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Reguladores de crescimento do

algodão

Confira tudo que você precisa saber sobre reguladores de crescimento do


algodão para garantir um bom manejo.

O que são reguladores de crescimento?


Reguladores de crescimento ou fitorreguladores são todas e quaisquer
substâncias sintetizadas de maneira natural ou artificial que impactam e
influenciam diretamente no crescimento vegetativo das plantas.

É comum confundir o termo de reguladores de crescimento com


hormônios vegetais por desempenharem papéis semelhantes. Porém, os
hormônios vegetais sempre são produzidos exclusivamente pelas plantas
com a finalidade de regular processos fisiológicos, sendo os principais:
Auxinas, Citocininas, Giberelinas, Ácido abscísico e Etileno.

Tabela 1 – Funções, local de produção e transporte de Hormônios vegetais Fonte: Amabis e Martho (2013) e
Lopes e Rosso (2013).

Tabela 2 – Resumo de ação hormonal. Fonte: Lidiane Miotto 2018.


Por que usar reguladores de crescimento no
algodão?
Como o próprio nome já sugere, o uso de reguladores de crescimento,
principalmente no algodoeiro, se torna quase que indispensável devido ao
seu fator de crescimento desuniforme e inversamente proporcional ao seu
desenvolvimento, em outras palavras, o algodoeiro cresce de tal maneira que
acaba saindo de um certo padrão que permitiria um controle do seu porte. Tal
característica deve – se ao fato de sua fisiologia somada a outros fatores de
condições de crescimento favoráveis, tais como elevados teores de
fertilizantes nitrogenados, condições climáticas, temperaturas e fotoperíodos
ideais, etc.

Consequentemente, este crescimento desenfreado e irregular acaba


implicando em necessidades de manejo que variam de acordo com o tipo da
planta, ex: um algodoeiro de maior porte exige mais água e nutrientes para se
desenvolver bem, logo acaba sendo difícil realizar o manejo em uma lavoura
com uma população de plantas muito extensa e desuniforme.

Outro benefício é redução de impurezas nas plumas, uma vez que tem menos
folhas e galhos, ocasionando o porte ideal de colheita para minimizar perdas
e redução de abortamento de maçãs por sombreamento, além da planta gastar
menos energia vegetando e mais reproduzindo, o que implica em mais
produtividade.

Imagem 1 – Lavoura de algodão com portes desuniformes. Fonte: Embrapa

Isso faz com que o uso dos reguladores de crescimento no algodão seja
crucial, pois retardando ou inibindo o crescimento vegetativo, eles acabam
fazendo com que a cultura corresponda o mais próximo possível da
quantidade de dias do seu ciclo desejado. Isso é muito importante pois,
dependendo da época de plantio o algodoeiro recebe a quantidade de luz,
água e nutrientes de maneira mais adequada para seu desenvolvimento,
proporcionando assim uma produção de fibras com mais quantidade e
qualidade.

Como funcionam os reguladores no algodoeiro?


Como dito antes, além de facilitar o manejo da lavoura e o controle
fitossanitário, a utilização dos reguladores de crescimento também garante
uma colheita mais fácil devido a padronização que promove no porte das
plantas.
Na prática, assim que realizada a aplicação pelo maquinário, o produto será
absorvido pelas folhas e posteriormente transportado de maneira sistêmica
por toda planta. Em seguida, os reguladores de crescimento vão agir
diretamente no mecanismo responsável pelo balanço hormonal do
algodoeiro, inibindo a síntese e a translocação da giberelina (hormônio
vegetal responsável pela elaboração de gemas, folhas jovens e frutos).

Imagem 2 – Modo de ação dos reguladores de crescimento. Fonte: Luan Dias Avelino, 2019.

Quando e como deve-se realizar a aplicação dos


reguladores?
Existem certos fatores que fazem com que a metodologia de aplicação seja
variada, tais como: condições climáticas de regiões distintas, variedades de
algodão de ciclos curtos, médios e tardios, porte do algodoeiro, dentre
outros. Por quaisquer que sejam tais variáveis, é altamente recomendável
seguir as especificações da bula do produto comercial utilizado, juntamente
com a supervisão de um técnico agrícola ou engenheiro agrônomo antes,
durante e depois da aplicação.
Tabela 3 – Porte, Ciclo e necessidade de regulador de crescimento de cultivares de algodoeiro da EMBRAPA,
recomendadas para região do cerrado. Fonte: Embrapa

Geralmente recomenda-se que a época de aplicação se inicie a partir do


surgimento dos primeiros botões florais, comprimento dos internódios de 4 a
6 cm, porte (altura do algodoeiro medindo da base do solo até a gema apical)
de 60 a 80 cm e com cerca de 35 dias após o plantio. Plantas cujo porte
esteja igual ou superior a 50 – 60 cm e ainda não iniciaram o período de
floração significa que este será um forte indício que o crescimento vegetativo
será elevado, o que também serve como um indicador ideal para realizar o
início da aplicação.

A aplicação parcelada ou sequencial também é uma alternativa interessante,


pois através dela os reguladores de crescimento apresentam maior eficácia na
redução do comprimento dos ramos vegetativos e reprodutivos, sem falar na
retenção de frutos das posições iniciais do algodoeiro, menor número de
folhas na época da colheita, uniformidade dos frutos, aumento de sinergia
fisiológica entre as partes vegetativas e reprodutivas, e consequentemente
melhor facilidade de manejo.

A metodologia de aplicação sequencial pode ser realizada de diversas


maneiras: A) aplicação em 4 etapas de 10 + 20 + 30 + 40% da dose total; B)
aplicação em 3 etapas de 20 + 30 +50%; C) aplicação em 4 etapas uniformes
25 + 25 + 25 +25% da dose total. Dentre elas o que irá definir qual a mais
adequada utilizar será a assimilação das características fenológicas atuais do
algodoeiro mediante as diferenças de crescimento vegetativo, lembrando que
o intervalo de aplicação deverá ser no máximo entre 14 dias se atentando
também a qualquer tipo de stress que as plantas estejam submetidas. A
temperatura também é um importante fator a ser levado em consideração.
Quanto mais elevada, maior será o estímulo fisiológico de produção de
hormônios vegetais do algodão, e consequentemente maior a necessidade da
utilização de reguladores de crescimento.
Imagem 3 – recomendação de aplicação de regulador de crescimento em relação a dias após plantio. Fonte: BASF

Atualmente no nosso mercado interno, existem vários produtos que são


utilizados como reguladores de crescimento e registrados pelo MAPA. Os
mais utilizados para uso na cultura do algodão são: PIX HC (Cloreto de
Mepiquate) com 25% de ingrediente ativo e TUVAL (Cloreto de
Chlormequate) com 10% de ingrediente ativo. Ambos apresentam modos de
ação semelhantes no algodão. Neste caso a seguir iremos abordar as
metodologias de aplicação de reguladores de crescimento no algodão,
seguindo as recomendações do produto comercial PIX HC (Cloreto de
Mepiquate) da companhia química alemã BASF.

Imagem 4 – Especificações de uso do regulador de crescimento PIX HC. Para checar a bula completa, clique aqui.

Manejo de aplicação a taxa variável de


reguladores de crescimento
Na agricultura, a aplicação em taxa variável caracteriza-se pela geração de
pontos espaciais específicos das lavouras através de softwares e plataformas
de agricultura de precisão, que ao consolidar e processar dados do solo e da
vegetação, geram um mapa com diferentes sub-áreas para aplicação e/ou
correção de fertilizantes, defensivos e outros agroquímicos identificando
onde há maior e menor necessidade dos mesmos. Ou seja, através desta
metodologia o agricultor tem a chance de saber exatamente onde, quando e
quanto aplicar ao invés de realizar uma aplicação em área total.

Imagem 5 – Simulação de aplicação de insumos a taxa variável. Fonte: Banco de imagens Sensix.

Na cultura do algodão, como dito anteriormente, devido ao seu crescimento


excessivo a utilização dos reguladores de crescimento, ou fitorreguladores se
faz necessária, pois este importante fator de crescimento fenológico pode
gerar efeitos colaterais negativos ao cotonicultor, tais como: dificuldade do
manejo, prolongamento do ciclo e redução da produtividade pela perda ou
apodrecimento das maçãs.

Na prática, após ser gerado o mapa de aplicação, basta transferi-lo para o


computador de bordo do maquinário através do envio direto (permitido por
algumas plataformas) ou transferência manual através de um pen-drive.
Assim, o GPS irá reconhecer as posições geográficas de cada subárea, bem
como de cada dosagem específica do insumo, defensivo, fertilizante, ou
regulador de crescimento para aquela cultura definida pelo agricultor.   

Imagem 6 – Plataforma Fieldscan gerando zonas para aplicação a taxa variável de fitorreguladores em lavoura de
algodão. Fonte: Banco de imagens Sensix.  

No exemplo acima, é possível constatar como este processo ocorre. Para


determinar as zonas de aplicação a taxa variável de fitorreguladores, foi
utilizado a plataforma Fieldscan, que ao identificar os diferentes portes
vegetativos do algodão através do processamento de imagens de drones e/ou
satélites juntamente a validação e confirmação a campo, foi possível gerar as
coordenadas de aplicação de cada zona da cultura. Após isso, o produtor já
determina também a dosagem dos fitorreguladores para cada zona.

Imagem 7 – Definição de dosagem de produto comercial – Cloreto de Mepiquat para aplicação a taxa variável.
Fonte: Banco de imagens Sensix.  

Depois, basta exportar o mapa de aplicação para o computador de bordo do


maquinário para que o produto seja aplicado de acordo com as coordenadas
geradas e a operação seja concluída.

Imagem 8 – Exportação e configuração de arquivo de aplicação no computador de bordo de maquinário para


aplicação a taxa variável de fitorreguladores em algodão – Cloreto de Mepiquat para aplicação a taxa variável.
Fonte: Banco de imagens Sensix. 

 A seguir temos uma comparação lado a lado de um mesmo talhão onde foi
feita a aplicação em taxa variável em uma parte, e taxa fixa em outra parte.

Imagem 9 – Definição de áreas para aplicação em taxa fixa e variável de regulador de crescimento em algodão.

Imagem 10 – Comparação de homogeneização entre taxa fixa e variável após aplicação.

Como pode-se ver na imagem, a dosagem variável contribuiu para uma


homogeneização drástica da cultura, enquanto a taxa fixa super dosou
algumas áreas com algodão menor e sub dosou outras áreas com algodão
maior, contribuindo ainda no aumento da variabilidade de crescimento
vegetativo.

Em uma análise mais quantitativa, temos abaixo uma outra área que foi
analisada no Mato Grosso na safra 2020 comparando o antes e o depois
exatamente nos mesmos pontos de amostra.

Imagem 11 – Pontos de amostras de médias de plantas.

Ao executar o mapeamento de biomassa da cultura e definir as zonas em 3


níveis de crescimento, foi aplicado cloreto de mepiquat com doses de 0
ml/ha (vermelho), 150 ml/ha (amarelo) e 300 ml/ha (verde).

Os resultados comparativos mostram altos níveis de homogeneização de


altura de planta, quantidade de nós e distância entre os últimos três nós,
conforme demonstrado nas imagens abaixo.

Imagem 12 – Altura de Plantas antes (linha azul) e depois (linha laranja) da aplicação.

Imagem 13 – Número de nós antes (linha azul) e depois (linha laranja) da aplicação.

Imagem 14 – Distância entre os últimos três nós antes (linha azul) e depois (linha laranja) da aplicação.

Caso queira saber mais detalhadamente da aplicação a taxa variável de


reguladores de crescimento no algodoeiro preparamos um artigo com um
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para mais artigos do Agro!

Confira também: Colhedora de Algodão: tipos e como funciona?

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