados, visto
perceberem salários de fome. Sobre esse aspecto, parece inexistir a
ação supervisora pois, quantas vezes, são as nossas escolas a ter de
colocar em ordem a vida funcional de recém- egressos em razão de a de
origem nada ter feito nesse sentido;

 Preocupar-se com o constante acompanhamento do Livro Ponto e do


Diário de Classe dos professores. Quanto ao primeiro, para que não se
deixe de verificá-los, apondo-se ao final do mês a assinatura a cada
página, o que nos enseja a oportunidade de observar a assiduidade de
servidores e docentes. Em relação ao diário dos professores,
lembrando-lhes da importância do correto preenchimento deles, uma vez
que não atendido o preceito poderão advir, em determinados momentos,
sérias dificuldades, quando precisarmos retificar ou ratificar decisões do
Conselho de Classe. Nesse aspecto, cabe à Supervisão lembrar a
escola de que não deverá sonegar quaisquer informações à comunidade
quanto à legislação que lhe afecta.

 Participar das reuniões pedagógicas e de outros fóruns importantes,


trazendo sua contribuição e subsídios e, fundamentalmente,
acompanhar, ao lado da coordenação e da direcção, o aproveitamento
escolar, responsabilizando-se também pelo produto final.

Contributo da Supervisão Pedagógica no Desenvolvimento da Gestão


Escolar

A actividade de supervisão constitui um momento crucial para o


desenvolvimento de acções com vista à obtenção de informações relativas ao
processo de implementação de políticas educacionais, (Medina 1997, p 22).

A supervisão, então, o orienta o PEA, a gestão escolar, pois ele é o educador a


quem compete ajudar o professor a desenvolver - se e aprender como adulto e
profissional que é, e a sua acção perspectiva-se em dois níveis distintos,
embora relacionados entre si: exerce sobre o desenvolvimento e a
aprendizagem do professor uma influência indirecta sobre o desenvolvimento e
a aprendizagem dos alunos que ele ensina (Alarcão e Tavares, 2003).

É neste sentido, que se acredita que a participação dos supervisores


pedagógicos em diversos foruns das instituições escolares é de fundamental
importância, tanto para o aprimoramento da qualidade de ensino, contando a
escola com mais um profissional que pela sua formação e atribuições deve
estar equipado de saberes passíveis de se integrarem às diretrizes e
planejamentos de uma escola que se quer de boa qualidade, quanto para uma
boa gestão escolar. Aliás, quaisquer diretores interessados no crescimento da
sua escola, bem como no desenvolvimento da gestão escolar são testemunhas
do quanto uma supervisão atenciosa e preocupada com a eficiente
organização escolar e o processo pedagógico contribui para o bom andamento
do trabalho escolar.

Contudo, a Supervisão Pedagógica contibui para o desenvolvimento de


capacidades, habilidades necessárias para enfrentar e resolver com sucesso
os desafios da vida escolar, e ao mesmo tempo contribui para o
desenvolvimento da gestão escolar.
Conclusão

A partir da discussão apresentada no decurso do ensaio, pôde se concluir que


o papel do supervisor passa, então, a ser redefinido com base em seu objeto
de trabalho, e o resultado da relação que ocorre entre o professor que ensina e
o aluno que aprende passa a construir o núcleo do trabalho do supervisor
pedagógico. Por outro lado, assenta-se o papel do supervisor escolar em fazer
uma ligação entre professor, pais e alunos, devendo este, ser claro e preciso
em seus conceitos para atingir o objetivo de seu trabalho.

A Supervisão Pedagógica desenvolve um trabalho de assistência ao professor,


em forma de planeamento, acompanhamento, coordenação, controle,
avaliação e actualização do desenvolvimento do processo ensino –
aprendizagem.

Diante do exposto, o supervisor apresenta-se como um líder, pois ele coloca


resultados, dinamiza encontro e orienta conceitos e práticas na escola. Ele
reúne conhecimento para buscar soluções para as questões escolares fazendo
do espaço escolar intercambio de experiências buscando sempre uma
alternativa para um novo caminhar.
Bibliografia

Alarcão, I. & Tavares, J. (2003). Supervisão da Prática Pedagógica – Uma


Perspectiva de Desenvolvimento e Aprendizagem. 2ª Ed. Coimbra: Livraria
Almedina.
Greia, J. (2003), Supervisão Pedagógica no contexto do desenvolvimento
profissional docente e melhoria das aprendizagens. Porto: Universidade
Católica.
Lima, Elma Correa. (2006). Refletindo políticas públicas e educação. Coimbra:
Cortez Editora.

Medina, Antônia da Silva. (1997). Supervisão Escolar: da ação exercida à ação


repensada. Porto Alegre: EDIPUCRS.

Rangel, Mary (org.). (2001). Supervisão Pedagógica: Princípios e práticas.


Campinas, SP: Papirus.

Rocha, J. A. O. (2010). Gestão de recursos humanos na administração pública.


Lisboa: Escolar Editora;
Silva Júnior, C.; Rangel, M. (1997). Nove olhares sobre supervisão. 7. Ed. São
Paulo: Papirus.

Udemo (2015). Revista do Projeto Pedagógico - IV - Orientação aos gestores


das unidades escolares. Sindicato de Especialistas de Educação do Magistério
Oficial do Estado de são Paulo.

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