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IFES

TÉCNICO EM ELETROMECÂNICA CONCOMITANTE

SCHEYLA MANZIOLI AMBROZINI

TRATAMENTOS TÉRMICOS

CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM
2022
SCHEYLA MANZIOLI AMBROZINI

TRATAMENTOS TÉRMICOS

Relatório apresentado a disciplina de


Tecnologia dos Materiais, do curso de
Eletromecânica Concomitante IFES do
prof.º .Gustavo Henrique.

CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM
2022
RESUMO

Com a progressão das técnicas de aquecimento e resfriamento dos metais,


novos tipos de tratamentos térmicos foram aperfeiçoados. Por conseguinte, para
entender as mudanças das propriedades mecânicas relacionadas aos
tratamentos térmicos, é necessário atentar-se à forma como as microestruturas
se comportam em conformidade a parâmetros como temperatura e tempo. Além
disso, cada tratamento térmico apresenta funções diferentes, então, para toda
propriedade que necessita ser corrigida há um processo específico, que deve
seguir procedimentos certos para que o resultado final seja satisfatório
economicamente e funcional para os requisitos da indústria.

Palavras-chave: Tratamentos térmicos. Propriedades mecânicas.


Microestrutura.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Diagrama TTT de transformação isotérmica do aço carbono


eutetóide .......................................................................................................... 08
Figura 2 - Tratamentos isotérmicos em um aço-carbono eutetóide ................. 08
Figura 3 - Curvas de transformação isotérmica de um aço hipoeutetóide (0,35%
C) ...................................................................................................................... 09
Figura 4 - Curvas de transformação isotérmica de um aço hipereutetóide
(1,13% C) ........................................................................................................ 09
Figura 5 - Curvas TTT dos tratamentos de recozimento pleno (1), recozimento
isotérmico (2), normalização (3) e têmpera seguida de revenimento (4) para um
aço-carbono eutetóide ...................................................................................... 11
Figura 6 - Diagrama de fases ferro-carbeto de ferro na vizinhança do eutetóide,
indicando as faixas de temperatura para os tratamentos térmicos dos aços-
carbono comuns ............................................................................................... 15
Figura 7 - Microestrutura de aço temperado em óleo demonstrando ferrita em
branco e a martensita (agulhas escuras) ..................................................... 16
Figura 8 - Ilustração do corpo de prova do ensaio Jominy ............................... 17
Figura 9 - Dimensões típicas do corpo de prova para ensaio de temperabilidade
Jominy .............................................................................................................. 18
Figura 10 - Microestruturas de um aço temperado (à esquerda) e temperado
revenido (à direita) .......................................................................................... 19
Figura 11 - Microestrutura de um aço 1045 (0,45% C) antes e depois da
normalização .................................................................................................... 20
Figura 12 - Faixas de temperaturas usuais de alguns tratamentos térmicos de
aços .................................................................................................................. 20
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Temperaturas de recozimento conforme material usado ................ 11


Tabela 2 – Temperatura e meios de resfriamento ............................................ 16
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 07
2. DIAGRAMA TTT ......................................................................................... 07
2.1. Diagrama TTT para aços eutetóides ................................................. 07
2.2. Diagrama TTT para aços hipoeutetóides e hipereutetóides ........... 08
2.3. Fatores que afetam a posição das curvas em TTT .......................... 09
3. RECOZIMENTO ......................................................................................... 10
3.1. Recozimento pleno ............................................................................. 12
3.2. Recozimento subcrítico ..................................................................... 13
3.3. Esferoidização ou coalescimento ..................................................... 13
3.4. Recozimento para recristalização ..................................................... 14
3.5. Recozimento isotérmico .................................................................... 14
4. NORMALIZAÇÃO ...................................................................................... 14
5. TÊMPERA .................................................................................................. 15
5.1. Temperabilidade ................................................................................. 17
5.2. Ensaio Jominy de temperabilidade ................................................... 17
6. REVENIMENTO .......................................................................................... 18
7. METODOLOGIA ......................................................................................... 19
8. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................. 19
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 21
REFERÊNCIAS .......................................................................................... 22
GLOSSÁRIO .............................................................................................. 23
1. INTRODUÇÃO

Os tratamentos térmicos são caracterizados pelo aquecimento e resfriamento


controlado e têm por objetivo melhorar as propriedades mecânicas dos metais,
conferindo uma vida útil maior e um produto final que atende melhor suas
aplicações.
Visto isso, é essencial entender como as diferentes microestruturas do material
se modificam conforme parâmetros de tempo e temperatura e de que modo isto
interfere no uso dos metais pela indústria atual.
Dessa forma, este artigo tem por objetivo apresentar de forma concisa as
definições e características dos principais processos de tratamento térmico
empregados nos aços.

2. DIAGRAMA TTT

O diagrama TTT fornece informações a respeito das mudanças de fase em


velocidade de resfriamento rápidas. Nesse gráfico, são apresentadas as
mudanças de fase e as transformações parciais ou totais do aço provenientes
do período de tempo em que ele foi resfriado ou mantido a uma determinada
temperatura.

2.1. Diagrama TTT para aços eutetóides

Para a transformação isotérmica do aço eutetóide (0,77% C), o diagrama TTT


apresenta no eixo vertical as temperaturas e no eixo horizontal os tempos de
reação em escala logarítmica. Nesse diagrama ocorrem duas curvas que
indicam o início e o fim das mudanças de fases no aço.

Figura 1 - Diagrama TTT de transformação isotérmica do aço carbono eutetóide. Curva da


esquerda indica o início da transformação e da direita o final
Fonte: Callister, 2002

Figura 2 - Tratamentos isotérmicos em um aço-carbono eutetóide (curvas “a”, “b”, “c” e “d”)

Fonte: Calliter, 2002

No diagrama acima, o "joelho" indica o ponto em que o aço se modifica, dessa


forma, acima e abaixo deste ponto há diferentes estruturas formadas em função
do tempo de resfriamento da liga.

2.2. Diagrama TTT para aços hipoeutetóides e hipereutetóides

No caso dos aços hipoeutetóides (> 0,77% C) e dos hipereutetóides (< 0,77% C)
a formação de ferrita ou de cementita ocorre conforme cada caso.
Dessa forma, a linha da esquerda dos diagramas aponta para o início da
formação da ferrita ou da cementita, a linha do meio indica o início da
transformação da perlita e, por fim, a linha da direita o fim da transformação da
perlita.

Figura 3 - Curvas de transformação isotérmica de um aço hipoeutetóide (0,35% C)

Fonte: Adaptado de Do Vale, 2011

Figura 4 - Curvas de transformação isotérmica de um aço hipereutetóide (1,13% C)

Fonte: Adaptado de Do Vale, 2011

2.3. Fatores que afetam a posição das curvas em TTT

Quanto maior for o teor de carbono e de elementos de liga no aço, mais para
direita as curvas se deslocam, isto facilita a têmpera da liga Fe-C.
O tamanho de grão da austenita é outro fator que facilita a têmpera, quanto maior
for antes do resfriamento mais pra direita se deslocam as curvas. Porém, o
aumento do tamanho de grão afeta algumas propriedades mecânicas do aço
como a dureza.
A composição química, concernente aos elementos de liga também afeta nas
curvas TTT. Quanto mais homogênea a austenita, mais para a direita se
deslocam as curvas, facilitando a têmpera. Normalmente quanto mais elevada a
temperatura de aquecimento e quanto maior o tempo de permanência mais
homogênea será a austenita.

3. RECOZIMENTO

O tratamento térmico de recozimento é caracterizado por submeter o material a


altas temperaturas durante um longo período de tempo e em seguida resfriá-lo
de forma lenta.
No geral, o recozimento é empregado com o intuito de aliviar tensões; reduzir a
dureza e aumentar a ductilidade e tenacidade; e/ou produzir uma microestrutura
em específico.
Existem três estágios correspondentes a qualquer processo de recozimento, são
eles: aquecimento até a temperatura desejada, manutenção naquela
temperatura e resfriamento, normalmente até a temperatura ambiente. Sendo o
tempo um parâmetro importante nesses procedimentos. Enquanto ocorre o
aquecimento e o resfriamento, as partes externas e internas da peça apresentam
gradientes de temperatura entre si. Caso a taxa de variação da temperatura for
muito grande, é possível que gradientes de temperatura e tensões internas
sejam induzidos, o que contribui para que ocorra empenamento ou até mesmo
trincamento. Também é preciso considerar que o tempo de recozimento real
deve ser longo o suficiente para permitir que ocorram as reações de
transformação necessárias. Outro fator importante no recozimento é a
temperatura; o processo pode ser acelerado pelo aumento da temperatura, visto
que geralmente estão envolvidos processos de difusão.

Tabela 1 - Temperaturas de recozimento conforme material usado


Fonte: André Leme, 2016

O recozimento é dividido em diferentes tipos, sendo eles: recozimento subcrítico,


recozimento para recristalização, recozimento para homogeneização,
recozimento total ou pleno, recozimento isotérmico ou cíclico e esferoidização
ou coalescimento. O recozimento subcrítico e a recristalização são aplicados em
qualquer liga metálica, já o recozimento para homogeneização é indicado para
peças fundidas e o recozimento total ou pleno e o recozimento isotérmico ou
cíclico são indicados para os aços em geral.

Figura 5 - Curvas TTT dos tratamentos de recozimento pleno (1), recozimento isotérmico (2),
normalização (3) e têmpera seguida de revenimento (4) para um aço-carbono eutetóide.

Fonte: Do Vale, 2011

O que diferencia os tipos de tratamentos térmicos de recozimento é o produto


formado e a aplicação prática do material que foi tratado. Dessa forma, definem-
se temperaturas de aquecimento, formas de aquecimento, meios e tipos de
resfriamento diferentes, adequados a cada tipo de resultado esperado.

3.1. Recozimento pleno

O recozimento pleno além de regularizar a estrutura bruta de fusão,


possibilitando maior homogeneidade aos materiais fundidos, também remove
tensões internas e a regularização das estruturas de materiais devido às
operações de conformação mecânica a frio e a quente, como estampagens,
dobramentos, trefilação, entre outros, regulariza a estrutura proveniente de
tratamentos térmicos anteriores, remove tensões devidas a irregularidades no
resfriamento de diferentes partes de peças, elimina impurezas gasosas, altera
as propriedades mecânicas como a resistência mecânica (resistência à tração)
e ductilidade, melhora as propriedades elétricas e magnéticas, ajusta o tamanho
de grão e produz uma microestrutura definida.
Os constituintes estruturais resultantes para aços são: ferrita + perlita grosseira
(hipoeutetóide), perlita grosseira (eutetóide), cementita + perlita grosseira.
A perlita grosseira é ideal para melhoria na usinabilidade dos aços de baixo e
médio carbono, o que facilita as operações de corte destas ligas. Para melhorar
a usinabilidade dos aços com alto-carbono recomenda-se a esferoidização.
Para as microestruturas hipoeutetóides e eutetóides recomenda-se que a
temperatura de recozimento pleno seja 50ºC acima do limite superior da zona
crítica, já para as estruturas hipereutetóides, 50º C acima do limite inferior da
zona crítica. No caso dos aços hipereutetóides a zona crítica de temperatura não
deve ser ultrapassada para que seja evitada a formação de cementita
proeutetóide que é responsável por fragilizar os contornos de grão.
O tempo de permanência à temperatura deve ser suficiente para a formação e
homogeneização da austenita, inclusive no centro da peça. Variando em função
da espessura da peça, dessa forma, quanto maior a peça, mais tempo vai levar.
O resfriamento é lento e deve ser realizado de preferência dentro do forno, porém
como isto aumenta o custo de produção, há alternativas como resfriamento em
campânulas isoladas ou imersas em materiais isolantes térmicos que assegurem
o resfriamento lento após a saída do forno.
Em fornos de atmosfera oxidante devem ser minimizados as entradas de ar, o
que evita a formação de óxido, principalmente para peças grandes com longos
tempos de tratamento, assim como a descarbonetação, principalmente de peças
cementadas (endurecidas superficialmente por tratamentos termoquímicos).

3.2. Recozimento subcrítico

O recozimento subcrítico tem como principal objetivo aliviar as tensões


originadas durante a solidificação ou produzidas em operações de
endireitamento, corte por chama, soldagem ou usinagem.
A temperatura a ser alcançada deve ser tal que não provoque nenhuma
transformação de fase, além disso, deve-se trabalhar abaixo da temperatura
crítica dos aços, dessa forma as temperaturas de trabalho devem se localizar
onde não há transformação dos constituintes do aço (entre 550 e 700ºC).
Como as velocidades de resfriamento elevadas podem trazer risco de
distorções, o resfriamento deve ser lento, feito ao ar ou ao forno.

3.3. Esferoidização ou coalescimento

A esferoidização é responsável por produzir uma estrutura esferoidal de


carbonetos no aço (esferoidita), além disso, melhora a usinabilidade de aços que
possuem alto teor de carbono e facilita a deformação a frio.
Por serem compostos por uma microestrutura de perlita grossa, os aços com
médio e alto teor de carbono apresentam dureza elevada, isto faz com que haja
dificuldade na usinagem e na deformação plástica. Esses aços podem ser
termicamente tratados ou recozidos para formar a estrutura da cementita
globulizada que irá conferir maior ductilidade e menor dureza aos aços que serão
usinados ou deformados com facilidade. Durante a esferoidização ocorre a
coalescência da cementita que forma partículas esferoides.
O processo pode ser feito através do aquecimento da peça por um longo tempo
a uma temperatura logo abaixo da linha inferior da zona crítica. A esferoidização
também pode ser efetuada com aquecimentos e resfriamentos alternados entre
temperaturas que se encontram logo acima e logo abaixo da linha inferior de
transformação.
A taxa de formação da cementita globulizada pode depender da microestrutura
previamente existente, por exemplo, quanto mais fina for a perlita, mais rápida
essa taxa será. Caso tenha ocorrido um trabalho a frio prévio, a taxa da reação
de formação da cementita esferoidizada também aumenta.

3.4 . Recozimento para recristalização

No recozimento para recristalização, o objetivo principal é eliminar o


encruamento proveniente da deformação a frio. A peça deve apresentar um
encruamento mínimo e ser aquecida até uma temperatura adequada para que
uma transformação de fase não seja provocada. Após o aquecimento, ocorre o
resfriamento que será lento, feito ao ar ou ao forno.

3.5 . Recozimento isotérmico

O recozimento isotérmico auxilia na melhora da homogeneidade da


microestrutura de peças fabricadas geralmente em aço, torna o resfriamento
mais rápido do que no resfriamento pleno, fazendo com que esse processo
seja mais prático e mais econômico, permite a obtenção de estrutura fina mais
homogênea. A temperatura de aquecimento recomendada para os aços
hipoeutetóides é de 50°C acima da linha A3 e para os hipereutetóides entre as
linhas Acm e A1 do Diagrama TTT.
O resfriamento consiste em retirar a peça do forno e mantê-la em um banho de
sais fundidos até que a transformação seja completa. Esse tipo de resfriamento
não é recomendado para peças de grande volume visto que é difícil abaixar a
temperatura do núcleo da mesma forma que na superfície.

4. NORMALIZAÇÃO

Frequentemente usada antes da têmpera e revenimento, a normalização é um


tratamento térmico de recozimento aplicado para refinar grãos e produzir uma
distribuição de tamanhos mais uniforme e desejável, visto que os aços perlíticos
com grãos finos são mais tenazes que os com grãos mais grossos.
Na normalização, é obtida uma melhor homogeneização das microestruturas
resultantes do que no recozimento pleno, visto que a temperatura de tratamento
é mais alta. A granulação mais fina é conseguida no resfriamento mais rápido.
Dessa forma, a microestrutura resultante é formada por finos grãos de perlita
com ferrita e cementita dispostas em finas lamelas. Esta microestrutura
apresenta baixa dureza e o grau de ductilidade depende das condições do
ambiente de resfriamento.
A normalização acontece com o aquecimento até pelo menos 55ºC acima da
temperatura crítica superior. Sendo acima de A3 para composições
hipoeutetóides e acima de Acm para composições hipereutetóides. Depois de
passar pela austenitização, ou seja, quando a liga se transforma completamente
em austenita, o tratamento é terminado com o resfriamento ao ar.

Figura 6 - Diagrama de fases ferro-carbeto de ferro na vizinhança do eutetóide, indicando as


faixas de temperatura para os tratamentos térmicos dos aços-carbono comuns

Fonte: Callister, 2016

5. TÊMPERA

A têmpera é um processo de tratamento térmico de aços utilizado para aumentar


a dureza e a resistência, com este processo é possível obter a martensita.
Consiste no aquecimento de um aço a temperaturas acima da sua zona crítica,
a temperatura é mantida até que a homogeneização seja completa, em seguida
ocorre o resfriamento em meios severos como água ou óleo de têmpera. Sendo
geralmente empregada em peças de aço com baixo ou médio teor de carbono,
raramente com teor elevado desse elemento.
A temperatura de aquecimento recomendada para os aços hipoeutetóides é de
50ºC acima da linha A3 e para os hipereutetóides entre as linhas Acm e A1.
Quanto aos meios de resfriamento, estes dependem da composição do aço e da
espessura da peça.

Figura 7 - Microestrutura de aço temperado em óleo demonstrando ferrita em branco e a


martensita (agulhas escuras)

Fonte: André Leme, 2016

Tabela 2 – Temperatura e meios de resfriamento


Fonte: André Leme, 2016

5.1. Temperabilidade

O parâmetro que caracteriza a influência da composição da liga na capacidade


do aço se transformar em martensita é chamado de temperabilidade.
Para cada tipo de aço existe uma relação determinada entre as propriedades
mecânicas e a taxa de resfriamento. Assim sendo, é uma medida qualitativa da
taxa na qual a dureza cai em função da distância para o interior de uma amostra,
como resultado de menor teor de martensita. Um aço com alta temperabilidade
é aquele que endurece, ou que forma martensita, não só na sua superfície, mas
em elevado grau ao longo de todo o seu interior.

5.2. Ensaio Jominy de temperabilidade

Um procedimento-padrão amplamente utilizado para determinar a


temperabilidade é o ensaio Jominy da extremidade temperada.
O ensaio consiste em temperar pela base, por meio de jato de água, um corpo
de prova-padrão, após o tratamento térmico, medições de dureza são realizadas
ao longo do comprimento.

Figura 8 - Ilustração do corpo de prova do ensaio Jominy

Fonte: Adaptado de Guy, 1978 Callister, 2002


Figura 9 - Dimensões típicas do corpo de prova para ensaio de temperabilidade Jominy

Fonte: Oliveira, 2007

6. REVENIMENTO

O processo de revenimento normalmente acompanha a têmpera e tem por


objetivo aliviar ou remover as tensões provenientes da têmpera e corrigir a
dureza e a fragilidade da peça, aumentando a tenacidade e a resistência ao
desgaste, assim minimizando os efeitos térmicos e mecânicos provocados pelo
cisalhamento da estrutura austenitizada.
Geralmente, o revenido é feito sob temperaturas inferiores às críticas, seguido
de resfriamento lento, efetivando alívio de tensões, todavia, a temperatura pode
ser escolhida de acordo com as combinações de propriedades desejadas.
Conforme a peça é resfriada suas propriedades e microestruturas se modificam.
Nas temperaturas de 150 a 230ºC os carbonetos começam a precipitar e a
martensita revenida é formada, a dureza nessa faixa de temperatura decresce
de 65 RC para 60-63 Rc. Entre 230 a 400ºC os carbonetos ainda precipitam em
forma globular e a microestrutura resultante é a perlita fina, a dureza continua
decrescendo de 62 RC para 50 RC. De 400 a 500ºC os carbonetos crescem em
glóbulos e formam sorbita, a dureza cai de 50 Rc para 20-45 RC. A 650 a 738ºC
os carbonetos formam partículas globulares, gerando a estrutura esferoidita, a
dureza decai a valores abaixo de 20 RC.
Apesar da melhoria em certos aspectos, alguns aços podem apresentar certa
fragilidade após o revenimento, principalmente se a temperatura de tratamento
for da ordem de 270ºC.

Figura 10 - Microestruturas de um aço temperado (à esquerda) e temperado revenido (à direita)

Fonte: Oliveira, 2007

7. METODOLOGIA

Foi possível construir o embasamento de informações sobre os tipos de


tratamentos térmicos através de estudos elucidados em "Ciência e Engenharia
de Materiais - Uma Introdução", além de exemplos encontrados em "Tratamento
térmico das ligas metálicas - Chiaverini" e pesquisas concisas disponíveis em
formato de apostila pelo Prof. Eng. Alan Rafael Menezes do Vale.

8. RESULTADOS E DISCUSSÃO

No decorrer da pesquisa foram pontuados as definições, objetivo e


comportamentos microestruturais das peças diante dos parâmetros de
temperatura e tempo, além da apresentação da relação entre o fator resfriamento
e as propriedades finais da peça tratada.
Como mostra a Figura, onde há comparação entre o antes e o depois da
microestrutura de um aço que passou pelo processo de normalização.
Figura 11 - Microestrutura de um aço 1045 (0,45% C) antes e depois da normalização

Fonte: Oliveira, 2007

Além disso, temperatura empregada nos tratamentos térmicos pode ser


representada em um diagrama TTT como mostra a figura.

Figura 12 - Faixas de temperaturas usuais de alguns tratamentos térmicos de aços

Fonte: Oliveira, 2007

Diante disso, é possível reiterar que os principais pesquisadores chegaram a


conclusões semelhantes sobre o comportamento do aço quando submetido à
determinados tratamentos térmicos.
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por fim, conclui-se que tanto a temperatura quanto o tempo, têm influência sobre
as formações das microestruturas no aço. Ademais, não só cada tratamento
térmico confere ou corrige uma determinada propriedade dos metais, como
também o resfriamento é um parâmetro de influência, visto que conforme o tipo
e o tempo, a diminuição da temperatura determina características diferentes à
cada propriedade. Portanto, para cada finalidade das peças há um tipo de
tratamento térmico específico.
REFERÊNCIAS

CALLISTER, William. D.; Rethwisch, David. G. Ciência e engenharia de


materiais - Uma Introdução. LTC, 1ª e 9ª edição, capítulo 11, 2002 e 2016.

CHIAVERINI, Vicente. Tratamento térmico das ligas metálicas. Associação


brasileira de metalurgia e materiais, São Paulo, 2008.

DO VALE, Alan Rafael M. Tratamento térmico. Instituto Federal de Educação,


Ciência e Tecnologia do Pará, Belém, 2011.

CANALE, Lauralice. Recozimento - Materiais Metálicos. edisciplinas. Disponível


em:
<https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4940305/mod_resource/content/1/Aul
a%206%20recozimento.pdf>. Acesso em: 15 de julho de 2022.

LEME, André. Tratamento térmico. lemeandreprof. Disponível em:


<http://lemeandreprof.blogspot.com/2016/08/aula-3_5.html>. Acesso em: 15 de
julho de 2022.
GLOSSÁRIO

Austenita: É a solução sólida do carbono em ferro gama.


Cementita: Carboneto de ferro (Fe3C).
Ferrita: É a solução sólida do carbono em ferro alfa.
Martensita: É uma forma muito dura de estrutura cristalina de aço.
Microestrutura: Compreende as características físicas do material que podem ser observadas
ao microscópio.
Sorbita: Metal Martensita temperada, de aparência distintamente granular ao microscópio.

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