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UNIVERSIDADE UNIGRANRIO

PEDAGOGIA

O INFANTICÍDIO INDÍGENA

Paula da Cruz Marquesin

Rio Claro-RJ
2022
INTRODUÇÃO

O infanticídio indígena consiste na prática do homicídio de crianças recém-nascidas


nas tribos, as causas mais comuns do infanticídio indígena são: adultério, incesto,
deficiência física, deficiência mental, filhos gêmeos, falta de condições da família
para criá-lo, sexo indesejado do bebê, controle populacional e filho de mãe solteira
A prática do infanticídio indígena ainda é identificada em cerca de 18 etnias
brasileiras, dentre as 305 que são reconhecidas.
O Brasil, a partir da Constituição Federal de 1988, apresentou uma gama de direitos
fundamentais com intuito de proteger todos os que estiverem no território nacional.
Apesar de o Estado ser garantidor desses direitos fundamentais, surge um desafio
ao conciliá-los, visto que o direito à vida e a diversidade cultural, ambos protegidos
constitucionalmente, acabam colidindo ao se constatar que algumas comunidades
indígenas brasileiras praticam o infanticídio indígena.
O presente trabalho tem como objetivo principal analisar o conflito existente entre
dois princípios constitucionais, o direito à vida e o direito de proteção à cultura, sob a
ótica da prática do infanticídio indígena.
INFANTICÍDIO INDÍGENA

O tema infanticídio indígena apresenta relevância na medida em que entra em


conflito dois princípios constitucionais, o direito à vida e o direito de proteção à
cultura.
Sem dúvidas, a cultura é essencial à formação do humano, pois com ela o indivíduo
orienta-se na vivência e observação do mundo, porém os direitos culturais não
devem ser tratados de forma ilimitada, em consideração a outros direitos básicos do
ser humano, neste caso, o direito à vida.
As limitações para o exercício da cultura aparecem quando são colocados em
debates, princípios como a dignidade da pessoa humana e a igualdade, a
diversidade cultural também deve estar pautada no respeito à vida humana.
O Projeto de Lei nº 1.057/2007, conhecida por “Lei Muwaji”, que dispõe sobre o
combate à prática do infanticídio e a proteção dos direitos fundamentais das
crianças indígenas, o projeto destaca, inicialmente, o respeito e promoção às
práticas tradicionais indígenas quando em consonância com os direitos
fundamentais firmados pela Constituição Federal, assim como com os tratados e
convenções internacionais que o Estado brasileiro seja signatário.

É preciso analisar o problema do infanticídio indígena considerando as condições


nas quais as tribos nativas estão submetidas. Grande parte dos povos isolados
sequer têm acesso a saúde básica ou assistência social, de forma que a sua
interação em sociedade fica prejudicada. Nesse sentido, não basta simplesmente
instituir medidas punitivas aos adeptos do infanticídio, mas estabelecer meios para
que as crianças potenciais vítimas do infanticídio tenham o mínimo de dignidade.

Após exemplificar as práticas consideradas lesivas, que estabelece como dever de


todos a garantia dos direitos das crianças, adolescentes, mulheres, deficientes e
idosos indígenas por todos os meios disponíveis, sob pena de crime de omissão aos
que não notificarem as autoridades em casos suspeitos. Entre outras questões,
consigna também sobre a criação de cadastros para acompanhamento das
mulheres gestantes e crianças em aparente situação de risco, a fim de se antecipar
a eventual ato danoso à integridade destes sujeitos. Por fim, dispõe sobre o dever
de buscar o diálogo através dos direitos humanos com o fim de extirpar as práticas
tradicionais consideradas “nocivas”
CONCLUSÃO

Conclui-se que infanticídio indígena se revela inapropriado e desumano à evolução


da sociedade, práticas tradicionais como o infanticídio indígena, não podem ser
justificadas pelas normas culturais, justamente porque o direito de proteção à cultura
não pode ser invocado para validar a violação de outro direito fundamental.

Dar aos sujeitos envolvidos na prática a liberalidade de escolher se a criança cuja


característica não se adéqua àquele meio social deve viver ou morrer, certamente
mostra-se inadequado e penoso inclusive aos próprios indivíduos.

Apesar de o projeto de lei mostrado no trabalho possuir disposições penais em face


dos praticantes do infanticídio e de terceiros que porventura não denunciarem casos,
dele também constam a implementação de importantes ferramentas para a extinção
do infanticídio, como por exemplo, a criação de cadastro das indígenas grávidas e o
conselho tutelar indígena, responsável por assegurar a inocorrência de casos.

A atuação do Estado não é suficiente, de modo que a participação de terceiros no


combate ao infanticídio, também é razoável. Dessa forma, incentivar o trabalho de
organizações não governamentais, que atua principalmente na conscientização e
com o fornecimento de apoio assistencial a crianças em risco de infanticídio,
certamente poderá ser positivo no que diz respeito à erradicação.

Mudanças de atitude e pensamento certamente podem ocorrer, mas não de uma


hora para outra, principalmente tratando-se de uma cultura antiga e com costumes já
enraizados. O que deve ser promovido, em relação aos povos indígenas, é a
implementação de medidas estruturais a fim garantir o acesso dos povos à saúde e
educação. Além disso, deve-se introduzir, através do diálogo, a visão de que o
infanticídio não é mais uma prática necessária e essencial à continuidade de sua
cultura.

Por fim, após as tentativas de aceitação falharem por parte dos genitores, que as
crianças desprezadas possam ser resgatadas pelo Estado e postas sob os cuidados
de famílias substitutas, podendo viver uma vida digna.
Referências bibliográficas

 Infanticídio Indígena: Cultura ou Crime contra a Vida? (brasilparalelo.com.br)


 AFONSO, Isabella Fallet da Cunha. Disposição do direito à vida: uma
análise da morte digna. Repositório Científico da Universidade de Coimbra.
2018. Disponível em: <DISPOSIÇÃO DO DIREITO À VIDA: uma análise da
morte digna | Estudo Geral (uc.pt) >. Acesso em: 16 de Setembro de 2022;
 MAGGIO, Vicente de Paula Rodrigues. Infanticídio e a morte culposa do
recém-nascido. Campinas, SP: Millennium Editora, 2004. p. 40

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