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Um roteiro
De
Luciana Lima;
Eduarda Silva;
Elloah Moraes;
Lívia Rocha.
DANTE
Ciao, signora! Vejo que nunca aprendestes a bater em
portas antes de entrar... (disse, com certa irritação).
MÃE
Mio figlio, aquele seu amigo estranho veio te ver...
(disse, apoiada na maçaneta da porta com impaciência).
DANTE
Como? Que amigo?... (disse, atônito).
VIRGÍLIO
DANTE
Ciao, Virgílio... (disse, incomodado com a presença do
invasor).
VIRGÍLIO
Ah, Dante! Quanto sem nos vermos, hã? Então, conte-me,
como passas?... (disse, sentando-se na cama ao lado de
Dante, parecia trazer grandes novidades).
DANTE
Deveras, muito tempo... Mas então, o que queres,
afinal?... (disse, desconfortável e irritado com a
presença de Virgílio, tentando esconder o caderno que
tinha em mãos).
VIRGÍLIO
O que eu quero? Há há, logo saberás o que quero e
ficarás abismado. Mas antes, diga-me, o que é isto que
está tentando esconder aí?... (disse, curioso como uma
criança intrometida).
VIRGÍLIO
Ah, sim... poesia, entendo agora. Recite para mim,
ande!... (ordenou em tom autoritário e inocente, ao
mesmo tempo).
DANTE
(Mesmo indignado com a inconveniente ordem, recita
seu poema):
VIRGÍLIO
Bravo, Dante, bravíssimo! Cada dia melhor, parabéns!...
(exclamava, batendo palmas, fingindo grande
contentamento, mesmo não tendo ouvido palavra alguma).
DANTE
Grazie, Virgílio. Vejo que tens grande interesse pela
poesia... (disse, em tom de ironia).
VIRGÍLIO
De fato, amigo. Porém, há algo que muito mais que a
poesia... (disse, com ares de mistério e travessura).
DANTE
É mesmo? E o que seria isso?... (disse, com impaciência
e indiferença, tamborilando na cabeceira da cama com os
dedos).
VIRGÍLIO
Ah há! Justamente o que me traz aqui, meu caro:
aventuras!... (exclamou com brilho nos olhos por
finalmente revelar o motivo de sua visita/invasão).
DANTE
Aventuras?... (indagou impacientemente, dirigindo um
olhar de julgamento a Virgílio).
VIRGÍLIO
Essatamente, meu caro: aventuras... (disse, cada vez
mais animado para prosseguir o assunto).
DANTE
Hum... e que tipo de aventuras?... (mais uma vez,
indagando indiferentemente).
VIRGÍLIO
Certamente, aquelas que poucos teriam coragem de
enfrentar. Aquelas de que poucos voltariam com vida.
Aquelas que entrariam para a história... (exclamou,
esforçando-se para persuadir Dante com sua animação).
DANTE
Entendo... mas, afinal, o que tenho a ver com tais
aventuras?... (disse, conservando sua frieza).
VIRGÍLIO
Não o que tens a ver com tais aventuras, meu caro. Mas,
o que terás. Há de acompanhar-me em uma audaciosa
empreitada... (disse, conservando seu ânimo infantil).
DANTE
Hã, que queres dizer? Por que a mim? Não há outros
dispostos a acompanhá-lo? (continuava indagando, porém,
agora, um tanto preocupado com os anseios de Virgílio).
VIRGÍLIO
Infelizmente, não. Temo que sejas minha última opção,
meu caro... (explicou em tom ameno, dando de ombros).
DANTE
Hum, muito bem... temo ter de lhe dizer que não estou
disponível no momento, meu caro, sinto muito... (disse,
indignado, rebaixado a última opção e desconfortável
com a ideia de Virgílio).
VIRGÍLIO
Ah, sim. Realmente, vejo que andas deveras ocupado...
(disse, em tom irônico, observando que o único afazer
de Dante naquele momento era escrever poesia).
VIRGÍLIO
De qualquer forma, penso que meus planos logo o farão
mudar de ideia assim que os ouvir... (insistiu,
persistiria até Dante concordar, estava claro).
DANTE
É mesmo? Parlare... (disse, ainda fingindo interesse e
já conformado com a presença do invasor/visitante em
seu quarto).
VIRGÍLIO
Sem mais delongas, meu caro: você deve me acompanhar em
uma jornada pelo inferno... (exclamou como se fosse o
ápice de uma apresentação: saltou da cama e, de pé em
frente a Dante, mostrou-lhe um mapa do próprio inferno
que trazia no bolso).
DANTE
Aonde!? Poderia repetir, per favore... (indagou, pela
primeira vez, curioso e sem processar claramente o que
Virgílio dizia).
VIRGÍLIO
Mas é isto mesmo que acabas de ouvir, meu caro: ao
inferno... (repetiu, enunciando a última palavra com o
máximo de clareza para Dante).
DANTE
Loucura! Digo e repito: loucura. Não bates bem da
cabeça, meu caro. Como pretendes viajar ao inferno?...
(indagou com crescente angústia de se ver inserido em
tal situação. Ele jamais admitiria, mas o inferno e
tudo o que estava ligado a ele o assustavam muito).
VIRGÍLIO
Deixe os meios para o momento certo, meu caro. Por hora,
pense nos fins, o quanto nos valerá uma viagem desta
magnitude... (disse, empolgado e persuasivo).
DANTE
Nos fins? De que nos vale uma visita à morada do
Satanás?... (agora, seu medo era nítido. De modo algum,
Dante gostaria de ter contato com o mundo demoníaco).
VIRGÍLIO
Pense, Dante. Quantos poetas como você tiveram a
oportunidade de visitar o máximo antro da perversidade?
De conhecer de perto a origem de todos os martírios
humanos? De estar frente a frente com o Senhor do Nono
Círculo: Satan, a musa das bandas de heavy metal. Diga-
me, quantos?... (exclamava enquanto o brilho voltava a
seus olhos, era nítida sua emoção transbordando
enquanto falava).
DANTE
Hum, realmente... não sou capaz de pensar em alguém que
já o tenha feito... (afirmava em certo tom de letargia,
pois não se sentia capaz de processar 100% do que
Virgílio afirmava tão vigorosamente).
VIRGÍLIO
Pois então, meu caro! Venha! Vamos ser pioneiros em
algo tão cabuloso quanto uma visita aos Nove Círculos
Infernais... (exclamou, com a certeza de que Dante havia
cedido).
DANTE
Não!... (disse, vigorosamente).
VIRGÍLIO
Como? Por que não, Dante? Pelo amor de Deus! Mesmo
depois de todo o meu discurso?... (indagava indignado
com a resposta de Dante).
DANTE
Simples, meu caro: como já havia dito, é loucura. Nada
me agrada a ideia de ir ao inferno. Onde já se viu? Um
lugar que todos nós buscamos evitar a todo custo e você
querendo me arrastar para lá. Em troco de quê?
Aventuras? Poupai-me!... (exclamou Dante, irritado, a
fim de pôr um ponto final em toda esta história de uma
vez por todas).
VIRGÍLIO
Ah, meu caro... tens certeza do que estás falando?...
(indagou, ainda assim, sem ares de quem se dava por
vencido).
DANTE
Absoluta! Per favore, Virgílio, não toques mais em tal
assunto... (pedia Dante, cansado daquela discussão).
VIRGÍLIO
Pois bem então, meu caro... como queira, não toco mais
no assunto... (respondeu com ares complacentes).
DANTE
Grazie, amico!... (disse, suspirando, esperançoso de
que Virgílio não mais o atormentasse).
VIRGÍLIO
Bene... mudemos de assunto então... (disse, como quem
não cansa de falar, dissipando as esperanças de Dante).
DANTE
Bene, parlare... (disse suspirando, retomando sua
frieza).
VIRGÍLIO
Então... lembra-se de Beatriz?... (disse, como que
lança a última carta que tinha na manga).
DANTE
Como? De Bia? Ora, claro que me lembro. O que houve com
ela?... (disse, mudando a postura que matinha até esta
altura de forma notável e repentina. Isso, por
simplesmente ouvir o nome Beatriz, sua musa
inspiradora, a sua mulher ideal, justamente ela. Ao
ouvir seu nome, sua frieza se dissipava e ele tomava
qualquer palavra com toda atenção, como um cachorro a
quem se mostra a coleira que usa para passear).
VIRGÍLIO
Pois bem, hoje mais cedo, antes de vir para cá, lá
estava eu indo comprar cigarros quando vejo a querida
Bia cruzando a rua. Parei para falar com ela e, juntos,
elaboramos uma pequena brincadeira... (disse, com ar
malicioso e travesso).
DANTE
O que, Virgílio!? Explique-se, agora! Como assim uma
brincadeira?... (exclamou assumindo um aspecto que
muito raramente tinha para si: teve um sobressalto,
levantou e se aproximou de Virgílio. Era nítido que
explodia de ciúmes).
VÍRGILIO
Acalme-se, Dante. O que aconteceu foi o seguinte: em
nossa conversa, citei meus planos infernais e ela se
mostrou bastante interessada, o que é uma reação muito
rara. Logo, aproveitei a oportunidade e convidei-a para
uma visita aos Nove Círculos. Ela aceitou,
surpreendentemente. Porém, como eu mesmo nunca havia
estado lá, achei uma boa ideia enviá-la para se
certificar de que é realmente seguro para nós...
(explicou com cautela).
DANTE
Não! Não sou capaz de crer no que estou ouvindo. Patife!
Imbecil! Como tens coragem de mandar minha querida Bia
sozinha para a morada de Satanás? Ficaste louco,
canalha?... (exclamava, transbordando sua cólera,
agarrando Virgílio pela gola da camisa).
VIRGÍLIO
Acalme-se, homem. Ela não corre perigo, esteja certo
disso. Nunca estive no inferno, é verdade, mas tenho
amigos presos lá. Encarreguei-os de recebe-la assim que
desembarcasse da embarcação de Caronte... (explicou
calmamente a seu amigo colérico).
DANTE
Virgílio, pelo amor de Deus! Como podes ser tão obtuso?
Como és capaz de confiar em indivíduos que habitam no
inferno?... (indagava impaciente e raivosamente,
massageando as têmporas com os dedos).
VIRGÍLIO
Ei! Vossa mãe nunca lhe ensinou que não se pode
descriminar os outros? Não é porque estão no inferno
que se tratam de más pessoas... (retrucou em tom de
inocência e certa ironia travessa).
DANTE
Basta, Virgílio! Estou farto da sua idiotice! Ande,
vamos resgatar Beatriz! Camminare!... (exclamou
impaciente, finalmente concordando em embarcar na
aventura de Virgílio).
VIRGÍLIO
Espere, como assim? Queres ir até o Inferno agora?...
(indagou com empolgação, mal acreditando que seu plano
dera certo, enfim).
DANTE
Sim! É necessário, afinal, você se trata de um imbecil
inconsequente... (antes que pudesse terminar de
resmungar, foi interrompido pelo grito de comemoração
de Virgílio).
VIRGÍLIO
Mammamia! Finalmente! Oh, como sou esperto!...
(gritava, sem mais poder conter sua felicidade).
CORTE SECO.
CENA 2. CORREDOR DE ENTRADA DA CASA DE DANTE (INT./DIA)
2.1 – PLANO INTERMEDIÁRIO CAPTURANDO DANTE E VIRGÍLIO
DE COSTAS CORRENDO EM DIREÇÃO À PORTA DE ENTRADA
> CÂMERA EM MOVIMENTO;
2.2 - PLANO FECHADO DA MÃO DE VIRGÍLIO TOCANDO A
MAÇANETA > CÂMERA PARADA;
2.3 - PLANO INTERMEDIÁRIO FOCANDO NA MÃE DE DANTE
PARADA DO OUTRO LADO DA CENA > CÂMERA PARADA;
2.4 - PLANO INTERMEDIÁRIO CAPTURANDO DANTE E VIRGÍLIO
PARADOS EM FRENTE À PORTA > CÂMERA PARADA;
2.5 - PLANO INTERMEDIÁRIO FOCANDO NA MÃE DE DANTE DO
OUTRO LADO DA CENA > CÂMERA PARADA.
MÃE DE DANTE
Aonde os signores pensam que vão?... (indagou,
imponente, ao ver os dois garotos correrem
desesperados).
DANTE E VIRGÍLIO
Ao Inferno!... (responderam em uníssono como duas
crianças anunciando que vão ao parque).
MÃE DE DANTE
Tudo bem, meninos. Mas não vão de barrigas vazias.
Venham! Vamos tomar um café... (disse a mãe sem
nem mesmo buscar saber o que a resposta dos meninos
significava, pensou se tratar de mais uma
expressão estranha do linguajar dos jovens
atuais).
CORTE SECO.
VIRGÍLIO
Há há, meu caro! Nem sou capaz de acreditar! Enfim,
sou pioneiro em algo! E isto se trata de uma viagem
ao Inferno. Quem diria, hã?... (exclamava, feliz
em recordar sua mais recente aventura).
DANTE
Ah, amico... Sou tão contente quanto você, mas
sinto fazer uma pequena correção em sua fala...
(disse em tom suave).
VIRGÍLIO
Uma correção? Ora, faça. Estou curioso... (disse
franzindo o cenho).
DANTE
Perdão, mas, você e, tampouco eu, não é o pioneiro
desta ida ao Inferno... (disse em tom ameno, como
um professor que explica ao aluno que 2 + 2 não
são 22, e sim 4).
VIRGÍLIO
Ora! Impossível, meu caro. Não houve nesta terra
homem que tivesse visitado aos Nove Círculos e
voltado com vida. Fomos os primeiros... (retrucava
sem entender a afirmação de Dante).
DANTE
E tens razão, não houve homem que o fizesse, houve
mulher. Lembra-se de ter enviado minha querida Bia
para o Inferno a fim de averiguar a situação para
nós? Pois bem, fizeste dela a pioneira em tal
empreitada... (disse, em tom um tanto jocoso).
VIRGÍLIO
De fato, meu caro... ah, de todo modo, foi uma
viajem e tanto!... (disse, um tanto decepcionado
e tentando recuperar a animação anterior).
DANTE
Eu que o diga! De fato, senti-me tremendamente
aterrorizado ao pensar em Bia correndo perigo nas
altas temperaturas lá embaixo, porém, ao revê-la,
foi como se tudo na minha vida convergisse naquele
momento. Ah, meu caro! Como fui feliz ao lado de
minha amada... (disse, com brilho no olhar ao
lembrar-se de sua musa).
VIRGÍLIO
Oh, homem apaixonado! Não é possível que tudo o
que pode enxergar em nossa aventura fora sua
querida Bia... (disse, revirando os olhos).
DANTE
Claro que não, Virgílio. Houveram também tantas
figuras interessantíssimas de se conhecer. Veja
bem: conheci o Führer alemão, um individuo
hediondo, de fato, mas quantos tiveram a
oportunidade de conhecê-lo posterior ao ano de
1945?... (explicou-se, também animado ao relembrar
da aventura).
VIRGÍLIO
Oh, realmente, quantas figuras. Sabe Dante, tantas
foram as prostitutas que conheci, que jamais hão de me
satisfazer as virgens prometidas àqueles que vivem sem
pecado ao estarem no Reino dos Céus... (confessou
maliciosamente).
DANTE
Há há! Entendo, meu caro. Pois bem, agora que voltamos
de nossa empreitada e tenho a certeza de que Bia está
em segurança, ao trabalho!... (exclamou indo em direção
à sua mesa).
VIRGÍLIO
Boa sorte, amico... (disse e, logo em seguida, bocejou
alto, dirigindo-se para a cama de Dante).
DANTE
Ah, há! Enfim, terminei!... (exclamou, saltando da
cadeira e erguendo o livro no ar).
VIRGÍLIO
Mammamia, meu caro! Quanto barulho! O que houve?...
(disse, saltando da cama, bruscamente desperto de seu
sono. Sonolento, apalpa sua barba, levanta da cama e
vai em busca de uma escova de cabelos, enquanto Dante
se explica).
DANTE
Oh, meu caro. Não vê que acabo de concluir minha obra-
prima? O maior trabalho de toda a minha vida! Ah,
garanto que ninguém há de fazer o mesmo que acabo de
fazer aqui... (exclamou com emoção).
VIRGÍLIO
É mesmo, meu caro? Deixe-me ver... (ordenou, deixando
de lado a escova com a qual desembaraçava sua barba).
...Incredible, Dante! Todavia, temo que ainda haja algo
faltando aqui para que seja perfecto... (disse,
folheando as páginas do livro que Dante o entregara).
DANTE
Faltando? O que seria?... (indagou, um tanto assustado
com a ideia de sua obra-prima ser considerada
incompleta).
VIRGÍLIO
Publicá-lo, claro!... (exclamou, animado com o feito de
Dante).
DANTE
Ah, sim. Pois então, camminare. Vamos!... (exclamou
vigorosamente, pois sentiu alívio depois de Virgílio
explicar o que estava afirmando).