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FAU UFRJ - HAA IV

Professora: Niuxa Drago


Alunos: Cora Louise, Daniel Tavares, João Pedro Pina, Marina Ernesto e Raquel
Magalhães.

Exposição de Chicago de 1893

1) A Exposição
- Dados Gerais
A Exposição Universal de 1893, World’s Columbian Exposition Chicago, foi um evento
internacional que impactou o imaginário norte-americano no final do século XIX. Sediada na
cidade de Chicago, a grande metrópole do Oeste, que cresceu exponencialmente nos anos após o
incêndio em 1871. A população e o comércio da cidade, em vez de reduzirem por conta do
incêndio, aumentaram nos anos seguintes. Era um cenário apropriado a um evento que deveria
mostrar o crescimento da América e de uma coleção de colônias, para um poder internacional: o
que havia sido uma vila em 1830 tinha, em menos de um século, tornando-se uma metrópole com
uma variedade de atrações culturais.

Figura 1 - Ilustração do Panfleto da Exposição de Chicago de 1893.

A Exposição celebrava o 400º ano da chegada de Cristóvão Colombo ao Novo Mundo


(1492). Um dos principais objetivos dos organizadores do evento, no entanto, era apresentar o
recente êxito industrial e econômico que os Estados Unidos obtiveram nas últimas décadas do
século.
A Exposição cobriu mais de 600 acres de área, com cerca de 200 construções temporárias
de arquitetura predominantemente neoclássica, canais e lagoas, além de pessoas e culturas de 46
países diferentes. Mais de 27 milhões de pessoas frequentaram a exposição durante os seis
meses em que ocorreu.
Existiam os chamados “Great Buildings” - Grandes Edifícios que estavam localizados ao
redor do grande lago chamado de “Grand Basin”. Entre eles estavam:
● The Administration Building, projetado por ​Richard Morris Hunt
● The Agricultural Building, projetado por ​Charles McKim​ of ​McKim, Mead & White
● The Manufactures and Liberal Arts Building, projetado por ​George B. Post​.
● The Mines and Mining Building, projetado por ​Solon Spencer Beman
● The Electricity Building, projetado por ​Henry Van Brunt​ and Frank Maynard Howe
● The Machinery Hall, projetado por ​Robert Swain Peabody​ of Peabody and Stearns
● The Woman's Building​, projetado por ​Sophia Hayden
● The Transportation Building, projetado por ​Adler & Sullivan
● The Fisheries Building projetado por ​Henry Ives Cobb​[45]
● Forestry Building projetado por ​Charles B. Atwood
● Horticultural Building projetado por ​Jenney and Mundie
● Anthropology Building projetado por ​Charles B. Atwood

Além disso, as principais atrações da Exposição incluíam pavilhões patrocinados por 46


países, os primeiros pavilhões nacionais em uma feira mundial. Os estados dos Estados Unidos
também patrocinaram pavilhões, como fizeram, conjuntamente, os territórios do Arizona, do Novo
México e do Oklahoma. Uma das principais atrações e inovações era a Ferris Wheel - A Roda
Gigante de Chicago (também chamado de Roda de Chicago) de 264 pés (80,4 metros), que foi
desenhada e construída para a feira pelo construtor de pontes de Pittsburgh George Washington
Gale Ferris, Jr. Algumas das outras invenções que foram apresentadas ao mundo na Feira
Mundial de 1893: creme de leite, chiclete de frutas, aveia em flocos, máquina de lavar louças,
lâmpadas fosforescentes e tinta em spray.

Figura 2 - Vista aérea da Exposição de Chicago.


- Desenhos Técnicos (planta da exposição, plantas e cortes do pav. principal. Os
desenhos deverão ser analisados graficamente, com setorização etc.

A exposição
Os 600 acres que abrigaram a Exposição de Chicago foram organizados a partir de uma
setorização dos programas do evento. A implantação foi feita a margem do Lago Michigan, criando
uma orla pedestralizada cujo objetivo era encantar todos os visitantes. Em uma pequena parcela
do terreno, ao norte, estava alocada a exposição dos Estados americanos e dos países
participantes. Ao extremo sul, implantou-se a exposição de gados e no restante da área foram
dispostos os Grandes Edifícios. A oeste, dentro do tecido da cidade, encontra-se o Midway
Plaisance, um parque linear que precede a exposição e ainda permanece nos dias de hoje.
Todo o terreno e seu desenho diferem bastante do tecido urbano pré-existente de Chicago.
O espaço livre da exposição recebe o tratamento aos moldes dos jardins ingleses, de caminhos
sinuosos para os pedestres, com exceção do parque Midway Plaisance - onde a Ferris Wheel se
encontrava - que é integrado ao desenho ortogonal da cidade. Porém, apesar dos sinuosos
caminhos é possível encontrar alguns eixos que organizam as implantações dos edifícios
neoclássicos. Na frente do terminal ferroviário observa-se uma praça retangular, onde está o
edifício da administração, cujo eixo longitudinal cria uma perspectiva orientada ao píer que
avança sobre o Lago Michigan. O perímetro da praça é definido pela implantação de cinco
grandes edifícios de plantas racionais e simétricas (Minas, Eletricidade, Manufaturas e Artes
Liberais, Agricultura e Maquinarias), característico do estilo neoclássico. Além dos edifícios, tal
praça ainda é organizada por um lago também geometrizado em forma de T.
Na parte central do terreno encontra-se a Wooded Island (Ilha Amadeirada em tradução
livre), rodeada por um lago que não fora geometrizado, onde vemos um jardim pitoresco também
em estilo inglês. Em linhas gerais, a World’s Columbian Exposition Chicago tinha todos os edifícios
em estilo neoclássico implantados em um espaço livre mais orgânico, com a intenção de
embelezamento da paisagem. Esse tipo de projeto foi reproduzido em outras cidades americanas
e recebeu o nome de City Beautiful.

Figuras 3 e 4 - Mapa e Análise da Setorização da Exposição.


Figuras 5 e 6 - Mapa e Análise dos Eixos da Exposição.

Woman’s Building
Uma vez que a feira não possuía apenas um Pavilhão Principal, o grupo optou por analisar
o Woman’s Building - Edifício das Mulheres. O Edifício foi projetado por ​Sophia Hayden Bennett​,
primeira mulher graduada do Instituto Tecnológico de Massachusetts.
Quando a diretoria executiva da feira concordou em "permitir" que as mulheres
participassem, eles criaram uma diretoria - comitê - separada e distribuíram espaço para o
Woman’s Building. Ao se tornar presidente do comitê, uma das primeiras decisões tomadas por
Bertha Palmer foi insistir para que o arquiteto do prédio fosse o vencedor de um concurso aberto
apenas a mulheres. Ela superou as objeções de Daniel Burnham. A ganhadora foi Sophia Hayden,
recém formada no MIT e sem muita experiência prática. Esta foi sua primeira construção e acabou
sendo a última. Ela tinha entrado no concurso por insistência de sua amiga, outra arquiteta com
um pouco mais de experiência do que ela, mas não esperava vencer. Ela apresentou um projeto
baseado em seu projeto de tese para um Museu de Belas Artes em estilo renascentista italiano.
Seu projeto para o edifício da feira inclui varandas e galerias e foi percebido como “claro e alegre”,
nas palavras de um dos juízes, qualidades consideradas apropriadas para um evento festivo.
Porém, foi obrigada a reduzir a escala de seus detalhes por causa do tamanho do prédio, forçada
a fazer diversas mudanças em curto prazo e com pouco tempo.
De acordo com os críticos, foi "tímida", "delicada", "apagada" e "feminina", de acordo que
se opõem à equipe de projeto e gestão composta apenas por mulheres para construção do
Edifício da Mulher na World's Columbian Exposition em ​Chicago​. A edificação foi criticada por sua
discreta estética "feminina" em comparação aos extravagantes edifícios vizinhos projetados por
arquitetos homens. Porém, em comparação com a construção de madeira precária de última hora
que abrigou o pavilhão feminino na Exposição de Filadélfia de 1876, esse foi um compromisso e
construção muito mais substancial para a exibição de conquistas femininas do que qualquer feira
anterior e além disso, a edificação se tornou o centro de uma discussão implacável sobre a
necessidade de um espaço dedicado apenas ao trabalho de mulheres e ao grande papel das
mulheres na arquitetura.
A planta e a fachada do ​Woman’s Building apresentam as principais características do
estilo neoclássico. A planta é retangular e simétrica tanto no eixo longitudinal (norte-sul) quanto no
transversal (leste-oeste). Percebe-se uma intenção de pavilhonamentação para a disposição dos
cômodos. Quatro retângulos (marcados na imagem 19 em azul) recebem o programa expositivo,
administrativo e de serviços. O vazio gerado por essa organização fica para a circulação sendo
que, no térreo, a galeria de pé direito duplo, ao centro da planta, distribui os fluxos para as
exposições dispostas nos cômodos ao redor. O desenho da época nomeia essa galeria como
rotunda. Apesar do conceito original de rotunda ser de um desenho circular, aqui há uma releitura
formal dessa clássica disposição. Além disso, apesar de o acesso principal ser na fachada leste, o
edifício possui saídas para as outras direções.
No segundo pavimento vê-se uma espécie de mezanino voltado para o centro da planta
que permite o vislumbre do térreo e do teto envidraçado que clareia todo espaço interno. Ao redor,
também, estão dispostos as salas administrativas. Uma curiosidade do programa do ​Woman’s
Building é a presença de cômodos exclusivos para mulheres, além dos sanitários. No andar
superior encontram-se os Private Rooms (quartos privativos em tradução livre) cujo acesso é
restrito ao gênero que propôs a construção.
A fachada, assim como a planta, é simétrica e possui ritmo bem marcado. É possível
demarcar três protuberâncias quadradas. As duas das extremidades marcam os “pavilhões”
laterais e possuem três fenestrações em cada pavimento, além de duas colunas duplas cujo ritmo
é reforçado pelas estátuas acima da cobertura. Entre as duas protuberâncias, no térreo, tem-se
um peristilo de colunas jônicas que sustentam arcos plenos dando maior leveza à composição. No
pavimento superior, as aberturas são menos generosas, apresentando fenestrações retangulares
seguindo o ritmo ditado pelas colunas do pavimento inferior.
Ao centro, percebe-se o acesso principal, que é ressaltado da fachada e marcado pelo
frontão triangular sustentado por colunas coríntias que também demarcam uma varanda no
pavimento superior. No térreo, nessa parte, mantém-se os arcos plenos e as colunas jônicas.
Todo esse conjunto é emoldurado por mais duas colunas duplas de seção retangulares
engastadas, marcando a forma quadrada que o compõe. A horizontalidade é marcada pelo
arquitrave sem muitos adornos que atravessa toda a fachada e que sinaliza a quantidade de
pavimentos. O frontão recebe esculturas de figuras femininas que fazem alusão ao frontão leste
do templo de Zeus, da Grécia Antiga.
A frente do edifício, também vemos um pequeno obelisco que indica o eixo de
simetria do edifício. Diferentemente de outros edifícios que utilizam esse artifício, o ​Woman’s
Building​ acaba por criticar esse elemento relacionado ao falocentrismo da cultura tradicional.
Figuras 7, 8 e 9 - Fotos do Woman’s Building em Construção (Vista externa e vistas do interior do edifício).

Figura 10 e 11 - Vista externa do Woman’s Building à esquerda e vista da varanda à direita.

Figuras 12 e 13 - Vistas do Interior do Woman’s Building e seus itens em exposição.


Figuras 14 e 15 - Interior de algumas salas e sessões do Woman’s Building.

Figura 16 - Análise da Fachada do Woman’s Building.

Figura 17 - Análise da Fachada (Entrada) do Woman’s Building.


Figuras 18 e 19 - Análise das plantas baixas do Woman’s Building. Setorização à esquerda e Eixos e Simetrias à direita.

- Estado e função atual do local do evento e seu edifício principal, esclarecendo as


modificações em relação ao projeto original.
Atualmente no local que há o Parque Jackson e Midway Plaisance não restou muito da
Exposição Universal, apenas alguns edifícios e itens podem ser observados na vizinhança.
Enquanto outros prédios maiores foram demolidos, o Palácio Beaux-Arts se transformou no Museu
da Ciência e Indústria. O Woman’s Building foi demolido juntamente com o restante dos edifícios.
A ilha projetada por Frederick Law Olmstead no centro da Feira ainda existe e foi onde o
Jackson Park se expandiu ao redor. Já a Estátua da República foi retirada e atualmente existe
uma réplica entre as ruas Hayes e Richards no Parque Jackson. Já a Roda Gigante que foi
inaugurada na Feira no Midway Plaisance foi movida e reapresentada na Feira de Saint Louis em
1904. Hoje, no local, existe um ringue de patinação.
Figuras 20 e 21 - À esquerda implantação original da Exibição e à direita implantação atual da área.

2) Análise
- Comentários sobre o projeto urbanístico e o projeto arquitetônico do edifício
principal, ilustrado com croquis: composições da planta e fachadas, referências
tipológicas, implantação, materiais, etc
Foi graças a exposição que houve, pela primeira vez, em ambiência americana, um fórum
propondo soluções para organizar o caos urbano em que se encontravam as grandes cidades
norte-americanas. A imensa área destinada a abrigar os pavilhões de exposições, conhecida
como a White City (Cidade Branca), foi planejada em escala monumental, formada por diversos
edifícios, palácios, circundando um enorme espelho d’água. A White City, que adquiriu esse nome
pelo fato de Daniel Burnham, responsável pela organização do evento, ter decidido que todos os
edifícios monumentais ali expostos deveriam ser pintados da cor branca, fato que criou imenso
impacto visual e maravilhou a todos.
A maioria dos edifícios da feira foram projetos no estilo de arquitetura neoclássica. As
fachadas não eram feitas de pedra, mas de uma mistura de gesso, cimento e fibra de juta,
chamada de cajado, e pintados de branco, dando aos edifícios seu "brilho". Os edifícios eram
revestidos de estuque branco, que, em comparação com os cortiços de Chicago, pareciam
iluminados. Também era chamada de White City por causa do uso extensivo das luzes da rua, o
que tornava as avenidas e os edifícios utilizáveis ​à noite.

Figura 22 e 23 - Montagem com as fachadas encontradas na White City (à esquerda) e vista da White City iluminada a noite.
Além disso, os edifícios se encontravam implantados ao redor do Grand Basin (Grande
Bacia) - o lago - as fachadas compunham o cenário da cidade ideal, com grande avanço e
capacidade de recomposição após o incêndio para que o mundo todo pudesse observar.

Figura 24 - Mapa com a implantação dos edifícios da Exposição.

3) Contexto Artístico
- Traçar relações entre o objeto e outras obras de arte que lhe sejam contemporâneas
(ou precedentes imediatos), ilustrando com ao menos uma obra literária e uma obra
de artes visuais.
A exposição de chicago contou com inúmeras obras, de diferentes mídias, como as
fotografias. Um fotógrafo chamado Julio Siza, natural de Portugal, condecorado na exposição de
1893 pela sua série de fotografias nas Guianas Inglesas, país do norte da América do Sul. Nessas
fotos, Siza retrata as habitações, indústrias, e os diferentes povos do país, compreendendo
chineses e índios importados para serem classe operária, e ainda negros retirados de suas terras
na África para serem servos guianeses. Nessa parcela, os colonizadores europeus estavam
inclusos, ingleses, franceses, escoceses, e espanhóis.
Siza buscava retratar nas suas fotos o ambiente de aldeias indígenas, o clima do local, as
relações entre os diferentes povos, conformando assim um grande e muito importante passo no
entendimento dos ingleses para com os povos da Guiana Inglesa e de seu habitat.

​Figura 25 - Foto de uma aldeia indígena às margens do rio


Musuruni.
Figura 26 - Diploma recebido por Julio Siza na exposição de Chicago em 1893.

A exposição de Chicago serviu também a dar ênfase no processo de produção capitalista,


onde o processo produtivo em larga escala era tratado como um espetáculo a ser mostrado,
contudo, somente os traços mais positivos eram revelados, sendo os outros encobertos. Com isso,
a ideia central era atingir amplos grupos de pessoas, de burgueses ao proletariado, o qual
passava por um período de aprofundamento das tensões nas relações de trabalho. Essas tensões
são densamente descritas e teorizadas nos livros de “O Capital”, do alemão Karl Marx.
Marx buscou entender as relações econômicas, e seus fundamentos. O modo de produção
capitalista, o qual é o cerne dos livros de Marx diz que o capitalismo é gerador de uma
desigualdade da classe que produz em detrimento à classe consumidora. Outro ponto é a luta de
classes e a dominação da burguesia, onde os grandes industriais regiam o mercado de trabalho.
Naquela época, houve uma grande migração de pessoas da Europa para as Américas a fim de
galgar uma vida melhor, logo os grandes burgueses donos de fábricas e indústrias viam nesses
imigrantes oportunidade para mão de obra a baixo custo. E um paralelo pode ser traçado em
relação à exposição de Chicago, onde mulheres que não desempenhavam papéis comuns aos
homens eram postas para trabalhar neles, como operar máquinas, e ainda havia a mão de obra
infantil.
A exposição de Chicago serviu principalmente como cenário do deslumbre das novidades
ao redor do mundo, muitas nações trouxeram e expuseram seus avanços, formando um grande
evento atrativo. Isso entra em consonância com o que Marx fala sobre a alienação, onde é a
exteriorização de uma essência humana e não do reconhecimento dessa atividade como tal, ou
seja, a produção ganhando ênfase em detrimento dos meios produtores, produzir em larga escala
sem medir os custos dessa produção. A exposição de Chicago serviu também de artifício para
encobrir as condições precárias às quais a classe proletária passou para produzir e manter a
exposição operando.
Outro conceito de Marx se encontra nesse período, o da mais-valia, onde não importava a
saúde ou bem estar do trabalhador, o que importava era o ritmo de produção e o cumprimento das
metas. Estava ligada também ao progresso e avanço científico e tecnológico, onde o burguês
industrial lançava mão de novas tecnologias de produção para aumentar sua capacidade e
velocidade produtora. Em paralelo a exposição de Chicago mostrava os avanços tecnológicos, e
enfatizava a produção de bens de consumo, realçava todos os inúmeros tipos de produtos que
eram produzidos, dava destaque e incentivava o consumo pela burguesia, enquanto que as
classes menos abastadas só olhavam e desejavam não tendo condições nem poder de compra.

Figura 27 - O Capital, livro de Karl Marx, 1ª Ed. 1867.

4) Contexto Político-Ideológico
- Explicar as relações políticas e econômicas envolvidas na realização da exposição e
o interesse do país anfitrião em promovê-la.
Em um panorama geral, na primeira metade do séc. XIX, os EUA passavam pela chamada
“Marcha para o Oeste” que gerou o aumento da população no país, sendo fomentada pela
expansão da malha ferroviária, e com a predominância de grandes latifúndios e produção agrária.
Na segunda metade do séc XIX, houve a migração da população rural para a cidade, e a ferrovia
gerava cada vez mais empregos. Com a consolidação de mais de 5000 indústrias, a sociedade
estadunidense se consolidou como urbana e cada vez mais tecnológica, esse episódio foi
chamado de “Era das Fusões”, considerada uma terceira revolução burguesa nos EUA.
Em 1876, comemorando o patriotismo americano e o progresso tecnológico, houve nos
Estados Unidos a Exposição do Centenário da Filadélfia que foi um grande sucesso para o país.
Então a Feira de 1893 teria um duplo significado, foi planejada como comemoração da primeira
viagem de Cristóvão Colombo à América, daí o nome remetendo ao descobridor (“World’s
Columbian Exposition”). Como a exposição do Centenário, a Exposição de Colombo também
mostraria a capacidade industrial americana e a inovação tecnológica. No entanto, a Feira de 1893
demonstraria algo que a Feira de 1876 não havia feito: os Estados Unidos não eram equivalentes
tecnologicamente à Europa, mas tinham passado de um século de inferioridade cultural para estar
no mesmo patamar do "Velho Mundo".

5​​) Contexto Socio-Cultural


- Explicar a importância da exposição para a cultura urbana local e a forma como se
inserem nela as culturas regionais do país anfitrião e do mundo.
Chicago, nessa época, por ser a segunda maior cidade dos EUA, vivia as conseqüências
perversas da política do “​bossism”​ , ou seja a oferta por empresários ou “boss” de serviços
mínimos aos imigrantes em troca de votos eleitorais, fazendo que as cidades fossem vítimas de
uma política e crescimento urbano completamente descontrolado, atendendo somente aos
interesses políticos e especulativos. Além disso, devido à intensa imigração, havia grande
incômodo nos membros da classe média com a heterogeneidade sócio-econômica e de usos
existentes na vizinhança dos locais onde habitavam. Não eram só as residências operárias e de
imigrantes pobres que incomodavam, mas também a sujeira e o barulho das indústrias.
Assim, emergiram reações sociais, especialmente desses membros da nascente classe
média, de sociedades de classe, de associações de pequenos comerciantes e de empresários que
por suas pressões políticas, conduziram ao aparecimento de medidas normativas para disciplinar
a ocupação do solo assim como para melhorar as condições estético-ambientais do espaço
urbano. Deste último aspecto é que derivariam os condicionantes para a emergência de uma
manifestação tipicamente norte-americana: o movimento City Beautiful. Esse movimento ganhou
forma após a Exposição de Chicago e, mais especialmente, com o cenário da White City.
Assim, a Exposição Colombiana de Chicago promoveu o início do debate e da consciência
sobre diversas dimensões da problemática urbana e de suas possíveis soluções. Contribuiu
significativamente para reforçar uma tendência já existente entre os segmentos mais conscientes
e organizados da população, a respeito da relevância de projetos reformistas e de cunho
estetizante, que culminariam com o movimento City Beautiful. E consagrou seu principal
organizador, Daniel Burnham para se lançar como profissional urbanista, que culminaria com o
plano que realizaria para a própria cidade de Chicago anos mais tarde, em 1909.

6) Contexto Tecnológico
- Relacionar o certame e seu pavilhão principal com os avanços científicos e técnicos
de sua época.
Dos avanços científicos apresentados na Feira de Chicago, os que ganharam destaque
foram as lâmpadas elétricas e os geradores de corrente alternada. A união dos dois dispositivos
permitiu que exibições ficassem abertas durante a noite. Assim, a Exposição de Chicago foi a
primeira a utilizar a energia elétrica em larga escala.
A contratação dos serviços de iluminação da Exposição foi alvo de intensa disputa entre
empresários norte-americanos e cientistas. Durante a década de 1880, Thomas Edison que
possuía dispositivos, que funcionavam com corrente contínua se opôs vigorosamente ao modelo
de corrente alternada do norte-americano Nikola Tesla, que permitia que a eletricidade fosse
distribuída a distâncias mais afastadas de seu ponto gerador. Tesla saiu vitorioso da disputa e
assim, Westinghouse Electric, contratou Tesla e detinha a patente do gerador de corrente
alternada, ganhou a licitação para iluminação da Exposição de 1893.
Figura 28 - Exposição de Tesla na área de eletricidade. Figura 29 - Grand Basin (lago) e ao fundo o Administration
Building e as luzes que permaneciam ligadas na exposição.

Além disso, a primeira Roda-Gigante foi construída para a Exposição Universal de Chicago
por George Washington Gale Ferris Jr, em 1893. Foi construída para rivalizar com os 324 metros
da Torre Eiffel, peça central da Exposição Universal de 1889. Ela foi a maior atração da Exposição
Universal de 1893, com uma altura de 80,4 metros. A Roda era composta por 36 cabines, cada
uma equipada com 40 cadeiras giratórias e capaz de acomodar até 60 pessoas, dando uma
capacidade total de 2160 pessoas. A Roda-Gigante original foi desmontada e enviada para a Feira
Mundial de 1904 em St. Louis, e, depois disso, demolida em 1906.

Fig 30 e 31 - Fotografias da grande Ferris Wheel.


7)​​ Precedentes e Sucedentes Arquitetônicos
- Indicar ao menos uma obra arquitetônica que possa ter servido de precedente à
construção do principal pavilhão da exposição e uma outra que possa ter sido
influenciada por ela. Ilustrá-las.
A exposição anterior à de Chicago, a Exposição Internacional de Filadélfia, contou com um
edifício destinado às mulheres, que foi financiado por uma elite burguesa feminina da época.
Contudo, a construção do Woman’s Building não visava somente mostrar o aumento da
participação da mulher na esfera pública, mas também o real poder econômico que elas detinham,
até mais que as mulheres europeias.
As mulheres americanas, nesta época, eram reconhecidas pelo seu trabalho em arrecadar
fundos para causas caridosas, e portanto, a comissão da exposição de Filadélfia solicitou um
grupo de mulheres residentes que contribuíssem para o evento. Este grupo liderado por Elizabeth
Dune Glimpse, descendente de Benjamin Franklin, empenhou esforços para a exposição,
entretanto, solicitou que as mulheres tivessem um espaço representativo na exposição. Essa
comissão de mulheres pediu um espaço amplo no pavilhão principal, que foi negado pelo
presidente do comitê de organização da exposição, Tomas Crochran, alegando que tal quebraria a
organização clara já definida para o pavilhão principal, mas cedeu um espaço para a construção
de um pavilhão exclusivo para as mulheres, onde encontrariam mais liberdade, espaço e
autonomia.
Totalmente financiado por mulheres, o edifício foi construído em uma área de parque
circundada por pequenos pavilhões e jardins. Projetado pelo chefe arquiteto da exposição, após o
fracasso da arquiteta Emma Kimball, o papel da mulher na arquitetura, que era nascente nessa
época nos EUA, foi diminuído mais ainda com a omissão da significativa influência em projetos
residenciais desenvolvidos por arquitetas na época.
O edifício composto por diferentes estruturas, foi inovativo e impositivo. Com uma torre de
estrutura aparente com 30 metros, posicionada no centro de uma planta derivada da superposição
de um quadrado sobre a cruz grega, foi uma novidade entre os outros pavilhões da exposição.
Críticos arquitetônicos classificaram o interior do edifício como livre, mesmo com as quatro
colunas que demarcavam a cruz, e o espaço ainda provia flexibilidade. A exibição incluía artes e
artes aplicadas produzidas por americanas e mulheres estrangeiras naturalizadas, literatura por
mulheres, e ainda um escritório de impressão de jornais, publicados por mulheres durante a
exposição de Filadélfia.

Figura 32 - Pavilhão das Mulheres, Exposição Internacional de Chicago, 1876.


A exposição precedente foi a Exposição Internacional de Paris, a qual teve um edifício
destinado às mulheres, intitulado Palais de la Femme. Devido às mudanças na lei francesa no
período de 1890, o direito à educação superior foi ampliado às mulheres, sendo o pontapé inicial
para o surgimento de um movimento feminista na França, nesta época. Uma visível minoria
intitulada “femme nouvelle” foi composta por mulheres independentes, graduadas e com carreiras
sólidas. Durante o período de 1890 a 1900, ocorreram inúmeros congressos destinados a
assuntos e direitos da mulheres, e que produziram 21 periódicos sobre assuntos feministas, além
de incentivar o ativismo feminista.
Diferentemente do movimento nos EUA, o feminismo francês foi composto de mulheres
burguesas e aristocráticas massivamente, e que eram consonantes com o ideal de que as
mulheres tinham outra esfera na sociedade, e que somente lhes cabiam as atividades domésticas,
matrimoniais e maternais como as mais apropriadas. Buscavam reformar as leis matrimoniais e
prover solidariedade com mulheres de outras classes sociais, através de projetos de bem estar
social.
Nas últimas décadas do séc. 19, a figura da mulher pública, ou “parisienne” surge como o
contraponto ao homem burguês da época. Tamara Garb, uma professora e pesquisadora da
universidade de Londres da época, classificou as “parisienne” como vestidas extravagantemente e
com penteados perfeitos, que representavam todo o glamour e superficialidades que o dinheiro e a
modernidade poderiam comprar. Essas mulheres desempenharam papel fundamental na
economia de Paris na época, consumiam os novos produtos que surgiam com a expansão da
cidade, a moda e os cosméticos, e contribuíram para fazer de Paris uma cidade sedutora,
povoada por mulheres elegantes.
Nos meados da última década de 1800, um contra movimento surgiu como reação ao
“femme nouvelle”. As mulheres adeptas foram perseguidas e tachadas como ameaça à
estabilidade e ordem, em particular ao que concernia a família, e como essas mulheres não
ligavam para boa aparência desafiaram as empresas que serviam ao grupo “parisienne”, as quais
a cidade, como um todo, se identificava. O contra ataque das “femme nouvelle” foi entender e
incorporar o grupo consumista das “parisienne” como potenciais compradoras das artes
produzidas pelas mulheres, e isso teve fomento de um movimento de renovo das artes decorativas
que surgia em toda a França, nessa época.
Esses conflitos do fim do séc. 19 foram expostos no Palais de la Femme, na Exposição
Universal e Internacional de Paris. Localizado entre a Torre Eiffel, e a Pont d’Iéna, o Palais era
rodeado por outros pequenos pavilhões. No pavimento térreo, ele servia aos assuntos voltados
para as “parisienne”, mostrando produtos e serviços que atendiam as necessidade do grupo. No
pavimento superior havia sala de concertos, uma sala para cuidados com as crianças, e ainda
uma sala de leituras com uma biblioteca contando com obras literárias internacionais de autoras
femininas, e com informações sobre os movimentos feministas provendo atrações as “femme
nouvelles”.
O Palais de la Femme foi um edifício parecido com o modelo estadunidense na exposição
anterior, com espaços multifuncionais, o que foi inovação para Europa. Foi reflexo da organizadora
do pavilhão, Madame M. Pégard, que foi diretora da seção francesa no pavilhão das mulheres na
Exposição de Chicago. Madame M. Pégard era uma lider burguesa feminista e figura central no
movimento de renovação da produção da arte aplicada através da participação da mulher.
Imbuída da experiência em Chicago, ela encontrou no movimento estadunidense independência,
iniciativa e autoridade, as quais serviram de inspiração para o trabalho que desenvolveu durante
os movimentos na França, no final do ano de 1890.
Criticado por ter alugado espaços dentro do Palais de la Femme a empreendedores
externos, como restaurantes e salões de beleza, contudo, o pavilhão foi elogiado pela sua
estrutura que remetia ao conceito das “parisienne”, foi classificado com um estilo barroco
encantador. Outro ponto que reforçava a ideia do conceito “parisienne” era uma obra prima da
moderna arquitetura francesa, decorado com treliças requintadas, flores, bacias de pedras
trabalhadas e fontes, pertencendo ao mais elegante e convidativo edifício da exposição. A
arquiteta M. Poutremoli entendeu como incorporar a graça e atração da feminilidade.

Figura 33 - Palais de la Femme, Exposição Universal e Internacional de Paris.


8) Bibliografia e Fonte das Imagens

The Editors of Encyclopaedia Britannica​. World's Columbian Exposition. Disponível em:


<​https://www.britannica.com/event/Worlds-Columbian-Exposition​>. Acesso em: 24 de outubro de
2018.

FIEDERER, Luke. Clássicos da Arquitetura: Feira Mundial de Chicago 1893 / Daniel Burnham e
Frederick Law Olmsted. 2017. Traduzido por: Matheus Pereira. Dispoível em:
<https://www.archdaily.com.br/br/885956/classicos-da-arquitetura-feira-mundial-de-chicago-1893-d
aniel-burnham-e-frederick-law-olmsted> . Acesso em: 24 de outubro de 2018.

Chicago Architecture Centre. WORLD’S COLUMBIAN EXPOSITION OF 1893. Disponível em: <
http://www.architecture.org/learn/resources/architecture-dictionary/entry/worlds-columbian-expositi
on-of-1893/> . Acesso em 25 de outubro de 2018.

MACLEOD, Finn. Os 9 edifícios mais controversos de todos os tempos. 2014. Traduzido por:
Arthur Stofella. Disponível em:
<​https://www.archdaily.com.br/br/759095/os-9-edificios-mais-controversos-de-todos-os-tempos?ad
_medium=gallery​>. Acesso em: 25 de outubro de 2018.

Chicago Sun-Times. On its 125th birthday, what’s left from the 1893 World’s Columbian
Exposition?. 2018. Disponível em:
<https://chicago.suntimes.com/entertainment/1893-worlds-fair-what-remains-125th-anniversary/> .
Acesso em: 25 de outubro de 2018.

Imagens:

Figura 1 - Ilustração do Panfleto da Exposição de Chicago de 1893. Disponível em:


<​https://gizmodo.uol.com.br/feira-mundial-1893/​>. Acesso em 24 de outubro de 2018.

Figura 2 - Vista aérea da Exposição de Chicago. Disponível em:


<​https://www.wdl.org/pt/item/11369/​>. Acesso em 24 de outubro de 2018.

Figuras 3 e 4 - Mapa e Análise da Setorização da Exposição. Mapa Disponível em:


<​https://images.adsttc.com/media/images/593b/3879/e58e/ce83/c500/014f/large_jpg/CO_Wikimedi
a_user_scewing_(PD)_-_Map.jpg?1497053293​>

Figuras 5 e 6 - Mapa e Análise dos Eixos da Exposição. Mapa disponível em:


<https://gradfoodstudies.files.wordpress.com/2018/05/krause-fig1.jpg?w=1024>

Figuras 7, 8 e 9 - Fotos do Woman’s Building em Construção (Vista externa e vistas do interior do


edifício). Disponível em:
<​https://digital.lib.niu.edu/islandora/search/womans%20building?page=1&type=edismax​>. Acesso
em 5 de novembro de 2018.
Figura 10 e 11 - Vista externa do Woman’s Building à esquerda e vista da varanda à direita.
Disponível em: <https://digital.lib.niu.edu/islandora/search/womans%20building?type=edismax>.
Acesso em 5 de novembro de 2018.

Figuras 12 e 13 - Vistas do Interior do Woman’s Building e seus itens em exposição. Disponível


em: <https://digital.lib.niu.edu/islandora/search/womans%20building?type=edismax>. Acesso em
5 de novembro de 2018.

Figuras 14 e 15 - Interior de algumas salas e sessões do Woman’s Building. Disponível em:


<https://digital.lib.niu.edu/islandora/search/womans%20building?type=edismax>. Acesso em 5 de
novembro de 2018.

Figura 16 - Análise da Fachada do Woman’s Building. Autoria Própria.

Figura 17 - Análise da Fachada do Woman’s Building. Autoria Própria.

Figuras 18 e 19 - Análise das plantas baixas do Woman’s Building. Setorização à esquerda e


Eixos e Simetrias à direita. Autoria Própria.

Figuras 20 e 21 - À esquerda implantação original da Exibição e à direita implantação atual da


área. Disponível em:
<https://chicago.suntimes.com/entertainment/1893-worlds-fair-what-remains-125th-anniversary/>.
Acesso em 24 de outubro de 2018.

Figura 22 e 23 - Montagem com as fachadas encontradas na White City (à esquerda) e vista da


White City iluminada a noite. Disponível em:
<https://www2.willworkinc.com/the-worlds-columbian-exposition/>. Acesso em 5 de novembro de
2018.

Figura 24 - Mapa com a implantação dos edifícios da Exposição. Disponível em:


<​https://www.geographicus.com/mm5/graphics/00000001/L/ChicagoWorldsFair5-columbiannovelty
-1893.jpg​/​>. Acesso em 5 de novembro de 2018.

Figura 25 - Foto de uma aldeia indígena às margens do rio Musuruni. Disponível em:
<​http://1.bp.blogspot.com/_Q9k1ZwKJcXM/SGqsPYdHOVI/AAAAAAAAB2c/665bXIQ6wAo/s1600-
h/RCSPC-Y307A-081[1].jpg​>.

Figura 26 - Diploma recebido por Julio Siza na exposição de Chicago em 1893. Disponível em:
<​http://4.bp.blogspot.com/_Q9k1ZwKJcXM/SGq1x0r8vUI/AAAAAAAAB30/EDpC4IrA_4M/s1600-h/
Cópia+de+Diploma2.jpg​>

Figura 27 - O Capital, livro de Karl Marx, 1ª Ed. 1867. Disponível em:


<http://www.aworldtowin.net/images/images330/MarxCapital.jpg>.

Figura 28 - Exposição de Tesla na área de eletricidade. Disponível em:


<​http://www.teslasociety.com/columbia_expo2.htm​> Acesso em 5 de novembro de 2018.
Figura 29 - Grand Basin (lago) e ao fundo o Administration Building e as luzes que permaneciam
ligadas na exposição. Disponível em: <​http://www.pinterest.com/​>. Acesso em 5 de novembro de
2018.

Fig 30 e 31 - Fotografias da grande Ferris Wheel. Disponível em: <​http://www.pinterest.com/​>.


Acesso em 5 de novembro de 2018.

Figura 32 - Pavilhão das Mulheres, Exposição Internacional de Chicago, 1876. Disponível em:
<​http://www.cloud-cuckoo.net/openarchive/wolke/eng/Subjects/001/Pepchinski/Slide09n.jpg​>.
Acesso 6 de novembro de 2018.

Figura 33 - Palais de la Femme, Exposição Universal e Internacional de Paris. Disponível em:


<​http://www.cloud-cuckoo.net/openarchive/wolke/eng/Subjects/001/Pepchinski/Slide23n.jpg​>.
Acesso 6 de novembro de 2018.

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