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JUNIOR CA; ALVES FA; torres-PEREIRA CC; BIAZEVIC MGH; pinto JúNIOR DS; NUNES FD
aparatologia complexa ou técnicas de difícil aplicação roti- pação de que no autoexame o paciente tenha a tendência
neira. Sua execução requer um profissional atento, curioso de sobrevalorizar achados de variação de normalidade da
e vigilante em relação aos sinais e sintomas que desviem mucosa oral ou lesões traumáticas e benignas. Isto poderia
dos padrões de normalidade da mucosa, que se assemelhem significar, na maior parte das vezes, um resultado falso-po-
a lesões com potencial de malignização e, principalmente, sitivo que geraria, além de consultas desnecessárias, o im-
encontradas em pacientes com exposição importante aos pacto emocional negativo da percepção de ser portador de
fatores de risco 13. uma doença grave mesmo na sua ausência 17. Além disso, o
O exame clínico preventivo para o câncer de boca deve hábito do autoexame está relacionado a melhores indicado-
ser incorporado como investigação de rotina em toda con- res socioeconômicos 19. Evidências sugerem, entretanto, que
sulta odontológica. Não há uma recomendação de frequên- o câncer bucal é mais prevalente em indivíduos com baixa
cia de sua realização, entretanto, reitera-se que a identifi- renda e escolaridade sendo estes fatores, por vezes, consi-
cação de histórico de exposição aos fatores de risco deve derados de risco ao desenvolvimento da malignidade 20.
nortear o planejamento das ações de prevenção primária e A maior parte da ênfase do currículo odontológico para a
secundária 4. Os pacientes em geral desconhecem o exame o estudo do câncer bucal consiste do treinamento na iden-
preventivo e desconhecem que o Cirurgião-Dentista possa tificação de lesões com potencial de malignização tais como
realizá-lo, porém parecem receptivos à ideia de que o pro- as leucoplasias e queilite actínica. O treinamento valoriza
fissional possa conduzir um exame que diminua o risco de a prevenção secundária 13. Por outro lado, apesar do declí-
ter câncer 14. nio da prevalência de tabagismo no país 21, seria importante
Um paradoxo observado no câncer bucal é que apesar que os Cirurgiões-Dentistas participassem mais ativamente
da suposta facilidade e acessibilidade ao exame clínico, as da equipe multiprofissional que trata o paciente tabagista.
manifestações da maior parte dos doentes são identifica- Desta maneira, reorienta-se o eixo da prevenção do cân-
das em estadiamento avançado, onde o tratamento, o prog- cer para priorizar a prevenção primária, estratégia esta com
nóstico e a sobrevida ficam comprometidos. Dados indicam maior possibilidade de impacto na diminuição dos indicado-
que aproximadamente 50% dos pacientes com câncer bucal res de morbidade e mortalidade por câncer da boca.
apresentam as formas mais avançadas e graves 15. As estatís-
ticas relativas ao atraso diagnóstico e estadiamento sofrem Características Clínicas
poucas variações quando analisadas em diferentes países, Localização
desenvolvidos ou em desenvolvimento. Os motivos que le- O CEB pode ocorrer em qualquer área da boca, porém al-
vam às formas mais graves de apresentação são variados e gumas áreas são mais prevalentes como a língua, o assoalho
envolvem desde aspectos de atraso diagnóstico, atraso de bucal e o lábio, podendo ser acometidos em 50% dos casos.
início de tratamento e características do próprio comporta- Áreas menos frequentes compreendem a mucosa jugal, re-
mento biológico agressivo da doença 16. gião retromolar, gengiva, palato mole e palato duro 2,15. Jus-
Sugere-se, em algumas situações, que os pacientes se- tamente por serem menos frequentes podem acabar sendo
jam estimulados à realização de autoexame para identifi- tardiamente diagnosticadas.
cação de eventuais alterações suspeitas de câncer bucal.
O autoexame permitiria que o próprio indivíduo pudesse Sintomas
demandar a realização de exame profissional. Da mesma A principal característica do câncer de boca em seu es-
forma que o exame clínico, o autoexame apresenta como tágio inicia é a ausência de sintomas dolorosos, porém em
vantagens sua pouca invasividade, suposta facilidade de estágios mais avançados a dor pode ocorrer em cerca de
realização e custo financeiro inexistente. Algumas cam- 40% dos pacientes, em geral somente quando alcançam um
panhas recomendam a técnica que é ensinada ao paciente tamanho clínico considerável 2,22. A dor pode variar de a um
pelo próprio profissional por vezes com apoio de material leve desconforto a dores excruciantes em casos avançados,
didático impresso ou audiovisual. Por outro lado, poucos especialmente na língua. Outros sintomas comumente en-
pesquisadores detiveram-se na investigação da eficácia do contrados incluem a dor de ouvido, sangramento, mobili-
autoexame como estratégia de impacto nos indicadores dade dos dentes, dificuldade para respirar, dificuldade para
epidemiológicos do câncer bucal. Um estudo piloto descre- engolir, dificuldade para falar, trismo muscular e parestesia 3.
veu que pacientes expostos aos fatores de risco falharam
em identificar lesões suspeitas e de que o uso de um ma- Aparência Clínica
terial instrucional impresso não foi efetivo no treinamento A aparência clínica do carcinoma epidermoide em casos
para esta identificação 17. Outros estudos mostraram bom avançados é bastante característica facilitando seu diag-
nível de identificação de alterações bucais por meio do nóstico, porém em situações iniciais podem ser confundidos
autoexame quando a autoavaliação de indivíduos de alto com outras lesões benignas levando a diagnósticos incorre-
risco ao desenvolvimento da doença era comparada com o tos atrasando o início do tratamento 3. Apesar das fortes ca-
diagnóstico de Cirurgião-Dentista treinados 18. Há preocu- racterísticas suspeitas encontradas, a realização da biopsia
figurA 1 figurA 4
Úlcera em assoalho da boca com bordas elevadas, Nódulo exofítico extenso de um carcinoma epidermoide
endurecidas e com necrose em seu interior em língua, apesar do tamanho a lesão era pouco sintomática
figurA 2 figurA 5
Úlcera em borda de língua com bordas elevadas Pápula branca em ventre de língua pouco característica do
e endurecidas nota-se a área infiltrativa da lesão em profundidade carcinoma epidermoide, confirmada pelo exame histopatológico
figurA 3 figurA 6
Nódulo exofítico de um carcinoma epidermoide em língua Placa leucoeritroplásica em borda e assoalho da língua
figurA 7
Ao se realizar o teste com o azul de toluidina foi possível verificar a área com maior ati-
vidade celular, a Biópsia dessa área confirmou o diagnóstico de carcinoma epidermoide
figurA 10
Leucoplasia homogênea em placa em borda da língua
figurA 8
Úlcera persistente em boca por mais de 30 dias, apesar do aspecto
clínico semelhante a uma neoplasia, era uma úlcera de origem traumática
figurA 11
Leucoplasia heterogênea com característica leucoeritroplásica em borda de língua
com alto risco de malignização. Em lesões como essa se recomenda a realização
de biópsia em mais de uma área, após a aplicação do teste com o azul de toluidina
Diagnóstico
O padrão ouro para se estabelecer o diagnóstico do cân-
cer de boca permanece sendo a biópsia 23, apesar de tenta-
tivas de se descobrir outros sistemas de diagnóstico como a
fluorescência clínica 28.
figurA 9
Após a remoção do trauma a lesão cicatrizou em quatro Biologia Celular do Câncer de Boca
semanas sem a necessidade de realização de biópsia O carcinoma epidermoide bucal (CEB) surge como resul-
tado de múltiplos eventos moleculares que se desenvolvem ditárias e reversíveis do genoma que não alteram a sequência
em um indivíduo susceptível, que apesar da comprovada in- de nucleotídeos do DNA. Existem três mecanismos principais
fluência de fatores carcinogênicos extrínsecos, como fumo de alterações epigenéticas: metilação do DNA, modificações
e álcool, o CEB é uma doença em que a predisposição ge- de histonas e ação de RNAs não codificadores 31,32,36-38.
nética (por exemplo, existências de disfunções em genes Os eventos epigenéticos são importantes na fisiologia de
de reparo) exerce um papel essencial na sua patogênese. células normais. Com pequenas exceções (células B e T do
Um fator frequentemente citado como relacionado ao cân- sistema imune), todos os processos de diferenciação celu-
cer de boca é o papilomavirus humano (HPV) de alto risco lar são acionados e mantidos através de mecanismos epi-
(como HPV 16, 18 e 31), em associação a outros fatores genéticos. Sabe-se, por exemplo, que a metilação do DNA
etiológicos. Embora estudos mostrem uma associação desse desempenha um papel importante no controle da expressão
vírus com o carcinoma epidermoide de boca, e até com le- de genes (silenciamento) durante o desenvolvimento em-
sões potencialmente malignas, ainda não foi demonstrada brionário 39. Por outro lado, a ativação de genes que contro-
realmente a participação desse vírus na carcinogênese de lem o potencial de crescimento de células humanas adultas
boca, seguindo os postulados de Koch, como por exemplo, é de suma importância, de tal forma que, se sem impedi-
uma infecção viral precedendo o carcinoma ou uma asso- mentos, uma única célula pode atingir uma massa de 1 kg
ciação epidemiológica 29. (1012 células) em 40 dias por divisão mitótica 40. Portanto,
Dessa maneira, a carcinogênese bucal é um processo os eventos epigenéticos governam uma série de “checagens
composto por várias etapas, sendo modulado por fatores e balanços”, dessa maneira, controlando os vários processos
endógenos e ambientais (fatores predisponentes), que po- celulares, como diferenciação e proliferação celular, e regu-
dem gerar uma grande variedade de eventos genéticos e lando genes supressores de tumores que devem estar ativos
epigenéticos, promovendo instabilidade genômica e, conse- em células normais, mas tornam-se silenciado em cânceres.
quente, desenvolvimento/progressão tumoral. Outros fato- O desenvolvimento e progressão de lesões potencial-
res que contribuem com o câncer são fatores do ambiente mente malignas e carcinomas na cavidade bucal está as-
tumoral, como células e produtos de secreção, que modifi- sociado ao acúmulo de alterações genéticas, incluindo, por
cam e são modificados pela células neoplásicas 30,31. As alte- exemplo, deleções, amplificações e mutações, que levam
rações genéticas e epigenéticas frequentemente trabalham tanto a ativação de oncogenes ou a inativação de genes
em conjunto, afetando múltiplas vias celulares ligadas ao supressores tumorais. Nesse sentido, a exposição celular
processo de carcinogênese e progressão tumoral, tais como crônica a carcinógenos pode danificar genes ou até cro-
as relacionadas à regulação do ciclo celular, reparação de mossomos, como descrito acima, podendo desencadear uma
DNA, apoptose, angiogênese e adesão célula-a-célula 32. série de mutações genéticas consecutivas, amplificação de
Muitas são as alterações genéticas que ocorrem no car- oncogenes (por exemplo, Ciclina D1, EGFR) que promovem a
cinoma epidermoide bucal. Na verdade, instabilidade cro- proliferação e sobrevivência celular desregulada bem como
mossômica, principalmente perda do braço curto dos cro- a inativação de genes supressores tumorais (por exemplo,
mossomos 3 e 9, tem sido associadas com um aumento na p53, p16, PTEN) envolvidos na regulação do ciclo celular. O
chance de transformação maligna de lesões potencialmente acúmulo dessas alterações genéticas pode levar ao desen-
malignas 33. A maioria dos estudos com alterações genéticas volvimento de lesões potencialmente malignas (displásicas)
em cromossomos foram realizados em carcinomas epider- e posteriormente o câncer propriamente dito.
moides da região de cabeça e pescoço, o que inclui sítios No caso do CEB, estima-se que sejam necessárias 6-10 mu-
como cavidade oral, orofaringe, hipofaringe, nasofaringe, tações para as células tornarem-se malignas, o que normal-
cavidade nasal, seios paranasais, laringe e glândulas saliva- mente requer anos de exposição à carcinógenos para ocorrer
res. Diferentes estudos relataram perda de material genético uma combinação de mutações apropriadas que culminariam
nas regiões cromossômicas 1p, 3p, 4p, 5q, 8p, 10p, 11q, 13q e na transformação neoplásica. Dessa maneira, a evolução de
18q, bem como ganho de material em 1q, 3q, 5p, 7q, 8q, 9q, uma célula normal para uma célula maligna define um pe-
11q, 12p, 14q, e 15q. O acúmulo e seleção dessas alterações ríodo de tempo caracterizado como estágio potencialmente
podem ocorrer ao acaso, mas certamente muitas delas são maligno, uma fase precoce do processo de carcinogênese 41.
decorrentes da exposição aos fatores de risco6. Muitas des- Desse modo, o CEB é resultado do acúmulo de mutações
sas alterações têm sido confirmadas inclusive em linhagens genéticas/epigenéticas, as quais são transmitidas às gera-
celulares, utilizadas pelos pesquisadores para estudo dessa ções celulares subsequentes, até o momento em que uma
neoplasia “in vitro” 34. O estudo e o entendimento dessas al- célula mutada torna-se independente, exibindo crescimento
terações contribuem para a identificação de marcadores de autossuficiente e autônomo, não respondendo a sinais pro-
comportamento clínico, ou outros marcadores biológicos de liferativos inibitórios, o que resulta em um tumor apresen-
importância para o diagnóstico, tratamento e acompanha- tando crescimento não controlado. As células neoplásicas,
mento dos pacientes 35. portanto, escapam da morte celular programada e replicam-
O termo epigenética refere-se a todas as mudanças here- -se infinitamente através do processo de imortalização pelo
alongamento de seus telômeros. A esse processo prolifera- dimento odontológico anteriormente, durante e após estas
tivo desenfreado das células mutadas, dá-se o nome de ex- modalidades de tratamento para o câncer, pode diminuir os
pansão clonal. Durante a etapa de expansão clonal aconte- efeitos colaterais, amenizar sintomatologias que podem até
cem inúmeras outras mutações devido à desregulação dos interromper o tratamento do câncer como é o caso de mu-
mecanismos de proliferação e diferenciação celulares. Essas cosites intensas.
mutações adicionais são responsáveis pela heterogeneida-
de e progressão tumoral. Dessa maneira, a massa neoplásica Atuação do Cirurgião-Dentista previamente
torna-se heterogênea e individual. Em consequência, es- e durante a radioterapia e/ou quimioterapia
sas células neoplásicas adquirem características aberrantes O atendimento odontológico prévio a radioterapia (re-
como, por exemplo, intenso potencial de proliferação, inva- gião de cabeça e pescoço) deve ser priorizado, todas as ex-
são e metástase. trações dentárias devem ser realizadas anteriormente ao
Fica evidente que a melhor definição que se pode dar às tratamento radioterápico e evitadas após, devido ao risco de
células tumorais de um CEB, não é a simples ideia de pro- desenvolver osteorradionecrose, sendo este o pior efeito co-
liferação descontrolada, mas sim sua capacidade de evadir lateral. Ressalta-se que as exodontias devem ser realizadas
aos processos de morte celular. Este conceito reforça a cons- pelo menos 15 dias antes do início da radioterapia. Nesta
tatação da alta mortalidade dos pacientes acometidos por fase, é necessário um atendimento rápido e eficaz para que
esta neoplasia e a dificuldade do controle de crescimento e o paciente possa iniciar a radioterapia 44.
metástase da mesma pelas atuais modalidades terapêuticas. O controle e manutenção dos hábitos de higiene bucal
devem ser intensificados durante a radioterapia e/ou qui-
Participação do Cirurgião-Dentista mioterapia, pois agentes microbianos podem colonizar sobre
no tratamento do câncer de boca feridas bucais (mucosite) causando problemas sistêmicos. A
O tratamento do câncer de boca pode envolver cirurgia, qualidade da higiene oral do paciente é um fator bem esta-
radioterapia e quimioterapia. O tamanho e o local do tumor belecido. Pacientes com boa condição bucal e que mantêm
são fatores que devem ser considerados para a definição do boa higiene durante o tratamento de câncer tendem a ter
tratamento. Importante comentar que a definição do trata- menos episódios de mucosite do que pacientes com higiene
mento é realizada por médicos cirurgiões de cabeça e pesco- oral precária. Observa-se ainda que pacientes com mesma
ço, radioterapeutas e oncologistas clínicos 42. idade, tendo o mesmo protocolo de tratamento e caracterís-
O Cirurgião-Dentista participa do diagnóstico, sendo o ticas de saúde oral semelhantes não desenvolvem mucosite
profissional mais indicado para a identificação do câncer de com a mesma frequência devido à capacidade individual de
boca, e tem papel fundamental no controle dos efeitos cola- cada indivíduo absorver e excretar drogas 45.
terais do tratamento oncológico. Estes efeitos podem com- A diminuição do fluxo salivar é outro fator que devemos
prometer de forma importante o tratamento e a qualidade controlar nesta fase, a saliva age na lubrificação e proteção
de vida dos pacientes. A mucosite oral pode estar associada da mucosa e sua redução também pode tornar a boca um
à quimioterapia e radioterapia, e é o efeito mais debilitante ambiente propício para o desenvolvimento de candidose.
durante o tratamento oncológico. Muitas vezes, o tratamen- Saliva artificial deve ser prescrita quando o paciente queixar
to pode ser interrompido devido sua intensidade. A xerosto- de boca seca. Conduto, alguns pacientes preferem ingerir
mia, sintoma da boca seca, é outro efeito que compromete a constantemente água à saliva artificial 46.
qualidade de vida do paciente. Pacientes xerostômicos estão
mais suscetíveis a desenvolver cáries e infecções na boca 43. Atuação do Cirurgião-Dentista
Cerca de 90% dos pacientes que são atendidos no Depar- posteriormente a radioterapia e/ou quimioterapia
tamento de Estomatologia do A.C. Camargo Cancer Center O atendimento odontológico pós-radioterapia prioriza a
previamente a radioterapia e/ou quimioterapia apresentam prevenção de cáries, já que a radioterapia afeta o fluxo sali-
algum problema odontológico. Os problemas mais frequen- var que expõe o paciente a um maior o número de micro-or-
tes são doenças da gengiva (gengivite e periodontite), cáries ganismo cariogênicos. A cárie por radiação tem peculiarida-
extensas, lesões periapicais (granulomas ou cistos radicula- des específicas, são geralmente localizadas na região cervical
res) e próteses mal adaptadas causando algum tipo de irrita- e incisal do dente e possui desenvolvimento rápido 47.
ção da mucosa bucal. A eliminação de focos de infecção na Outros problemas incluem dificuldade para falar, altera-
boca é de suma importância, visto que, estes podem causar ção dos hábitos alimentares (dificuldade de ingerir alimen-
a interrupção do tratamento oncológico ou complicações tos sólidos) e desconforto e dores na boca 48. A xerostomia
sérias tardiamente, como a osteorradionecrose. desenvolve agudamente durante o tratamento radioterápico
Todos os pacientes que são submetidos à radioterapia e persiste cronicamente após o tratamento 49. A manipula-
para tumores em região de cabeça e pescoço e em gran- ção do paciente xerostômico inclui; estimular o fluxo salivar
de parte aqueles que recebem tratamento quimioterápico com gomas de mascar sem adição de açúcar, reduzir a inges-
podem desenvolver alterações na cavidade bucal. O aten- tão de alimentos com açúcar e uso de flúor (gel ou solução)
na prevenção de cáries e reposição de líquidos. timuladas, pois exodontias devem ser evitadas nesta fase e
Outra estratégia é a administração de saliva artificial caso sejam indicadas devem ser realizadas com uso de anti-
contendo íons de cálcio, fosfato, sódio, magnésio, e potás- biótico e por Cirurgiões-Dentistas integrados as equipes de
sio. Visitas periódicas ao Cirurgião-Dentista devem ser es- tratamento oncológico 49-51.
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