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FLORIANÓPOLIS, SC
2017
KAREN PEREIRA ALVARES
Banca examinadora:
Orientadora: ------------------------------------------------------------------------------
Prof.ª Dr.ª Ana Paula Grillo Rodrigues
Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC
Membros:
------------------------------------------------------------------------------
Prof. Dr. Rafael Tezza
Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC
------------------------------------------------------------------------------
Prof. Dr. Magno Oliveira Macambira
Universidade Metodista de São Paulo
À minha amada mãe, Nídia Pacheco Pereira, por ter me propiciado a melhor
educação possível, sempre acreditando que isso seria a chave para a minha
independência financeira e para o meu sucesso profissional. Realmente, você estava
certa, e só tenho a te agradecer, hoje e sempre.
Ao meu companheiro, Eduardo Antônio Caldas Villarim Jr., pela paciência e
apoio durante esta jornada.
À minha querida orientadora, Ana Paula Grillo Rodrigues. Seu apoio e
ensinamentos foram fundamentais para o desenvolvimento desta pesquisa.
Ao Coronel Araújo Gomes, que viabilizou a realização deste trabalho, prestando
seu apoio em todas as situações, e a todos os policiais que lutam dia a dia por uma
sociedade mais segura, em especial os que contribuíram de alguma forma para a
realização desta pesquisa.
À minha amiga, Luci Mari Rodrigues Aparecida, por toda a ajuda, carinho e
atenção. Você foi aquela mão amiga que me socorreu nos momentos de maior
desespero. Sou uma eterna admiradora de sua humildade, de sua dedicação e de sua
determinação em todas as coisas as quais se propõe a fazer.
À UFSC, em especial à professora Roselane Neckel, por me possibilitar o
afastamento para pós-graduação, e aos professores Alessandra Jacobsen e Irineu
Manoel de Souza, pela ajuda e orientação durante a elaboração do pré-projeto.
À UDESC, por me propiciar a maravilhosa oportunidade de retornar à casa e
renovar meus conhecimentos, através do mestrado.
Ao professor Marcelo Zapellini, por todo o apoio relativo à metodologia, em
especial antes da qualificação, e pela atenção prestada a todos os detalhes do projeto.
Ao professor Rafael Tezza, pelo grande auxílio relativo à estatística.
À professora Simone Ghisi Feuerschütte e à professora Dannyella da Cunha
Lemos, por terem aceito participar de minha banca e por todos os apontamentos e
sugestões, que foram fundamentais para a qualidade deste estudo.
Por fim, mas não menos importante, à Deus, por me dar saúde, força e
disposição para vencer mais esse desafio.
“The organizations that will truly excel in the
future will be the organizations that discover
how to tap people’s commitment and
capacity to learn at all levels in an
organization.” (Peter M. Senge)
RESUMO
The purpose of this dissertation was to verify the relationship between the ties patterns
of the individuals to the organization and performance based on a case study in the
Military Police of Santa Catarina, in a predominantly quantitative approach. Data were
collected through documentary research and questionnaire, and analyzed by
Exploratory Factor Analysis (EFA), clusters analysis, hypothesis tests and non-
parametric correlations. The EFA reinforced the adequacy of the measurement scales,
in the sample of subjects and in the context investigated, despite showing some
differences in relation to the theoretical-conceptual models proposed. Cluster analysis
resulted in a solution of four clusters, named as follow, in order of representativeness
(highest to lowest): Obedient and Committed, Highly Committed and Obedient, Strong
Ties and Entrenched. The analysis of the relation between the clusters and the
performance revealed a significant difference between the performance of the groups,
being higher for Obedient and Committed group, and lower for Entrenched group.
Performance was significantly higher for police officers that work in operational
activities. The analysis of the relation of each tie with the performance was not
significant in any of the cases. The results allowed to confirm the premise that ties
patterns with high levels of commitment, in combination with low levels of
entrenchment, would be associated with better performance. In addition, they
generated indications that consent could be more beneficial than theoretically
advocated, and that entrenchment may exert a greater impact on performance that
commitment.
UTILIZADOS.................................................................................................................. 62
BARLETT ..................................................................................................................... 76
CLUSTER (CONTINUA)................................................................................................... 95
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 25
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMÁTICA DE PESQUISA ................................. 25
1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA ........................................................................................ 28
1.3 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA ................................................................................... 29
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-EMPÍRICA ............................................................. 31
2.1 COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL ............................................................ 31
2.2 ENTRINCHEIRAMENTO ORGANIZACIONAL .......................................................... 36
2.3 CONSENTIMENTO ORGANIZACIONAL ................................................................... 40
2.4 PERFIS DE COMPROMETIMENTO E PADRÕES DE VÍNCULOS
ORGANIZACIONAIS ............................................................................................................ 43
2.5 DESEMPENHO HUMANO NO TRABALHO .............................................................. 48
2.5.1 Avaliação de desempenho ............................................................................... 50
2.6 RELAÇÃO ENTRE VÍNCULOS ORGANIZACIONAIS E DESEMPENHO ............ 56
3 PERCURSO METODOLÓGICO ............................................................................... 61
3.2 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA .......................................................................... 61
3.3 REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA ............................................................. 62
3.3 A ORGANIZAÇÃO ESCOLHIDA .................................................................................. 63
3.3.1 População e amostra escolhida ....................................................................... 65
3.4 PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ........................ 65
3.5 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DOS DADOS ...................................................... 70
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS ............................................................ 74
4.1 PARTICIPANTES DA PESQUISA (AMOSTRA) ........................................................ 74
4.2 ESTRUTURA FATORIAL DA ESCALA DE MENSURAÇÃO DOS VÍNCULOS .... 76
4.2.1 Análise fatorial exploratória da escala de comprometimento ........................... 77
4.2.2 Análise fatorial exploratória da escala de entrincheiramento ........................... 82
4.2.3 Análise fatorial exploratória da escala de consentimento ................................ 87
4.3 VÍNCULOS DO INDIVÍDUO COM A ORGANIZAÇÃO: COMO OS POLICIAIS
ARTICULAM COMPROMETIMENTO, CONSENTIMENTO E
ENTRINCHEIRAMENTO ..................................................................................................... 91
4.4 DESEMPENHO INDIVIDUAL DE ACORDO COM O VALOREM. ........................ 101
4.5 RELAÇÃO ENTRE OS PADRÕES DE VÍNCULO E O DESEMPENHO, DE
ACORDO COM O VALOREM ........................................................................................... 106
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 113
5.1 CONCLUSÕES ............................................................................................................. 113
5.2 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ........................................... 115
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 118
25
1. INTRODUÇÃO
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-EMPÍRICA
1 Os estudiosos que deram origem ao paradigma da troca, conforme Hrebiniack e Alluto (1972), são:
BARNARD, C. I. Functions of the Executive. Cambridge: Harvard University Press, 1938;
GOULDNER, A. W. Cosmopolitans and locals: toward an analysis of latent social roles—I.
Administrative Science Quarterly, v. 2, p. 282-306, 1957; HOMANS, G. Social behavior as
exchange. American Journal of Sociology, v. 63, p. 597-606, 1958.
33
2 FISHBEIN, M.; AJZEN, I. Belief, attitude, intention and behavior. Reading, Mass.: Addison-Wesley,
1975.
34
3 Para desenvolvimento desta premissa, Meyer e Allen (1991) se pautaram na teoria da motivação-
higiene de Herzberg. Ver: HERZBERG, F. Work and the Nature of Man. Cleveland: World Publishing,
1966.
36
Desta forma, houve uma clara distinção entre as dimensões que representam
um vínculo ativo, pautado pelo engajamento, empenho extra, afeto e identificação com
a organização e as dimensões que refletem uma relação passiva, restrita à
permanência e à relação de troca com a organização, o que configura o vínculo
instrumental de continuação (RODRIGUES; BASTOS, 2010). Assim, sob essa
perspectiva, a distinção entre aqueles indivíduos que contribuem ativamente com a
organização e aqueles que se comportam de modo mais passivo fez com que
profissionais e gestores passassem a discordar que a permanência se trate de um
requisito para o comprometimento, sendo apenas uma de suas consequências
(RODRIGUES; BASTOS, 2011).
Desse modo, embora haja uma diversa gama de definições para o
comprometimento, um elemento comum que se apreende é o fato de se tratar de “um
estado psicológico positivo que caracteriza a relação do indivíduo com a organização
e que causa impacto em seu desempenho (BASTOS; AGUIAR, 2015, p. 79). Esta
definição mais atual do comprometimento organizacional está ligada à sua base
afetiva, que relaciona o comprometimento a atitudes de engajamento e pró-atividade,
em detrimento da concepção de comprometimento pautado em permanência,
conforme o clássico modelo tridimensional proposto por Allen e Meyer (1991).
Dessa forma, a agenda de pesquisa aponta para o retorno à
unidimensionalidade do construto (CARVALHO et al., 2011), e a base de continuação
tem sido vista por alguns autores como um construto distinto, denominado
entrincheiramento organizacional (BASTOS et al., 2008; RODRIGUES, 2009, 2011;
RODRIGUES; BASTOS, 2011), conforme será exposto a seguir.
(RODRIGUES; BASTOS, 2011). Dessa forma, para Rodrigues e Bastos (2011, p. 172),
“a percepção de poucas oportunidades gera ou reforça as dimensões APS e ABI, do
mesmo modo que maiores APS e ABI geram ou reforçam a percepção de poucas
oportunidades”, o que fortalece a permanência da dimensão LA como parte do
construto do entrincheiramento, não podendo ser considerada um antecedente ou
consequente do mesmo.
Retomando os resultados relativos aos estudos de Rodrigues (2011), os
resultados da etapa qualitativa da pesquisa, que buscou descrever as explicações
construídas pelos indivíduos para sua permanência e contribuição para a organização,
aportaram ao campo de pesquisa a inclusão de variáveis relevantes para a
compreensão da forma como se constituem os padrões de vínculos, sendo elas o
contrato psicológico, que pode auxiliar na compreensão das relações entre a
intensidade das expectativas de trocas e o processo de avaliação cognitiva e
emocional do vínculo com a organização, por parte do indivíduo; e os traços pessoais,
que revelam “de que modo as diferenças individuais interferem no manejo das
percepções do estado atual de contrato psicológico (por exemplo, de violação ou
também excedência - fazer além do que se esperava) com repercussões na
reavaliação do vínculo com o organização” (RODRIGUES, 2011, p. 162).
Conforme apontado por Rodrigues (2011), os resultados de sua pesquisa,
ainda que careçam de investigação, evidenciam a importância de se compreender
quais os padrões de vínculos mais desejáveis, tanto para as organizações quanto para
o indivíduo. Posteriormente, Scheibe e Bastos (2014), ao analisarem a relação entre
comprometimento afetivo e entrincheiramento organizacional com intenções
comportamentais, concluíram que o comprometimento afetivo é de fato um construto
distinto do entrincheiramento. Isso pois, os resultados da pesquisa dos autores
suportaram a hipótese de que o comprometimento afetivo é um preditor de intenção
de permanência, bem como de comportamentos de defesa e de realização de
esforços em prol da organização. O entrincheiramento organizacional, por sua vez,
apresentou relações não significativas com essas variáveis.
Em adendo às críticas relativas à base de continuação, a base normativa do
modelo tridimensional proposto por Allen e Meyer (1991) passou a ser foco de críticas
pelos próprios autores do modelo, que começaram a questionar se o
comprometimento afetivo e o comprometimento normativo seriam de fato formas
40
No cenário nacional, Silva (2009) foi uma das percussoras a defender a retirada
da base normativa do construto comprometimento. Para a pesquisadora, à essência
do comprometimento normativo, pelo viés sociológico, está pautada em relações de
autoridade e em processos normativos internalizados ao papel de subordinado,
refletindo em um indivíduo passivo, submisso e obediente ao seu superior. Desse
modo, para a autora, o cerne da discussão, no que tange à pertinência da base de
continuação, é se o comprometimento seria uma atitude que gera comportamentos
proativos ou uma postura passiva do trabalhador frente às expectativas da
organização (SILVA, 2013).
Assim, a partir destes questionamentos, de modo semelhante aos
pesquisadores que propuseram o construto do entrincheiramento organizacional
(BASTOS et al.; 2008; RODRIGUES, 2009, 2011), de modo a propor uma solução
para a confusão conceitual no que tange à pertinência da base de continuação; Silva
(2009) propôs o construto do consentimento organizacional (SILVA, 2009), uma
redefinição conceitual da base normativa do comprometimento, “associada à
obrigação moral, sentimentos de lealdade e cumprimento de normas sociais” (VIDAL;
GRILLO RODRIGUES, 2016, p. 9).
A despeito de o marco conceitual do consentimento situar-se no campo da
sociologia do trabalho (SILVA; BASTOS, 2010, 2015), cuja natureza descarta qualquer
perspectiva psicológica, sendo pautada nas “relações de subordinação e autoridade
legitimada, reconhecidas como inerentes ao papel de trabalhador” (SILVA, 2009, p.
41
Bases do Entrincheiramento
comprometimento Alto Baixo
Consentimento (CNO) Consentimento (CNO)
Comprometimento Alto Baixo Alto Baixo
afetivo Fortes Obediente e
vínculos Comprometido
Alto Comprometido e
Entrincheirado
Baixo Fracos
vínculos
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
6 O erro de halo foi identificado pela primeira vez por Thorndike (1920), em seu clássico artigo “A
constant Error in Psychological Ratings”.
54
A tendência central, por sua vez, reflete o medo do avaliador de atribuir notas
altas ou baixas ao avaliado, quer pela possibilidade de prejudicar o avaliado, quer pelo
receio em comprometer-se com a alta administração (como não obter permissão para
realizar horas-extras), o que o leva a utilizar valores médios para valorar sua equipe,
não os diferenciando em termos qualitativos e descartando a utilidade prática da
avaliação (BERGAMINI, 2010).
Tanto o “efeito de halo” quanto a “tendência central” podem ser neutralizados,
conforme a técnica de avaliação escolhida. Nesse sentido, os instrumentos que
utilizam padrões descritivos e as listas de verificação são os mais satisfatórios, haja
vista que neutralizam o “efeito de halo” e a “tendência central”, além de atenderem
com mais fidelidade as características da organização (BERGAMINI, 2010). Todavia,
os fatores que determinam o sucesso de uma avaliação de desempenho não se
restringem à escolha dos instrumentos e a perícia do avaliador, pois, há uma gama de
elementos adicionais que devem ser considerados.
Em primeiro lugar, os funcionários não irão aceitar um sistema que não tenha
sido anteriormente aceito e suportado pela alta gestão. Os superiores são peças
chaves na promoção do sistema e tem o papel de demonstrar os benefícios e a
utilidade do sistema (DREWES; RUNDE, 2002). Outro fator determinante é que haja
coerência entre os resultados da avaliação e as suas consequências. As
consequências devem ser baseadas em critérios claros e pré-estabelecidos, pautadas
em decisões de conhecimento tanto do avaliador quanto do avaliado e refletir decisões
integradas a um conceito mais amplo de gestão de pessoas. Desse modo, aqueles
que demonstrem um melhor trabalho terão clareza de que devem conquistar as
melhores avaliações e as devidas consequências (ex.: promoção, treinamento
adicional, aumento do salário) (DREWES; RUNDE, 2002).
O período apropriado de avaliação também é um fator decisivo para o sucesso
da avaliação de desempenho. Usualmente as avaliações ocorrem uma ou duas vezes
por ano. Avaliações mais frequentes são difíceis de implementar, pois, os superiores
muitas vezes não dispõe de tempo para realizar as avaliações, a menos que haja um
número reduzido de funcionários e que o processo de avaliação não seja muito
demorado (DREWES; RUNDE, 2002). Nesse sentido, quanto mais fácil de aplicar e
quanto menos tempo consumir, melhor, pois uma avaliação muito demorada e
complicada dificilmente será realizada de maneira eficaz (DREWES; RUNDE, 2002).
55
3 PERCURSO METODOLÓGICO
COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL
(BASTOS; AGUIAR, 2015)
ESCALA
CÓDIGO INDICADOR
ORIGINAL
MOWDAY et al. Eu me sinto orgulhoso dizendo às pessoas que sou parte da
CO1
(1982) corporação (organização) onde trabalho.
Conversando com amigos, eu sempre me refiro a essa corporação
MOWDAY et al.
CO2 (organização) como uma grande instituição para a qual é ótimo
(1982)
trabalhar.
Sinto os objetivos de minha corporação (organização) como se fossem
REGO (2003) CO3
os meus.
MOWDAY et al. A corporação (organização) em que trabalho realmente inspira o
CO4
(1982) melhor em mim para o meu progresso no desempenho do trabalho.
SILVA; A minha forma de pensar é muito parecida com a da corporação onde
CO5
BASTOS (2010) trabalho (empresa).
MOWDAY et al. Eu acho que os meus valores são muito similares aos valores
CO6
(1982) defendidos pela corporação (organização) onde trabalho.
MEYER; Sinto que existe uma ligação afetiva entre mim e minha corporação
CO7
ALLEN (1991) (organização).
MEYER; Essa corporação (organização) tem um imenso significado pessoal
CO8
ALLEN (1991) para mim.
SILVA; Aceito as normas da corporação (organização) porque concordo com
CO9
BASTOS (2010) elas.
MOWDAY et al. Eu realmente me interesso pelo destino da corporação (organização)
CO10
(1982) onde trabalho.
SILVA; Se eu tivesse uma empresa, escolheria as mesmas normas da
CO11
BASTOS (2010) corporação (empresa) em que trabalho.
MEYER; Eu realmente sinto os problemas dessa corporação (organização)
CO12
ALLEN (1991) como se fossem meus.
Fonte: Elaborado pela autora, 2017, com base em Bastos e Aguiar (2015).
CONSENTIMENTO ORGANIZACIONAL
(SILVA; BASTOS, 2015)
CÓDIGO INDICADOR
CNO 1 Se o superior (chefe) manda, a gente tem que fazer.
Os superiores têm autoridade, cabendo aos subordinados (empregados) apenas
CNO 2 cumprir as ordens.
CNO 3 Mesmo quando as coisas me incomodam no trabalho, eu faço o que foi mandado.
CNO 4 Quando não concordo com uma ordem no trabalho, eu cumpro assim mesmo.
Como policial (trabalhador), acho que devo sempre me sujeitar às regras e normas da
CNO 5 corporação.
CNO 6 Eu sempre cumpro as ordens nessa corporação (empresa).
Cumpro as ordens que recebo porque meu superior sabe, melhor do que eu, o que
CNO 7 deve ser feito.
Faço o que meu superior (chefe) manda porque acredito que é o mais correto a ser
CNO 8 feito.
Acredito que, quando recebo uma ordem, a responsabilidade pelo que faço é do meu
CNO 9 superior.
Fonte: Elaborado pela autora, 2017, com base em Silva e Bastos (2015).
ENTRINCHEIRAMENTO ORGANIZACIONAL
(RODRIGUES; BASTOS, 2015)
CÓDIGO INDICADOR
Se eu deixasse essa corporação (organização), sentiria como se estivesse
APS 1
desperdiçando anos de dedicação.
Sair dessa corporação (organização) significaria, para mim, perder parte importante
APS 2
da minha rede de relacionamentos.
Se eu fosse trabalhar em outra organização (empresa), eu jogaria fora todos os
APS 3
esforços que fiz para chegar aonde cheguei dentro dessa corporação.
Se eu fosse trabalhar em outra organização (empresa) eu demoraria a ser tão
APS 4
respeitado como sou hoje dentro dessa corporação (empresa).
Se eu fosse trabalhar em outra organização (empresa), eu levaria muito tempo para
APS 5
me acostumar a uma nova função.
Se eu fosse trabalhar em outra organização (empresa) eu estaria jogando fora todo
APS 6
o esforço que fiz para aprender as minhas tarefas do cargo atual.
Os benefícios que recebo nessa corporação (organização) seriam perdidos se eu
ABI 1
saísse agora.
Sair dessa corporação (organização) agora resultaria em perdas financeiras.
ABI 2
Sinto que mudar de organização (empresa) colocaria em risco a minha estabilidade
ABI 3
financeira.
O que me prende a essa corporação (organização) são os benefícios financeiros
ABI 4
que ela me proporciona.
Se eu fosse trabalhar em outra organização (empresa), eu deixaria de receber
ABI 5 vários benefícios que essa corporação oferece aos seus servidores (vale-
transporte, convênios médicos, vale refeição, etc.).
Não seria fácil encontrar outra organização que me oferecesse o mesmo retorno
ABI 6
financeiro que essa.
A especificidade do meu conhecimento dificulta minha inserção em outras
LA 1
organizações.
Meu perfil profissional não favorece minha inserção em outras organizações.
LA 2
Eu acho que teria poucas alternativas de emprego se deixasse essa corporação
LA 3
(organização).
Uma das poucas consequências negativas de deixar essa corporação
LA 4
(organização) seria a falta de alternativas.
Mantenho-me nessa corporação (organização) porque sinto que não conseguiria
LA 5
facilmente entrar em outra organização.
Mantenho-me nessa corporação (organização) porque sinto que tenho poucas
LA 6
oportunidades em outras organizações.
Fonte: Elaborado pela autora, 2017, com base em Rodrigues e Bastos (2015).
Ainda, foram utilizados para análise os parâmetros estabelecidos por Hair et al.
(2009). Deste modo, para o teste de esfericidade de Barlett, considerou-se
estatisticamente significante os valores abaixo de 0,05, os quais indicam correlações
suficientes entre as variáveis, de modo a justificar a análise fatorial. Em relação às
medidas de adequação de amostragem MSA e KMO, utilizou-se os seguintes
parâmetros: excelente, se igual ou acima de 0,80; mediano, maior ou igual a 0,70 e
abaixo de 0,80; medíocre, maior ou igual a 0,60 ou abaixo de 0,70; ruim, maior ou
igual a 0,50 e abaixo de 0,60; inaceitável, 0,50 ou abaixo. Por fim, com relação às
comunalidades, considerou-se os fatores com valores superiores à 0,40.
Para identificação da estrutura latente de relações, utilizou-se o método de
extração Análise de Componentes Principais (ACP), método em que toda a variância
dos dados é analisada, tanto a compartilhada quanto a exclusiva; o método de rotação
Varimax, que maximiza as altas relações e minimiza as baixas (DANCEY; REIDY,
2013); e o critério de aceitação de autovalores, eigenvalue, maior que um (HAIR et al.,
2009). Assim, buscou-se identificar os padrões de correlações e a validade fatorial das
questões que compõe cada construto (DANCEY; REIDY, 2013). Adicionalmente,
utilizou-se a análise da porcentagem da variância total explicada como critério de
análise de fatores, considerando como satisfatórias as soluções que explicassem ao
menos 50% da variância total (HAIR et al., 2009), e o gráfico scree plot.
Posteriormente, empregou-se a análise de agrupamentos, ou análise de
cluster, que tem por objetivo agregar os objetos com base nas características que eles
possuem (HAIR et al., 2009), a fim de verificar os distintos padrões de vínculos
existentes na amostra de sujeitos investigada. Para isso, utilizou-se o método
hierárquico, um método aglomerativo que opera no estilo stepwise para formar um
intervalo inteiro de soluções de agrupamento; a medida de distância euclidiana
quadrada (ou absoluta), que calcula a soma dos quadrados das diferenças sem
calcular a raiz quadrada, o que acelera o temo de computação; e o método de Ward,
que tende a produzir agregados com aproximadamente o mesmo número de
observações (HAIR et al., 2009).
Na sequência, para análise das correlações entre cada um dos vínculos
mensurados (média dos escores) e o desempenho e do desempenho com a
modalidade de policiamento, utilizou-se o teste Rho de Spearman, o equivalente não
paramétrico do teste R de Pearson. Trata-se de um coeficiente de correlação obtido a
72
OBJETIVOS INSTRUMENTOS E
PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE
Analisar a relação entre os padrões de vínculo do
Conforme exposto no tópico 3.3.1, esta pesquisa contou com uma amostra de
140 sujeitos. Os dados que representam o perfil pessoal dos respondentes estão
descritos na tabela 2.
VARIÁVEIS
Frequência % Frequência percentual %
Sexo
Feminino 17 12,1
Masculino 123 87,9
Estado Civil
Casado (a) 69 49,3
Consensual (vive junto) 23 16,4
Separado (a) / divorcidado (a) 5 3,6
Solteiro (a) 43 30,7
Faixa etária
Até 30 anos 40 29,4
De 31 a 40 anos 66 47,1
De 41 a 50 anos 32 22,9
De 51 a 60 anos 2 1,4
Número de filhos
0 66 47,1
1 42 30
Mais de 2 32 22,8
Escolaridade
Ensino médio completo 7 5
Ensino médio incompleto 1 0,7
Ensino superior completo 74 52,9
Ensino superior incompleto 8 5,7
Pós-graduado 50 35,7
Fonte: Elaborada pela autora, 2017.
grande parte tem curso superior completo (52,9%, n=74) ou é pós-graduação (35,7%,
n=50). No que tange ao grau de responsabilidade financeira dos respondentes, 65%
(n=101) são integralmente ou majoritariamente responsáveis, ao passo que uma
pequena minoria, apenas 4,3% (n=6), não possui nenhuma responsabilidade
financeira, como pode ser verificado na tabela 3, disposta a seguir.
VARIÁVEL Frequência
Frequência
Grau de responsabilidade financeira percentual
Contribui apenas com uma pequena parte 12 8,6
Divide igualmente as responsabilidades com outra pessoa 31 22,1
Não tem nenhuma responsabilidade financeira 6 4,3
Principal responsável, mas recebe ajuda financeira de outra pessoa 51 36,4
Único responsável 40 28,6
Fonte: Elaborada pela autora, 2017.
VARIÁVEIS Frequência
Frequência
Graduação percentual
Soldado de 2º classe 64 44,8
Soldado de 1º classe 23 16,1
Cabo 21 14,7
3º sargento 28 19,6
2º sargento 2 1,4
1º sargento 2 1,4
Subtenente 3 2,1
Tempo de serviço
De 1 a 5 anos 55 39,3
De 6 a 10 anos 21 15,0
De 11 a 15 anos 25 17,9
De 16 a 20 anos 7 5,0
Mais de 20 anos 32 22,9
Área de atuação
Administrativo 52 37,1
Operacional 88 62,9
Fonte: Elaborada pela autora, 2017.
76
TESTE RESULTADO
Medida Kaiser-Meyer-Olkin de adequação de amostragem. ,805
Teste de esfericidade de Bartlett Aprox. Qui-quadrado 2642,569
df 666
Sig. ,000
Fonte: dados da pesquisa.
77
AUTO-VALOR INICIAL
FATOR TOTAL % DE VARIÂNCIA % CUMULATIVA
1 5,166 46,966 46,966
2 1,188 10,796 57,762
3 ,926 8,415 66,177
4 ,697 6,338 72,515
5 ,596 5,416 77,931
6 ,542 4,931 82,862
7 ,508 4,621 87,483
8 ,469 4,260 91,743
9 ,362 3,295 95,038
10 ,281 2,551 97,589
11 ,265 2,411 100,000
Fonte: dados da pesquisa.
FATOR
CÓDIGO DOS ITENS E DESCRIÇÃO 1 2
(CO2) Conversando com amigos, eu sempre me refiro a essa corporação como
,827
uma grande instituição para a qual é ótimo trabalhar.
(CO1) Eu me sinto orgulhoso dizendo às pessoas que sou parte da corporação
,701
onde trabalho.
(CO5) A minha forma de pensar é muito parecida com a da corporação onde
trabalho. ,690
Como pode ser verificado, de modo distinto do resultado alcançado por Bastos
e Aguiar (2015), que desenvolveram e testaram esta medida em uma amostra de 805
trabalhadores brasileiros de diferentes segmentos, obtendo uma solução
unidimensional com resultados psicométricos satisfatórios (cargas fatoriais variando
entre 0,622 e 0,758 e α= 0,915), a AFE realizada para esta medida, neste estudo,
revelou uma estrutura bidimensional, com cargas fatoriais consideradas significantes
para o tamanho da amostra (todas acima de 0,50, conforme HAIR et al. 2009).
O primeiro fator agrupou os itens relativos à perspectiva atitudinal de Mowday
et al. (1982) (à exceção do item CO10), para os quais o comprometimento representa
um estado de identificação do indivíduo para com a organização, bem como seu
desejo de permanecer e agir em prol dos objetivos e metas organizacionais, o que o
leva ao desenvolvimento de uma forte crença e aceitação das metas e valores da
corporação. Além disso, abarcou os itens relativos à dimensão aceitação íntima, que
representam o cumprimento de normas e regras estabelecidas pela corporação em
81
representada pelo fator um, quanto à afetiva, representada pelo fator dois. Todavia,
para possibilitar uma conclusão mais apurada, seria necessário realizar outros
procedimentos estatísticos, como a Análise Fatorial Confirmatória, além de obter um
número maior de respondentes por variável.
No entanto, para os propósitos dessa dissertação, pode-se concluir que a
medida utilizada foi adequada à amostra, apresentando boa consistência interna, em
que pese a não adequação ao modelo teórico proposto, haja vista a identificação de
duas dimensões.
AUTO-VALOR INICIAL
FATOR
CÓDIGO DOS ITENS E DESCRIÇÃO 1 2 3 4
(LA2) Meu perfil profissional não favorece minha inserção em
,775
outras organizações.
(LA1) A especificidade do meu conhecimento dificulta minha
,768
inserção em outras organizações.
(LA5) Mantenho-me nessa corporação porque sinto que não
,728
conseguiria facilmente entrar em outra organização.
(LA3) Eu acho que teria poucas alternativas de emprego se
,663
deixasse essa corporação.
(APS5) Se eu fosse trabalhar em outra organização, eu levaria
,640
muito tempo para me acostumar a uma nova função.
(LA4) Uma das poucas consequências negativas de deixar
,632
essa corporação seria a falta de alternativas.
(LA6) Mantenho-me nessa corporação porque sinto que tenho
,615
poucas oportunidades em outras organizações.
(ABI2) Sair dessa corporação agora resultaria em perdas
financeiras. ,805
segregaram as variáveis APS1, APS3 e APS6 das variáveis APS2 e APS4 (à exceção
da variável APS5, que incorporou a dimensão LA).
Em relação à primeira dimensão, que agrupou os itens relativos à dimensão LA
mais o item APS5 (Se eu fosse trabalhar em outra organização, eu levaria muito
tempo para me acostumar a uma nova função), pode-se supor que, ao menos para a
amostra investigada, o tempo necessário para se acostumar a uma nova função é
compreendido em maior grau como um limitador de alternativas do que como uma
perda dos ajustes à posição social (APS).
Esta explicação parece coerente ao analisarmos o tipo de atividade
desenvolvido pelos policiais, as quais se distinguem das funções exercidas na maioria
das organizações. Isso pois, diferente de funcionários de setores administrativos,
cujas tarefas se assemelham independentemente das características da organização
empregadora, ou de indivíduos que atuam em áreas específicas, mas que dispõem
de um leque de empresas para pleitear uma vaga de trabalho, a função do policial é
específica de uma instituição policial militar. Desse modo, a cognição do indivíduo
(policial) a respeito do tempo que levaria para se ajustar à uma nova função é visto
muito mais como um limitador de alternativas do que seria por um indivíduo não
policial, haja vista a dificuldade em encontrar outra organização com funções
similares, onde um novo ajuste ocorreria mais tranquilamente.
Com relação à dimensão arranjos burocráticos impessoais, o fator dois agrupou
todas as variáveis propostas, conforme referencial teórico utilizado, o que demonstra
a relevância de todas as variáveis referentes a esta dimensão para mensuração do
vínculo de entrincheiramento na amostra investigada.
Em contrapartida, a dimensão ajustes à posição social se subdividiu em duas,
representando o terceiro e o quarto fator. O terceiro fator agrupou os itens APS1, APS3
e APS6, enquanto o quarto fator agrupou os itens APS2 e APS4. A partir da análise da
descrição de cada item, é possível perceber que o agrupamento relativo à terceira
dimensão abarca itens relativos à percepção de perdas dos esforços empreendidos e
dos anos dedicados pelo indivíduo para aprendizagem das tarefas e alcance da
posição atual. De outra forma, a quarta dimensão tem a ver com a formação da rede
de relacionamentos e a conquista de respeito, o que sugere que para a amostra
investigada existe uma diferenciação entre estes dois fatores.
87
AUTO-VALOR INICIAL
FATOR TOTAL % DE VARIÂNCIA % CUMULATIVA
1 3,296 41,206 41,206
2 1,383 17,290 58,496
3 ,927 11,584 70,080
4 ,641 8,010 78,090
5 ,552 6,901 84,992
6 ,474 5,926 90,918
7 ,387 4,835 95,753
8 ,340 4,247 100,000
Fonte: dados da pesquisa.
A análise do gráfico scree plot, por outro lado, não possibilita uma clara
visualização do número ideal de fatores a serem extraídos, haja vista a linha irregular
gerada, que se torna mais horizontal somente a partir do quarto fator.
Contudo, é possível perceber que somente dois fatores possuem um autovalor
(eigenvalue) maior que um, conforme evidencia a figura 5.
88
CARGA FATORIAL
CÓDIGO DOS ITENS E DESCRIÇÃO 1 2
(CNO4) Quando não concordo com uma ordem no trabalho, eu cumpro
,854
assim mesmo.
(CNO3) Mesmo quando as coisas me incomodam no trabalho, eu faço o
,791
que foi mandado.
(CNO1) Se o superior manda, a gente tem que fazer.
,706
CNO2) Os superiores têm autoridade, cabendo aos subordinados apenas
,628
cumprir as ordens.
(CNO6) Eu sempre cumpro as ordens nessa corporação.
,601
(CNO8) Faço o que meu superior manda porque acredito que é o mais
,880
correto a ser feito.
(CNO7)Cumpro as ordens que recebo porque meu superior sabe, melhor
,819
do que eu, o que deve ser feito.
(CNO5) Como policial, acho que devo sempre me sujeitar às regras e
,518
normas da corporação.
Fonte: dados da pesquisa.
Notas: Método de Extração: Análise de Componente Principal. Método de Rotação: Varimax com
Normalização de Kaiser.
54%
22%
11% 13%
CO CNO EO
Medida FV ACO ENT OC FV ACO ENT OC FV ACO ENT OC
Média 4,65 4,60 3,32 3,66 4,30 4,01 3,28 3,98 4,68 3,24 3,50 2,10
Mediana 5,00 4,55 3,73 4,09 4,63 4,00 3,38 4,19 4,78 3,19 3,53 1,72
Desvio padrão 1,03 0,93 1,28 1,33 1,20 1,13 1,24 1,16 1,10 1,23 1,22 1,10
Fonte: dados da pesquisa
2,10
Tabela 13- Variáveis pessoais e ocupacionais e frequência percentual, por cluster (Continua).
Tabela 14- Variáveis pessoais e ocupacionais e frequência percentual, por cluster (Conclusão).
ALTAMENTE
OBEDIENTE E
FORTES VÍNCULOS COMPROMETIDO E ENTRINCHEIRADO
COMPROMETIDO
OBEDIENTE
Mind-set:
Mind-set: Mind-set: Mind-set:
Desejo, obrigação e
Desejo e obrigação Obrigação Desejo e obrigação
necessidade
- Homens - Homem e mulheres - Grupo mais - Homens e mulheres
- Casados (maior percentual de heterogêneo - Casados ou solteiros
- Entre 41 e 50 anos mulheres da amostra) - Homens e mulheres - Até 40 anos de idade
- Com filhos - Casados ou solteiros - Casados ou solteiros - Com ou sem filhos
- Pós-graduados - Entre 31 e 40 anos - Até 50 anos de idade - Pós-graduado
- Principal de idade - Com ou sem filhos - Principal
responsável pelas - Sem filhos - Pós-graduado responsável pelas
finanças - Ensino superior - Divide ou é o finanças
- Ativ. adm. e op. completo principal responsável - Operacional
- Sargento - Divide ou é o pelas finanças - Soldado
- Mais de 20 anos de principal responsável - Ativ. adm. e op. - Possui entre 1 a 5
serviço pelas finanças - Soldado anos de serviço
- Ativ. adm. e op. - Possui entre 1 a
- Soldado mais de 20 anos de
- Possui entre 1 a 5 serviço
anos de serviço
Fonte: dados da pesquisa
ORDEM DISCIPLINAR 0%
PROATIVIDADE 5%
Esta etapa teve como objetivo verificar a relação entre os padrões de vínculos
identificados e o desempenho dos sujeitos investigados, de acordo com o VALOREM.
Analisou-se, também, a relação de cada um dos vínculos com o desempenho e do
desempenho com a variável modalidade de policiamento. Nesse sentido, inicialmente
foram verificadas as médias do desempenho dos indivíduos, por cluster, conforme
demonstra o gráfico 3.
Uma possível explicação para este fato pode residir na própria característica
da organização. Isso pois, numa organização militar, a obediência às normas e ao
superior hierárquico é fundamental para o sucesso das operações e para o alcance
dos resultados almejados pela organização. Imagine, por exemplo, uma operação
policial, em que um soldado decide não acatar uma ordem emitida por seu superior,
tomando as atitudes que achar conveniente. Ao fazer isso, estará colocando não
somente o sucesso da operação em risco, como também sua própria vida, pois, no
contexto em que a Polícia Militar atua, não existe espaço para erro. Cada minuto conta
e é crucial.
Assim, não há tempo disponível para deliberar sobre as decisões quando se
está em campo. As decisões são tomadas à nível de cúpula (oficiais) e a maior parte
das informações, de modo estratégico e de forma a garantir a segurança das
operações, são sigilosas e não podem ser compartilhadas com todos os indivíduos da
corporação. Dessa forma, a obediência neste tipo de organização parece ser mais
benéfica do que seria, por exemplo, em uma organização em que os indivíduos são
contratados para desenvolver e criar produtos inovadores, já que a função primordial
dos policiais é a preservação da ordem pública, o que requer disciplina e obediência
por parte dos policiais.
De outra forma, o vínculo do entrincheiramento apresentou uma relação
negativa fraca (0,131) com o desempenho, e os indivíduos cujos padrões de vínculos
contemplaram níveis altos ou médio altos de entrincheiramento, independente dos
níveis dos demais vínculos, como o grupo Fortes Vínculos e Entrincheirados,
apresentaram um desempenho menor em relação aos demais. Isso gera evidências
de que, ao menos para a amostra investigada, o entrincheiramento parece exercer um
impacto (negativo) maior no desempenho do que o impacto (positivo) gerado pelo
comprometimento organizacional, que obteve um coeficiente de correlação igual a
0,043, considerado não significativo.
Outra indicação neste sentido é a de que, a análise da correlação da dimensão
arranjos burocráticos impessoais (ABI) do entrincheiramento revelou uma correlação
significativa negativa, ainda que fraca (porém, maior que a correlação com o próprio
construto EO), com o desempenho (-0,254). Conforme visto na teoria, a dimensão
arranjos burocráticos impessoais abrange aspectos como estabilidade financeira e
benefícios (férias, participação nos lucros, assistência médica, etc.), que seriam
110
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
5.1 CONCLUSÕES
medida validadas e ajustadas neste estudo, haja vista que os vínculos que os
indivíduos desenvolvem com as organizações não são estáticos, ou seja, se
modificam com o tempo, sendo influenciados por fatores como experiências no
trabalho, adequação pessoal ao cargo e desafios profissionais vivenciados (MAIA;
BASTOS; SOLINGER, 2016).
Por fim, vale ressaltar que este estudo possui algumas limitações,
especialmente em relação ao método amostral (por conveniência) e ao número
reduzido de participantes, de modo que todos os resultados aqui informados devem
ser interpretados com a devida cautela.
aqueles que estão nos cargos iniciais da corporação, processo que por si só tende a
contribuir para o desenvolvimento e fortalecimento dos vínculos organizacionais.
118
REFERÊNCIAS
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workplace behaviors in Korea. Asia Pacific Journal of Management, v. 28, n. 3, p.
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LI-CHUAN CHU; CHUN-CHE LAI. A research on the influence of leadership style and
job characteristics on job performance among accountants of county and city
government in Taiwan. Public Personnel Management., v. 2, n. Summer 2011, p.
101, 2016.
MAIA, L. G.; BASTOS, A. V. B.; SOLINGER, O. N. Which factors make the difference
for explaining growth in newcomer organizational commitment? A latent growth
modeling approach. Journal of Organizational Behavior, v. 37, n. 4, p. 537–555,
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121
NARARAJAN, N. K.; NAGAR, D. Induction age, training duration & job performance
on organizational commitment & job satisfaction. Indian Journal of Industrial
Relations, v. 46, n. 3, p. 491-497, jan. 2011.
__________. The causal relation between job attitudes and performance: A meta-
analysis of panel studies. Journal of Applied Psychology, v. 93, n. 2, p. 472-481,
2008.
SHIN, I.; HUR, W.-M.; OH, H. Essential precursors and effects of employee creativity
in a service context : Emotional labor strategies and official job performance. Career
Development International. v. 20, n. 7, p. 733-752, 2015.
YIN, R.. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2001.