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O ritual de iniciação , a feitura no santo, representa um renascimento, tudo será novo na vida do yàwó, ele

receberá inclusive um nome pelo qual passará a ser chamado dentro da comunidade do Candomblé.

A feitura tem por início no recolhimento. São 21 (vinte e um) dias de reclusão, e neste prazo são realizados
banhos, boris, oferendas, ebós, todo o aprendizado começa, as rezas, as dança, as cantigas…

É feita a raspagem dos cabelos (orô) e o abiã recebe o oxu (representa o canal de comunicação entre o
iniciado e seu orixá) o kelê, os delogun, o mokan, o xaorô, os ikan, o ikodidé. O filho de santo terá que passar
agora por um ritual, onde terá seu corpo pintado com giz, denominado efun. Ele deverá passar por este ritual
de pintura por 7 (sete) dias seguidos.

O abiã terá agora que assentar seu Orixá e ofertar-lhe sacrifícios de animais de acordo com as características
de cada um. Feito isso ele passa a se chamar yàwó.

A festa ritualística que marca o término deste período é denominada Saída de Yàwó, neste momento ele será
apresentado à comunidade. Ele será acompanhado por uma autoridade à frente de todos para que lhe sejam
rendidas homenagens.

Deitado sobre uma esteira, ele saudará com adobá e paó, que são palmas compassadas que serão dadas a
cada reverência feita pelo yàwó e acompanhadas por todos presentes, como demonstração de que a partir
daquele momento ele nunca mais estará sozinho na sua caminhada. Primeiramente saudará o mundo, neste
momento a localização da esteira é na porta principal da casa. No seu interior, ele saudará a comunidade e
por último, frente aos atabaques que representam as autoridades presentes. Neste primeiro momento o Orixá
somente poderá dar o jicá. Só após a queda do kelê o Orixá poderá dar seu ilá.

O momento mais aguardado do cerimonial é o orukó. Neste momento o Orixá dirá o nome de iniciação de seu
filho perante todos e também é neste momento que se abre a sua idade cronológica dentro de sua vida no
santo.

Após a saída e depois dos 21 (vinte e um) dias de recolhimento o yàwó permanecerá de resguardo até a
queda de kelê fora do barracão por um período de 3 (três) meses, neste período ele não poderá utilizar
talheres para comer, deve continuar a sentar-se no chão sobre a esteira durante as refeições, está proibido de
utilizar outra cor de roupa que não o branco da cabeça aos pés, não poderá fazer uso de bebidas alcoólicas,
cigarro. .. E nem tão pouco sair à noite. E até que se complete 1 (um) ano, os seus preceitos continuarão.

Até que o yàwó complete a maior idade de santo, terá que continuar dia a dia o seu aprendizado e reforçar os
seus votos por meio das obrigações.

“Vale dizer que o transe é imprescindível para que uma pessoa seja iniciada como adoxu, pois, a manifestação
faz parte da liturgia dos Orixás e ele está em cada um de seus filhos. Isso é muito importante, porque só os
adoxu podem assumir determinadas funções sacerdotais, como os cargos de ialorixá ou babalorixá. Sendo
assim, uma pessoa que tem em seu odu a missão sacerdotal, somente quem incorpora seu Orixá, deve ser
iniciada como adoxu e nunca como ogãn ou equedi, que já são ijoyé natos e jamais poderão entrar em transe
de orixá”

Axé.

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