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CASO DORA - IDA BAUER (1882-1945)

RELATO SOBRE HISTERIA - TRANSFERÊNCIA

Maria José Sousa da Silva


RA.334494913752

TABOÃO DA SERRA
2022
1 – Resumo do Caso Dora

Ida Bauer, pseudônimo Dora, uma jovem de 18 anos, nasceu em 1882,


morava com seus pais e irmão mais velhos, era de uma família com boa situação
econômica. Ela era muito apegada ao pai, esse carinho aumentava a medida que o
pai apresentava algumas doenças, pois desde que os 6 anos de idade Dora
acompanhou o adoecimento do pai.

Foi levada a Freud, por seu pai, após achar uma carta de despedida,
onde revelava sua intenção de interromper a vida. Seu tratamento com Freud durou
3 meses, sendo interrompido pela própria paciente Dora.

Em 1888 Pai ficou tuberculoso e a família precisou se mudar para “B”


(Freud ocultou o nome da cidade). Em “B”, o clima favorecia a melhora das afecções
pulmonares.

Enquanto o relacionamento de Dora era muito afetuoso com o pai, com a


mãe era um tanto distante, pois essa se preocupava mais com os afazeres
doméstico, apresentando indícios de obsessão por limpeza.

Com o tempo a relação de Dora com o irmão também apresentou


conflitos, uma vez que o irmão não queria participar das discussões familiares, e
quando o fazia tomava partido da mãe, (é possível perceber a relação pai e filha,
mãe e filho).

Quando a doença do pai melhorou, sairam de “B”, e voltaram para Viena,


porém em “B”, eles conheceram um casal, denominado como Sr. e Sra. K.

Sr. K. demonstrou muito interesse em Dora, presenteando e criando


estratégia para estar perto dela; enquanto a Sra. K. se dedicou a cuidar do pai de
Dora, e também ficaram muito próximos. Dora informou aos seus pais sobre a
proposta amorosa que sr. K. fez a ela, assim que inquirido sobre tal acusação, ele
negou veementemente, atribuindo as fantasias de dora, em virtude de obras
literárias de conteúdo sexual, dessa forma Dora foi desacreditada.
Dora relata a Freud, outra situação envolvendo o Sr. K. quando ela tinha
14 anos, onde ele cria uma situação para ficar sozinho na com Dora em sua loja,
nesse episódio o Sr. K. consegue aproximar Dora a seu corpo e dar-lhe um beijo na
boca, o que provocou em Dora a sensação de repugnância; ainda tinha as
desconfianças de Dora, quanto a seu pai e a Sra. K. se relacionar afetivamente, as
visitas de seu pai a Sra. K. em horários que o Sr. K. não estava em casa, só
reforçava as desconfianças de Dora.

1) “Uma casa estava em chamas. Papai estava ao lado da minha cama e


me acordou. Vesti-me rapidamente. Mamãe ainda queria salvar sua caixa
de jóias, mas papai disse: `Não quero que eu e meus dois filhos nos
queimemos por causa da sua caixa de jóias.’ Descemos a escada às
pressas e, logo que me vi do lado de fora, acordei.” (Freud, 1905, p.40)
2) “Eu estava passeando por uma cidade que não conhecia, vendo ruas e
praças que me eram estranhas. Cheguei então a uma casa onde eu
morava, fui até meu quarto e ali encontrei uma carta de mamãe. Dizia que,
como eu saíra de casa sem o conhecimento de meus pais, ela não quisera
escrever-me que papai estava doente. `Agora ele morreu e, se quiser, você
pode vir.’ Fui então para a estação [Bahnhof] e perguntei umas cem vezes:
`Onde fica a estação?’ Recebia sempre a resposta: `Cinco minutos.’ Vi
depois à minha frente um bosque espesso no qual penetrei, e ali fiz a
pergunta a um homem que encontrei. Disse-me: `Mais duas horas e meia.’
Pediu-me que o deixasse acompanhar-me. Recusei e fui sozinha. Vi a
estação à minha frente e não conseguia alcancá-la. Aí me veio o sentimento
habitual de angústia de quando, nos sonhos, não se consegue ir adiante.
Depois, eu estava em casa; nesse meio tempo, tinha de ter viajado, mas
nada sei sobre isso. Dirigi-me à portaria e perguntei ao porteiro por nossa
casa. A criada abriu para mim e respondeu: `A mamãe e os outros já estão
no cemitério [Friedhof]’.” (Freud, 1905, p.59)

Os dois sonhos que Dora contou a Freud, possibilitou a análise do caso


Dora, a partir da interpretação dos sonhos, que revelaram questões ligadas à
sexualidade.

2 – Principais Sintomas
 Neuróticos;
 Dispneia crônica;
 Enxaquecas;
 Tosse nervosa;
 Perda completa da voz;
 Desânimo e uma alteração do caráter;
 Perda da consciência;
Trata-se de uma “petite hystérie” com os mais comuns de todos os sintomas
somáticos e psíquicos: dispnéia, tussis nervosa, afonia e possivelmente
enxaquecas, junto com depressão, insociabilidade histérica e um taedium
vitae que provavelmente não era muito levado a sério. (Freud, 1905, p.16)

Dora apresentava os sintomas que Freud identificava nos relatos de Dora,


alguns desses identificados em sua infância, outros foram se evidenciando com o
tempo, a partir de suas relações.

3 – Técnica psicanalítica

Dora inicia a análise com muita resistência, visto que foi em obediência ao
pai, que queria que ela se tratasse. Mas através da associação livre surge o
questionamento do porquê de não ter se afastado do Sr. K. após a primeira proposta
de sedução. Dora começa a perceber que se sentia como moeda de troca, entre seu
pai e o Sr. e Sra. K.

Transferência positiva, inicialmente, quando ambos falavam abertamente


sobre todos os assuntos e a Transferência negativa, quando Freud propõe que ela
se case com o jovem que demonstrava interesse por ela, após esse episódio Dora
resolveu encerrar a terapia.

Percebe-se a associação livre e a interpretação dos sonhos, como


técnicas utilizadas na análise.

Conclusão:

Freud diagnosticou Dora com Histeria, esse quadro evidenciado na forma


com Dora lidava com sua relação com seu pai, o incomodo gerado com a
interferência do casal a relação de seu pai com a Sra. K., e também de seus
sentimentos reprimidos pelo Sr. K.

Histeria, que se encontra a estrutura psíquica da neurose, com desejos


reprimidos pelo pai e pelo sr. K., conflito psíquicos estes, que se manifestam nos
sintomas corporais mais diversos, paroxísticos.
O caso teve como fator importante dois sonhos, um contado no meio do
tratamento e outro no final, sendo analisados pela interpretação de sonhos. Para
Freud o aprofundamento na interpretação dos sonhos é peça essencial para avançar
na compreensão da histeria e outras psiconeuroses.

Freud coloca esse caso como fragmentos, pois não concluiu, visto que
por uma falha na transferência, Dora encerra o tratamento, o que Freud lamentou,
entendeu que por não ter se atentado à forma como lidou com a transferência,
impossibilitou a continuidade do tratamento.
REFERÊNCIAS

FREUD, Sigmund. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, 1905. In: ______. Um caso de histeria
e Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. Rio de Janeiro: Imago, 1996. p. 163-195. (Edição
standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, 7).

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