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1 – Introdução
Neste ensaio filosófico, abordarei problemas éticos relacionados com a
alteração do genoma em embriões, quer para fins terapêuticos, quer para fins
perfecionistas. Com a evolução da genómica (estudo do genoma), este problema tem
se tornado cada vez mais polémico, uma vez que novos procedimentos são
desenvolvidos e aperfeiçoados a cada dia que passa, permitindo a alteração cada vez
mais aperfeiçoada e precisa do genoma de qualquer espécie. Desta forma, debates
relativos à ética desses procedimentos são bastante importantes.
2.1 – O que é o genoma? Como é possível manipular o genoma e quais são os fins
dessa manipulação?
O genoma é o conjunto completo da informação contida no DNA (ácido
desoxirribonucleico, do inglês deoxyribonucleic acid) de uma célula, ser vivo ou
espécie. Desta forma, contém a informação necessária para o desenvolvimento, a
sobrevivência, a regulação e a reprodução de um ser vivo. [1]
O sistema CRISPR (Repetições Palindrómicas Curtas Agrupadas e Regularmente
Interespaçadas, do inglês Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats)
consiste numa adaptação dos mecanismos de defesa de bactérias, capazes de cortar o
DNA de vírus e juntá-los ao seu próprio, de modo a ganhar resistência viral.[2]
Charpentier e Doudna viram um potencial neste sistema e desenvolveram um método
de edição do genoma, o CRISPR/Cas9.[3]
No ser humano, a utilização do CRISPR/Cas9 em embriões tem dois fins
possíveis: fins terapêuticos ou fins perfecionistas. A terapia genética consiste em
qualquer tratamento em que a função do gene é alterada, inserindo genes normais nas
células de uma pessoa que não apresenta esses genes, erradicando uma doença
hereditária.[4] O melhoramento genético é a seleção de genes desejáveis em indivíduos
de uma população, alterando qualquer outra característica física e, no futuro,
psicológicas.[5]
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ninguém tem resistência contra, todos os designer babies serão eliminados. Além
disso, este procedimento é muito caro, então apenas classes mais altas teriam acesso
ao mesmo, podendo criar uma grande disparidade, desigualdade e descriminações
entre os humanos geneticamente modificados e os não modificados. O argumento em
relação à falta de garantia de segurança da terapia genética também pode ser aplicada
aqui, um erro podendo ser perigoso ou fatal. [9]
Um outro argumento contra a manipulação genética é o artigo 4.º da
Declaração Universal do Genoma Humano, pois o genoma humano, no seu estado
natural, não deve ser objeto de transações financeiras. [10] Todavia, a UNESCO defende
que “intervenções no genoma humano devem ser admitidas apenas por razões
preventivas, diagnósticas ou terapêuticas e sem realizar modificações para
descendentes” [11, página 26, linha 107], tornando, assim, a terapia genética mais moralmente
correta e responsável, contrariamente ao melhoramento genético.
3 – Conclusão
Concluo assim este trabalho com o intuito de perceber como funciona a
manipulação do genoma humano e quais os fins, terapêuticos ou perfecionistas. Os
primeiros acabam por ser moralmente corretos, uma vez que, tal como o nome
indicam, estamos a ajudar não só uma pessoa, mas uma geração completa que possa
ter uma certa doença hereditária. O melhoramento genético, como não é realizado por
razões preventivas, diagnósticas ou terapêuticas, não é considerado moralmente
correto, promovendo a diminuição da variabilidade genética.
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4 – Bibliografia e sitografia
https://www.genome.gov/About-Genomics/Introduction-to-Genomics
https://www.livescience.com/58790-crispr-explained.html
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/22745249/
https://www.msdmanuals.com/pt-pt/casa/fundamentos/gen%C3%A9tica/terapia-gen
%C3%A9tica
https://croplifebrasil.org/perguntas-frequentes/o-que-e-melhoramento-genetico/
https://www.msdmanuals.com/pt-pt/casa/fundamentos/gen%C3%A9tica/controv
%C3%A9rsias-%C3%A9ticas-em-gen%C3%A9tica
https://genomemedicine.biomedcentral.com/articles/10.1186/s13073-017-0475-
4#Sec3
https://www.theguardian.com/science/2017/jan/08/designer-babies-ethical-horror-
waiting-to-happen
https://observador.pt/2018/12/03/modificacao-genetica-de-embrioes-e-
irresponsavel-e-eticamente-inaceitavel/
https://gddc.ministeriopublico.pt/sites/default/files/decl-genomadh.pdf
https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000233258