De acordo com o Conselho, as mudanças propostas pelo congresso prejudicam mulheres
e crianças, beneficiando apenas os homens, mesmo quando são agressores ou abusadores da mãe ou dos filhos. Além do projeto, o CNS também pede que parlamentares revoguem a lei, de 2010, pelo mesmo motivo. A revogação é pelo Projeto de Lei (PL) nº 7.352/2017, que visa alterar a Lei da Alienação Parental.
A Lei de Alienação Parental (LAP), Lei 12.318/10, está sendo utilizada de forma
equivocada no Brasil, a lei foi criada em 2010 pelo congresso, tornando-se uma ferramenta de discriminação contra as mulheres e favorecendo pais agressores, que em muitos casos respondem processos por violência doméstica e até abuso sexual. Diante dessa realidade, foi elaborada uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) que busca a revogação da Lei de Alienação Parental.
O Conselho argumenta que a lei foi elaborada a partir da “síndrome de alienação
parental”, que surgiu em 1985 pelo psicólogo americano Richard Gardner, Gardner definiu que se trata de um distúrbio da infância em face às disputas de custódia de crianças. Conceito sem validação científica, não reconhecido como síndrome pela American Medical Association, pela American Psychological Association e não constando no Manual de Diagnóstico e Estatística (DSM) da American Psychiatric Association como um transtorno psiquiátrico.
“Alguns genitores usam a lei, apenas
para provocar a mãe, ou revidar quando a uma solicitação de pensão, é muitas das vezes nem querem a guarda, só mesmo para prejudicar a mãe. Todo esse transtorno gera uma confusão na mente da criança”. Diz Denise psicóloga
Denise Fonseca Psicóloga (Foto:
Reprodução/Facebook)
Quais as formas que as mulheres são prejudicadas com essa Lei e por que ela representa uma violação aos direitos das mulheres?
Novas formas de violência contra as mulheres e crianças têm surgido em nossa
sociedade, sendo a alienação parental uma destas formas que tem discriminado mulheres e crianças, pois não raro, mães perdem a guarda dos filhos e filhas, e em situações graves perdem até mesmo o direito de visitas quando denunciam maus tratos, negligências ou violências sexuais cometidas pelos pais, que são muitas vezes de difícil comprovação. Sendo as crianças as principais vítimas desse novo formato de proteção legal que muitas vezes as violenta quando retira a guarda de quem sempre a protegeu e cuidou. No âmbito do Poder Judiciário, essa discriminação e valorização por vezes excessiva em relação ao contato paterno, tem como base a Lei da Alienação Parental. Desconsiderando ser o pai, violador de direitos materno, da criança e por vezes até tendo condenação criminal. Esses fatos são desconsiderados, estando o contato paterno garantido, acima desses problemas. Em uma denúncia de violência sexual, muitas vezes a situação se reverte em favor do violador, por vezes com apoio de laudos que nem sempre são específicos em relação à violência (a lei prevê laudos sobre alienação parental somente) cuja produção de prova é indubitavelmente mais complexa e acaba por fomentar a discussão sobre a alienação parental, como consequência à dificuldade de comprovar a prática da violência, refletindo, uma apropriação cultural patriarcal, que visa desconstruir a figura feminina no processo, em verdadeira inversão de valores, pois, por vezes, seria o caso de discutir a perda do poder familiar paterno, para além do direito de visitas.