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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS


DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
DISCIPLINA: TÓP. ESPECIAIS EM PSICOLOGIA CLÍNICA
PROFESSORA: MAURÍCIO MANGUEIRA

ALUNA: MICHELLE FERREIRA ANDRADE

RESENHA SOBRE O TEXTO


“ÉDIPO SEM COMPLEXO”
“O Mito e a Tragédia na Grécia antiga”

J.P. VERNANT

São Cristóvão
Julho/2006
Resenha sobre o Texto “Édipo sem Complexo” extraído do livro Mito e Tragédia na

Grécia Antiga e redigido por J.P.Vernant.

O texto trata sobre o mito de Édipo Rei e a sua interpretação no Ocidente por Freud. O
autor diz que o modo de interpretá-lo não problema, a crítica é feita em cima da
Universalidade que foi imbuída a teoria de Freud. E infere não acreditar nesta relevância de
validade Universal.
Inicialmente o autor faz uma crítica à procedência da teoria do Complexo de Édipo e
cita que a confirmação da mesma vem através de casos clínicos isolados e de “sonhos
contemporâneos”. Continua analisando as lacunas da teoria Freudiana ao esquadrinhar o
contexto histórico em que foi escrito o mito de Édipo - Rei e comparando com as vivências
sócias, históricas e mentais atuais.
“O agente que explica o ato, mas antes o ato que, revelando depois seu sentido
autêntico, volta-se contra o agente, esclarece sua natureza, descobre o que ele é e o que ele
realmente realizou sem saber?” (pág.81 l.1-4) Neste trecho, podemos inferir que o autor quis
indagar que o mito de Édipo depois de escrito trouxe-nos uma interpretação que talvez nem
fosse a intenção de quem o fez, e ainda nos levando a analisar e “julgar” o quem escreveu. O
agente no caso seria quem escreveu o ato, não necessariamente a pessoa que escreveu, mas “o
que” levou a escrever, o Ato = ao mito, sentido autêntico eu entendo como sendo seria este
significado descoberto após a repercussão da tragédia, e este significado volta contra o
agente. Podemos notar uma sutil e enfática crítica a Freud que ao universalizar o Complexo
de Édipo “passa por cima” de quem a escreveu.
Ainda neste enfoque o autor questiona o “aparecimento” do Complexo de Édipo
justamente no séc. VI a V, e porque não antes se tem um sentido universal. Porque pessoas
que viveram antes dos helenistas não pensaram ou escreveu alguma coisa formalizando o
caso?
“A lenda de Édipo Rei é a reação da nossa imaginação a esses dois sonhos típicos e,
como esses sonhos são no adulto acompanhados de sentimentos de repulsa, é preciso que a
lenda traga o terror e a autopunição no seu próprio conteúdo.” Porém nas primeiras versões do
mito não há o menor traço de autopunição, “porque Édipo morre tranquilamente instalado no
trono de Tebas, sem ao menos ter furado seus olhos.” Assim notamos mais um ponto de
crítica a teoria Freudiana, pois ele alega que senão for o exemplo de Édipo a teoria vai por
água a baixo.
“O sentido Trágico da responsabilidade surge quando a ação humana já é o objeto de
uma reflexão, de um debate interior, mas não adquiriu ainda uma posição suficientemente
autônoma para bastar-se plenamente.”
Segundo o autor, “um outro procedimento que permite “Edizipar” os temas lendários
mais diversos, consistem em batizar como incesto, uniões que os gregos consideravam
perfeitamente legítimas e que, portanto, não tinham nenhum caráter incestuoso.” (Pág.90 1º
Parágrafo) Se na época não era considerado incesto a atitude de se relacionar entre parentes,
por outro lado este é um dos pontos chaves do Complexo de Édipo.
O Autor finaliza o texto dizendo que “não há simbolismo, traços de angústia, nem de
culpabilidade propriamente edipianas. Não é, portanto, o sonho, posto como uma realidade a -
histórica que pode conter e revelar o sentido das obras de cultura. O sentido de um sonho
aparece, enquanto fenômeno simbólico, como um fato cultural da competência de um estudo
de psicologia histórica. A esse respeito, poder-se-ia propor aos psicanalistas que se fizessem
mais historiadores e que pesquisassem, através das diversas Interpretações dos Sonhos que se
sucederam no Ocidente, as constâncias e as transformações eventuais da simbologia dos
sonhos”.
Com isso o autor quer dizer que o “Complexo de Édipo” deveria ser mais
contextualizado e analisado antes se fazer uma reflexão tão profundo do mito.

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