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Amor de Perdição (introdução + cap1)

Hoje eu vou apresentar a análise á introdução, e ao primeiro dos 20 capítulos da obra


Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco.
Começando pela introdução, esta foi produzida depois dos acontecimentos da obra,
sendo o autor supostamente um membro de família devido ao subtítulo da mesma
“Membros de família, ( mais tarde sabemos que o autor é o filho de Manuel Botelho)
Começando este por ler uma carta de uma cadeia, introduz a personagem principal,
Simão Botelho, apresentando as suas características físicas e o seu cadastro prisional,
tendo sido preso em Viseu e degredado para a Índia.
O autor realça a idade de Simão, que com 18 anos, já tinha experienciado cenas
terríveis da sua vida, desde a sua detenção até á sua morte, passando por esses
momentos sem a sua família. Mas cedo percebemos que a tragédia futura viria a ser
amorosa, sendo apelada pela frase seguinte “Amou, perdeu-se e morreu amado”. Esta
expressão vai ser usada como divisão da obra, amou – momento em que Simão é
apaixonado por Teresa e é levado a fazer tudo para estar com ela, perdeu-se –
momento em quem é preso e viaja para o exílio, sendo afastado da sua amada, e
morreu amado – tendo sido morto de saudades por Teresa. Com isto percebemos
que Simão Botelho era problemático e por vezes até alvo da má sorte, tendo sido
infeliz boa parte da sua vida, incluindo a sua vida amorosa.
Já com esta introdução, conseguimos identificar marcas do romantismo e
características do estilo de Camilo Castelo Branco. Podemos adivinhar que Simão vai
ser um modelo de herói romântico, lutando sempre em prol do amor, assumindo um
carácter de rebeldia, mesmo que o próprio tenho um destino infeliz e cruel. Podemos
também identificar a grande utilização de recursos expressivos, como repetições,
comparações e muitas expressões hiperbólicas que vão dar uma dimensão romântica
que é típica de Camilo Castelo Branco e do seu Romantismo.
Passando para o primeiro capítulo, este tem como objetivo revelar a origem da família
Botelho. Domingos Botelho, fidalgo e juiz de Vila Real de Trás-os-Montes, casa com D.
Rita Preciosa, uma senhora muito bela. Em 1784 nasce Simão, o penúltimo dos filhos,
em 1801 Domingos Botelho exerce funções de corregedor em Viseu, e Simão e Manuel
(irmão mais velho de Simão) estudam em Coimbra.
Entre o nascimento de Simão e a mudança para Viseu, podemos encontra uma das
marcas românticas desta obra a sentir-se em Domingos Botelho e D. Rita, sendo até
comparados á mitologia grega, Vulcano casado com Vénus, ou seja, Domingos achava-
se muito feio comparado com a senhora, e logo de início representa-se um ciúme de
dimensão amorosa, temendo ele de não conseguir preencher o coração da amada.
Manuel queixa-se de Simão por ele ser rebelde, insultuoso e perturbador e segue
outro rumo, indo estudar para Bragança. Aos poucos D. Rita e Domingues sentem
aversão pelo seu filho, como o resto da família, até que um dia antes de terminarem as
férias, Simão é envolvido numa agressão a um dos criados e foge para Coimbra,
sobrevivendo com o dinheiro enviado por sua mãe e á espera do perdão do seu pai.
É neste capítulo que encontramos o primeiro diálogo da obra, é entre D. Rita e
Domingos, e este, apresenta um tom irónico e cómico, apelando o carácter das
personagens, principalmente de D Rita. Outra característica neste diálogo é a forma
como as personagens falam, ou seja, as personagens com um estatuto nobre, têm um
discurso mais cuidado e elegante, no caso da senhora, comparativamente aqueles de
uma classe social mais baixa.
Camilo Castelo Branco, recorre muito ao sensorialismo, utilizando as diferentes
sensações misturadas com as emoções para criar uma realidade em que tenhamos a
clara perceção do que é que está a acontecer, o que é que os intervenientes na história
estão a sentir, com o seu texto podemos ter uma visão ampla no que diz respeito ao
amor sentido ao longo de todos os momentos da história.

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