[Hco;- J [H+]
- - - - - = K1 EQ. 7.1
[H2C03]
[co~-J [H+]
= K2 EQ. 7.2
[Hco;-J
As constantes da primeira (K1) e da segunda (K2) dissociação variam com a
temperatura e, em menor grau, com a salinidade. A notação pK = - log K é
comumente usada. Um caso especial de dissociação é a da água, segundo
a reação:
EQ. 73
EQ. 7.4
EQ. 7.8
EQ. 7.11
170 1 GEOQUÍMICA: UMA INTRODU ÇÃO
[so~-J [H+]
=K EQ.7. 13
[HS04]
[so42· ]
pH = - log K + log [ ] EQ. 7. 14
HS0 4
(note que, desta vez, consideramos que o elétron se combina com o oxidante) .
e escrevermos a constante de equilíbrio e calcularmos o logaritmo, obtemos:
Fe3+
pe = logK + log -Fe2-+ EQ . 7.16
oX
Fe3+ e:
Receptores QJ
:::,
<Õ"
pe = 13,0 10
so~-
EH= 0,77V
I
:::o
ct>
o.
8
6
HS0 4
e::
Q 4
2
Fe1+ a.,
o. o
-2
-4
-6
-8
2 4 6 8 10 12
pH
Fig. 7.1 Diagrama de dominância de uma reação Fig. 7.2 Diagram a de dominância pe- pH do
ácido-base (à esquerda) e de redução (à direita) . sistema enxofre. As linhas duplas rep resentam
O ácido é o doador de prótons e o redutor m udanças n o estado de oxidação do elemento.
é o doador de elétrons, enquanto a base e o Note que algum as linhas-limite são paralelas
oxidante são seus respectivos receptores. Note ao eixo y, como a linha que separa so~- e
q ue a escala de potencial equivalente usada para HS0 4, porque elas envolvem apenas troca de
reações de oxirredução não é a mesma usada nas prótons. O limite entre so~- e HS- representa
reações ácido-base. O limite entre os campos de uma reação acoplada de troca de elétrons e
dominância são os valores de pK, que na reação de prótons e, portanto, mostra um segmento de
oxirredução é denominado de peo. O acoplamento reta com inclinação igual à razão próton/elétron
d a troca de elétrons e prótons desloca ambos os (ver Exercício 1). Para obter o diagrama usual
limites de campo de modo linear EH- pH, considere EH = 0,059 pe a 25ºC
172 j GEOQUÍMICA: UMA INTRODUÇÃO
EQ. 7.1 7
EQ. 7.1
EQ. 7.1 9
EQ. 7.20
Ainda precisamos de mais três equações (segundo a lei de ação das massas)
para determinar as seis incógnitas. Escolhemos as Eqs. (7.1 ) e (7.2) para a
dissociação carbônica ácida e a Eq. (7. 5) para a dissociação da água.
7 A QUÍMICA DAS ÁGUAS NATURAIS 1 173
eações água-sólido
EQ. 7.23
( caulinita) (solução) (solução ) (solução) (solução)
EQ. 7.24
174 \ GEOQUÍMICA: UMA INTRODUÇÃO
Química de eletrólitos
-C~RT
ÀD- -- EQ. 7.31
e2J
A adição de sal a uma solução tem ainda outro efeito, já citado: ela reduz a
distância de Debye e, portanto, a espessura da camada de solvatação em torno
dos íons e das moléculas, permitindo que as pequenas partículas vizinhas
se aproximem e coalesçam. Esse processo, conhecido como floculação.
é responsável pela retirada de ferro e de outros elementos da solução
em estuários.
sistema carbonato
EQ. 7.33
EQ. 7.34
com expressões similares para ªcor e ütt 2 co3 • A especiação dos carbonatos,
portanto, depende apenas de [H+]. Se essas expressões forem lançadas em um
gráfico em função de pH, três zonas de dominância poderão ser identificadas,
separadas por pK1 (6,4) e pK2 (10,3) do ácido carbônico (Fig. 7.5). Em
condições de pH baixo, o excesso de prótons mantém todos os carbonatos
como ácido carbônico H 2C0 3, enquanto em pH alto a deficiência de prótons
favorece a estabilidade de co~-; em pH intermediário, o íon dominante é
178 1 GEOQUÍMICA: UMA INTRODUÇÃO
Ácido Base
co 32-
N
0,8
o
(_)
~
r::.-
,5:? 0,6
o
-.:::,
tS
o 0,4
""
t»
c:'O
~
0,2
o
o 2 4 6 8 10 12 14
pH
Na água do mar (Fig. 7.6), a alcalinidade varia entre 2,0 e 2,4 meq kg- 1 (o
equivalente é o número de cargas expresso em unidades molares) . Cerca de
90% do carbonato dissolvido está na forma de [HC03]. A alcalinidade é mais
baixa, ou mesmo negativa, na água da chuva e dos rios. Combinando-se essas
expressões com aquelas que descrevem a solubilidade de C02 e a dissociação
do ácido carbônico, obtemos uma equação de grande importância:
K2(21:C02 - Alk)2
Pco = - - - - - - - - - - EQ. 7.36
2 kco2 K1 (Alk - LC02)
7 A QUÍMICA DAS ÁGUAS NATURAIS j 179
EQ. 7.39
EQ. 7.40
0,0031
0,0029
0,0027
Q}
0,0025
"C
"'
"C
:~ 0,0023
"'
u
:;:;:
0,0021
0,0019 '-----'---~----'-------'----'-----'-----'
0,0019 0,0020 0,0021 0,0022 0,0023 0,0024 0,0025 0,0026
LC0 2(mol kg- 1)
Fig. 7.7 Relação entre alcalinidade e soma dos carbonatos no oceano para diferentes
valores de teor de C0 2 na atmosfera, expressas em partes por milhão em volume e
indicado em linhas retas (Eq. 7.36). A temperatura de equilíbrio considerada é lSºC.
Atualmente, a atmosfera contém cerca de 350 ppmv de C0 2 • O oceano e a atmosfera
estão próximos do equilíbrio
típicos. Dois dos parâmetros são impostos e todas as outras variáveis são
decorrentes deles.
EQ. 7.42
Claramente, a soma de <;JH3 Bo3 e rpB(OH)4 é igual a um. Além disso, uma
equação de equilíbrio isotópico entre as duas espécies de boro pode ser
escrita como:
____
(11
B/1ºB)
H_ 0_3 = aB (T)
3B_
EQ. 7.43
( 11 B/1üB)
B(OH) 4
7 A QUÍMICA DAS ÁGUAS NATURAIS 1 181
EQ. 7.44
60
50
0.6
co 40 6 - - - - 0 - - - 0 - - ~
7o 05
30
0.4
0.2
0.2
10
0.1
oL-~-===:c:_____,_____ __l..__ _ _ _J____:::::::===l:a,~--~o
6 7 8 9 10 11 12
pH
dôD aD (T) - 1
EQ. 7.46
dõl 8Q a1s 0 (T) - 1
Polo
8180Neve=-30
Equador
-50
E The Geysers, EUA
i3
.e
e:,
'° - 100 Steamboât Spring, EUA
- 150 Polar
Yellowstone, EUA
-200
-25 -20 -15 - 10 -5 o 5 10
õ 180 (por mil)
Fig. 7.10 Relação entre a composição isotópica de hidrogênio (6D) e de oxigênio (6 18 0) em águas
meteóricas (linha contínua). A precipitação líquida depleta o vapor de água atmosférico em isótopos
pesados durante o trajeto das nuvens em direção aos polos. Uma grande parte das águas subterrâneas
situa-se sobre a linha da água meteórica (d6D = 8 d6 18 0 + 1O), o que demonstra sua origem meteórica
e que as interações com os minerais são imperceptíveis no primeiro quilômetro de profundidade
na crosta. Várias fontes geotermais (linhas tracejadas) apresentam o mesmo valor de 6D que a água
meteórica. Como praticamente não há hidrogênio na crosta, isso confirma a origem meteórica da ágúa,
enquanto as variações de 6 18 0 refletem a interação da água com minerais da crosta a temperaturas
entre 75 e 350ºC
com a água meteórica para formar argilominerais, que são silicatos estáveis,
e hidróxidos de íons oxidados menos solúveis (Fe3+, Al 3+), enquanto os íons
mais solúveis (Na+, K+, Ca2+, Mg2+) são levados pela água de escoamento e
pelos rios. A sílica é pouco solúvel e o quartzo, não importando qual sua
origem, em geral permanece como resíduo do intemperismo, apesar de o
nível de [Si02] nos rios ser comparável ao dos demais elementos.
-~
apresentada na forma: "O
Q)
"O
ro
X
ro
E 1-
e n entre O e -1 são comuns, enquanto Fig. 7.11 Dependência do pH das taxas de intem-
E se situa entre a energia de ativação da perismo de albita e anortita. Águas ácidas dissolvem
difusão iônica em solução e a energia ne- feldspatos mais rapidamente que águas neutras. A
cessária para romper ligações em silicatos. taxa tipicamente aumenta cerca de dez vezes quando
As taxas de intemperismo tipicamente a temperatura é elevada em 25ºC
au mentam com um fator de dez vezes
q uando a temperatura é elevada em 25ºC.
Alcalinidade
A dependência do pH da taxa de erosão é
ilustrada com o exemplo dos feldspatos na
Fig. (7.11).
Os rios carregam sua carga em solução para o oceano. Por motivos práticos,
podemos agrupar toda essa carga mineral sob a denominação de fluxo de
alcalinidade relacionado à erosão. Vários elementos químicos não conseguem
transpor a barreira dos estuários. Como vimos anteriormente, nesses locais
as águas doce e salgada se misturam, causando uma substancial diminuição
da constante dielétrica da água. Ocorre expressiva precipitação de coloides,
com a adsorção de elementos de transição, elementos terras-raras etc. Esse
fenômeno é amplificado pela abundância de matéria orgânica nos estuários.
40 14
12
-
-2 30 10
o
E
§_ 25
o 8 °2.
~ 20 2
"O
<O
=o
15
• 6 ~
3
Ê
"-'"
=
g 10 4
E
o
2
o o
o 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000
Profundidade (rn)
2
Cerca de 95% da matéria orgânica é reci-
3
clada dessa forma e não chega às grandes
"'e:: 4
::,
oe., 5 ~-~--+-~----+--~-~ profundidades. Os nutrientes são recicla-
"'e::
a,
o +--~-'--r"r'---t---+~~~+---+-~.............._, dos muitas vezes na termoclina antes de
"C
~ Na K Ca serem incorporados nos sedimentos. A
"C
] 2 importância da reciclagem foi demons-
~ 3 trada por Broecker e Peng (1982) de modo
4 CI
simples e ilustrativo (Fig. 7.16). Consi-
deremos um oceano ideal composto por
duas camadas sobrepostas, água super-
Mg Fe s
2 ficial e água profunda, separadas pela
3 termoclina. Os elementos são carregados
4 dos continentes pelos rios para o mar _!e
s~--~~--~-~~--~
Concentração (unidades arbitrárias} removidos para o oceano profundo por
sedimentação. Vamos denominar de Frx
Fig. 7.15 Elementos que participam da atividade a entrada de água dos rios (kg m- 3 s- 1}
biológica, como C, N, P e Si (nutrientes), são deple-
no oceano e de C!io a concentração (mol
tados em superfície. Os elementos maiores residuais,
kg- 1) do elemento i na água fluvial. O
como Na, Cl, K e Mg, não são afetados pela atividade
biológica. O alumínio é um elemento detrítico aporte Frio é compensado pela evaporação,,
introduzido na termoclina pelo aerossol atmosférico. fazendo com que a quantidade de água
O oxigênio dissolvido está em equilíbrio com os permaneça constante. Vamos denominar
gases atmosféricos próximos à superfície, mas é de F mix a quantidade de água trocada poc
significativamente depletado abaixo da termoclina unidade de tempo entre as camadas de
como resultado da oxidação dos resíduos orgânicos água superficial e profunda, e c~rofundo e
em decantação
Cisuperfi.eia1 as concentrações do elementoi
nas águas profunda e superficial, respectivamente; P~art corresponde ao
fluxo de i arrastado para baixo pela decantação de partículas. Inicialmente:,
escrevemos que, em um estado estacionário, as entradas e saídas de i devem
ser iguais e, portanto:
F no . e;profundo
· cirio + F mJX -
-
. e;superficial + pipart
F mJX EQ. 7.~
ou
Agua superficial
EQ. 7.52
Agua profunda
e, portanto:
1
f=--------
1 + F mix ( C~rofundo _ c:uperficial )
Frio C ~io C~io Fig. 7.16 Modelo oceânico com dois reservatórios,
EQ. 7.53 segundo Broecker e Peng (1982)
1.000
-:::- 2.000
=
a,
=
"'
~ 3.000
=
õ
::,
à:
4.000
5.000
Fosfato
1.000
2.000
<:)
:g 3.000
~
~ 4.000
5.000
,-·I Antártica !
'!!ig. 7.17 Formação e circulação de água no Atlântico. A seção transversal segue a linha pontilhada
radicada no quadro inferior à direita. A Corrente do Golfo, rica em sal em virtude da evaporação
~ erficial na zona intertropical, resfria-se nas altas latitudes e desce para formar a Água Profunda do
~\dântico Norte (North Atlantic Deep Water, NADW ). Essa nova água profunda se move para sul a uma
~m fundidade de aproximadamente 3.500 m ao longo da costa das Américas. Essa água é salgada e
oxigenada, mas depletada em nutrientes, como fosfato, pela intensa atividade biológica no Atlântico
Norte. A Água Antártica de Fundo (Antarctic Bottom Water, ABW) forma-se no Mar de Weddel. Essa
::igua muito fria está menos sujeita a evaporação e recebe água de degelo da calota polar Antártica;
Ir'ort anto, ela é menos salina que a NADW. Ela também é mais rica em nutrientes, especialmente
fusfato, porque recicla águas antigas vindas do Pacífico pela Corrente Circum-Antártica. Ela é a mais
.:k-:nsa de todas as massas de água e compõe a água de fundo dos principais oceanos. A Água Antártica
Intermediária (Antarctic Intermediate Water) é menos densa porque é diluída pelas precipitações em
latit udes intermediárias do hemisfério sul. As figuras foram produzidas com OceanAtlas
192 J GEOQUÍMICA: UMA INTRODUÇÃO
Fig. 7.18 A grande esteira rolante da circulação oceânica. As águas frias profundas formam-se no
Atlântico Norte pelo fluxo descendente de águas de alta salinidade da Corrente do Golfo e seguem para
sul ao longo da costa das Américas. Elas se fundem com a Corrente Circum-Antártica, que alimenta os
oceanos Indico e Pacífico. O fluxo de volta da água aquecida do Pacífico passa através dos estreitos da
Indonésia para o oceano Índico e contorna o extremo sul da África para chegar ao Atlântico e se unir à
Corrente do Golfo
Exercícios
f3n de um íon metálico M em solução como sendo: /311 = [ML11 ] /([M] [Lt )
Para Zn2 +, o logaritmo decimal das constantes de complexação são (1) para OH- : 5,0
(n = 1), 11,1 (n = 2), 13,6(n = 3), 14,8(n = 4); e(2)paraco~-: 3,3(n = l). Quais
são as proporções relativas das principais espécies de Zn na água do mar em uma
amostra de água onde Alk = 2,35 meq kg- 1 e }2(0 2 = 2, 15 mmol kg- 1? (considere
a segunda constante de dissociação do ácido carbônico como sendo igual a 9,2)
Dica: escreva a soma de todas as espécies de Zn e o fator [Zn 2+], calcule [Zn 2 +]/LZn,
e então das outras espécies.
11. Quais são as fontes de alcalinidade na água dos rios? Quais podem ser consideradas
f é a fração original de 160 (e, portanto, do vapor de água original) que permanece
na atmosfera. Qual é a correlação correspondente em unidades de ô? Estabeleça
relações análogas para a razão D/H. Lembre-se de que a água líquida é enriquecida
nos isótopos pesados.
14-- A costa oeste das Américas é marcada por cadeias de montanhas. Explique como,
em um regime de ventos de oeste, a composição isotópica de oxigênio e hidrogênio
da água de precipitação varia em função da altitude.
15. Uma massa de água salina depletada em nutrientes e relativamente oxigenada é
observada no Atlântico Sul a uma profundidade de 2.200 m, a cerca de 200 km do
talude da plataforma continental brasileira. Qual é a origem dessa massa de água?
16. Discuta as propriedades da coluna de água do Pacífico na posição 26° N e 160º
E (Tab. 7.1) construindo um gráfico da variação de temperatura, salinidade, 0 2
e nutrientes em função da profundidade. Identifique a termoclina e o mínimo de
194 1 GEOQUÍMICA: UMA INTRODUÇÃO
oxigênio. O que é a haloclina? Compare o perfil dos nutrientes " moles " (N, P) e
"duros " (Si).
17. As concentrações de silício e érbio (Er) foram determinadas em amostras de difer
tes profundidades do Atlântico Sul (Tab. 7.2). Construa um gráfico Si vs profundidad::
e comente as feições observadas. Construa um gráfico Er vs Si e explique por que u
elemento que não participa de processos biológicos se correlaciona com Si.
18. Que espessura de CaC0 3 sedimentar, em uma área equivalente à área superfid~
total do oceano, seria necessária para remover o equivalente a 100 ppmv de C0 2 d-a
atmosfera? Use os dados do Apêndice F e densidade de CaC03 de 2.700 kg cm- 1.
19. Explique por que o fluxo ascendente de águas profundas, como nas latitud5
equatoriais, reintroduz C0 2 na atmosfera.
18
20. Qual é o potencial de uso em paleoceanografia dos seguintes dados: (a) õ 0