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Referência Bibliográfica: DANTAS, Carlos Henrique Félix; VERDIVAL, Rafael.

Edição genética em células


humanas germinativas: ponderações sobre os limites de uso da técnica do CRISPR-Cas9 em projetos parentais
assistidos. In: Maria de Fátima Freire de Sá; Ana Thereza Meirelles Araújo; Iara Antunes de Souza; Roberto
Henrique Pôrto Nogueira; Bruno Torquato de Oliveira Naves. (Org.). Direito e Medicina: interseções científicas.
Genética e Biotecnologia: Volume I. 1ed.Belo Horizonte: Conhecimento, 2021, v. 1, p. 123-138.

EDIÇÃO GENÉTICA EM CÉLULAS HUMANAS GERMINATIVAS:


PONDERAÇÕES SOBRE OS LIMITES DE USO DA TÉCNICA DO CRISPR-CAS9
EM PROJETOS PARENTAIS ASSISTIDOS

Carlos Henrique Félix Dantas1


Rafael Verdival2

Resumo: Este trabalho objetiva estudar os possíveis limites éticos e jurídicos do uso do CRISPR-Cas9 como
tecnologia viável na construção de projetos parentais. Por essa razão, a delimitação da problemática concentra-se,
sobretudo, na discussão sobre a edição genética em células germinativas humanas, mas não descartando
comentários sobre o uso em células somáticas. Além disso, observou-se que o uso da tecnologia tenciona riscos à
defesa do patrimônio genético humano, sendo imprescindível o debate na atualidade. Nesse sentido, o trabalho
está dividido em: a) discussões sobre os problemas emergentes que a tecnologia de design genético suscita nas
sociedades neoliberais; e, b) possíveis limites na construção dos projetos parentais a partir da experiência brasileira
no tocante ao planejamento familiar. Para tanto, a metodologia empregada foi a analítico-dedutiva, por meio de
revisão bibliográfica nacional e internacional. Não obstante, utilizou-se, também, da metodologia do Direito Civil-
Constitucional como forma de interpretar a proteção da pessoa humana no âmbito do planejamento parental.

Palavras-chave: Edição genética; CRISPR-Cas9; Projetos Parentais; Bioética.

SUMÁRIO: 1 INTRODUÇÃO. 2 IMPLICAÇÕES (BIO)ÉTICAS EMERGENTES DA


PRÁTICA DE EDIÇÃO GENÉTICA: MÉTODO, APLICAÇÕES E POSSÍVEIS
CONSEQUÊNCIAS. 3 POSSÍVEIS LIMITES A PROJETOS PARENTAIS
DERIVADOS DO USO DO CRISPR-CAS9 EM CÉLULAS GERMINATIVAS
HUMANAS: O PLANEJAMENTO FAMILIAR NA EXPERIÊNCIA BRASILEIRA. 4
CONCLUSÃO. REFERÊNCIAS.

1 INTRODUÇÃO

Os avanços biotecnológicos resultantes da descoberta do sistema bacteriano CRISPR,


quando associada à proteína Cas9, revolucionaram a prática da edição genética no mundo a

1
Mestrando em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Graduado em Direito pela
Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP). Pesquisador do Grupo de Pesquisa Constitucionalização das
Relações Privadas (CONREP/UFPE/CNPq) e do Grupo de Pesquisa em Direito, Bioética e Medicina
(JusBioMed/UNEB/CNPq). Associado ao Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM). Advogado. E-
mail: carloshenriquefd@hotmail.com.
2
Mestrando em Direito pela Universidade Católica do Salvador, UCSAL, Salvador-BA (Brasil). Pós-Graduado
em Filosofia e Autoconhecimento: uso profissional e pessoal pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul, PUC-RS, Porto Alegre-RS (Brasil). Pesquisador do grupo JusBioMed. E-mail: rafaelverdival@gmail.com.
partir do ano de 2012. Isso porque essa ferramenta, concebida por Emmanuelle Charpentier e
Jennifer Doudna, em parceria com o departamento de Berkeley na Califórnia (EUA), permite a
intervenção no genoma de seres vivos – como animais e plantas – de maneira mais eficiente,
precisa e barata do que as predecessoras disponíveis, ampliando, assim, o leque de
possibilidades relacionadas ao uso da edição genética em humanos.
Nesse contexto, é possível se valer do CRISPR-Cas9 para editar: a) células somáticas –
células constitutivas dos tecidos que compõem o corpo humano; e, b) células germinativas –
responsáveis pela transferência hereditária de material genético, presentes em gametas e em
embriões em estágios iniciais de desenvolvimento humano. Por isso, o uso da técnica pode
ocorrer com finalidade terapêutica, voltada ao tratamento de patologias, como também com
finalidade de melhoramento genético. Cada um desses elementos traz consigo consequências
bioéticas distintas, razão pela qual se faz necessária a adequada delimitação temática ao analisar
o assunto.
Diante disso, o presente trabalho propõe-se a pensar as implicações da edição genética
quando realizada em células germinativas e no contexto dos projetos parentais assistidos. A
possibilidade de intervenção no genoma humano, proporcionada pelo CRISPR-Cas9, tem o
condão de viabilizar a escolha de características da prole, levando em consideração as
preferências e ambições do(s) autor(es) do projeto parental. Sendo assim, para enfrentar essa
questão, este estudo parte do seguinte questionamento: quais os possíveis limites éticos e
jurídicos do uso da tecnologia do CRISPR-Cas9, no contexto brasileiro, na edição genética de
células germinativas humanas em projetos parentais assistidos?
Para alcançar o resultado proposto pela pergunta-problema, em linhas gerais, objetiva-
se ponderar sobre quais seriam os possíveis limites bioéticos e jurídicos da utilização do
CRISPR-Cas9 no contexto dos projetos parentais assistidos. Além disso, de forma específica,
busca-se: a) contextualizar a aplicação do CRISPR-cas9 quanto à finalidade terapêutica e
reprodutiva; b) analisar as implicações do uso da técnica em células somáticas e germinativas;
e, c) compreender, no contexto brasileiro, os possíveis limites éticos e jurídicos emergentes do
uso dessa nova tecnologia de design genético em projetos parentais assistidos, que deriva do
uso do CRISPR-Cas9, quando utilizada em células germinativas.
À vista disso, pautado em pesquisa qualitativa, de caráter exploratório e descritivo, este
estudo utiliza o método de raciocínio analítico-dedutivo a partir de revisão bibliográfica
nacional e internacional sobre a temática, de modo a corroborar um levantamento de dados
específico sobre o possível uso da técnica do CRISPR-Cas9 em projetos parentais assistidos.
Ainda nesse sentido, fez-se uso de pesquisa documental ao considerar, sobretudo, a
Constituição Federal de 1988, a Lei do Planejamento Familiar e a Lei de Biossegurança. Vale
registrar, também, que foi utilizada a metodologia do Direito Civil-Constitucional como forma
de interpretar as relações entre particularesà luz da Constituição.

2 IMPLICAÇÕES (BIO)ÉTICAS EMERGENTES DA PRÁTICA DE EDIÇÃO


GENÉTICA: MÉTODO, APLICAÇÕES E POSSÍVEIS CONSEQUÊNCIAS

Desde a década de 1990, variadas técnicas são utilizadas para editar genes de seres
vivos. Por intermédio dessas técnicas, os cientistas conseguem identificar a molécula de ácido
desoxirribonucleico – DNA – a ser trabalhada, realizar a divisão dessa molécula – em um
processo denominado clivagem – e implementar as modificações almejadas durante a fase de
regeneração (FURTADO, 2019, p. 224). Esse procedimento é denominado edição genética.
As etapas da edição genética ocorrem por meio da utilização de enzimas previamente
modificadas, aptas a reconhecer os trechos do DNA a serem editados e, em seguida, seccioná-
los. Até o início da década de 2010, as técnicas disponíveis, além de demasiadamente custosas,
eram de difícil utilização e alto grau de complexidade, o que contribuía para a diminuição da
eficiência da edição. Porém, essa realidade foi transformada com a ascensão do CRISPR-Cas9
(MARFANY, 2019, p. 19).
Essa revolução na ciência genética surge a partir do trabalho de Emmanuelle
Charpentier e Jennifer Doudna, que, em 2012, juntamente com sua equipe do departamento de
Berkeley na Califórnia (EUA)–, associam o sistema bacteriano CRISPR à proteína Cas9,
criando uma espécie de tesoura genética de alta eficiência (JINEK, et al, 2012). Essa ferramenta
de edição genética, por sua vez, é capaz de agir sobre qualquer molécula de DNA em seres
vivos – animais e plantas –, realizando cortes predeterminados que viabilizam a edição da
informação genética ali contida, bem como ampliando os horizontes dos estudos em biologia,
medicina e biotecnologia reprodutiva (DOUDNA, CHARPENTIER, 2014).
Por intermédio do sistema CRISPR-Cas9, tornou-se possível a edição de genes com
elevado grau de precisão e baixas despesas. O seu custo-benefício vem fazendo com que essa
tecnologia ganhe aplicabilidade em laboratórios ao redor do mundo, afinal, sua utilização
permite obter bons resultados com menos recursos financeiros (MARFANY, 2019, p. 19).
O tempo de trabalho utilizando o CRISPR-Cas9 é consideravelmente menor em
comparação às outras técnicas. Enquanto a aplicação de enzimas – como meganucleases,
TALEN ou zinc-finger – demandam meses de labor e milhares de euros em recursos, o trabalho
com o CRISPR-Cas9 pode ser concluído em um par de semanas, com menos de 50 euros em
despesas (LACADENA, 2017, p. 3). Ainda nesse sentido, a facilidade de reprodução do
experimento do CRISPR-Cas9 enfatiza ainda mais a preocupação quanto aos riscos que
emergem do uso da tecnologia no âmbito doméstico, tornando necessária uma regulamentação
precisa pelos Estados nacionais.
Com o advento dessa nova ferramenta, a prática da edição genética torna-se mais
democratizada, o que amplia o arcabouço de possibilidades científicas quanto às suas aplicações
em animais e plantas. O baixo custo da técnica resolve o problema da captação de recursos. A
maior velocidade na obtenção de resultados permite potencializar o fluxo de trabalho. E, por
fim, o elevado grau de precisão do sistema aumenta a taxa de sucesso da edição.
Com um instrumento tão promissor disponível, faz-se ainda mais necessário pensar nas
justificativas e consequências bioético-jurídicas no que tange à intervenção genômica por meio
de edição. Nesse sentido, um dos primeiros objetivos a ser perseguido é a terapia gênica.
De acordo com Herman Nys, a terapia gênica ocorre quando há “a transferência
deliberada de material genético para as células de um paciente com a intenção de curar ou
prevenir uma enfermidade” (NYS, 2002, p. 66). Nessa seara, as técnicas de edição são utilizadas
como instrumentos para a erradicação ou o tratamento de enfermidades de origem genética.
Esse tipo de aplicação, inclusive, vem apresentando resultados positivos importantes.
Em 2016, por exemplo, um grupo de pesquisadores publicou um trabalho no qual demonstram
o sucesso obtido na utilização do CRISPR-Cas9 no que tange à correção do gene responsável
pela anemia falciforme (DEWITT; MAGIS; BRAY; et al., 2016). Além disso, avanços nessa
área indicam a possibilidade de tratamento tanto de doenças de natureza hereditária – como
hemofilia, Doença de Duchenne e fibrose cística –, quanto de patologias oriundas de mutações
somáticas dos genes, como o câncer. A aplicação da edição genética terapêutica poderia ser
realizada a fim de reparar material genético originário ou corrigir as mutações celulares – o que
fosse necessário à erradicação da doença tratada (MARFANY, 2019, p. 22).
Não obstante, bioeticistas asseveram que o potencial terapêutico não deve justificar a
aplicação irrestrita da edição gênica. Nesse sentido, Juan Rámon Lacadena defende que a edição
genética terapêutica deve observar alguns critérios bioéticos antes de ser realizada. O autor
afirma que terapias gênicas baseadas em edição devem se restringir a patologias genéticas
específicas e que careçam de tratamentos alternativos – ou, havendo, que estes sejam de alto
risco (LACADENA, 2017, p. 9).
Um ponto fundamental para compreender esse receio bioético acerca da edição genética
refere-se ao tipo de célula editada. O corpo humano é constituído por dois tipos de células:
somáticas e germinativas. A principal diferença entre esses dois tipos celulares está na
possibilidade de transmissão hereditária de suas expressões genéticas.
Células somáticas são meramente constitutivas, ou seja, fazem parte da composição dos
tecidos celulares que formam o corpo humano. Sendo assim, modificações nessas células não
são transferidas à eventual descendência. Já as células germinativas – presentes nos gametas ou
nos estágios iniciais do embrião humano –, caracterizam-se pela hereditariedade. Logo,
qualquer tipo de modificação em células germinativas, mesmo com intuito terapêutico,
acarretará a perpetuação dessas mudanças à prole (FURTADO, 2019, p. 224).
A possibilidade de se perpetuar uma modificação gênica a um indivíduo ainda não
nascido é o cerne da preocupação acerca da edição genética em células germinativas, mesmo
na esfera terapêutica. O desconhecimento acerca das consequências desse tipo de aplicação e a
intenção de amenizar os riscos envolvidos levaram à criação de um acordo tácito entre os
cientistas. Para grande parte da comunidade científica, não se deve utilizar terapias gênicas
germinativas enquanto não se identificarem elementos que permitam um “controle do capital
genético humano” (CALLIZO, 2002, p. 84).
Já a edição genética realizada em células somáticas, no que lhe concerne, tende a ser
mais eticamente aceita pela comunidade científica. Isso porque, de acordo com Josep Santaló,
nas modificações genéticas de natureza somática é possível consultar o indivíduo acerca de suas
intervenções, fazendo valer a autonomia da vontade (SANTALÓ, 2019, p. 36).
Santaló destaca que o consenso sobre o assunto tende, inclusive, a incentivar o
desenvolvimento da edição genética em células somáticas, mesmo para finalidades não
necessariamente terapêuticas. A justificativa dessa maior acessibilidade está na verificação de
dois requisitos: a ausência de transmissibilidade das modificações à descendência e a ausência
de risco à autonomia dos indivíduos modificados (SANTALÓ, 2017, p. 160).
Juan Ramón Lacadena, em sentido semelhante, assevera que, além do respeito à
autonomia, a eticidade da edição gênica somática também se sustenta nos princípios da
beneficência e da justiça. Ainda de acordo com Lacadena, a terapia genética somática não traz
problemas éticos distintos daqueles já observados em outras formas terapêuticas experimentais,
como novos medicamentos ou técnicas cirúrgicas hodiernas (LACADENA, 2017, p. 9). Esse
posicionamento é compartilhado por José Ramón Callizo, que compara a edição genética
somática a métodos de tratamento convencionais (CALLIZO, 2002, p. 84).
Apesar dos avanços terapêuticos anunciados pelas técnicas de edição genética, essa não
é a única finalidade da prática. Isso porque, da mesma forma que se podem editar genes para
impedir ou fazer regredir a manifestação de doenças, também é possível intervir no genoma a
fim de proporcionar supostas melhorias genéticas.
Quando se pensa em melhoramentos genéticos, adentra-se o campo da subjetividade.
Aquilo que é considerado “melhor” ou “pior” por um indivíduo depende do que este, na
manifestação de suas construções íntimas, sociais, culturais e existenciais, considera como mais
desejável. Dessa maneira, passa a haver uma lógica pautada no atendimento das “preferências
e preterições” do indivíduo (ARAÚJO, 2017, p. 5).
Em uma perspectiva biomédica, conforme Gemma Marfany, o aperfeiçoamento
genético decorre de modificações nos genes com o objetivo de se alcançar determinada
característica fenotípica – seja de natureza física, intelectual ou comportamental (MARFANY,
2019, p. 22). Esse atributo desejado, por sua vez, não pode ser atingido naturalmente, fazendo-
se necessário algum tipo de intervenção genômica.
Ocorre que a diferenciação entre o que é utilização terapêutica e o que é aperfeiçoamento
genético ainda é nebulosa. A complexidade da discussão está tanto na identificação das
justificativas daquele que aplica a edição genética quanto na adequada definição do que seria
uma conduta terapêutica (ARAÚJO, 2017, p. 5). Para Habermas, a ausência de limites bem
definidos entre intervenções genéticas terapêuticas e aperfeiçoamento gênico viabiliza a
incidência de uma lógica de mercado, pautada na ideia de um liberalismo social, na qual as
preferências individuais ditam a escolha das características perseguidas (HABERMAS, 2004,
p. 27).
Isso, por sua vez, carrega a noção de que as preferências individuais devem prevalecer
sobre o consenso social e estatal, na medida em que supostamente haveria uma prevalência da
autonomia da vontade sobre a autonomia privada, quando, na verdade, na transição do Estado
Liberal para o Social, o Direito Civil moderno elencou a autonomia privada como regra nas
modernas relações civis, implicando uma liberdade negativa na construção dos projetos de
parentalidade (Consultar OLIVEIRA, 2016; SILVA NETTO, DANTAS, FERRAZ, 2018).
Dentre as consequências envolvidas no debate acerca da intervenção no genoma
humano, propõe-se a continuidade da reflexão a partir da perspectiva da edição genética em
células germinativas. Conforme explicado, as células germinativas são responsáveis pela
hereditariedade de características. Isso significa que, caso os genes dessas células sejam
editados, as modificações realizadas serão transmitidas à prole daquele indivíduo modificado.
É possível, então, que um sujeito, ao nascer, precise arcar com as consequências das decisões
de terceiros sobre o seu próprio genoma, antes mesmo da sua autonomia individual haver se
estruturado. Seria possível violar a autonomia de um indivíduo, que talvez não tenha sido sequer
concebido, simplesmente conforme escolhas individuais egoísticas?
Esse tipo de questionamento demonstra a complexidade do assunto, sobretudo tendo em
vista a emergente discussão acerca do melhor interesse da pessoa não concebida, em nome da
presunção de que haveria um suposto melhor interesse em modificar o genoma de uma pessoa
hipotética conforme ideias que podem repousar em fundamentos eugênicos (Consultar
SAVULESCU, 2001; COHEN, 2011).
Além da questão da autonomia, a edição genética germinativa também traz à tona
questões acerca da preservação da naturalidade e do patrimônio genético humano, além dos
cuidados com a segurança e a saúde da descendência (ARAÚJO; SANTOS, 2020, p. 179). Por
outro lado, é preciso levar em consideração que a implementação das biotecnologias genéticas,
no que tange à edição, pode trazer benefícios à humanidade – especialmente na área de saúde.
O tratamento e a erradicação de patologias graves consistem em pontos positivos e, ao mesmo
tempo, controversos diante da imprecisão de limitações bem definidas quanto a sua
aplicabilidade.
Independentemente das diferentes formas e intenções presentes no contexto das
manipulações genéticas, é preciso sustentar um olhar crítico às questões emergentes. Nesse
sentido, deve-se atentar para o fato de que a intervenção no genoma traz consigo um potencial
elemento de manipulação da própria natureza humana (SANDEL, 2018, p. 19) ou da
autocompreensão da espécie (HABERMAS, 2004). Manifestações fenotípicas, antes
compreendidas como expressões da natureza, podem ser ressignificadas a partir de um viés
mercadológico, pautado no liberalismo moderno.
Segundo Foucault (2008, p. 299-300), o fenômeno, atualmente, pode ser lido como
neoliberalismo, de forma a constituir o princípio legitimador e fundador do Estado. Nesse
contexto, observa-se a transformação da racionalidade interna social de acordo com a
programação estratégica da atividade dos indivíduos, em que a pessoa humana não figurará
mais como um simples parceiro de trocas, tornando-se empresário de si mesmo e o próprio
capital social.
Conforme alerta Habermas, em sua obra “O Futuro da Natureza Humana: A caminho
de uma eugenia liberal?”, a realização de aperfeiçoamentos genéticos poderá tornar vaga a
diferenciação entre pessoas e produtos (HABERMAS, 2004). Essa nova concepção sobre
características naturais é capaz de modificar as formas como os seres humanos se
autocompreendem – seja biológica, psicológica ou espiritualmente (ARAÚJO, 2017, p. 3).
Havendo a possibilidade de se modificar o genoma humano, rompe-se um paradigma
de autorreconhecimento da espécie, que pode passar a questionar suas características a partir de
critérios subjetivamente mais ou menos desejáveis. Considerando essa hipótese, seria razoável
pensar que pessoas, durante a elaboração de projeto parental, poderiam se valer de técnicas de
edição genética germinativa a fim de atribuir – com base em suas próprias convicções íntimas
– características que julgam ser mais desejáveis. Da mesma forma, atributos não acolhidos
poderiam ser descartados. O fruto daquele projeto parental, portanto, seria, mais do que nunca,
um reflexo das vontades subjetivas dos seus idealizadores.
Nesse sentido, Habermas alerta que o indivíduo nascido desse projeto parental eugênico,
ao tomar consciência do seu próprio corpo como uma fabricação, passa a colidir “com a
perspectiva reificante dos produtores ou artesãos”. De acordo com o filósofo, o projeto parental
reflete intenções que, com o nascimento do filho, transformam-se em expectativas. Há uma
espécie de coisificação da prole – e disso decorre o aspecto mercadológico mencionado
anteriormente –, reverberando preferências unilaterais definidas na concepção do projeto
(HABERMAS, 2004, p. 71).
A partir dessa preocupação habermasiana, passa-se, a seguir, à análise de quais são os
limites que devem circundar a prática de edição genética germinativa, no âmbito dos projetos
parentais assistidos. Para além das possibilidades terapêuticas ou de aperfeiçoamento
individual, seria possível se valer da modificação do próprio genoma a fim de,
propositadamente, transferir essas mudanças à prole. É preciso refletir se intervenções dessa
grandeza podem ser concebidas apenas no âmbito do livre planejamento familiar ou se devem
considerar, além disso, elementos mais sensíveis e complexos, caros à genética.

3 POSSÍVEIS LIMITES A PROJETOS PARENTAIS DERIVADOS DO USO DO


CRISPR-CAS9 EM CÉLULAS GERMINATIVAS HUMANAS: O PLANEJAMENTO
FAMILIAR NA EXPERIÊNCIA BRASILEIRA

A concretização dos projetos parentais decorre do reconhecimento dos direitos sexuais


e reprodutivos enquanto uma conquista fundamental para o restabelecimento da saúde
reprodutiva de pessoas que sonham com a construção do vínculo de parentalidade. A partir
disso, cumpre mencionar que, na busca de satisfazer o desejo de gerar, pode-se encontrar
também o sentimento de vaidade e egoísmo de certos casais, ou pessoas individualmente
consideradas, ao enxergar na figura da futura criança a ótica de um objeto, de modo a perquirir
todos os meios possíveis que justifiquem a realização do sonho parental conforme desejos
subjetivos (BRAUNER, 2003, p. 56).
A esse respeito, o direito de gerar encontra eixo fundamental no princípio da Liberdade,
que, na construção de projetos parentais, não deve ser interpretado de maneira irrestrita, ao
contrário do que se imagina, na modernidade, sobre uma possível prevalência da autonomia da
vontade nas relações entre particulares em relação à autonomia privada. Isso porque as
modernas relações civis são marcadas pela ótica de uma liberdade negativa ou condicionada,
de modo a seguir as diretrizes estabelecidas pelo Estado de Direito no planejamento familiar,
sendo, portanto, pautadas na autonomia privada como regra (Conferir OLIVEIRA, 2016).
É importante tecer, ainda, que a valorização da autonomia existencial no ordenamento
jurídico brasileiro pressupõe a existência de duas subespécies: a autonomia da vontade e a
autonomia privada, anteriormente mencionadas. Sendo assim, a autonomia existencial, como
gênero que possui traços híbridos, é composta pela autonomia da vontade, pautada em ideias
liberais, em que há a prevalência do interesse subjetivo sobre o coletivo, enquanto, por outro
lado, a autonomia privada se refere ao exercício do direito subjetivo com observância dos
valores e interesses da coletividade. Desse modo, as condutas voltadas para a realização da
autonomia existencial devem se prestar não apenas à realização individual dos desejos
particulares, mas na combinação de interesses com a observância dos valores coletivos
(HOLANDA, 2017, p. 221).
A partir disso, na legalidade constitucional, o legislador estabeleceu uma autonomia
condicionada ao determinar, no § 7º do art. 226, que o planejamento familiar, no Brasil, deve
seguir a observância dos preceitos da Dignidade da Pessoa Humana e da Parentalidade
Responsável para o exercício da construção dos projetos parentais. Assim, a inobservância
desses princípios no planejamento familiar estaria ferindo a verticalização dos Direitos
Fundamentais da família. Ademais, ressalta-se, também, que o planejamento parental garante o
direito para casais e pessoas solteiras de forma combinada pela leitura da Constituição Federal
e da Lei de Planejamento Familiar, sendo um direito reforçado também nas normativas do
Conselho Federal de Medicina, quanto à Reprodução Humana Assistida, quando lidas à luz da
Constituição. (SILVA NETTO; DANTAS; FERRAZ, 2018).
Nesse sentido, conforme Castanho (2014, p. 80-83), a Dignidade deve ser compreendida
como sendo o direito de liberdade de escolher gerar ou não, de forma a incidirem restrições a
esse direito em favor da ponderação de outros direitos fundamentais envolvidos. Por isso, a
dignidade funcionaria de forma a sustentar o direito de liberdade, da mesma maneira que
poderia limitá-lo. Nesse sentido, explica que a limitação conferida à pessoa humana na
construção de projetos parentais pode se dar, por exemplo, em relação à violação da dignidade
do futuro filho ou de outros sujeitos envolvidos, de modo a revelar o sentido de abstenção de
ação. Isso porque a dignidade funcionará como limite para resguardar a figura do filho que não
derivou da participação na escolha da decisão que foi tomada e definiu os rumos dos
acontecimentos de sua vida antes de nascer com vida.
Na perspectiva habermasiana, há uma distinção conceitual quando se trata da ideia de
Dignidade no momento anterior ao nascimento com vida. Isso porque o embrião, embora não
seja pessoa, gozará dos atributos que devem lhe garantir proteção e prevenção de uma possível
instrumentalização ou objetificação. Sendo assim, possuem a chamada Dignidade da Vida
Humana, ao passo que os nascidos com vida possuiriam a Dignidade da Pessoa Humana. Essa
contraposição do filósofo frankfurtiano destina-se a afastar o possível atributo de coisificação
que deve ser considerado como alheio à natureza humana (HABERMAS, 2004).
No que diz respeito à Parentalidade Responsável, argumenta-se que deve refletir a
consciência que o(s) autor(es) do projeto parental deve(m) ter quando decide(m) constituir sua
prole. Sendo assim, esse preceito consiste em requisito indispensável no planejamento familiar,
pois a criança, destinatária final da decisão, goza de proteção e primazia constitucional, ainda
que venha de encontro com o direito de liberdade do planejamento familiar de casais ou pessoas
individualmente consideradas (CASTANHO, 2014, p. 89). Assim, o direito à autonomia
procriativa não se revela apenas por meio da proteção dos interesses das pessoas humanas já
existente, mas desdobra-se, também, nas responsabilidades e deveres com o sujeito que ainda
não foi concebido ou foi concebido hipoteticamente, como o embrião formado que poderá ser
alvo de edição genética em sua linha germinativa.
Sobre o tema, alerta Mônica Aguiar (2005, p. 57) que: “todo conhecimento científico
deve ter utilidade, e a utilidade possível, em se tratando da biotecnologia, é a de facilitar ou
permitir a procriação, nunca almejar a eugenia para assegurar a limpeza de ‘defeitos’ do ente a
ser gerado”. Por essa razão, o uso de engenharia genética para assegurar modificações precisas
na estrutura do genoma humano, como por meio da tecnologia do CRISPR-Cas9, deve ocorrer
com cautela, de modo a preservar a futura prole diante de escolhas que não foram tomadas
necessariamente em seu benefício ou que possam ter o seu consentimento presumido.
À vista disso, torna-se necessário associar ao debate, também, o que Glenn Cohen,
professor da Harvard Law School, chama de The Best Interest of the Resulting Child (BIRC)
ou, em tradução livre, Melhor Interesse da Criança Resultante (MICR). Sendo assim, percebe
o autor que há um problema lógico ao interpretar o Melhor Interesse no contexto da autonomia
reprodutiva e no caso de autonomia familiar. Isso porque neste último há a discussão protetiva
de crianças já existentes, ao passo que na autonomia reprodutiva há, na verdade, o debate de
proteção da criança que resultará do processo de construção do projeto parental (COHEN, 2011,
p. 437).
Dessa forma, ao se valer da técnica do CRISPR-Cas9 como ferramenta de edição
genética em células germinativas humanas, estar-se-ia impulsionando modificações no
patrimônio genético das futuras gerações. Assim, na medida em que os autores do projeto
parental podem utilizar a tecnologia ao supor um consentimento baseado em escolhas
individuais e subjetivas, poderá haver uma mitigação da autonomia da futura prole projetada.
Nessa linha de pensamento, o filósofo frankfurtiano Habermas percebe que atitudes
artesãs podem prejudicar o desenvolvimento do menor, pois este não seria autor e dono do seu
próprio destino. Por esse motivo, apenas em circunstâncias que apontem indícios de que há
finalidade única de se prevenir um mal extremo, rejeitado no campo moral, entende-se sobre a
possibilidade de modificação do patrimônio genético para evitar doenças graves que não
possuem tratamento existentes. Isso, para o autor, seria considerado como uma hipótese de
exceção à regra de proibição de manipulação genética em células germinativas que deve existir
(HABERMAS, 2004, p. 61-62).
Diante disso, ensina Glenn Cohen (2011, p. 473-474) que anomalias genéticas ou
deficiências de ordem intelectual não necessariamente traduzem uma vida que não vale a pena
ser vivida. Isso porque o argumento ocasiona suspeita sobre se essa vida realmente não merece
ser vivida, parecendo-lhe implausível qualquer intervenção, embora acredite que, em situações
específicas, como as síndromes Lesch-Nyhan ou Tay-Sachs, haveria uma suposta justificativa.
Ou, também, em situações de graves anormalidades genéticas decorrentes do incesto. Todavia,
até mesmo nesses casos, para o autor, representam situações discutíveis sobre serem ou não
uma vida que não vale a pena ser vivida (COHEN, 2011, p. 473-474).
Por outro lado, ainda nesse campo de discussão, Julian Savulescu e Guy Kahane (2009,
p. 275-276) argumentam sobre o princípio Procreative Beneficence (PB), ou, em tradução livre,
Beneficência Procriativa (BP), significando que o(s) autor(es) de um projeto parental deve(m)
decidir com base em uma obrigação moral de selecionar a criança com a melhor dotação
genética para que desfrute de uma vida com o melhor bem-estar possível. Essa visão não
implica a escolha de uma criança que seja “perfeita”, mas aquela que possa ser melhor esperada
dentro da previsão dos pais sobre a expectativa de uma vida que seja considerada ideal. Além
disso, os autores admitem que o debate se torna acalorado quando isso provocar a não escolha
de embriões que possuam “doença” – seja por motivos principiológicos e pessoais –, mas
ressaltam que o PB oferece uma resposta simples: há razões que possibilitam tomar a melhor
escolha com base nas informações genéticas sobre suscetibilidade na construção do projeto
parental.
Em meio a esse contexto, a tecnologia do CRISPR-Cas9 vem a favorecer a
aplicabilidade da tecnologia com base nas escolhas subjetivas dos pais. Todavia, como
ressaltado, na experiência brasileira há a prevalência da chamada autonomia privada para
direcionar as relações entre particulares, de modo a levar à guisa não somente a autonomia
procriativa dos pais, mas também a Dignidade da Vida Humana, a Parentalidade Responsável
e o Melhor Interesse, como anteriormente argumentado.
Ademais, seguindo uma linha mais restritiva em torno da aplicação da engenharia
genética em células germinativas humanas, como ocorre no Canadá, na França, na Alemanha e
na Austrália (CYRANOSKI, 2019), o ordenamento jurídico brasileiro apena a conduta com
reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, conforme o art. 25 da Lei de Biossegurança. Isso
porque o legislador criminaliza o ato de praticar engenharia genética em células germinais
humanas, zigoto humano ou embrião humano.
Desse modo, o país encontra-se dentro do que alguns teóricos qualificam como um país
com tendência bioconservadora, haja vista tender a desincentivar práticas que possam conduzir
a um comportamento artesão dos autores de um projeto de parentalidade. Constitui-se, portanto,
medida que faculta a possibilidade de uso da técnica do CRISPR-Cas9 em células somáticas
humanas, podendo avançar no sentido de garantir qualidade de vida e novos tratamentos para
aquelas pessoas que se encontram já nascidas.
4 CONCLUSÃO

1. A utilização de técnicas de edição genética permite a implementação de modificações


na estrutura das moléculas de DNA que compõem um ser vivo – incluindo seres humanos. Com
isso, torna-se possível interferir na expressão das características inerentes àquelas moléculas
editadas. Embora tecnologias desse gênero estejam disponíveis desde a década de 1990, é com
o advento do sistema CRISPR-Cas9, em 2012, que se tem uma verdadeira revolução no âmbito
da edição genética no âmbito internacional. Isso porque essa nova técnica permite editar genes
de maneira mais precisa e barata, ampliando as possibilidades científicas em searas como a
Biologia, Biotecnologia Reprodutiva e Medicina.
2. Em virtude dessas novas possibilidades que vêm à tona com o surgimento do CRISPR-
Cas9, passa-se a pensar nas diversas aplicações e consequências oriundas da prática de edição
genética. Nesse sentido, destaca-se que há maior aceitação da comunidade científica quando se
trata da edição genética realizada em células somáticas para fins terapêuticos. Por outro lado, a
aplicação em células germinativas, ou com a finalidade de melhoramento genético, representa
um tema ético mais controvertido. Justamente por conta das incertezas existentes quanto às suas
consequências bioéticas é que se faz fundamental aprofundar a discussão, em especial no que
se refere à possibilidade de realização de edição genética germinativa no contexto dos projetos
parentais assistidos.
3. A edição genética em células germinativas, no âmbito dos projetos parentais, pode
colocar em risco a autonomia dos sujeitos modificados, que terão características oriundas da
vontade e preterição de terceiros. Nesse sentido, destaca-se que a perseguição por determinadas
características, por parte dos autores do projeto parental, adentra o campo da subjetividade, uma
vez que as decisões tomadas refletem aspectos íntimos, sociais, culturais e existenciais. A partir
da crítica habermasiana, pode-se perceber que esse tipo de intervenção pode tornar difícil a
diferenciação entre produtos e pessoas, fazendo valer uma lógica mercadológica pautada em
um liberalismo social. Essa forma mercadológica de pensar e decidir, por sua vez, tem o condão
modificar a própria forma de autocompreensão dos seres humanos. Sendo assim, faz-se
necessário pensar em limites à prática da edição genética germinativa no contexto de projetos
parentais, ponderando aspectos éticos da autonomia do indivíduo e do livre planejamento
familiar.
4. A autonomia reprodutiva, na construção de projetos parentais, encontra base legal no
princípio constitucional da Liberdade no planejamento familiar. Cumpre mencionar, ainda, que
essa faculdade nas relações entre particulares se traduz numa liberdade negativa ou
condicionada, também conhecida como autonomia privada, a partir das diretrizes do Estado de
Direito na legalidade constitucional.
5. Por essa razão, a possibilidade de construir projetos parentais, independentemente de
qual seja a entidade familiar, deve ser acompanhada da observância dos preceitos da Dignidade
da Vida Humana, Parentalidade Responsável e Melhor Interesse da Criança Resultante. Além
desses, merece ser lembrada, também, a polêmica construção doutrinária sobre o chamado
princípio da Beneficência Procriativa, traduzindo escolhas subjetivas do(s) autor(es) do projeto
parental sobre a melhor vida que vale a pena ser vivida.
6. Nesse ínterim, destaca-se que os avanços nas perspectivas de uso do CRISPR-Cas9
possibilitam o seu uso em células germinativas humanas no momento de construção do projeto
parental. Embora o legislador brasileiro adote uma perspectiva proibitiva em sua utilização no
art. 25 da Lei de Biossegurança, a doutrina vem apontando novos caminhos, a exemplo da
exceção a essa regra geral de proibição. A esse respeito, destaca-se o pensamento do filósofo
alemão Jürgen Habermas, cuja posição é no sentido de que, dentro da regra geral de proibição,
pode-se imaginar como exceção à prática de engenharia genética a prevenção de doenças graves
para as quais inexiste tratamento médico possível. Isso porque, para o frankfurtiano, a
pressuposição de consentimento da futura prole para a prática de engenharia genética só poderia
ser supostamente antevista nessas hipóteses raras e excepcionais.

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