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Contextos Clínicos, 9(1):2-18, janeiro-junho 2016

2016 Unisinos - doi: 10.4013/ctc.2016.91.01

Intervenções para promoção de práticas parentais


positivas: uma revisão integrativa

Interventions to promote positive parenting practices: An integrative review

Beatriz Schmidt, Ana Cristina Pontello Staudt, Adriana Wagner


Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Rua Ramiro Barcelos, 2600, 90035-003, Porto Alegre, RS,
Brasil. psi.beatriz@gmail.com, anacpontello@hotmail.com, adrianawagner.ufrgs@hotmail.com

Resumo. O objetivo deste estudo foi conhecer e analisar as intervenções volta-


das a promover práticas parentais positivas junto a pais de crianças, em situa-
ções de desenvolvimento normativo. Para tanto, realizou-se uma revisão inte-
grativa, mediante buscas nas bases PsycINFO, SciELO e PePSIC, considerando
descritores preestabelecidos – práticas parentais positivas, intervenção, treina-
mento – e publicações entre os anos de 2005 e 2015. A partir dos critérios estabe-
lecidos, encontrou-se 12 artigos. Constatou-se que as intervenções enfatizaram
principalmente a promoção de práticas parentais positivas em famílias de status
socioeconômico baixo, com predomínio da mãe como participante. As modali-
dades desenvolvidas foram: grupos com pais, visitas domiciliares e atendimen-
to exclusivo à família em serviço de saúde. De maneira geral, as intervenções
apresentaram resultados satisfatórios em relação aos objetivos propostos. Não
foram identificados estudos brasileiros sobre a temática. A análise do cenário
internacional a respeito das intervenções com foco na parentalidade positiva
sugere a falta de investimento na promoção de saúde familiar.

Palavras-chave: práticas parentais positivas, intervenção, treinamento, rela-


ções pais-criança, relações familiares.

Abstract. The aim of this research was to study and analyze interventions
meant to promote positive parenting practices, emphasizing parents of chil-
dren in normative development situations. An integrative review was carried
out in PsycINFO, SciELO and PePSIC databases, considering pre-established
descriptors – positive parenting practices, intervention, training – for publica-
tions from 2005 to 2015. The selected sample consisted of 12 articles. Interven-
tions emphasized mainly promoting positive parenting in low socioeconomic
status families, considering especially mothers as participants. The modalities
developed were: groups of parents, home visits and exclusive family atten-
dance in health services. In general, interventions showed satisfactory results
with respect to the proposed objectives. Brazilian works on the subject were
not identified within the investigative databases. The analysis of the interna-
tional scenario on interventions promoting positive parenting practices sug-
gests a lack of investment in family health promotion.

Keywords: positive parenting practices, intervention, training, parent child


relations, family relations.

Este é um artigo de acesso aberto, licenciado por Creative Commons Atribuição 4.0 International (CC BY 4.0), sendo
permitidas reprodução, adaptação e distribuição desde que o autor e a fonte originais sejam creditados.
Beatriz Schmidt, Ana Cristina Pontello Staudt, Adriana Wagner

Introdução práticas parentais: historicamente, mãe e pai


aprendem a cuidar dos filhos considerando
A infância se caracteriza como um período como modelo, sobretudo, os métodos adotados
relativamente curto do desenvolvimento pelos seus próprios genitores ou cuidadores
humano, mas bastante importante no que (Marin et al., 2013; Sommers-Flanagan, 2007;
diz respeito a desdobramentos ao longo de Wagner et al., 2005). Entretanto, ao longo do
toda a trajetória de vida (Farber, 2009). Os tempo, padrões educativos estabelecidos têm
primeiros anos consistem em uma janela de sido rompidos, face à diversidade de estruturas
oportunidades para a promoção da saúde, e de configurações familiares emergentes,
de modo que o investimento no cuidado e no de forma a tornar necessários novos padrões
bem-estar da criança se associa a benefícios em educativos de referência que correspondam
longo prazo (Gulliford et al., 2015). Em tal fase mais efetivamente às demandas atuais
do ciclo de vida, é reconhecida a centralidade (Wagner et al., 2005).
do ambiente familiar, pois interações De tal maneira, apesar de estudadas
disfuncionais nesse contexto são fatores de sistematicamente desde o início do século
risco ao desenvolvimento (Farber, 2009; Reedtz XX, as práticas parentais ainda se constituem
et al., 2011). No que tange à família, diferentes em tema relevante, em função das contínuas
estudos têm enfatizado, notadamente, transformações nos contextos familiar e social
aspectos da parentalidade e suas reverberações (Marin et al., 2011; Wagner et al., 2005), da sua
expressas em manifestações comportamentais relação com desfechos desenvolvimentais
na infância (Cprek et al., 2015; Holtrop et al., ao longo da trajetória de vida dos filhos
2015; Stoltz e Deković, 2015). (Brotman et al., 2011; Cprek et al., 2015; Smith
Mãe e pai, no desempenho de seu papel de et al., 2005) e da crescente demanda parental
agentes de socialização, valem-se de técnicas por apoio e orientação, por meio de recursos
e de estratégias, as quais são nomeadas como livros (Bauer et al., 2012; Hahlweg et al.,
práticas parentais (Marin et al., 2013). Práticas 2008) e profissionais capacitados na área da
que envolvem o engajamento dos pais1 no família e do desenvolvimento infantil (Pardo
processo de cuidado aos filhos2, com ênfase na e Carvalho, 2012; Sommers-Flanagan, 2007).
comunicação, nas estratégias construtivas de Nesse sentido, é possível identificar o aumento
resolução de conflitos e na expressão de afeto no interesse por pesquisas sobre práticas
se relacionam a desfechos desenvolvimentais parentais positivas, as quais se associam a
adaptativos, sendo consideradas, portanto, resultados mais favoráveis do ponto de vista
práticas parentais positivas (Gulliford et do desenvolvimento social, emocional e
al., 2015; Reed et al., 2013). Por outro lado, cognitivo na infância (Farber, 2009; Gulliford
práticas negativas, como castigos corporais et al., 2015; Kim et al., 2008; Reed et al., 2013),
e negligência, estão associadas à menor por promoverem as potencialidades da criança
competência social e emocional ao longo da (Lopes e Dixe, 2012). Essas relações entre
trajetória desenvolvimental (Asscher et al., práticas parentais positivas e desenvolvimento
2008; Coelho e Murta, 2007). saudável da criança são evidenciadas em
A escolha das práticas parentais se associa, diferentes culturas (Morrill et al., 2016).
dentre outros fatores, às características No que diz respeito às modalidades de
individuais da criança, bem como às crenças intervenção contemporâneas para contribuir
e aos valores parentais (Marin et al., 2011). com a melhoria da qualidade das práticas pa-
Ademais, as próprias interações conjugais ou rentais e, consequentemente, favorecer o de-
coparentais estabelecidas pela mãe e pelo pai senvolvimento infantil, destacam-se alguns
tendem a influenciar as suas práticas parentais programas, a saber: Triple P – Positive Paren-
(Romero, 2015), do mesmo modo que a ting Program (Sanders et al., 2000), Incredible
experiência de cuidado que ambos vivenciaram Years (Webster-Stratton et al., 2008) e Parent
enquanto filhos (Marin et al., 2011). Nesse Management Training (Pearl, 2009). Esses pro-
sentido, a literatura sobre a temática tem gramas atualmente são aplicados em vários
destacado a transmissão intergeracional de países, tanto com foco universal – ou seja,

1
O termo “pais”, redigido no plural, será adotado para designar situações que envolvam mãe e pai. O termo “pai”, no
singular, será utilizado para designar exclusivamente o pai.
2
Ao longo do presente artigo, o termo “filhos” será adotado para designar situações que envolvam tanto crianças do sexo
feminino quanto masculino.

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para a população geral –, quanto para gru- primeiros anos de vida (Metzler et al., 2014;
pos com necessidades específicas (Gulliford Reedtz et al., 2011). Estudos têm indicado que,
et al., 2015; Stattin et al., 2015). Além desses nesse período, o cérebro humano apresenta
programas amplamente difundidos em nível grande potencial para aprendizagem; assim,
internacional, há também iniciativas locais, os pais teriam oportunidades para otimizar o
como, por exemplo, intervenções planejadas e desenvolvimento da criança (Cprek et al., 2015;
implementadas em território nacional (Coelho Farber, 2009; Lopes e Dixe, 2012) e efetivamente
e Murta, 2007; Oliveira e Alvarenga, 2015; Par- promover saúde (Akai et al., 2008; Gulliford
do e Carvalho, 2012). et al., 2015). Ademais, intervenções precoces
Tais intervenções estão pautadas em evi- se associam à prevenção de maus-tratos e
dências de que, ao melhorar a qualidade das negligência na infância, o que reduz o risco de
práticas parentais, é possível promover um emergência de problemas de comportamento
funcionamento infantil mais saudável. Outros-
e outros desfechos negativos ao longo de toda
sim, postula-se, ainda, que são mais efetivas do
a trajetória de vida (Cullen et al., 2010; Reedtz
que intervenções realizadas exclusivamente
et al., 2011; Rodrigo et al., 2006).
junto a crianças (Stoltz e Deković, 2015). Uma
Há indicativos de que mesmo interven-
grande proporção desses programas para pro-
moção de práticas parentais positivas apresen- ções curtas, com duração de 10 a 15 horas,
ta resultados promissores e tem sido realizada, são capazes de provocar uma série de efeitos
sobretudo, em situações de desenvolvimento benéficos à criança, no que diz respeito às in-
não normativo; isto é, junto a pais cujos filhos terações que ela estabelecerá nos ambientes
apresentam problemas de comportamento ou, intra e extrafamiliar (Reed et al., 2013). Em ge-
ainda, outros diagnósticos clínicos (Gulliford ral, os programas para promoção de práticas
et al., 2015). Desse modo, visam contribuir parentais positivas não envolvem altos custos
para o manejo de situações difíceis de for- ao poder público, sobretudo se comparados
ma mais positiva, prevenir desdobramentos aos gastos financeiros decorrentes das seque-
negativos ao desenvolvimento infantil, bem las em longo prazo associadas às práticas pa-
como favorecer o aumento da autoconfiança rentais negativas, a saber: aumento substan-
e a redução do estresse parental. Entretanto, cial do risco para problemas de saúde mental,
tal como pontuam Foster et al. (2008), essas uso de substâncias, delinquência, fracasso
intervenções estão indisponíveis para muitas acadêmico e vitimização da geração futura
famílias, dado que não são amplamente ofere- (Foster et al., 2008).
cidas por profissionais ou serviços de saúde. Salienta-se, ainda, que o timing (ou o mo-
Assim, tem-se o aumento da probabilidade mento) das práticas parentais positivas é im-
de algumas crianças passarem a desenvolver portante, uma vez que elas são mais efetivas
problemas socioemocionais ou comportamen- quando utilizadas antes da emergência de pro-
tais, os quais poderiam ser evitados por meio blemas socioemocionais ou comportamentais
de intervenções em nível populacional (Reedtz (Akai et al., 2008; Gardner et al., 1999). Nessa
et al., 2011). perspectiva, os desfechos negativos podem ser
Em linhas gerais, desde a década de 1970,
prevenidos se os pais forem hábeis para ante-
quando houve o surgimento das escolas de pais
cipar e agir de maneira proativa, previamente
na Espanha e dos programas de formação para
à emancipação de problemas diagnosticáveis
pais nos Estados Unidos, identifica-se maior
do ponto de vista clínico (Gardner et al., 1999).
ênfase a intervenções destinadas fundamen-
talmente para casos de desenvolvimento não Assim, há redução dos fatores de risco do de-
normativo na infância (Rodrigo e Palacios, senvolvimento, bem como fortalecimento dos
1998). Apenas mais recentemente se constata fatores de proteção e da resiliência individual
a tendência de modificação no foco dessas in- e familiar (Reedtz et al., 2011). Com base nes-
tervenções, no sentido de privilegiar também sa perspectiva, o objetivo do presente estudo é
estratégias preventivas, de modo a oferecer conhecer e analisar as intervenções voltadas a
subsídios para políticas públicas, principal- promover práticas parentais positivas junto a
mente nos setores da saúde e da educação pais de crianças, em situações de desenvolvi-
(Gardner et al., 2010). mento normativo. Em particular, pretende-se
O planejamento de intervenções para examinar as características e os principais re-
promoção de práticas parentais positivas com sultados obtidos por meio da realização dessas
foco universal é relevante, notadamente nos intervenções.

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Método Dois juízes independentes procederam à lei-


tura dos títulos e dos resumos desses artigos,
Trata-se de uma revisão integrativa da li- com a finalidade de remover os estudos não
teratura, modalidade de estudo que sumariza concernentes ao objetivo proposto. Assim, os
intervenções já realizadas sobre um determi- motivos de exclusão elencados pelos juízes de-
nado tópico e apresenta as conclusões obtidas, ram origem às seguintes categorias: (i) inter-
de modo a oferecer evidências científicas para venções em situações de desenvolvimento não
a prática profissional e a favorecer o desenvol- normativo, envolvendo, por exemplo, famílias
vimento de pesquisas futuras (Beyea e Nicoll, de crianças diagnosticadas com transtornos ou
1998). A presente revisão compreendeu as se- problemas de saúde, como déficit de atenção
guintes etapas: (i) levantamento das bibliogra- com hiperatividade, transtorno de conduta,
fias em base de dados, através de descritores obsessivo-compulsivo ou desafiador de opo-
preestabelecidos; (ii) leitura dos títulos e dos sição, autismo, doenças crônicas, bem como
resumos, com posterior seleção dos estudos pais com transtorno mental ou dependentes
diretamente relacionados ao objetivo ora pro- químicos; (ii) intervenções junto a pais com
posto; (iii) recuperação e exame dos artigos filhos adolescentes; (iii) intervenções que não
selecionados, na íntegra; (iv) categorização do abordavam práticas parentais; (iv) relações en-
conteúdo das produções. tre variáveis referentes à parentalidade, mas
O levantamento de dados foi realizado em que não contemplavam especificamente inter-
julho de 2015, a partir das bases PsycINFO, venções para promoção de práticas parentais
SciELO e PePSIC, considerando versões em positivas, tais quais estudos que associavam
língua portuguesa e inglesa de dois descrito- dinâmica familiar e problemas de conduta na
res, a saber, “intervenção e práticas parentais infância, desempenho acadêmico ou uso de
positivas” (“intervention and positive parenting substâncias pelos filhos; (v) revisão de litera-
practices”) e “treinamento e práticas parentais tura, metanálise, revisão de livro e comentário
positivas” (“training and positive parenting prac- a artigo.
tices”). Foram analisados exclusivamente arti- Após esse processo, identificou-se que 12
gos publicados em periódicos científicos inde- artigos atendiam aos critérios de inclusão e es-
xados, entre os anos de 2005 e 2015, em língua tavam diretamente relacionados ao objetivo da
portuguesa ou inglesa. A delimitação de tal revisão integrativa, tendo sido recuperados e
data de publicação se justifica pelas constan- examinados na íntegra. Os procedimentos das
tes mudanças nos sistemas familiar e social, o etapas de obtenção e de avaliação dos documen-
que também acarreta transformações nas prá- tos são ilustrados por meio da Figura 1.
ticas parentais, as quais precisam se adaptar
às demandas contemporâneas (Marin et al., Resultados
2011; Wagner et al., 2005). A opção por artigos
indexados se deveu à intenção de analisar pro- O corpus de análise da presente revisão
duções que passam por processo de avaliação integrativa foi composto por artigos publica-
por pares, com controle de qualidade rigoroso. dos em 12 periódicos científicos, em língua
Ademais, ponderou-se também a maior facili- inglesa. Das produções examinadas, oito são
dade de acesso a esses documentos na íntegra, norte-americanas. Destacaram-se estudos cuja
em comparação a outros tipos de publicação, abordagem dos dados foi quantitativa (n=8),
tais como teses, dissertações, livros ou capítu- seguida por métodos mistos (n=4). Dois es-
los de livro. O acesso às bases de dados SciE- tudos não informaram a média de idade das
LO e PePSIC ocorreu pela Biblioteca Virtual crianças-alvo; nos demais, ela variou entre
em Saúde – Psicologia Brasil, ao passo que o zero e dez anos de vida. Em seis intervenções,
acesso à PsycINFO se deu pelo Portal de Perió- a amostra foi composta por pais de crianças
dicos CAPES/MEC. exclusivamente até o sexto ano de vida; em
Por meio desse processo, obteve-se 246 ar- quatro casos, as intervenções tiveram início
tigos, os quais foram importados para o geren- nos primeiros meses do bebê. Sete estudos
ciador de referências Zotero. Após, realizou-se enfatizaram a promoção de práticas parentais
a retirada de 67 trabalhos duplicados (isto é, positivas em famílias caracterizadas por status
disponibilizados em mais de uma base de da- socioeconômico predominantemente baixo.
dos ou obtidos tanto por meio da combinação Ademais, em todas as intervenções, os parti-
dos descritores em língua portuguesa quanto cipantes foram preponderantemente mães,
inglesa), restando o total de 179 referências. mesmo naquelas endereçadas também ao pai

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246 estudos identificados


Identificação
PsycINFO (n=241); SciELO (n=4); PePSIC (n=1)

67 duplicados e removidos
(i) Intervenções em
desenvolvimento não
normativo (n=57);
179 resumos lidos (ii) Intervenções com pais de
Triagem

adolescentes (n=13);
(iii) Intervenções que
não abordavam práticas
166 estudos removidos pelos critérios de exclusão
parentais (n=12);
(iv) Não se referiam a
intervenções (n=49);
13 estudos selecionados para leitura integral (v) Revisões de literatura
Elegibilidade

(n=24); metanálises (n=7);


revisões de livro (n=3);
comentário (n=1).
1 removido (texto completo em norueguês)
Inclusão

12 estudos incluídos na análise

Figura 1. Percurso metodológico de seleção dos artigos.


Figure 1. Methodological approach for the selection of articles.

(Gulliford et al., 2015; To et al., 2014; Bauer et al., que a captação de participantes foi realizada
2014; Reedtz et al., 2011; Cullen et al., 2010; Far- em diferentes contextos, tais como instituições
ber, 2009; Sommers-Flanagan, 2007). A Tabela 1 de educação infantil, escolas de idiomas, cen-
apresenta autores, ano de publicação, país tros de assistência social e serviços de atenção
onde foi realizada a intervenção, objetivos e à saúde da criança. Essas intervenções foram
delineamento do estudo, bem como perfil dos classificadas em três grandes modalidades:
participantes. grupos com pais (n=6) (Gulliford et al., 2015;
A partir da análise inicial dos artigos iden- Kim et al., 2008; Reed et al., 2013; Reedtz et al.,
tificados, foram definidos dois eixos temáti- 2011; Rodrigo et al., 2006; To et al., 2014); visi-
cos: características das intervenções para promoção tas domiciliares (n=4) (Akai et al., 2008; Cullen
de práticas parentais positivas e resultados obtidos et al., 2010; Farber, 2009; Smith et al., 2005); e
nas intervenções. Apresenta-se, a seguir, cada atendimento exclusivo à família em serviço de
um desses eixos. saúde (n=2) (Bauer et al., 2012; Sommers-Fla-
nagan, 2007). A análise dos estudos permitiu
Características das intervenções identificar que cada intervenção se pautou em
para promoção de práticas parentais diferentes técnicas, as quais são apresentadas
positivas na Tabela 2.
Quanto à modalidade grupos com pais,
Por se tratarem de intervenções com foco identificou-se que dois programas bem esta-
universal, ou seja, dirigidas para população ge- belecidos em diferentes países pautaram três
ral, e não para amostras clínicas, identificou-se intervenções, a saber: o Incredible Years foi a

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Tabela 1. Características dos artigos analisados.


Table 1. Characteristics of the analyzed articles.

Idade da
Autores Status socio-
País Objetivo Delineamento criança Participantes
(ano) econômico
(anos)
Gulliford Austrália Determinar se a Pré/pós- 3a4 Mãe (n=11) e Não informado
et al. participação no teste, quanti- pai (n=3)
(2015) programa Families qualitativo
Coping produz
mudanças no
enfrentamento e
no bem-estar de
pais e filhos, com
base na perspectiva
contemporânea de
parentalidade positiva.
To et al. China Demonstrar o impacto Pré/pós-teste 2a6 Mãe (n=11) e Maioria com
(2014) de um programa e follow-up pai (n=9) ensino superior
de intervenção com após seis ou pós-graduação
base na abordagem meses, quanti- (80%) e emprego
narrativa sobre o qualitativo em tempo integral
desenvolvimento da (85%)
identidade parental e a
melhoria da qualidade
das interações pais-
criança.
Reed et al. Estados Avaliar, em uma Grupo 6 a 10 Mãe (n=238) Maioria recebendo
(2013) Unidos amostra composta por intervenção e assistência pública
mães recentemente controle, com (67%), com ensino
separadas, o designação médio (76%),
sequenciamento aleatória, pré/ divórcio recente e
e a duração das pós-teste e sem coabitar com
mudanças nas práticas follow-up (6, novo companheiro
parentais durante o 12, 18 e 30 (100%)
período de 30 meses, meses após),
em contraste com quantitativo
trajetórias naturais
de práticas parentais,
após a realização do
Parent Management
Training.
Bauer et al. Estados Testar a viabilidade Intervenção 4a7 Mãe (n=90), Aproximadamente
(2012) Unidos e a aceitabilidade de e follow-up avó (n=5), metade da amostra
livros infantis com após um pai (n=2) e com escolaridade
conteúdos atinentes mês, quanti- outros (n=3) até ensino médio
a práticas parentais qualitativo (47%), maioria
em famílias que de etnia afro-
frequentam clínicas americana (66%) e
pediátricas, e avaliar mãe solteira (66%)
se os livros afetam o
relato dos cuidadores
sobre suas interações
com as crianças após a
intervenção.

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Intervenções para promoção de práticas parentais positivas: uma revisão integrativa

Idade da
Autores Status socio-
País Objetivo Delineamento criança Participantes
(ano) econômico
(anos)
Reedtz et Noruega Avaliar se um Grupo 2a8 Mãe e pai Maioria com nível
al. (2011) treinamento parental intervenção e (n=112) superior (78%),
de curto prazo controle, com Mãe (n=74) emprego em tempo
baseado no Incredible designação Pai (n=3) integral (61%) e
Years Parenting aleatória, pré/ família biparental
Program reduz fatores pós-teste (80%)
de risco relacionados e follow-up
ao desenvolvimento após um ano,
socioemocional quantitativo
e a problemas de
comportamento na
infância, em uma
amostra comunitária
não-clínica.

Cullen et Estados Investigar os efeitos Pré/pós-teste, 0a5 Mãe (n=55) Famílias com baixa
al. (2010) Unidos de um programa de quantitativo e outros renda, maioria dos
visitas domiciliares familiares pais adolescente
para promover (n=9) de 55 (73%), sem exercer
parentalidade positiva, famílias atividade laboral
melhorar saúde e (56%), predomínio
desenvolvimento de mãe solteira
infantil, bem como (91%)
prevenir maus-tratos.

Farber Estados Apresentar um Grupo 0 a 1,5 Famílias Famílias com baixa


(2009) Unidos projeto de intervenção intervenção e (n=50) renda, imigrantes
preventiva, por meio controle não (70%) ou de etnia
de aconselhamento equivalentes, afro-americana
parental, durante os pré/pós-teste, (30%), em que mãe
primeiros 18 meses de quantitativo (60%) e pai (86%)
vida da criança, junto não completaram o
a famílias latinas ou ensino médio
afro-americanas.

Akai et al. Estados Avaliar a efetividade Grupo 0a1 Mãe (n=48) Famílias com
(2008) Unidos de uma intervenção intervenção e baixa renda e
delineada para controle com baixa escolaridade
melhorar a designação materna, sendo
parentalidade aleatória, pré/ que a maioria das
precocemente; pós-teste, participantes não
em particular, quantitativo exercia atividade
buscou-se favorecer laboral (73%)
a compreensão
das necessidades
emocionais da
criança e promover
a responsividade
materna.

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Beatriz Schmidt, Ana Cristina Pontello Staudt, Adriana Wagner

Idade da
Autores Status socio-
País Objetivo Delineamento criança Participantes
(ano) econômico
(anos)
Kim et al. Estados Testar a eficácia Grupo 3a8 Mãe (n=29) Mulheres coreanas
(2008) Unidos do Incredible Years intervenção e vivendo nos
Parenting Program controle com Estados Unidos,
sobre as práticas designação em família
parentais de mães aleatória, pré/ biparental, com
coreano-americanas, pós-teste nível educacional
as quais são e follow-up médio
tradicionalmente após um ano,
caracterizadas por quantitativo
disciplina severa e
pouca expressão de
afeto.
Sommers- Estados Avaliar a eficácia de Pré/pós- Não Mãe (n=26) e Maioria com nível
Flanagan Unidos uma intervenção breve teste, quanti- informada pai (n=7) de renda médio
(2007) junto a pais, realizada qualitativo (78%)
durante consulta
em serviço de base
comunitária.
Rodrigo et Espanha Descrever os Grupo Não Mãe (n=340) Maioria sem
al. (2006) resultados do intervenção e informada emprego (75%),
programa Apoyo controle com sem apoio
Personal y Familiar pré/pós-teste, econômico (58,2%),
no aumento da quantitativo com nível primário
competência parental, de educação
a fim de melhorar (74,8%)
a relação pais-
criança e prevenir a
inserção em cuidados
substitutivos.
Smith et Estados Avaliar a influência Grupo 0a1 Mãe (n=264) Baixa renda (100%)
al. (2005) Unidos de recursos internos intervenção e
e externos das mães controle com
sobre uma intervenção designação
parental destinada aleatória, pré/
a facilitar interações pós-teste e
mais responsivas com follow-up após
os filhos. três meses,
quantitativo

base dos estudos de Reedtz et al. (2011) e de visto que foi pioneiramente aplicada pelos
Kim et al. (2008), enquanto o Parent Manage- pesquisadores.
ment Training foi a base do estudo de Reed et As intervenções relativas ao Incredible
al. (2013). Além disso, Gulliford et al. (2015) Years se caracterizaram por delineamento ex-
se pautaram no Families Coping (previamente perimental, sessões semanais em grupo, com
denominado Parents Can Do Coping), estabele- média de duas horas de duração, e as seguin-
cido na Austrália, ao passo que Rodrigo et al. tes técnicas para promoção de práticas paren-
(2006) se pautaram no Apoyo Personal y Fami- tais positivas: vinhetas de vídeos, discussões
liar, estabelecido na Espanha. A intervenção de em grupo, role playing e tarefas de casa. Em
To et al. (2014), por outro lado, não se inseriu particular, o estudo de Kim et al. (2008) foi
em nenhum outro programa pré-estabelecido, realizado junto a uma amostra comunitária

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Intervenções para promoção de práticas parentais positivas: uma revisão integrativa

Tabela 2. Principais técnicas para promoção de práticas parentais positivas.


Table 2. Main techniques for promoting positive parenting practices.

Modalidades Técnicas utilizadas


- Treinamento instrucional realizado por facilitador/coordenador
- Role playing (dramatizações)
- Vinhetas de vídeos
Grupos com pais - Discussões entre participantes
- Disponibilização de literatura
- Tarefas para casa
- Telefonemas no período de tempo compreendido entre as sessões
- Suporte emocional ao participante
- Aconselhamento
- Vinhetas de vídeos
- Treinamento de massagem afetiva para bebês
- Estímulo à vinculação com a rede de apoio social e institucional
Visitas
- Oferta de livros e brinquedos para interação com a criança
domiciliares
- Disponibilização de calendário com informações sobre o
desenvolvimento
- Entrega de cartões que descreviam comportamentos parentais
adequados
- Telefonemas no período de tempo compreendido entre as visitas
- Suporte emocional ao participante
Atendimento
- Aconselhamento
exclusivo à
- Oferta de instruções com base nas particularidades da família atendida
família em
- Leitura e disponibilização de livros infantis com conteúdos atinentes a
serviço de saúde
práticas parentais positivas, para que pais e filhos, juntos, pudessem lê-los

de mães coreano-americanas durante o pe- os pais a falarem sobre coping com seus fi-
ríodo de 12 semanas. Por outro lado, Reedtz lhos.
et al. (2011) aplicaram a versão de curto prazo Rodrigo et al. (2006) também considera-
do programa, com seis semanas de duração, ram coping familiar, habilidades de comu-
no contexto da atenção primária à saúde. nicação e de manejo dos comportamentos
Com base no Parent Management Training, infantis. A intervenção grupal foi realizada
o estudo de Reed et al. (2013) contou com a em centros comunitários, por oito meses.
participação de mães recentemente separa- As técnicas consistiram na apresentação de
das, considerando os fatores de risco asso- vinhetas sobre práticas parentais e, poste-
ciados aos múltiplos desafios das transições riormente, trocas verbais para promover re-
pós-divórcio. A intervenção foi composta flexões sob a perspectiva do outro e sob a pró-
por 14 sessões semanais, com treinamento pria perspectiva. Igualmente, To et al. (2014)
instrucional e role playing. Além desses en- ofereceram aos pais a possibilidade de nar-
contros, as participantes recebiam telefone- rar suas histórias e ouvir histórias narradas
mas para incentivar a aplicação das práticas por outros pais, para promover reflexões ao
parentais que estavam sendo aprendidas, grupo. Essa intervenção, realizada por meio
relacionadas com disciplina efetiva, moni- de três encontros em semanas consecutivas,
toramento, resolução de problemas e envol- com cinco horas de duração cada, convida-
vimento positivo. As mesmas técnicas de va os participantes a retomar experiências
treinamento instrucional e role playing, em da própria infância (por exemplo, rever fo-
adição à leitura de material didático, compu- tos e revisitar o local onde nasceram), ana-
seram a proposta de Gulliford et al. (2015), lisar como essas experiências refletiam nas
baseada no programa Families Coping. Esses suas vidas contemporaneamente e criar no-
autores realizaram cinco sessões quinzenais, vos significados a respeito delas, no sentido
com duas horas de duração cada, para abor- de (re)orientar práticas parentais presentes
dar práticas parentais positivas e estimular e futuras.

10 Contextos Clínicos, vol. 9, n. 1, Janeiro-Junho 2016


Beatriz Schmidt, Ana Cristina Pontello Staudt, Adriana Wagner

No que diz respeito às intervenções na mo- os comportamentos previamente aprendidos.


dalidade de visitas domiciliares, constatou-se Assim, o visitador avaliava os conhecimen-
que todas foram dirigidas a famílias com sta- tos e as habilidades da participante. Na inter-
tus socioeconômico predominantemente bai- venção de Smith et al. (2005), que se baseou
xo, junto a pais de bebês (ou seja, com início em visitas domiciliares no período de dez
bastante precoce). Em dois estudos, especifi- semanas, destacaram-se, ainda, as seguintes
camente, as vistas domiciliares passaram a ser técnicas: discussão de vídeos com interações
realizadas no pré-natal ou logo após o parto, mães-bebê; e uso de cartões com definição de
e continuaram ocorrendo até o segundo ano comportamentos atinentes a práticas parentais
de vida – no caso da intervenção descrita por positivas e sua importância, com a sugestão de
Farber (2009) –, ou até o quinto ano de vida que fossem apresentados na interação com a
–, no caso da intervenção descrita por Cullen criança.
et al. (2010). No que se refere à modalidade de aten-
Na intervenção de Farber (2009), as visi- dimento exclusivo à família em serviço de
tas domiciliares eram efetuadas em períodos saúde, nos dois casos, o contato presencial
que atendessem às necessidades dos pais, com os pais ocorreu em encontro único. A in-
com telefonemas frequentes entre os encon- tervenção realizada por Sommers-Flanagan
tros presenciais. As técnicas utilizadas foram (2007), especificamente, incluiu as seguintes
suporte emocional, aconselhamento e orien- fases: explicar aos pais as características e os
tações sobre a possibilidade de obtenção de objetivos da consulta; escutar suas preocupa-
recursos materiais nos dispositivos institucio- ções e oferecer apoio; identificar o problema
nais. Utilizou-se, ainda, livros, brinquedos e e explorar como ele era experienciado pelos
calendários para ampliar recursos familiares pais; modelar atitudes parentais eficazes, tais
e sensibilidade na interação pais-criança. Os como empatia; oferecer aconselhamento so-
calendários descreviam atividades guiadas bre manejo e comunicação familiar; e elabo-
para promover o desenvolvimento infantil rar um plano de ação e fechar a sessão. Ao
(incluindo imunização) e continham espa- final, entregava-se cópia das recomendações
ço para anotar telefone de profissionais ou profissionais.
serviços da comunidade. Igualmente, com o Por outro lado, a intervenção de Bauer
intuito de fortalecer as relações intra e extra- et al. (2012) foi realizada por meio da leitu-
familiares, tem-se a intervenção de Cullen et ra de livros infantis, em sala de espera de
al. (2010). A natureza de longa duração des- clínicas pediátricas, onde a criança e o seu
se programa buscou favorecer o desenvolvi- cuidador aguardavam pela consulta de ro-
mento de um forte vínculo de confiança entre tina. Esses livros consistiam em um conjun-
visitador e cuidador, na expectativa de que to de três títulos que apresentavam desafios
esse modelo de relação contribuiria para o es- comportamentais comuns, de forma narrati-
tabelecimento de relações mais funcionais na va e ilustrada, com técnicas bem-sucedidas
família. Nas visitas, realizava-se apoio emo- de negociação entre pais e filhos. Os tópicos
cional, com vistas a favorecer responsividade incluíam rotina ao acordar, brincar e dormir.
e sensibilidade nas relações de cuidado, bem Inicialmente, o pesquisador lia o livro em voz
como reduzir estresse parental. alta, para modelar sua utilização com a crian-
A intervenção descrita por Akai et al. (2008) ça, assim como fornecer ao cuidador com
também buscou promover sensibilidade na menor literacia a chance de ouvir a história.
relação mãe-bebê, por meio de visitas domi- Após, perguntava ao cuidador se ele teria a
ciliares por período de 12 a 14 semanas. Os intenção de modificar a forma de interação
participantes realizaram treinamentos de res- com seu filho, com base no conteúdo aborda-
ponsividade, de conhecimentos sobre o desen- do, e oferecia o livro para que pudesse ser (re)
volvimento infantil e de toque afetivo (isto é, lido em casa.
uma adaptação da massagem infantil). Nesse
processo, utilizaram-se também vídeos com Resultados obtidos nas intervenções
interações pais-bebê e literatura parental. Em
duas visitas, especificamente, solicitou-se que De maneira geral, as intervenções apresen-
a mãe convidasse um cuidador alternativo a taram resultados satisfatórios nas propostas
participar. O mesmo ocorreu no estudo de de promoção de práticas parentais positivas.
Smith et al. (2005), de modo que, nessas ses- Entretanto, tal como expresso na Tabela 1, os
sões, a mãe ensinava ao cuidador alternativo estudos examinados se caracterizaram por

Contextos Clínicos, vol. 9, n. 1, Janeiro-Junho 2016 11


Intervenções para promoção de práticas parentais positivas: uma revisão integrativa

diferentes objetivos, perfis de participantes, municação, nas habilidades de resolução de


modalidades e técnicas utilizadas e instru- problemas e nas relações pais-criança após a
mentos aplicados, bem como formas de trata- participação nos grupos. Também o estudo de
mento dos dados, o que dificulta uma análise Rodrigo et al. (2006) sugere os efeitos favorá-
comparativa dos seus resultados. Onze estu- veis da intervenção grupal, uma vez que as
dos utilizaram pré e pós-teste; apenas em um mães participantes referiram maior senso de
caso (Bauer et al., 2012) realizou-se exclusiva- competência e confiança em seus recursos para
mente intervenção e follow-up. Ademais, qua- lidar com situações desafiadoras, bem como
tro estudos adotaram medidas de pré e pós- uso de explicações para disciplinar a criança,
-teste, associadas a follow-up, com designação o que favorece a compreensão das normas e a
aleatória dos participantes em grupo controle autonomia infantil.
ou intervenção (Kim et al., 2008; Reed et al., Tanto Rodrigo et al. (2006) quanto Akai et al.
2013; Reedtz et al., 2011; Smith et al., 2005). (2008) e Farber (2009) obtiveram medidas no
No que tange às intervenções grupais, os pré e no pós-teste, junto a grupos de inter-
resultados obtidos por Reed et al. (2013), por venção e controle. Akai et al. (2008), especifi-
exemplo, sugerem que os efeitos se susten- camente, evidenciaram como efeito das visi-
taram em longo prazo, de forma a alterar a tas domiciliares um significativo declínio das
trajetória natural de prejuízos das práticas pa- tendências controladoras das mães na relação
rentais no pós-divórcio. Com início no sexto com os filhos, à medida que as participantes
mês e continuação até o trigésimo mês após demonstraram comportamentos menos in-
a conclusão, identificou-se que a participação trusivos e rígidos, além de maior utilização
no programa limitou os impactos negativos na de estratégias de controle flexível. Na mes-
disciplina e na monitoria positiva, bem como ma modalidade de intervenção, Farber (2009)
gerou melhorias cumulativas nas habilida- constatou mudanças significativas no que se
des de resolução de conflitos e na expressão refere à responsividade e à sensibilidade às
de afeto nas relações mãe-criança (Reed et al., necessidades desenvolvimentais da criança,
2013). Similarmente, o grupo de mães que além de aumento dos recursos e da resiliência
participou da intervenção de Kim et al. (2008) familiar. As mães que participaram da inter-
utilizou significativamente mais disciplina po- venção por meio de visitas realizada por Smith
sitiva, tanto imediatamente após o programa et al. (2005) também tiveram ganhos no seu
quanto um ano depois da intervenção. O mes- contingente de comportamentos responsivos,
mo ocorreu no estudo de Reedtz et al. (2011), os quais se mantiveram no follow up após três
com a versão de curto prazo do Incredible Years, meses, independentemente do nível de raiva
em que o efeito de fortalecimento das práticas ou hostilidade reportado por elas, enquanto
parentais positivas, identificado no pós-teste, as mães do grupo controle mostraram declínio
manteve-se em um ano. desses comportamentos tendo, inclusive, seus
Devido à natureza exploratória e à dificul- níveis de raiva e hostilidade aumentados. Da
dade de conduzir um estudo randomizado em mesma forma, os participantes que comple-
um programa pioneiro, To et al. (2014) exami- taram o programa de longo prazo de visitas
naram os efeitos de sua intervenção em grupo domiciliares descrito por Cullen et al. (2010)
com pré e pós-teste, além de follow-up. Eviden- demostraram mudanças positivas nas suas
ciaram-se impactos significativos na melhoria práticas parentais.
da satisfação parental, da eficácia parental e Também os resultados obtidos no pós-tes-
das relações pais-criança. Esses resultados fo- te do estudo de Sommers-Flanagan (2007),
ram obtidos no pós-teste e no follow-up, o que em que a intervenção ocorreu por meio de
sugere que os efeitos se mantiveram por pelo uma única consulta com profissional de saú-
menos seis meses. Ademais, constatou-se que de mental, sugeriram efeitos significativos
a intervenção auxiliou os participantes a forta- no aumento do senso de competência e na
lecer a identidade parental e a conectividade redução do estresse parental. Tal como Som-
na relação pais-criança, bem como a identificar mers-Flanagan (2007), a intervenção descrita
a influência das suas histórias de vida nas prá- por Bauer et al. (2012) se deu por meio de um
ticas parentais adotadas e no desenvolvimento único contato presencial entre o pesquisador
infantil, o que parece ter sido fomentado pelas e os participantes. Identificou-se boa aceita-
reflexões em grupo (To et al., 2014). ção da proposta de leitura de livros infantis
Na proposta de Gulliford et al. (2015), os em consultórios de pediatria. Após um mês
pais relataram melhoria na qualidade da co- (follow-up), a maioria dos participantes rela-

12 Contextos Clínicos, vol. 9, n. 1, Janeiro-Junho 2016


Beatriz Schmidt, Ana Cristina Pontello Staudt, Adriana Wagner

tou modificações positivas nas suas interações durante os anos iniciais da infância, por se
cotidianas com a criança, sobretudo no que diz tratar de período crucial para o desenvolvi-
respeito às habilidades comunicacionais e ao mento humano, em que é possível promover
uso de estratégias mais construtivas no proces- saúde e prevenir a emergência de sintomas
so de resolução de conflitos (Bauer et al., 2012). desadaptativos, o que se associa a benefícios
Vale indicar que nem todos os resultados em longo prazo (Akai et al., 2008; Cullen et
obtidos nas intervenções foram positivos. Nes- al., 2010; Farber, 2009; Gulliford et al., 2015).
se sentido, Akai et al. (2008) constataram bai- Conforme Gardner et al. (1999), o timing das
xo impacto na expressão emocional das mães práticas parentais é fundamental e, portanto,
em termos de afeto positivo e calor materno. deve ser levado em consideração na atuação
No atinente a esses aspectos, os autores hipo- profissional e na formulação de políticas pú-
tetizaram que alterar a expressão emocional blicas. Isso porque as práticas parentais po-
exigiria práticas mais voltadas à modulação sitivas são particularmente efetivas quando
do afeto, o que não era o foco da intervenção adotadas precocemente no desenvolvimento
(Akai et al., 2008). Da mesma forma, no estu- infantil; se aplicadas em reação a problemas
do de Reedtz et al. (2011), o aumento no senso já estabelecidos, sua efetividade é diminuída
de eficácia parental esteve presente ao final (Akai et al., 2008; Gardner et al., 1999). Assim,
da intervenção, mas não permaneceu no follo- destaca-se a relevância de intervenções com
w-up. Isso pode ser resultado do fato de que foco universal, dirigidas à população geral, e
apenas um pequeno número de crianças obte- não somente a amostras clínicas (Metzler et
ve pontuações próximas à linha de corte para al., 2014; Reedtz et al., 2011), tal como as pro-
amostra clínica do instrumento que avaliava postas que compuseram o corpus de análise
problemas de comportamento em crianças, as do presente estudo.
quais teriam maior potencial de evolução ao Ainda com relação às características da po-
longo da experiência. Assim, por estar a maior pulação, verificou-se que, em todas as inter-
parte das crianças dentro da média, não se es- venções, os participantes foram preponderan-
perava maiores alterações no senso de eficácia te ou exclusivamente as mães. Esse resultado
parental e no comportamento das crianças é semelhante ao obtido por Knerr et al. (2013),
como resultado do treinamento dos pais. As em revisão sistemática que investigou a efeti-
mudanças duradouras na parentalidade po- vidade de intervenções para melhorar compe-
dem, assim, ser explicadas pela experiência de tências parentais e reduzir abusos: das 12 pro-
ser mãe/pai (por exemplo, satisfação e eficácia duções examinadas por esses autores, em 10,
parental), mais do que por mudanças no com- participaram somente mulheres. Essa tendên-
portamento da criança. cia é observada, ainda, em estudos empíricos
Na intervenção de Gulliford et al. (2015), que avaliam aspectos do desenvolvimento in-
ainda que os pais tenham relatado perceber fantil, como traços de temperamento, uma vez
maior uso de estratégias de coping produtivas que comumente os instrumentos de medida
pelas crianças e aumento no bem-estar no que são aplicados unicamente à mãe, em detrimen-
se refere à relação entre pais e filhos, tais as- to ao pai (Schmidt et al., 2011). Tal fato sugere
pectos não mostraram diferenças estatistica- que, embora haja uma demanda contemporâ-
mente significativas. O momento de realização nea de maior envolvimento paterno em dife-
da avaliação pode ter resultado em um lapso rentes aspectos da vida dos filhos, principal-
de tempo insuficiente para a evolução nas ha- mente em países ocidentais, a figura materna
bilidades de coping dos pais, a fim de que essas continua a exercer esse papel de forma mais
fossem capazes de promover mudanças nas efetiva (Marin et al., 2011; Staudt e Wagner,
estratégias de coping e no bem-estar infantil. 2011). Assim, evidencia-se a necessidade de
estratégias que favoreçam a participação dos
Discussão homens nas intervenções parentais (Akai et al.,
2008), dada a importância do pai no desenvol-
Dos estudos cuja média de idade das crian- vimento infantil, bem como as evidências de
ças-alvo foi informada, identificou-se que, melhores resultados nas práticas parentais po-
em seis casos, participaram pais com filhos sitivas em propostas implementadas a mãe e
até o sexto ano de vida, sendo que, em qua- pai conjuntamente (Morrill et al., 2016).
tro dessas situações, a intervenção ocorreu já Outrossim, a maioria das famílias que
nos primeiros meses do bebê. Essas propostas compôs a amostra dos estudos analisados se
consideram importante atender às famílias caracterizou por status socioeconômico predo-

Contextos Clínicos, vol. 9, n. 1, Janeiro-Junho 2016 13


Intervenções para promoção de práticas parentais positivas: uma revisão integrativa

minantemente baixo. Sobre essa constatação, A respeito das estratégias utilizadas, hou-
é importante considerar que as iniquidades ve predomínio de grupos com pais e visitas
sociais e econômicas se constituem em fator domiciliares, tal como também ocorreu na
de risco ao desenvolvimento, associando-se a revisão de literatura sobre intervenções para
desfechos desadaptativos (Farber, 2009; Mills melhorar competências parentais e reduzir
et al., 2012). Isso não significa, entretanto, que abusos, realizada por Knerr et al. (2013). As
famílias em desvantagem socioeconômica intervenções grupais, notadamente, podem
apresentem menor competência no que tan- oferecer suporte, promover crescimento e
ge a práticas parentais positivas; o que parece mudança. O contexto de grupo favorece
ocorrer é que o contexto de vulnerabilidade conversações, propiciando que aspectos ati-
tende a fragilizá-las. Por outro lado, costu- nentes ao passado, ao presente e ao futuro
ma haver maior facilidade de acesso, pelos sejam reorganizados e ressignificados, me-
pesquisadores, a famílias referenciadas em diante reflexões realizadas pelos membros
dispositivos comunitários. Assim, entende-se (To et al., 2014). Assim, é importante promo-
que tal fator também pode se relacionar com ver a expressão de ideias e de percepções,
a identificação, em maior quantidade, de in- bem como a troca de informações entre par-
tervenções junto a populações de baixa renda. ticipantes, o que propicia a aprendizagem
Não obstante, conforme Rodrigo et al. (2006), a no grupo (Rodrigo et al., 2006). Essas trocas
ênfase a famílias em situação de vulnerabilida- podem fazer com que os pais se sintam mais
de é importante, como uma forma de comba- competentes e confiantes em seus próprios
ter a exclusão social, aumentar a competência recursos ou práticas parentais, benefician-
parental e, assim, promover desfechos mais do-se, ainda, dos conteúdos compartilha-
adaptativos em longo prazo. dos pelos demais membros (Brotman et al.,
Em relação ao contexto nacional, não fo- 2011). Os resultados das intervenções em gru-
ram levantados estudos com o caráter e as es- po são influenciados também pela postura do
pecificações propostas nesta revisão. No en- coordenador/facilitador, o qual deve evitar o
tanto, notadamente no que diz respeito aos papel de expert (Kim et al., 2008; Rodrigo et al.,
desafios enfrentados pela população brasilei- 2006; To et al., 2014).
ra em condição de desvantagem socioeconô- No que se refere às visitas domiciliares,
mica, as experiências relatadas nos estudos constata-se que vêm ganhando popularidade,
analisados são valiosas. Isso porque inter- ao favorecer o engajamento às propostas de
venções que venham a ser desenvolvidas na- atendimento por famílias com dificuldades
cionalmente podem se beneficiar do que já de acesso a determinados serviços (LeCroy e
foi realizado em outros países, evidentemen- Krysik, 2011). Assim, é importante destacar
te, com adaptações às demandas e às cultu- que, na presente revisão integrativa, todos
ras loco-regionais. A necessidade de adequar os estudos que adotaram tal modalidade de
a proposta às especificidades da população intervenção foram dirigidos a famílias com
alvo da intervenção é enfatizada, por exem- status socioeconômico predominantemente
plo, no estudo de Kim et al. (2008), que testou baixo, com início bastante precoce. As visitas
os efeitos da participação de mães coreano- domiciliares tendem a apresentar uma vanta-
-americanas no Incredible Years Parenting Pro- gem em relação aos grupos com pais: como o
gram. Programas amplamente difundidos em profissional vai até a residência da família, é
nível internacional – como o Incredible Years, possível ter contato com a criança, o que favo-
adotado por Kim et al. (2008) e por Reedtz rece a identificação precoce de possíveis atra-
et al. (2011), e o Parent Management Training, sos desenvolvimentais e o encaminhamento
base do estudo de Reed et al. (2013) – são in- a serviços especializados, quando houver
teressantes, na medida em que há estudos necessidade (Farber, 2009). Ademais, o apoio
sobre a sua efetividade junto a populações social percebido com as visitas domiciliares
com características diversificadas, em dife- tende a aumentar a sensação de bem-estar
rentes países, o que permite maior controle parental, o que se associa a práticas parentais
e avaliação de efeitos e de aspectos a serem mais positivas (Akai et al., 2008; Asscher et al.,
melhorados em futuras aplicações (Stattin et 2008; Cullen et al., 2010). Esse procedimento
al., 2015). Por outro lado, a existência de evi- também propicia o conhecimento do contex-
dências na aplicação em outras culturas não to de inserção familiar e, por conseguinte, de
prescinde a necessidade de adaptação loco- elementos da rede de apoio social (Akai et al.,
-regional. 2008; Smith et al., 2005) e institucional (Cullen

14 Contextos Clínicos, vol. 9, n. 1, Janeiro-Junho 2016


Beatriz Schmidt, Ana Cristina Pontello Staudt, Adriana Wagner

et al., 2010; Farber, 2009), de modo a favorecer qualitativa pode oferecer maiores subsídios
a proposição de encaminhamentos adequa- à compreensão dos aspectos subjetivos das
dos às demandas apresentadas (Antunes et relações pais-criança, o que contribui para
al., 2012), o que se relaciona à maior validade a identificação de transformações mais sutis
externa e possibilidade de aplicação à prática decorrentes da intervenção realizada, bem
(Asscher et al., 2008). como de aspectos da história de vida dos
No entanto, as visitas domiciliares são participantes que dificultam ou favorecem as
mais onerosas do ponto de vista financeiro. práticas parentais positivas (To et al., 2014).
Além disso, consistem em uma modalidade
de intervenção que pode demandar acompa- Considerações finais
nhamento em longo prazo às famílias. Nos
estudos ora discutidos, o período de reali- Este estudo analisou intervenções volta-
zação das visitas domiciliares variou de dez das a promover práticas parentais positivas
semanas a cinco anos. Assim, nas situações junto a pais de crianças, em situações de de-
em que os pais são relutantes ao acompanha- senvolvimento normativo. Em particular,
mento em longo prazo, ou mesmo quando examinou as características e os principais
há resistência à participação em grupos, in- resultados obtidos nessas intervenções, as
tervenções mais breves e privativas podem quais visaram auxiliar os pais a atender de
ser uma opção (Sommers-Flanagan, 2007). forma consistente aos desafios com que se
Adicionalmente, o atendimento exclusivo confrontam no exercício da parentalidade,
à família em serviço de saúde, com a dis- de modo a contribuir para o desenvolvimen-
tribuição de livros sobre práticas parentais to das crianças.
positivas, caracteriza-se por custo mais bai- Foi possível constatar uma variedade de
xo em comparação a outras modalidades de propostas, culminando em diferentes formas
intervenção (Bauer et al., 2012). Por outro de promover parentalidade positiva. Efeitos
lado, Sommers-Flanagan (2007) e Bauer et al. favoráveis foram descritos na maior parte dos
(2012) coletaram os dados referentes aos re- objetivos propostos nos estudos examinados,
sultados das intervenções aproximadamente o que sugere a importância e a efetividade
um mês após o único contato presencial com dessas intervenções. Tais achados se mostram
as famílias, o que dificulta a análise da efe- promissores à continuidade e ao aperfeiçoa-
tividade das propostas ao longo do tempo. mento das propostas, assim como encorajado-
Nesse sentido, é importante destacar que di- res ao desenvolvimento de novas estratégias
ferentes estudos sugerem que simplesmente para diferentes populações.
transmitir informações aos pais não parece No que diz respeito às limitações, salien-
ser o suficiente para modificar as práticas ta-se a restrição referente aos descritores
parentais (Akai et al., 2008; Rodrigo et al., preestabelecidos e às bases de dados pesqui-
2006; To et al., 2014), sobretudo quando se sadas. É provável que, por meio da adoção
almeja que as mudanças se sustentem em de outros descritores e da procura por arti-
longo prazo (Morrill et al., 2016). gos em bases de dados adicionais, novos es-
Ainda com relação aos resultados obtidos tudos sejam obtidos, inclusive considerando
nas intervenções, é importante salientar que intervenções desenvolvidas nacionalmente.
em apenas quatro casos foram adotadas me- Adicionalmente, consistiu em uma limitação
didas de pré e pós-teste, com follow-up e de- a exclusão de produções como teses, disser-
signação aleatória dos participantes em gru- tações, livros e capítulos de livro, as quais
po controle ou intervenção, o que se associa a também podem contemplar informações so-
evidências mais robustas sobre os resultados bre a temática.
obtidos e a sua manutenção ao longo do tem- Ressalta-se a importância de pesquisas
po (Stattin et al., 2015). No mesmo sentido, adicionais sobre intervenções para promo-
constatou-se que somente quatro estudos se ção de práticas parentais positivas, forne-
valeram da abordagem metodológica mista. cendo evidências para a atuação profissional
Conforme Gulliford et al. (2015), na avaliação do psicólogo e para a formulação de progra-
dos resultados das intervenções para promo- mas e de políticas públicas destinadas ao
ção de práticas parentais positivas, pouco se contexto brasileiro. Em particular, sugere-se
tem utilizado métodos mistos, uma vez que que se leve em consideração a diversidade
a maior parte dos estudos se vale exclusiva- das configurações familiares, tais como fa-
mente de medidas quantitativas. A avaliação mílias homoparentais, adotivas, ou, ainda,

Contextos Clínicos, vol. 9, n. 1, Janeiro-Junho 2016 15


Intervenções para promoção de práticas parentais positivas: uma revisão integrativa

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