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ROMANTISMO POESIA
ARCADISMO
QUESTÃO 2
QUESTÃO 1
O laço de fita
Leia a posteridade, ó pátrio Rio,
Em meus versos teu nome celebrado, Não sabes, criança? 'Stou louco de amores...
Por que vejas uma hora despertado Prendi meus afetos, formosa Pepita.
O sono vil do esquecimento frio:
Mas onde? No templo, no espaço, nas névoas?!
Não vês nas tuas margens o sombrio, Não rias, prendi-me
Fresco assento de um álamo copado; Num laço de fita.
Não vês ninfa cantar, pastar o gado Na selva sombria de tuas madeixas,
Na tarde clara do calmoso estio. Nos negros cabelos de moça bonita,
Fingindo a serpente qu'enlaça a folhagem,
Turvo banhando as pálidas areias
Nas porções do riquíssimo tesouro Formoso enroscava-se
O vasto campo da ambição recreias. O laço de fita.
Era incapaz de apropriar-se do alheio, ou de praticar A) relação entre a natureza opressiva e o desejo de
um abuso de confiança; mas professava a moral fácil e libertação da personagem.
cômoda, tão cultivada atualmente em nossa B) confluência entre o estado emocional da
sociedade. personagem e a configuração da paisagem.
C) prevalência do mundo natural em relação à
Segundo essa doutrina, tudo é permitido em matéria fragilidade humana.
de amor; e o interesse próprio tem plena liberdade, D) depreciação do sentido da vida diante da
desde que se transija com a lei e evite o escândalo. consciência da morte iminente.
ALENCAR, J. Senhora. Disponível em: E) instabilidade psicológica da personagem face à
www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 out. 2015.
realidade hostil.
Na sua imaginação perturbada sentia a natureza toda Ela chovia em mim, em cada gesto,
agitando-se para sufocá-la. Aumentavam as sombras. pensamento, desejo, sono, e o resto.
No céu, nuvens colossais e túmidas rolavam para o
abismo do horizonte... Na várzea, ao clarão indeciso Era chuva fininha e chuva grossa,
do crepúsculo, os seres tomavam ares de monstros... Matinal e noturna, ativa... Nossa!
As montanhas, subindo ameaçadoras da terra, ANDRADE, C. D. Viola de bolso. Rio de Janeiro: José Olympio,
perfilavam-se tenebrosas... Os caminhos, 1952 (fragmento).
espreguiçando-se sobre os campos, animavam-se
quais serpentes infinitas... As árvores soltas choravam
Considerando-se a exploração das palavras “maria” e E) reputação do Santa Fé de lugar funesto a seus
“chuvosíssima” no poema, conclui-se moradores.
que tal recurso expressivo é um(a)
QUESTÃO 9
QUESTÃO 10
TEXTO I
Carlos é hoje um homem dividido, Mário, e isso graças
Cinema Novo às suas cartas.
Às vezes ele torce pelas palmeiras paródicas do
O filme quis dizer: “Eu sou o samba” Oswald de Andrade (a ninguém cá da terra passou
A voz do morro rasgou a tela do cinema despercebido o título que quer dar ao seu primeiro
E começaram a se configurar livro de poemas — Minha terra em palmeiras). Às
Visões das coisas grandes e pequenas vezes não quer esquecer o gélido cinzel de Bilac e a
Que nos formaram e estão a nos formar prosa clássica dos decadentistas franceses, e à noite,
Todas e muitas: Deus e o diabo, vidas secas, os fuzis, ao ouvir o chamado da moça-fantasma, fica cismando
Os cafajestes, o padre e a moça, a grande feira, o ismálias em decassílabos rimados. Às vezes sucumbe
desafio ao trato cristão da condição humana e, à sombra dos
Outras conversas, outras conversas sobre os jeitos do rodapés de Tristão de Ataíde, tem uma recaída
Brasil jacksoniana. Às vezes não sabe se prefere o barulho
VELOSO, C.; GIL, G. In: Tropicália 2. Rio de Janeiro: Polygram, do motor do carro em disparada, ou se fica
1993 (fragmento). contemplando o sinal vermelho que impõe stop ao
trânsito e silêncio ao cidadão. Às vezes entoa loas à
vida besta, que devia jazer para sempre abandonada
TEXTO II em Itabira. Mas na maioria das vezes sai saracoteando
ironicamente pela rua macadamizada da poesia, que
O cinema brasileiro partiu da consciência do nem um pernóstico malandro escondido por detrás
subdesenvolvimento e da necessidade de dos óculos e dos bigodes, ou melhor, que nem a
superá-lo de maneira total, em sentido estético, foliona negra que você tanto admirou no Rio de
filosófico, econômico: superar o Janeiro por ocasião das bacanais de Momo.
subdesenvolvimento com os meios do SANTIAGO, S. Contos antológicos de Silviano Santiago. São Paulo:
Nova Alexandria, 2006.
subdesenvolvimento. Tropicalismo é o nome dessa
operação; por isso existe um cinema antes e depois do
Tropicalismo. Agora nós não temos Inspirado nas cartas de Mário de Andrade para Carlos
Drummond de Andrade, o autor dá a esse material
uma releitura criativa, atribuindo-lhe um remetente A) gírias e expressões coloquiais para criticar a
ficcional. O resultado é um linguagem adornada da tradição literária
texto de expressividade centrada na então vigente.
B) intenções satíricas e humorísticas para delinear
A) hesitação na escolha de um modelo literário ideal. uma concepção de poesia voltada
B) colagem de estilos e estéticas na formação do para a felicidade dos leitores.
escritor. C) frases de efeito e interpelações ao leitor para
C) confluência de vozes narrativas e de referências ironizar as tentativas de adequação do
biográficas. poema ao gosto do público.
D) fragmentação do discurso na origem da D) recursos da escrita em prosa e noções do senso
representação poética. comum para enfatizar as dificuldades
E) correlação entre elementos da cultura popular e de inerentes ao trabalho do poeta.
origem erudita. E) referências intertextuais e anedóticas para defender
a importância de uma atitude
destemida ante os riscos da criação poética.
QUESTÃO 11
QUESTÃO 12
Pessoal intransferível
E fique sabendo: quem não se arrisca não pode berrar. GUARNIERI, A. Suplemento Literário de Minas Gerais, n. 1
Citação: leve um homem e um boi 338, set.-out. 2011
ao matadouro. O que berrar mais na hora do perigo é
o homem, nem que seja o boi. Adeusão.
TORQUATO NETO. Melhores poemas de Torquato Neto. São Ao correlacionar o trabalho humano ao da máquina, o
Paulo: Global, 2018. autor vale-se da disposição visual do
Compassos de evasão
entre falange e rua Essa petição de habeas corpus, ao transgredir o rigor
sondando a solitude da linguagem jurídica,
nua.
A) permite que a narrativa seja objetiva e repleta de
E na armadura de coisa sentidos denotativos.
salobra, um só segredo: B) mostra que o cordel explora termos próprios da
a polpa toda é fruição esfera do direito.
de medo. C) demonstra que o jogo de linguagem proposto
ARAÚJO, L. C. Cantochão. Belo Horizonte: Imprensa Publicações atenua a gravidade do delito.
— Governo do Estado de Minas Gerais, 1967. D) exemplifica como o texto em forma de cordel
compromete a solicitação pretendida.
No poema, a descrição lírica do objeto representado é E) esclarece que os termos “crime” e “processo de
orientada por um olhar que contravenção” são sinônimos.
Chiquito tinha quase trinta quando conheceu Mariana A) perspectiva infantil assumida pela voz narrativa.
num baile de casamento na Forquilha, onde moravam B) suspensão da linearidade temporal da narração.
uns parentes dele. Por lá foi ficando, remanchando. C) tentativa de materializar lembranças da infância.
Fez mal à moça, como costumavam dizer, tiveram de D) incidência da memória sobre as imagens narradas.
casar às pressas. Morou uns tempos com o sogro, E) alternância entre impressões subjetivas e relatos
descombinaram. Foi só conta de colher o milho e factuais.
vender. Mudou pra casa do velho Chico Lourenço [seu
pai]. Fumaça própria só viu subir um par de anos
depois, quando o pai repartiu as terras. De tão QUESTÃO 20
parecidos, pai e filho nunca combinaram direito. Cada
qual mais topetudo, muitas vezes dona Aparecida Hino à Bandeira
ouvia o marido reclamar da natureza forte do filho. Ela Em teu seio formoso retratas
escutava com paciência e respondia dum jeito sempre Este céu de puríssimo azul,
igual: A verdura sem par destas matas,
— “Quem herda, não rouba”. E o esplendor do Cruzeiro do Sul.
Vinha um brilho nos olhos, o velho se acalmava.
ROMANO, O. Casos de Minas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. Contemplando o teu vulto sagrado,
Compreendemos o nosso dever,
Os ditados populares são frases de sabedoria criadas E o Brasil por seus filhos amado,
pelo povo, utilizadas em várias situações da vida. Poderoso e feliz há de ser!
Nesse texto, a personagem emprega um ditado
popular com a intenção de Sobre a imensa Nação Brasileira,
Nos momentos de festa ou de dor,
A) criticar a natureza forte do filho. Paira sempre sagrada bandeira
B) justificar o gênio difícil de Chiquito. Pavilhão da justiça e do amor!
C) legitimar o direito do filho à herança. BILAC, O.; BRAGA, F. Disponível em: www2.planalto.gov.br.
Acesso em: 10 dez. 2017 (fragmento).
D) conter o ânimo violento de Chico Lourenço.
E) condenar a agressividade do marido contra o filho.
No Hino à Bandeira, a descrição é um recurso utilizado
para exaltar o símbolo nacional na medida em que
QUESTÃO 19
A) remete a um momento futuro.
A vida às vezes é como um jogo brincado na rua: B) promove a união dos cidadãos.
estamos no último minuto de uma brincadeira bem C) valoriza os seus elementos.
quente e não sabemos que a qualquer momento pode D) emprega termos religiosos.
chegar um mais velho a avisar que a brincadeira já E) recorre à sua história.
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
QUESTÃO 21 Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
Viajo Curitiba das conferências positivistas, elas são O peixe beija e morde o que vê.
onze em Curitiba, há treze no mundo inteiro; do Eu escrevo apenas.
tocador de realejo que não roda a manivela desde que Tem que ter por quê?
o macaquinho morreu; dos bravos soldados do fogo LEMINSKI, P. Melhores poemas de Paulo Leminski. São Paulo:
Global, 2013.
que passam chispando no carro vermelho atrás do
incêndio que ninguém não viu, esta Curitiba e a do
cachorro-quente com chope duplo no Buraco do Tatu Ao abordar o próprio processo de criação, o poeta
eu viajo. recorre a exemplificações com o propósito de
representar a escrita como uma atividade que
Curitiba, aquela do Burro Brabo, um cidadão
misterioso morreu nos braços da Rosicler, quem foi? A) requer a criatividade do artista.
quem não foi? foi o reizinho do Sião; da Ponte Preta B) dispensa explicações racionais.
da estação, a única ponte da cidade, sem rio por baixo, C) independe da curiosidade do leitor.
esta Curitiba viajo. D) pressupõe a observação da natureza.
E) decorre da livre associação de imagens
Curitiba sem pinheiro ou céu azul, pelo que vosmecê é
— província, cárcere, lar —, esta Curitiba, e não a
outra para inglês ver, com amor eu viajo, viajo, viajo.
TREVISAN, D. Em busca de Curitiba perdida. Rio de Janeiro: QUESTÃO 23
Record, 1992.
Vaca Estrela e Boi Fubá
A tematização de Curitiba é frequente na obra de Seu doutô, me dê licença
Dalton Trevisan. No fragmento, a relação do narrador Pra minha história contar
com o espaço urbano é caracterizada por um olhar Hoje eu tô em terra estranha
É bem triste o meu penar
A) destituído de afetividade, que ironiza os costumes e Eu já fui muito feliz
as tradições da sociedade curitibana. Vivendo no meu lugar
B) marcado pela negatividade, que busca desconstruir Eu tinha cavalo bão
perspectivas habituais de representação da cidade. Gostava de campear
C) carregado de melancolia, que constata a falta de Todo dia eu aboiava
identidade cultural diante dos impactos da Na porteira do currá
urbanização.
D) embevecido pela simplicidade do cenário, [...]
indiferente à descrição de elementos de reconhecido
valor histórico. Eu sou fio do Nordeste
E) distanciado dos elementos narrados, que recorre ao Não nego meu naturá
ponto de vista do viajante como expressão de Mas uma seca medonha
estranhamento. Me tangeu de lá pra cá
PATATIVA DO ASSARÉ. Intérpretes: PENA BRANCA; XAVANTINHO;
TEIXEIRA, R. Ao vivo em Tatuí. Rio de Janeiro: Kuarup Discos,
1992 (fragmento).
QUESTÃO 22
Considerando-se o registro linguístico apresentado, a
Razão de ser
letra dessa canção
Escrevo. E pronto.
A) exalta uma forma específica de dizer.
Escrevo porque preciso,
B) utiliza elementos pouco usuais na língua.
preciso porque estou tonto.
C) influencia a maneira de falar do povo brasileiro.
Ninguém tem nada com isso.
D) discute a diversidade lexical de um dado grupo
Escrevo porque amanhece,
social.
E) integra o patrimônio linguístico do português Brilha a lua no céu, brilham estrelas,
brasileiro. Correm perfumes no correr da brisa,
A cujo influxo mágico respira-se
Um quebranto de amor, melhor que a vida!
QUESTÃO 25
QUESTÃO 26
TEXTO II
TEXTO I
A) recusa a crenças, convicções, valores morais,
estéticos e políticos na história moderna.
A) não é a realidade, mas uma representação dela. D) divulgação de fenômenos científicos que dialogam
com a estética da arte.
B) fundamenta-se na repetição, construindo variações.
E) exposição da obra em locais naturais e institucionais
C) não se define, pois depende da interpretação do abertos ao público.
fruidor.
QUESTÃO 29