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19 metamorfismo ivas vizinhanças dos contatos intrusivos, as rochas comumente apresentam variaç

marcantes de côr e textura. O xisto e o arenito tornam-se duros e quebradiços, · o


calcário se converte num mármore grosseiramente cristalino. Novos minerais podem
aparecer nas rochas alteradas, resultando, evidentemente, das altas temperaturas
produzidas pelo intrusivo. Em outros lugares, em extensas áreas não associadas visi -
velmente com atividade ígnea, as rochas podem apresentar um outro tipo de alie-
ração: o xisto se transforma em ardósias e em micas xistosas, as lavas em xistos clorí-
ticos e anfibolos, o calcário em mármores. Tôdas essas modificações que podem ser
razoàvelmente imputadas à ação do calor e da temperatura sob a superficie da terra.
são chamadas de metamorfismos.
É dificil formular uma definição mais precisa do que esta. De um lado, necessitamos
de uma distinção entre processos metamórficos e sedimentares; no entanto, os pro-
cessos sedimentares também podem envolver variações notáveis no material original :
cementação, recristalização, desidratação, troca iônica e vários outros. Podemos afir-
mar que essas modificações dão-se a baixas temperaturas e a pequenas profundidades,
em contraste com as altas temperaturas de grandes profundidades exigidas por meta-
morfismo, porém estabelecer limites de temperatÜ"ras e de profundidades significa
estabelecer uma fronteira arbitrária quando tal fronteira não existe na natureza.
Por outro lado, precisamos de um critério para diferenciar os processos metamór-
ficos dos processos ígneos. Isto também é dificil, uma vez que as rochas suQciente-
mente aquecidas fundem-se e a fusão se dá num intervalo considerável de tempera-
turas. Em que ponto separamos os fenômenos metamórficos dos ígneos quando uma
rocha se torna gradativamente líquida? Reconhecendo que a definição deve ser a lgo
arbitrária, estudaremos neste capítulo a química dos processos metamórficos - pro-
cessos que se entrelaçam com as reações sedimentares num extremo da gama de tempe-
raturas e com as reações ígneas no outro.
Nosso conhecimento da química destas reações intermediárias é menos completo
do que o nosso conhecimento em qualquer um dos extremos. Análises simples podem
evidentemente dizer que variações químicas ocorreram; mas como se deram essas
modificações e o que elas significam em têrmos de condições de pressão e temperatura
são perguntas que até agora só podem ser respondidas para alguns poucos proce sos
metamórficos. A dificuldade tem sido principalmente experimental, uma vez que as
.reações metamórficas exigem um estudo dos sistemas a altas pressões e tempera-
turas em presença de fluidos corrosivos. Tem havido muito progresso em vencer
estas dificuldades e o estudo do metamorfismo tornou-se um dos campos da geoquí -
mica de mais rápido desenvolvimento.

19-1. CONDIÇÕES DE METAMORFISMO

As reações metamórficas diferem dos processos qu1m1cos por serem principal-


mente reações no estado sólido. Não há propriamente fusão no metamorfismo exceto
nas mais altas temperaturas. Que isto é verdade está demonstrado pela habitual pre-
servação das estruturas nas rochas metamórficas: ardósias e quartzitos freqüentemente
apresentam com clareza a estratificação natural dos xistos e arenitos, os márm res
às vêzes têm fósseis e as lavas esverdeadas alteradas denunciam sua origem pela s
bem conservadas vesículas e estruturas de escorrimento. Rochas metamórficas mais
completamente recristalizadas como gnaisses e anfibolitos apresentam a preservação
essencial do estado sólido por uma ausência de relações intrusivas com o seus mal··
150 INTRODUÇÃO A GEOQU(MICA METAMORFISMO 151

na1s circundantes: não existem veios ou colares brotando da massa principal, não sôbre a composição e grau de preenchimento das inclusões fluidas, a partir das quais
há diminuição de granulometria nos contatos, não há xenolitos nem brechas intru- valôres absolutos de temperat"ura e pressão -podem ser estimados. Em geral as esti-
sivas. Os fluidos intersticiais podem ter alguma influência no metamorfismo, mas a mativas de temperatura e pressão dependem consideràvelmente da quantidade e
maior parte da rocha permanece sólida durante a transformação. natureza dos fluidos que desapareceram já há muito tempo, de maneira que os valôres
O que se sabe sôbre as condições atuais de temperatura e pressão durante o meta- numéricos das condições de metamorfismo para uma determinada rocha raramente
morfismo? O limite superior de temperatura, definido como o ponto no qual a fusão podem ser estimados com precisão maior do que ± 100º ou ± 1000 atm.
se torna generalizada, pode ser especificado com bastante precisão. Os trabalhos
experimentais indicam que o intervalo de temperatura de fusão depende da compo- Relativo à pressão, um problema adicional é a necessidade de distinguir entre
sição do material da rocha, da pressão total e da natureza e concentração dos fluidos pressão uniforme e pressão dirigida. Pressão uniforme é o tipo que resulta do pêso
associados ; para os tipos mais comuns de rocha, sob pressões razoáveis de vapor do material sobreposto, o único tipo que pode existir no meio fluido. Na água, esta
d'água, a temperatura da fusão incipiente está entre 650 e 800ºC. É mais dificil espe- pressão uniforme, ou não-dirigida, é denominada hidrostática sendo o mesmo têrmo
cificar o limite inferior da temperatura devido à simples dificuldade de definição' e freqüentemente utilizado para referir-se a pressões não-dirigidas em outros meios,
também, parcialmente, pelas contradições entre as provas observacionais. As rochas mesmo a pressões em rochas. É preferível usar um têrmo mais específico, litostática,
sedimentares retiradas de perfurações profundas, onde as temperaturas estão acima a fim de evitar ambigüidades. Em contraste com a pressão litostática, a pressão dirigida
de 150º , não apresentam sinais de modificações metamórficas; no entanto, em áreas nas rochas é uma pressão mais forte numa direção do que em outra. Há muitas evi-
de fontes térmicas, a água a aproximadamente lOOºC pode evidentemente causar dências do trabalho da pressão dirigida: camadas dobradas, falhas de empuxo, gra-
profundas alterações. A conversão de caulinita em muscovita, uma modificação mer~- nulação de rochas e orientação mineral em xistos e gnaisses são resultados comuns.
mórfica familiar nos primeiros estágios de alteração dos xistos, pode, de acôrdo com Na literatura geológica, a pressão dirigida é com freqüência chamada vagamente de
as experiências, ocorrer a diversas temperaturas desde 350º baixando até 200º , depen- tensão. Técnicamente a tensão deveria descrever as condições internas de um sólido,
dendo da acididade e do teor de potássio das soluções intersticiais (Sec. 7-4, Fig. 7-6). as fôrças que agem através de qualquer superficie no interior do mesmo, mas por con-
O epídoto, um outro mineral característico dos estágios iniciais do metamorfismo, veniência o significado pode ser ampliado, sem criar sérias ambigüidades, à pressão
forma-se provávelmente a temperaturas entre 130 e 240º , dependendo da, pressão dirigida externa que provoca as fôrças internas. Com relação às grandezas numéricas
e composição das soluções, como foi observado nas fontes térmicas. Um limite en tre das fôrças dirigidas que operam no metamorfismo, pràticamente não temos dados,
100 e 250º seria talvez razoável como o extremo inferior da escala metamórfica. Uma exceto que tais pressões, durante um período longo não podem exceder as pressões
alteração abaixo destas temperaturas seria considerada uma diagênese, ou climati- li tos táticas por mais do que uma pequena fração devido à limitada resistência das rochas.
zação, ou, possivelmente, uma atividade hidrotérmica; mas as distinções, como vimos Uma condição final importante que determina a velocidade e, freqüentemente,
acima, são sujeitas principalmente a definições um tanto quanto arbitrárias. a natureza das reações metamórficas é a presença de fluidos intersticiais. Práticamente
Durante o metamorfismo, a pressão é devida principalmente ao pêso do material tôdas as rochas sujeitas ao metamorfismo contêm tais fluidos, seja sob a forma de
sobreposto. A maioria das rochas metamórficas não está a mais do que 20 km abaixo água nos poros e nas películas superficiais, seja sob forma de água e dióxido de carbono
da superficie (a grandes profundidades o material granítico começaria a fundir), uma em minerais que os liberam por aquecimento. O fluido é freqüentemente adicionado
profundidade na qual a pressão litostática é cêrca de 6.000 atm. As pressões resul- à massa original durante o metamorfismo, seja destilado a partir de rochas adjacentes,
tantes de movimento orogênico podem exceder, local e temporáriamente, êste valor, ou por emanação a partir da massa de um magma em resfriamento. Qualquer que
e algumas rochas de composição máfica são, provàvelmente, provenientes de profun- seja sua fonte, os fluidos são provàvelmente muito semelhantes às emanações vulcâ-
didades maiores do que 20 km, mas 6.000 atm servem bem como um limite superior nicas que discutimos no Capítulo 16. Uma longa discussão tem sido mantida nos círculos
aproximado para a maioria das modificações metamórficas. O limite inferior das geológicos sôbre a possibilidade do metamorfismo ocorrer em ausência de fluidos.
pressões é novamente uma questão de definição: normalmente nós consideramos o Reações entre sólidos secos são certamente possíveis e certas rochas metamórficas
metamorfismo como se dando abaixo da superficie a pressões de, pelo menos, algumas com certeza apresentam poucas evidências de uma presença fluida em sua composição ;
centenas de atmosferas, mas se nós incluíssemos as alterações encontradas perto das por outro lado, as reações entre sólidos são em geral lentas, especialmente reações
fumarolas o limite inferior seria a pressão atmosférica. entre silicatos, e é bem possível que as reações necessárias para o metamorfismo não
Podemos então estabelecer com alguma certeza os valôres limites. O problema se dariam de forma apreciável, mesmo em períodos geológicos, sem auxílio de fluidos.
da determinação da temperatura e pressão sob as quais se formou uma determinada A discussão se prende às velocidades de reação, sôbre as quais há muito poucas infor-
amostra de rocha metamórfica é mais dificil. Geralmente aplicamos diversos critérios mações quantitativas. Num sentido geológico prático, a discussão não tem muito
empíricos derivados das observações geológicas: grãos maiores sugerem tempera- sentido, desde que sempre existe pelo menos uma pequena quantidade de fluido pre-
turas mais altas do que grãos menores; biotita a temperaturas mais altas do que mus- sente nas rochas. A maioria das reações metamórficas é acelerada com os fluidos e,
covita, hornblenda a temperaturas mais altas do que a actinolita e assim por diante. para algumas reações, a natureza e quantidade de fluido determinam o tipo de mineral ·
Tais observações mineralógicas podem ser refinadas a fim de classificar as rochas metamórfico que se formará .
metamórficas, pelo menos aproximadamente, de acôrdo com suas relativas tempe- Temperatura, pressão litostática, pressão dirigida e natureza, e tipo de fluidos
raturas e pressões de formação (Sec. 19-4). Cada vez mais os trabalhos experimentais intersticiais : êstes são os fatôres que precisamos conhecer, pelo menos qualitativamente,
fornecem dados mais quantitativos sôbre as estabilidades das associações minerais, para podermos prever como uma determinada rocha reagirá às condições metamórficas.
1 1 INlltol>UÇAO A U>OUIMI A Mf fAMORFI MO

19 2. CLASSIFICAÇÃO DAS ROCHAS METAMÓRFICA llh110s sc 111111 111 ·:1 111,·udo~ · 11 p ·r rn ·u~·: o da rn ·lrn por fluid os pode rn odilkar sua co m-
po 11,:uo volum ·tricu, alterando assim as associaç e de cquilíbri , porém, a despeito
O difícil problcmn de classifica r as rochas metamórficas cstú no cu mpo da pctro- dl•ss:1s co mplicaç< cs, é ú1il discu1ir s processos me(amórficos cm têrmos de equilíbrios
gru l'iu e nilo no da gc química. Neste, não prcci amos mais do que as definições de
id ·a li,ud os.
ulguns têrmos que são ú1eis na discussão da química dos proce sos metamórficos.
ma divisão dupla conveniente das rochas metamórficas classifica-as, princi- li Rey ra das Fases Min eralógicas
palmente com base nas observações de campo, em (1) rochas metamo1foseadas ter- uão co mplexa pode ser uma rocha metamórfica? A regra das fases nos ajuda a
micament e, rochas estas encontradas em áreas de, no máximo, alguns quilômetros determinar o número máximo de minerais que podem existir em equilíbrio numa dada
quadrados nos limites das massas intrusivas e (2) ro chas localmente metamo,foseadas, l'o mposição. Teoricamente o número de fases seria máximo quando o número de
r chas e tas ocorrendo em áreas maiores e sem relação aparente com as rochas in- gru us de liberdade fôsse zero e seria igual ao número de componentes mais dois:
trusivas. Em geral, as primeiras são não-foliáceas (carentes de estruturas direcionais
devidas à orientação mineral) aparentemente pelo fato das pressões serem principal- p = c + 2-f donde P,,,ax = c + 2- 0
mente litostáticas, enquanto que as últimas são típicamente foliáceas , com minerais
hs te máximo só poderia ser atingido num determinado ponto, ponto êste onde tanto
como micas e anf1bolos claramente orientados em planos e linhas, presumívelmente
u temperatura como a pressão têm valôres únicos. Seria possível, mas extremamente
como resultado de pressão dirigida durante o metamorfismo. A distinção entre rochas
improvável, encontrar tal associação especial preservada numa rocha metamórfica ;
foliáceas e não-foliáceas não tem perfeita equivalência com a que existe entre rochas
cm geral, uma rocha real deve representar uma associação estável num considerável
metamorfoseadas local e térmicamente, uma vez que áreas de metamorfismo loc;il
intervalo de temperaturas e pressões. Em outras palavras, a associação deve ter um
incluem, de maneira habitual, variedades não-foliáceas, especialmente rochas como
minimo de dois graus de liberda de, df maneira que o número máximo de fase~ sólidas
quartzito e mármore cuja composição está em desacôrdo com a formação de minerais
seja igual ao número de componentes. Esta generalização foi formulada primeiramente
em camadas ou em agulhas. Os metamorfismos térmicos e locais não podem ser sem-
por Goldschmidt e é freqüentemente referida por seu nome. Ela é válida para rochas
pre d istinguidos com clareza, porque o magma intrusivo pode invadir rochas já meta-
ígneas bem como para as rochas metamórficas e é designada genéricamente como a
morfoseadas localmente e superimpor efeito; térmicos no metamorfismo original. A
regra das fas es mineralógicas.
despeito dessas ambigüidades, a separação entre rochas alteradas térmica e localmente
é útil, não só porque é facilmente aplicável no campo, mas também pelo seu consi- Como um exemplo simples, consideremos o sistema de três componentes
derável significado genético. Ca0-Mg0-Si0 2 . A várias temperaturas e composições, o metamorfismo pode pro-
Uma classe especial de rochas metamórficas é formada por aquelas que apresentam duzir associações tais como enstatita-volastonita-quarlzo, esntatita-diopsida-quartzo,
evidência de adição de materiais estranhos durante o meta morfismo. Tactitos com diopsida-forsterita-periclásio, mas o número de minerais em coexistência nunca será
granada e diopsida, greisens com muita turmalina, minérios de reposição com minerai s maior do que três. Num xisto comum ou numa arcose de lava, o número de compo-
de sulfetos, todos êsses casos são exemplos. Êles poderiam ser considerados com um nentes principais é maior, geralmente sete ou oito, e o número possível de minerais
terceiro grupo principal de rochas metamórficas, mas são geralmente considerados coexistentes seria, em correspondência, maior.
como variedades das duas classes principais. Na realidade, a regra das fases mineralógicas não é de muito auxílio no estudo dos
A subdivisão dos dois grupos principais é baseada em composição química (por sistemas naturais. Uma razão é a dificuldade em decidir quanto ao número de compo-
exemplo, quartzito, mármore, andalusita-cordierita, hornfels) ou no conceito de mudan- nentes, devido às substituições isomórficas. Por exemplo, a extensa substituição do ferro
ça de composição mineral com o aumento de temperatura e pressão (por exemplo, ardó- por magnésio reduziria, em muitas rochas, o número de componentes independentes de
sia, xisto, gnaisse). Não precisamos discutir aqui a classificação por composição química ; um. Os voláteis apresentam mais uma dificuldade: uma substância volátil seria contada
a idéia da mudança de composição mineral resultante de variações de pressão e tempe- como componente se estivesse presente em quantidades limitadas e se estivesse con-
ratura é a base para a classificação pela aparência o que discutiremos numa parte finada dentro do sistema (um "sistema fechado"), mas não se tivesse a liberdade de
posterior dêste capítulo entrar e sair do sistema (um "sistema aberto"). Suponhamos, por exemplo, que o C02 fôs-
se adicionado ao sistema de três componentes considerado no último parágrafo. Se
apenas uma pequena quantidade estivesse presente e se o sistema fôsse fechado, de
maneira que a pressão de C0 2 fôsse determinada por reações de equilíbrio tais como
19-3. RELAÇÕES DE EQUILIBRIO
(19-1)
Generalidades

O met amorfi smo é um ajustamento progressivo das rochas a pressões e tempe- então a calcita, magnesita ou dolomita poderiam aparecer como uma quarta fase
raturas variáveis. Teoricamente, a partir de uma rocha de uma dada composição sólida juntamente com os minerais de silicato (por exemplo, enstatita-volastonita-
inicial, as reações metamórficas deveriam formar uma seqüência de associações mine- -quartzo-calcita). Se, por outro lado, o sistema fôsse aberto aos fluidos e a pressão de C02
rais, cada uma representando a associação em equilíbrio estável num determinado tivesse um valor fixo determinado por fatôres externos, o equilíbrio na Eq. (19-1)
intervalo de temperaturas e pressões. Reações lentas podem impedir que certos equi- seria deslocado numa direção ou outra a uma dada temperatura ; qualquer par das
164 INTRODUÇÃO A GEOOUIMICA METAMORFISMO 155

três substâncias CaC0 3 , Si0 2 , CaSi0 3 poderia aparecer entre as fases sólidas, mas do comum. O cálculo assume que há excesso de sílica e feldspato alcalino (como é
não tôdas as três. Utilizando linguagem mais técnica, num sistema aberto aos fluido s, o caso em muitas rochas metamórficas), de maneira que êstes não são significativos
o C0 2 é um componente móvel e a regra das fases deveria ser modificada para ser ex- como fases na diferenciação de uma associação mineral de outra. Para as rochas onde
pressa da seguinte maneira a hipótese de excesso de sílica e feldspato alcalino não é válida, pode-se fazer uma
outra escolha d.e variáveis independentes.
Para o caso geral: p = c-m + 2 - f Como um exemplo do uso dos diagramas ACF, consideraremos sucintamente
Para a regra das fases mineralógicas: pmax = c-,n os hornfelses de silicatos de cálcio da região de Oslo, famosos pelo trabalho de Golds-
chmidt de 1911. Aqui, podemos considerar que o quartzo e o ortoclásio estejam em
onde e em cada expressão é o número total de componentes e m é o número de com-
excesso e as possíveis associações em equilíbrio estão representadas adequadamente
ponentes móveis. Ao tentarmos estudar a história de uma rocha metamórfica, nor-
pelas variações de A, C e F (Fig. 19-1). As dez variedades de hornfelses que Golds-
malmente não podemos saber quantos componentes móveis estavam presentes ou
chmidt distinguiu estão indicadas por números na Fig. e na lista abaixo:
qual o grau de aproximação das condições em relação às de um sistema aberto ou fe-
chado ideal; daí, o número de fases a ser previsto a partir da regra das fases minera-
1. Andalusita-cordierita (mais quartzo e ortoclásio)
lógicas é sempre algo indeterminado.
2. Andalusita-cordierita-plagioclásio (mais quartzo e ortoclásio)
Além dessas considerações teóricas, a aplicação da regra de Goldschmidt tem
3. Cordierita-plagioclásio (mais quartzo e ortoclásio)
pouca utilidade devido ao simples fato de que a maioria das rochas metamórficl.:
4. Cordierita-plagioclásio-hiperstênio (mais quartzo e ortoclásio)
contém somente um número pequeno de minerais, em geral menor que o número
5. Plagioclásio-hiperstênio (mais quartzo e ortoclásio)
máximo permitido pela regra. De fato, uma das características marcantes da maioria
6. Plagioclásio-hiperstênio-diopsida (mais quartzo e ortoclásio)
das rochas metamórficas é a relativa simplicidade de suas associações minerais. Rochas
7. Plagioclásio-diopsida (mais quartzo e ortoclásio)
tão abundantes como xistos de quartzo-mica e anfibolitos, por exemplo, têm somente
8. Plagioclásio-diopsida-grossulária (mais quartzo e ortoclásio)
dois ou três minerais de qualquer importância, a despeito da presença de sete ou oito
9. Diopsida-grossulária (mais quartzo e ortoclásio)
componentes.
10.· Diopsida-grossulária-volastonita (mais quartzo e ortoclásio)

Diagramas ACF
É desejável algum sistema "taquigráfico" para representar as possíveis associa-
ções metamórficas obtidas de proporções diferentes de materiais básicos. Já encon-
tramos êste tipo de problema anteriormente: como representar variações de sete
ou oito componentes num diagrama bidimensional. Uma solução conveniente, aqui
como em outros lugares, é reduzir o número de variáveis significativas combinando
os componentes em grupos e escolhendo os mais importantes. Foram tentados vários
meios de conseguir isso e o mais prático, geralmente, é o diagrama "ACF'' imaginado
por Eskola (1939).
A construção de um diagrama ACF a partir de uma análise química envolve as
seguintes operações:
.c------3----- Cordierita
Mg Al Si 5 0 18
1. Recalcular as porcentagens em pêso para as porcentagens moleculares. 2 4

2. Desprezar os constituintes de minerais acessórios e o Al 2 0 3 em feldspatos


. a lcalinos (em outras palavras, subtrair da porcentagem de Al 2 0 3 uma quantidade Grossulária
eq uivalente à combinada com Na 2 0 e K 2 0 em Na 2 0·Al 2 0 3 ·6Si0 2 e K 2 0·Al 2 0 3 • 5
Ca 3 AliSi aO 11
·6Si0 2 ).
6
3. Adicionar o Al 2 0 3 remanescente ao Fe 2 0 3 obtendo um valor chamado A. 10
4. Chamar a quantidade de CaO de C. e '---~~~~~~~~~...:!11'--~~~~~~~~~...3 ~
5. F representa a soma MgO + FeO + MnO.
Volastonita Diopsida Hisperstênio
6. Recalcular A + C + F para que somem 100 % e representá-los num diagrama
triangular. CaSi0 3 Ca(Mg, Fe)Si 2 0 6 (Mg, Fe)Si0 3

Para um cálculo mais exato são necessárias algumas regras adicionais que levem cm Fio. 19-1. Diagrama ACF para hornfe/ses da região de Oslo. (Hornfe/s de piroxênio.) Fonte: Turner
o nta s minerai ace sórios, bem como para o caso de rochas de c0 mposiç, o forn e Vcrlioogen, 1960, p. 521.
166 INTRODUÇÃO A GEOQU(MICA METAMORFISMO 157

Desta co mposições, podemos imaginar que as rochas ongmais que sofreram Preservação de Associações de Equilíbrio a A ltas T emperaturas
melam rfismo eram xistos, variando em composição desde os isentos de cal (A alto)
u1é os ricos em cal (C alto). Note cuidadosamente o que significa um diagrama co mo Se o equ ilíbrio é a regra geral, surge uma pergunta embaraçosa. Depois que uma
o da Fig. 19-1 : êle indica as possíveis associações de equilíbrio para composições rocha foi metamorfoseada a alta pressão e temperatura, ela deve ser submet ida a
iniciais diferentes num determinado intervalo de temperaturas e pressões - nada temperaturas e pressões gradualmente decrescentes antes de aparecer nos afloramentos
mais do que isso. Êle não pode ser interpretado como indicando possíveis caminhos de superficie. Por que sua composição não se ajusta de tal forma que permaneça em
de cristalização, como os diagramas triangulares dos Capítulos 12 e 13. Também não equilíbrio nas condições de temperatura e pressão mais baixas? Como são preservadas
podem servir de base para previsões, a não ser num sen tido negativo ; podemos prever, as associações minerais de alta temperatura? Colocando a pergunta numa forma
com base na Fig. 19-1, por exemplo, que as combinações cordierita-diopsida e hipers- mais direta, por que encontramos rochas metamórficas?
lênio-grossulá ria não devem ocorrer nos hornfelses de Oslo. (Se tais combinações Sa bemos que as reações metamórficas são vagarosas e aumentam com o crescer
fôssem encontradas, elas seriam interpretadas como associações de equilíbrio numa da temperatura. Quando uma rocha é aquecida de modo lento até SOOºC e resfriada
gama diferenie· de pressões e temperaturas, para as quais se deveria construir um rápidamente, forma-se uma associação característica dos SOOºC, que não teria tido
nôvo diagrama ACF.) Resumindo, êsses diagramas são simplesmente um meio de tempo de ajustar-se às condições de baixa temperatura. Mas isto é desvirtuar o pro-
sumarizar de forma concisa uma grande quantidade de dados analíticos. cesso natural; nada do que nós conhecemos do metamorfismo sugere que as tempe-
raturas sempre, ou mesmo habitualmente, aumentem mais rápido do que caem. Por
Devemos notar cj'ue os diagramas ACF, ou diagramas triangulares semelhantes que não encontramos ajustamentos, pelo menos incipientes, a temperaturas mais
com outras vai:_iáveis, são úteis somente para grupos de rochas metamórficas cuj. s baixas? Em verdade, às vêzes notamos conversões parciais de minerais de alta tempe-
relações composicionais podem ser expressas por variações de não mais do que três ratura para minerais de baixa temperatura ("metamorfismo retrógrado"), mas isto
componentes. Muitas rochas metamórficas satisfazem esta cond ição, mas não tôdas. é raro. Assim, velocidades diferentes de aumen~o e queda de tempera tu ra parecem
ser uma explicação insuficiente para a preservação de associações a alta temperatura.
R eco11hecime11to de Associações de Equilíbrio Para o metamorfismo regional, uma explicação melhor é sugerida pelo fato de
Temos assumido que minerais de roc has metamórficas formam associações de que êste tipo de metamorfismo em geral é um acompanhamento do movimento orogê-
equi líbrio, mas ista pressuposição pode ser posta em dúvida com base no fato de que nico. Talvez as reações possa m ocorrer apenas durante o próprio movimento, como
as reações metamórficas são lentas. Como é justificada esta pressuposição? Como conseqüência do contato íntimo entre as rochas de granulação fina ; talvez as reações
distinguiremos por observação associações de equilíbrio e associações · de não-equi- cessem quando o movimento cessa, preservando a associação mineral formada durante
líbrio ? a orogenia. Para as rochas metamorfoseadas termicamente, uma possível explicação
está na observação de que as zonas metamórficas nos contatos intrusivos são mais
Tais perguntas estão sendo respondidas por duplicações experimentais de com- amplas onde veios de quartzo 'e abundância de minerais recentes indicam adição
binações de minerais metamórficos, mas até que tenhamos mais dados experimentais, de fluidos durante a alteração. Talvez o metamorfismo térmico sempre exija a pre-
devemos nos basear em dados petrográficos. Uma indicação petrográfica de que o sença de pelo menos pequenas quantidades de fluido e as reações metamórficas cessem
equilíbrio é a tingido na maioria das rochas metamórficas é o fato de que o número abruptamente quando o fornecimento de fluido é interrompido. Uma destas expli-
de minerais não excede o número permitido pela regra das fases. Como o número cações, ou ambas - a aceleração das reações metamórficas seja pela granulação
está freqü en temente bem aba ixo do máximo, isto não é evidentemente um teste rigo- devida ao movimento orogênico ou seja pela presença de fluidos - , provàvelmente
roso. Uma outra observação que sugere a consecução do equilíbrio é a habitual falta justifique a formação e subseqüente preservação das rochas metamórficas.
de localização na composição do plagioclásio e piroxênio met amórficos. Nas rochas
ígneas, êstes minerais denunciam falta de fusão para manter o equilíbrio durante o
resfriamento ao apresentarem uma composição diferente entre o centro e as margens Efeito da Pressão Litostática
dos cristais, mas, nas rochas metamó rficas, sua composição, em geral uniforme, deve Uma vez que ,as reações metamórficas envolvem a maioria das mudanças de
significar que os cristais se aj ustaram completamente à lempera tu ra e à pressão do uma ·associação de minerais sólidos de silicato para outra, e uma vez que os silicatos
seu meio. A evidência mais convincente do equilíbrio é talvez a presença das mesmas não diferem muito entre si em densidade, é de se prever que a influência da pressão
associações minerais em diferentes rochas de composição global diferente, indepen- litostática na maioria dos equilíbrios metamórficos seja pequena. Isto se obtém a
dendo das idades das rochas e das localidades de proveniência. Se o não-eq uil íbrio partir da regra de Le Chatelier ou da expressão algébrica da regra, dada pela Eq.
fôsse comum, certamen1e poderíamos esperar que rochas de composição semelha nl e (8-21):
apresentassem uma variedade considerável de minerais, dependendo do grau de
aproximação ao equ ilíbri o. dóF A
- =uV
dP
É surpreendente, pois, verificar que as associações de equilíbrio formam a regra
enlre rochas metamórficas. Certamente não faltam as exceções, especialmen te onde Uma vez que a velocidade da variação de energia livre para uma reação com a pressão
relíquias dos minerais de origem podem ser reconhecidas, mas tais casos são raros é igual à variação de volume na reação, a variação da energia livre e, conseqüente-
cm comparação com rochas nas quais a transformação metamórfica se complclou. mente, a da posição de equilíbrio deve ser pequena para reações onde a variação
168 INTRODUÇÃO A GEOOUIMICA METAMORFISMO 169

global da densidade fôr pequena. As reações que envolvem voláteis num sis1ema em planos, e o de cristais alongados, como anfíbola, tanto em planos como em modelos
fechado seriam exceções a esla regra. A reação indicada pela Eq. (19-1), por exemplo, lineares. A folheação não foi a inda produzida em laboratório, de modo que nossa
seria obviamente muito sensível à pressão se o C0 2 não pudesse escapar facilmente. única evidência provém da observação geológica ; infelizmente, as observações per-
Contudo mesmo reações com voláteis não seriam muito afetadas pelas variações na mitem uma variedade de interpretações.
pressão da rocha se os voláteis pudessem mover-se livremente. A folheação de algumas rochas, especialmente o tipo de folheação denominado
A pressão tem um efeito pronunciado em algumas reações sólido-sólido que clivagem ardosiada, é muitas vêzes a proximadamente pa ralela ao plano axia1 das
produzem minerais de densidade excepcionalme nte alta ou baixa. A conversão da dobras. Isto levou à sugestão de que os minerais laminados desenvolvem-se numa
forma leve de carbono (grafita, densidade 2,1 g/cm 3 ) para a forma densa (diamante, rocha metamórfica com suas dimensões maiores perpendiculares à direção da máxima
3,5) é um exemplo comum ; as rochas nas quais os diamantes são geralmente encon- tensão. Como justificativa, é muitas vêzes citada uma antiga experiência do químico
trados (kimberlitas) fornecem indícios de uma origem na parte inferior da crosta ou alemão Riecke: Riecke mostrou que um bloco de gêlo sujeito a uma pressão não-
do manto superior, onde as pressões seriam muito grandes. Um outro exemplo é 11 -uniforme tinha um ponto de fusão inferior ao do gêlo não estava sob pressão; por
formação de variedades densas de sílica, coesita e estishovita, pela enorme pressão isso, presumivelmente, seria "dissolvido" na água em redor e recristalizaria em blocos
instantânea produzida quando um meteoro choca-se com a terra. Um exemplo mais não-tensionados, desde que a temperatura fôsse mantida no ponto de congelamento.
importante de um ponto de vista petrográfico é a rocha metamórfica denominada Supõe-se, freqüentemente, que a experiência implique no fato de que o gêlo fundir-
eclogita. Já citamos esta rocha numa discussão anterior (Sec. 14-5), quando ela foi -se-ia nos pontos onde fôsse aplicada a pressão, e cristalisaria em outras faces do
descrita como um possível resultado da cristalização de um líquido basáltico sob mesmo bloco, de modo que o bloco cresceria de lado. Esta interpretação não é confir-
pressões muito altas ou, alternativamente, como o produto de alteração de um basalto mada, a menos que uma parte do bloco esteja sob pressão maior do que outra parte ;
sólido em alta pressão. A conversão metamórfica d~ basalto em eclogita é aproxi- enquanto a tensão fôsse homogênea - a mesma em tôdas as partes do bloco - a
madamente representada pela Eq. (·14-1), que indica uma variação a partir de uma solubilidade seria a mesma em tôdas as faces. Mesmo que fôsse possível um cresci-
mistura plagioclásio-piroxênio-olivina, com uma densidade média acêrca de 3,0 g/ cm 3 , mento de um lado, como conseqüência de uma tensão, êste raciocínio ainda seria pouco
em uma rocha contendo granada, piroxênio sódico e quartzo, com uma densidade aplicável à folheação, porque êle não leva em conta a orientaçcio cristalográfica dos
próxima de 3,4. Experimentalmente, a alteração requer pressões· na faixa dé 12.000 minerais, o que define a folheação. O fato notável sôbre a folheação, atualmente mais
a 16.000 atm ; as observações de campo, confirmando êstes valôres, indicam que as fundamental que a elongação dos grãos, é o alinhamento dos eixos cristalográficos;
eclogitas, na maioria, estão associadas com rochas que foram enterradas na crosta sôbre isto, a experiência de Riecke, mesmo da forma como é muitas vêzes interpretada,
a grandes profundidades, ou que talvez sejam provenientes da parte superior do manto. não fornece nenhuma ajuda.
No outro extremo de pressão, as rochas contendo os minerais sanidina e cordie- A folheação não é, de nenhum modo, sempre paralela aos planos axiais das dobras.
rita, de densidades relativamente baixas, podem ser sugeridas como um indício de Mais · freqüentemente, ela aparece acompanhando as antigas estruturas da rocha
ambiente metamórfico de baixa pressão. A sanidina, em particular, é limitada (em original (tal como os planos de dobramento ou as linhas de fluxo) ou outros planos
rochas metamórficas) a inclusões extraídas de fluxos de lava, onde o metamorfismo de movimento (pequenos planos de impulso, planos de granulação e acamadamenlos
dar-se-ia a altas temperaturas e, práticamente, à pressão atmosférica. pronunciados) formados pela ação da fôrça deformadora. Isto sugere uma outra
Exceto onde um dêstes minerais muito raros está presente, as rochas metamór- explicação possível: Talvez a folheação desenvolva-se como resultado de um pequeno
ficas não-foliáceas fornecem poucos indícios sôbre a magnitude da pressão sob a movimento numa rocha sofrendo deformação, sendo os novos minerais, imediata-
qual elas se formaram. A pressão litostática, em geral, é um fator determinante de mente após se formarem, empurrados ou rolados para orientações que oferecem a
equilíbrios metamórficos menos importantes do que a temperatura. menor resistência ao movimento, sendo as orientações dirigidas por quaisquer planos
mais fracos que a rocha possua, seja originalmente ou como conseqüência do movi-
Pressão Dirigida mento. Uma base forte para esta hipótese provém da demonstração de que os grãos
equidimensionais (quartzo, feldspato, calcita), bem como as micas e os anfibolos de
Seria a pressão dirigida capaz de influenciar os equilíbrios metamórficos em uma rocha foliácea· preferem orientações cristalográficas não visíveis megascbpica-
extensão maior do que a pressão litostática? Esta é uma questão dificil, qualquer que mente, porém facilmente medidas com um pequeno teodolito para microscópio petro-
·eja o ponto de vista com que seja abordada - teórico, experimental, ou observacional. gráfico (universal stage). Estas orientações são mais facilmente explicadas pelas dife-
Iniciaríamos melhor com uma revisão das idéias correntes sôbre os mais óbvios efeitos renças de resistência, na capacidade de reproduzir ou de desenvolver planos de desli-
d a pressão dirigida nas texturas metamórficas. zamento, ao longo de direções cristalográficas especiais - em outras palavras, dife-
O modo exato pelo qual a pressão dirigida atua para produzir as texturas carac- renças que seriam acentuadas pelo movimento de penetração através da rocha. Atual-
1erísticas de rochas como ardósias e xistos rem sido muito discutido e não está ainda mente, esta é a explicação em geral aceita para a maioria das folheações, mas a dis-
in1eiramente esclarecido. Os efeitos puramente mecânicos da pressão dirigida são cussão persiste quanto aos detalhes.
bviamente suficientes: granulação, fratura e dobramento dos grãos, formação de De um ponto de vista químico, os detalhes do desenvolvimento da folheação
camadas de material mais fino, rotação de grandes cristais. Mas o dificil de compre- têm pouco interêsse. Nosso objetivo principal é a conclusão, implícita no raciocínio
ender é o desenvolvimento da folheação , a orientação dos cristais imed1alamen1e acima, de que uma rocha foliácea deve ter sido bastante granulada, de modo que pe-
após se formarem , particularmente o arranjo de cristais laminados, como platina, quenos movimentos ocorreram durante sua formação. A granulação e o movimento
160
INTRODUÇÃO A GEOOUIMICA M TAM 101 M 1411

são prfcisamente os fatôres que acelerariam as reações sólido-sólido exigidas para minerais ~ ram bscrvados cm cavidades, vci s, ou cm ro has tl::rmi amcntc metamor-
o metamorfismo, ou que exporiam o máximo de superficie do sólido à ação de fluidos foseadas, onde a pressão não-uniforme não pudes e ter tido efeito sensível ; êste mine-
intersticiais. Por isso poderíamos dizer imediatamente que um efeito químico da rai podem ser mai comuns em rochas foliáceas, mas não estão restritos a elas. Na
pressão dirigida é uma ação catalítica, a aceleração de reações que, de outro modo realidade, os minerais de antitensão não são encontrados em rochas sujeitas à pressão
seriam muito lentas. ' não-uniforme, mas, por outro lado, é provável que estejam ausentes em rochas termi-
Agora, a questão química crucial é esta: a pressão dirigida tem mais do que um camente metamorfoseadas que foram sujeitas a altas pressões litostáticas; êles seriam
efeito catalítico na determinação da composição mineral de uma rocha metamórfica ? melhor interpretados como minerais de baixa densidade que normalmente não ocor-
A~ pressão não-uniforme permite a formação de minerais e associações minerais que reriam em ambientes onde qualquer tipo de pressão fôsse alta. Então, parece incerto
nao se formariam em sua ausência? Em linguagem mais simbólica, poderíamos consi- que haja qualquer evidência válida a partir de observação geológica para a existência
derar a pressão dirigida como uma variável termodinâmica adicional determinadora de minerais cuja estabilidade é em grande parte determinada pela presença ou pela
d_o estado_ de um sistema? Ao invés de representar as áreas de estabilidade por um ausência de pressão dirigida.
simples diagrama temperatura-pressão, deveríamos utilizar um diagrama tridimen- A questão não está por inteiro resolvida e, provàvelmente, não poderá sê-lo
sional, com a pressão não-uniforme colocada sôbre um terceiro eixo, e prever que até que existam maneiras de produzir altas pressões dirigidas em presença de fluidos a
encontraríamos algumas áreas de estabilidade que não interceptassem o plano tempe- altas temperaturas. A evidência disponível no presente sugere que a pressão não unifor-
ratura- pressão? me é importante durante o metamorfismo pois produz texturas foliadas e catalisa reações
Para abordar o problema teoricamente, devemos notar que qualquer tensão químicas, mas não é importante como um determinador de associações estáveis de
pode. ser considerada como constituída de duas partes, uma pressão não dirigida minerais metamórficos em equilíbrio.
associada com uma tensão de cisalhamento puro. A parte não-dirigida teria um com-
portamento como o de qualquer outra pressão litostática e influenciaria as reações
d~ equilíbrio de ac_ô rdo com as suas variações de volume. O cisalhamento puro, melhor 19-4. ESPl:CIES METAMÓRFICAS
visualizado como a tendência de uma camada em deslizar sôbre outra, como conse-
qüência de -um binário, pode ter pouco efeito sôbre o volume enquanto a rocha é Até agora, estivemos discutindo as relações de equilíbrio nos processos meta-
elástica, porque a elongação numa dimensão seria em grand!l parte compensada por mórficos de um ponto de vista geral. Na discussão, estava implícita a idéia de que
c~mpressão em outras dimensões. De um ponto de vista puramente termodinâmico, a formação mineral de uma rocha metamórfica muda progressivamente com o aumento
a influência da pressão dirigida não poderia ser muito diferente da influência da pressão da pressão e da temperatura, mas não examinamos estas mudanças em detalhe. Vere-
uniforme; parte dela é equivalente ao trabalho de uma certa pressão uniforme e a mos agora exemplos específicos de reações metamórficas e, em particular, seqüências
parte restante tem apenas um efeito desprezível sôbre as possíveis variações de energia de rochas conseqüentes dos aumentos de pressão e temperatura.
livre. Contudo, é concebível que o efeito da tensão possa itstar fora do domínio da
termodinâmica Órtodoxa. O movimento incipiente de uma camada sôbre outra, Um aspecto notável das rochas metamorfoseadas termicamente perto de um
por exemplo, poderia colocar em contato grupos de átomos em certas orientações contato intrusivo é a variação em sua aparência ou composição. mineral com a proxi-
que seriam mais favoráveis a uma reação do que a outra. Ou a tensão poderia ser midade d~ contato. Os xistos, por exemplo, tornam-se inicialmente mais duros, mais
não-homogênea, diferente para uma parte de um grão do que em outra parte, o que quebradiços, menos cliváveis ; mais perto do contato, êles podem desenvolver pequenas
podena, concebivelmente, permitir o desenvol-vimento de dois minerais diferentes manchas arredondadas que são o primeiro sinal de crescimento de· novos minerais;
onde apenas um seria estável sob pressão litostática. Ou os minerais poderiam ser em seguida, escamas de sericita e biotita tornam-se mais aparentes e, ainda mais perto
tensionados além de seus limites elásticos, produzindo deformação permanente e do contato, podem aparecer andalusita e feldspato. Com tôdas essas mudanças, no
variação de volume maior do que abaixo do limite elástico. Em suma, com base na entanto, a composição química geral pode ter permanecido pràticamente constante
teoria, é improvável um efeito acentuado da pressão dirigida sôbre as relações de e os diferentes minerais simplesmente representam combinações alternativas dos mes-
equilíbrio, mas, por outro lado, a possibilidade de efeitos ligeiros não pode ser ex- mos componentes químicos. É dificil evitar a inferência de que o que estamos vendo
cluíd a. aqui é o efeito de temperaturas cada vez mais altas (e, talvez, também de pressões)
Um teste melhor do que argumentação teórica seria um exame das próprias quando passamos do xisto inalterado para as rochas de andalusita perto do contato.
rochas metamórficas, para ver se dentre os minerais que estão presentes em rochas Um zoneamento dos tipos de rochas é freqüentemente notável também no meta-
foliáceas, quais estão ausentes nas rochas que não estiveram sob tensão. Por um longo morfismo regional. Quando a rocha original é andesita ou tufo de andesita, por exemplo,
tempo pensa-se que tais minerais existiam. Em especial, a grande autoridade britâ- pode-se encontrar, como um primeiro sinal de alteração, uma coloração esverdeada
nica sôbre metamorfismo, Harker, tentou efetuar uma distinção entre minerais de devido ao desenvolvimento de cloritq, e os xistos de clorito_ podem formar uma faixa
1e11são, os encontrados apenas em rochas sujeitas a pressão dirigida, e minerais de que pode ser acompanhada por vários quilômetros. Atravessando a faixa, é possível
0111itensão, os que ~unca foram observados em tais rochas. Na primeira categoria, encontrar, adjacente à mesma, uma zona de xisto actinólitQ e, em seguida, uma área
Harker colocou mmerais como cianita, cloritóide, estaurolita, almandita · na se- de anfibolitqt. Aqui também a composição geral da rocha pode não ter .mudado em
gunda, minerais como andalusita, cordierita, nefelina, e leucita. Contudo, nos' últimos tôda a seqüência. A progressão de tufo inalt erado até anfibolita será geralmente na
anos, a lista dos minerais de tensão continuamente tem diminuído. Um por um, ês es direção da deformação mais pronunciada, do aumento de granulometria e do aumento
INTRODUÇÃO A GEOOUIMICA METAMORFISMO 163

du fr"qll ~nciu de veios de quartzo e de pequenas massas intrusivas. Novamente as TABELA 19-1 Espécies metamórficas comuns, com exemplos de associações minerais
, ·11,çt cs de campo erào explicáveis de maneira mais plausível se assumirmos que típicas*
11s diversas associações minerais formaram-se em conseqüência do aumento de tem-
peratura e pressões na direção da anfibolita. Os limites das gamas de temperatura e pressão não são conhecidos; os valôres
mencionados são apenas aproximados. Sh significa associações metamórficas derivadas
J\s seqüências metamórficas na natureza raramente são tão simples ou regulares do xisto e Ma significa associações metamórficas derivadas de rochas ígneas máficas.
como as acima descritas. Os afloramentos são freqüentemente inadequados na apre-
sentação da seqüência completa ; localmente, a seqüência pode ser invertida, ou um Baixa pressão Alta pressão
de eus membros pode estar faltando; a composição inicial da rocha pode não ser [Pressão litostática geralmente in- [Pressões litostática e de água
uniforme ; aparecem, ainda, complicações onde os fluidos causaram alterações notá- ferior a 3.000 atm (profundidade aproximadamente iguais, geral-
·vei na composição. Assim mesmo, as seqüências dêste tipo são bem definidas e sufi- < 10 km). Pressão de água variá- mente 3.000-12.000 atm (profun-
ientemente semelhantes de uma área para outra, de modo que elas podem ser encaradas Temperatura vel. Condições típicas de zonas didade 10-40 km). Condições tí-
como um fenômeno normal de metamorfismo. Elas são universalmente reconhecidas ºC metamórficas de contato.] picas de metamorfismo regional.]
como sendo devidas ao aumento progressivo de um dos fatôres de metamorfismo,
mas permanece não esclarecido por completo qual fator ou qual grupo de fatôres 200-500 Espécies a/bita-epídoto hornfels Espécies xisto verde
é mais importante. Muitas vêzes uma seqüência é meramente atribuída a uma altera- Sh: quartzo-albita-muscovi ta- Sh: quartzo-albita-clorito-musco-
ção na "intensidade" do metamorfismo - sendo êste um têrmo vago conveniente- -biotita vita e quartzo-albita-muscovita-
mente e que tem conotações de temperatura, pressão, profundidade do enterramento, -biotita
ação de fluidos e grau de deformação,/ sem especificar qualquer um dêles. Ma: albita-epídoto-actinólito-clo- Ma: albita-epídoto-actinólito-clo-
rito rito
A partir da observação de que a composição global permanece aproximadamente
300-600 Espécies hornblenda hornfels. Espécies anfibolitos
constante através de uma seqüência, pode-se supor que o papel dos fluidos na adição
Sh: quartzo-plagioclásio-mi- Sh: quartzo-plagioclásio-musco-
ou subtração de material é usualmente secundário. A partir das considerações gerais
croclínio-biotita-muscovita vita-biotita-almandina
de temperatura e pressão examinadas na última seção, pode-se posteriormente supor
Ma: plagioclásio-hornblenda Ma: plagioclásio-hornblenda
que, dentre essas, duas variáveis sejam as mais importantes. Conseqüentemente,
Acima de 500 Espécies piroxênio hornfels · Espécies granulitos
poderá parecer que, numa seqüência de rochas metamórficas progressivamente alte-
Sh: q uartzo-plagioclásio-ortoclá- Sh: quartzo-plagioclásio-ortoclá-
radas, estamos tratando principalmente com reajustes de equilíbrios minerais em
sio-cordieri ta-andai usi ta sio-granada-silimanita
conseqüência do aumento de temperatura. Esta é a hipótese por trás da classificação
Ma: plagioclásio-diopsida-hipers- Ma: plagioclásio-granada-hipers-
de zonas metamórficas mais universalmente aceita: a de Eskola (1939), de acôrdo
tênio tênio-q uartzo
com as espécies metamórficas.
Acima de 600 Espécies sa11idi11ita Espécies ec/ogita
Uma espécie metamórfica, de acôrdo com a definição de Eskola, inclui tôdas as Sh: tridimita-cordieritá-mulita-vi- Sh: não encontrado
rochas com associações minerais em equilíbrio numa determinada gama de pressões dro
e temperaturas, sendo a temperatura a variável mais crítica. Por exemplo, camadas Ma: plagioclásio-diopsida-hipers- Ma: onfaci ta-granada
sucessivas de xisto e tufo podem ser alteradas para xistos de quartzo-sericita e xistos tênio
de clorito-albita-epídoto, respectivamente; estas duas combinações minerais perten-
ceriam a uma espécie, uma vez que elas representam ajustamentos de duas rochas • Obtidos em grande pane de Fyfe, Turner e Verhoogen (195 8 ), Cap. 7, mas bas1ante simplificados em alguns lugares.
diferentes às mesmas condições de pressão e temperatura. Calcário intercalado pode
ser convertido num mármore de granulação fina e arenito em quartzito; êstes também
pertenceriam à mesma espécie. Por outro lado, um xisto de biotita-granada perten-
ceria a uma espécie diferente que representa uma temperatura mais alta. As espécies A Tabela 19-1 sugere um tipo de agrupamento das espécies metamórficas. A
são denominadas com base nas rochas ou minerais característicos que são mais sen- divisão básica é em quatro intervalos de temperatura, mas os intervalos se sobrepõem
síveis às mudanças de temperatura. consideràvelmente, pois as temperaturas limites são algo dependentes da pressão
total e da tensão de vapor d'água. As espécies são depois subdivididas·de acôrdo com
Grau metamórfico é um têrmo usado algo vagamente para descrever a relação a pressão, sendç, as pressões mais baixas características das zonas metamórficas de
de uma espécie com outra. Rochas metamórficas de baixo grau são rochas perten- contato, e as pressões mais altas do metamorfismo regional. Note-se que a diferença
cen tes a espécies formadas a baixas pressões e temperaturas, e as I'ochas de alto grau en tre associações típicas de alta pressão e de baixa pressão não é muito_grande; a·
são aquelas formadas a pressões e temperaturas mais altas. Ao aproximar-se de um a ltas pressões encontram-se materiais relativamente densos, tais como granada e
contato ígneo, dizemos freqüentemente que o metamorfismo aumenta de intensidade ilimanita, e a baixas pressões minerais mais leves tais como cordierita e andalusita.
e que as rochas representam associações de grau metamórfico cada vez mai alio. As principais modificações entre o primeiro intervalo de temperaturas e o segundo
184 INTRODUÇÃO A GEOOUIMICA METAMORFISMO 166

A Silimanita

~"'"
C .___ _ _ _ _ _ _ ___:,;.___ _ _-'--1-----~·F
Calcita
Hornblenda
FIG. 19-2. Algumas associações minerais das espécies xisto verde. Quprtzo e a/bita são fases adi- FIG. 19-3. Algumas assoc,açoes minerais das espec1es anfibo/ita (subespécies almandina-si/ima-
cionais possíveis. nita). Quartzo e microclínio são fases adicionais possíveis. Fonte: Fyfe, Turner e Verho-
ogen, 1958, p. 231.

são a formação de plagioclásio de cálcio a partir de albita e epídoto, a modificação


de actinólito em hornblenda, õ desaparecimento de clorito e a formação de granada ;
do segundo para o terceiro, o desaparecimento da mica em favor de ortoclásio, cordie- Contudo, nem todos os geólogos classificam as espécies precisamente da maneira
rita, andalusita e silimanita e a conversão da hornblenda em piroxênio ; do terceiro indicada pela Tabela 19-1 e Figs. 19-2 e 19-3. O princípio geral de classificação das
para o quarto, a fusão parcial do vidro, o aparecimento de formas características espécies atingiu aceitação quase universal, mas permanecem muitas divergências de
de alta temperatura, como tridimita e mulita, e a incorporação da soda no piroxênio opinião sôbre os minerais particulares ou combinações minerais mais adequadas a
formando onfacita. Como seria de se esperar, os minerais hidratados tornam-se, de estabelecer limites entre as espécies. As rochas comumente utilizadas para definir os
maneira progressiva, menos proeminentes nas espécies de alta temperatura. limites são xistos e lavas máficas ou tufos, porque são ambas amplamente encontradas
e sensíveis a variações de temperatura e pressão; mas não é sempre certeza que os
As relações entre as espécies podem ser convenientemente representadas por limites estabelecidos com base numa seqüência metamórfica obtida a partir de xisto
meio de diagramas ACF. Dois diagramas típicos das espécies xisto verde e anfibolito coincida com limites baseados num basalto metamorfoseado. Tais dificuldades são
estão apresentados nas Figs. 19-2 e 19-3. Na Fig. 19-2, o ponto X poderia representar inevitáveis numa classificação completamente baseada em observação de materiais
a composição de um xisto, com quartzo e minerais argilosos como os principais cons- complexos naturais.
lituintes de origem e com um baixo teor de cálcio, ferro e magnésio. Nas espécies de
xisto verde, tal rocha consistiria principalmente de muscovita e quartzo, com um
pouco de albita, clarito e epídito ou clinozoisita. Nas espécies anfibolitos, a composição
mineral teria mudado (ponto X ' da Fig. 19-3)· para si limanita, quartzo e microclínio, 19-5. EXEMPLOS DE ESTUDOS EXPERIMENTAIS DAS
com um pouco de plagiclásio e almandina. Um tufo metamorfoseado seria repre- REAÇÕES METAMÓRFICAS
sentado pelos pontos Y e Y' : predominantemente epídoto, actinó lito, clarito e albira
nas espécies de xisto verde, e plagioclásio, hornblenda e diopsida nas espécies anfibo- Uma base menos controvertida para a classificação das espécies pode ser funda-
litos. Diversas outras possíveis combinações podem ser obtidas a partir dos diagra- mentalmente fornecida por trabalhos experimentais sôbre relações de fase em sistemas
mas, indicando várias associações minerais destas duas espécies em equilíbrio sob metamórficos. O objetivo aqui é o mesmo que em trabalhos semelhantes sôbre rochas
condições de temperatura e pressão características delas. ígneas : determinar as condições de temperatura, pressão e composição sob as quais
MI IAM HII M Hll
188 IN RODUÇÃO A OOU IMI CA

vú , ius uss iações minerais são e tá veis. Determinadas estas info1maç1 cs para os
minerais metamórfico , podemos definir, sem equí vocos, as espé ics e escrever reações o o
específicas indicando a va riação de uma espécie para o utra. Para as rochas ígneas, 1
... ,
co mo já vimos, as experiências de laboratório forneceram uma boa qua ntidade dêste 1 ' CaSi0 3 + C0 2
lip de informação, mas nosso conhecimento sôbre a geoquímica metamórfica é 1
mais limitado. A dificuldade na compreensão dos processos metamórficos é em grande 1
parte explicada pelo fato de que as reações metamórficas comuns envolvem sólidos CaC0 3 + 1
Si0 2 I
a temperaturas relativamente baixas, uma vez que são lentas e sensíveis a pequenas 1
variações na quantidade e nas características dos fluidos associados. Os pa rágrafos 1
2.000 1 8 8
seguintes dão alguns exemplos da espécie de progresso que se tem obtido neste dificil ~
I
ca mpo da geoquímica. 8 oi

,'ª....
'O
":.í l":.í <si
ô \\ 8
Ca/cita-Volastonita ºi(
'fll 1 o
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V. '11
1 1 ....
o.
Uma reação metamórfica muito simples que foi estudada em grande detalhe 1 <si

é a formação de volastonita a partir de calcita e de sílica [Eq. (19-1)]. A ocorrência


desta reação na natureza é indicada pelas faixas de rocha de volastonita freqüente-
P-<

4.000

IU
lo
1
1
1 16
.,
'O
<si
'O
J 'O ;a
mente encontradas nos contatos entre granito e calcário, a sílica representada tanto ,,g 1
1
i::
por grãos de quartzo no calcário original como adicionada ao contato rochoso a 1 ;7, .Eo
1 ....
parti r do granito fundido. A formação de volastonita é endotérmica, por isso deve 11:! 1 P-<
1P-<
ser favorecida por alt as temperaturas. Das quatro substâncias que aparecem na reação, 1
1 1
três são sólidas e o C0 2 é um gás, de modo que a formação de vo las tonita seria inibida I 1
por altas pressões parciais de C0 2 . O efeito destas variáveis está indicado na Fig. 19-4. I 1
Note que os três sólidos (linha grossa) podem coexistir em equilíbrio numa gama 6.000
200 400 600 800 1.000
considerável de temperatura, dependendo da pressão do C0 2 • A pressões próximas
Temperatura, °C
da atmosférica, a volas tonita pode formar-se mesmo a temperaturas abaixo de 400ºC,
mas a uma pressão do C0 2 de 5.000 atm (correspondendo a uma profundidade pró-
xima de 20 km) a combinação calcita-quartzo é estável a temperaturas a té bem acima
de 800º . A ocorrência de volastonita num contato ígneo, em outras palavras, conta- FIG. 19-4. Curvas de equiUbrio para a reação CaC0 3 + Si0 2 = CaSi0 3 + C0 2 a Pco, = P,0 ,a1
(linha grossa) e Pco, = 1 atm (linha fina) . A linha contínua grossa foi determinada
-nos apenas que a temperatura máx ima deve ter sido algo acima de 400º - a menos, experimentalmente (Karker e Thttle, 1955). As linhas tracejadas são extrapoladas ou
naturalmente, que tenhamos informação proveniente de outra fonte sôbre a pressão teóricas. Para va/ôres de P-T entre as duas linhas, a calcita e o quartzo serão estáveis
de C0 2 , o que irá lixar a temperatura de modo mais preciso. se Pco, = P,0 ,., e a valastonite será estável se Pco, = 1 atm. Conforme Barth (1962).

A linha grossa contínua na Fig. 19-4 indica o equilíbrio para a reação num
sistema fechado, onde a pressão de C0 2 é a mesma pressão total do sistema.
Suponhamos, agora, que o sistema seja mais aberto, de modo que o C0 2 possa escapar, Cau linita- Mica-Feldspato
i.e., que o gás é um componente móvel, na linguagem da Sec. 19-3. A pressão sôbre
os três sólidos é ainda determinada pelo pêso das rochas sobrepostas, mas a pressão No metamorfismo progressivo do xisto, é particularmente importante o compor-
do gás é muito menor ; em caso extremo,"se existissem fissuras abertas para a superficie, tamento dos minerais argilosos. Sabe-se que a mais si mples das argilas, a caulinita,
ela poderia não ser maior que a pressão atmosférica. Neste caso, o efeito da pressão decompõe-se, por aquecimento, em pirofilita, alumina e água:
sôbre a reação seria determinado pelas densidades relati vas dos reagentes e produtos
(19-2)
sólidos ; uma vez que a volastonita é mais densa que a calcita e o quartzo, a alta pressão
impediria que ela se formasse a temperaturas mais baixas. O equilíbrio para um sis-
tema completamente aberto está indicado, de modo aproximado, pela linha fina tra- A alumina pode formar corindo ou, alternativamente, um dos hidratos (bohemita
cejada da Fig. 19-4. O sistema na natureza não seria completamente a bert o nem com- o u diásporo), dependendo da temperatura ; uma outra complicação nas experiências
pletamente fechado, de modo que o equilíbrio seria atingido em pontos entre as duas é o surgimen to de um produto intermediário não conhecido na natureza. Êstes fatôres
linhas. Isto, naturalmente, introduz uma incerteza em qualquer tentati va de utilizar que produzem complicações podem impossibilitar a execução de um diagrama de
a presença ou a ausência de volastonita como um indicador de temperatura num fase simples para o sistema, mas a presença de uma única substância volá til no lado
contato intrusivo. direito da equação indica que a temperatura de equilíbrio para a decomposição de
188 INTRODUÇÃO A GEOOUIMICA METAMORFISMO 169

·uulinita aumenta com uma elevação da pressão de H 2 0 , da mesma forma que a tem-
peratura da reação calcita-volastonita aumenta com a elevação da pressão de C0 2 .
valor determinado para o limite superior de estabilidade para caulinita pura é
\
405º a 680 atm e 415º a 1.700 atm. 500 \
Sob condições naturais a reação não seria ordinàriamente tão simples. Se a sílica \
estiver presente com caulinita, não serà produzida alumina livre: Pirofilita Albita
\
(K-feldspato)
(19-3) 400
\
\ ~
\ ';,

-
u, se a argillt contiver íons de potássio adsorvidos, como acontece com a maioria

---
ü \ "o - -
o B B'
das argilas, formar-se-á muscovita ao invés de pirofilita : --, 1;.;,
...cu" \ ~
3Al 2 Si 2 0 5 (0H) 4 + 2K + :;= ;:l

Caulinita
~
...
Q)
o.
300 '
Caulinita

K 2 AliA1Si 3 0 10 ) 2 (0H) 4 + 2H + + 3H 2 0 (19-4) a ''


'
Q)

E-<
Muscovita
200
Nesta reação, o equilíbrio depende não apenas da temperatura, pressão total e pressão
parcial de H 2 0, mas também das concentrações de K + e H + . Os efeitos destas va- At
riáveis foram estudados por Hemley e seus colegas (1964), em algumas experiências
que discutimos previamente em conexão com as estabilidades dos minerais argilosos
10 1 10' 10 3 10' 10•
(Sec. 7-4).
Os resultados das experiências de Hemley estão resumidos na Fig. 7-6. Além Relação molar (NaCl) I (HCl) em solução
dos dados para a Eq. (19-4), esta figura apresenta resultados expyrimentais semelhantes
para a posterior alteração de muscovita em K-feldspato: F1G. 19-5. Curvas de equilíbrio para o sistema Na 2 0-Al 2 0 3 -Si0 2 -H 2 0. (As linhas finas e os nomes
de minerais entre parênteses referem-se ao sistema K 2 0 correspondente, superposto a
K 2 AliAlSi 3 0 10 )i(OH) 4 + 4K + + 12Si0 2 :;= 6KA1Si 3 0 8 + 4H + (19-5) partir ·da Fig. 7-6.) Pressão total, principalmente de vapor de H 2 0 ., 15l)OO psi (aprox.
/.000 atm). Quartzo apresenta na mistura em reação. As flechas AA' indicam passiveis
Aparece, ainda, outra variável nesta reação: a atividade da sílica·; no trabalho experi- variações metamórficas de caulinita-mica-feldspato ocasionadas por aumento da tempe-
mental, a atividade foi considerada constante através da inclusão do quartzo nas ratura mantidas constantes as relações (NaCl) /(HC[) e (KCl)/(HCI); as flechas BB'
misturas de reação. Hemley estendeu seu trabalho a sistemas incluindo compostos indicam o mesmo desenvolvimento ocasionado apenas por mudança na composição.
de cálcio e de sódio, ao invés de potássio, e obteve resultados bastante semelhantes. Fonte : Hemley e Jones; 1964, p. 549.
O diagrama para o sistema sódio está indicado na Fig. 19-5; os .[imites entre fases
correspondentes para o sistema potássio, transferidos da Fig. 7-6, estão indicados
pelas linhas finas neste diagrama. Note-se que o campo da estabilidade da paragonita
Na-mica é muito menor que o da K-mica, como seria de se esperar pelo fato de que
(ílechas A e A' na Fig. 19-5) quanto por mudança de composição apenas (flechas B
a muscovita é um mineral muito mais comum. O limite entre caulinita e pirofilita em
e B') ou ainda por uma combinação dêstes fatôres. Modificações nas outras variáveis
ambos os sistemas, indicado por linhas tracejadas, encontra-se a aproximadamente
- pressão total, pressão de H 2 0, atividade de Si0 2 - também causariam o deslo-
350º . Para esta reação, o equilíbrio não foi atingido e as linhas são apenas aproxi-
camento dos limites dos campos, podendo, conseqüentemente, causar mudanças de
madas. Como foi mencionado acima, outras experiências com sistemas mais simples
espécies.
sugerem que a fronteira do equilíbrio possa se achar a 400º .
A temperatura poderá ser o fator determinante mais importante das espécies
Nestas experiências, Hemley e seus colegas isolaram, na realidade, algumas das na natureza, como é considerado · normalmente, mas com certeza outras variáveis
reações essenciais nas mudanças de espécies de xisto inalterado para espécies de xisto p dem ter uma profunda influência local.
verde (caulinita -> muscovita) e de xisto verde para anfibolita (muscovita -> K-
-feldspato). É particularmente notável a amplitude do intervalo de temperatura no
qual essas modificações de espécies podem ocorrer: ambos os feldspatos alcalinos são M etamorfismo Experimental do X isto
estáveis até cêrca de 200º quando as relações (K+)/(H+) e (Na +)/(H +) são altas, e O trabalho de Hemley está bem suplementado pelas experiências com materiais
ambas as micas são estáveis até bem acima de 500º quando as relações são pequenas. 11uturais descritas por Winkler (1957, 1958). Em lugar de minerais puros, Winkler
Assim, as mudanças de espécies representadas pela progressão caulinita -> mica -> e mcçou com argilas naturais, argilas essas bastante simples, mas muito mais próximas
feldspato podem ser provocadas tanto por uma mudança de temperatura apenas do conteúdo habitual dos xistos do que os materiais de Hemley. As argilas consistiam
METAMORFISMO 171
170 INTRODUÇÃO A GEOOUIMICA

Temperatura, ºC
m várias misturas de quartzo, ilita e caulinita, com traços de vários outros minerais ;
400 500 600 700 800 90')
u fim de limitar as complicações, Winkler selecionou materiais com baixo teor de
cálcio. As temperaturas experimentais estavam no intervalo 400 a 750º e a pressão
d vapor d'água foi mantida a 2.000 atm. Havia K + presente sob forma de íons ad-
S rvidos e também como um constituinte essencial da ilita, mas não foi feita nenhuma
tentativa para controlar ou determinar a relação (K +)/(H+). Ao aquecer uma argila 2
~~ q('•
"".;,
~ \ 8
"Ó 1
c ntendo tanto ilita como caulinita, a primeira se recristalizava em muscovita liberando ........... ';. \ \ 1
parte de sua sílica; a caulinita reagia com essa sílica e com o quartzo original formando ~ \\
pirolilita e a reação se completava abaixo de 420º. Não apareceu nenhum K-feldspato ;-. \ \ 1
4
o \\ \ 16
enquanto não foi atingida a temperatura de 665º. Começando com uma amostra cuja
argi la consistia quase que inteiramente de ilita, Winkler obteve provas de outras rea-
ções: quando a ili ta se modificava para muscovita, eram liberados ferro e magnésio
.....
. . . . . <" + ''
. ._ . . . t \ 1
1
1
1 Gradiente
além da sílica, e êstes formavam clorita; à cêrca de 550º, a clorita e parte da muscovita · g } 1..._ \ geotérmico, 24 J
reagiam formando biotita e cordierita. A temperatura de aparecimento do K-feldspato "'
~
6 ~,..._\ ......aproximadamente }
era um pouco mais baixa do que na primeira amostra, perto de 620º, e a temperatura
do desaparecimento final da muscovita cêrca de 665º. Com base nestes dados, para
·~
·;:::

:9 o
~
"'
~..._ 30º /km ·~
[
as condições particulares de sua experiência, Winkler estabeleceu o limite superior ·g. 8 ~ í ~ ~
g 1~
·~
o
das espécies xisto verde (indicado pelo desaparecimento da clorita) em 550º e o limite ô ~ tTI i
superior da espécie anfibolita (desaparecimento da muscovita) em 665º.
Numa série posterior de experiências, Winkler se aproximou ainda mais das
"'"'
~
a. ~ i
p.. 10 ~ d' 40 Z
condições naturais ao adicionar alguns por cento de NaCl às amostras, baseando-se p;" 8
p..
no fato de que os espaços porosos dos xistos profundamente enterrados são habitual-
mente preenchidos com solução salina. Isto tornou possível á formação de albita a
partir de caulinita, e quartzo a temperaturas inferiores a 400º ; a albita também incor- 48
12 + <
porou as pequenas quantidades de cálcio contidas na argila formando plagioclásio.
O K-feldspato apareceu a uma temperatura ligeiramente menor do que a do seu apa-
< {:l
to ...o
recimento em ausência de NaCl, cêrca de 600º, e continha bastante albita em solução ...
sólida. O limite entre as espécies xisto verde e anfibolita não é afetado pela presença
de NaCI, mas o limite anfibolita-hornfels de piroxênio desce para cêrca de 600º.
As experiências de Winkler não apresentam o cuidadoso contrôle de variáveis
das de Hemley, mas, ao utilizar sistemas mais complexos, êle se aproxima mais da
reprodução das associações metamórficas naturais. Como Hemley, êle encontrou
corroboração para a generalização que as principais reações separando uma espécie
da outra dependem bastante da temperatura, mas são também afetadas por inúmeras
outras variáveis. · p
V B PV B PV B PV PV PV
Para o metamorfismo das rochas máficas, os fundamentos experimentais são
muito menos complexos. Aqui, uma dificuldade importante é a falta de informações
Fio. 19-6. Curvas de equilíbrio para reações no sistema Mg0-Si0 2 -H 2 0. Cada curva monova-
sôbre os minerais do grupo epídoto-zoisita-clinozoisita. Êstes minerais, tão comuns
riante apresenta o equilíbrio pl:lra a reação especificada. Os triângulos indicam associa-
na natureza como produtos de alteração da parte anortita do plagioclásio, são dificeis
ções minerais estáveis nas áreas bivariantes entre as curvas. Os triângulos são seme-
de produzir no laboratório sob condições comparáveis às da natureza, provàvelmente
illlihtes aos diagramas ACF, exéeto que o vapor d'água substitui o CaO na parte inferior
por causa da lentidão das reações. Trabalhos recentes (Nitsch e Winkler, 1965) indicam,
esljiíerda. A linha tracejada fina indica temperaturas no interior da Terra, assumido
no entanto, que as informações necessárias sô_bre a estabilidade dos campos poderá
üm grlil:iiente médio de 30ºC/km. Abreviações: Q = quartzo, P = periclásio (MgO),
ser obtida tão logo haja algum progresso nas técnicas experimentais. Os anfibolos,
um outro grupo comum de minerais no metamorfismo das rochas máficas, taiT\Bém
=
B brucita [Mg(OH}i], V= vapor (principalmente de H 2 0), E= enstatita (ou piro-
xênio), F = forsterita (ou olivina), S = serpentina, T = talco. Fontes: Linhas con-
apresentam problemas experimentais. A seqüência geral de reações minerais na con-
tínuas a baixas pressões (abaixo de aproximadamente 5 quilobárias) provenientes de
versão do basalto para xistos de albita-epídoto-clorita-actinolita e daí para um anfi-
Bowen e Tuttle (1949). Linhas contínuas a altas pressões de Kitahara e outros (1966).
bolito de hornblenda-plagioclásio é suficientemente clara das observações de campo,
A curva de desidratação da brucita de Weber e Roy (1965~ As linhas tracejadas indicam
mas as estabilidades das diferentes associações sob condições específicas de temperatura,
inte, polações e extrapolações de dados experimentais.
pressão e composição são conhecidas apenas aproximadamente.
172 INTRODUÇÃO A GEOOUIMICA METAMORFISMO 173

erpe111i11a parecem ter um significado genético: as diferenças nas formas dos cristais encontrados
nas rochas ígneas são as que se podem esperar que sejam encontrados durante o res-
Um outro exemplo da aplicação do método experimental aos equilíbrios meta-
friamento de um fundente, quando alguns constituintes cristalizam antes do que outros,
m rlicos é fornecido pelo sistema Mg0- Si0 2 - H 2 0, que inclui os principais cons-
1i1 uintes das rochas ígneas ultramáficas e da rocha metamórfica serpentina. No grá-
e a falta de forma cristalina nas texturas metamórficas bem poderia resultar de reações
num sólido onde todos os constituintes cristalizam simultâneamente e interferem mú-
li de pressão-temperatura da Fig. 19-6, as linhas indicam condições de equilíbrio
tuamente no crescimento.
para reações específicas e os triângulos de cada campo indicam as fases que podem
estar em equilíbrio numa determinada gama de temperatura e pressão. As reações Um cético poderia perguntar se a textura "metamórfica" típica é sempre, ou mes-
st o tôdas essencialmente processos de desidratação, com um único gás (vapor d'água) mo habitualmente, o resultado final do metamorfismo. Numa rocha permeada por
e mo um dos produtos. Sob êsse aspecto, elas são semelhantes à reação calcita-volas- voláteis, ou numa rocha mantida às mais altas temperaturas metamórficas por muito
t nita [Eq. (19-1)] e as curvas se assemelham à curva cheia da Fig. 19-4. Tôdas as tempo, não seria possível que a lenta recristalização pudesse tornar a textura mais
temperaturas de equilíbrio indicadas aumentam com a pressão, mas a taxa de aumento tipicamente "ígnea''? Ou êste cético poderia imprudentemente apontar o fato de que as
baixa a altas pressões. mais altas temperaturas do metamorfismo coincidem com as temperaturas mais baixas
As curvas podem ser tomadas como modêlo para a conversão de uma rocha ultra- da atividade ígnea ; que suficiente aquecimento certamente produziria um fundente
máfica (piroxênio mais olivina) em serpentina por resfriamento e reação com a água, intersticial com uma composição quartzo-mais-álcali-feldspato; e que somente uma
ou, então, para a modificação metamórfica contrária da serpentina quando esta é pequena porcentagem da rocha necessitaria liquefazer-se para que ela perdesse sua
aquecida num contato ígneo. Particularmente significativa é a demonstração de que coerência tornando-se uma pasta de cristais. O que aconteceria, então, com a dis-
a enstativa e a forsterita são estáveis em presença de vapor d'água num intervalo tinção entre rochas metamórficas ígneas? Devemos esperar encontrá-las gradativa-
bastante grande de temperaturas. Mesmo a temperaturas bem acima de 1.000ºC os mente passando de uma para outra? Podemos assumir que muitas rochas, aparente-
dois minerais sólidos permanecem inafetados pelas altas pressões de vapor d'água, mente ígneas, formaram -se, na . realidade, por um melamorfismo extremo?
cm marcante contraste com o comportamento das misturas de quartzo-feldspato das
rochas graníticas. Isto significa que um magma ultramáfico não pode existir nas tem- Já encontramos antes questões dêste tipo ao discutirmos a formação de rochas
peraturas normalmente encontradas na crosta terrestre, independente da quantidade graníticas (Sec: 14-4). As experiências de Tuttle e Bowen (1958) referidas naquela dis-
de água. Esta conversão familiar de rochas ultramáficas em se~pentina pode se dar cµss ão oferecem boas evidências de que um líquido contendo sílica e feldspato alca-
somente a temperaturas abaixo de mais ou menos 500°; a serpentina não poderá lino em quantidades aproximadamente iguais seja o primeiro fundente a formar-se
existir, mesmo a altas pressões, se a temperatura fôr maior do que êste valor, e um pelo aquecimento da maioria das misturas homogêneas de silicato. Evidências mais
"magma de serpentina" é impossível. Algumas das conseqüências destas conclusões diretas são obtidas do trabalho de Winkler (1958) sôbre o metamorfismo, em labora-
experimentais foram exploradas numa discussão anterior (Sec. 14-6). tório, de argilas ili ta-caulinita-quartzo: Winkler não apenas conseguiu reproduzir
diversas reações metamórficas, mas estendeu as experiências à região de temperatura
onde se desenvolvem fusões parciais. Nas argilas originais que continham somente cêrca
19-6. ULTRAMETAMORFISMO de 0,5 % de Na 2 0 , sob uma pressão de vapor d'água de 2.000 atm, o primeiro fundente
de quartzo-feldspato surgiu a 120ºC ; com a adição de 3,2 % de NaCl, a temperatura
do primeiro fundente caiu para 670º: A composição do fundente correspondeu a um
Quando a temperatura sobe no curso normal do metamorfismo, muitas rochas
ponto próximo do centro do triângulo quartzo-feldspato alcalino, como previsto
sedimentares são convertidas em associações minerais que cada vez se parecem mais
por Tuttle e Bowen.
com as associações nas rochas ígneas. Tend·o rochas ígneas como material pe
partida, o metamorfismo produz agregados de hidratos, inicialmente minerais Contudo, a questão geológica importante não é saber se é possível fusão parcial
de "baixa temperatura" e, depois, em. graduações mais altas, associações que - nada se oporia seriamente a isto - mas com que tipo de intensidade ocorre o
aparentemente aumentam a composição do mineral odginal. A distinção entre processo na natureza. À fusão parcial é um fenômeno raro e local, encontrado ocasio-
rochas ígneas e os produtos de metamorfismo de alto grau é baseada mais na textura nalmente em áreas de metamorfismo em alto grau, ou é um processo geral responsável
do que na composição do mineral, embora pos~am existir diferenças significativas na pela origem da maioria dos plútons graníticos? As observações de campo seriam a
composição, particularmente se a rocha inicial era, em sua composição química, um melhor aproximação para uma resposta , mas, infelizmente, suas interpretações não
tipo não habitual. Em textura, uma rocha metamórfica consiste tipicamente de grãos são totalmente isentas de ambigüidade. As relações em alguns contatos graníticos
arredondados interpenetrantes e nenhum mineral apresenta muita tendência para demonstram o outro lado da questão, que rochas de alto grau de metamorfismo são
desenvolver contornos cristalinos euhédricos; por outro lado, as texturas ígneas são localmente transitórias em material aparentemente ígneo, mas grande quantidade
caracterizadas por contornos cristalinos bastan.te nítidos no caso de alguns minerais da maioria dos grandes plútons não apresenta estruturas que forrieçam evidências
principalmente minerais máficos e plagioclásio, e completa falta de formas euhédrica~ conclusivas sôbre a origem. Com base apenas nas observações de campo, os plútons
no caso de outrns, particularmente quartzo e K-feldspato. Existem numerosas e óbvias podem, aparentemente, ter-se movido para suas posições atuais sob a forma de ma-
exceções a estas .generalizações, mas não em quantidade suficiente para destruir sua terial fundido proveniente de grandes profundidades, ou êles podem consistir prin-
validez para os espécimes típicos dos dois tipos de rochas. Ainda mais, as generalizações cipalmente de material atualmente presente e transformado em rocha granítica por
174 INTRODUÇÃO A GEOOUIMICA METAMORFISMO 176

metamorfismo extremo, ou podem conter ma teriais de ambos os tipos. A questão Temperatura, °C


sôbre qual processo é mais importante - a antiga discussão entre "granitizadores" 200 400 600 800 1000
e "magmatistas" - deve aguardar uma solução final baseada em evidências outras o
Alteração hidrotérmica perto da superfície ,, ..- ..- - 1
que não os critérios de campo. 1
Revisamos a situação atual desta controvérsia numa discussão anterior (Sec. Hornfels -- Sanidinita \
piroxênio
14-6). Aqui precisamos apenas destacar que, a par tir de um ponto de vista puramente 2 I \ 8
químico, parece inteiramente possível uma origem metamórfica para todos os granitos 1
1
obtidos dos materiais da crosta. Alguns corpos graníticos podem ter permanecido 1
pràticamente estáticos durante o processo de metamorfismo extremo, enquanto outros 1
podem ter-se movido sob a forma de massa líquida, ou parcialmente líquida, a partir .s"'.... 4 1
1
dos níveis profundos até partes mais frias da crosta e por isso podem apresentar todos '"':9 Glaucofane 1
1
os fenômenos familiares de intrusão. Atualmente, é mais dificil exibir uma base quí- ·g. 6
mica para a hipótese magmática ortodoxa, visualizando a diferenciação do · líquido
ô
granítico retirado de material primordial da subcrosta, em virtude das alterações
no processo de diferenciação a altas pressões, que foram experimentalmente demons-
'"'"'.,"'
.... Ec!ogita Curvas aproximadas de
p.
tradas. Mas, de nenhum modo, as evidências estão tôdas de um único lado, de maneira 8
fusão do granito:
que a caracterização genérica dos granitos como produtos de metamorfismo extremo : - - - PH ,o= P,o,al
dificilmente é justificada. PH,o=latm
1 40
A literatura do extremo metamorfismo, como em outras partes da geologia onde 10 1
as idéias básicas são dificeis de definir e onde é dificil to mar decisões entre duas hipó- 1

teses alternativas, está tumultuada com grandes palavras de origem grega. Ultrame-
tamorfismo refere-se a qualquer alteração que se dá a temperaturas maiores que as 12 48
da gama· metamórfica, conseqüentemente alteração que envolve a produção de tex-
turas com aparência ígneas e fus ão parcial ou completa. Anatexis e palingênese acen-
luam a produção de um nôvo magma pela fusão parcial ou completa de rochas pree- FIG. 19-7. Áreas aproximadas de pressão-temperatura das principais espécies metamórficas. As
xistentes; na literatura recente, anatexis é o têrmo mais comum. Granitização pode três linhas contínuas indicam valôres possíveis do gradiente geotérmico : a média dos
ser utilizado num sentido estrito para descrever a conversão de uma rocha sólida numa valôres medidos é cêrca de 30º C/km, o máximo cêrca de 50º C/ km e o mínimo cêrca de
rocha de composição e textura graníticas, apenas pela ação de calor e de fluidos tênues, JOº C/km. As linhas tracejadas indicam temperaturas de fusão incipiente do granito,
permanecendo o material essencialmente sólido durante todo o processo; ou êle pode sob uma tensão de vapor d'água igual a I atm. Entre as duas linhas está a região onde
pode ocorrer fusão diferencial de rochas metamórficas de alto grau.
referir-se, mais amplamente, a qualquer processo, acompanhado ou não por fusão,
no qual um material preexistente é transformado em granito. Migmatização significa
a formação de uma migmatita, ou "rocha mista", consistindo pa rte de material ígneo da temperatura de fusão com a pressão depende apenas da diferença de densidade
e parte de remanescentes de metamorfismo em alto grau; o processo pode envolver entre o granito sólido e o líquid o; uma vez que o líquido tem densidade menor, o
1an to anatexis, localmente, como á injeção de um material fluido ao longo das cama- ponto de fusão aumenta ligeiramente com um aumento de pressão. Na natureza, a
das ou fendas numa rocha metamórfica adjacente. Mobilização é uma palavra maravi- fusão do granito deve seguir um processo intermediário entre êstes extremos. Note-se
lhosamente indefinida que se refere a qualquer processo pelo qual tanto íons como que as rochas nas espécies granulito e piroxênio hornfels podem ser tanto rochas
os produtos de fusão parcial são postos numa condição que os capacita a mover-se mel a mórficas de alto grau como rochas parcialmente ígneas, dependendo da pressão
de um local para outro. Êstes são os têrmos mais comuns no uso geral, mas a lista não de vapor d'água.
esgota o número de grandes palavras inventadas para descrever aspectos vagamente
definidos de met amo rfismo extremo. 19-7. DIFERENCIAÇÃO METAMÔRFICA
A relação de ana texis com metamorfismo em alto grau pode ser conveniente-
mente resumida através do diagrama da Fig. 19- 7. As várias espécies metamórficas Como regra geral: os processos metamórficos ocorrem tendendo à homogenei-
estão representadas de modo a indicar aproximadamente suas dependências com a zação. Elementos parcialmente separados por clima li zação e erosão são recombi-
temperatura e a pressão, e, na região das associações de alto grau, estão desenhadas, nados em silicatos complexos. Os fluidos deslocam os íons de uma parte de uma_roch_a
de modo aproximado, as curvas de fusão para o granito. A curva da esquerda é a para outra. A pulverização e a granulação das rcchas destroem as estru~uras ongma1s
lemperatura de início de fusão do granito em contato com vapor d'água a uma pressão e misturam os constituintes originais. Tais processos tendem a produzir rochas mais
igual à pressão total (obtida da Fig. 15-2) ; nestas condições, a temperatura de fusão homogêneas, mais uniformes em estrutura e em composição, do que o mat~rial or_iginaL
cai quando a pressão aumenta. A curva da direita representa a temperatura de fusão De fa to, uma das importantes características de rochas metamórficas e sua 1dent1-
incipiente para o granito num sistema aberto ao vapor d'água, no qual a variação dade ao longo de grandes áreas.
176 INTRODUÇÃO A GEOQUÍMICA METAMORFISMO 1n

Existem quaisquer processos no metamorfismo que conduzem ao outro lado, 3. Explique por que a linha cheia da Fig. 19-4 te~ a mesma forma geral que as curvas
cm direção à diferenciação do material original em lugar da homogeneização? Alguns da Fig. 19-6. Note-se que as curvas para a fusão incipiente de albita e granito
podem ser sugeridos. Um óbvio é a anatexis diferencial, a fusão de uma fração rica (Fig. 15-2) têm uma forma semelhante, mas inclinação contrária, embora ambas
cm sílica e em álcalis quando a rocha torna-se suficientemente quente. A migração envolvam reações essencialmente com uma única substância na fase gasosa. Expli-
de tais materiais para regiões de menor pressão é freqüentemente sugerida para explicar que as diferenças de inclinação.
s bolsões de pegmatito em rochas metamórficas ao longo de fissuras e nos picos das
4. Em geral, como diferiria a composição qu1m1ca de um xisto . típico da _de uma
dobras. Um outro possível mecanismo de diferenciação é a difusão em pequena escala
de íons para cristalizarem-se nos núcleos. Se, por exemplo, cristais de granada come- diorita ou quartzo-diorita. Como, então, poder-se-ia d1stmgmr um g~a1s~e f~r-
çassem a se formar numa camada de uma rocha, parece razoável que êles retirassem mado pelo metamorfismo de um xisto de um gnaisse formado pela cnstalizaçao
uma parte do material, para desenvolvimento posterior, dos íons móveis nas camadas de um magma de quartzo-diorita? Indique possíveis critérios de natureza quí-
adjacentes; dêste modo, uma rocha em camadas resultaria com diferenças químicas mica, mineralógica e textura!.
muito maiores entre as camadas adjacentes do que originalmente. Ainda uma outra
possibilidade é a deformação mecânica: quando a rocha está sofrendo cisalhamento, 5. Quais substâncias deveriam ser adicionadas a (a) calcário para convertê-lo _em
as escamas de mica podem de algum modo ser concentradas em camadas onde o hornfels de grossulária-diopsida; (b) piroxenita para convertê-la em serpentma ;
deslizamento é ativo, e os cristais de granada podem agregar-se em camadas onde (e) xisto para convertê-lo em rocha turmalina-lepidólita; (d) gabro para conver-
o cisalhamento pode ser contido através de rotação dos grãos. tê-lo em rocha escapolita-epídoto?
Com exceção da anatexis, os possíveis mecanismos de diferenciação dificilmente
podem atuar numa extensão de mais de alguns centímetros. Então, parece uma segura 6. Os defensores da granitização em grande escala indicam que os grandes xenó-
generalização que o metamorfismo, exceto nas temperaturas extremas, é muito mais litos e pingentes num batólito em geral consistem princi~almente de mármore,
efetivo em diminuir as heterogeneidades originais numa rocha do que em provocar quartzito, ou hornfels silicosos em lugar de hornfels denvados de xistos,, lavas
a diferenciação de seus materiais. ou tufos mais comuns. O argumento utilizado é que xisto e rochas vulcamcas
são mais facilmente convertidos em granito durante o ultrametamorfismo do
que rochas como calcário ou arenito de quartzo. Êste argumento é razoável,
PROBLEMAS de um ponto de vista químico?

1. Quais tipos de rochas seriam de se esperar que se formassem a partir de um meta- 7. Os anfibolitos são um tipo muito comum de rocha metamórfica, consistindo prin-
morfismo progressivo de (a) um riólito consistindo principalmente de quartzo, cipalmente de hornblenda e plagioclásio (andesina), muitas vêzes ~om p.e~uenas
feldspato potássico, vidro rico em sílica e um pouco de biotita, (b) um xisto consis- quantidades de epídoto e esfênio. De quais tipos de roch_as se~1':11entanas . ou
tindo principalmente de montmorilonita e quartzo? ígneas poderiam origin~r~se tais rochas me_tamórficas? Q~a1s c~1ten~s pode.na~
2.
1
As relações de equilíbrio pressão-temperatura para a reação ser utilizados para dec1du, num caso particular, qual ongem e mais provavel .

CaC0 3 + Si0 2 ~ CaSi0 3 + C0 2 8. A côr verde, tão comum nas rochas metamórficas de ~aixo . grau ~erivad.as de
estão indicadas na Fig. 19-4. Considere misturas nas quais a pressão do C0 2 lavas e tufos, é geralmente devida a um dos quatro mmera1s:. clonta, ep1doto,
seja igual à pressão total. actinólito ou antigorila. De quais minerais originais êstes são denvados? Expresse
a formação dêstes minerais por equações simbólicas, uti_lizan?o óx~d_o~ para
(a) Quais combinações de minerais (calcita-quartzo, calcita-volastonita, representar constituintes adicionados ou removidos por flmdos mtersttc1ais.
quartzo-volastonita) são estáveis a lOOºC e 1.000 atm? A 700ºC e 2.000 atm ?
A 900ºC e 3.000 atm? 9. Seriam possíveis as seguintes associações minerais em equilíbrio no metamorfismo
de um calcário xistoso consistindo inicialmente em caulinita e calei ta?
(b) Qual é o sinal da variação de energia livre para a reação escrita acima,
a 600º C e 3.000 atm? (a) calcita-grossulária
(b) volastonita-anortita-quartzo-andaluzita
(e) Mostre que a forma da curva da Fig. 19-4 é qualitativamente o que seria (e) anortita-grossulária-calcita
de se esperar a partir da lei da ação das. massas. (d) andai uzi ta-gross ulária-q uartzo
(e) corindo-volastonita-grossulária
(d) Se um veio penetrar em calcário e se uma evidência geológica permitir
supor que a intrusão deu-se a uma profundidade de cêrca de 4 km, quais con- Represente as possíveis combinações minerais através de um diagrama triangular
clusões, se possível, poderiam ser tiradas (1) da presença de volastonita, (2) da com CaO (ou calcita) num vértice, Al 2 0 3 no segundo vértice, e Si0 2 no terceiro
ausência de volastonita, no contato? vértice.
118 INTRODUÇÃO A GEOOUIMICA
METAMORFISMO 179

A FER~NCIAS E SUGESTÕES PARA LEITURAS POSTERIORES


TUTTLE, O. F. e N. L. BOWEN, "Origin of granite in the light of experimental studies
UARTH, T. F. W., Th eoretiea/ Petrology, 2.ª ed., John Wiley & Sons, Inc., New York,
in the system NaA1Si 3 0 8 -KA1Si 3 0 8 -H 2 0", Geol. Soe. Ameriea M emoir 74, 1958.
1962.
Aplicação de trabalho experimental à fusão diferencial durante o metamorfismo
B WEN , N. L. e O. F. TUTTLE, "The system Mg0-Si0 2 -H 2 0", Geol. Soe. Ameriea extremo.
811//., vol. 60, págs. 439-460, 1949. Um trabalho clássico sôbre metamorfismo expe-
rimental. WEBER, J. N. e R. ROY, "Complex stable-metastable solid reactions illustrated
13 UODINGTON, A. F., "Isograds and the role of water in metamorphic facies of with the Mg(OH) 2 -Mg0 reaction", Am Jour. Sei, vol. 263, págs. 668-677, 1965.
orthogneisses of the northwest Adirondack area", New York, Geol. Soe. Ameriea
WINKLER, H. G. F., "Experimentelle Gesteinsmetamorphose", Geochim. et Cos-
Buli., vol. 74, págs. 1155-1182, 1963. Uma demonstração, através de detalhado tra- moehim Acta, vol. 13, págs. 42-69, 1957 ; vol. 15, págs. 91-112, 1958. Estudos experi-
balho de campo, de que as associações minerais metamórficas dependem da pressão
mentais de modificações minerais produzidas por aquecimento da argila sob uma
de vapor d'água, bem como da temperatura e da pressão total.
pressão de vapor d'água de 2.000 atm.
OLEMAN, R. G., D. E. LEE, L. B. BEATTY e W. W. BRANNOCK, "Eclogites and
eclogites: Their similarities and differences", Geo l. Soe. Ameriea Buli. , vol. 76, págs. WINKLER, H. G. F., Petrogenesis of the Metamorphie Rocks, Springer-Verlag New
483-508, 1965. Uma interessante revisão das ocorrências variadas destas contro- York, 1965. Um outro tratamento generalizado da química do metamorfismo,
vertidas rochas que, aparentemente, podem formar-se a altas pressões numa ampla por um dos principais experimentalistas. O Capítulo 16 é uma discussão particular-
gama de temperaturas. mente boa da anatexis.
ERNST, W. G., "Petrogenesis of glaucophane schists", Jour. Petrology, vol. 4, págs.
J-30, 1963. Evidências mineralógicas e experimentais são utilizadas para definir
os limites pressão-temperatura das espécies "xisto azul", mas mostrando que a
glaucofane, em si, não está restrita a estas espécies.
ESKOLA, P., Die Entstehung der Gesteine (Barth, Correns, Eskola), Springer-Verlag
OHG, Berlin, 1939; reimpresso em 1960. Um resumo dos muitos anos de trabalho
de Eskola sôbre rochas metamórficas. O conceito de Eskola de espécies minerais
está descrito nas páginas 336 a 368 e a construção de diagramas ACF está expli-
cada na página 347.
F YFE, W. S., F. J. TURNER e J. VERHOOGEN, "Metamorphic reactions and
metamorphic facies", Geol. Soe. Ameriea Memoir 73, 1958. A termodinâmica do
processo metamórfico. O tratamento é semelhante ao dado por Turner e Verhoogen
(1960), porém há mais destaque sôbre as camadas inferiores.
HARKER, R. I. e O. F. TUTTLE, "Studies in the system Ca0-Mg0-C0 2 " , Am. Jour.
· Sei., vol. 253, págs. 209-244, 1955.
HEMLEY, J. J. e W. R. JONES, "Chemical aspects of hydrothermal alteration with
emphasis on hydrogen metasomatism" Eeon. Geology, vol. 59, págs. 538-569, 1964.
Trabalho experimental sôbre as transições argila-mica-feldspato, indicando a depen-
dência dos limites das espécies metamórficas com a pressão de vapor d'água e_çom-
posição das soluções, bem como da temperatura.
KITAHARA, S. , S. TAKENOUCHI E G. C. KENNEDY, "Phase relations in the
system Mg0-Si0 2 -H 2 0 at high temperatures and pressures", Am. Jour. Sei. , vol.
264, págs. 223-233, 1966.
NITSCH, K. H. e H. G. F. WINKLER, "Bildungsbedingungen von Epidot und Ortho-
zoisit", Beitr. Mineralogie und Petrographie, vol. 11, p~gs. 470-486, 1965. Genera-
lizações a partir de trabalho experimental.com relação às condições de formação
de epídoto e zoisita em rochas metamórficas.
TURNER, F. J. e J. VERHOOGEN, Igneous and Metamorphie Petrolog y, 2.ª ed.,
McGraw-Hill Book Company, New York, 1960. Um livro de referência para a
química e a petrologia do metamorfismo.

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