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UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro

IQ - Instituto de Química
Departamento de Química Geral e Inorgânica
Disciplina: Química I

FILOSOFIA, MÉTODO
CIENTÍFICO E MODELOS
ATÔMICOS
DQGI

Prof. Dr. Felipe Vitório Ribeiro


Tópicos De hoje

• A Filosofia Grega e as Primeiras Concepções da Matéria;

• O Método Científico;

• O Modelo Atômico de Dalton;

• A Natureza Elétrica da Matéria;

• A Descoberta de Informação Quantitativa do elétron e o Modelo


Atômico de Thomson;

• A Carga e a Massa do elétron;

• Partículas Positivas;

• Radioatividade;
Filosofia grega O início de tudo.

• Filósofos pré-socráticos

Antecedem Sócrates (470-399 a.C.)


e Platão (428-348 a.C.).

Rompem com pensamentos dos


filósofos gregos materialistas.
Sócrates

Escolas de Filosofia - formular ideias sobre a


estrutura básica da matéria

Escolas de Filosofia - formular ideias sobre a


estrutura básica da matéria

Physis (Φύσις) = Natureza. Então antigamente Platão


filósofos eram considerados físicos.
Filosofia grega O início de tudo.

• Filósofos pré-socráticos

Busca pelo arKhé (ἀρχή) - elemento básico a partir do qual


todas as coisas na natureza seriam constituídas.

Intuição e imaginação
filosóficas.

Método Científico.

Sem verificar seus conceitos acerca da constituição da


matéria empiricamente e cientificamente.
Filosofia grega

• Tales de Mileto

Viveu na Ásia menor


no séc. VII a.C.

Criou uma escola de filosofia que sustentava


que a água seria o arkhé.

Tudo que existe no universo teria a água


como elemento primordial.

Perspectiva naturalística - uma explicação de


fenômenos naturais em termos de outros fenômenos
naturais manifestos
Tales de Mileto
(624-546 a.C.)
Filosofia grega

• Anaximandro

Elemento indefinido e
infinito

Apeiron: Algo que se expressaria diferentemente em termos


qualitativos e quantitativos

Concepção mais abstrata e indefinida acerca


do arkhé.

A fonte última do universo e o ingrediente básico de


todas as coisas é algo que não poderíamos perceber,
o Apeiron.
Anaximandro
(610-546 a.C.)
Filosofia grega

• Anaxímenes de Mileto

Princípio de todas a
coisas: o elemento Ar

Governava e sustentava o universo, condensando-se e evaporando,


aquecendo-se e resfriando-se, adensando-se e rarefazendo-se.

Curiosidade: Vemos até hoje os ecos dessa formulação do


ar como sendo elemento essencial da matéria e da vida
em si quando dizemos a palavra “saúde” para alguém
que acabou de espirrar, pois alguém que espirra coloca
pra fora do corpo este elemento essencial que seria o ar e Anaxímenes de
Mileto
perderia assim parte de sua constituição primordial vital. (570-500 a.C.)
Filosofia grega

• Xenófanes

Terra seria o elemento fundamental da natureza.

Xenófanes Heráclito
• Heráclito (570-460 a.C.) (540-480 a.C.)

Filosofia da eterna transformação dizia que o


elemento essencial ao universo seria o fogo.

• Empédocles
Empédocles
4 elementos (ar, (490-430 a.C.)
terra, fogo e água)

A união destes elementos criaria


um tipo de qualidade, tais como
frio, seco, úmido e quente.
Filosofia grega

• Leucipo e Demócrito

Século V a.C., na chamada Escola de Abdera. Os atomistas!

Tudo seria formado por pequenas partículas indivisíveis,


que eles denominaram de átomos.
Leucipo
(500-440 a.C.)
Só o que existe são os átomos, movendo-se no vácuo. Todo
átomo seria eterno, não podendo ser nem criado nem
destruído.

A Ciência tem como sua origem a Filosofia. Aquilo que


diferencia essas primeiras tentativas filosóficas acerca da
constituição da matéria e a os modelos atômicos que
discutiremos adiante é o chamado Método Científico. Demócrito
(460-370 a.C.)
O Método

• O método Científico

“Existem muitas hipóteses em ciência que estão erradas. Isso é


perfeitamente aceitável, elas são a abertura para achar as que
estão certas.”
Carl Sagan, astrônomo americano
• Séc. V a.C. – XVIII d.C. - No que diz respeito às formulações sobre a
constituição da matéria.

• Século XVI - XVII – Origem da Ciência e do Método Científico.

• Nicolau Copérnico (1473-1543), Galileu Galilei (1564-1542) e Isaac


Newton (1643-1727).
O Método

• O método Científico

• Henri Becquerel (1852-1908) – Radioatividade – K2(UO2)(SO4)2

Acidental,
observação do
novo, pensar
cientificamente.
• Alexander Fleming (1881-1955) – Penicilina
O Método

• O método Científico

• As descobertas científicas são acompanhadas de muitas horas de


trabalho cuidadoso que segue um caminho sistemático na busca de
respostas à questões científicas. Este caminho é chamado método
científico.
Passos que seguimos ao atacarmos logicamente
qualquer problema.

Observação (Experiências ou natureza)


Colher informações = dados (qualitativos ou
quantitativos)
Expressar corretamente os dados (leis).
Hipóteses ou teorias.
A ciência evolui, portanto, através de uma
constante interação de teoria e experiência.
O Método

• O método Científico

Não podemos esquecer que, raramente, se pode


comprovar que uma teoria está correta. Normalmente, o
máximo que pode ocorrer é não se encontrar uma
experiência que a desaprove. Um cientista deve estar
sempre atento para não confundir teoria com fato
experimental. Por muitas vezes, no passado, tomaram-
se teorias errôneas como fatos, retardando-se, com isso,
o progresso da ciência.
Dalton

• O Modelo Atômico de Dalton

• Em 1808 Dalton publicou o livro: Um Novo Sistema de Filosofia


Química.

• Cinco postulados alicerces da primeira teoria atômica da matéria


fundamentada no método científico.

• Conduziu experimentos que embasavam sua teoria a a partir de


dados.

• Os cinco postulados são:


Dalton

• O Modelo Atômico de Dalton

• 1 – A matéria é constituída de átomos indivisíveis.


• 2 - Todos os átomos de um dado elemento químico são idênticos em
massa e em todas as outras propriedades.
Esferas maciças,
• 3 - Diferentes elementos químicosetêm
indivisíveis semdiferentes tipos de átomos:
em particular, seus átomos temou
carga, diferentes
seja massas.
neutro.
• 4 - Os átomos são indestrutíveis e nas reações químicas mantém
Bola de bilhar!
suas identidades.
• 5 - Átomos de elementos químicos combinam-se com átomos de
outros elementos químicos em proporções de números inteiros
pequenos para formar compostos.
Dalton

• O Modelo Atômico de Dalton

• Apesar de ser limitada, sua teoria gerou certa revolução no


desenvolvimento da química, mais precisamente da
Estequiometria;
• Baseados em sua ideia de que os átomos de cada elemento têm uma
massa atômica característica;
• Justificado as relações de massa observadas nas reações químicas;
• Não foi capaz de explicar por que as substâncias reagem de forma
como se observa;
• Ex.: Um átomo de oxigênio era capaz de reagir com um máximo de
dois átomos de hidrogênio, mas ninguém entendia o porquê;
• A imagem simples de um átomo indivisível não era mais suficiente
para explicar todos os fatos.
Elétrica

• A Natureza Elétrica da Matéria


• Em 1834 Michael Faraday (1791-1867) - Uma transformação química
pode ser causada pela passagem de eletricidade através de soluções
aquosas de compostos químicos;
• Experiências demonstraram que a matéria possuía uma natureza
elétrica;
• Em 1874, G.J. Stoney (1826-1911) propôs a existência de partículas
de eletricidade a que chamou elétrons;
• Curiosidade: Elétron vem do Grego ELEKTRON, “âmbar”. Como
esta substância, quando esfregada, produz eletricidade estática bem
discernível, seu nome foi aplicado aos fenômenos elétricos através
do Latim científico ELECTRICUS, “o que lembra o âmbar”.
Elétrica
Quando se aplicava uma alta voltagem em um tubo de vidro,
• A Natureza Elétrica
totalmente da Matéria
vedado, constituído por dois eletrodos em cada
extremidade,
• Final do séculoobservava-se uma corrente
XIX, físicos estudavam elétrica
os tubos deedescarga
o ar dentro
de do
gás.
tubo iluminava-se (letreiros luminosos são versões modernas dos
tubos nas quais o neônio ou outros gases são usados em vez do ar).
Quando o ar era totalmente removido, não havia mais produção de
luz, mas a descarga elétrica continuava. A inserção de sulfeto de
zinco (ZnS) fluorescente no tubo fazia com que este produto
brilhasse do lado que estava voltado para o eletrodo negativo
(catodo), indicando que a descarga elétrica se originava no eletrodo
negativo e fluía para o eletrodo positivo (anodo).

Raios
Catódicos
Elétrica

• A Natureza Elétrica da Matéria


• Características dos raios catódicos.

• 1 - Movimentam-se em linha reta;

• 2 - Delineiam sombras;

• 3 - Podem mover pequenos moinhos colocados em seu caminho,


sugerindo que eles são formados por partículas;

• 4 - Aquecem uma folha metálica entre os eletrodos;

• 5 - Os raios são sempre os mesmos, independente da natureza dos


eletrodos e do gás residual no interior do tubo;

• 6 - Podem ser curvados por um campo eletromagnético numa


direção tal que se deduz serem as partículas carregadas e que a
carga é negativa.
Thomson
Os elétrons produzidos no catodo são acelerados para o anodo
• A Descoberta de Alguns
perfurado. Informação Quantitativa
elétrons do elétron
passam através e o Modelo
do orifício e
Atômico de Thomson
prosseguem seu caminho, chocando-se com a parede do tubo,
recoberta com
• Descoberta substância
quantitativa fosforescente,
sobre o elétron foie produzindo
feita em 1897, um ponto
por Joseph
brilhante.
John ThomsonColocando-se placas, com cargas opostas, acima e abaixo
(1856-1940);
do tubo, o feixe é defletido em direção à placa positiva e choca-se
• Uso
comdea um tubodo
parede detubo.
raiosAcatódicos similares
quantidade aos tubos
de deflexão que de imagem
a partícula
de televisão
sofre para medir
é diretamente a razão entre
proporcional a carga
à sua carga,eisto
a massa
é, uma dopartícula
elétron,
q/m.
com carga negativa grande será atraída para a placa positiva mais
fortemente do que uma com carga pequena.
Thomson

• A Natureza Elétrica da Matéria


• A quantidade de deflexão também será inversamente proporcional
à massa da partícula, porque uma partícula muito pesada, ao passar
entre as placas, será menos afetada pela atração eletrostática do que
uma partícula de massa menor.

• Na Prática, Thomson aplicou um campo magnético de intensidade


conhecida através do tubo e verificou a deflexão do feixe de
elétrons. A partir das intensidades dos campos elétrico e magnético,
Thomson calculou a razão carga-massa do elétron, e/m, igual a -1,76
x 108 coulombs/grama.
Thomson

• A Natureza Elétrica da Matéria

• Após todas as suas observações e descobertas posteriores, Thomson,


em 1904, propôs um novo modelo atômico, conhecido comumente
como “pudim de passas”, em que o átomo seria constituído por
esferas maciças carregadas positivamente, e os elétrons estariam
imersos nestas esferas positivas.
q/m
• A Carga e a Massa do elétron

• A carga do elétron foi determinada por meio de uma experiência em


1908Ospor
elétrons
Robertdos átomosMillikan
Andrews constituintes do ar eram arrancados
(1868-1953).
(ionização) pelo feixe de raios X e uniam-se às gotas de óleo, que
• Uma fina névoa de gotículas de óleo foi aspergida sobre um par de
passavam a ter uma carga negativa. Aplicando-se uma corrente
placas metálicas paralelas. As gotículas passavam através de um
elétrica às placas (superior positiva e inferior negativa), as gotas
orifício na placa superior e o ar entre as placas era irradiado por
tinham suas quedas retardadas. Calculou-se então a quantidade
raios X por um pequeno espaço de tempo.
de carga na gota, sabendo-se a massa da gota e a quantidade de
carga nas placas necessárias para manter a gota suspensa. Após
inúmeros experimentos, Millikan observou que a quantidade de
carga nas gotas era sempre um múltiplo de -1,60 x 10-19
Coulombs, a carga do elétron.
Uma vez medida a carga do elétron, mediu-se a massa, 9,11 x 10-
28 gramas, utilizando-se a relação carga-massa (q/m) obtida por
Thomson.
Positiva

• Partículas Positivas

• As coisas ordinárias que encontramos todo dia são eletricamente


neutras. Portanto, uma vez que os elétrons carregados
negativamente fazem parte de todas as coisas, devem existir,
também em toda matéria, partículas carregadas positivamente. A
pesquisa por estas partículas começou com experiências que
usavam tubos de descarga perfurados, desenhados especialmente
para isto. Quando uma corrente elétrica passava pelo tubo,
observava-se fachos de luz provenientes dos furos na parte de trás
do eletrodo negativo. Estes foram chamados raios canais.
Positiva

• Partículas Positivas

• Durante uma descarga elétrica, os elétrons emitidos do catodo


colidem com os átomos neutros do ar, arrancando-lhes elétrons. Os
átomos, pela perda de elétrons, tornam-se íons (um íon é uma
partícula carregada eletricamente que se forma quando elétrons são
adicionados ou removidos de um átomo ou de molécula neutra)
carregados positivamente, os chamados cátions. Estes íons positivos
são atraídos em direção ao catodo. Embora a maioria deles colidam
com o catodo, alguns passam pelas perfurações e emergem na parte
de trás, onde são observados como os raios canais. Se a parede da
parte de trás do tubo de descarga é coberta com uma substância
fosforescente, também podem ser vistos pontos luminosos onde
estas partículas positivas chocam-se com a parede. Um instrumento
projetado para determinar a razão carga-massa de íons positivos
chama-se Espectrômetro de Massas.
Positiva

• Partículas Positivas

• A medida de carga-massa para partículas revela as seguintes


informações:

• 1 - Os íons positivos sempre tem razões carga-massa, e/m, muito


menores que as dos elétrons. Isto quer dizer que tem massa muito
maior que o elétron (isto é, m é muito grande) ou que possuem
cargas positivas muito pequenas (isto é, q é pequeno). Uma vez que
são formados a partir de átomos neutros pela perda de elétrons, a
carga que transporta é igual à magnitude da carga do elétron ou um
múltiplo inteiro desta. Portanto, a fim de terem uma razão carga-
massa muito menor que a do elétron, suas massas devem ser muito
maiores.
Positiva

• Partículas Positivas

• 2 - Quando o hidrogênio, o mais leve de todos os gases, é colocado


no espectrômetro de massa, a carga-massa encontrada para o íon H+
é 9,63 x 104 C.g-1. Esta é a maior carga-massa observada para
qualquer íon positivo. Assim, considera-se que o íon H+ representa
uma partícula fundamental de carga positiva, o próton. Um átomo
de hidrogênio neutro, portanto, é composto de um elétron e de um
próton. Se compararmos as razões carga-massa do próton e do
elétron, constataremos que o próton é 1836 vezes mais pesado que o
elétron. Assim, quase toda a massa do átomo está associada, de
alguma forma, à sua carga positiva.
Positiva

• Partículas Positivas

• Os átomos que possuem massas maiores do que o hidrogênio


contém mais do que um próton e cada átomo de um elemento em
particular possui o mesmo número deles. O número de prótons
num átomo de um elemento é chamado de Número Atômico do
elemento, simbolizado pela letra Z.
• Em virtude de os íons serem formados, a partir de partículas
neutras, pela adição (formando-se assim os chamados ânions) ou
remoção de elétrons, cada um dos quais adicionando ou retirando
1,60 x 10-19 Coulomb de carga, é conveniente expressar as cargas
destas partículas em unidade desta dimensão. Por exemplo, o
elétron teria uma (1) unidade de carga negativa. Nesta escala, temos,
uma carga de 1-. Duas unidades de carga positiva seriam
representadas por 2+. Comumente, indicamos a carga de um íon
formado de um átomo escrevendo o número de unidades de carga
positiva ou negativa com um índice superior do lado direito do
símbolo químico. Assim, o íon He2+ é formado do átomo de hélio
pela perda de dois elétrons. O íon O2- é formado a partir de oxigênio
pela adição de dois elétrons.
Radioatividade

• Radioatividade

• Os átomos de alguns elementos não são estáveis. Eles emitem,


espontaneamente, radiações de vários tipos. Este fenômeno,
chamado radioatividade, foi descoberto por Henri Becquerel em
1896. As substâncias radioativas emitem 3 tipos importantes de
radiação.
• 1. Radiação alfa, formada de íons He2+, chamados partículas alfa, .
• 2. Radiação beta, que consiste de elétrons, neste caso, chamados
partículas beta, .
• 3. Radiação gama (raios ), altamente energética, consistindo de
ondas de luz penetrantes e semelhantes aos raios X.

• O fenômeno da radioatividade fornece, ainda, mais uma evidência


de que os átomos não são partículas indestrutíveis e que eles contêm
partes ainda mais simples.
Na próxima aula...

• O átomo nuclear: o Modelo Atômico de Rutherford

• O Nêutron; Isótopos, Isóbaros, Isótonos e Isoeletrônicos;

• Radiação Eletromagnética e o Espectro Atômico;

• A Teoria de Bohr do átomo de Hidrogênio;

• A Mecânica Quântica Ondulatória;

• Origem dos Elementos Químicos;

• A Tabela Periódica
Bibliografia

• 1-BRADY, J. E., HUMISTON, G. E. Química Geral. 2a ed. Rio de


Janeiro: Livros técnicos e científicos, 1992.

• 2-RUSSEL, J. B. Química Geral. 2a ed. São Paulo: Makron Books do


Brasil, 1994.

• 3– SHRIVER, D.F.; ATKINS, P.W. Química Inorgânica. Porto Alegre:


Bookman, 3a ed., 2003.

• 4– BROWN, Theodore; LEMAY, H. Eugene; BURSTEN, Bruce E.


Química: a ciência central. 9 ed., 2005.

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