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Pedro Álvares Cabral

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Pedro Álvares Cabral

Pedro Álvares Cabral aos 32 ou 33 anos de idade em


uma pintura do início do século XX. Não há registros
de retratos de Cabral contemporâneos à sua época. [1]

Outros nomes Pero Álvares Cabral


Pedr'Álváres Cabral
Pedrálvares Cabral
Pedraluarez Cabral

Nascimento 1467 ou 1468


Belmonte, Portugal

Morte c. 1520 (51, 52 ou 53 anos)


Santarém, Portugal

Nacionalidade português

Cônjuge Isabel de Castro


Filho(a)(s) Fernão Álvares Cabral
António Cabral
Catarina de Castro
Guiomar de Castro
Isabel
Leonor

Ocupação Navegador e explorador


Comandante da frota do Reino de
Portugal

Religião católica

Assinatura

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Pedro Álvares Cabral[A] (Belmonte, 1467 ou 1468 – Santarém, c. 1520) foi


um fidalgo, comandante militar, navegador e explorador português, creditado
como o descobridor do Brasil. Realizou significativa exploração da costa
nordeste da América do Sul, reivindicando-a para Portugal. Embora os detalhes
da vida de Cabral sejam esparsos, sabe-se que veio de uma família nobre
colocada na província interior e recebeu uma boa educação formal.
Foi nomeado para chefiar uma expedição à Índia em 1500, seguindo a rota
recém-inaugurada por Vasco da Gama, contornando a África. O objetivo deste
empreendimento era retornar com especiarias valiosas e estabelecer relações
comerciais na Índia — contornando o monopólio sobre o comércio de
especiarias, então nas mãos de comerciantes árabes, turcos e italianos. Aí sua
frota, de 13 navios, afastou-se bastante da costa africana, talvez
intencionalmente, desembarcando no que ele inicialmente achou tratar-se de
uma grande ilha à qual deu o nome de Vera Cruz (Verdadeira Cruz) e a
que Pêro Vaz de Caminha faz referência. Explorou o litoral e percebeu que a
grande massa de terra era provavelmente um continente, despachando em
seguida um navio para notificar o rei Manuel I da descoberta das terras. Como
o novo território se encontrava dentro do hemisfério português de acordo com
o Tratado de Tordesilhas, reivindicou-o para a Coroa Portuguesa. Havia
desembarcado na América do Sul, e as terras que havia reivindicado para
o Reino de Portugal mais tarde constituiriam o Brasil. A frota reabasteceu-se e
continuou rumo ao leste, com a finalidade de retomar a viagem rumo à Índia.
Nessa mesma expedição uma tempestade no Atlântico Sul provocou a perda
de sete navios; as seis embarcações restantes encontraram-se eventualmente
no Canal de Moçambique antes de prosseguirem para Calecute, na Índia.
Cabral inicialmente obteve sucesso na negociação dos direitos de
comercialização das especiarias, mas os comerciantes árabes consideraram o
negócio português como uma ameaça ao monopólio deles e provocaram um
ataque de muçulmanos e hindus ao entreposto português. Os portugueses
sofreram várias baixas e suas instalações foram destruídas. Cabral vingou-se
do ataque saqueando e queimando a frota árabe e, em seguida, bombardeou a
cidade em represália à incapacidade de seu governante em explicar o ocorrido.
De Calecute a expedição rumou para Cochim, outra cidade-estado indiana,
onde Cabral fez amizade com seu governante e carregou seus navios com
especiarias cobiçadas antes de retornar para a Europa. Apesar da perda de
vidas humanas e de navios, a viagem de Cabral foi considerada um sucesso
após o seu regresso a Portugal. Os lucros extraordinários resultantes da venda
das especiarias reforçaram as finanças da Coroa Portuguesa e ajudaram a
lançar as bases de um Império Português, que se estenderia das Américas ao
Extremo Oriente.[B]
Cabral foi mais tarde preterido quando uma nova frota foi reunida para
estabelecer uma presença mais robusta na Índia, possivelmente como
resultado de uma desavença com Manuel I. Tendo perdido a preferência do rei,
aposentou-se da vida pública, havendo poucos registros sobre a parte final de
sua vida. Suas realizações caíram no esquecimento por mais de 300 anos.
Algumas décadas depois da independência do Brasil de Portugal, no século
XIX, a reputação de Cabral começou a ser reabilitada pelo Imperador Pedro II
do Brasil. Desde então, os historiadores têm discutido se Cabral foi o
descobridor do Brasil e se a descoberta foi acidental ou intencional. A primeira
dúvida foi resolvida pela observação de que os poucos encontros superficiais
feitos por exploradores antes dele mal foram notados e em nada contribuíram
para o desenvolvimento e a história futuros da terra que se tornaria o Brasil,
única nação das Américas onde a língua oficial é o português. Quanto à
segunda questão, nenhum consenso definitivo foi formado e a hipótese de
descoberta intencional carece de provas sólidas. Não obstante, embora seu
prestígio tenha sido ofuscado pela fama de outros exploradores da época,
Cabral é hoje considerado uma das personalidades mais importantes da Era
dos Descobrimentos.

Biografia
Primeiros anos
Monumento a Pedro Álvares Cabral em Belmonte, Portugal, sua terra natal

Nascido em Belmonte e criado como membro da nobreza portuguesa,[2][3] Cabral


foi enviado à corte do rei D. Afonso V em 1479, quando tinha cerca de 12 anos.
Educou-se em humanidades e foi treinado para lutar e pegar em armas.[4] Tinha
cerca de 17 anos de idade em 30 junho de 1484, quando foi nomeado moço
fidalgo (um título de menor importância normalmente concedido a jovens
nobres) pelo rei D. João II.[4]
Os registros de suas ações antes de 1500 são extremamente incompletos, mas
Cabral pode ter excursionado pelo norte da África, tal como haviam feito seus
antepassados e era comumente feito por outros jovens nobres de sua época.[5]
[6]
 O rei D. Manuel I, que tinha ascendido ao trono dois anos antes, concedeu-
lhe um subsídio anual no valor de 30 mil reais em 12 de abril de 1497.[7][8] Na
mesma época, recebeu o título de fidalgo do Conselho do Rei e foi nomeado
Cavaleiro da Ordem de Cristo.[8] Não há nenhuma imagem ou descrição física
detalhada de Cabral contemporâneas à sua época. Sabe-se que era forte [9] e
igualava seu pai em altura (1,90 metros).[10][11][12] O caráter de Cabral tem sido
descrito como culto, cortês,[12] prudente,[13] generoso, tolerante com os inimigos,
[14]
 humilde,[9] mas também vaidoso[12] e muito preocupado com o respeito que
sentia que sua nobreza e posição exigiam.[15]
Descobrimento do Brasil
Ver artigo principal: Descoberta do Brasil
Capitão-mor
Em 15 de fevereiro de 1500, Cabral foi nomeado capitão-mor de uma
expedição à Índia.[14][16][17] Era costume da época a Coroa Portuguesa nomear
nobres para comandar expedições navais e militares, independentemente da
experiência ou competência profissional deles.[18] Este foi o caso dos capitães
dos navios comandados por Cabral — a maioria era nobre como ele. [19] Esta
prática era arriscada, uma vez que a autoridade poderia cair nas mãos de
pessoas altamente incompetentes e incapacitadas como poderia também cair
nas mãos de líderes talentosos como Afonso de Albuquerque ou João de
Castro.[20]
Rota seguida por Cabral de Portugal para a Índia em 1500 (em vermelho) e a rota de retorno (em
azul)

Poucos detalhes a respeito dos critérios utilizados pelo governo português para
escolher Cabral como chefe da expedição à Índia sobreviveram ao tempo. No
decreto real que o nomeou capitão-mor, as razões dadas são "méritos e
serviços". Nada mais se sabe sobre estas qualificações. [21] De acordo com o
historiador William Greenlee, o rei D. Manuel I "sem dúvida o conhecia bem na
corte". Isso, junto com "o papel da família Cabral, a lealdade inquestionável
deles à Coroa, a aparência pessoal de Cabral e a capacidade que ele tinha
demonstrado na corte e no conselho foram fatores importantes". [22] Também a
seu favor pode ter estado a influência de dois de seus irmãos, que faziam parte
do conselho do rei.[22] Dado o nível de intriga política presente na corte, Cabral
pode ter sido parte de uma facção que favoreceu sua nomeação. [22] O
historiador Malyn Newitt subscreve a ideia de algum tipo de manobra oculta,
dizendo que a escolha de Cabral "foi uma tentativa deliberada de equilibrar os
interesses de facções rivais das famílias nobres, pois parece que ele não
possuía qualquer outra qualidade para a recomendação e nenhuma
experiência em comandar grandes expedições".[23]

Nau de Pedro Álvares Cabral conforme retratada no Livro das Armadas, atualmente na Academia
das Ciências de Lisboa

Cabral tornou-se o chefe militar da expedição, enquanto navegadores mais


experientes foram destacados para a expedição para ajudá-lo em assuntos
navais.[24] Os mais importantes deles foram Bartolomeu Dias, Diogo
Dias e Nicolau Coelho.[23][25][26] Tais navegadores comandariam, junto com os
outros capitães, 13 navios[5][23][27] e 1 500 homens.[5][28][29][30] Desse contingente, 700
eram soldados, embora a maioria fosse composta por plebeus comuns que não
tinham nenhum treinamento ou experiência em combate anterior. [31]
A frota tinha duas divisões. A primeira era composta por nove naus e
duas caravelas e dirigiu-se rumo a Calecute, na Índia, com o objetivo de
estabelecer relações comerciais e uma feitoria. A segunda divisão, constituída
por uma nau e uma caravela, zarpou do porto de Sofala, no atual Moçambique.
[32]
 Como recompensa por liderar a frota, Cabral tinha direito a 10
mil cruzados (antiga moeda portuguesa equivalente a aproximadamente
35 kg de ouro) e a comprar 30 toneladas de pimenta, às suas próprias custas,
para transportar de volta à Europa. A pimenta poderia então ser revendida à
Coroa Portuguesa, livre de impostos.[33] Ele também foi autorizado a importar 10
caixas de qualquer outro tipo de especiaria, livre de impostos. [33] Embora a
viagem fosse extremamente perigosa, Cabral tinha a perspectiva de se tornar
um homem muito rico caso retornasse com segurança para Portugal com o
carregamento. As especiarias eram raras na Europa de então e intensamente
solicitadas.[33]
Desembarque de Cabral em Porto Seguro, óleo sobre tela de Oscar Pereira da Silva, 1922[34]. Acervo
do Museu Histórico Nacional (Rio de Janeiro).

Uma frota anterior tinha sido a primeira a chegar à Índia contornando a África.
Essa expedição foi liderada por Vasco da Gama e regressou a Portugal em
1499.[35] Durante décadas Portugal buscara uma rota alternativa para o Oriente
que excluísse o Mar Mediterrâneo, então sob controle das repúblicas
marítimas italianas e do Império Otomano. O expansionismo de Portugal
levaria, primeiramente a uma rota para a Índia e, posteriormente, à colonização
um pouco por todo o mundo. O desejo de difundir o cristianismo católico em
terras pagãs foi outro fator que motivou a exploração. Havia também uma longa
tradição de guerrear contra os muçulmanos, derivada da luta contra
os mouros durante a construção da nação portuguesa. A luta expandiu-se
primeiramente para o norte da África e, eventualmente, para o subcontinente
indiano. Uma ambição adicional que motivava os exploradores era a busca do
mítico Preste João — um poderoso rei cristão com o qual se poderia forjar uma
aliança contra o Islã. Por fim, a Coroa Portuguesa procurava obter um quinhão
no lucrativo comércio de escravos e de ouro no oeste Africano e no comércio
das especiarias oriundas da Índia.[36]
Partida e chegada a uma nova terra
A frota, sob o comando de Cabral, então com 32–33 anos de idade, partiu
de Lisboa em 9 de março de 1500 ao meio-dia. No dia anterior, a tripulação
tinha recebido uma despedida pública que incluíra uma missa e comemorações
com a presença do rei, da corte e de uma enorme multidão. [29][37][38][39][40][41] Na
manhã de 14 de março, a frota passou por Grã Canária, a maior das Ilhas
Canárias.[39][42] Em seguida, partiu rumo a Cabo Verde, uma colônia portuguesa
situada na costa oeste da África, que foi alcançada em 22 de março. [39][43] No dia
seguinte, uma nau com 150 homens, comandada por Vasco de Ataíde,
desapareceu sem deixar vestígios.[37][39][43] A frota cruzou a Linha do Equador em
9 de abril e navegou rumo a oeste afastando-se o mais possível do continente
africano, utilizando uma técnica de navegação conhecida como a volta do mar.
[37][44]
 Os marujos avistaram algas-marinhas no dia 21 de abril, o que os levou a
acreditar que estavam próximos da costa. Provou-se estarem certos na tarde
do dia seguinte, quarta-feira, 22 de abril de 1500, quando a frota ancorou perto
do que Cabral batizou de Monte Pascoal (uma vez que aquela era a semana
da Páscoa). O monte localiza-se no que hoje é a costa nordestina do Brasil.[39][44]
[45][46]

Nau Capitania de Cabral, Índios a Bordo da Capitania de Cabral, quadro de Oscar Pereira da Silva

Os portugueses detectaram a presença de habitantes na costa, e os capitães


de todos os navios reuniram-se a bordo do navio de Cabral no dia 23 de abril.
[47]
 Cabral mandou Nicolau Coelho, capitão que havia viajado com Vasco da
Gama à Índia, para desembarcar e estabelecer contato. Ele pisou na terra e
trocou presentes com os indígenas.[48] Após Coelho voltar, Cabral ordenou que
a frota rumasse ao norte, onde, após 65 km de viagem, ancorou em 24 de abril
no local que o capitão-mor chamou de Porto Seguro.[49] O lugar era um porto
natural, e Afonso Lopes (piloto do navio principal) trouxe dois índios a bordo
para conversarem com Cabral.[50]
Assim como no primeiro contato, o encontro foi amistoso e Cabral ofereceu
presentes aos nativos.[51] Os habitantes eram caçadores-coletores da idade da
pedra, a quem os europeus atribuiriam o rótulo genérico de "índios". Os
homens coletavam alimento por meio da caça e da pesca, enquanto as
mulheres se dedicavam à agricultura em pequena escala. Eles se dividiam em
inúmeras tribos rivais. A tribo que Cabral encontrou foi a tupiniquim.[52] Alguns
deles eram nômades e outros sedentários — tendo conhecimento do fogo, mas
não dos metais. Algumas poucas tribos praticavam o canibalismo.[53] Em 26 de
abril (domingo de Páscoa), conforme cada vez mais nativos curiosos
apareciam, Cabral ordenou aos seus homens a construção de um altar em
terra, onde uma missa católica foi celebrada por Henrique de Coimbra — a
primeira a sê-lo no solo do que mais tarde viria a ser o Brasil. [54]
Foi oferecido vinho aos índios, que não gostaram da bebida. Os portugueses
mal sabiam que estavam lidando com um povo que ostentava vasto
conhecimento de bebidas alcoólicas fermentadas, obtendo-as de raízes,
tubérculos, cascas, sementes e frutos, perfazendo mais de oitenta tipos. [55]
Os dias seguintes foram gastos armazenando água, alimentos, madeira e
outros suprimentos. Os portugueses também construíram uma enorme cruz de
madeira — talvez com sete metros de altura. Cabral constatou que a nova terra
estava a leste da linha de demarcação entre Portugal e Espanha que tinha sido
estabelecida no Tratado de Tordesilhas. O território estava, portanto, dentro do
hemisfério atribuído a Portugal. Para solenizar a reivindicação de Portugal
sobre aquelas terras, ergueu-se a cruz de madeira e uma segunda missa foi
celebrada em 1 de maio.[49][56] Em honra à cruz, Cabral nomeou a terra recém-
descoberta de Ilha de Vera Cruz.[57] No dia seguinte, um navio de suprimentos
sob o comando de Gaspar de Lemos[58][59] ou André Gonçalves[60] (há um conflito
entre as fontes sobre quem foi enviado),[61] retornou para Portugal para informar
o rei da descoberta, por meio da carta

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