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QUESTÕES DE LITERATURA E ARTES EXTRAÍDAS DAS PROVAS DO

ENEM DE 2020 (IMPRESSO, DIGITAL E REAPLICAÇÃO)


(SELEÇÃO – JOMAS)

ROMANTISMO POESIA
ARCADISMO
QUESTÃO 2
QUESTÃO 1
O laço de fita
Leia a posteridade, ó pátrio Rio,
Em meus versos teu nome celebrado, Não sabes, criança? 'Stou louco de amores...
Por que vejas uma hora despertado Prendi meus afetos, formosa Pepita.
O sono vil do esquecimento frio:
Mas onde? No templo, no espaço, nas névoas?!
Não vês nas tuas margens o sombrio, Não rias, prendi-me
Fresco assento de um álamo copado; Num laço de fita.
Não vês ninfa cantar, pastar o gado Na selva sombria de tuas madeixas,
Na tarde clara do calmoso estio. Nos negros cabelos de moça bonita,
Fingindo a serpente qu'enlaça a folhagem,
Turvo banhando as pálidas areias
Nas porções do riquíssimo tesouro Formoso enroscava-se
O vasto campo da ambição recreias. O laço de fita.

Que de seus raios o planeta louro [...]


Enriquecendo o influxo em tuas veias,
Quanto em chamas fecunda, brota em ouro. Pois bem! Quando um dia na sombra do vale
COSTA, C. M. Obras poéticas de Glauceste Satúrnio. Disponível Abrirem-me a cova... formosa Pepita!
em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 8 out. 2015.
Ao menos arranca meus louros da fronte,
A concepção árcade de Cláudio Manuel da Costa E dá-me por c'roa...
registra sinais de seu contexto histórico, Teu laço de fita.
refletidos no soneto por um eu lírico que ALVES, C. Espumas flutuantes. Disponível em:
www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 8 ago. 2015
(fragmento).
A) busca o seu reconhecimento literário entre as
gerações futuras.
Exemplo da lírica de temática amorosa de Castro
B) contempla com sentimento de cumplicidade a
Alves, o poema constrói imagens caras ao
natureza e o pastoreio.
Romantismo. Nesse fragmento, o lirismo romântico se
C) lamenta os efeitos produzidos pelos atos de cobiça
expressa na
e pela indiferença.
D) encontra na simplicidade das imagens a expressão
A) representação infantilizada da figura feminina.
do equilíbrio e da razão.
B) criatividade inspirada em elementos da natureza.
E) recorre a elementos mitológicos da cultura clássica
C) opção pela morte como solução para as frustrações.
como símbolos da terra
D) ansiedade com as atitudes de indiferença da
mulher.
E) fixação por signos de fusão simbólica com o ser
amado.
ao vento, como carpideiras fantásticas da natureza
morta... Os aflitivos pássaros noturnos gemiam
agouros com pios fúnebres. Maria quis fugir, mas os
ROMANTISMO PROSA membros cansados não acudiam aos ímpetos do
medo e deixavam-na prostrada em uma angústia
QUESTÃO 3 desesperada.
ARANHA, J. P. G. Canaã. São Paulo: Ática, 1997.
Seixas era homem honesto; mas ao atrito da
secretaria e ao calor das salas, sua honestidade havia No trecho, o narrador mobiliza recursos de linguagem
tomado essa têmpera flexível da cera que se molda às que geram uma expressividade centrada na percepção
fantasias da vaidade e aos reclamos da ambição. da

Era incapaz de apropriar-se do alheio, ou de praticar A) relação entre a natureza opressiva e o desejo de
um abuso de confiança; mas professava a moral fácil e libertação da personagem.
cômoda, tão cultivada atualmente em nossa B) confluência entre o estado emocional da
sociedade. personagem e a configuração da paisagem.
C) prevalência do mundo natural em relação à
Segundo essa doutrina, tudo é permitido em matéria fragilidade humana.
de amor; e o interesse próprio tem plena liberdade, D) depreciação do sentido da vida diante da
desde que se transija com a lei e evite o escândalo. consciência da morte iminente.
ALENCAR, J. Senhora. Disponível em: E) instabilidade psicológica da personagem face à
www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 out. 2015.
realidade hostil.

A literatura romântica reproduziu valores sociais em


sintonia com seu contexto de mudanças. No
fragmento de Senhora, as concepções românticas do
narrador repercutem a MODERNISMO POESIA 2
A) resistência à relativização dos parâmetros éticos. QUESTÃO 5
B) idealização de personagens pela nobreza de
atitudes. Caso pluvioso
C) crítica aos modelos de austeridade dos espaços
coletivos. A chuva me irritava. Até que um dia
D) defesa da importância da família na formação descobri que maria é que chovia.
moral do indivíduo.
E) representação do amor como fator de A chuva era maria. E cada pingo
aperfeiçoamento do espírito. de maria ensopava o meu domingo.

E meus ossos molhando, me deixava


PRÉ-MODERNISMO como terra que a chuva lavra e lava.

E eu era todo barro, sem verdura...


QUESTÃO 4 maria, chuvosíssima criatura!

Na sua imaginação perturbada sentia a natureza toda Ela chovia em mim, em cada gesto,
agitando-se para sufocá-la. Aumentavam as sombras. pensamento, desejo, sono, e o resto.
No céu, nuvens colossais e túmidas rolavam para o
abismo do horizonte... Na várzea, ao clarão indeciso Era chuva fininha e chuva grossa,
do crepúsculo, os seres tomavam ares de monstros... Matinal e noturna, ativa... Nossa!
As montanhas, subindo ameaçadoras da terra, ANDRADE, C. D. Viola de bolso. Rio de Janeiro: José Olympio,
perfilavam-se tenebrosas... Os caminhos, 1952 (fragmento).
espreguiçando-se sobre os campos, animavam-se
quais serpentes infinitas... As árvores soltas choravam
Considerando-se a exploração das palavras “maria” e E) reputação do Santa Fé de lugar funesto a seus
“chuvosíssima” no poema, conclui-se moradores.
que tal recurso expressivo é um(a)

A) registro social típico de variedades regionais. QUESTÃO 7


B) variante particular presente na oralidade.
C) inovação lexical singularizante da linguagem — O senhor pensa que eu tenho alguma fábrica de
literária. dinheiro? (O diretor diz essas coisas a ele, mas olha
D) marca de informalidade característica do texto para todos como quem quer dar uma explicação a
literário. todos. Todas as caras sorriem.) Quando seu filho
E) traço linguístico exclusivo da linguagem poética. esteve doente, eu o ajudei como pude. Não me peça
mais nada. Não me encarregue de pagar as suas
contas: já tenho as minhas, e é o que me basta...
(Risos.)
MODERNISMO PROSA 2
O diretor tem o rosto escanhoado, a camisa limpa. A
QUESTÃO 6 palavra possui um tom educado, de pessoa que
convive com gente inteligente, causeuse. O rosto do
Dias depois da morte de D. Mariquinha, Seu Lula, todo Dr. Rist resplandece, vermelho e glabro. Um que outro
de luto, reuniu os negros no pátio. Na casa-grande e tem os olhos no chão, a atitude discreta.
falou para eles. A voz não era mais aquela voz mansa
de outros tempos. Agora Seu Lula era o dono de tudo. Naziazeno espera que ele lhe dê as costas, vá reatar a
O feitor, o negro Deodato, recebera as suas instruções palestra interrompida, aquelas observações sobre a
aos gritos. Seu Lula não queria vadiação naquele questão social, comunismo e integralismo.
engenho. Agora, todas as tardes, os negros teriam que MACHADO, D. Os ratos. São Paulo: Círculo do Livro, s/d.
rezar as ave-marias. Negro não podia mais andar de
reza para S. Cosme e S. Damião. Aquilo era feitiçaria. A ficção modernista explorou tipos humanos em
[...] situação de conflito social. No fragmento do
romancista gaúcho, esse conflito revela a
E o feitor Deodato, com a proteção do senhor,
começou a tratar a escravatura como um carrasco. O A) sujeição moral amplificada pela pobreza.
chicote cantava no lombo dos negros, sem piedade. B) crise econômica em expansão nas cidades.
Todos os dias chegavam negros chorando aos pés de C) falta de diálogo entre patrões e empregados.
D. Amélia, pedindo valia, proteção contra o chicote do D) perspicácia marcada pela formação intelectual.
Deodato. A fama da maldade do feitor espalhara-se E) tensão política gerada pelas ideologias vigentes.
pela várzea. O senhor de engenho do Santa Fé tinha
um escravo que matava negro na peia. [...] E o Santa
Fé foi ficando assim o engenho sinistro da várzea.
RÊGO, J. L. Fogo morto. Rio de Janeiro: José Olympio, 1989. LITERATURA
A condição dos trabalhadores escravizados do Santa
CONTEMPORÂNEA
Fé torna-se exponencialmente aflitiva após a morte da
senhora do engenho. Nessa passagem, o sofrimento a QUESTÃO 8
que se submetem é intensificado pela reação à
Ponto morto
A) mania do novo senhor de se dirigir a eles aos gritos.
B) saudade do afeto antes dispensado por D. A minha primeira mulher
Mariquinha. se divorciou do terceiro marido.
C) privação sumária de suas crenças e práticas A minha segunda mulher
ritualísticas. acabou casando com a melhor amiga dela.
D) inércia moral de D. Amélia ante as imposições do A terceira (seria a quarta?)
marido. detesta os filhos do meu primeiro casamento.
Estes, por sua vez, não suportam os filhos
do terceiro casamento da minha primeira mulher. mais medo de afrontar a realidade brasileira, a nossa
Confesso que guardo afeto pelas minhas ex-sogras. realidade, em todos os sentidos e a
Estava sozinho todas as profundidades.
quando um dos meus filhos acenou para mim no ROCHA, G. Tropicalismo, antropologia, mito, ideograma. In:
Revolução do Cinema Novo. Rio de Janeiro: Alhambra;
meio do engarrafamento.
Embrafilme, 1981 (adaptado).
A memória demorou para engatar seu nome.
Por segundos, a vida parou em ponto morto.
Uma das aspirações do Cinema Novo, movimento
MASSI, A. A vida errada. Rio de Janeiro: 7Letras, 2001.
cinematográfico brasileiro dos anos 1960,
No poema, a singularidade da situação representada é incorporadas pela letra da canção e detectáveis no
efeito da correlação entre texto de Glauber Rocha, está na

A) a dissipação das identidades e a circulação de A) retomada das aspirações antropofágicas pela


sujeitos anônimos. prática intertextual.
B) as relações familiares e a dinâmica da vida no B) problematização do conceito de arte provocada
espaço urbano. pela geração tropicalista.
C) a constatação da incomunicabilidade e a solidão C) materialização do passado como instrumento de
humana. percepção do contemporâneo.
D) o trânsito caótico e o impedimento à expressão D) síntese da cultura popular em sintonia com as
afetiva. manifestações artísticas da época.
E) os lugares de parentesco e o estranhamento social. E) formulação de uma identidade brasileira calcada na
tradição cultural e na crítica social.

QUESTÃO 9
QUESTÃO 10
TEXTO I
Carlos é hoje um homem dividido, Mário, e isso graças
Cinema Novo às suas cartas.
Às vezes ele torce pelas palmeiras paródicas do
O filme quis dizer: “Eu sou o samba” Oswald de Andrade (a ninguém cá da terra passou
A voz do morro rasgou a tela do cinema despercebido o título que quer dar ao seu primeiro
E começaram a se configurar livro de poemas — Minha terra em palmeiras). Às
Visões das coisas grandes e pequenas vezes não quer esquecer o gélido cinzel de Bilac e a
Que nos formaram e estão a nos formar prosa clássica dos decadentistas franceses, e à noite,
Todas e muitas: Deus e o diabo, vidas secas, os fuzis, ao ouvir o chamado da moça-fantasma, fica cismando
Os cafajestes, o padre e a moça, a grande feira, o ismálias em decassílabos rimados. Às vezes sucumbe
desafio ao trato cristão da condição humana e, à sombra dos
Outras conversas, outras conversas sobre os jeitos do rodapés de Tristão de Ataíde, tem uma recaída
Brasil jacksoniana. Às vezes não sabe se prefere o barulho
VELOSO, C.; GIL, G. In: Tropicália 2. Rio de Janeiro: Polygram, do motor do carro em disparada, ou se fica
1993 (fragmento). contemplando o sinal vermelho que impõe stop ao
trânsito e silêncio ao cidadão. Às vezes entoa loas à
vida besta, que devia jazer para sempre abandonada
TEXTO II em Itabira. Mas na maioria das vezes sai saracoteando
ironicamente pela rua macadamizada da poesia, que
O cinema brasileiro partiu da consciência do nem um pernóstico malandro escondido por detrás
subdesenvolvimento e da necessidade de dos óculos e dos bigodes, ou melhor, que nem a
superá-lo de maneira total, em sentido estético, foliona negra que você tanto admirou no Rio de
filosófico, econômico: superar o Janeiro por ocasião das bacanais de Momo.
subdesenvolvimento com os meios do SANTIAGO, S. Contos antológicos de Silviano Santiago. São Paulo:
Nova Alexandria, 2006.
subdesenvolvimento. Tropicalismo é o nome dessa
operação; por isso existe um cinema antes e depois do
Tropicalismo. Agora nós não temos Inspirado nas cartas de Mário de Andrade para Carlos
Drummond de Andrade, o autor dá a esse material
uma releitura criativa, atribuindo-lhe um remetente A) gírias e expressões coloquiais para criticar a
ficcional. O resultado é um linguagem adornada da tradição literária
texto de expressividade centrada na então vigente.
B) intenções satíricas e humorísticas para delinear
A) hesitação na escolha de um modelo literário ideal. uma concepção de poesia voltada
B) colagem de estilos e estéticas na formação do para a felicidade dos leitores.
escritor. C) frases de efeito e interpelações ao leitor para
C) confluência de vozes narrativas e de referências ironizar as tentativas de adequação do
biográficas. poema ao gosto do público.
D) fragmentação do discurso na origem da D) recursos da escrita em prosa e noções do senso
representação poética. comum para enfatizar as dificuldades
E) correlação entre elementos da cultura popular e de inerentes ao trabalho do poeta.
origem erudita. E) referências intertextuais e anedóticas para defender
a importância de uma atitude
destemida ante os riscos da criação poética.
QUESTÃO 11
QUESTÃO 12
Pessoal intransferível

Escute, meu chapa: um poeta não se faz com versos. É


o risco, é estar sempre a perigo
sem medo, é inventar o perigo e estar sempre
recriando dificuldades pelo menos maiores, é
destruir a linguagem e explodir com ela. Nada no
bolso e nas mãos. Sabendo: perigoso,
divino, maravilhoso.

Poetar é simples, como dois e dois são quatro sei que


a vida vale a pena etc. Difícil é não
correr com os versos debaixo do braço. Difícil é não
cortar o cabelo quando a barra pesa.
Difícil, pra quem não é poeta, é não trair a sua poesia,
que, pensando bem, não é nada, se
você está sempre pronto a temer tudo; menos o
ridículo de declamar versinhos sorridentes. E
sair por aí, ainda por cima sorridente mestre de
cerimônias, “herdeiro” da poesia dos que
levaram a coisa até o fim e continuam levando, graças
a Deus.

E fique sabendo: quem não se arrisca não pode berrar. GUARNIERI, A. Suplemento Literário de Minas Gerais, n. 1
Citação: leve um homem e um boi 338, set.-out. 2011
ao matadouro. O que berrar mais na hora do perigo é
o homem, nem que seja o boi. Adeusão.
TORQUATO NETO. Melhores poemas de Torquato Neto. São Ao correlacionar o trabalho humano ao da máquina, o
Paulo: Global, 2018. autor vale-se da disposição visual do

Expoente da poesia produzida no Brasil na década de texto para


1970 e autor de composições
A) expressar a ideia de desumanização e de perda de
representativas da Tropicália, Torquato Neto mobiliza,
identidade.
nesse texto,
B) ironizar a realização de tarefas repetitivas e
acríticas.
C) realçar a falta de sentido de atividades burocráticas.
D) sinalizar a alienação do funcionário de repartição. chamar um engenheiro da nossa companhia. Esses
E) destacar a inutilidade do trabalhador moderno. homens são da sua companhia, engenheiro, ele falou,
estão pedindo a conta. A companhia está empenhada
nessa ponte, gente, falou o engenheiro, vocês não
QUESTÃO 13 podem sair assim sem mais nem menos. Tinha uma
serra circular cortando uns caibros ali perto, então só
O livro It – A Coisa, de Stephen King dava pra falar quando a serra parava, e aquilo foi
dando nos nervos.
Durante as férias escolares de 1958, em Derry, pacata
cidadezinha do Maine, Bill, Richie, Stan, Mike, Eddie, Falei que a gente tinha o direito de sair quando a
Ben e Beverly aprenderam o real sentido da amizade, gente quisesse, e pronto. Nisso encostou um sujeito
do amor, da confiança e... do medo. O mais profundo de paletó mas sem gravata, o engenheiro continuou
e tenebroso medo. Naquele verão, eles enfrentaram falando e a serra cortando. Quando ele parou de falar,
pela primeira vez a Coisa, um ser sobrenatural e 50 Volts aproveitou uma parada da serra e falou que a
maligno, que deixou terríveis marcas de sangue em gente não era bicho pra trabalhar daquele jeito; daí o
Derry. Quase trinta anos depois, os amigos voltam a se supervisor falou que, se era falta de mulher, eles
encontrar. Uma nova onda de terror tomou a pequena davam um jeito. O engenheiro falou que tinha mais de
cidade. Mike Hanlon, o único que permanece em vinte companhias trabalhando na ponte, a maioria
Derry, dá o sinal. Precisam unir forças novamente. A com prejuízo, porque era mais uma questão de honra,
Coisa volta a atacar e eles devem cumprir a promessa a gente tinha de acabar a ponte, a nossa companhia
selada com sangue que fizeram quando crianças. Só nunca ia esquecer nosso trabalho ali naquela ponte,
eles têm a chave do enigma. Só eles sabem o que se um orgulho nacional.
esconde nas entranhas de Derry. O tempo é curto, PELLEGRINI, D. A maior ponte do mundo. In: Melhores contos.
mas somente eles podem vencer a Coisa. Em It – A São Paulo: Global, 2005.
Coisa, clássico de Stephen King em nova edição, os
amigos irão até o fim, mesmo que isso signifique
ultrapassar os próprios limites. As reivindicações dos operários, quanto às condições
Disponível em: www.livrariacultura.com.br. Acesso em: 1 dez. aviltantes de trabalho a que são submetidos, recebem
2017. algumas tentativas de neutralização dos
representantes do empregador, das quais a mais forte
é o(a)
Relacionando-se os elementos que compõem esse
texto, depreende-se que sua função social consiste em A) sequência de atribuição de responsabilidades e de
levar o leitor a poder decisório a terceiros.

B) solicitação em nome dos prejuízos e compromissos


para entrega da obra.
A) compreender a história vivenciada por amigos na
cidade de Derry. C) intimidação pela discreta presença de um agente de
segurança na cena.
B) interpretar a obra com base em uma descrição
detalhada. D) promessa de imediato atendimento da carência
sexual dos operários.
C) avaliar a publicação com base em uma síntese
crítica. E) apelo pela identificação com a empresa extensiva
ao amor patriótico.
D) adquirir a obra apresentada no site da livraria.

E) argumentar em favor da obra resumida.


QUESTÃO 15

QUESTÃO 14 Retrato de homem

Fomos falar com o tal encarregado, depois com um A paisagem estrita


engenheiro, depois com um supervisor que mandou ao apuro do muro
feito vértebra a vértebra
e escuro.
Será crime, afinal, será pecado,
A geração dos pelos Será delito de tão vis horrores,
sobre a casca e os rostos Perambular na rua um desgraçado
em seus diques de sombra Derramando nas praças suas dores?
repostos.
Mande, pois, libertá-lo da agonia
Os poços com seu lodo (a consciência assim nos insinua)
de ira e de tensão: Não sufoque o cantar que vem da rua,
entre cimento e fronte Que vem da noite para saudar o dia.
— um vão.
É o apelo que aqui lhe dirigimos,
As setas se atiram Na certeza do seu acolhimento
às margens de ninguém, Juntada desta aos autos nós pedimos
ilesas a si mesmas E pedimos, enfim, deferimento.
retêm. Disponível em: www.migalhas.com.br. Acesso em: 23 set. 2020
(adaptado).

Compassos de evasão
entre falange e rua Essa petição de habeas corpus, ao transgredir o rigor
sondando a solitude da linguagem jurídica,
nua.
A) permite que a narrativa seja objetiva e repleta de
E na armadura de coisa sentidos denotativos.
salobra, um só segredo: B) mostra que o cordel explora termos próprios da
a polpa toda é fruição esfera do direito.
de medo. C) demonstra que o jogo de linguagem proposto
ARAÚJO, L. C. Cantochão. Belo Horizonte: Imprensa Publicações atenua a gravidade do delito.
— Governo do Estado de Minas Gerais, 1967. D) exemplifica como o texto em forma de cordel
compromete a solicitação pretendida.
No poema, a descrição lírica do objeto representado é E) esclarece que os termos “crime” e “processo de
orientada por um olhar que contravenção” são sinônimos.

A) desvela sentimentos de vazio e angústia sob a


aparente austeridade. QUESTÃO 17
B) expressa desilusão ante a possibilidade de
superação do sofrimento. Eu tenho empresas e sou digno do visto para ir a Nova
C) contrapõe a fragilidade emocional ao uso York. O dinheiro que chove em Nova York é para
desmedido da força física. pessoas com poder de compra. Pessoas que tenham
D) associa a incomunicabilidade emocional às um visto do consulado americano. O dinheiro que
determinações culturais. chove em Nova York também é para os nova-
E) privilegia imagens relacionadas à exposição do iorquinos. São milhares de dólares. [...] Estou indo
dinamismo urbano. para Nova York, onde está chovendo dinheiro. Sou um
grande administrador. Sim, está chovendo dinheiro em
Nova York. Deu no rádio. Vejo que há pedestres
invadindo a via onde trafega o meu carro vermelho,
QUESTÃO 16 importado da Alemanha. Vejo que há carros nacionais
trafegando pela via onde trafega o meu carro
Senhor Juiz vermelho, importado da Alemanha. Ao chegar em
Nova York, tomarei providências.
O instrumento do “crime” que se arrola SANT’ANNA, A. O importado vermelho de Noé. In: MORICONI, I.
(Org.). Os cem melhores contos. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
Nesse processo de contravenção
Não é faca, revólver ou pistola,
Simplesmente, doutor, é um violão.
As repetições e as frases curtas constituem acabou e está na hora de jantar. A vida afinal acontece
procedimentos linguísticos importantes para a muito de repente — nunca ninguém nos avisou que
compreensão da temática do texto, pois aquele era mesmo o último Carnaval da Vitória. O
A) expressam a futilidade do discurso de poder e de Carnaval também chegava sempre de repente. Nós, as
distinção do narrador. crianças, vivíamos num tempo fora do tempo, sem
B) disfarçam a falta de densidade das angústias nunca sabermos dos calendários de verdade. [...] O
existenciais narradas. “dia da véspera do Carnaval”, como dizia a avó Nhé,
C) ironizam a valorização da cultura norte-americana era dia de confusão com roupas e pinturas a serem
pelos brasileiros. preparadas, sonhadas e inventadas. Mas quando
D) explicitam a ganância financeira do capitalismo acontecia era um dia rápido, porque os dias mágicos
contemporâneo. passam depressa deixando marcas fundas na nossa
E) criticam os estereótipos sociais das visões de memória, que alguns chamam também de coração.
mundo elitistas. ONDJAKI. Os da minha rua. Rio de Janeiro: Língua Geral, 2007.

As significações afetivas engendradas no fragmento


QUESTÃO 18 pressupõem o reconhecimento da

Chiquito tinha quase trinta quando conheceu Mariana A) perspectiva infantil assumida pela voz narrativa.
num baile de casamento na Forquilha, onde moravam B) suspensão da linearidade temporal da narração.
uns parentes dele. Por lá foi ficando, remanchando. C) tentativa de materializar lembranças da infância.
Fez mal à moça, como costumavam dizer, tiveram de D) incidência da memória sobre as imagens narradas.
casar às pressas. Morou uns tempos com o sogro, E) alternância entre impressões subjetivas e relatos
descombinaram. Foi só conta de colher o milho e factuais.
vender. Mudou pra casa do velho Chico Lourenço [seu
pai]. Fumaça própria só viu subir um par de anos
depois, quando o pai repartiu as terras. De tão QUESTÃO 20
parecidos, pai e filho nunca combinaram direito. Cada
qual mais topetudo, muitas vezes dona Aparecida Hino à Bandeira
ouvia o marido reclamar da natureza forte do filho. Ela Em teu seio formoso retratas
escutava com paciência e respondia dum jeito sempre Este céu de puríssimo azul,
igual: A verdura sem par destas matas,
— “Quem herda, não rouba”. E o esplendor do Cruzeiro do Sul.
Vinha um brilho nos olhos, o velho se acalmava.
ROMANO, O. Casos de Minas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. Contemplando o teu vulto sagrado,
Compreendemos o nosso dever,
Os ditados populares são frases de sabedoria criadas E o Brasil por seus filhos amado,
pelo povo, utilizadas em várias situações da vida. Poderoso e feliz há de ser!
Nesse texto, a personagem emprega um ditado
popular com a intenção de Sobre a imensa Nação Brasileira,
Nos momentos de festa ou de dor,
A) criticar a natureza forte do filho. Paira sempre sagrada bandeira
B) justificar o gênio difícil de Chiquito. Pavilhão da justiça e do amor!
C) legitimar o direito do filho à herança. BILAC, O.; BRAGA, F. Disponível em: www2.planalto.gov.br.
Acesso em: 10 dez. 2017 (fragmento).
D) conter o ânimo violento de Chico Lourenço.
E) condenar a agressividade do marido contra o filho.
No Hino à Bandeira, a descrição é um recurso utilizado
para exaltar o símbolo nacional na medida em que
QUESTÃO 19
A) remete a um momento futuro.
A vida às vezes é como um jogo brincado na rua: B) promove a união dos cidadãos.
estamos no último minuto de uma brincadeira bem C) valoriza os seus elementos.
quente e não sabemos que a qualquer momento pode D) emprega termos religiosos.
chegar um mais velho a avisar que a brincadeira já E) recorre à sua história.
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
QUESTÃO 21 Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
Viajo Curitiba das conferências positivistas, elas são O peixe beija e morde o que vê.
onze em Curitiba, há treze no mundo inteiro; do Eu escrevo apenas.
tocador de realejo que não roda a manivela desde que Tem que ter por quê?
o macaquinho morreu; dos bravos soldados do fogo LEMINSKI, P. Melhores poemas de Paulo Leminski. São Paulo:
Global, 2013.
que passam chispando no carro vermelho atrás do
incêndio que ninguém não viu, esta Curitiba e a do
cachorro-quente com chope duplo no Buraco do Tatu Ao abordar o próprio processo de criação, o poeta
eu viajo. recorre a exemplificações com o propósito de
representar a escrita como uma atividade que
Curitiba, aquela do Burro Brabo, um cidadão
misterioso morreu nos braços da Rosicler, quem foi? A) requer a criatividade do artista.
quem não foi? foi o reizinho do Sião; da Ponte Preta B) dispensa explicações racionais.
da estação, a única ponte da cidade, sem rio por baixo, C) independe da curiosidade do leitor.
esta Curitiba viajo. D) pressupõe a observação da natureza.
E) decorre da livre associação de imagens
Curitiba sem pinheiro ou céu azul, pelo que vosmecê é
— província, cárcere, lar —, esta Curitiba, e não a
outra para inglês ver, com amor eu viajo, viajo, viajo.
TREVISAN, D. Em busca de Curitiba perdida. Rio de Janeiro: QUESTÃO 23
Record, 1992.
Vaca Estrela e Boi Fubá
A tematização de Curitiba é frequente na obra de Seu doutô, me dê licença
Dalton Trevisan. No fragmento, a relação do narrador Pra minha história contar
com o espaço urbano é caracterizada por um olhar Hoje eu tô em terra estranha
É bem triste o meu penar
A) destituído de afetividade, que ironiza os costumes e Eu já fui muito feliz
as tradições da sociedade curitibana. Vivendo no meu lugar
B) marcado pela negatividade, que busca desconstruir Eu tinha cavalo bão
perspectivas habituais de representação da cidade. Gostava de campear
C) carregado de melancolia, que constata a falta de Todo dia eu aboiava
identidade cultural diante dos impactos da Na porteira do currá
urbanização.
D) embevecido pela simplicidade do cenário, [...]
indiferente à descrição de elementos de reconhecido
valor histórico. Eu sou fio do Nordeste
E) distanciado dos elementos narrados, que recorre ao Não nego meu naturá
ponto de vista do viajante como expressão de Mas uma seca medonha
estranhamento. Me tangeu de lá pra cá
PATATIVA DO ASSARÉ. Intérpretes: PENA BRANCA; XAVANTINHO;
TEIXEIRA, R. Ao vivo em Tatuí. Rio de Janeiro: Kuarup Discos,
1992 (fragmento).
QUESTÃO 22
Considerando-se o registro linguístico apresentado, a
Razão de ser
letra dessa canção

Escrevo. E pronto.
A) exalta uma forma específica de dizer.
Escrevo porque preciso,
B) utiliza elementos pouco usuais na língua.
preciso porque estou tonto.
C) influencia a maneira de falar do povo brasileiro.
Ninguém tem nada com isso.
D) discute a diversidade lexical de um dado grupo
Escrevo porque amanhece,
social.
E) integra o patrimônio linguístico do português Brilha a lua no céu, brilham estrelas,
brasileiro. Correm perfumes no correr da brisa,
A cujo influxo mágico respira-se
Um quebranto de amor, melhor que a vida!

QUESTÃO 24 A flor que desabrocha ao romper d’alva


Um só giro do sol, não mais, vegeta:
As cartas de amor Eu sou aquela flor que espero ainda
Doce raio do sol que me dê vida.
deveriam ser fechadas
com a língua. DIAS, G. Antologia poética. Rio de Janeiro: Agir, 1979
Beijadas antes de enviadas. (fragmento).
Sopradas. Respiradas.
O esforço do pulmão Na perspectiva do Romantismo, a representação
capturado pelo envelope, feminina espelha concepções expressas no poema
a letra tremendo pela
como uma pálpebra.
Não a cola isenta, neutra, A) reprodução de estereótipos sociais e de gênero.
mas a espuma, a gentileza, B) presença de traços marcadores de nacionalidade.
a gripe, o contágio. C) sublimação do desejo por meio da espiritualização.
Porque a saliva D) correlação feita entre estados emocionais e
acalma um machucado. natureza.
As cartas de amor E) mudança de paradigmas relacionados à
deveriam ser abertas sensibilidade.
com os dentes.
CARPINEJAR, F. Como no céu. Rio de Janeiro: Bertrand Russel,
2005.

No texto predomina a função poética da linguagem,


pois ele registra uma visão imaginária e singularizada
de mundo, construída por meio do trabalho estético
da linguagem. A função conativa também contribui
para esse trabalho na medida em que o enunciador
procura

A) influenciar o leitor em relação aos sentimentos


provocados por uma carta de amor, por meio de
opiniões pessoais.
B) definir com objetividade o sentimento amoroso e a
importância das cartas de amor.
C) alertar para consequências perigosas advindas de
mensagens amorosas.
D) esclarecer como devem ser escritas as mensagens
sentimentais nas cartas de amor.
E) produzir uma visão ficcional do sentimento
amoroso presente em cartas de amor

QUESTÃO 25

Leito de folhas verdes


ARTES

QUESTÃO 26

HIRST, D. Mother and Child. Bezerro dividido em duas partes: 1029 x


1689 x 625mm, 1993 (detalhe). Vidro, aço pintado, silicone, acrílico,
monofilamento, aço inoxidável, bezerro e solução de formaldeído.

TEXTO II

O grupo Jovens Artistas Britânicos (YABs), que surgiu


no final da década de 1980, possui obras diversificadas
AMARAL, T. O mamoeiro, 1925, óleo sobre tela.
IEB/USP
que incluem fotografias, instalações, pinturas e
carcaças desmembradas. O trabalho desses artistas
As vanguardas europeias trouxeram novas chamou a atenção no final do período da recessão,
perspectivas para as artes plásticas brasileiras. Na obra por utilizar materiais incomuns, como esterco de
O mamoeiro, a pintora Tarsila do Amaral valoriza elefantes, sangue e legumes, o que expressava os
detritos da vida e uma atmosfera de niilismo,
A) a representação de trabalhadores do campo. temperada por um humor mordaz.
B) as retas em detrimento dos círculos.
Disponível em: http://damienhirst.com. Acesso em: 15 jul. 2015.
C) os padrões tradicionais nacionalistas.
FARTHING, S. Tudo sobre arte. Rio de Janeiro: Sextante, 2011
D) a representação por formas geométricas. (adaptado).
E) os padrões e objetos mecânicos

A provocação desse grupo gera um debate em torno


da obra de arte pelo(a)
QUESTÃO 27

TEXTO I
A) recusa a crenças, convicções, valores morais,
estéticos e políticos na história moderna.

B) frutífero arsenal de materiais e formas que se


relacionam com os objetos construídos.

C) economia e problemas financeiros gerados pela


recessão que tiveram grande impacto no mercado.

D) influência desse grupo junto aos estilos pós-


modernos que surgiram nos anos 1990.

E) interesse em produtos indesejáveis que revela uma


consciência sustentável no mercado.
QUESTÃO 28

DE MARIA, W. Campo relampejante, 1977.

Disponível em: www.ballardian.com. Acesso em: 12 jun. 2018.

Na obra Campo relampejante (1977), o artista Walter


de Maria coloca hastes de ferro em espaços regulares,
KOSUTH, J. One and Three Chairs. Museu Reina Sofia, Espanha,
em um campo de 1600 metros quadrados no Novo
1965. México. O trabalho faz parte do movimento artístico
Disponível em: www.museoreinasofia.es. Acesso em: 4 jun. 2018 Land Art, que trata da
(adaptado)

A) constituição da cena artística marcada pela


A obra de Joseph Kosuth data de 1965 e se constitui paisagem natural, modificada pela multimídia.
por uma fotografia de cadeira, uma cadeira exposta e
um quadro com o verbete “Cadeira”. Trata-se de um B) ocupação de um local vazio sem função específica,
exemplo de arte conceitual que revela o paradoxo passando a existir como arte.
entre verdade e imitação, já que a arte C) utilização de equipamentos tradicionais como
suporte para a atividade artística.

A) não é a realidade, mas uma representação dela. D) divulgação de fenômenos científicos que dialogam
com a estética da arte.
B) fundamenta-se na repetição, construindo variações.
E) exposição da obra em locais naturais e institucionais
C) não se define, pois depende da interpretação do abertos ao público.
fruidor.

D) resiste ao tempo, beneficiada por múltiplas formas


de registro. GABARITO:
1E/2E/3A/4B/5C/6C/7A/8B/9E/10B/11E/12A/13D/14E/15A/16C
E) redesenha a verdade, aproximando-se das
definições lexicais. 17A/18B/19A/20C/21B/22B/23E/24A/25D/26D/27B/28A/29B

QUESTÃO 29

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