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r,J
ALGODAO
do Plantio à Colheita
EdiTORA
UFV
Universidade Federal <le Viçosa
2014
Prefácio
É motivo de orgulho para a Universidade Federal de Viçosa
(UFV) o lançamento deste livro, de interesse para técnicos,
agricultores e estudantes de Agronomia. Há muito tempo a UFV vem
sobressaindo-se como um dos maiores polos de formação de
agrônomos do País e de desen volvimento tecnológico.
Os produtores brasileiros contaram com a pesquisa e o
desenvolvimento tecnológico, aplicados à cotonicultura, empreendidos
pela Embrapa, Esalq, Unesp, IMA-MT e UFV, entre outras instituições,
para alcançar o salto de qualidade na produção de algodão que o Brasil
experimentou nesses últimos dez anos. Na safra 2011/ 12, o País alcançou
a terceira colocação mundial em exportação - com o recorde de 1,04
milhão de toneladas enviadas ao exterior - e, a cada ano, vê ampliada
sua importância como ator na cadeia de valor em termos de
quantidade e qualidade de plmna produzida. Fechamos a safra
2011/12 com produção de 1,9 milhão de toneladas.
O foco deste livro são as informações técnicas necessárias à
cotonicultora e, portanto, de interesse do técnico em contínua
formação e atualização. Escrito por especialistas nos diversos temas
abordados, esta obra é essencial à fmmação e atualização dos técnicos
interessados na cultura do algodão, por conter informações técnicas
atualizadas e intensamente aplicadas à realidade brasileira.
Trata-se, pois, de uma obra, sem dúvida, extremamente útil à
cotonicultura brasileira.
Boa leitura!
Os editores.
Sumário
1. Aspectos econômicos, 9
3. Botânica, 49
4. Exigências edafoclimáticas, 67
Histórico e Evolução da
Cotonicultura Brasileira
O Brasil é um dos principais exportadores mundiais de
algodão, possuindo atualmente a segunda melhor média mundial de
produtividade. Tendo passado por transformações importantes nos
últimos 20 anos, a cotonicultura brasileira se configura hoje como um
dos setores mais modernos da agricultura nacional.
A cotonicultura brasileira moderna tem o ano de 1996 como
marco histórico. Antes desse ano, o algodoeiro era cultivado
principalmente em pequenas propriedades, concentradas no
Sul/Sudeste do País, com nível tecnológico que podeiia ser
considerado baixo para os padrões atuais. Posteriormente, formou-se
uma cotonicultura empresarial, de grandes propriedades e expandindo
pelo Centro-Oeste e oeste baiano.
1
Professor Doutor da Escola Superior de Agricultura ''Luiz de Quctroz" (ESALQ). Universidade
de São Paulo (USP). E-mail: lralves@usp.br.
2 Engenheiro Mestrando. Pesquisador da ESALQ/USP. E-mail: ffagro@gmai l.com
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., Outro,
O Sistema de Comercialização do
Algodão no Brasil
A cadeia do algodão no Brasil pode ser dividida em
fon1ecedores de insumos (T l ), produtores de algodão (T2),
beneficiadoras (T3), agente de mercado (T4), indústria têxtil e
confecção (T5 e T6) e atacado/varejo, organizados conforme
demonstrado na Figura 1.9.
Indústria de ln<lús1ria de máquinas e
defensivos/fertilizantes Gcnética/sc1ncn1cs equipamentos
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Gerais 7% pnrn NE (0.826% do valor)
Poraiba 0% com <lifcrimcnlo 12% Não 1cm Não tem
Isenção de 80%
12% de ICMS
Pamn:i 18% Nilolcm
7% pam Nordeste destacado dentro
do estado
12% para Sul e
São Paulo 0% com diferimento Sudeste N11olem Não tem
7% para o Norte
17% 17%
Distrito Nilo tem
Pode reduzir n base de Pode reduzir 11 Não tem
Federal
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12% com redução
Maranhão 0% com diferimento de 60% na base Nilo tem Não tem
de cálculo
Isenção de IO0¾
Tocantins do ICMS
destacado
Isenção de 100%
do ICMS
destacado nos
7% para Sul e primeiros anos.
Piaui 18% 12% restante do Não tem 70% nos três anos
Pais seguintes para
regimes especiais
liberados pelo
governo
Fonte: FERREIRA FILHO et ai., 20 l O.
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Asp ectos eco11ómicos 27
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Obs.: SRS = Sorriso/ MT; CNP = Campo Novo do Parec1s/MT; CVD = Campo Vcrde/NlT;
PRM = Primaverado Leste/MT; RVD = Rio Verde/GO: CHS = Chapadão do Sul/MS:
LEM = Luís Eduardo Magalhães/BA.
Fonte: CEPEA, 2013.
Considerações finais
Verifica-se, portanto, que a reestruturação da cotonicultura
brasileira a partir de meados da década dos anos 1990 teve impactos
importantes no mercado de algodão do Brasil. A nova cotonicultura
brasileira posiciona-se como uma das mais eficientes do mundo, em
todos os seus aspectos principais, da produção à comercialização; no
entanto, há desafios à evolução da atividade no Brasil. A
intensificação da produção em grandes áreas tem ensejado o
surgimento de novas e importantes pragas e doenças, o que pode ser
atestado pela elevação da parcela de insumos químicos no custo de
produção, cuja solução requer um investimento contínuo em ciência e
tecnologia.
Além disso, os desafios logísticos para o escoamento das safras a
partir de regiões distantes dos portos, um problema antigo, persistem. A
grande vantagem competitiva da cotonicultura nacional "dentro da
p011eira" é rapidamente perdida quando se acrescentam os custos
logísticos e de con1ercialização em geral. Essa perda de eficiência
causada pelos elevados custos de transporte e de comercialização
certamente compromete em muito a competitividade da produção
nacional no mercado externo, fundamental para o incremento contínuo da
produção brasileira de algodão.
30 Alves. lima e Ferreira Filho
Referências
ALVES, L. R. A. A reestruturação da cotonicultura no Brasil: fatores econômicos,
institucionais e tecnológicos. 2006. 121 f. Tese (Doutorado cm Economia Aplicada) -
Escola Superior da Agricultura " Luiz de Queiroz'', Universidade de São Paulo. Piracicaba,
2006.
ALVES, L. R. A.: LIMA. F. F.; FERREIRA FILHO, J. B. S.; OSAKI, M.; RIBEIRO, R.
G. Liberações de tecnologias geneticamente modificadas de algodão no Brasi l e no mundo.
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Sober, 2012.
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<http://www.celeres.com.br/imprensa.php>. Acesso em: jun. 2013.
CEPEA - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada. Disponível em:
<http://www.cepea.esalq.usp.br/>. Acesso em: jun. 2013.
COTLOOK - COITON OUTLOOK. Disponível em: http://www.cotlook.com/index.php.
Acesso em: jun. 2012.
CONAB Companhia Nacional de Abastecimento. Disponível em:
<http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/ l l_04_20_ l l_04_40_yepro_2011
..pdf>. Acesso em: jw1. 2012.
CONAB - Companhia Nacional do Abastecimento. Safras - Série Histórica de Área
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<http://www.conab.gov.br/conteudos.php?a= 1252&t=2>. Acesso em: jun. 2013.
CIB - Conselho de lnfonnações sobre Biotecnologia. CTNbio. Disponível em:
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FERREIRA FlLHO, J. B. S.; ALVES, L. R. A; GOITARDO, L. C. B. Aspectos
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2011, p. 61-100.
LBGE - Instituto Brasileiro de Geografia Estatística. Tabela 16 l 2 - Área plantada, área
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<http://\\'W\v.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/listabl3.asp?c= l 6 l 2&n=0&u=0&z=t&o= 11 &i=
P>. Acesso em: jun. 2013.
IBGE Instituto Brasileiro ele Geografia Estatística. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/home/estalisticaeconomia/agropecuaria/censoagro/default.shtm>.
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SECEX - Secretaria de Comércio Exterior. Disponivel em: <http://www.desenvolvimento .
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USDA - UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE. Forcign Agricult1.tral
Service (FAS). Disponível em: < http://www.fas.usda.gov/>. Acesso em: jun.2012.
ORGANIZAÇÃO DOS
PRODUTORES 2
Eleusio Curve/o Freire'
João Luiz Ribas Pessa2
1
Engenheiro-Agrônomo. M. Se. D.S; e Consultor da Cotton Consultoria - Campina Grandc-PB.
E-mai 1: cottonco nsuhoria@gma i1.com
1
Engenheiro. Consclhdro da ABRAPA, Diretor da GFN Agrícola SA.
E-mail: pcssa@abmpa.com.br
Freire e Pessu
32
~erem realizadas até hoje. Países corno o Japão, Itália, Turquia, China,
India, Paquistão, Bangladesh, Inglaterra, Coreia, Tailândia, Taiwan,
Argentina e muitos outros receberam visitas e também tiveram
industriais têxteis visitando nosso país. Os resultados aí estão, o
mercado interno está tota lmente conquistado e ocupamos hoje entre a
quarta e a quinta posição corno maiores exportadores de algodão do
mundo.
A comercialização do algodão do Brasil já se faz de maneira
eficiente e igual à realizada pelos países que mais exportam. Contratos
futuros para exportação em dólar são feitos com antecedência de
vários anos. Isto permite ao produtor programar suas compras e
plantios tendo a garantia de que o produto será colocado a um preço
acima dos seus custos.
Libero
A Libero é uma empresa nascida no Brasil, com sede na
Holanda e filiais no Brasil e em Genebra, e que objetiva o marketing e
a comercialização dos produtos agrícolas produzidos no País. Tendo
como principais sócios os produtores, promove parcerias com
operadores de mercado, fon1ecedores de insumos, empresas
operadoras de logística e as mais importantes fontes de recursos
financeiros.
A imprensa conta em seu quadro de associados com os
1naiores produtores do Centro-Oeste, que representan1 70% da
produção do algodão, 15% da produção da soja e l 0% da produção do
Organi=arao dos produtores 47
mi lho brasileiro. Sua área plan tada passa de quatro mil hões de
hectares, o que lhe garante a tranquil idade de se lançar no mercado,
sabendo que conta com fo rnecimento garantido de grande quantidade
e variedade de produtos. A libero tem como propósito melhorar as
condições no mercado e buscar oportunidades em basicamente quatro
atividades: originação; marketing e comercialização; captação de
recursos financeiros; e financiame ntos internacionais.
A organização dessas ativ idades resultaram na constituição da
Libero Commodities Holding Bv, com duas subsidiárias brasileiras: a
Libero Commodities do Brasil S.A., que comercializa os produtos no
mercado interno brasileiro, e a Libero Commodities S.A ., com sede na
Suíça, que se encarrega da comercialização dos produtos
internacionalmente. Além dessas, a Libero Serviços do Brasil atuará
como provedora de serviços na originação e nas operações de apoio às
outras duas empresas que comercializam.
Esse modelo de empresa, em que 50% das ações estão com os
produtores e os outros 50%, com acionistas que completam a cadeia
da produção, comercialização, logística, financiamento e
administração de riscos, é sem dúvida ímpar no mercado e que
prenuncia que a Libero tem grande potencial de crescimento e sucesso
num mercado altamente competitivo, vo látil e que funciona em ritmo
acelerado.
Referências
PESSA, J. L. R. A organização dos produtores de a lgodão. ln: FREIRE, E. C. (Ed.)
Algodão no cerrado. 2. ed. Brasil ia: Abrapa, 2011.
BOTÂNICA
3
Tricia Costa Lima'
~ 2
Leonardo Ângelo de Aquino
Paulo Geraldo Berger3
Introdução
O cultivo do algodão no Brasil, com o uso de espécies nativas
e importadas, teve início nos primeiros anos da colonização. Dois
famosos religiosos - padres Manuel da Nóbrega e José de Anchieta -
defenderam a instalação de uma indústiia têxtil em nosso país. Em
carta a Simão Rodrigues, superior dos jesuítas em Lisboa, Nóbrega
pediu o envio de tecelões para fiar e tecer o algodão. Anchieta
defendia a mesma opinião e a justificava: "Para vestir há muito
algodão". Quanto aos indígenas brasileiros, Pero Vaz de Caminha na
sua célebre Carta relata que usavam o algodão para fazer redes, faixas
e também flechas incendiárias, cmn a ponta envolvida em chumaços,
aos quais punham fogo. No México e no Pe1u também se encontraram
objetos feito de algodão. É certo, portanto, que o algodão arbóreo
existia em váiias partes das Américas, quando os europeus iniciaram
as conquistas (COSTA, BUENO, 2004).
1
Engenheira-A&,rrônoma, D. Se. e Professora du Universidade Estadual do Goiús.
E-mail: tclima7@gmail.com.
1
Engenhe iro-Agrônomo, D. Se. e Professor du Uniw rs icladc Fedaal de Viçosa - C' RP .
E-mail : leonardo.uquino@ ufv.br
3
Engenheiro-Agrônomo, D. Se. e Professor do Dep. ele Fitok"Cniu da Univcrsidudc Flxkml Jc Viçosa.
E-mail: pgberger@ufv.br
50 lima. Aquino e Berger
Classificação botânica
O algodoeiro é uma planta dicotil edônea hirsuta ou glabra,
anual ou perene, herbácea, arbustiva ou arbórea, pertencente à família
Malvaceae, gênero Gossypium. O algodoeiro herbáceo anual
( Gossypium hirsutum L.) é uma das 50 espécies já classificadas e
descritas no gênero Gossypium. Sua classificação é a seguinte
(TROPICOS, 20 J 3):
Classe: Equisetopsida C. Agardh
Subclasse: Magnoliidae Novák ex Takht.
Superordem: Rosanae Takht.
Ordem: Malvales Juss.
Família: Malvaceae Juss.
Gênero: Gossypium L.
Espécie: Gossypiwn hirsutum
Subespécie: Gossypium hirsutwn subsp. latifolium (Murray)
Roberty
Das 50 espécies já catalogadas (descritas) 17 são endêmicas
na Austrália e todas têm um número básico de cromossomos (n = 13),
sendo algumas diploides (2n = 26); outros, tetraploides, com n = 26 e
2n = 52, envolvendo seis espécies: G. tomentosum, G. muste!inum,
G. darwinii, G. barbadense, G. lanceolatwn e G. hirsutum. De todas
as espec1es de Gossypium, apenas quatro são exploradas
comercialmente e mais de 90% da produção mundial de fibras é da
espécie G. hirsutum (LEE, 1984 citado por BELTRÃO, 1999).
As espécies que produzem fibra comercial são: G. hirsutum e
G. barbadense, tetraploides, originadas da An1érica Central e América
do Sul, respectivamente, e G. herbaceum e G. arborewn, diploides e
originadas da África e Ásia (GRID-PAPP, 1965). As espécies
consideradas selvagens em geral não apresentam fibras ou, quando as
apresentam, não possuem torções e assim não são fiáveis, além de
possuírem comprimento de fibra pequeno e baixa resistência, o que
toma inviável seu aproveitamento industrial.
De acordo com Hearn e Constable ( l 984 ), somente uma
espécie selvagem de algodão, G. herbaceum, raça Africanurn, que é
Botânica 51
Gossypium barbadense L.
Planta anual, arbustiva, alcançando 2,70 m de altura, pouco ou
muito ramificada, com ramos ascendentes. Folhas claramente
divididas em três ou cinco lóbulos, geralmente glabras, mais rijas e
espessas do que nas outras espécies.
Flores grandes, de um amarelo acentuado, com uma mancha
avermelhada na base das pétalas. As bractéolas são largas, quase tão
longas quanto largas, dentadas (10-15 dentes). Cápsulas usualmente
grandes, alcançando 6 cm de comprimento, com três }óculos. Paredes
recobertas por pequenas pontuações e inúmeras glândulas. Cada
lóculo com cinco a oito sementes. Línter verde ou marrom cobrindo
parte da semente e fios longos e brilhantes, protegendo toda a testa.
Possui as seguintes raças: Brasiliense, Daiwinii, Peruvianum e Típica.
Gossypium herbaceum L.
Planta subarbustiva, alcançando até 1,30 m de altura, pouco
ramificada, com caule rígido. Folhas lobadas, de pilosidade variável,
de ápices, geralmente lobados. Brácteas de formato triangular, largas e
arredondadas na base, sempre mais largas que longas, de margem
dentada (seis a oito dentes).
Botânica 53
Gossypium arboreum L.
Planta perene ultrapassando 3,0 m de altura. Folhas mais ou
menos pilosas com cinco a sete lóbulos; lóbulos estreitos e estípulas
lineares.
Bractéolas mais ou menos triangulares recobrindo a flor em
botão, de margem inteira lateralmente e ápice com vários dentes.
Flores com coluna estaminal muito longa que sustenta anteras
de curtos filetes. Cápsulas geralmente triloculares, profusamente
pontuadas; glândulas proeminentes. Deiscência da cápsula formando
fendas alargadas. Lóculos com 17 sementes, inteiramente recobertas
por línter e por longos fios. Representada atualmente pelas seguintes
raças: Indicum, Burmanicum, Cemuum, Sinensis e Benghalense
(BRANDÃO, l 982).
Morfologia do algodoeiro
O a lgodoeiro herbáceo, também chamado de anual, possui
estrutura organográfica peculiar, apresentando ramos frutíferos e
vegetativos, dois tipos de folhas (associadas ao ramo reprodutivo
ou ao vegetati vo), flores con1pletas com um terceiro verticilo floral,
as brácteas, que fazem uma proteção extra e podem possuir, na
base interna e externamente, g lândulas de secreção (nectários) além
de apresentar prófilos, folhas sem ba inha com duas estípulas, dois
tipos de glândulas e pelo menos duas gemas na base de cada fo lha
(Fig ura 3. 1).
54 limo. Aquino e Berger
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CIJJ
'·- _,1 (O
Figura 3.2 - Folhas do algodoeiro: A - fol.has cotiledonares; B - prófilo;
C - folllas verdadeiras (do ramo e do fruto).
Fonte: EXTENSION, 2013; BELTRÃO et ai., 2008; e arquivo pessoal.
----- ~ Nó cotilcc.Jonar
Sistema radicular
O sistema radicular é do tipo pivotante, sendo bastante
desenvolvido e vigoroso em condições nonnais para o pleno
crescimento da planta (Figura 3.3 ). A raiz, além da sua função básica
de absorção de água, nutrientes e fixação da planta ao solo, é
importante no armazenamento de fotoassimilados. A raiz pivotante
pode chegar a 2,5 m de profundidade, concentrando a sua maior parte
nos primeiros 30 cm a 50 cm de profundidade.
56 Lima, Aquino e Berger
Caule
O caule é o eixo ascendente da planta, no qual estão ligados
pelo menos dois tipos de ramos: vegetativo ou monopodial e frutífero
ou si mpodial (Figura 3.3). O caule tem várias funções na planta, tendo
uma gema apical (meristema) e vários nós e entrenós ou meritalos.
Constitui-se no elemento de sustentação das folhas , flores e frutos e
conduz a água e os minerais via xilema e os fotoassimilados via
floema. O caule, os ramos, as folhas e os pecíolos podem ser glabros
ou pilosos (Figura 3.4). No caule é possível observar tricomas e
glândulas internas, onde a planta armazena gossipol, produto de
natureza fenólica ligado à defesa da planta contra pragas e doenças.
Folhas
As folhas verdadeiras do a lgodoeiro (macrófilos) são simples
e incompletas (não possuem bainha), podendo ser vegetativas ou
reprodutivas. As vegetativas ou do ramo são as situadas no ramo
principal e nos ramos monopodiais, já as reprodutivas originam-se no
lado oposto de cada nó frutífero junto à estrutura de reprodução. As
folhas vegetativas ou do ramo surgem no eixo principal e apresentam
no Gossypium hirsutum uma filotaxia de 3/8 (em cada três voltas
completas no eixo do caule têm-se oito folhas), enquanto os frutíferos
têm filotaxia diferente, em tomo de 2/5. As folhas vegetativas, além
de maiores que as reprodutivas, em média quase o dobro do tamanho,
são mais longevas, sobrevivendo por até 70 dias em condições ótin1as,
e responsáveis pela maior parte da nutrição dos dois prüneiros frutos
de cada ramo frutífero , que corresponde a mais de 70% da produção
da planta (Figura 3.2). Devido ao hábito de crescimento
indeterminado do algodoeiro ocorre dissincronia entre os frutos em
crescimento (drenos) e as folhas fnitíferas (fontes de produção de
assimilados), oc01Tendo queda de frutos jovens. O limbo das folhas do
algodoeiro apresenta estômatos e1n ambas as faces e pode ser glabro a
densamente piloso (BELTRÃO; SOUZA, 1999). As folhas têm vida
média de 65 dias, mas o pico de fotossíntese ocorre aproximadamente
20 dias após a abertura da folha (ROSOLEM, 2007).
58 Lima, ;lq11i110 e Berger
Flor
A flor do algodoeiro herbáceo é isolada e peduncular, com
brácteas cordiformes, livres, persistentes, apresentando 8-12 dentes
(Figura 3. 1). Cada ramo frutífero produz, em média, seis a oito botões
que depois se transformarão em flores, caso não caiam. A flor, ao
abrir-se, é constituída de um invólucro, que representa as três brácteas;
do cálice, que é gamossépalo (sépalas ligadas); e da corola, que é
dialipétala (pétalas separadas). As pétalas são imbricadas e formam o
andróforo pela base; apresentam cor variando de branco a creme e,
normalmente, sem manchas, tomando-se violáceas após o processo de
fecundação (Figura 3.5). As flores do algodoeiro apresentam padrão
de surgimento característico, ocorrendo o aparecimento em espiral.
Inicialmente ocorre a primeira flor do primeiro ramo frutífero, depois
a primeira do segundo ramo frutífero, em seguida a primeira do
terceiro ramo frutífero, voltando para o primeiro ramo com a segunda
flor do priineiro ramo frutífero, ocorrendo um intervalo de floração
veitical entre ramos frutíferos e um intervalo de floração horizontal,
em cada ran10 frutífero, confonne Figura 3.6. O intervalo de enl.Íssão
de flores é variável com as condições ambientais e cultivar. Em
média, a cada três dias uma flor é emitida enh·e ramos reprodutivos
consecutivos e, a cada seis dias, num mesmo raino reprodutivo
(OOSTERHUIS, 1998).
l ? 3º ramo frutífero
l 3 l º ramo fn1tífcro
Fruto
O fn1to, que apresenta de três a cinco lóculos, é formado a
partir do ovário, após o processo de fecundação (Figura 3. 7) .
Quando jove1n, é chan1ado de 111.açã e, depois que se abre, de
capulho. Cada lóculo gerahnente contém seis a oito se1nentes,
cujo peso, associado ao das fibras, é chainado de peso de capulho,
sendo um dos principais componentes de produção. O fruto
também pode ser denominado de carin1ã, que é o fruto
mumificado. Tal situação ocorre devido ao ataque de pragas e , ou,
condições climáticas adversas (Figura 3. 7) .
62 lima. Aquino e Berger
Botões
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1.500
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Dias após a emcrgcncia
Figura 3.9 - Esquema do ciclo de crescimento do algodoeiro.
Fonte: ROSOLEM, 2001.
Referências
BELTRÃO, N. E. M. Algodão brasileiro em relação ao mundo: situação e
perspectivas. ln: Beltrão, N. E. de M. (Org.). O agroncgócio do algodão no Brnsil.
Brasília, DF: Embrapa-CN PA. v.l, cap. 1, p. 17-27, 1999 (Comunicação pam
transferência de tecnologia).
Botânica 65
Introdução
Há várias revisões publicadas sobre o algodoeiro e suas
relações com o ambiente, abordando diferentes aspectos do
crescimento e desenvolvimento da planta, dentre as quais se destacam,
internacionalmente: Stewart (1979, 2010), Mauney (1980), Mauney e
Stewart (1986), Kerby e Keeley (1987), Hodges (1991), Oosterhuis
(1992), Kerby e Hake (1993), Stewart et al. (2010) e Oosterhuis
(2011). No Brasil, o tema também vem sendo explorado há algum
tempo: Ortolani e Silva (1965), Verdade (1965), Passos (1977), Souza
e Beltrão (2009), Medeiros et al. (2009), Rosolem (2007, 2011 , 2012)
e Campeio Jr. et al. (2012). Cada um dos trabalhos aprofunda
determinado aspecto do tema, mas, em geral, a ecofisiologia do
algodoeiro tem predominado, principalmente visando ao
desenvolvimento de técnicas de manejo. Neste capítulo pretende-se
repetir o mínimo possível do que já se encontra disponível,
principalmente na literatura nacional. O enfoque principal será dado às
limitações ambientais ao cultivo desta espécie, assunto que tem sido
menos explorado recentemente.
1
Engenheiro-Agrônomo e Professor Titular da r◄uculdudc de Ciências Agronómicas. Un1.:~p.
Botucatu, SP. E-mail: rosolem@fca.unesp.br
68 Rosa/em
Textura do solo
A partir de 1997 foi introduzido no Brasil um instrumento de
política agrícola do.governo federal, para efeito de crédito e segurança
agrícola: o Zoneamento de Risco Climático, que leva em conta as
chuvas de cada região, assim como os solos, a temperatura, o
coeficiente da cultura e a época de semeadura. Para o cálculo do risco
climático, admite-se o cultivo do algodoeiro em solos contendo acima
de 100 g kg" 1 de argila, desde que tenham profundidade maior de 0,50 m.
Entretanto, se possível, deve ser evitado o cultivo de algodão em solos
com menos de 150 g kg" 1 de argila.
Além de sua baixa fertilidade, comum em regiões tropicais
úmidas, os solos arenosos apresentam baixa capacidade de retenção de
água e, portanto, pouca água disponível.
Enquanto no solo arenoso a evapotranspiração real chega a
menos de 10% da evapotranspiração potencial, no solo argiloso isso
demora o dobro do tempo. Assim, em solos arenosos o risco climático
aumenta muito. Embora solos mais leves tenham textura mais
favorável ao crescimento radicular, o que, até certo ponto, pode
melhorar a aquisição de água pelo algodoeiro, seu manejo exige
cuidados especiais.
Outro problema com solos arenosos, principalmente os
Latossolos de textura arenosa e média da Bahia, quando submetidos a
70 Rosolem
Aeração do solo
O algodoeiro responde a mudanças no ar do solo. Embora seja
relativamente resistente a níveis de dióxido de carbono que
normalmente afetam outras plantas, é extremamente sensível a
mudanças na concentração de oxigênio. A atmosfera contém cerca de
20% de oxigênio e menos de O, 1% de dióxido de carbono, mas as
proporções relativas diferem no ar do solo, onde os níveis de oxigênio
diminuem e de dióxido carbono podem aumentar para 5%. Raízes de
algodão podem absorver oxigênio diretmnente a partir do ar do solo.
Quando a umidade do solo está na capacidade de campo ou abaixo, o
ar ocupa os espaços porosos, mas, se o solo estiver encharcado, os
poros estarão cheios de água.
Dessa forma, em razão da respiração radicular, considerando
que a difusão de gases é muito menor na água que no ar, en1 solos
encharcados haverá falta de oxigênio às raízes, que terão, portanto,
sua respiração prej udicada, be.m con10 seu crescimento. Solos
encharcados podem conter 1nenos que 2% de oxigênio, e a e longação
radicular é reduzida quando o sistema radicular é exposto a uma
atmosfera com 5% de oxigênio, mesmo por curtos períodos. Se
exposta a atmosfera sem oxigênio por três horas, a raiz morre, o que
to nia o algodoeiro muito sensíve l ao encharcarnento do solo, mesmo
Exigências edafoclimáticas 71
Compactação do solo
Com relação à compactação do solo, o algodoeiro é uma
planta particularmente sensível. É, por exemplo, mais sensível que o
milho ou mesmo que a soja, como pode ser visto na Figura 4.1. Pela
figura, o milho tem maior capacidade de penetração em camadas de
solo compactadas. A seguir, vem a soja e depois o algodão. Observa-
se, ainda, na figura que, quando o solo tem resistência à penetração de
2 ,0 MPa, não há mais crescimento radicular do algodoeiro, mas o
milho ainda cresce.
Em consequência da restrição ao crescimento radicular
ocorrem modificações morfológicas, como o aumento do diâmetro e a
formação de raízes tortuosas. Há estudos sobre o efeito da
compactação em várias culturas, a exemplo de soja, milho e trigo; e o
crescimento da parte aérea do algodão se mostrou mais sensível à
compactação do solo do que a soja, milho e Brachiaria brizantha,
conforme Figura 4.2. Na figura, nota-se que o algodoeiro teve, para o
solo em questão, seu crescimento da parte aérea reduzido a 80% do
máximo, com densidade do solo de 1,3 MPa, ao passo que as outras
espécies não chegaram a redução tão alta, mesmo com densidade do
solo de 1,5 MPa. A resistência à penetração de 2,0 MPa é considerada
crítica para o crescimento da 1naioria das plantas cultivadas, mas
existe relato de que pode ocorrer crescimento radicular do algodoeiro
até a resistência à penetração de 2,45 Mpa; além disso, foran1
encontradas raízes dessa cultura abaixo de camada com resistência de
3,0, podendo haver diferenças entre cultivares. Recentemente foi
demonstrado, em cinco cultivares de algodão (FMT 70 l, FtvlT 705,
FMT 707, FMX 966 LL e FMX 951 LL), que resistências à
penetração da orden1 de 0,92 a 1,06 MPa reduzem a 50% o
crescimento radicular do algodoeiro, mas resistênc ia do solo a
penetração de 1,92 MPa não impede totalmente o crescimento .
72 Roso/em
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Resistência à penetração, MPa
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10
1,5 1,11
º' 1,0 1,1 1,2 l,l 1,4
DENSIDADE DO SOLO, Mi: m·3
0,9 1,0 1,1 l,2 l ,J l,J 1,5 1,,
SECA
SECA MUITO
Rt\PJDO
MUITO
TEMPO EM
CH UVA
ENCHARCA MUlTO
RÁPIDO
V ESTRESSE
Fertilidade do solo
Para que ocorra crescimento adequado do sistema radicular do
algodoeiro é fundamenta l que não existam baiTeiras químicas ao
crescimento. Embora todos os nuh·ientes tenham algum efeito no
crescimento radicular, a maioria pode chegar aos pontos de
crescimento através do transporte interno na planta. Assim, podem ser
absorvidos por uma região da raiz e ser transportados aos pontos de
crescimento. A exceção é o cálcio, que só se moviinenta no sentido da
corrente transpiratória. Desse modo, há necessidade de Ca no local
onde a raiz está crescendo.
Exigências edafoclimáticas 75
,
Agua
Para a obtenção de altas produtividades de algodão, é
necessária uma quantidade de água da ordem de 700 m1n durante o
ciclo da cu ltura (GRIMES; EL-ZIK, 1990). O uso de água pelas
plantas depende da demanda evaporativa, ou seja, do déficit de
pressão de vapor da atmosfera e da evaporanspiração. A
evapotranspiração tem dois componentes: a evaponção propriamente
dita, isto é, a perda de água diretamente do solo, e a transpiração da
planta, que vai depender da área foliar. Assim, logo após uma boa
chuva, o solo úmido perde água em quantidade igual à demanda
evaporativa. A duração dessa perda é diferente conforme a textura do
solo (Figura 4.6). Isso é importante quando as plantas estão ainda
pequenas, deixando exposta a maior parte da superficie do solo. No
caso do algodoeiro, embora o Kc seja baixo no início do ciclo, a
exigência de água da cultura pode ser grande, pois a evaporação é
grande. Isso é mais crítico em solos mais arenosos, como pode ser
visto na Figura 4.6. Uma ferramenta importante para amenizar o efeito
seria a manutenção de palha na superficie do solo.
100
· - • · · · · · -· -· · · · · · · · · · · • · iftgilo·f õ · · · · · - · - · - - · - - · - · - · · - - · -- - · · ·
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Dias após a irrigação
Figura 4.6 - Perdas de água por solo úmido nu, e1n função do tempo
após a irrigação e da textura.
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o 30 60 90 120 150 180
Idade da planta
Abertura de
Nenhum Mínimo Maturidade apressada
capulhos
Luz
O algodoeiro, assim como outras espécies de mecanismo de
fixação de carbono C3, possui a enzima de carboxilação de baixa
afinidade com CO2 , co1n elevado ponto de compensação, entre 60 e
120 µL L-1 CO 2 (KRIZEK, 1986).
Sob condições de baixa luminosidade, causada pelo uso de
altas populações de plantas ou pela alta nebulosidade, há redução na
produção de carboidratos e aumento na relação etileno/açúcares,
favorecendo a abscisão de estruturas reprodutivas. Sob o aspecto de
resposta à luminosidade, o ponto de sah1ração lumínica do algodoeiro
é mais baixo que. o de plantas com ciclo C4, como o sorgo. Pode ser
visto na Figura 4.8 que a fotossíntese do algodoeiro é máxima com
radiação da ordem de 1.000 a 1.200 µmol m·2 s· 1, enquanto o sorgo
não atingiu o máximo co1n radiação acima de 2.000 µmol m·2 s· 1• Para
se ter uma ideia, em Paranapanema-SP, foi medida a radiação
fotossinteticamente ativa em um dia claro, chegando-se ao valor de
1.000 µmol m·2 s· 1 (ECHER, 2012), ou seja, um valor suficiente para
que o algodoeiro atinja a máxima taxa de fotossíntese líquida.
-Sorgo
60
~ -Algodão
~
o,.. 40
u
00
E!
o"
E? 20
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til
.so
r.x..
o
O 400 800 1.200 1.600 2.000 2.400
Radiação fotossintética, µmol m-2 s·1
Figura 4.8 - Fotossíntese líquida comparada do sorgo granífero e do
algodoeiro, em fünção da radiação fotossintética ativa
recebida.
80 Rosolem
♦
♦
300
100
Temperatura
O algodoeiro é bastante sensível à temperatura. O regime
térmico de uma região determina a possibilidade de cultivo e o ciclo
do algodoeiro, como pode ser visto na Tabela 4.2. Para cada região
algodoeira o ciclo é um pouco diferente, em função das diferentes
temperaturas médias. Particularmente para maturação, abertura de
capulhos e qualidade de fibra, não só a temperatura média, mas
também a mínima tem importância.
00
N
Tabela 4.2 - Número de graus-dia e dias calculados para o ciclo do algodoeiro em três regiões algodoeiras do
Brasil, considerando-se as médias de temperatura dos últimos 30 anos, para semeadura em 15 de
dezembro e emergência em 21 de dezembro
MT BA
Estádio Graus-Dias 1 MT Sudeste Meio Norte Oeste
ºC
360
27O ------------------------------- d ias ------- --------------------------
Emergência ao primeiro botão 31 34 36
Primeiro botão à primeira flor 22 26 27
Primeira flor ao primeiro capulho 620 58 67 63
Emergência ao primeiro capulho 1.350 115 135 133
Flor branca no quinto nó à coll1eíta 620 64 64 69
Emergência à colheita 1.970 179 199 202
Fonte: ROSOLEM, 2011).
~
o,.,,
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C)
('t
Exigências edtf oclimâticas 83
120 CI Comprimento
■ Peso
100
■Acúmulo de celulose
80
60
40
20
o....,___
10 15
20 25
Temperatura média {°C)
Figura 4.1O - Variações no comprimento, peso e no acúmulo de
celulose em fibras de algodão em função da
temperatura média.
Fonte: GIPSON; RAY, 1970.
84 Rosolem
4,5
r'
.::;
~ 4
e
~
3,5
3 _ _....__.,___..___.,___..___..___..______J
11 15 19 23 27
Tcmpcmrura noturna (º C)
Figura 4.11 - Efeito da temperatura noturna na qualidade da fibra do
algodão.
Chapadão do Sul
Para uma suposta semeadura em 15 de janeiro, os th1tos
começariam a se desenvolver a paitir de meados de março. Os frutos do
quarto e, principalmente, do quinto ramo estariam crescendo, e sua
maturação se daria em época com temperaturas baixas, aumentando o
Exigências edafoclimáticas 85
Oeste da Bahia
Nesta região, em anos com temperaturas próximas das médias
históricas, não se espera limitação no desenvolvimento, crescimento e
maturação das fibras de algodão, mesmo com semeaduras tardias, no mês
de fevereiro. Deve-se ainda ter em conta que o regime pluviométrico
desta região é muito irregular, tanto do ponto de vista de quantidade
quanto do ponto de vista de consistência em anos diferentes, o que
multiplica o risco de semeaduras tardias de algodão. Por outro lado,
apresenta-se uma oportunidade interessante para o cultivo sob irrigação.
Primavera do Leste-MT
Em Primavera do Leste-MT, de modo geral, considerando-se
as médias históricas de precipitação e de temperatura, não haveria
grandes limitações ao cultivo do algodoeiro até com semeaduras em
início de fevereiro, uma vez que haveria temperatura e água suficiente.
No caso de semeaduras em fevereiro, pelo menos os frutos dos quatro
primeiros ramos se desenvolverão em condições adequadas, com
baixo risco. A partir daí, poderão oconer temperaturas baixas e,
talvez, déficit hídrico.
Rio Verde-GO
A partir de final de abril as temperaturas noturnas poderiam
ser limitantes para alguns cultivares de algodoeiro. Mesmo com
semeaduras de 15 de dezembro, os fiutos dos ramos reprodutivos
acima de 1O já sofrerão os efeitos de temperaturas noturnas baixas,
havendo, portanto, certo risco de perda de qualidade. No caso de
semeaduras em 15 de janeiro, as temperaturas baixas afetarão
sobremaneira a deposição de celulose, o que pode, em certos anos,
comprometer a qualidade do algodão colhido e talvez até a
86 Rosolem
E o futuro?
Tem havido muita discussão a respeito do aquecimento
global, desde sua própria existência e possíveis causas até como
conviver com as mudanças previstas. Para as previsões são usados
diversos modelos matemáticos, aplicados em determinados cenários
mais ou menos pessimistas. No Brasil, foi feito um estudo (PINTO et
al., 2008), em que se estimou o que aconteceria com diversas culturas,
até o ano de 2070, inclusive para o algodão. Em seguida, é
apresentado um resumo das previsões para a cultura do algodão no
Brasil até o ano de 2050. Na Figura 4.12 são apresentados os mapas
com as regiões de cultivo indicadas no ano de 2010 e a modificação
indicada pelo modelo, em 2050.
A B
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D ira,,a • ~
• Á,~ úó.lldo
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Figura 4.12 - Áreas aptas e produtoras de algodão, aptas, inaptas,
inaptas e produtoras nos anos 20 l O (A) e previstas para
2050 (B).
Fonte: PLNTO ct ai., 2008.
Exigências edc{(oclimáticas 87
Referências
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práticas de manejo do algodoeiro em Mato Grosso. Cuiabâ: IMAmt/AMPA, 2012.
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Cotton fiber quality is related to boll location and planting date. Agron. J., n. 96, p .
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ECHER, F. R. Respostas fisiológicas e fitotécnicas do algodoeiro à luminosidade e
à elevada temperatura noturna. 2012. 127 f. Tese (Doutorado em Fitotecnia) -
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Memphis: Cotton Foundation, 1986. 193-225.
Rosolem
88
Introdução
O sistema agrícola de produção do algodão no Brasil sofreu
profundas alterações com a migração das áreas de cultivo para as
regiões da vegetação de ceITado, ressaltando-se que a aplicação de
técnicas de manejo avançadas e a presença de profissionais
capacitados com formação na área agrícola capazes de implantar esses
modelos fizeram a diferença.
Para atender ao dinamismo do trabalho rural e à constante
necessidade de aprendizagem, as informações dispersas caoticamente
devem ser organizadas em categorias e adaptadas para as condições
próprias de cada unidade agrícola.
Neste capítulo, o preparo de solo e o plantio serão tratado para
apoiar as tomadas de decisão requeridas por todos no momento do
planejamento da i.mplantação da cultura do algodão, e o ambiente do
cerrado brasileiro será o cenário utilizado como modelo para iniciar os
entendimentos do Sistema Agrícola.
A gestão dos solos não possui um processo único, e a
condição da área impõe um estudo para detemünar sua metodologia;
isso considera a classe do solo, as culturas anteriores, posteriores e
adjacentes ao local, os problemas fitossanitários, o sistema de cultivo,
o clima, a infraestrutura e os recursos físicos e humanos disponíveis.
1
Engenheiro-Agrônomo e Consultor da CERES Consultoria Agronõmicnt-.
E-mail : eva ldo@tcrcsconsultoria.com.br
Preparo do solo e plantio 91
Manejo do so lo
As combinações desses fatores geram diversos sistemas de
produção do algodão e cada uma pode resultar numa fonna específica
de preparo de solo. Assim, como salientado anterio1mente, não há um
preparo de solo único, a árvore decisória (diagrama que descreve as
principais interações entre decisões e possibilidades com todos os
atos, eventos e resultados possíveis, Figura 5.3) pode ser uma
ferramenta para organizar as ações no preparo de solo.
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Questão:
Preparo de solo
Figura 5.3 - Exemplo de árvore decisória para direcionamento das ações no preparo de solo.
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Preparo do solo e plantio 95
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Figura 5,5 - Potencialidade agrícola.
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Fonte: h11p://www2.fct.uncsp.br/ncra/a1las/mnpns/conl'- tcrritorinl/polcncinlida(e_ . · 1a_ 1bgc
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.
Preparo do solo e plantio 97
Cronograma de atividades
As características de cada classe de solo (Figura 5.6) impõem
condições diferentes para o preparo de solo, de forma que a melhor
época esteja vinculada ao regime meteorológico (Figura 5.7), em que
as chuvas determinam o período com umidade no solo; o torrão seja
friável; as pragas e as plantas daninhas estejam em condições de
controle; e todas as operações possam ser executadas.
LEGENDA
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Figura 5 .12 - Distribuição de dias de chuva, volume em mm de chuvas
por mês durante o ciclo do algodoeiro na segunda safra e
a fase dos tratos culturais na região Sudeste do Estado
do Mato Grosso.
Fonte: Elaborado pela CERES Consultoria Agronômica®.
Cultivares
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espec1es de cobertura vegetal para algodão no cerrado mato-grossense.
Semeadura
O processo da semeadura do algodão (Figuras 5. 17 e 5. 18)
exige os mesmos cuidados em relação a outras culturas, pois o
108 Takizawa
Replantio
A decisão em arcar com os prejuízos de uma má semeadura
do algodão ou realizar uma nova semeadura nem sempre é uma
sentença fácil, pois a flexibilidade do algodoeiro e sua capacidade de
recuperação a adversidades, bem como a incerteza das condições
climáticas do futuro, não dão garantia do êxito no replantio.
Os critérios da decisão do replantio ponderam a quantidade de
plantas remanescentes, a uniformidade da lavoura, as condições da
área, a variedade de algodão, a época da semeadura e os custos e
beneficias do replantio.
A ordenação de todos esses fatores ampara a decisão de
replantio. O número de plantas remanescentes normalmente deverá ser
acima de 45.000 plantas por hectare, porém é relevante salientar que a
uniformidade dessas plantas tem maior importância e a presença de
falhas (consideramos uma falha um espaço superior à metade da
largura do espaçamento da entrelinha) não deve ocupar mais do que
20% da linha de algodão. A condição do solo e herbicidas pré-
emergentes podem aumentar a necessidade do replantio. Variedades
transgênicas resistentes a herbicidas podem dificultar essa decisão.
Preparo do solo e p /011/io 11 I
Considerações finai s
Embora seja botanicamente perene, o algodoeiro é c ulti vado
como espécie anual, o que requer c uidados especiais.
O preparo de solo e a semeadura do algodão devem fornecer
as melhores condições para a planta expressar seu potencial máximo
na conversão da água, luz, gás carbônico, oxigênio e nutrientes em
sementes e fibras. Esta é uma tarefa exigente, po is cada propriedade
deve ser encarada como um local específico e não um modelo único.
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134.
1I 2 Takizawa
1
Engenheiro-Agrônomo, M. S. - Collon Consultoria, Campina Grnnde-PB.
E-mail: collonconsultoria@gmail.com contato@cottonconsultoria.com
Freire
l 14
Tendên cias
Os objetivos gerais dos programas de melhoramento
desenvolvidos no cerrado atualmente são o desenvolvimento de
cultivares de alta produtividade, de ciclos médio e precoce, adaptados
à colheita mecanizada, com alta qualidade de fibras e resistência
múltipla a doenças e aos nematoides. São exigidas também
características transgênicas, como resistência a lagartas desfolhadoras
e das maçãs, ao bicudo, a herbicidas e à seca.
As tendências futuras são as empresas obtentoras
internacionais investirem maciçamente em biotecnologia, visando à
obtenção de cultivares resistentes a lagartas, a herbicidas, ao bicudo e
à seca, alén1 de cultivares de fibras de cores não encontradas na
natureza, como a azul e preta. Essas novas características obtidas por
transgenia serão colocadas em linhagens de elite, próprias ou de
programas de empresas licenciadas, que apresentam alta
produtividade, alto renditnento de pluma e características superiores
de fibras. Deve-se aumentar a competitividade entre as empresas
biotecnológicas para a obtenção de eventos com propriedades
semelhantes, porém a partir de genes diferentes, os quais propiciarão,
cada vez mais, ações eficientes e amplas para o controle de pragas e
ervas daninhas, além de custos mais baixos.
Por outro lado, para as empresas obtentoras nacionais, que
amargam 1O anos de atraso nas técnicas biotecnológicas, por pressões
dos ambientalistas, desencontros da legislação brasileira e ações
contrárias de ONGs inclusive amparadas pela justiça, restará a opção
de a curto prazo agilizarem suas áreas de cooperação e negócios para
conseguirem acesso a esses eventos por meio de licenciamentos, para
em seguida protegerem, registrarem e colocarem no mercado
cultivares nacionais essencialmente derivados, com os genes
licenciados, obviamente sempre com anos de atraso em relação à
disponibilização desses cultivares transgênicos aos produtores dos
Estados Unidos e Austrália.
Freire
120
Programa de melhoramento do
IAC/ lapar/Seag ro
Em 2001, com apoio financeiro do Fundo de Incentivo à
Cultura de Algodão em Goiás (Fialgo), foi estabelecida uma parceria
envolvendo o Instituto Agronômico de Campinas, o Instituto
Agronômico do Paraná (Iapar) e a Secretária de Agricultura de Goiás-
Seagro, com vistas a obter cultivares de algodoeiro adequados às
condições da cotonicultura goiana e, devido à similaridade de
problemas, adaptados também a outras áreas da região Centro-Oeste
brasileira.
Dessa forma, são objetivados cultivares que, ao lado de bons
níveis nas características convencionais - conforn1ação da planta,
produtividade, porcentagem de fibra e qualidade intrínsica desta _ ,
possuam resistência múltipla aos patógenos 1nais destrutivos e, pelo
menos, tolerância às doenças secundárias, que ocorrem na região.
Melhoramento 110 Brasil 127
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VARIEDADES TRANSGÊNICAS E
SEU MANEJO 7
1
Paulo Augusto Vianna Barroso
Lúcia Vieira Hoflmami2
Aluízio Borém3
Introdução
1
Engenheiro-Agrônomo, M.S., D.S. e Pesquisador da Embnipa. E-mail: paulo.barroso@embropa.br
2 Engcnheim-Agrônoma, M.S., D.S. e Pesquisadora da Embrupa. E-mail: lucin.hotlimum@cmbrJpa.br
·1 Engenhdro-Agrõnomo, M.S .• Ph.D. e Professor da Universidade Fedem! de Viçosa.
E-mail: borem@ufv.br
134 Barroso, Hof(mann e Borém
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2006 2007 20011 2009 2010 201 1 20 12
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GHB6l4 x Zea mays!Streptomyces
GTxLL Tolerante a herbicida 2mepsps, bar Bayer 2012
LLCollon25 viridochromogenes
Bolgmd 11
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138 Barroso, /-loj/i11a1111 e Borém
Bordadura Em bloco
Campo adjacente
■ Algodoeiro Bollgard
D Algodoeiro convencional
l2ha
D Algodoeiro Bollgard
D Algodoeiro convencional
Figura 7.4 - Refúgio comunitário para algodoeiros presentes em
mesma região.
Perspectivas
Outros tipos de variedades geneticamente modificadas
resistentes a lagartas e tolerantes a herbicidas estão em
desenvolvimento. Espera-se que o maior número de genes permita
Variedades tra11sge11icas e seu manejo 149
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Variedades tra11sgê11icas e seu manejo 155
Introdução
Os solos da região do cerrado são naturalmente de baixa
fertilidade, em sua maior parte, e a reserva de nutrientes não é
suficiente para suprir a quantidade extraída pelas culturas e exportada
nas colheitas por longos períodos. Assim, sua correção e adubação são
essenciais.
A correção da acidez do solo e a adubação mineral do algodoeiro
no cerrado chegam até 30% do custo total da cultura. Assim, o uso eficiente
da adubação é essencial para alta produtividade, redução de custo por kg de
algodão produzido e viabilização dos sistemas de produção vigentes.
No cerrado obtêm-se até 6.000 kg/ha de algodão em caroço
devido às condições favoráveis para o desenvolvimento da cultura e ao
alto nível tecnológico adotado nas lavouras. Nessas condições, a
adubação tem que atender à demanda do sistema de produção usado e à
expectativa de produtividade local, além da necessidade de uso racional
1
Engenheira-Agrônoma, D. Se., Pesquisadora da Embrapa An-oz e Feijão.
E-mail: maria.earvalho@embrapa.br
1
Engenheira-Agrônoma, D. Se., Pesquisadora da Embrapa Algodão. E-mail: ana.borin@e1nbrapa_br
Engenheiro-Agrónomo, M. Se., Pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste.
E-mail: luiz.staut@embrapa.br
4
Engenheiro-Agrónomo, D. Se., Pesquisador da Embrapa Algodão.
E-mail: gilvm1.fen-cira@embrapa.br
N11triçâo. calagem e aduhaç·r7o 157
Nitrogênio
A deficiência de nitrogênio resulta em clorose em toda a
planta (Figura 8.2A e B). Por ser o nuh·iente móvel n a planta, os
sintomas de amarelecimento surgem nas folhas mais velhas do
"baixeiro" (Figura 8.2C). A deficiência diminui o crescimento, reduz
o número e o comprimento dos internódios, o nútnero de ramos
vegetativos e reprodutivos; ao se tornar mais severa, as folhas ficam
bronzeadas, secam e caem precoce111ente e ocorre queda anormal de
botões florais, flores e fh1tos novos, prejudicando a produtividade e a
qualidade da fibra (CARVALHO et ai., 2008, 2011 ).
Nutriç<io. calage111 e aduhaçüo 159
Fósforo
Há redução no crescimento da planta (Figura 8.3) (CARVALHO
et al., 2008, 2011 ), com presença de folhas de cor verde-escura intensa. A
deficiência reduz a fotossíntese, o acúmulo e a translocação dos
carboidratos para as maçãs, resultando em plantas pequenas (Figura
8.3A), com folhas mais velhas ave1melhadas (acúmulo de antocianina),
com manchas ferruginosas nas bordas e ressecarnento. Pode haver
avermelhamento do caule (Figura 8.3B). Se a deficiência é severa, há
,-- _
queda de botões florais, redução do tamanho e baixa retenção das maçãs,
com consequente redução da produtividade. __...,,....,,
B
_
_.,,.......-.,, __
.....,...__,.........,
Potássio
A defic iência de potássio no algodoeiro é mais frequente e
intensa que noutras espécies agronômicas (KERBY; A DAMS, 1985).
Em pré-florescimento, é caracterizada pela clorose intem erval das
folhas do baixeiro, seguida de necrose nas margens e queda (Figuras
8.4 A e B); como consequência, há o encurtamento do ciclo, a má-
formação de capulhos, a redução da produtividade e da qualidade das
fibras (CARVALHO et ai., 20 11 ).
Se o suprimento de potássio for insuficiente para o enchimento
de maçãs ou uso de cultivares com alta capacidade produtiva e curto
período de maturação, a deficiência se manifesta nas folhas mais novas
do terço médio e superior da planta (Figura 8.4C).
l...
Cálcio
As deficiências de cálcio não são comuns no campo. Em
geral, são manifestados apenas os efeitos da acidez do solo e da
pobreza dos demais nutrientes (CARVALHO et ai., 20 l l ). Os
sintomas de cálcio são: menor crescimento, curvatura das margens das
folhas, colapso dos pecíolos, redução do florescimento e perda de
maçãs ( ROSOLEM; BASTOS, 1997).
Magnésio
A deficiência de magnes10 provoca lento crescimento do
algodoeiro, clorose nas folhas do baixeiro (Figura 8.5A), geralmente
clorose internerval (Figura 8.5B), enquanto o resto do limbo foliar pode
tornar-se vermelho-púrpura (CARVALHO et al., 2011) (Figura 8.5C).
Enxofre
A deficiência de enxo fre reduz a fo tossíntese, afetando a
produtividade e a qualidade da fi bra. As plantas têm menor
crescimento (Figura 8.6A), emi tem poucos ramos e apresentam fo lhas
no ponteiro de cor verd e-amarelada (Fig ura 8.6B) (CARVALHO et
al. , 2011 ).
Boro
Os sintomas de defic_iência ocon-em nas partes j ovens, nos
!ecidos de condução e nos órgãos de propagação . São comuns
amarelecimento, endurecimento e enrugmnento das folhas do ponteiro;
presença de anéis concêntricos verde-escuros nos pecíolos (Figura 8.7) e
nas hastes, com necrose interna da medula, no período de
florescimento/frutificação, que podem surgir também nos ramos e na
haste principal (ROSOLEM; BASTOS, 1997; CARVALHO et ai.,
2011 ); e fa lha na genninação, desintegração de tecidos inte1nos, queda
excessiva de botões florais, de flores e frutos novos (ROSOLEM et ai.,
2001 ; ZHAO; OOSTEHUIS, 2002; T A IZ; ZEIGER, 2006).
N11triçiio. ca/agem e ad11haçiio 163
J
Figura 8.7 - Deficiência de boro caracterizada pela presença de anéis
escuros no pecíolo das folhas do algodoeiro.
Foto: Alexandre Cunha de Barcellos Ferreira.
- -Folh1'~ vellÍ.-is-
tol:llmcnte
dcsem·olvid.1s wncrDllz.:ida Nltroi;ênlo
Clorose
Com ou sem
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Figura 8.8 - Chave para diagnose visual da deficiência de nutrientes e1n algodoeiro. (";)
::::
~
~-
Nutriçcio, calagem e adubaçcio 165
Diagnose foliar
Os teores de nutrientes das folhas são reflexos das condições
de fertilidade dos solos e da adubação rea lizada na cultura, pois existe
relação direta entre os teores do solo e os das folhas e destes com a
produtividade, até determinado limite.
Em geral~ recomenda-se a coleta de, pelo menos, 25 folhas por
área homogênea, colhidas de 25 plantas diferentes, sendo retirada, do
caule principal de cada planta, a quarta ou quinta follia cortada a partir
do ápice, durante o período de máximo florescimento. Em condição de
boa nutrição (Tabela 8. 1), o algodoeiro alcança seu máximo potencial
produtivo.
Colagem
A acidez dos solos, com presença de alumínio trocável e, ou,
baixos teores de cálcio e magnésio, diminui o desenvolvimento radicular,
o crescimento e a produtividade do algodoeiro.
Nutriçcio, calagem e ad11haçtio 167
Gessagem
O algodoeiro tem sistema radicular pro fundo, usado para
aumentar sua capacidade de absorção de água e nutrientes. Assim, além
da c01Teção da acidez da camada superficial, é necessário eliminar
qualquer restrição química nas camadas subsuperficiais, que é feita pelo
aumento de bases trocáveis lixiviadas da superfície pelo uso do gesso.
As maiores possibilidades de resposta ao gesso em produtividade
oc01Tem quando o teor de cálcio nas profundidades de 20 a 40 c1n e de 40
3
a 60 cm for inferior a 0,5 cmolc/dn1 e a saturação de aluminio na CTC
efetiva dessas mesmas camadas [Al --,- (Ca+Mg+K +Na) x 100] for
superior a 20% (SOUSA; LOBATO, 2004c). Essa previsão foi
recentemente confirmada por Ferreira et al. (20 l O), na incorporação de
solos nativos de cerrado d e Roraima. Nesses casos, calcula-se a
necessidade de gesso (NG), utilizando a fó1mu la:
NG (kglha) = 5 * Teor de argila (glkg), na camada 20 a 40 cm 011 40 a 60 cm.
168 Car valho, Bori11, Sta11t e Ferreira
~ 160 0,0 a 6,0 6.1 a 12,0 12.1 a 18,0 18, 1 a 25,0 > 25,0
161-351 0,0 a 5,0 5,1 a 10,0 10,l a 15,0 15, 1 a 20.0 > 20,0
> 600 0,0 a 2,0 2, 1 a 3.0 3. 1 a 4,0 4.1 a 6,0 > 6.0
3
(kg/ha) ---------------------- kg/ha de P20 5 - - --- - - ------- -
Até 3.000 60 30
4 .000 90 45
5.0002 110 55
6.0002 135 70
1
Expectativa de produtividade com base na maior produtividade alcançada na região ou nos
melhores talhões da propriedade, para condição similar de solo, cultivar e manejo.
2
É pouco provável alcançar esse nível de produtividade em solos em processo de correção de sua
fertilidade ou em condições de sequeiro nos locais com pluviosidade inferior a 1.200 mm,
razoavelmente bem distribuídos durante o ciclo da cultura.
3
Doses estimadas considerando que o algodoeiro c~tr~i çcrca de 20 a 25 kg/ha de p2Q 5 para cada
1.000 kg de algodão em caroço produzidos.
4
Nível alio de fósfo ro no solo, no qual a adubação pode ser reduzida ou até suprimida por uma
safra, em anos de elevada relação de preços insumo/produto.
Fonte: CARVALHO et ai., 2011.
Nutrirtio, calage111 e ad11haçâo 17 l
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176 Carvalho. Bori11, Sta11t e Ferreira
lntroducão .::,
Reguladores de crescimento
Os reguladores de crescimento, também chamados
fitorreguladores, tito-hormônios ou retardadores de crescimento, são
substâncias sintéticas que reduzem a concentração do ácido giberélico
e, por conseguinte, o alongamento e a divisão celular. Uma das
substâncias utilizadas como regulador de crescitnento é o cloreto de
mepiquat (cloreto 1, l - dimetil piperidíneo). Esta impede a formação
de entcopalil difosfato (CDP) e ent-caureno, substâncias precursoras
das giberelinas (RADEMACHER, 2000). De acordo com Taiz e
Zeiger (2004), o ácido giberélico ou giberelina é o hormônio vegetal
que estimula o alongamento e a divisão celular. Com a redução da
concentração do referido hormônio, o alongamento e a divisão celular
são diminuídos; consequentemente, o crescimento das plantas é
reduzido.
Com a aplicação de reguladores de cresci1nento, a re lação
entre a matéria seca da parte vegetativa e a da parte reprodutiva é mais
equilibrJda. Com isso, têm-se melhor índice de colheita e plantas mais
eficient~s, do ponto de vista fisiológico. Nessa sih1ação, a co1npetição
por fotonssimilados entre o crescimento vegetativo e o reprodutivo é
significaLivamente reduzida (COTHREN; OSTERHUIS, l 993).
Em trabalho desenvolvido por Lamas (1997), co1n o cultivar
CNPA I f A 90, foi observad0 que, ao elevar a dose de c loreto de
Reguladores de crcsci111e11to 179
1,55 -- -
1,5 - '
1
1,45
1,4
I
l? 1,35 -----
E
< 1,3 ---
1,2
1,15 ------
o 12,5+17,5+20 25+25
Doses de CM (g/ha)
podem ser armazenadas por pelo menos 60 dias sem que haja redução
na qualidade fi siológica e mantendo o potencial de efeito redutor do
crescimento dos algodoeiros (NAGASHIMA et al., 20 I O).
Em est11do sobre o uso do cloreto de mepiquat por me io do
tratamento de sementes do cultivar IPR 120, Nagashima et al. (2005)
observaram que hou ve redução do crescimento dos algodoeiros desde
a emergência e que o regulador de crescimento interferiu no núm ero
de botões florais e de ramos, na área foliar, na matéria seca da parte
aérea e na altura de inserção do nó cotiledonar. Yeates et ai. (2005)
também constataram que a aplicação de regulador de crescimento via
tratamento de sementes diminuiu o crescimento inicial do algodoeiro e
que a redução do crescimento foi maior com o aumento da
concentração de cloreto de mepiquat. Lamas (2006) também verificou
que houve controle do crescimento até o início do florescimento do
algodoeiro, em trabalho conduzido em condições de campo.
Quanto à forma de aplicação do regulador de crescimento
para o contato com as sementes, Yeates et ai. (2005) estudaram cinco
doses de cloreto de mepiquat (0,0; 0,2; 0,5; 1,0; e 2,0 g do i.a. por kg-1
de sementes) aplicadas por meio de aspersão e por meio de embebição
por 2,5 horas, cinco dias antes da semeadura, e concluíram que o
tratamento via embebição reduziu em duas vezes a altura de plantas,
comparado com o tratamento por aspersão direta da solução sobre as
sementes.
Sementes tratadas co1n regu lador de crescimento têm
reduzido a altura dos algodoeiros até 31 dias após emergência, sem
afetar a produção (NAGASHIMA et al., 2007). Em trabalho mais
recente, Nagashima et al. (2009b) concluíram que as doses de cloreto
de mepiquat, usadas na embebição de se1nentes, mantiveram reduzido
o porte dos algodoeiros até 80 dias após a emergência.
De modo geral, os trabalhos de pesquisa desenvolvidos no
Brasil e na Austrália (CHIAVEGATO et ai., 2009; FERRARl et ai..
2009; LAMAS, 2006; NAGASHIMA et al., 2005 , 2007; P AZZETTI
et ai., 2009; YEATES et al., 2005), e1n ambiente controlado ou em
condições de ca1npo, têm evidenciado que os reguladores de
crescitnento cloreto de mepiquat e cloreto de chlormequat aplicados
1
0111..-
~
madi,wa
wn-no
........ ha
.....~
..__ ....
.,.~ ). ,_
Maturadores
Este grupo é constituído por substâncias qu e liberam etileno,
inibem a biossíntese e, consequentemente, a movimentação de auxinas,
o que acelera o processo de maturação dos frutos do algodoeiro.
A principal substância utilizada como promotora de abertura de
maçãs, normalmente denominada "maturadora", na cultura do algodoeiro
é o ethephon, cujos efeitos sobre as plantas se assemelham aos de estresse
fisiológico causado por deficiência hídrica, em que há paralisação do
crescimento e abscisão de estruturas frutíferas; nestas condições verifica-
se redução no nível de auxina (PETIIGREW et al., 1993).
A eficiência do ethephon como maturador é altamente
dependente da temperatura ambiente. Não se recomenda a aplicação
de produtos à base de ethephon quando a temperatura no momento da
aplicação for inferior a 20 ºC (SNIPES; WILLS, 1994). Ainda,
segundo estes autores, a faixa de temperahira considerada ótima situa-
se entre 22 e 30 ºC. Além de acelerar a maturação dos frutos, o
ethephon provoca a abscisão de folhas, mas não se recomenda a
utilização desse produto como desfolhante.
Ao aplicar o ethephon, recomenda-se primeiro a desfolha do
algodoeiro, para que o produto possa atingir diretamente os frutos.
O maturador somente deve ser aplicado quando mais de 90%
dos frutos a serem colhidos estiverem maduros fisiologicamente.
Aplicações precoces podem interferir negativamente na qualidade da
fibra. A aplicação precoce de ethephon diminui a 1nassa de capulhos e
reduz a qualidade tecnológica da fibra, principalmente o índice
micronaire, maturidade e finura (BEDNARZ et al., 2002; LIMA,
2007; SMITH et ai., 1986).
Bednarz et ai. (2002) avaliaram a aplicação de pron1otores de
abertura de 1naçãs desde a abertura do primeiro capulho e observaram
que o índice micronaire, a finura e a nmturidade da fibra foram
melhores depois que o algodoeiro apresentou, pelo 1nenos, 60% de
Reguladores de cresci111e11to 193
Resumo
Do ponto de vista fisiológico, as substâncias que regulam o
crescimento do algodoeiro e as que aceleram a desfolha e a maturação
dos frutos são consideradas reguladores de crescimento, pois atuam
diretamente no balanço honnonal das plantas.
A utilização dos reguladores de crescimento deve ser feita
tendo como referência o crescimento e o desenvolvimento das plantas
e dos frutos . A eficiência desses produtos depende de vários fatores:
cultivares, época de semeadura, população de plantas, fa$e do
desenvolvimento, condições ambientais e do solo, dose e fonna de
aplicação.
É de fundamental importância o monitoramento das plantas
para auxiliar na tomada de decisão. Em especial os desfolhantes e
maturadores podem interferir negativamente na qualidade da fibra, daí a
importância do momento adequado para aplicação. Preferencialmente,
devem-se utilizar desfolhantes e1n vez de dessecantes, pois estes
inte1ferem negativamente na qualidade da fibra devido a impurezas, o
que exige maiores cuidados no beneficiamento. Desfolhantes e
maturadores também facilitam o manejo da colheita, otimizam o uso
de máquinas e implementos e auxiliam no controle de pragas.
194 lamas e Ferreira
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algodoeiro (Gossypitmt ltirsulltm L.), Ponta Porã, MS. 1997. 192 f. Tese
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LAMAS, F. M. Estudo comparativo entre cloreto de mcpiquut e cloreto de
chlormequat aplicados no algodoeiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília,
DF, v. 36, n. 2, p. 265-272, fev. 2001.
196 lamas e Ferreira
Introdução
A cultura do algodão necessita de um manejo adequado das
plantas daninhas para que sejam atingidas altas produtividades, além
de boa qualidade da fibra e facilidade de colheita, sem a interferência
dessas plantas indesejadas. Esse manejo deve ser adequadamente
inserido no planejamento da lavoura como mn todo, e o conhecimento
prévio dos produtos disponíveis, bem como a identificação das plantas
daninhas presentes no campo e de possíveis efeitos deletérios à
cultura, é premissa fundamenta l para se obter êxito no controle da
infestação (DEUBER, 1999).
As plantas daninhas têm as mesmas necessidades para o seu
desenvolvimento que a cultura do algodoeiro, ou seja, água, luz e
nutrientes. Entretanto, as plantas daninhas são classificadas como tal
pelo motivo de terem a capacidade de se desenvolverem mais
1
Engenheiro-Agrônomo, M. S., Ph. D. e Professor Associado lll da ESALQ/USP.
E-mail : pjchrist@usp.br
2 EngenJ1eiro-Agrônomo e Mestrando da Esalq/USP. E-mail:caio.brunharo@yahoo.com.br
3 Engenheiro-Agrônomo, M. S. da Esalq/USP.E-mail:marccl.melo@usp.br
4
Engenheiro-Agrônomo. Dr. Consultor da Agrocon Assessoria Agronómica LTOA.
E-mail: mnicolai2009@gmail.com
5 Engenheira-Agronôma da ESALQ/USP. E-mail: mylcna.romuno@usp.br
200 Chrisud/óleti. Brnnlwro, Ale/o, Nico/ai e Romano
Período de interferência
Durante o ciclo do algodoeiro existem três períodos de
interferência, obtidos de forma experimental, con1 deno1ninações
Man ejo de plantas da11i11has 20 1
Manejo Preventivo
Essa modalidade de manejo de plantas daninhas está ligada a
medidas que evitam a introdução, infestação, reinfestação ou
dispersão de determinadas espécies de plantas daninhas para áreas
ainda livres desta presença (RIZZARDI et al., 2004).
Assim sendo, a prevenção da infestação de plantas daninhas, o
controle de focos isolados para evitar a dispersão, a remoção de
plantas daninhas presentes nas bordas das áreas agrícolas, e dos
indivíduos sobreviventes de aplicações são etapas-chave de todo o
manejo; além de serem altamente eficientes, são procedimento com
custo acessível. Em alguns casos especiais, principalmente que
envolvem espécies exóticas ou biótipos resistentes a herbicidas, até
mesmo a técnica da eITadicação pode ser considerada como
procedimento preventivo, uma vez que novos propágulos sejam
adicionados ou dispersados à área (WOOLCOCK; COUSENS, 2000).
O manejo da área na enh·essafra deve, com ou sem cultivos de
sucessão, ser feito de tal maneira que possibilite a redução de
sementes e de espécies perenes de reprodução vegetativa. No cerrado,
comumente é utilizado milheto c01no cobertura vegetal para evitar as
propagações demasiadas das infestações. Não havendo cultivas,
podem-se manter espécies presentes sob controle, utilizando
roçadeira, ou mesmo herbicidas dessecantes, sem efeitos residuais. É
importante manter o solo protegido com plantas ou restos vegetais,
mas sem permitir o aumento de dissemínulos. Vale ainda ressaltar a
necessidade de adequada limpeza do maquinário, principahnente
quando algumas máquinas são provenientes de aluguél e estas vem de
outras localidades, muitas vezes infestadas com propágulos de plantas
daninhas.
Manejo cultura l
O manejo cultural consiste no aproveitamento das
características agronômicas da cultura comercial co1n o objetivo de
levar vantagem sobre as plantas daninhas. O monocultivo de dada
espécie por vários anos, como também a utilização contínua de um
mesmo princípio ativo (herbicida), em uma mesma área, facilita o
Man ejo de pla11tas da11i11has 203
Manejo mecânico
O Manejo mecânico é realizado por meio de ferramentas ou
implementos, sendo feito antes ou depois da semeadura. A capina com
enxada, muito comum na agricultura familiar, ou com cultivadores de
tração animal ou trator são os 1nétodos de controle mecânico mais
utilizados. A vantagem do uso de enxada é a grande eficácia de
controle; embora tenha baixo rendimento operacional. O cultivo
mecanizado, em função de ser um método que revolve o solo, só é
recomendado para áreas de plantio convencional. É largainente
utilizado por ter menor custo, eficiência e rapidez, principalmente em
condições de solo seco. Tem co1no desvantagem a não eliminação das
plantas daninhas na linha do algodoeiro.
204 Christof/oleti, Bmnlwro. Melo. Nico/ai e Romano
Manejo biológico
O manejo biológico consiste no uso de inimigos naturais das
plantas daninhas, como insetos, fungos, bactérias, ácaros e animais
que eliminam ou prejudicam o seu desen volvi mento vegetativo ou
reprodutivo. Este tipo de controle é ainda pouco explorado e u sado. A
vantagem desse tipo de manejo é que não possui e feito tóxico, mas
como a planta daninha-alvo é muito próxima da planta cultivada, os
agentes são limitados.
Manejo químico
O controle químico é o mais empregado no cultivo do
algodoeiro. A eficácia de um herbicida no controle de plantas
daninhas e a seletividade para a cultura dependem de diversos fatores,
como: características físico-químicas e dose do produto; espécie da
planta daninha a ser controlada; estágio de desenvolvimento da planta
daninha e da cultura; tecnologia de aplicação; e fatores ambientais no
momento e após a aplicação dos herbicidas, além dos atributos fisico-
químicos dos solos para os herbicidas aplicados em condições de pré-
emergência. Esses fatores interagem constantemente, provocando
diferenças nos resultados observados, ressaltando-se que, quando um
ou mais dos fatores citados não são satisfatórios, a eficácia e
seletividade do herbicida aplicado podem ficar comprometidas.
Atualmente, há grande número de herbicidas registrados para a culhira
do algodoeiro (Tabela 10.1). Existem herbicidas p ara serem aplicados
na dessecação, pré-plantio com incorporação (PPI), pré-emergência
(PRE), pós-emergência (POS) e pós-emergência e1n jato dirigido
(POSd).
Man ejo de p/a11tas daninhas 205
Dessecoçõo
Em plantio direto ou em cultivo convencional, a eliminação
da cultura de cobertura e, ou, plantas daninhas remanescentes é
fundamental para facilitar as operações de semeadura do algodão.
Essa operação deve ser realizada pelo menos de duas a três semanas
antes da semeadura.
A dessecação deve ser realizada com dose/produto
especificados e regulagem dos equipamentos de aplicação visando boa
qualidade da cobertura foliar e uniformidade de deposição da calda de
pulverização. Entre as moléculas de herbicidas mais utilizadas para
essa operação, estão: o glifosato e o paraquat isoladamente ou em
associação com outras moléculas. Para a técnica de aplicação
sequencial, recomenda-se o glifosato na primeira aplicação, seguido
do paraquat; o intervalo entre as aplicações é variável ern função da
espécie de planta daninha alvo.
Para espécies de difícil controle, como a trapoeraba (Commelina
benghalensis) e o picão-preto (Bidens pílosa), diversos herbicidas surgem
como alternativa, como é o caso do uso de flumioxazina e carfentrazone
em associação com o glifosato (Tabela 10.2).
Pré-emergência (PRE)
A utilização de herbicidas pré-emergentes deve ser efetuada
após a realização de uma caracterização das plantas daninhas
infestantes, além da caracterização e histórico de infestação da área,
dada a necessidade de um conhecimento prévio do banco de sementes.
Isso se deve à necessidade de utilização de produtos adequados para o
controle das sementes das plantas daninhas que ali existem, uma vez
que, quando se utiliza essa modalidade de controle, as plantas
daninhas ainda não germinaram.
Nos sistemas convencionais de cultivo com culturas que não
são geneticamente modificadas para tolerância a herbicidas, os residuais
são utilizados com bastante frequênc ia. Três fatores importantes devem
ser considerados no uso de residuais pós-plantio: conhecimento das
espécies e densidade das plantas daninhas; condições do solo; e rotação
de culturas ou pastagens implantadas na entressafra. Uma exigência
fundamental para que se tenha 60111 resultado em aplicações realizadas
na pré-emergência da cultura é a necessidade de U111idadc no solo,
208 Chrisf(~[/oleti, Brun/wro, Melo, Nico/ai e Romano
Liberty Link® 1
j
Manejo de plantas daninhas no algodão
1
Glytol®
1
1
Resistência de plantas daninhas a 1
herbicidas 1
~
Man ejo de plantas da11i11ltas 213
Resistência ao glifosato
O aumento da resistência de plantas daninhas a essa molécula
ocorreu devido ao surgimento de culturas tolerantes, onde a frequência
do uso de glifosato passou a ser intensa (MOREIRA;
CHRISTOFFOLETI, 2008). Con10 no Brasil a liberação comercial de
cultivares de algodão resistentes ao glifosato ainda é de certa forma
recente, deve-se levar em consideração a experiência vivenciada para
o manejo da resistência em outros países onde o cultivo comercial
desses cultivares existe há mais tempo. Nesses países, a recomendação
é a inclusão de herbicidas residuais em pré-emergência, além da
aplicação em jato dirigido de outros pós-emergentes com mecanismo
de ação diferentes (JORDAN, 20 10).
2 14 Christf?Jfoleti, Bn m lwro, 1vlelo. Nico/ai e Ro mano
Conclusão
Os métodos de manejo de plantas daninhas são muitos e
otimizados sempre que se unem medidas culturais às características
específicas dessas plantas e ao controle químico. Existem diversos
herbicidas para a cultura do algodão; o conhecimento da dinâmica do
banco de sementes e o padrão de germinação de plantas daninhas é
que condicionam quais moléculas mais se encaixam no sistema
produtivo adotado. Não há uma regra específica de quais herbicidas
utilizar ou quando aplicar. Sempre que se generaliza, ou seja, admite-
se rnna receita para o manejo de plantas daninhas, pode-se incidir em
grandes e1Tos que comprometerão todo o manejo. As espécies
presentes na área, o histórico de manejo adotado, a disponibilidadt; de
moléculas herbicidas, a época e duração da competição, os custos,
entre outros são os parâmetros que devem ser considerados no instante
da tomada de decisão de quando e como realizar o controle.
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216 Christoffoleti, Brunharo, Melo, Nico/ai e Romano
f
MANEJO DE PRAGAS
11
Geraldo Papa 1
Fernando Juari Celoto2
Introdução
A cotonicultura brasileira vem passando por mudanças
fundamentais tanto pelo deslocamento das áreas produtoras do Sul e
Sudeste para o Centro-Oeste, bem como pelas mudanças no sistema
de plantio com vários cultivos em plantios sucessivos e, ou,
concomitantes. Embora esse sistema proporcione aumento de
produção e otimização do uso do solo, favorece a reprodução das
pragas devido à constante oferta de hospedeiros e a constante
dispersão dos insetos de um cultivo para o outro. Com isso, a
intensidade de ataque e oco1Tência de pragas tem aumentado e
dificultado o controle. Em muitos casos, o controle é realizado com
base em calendário (normalmente em pulverizações semanais) ou pela
presença do inseto, mesmo que a população esteja abaixo do nível de
controle. Existe ainda uma tendência em superestimar o dano causado
pelo inseto. Além disso, as pragas podem desenvolver resistência aos
inseticidas, dificultando o controle e obrigando o agricultor a mudar
de defensivo, aumentar a dose ou até 1nesmo misturar ou usar
inseticidas mais tóxicos.
Curuqucrê 90- 140 dias Planta toda 2 lagartas por planta ou 25% d,
. desfolha
Lagarta-das- 20% de ponteiros com ovos ou
•. 70- 120 dias Planta toda
maçãs 15% de plantas atacadas
·. 5% de ataque ou 1O
Lagarta-rosada \ 80-120 dias Maçãs e armadilha
· 1, mariposas/annadilha/noite
Percevejos ,1 90-140 dias Plantas 20% de infestação
..
'
~
CR. cultivares resistentes a doença transm1 t1da por pulgao CS: cultivares suscetíveis a doenças
transmitidas por pulgão.
Fonte: Adaptado de PAPA; CELOTO, 2006.
Manejo ele p raga., 223
B,_. Ci__..
V, V1-a
Percc\'cjo-c~t31lho
Elawl!!. Rosca
T~~ " Mosc.1 bmn ca
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. .
0 0 0G
Oo c, a
Figura 11. 12 - Danos provocados pelos percevejos em maçãs e maçãs
nom1ais sem danos aparentes.
Fotos: Fernando J. Celoto.
,
Acaro-branco - Poliphagotarsonemus latus
(Ba nks) (Acari: Tarsonemidae)
O ácaro-branco é uma praga que ataca várias culturas. São
organismos bem pequenos, tendo a fêmea O, 17 mm de
comprimento por O, 11 mm de largura. O macho possui por hábito
carregar a pupa da fêmea no dorso, esperando o momento oportuno
para a cópula (Figura 11.13). A postura é feita isoladamente na
face inferior das folhas novas da planta. Inicialmente ao ataque, as
folhas se tornam mais escuras, depois os bordos se dobram para
baixo, e a folha adquire um aspecto vítreo. Na fase final do ataque
aparecem rasgaduras nas folhas e já não se encontram ácaros
nestas. O ataque desse ácaro é favorecido por temperatw·a e
umidade elevada, que geralmente ocorre nos meses de dezembro a
março. Pode ocorrer até 20 gerações por safra se as condições
forem favorávei s.
244 Papa e Celoto
Q
Continua ... -º
C)
Tabela 11.4 - Cont. ~
~
Praga Ingredientes Ativos Registtados ~-
Alfa-cipennetrina, Alfo-cipennetrina+Teílubenzurom, Beta-ci ílutri na, Beta-cipennetrina. Cipcnnetrina.
º~
(<)
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12 MANEJO DE DOENÇAS
Mancha de ramulária
Nos primeiros anos com cultivo de algodão no cerrado, a
mancha de ramulária ocorria apenas no final do ciclo da cultura sem
implicar perdas; entretanto, com o aumento da área cultivada com
1
Engenheiro-Agrônomo, Dr. e Pesquisador da Embrapa.
E-mail: ncJson.suassuna@embrapa.br
2
Engenheiro-Agrônomo, M.S. e Pesqu isador da Embrapa.
E-mail: wirton.coutinho@cmbrapa.br
Man ejo de doenças 251
fabricada com outros fungicidas, uma vez que são muito eficazes cm
prevenir a germinação de esporos e, também, têm e feito erradicante. O
atraso no início da primeira aplicação diminui a eficiência do controle,
podendo, inclusive, ser economicamente inviável (SIQUERI; COSTA,
2003 ). Antes do término do período residual do fungicida, devem-se
monitorar novamente as plantas, pois, caso sejam constatadas novas
lesões com esporulação no terço médio da planta, é necessário iniciar
a segunda aplicação, de preferência com um fungicida pertencente a
um grupo químico diferente do que foi empregado na primeira
aplicação. Essa estratégia impede o acréscimo de inóculo na área e
protege as plantas durante períodos críticos em necessidade de
fotoassimilados, além de reduzir o risco de surgimento de isolados do
patógeno resistentes a fungicidas.
A proteção das plantas com fungicidas, no caso de cultivares
suscetíveis, deve-se estender até o estágio fonológico C3 (abertura de
maçãs no terceiro ramo reprodutivo). A partir dessa fase, o uso de
fungicidas não mais induz ganhos em produtividade.
Além do controle químico, o uso de cultivares resistentes pode
ser empregado no manejo da doença. No Brasil, o primeiro cultivar
resistente à mancha de ramulária, FMT 705, foi lançado pela
Fundação Mato Grosso. Em 20 I 3, a Embrapa lançou o cultivar BRS
3 71 RF, que também é resistente à doença e tolerante ao herbicida
glifosato. A Embrapa também identificou uma série de linhagens com
resistência à mancha de ramulária: CNPA BA 2003-2059, CNPA GO
2007-419, CNPA GO 2007-423, CNPA MT 2009-1381, CNPA GO
2008-1265, CNPA GO 2008- 1266, CNPA GO 2008-1271 e CNPA GO
2009-204. A linhagem CNPA 00 2007-423 teve seu registro aprovado
e será lançada como cultivar com a denominação BRS 372. Além de
possuir resistência à mancha de ramulária, essa linhagem é resistente à
mancha-angular e doença azul.
Ramulose
A doença é causada pelo fungo Col!etotrichwn gossypii South.
var. cephalosporioides Costa. Os primeiros sintomas ocorrem nas
folhas mais novas, na forma de manchas necrólicas circulares ou
alongadas. O tecido necrosado rompe-se, originando perfurações nas
Al/anejo de doenças 255
Mancha-angular
A mancha-angular é difundida em todo o mundo e afeta o
algodoeiro em todas as fases de seu desenvolvimento vegetativo. A
doença é causada pela bactéria Xanthomonas citri subsp.
malvacearum (Smith) Vaut. - sinônimo: Xanthomonas campestris pv.
malvacearum (Smith) Dye, que varia em patogenicidade, dependendo
do cultivar em uso. Existem 20 raças do patógeno descritas com
capacidade para suplantar os genes de resistência identificados,
algumas das quais (3, 8, 1O, 18 e 19) ocorrem no Brasil (RUANO;
MOHAN, 1982), com predominância atual da raça 18.
Manejo de doenças 257
Mofo branco
Esta doença foi observada em algodoeiro nos Estados da
Bahia e Goiás, geralmente em áreas cultivadas com feijão nas safras
anteriores, sob irrigação com pivô central. Em cultivos de sequeiro,
essa enfen11idade também tem sido constatada apenas em regiões de
elevada altitude, reduzindo o estande inicial e com alta severidade em
plantas adultas.
É causada por Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de Bary, fungo
de ampla ocorrência em todo o mundo, com pelo menos 400 espécies
de plantas hospedei ras (BOLAND; HALL, 1994). No Brasil, o agente
causal do mofo branco em algodoeiro é comumente associado a
perdas significativas de produção em lavouras de feijão e de soja.
Os sintomas da doença são murcha, necrose e podridão úmida
em hastes, pecíolos e maçãs (Figura 12.4A). No interior do capulho,
em geral, são constatados micélio branco, de aspecto cotonoso, e
escleródios escuros irregulares são formados tanto internamente
quanto na parte externa da 1naçã (Figura 12.4B). Escleródios
encontrados no interior de capulhos desenvolvem apotécios em,
aproximadamente, 60 dias (CHARCHAR et al., 1999). Ao contrário
dos escleródios formados em outras plantas, como feijão e soja, os
escleródios formados en1 algodoeiro são maiores, e, a partir destes,
germinam muitos apotécios (Figura 12.4C).
Alta umidade aliada a temperaturas variando entre 15 e 25 ºC
são condições que favorecem a doença. O fungo sobrevive no solo,
por alguns anos, na forma de escleródios. Os ascósporos produzidos
em apotécios, que são originados da genninação dos escleródios,
correspondem ao inóculo primário do patógeno. As pétalas de flores
caídas do algodoeiro após a fec undação da flor podem fo nnar um
substrato ideal para a germinação de escleródios de S. sclerotiorum.
Ascósporos do fungo podem ser dispersos pelo vento e sobreviver por
até 12 dias no campo. Escleródios podem ser dispersos em mistura ou
aderidos às sementes ou por sementes infec tadas. Os escleródios
presentes no solo e nos restos de cultura também podem ser d1sp~rsos
pela áb11.1a ou implementos agrícolas.
260 Suas.,·ww e Co111i11ho
Murcha de fusário
Esta doença é causada pelo fungo Fusarium oÃysporum
Schlelechtend. f. sp. vasinfe ctum (Atk.) Snyder & Hansen, que varia
em patogenicidade, dependendo do c ultivar em uso. Recentemente, foi
relatada a ocorrência de oito raças desse patógeno no mundo (DAVlS
et al., 2006). A raça seis do patógeno ocorre no Brasil
(ARMSTRONG; ARMSTRONG, 1978).
Esta doença atinge em qualquer estágio a planta de
algodoeiro. Em plântulas, ocorre o amarelecimento e enegrecimento
das folhas cotiledonares, as quais, posteriormente, secam e morreu,
causando a morte da plântula (Figura 12.5). Em plantas adultas, ocorre
amare lecimento em áreas irregulare s da superfície foliar e murcha de
folhas e ramos. A lgumas plantas afetadas podem sobreviver à doença,
emitindo novas brotações próximas ao solo, mas, em geral, os ramos
Manejo de doenças 263
. t.
' l
~- .
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Manejo de doenças 269
Introdução
Irrigação é a técnica agrícola que consiste no fornecimento de
água às plantas, na quantidade exigida pela cultura e no momento
oportuno, de modo a assegurar a sobrevivência e a produtiv idade das
plantas.
O algodoeiro é uma das mais importantes fibrosas do mundo e
constitui-se em u ma das principais atividades agrícolas do Brasil.
Embora sej a considerada uma cultura resistente à seca, a deficiência
de água no período crítico, que vai da floração a frutificação, é capaz
de reduzir 50% do seu potencial produtivo, além de comprometer a
qualidade da fibra, seu principal produto industrial. Nos perímetros
irrigados da regi ão semiárida do Brasil, a exploração agrícola tem s ido
caracterizada pelo baixo nível tecnológico adotado, que resulta em
pouca lucratividade e um desperdício 1nuito grande de água em
decorrência da baixa eficiência de irrigação, praticada nos sistemas de
produção. O algodoeiro tem nesta região ambiente extremamente
1
Engenheiro-Agrônomo. M. S., D. S. e Pesquisador Embrnpa Algodão.
E-mail: jose.cortez-bezerra@embrapa.br
2 Engenheiro Agrícola, M. S.• D. S. e Pcsquisudor embmpa Algodilo.
E-mail: joao-hcnriquc.zonta@cmbmpa.br
3 Engenheiro-Agrônomo. M. S. e Pesquisador Embrapa Algodão. E-mail: jos~.r.pcrcim(t_1)cmbrnpn.br
272 Bezerra, Zonta e Pereira
Planejamento da irrigação
Quando se pretende efetuar a irrigação em mna área agrícola,
visando à otimização dessa tecnologia, busca-se, basicamente,
responder a três questões fundamentais: quanto, como e quando
irrigar? Para responder à primeira questão, "Quanto in-igar", leva-se
em consideração a quantidade de água a ser aplicada na cultura para
irrigá-la satisfatoriamente. Para isso, o planejamento da in-igação deve
ser feito levando-se em conta a capacidade de armazenamento da água
no solo, nas quais se observa os seguintes conceitos:
• Capacidade de campo - representa, aproximadamente, o limite
superior da quantidade de água disponível no solo para as plantas
(JONG VAN LIER, 2000) e, corresponde ao teor de umidade retida
naturalmente nas partículas de solo, quando a água deixa de percolar
em decorrência da ação da gravidade. Inicialmente, avaliou-se que
Manejo do il'l'igaçtio 273
DS = ivíss
Vs
em que: I:, é a densidade do solo (g cm-3); Mss, a massa do solo seco
(g); e Vs, o volume de solo (cnl).
• Capacidade de armazenamento de água do solo - a quantidade
máxima de água que o solo é capaz de armazenar é função das
características fisico-hídricas des te e da profundidade do solo que
se deseja irrigar. Os teores de umidade na capacidade de campo e
no ponto de murchamento, a densidade do solo e a profundidade do
sistema radicular da cultura são info1mações essenciais para o
cálculo da lâmina de água, que é dada pela seguinte fó1mula:
(CC-PMP
L = - - - - x Dsx pe
100
Manejo da irrigaçtio 277
Sistemas de irrigação
Visando responder à questão "Como irrigar?", busca-se
escolher o sistema de irrigação mais adequado para a situação local.
Vários métodos de irrigação são utilizados na cultura do algodoeiro,
destacando-se no Brasil, em decorrência da área plantada: a irrigação
por aspersão, a por gotejamento e a superficial. Não é possível eleger
um sistema de irrigação ideal para a cultura, pois não há nenhum
capaz de atender satisfatoriamente a todas as situações; portanto, a
escolha depende de uma série de fatores, devendo-se levar em conta
os seguintes:
a) Relevo do ten·eno: áreas com relevo plano e com baixa declividade
se adaptam aos métodos de irrigação superficial; para os sistemas
de irrigação por aspersão é possível utilizar terrenos com maior
declividade, embora seja mais conveniente que eles tenham um
declive uniforme, de forma a permitir melhor eficiência de
aplicação de água; para o sistema por gotejamento, a topografi a do
terreno praticamente não é fator limitante em função da baixa taxa
de aplicação de água do sistema.
b) Tipo de solo: solos de textura arenosa, que se caracterizam pela
predominância da fração areia em sua composição, apresentam
alta taxa de infiltração e baixa capacidade de retenção de água. De
un1a maneira geral, são inadequados aos sistemas de irrigação
superficial em decorrência do d sco de erosão, da alta percentagem
de perda de água por percolação, além de exigir sulcos curtos, o
que reflete na baixa eficiência de irrigação. Solos de textura média,
que apresentatn seus constituintes (areia, silte e argila) en1
proporções aproximadamente iguais, são ideais para qualquer
sistema de irrigação; solos de textura argilosa, que têm uma maior
proporção de argila, são 1nais adequados para a irrigação por
s uperfície, pois apresentmn menor taxa de infiltração. reduzindo as
perdas de água por percolação e permitindo maior comprimento do
277
Manejo da irrigaçc7o
Sistemas de irrigação
V isando responder à questão "Como irrigar?", busca-se
escolher o s istema de irrigação mais adequado para a situação local.
Vários métodos de irrigação são utilizados na cultura do algodoeiro,
destacando-se no Brasil, em decorrência da área plantada: a irrigação
por aspersão, a por gotejamento e a superficial. Não é possível eleger
um sistema de irrigação ideal para a cultura, pois não há nenhum
capaz de atender satisfatoriamente a todas as situações; portanto, a
escolha depende de uma série de fatores, devendo-se levar em conta
os seguintes:
a) Relevo do terreno: áreas com relevo plano e com baixa declividade
se adaptam aos métodos de irrigação superficial; para os sistemas
de irrigação por aspersão é possível utilizar terrenos com maior
declividade, embora seja mais conveniente que eles tenham um
declive uniforme, de forma a permitir melhor eficiência de
aplicação de água; para o sistema por gotejamento, a topografia do
terreno praticamente não é fator limitante em função da baixa taxa
de aplicação de água do sistema.
b) Tipo de solo: solos de textura arenosa, que se caracterizam pela
predominância da fração areia en1 sua composição, apresentam
alta taxa de infiltração e baixa capacidade de retenção de água. De
un1a maneira geral, são inadequados aos sistemas de irrigação
superficial em decorrência do risco de erosão, da alta percentagen1
de perda de água por percolação, além de exigir sulcos curtos, o
que reflete na baixa eficiência de irrigação. Solos de textura média.
que apresentam seus constitu intes (areia, silte e argila) em
proporções aproximadamente iguais, são ideais para qualquer
sistema de in-igação; solos de textura argilosa, que têm tuna maior
proporção de argila, são n1ais adequados para a inigação por
superficie, pois apresentam 1nenor taxa de infiltração. reduzindo as
perdas de água por percolação e permitindo maior compri1n~nto do
278 Bezerra, Zo11ta e Pereira
Manejo da irrigação
Para responder à questão "Quando irrigar?", leva-se em conta
a capacidade de annazenamento de água no solo e a quantidade de
água que a planta consome ao longo do seu ciclo fenológico de forma
a estabelecer um manejo de água que permita a obtenção de alta
produtividade da cultura e um eficiente uso da água. No caso do
algodoeiro herbáceo, sugere-se que as irrigações de reposição sejam
Ma nejo da irrigaçâo 28 1
1
c· 1
)~ Rn, a radiação
líquida sobre a superficie de cultivo (MJ m· dia- ); G, o fluxo de calor
284 Bezerra, Zonta e Pereira
no solo (MJ m·2 dia-1) cujo valor para dados diários é igual a zero;"/, a
constante psicrométrica (kPa ºC- 1); T, a temperatura média do ar (ºC);
u2. a velocidade do vento a 2 m de altura (m s· 1); es, é a pressão de
saturação do vapor d'água (kPa); e e0 , é a pressão atual do vapor
d ' água (kPa).
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Tabela 13.1-Cont. 00
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Man ejo da irrigaçiio 287
16 45 84 108
Dias após emergência (DAE)
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Man ejo da irrig<1çdo 293
Introdução
Em nível mundial, o cultivo algodoeiro geralmente é um
cultivo de agricultura familiar, com manejo e colheita essencialmente
manual, empregando muita mão de obra. Porém, em alguns países,
como Estados Unidos, Uzbequistão e Brasil principalmente, o a lgodão
é cultivado em áreas 1nuito extensas, necessitando ser colhidas
mecanicamente. O parque de colheitadeiras modernas é muito
importante nos Estados Unidos e Brasil.
A colheita mecanizada e o desenvolvimento de colheitadeiras
foram realizados inicialmente nos USA a partir dos anos 1920, mas a
colheita mecanizada se desenvolveu em grande escala nesse país a
partir da segunda guerra n1undial (HUGHS, PARNELL JR.;
WAKELYN, 2010). A sua adoção nos Estados Unidos passou de 22%
em 1954 a 59% em 1962 e 99% em 1972 até hoje (COLWICK et al.,
1984), permitindo baixar significativamente o uso de mão de obra por
hectare colhido.
No Brasil, atualmente, a produção algodoeira e a colheita
estão quase 100% mecanizadas, com colheitadeiras de tipo Pickcr na
maior parte e com algumas máquinas Stripper para colher o algodão
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mais limpo, sem impurezas, e com capacidade de colhe ita cada vez
maior. Finalmente, os últimos modelos de máquinas (JD 7760 e Case
635) visam realizar as etapas de formação de módulo compactado de
algodão em caroço na própria máquina e, porta nto, reduz ir ainda mais
o uso de mão de obra nas fazendas.
A maior parte do parque de máquinas no Brasil é da marca
John Deere (modelos JD 9970, JD 9976, JD 9996, JD 7660 e JD
7760), sendo a mais recente de modelo 1D7760, com capacidade de
produzir fardinhos compactados de algodãc em caroço de 2,5 a 3 t
(Figura 14.2).
Colheitadeiras Stripper
O sistema de colheita mecânico de tipo Stripper é
provavelmente o mais antigo, desenvolvido antes do sistema Picker de
fusos. Ele consiste em arrancar, com diversos sistemas de escovas ou
dentes, o capulho inteiro da planta e, em uma segunda etapa, eliminar
as casquinas (carpelos do capulho) e pedaços de ramos laterais. Essas
máquinas começaram a ser importadas, desenvolvidas e usadas no
Brasil com a adoção do sistema de cultivo em linhas estreitas (menos
de 0,50 m), geralmente chamado de s istema "adensado".
As plataformas mais vendidas são as plataformas Stripper de
pente (Figura 14.6a).
(a) (b)
Figura 14. 7 - Limpadores "HL" das colheitadeiras Stripper.
Adequação da lavoura
Desde o plantio, vários fatores podem influir sobre a
qualidade do algodão colhido.
• O plantio dos talhões a serem colhidos mecanicamente deve ser
realizado em áreas planas, com declives inferiores a 8%, com solos
de poucas ondulações. Caso contrário, corre-se o risco de aumentar
as perdas na colheita, principalmente quando realizada com
máquinas sem as opções de regulagem de altura no solo dos
tambores. Ter boa regularidade de espaçamento entrelinhas é
também um fator que pode influenciar as perdas na colheita.
• O controle da altura das plantas é um dos fatores mais impo1Lmues
para a realização de uma boa colheita mecanizada. A regularidade
Colheita 303
A realização da colheita
Durante a colheita, é preciso ficar atento às perdas,
constituídas por algodão caído no chão e o que fica nas plantas. E sta
avaliação se realiza em geral diariamente, colhendo e pesando o
algodão de 5 linhas de 5 m. Com a s máquinas Picker, as perdas nas
condições do cerrado ficam entre 9,4% e 12,5 % (FREIRE et al.,
1995), mas podem ser reduzidas e1n 1nenos de 5%, com regulagens
das máquinas e preparo das lavouras adequados.
É imprescindível que o operador da máquina receba um bom
treinamento e tenha conhecimento sobre o manual do operador, pois a
regulagem da colheitadeira é de grande importância para a redução
das perdas na colheita. Em a lgumas fazendas, para ter um melhor
suporte, o operador é acompanhado por um técnico agrícola e de um
mecânico.
Após a manutenção básica diária da máquina, como
lubrificação e abastecimento, começa a verificação técnica d os
mecanismos operacionais da colheitadeira de algodão: unidades de
Colheiw 305
Regulagens
Existem algu mas regu lagens que devem ser feitas diariamente,
para evitar as perdas (RIBEIRO et al., 2012) e preservar a qualidade
do algodão:
Pressão das placas - O princíp io é que, quanto maior a pressão das
placas, menos algodão fica na planta. Entretanto, se a pressão for
muito grande, algumas impurezas indesejáveis, como pedaços de
capulho, bráctea, casca do caule, entre outras, virão junto com o
algodão. Essa regulagern (Figura 14.1O) é feita diariamente antes de
iniciar a colheita e durante o processo, pois os fatores que mais
interferem nesse ajuste são as variedades, manejo (como ficou a
desfolha), a umidade, entre outros. Corno os rotores dianteiros colhem
em média 75% do algodão, um operador prudente regula as placas
traseiras sempre um pouco mais apertadas, pois a planta vai chegar mais
'magra' aos rotores traseiros. Uma observação importante é que, se
estiver wn dia de muito sol e as placas estiverem com muita pressão,
deve-se ajustá-las novamente, para não correr risco de incêndio.
Armazenamento do algodão
No caso dos fardões elaborados com prensas (Figu1a 14.12), a
limpeza do solo onde eles vão ser constituídos é importante para não
contaminar a sua base. Os pés de algodão são cortados com facão.
308 Be/01 e Vilela
E 20
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50 70 90 110 130 150 170
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Moistun: at Harvcsl (% W.ll.1
Conclusão
A colheita é só uma das etapas-chave para a preservação da
qualidade da fibra produzida na lavoura. Essa etapa deve ser
totahnente integrada ao processo de beneficiamento do algodão, j á que
esse processo deve ser adequado ao tipo de algodão em caroço
produzido e ao tipo de fibra que a usina quer obter.
312 Belot e Vilela
Referências
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Botânica 59
11
6 ra mo frutífero
17 5º ramo frutífero
1? 3º ramo frutífero
2º ramo frutífero
13 1º ramo fn1tífcro
Fruto
O fruto , que apresenta de três a cinco lóculos, é formado a
partir do ovário, após o processo de fecundação (Figura 3. 7).
Quando jovem, é chamado de maçã e, depois que se abre, de
capulho . Cada lóculo geralmente contém seis a o ito sernentes,
cujo peso, associado ao das fibras, é chamado de peso de capulho,
sendo um dos principais co1nponentes de produção. O fruto
também pode ser denominado de carimã, que é o fruto
mumificado. Tal s ituação ocorre devido ao ataque de pragas e, ou,
condições climáticas adversas (Figura 3. 7).
Variedades tra11sgê11icas e se11 manejo 143
----
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Conclusão
A colheita é só uma das etapas-chave para a preservação da
qualidade da fibra produzida na lavoura. Essa etapa deve ser
totalmente integrada ao processo de beneficiamento do algodão, já que
esse processo deve ser adequado ao tipo <le algodão cm caroço
produzido e ao tipo de fibra que a usina quer obter.
Man ejo da irrigação 289
y(
p _!!._ _ Kh J11T
LE Kw ó.e
Para Verma et al. (1978), na ausência de advecção de calor
sensível e em condições de neutralidade atmosférica, Kh Kw =
portanto, a razão de Bowen pode ser assim escrita:
p= y 11T
!ie
em que: Pé a razão de Bowen; y, a constante psicrométrica (kPa 0 c ·1);
L1T, a diferença de temperatura do ar, medida em dois níveis acima da
superfície vegetada (ºC); e L1e, a diferença de pressão parcial do vapor
d'água atmosférico, medido em dois níveis acima da vegetação (kPa).