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A CROSTA COMO UM SISTEMA SEPARADO 353

Um dos poucos assuntos sôbre os quais parece prevalecer


acôrdo universal é que a Terra não foi criada em seu estado pre-
sente. A evidência geoquímica apóia a idéia que sua estrutura
interna é provàvelmente o resultado de fôrças que se originam
CAPITULO XI dentro da própria Terra. A Terra é um sistema com massa con-
siderável e, assim, exerce uma fôrça gravitacional sôbre seus pró-
prios componentes. O campo gravitacional resultante afetou
O ciclo geoquímico a distribuição do material, concentrando as fases mais pesadas
em direção ao centro e as mais leves em direção à superfície.
A velocidade dessa diferenciação gravitacional depende da vis-
cosidade do sistema; é mais rápida em um gás do que em um
líquido, mais rápida em um líquido do que em um sólido. A
A terra como um sistema físico-químico idéia de uma Terra líquida, em certa éppca, é atraente pois ex-
plica como essa _diferenciação gravitacional pôde ocorrer dentro
de um tempo relativamente curto. Os dados geofísicos susten-
Geoquimicamente, a Terra pode ser considerada um sis- tam a teoria que a Terra tem uma estrutura estratificada em con-
tema fechado, como êste têrmo é usado na físico-química. :Sste seqüência da separação, de seu material em camadas de dénsi-
conceito pode ser criticado por expressar uma simplificação dades diferentes. Goldschmidt deu a isto o nome de diferencia-
levada ao extremo; vimos que algum material - meteoritos e ção geoquímica primária. Era uma diferenciação resultante da
poeira meteorítica - está sendo recebido continuamente do es- ação da gravidade sôbre um sistema em que o ferro, o oxigênio,
paço exterior, e que algum hidrogênio e hélio estão sendo per- o magnésio e o silício eram os componentes de importância maior.
didos por fuga a partir da atmosfera superior. Não obstante, O ferro era o componente principal, e a distribuição dos elemen-
êstes ganhos e estas perdas são insignificantes, quando compara- tos entre um núcleo metálico e um manto silicatado foi contro-
dos com o sistema como um todo. Se nossa interpretação do lada por seu potencial de oxidação relativamente ao do ferro.
registro geológico é correta, os processos químicos que ocorrem Os elementos que se oxidavam mais prontamente do que o ferro
sôbre a superfície e dentro da Terra funcionaram com um grau concentraram-se no manto, os outros fizeram liga com o ferro
notável de uniformidade nos últimos 3.000 milhões de anos. para formar o núcleo. Em conseqüência, o destino de um ele-
Pela natureza das coisas, o geoquímico preocupa-se princi- mento nesta diferenciação química primária é, em verdade, um
palmente com a superfície da Terra, pois é a única parte acessí- reflexo do número e do arranjo de seus elétrons orbitais. Aquê-
vel ao exame direto. Na discussão da origem e da estrutura da les elementos formando íons com uma estrutura de gás nobre
Terra, fêz-se uma tentativa de apresentar uma descrição lógica foram para a fase silicato; os elementos de transição, de outro
da natureza provável de seu interior. Os dados sôbre os quais lado, concentraram-se no núcleo metálico ou em uma fase sulfêto.
se baseou esta descrição são indiretos, sua interpretação, espe-
culativa. Contudo, o quadro geral de um núcleo de níquel e A cr~ta como um sistema separado
de ferro, um manto principalmente de silicato de ferro e de
magnésio, e uma crosta em que o oxigênio, o silício, o alumínio, A separação da crosta, do manto e do núcleo habilita-nos
o ferro, o cálcio, o magnésio, o sódio e o potássio são os cons- a considerar a parte exterior da Terra como um sistema físico-
tituintes de maior importância, dá uma interpretação consistente -químico distinto. A migração do material dentro da crosta
da informação coletada a partir de muitas fontes independentes pode ser discutida, então, como um fenômeno independente; é
- estudo dos meteoritos, a física e a química da Terra, os dados parcialmente mecânica, produzida pelos movimentos orogênicos
sismológicos, ·e assim por diante. Podemos aceitar, portanto, ou pelas fôrças da gravidade, e parcialmente química. Os mo-
êsse quadro como uma hipótese de trabalho, compreendendo vimentos mecânicos pertencem ao campo da geologia. A geo-
sempre que é uma hip_ótese, mas bem apoiada em fatos. química interessa-se pela migração dos elementos sob a influên-
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A CROSTA COMO UM SISTEMA SEPARAI>o
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eia das fôrças físico-químicas. Esta migração foi discutida em
tos. Pode-se visualizar o metamorfismo ilimitado como resultan-
têrmos dos processos do magmatismo, da sedimentação e do
metamorfismo. Vimos que o destino de um elemento durante a do em uma condição ideal em que tôda a litosfera alcança uma
cristalização magmática é, primàriamente, uma função de se~ composição uniforme. Isto pode ser uma opinião exa.gerada,
tamanho iônico. Um elemento particular aparece naqueles mi- mas que essa tendência existe é evidenciado pela . composição
nerais em cujos retículos êle se adapta mais prontamente e com mineralógica e química, relativamente sempre a mesma, das
a diminuição máxima da energia livre. A distrib~ição ~os ele- formações geológicas antigas. Comparadas com os tipos de ro-
mentos pelo tamanho iônico por êste modo foi descnta por cha quimicamente diferentes das idades mais recentes, as do
Goldschmidt como diferenciação geoquímica secundária. A cris- período a~queano são çonstituídas predominantemente por gnais-
talização magmática adiciona também quantidades importantes ses de uniformidade relativa, resultante provàvelmente em grau
considerável das reações metamórficas continuadas por muito
de alguns elementos à atmosfera e à hidrosfera. tempo, e das metassomáticas.
Os processos de sedimentação podem ser encarados como
conduzindo a um grau ulterior de diferenciação geoquímica. Na Assim, no início, as abundâncias relativas dos elementos
temperatura comparativamente baixa dos processos sed~entares, eram ~eterminad~s pela estabilidade de seus isótopos, isto é,
os processos de substituição iônica nos minerais são mmto menos pelo numero de neutrons e de prótons e pela energia de ligação.
importantes, embora ainda significativos. ~ preci(?i~ação J~ul-
Os processos pelos quais a Terra se formou conduziram a uma
tânea em um conjunto particular de cond1çoes fts1co-qmm1cas primeira separação dos elementos de acôrdo com sua volatili-
é contudo um modo importante pelo qual certos elementos se dade, ou de sua capacidade de fotmar compostos voláteis· a
t~rnam as~ociados em tipos específicos de sedimento. Os fa- Terra está evidentemente empobrecida nos elementos e nos c~m-
tôres controladores são os que pertencem às propriedades dos postos mais voláteis, em comparação com o universo como um
íons nas soluções aquosas, e o potencial iônico é de ~portâncja todo. A separação da Terra em um núcléo de ferro e em uni
primana. A diferenciação geoquímica durante a sedimentaçao manto e em uma crosta silicatados resultou em um fracionamento
é governada, portanto, em grande parte, pela interrelação entre forte dos •elementos de acôrdo com sua afinidade pelo ferro me- ·
o raio iônico e a carga iônica. tá}.ico ou pelo silica!o; êste ,fracionamento foi controlado pelo
numero e pelo arran30 dos eletrons exteriores. O passo próximo
A sedimentação envolve também uma interação da hidros- na evolução da Terra foi a solidificação do manto e da crosta
fera e da atmosfera com a litosfera. A água e o bióxido de car- o que conduziu a um fracionamento ulterior determinado dest~
bono são incorporados em minerais dos sedimentos; há uma ve~ gr~nd~ment~ pelo papel dos diferentes elementos nos equilí-
contribuição, à hidrosfera, dos íons solúveis, .especi~ente ~o brios hqmdo cristal. O fator controlador de importância maior
sódio. Os processos que envolvem os orgarusmos vivos e~tao foi o tamanho iônico. Durante o tempo geológico aconteceu
intimamente associado à sedimentação mas podem ser conside- fracionamento considerável dos elementos na superfície da Terra,
rados separadamente, e êstes processos estão ligados ~esmo mais como um resultado dos processos sedimentares; o destino de
estritamente com a hidrosfera e com a atmosfera. Vrmos como um elemento, nestas condições, é grandemente matéria de seu
a fotossíntese foi responsável em grande escala, provàvelmente, potencial iônico, a razão do tamanho iônico para a carga iônica.
pela composição atual da atmosfera e como o equilíbrio d~ ma- A · abundância absoluta de um elemento é condicionada por_sua
terial dissolvido no oceano é em grande parte uma funçao de estrutura nuclear; sua abundância em uma . parte particular do
vida orgânica ali. Assim, na biosfera ocorre uma diferenciação
universo ou da Terra é condicionada pelos caracteres atômicos
ulterior geoquímica pela ação metabólica dos organismos.
mais superficiais, tais como o número e o arranjo dos elétrons
A série das mudanças discutidas até agora conduziu no orbitais, e o tamanho do átomo ou do íon. O comportamento
todo a um grau crescente de diferenciação . geoquímica. Esta geoqímico de cada elemento depende de suas propriedades in-
tendência é contrariada pelo metamorfismo. Em geral, o meta- dividuais nas condições físico-químicas em cada estádio no cick
. morfismo tende para_a unifonnidade da distribuição dos elemen- geoquímica.
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parado indefinidamente, ou sofrer um curto-circuito, ou ter seu


sentido invertido. O ciclo geoquímico não é fechado nem ma-
terial nem energeticamente. :m e recebe o magma "primário"
vindo de baixo, trazendo energia com êle sob a forma de calor.
A superfície recebe uma contribuição insignificante de matéria
meteorítica que, não obstante, pode ser revelada nos depósitos
nas profundidades do mar onde a velocidade de sedimentação é
muito baixa. A superfície recebe energia do exterior da Terra
sob a forma de radiação solar que, quase tôda, contudo, toma a
º 1 ser irradiada no espaço.
1\ O ciclo geoquímico provê um conceito útil como uma base
/5 \
_§ \ _,,,,-,, para a discussão de muitos aspetos da geoquímica, particular-
- / /
i "',
,....... -----~ ----- -- /
/
/
/
mente o curso seguido por um elemento específico ao progredir
pelos diferentes estádios. Uma compreensão completa do ciclo
em têrmos dos elementos individuais é um dos objetivos de im-
/ portância maior da geoquímica. Um elemento pode tender a
/ concentrar-se em um certo tipo de depósito em algum estádio,
/ ou pode permanecer disperso por tôda a parte o ciclo inteiro.
______ ..,,,,,, .,:,r/
/
O ciclo geoquímica de alguns elementos foi resolvido com por-
menores consideráveis, mas para muitos outros nosso conheci-
mento é fragmentário.

Fracionamento isótopo no ciclo geoquímico


\,faterial original O ciclo geoquímica resulta muitas vêzes na concentração
de um elemento específico em algum estádio no ciclo, como,
por exemplo, o carbono nos depósitos biogênicos. Concebe-se
Figura 11,l. O ciclo geoquímico também para elementos com mais de um isótopo um fraciona-
mento mais delicado, o dos isótopos individuais. Por alguns
O ciclo geoquímico anos, pensou-se que êsse fracionamento não ocorreria na natureza,
exceto para um elemento como o chumbo, no qual um ou mais
· O quadro geral da migração dos elementos na. parte exterior isótopos são os membros finais de uma série radioativa; con-
da Terra nos fornece um conceito do ciclo geoguímico (Figura sideraram-se outros elementos como sendo de composição isó-
11 . 1). Na litosfera, o ciclo geoquímico começa com a. crista- topa constante, independentemente dos processos geológicos ou
lização inicial de um magma, progride pela alteração c pelo in- biológicos que tivessem sofrido. Com o desenvolvimento de
temperismo da rocha ígnea e pelo transporte é pela dçposição técnicas sensíveis de espectro de massa, achou-se que a compo-
do material assim produzido, e continua pela diagênese e pela sição isótopa de alguns elementos é mudada por êsses processos.
litificação até o metamorfismo de graus sucessivamente mais altos Como um resultado, houve um desenvolvimento notável da geo-
até que, eventualmente, por anatexe e palingêncse, o magma se logia dos isótopos, o que Rankama define como a investigação
regenera. Como qualquer ciclo ideal, o ciclo geoquímica _pode dos fenômenos geológicos por meio de isótopos estáveis e instá-
não ser realizado n~ prática; em algum estádio, êlc pode ser veis e das mudanças em suas abundâncias.
358 O CICLO GEOQUÍMICO FRACIONAMENTO ISÓTOPO NO CICLO GEOQUÍMICO
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Os fracionamentos isótopos podem originar-se de vários mo- em 0 18 • Estas medições podem ser aplicadas ao estudo das. águas
dos, dependendo do fato que as propriedades termodinâmicas e naturais e da circulação da água e do vapor de água. Algumas
cinéticas de um sistema de moléculas são dependentes da massa, cifras típicas são as seguintes:
mostrando, por conseguinte, diferenças na substituição isótopa.
O fracionamento resultante é mais marcado quando a diferença Vapor em equilíbrio com a água do mar - 8
das massas que se substituem é máxima, isto é, para os elemen- Água de rio, Alaska - 20
tos de pêso atômico baixo, substituídos nos compostos de pêso Neve, Chicago - 17
. Chuva, Chicago - 7
molecular baixo. Na natureza, o fracionamento é muito eficiente Água de rio, Mississipi
nos sistemas que envolvem uma fase gasosa, quando existe, com - 4
Neve, Pólo Sul - 50
efeito, uma distilação fracionada contínua. Por conseguinte, a
diferenciação isótopa tem sido observada muito amplamente com Estas c'ifras indicam que a neve do Pólo Sul está marcada-
compostos gasosos - H, C, O, S. mente empobrecida em 0 18 relativamente ao vapor de água do
O fracionamento químico dos isótopos é um reflexo das di- oceano. Evidentemente, uma massa de ar marinho perde pre-
ferenças pequenas nas energias livres de formação das moléculas ferencialmente H 20 18 quando perde água pela chuva ou pela
neve e se toma progressivamente mais rica em H 2 01~.
isótopas a partir de seus átomos constituintes. Em uma reação
entre as moléculas contendo diferentes isótopos de algum ele- As medições dos isótopos do oxigênio têm sido aplicadas
1!1ento, tal como com êxito à medição das paleotemperaturas. Para a reação

C0/6 + 2H20 18 = C0}8 + 2H20 16 1 1


- CaC0/6 + H20 18 = - CaC0318 + H20 16
a constante de equilíbrio pode ser apreciàvelmente diferente da 3 3
unidade, e o oxigênio presente como bióxido de carbono e como
água pode diferir mensuràvelmente na composição isótopa. As a constante do equilíbrio K reduz-se à seguinte expressão
constantes do equilíbrio para essas reações podem ser compu-
tadas por estatísticas mecânicas; elas são dependentes da tem-
( Q l B/ Q l~) CaC03
peratura e, em geral, o fracionamento isótopo diminui à medida
que a temperatura sobe. Os valores calculados do fator de fra-
cionamento para a reação acima são 1,055, 1,047, 1,027, e 1,017
para as temperaturas de 0°, 25°, 127° e 227° respectivamente;
os valores observados estão em boa concordância. A tempera- O valor de K para a troca calcita-água é de 1,0286, na tem-
tura é assim o contrôle principal do fracionamento isótopo, mas peratura de 25°, diminuindo em 0,00023 para cada grau de
êste ~de se; afetado por outros fatôres que influenciam o com- aumento da temperatura. Com uma exatidão analítica de
portamento químico do sistema, como a pressão, a composição + 0,0001, isto permite a determinação da temperatura da deposi-
química e os coeficientes de atividade das soluções. Os efeitos ção da calcita existente na água de composição isótopa conheci-
cinéticos podem modificar também o fator de fracionamento. da dentro de limites de 0,5°.
As variações nas razões 0 18/0 16 têm sido aplicadas a um Dado que a razão 0 18/0 16 da água do oceano é essencial-
certo número de problemas geológicos. Os resultados reais se mente invariante, a razão 0 18/0 16 da calcita depositada existente
reportam, usualmente, como valores 6 que comparam a razão nela será dependente da temperatura. Assim, se os esqueletos
medida 0 18 / 0 16 em uma amostra, com esta razão na água do mar, carbonatados marinhos crescem em equilíbrio isótopo com a
tomada como padrão. Os valores de 6 expressam-se em partes água do mar, a razão 0 18/ 0 16 dos carbonatos será uma medida
por mil, e as cifras_ positivas indicam enriquecimento relativo da temperatura em que o carbonato foi depositado pelo orga-
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nismo. Naturalmente, se o material da concha recristaliza ou seguida à cristalização inicial. Os estudos nas áreas de meta-
sofre troca isótopa em algum acontecimento geológico posterior, morfismo regional mostraram que o equilíbrio isótopo provàvel-
a razão 0 18/ 0 16 modificar-se-á, apagando assim o registro da mente se conserva nas rochas de grau baixo, mas que as distri-
temperatura de deposição. Têm-se medido paleotemperaturas buições isótopas em alguns dos equilíbrios de temperatura mais
aparentemente merecedoras de confiança em carbonatos fósseis alta provàvelmente se perdem pelos efeitos retrógrados. .
de era tão remota como a mesozóica. Por exemplo, verificaram-
se temperaturas indo de 12 a 28°, em espédmes do período O fracionamento dos isótopos do carbono foi discutido no
cretáceo superior, provindas dos Estados Unidos, inclusive Alas- Capítulo IX em conexão com o ciclo do carbono. Outro elemento
ka, da Sibéria, da Suécia, da Dinamarca, da França e da Alema- do qual se estudou extensamente o fracionamento isótopo na-
nha. As temperaturas mais baixas foram observadas em amos- tural, é o enxôfre (Figura 11 . 2).
tras do Alaska e da Sibéria. Os resultados mostraram que o cli-
ma no período cretáceo superior era relativamente brando e mui- 1 1 1 1 1 1 1 1
to mais uniforme do que presentemente. Além disto, a tempe- 1Mete~ritos
ratura dos oceanos na região setentrional e, assim; provàvel- ·


• .... ---
mente na profundidade ( a água do oceano profundo vindo even-
• Sils básicos

---·.
tualmente das · regiões polares) era de 14°, aproximadamente,
sendo mais alta do que a temperatura das profundidades oceâni- Roch as ígneas ( 1 )
cas atuais. -
Uma das aplicações promissoras das medições dos isótopos
do oxigênio é no campo da petrologia, incluindo-se aí a diagê- Sº de origem vulcânica
-
nese e a formação de minérios. Os sistemas das rochas comuns


são compostos usualmente de dois ou mais minerais coexisten-
tes. Se êstes minerais estiveram em equilíbrio isótopo com a Agua do mar
H.iO e um com o outro ao tempo da cristalização, a temperatura
de equilíbrio pode ser determinada pelo uso da dependência da
temperatura dos diversos fatôres de fracionamento simultânea- Evaporitos
mente. Contudo, a quantidade da variação da razão 0 18 /0 16
nos silicatos, nos carbonatos e nos óxidos, nas rochas ígneas e
nas metamórficas, não é bem conhecida. É difícil a extração • Chuva e neve

quantitativa do oxigênio dos minerais silicatados e dos minerais


óxidos. Mostrou-se, em tentativas anteriores,. que existem va-
riações isótopas, mas as medições foram relativamente impreci-
sas. A atividade da pesquisa corrente neste campo está concen-
- - --· •• Sulfetos sedimenta res( 2)

Petróleo
trada ao longo de duas linhas: a determinação no laboratório
das constantes do equilíbrio de troca como funções da tempera-
tura, e as medições das associações naturais de minerais selecio- Carvão
nadas, de modo que as temperaturas deduzidas isõtopamente 1 1 1 1 1 1 1 1
possam ser comparadas com as temperaturas de formação dos +50 +40 +30 +20 +10 -10 -20 -30 -40 -50
mesmos minerais, estimadas por meio de outros dados que não
os isótopos. A interpretação das medições'. isótopas deve ser
relacionada com a história termal da amostra, particularmente Figu_ra . 1!.1 Variações dos isótopós do enxMre nos materiais naturais:
em rochas que sofreram um resfriamento vagaroso, longo, em (1) mclumdo os sedimentos granitizados, ou trabalhados de nôvo· (2)
excluindo a chuva e a neve das áreas industriais. (Thode, 1963) '
362 O CICLO GEOQUÍMICO MUDANÇAS DE ENERGIA NO CICLO GEOQUÍMICO 363

O padrão de referência é a troilita meteorítica que mostra sentam uma diminuição na entropia à custa do sol e são, sim-
uma razão S3 4 /S32 , notàvelmente uniforme, de 22,21 e pode, tal- plesmente, flutuações de importância menor em uma tendência
vez, ser considerada como representando o enxôfre primordial. geral para um estado de entropia mais alta.
O conteúdo em S3 4 do enxôfre na crosta da Terra varia em 5 % , As fontes mais importantes de energia no ciclo geoquímico
aproximadamente, de cada lado dêste padrão; oS 34 na Figura podem ser consideradas sob os títulos seguintes : (a) radiação
11 . 2 sendo definido pela equação solar; (b) energia mecânica potencial e cinética; (e) energia de
reação; (d) energia nuclear e (e) conteúdo em calor da Terra.
oS34
(
34 32
~~-(_S__I_S__)_.m_o_sl_ra~ ~
( S34 / S32 i padrão
- 1) X 1000
A transformação destas formas de energia é o denominador co-
mum de todos os processos e reações geoquímicos.
A radiação solar é, naturalmente, o produto das reações
Os isótopos do enxôfre, nos processos geoquímicos e bioquímicos nucleares pelas quais o hidrogênio se converte em hélio, no sol.
envolvendo oxidação e redução, são fracionados com o isótopo O sol irradia energia em tôdas as direçõe} ,e apenas uma propor-
mais leve sendo enriquecido no sulfêto e o isótopo mais pesado ção muito pequena, aproximadamente 5 X 10 8, base sôbre a
sendo enriquecido no sulfato. A faixa máxima da S3 4 / S32 na Terra; cêrca de metade desta é refletida de nôvo no espaço pela
natureza vai de 20,8 para o sulfato na rocha situada no tôpo dos atmosfera. A radiação solar média recebida na superfície da
domos de sal a 23,3 para, o sulfêto oriundo de um folhelho. Terra é de 4,2 X 10 3 cal/cm2/s ou cêrca de 6.750 X 1020 cal,
anualmente, para tôda a Terra. Tem-se estimado que O, 1 % é
Mudanças de energia no ciclo geoquímico utilizada pela fotossíntese das plantas, terrestres e marinhas,
cêrca d.e 15 % são absorvidos pela Terra, e o restante é usado
Temos estado a considerar o ciclo geoquímico em têrmos para evaporar a água da hidrosfera. A energia solar é, assim,
das mudanças de material que ocorrem durante os vários pro- essencial para o ciclo de mudanças, envolvendo a interação da
.cessos. Igualmente significativas, embora menos estudadas e
menos bem compreendidas, são as mudanças de energia durante hidrosfera, da biosfera, da atmosfera e da crosta.
o ciclo. Os processos geoquímicos funcionam somente por causa Pela evaporação da água da hidrosfera, a radiação solar se
de um fluxo de energia indo de um potencial ou intensidade converte em energia mecânica. O vapor de água na atmosfera
mais alto para um mais baixo; donde, não ser a energia menos tem energia potencial que por sua vez se transforma em energia
importante do que a matéria no ciclo geoquímico. cinética da chuva e da água corrente, a fonte da maior parte
A Terra não pode ser considerada um sistema fechado em da energia causadora da erosão e da sedimentação. A energia
têrmos de energia, pois ela recebe uma grande quantidade de cinética é utilizada em parte para mover o material sólido encosta
calor vindo do sol sob a forma de radiação solar. Em uma visão abaixo. Um libra-pêso de quartzo movida do tôpo de Pikes Peek
geral, devíamos considerar todo o universo como um sistema que, até o delta do Mississipi perde 14.000 libras-pés de energia;
presumivelmente, está sofrendo diminuição espontânea em ener- sua energia potencial original converte-se em energia cinética e,
gia livre e um aumento da entropia, tal como prescrito na se- eventualmente, em calor. A redução de uma cadeia de monta-
gunda lei da termodinâmica. Contudo, podemos tratar dos as- nhas a uma superfície de terra desgastada pela ernsão de relêvo
pectos principais do ciclo geoquímico em têrmos do sistema solar, baixo, ou quase a uma planície, é grandemente o trabalho da
pois as fôrças que atuam sôbre a Terra e a energia que ela re- água corrente e transforma a energia armazenada, em sua eleva-
cebe são, primàriamente, o resultado de suas relações com o sol.
ção, em calor. Dentro de um período de tempo comparativa-
Dentro dêste sistema limitado, o desenvolvimento global é tam-
bém para uma diminuição da energia livre e um aumento da en·- mente curto, geologicamente falando, a erosão reduziria a super-
tropia. As poucas exceções aparentes, tais como a acumulação fície de tôda a Terra em uma planície baixa, monótona, não
da energia livre nos ,depósitos de carvão e de petróleo, repre- fôsse o diastrofismo que cria montanhas quase tão depressa
364 O CICLO GEOQUÍMICO MUDANÇAS DE ENERGIA NO CICLO GEOQUÍMICO 365

quanto elas são destruídas. A elevação exige um gasto conside- TABELA 11.1. Produção de calor radioativo em rochas típicas
rável de energia. A elevação média dos continentes é de 800 m
aproximadamente; para manter esta elevação média contra a Concentração Produção de calor
erosão é preciso uma produção de 101 7-101 8 cal/ano. (cal/g/106 anos)

Outra fonte de energia mecânica é a energia cinética da u K u U+Th K Total


rotação da Terra. Uma porção desta energia aparece sob a for- (ppm) (por cento)
ma de ventos e de marés. Sem dúvida, as marés são produzidas Granítica 4 3,5 3 6 1 7
pelo efeito gravitacional da lua e em menor escala do sol, mas Intermediária 2 2 1,5 3 0,5 3,5
a energia dissipada vem da energia cinética da Terra e não dêstes Basáltica 0,6 1 0,4 0,8 0,3 1,1
corpos extraterrestres. O efeito destas marés é o retardamento Dunito 0,015 0,001 0,01 0,02 <0,001 -0,02
da rotação da Terra em cêrca de um segundo em cada mil anos.
A energia cinética da rotação da Terra tem implicações geoló- típicas. Estas cifras são baseadas em médias de numerosas aná-
gicas importantes, pois ela age para manter a feição da Terra lises; contudo, as análises individuais mostram uma variação
contra tôdas as fôrças que tendem 1r deformá-la. considerável, e é formidável o problema de preparação das amos-
tras, quando se lida com o urânio e o tório, presentes em algumas
A energia de reação estende-se a tôdas as mudanças de partes por milhão, associados com constituintes minerais de
estado, físicas e químicas, e é a forma associada mais imediata- importância menor e distribuídos irregularmente. Não obstante,
mente com o ciclo geoquímica, porque cada processo geoquí- os resultados mostram muito claramente a concentração marca-
mico , envolve essas mudanças. Partindo do princípio de Le da dos elementos radioativos nas rochas ricas em sílica da crosta
Châtelier, podemos predizer que as reações que ocorrem em continental.
condições de temperatura em diminuição, tais como a cristali- As cifras na Tabela 11 . 1 baseiam-se nas quantidades de
zação do magma, serão exotérmicas, e as que acontecem em urânio, de tório e de potássio nas rochas, presentemente. As
condições de temperatura em ascenção, como o metamorfismo quantidades atuais dos isótopos radioativos são menores do que
progressivo, serão endotérmicas. As reações que envolvem mu- as que existiam no passado, e para as calculações lidando com
dança de estado, como a fusão de material sólido e as transfor- tôda a vida da Terra é importante ter em conta o decaimento.
mações polimórficas, acompanham-se de mudanças importantes A taxa de produção de calor em um tempo de t anos atrás era
de energia, e, provàvelmente, são significativas rio equilíbrio da eÃt vêzes a taxa atual, para uma quantidade dada atual de um

energia total dentro da crosta e do manto. isótopo com desintegração constante À.. A razão do calor total
produzido em um tempo t, dando um desconto para o decai-
Já vimos que a energia solar é o produto das reações nu- mento, para a quantidade que teria sido produzida no mesmo
eleares no sol. As reações nucleares na Terra· - a desintegra- tempo, se a quantidade presente tivesse sido constante, é eÃt -
ção espontânea dos átomos radioativos - foram de importância - 1) À.t. Birch avaliou esta função com os resultados seguintes:
primordial por tôda história da Terra. Nos últimos anos, devo- t (em 109 anos) 2 3 4 5
1
tou-se a isto muito estudo; Birch (1954) fornece um sumário U238 + U23S 1,11 1,25 1,47 1,85 2,57
útil. O decaimento radioativo converte a massa em · energia e Th232 1,03 1,05 1,08 1,11 1,14
quase tôda a energia aparece como calor da vizinhança imediata K40 1,33 1,82 2,55 3,65 5,33
da fonte. Os isótopos de importância para a geração do calor na
Terra são o U 238 , o U 235 , o Th232 , e o K40 • . Birch dá as cifras Estas cifras dão ênfase à produção significativamente maior do
calor radiogênico no período precoce da história da Terra e à
a
na Tabela 11 . 1 para produção de calor rádioativo nas rochas fração crescente contribuí.d a pelo K40 •
366 O CICLO GEOQUÍMICO MUDANÇAS DE ENERGIA NO CICLO GEOQUÍMlCO 367

O conteúdo em calor da Terra resulta da vibração térmica (incluindo-se aí a produzida pela radioatividade) fornece uma
de seus átomos constituintes.. O calor interno da Terra é enorme fonte ampla de calor; o problema é achar algum mecanismo que
mas muito dêle é, essencialmente, estático e não desempenha causará a fusão em "hot spots" localizados que são os centros
parte al~~a ~o c!clo geoq.uímico na superfície ou perto dela. da atividade 'ígnea. A atividade ígnea é um fenômeno localizado,
A . e~ergia ,termica e .transfenda à s~pe;Íície por condução e pela em pequena escala, em relação à Terra como um todo, e está
atividade 1gnea; muita desta energia e gerada dentro da crosta concentrada ao longo das zonas de atividade tectônica geral, es-
por radioatividade. A crosta continental tem em média 35 km pecialmente à margem do Oceano Pacífico. Em muitos lugares,
aproximadamente. Uma coluna de granito de 35 km com um~ a atividade ígnea está relacionada com fraturas situadas profun-
seção transversal de 1 cm 2 tem um volume de 3,5 X 166 cm3 damente; estas fraturas podem agir como canais para os gases
e uma massa de 9,4 X 106 g. A geração de calor, segundo a Ta- transportando calor vindo de profundidades maiores, e os movi-
bela 11.1, seria, assim, de 65,8 cal/cm 2 por ano, mi aproxi- mentos nessas fraturas perturbarão o equilíbrio entre a pressão e a
madamente 2 X 10 6 cal/cm2/s. A produção média do calor temperatura em um e outro lado. f:sses mecanismos podem
por condução é de 1,4 X 10 6/cm2/s aproximadamente, ou cêr- produzir magma que, em virtude de sua densidade menor do
ca de 3 X 1020 cal/ ano para tôda a Terra. Uma crosta granítica que a do material sólido circunvizinho, tende a elevar-se para
de 35 km de espessura supriria, assim, mais calor do que está as partes mais altas e mais frescas da crosta. A energia térmica
escapan?~ de fato na superfície, mesmo sem descontar seja o do magma dissipa-se nos arredores durante o resfriamento e a
c~lor ongmal, seja o calor radiogênico, libertado no manto e no solidificação. A energia cinética dos átomos ou dos íons dimi--
nucleo subjacentes. nui quando a temperatura baixa; sua energia potencial também
Dificilmente se podem fazer estimativas do calor trazido à diminui quando são arranjados de maneira ordenada em um re-
supe~ície pela atividade ígnea. Verhoogen ( 1960) estimou que tículo cristalino. Em um estádio seguinte do ciclo, a erosão e a
aproximadamente 3 X 1015 g de lava são expulsas anualmente sedimentação reduzem o material com o qual elas trabalham,
desprendendo cêrca de 400 cal/g durante o resfriamento e ~ a um estado de energia mais baixo. A erosão move o material
solidificação, isto é, um total aproximadamente de 1018 cal. Nem com a ajuda da fôrça da gravidade, resultando uma perda da
todo o magma alcança a superfície; a erosão revela a existência energia potencial. As reações químicas que acompanham o in-
~e· ~ochas ígneas de tôdas as idades que penetraram no estado temperismo são espontâneas, usualmente irreversíveis e condu-
liquido dentro da crosta e aí se resfriaram. Além disto o calor zem a uma diminuição da energia livre. O único processo es-
vulcânico é também transportado até a superfície pel~s fontes pontâneo na superfície da Terra, resultando em um aumento da
termais. A quantidade total de calor contribuída pela atividade energia livre, é a conversão pelas plantas, utilizando a radiação
ígnea é assim da ordem dé 10 18 - 1010 cal/ ano. Embora a solar, de bióxido de carbono e da água em compostos orgânicos
contribuição de um vulcão isolado possa ser espetacular o calor complexos. A tendência geral é invertida durante o metamor-
total transferido pela atividade ígnea é apenas pequen~ fração fismo, quando a energia térmica e a da gravidade se convertem
da que resulta da condução. A energia média libertada anual- em energia química pelas reações endotérmicas e pela formação
mente pelos terremotos foi estimada em 10 25 .erg, ou 0,24 x 101s de compostos de densidade mais alta. Um aumento suficiente
cal, também uma fração diminuta do calor escapando por con- na temperatura pode aumentar a energia cinética dos átomos ou
dução. dos íons o bastante para superar as fôrças que os mantêm unidos
nos retículos cristalinos e, nestas condições, os minerais se de-
Em têrmos do ciclo geoquímica, o movimento ascendente com põem ou se fundem. Por esta forma, o magma regenera-se
do magma trás consigo uma certa quantidade de energia. O e o ciclo está completo. Não se pode traçar ainda uma fôlha de
problema de como os magmas se originam ainda não está re- balanço quantitativo da mudança da energia durante o ciclo
solvido. Nosso conhecimento do gradiente térmico da Terra in-
geoquímico e o mesmo acontece em relação a uma fôlha de ba-
dica que as temperaturas dentro da crosta e do manto estão em
média bem abaixo da temperatura de fusão do material em lanço das mudanças do material. Contudo, parece que muito
qualquer profundidade_ especificada. A energia térmica da Terra da energia do ciclo geoquímica é contribuída pela desintegração
368 O CICLO GEOQUÍMICO

dos eleme11tos radioativos dentro da crosta, suplementada, pos-


sivelmente, por algum calor interno ~a Terra.

Referências selecionadas
Birch, F. ( 1954) Calor proveniente da radioatividade. Capítulo V. (págs.
148-174) em Nuclear Geology, H. Paul, ed., John Wiley and Sons,
Nova York. Uma descrição quantitativa da significação do calor
radiogênico em geologia.
Craig, H., S. L. Miller, e G. J. Wasserburg (eds.) (1964) . lsotopic
and cosmic chemistry, 553 págs. North Holland Publishing Co.,
Amsterdam. :este volume, dedicado apropriadamente a H. C. Urey,
contém numerosas contribuições à geoquímica isótopa.
Goldschrnidt, V. M. (1922). O metabolismo da Terra. Norsk. Videns-
kapsselskapets Skrifter. I. Mat. Naturv. Klasse, N'? 11, 25 págs.
Um ensaio de alcance notàvelmente - longo na geoquímica inter-
pretativa, escrito quando existiam poucos dados quantitativos para
as idéias nêle expressas.
Goldschmidt, V. M. (1954) . Geochemistry. A segunda parte dêste li-
vro trata do ciclo geoquímico de elementos individuais e de grupos
de elementos.
Rankama, K. (1954). lsotope geology, 535 págs. McGraw-Hill Book
Co., Nova York. Uma compilação exaustiva e uma discussão das
variações nas quantidades dos isótopos dos elementos nos materiais
geológicos.
Rankama, K. (1963). Progress in isotope geology. 705 págs. Inter-
science Publishers, Nova York. Um volume s~plementar ao tra-
balho precedente.
Rankama, K., e Th. G . Sahama (1950) Geochemistry. Na segunda
parte dêste · livro, descreve-se a geoquímica dos elementos indi-
viduais, inclusive o que se conhece do ciclo geoquímico de cada
um dêles.
Shaw, D . M. (ed.) (1963). Estudos em geoquímica analítica. Roy.
Soe. Canada Spec. Publ. 6. 139 págs. Alguns artigos de revisão,
inclusive um sôbre a geoquímica do enxôfre por H. G'. Thode e um
sôbre a geoquímica dos isótopos do oxigênio por R. N. Clayton.
Verhoogen, J. (1960). As temperaturas dentro da Terra. Am. Scien-
tist 48, 134-159. Uma discussão da intensidade e da distribuição
das fontes de energia dentro da Terra.

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