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Fundamentação Teórica
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Para Louro (2019), o Outro corresponde aqueles sujeitos que fogem a norma estabelecida socialmente,
desvinculados do alinhamento relacionado ao padrão sexo, gênero e sexualidade.
Tendo em vista que ao mesmo tempo em que são instruídos os conteúdos curriculares
das disciplinas, a escola ensina, e sobretudo impõe, estereótipos ligados aos padrões de gênero
e sexualidade. A ideia dos sujeitos normalizados que o ambiente escolar busca padronizar,
atravessados pelas características de masculino e feminino, por vezes está centrada na
denominada heteronormatividade. Para Miskolci (2009), o termo surgiu em 1991 através de
Michael Warner e corresponde ao modo de como a sociedade está pautada, estimulando a
afirmação de um modelo único de organização. Dessa forma, o aparecimento de uma falsa
concepção de naturalidade se une aos elementos sociais.
No que se refere a etimologia, podemos perceber em sua constituição as palavras:
hetero, que se refere a elementos não semelhantes, e normatividade, se origina da palavra
norma, remetendo um modelo de regulação. Entretanto, a palavra hetero nesse sentido recebe
a derivação da heterossexualidade, orientação sexual caracterizada pela atração do sexo
oposto. Dessa forma, o termo heteronormatividade pode ser entendido como um parâmetro
regulador da heterossexualidade.
No entanto, a heteronormatividade ultrapassa os elementos relacionados a atração do
sexo oposto. Para Junqueira (2013), mesmo que aceite as relações homoafetivas, ela impõe
discursos, valores e práticas que a heterossexualidade recai como expressão do gênero, e deve
vivenciada a todo momento, como único modelo reconhecido como natural. No ambiente
educacional, ela pode ser verificada através das práticas dos docentes, no currículo
educacional, nos materiais pedagógicos e até mesmo por meio de neutralidades perante a
determinada situações, sendo algo rotineiramente reforçado.
As práticas educativas que se utilizam do discurso da norma sexual acabam
segregando os alunos no processo de socialização. Louro (2014, p. 83) aborda “a separação de
meninos e meninas é, então, muitas vezes, estimulada pelas atividades escolares, que dividem
grupos de estudo ou que propõem competições”. A partir do momento que acontece um
rompimento da fronteira de gênero criada, com meninos invadindo “espaços” femininos e
vice-versa, a escola tende a realocar os considerados desviantes.
Para Louro (2019), a escola é um importante aliado desse processo de naturalização,
sendo um ambiente que interioriza nos alunos que a heterossexualidade “seria algo ‘dado’
pela natureza, inerente ao ser humano. Tal concepção usualmente se ancora no corpo e na
suposição de que todos vivemos nossos corpos, universalmente, da mesma forma” (p. 12).
Definir a heterossexualidade como natural parte de um grande equívoco, a natureza não
delimita espaços e impõe comportamentos, todas essas questões alinhas aos padrões a serem
seguidos são criações que nasceram a partir dos processos de interação social dos seres
humanos.