Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CURSO
DE
DEFESA
PESSOAL
ASPECTOS TEÓRICOS DA DISCIPLINA DE DEFESA PESSOAL PROFISSIONAL
TEÓRICOS
1 INTRODUÇÃO
1O autor é 1º Tenente do Quadro de Oficiais da Administração da PMPI, tendo incluído nas fileiras da Corporação em maio
de 1986. Graduou-se em Educação Física pela Escola de Educação Física da PMESP, em 1997, e especializou-se em
Segurança Pública e Inteligência Policial pela UESPI, em 2006. Desde 1989 ministra aulas de Defesa Pessoal Policial para
policiais e vigilantes. É estudioso das técnicas e táticas de Imobilizações Policiais e de Tonfa e Bastão Retrátil. Nas artes
marciais o autor é Faixa Preta 3º Dan de Karatê pela Confederação Brasileira de Karatê Tradicional (CBKT); Faixa Preta 6º
Dan de Taijitsu pela Liga Piauiense de Artes Marciais e de Esporte de Combate – reconhecido pela Confederação
Brasileira de Karatê Budô – CBKB.
2SATO, Edson. BODHIDHARMA E O TEMPLO SHAOLIN. Disponível em: <http://www.karate-do.com.br>. Acesso em:
05/09/2009.
1
de batalhas, quando guerreiros se enfrentavam na proteção de territórios e
propriedades, ou na conquista destas.
Com o advento das armas de fogo, as Artes Marciais passaram a existir para
um propósito totalmente diferente do que fora estabelecido na sua origem. Hoje em
dia, as artes de combate são praticas com base em doutrinas e aspectos filosóficos
adverso da guerra e da matança, pois o inimigo a superar agora é o “EU”, ou seja, o
próprio praticante; o qual agora combate mazelas adquiridas no estressante convívio
social contemporâneo [cuja tecnologia insensível o coloca em constante conflito
entre o ter, querer e o poder], através da arte marcial com a qual se identifica. A
maioria das Artes Marciais modernas é praticada com base nas filosofias budistas e
xintoístas, orientando seus praticantes na busca pelo equilíbrio físico e mental, na
construção de um ser humano melhor para a sociedade.
2
fundamentos e princípios da Defesa Pessoal Policial, ou Profissional como alguns
instrutores costumam nominar, considerando o público-alvo desta disciplina.
3PINTO, Jorge Alberto Alvorcem; VALÉRIO, Sander Moreira. Defesa Pessoal para Policiais e Profissionais de Segurança.
Porto Alegre: Evangraf, 2002. 222 p.
3
1. É o conjunto de movimentos de defesa e ataque, abstraídos de um ou
mais estilos de Artes Marciais, que objetivam promover a defesa pessoal
própria ou de terceiros, conjugando, ao máximo, as potencialidades físicas,
cognitivas e emocionais do agente.
2. É toda ação ou reação justa e proporcional a uma agressão atual ou
iminente, a fim de resguardar direito próprio ou de outrem, observadas as
consequências da ação lesiva.
3. Conceito Exato: Defesa Pessoal é C.I.S. (Conduta Inteligente de
Segurança).
4
Código Penal Brasileiro
Art. 23 Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa (própria ou de terceiros);
III - em estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular de direito.
4 FORÇA é toda ação compulsória sobre o indivíduo ou grupo de indivíduos, a fim de reduzir ou eliminar sua capacidade de
autodecisão.
5 MOREIRA, Cícero Nunes; CORRÊA, Marcelo Vladimir. MANUAL DE PRÁTICA POLICIAL - GERAL. 1ª ed. Minas Gerais:
5
e equipamentos de impacto tipo cassetete e tonfa, inclusive disparos
com intenção não letal.
6. Força letal: corresponde ao último grau de perigo, onde o policial
utilizará táticas absolutas e imediatas para deter a ameaça mortal e
assegurar a submissão e o controle definitivamente. É extremo e utilizável
quando esgotados todos os recursos a serem experimentados. Trata-se
de disparo de arma de fogo com fim letal, somente possível em caso
de legítima defesa.
Logo o agente de segurança deve guardar que será entendida como justa a
ação e/ou reação praticada de maneira que se resguardem ao agressor todos os
direitos inerentes à pessoa humana. E somente poderá alegar que agiu em legítima
defesa nos seguintes casos (Pinto e Valério, 2002):
6
requisitos de ordem subjetiva dizem respeito à consciência do sujeito
quanto à existência da agressão injusta e da necessidade de repulsa. A
repulsa será legítima quando necessária, objetiva e subjetivamente, e
direcionada pelo sentimento de defesa ou preservação (Animus defendi,
impulso natural e suficiente para cessar a agressão).
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes.
[...]
7
lei de acordo com as disposições básicas dos direitos e liberdades da pessoa
humana. É um código internacional de conduta ética e tem a finalidade de orientar
os Estados Membros quanto à conduta pelos policiais (doravante aplicáveis aos
agentes de segurança privada). Consiste de 08 (oito) artigos, de acordo com
ROVER (2000).
8
De modo breve e conclusivo, baseado em ROVER (2000), pode-se dizer que
esse mecanismo destaca os seguintes princípios:
Além do rol dos PBUFAF, de acordo com ROVER (2000) existem 3 (três)
Princípios Essenciais Para Uso da Força e Armas de Fogo (PEUFAF), quais
sejam:
9
Moreira e Corrêa (2002, p. 65-68) defendem que, antes de fazer o uso da
FORÇA, é importante atentar para os aspectos da moderação, progressividade e
da conveniência, devendo o profissional agir ou reagir conforme a ação do
perpetrador, a submissão da pessoa suspeita e os objetivos legais a serem
atingidos.
Do ponto de vista desses autores, não existe uma resposta para todas as
situações de confronto, bem como uma situação não se resolve com apenas uma ou
duas respostas, pois cada confronto deve fluir em uma sequência lógica e legal de
causa e efeito, fundamentada na percepção do risco envolvido e na avaliação da
atitude do suspeito.
10
Nesse sentido, sugerimos aqui um modelo de USO PROGRESSIVO DA
FORÇA elaborado a partir do modelo PIRÂMIDE FLET, o qual fora desenvolvido
pelo Centro de Treinamento da Polícia da Universidade de Illinois, nos Estados
Unidos da América (EUA), e adotado também pela Polícia Militar de Minas Gerais
(Moreira e Corrêa, 2002) para elaborar um recurso visual capaz de auxiliar na
conceituação, planejamento, treinamento e na comunicação dos critérios sobre a
força a ser utilizada por seus integrantes.
11
sempre preparado para atender a esta necessidade.
O medo deve ser controlado e canalizado para uma técnica que ira
incapacitar o oponente, imobilizando-o; caso contrário, o medo irá paralisar suas
ações e torná-lo um alvo mais fácil. Com autocontrole o policial pode aumentar a
atenção e a capacidade de antecipar-se ao perigo.
12
Para fazer uma correta avaliação da situação, e avaliar os riscos, o agente
deverá atentar e considerar os seguintes pontos:
c) Quais os riscos que se representa para o suspeito, pois ele não hesitará
em atirar se em algum momento alguém esboçar uma reação?
d) Mudança. Quando uma técnica não der resultado, deve-se mudar para
outra técnica. Ao tentar aplicar uma torção, se não conseguir, deve-se varia para um
13
soco ou cotovelada, p. ex, ou alterar a alavanca, somando a força do adversário a
sua.
Portanto, tal domínio não será possível alcançar, praticando uma ou outra
técnica durante algumas horas-aulas de 40 ou 45 minutos cada, de um total de 20
horas-aulas, desconsiderando-se as oportunidades de tempo para que este
profissional seja submetido a situações de agressões próximas do real.
14
Não obstante, é importante alvitrar que o treinamento de Defesa Pessoal
não deve ser restrito às aulas dos cursos, mas extensivo a outros ambientes
externos, procurando repetir ao máximo as técnicas repassadas pelo instrutor. Desta
forma as horas-aulas não disponibilizadas serão compensadas pelo aluno e as
possibilidades dos prejuízos já comentados poderão ser reduzidas, ou mesmo
evitadas.
- Área Social (de 1,51m a 3,60m): área onde tratamos a maior parte das
pessoas, nos possibilitando ter campo de visão e capacidade de reação, o círculo
final da área social, compreende o que é chamado círculo interno;
15
- Área Pública (acima de 3,60m): qualquer pessoa que deixe a área pública
e avance em nossa área social é um indicativo de perigo que deve ser observado e
se necessário, neutralizado.
16
Caso seja necessário ultrapassar a distância de segurança, agente de
segurança deve evitar permanecer na frente e entre os braços do suspeito; ou
seja, na posição interna do agressor.
6
MOREIRA, Cícero Nunes; CORRÊA, Marcelo Vladimir. MANUAL DE PRÁTICA POLICIAL –
GERAL. 1ª ed. Minas Gerais: POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS, 2002, 176 p.
17
Como já foi dito antes, conhecendo os níveis de dor decorrente da aplicação
de cada técnica sobre os pontos vitais da anatomia humana, o agente poderá utilizá-
la para dominar e controlar o oponente, pois quanto maior a dor maior será o
domínio, pois a dor paralisa e diminui a resistência. Toda técnica deve ser precedida
de um golpe traumático ou contundente sobre um ponto vital e/ou sensível.
Um policial de menor porte físico e mais fraco pode valer-se dessas técnicas
contra um indivíduo maior e mais forte, tendo uma vantagem distinta em uma
situação de autodefesa ou de outrem. Tais conhecimentos e o domínio de técnicas
apropriadas oferecem uma grande vantagem em termos de autodefesa; pois o
policial poderá aumentar ou diminuir a força aplicada de acordo com a situação.
Durante o treinamento é de suma importância evitar exageros ao atingir os pontos
vitais, considerando que a segurança do seu parceiro de treino deve estar acima de
tudo.
18
Os golpes aplicados nessas áreas do corpo serão mais eficazes que os
golpes disparados sem direção certa, que podem atingir o adversário com violência,
mas sem causarem os efeitos desejados.
Quanto aos pontos vulneráveis, diz-se daquele que estão mais expostos na
anatomia humana, tais como a garganta, os olhos, parte posterior e lateral da
cabeça, joelhos, órgãos genitais, cotovelos e articulações das mãos.
19
9. Base da garganta. Efeitos: lesão grave e náusea. Causas: lesão da
traqueia e glândula tireoide.
10. Clavícula. Efeitos: fratura. Causas: trauma ósseo (não causa morte).
11. Jugular e carótida. Efeitos: desmaio ou morte. Causas: interdição
momentânea do fluxo sanguíneo ao cérebro.
12. Plexo braquial (axila): efeitos: paralisia temporária. Causas:
traumatismo no plexo braquial, enervando os membros superiores.
13. Plexo solar. Efeitos: dor aguda ou morte. Causas: lesão no plexo,
ocasionando uma parada cardíaca.
14. Estômago. Efeitos: lesão séria e dor aguda. Causas: lesão da víscera e
lesão vascular, ocasionando hemorragia interna.
15. Costelas flutuantes. Efeitos: dor intensa ou morte por lesão visceral.
Causas: fratura óssea.
16. Fígado. Efeitos: dor intensa ou morte. Causas: ruptura do fígado com
hemorragia interna.
17. Testículos. Efeitos: dor intensa. Causas: inflamação dos testículos,
devido ao trauma, podendo haver lesão no canal espermático.
18. Dedos. Efeitos: fratura ou dor. Causas: fratura das falanges.
19. Articulações (punho, cotovelo, ombro, joelho, tornozelo). Efeitos:
luxação ou dor. Causas: luxação - perda do contato entre as superfícies articulares.
20. Parte anterior da tíbia (abaixo da patela). Efeitos: dor intensa. Causas:
fratura.
21. Peito do Pé. Efeitos: fratura ou dor. Causas:
fratura dos ossos próprios do pé ou metatarsianos .
20
3. Coluna vertebral. Efeitos: morte ou paralisia. Causas: lesão medular -
choque medular, causando uma paralisia momentânea.
8. Panturrilha. Efeitos: dor intensa. Causas: trauma direto, por lesão dos
músculos gêmeos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
21
Os conhecimentos teóricos aqui oportunizados devem servir de balize para
os conhecimentos técnicos e táticos adquiridos durante as aulas-treinos da
Disciplina de Defesa Pessoal Policial, pois do contrário tal estudo não passaria de
mero treinamento em lutas, deixando ao largo o propósito legal de defender o
cidadão, na preservação dos seus direitos e garantias constitucionais.
BIBLIOGRAFIA
PINTO, Jorge Alberto Alvorcem; VALÉRIO, Sander Moreira. Defesa Pessoal para
Policiais e Profissionais de Segurança. Porto Alegre: Evangraf, 2002. 222 p.
LIMA, Raimundo Gerson dos Santos. TONFA: Bastão de Defesa Pessoal. Fortaleza:
INESP, 2003, 65p.
LAVINE, Darren e WHITMAN, Jonh. Complete Krav Maga. The Ultimate Guide to
Over 230 Self-Defense and Combative Techniques. ed. EUA: Ulysses Press, 2007,
342 p.
SÃO PAULO. Polícia Militar. MANUAL POLICIAL MILITAR. DEFESA PESSOAL (M-
3-PM). 1992 – 2ª ed. Publicado no Bol G PM 134/92,e-book. 47p.
23
03. São requisitos para se alegar legítima defesa:
c [ ] Adaptação, segundo este princípio, se uma técnica não der resultado, deve-se
mudar para outra técnica.
a [ ] Proporcionalidade;
24
b [ ] Legalidade;
c [ ] Conveniência
09. Para o domínio das técnicas de Defesa Pessoal Profissional, o aluno deve
observar os seguintes princípios:
25