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Sentidos 12, Unidade 1 – Fernando Pessoa, Poesia do ortónimo Cenários de resposta

Página(s) Domínio / texto Cenário de resposta

26 Compreensão/ 1.1.
Expressão Oral a. Situação político-social
− Assassinato do rei D. Carlos e do príncipe Luís Filipe.
− Implantação da República a 5 de outubro de 1910.
− Início da Primeira Guerra Mundial no verão de 1914 (após assassinato do arquiduque Augusto Fernando, herdeiro do trono austro-húngaro).
− Portugal tenta manter-se afastado do conflito, uma vez que procura sanar as dificuldades do início da República.
− Declaração de guerra a Portugal, por parte da Alemanha, em 1917, o que obriga o país a entrar no conflito.
− Golpe militar (1917) leva Sidónio Pais ao poder.
− Fernando Pessoa acredita ver em Sidónio Pais a personificação do regresso de D. Sebastião.
− Golpe militar de 28 de maio de 1926 e instauração da Ditadura Militar.
− Nomeação de Oliveira Salazar como ministro das Finanças.
− Agitação política a nível europeu durante a década de 1930.
− (Acontecimentos sumariados após 1935 – Segunda Guerra Mundial, Guerra Colonial e a Guerra Fria, anos dourados do cinema, o advento da
televisão…)

b. Movimentos estético-culturais, objetivos e formas de divulgação


− Publicações de Fernando Pessoa: A Águia, O Jornal, República, Renascença, O Raio…
− Publicação, em 1915, do 1.º número da revista Orpheu e consequente polémica (discussão entre a admiração e o escárnio, o atrevimento e a vanguarda
de uma nova geração: Fernando Pessoa e Álvaro de Campos, Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros, Amadeo de Souza-Cardoso, Santa-Rita Pintor – a
geração do Orpheu).
− Almada Negreiros sintetiza, No Ultimatum futurista às gerações portuguesas, a crítica: “o povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo
todas as qualidades e todos os defeitos: coragem, portugueses, só vos faltam as qualidades”.
− O Modernismo (estética, autores).
− Publicação do segundo Orpheu. O escândalo repete-se.
− Em Paris, a depressão de Sá-Carneiro acentua-se e, depois de intensa correspondência com Fernando Pessoa, põe termo à vida, em abril de 1916.
Morrem, pouco depois, Santa-Rita e Souza-Cardoso. O Modernismo sobrevive, mas dispersa-se em múltiplas direções e Fernando Pessoa segue o seu
próprio caminho.
− O Modernismo tem o segundo fôlego com a revista Presença. Logo nos primeiros números, José Régio reconhece Fernando Pessoa como mestre da
nova geração.

c. Dados biográficos de Fernando Pessoa


− Nascimento no Largo de S. Carlos no dia 13 de junho.
− Torna-se órfão de pai aos 5 anos; pouco depois morre o irmão Jorge com meses de idade. A mãe casa com o cônsul português em Durban e a família
parte para a África do Sul.
− Fernando Pessoa cresce, estuda e escreve sempre que pode, em português ou inglês, na língua que o poema falar, e cria os seus primeiros heterónimos.
− Regressa a Portugal, com cerca de 17 anos.
− Frequenta a Faculdade de Letras, torna-se empregado de escritório e traduz cartas comerciais.
− Muda de casa constantemente e publica um pouco por toda a imprensa.

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− Amizade com Mário de Sá-Carneiro, um génio precoce que na adolescência já traduzia Goethe e Schiller, filho de famílias abastadas da alta burguesia.
− Depois da morte do padrasto, a mãe e os irmãos de Fernando Pessoa regressam a Portugal e instalam-se no n.º 16 da rua Coelho da Rocha. Fernando
Pessoa fixa-se, finalmente, na casa onde viverá até ao fim da sua vida.
− Relação (“desjeitada” e relativamente curta) com uma jovem de nome Ofélia Queirós.
− Perde a mãe em 1925 e entrega-se cada vez mais ao álcool. Vive obcecado com a sua obra e tem constantes crises depressivas. Por isso, a
reaproximação a Ofélia Queirós volta a terminar pouco tempo depois do reatamento.
− Publica o seu primeiro livro de poesia em português, em 1934: Mensagem. A obra é premiada pelo Secretariado da Propaganda Nacional, mas Pessoa
falta à cerimónia.
− Morre a 30 de novembro de 1935.

d. Heterónimos pessoanos
− Cria os primeiros heterónimos, Chevalier de Pas, com cerca de 6-7 anos de idade, e Alexander Search.
− Criou, numa só noite, três heterónimos: o mestre, Alberto Caeiro; o médico e classicista, Ricardo Reis e o engenheiro futurista, Álvaro de Campos. Eram
três personalidades distintas, com uma história própria, qualquer deles candidato a melhor poeta do seu tempo.
− Terá inventado, ao longo da vida, mais de 70 heterónimos. Mas os três que ali nasciam eram mais que estilos de escrita.
− Fernando Pessoa “viveu” com Bernardo Soares durante 20 anos, escrevendo na sombra quase doentia (aparece sempre que Pessoa está cansado ou
sonolento. É um semi-heterónimo porque, não sendo a personalidade a dele, é uma mutilação dela).

e. Particularidades genéricas do Livro do desassossego


− Publicado em 1982.
− Bernardo Soares, o semi-heterónimo, é o autor desse livro.
− Caracterizado como um livro interminado, um livro impossível, sobre o qual os intervenientes destacam o hibridismo (valter hugo mãe), a surpresa,
ideias intensas que se entrechocam.
− Composto por mais de mais de 500 textos escritos à solta, sem um sentido concreto, sem princípio, nem meio, nem fim que refletem a solidão profunda
de quem vive em sonho.
− Livro traduzido em várias línguas.

f. Intervenientes: profissões e opiniões


Jerónimo Pizarro: editor e investigador
− Considera Pessoa um dos maiores autores do século XX e afirma que Portugal é praticamente o único país que no século XX desafiou o grande autor e
grande épico da literatura – Camões.

Fernando Cabral Martins: professor na Universidade Nova de Lisboa


− Diz que houve toda uma euforia de marchandise em torno do Pessoa que ganhou um peso cultural específico.
− Fernando Pessoa é sozinho o modernismo português.

José Eduardo Agualusa: escritor


− Afirma que há muitos brasileiros que estão convencidos que Fernando Pessoa era brasileiro, tal como Eça de Queirós, que foi mais lido no Brasil do que
em Portugal.
− Pessoa é um génio que consegue ir além dos limites normais.

Carlos Coelho: especialista em criação e gestão de marcas

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− A marca Fernando Pessoa é uma das primeiras linhas do património endógeno do país. Ele tinha muitos “eus” e isso é também característico da marca.

Inês Pedrosa: diretora da Casa Fernando Pessoa


− Fernando Pessoa é um ícone gráfico.
− O facto de Fernando Pessoa escrever sob vários nomes, e de criar polémicas consigo próprio, mostra que ele não acreditava em movimentos, não
acreditava em rebanhos em sentido cultural nem em sentido político. Ele ultrapassou muito a questão da época e é por isso que continua tão atual.
− A pátria de Pessoa era Lisboa.

Carlos Amaral Dias: psiquiatra


− Destaca a presença de uma avó maníaco-depressiva que pode ter tido grande impacto na vida de Pessoa. Evidencia, ainda, o facto de, em Pessoa, se
verificar a procura de um génio imaginário, alguém com quem se pode falar, dialogar, que corresponde a um duplo, a um “eu” que somos “nós próprios”.

valter hugo mãe: escritor


− Pessoa não foi um génio, foi cinco ou seis génios. Seria um ser humano esdrúxulo, eventualmente um louco.
− É absolutamente fascinante perceber que o escritor máximo do Modernismo português poderia ser o escritor máximo do nosso pós-Modernismo.
Ainda estamos muito longe de o esgotar.

António Cícero: poeta


− Pessoa devia chamar-se Fernando Pessoas.
− Refere que quando Pessoa criou um poema como Mensagem, tal como Homero com a Ilíada, fez uma coisa memorável que muda a própria língua
portuguesa e Portugal.

26 Escrita 1. Proposta de planificação do texto:


Introdução: A genialidade de Pessoa e o impacto cultural que teve.
Desenvolvimento: Breves referências biográficas: data e local de nascimento; partida para a África do Sul; regresso a Portugal e entrega à escrita; a
criação de três grandes heterónimos e de um semi-heterónimo; revistas em que colaborou com destaque para o Orpheu, seus colaboradores e intenções.
Conclusão: Reforço da incomparável genialidade de Fernando Pessoa, o único que igualou ou suplantou Camões.

27 Leitura 1. O autor nutre grande admiração por Fernando Pessoa, considerando-o a maior personalidade literária de Portugal e um poeta genial. Fundamenta a
sua opinião com as afirmações de académicos de renome internacional, como Harold Bloom ou Eduardo Lourenço.

2. Esta publicação dará a conhecer a obra de Fernando Pessoa ao público em geral e fá-lo-á de forma cientificamente correta. A preocupação de usar
textos fixados e trabalhados por alguns dos maiores especialistas pessoanos e editados por uma editora de referência como a INCM são aspetos que lhe
conferem credibilidade e fiabilidade.

3. Trata-se de um artigo/texto de apreciação crítica, que se baseia na análise de uma publicação e que expressa o ponto de vista do autor. Este faz juízos
de valor sobre vários aspetos, visíveis em afirmações como “Pessoa é a maior personalidade literária de Portugal” (l. 20), “A oportunidade de ler ou reler
Fernando Pessoa, prefaciado por alguns dos maiores especialistas e amantes da sua obra, é um privilégio” (ll. 28-29), que evidenciam marcas de
subjetividade, confirmadas na linguagem valorativa utilizada.

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Informar 1. Os dois textos destacam o tom dramático da poesia do ortónimo, tom que resulta da encenação, do fingimento, de que se reveste a criação poética
e/ou artística. Esta implica o abandono das emoções ou, melhor, a sua intelectualização.

29 Educação Literária 1. A poesia passa por diferentes etapas quer ao nível da produção quer ao nível da receção. Assim, o ponto de partida da produção é a sensação (“a dor
sentida”); segue-se a dor recriada, transformada pela imaginação, originando uma síntese, ou seja, uma nova dor. É a esta última que o leitor acede, o
que significa que o processo de receção se distancia dos dois inerentes à produção.

2. O poema pode dividir-se em três partes, correspondendo a cada uma das quadras, em que são apresentados conceitos diferentes. Na primeira estrofe
é possível efetuar uma subdivisão, atendendo a que o verso 1 apresenta a ideia-chave que será explicitada nos versos seguintes (a tese de que o
fingimento é inerente ao ato criativo). Na segunda quadra, confirma-se que o leitor não acede à dor do poeta, até porque a dor foi metamorfoseada. Na
última quadra distingue-se o coração da razão, para evidenciar o engano a que os sentimentos conduzem e que o poeta terá de abandonar forçosamente,
dado ser-lhe exigido o uso da razão.

3. Neste poema, Fernando Pessoa esclarece o modo como a poesia se constrói, afirmando que “o poeta é um fingidor” (v. 1). Implicitamente, defende a
ideia de que a criação artística é um processo intelectual que se afasta do mero mimetismo.

4. O texto A refere especificamente o título e alguns versos do poema pessoano; o texto B faz referência ao fingimento como algo implícito à criação
poética. No fundo, ambos os textos descodificam, em parte, a tese “o poeta é um fingidor” apresentada no poema “Autopsicografia”.

29 Expressão oral 1. Resposta de caráter pessoal. No entanto, os alunos poderão abordar/desenvolver os seguintes tópicos:
− o tema do diálogo é o sentido da existência humana;
− a necessidade de saber “por que existimos” parece não ser importante para o interlocutor de Mafalda seja porque nunca se questionou sobre o assunto
seja porque a existência é um fim em si mesma, não necessitando,
portanto, de explicação;
− embora a personagem Mafalda apresente um ar “reflexivo” e, de certa forma, “apreensivo”, o seu interlocutor ostenta uma atitude bastante
descontraída face à complexidade do tema; conclui-se que Filipe atribui pouca importância à questão;
− entre o sujeito poético de “Autopsicografia” e o interlocutor de Mafalda são notórias as diferenças: à atitude reflexiva e à intelectualidade de Pessoa,
opõe-se a superficialidade e a leviandade intelectual de Filipe, que se mostra ansioso pela resolução do “problema”, não importando a resposta que irá
obter.

30 Educação Literária 1. Fingir, segundo o sujeito poético, é sentir com a imaginação; mentir será, por isso, sentir apenas, usar unicamente o coração, os sentimentos.

2. O coração é o ponto de partida para a imaginação, ou seja, o poeta parte do que sente, mas recria o sentimento através da razão, afastando-se, assim,
do que inicialmente sentiu. No fundo, é a imaginação que distancia o artista do homem comum.

3. O verso significa que aquilo que está além do mundo terreno, o que se encontra no mundo superior, a que se acede por meio do intelecto, é o que o
poeta deve alcançar, até porque esse é o espaço da perfeição.

4. Sendo a escrita um ato artístico, que exige o recurso à imaginação, percebe-se a necessidade de se afastar daquilo que “está ao pé” (v. 12) – as
sensações imediatas, os sentimentos, pois estes enleiam, enganam.

5. Com a interrogação, o sujeito poético está a conferir um estatuto de menoridade ao leitor, comparativamente ao artista, pois este precisa de usar a

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imaginação. Por isso, ironicamente, ordena que o leitor se limite a sentir, como se visse nele a incapacidade de usar a razão.

6. Trata-se de um poema composto por três quintilhas, todas com seis sílabas métricas. A rima é cruzada e emparelhada, atendendo ao esquema
rimático: ababb / cdcdd / efeff.

7. Complemento direto.

8. “que” – conjunção subordinativa completiva; “ou” – conjunção coordenativa disjuntiva.

9. Tem valor conclusivo.

10. Oração subordinada substantiva relativa.

31 Educação Literária 1. A expressão deste desejo resulta da consciência que o "eu" tem do mal que o uso excessivo da razão produz em si próprio. Porém, esse desejo encerra
um conteúdo paradoxal, porque o “eu” quer ser inconsciente como a ceifeira sem deixar de ser ele, um ser consciente.

2. A sinceridade está relacionada com a inconsciência, dado associar-se à espontaneidade e ao instinto. Já o fingimento implica o uso da razão e da
consciência. Assim, o sujeito poético aspira ao impossível: ninguém pode ser inconsciente e ter consciência disso.

3. A antítese, em “alegra e entristece” (v. 9), sugere o efeito contraditório do canto da ceifeira no sujeito poético; a apóstrofe “Ó campo! ó canção!” (v.
20) e o imperativo (“entrai”, v. 22, “tornai”, v. 22, “passai”, v. 24), identificam os destinatários do apelo do "eu" e o desejo que estes o aliviem da sua dor.

4. No primeiro momento, respeitante às três primeiras estrofes, descreve-se a ceifeira e o seu canto. No segundo, relativo às três quadras seguintes, o
“eu” exprime os efeitos produzidos pelo canto, revelando a sua emoção e o seu desejo de fuga ao pensamento.

5. O referente é "pobre ceifeira".

6. “no meu coração” – complemento oblíquo; “A tua incerta voz ondeando” – complemento direto.

32 Educação Literária 1. O gato age por instinto, sendo, por isso, um “Bom servo das leis fatais” (v. 5), vive só por viver, sem saber por que vive, limitando-se apenas a sentir.
Ora, a comparação “brincas na rua / Como se fosse na cama” (vv. 1-2) salienta o caráter instintivo do gato, que não lhe permite ter consciência das
inconveniências.

2. O sujeito poético, por ser demasiado racional, não consegue ser feliz, razão pela qual inveja o gato, que, por não intelectualizar os sentidos, acaba por
viver feliz.

3. Os dois versos remetem para a complexidade e confusão interiores e para a despersonalização: ao ser muitos, o sujeito poético acaba por se
desconhecer a si mesmo.

4. Sentir implica agir instintivamente; pensar exige o uso da razão, e, quando se usa a razão, deixa-se de sentir apenas. Pensar, que exige distanciamento
dos sentimentos, opõe-se a sentir, atitude a que se acede natural e espontaneamente.

5. Atendendo a que todo o texto revela oposição entre o “gato” (tu) e o sujeito poético (eu), percebe-se que este jogo permite contrapor a

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intelectualização do “eu” e o comportamento instintivo do gato.

6.1 [A]
6.2 [D]

33 Educação Literária 1. Destacam-se as seguintes dicotomias: sentimento/pensamento; vida vivida/vida pensada; vida verdadeira/vida errada.

2. O sujeito demonstra alguma confusão interior, como se percebe pela primeira estrofe quando afirma “Tenho tanto sentimento / Que é frequente
persuadir-me / De que sou sentimental”. Porém, acaba por admitir a sua racionalidade excessiva (vv. 4-5) e revela-se bastante consciente da realidade
quando reconhece que todos temos duas vidas, a verdadeira e a idealizada, mas que teremos de viver a que temos.

3. A mudança da primeira pessoa do singular para a primeira do plural justifica-se pelo facto de o sujeito poético considerar que a sua situação é comum a
todos nós, incluindo-se, neste aspeto no coletivo humano a que pertence.

4. A antítese é visível na oposição estabelecida entre vida “vivida” (v. 8) e “pensada” (v. 9), “verdadeira” (v. 12) e “errada” (v. 12), servindo o objetivo de
evidenciar a dicotomia sentir/pensar, ilustrada pelas contradições com as quais o ser humano se confronta.

5. O texto é composto por três sextilhas, em redondilha maior, com rimas cruzada e interpolada na primeira sextilha e apenas interpolada nas restantes,
como evidencia o esquema rimático abcbac / defdef / ghighi.

6.
a. “Que tudo isso é pensamento” (v. 5) ou “Que não senti afinal” (v. 6).
b. “ao medir-me” (v. 4) (quando me medi).
c. “Mas reconheço” (v. 4).

7. Complemento indireto.

8. Coesão lexical (por reiteração): “vida” (v. 8) e “vida” (v. 9). Coesão lexical (por substituição – antonímia): “vivida” (v. 8) e “pensada” (v. 9).

34 Informar 1.
a. V
b. F – Pensar em excesso torna-se destruidor.
c. F – O pensamento vitima aquele que o usa em excesso.
d. V
e. F – Fernando Pessoa foi dos que mais sofreram por ter usado o pensamento como ninguém.
f. V
g. V

35 Educação Literária 1. “terra de suavidade” (v. 3), “ilha extrema do sul” (v. 4), “vida é jovem”, “amor sorri” (v. 6), “palmares inexistentes” (v. 7), “Áleas longínquas” (v. 8),
“Sombra ou sossego” (v. 9), “ilhas do fim do mundo” (v. 19), “palmares de sonho” (v. 20).
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2. As duas primeiras estrofes espelham a esperança de que o sonho se possa realizar, como atesta o uso do advérbio “Talvez” (v. 7). A terceira estrofe,
introduzida pela conjunção adversativa “Mas”, dá início ao desvirtuamento, ao desalento, com a constatação de que o pensamento anula o sonho; por
isso, nessa terra (a do sonho), o bem não é duradoiro. Na última estrofe, evidencia-se a certeza de que a cura para os nossos problemas tem de estar em
nós, e de que só a nossa ação nos permitirá ser felizes.

3. Na primeira ocorrência, o advérbio “ali” refere-se à “terra de suavidade” (v. 3), à “ilha extrema do sul” (v. 4); já na segunda ocorrência (última estrofe),
o mesmo advérbio tem como referente o “nós”.

4. Destaca-se, logo no primeiro verso, o emprego da antítese, para salientar a oposição que se estabelece entre o “sonho” e a “realidade” − “Não sei se é
sonho, se realidade” − e na última estrofe entre “mal” e “bem” − “Que cura a alma seu mal profundo, / Que o bem nos entra no coração” (vv. 21-22) −,
com o intuito de realçar a inoperância do sonho e a imposição do real sobre o imaginário. Emprega-se também a metáfora ao associar a ilha ao sonho
(veja-se os vv. 19 e 20), dado que os locais exóticos são considerados espaços de evasão, de fuga à realidade.

5.
a. Sonho;
b. Realidade;
c. Mistura

6. Os deíticos de natureza pessoal e temporal estão exemplificados no pronome “nós”, nas formas verbais, no presente do indicativo, como “sei” (v. 1); o
advérbio “ali” (v. 23) corresponde a um deítico de valor locativo.

7. Trata-se da coesão lexical por substituição (sinonímia).

36 Educação Literária “Tudo o que faço ou medito”


1. Na primeira quadra verifica-se a oposição entre o fazer e o meditar, o querer e o fazer, remetendo para a dualidade sonho/realidade. Percebe-se que
entre o imaginado e o realizado existe um fosso, pois a ação real fica sempre aquém do que foi sonhado.

2. O sujeito poético sente repulsa de si mesmo (“Que nojo de mim”, v. 5) quando dá conta da sua incapacidade para concretizar o imaginado. Mostra-se
confuso, considerando-se “um mar de sargaço” (v. 8), mas também lúcido (v. 7). A dúvida e a confusão existencial são reforçadas nos dois últimos versos,
em que acentua ainda mais a ideia de angústia.

3. O verso ilustra uma metáfora que sugere a grande confusão interior em que se encontra o sujeito poético: o mar remete para a imensidão e o sargaço
para o emaranhado, para a confusão.

4. O conector tem valor disjuntivo ou de alternância.

5. A oração tem valor restritivo.

“Nada sou, …”
6. Através da repetição do advérbio “nada”, seguido de verbos que apontam, semanticamente, para a gradação, o sujeito poético assume uma atitude
nihilista, de anulação de si mesmo e de tudo o que o rodeia.

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7. Para além da anulação expressa no primeiro verso, ao longo do texto confirma-se a incerteza em que o “eu” vive, pois traz o seu ser “por ilusão”, não
sabe se há de ser já que não é nada, como se comprova nos versos 2, 3 e 4.

8. No penúltimo verso está presente a oposição sonho/realidade, tornando-se visível a inutilidade do sonho e da própria inconsciência. No fundo,
destaca-se a importância de ter consciência da irrealidade do sonho.

9. O último verso, que encerra um apelo, traduz a incerteza da vida do “eu”: o coração é incerto e a sombra remete para o sonho, logo para a irrealidade.

10. Predominam, ao longo do texto, sons sibilantes (/s/) e nasais (/-m/, /-ão/, /nh/), sugerindo o estado de angústia e de reflexão em que o “eu” se
encontra.

37 Educação Literária 1. Fernando Pessoa viu-se impossibilitado de ser feliz porque foi sempre movido pela vontade de conhecer, recorrendo incessantemente à inteligência e
procurando uma realidade suprassensível, existente apenas num mundo abstrato.

2. A verdadeira vocação do poeta foi pensar e sonhar. Com efeito, autoanalisou-se, recorrendo permanentemente ao pensamento, tentou iludir a vida
através dos sonhos, mas, porque se entregou “obsidiantemente ao pensamento” e se virou “para o sonho”, acabou por se separar do mundo e não
atingiu a felicidade.

3. Por “fantasmas mágicos” pode entender-se tudo aquilo que o levou a evadir-se da realidade concreta, nomeadamente o sonho e o pensamento.

4. A afirmação “O poeta dissipou os dias erguendo sonhos inúteis a um céu impassível” (ll. 30-31) aponta claramente para a inutilidade do sonho. A
afirmação “a vida que iludiu sonhando” (l. 32) encerra a ideia de que o sonho foi inútil.

39 Verificar 1.
a. Iterativo
b. Imperfetivo
c. Habitual
d. Habitual
e. Perfetivo
f. Genérico
g. Perfetivo
h. Genérico
i. Imperfetivo
j. Iterativo/Imperfetivo
k. Habitual
2.
a. F
b. V
c. F
d. V
e. F
f. F
g. V

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40 Compreensão do oral 1. Apresentação, por parte de um alargado número de cidadãos de um manifesto para solicitar a legalização da morte assistida.

2. Concorda com a prática da eutanásia? / Concorda com o referendo à eutanásia?

3.
a. Isabel Ruivo
b. O direito à vida está inscrito no património da Humanidade; a morte faz parte da vida e isso exige uma reflexão na sociedade.
c. Deputado e apoiante do manifesto
d. Rui Nunes
e. Médico e presidente da Associação Portuguesa de Biomédica
f. Eutanásia é um conceito muito abrangente e “vago” e pode ser mal aplicada como no caso da adolescente belga.
g. Médica especialista em cuidados paliativos
h. A eutanásia não acaba com o sofrimento: a eutanásia acaba com a vida (não é um tratamento médico).
i. Os cuidados paliativos como solução para o sofrimento não são conhecidos, ou são inacessíveis à maioria da população.
j. Eutanásia não tem que ver com uma escolha individual; ela põe em causa a autonomia (dá-se autonomia ao médico e não ao doente).

4. De entre os argumentos da posição contrária à prática da eutanásia, o mais persuasivo parece ser o que refere o perigo de aquele ato se tornar “a
pedido”. Este argumento torna-se forte dada a possibilidade de refutação a que está sujeito: até que ponto a pessoa que “deseja” a prática da eutanásia
estará na posse de todas as faculdades para tomar tal decisão? Esta é uma prática irreversível! O argumento que pode assumir relevância na defesa da
eutanásia é a possibilidade que esta prática dá de uma morte com dignidade, evitando o risco da dependência total relativamente a alguém.

5. Este debate é pertinente para a abordagem do tema da eutanásia dada a informação que disponibiliza à audiência. Os intervenientes são especialistas
na área da medicina (cuidados paliativos e biomédica) e deputados da Comissão de Ética. Na defesa das suas posições, apresentam argumentos,
sustentados em exemplos concretos, que ajudam a esclarecer a opinião pública sobre o tema em causa.

6. O moderador apresenta o tema, os intervenientes e gere as várias intervenções de modo a garantir a imparcialidade do tratamento do tema. Solicita
intervenções concisas ou sintetiza ideias para melhor condução e compreensão das ideias defendidas. Respeita e promove o princípio de cortesia entre os
vários interlocutores.

41 Expressão oral 1. Resposta de caráter pessoal. Contudo, devem ser apresentados os seguintes argumentos:
− a possibilidade de a mentira evitar o sofrimento;
− a mentira “inofensiva” enquanto motivadora para a autoestima;
−…
OU
− a mentira nunca se coaduna com a honradez;
− a mentira como causadora de graves problemas;
−…

41 Escrita 1. Resposta de caráter pessoal. No entanto, os alunos poderão referir que:


− se, por um lado, pôr fim à vida é considerado um ato condenável, pelo menos numa perspetiva cristã, por outro, há filosofias que preconizam que seja o
ser humano a conduzir o seu destino;

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− o sofrimento é algo que afeta não só a pessoa mas também quem a rodeia, daí haver correntes de opinião que defendem que em casos extremos se
possa pôr fim à vida;
− a decisão poderá caber a quem está a sofrer, caso a pessoa seja maior, esteja consciente e seja essa a sua vontade.

42 Educação Literária 1. A repetição da palavra “memória” e do possessivo “meus” concorre para acentuar a importância que o sujeito poético dá, no presente, ao passado que
agora reconstrói por não o ter valorizado outrora.

2. Através da memória, o “eu” regressa ao passado e, no presente, lamenta ter perdido aquela “história” personalizada nos contos de fadas. A recordação
traz memórias que contrastam com os cansaços do presente e justificam o apelo final: “Torna-me aos dias felizes / E deixa chorar quem riu.” (vv. 11-12)
Estes últimos versos ilustram de forma significativa a oposição passado/presente.

3. O sujeito poético admite estar em sofrimento, referindo-se à dor causada pela perda “daquela história”, aos seus “cansaços ateus”, e almeja regressar
aos dias felizes porque, se agora chora, no passado “riu”.

4. O presente de dor, desencadeado pelo uso excessivo da razão, leva o sujeito poético a evocar o tempo em que a razão não o atormentava. Esse era o
tempo da infância, conotado com o tempo de ouro em que o ser humano experiencia a felicidade. Os contos de fadas são a metáfora da infância, na
medida em que espelham um mundo de fantasia, de liberdade, e lembram as primeiras explicações para muitos dos enigmas do mundo. Contudo, a
última página, que instituía o final feliz que povoava os contos de fadas, fora rasgada. Talvez seja essa a razão do seu choro.

5. A personificação está presente no papel que o “eu” atribui à memória (invocada por meio do vocativo), responsabilizando-a por ações que são única e
exclusivamente da responsabilidade do ser humano.

6. “memória” – vocativo; “daquela história” – complemento do nome.

7. O referente é o sujeito poético (enunciador).

8. Coesão lexical (substituição).

9. Valor imperfetivo.

10.1 [B].

43 Educação Literária 1. As dicotomias presentes são passado/presente, jovem/adulto, sonho/vida real. Por intermédio delas, o sujeito opõe o passado ao presente, dado que o
sonho deu lugar à estranheza em face da vida.

2. No passado, ainda que a vida fosse má, parecia-lhe serena; hoje a vida é estranha e “a pena, ou a mágoa, ou o cansaço” (v. 9) impõem-se.

3. Os canteiros do jardim remetem para a beleza, para a harmonia e para a fragilidade que caracterizam os momentos felizes do passado. O verbo pisar,
por seu lado, adquire um valor disfórico, sugerindo o facto de o presente anular o passado.

4. A adjetivação − “má” (v. 3), “serena” (v. 3) – permite caracterizar a vida do “eu” no passado; a enumeração, com recurso ao polissíndeto, em “a pena,

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Sentidos 12, Unidade 1 – Fernando Pessoa, Poesia do ortónimo Cenários de resposta

ou a mágoa, ou o cansaço” (v. 9), reforça o estado de espírito negativo do sujeito poético no momento presente.

5. Orações subordinadas adverbiais temporais – “Quando era jovem” (v. 1); “quando tinha pena” (v. 1); oração subordinada adjetiva relativa restritiva –
“Que me visita o ser” (v. 8).

6. Valor disjuntivo.

7. Conversão.

44 Educação Literária 1. Na primeira estrofe há um jogo temporal entre passado e o presente, em que o primeiro se reflecte no segundo. Com efeito, o “eu” traz para o
presente as recordações do passado, em particular o jardim e a fantasia de outrora, e admite que no futuro também não saberá o que foram essas
vivências anteriores.

2. Os versos parentéticos correspondem às presumíveis respostas da ama, o interlocutor direto do “eu”, que é símbolo do passado e o único que poderia
dar as respostas que o “eu” procura, graças à relação e ao conhecimento que tem desse passado, agora revisitado.

3. A cor salientada é o azul, particularmente o “azul do céu” (v. 7), que simboliza a pureza, a inocência, o que está além da realidade, que, por sua vez, se
associam à infância, ao sonho e à imaginação típicas das crianças. Contudo, estão subjacentes outras cores na referência às “Flores de tantas cores…” (v.
13), que, simbolicamente, sugerem a alegria mas também a fragilidade.

4. As aproximações devem-se ao facto de o sujeito poético ser do género feminino e de, no final de cada estrofe, existir um verso que funciona como uma
espécie de refrão e que representa a resposta da ama. Portanto, tanto o caráter dialogal, como a centralidade da figura feminina e a presença do refrão
são aspetos que remetem para as cantigas de amigo.

5. A anáfora permite realçar o modo carinhoso como a “ama” trata o sujeito poético. Simultaneamente, reitera o vocativo e a apóstrofe.

6. Oração subordinada substantiva relativa.

7. Como marcas deíticas, surgem as formas verbais no presente e no pretérito perfeito que contêm marcas temporais e pessoais (“Conta-me” e “fui”),
bem como pronomes (“me”). Por outro lado, também a expressão “Esse dia” configura uma marca temporal, e [esse] “jardim” uma marca deítica de
natureza espacial.

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Sentidos 12, Unidade 1 – Fernando Pessoa, Poesia do ortónimo Cenários de resposta

45 Informar 1. 1.
Idealização da infância
Texto A Texto B

Justificação
A infância é cor, música

traído pela vida


cisão da sua existência
convocada por estímulos realização do prazer visual
exteriores e auditivo
Heterónimos

Tentativa de reencontrar a simplicidade


e inocência da infância

2. A infância foi idealizada não só porque essa é a tarefa do poeta mas também porque Pessoa se autopenaliza por a ter abandonado, restando-lhe recriá-
la pela imaginação.

3. Pessoa cria os heterónimos como forma de reencontrar a simplicidade e a inocência próprias da infância.

46 Informar 1.
a. Poemas “rimados” (l. 1); “verso curto, de número de sílabas par ou ímpar” (ll.1-2); “concisão da quadra ou da quintilha” (l. 2).
b. “linguagem selecionada mas simples” (ll. 4-5); “vocábulos de cariz romântico ou simbolista mas um núcleo de palavras nuas e correntes” (ll. 5-6);
“expressão é límpida, a sintaxe sem pregas obscuras” (l. 11); associação de “um substantivo e um adjetivo contraditórios ou qualificam o mesmo
substantivo com dois adjetivos antitéticos: ‘alegre e anónima viuvez’” (ll. 21-23).
c. “antíteses, paradoxos, jogos de conceitos e palavras” (ll. 16-17); “repetição da mesma palavra ou palavras homónimas ou afins” (l. 25).

48 Leitura 1. [C]
2. [D]
3. [B]
4. [A]
5. [C]
6. O deítico pretende reforçar a importância, nas memórias da narradora, do espaço a que se refere – o pátio na casa transmontana.
7. “as velhas histórias” (l. 43)
8. Verbo principal intransitivo.
9. “a quem quiser habitá-las com o seu amor e a sua fantasia” (ll. 49-50).
10. Complemento direto.

49 Escrita − O filme data de 2014 e é a adaptação do romance homónimo de Lisa Genova.


− A história mostra o sofrimento e a infelicidade de uma psicóloga (e da sua família) que, precocemente, é afetada pela doença de Alzheimer.
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Sentidos 12, Unidade 1 – Fernando Pessoa, Poesia do ortónimo Cenários de resposta

− Destacam-se as vivências do quotidiano e o modo como, sistematicamente, até em tarefas mais básicas, o recurso à memória é importante e fulcral, e
de que forma esse quotidiano é afetado quando não conseguimos recordar-nos de informações essenciais.
− Apesar de a maioria das cenas decorrer em interiores, o filme ganha com a seleção de belos espaços exteriores, nomeadamente jardins e praias onde
decorrem algumas filmagens.
− A realização é cuidada, e são frequentes os planos da protagonista em que as expressões faciais denunciam apreensão perante os avanços da doença.

51 Verificar 1. [D]
2. [A]
3. [A]
4. [B]
5. [D]
6. [C]
7. [A]

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