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Fundamentos Teóricos de Grupos da Mecânica Clássica:

O Problema do Calibre Lagrangiano

Hudson Rodrigues Armando


Prof. Dr. Tarcísio Marciano

Universidade de Brasília
FUP - UnB
Programa de Pós-Graduação em Física 1 / 22
Artigo

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Introdução

Por que uma transfor-


mação do grupo de Poin-
caré deixaria invariante o
Lagrangiano, e não equiva-
leria mais geralmente a uma
transformação de calibre?

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Grupo

Definition
Dizemos que (G , ?) define uma estrutura de grupo sobre o
conjunto G se, e somente se:
• a ? (b ? c) = (a ? b) ? c
• ∀ a ∈ G, ∃ e ∈ G | a ? e = e ? a = a
• ∀ a ∈ G, ∃ a ∈ G | a ? a = a ? a = e

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Grupo Topológico (G, •, τG )
• (G, •) é um Grupo
• (G, τG ) é um Espaço Topológico
• Todo subconjunto finito de pontos é fechado na
topologia τG ;
• São contínuas as funções

g : G×G → G g : G×G → G
(x, y) → xy x → x−1

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Grupo de Lie

Definition
É um grupo G munido de uma estrutura diferenciável tal que as funções

(g, h) ∈ G × G → gh ∈ G
g ∈ G → g−1 ∈ G
são diferenciáveis.

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Espaço de Minkowski M

Definition
É um campo vetorial real quadrimensional equipado com
uma forma bilinear simétrica, não degenerada, com
assinatura (−, +, +, +)

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Grupo de Lorentz

Definition
É o grupo dos automorfismos lineares de R4 que preservam a forma
quadrática
q: R4 → R
(x, y, z, t) → c2 t2 − x2 − y2 − z2

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Grupo de Poincaré

Definition
É o grupo de isometrias no espaço de Minkowski que segue as regras
de comutação:
• [Pµ , Pν ] = 0
1
• [Mµν , Pρ ] = ηµρ Pν − ηνρ Pµ
i
1
• [Mµν , Pρσ ] = ηµρ Mν σ − ηµσ Mν ρ − ηνρ Mµ σ + ηνσ Mνρ
i

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Grupos Exponenciais

Definition
Expoente ξ de um grupo topológico G :
ξ (g3 , g2 g1 ) + ξ (g2 , g1 ) = ξ (g3 , g2 ) + ξ (g3 g2 , g1 ) ∀ g1 , g2 g3 ∈, G (1)

ξ (e, e) = 0
ξ é EQUIVALENTE a ξ 0 se

ξ 0 (g2 , g1 ) = ξ (g2 , g1 ) + ζ (g2 ) + ζ (g1 ) − ζ (g2 g1 ) (2)

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Funções Calibre
A ação de um ponto material A(x1 , x2 ) sobre X × X é dada
por:
Z s2  
dx
A(x1 , x2 ) = L x(s), ds (3)
s1 ds
Onde L é a lagrangiana:
   
dx ∂ 0 dx
L x, = lim A ( x, x ) · (4)
ds x0 →x ∂x0 ds

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Duas ações A e A0 são equivalentes (possuem as mesmas equações de
movimento) se ∃ λ ∈ X tal que:

A0 (x1 , x2 ) = A(x1 , x2 ) + λ(x2 ) − λ(x1 ) (5)

De forma correspondente, dois Lagrangianos L e L0 são equivalentes


quando diferem por um diferencial perfeito:
   
0 dx dx d
L x, = L x, + λ (x) (6)
ds ds ds
Para que as equações de movimento de uma partícula sejam invariantes
sob o grupo G , a ação deve se transformar da seguinte forma:

A(gx1 , gx2 ) = A(x1 , x2 ) + α(g; x2 ) − α(g; x1 ) (7)

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Propriedades da Função de Calibre
Lemma
A função de calibre α de G sobre X segue a identidade:

α(g0 ; gx) + α(g; x) − α(g0 g; x) = ξ (g0 , g)

onde ξ ∈ G × G , independente de x , é um expoente de G equivalente a zero sobre


Γ.

Theorem
Há uma correspondência um-para-um entre as classes de equivalência das funções
de calibre de um grupo G para seu espaço homogêneo X = G /Γ
/Γ, e as classes de
superequivalência de expoentes de equivalentes a zero em Γ .
Γ G
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Exemplo 1: Mecânica Clássica Relativística

Seja g = (a, Λ) ∈ P, γ = (0, Λ) ∈ L e x = (t, r) ∈ M .


   
d dx
L Λx + a, (Λx + a) = L x, (8)
ds ds

L (Λx + a, Λẋ) = L(x, ẋ) (9)

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Exemplo 2: Mecânica Clássica Não-Relativística
Seja g = (b, a, v, R) ∈ G, γ = (0, 0, v, R) ∈ Γ e x = (t, r) ∈ X
(
t0 = t + b
r0 = Rr + vt + a
O grupo de Galileu agora possui expoentes não triviais que podem ser
escolhidos na forma:
 
0 1 02 0 0
ξ (g , g) = m v b+v ·R a (10)
2
Escolhendo
h(t,r) = (t, r, 0, I ) (11)
Obtemos as seguintes funções gauge:
 
1 2
α(g, x) = m v t + v · Rr (12)
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Pela propriedade de transformação da Lagrangiana dada por
   
d dx
L gx, gx = L x, + α(g; x(s))
ds ds
temos

 
1 2
L[(Rr + vt + a, t + b), (Rṙ + vṫ, ṫ)] = L[(r, t), (ṙ, ṫ)] + m v t + v · Rr
2
(13)
Escolhendo primeiro

(b, a, v, R) = (−t, −r, 0, I )


L dependerá apenas da velocidade (ṫ, ṙ) por conta da invariância da
translação.
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Escolhendo agora  
Rṙ
(b, a, v, R) = 0, 0, − , R

A invariância galileana implica:

d
L(ṫ, ṙ) = kṫ = (kt) (14)
ds
Este diferencial perfeito pode ser eliminado, de modo que obtenhamos
um Lagrangiano
m (ṙ)2
L= (15)
2 ṫ

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Conclusão

• É realmente muito estranho exigir que as equações de movimento


sejam invariantes invariantes sob algum grupo cinemático e não
conduza exclusivamente a movimentos inerciais de acordo com a lei
básica do grupo.

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Referências
• BARGMANN, Valentine. On unitary ray representations of continuous groups.
Annals of Mathematics, p. 1-46, 1954.
• DUTRA, Aline Cristina Bertoncelo. Grupo topológico. 2011.
• LACERDA, Conrado Damato de et al. Introdução aos grupos de Lie: e às
variedades diferenciáveis. 2007.
• LÉVY-LEBLOND, Jean-Marc. Group-theoretical foundations of classical
mechanics: the Lagrangian gauge problem. Communications in Mathematical
Physics, v. 12, n. 1, p. 64-79, 1969.
• SANTOS, José Carlos. Minkowski, geometria e relatividade. Revista Brasileira
de História da Matemática, v. 9, n. 18, p. 115-131, 2009.

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