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3.2. METAMORFISMO
Como se viu em capítulos anteriores, a crusta não está estática, mas sim em constante
movimento. As placas tectónicas chocam entre si, mergulham umas sob as outras, ou ainda se deslocam
tangencialmente entre si. Todos estes movimentos provocam compressões, distensões, atritos, sujeição das
rochas a temperaturas mais altas, etc. Por outro lado, vimos nos pontos anteriores que o magma ascende à
superfície, sujeitando as rochas a temperaturas altas. Assim, com a dinâmica da crusta e da litosfera, as
rochas estão constantemente a ser sujeitas a diferentes condições de pressão e temperatura.
Metamorfismo é o processo pelo qual as rochas no interior da crusta são modificadas por acção
do calor, pressão e agentes químicos. Estes factores são chamados agentes do metamorfismo. Durante
os processos de metamorfismo, as rochas mantêm essencialmente o seu carácter sólido, e por isso retêm
algumas das características primárias herdadas da rocha original. As estruturas, texturas e composição
mineralógica (e química) finais dependem, por um lado, das características da rocha-mãe e, por outro, das
condições do metamorfismo, isto é, da maneira e tempo como os agentes de metamorfismo actuam.
As mudanças que ocorrem durante o metamorfismo estão sempre relacionadas com a tendência
de restauração do equilíbrio das rochas sujeitas a novos ambientes de P,T,química. As rochas-mãe a partir
das quais se formam as rochas metamórficas são das mais variadas, podendo ser sedimentares, ígneas ou
mesmo metamórficas.
3.2.1.1. Temperatura
A temperatura é talvez o agente mais importante e variável. Os processos metamórficos que
ocorrem por acção pura e simples da temperatura é chamado de metamorfismo térmico.
A temperaturas abaixo de 100º-200ºC, os minerais das rochas-mãe podem ficar em equilíbrio
durante milhões de anos, porque as reacções a estas temperaturas são demasiado lentas para que tenham
qualquer efeito apreciável. Com o aumento da temperatura, as reacções tornam-se mais rápidas, levando
ao aparecimento de novas associações minerais.
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3.2.1.2. Pressão
A pressão litostática (pressão resultante do peso das rochas sobrejacentes) na crusta aumenta
com a profundidade. Assim, a cerca de 20 km de profundidade, a pressão é da ordem das 6.000 atmosferas
(= 6.202 kg/cm2). Estas altas pressões mudam as características físicas das rochas, tornando-as dúcteis
(plásticas) e capazes de fluir.
Por outro lado, as altas pressões tendem a contrariar a ocorrência de reacções que provoquem
aumento de volume por libertação de gases.
No caso inverso, as pressões altas tendem a favorecer reacções que dêem origem a minerais
mais densos.
Além da pressão litostática, as rochas em profundidade estão sujeitas a outras pressões
resultantes dos movimentos crustais. Quando estas pressões actuam em ambiente de baixa temperatura,
provoca a desagregação mecânica das rochas - cataclase. A altas temperaturas e na presença de fluídos,
tendem a acelerar o crescimento dos cristais.
3.2.1.3. Fluídos
Se bem que o grosso de cada rochas se mantenha sólido durante o metamorfismo, os interstícios
entre os minerais estão ocupados por variadíssimos fluídos aquosos com diversos componentes químicos
em solução. Estes fluídos interagem com os minerais com que estão em contacto, provocando alterações
químicas constantes, dando origem a novos minerais, e provocando o desaparecimento dos iniciais.
Os fluídos podem provir da própria rocha ou de fora. Neste caso, eles trazem para a rocha novos
materiais, alterando assim a composição química inicial. Por outro lado, ao serem mais tarde expulsos da
rocha, eles levam consigo em solução outros componentes. Em qualquer dos casos, há alteração da
composição química inicial. A estas alterações da composição química inicial chama-se metassomatismo.
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As alterações provocadas nas rochas encaixantes são mais marcadas perto do corpo ígneo do
que a maiores distâncias.
Como se pode bem entender, o metamorfismo de contacto é fundamentalmente um
metamotrfismo térmico, mas pode ser afectado ainda pela pressão provocada pela ascensão magmática e
pelos efeitos metassomáticos dos voláteis que se escapam do magma para as rochas encaixantes.
3.3. SISMOLOGIA
Um sismo (tremor de terra ou abalo sísmico) é uma Fig. 4.14. Epicentro e hipocentro dum sismo
perturbação violenta na crusta causada por um movimento
brusco em profundidade, resultando na libertação instantânea de
energia lentamente acumulada ao longo do tempo.
O ponto onde se dá essa perturbação chama-se foco
ou hipocentro, e o ponto à superfície na vertical do foco chama-
se epicentro (Fig. 4.14).Todos os anos a Terra sofre várias
centenas de milhar de sismos, mas felizmente só muito poucos são
suficientemente fortes (ou próximos de agregados populacionais)
para provocar mortes. Algumas áreas são propícias a sismos,
sendo as construções feitas de modo a resistirem a eles. Noutras
áreas esta preocupação de construção não existe, dando origem a
desastres enormes, como o sismo da Cidade do México em 1985.
Não há, contudo, nenhuma localidade do mundo que não tenha
sismos, mas em algumas regiões eles são tão fracos que só
podem ser detectados por aparelhos especiais - os sismógrafos
(Fig. 4.15).
Conhecem-se ao longo da História dezasseis desastres
sísmicos que causaram mais de 50.000 mortos (Tab. 4.3).
Fig. 4.15. Esquema dum sismógrafo
Tabela 4.3. Sismos nos últimos 800 anos com mais de 50.000 mortos
Local Ano N.º Mortos Local Ano N.º Mortos
Shen-Shu, China 1556 830.000 Nápoles, Itália 1693 93.000
T'ang-shan, China 1976 700.000 Shemka, Rússia 1667 80.000
Calcutá, Índia 1737 300.000 Kansu, China 1932 70.000
Kansu, China 1920 180.000 Silícia, Turquia 1268 60.000
Messina, Itália 1908 160.000 Catânia, Itália 1693 60.000
Tóquio/Yokohama, Japão 1923 143.000 Lisboa, Portugal 1755 60.000
Chihli, China 1290 100.000 Quetta, Paquistão 1935 60.000
Beijing, China 1731 100.000 Calábria, Itália 1783 50.000
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