O artigo analisa a alegoria da caverna de Platão dividida em quatro estágios e como ela representa a jornada do homem da ignorância para o conhecimento. A autora discute como os prisioneiros representam os seres humanos presos às aparências e ilusões do mundo sensível, e como a libertação traz dor por quebrar crenças antigas. No terceiro estágio, a mediação permite enxergar a luz do sol, mas não completamente. No quarto estágio, o filósofo retorna iluminar os outros
Descrição original:
A estudante de Letras, Bianca Lopes Frechiani, resenha sobre o exercício do filósofo
O artigo analisa a alegoria da caverna de Platão dividida em quatro estágios e como ela representa a jornada do homem da ignorância para o conhecimento. A autora discute como os prisioneiros representam os seres humanos presos às aparências e ilusões do mundo sensível, e como a libertação traz dor por quebrar crenças antigas. No terceiro estágio, a mediação permite enxergar a luz do sol, mas não completamente. No quarto estágio, o filósofo retorna iluminar os outros
O artigo analisa a alegoria da caverna de Platão dividida em quatro estágios e como ela representa a jornada do homem da ignorância para o conhecimento. A autora discute como os prisioneiros representam os seres humanos presos às aparências e ilusões do mundo sensível, e como a libertação traz dor por quebrar crenças antigas. No terceiro estágio, a mediação permite enxergar a luz do sol, mas não completamente. No quarto estágio, o filósofo retorna iluminar os outros
Glória Maria Ferreira Ribeiro em seu artigo “A experiência da solidão e os
limites da linguagem no livro VII da República de Platão” pretende compreender a relação entre o exterior e o interior da alegoria da caverna escrita por Platão. Para isso a autora divide o texto em quatro estágios, conforme a separação feita por Heidegger em 1933/34, chamados de “os quatro estágios do acontecimento da verdade”. O artigo, inicialmente, define que sua intenção geral é entender a vivência da filosofia como prática interpretativa e linguística. Na sequência estrutural do texto o primeiro estágio dessa divisão traz consigo a análise da primeira parte da alegoria , observando as características dos principais personagens da trama. Os prisioneiros são apenas espectadores de um teatro de sombras, totalmente passivos aceitam as imagens projetadas sem o mínimo questionamento. Nesse universo subterrâneo descrito por Platão através de Sócrates os homens vivem no âmbito do aparente, servindo como espectadores das sombras, considerando verdade o que é apenas simulacro do real. Nesse sentido, a autora descreve uma pequena lenda oriental chinesa que retrata a origem do teatro das sombras, narrativa que o próprio Platão se inspira para criar sua alegoria. Na lenda um imperador chinês vê-se desesperado com a morte de sua bailarina preferida e ordena ao mago da corte que a traga de volta do reino das sombras. O mago desesperado tem a sagaz ideia de fabricar a silhueta da bailarina usando pele de peixe macia e transparente e projetá-la contra a luz do sol por meio de uma cortina que transparecia a luminosidade. Assim fez surgir a sombra da bailarina e todos ficaram felizes. Percebe-se por meio da lenda que as sombras têm o grande poder de iludir, justamente por refletirem de forma muito próxima aquilo que é a causa do reflexo. Ainda na primeira parte da alegoria a autora considera que a condição do imperador e da sua corte e dos prisioneiros da caverna assemelham-se a condição do homem cotidiano que encontra-se totalmente acomodado e familiarizado com o mundo, o que é visto como sua prisão, onde a humanidade está voltada para o externo, onde tudo é público e de todos e de ninguém, como explicitado por Heidegger “no cotidiano, o homem esquecido de si mesmo se perde no atropelo das coisas”. O segundo estágio compreende a libertação inesperada do prisioneiro, e traz luz ao cenário e consequentemente dor e incredulidade pela descoberta do novo. Essa libertação é de qual natureza? O que faz um liberto querer retornar para sua prisão? Como entender essa liberdade que nos aprisiona? Esses são alguns questionamentos feitos pela autora nesse momento. Para Heidegger a libertação do segundo estágio nada mais é do que a retirada do objeto opressor, da soltura de algo. O liberto aqui ainda está confuso e desnorteado e sente falta da estabilidade das amarras. Nesse momento o prisioneiro não mais vê as sombras, apenas a luz e os objetos e sofre devido a perda da sua verdade, da “não-verdade” que possuía e sofre pela ausência das suas convicções, perdendo a si mesmo. Dessa forma, a liberdade alcançada nesse nível é apenas um “ser livre de”, e não uma liberdade propriamente dita, a solução para esse conflito segundo Rilke, é ter coragem diante do estranho que surge pra suportar a dor da perda, o incômodo da desconstrução da rotina. Essa saída radical é o assunto do terceiro estágio. O terceiro ponto abordado pela autora afirma que o responsável pela simetria entre o exterior e o interior da caverna é a mediação. Somente depois de um tempo de adaptação do antigo prisioneiro ao novo ambiente é que ele poderá olhar ao seu redor e para a própria luz do sol, no entanto a sua visão não conseguirá jamais adentrar a epiderme completa das coisas. Para o Sócrates de Platão, estamos sempre em débito com a ideia do Bem supremo, que seria a origem das ideias, das coisas, e é somente na queda do homem do princípio, que esse Bem é aprendido pelo homem cotidiano. O fim desse trajeto é representado pelo retorno do homem liberto à caverna, esse seria o momento emane o filósofo assume a radicalidade dessa liberdade por ele adquiria e assume também a própria morre como condição da sua existência. O quarto e último estágio, marca a relação entre o retorno do prisioneiro liberto para o interior da caverna e a relação entre morte e liberdade. Na área externa da caverna o homem enxerga nitidamente a verdade, porém ele não pode permanecer ali, é necessário retornar para contar aos outros a ilusão na qual eles se encontram submersos, mas acostumados com a familiaridade da caverna os prisioneiros não lhe darão ouvidos, mas esse retorno inaugura um encontro consigo mesmo, da alma tornar-se plena em si mesma, como fala Platão. Nota-se pelas conclusões do artigo que ao filósofo após a conquista da verdade e liberdade só é dado viver na iminência da morte, e que faz-se necessário despertar nos outros homens o sentido dessa libertação, ainda que seja uma tarefa solitária.