Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PRESIDENTE
Oswaldo de Jesus Ferreira
VICE-PRESIDENTE
Eduardo Chaves Vieira
FOTO CAPA
Farmacêuticas Vanessa Flores (personagem) e Lenise Silva (fotografia),
Hospital Universitário Federal de Santa Maria da Universidade Federal de Santa Maria (HUSM-UFSM).
ISBN 978-65-994535-0-2
1ª edição
São Paulo - SP
2021
EBSERH
PRESIDENTE
Oswaldo de Jesus Ferreira
VICE-PRESIDENTE
Eduardo Chaves Vieira
ORGANIZADORES
Rogéria Aparecida Pereira Valter de Lucena - Diretoria de Ensino, Pesquisa e
Atenção à Saúde/EBSERH Sede
Samira de Souza Silva - Diretoria de Ensino, Pesquisa e Atenção à Saúde/Ebserh Sede
Maria Denise Ricetto Funchal Witzel - Gerente Acadêmica, Instituto Racine
ELABORAÇÃO
Farmacêuticos da Rede EBSERH que foram alunos do Instituto Racine, egressos
do Curso de Pós-graduação Lato sensu em Farmácia Oncológica e Cuidados Far-
macêuticos em Oncologia, sob responsabilidade acadêmica da Faculdade Innovare
e colaboradores da EBSERH sede e filiais.
Alba Maria Alves Vasconcelos - Hospital Universitário Prof. Alberto Antunes da Universidade
Federal de Alagoas
Aline Santos Silva - Hospital Universitário de Santa Maria da Universidade Federal de Santa Maria
Anderson da Silva Cavalcanti - Maternidade Escola Januário Cicco da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte
Brenda Grazielli Nogueira Moraes - Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás
Bruno Araujo Brandão - Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora
Camila Albani Ferri - Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes da Universidade Federal
do Espírito Santo
Camila Cadore - Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas
Camile da Rocha - Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná
Camille Salvany Caputi - Hospital Universitário de Santa Maria da Universidade Federal de Santa Maria
Carolina Mesquita de Carvalho - Hospital Universitário Antônio Pedro da Universidade Fede-
ral Fluminense
Caroline Santos Capitelli Fuzaro - Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Celina Santos Almeida - Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe
Cintia Gratone Carneiro - Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás
Cristiano Álvares de Araújo - Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago da Univer-
sidade Federal de Santa Catarina
Cristiano Vieira Tavares - Hospital Universitário Gaffrée e Guinle da Universidade Federal do
Estado do Rio de Janeiro
Daniela de Nazaré Magalhães Machado Figueredo - Hospital Universitário Prof. Alberto
Antunes da Universidade Federal de Alagoas
REVISÃO TÉCNICA
Profissionais da Rede EBSERH da Sede e dos Hospitais Universitários Federais -
Grupo Técnico Temático - Portaria - SEI Nº 33, de 01 de setembro de 2020, Boletim
de Serviço Nº 910, 25 de setembro de 2020.
Armando Jorge Junior - Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados
Claudia Sala Andrade - Hospital Universitário de Santa Maria da Universidade Federal de Santa Maria
Diana Graziele dos Santos - Diretoria de Ensino, Pesquisa e Atenção à Saúde/EBSERH Sede
Eugenie Desirèe Rabelo Néri Viana - Maternidade Escola Assis Chateaubriand da Universi-
dade Federal do Ceará
Giuliano Cesar Silveira - Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Leonardo Augusto Kister de Toledo - Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard
Santos da Universidade Federal da Bahia
Ricardo Malaguti - Diretoria de Ensino, Pesquisa e Atenção à Saúde/EBSERH Sede
Rogéria Aparecida Pereira Valter de Lucena - Diretoria de Ensino, Pesquisa e Atenção à
Saúde/EBSERH Sede
Samira de Souza Silva - Diretoria de Ensino, Pesquisa e Atenção à Saúde/EBSERH Sede.
SUMÁRIO
Sumário
APRESENTAÇÃO E OBJETIVO 24
DESCRIÇÃO 28
Introdução 28
Antineoplásicos: Bases e Conceitos 29
Manipulação de Antineoplásicos 30
Referenciais Teóricos 32
2 Desenvolvimento 236
3 Discussão 240
Referenciais Teóricos 242
Glossário (Siglas e Significados) 245
2 Desenvolvimento 351
2.1 Panorama da RDC N° 222 de 28 de Março de 2018 351
2.2 Classificação dos Resíduos dos Serviços de Saúde de Acordo com a 353
Legislação Brasileira
2.3 Manejo de Resíduos de Serviço de Saúde no Contexto da Farmácia 355
de Quimioterapia
2.4 Identificação 357
2.5 Área Administrativa 359
2.6 Área Limpa 360
2.6.1 Sala de Paramentação 360
2.6.2 Sala de Higienização 360
2.6.3 Sala de Manipulação 360
2.6.4 Sala de Armazenamento de Medicamentos e Materiais 362
3 Discussão 362
Referenciais Teóricos 366
Glossário (Siglas e Significados) 371
APRESENTAÇÃO
E OBJETIVO
Apresentação
O câncer é um conjunto de doenças causadas pela multiplicação descontrolada
de células anormais, sendo a segunda maior causa de morte nos países industrializa-
dos, seguida das doenças cardiovasculares. Nesses países, uma em cada quatro pes-
soas desenvolve câncer (FONTES; CESAR; BERALDO, 2005). No Brasil estima-se que
mais de 600.000 pessoas serão diagnosticadas com câncer em 2020 (BRASIL, 2020).
Diante desse cenário, a terapia antineoplásica é estratégia terapêutica prefe-
rencial a ser adotada em diferentes tipos de cânceres e, no Brasil, a manipulação
de medicamentos que possam causar risco ocupacional ao manipulador (terato-
genicidade, carcinogenicidade e/ou mutagenicidade) nos estabelecimentos de
saúde públicos ou privados é exclusiva do farmacêutico especialista em oncologia
(CFF 2012, 2017).
Este manual surge como produto da formação de farmacêuticos especialis-
tas em farmácia oncológica na rede de hospitais universitários federais ligados à
EBSERH, sendo composto por 13 capítulos que abordam desde a estrutura física
necessária para a área na qual ocorrerá a manipulação dos antineoplásicos, pas-
sando por toda a fase preparatória para a manipulação e a manipulação propria-
mente dita, até a destinação dos resíduos gerados. Discorre também sobre o risco
ocupacional e biossegurança e manutenção preventiva e corretiva dos equipa-
mentos utilizados neste processo.
As orientações deste manual são destinadas a todas as farmácias que possuem
áreas de manipulação de antineoplásicos, devendo ser adotado como suporte para
a definição de procedimentos operacionais e fluxos de trabalho, contribuindo para
a definição de processos de manipulação tecnicamente adequados e seguros, para
o elevado padrão de qualidade do cuidado e para o ensino da práxis farmacêutica
em hospitais universitários da EBSERH.
Objetivo
Apresentar as boas práticas de manipulação de antineoplásicos que deverão ser
adotadas como referência para a definição de processos, fluxos e procedimentos
operacionais seguros pelas farmácias que realizam manipulação de antineoplásicos
nos hospitais da rede EBSERH.
DESCRIÇÃO
Descrição
Introdução
O câncer é uma das principais causas de morte no mundo e apresenta como
agravante a expectativa do aumento rápido do número de casos à medida que as
populações crescem, envelhecem e adotam comportamentos de estilo de vida que
aumentam o risco de desenvolvimento da doença. No entanto, o sofrimento causa-
do pelo câncer às pessoas acometidas pode ser minimizado por meio do estabeleci-
mento de um tratamento adequado (TORRE et al., 2016).
O tratamento do câncer requer cuidado multidisciplinar, prestado por uma
equipe composta por médico, farmacêutico, enfermeiro, psicólogo, nutricionista,
dentista, fisioterapeuta e assistente social. O farmacêutico atua na manipulação
e gerenciamento dos medicamentos utilizados, em suas diferentes etapas, garan-
tindo que os procedimentos sejam realizados da maneira adequada, conforme in-
dicação, posologia e protocolos existentes, e fornecendo, aos pacientes e demais
membros da equipe, informações técnicas atualizadas sobre novos medicamentos
e terapias, o que o torna uma peça fundamental para a garantia da qualidade dos
procedimentos e um integrante essencial da equipe multidisciplinar em oncologia
(DRFELIPEADES.COM, 2020).
Responsável pela gestão dos insumos e pela farmácia clínica, o farmacêutico é
um profundo conhecedor dos fármacos e das diferentes terapias, assumindo uma
atividade de grande importância para o sucesso do tratamento do paciente com
câncer, tendo por atribuição privativa o preparo dos antineoplásicos e demais medi-
camentos que possam causar risco ocupacional ao manipulador (teratogenicidade,
carcinogenicidade e/ou mutagenicidade) nos estabelecimentos de saúde públicos
ou privados. Nesses estabelecimentos devem ser asseguradas: a existência de pro-
fissional habilitado para tal prática, a disponibilidade de rotinas e procedimentos,
bem como as condições adequadas de formulação, preparo, armazenagem, conser-
Manipulação de Antineoplásicos
A manipulação de medicamentos antineoplásicos é ato privativo, intransferível
e indelegável do farmacêutico, conforme Nota Técnica/17 emitida pelo Conselho
Federal de Farmácia (CFF, 2017), que objetiva alinhar conceitos e entendimentos
acerca deste tema com os Conselhos Regionais de Farmácia (CRF), enfatizando que
nenhum outro profissional de saúde, quer seja ele de nível superior, quer seja de
nível médio, pode realizar esse ato, nem mesmo sob a supervisão do farmacêutico.
Essa nota técnica reitera e detalha o que já está previsto na Resolução nº 623, de
29 de abril de 2016 (CFF, 2016) e “dá nova redação ao artigo 1º da Resolução/CFF
nº 565/12 (CFF, 2012), estabelecendo titulação mínima para a atuação do far-
macêutico na oncologia”. Este artigo 1º, alterado pela Resolução/CFF nº 640/17
(CFF, 2017), estabeleceu como sendo atribuição privativa do farmacêutico o
preparo dos antineoplásicos e demais medicamentos que possam causar risco
ocupacional ao manipulador (teratogenicidade, carcinogenicidade e/ou muta-
genicidade) nos estabelecimentos de saúde públicos ou privados.
Nesta resolução, o CFF considerou a importância e a necessidade, nos estabe-
lecimentos de saúde, de se estabelecer rotinas e procedimentos e de se assegurar
Referenciais Teóricos
TORRE, L. A. et al. Global cancer incidence and mortality rates and trends—an
update. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev, v. 25, n. 1, p. 16-27, jan. 2016. [DOI:
10.1158/1055-9965.EPI-15-0578]. Disponível em: https://cebp.aacrjournals.org/
content/25/1/16.long. Acesso em: 18 dez. 2020.
Capítulo 1
INFRAESTRUTURA
Física da Central de Manipulação
de Medicamentos Utilizados
na Terapia Antineoplásica
Lista de Quadros
Quadro 1. Correlação entre as Classificações de Sala Limpa 42
1 Introdução 38
2 Desenvolvimento 39
2.1 Características Gerais 43
2.1.1 Área ou Sala para as Atividades Administrativas 44
2.1.2 Áreas de Quarentena, Rotulagem e Embalagem 44
2.1.3 Área de Armazenamento Exclusiva para Estocagem de 44
Medicamentos Antineoplásicos
2.1.4 Vestiários de Barreira 45
2.1.5 Paramentação Específica (Antecâmara) 45
2.1.6 Salas de Manipulação 46
2.1.7 Área de Recebimento de Medicamentos Antineoplásicos 47
2.1.8 Sala de Limpeza, Higienização e Esterilização 47
2.1.9. Área para Inspeção do Produto Final 48
2.2 Parâmetros Medidos 48
2.2.1 Temperatura e Umidade 48
2.2.2 Pressão 49
2.3 Itens e Equipamentos Necessários 49
2.3.1 Lixeira com Pedal e Tampa 49
2.3.2. Recipiente de Transporte 50
2.3.3 Cabine de Segurança Biológica Classe II B2 50
2.4 Área Limpa 51
2.4.1 Filtros e Exaustão das Salas 51
3 Discussão 52
Referenciais Teóricos 54
Glossário (Siglas e Significados) 57
Capítulo 1
Infraestrutura Física da Central de Manipulação de
Medicamentos Utilizados na Terapia Antineoplásica
1 Introdução
No início da terapia antineoplásica não havia atuação do farmacêutico na mani-
pulação e preparo desses medicamentos. Todo o procedimento era executado em
ambiente aberto pela equipe de enfermagem (ROCHA; PALUCCI; ROBAZZI, 2004)
e as informações sobre os efeitos deletérios dessa classe de medicamentos para o
manipulador ainda eram escassas.
Com o passar do tempo, as pesquisas comprovaram as informações sobre os
efeitos cancerígenos, mutagênicos e teratogênicos destes fármacos aos quais os
manipuladores estavam expostos. Por esse motivo, deu-se a necessidade de que
a manipulação fosse realizada por profissionais especializados e que os locais de
preparo tivessem características específicas e controladas. Além disso, constatou-se
também a necessidade de um local apropriado para que os produtos manipulados
não fossem expostos ao risco de contaminação microbiológica e comprometimento
da segurança dos pacientes oncológicos (OSHA, 1999).
Com o entendimento da abrangência dos riscos envolvidos nos serviços de
terapia antineoplásica houve a necessidade de novas normas técnicas e legisla-
ções para pautar o funcionamento seguro aos profissionais que atuam nesses
ambientes. Desta forma, para normatizar esta atividade foi publicada a Resolu-
ção da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)
nº 220 de 21 de setembro 2004, que estabelece os requisitos mínimos nos servi-
ços que oferecem terapia antineoplásica e outras normas complementares que
serão citadas posteriormente.
2 Desenvolvimento
A estrutura física dos serviços de terapia antineoplásica, sejam públicos ou priva-
dos e de pequeno ou grande porte, devem adequar-se aos requisitos estabelecidos
na RDC ANVISA nº 220, de 21 de setembro 2004, em conformidade com a RDC
ANVISA nº 50, de 21 de fevereiro de 2002, e, ainda, outras resoluções específicas
(ESCOBAR, 2008). É importante ressaltar que, embora esses documentos tenham
abrangência nacional, seguir as exigências sanitárias específicas de cada Estado é
fundamental, visto que o órgão fiscalizador é estadual e pode estabelecer critérios
mais rígidos (ESCOBAR, 2008).
bientes para troca de roupa, com barreira que separe o local menos limpo do local
onde o manipulador irá colocar a roupa estéril.
As portas de acesso à sala de paramentação e a sala limpa devem possuir dis-
positivos que impeçam a abertura simultânea, com sinalização sonora ou luminosa
quando isso ocorrer.
O ar não precisa ser classificado. É necessária a existência de lavatório que dispense
o contato das mãos para abertura e fechamento, sabonete líquido ou antisséptico,
recurso para secagem das mãos e lava-olhos (BRASIL, 2007).
A sala de paramentação deve ser ventilada, com ar filtrado, e possuir diferencial de
pressão positiva em relação à sala de manipulação, formando um efeito de barreira
tipo bolha, com a intenção de impedir que o ar externo e não classificado entre na
sala de manipulação e que o ar da sala classificada, possivelmente com contaminan-
tes químicos atinja o meio externo (SOBRAFO, 2014). O sistema de ar filtrado deve
assegurar que o fluxo de ar não espalhe partículas no ambiente. O ar injetado nas
áreas classificadas deve ser filtrado por filtros HEPA.
Toda a área deve ser protegida contra a entrada de aves, insetos, roedores ou
outros animais e poeira. Deve haver “Programa de Controle Integrado de Pragas e
Vetores”, com os respectivos registros da aplicação de produtos realizada por em-
presa licenciada para este fim, perante os órgãos competentes. Os ralos devem ser
sifonados e com tampas escamoteáveis.
Os ambientes devem possuir superfícies internas (pisos, paredes e teto) lisas e imper-
meáveis, sem rachaduras, resistentes aos agentes sanitizantes e facilmente laváveis.
A sala de higienização de insumos deve ser adjacente e comunicar-se com a
sala de manipulação através de passadores intertravados. Conforme consta na RDC
nº 67/2007, a sala deve ser ISO classe 8 (Grau D: 100.000 partículas/pé cubico de
ar). E o teste para verificação de partículas deve ser feito anualmente segundo a ISO
14644-1 (BRASIL, 2007).
É necessário que as áreas e instalações sejam adequadas e suficientemente
organizadas para o desenvolvimento das atividades, de modo a evitar os riscos de
contaminação e garantir a sequência das operações. Além disso, a iluminação e a
ventilação precisam ser compatíveis com as etapas e materiais manuseados nos
procedimentos e devem existir sistemas e equipamentos para combate a incêndio,
conforme legislação específica (BRASIL, 2007).
2.2.2 Pressão
Salas que apresentam diferenciais de pressão devem possuir indicadores que re-
gistrem as pressões conforme o recomendado e um sistema de aviso deve funcionar
para que as falhas sejam alarmadas. É ideal que o diferencial de pressão entre salas
limpas esteja na faixa entre 5 Pa a 20 Pa para evitar que na abertura das portas ocor-
ram fluxos cruzados devido à turbulência. O diferencial de pressão entre ambientes
vizinhos é obtido através do insuflamento de ar maior ou menor que a retirada por
meios mecânicos, para obter pressão positiva ou negativa respectivamente (ABNT,
2005a; ABNT, 2005b; SOBRAFO, 2014).
e capacidade filtrante remanescente. Os filtros HEPA devem ser trocados após 500
horas de trabalho efetivo, se estiverem saturados, serem danificados ou conforme
determinação do fabricante.
3 Discussão
Em serviços de saúde, o risco de exposição aos agentes antineoplásicos é obser-
vado nas atividades de manipulação da substância para preparação da dose a ser
administrada, na administração do fármaco ao paciente, no contato com excreções do
paciente tratado e em atividades de descarte, manuseio dos resíduos contaminados
e limpeza de áreas contaminadas (OSHA, 201?; ROCHA, 2004).
Os riscos advindos da manipulação de quimioterápicos antineoplásicos
envolvem a inalação de aerossóis, o contato direto com a pele e mucosas e
a ingestão de alimentos e medicamentos contaminados por resíduos desses
agentes e podem, potencialmente, provocar danos à saúde dos trabalhadores
que manipulam estes medicamentos, tais como, mutagenicidade, infertilidade,
aborto e malformações congênitas, disfunções menstruais e sintomas imedia-
tos como tontura, cefaleia, náusea, alterações de mucosas e reações alérgicas
(OSHA, 201?; ROCHA; PALUCCI; ROBAZZI, 2004).
As práticas de biossegurança adotadas em laboratórios baseiam-se na necessi-
dade de proteger os colaboradores, o meio ambiente e a comunidade da exposição a
agentes presentes nesses locais e que representam possíveis riscos. Os profissionais
que atuam nessa área necessitam receber treinamento adequado e atualizar-se
constantemente sobre as técnicas que devem ser adotadas para manter o ambiente
seguro (OSHA, 201?; ROCHA; PALUCCI; ROBAZZI, 2004).
As normas brasileiras não determinam o tempo máximo de exposição, mas reco-
menda-se não ficar exposto por mais de 8 horas diárias aos agentes antineoplásicos,
pois ultrapassar este tempo pode trazer grande risco para os profissionais envolvidos
no preparo. O Guideline Canadense ISOPP (International Society of Oncology Pharmacy
Practitioner) recomenda uma pausa a cada 2 horas, caso o trabalhador realize ativida-
des sem interrupções na cabine. Já o Guideline Americano NIOSH (National Institute
for Occupational Safety and Health) recomenda que em 3 horas e meia de trabalho
devem ser feitas pausas ou mudança no tipo de preparação (BIDOIA, 2017).
Referenciais Teóricos
ABNT- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14644: Salas limpas
e ambientes controlados associados. Parte 4: Projeto, construção e partida. Rio de
Janeiro, 2004.
ABNT- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14644: Salas limpas
e ambientes controlados associados. Parte 1: Classificação da limpeza do ar. Rio de
Janeiro, 2005b.
Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, n. 195, p. 29, 09 out. 2007. Disponível
em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2718376/RDC_67_2007_COMP.
pdf/5de28862-e018-4287-892e-a2add589ac26. Acesso em: 03 mar. 2020.
KRIPPNER, E. Classificação de áreas limpas. Revista SBCC, São Paulo, n. 44, p. 42-44, 2010.
MARTIN, H. FDA Federal Standard 209 Replaced. In: ECA Academy. GMP News, 03
mai. 2002. Disponível em: https://www.gmp-compliance.org/gmp-news/fda-federal-
standard-209-replaced. Acesso em: 19 mai. 2020.
handling antineoplastic agentes. [Hoboken, NJ]: Wiley, 2019. Disponível em: https://
onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/ijpp.12590. Acesso em: 19 mai. 2020.
WHO - WORLD HEALTH ORGANIZATION. Who Good Manufacturing Practices for Ste-
rile Pharmaceutical Products Proposal for Revision. Geneva: WHO, 2009. p. 18-19.
Capítulo 2
MANUTENÇÃO
Preventiva, Corretiva e
Certificação da Cabine
de Segurança Biológica
1 Introdução 61
1.1 Manutenção Preventiva 62
1.2 Manutenção Corretiva 62
1.3 Validação de uma Cabine de Segurança Biológica 63
2 Desenvolvimento 63
2.1 Ensaios Realizados na Certificação de Cabines de Segurança Biológica 64
2.2 Visitas Técnicas 66
2.3 Programas de Manutenção 67
2.4 Atribuições e Responsabilidades 67
2.5 Plano de Contingência 69
3 Discussão 70
Referenciais Teóricos 72
Glossário (Siglas e Significados) 73
Capítulo 2
Manutenção Preventiva, Corretiva e
Certificação da Cabine de Segurança Biológica
1 Introdução
As Cabines de Segurança Biológica (CSB) são equipamentos concebidos para pro-
teger o operador, o ambiente laboratorial e o material de trabalho e constituem
a principal barreira primária de uma área de manipulação de quimioterápicos. No
entanto, esses equipamentos devem ser utilizados de forma correta; caso contrário,
a proteção que oferecem pode ficar comprometida. A Organização Mundial da Saú-
de (OMS) e o Ministério da Saúde (MS) preconizam o uso de CSB Classe II Tipo B2
para a manipulação de antineoplásicos, projetadas para o manuseio de materiais de
risco moderado e que produzam vapores ou materiais voláteis, como é o caso dos
quimioterápicos (BRASIL, 2015).
As Cabines Classe II do Tipo B2 funcionam com fluxo de ar unidirecional vertical
que renova 100% do ar através de filtros HEPA (High Efficiency Particulate Arres-
tance). Esses equipamentos operam ainda com pressão negativa, o que evita a fuga
de ar, oferecendo proteção abrangente ao manipulador (BRASIL, 2015).
A capacidade de operação e a integridade de cada CSB devem ser certificadas e
qualificadas de acordo com normas nacionais ou internacionais como a RDC nº 220
ANVISA, de 21 de setembro de 2004, RDC nº 67 ANVISA, de 08 de outubro de 2007,
NSF International Standard/American National Standard (ANSI) 49 de 2019 e ABNT
NBR ISO 14.644-3. O atendimento a essas normas garante que os equipamentos
passaram por avaliações e calibrações preconizadas pela legislação vigente para seu
funcionamento adequado em termos de performance, segurança e correção de
eventuais desvios de qualidade (SOBRAFO, 2014).
2 Desenvolvimento
Para o controle efetivo das manutenções é necessário a elaboração de um plano
de manutenção preventiva, que deve ser atualizado anualmente. Este plano deverá
contemplar a identificação do equipamento, descrição, localização, periodicidade,
lista de verificação e cronograma (BRASIL, 2002).
Os aparelhos que funcionam corretamente oferecem segurança em seu manu-
seio e melhores resultados nos procedimentos, não oneram o orçamento da insti-
tuição, pois não precisam ser consertados ou substituídos com frequência.
No entanto, mesmo os equipamentos mais modernos, perdem em qualidade
quando não recebem a manutenção necessária, implicando em graves riscos à inte-
gridade e até à vida do paciente, o que justifica a realização das vistorias e observa-
ção do desempenho, ajustando quando preciso (BRASIL, 2002).
A manutenção de equipamentos hospitalares também é exigida pelo Ministério
da Saúde e pela Anvisa, como a resolução RDC nº 2 de 2010. Segundo tal norma-
tiva, as unidades de saúde devem possuir um plano de gerenciamento para equi-
pamentos implantados (BRASIL, 2010).
O planejamento deverá ser coordenado por um profissional capacitado tecni-
camente e com nível superior, que pode ou não ser funcionário do hospital. Ele
estará à frente das etapas de aquisição, implantação, gestão, manutenção corre-
tiva e preventiva dos dispositivos médicos, gerando fichas de acompanhamento
para cada fase (BRASIL, 2002).
Após a realização dos testes, a empresa deve fornecer relatório final constando
os resultados das medições e testes efetuados, incluindo comentários técnicos e
relatório de certificação com colocação do selo de certificação autocolante.
Deve ter, sob sua coordenação e supervisão, equipe técnica capaz de aplicar suas
orientações visando a ações de manutenção preditiva, preventiva e corretiva das
instalações, com especial destaque aos procedimentos de operações em emergên-
cia, visando assegurar o perfeito funcionamento do conjunto de sistemas de enge-
nharia que forma a barreira secundária do laboratório. O engenheiro responsável
pela operação da área limpa deverá ter (BRASIL, 2015):
a) Conhecimento de biossegurança e princípios de biocontenção em la-
boratórios;
b) Conhecimento do desenvolvimento de Avaliações de Risco;
c) Conhecimento das metodologias dos processos de Comissionamento e Certi-
ficação das instalações.
d) Conhecimento das metodologias de teste e certificação de filtros HEPA;
e) Conhecimento da metodologia do processo de balanceamento de sistemas
de ar-condicionado;
f) Conhecimento dos procedimentos para certificação de Cabines Classe II de
biossegurança com base na NSF-49.
3 Discussão
O uso frequente da CSB gera desgaste natural dos seus componentes e o
mau funcionamento oferece risco ao manipulador e à preparação, já que este
equipamento é imprescindível na biossegurança relacionada ao processo. A
realização periódica de manutenção é extremamente importante e contribui
também para o aumento da vida útil dos equipamentos, além de evitar inter-
rupções operacionais não previstas. O investimento na manutenção preventiva
é essencial, pois o custo de tal procedimento é relativamente menor do que
uma manutenção corretiva.
Para que sejam eficazes e confiáveis, as manutenções preventivas devem ter
procedimentos claros, definidos e escritos, e ser realizadas por profissionais com
treinamento nessas operações e com qualificação para a execução da atividade e
entendimento completo do sistema da CBS para realizar um correto diagnóstico de
potenciais problemas e riscos.
Referenciais Teóricos
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISSO 14644-3: Salas limpas
e ambientes controlados associados: Parte 3: Métodos de ensaio. Rio de Janeiro, 2009.
Capítulo 3
RISCO
Ocupacional e
Biossegurança
Lista de Figuras
Figura 1. Kit De Derramamento de Quimioterápicos da Farmácia 85
do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora
(EBSERH HU-UFJF)
1 Introdução 78
2 Desenvolvimento 79
2.1 Preparo Seguro dos Quimioterápicos 79
2.2 Cuidados na Preparação e na Administração dos Agentes Quimioterápicos 81
2.3 Riscos Relacionados à Manipulação de Quimioterapia Oral 82
2.4 Riscos Relacionados à Manipulação e Transporte de Quimioterapia Injetável 83
2.5 Descrição dos Procedimentos 87
2.5.1 Material Derramado Líquido 88
2.5.2 Material Derramado em Pó 88
2.5.3 Procedimentos em Caso de Contaminação Pessoal 89
2.5.4 Derramamento na Cabine de Segurança Biológica 90
2.5.5 Derramamento no Ambiente 91
3 Discussão 92
Referenciais Teóricos 94
Glossário (Siglas e Significados) 97
Capítulo 3
Risco Ocupacional e Biossegurança
1 Introdução
Os antineoplásicos consistem no emprego de substâncias químicas, isoladas
ou em combinação, com o objetivo de tratar as neoplasias malignas. São fár-
macos que atuam interferindo no processo de crescimento e divisão celular.
Como a multiplicação celular também ocorre em células não acometidas pela
neoplasia, a maioria dos agentes quimioterápicos exerce efeitos tóxicos sobre
as células normais, especialmente sobre aquelas que apresentam um alto índice
de renovação, como é o caso das células da medula óssea e das membranas
mucosas (CRISTOFOLINI, 1998).
Os efeitos tóxicos dos antineoplásicos são bem conhecidos pelos especialistas
em oncologia e pelos clínicos de cuidados primários. A conscientização sobre esses
efeitos tipicamente influencia o plano de tratamento dos pacientes submetidos à te-
rapia contra o câncer para prevenir ou mitigar seus efeitos adversos. A despeito das
preocupações com a segurança do paciente decorrentes do uso terapêutico desses
fármacos, os riscos ocupacionais para os profissionais de saúde, ao lidar com esses
medicamentos no decorrer de suas funções de preparo e administração, ainda pre-
cisam ser integralmente abordados (CONNOR, 2006).
O paciente em tratamento fica aos cuidados da equipe de saúde que monitora
todos os sinais vitais e quadro clínico com o objetivo de minimizar intercorrências.
No entanto, a atenção voltada para o paciente e o ambiente de trabalho insalubre
pode deixar os profissionais expostos a fatores de risco (SILVA et. al., 2015).
A segurança no manuseio dos medicamentos antineoplásicos deve estar presen-
te em todas as etapas de contato com esses medicamentos e ser de conhecimen-
2 Desenvolvimento
2.1 Preparo Seguro dos Quimioterápicos
A manipulação de medicamentos antineoplásicos envolve diversos riscos, tan-
to para o profissional executor, quanto para o paciente. Como exemplo de riscos
possíveis tem-se a inalação de aerossóis, o contato do medicamento com a pele
e mucosas e a ingestão de alimentos contaminados por resíduos (BORGES et al.,
Dentre as atividades que podem levar ao risco, podemos citar aquelas que po-
dem ocorrer na hora da manipulação pelo farmacêutico, sendo inerentes apenas
a este profissional:
- Quebra e reconstituição de ampolas;
- Punção, reconstituição e aspiração de frascos-ampola;
- Transferência do medicamento para outro frasco ou bolsa;
- Retirada do ar da seringa e ajuste da dose;
- Conexão e desconexão de equipos, seringas e tampas.
lho com compressa umedecida com água estéril e sabão neutro, com movimen-
to de cima para baixo e dentro para fora;
- Retirar todo o lixo gerado da limpeza e descartá-lo em local apropriado, confor-
me recomendação da legislação vigente;
- Em caso de contaminação direta da superfície do filtro HEPA, a cabine deverá
ser isolada até a substituição do filtro.
3 Discussão
Os riscos ocupacionais estão comumente presentes nas atividades desempe-
nhadas pelos profissionais envolvidos nos processos que ocorrem entre a mani-
pulação e a administração dos medicamentos antineoplásicos.
A exposição aos agentes quimioterápicos pode resultar em diversos danos
à saúde do profissional manipulador. Como principais causas de exposição são
possíveis citar: falta de equipamentos de proteção, uso inadequado dos EPI,
Referenciais Teóricos
Capítulo 4
SAÚDE
Ocupacional:
Medidas de
Proteção
1 Introdução 101
2 Desenvolvimento 102
2.1 Manuseio Seguro de Antineoplásicos 102
2.2 Legislações Vigentes 104
2.3 Acidentes com Contaminação Pessoal e Ambiental 104
2.4 Vias de Exposição aos Quimioterápicos 105
2.5 Descarte de Resíduos Quimioterápicos 106
2.6 Manuseio de Excretas 107
2.7 Saúde Ocupacional 107
2.7.1 Carcinogenicidade 107
2.7.2 Alterações Hematológicas e Câncer de Bexiga 108
2.7.3 Aumento do Risco de Câncer de Mama 108
2.7.4 Efeitos sobre a Capacidade Reprodutiva 108
3 Discussão 111
Referenciais Teóricos 112
Glossário (Siglas e Significados) 117
Capítulo 4
Saúde Ocupacional: Medidas de Proteção
1 Introdução
A preocupação com a saúde dos trabalhadores hospitalares teve seu início por vol-
ta de 1970, quando pesquisadores desenvolveram estudos sobre saúde ocupacional e
constataram a presença de risco físico, químico, biológico, ergonômico e de acidentes
no local de trabalho. Em geral, o serviço hospitalar tem como tarefa essencial recu-
perar a saúde dos pacientes. Entretanto, esse ambiente contribui para a exposição
ocupacional dos trabalhadores, os quais ficam sujeitos a riscos de acidentes e doenças
que podem repercutir na sua saúde e qualidade de vida (DE MIGUEL et al., 2014).
O câncer, por definição, é um termo dado a um conjunto de mais de 100 doen-
ças, as quais se iniciam a partir de uma célula transformada que possui falhas nos
controles celulares relacionados aos processos de diferenciação e proliferação celu-
lar, o que favorece sua multiplicação descontrolada, sem respeitar as necessidades
do corpo, podendo espalhar-se para tecidos e órgãos vizinhos (BRASIL, 2011).
A quimioterapia consiste em uma modalidade terapêutica efetiva e inespecífica
para os pacientes com câncer, à qual também se atribuem riscos inerentes à efeitos
sistêmicos, tanto para o paciente quanto para os profissionais de saúde envolvidos no
seu manejo (MARTINS; DELLA-ROSA, 2004). Em geral, os quimioterápicos ou antineo-
plásicos interferem nos mecanismos de sobrevivência, proliferação e migração de cé-
lulas tumorais e saudáveis, e, por apresentarem índice terapêutico estreito, possuem
alto potencial de causar eventos adversos com danos graves e, por essa razão, são
considerados agentes de alta vigilância ou potencialmente perigosos (ISMP, 2014).
No que diz respeito ao risco de exposição, as propriedades de carcinogenicidade,
mutagenicidade e teratogenicidade, associadas aos mecanismos de ação dos anti-
2 Desenvolvimento
2.1 Manuseio Seguro de Antineoplásicos
Os fármacos antineoplásicos constituem um grupo heterogêneo de substâncias quí-
micas capazes de inibir o crescimento e/ou processos vitais das células tumorais com
uma toxicidade tolerável sobre as células normais (MARTINS; DELLA-ROSA, 2004).
Algumas condições para exposição ocupacional são verificadas ao longo da ca-
deia do manejo dos antineoplásicos, desde a quebra e reconstituição das ampolas,
transferência do conteúdo das ampolas para solução diluente, conexão e desco-
2.7.1 Carcinogenicidade
A Portaria Interministerial nº 9, de 07 de outubro de 2014, publicou a Lista Na-
cional de Agentes Cancerígenos para Humanos como referência para formulação de
políticas públicas. A Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (International
Agency for Research on Cancer - IARC) listou sete quimioterápicos como reconheci-
rápicos os que têm maior risco de exposição, e a maioria dos casos parece ser pela via
cutânea. Cavallo et al. (2005, apud SUSPIRO; PRISTA, 2012) detectaram contaminação
no exterior das bombas infusoras, nos braços das cadeiras usadas para administrar os
citostáticos e nas tampas dos contentores de resíduos. Brouwers et al. (2007, apud
SUSPIRO; PRISTA, 2012), em um estudo conduzido em sete farmácias hospitalares ho-
landesas, detectaram contaminação em 94% das amostras provenientes de diversas
superfícies, normalmente no exterior das câmaras de fluxo laminar, pavimentos, trin-
cos das portas, manípulos dos sistemas de transferência de citostáticos e prateleiras
das zonas de armazenamento. Segundo estes mesmos autores, estudos mostram que
a maior contaminação é na área de preparo em relação à administrativa.
Evidências de contaminação nas embalagens externas de citostáticos mostram
que é necessário cuidados e treinamentos para pessoas responsáveis pelo seu ar-
mazenamento (SUSPIRO; PRISTA, 2012). Nos casos em que visivelmente existam
evidências de derramamento do quimioterápico da embalagem primária, todo o
produto, inclusive sua embalagem secundária, deve receber a mesma destinação
que os resíduos de quimioterapia.
De acordo com Rocha et al. (2004), vários estudos mostram que há um aumento
dos indicadores de genotoxicidade como aberrações cromossômicas, lesão do DNA,
troca de cromátides irmãs e micronúcleos. Segundo recomendações citadas pela
SOBRAFO (2014), as mulheres grávidas e as que amamentam devem ser afastadas
da atividade de preparo de antineoplásicos.
De acordo com Minayo-Gomez e Thedim-Costa (1997), muitas doenças relacio-
nadas ao trabalho, em suas fases iniciais, apresentam sintomas comuns a outras en-
fermidades e/ou são percebidas apenas em estágios avançados, o que torna difícil
identificar os processos que as geraram.
A rotatividade de mão de obra, sobretudo quando se intensifica a terceirização, torna-
se um obstáculo a mais. É dada muita importância à utilização dos EPI, em detrimento da
proteção coletiva e a forma de trabalhar normatizada. Então é transferida ao trabalhador a
“culpa” por acidentes e doenças, tidos como decorrentes da ignorância e da negligência.
3 Discussão
O farmacêutico oncológico e demais profissionais da área devem estar cientes dos
riscos envolvidos durante sua atividade laboral. Neste capítulo conhecemos as princi-
pais medidas e recomendações para tornar a prática profissional mais segura, principal-
mente no que tange à manipulação, cuidados na administração e estratégias para mini-
mização dos riscos decorrentes da exposição aos quimioterápicos antineoplásicos.
Estudos a respeito do registro da situação de saúde dos profissionais expostos à
quimioterapia antineoplásica e sua correlação com o aumento do risco de neopla-
sia nessa população ainda são limitados. Até o momento não temos estudos con-
clusivos que forneçam um nível máximo de exposição ao qual o trabalhador possa
estar exposto sem que ocorram efeitos sobre a sua saúde em curto e longo prazos.
Outra questão que precisa ser discutida é a variabilidade da exposição profissional,
pois não há uniformidade quanto aos procedimentos e condições ambientais em to-
das as instituições, como existe na padronização de EPI e equipamento de proteção
coletiva (EPC) para a atividade oncológica. Além disso, os profissionais podem não
aderir às medidas de segurança por dificuldades gerenciais, infraestrutura precária ou
equipamentos inadequados, tornando a atividade arriscada e insatisfatória.
Nesse aspecto, a realização dos exames periódicos torna-se essencial para iden-
tificar irregularidades quanto às exposições aos quimioterápicos que tornem o pro-
fissional susceptível a doenças e agravos a sua saúde. Dessa forma, a função renal,
hepática e hematológica devem ser especialmente monitoradas, além de uma ava-
liação geral sobre os principais órgãos expostos à quimioterapia.
Referenciais Teóricos
Capítulo 5
TRANSPORTE,
Recebimento e
Armazenamento de
Terapia Antineoplásica
Lista de Figuras
Figura 1. Circuito do Medicamento Antineoplásico na Farmácia Hospitalar 124
1 Introdução 122
2 Desenvolvimento 123
2.1 Recomendações para o Transporte Externo 125
2.2 Recebimento do Fabricante/Distribuidor 126
2.3 Armazenamento em Unidade de Abastecimento Farmacêutico 128
2.4 Armazenamento Interno em Central de Manipulação 130
2.5 Transporte Interno 132
3 Discussão 133
Referenciais Teóricos 134
Glossário (Siglas e Significados) 138
Apêndice 1. Checklist de Recebimento de Medicamentos em Unidade de 139
Abastecimento Farmacêutico
Capítulo 5
Transporte, Recebimento e Armazenamento
de Terapia Antineoplásica
1 Introdução
A responsabilidade da farmácia no ato de preparo de medicamentos antineoplá-
sicos é indiscutível, mas todas as etapas que antecedem o preparo devem ser igual-
mente asseguradas para que a preparação final esteja viável e segura para utilização
do paciente e, também, para restringir ao máximo os danos que os medicamentos
antineoplásicos podem causar aos envolvidos e ao ambiente. A cadeia de processos,
desde a escolha dos fornecedores, programação adequada de compras, recebimen-
to e armazenamento dos produtos, transporte dentro da instituição, até a etapa da
manipulação, deve ser cuidadosamente pensada e acompanhada por profissionais
habilitados e devidamente treinados.
Consideram-se como etapas iniciais dessa cadeia de processos, o recebimento, o
armazenamento e o transporte de medicamentos antineoplásicos. Nessas etapas, é
essencial que as rotinas sejam bem claras e que os profissionais envolvidos estejam
cientes dos riscos de exposição, além dos cuidados adequados visando a sua própria
segurança e a do paciente.
Este texto abordará os processos de transporte, armazenamento e distribuição
de antineoplásicos, iniciando pelo seu transporte externo, ou seja, as recomenda-
ções para o caminho percorrido do fabricante ou distribuidor até as Unidades de
Abastecimento Farmacêutico (UAF) dos hospitais. Em seguida, serão abordados o
recebimento dos produtos e seu armazenamento, considerando as áreas restritas e
as condições especiais dentro das UAF.
Os próximos passos serão a descrição do processo de distribuição de medica-
2 Desenvolvimento
Para compreender toda a cadeia logística que permeia os medicamentos, deve-se
considerar as etapas de produção, distribuição, transporte, armazenamento, dispen-
sação e, ainda, outras etapas particulares a depender da complexidade do produto.
Essas etapas devem ser executadas de modo a assegurar a efetividade, a segurança
e a qualidade dos produtos (CORRÊA; AGUIAR, 2012).
Buscando a garantia da qualidade e a uniformização dos padrões mínimos, a Or-
ganização Mundial de Saúde (WHO, 2010; ZIEHR, 2011) promoveu discussões sobre
as boas práticas de fabricação e a responsabilidade dos fabricantes, transportadores
e distribuidores na garantia da qualidade do produto, assegurando sua adequação
ao uso no final da cadeia.
Para garantir a qualidade dos medicamentos, todas as atividades acima citadas devem
respeitar e cumprir as legislações e regulamentações vigentes, incluindo boas práticas de
fabricação, armazenagem, distribuição e transporte. As legislações relativas às etapas de
transporte e armazenamento, atualmente vigentes, foco deste capítulo, incluem:
- A Portaria nº 802, de 8 de outubro 1998 (BRASIL, 1998c), que institui o sistema
de controle e fiscalização em toda cadeia de produtos farmacêuticos e determi-
na as boas práticas de distribuição;
- As Portarias nº 1051 e nº 1052, de 29 de dezembro de 1998 (BRASIL, 1998a,b), que
instituem o regulamento técnico para autorização e habilitação de empresas trans-
portadoras de produtos farmacêuticos e determina as boas práticas de transporte;
- A Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999 (BRASIL, 1999a), que define o Sistema
Nacional de Vigilância Sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (AN-
VISA) e dá outras providências;
falsificação, devem ser identificados de forma clara e segura e, quando possível, de-
vem ser utilizados mecanismos que permitam a segregação durante o transporte.
Além da RDC citada, também a RDC nº 329 de 1999, coloca que é necessário
que a empresa que exercerá a atividade de transporte dos medicamentos, dis-
ponha, dentre outros documentos, do Manual de Boas Práticas de Transporte,
segundo as diretrizes de Boas Práticas de Transporte do Ministério da Saúde; com-
prove que os veículos utilizados estão aptos a transportar produtos farmacêuti-
cos; comprove a assistência técnica de um farmacêutico; possua Autorização de
Funcionamento Especial (AFE) e Licença Sanitária emitida pela Vigilância Sanitária
Estadual e/ou Municipal.
No momento do recebimento os medicamentos devem ter sua temperatura
verificada. No caso de cargas que não possuam termômetros visíveis, o operador
deverá utilizar um termômetro infravermelho para verificar se a temperatura está
no intervalo aceitável. Posteriormente, o farmacêutico irá atuar avaliando todo esse
processo de transporte através do gerenciamento da aplicação de um Checklist
(APÊNDICE 1), que visa quantificar e qualificar as inconsistências que possam ocor-
rer, utilizando essas informações para prevenir futuras não conformidades.
Todas estas não conformidades, avaliadas pelo farmacêutico no ato da submis-
são de produtos para padronização, são critérios de reprovação ou ainda exclusão
de produtos já padronizados (ANDRADE, 2009).
Importante:
- Utilizar luvas durante todo o processo de inspeção;
- Manter kit de derramamento visível e pessoal treinado para seu manuseio em
caso de alguma intercorrência durante o recebimento e inspeção.
deve ser realizado pelo profissional devidamente treinado. Todo processo deve se-
guir as recomendações da legislação vigente e ser registrado e supervisionado.
ção ambiental, em caso de derrame acidental. Esses profissionais devem ser orien-
tados quanto ao risco ocupacional associado aos citotóxicos, quanto aos cuidados
no transporte, em todo seu circuito, e quanto aos procedimentos a serem adotados
em caso de acidente (BRASIL, 2004).
Para casos de contaminação acidental no transporte de medicamentos citostá-
ticos, é compulsória a notificação da ocorrência ao responsável pela manipulação,
assim como a tomada de providências de descontaminação e limpeza, de acordo
com os protocolos estabelecidos (BRASIL, 2004).
3 Discussão
As atribuições do farmacêutico em toda a cadeia que envolve os medicamentos
antineoplásicos vão além do simples ato de manipulá-los. Ele é um ator fundamen-
tal em todo processo e sua atuação é importante ao longo das várias etapas que
abrangem a terapia antineoplásica. Ele participa intensamente da normatização, da
conferência e da educação continuada acerca dos procedimentos de recebimento,
transporte, armazenamento e conservação dos medicamentos, insumos e produtos
para saúde. Para garantir a qualidade de todo o processo, um checklist deve ser usa-
do, a fim de contribuir para que todos os requisitos sejam cumpridos seguindo as le-
gislações e regulamentações vigentes. É imprescindível que o farmacêutico ofereça
capacitações e treinamentos periódicos para toda a equipe de profissionais que, de
alguma forma, participem do ciclo do medicamento antineoplásico na Unidade de
Saúde. Desta forma, garante-se que o produto que será manipulado e dispensado
ao paciente atenda aos critérios de qualidade e segurança requeridos.
Referenciais Teóricos
Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, n. 141, 26 jul. 1999b. [Revogada pela
Resolução -RDC nº 16, de 1º de abril de 2014]. Disponível em: http://portal.anvisa.
gov.br/documents/10181/2718376/RES_329_1999_COMP.pdf/1c74b2b6-9e86-4-
d50-85f0-6b59eb82c1ca. Acesso em: 16 mai. 2020.
ZIEHR, H. Model guidance for the storage and transport of time - and tempera-
ture - sensitive pharmaceutical products. [S. l.]: WHO, 2011. 49p. Annex 9. (WHO
Technical Report Series, n. 961)
1 TRANSPORTADORA:
1.1. Condições do veículo (carroceria, temperatura, limpeza)
( ) Conforme
( ) Não Conforme - Descrição: _______________________________________
2 MERCADORIA
2.1. Inspeção visual das condições externas dos volumes (caixas íntegras, sem umidade aparente)
( ) Conforme
( ) Não Conforme - Descrição:_______________________________________
Capítulo 6
PARAMENTAÇÃO
para o Preparo de
Antineoplásicos
Lista de Figuras
Figura 1. Demonstração do Uso Correto das Luvas 150
Lista de Quadros
Quadro 1. Sequência de Paramentação 154
1 Introdução 144
2 Desenvolvimento 145
2.1 A importância da Paramentação no Preparo de Antineoplásicos 145
2.2 Equipamentos de Proteção Individual (EPI) 148
2.2.1 Luvas 149
2.2.2 Avental 151
2.2.3 Máscaras e Óculos de Proteção 152
2.2.4 Gorros e Propés 153
2.2.5 Equipamentos Reutilizáveis e não Reutilizáveis 153
2.3 Ordem de Paramentação e Desparamentação 154
2.3.1 Ordem de Paramentação 154
2.3.2 Ordem de Desparamentação 155
3 Discussão 156
Referenciais Teóricos 158
Glossário (Siglas e Significados) 161
Capítulo 6
Paramentação para o Preparo
de Antineoplásicos
1 Introdução
O procedimento de paramentação consubstancia-se na observação de um
conjunto de normas, técnicas e boas práticas, com a finalidade de evitar ao má-
ximo a exposição do profissional de saúde aos riscos químicos e biológicos da
atividade que desenvolvem, bem como garantir a integridade microbiológica das
preparações estéreis, minimizar os riscos e melhorar o nível de segurança dos
pacientes em tratamento.
A legislação que regulamenta o funcionamento do Serviço de Terapia Antineo-
plásica (STA) no Brasil é a Resolução da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA) RDC nº 220, de 21 de setembro de 2004, a qual trata
das Boas Práticas de Preparação de Terapia Antineoplásica (BPPTA), estabelecendo
orientações gerais para o preparo da terapia antineoplásica (BRASIL, 2004).
O Regulamento Técnico de Funcionamento para o STA foi elaborado a partir de
trabalho conjunto de técnicos da ANVISA e profissionais de entidades represen-
tativas da área, que foram convidados para elaborar o documento inicial (BRASIL,
2004). O documento aplica-se a todos os estabelecimentos públicos e privados do
país que realizam atividades de terapia antineoplásica. O estabelecimento que reali-
za o preparo da terapia antineoplásica deve contar com Alvará Sanitário atualizado,
expedido pelo órgão sanitário competente, conforme estabelecido na Lei Federal
nº 6.437, de 20 de agosto de 1977 (BRASIL, 1977).
De início, é necessário salientar que as atribuições e responsabilidades indivi-
duais devem estar formalmente descritas e disponíveis a todos os envolvidos no
2 Desenvolvimento
2.1 A importância da Paramentação no Preparo de Antineoplásicos
A exposição dos trabalhadores encarregados pelo preparo e pela administra-
ção dos quimioterápicos despertou atenção no final da década de 70 e os primei-
ros efeitos advindos do contato com estas substâncias foram exclusivamente do
2.2.1 Luvas
De acordo com a RDC nº 220 de 2004, as luvas utilizadas devem ser do tipo
cirúrgica de látex, punho longo, sem talco e estéreis. As luvas médicas com tal-
co estão sendo eliminadas devido à toxicidade dos pós usados na lubrificação.
Neste sentido, a Food and Drug Administration (FDA), órgão sanitário dos Es-
tados Unidos, baniu as luvas médicas com talco em razão da sua alta condição
alérgica, tanto ao administrador quanto ao ambiente (FDA, 2016), o que torna
inviável o seu uso na manipulação de medicamentos quimioterápicos dentro da
cabine de segurança biológica.
Do mesmo modo, não é recomendado o uso de luvas de vinil pois minimizam a
sensibilidade ao tato que é necessária para o manuseio dos insumos destinados à
É recomendado o uso de dupla luva cirúrgica de punho longo, uma vez que as
luvas internas servirão para retirar o avental ao final do procedimento, evitando a
exposição da pele. Recomenda-se a troca da luva estéril externa a cada uma hora.
2.2.2 Avental
De acordo com estudos científicos recentes, os aventais usados para lidar
com medicamentos antineoplásicos devem ser descartáveis, de baixa permeabi-
lidade ou impermeáveis, sem zíperes, botões ou fechos, com mangas compridas
e punhos apertados e devem ser fechados nas costas (EASTY, 2015).
Estudos apontam que aventais feitos de polietileno ou vinil tendem a ofere-
cer a melhor proteção (HARRISON, 1999).
Para preparação de medicamentos antineoplásicos, os aventais devem ser de
uso individual, descartados em local apropriado ao final de cada turno diário de
trabalho ou trocados após situações pontuais, como em caso de contaminação, der-
ramamento ou rasgos, bem como ao final do procedimento (ASTM INTERNATIONAL,
2012). O fornecedor deve ser capaz de certificar que o avental protege contra o con-
tato com estes medicamentos. Cuidados devem ser tomados para evitar a contami-
nação das mãos, evitando tocar o exterior do avental ao removê-lo (EASTY, 2015).
3 Discussão
Observamos que a paramentação para a manipulação de medicamentos
antineoplásicos ainda é um tema em desenvolvimento e carece de suplemen-
tação legislativa no Brasil, considerando o constante desenvolvimento cien-
tífico, tanto voltado aos equipamentos utilizados quanto às boas práticas a
serem seguidas.
Vários órgãos internacionais, com mais experiência acerca da temática, vêm de-
senvolvendo estudos buscando aprimorar as técnicas de paramentação, preocupa-
dos com a saúde dos agentes manipuladores e dos pacientes.
O treinamento contínuo dos funcionários envolvidos na manipulação também
deve ser levado em consideração, pois as técnicas utilizadas na paramentação, ma-
nipulação, descarte e desparamentação, devem ser realizadas com o maior grau de
cuidado, sob pena de prejudicar a saúde do trabalhador.
Referenciais Teóricos
CAVALCANTI JÚNIOR, G. B.; KLUMB, C. E.; MAIA, R. C. P53 e as hemopatias malignas. Re-
vista Brasileira de Cancerologia, Rio de Janeiro, v. 48, n. 3, p. 419-427, 2002. Disponível
em: http://www1.inca.gov.br/rbc/n_48/v03/pdf/revisao3.pdf. Acesso em: 16 mai. 2020.
DEMENT, J. M. et al. Cancer and reproductive risks among chemists and laboratory
workers: a review. Appl Occup Environ Hyg, v. 7, n. 2, p. 120-6, 1992.
DRANITSARIS, G. et al. Are health care providers who work with cancer drugs at
an increased risk for toxic events? A systematic review and meta-analysis of the
literature. J Oncol Pharm Pract [S. l.], v. 11, n. 2, p. 69-78, 2005.
SAINT LUKES. Sterile technique for putting on gloves, 2020. Disponível em: https://
www.saintlukeskc.org/health-library/step-step-sterile-technique-putting-gloves.
Acesso em: 16 mai. 2020.
Capítulo 7
PROCEDIMENTOS
de Limpeza e Desinfecção da
Área e dos Equipamentos
1 Introdução 165
2 Desenvolvimento 166
2.1 Classificação das Áreas 166
2.1.1 Áreas Críticas 167
2.1.2 Áreas Semicríticas 167
2.1.3 Áreas Não Críticas 167
2.2 Padronização de Produtos Saneantes 167
2.3 Principais Produtos Utilizados na Limpeza e Desinfecção de Áreas 169
e Equipamentos
2.3.1 Limpeza de Superfícies 169
2.3.2 Desinfecção 170
2.3.3 Materiais Utilizados na Limpeza e Desinfecção de Superfícies 171
2.3.4 Depósito de Material de Limpeza (DML) 172
2.4 Processos de Higienização 172
2.4.1 Higienização Imediata 172
2.4.2 Higienização Concorrente 172
2.4.3 Higienização Terminal 173
2.5 Limpeza e Desinfecção da Sala de Manipulação 173
2.5.1 Responsabilidades 173
2.5.2 Descrição das Tarefas 173
2.5.3 Pisos e Paredes 174
2.5.4 Teto 175
2.5.5 Mobiliário e Equipamentos 175
2.6 Limpeza e Desinfecção da Cabine de Segurança Biológica 175
2.7 Registro de Limpeza 177
2.8 Treinamento e Capacitação 177
3 Discussão 178
Referenciais Teóricos 180
Glossário (Siglas e Significados) 182
Apêndice: Registro de Limpeza e Desinfecção da Área e dos Equipamentos 183
Capítulo 7
Procedimentos de Limpeza e Desinfecção
da Área e dos Equipamentos
1 Introdução
A limpeza e desinfecção da área e dos equipamentos utilizados em Unidades de
Preparo de Antineoplásicos é fundamental e deve ser realizada de maneira adequa-
da, a fim de promover um ambiente livre de contaminação, seguro e adequado à
realização de atividades de manipulação destes produtos. Assim, o objetivo deste
capítulo é definir normas a serem aplicadas na rotina de limpeza e desinfecção das
áreas e equipamentos da Farmácia de Quimioterapia da Unidade de Alta Complexi-
dade em Oncologia - UNACON/EBSERH.
A padronização destes procedimentos visa sistematizar e adequar a execução de
atividades do setor, através de uma abordagem simples direta e acessível a todos os
funcionários envolvidos, apresentando conceitos, classificação das áreas, produtos
a serem utilizados, métodos, técnicas, dentre outros aspectos importantes.
Considerando que o hospital é o responsável por promover e garantir a qualida-
de de vida dos pacientes atendidos, é fundamental que a instituição siga todos os
procedimentos corretos com relação à limpeza e à desinfecção de áreas e equipa-
mentos utilizados no preparo de medicamentos.
A limpeza e a desinfecção de superfícies em serviços de saúde são elementos
primários e efetivos como medidas de controle para romper a cadeia epide-
miológica de infecções, visto que superfícies limpas e desinfetadas conseguem
reduzir em cerca de 99% o número de micro-organismos em objetos inanimados
e superfícies, enquanto as que foram apenas limpas promovem uma redução de
apenas 80% (BRASIL, 2012).
2 Desenvolvimento
2.1 Classificação das Áreas
Para concluir uma limpeza e desinfecção completa e eficaz, cada área e equi-
pamento precisa ser limpo de acordo com suas necessidades específicas. A se-
guir, detalharemos a classificação de cada uma das áreas para propiciar conhe-
cimento sobre suas particularidades.
2.3.2 Desinfecção
- Álcool Etílico e Isopropílico (concentração: 60% a 90% em solução de água
volume/volume) - ação bactericida, virucida, fungicida e tuberculocida. Não é
esporicida. Indicado para CSB e mobiliário em geral (SOBRAFO, 2014).
- Hipoclorito de Sódio (concentração: 0,02% a 1%) - bactericida, virucida, fun-
gicida, tuberculicida e esporicida. Indicado para superfícies fixas. Apresenta as
desvantagens de ser instável (afetado pela luz solar, temperatura >25ºC e pH
ácido), inativo em presença de matéria orgânica; corrosivo para metais, odor
desagradável e pode causar irritabilidade nos olhos e mucosas (BRASIL, 2012).
- Ácido Peracético (concentração: 0,5%)- desinfetante para superfícies. É efetivo em
presença de matéria orgânica. Apresenta as desvantagens de ser instável principal-
mente quando diluído, corrosivo para metais e sua atividade é reduzida pela modifi-
cação do pH. Causa irritação para os olhos e para o trato respiratório (BRASIL, 2012).
- Monopersulfato de Potássio (concentração: 1%) - amplo espectro. É ativo na pre-
sença de matéria orgânica; não corrosivo para metais. Indicado como desinfetante
de superfícies. Desvantagens: reduz a contagem micobacteriana em 2 a 3 log10,
somente após 50 minutos de exposição em concentração de 3% (BRASIL, 2012).
- Biguanida Polimérica (PHMB) - Características: agente antimicrobiano de am-
plo espectro de ação (superior às biguanidas monoméricas), bacterida (Gram-
positivo, Gram-negativo) e virucida. Sua atividade é mantida na presença de
matéria orgânica. Possui alta solubilidade em água, baixa corrosividade, baixa
toxicidade e baixa formação de espuma. Indicado para superfícies fixas. Concen-
tração: usar conforme recomendação do fabricante.
- Compostos Quaternários de Amônio - Os compostos quaternários de amônia
têm o seu espectro de ação (maior ou menor atividade germicida) de acordo com
a concentração da fórmula do composto, tempo de exposição, pH, e geração do
composto. A geração vai da 1ª, que tem como representante os cloretos de al-
quildimetilbenzilamônio até a 4ª geração, envolvendo o cloreto de dialquildimetia-
mônio. Geralmente vêm associados a detergentes. Recomenda-se o enxágue com
água para retirada completa do produto. Indicado para a desinfecção de superfí-
cies fixas. Desvantagens: pode ser inativado em presença de matéria orgânica, por
sabões e tensoativos aniônicos. Concentração: há várias formulações, de acordo
com o fabricante; em geral variam de 1000 a 5000 ppm (BRASIL, 2012).
- Glucoprotamina (concentração: 0,5 a 1%) - substância multicomponente, mistura
de edutos e produtos - N(C12 - 14 alquil) propilenodiaminas e amidas, obtidos do óleo
de coco natural, com atividade sinergística. Não volátil, facilmente dissolvido em água,
não teratogênico, não mutagênico, biodegradável. Não corrosivo e não tóxico. Indicado
para superfícies fixas. Sinergia antimicrobiana: a combinação de diferentes princípios
ativos proporciona a otimização da atividade antimicrobiana. Quando atuam juntos,
as concentrações são menores, a atividade é maior e a toxicidade menor, por exemplo,
biguanida e quartenário, glucoprotamina e quaternário de amônio (BRASIL, 2012).
- Rodo: devem ser do tipo profissional, apresentando cabos (mínimo 1,60 cm)
e base com lâmina de maior extensão (mínimo 0,60 cm), que permitem maior
abrangência da área a ser limpa, possibilitando maior produtividade com menor
tempo e desgaste físico.
- Equipamentos de Proteção Individual (EPI): botas, óculos, gorro, máscara,
avental, luvas emborrachadas e luvas descartáveis. Deve-se considerar a mesma
paramentação utilizada na manipulação dos medicamentos.
dida pela instituição, bota de cano longo, óculos, touca, máscara de proteção
química (PFF2) e luvas.
- Utilizar compressas estéreis diferentes para cada ambiente: uma para parede e
teto, uma para piso e uma para demais superfícies.
- Seguir os princípios:
a) Do mais limpo para o mais sujo;
b) Da esquerda para direita, sem o movimento de vai e vem;
c) De cima para baixo;
d) Do distante para o mais próximo;
e) Ao proceder a limpeza evitar derramar água no chão;
f) Usar sempre panos e/ou conjuntos mop limpos;
g) Manter os equipamentos de limpeza limpos e secos;
h) Manter panos e cabeleira alvejados, baldes e materiais de trabalho limpos;
i) Nunca deixar panos e conjuntos mop de limpeza imersos em solução, pois pode
diminuir sua vida útil, além de servir de meio de cultura para micro-organismos;
j) Solicitar a substituição de materiais que apresentarem-se precários para uso;
k) Caso seja necessário utilizar álcool a 70% na desinfecção de superfícies, realizar
a fricção mecânica no mínimo três vezes, deixando secar entre uma fricção e outra,
executando a técnica com movimentos firmes, longos e em uma só direção;
l) Nunca substituir escadas por cadeiras;
m) Utilizar escadas apenas em superfícies planas.
2.5.4 Teto
- Deve ser limpo em sentido unidirecional, respeitando sempre a ordem de cima
para baixo e do fundo para a porta (de dentro para fora);
- Utilizar pano úmido para a retirada de pó;
- Dobrar o pano em quadrados para obter mais faces de limpeza ou envolvê-lo
em um rodo;
- Com o material no local, subir com o auxílio de uma escada;
- Trocar a água da limpeza sempre que necessário.
3 Discussão
A área de preparo de antineoplásicos deve ser submetida a rotinas de limpeza e
desinfecção. A CSB deve ser limpa e desinfetada, antes e ao final da manipulação,
para propiciar a utilização adequada do equipamento, assegurar a técnica asséptica
de manipulação e a qualidade do produto manipulado (SOBRAFO,2014).
As leis sanitárias em vigor não determinam quais produtos devem ser utiliza-
dos na limpeza e desinfecção da área de manipulação de antineoplásicos, apenas
estabelecem que existam normas e rotinas escritas, revisadas anualmente, para a
utilização da área e que estes procedimentos sejam realizados por funcionários ca-
pacitados. Portanto, cada instituição deve estabelecer os produtos e procedimentos
adequados, seguindo a legislação vigente (BRASIL 2004, 2009).
A seleção dos produtos saneantes para a limpeza e desinfecção das áreas envol-
vidas na manipulação dos antineoplásicos deve contar com o apoio do serviço de
controle de infecção hospitalar e seguir a legislação vigente (SOBRAFO,2014).
Conforme RDC n° 67, de 08 de outubro de 2007 (BRASIL, 2007), os produtos uti-
lizados na limpeza e desinfecção dos equipamentos não devem contaminar a local
de manipulação com substâncias tóxicas, químicas, voláteis ou corrosivas. Portanto,
para evitar contaminação do medicamento manipulado e garantir da qualidade do
produto preparado, é necessário que os produtos e técnicas de limpeza sejam vali-
dados seguindo critérios, parâmetros e metodologias cientificamente justificáveis e
que demonstrem claramente a eficácia do procedimento de limpeza. Todo o pessoal
envolvido nas atividades da farmácia deve estar incluído em um programa de trei-
Referenciais Teóricos
Capítulo 8
MATERIAIS
e Equipamentos
Utilizados no Preparo
de Quimioterapia
Lista de Figuras
Figura 1. Tipos de Conexões de Seringas com Agulhas: à esquerda luer-slip 191
e à direita luer-lock
Figura 8. Superfície com Fundo Claro e Escuro para Avaliação Visual (Ecran) 209
Lista de Quadros
Quadro 1. Exemplo de Cálculo de Volume de Medicamento e Solução 199
Diluente em Infusores Domiciliares
1 Introdução 188
2 Desenvolvimento 189
2.1 Materiais Empregados no Preparo 189
2.1.1 Campo de Trabalho 190
2.1.2 Seringas 190
2.1.3 Agulhas 192
2.1.4 Tipos de Bolsas de Solução 193
2.1.5 Tipos de Equipos de Infusão 194
2.1.6 Filtros 195
2.1.7 Infusores Domiciliares 196
2.1.7.1 Infusor Elastomérico 196
2.1.7.2 Infusor por Pressão Negativa 197
2.1.7.3 Infusor com Controle Digital de Fluxo 199
2.2 Materiais Empregados no Fracionamento e/ou Transformação de 200
Formas Farmacêuticas Orais
2.3 Outros Materiais Empregados no Apoio à Manipulação 202
2.4 Materiais Empregados na Embalagem de Quimioterapia 204
2.5 Materiais Empregados no Descarte de Resíduos 205
2.6 Equipamentos Empregados Antes e/ou Durante o Preparo 206
2.7 Dispositivos para Manipulação em Sistema Fechado 208
2.8 Equipamentos Utilizados no Controle de Qualidade 208
3 Discussão 210
Referenciais Teóricos 214
Glossário (Siglas e Significados) 224
Apêndice 1. Materiais Utilizados no Preparo de Antineoplásicos Convencionais 225
Apêndice 2. Materiais Utilizados no Preparo de Anticorpos Monoclonais 228
e Outras Classes de Medicamentos Empregados em Oncologia
Capítulo 8
Materiais e Equipamentos Utilizados
no Preparo de Quimioterapia
1 Introdução
Os fármacos antineoplásicos apresentam estreita janela terapêutica, com risco
ocupacional ao manipulador por seu potencial carcinogênico, sendo normalmente
administrados a pacientes bastante susceptíveis a quadros de cansaço, desnutrição
e imunodeficiência. Sendo assim, este tipo de produto requer cuidados específicos
na seleção dos materiais a serem empregados no seu preparo e/ou no controle de
qualidade da preparação final para evitar situações de falha terapêutica, em função
de dosagem subterapêutica, ou de dano severo ao paciente, em virtude de super-
dosagem (SIDEROV; KIRSA; MCLAUCHLAN, 2010; CARREZ et al., 2017).
Cabe ressaltar que os materiais e equipamentos utilizados no preparo de
quimioterápicos devem ser compatíveis com os medicamentos manipulados. A
presença de incompatibilidade pode provocar efeitos adversos à saúde humana,
produzir modificações na disponibilidade do fármaco, com alteração dos níveis
terapêuticos desejados, e alterações no próprio material da embalagem (MON-
TEIRO; GOTARDO, 2005).
A incompatibilidade entre os materiais e os medicamentos antineoplásicos pode
ser expressa através de fenômenos como:
- Adsorção: ocorre quando moléculas do fármaco ligam-se a superfície do dis-
positivo (frascos, seringas, filtros, acessórios e cateteres da terapia intravenosa).
Este fenômeno é frequente em dispositivos confeccionados em policloreto de
vinila (PVC), mas pode ocorrer com outros materiais como, por exemplo, o vidro
(PETERLINI; CHAUD; PEDREIRA, 2006).
2 Desenvolvimento
2.1 Materiais Empregados no Preparo
Os materiais utilizados na manipulação dos antineoplásicos devem minimizar
a produção e liberação de aerossóis e vapores, além de manter a esterilidade
do medicamento e prevenir vazamentos e derramamentos (BC CANCER, 2019).
Esses materiais serão descritos neste capítulo de uma forma geral. Em seguida
serão apresentadas sugestões de materiais empregados no preparo de antineo-
2.1.2 Seringas
A seringa pode ser descrita como “instrumento de vidro ou plástico, dotado de
bico, para adaptação de uma agulha, um tambor e um êmbolo. [...] Bomba portátil
usada para injetar ou sugar produto líquido ou gasoso” (SERINGA, 2019). Trata-se
de um produto médico não invasivo, descartável (uso único) que pode ser usado
tanto na administração quanto no preparo de medicamentos (reconstituição/di-
luição) (MORAIS, 2009).
De acordo com as recomendações internacionais da Occupational Safety and
Health Administration (OSHA), deve-se usar conexões luer-lock em sistemas sem
agulha, seringas, agulhas, tubos de infusão e bombas para controle da exposição
ocupacional a substâncias perigosas, dentre elas os quimioterápicos antineoplási-
cos. Nesse tipo de conexão, seringa e agulha são conectadas por um movimento
de rotação (OSHA, 2019). Esse tipo de encaixe, por rosqueamento, torna a com-
posição mais segura pois evita a separação durante a manipulação e a administra-
ção, diminuindo o risco de acidentes (CAVALCANTI; SANTOS; CORDEIRO, 2016). Os
Ainda segundo a OSHA (2019), o tamanho da seringa deve ser tal que a dose
total do medicamento ocupe apenas 75% da sua capacidade para evitar a perda
do êmbolo durante a manipulação e para permitir espaço para o manejo da dose.
Nesse sentido, é importante que a escala de graduação seja apropriada e de leitura
fácil e que o êmbolo tenha dupla selagem (GOUVEIA et al., 2013).
A seringa deve ser estéril, apirogênica, atóxica, inerte quimicamente e compatí-
vel com os medicamentos manipulados, sendo importante verificar sua composição
junto ao fabricante (GOUVEIA et al., 2013). Segundo a Resolução RDC nº 3 de 2011,
que trata dos requisitos mínimos de qualidade para seringas hipodérmicas estéreis
de uso único, esse tipo de material não pode conter partículas, matérias estranhas
ou gotas de lubrificante passíveis de serem identificadas visualmente; o valor de pH
2.1.3 Agulhas
As agulhas têm por finalidade a perfuração de superfícies para passagem de flui-
dos, sendo utilizada acoplada à seringa. Quanto à sua composição, segundo a RDC
n° 5 de 2011 da ANVISA, a cânula de dispositivos médicos deve ser de aço inoxidável
e o canhão pode ser de material plástico, de liga de alumínio ou de outras ligas com-
patíveis com os fluidos injetáveis (BRASIL, 2011).
Para aspiração e reconstituição de quimioterápico recomenda-se, por vezes, o
uso de agulhas de calibre 18G (1,20 x 40 mm) ou 21G (0,8 x 40 mm) para reduzir o
aumento de pressão dentro da seringa e evitar aspiração de fragmentos de borra-
cha com a perfuração do frasco-ampola (GOUVEIA et al., 2013). Contudo, a escolha
da agulha a ser utilizada na manipulação deve sempre levar em conta o tipo de
embalagem a ser perfurada, o número de perfurações a serem realizadas e a visco-
sidade do líquido a ser aspirado (BC CANCER, 2019).
A capa protetora, também conhecida como tampa vedante (luer-cap) é um recurso
para mitigar os riscos de acidentes por material perfurocortante com agulhas (BECTON
DICKINSON, 2020). A Resolução RDC nº 3 de 2011 define a capa protetora de extremida-
des como uma capa destinada a envolver a proporção projetada da haste e a base do êm-
bolo em uma extremidade e o bico e ou agulha na outra extremidade (BRASIL, 2011).
O reencape e a desconexão manual da agulha comum são os procedimentos que ofe-
recem maior risco de acidente com material perfurocortante; dessa forma, tanto o trei-
namento como a disponibilidade de seringas e agulhas projetadas para uma prática mais
segura são importantes para prevenir esse tipo de intercorrência (ADAMS; ELIOT, 2006).
contato. Não é conhecido o nível de DEHP que apresenta perigo para a saúde, porém
sabe-se que ele é hepatotóxico (PERASON; TRISSEL, 1993; BC CANCER, 2019).
2.1.6 Filtros
Alguns materiais particulados podem estar presentes na solução de medica-
mentos injetáveis. Estes podem ser inativos (por exemplo, fragmentos de vidro
oriundos da quebra de ampolas e pedaços de borracha da rolha de frascos-am-
pola) ou ativos (contaminação microbiana). O uso de filtros de infusão minimiza
a chegada desses materiais particulados ao paciente (BRASIL, [2008?]) e são
recomendados na administração de alguns medicamentos oncológicos, como o
paclitaxel e o nivolumabe.
Os filtros presentes em equipos ou de linha de infusão promovem uma re-
tenção de bactérias e partículas de até 0,2 µm através da passagem da solução
por uma membrana hidrofílica e hidrofóbica sem surfactantes. Seu uso apre-
senta como vantagens adicionais a retenção e eliminação de ar, a minimização
dos riscos de flebite e de infecção e a prevenção de casos de embolia gasosa
(BBRAUN, 2020).
Existem também filtros acoplados diretamente à agulha utilizada na aspiração/
reconstituição do medicamento. Estes podem corresponder a uma agulha com filtro
ou a um filtro em disco, conforme Figura 3 (BC CANCER, 2019).
A agulha com filtro contém um filtro hidrofílico. Esta deve ser empregada
ao aspirar o medicamento de seu frasco ou na adição do fármaco à solução,
sendo a atividade complementar realizada com agulha normal sem filtro (BC
CANCER, 2019).
Cabe ressaltar que nem todos os medicamentos podem ser submetidos à fil-
tração, pois alguns fármacos podem sofrer sorção no filtro e, assim, terem sua
potência reduzida. Como exemplos, têm-se os medicamentos L-asparaginase,
vincristina, daunorrubicinalipossomal, idarrubicina, doxorrubicina, os quais são
incompatíveis com filtros de acetato de celulose (BRASIL, [2008?]).
2. Seleção do dispositivo que melhor se adapta ao tempo e volume desejado. Neste caso: infusor de 250 ml (V),
2 dias (48 h, T), volume residual de 5 ml (R).
Cálculo do fluxo real de medicamento no infusor selecionado pela fórmula:
(F) = (V) x (0,9) / (T) = 250 ml x 0,9 / 48 h = 4,69 ml/h
3. Cálculo dos volumes de medicamento e solução diluente a serem utilizados considerando o resíduo do infusor:
Volume a Ser Infundido (VI) = (T) x (F) = 46 h x 4,69 ml/h = 215,7 ml
Volume Total com Residual (VT) = (VI) + (R) = 215,7 + 5 = 220,7 ml
Dose do Medicamento a Ser Infundida (DI) = (D) x (VT) / (VI) = 3640 mg x 220,7 / 215,7 = 3724 mg
Volume do Medicamento (VM) = (VD) x (VT) / (VI) = 72,8 x 220,7 / 215,7 = 74,5 ml
Volume da Solução Diluente (VS) = (VT) - (VM) = 220,7 – 74,5 = 146,2 ml
Desta forma:
Volume Total do Infusor (VT) = (VM) + (VS) = 74,5 + 146,2 = 220,7 ml
Concentração do Medicamento em Solução (CF) = (DI) / (VT) = 3724 mg/220,7 ml = 16,87 mg/ml
de infusor fica armazenado em uma bolsa envolta por um recipiente rígido denomi-
nado cassete (disponível em volumes de 50, 100 ou 250 ml), o qual apresenta um
dispositivo de segurança que impede o fluxo livre de líquidos. O cassete fica acopla-
do por mecanismo de fechadura a uma bomba de infusão digital na qual podem ser
definidos eletronicamente: o volume inicial do reservatório, a unidade (ml, mg ou
mcg), a concentração (mg/ml ou mcg/ml), a taxa contínua do medicamento (mg/h,
ml/h ou mcg/h), a quantidade da dose a ser administrada ao paciente, o número
máximo de doses por hora, o tempo entre cada administração e verificação das do-
ses já administradas (SMITHS MEDICAL, 1998).
3 Discussão
No presente capítulo foram apresentados os materiais e equipamentos empre-
gados antes, durante e após o preparo dos medicamentos oncológicos, bem como
aqueles utilizados no seu controle de qualidade. Nesse âmbito, a escolha do tipo de
solução e do material a ser empregado na manipulação de um determinado fárma-
co corresponde a um ponto crítico no seu processo de preparo. Para o medicamen-
to oxaliplatina, por exemplo, a diluição em soluções salinas permite a sua conversão
em outros compostos de platina (monocloroplatina, dicloroplatina e diaquoplatina),
os quais são altamente reativos com tecidos, proteínas e constituintes plasmáticos
(TAKIMOTO et al., 2007). Para o mesmo fármaco e outros compostos de platina
(carboplatina e cisplatina) também é descrita a incompatibilidade com materiais
de alumínio, uma vez que o alumínio e a platina interagem entre si por reação de
oxirredução gerando um precipitado preto (BC CANCER, 2019). Dentre os materiais
abordados, os infusores domiciliares e dispositivos para manipulação em sistema
fechado destacam-se em relação à modernidade e proficuidade.
O uso de infusores domiciliares na administração de medicamentos antineoplási-
cos apresenta como vantagens a redução dos custos de tratamento decorrentes da
internação (diárias hospitalares, honorários médicos e da equipe multidisciplinar), di-
minuição dos riscos associados a infecções e fenômenos tromboembólicos e a melho-
ra da qualidade de vida do paciente (maior tempo em contato com familiares) (SILVA
et al., 2006). Cabe, no entanto, ressaltar que dependendo do tipo de dispositivo utiliza-
do, o paciente pode ser exposto a menores ou maiores concentrações do medicamen-
to durante o período de administração, devendo ser tomadas algumas precauções.
A vazão do infusor do tipo bomba elastomérica, por exemplo, pode ser influen-
ciada por variações de temperatura, viscosidade e/ou concentração do medicamen-
Já o infusor com controle digital de fluxo requer operação entre 2 e 40ºC e umi-
dade relativa entre 20 e 90%, bem como integridade física (no caso de danos físicos
pode deixar de operar adequadamente) e presença de bateria para seu adequado
funcionamento. Adicionalmente, este tipo de equipamento é susceptível a falha na
sua exatidão em decorrência de pressão de volta ou resistência do fluido, o que
depende da viscosidade do fármaco, tamanho do cateter e extensão do jogo de
tubos (SMITHS MEDICAL, [1998?]). Desta forma, para que funcionem de maneira
adequada, essas orientações devem ser atendidas.
O uso de dispositivos para manipulação em sistema fechado visa prevenir a
transferência de contaminantes ambientais para o sistema, prevenir a ocorrência de
acidentes punctórios, e, principalmente, reduzir a exposição ocupacional do profis-
sional durante o processo de preparo do medicamento. Essa exposição pode ocor-
rer através de respingos ou formação de aerossóis durante o desenvolvimento de
atividades como retirada de agulhas de frascos/ampolas, uso de seringas, agulhas
Referenciais Teóricos
ADAMS, D.; ELLIOTT, T.S.J. Impact of safety needle devices on occupationally acqui-
red needlestick injuries: a four-year prospective study. Journal of Hospital Infec-
tion, v.64, n. 1, p. 50-55, 2006.
Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, n. 184, p. 72-75, 23 set. 2004. Disponível
em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2004/rdc0220_21_09_2004.
html. Acesso em: 04 abr. 2020.
KASVI: catálogo geral, set. 2019. [Versão 2020-2021]. Disponível em: https://
secureservercdn.net/104.238.71.140/98n.27d.myftpupload.com/wp-content/
uploads/2019/12/catalogo-kasvi.pdf. Acesso em: 07 mai. 2020.
MAIA NETO, J. F. Farmácia hospitalar e suas interfaces com a saúde. São Paulo: Rx
Editora e Publicidade Ltda. São Paulo, p. 229, 2016.
SILVA, L. L. Superfície com Fundo Claro e Escuro para Avaliação Visual (Ecran).
(2020). 1 fotografia.
Paulo, 2014, Anais [...]. São Paulo: Segmento Farma, 2014. Disponível em: https://
sobrafo.org.br/wp-content/uploads/2018/12/I_Consenso_Brasileiro_para_Boas_
Praticas_de_Preparo_da_Terapia.pdf. Acesso em: 19 mai. 2020.
TERKOLA, R.; CZEJKA, M.; BÉRUBÉ, J. Evaluation of real-time data obtained from
gravimetric preparation of antineoplastic agents shows medication errors with
possible critical therapeutic impact: Results of a large-scale, multicentre, multina-
tional, retrospective study. J Clin Pharm Ther, v. 42, p. 446-453, abr. 2017.
WILKINSON, A.S. et al. Performance testing protocol for closed-system transfer de-
vices used during pharmacy compounding and administration of hazardous drugs.
Plos One, San Francisco, v. 13, n. 10, out. 2018. Disponível em: https://pubmed.
ncbi.nlm.nih.gov/30379831/. Acesso em: 20 jun. 2020.
LEGENDA: AD - água destilada; EV - endovenosa; IM - intramuscular; IP - intraperitoneal; IPL - intrapleural; IVES - intravesical;
NA - não aplicável; QEMB - quimioembolização; SC - subcutâneo; SF - solução fisiológica (cloreto de sódio 0,9%); SG 5% - solução
glicosada a 5%; VA - via de administração.
NOTA: Pode haver variação entre as Instituições em relação à padronização de uso do equipo simples e do equipo de bomba.
Nesta tabela foi considerado o uso de equipo simples para administração de medicamentos cujo tempo de infusão é inferior a
90 minutos e o uso de equipo de bomba quando o tempo de infusão é igual ou excede 90 minutos.
LEGENDA: EV - endovenosa; IVES - intravesical; NA - não aplicável; SC - subcutâneo; SF - solução fisiológica (cloreto de sódio 0,9%); SG 5% -
solução glicosada a 5%; VA - via de administração.
NOTA: Pode haver variação entre as Instituições em relação à padronização de uso do equipo simples e do equipo de bomba. Nesta tabela
foi considerado o uso de equipo simples para administração de medicamentos cujo tempo de infusão é inferior a 90 minutos e o uso de
equipo de bomba quando o tempo de infusão é igual ou excede 90 minutos.
Referências Bibliográficas:
1. Base de dados Micromedex Solutions 2.0
2. Bulas dos fabricantes
3. Manual de Oncologia Clínica do Brasil (MOC) - Drogas, 2018
4. Base de dados Stabilis
Capítulo 9
DISPOSITIVOS
Especiais para o
Preparo de Terapia
Antineoplásica em
Sistema Fechado
Lista de Figuras
Figura 1. Tipos de Dispositivos de Transferência de Sistema Fechado (CSTD) 237
para o Manuseio Seguro de Medicamentos Antineoplásicos
1 Introdução 234
2 Desenvolvimento 236
3 Discussão 240
Referenciais Teóricos 242
Glossário (Siglas e Significados) 245
Capítulo 9
Dispositivos Especiais para o Preparo de Terapia
Antineoplásica em Sistema Fechado
1 Introdução
Os fármacos antineoplásicos são de extrema importância para o tratamento das
doenças oncológicas. No entanto, podem representar risco à saúde para os profis-
sionais que entram em contato com eles (ROSADO, 2014).
Os antineoplásicos são considerados fármacos potencialmente perigosos por
terem ação citotóxica, efeitos teratogênicos, carcinogênicos e mutagênicos. Pro-
fissionais de saúde que manipulam quimioterapia, desde o seu preparo até sua
administração e descarte, estão expostos a diversos riscos ocupacionais duran-
te o seu manuseio, destacando-se, principalmente, os riscos químicos (ALMEIDA,
2010; FERREIRA et al., 2016).
Em função dos riscos ocupacionais, a utilização de Equipamentos de Pro-
teção Individual (EPI) e Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) é necessá-
ria durante o preparo de medicamentos antineoplásicos para evitar contato
e absorção indevida dessas substâncias, o que pode gerar alterações agudas,
associadas ao contato direto com a pele na ocorrência de acidentes, ou alte-
rações crônicas, pelo manuseio de quimioterapia em longo prazo (FERREIRA
et al.,2016; SOUZA et al., 2016).
A exposição do profissional pode ocorrer em qualquer momento durante o ma-
nuseio da quimioterapia e sua manipulação e, na ausência de medidas de proteção
adequadas, tem sido associada à absorção de substâncias que afetam negativamen-
te a saúde dos trabalhadores (MEYER; STAHL, 2010).
Além dos EPI e EPC, o uso de dispositivos desaerolizantes, os quais impedem a
2 Desenvolvimento
Os antineoplásicos orais e parenterais estão na listagem dos medicamentos po-
tencialmente perigosos de uso hospitalar e, portanto, os profissionais envolvidos na
sua produção (manipulação) e utilização, devem conhecer os riscos associados ao
seu manuseio (ISMP, 2019).
Nos últimos anos, órgãos regulamentadores passaram a recomendar, além de
EPI e EPC, o uso de dispositivos de segurança para a manipulação de medicamentos
de risco, a fim de minimizar a formação de aerossóis, a ocorrência de acidentes
punctórios e o derramamento de agentes antineoplásicos durante as etapas de ma-
nipulação, transporte e administração, oferecendo maior proteção aos profissionais
que os manuseiam (SOBRAFO, 2014).
Conforme a Norma Regulamentadora (NR 32) do Ministério do Trabalho e Em-
prego (BRASIL, 2005):
32.3.9.4.6 Com relação aos quimioterápicos antineoplásicos, compete
ao empregador:
e) fornecer aos trabalhadores, dispositivos de segurança que minimi-
zem a geração de aerossóis e a ocorrência de acidentes durante a ma-
nipulação e administração;
f) fornecer aos trabalhadores dispositivos de segurança para a preven-
ção de acidentes durante o transporte.
Fonte: ALBANI FERRI, C. et al. (2020). Elaborado pelos autores com dados extraídos do site
ICU Medical (2020?)
Fonte: AAAWHOLESALECOMPANY
c2017).
3 Discussão
Estudos concluíram que a exposição ocupacional a fármacos considerados
perigosos, incluindo fármacos antineoplásicos, pode provocar erupções cutâ-
neas, infertilidade, irritação ocular, dor de cabeça, aborto espontâneo, danos
genéticos, inflamação da garganta, tosse crônica, tonturas e até leucemia ou
outros cânceres (ROSADO, 2014).
As evidências mostram que o uso de CSTD mitigou os riscos durante o processo
produtivo, de transporte e de administração. Além disso, é uma proteção a mais
para o manipulador em caso de falha de algum outro equipamento de segurança,
Referenciais Teóricos
HODGES, L.; CASKEY, C. Dirty little secrets: hazardous drug contamination at the
chairside. [S. l.]: Section on Hematology and Oncology/Environmental Health and
ICU MEDICAL, INC. ICUMedical Human Connections. San Clemente, CA, [2020?].
Disponível em: https://www.icumed.com/products/oncology/closed-system-trans-
fer-devices/chemolock. Acesso em: 08 mar. 2021.
ICU MEDICAL. Spiros: mechanically and microbiologically closed male luer. M1-
1197 Rev. 04. [S. l.]: ICU Medical, 2012b.
KELLY, J. The role of closed system transfer devices in Mitigating the Risks Posed to
Healthcare Works in the Handling of Hazardous Drugs. Entropy Research, [S. l.],
M1-1292 Rev. 04, mar. 2011. Disponível em: https://www.biokon.gr/datafiles/file/
The%20Role%20of%20Closed%20System%20Transfer%20Devices%20in%20Mitiga-
ting%20the%20Risks.pdf. Acesso em: 20 mai 2020.
cional aos Fármacos Antineoplásicos. Rev. Bras. Med. Trab., Belo Horizonte. v. 2,
n. 2, p. 118-125, abr./jun., 2004.
NCGNURSE. The Spiros closed male luer adaptor. 18 dec. 2011. Disponível em:
http://ncgnurse.blogspot.com/2011/12/spiros-closed-male-luer-adaptor.html.
Acesso em: 08 mar. 2021.
NIOSH - NATIONAL INSTITUTE FOR OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH. Niosh Alert:
Prevention occupational exposures to antineoplastic and other hazardous drugs in he-
alth care settings. Atlanta, GA: CDC, Departmentof Health and Human Services, 2016.
Capítulo 10
TÉCNICAS
de Preparo de
Antineoplásicos
Não Estéreis
1 Introdução 249
2 Desenvolvimento 252
2.1 Técnicas de Preparo de Antineoplásicos Não Estéreis 252
2.1.1 Local de Preparo 252
2.1.2 Manipulação 253
2.1.3 Unitarização ou Fracionamento 255
2.2 Antineoplásicos Orais: Orientações de Uso 257
3 Discussão 258
Referenciais Teóricos 260
Glossário (Siglas e Significados) 263
Apêndice 1. Orientação de Uso e Particularidades dos Principais 264
Antineoplásicos Orais Utilizados em Oncologia
Capítulo 10
Técnicas de Preparo de Antineoplásicos Não Estéreis
1 Introdução
De acordo com estimativas da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Cân-
cer (IARC), em 2018 houve 17 milhões de novos casos de câncer e 9,5 milhões de
mortes por câncer em todo o mundo (excluindo-se câncer de pele não melano-
ma). Os cânceres de pulmão e de mama foram os mais comuns em todo o mundo,
cada um contribuindo com 12,3% do número total de novos casos diagnosticados.
O câncer colorretal foi o terceiro câncer mais comum, com 1,8 milhão de novos
casos (FERLAY et al., 2018).
Para 2040, a carga global deverá crescer para 27,5 milhões de novos casos de
câncer e 16,3 milhões de mortes por câncer, em razão do crescimento e envelhe-
cimento da população (FERLAY et al., 2018). A carga futura, provavelmente, será
ainda maior devido à crescente prevalência de fatores que aumentam o risco de
câncer, como tabagismo, dieta não saudável, inatividade física e menos partos, em
países em transição econômica.
Em relação à incidência cumulativa ao redor do mundo, estima-se que um
em cada cinco homens e uma em cada seis mulheres irão desenvolver câncer
ao longo da vida, sendo que um em cada oito homens e uma em cada dez mu-
lheres irão morrer em decorrência desta doença (FERLAY et al., 2018). Por outro
lado, uma pesquisa publicada por Rezende et al., em abril de 2019, estima que,
por ano, mais de 114 mil casos de câncer e 63 mil mortes pela doença no Brasil
poderiam ser evitados com a redução de cinco fatores de risco relacionados ao
estilo de vida: tabagismo, consumo de álcool, excesso de peso, alimentação não
saudável e falta de atividade física, demonstrando que é possível reduzir o risco
2 Desenvolvimento
2.1 Técnicas de Preparo de Antineoplásicos Não Estéreis
Como regra geral, a abertura de cápsulas, fracionamento ou maceração de
comprimidos e a dissolução de pós não devem ocorrer fora da farmácia. Deverão
ser realizadas em condições ambientais, físicas e tecnológicas compatíveis com o
produto e por profissionais capacitados ao adequado grau de complexidade da
manipulação proposta.
recomendadas salas com cantos e rodapés arredondados para fácil limpeza e ma-
nutenção. As paredes devem ser pintadas em cor clara com tinta acrílica ou epóxi. O
local deverá ser protegido contra a entrada de insetos, roedores ou outros animais
e de poeira. A farmácia deverá dispor de um “Programa de Controle Integrado de
Pragas e Vetores”, com os respectivos registros, devendo a aplicação dos produtos
ser efetuada por empresa licenciada para este fim perante os órgãos competentes
(BRASIL, 2004; BRASIL, 2007; BRASIL, 2009).
Não há exigência técnica para que a manipulação de medicamentos não estéreis
seja realizada em um ambiente asséptico (SOBRAFO, 2014). A RDC ANVISA nº 21,
de 20 de maio de 2009 (BRASIL, 2009), que trata da manipulação de medicamentos
não estéreis, no item 2.7.3.1, apresenta os requisitos para manipular medicamen-
tos quimioterápicos: “Salas dedicadas com cabine sem recirculação, com exaustão
de 100% em área externa à sala, sendo que esta deve possuir filtração que elimine
partículas e gases provenientes da manipulação, considerando pressão negativa no
interior da cabine. A sala onde está instalada a cabine deve ter pressão negativa em
relação à área adjacente a ela”. Assim, pode-se concluir que a utilização de Cabines
de Segurança Biológica (CSB) de Classe I, que possui como característica oferecer
proteção ao trabalhador e ao meio ambiente, seria adequada para manipular medi-
camentos antineoplásicos não estéreis (SOBRAFO, 2014).
Essa recomendação não significa que a CSB Classe II Tipo B2 não possa ser utili-
zada, e, quando for o caso de utilizá-la, deve ser de uso exclusivo aos medicamentos
sólidos de uso oral ou tópico. A sala deve apresentar pressão negativa, a fim de
reduzir o risco de espalhar os pós dos medicamentos na área, e, além disso, a sala
de manipulação dos medicamentos estéreis deve possuir antecâmara com acesso
restrito a profissionais capacitados (SOBRAFO, 2014).
2.1.2 Manipulação
As Boas Práticas de Preparação da Terapia Antineoplásica (BPPTA) estabelecem
as orientações gerais para aplicação nas operações de análise da prescrição médi-
calça não estéreis, dois pares de luvas estéreis, máscara de carvão ativo e óculos de
proteção), que os levará até a CSB.
Os medicamentos que são adquiridos em frascos têm sua abertura e seu con-
teúdo transferido para uma embalagem plástica, cuja abertura deve estar em po-
sição oposta ao manipulador. Com o auxílio da selagem térmica, a embalagem
plástica é imediatamente fechada e, posteriormente, subdividida para dar origem
às doses unitárias.
Os medicamentos que são adquiridos em blisters não picotados são colocados
em sacos plásticos, procedendo da mesma maneira que os anteriores. Já os me-
dicamentos com invólucros picotados, são cortados e colocados nas embalagens
plásticas e selados individualmente. Ao término de toda a unitarização dos me-
dicamentos orais, o farmacêutico os coloca em uma bandeja, encaminha através
do pass-through para a sala de rotulagem, onde o técnico de farmácia fará uma
terceira conferência do material entregue com a ordem de manipulação e, após
conferência, fará a rotulagem.
O rótulo fixado em cada unidade produzida deverá conter o nome do medica-
mento, segundo a Denominação Comum Brasileira (DCB), a concentração, o núme-
ro do lote do fabricante, a validade correspondente a 25% do tempo restante para
o término da validade original, o lote interno atribuído, o nome do farmacêutico
responsável e seu número de registro no Conselho Regional de Farmácia (CRF). A
fotoproteção é feita com a colocação das unidades em envelopes pardos.
3 Discussão
Seguir a técnica correta de manipulação, preparo e administração de medica-
mentos quimioterápicos, contribue para a manutenção da garantia da qualidade
dos medicamentos antineoplásicos e reduz os riscos de exposição dos profissio-
nais, durante sua atividade laboral, e dos paciente, durante o uso domiciliar. Por
isso, é de suma importância adotar medidas preventivas, como o uso de Equipa-
mentos de Proteção Individual (EPI) e Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC),
além da orientação ao paciente sobre o correto manuseio até o descarte do me-
dicamento, para minimizar os riscos de exposição e contribuir para a efetividade
do tratamento (MAIA, 2009).
Dos medicamentos disponíveis no mercado, cerca de 30% corresponde a medica-
mentos antineoplásicos orais. Como pôde ser observado na elaboração do presente
manual, temos disponibilizada uma padronização extensa de formas farmacêuticas
orais, o que vem produzindo uma mudança importante na terapia do câncer, a qual
passa a ser gerenciada pelo paciente ou o seu cuidador.
Quando o paciente recebe seus medicamentos e vai passar a utilizá-los em
domicílio, existe a preocupação de fornecer informação e orientação para seu
uso correto e de realizar acompanhamento dos resultados obtidos, para contri-
buir com a adesão à farmacoterapia e com a efetividade do tratamento prescri-
Referenciais Teóricos
FERLAY, J. et al. Global and regional estimates of the incidence and mortality for
38 cancers: GLOBOCAN 2018. Lyon: International Agency for Research on Cancer.
World Health Organization, 2018.
KAV, S. et al. Role of the nurse in the patient education and follow-up of people re-
ceiving oralchemotherapy treatment: an international survey. Support Care Cancer,
v. 16, n. 9, p. 1075-1083, 2008.
Capítulo 11
TÉCNICAS
de Preparo de
Antineoplásicos
Estéreis
Lista de Figuras
Figura 1. Organização no Interior da CSB Durante a Manipulação de Antine- 305
oplásicos Estéreis
1 Introdução 298
2 Desenvolvimento 300
2.1 Técnica de Preparo de Antineoplásicos Estéreis 300
2.1.1 Higiene Pessoal e Equipamentos de Proteção Individual e Coletiva 300
2.1.2 Limpeza, Desinfecção e Organização da Cabine de Segurança 302
Biológica Classe II B2
2.1.3 Técnica Asséptica 307
2.1.3.1 Recomendações Gerais para Utilização de Agulhas e Seringas 311
2.1.3.2 Recomendações Gerais para Manipulação de Frascos- 312
Ampola e Ampolas
2.1.3.3 Recomendação para Manipulação de Medicamentos 313
com Requisitos Especiais
2.1.4 Remoção do Material de Dentro da Cabine de Segurança 315
Biológica Classe II B2
2.1.5 Desparamentação 316
3 Discussão 316
Referenciais Teóricos 318
Glossário (Siglas e Significados) 323
Capítulo 11
Técnicas de Preparo de Antineoplásicos Estéreis
1 Introdução
Os tipos mais comuns de tratamento para o câncer incluem cirurgia, radiote-
rapia e quimioterapia, que podem ser utilizados isoladamente ou em combinação
entre si ou com outras terapias (HUANG et al., 2017). As modalidades de trata-
mento em oncologia estão em constante evolução, com um aumento recente nas
aprovações de diferentes agentes quimioterápicos. Esses novos agentes incluem
fármacos direcionados, agentes hormonais e imunoterapia (JARDIM et al., 2020).
A quimioterapia tem um papel importante no tratamento do câncer. É potencial-
mente curativa, quando usada como terapia adjuvante em pacientes com tumores
em estágio inicial, e oferece paliação eficaz em pacientes com doença metastática
(GRENN et al., 2009).
Muitos dos antineoplásicos disponíveis atualmente são não seletivos, o que
significa que eles não diferenciam células malignas de tecido normal saudável
e, portanto, têm probabilidade de danificar células normais (não tumorais), re-
sultando em efeitos adversos (NIOSH, 2016). Em virtude disso, foram descritos
como algumas das substâncias químicas mais perigosas já desenvolvidas e in-
cluídos na definição de “fármacos perigosos”, ou seja, aqueles que são conheci-
dos ou suspeitos de causar efeitos adversos à saúde por exposições no local de
trabalho (CDC, 2004).
Atualmente, são considerados perigosos quaisquer medicamentos que apre-
sentem em humanos um ou mais dos seguintes critérios de perigo: carcinoge-
nicidade, teratogenicidade ou outra toxicidade de desenvolvimento, toxicidade
reprodutiva, toxicidade em baixa dosagem em órgãos, genotoxicidade, estrutura
2 Desenvolvimento
2.1 Técnica de Preparo de Antineoplásicos Estéreis
A manipulação de antineoplásicos estéreis precisa ser realizada de uma forma
segura e eficaz, considerando sua correta manipulação, conforme a prescrição
médica e a avaliação do farmacêutico oncológico, e garantindo a qualidade do
produto final manipulado e sua esterilidade (SOBRAFO, 2014).
Deve ser usado óculos de proteção (USP, 2017) e, sempre que possível, a
correção da visão do manipulador deve ser realizada, para garantir que esteja
enxergando corretamente. Caso não seja possível, o óculos de segurança com
escudos laterais deve ser usado sobre o óculos para correção de visão (BC
CANCER, 2019).
É recomendada a utilização de roupas de proteção pessoal durante o manuseio
de antineoplásicos estéreis, para proteger o trabalhador da exposição inadvertida
a partículas de fármacos em superfícies ou geradas durante o processo de ma-
nipulação, além de vazamento de quaisquer formas líquidas de medicamentos
perigosos (POWER; COYNE, 2018). A roupa do manipulador deve atender às re-
comendações do “Capítulo 6 - Paramentação para o Preparo de Antineoplásicos”,
ser vestida conforme a recomendação do fabricante, verificando o conforto e a
proteção completa do manipulador, incluindo a proteção de cabeça e cabelo e
proteção para os sapatos (USP, 2017). A roupa do manipulador deve ter a garan-
tia do fabricante quanto a sua impermeabilidade e liberação de partículas (ASPH,
2018; BC CANCER, 2019).
A manipulação de medicamentos antineoplásicos estéreis deve ser realizada
em CSB Classe II B2 (Figura 1), com ar unidirecional, de fluxo vertical, filtro High
Efficiency Particulate Arrestance (HEPA), ambiente controlado Classe ISO 5, con-
forme orientado no “Capítulo 2 - Manutenção Preventiva, Corretiva e Certificação
da Cabine de Segurança Biológica” e “Capítulo 6 - Paramentação para o Preparo
de Antineoplásicos”.
Cabe ao manipulador, antes de iniciar a manipulação, conferir a validade da
certificação da CSB e os valores dos parâmetros de seu funcionamento e qualida-
de, por exemplo, a pressão do sistema. O fluxo deve sempre permanecer ligado,
exceto para manutenções, para evitar que haja escape inadvertido de fármacos
perigosos durante a manipulação (BC CANCER, 2019).
lógica Classe II B2
A superfície de trabalho da CSB Classe II B2 deve ser limpa e desinfetada, a fim
de reduzir contaminação superficial antes de iniciar a manipulação, com agente
desinfetante de superfície, por exemplo, à base de amônio quaternário (POWER;
COYNE, 2018). Para neutralização dos fármacos citotóxicos recomenda-se o uso
de hipoclorito de sódio ou outro agente neutralizador (POWER; COYNE, 2018).
Entre uma limpeza e outra, a superfície deve ser desinfetada com álcool isopro-
pílico estéril a 70% ou álcool etílico a 70%, aplicado com uma gaze estéril, nunca
usando em spray (POWER; COYNE, 2018). Lenços antibacterianos pré-umedecidos
podem ser usados para remover fisicamente resíduos da superfície de trabalho
do fluxo. Toalhas de tecido estéril com baixo índice de fiapos e gaze podem ser
umedecidas com álcool etílico a 70%, solução antibacteriana aquosa ou solução
aquosa de detergente alcalino (BC CANCER, 2019). A limpeza deve acontecer no
sentido de cima para baixo e de dentro para fora.
A primeira etapa do processo de manipulação propriamente dito é a colocação
dos materiais e medicamentos necessários no interior da CSB. Antes de serem
depositados em seu interior, os frascos de medicamentos antineoplásicos e de
soluções parenterais de grande volume devem ser descontaminados com gaze ou
compressa estéril umedecida com álcool etílico a 70%. Outro aspecto importante
a ser observado na preparação do material que será utilizado na manipulação é
a utilização de sobras de frascos previamente perfurados ou reconstituídos, que
estejam dentro do prazo de validade estabelecido, permitindo assim a otimização
da utilização dos medicamentos, redução de custos e do impacto ambiental. Estes
frascos também devem ser descontaminados, conforme descrito acima, antes de
serem colocados no fluxo. As embalagens externas dos produtos estéreis para a
saúde (por exemplo: seringas, agulhas e gaze) também devem passar pelo mesmo
processo de desinfecção, sendo que tais embalagens devem ser removidas antes
da colocação do produto no interior da CSB. A abertura das embalagens deve ser
realizada em cima da grelha da câmara (BC CANCER, 2019; ASSTSAS, 2008).
de infusão e as borrachas dos frascos devem ser desinfetados com álcool a 70%
antes da perfuração com a agulha, devendo-se esperar pelo menos 10 segundos
para que o álcool seque antes da perfuração (BC CANCER, 2019). O processo de
limpeza de um local crítico com álcool a 70% é necessário para a desinfecção e
a remoção física das partículas, utilizando, preferencialmente, swabs ou outros
materiais com baixa liberação de partículas (BC CANCER, 2019).
A manipulação segura de fármacos perigosos requer que o volume de solu-
ção a ser aspirado não seja maior que ¾ do volume total da seringa, minimizan-
do o risco de separação do êmbolo do cilindro da seringa. Para reconstituição,
a agulha deve ser cuidadosamente inserida no centro da borracha da tampa
do frasco (POWER; COYNE, 2018). O êmbolo da seringa deve ser puxado para
proporcionar uma leve pressão negativa dentro do frasco, de modo que o ar
aspirado fique dentro da seringa (POWER; COYNE, 2018). Pequenas quantida-
des de diluente devem ser transferidas vagarosamente para dentro do frasco
do medicamento e igual quantidade de ar deve ser removida. O conteúdo deve
ser homogeneizado com cuidado até ser dissolvido, evitando a formação de
espuma (POWER; COYNE, 2018). Compressas estéreis de gaze devem ser utiliza-
das para conter possíveis vazamentos de medicamento nos pontos de conexão
(POWER; COYNE, 2018).
Durante a reconstituição de frascos, é crítico evitar a pressurização, quando a
agulha é removida, para prevenir a aerossolização do antineoplásico na área de
trabalho. Pressurização pode ser evitada criando-se uma leve pressão negativa
dentro do frasco. Muita pressão negativa, no entanto, pode causar vazamento
quando a agulha é retirada do interior do frasco (POWER; COYNE, 2018).
Guias internos de diluição e estabilidade, contendo informações a respeito da
reconstituição, diluição, estabilidade físico-química e microbiológica, compatibili-
dade com os diluentes e embalagens, fotossensibilidade, necessidade de filtros,
entre outras, devem estar prontamente disponíveis ao manipulador e podem ser
afixados em local adequado próximo à CSB. A fim de evitar erros, cabe ao mani-
pulador consultar tais guias antes de realizar a manipulação, os quais devem ser
constantemente atualizados, com base nas informações contidas na bula do fabri-
cante, especialmente quando houver troca de fornecedor, e em bases de dados
específicas, tais como UpToDate®, MicromedexSolutions® e Stabilis®.
Para facilitar a aspiração da dose, uma pequena quantidade de ar, menor
que o volume do medicamento a ser retirado, pode ser colocada na seringa
previamente à aspiração. A agulha deve ser inserida no centro da borracha da
tampa do frasco, que deve ser invertido com a seringa e a agulha inseridas (PO-
WER; COYNE, 2018). A quantidade adequada de solução de medicamento deve
ser gradualmente retirada enquanto volumes iguais de ar são trocados com a
solução (POWER; COYNE, 2018). Ao perfurar o sítio de injeção de bolsas e as
borrachas de frascos, é importante evitar a liberação de resíduos de borracha,
que pode ocorrer quando o bisel da agulha não é inserido no mesmo local pre-
viamente furado, fazendo com que partículas penetrem na solução. As soluções
preparadas para administração parenteral devem ser filtradas com filtro de 5
µm quando houver a possibilidade de que partículas de vidro ou partículas de
borracha possam estar presentes na solução, por exemplo, na filtração do medi-
camento Mesna, utilizado como terapia de suporte para altas doses de ciclofos-
famida e ifosfamida, e dexametasona, utilizada para punção lombar em alguns
protocolos hematológicos (BC CANCER, 2019).
Se uma quantidade excessiva de solução de fármaco perigoso for aspirada,
deve-se tomar cuidado para minimizar a produção de aerossol e vapor quando o
volume em excesso é removido (BC CANCER, 2019). O volume exato necessário
deve ser medido enquanto a agulha ainda está no frasco e, preferencialmente,
qualquer excesso de medicamento deve permanecer no frasco (POWER; COYNE,
2018). O excesso de medicamento aspirado também pode ser desprezado em
um frasco estéril vazio ou uma bolsa de infusão vazia. Outra opção é transferir
o volume de medicamento perigoso para uma seringa nova. O excesso de me-
dicamento pode ser deixado na seringa original, tampado com uma tampa luer-
A - Preenchimento do equipo com a solução da bolsa; B - Retirada da tampa flip-top dentro da CSB; C - Desinfecção da
borracha do frasco-ampola; D - Perfuração no centro da tampa de borracha do frasco-ampola para reconstituição do
medicamento; E - Ar contaminado da seringa desprezado em bolsa de solução previamente esvaziada; F - Aspiração
da quantidade exata do medicamento; G - Aspiração de ar para induzir pressão negativa no interior do frasco-ampola
e remover medicamento do canhão da agulha; H - Injeção do medicamento aspirado na bolsa de solução; I - Limpeza
do sítio de injeção do medicamento e da superfície da bolsa de solução e equipo.
Todo material que entrou no fluxo precisa ser limpo com toalhas de baixo índice de
liberação de partículas ou gaze umedecida com álcool etílico a 70% antes da retirada
da CSB (BC CANCER, 2019). O lixo químico deve ser destinado conforme orientações
do “Capítulo 13- Gestão dos Resíduos de Quimioterápicos e Neoplásicos”.
2.1.5 Desparamentação
A desparamentação do manipulador deve seguir as orientações descritas no “Capí-
tulo 6 - Paramentação para o Preparo de Antineoplásicos”, com o cuidado para evitar
contaminação. Lavar as mãos com água e sabão imediatamente após a remoção das
luvas de quimioterapia. Lavar e desinfetar os EPI reutilizáveis. Descartar os EPI descar-
táveis no lixo químico apropriado.
As sobras de medicamentos, devidamente identificadas e cobertas com filme plás-
tico ou selo de proteção, devem ser acondicionadas corretamente em refrigeradores
e/ou temperatura ambiente, conforme a indicação do fabricante.
3 Discussão
As terapias endovenosas compõem um processo complexo que envolve o prepa-
ro de medicamentos e soluções, seja nas dependências da farmácia hospitalar, seja
nas dependências das enfermarias. Portanto, a técnica asséptica deve ser utilizada ao
manipular medicamentos para administração parenteral (SUVIKAS-PELTONEN, 2017).
A partir dos anos 1980, com as publicações de normas e diretrizes internacionais, os
antineoplásicos parenterais foram classificados como substâncias perigosas, respon-
sáveis por causar danos ocupacionais e ambientais (POWER, 2018).
Conforme apresentado neste capítulo, faz-se necessária a preparação dos antine-
oplásicos estéreis por meio de técnica asséptica. Deve-se destacar que a técnica é
capaz de reduzir a exposição ambiental, além de contribuir para redução da exposição
ocupacional que é sabidamente prejudicial aos manipuladores e pessoal envolvido
no transporte, recebimento e administração dos medicamentos manipulados. Por
fim, e igualmente importante, a técnica asséptica promove a segurança do paciente
em tratamento oncológico, uma vez que os riscos de contaminação cruzada e/ou mi-
crobiológica são minimizados. Vale ressaltar que este e demais capítulos do Manual
reúnem apenas diretrizes, resumidas no fluxograma apresentado na Figura 4, sendo
necessário que cada serviço faça as adequações necessárias à sua realidade, sempre
prezando pelas Boas Práticas de Manipulação.
NÃO
Produto Paramentação Manipulação de Não Estéreis
Estéril? Capítulo 6 Capítulo 10
SIM
Rotulagem, Embalagem,
Paramentação
Transporte
Capítulo 6
Capítulo 5
Desparamentação, Limpeza,
Descarte de Resíduos
Apresentação
Capítulo 6
Farmacêutica?
Capítulo 7
Capítulo 13
Rotulagem, Embalagem,
Frasco-
Ampola Transporte
Ampola
Capítulo 5
Referenciais Teóricos
CAPOOR, M. R.; BHOWMIK, K.T. Cytotoxic drug dispersal, cytotoxic safety, and cyto-
toxic waste management: practices and proposed india-specific guidelines. Indian
Journal of Medical and Pediatric Oncology, v. 38, n. 2, p. 190-197, 2017.
PACLITAX (paclitaxel): solução injetável 6mg/mL. - Frascos com 16,7 ml. Respon-
sável técnico Maria Bendita Pereira. São Paulo, SP: Eurofarma Laboratórios S. A.,
2015. Bula de remédio. [Bula para profissionais de saúde]. Disponível em: https://
cdn.eurofarma.com.br//wp-content/uploads/2016/09/Bula_Paclitax_Profissional.
pdf. Acesso em: 11 fev. 2021.
Capítulo 12
VALIDAÇÃO
da Técnica
Asséptica
Lista de Quadros
Quadro 1. Frequência de Monitoramento para Áreas Classificadas 335
1 Introdução 328
2 Desenvolvimento 331
2.1 Comportamento Asséptico dos Operadores 331
2.2 Validação da Técnica Asséptica dos Manipuladores 332
2.3 Media Fill 334
2.4 Análise das Mãos dos Colaboradores 334
2.5 Limites de Contaminação Microbiológica 335
3 Discussão 337
Referenciais Teóricos 340
Glossário (Siglas e Significados) 343
Capítulo 12
Validação da Técnica Asséptica
1 Introdução
A terapia com medicamentos antineoplásicos consiste frequentemente na
administração de substâncias químicas, individuais ou combinadas, por meio de
diferentes vias de administração, como as vias parenterais. Essas substâncias re-
querem algum tipo de manipulação antes de serem administradas ao paciente,
como reconstituição e/ou diluição em uma solução para uso endovenoso. Devido
ao risco inerente à terapia, medidas devem ser implementadas para que os re-
quisitos essenciais que garantem um tratamento seguro, como a esterilidade e a
dose correta dos antineoplásicos, possam ser cumpridos desde a preparação até a
administração dos medicamentos manipulados (BIANCHIN et al., 2011).
A contaminação microbiana dos produtos pode resultar em alterações da es-
tabilidade das formulações e alterações físico-químicas do produto, mas resultar,
principalmente, em risco de infecção ao paciente, uma vez que este, geralmen-
te, apresenta comprometimento em seu sistema imune (CARRÉRA et al., 2010;
BARBOSA et al., 2009). Um produto é considerado estéril quando apresenta total
ausência de formas viáveis de micro-organismos capazes de reprodução. A esteri-
lidade dos medicamentos de uso parenteral deve ser garantida pela implantação
de um Sistema de Garantia da Qualidade que incorpore as Boas Práticas de Mani-
pulação de Medicamentos Estéreis, sendo o profissional farmacêutico responsável
direto pela execução efetiva dessas recomendações no preparo de diluições anti-
neoplásicas, uma vez que, nos estabelecimentos de saúde públicos ou privados, a
preparação de antineoplásicos é sua atribuição privativa (CONSELHO FEDERAL DE
FARMÁCIA, 2017).
2 Desenvolvimento
2.1 Comportamento Asséptico dos Operadores
A fabricação de produtos estéreis é dependente da habilidade, treinamento e
atitudes dos operadores (EUROPEAN COMMISSION, 2008). Segundo a Farmaco-
peia Brasileira de 2019 e a United States Pharmacopeia (USP) de 2018, produtos
processados assepticamente exigem requisitos rigorosos a serem cumpridos em
sua produção com supervisão estrita das pessoas, a fim de manter o nível de qua-
lidade ambiental apropriado para a garantia de esterilidade do produto. O treina-
mento de todos os funcionários que trabalham em salas de produção asséptica
é crítico e deve ser periódico, uma vez que a contaminação da área de trabalho
pode ocorrer inadvertidamente durante a amostragem microbiológica, por uso de
técnicas impróprias.
O controle da contaminação microbiana associada com as pessoas é um dos
elementos mais importantes do programa de controle ambiental. A contamina-
ção pode ocorrer a partir da disseminação de micro-organismos por indivídu-
os, particularmente aqueles com infecções ativas. Portanto, apenas indivíduos
saudáveis devem ser autorizados a acessar os ambientes controlados. A boa
higiene pessoal e a atenção cuidadosa aos detalhes dos procedimentos de pa-
ramentação asséptica são itens importantes. Os funcionários apropriadamente
paramentados devem ser cuidadosos em manter a integridade de suas luvas e
aventais durante todo o período de permanência nos ambientes controlados. O
comportamento dos operadores dentro de salas pode refletir diretamente na
assepsia do processo. Alguns hábitos (como o uso de cremes, barba, adornos)
e comportamentos (como a técnica inadequada de paramentação, movimentos
bruscos e não adesão à técnica correta de abertura de embalagens) podem dis-
3 Discussão
A legitimação da qualidade nas Boas Práticas de Manipulação de Produtos
Estéreis através da validação da técnica asséptica é fundamental para que todo
o procedimento de produção - desde prática, processos e operadores - tenha
garantia da qualidade na execução. Para tal, as validações devem ser realizadas
com a periodicidade adequada, por profissionais capacitados, através de me-
todologias descritas em guias de referência. Considerando que o controle de
qualidade e métodos de esterilização de medicamentos antineoplásicos após a
manipulação são mais difíceis de serem realizados, quando se comparam com
uma produção industrial, uma vez que são termolábeis e específicos para cada
paciente em determinada condição e ciclo, a validação da técnica asséptica faz-
se imprescindível.
A maioria das resoluções e publicações sanitárias nacionais que descrevem
a validação da técnica asséptica, é direcionada à produção industrial, inclusive
com limites de referência e simulações de media fill que pouco tem relação com
a manipulação da terapia antineoplásica em clínicas e hospitais. Assim, é preciso
recorrer a manuais específicos e estabelecer checklists aplicáveis para avaliação
da técnica de simulação e do processo de produção de estéreis nas instituições.
Resultados obtidos de estudos desenvolvidos em instituições brasileiras su-
gerem que as recomendações previstas pelas legislações sanitárias, manuais e
Guia de Boas Práticas no preparo de diluições antineoplásicas são parcialmente
implantadas, resultando em potencial risco à segurança do paciente e do mani-
pulador (BIANCHIN et al., 2011; CARRÉRA et al., 2010). O estudo, desenvolvido
Referenciais Teóricos
RDC_220_2004_COMP.pdf/948f5f11-a343-40cf-8972-8ec3837bda74. Acesso
em: 16 mai. 2020.
Capítulo 13
GESTÃO
de Resíduos
Quimioterápicos
e Antineoplásicos
Lista de Figuras
Figura 1. Resumo da Classificação dos Grupos de Resíduos 355
Figura 3. Exemplos de Símbolos que Podem Ser Utilizados para Identifica- 359
ção de Resíduos de Serviço de Saúde (RSS) do Grupo B
361
Figura 4. Exemplo de Coletor Rígido para Resíduos do Grupo B
1 Introdução 348
2 Desenvolvimento 351
2.1 Panorama da RDC N° 222 de 28 de Março de 2018 351
2.2 Classificação dos Resíduos dos Serviços de Saúde de Acordo com a 353
Legislação Brasileira
2.3 Manejo de Resíduos de Serviço de Saúde no Contexto da Farmácia de 355
Quimioterapia
2.4 Identificação 357
2.5 Área Administrativa 359
2.6 Área Limpa 360
2.6.1 Sala de Paramentação 360
2.6.2 Sala de Higienização 360
2.6.3 Sala de Manipulação 360
2.6.4 Sala de Armazenamento de Medicamentos e Materiais 362
3 Discussão 362
Referenciais Teóricos 366
Glossário (Siglas e Significados) 371
Capítulo 13
Gestão de Resíduos Quimioterápicos e Antineoplásicos
1 Introdução
Em um contexto hospitalar, diversos tipos de resíduos são gerados diariamen-
te, tais como resíduos infectantes, perfurocortantes e resíduos químicos, sendo
este último o grupo no qual estão inseridos os medicamentos de uma forma geral.
Mediante a necessidade de proteção das pessoas, da fauna e da flora, é impres-
cindível realizar o descarte adequado de todos os diferentes resíduos gerados. No
presente documento, o foco será o manejo dos resíduos do Grupo B - Químico,
pois eles representam o maior potencial de causarem danos e constituem o maior
quantitativo dos rejeitos gerados durante o fluxo de preparação de um medica-
mento quimioterápico. Desta forma, este capítulo tem como propósito trazer in-
formações e orientações acerca do gerenciamento dos resíduos quimioterápicos
no contexto de uma Farmácia de Quimioterapia.
A disposição dos resíduos de serviço de saúde (RSS) deve ser regulamentada pelas
organizações prestadoras de serviços de saúde e pelos órgãos competentes (NÓBRE-
GA, 2016). Existem várias entidades que regulamentam a disposição de Resíduos Sóli-
dos no Brasil, como o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), através da Re-
solução nº 358, de 29 de abril de 2005 (BRASIL, 2005), a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA), que atua por meio da RDC nº 222, de 28 de março de 2018 (BRASIL,
2018), a Associação Brasileira de Normas Técnicas, por intermédio das Normas Brasilei-
ras, e o Governo Federal, mediante a Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010 (BRASIL,
2010), que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Ademais, podem ser
citadas as legislações específicas sobre o gerenciamento dos Resíduos de Serviço de
Saúde (RSS) dos governos estaduais e municipais (NÓBREGA, 2016).
São definidos como geradores de RSS todos os serviços associados com a aten-
ção à saúde humana ou animal, incluindo os serviços de assistência domiciliar;
laboratórios analíticos de produtos para saúde; necrotérios e funerárias; serviços
de medicina legal; drogarias e farmácias (inclusive as com manipulação); distribui-
dores, produtores e importadores de produtos farmacêuticos; estabelecimentos
de ensino e pesquisa na área de saúde; unidades móveis de atendimento à saúde,
dentre outros (LOVATTE, 2019).
Os RSS são classificados em cinco Grupos (A, B, C, D e E) em função de suas
características e dos possíveis problemas que podem provocar à saúde pública e
ao meio ambiente. Cada grupo será abordado individualmente em detalhes no
decorrer deste capítulo. Os resíduos pertencentes ao Grupo B são aqueles que
apresentam riscos devido às suas características químicas, dependendo de sua
reatividade, inflamabilidade, toxicidade, corrosividade, patogenicidade, carcino-
genicidade, mutagenicidade e teratogenicidade. Os resíduos de medicamentos
quimioterápicos, gerados pelos serviços de saúde, são classificados como parte
dos RSS do Grupo B, conforme disposto anteriormente (FERRAZ, 2019).
Os RSS são parte importante do total de resíduos sólidos urbanos, não neces-
sariamente pela quantidade gerada (cerca de 1 a 3% do total), mas pelo potencial
de risco que representam à saúde e ao meio ambiente, por apresentarem carac-
terísticas tóxicas e/ou patogênicas (COSTA, 2010). Os RSS têm sido produzidos em
todas as áreas hospitalares, sendo sujeitos a critérios específicos de tratamento e
classificação, tanto no Brasil quanto no exterior (COSTA; FELLI; BAPTISTA, 2012).
Há uma preocupação mundial relacionada ao gerenciamento de RSS, tornando as
normativas cada vez mais restritivas para assegurar sua disposição final adequada
e segura (ANDRÉ; VEIGA; TAKAYANAGUI, 2016).
Costa (2010) relatou que segundo a European Environment Agency, no ano de
2007, foram produzidos, nos 27 Estados Membros da União Europeia, cerca de 1,3
bilhões de toneladas de resíduos urbanos, destes 40 milhões de toneladas foram
de resíduos perigosos, dos quais 67% foram depositados em aterros sanitários.
e/ou disposição final inadequada dos resíduos urbanos. Os riscos podem ser: físi-
cos (radiação ou temperatura), ergonômicos (posturais), químicos (substâncias tó-
xicas), biológicos (agentes infecciosos) e psicológicos, (como o estresse). Contudo,
ao se adotar normas de biossegurança, os riscos no ambiente hospitalar podem
ser evitados (WHO, 2004).
Para o gerenciamento correto em relação aos resíduos sólidos de saúde, é
necessário que os estabelecimentos de saúde realizem todas as etapas de ma-
nejo, devendo cumprir as normas de biossegurança vigentes. A prática correta
impacta nos custos com tratamento dos RSS além de influenciar nos índices de
infecção hospitalar. Assim, as boas práticas no gerenciamento de RSS contri-
buem para a estruturação de um modelo sustentável, realizado a partir da cons-
ciência pelo compromisso e responsabilidade ética e cidadã dos profissionais da
saúde com a proteção, preservação e valorização do meio ambiente (UEHARA;
VEIGA; TAKAYANAGUI, 2019).
Para amenizar os riscos relativos ao descarte desses resíduos é necessário
que a manipulação atenda à legislação vigente, sendo fundamental a estru-
turação de programas de capacitação para evitar o manuseio e descarte ina-
dequado dos resíduos hospitalares. As caracterizações de risco servem para
alcançar o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a proteção da saú-
de pública e do meio ambiente. Serve, ainda, como base para que os gestores
tomem medidas para sanar os problemas já existentes e proponham novas
legislações para o aperfeiçoamento de técnicas para o descarte de resíduos
sólidos (PAUMGARTTEN, 1993).
2 Desenvolvimento
2.1 Panorama da RDC N° 222 de 28 de Março de 2018
Inicialmente, o gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde era regu-
lamentado por resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).
Após a criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), através da Lei
gerenciamento dos RSS deve abranger todas as fases de planejamento dos recursos
físicos, dos recursos materiais e da capacitação dos recursos humanos envolvidos.
O planejamento do programa deve ser realizado em conjunto com os seto-
res envolvidos, definindo-se as responsabilidades de cada ente participante. É de
extrema importância que a Farmácia de Quimioterapia auxilie na elaboração e
desenvolvimento deste planejamento, considerando os conhecimentos e especi-
ficidades sobre os resíduos gerados nesse local.
2.2 Classificação dos Resíduos dos Serviços de Saúde de Acordo com a Le-
gislação Brasileira
Segundo o Anexo I da RDC nº 222/2018, os resíduos são classificados em cinco
grandes Grupos (A, B, C, D e E), sendo que o Grupo A possui algumas subdivisões
para melhor orientação e separação.
A classificação adequada dos resíduos é de grande importância, pois a separa-
ção é o primeiro passo no manejo dos RSS. A correta segregação confere ao pro-
cesso segurança e confiabilidade, pois o fluxo de trabalho e o destino final estarão
de acordo com o preconizado em legislação.
Os grupos descritos na RDC citada anteriormente são os seguintes:
- GRUPO A: Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por
suas características, podem apresentar risco de infecção. São exemplos as cul-
turas e estoques de micro-organismos, bolsas transfusionais contendo sangue
ou hemocomponentes, rejeitadas por contaminação, má conservação ou prazo
de validade vencido, e peças anatômicas.
- GRUPO B: Resíduos contendo produtos químicos que apresentam periculo-
sidade à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas caracterís-
ticas de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, carcinogenici-
dade, teratogenicidade, mutagenicidade e quantidade. Temos como exemplos
os produtos farmacêuticos e resíduos de saneantes e desinfetantes. Este é o
grupo com maior representatividade e importância dentro da Farmácia de Qui-
GRUPO B
Resíduos contendo produtos químicos que podem
apresentar riscos específicos à saúde pública e ao meio ambiente.
GRUPO C
Resíduos radioativos que podem apresentar risco de acordo com o nível de radiação emitida.
GRUPO D
Resíduos comuns, semelhantes aos gerados em domicílio,
que não apresentam risco biológico, químico ou radiológico.
GRUPO E
Resíduos perfurocortantes que além do risco de acidentes podem
estar contaminados com agentes biológicos, químicos e radiológicos.
DESTINAÇÃO
De acordo com as características DISPOSIÇÃO FINAL
podem ser realizadas diferentes Aterros sanitários
ações, como tratamento do RSS licenciados
ou outras destinações ambientalmente
Fonte: MOURA, M. R. et al. (2020). Fluxograma elaborado com base nas informações da RDC nº 222/2018
2.4 Identificação
É necessário que todas as salas pertencentes à Farmácia de Quimioterapia
rados (vidros, ampolas, gazes entre outros) ocorra em local adequado, ou seja,
em coletores de resíduos químicos (Grupo B). Caso a equipe de farmácia prepare
radiofármacos, estes devem seguir as especificações relativas ao Grupo C da clas-
sificação de resíduos gerados.
Para os resíduos do Grupo D (materiais que não tiveram contato com agentes
antineoplásicos/quimioterápicos) é possível o descarte em sacos de lixo comuns
em coletores identificados como Grupo D. Exemplos de resíduos dessa natureza
são: embalagens secundárias e terciárias de medicamentos que não adentraram a
CSB e embalagens de gazes e equipos.
As embalagens secundárias devem ser descaracterizadas para encaminhamen-
to a reciclagem de modo a não possibilitar sua reutilização (BRASIL, 2018).
3 Discussão
No preparo de medicamentos quimioterápicos, a partir de frascos e ampolas
com dose de apresentação comercializada, uma parte pode acabar sendo descar-
tada para que se atinja a dose prescrita pelo médico oncologista, resultando na
produção de resíduo tóxico (HYEDA; COSTA, 2014).
A geração de resíduos de medicamentos quimioterápicos pode ser minimizada
Referenciais Teóricos
BRASIL. Câmara dos Deputados. Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999. Define o Sis-
tema Nacional de Vigilância Sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária,
e dá outras providências. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, p. 1, 27 jan.
1999. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1999/lei-9782-26-
janeiro-1999-344896-publicacaooriginal-1-pl.html. Acesso em: 11 mar. 2021.
NIOSH - National Institute for Occupational Safety and Health. NIOSH Alert: pre-
venting occupational exposure to antineoplastic and others hazardous drugs in
health care settings. Cincinatti, OH: Department of health and human services,
2004. Disponível em: https://www.cdc.gov/niosh/docs/2004-165/pdfs/2004-165.
pdf?id=10.26616/NIOSHPUB2004165. Acesso em: 20 nov. 2020.
Histórico de Revisão
Versão Data Descrição da Alteração
Análise
Ricardo Malaguti
Data: 24 / 05 / 2021
Rogéria Aparecida Pereira Valter De Lucena
Samira de Souza Silva
Validação
Data: 26 / 05 / 2021
Serviço de Gestão do Cuidado Assistencial
Aprovação
Rosana Reis Nothen Data: 01 / 06 / 2021
Giuseppe Cesare Gatto