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// LITERATURA

Gêneros Literários e a
Construção do Herói
Luana Vianna
O QUE SÃO GÊNEROS LITERÁRIOS?
Trata-se da divisão literária feita por Aristóteles.

Nesta divisão, são agrupados textos de acordo com a ESTRUTURA


e CONTEÚDO.

Não se leva em consideração o contexto histórico.


O QUE SÃO GÊNEROS LITERÁRIOS?
Segundo Massaud Moisés (1997), o termo gênero emerge do latim,
generum, que significa família, raça.

Para Angélica Soares (1989), a expressão simboliza origem, espécie.

Com base nisso, é possível entender que essas classes representam,


na verdade, as categorias literárias.

Dessa forma, trata-se da análise atemporal de um texto, tendo


como princípio as sistematizações e as propriedades discursivas
1. GÊNERO NARRATIVO
É constituído de sequência de ações, seja de fatos reais ou imaginários. Para
que isso se concretize, são necessários os elementos básicos, como: enredo,
narrador, espaço, tempo e personagem.
1. GÊNERO NARRATIVO

A)ENREDO

SEQUÊNCIA DE
EVENTOS
1. GÊNERO NARRATIVO
1. GÊNERO NARRATIVO

B) NARRADOR
1. GÊNERO NARRATIVO
Narrador em 3ª pessoa: observador dos fatos

“Em toda casa, em toda fazenda tinha uma criação dela ou da filha. Ela
reconhecia perfeitamente, qual era sua obra e qual era a de Ponciá. Tinha
impressão de que a filha não trabalhava sozinha, algum dom misterioso
guiava as mãos da menina”

(EVARISTO, Conceição. Ponciá Vicêncio. Belo Horizonte: Mazza, 2003).


1. GÊNERO NARRATIVO
Narrador em 3ª pessoa: onisciente

“Para que um pobre da laia dele usar conversa de gente rica? [...] Nas horas
de aperto dava para gaguejar, embaraçava-se como um menino, coçava os
cotovelos, aperreado. Por isso esfolavam-no. Safados. Tomar as coisas de
um infeliz que não tinha onde cair morto! Não viam que isso não estava
certo? Que iam ganhar com semelhante procedimento? Hem? Que iam
ganhar?”

(RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 23. ed. São Paulo: Martins, 1969).
1. GÊNERO NARRATIVO
Narrador em 1ª pessoa: personagem

“A primeira vez que vi uma mulher tinha onze anos e me surpreendi


subitamente tão desarmado que desabei em lágrimas. Eu vivia num ermo
habitado apenas por cinco homens. Meu pai dera um nome ao lugarejo.
Simplesmente chamado assim:“Jesusalém” . Aquela era a terra onde Jesus
haveria de se descrucificar. E pronto, final”.

(COUTO, Mia. Antes de nascer o mundo. São Paulo: Companhia da Letras, 2009.)
ESPAÇO
Espaço real
ESPAÇO
Espaço virtual
TEMPO
PERSONAGEM
2. GÊNERO ÉPICO
Trata-se da longa narrativa que revela, em 3ª pessoa, por meio de versos,
os grandes feitos de um herói.

Apresenta atmosfera “maravilhosa”, pois reúne os mitos de um povo,


apropriando-se de deuses, por exemplo, em torno de acontecimentos
históricos.
Segundo a tradição literária, nos tempos da Grécia Antiga, essas obras
faziam parte da transmissão oral, sendo passadas entre as gerações, por
intermédio de um responsável- acreditava-se até que a pessoa tinha
ligação com o divino por exercer tal atividade-.
1. GÊNERO NARRATIVO
Atente-se aos conceitos importantes:

• Verossimilhança

• Ficcionalidade

• Epifania
2. GÊNERO ÉPICO
“O louvor grande, o rumor excelente,
No coração dos Deuses que indignados
Foram por Baco contra a ilustre gente,
Mudando, os fez um pouco afeiçoados.
O peito feminil, que levemente
Muda quaisquer propósitos tomados,
Já julga por mau zelo e por crueza
Desejar mal a tanta fortaleza”

CAMÕES, Luís de. Os Lusíadas.


2. GÊNERO ÉPICO
3. GÊNERO DRAMÁTICO
JOÃO GRILO:
-Não vai benzer ? Por quê? Que é que um cachorro tem de mais?
CHICÓ:
-Bom, eu digo assim porque sei como esse povo é cheio de coisas,
mas não é nada de mais.
Eu mesmo já tive um cavalo bento.
JOÃO GRILO:
-Que é isso, Chico? (Passa o dedo na garganta.) Já estou ficando
por aqui com suas histórias. É sempre uma coisa toda esquisita.
Quando se pede uma explicação, vem sempre com “não sei, só
sei que foi assim”.
3. GÊNERO DRAMÁTICO
QUESTÃO 1 - PROENEM 2021
Mayombe (fragmento)
As nuvens acumulavam-se sobre a floresta, à sua frente. A floresta concentra
nela as nuvens, pensou Sem Medo. Elas vêm dos desertos e vão cruzar-se,
penetrar-se, sobre o Mayombe. Correm livremente pelo espaço, em jogos
essenciais de deformação constante – ou recriação constante – para serem
atraídas em massa informe, se tornarem prisioneiras do seu próprio conteúdo.
Uma nuvem isolada tem a individualidade que lhe é dada pela sua
mutabilidade inquieta e caprichosa; esta individualidade perde-se na massa
que se concentra e que vale pelo seu peso, pela sua potência selvagem.
PEPETELA. Mayombe. São Paulo: Leya, 2013.

A construção do cenário da narrativa gera uma expressividade marcada por


recursos linguísticos centrados na
a) comparação explícita de elementos naturais.
b) composição verossímil do espaço marcado pela floresta.
c) gradação marcada pelas ações de uma natureza verossímil.
d) metáfora subjetiva com elementos do espaço marcado pela floresta.
e) personificação de elementos da natureza devido às ações da floresta.
QUESTÃO 2 - PROENEM 2021
Jogo do bicho (fragmento)

CAMILO — ou Camilinho, como lhe chamavam alguns por amizade — ocupava em


um dos arsenais do Rio de Janeiro (Marinha ou Guerra) um emprego de escrita.
Ganhava duzentos mil-réis por mês, sujeitos ao desconto de taxa e montepio. Era
solteiro, mas um dia, pelas férias, foi passar a noite de Natal com um amigo no
subúrbio do Rocha; lá viu uma criaturinha modesta, vestido azul, olhos pedintes. Três
meses depois estavam casados. Nenhum tinha nada; ele, apenas o emprego, ela as
mãos e as pernas para cuidar da casa toda, que era pequena, e ajudar a preta velha
que a criou e a acompanhou sem ordenado. Foi esta preta que os fez casar mais
depressa. Não que lhes desse tal conselho; a rigor, parecia-lhe melhor que ela ficasse
com a tia viúva, sem obrigações, nem filhos. Mas ninguém lhe pediu opinião. Como,
porém, dissesse um dia que, se sua filha de criação casasse, iria servi-la de graça, esta
frase foi contada a Camilo, e Camilo resolveu casar dos meses depois. Se pensasse
um pouco, talvez não casasse logo; a preta era velha, eles eram moços, etc. A ideia de
que a preta os servia de graça, entrou por uma verba eterna no orçamento.

MACHADO, Assis. Obra Completa de Machado de Assis, Rio de Janeiro: Nova Aguilar, Vol. II, 1994. Publicado
originalmente em Almanaque Brasileiro Garnier, 1904.
QUESTÃO 2 - PROENEM 2021
Crítico atento do seu contexto histórico, o narrador de Machado de Assis
revela uma postura

a) compatível com a manutenção do sistema escravista.


b) compatível com a estrutura alicerçada ainda na república.
c) contrária às ideias tradicionais da burguesia do nosso país.
d) resignada diante das estruturas ainda vigentes na república.
e) representativa das configurações históricas incoerentes com a república.
QUESTÃO 3 - PROENEM 2021
O pagador de promessas (fragmento)
ZÉ:
-Eu também.
(Contorce-se num ritus de dor. Despe uma das mangas do paletó).
Acho que os meus ombros estão em carne viva.
ROSA:
-Bem feito. Você não quis botar almofadinhas, como eu disse.

(Convicto)
Não era direito. Quando eu fiz a promessa, não falei em
almofadinhas.
ROSA:
-Então: se você não falou, podia ter botado; a santa não ia dizer
nada.
ZÉ:
-Não era direito. Eu prometi trazer a cruz nas costas, como Jesus.
E Jesus não usou almofadinhas.
GOMES, Dias, 1972- O pagador de promessas / Alfredo Dias Gomes. - 36ª ed. - Rio de Janeiro:
Ediouro, 2002 (Coleção Prestígio)
QUESTÃO 3 - PROENEM 2021
Filiado ao gênero dramático, o texto de Dias Gomes, grandioso dramaturgo
brasileiro, apresenta caraterística peculiar, como a presença de

a) eu lírico para enunciação das falas das personagens.


b) figurino das personagens para caracterização da narrativa.
c) monólogo interior para o reforço do conflito da personagem.
d) rubricas para indicação das ações encenadas pelas personagens.
e) personagem popularesco para aproximação com o público menos letrado.
GABARITO
1. E
2. A
3. D

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