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Externato Marista de Lisboa

Ano letivo 2020/2021


Disciplina de Português

3) Intertextualidade com a adaptação cinematográfica “Amor de perdição” de Mário Barroso

Ao longo do tempo e da história, a obra de Camilo Castelo Branco “Amor de Perdição”


ganhou reconhecimento e louvor, além de que, devido à qualidade da história, muitos autores
têm vindo a interessar-se na obra, resultando assim em várias adaptações do livro,
começando com adaptações teatrais e consequentemente, com a evolução da tecnologia,
cinematográficas. Destas adaptações foram realizadas três que são importantes de destacar. 
A primeira em 1921 feita por George Pallu, a segunda em 1943 realizada por António Ribeiro
e a terceira no ano de 1979 dirigida por Manoel de Oliveira. Passados cerca de trinta anos da
última adaptação, Mário Barroso decide realizar outra versão da obra de Camilo, sendo que
esta já com algumas diferenças da obra e das próprias adaptações, mudando alguns
elementos e até adicionando alguns outros aspetos não presentes no livro.
Como é possível verificar, Camilo Castelo Branco, ao escrever esta obra, teve como
objetivo criticar a sociedade da sua altura, devido à sua frustração após ter sido preso por ter
tido um caso amoroso com uma senhora já casada, e fê-lo assim, da melhor forma que um
escritor poderia, escrevendo um livro.
Na verdade a obra de Camilo, como as suas adaptações, até mesmo a de Mário
Barroso, refletem os ideais passados pela lendária obra de William Shakespeare, “O Romeu e
Julieta”, de uma paixão impossível e de um amor dramático.
A adaptabilidade entre os dois estilos da obra é clara, por exemplo, na transformação
de João da Cruz que no livro que deu origem ao filme apresentava-se como ferreiro e no filme
era mecânico, antigo combatente da guerra colonial. Por sua vez, a sua “filha” Mariana
aparece masculinizada devido ao trabalho que tem, ajuda o seu pai na oficina, mas ao longo
da história vai revelando o seu lado mais feminino e ousado. Simão é retratado como alguém
rebelde, reforçando essa rebeldia por não seguir padrões da sua classe social, visto que não
é alguém que se preocupa com a sua aparência, não querendo ser reconhecido como rico.
Por fim, Teresa é apresentada no filme como alguém sereno, e com muita maturidade, sendo
que, apesar de não contestar as decisões que o seu pai e o seu primo tomam para a afastar
de Simão, nem os obstáculos que tentam colocar entre si e o mesmo, a mesma afirma que
façam o que fizerem ninguém irá travar nem impedir o amor que sente.
Outro aspeto que também difere, é o facto dos locais onde a ação acontece serem
alterados pois no livro a ação dá-se em Coimbra e Viseu, já no filme a ação ocorre em Lisboa.
No filme  não existe um conflito tão acentuado entre famílias, apenas algumas discordâncias
profissionais entre os pais de Teresa e de Simão. Neste contexto a forma de comunicação
também sofre uma evolução temporal e tecnológica, sendo efetuada via telemóvel.
Uma diferença bastante notória entre os dois estilos da obra baseia-se no principal
tema da mesma, o amor, pois o filme não retrata a proximidade e o tempo que Teresa e
Simão estiveram juntos na história descrita por Camilo Castelo Branco.
Toda a história é passada a correr, não dando tempo para que algo entre os dois se
torne realmente verdadeiro, fazendo com que o filme se torne, de certa forma, incompleto.
Para concluir, este filme apresenta os acontecimentos de forma mais natural de
acordo com os dias de hoje, o que aproxima, de certa forma, o espectador da ação e de todos
os acontecimentos. Apesar desta aproximação, existem muitos fatores no livro que não estão
demonstrados no filme, como a expressão e o sentimento que as palavras provocam, e por
isso, apesar de muito boa representação, a leitura é considerada única e indispensável.

Trabalho realizado por: Bruno Santos Nº6, Francisco Dias Nº8 e Lourenço Almeida Nº12

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