Você está na página 1de 1

Biografia

Embora os detalhes da vida de Cabral sejam esparsos, sabe-se que veio de uma
família nobre colocada na província interior e recebeu uma boa educação formal.
Foi nomeado para chefiar uma expedição à Índia em 1500, seguindo a rota recém-
inaugurada por Vasco da Gama, contornando a África. O objetivo deste empreendimento
era retornar com especiarias valiosas e estabelecer relações comerciais na Índia —
contornando o monopólio sobre o comércio de especiarias, então nas mãos de
comerciantes árabes, turcos e italianos. Aí sua frota, de 13 navios, afastou-se bastante da
costa africana, talvez intencionalmente, desembarcando no que ele inicialmente achou
tratar-se de uma grande ilha à qual deu o nome de Vera Cruz (Verdadeira Cruz) e a
que Pêro Vaz de Caminha faz referência. Explorou o litoral e percebeu que a grande
massa de terra era provavelmente um continente, despachando em seguida um navio para
notificar o rei Manuel I da descoberta das terras. Como o novo território se encontrava
dentro do hemisfério português de acordo com o Tratado de Tordesilhas, reivindicou-o
para a Coroa Portuguesa. Havia desembarcado na América do Sul, e as terras que havia
reivindicado para o Reino de Portugal mais tarde constituiriam o Brasil. A frota
reabasteceu-se e continuou rumo ao leste, com a finalidade de retomar a viagem rumo à
Índia.
Nessa mesma expedição uma tempestade no Atlântico Sul provocou a perda de sete
navios; as seis embarcações restantes encontraram-se eventualmente no Canal de
Moçambique antes de prosseguirem para Calecute, na Índia. Cabral inicialmente obteve
sucesso na negociação dos direitos de comercialização das especiarias, mas os
comerciantes árabes consideraram o negócio português como uma ameaça ao monopólio
deles e provocaram um ataque de muçulmanos e hindus ao entreposto português. Os
portugueses sofreram várias baixas e suas instalações foram destruídas. Cabral vingou-se
do ataque saqueando e queimando a frota árabe e, em seguida, bombardeou a cidade em
represália à incapacidade de seu governante em explicar o ocorrido. De Calecute a
expedição rumou para Cochim, outra cidade-estado indiana, onde Cabral fez amizade com
seu governante e carregou seus navios com especiarias cobiçadas antes de retornar para
a Europa. Apesar da perda de vidas humanas e de navios, a viagem de Cabral foi
considerada um sucesso após o seu regresso a Portugal. Os lucros extraordinários
resultantes da venda das especiarias reforçaram as finanças da Coroa Portuguesa e
ajudaram a lançar as bases de um Império Português, que se estenderia das Américas ao
Extremo Oriente.[B]
Cabral foi mais tarde preterido quando uma nova frota foi reunida para estabelecer uma
presença mais robusta na Índia, possivelmente como resultado de uma desavença com
Manuel I. Tendo perdido a preferência do rei, aposentou-se da vida pública, havendo
poucos registros sobre a parte final de sua vida. Suas realizações caíram no esquecimento
por mais de 300 anos. Algumas décadas depois da independência do Brasil de Portugal,
no século XIX, a reputação de Cabral começou a ser reabilitada pelo Imperador Pedro II
do Brasil. Desde então, os historiadores têm discutido se Cabral foi o descobridor do Brasil
e se a descoberta foi acidental ou intencional. A primeira dúvida foi resolvida pela
observação de que os poucos encontros superficiais feitos por exploradores antes dele
mal foram notados e em nada contribuíram para o desenvolvimento e a história futuros da
terra que se tornaria o Brasil, única nação das Américas onde a língua oficial é
o português. Quanto à segunda questão, nenhum consenso definitivo foi formado e a
hipótese de descoberta intencional carece de provas sólidas. Não obstante, embora seu
prestígio tenha sido ofuscado pela fama de outros exploradores da época, Cabral é hoje
considerado uma das personalidades mais importantes da Era dos Descobrimentos.

Você também pode gostar