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INTERPRETAÇÃO DA
BÍBLIA
Prof.ª Mariana Venâncio
A exegese católica não procura se diferenciar por um método
científico particular. Ela reconhece que um dos aspectos dos textos
bíblicos é o de ser a obra de autores humanos, que se serviram de suas
próprias capacidades de expressão e meios que a época e o ambiente
deles colocavam-lhes à disposição. Consequentemente, ela utiliza sem
subentendidos todos os métodos e abordagens científicos que
permitem melhor apreender o sentido dos textos no contexto
linguístico, literário, sócio-cultural, religioso e histórico deles,
iluminando-os também pelo estudo de suas fontes e levando em conta
a personalidade de cada autor. Ela contribui ativamente ao
desenvolvimento dos métodos e ao progresso da pesquisa.
85. O encargo de interpretar autenticamente a Palavra de Deus, escrita ou contida na Tradição, foi
confiado só ao Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade é exercida em nome de Jesus Cristo, isto é,
aos bispos em comunhão com o sucessor de Pedro, o bispo de Roma.
86. Todavia, este Magistério não está acima da Palavra de Deus, mas sim ao seu serviço, ensinando
apenas o que foi transmitido, enquanto, por mandato divino e com a assistência do Espírito Santo, a
ouve piamente, a guarda religiosamente e a expõe fielmente, haurindo deste depósito único da fé
tudo quanto propõe à fé como divinamente revelado.
87. Os fiéis, lembrando-se da palavra de Cristo aos Apóstolos: «Quem vos escuta escuta-me a
Mim» (Lc 10, 16), recebem com docilidade os ensinamentos e as diretrizes que os seus pastores lhes
dão, sob diferentes formas.
Este mesmo Concilio ensina que todos os batizados, quando tomam
parte, na fé ao Cristo, da celebração da Eucaristia, reconhecem a
presença do Cristo também em sua palavra, «pois é ele mesmo que
fala quando as Santas Escrituras são lidas na igreja (Sacrosanctum
Concilium, 7). A esta escuta da palavra eles contribuem com o «sentido
da fé (sensus fidei) que caracteriza o Povo (de Deus) inteiro. (...) Graças
a esse sentido da fé que é desperta do e sustentado pelo Espírito de
verdade, o Povo de Deus, sob direção do magistério sagrado, que ele
segue fielmente, recebe, não uma palavra humana, mas
verdadeiramente a Palavra de Deus (...). Assim, todos os membros da
Igreja têm um papel na interpretação das Escrituras.
Contexto
Linguagem Mensagem
histórico
Leitor
(científicos) 1. Métodos histórico-
Autor crítico (MHC)
• Consideram que a linguagem é um meio de acesso
à história. A finalidade da pesquisa bíblica é chegar
à história transmitida pelo texto, portanto.
• Conceito de verdade: o que é demonstrável
Contexto historicamente.
Linguagem Mensagem
histórico
• A crítica das fontes é um exemplo, mas também
temos a crítica da redação e da constituição, por
exemplo.
• LIMITES: Percebidos quando, por exemplo, os
textos bíblicos não oferecem acesso à história dos
fatos, como em Gn 1-3. Então o MHC se torna uma
Leitor
ferramenta, não uma finalidade. Seus resultados
contribuem para que outros métodos ajudem a
avançar na interpretação do texto.
(científicos) 2. Métodos
Autor estruturalistas (MEst)
• A linguagem existe por si mesma, não para
dar acesso a outra coisa.
• Não se interessam pela intenção do autor,
Contexto mas pelas estruturas que fizeram o texto
Linguagem Mensagem
histórico ser como é (como fios que podem ser
tecidos formando peças distintas, mas até
certo limite).
• IMPORTANTE: Para a análise estrutural,
não há um único significado possível na
Leitor interpretação de um texto.
(científicos)
Autor
3. Análise literária
• Para analisar um texto, deve-se levar em
conta a intenção do texto e sua recepção (o
que ele consegue comunicar aos seus
Contexto leitores).
Linguagem Mensagem
histórico • Essas análises são feitas a partir dos
resultados já obtidos pelos métodos
históricos e estruturalistas.
Leitor
Exemplo comparativo: Jo 4,1-42
Método histórico-crítico
1. Leitura: lê-se o texto claramente, pode-se repetir a leitura ou trechos, pode-se também fazer uma
partilha com o objetivo de esclarecer o texto: quais são as personagens? O que está acontecendo? O
que motivou o acontecimento? Qual o desfecho?
2. Meditação: a partir do texto lido, medita-se a mensagem dele para a vida de quem o lê. O que
Deus diz a mim por meio do texto? Em grupos, pode-se fazer também uma partilha.
3. Oração: quem medita transforma em oração a Deus aquilo que meditou. Pode ser agradecimento,
súplica, louvor, adoração, pedidos.
4. Contemplação: é a busca de uma forma de contemplar, na vida, a Palavra meditada. Assim, os que
meditam devem escolher um propósito que tenha a ver com o que foi rezado: uma mudança, uma
atitude, um hábito, a atenção a alguma circunstância...
Exemplo: Dt 8,1-6