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OS ESCRITOS

PAULINOS
Prof.ª Mariana Venâncio
marianaavenancio@gmail.com
A particularidade dos escritos paulinos no
NT
• A literatura Paulina é produzida em meados da época do NT, antes
dos Evangelhos e do Apocalipse. Assim, ela representa o princípio da
organização de um pensamento sobre Jesus.
• O gênero das cartas é discursivo e exortativo, ou seja: Paulo não
pretende narrar a vida de Jesus, mas ensinar sobre o significado de
Jesus e, principalmente, da salvação que Ele oferece.
• Característica importante da Literatura Paulina é que ela é ocasional,
ou seja, motivada por ocasiões específicas enfrentadas pelas
comunidades. Paulo passa por diversas localidades fundando
comunidades e seus escritos são respostas posteriores aos desafios
que as comunidades precisaram enfrentar sozinhas.
A particularidade dos escritos paulinos no
NT
• Há que se perceber, também, que Paulo não se considera perito
o suficiente para falar do Jesus Histórico, porque não o
conheceu. Então ele concentra seu anúncio na figura de Jesus
sob o aspecto da fé.
• As tradições fundamentais que ele aborda: 1Cor 15,1.3-7.
• Na Síria, ele desenvolve uma compreensão que já havia nascido
lá: Jesus é Senhor precisamente por conta daquilo que o Pai fez
por seu intermédio: Rm 10,9.
O percurso da Igreja nascente:
Hebreus
(língua aramaica)

Comunidade de Jerusalém
Perseguidos, fugiram para
regiões helenizadas da Síria.
Helenistas
(língua grega)
Em Antioquia é que
passaram a ser chamados de
cristãos. Paulo uniu-se a
eles.
Paulo: estruturador de uma nova fé
• A questão a respeito da acolhida dos novos cristãos que vinham do
paganismo será importante, portanto, no início do ministério de
Paulo. Ele toma a iniciativa de acolher e pensar sobre a conduta
dessa parcela da Igreja primitiva e une-se aos Apóstolos em sua
defesa. Exemplo da controvérsia é o Concílio de Jerusalém (At 15).
• Os problemas estavam ao redor dos sinais da identidade judaica:
circuncisão, alimentação, local de culto. Aos poucos, a comunidade
primitiva vai entendendo que o Cristianismo precisará se
reorganizar de maneira independente do Judaísmo, principalmente
com um ritual e uma liturgia. Se os pagãos vão abandonar seus ritos
e não podem frequentar o Templo, precisam encontrar uma
alternativa. .
Paulo: estruturador de uma nova fé

• Assim, o Batismo torna-se, finalmente, o rito de admissão, substituindo a


circuncisão;
• A Eucaristia torna-se o rito cotidiano, de integração, substituindo as
refeições sacrificais.
• “O acordo conseguido no Concílio dos Apóstolos foi, posteriormente, posto
em questão por uma corrente judeu-cristã radical que pretendia
reintroduzir nas comunidades missionárias paulinas a circuncisão e as
regras alimentares para todos os cristãos. No confronto com essa
tendência, Paulo desenvolveu sua teologia. Visto que seus adversários
judeu-cristãos respaldavam-se na Torá, ele devia pôr esta em questão muito
mais profundamente do que o fizera até então” (THEISSEN, 2009, p. 230).
Cronologia do ministério de Paulo
• Ano 36 - Conversão de Saulo de Tarso (Atos 9).
• 46-48 d.C.: Paulo, como enviado da comunidade de Antioquia
ao Concílio dos Apóstolos, consegue que se aprove a renúncia à
circuncisão dos pagãos. Em contrapartida, promete coletar
donativos para Jerusalém.
• Sua primeira viagem tem como ápice a participação no Concílio
de Jerusalém.
Cronologia do ministério de Paulo
• 49 d.C.: na visita de Pedro a Antioquia, ele não consegue fazer
com que seja aprovada a renúncia às normas alimentares. Dá
início a uma missão independente na Ásia Menor e na Grécia.
Entrementes, o Cristianismo é levado a Roma, ocasionando ali
perturbações entre os judeus, perturbações que levam à
expulsão dos “líderes” pelo assim chamado “edito de Cláudio”.
Cronologia do ministério de Paulo
• 49-50 d.C.: Paulo funda comunidades na Galácia. Na Europa,
seu ponto de apoio passa a ser Filipos. A partir daqui ele
missiona Tessalônica. Os cristãos passam a encontrar
dificuldades em toda parte (inclusive em Roma), como
causadores de perturbações. Paulo é obrigado a fugir.
• Ano 50 – A Primeira Epístola aos Tessalonicenses é escrita.
Cronologia do ministério de Paulo
• 50-52 d.C.:Início da segunda viagem missionária de Paulo.
Paulo chega a Corinto e funda ali uma comunidade (At 18). Ali
encontra o casal Áquila e Priscila, expulsos de Roma, e escreve
em 50-51 a 1ª epístola aos Tessalonicenses (1Ts). Ocorrem
perturbações também em Corinto. Mas o Procônsul Galião, na
primavera de 52, rejeita abrir um processo contra Paulo.

• Ano 53 - A Segunda Epístola aos Tessalonicenses é escrita.


Cronologia do ministério de Paulo
• 52-55 d.C.: Paulo transfere para Éfeso o centro de sua atuação
(At 19). De lá ele viaja para Corinto (a “visita intermediária”, de
lamentáveis resultados) e para Jerusalém e Antioquia (At
18,22s). Em Éfeso ele escreve a maioria de suas cartas. Entre
1Cor e 2Cor ocorre uma grave crise: Paulo é preso e conta com a
possibilidade da morte, mas é absolvido. Ao mesmo tempo
ocorre um conflito entre ele e a comunidade de Corinto. Na
prisão, surgem a epístola aos Filipenses e a epístola a Filêmon.
• Anos 54-56 - A Epístola aos Gálatas é escrita.
Cronologia do ministério de Paulo
• Em 54 d.C. se inicia a sua terceira viagem missionária.
• Ano 57 - (Primavera) A Primeira Epístola aos Coríntios é
escrita. (Outono) A Segunda Epístola aos Coríntios é escrita
Cronologia do ministério de Paulo
• 55-56 d.C.: Após a reconciliação, ele visita novamente a comunidade
dos coríntios. Entrementes morre o Imperador Cláudio (54 d.C.); o
caminho para Roma agora está desimpedido. A partir de Roma ele
pretende missionar a Espanha. Como preparativo para esta visita a
Roma e para a missão da Espanha, ele escreve sua carta à comunidade
de Roma. Referindo-se a uma viagem a Jerusalém, ele manifesta na
carta que teme por sua vida. De Corinto, viaja com uma delegação a
Jerusalém, a fim de entregar a coleta. A viagem transforma-se numa
catástrofe, pois Paulo é preso como violador da lei, sendo mantido
pelos romanos na prisão por cerca de dois anos em Cesaréia, e em
seguida, transferido para a capital do Império.
Cronologia do ministério de Paulo
• 58-60 d.C.: última viagem missionária. Como prisioneiro em
Roma, ele pôde atuar na comunidade cristã. Alguns datam a Epístola
aos Filipenses e a Epístola a Filêmon desta prisão romana. Certo é
que em Roma ele sofre o martírio, como sabemos de 1Clem 5,4s.
• Ano 58 - (Primavera) A Epístola aos Romanos é escrita.
• Ano 62 - (Primavera) As Epístolas a Filemon, aos Colossenses e aos
Efésios são escritas. (Outono) A Epístola aos Filipenses é escrita.
• Ano 64 - Primeira Epístola a Timóteo; Epístola a Tito.
• Anos 64-67 - Segundo Epístola a Timóteo
• Ano 67 - O martírio de Paulo.
O ethos cristão para Paulo
• Paulo mesmo julga importante a constatação de que, em Cristo, a
Torá foi cumprida em sentido ético (Rm 13,8-10; Gl 5,14). Ele combate
como difamação a especulação que ele, à moda sofística, ensinaria a
praticar o mal, a fim de que o bem, a graça de Deus, se tornasse mais
potente (cf Rm 3,8). Certamente Paulo não ensinou nada disso. Era
preciso acreditar que Paulo via no mandamento do amor o
cumprimento de toda a Torá. Sua ética é também uma ética da Torá —
obviamente a ética de uma Torá colocada no coração das pessoas pelo
Espírito de Deus, de modo que a nova criatura faz, espontaneamente,
a partir de dentro, aquilo que exteriormente a Torá prescreve
(THEISSEN, 2009, p. 233).
Carta Jesus O Evangelho A comunidade
1 Tessalonicenses: a promessa de Deus e o futuro da Igreja . Em Cristo - tradução 
2 Tessalonicenses: a recompensa de Deus e os adversários . Em Cristo - compensação 
Romanos: o poder de Deus e sua mensagem . Em Cristo - justificação 
1 Coríntios: a sabedoria de Deus e seu ministério . Em Cristo - santificação 
2 Coríntios: o conforto de Deus e os seus ministros . Em Cristo - consolação 
Gálatas: a justiça de Deus e os seus mutiladores . Em Cristo - libertação 
Efésios: as riquezas de Deus e os seus lugares celestes . Em Cristo - exaltação 
Filipenses: o caráter suficiente  e os seus lugares terrestres Em Cristo - regozijo 
Colossenses: a plenitude de Deus e as suas filosofias . Em Cristo - plenitude 
Referências
• Theissen, A religião dos primeiros cristãos.

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