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Omi (água) e obi (semente africana), por exemplo, são elementos indispensáveis no Bori.
O homem e a Mulher iorubá cultuam o seu elemento mais sacro, o ori, sua cabeça. Bori é o rito
de oferenda à cabeça (ebó ori), que consiste em assentar, sacralizar, reverenciar e ofertar o
Orixá Ori, portanto, cultuar e louvar ori e assim estabelecer o elo entre a cabeça material (ori)
do neófito e sua cabeça espiritual, ou seja, criar a harmonia e equilíbrio necessários à vida.
A coexistência do ori físico e do ori espiritual de quem se submete ao Bori perfaz o orixá Ori,
e, é através dos ritos próprios do bori, que se estabelece essa comunhão, é assim que se
busca a estabilidade espiritual. É desta forma que se consegue optar e viver melhor, o mais
próspero possível. Ori é quem sempre está mais próximo do ser humano, portanto é
fundamental harmonizar a coexistência.
É também digno de nota, que os elementos usados para simbolizar o ori em seu assento são
únicos, pois, diferem e nem tampouco se assemelham, nem externamente e tampouco
interiormente com nenhum dos outros assentamentos dos orixás que comumente geram
transe, ou seja: não é simbolizado, por exemplo, com um ocutá e/ou ota (pedra ou seixo) e
nem em irim (ferro)." (Barretti Fº, (1984) 2012 (dados e recortes).) [2] De forma que o
assentamento de Orí não tem pedra de nenhuma forma, finalidade ou propósito.[1]
O Bori prepara a cabeça para que o Orixá se possa manifestar plenamente. Entre as oferendas
que são feitas ao Orí algumas merecem menção especial.
É o caso da galinha de Angola, chamada Etun ou Konkém no Candomblé; ela é o maior símbolo
de individualização e representa a própria iniciação. A Etun é adoxu (adosú), ou seja, é feita
nos mistérios do Orixá. Ela já nasce com Exú, por isso se relaciona com o começo e com o
fim, com a vida e a morte, por isso está no Bori e no Axexê.
O peixe representa as potencialidades, pois a imensidão do oceano é a sua casa e a liberdade
o seu próprio caminho. As comidas brancas, principalmente os grãos, evocam fertilidade e
fartura. Flores, que aguardam a germinação, e frutas, os produtos da flor germinada,
simbolizam a fartura e a riqueza.
O pombo branco é o maior símbolo do poder criador, portanto não pode faltar. A noz cola, isto
é, o obi é sempre o primeiro alimento oferecido a Ori; é a boa semente que se planta e se
espera que dê bons frutos.
Todos os elementos que constituem a oferenda à cabeça exprimem desejos comuns a todas
as pessoas: paz, tranquilidade, saúde, prosperidade, riqueza, boa sorte, amor, longevidade,
mas cabe ao Orí de cada um eleger as prioridades e, uma vez cultuado como deve ser,
proporciona-as aos seus filhos.
Orixá começa com Orí.
“Para dar o Bori, o abiã passa por um processo de ‘limpeza espiritual” que chamamos de ebó
ou sacudimento. Tudo com frutas, legumes, grãos, sementes e claro, cortando também para o
Exu ou pombo Gira daquela pessoa; pois, é sempre bom lembrar que são os Exus que abrem
as estradas. Depois de passar pelas ervas sagradas (amassi), faz-se então o fundamento e o
abiã recolhe-se por 3 dias dentro da roça, não sendo ainda na camarinha, mas em um local
sagrado, junto da Mãe Criadeira.
O bori também pede obrigações, como osé (limpeza), carinho, dedicação e “dar novas comidas
a cada 1 ano (lembrando que muitos abiãs não completam 1 ano de bori, acabam partindo
para a feitura de santo).
se assenta primeiro o Bori, representando Oxalá e Iemanjá e depois se concretiza o
assentamento do Orixá daquele Iaô.
O bori é uma obrigação que visa fortalecer a cabeça para que ela
esteja preparada para sustentar a pessoa, seja na vida particular, seja
na vida religiosa. Por isso, quando uma pessoa está atravessando uma
fase difícil, usa-se recomendar um bori. Na vida religiosa, o bori tem
também uma função determinante: é uma participação , uma forma de
pedir licença a Ori para fazer qualquer coisa na cabeça da pessoa.