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É tica e bioética médica

Dilema moral

Laura Beatriz Nogueira (RA: 4831292)


2°semestre A

Novembro 2022

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História clínica

Um médico do programa mais médicos vai a uma tribo ianomâmi, encontra


uma gestante de 36 semanas, e realiza seu parto. Após a gestação, a
paciente dá à luz ao seu segundo filho, que possui hidrocefalia. De acordo
com a tradição de sua tribo, quando a criança nasce com alguma deficiência
física, é realizado um ritual em que matam a criança, conhecido em nossa
sociedade como infanticídio. Para eles, é um gesto de amor, uma forma de
proteger o recém-nascido, enquanto para muitos que estão fora da sociedade
é um assassinato de bebês.

Discussão

O que o médico devia ter feito? Certo ou errado? Com base em que?

Na nossa sociedade, por não se assemelhar à cultura de tribos isoladas, a


legislação penal brasileira, estabeleceu em seu artigo 123 que infanticídio é
"Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante ou logo
após o parto ".

No Brasil a Constituição assegura, aos grupos indígenas, o direito da


realização de tradições e crenças. Em sua cultura, a realização desse ritual é
uma forma de proteger o recém-nascido, mas muitos discordam.

Há quem argumente que o infanticídio é parte da cultura indígena. Apesar da


Constituição Federal garantir aos índios a proteção de seus costumes e
tradições, a Constituição também garante o direito à vida, que deve sobrepor
à prática cultural. Além disso, a nº Lei 6.001/1973, que instituiu o Estatuto do
Índio, expressa sobre a necessidade e dever de preservação da cultura
indígena. No artigo 47 da referida lei, é aduzido que “é assegurado o respeito
ao patrimônio cultural das comunidades indígenas, seus valores artísticos e
meios de expressão”.

É dever do profissional acompanhar o caso da criança, porém não se sabe


até que ponto isso se torna uma interferência na cultura indígena. A
discussão, portanto, encontra seu conflito na seguinte questão: o que
prevalece é o direito individual à vida ou o direito comunitário dos indígenas

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de manterem seus costumes? Dessa forma, não há uma decisão jurídica final
quanto ao que prevalece: o direito médico ou o relativismo cultural.

Referências bibliográficas:

NASCIMENTO, AMANDA MEDEIROS. Infanticídio indígena: entre o direito à


vida e o direito a cultura. [S. l.], 19 nov. 2021. Disponível em:
https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/57505/infanticdio-indgena-
entre-o-direito-vida-e-o-direito-a-cultura#:~:text=H%C3%A1%20quem
%20argumente%20que%20o,deve%20sobrepor%20%C3%A0%20pr
%C3%A1tica%20cultural. Acesso em: 7 nov. 2022.

SILVA, ANA FLÁVIA FERREIRA. Infanticídio indígena: o conflito entre o


direito à vida e o direito de proteção à cultura. âmbito jurídico, 1 mar. 2020.
Disponível em:
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-constitucional/infanticidio-
indigena-o-conflito-entre-o-direito-a-vida-e-o-direito-de-protecao-a-cultura/.
Acesso em: 7 nov. 2022.

GUIMARÃES, ROBERSON. O crime de infanticídio e a perícia médico-legal:


Uma análise crítica. In: Infanticídio indígena: o conflito entre o direito à vida e
o direito de proteção à cultura. [S. l.], 1 mar. 2020. Disponível em:
https://jus.com.br/amp/artigos/4066/o-crime-de-infanticidio-e-a-pericia-
medico-legal. Acesso em: 2 nov. 2022.

Tradição indígena faz pais tirarem a vida de crianças com deficiência física:
Uma tradição comum antes mesmo de o homem branco chegar ao país.. [S.
l.], 7 dez. 2014. Disponível em:
https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2014/12/tradicao-indigena-faz-pais-
tirarem-vida-de-crianca-com-deficiencia-fisica.html. Acesso em: 2 nov. 2022.

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