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UNIPIAGET

UNIVERSIDADE JEAN PIAGET DE ANGOLA


FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE FISIOTERAPIA
DOCENTE: MODESTO PAULO MATEUS
MATERIAL DE APOIO PARA OS ESTUDANTES DO 4º ANO.
MÓDULO III: INDICADORES DE SAÚDE

1. INTRODUÇÃO
É fundamental reconhecer que o indicador pode ser um número real, uma
proporção ou uma taxa. Também é essencial saber que a constante multiplicadora de
uma taxa (k=100; 1000; 10.000 ou 100.000), é uma função dependente do tamanho do
universo e nunca da nossa conveniência.

O valor da constante K, depende do tamanho do universo em que determinamos


a taxa, podendo ser igual a 100 ou 1000 se o universo for inferior a um milhão de
elementos, ou poderá ser de 10.000 ou 100.000 se o universo for superior a um milhão
de elementos.

2. CONCEITO DO INDICADOR DE SAÚDE


1. Define-se indicador de saúde, como uma variável ou um complexo de variáveis,
cujas alterações podem ser medidas ao longo dos tempos.
2. Os indicadores de saúde institucionais (Estrutura, Processos, Resultados e
Impacto), são o produto final do sistema de informação para a saúde, devendo
ser definidos única e exclusivamente pelo Ministério da Saúde Nacional,
obedecendo aos critérios padronizados pela Organização Mundial da Saúde
(OMS).
3. Os indicadores de Saúde que são barómetros da avaliação socioeconómica ou do
desenvolvimento, são definidos pelo MINSA (Taxa de Mortalidade Materna,
Taxa de Mortalidade Infantil, Taxa de Mortalidade de menores de 5 anos de
idade, Taxa de Fecundidade, Taxa de Mortalidade Geral e específica), conforme
os padrões da OMS.
4. O ministério da saúde é o responsável pela elaboração do Guia para o Cálculo
dos Indicadores de Saúde a colectar em cada nível de atenção em todo o
território nacional.

Docente: MODESTO PAULO MATEUS (G. H. e MSc. EM CIÊNCIAS DE SAÚDE COLECTIVA)


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3. DEFINIÇÔES E CÁLCULO DE INDICADORES


3.1. Indicadores assistenciais e do desempenho hospitalar
3.1.1. Conceito

 Um Indicador de Desempenho (ID) é uma medida (variável) da produtividade dos


recursos face aos serviços prestados na actividade hospitalar.

O ID exprime-se sob forma de:

a) Números absolutos (n): ex. nº de camas, nº de doentes, etc

b) Razão (a/b): ex. nº de doentes/cama

c) Proporção [a/(a+b)]: ex. nºóbitos / nº de admitidos

d) Taxa [a/(a+b)x 10ⁿ, no tempo e lugar]: ex. nº óbitos/nº admitidos x100, mensalmente
no Banco de Urgência.

O ID pode ser usado como um guia para controlar, explicar e prever a qualidade
(eficácia, eficiência e efectividade) dos cuidados prestados ao doente e as actividades
dos serviços duma US. Ponderar tomada de decisão.

 Todavia o ID não é uma medida directa de qualidade.

3.1.2. Pressupostos para utilização dos ID

 Sistema de informação fiável

 Guia para cálculo de interpretação dos ID (MINSA, OMS)

 Verificar (check up ) os determinantes de cada ID, exemplos:

a) Combinação dum ID com outros: exº ocupação elevada implica estadia prolongada
mas substituição e rotação baixas ou nulas.

b) Estrutura de morbilidade: a doença justifica longo tempo de internamento?

c) Quadro do pessoal mínimo necessário (sobrecarga justifica erros humanos)

d) Tempo máximo para realização de exames de diagnóstico

e) Normas de consumo de material gastável, reagentes, medicamentos e outros meios

f) Abastecimento regular de água, energia, oxigénio etc

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g) Taxa de iatrogenias ( exº infecções intrahospitalares, erros técnicos etc)

3.1.3. ID : cálculo e interpretação

1. Cama real : cama disponível (ocupada ou vaga) e apetrechada para receber doente.
Excluindo as camas de: observação BU, trabalho de parto, consultório, sala de
tratamento e diagnóstico, RN normais, descanço pessoal.

2. Dia cama: cada cama real existente num dia. A soma de todas as camas reais por
dia durante um período (mês, ano etc) designa-se Dias cama.

3. Dia doente: cada doente internado num dia. A soma de todos os doentes internados
por dia durante um peródo determinado de tempo designa-se Dias doente. Incluindo
os doentes com admissão (internado) e alta no mesmo dia.

4. Dias de estadia: total de dias que um doente permanece internado numa cama real.

5. Taxa de ocupação (T.O.): relação percentual entre internamentos efectuados e a


capacidade em camas do Hostipal, durante um período determinado de vários dias. ATO
exprime o grau de utilização das camas (capacidade instalada) do hospital.

6. Média de estadia (ME): número médio de dias de internamento ou assitência


hospitalar dos doentes num perído determinado. A ME exprime a eficiência da
utilização das camas.

7. Intervalo de substituição (I.S.): tempo médio em que uma cama real permanece
desocupada entre a saída dum doente e a ocupação de outro.

8. Indice de Rotação (I.R.): número de doentes que passam por uma cama durante um
peródo de tempo determinado.

9. Mortalidade Bruta(M.B.): é a percentagem de doentes internados falecidos no


hospital (independentemente do tempo em que tenham estado internados) sobre o
total de doentes saídos (alta), num determinado período de tempo.

10. Mortalidade líquida ( ML) : relação entre o nº de falecidos durante e depois de 48


h no hospital em relação ao total de saídas (alta), no período.

3.1.4. Cálculo de Indicadores de Recurso Cama.

3.1.4.1. Indicadores fundamentais

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a) Índice ocupacional

Mede a utilização de uma cama hopitalar. Expressa a percentagem de tempo que em


média uma cama esteve ocupada num período de tempo determinado. Está relacionado
com outros indicadores do movimento hospitalar.

Fórmula (I:O) = Dias doentes x 100


Total dias cama

Exercício: 1.

Sabendo que o índice de ocupação de um hospital é dada pela fórmula acima e que dia
cama é o número de leitos oferecidos diariamente, vezes a quantidade de dias em um
mês e que dias paciente é o número de pacientes internados no mesmo mês, então
calcule a taxa de ocupação do hospital Josina Machel que me um mês de 30 dias tem,
por dia, 120 Leitos disponíveis, e ficaram internados 2880 pacientes no mês?

Resposta: 80%

Interpretação: uma taxa de ocupação muito elevada analisada isoladamente manifesta


um défice de camas. Quando analisada com outros indicadores, podemos observar se
essa taxa elevada corresponde a uma média de estadia elevada. Deste modo antes de
pensarmos no défice do recurso cama, devem ser analisados outros factores como por
exemplo:

a) Estrutura de morbilidade hospitalar: (número elevado de doentes que têm de


permanecer longo tempo internados porque a sua patologia o justifice, como a
tuberculose pulmonar, acidente vascular cerebral quando não há serviços de
reabilitação, etc.
b) Articulação entre a atenção secundária e primária;
c) O tempo utilizado para a realização de exames complementares de diagnóstico;
d) A quantidade de pessoas da enfermaria, e/ou a qualificação deste para o
cumprimento das terapêuticas prescritas;
e) A quantidade e qualidade de medicamentos fornecidos ou a adequação das
terapêuticas;
f) Taxa de infecção intra-hospitalar, que quando elevada pode prolongar a estadia;

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g) A gestão do material, abastecimento de água e energia, etc..;


h) Assecibilidade geográfica.
As situaçôes anteriormente referidas apontam para a necessidade de ao nível da
administração hospitalar:
1. Conhecer o pessoal mínimo necessário para garantir uma atenção eficiente;
2. Estabelecer o tempo mínimo óptimo para a realização de exames
complementares;
3. Determinar normas de consumo de material gastável, reagentes e outros
meios médicos.

b) Média de Estadia (ME) ou Média de Permanência

É um indicador que mede a eficiência com que se utiliza uma cama. Reflecte o número
de dias de assistência hospitalar, que em média recebe cada doente num período de
tempo determinado.

Dias doente no período


Fórmula (ME) =
Total de saídos no período
Exercício: 2.

Sabe-se que a média de estadia ou de permanência de um hospital é calculada pela


fórmula acima aplicada e que as saídas são são total de altas e óbitos no mesmo peíodo,
calcule a média de estadia do hospital josina Machel no mês em que os Pacientes-dia ou
doentes dia somaram 3.600, as altas foram 1.150 e óbitos 50?

Resposta: 3 Dias

Interpretação: Ao avaliar-se este indicador devemos ter em conta que uma média de
estadia alta ou baixa leva-nos a analisar a estrutura de morbilidade. Se a média de
estadia for baixa deve pensar-se:

1. Se foi dada alta aos doentes do tempo mínimo justificável;


2. Para uma média de estadia entre 10 a 15 dias, o índice ocupacional deverá ser
de 80 a 90%.

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c) Indicadores Acessórios:

Índice de Intervalo de substituição

Reflecte o o tempo médio em que uma cama permanece desocupada, entre a saída de
um doente e o internamento de outro.

Média de estadia x Taxa de desocupação


IIS = Taxa de ocupação

Exercício: 3.

Sabendo-se que o Indice de Intervalo de Substituição de um hospital é dado pela


fórmula a cima e que a taxa de desocupação é = (100-Taxa de ocupação), calcule o
índice do intervalo de substituição do Hospital Josina Machel que tem média de estadia
de 4 dias e taxa de ocupação de 80%?

Resposta: 1 Dia

Interpretação: Quando inferior a 1 dia, relacionado com uma taxa de ocupação


elevada, justifica a necessidade de aumentar-se o número de camas. o valor ideial de
intervalo de substituição é de 1 dia, permitindo assegurar a manutenção adequada da
cama. O intervalo de substituição também se relaciona com outros indicadores já
analisados.

Índice de Rotação:

Reflecte o número de doentes que passam por uma cama durante um período de tempo
determinado.
Nº de Internados x 100
Fórmula: Indice de Rotação (IR) =
Total de camas deais
Exercício: 4.

Analisemos a Save-se que o índice de rotação de um hospital é calculado através da


fórmula a cima e que o número de pacientes é o total de pacientes internados no
período e o total de camas reais é a soma de camas dosponíveis durante o mesmo
período. calcule o índice de rotação do hospital Josina Machel onde durante 30 dias em
média cama cama recebeu 3 pacientes e que o número de camas reais é de 200.

Resposta: 1.5

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Quando se pretende realizar a planificação de camas, estima-se o número de doentes


que passarão por uma cama , utilizando os valores da média de estadia e do intervalo de
substituição.

Interpretação: Um índice de rotação elevado anlizado isoladamente, reflecte a


necessidade de aumentar-se o número de camas.Se é analisado com outros indicadores,
taxa de ocupação e média de estadia, devem ter sidos em conta os factores já
referenciados na análse desses outros indicadores.

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