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DIRETRIZ Nº 3.01.

01/2019-CG

DGEOp
DIRETRIZ GERAL PARA EMPREGO OPERACIONAL
DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

Belo Horizonte
2019
DIRETRIZ GERAL PARA EMPREGO OPERACIONAL
Nº 3.01.01/2019-CG

Regula o emprego operacional


da Polícia Militar de Minas Gerais

Belo Horizonte - MG
2019
Direitos exclusivos da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais (PMMG).
Reprodução condicionada à autorização expressa do Comandante-Geral da PMMG.
Circulação restrita.

MINAS GERAIS. Polícia Militar. Comando-Geral. Diretriz Geral para


Emprego Operacional Nº 3.01.01/2019: Regula o emprego
M663d operacional da Polícia Militar de Minas Gerais. Belo Horizonte:
Comando-Geral, Assessoria Estratégica de Emprego Operacional
(PM3), 2019.

65p.

1. Emprego Operacional. 2. Gestão das Operações.


3. Atuação Policial. 4. Estrutura Organizacional. I. Título.

CDD 352.2
CDU 351.751

Bibliotecária responsável: Tatiane Krempser Gandra – CRB 6/2963

ADMINISTRAÇÃO
Comando-Geral da Polícia Militar
Quartel do Comando-Geral da PMMG
Cidade Administrativa Tancredo Neves, Edifício Minas,
Rodovia Papa João Paulo II, nº 4143 – 6º Andar, Bairro Serra Verde
Belo Horizonte – MG – Brasil - CEP 31.630-900

SUPORTE METODOLÓGICO E TÉCNICO


Assessoria Estratégica de Emprego Operacional – PM3
Quartel do Comando-Geral da PMMG
Cidade Administrativa Tancredo Neves, Edifício Minas,
Rodovia Papa João Paulo II, nº 4143 – 6º Andar, Bairro Serra Verde
Belo Horizonte – MG – Brasil - CEP 31.630-900
E-mail: pm3@pmmg.mg.gov.br
GOVERNADOR DO ESTADO
ROMEU ZEMA NETO

COMANDANTE-GERAL DA PMMG
CEL PM GIOVANNE GOMES DA SILVA

CHEFE DO ESTADO-MAIOR DA PMMG


CEL PM MARCELO FERNANDES

CHEFE DO GABINETE MILITAR DO GOVERNADOR


CEL PM RODRIGO SOUSA RODRIGUES

SUPERVISÃO TÉCNICA
TEN CEL PM WAGNER ALAN DE MATTOS
CHEFE DA ASSESSORIA ESTRATÉGICA DE EMPREGO OPERACIONAL

REDAÇÃO
TEN CEL PM WAGNER ALAN DE MATTOS
MAJ PM MARCOS AFONSO PEREIRA
MAJ PM CLÁUDIO ALVES DA SILVA
MAJ PM SANDRO ALEX CANUTO GONÇALVES
MAP PM DOUGLAS ANTÔNIO DA SILVA
MAJ PM LÚCIO FERREIRA DA SILVA NETO
MAJ PM CARLOS EDUARDO LOPES
MAJ PM PAULO ROBETO BERMUDES REZENDE
CAP PM JÚLIO CEZAR VILELA PEREIRA
CAP PM FREDERICO ROBERTO PRADO
CAP PM RÔMULO MORATI FLORENTINO FONTENELE

REVISÃO DOUTRINÁRIA
MAJ PM SANDRO ALEX CANUTO GONÇALVES
3º SGT PM DANIELLE SUELI VENTURA

REVISÃO FINAL
TEN CEL PM WAGNER ALAN DE MATTOS
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACISP - Áreas de Coordenação Integrada de Segurança Pública


AISP - Áreas Integradas de Segurança Pública
APM - Academia de Polícia Militar
BPChq - Batalhão de Polícia de Choque
BPE - Batalhão de Policiamento Especializado
BPM - Batalhão de Polícia Militar
BPM Rv - Batalhão de Polícia Militar Rodoviária
BPTran - Batalhão de Polícia de Trânsito
BPM Mamb - Batalhão de Polícia Militar de Meio Ambiente
Btl - Batalhão
CE/MG - Constituição do Estado de Minas Gerais
Cia PM - Companhia de Polícia Militar
Cia PM Ind - Companhia de Polícia Militar Independente
Cia PM Ind
- Companhia de Polícia Militar Independente de Policiamento com Cães
PCães
Cia PM Ind PE - Companhia de Polícia Militar Independente de Policiamento Especializado
Cia PM MAmb - Companhia de Polícia Militar de Meio Ambiente
Cia PM Rv - Companhia de Polícia Militar Rodoviária
CICOp - Centro Integrado de Comunicações Operacionais
CG - Comando-Geral
CONSEP - Conselho Comunitário de Segurança Pública
CPE - Comando de Policiamento Especializado
CPRv - Comando de Policiamento Rodoviário
CP MAmb - Comando de Policiamento de Meio Ambiente
ComAvE - Comando de Aviação do Estado
CPM - Corregedoria de Polícia Militar
CTPM - Colégio Tiradentes da Polícia Militar
DAOp - Diretoria de Apoio Operacional
DGEOp - Diretriz Geral para Emprego Operacional
DIAO - Diretriz Integrada de Ações e Operações
EMPM - Estado-Maior da Polícia Militar
GER - Grupo Especializado em Recobrimento
GPM - Grupo de Polícia Militar
GPMRv - Grupo de Polícia Militar Rodoviária
Gu PM - Guarnição Policial Militar
Pel PM - Pelotão de Polícia Militar
Pel PM Rv - Pelotão de Polícia Militar Rodoviária
PLEMOp - Plano de Emprego Operacional
PMAmb - Policiamento de Meio Ambiente
PMMG - Polícia Militar de Minas Gerais
POG - Policiamento Ostensivo Geral
RCAT - Regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes
REDS - Registro de Eventos de Defesa Social
RISP - Região Integrada de Segurança Pública
ROTAM - Rondas Táticas Metropolitanas
RPA - Sistema de Aeronave Remotamente Pilotada
RpAer - Radiopatrulhamento Aéreo
RPM - Região de Polícia Militar
SIPOM - Sistema de Inteligência da Polícia Militar
TM - Tático Móvel
UDI - Unidade de Direção Intermediária
UEOp - Unidade de Execução Operacional
ZQC - Zona Quente de Criminalidade
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 8
2 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 10
2.1 Geral .............................................................................................................................. 10
2.2 Específicos .................................................................................................................... 10
3 CONCEITOS E DEFINIÇÕES .......................................................................................... 11
4 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL .................................................................................. 19
4.1 Estrutura e Articulação Operacional ............................................................................... 20
4.2 Articulação Territorial entre os órgãos do Sistema de Defesa Social ............................. 24
5 ATUAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS NA SEGURANÇA PÚBLICA .... 27
5.1 Senso de Legalidade e Legitimidade ............................................................................. 29
6 METODOLOGIA DE EMPREGO OPERACIONAL ........................................................... 31
6.1 Teoria do Crime ............................................................................................................. 31
6.2 Metodologias de Solução de Problemas ........................................................................ 34
6.3 Planejamento das Intervenções Policiais ....................................................................... 42
6.4 Alinhamento com o Plano Estratégico............................................................................ 43
6.5 Gestão Operacional Orientada por Resultados .............................................................. 46
6.6 Gestão de Desempenho Operacional (GDO) ................................................................. 48
7 EMPREGO OPERACIONAL ............................................................................................ 49
7.1 Quanto ao Tipo .............................................................................................................. 50
7.2 Quanto à Modalidade ..................................................................................................... 51
7.3 Quanto às Circunstâncias para o Emprego Operacional ................................................ 51
7.4 Otimização da Malha Protetora ...................................................................................... 52
7.5 Inteligência de Segurança Pública ................................................................................. 55
7.6 O Gerenciamento do Emprego Operacional .................................................................. 57
7.7 As Fases de Aplicação do Emprego Operacional .......................................................... 58
8 PRESCRIÇÕES DIVERSAS ............................................................................................. 61
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 63
APÊNDICE ÚNICO – ESCALONAMENTO DE ESFORÇOS DA MALHA PROTETORA .... 65
DIRETRIZ Nº 3.01.01/2019 - CG

Regula o emprego operacional da Polícia


Militar de Minas Gerais.

1 INTRODUÇÃO

A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), organização estruturada na hierarquia e


disciplina, tem como missão constitucional, em síntese, a polícia ostensiva de prevenção
criminal, de preservação e restauração da ordem pública e de apoio a outros órgãos.
(MINAS GERAIS, 1989).

Detentora exclusiva da execução do policiamento ostensivo1 a PMMG norteia seu emprego


operacional com base em parâmetros de qualidade, produtividade e cientificidade.
Corrobora com a primazia dos direitos fundamentais e da dignidade da pessoa humana, nos
termos expostos nas diretrizes de Direitos Humanos e Polícia Comunitária, norteadoras
basilares das demais doutrinas de emprego operacional da PMMG.

A Diretriz Geral para o Emprego Operacional (DGEOp) em consonância com as Diretrizes


de Direitos Humanos e Polícia Comunitária possui força normativa, genérica e
principiológica em relação às demais normas e diretrizes operacionais da Corporação. Visa
comungar e condensar orientações estratégicas, com o objetivo de proporcionar maior
sustentação e modernização das práticas operacionais, enfocando a garantia da dignidade
da pessoa humana, a promoção dos direitos e liberdades fundamentais e a prevenção
criminal.

Ressalta-se ainda, que a DGEOp tem a finalidade de modernizar e consolidar as diretrizes


gerais para o emprego operacional no âmbito da Polícia Militar de Minas Gerais, de forma
que possa servir como referencial para o alinhamento contínuo das ações operacionais em
todos os níveis da Corporação, principalmente considerando o enfoque primário de
execução da atividade da polícia ostensiva e de preservação da ordem pública,
assegurando aos poderes constituídos a ambiência necessária ao exercício da democracia
e viabilidade do estado democrático de direito, como uma das instituições garantidoras do
bem estar da sociedade mineira.

Numa incessante busca pelos melhores resultados de modo a evitar a escalada do crime e
proporcionar a redução absoluta da criminalidade violenta nos últimos anos, o desafio
vindouro da PMMG insta na busca pela melhoria da sensação de segurança e redução do
medo do crime.

1 Art. 144, § 5º, da CRFB/1988 c/c art. 3º do Decreto-lei nº 667, de 02 de julho de 1969.

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Para isso, considerando o próximo ciclo de planejamento estratégico (2020 – 2023), a
PMMG apresentou o Programa Minas Segura (2019), que possui como premissas:
aumentar a sensação de segurança, reduzir o medo do crime, reduzir a criminalidade
violenta e fomentar a comunicação direta.

A consecução de tais premissas perpassa pela realização dos projetos vinculados aos eixos
estratégicos: setorização do policiamento, segurança rural, prevenção à violência e ao crime
e a inovação tecnológica na atividade policial, por meio da Polícia 4.0.

Para que a DGEOP esteja sempre atualizada aos propósitos institucionais e necessidades
da sociedade, deve ser objeto de contínua observação e análise pois trata-se de um
documento de constante aprimoramento e evolução, sendo sempre atrelada ao portfólio de
serviços da PMMG, que é a materialização das atividades operacionais disponíveis ao
atendimento geral da população de Minas Gerais.

Nessa perspectiva, apresenta-se a atual DGEOp que está estruturada em oito capítulos. O
capítulo 2 apresenta os objetivos geral e específicos, delineando desta forma, o conteúdo
deste documento.

Os conceitos e definições importantes para o entendimento amplo desta Diretriz são


tratados no capítulo 3.

Para fins de planejamento, comando, coordenação, execução e controle de suas atividades,


a estrutura e articulação operacional da PMMG são apresentadas no capítulo 4.

O capítulo 5 menciona o papel da PMMG na atuação da Segurança Pública, conforme os


preceitos constitucionais e normativos.

O capítulo 6 demonstra a metodologia de emprego operacional, trazendo para o documento,


teoria de base, método e diagnóstico que auxiliarão no correto emprego operacional da
PMMG.

A definição de Malha Protetora e a metodologia de sua aplicação, os modelos operacionais,


as circunstâncias para o emprego operacional, o seu gerenciamento e as fases de sua
aplicação estão expostas no capítulo 7.

Por derradeiro, o capítulo 8 expõe as considerações finais para a implementação das


orientações contidas nesta Diretriz.

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2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Estabelecer as diretrizes do Comando-Geral para o planejamento, execução, coordenação,


controle e otimização das atividades operacionais de polícia ostensiva e de preservação da
ordem pública, desenvolvido em um sistema metodológico único, aplicável em vários
cenários de atuação da PMMG.

2.2 Específicos

a) estabelecer conceitos e definições inerentes à atividade operacional da Polícia


Militar;

b) apresentar a estrutura e articulação operacional da PMMG, bem como os critérios


adotados para criação, recategorização e rearticulação das Regiões de Polícia Militar
(RPM) e Unidades de Execução Operacional (UEOp);

c) adequar o comportamento operacional da PMMG às disposições legais em vigor,


alinhando a metodologia de atuação operacional e definindo estratégias pautadas na
prevenção criminal, repressão qualificada, operações especiais e coordenação e
controle das operações policiais;

d) orientar os responsáveis pelo planejamento de emprego operacional, nos diversos


níveis, sobre os pressupostos metodológicos e procedimentos que antecedem ao
emprego operacional, capacitando-os para o exercício da proficiência.

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3 CONCEITOS E DEFINIÇÕES

Ação Policial Militar


Atitude técnica do policial militar desencadeada a partir de um estímulo operacional.

Ação Pública
Característica inerente ao exercício da atividade de polícia ostensiva, visando a preservar o
interesse geral da segurança pública nas comunidades, resguardando o bem comum em
sua maior amplitude.

Análise criminal
Atividade desenvolvida por profissional com o perfil e treinamento adequados que visa à
identificação e o estabelecimento dos fatores que envolvem a criminalidade, por meio de
abordagem qualitativa e quantitativa, bem como a identificação das variáveis que se
relacionam com esses fatores, apresentando correlações existentes ou não, com base nos
aspectos espaço e tempo.

Área
Circunscrição territorial atribuída à responsabilidade de um Batalhão de Polícia Militar (BPM)
ou Companhia de Polícia Militar Independente (Cia PM Ind).

Atividade-Fim
Atividades operacionais destinadas a execução de polícia ostensiva e de preservação da
ordem pública, incluindo as atividades operacionais auxiliares (SOU, Guarda, etc) .

Atividade-Meio
Conjunto de esforços administrativos que permitam ou facilitam a realização da atividade-fim
da Corporação.

Cadeia de Comando
É o conjunto de escalões e canais de comando, por intermédio dos quais as ações de
comando são exercidas verticalmente, nos sentidos ascendente e descendente. É
característica das instituições que têm por base institucional a hierarquia e a disciplina e
uma organização escalar (vertical), desdobrando-se, a partir do ápice, em escalões
sucessivos de responsabilidade para o cumprimento da missão. A cada escalão
corresponde um comandante, que é o responsável, perante o comandante superior, pelo
planejamento e emprego de suas forças, sob todos os aspectos.

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Canal de Comando
É o caminho por onde fluem, no sentido descendente, as ordens e orientações do
comandante superior e, no sentido ascendente, as respostas e informações dos
subordinados.

Cartão programa
Documento que prevê a indicação dos postos de policiamento, o itinerário a ser percorrido e
os horários a serem observados, na execução de policiamento preventivo.

Carta de situação diária de operações


Documento diário que prevê o planejamento das operações a serem executadas pelas
Unidades, trazendo informações relevantes especialmente para a coordenação e controle.

Comandante
Comandante é o militar que planeja, organiza, dirige, coordena e controla o emprego de
suas forças, em razão de seu posto ou função, ou em decorrência de lei ou regulamento e,
como tal, é o único responsável pelas decisões.

O Comandante de uma Guarnição Policial Militar será sempre o de maior posto ou


graduação ou o mais antigo, em exercício permanente de função na região conurbada,
localidade ou município.

Comando
É o conjunto de ações desenvolvidas pelo Comandante e seus assessores (Estado-Maior ou
Staff), visando atingir os objetivos da organização.

Controle
Acompanhamento das atividades da Corporação por todos os que exercem comando, chefia
ou direção, de forma a assegurar o recebimento, a compreensão e o cumprimento das
decisões do escalão superior, possibilitando identificar e corrigir desvios.

Coordenação
Ato ou efeito de harmonizar as atividades da Corporação, conjugando-se os esforços
necessários na realização dos seus objetivos e da missão institucional. É realizada vertical e
horizontalmente em todos os níveis da estrutura organizacional da Corporação.

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Defesa Pública
Conjunto de medidas adotadas para superar antagonismos ou pressões, sem conotações
ideológicas, que se manifestem ou produzam efeitos no âmbito interno do País, de forma a
evitar, impedir ou eliminar a pratica de atos que perturbem a Ordem Pública.

Defesa Social
Conjunto de ações desenvolvidas por órgãos, autoridades e agentes públicos, cuja
finalidade seja a de proteção e o socorro ao cidadão, por intermédio de mecanismos que
assegurem a ordem pública, tais como, a prevenção e ou repressão de ilícitos penais ou
infrações administrativas.

Escalão de comando
São os diferentes níveis de comando que compõem a Corporação, organizados em
estrutura escalar (vertical ou hierárquica).

Estatística
Ciência aplicada que utiliza métodos para a coleta, a organização, a descrição, a análise e
interpretação de dados para a tomada de decisão.

Evento de Defesa Social


Todo fato que exija a intervenção de qualquer dos órgãos componentes do Sistema de
Defesa Social, de forma integrada ou isolada.

Fiscalização
Acompanhamento operacional realizado no âmbito da Unidade a fim de observar o correto
cumprimento das normas pertinentes à execução da atividade-fim, de acordo com as
competências específicas.

Fração PM
Estruturas operacionais derivadas de uma UEOp, constituindo-se em subunidades.

Fração PM desconcentrada
Aquela que se localiza na mesma guarnição policial militar da UEOp, porém em local diverso
da sede administrativa.

Fração PM destacada
Aquela que se localiza fora do município sede da guarnição policial militar da UEOp.

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Geoprocessamento
Área de conhecimento que reúne recursos computacionais, como por exemplo, os Sistemas
de Informação Geográfica e também técnicas matemáticas, com o objetivo de manipular
dados geográficos. O geoprocessamento influencia diversas áreas, como cartografia,
análise de recursos naturais, transportes, comunicações, energia e planejamento urbano e
regional.

Guarnição Policial Militar (Gu PM)


Unidades operacionais e administrativas situadas na mesma sede, município ou região
conurbada, subordinadas ou não, a mesma Unidade de Direção Intermediária (UDI). As
Frações PM destacadas constituem a Guarnição Policial Militar dos respectivos municípios
onde estão sediados.

Guarnição de radiopatrulhamento
Efetivo que guarnece uma viatura operacional com a incumbência de execução do
policiamento ostensivo.

Inteligência de Segurança Pública


Exercício permanente e sistemático de ações especializadas para identificar, avaliar e
acompanhar ameaças reais ou potenciais na esfera de Segurança Pública, basicamente
orientadas para produção e salvaguarda de conhecimentos necessários para subsidiar os
tomadores de decisão, no planejamento e execução de uma política de Segurança Pública e
das ações para prever, prevenir, neutralizar e reprimir atos criminosos de qualquer natureza
que atentem à ordem pública, à incolumidade das pessoas e do patrimônio.

Itinerário
Trajeto que interliga pontos-base percorridos pelo policial militar em cumprimento a um
cartão programa.

Local de risco de ação policial


Delimitação territorial cujos fenômenos de natureza social, cultural e econômica interferem
na incidência de violência e criminalidade.

Malha Protetora
A Malha Protetora consiste na adoção de ações preventivas e repressivas baseadas na
ocupação de espaços vazios, por meio do escalonamento intercalado, gradativo e sucessivo
de emprego operacional, a partir da célula básica do policiamento preventivo, obedecendo
ao princípio da responsabilidade territorial, até à utilização de outros esforços de emprego e

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Unidades em recobrimento, para fazer frente à eventuais situações de crise ou elevação
demasiada da criminalidade em determinados locais.

Ocorrência Policial Militar


Todo fato que exige intervenção policial militar, por intermédio de ações ou operações.

Operação Policial Militar


Conjunção de recursos e ações, executada por policiais militares, que exige planejamento
prévio e específico.

Ordem Pública
Conjunto de regras formais, coativas, que emanam do ordenamento jurídico da Nação,
tendo por escopo regular as relações sociais em todos os níveis e estabelecer um clima de
convivência harmoniosa e pacífica. Constitui, assim, uma situação ou condição que conduz
ao bem comum.

Policiamento Ostensivo
Ação policial, exclusiva das Polícias Militares, em que o emprego do policial militar seja
prontamente identificado, quer pela farda, quer pelo equipamento, ou viatura, objetivando a
manutenção da ordem pública.

Ponto-Base
Local estabelecido em cartão programa ou escala de serviço para permanência temporária
dos policiais militares.

Posicionamento de Viaturas
Protocolo previsto em Instrução própria que padroniza o estacionamento e posicionamento
de viaturas nos aquartelamentos ou, em via pública, quando de atuações policiais militares
em atendimento de ocorrência, policiamento preventivo, policiamento em eventos e
operações.

Posto
Espaço físico, delimitado, atribuído à responsabilidade de policiais militares, constituído de
um ou mais pontos-base.

Prevenção criminal
Conjunto de medidas destinadas a impedir ou contribuir para a redução da criminalidade e
dos sentimentos de insegurança da comunidade, levada a efeito com a adoção de medidas
diretas de dissuasão de atividades criminosas e políticas/intervenções destinadas a reduzir
o crime e suas causas.

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Primeiro Interventor
Denominação utilizada em Instrução específica, que o define com sendo o profissional de
segurança que se depara inicialmente com a situação de incidente crítico, cabendo ao
militar interventor identificar o tipo de incidente bem como seu perpetrador.

Recobrimento
Atividade de policiamento ostensivo para suplementação aos serviços operacionais
ordinários empregados pelas UEOp.

Registro de Eventos de Defesa Social (REDS)


Ferramenta tecnológica que constitui uma base de dados única, formada pelo lançamento
de fatos policiais, de trânsito urbano e rodoviário, de meio ambiente, bombeiros e outros
afins no Estado. Visa, portanto, a consolidação de todos os ilícitos penais e de sinistros
levado ao conhecimento das Instituições Policiais e de Bombeiro Militar, pelas vítimas de
ação criminal, de sinistros ou outros órgãos responsáveis pelo atendimento do fato ou
recebimento da denúncia.

Repressão Qualificada
Conjunto de reações efetivas perante a ação criminosa, violência ou forças adversas2,
desenvolvido de modo sistemático nos locais, territórios ou momentos conhecidos e
identificados como de violência, antagonismos internos ou incidência criminal elevada
(delitos específicos), instruído previamente por uma avaliação adequada da situação,
embasada em atividade de inteligência e com a execução norteada pela doutrina de
emprego operacional da Polícia Militar de Minas Gerais.

Sede
Região compreendida dentro dos limites geográficos do município ou distrito, em que se
localiza uma Unidade ou Fração da Polícia Militar e onde o servidor tem exercício.

Sede administrativa
Compreende a estrutura física do aquartelamento.

Segurança Pública
Garantia que o Estado, por meio de seus entes federativos (União, Unidades Federativas e
Municípios) proporciona à sociedade, a fim de assegurar a Ordem Pública, contra violações
legais de toda espécie.

2Forças Adversas são pessoas, grupos de pessoas ou organizações cuja atuação comprometa a preservação
da ordem pública, o estado democrático de direito, o funcionamento dos poderes constituídos ou a soberania
nacional.

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Serviços Operacionais Eletivos
Serviços que não possuem caráter impositivo quanto a sua implantação, servindo de guia
aos Comandantes que são os responsáveis pelo lançamento do efetivo policial militar sob
sua responsabilidade e respectivo aporte logístico para execução das ações e operações,
respeitadas a realidade social, cultural e geográfica da comunidade a que se destina. Os
serviços eletivos possuem características de discricionariedade, com escolha
fundamentada, ainda, segundo diagnóstico da demanda local e a análise do fenômeno
criminal de cada localidade e território.

Serviços Operacionais Especializados


São serviços exercidos por policiais militares com capacidade técnica específica, voltada
para a atuação diferenciada, em ocorrências que por sua natureza, requeiram o emprego
destes militares. O exercício das atividades especializadas ocorre em situações que
extrapolam a capacidade de atuação do Policiamento Ostensivo Geral, seja pela
particularidade do evento ou diante do conhecimento técnico necessário para atuação.

Serviços Operacionais Essenciais


Serviços considerados basilares e sustentáculos no desenvolvimento da polícia ostensiva e
preservação da ordem pública de modo ordinário. Trata-se de serviços operacionais
imprescindíveis e obrigatórios.

Serviços Operacionais Ordinários


Serviços em que o efetivo da Polícia Militar é empregado prioritariamente com ênfase no
policiamento preventivo e de atendimento à comunidade.

Setor
Espaço físico atribuído à responsabilidade de Pelotão de Polícia Militar (Pel PM).

Setorização
Estratégia de segurança pública preventiva de delimitação territorial, cujo procedimento
consiste em organizar o ambiente/espaço de atuação com o objetivo de atuar em
proximidade/interação com a comunidade em atenção aos problemas que afetam a
qualidade de vida local.

Subárea
Espaço físico atribuído à responsabilidade de uma Companhia da Polícia Militar (Cia PM).

Subsetor
Espaço físico atribuído à responsabilidade de Grupo de Polícia Militar (Gp PM).

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Tática Policial Militar
Arte de empregar a tropa em ações e operações policiais militares de forma a se aplicar com
eficiência os recursos técnicos que dispõe, ou de se explorar as condições favoráveis para
se atingir os objetivos desejados.

Técnica Policial Militar


Conjunto de métodos e procedimentos usados para a execução eficiente das atividades
policiais militares.

Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO)


Procedimento de formalização da ocorrência policial referente à prática de infração de
menor potencial ofensivo, em peça escrita, contendo circunstâncias e dados detalhados do
fato.

Universalidade
Princípio no qual todo policial militar, independentemente do tipo de especialização e área
de emprego, deve estar preparado para adoção de medidas, ainda que preliminares, em
qualquer ocorrência que presencie ou para a qual seja acionado ou determinado.

Zona Quente de Criminalidade (ZQC)


Todo local que, por sua característica e histórico do registro de ocorrências policiais,
apresente grande probabilidade de reincidência, demandando emprego preventivo e
repressivo direcionado e dedicado.

18
4 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

A PMMG estrutura-se em três níveis decisórios: Direção Geral, Direção Intermediária e


Execução.

O nível de Direção Geral ou Estratégico é responsável pelas decisões estratégicas visando


à organização, coordenação e controle das Unidades dos demais níveis da Corporação.
Compõe-se pelo Comando-Geral e aquelas que a ele se subordinam diretamente como o
Gabinete do Comando-Geral e suas estruturas, dentre outras.

O nível de Direção Intermediária ou Tático é composto pelas Regiões de Polícia Militar


(RPM), Diretorias, Comando de Policiamento Especializado (CPE), Comando de Aviação do
Estado (ComAvE), Comando de Policiamento Rodoviário (CPRv) e Comando de
Policiamento de Meio Ambiente (CPMAmb), além da Academia de Polícia Miliar (APM) e
Corregedoria da Polícia Militar (CPM), e é responsável, perante o Comando-Geral, pela
condução das respectivas Unidades nos campos operacionais e de apoio.

O nível de Execução subdivide-se em Unidades de Execução Operacional (Batalhões,


Companhias Independentes, incluindo as Unidades Especializadas) e Unidades de
Execução de Apoio (Centros, Colégio Tiradentes e Hospital da Polícia Militar, por exemplo),
que são responsáveis pelo cumprimento das diretrizes, ordens e instruções emanadas pelas
Unidades de Direção, na execução da atividade-fim ou atividade-meio, respectivamente.

Figura 1 – Estrutura Organizacional da PMMG

Fonte: Adaptado pelos autores

19
4.1 Estrutura e Articulação Operacional

Para fins de planejamento, comando, coordenação, execução e controle, as Unidades da


PMMG, nos diversos níveis, mantêm uma relação hierárquica e vertical de sua estrutura
organizacional de acordo com o espaço geográfico ou missão institucional. O conjunto
dessas relações da estrutura operacional, previamente estabelecido entre as Unidades nos
diversos níveis, denomina-se articulação operacional.

O Estado de Minas Gerais, no campo operacional, é dividido em frações com diversas


dimensões, tendo como base os limites geográficos dos municípios, que ficarão sob a
responsabilidade de determinada estrutura da PMMG em seus respectivos níveis, quais
sejam: Região de Polícia Militar (RPM), Batalhão de Polícia Militar (BPM), Companhia de
Polícia Militar Independente (Cia PM Ind), Companhia de Polícia Militar (Cia PM), Pelotão de
Polícia Militar (Pel PM), Grupo de Polícia Militar (Gp PM) e Subgrupo de Polícia Militar (Sub
Gp PM).

A definição da estrutura e da articulação operacional baseia-se em critério técnicos e


objetivos que visam a melhoria na prestação do serviço da PMMG à comunidade, quais
sejam:
a) população;
b) área da unidade territorial;
c) densidade demográfica;
d) incidência de pobreza;
e) índice de desenvolvimento humano;
f) realidades culturais locais;
g) frota de veículos;
h) Produto Interno Bruto (PIB);
i) efetivo policial;
j) registro de crimes violentos no último ano;
k) média de registro de crimes violentos nos últimos 3 anos;
l) registro de delitos típicos de polícia no último ano;
m) média do registro de delitos típicos de polícia nos últimos 3 anos;
n) total de chamadas 190;
o) estrutura de atendimento do 190;
p) distância da sede do pelotão, companhia e, ou batalhão;
q) processos críticos operacionais e administrativos;
r) presença de outros órgãos de segurança nos municípios;
s) existência de Unidade prisional na localidade;

20
t) deslocamentos motorizados para registros de ocorrências policiais;
u) sazonalidades específicas;
v) outras variáveis que influenciam no trabalho desenvolvido pela PMMG.

Para se criar mais de um Batalhão na sede de um município, a população desta localidade


tem que ser acima de 400 (quatrocentos) mil habitantes.

Para a criação de um Batalhão de Policiamento Especializado (BPE), seu efetivo existente


deve conter no mínimo 250 (duzentos e cinquenta) policiais militares. Para a criação das
Companhias de Polícia Militar Independente de Policiamento Especializado (Cia PM Ind.
PE), seu efetivo existente deve conter no mínimo 100 (cem) policiais militares.

A criação das UEOp especializadas, fica condicionada a capacidade interna de efetivo e


infraestrutura operacional da RPM, sendo necessário para a sua propositura, a presença
dos serviços do portifólio destinados ao primeiro e segundo esforços obrigatoriamente, nas
UEOp de responsabilidade territorial.

Havendo o interesse do Comandante da Região de Polícia Militar em criar ou recategorizar


uma UEOp, deve-se proceder o Estudo de Situação, encaminhando-o ao nível estratégico
da PMMG, através do Chefe do Estado-Maior da PMMG para a devida avaliação técnica e
emissão de parecer fundamentado pela Assessoria Estratégica de Emprego Operacional
(PM3), como forma de subsidiar a decisão da autoridade competente.

A fonte dos dados para análise da estrutura e articulação operacional será dos dados
oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e dos sistemas de grande
porte institucionais, como o Sistema de Gestão Operacional (SiGOp), armazém de dados de
registros criminais, dentre outros que forem necessários.

4.1.1 Região de Polícia Militar (RPM)

Unidade de Direção Intermediária, comandada por Oficial do último posto da Corporação,


com ascendência hierárquica imediata às Unidades de Execução Operacional (Batalhões,
Cia PM Ind e Cia PM) cuja sede deverá localizar-se nos municípios mais expressivos do
ponto de vista demográfico, socioeconômico e político, situados no espaço geográfico de
sua responsabilidade.

Essa divisão do Estado em Regiões de Policiamento atribui, aos respectivos comandantes,


a responsabilidade perante o Comandante-Geral pelas atividades de policiamento ostensivo
e preservação da ordem pública no espaço físico da respectiva Região além da

21
implementação das políticas e diretrizes operacionais do Comando-Geral nos respectivos
espaços territoriais de responsabilidade.

4.1.2 Comando de Policiamento Especializado (CPE)

Unidade de Direção Intermediária, equiparada ao nível de RPM, comandada por Oficial do


último posto da Corporação, com ascendência hierárquica imediata às Unidades de
Execução Operacional de Policiamento Especializado, cuja sede encontra-se na Capital do
Estado. Tem como responsabilidade a coordenação, controle e emprego das Unidades
Especializadas sob sua responsabilidade.

Cabe ao CPE também, a coordenação técnica dos Batalhões de Policiamento Especializado


(BPE) e Companhias PM Independentes de Policiamento Especializado (Cia PM Ind. PE)
em todo o Estado, devendo realizar supervisões técnicas regularmente em tais Unidades.

4.1.3 Comando de Aviação do Estado (ComAvE)

Unidade de Direção Intermediária, equiparada ao nível de RPM, comandada por Oficial do


último posto da Corporação, com ascendência hierárquica imediata às Unidades de
Execução Operacional de Radiopatrulhamento Aéreo, cuja sede encontra-se na Capital do
Estado.

O ComAvE foi instituído, no âmbito do Estado de Minas Gerais, pelo Decreto n. 47.182, de
08 de maio de 2017 e alterado pelo Decreto n. 47.696 de 02 de agosto de 2019 que prevê a
gestão centralizada das aeronaves da PMMG, das Secretarias e dos Órgãos autônomos do
Estado, com exceção do CBMMG e PCMG, respeitada a autonomia e competência legal de
lcada instituição.

Além disso, tem como missão a coordenação, controle e emprego das Unidades de
radiopatrulhamento aéreo sob sua responsabilidade. É o órgão central do Sistema de
Sistema de Aeronave Remotamente Pilotada (RPA) da PMMG, nos termos do previsto na
Instrução nº 3.03.25/2018 – CG. É responsável pela formação de comandantes de
aeronaves de asas fixas e rotativas, comandantes de operações aéreas, pilotos de
aeronaves remotamente pilotadas e tripulantes operacionais de aeronaves.

4.1.4 Comando de Policiamento Rodoviário (CPRv)

Unidade de Direção Intermediária, equiparada ao nível de RPM, comandada por Oficial do


último posto da Corporação, com ascendência hierárquica imediata às Unidades de

22
Execução Operacional de Policiamento Rodoviário, cuja sede encontra-se na Capital do
Estado. Tem como responsabilidade o comando e coordenação do emprego do
policiamento rodoviário nas rodovias estaduais e federais delegadas à PMMG. Em função
da abrangência territorial das frações distribuídas em diversos pontos do Estado, atua em
consonância ao 1º esforço de emprego operacional, executando suas atribuições
específicas.

4.1.5 Comando de Policiamento de Meio Ambiente (CPMAmb)

Unidade de Direção Intermediária, equiparada ao nível de RPM, comandada por Oficial do


último posto da Corporação, com ascendência hierárquica imediata às Unidades de
Execução Operacional de Meio Ambiente, cuja sede encontra-se na Capital do Estado. Tem
como responsabilidade a coordenação, controle e emprego das Unidades de policiamento
de meio ambiente sob sua responsabilidade. Em função da abrangência territorial das
frações distribuídas em diversos pontos do Estado, atua em consonância ao 1º esforço de
emprego operacional, executando suas atribuições específicas.

4.1.6 Batalhão de Polícia Militar (BPM)

É a denominação dada às Unidades de Execução Operacional, subordinadas diretamente


as Unidades de Direção Intermediária (UDI) de Execução Operacional (Comandos
Regionais) e comandadas por Tenente Coronel PM, com a finalidade de executar atividades
de polícia ostensiva em sua respectiva área de responsabilidade territorial e/ou missão, no
caso das Unidades de Execução Operacional (UEOp) que exercem atividades
especializadas.

4.1.7 Companhia Independente de Polícia Militar (Cia PM Ind.)

Denominação dada às Unidades de Execução Operacionais subordinadas diretamente aos


Comandos Regionais, com missão de executar ações e operações de polícia ostensiva, em
suas respectivas áreas de responsabilidade territorial. Criadas em municípios cujas
características demográficas, socioeconômicas e políticas exijam maior representatividade
policial militar, sendo comandadas por Tenente Coronel PM/Major PM. Possui o mesmo
nível funcional e hierárquico de um Batalhão, entretanto com características estruturais
diferentes, com uma administração menos densa. Neste contexto, enquadram-se também,
as Companhias de Polícia Militar Independentes de Policiamento Especializado (Cia PM Ind.
PE), com missões e atribuições específicas.

23
4.1.8 Companhia de Polícia Militar (Cia PM)

Denominação dada à Subunidade PM subordinada a um Batalhão de Polícia Militar. São


comandadas por Oficial Superior (Major PM) e Oficial Intermediário da PMMG, de acordo
com previsão em Resolução do Comando-Geral.

4.1.9 Pelotões de Polícia Militar (Pel PM)

Denominação dada à fração PM subordinada diretamente a uma Cia PM Ind. ou Cia PM,
comandada por Oficial Subalterno da PMMG, tendo como fração imediatamente
subordinada os Gp PM.

4.1.10 Grupo PM (Gp PM)

Denominação dada à fração PM subordinada diretamente a um Pel PM, via de regra, com
responsabilidade territorial sobre um município, tendo como fração imediatamente
subordinada os Subgrupos PM (Sub Gp PM). O Grupo PM também pode ser chamado
Destacamento PM.

4.1.11 Subgrupo PM (Sub Gp PM)

É a menor fração PM da corporação, subordinada a um Gp PM e, via de regra, tem


responsabilidade territorial sobre o distrito de um município. Também é chamado por
Subdestacamento PM.

4.2 Articulação Territorial entre os órgãos do Sistema de Defesa Social

O modelo de defesa social vigente no Estado de Minas Gerais é calcado no pensamento


sistêmico, ou seja, aquele em que todos compartilham de maneira integrada, a busca de
medidas efetivas para a solução dos problemas, sem que se atribua a único órgão, a
responsabilidade de resposta frente ao fenômeno da criminalidade.

Neste viés, uma das medidas adotadas no âmbito de Estado foi criar a Resolução Conjunta
n. 176 de 21 de janeiro de 2012, que define a articulação territorial entre os órgãos do
Sistema de defesa Social, apresentados conforme se segue abaixo.

4.2.1 Área Integrada de Segurança Pública: as Áreas Integradas de Segurança Pública, lato
sensu, são circunscrições territoriais que agregam agências prestadoras de serviços
públicos essenciais, com a responsabilidade compartilhada e direta de uma Unidade/fração
da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros Militar e uma Delegacia de Polícia Civil, operando

24
como unidades de planejamento, execução, controle, supervisão, monitoramento corretivo e
avaliação das ações locais de segurança.

No contexto da vigente política de integração da Defesa Social em Minas Gerais, as áreas


integradas estão delineadas em três níveis:

4.2.1.1 Região Integrada de Segurança Pública (RISP), composta por uma RPM e por um
Departamento de Polícia Civil.

4.2.1.2 Área de Coordenação Integrada de Segurança Pública (ACISP), composta por uma
UEOp (BPM ou Cia PM Ind) e uma Delegacia Regional de Polícia Civil.

4.2.1.3 Área Integrada de Segurança Pública (AISP), composta por uma fração PM (Cia ou
Pel) e uma Delegacia de Polícia Civil.

A formatação das AISP decorre da compatibilização das áreas de competência das forças
policiais, procurando respeitar as divisões administrativas adotadas pelas prefeituras, a
partir da referência dos indicadores demográficos, socioeconômicos e de infraestrutura, bem
como a partir da base estrutural da qual se assenta o planejamento e a oferta de serviços
públicos essenciais. Esse pressuposto deve ser perseguido por todas as RPM.

As Áreas Integradas de Segurança Pública preservam, sempre que possível, a antiga


localização das sedes de unidades operacionais das Polícia Militar e Civil, ajustando, porém,
suas circunscrições aos limites de municípios e bairros, no interior do Estado, e aos
contornos de bairros e regiões administrativas, na capital. Elas visam:

a) integrar as polícias, as comunidades e as agências públicas e civis prestadoras de


serviços essenciais à população;
b) melhorar a qualidade dos serviços de segurança pública à luz de diagnósticos
tecnicamente orientados sobre a criminalidade, a violência e a desordem,
adequando essa oferta às demandas comunitárias locais;
c) integrar as forças de segurança estadual e municipal, possibilitando o
planejamento e a execução de políticas locais de policiamento em sintonia com a
realidade de cada região do Estado e da capital;
d) adequar as forças policiais ao seu ambiente de atuação e às necessidades
específicas das comunidades;
e) racionalizar e otimizar o emprego dos recursos de segurança pública,
incorporando os serviços públicos essenciais ao planejamento estratégico das
organizações policiais;

25
f) possibilitar a participação consultiva da comunidade na gestão local da segurança
pública, por intermédio da criação de um Conselho Comunitário de Segurança em
cada área integrada;
g) viabilizar a prestação de contas regular e transparente dos serviços de segurança
pública ofertados.

26
5 ATUAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS NA SEGURANÇA PÚBLICA

A PMMG, no desempenho de sua missão constitucional de polícia ostensiva e preservação


da ordem pública, desenvolve diversas estratégias na prevenção e repressão criminal.

Importante observar que é citado na Constituição Federal o termo “polícia ostensiva” em vez
de “policiamento ostensivo”, ampliando o conceito e elevando-o para além do procedimento,
de forma que se assegure que o policiamento seja apenas uma fase da atividade de polícia.
O policiamento corresponde apenas à atividade de fiscalização. Por esse motivo, a
expressão “polícia ostensiva” expande a atuação de polícia militar à integridade do exercício
do poder de polícia.

O adjetivo “ostensivo” refere-se à ação de presença, característica do policial fardado, que


por intermédio da estrutura e estética militar, com uso de uniformes, equipamentos e
distintivos próprios, representa e evoca a força da corporação policial.

O Decreto-Lei n. 667, de 02 de julho de 1969, recepcionado pela Constituição Federal,


menciona de forma inconteste a competência das polícias militares. Em seu art. 3º afirma
que as polícias militares são “instituídas para a manutenção da ordem pública e segurança
interna nos Estados, nos Territórios e no Distrito Federal [...]”.

Outrossim, no mesmo art. 3º consta a competência das Polícias Militares:


a) executar com exclusividade, ressalvadas as missões peculiares das Forças
Armadas, o policiamento ostensivo, fardado, planejado pela autoridade competente,
a fim de assegurar o cumprimento da lei, a manutenção da ordem pública e o
exercício dos poderes constituídos; (Redação dada pelo Del nº 2010, de 12.1.1983)
b) atuar de maneira preventiva, como força de dissuasão, em locais ou áreas
específicas, onde se presuma ser possível a perturbação da ordem; (Redação dada
pelo Del nº 2010, de 12.1.1983)
c) atuar de maneira repressiva, em caso de perturbação da ordem, precedendo o
eventual emprego das Forças Armadas; (Redação dada pelo Del nº 2010, de
12.1.1983)
d) atender à convocação, inclusive mobilização, do Governo Federal em caso de
guerra externa ou para prevenir ou reprimir grave perturbação da ordem ou ameaça
de sua irrupção, subordinando-se à Força Terrestre para emprego em suas
atribuições específicas de polícia militar e como participante da Defesa Interna e da
Defesa Territorial; (Redação dada pelo Del nº 2010, de 12.1.1983)
e) além dos casos previstos na letra anterior, a Polícia Militar poderá ser convocada,
em seu conjunto, a fim de assegurar à Corporação o nível necessário de
adestramento e disciplina ou ainda para garantir o cumprimento das disposições
deste Decreto-lei, na forma que dispuser o regulamento específico. (Incluída pelo
Del nº 2010, de 12.1.1983)

Vê-se, portanto, que a missão constitucionalmente prevista para a Polícia Militar, de


executar com exclusividade o policiamento ostensivo, fardado, já era prevista em Lei. O
militar, no exercício de suas funções constitucionais, isoladamente ou não, é autoridade

27
policial militar. Essa autoridade decorre do poder/dever do exercício das atividades da
polícia ostensiva. Assim, a autoridade de um policial militar, em qualquer nível, implica
direitos e responsabilidades.

Conforme afiança Lazzarini (2009), “o policial militar é um agente público, ou seja, é a


pessoa física incumbida de concretizar o dever do Estado de dar segurança pública, para
preservar a ordem pública, a incolumidade das pessoas e do patrimônio, como previsto no
artigo 144, caput, da Constituição da República”.

Assim, o militar que, por exemplo, relatar uma ocorrência, realizar uma busca pessoal,
desviar o trânsito de uma via, autuar um infrator do trânsito ou efetuar uma prisão, estará no
exercício de uma competência que lhe é atribuída por lei.

A autoridade do militar, que legitima a sua ação, decorre de sua investidura no cargo ou
função para o qual foi designado. O poder público do qual o militar é investido deve ser
usado como atributo do cargo e não como privilégio de quem o exerce. É esse poder que
empresta autoridade ao agente público.

Ainda conforme Lazzarini (2009),


O policial militar [...] encarna a autoridade do Estado, conforme temos sustentado,
com base na doutrina e na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. O policial
militar, com efeito, enquadrando-se na espécie de agente administrativo do gênero
agente público, dentro da sua investidura legal de oficial ou praça, tem a
correspondente autoridade pública para fazer o Estado vencer as resistências
daquelas pessoas, físicas ou jurídicas, que não atendam os atos de Governo ou da
Administração Pública, lembrando-se que tais atos sempre se presumem legítimos
e, portanto, são de atendimento imperativo aos seus destinatários.
O policial militar, exercendo o Poder de Polícia, concretiza em ato o verdadeiro
Poder Público, removendo, com medidas quase sempre coercitivas, os obstáculos
impostos pelos destinatários dos atos do Governo ou da Administração Pública.

Quanto à missão constitucional, em uma perspectiva contemporânea, verifica-se que o novo


Estado Democrático de Direito, concebido pela Constituição da República de 1988,
redimensiona a ordem social, apresentando a ampliação da missão constitucional reservada
às instituições policiais militares para além do policiamento ostensivo, direcionando seu foco
de atenção ao bem estar das pessoas, à garantia dos direitos fundamentais, ao livre
exercício da cidadania; enfim, à valorização da segurança cidadã e humana.

Vivenciando este cenário foi desenvolvido pela Instituição o Plano de Reestruturação da


PMMG que estabelece as seguintes premissas: fortalecimento do policiamento ostensivo,
combate à interiorização do crime, redução da criminalidade violenta e aumento da sensação
de segurança.

28
As medidas adotadas pela PMMG no combate à criminalidade levam em consideração as
teorias do crime, suas causas e consequências e preveem a realização de ações diretas e
indiretas que impactam na ocorrência da criminalidade. De igual modo, visando a ampliação
da sensação da segurança e a redução do medo do crime, a Corporação também executa
ações direcionadas para estes seguimentos, levando-se em consideração as condicionantes
individuais que influenciam na percepção da comunidade sobre o tema.

5.1 Senso de Legalidade e Legitimidade

A ação dos policiais militares, no exercício de polícia ostensiva em suas diversas


configurações, serviços e oportunidades, deve desenvolver-se dentro dos estritos limites
legais. Conforme enumeram as teorias do direito administrativo, o exercício do Poder de
Polícia é discricionário, mas não é arbitrário. Seus parâmetros são definidos pela própria lei.

A estrita observância aos limites legais, associada à observância das necessidades e


aspirações da população, assegura a legitimidade das ações policiais, propiciando assim,
um clima de convivência harmoniosa, pacífica, de respeito e credibilidade.

O senso de legalidade não pode estar dissociado do senso comum da ordem pública, isto é,
dos valores cultuados pela comunidade como essenciais à sua harmonia, do desejo coletivo
de preservar certos costumes, certas condições de convivência ou situações ou fatos que,
se modificados por alguém, possam afetar a moral e a ética social.

O cidadão, indistintamente, tem assegurados os seus direitos e garantias fundamentais,


sendo invioláveis o direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos constitucionais. O agente público, policial militar, que tem a missão de garantir o
exercício desses direitos, não pode, consequentemente, ignorá-los ou violá-los.

Mesmo aquele cidadão que é acusado ou apanhado no cometimento de ilícitos, deve ser
assegurada a dignidade e integridade física, em respeito à sua condição humana. O uso de
força na atividade policial, quando necessário, deve ser legítimo e proporcional à condição
apresentada pela pessoa abordada, observando-se ainda, os princípios essenciais ao seu
uso.

O senso de legalidade deve orientar a conduta de todo e qualquer profissional de segurança


pública. Deve presidir todos os seus atos e inspirar suas ações, qualquer que seja a
atividade a desempenhar.

29
A Polícia Militar de Minas Gerais, em sua pujante trajetória de serviços prestados à
comunidade mineira, atuando sempre com a observância da legalidade e legitimidade,
estabeleceu uma nova concepção em seu arcabouço operativo-doutrinário, procurando
extirpar práticas violentas e arbitrárias.

O Manual Técnico Profissional nº 3.04.01/2013 – CG (Caderno Doutrinário n. 1), que trata


sobre Intervenção policial, processo de comunicação e uso de força, apresenta o modelo de
uso diferenciado da força que deve ser objeto de constante consulta e estudo dos policiais
militares.

Nos aspectos procedimentais norteados pela doutrina, há a diferenciação entre o uso de


violência e o uso de força, sendo a primeira atitude reprovada. O esquema a seguir ilustra a
diferenciação entre eles.

Figura 02 - Uso de Violência x Uso de Força.


• Arbitrário
• Ilegal
USO DE VIOLÊNCIA • Ilegítimo
• Amador

ATIVIDADE
POLICIAL

• Profissional
• Legal
USO DE FORÇA • Legítimo
• Profissional

Fonte: MINAS GERAIS (2002)3, adaptado.

A lógica ilustrada norteia o correto direcionamento e dimensionamento da atividade policial.


Essa postura se consolida com a irradiação da doutrina de Direitos Humanos, de forma
transversal em todas as atividades de formação, treinamento e práticas operacionais da
Polícia Militar.

Assim, deve estar sempre claro para todos os policiais militares que o uso de força é um
instrumento de trabalho da polícia. Conhecer as leis que balizam o seu uso, bem como as
várias circunstâncias e intensidades disponíveis do uso de força, é uma necessidade.

3 MINAS GERAIS. Polícia Militar. Manual de Prática Policial , Volume 1. Belo Horizonte. MG, 2002.

30
6 METODOLOGIA DE EMPREGO OPERACIONAL

6.1 Teoria do Crime

Os estudos sociológicos que explicam a existência e as causas da violência, em geral,


levam em consideração as características do indivíduo autor do crime e suas motivações, os
hábitos e rotinas das vítimas e o ambiente em que ambos estão inseridos.

A abordagem sociológica do crime ganhou destaque nas primeiras décadas do século XX


com os estudos da Escola de Chicago e vem sendo largamente utilizada pelos órgãos de
Segurança Pública no planejamento de operações policiais na prevenção da criminalidade.

Esta abordagem objetiva a análise do fenômeno do crime como uma relação dinâmica e
inter-relacional entre o ambiente, os grupos sociais ali instalados e o próprio indivíduo.
Trouxe grandes contribuições para diversas correntes teóricas, tais como, as atividades
rotineiras, janelas quebradas, desorganização social, dentre outras (SILVA, 2013).

A Teoria das Atividades Rotineiras vincula a decisão racional de cometimento do delito à


oportunidade e ao contexto situacional do autor, acentuando a relevância dos fatores
temporais e espaciais e a falha no controle social formal e informal (MOLINA E GOMES,
2006).

Esta teoria vincula a existência do delito a três fatores essenciais convergentes no tempo e
espaço, quais sejam: ofensor motivado e disposto a cometer o delito; alvo disponível que
possa ser atacado; e ausência de guardiões capazes de impedir a ocorrência do crime.
Nesta lógica a atuação preventiva em qualquer um destes fatores anula a possibilidade de
ocorrência do crime (CLARKE; FELSON, 1998; MOREIRA, 2005).

De acordo com a Teoria do Meio ou Entorno Físico, o infrator observa as vulnerabilidades


que o espaço físico pode oferecer na decisão pelo cometimento do delito. Esta teoria
explicaria, por exemplo, a existência recorrente de delitos em determinados locais de uma
cidade. Desta feita, uma ação preventiva, tornando o ambiente mais seguro, reduziria a
probabilidade de ocorrência do delito naquela localidade (MOLINA e GOMES, 2006).

31
A Teoria da Desorganização Social4, por sua vez, afirma que a incapacidade de controle
social informal da comunidade enfraqueceria as relações entre seus membros e os tornaria
mais propensos a desrespeitar as normas e as regras.

O Modelo Sistêmico da Organização Social, proposto por Bursik e Grasmick (1993), apoia
que o fortalecimento do controle social privado, relacionado aos grupos primários como a
família e amigos mais próximos; o paroquial, estabelecido a partir das relações entre
membros da comunidade com menor vinculação e também naquelas advindas de
participações em instituições como igrejas e associações/grupos comunitários; e o público,
com atuação do setor público na promoção de controle social por meio de ação proativa das
forças públicas ou por provocação por membros ou grupos comunitários, é essencial para a
redução da criminalidade (SILVA, 2013). O fortalecimento do controle social, nos níveis
primário, paroquial e público, desta forma, ensejaria na redução do crime.

As perspectivas de planejamento operacional dos Comandantes, em diversos níveis, estão


amparadas no fato de que as causas e variáveis que contribuem para a existência do delito
devem ser conhecidas e levadas em consideração para que o emprego dos recursos
humanos e do aparato logístico seja efetivado de forma lógica, real e com qualidade.

As teorias de causação do crime, ao lançarem luz sobre determinadas variáveis e


sua epidemiologia, permitem que o planejador do Estado escolha dentre inúmeras
variáveis aquelas que supostamente devem ser as mais importantes. Os modelos
empíricos, ao detalharem a metodologia de aferição, possibilitam a centralização das
atenções e dos escassos recursos públicos em algumas poucas variáveis, que
podem não explicar uma verdade universal, mas interferem decisivamente (com
maior probabilidade) na dinâmica criminal daquela região onde se quer intervir
(CERQUEIRA e LOBÃO, 2004, p. 234).

O Modelo de Prevenção Criminal mencionado por Brantngham e Faust (1976) adota três
níveis de abordagens de prevenção: primária, secundária e terciária, conforme descreve
Sento-Sé (2011).

A prevenção primária é concebida como uma abordagem abrangente, que articula


ações a partir da identificação de áreas e públicos potencialmente sujeitos a serem
arrastados pela violência, antes que ela instaure-se efetivamente. A prevenção
secundária seria mais circunscrita. Ela diria respeito a populações e regiões
identificadas como portadoras de características passíveis de serem identificadas
como zonas de risco. Finalmente, a prevenção terciária diria respeito a iniciativas
focadas em áreas conflagradas ou evidentemente identificadas como espaços
recorrentes de episódios criminais e populações reconhecidas como vítimas ou
agressores consumadas. (SANTO-SE, 2011, p. 22)

4 De acordo com o modelo proposto por Shaw e McKay a desorganização social é ocasionada pelos seguintes
fatores: mobilidade social, a heterogeneidade ética e o baixo status econômico (SILVA, 2004).

32
Gartner (2008) apresentou variantes da abordagem de Brantngham e Faust (1976)
descrevendo a prevenção primária como uma intervenção focada nas condições gerais do
indivíduo que favorecem a ocorrência da violência. A prevenção secundária estaria voltada a
indivíduos e grupos com maior vulnerabilidade para envolvimento como autor ou vítima de
violência; a terciária seria direcionada aqueles indivíduos recorrentes como autores de
violência, como forma de se evitar a reincidência (SENTO-SE, 2011).

Tonry e Farrington (1995), com uma análise mais recente, trabalhou a prevenção criminal
em quatro aspectos: prevenção à evolução criminal com foco nos fatores de risco para que
indivíduos se tornem autores e vítimas de crimes; prevenção comunitária com foco nas
condições sociais que potencialmente promovem a degradação dos ambientes; prevenção
situacional voltada para a decisão do indivíduo em cometer o delito, especialmente o cálculo
do custo/benefício desta conduta; e prevenção criminal que são estratégias em diversas
áreas adotadas pelo Poder Público.

A atividade de prevenção da violência e da criminalidade, levada a efeito pelos Comandos


em seus diversos níveis, devem considerar as teorias que explicam a existência do crime,
propondo intervenções cabíveis a cada tipo de delito, sejam elas direcionadas ao autor, à
vítima ou ao ambiente.

O planejamento operacional pode ser empreendido pela combinação do objetivo, do


diagnóstico e da estratégia. Além disso, ele é sustentado por um triângulo, conforme se vê
na figura abaixo, na qual cada vértice deve responder a uma pergunta: Aonde queremos
chegar? Onde estamos? E qual caminho trilharemos?

Figura 3 – O triângulo do planejamento.

Fonte: Adaptado de FERNANDES, 2017.

33
Visando desenvolver adequadamente o processo de emprego operacional apresenta-se a
metodologia de solução de problemas, com a utilização de ferramentas importantes que
devem ser utilizadas para indicar ou direcionar as melhores práticas ou decisões a serem
tomadas para alcance dos objetivos estratégicos da PMMG.

6.2 Metodologias de Solução de Problemas

6.2.1 Policiamento orientado para o problema

O policiamento para solução de problemas, também conhecido como policiamento orientado


para o problema, é uma estratégia que tem como objetivo principal a adoção de medidas de
caráter preventivo direcionado para diversas áreas que apresentam problemas recorrentes.

Esta estratégia busca atuar nas causas do crime como forma de solução imediata de
incidentes específicos e prevenção a médio e a longo prazo para crimes semelhantes em
determinado território.

A solução de problemas deve ser parte da rotina de trabalho policial e seu emprego regular
pode contribuir para a redução ou solução dos crimes, melhorar a sensação de segurança e
até mesmo diminuir a desordem física e moral vivenciada na comunidade. Os meios
utilizados são diferentes dos anteriores e inclui um diagnóstico das causas subjacentes do
crime, a mobilização da comunidade e de instituições governamentais e não governamentais.

O policiamento orientado para o problema utiliza-se do método analítico SARA5 (modelo


IARA), que é formado pelo acróstico de cada fase, conforme se vê na Figura 4.

Figura 4 – Método IARA no policiamento orientado para o problema

Fonte: GOLDSTEIN, 2003.

5 SARA – Scanning, Analysis, Response and Assessement.

34
O primeiro passo desse ciclo é reconhecer que as ocorrências que possuem um mesmo
padrão de repetição são “incidentes” de um problema maior e que precisam ter suas
origens/causas bem compreendidas para ser solucionado.

Para criar uma resposta adequada, os policiais utilizam as informações obtidas a partir do
atendimento das ocorrências, banco de dados de ocorrências policiais, a própria
comunidade, de pesquisas, etc., perpassando pelas quatro fases que compõem o método de
solução de problemas.

Desta forma, inicialmente se deve identificar, de forma precisa, quais os problemas


que levam os cidadãos a procurar a polícia. Uma vez identificados, cada problema
deve ser explorado minuciosamente, com a finalidade de conhecer as características
do problema e suas origens, de tal forma que seja possível estabelecer soluções mais
inteligentes e que proporcionem melhores resultados, seja na eliminação do problema
ou na redução de sua ocorrência, consequência ou outros efeitos adversos que possa
produzir. Finalmente, as respostas implementadas devem ser avaliadas, no sentido
de apurar se foram ou não efetivas (HÍPOLITO E TASCA 2012, p. 172).

a) 1ª Fase - Identificação

A identificação do problema6 é o primeiro passo na metodologia IARA e trata-se do processo


de estabelecer prioridades e definir qual o problema será enfrentado a partir de atos
concretos e dados coletados de fontes confiáveis.

Nesta fase as informações quantitativas e qualitativas podem ser suplementadas com


inteligência de Segurança Pública, além do uso de tecnologias de análise criminal. A
quantidade e qualidade dos dados obtidos têm impacto decisivo na solução do problema, por
isto devem ser obtidas de diversas fontes. Inclusive a comunidade pode e deve participar
desta coleta de dados, através da denúncia anônima, ou outra forma que preserve a sua
segurança. O Quadro 1 apresenta alguns exemplos de fontes dos dados tanto nas
organizações policiais quanto nas comunidades.

Quadro 1 – Fontes de dados para identificação do problema


Organizações Policiais Comunidades
Estatísticas, mapas de geoprocessamento, Entrevista com pessoas que têm sofrido com o
características socioeconômicas e geográficas problema, fazer um levantamento sobre o perfil
do ambiente onde o problema ocorre, da área (iluminação, lotes vagos, existência de
informações de inteligência, disque-denúncia, locais de lixo/entulhos, desordens gerais, etc) e
entrevistas com infratores que já foram um perfil da população do local (quantidade,
presos/apreendidos, informações em outras idade, hábitos, etc).
organizações públicas ou privadas, etc.
Fonte: MOREIRA; OLIVEIRA, 2004.

6 Conforme afirma Tasca (2010) um problema corresponde a um grupo de incidentes similares em tempo, modo,
lugar e pessoas, relacionados à Segurança Pública.

35
Para melhor classificação dos problemas, recomenda-se utilizar o diagrama do quadro 2, que
irá delimitá-los em uma das três categorias, conforme exposto abaixo:

Quadro 2- Diagrama de Classificação dos Problemas (exemplos fictícios)


Crime Medo do crime Desordem

Os transeuntes estão com Grafitagem não autorizada em


medo de fazer compras no prédios públicos.
horário comercial. (Principal
Problema, segundo a Prostituição de adolescentes
percepção da comunidade e próxima aos bares.
dos policiais).
Som auto em veículo
Furto de celular a transeunte. Os comerciantes estão automotores.
fechando os comércios devidos
Roubos aos estabelecimentos ao ”toques de recolher”. Após Veículo abandonado.
comerciais. 18:00 horas.
Lote vago e sem cercamento.
Os vizinhos têm medo e não
confiam uns nos outros, que Pessoas suspeitas, próximo aos
moram no centro comercial. estacionamentos.

As pessoas têm medo de Prédios sem manutenção e com


reportar os problemas para a pintura decadente.
polícia e outras autoridades.
Lixo espalhado.
As crianças têm medo de
brincar no parque.

Fonte: Adaptado de MOREIRA; OLIVEIRA, 2004.

Uma ferramenta importante para identificar problemas é a técnica brainstorming7,


popularmente conhecida como “Tempestade de Ideias”, que pode ser utilizada nas
seguintes fases:

I. identificação de problemas;
II. identificação de causas dos problemas;
III. identificação de soluções para as causas dos problemas.

Busca-se no brainstorming a potencialização na construção de ideias criativas para solução


de determinado problema, no qual o ato de julgar a ideia alheia é proibido. Outra ferramenta
que pode ser utilizada na fase de identificação do problema é o Diagrama de Pareto que
proporciona a priorização quantitativa de problemas e causas de resultados insatisfatórios.

7 Brainstorming é o método pelo qual um grupo tenta encontrar uma solução para um problema específico
através da acumulação de ideias espontâneas pela contribuição de todos os membros esse grupo (OSBRON,
1969).

36
Esta ferramenta baseia-se no princípio de Pareto, também conhecido como 80-20, onde
80% dos resultados provém de apenas 20% das causas/problemas potenciais. Desse modo,
seguindo uma metodologia de busca de informações, identificam-se os problemas e/ou
causas que são responsáveis por 80% dos resultados.

b) 2ª Fase - Análise

A fase da análise constitui-se no cerne do processo e por isso tem grande importância no
esforço para a solução do problema. Uma resposta adequada não será possível a menos
que se conheça, perfeitamente, a causa do problema.

Uma análise completa envolve a seriedade do problema, todas as pessoas, grupos


envolvidos e afetados, bem como as causas possíveis do problema, avaliando as atuais
respostas e sua efetividade.

Para facilitar o planejamento, o incidente é analisado sob a ótica de um triângulo, sendo que
cada lado corresponde a uma variável, que seriam: um agressor ou infrator; uma vítima em
potencial; e um local ou ambiente favorável. O triângulo de análise do problema ajuda os
envolvidos a visualizar o problema e entender o relacionamento entre os três elementos.

Figura 5 – Triângulo de Análise do Problema

Fonte: Adaptada de MOREIRA; OLIVEIRA, 2004.

Para que o crime ocorra deve haver a interação concomitante entre estes três elementos, do
contrário, na falta de algum deles, não haverá delito.

Parte do trabalho de análise do crime consiste em descobrir, o máximo possível, sobre


vítimas, agressores e locais onde existem problemas para que haja entendimento sobre o
que está provocando o problema e o que deve ser feito a respeito disso.

37
Quando os policiais e as lideranças comunitárias chegarem nesta fase, o problema escolhido
será devidamente analisado. O formulário proposto para facilitar o desencadeamento lógico
das ideias é o diagrama de Ishikawa (causa-efeito), adaptado para o contexto policial
A metodologia a ser utilizada na construção do diagrama perpassa pelo envolvimento da
comunidade e do grupo de policiais que descreverá as causas deste problema.

Figura 6 – Diagrama causa-efeito no policiamento (exemplo fictício)

Fonte: MOREIRA; OLIVEIRA, 2004.

c) 3ª Fase - Resposta

A fase de resposta corresponde ao desenvolvimento das ações adequadas para


enfrentamento do problema que foi claramente identificado e detalhadamente analisado.

Para desenvolver respostas amplas e adequadas devem ser consideradas ações dirigidas ao
agressor, vítima e local do fato, Triângulo de Análise do Problema (TAP), com a proposição
de soluções criativas que irão lidar com pelo menos dois lados deste triângulo.

É importante lembrar que a chave para desenvolver respostas adequadas, é certificar-se de


que as respostas são bem focalizadas e diretamente ligadas com as descobertas feitas na
fase de análise do problema.

38
Conforme Quadro 3 as respostas abrangentes podem frequentemente requerer prisões,
mudanças nas leis, etc. Mas as prisões nem sempre são as respostas mais efetivas.

Quadro 3 - Maneiras de lidar com o problema policial

Ordem Item Descrição


A efetividade é medida pela ausência total dos
tipos de ocorrência que o problema criava. É
1º Eliminar totalmente o problema improvável que a maior parte dos problemas
possam ser totalmente eliminados, mas alguns
podem.
Reduzir o número de ocorrências O objetivo é a redução do número de ocorrência

geradas pelo problema. provenientes do problema.
A efetividade para este tipo de solução é
3º Reduzir a gravidade dos danos demonstrada constatando-se que as ocorrências
são menos danosas.
Tratar o maior número de participantes de modo
mais humano, reduzir os custos, melhorar a
capacidade de lidar com a ocorrência. Ou seja,
4º Lidar melhor com velhos problemas
promover satisfação para as vítimas, reduzindo
os custos e outro tipo de medida que pode
mostrar que este tipo de solução é efetivo.
A efetividade para este tipo de solução pode ser
medida pela observação de como a polícia está
Encaminhar o problema para outra lidando originalmente com o problema e a razão

autoridade não policial. de transferir a responsabilidade para outro.
Somente de ser adotada se o policial não puder
fazer nada para resolver.
Fonte: Adaptado de MOREIRA; OLIVEIRA, 2004.

Uma ferramenta importante que deve ser utilizada na definição de ações e


responsabilidades é a planilha 5W2H8 (em inglês). Ela é utilizada na elaboração de planos
de ação e possui uma sequência lógica de questionamentos que ao serem respondidos
potencializará o alcance de determinado objetivo.

Quadro 4- Diagrama 5W2H


Item Descrição
What (O quê?) Indica a ação a ser desenvolvida para atingimento da meta.
Why (Por quê?) Define o motivo pelo qual se deseja atingir a meta.
When (Quando) Indica o período de execução da ação.
Where (Onde) Define o local onde serão executadas as ações.
Designa o responsável por executar a ação definida para atingimento da
Who (Quem?)
meta.
How (Como?) Indica o método utilizado para se atingir a meta definida.
How Much (Quanto?) Apresenta os custos para implementação daquela ação.
Fonte: MOREIRA; OLIVEIRA, 2004.

8 5 W – why, what, when e where, who; 2 H – How e how much.

39
Outro formulário (Plano de Ação) pode ser utilizado com a própria metodologia 5W2H, pois,
este Plano direciona o trabalho do policial e da comunidade, facilitando a execução das
tarefas, e principalmente, estabelece com objetividade as metas a cumprir.

Quadro 5 - Plano de Ação de Policiamento – 5W2H

PLANO DE AÇÃO DE POLICIAMENTO (5W2H) Unidade:

Evento: Local: Data:

Objetivo (Why?): Próxima Reunião:

Quando Onde Quanto custa


Ação (What?) Como (How?)
(When?) (Where?) (How Much?)

Responsável pela meta: Outros contatos importantes:

Fonte: Adaptado de MOREIRA; OLIVEIRA, 2004.

d) 4ª Fase - Avaliação

Na etapa de avaliação, os policiais verificam a efetividade de suas respostas. Um número de


medidas tem sido tradicionalmente usado pela polícia e comunidade para avaliar o trabalho
da polícia. Isso inclui o número de prisões, nível de crime relatado, tempo de resposta,
redução de taxas, queixas dos cidadãos e outros indicadores.

Várias dessas medidas podem ser úteis na avaliação do esforço para solução de problemas,
entretanto, as medidas não tradicionais facilitam a avaliação onde o problema tem sido
reduzido ou eliminado. Moreira; Oliveira (2004) destaca alguns exemplos da literatura:

a) redução da quantidade de vítimas repetidas;


b) redução da quantidade de relatos de crimes ou ocorrências;
c) indicadores de qualidade de vida nos bairros, que podem incluir: salários para
comerciários em uma área-alvo, aumento de utilização da área, aumento do valor

40
venal das propriedades, diminuição da vadiagem, menos carros abandonados,
menos lotes sujos, entre outros;
d) aumento da satisfação do cidadão com respeito à maneira com que a polícia está
lidando com o problema (determinado através de pesquisas, entrevistas, etc.);
e) redução do medo dos cidadãos relativo ao problema; entre outros.

A avaliação é a chave para o método IARA. Se as respostas não são efetivas, as


informações reunidas durante a etapa de análise devem ser revistas. Portanto, a coleta de
novas informações é necessária para que nova solução seja desenvolvida e testada.
Quando o Plano de Ação é bem objetivo, facilita muito o trabalho de avaliação (cumprimento
de metas) por todos envolvidos no processo.

O policiamento orientado para o problema é uma estratégia “silenciosa”, pois geralmente as


ações alcançadas não são divulgadas na mídia. Por isso, a importância dos chefes policiais
e lideranças comunitárias terem os objetivos bem claros para não haver dificuldade de avaliar
(diariamente, semanalmente e mensalmente), a tarefa de cada policial. O ideal é fazer a
avaliação durante todo o processo, para justamente realinhar algum desvio. Isso porque, é
muito comum iniciar o cumprimento de um objetivo e surgirem outras demandas. Uma
maneira fácil de acompanhar cada objetivo, segundo o seu cumprimento de forma
percentual, pode ser demonstrada exemplificadamente conforme o Quadro 6.

Quadro 6 - Avaliação quantitativa do plano de ação de policiamento – exemplos fictícios

Orçamento já Cumprimento %
Ação Realizada Responsável
executado
25% 50% 75% 100%
Implantação do Sgt PM José + 5 Cb/Sd
R$ 30.000 - Bicicletas
policiamento de PM (treinados com o
e uniformes
bicicletas. curso de ciclopatrulha)
Divulgação de 7.500
Lucas - Presidente da R$ 8.000,00 para
folders de
Associação comercial. 10.000 folders.
autoproteção.
Realização de 10 Só custo indireto
Sgt PM João Carlos +
reuniões com os inerente ao serviço
Inspetora Maria Silva
comerciantes. policial.
Só custo indireto
Prisão de 2 infratores Sgt PM João do Grupo
inerente ao serviço
principais (lideres). Tático e detetive Paulo.
policial

Instalação de 3 Lucas – Presidente da R$ 8.000,00 para 3


outdoor. associação comercial. outdoor.
Fonte: MOREIRA; OLIVEIRA, 2004, p. 137 – 166.

41
6.3 Planejamento das Intervenções Policiais

Não se admite a ação de uma fração da Polícia Militar ou de um militar isolado que não
obedeça a um planejamento oportuno e, via de regra, escrito. Nos casos simples ou de
urgência, poderá ser verbal ou mental.
No planejamento para o emprego da tropa serão levados em conta os fatores intervenientes
básicos, quais sejam:

a) fatores determinantes: tipicidade; gravidade e incidência de ocorrências policiais


militares, presumíveis ou existentes;
b) fatores componentes: custos; espaços a serem cobertos; mobilidade; possibilidade
de contato direto, objetivando o conhecimento do local de atuação e
relacionamento; autonomia; facilidade de supervisão e coordenação; flexibilidade;
proteção ao PM;
c) fatores condicionantes: local de atuação; características físicas e psicossociais;
clima; dia da semana; horário; disponibilidade de recursos.

Os comandantes de frações, até o nível de subgrupo, deverão manter o acompanhamento


contínuo da situação de segurança pública nas respectivas circunscrições, analisando-a
devidamente e planejando medidas táticas (como lançar o efetivo) e técnicas (formas de
agir), que atendam, com qualidade e oportunidade, às necessidades locais.

Em qualquer ação, o policial militar deverá estar bem instruído, utilizar adequadamente os
meios disponíveis, em especial no tocante a armamento e equipamento, e receber ordens
claras que devem ser resumidas em documentos pertinentes.

Competirá a cada comandante exigir que os comandos subordinados ajam de forma


organizada, obedecendo a planejamento prévio que vise, de forma inteligente, antecipar-se
aos problemas locais e permitir soluções adequadas, aceitas e exequíveis, evitando
desgastes desnecessários de recursos humanos ou materiais.

Quando o militar age individualmente, em casos supervenientes ou emergentes, exige-se


lhe o planejamento mental, nunca prevalecendo o instinto. O planejamento mental deve ser
exercitado constantemente, com criatividade, capacitando o militar a solucionar, com
presteza e acerto, qualquer ocorrência, face às suas reiteradas atuações, em casos
variados, ao longo de sua carreira.

42
Os níveis e as etapas de uma intervenção policial são definidos em norma específica e
devem ser objeto de constante consulta e estudo dos policiais militares.

A racionalização do emprego de recursos humanos e materiais no policiamento são


fundamentais para a eficiência e eficácia das atividades, e deve ter por base informações
gerenciais de segurança pública, como: zonas quentes de criminalidade; dias e horários
com maior incidência criminal, vias e trechos rodoviários com maior índice de infrações e
acidentes de trânsito; locais com maior incidência de crimes e infrações ambientais; locais
com maior concentração demográfica; dentre outras.

O emprego dos recursos só obterá pleno rendimento operacional por intermédio de


minucioso planejamento, estribado na associação de variáveis que atentem para a
interveniência dos fatores determinantes, componentes e condicionantes do policiamento
ostensivo.

Deve ser uma tarefa incessante dos comandantes, em todos os níveis, a promoção do
enxugamento da máquina administrativa, com prioridade absoluta para a atividade-fim.
Mecanismos modernos de gerenciamento das atividades operacionais merecem estudos
contínuos e científicos, objetivando a alocação do maior número possível de militares nas
operações, bem como o melhor aproveitamento dos recursos materiais disponíveis.

Nesse contexto, o papel da supervisão é importantíssimo para detectar vulnerabilidades em


determinados pontos e a saturação de meios e efetivos em outros, indicando a necessidade
de remanejamentos no momento oportuno, ainda dentro do mesmo turno de serviço.

6.4 Alinhamento com o Plano Estratégico

O planejamento do emprego operacional na PMMG deve estar em sintonia com a missão,


visão e valores expressos no Plano Estratégico e, consequentemente, com os objetivos e
iniciativas estratégicas.

A estratégia organizacional representa a maneira pela qual a Instituição se comporta frente


ao ambiente que a circunda, procurando aproveitar as oportunidades potenciais do ambiente
e neutralizar as ameaças que rondam os seus negócios. É uma questão de saber ajustar-se
às situações.

43
Geralmente, ela envolve os seguintes aspectos fundamentais:

a) é definida pelo nível estratégico da organização, quase sempre por intermédio da


ampla participação de todos os demais níveis e negociação quanto aos interesses
e objetivos envolvidos;
b) é projetada em médio ou longo prazo e define o futuro e o destino da organização.
Neste sentido, ela atende à missão, focaliza a visão organizacional e enfatiza os
objetivos organizacionais a serem almejados;
c) envolve a organização na totalidade para obtenção de efeitos sinérgicos. Isto
significa que a estratégia é um mutirão de esforços convergentes, coordenados e
integrados para proporcionar resultados alavancados;
d) é um mecanismo de aprendizagem organizacional por intermédio do qual a
organização aprende com a retroação decorrente dos erros e acertos nas suas
decisões e ações globais. Obviamente, não é a organização que aprende, mas as
pessoas que dela participam e que utilizam sua bagagem de conhecimentos.

O planejamento estratégico pode focalizar a estabilidade no sentido de assegurar a


continuidade do comportamento atual em um ambiente previsível e estável. Também pode
focalizar a melhoria do comportamento para assegurar a reação adequada a frequentes
mudanças em um ambiente mais dinâmico e incerto.

Pode ainda direcionar as contingências no sentido de antecipar-se a eventos que poderão


ocorrer no futuro e identificar as ações apropriadas para quando eles eventualmente
ocorrerem.

Esse último, chamado Planejamento Prospectivo, é o que mais se adequa à realidade da


Polícia Militar, por estar voltado para as contingências e para o futuro da organização. As
decisões são tomadas visando compatibilizar os diferentes interesses envolvidos por
intermédio de uma composição capaz de levar a resultados para o desenvolvimento natural
da Instituição e ajustá-la às contingências que surgem no meio do caminho.

O planejamento prospectivo é o contrário do planejamento retrospectivo, que procura a


eliminação das deficiências localizadas no passado da organização. Sua base é a adesão
ao futuro, no sentido de ajustar-se às novas demandas ambientais e preparar-se para as
futuras contingências.

44
Em todos os casos, o planejamento consiste na tomada antecipada de decisões. Trata-se
de decidir agora o que fazer, antes que ocorra a ação necessária. Não se trata da previsão
das decisões que deverão ser tomadas no futuro, mas da tomada de decisões que
produzirão efeitos e consequências futuras.

A gestão pública dos novos tempos impõe alguns desafios, que somente serão vencidos a
partir da adoção de um planejamento prospectivo que contemple:

a) a capacidade de conquistar e fidelizar clientes;


b) a necessidade de diferenciar produtos e serviços;
c) a necessidade de fixar objetivos e atingir resultados.

Para bem cumprir as suas atribuições legais, os responsáveis pelo planejamento devem
primar pela observância dos princípios básicos a seguir:

a) integralidade: conjunto de ações que devem ser desenvolvidas em quatro âmbitos:


policial-operativo, sociocomunitário, legislativo-judicial e informações. Os quatro
âmbitos emergem da necessidade de harmonização e aprofundamento nos
efeitos dos diversos fatores que intervêm no fenômeno da insegurança das
pessoas;
b) coerência: consistência e adequação às exigências de administrar os recursos
públicos de forma efetiva;
c) sistematicidade: as ações devem ser permanentes e sujeitas à avaliação
constante;
d) simultaneidade: a complexidade do problema e suas manifestações exigem uma
ação coordenada, ao mesmo tempo em diversos planos e setores;
e) focalização: é fundamental a concentração de esforços preventivos, atendendo a
variáveis socioespaciais, em curto e médio prazo;
f) participação social: promover o envolvimento dos cidadãos a fim de que assumam,
responsavelmente, a necessária quota de contribuição a essa tarefa comum;
g) ênfase sociopreventiva: a preservação da segurança coletiva não se esgota com
medidas tendentes à repressão, mas pelo contrário, deve haver concentração de
esforços para evitar o cometimento dos delitos, tendo a prevenção como
investimento social.

45
6.5 Gestão Operacional Orientada por Resultados

A modernização do conceito da gestão na PMMG passa pelo novo modelo que privilegia
uma administração operacional fundamentada na definição de resultados a alcançar;
método indutivo que parte do conhecimento científico dos problemas locais de segurança
pública e dos seus efeitos sociais para atingir os objetivos esperados.

Com o objetivo de produzir serviços de qualidade que atendam aos anseios da comunidade,
cada comandante, nos diversos níveis, tem grande autonomia para desenvolver estratégias
gerenciais de emprego operacional. Contudo, há necessidade de planejar estratégias e
táticas de intervenção sob um enfoque eminentemente técnico-científico, pautado em
indicadores de desempenho e produtividade, com vistas ao alcance de metas.

Torna-se necessário o desenvolvimento de estratégias diferenciadas, adequadas à variação


do ambiente em que cada Unidade se encontra inserida. Desse modo, o estudo da evolução
da criminalidade e da violência nas respectivas áreas integradas de policiamento, o
envolvimento da comunidade na discussão de problemas, a verificação de falhas e óbices, e
a concretização de planejamentos focados em intervenções qualificadas devem ser a tônica
para direcionar o trabalho policial de maneira clara, objetiva e prática.

O modelo de gestão operacional por resultados na PMMG será norteado pelos seguintes
pressupostos desejáveis para a atividade-fim:

a) regionalização ou setorização das atividades de polícia ostensiva;


b) emprego das Unidades de Recobrimento como potencializadoras das UEOp de
área da capital e do interior do Estado;
c) acompanhamento da evolução da violência, criminalidade e características
socioeconômicas dos municípios, com uso do geoprocessamento e de
indicadores estatísticos de segurança pública, e produção de conhecimentos no
campo da Inteligência de Segurança Pública;
d) estabelecimento de metas a serem atingidas e avaliação sistemática de
resultados;
e) otimização da administração operacional nas frações e unidades básicas de
policiamento;
f) ênfase preventiva e rapidez no atendimento;

46
g) planejamento e execução das atividades de polícia ostensiva com maior
especificidade, oferecendo serviços adequados de acordo com as demandas
locais;
h) modelo gerencial que favoreça ações/operações descentralizadas;
i) adequada distribuição de recursos e o ordenamento dos processos de trabalho,
por intermédio do patrulhamento produtivo direcionado, e portanto, não-aleatório;
j) autonomia aos comandantes de UEOp, de Companhia e de setores de
policiamento, para planejar e buscar soluções para os problemas de segurança
pública afetos à localidade, respeitadas as diretrizes e normas estratégicas e do
nível tático;
k) modernização das técnicas de gestão visando à diminuição das atividades
burocráticas, dando prioridade aos resultados e ao atendimento ao público;
l) adequada coleta e utilização das informações gerenciais de segurança pública, em
especial aquelas relacionadas à geoestatística;
m) produção de ações/operações de polícia ostensiva preventiva, de acordo com
características e tipologia criminais predominantes em seus espaços geográficos
específicos;
n) esforços específicos e articulados com outros atores do Sistema de Defesa Social,
procurando agir sobre as causas, fatores, locais, horários, condições e
circunstâncias vinculadas ao cometimento de crimes e desordens;
o) Policiamento Orientado para a Solução de Problemas;
p) Policiamento Orientado pela Inteligência de Segurança Pública;
q) sistemas de incentivo e recompensas direcionados à valorização dos policiais que
atuem em atividades de polícia ostensiva de prevenção criminal e atendimento de
ocorrências junto à comunidade;
r) direcionamento dos recursos logísticos para as sedes de Companhias e Pelotões,
de forma a aprimorar a efetividade dessas frações;
s) foco nos resultados, prevalecendo a qualidade sobre a quantidade;
t) transparência e divulgação dos resultados positivos à comunidade, utilizando-se a
rede de contatos via CONSEP, Redes de Proteção Preventiva, mídia local,
periódicos, informativos diversos etc;
u) intensificação da atividade de Inteligência de Segurança Pública (ISP) como
estratégia para orientar e potencializar os serviços da PMMG na prevenção e
repressão qualificadas da criminalidade.

47
6.6 Gestão de Desempenho Operacional (GDO)

A GDO surgiu da necessidade em estabelecer na PMMG uma metodologia científica de


análise do fenômeno criminal, indicação de respostas/ações para contenção e minoração da
problemática de aumento criminal e do grau de insegurança da população. Está
regulamentada pela Diretriz n. 3.01.07/2017, aprovada pela Resolução n. 4.627/2017.

As reuniões ocorrem num escalonamento desde o nível de Setor nas UEOp, passando pelo
nível tático até a chegada no nível estratégico institucional, seguindo o modelo de
COMPSTAT (Computerized Comparison Crime Statistics – Comparações Estatísticas
Criminais Computadorizadas) e Accountability (prestação de contas com responsabilidade).

Tem como fundamentos, apresentações analíticas e elaboração de planos corretivos pelos


gestores operacionais dos níveis operacional e tático da Instituição, consistindo numa
metodologia simplificada e pragmática, que permite aos comandantes de companhia se
reunirem com seus comandantes de setores para que sejam compartilhadas e emanadas as
diretrizes pertinentes às atividades operacionais e metas a serem atingidas, atribuindo-lhes
assim, a responsabilidade compartilhada de gestão.

Seguindo o escalonamento sucessivo, são realizadas reuniões dos comandantes de


Unidades com os comandantes de Companhias, para a apresentação dos resultados
operacionais com base em indicadores preestabelecidos, verificando os níveis de
atingimento de metas e apresentando estratégias para manutenção e ou diminuição das
cifras diagnosticadas.

Na sequência ocorre a reunião dos comandantes de unidades com os comandantes de


regiões e por fim ocorrem as reuniões de apresentação dos dados dos níveis tático e
operacional ao Comando Geral.

48
7 EMPREGO OPERACIONAL

O emprego Operacional da Polícia Militar de Minas Gerais ocorre por meio de uma
infraestrutura de Unidades Operacionais que são articuladas de forma a cobrir todo o
território do Estado, estratificadas em níveis de comando com responsabilidade territorial,
hierarquizadas sobre Regiões, Áreas, Subáreas, Setores e Subsetores de policiamento.
Estas Unidades são apoiadas e recobertas pelas Unidades Especializadas que possuem
estrutura, articulação e missões específicas (conforme verificado no capítulo 4). A missão,
localização, responsabilidade e articulação das Unidades Operacionais são de competência
exclusiva do Comando da Instituição.

As UEOp atuam por meio de serviços operacionais constantes na Resolução que apresenta
o portfolio de serviços. Os Serviços apresentam composições e características de atuações
específicas, voltadas aos objetivos que lhes são próprios, em conformidade ao conceito de
operações pretendido para cada momento e ambiente de atuação.

Dessa forma, cada intervenção policial pode ser classificada em graus diferentes, numa
escala que varia entre ações de caráter preventivo ao repressivo. Os variados serviços do
portfolio possuem características de atuação e resultados peculiares, portanto, cada tipo de
serviço deve ser cuidadosamente empregado de acordo com as características do ambiente
em que for instalado e de acordo com os objetivos operacionais estabelecidos, para que se
alcance os resultados pretendidos.

Os serviços atuam por meio da execução de “ATIVIDADES” que podem ser ações ou
operações. Por atividade, entende-se a execução de rotinas específicas, previamente
estabelecidas em protocolos operacionais (à exemplo da DIAO - Diretriz Integrada de Ações
e Operações) e devidamente desenvolvida com base na técnica policial, na legalidade e nos
princípios de atuação expostos nos Manuais/Cadernos Doutrinários, Instruções,
Memorandos, dentre outras normas de doutrina operacional.

Ressalta-se que para o emprego operacional devem-se considerar as variáveis de


policiamento ostensivo9 que são critérios pré-definidos, que permitem a identificação e
padronização terminológica a cargo da PMMG.

9Extraído do Manual Básico de policiamento Ostensivo. Trata-se de resgate histórico da doutrina da década de
1980 que ainda perdura e é aplicável aos dias atuais.

49
A correta identificação das variáveis do policiamento, bem como a conjugação por
intermédio de esforços operacionais, favorece a sistematização para o planejamento de
ações e operações, e assim, a criação e oferta de serviços de segurança pública à
população.

Permite ainda a construção de indicadores de criminalidade ou de gestão policial, facilitando


o controle e acompanhamento quanto ao atendimento às demandas impostas pela dinâmica
do fenômeno criminal às UEOp da PMMG. Nesse contexto, apontam-se as seguintes
variáveis:

7.1 Quanto ao Tipo

São qualificadoras relacionadas ao escopo das ações e operações policiais, conforme


legislação específica a ser empregada, ambiente de atuação e os principais bens jurídicos
tutelados.

7.1.1 Policiamento Ostensivo Geral (POG): tipo de policiamento que visa satisfazer as
necessidades basilares de segurança da sociedade, por intermédio da presença real e
potencial do policial militar, em contínuo contato com a comunidade.

7.1.2 Policiamento Especializado: tipo de policiamento voltado para a atuação em


grandes eventos e/ou recobrimento em ocorrências de maior complexidade, que por sua
natureza ou repercussão extrapolem a capacidade de atuação do POG.

7.1.3 Policiamento de Meio Ambiente: tipo específico de policiamento ostensivo


especializado que visa a preservação da fauna, ictiofauna dos recursos florestais, hídricos e
minerais, contra qualquer ação degradadora ou potencialmente poluidora, exercida em
desacordo com as normas legais. É realizado em cooperação com órgãos competentes,
federais ou estaduais, mediante convênio. Em consonância com a missão constitucional da
PMMG atua também, em ações e operações de caráter preventivo e repressivo

7.1.4 Policiamento de Trânsito: Policiamento ostensivo executado nas vias urbanas


abertas à livre circulação, de forma preventiva e repressiva a atos criminosos, visando
garantir a incolumidade das pessoas e a proteção ao patrimônio, a livre circulação de
veículos, pessoas e mercadorias, bem como disciplinar o público no cumprimento e no
respeito às regras e normas de trânsito.

50
7.1.5 Policiamento Rodoviário: Policiamento ostensivo executado nas rodovias estaduais
e federais delegadas de forma preventiva e repressiva a atos criminosos de qualquer
natureza que atentem a ordem pública, a incolumidade das pessoas e a proteção ao
patrimônio, garantindo ainda a obediência às normas relativas à segurança de trânsito,
assegurando a livre circulação de veículos, pessoas e mercadorias, prevenindo acidentes e
recobrindo taticamente outras modalidades de policiamento.

Conforme a localização e destinação, as UEOp poderão executar mais de um tipo de


policiamento, mas deve-se buscar a especificidade das ações na produção de serviços,
delineando-se tais atribuições na missão principal e secundária. Entretanto, essa busca
tipológica não afasta a Polícia Militar do princípio da universalidade.

7.2 Quanto à Modalidade

7.2.1 Patrulhamento: atividade móvel de observação, fiscalização, reconhecimento,


proteção ou mesmo de emprego de força, desempenhada pelo PM no posto.

7.2.2 Permanência: atividade predominantemente estática de observação, fiscalização,


reconhecimento, proteção, emprego de força ou custódia desempenhada pelo PM no posto.

7.2.3 Escolta: atividade destinada à custódia de pessoas e/ou bens, de forma dinâmica ou
estática.

7.2.4 Diligência: atividade que compreende busca, captura ou apreensão de pessoas,


animais ou coisas e resgate de vítimas.

7.3 Quanto às Circunstâncias para o Emprego Operacional

7.3.1 Ordinário: É o emprego rotineiro de meios operacionais em obediência a um plano


sistemático, com ênfase prioritária no policiamento preventivo e a consequente ampliação
da sensação de segurança, bem como, a potencialização da repressão qualificada, perante
a ação criminosa.

7.3.2 Extraordinário: É o emprego eventual e temporário de meios operacionais, face a


acontecimento imprevisto, que exige manobra de recursos.

51
7.3.3 Especial: É o emprego temporário de meios operacionais em eventos previsíveis que
exijam esforço específico.

7.4 Otimização da Malha Protetora

A metodologia de aplicação do conceito de Malha Protetora se baseia no cumprimento da


missão constitucional, bem como no exercício da atividade-fim da Polícia Militar de Minas
Gerais. Para sua efetivação devem ser considerados e aplicados os conceitos de Serviços
Operacionais Ordinários e de Recobrimento que analisados concomitantemente, integram a
essência da definição de Malha Protetora.

Na Malha protetora, o emprego operacional das Unidades e dos serviços ocorrem pela
superposição articulada em 5 (cinco) níveis de escalonamento de esforços, denominados
esforços de emprego operacional, que visa garantir a sinergia do policiamento e a
amplitude da proteção social.

Neste modelo, os cinco esforços de emprego são assim definidos:

1º esforço de emprego – Atuação das Unidades com responsabilidade territorial

O 1º esforço de emprego operacional é realizado pela ocupação preventiva e/ou repressão


imediata, nos espaços de responsabilidade territorial, pelo efetivo ordinário das Unidades e
Subunidade (Companhias, Pelotões e GPM), por meio do policiamento de pontos sensíveis,
e áreas comerciais, ocupação de zonas quentes de criminalidade, patrulhamento tático
direcionado, rádio atendimento e operações preventivas, realizado pelo seu efetivo
motorizado e não motorizado, com vistas a criar um clima de segurança objetiva e subjetiva
nas comunidades ou restabelecer a ordem pública. Nesse sentido, os recursos operacionais
realizam intervenções de assistência e orientação, verificação preventiva e ações
repressivas nas situações de fundada suspeita ou certeza do cometimento de delito.

Os serviços ordinários exercidos pelas Unidades do Comando de Policiamento do Meio


Ambiente (CPMAmb) e Comando de Policiamento Rodoviário (CPRv), também encontram-
se no 1º esforço de emprego operacional.

52
2º esforço de emprego – recobrimento Tático no âmbito da UEOp

O 2º esforço de emprego operacional é realizado pelas Subunidades Táticas (Companhias


“Tático-Móvel”, Pelotões de Operações), por meio do recobrimento do policiamento,
executando operações setorizadas de repressão qualificada, desenvolvidas de modo
sistemático, após criterioso planejamento, realizado em nível das Unidades de Execução
Operacional, com vistas a reduzir as vulnerabilidades, após o emprego do 1º esforço, como
forma de recobrir e intensificar o policiamento lançado.

As atividades exercidas pelo Grupo Especial de Policiamento Ambiental (GEPAM), do


CPMAmb e pelo Grupo Tático Rodoviário (GTR), do CPRv, também encontram-se no 2º
esforço de emprego operacional.

3º esforço de emprego – recobrimento Tático pelas Unidades Especializadas (BPE/Cia


PM Ind. e do CPE

O 3º esforço de emprego operacional é realizado por meio do recobrimento do policiamento,


pela atuação de unidades especializadas em apoio à Unidade com responsabilidade
territorial. Na capital é exercido pelo emprego ordinário das Unidades que atualmente
integram o Comando de Policiamento Especializado (CPE).

Em algumas Regiões é exercido pelo emprego ordinário do Batalhão de Policiamento


Especializado (BPE) ou Companhia de Polícia Militar Independente de Policiamento
Especializado (Cia PM Ind. PE), onde houver. Neste caso, trata-se de um esforço de
emprego com abrangência operacional em toda área de responsabilidade da RPM. Dentro
da RPM, as Cia PM Ind. PE poderão ser mobilizadas, à critério do Comandante Regional, da
área de um Batalhão, em apoio a outras áreas que não abrigam Unidades especializadas.

Nas Regiões em que não há Unidades especializadas, o apoio ocorrerá, a critério do


Comando Geral, por Unidades especializadas das Regiões mais próximas e ou pelo próprio
CPE, conforme avaliação de efetividade.

4º esforço de emprego – é o emprego extraordinário do Comando de Policiamento


Especializado, tanto na Capital, quanto nas demais Regiões

O 4º esforço de emprego operacional ocorre em resposta às ocorrências complexas, ou


potencialmente violentas, ou que por sua dimensão ou repercussão exijam respostas

53
estratégicas altamente qualificadas que extrapolem a capacidade de atuação do
policiamento ordinário.

A atuação desse esforço ocorrerá num âmbito territorial mais amplo, em ações e operações
que demandem como condição necessária, a qualificação especial na utilização de táticas e
técnicas. Será realizado pelas Unidades do Comando de Policiamento Especializado que
poderá agir de forma integrada com as Unidades Especializadas das RPM (BPE e Cia PM
Ind. PE).

5º esforço de emprego – força tarefa estratégica, somente acionada pelo Comando-


Geral

A força-tarefa é uma estrutura organizacional temporária, flexível, adaptável, dinâmica e


integrada, com comando próprio, subordinado diretamente ao Comandante-Geral. É
empregada para fazer frente a situações de grave perturbação da ordem, ou eventos de
grande repercussão (nacional ou internacional) em que há necessidade da atuação
simultânea de diversos esforços de defesa social e envolvimento direto do Comando-Geral.

A Força-Tarefa atuará com base nos seguintes pressupostos:

a) articulação fundamentada num objetivo pontual;


b) coordenação direta do Comando-Geral;
c) estrutura organizacional provisória;
d) período de duração determinado;
e) desarticulação condicionada ao cumprimento da missão.

A Força Tarefa será implantada mediante rigoroso planejamento, será coordenada com
base nas metodologias de gestão integrada e manterá registro das decisões tomadas nas
situações fáticas enfrentadas, bem como o modus operandi utilizado nos processos
decisórios e os resultados obtidos.

Esforço Suplementar

Considerando as características específicas da Academia de Polícia Militar e do Batalhão


Metrópole, no que se refere ao efetivo disponível da atividade-meio empregado na atividade-
fim, estes poderão ser empregados nos diversos esforços de escalonamento da Malha
Protetora, conforme o conceito de operação atribuído, em caráter especial ou extraordinário,

54
preferencialmente, nas subáreas das Cias Operacionais da RMBH onde os índices criminais
demonstrem esta necessidade, como força de reação do Comando-Geral, a critério do
Chefe do Estado-Maior da Polícia Militar.

Neste mesmo esforço, enquadram-se as atividades de raiopatrulhamento aéreo exercidas


pelo ComAvE, que por sua especificidade e em consonância como o seu conceito
operacional descritas em normas específicas, perpassa por todos os níveis de esforços,
conforme a demanda apresentada pela Unidade apoiada ou pela situação geradora que
mobilizou o referido apoio.

7.5 Inteligência de Segurança Pública

Dentro do escopo institucional, a PMMG realiza a investigação da criminalidade


(investigação policial preventiva), função típica da polícia preventiva, por meio das agências
do Sistema de Inteligência da Polícia Militar (SIPOM), no intuito de orientar e subsidiar o
lançamento do efetivo policial no teatro de operações.

Nesse raciocínio, a Inteligência de Segurança Pública (ISP) tem por finalidade coletar e
buscar dados, que, após análise e interpretação, são transformados em informações e
conhecimentos estratégicos, táticos e operacionais. Visa antecipar a eclosão de delitos e
orientar o planejamento para emprego de seu efetivo e meios com cientificidade,
possibilitando a prevenção e repressão qualificadas da criminalidade.

7.5.1 Atividade de Inteligência de Segurança Pública

A Atividade de ISP é a responsável pelo processamento metódico e sistemático de


informações, e trata-se de uma estratégia para potencializar os serviços da PMMG,
possibilitando decisões científicas, aliada tanto à Polícia Comunitária quanto a Polícia
Orientada para Solução de Problemas. A ISP pode organizar e processar informações
capazes de subsidiar a prevenção e a repressão qualificadas, maximizando os serviços da
polícia, possibilitando gerar economia e eficiência no emprego dos recursos humanos,
logísticos e financeiros; e o mais importante nesse processo deve ser a satisfação do
cidadão por meio da redução do medo do crime e o aumento da segurança, tanto subjetiva
quanto objetiva.

55
7.5.2 Policiamento Orientado pela Inteligência de Segurança Pública

O Policiamento Orientado pela ISP exige que o ambiente criminal seja, de fato, interpretado
pela Inteligência e que os gestores sejam plenamente assessorados e tenham habilidades
para identificar estratégias para reduzir a criminalidade e a violência. Observa-se que a
Inteligência, dado a sua abrangência, pode potencializar os serviços da polícia, otimizando a
sua atuação operacional, com economia de meios e redução da prática da polícia reativa.
Daí, o SIPOM trata-se de um sistema eficiente e eficaz, com vistas à institucionalização do
conceito de Polícia Orientada pela ISP.

7.5.3 Sistema de Inteligência da Polícia Militar (SIPOM)

A finalidade das agências do SIPOM é manter o fluxo de informações e conhecimentos de


segurança pública dentro da Corporação, com vistas a antecipar, em tese, a criminalidade e
a violência, e qualificar as ações do policiamento ostensivo preventivo e repressivo.

Os produtos do SIPOM precisam ser totalmente aproveitados nas ações e operações


policiais. Sua difusão deve ser oportuna e o conteúdo amplo e preciso, o que possibilitará
identificar e detectar situações e elencar fatores capazes de neutralizar ações criminosas.
Logo, serão úteis para uma tomada de uma decisão efetiva, gerando, portanto, confiança
aos seus usuários.

Nesse sentido, além de avaliar tendências e tentar descrever a realidade, os produtos de


inteligência visam também antecipar eventos cruciais, tanto fornecendo alertas avançados
quanto contribuindo para a formulação de políticas, planos operacionais e projetos de
segurança pública. Ou seja, a estratégia de Inteligência na PMMG concentra-se
principalmente na busca/coleta, produção e difusão de informações e conhecimentos de
segurança pública amplos, precisos e oportunos – que possam gerar resultados eficientes e
eficazes – e pela transparência dos procedimentos relativos à atividade.

Assim, haverá anuência do valor e da imprescindibilidade da ISP para a potencialização da


polícia preventiva, aproximando-a do seu usuário e contribuindo para a legitimidade da
atividade de Inteligência. Isto possibilitará a sua habitualização, objetificação e
sedimentação.

56
Para bem cumprir o exposto, o SIPOM organiza-se da seguinte forma:

a) Nível estratégico:
- Agência de Inteligência Estratégica (AIE): Seção Estratégica de Inteligência do
Estado-Maior (EMPM-2);
b) Nível tático:
- Agência Central (AC): Diretoria de Inteligência (DInt);
- Agência Regional (AR): Região de Polícia Militar (RPM);
- Agência Regional Especializada (ARE): Comando de Policiamento Especializado
(CPE);
c) Nível operacional:
- Agência de Área (AA): Batalhão de Polícia Militar (BPM) e Companhia
Independente de Polícia Militar (Cia PM Ind);
- Agência Especial (AE): Unidades Especializadas;
- Subagências de Inteligência (SI): Companhias de Polícia Militar (Cia PM);
- Núcleos de Agências (NA): Pelotões de Polícia Militar (Pel PM);
- Núcleo Especial de Busca (NEB): constituído pelo Comandante-Geral e
instaladas/coordenadas pela DINT, em qualquer parte do Estado, para missões
especiais, quando a situação exigir;
- Núcleo Regional de Busca (NRB): estrutura de Inteligência que pode,
excepcionalmente, ser constituída e instalada pelo Comandante da RPM, em
qualquer parte da respectiva região, envolvendo recursos de mais de uma
unidade operacional, num período de até 30 (trinta) dias, com ciência prévia à
DInt, cujo prazo pode ser prorrogado, mediante avaliação da situação. Os NRB
serão preponderantemente operacionais e dissolvidos tão logo cumpram a missão
para a qual foram constituídos.

7.6 O Gerenciamento do Emprego Operacional

O emprego operacional na PMMG é complexo e ocorre como um processo dinâmico, cíclico


e ininterrupto e por isso necessita ser gerenciado pelos comandantes operacionais nos
diversos níveis. Por gestão operacional entende-se as atividades de planejar, coordenar e
controlar a realização de uma atividade de policiamento, mediante a utilização de
informações provenientes de uma análise sobre o comportamento operacional de uma ou
mais Unidades de Execução Operacional, e a tomada de decisão no sentido de manter ou
aprimorar a combinação de recursos logísticos e de pessoal, para a atividade-fim da Polícia
Militar.

57
Como metodologia e para uma melhor compreensão didática, é possível relacionar as
principais atividades e funções gerenciais de destaque, em cada fase desse intrincado
processo.

7.7 As Fases de Aplicação do Emprego Operacional

7.7.1 Planejamento

Esta fase pode ser subdividida em dois momentos distintos, o diagnóstico e a definição de
estratégias operacionais. Na fase de diagnóstico, o gestor operacional deve buscar
levantar as informações necessárias para conhecer o território de responsabilidade, bem
como as características socioeconômicas, criminógenos e as demandas comunitárias.
Devem ser utilizadas as técnicas de análise criminal, geoprocessamento, as informações
originadas no SIPOM, as informações do disque-denúncia e as demandas comunitárias
levantadas via redes de proteção, CONSEP e as informações coletadas pela percepção dos
policiais militares atuantes na área, bem como consulta aos especialistas.

Com base nas informações levantadas, deve-se realizar uma ampla análise envolvendo as
teorias do crime e as metodologias de solução de problemas, conforme expostas no capítulo
VI desta Diretriz. A partir dos resultados da análise diagnostica, o gestor operacional deverá
estabelecer as estratégias de intervenção que constitui o planejamento da alocação dos
recursos operacionais em acordo com as especificidades dos serviços. Devem ser
elaboradas as Matrizes de operações e os cartões-programas garantindo que as
intervenções operacionais estejam racionalmente alinhadas com os objetivos pretendidos,
ou seja, a eliminação do crime (fato), a redução da criminalidade (fenômeno), o aumento da
sensação de segurança e a preservação da ordem pública. O gestor deve também criar
estratégias para a mobilização dos outros atores públicos responsáveis.

7.7.2 Execução das ações e operações policiais

Essa fase consiste no efetivo emprego dos serviços policiais no teatro de operações,
cumprindo-se fielmente os planejamentos estabelecidos através das escalas, ordens de
serviço, matrizes de operações e cartões-programa, alinhados com o PLEMOP (Plano de
Emprego Operacional).

58
O PLEMOP é o documento que traduz a estratégia a ser adotada para cumprir determinada
missão institucional de natureza operacional. Contém a exposição metódica e sistematizada
do conjunto das medidas e dos procedimentos a serem executados com vistas ao
atingimento de um objetivo claramente definido. Deve ser suficientemente detalhado e
completo, a fim de permitir o perfeito entendimento do contexto, das demandas existentes,
das atribuições dos setores e das pessoas envolvidas, dos recursos disponíveis, dos limites
da atuação, do espaço territorial onde as ações serão desenvolvidas, dos prazos final e
intermediários, dentre outros. A elaboração do PLEMOP nas Unidades de Execução
Operacional é obrigatório e deve ser revisto e atualizado anualmente.

Na fase de emprego, sobressai a função gerencial de coordenação e controle que visa


garantir o fiel cumprimento do planejamento, aliada à integração dos recursos empregados
nos cinco níveis de escalonamento de esforços da Malha Protetora, bem como os ajustes
circunstanciais necessários, além do registro de todas as ações suficientemente detalhado e
completo a fim de permitir o perfeito entendimento do contexto, das demandas existentes,
das maneiras pelas quais as ações serão executadas, das atribuições dos setores e das
pessoas envolvidas, dos recursos disponíveis, dos limites da atuação, do espaço territorial
onde as ações serão desenvolvidas, dos prazos final e intermediários, dentre outros.

Por coordenação, entende-se o ato ou efeito de harmonizar as atividades, conjugando-se os


esforços necessários na realização dos seus objetivos e da missão institucional. É realizada
vertical e horizontalmente em todos os níveis da estrutura organizacional da Corporação.

Por controle, entende-se o acompanhamento das atividades da Corporação, por todos os


que exercem comando, chefia ou direção, de forma a assegurar o recebimento, a
compreensão e o cumprimento das decisões do escalão superior.

A coordenação e o controle no âmbito operacional são tratados em legislação específica e


deverá ser consultada e aplicada nas atividades exercidas pela PMMG.
A atividade de polícia ostensiva comporta variáveis diversas e, conforme a realidade local
das comunidades, o serviço a ser prestado pode sofrer conformações, contudo, sem
desviar-se da missão institucional da PMMG.

As UEOp e suas frações devem ter claramente identificada a sua missão no contexto do
sistema operacional da PMMG, o que constará dos respectivos Planos de Emprego
Operacional (PLEMOP).

59
Os Comandos Regionais e o CPE deverão exercer a coordenação do planejamento para a
definição da missão de cada UEOp subordinada, atentando para o princípio da
responsabilidade territorial e para as necessidades e possibilidades de recobrimento,
conforme atribuição específica de cada Comando.

No detalhamento do PLEMOP deverá constar de forma expressa e inequívoca a missão


principal, ou seja, aquela para qual a Unidade foi concebida e preparada, em termos de
recursos e treinamento. Dentre outros aspectos, deve ser observada as seguintes
condicionantes:

a) Atendendo as peculiaridades, as UEop deverão buscar o lançamento diário mínimo


de 10% (dez por cento) do efetivo operacional do dia, no exercício da atividade de
Patrulha a Pé (PA), devendo-se observar as orientações constantes na Resolução
que trata sobre o Portfolio de Serviço, (art. 7º, inciso I);
b) lançar com restrição de empenho, na localidade sede de Batalhão e Cia PM Ind.,
30% (trinta por cento) do efetivo operacional do dia, escalado na atividade de
Radiopatrulha (Rp), para que este, possa atuar em caráter preventivo, cumprir cartão
programa, realizar operações e visitas comunitárias no seu respectivo setor de
patrulhamento;
c) Os demais 70% (setenta por cento) do efetivo lançado ficam responsáveis pelo
atendimento de ocorrências vinculadas ao rádioatendimento designado pelo
CICOp/COPOM.

Também deverá ser definida a missão secundária em que eventual ou excepcionalmente tal
Unidade possa ser empregada, de forma suplementar ou em apoio.

Para as UEOp de recobrimento, consideradas forças de reação do Comando-Geral, a


missão principal será sempre vinculada à possibilidade de atendimento às demandas
específicas em todo o território do Estado.

60
8 PRESCRIÇÕES DIVERSAS

8.1 Os serviços e atividades referentes à Diretriz Geral para o Emprego Operacional na


Polícia Militar de Minas Gerais devem ser reportadas ao Comando-Geral que, em trabalho
conjunto com a Diretoria de Apoio Operacional (DAOp) e Academia de Polícia Militar (APM),
avaliará a viabilidade institucional e à exequibilidade operacional.

8.2 As grades curriculares dos diversos cursos da Polícia Militar de Minas Gerais, bem como
no Treinamento Policial Básico (TPB) deverão ser adequadas à presente Diretriz a partir da
sua publicação, de forma a contemplar as novas estratégias do Comando-Geral.

8.3 As diretrizes estabelecidas nesta norma não devem conflitar com as demais
macroestratégias previstas pela PMMG. Nas situações conflituosas, o Comando-Geral
deverá esclarecer as dúvidas por intermédio de norma complementar.

8.4 Para o emprego de policial militar feminina deverá ser avaliada pelo Comandante
Regional, a conveniência no tocante à infraestrutura, instalações, locais de emprego, horários
de serviços, de modo a propiciar as condições adequadas ao exercício das atividades
policiais militares.

8.5 Quanto ao emprego operacional no que se refere, à relação de todos os serviços,


conceitos operacionais destes, recursos humanos e logísticos necessários à implantação e
desenvolvimento dos serviços, serão tratados na Resolução específica, que trata sobre o
tema Portfolio de Serviços da PMMG.

8.6 Serão designadas comissões para estudarem a implementação das 04 (quatro) diretrizes
secundárias à DGEOp, quais sejam: (Atuação Preventiva, Repressão Qualificada, Operações
Especiais e Coordenação e Controle), com o propósito destas absorverem as demais
diretrizes existentes, por matéria específica, inerente a cada uma delas, a fim de se otimizar
os assuntos existentes.

8.7 Os assuntos de caráter procedimental serão tratados em Instruções específicas, que


também serão revisadas e otimizadas face ao disposto no item 8.6.

8.8 As tecnologias aplicáveis na atividade operacional, tais como, SIGOp, Hélios,190SMART,


QApp, dentre outras que forem criadas, serão regulamentadas em normas próprias e terão

61
seus respectivos tutoriais lançados na Intranet PM, campo “Operações/Doutrina de Emprego
Operacional”.

8.9 Revoga-se a Diretriz n. 3.01.01/2016.

8.10 Revoga-se a Resolução n. 3700/2003 que cria na estrutura das terceiras seções das
Unidades de Execução Operacional o Núcleo de Prevenção Ativa.

8.11 Revoga-se a Instrução n. 3.001.7/2004, que trata sobre o Regimento Interno dos
Núcleos de Prevenção Ativa.

8.12 Revogam-se os Memorandos n. 30.202.2/12-CG (Qualidade de Atendimento ao


Cidadão) e o Memorando n. 30.249.2/15-CG (Acompanhamento do REDEOp).

8.13 Revogam-se as demais disposições em contrário a esta Diretriz.

Quartel em Belo Horizonte, 29 de agosto de 2019.

(a) GIOVANNE GOMES DA SILVA, CEL PM


Comandante-Geral

62
REFERÊNCIAS

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mecum. São Paulo: Saraiva, 2015.

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Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares dos Estados, dos Território e do
Distrito Federal, e dá outras providências. Brasília, DF, 1969.

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Teóricos e Resultados Empíricos. Revista de Ciências Sociais. v.47, n.2, p 233-269, 2004.
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CHIAVENATO, Idalberto; SAPIRO, Arão. Planejamento Estratégico: Fundamentos e


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https://pdfs.semanticscholar.org/09db/dbce90b22357d58671c41a50c8c2f5dc1cf0.pdf .
Acesso em: 07 jan. 2019.

FERNANDES, Sérgio Henrique Soares. Fundamentos de planejamento prospectivo


aplicados à Polícia Militar. 3 ed. Belo Horizonte: D´Plácido, 2017.

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63
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64
APÊNDICE ÚNICO – ESCALONAMENTO DE ESFORÇOS DA MALHA PROTETORA

Malha Protetora Tipo de


Serviço
(Escalonamento) policiamento
Patrulha a Pé 1º esforço POG
Radiopatrulha e variáveis 1º esforço POG
Ciclopatrulha 1º esforço POG
Base Comunitária e variáveis 1º esforço POG
PPVD 1º esforço POG
Patrulha Escolar 1º esforço POG
PROERD 1º esforço POG
GEPAR 1º esforço POG
Patrulha Rural 1º esforço POG
GEPTur 1º esforço POG
CROP 1º esforço POG
Videomonitoramento 1º esforço POG
Teleatendimento 190 1º esforço POG
Policiamento de Guardas 1º esforço Comum a todos
Policiamento Velado 1º esforço Comum a todos
Patrulha de Atendimento de Meio Ambiente e variáveis 1º esforço Meio Ambiente
Patr. de Prev. à Degradação do M. Ambiente e variáveis 1º esforço Meio Ambiente
Patrulha de Trânsito e variável 1º esforço Trânsito
Grupo Tático de Trânsito e variável 1º esforço Trânsito
PROT 1º esforço Trânsito
Transitolândia 1º esforço Trânsito
Patrulha Rodoviária e variáveis 1º esforço Rodoviário
Patr. de Recolhimento de Animais de Grande Porte 1º esforço Rodoviário
GEPAM 2º esforço Meio Ambiente
Grupo Tático Rodoviário 2º esforço Rodoviário
Tático Móvel e variáveis 2º esforço POG
ROTAM e variável 3º esforço Especializado
GER e variável 3º esforço Especializado
Policiamento de Choque 3º esforço Especializado
Policiamento Montado 3º esforço Especializado
ROCCA 3º esforço Especializado
Operações Policiais Especiais 3º esforço Especializado
Comando de Policiamento Especializado 4º esforço- Emprego extraordinário
Força tarefa estratégica 5º esforço- Emprego extraordinário
Radiopatrulhamento Aéreo Esforço Suplementar
Academia de Polícia Militar Esforço Suplementar
Batalhão Metrópole Esforço Suplementar

(a) GIOVANNE GOMES DA SILVA, CEL PM


Comandante-Geral

65
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