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Bori 

ou obori[1] é um ritual das religiões tradicionais africanas e diáspora africana como culto


de Ifá, Candomblé e outras, que harmoniza e diminui a ansiedade, o medo, a dor e a tristeza
trazendo a esperança, alegria e a harmonia. É através do jogo de Búzios que
o babalorixá recebe as instruções para realizar este ato ritualístico. Desta forma, o Bori é uma
das oferendas mais importantes que visa o bem estar individual no Candomblé. O Ritual de
Bori é muito sério, complexo e profundo. Ori significa, literalmente, cabeça e é, misticamente,
o primeiro Orixá a ser cultuado. Seu objetivo é o de alimentar o Ori Eledá, seja qual for o sexo,
raça, profissão, idade, nível social da pessoa.

Omi (água) e obi (semente africana), por exemplo, são elementos indispensáveis no Bori.

Bori é um ritual da religião tradicional iorubá e consequentemente das suas


afrodescendentes, como o candomblé, e principalmente os da candomblé Queto. É um rito
elaborado a quem se propõe a ingressar na religião dos orixás.

O homem e a Mulher iorubá cultuam o seu elemento mais sacro, o ori, sua cabeça. Bori é o rito
de oferenda à cabeça (ebó ori), que consiste em assentar, sacralizar, reverenciar e ofertar o
Orixá Ori, portanto, cultuar e louvar ori e assim estabelecer o elo entre a cabeça material (ori)
do neófito e sua cabeça espiritual, ou seja, criar a harmonia e equilíbrio necessários à vida.

A coexistência do ori físico e do ori espiritual de quem se submete ao Bori perfaz o orixá Ori,
e, é através dos ritos próprios do bori, que se estabelece essa comunhão, é assim que se
busca a estabilidade espiritual. É desta forma que se consegue optar e viver melhor, o mais
próspero possível. Ori é quem sempre está mais próximo do ser humano, portanto é
fundamental harmonizar a coexistência.

Somente o orixá Ori, é assentado, sacralizado, reverenciado (ver Ibá de Ori) e ofertado no


cerimonial do bori, esse é um dos mais importantes rituais da religião, pois abrange todos os
adeptos de forma igualitária e sem distinções. Assim sendo, deve-se sempre rogar e ofertar
antes de qualquer outro orixá. Como diz um verso religioso iorubá (ẹsẹ ifá): “Nenhuma
divindade poderá ser adorada, sem o consentimento do seu próprio Ori.”

É também digno de nota, que os elementos usados para simbolizar o ori em seu assento são
únicos, pois, diferem e nem tampouco se assemelham, nem externamente e tampouco
interiormente com nenhum dos outros assentamentos dos orixás que comumente geram
transe, ou seja: não é simbolizado, por exemplo, com um ocutá e/ou ota (pedra ou seixo) e
nem em irim (ferro)." (Barretti Fº, (1984) 2012 (dados e recortes).) [2] De forma que o
assentamento de Orí não tem pedra de nenhuma forma, finalidade ou propósito.[1]

O Bori prepara a cabeça para que o Orixá se possa manifestar plenamente. Entre as oferendas
que são feitas ao Orí algumas merecem menção especial.
É o caso da galinha de Angola, chamada Etun ou Konkém no Candomblé; ela é o maior símbolo
de individualização e representa a própria iniciação. A Etun é adoxu (adosú), ou seja, é feita
nos mistérios do Orixá. Ela já nasce com Exú, por isso se relaciona com o começo e com o
fim, com a vida e a morte, por isso está no Bori e no Axexê.
O peixe representa as potencialidades, pois a imensidão do oceano é a sua casa e a liberdade
o seu próprio caminho. As comidas brancas, principalmente os grãos, evocam fertilidade e
fartura. Flores, que aguardam a germinação, e frutas, os produtos da flor germinada,
simbolizam a fartura e a riqueza.
O pombo branco é o maior símbolo do poder criador, portanto não pode faltar. A noz cola, isto
é, o obi é sempre o primeiro alimento oferecido a Ori; é a boa semente que se planta e se
espera que dê bons frutos.
Todos os elementos que constituem a oferenda à cabeça exprimem desejos comuns a todas
as pessoas: paz, tranquilidade, saúde, prosperidade, riqueza, boa sorte, amor, longevidade,
mas cabe ao Orí de cada um eleger as prioridades e, uma vez cultuado como deve ser,
proporciona-as aos seus filhos.
 Orixá começa com Orí.

“Para dar o Bori, o abiã passa por um processo de ‘limpeza espiritual” que chamamos de ebó
ou sacudimento. Tudo com frutas, legumes, grãos, sementes e claro, cortando também para o
Exu ou pombo Gira daquela pessoa; pois, é sempre bom lembrar que são os Exus que abrem
as estradas. Depois de passar pelas ervas sagradas (amassi), faz-se então o fundamento e o
abiã recolhe-se por 3 dias dentro da roça, não sendo ainda na camarinha, mas em um local
sagrado, junto da Mãe Criadeira.
O bori também pede obrigações, como osé (limpeza), carinho, dedicação e “dar novas comidas
a cada 1 ano (lembrando que muitos abiãs não completam 1 ano de bori, acabam partindo
para a feitura de santo).
se assenta primeiro o Bori, representando Oxalá e Iemanjá e depois se concretiza o
assentamento do Orixá daquele Iaô.

Alimentar a cabeça : O Ritual do Bori

O trabalho é compreendido como um ritual poeticamente inspirado na prática de ofertar


comidas para a cabeça em cerimônias religiosas de matriz afro-brasileira. Bori: da fusão bó,
que em ioruba significa oferenda, com ori, que quer dizer cabeça, literalmente traduzido
significa “Oferenda à Cabeça”. A ação consiste em oferecer comidas sacrificais a cabeça de
doze performance, sendo estes representações vocativas e iconográficas dos doze principais
orixás do candomblé. Dar comida para a cabeça é nutrir a nossa alma. Alimentar a cabeça
com comidas para os deuses é evocar proteção. Todos os elementos que constituem a
oferenda à cabeça exprimem desejos comuns a todas as pessoas: paz, tranqüilidade, saúde,
prosperidade, riqueza, boa sorte, amor, longevidade. Cada pessoa, antes de nascer escolhe o
seu ori, o seu princípio individual, a sua cabeça. Ele revela que cada ser humano é único,
tendo escolhido suas próprias potencialidades. Odu é o caminho pelo qual se chega à plena
realização de orí, portanto não se pode cobiçar as conquistas do outro. Cada um, como ensina
Orunmilá – Ifá deve ser grande em seu próprio caminho, pois, embora se escolha o ori antes de
nascer na Terra, os caminhos vão sendo traçados ao longo da vida.

No Orun, a cabeça (Ori) é a responsável pela continuidade no plano


terrestre.

É como se tivesse duas dimensões chamadas de Orun (céu) e a outra


Aiye (terra), onde teríamos uma cópia fiel de cada um de nós e, quando
fazemos o ritual do Bori (alimento à cabeça), unimos o corpo físico
com o corpo astral, ligando assim as duas metades Ori-Aiye e Ori-Orun
(cabeça material e espiritual), e assim centralizamos nosso eixo,
sintonizando os seres dos dois universos.
Da fusão da palavra bó, que em ioruba significa oferenda, com ori, que
quer dizer cabeça, surge o termo bori, que literalmente traduzido
significa “Oferenda à Cabeça”. Do ponto de vista da interpretação do
ritual, pode-se afirmar que o bori é uma iniciação à religião, na
realidade, a grande iniciação, sem a qual nenhum noviço pode passar
pelos rituais de raspagem, ou seja, pela iniciação ao sacerdócio.
Sendo assim, quem deu bori é Iésè órìsà .

Bori significa “festejo à cabeça”, assim como outras obrigações são


festejos aos Orixás ou aos ancestrais. Mesmo uma pessoa não
iniciada pode dar um bori, desde que o jogo assim o recomende. Assim
como qualquer outra obrigação, o bori deve ser precedido por um jogo,
que indicará não só sua conveniência, como também tudo que deverá
conter a obrigação, inclusive a descriminação dos alimentos a serem
oferecidos.

O bori é uma obrigação que visa fortalecer a cabeça para que ela
esteja preparada para sustentar a pessoa, seja na vida particular, seja
na vida religiosa. Por isso, quando uma pessoa está atravessando uma
fase difícil, usa-se recomendar um bori. Na vida religiosa, o bori tem
também uma função determinante: é uma participação , uma forma de
pedir licença a Ori para fazer qualquer coisa na cabeça da pessoa.

Outro aspecto importante é que o Orixá não pode atuar de forma


positiva sobre a cabeça de um filho se essa pessoa estiver com a
cabeça “fraca”. Como o agricultor prepara a terra onde a semente
deverá germinar, também a Yalorixá ou Babalorixá prepara Ori para
receber os axés que serão dados pelos seus filhos.

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