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artigo original J Bras Patol Med Lab, v. 50, n. 2, pág. 144-149, abril de 2014

Avaliação clínica e histopatológica e


hábitos associados ao aparecimento
de leucoplasia e eritroplasia oral
Avaliação clínica e histopatológica e hábitos associados
ao surgimento de leucoplasias e eritroplasias orais

Salomão Israel Monteiro Lourenço Queiroz1 ; Ana Miryam Costa de Medeiros2 ; José Sandro Pereira da Silva3 ; Éricka Janine Dantas da Silveira4

abstrato

Objetivo: Esta pesquisa tem como objetivo estabelecer a prevalência, fatores associados ao aparecimento e características clínicas e histopatológicas da

leucoplasia e eritroplasia oral, para que esses dados possam contribuir para a prevenção dessas lesões e, consequentemente, do câncer bucal.

Material e método: Foi realizado um estudo retrospectivo em um serviço de referência da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) no período

de 2000 a 2012. Para verificar a associação das variáveis, teste qui-quadrado de Pearson e teste exato de Fisher (p ÿ 0,05) foram usados. Resultados: Dos

6.560 prontuários investigados, foram selecionados 54 casos, sendo 44,4% do sexo masculino e 55,6% do sexo feminino, com média de idade de 56,93 anos.

Quanto aos hábitos, 72,2% eram tabagistas e 25% etilistas; 17,9% apresentaram associação de ambos os hábitos. As lesões de leucoplasia oral foram as

mais prevalentes (0,65%) e a eritroplasia oral apresentou maior associação com malignidade na apresentação histopatológica (p = 0,001). A maioria das

lesões não apresentou sintomas (p = 0,004). A mais frequente foi a leucoplasia oral em mulheres fumantes, com média de idade de 57 anos. Conclusão: O

conhecimento dos fatores associados e das características clínicas da leucoplasia e eritroplasia oral é essencial para o estabelecimento do correto diagnóstico

e tratamento.

Palavras-Chave: leucoplasia; eritroplasia; prevalência; hábitos; tabaco; alcoolismo.

Introdução diagnosticados em estágios avançados, o que leva a altas taxas de

mortalidade e morbidade. O tratamento especializado na fase inicial é de

A incidência do câncer bucal vem aumentando nas últimas décadas em suma importância para aumentar as chances de cura dos pacientes(17).

alguns países, sendo a sexta causa de morte no mundo, pois A leucoplasia e a eritroplasia estão entre as principais lesões
aproximadamente 50% dos pacientes diagnosticados morrem anualmente potencialmente malignas. A primeira é definida como uma mancha ou

com essa doença(25). No Brasil, as estimativas para 2012 apontaram a placa branca que não pode ser removida, que não pode ser caracterizada

ocorrência de 14.170 casos novos de câncer localizado na cavidade oral. Na clínica e histopatologicamente como qualquer outra patologia. É também

região Nordeste, foram registrados 2.550 casos novos: 1.640 em homens, 910 emomulheres(2).
mais frequente e o mais estudado (14, 20). A segunda é definida como

uma mácula ou placa vermelha que não pode ser caracterizada clínica e
Cerca de 80% de todos os cânceres de boca progridem de lesões
histopatologicamente como qualquer outra lesão. Apesar de ser menos
potencialmente malignas(16). O carcinoma espinocelular é o tipo mais frequente, apresenta alto potencial de transformação maligna, podendo
comum de câncer bucal, representando mais de 90% dos casos de estar associada a uma leucoplasia adjacente, sendo então denominada
neoplasias malignas nesta região. É geralmente eritroleucoplasia oral(14, 20).

Primeira submissão em 01/07/13; última submissão em 01/07/14; aceito para publicação em 01/07/14; publicado em
20/04/14 1. Mestranda em Odontologia do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
2. Doutor em Patologia Bucal pela UFRN; professor associado sênior do Departamento de Odontologia da UFRN.
3. Doctorate in Sciences from Universidade de São Paulo (USP); associate professor at the Dentistry Department of UFRN.
4. Doutor em Patologia Bucal pela UFRN; professor associado do Departamento de Odontologia da UFRN.

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Salomão Israel Monteiro Lourenço Queiroz; Ana Miryam Costa de Medeiros; José Sandro Pereira da Silva; Éricka Janine Dantas da Silveira

Pesquisas vêm sendo realizadas para ampliar a compreensão do (43 leucoplasias e 11 eritroplasias), com prevalência de 0,65% e 0,16%
comportamento e dos fatores etiológicos dessas lesões, que são pouco para cada lesão, respectivamente. A média de idade dos pacientes foi
compreendidos. Dentre eles, os hábitos de tabagismo e/ou etilismo são de 56,9 anos (idade variando de 23 a 86 anos); 44,4% eram do sexo
os mais evidenciados na literatura, de modo que alguns estudos têm masculino e 55,65%, do sexo feminino. As cores de pele mais
investigado a incidência e prevalência dessas lesões em usuários de frequentes dos pacientes foram branca e parda, representando, juntas,
tabaco e álcool de diversas populações do planeta(1, 3, 5, 7, 8). Radiação mais de 80% dos casos (Tabela 1). Quanto aos sintomas, 54,5% das
solar, diabetes, infecções da cavidade oral e mastigação de bétele são eritroplasias e 90,7% das leucoplasias eram assintomáticas (Tabela 2).
outros fatores associados citados como possíveis agentes etiológicos. Às

vezes, essas lesões também são atribuídas a causas idiopáticas( 1,14).


A lesão mais frequente foi a leucoplasia, acometendo principalmente
É importante analisar a prevalência e as características clínicas e a mucosa do lábio inferior seguida da mucosa bucal. Em relação ao
histopatológicas dessas lesões bucais, bem como verificar sua possível diagnóstico histopatológico, os casos de eritroplasia apresentaram
associação com o uso de tabaco e/ou álcool. Os resultados deste maior associação com o diagnóstico de displasia moderada e grave.
estudo auxiliam na definição de uma estratégia de prevenção de lesões As leucoplasias estavam em sua maioria no estágio de hiperceratose
potencialmente malignas e, consequentemente, do câncer bucal, visto ou displasia epitelial leve, e essas associações foram significativas
que a compreensão clínica e histopatológica dessas lesões favorece o (Tabela 2).
diagnóstico precoce e a prescrição do tratamento correto.
Em relação ao hábito de fumar, não houve diferença estatisticamente
significante entre as lesões, mas 72,15% dos casos eram usuários de
tabaco. Quanto ao hábito de beber, em mais de 85% dos casos esse
Método
dado não foi confirmado (Tabela 1).

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da


UFRN (parecer nº 500/2011). Tabela 1 – Características sociodemográficas e hábitos associados aos casos

de eritroplasia e leucoplasia do serviço de diagnóstico bucal da UFRN


Um estudo transversal retrospectivo de casos de leucoplasia e (2000-2012)

eritroplasia oral foi realizado no serviço de diagnóstico bucal da


Eritroplasia Leucoplasia
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), utilizando todos
p
os prontuários arquivados no período de janeiro de 2000 a junho de 2012. n % n %

Foram incluídos na amostra os casos cujos prontuários continham Idade

todos os dados necessários para a realização da pesquisa; casos não 4 14


0-49 36,4 32,6
confirmados pelo exame histopatológico foram excluídos. As lesões 0,811
50 ou mais 7 63,6 29 67,4
que apresentam ambas as formas clínicas (eritroleucoplasias) foram
adicionadas ao grupo das eritroplasias, pois o potencial maligno dessa Sexo

associação é semelhante ao da eritroplasia(19). Macho 4 20 46,5 0,546


36,4

Os dados foram coletados em uma ficha de coleta, especialmente Fêmea 7 63,6 23 53,5

elaborada para a pesquisa, contendo informações sobre os pacientes


Cor
(iniciais do nome, número do prontuário, idade, sexo, cor, datas de
Branco 3 27,3 22 51.2
atendimento, tabagismo e/ou etilismo) e sobre a lesão (diagnóstico
clínico, local, sintomas e diagnóstico histopatológico). Uma vez realizada Castanho 5 45,5 19 44.2 0,052

a coleta, foi construído um banco de dados no Epi Info, onde foi


Preto 3 27,3 2 4.7
realizada uma análise estatística, associada ao teste do qui-quadrado
e teste exato de Fisher. Para todos os testes, o nível de significância Hábito de fumar

foi de 5% (p ÿ 0,05). sim 9 81,8 30 69,8


0,426
Não 2 18.2 13 30.2

Resultados Hábito de beber

sim 3 27,3 4 9.3


Foram investigados 6.560 prontuários, 88 casos identificados 0,113
Não informado 8 72,7 39 90,7
clinicamente, dos quais 54 foram confirmados por histopatologia

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Avaliação clínica e histopatológica e hábitos associados ao aparecimento de leucoplasia e eritroplasia oral

Na população de Bangladesh e do Reino Unido, os índices de prevalência


Tabela 2 – Características clínicas e histopatológicas dos casos
de eritroplasia e leucoplasia oral no serviço de diagnóstico oral dessa lesão foram ainda maiores (24,4% e 25%), o que é explicado pelos altos
da UFRN (2000-2012) níveis de uso de álcool, tabaco e bétele.

Eritroplasia Leucoplasia
p Na presente pesquisa a leucoplasia foi encontrada em 0,65% dos
n % n %
pacientes atendidos no período estudado, com valores abaixo dos encontrados
Local da lesão
nas populações citadas, mas possivelmente associado ao consumo de tabaco,
Assoalho da boca 2 18.2 2 4.7
pois 69,8% dos casos eram tabagistas. Eritroplasia
Gengiva 1 9.1 4 9.3
apresentaram prevalência de 0,16% e 81,8% dos casos eram tabagistas,
Lábio inferior 2 18.2 10 23,3
valores semelhantes aos encontrados nos estudos de Hashibe et al. (6), que
Língua 3 27,3 2 4.7
verificaram prevalência de 0,02% a 0,83% em países asiáticos
Mucosa bucal 0 0 10 23,3 0,162
Hosni et ai. (8) demonstraram que essas lesões potencialmente malignas
Palato duro 1 9.1 8 18,6
são mais comuns em pacientes do sexo masculino, enquanto Yang et al. (26)
Palato mole 1 9.1 2 4.7
verificaram maior incidência no sexo feminino. Em relação à idade, estudos
Crista alveolar 1 9.1 5 11.6
mostram maior frequência de pacientes de meia-idade e idosos(8, 18, 19, 26).
Sintomatologia

Sintomático 5 45,5 4 9.6 0,004 No presente estudo, os pacientes apresentaram média de idade de 56,9

6 54,5 39 90,7
anos (idade variando de 23 a 86 anos), o que corrobora os estudos aqui citados,
Assintomático
provavelmente porque os pacientes dessa faixa etária estão mais expostos aos
Grau de displasia epitelial
hábitos de fumar e beber. Também foi possível observar que o sexo feminino
Hiperqueratose/displasia
3 27,3 37 86
leve foi mais acometido, com 55,6% dos casos, embora a predileção por sexo

Displasia moderada/ específico não tenha sido estatisticamente significativa para nenhuma das
5 45,5 4 9.3 0,001
grave lesões. Isso está de acordo com estudos de Lapthanasupkul et al.(10) que não

Carcinoma de encontraram diferença significativa entre os sexos, provavelmente porque os


3 27,3 2 4.7
células escamosas
hábitos de fumar e beber estão se tornando cada vez mais

comum entre as mulheres.


Discussão
Nesta pesquisa, assim como nas de Ariyawardana et al. (1) e Harris et al.

(7), mais de 80% dos casos diagnosticados clinicamente como leucoplasias


A realização de estudos seccionais é muito importante para compreender
apresentavam diagnóstico histológico de hiperceratose/
o perfil de uma determinada população acometida por um grupo de lesões. No
displasia epitelial leve, de natureza menos agressiva (p = 0,001). Mesmo assim,
caso de lesões potencialmente malignas, esse conhecimento pode auxiliar no
a taxa de transformação maligna da leucoplasia tem sido avaliada em vários
planejamento de políticas públicas de diagnóstico e conduta em pacientes de
estudos e deve ser considerada.
risco para esse grupo de lesões, uma vez que podem preceder o aparecimento

do câncer bucal. Com base nesse fato, este estudo avaliou todos os casos de Lee et ai. (11) afirmaram que 0,13% a 36,4% de todas as leucoplasias

leucoplasia e eritroplasia oral, procurando caracterizá-los clínica e podem sofrer transformação maligna após um período que varia de um a 11

histopatologicamente e verificando os prováveis fatores associados ao seu anos. Pimenta et ai. (16) mostraram que 1% a 28% das lesões que apresentam

aparecimento. displasia epitelial evoluem para carcinoma. Liu

et ai. (12) realizaram uma análise retrospectiva de 218 casos, evidenciando


A leucoplasia é a lesão potencialmente maligna mais frequente e mais
que 39 (17,9%) sofreram transformação maligna, em um período médio de 5,2
estudada. A eritroplasia, apesar de menos frequente, também é comumente
anos.
estudada, devido ao seu alto potencial de transformação maligna(1, 14, 20). As

taxas de prevalência de leucoplasia em estudos na Tailândia, em 2002(4) e Na pesquisa, a leucoplasia teve diagnóstico histopatológico de carcinoma

2007(10), foram de 1,7% e 1,8%, respectivamente. Em países como Alemanha, espinocelular em 4,7% dos casos. Isso significa que mesmo que essa lesão

Eslovênia e Estados Unidos, a prevalência variou de 0,9% a 6,2%(9, 18, 19). seja representada em sua maioria por hiperceratose, uma lesão não agressiva,

ela deve ser avaliada e conduzida com cautela e preocupação, pois com sua

Esses índices relativamente mais elevados podem ser explicados pelo fato de progressão a possibilidade de transformação maligna é relativamente alta em

grande parte da população apresentar o hábito de fumar. Nos estudos de Yang comparação com outras potencialmente malignas lesões.

et al.(26), em Taiwan, e de Pearson et al. (15), no

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Algumas características clínicas têm sido relatadas em associação No presente estudo, mais de 83,3% dos casos não apresentaram

com o aumento do risco de transformação maligna em leucoplasias e sintomas (p = 0,004), o que aumenta a preocupação com essas lesões,

eritroplasias: sexo feminino, lesões de longa duração que persistem mesmo mesmo quando os sintomas não estão presentes.

após a eliminação dos fatores etiológicos, lesões localizadas em áreas de


A relação entre lesões potencialmente malignas em usuários de tabaco
alto risco (assoalho da boca, superfície lateral do língua) e lesões não
e câncer bucal não é clara: essas lesões podem ocorrer em pacientes que
homogêneas com aspecto exofítico, papilar ou verrucoso(22).
nunca fumaram. No entanto, estudos têm observado taxas médias

significativas de transformação maligna dessas lesões em pacientes


Segundo Van Der Waal(22), embora a eritroplasia seja menos comum fumantes(13, 24). Van Der Waal(23) afirma que tais lesões são mais
que a leucoplasia, ela apresenta maior potencial de transformação maligna, comuns em pacientes fumantes e que o álcool pode ser um fator de risco
pois cerca de 90% dos casos são diagnosticados como displasia epitelial independente, mas ainda são necessárias mais evidências. Em relação ao
moderada ou grave. Da mesma forma, Scully e Porter(21) encontraram tabagismo, a presente pesquisa mostrou que 72,2% dos pacientes eram
uma potencial transformação maligna da eritroplasia que varia de 75% a tabagistas, mostrando a possibilidade dessa associação. Em relação ao
90%. álcool, os dados não foram relevantes, visto que na maioria dos prontuários

essa informação foi negligenciada, mostrando a necessidade de uma


No presente estudo, a eritroplasia se desenvolveu em mais de 72%
melhor avaliação pelo serviço quanto a esse hábito. Mesmo com esse
dos casos diagnosticados como displasia epitelial moderada e grave ou
déficit na análise das variáveis, a associação ao tabagismo foi encontrada
carcinoma espinocelular (p = 0,001), mostrando a importância da atenção

quando essas lesões estão presentes: sua identificação representa um em 17,9% dos casos.

alerta sobre a possibilidade de desenvolvimento de câncer bucal. Assim, Antes de planejar qualquer tipo de intervenção nessas lesões, é
uma lesão vermelha da mucosa deve ser motivo de preocupação se estiver necessário realizar um estudo histopatológico, para excluir a possibilidade
presente em alguma das áreas de alto risco para o desenvolvimento de de malignidade e determinar se há displasia, bem como seu grau, pois o
câncer e persistir por mais de 14 dias após a eliminação de todos os fatores tratamento deve ser guiado pelo diagnóstico definitivo obtido por biópsia.
etiológicos, biológicos, químicos e físicos. fatores.
As lesões que apresentam displasia epitelial moderada e grave ou persistem

Essas lesões podem estar presentes em todas as regiões da mucosa após a eliminação dos possíveis agentes etiológicos devem ser

oral; porém, há locais em que sua ocorrência é mais ou menos comum. completamente excisadas.

Isso se deve ao padrão comportamental do paciente em relação ao

consumo de possíveis agentes causadores(10). Nesta pesquisa houve

preferência pela mucosa do lábio inferior seguida da mucosa bucal, que é Conclusão
o local mais acometido em alguns estudos(9, 10, 25).
A lesão mais frequente foi a leucoplasia em mulheres fumantes, com

média de idade de 57 anos. Clinicamente, a maioria das lesões era


Autores relatam que os dois locais mais comuns para transformação
assintomática. Em relação ao exame histopatológico, a eritroplasia foi mais
maligna seriam a língua e o assoalho da boca(9,14). Nos casos aqui
associada aos graus mais graves de displasia.
avaliados, cinco (9,3%) lesões foram diagnosticadas histopatologicamente

como carcinoma espinocelular: uma em língua, uma em palato, uma em

lábio e duas em assoalho de boca. O presente estudo mostrou que a relação do consumo de tabaco com

o desenvolvimento das lesões analisadas é muito semelhante às relatadas

em trabalhos publicados. Assim, é prudente se preocupar com esse hábito,


Apesar da importância da identificação precoce dessas lesões, muitas
visto que já é mais evidente em inúmeras populações do planeta que os
vezes elas passam despercebidas ao cirurgião-dentista, e muitas vezes
fumantes apresentam maior frequência dessas lesões potencialmente
são tratadas de forma inadequada, provavelmente por serem, em geral,
malignas.
assintomáticas. Por representarem lesões potencialmente malignas e

poderem ser clinicamente semelhantes a outras doenças da cavidade oral, Essas lesões são, em sua maioria, assintomáticas, portanto, um

é necessário o diagnóstico diferencial com outras lesões brancas e exame clínico criterioso realizado pelo cirurgião-dentista é de extrema

vermelhas como: candidíase eritematosa, irritação local, mucosite, líquen importância no seu diagnóstico precoce. Por apresentarem potencial de

plano, lúpus eritematoso, reação medicamentosa, romboide mediano transformação maligna, essas lesões demandam a realização de biópsia:

glossite, leucoplasia pilosa, leucoedema, morsicatio buccarum, queratose seu padrão histológico determinará parcialmente o prognóstico e,

friccional e estomatite nicotínica(6, 14). consequentemente, a conduta do cirurgião-dentista em relação a elas.

O diagnóstico diferencial deve ser feito criteriosamente.

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Avaliação clínica e histopatológica e hábitos associados ao aparecimento de leucoplasia e eritroplasia oral

resumo
Objetivo: Esta pesquisa objetiva estabelecer a prevalência, os fatores associados ao surgimento e as características clínicas e
histopatológicas das leucoplasias e eritroplasias orais, a fim de que estes dados possam contribuir na estratégia de prevenção
ao desenvolvimento dessas lesões e, consequentemente, do câncer oral. Material e método: Foi realizado estudo retrospectivo
em um serviço de referência da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) no período de 2000 a 2012. Para
verificar a associação das variáveis foi utilizado o teste qui-quadrado e o exato de Fisher (p ÿ 0,05). Resultados: Foram
investigados 6.560 prontuários, tendo sido selecionados 54 casos, dos quais 44,4% do sexo masculino e 55,6% do feminino,
com idade média de 56,93 anos. Com relação aos hábitos, 72,2% eram fumantes e 25% usuários de álcool, sendo que 17,9%
exibiam associação dos dois hábitos. As leucoplasias orais foram as lesões mais prevalentes (0,65%), e as eritroplasias orais
apresentaram maior associação com apresentação maligna no diagnóstico histopatológico (p = 0,001). A maioria das lesões
não apresentou sintomatologia (p = 0,004). A leucoplasia oral foi mais frequente em mulheres fumantes com média de idade
de 57 anos. Conclusão: O conhecimento dos fatores associados e das características clínicas das eritroplasias e leucoplasias
orais é essencial para o estabelecimento do correto diagnóstico e tratamento.

Unitermos: leucoplasia; eritroplasia; prevalência; hábitos; fumo; alcoolismo.

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Endereço de correspondência

Salomão Israel Monteiro Lourenço Queiroz


Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Departamento de Odontologia; Av. Senador Salgado Filho, 1.757; Lagoa Nova; CEP: 59056-000; Natal-RN,
Brazil; Phone: +55 (84) 9600-6633; e-mail: salomaoisrael10@gmail.com.

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