Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1. Introdução 3
2. Conceitos Fundamentais 4
3. Formação da Imagem 12
4. Dispositivos de Aquisição 16
5. Visualização da Imagem 25
6. Procedimentos e Resultados 34
8. Referências Bibliográficas 40
1
1. Introdução
Figura 1.1: a) Uma fatia composta por voxels. b) Uma imagem composta por pixels.
2
2. Conceitos Fundamentais
2.1. A Física dos Spins
O spin é uma propriedade fundamental das partículas atômicas, representada em
múltiplos de ½e sinalizada como positiva ou negativa. Por exemplo, o átomo de Deutério
(2H) possui um elétron não emparelhado, um próton não emparelhado e um nêutron não
emparelhado, o que resulta um spin eletrônico igual a +½e um spin nuclear igual a +1.
Duas ou mais partículas que possuam spins de sinais opostos podem se emparelhar
cancelando os efeitos observáveis de seus spins, o que as torna inviáveis para a
detecção por ressonância magnética.
As partículas nucleares podem ser detectadas e terem sua posição conhecida
devido a uma relação entre a freqüência na qual elas absorvem energia de rotação (por
ressonância) e o campo magnético ao qual estão submetidas. Esta relação é conhecida
como a equação da precessão de Larmor. Segundo Larmor, uma partícula que possua
spin resultante diferente de zero submetida a um campo magnético de intensidade B pode
absorver um fóton de freqüência ω, a qual depende da taxa giromagnética γ .
ω L = γB
Os principais elementos químicos analisados em exames de ressonância
magnética, os valores de seus spins resultantes e suas constantes giromagnéticas estão
dispostos na Tabela 2.1.
Tabela 2.1: Alguns elem entos químicos e suas respectivas constantes giromagnéticas
Para compreender como uma partícula que possui um spin resultante se comporta
na presença de um campo magnético, pode-se considerar o spin como sendo o vetor
momento magnético causado pelo movimento de rotação desta partícula, fazendo com
que a partícula se comporte como um pequeno ímã, com um pólo norte e um pólo sul. Na
presença de um campo magnético externo, este vetor tende a se alinhar com este campo.
Portanto, existem duas configurações possíveis: uma configuração de alto nível de
energia (N-S-N-S) e uma configuração de baixo nível de energia (N-N-S-S), como visto na
Figura 2.1.
3
a) b)
Figura 2.1: a) Configuração de alto nível de energia; b) Configuração de baixo nível de
energia.
Uma partícula pode passar por uma transição entre os dois níveis de energia
possíveis pela absorção de um fóton. Quando no estado de baixa energia, a partícula
pode absorver um fóton e “pular” para o nível de maior energia, desde que a energia
deste fóton seja exatamente a energia correspondente à diferença energética entre os
dois níveis. A energia E de um fóton é proporcional à sua freqüência ω, e relacionada
pela constante de Planck ž .
E = hω
Esta freqüência ω é denominada freqüência de ressonância de Larmor, que pode
ser substituída, segundo a equação de Larmor, a fim de se determinar a energia do fóton
necessária para promover a transição entre os níveis de energia em função do campo
magnético.
E = hγB
A absorção de energia por uma partícula é um fenômeno quântico. Quando um
grupo de partículas é colocado sob um campo magnético externo, cada spin se alinha em
uma das duas orientações possíveis. Em temperatura ambiente, o número de spins no
estado de baixa energia, N+, é ligeiramente maior que no estado de alta energia, N -. Esta
relação é regida pela estatística de Boltzmann, onde E é a diferença de energia entre os
dois estados, k é a constante de Boltzmann, e T é a temperatura em Kelvin.
N− = e −E / kT
N+
O sinal captado em um exame por ressonância magnética é proporcional à
diferença entre o número de partículas no estado de alta energia e o número de partículas
no estado de baixa energia. Sendo assim, a abundância natural e a abundância biológica
do elemento químico cuja freqüência de ressonância é observada exercem grande
influência na intensidade do sinal que é captado. A Tabela 2.2 e a Tabela 2.3 mostram,
respectivamente, a abundância natural (presente na natureza) e a abundância biológica
(presente no corpo humano) de alguns elementos químicos, onde fica clara a escolha do
hidrogênio como principal elemento analisado nos exames por ressonância magnética.
4
Tabela 2.2: Abundância Natural
Elemento Abundância
Biológica [%]
Hidrogênio (H) 0.63
Carbono (C) 0.00041
Nitrogênio (N) 0.0024
Sódio (Na) 0.094
Fósforo (P) 0.26
Potássio (K) 0.0022
Cálcio (Ca) 0.015
2.2. O Processo T1
5
No equilíbrio, o vetor de magnetização resultante aponta no sentido do campo B0 e
é denominado magnetização de equilíbrio M 0. A Figura 2.4 mostra o sistema de
coordenadas para o estado de equilíbrio, onde o componente Z do vetor de magnetização
é máximo.
Figura 2.5: M Z = 0
Portanto, este retorno ao equilíbrio pode ser descrido como uma função na forma:
(
M Z = M 0 1 − e − t / T1 )
6
2.3. Precessão
2.4. O Processo T2
M XY = M XY 0e − t / T2
T2 é sempre menor ou igual a T1, isto significa que a magnetização transversal (no
plano XY) diminui até ser igual a zero, e somente após M XY = 0 é que a magnetização
longitudinal (M Z) retorna ao seu valor de equilíbrio M 0, como mostrado na Figura 2.4.
O comportamento de cada componente do vetor de magnetização no domínio do
tempo pode ser obtido através da solução das equações de Bloch:
7
2.5. O Decaimento Indutivo Livre (FID)
8
Figura 2.11: Pulso de 90
(
S = kρ 1 − e−TR / T1 )
2.6. A Seqüência Eco do Spin (Spin-Eco)
9
Após o inicio da defasagem, aplica-se um pulso de 180º , promovendo uma
inversão de fase para cada spin. Isto significa que os spins que estavam com a fase
adiantada passam a ter a fase atrasada em relação aos demais.
Estes spins, que antes possuíam a fase adiantada e que agora estão com a fase
atrasada, começam a diminuir a diferença de fase, por possuírem uma velocidade de
rotação maior eles alcançam a fase dos outros. A seqüência de aumento e de diminuição
da fase produz um sinal denominado eco. O diagrama de tempo da Figura 2.15 mostra a
posição relativa dos pulsos de 90o, 180o e do eco.
( )
S = kρ 1 − e−TR / T1 e−TE / T2
2.7 O Desvio Químico
B = B0 (1− σ )
A densidade de elétrons em torno de cada núcleo em uma molécula varia de
acordo com o tipo de elemento químico e com o tipo de ligação entre os elementos da
molécula, causando um campo oposto ao campo externo diferente em cada caso. Assim,
10
o campo efetivo sobre cada núcleo também varia, dando origem ao fenômeno chamado
desvio químico.
Se for tomado como exemplo uma molécula de metanol, Figura 2.16, a freqüência
de ressonância será diferente para cada tipo de núcleo de hidrogênio desta molécula.
Esta diferença depende do campo magnético externo (B0) aplicado. Quanto maior o
campo, maior a diferença entre as freqüências de res sonância, o que dificulta a
comparação entre espectros de freqüência de ressonância obtidos em equipamentos que
operam com campos magnéticos estáticos de valores diferentes.
11
3. Formação da Imagem
ω L = γB
Pode-se assumir, por hipótese, uma parte do corpo que contenha três regiões
distintas que apresentam uma certa densidade de hidrogênio. Se estas três regiões
estiverem sob efeito do mesmo campo magnético, tem-se um sinal que apresenta apenas
um pico na freqüência de ressonância do hidrogênio.
Desta forma, a única informação obtida é que “há hidrogênio na região analisada”,
mas não é possível dizer a localização deste elemento. O campo gradiente é uma das
formas de se superar esta limitação.
Tomando o mesmo exemplo do item anterior, se cada região estiver sob a ação de
um campo magnético diferente é possível determinar a sua posição espacial. O meio de
se obter um valor diferente de campo magnético para cada posição é através do chamado
campo gradiente. Um campo gradiente é um campo magnético que varia em função da
sua posição espacial em determinada direção. Em imagens de ressonância magnética, é
mais utilizado o campo gradiente unidimensional, ou seja, que apresenta variação linear
em uma única direção.
No caso do exemplo considerado, quando se aplica um gradiente linear de campo,
as regiões com densidade de hidrogênio estarão submetidas a campos magnéticos
diferentes, resultando um espectro com mais de uma freqüência de ressonância, sendo a
12
amplitude do sinal nestas freqüências proporcional à densidade de hidrogênio em cada
região, como visto na Figura 3.2.
ω = γ ( B0 + x ⋅ G x ) = ω 0 + γ ⋅ x ⋅ Gx
x = (ω − ω0 ) /(γ ⋅ G x )
Todas as imagens de ressonância magnética são formadas por este princípio.
Umas das formas de obter uma imagem completa a partir deste conceito é utilizando a
retroprojeção.
3.2. Retroprojeção
13
Após a aquisição dos espectros de freqüência para diversos ângulos, estes dados
podem ser processados por um computador e fornecer uma imagem com a posição de
cada uma das regiões que apresentam densidade de hidrogênio significativa. Quanto
maior o número de projeções utilizadas para a reconstrução da imagem, maior será a
exatidão desta imagem.
A Figura 3.4 mostra o resultado de uma retroprojeção feita para o caso hipotético
de uma parte do corpo com três regiões com densidades de hidrogênio distintas. Após o
processamento inicial da retroprojeção, podem ser aplicados filtros que, entre outras
funções, eliminam o sinal de fundo, dando origem a uma imagem análoga a imagem
mostrada na Figura 3.5.
14
transversal depende do campo ao qual ele está submetido que, no caso de um campo
gradiente, depende da posição.
Se forem tomadas como exemplo três regiões com spin resultante diferente de
zero, o vetor de magnetização transversal de cada região gira em torno do eixo X com a
mesma freqüência (Larmor) quando submetidos a um campo uniforme. Se for aplicado
um campo gradiente na direção X ( Gx ), os três vetores entrarão em precessão nesta
direção a uma freqüência ω definida pela equação de ressonância:
ω = γ ( B0 + x ⋅ Gx ) = ω 0 + γ ⋅ x ⋅ Gx
φ
Figura 3.6: Codificação na Fase através do Campo Gφ
15
4. Dispositivos de Aquisição
16
4.1. O Magneto
O magneto é o componente mais caro de um equipamento de ressonância
magnética. A maioria deles é do tipo supercondutor. Um magneto supercondutor é um
eletroímã construído com cabos supercondutores, que apresentam resistência ôhmica
bem próxima de zero quando resfriados a temperaturas próximas de 0 Kelvin.
Normalmente, estes supercondutores são resfriados por hélio líquido. Uma vez induzida a
corrente que circula pelo supercondutor, ela se mantém constante ao longo do tempo, já
que praticamente não existem perdas ôhmicas, mantendo também o campo magnético
por ela gerado. A perda de energia do supercondutor é da ordem de algumas unidades
por milhão no período de um ano, sendo, portanto, um fator de pouca influência no
funcionamento normal do equipamento.
17
4.2. As Bobinas de Campo Gradiente
18
Figura 4.6: Bobina para gerar gradiente na direção Y
As bobinas de rádio freqüência são as responsáveis por criar o campo B1 que gira
o vetor de magnetização para o plano transversal em uma seqüência de pulsos. Além de
produzir campo, estas bobinas também são responsáveis por detectar a magnetização
transversal em precessão no plano XY. Assim, as bobinas de rádio freqüência podem ser
classificadas em três grupos: bobinas que transmitem e captam sinal, bobinas que apenas
transmitem sinal, e bobinas que apenas captam sinal. Para cada situação, dependendo
do órgão ou membro que se quer analisar, utiliza-se um tipo de bobina diferente.
A fim de apresentar melhor desempenho, uma bobina de rádio freqüência deve ter
freqüência de ressonância igual à freqüência de Larmor do elemento químico em análise.
Cada uma dessas bobinas é composta por um indutor, ou elementos indutivos, e um
conjunto de elementos capacitivos. A freqüência de ressonância da bobina ω B é
determinada pela indutância L e pela capacitância C do circuito.
1
ωB =
2π LC
Alguns tipos de bobina precisam ser sintonizados para cada paciente (em função
da relação água/gordura) através da variação da capacitância do circuito. Deve também
ser assegurado que o campo B1 gerado pela bobina de RF seja perpendicular ao campo
B0 do magneto.
A seguir, são listados os principais tipos de bobinas RF utilizados em ressonância
magnética.
19
• Bobina espiral, ou solenóide.
• Bobina de superfície.
As bobinas de superfície são muito utilizadas por serem bobinas que apenas
recebem sinal e possuem uma alta relação sinal/ruído para tecidos próximos à bobina.
Estas bobinas podem ser planas ou moldadas conforme o membro que se deseja
examinar. A Figura 4.9 mostra um exemplo de bobina plana de superfície e a Figura 4.10
mostra uma bobina de superfície que pode ser moldada em torno de um membro.
20
Figura 4.9: Foto de uma bobina de superfície plana
21
• Bobina tipo gaiola.
22
• Bobina de uma única espira.
As bobinas de uma única espira (única volta) são úteis quando se pretende
examinar extremidades como mama e punho. A Figura 4.13 mostra o diagrama
esquemático de uma bobina deste tipo, e a Figura 4.14 mostra uma foto da sua utilização
para examinar um punho.
23
4.4. Detector de Quadratura
24
5. Visualização da Imagem
Depois de coletados os dados do exame de ressonância, inicia uma das fases mais
importantes do exame: o processamento dos dados e das imagens. Este processamento
é de crucial importância, porque os dados na forma em que foram adquiridos não
representam uma imagem anatômica. A fim de compreender o processamento feito com
estes dados, é necessário rever alguns conceitos, como o histograma da imagem e os
sistemas de coordenadas e de planos utilizados.
25
Figura 5.2: Sistemas de eixos
26
Figura 5.4: Dados brutos, parte real e parte imaginária
27
Figura 5.6: Transformada bidimensional de Fourier: a) sentido vertical b) sentido
horizontal
O ajuste dos valores de contraste e brilho pode realçar certos detalhes anatômicos,
facilitando a visualização de determinadas patologias. Alguns exemplos da influência do
contraste e do brilho podem ser vistos na Tabela 5.1, onde a curva que relaciona o valor
do dado àintensidade de pixel está sobreposta ao histograma.
1153 576
280 860
29
780 735
320 730
1 470
1 865
5.4. Artefatos
• Não-homogeneidade do campo B0
30
Figura 5.9: Artefato causado por não-homogeneidade do campo B0
A Figura 5.9 mostra uma imagem de quatro tubos retos, preenchidos com água,
formando um quadrado. Fica evidente uma forte distorção em um dos tubos devido à não-
uniformidade do campo B0.
Os artefatos causados por falha no gradiente de campo são bem semelhantes aos
causados pela não-uniformidade do campo B0. Quando o gradiente não é constante, a
imagem fica distorcida, o que é comum quando um bobina de gradiente está danificada,
ou a corrente que passa por ela não possui o valor esperado.
31
Figura 5.11: Artefato causado por falha no gradiente de campo
A Figura 5.11 mostra uma imagem onde a corrente que passa pela bobina
responsável pela codificação em freqüência (da esquerda para a direita) possui a metade
do valor esperado.
• Não-homogeneidade do campo RF
• Movimento
Este tipo de artefato ocorre quando o órgão ou membro que está sendo analisado
se move durante a aquisição dos dados. Se toda a região se move, a imagem fica
32
embaçada, e aparecem imagens “fantasmas” na direção que é codificada na fase (eixo
Y). O movimento de uma pequena parte da região resulta em manchas nesta parte ao
longo da imagem. A Figura 5.13 mostra o artefato de movimento causado pela pulsação
de um vaso sangüíneo durante a aquisição.
• Fluxo
• Volume parcial
34
6. Procedimentos e Resultados
6.1. Preparativos
Devido às elevadas intensidades de campo utilizadas em um exame de
ressonância magnética, algumas precauções devem ser tomadas a fim de evitar
acidentes. Alguns objetos podem ser danificados pelo campo magnético, como cartões de
crédito e aparelhos eletrônicos. Outros objetos podem ser atraídos pelo campo estático e
serem projetados em direção ao magneto, podendo ferir alguém ou danificar o
equipamento. São relatados casos de moedas, chaves, canetas, anéis, brincos e até
ferramentas que foram atraídos pelo campo magnético e provocaram acidentes. A Figura
6.1 mostra uma fivela metálica de um cinto sendo atraída pelo magneto. Estes objetos
devem ser recolhidos do paciente antes de encaminhá-lo ao exame.
6.2. Bastidores
Uma clínica ou hospital onde são feitos os exames de ressonância magnética
possui uma sala de controle, uma sala do computador, uma sala de leitura e uma sala de
varredura.
A sala de varredura é normalmente a única à qual o paciente tem acesso. É nela
que se localizam os equipamentos que geram campos magnéticos. Esta sala possui
isolamento magnético e para entrar nela devem ser tomadas todas as precauções citadas
no item 6.1. Até mesmo as macas que levam o paciente até a mesa de exame devem ser
projetadas especialmente para esta sala, pois são freqüentes os relatos de macas de
35
metal que foram arrastadas pelo campo magnético estático ferindo pacientes e
enfermeiros. É nesta sala que se localiza o magneto, e uma foto de exemplo pode ser
vista na Figura 4.2, no item em que este dispositivo foi apresentado.
Na sala de controle fica o terminal de onde o operador programa o exame e
visualiza as imagens na medida em que são adquiridas e processadas. Uma foto de uma
sala de controle pode ser vista na Figura 6.2.
36
Figura 6.4: Sala de Leitura
6.2. Resultados
37
Figura 6.6: Angiografia da Cabeça, plano axial.
‘
Figura 6.7: Cabeça – diferentes contrastes, plano axial.
38
Figura 6.8: Cabeça com patologia, planos axial e coronal
em diferentes configurações de brilho e contraste.
39
Figura 6.10: Espinha na região lombar, plano sagital.
40
7. Conclusões e Propostas para Estudos Futuros
8. Referências Bibliográficas
41