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DEPENDÊNCIA DAS MEDICAÇÕES ORAIS PARA DISFUNÇÃO ERÉTIL: UM PROGRAMA DE

TRATAMENTO COGNITIVO COMPORTAMENTAL,


Antonio Carvalho,
Centro Masculin, Rio De Janeiro, Rj

DISFUNÇÃO ERÉTIL, DEPENDÊNCIA, MEDICAMENTOS.

Uma verdadeira revolução ocorreu nos últimos anos, quando o tratamento da disfunção erétil
adquiriu uma enorme visibilidade. Podemos dizer que hoje a disfunção erétil é reconhecida
como algo grave e que precisa ser tratado. Todavia, a partir do momento que o prazer sexual
ficou associado a uma boa ereção, passou a ser natural encontrar homens muito insatisfeitos
com a sua performance sexual, que buscam na medicação oral uma solução rápida e simplista
para suas queixas nesta esfera e que como consequência, se tornam dependentes dessa
medicação cada vez mais jovens. Diante deste quadro passamos a receber em nossa clinica
cada vez mais pacientes preocupados com a necessidade de sempre que for se relacionar ter
que fazer uso de um medicamento. Em função disto, este programa de tratamento passou a ser
desenvolvido. Não podemos negar que os medicamentos para ereção são eficazes,
principalmente para os homens que apresentam transtorno de ereção, tendo como etiologia
ansiedade de desempenho sexual. Em geral, estes homens acabam por fazer uso destas drogas
de forma indiscriminada, tendo em vista a facilidade em adquiri-la e a falta de orientação
quanto a necessidade de um acompanhamento psicoterápico. O medo de um mau
desempenho, é o que acarreta a disfunção erétil; sendo assim, este medo deve ser o foco do
tratamento, o que não acontece com o uso dos medicamentos. A ingestão das drogas em um
primeiro momento reduz o medo, reforçando-o em seguida, criando assim um círculo vicioso
de dependência da medicação oral e a perpetuação da fobia de falhar. O programa de
tratamento para estes casos é dividido em vários procedimentos. Os primeiros consistem em
dar informações ao paciente sobre o problema, educa-lo sobre como as suas crenças
distorcidas e pensamentos automáticos com relação ao sexo acarretam ansiedade e como esta
age no mecanismo de ereção e ejaculação, e sinalizar que possivelmente o seu padrão de
comportamento talvez não o leve a erotizar de forma suficiente. O próximo passo implica em
esclarecer a farmacocinética das drogas e demonstrar como o uso dos medicamentos,
indiretamente aumentam o problema inicial com o decorrer do tempo. A análise das situações
de uso da medicação assim como o contexto em que o remédio é utilizado e sua dosagem,
fazem parte de outra etapa do tratamento, assim como hierarquizar situações sexuais que
causam ansiedade. A discussão sobre crenças sexuais e a analise dos pensamentos automáticos
em termos de tudo ou nada e a compreensão da resposta sexual da(o) parceira (o), bem como
necessidade de buscar padrões de respostas sexuais inatingíveis são outro ponto do
tratamento. O treino de assertividade visando uma melhora na comunicação sexual do casal e
a negociação dos scripts, também fazem parte do programa. Todavia, o procedimento
especifico da terapia consiste em expor o cliente a situação problema de forma controlada e
com segurança. Para isto, fazemos uso da injeção vasoativa como suporte. Sem nenhum
medicamento é proposto ao cliente criar com sua (seu) parceira (o) situações sexuais, porém
sem intercurso sexual, a exposição deve ter duração de aproximadamente 60 minutos e ser
durante um determinado período sistemática, o seu principal objetivo é ensinar ao cliente a
focalizar a atenção em outros estímulos sexuais que não sejam apenas genitais, fazê-lo ter uma
percepção do desenvolvimento da ansiedade e ensina-lo a administra-la antes que as cognições
negativas cresçam em progressão geométrica. A importância da erotização é novamente
enfatizada. Sem a preocupação com a ereção e criando mais estímulos eróticos é esperado que
a ereção ocorra sem o uso de nenhuma medicação. Este programa de tratamento objetiva de
que a ereção obtida pelo cliente deva ser conseqüência do prazer alcançado na sua relação
sexual e que o paradigma da ereção para ser ter prazer possa ser reformulado.

Referencias:

Barlow, D. H.(1986) Causes of sexual dysfunction: the role of anxiety and cogntive interference.
Journal of Consulting and Clinical Psychology, 54,140-148.
Barlow, D. H., Sakhein, D. K & Beck, J. G. (1983). Anxiety increases sexual arousal. Journal of
Abnormal Psychology, V. 92, 49-54.
Leahy, R. L (2006) Técnicas de Terapia Cognitiva: manual do terapeuta. Porto Alegre: Artmed.
Range. B & Org (2011) Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais: um diálogo com a
Psiquiatria. Porto Alegre: Artmed.

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