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UMA ANÁLISE LITERÁRIA DE “PERCY JACKSON: O LADRÃO DE RAIOS”

A PARTIR DO “MITO E REALIDADE” DE MIRCEA ELIADE

Fundação Universidade Federal de Rondônia


Departamento de Línguas Estrangeiras
Literatura Ocidental
Docente: Paulo Benites
Discente: Asafe Lima Moreno1

Introdução

Analisar uma obra desse segundo milênio d.C. tendo por base a mitologia grega,
racionalizada a milhares de anos atrás, faz com que se pense o mito e o uso da realidade atual
como uma questão a ser discutida, como Percy Jackson: O Ladrão de Raios usufrui de
artifícios da realidade, e subverte-se com a realidade atual, juntando o mito com um romance
de aventura para ser lido por um público infanto-juvenil.

Desenvolvimento

O livro de Mircea Eliade começa relatando a importância sociocultural do “mito vivo”,


na obra de Rick Riordan, Percy Jackson: Ladrão de Raios, essa importância é extremamente
notória quando adentramos no universo desse romance, pois, a “fábula, invenção e ficção”
dentro da obra são ressignificadas como realidade no sentido de que o Percy começa narrando
a sua história como um menino “meio-sangue” que é metade deus, metade humano, e assim
desenvolve uma narrativa de aventura na qual permeia lugares reais de Nova Iorque, mas que
são esconderijos de lugares supostamente sagrados para a mitologia, assim percebe-se um
resgate do mito como agregador de uma narrativa.

É perceptível analisar que tais símbolos de vários mitos no decorrer da história da


humanidade foram replicados, ou criados com similaridades entre si, no quesito, de que, um
1 Estudante de Letras — Inglês da UNIR e Bolsista de Iniciação Científica PIBIC (UNIR)
mito cristocêntrico, perpetua uma criação de outro mito como o mito islâmico que despreza
outras narrativas “sagradas” para outros povos, isso corrobora para que um mito proeminente
da Grécia seja descartado como mito, perante algumas sociedades e que seja levado como
base para criação de romance, aventura na área da literatura.
É possível fazer um questionamento se o Rick Riordan fizesse a obra de Percy Jackson
atrelado ao mito cristão, se ele usaria aspectos realísticos ou criaria lugares para que fosse
contado a história por um olhar reflexivo, usando personagens da bíblia, ou usar a jornada do
herói - um conceito que existe em história de aventura que a história é sobre um herói e se
concentra nele como o protagonista - como salvador do planeta, mas único, tal qual Jesus é
retratado como salvador da humanidade na bíblia.
Existem inúmeros fenômenos dentro de Percy Jackson que propõem discussões sobre a
falta de uma figura paterna para os denominados meio-sangue, que introduz a possível
realidade de um leitor do qual não tem uma referência paterna na vida social dele. Isso
explica que mesmo um dos mitos advindos da Grécia Antiga, como a figura paterna de Zeus,
deixando que, o seu filho Hércules seja testado de inúmeras formas para ser realmente
denominado um filho de Zeus, exemplifica que no livro de Riordan a personagem Percy é
filho de Poseidon e dentro da história é testado de várias formas, enfrentando criaturas, e até
Hades, o deus do submundo, é perceptível que o uso da mitologia grega, mesmo que adaptada
e modificada para a literatura de massa, é um recurso de uso do “mito vivo” como alternativa
do romance. Pois, um cenário onde inúmeros acontecimentos se seguem na prerrogativa de
ser uma aventura, é possível ver a junção dessa realidade paralela ao do mito antigo.
No livro da Mircea Eliade existem conceitos sobre os mitos que em paralelo com o
romance de Riordan exemplificam aspectos que permeiam a maioria dos mitos, e com o uso
da aventura na obra Percy Jackson ilustra novas perspectivas para o romance. Um dos
conceitos aprofundados é o de conhecer os mitos.

A"história" narrada pelo mito constitui um “conhecimento” de ordem esotérica, não


apenas por ser secreto e transmitido no curso de uma iniciação, mas também porque
esse “conhecimento” é acompanhado de um poder mágico-religioso. (ELIADE,
1972, p. 15)
Tal afirmação, testifica que sendo uma história narrada pelo mito tendo por base um
conhecimento e ele pode ser real, isso afirma que quando usamos na obra de Riordan esse
artifício mágico-religioso do mito grego é notória a nova forma de criar aspectos que
constituem o romance. Sendo assim, um exemplo da prática ritualística de oferecer sacrifícios
aos deuses que permeia todo o mito, mas que acontece em muitas religiões e culturas distintas
esse ato.
O livro de Eliade permeia aspectos de vários mitos, dos quais não é necessário ser
abordado neste artigo, porém há um aspecto entre as religiões e seus mitos que permeia até no
livro de Riordan, sendo a fé que a humanidade tem no ser superior, porém no livro de Percy
Jackson os deuses não dão atenção para o resto da humanidade quando o próprio Zeus tem o
seu raio roubado, isso faz com que tenha um anúncio da possível guerra dos deuses e o fim do
mundo, e isso é explicitado no livro da Mircea de que os mitos tendo como base a criação
projetam no futuro a destruição, alguns em um ciclo de criação e destruição, e outros mitos
com um único fim. Isso, corrobora para que mesmo com o impedimento do fim do mundo por
parte de Percy e seus amigos no livro, explicita que o uso do mito ao um fim vindouro e o uso
da realidade para tal, faz com que novos rumos o romance seja levado.

Conclusão
Por fim, o livro segue falando de especificidades sobre os mitos e a relação da realidade
entre eles, o livro de Rick Riordan termina com uma continuação para outros 4 livros onde a
história se segue com a influência do mito antigo e aspectos da realidade, é notório que nessa
pequena análise o leitor possa entender que a realidade e o mito se misturam em histórias
fantasiosas para ser lúdico e educativo principalmente se for atrelado ao público infanto-
juvenil, e isso ajuda para que as histórias seguintes usando desses artifícios sejam explorados
com maior profundidade sobre a relação do mito e realidade na literatura contemporânea.

Referências Bibliográficas
ELIADE, Mircea. Mito e Realidade. Tradução: Pola Civelli — São Paulo: Editora
Perspectiva S.A, 1972.
RIORDAN, Rick. Percy Jackson e os olimpianos: O Ladrão de Raios. Tradução: Ricardo
Gouveia — Rio de Janeiro: Editora Intrínseca Ltda., 2014.

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