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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ

UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
Centro de Ciências da Saúde

Primeiros Socorros

R.478

Curso de Tecnologia em Estética e Cosmética


Plano de Ensino

FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ


UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
Centro de Ciências da Saúde

Primeiros Socorros

Revisado e atualizado em 28/12/2016

Professora:
Sônia Ficagna

Lia Maria Brasil de S. Barroso


Coordenação do Curso de Estética e Cosmética
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
Ensinando e Aprendendo

CHANCELER
Airton José Vidal Queiroz

REITORA
Fátima Maria Fernandes Veras

VICE-REITORES
De Graduação: Henrique Luís do Carmo e Sá
De Pós-Graduação: Lilia Maia de Morais Sales
De Extensão: Randal Martins Pompeu
De Administração: José Maria Gondim Felismino Júnior

DIRETORIAS
Antônio Roosevelt G. Chaves – NATI
Marcelo Nogueira de Magalhães – Planejamento
João José Vasco Peixoto Furtado – Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação
Ana Leopoldina M. Quezado V. Vale – Comunicação e Marketing

DIRETORIA DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


Flávio Lúcio Pontes Ibiapina

ASSESSORIA PEDAGÓGICA DO CCS


Gilmara Silva de Melo Santana

COORDENADORES DE CURSO
Educação Física – Lia Maria Brasil de S. Barroso
Enfermagem – Geisy Lanne Muniz Luna
Estética e Cosmética - Lia Maria Brasil de S. Barroso
Farmácia – Geisy Lanne Muniz Luna
Fisioterapia - Lia Maria Brasil de S. Barroso
Fonoaudiologia – Lia Maria Brasil de S. Barroso
Medicina – Rivianny Arrais Nobre
Medicina Veterinária – Marília de Oliveira Taumaturgo
Nutrição – Geisy Lanne Muniz Luna
Odontologia – Fernando André Campos Viana
Psicologia – Karla Carneiro Romero Correia
Terapia Ocupacional - Lia Maria Brasil de S. Barroso

[Primeiros Socorros – R478]


Coordenação do Módulo
SONIA FICAGNA

Supervisão de Elaboração, Planejamento e Revisão do Módulo


Assessoria Pedagógica do Centro de Ciências da Saúde
Sumário

Apresentação........................................................................................................... 4

Mapa conceitual....................................................................................................... 5

Objetivos Gerais de Aprendizagem.......................................................................... 6

Bibliografia............................................................................................................... 8

Cronograma.............................................................................................................. 9

Roteiros de Experiências de aprendizagem............................................................. 12

Avaliação.................................................................................................................. 26

Anexos...................................................................................................................... 35
Apresentação

Sinta-se muito bem-vindo (a) ao módulo de Primeiros Socorros. Neste módulo você
entrará em contato com experiências teóricas e práticas em Primeiros Socorros, desde a
abordagem à vítima, a prestação dos Primeiros Socorros e seu transporte caso seja
necessário.
Este módulo engloba diferentes práticas pedagógicas, organizadas em torno de
estratégias metodológicas ativas, portanto, você profissional em formação, estará
sistematicamente participando, como ator principal, de um processo de construção de
conhecimentos, habilidades e atitudes, o qual será mediado por mim. Este método depende,
então, em grande parte de uma atitude de colaboração e integração efetiva entre todos os
que participam - professores e alunos (profissionais em formação) - a fim de que, haja o
sucesso esperado.
Nossas práticas serão voltadas para o desenvolvimento de habilidades para resolução de
problemas, necessitando constantemente de grande participação e empenho nas atividades
que serão desenvolvidas.
A construção do módulo e a elaboração deste manual foram realizadas pensando em
seu desenvolvimento e aprendizado e também no intuito de que você possa tirar o maior
proveito de seu conteúdo e se envolva em um processo de ensino-aprendizagem dinâmico e
significativo.
Bons Estudos!

Sônia Ficagna
MAPA CONCEITUAL PRIMEIROS SOCORROS
Objetivos Gerais de Aprendizagem
OBJETIVO GERAL 1
✓ Discriminar o estado geral do paciente e as circunstâncias que determinam a
ressuscitação cardiorrespiratória
✓ Apresentar atitude ética nas diversas intervenções.
OBJETIVO GERAL 2
✓ Interpretar a relação dos sinais vitais e sinais de apoio com as alterações de
saúde do paciente que necessita de atendimento de emergência.
✓ Realizar atendimento de emergência com o domínio correto das técnicas de
primeiros socorros
OBJETIVO GERAL 3
✓ Descrever os métodos de ventilação artificial para cada situação específica.
✓ Aplicar os métodos de ventilação artificial em situações de emergência.
✓ Demonstrar atitudes éticas nas intervenções
OBJETIVO GERAL 4
✓ Analisar a fisiologia da parada cardiorrespiratória.
✓ Aplicar as principais técnicas de circulação artificial em casos de
ressuscitação.
✓ Demonstrar atitudes éticas nas intervenções
OBJETIVO GERAL 5
✓ Correlacionar o tratamento adequado de acordo com o tipo de lesão
apresentada.
✓ Aplicar técnicas de primeiros socorros em casos de lesões de tecidos moles e
hemorragias.
✓ Apresentar cuidados específicos com o uso de Equipamentos de Proteção
Individual.
OBJETIVO GERAL 6
✓ Analisar a fisiologia da pele nas intercorrências das principais queimaduras.
✓ Aplicar os métodos de tratamento de emergências adequadas aos tipos de
queimaduras.
OBJETIVO GERAL 7
✓ Descrever a fisiologia do choque e explicar as etapas e o papel da terapêutica
intravenosa no seu tratamento.
✓ Aplicar os métodos de prevenção e primeiros socorros em choques.
OBJETIVO GERAL 8
✓ Identificar a sintomatologia e as causas de desmaios e crises epiléticas.
✓ Aplicar os primeiros socorros para desmaios de origem inespecífica e crises
epiléticas.
✓ Demonstrar atitudes éticas nas intervenções em desmaios e crises epiléticas.
MÓDULO: PRIMEIROS SOCORROS – R.478 –

Bibliografia

Bibliografia Básica
MARTINS, H. S. (Ed.), DAMASCENO, M. C. T. (Ed.), AWADA, S. B. (Ed.) Pronto-
socorro: diagnóstico e tratamento em emergências. 2. ed. Barueri, SP: Manole,
2008, 2178p.

MARTINS, H. B. et al. Emergências clínicas: abordagens práticas. 10 ed. Rev e


atual, Barueri, SP: Manole, 2015. Disponível
em: http://unifor.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788520446980/pages/-
24

NASI, L. A. et al. Rotinas em Pronto Socorro. 2ª ed. Artmed, Porto Alegre: 2006,
797p.

PICCOLO, N. S. et al. Tratado de queimaduras no paciente agudo. 2ª ed. São


Paulo: Atheneu, 2008, 646p. https://www.lectio.com.br/dashboard/midia/detalhe/412

Association of Emergency Medical Technicians. PHTLS. Atendimento pré-


hospitalar ao traumatizado: básico e avançado. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007,
596p.

Bibliografia Complementar

KAREN, K. J; HAFEN, B. Q; LIMER, D.; MISTOVICK J. J. Primeiros socorros para


estudantes. 10. ed. Barueri, SP: Manole, 2013. Disponível
em: http://unifor.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788520434789

SCALABRINI NETO, A. DIAS, R. D. VELASCO, I. T. Procedimentos em


emergências. Barueri, SP: Manole, 2016. Disponível
em: http://unifor.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788520445884/pages/-
18

SOEIRO, A. M. [et al]. Cardiologia de Emergências em fluxogramas. Barueri, SP:


Manole, 2015. Disponível
em: http://unifor.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788520443989

QUILICI, A. TIMENRMAN, S. Suporte Básico de Vida: primeiro atendimento na


emergência para profissionais da saúde. Barueri, SP: Manole, 2011. Disponível
em: http://unifor.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788520431245

ZUKERMAN, E.; [et al]. Acidente vascular cerebral: protocolos gerenciados do


hospital Israelita Albert Einsten. Barueri, SP: Manole, 2010. Disponível
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788580552508/cfi/0

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MÓDULO: PRIMEIROS SOCORROS – R.478 –

Cronograma
SEMANA CONTEÚDO LOCAL

UNIDADE I – Primeiros Socorros 02h


1ª Apresentação do Módulo Sala de aula
03/08 ✓ Sistema de avaliação
✓ Conteúdos
✓ Caderno didático
UNIDADE I – Suporte Básico de Vida– 04h
2ª e 3ª ✓ Definição de suporte básico de vida Sala de aula
10 e ✓ Estado geral de um paciente que necessita de suporte
17/08 básico de vida.
✓ A ética nas intervenções

24/08 MANHÃ DA INTEGRAÇÃO ABCD


UNIDADE II – Sinais Vitais e Sinais de Apoio – 04h
4ª e 5ª ✓ Os sinais diagnósticos vitais normais Sala de aula
24 e ✓ Anormalidades nos sinais diagnósticos vitais
31/08 ✓ Relações: alterações nos sinais vitais e problemas de
saúde
✓ Métodos de determinação e registro dos dados
diagnósticos
✓ Importância da prescrição na avaliação e registro dos
dados diagnósticos vitais
✓ Relação: tipo de lesão e sequência de tratamento
✓ Princípios de triagem
07/09 Feriado Independência
UNIDADE III – Métodos de ventilação artificial – 04h
5ª e 6ª ✓ Métodos de ventilação artificial Sala de aula
14 e ✓ Etapas iniciais da ventilação artificial
21/09 ✓ Manobras de extensão da cabeça
✓ Cuidados com obstrução de vias aéreas
✓ A respiração boca a boca e seus problemas
✓ Casos especiais
28/09 PROVA COLEGIADA NP1 Sala de aula
UNIDADE IV – Ressuscitação cardíaca– 04h
7ª e 8ª ✓ Técnicas de massagem cardíaca fechada Sala de aula
05 e ✓ Técnicas de ressuscitação feitas por uma ou duas pessoas.
19/10 ✓ Técnicas de ressuscitação para crianças.
✓ Ética nas intervenções.
UNIDADE V – Lesões de tecidos Moles e Hemorragias – 04h
9ª e 10ª ✓ Tipos de lesões. Sala de aula
26 /10 e ✓ Lesões abertas e fechadas.
09/11 ✓ Equimoses e hematomas
✓ Tratamentos para lesões de tecido mole.
✓ Tratamentos para hemorragias.
✓ Equipamentos de proteção individual
UNIDADE VI – Emergências em Queimaduras – 04h

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MÓDULO: PRIMEIROS SOCORROS – R.478 –

11ª e 12ª ✓ Tipos de queimaduras e seus efeitos fisiológicos Sala de aula


16 e ✓ Características comuns.
23/11 ✓ Pele.
✓ Tratamentos emergenciais: importância, métodos e
complicações.
Prova Colegiada – NP2
13ª ✓ Prova teórica Sala de aula
30/11

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Educação Física

Roteiros das experiências de


aprendizagem

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Semana 1
Primeiros Socorros

Introdução aos Primeiros Socorros

Itens básicos para montar seu Kit de Primeiros Socorros

✓ 3 embalagens de curativos esterilizados - uma embalagem de tamanho grande, outra


de tamanho médio e outra de tamanho pequeno;
✓ Tesoura sem ponta;
✓ Esparadrapo;
✓ 1 embalagem de band-aid;
✓ 3 embalagens de compressas ou gazes esterilizadas - uma embalagem de tamanho
grande, outra de tamanho médio e outra de tamanho pequeno;
✓ 1 embalagem de algodão, 1 rolo de fita adesiva e 4 ataduras;
✓ 1 termômetro, 1 pinça, 1 lanterna e 1 tesoura;
✓ 1 frasco de soro fisiológico a 0.9%
✓ Luvas descartáveis;
✓ Medicamentos analgésicos, anti-inflamatórios, antitérmicos, para a alergia, indigestão,
náusea, vômitos, cólicas, prisão de ventre, pomada para queimaduras e picada de
inseto. (Estes últimos itens são opcionais e de acordo com orientação médica para uso
individual).

Objetivos Específicos de Aprendizagem


• Analisar os conhecimentos básicos dos alunos em relação a disciplina
a ser ministrada.

• Explicar as normas e condutas do processo ensino aprendizado


durante o semestre

Estrutura da Atividade

1. Roda de conversa sobre:


- O estabelecimento do nosso “contrato didático”.
- Orientações sobre as atividades do semestre.
- Avaliações NP1 e NP2.

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MÓDULO: PRIMEIROS SOCORROS – R.478 –

Semana 2
Suporte Básico de Vida

O suporte básico de vida inclui o reconhecimento precoce de pacientes com os


primeiros sinais e sintomas de síndrome coronariana aguda, acidente vascular cerebral e
obstrução de via aérea. Inclui as manobras de ressuscitação cardiopulmonar nas vítimas de
parada cardiorrespiratória e manobras de desobstrução de vias aéreas por corpo estranho.
Atualmente, inclui também as tentativas de desfibrilação de vítimas que apresentem fibrilação
ventricular ou taquicardia ventricular sem pulso, como ritmo de colapso, por meio do uso de
desfibriladores externos automáticos.

Objetivos Específicos de Aprendizagem


• Compreender a definição de Suporte Básico de Vida (SBV)
• Reconhecer situações e o estado geral de um paciente que necessita de
suporte básico de vida
• Apresentar ética nas intervenções de Primeiros Socorros

Estrutura da Atividade

1. Leitura Pipoca do Texto Suporte Básico de Vida (anexo I)


2. Responder ao questionário sobre Suporte básico de Vida.
3. Refletir sobre a intervenção nos Primeiros Socorros no curso de estética e Cosmética

QUESTIONÁRIO
Descreva abaixo, como suas palavras o que é significa Suporte Básico de Vida (SBV)?
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Quando nos deparamos com uma situação de risco de vida, que necessita de SBV, qual é
o primeiro procedimento que deve ser tomado?
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Como podemos detectar uma parada cardiorrespiratória?


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Após detectar a parada cardiorrespiratória, quais os procedimentos que devem ser


feitos rapidamente?
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Como você pode reconhecer um Acidente Vascular Cerebral (AVC)?


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Avaliação

Responder corretamente ao questionário, valendo 1,0 ponto na composição da NP1

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Semana 3
Ética nos Primeiros Socorros

Fonte: h ttps://www.google.com.br/search?q=%C3%A9 tica+nos+primeiros+socorros&client=firefo x-b-


ab&source=lnm s&tbm=isch&sa=X&ved=0 ahUKEwjK3IaLsJLRAhWDiZA KH VkEDGEQ_AUICCgB&biw =1047&bih=505#imgrc=_v0Nz
xVCYwSEdM%3A

OBJETIVOS DOS PRIMEIROS SOCORROS:

Reconhecer situações que ponham a vida em risco;


Aplicar respiração e circulação artificial quando necessário;
Controlar sangramentos;
Tratar outras condições que ponham a vida em risco;
Minimizar o risco de outras lesões e complicações;
Evitar infecções
Deixar a vítima o mais confortável possível;
Providenciar assistência médica e transporte

Objetivos Específicos de Aprendizagem


• Compreender como realizar os procedimentos de Primeiros Socorros
Objetivos de Aprendizagem
de maneira segura e sem implicações jurídicas.

• Entender os direitos e deveres dentro dos Primeiros Socorros.

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Estrutura da Atividade

1. Leitura do Anexo II, em dupla e construção de um texto sobre os principais pontos


desenvolvidos durante a aula.
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Avaliação

Ler o Texto construído em sala, e tirar dúvidas em relação ao tema, valendo 1,0 ponto para
composição da NP1

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Semana 4 e 5
Sinais Vitais e Sinais de Apoio

SINAIS VITAIS SINAIS DE APOIO


1. TEMPERATURA 1. Dilatação e reatividade das pupilas
2. RESPIRAÇÃO 2. Cor e umidade da pele
3. PULSO 3. Estado de consciência
4. PRESSÃO ARTERIAL 4. Motilidade e sensibilidade do corpo

Objetivos Específicos de Aprendizagem


• Identificar os Sinais Vitais e Sinais de Apoio em casos de
Urgência e Emergência

• Avaliar os Sinais Vitais e Sinais de Apoio em Situações de Risco.

Estrutura das Atividades

1. Painel Integrado sobre Sinais Vitais e Sinais de apoio

Para saber mais...

http://unifor.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788520434789/p
ages/37

Avaliação: (Está avaliação valerá 1,0 ponto para a


NP1)
Ler o Capítulo 3 do Livro Digital Primeiros Socorros
para Estudantes e Construir um Mapa Mental a partir
da leitura. (Trazer notebook para a aula)

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Semanas 6
Asfixia e Métodos de Ventilação Artificial

Se as funções respiratórias não forem restabelecidas dentro de 3 a 4


minutos, as atividades cerebrais cessarão totalmente, ocasionando a
morte. O oxigênio é vital para o cérebro.

Objetivos Específicos de Aprendizagem


• Reconhecer a asfixia em suas diversas formas

• Aplicar manobras eficazes para desobstrução de Vias aéreas.

Estrutura da Atividade

1. Aula 1 - No primeiro momento Leitura e discussão do texto e demonstrações das


possíveis situações de emergência;

2. Aula 2 – Avaliação Prática de Desobstrução de Vias Aéreas, juntamente com a


avaliação de ressuscitação cardiorrespiratória.

Avaliação Prática: Está avaliação valerá 2,0 pontos


para composição da NP1
1. Reconhecer a Parada Respiratória em Vitimas Conscientes e
Inconscientes.
2. Reconhecimento de Asfixia Parcial
3. Utilização de Protocolo para desobstrução em casos de Asfixia parcial
4. Reconhecimento de Asfixia Total
5. Utilização de Protocolo para desobstrução total de vias aéreas para
Adultos e Crianças.
6. Segurança nos procedimentos.

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Semanas 7
Prova Colegiada Teórica (50% da Nota da NP1), esta avaliação valerá 5,0 pontos
na composição da NP1

Semanas 8 e 9
Parada Cardiorrespiratória e Ressuscitação Cardíaca

1. Reconhecimento imediato da PCR e acionamento do SAMU/192


2. RCP precoce, com ênfase nas compressões torácicas
3. Rápida desfibrilação
4. Suporte avançado de vida eficaz
5. Cuidados pós-PCR integrados

Objetivos Específicos de Aprendizagem


• Reconhecer brevemente uma parada cardiorrespiratória
• Acionar de maneira correta o sistema médico de emergência (solicitando o
desfibrilador)
• Iniciar as compressões torácicas de maneira eficiente e imediata ao reconhecimento
Estrutura da Atividade – GP (Grupo de Problematização)
da parada cardiorrespiratória
• Acompanhar a Vítima até a chegada da equipe de emergência.

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Estrutura da Atividade

1. Aula 1 – Aula Expositiva Dialogada

Para saber mais, leia também o anexo V deste caderno.

2. Aula 2 – Avaliação Prática de Ressuscitação Cardiorrespiratória (Laboratório de


Enfermagem)

Avaliação Prática: Está Avaliação Valerá 2,0 pontos


para composição da NP2
1. Reconhecer a Parada Respiratória em Vitimas Conscientes e
Inconscientes.
2. Reconhecimento de Asfixia Parcial
3. Utilização de Protocolo para desobstrução em casos de Asfixia parcial
4. Reconhecimento de Asfixia Total
5. Utilização de Protocolo para desobstrução total de vias aéreas para
Adultos e Crianças.
6. Segurança nos procedimentos.

Semana 10 e 11

Lesões de tecidos moles e Hemorragias

Os tecidos moles são aqueles que não são ossos nem dentes. A pele, tecidos
gordurosos, músculos e órgãos internos fazem parte dos tecidos moles. (BRASIL,
20103).

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MÓDULO: PRIMEIROS SOCORROS – R.478 –

Fonte:https://www.google.com.br/search?q=LES%C3%95ES+DE+TECIDOS+MOLES&client=firefox-b-
ab&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjlsemWwpfRAhWJgpAKHawFDpQQ_AUICCgB&biw=1047&bih=505#im
grc=oOZhlPtyyNLz0M%3A

Objetivos Específicos de Aprendizagem


• Aplicar procedimentos para estancamento de hemorragias
• Aplicar curativos e bandagens simples em Primeiros Socorros com segurança.

Estrutura da Atividade

Aula 1. Leitura Pipoca do anexo VIII deste Caderno e discussão dos principais pontos.
Aula 2. Aula expositiva e Vídeo sobre Hemorragias:
https://www.youtube.com/watch?v=JG1wfNUTzCc

Avaliação: Esta avaliação valerá 2,0 pontos na


composição NP2
1. Fazer curativos pequenos e grandes
2. Estancar uma Hemorragia externa grande
3. Fazer o procedimento para hemorragias internas
4. Resolver situações de possível Traumatismo craniano.

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MÓDULO: PRIMEIROS SOCORROS – R.478 –

Semana 12
Emergências em Queimaduras

Queimaduras são lesões provocadas pela temperatura, geralmente calor, que


podem atingir graves proporções de perigo para a vida ou para a integridade da
pessoa, dependendo de sua localização, extensão e grau de profundidade.

Fonte: https://www.google.com.br/search?q=queimaduras&client=firefox-b-
ab&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwiftsjPzJfRAhUEDZAKHdj3CKQQ_AUICCgB&biw=1047&bih=505#imgdii=qAjGbph
iR0awQM%3A%3BqAjGbphiR0awQM%3A%3BQNuqQHcLYCL8sM%3A&imgrc=qAjGbphiR0awQM%3A

Objetivos Específicos de Aprendizagem


• Determinar através do grau e extensão da queimadura a sua gravidade.
• Compreender a aplicação dos procedimentos de Primeiros Socorros em cada tipo de
queimadura, de acordo com a natureza da queimadura.

Estrutura da Atividade

TBL
Ler o Capítulo 24 do livro digital Primeiros Socorros para Estudantes. P. 403-426.
Endereço eletrônico:
http://unifor.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788520434789/pages/-20
Responder as questões em sala de aula após leitura prévia do capítulo 24.

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MÓDULO: PRIMEIROS SOCORROS – R.478 –

Semana 13

Avaliação: Prova Colegiada (esta avaliação valerá 5,0


pontos para composição da nota na NP2)

Avaliação

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MÓDULO: PRIMEIROS SOCORROS – R.478 –

AVALIAÇÃO
Seguindo os requisitos da UNIFOR (CF. Resolução R18 de 01/07/2005), um mínimo de
8,0 (oito) na média aritmética das Notas Parciais constituirá critério para a aprovação. De
igual forma, será exigida a frequência mínima regulamentar de 75% (setenta e cinco por
cento) requerida nas atividades dos demais cursos de graduação. O aluno que tiver obtido
média aritmética das duas Notas Parciais inferior a 8,0 (oito vírgula zero) e igual ou superior
a 4,0 (quatro vírgula zero), e obtido o mínimo de 75% (setenta e cinco por cento) de
frequência às atividades acadêmicas deverá se submeter à Avaliação Final (AF), realizada no
final do semestre, com conteúdo cumulativo.
A nota da Prova Final não poderá ser inferior a 4,0 (quatro vírgula zero). Ficará
aprovado no módulo o aluno que obtiver Média Global igual ou superior a 5,0 (cinco vírgula
zero), calculada entre a média das duas Notas Parciais e a Nota Final. As notas parciais têm
valor máximo de 10 pontos.
A 1ª nota parcial (NP1) refletirá o desempenho do aluno nas seguintes atividades:
1. Prova Colegiada (5,0 pontos)
2. Responder o questionário SBV (1,0 ponto)
3. Texto ética nos primeiros socorros (1,0 ponto)
4. Mapa Conceitual Sinais Vitais e Sinais de Apoio (1,0 ponto)
5. Avaliação Asfixias (2,0 pontos)
A 2ª nota parcial (NP2), semelhante à NP1, será composta de uma série de avaliações:
1. Prova Colegiada (5,0 pontos)
2. Avaliação Prática Parada cardiorrespiratória (2,0 pontos)
3. Avaliação Prática Hemorragias (2,0 pontos)
4. Fichamento Anafilaxia

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MÓDULO: PRIMEIROS SOCORROS – R.478 –

CURSO DE ESTETICA E COSMÉTICA


AVALIAÇÃO DE MÓDULOS CURRICULARES

PRIMEIROS SOCORROS

Esta é uma avaliação do Módulo que você está cursando. Ao final, por favor, responda aos quesitos destaque e
devolva-a à professora. É um instrumento sigiloso, não identificado, cujo propósito fundamental é avaliar o
processo de ensino-aprendizagem desenvolvido. Nenhuma informação pessoal ou qualquer forma de
identificação será associada a este documento. Obrigada.

1 2 3 4 5
Fraco, Insuficiente, requer
Regular Bom Excelente
requer grande melhoria melhorias

AULAS PRÁTICAS
Os objetivos da aula foram previamente listados de forma clara
Facilitação da aprendizagem
Integração com outras atividades do módulo
Papel dos professores
Recursos materiais (unidades de saúde, salas, equipamentos).
CONFERÊNCIAS
Objetivos foram expostos previamente e cumpridos ao final do tempo da conferencia
Organização (sequência de tópicos, quantidade de trabalho/estudo
Facilitação da aprendizagem
Integração com outras atividades do módulo
Recursos materiais e didáticos (auditório, equipamentos, som, etc)
AVALIAÇÃO GERAL DO MÓDULO
Abrangência (quantidade de tópicos, nível de profundidade)
Relevância dos temas
Os objetivos de aprendizagem previstos foram atingidos
Nível geral de integração entre as atividades do próprio módulo
Integração entre as atividades do módulo com outros módulos

Para mim, os pontos fortes do módulo foram:

O que eu melhoraria no módulo:

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MÓDULO: PRIMEIROS SOCORROS – R.478 –

Universidade de Fortaleza
Centro de Ciências da Saúde
Módulo Primeiros Socorros

Auto avaliação para a 1ª NP

Nome do aluno (a):_________________________________________________


Matrícula_________________Data:____/_____/_____Curso:________________

Você deve usar a escala abaixo para fazer a avaliação do seu desempenho deste semestre
até o presente momento

 1: raramente  2 ocasionalmente  3 frequentemente  4 quase sempre


 5 sempre

EM RELAÇÃO A SUA PARTICIPAÇÃO 1 2 3 4 5


Está presente às aulas
È pontual às aulas
Contribui com as discussões
Contribui para a elaboração dos objetivos de
aprendizagem
Procura trazer referências bibliográficas
interessantes para o grupo
Contribui para a elaboração dos trabalhos
Traz as suas dúvidas para o grupo
Contribui para que a dinâmica do grupo seja
eficiente
Expressa com facilidade a sua opinião no grupo
Expressa com facilidade a sua opinião nas rodas de
conversa

Profª Sônia Ficagna 26


MÓDULO: PRIMEIROS SOCORROS – R.478 –

EM RELAÇÃO AO SEU APRENDIZADO 1 2 3 4 5


Compreende com facilidade os temas das aulas
Apresenta autonomia na busca de referências bibliográficas
adequadas
Compreende com facilidade os assuntos estudados a partir das
referências bibliográficas
O mínimo necessário do conhecimento básico, foi aprendido
Compreende facilmente o conteúdo, sem necessidade de
suporte de colegas ou professores

AVALIAÇÃO DO APRENDIZADO

1. Se você respondeu que observa lacunas no seu conhecimento básico, cite quais são
estas lacunas.
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

2. Se você sentiu necessidade de suporte para a aprendizagem dos conteúdos, quem


buscou para lhe dar o necessário apoio? ____________________________________

3. Quais são as áreas do Programa de Apoio Didático (PAD) que você procurou?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

4. Você acha que precisa de reforço em alguma área do conhecimento?____________

5. Qual área?_____________________________________________________

6. O que você sugere para melhorar o seu Aprendizado?


_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
______________________________________________________

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Módulo Primeiros Socorros

Auto avaliação para a 2ª NP

Nome do aluno(a):_________________________________________________
Matrícula_________________Data:____/_____/_____Curso:________________

Você deve usar a escala abaixo para fazer a avaliação do seu desempenho neste semestre,
até o presente momento

 1: raramente  2 ocasionalmente  3 frequentemente


 4 quase sempre  5 sempre
EM RELAÇÃO A SUA PARITICIPAÇÃO 1 2 3 4 5
Está presente às aulas
É pontual às aulas
Contribui com as discussões
Contribui para a elaboração dos objetivos de
aprendizagem
Procura trazer referências bibliográficas
interessantes para o grupo
Contribui para a elaboração dos trabalhos
Traz as suas dúvidas para o grupo
Contribui para que a dinâmica do grupo seja
eficiente
Expressa com facilidade a sua opinião no grupo
Expressa com facilidade a sua opinião nas rodas de
conversa

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MÓDULO: PRIMEIROS SOCORROS – R.478 –

EM RELAÇÃO AO SEU APRENDIZADO 1 2 3 4 5


Compreende com facilidade os temas das aulas
Apresenta autonomia na busca de referências
bibliográficas adequadas
Compreende com facilidade os assuntos estudados a
partir das referências bibliográficas
O mínimo necessário do conhecimento básico, foi
aprendido
Compreende facilmente o conteúdo, sem necessidade
de suporte de colegas ou professores

AVALIAÇÃO DO APRENDIZADO

1. Se você respondeu que observa lacunas no seu conhecimento básico, cite quais são
estas lacunas.
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
__________________________________________________

2. Se você sentiu necessidade de suporte para a aprendizagem dos conteúdos, quem


buscou para lhe dar o necessário apoio? _____________________

3. Quais são as áreas do Programa de Apoio Didático (PAD) que você procurou?
_____________________________________________________________________
___________________________________________________________

4. Você acha que precisa de reforço em alguma área do conhecimento?____________

5. Qual área?_____________________________________________________

6. O que você sugere para melhorar o seu Aprendizado?


_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
______________________________________________________

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Módulo Primeiros Socorros

AVALIAÇÃO DO MÓDULO PELOS ESTUDANTES


Este instrumento deverá ser preenchido e entregue ao professor sem identificação.
Não se esqueça de assinar a lista de entrega do trabalho

ESCALA
1-Discordo 2-Discordo 4-Concordo 5-Concordo
3-Neutro
totalmente Parcialmente parcialmente totalmente

PLANO DE ENSINO – CADA SEMANA 1 2 3 4 5


1. Descreve claramente os objetivos de aprendizagem
2.Descreve claramente as atividades a serem desenvolvidas nas semanas
3.Descreve claramente os critérios de avaliação

4. Os anexos apoiaram as atividades e a sua aprendizagem


5. Foi fácil relacionar as atividades aos anexos
6. A roda de conversa deu um feedback para a aprendizagem, tirando
dúvidas e provocando a síntese dos conteúdos
7. O retorno das atividades/trabalhos corrigidos deu um feedback e
provocou refazimentos de aprendizagens
8.As referências bibliográficas ajudaram/apoiaram o desenvolvimento das
atividades

A PROFESSORA 1 2 3 4 5
1. Teve papel importante na mediação da aprendizagem
2. Apresentou segurança na mediação do processo de ensino-aprendizagem
3. Deu suporte nas atividades desenvolvidas nas semanas
4.Oportunizou o refazimento das aprendizagens
5.Esteve disponível para todos os alunos durante o semestre
6.foi pontual e assídua

TESTES COGNITIVOS TC1( ) –TC2 ( )

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1.Coerência com os objetivos de aprendizagem


2.Clareza nos enunciados
3.Tempo para execução adequado
4.Permitiu uma adequada avaliação do seu aprendizado
5.Feedback adequado

Pontos fortes:___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

Pontos a serem melhorados


_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________

Data:____/____/_____

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Educação Física

Anexos

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ANEXO I –

Suporte Básico de Vida SBV

INTRODUÇÃO
Em situações de emergência, a avaliação da vítima e seu atendimento devem
ser prontamente realizados de forma objetiva e eficaz, a fim de aumentar a
sobrevida e reduzir as sequelas dessas vítimas.
O suporte básico de vida inclui várias etapas do socorro à vítima em situação
que represente risco de vida. Na maioria das vezes, o socorro a essas vítimas tem
início fora do ambiente hospitalar. O reconhecimento precoce da vítima de infarto do
miocárdio ou acidente vascular cerebral deflagra o suporte básico de vida, que inclui:

1. Ativação do sistema de serviço médico de emergência — No Brasil, cada


pessoa deve conhecer o número do telefone do sistema de serviço médico de
emergência local, uma vez que não existe um número único para todas as regiões,
como ocorre em outros países (911 nos Estados Unidos, 112 na Europa ou 119 no
Japão). Em Fortaleza, o telefone do SAMU é o 192, mas o 190 e 193 também são
integrados ao sistema do SAMU.

2. Avaliação da vítima com perda súbita da consciência e realização de


manobras para sustentação das vias aéreas, respiração e circulação, conforme
necessário.

3. Tentativa de desfibrilação de pacientes com fibrilação ventricular ou


taquicardia ventricular utilizando desfibrilador externo automático.

4. Reconhecimento da vítima com obstrução de via aérea por corpo estranho e


realização de manobras de desobstrução, conforme indicado.

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Atualmente, existem evidências de que a ressuscitação cardiopulmonar


imediata realizada por voluntários e a desfibrilação precoce diminuem a mortalidade
de vítimas de parada cardíaca.
A ressuscitação cardiopulmonar imediata previne a deterioração da fibrilação
ventricular para assistolia, pode aumentar a chance de desfibrilação e contribui para
a preservação das funções cardíaca e cerebral.
A desfibrilação precoce é o fator isolado que, comprovadamente, mais
aumenta a sobrevida de adultos com parada cardíaca.
A fim de garantir a ressuscitação cardiopulmonar imediata e a desfibrilação
precoce para vítimas de parada cardíaca, é fundamental o treinamento em massa da
comunidade e a disponibilidade de desfibriladores externos automáticos em locais
públicos.

EPIDEMIOLOGIA DA PARADA CARDIOPULMONAR NO ADULTO

Adultos, vítimas de parada cardíaca súbita não traumática, na maioria das


vezes, apresentam fibrilação ventricular como ritmo de colapso. Existem relatos de
comunidades treinadas com o primeiro choque ocorrendo nos primeiros três minutos
de parada cardíaca com sobrevida de 74% das vítimas. Esses dados contrastam
com relatos de que quando o primeiro choque é realizado com mais de doze minutos
de parada cardíaca, a sobrevida gira em torno de 2% a 5%.
Por esse motivo, quando um único socorrista atende uma vítima adulta com
perda súbita de consciência, ele primeiro ativa o sistema de serviço médico de
emergência local e solicita um desfibrilador externo automático, depois retorna à
vítima e realiza as manobras de ressuscitação cardiopulmonar, conforme
necessário. (Chame primeiro).
Nas crianças, as doenças primariamente respiratórias são mais frequentes.
Quando uma vítima de parada respiratória é prontamente socorrida, a sobrevida é
muito mais elevada quando comparada ao suporte básico de vida realizado quando
já ocorreu parada cardíaca por hipóxia, secundária à parada respiratória. Sendo
assim, quando uma criança apresenta perda de consciência e um único socorrista
está disponível, ele primeiro realiza um minuto de manobras de suporte básico de

Profª Sônia Ficagna 34


MÓDULO: PRIMEIROS SOCORROS – R.478 –

vida, conforme necessário e, depois ativa o sistema de serviço médico de


emergência. (Chame rápido)
Quando mais de um socorrista está disponível, um deles ativa o sistema de
serviço médico de emergência e o outro fica ao lado da vítima, realizando
ressuscitação cardiopulmonar, em qualquer faixa etária.

Existem algumas exceções a essas recomendações:


Vítimas de submersão, de trauma ou de uso abusivo de drogas — “chame rápido”
em qualquer faixa etária. E para crianças com doença prévia conhecida de risco
para distúrbios do ritmo cardíaco — “chame primeiro”.

SÍNDROME CORONARIANA AGUDA: COMO RECONHECER PRECOCEMENTE


E COMO AGIR
Com o advento da terapêutica fibrinolítica e das intervenções coronarianas
percutâneas, tornou- se possível a desobstrução coronariana. Entretanto, para o
sucesso dessas intervenções é fundamental que o intervalo de tempo do início dos
sintomas até a realização do procedimento não exceda poucas horas. Para que
esses pacientes sejam submetidos a tempo a esses procedimentos, é necessário
que a população leiga reconheça precocemente os sinais e sintomas do chamado
ataque cardíaco, que o sistema de serviço médico de emergência seja acionado e
que a vítima seja rapidamente transportada para o hospital.
Frequentemente, pacientes e seus acompanhantes demoram a reconhecer a
síndrome coronariana aguda. O sintoma clássico é o desconforto subesternal vago,
às vezes descrito como uma pressão ou aperto, geralmente irradiado para o braço
esquerdo, o pescoço ou a mandíbula. Pode estar associado a respiração curta,
náuseas, vômitos, palpitação ou sudorese. Os sintomas da angina costumam durar
menos de 15 minutos, enquanto no infarto agudo do miocárdio duram mais de 15
minutos. Alguns pacientes, principalmente idosos, mulheres ou diabéticos, podem
apresentar sintomas atípicos ao invés da descrição clássica da dor torácica.

O socorrista leigo que presencia uma vítima com dor torácica deve:
✓ Reconhecer os sinais e sintomas da síndrome coronariana aguda;
✓ Manter a vítima em repouso, sentada ou deitada;

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✓ Se o desconforto durar cinco minutos ou mais, deve ser ativado o sistema de


serviço médico de emergência.
✓ Após ativação do sistema de serviço médico de emergência, o socorrista deve
permanecer ao lado da vítima;
✓ No caso de perda de consciência, avaliar a necessidade de respiração de
resgate, compressão torácica e uso do desfibrilador externo automático, se
disponível.

A ativação precoce do sistema de serviço médico de emergência permite o envio


de ambulância de suporte básico ou avançado, conforme necessário, além de
fornecer orientações sobre o uso de nitroglicerina e aspirina.
O Sistema pode fornecer orientações para socorristas previamente treinados ou
também sem treinamento anterior (ensinar compressão torácica apenas, no meio do
tórax da vítima).

ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: COMO RECONHECER PRECOCEMENTE E


COMO AGIR

A nova terapêutica fibrinolítica permite limitar a lesão neurológica e melhorar o


prognóstico do acidente vascular cerebral isquêmico. A terapêutica fibrinolítica
endovenosa deve ser considerada para todos os pacientes que se apresentem no
hospital até três horas do início de sinais e sintomas compatíveis com acidente
vascular isquêmico.
Da mesma forma que nas síndromes coronarianas agudas, o socorrista leigo
deve ser treinado a reconhecer precocemente e ativar o sistema do serviço médico
de emergência a fim de transportar rapidamente a vítima de acidente vascular
cerebral para o hospital.
As manifestações iniciais podem ser repentinas e podem incluir paralisia
facial, alteração da fala, alteração do nível de consciência, perda de força ou
sensibilidade em membros ou face, convulsão, alteração de equilíbrio e perda de
visão.
Uma vez detectada qualquer dessas alterações, imediatamente deve ser
ativado o sistema de serviço médico de emergência. O socorrista presente à cena

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deve avaliar a vítima e realizar ressuscitação cardiopulmonar, se indicado, e a vítima


deve ser transportada para o hospital o mais rápido possível.
O hospital deve ser avisado antecipadamente da chegada de paciente com
suspeita de acidente vascular cerebral, a fim de agilizar sua admissão no setor de
emergência e a realização da tomografia computadorizada, que irá confirmar ou não
o diagnóstico de acidente vascular isquêmico.
Com esses dados disponíveis, os pacientes que preenchem os critérios para
terapia fibrinolítica recebem a droga endovenosa.
Se, por um lado, existe um limite de tempo para a ação benéfica da terapia
fibrinolítica, por outro lado existem muitas etapas sujeitas a demora tanto antes do
paciente chegar ao hospital como dentro do ambiente hospitalar. Fica, portanto,
evidente a importância do treinamento da população leiga e da ação integrada dos
serviços pré-hospitalares e hospitalares.

SEQÜÊNCIA DO SUPORTE BÁSICO DE VIDA


Para padronizar o atendimento do suporte básico de vida, usaremos o termo
vítima adulta para as vítimas com mais de 8 anos de idade.
O suporte básico de vida consiste de vários passos e manobras feitos
sequencialmente, que incluem uma avaliação e uma intervenção em cada fase da
ressuscitação cardiopulmonar.
Cada passo começa com uma avaliação:
A) Abertura das vias aéreas (avaliação e posicionamento correto das vias
aéreas);
B) Boa respiração (avaliação dos movimentos respiratórios; na ausência
destes, realização da respiração de resgate);
C) Circulação (avaliação de sinais de circulação; se indicado, realização de
compressões torácicas).
D) Avaliação do nível de consciência: Após ter certeza de que o local está
seguro, o socorrista deve se aproximar da vítima e rapidamente avaliar a
presença de qualquer trauma e determinar se a pessoa está respondendo,
batendo e agitando gentilmente os ombros da vítima e gritar: “Você está
bem? ”. Se há suspeita de trauma, o socorrista deve mover a vítima somente

Profª Sônia Ficagna 37


MÓDULO: PRIMEIROS SOCORROS – R.478 –

se necessário, pois qualquer movimento inadequado pode causar lesão


medular.

Ativar o sistema de serviço médico de emergência: Quando a vítima se encontra


inconsciente, deve ser ativado o serviço médico de emergência e também deve ser
solicitado um desfibrilador externo automático. Ativar o serviço médico de
emergência significa telefonar para o número de emergência local (pronto-socorro
próximo, serviço de atendimento médico domiciliar, bombeiros, etc.). Esse número
deve ser largamente divulgado na comunidade. A pessoa que chama o serviço
médico de emergência deve estar apta a fornecer os seguintes dados:
1) Localização — endereço completo e pontos de referência.
2) Telefone do local.
3) O que aconteceu — acidente automobilístico, ataque cardíaco, etc.
4) Quantas pessoas necessitam de atendimento.
5) Condições das vítimas.
6) O que está sendo feito para as vítimas.
7) Outras informações solicitadas pelo pessoal do serviço médico de emergência.

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ANEXO II – ÉTICA NOS PRIMEIROS SOCORROS

Ética é um conjunto de princípios que identificam uma conduta considerada


moralmente desejável.
Podemos enumerar os principais pontos de conduta ética que se espera de um
socorrista:
✓ Sempre estar disposto a prestar socorro;
✓ Ser imparcial, prestar sempre o melhor atendimento que puder independente
de raça, religião, posição social, ideologia política, nacionalidade, etc.
✓ Ser neutro e se abster de prejulgar as pessoas e, não permitir que isso
influencie na qualidade do socorro;
✓ Manter segredo de toda a informação de natureza confidencial que lhe seja
fornecida pela vítima, a menos que seja requerido por lei a divulgação de tais
informações;
✓ Jamais utilizar os conhecimentos e técnicas aprendidas em detrimento da
saúde e bem-estar público;
✓ Recusar-se a participar de procedimentos considerados pelo senso comum
como antiético, e denunciá-los às autoridades competentes;
✓ Respeitar os limites da prática de primeiros socorros, não só excedendo a
efetuar procedimentos próprios da medicina, enfermagem, demais corpos de saúde,
como diagnosticar, medicar e prescrever tratamento, ou não requisitar ajuda
especializada.

Urgência e Emergência em Primeiros Socorros


Segundo o Conselho Federal de Medicina, em sua Resolução CFM n° 1451, de
10/03/1995, temos:

Profª Sônia Ficagna 39


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Urgência é a ocorrência imprevista de agravo à saúde com ou sem risco potencial


de vida, cujo portador necessita de assistência médica imediata.
Emergência: constatação médica de condições de agravo à saúde que impliquem
em risco iminente de vida ou sofrimento intenso, exigindo, portanto, tratamento
médico imediato.
Conceitua-se ainda:
Emergências: são situações que apresentem alteração do estado de saúde, com
risco iminente de vida. O tempo para resolução é extremamente curto, normalmente
quantificado em minutos. Tais como: perda de consciência sem recuperação,
dificuldade respiratória de forma aguda acompanhada de arroxeamento, chiado, dor
intensa súbita no peito acompanhada de suor frio, falta de ar e vômitos; dificuldade
de movimentação ou de fala repentina; grande hemorragia; quadro alérgico grave
com placas vermelhas, tosse, falta de ar e inchaço; movimentos descoordenados em
todo o corpo ou parte dele acompanhado de desvio dos olhos, repuxo da boca com
salivação excessiva; aumento súbito da pressão arterial, acompanhado de dores de
cabeça de forte intensidade. Acidentes domésticos graves com fraturas e
impossibilidade de locomoção do enfermo, queda de grandes alturas, choque
elétrico, afogamentos e intoxicações graves.
Urgências são situações que apresentem alteração do estado de saúde, porém sem
risco iminente de vida, que por sua gravidade, desconforto ou dor, requerem
atendimento médico com a maior brevidade possível. O tempo para resolução pode
variar de algumas horas até um máximo de 24 horas. Tais como: dores de cabeça
súbitas de forte intensidade, não habituais e que não cedem aos medicamentos
rotineiros; dor lombar súbita muito intensa acompanhada de náuseas, vômitos e
alterações urinárias; febre elevada em crianças de causa não esclarecida e rebelde
a antitérmicos.

O atendimento médico em emergências


O atendimento de emergência constitui uma forma especial de atendimento médico
cujas decisões são estabelecidas num curto espaço de tempo. Uma série de
modificações na relação médico-paciente convencional é estabelecida nessa forma
de prestação de serviço. Médicos não são escolhidos pelos pacientes, intervenções
invasivas e de risco muitas vezes são mal informadas ao paciente ou familiares, e a

Profª Sônia Ficagna 40


MÓDULO: PRIMEIROS SOCORROS – R.478 –

falta de ambiente próprio para a troca de informações confidenciais impede uma


maior aproximação entre ambos. Além disso, a carência de recursos e/ou a
superlotação da maioria dos hospitais brasileiros e o receio de médicos e instituições
à exposição a processos, acabam tornando impessoal a maioria dos atendimentos
de emergência.
Pacientes transformam-se em fichas de atendimento e médicos em meros técnicos
de saúde, ambos envoltos numa atmosfera de insegurança e atitudes defensivas. A
relação entre médicos e pacientes, assentada em bases humanitárias, éticas e
legais, garante a melhor relação interpessoal e favorece o correto processo
diagnóstico e terapêutico.
Assim todos os profissionais que atuam nessa área da atividade médica devem
familiarizar-se com os principais conceitos éticos e legais comuns no atendimento de
emergência.
Responsabilidade não é fenômeno exclusivo da vida jurídica, mas se liga a todos os
domínios da vida social. Responsabilidade médica ocorre quando o médico não
cumpre a obrigação que tem em relação ao paciente, causando-lhe dano.
Negligência, imprudência e imperícia caracterizam o erro médico. É preciso evitá-lo
ou reduzi-lo, pois o erro faz parte da falibilidade humana.
Negligência: constitui a omissão ou a não observância de determinados deveres
por parte do médico, por exemplos: exame superficial e desatento, omissão ou
retardo de solicitação de consultoria por especialista, retardo de intervenções
cirúrgicas ou procedimentos vitais, prescrição de medicamentos com superdosagem,
anestesias simultâneas, permanência por abandono de corpo estranho após
determinada técnica cirúrgica, colocação indevida de aparelhos gessados,
transfusão de sangue incompatível etc.
Imprudência: constitui a omissão de cautela, precipitação ou audácia do ato
médico. Exemplos: utilização de técnica cirúrgica inadequada ou não reconhecida
para a ciência, adoção de determinado procedimento cirúrgico sem o exame prévio
adequado, prescrição médica por telefone etc.
Imperícia: constitui a inaptidão, ignorância, falta de destreza ou insuficiência de
conhecimento técnico por parte do médico. Exemplos: secção de ureteres em
cirurgia cesariana, introdução de alimentação no trato respiratório através de sonda

Profª Sônia Ficagna 41


MÓDULO: PRIMEIROS SOCORROS – R.478 –

mal posicionada sem o controle radiológico prévio, secção da artéria femoral em


cirurgia de varizes etc.

O atendimento de urgência é uma obrigação do Estado. O direito ao


atendimento de emergência é igual ao direito à vida, à educação, ao trabalho etc.
Essa é a questão ética mais importante do atendimento de urgência. Além disso,
também constitui responsabilidade ética, por parte do diretor técnico, assegurar o
controle de qualidade profissional de todos os que atuam no setor de emergência.
Compete-lhe promover o aprimoramento científico de toda equipe de atendimento,
de tal modo que toda ação no setor de urgência deve ser fundamentada em rotinas
próprias e protocolos assistenciais previamente aprovados e constantemente
revisados, sem esquecer o raciocínio clínico e a autonomia do médico e que algo
correto do ponto de vista técnico pode não ser do ponto de vista ético.

ASPECTOS LEGAIS DO SOCORRISMO OMISSÃO DE SOCORRO SEGUNDO O


CÓDIGO PENAL BRASILEIRO
ART. 135 – Deixar de prestar assistência quando possível fazê-lo sem risco pessoal,
à criança abandonada e extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo
ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos o socorro da autoridade
pública:
Pena – detenção de um a seis meses, ou multa
Parágrafo único – A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão
corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.

APH - ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Atendimento Pré-Hospitalar é o conjunto de procedimentos técnicos realizados


no local da emergência e durante o transporte da vítima. O objetivo é manter a vítima
com vida e em situação mais próxima possível da normalidade até sua chegada a
unidade hospitalar. Alguns exemplos são as ações ligadas ao socorro: controlar
hemorragia, manter livres as vias aéreas, imobilizar fratura etc. O atendimento pré-
hospitalar compreende três etapas:
✓ Atendimento na cena do acidente;
✓ Transporte rápido e com segurança até o hospital;

Profª Sônia Ficagna 42


MÓDULO: PRIMEIROS SOCORROS – R.478 –

✓ Chegada no hospital.
Uma assistência adequada e qualificada é fundamental para o paciente chegue ao
hospital com vida.

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ANEXO III

SINAIS VITAIS E SINAIS DE APOIO


SINAIS VITAIS
1. TEMPERATURA
2. RESPIRAÇÃO
3. PULSO
4. PRESSÃO ARTERIAL

Temperatura Corporal
A temperatura resulta do equilíbrio térmico mantido entre o ganho e a perda
de calor pelo organismo. A temperatura é um importante indicador da atividade
metabólica, já que o calor obtido nas reações metabólicas se propaga pelos tecidos
e pelo sangue circulante.
A temperatura do corpo humano está sujeita a variações individuais e a flutuações
devido a fatores fisiológicos como: exercícios, digestão, temperatura ambiente e
estado emocional.
A avaliação diária da temperatura de uma pessoa em perfeito estado de
saúde nunca é maior que um grau Celsius, sendo mais baixa pela manhã e um
pouco elevada no final da tarde. Existe pequena elevação de temperatura nas
mulheres após a ovulação, no período menstrual e no primeiro trimestre da gravidez.
Nosso corpo tem uma temperatura média normal que varia de 35,9 a 37,2ºC.
A avaliação da temperatura é uma das maneiras de identificar o estado de uma
pessoa, pois em algumas emergências a temperatura muda muito.
O sistema termorregulador trabalha estimulando a perda de calor em
ambientes de calor excessivo e acelerando os fenômenos metabólicos no frio para

Profª Sônia Ficagna 43


MÓDULO: PRIMEIROS SOCORROS – R.478 –

compensar a perda de calor. Graças a isto, o homem é um ser homeotérmico que,


ao contrário de outros animais, mantêm a temperatura do corpo constante a
despeito de fatores externos.

Perda de Calor
O corpo humano perde calor através de vários processos que podem ser
classificados da seguinte maneira:
Eliminação - fezes, urina, saliva, respiração.
Evaporação - a evaporação pela pele (perda passiva) associada à eliminação
permitirá a perda de calor em elevadas temperaturas.
Condução - é a troca de calor entre o sangue e o ambiente. Quanto maior é a
quantidade de sangue que circula sob a pele maior é a troca de calor com o meio. O
aumento da circulação explica o avermelhamento da pele (hiperemia) quando
estamos com febre.

Verificação da Temperatura
Oral ou bucal - Temperatura média varia de 36,2 a 37ºC. O termômetro deve ficar
por cerca de três minutos, sob a língua, com o paciente sentado, semi-sentado
(reclinado) ou deitado.
Não se verifica a temperatura de vítimas inconscientes, crianças depois de ingerirem
líquidos (frios ou quentes) após a extração dentária ou inflamação na cavidade oral.
Axilar - Temperatura média varia de 36 a 36,8ºC. A via axilar é a mais sujeita a
fatores externos. O termômetro deve ser mantido sob a axila seca, por 3 a 5
minutos, com o acidentado sentado, semi-sentado (reclinado) ou deitado. Não se
verifica temperatura em vítimas de queimaduras no tórax, processos inflamatórios na
axila ou fratura dos membros superiores.
Retal - Temperatura média varia de 36,4 a 37,ºC. O termômetro deverá ser lavado,
seco e lubrificado com vaselina e mantido dentro do reto por 3 minutos com o
acidentado em decúbito lateral, com a flexão de um membro inferior sobre o outro.
Não se verifica a temperatura retal em vítimas que tenham tido intervenção cirúrgica
no reto, com abscesso retal ou perineorrafia.
A verificação da temperatura retal é a mais precisa, pois é a que menos sofre
influência de fatores externos.

Profª Sônia Ficagna 44


MÓDULO: PRIMEIROS SOCORROS – R.478 –

A vítima com febre, muito alta e prolongada, pode ter lesão cerebral
irreversível. A temperatura corporal abaixo do normal pode acontecer após
depressão de função circulatória ou choque.

Febre
A febre é a elevação da temperatura do corpo acima da média normal.Ela
ocorre quando a produção de calor do corpo excede a perda. Tumores, infecções,
acidentes vasculares ou traumatismos podem afetar diretamente o hipotálamo e com
isso perturbar o mecanismo de regulagem de calor do corpo. Portanto, a febre deve
ser vista também como um sinal que o organismo emite. Um sinal de defesa.
Devemos lembrar que pessoas imunodeprimidas podem ter infecções graves
e não apresentarem febre.
A vítima de febre apresenta a seguinte sintomatologia:
• Inapetência (perda de apetite)
• Mal estar
• Pulso rápido
• Sudorese
• Temperatura acima de 40 graus Celsius
• Respiração rápida
• Hiperemia da pele
• Calafrios
• Cefaléia (dor de cabeça)

Primeiros Socorros para Febre


Aplicar compressas úmidas na testa, cabeça, pescoço, axilas e virilhas (que
são as áreas por onde passam os grandes vasos sanguíneos). Quando o acidentado
for um adulto, submetê-la a um banho frio ou cobri-la com coberta fria. Podem ser
usadas compressas frias aplicadas sobre grandes estruturas vasculares superficiais
quando a temperatura corporal está muito elevada.
O tratamento básico da febre deve ser dirigido para as suas causas, mas em
primeiros socorros isto não é possível, pois o leigo deverá preocupar-se em atender
os sintomas de febre e suas complicações. Drogas antipiréticas como aspirina,
dipirona são muito eficientes na redução da febre que ocorre devido a afecções no

Profª Sônia Ficagna 45


MÓDULO: PRIMEIROS SOCORROS – R.478 –

centro termorregulador do hipotálamo, porém só devem ser usadas após o


diagnóstico.
Devemos salientar que os primeiros socorros em casos febris só devem ser
feitos em temperaturas muito altas (acima de 40C), por dois motivos já vistos:
A febre é defesa orgânica (é o organismo se defendendo de alguma causa) e o
tratamento da febre deve ser de suas causas.

Pulso
O pulso é a onda de distensão de uma artéria transmitida pela pressão que o
coração exerce sobre o sangue. Esta onda é perceptível pela palpação de uma
artéria e se repete com regularidade, segundo as batidas do coração.
Existe uma relação direta entre a temperatura do corpo e a frequência do
pulso. Em geral, exceto em algumas febres, para cada grau de aumento de
temperatura existe um aumento no número de pulsações por minuto (cerca de 10
pulsações).
O pulso pode ser apresentado variando de acordo com sua frequência,
regularidade, tensão e volume.
a) Regularidade (alteração de ritmo)
Pulso rítmico: normal
Pulso arrítmico: anormal
b) Tensão
c) Frequência - Existe uma variação média de acordo com a idade como pode ser
visto no Quadro abaixo:
Pulso normal Faixa etária
60-70 bpm Homens adultos
70-80 bpm Mulheres adultas
80-90 bpm Crianças acima de 7 anos
80-120 bpm Crianças de 1 a 7 anos
110-130 bpm Crianças abaixo de um ano
130-160 bpm Recém-nascidos

d) Volume - Pulso cheio: normal e pulso filiforme (fraco): anormal

A alteração na frequência do pulso denuncia alteração na quantidade de fluxo


sanguíneo.
As causas fisiológicas que aumentam os batimentos do pulso são: digestão,

Profª Sônia Ficagna 46


MÓDULO: PRIMEIROS SOCORROS – R.478 –

exercícios físicos, banho frio, estado de excitação emocional e qualquer estado de


reatividade do organismo.
No desmaio / síncope as pulsações diminuem.
Através do pulso ou das pulsações do sangue dentro do corpo, é possível
avaliar se a circulação e o funcionamento do coração estão normais ou não. Pode-
se sentir o pulso com facilidade:
• Procurar acomodar o braço do acidentado em posição relaxada.
• Usar o dedo indicador, médio e anelar sobre a artéria escolhida para sentir o
pulso, fazendo uma leve pressão sobre qualquer um dos pontos onde se
pode verificar mais facilmente o pulso de uma pessoa.
• Não usar o polegar para não correr o risco de sentir suas próprias pulsações.
• Contar no relógio as pulsações num período de 60 segundos. Neste período
deve-se procurar observar a regularidade, a tensão, o volume e a freqüência
do pulso.
Existem no corpo, vários locais onde se podem sentir os pulsos da corrente
sanguínea.
O pulso radial pode ser sentido na parte da frente do punho. Usar as pontas
de 2 a 3 dedos levemente sobre o pulso da pessoa do lado correspondente ao
polegar, conforme a figura abaixo:

O pulso carotídeo é o pulso sentido na artéria carótida que se localiza de cada


lado do pescoço. Posicionam-se os dedos sem pressionar muito para não comprimir
a artéria e impedir a percepção do pulso (Figura acima).Do ponto de vista prático, a
artéria radial e carótida são mais fáceis para a localização do pulso, mas há outros
pontos que não devem ser descartados. Conforme a Figura abaixo:

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Respiração

A respiração é uma das funções essenciais à vida. É através dela que o corpo
promove permanentemente o suprimento de oxigênio necessário ao organismo, vital
para a manutenção da vida.
A respiração é comandada pelo Sistema Nervoso Central. Seu funcionamento
processa-se de maneira involuntária e automática. É a respiração que permite a
ventilação e a oxigenação do organismo e isto só ocorre através das vias aéreas
desimpedidas.
A observação e identificação do estado da respiração de um acidentado de
qualquer tipo de afecção é conduta básica no atendimento de primeiros socorros.
Muitas doenças, problemas clínicos e acidentes de maior ou menor proporção
alteram parcialmente ou completamente o processo respiratório.
Fatores diversos como secreções, vômito, corpo estranho, edema e até
mesmo a própria língua podem ocasionar a obstrução das vias aéreas.
A obstrução produz asfixia que, se prolongada, resulta em parada
cardiorrespiratória.
O processo respiratório manifesta-se fisicamente através dos movimentos
ritmados de inspiração e expiração. Na inspiração existe a contração dos músculos
que participam do processo respiratório, e na expiração estes músculos relaxam-se
espontaneamente. Quimicamente existe uma troca de gazes entre os meios
externos e internos do corpo. O organismo recebe oxigênio atmosférico e elimina
dióxido de carbono. Esta troca é a hematose, que é a transformação, no pulmão, do
sangue venoso em sangue arterial.
Deve-se saber identificar se a pessoa está respirando e como está
respirando. A respiração pode ser basicamente classificada por tipo e frequência.

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A frequência da respiração é contada pela quantidade de vezes que uma


pessoa realiza os movimentos combinados de inspiração e expiração em um minuto.
Para se verificar a frequência da respiração, conta-se o número de vezes que uma
pessoa realiza os movimentos respiratórios: 01 inspiração + 01 expiração = 01
movimento respiratório. A contagem pode ser feita observando-se a elevação do
tórax se o acidentado for mulher ou do abdome se for homem ou criança. Pode ser
feita ainda se contando as saídas de ar quente pelas narinas. A frequência média
por minuto dos movimentos respiratórios varia com a idade se levarmos em
consideração uma pessoa em estado normal de saúde. Por exemplo: um adulto
possui um valor médio respiratório de 14 - 20 respirações por minuto (no homem),
16 - 22 respirações por minuto (na mulher), enquanto uma criança nos primeiros
meses de vida 40 - 50 respirações por minuto.
Tipos de respiração
Eupnéia Respiração que se processa por
movimentos regulares, sem
dificuldades, na frequência média
Apnéia É a ausência dos movimentos
respiratórios. Equivale a parada
respiratória.
Dispinéia Dificuldade na execução dos
movimentos Respiratórios.
Bradipnéia Diminuição na frequência média dos
movimentos respiratórios.
Taquipnéia Aceleração dos movimentos
respiratórios.
Ortopnéia O acidentado só respira sentado
Hipernéia ou Hiperventilação É quando ocorre o aumento da
frequência e da profundidade dos
movimentos respiratórios.

Fatores fisiopatológicos podem alterar a necessidade de oxigênio ou a


concentração de gás carbônico no sangue. Isto contribui para a diminuição ou o
aumento da frequência dos movimentos respiratórios. Em nível fisiológico os
exercícios físicos, as emoções fortes e banhos frios tendem a aumentar a frequência
respiratória. Em contrapartida o banho quente e o sono a diminuem.
Algumas doenças cardíacas e nervosas e o coma diabético aumentam a
frequência respiratória.
Como exemplo de fatores patológicos que diminuem a frequência respiratória
pode-se citar o uso de drogas depressoras.

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Pressão Arterial

A pressão arterial é a pressão do sangue, que depende da força de contração


do coração, do grau de distensibilidade do sistema arterial, da quantidade de sangue
e sua viscosidade.
Embora não seja recomendável a instrução para leigos da medição da
pressão arterial com o aparelho, para não induzir a diagnósticos não autorizados
após a leitura, julgamos necessário descrever de maneira sucinta as características
da pressão arterial e a sua verificação.
No adulto normal a pressão arterial varia da seguinte forma:
• Pressão arterial máxima ou sistólica - de 100 a 140 mm Hg (milímetros de
mercúrio).
• Pressão arterial mínima ou diastólica - de 60 a 90 mm Hg.
A pressão varia com a idade, por exemplo: uma pessoa com a idade entre 17 a
40 anos apresenta a pressão de 140 x 90, já entre 41 a 60 anos apresenta pressão,
de 150 x 90 mm de Hg.
A pessoa com pressão arterial alta sofre de hipertensão e apresenta, dentro de
certos critérios de medição, pressão arterial mínima acima de 95 mm Hg e pressão
arterial máxima acima de 160 mm Hg.
A pressão muito baixa (hipotensão) é aquela em que a pressão máxima chega a
baixar até a 80 mm Hg.
No Quadro abaixo apresentamos exemplos de condições que alteram a
pressão arterial:
Diminui a pressão Aumenta a pressão
Menstruação Digestão
Gestação Excitação emocional
Sono/repouso Convulsões
Hipotireodismo Hepertireodismo
Hemorragia grave Arteriosclerose
Anemia grave

Uma pessoa com hipertensão deverá ser mantida com a cabeça elevada;
deve ser acalmada; reduzir a ingestão de líquidos e sal e ficar sob observação
permanente até a chegada do médico. No caso do hipotenso deve-se promover a
ingestão de líquidos com pitadas de sal, deitá-lo e chamar um médico.

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Verificação da pressão arterial


Posição da pessoa: Sentada, semi-sentada (reclinada) ou deitada (esta é a melhor
posição):
Material: Esfignomanômetro e estetoscópio
Técnica:
a) Tranquilizar a pessoa informando-a sobre a verificação de pressão.
b) Braço apoiado ao mesmo nível do coração para facilitar a localização da artéria
braquial.
c) Colocar o manguito ao redor do braço, a cerca de 4 dedos da dobra do cotovelo.
Prender o manguito.
d) Fechar a saída de ar e insuflar até que o ponteiro atinja a marca de 200 mm Hg.
Pode ser necessário ir mais alto.
e) Posicionar o estetoscópio na artéria umeral, abaixo do manguito e ouvir se há
batimentos.
f) Abrir a saída de ar lentamente e ouvir os batimentos regulares
g) Anotar a pressão indicada pelo ponteiro que será a Pressão Arterial Máxima.
h) A pressão do manguito vai baixando e o som dos batimentos muda de nítido
desaparecendo.
Neste ponto deve-se anotar a Pressão Arterial Mínima. Às vezes o ponto de Pressão
Mínima coincide com o desaparecimento do som dos batimentos.

Referência bibliográfica
Brasil, Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. FIOCRUZ. Vice-Presidência
de Serviços de Referência e ambiente. Núcleo de Biossegurança. NUBio. Manual de
Primeiros Socorros. Rio de Janeiro. Fundação Oswaldo Cruz, 2003.

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SINAIS DE APOIO

Os sinais de apoio auxiliam nas informações sobre o estado de saúde de uma pessoa;
podem ser alterados em casos de hemorragia, parada cardíaca ou uma forte batida na
cabeça; tornam-se cada vez mais evidentes com o agravamento do estado;
Os principais Sinais de apoio são:
1. Dilatação e reatividade das pupilas
2. Cor e umidade da pele
3. Estado de consciência
4. Motilidade e sensibilidade do corpo
Dilatação e Reatividade das Pupilas
A pupila é uma abertura no centro da íris - a parte colorida do olho - e sua função
principal é controlar a entrada de luz no olho para a formação das imagens que vemos. A
pupila exposta à luz se contrai. Quando há pouca ou quase nenhuma luz a pupila se dilata,
fica aberta e quando a pupila está totalmente dilatada, é sinal de que o cérebro não está
recebendo oxigênio, exceto no uso de colírios midriáticos ou certos envenenamentos.
O objetivo da avaliação das pupilas concentra-se em buscar os seguintes dados:
reatividade, simetria, forma e diâmetro. A reatividade demonstra o funcionamento dos III e
IV pares cranianos. Quando há reação pupilar ao feixe de luz diz-se que houve reação foto

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motora (RFM+). O contrário, diz reação fotomotora negativa (RFM -).


Classificação da Simetria das Pupilas:
 Isocóricas: quando apresentam o mesmo tamanho;
 Anisocóricas quando apresentam tamanhos diferentes;
 Puntiformes: pupilas pequenas (em forma de pontas de alfinete);
 Midríase: quando estas se apresentam grandes;
 Mióticas quando apresentam menores.
Entendendo quando acontece a simetria das pupilas:
1) A presença de midríase e miose juntas, geralmente indica edema intracraniano por
TCE, sendo que o edema nesses casos se localiza do lado da midríase.
2) A dilatação do diâmetro pupilar pode ser produzida por algumas drogas, como por
exemplo atropina, alguns tóxicos, substâncias de abuso tipo cocaína, álcool, e
também podem estar relacionadas a lesões cerebrais focais, (por exemplo, do tronco
encefálico) ou pode ser uma das reações na síndrome do pânico.
3) Doenças: Síndrome de Horner (um conjunto de anormalidades no suprimento
nervoso da face devido a lesões no sistema nervoso simpático). Tumor de Pancoast
(um tumor do ápice do pulmão), devido a lesões no trato simpático ascendente que
normalmente faria com que a pupila dilatasse. Hemorragia Intracraniana.
CAUSAS:
Idade: Quanto maior a idade das pessoas, maior a propensão de sofrerem miose.
Cor e Umidade da Pele
Uma pessoa pode apresentar a pele pálida, cianosada ou hiperemiada (avermelhada e
quente). A cor e a umidade da pele devem ser observadas na face e nas extremidades dos
membros, onde as alterações se manifestam primeiro. A pele pode também ficar úmida e
pegajosa. Pode-se observar estas alterações melhor no antebraço e na barriga.

Cor e Umidade da Pele

Alteração Ocorrência

Exposição ao frio, parada


Cianose pele azulada Cardiorrespiratória, estado de choque,
morte.

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Hemorragia, parada cardiorrespiratória,


Palidez exposição ao frio, extrema tensão
Emocional, estado de choque.

Febre, exposição a ambientes quentes,


Hiperemia (pele avermelhada e ingestão de bebidas alcoólicas,
quente) Queimaduras de primeiro grau,
traumatismo.

Pele fria e viscosa ou, úmida e pegajosa Estado de choque.

Pele amarelada Icterícia, hipercarotenemia.

Estado de Consciência
CAUSAS: Desmaio, estado de choque, estado de coma, convulsão, parada cardíaca, parada
respiratória, alcoolismo, intoxicação por drogas, outras circunstâncias de saúde e lesão.
NÍVEIS DE CONSCIÊNCIA
A.V.D.I
 A – Estado de Alerta
 V – Resposta aos estímulos verbais
 D – Resposta aos estímulos dolorosos
 I – Inconsciência Total

Referências:
GARCIA, Sérgio Britto (Ed.). Primeiros socorros: fundamentos e práticas na comunidade, no
esporte e ecoturismo. São Paulo: Atheneu, 2003.
GONÇALVES, Aguinaldo et al. Saúde coletiva e urgência em educação física e esportes.
Campinas: Papirus, 1997.
HAFEN, Brent Q; KARREN, Keith J; FRANDSEN KATHRYN J. Guia de primeiros socorros para
estudantes. 7. ed. São Paulo: Manole, 2002.
MINISTÉRIO DA SAÚDE, Manual de Primeiros Socorros. Rio de janeiro: Fundação Oswaldo
Cruz, 2003.

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Métodos de ventilação artificial

Asfixia – Introdução
Asfixia pode ser definida como sendo parada respiratória, com o coração ainda
funcionando.

Causas:
✓ Traumatismos cranianos ou ainda, na boca, o pescoço, ou tórax;
✓ Por fumaça no decurso de um incêndio;
✓ Por afogamento;
✓ Em soterramentos;

Como identificar
Inconsciente:
Dificuldade respiratória pela respiração arquejante, pela cianose acentuada do rosto,
dos lábios e das extremidades (dedos)
Consciente: pela falta de ar ou dificuldade de respirar (sinal universal de asfixia)

Se as funções respiratórias não forem restabelecidas dentro de 3 a 4 minutos,


as atividades cerebrais cessarão totalmente, ocasionando a morte. O oxigênio
é vital para o cérebro.

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Principais Causas
Bloqueio da passagem de ar: Pode acontecer nos casos de afogamento,
secreções e espasmos da laringe, estrangulamento, soterramento e bloqueio do ar
causado por ossos, alimentos ou qualquer corpo estranho na garganta.
Insuficiência de oxigênio no ar: Pode ocorrer em altitudes onde o oxigênio é
insuficiente, em compartimentos não ventilados, nos incêndios em compartimentos
fechados e por contaminação do ar por gases tóxicos (principalmente emanações de
motores, fumaça densa).
Impossibilidade do sangue em transportar oxigênio: Paralisia do centro
respiratório no cérebro: Pode ser causada por choque elétrico, venenos, doenças,
(AVC), ferimentos na cabeça ou no aparelho respiratório, por ingestão de grande
quantidade de álcool, ou de substâncias anestésicas, psicotrópicos e tranquilizantes.
Compressão do corpo: Pode ser causado por forte pressão externa (por exemplo,
traumatismo torácico), nos músculos respiratórios

O sinal mais importante dessa situação é a dilatação das pupilas.

Primeiros Socorros para Parada Respiratória

✓ A primeira conduta é favorecer a passagem do ar através da boca e das


narinas
✓ Afastar a causa.
✓ Verificar se o acidentado está consciente
✓ Desapertar as roupas do acidentado, principalmente em volta do pescoço,
peito e cintura.
✓ Retirar qualquer objeto da boca ou da garganta do acidentado, para abrir e
manter desobstruída a passagem de ar.
✓ Para assegurar que o acidentado inconsciente continue respirando, coloque-a
na posição lateral de segurança.
✓ Iniciar a respiração de socorro tão logo tenha sido o acidentado colocado na
posição correta.
Lembrar que cada segundo é importante para a vida do acidentado.

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✓ Repetir a respiração de socorro tantas vezes quanto necessário, até que o


acidentado de entrada em local onde possa receber assistência adequada.
✓ Manter a vítima aquecida, para prevenir o choque.
✓ Não dar líquidos enquanto a vítima estiver inconsciente.
✓ Não deixar a vítima sentar ou levantar.
✓ O acidentado deve permanecer deitado, mesmo depois de ter recuperado a
respiração.
✓ Não dar bebidas alcoólicas ao acidentado.
✓ Continuar observando cuidadosamente o acidentado, para evitar que a
respiração cesse novamente.
✓ Não deslocar o acidentado até que sua respiração volte ao normal.
✓ Remover o acidentado, somente deitado, mas só em caso de extrema
necessidade.
✓ Solicitar socorro especializado mesmo que o acidentado esteja recuperado.

Obstrução de Vias aéreas

OBSTRUÇÃO PARCIAL – CONSCIENTE

1. Pergunte se ele está bem, se responder sim, mas estiver com dificuldade de
respirar ou segurando a garganta (sinal universal de asfixia), pode estar com
uma via aérea parcialmente obstruída;
2. Incentive a tossir;
3. Observe-o até que:
a) O objeto seja desalojado e ele volte a respirar normalmente;
b) A via aérea fique totalmente obstruída. Se isso acontecer, faça a manobra de
Heimlich;
4. Mande-o ao médico.

OBSTRUÇÃO TOTAL - INCONSCIENTE

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1. Proteja a vítima de lesões. Se estava fazendo a manobra de Heimlich em pé,


apoie a vítima com as suas pernas e o seu corpo e leve-a devagar ao chão.
2. Coloque-a deitada de costas;
3. Abra a boca da vítima, colocando seu polegar nela, encaixando-o nos dentes
inferiores. Segure o queixo com os dedos e eleve-o suavemente.
4. Com a outra mão, passe o dedo indicador pela boca da vítima, como se fosse
um gancho. Comece na bochecha oposta a você, vá até a parte posterior da
língua e depois até a bochecha que está mais perto de você.
5. Libere uma via aérea pela inclinação da cabeça e elevação do queixo ou
somente pela elevação do queixo (em caso de suspeita de lesão na cabeça e
na coluna)
6. Tente fazer duas insuflações, na posição;
7. Se a insuflação não fizer o tórax se erguer, faça cinco compressões
abdominais consecutivas com a parte de baixo da mão.
8. Posicione a parte de baixo da mão entre o umbigo e o esterno da vítima. Seus
dedos devem apontar para a cabeça. Coloque a outra mão por cima e
empurre, na direção do peito.
Continue até que o objeto seja desalojado.

Obstrução de Vias aéreas em crianças pequenas (lactentes)


Coloque a criança com a cabeça em posição mais baixa que o corpo, uma das
mãos segura a cabeça e a mandíbula em ligeira hiperextensão, e com a outra mão
dê 5 tapas no tórax. Caso não seja efetiva, gire a vítima de frente e tente 5
compressões torácicas abaixo do ponto da compressão cardíaca em lactente.
Em caso de vômitos vire a cabeça de lado, limpe a boca e continue o
procedimento. Não inicie a compressão cardíaca até que a obstrução tenha sido
resolvida

Referências:
GARCIA, Sérgio Britto (Ed.). Primeiros socorros: fundamentos e práticas na
Comunidade, no esporte e ecoturismo. São Paulo: Atheneu, 2003.
GONÇALVES, Aguinaldo et al. Saúde coletiva e urgência em Educação
Física e esportes. Campinas: Papirus, 1997.

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HAFEN, Brent Q; KARREN, Keith J; FRANDSEN KATHRYN J. Guia de


Primeiros socorros para estudantes. 7. ed. São Paulo: Manole, 2002.
MINISTÉRIO DA SAÚDE, Manual de Primeiros Socorros. Rio de janeiro:
Fundação Oswaldo Cruz, 2003.

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ANEXO IV

PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA

O QUE É:
Interrupção da circulação sanguínea decorrente de paralisação súbita e inesperada
dos batimentos cardíacos.

CAUSAS:

Podem ser resultados de choque circulatório, choque séptico, trauma e


doença cardiovascular, dentre outras. Um infarto pode causar uma parada
cardiorrespiratória, já que pode prejudicar o músculo do coração impedindo-o
de se contrair.

DIAGNÓSTICO:
 Pode ser obtido através de ausência de pulso e movimentos
respiratórios, inconsciência, cor arroxeada nos lábios e nas unhas, pele
fria e dilatação das pupilas.

SITUAÇÕES DE RISCO:
 Cardiopatias, colesterol elevado, hipertensão arterial, diabetes, antecedentes
familiares de morte súbita.
SINAIS:
 Dor Torácica, sudorese, palpitações, tontura, escurecimento visual, perda de

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consciência.

Suporte Básico de Vida (SBV)


Mudanças 2010/2015
As Diretrizes da AHA 2010 para RCP e ACE recomendam uma alteração na
sequência de procedimentos de SBV de A-B-C (via aérea, respiração, compressões
torácicas) para C-A-B (compressões torácicas, via aérea, respiração) em adultos,
crianças e bebes (excluindo-se recém-nascidos). Essa alteração fundamental na
sequência de RCP exigira novo treinamento de todos os já treinados em RCP, mas
o consenso entre os autores das Diretrizes de 2010 da AHA e os especialistas e de
que o benefício valera o esforço.

RCP DE ADULTO POR SOCORRISTA LEIGO


Os principais pontos de discussão e alterações nas recomendações das Diretrizes
da AHA 2010 para RCP e ACE para a RCP de adultos por socorristas leigos são os
seguintes:
✓ Foi criado o algoritmo universal simplificado de SBV para adultos
✓ Foram feitos refinamentos nas recomendações para o reconhecimento e o
acionamento imediatos do serviço de emergência/urgência, com base nos
sinais de que a vítima não responde, e para o início da RCP se a vítima não
responder, não apresentar respiração ou apresentar respiração anormal (isto
e, apenas com gasping).
✓ O procedimento "Ver, ouvir e sentir se há respiração" foi removido do
algoritmo.
✓ Tem-se dado ênfase permanente em RCP de alta qualidade (com frequência
e profundidade de compressão torácicas adequadas, permitindo retorno total
do tórax após cada compressão, minimizando interrupções nas compressões
e evitando ventilação excessiva).
✓ Houve uma alteração na sequencia recomendada para o socorrista que atua
sozinho para que ele inicie as compressões torácicas antes de aplicar
ventilações de resgate (C-A-B, em vez de A-B-C).
✓ O socorrista atuando sozinho deve iniciar a RCP com 30 compressões, em
vez de 2 ventilações, para reduzir a demora na aplicação da primeira
compressão.

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MÓDULO: PRIMEIROS SOCORROS – R.478 –

✓ A frequência de compressão deve ser, no mínimo, de 100/minuto (em vez de


“aproximadamente” 100/minuto).
✓ A profundidade de compressão, em adultos, foi alterada da faixa de 1 a 2
polegadas para, no mínimo, 2 polegadas (5 cm).
✓ Estas alterações foram planejadas para simplificar o treinamento de
socorristas leigos e continuar enfatizando a necessidade de aplicar
compressões torácicas o quanto antes em vítimas de PCR súbita.

Ênfase nas compressões torácicas

2010 (Nova): Se a pessoa presente não tiver treinamento em RCP, ela deverá
aplicar a RCP somente com as mãos (somente compressões torácicas) na vítima
adulta com colapso repentino, com ênfase em "comprimir forte e rápido" no centro
do tórax, ou seguir as instruções do atendente/operador do SME. O socorrista deve
continuar a RCP somente com as mãos até a chegada e preparação de um
DEA/DAE para uso ou até que os profissionais do SME ou outros encarregados
assumam o cuidado da vítima. Todos os socorristas leigos treinados devem, no
mínimo, aplicar compressões torácicas em vítimas de PCR. Além disso, se o
socorrista leigo treinado puder realizar ventilações de resgate, as compressões e as
ventilações devem ser aplicadas na relação de 30 compressões para cada 2
ventilações. O socorrista deve continuar a RCP até a chegada e preparação de um
DEA/DAE para uso ou até que os profissionais do SME assumam o cuidado da
vítima.

1. Reconhecimento imediato da PCR e acionamento do SAMU/192


2. RCP precoce, com ênfase nas compressões torácicas
3. Rápida desfibrilação
4. Suporte avançado de vida eficaz
5. Cuidados pós-PCR integrados

Reconhecimento imediato da PCR e acionamento do SAMU/192


Pessoas em situação de risco como, cardiopatias, colesterol elevado, hipertensão
arterial, diabetes, antecedentes familiares de morte súbita ou apresentando os
seguintes sinais: dor Torácica, sudorese, palpitações, tontura, escurecimento visual,

Profª Sônia Ficagna 61


MÓDULO: PRIMEIROS SOCORROS – R.478 –

perda de consciência.
Ligar imediatamente para o SAMU (192), informando a necessidade de uso do
desfibrilador.

Ressuscitação Cardiopulmonar Precoce (RCP) com ênfase nas compressões


torácicas

Fonte: Travers AH, Rea TD, Bobrow BJ et al. Part 4: CPR Overview: 2010 AHA Guidelines CPR/ECC.
Circulation, 2010; 122:S676-S684

Fonte: Berg et al. Part 5: Adult Basic Life Support. 2010 AHA guidelines for
CPR/ECC. Circulation, 2010; 122: IV156 – 166.

Profª Sônia Ficagna 62


MÓDULO: PRIMEIROS SOCORROS – R.478 –

Ciclos Compressão: Ventilação = 30:2


Troca de responsabilidades a
cada 2 minutos ou
5 ciclos de RCP

Universidade de Fortaleza
Centro de Ciências da Saúde
Módulo Primeiros Socorros

ANEXO VI

ESTADO DE CHOQUE

O choque é uma síndrome caracterizada por insuficiência circulatória aguda com má


distribuição generalizada do fluxo sanguíneo, que implica falência de oferta e/ou utilização do
oxigênio nos tecidos. Nem todos os danos teciduais advêm da hipóxia, mas podem decorrer
da baixa oferta de nutrientes, reduzida depuração de substâncias tóxicas, maior afluxo de
substâncias nocivas aos tecidos, ativação de mecanismos agressores e redução de defesas do
hospedeiro. (1, 2).

Profª Sônia Ficagna 63


MÓDULO: PRIMEIROS SOCORROS – R.478 –

Faz parte da via final comum em inúmeras doenças fatais, contribuindo, portanto, para
milhões de mortes em todo o mundo (2). É fundamental o seu reconhecimento precoce para
correção das disfunções por ele provocadas e sua causa de base, pois quanto mais precoce o
tratamento, melhor o prognóstico para o doente.

TABELA 1 – Classificação do choque (1, 2)


Hipovolêmico
Desidratação (diarreia, vômitos, poliúria, queimaduras extensas, febre)
Hemorragia (politraumatizados, ferimentos com arma de fogo ou arma branca)
Sequestro de líquidos (pancreatite, peritonite, colite, pleurite)
Drenagem de grandes volumes de transudatos (ascite, hidrotórax)
Obstrutivo
Coarctação da aorta
Embolia pulmonar
Pneumotórax hipertensivo
Tamponamento cardíaco
Cardiogênico
Aneurisma ventricular
Arritmias
Defeitos mecânicos
Disfunção miocárdica da sepse
Disfunção de condução
Falência ventricular esquerda
Infarto agudo do miocárdio
Lesões valvares
Miocardite e cardiomiopatias
Shunt arteriovenoso
Distributivo
Anafilaxia
Choque séptico
Choque neurogênico (trauma raquimedular, traumatismo craniano)
Doenças endócrinas (hipocortisolismo/ hipotireoidismo)
Síndrome vasoplégica, pós-circulação extracorpórea

CLASSIFICAÇÃO

Os estados de choque podem ser classificados em: hipovolêmico, obstrutivo, cardiogênico e


distributivo (Tabela 1).
•. Hipovolêmico: caracterizado por baixo volume intravascular ou baixo volume relativo à
sua capacitância, o que determina hipovolemia absoluta ou relativa. O volume contido no
compartimento intravascular é inadequado para perfusão tecidual (2). Há diminuição na pré

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carga e diminuição do débito cardíaco (DC). A resistência vascular sistêmica está tipicamente
aumentada na tentativa de compensar a diminuição do DC e manter a perfusão nos órgãos
vitais (3). Pode ser dividido em quatro classes com base na gravidade da perda volêmica,
como demonstrado na Tabela 2. Exemplos: desidratação, hemorragia, sequestro de líquidos
• Obstrutivo: ocorre em consequência de uma obstrução mecânica ao débito cardíaco, o que
ocasiona hipoperfusão tecidual. Causas comuns são: tamponamento cardíaco,
tromboembolismo pulmonar e pneumotórax hipertensivo (1).
• Cardiogênico: é consequência da falência primária da bomba cardíaca, que resulta na
diminuição do débito cardíaco (3). Decorre de interferências sobre o inotropismo e/ou
cronotropismo cardíacos (2). Causas: infarto do miocárdio, arritmias, miocardite, entre outras.
• Distributivo: caracterizado por inadequação entre a demanda tecidual e a oferta de oxigênio
por uma alteração no fluxo sanguíneo. Dessa forma, temos tecidos com fluxo sanguíneo
elevado em relação à necessidade e outros com fluxo sanguíneo elevado em termos
numéricos, mas insuficiente para atender às necessidades metabólicas (2), como ocorre no
choque séptico, anafilaxia e choque neurogênico.

TABELA 2 – Classificação da hemorragia no choque hipovolêmico (1)


Classe I Classe II Classe III Classe IV

Perda volêmica em % <15% 15-30% 30-40% >40%

Perda volêmica em ml* <750 750-1500 1500-2000 >2000

FC (/min) <100 >100 >120 >140

PA normal normal hipotensão hipotensão

Enchimento capilar normal reduzido reduzido reduzido

FR (/min) <20 20-30 30-40 >35

DU (ml/h) >30 20-30 5-20 desprezível

Nível de consciência pouco ansioso ansioso Ansioso e confuso confuso-letárgico

Reposição volêmica Cristaloide cristaloide cristaloide +CH cristaloide +CH

FC: frequência Cardíaca, PA: pressão arterial, FR: frequência respiratória, DU: débito urinário, CH: concentrado
de hemácias. *Estimativa paciente com 70kg

EPIDEMIOLOGIA
A mortalidade do choque é alta. Hollenberg SM et al. (4) estimam uma taxa de mortalidade de
50 a 80% nos pacientes com choque cardiogênico com infarto agudo do miocárdio. Friedman

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G et al. (5) estimam uma taxa de mortalidade no choque séptico de 39 a 60%, que não tem
diminuído significativamente nas últimas décadas. A mortalidade do choque hipovolêmico é
mais variável.

FISIOPATOLOGIA
No choque ocorre um desbalanço entre a demanda de oxigênio e o consumo. A privação de
oxigênio leva à hipóxia celular e desarranjo do processo bioquímico a nível celular, que pode
progredir para nível sistêmico. Ocorre alteração do funcionamento das bombas de íons na
membrana celular, edema intracelular, alteração do conteúdo intracelular e regulação
inadequada do pH intracelular. Os efeitos sistêmicos incluem alteração do pH sérico,
disfunção endotelial e estimulação das cascatas inflamatória e anti-inflamatória (6).
Os efeitos da privação de oxigênio são inicialmente reversíveis, mas, rapidamente, tornam-se
irreversíveis. O resultado é morte celular sequencial, dano em órgãos-alvo, falência múltipla
de órgãos e morte (3).
A perfusão tissular sistêmica é determinada pelo débito cardíaco (DC) e resistência vascular
sistêmica. O DC é o produto da frequência cardíaca pelo volume sistólico. A resistência
vascular sistêmica (RVS) é controlada pelo tamanho do vaso, viscosidade sanguínea e é
inversa ao diâmetro do vaso. Uma diminuição da perfusão tissular sistêmica pode ser
consequência da diminuição do DC ou RVS. Esses parâmetros não precisam necessariamente
estar diminuídos. Um pode ter se elevado enquanto o outro está desproporcionalmente
diminuído, como no choque hiperdinâmico, em que a RVS está diminuída e o DC aumentado
(7). O débito cardíaco e a resistência vascular sistêmica podem se alterar de diferentes formas
nos diferentes tipos de choque.

A Tabela 3 demonstra as variáveis hemodinâmicas e respiratórias que serão abordadas mais


adiante:
Hipovolêmico – Há diminuição da pré-carga devido à diminuição do volume intravascular.
Consequentemente, há diminuição do DC, inicialmente compensado por taquicardia (1, 3).
Conforme esse mecanismo vai sendo superado, os tecidos vão aumentando a extração de
oxigênio, o que ocasiona aumento na diferença entre o conteúdo de oxigênio arterial e venoso
e queda na saturação venosa mista
(SvO2). A resistência vascular sistêmica está tipicamente aumentada na tentativa de
compensar a diminuição do débito cardíaco e manter a perfusão de órgãos vitais (3).

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Obstrutivo – Ocorre devido à obstrução mecânica ao débito cardíaco, o que ocasiona


hipoperfusão tecidual (1).
Cardiogênico – Ocorre devido à falência cardíaca, que resulta em diminuição do débito
cardíaco (3). A RVS está tipicamente aumentada, assim como no choque hipovolêmico, a fim
de compensar a diminuição do DC (3). Ao exame físico, é comum o achado de vasocontrição
periférica e oligúria (1).
Distributivo – É consequência da diminuição severa da RVS. O DC encontra-se aumentado
na tentativa de compensar a diminuição da resistência vascular sistêmica (3).
Indiferentemente do tipo de choque, existe um contínuo fisiológico. O choque começa com
um evento desencadeante, tal como um foco de infecção, um abscesso, ou outra lesão. Isso
produz uma anormalidade no sistema circulatório, que pode progredir através de alguns
estágios complexos e entrelaçados – pré-choque, choque, e disfunção de órgãos. A progressão
pode culminar em dano a órgão irreversível ou morte (3).

FASES
Pré-choque: É caracterizado por rápida compensação da diminuição da perfusão tecidual
pelos diversos mecanismos homeostáticos. Como exemplo, mecanismos compensatórios
durante o pré-choque podem permitir que um adulto saudável esteja assintomático apesar da
redução de 10% do volume sanguíneo efetivo total (3). Taquicardia, vasoconstrição periférica
e uma modesta redução ou aumento na pressão arterial pode ser o único sinal clínico do
choque (3).

Choque: Aqui, os mecanismos compensatórios encontram-se suprimidos e os sinais e


sintomas da disfunção de órgãos surgem, como taquicardia, dispneia, agitação, diaforese,
acidose metabólica, oligúria e pele fria (3). Os sinais e sintomas da disfunção orgânica
tipicamente correspondem a uma alteração fisiológica significante, como a redução de 15 a
20% do volume sanguíneo efetivo no choque hipovolêmico ou ativação de inúmeros
mediadores da síndrome da resposta inflamatória sistêmica
(SIRS) no choque distributivo (3).

Disfunção de órgão-alvo: progressiva disfunção de órgão-alvo conduz a dano orgânico


irreversível e morte do paciente. Durante esse estágio, a produção de urina pode diminuir
acentuadamente, culminando em anúria e insuficiência renal aguda. Pode haver acidose,

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diminuição da frequência cardíaca e alterações no processo de metabolismo celular, além de


agitação, obnubilação e coma (3).

DIAGNÓSTICO
O diagnóstico do choque é eminentemente clínico, baseado em uma boa anamnese e exame
físico. Para diagnóstico, avaliam-se sinais e sintomas de inadequação da perfusão tecidual (2).
Hipotensão arterial pode estar presente, porém, não é fundamental no diagnóstico de choque.
Em razão disso, deve ser dada atenção especial aos sinais de hipoperfusão tecidual (alteração
do estado mental, alterações cardíacas como taquicardia e, principalmente, alterações renais,
como oligúria em pacientes sem insuficiência renal prévia) (1). A história clínica deve ser
direcionada à procura da etiologia. A avaliação laboratorial auxilia na avaliação da oferta de
oxigênio e sua adequação para o metabolismo tecidual (2). A apresentação clínica varia de
acordo com o tipo de choque e sua causa.
Alguns achados são comuns entre todos os tipos de choques (achados principais), enquanto
alguns outros podem sugerir um tipo de choque em particular (achados sugestivos) (3). Os
achados principais são: hipotensão, oligúria, pele fria e pegajosa, alteração do estado mental e
acidose metabólica.
A hipotensão ocorre na maioria dos pacientes. Pode levar à hipoperfusão tecidual, por isso
deve ser corrigida o mais precoce possível (1). Pode ocorrer hipotensão absoluta (pressão
sistólica menor 90mmHg) ou relativa (diminuição da pressão sistólica maior 40mmHg).
A hipotensão relativa explica-se, em parte, porque o paciente pode estar em choque apesar de
ter uma pressão sanguínea normal ou aumentada. Hipotensão importante pode ocorrer, muitas
vezes sendo necessário vasopressores para manter a pressão de perfusão adequada na
progressão do choque (3). Pode ser medida de forma não in invasiva ou de forma invasiva
através da colocação de um cateter arterial, sendo essa última forma a preferida nos pacientes
em choque ou uso de drogas vasoativas (1). A oligúria pode ser devida ao desvio do fluxo
renal para outros órgãos vitais, à depleção do volume intravascular ou a ambos. Trata-se de

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um dos sinais mais precoces e a melhora desse parâmetro ajuda a guiar a terapêutica (1).
Quando a depleção de volume intravascular é a causa a oligúria, pode também ocorrer
hipotensão postural, diminuição do turgor da pele, ausência de transpiração axilar e mucosas
secas (3). Mecanismos compensatórios vasoconstritores potentes são ativados e levam à
diminuição da perfusão tecidual para redirecionar o sangue da periferia para órgãos vitais e
para manter a perfusão coronária, cerebral e esplâncnica. Isso leva à pele fria e pegajosa vista
em determinados tipos de choque (3).
Entretanto, nem todos os pacientes com choque apresentam essas alterações cutâneas.
Pacientes com choque distributivo inicial ou choque terminal podem ter rubor ou hiperemia
cutânea (3).
Outros parâmetros não invasivos para avaliação do choque são frequência cardíaca e
oximetria de pulso. A taquicardia ocorre como resposta fisiológica à diminuição do volume
sistólico, porém níveis acima de 130 bpm podem interferir com o enchimento diastólico.
Eventualmente, bradicardia pode ser a causa do estado de choque, por isso, frequências
cardíacas inapropriadamente baixas frente à hipotensão devem ser corrigidas (1). A oximetria
de pulso pode mostrar hipoxemia, embora, em casos de vasoconstrição intensa, o dispositivo
possa perder o sinal (1).

As Tabelas 4 e 5 trazem as manifestações clínicas dos diversos sistemas na presença de choque (1,
2).

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Diagnóstico Diferencial
O diagnóstico diferencial das causas de choque é determinado pelo provável tipo de choque
existente (3).

Choque hipovolêmico: pode ser dividido em duas categorias de acordo com a etiologia:
• Induzido por hemorragia: causas incluem sangramento por trauma penetrante, hemorragia
digestiva, ruptura de hematoma, pancreatite hemorrágica, fraturas, ruptura aórtica, entre
outros (3).
• Induzido por perda de fluido: causas incluem diarreia, vômito, perdas insensíveis
inadequadas, queimaduras e perda para terceiro espaço. Essa última é comum em estados pós-
operatórios e em pacientes com obstrução intestinal, pancreatite ou cirrose.

Choque cardiogênico: as causas de insuficiência cardíaca são diversas, mas podem ser
divididas de acordo com etiologias: miopatias, arritmias, causas mecânicas e extracardíacas
(obstrutivas).
• Miocardiopatias: incluem infarto miocárdio envolvendo mais de 40% do miocárdio do
ventrículo esquerdo, infarto de ventrículo direito, cardiomiopatia dilatada, alteração
miocárdica após isquemia prolongada e depressão miocárdica devido a choque séptico
avançado (3).
• Arritmias: tanto as ventriculares quanto atriais podem produzir choque cardiogênico.
Fibrilação atrial e flutter atrial reduzem o DC por interrupção coordenada do enchimento do
átrio para o ventrículo. Taquicardia ventricular, bradiarritmias e bloqueio completo diminuem
o débito cardíaco, enquanto que a fibrilação ventricular cessa o débito (3).
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• Anormalidades mecânicas: incluem defeitos valvares, como ruptura de músculo papilar ou


cordoalha tendínea, estenose aórtica crítica, defeitos de septos ventriculares, mixomas atriais e
ruptura de aneurisma de parede ventricular (3).
• Anormalidades extracardíacas (obstrutivas) incluem embolismo pulmonar maciço,
pneumotórax hipertensivo, pericardite constritiva severa, tamponamento cardíaco e
hipertensão pulmonar severa.

Choque distributivo: há muitas causas, entre elas choque séptico, síndrome da resposta
inflamatória sistêmica, síndrome do choque tóxico, anafilaxia e reações anafilactoides, entre
outras.

TRATAMENTO – PRIMEIROS SOCORROS


A sistematização do atendimento inicial é fundamental. Dá-se prioridade sempre ao “ABCD”:
A (airway) corresponde ao acesso às vias aéreas de modo a mantê-las pérvias e proteger
contra obstrução; B (breathing) corresponde à adequada ventilação e oxigenação; e C
(circulation) corresponde à manutenção da circulação e deve-se sempre dar atenção às causas
responsáveis pela instabilidade hemodinâmica, de modo a procurar o tratamento definitivo do
problema (2).
Para os Primeiros Socorros, procure deixar a vítima o mais confortável possível, se possível
deitada com as pernas elevadas e monitore os ABCD o tempo todo. Chame o socorro médico
de emergência brevemente.

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Universidade de Fortaleza
Centro de Ciências da Saúde
Módulo Primeiros Socorros

ANEXO VII
Entendendo a Anafilaxia
Fonte: http://unifor.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788520447093/pages/295

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Anafilaxia

Definição:

Anafilaxia é uma reação de hipersensibilidade aguda potencialmente fatal, que envolve


a liberação de mediadores dos mastócitos, basófilos e recrutamento de células inflamatórias.
Anafilaxia inclui sintomas e sinais, isolados ou combinados, que ocorrem em minutos ou em
até poucas horas da exposição ao agente causal. Pode ser de intensidade leve, moderada ou
grave. Na maioria dos casos a anafilaxia é de intensidade leve, mas tem o potencial de evoluir
para fatalidade. A evolução é usualmente rápida, atingindo pico em 5-30 minutos, raramente
pode perdurar por vários dias.

Classificação

O termo anafilaxia é empregado para descrever reação imunológica, especialmente


mediada por IgE. O termo anafilaxia não alérgica é usado para reação clinicamente idêntica,
porém sem mecanismo imunológico envolvido. Entretanto, o diagnóstico e manejo clínico
não diferem.

Sintomas e Sinais de Anafilaxia:

A manifestação inicial de anafilaxia pode ser perda de consciência. Os sintomas e


sinais de anafilaxia podem se limitar a um sistema orgânico ou envolver vários sistemas.

• Gastrointestinal: Dor abdominal, aumento do peristaltismo com urgência para


evacuar ou liberação de esfíncter, náusea, vômito, diarreia.

• Oral: Prurido labial, língua e palato, edema de lábios e língua

• Respiratório: Obstrução de vias aéreas superiores por angioedema de língua,


orofaringe ou laringe; broncoespasmo, aperto no peito, tosse, sibilância; rinite,
espirros, congestão nasal e rinorréia.

• Cutânea: Eritema difuso, rubor, urticária, prurido, angioedema.

• Cardiovascular: Astenia, hipotensão, arritmia, choque hipovolêmico, síncope, dor


torácica

• Ocular: Edema periorbital, eritema, eritema conjuntival, lacrimejamento.

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• Gênito-urinário: Cólicas uterinas, urgência miccional ou incontinência urinária

Sintomas iniciais de maior gravidade desenvolvem-se rapidamente, atingem pico entre


3-30 minutos. Pode ocasionalmente haver um período de acalmia de 1 - 8 horas antes do
desenvolvimento de uma segunda reação (resposta bifásica). Anafilaxia protraída pode
ocorrer, com sintomas persistentes por vários dias. Óbito pode ocorrer em minutos, mas
raramente é descrito após dias ou semanas da reação anafilática inicial.

Causas de Anafilaxia

1. Reações mediadas por IgE

Alimentos

Teoricamente, qualquer proteína alimentar pode causar uma reação anafilática.


Alimentos frequentemente implicados são:

• Amendoim

• Nozes, avelã, caju, pistache, castanha-do-pará, pinhão, amêndoa

• Peixe

• Frutos do mar: camarão, caranguejo, lagosta, ostra, vieira

• Leite de vaca, leite de cabra

• Ovo de galinha

• Grãos: semente de algodão, gergelim, mostarda

• Frutas, vegetais

Reação de hipersensibilidade alimentar pode ser tão grave ao ponto de ocorrer reação
sistêmica à inalação de partículas de alimentos, como o odor do cozimento de peixe ou abrir
uma embalagem de amendoim.

Alergia grave ao pólen, por exemplo, de ambrosia, gramíneas ou pólen de árvores,

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pode estar associada à anafilaxia ou a síndrome da alergia oral (caracterizada por prurido
orofaringe com ou sem angioedema facial), causada pela ingestão de certos alimentos
derivados de plantas; resultante da presença de proteínas homólogas em polens e alimentos. O
principal alérgeno de todas as gramíneas é a profilina, que é um alérgeno encontrado em
muitas plantas, pólens e frutas, um paciente sensibilizado a gramíneas pode às vezes reagir a
muitos alimentos derivados de plantas.
Associações de reatividade cruzada típica de alérgenos são:

• Pólen de bétula: maçã, batata crua, cenoura, aipo, avelã

• Pólen de Artemísia: aipo, maçã, amendoim e kiwi

• Pólen de Ambrosia: melão (melancia, cantalupo, melão, etc) e banana

• Látex: banana, abacate, kiwi, castanha e mamão papaia

Anafilaxia induzida por exercício associada a alimentos pode ocorrer quando o


paciente se exercita dentro de 2-4 horas após ingerir um alimento específico. Entretanto, o
paciente é capaz de se exercitar sem o desencadeamento de sintomas, desde que o alimento
em questão não seja ingerido antes do exercício. Da mesma maneira a ingestão do alimento
não acarreta reação desde que o paciente não se exercite nas horas seguintes.

Antibióticos e outras drogas

Penicilina, cefalosporina e sulfonamidas

Penicilina é a causa mais comum de anafilaxia, não apenas entre os casos induzidos
por drogas. Penicilinas e outros antibióticos são haptenos, moléculas que são muito pequenas
para suscitar resposta imunológica, mas que podem se ligar a proteínas séricas e induzir a
produção de anticorpos IgE. Reações graves à penicilina têm risco dobrado de ocorrência
após aplicação intramuscular ou intravenosa em relação à via oral, mas o uso de penicilina
oral também pode induzir reação anafilática. História de rinite alérgica, asma, eczema ou
atopia não são fatores de risco para o desenvolvimento de alergia à penicilina.

Relaxantes musculares

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Suxametônio, alcurônio, vecurônio, pancurônio e atracúrio, que são amplamente


utilizados em anestesia geral, são responsáveis por 70 a 80% de todas as reações alérgicas que
ocorrem durante anestesia geral. Reações podem ser do tipo imediata mediada por IgE.

Insetos

Venenos de himenópteros (abelha, vespa, vespa americana, vespão, formiga vermelha)


contêm enzimas como fosfolipases, hialuronidases e outras proteínas que podem suscitar uma
resposta de anticorpos IgE.

Látex

Látex é uma seiva leitosa produzida pela árvore da borracha Hevea brasiliensis.
Reações alérgicas ao látex podem complicar procedimentos médicos, por exemplo, exames
internos, cirurgias e cateterização. Profissionais de saúde e da área médica e odontológica
podem desenvolver alergia ocupacional pelo uso de luvas de látex.

Proteínas estranhas

Exemplos de proteínas estranhas que podem causar anafilaxia são insulina, proteínas
seminais, antitoxinas (soro heterólogo) derivadas de animais (ex. cavalo) usadas para
neutralizar o veneno em picadas de cobras.

Procedimentos médicos eletivos

Imunoterapia com alérgenos (hipossensibilização).

2. Reações mediadas por complemento

Sangue total, soro, plasma, derivados do soro, imunoglobulinas, dextran

Resposta anafilática tem sido observada após a administração de sangue total e de seus
produtos, incluindo soro, plasma, derivados do soro e imunoglobulinas. Um dos mecanismos
responsáveis por estas reações é a formação de reação antígeno-anticorpo na superfície das
células sanguíneas vermelhas ou pela formação de imunocomplexos com ativação do sistema
do complemento. Os subprodutos ativos gerados pela ativação do complemento
(anafilatoxinas C3a, C4a e C5a) causam degranulação de mastócitos e basófilos, liberação de
mediadores e anafilaxia. Adicionalmente, produtos derivados da cascata do complemento

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podem diretamente induzir aumento da permeabilidade vascular e contração da musculatura


lisa.

Indivíduos com deficiência de IgA podem se sensibilizar à IgA proveniente de


derivados de sangue. Pacientes com deficiência de IgA (1:500 da população geral) podem
desenvolver reação anafilática ao receberem derivados de sangue, devido a presença de
anticorpos anti-IgA (provavelmente IgE anti-IgA).

Reações citotóxicas também podem causar anafilaxia, via ativação do complemento.


Anticorpos (IgG e IgM) contra células sanguíneas vermelhas, ativam o complemento, como
ocorre em reação transfusional com sangue incompatível. Esta reação causa aglutinação e lise
de células sanguíneas vermelhas e ativação de mastócitos, resultando em anafilaxia.

3. Ativação não imunológica de mastócitos

Contrastes radiológicos e agentes químicos de baixo peso molecular

Mastócitos podem degranular quando expostos a agentes químicos de baixo peso


molecular. Meio de contraste iodado hiperosmolar pode causar degranulação de mastócitos
por ativação do complemento e sistema de coagulação. Estas reações também podem ocorrer,
porém com menor frequência, com os novos meios de contraste.

Narcóticos

Narcóticos são ativadores de mastócitos capazes de causar elevação dos níveis de


histamina e anafilaxia não alérgica, comumente observada por anestesiologistas.

4. Moduladores do metabolismo do ácido araquidônico

Aspirina, ibuprofeno, indometacina e outros anti-inflamatórios não esteroidais


(AINE).

Anticorpos IgE contra aspirina e outros AINE ainda não foram identificados.
Indivíduos afetados toleram colina ou salicilato de sódio, substâncias estruturalmente
próximas à aspirina, porém diferentes pela ausência do grupo acetil.

5. Sulfitos

Sulfito de sódio e sulfito de potássio, bissulfitos, metabissulfitos e dióxido gasoso


sulfúrico Estes conservantes são adicionados a alimentos e a bebidas para prevenir alterações

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de coloração e são também usados como conservantes em algumas medicações. Sulfitos são
convertidos no meio ácido do estômago em SO2 e H2SO3 que podem então ser inalados.

Podem desencadear asma e reações de hipersensibilidade não alérgica em indivíduos


susceptíveis.

6. Idiopática

Exercício

Exercício isolado pode causar anafilaxia assim como pode induzir anafilaxia por
certos alimentos. Anafilaxia induzida por exercício pode ocorrer durante a estação de
polinização de plantas às quais o indivíduo seja alérgico.

Hormonal

Anafilaxia desencadeada por hipersensibilidade à progesterona de secreção endógena.


Pacientes podem exibir um padrão cíclico de crises durante o período pré-menstrual.

Idiopática

Rubor, taquicardia, angioedema, obstrução de vias aéreas superiores, urticária e outros


sinais e sintomas de anafilaxia podem ocorrer sem uma causa aparente. Diagnóstico é baseado
na história e na pesquisa exaustiva dos fatores causais. Níveis de triptase sérica e de histamina
urinária podem ser úteis.

Tratamento de emergência da anafilaxia

A = Via aérea

Garantir e estabelecer a patência da via aérea, se necessário por reposicionamento da


cabeça e pescoço, intubação endotraqueal ou cricotireoidotomia de emergência.

B = Respiração

Manter ventilação e oxigenação suficiente para adequado estado mental e saturação de


oxigênio de no mínimo 91% determinada por oximetria de pulso. Tratamento do
broncoespasmo se necessário. Equipamento para intubação endotraqueal deve estar
prontamente disponível para uso imediato em caso de falência respiratória, indicada por

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deterioração do nível de consciência, falência respiratória ou estridor refratários à


suplementação de oxigênio e epinefrina.

C = Circulação

Minimizar ou eliminar a exposição ao agente causal por descontinuação da infusão,


como nos casos de radiocontraste, ou pela colocação de torniquete venoso proximal ao sítio
de injeção ou picada de inseto. Avaliar a adequação da perfusão pela medida da taxa de
pulsação, pressão arterial, nível de consciência e tempo de preenchimento capilar. Estabelecer
acesso IV com cateter de grosso calibre (16 a 18) e administrar solução isotônica como
solução salina. Um segundo acesso IV pode ser estabelecido caso seja necessário. Caso haja
necessidade de vasopressor, como por exemplo, dopamina, será necessário transferir
imediatamente o paciente para uma unidade de tratamento intensivo.

Manejo farmacológico da anafilaxia

A = Adrenalina (epinefrina)

Adrenalina é a droga de escolha para anafilaxia. Estimula os receptores beta e alfa


adrenérgicos e inibe posterior liberação de mediadores mastócitos e basófilos. A dose usual
para adultos é de 0,3-0,5mg de uma solução 1:1000 p/v administrada por via IM a cada 10-20
minutos ou quando necessário. A dose para crianças é de 0,01mg/kg até o máximo de 0,3mg
IM a cada 5-30 minutos se necessário. Doses menores, como 0,1 mg a 0,2mg administradas
via IM quando necessário, são usualmente adequadas para tratar anafilaxia leve, muitas vezes
associada ao teste cutâneo alérgico ou imunoterapia. Adrenalina deve ser aplicada
precocemente no manejo da reação e a dose titulada à resposta clínica. Hipotensão grave pode
requerer administração IV lenta de adrenalina (1cc ou diluição 1:10.000 p/v). A resposta do
paciente determina a taxa de infusão.

B = Difenidramina

Anti-histamínicos não são úteis para o manejo inicial da anafilaxia, mas podem ser
úteis uma vez que o paciente esteja estabilizado. Difenidramina pode ser administrada por via
IV, IM ou oral. Cimetidina oferece benefício teórico de reduzir tanto arritmia cardíaca
induzida por histamina, que é mediada por receptores H2, e, vasodilatação associada à
anafilaxia, mediada por receptores H1 e H2. Cimetidina, até 300mg a cada 6 a 8 horas, pode

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ser administrada por via oral ou lentamente por via IV. Doses devem ser ajustadas para
crianças.

C = Corticosteróides

Corticosteróides não são benéficos na anafilaxia aguda, mas podem prevenir recidiva
ou anafilaxia protraída. Hidrocortisona (100 – 200mg) ou equivalente pode ser administrada a
cada 6 – 8 horas nas primeiras 24horas. Doses devem ser ajustadas para crianças.

Prevenção da Anafilaxia

Fatores causadores de anafilaxia devem ser identificados quando possível e evitados.


Pacientes devem ser instruídos sobre como minimizar a exposição. Antagonistas β-
adrenérgicos, inclusive os usados para tratamento de glaucoma, podem exacerbar anafilaxia e
devem ser evitados, quando possível.

Adrenalina é a droga de escolha para o tratamento da anafilaxia. Indivíduos de alto


risco para anafilaxia devem ser instruídos a usar adrenalina em seringas para auto injeção.
Injeção IM é recomendável, pois resulta em pronta elevação da concentração plasmática e
efeito fisiológico. Injeção SC resulta em lenta absorção de adrenalina. Pacientes devem ser
alertados para os sinais clínicos de reação anafilática iminente e quanto à necessidade de
portar seringa auto injetora de adrenalina por todo o tempo, bem como usar adrenalina logo
no início dos sintomas. Seringas não utilizadas devem ser imediatamente substituídas quando
atingirem o vencimento, uma vez que o conteúdo de adrenalina e a biodisponibilidade da
droga diminuem proporcionalmente ao número de meses após o prazo de validade. Pré-
tratamento com glicocorticóides e antihistamínicos H1 e H2, é recomendado para prevenir ou
reduzir a gravidade da reação, quando for necessário administrar o agente sabidamente
causador de reação anafilática, como, por exemplo, meio de contraste radiológico.

Diagnóstico diferencial

O diagnóstico diferencial de anafilaxia inclui:

• Dificuldade respiratória ou colapso circulatório, inclusive reação vasovagal

• Globo histérico

• Crise de asma aguda grave

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• Aspiração de corpo estranho

• Embolia pulmonar

• Epiglotite

• Infarto do miocárdio

• Síndrome carcinóide

• Angioedema hereditário

• Feocromocitoma

• Hipoglicemia

• Crise convulsiva

• Dose excessiva de medicação

• Urticária ao frio

• Urticária colinérgica

• Ingestão de sulfitos e de glutamato monossódico

Obstrução das vias aéreas superiores, broncoespasmo, cólicas abdominais, prurido, urticária e
angioedema estão ausentes na reação vasovagal. Palidez, síncope, sudorese e náusea podem
ocorrer em ambas as condições.
Perante reações durante procedimentos médicos é importante considerar a possibilidade de
reação ao látex ou medicação usada para anestesia.

Epidemiologia

Anafilaxia induzida por alimento

A prevalência de reação anafilática varia de acordo com os hábitos alimentares de cada


região. Uma pesquisa nos Estados Unidos relatou taxa de ocorrência anual de 10,8 casos por
100.000 pessoas. Extrapolando estes dados à população norte-americana, seriam
aproximadamente 29.000 episódios de anafilaxia alimentar a cada ano, resultando em 2.000
hospitalizações e em 150 óbitos. Resultados similares foram relatados no Reino Unido e

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França. Alergia a alimentos é relatada como causa de mais da metade de todos os episódios de
reação anafilática grave em crianças italianas tratadas em serviços de emergência e por um
terço à metade dos casos de anafilaxia tratados em emergências na América do Norte, Europa
e Austrália. Anafilaxia por alimento é menos comum em países não ocidentais. Estudo
dinamarquês encontrou prevalência anual de 3,2 casos de anafilaxia alimentar por 100.000
habitantes e com taxa de fatalidade de aproximadamente 5%. Os fatores de risco para
anafilaxia alimentar incluem asma e reação alérgica prévia ao alimento em questão.

Anafilaxia induzida por exercício associada a alimento

É mais comum em mulheres, mais de 60% dos casos ocorrem em indivíduos abaixo
dos 30 anos de idade. Pacientes muitas vezes têm história de reagir ao alimento quando mais
jovens e usualmente têm teste cutâneo positivo ao alimento que provoca sua reação
anafilática.

Anafilaxia causada por contraste radiológico

Reações adversas leves ocorrem em aproximadamente 5% dos indivíduos que recebem


meio de contraste radiológico. Estimativas nos EUA sugerem que reação sistêmica grave
ocorre em 1:1000 exposições, com ocorrência de óbito em 1:10.000-40.000 exposições.

Anafilaxia induzida por penicilina

Reação de hipersensibilidade sistêmica ocorre em 1 a 5% dos tratamentos com


penicilina. Choque anafilático está presente em 0,2% e a taxa de mortalidade é de 0,02% dos
casos. Caso o paciente apresente teste cutâneo fortemente positivo ou anticorpo IgE circulante
contra penicilina, existe 50-60% de risco de reação anafilática numa exposição subseqüente.
Em pacientes com história clínica sugestiva de alergia à penicilina e teste cutâneo negativo, o
risco de anafilaxia é muito baixo. Atopia e sensibilidade a fungos não representam fator de
risco para o desenvolvimento de alergia à penicilina.

Relaxantes musculares

Anafilaxia por relaxantes musculares ocorre em aproximadamente 1 em 4.500 casos


de anestesia geral, com reações fatais em 6% destes casos. Os fatores de risco são: sexo
feminino (80% dos casos), alergia prévia a drogas pode ser fator de risco. Atopia não é fator
de risco. Em pacientes com história de reação anafilática, teste cutâneo com diferentes
relaxantes musculares pode ser útil, caso o teste seja positivo o relaxante muscular não deve

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ser utilizado. Por outro lado, um teste negativo fornece evidências de que o relaxante
muscular pode provavelmente ser administrado com segurança.

Anafilaxia por veneno de insetos

Estudos provenientes da Austrália, França, Suíça e EUA estimam incidência de reação


sistêmica à picada de himenópteros na faixa de 0,4% a 4% da população. Nos EUA, no
mínimo 40 óbitos ocorrem por ano como consequência de picada de himenópteros.

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ANEXO VIII

Referência: Brasil, Ministério da Saúde. Manual de Primeiros Socorros. Rio de Janeiro:


Fundação Oswaldo Cruz, 2003.

Lesões dos Tecidos Moles em Geral

Os tecidos moles são aqueles que não são ossos nem dentes. A pele, tecidos
gordurosos, músculos e órgãos internos fazem parte dos tecidos moles.
Todo o ferimento é uma forma de lesão que afeta os tecidos moles do corpo, seja
externamente ou de maneira não aparente ou interna.
O objetivo final do tratamento de qualquer lesão ou ferida traumática será fechá-la no
menor tempo possível, sem deformações e sem perda de função.
Tecnicamente, o método de tratamento varia de acordo com o tipo de ferimento. Para
primeiros socorros esta afirmação também vale, mas o que veremos aqui são as condutas
universais para o pronto atendimento destas alterações. Em qualquer forma de atendimento a
ferimentos provocados por qualquer tipo de acidente, sempre conduzir da seguinte forma:
1. Lavar as mãos com água corrente e sabão antes de manipular o ferimento
2. Parar ou controlar qualquer tipo de hemorragia
3. Cuidar e prevenir o estado de choque
4. Procurar auxílio especializado com urgência, nos casos de lesões graves, e encaminhar o
acidentado para atendimento especializado.
O diagnóstico do ferimento simples ou complicado, não oferece dificuldades do ponto
de vista do grau de contaminação, o ferimento pode ser considerado limpo ou sujo. Este
problema deve ser deixado para avaliação por profissional médico. Devemos nos preocupar
sempre em manter o ferimento o mais limpo e protegido possível, para que possa aguardar o
atendimento especializado.
Mesmo não sendo função do primeiro socorro, é útil saber que para atender ao
processo de cicatrização e ao que pode intervir na fisiologia normal da cicatrização, deve-se
conhecer o que acontece com o tecido lesado e por quais fases passa a cicatrização.
Imediatamente após a lesão, ocorre reação inflamatória (primeira fase), e alterações
vasculares, tais como vasoconstrição, vasodilatação. Ocorrem ainda reações hemostáticas com
retração vascular e formação de coágulo e reações celulares. A inflamação é proporcional ao
agente causador. Se o ferimento é limpo, com um mínimo de traumatismo celular, a reação

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inflamatória é propícia a uma rápida fibroplasia, com consequente cicatrização.

Identificação
De uma maneira prática, os ferimentos podem ser classificados de acordo com o tipo de
agente que as causou e com as complicações que elas podem apresentar.

Contusões
As contusões são lesões provocadas por pancadas, sem a presença de ferimentos
abertos, isto é, sem rompimento da pele. Não há solução de continuidade da pele e só ocorre
derramamento de sangue no tecido subcutâneo, ou em camadas mais profundas. Quando há
apenas o acometimento superficial, o acidentado apresenta somente dor e inchação (edema)
da área afetada.
Quando há sufusão, hemorrágica de pequeno porte, o local adquire uma coloração
preta ou azulada, chamamos a contusão de equimose. Quando vasos maiores são lesados, o
sangramento produz uma tumoração visível sob a pele, ocorre o hematoma formado pelo
sangue extravasado.
Estas lesões quando superficiais não ameaçam a vida, porém podem alertar a quem
estiver fazendo a prestação de primeiros socorros, para a possibilidade de lesões de órgãos
internos.
Primeiros Socorros: As lesões contusas podem ser tratadas de maneira simples, desde que
não apresentem gravidade. Normalmente, bolsa de gelo ou compressa de água gelada nas
primeiras 24 horas e repouso da parte lesada é suficiente. Se persistirem sintomas de dor,
edema, hiperemia, pode-se aplicar compressas de calor úmido. Deve ser procurado auxílio
especializado. As contusões simples, de um modo geral, não apresentam complicações, nem
necessitam de cuidados especiais. Todavia, deve-se ficar alerta para contusões abdominais,
mesmo que não apresentem nenhum sintoma ou sinal, pois poderá ter havido complicações
internas mais graves. Mais adiante trataremos de ferimentos abdominais
Escoriações
São lesões simples da camada superficial da pele ou mucosas, apresentando solução de
continuidade do tecido, sem perda ou destruição do mesmo, com sangramento discreto, mas
costumam ser extremamente dolorosas. Não representam risco à vítima quando isoladas.
Geralmente são causadas por instrumento cortante ou contundente.
Estes tipos de ferimentos também são chamados de escoriações, esfoliaduras ou

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arranhões, podem complicar se não forem tratados adequadamente.


Para atender a estes tipos de ferimentos deve-se fazer uma assepsia pessoal, lavando as
mãos com água e sabão, que é a medida profilática mais simples e que pode ser executada
praticamente em qualquer ambiente. O ideal para estes casos é lavar o ferimento com bastante
água limpa e sabão. Se a área atingida for grande, cobrir com gaze ou curativo improvisado,
deixando sempre espaço para ventilação. Se for necessário, enquanto não se entrega o
acidentado a cuidados especializados, é conveniente trocar este curativo uma vez por dia, pelo
menos. O objetivo é mantê-lo sempre limpo e seco.
Amputações Traumáticas
As amputações são definidas como lesões em que há a separação de um membro ou de
uma estrutura protuberante do corpo. Podem ser causadas por objetos cortantes, por
esmagamentos ou por forças de tração.
Seu tratamento inicial deve ser rápido pela gravidade da lesão, que pode causar a
morte por hemorragia, e pela possibilidade de reimplante do membro amputado.
O controle da hemorragia é crucial na primeira fase do atendimento de primeiros
socorros. O membro amputado deve ser preservado sempre que possível, porém a maior
prioridade é a manutenção da vida.
São três os tipos de amputação:
1. Amputação completa ou total: o segmento é totalmente separado do corpo.
2. Amputação parcial: o segmento tem 50% ou mais de área de solução de continuidade com
o corpo.
3. Desenluvamento: quando a pele e o tecido adiposo são arrancados sem lesão do tecido
subjacente.

Primeiros socorros:
1) Abrir vias aéreas e prestar assistência ventilatória, caso necessário.
2) Controlar a hemorragia.
3) Tratar o estado de choque, caso este esteja presente.
4) Cuidados com o segmento amputado:
a) Limpeza com solução salina, sem imersão em líquido.
b) Envolvê-lo em gaze estéril, seca ou compressa limpa.
c) Cobrir a área ferida com compressa úmida em solução salina.
d) Proteger o membro amputado com dois sacos plásticos.

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e) Colocar o saco plástico em recipiente de isopor com gelo ou água


gelada.
f) Jamais colocar a extremidade em contato direto com o gelo.

Lesão por objetos perfurantes, a pele e tecidos mais profundos ficam parcialmente
exteriorizados. Proceder da seguinte forma:
1) Expor a lesão.
2) Nunca remover objetos encravados. Existe o risco significativo de precipitar
hemorragia, devido ao destamponamento de vasos sanguíneos.
3) Estabilizar o objeto com curativo apropriado.
4) Não tentar partir ou mobilizar o objeto, exceto nos casos em que isto seja essencial
para possibilitar o transporte.

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ANEXO IX

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FRATURAS, LUXAÇÕES E ENTORSES

Referência: Brasil, Ministério da Saúde. Manual de Primeiros Socorros. Rio de Janeiro:


Fundação Oswaldo Cruz, 2003.

Fraturas

Introdução
É uma interrupção na continuidade do osso. Constituem uma emergência traumato
ortopédica que requer boa orientação de atendimento, calma e tranquilidade por parte de
quem for socorrer e transporte adequado. Apresenta aparência geralmente deformante devido
ao grau de deformação que podem impor à região afetada. A fratura ocorre quando existe não
solução de continuidade de um osso. Ocorre geralmente devido à queda, impacto ou
movimento violento com esforço maior que o osso pode suportar.
O envelhecimento e determinadas doenças ósseas (osteoporose) aumentam o risco de
fraturas, que podem ocorrer mesmo após traumatismos banais. Estas lesões são chamadas
fraturas patológicas. A fratura pode se dar por ação direta, por exemplo, um pontapé na perna,
levando à fratura no local do golpe, ou por ação indireta, por exemplo, a queda em pé de uma
altura considerável, ocorrendo fratura da parte inferior da coluna vertebral, isto é, o impacto
foi transmitido através dos ossos da perna e bacia até a coluna vertebral. Ainda se pode dar
por ação muscular, sendo, neste caso, a contração muscular com força suficiente para causar
fratura.
Nos ambientes de trabalho a fratura pode ocorrer devido a quedas e movimentos
bruscos do trabalhador, batidas contra objetos, ferramentas, equipamentos, assim como queda
dos mesmos sobre o trabalhador; portanto pode ocorrer em qualquer ramo de atividade, ou
durante o trajeto residência-trabalho-residência.
A pessoa que for prestar os primeiros socorros deve ser muito hábil na avaliação e
decisão da conduta a ser tomada nestes casos. Aqui, a dor do acidentado e as lesões
secundárias resultantes do traumatismo são mais graves e perigosas do que nos outros casos
de emergências ortopédicas.
As sequelas nas fraturas podem ocorrer com maior probabilidade e gravidade.
A imobilização deve ser cuidadosa; as lesões secundárias, atendidas com redobrada
atenção, e o transporte para atendimento médico só poderá ser feito dentro de padrões
rigorosos.

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Suspeita-se de fratura ou lesões articulares quando houver:


1. Dor intensa no local e que aumente ao menor movimento.
2. Edema local.
3. Crepitação ao movimentar (som parecido com o amassar de papel).
4. Hematoma (rompimento de vasos, com acúmulo de sangue no local) ou equimose
(mancha de coloração azulada na pele e que aparece horas após a fratura).
5. Paralisia (lesão de nervos).
Antes de descrevermos as condutas básicas do primeiro socorro em fraturas, vamos
conhecer os tipos de fraturas mais comuns.

Classificação
As fraturas podem ser classificadas de acordo com sua exteriorização e com a lesão no
osso afetado.
Fratura Fechada ou Interna: São as fraturas nas quais os ossos quebrados permanecem no
interior do membro sem perfurar a pele. Poderá, entretanto romper um vaso sanguíneo ou
cortar um nervo.
Fratura Aberta ou Exposta: São as fraturas em que os ossos quebrados saem do lugar,
rompendo a pele e deixando exposta uma de suas partes, que pode ser produzida pelos
próprios fragmentos ósseos ou por objetos penetrantes. Este tipo de fratura pode causar
infecções.
Fratura em Fissura: São aquelas em que as bordas ósseas ainda estão muito próximas, como
se fosse uma rachadura ou fenda.
Fratura em Galho Verde: É a fratura incompleta que atravessa apenas uma parte do osso.
São fraturas geralmente com pequeno desvio e que não exigem redução; quando exigem, é
feita com o alinhamento do eixo dos ossos. Sua ocorrência mais comum é em crianças e nos
antebraços (punho).
Fratura Completa: É a fratura na qual o osso sofre descontinuidade total.
Fratura Cominutiva: É a fratura que ocorre com a quebra do osso em três ou mais
fragmentos.
Fratura Impactada: É quando as partes quebradas do osso permanecem comprimidas entre
si, interpenetrando-se.

Fratura Espiral: É quando o traço de fratura encontra-se ao redor e através do osso. Estas

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fraturas são decorrentes de lesões que ocorrem com uma torção.


Fratura Oblíqua: É quando o traço de fratura lesa o osso diagonalmente.
Fratura Transversa: É quando o traço de fratura atravessa o osso numa linha mais ou menos
reta.

O indivíduo que sofre uma fratura apresenta dor, que aumenta com o toque ou os
movimentos, incapacidade funcional (impossibilidade de fazer movimentos) na região
atingida, acentuada impotência funcional da extremidade ou das articulações adjacentes à
lesão; inchaço, alteração da cor da área afetada; presença ou não de pulso no membro
atingido, pode haver, ainda, fragmentos de ossos expostos e angulação ou curvatura anormal
da região afetada. A pessoa que está atendendo não deve esperar deparar com todo este
quadro, em todos os casos; encontrando duas destas características, já há uma forte suspeita.

Figura 1(Tipos de fraturas)

Primeiros Socorros
1. Observar o estado geral do acidentado, procurando lesões mais graves com
ferimento e hemorragia.
2. Acalmar o acidentado, pois ele fica apreensivo e entra em pânico.
3. Ficar atento para prevenir o choque hipovolêmico.
4. Controlar eventual hemorragia e cuidar de qualquer ferimento, com curativo, antes

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de proceder a imobilização do membro afetado.


5. Imobilizar o membro, procurando colocá-lo na posição que for menos dolorosa para
o acidentado, o mais naturalmente possível. É importante salientar que imobilizar
significa tirar os movimentos das juntas acima e abaixo da lesão.
6. Trabalhar com muita delicadeza e cuidado. Toda atenção é pouca; os menores erros
podem gerar sequelas irreversíveis.
7. Usar talas, caso seja necessário. As talas irão auxiliar na sustentação do membro
atingido.
8. As talas têm que ser de tamanho suficiente para ultrapassar as articulações acima e
abaixo da fratura.
9. Para improvisar uma tala pode-se usar qualquer material rígido ou semirrígido como:
tábua, madeira, papelão, revista enrolada ou jornal grosso dobrado.
10. O membro atingido deve ser acolchoado com panos limpos, camadas de algodão ou
gaze, procurando sempre localizar os pontos de pressão e desconforto.
11. Prender as talas com ataduras ou tiras de pano, apertá-las o suficiente para imobilizar
a área, com o devido cuidado para não provocar insuficiência circulatória.
Fixar em pelo menos quatro pontos: acima e abaixo das articulações e acima e abaixo da
fratura.

Entorses e Luxações
São lesões dos ligamentos das articulações, onde estes esticam além de sua
amplitude normal rompendo-se. Quando ocorre entorse há uma distensão dos ligamentos,
mas não há o deslocamento completo dos ossos da articulação. As formas graves produzem
perda da estabilidade da articulação às vezes acompanhada por luxação.
As causas mais frequentes da entorse são violências como puxões ou rotações, que
forçam a articulação. No ambiente de trabalho a entorse pode ocorrer em qualquer ramo de
atividade.
Os locais onde ocorre mais comumente são as articulações do tornozelo, ombro,
joelho, punho e dedos.
Após sofrer uma entorse, o indivíduo sente dor intensa ao redor da articulação
atingida, dificuldade de movimentação, que poderá ser maior ou menor conforme a
contração muscular ao redor da lesão. Os movimentos articulares cujo exagero provoca a

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entorse são extremamente dolorosos e, esta dor aumentará em qualquer tentativa de se


movimentar a articulação afetada.

Distensões
As distensões são lesões aos músculos ou seus tendões, geralmente são causadas por
hiperextensão ou por contrações violentas. Em casos graves pode haver ruptura do tendão.
Primeiros Socorros para distensão, entorse ou luxação
P (PREVENÇÃO)
R (repouso)
G (Gelo)
C (Compressão)
E (Elevação)
D (diagnóstico)
Basicamente aplicar gelo ou compressas frias durante as primeiras 24 horas. Após este
tempo pode-se aplicar compressas mornas. Imobilizar o local como nas fraturas. A
imobilização deverá ser feita na posição que for mais cômoda para o acidentado.

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